A Lógica do Terceiro Incluído e os níveis de Realidade são pilares fundamentais
para a Transdisciplinaridade. Da mesma forma, não poderiam deixar de sê-los para a
elaboração de um currículo transdisciplinar. No entanto, a Transdisciplinaridade só é útil
para o mundo se o mundo se reconhecer complexo e reconhecer que a complexidade da
vida de seus habitantes. Capra (2002) assinala que a complexidade do mundo atual exige
uma educação que saiba como lidar com ela de forma ampla e plural e que saiba como
formar homens que tenham condições de enfrentá-la em várias de suas dimensões. Dessa
forma, como quer Nicolescu (1999), a complexidade é um dos pilares centrais da
metodologia da Transdisciplinaridade.
Ao longo do século XX, a complexidade instala-se por toda parte, assustadora, terrificante,
obscena, fascinante, invasora, como um desafio à nossa própria existência e ao sentido de nossa
própria existência. A complexidade em todos os campos do conhecimento parece ter fagocitado o
sentido. A complexidade nutre-se da explosão da pesquisa disciplinar e, por sua vez, a
complexidade determina a aceleração da multiplicação das disciplinas. É preciso urgente a
formação de um pensamento complexo. (NICOLESCU, 1999, P. 41)
Sobre o pensamento da complexidade, Morin comenta:
O pensamento simplificador elimina a contradição, porque recorta a realidade em fragmentos não
complexos que isola. A partir daí, a lógica funciona perfeitamente com proposições isoladas umas
das outras, com proposições suficientemente abstratas para não serem contaminadas pelo real, mas
que, precisamente, permitem exames particulares do real, fragmento por fragmento. Que
maravilhosa adequação “científica” entre a lógica, o determinismo, os objetos
isolados e
recortados, a técnica, a manipulação, o real, o racional
! Então, o
pensamento
simplificador não conhece nem ambigüidade nem equívocos. O real tornou-se uma
idéia lógica, isto é, ideológica, e é esta ideologia que pretende se apropriar do conceito de ciência.
(...) A complexidade é a união da simplificação e da complexidade (...) O complexo volta, ao
mesmo tempo, como necessidade de apreender a multidimensionalidade, as interações, as
solidariedades, entre os inúmeros processos (....) A disjunção deve ser completada pela conjunção e
pela transjunção (....) Assim, o pensamento complexo deve operar a rotação da parte para o todo,
do todo à parte, do molecular ao molar, do molar ao molecular, do objetivo ao subjetivo, do sujeito
ao objeto. (MORIN, 2001, p. 429, 432-433)
A complexidade do mundo não é uma invenção das ciências sociais e nem das
ciências humanas, tampouco é uma invenção de Edgar Morin ou de Basarab Nicolescu. A
complexidade do mundo, aquilo que é tecido em conjunto, é assim desde que o
imaginário humano, por meio da linguagem e na própria linguagem, tratou de inventar a
vida. A vida sócio-histórico-cultural é uma invenção da linguagem humana. Como diz
Morin, toda complexidade da vida está na linguagem e vice-versa. Quando sugiro que
seja elaborado um currículo transdisciplinar é porque entendo que o mundo é complexo e