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Espírito”;
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glorioso, imperecível e totalmente consagrado a Deus, adequado, assim,
à nova vida gerada e preservada pelo Espírito. Somando com este argumento,
Ferguson escreve: “O corpo no qual a vida futura é vivida será tanto Espiritual
quanto gloriosa em sua própria constituição” (p. 347). Ou, nas palavras de João
Calvino, um corpo no qual “O Espírito será muito mais predominante (...), será muito
mais pleno...” (CALVINO, p. 483-484). A espiritualidade significa um total controle do
Espírito Santo; essa é a perspectiva do Novo Testamento (MURRAY, p. 184.) que
parece significar um corpo que satisfaça às necessidades do espírito. Paulo o
diferencia expressamente do ‘corpo natural’ do tempo presente, e disso infere-se
que um ‘corpo’ que corresponde às necessidades do espírito, de alguma maneira é
diferente deste atual. O corpo espiritual tem as qualidades de incorruptibilidade,
glória e poder (1 Co 15.42 e segs.). O apóstolo Paulo fala (Rm 8.11) não somente da
íntima ligação entre a ressurreição de Cristo e a dos crentes, mas também o fato de
que a ressurreição dos crentes será uma obra do Espírito Santo. Paulo também
ensina (Fp 3.20-21) que os corpos ressurretos dos crentes serão semelhantes ao
corpo ressurreto de Cristo.
Mas como será esse corpo? Podemos obter algumas informações se pensarmos no
corpo ressurreto de Cristo, pois o apóstolo João nos diz que ‘seremos semelhantes
a ele’ (1 Jo 3.2), enquanto o apóstolo Paulo ensina que ‘nosso corpo de humilhação’
será igualado ao ‘corpo da sua glória’ (Fp 3.21). O corpo ressurreto de Cristo parece
que em certo sentido era igual ao corpo natural, e que noutro sentido era diferente.
Assim é que em certas ocasiões Ele foi imediatamente reconhecido (Mt 28.9; Jo
20.19 e seg.), mas noutras não (Lc 24.16; cf. Jo 21). Ele apareceu subitamente no
meio dos discípulos que estavam reunidos com as portas fechadas (Jo 20.19)
enquanto, contrariamente, desapareceu da vista dos dois discípulos de Emaús (Lc
24.31). Ele afirmou e provou ter carne e ossos (Lc 24.39). Ocasionalmente, ele se
alimentou (Lc 24.41-43), embora não se possa afirmar que o alimento físico seja
necessário para a vida após a morte (cf. 1 Co 6.13). Parece que o Cristo ressurreto
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J.D.G. Dunn, Espírito: In: NDITNT., II, p. 144. De igual forma, interpretam: Eduard Schweizer, pneu=ma, etc.
In: TDNT., VI, p. 421; A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro, p. 88-90; Idem., Criados à Imagem de Deus, São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 268; W. Hendriksen, A Vida Futura Segundo a Bíblia, São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 1988, p. 193; Ray Summers, A Vida no Além, 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP., 1979, p. 90-
91; Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, p. 520; Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora
Os Puritanos, 2000, p. 346-349.