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No Estado de Minas Gerais, em especial a cidade de Cabo Verde,
também contou com a contribuição da Maçonaria, abrindo as portas de sua Loja aos
missionários presbiterianos.
Cabe registrar, na integra,o relato do Dr. Jorge Lasmar, em sua obra A
História do Grande Oriente de Minas Gerais e Outras Histórias, citado por Andrade:
Outras de gloriosa tradições, a Loja Maçônica, Aug. Resp. e Sub.
Loj. Sim. Deus e Caridade, 59, da cidade de Cabo Verde, lá no sul
de Minas, fundada em 16 de julho de 1875.
Essa Loja, por circunstâncias diversas, foi obrigada a suspender
suas atividades em momentos de sua existência. Voltando sempre
ao trabalho, hoje é uma coluna forte e respeitável. Esta terminando a
construção de seu templo, edificação de porte, de excelente
apresentação, localizada numa das ruas principais da tradicional
cidade de Cabo Verde.
Entre os muitos obreiros que passaram pela “Deus e Caridade”, dois
pertencentes à história da cidade e do Brasil: o primeiro, o Coronel
Oscar Ornelas, que pertencia ao Quadro de Obreiros no fim do
século passado; o segundo, o capitão José Vicente de Paiva
Mendes, herói da guerra do Paraguai.
A Loja guarda os diplomas de Mestre, do Coronel e, do Capitão, de
Cavaleiro Rosa Cruz, este expedido em 1897 pelo Grande Oriente e
Supremo Conselho do Brasil.
Curiosamente, a presença de evangélicos presbiterianos na cidade
de Cabo Verde está ligada à Maçonaria local que prestigiou a
instalação dessa igreja, enfrentando a animosidade e a natural
intolerância daquele tempo. Propugnando pela liberdade de
pensamento e sua livre expressão, a Loja, em atos concretos,
sempre sustentou esses princípios. Um breve comentário, para o
qual nós nos valemos de notas de 1912: contam que em 1871 José
Pereira Dias recebeu na cidade de Caldas diversos folhetos de
propaganda religiosa das mãos do Revdo. Miguel Torres que os
distribuiu para amigos e parentes. Neste mesmo ano, José Alves da
Costa, de São Carlos do Pinhal, São Paulo, deu a Roque Dias um
exemplar do Novo Testamento, seguramente um dos primeiros que
chegaram à cidade, nos idos de 1873, e alvo dos estudos pioneiros
de Antonio de Pádua Dias, Francisco de Assis Dias e José Martins.
Em 20 de agosto de 1879, existindo ambiente propício, chegou a
Cabo Verde o Revdo. João Boyle, acompanhado pelo colportor
Jacob Felipe Wengenton. Os presbiterianos começaram a ganhar
terreno e procuravam se reunir. As dificuldades eram notórias, ante
as circunstâncias da época. A Loja Maçônica “Deus e Caridade” não
fugiu ao seu título distintivo. Havia presbiterianos entre os Irmãos do
Quadro, e a Loja cedeu a sala do seu templo para as reuniões, onde
compareciam cerca de 60 pessoas para ouvir o Pastor João Boyle,
em pregações que se repetiam dias seguintes.
Neste mesmo ano de 1879, trouxeram para Cabo Verde um
exemplar completo da Bíblia, o Novo e o Velho Testamentos, que