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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
AILTON TRINDADE DA SILVA
O ENSINO RELIGIOSO NO SISTEMA PÚBLICO DE ENSINO:
Uma proposta para a formação do profissional docente
Orientadora: Profª. Drª. Márcia Mello Costa De Liberal
São Paulo
2008
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2
AILTON TRINDADE DA SILVA
Proposta Para Formação Docente do Profissional de Ensino Religioso:
uma proposta para a formação do profissional docente
São Paulo
2008
Projeto de Pesquisa para Qualificação de
Mestrado do Curso Ciências da Religião da
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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3
AILTON TRINDADE DA SILVA
O ENSINO RELIGIOSO NO SISTEMA PÚBLICO DE ENSINO: uma proposta para
a formação do profissional docente
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências da Religião da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências da Religião.
Aprovado em: _____ / ________________ / ________
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profª. Drª. Márcia Mello Costa De Liberal
Universidade Presbiteriana Mackenzie
___________________________________________________________________
Prof Dr. Carlos Ribeiro Caldas Filho
Universidade Presbiteriana Mackenzie
___________________________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Elisa de Matos Pires Ferreira
UNIFIEO
4
À minha família:
Irineide (
querida
esposa
), Heber,
Elana Lídia e
Hadassa; meus
tesouros e
alegrias.
5
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
A DEUS pela sua infinita graça, que fortalecendo-me em todos os momentos da
minha vida, capacitou-me a chegar até aqui. “Ebenezer!”
Aos meus pais (pai in memória), os quais guardo com tanta lembrança, agradeço-
lhes a honrosa cooperação que tiveram na minha vida escolar, pelo grandioso
amor e sacrifício dedicados nessa trajetória.
A minha esposa querida que em todo tempo apoiou-me e encorajou-me, e aos meus
filhos, que com paciência e obediência facilitaram os meus estudos.
A Oitava Igreja Presbiteriana de Uberlândia que abril mão de meu tempo para
que eu pudesse concretizar o meu sonho.
Aos irmãos em Cristo Juliano Portes Rodrigues e Ilva Portes Rodrigues, que
carinhosamente apoiaram-me nas idas e vindas a o Paulo, pela DALEANO
TURISMO. Sem eles, eu não teria tido condições financeiras de concretizar esse
sonho.
6
A Universidade Presbiteriana Mackenzie pela visão em investir na qualificação
dos pastores da IPB, concedendo-me a bolsa integral para que se tornasse
possível essa formação.
Aos meus professores que ajudaram-me a construir essa história, agradeço-lhes de
coração,
A minha orientadora pela paciência e estímulo que deu-me.
Aos meus colegas de sala de aula, pela amizade e cooperação mútua e
encorajamento nessa caminhada estudantil.
7
“Bons professores educam para uma
profissão, professores fascinantes
educam para a vida.
Educar é ser um artesão da
personalidade, um poeta da
inteligência, um semeador de idéias”.
Augusto Cury
8
SUMÁRIO
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
ABREVIATURAS
GLOSSÁRIO DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 18
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ....................................................... 18
1. 2 JUSTIFICATIVA ............................................................................. 23
1. 3 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................. 26
1. 4 REVISÃO DE LITERATURA PRELIMINAR ................................... 27
1. 5 OBJETIVOS ................................................................................... 28
1. 6 HIPÓTESES ................................................................................... 29
1. 7 METODOLOGIA DO TRABALHO .................................................. 30
2 DESVELANDO O CAMPO DE ATUAÇÃO DOCENTE
DO ER: PESQUISA ....................................................................... 31
2.1 QUANTO À FORMAÇÃO ACADÊMICA ........................................ 32
2.1.1 Nível de Graduação ..................................................................... 32
2.1.2 Nível de Pós-Graduação ............................................................. 39
2.1.3 Nível de Satisfação ...................................................................... 43
2.2 QUANTO À PRÁTICA DOCENTE ................................................. 45
2.2.1 Dificuldades .................................................................................. 46
2.2.1.1 Falta de Material Didático Apropriado ............................................ 47
2.2.1.2 Desvalorização do Ensino Religioso .............................................. 49
2.2.1.3 Motivar os Alunos a Valorizarem a Disciplina ................................ 52
2.2.1.4 Manter a Unidade em Meio à Diversidade Religiosa ..................... 53
2.3 QUANTO AO PROGRAMA DO ENSINO RELIGIOSO E SEUS
RESULTADOS ............................................................................... 58
9
2.3.1 Avaliação do Conteúdo ............................................................... 59
2.3.2 Grau de Satisfação do Docente com o Rendimento
dos Discentes ............................................................................... 61
2.3.3 O Valor que os Discentes Atribuem à Disciplina ER ................ 64
2.3.4 Estado de Ânimo do Docente ..................................................... 67
2.4 QUANTO A QUESTÃO TEOLÓGICO ............................................ 70
2.4.1 Quanto ao Nível de Conhecimento Teológico ........................... 70
2.4.2 Leitura da Bíblia ........................................................................... 72
2.4.3 Uso da Bíblia Como Material Didático ....................................... 74
2.4.4 Filiação Religiosa ......................................................................... 75
2.5 OPINIÕES CONTRA OU A FAVOR DO ENSINO
RELIGIOSO NO SISTEMA PÚBLICO DE ENSINO ....................... 77
2.5.1 Opiniões Favoráveis ..................................................................... 79
2.5.2 Opiniões Contrárias ........................................................................ 80
2.5.3 Críticas ............................................................................................ 83
3 O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS:
Uma Questão Polêmica ................................................................ 85
3.1 QUANTO A LEGISLAÇÃO: Novas e Velhas tendências ............... 85
3.2 UM NOVO OLHAR PARA A QUESTÃO TEOLÓGICA ................... 95
3.3 UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DA BÍBLIA COMO UM
DOS RECURSOS DIDÁTICO DO ER ........................................... 99
4 REFLETINDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PARA O ENSINO BÁSICO .......................................................... 102
4.1 SISTEMATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NA VISÂO DOS
CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA .................................................... 104
4.1.1 Caráter Social da Educação em Durkheim ............................... 109
4.2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO ...... 113
4.2.1 A Pertinência do Campo de Ação e sua Abrangência ............ 114
4.2.2 Modelos de Ensinos ................................................................... 120
4.2.2.1 Modelo Catequético ...................................................................... 121
4.2.2.2 Modelo Teológico ......................................................................... 123
4.2.2.3 Modelo das Ciências da Religião ................................................. 124
4.3 A INCOMPLETUDE HUMANA DO PROFESSOR: Um
Projeto em Construção ................................................................. 130
10
4.4 A IDENTIDADE DO PROFESSOR E AS
MULTIDIMENSÕES DO SEU TRABALHO .....................................142
4.5 A REINVENÇÃO DO TRABALHO DOCENTE COMO
PROJETO DE RESSIGNIFICAÇÃO DA EDUCAÇÃO ................. 149
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 154
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 157
APÊNDICE A: Modelo de questionário: fundamentação
da pesquisa ........................................................... 166
APÊNDICE B: Levantamento de dados pela Internet:
fundamentação da Pesquisa – 2 .......................... 172
ANEXO 01: Parecer Nº 493/06 ................................................ 181
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Formação Acadêmica: Graduação ..................................... 32
Gráfico 02 Formação Acadêmica: Pós-Graduação ............................. 39
Gráfico 03 Grau De Satisfação da Grade Curricular
da Pós-Graduação .............................................................. 43
Gráfico 04 Dificuldades Encontradas na Prática do
Ensino Religioso ................................................................. 47
Gráfico 05 Qualidade dos Conteúdos do Programa de
Educação Religiosa ............................................................. 59
Aplicados em Sala de Aula.
Gráfico 06 Graus de Satisfação do Docente com o
Rendimento dos Discentes .................................................. 62
Gráfico 07 Valor que os Alunos Atribuem ao ER .................................. 64
Gráfico 08 Estado de Ânimo Pessoal com A Disciplina
Educação Religiosa ............................................................. 64
Gráfico 09 Nível de Conhecimento Teológico ....................................... 70
Gráfico 10 Leitura da Bíblia .................................................................. 72
Gráfico 11 Uso da Bíblia Como um dos Recursos Didáticos
no Ensino Religioso ............................................................ 74
Gráfico 12 Filiação Religiosa ............................................................... 76
Gráfico 13 Opiniões Contra ou a Favor do ER nas Escolas Públicas ...78
12
LISTA DE TABELA
TABELA 01 Graduação ......................................................... 33
TABELA 02 Áreas da Especialização ................................... 39
TABELA 03 Grau de Satisfação do Currículo da
Pós-graduação .................................................. 43
TABELA 04 Dificuldades Encontradas na Prática do
Ensino Religioso ............................................... 47
TABELA 05 População Residente por Religião Segundo
a Freqüência Em Creches ou Escola e
os grupos de Idade ............................................ 57
TABELA 06 Qualidade dos Conteúdos ................................. 59
TABELA 07 Grau de Satisfação do Docente ......................... 62
TABELA 08 Valor Que os Alunos Atribuem ao ER ............... 64
TABELA 09 Estado de Ânimo do Docente ............................. 64
TABELA 10 Conhecimento Teológico ................................... 68
TABELA 11 Leitura da Bíblica ................................................ 71
TABELA 12 Uso da Bíblia Como Um dos Recursos
Didático no ER ................................................... 73
TABELA 13 Filiação Religiosa ............................................... 76
TABELA 14 Opiniões contra ou a favor do ER nas
Escolas Públicas ................................................ 78
TAVELA 15 Modelo Catequético ........................................ 122
TABELA 16 Modelo Teológico ............................................. 123
TABELA 17 Modelo das Ciências da Religião .................... 126
13
TABELA 18 Currrículo do Curso de Licenciatura em ER .... 128
LISTA DE ABREVIATURAS
Art. - Artigo
Org. - Organizador(a)
Orgs. - Organizadores(as)
Ed. - Editora
ed. - edição
Pe. - Padre
v. - Volume
trad. - Tradução
14
GLOSSÁRIO DE SIGLAS
AEC - Associação de Educação Católica
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
COMUNER - Comissão Municipal de Educação Religiosa (Uberlândia/MG)
CONER - Conselho do Ensino Religioso
CRB - Conferência dos Religiosos do Brasil
FONAPER - Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso
GRERE - Grupo de Reflexão Nacional sobre o Ensino Religioso
Escolar
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LDBER - Lei de Diretrizes e bases do Ensino Religioso
LDBEN - Lei de Diretrizes e bases de Enciso Nacional
MEC - Ministério da Educação e Cultura
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico.
PUCMINAS - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNER - Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Religioso
PUCPR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná/PR
PUCSP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
15
SPA - Síndrome do Pensamento Acelerado
UCG - Universidade Católica de Goiás/GO
UEPA - Universidade do Estado do Pará
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora/MG
UMESP - Universidade Metodista de São Paulo/SP
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e a
Cultura
UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco/PE
UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba/SP
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros/MG
UNIVILLE - Universidade da Região de Joinvile/SC
UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP
16
RESUMO
O escopo desta dissertação é refletir sobre a formação do professor de
Ensino Religioso dentro de uma Licenciatura plena, com vistas a uma formação
qualitativa abrangente, isto é, capaz de suprir habilmente as vertentes do Ensino
Religioso laico e também do Ensino Religioso confessional, ao visar a ocupação de
ambos os espaços. Para tanto, apontamos sugestões diferenciadas na
epistemologia, enquanto Ciência da Religião, no que se refere ao papel da Teologia,
enfocando a quebra de paradigmas do uso da Bíblia Sagrada como um dos
materiais didáticos na prática docente. Discute-se esse novo caminho a partir das
experiências pessoais de docentes dessa referida área do saber, e da perspectiva
de múltiplos olhares, que se posicionam contra ou a favor do Ensino Religioso no
sistema público de ensino. Nesse ensejo, desenvolve-se uma pesquisa de campo de
caráter exploratório, fundamentada em questionários aplicados a 35 professores de
Ensino Religioso do sistema estadual de ensino em Uberlândia / MG e visa-se
conhecer a realidade da prática pedagógica no seu ambiente escolar. Visando
conhecer a multiplicidade de opiniões, a favor ou contra o ER nas escolas blicas
fez-se uma pesquisa virtual, no site:
www.educacaopublica.ri.gov.br/discutindo/discutindo.asp?cod_per=25 cujas
amostras são pertinentes ao objetivo da pesquisa. A estrutura do trabalho ficou
assim sistematizada com os seguintes eixos: Introdução; Desvelando o campo de
atuação docente do Ensino Religioso: pesquisa; O Ensino Religioso nas Escolas
Públicas uma questão polêmica; Refletindo sobre a formação de professores para o
Ensino Básico. Por todo o trabalho percebe-se a insistência de construção de um
profissional qualificado, bem preparado, apto para atender as reais necessidades do
seu campo de ação, na construção de um novo homem, moldado pelos valores
nobres da alma. O texto conclui enunciando sugestões que poderão ser usadas
numa possível formação de docente nos cursos de Licenciatura do Ensino Religioso.
17
PALAVRAS-CHAVE: Ensino Religioso, Formação docente, professor(a), escola
pública, habilidade, qualidade, valores éticos e morais, transcendência.
ABSTRACT
The target of this work is to reflect about the teacher’s formation of religious
education in Strict Sense, with sights in an including qualitative formation, capable to
supply skillfully the sources of secular and confessional Religious Education, in
aiming the occupation of both spaces. For that, we point out differentiated
suggestions in epistemology, while Religion Science, in what refers the paper of
Theology, focusing on the rupture of paradigms of the Sacred Bible use, as one of
the didactic materials in the professor’s practice. This new way is argued from
professors personal experiences in this related area and from the perspective of
multiple looks that are located against or in favor of Religious Education in the public
education system. In this way, is developed a field research of exploratory character,
based on questionnaires applied to 35 professors of Religious Education in the
public education system in Uberlândia/MG and is aimed to know the practical
pedagogical reality in its school environment. Aiming to know the multiplicity of
opinions, in favor or against Religious Education in the public schools, a virtual
research was made in the site:
www.educacaopublica.ri.gov.br/discutindo/discutindo.asp?cod_per=25 whose
samples are pertinent to this research objective. The structure of the work was thus
systemized with the following axles: Introduction; uncovering the field of professor’s
performance of Religious Education: Research; The Religious Education in Public
Schools a controversial question; Reflecting on the formation of professors for Basic
Education. Through all the work is perceived the insistence of a qualified professional
construction, well prepared, suitable to take care of real necessities of its action field,
in the construction of a new man, molded by the noble values of the soul. The text
concludes enunciating suggestions that could be used in a possible professor
formation in the courses of Strict Sense of Religious Education.
18
KEY WORDS: Religious education. Teaching formation, professor, public school,
ethical and moral values, ability, quality, transcendence.
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
A discussão do Ensino Religioso, tem apontado para a questão social do
fenômeno religioso na contemporaneidade, assim como, para o estudo das Ciências
da Religião e sua significação no mundo moderno.
O fenômeno religioso se inclui na perspectiva da mudança social, educacional
formativa do cidadão, e por assim dizer, também aponta sua importância e
pertinência pedagógica.
Os docentes do ensino religioso nas escolas blicas emergem como novos
atores, dialogando e construindo interfaces com os mais diversos campos do saber
e do viver. “Para tanto, será necessário: resgatar o entendimento da nova legislação
brasileira sobre a questão, revisitar os conceitos de currículo e conteúdo escolar e
construir o perfil do professor, como profissional do Ensino Religioso.”
MENEGHETTI, (2003. p. 89 - 90).
O Ensino Religioso escolar possui características próprias advindas da sua
estrutura e diversidade, caracterizada por aspectos que são inerentes ao seu próprio
universo. Pensando nisto este trabalho enfoca a formação do Profissional de Ensino
Religioso a partir da vertente de uma pedagogia própria, privilegiando a Licenciatura
Plena, numa perspectiva de laicidade. Permitindo uma formação desse docente,
centrada nas reais necessidades do ser humano ainda infante, que valoriza e
vivencia uma simples, in natura, e adotando uma postura madura de não
confessionalidade.
A complexidade do campo de ação que abrange o Ensino Religioso é
desafiador, mesmo porque, ela sai do reduto eclesiástico para um universo sem
fronteira denominacional, enquanto que o Estado com novas leituras e
enfrentamentos com outras fontes do saber, na esfera cientifica e cultural, não está
19
devidamente aparelhada para atender os ideais propostos na implantação desse
projeto educacional.
Este trabalho enfoca a questão prática do exercício dessa disciplina a partir
das realidades vivenciadas pelos professores que se propõem a exercer sua
docência em uma área do conhecimento tensa, complexa e que ligado a isso, não
tem a experiência necessária que lhe certifica e credibilise perante as existentes
ciências.
Este trabalho pretende conhecer: a distância entre a formação teórica e a
realidade prática de sala de aula desse professor e dessa disciplina, no sistema de
ensino publico; as experiências empíricas na área de atuação desse docente que
podem apontar um caminho conciliatório entre a fundamentação teórica
epistemológica rígida e a sensibilidade dos elementos envolventes no processo
razão/fé, aprendizagem/mudança, caráter/valores, cidadania/transformação social,
família/Estado, professor/aluno.
Qual a melhor formação que esse profissional precisa ter para ser bem
qualificado, preparado para o exercício dessa docência? O que precisa ser revisto,
com um novo olhar, principalmente na questão de tensão: Teologia e uso da Bíblia
nesse universo do conhecimento?
É uma nova experiência educacional, que incorpora novos paradigmas e
considera que o ensino religioso durante muitos anos no Brasil, na esfera blica,
adotava um modelo confessional, catequético, essencialmente católico cujos
docentes eram basicamente padres e freiras, profissionais preparados pela mesma
instituição.
Quando o poder público toma para si essa gestão, cabe ao Estado a
responsabilidade de oferecer todas as condições necessárias para que esse projeto
educacional tenha seu cumprimento e atenda satisfatoriamente seus objetivos
conforme a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Estamos falando de ofertas das
condições: físicas, do espaço, do conteúdo didático, da formação do agente
concretizador, do docente. Para tanto, a academia precisa oferecer uma formação
qualificada e que atenda as reais necessidades dos alunos, da família, da escola e
do Estado, em prol de uma sociedade melhor, mais justa e mais humana.
Nesse espaço, do mundo religioso, lida-se com as questões mais relevantes
que diz respeito à vida humana: a organização em sociedade, a família, o papel do
homem como cidadão, o transcendente (a em Deus, em talismãs, vida após a
20
morte, etc.); as múltiplas religiões, e sobre tudo, depara-se com uma crise de
valores: éticos, morais, sociais e espirituais.
Esse trabalho pretende chamar a atenção dos especialistas do Ensino
Religioso e Ciências da Religião, para o lado sensitivo de docentes e discentes, para
a necessidade urgente de qualificar melhor os docente do ER considerando que o
mundo moderno, hodierno, valoriza em todos os seguimentos das
profissionalizações, a qualidade, a eficiência, o melhor preparo técnico para
possibilitar ganhos, lucros, valorização. Ora, se a educação é o meio que possibilita
e concretiza esse ideal, como pode ela mesma, negligenciar uma vertente do seu
reduto educacional, o agente promotor desse passo de qualidade o professor. Se
as empresas são exigentes quanto ao profissional que contrata, como pode a
escola, o Estado e a sociedade negligenciarem na exigência dessa qualificação
profissional de seus professores?
Dedicaremos um bom espaço deste trabalho falando do assunta da
incompletude do docente, na sua formação cultural, na necessidade de investir na
educação continuada.
Essa necessidade é comum a todas as demais docências, no caso especifico
do ER tem haver com a própria natureza da disciplina e o que dela se espera, no
que tange a opinião pública como força de expressão. O grande problema embutido
nisso é que na perspectiva cientificista, seu objeto de pesquisa precisa ser estudado
com base nas leis iluminista, às quais premiam a razão como aferidor do
conhecimento científico límpido. Tudo que não estiver na esfera do real, no universo
palpável, tangível, enfrenta uma resistência por parte dos associados cientistas, para
ser aceitos no seu clube.
Assim sendo, o que merece uma reflexão mais acurada, por parte dos atores
envolvidos nesse projeto, (Estado, cientistas, professores, alunos, pais, igrejas e
escolas), é a maneira como estão sendo conduzidas as aplicações das vertentes
hermenêuticas quando da interpretação dos elementos do “sagrado”, de fé, de rito,
presentes na religião.
Saído da visão geral para uma vertente deste trabalho, o que diz respeito ao
livro sagrado dos cristãos quanto da sua pertinência ou não de ser livremente usado
como um dos recursos didáticos na sala de aula. Tal assunto merece nessa
pesquisa, um lugar especial. Procuraremos quebrar alguns paradigmas existentes
quanto a seu conteúdo e propósito que foi escrito. Tem-se a preocupação de não
21
confundir ensino religioso com confessionalismo e secularismo, uma vez que,
quando da interpretação de passagens bíblicas, segundo a vertente iluminista,
liberal, os fatos na sua maioria, são considerados e classificados como “mitos”,
“utopias”; apenas simbólicos, irreais e inexistentes.
Mesmo sabendo que este trabalho se propõe a tratar de assuntos por demais
polêmico, a construção do mesmo e a construção dos elementos formadores do
profissional especializado em Educação Religiosa se incluirá dentro da nova
legislação do sistema educacional brasileira. Constitui por si só um grande desafio.
As redações acerca da matéria - Ensino Religioso no sistema público de
ensino, sofreram várias alterações na tentativa de se adequar aos interesses ora
do Estado, ora do CNBB. Convém salientar que não um consenso de pareceres
entre os intelectuais das áreas dos diversos segmentos dos saberes. Logo, quem se
atreve a trabalhar esse assunto, corre o risco, sem dúvida alguma, de ser mal
interpretado e criticado duramente, ou de ser excluído e diminuído da casta
intelectualizada. Por mais que um trabalho se proponha ser científico, não existem,
em absoluto, neutralidade total, absoluta” sobre os temas pesquisados, pois
qualquer que seja o pesquisador, leva consigo consciente ou inconscientemente,
seus pressupostos empíricos.
A grande controvérsia nessa questão é, de que maneira pode-se ensinar o
Ensino Religioso de forma laica, respeitando todos os expoentes religiosos do nosso
país e especialmente, dentro de uma cultura regional específica e premiar a
Teologia e o uso da Bíblia mantendo-os na esfera da o confessionalidade? É o
que se pretende demonstrar nesse trabalho.
Para tanto se fez necessário ouvir os atores envolvidos diretamente nesse
processo, o interlocutor e o receptor desse conhecimento: professores e alunos, pais
e a opinião pública em geral proposta para a formação do profissional de Educação
Religiosa nas escolas públicas do Ensino Fundamental. Dessa forma, sugere-se
uma proposta pautada na multidisciplinaridade e interdisciplinaridade que atenda as
reais necessidades do sujeito, consciente de que não é uma proposta inovadora
mais que almeja ser útil na formação desse profissional, no âmbito da Graduação,
seguindo os critérios exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação
Nacional.
Na tentativa de cumprir o que manda a LDB tem-se usado meios e
intervenções possíveis, ao deslocar professores de outros espaços para suprir a
22
demanda de vagas nessa disciplina - Educação Religiosa. Os prejuízos o
imensos, porque na maioria dos casos, tais profissionais não primam por sua
espiritualidade, não estão capacitados para responder aos questionamentos dos
alunos no campo religioso, nem sempre têm credibilidade moral e ético quanto aos
conteúdos que ensinam.
Visualiza-se conseqüências desastrosas para a família, para a sociedade,
para a cidadania, uma vez que a Escola estará produzindo uma geração que ver
DEUS como uma abstração hipotética, se, desde já, não primar pela formação desse
profissional numa perspectiva profética, que o autorize a falar sobre DEUS.
1
Para isso, adotar-se-á uma ampla pesquisa de campo entre professores da
área, procurando conhecer suas dificuldades, deficiências e propostas de mudanças
do ensino e da sua formação em prol do melhoramento e adequação à realidade dos
alunos no sentido de contribuir com a mudança social, com a formação do cidadão,
com a moral, a ética e os valores essenciais da vida.
O desenvolvimento desse trabalho obedecerá os seguintes procedimentos:
Em primeiro lugar, no capítulo dois procura-se desvelar a atuação do docente
do ER no seu campo de ação, é o papel da pesquisa. Ficando assim dividido em
seis categorias: Quanto à formação acadêmica dos professores: seu nível de
qualificação, especialização e as dificuldades advindas da relação teoria/prática
vivenciadas na sala de aula; quanto ao programa do ER e seus resultados; quanto
ao ânimo dos docentes; quanto ao nível de conhecimento teológico. Na segunda
pesquisa virtual; conheceremos as opiniões contra ou a favor do ER como
disciplina escolar. Esses dados coletados, foram analisados e fundamentados
teoricamente classificados em três categorias: as opiniões favoráveis; as opiniões
contrarias e as criticas.
No terceiro capítulo, tratar-se-á da questão polêmica que envolve o ER no
sistema de ensino público, faz-se um breve relato histórico da tensão que sempre
envolveu essa disciplina na educação brasileira, contempla-se os aspectos
constitucionais, uma tentativa da quebra de alguns paradigmas envolvendo o uso da
Bíblia como um dos matérias didáticos em sala de aula e na formação dos
professores, o papel da teologia ou que tipo de teologia que poderia ser largamente
1
Secretaria da Educação e
Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Desporto. Programa de
currículo mínimo para o ensino fundamental e médio de Ensino Religioso. Goiânia: SUPEFM,
1992.
Cultura do Estado de Goiás. (1998, p. 29)
23
usada no curso de formação docente sem prejuízo ao caráter laico do ensino
brasileiro e de um repensar na questão epistemológica até então adotado e sem
definição, isto é, sem consenso geral.
No quarto e último capítulo, refletiremos sobre a questão do ensino, sob a
ótica sociológica como fundamentação teórica na valorização do mesmo,
enfatizando o conceito de Durkheim, sobre o ensino o papel da religião na
construção dos valores éticos e sociais.
Dar-se-á atenção especial à formação do professor de Ensino Religioso
refletindo sobre a incompletude humana do professor, sua identidade e a
necessidade de reinventarem-se e reinventar no exercício da sua missão de
educador.
Finalmente, concluiremos o trabalho com as considerações finais.
1.2 JUSTIFICATIVA
A dimensão pública do Ensino Religioso pressupõe um profissional capaz de
atender as aspirações de mudanças e construções do cidadão, considerando a vida
de modo integral em suas múltiplas dimensões.
O fenômeno religioso integra a construção social, faz parte ativamente das
maiores mudanças políticas e sociais do mundo. Portanto, deve ser tratada com
seriedade e responsabilidade. Lembrando que a maioria das guerras ocorridas na
história humana estão relacionadas com os interesses religiosos.
No contexto brasileiro, na sua pluralidade religiosa, uma vez que o Ensino
Religioso passou a fazer parte do grupo de disciplinas acadêmica, necessário se faz
formar o educador para exercer com capacidade, habilidade e competência, essa
função que tem um caráter todo especial na construção social brasileira, do cidadão
que precisa aprender a conviver com os diferentes e diferenças, que precisa
aprender a viver no estado democrático, aprender a ter limites e a respeitar os
outros e ser respeitado, a buscar conhecer melhor os fenômenos transcendentais
como ser transcendental e inserir-se no universo que tem sua centralização no
Criador, em YAHAVER. Porque a educação precisa ser de qualidade, para que se
obtenha um resultado benéfico para a sociedade como um todo.
24
Na perspectiva de propormos uma reflexão acurada sobre o profissional de
Ensino Religioso, tomamos como objeto de pesquisa a formação desse profissional,
visto que a mesma está num estágio inicial, informe, como acontece com as demais
Licenciaturas em todo o país, uma vez que o exercício desse saber por parte do
Estado ou da iniciativa privada educacional encontra-se em fase de maturação e
aprofundamento, a fim de possibilitar uma formação específica e de qualidade que
atenda a perspectiva curricular do Ensino Religioso.
Outro motivo apontado para a importância desse trabalho é o fato de existir
poucas Universidade oferecendo o curso de Licenciatura em Ensino Religioso ou
Ciências da Religião, e por não haver um consenso quanto à interpretação do
princípio de laicidade e da multiplicidade religiosa existente no Brasil. Como
também, por não existir um discernimento claro quanto à epistemologia dessa
disciplina de forma consensual.
Nesse sentido, essa pesquisa se justifica por si só, pelo fato de pretender
contribuir com informações da praticidade vivenciada pelos seus agentes direto. Ou
seja, eles precisam ser ouvidos e compreendidos, é a partir da realidade do campo
que as mudanças devem acontecer.
Entendemos que o professor de Ensino Religioso pode ser um profissional
competente e habilitado para atender essas questões de maneira a efetivar uma
prática pedagógica que proporcione e possibilite a transmissão desses
conhecimentos e de valores éticos, morais sem conflitos com saberes científicos.
Para atender aos aspectos legais, o Ensino Superior tem procurado formar
profissionais comprometidos com a Educação em valores, sem qualquer cor
denominacional ou confessional, que condicionem assim, a discussão do Ensino
Religioso por um princípio formativo de cidadania e de laicidade na educação, em
volto a multiplicidade religiosa.
Em meio a todas essas questões encontramos professores cuja formação não
apresenta caracteres que justifique a atuação efetiva no Ensino Religioso, que
satisfaça as reais necessidades do alunado, de maneira que os conduza ao
aprofundamento das questões transcendentes, históricas/sociais, ligadas ao
fenômeno religioso e as transformações do ser humano na contemporaneidade.
Além do que, encontramos ainda no seio da comunidade escolar,
profissionais que carregam o ranço do confessionalismo, que dificulta o trabalho de
25
Ensino Religioso na perspectiva de formação e esclarecimento do assunto de forma
justa e imparcial.
O que se percebe é uma prática educacional que não está empenhada com
as diferenças, que não dialoga com os demais conhecimentos e culturas, e o pior,
que não cumpre os aspectos legais, do respeito às diferenças, os princípios de
liberdade e ideais de solidariedade humana, nos quais se inserem as questões
religiosas
Supõe-se que a formação docente do professor de ensino Religioso,
contemple a perspectiva da Ciência da Religião e os conhecimentos teológicos.
Conforme os PCNs, (1997) os conteúdos do Ensino Religioso tem no seu eixo
as seguintes propostas:
Eixos Organizadores:
Culturas e tradições Religiosas
Escrituras Sagradas e ou Tradições Orais.
Teologias
Ritos
Ethos
Dessa maneira é que discutimos e entendemos que a identidade do
profissional em questão, há de se caracterizar pela formação recebida, que deve ser
contemplada pelos conteúdos propostos, pelas instâncias nacionais da Educação
Brasileira. Dele se requer uma vivência de valores nobres da alma, do conhecimento
das Ciências Sociais, (Filosofia, Teologia, Antropologia, Psicologia, História, e outras
disciplinas afins).
É preciso que o mesmo carregue em seu bojo profissional, caracteres de
alguém que trabalha com a alma, com a questão subjetiva, que atenta para os
sentimentos humanos, que privilegia a transcendência ao falar do Divino, que seja
exemplo de fé, de vida íntegra, de conduta moral e ética.
A convivência com o professor pode favorecer o crescimento, a maturidade e
a autonomia do aluno. As pesquisas mais recentes valorizam as ações de
professores, alunos e a participação de ambos no trabalho em equipe, e a
explicitação das necessidades e expectativas mútuas. Isso significa a participação
dos aluno, sua interferência e interação. É um processo de avaliação de
26
desempenho do professor e do aluno. Ao professor cabe incentivar os
questionamentos, a argumentação e a exposição de diferentes pontos de vista e,
além disso, criar momentos nos quais o aluno possa discutir as próprias vivências e
suas experiências com o professor.
Conforme Arroyo (2000, p. 46),
Educar educadores desse dever ser, é mais do que dominar
técnicas, métodos e teorias; é manter-se numa escuta sempre
renovada, porque essa leitura nunca está acabada. Como uma
matéria pendente, nunca aprovada. Um saber pedagógico mais para
ser vivido do que transmitido. Aprendido num diálogo atento, em
primeiro lugar, com os diversos aprendizados, com o próprio percurso
de nossa formação, e com os percursos daqueles com os quais temos
o privilégio de conviver mais de perto, filhos, amigos, alunos.
O conhecimento é um objetivo a ser buscado conjuntamente pelo professor e
pelo aluno. Aceitar a aula como este espaço de convivência é assumir a dimensão
humana desta aula e do processo de aprendizagem que nela ocorre.
1.3 DELIMITAÇÃO DO TEMA
A pesquisa limita-se especificamente ao estudo da formação docente para a
disciplina de Educação Religiosa nas Escolas Públicas de Ensino Fundamental a
partir das experiências de professores da cidade de Uberlândia/MG
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), no artigo 33 da Lei 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, no que reza os seguintes termos: “O ensino
religioso...constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental” ; no parágrafo reza que: “Os sistemas de ensino regulamentarão os
conteúdos... e estabelecerão as normas para a habilitação e administração dos
professores”
Com um olhar nesses enunciados, verifica-se a existência da abertura na
construção desse profissional, que aparentemente, no primeiro olhar, seria uma
ação democrática, porém contestada. Isto é, a formação do docente está
fragmentada, por regiões, nesse imenso Brasil. A formação desse profissional vive
um momento que, acredita-se, de transição entre o amadorismo e o
profissionalismo.
27
Por isso, este trabalho se limita a refletir o ensino religioso no sistema de
ensino a partir da realidade empírica dos professores de ER de Uberlândia/MG,
entretanto, tomando o cuidado de colher e inserir no trabalho, posicionamentos de
coesão nacional, através da pesquisa virtual que envolve profissionais da área e o
povo em geral..
A formação do Docente de modo geral, mesmo nas tradicionais academias, é
um assunto em discussão, pois o que se busca é, como melhorar o ensino no país a
partir da formação, daqueles que são responsáveis direto pelo desenvolvimento
cognitivo de seus alunos, e pela formação dos mesmos..
Uma proposta para a formação docente do profissional de ensino religioso
nessa perspectiva pretende premiar a realidade do docente em suas dimensões
empíricas. E de alguma forma, tentar contribuir com outros que venham viajar nesse
“trem”.
1.4 REVISÃO DE LITERATURA
SENA, Luzia (Org.). Ensino religioso e formação docente. 2. ed. - São Paulo:
Paulinas, 2007. É um livro recente, que trata desse assunto com muita propriedade.
A autora (Org.) trás a publico vários temas apresentados por especialistas do Ensino
Religioso de diferentes universidades do país no IX Seminário de Capacitação
Docente para o Ensino Religioso, promovido em parceria entre FONAPER e a
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em outubro de 2005.
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo:
Paulinas, 1989.
A doutrina da solidariedade de Durkheim encontra na religiosidade do homem
campo de ação fértil.
DURKHEIM, Émile. Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1998.
Ele teoriza as relações entre religião, teoria de conhecimento sagrado e
profano, anomia e consciência coletiva. importância a religião para organização
da sociedade com base na moral.
28
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Com um estudo da obra de Durkheim,
pelo Prof. Paul Fauconnet. Trad. Lourenço Filho. São Paulo: Ed. Melhoramentos,
1965. A moral como elemento fundamental na formação do sistema educacional e
coesão social.
FORUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO. Parâmetros
curriculares nacionais – Ensino religioso. São Paulo: A M edições. 1997.
Reuni um vasto material de pesquisa sobre o ensino Religioso, e tem sido
decisivo e fundamental nas tentativas de resolver os problemas que envolvem o ER
como disciplina de conhecimento, perante a comunidade cientifica e o MEC.
Mantendo uma constante reflexão sobre as questões teóricas,
epistemológicas que deve delimitar essa disciplina, enquanto área de conhecimento.
GOIÁS, Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Desporto. Programa de
currículo mínimo para o ensino fundamental e médio de Ensino Religioso.
Goiânia: SUPEFM, 1992.
Um projeto de excelência que me inspirou na temática deste trabalho.
MENEGHETTI, Rosa Gitana Krob. A pertinência pedagógica da inclusão do ensino
religioso no currículo escolar. In: GUERRIERO, Silas. (Org.). O estudo das religiões:
desafios contemporâneos. São Paulo: Paulinas, 2003.
A autora aborda as questões legais do ER na escola pública; uma nova concepção
de conteúdo, a questão da formação docentes e outros.
1.5 OBJETIVOS
Os objetivos almejados quando da implantação do Ensino Religioso nas
escolas públicas no Brasil, são dignos de aplausos, porém carentes de ajustes
quanto a sua aplicabilidade, ou seja, para lograr êxito, se faz necessário equipar os
atores dessa missão, qualificá-los, levando em consideração a importância da
Disciplina no seu contexto histórico, ideológico, político e cultural.
A complexidade do campo de ação que abrange essa disciplina exige desse
profissional, conhecimentos múltiplos; para tal, a proposta desse trabalho adotará os
seguintes objetivos:
29
1. Conhecer a realidade do dia a dia do profissional de ensino religioso e seu
campo de ação, seu universo tangível.
2. Oferecer sugestões (como fruto da pesquisa e estudos científicos
correspondente as carências e deficiências apresentadas na vivência desse
professor), para uma formação específica desse profissional, com uma boa
qualificação acadêmica;
3. Valorizar o Ensino Religioso mostrando a sua relevância para a construção
do saber, da socialização do ser humano, da formação da família, e de uma
cidadania sólida.
4. Refletir quanto ao aspecto do papel da Teologia e do uso da Bíblia na
formação desse profissional e da sua extensão na prática em sala de aula
respeitando os parâmetros curriculares nacional e a não confessionalidade.
1.6 HIPÓTESES
A formação do professor pauta-se pelos princípios de inclusão. Tendo em
vista que a religião é um fenômeno de múltiplas transformações, e sendo o docente
formador de opinião ele(a) se depara com um grupo de alunos com múltiplas
religiões, que o(a) desafia, exigindo dele(a) diariamente paciência e perseverança,
além de uma excelente formação acadêmica, sabendo que o resultado do seu
trabalho perpassa o hoje, o agora, pois na maioria dos casos, ele será visto e
notado a médio e a longo prazo.
Esse profissional deve ser especial, porque lida ou lida como o
transcendente, com a vida, com a formação do caráter das crianças, com as
mudanças de comportamento, com o emocional de cada aluno, com sua
sexualidade, com seus sentimentos e crises. A Física, a Química, a Matemática
enquanto disciplinas de conhecimento, não podem e não oferecem nenhum
elemento que atenda a tais necessidades que os alunos carregam em si. Elas
afetam suas relações sociais, familiares e profissionais, mas o ER vai mais além, na
construção de valores permanentes.
Assim sendo, tais profissionais carecem de uma formação apropriada,
diferenciada, especial comparada às demais disciplinas, não pressupondo com isso,
superioridade, ao contrário, ela hoje, sofre descriminação das demais; seu
diferencial abrange seu campo de ação, sua complexidade de conteúdo, sua
30
epistemologia atípica dos elementos das demais ciências, por lidar com o
transcendente, com as múltiplas religiões. Além de agregar uma multi-
interdisciplinaridade de conhecimentos como objetos da sua episteme.
1.7 METODOLOGIA
Considerando seu objetivo, o trabalho será fundamentado na pesquisa
exploratória a partir da vivência dos professores do Ensino Religioso da rede
Estadual de Educação no município de Uberlândia/MG, com vista à obtenção de
variável de estudo, tal como se apresenta, no contexto onde ela se insere; pois,
pressupõe-se que o comportamento humano é melhor compreendido no contexto
social onde ocorre os fatos, a prática, o emprego do teórico.
Constará de um questionário respondido pelos professores da referida área;
uma pesquisa de opinião pública a nível nacional com 187 participantes, que deram
suas opiniões a respeito da inserção do Ensino Religioso como disciplina de
conhecimento, pertencente à grade curricular do Ensino Básico no sistema público
de ensino no país. Proceder-se-á uma análise dos extratos classificados por
categorias e o embasamento teórico que lhe fundamentará.
Nesse sentido, o enfoque das perguntas será voltada para a humanidade e
incompletude do professor, enquanto ser humano e profissional, procurando
identificar os pontos carentes que envolvem o professor e a relação:
realidade/conhecimento teórico, experiência/dificuldades, satisfação/desânimo. Ou
seja, o enfoque vai premiar o aspecto antropológico do fenômeno religioso.
A interpretação das informações, bem como a tabulação dos resultados
obtidos, certamente possibilitará uma análise qualitativa do profissional do Ensino
Religioso, assim como, da qualidade de ensino aplicado na escola e sua
conseqüente valoração.
O levantamento bibliográfico contemplará autores das seguintes áreas:, ,
Sociologia, Teologia, Ciências da Religião, Ensino Religioso, periódicos, sites,
documentos, etc.
31
CAPÍTULO II
2 DESVELANDO O CAMPO DE ATUAÇÃO DO DOCENTE DO ER:
Pesquisa
Foram feitas duas pesquisas, adotando-se o método exploratório com o
objetivo de conhecer as realidades do universo pedagógico em que o professor de
Ensino Religioso está inserido, bem como conhecer as opiniões da população de
modo geral, isto é, como elas vêem o ensino religioso na escola pública, o que elas
esperam do professor, e os resultados práticos na formação dos alunos como
cidadãos. A primeira pesquisa contou com a participação de 35 professores da área
de Ensino Religioso de várias Escolas Estaduais no Município de Uberlândia/MG,
adotou-se o critério do questionário. Na segunda pesquisa seus elementos foram
obtidos pela internet num enquete com 187 pessoas que estão diretamente
envolvidas com esse assunto. site:
www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/discutindo.asp?cod_per=25, deram suas
opiniões sobre o Ensino Religioso nas escolas públicas do país, (Brasil), conforme a
Lei 9475/97 que regula o Ensino Religioso no referido sistema de ensino; se
posicionando contra ou a favor da mesma como disciplina curricular no ensino
fundamental e básico do sistema de educação nacional.
Nessa pesquisa pela Internet fora codificados os nomes das pessoas que se
expressaram publicamente por números, para preservação da identidade pessoal e
por respeito as suas opiniões, embora todas as pessoas que participam de tais
discussões, automaticamente estão entrando num rculo de debate público, aberto
e, ao mesmo tempo, livre, sem discriminação de rótulo de fé, ou grau de
conhecimento; o pessoas dos mais variados níveis do saber, algumas são leigas,
32
outras se mostram profundamente inteiradas da legislação (LDB) para o Ensino
Religioso.
A pesquisa teve duas vertentes principais: A opinião dos docentes
especialistas (35 professores) e as opiniões de pessoas (187) dos diversos
universos dos saberes. Essas amostras foram analisadas e divididas em categorias
2
2.1 QUANTO À FORMAÇÃO ACADÊMICA
Esta primeira categoria, objetiva conhecermos as formações acadêmicas
originais dos professores que migraram de outras disciplinas para o Ensino
Religioso.
2.1.1 Graduação:
FORMAÇÃO ACADÊMICA
GRADUAÇÃO
Pedagogia
Lic. Geografia
Lic. Letras
Lic. História
Filosofia
Normal Superior
Não responderam
GRÁFICO 01: Formação acadêmica
Fonte: dados da pesquisa
2
Cf. APENDICE:A; APENDICE;B
33
TABELA 01
Graduação
QUANTIDADE
PERCENTUAL
Pedagogia 15 42.86 %
Licenciatura em
Geografia 5 14.28 %
Licenciatura em Letras 3 8.57 %
Licenciatura em História 2 5.71 %
Normal Superior 1 2.86 %
Filosofia 1 2.86 %
Não responderam 8 22.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Num primeiro olhar, verifica-se uma predominância de pedagogos como
atores presentes, a ocupar uma nova função que certamente não estava nos seus
planos iniciais, quando da sua opção por esse curso, uma vez que agora se vêem
atuando em um novo campo. Esse fato, como se mostra, aconteceu com as outras
graduações, que pouco tem haver com a disciplina Ensino Religioso.
Desse grupo a disciplina que mais se aproxima do Ensino Religioso é a
Filosofia, no entanto, a participação desse profissional não é até então,
numericamente expressiva.
Esse problema faz parte de uma velha política governamental, do não
planejamento de políticas amplas e eficientes capazes de atender as necessidades
intrínsecas, centrais e marginais de uma determinada Lei Constitucional. Ao aprovar
a educação religiosa como disciplina do âmbito do conhecimento nas escolas
públicas o Estado reconhece a sua necessidade, a sua importância e pertinência.
Porém, o mesmo Estado não mediu a dimensão das dificuldades que teria de
transpor inicialmente, para só depois, implantar tais medidas.
Maria Cristina Caetano na sua pesquisa para dissertação de mestrado,
encontra esse mesmo retrato e embasando-se em (Brandenberg apud CAETANO,
2007, p.168), diz:
34
Assim, pode-se afirmar que o Ensino religioso vem se constituindo
como uma “área de todos”, mas, ao mesmo tempo, é “área de
ninguém”. É uma disciplina “sui gereris”. Por um lado tem espaço
garantido nos currículos escolares, através da Constituição Federal
(Art. 210, parágrafo 1º), mas, por outro lado, não conta com políticas
adequadas para a inserção do professor nas escolas e para a sua
formação.
Daí, esse resultado não surpreende ao revelar a realidade da deficiência do
sistema de ensino, até então, adotado pelo governo para atender à Lei 15.434/2005
Art. 5º. Percebe-se nesse primeiro item que há uma carência do profissional de
“carreira” no ensino religioso e ao mesmo tempo, uma migração de profissionais
de áreas “afins” e não “afins” que estão ocupando funções que no início da sua
formação acadêmica jamais cogitaram exercê-la. Isto com base na vocação. Esta,
deveria preceder aquela, pois fala mais alto e forte no interior de cada profissional.
Quando se projeta à formação do profissional de Ensino Religioso seriamente
falando, pensa-se formar um profissional completo e não por implante, remendos,
improvisações ou adaptações, pois não se deve brincar com a educação.
Embora no primeiro momento essa argumentação pareça um tanto
extravagante, ela se baseia também numa experiência do universo educacional.
O Parecer 493/06
3
do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais
manifesta-se sobre expediente de interesse de uma Universidade
4
acerca da oferta
no Curso de Pedagogia, com Habilitação em Educação Religiosa, que aqui o
documento é transcrito parcialmente, a nível de análise problematizada por um
contingente emergencial mas que continua a se repetir em outros escolas não só em
Minas Gerais, mas por esse Brasil a fora.
“Considerando que:
- fomos procurados pela Superintendência Regional de Ensino de...
com vistas à solução do problema de alto contingente de
professores excedentes, (grifo meu), da rede pública estadual,
graduados em Pedagogia, porém sem habilitação específica para as
últimas séries do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio; (grifo
meu)
- o Anexo V da Resolução 716, de 11.11.05, da Secretaria de
Estado da Educação/MG exige, como critério prioritário para
3
Disponível em:
www.sinepe-mg.org.br/legislacao/ens_superior/493.doc Acessado em: 14/3/2008
4
id
35
classificação no cargo de Professor de Educação Básica, Nível 2 ou
Nível 3 para atuar como regente de aulas de Educação Religiosa
em todos o anos do Ensino Fundamental que o candidato seja
portador de Licenciatura Plena em Ensino Religioso, Ciências da
Religião, ou Educação Religiosa ou curso de Pedagogia com ênfase
em Educação Religiosa’;
- não Diretrizes Curriculares para Licenciatura Plena em Ensino
Religioso;
- a ênfase em Educação Religiosa poderia ser obtida em período
curto, solucionando, assim, a falta de docentes com habilitação
específica, uma vez que os professores excedentes
relacionados pela SRE possuem graduação em Pedagogia.”
(grifo meu)
A Instituição solicita deste Conselho: “(...) parecer sobre a
possibilidade de oferta da ênfase em Educação Religiosa no curso
de Pedagogia do Universitas para atender a essa demanda.”
A solução apontada comumente tem sido essa, a maioria das Academias num
esforço emergencial, e solidário, têm corrido atrás de soluções imediatistas, que
num primeiro momento foi salutar, mas agora, precisa de uma revisão e de um
aprofundamento teórico e prático no seu conjunto, isto é: conjunto de habilidades e
competências diferentes daquelas em que o sistema de ensino anterior não
contemplava.
Faz-se necessário discutir a questão da formação profissional que a nosso
juízo, é uma das finalidades da educação. Isto porque partimos da concepção de
que a educação deve preparar para o “saber ser' e para o 'saber fazer’.
Desta forma, no universo dos profissionais de educação que atuam
no Ensino Fundamental e Médio, necessidade da formação de
profissionais para o Ensino Religioso de modo mais sistemático,
através dos cursos de graduação.
Essa proposta visa contribuir para constituição do quadro dos
profissionais de educação que pretendem atuar na área do Ensino
Religioso, desencadeando um processo de formação mais
sistemático e efetivo frente às urgências de um novo tempo.
(FONAPER, p. 6)
36
Desde a sua criação o FONAPER
5
juntamente com a CNBB e o GRERE
6
têm
promovido um intenso debate nacional com diversas instituições de ensino superior,
desencadeando um processo de debates, estudos e reflexões sobre esse assunto,
com a participação de vários especialistas da área. Como fruto desse debate
democrático, foi que essa Lei chegou a esse melhoramento, aprovada pelo
Congresso, corrigindo assim uma distorção na sua primeira redação, Art. 33 Lei
9394/96, estabelecia que o ensino religioso seria oferecido sem ônus para os cofres
públicos. Sendo o mesmo de caráter confessional de acordo com a opção religiosa
do aluno ou responsável, e ministrado por professores ou autoridades religiosas
preparadas e credenciadas pelas respectivas igrejas, podendo também ser este
ensino de caráter interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades
religiosas, que se responsabilizariam pela elaboração do respectivo programa.
Esse conteúdo, foi alvo de críticas exacerbadas, pois a mesma era
preconceituosa, originando uma categorização de inferioridade em relação às
demais disciplinas do sistema de ensino.
Junqueira, (2002, p. 51) transcreve um manifesto elaborado pelos membros
da XXXIV Assembléia Geral do Episcopado Brasileiro, realizado em 22 de abril de
1996:
Surpreedeu-nos o acréscimo da expressão sem ônus para os cofres
públicos no artigo que estabelece o ensino religioso... O ensino
religioso é disciplina global inserida nos horários normais das
escolas públicas e compete ao Estado arcar com o devido ônus. Por
isso, não pode ser tratado como adendo nem como favor prestado a
determinada denominação religiosa. Ele é parte integrante de um
processo de educação garantido pela Lei Maior [...].
A redação do Artigo 33 da LDB 9394/96 na sua nova roupagem, sancionada
em 22 de julho de 1997, mediante a Lei 9475/97, estabeleceu que:
5
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, é uma sociedade civil de âmbito nacional. “Foi criada em
1995 e vem desde então buscando acompanhar, organizar e subsidiar o esforço de professores, associações e
pesquisadores no campo deste componente curricular. Não é possível entendê-lo de forma estática, ou mesmo
linear. Em um primeiro momento ocupou-se com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, simultaneamente
com a estrutura do Ensino Religioso através da produção do Parâmetro Curricular Nacional do Ensino
Religioso” Disponível em http://www.fonaper.com.br/hp/
. Acesso em: 15/03/2008
6
Grupo de Reflexão Nacional sobre o Ensino Religioso Escolar, criado pela CNBB em 1985 para acompanhar
os debates da Assembléia Constituinte.
37
Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
integrante da formação básica do cidadão, constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,
assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer formas de proselitismo.
§ - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos
para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão
as normas para a habilitação e administração dos professores
(grifo meu).
§ - Os sistemas de ensino ouvirão entidades civil, constituída
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos
conteúdos do ensino religioso.
A parte grifada no parágrafo primeiro é alvo de trabalhos acadêmicos que
pretende chegar a bom senso, que permita o reconhecimento por parte do MEC do
Curso de Licenciatura em Ensino Religioso pelo viés da Ciências da Religião em
todo o Brasil.
No capítulo quarto tratar-se-á da necessidade da construção do especialista,
da qualificação profissional como exigência do mercado, em todas as suas
vertentes.
REBOUL (1974, p. 24), diz que a especialização em profundidade nos permite
conhecer, pelo singular, o universal, o Triângulo no triângulo, a Lei num
experimento.
O mesmo autor citando (WHITEHEAD, p. 24), acrescenta:
Só um estudo especializado pode permitir apreciar as idéias em sua
formação exata, depois em suas relações mútuas, enfim, no auxílio
que trazem à inteligência da vida. Espírito assim disciplinado seria, a
um tempo, mais abstrato e mais concreto, por ter sido formada para
compreender o pensamento abstrato e para analisar os fatos...
Ensinai pouca coisa; mas, o que ensinardes, ensinai-o a fundo.
Essa formação que este trabalho pretende enfocar, está no âmbito da
graduação, da licenciatura, área ainda em construção, em estudo, em debates
acirrados envolvendo todos os interessados no cumprimento da Lei acima referida.
38
Uma pesquisa
7
recentemente apresentada no IX Seminário de Capacitação
Docente para o Ensino Religioso, realizado na PUC-SP, campus Consolação, nos
dias 3 e 4 de outubro de 2006, com tema: Curso de Formação de Professores
8
. No
que se refere aos cursos de graduação, foram encontrados [dez]
9
, sete deles são em
Licenciaturas em Ciências da Religião: Universidade Metodista de Piracicaba
10
-
UNIMEP (Piracicaba/SP), Universidade Regional de Blumenau
11
Blumenau/SC - ,
Universidade da região de Joinvile
12
UNIVILLE (Joinvile/SC), Universidade do
Estado do Pará
13
UEPA (Belém/PA), Faculdade Social da Bahia
14
(Salvador/BA), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
15
UERN -
(Natal/RN). Universidade Estadual de Montes Claros
16
UNIMONTES (Montes
Claros/MG), Um em Pedagogia com ênfase em Ensino Religioso: Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais
17
(Belo Horizonte/MG), Uma de Bacharel
em Ensino Religioso Escola Superior de Teologia e Filosofia do Brasil
18
(Brasília/DF), Um em Teologia
19
(UPM) - Universidade Presbiteriana Mackenzie
(São Paulo/SP)
Outros estudos, sinalizam para a problemática da fragmentação desses
cursos, mesmo tendo o FONAPER formulado as diretrizes curriculares para os
cursos de Licenciatura Plena em Ensino Religioso e para a Pós-graduação em
Ciências da Religião.
7
Equipe de pesquisadores: Lílian Blanck de Oliveira, Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Claudino Gilz, Edile
Maria Fracaro Rodrigues e Rachel de Morais Borges Perobelli
8
Trabalho publicado no livro organizado por Luzia Sena: Ensino religioso e formação docente, pp. 91-101.
9
No livro consta oito cursos, mas nas minhas pesquisas, com data mais atual, encontrei mais dois que não fora
relacionado nesse trabalho mencionado acima.
10
Disponível em: <http://www.inimep.br/fcr/relig.html>
11
Disponível em: <http://www.furb.br/>
12
Disponível em: <http://www.univille.net/index.phtm?id_secao=4443>
13
Disponível em: <http://www.uepa.br/grad_cursos.html>
14
Disponível em: <http://www.icame.hpg.com.br>
15
Disponível em: <http://www.uern.br/faculdades.asp?fac=CANATAL&cur_cd=10192008&menu=Curso>
16
Disponível em: <http://www.unimontes.br/noticias.php?id=26&menu=2
17
Disponível em:<http://www.pucminas.br/cursos/index_graduacao.php?tipo=1&pai=37&menu=cabecalho=1&
lateral=1&curso=53>
18
Disponível em: <http://www.icame.hpg.com.br>
19
Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/CursosOferecidos.php
39
2.1.2 Pós-graduação
GRÁFICO 02: Formação acadêmica
Fonte: dados da pesquisa
TABELA 02
Áreas da Especialização
ÁREA DA ESPECIALIZAÇÃO QUANTIDADE PERCENTUAL
Ciências da Religião (Lato Sensu) 28 80.00 %
Teologia 6 17.14 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
FORMAÇÃO ACAMICA
s-graduão
Ciências da Religião
Teologia
Não responderam
40
Esse quadro mostra que a maioria dos graduados fizeram especialização em
Ciências da Religião e 2.86 % fizeram Teologia com um destaque para o número
acentuado de pessoas que se omitiram a responder a esta pergunta, o que leva a
várias suposições, entre elas a de seus cursos de pós-graduação não estarem
inseridos na área específica de Ciências da Religião, ou fazem parte daquele
primeiro grupo de professores que foram credenciados apenas com o curso
emergencial de 120 horas aulas. O fato positivo é que apesar de toda a falta de
definição e estruturação por parte do governo, quanto o não reconhecimento do
Curso de Licenciatura do Ensino Religioso e das carências de profissionais
licenciado nesta cadeira, as pessoas e instituições de ensino superior estão
correndo atrás procurando preencher essa lacuna, procurando se enquadrar nas
exigências da LDB para o exercício dessa nova função.
Ainda seguindo a leitura do trabalho de pesquisa de Oliveira e equipe,
identificados, constatou-se que em relação ao programa de pós-graduação (Stricto
Sensu e Lato Sensu) são oferecidos por várias modalidades: alguns são presenciais,
outros são semi-presenciais e outros a distância. Constata-se até esse momento
[16]
20
cursos lato sensu, seis deles são oferecidos por instituições católicas, sete não
especifica sua posição, dois são aconfessionais e um é ecumênico. Localizam-se
principalmente no eixo regional Sul e Sudeste do país. Seis no Sudeste: (3 em
Minas Gerais
21
, 3 em São Paulo
22
). Oito no Sul: (2 no Paraná
23
, 1 em Santa
Catarina
24
e 5 no Rio Grande do Sul
25
), Um no Pará
26
Quanto à pós-graduação stricto sensu, foram encontrados sete programas,
seis deles o em Ciências da Religião: Universidade Presbiteriana Mackenzie
27
,
UPM (São Paulo/SP); Universidade Católica de Pernambuco
28
UNICAP
20
Oliveira e equipe, catalogou 15 cursos, porém eu encontrei mais um cf. Anexo nº
21
Disponível em: <http:///www.pucminas.br>; <http://www.unicor.br>; <http://www.católicaonline.com.br/
posgraduacao/
22
Disponíveis em: <http://www.puc-campinas.edu.br >; <http://www.pio.unisal.br >;
<http://www.claretesp.com .br/>
23
Disponíveis em: < http://www.ibpex.com.br >; http://www.bagossi.edu.br >;
24
Disponível em: < http://www.furb.br >
25
Disponíveis em: < http://www.est.com.br >; < http://www.unisinos.br >; http://www.itepa.com.br >; < http://
cesuca.com.br >; < http://www.facosfacad.com.br
>
26
Disponível em: < http://www.iespes.edu.br >
27
Disponível em: <http://ww.mackenzie.com.br/pos_graduacao/index_stricto.htm>
28
Disponível em: < http://www.uicap.br/ >
41
(Recife/PE); Universidade Católica de Goiás
29
UCG (Goiânia/GO); Universidade
Metodista de São Paulo
30
- UMESP - [mestrado e doutorado] (São Bernardo do
Campo/SP); Universidade Federal de Juiz de Fora
31
- UFJF [mestrado e doutorado]
(Juiz de Fora/MG); Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
32
- PUCSP
[mestrado e doutorado] (São Paulo/SP); e um em Educação - Pontifícia
Universidade Católica do Paraná
33
– PUCPR (Curitiba/PR).
Como se observa, uma mobilização significativa por parte das academias,
em vários rincões desse país, por tradição sempre mantiveram-se um passo a frente
do seu tempo, utilizando a cultura como recurso natural e abundante, dialogando
com a cidadania, com a religiosidade, com o lúdico, para produzir novas culturas,
transformando e movimentando o mundo, Como disse Reboul (1974, p. 23), “a
cultura é o que permite a um homem utilizar todos os seus recursos para fazer face
a uma situação nova, resolver um problema novo; ela ensina a aprender”. (grifo
meu).
Um profissional qualificado, habilitado dignifica a sua profissão. E
considerando o ensino religioso como uma jovem disciplina, promovida a categoria
de conhecimento, num contesto brasileiro, com seus víeis multifacetados por
inúmeras religiões e culturas regionais que se impõe e se interpõe, é fundamental
que tenha a capacidade de construir pontes.
A parceria consiste na tentativa de incitar o diálogo com outras formas de
conhecimento e de possibilitar a interpretação em suas diversas áreas.
Seguindo o raciocínio do autor, a formação do professor, do especialista tem
como princípio, a interdisciplinaridade, como paradigma de superação dos limites
epistemológicos das várias áreas de conhecimento, superando a solidão imposta
pelos rígidos limites “territoriais” das áreas do conhecimento.
A partir de 1993, o Colegiado das Licenciaturas passou a construir um novo
profissional docente: bacharéis e especialistas; fundamentados na
interdisciplinaridade, numa perspectiva de formar professores para o trabalho
pedagógico do ensino fundamental e médio. Essa construção deve ser solidificada
29
Disponível em: < http://www.ucg.br/>
30
Disponível em: < http://www.metodista.br/posreligiao/td.php>
31
Disponível em: < http://www.propg.ufjf.br/ciencia_da_religiao.htm>
32
Disponível em: < http://www.pucsp.br/pos/cre/>
33
Disponível em: < http://www.pucpr.br/template.php?codlink=123 >
42
dentro do currículo
34
especifico, para cada curso, num modelo tridimensional: dos
conteúdos, das habilidades didáticas e da competência política
35
Reboul (1996, p. 69), pontua nesse sentido que:
Essa tridimensionalidade deve ser garantida pelos cursos que
formam o pedagogo, os professores, os bacharéis e os especialistas
(lato sensu), objetivando elevar a qualidade desses cursos. A
qualidade dos cursos implica três requisitos básicos, conforme
aponta Severino: a competência pela qual se supera o improviso, o
amadorismo, a mediocridade, e é adquirida mediante a aplicação do
método científico, do rigor filosófico, da precisão técnica da
disciplina metodológica; a criticidade que é a qualidade superadora
da relação causa e efeito, da alienação, da impregnação ideológica,
do dogmatismo das verdades absolutas, do ceticismo vulgar e que
consiste na forma d entender o conhecimento como situado sempre
em um contexto mais amplo e mais envolvente do que a simples
relação linear sujeito-objeto. A criticidade permite ao homem a
recuperação de sua autenticidade enquanto sujeito histórico; a
criatividade que supera a aprendizagem mecânica e é levada a
efeito mediante uma participação ativa e inteligente, estimuladora da
imaginação solta.
Nisso se constitui uma formação do profissional de ensino de qualidade. Que
contempla a interdiciplinaridade e a verticalidade do saber.
Como se pode observar na fala de Olivier Reboul de conformidade com
Severino a qualificação e a competência são requisitos fundamentais para combater
o amadorismo e a improvisação, que, no contexto brasileiro é um vício histórico,
presente no sistema educacional, principalmente no que se refere ao preenchimento
desse espaço quando da obrigatoriedade do Ensino Religioso no Sistema de
Educação brasileira.
Os Governos Municipais e Estaduais e Federal, legislam sem atentar para
todos os elementos agregados facilitadores para o cumprimento das medidas
legislativas aprovadas por eles. O cumprimento da Lei 9.475/97 exige que se
34
O termo currículo provem da palavra latina “currere”, que se refere à Carreira, a um percurso que deve ser
realizado e, por derivação, a sua representação ou apresentação. A escolaridade é um percurso para os alunos/as,
e o currículo é o seu recheio, seu conteúdo, o guia de sue progresso pela escolaridade, [...] Implica, pois, a idéia
de regular e controlar a distribuição do conhecimento. Além de expressar os conteúdos do ensino, [...] estabelece
a ordem de sua distribuição. SACRISTÁN, J. Gimeno, GÓMEZ, A I. Pérez. Compreender e transformar o
ensino. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p.126.
35
Para um maior aprofundamento sobre essa tridimensionalidade da formação dos professores são encontradas
em BRZEZINSKI, I. A formação dos profissionais da escola. São Paulo: Ande, v 13, p. 21-29, 1994
43
elaborem medidas facilitadoras para que o projeto de lei se cumpra em todas as
suas nuanças.
Nesse sentido, muitas Universidades não abriram o curso de Licenciatura em
ER por que o MEC o aprovou ainda seus pedidos de liberação. Aprovando até
então, os curso na esfera da Pós-graduação.
2.1.3 Quanto ao Grau de Satisfação do Currículo da Pós-graduação
Graus de satisfação da grade curricular da Pós-
graduação
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Bom Excelente Regular Não
responderam
Bom
Excelente
Regular
Não responderam
GRÁFICO 03: Grau de satisfação da grade curricular da Pós-graduação
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 03
Grau de Satisfação do Currículo da Pós-graduação
GRAU DE SATISFAÇÃO DO
CURRÍCULO DA PÓS-
GRADUAÇÃO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Boa 26 74.29 %
Excelente 6 17.14 %
Regular 1 2.86 %
Não responderam 2 5.71 %
TOTAL 35 100.00 %
44
Fonte: Dados da pesquisa
Nesse quadro percebe-se o grau elevado de satisfação das disciplinas
curriculares que esses professores cursaram na sua especialização. O que é um
fator positivo e estimulador para expandir o processo de formação do profissional de
educação religiosa numa vertente qualitativa.
Se o agente transformador está bem com o domínio da sua disciplina, esse
gesto pode produzir confiança, na proposta educacional para o ensino religioso
numa perspectiva duradoura; esperança de que é possível mudar para melhor a
vivência entre as diferenças; a motivação, por sua vez alimenta as faculdades
mentais no seu movimento criativo, transformador.
Conforme diz Freire, (2001, p. 115-116):
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza
que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não
brigo por este saber...
Pode-se incluir nessa análise, que essa satisfação, ainda que o grau de
excelência tenha ficado com menos de vinte por cento, significa que há muito
espaço para construir um profissional melhor qualificado. Freire, (2001, p. 116)
comenta:
Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para
ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso,
por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino
daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas de minha
atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos
conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência
com que o faço. É a preparação científica revelada sem arrogância,
pelo contrário, com humildade. É o respeito jamais negado ao
educando, a seu saber de “experiência feito” que busco superar com
ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha
coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e
o que faço.
45
O profissional motivado produz na esfera do extraordinário. A paixão, o
interesse são ingredientes necessários para a concretude desse projeto
educacional. E, quando se pensa na formação do cidadão pautado por valores
humanos, espirituais e éticos; na formação de uma sociedade sólida, de famílias
ajustadas e bem estruturadas, a motivação é fundamental nessa trajetória, porque
estamos falando de um investimento a longo prazo.
Como diz as Escrituras: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,
ainda quando for velha, não se desviará dele
36
.
2.2 QUANTO À PRÁTICA PEDAGÓGICA
Costuma-se dizer que “essa é a hora da verdade”, do “vamos ver”. A
realidade sempre exigiu mais do agente do que o lado teórico, não que este seja
fácil, ou inferior, ao contrário, ele é o inovador, o idealizador, o sonhador, o criador
das técnicas, dos meios, de concretudes, e do ensinar fazer.
Mas é na prática do exercício intelectual que experimentamos a sua
eficiência, o seu valor e a sua ética.
A prática é sem dúvida um laboratório para as experiências empíricas de
testar a capacidade de recriar a partir dos pressupostos teóricos experimentáveis
nas circunstâncias emergentes apresentadas atipicamente. O professor de Ensino
Religioso principalmente, que convive em meio a uma multiplicidade de religiões, de
costumes e culturas e de valores éticos, com crianças irrequietas e curiosas
desejosas de sair da sua caverna e conhecer o mundo; os desafios práticos são
uma constante, exigindo do mesmo, preparo e habilidade na exposição das suas
temáticas, do conteúdo curricular da sua disciplina. Muito se espera do professor de
Ensino Religioso, mesmo que ele, a princípio, esteja no início da sua carreira
docente.
No pensar de (Tardif, 2006, p. 21)
[...] os saberes, oriundos da experiência de trabalho cotidiano,
parecem construir o alicerce da prática e da competência
profissionais, pois essa experiência é, para o professor, a condição
para a aquisição e produção de seus próprios saberes, reutilizando-
36
Provérbios 22.6
46
os, no trabalho, para adaptá-los e transformá-los pela e para o
trabalho. A experiência de trabalho, portanto, é apenas um espaço
onde o professor aplica saberes, sendo ela mesma saber do
trabalho sobre saberes, em suma: reflexividade, retomada,
reprodução , reiteração daquilo que se sabe naquilo que se sabe
fazer, a fim de produzir sua própria prática profissional.
Segundo o autor a prática do saber se consolida pelo viés da experiência
adquirida no dia-a-dia do exercício docente.
É no casamento da prática com o saber que se multiplicam as capacidades e
se aperfeiçoa o conhecimento.
Seguindo o pensamento de Tardif (2006, p. 108), quando diz:
[...] a maioria dos professores diz que aprendem a trabalhar
trabalhando. Esse aprendizado, muitas vezes, é difícil e ligado à
fase de sobrevivência profissional, na qual o professor deve mostrar
do que é capaz, leva à construção dos saberes experiênciais que se
transformam, muito cedo, em certezas profissionais, em truques do
ofício, em rotinas, em modelos de gestão da classe e de
transmissão da matéria. Esses repertórios de competências
constituem o alicerce sobre o qual vão ser edificados os saberes
profissionais, durante o resto da carreira. Todavia, esses saberes
não se limitam, de modo algum, a um domínio cognitivo e
instrumental do trabalho docente. Eles abrangem, igualmente,
aspectos como o bem-estar pessoal em trabalhar nessa profissão, a
segurança emocional adquirida em relação aos alunos, o sentimento
de estar no seu lugar, a confiança nas suas capacidades de
enfrentar problemas e de poder resolvê-los (alunos difíceis, conflitos,
etc.), o estabelecimento de relações positivas com os colegas e a
direção, etc.
2.2.1 As dificuldades Encontrada em Sala de Aula:
Esses dados foram obtidos dando oportunidade aos professores de
responderem todas as quatro opções da questão, que pontuassem as suas
dificuldades. As mesmas serão analisadas individualmente e comentadas enfocando
a parte teórica de cada uma delas.
Essas dificuldades são reflexos de vários fatores que abrangem desde a
própria incompletude humana do professor e dos alunos, como também, de todos os
envolvidos com a proposta de construção de vida, de valores humanos.
47
Nesse sentido, as cobranças passam a ocupar a mente e o coração dos
professores, pois todos nos cobramos perfeição dos outros, esquecendo-nos
infelizmente das próprias limitações. O que se pretende, não é a perfeição, mas a
determinação de melhorar sempre. Que professores, pais, escola, governo se unam
para participar ativamente no sentido de diminuir a ineficiência e remover esse
hábito histórico do “jeitinho brasileiro”.
0
5
10
15
20
25
30
1
Dificuldades encontradas na prática do
ensino religioso
Falta de material
didático
Desvalorizão do
Ensino Religioso
Motivar os alunos a
valorizarem a
disciplina
Manter a unidade
em meio à
diversidade
religiosa
GRÁFICO 04: Dificuldades encontradas na prática do ensino religioso
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 04
Dificuldades Encontradas na Prática do Ensino Religioso
DIFICULDADES ENCONTRADAS NA
PRÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Falta de material didático apropriado 29 82.85 %
Desvalorização do ensino religioso 24 68.57 %
Motivar os alunos a valorizarem a
disciplina 19 54.28 %
Manter a unidade em meio à diversidade
religiosa 8 22.86 %
Fonte: Dados da pesquisa
2.2.1.1 Falta de material didático apropriado
48
Mais de 80 % dos professores apontaram para essa deficiência. Isto é sério e
comprometedor, por vários fatores: O primeiro deles é que na falta do principal
recurso didático, - o livro; o aluno perde o estímulo de estudar essa disciplina.
Segundo, os conteúdos ficam comprometidos por lhes faltar coerência, direção, e
unidade. O conteúdo é passado como peças soltas, arranjadas, improvisadas.
Terceiro, os professores para suprir essa lacuna, fazem uso, muitas vezes, de
materiais didáticos confessionais, o que coloca em risco o descumprimento da Lei nº
9.475/97 que veda qualquer forma de proselitismo.
É cabível acrescentar nesta fala, pedidos e reclamações de professoras, que
participaram da enquete na internet O Discutindo
37
. Suas falas fazem parte do
material de pesquisa que usamos. elas disseram:
Estou precisando de material novo na área de educação religiosa
para todas as séries – INTERNAUTA 10.
Sou educadora de ensino religioso, estou fazendo ciências da
religião, e até me pergunto, se as autoridades querem o ensino
religioso, porque não dar subsídios, ficamos perdidos, sem saber
como elaborar um plano de aula dentro dos eixos e respeitando
todas as crenças dentro da sala de aula. – INTERNAUTA 29.
Certamente é difícil, pois envolve várias crenças, diferentes religiões,
pais que não aceitam que seus filhos estudem sobre outras religiões
a não ser a sua própria. Quem puder, poste material pois os alunos
ficam desmotivados, falta material de apoio. – INTERNAUTA 37
Convém salientar que as instituições educacionais confessantes, na sua
maioria, possui um material didático para o ensino religioso bem elaborado,
completo, que abrange todas as séries do Ensino Básico, com recursos visuais
atraentes e motivadores. Em algumas dessas instituições seu material de ensino
religioso é de qualidade superior aos das demais disciplinas. Tal é o valor e a
responsabilidade ética que eles demonstram na formação do cidadão, do futuro
profissional, e de futuros pais.
A partir dessa realidade percebe-se a necessidade de se intensificar as
reflexões, os debates e os estudos em torno desse assunto, conforme afirma o
37
Disponível em: www.educacaopublica.rj.gov.br/discutindo/discutindo.asp?
49
segundo parágrafo da Lei 9.475/97: “Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
constituída pelas diferentes denominações religiosas para a definição dos conteúdos
de ensino religioso.”
Por outro lado tem a questão da didática,
38
que sem ela as finalidades sociais
desse tipo de educação não responderá satisfatoriamente para que veio o ensino
religioso nas escolas públicas. O que fazer no Ensino Religioso e como fazer o
Ensino Religioso fica disperso, perde-se na falta de estrutura operacional dirigida por
processos técnicos, e ineficientes.
Viesser (1995, p. 13 -14), discorrendo sobre a didática do ensino religioso,
comenta:
Efetivamente, ensinar é um ato pedagógico e a parte da Pedagogia
que se ocupa desse processo é a Didática. Ou seja, a Pedagogia
investiga a natureza das finalidades da educação numa sociedade e
determina os rumos para este processo através de finalidades e
meio da ação: o tipo de seres humanos a formar para essa
sociedade e com que propósitos. Ela explicita no ensino escolar as
contradições entre a educação e as finalidades sociais e políticas. E
a Didática é a forma prática de explicitar essas contradições. É por
isso que a Didática assegura o fazer pedagógico no processo de
ensinar, ocupando-se de objetivos, conteúdos, meios e condições
de operacioná-lo.
Segundo a autora, o tipo de ser humano que se projeta para a nossa
sociedade passa pelo processo de planejamento de conteúdos, de formas de
aplicação. Mas segundo os professores pesquisados, a falta de material didático
específico, compromete o propósito do fazer no Ensino Religioso.
2.2.1.2 A Desvalorização do Ensino Religioso
Como se pode ver, quase 70 % dos professores questionados, sofrem do
preconceito, da estigma religiosa. Preconceito que se apresenta em duas vertentes:
por parte da própria classe docente, que não valoriza ou não o Ensino Religioso
ou Ciências da Religião como área do conhecimento, colocada no mesmo nível que
às demais disciplinas, como: Língua Português, Matemática, História, Ciências, etc.
38
Didática, etimologicamente, vem do grego didasco, significando ensinar, instruir, aprender. Logo, ocupa-se
eminentemente da prática pedagógica. (VIESSER, 1995, p. 14). Para um maior aprofundamento sobre esse
assunto consultar seu livro: Um paradigma didático para o ensino religioso. São Paulo: Ed. VOZES, 1995.
50
Tardif, Lessard e Lahaye apud Candau (1991 p. 59), comentando sobre esse
assunto elucida:
O saber docente é um saber plural, estratégico e desvalorizado”.
Plural porque constituído dos saberes das disciplinas, dos saberes
curriculares, dos saberes profissionais e dos saberes da
experiência. Estratégico porque como grupo social e por suas
funções, os professores ocupam uma posição especialmente
significativa no interior das relações complexas que unem as
sociedades contemporâneas aos saberes que elas produzem e
mobilizam com diversos fins. Desvalorizada porque, mesmo
ocupando uma posição estratégica no interior dos saberes sociais, o
corpo docente não é valorizado em face aos saberes que possui e
transmite.
A desvalorização do saber pedagógico é epidêmica e histórica em nosso país.
O pedagogo, o professor, sempre foi colocado em segundo plano no processo de
educação no Brasil, independentemente de qual tenha sido a sua especialização ou
formação. Ora, se é assim com áreas do conhecimento cujo “peso” é maior no
vestibular, quanto mais com o Ensino Religioso, que é matéria facultativa, não
reprova ninguém. Quais interesses que professor / aluno, escola / pais teriam para
valorizarem essa Disciplina?
A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, em 1998,
ao instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, aprovou
a Resolução nº 02/98 sinaliza em seu art. 3º - item IV, que:
Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso
para alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a
unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional.
A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-
se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a
relação entre a educação fundamental e a) vida cidadã através da
articulação entre vários dos seus aspectos como: saúde,
sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência
e tecnologia, cultura, linguagens e b) as áreas de conhecimento:
Língua Portuguesa, ngua Materna (para população indígenas e
migrantes), Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua
Estrangeira, Educação Artística, Educação Física e Educação
Religiosa
.
51
Essa resolução aponta para a necessidade de reconhecimento igualitário
entre os saberes, em conjunto com as tradicionais disciplinas curriculares.
Muitos deles se entristecem pela maneira como a escola vê o professor (a) de
Ensino Religioso, mesmo com o aval da legislação. Uma disciplina que não reprova,
que é facultativa, opcional, com isso não tem o incentivo que ela merece.
Mas o grande viés dessa resolução é que ao reconhecer o Ensino Religioso
39
como área de conhecimento, ela automaticamente reconhece que a mesma possui
uma episteme própria, que por sua vez, remete-se para a necessidade de
formalização da profissão do(a) professor(a) de Ensino Religioso (MENEGHETTI,
2004)
Um outro preconceito enfrentado pelos professores de Ensino Religioso é o
da própria disciplina em si mesma; devido à especificidade da sua natureza,
despertando uma certa resistência por parte de alguns alunos. O ensino religioso no
seu processo educativo tende a processar mudanças no indivíduo no que diz
respeito a valores, a quebra de paradigmas, na forma de convivência social, no
esforço de interação e socialização solidária e piedosa dos indivíduos nos cleos
de socialização mais influentes: a escola e a família. Esta última, pode se apresentar
como a principal força de resistência (confessionalistas) às finalidades do Ensino
Religioso laico uma vez que o aluno trás para sala de aula em sua subjetividade as
cores da sua casa como pressupostos norteadores da sua conduta e
posicionamento.
O fato de não ser uma disciplina obrigatória, o aluno assiste se quiser, passa
à impressão de que ela é destituída de valor acadêmico e conseqüentemente não
tem importância nenhuma para a formação cultural.
Alguns profissionais da área disseram assim:
[...] Mas será mesmo que a religião é uma prioridade?
INTERNAUTA 51
O ensino religioso deve ser ministrado nas séries iniciais, porque ele
irá preparar o futuro cidadão a se manter mais consciente do seu
papel e de sua responsabilidade no mundo em que vive. Mesmo
sendo por vezes descartado e desvalorizado por algumas escolas, [...]
– INTERNAUTA 19
39
Podemos observar que a terminologia aqui aplicada é “Educação Religiosa”
52
São dificuldades que desafiam o professor de ensino religioso e que exigem
dele um preparo especial para saber administrar essas situações desconfortáveis e
imprimir o respeito e a autoridade que desejam. Só a capacitação abrangente, isto é,
uma formação acadêmica com um currículo próprio
40
de Ensino Religioso ou
Ciências da Religião, pode quebrar esses paradigmas preconceituais.
Está se falando de um profissional de carreira, que abrangeria as formações
academicamente falando, Licenciatura Plena, as s-graduações: Lato Sensu,
Strict Sensu e Doutorado.
2.2.1.3 Motivar os Alunos a Valorizarem a Disciplina
Mais da metade dos professores responderam que têm dificuldades de
motivar os seus alunos. Por um lado, eles se mostram pessoalmente motivados,
porém, não acontece o mesmo com os seus alunos. O por quê desse contraste? Se
nos transportarmos para o que foi dito na questão da falta de materiais (livros
didáticos e visuais) adequados às necessidades da disciplina, podemos ter aí, um
elemento identificador da falta de motivação do alunado.
Uma outra questão que deve ser considerada é a distância entre uma aula e
outra, o contado é semanal, haja vista que esse contato abrange apenas uma aula,
dificultando o estreitamento do processo de relacionamento, cumplicidade e de
aprofundamento dos conteúdos dados.
Meneghetti (2004, p. 98) aprofunda a questão dizendo:
O novo perfil do professor de Ensino Religioso, fundamentalmente,
está vinculado à noção de dinamicidade. É um profissional que
precisa estar conectado à dinâmica dos fatos e que precisa
apropriar-se do movimento que perpassa as relações interpessoais.
Assim, é um sujeito capaz de perceber que, ao se construir, constrói
o outro, ao caminhar, traz consigo outros caminhantes, ao aprender,
ensina outros, ao ensinar, aprende com os outros
40
Para maiores detalhes o FONAPER têm trabalhos desenvolvidos sobre a formação do profissional do Ensino
Religioso, as diretrizes curriculares para essa capacitação. Os documentos traz as propostas para:
As Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores na área de Ensino Religioso:
Curso de Licenciatura em Ensino Religioso
Curso de Especialização “Lato Sensu” em Ensino Religioso
Curso de Extensão em Ensino Religioso
53
Essa autora pontua a dinâmica, a capacidade de interação de influenciar de
motivar ao perfil desse novo professor. Isso está relacionado à formação desse
profissional, está ligado à esfera do domínio e das capacidades de locução e da
mediação entre conhecimento e aprendizagem; da interação professor/aluno,
escola/família.
É preciso aprofundar esse assunto através de pesquisas que incluam os
discentes e seus vários olhares para o que se propõe essa disciplina como
ferramenta de moldura, de valores, caráter e cidadania.
A autora ainda acrescenta que “o olhar que inclui a diferença como seu
determinante é amoroso. Includente, acolhedor. Capaz de ver no gesto do(a)
interlocutor(a) traduções constantemente renovadas da religiosidade
41
.”
2.2.1.4 Manter a Unidade em Meio à Diversidade Religiosa
Esse foi o menor problema encontrado por eles (professores), apenas
22.86%, isto é, oito pessoas apenas, apontaram como tendo uma certa dificuldade
na questão da convivência na pluralidade religiosa.
Nada grave, que comprometesse a prática dessa disciplina em sala de aula.
Aliás, é até natural que o professor encontre certa dificuldade no exercer da sua
docência. Mesmo porque, as crianças não têm noção do que é estudar o Ensino
Religioso numa perspectiva de Ciência da Religião, como expressão social, e
sociológica; do papel das religiões nas relações sociais e suas construções
antropologicamente falando.
Verifica-se a presença do elemento positivo, a maioria dos professores
questionados, estão demonstrando habilidade na convivência pacifica entre as
diferenças.
Esse é um dos perfis que todo professor de Ensino Religioso deve ter, a
capacidade de respeitar e compreender as diferenças.
Gadamaer (200, p. 23), menciona que:
[...] Compreender não é, em todo caso, estar de acordo com o que
ou quem se compreende. Tal igualdade seria utópica. Compreender
significa que posso pensar e ponderar o que o outro pensa. Ele
41
Ibid
54
poderia ter razão com o que diz e com o que propriamente quer
dizer.
Compreender o outro é uma virtude, é a capacidade de ser sensível ao
mundo a sua volta, aos fatos, as idéias, e interagir com seu universo, sem deixar de
ser ela mesma, sem corromper os seus princípios.
Como observa Tracy apud Teixeira (1997):
[...] Compreender o outro é, antes de tudo, uma “arte” que exige
uma atitude de grande abertura e despojamento, e sobretudo uma
sensibilidade hermenêutica, na medida em que a relação com o
outro envolve sempre a possibilidade efetiva de uma apropriação de
outras possibilidades.
Num contexto brasileiro essa convivência é desafiadora, mesmo porque, o
pluralismo religioso encontra na cultura nacional um terreno fértil. Historicamente o
país conviveu com três culturas e religiões desde a sua colonização, mesmo sob o
domínio da Igreja Católica, as culturas indígenas e africanas fincaram raízes, e
podem ser identificadas hoje quando o país goza de plena liberdade religiosa,
amparada pela Constituição Brasileira. Junqueira e Alves mencionam que,
O pluralismo religioso tem dimensões mundiais, mas em cada país e
continente apresenta características próprias. No Brasil, ao lado da
presença de todas as religiões clássicas e tradicionais do mundo, o
pluralismo religioso se caracteriza por um constante aparecimento
de novos movimentos religiosos, que podem ter inspiração cristã,
oriental, nativas, religiosidades populares ou sincretizadas num todo,
constituindo-se assim num grande ecletismo, que irá atender aos
interesses e carências imediatas deste homem contemporâneo.
Ecletismo que julgamos inconveniente e pernicioso para a
religiosidade do povo, por entendermos que este, por reunir
elementos de fé, crença, ritos, doutrina e moral muito díspares, não
será capaz de elaborar uma ntese. Ante essa realidade, percebe-
se uma mobilidade religiosa intensa entre os fiéis, troca-se de
tradição religiosa e ou movimento religioso, como faz o consumidor
num supermercado ao optar por uma outra marca, devido a diversos
fatores, entre eles o do preço. O pluralismo religioso é uma
realidade cada vez mais percebida como um fenômeno que ocorre
em diversos países e culturas, devido à globalização mundial e
também às necessidades de transcendência do homem atual, que
procura, no transcendente, aquilo que a sociedade, fundada num
modelo de econocracia, não consegue lhe proporcionar. Pluralismo
que nem sempre funciona como elo de integração de pessoas e
55
povos, mas que, ao contrário, contribuem para reforçar separações,
incentivar discriminações e propagar idéias fundamentalistas que
são incapazes de alteridade.
O Brasil, no aspecto religioso, é o resultado de encontros e
desencontros de diferentes realidades religiosas, o que acabou
gerando um rosto religioso diferenciado do restante dos países sul-
americanos.
42
Aqui se deslumbra a complexidade do ensino Religioso no contexto de Brasil.
A religiosidade do povo é muito forte, e o professor é colocado no centro dessa
aldeia global, em volta de uma variedade de elementos de fé, símbolos, crenças,
pontos doutrinários divergentes. E, a pergunta que surge é, o que fazer, como fazer.
Constata-se com isso, a reafirmação da necessidade de haver uma formação
totalmente voltada para os interesses e necessidades desse saber, enquanto Ensino
Religioso, como veículo capaz de não só interpretar o papel das religiões nas
transformações culturais e sociais dos povos, no transcorrer da história e na
contemporaneidade, mas também, adquirirmos consciência solidária capaz de
construirmos uma sociedade melhor e mais justa, pautada pelo respeito, pela
compreensão e pela igualdade social.
Conforme Meneghetti (2004, p. 95), menciona:
[...] está claro a necessidade de formação de profissionais que, no
Ensino Fundamental, não apenas “dêem aulas”, mas também
compreendam a ação pedagógica em sua totalidade. Assim, a
preocupação com a cultura geral e profissional, o domínio do
conhecimento específico para a área de atuação e a compreensão
da dimensão cultural, social, religiosa, política e econômica da
educação são fatores permanentes na concepção do perfil desse
profissional-docente.
Nesse sentido a LDB no seu art. 62 aponta para a necessidade de atenção à
formação profissional que atuarão na educação básica, responsável pelas diversas
áreas de conhecimento. Diz o texto:
43
42
Sérgio Rogério Azevedo Junqueira
1 e
Luiz Alberto Sousa Alves
2.
O contexto pluralista para a formação
do professor de ensino religioso.
Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 5, n.16, p. 229-246, set./dez.
2005.
43
Id.
56
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil
e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em
nível médio, na modalidade Normal.
Essa prática pedagógica deve nesse sentido, contemplar a diversidade
cultural e religiosa do povo brasileiro respeitando a faixa etária em que estão
inseridos.
O senso demográfico de 2000, realizado pelo IBGE aponta dados que
clareiam de como está a distribuição dos alunos nas salas de aula e nas creches,
tendo em vista a origem religiosa, idade, variáveis de transferência religiosa de
acordo com a mudança da idade.
Percebe-se que no tramite religioso, a religiosidade não obedece regras
rígidas, quanto a sua posição religiosa, as pessoas estão sempre mudando de
acordo com as suas convicções, e com isso, agrega-se novos valores, novos
conhecimentos que no contexto de sala de aula, tem suscitado calorosos debates de
acordo com o nível de consciência religiosa de cada um. Nesse sentido, o professor
como agente representativo do Estado, precisa usar suas habilidades e capacidades
conciliatórias no sentido de manter-se na linha da laicidade, da não
confessionalidade e ao mesmo tempo, manter ativo o interesse de dos seus alunos
na sua disciplina, no tema em questão, e demais proposta do seu ensino. A tabela
abaixo testifica do que fora dito acima.
Nota-se nesses dados demográfico, que ocorre um pique de crescimento no
interesse religioso na faixa dos adolescentes até a idade de 17 anos, para em
seguida, a partir dos 18 anos, registrar um desinteresse muito grande pela religião. É
nesse momento que o jovem se sente livre, de maior idade, em condições de viver
sua própria vida, na maioria das vezes se deixando influenciar pelas drogas,
bebidas, violência, crimes, etc.
Isso significa que o trabalho de base precisa ser revisto, e melhorado
didaticamente, dinamicamente, com propostas coerentes com as reais necessidades
dos futuros jovens.
57
TABELA 05
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/populacao/religiao_Censo2000.pdf . Acessado em:
12/12/2007
58
2.3 QUANTO À QUESTÃO DO PROGRAMA DE ENSINO E SEUS RESULTADOS
Essa categoria buscava analisar do profissional docente suas considerações
sobre os seguintes aspectos curriculares: sua qualidade; o rendimento dos alunos
ou como eles se interagiam com o programa oferecido; e o grau de satisfação de
ambos: professor/aluno.
Convém salientar aqui, que esse grau de satisfação se refere não à formação
acadêmica do professor como já foi analisado neste trabalho, mas ao fazer docente.
A questão curricular recebe por parte de Fuchs (2005, p. 24), uma abordagem
que precisa ser considerada pela sua relevância. Ele diz:
A partir dos relatórios das observações feitas pelos alunos e alunas
do curso de Pedagogia, o Ensino Religioso está muito atrelado à
idéia de valores, comportamentos, atitudes. As aulas abordam temas
como amizade, respeito, amor, família, campanha da fraternidade,
datas comemorativas, violência, drogas, injustiça, gravidez, namoro,
entre outros. Estas práticas indicam um currículo turístico que
passeia pelos temas como se fosse uma viagem na qual cada
pessoa olha, fotografa, filma aquilo que mais chama a atenção e
segue adiante. Mas não relação com a vida, com a cultura, com a
história. É um currículo que não provoca transformações. Pelo
contrário, provoca acomodação ou revolta. Mas não proporciona um
espaço de produção de conhecimento, pois não consegue
estabelecer a relação dos conteúdos com a vida num contexto
específico. neste sentido, a identidade individual e grupal passa a ser
substituída por uma relação superficial das pessoas com a sua
história familiar e social.
O autor chama a atenção para o modelo curricular veiculado pela maioria dos
docentes, uma vez que, falta um programa abrangente do Ensino Religioso que
contemple todas as idades com conteúdos integralisadores, de ascendência
continuada, cujos propósitos sejam de formar de fato um cidadão completo.
Convém salientar que essa avaliação, envolve todas as séries do Ensino
Fundamental.
59
2.3.1 Avaliação do Conteúdo
Qualidade dos conteúdos do
programa de educação religiosa
aplicado em sala de aula
Boa
Ótima
Regular
Não responderam
GRÁFICO 05: Qualidade dos conteúdos do programa de educação religiosa aplicado
em sala de aula.
Fonte: Dados da Pesquisa
TABELA 06
Qualidade dos Conteúdos
QUALIDADE DOS CONTEÚDOS DO PROGRAMA DE ER APLICADO EM
SALA DE AULA
NÍVEL QUANTIDADE PERCENTUAL
Boa 22 62.86 %
Ótima 9 25.71 %
Regular 2 5.72 %
Não responderam 2 5.71 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
60
Nota–se que os conteúdos temáticos têm-se mostrado satisfatórios, atingindo
o patamar de qualidade ou de aceitação de quase 63 %; um patamar realmente
bom, tendo em vista todas as precariedades que envolvem a prática dessa
docência.
No entanto, é preciso observar nesse resultado que o patamar da qualidade
“boa” está longe de atingir os 100 %, e muito mais longe ainda, encontra-se o nível
“ótimo”
Deve-se levar em conta, a instabilidade da política administrativa escolar que
muda freqüentemente os professores de sala de aula, de turma, de colégio. Se para
as disciplinas que gozam de certo “status” na cadeia de conhecimento, é difícil tanto
para o docente quanto para o discente, readaptarem-se, quanto mais se referindo ao
Ensino Religioso que sofre com o descaso da própria política interna do sistema de
ensino. Naut (1993, p. 48), explicita sobre esse assunto muito bem:
[...] os professores, em situação precária, levam mais tempo para
dominar as condições peculiares ao trabalho em sala de aula, pois
mudam freqüentemente de turma e defrontam-se com as turmas
mais difíceis. Nesse sentido, sua busca de um bem-estar pessoal,
na realização desse trabalho, é, muitas vezes, contrária por
inúmeras tensões, decorrentes de sua situação precária.
Por outro lado, esse resultado aponta para a necessidade de melhorar tanto
os conteúdos do curso básico, quanto à pedagogia aplicada, quanto da competência
docente de qualidade.
Ghedin (2004, p. 407), explicita assim:
[...] Os professores precisam aprender a construir uma visão cultural
de modo que, ao ensinar, não transmitam e possibilitem a
construção dos conhecimentos dos alunos, mas também sejam eles
próprios agentes de transformação cultural. Quero dizer, que os
professores (e também seus formadores) devem ter claro um projeto
cultural que servirá de orientação para as suas ações.
Esse “projeto de formação cultural” pode ser entendido como um
modelo de sociedade que se quer construir em concordância ou em
oposição à sociedade dominante hegemonicamente. Isso quer dizer
que os professores precisam manter-se numa postura crítica ante as
ideologias, com uma visão de mundo que possibilite repensar a
utopia como horizonte de reconstrução da sociedade. Esse
horizonte utópico, expresso por um “projeto de formação cultural”,
serve de orientação e guia para a escolha dos conteúdos que
61
comporão os planos de ensino e o currículo da escola. É diante de
um projeto de tal natureza que escolhemos os conteúdos atitudinais,
procedimentais e conceituais que serão ensinados aos alunos nas
escolas.
Nesse sentido, o corpo docente e a escola precisam articularem-se em torno
de uma reflexão, procurando continuamente trilhar pelo horizonte da atualização dos
conteúdos aplicados à realidade do seu habitat cultural.
Os alunos sentem essa necessidade ou carência, de terem seus
questionamentos respondidos, suas dúvidas esclarecidas, seus medos dissipados,
suas esperanças acesas, seus sensos de pertencimento integrado com o meio em
que vivem e sonha.
2.3.2 Grau de Satisfação do Docente com o Rendimento dos Discentes
O que se pretende conhecer com essa categoria é se os alunos, como objeto
e sujeito, agente e reagente do processo de aprendizagem; do ponto de vista do
professor este como observador, estão reagindo aos novos conhecimentos que
recebem. Ele(a) procura ver as mudanças que estão ocorrendo no comportamento
dos seus alunos, a tolerância, o respeito, a sexualidade, os princípios morais, a
convivência, a tolerância religiosa, a socialização do grupo, enquanto ser social, etc.
Alguém disse que a “verdadeira aprendizagem produz mudança de
comportamento”
44
O Ensino Religioso tem como um dos seus propósitos orientar os
alunos na sua compreensão de mundo, do sagrado, da formação do bom cidadão.
São esses os fatores que estão presentes nessa avaliação.
44
Esta frase eu ouvi de terceiros, confesso que não conheço a sua origem.
62
0
10
20
30
40
50
60
70
Boa Regular Ótimo Não
responderam
Graus de satisfação com os rendimentos dos alunos
Seqüência1
GRÁFICO 06: Graus de satisfação do docente com o rendimento dos discentes
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 07
Grau de Satisfação do Docente
GRAU DE SATISFAÇÃO DO DOCENTE DO RENDIMENTO DOS
DISCENTES
NÍVEL QUANTIDADE PERCENTUAL
Bom 24 68.57 %
Regular 8 22.86 %
Ótimo 2 5.71 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Os dados obtidos apontam que o grau de satisfação avaliado pelos
professores de Ensino Religioso em relação ao rendimento dos alunos com o
conteúdo recebido em sala de aula são bons, 68.57 % deles localizam nos seus
alunos algumas mudanças positivas no seu convívio social.
O surpreendente foi o grau “ótimo” que não passou de 6% na observação dos
professores. Só dois professores estão satisfeitos com os resultados obtidos. A
grande massa de professores esta no nível - “regular”.
63
Fica assim claro que a missão de educar não é nada fácil, demanda tempo,
paciência e esmero.
A participação da família nesse processo é fundamental e preponderante.
Cabe aqui a escola atrair não só os alunos, como também os pais, para participarem
mais ativamente desse processo de educação. É papel da escola facilitar
mecanismos que possam gerir o desenvolvimento harmonioso e intelectual da
criança, envolvendo toda a sociedade. Como orienta os PCNs:
[...] A escola tem de encontrar formas variadas de mobilização e de
organização dos alunos, dos pais e da comunidade, integrando os
diversos espaços educacionais que existem na sociedade e,
sobretudo, ajudando a criar um ambiente que leve à participação do
leque de opções e ao reforço das atitudes criativas do cidadão.[...]
45
Percebe-se que a política escolar no seu olhar um tanto preconceituso para
com essa disciplina e seu(a) agente transmissor(a), a deixa isolada, solitária,
sobregarregando o professor(a), que por sua vez, se sente limitado(a), cobrado(a)
pelos pais, às mudanças comportamentais de seus filhos.
No entanto, a sociedade sabe que é pelo processo educacional que se a
formação do individuo e sua socialização; a formação de um ser crítico, participativo,
apto para recriar, construir novos tecidos sociais mais humano.
Desta forma, é necessário que se enfatize “o papel participativo como
componente essencial para que se atinja o objetivo que é comum a ambos”
COMUNER
46
É preciso que se considere e inclua como fator de influência nesse resultado,
o modelo atual de família, onde a maioria dos pais são ausentes, passam a maior
parte do seu tempo no trabalho, transferindo para as instituições de ensino, creches,
hotéis pra bebes, a responsabilidade de educar seus filhos.
É por isso que o resultado dessa pesquisa, neste item, o alcançou a média
sete, isso quer dizer que a média ou o nível de satisfação geral está mais para o
“regular” do que para bom.
45
Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, 5ª a 8ª séries. p. 87
46
Comissão Municipal de Educação Religiosa Uberlândia) 2º Encontro Municipal de Educação Religiosa.
11/2002. (autoria não identificada)
64
2.3.3 Valor que os Alunos Dão a Essa Disciplina
Com um olhar do ponto de vista do discente, interpretado pelos professores,
confirma a análise da questão anterior, pois ela aponta para uma regularidade e uma
coerência dentro da realidade escolar.
Procura-se com esta pergunta conhecer a percepção que os professores
estão tendo daquilo que estão dando em sala de aula com relação ao conteúdo
curricular e a didática. Ao mesmo tempo, perceber as mudanças que precisam ser
empreendidas para que os alunos correspondam com que é proposto pela disciplina.
Na verdade, o problema do desinteresse, da falta de estímulo por parte dos
alunos, não se localiza apenas em relação ao Ensino Religioso, é um problema
generalizado, todas as professoras das outras disciplinas, se vêem com esse
problema. Basta verificar o rendimento que eles tem tido quando comparado as de
outras nações. Recentemente, uma pesquisa colocou o Brasil entre os piores em
matemática e em capacidade de leitura; segundo um estudo elaborado pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
47
Segundo apontamentos da ONU
48
os jovens entre brasileiros entre 15 e 17
anos, estão entre os que menos tempo ficam na escola na América Latina. Ente as
pessoas de 24 a 59 anos essa média cai ainda mais.
Mas no que tange ao Ensino Religioso, essa perspectiva tem que mudar, uma
vez que o seu conteúdo poder ser atraente desde quando os profissionais sejam um
exemplo de conduta e moral. Creiam no que está ensinando, desde que, não ensine
mentiras, utopias. Os alunos precisam ser atingidos nas suas necessidades vitais, é
preciso compreendê-los, dialogar com eles para saber o que pensam e por que
pensam desse jeito.
47
Disponível em: http://noticias.terra.com.br/imprime/0.,012165006-EI8266,00.html > acessado em:
19/12/2007
48
Ibidem, 19/12/2007
65
Valor que os alunos dão a essa disciplina
na concepção dos professores
Sim
Não
Médio
GRÁFICO 07: Valor que os alunos dão a essa disciplina na concepção dos professore
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 08
Valor Que os Alunos Atribuem ao ER
VALOR QUE OS ALUNOS
ATRIBUEM AO ER QUANTIDADE
PERCENTUAL
Sim 17 48.57 %
Não 15 42.86 %
Regular 3 8.57 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que um empate técnico entre os professores, alguns que
não vêem que os alunos estão valorizando o ensino religioso que estão recebendo;
outros acham que estão sim valorizando essa disciplina. O que deve ser objeto de
preocupação por parte do educador e da instituição de ensino porque os índices
referenciais ficaram abaixo de 50 %, o que certamente deve remeter às iniciativas de
debates, estudos e reflexões entre escola, professores, alunos e pais, na busca do
66
melhor aproveitamento do ensino religioso, pois segunda reza o parágrafo segunda
da Lei 9.475/97, Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas
diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino
religioso”
49
A grande questão que deve-se levar em consideração nesse resultado é que
as questões relacionadas a vida, o sagrado, o transcendente conseqüentemente
está enfraquecida, ou que os alunos não acordaram para essa realidade e
necessidade do ser humano.
Figueiredo, (1993, p.8) comenta que:
Mais do que antes, o ser humano tem necessidade de desenvolver
sua sensibilidade diante das questões relacionadas com a plenitude
da vida. Percebe que não é possível chegar a essa plenitude sem o
fortalecimento da dimensão religiosa, que, auxiliada pelas demais
dimensões do ser, lhe oferecem uma adequada concepção de
homem e de mundo. É nessa concepção que compreenderá a vida
como um todo; e a própria razão de ser como homem e como parte
da sociedade que constrói.
Essa sensibilidade de que se refere a autora, tem na religiosidade a sua fonte.
A insensibilidade presente no mundo hodierno reflete um pouco essa carência.
Carência de DEUS, de vida solidária e piedosa.
Como se percebe nesse resultado, é fácil desacreditar no projeto de ensino
religioso, no entanto, ele deve suscitar predisposições
para novas buscas, o educando, fortalecido pelas razões que o
animam, desempenha, agora, o papel de educador, inserindo outras
pessoas nesse processo de busca da perfeição do SER. Renova-se
o itinerário percorrido, em que os novos educandos e o novo
educador interagem numa relação de ajuda mútua.
50
Esse ponto, requer uma atitude positiva do docente. Ele precisa crer, está
convicto de que o conhecimento que tem nessa área é importante para a formação
de uma sociedade melhor. Daí se insistir com a formação desse docente a nível de
49
LDB – Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Brasília, Câmara dos Deputados, 2003, p.20
50
Id p.4
67
graduação como fora anteriormente mencionado. Alguém que é vocacionado,
bem preparado. Nunca um amador ou tapador de brecha.
Outra questão que reflete esse posicionamento dos alunos é o aumento da
violência urbana e doméstica como elementos influenciantes dessa postura
indiferente ao fenômeno religioso in nato. Violência esta que tem sido objeto de
estudo e dissertações por parte de alunos e pesquisadores do Ensino da Religião e
Ciências da Religião, procurando apresentar sugestões que venham contribuir com
a construção de programas educativos que possibilitem uma mudança radical no
comportamento hostil de grande parte dos alunos.
2.3.4 Estado de Ânimo do Docente
Procurou-se conhecer aqui, a motivação do docente, uma vez que grande
parte deles, migraram para o Ensino Religioso como uma mudança de trajeto da
carreira, não programada. Muitos(as) deles(as) caíram de para-queda nessa
disciplina e não tem nenhuma vocação. Mas devido a sua necessidade de estar
empregada, por força da sobrevivência, continua professor(a) de Ensino Religioso.
Porém, nem sempre são pessoas vocacionada ou que descobriram a sua vocação
quando mudaram para essa disciplina. certamente, pessoas que se sentem mais
realizadas com Ensino Religioso do que quando lecionavam na sua primeira
formação acadêmica.
Essa situação é comum nesse círculo docente, porque entende-se que todo
profissional para poder sempre se manter motivado, precisa primeiramente ter
consciência da sua vocação, amar o que faz; sem amor não se consegue alcançar a
plena realização.
É salutar que o docente do ER esteja de bem com a vida. A eficiência da sua
mensagem é facilmente percebida pela maneira com que fala, age, sorrir, trata as
pessoas a sua volta.
Convém que se refira, a questão sensitiva presente no ambiente de sala de
aula, uma complexidade de sentimentos em um só lugar, se o professor não
estiver capacitado psicologicamente, emocionalmente para enfrentar os distúrbios
emocionais dos alunos, certamente ele(a) não vai muito longe na concretização das
mudanças esperadas por todos (pais, sociedade).
68
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1
Estado de ânimo pessoal com a disciplina de
educação religiosa
Sim
Não
Médio
GRÁFICO 08: Estado de ânimo pessoal com a disciplina educação Religiosa
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 09
Estado de Ânimo do Docente
ESTADO DE ÂNIMO DO
DOCENTE QUANTIDADE PERCENTUAL
Sim 25 71.43 %
Não 8 22.86 %
Regular 2 5.71 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Ver-se que o panorama é muito bom, animador, isso é extremamente positivo,
estimulante. Esse resultado é uma reafirmação de que o Ensino Religioso apresenta
com grandes possibilidades de desenvolver-se e conquistar o seu degrau de honra
entre as demais disciplinas existentes na rede de ensino público; como também seu
espaço dentro da escola.
69
Deve-se levar em consideração esse estado de espírito, no que diz respeito a
alguns elementos analisados nesta pesquisa: as dificuldades que esses docentes
enfrentam, a falta de interesses por parte de grande aparte dos alunos, os
preconceitos culturais, a falta de apóia de algumas escolas e a própria limitação
desses docentes, uma vez que não tem nenhum formado(a) em Licenciatura em
Ciências da Religião ou Ensino Religioso; foram inseridos num espaço a princípio,
completamente desconhecido.
É louvável esse resultado, esses professores estão de parabéns, pela bravura
que têm demonstrado no desbravamento dessa nova disciplina nos moldes da
categoria de conhecimento.
Paulo Freire em seu livro “Pedagogia da autonomia” em uma das suas
pontuações sobre: o ensino exige alegria e esperança, ele diz:
uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a
esperança. A esperança de que professores e alunos juntos
podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos
igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. Na verdade, do
ponto de vista da natureza humana, a esperança não é algo que a
ela se justaponha. A esperança faz parte da natureza humana. Seria
uma contradição se, inacabado e consciente do inacabamento,
primeiro, o ser humano não se inscrevesse ou não se achasse
predisposto a participar de um movimento constante de busca e ,
segundo, se buscasse sem esperança. A desesperança é negação
da esperança. A esperança é uma espécie de ímpeto natural
possível e necessário, a desesperança é o aborto deste ímpeto. A
esperança é um condicionamento indispensável à experiência
histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo.
(FREIRE, 1996, pp. 80-81)
Essa alegria predispõe o docente a continuar seus sonhos apesar de tudo,
das dificuldades, das limitações, etc. Isso implica dizer que o Curso de Licenciatura
em Ciências da Religião para o ensino religioso deve contar com um número
considerável de pessoas interessadas. Porém não só o agente desse saber está
interessado, animado com a disciplina mas também, grande parte da sociedade,
como veremos na outra pesquisa.
70
2.4 QUANTO A QUESTÃO TEOLÓGICA
Essa categoria, visa conhecer um pouco das possibilidades que os
professores m em lidar com questões de fé, que inevitavelmente surgirão em sala
de aula; as questões transcendentais muitas vezes pode pegar alguns professores
despreparados.
Nesse extrato foram obtidas elementos condicionantes nas seguintes
vertentes: conhecimento teológico; leitura da Bíblia; uso da Bíblia como um dos
livros didáticos; e denominação religiosa que pertence.
2.4.1 Nível de Conhecimento Teológico
Nível de conhecimento teológico
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Níve
l
05
N
ível
0
4
N
ível
0
3
N
ível
0
1
o
res
p
on
d
eram
Seqüência1
GRÁFICO 09: Nível de conhecimento teológico
Fonte: Dados de pesquisa
71
TABELA 10
Conhecimento Teológico
CONHECIMENTO TEOLÓGICO QUANTIDADE
PERCENTUAL
NIVÉIS
Nível 3 16 45.71 %
Não responderam 7 7 20.00 %
Nível 4 6 17.14 %
Nível 5 5 14.29 %
Nível 1 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Esse nível segue uma escala de 0 a 50. O que se verifica a princípio são
variáveis preocupantes, uma vez que menos da metade dos professores estão no
nível 03 considerado médio ou regular. Outro resultado que merece uma análise
especial é o número de pessoas que não quiseram responder; leva sem dúvida a
questionar o por quê? Uma vez que se conhece aquele ditado, “quem não deve não
teme”. Não tem o por que esconder um conhecimento tão importante para a vida do
docente de Ensino Religioso.
Percebe-se uma carência nessa área do saber; mesmo que, em sala de aula
das escolas públicas, a filosofia do ensino religioso siga o princípio da laicidade, o
Art. 210 da Constituição Brasileira de 1988, conforme a Lei de Diretrizes e Bases no
Art. 33 que reza:
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da
formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários
normais das escolas blicas de ensino fundamental, assegurando
o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas
quaisquer forma de proselitismo
.
51
No entanto, a formação do professor não deve ser limitada, o professor deve
ser capacitado e qualificado para lecionar tanto no sistema de ensino público como
também para exercer sua profissão nas instituições de ensino confessionais. Pois o
51
Com nova redação dada pela Lei nº 9.475, de 22/07/1997
72
que se pleiteia é que se construa um profissional habilitado para essa cadeira, e que
atenda a todas as necessidades do mercado de trabalho, no âmbito do Ensino
Religioso e que seja reconhecido pelo MEC.
2.4.2 Leitura Bíblica
Segundo as pesquisas do IBGE, sobre o senso demográfico do Brasil, no que
tange às religiões, obteve-se resultados que sinalizam uma presença expressiva de
cristãos, 89.2 % em todo o país, isto a oito anos a trás. A pergunta fica no ar: Como
pode um pais se denominar cristão e pouquíssimas pessoas tiveram o interesse de
ler o livro sagrado na sua totalidade? percebe-se que a falta de conhecimento nessa
área é escandalosa, principalmente para um profissional da área do sagrado.
Voltarei a comentar sobre esse assunto no capítulo onde concentro o diferencial que
se pretende dar a esse trabalho.
Leitura da Bíblia (toda)
Não
Sim
Não responderam
GRÁFICO 10: Leitura da Bíblia
Fonte: Dados da pesquisa
73
TABELA 11
Leitura da Bíblia
LEITURA DA BÍBLIA (TODA) QUANTIDADE
PERCENTUAL
Não 23 65.71 %
Sim 11 31.43 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando os resultados obtidos, a maioria dos professores não leram o livro
sagrado dos cristãos na sua inteireza. Apenas 11 pessoas das 35 que participaram
desta pesquisa de campo, responderam positivamente e dentre elas, 3 leram mais
de duas vezes.
O profissional do ensino religioso não deve ser leigo nessa área. O espírito do
docente deve premiar a pesquisa, o estudo, o conhecimento. Para tanto, tem-se
investido muito na formação continuada, uma vez que se almeja o grau de
excelência no exercício profissional, principalmente no mundo hodierno, tecnicista,
analógico em que ele(a) está inserido; por o atores de transformação e
construção de saberes éticos, transcendentais e morais.
Quando o IBGE divulgou senso demográfico religioso, apontou o Brasil como
sendo um dos países onde o número de cristãos é grande. Independentemente de
religião o resultado desta pesquisa aponta para uma negligência perigosa que
coloca em risco o que se ensina nas escolas, corre-se o perigo de estar construindo
uma geração secularizada, alheia as questões do sagrado, tornando-as ateístas,
indiferentes aos princípios de fé, moralidade e amor.
Convém que se atente para a falta de conhecimento bíblico, porque ela é luz,
isto é, ilumina o entendimento das pessoas para que compreendam a finalidade pelo
qual existem, qual é a finalidade da vida, do existencialismo humano.
Não se pode esquecer, que a verdadeira aprendizagem trás mudança de
comportamento.
74
2.4.3 Uso da Bíblia Como Um Dos Recursos Didáticos no ER
Índice de concordância do uso dablia
como um dos recursos didáticos no ensino
religioso
0
10
20
30
40
50
Não Sim As vezes Não
responderam
Seência1
GRÁFICO 11: Índice de concordância do uso da Bíblia como um dos recursos didáticos no Ensino
Religioso
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 12
Uso da Bíblia Como Um Dos Recursos Didático
ÍNDICE DECONCORDÂNCIA DO USO
DA BIBLIA COMO UM DOS RECURSOS
DIDÁTICOS NO ENSINO RELIGIOSO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Não 16 45.71 %
Sim 16 45.71 %
Não responderam 1 2.86 %
Às vezes 2 5.72 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
Verifica-se nesse extrato mais um empate cnico, os professores estão
divididos quanto a esse assunto. Realmente, isso confirma a tensão e o debate no
que diz respeito à falta da definição epistemológica que envolve Ciências da
Religião, enquanto novo campo das ciências, a quais fundamentam suas
hermenêuticas nos princípios iluministas, da razão, e da laicidade do Estado
brasileiro.
75
O assunto é complexo, o qual tem merecido longos debates e reflexões por
partes dos cientistas da religião, sociólogos, filósofos e teólogos e o próprio Estado
Brasil.
O que se deve considerar no âmbito da reflexão, é que professores se vêem
numa encruzilhada, alguns posicionaram-se a favor da abstinência da Bíblia como
material didático (um dos) seguindo uma linha de laicidade, digamos radical, seca,
separada de qualquer resquício confessional. Por outro lado, há o grupo queo vê
perigo algum em extrair elementos construtivos dela uma vez que na Proposta
Curricular Nacional para o Ensino Religioso - PCNER (1997) está incluso como um
dos eixos organizadores, o estudo das Escrituras Sagradas e das Tradições Orais.
Essa reflexão voltar-se-á ao tecido deste trabalho, onde será mais
exaustivamente trabalhada.
Porém, convém uma análise aqui, em forma de observação: Essa
preocupação com o uso ou não da Bíblia como um dos livros didáticos em sala de
aula pode refletir a falta de preparo acadêmico nessa área, uma vez que, nessa
pesquisa, foram detectados algumas amostras que revelaram a falta de intimidade
com o livro sagrado dos cristãos, o que poderiam transparecer a existência de um
medo, ou preconceito, em relação a ele. Ora, se essa postura existe, se for
comprovada, esse professor está desqualificado para o exercício dessa disciplina,
ele(a) precisa ser sincera consigo mesmo(a).
Pensando assim, esse professor(a) não tem autoridade de exigir que seus
alunos leiam determinado livro, e cobre deles um compromisso com o conteúdo que
está sendo repassado, porque ele também está em falta primeiro com o próprio
curso que fez, depois consigo mesmo(a). É uma questão de confiança, de valores,
de sinceridade, honestidade, que tanto queremos implantar na sociedade, via
escola.
2.4.4 Filiação Religiosa
A finalidade da obtenção dessa amostra foi mais para fazer-se uma
comparação eclética com os elementos religiosos predominante no país, na
perspectiva de haver algum indicador de anomalia na conjuntura social e religiosa
que se apresenta no Brasil, com base no senso demográfico religioso de 2000.
76
Outra finalidade foi de observar a questão do vínculo com alguma área do
transcendente, e sua dimensão pública, como também sua articulação na
comunidade religiosa.
[...] Portanto, mesmo sendo uma opção pessoal, a opção religiosa tem
expressão pública, implica na co-responsabilidade da sociedade, do
Estado e do sistema escolar, a quem também compete fornecer
condições para que a “liberdade religiosa” desabroche em seu pleno
potencial.
52
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Católica Evangélica Esrita Não
responderam
Filiação religiosa
Seqüência1
GRÁFICO 12: Filiação Religiosa
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 13
Filiação Religiosa
FILIAÇÃO RELIGIOSA QUANTIDADE PERCENTUAL
Católica 25 71.43 %
Evangélica 7 20.00 %
Não responderam 2 5.71 %
Espírita 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
52
Programa de Currículo Mínimo para o Ensino Religioso e Médio do Estado de Goiás, p. 27
77
Nessa amostra vemos refletindo os dados do senso demográfico religioso de
2000, é mais um resultado que corresponde aquilo que se apresenta na camada
social brasileira, que tem na sua formação religiosa a predominância do cristianismo
sendo na verdade o maior país cristão do mundo, incluindo nesse pacote, católicos e
evangélicos.
Nesse extrato, pode-se observar a presença do elemento religioso na vivência
dos professores, elemento testemunhal importantíssimo no processo de ensino por
modelo. Considerando que “o exemplo fala mais alto do que as palavras”, e que o
professor na maioria dos casos se situa na própria “polis”
53
, o compromisso público
com a mesma fica transparente, o que poderá lhe dar ou não autoridade e
credibilidade na ministração das suas aulas.
2.5 OPINIÃO CONTRA OU A FAVOR DO ER NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Essa foi uma outra vertente da pesquisa que buscou a opinião publica,
valorizando-se o aspecto democrático, uma vez que o assunto atrai muita polêmica
e envolve a sociedade como um todo.
Não foi encontrado unanimidade nem no meio acadêmico nem nas opiniões
da população em geral.
Outro motivo pelo qual fez-se uso dessa pesquisa virtual, é porque ela
possibilita a obtenção de dados muito mais confiáveis em comparação com o
primeiro, porque as pessoas que deram suas opiniões o fizeram sem ter que encarar
a presença dos outros; certamente foram mais transparentes em seus
posicionamentos.
Neste trabalho fora selecionado opiniões contra, a favor e as críticas a
respeito do ensino religioso nas escolas públicas, - sugestões, apoio e criticas. Para
evitar repetições desnecessárias, optou-se pela transcrição de tipos comuns e
distintos que contemplou assim todas as variáveis.
53
Quero dizer, no núcleo da comunidade da própria cidade.
78
GRÁFICO 13: Opinião Contra ou a Favor do ER Nas Escolas Públicas
no Brasil
Fonte: www.educacaopublica.ri.gov.br/discutindo/discutindo.asp?cod_per=25
Entre 06 / 11 / 2003 à 19 / 03 / 2008
TABELA 14
Opinião Contra ou a Favor do ER Nas Escolas Públicas
Fonte:
www.educacaopublica.ri.gov.br/discutindo/discutindo.asp?cod_per=25
Entre 06 / 11 / 2003 à 19 / 03 / 2008
OPINIÃO CONTRA OU A
FAVOR DO ER NAS
ESCOLAS PÚBLICAS
QUANTIDADE PERCENTUAL
Sim 129 69,00 %
Não 32 17.10 %
Indefinidos 26 13.90 %
TOTAL 187 100.00 %
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Sim Não Indefinidos
%
79
2.5.1 Opiniões
54
Favoráveis:
Nas opiniões desses internautas fica evidente a valorização do conhecimento
religioso como veículo de desenvolvimento no processo da formação do ser
humano, enquanto ser social, solidificando os laços familiares, solidários, e os
valores permanentes para vida como um todo.
Destaca-se também, o reclame da necessidade da formação do profissional
dessa docência, na busca da qualificação, capacitação, e da eficiência na aplicação
deste ensino. Sobretudo, que o mesmo se mantenha fiel às leis que regulam o
Ensino Religioso, sob a bandeira de um Estado laico.
“Todo conhecimento é importante para o desenvolvimento
intelectual e social do ser humano. O Ensino Religioso deve ser
trabalhado, sempre buscando conhecer o processo de
fundamentação histórica, e de ideais das mais variadas religiões e
nunca induzir o educando a seguir uma ou outra religião.
(INTERNAUTA, 07).
Acredito que somente uma educação global poderá alicerçar as
nossas crianças para um futuro mais equilibrado. [...] o Ensino
Religioso não pode ser excluído e nem tão pouco dado apenas para
cumprir um dever, mas sim levado muito a sério e até ser
obrigatório. [...]. (INTERNAUTA ,12)
Sou totalmente a favor do ensino religioso nas escolas. O governo
estaria beneficiando, e muito, a sociedade, se desse mais apoio aos
professores desta área para que pudessem trabalhar com mais
segurança e dignidade. [...] (INTERNAUTA ,13).
Sim. O ensino religioso é um acréscimo ao processo de formação
das crianças, de valores permanentes na vida, reforçando laços
familiares, combatendo excesso de individualismo, ressaltando a
solidariedade e a cooperação como formas de estar melhor no
mundo. [...] O homem é um ser espiritual e através de nossos
professores qualificados as crianças vão buscando respostas para
os vazios existenciais na vida delas. Temos elaborado ótimos planos
de aula, sem sermos proselitistas. (INTERNAUTA, 16)
Sim, devem oferecer o ensino religioso como já reza na Constituição
(art. 210) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (art.
33). [...] Porém, se pudermos contar com profissionais
verdadeiramente comprometidos com a educação e formação de
indivíduos éticos e moralmente saudáveis, para construírem os
pilares futuros de nossa sociedade, logicamente teremos um saldo
54
Observação: As opiniões foram transcritas na íntegra, isto é, não foram corrigidos os erros de português por
questão ética e para que se preserve a originalidade do texto.
80
altamente sólido e benéfico para o futuro social de nossa nação. [...].
(INTERNAUTA ,17)
Com certeza, [...] A necessidade é que o educador tenha a devida
especialização. (INTERNAUTA, 34)
Verifica-se que a sociedade está interessada nesta temática, fruto consciente de um
sonho. Como arquitetos sociais, o ser humano projeta-se para o futuro, na perspectiva de
corrigir as distorções deixadas pelas gerações passada; como alguém disse certa vez: “O
mundo de amanhã precisa ser melhor do que hoje, porque eu vivi nele hoje”.
As pessoas mostram-se preocupadas e interessadas com a formação de valores;
significando que a vida no seu aspecto vivencial, subjetivo ou espiritual, precisa ser
cativada, priorizada para que a mesma tenha significado e possibilite a convivência salutar e
afetiva entre as pessoas, independentemente do credo, da cor da sua pela, da sua origem
nacional.
Percebe-se que a sociedade espera muito do O Ensino Religioso; o projeta como
salvador da pátria. É perigoso esse posicionamento, porque os telespectadores, aqueles
que depositam tudo na proposta do Ensino Religioso porém não participam dele
pessoalmente, isto é, não se envolvem com o projeto, são os que mais cobram da escola e
principalmente do professor. É conveniente salientar que esse docente, enquanto ser
humano, também está no processo de desenvolvimento, de transformação, de completude.
Não se pode vaticinar o êxito dessa disciplina portando-se de forma gratuita, isto é,
sem pagar um preço devido. Pais, professores e a escola, precisam ser cúmplices na
proposta educacional do ER.
2.5.2 Opiniões Contrárias:
Para fugir de uma grande e polêmica responsabilidade seria melhor
deixar a escola longe desse compromisso. [...] Ministrar uma aula de
Ensino Religiões não é o mesmo que ensinar ngua portuguesa,
matemática ou ciência. Essas três disciplinas, os alunos e seus pais
sabem que são comuns a todos, sem discriminação. O professor de
Ensino Religioso vai se deparar com alunos das mais diferentes
religiões, seitas e adeptos de rituais diversos, dentre outros. Entrar
na área do transcendente requer muito preparo e conhecimento. [...]
A nossa crítica não é aos colegas docentes, mas ao sistema que
nos impõe responsabilidades sem nos preparar para assumi-las.
(INTERNAUTA, 35)
81
Não creio que as escolas públicas devam oferecer o ensino
religioso, pois o Estado é laico e assim deve proceder.
(INTERNAUTA, 43)
Penso ser uma perda de tempo ser ensinado nas escolas, porque
essa é uma obrigação dos pais e não da escola. (INTERNAUTA, 59)
Não. Pois algumas atividades podem facilmente substituir essa
prática, como idas a igreja ou conversas com seus pais. Assim
sobraria mais tempo para aulas importantes, como matemática,
física e química. (INTERNAUTA, 81)
Não. O ensino religioso nas escolas seria conflitante pois sabemos
que muitas religiões que são seguidas. Seria mais conveniente
aulas sobre ética e cidadania. (INTERNAUTA, 86)
Discordo completamente. [...] deveria ser ensinado filosofia. Até
mesmo noções de cidadania ou a boa a velha EDUCAÇÃO MORAL
E CIVICA, que ajuda a construir pessoas úteis ao seu país e a sua
sociedade. Religião se ensina na igreja. (INTERNAUTA, 90)
As escolas deveriam ensinar apenas o que são verdades científicas.
Verdades científicas são universais, mas as verdades religiosas não
são! [...] (INTERNAUTA, 98)
Não vejo vantagem nenhuma no ensino religioso. Afinal, [...] Não
adianta usar a desculpa da tal “Ética”, atribuída às diversas religiões,
pois uma pessoa atéia ou agnóstica também tem ética, respeito,
tolerância e amor como todo mundo. Uma pessoa pode ser boa,
simplesmente entendendo que todas as pessoas são iguais, temos
um tempo de vida e devemos aproveitar ao máximo, amando, sendo
amados, respeitando e sendo respeitado por nossos semelhantes.
[...] Filosofia, isso sim, algo muito bom, pois ensina as pessoas a
pensar e tirar suas próprias conclusões, ao contrário da Religião,
que só prega Dogmas (tipo assim: acredita e cala a bocas, pois você
é um imbecil). Em suma, sou totalmente CONTRA!!! (INTERNAUTA,
125).
[...] Creio que não estamos preparados para enfrentar e respeitar a
diversidade cultural-religiosa do nosso país sem a influência da
tradição cristã. Acho que o assunto deve ser mais estudado, afinal
de contas a temática religiosa é totalmente subjetiva.
(INTERNAUTA, 139)
Acredito que a inclusão da disciplina “cultura e cidadania” trabalharia
os conceitos necessários tratados neste tema. São necessários a
formação do indivíduo valores que perpassam pelos princípios
religioso. Esta proposta deve ser desvinculada da “orientação
tendenciosa” e a religião apresentada como o “religare” ao Deus que
cada um acatará, cada um escolherá a orientação religiosa
conforme sua afinidade e identificação. Visto ser a religião
exatamente um apoio, ainda nossa bengala” rumo ao progresso
moral, onde encontramos preceitos que nos servem de ensaio a um
propósito mais amplo e coletivo, que é a ética. Sugiro discutirmos
82
uma perspectiva de inclusão da disciplina CULTURA E
CIDADANIA”, a fim de valorizarmos algumas idéias das extintas
“moral e cívica e OSPM” [...] (INTERNAUTA, 156)
Certamente que não seria exagerar dizer que, de uma certa forma, esta aqui
estabelecido um espírito beligerante entre ciência e fé, entre um Estado laico e o
Ensino Religioso nas escolas públicas. Algumas considerações destacam-se pela
sua coerência, quando apontam para as incoerências do poder público, ao inserir o
Ensino Religioso sem antes preparar academicamente tais profissionais para o
exercício dessa função. Destaca-se também a questão da dificuldade de coesão
entre o que se propõe como estado laico e a liberação e aprovação do Ensino
Religioso no reduto que deveria ser exclusivo do Estado. É visto como um
retrocesso, como uma incoerência, e sobre tudo, como uma intromissão do sistema
clerical no Estado.
Nessas criticas, percebe-se que a maioria delas, buscam uma identidade
própria, para o modelo de ensino público, a inserção do ER descaracterizou a
identidade do ensino publico num contexto de laicidade.
A alternativa sugerida por muitos opositores, é que, deveria sim, haver outras
disciplinas no lugar de ensino Religioso, tais como: OSPB, Cultura e Cidadania,
Educação Moral e Cívica ou Filosofia. Percebe-se que esses posicionamentos não
discernem as questões epistemológicas de cada disciplina, não percebem a linha
divisória de cada uma delas em relação ao Ensino Religioso. O campo de ação do
ER transpõe as demais disciplinas pelos seus objetos de pesquisa. O ER ou
Ciências da Religião têm no seu epicentro: o fenômeno religioso, a transcendência
do ser homem e sua relação interativa com o mundo sociologicamente falando. É
evidente que pelo vasto campo de ação que possui, ela por natureza, é uma
disciplina que abarca uma interdisciplinaridade na sua estruturação epistemológica.
No que se refere aos aspectos sociais, ela interage com todas essas disciplinas
sugeridas.
Segundo Passos (2007, p. 41- 42):
O pressuposto pedagógico sustenta a proposta do ER escolar. A
religião é um dado de realidade que, por si mesmo, não deve ser
classificado como negativo ou positivo, apenas um dado
antropológico e sociocultural que tem a força de fundamentar as
83
ações mais conservadoras ou transformadoras, mais perversas ou
benéficas. A história humana contou com a religião nas suas
diversas construções e não precisamos recordar a ligação intrínseca
entre o cristianismo e todos os fatores que construíram o chamado
Ocidente, inclusive nas suas instituições mais secularizadas. O fato é
que a religião não desapareceu da sociedade, embora tenha
passado por espetaculares processos de adaptação e transformação
no seio das sociedades modernas.
O ER decorre, portanto, do fato de o fenômeno religioso fazer parte
da sociedade, assim como qualquer outro fato coletivo, e dever ser
compreendido para garantir a formação plena do cidadão. O ER
como objeto e razão algo de todos, e que a todos toca de alguma
forma; tem como base epistemológica os estudos científicos de
religião acumulados no curso de elaboração das ciências humanas
modernas e como objeto a educação dos cidadãos. Nesse sentido, o
que estamos denominando pressuposto pedagógico se torna um
pressuposto também ético que cobra da ação pedagógica uma
teleologia: educar para que?
O estudo da religião é um maio que visa a um fim educacional maior,
e não um fim em si mesmo, [...]. A tese de Hans Küng de que uma
ética mundial passa pela paz entre as religiões aponta para a
urgência da compreensão das tradições hegemônicas, mas também
daquelas minoritárias, para que o planeta possa conviver
planetariamente, sendo também um dado real a vida cada vez mais
planetarizada.
O Ensino Religioso segundo o autor, insere-se na vertente da
transreligiosidade, nas ciências humanas, cujo fim é participar das ações
pedagógicas no âmbito educacional e não clerical.
2.5.3 Algumas Críticas:
Para a Constituição Federal de 1988, religião é direito individual (art.
5º, VI) e educação, direito social (art. 6º). O art. 210, § 1º, situa o
ensino religioso no espaço, ao mesmo tempo, público (escola) e
privado (liberdade de consciência). Essa localização ambígua
implica dilema epistemológico. A LDBEN tenta supera-lo pela: a)
proibição do proselitismo; b) freqüência optativa; c) não-
integralização da carga horária da disciplina nas 800 horas; e d)
concessão do direito à audição pelo sistema de ensino de entidade
civil representativa das igrejas. Tais medidas não resolvem o dilema,
porque o sistema de ensino republicano pressupõe separação entre
Igreja e Estado (Constituição Federal, art. 19). Educação é direito
universal (de cada pessoa!) e dever do poder público, conforme o
consenso pactuado pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).[...] (INTERNAUTA, 39)
84
Para que serve o ensino religioso? (INTERNAUTA, 27)
[...] qual é o ensino religioso? um programa definido para isto?
Quem são os professores? São teólogos? Todos estão aptos para
exercer esta função? Se não vai haver rigor na escolha do
professor, o salário será mais baixo que o dos professores das
demais disciplinas. (INTERNAUTA,102)
As escolas não tem material próprio para trabalhar educação
religiosa. (INTERNAUTA, 95).
Teólogo não ensina Religião, somente os cientistas da religião estão
aptos para isso, devem ter formação inter-cultural. Quem quiser
pregar a palavra de um deus específico deve sair da sala de aula e
ir para a Igreja, ministrar catequese, por exemplo! (INTERNAUTA,
96)
Nesses comentários, as críticas apontam para várias vertentes que envolvem
o ER; desde as questões constitucionais, ou inconstitucionais, como para aqueles
que não sabem qual é a finalidade do ER no sistema de ensino publico, como
também aquele que critica a falta de material didático para o ER nas escolas, a falta
de motivação por parte dos alunos, como também a questão da aptidão e
capacitação dos professores que estão exercendo esse ofício.
Percebe-se que elas (críticas), servem para que as autoridades portem-se
com clareza e objetividade no que estão propondo como Ensino Religioso. A falta de
clareza constitucional, aagora, não permitiu que o MEC autorizasse os pedidos
encaminhados por diversas Universidades. Servem também para que o poder
público se mobilize para oferecer com igualdade de condições o ER como as demais
disciplinas, oferecendo-lhes material didático gratuito bem elaborado.
Percebe-se que essas pessoas não estão alheias ao seu mundo, elas querem
entendê-lo, querem encontrar coerência, clareza, propósitos nos programas
oferecidos pelo governo, sobretudo na área educacional.
Podemos chegar a uma breve conclusão, os professores(as) são cobaias do
sistema educacional, são também corajosos(as), sonham com uma escola dos seus
sonhos; pelo que fazem, mesmo com todas as deficiências pessoais e espaciais,
merecem respeito por parte de pais, alunos e governos.
Este trabalho continua a jornada de conhecer mais profundamente as
questões que envolvem o ensino religioso, para tal, tratar-se-á no próximo capítulo
das questões polêmicas que desde tempos remotos nas terras brasis tem havido.
85
CAPÍTULO III
3 O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS: UMA QUESTÃO
POLÊMICA
Neste capítulo, pretende-se abordar as questões polêmicas, que sempre
envolveu o Ensino Religioso e sua inserção no ambiente escolar. Essa tensão
transita pelo viés político, pelos casamentos e divórcios entre Igreja e o Estado no
contexto histórico brasileiro. O fato é que essa oscilação perdura desde a
colonização, mesmo quando esse termo “ensino religioso” o era ainda empregado
nos termos e colocação de Disciplina na área de conhecimento.
Referir-se-á as questões constitucionais ao longo das mudanças políticas
brasileira, suas perdas e conquistas, através das constantes e indefinidas
legislações pelo qual o Brasil elaborou.
Como também, tratar-se-á da questão do uso da Bíblia como um dos matérias
didáticos proposto neste trabalho, para o uso por parte dos professores e dos alunos
em sala de aula, para tanto, é necessário que esse docente seja preparado
cabalmente para esse desafio e que certos paradigmas e preconceitos sejam
quebrados ao longo das suas leituras.
Nesse sentido, apontaremos alguns paradigmas que precisam ser quebrados,
da mesma forma a questão teológica, que tem sido um obstáculo a harmonia de
uma epistemologia apropriada, definida para essa disciplina.
Neste trabalho, todos esses posicionamentos serão conduzidos dentro do
princípio da laicidade, e da não confessionalidade.
3.1 QUANTO A LEGISLAÇÃO: NOVAS E VELHAS TENDÊNCIAS
Começando a passear pela nossa história iniciando no período colonial, nota-
se que esse assunto no âmbito educacional sofreu alterações as vezes
significativas, outras nem tanto. A começar pelo período hegemônico absoluto da
Igreja Católica na educação do novo mundo. Embora o termo “ensino religioso” não
tenha sido empregado nesse período histórico com o mesmo sentido que é
86
empregado hoje. A história registrou a primeira divergência interna quanto ao
modelo e propósito da educação geral aqui implantado.
O padre Manoel da Nóbrega priorizou os índios e os filhos dos colonos. Para
isso, foi elaborado o plano de estudos de forma diversificada, cujo objetivo era
atender à diversidade de interesses e de capacidades. O proposto pela pedagogia
jesuítica era a prática das virtudes, o amor das virtudes sólidas (PAIVA. 2000).
Incluía-se o aprendizado do Português, doutrina cristã, escola de ler e
escrever. Em caráter opcional ficaria o canto orfeônico, sica, instrumental e
aprendizado profissional e agrícola, e ainda, a gramática e viagem de estudos à
Europa.
Em 1556 começam a vigorar as “Constituições da Companhia de Jesus”
55
,
que trouxe ao Pe. Nóbrega grandes conflitos educacionais, por se impor mudanças
que interferiram drasticamente no plano do Pe. Nóbrega, levando-o
conseqüentemente a morte em 1570.
O novo Plano de Estudos a vigorar, seria o Ratio Studiorium
56
, que visava
uma formação humanista preconizada pelo processo da Contra-Reforma européia
tendo sua concentração nos elementos culturais europeus, atendendo à clientela
burguesa, em evidência a constatação de que não havia interesse de instruir o índio.
Na perspectiva de estudos, a elite era preparada para o trabalho intelectual,
conforme o modelo Católico.
Na verdade a expectativa da educação dessa época era de imprimir o ensino
religioso Católico confessional e de se precaver contra qualquer outro ensino, que
55
Ordem Católica fundada por Inácio de Loyola (1491-1556) em 1540 com dez membros.
NICHOLS, Robert H (1985, p 185-186), escreve no seu livro História da Igreja Cristã que “o propósito da
Sociedade era promover o progresso eclesiástico e lutar contra os inimigos da Igreja Católica Romana por todos
os meios possíveis.
Trabalhavam incessantemente, num espírito de lealdade ao papa, mas lealdade inquestionável. ‘cada membro
[...] era ligado por um juramento aos seus superiores imediatos, como se ele ocupasse o lugar de Jesus Cristo, até
ao ponto de fazer o que ele, o membro, considerasse mesmo errado [...]’
Os jesuítas tinham, entre outros, três métodos principais de contra-atacar o protestantismo. Nas igrejas
colocavam hábeis pregadores e promoviam reuniões atraentes. Por meio do ensino abriam escolas
primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom. Os alunos eram, naturalmente treinados a
prestar devoção à Igreja Católica Romana e, através dos filhos, os jesuítas alcançavam também os pois. O
terceiro método era de caráter político Os jesuítas dedicaram-se a inspirar nos governantes católicos,
devoção à Igreja e ódio ao protestantismo. Como resultado dessa política, levantaram-se tremendas perseguições
aos protestantes em vários países.... o espírito deles era o da Contra-Reforma e o seu ideal era esmagar os
dissidentes”.
56
Plano de Estudos. Ratio significa “plano”, “ordem”, “regra”, “razão”. Studiorum significa “estudos”.
Publicado em 1599, associava-se à política católica portuguesa como um conjunto de normas, que definiam
saberes a serem ensinados e condutas a serem inculcadas, e um conjunto de práticas que permitiam a transmissão
desses saberes e a incorporação de comportamentos, normas e práticas (HANSEN, 2000, p.13).
87
na Europa acontecia paralelamente denominado de Reforma Protestante, e que
para isso as práticas docentes eram extremamente vigiadas.
Nesse período não se falava ainda do ensino religioso como uma disciplina,
se tratava de uma formação religiosa. O termo técnico mais plausível seria
“evangelização” ou “catequese”.
Segundo Ribeiro (2008), o Jesuíta estaria apto para exercer a profissão de
professor do ensino superior depois de 14 anos de estudos distribuídos da seguinte
forma: dois anos de estudos introdutórios sobre a Moral onde o noviço deveria
aprender a dominar suas paixões, seus caprichos, suas tendências impulsivas,
como também, exercitar as virtudes cristãs da piedade, caridade, paciência e
renúncia de si mesmo. Em seguida, passava-se para o segundo biênio dedicado ao
estudo das Letras Clássicas: Latim, Grego e Hebraico. Após essa formação cursava-
se três anos de Filosofia agregando-se: Matemática, Astronomia e Física,
completando assim sua formação intelectual.
Para complementação da formação o jesuíta teria que acrescentar mais
quatro anos de Teologia, dois de especialização na disciplina que pretendia ensinar
e mais uma formação pedagógica. (BRZEZINSKI, 1987),
Esse contingente de sacerdotes/professores constituía a força da educação,
tanto religiosa quanto científica, do período colonial do Brasil.
Mesmo após a reforma Pombalina, as Aulas Régias
57
o Estado/Império, não
assumiu como deveria sua responsabilidade econômica / financeira na efetivação de
uma educação que contemplasse a população como um todo, a fim de erradicar o
analfabetismo cujos índices eram alarmantes.
“O Império inscreve a gratuidade das escolas primárias pelo art.
179, 32, mas sem reconhecê-la como direito. Até 1834, o Império
tem a responsabilidade de manter tais escolas como oferta gratuita
aos que viessem procurá-las. (CURY, 1996, p. 6).
A constituição de 1824 manteve o privilégio da Igreja Católica como Religião
do Império. As demais religiões terão seus cultos restritos apenas no ambiente
doméstico e as reuniões em locais construídos especialmente para esse fim, sem
aparência de templo.
57
As aulas régias compreendiam o estudo das humanidades, sendo pertencentes ao Estado e não
mais restritas à Igreja - foi a primeira forma do sistema de ensino público.
88
A Constituição não fez nenhuma referência ao Ensino Religioso nas escolas.
No entanto a organização do sistema educacional do Império continuava sob
a direção da Igreja. Em 1827 uma Lei Imperial
58
“determinava que os professores
das escolas além de outras disciplinas, deveriam ensinar os princípios da moral
cristã e da doutrina da religião”.
Deve-se levar em consideração que as províncias não tinham recursos nem
disposição política para alavancar o ensino no Brasil, o país se valeu sempre da
capacidade da Igreja na condução da educação. Santo (2005, p. 102), pondera a
esse respeito, fazendo esse julgamento:
Cabe aqui uma avaliação mesmo que parcial de um período marcado
pelo domínio do pensamento religioso na educação. Para sermos
justos em nossa avaliação, temos que admitir que o que acontece no
Brasil em termos de atraso não se deve a um modelo educacional
eclesiástico, mas ao descaso que a educação foi submetida tanto
pelos governos coloniais, como imperial. Sem a participação da
Igreja a educação estaria em condições muito pior.
Ainda acrescenta:
A oposição foi mais à educação oferecida pela Igreja que ao
conteúdo de ensino, queriam retirá-la da influencia da Igreja, o que
consistia uma medida fundamental para o fortalecimento do estado
nacional. É por isso que o ensino religioso constitui-se em excelente
categoria de análise das estratégias de dominação, pois reúne em
um único objeto, duas estâncias fundamentais da formação humana:
a educação e a religião. Daí que analisar as políticas de ensino
religioso pode desvelar as mais funestas estratégias de dominação.
59
No período do Governo Imperial, a Igreja e o Estado eram coligados. Em
1827 num documento oficial datado do dia 15 de outubro deste, menciona pela
primeira vez o termo Ensino Religioso ligado à educação escolar: “manda” criar
escolas de “primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do
Império”. O inciso XXXII do Art. 179 da Constituição Imperial, no art. 6º rezava:
Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de
arithmética, prática de quebrados, decimaes, proporções, as
noções, mais geraes de geometria prática, a gramática da língua
58
Disponível em: WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%ao24.htm. Acessado em: 02/05/08
59
Id. p. 102
89
nacional, e os princípios de moral christã e da doutrina da religião
cathólica apostólica romana, proporcionados à compreensão dos
meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a
história do Brasil (BRASIL,1996).
Nova e significativa mudança nessa área da educação estava por vir, quando
em 1890 o Brasil inspirado nos ideais de prosperidade e liberdade inicia a gênese da
laicidede na educação.
Rui Barbosa, foi o mentor do Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, que
oficializava o rompimento de uma união entre o Estado e a Igreja que perdurava a
mais de três séculos sob o regime de Padroado.
60
Naturalmente, uma ala da Igreja
Católica manifestou-se veementemente contraria a essa decisão do Governo. Mas
foi na nova Constituição que ela foi sacramentada pelos congressistas.
Na Constituição de 1891 art. 72 parágrafo enuncia: “Será leigo o ensino
ministrado nos estabelecimentos públicos”, expressão essa oriunda do pensamento
francês, que por sua vez, influenciou a sua hermenêutica. A expressão “será leigo”,
era interpretada por grande parte dos legisladores republicano do país como
irreligioso, ateu, laicista, destituição das crenças populares da vida estudantil.
Assim reza o art. 72 reza nos parágrafos 6º e 7º:
Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos;
Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá
relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos
Estados
.
É evidente que o decreto não neutralizou a ação educacional da Igreja de
imediato, mas a mudança foi profunda. O Estado assume de uma vez por todas a
responsabilidade da Educação no país.
Esse posicionamento fora tomado por muitos países europeus a Alemanha
tinha declarado a sua laicidade a mais de cem anos atrás (1799), a França no
período da Revolução, também se tornou laico. Como se constata, o Brasil levou
mais de cem anos para declarar essa dependência.
60
Aliança ou acordo firmado entre o Sumo Pontífice e o Rei de Portugal, posteriormente, o imperador do Brasil;
dando-lhe prerrogativas de chefes da Igreja Católica no Brasil, podendo nomear os eclesiásticos para o exercício
das funções de liderança da Igreja local.
90
A primeira Constituição da República inovou não na construção política
brasileira, com uma nova forma de governo, como também, marcou a quebra do
domínio da política educacional Católica confessional, a qual influenciava e formava
as mentes pensantes do país, dando-lhes a cara e o formato do império clerical
Católico Romano da Idade Média e da sociedade cristã européia.
Como fora referido nesse trabalho, essa ruptura não foi consensual. A
medida do Governo Republicano foi compreendida como uma vitória dos liberais.
Os ortodoxos católicos entendia que a “neutralidade escolar” significava a
ausência, a exclusão de todo tipo de ensino religioso na escola (FIGUEIREDO,
1995).
A discussão esta estabelecida, como a história relata, ela nunca atingiu uma
unanimidade nacional.
Exemplo desta reação está na Pastoral do episcopado brasileiro de 1890, que
procura demonstrar os males que podem advir de um Estado laico, divorciado da
Igreja.
Para os conservadores católicos a idéia de um ensino laico nas escolas
públicas era inconcebível e utópico, contraditório com o discurso democrático
pregado pela República e pelos liberais. Carlos de Laet era um desses e registra sua
ojeriza, seu conservadorismo contra a ruptura Estado/Igreja no âmbito educacional e
político. Em 8 de dezembro de 1905, quinze anos depois da aprovação do Decreto
(119-A), em seu discurso como paraninfo na colação do grau de bacharel em
Ciências e Letras, no Colégio Diocesano São José, localizado no Rio de Janeiro, ele
declarou:
Triunfante a revolução e separado da Igreja o Estado; rotos assim
os vínculos que através do Brasil Império nos vinham desde as mais
remotas origens da nossa nacionalidade; proclamado o
indiferentismo religioso no mundo oficial e erguida uma barreira
entre a Nação Brasileira e o Deus de nossos pais, nem por isto
se aniquilou a crença dos brasileiros e antes lhes recresceu o dever
de acudir às necessidades da religião, entre as quais avulta a da
educação dos filhos.
A dissociação da crença religiosa e da instrução é uma utopia que
não resiste à menor análise. O sentimento e as idéias do
professor no tocante às causas finais e à constituição do universo
inevitavelmente se refletem no ensino que ele tem de ministrar à
juventude. O ideal de uma escola em que jamais se esflore, sequer,
um assunto de religião, é uma vã criação da falsa democracia, que
pretende guerrear a Deus, proibindo que n’Ele se fale.
91
por alguém foram assinaladas as fases de oposição e hostilidade
que tem atravessado o cristianismo...
As constituições que ele inspira, não perseguem nem contradizem,
nem zombeteiam: mandam simplesmente calar o nome adorável do
Criador e fonte de todo o bem. Chamou-se isto separação da
Igreja do Estado. Na falange adversa ao cristianismo formigam
lemas que propugnam tal modus vivendi: nas cortes católicas ai
de nós! — também não falta quem praticamente o sufrague, atenta a
dureza dos tempos... Mas, Deus, senhores, o eterno regedor dos
povos, o indefectível dispartidor dos bens e males que opulentam ou
degradam as nações na devida conta leva estas apostasias
públicas, estas negações afrontosas, que tão diretas se opõem aos
desígnios providenciais de formação de sua Igreja...
61
Observa-se que a Primeira Constituição da era republicana deixou muitas
feridas e descontentamentos na sociedade conservadora católica, que assiste o
secularismo conquistando espaços cada vez maior entre a população
intelectualizada; tirando do reduto da Igreja Católica privilégios até então, de sua
exclusividade, como: a instituição do casamento civil, a secularização dos
cemitérios, o fim da subvenção estatal a qualquer culto religioso
É conveniente salientar que essa quebra de paradigma educacional adotado
pela República, na Primeira Constituição, tem sua inspiração no contexto das
mudanças: sócio-político-cultural-internacionais. A Revolução Industrial Inglesa, a
Revolução Francesa e a Revolução Americana
62
, dão início a grandes mudanças
sociais, políticas, e econômicas mundiais irreversíveis. A primeira introduz novos
elementos como: mercado consumidor, livre comércio, novas tecnologias, sociedade
industrial, etc. a segunda, estabelece a igualdade civil, produz a Declaração dos
Direitos do Homem, inserindo a liberdade religiosa como direito do cidadão, pôs fim
às estruturas do regime absolutista; institui a monarquia constitucional, em que o rei
perde os seus poderes absolutos, (FIGUEIREDO, 1995). A terceira, os ideais de
liberdade, inspirado no racionalismo Iluminista do século XVIII, e a democracia.
Matos (2001), discorre sobre esse assunto, assim:
[...] essa tendência é reforçada com o racionalismo do século XVIII,
conhecido na história como a época do iluminismo. Toda a atenção
se volta para o homem como indivíduo, e sua capacidade cognitiva
é sumamente valorizada. Desenvolve-se um espírito crítico aos
tradicionais “dogmas da fé” e às autoridades que os sustentam e
61
http://www.permanencia.org.br/revista/Pensamento/laet9.htm. Acesso em: 07/05/2008
62
Para um maior aprofundamento sobre o assunto, cf.: ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e
Contemporânea. São Paulo: Ática, 1976. p 151-171.
92
defendem. Semelhantes correntes manifestam-se fortemente na
Inglaterra, onde verificamos também suas primeiras aplicações
práticas (a Revolução Industrial’), mas é na França que vigoram
com maior intensidade e recebem sua expressão filosófica mais
elaborada. A nota característica de seu conteúdo é o anseio por
liberdade em todos os setores da atividade humana. E isso em
detrimento da tradicional submissão religiosa e aceitação dos
poderes estabelecidos [...] Também no campo religioso essas idéias
têm sua ressonância, dando origem ao deísmo
63
[...] Cresce um
indiferentismo ou até ceticismo em relação às formas religiosas
convencionais e particularmente à instituição eclesiástica. (MATOS,
2001, p. 283-284). (a nota de rodapé, (21) acréscimo nosso)
FIGUEIREDO (1995, p. 26) ainda comenta que na França:
A Convenção Nacional de 1795 vota a separação entre o Estado e a
Igreja, pois até meados do século XVIII o predomínio do sistema
da Igreja do Estado, associado ao particularismo religioso em nível
de Estado, desvinculando-se da unidade institucional eclesiástica.
Daí a repercussão de tal fato no Brasil, onde a separação se dará
mais de um século depois.
Começa assim a expansão do secularismo europeu, que permeia as culturas,
originando novos tecidos sociais e culturais por onde ela é absolvida. Sua
publicidade de marketing fora: a modernidade, o cientificismo, a liberdade, o
racionalismo.
A perspectiva era de que o Brasil desse um salto qualitativo na educação,
uma vez que laicização se confundia com modernização do ensino.
A história brasileira sempre conviveu com esse conflito. Os que são a favor de
uma educação religiosa confessional, não confessional, outros que defendiam a
separação. A construção de um entendimento tem sido longa e lenta, haja vista as
interpretações que a expressão “laico” tem recebido.
Esse conflito foi intensificado trinta anos depois com os escolanovistas.
Nesse sentido, Santos (2005, p. 104), comenta:
A década de 20 viria a ser marcada por grandes embates entre
liberais e antiliberais. Novas idéias no campo educacional
63
O deísmo admite que existe um Deus pessoal, que ele criou o mundo e lhe imprimiu as leis que o governam.
Tendo feito isto, Deus se afastou do mundo, deixando-o entregue ao domínio da lei natural. Não revelação,
nem milagres, nem encarnação do Verbo, nem manifestação sobrenatural de Deus na vida e nas atividades dos
homens, nem providências, nem controle. Deus não se envolve mais com o mundo que ele criou. CLARK, David
S. Compêndio de Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 1988, p. 92
93
alimentavam os debates. Nesse contexto o ensino religioso estava
sempre na pauta das discussões. Por um lado os escolanovistas,
que influenciados pela concepção liberal de Dewey, defendiam a
laicidade do ensino, por outro, educadores católicos que buscavam,
entre outros interesses, a reintrodução do ensino religioso.
Prevaleceu a tese da laicidade na emenda Constitucional de 3 de
setembro de 1926.
Por trás desse debate, “que envolve o ensino religioso interesses nada
religiosos que movem opositores dessa modalidade”
64
A constituição de 1934, no seu art. 153, trás a seguinte enunciação:
O Ensino Religioso será de freqüência facultativa e ministrado de
acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno,
manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos
horários nas escolas públicas, secundárias, profissionais e
normais.(GRUEN, 1995, p. 56).
A constituição de 1934, no seu art. 153, trás a seguinte enunciação:
O Ensino Religioso será de freqüência facultativa e ministrado de
acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno,
manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos
horários nas escolas públicas, secundárias, profissionais e
normais.(GRUEN, 1995, p. 56).
Esse foi um período da historia brasileira de grande instabilidade política.
O Ensino Religioso retorna com força ao cenário público de ensino. Destaca-
se nessa lei, o princípio de liberdade “facultativa”, a não obrigatoriedade, a não
imposição. Ao mesmo tempo, oferece-se a oportunidade para estudá-la segundo
sua corrente de fé.
Observa-se nesse postulado, as brechas que prejudicam a sua operação, ela
não aponta para as questões de gestão: Quem estaria apto para exercer o ofício de
professor dessa disciplina? Como seria o procedimento para qualificar esses
profissionais? E Quanto aos conteúdos curriculares como defini-los? Quanto ao
espaço, se dentro de uma sala de aula cinco alunos optarem por confissões de
diferentes como resolveria o problema?
64
Idem. p. 101
94
Isso aponta para o despreparo do Estado em lidar com o eixo da Educação
Pública e o que envolve a relação teoria/prática.
A constituição de 1967, Art. 168 parágrafo item IV, sem muitas alterações,
reza que: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio”.
Gruen (1995), resume bem em três aspectos desses posicionamentos
constitucionais:
Primeiro, a alternância da presença ou não do Ensino Religioso nas escolas
públicas;
Segundo, a alternância da obrigatoriedade ou não, do ER nas escolas, (os
alunos nunca foram obrigados a se matricularem no Ensino Religioso);
Terceiro, a confessionalidade de tal ensino explicitada nas Constituições de
1934 e de 1946, mas não nas de 1937, 1967, e 1969.
A Lei 4024/61 da LDB Art. 97 continua a legitimar a presença do clericalismo
no Sistema de Ensino Público ao enunciar:
O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários normais das
escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado sem
ônus para os cofres públicos, de acordo com a confissão religiosa
do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu
representante legal ou responsável.
parágrafo A formação de classe para o ensino religioso
independe de número mínimo de alunos.
parágrafo O registro dos professores de ensino religioso será
realizado perante a autoridade religiosa respectiva.
A expressão “sem ônus para os cofres públicos”, foi infeliz, porque deu lugar a
uma descriminação da disciplina. O parágrafo segundo promove a preterização do
acordo com os interesses eclesiásticos interconfessionais.
Surpreendeu-nos o acréscimo da expressão sem ônus para os
cofres públicos no artigo que estabelece o ensino religioso.[...] O
ensino religioso é disciplina global inserida nos horários normais das
escolas públicas e compete ao Estado arcar com o devido ônus. Por
isso, não pode ser tratado como adendo nem como favor prestado a
determinada denominação religiosa. Ele é parte integrante de um
processo de educação garantido pela Lei Maior [....] (JUNQUIRA,
2002, p. 51).
95
A conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sempre interessou-se
com questões até então omissas em todas essas resoluções. Passou-se a se
preocupar com as linhas de atuação do ER nas escolas, com a avaliação da
qualidade desse ensino. A mesma desencadeia uma rie de encontros,
conferências, debates blicos, visando à formação de uma identidade do ER, a
construção de mecanismos eficientes para esse projeto de vida.
A Constituição de 1988, no seu art. 210
65
, incorpora Ensino Religioso na
responsabilidade do Estado é um marco para o ER. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN), 9.304/96 reza no segundo parágrafo os princípios
de educação:
A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho
.
Nesse sentido, o ensino religioso pode participar desse processo de
educação, contribuindo com a formação desse cidadão, haja vista, seu
reconhecimento como área de conhecimento.
O sentido dessa nova lei está em garantir que toda a escola de
ensino fundamental oportunize aos alunos o acesso ao
conhecimento religioso, dentro do horário normal de aulas,
respeitando a diversidade cultural e religiosa dos mesmos.
Conhecimento esse que precisa ser, epistemologicamente enfocado
nas dimensões antropológicas, sociológica, psicológica e teológica.
(CARON, 2005, p. 9-10).
3.2 UM NOVO OLHAR PARA QUESTÃO TEOLÓGICA
66
A problemática tem sua origem a partir da resolução 02/98
67
da mara
Básica de Educação do Conselho Nacional de Educação, quando o Ensino Religioso
65
“O ensino religioso, de matricula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas
de ensino fundamental”. CONSTITUIÇÃO DA REÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 27 ed., São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 124-125.
66
Este trabalho discerne esse termo em atribuição a Teologia Cristã.
67
Cf. p. 50
96
foi inserido no campo de conhecimento. Esse tratamento remete para a discussão
da sua epistemologia, a Teologia é do ponto de vista científico, o grande gargalo.
Meneghetti (2004, p. 94), salienta que:
Há diferenças conceituais entre as duas expressões que se vinculam
ao Ensino Religioso e que lhe dão fundamentação epistêmica:
teologia e ciências da religião; Essa questão é importante, porque se
trata de afirmar a concepção de ensino religioso, presente na
legislação maior, como originária do campo das ciências da religião e
não vinculada aos elementos próprios da teologia, a qual remeteria o
entendimento para o âmbito das confessionalidades.
Segundo a autora, as diferenças conceituais entre a teologia e ciências da
religião, esta primeira aponta para o âmbito da confessionalidade, na perspectiva do
prolongamento da Eclésia; enquanto as ciências da religião seu campo de ação e
atuação, vincula-se aos elementos comuns, próprios às diversas religiões. É uma
das muitas formas de explicar o sentido da vida, do homem na sua humanidade.
A teologia sempre esteve vinculada a revelação bíblica e a Igreja, procurando
de uma forma inteligente interpretar de forma sistemática todo o conhecimento
revelado nas Escrituras Sagradas, para que o homem criado a imagem de Deus
pudesse se relacionar com seu criador.
Ela antecede a ciência da religião possui maneira própria de interpretar o
mundo e dar respostas as questões humanas num contexto pessoal sem
desvinculá-lo do contexto social.
Porém, antes de dar prosseguimento a essa idéia, convém-nos ler o que
Fuchs (2005, p. 19), escreveu sobre a crise do paradigma científico:
Vivemos num tempo de ambigüidade e complexidade nas ciências.
Até pouco, o conhecimento era pautado pelas ciências naturais,
oriundas do século XVI. Somente no século XII, de forma preliminar e
”no século XIX que este modelo de racionalidade se estende às
ciências sociais emergentes.
68
Este modelo de racionalidade está
presente em todas as esferas e níveis da ciência moderna. A
racionalidade criou uma estrutura totalitária, controladora de
fronteiras entre o que é considerado científico e o que é senso
comum e as humanidades. Todo conhecimento que não segue os
princípios epistemológicos e as regras metodológicas é negado pela
68
SANTOS, 2005, p. 20
97
racionalidade científica
69
. Atualmente vivemos uma complexidade
que não consegue ser respondida pelas regras e princípios da
racionalidade
.
Entende-se que a racionalidade com base nos pressupostos iluminista do
século XIX, exerce um domínio ditatorial em tudo o que se chama ciência. Os
mesmos princípios aplicados na pesquisa de elementos inanimados, materiais, etc.
são pretendidos aplicar às ciências sociais.
Nesse sentido, convém apontar para algumas ambigüidades às leis científicas
no contexto Iluminista na busca do saber: primeiro, ao aplicar determinada
metodologia científica ela o faz em busca do que? Entende-se que um ser
inteligente que pesquisa algo o faz em busca da verdade. Ele quer conhecer para
não errar. Ambas preposições, - verdade e erro; afetam o destino do ser humano.
Portanto, o orientador, o professor, de certa forma direta ou indiretamente é
cúmplice na formação interior do ser, enquanto pessoa em formação. várias
formas de conhecimentos: senso comum, conhecimento teológico, filosófico e
científico. Todos têm sua área de conhecimento. Quando um deles postula o
absolutismo para si, instaura-se a crise do paradigma dominante
70
.
Outra ambigüidade a ser refletida, está na própria epistemologia do Ensino
Religioso na sua estrutura interdisciplinar.
Fazenda apud FUCHS, 2005, p. 22), diz que a interdisciplinaridade:
Nasce da proposta de novos objetivos, de novos métodos, de uma
nova pedagogia, cuja tônica primeira é a superação do monólogo e a
instauração de uma prática dialógica. Para tanto, faz-se necessário a
eliminação de barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que
pretendem desenvolvê-las
O assunto em questão remete-nos à investigação científica, via
questionamentos e perguntas, como expressão de um esgotamento racional do
educando, no sentido de operar cognitivamente novas perspectivas de
conhecimentos, de maneira que o ser humano seja compreendido como um ser
69
Id. p. 21
70
Ibidem, p. 20.
98
racional e capaz de construir conhecimentos, que superam a racionalidade técnica
da modernidade.
A impressão que temos, é que a dominação da ciência esta em crise e que as
formas de se buscar o conhecimento precisam se inovarem e se multiplicar, numa
perspectiva epistemológica interdisciplinar.
A interdisciplinaridade está sendo colocada no universo da prática
pedagógica, como alternativa dialógica do repasse do conhecimento.
É o advento de um novo olhar pedagógico que veio para se instaurar como
proposição do respeito e reconhecimento à dignidade do educando, uma vez, que o
conhecimento construído a partir da experiência vivida, não pode ser deixado de
lado ao adentrar o espaço escolar.
O conhecimento das ciências da religião e o Ensino Religioso escolar
encontram-se também em conflito, nessa nova perspectiva. Pois, o ensino religioso
tem como desfio o cumprimento legal, de inclusão obrigatória no currículo escolar.
O espaço que lhe era destinado apouco tempo, permitia-lhe a pregação
confessional com uma metodologia catequética e dogmática. A partir da nova
perspectiva legal, que foi uma grande conquista salutar para o sistema educacional
brasileiro, não mais se aplica o antigo modelo; Isto põe em discussão o fenômeno
religioso, a partir de sua história, da antropologia e do transcendente.
Observemos que os eixos temáticos apontam o enfoque científico, cultural e
sobretudo, o que está relacionado com o campo da história, da ciência, da filosofia e
especialmente, o divino, quando se ponta a questão transcendental.
A aplicação dos métodos interdisciplinares no ensino religioso é essencial, a
religiosidade está no coração do homem, ainda que não entenda.
Portanto, uma conscientização de que não se pode desvincular o ensino
religioso de parte dos conteúdos teológico. A grande pergunta é como isso seria
possível se construir esse intercâmbio e manter o ensino religioso na perspectiva da
laicidade?
Em primeiro lugar, deve-se entender que existem várias teologias: Teologia
Sistemática ou Dogmática, Teologia do Velho Testamento, do Novo Testamento,
Teologia de Paulo, Teologia Bíblica, etc. O grande problema é generalizá-las por
falta de conhecimento de causa. Comumente, pessoas se posicionarem contra algo
sem de fato conhecer a abrangência do seu conteúdo.
99
Nesse sentido, remete-nos a reflexão do que venha ser a teologia adéqua da
relação de interfaces triangulares, Ensino Religioso/Teologia/Legislação.
A teologia sistemática nesse contexto legal, ela fere o princípio laico do
Estado brasileiro. A sua epistemologia é totalmente confessional, eclesiástica,
fechada. Qual dessas teologias teria condições de construir interfaces com o ER
dentro do respeito à diversidade religiosa? Certamente que seria a Teologia Bíblica.
De modo geral, ela tira do texto bíblico suas afirmações primárias e exegeticamente
elabora afirmações decorrentes. Sua aplicabilidade de caráter contextual e flexível
permite de maneira apropriada construir o que se propõe o Ensino Religioso na
perspectiva social.
Teologia é espiritualidade, no sentido de exercer uma influência, boa
ou má, positiva ou negativa, no relacionamento ou falta de
relacionamento das pessoas com Deus. Se a nossa teologia não nos
reaviva a consciência nem amolece o coração, na verdade endurece
a ambos; se não encoraja o compromisso da fé, reforça o
desinteresse que é próprio da incredulidade; se deixa de promover a
humildade, inevitavelmente nutre o orgulho. Assim, aquele que expõe
teologia em público, seja formalmente, no púlpito ou pela imprensa,
ou informalmente, em sua poltrona, deve pensar muito sobre o efeito
que seus pensamentos terão sobre o povo de Deus e outras
pessoas.
71
O homem é um ser transcendente, criado para viver com outros, nesse
sentido o ensino religioso precisa está em interação com as outras disciplinas que
estudam interpretar a vida nos seus mais variados aspectos.
3.3 UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DA BÍBLIA COMO UM DOS
RECURSOSDIDÁTICO DO ER
Nos parâmetros curriculares comumente aceito pela comunidade
especializada em ciências da religião, consta no seu eixo epistemológico a temática
71
Fonte: Entre os Gigantes de Deus Uma Visão Puritana da Vida Cristã J.I. Packer Editora Fiel
Disponível em:
http://www.lideranca.org/cgibin/index.cgi?action=forum&board=teologia&op=display&num=2569
Acessado em: 01/06/2008.
100
do estudo das Escrituras Sagradas e Tradições Orais, até então pelo enunciado,
parece não haver ambigüidade nenhuma, o conflito se revela quando esse
tratamento é dado, sem que se faça uma análise cuidadosa dos elementos
presentes nos conteúdos dos objetos acima citados. Remete-nos este fato, a uma
análise histórica e cultural mais especificamente nos elementos presenciais do
material de estudo.
Convém-nos atentar para o aspecto histórico daquele que é o livra mais
discutido e debatido entre os povos Ocidentais e Orientais. – A Bíblia.
Em primeiro lugar, deve-se quebrar o paradigma de que a Bíblia está
comprometida com alguma religião. Ela está comprometida consigo mesma. É um
livro universal. É a revelação que Deus fez de Si mesmo ao homem. Portanto, ela
está comprometida com a verdade. Ora, a verdade deve é universal, é uma das
virtudes fundamentais na construção de relacionamentos, na construção do homem.
Ela é o norte de tudo o que se busca, seja de âmbito físico ou transcendental. Nesse
sentido, é dito, a Bíblia é a palavra de Deus.
Convém-nos acrescentar alguma coisa da sua estrutura que
fundamentalmente a diferencia sobremaneira das pseudas “escrituras sagradas”.
Ela foi escrita por diversas pessoas das mais variadas formações culturais: profetas,
reis, sacerdotes, pescadores, dicos, boiadeiros, pecuaristas, etc.; em diferentes
contextos culturais e sociais. Duraram 1600 anos para ser concluída, o que se
poderia pensar que facilmente se tornaria antiquada, inapropriada, mas o que se
testifica é que os anos não a envelheceram, não caio no desuso.
Quanto ao seu conteúdo, o seu tema centra, - Jesus Cristo. Ele foi predito,
anunciado milhares de anos atrás, o que jamais ocorreu com outros lideres
religiosos, como Buda, Confúcio, etc. Sua vida foi descrita e revelada com
antecedência histórica; seus ensinamentos sobre a vida, sobre valores, sobre
verdade, sobre relacionamentos com Deus e o próximo; sobre a vida por vir, o futuro
são insuperáveis.
Convém que se diga, que nenhum dos lideres religiosos mundiais doou sua
vida para salvar a humanidade, só Jesus Cristo.
A Bíblia tem um vasto material de conduta e princípios, extremamente
elevados, porque são padrões divino.
A pesquisa que fizemos muitas pessoas esperando por transformações
radicais no ser humano, a moral por si não tem o poder de construir um mundo
101
verdadeiramente solidário. Portanto, é conveniente que se faça uso da Bíblia na
construção desse novo sujeito social, uma vez que o contato com o sobrenatural de
Deus não é apenas simbólico é real.
Contudo é preciso muito cuidado na praticidade do seu uso, é necessário que
o professor de Ensino Religioso tenha habilidade e conhecimento altamente
suficiente para manter as distância espaciais entre o que é confessional daquilo que
não é confessional e manter-se na esfera legal da lei brasileira de laicidade.
No capitulo seguinte, refletiremos sobre a formação do professor como um
todo, ciente de que os princípios formativos devem contemplar igualmente a todos,
numa perspectiva de incompletude, de que todos estamos vivenciando o processo
de formação.
102
CAPÍTULO IV
4 REFLETINDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO
BÁSICO
A intencionalidade deste capítulo é de múltipla dimensão. A princípio, procura-
se enfocar caminhos trilhados por sociólogos que tiveram um olhar “do ‘alto’ do
sistema social, [...] que se movem a partir da observação dos comportamentos e da
experiência religiosa de sujeitos agentes nos ‘mundos vitais’”
72
.
Nesse sentido, privilegiou-se Émile Durkheim pelo caráter conceitual de
“educação” que no contexto brasileiro, conquistou e ocupou um espaço especial. É
também um resgate histórico no âmbito da “educação”, uma vez que neste capítulo
ocupar-se-á do ensino, a partir da vertente formadora do agente responsável pelo
êxito das propostas de ensino – o professor do Ensino Básico.
Reflete-se também, o papel do imperialismo econômico capitalista na
mudança do caráter educativo, numa perspectiva formadora de recursos humanos
qualificados, especializados para atender as suas ambições. O lado positivo se
referindo a educação, ao ensino, é que passou-se a exigir mais material humano
qualificado, refletindo diretamente a filosofia do ensino em todas as especializações.
Os mesmos princípios de formação devem ser aplicados indistintamente a
todas as áreas de conhecimento. Os princípios formativos são os mesmos, ainda
que, na prática, o docente do Ensino Religioso vivencie descriminações a partir do
próprio meio, envolvendo a própria escola, alunos, e muitos colegas de profissão.
A partir de então, dividiu-se esse capítulo em cinco sub-tópicos ou sub-temas,
procurando dar um formato mais aproximado possível, dentro das limitações do
autor.
Tais apontamentos darão ênfase às seguintes vertentes:
72
Burgalassi, Silvano professor ordinário de Sociologia na Universidade de Pisa. No prefácio do livro de Stefano
MARTELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna: entre secularização e dessecularização. Trad.
Euclides Martins Balancin. São Paulo: Paulinas, 1995, p. 6
103
A sistematização da educação na visão dos clássicos da sociologia com
especial concentração em Durkheim, como acima foi mencionado. Em seguida,
trataremos da formação do professor de Ensino Religioso, onde se aborda sua
pertinência, seu campo de ação, modelos sistematizados de ER. A seguir, trata-se
da incompletude humana do professor.
Procura-se com isso, apontar para o seu processo de desenvolvimento
intelectual, numa necessidade continua de atualização, melhoramento, e
capacidades.
Nesse processo construtivo, no campo da realidade, teoria e prática procuram
se completar à medida que as experiências em sala de aula exigem além da
teorização apreendida até então, pelo professor na academia. Alunos e professores
e escola constituem em objetos experimentais do saber, são de certa forma cobaias
da teorização.
Nessa reflexão, pontua-se a questão da identidade do professor, no sub-
tema, e as múltiplas dimensões do seu trabalho. Procuramos saber o que é ser
professor de fato e de verdade. Quais são as dimensões do seu trabalho. E o que dá
identidade ao seu trabalho.
Queremos falar de sua competência, da sua profissionalidade, do que está
relacionado à sua prática. Como a sociedade o vê? Certamente que ele atua em
diversas situações, ora como bombeiro na obrigação de apagando o fogo, da
violência; ora como psicólogo compreender as múltiplas diferenças
comportamentais e ter uma opinião pronta e eficiente para resolver os dramas
psíquicos dos alunos; ora como pastor(a) tem que apascentar o rebanho, mantê-
los unidos, comportados; e, tem que ser professor para ensiná-los a se tornarem
bons cidadãos, mais humanos, gentis, conscientes das suas responsabilidades
sociais e ambientais.
Por último, enfatizamos a reinvenção do trabalho docente como alternativa para
ressignificação da educação numa perspectiva de autonomia e libertação na visão
centrada em Paulo Freire.
Nesse sentido, aborda-se a questão da didática, do planejamento e do espaço
de atuação a Escola, enquanto instituição, estrutura, equipamento. Esse conjunto
em atuação mútua faculta a reinvenção do trabalho pedagógico; possibilitando uma
dinâmica de trabalho que incorpora novos significados e importância.
104
4.1 SISTEMATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NA VISÃO DOS CLÁSSICOS DA
SOCIOLOGIA
Durkheim nos seus estudos das “grandes estruturas”
73
desde as suas origens
a seus esforços de sustentação para mantê-los ativas, prioriza o estudo da
sociologia e da educação percebendo-os como elementos convergentes. Este
último, se manifesta como fenômeno eminentemente social.
E, dentro dessa perspectiva, formula seu conceito de “Educação com
elementos essencialmente da sua Sociologia.
Para Durkheim os sistemas de educação são mutáveis, adaptados as
necessidades sociais vigentes; embora seus paradigmas repousem sobre base
comum, como elemento de identidade própria e de definição. Está bem presente
nela sua organização política, religiosa, moral e cultural.
A definição de educação em (Durkheim, 1973, p. 57) primariamente passa
pelas influências exercidas das gerações adultas sobre as gerações juvenis.
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas
não ainda amadurecidas para a vida social. Tem por objeto suscitar
e desenvolver, na criança, certo mero de estados físicos,
intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu
conjunto e pelo meio especial a que a criança particularmente se
destine.
Nesse sentido, fica evidente, que a educação é instrumento de socialização
metódica, perpassada sistematicamente pelas gerações, integrando assim, as novas
gerações, compreendida como a constituição do ser social.
Ainda, acrescenta:
A palavra educação tem sido muitas vezes empregada em sentido
demasiado amplo, para designar o conjunto de influências que,
sobre a nossa inteligência ou sobre a nossa vontade, exercem os
73
Sistema econômico, sistema de classes, o Estado, a Igreja, etc.
105
outros homens, ou, em seu conjunto, realiza a natureza [...] A
influência das coisas sobre os homens é diversa, pelos
processos, pelos resultados, daquela que provém dos próprios
homens; e a ação dos membros de uma mesma geração, uns sobre
outros, difere da que os adultos exercem sobre as crianças e
adolescentes.
(DURKHEIM, 1973, p. 59)
A educação se processa em constantes movimentos empíricos, dialéticos e
pluralistas. Construindo e modificando o presente, enquanto universo social. No
entanto, tais construções não se processam de forma uniforme e universal. Percebe-
se a existência de vertentes do saber mais avançadas em comparação com outros
e, que também, se diferenciam quanto ao status quo e quanto aos valores. Ex. as
ciências exatas e biológicas, gozam de uma posição privilegiada. Seus profissionais
são bem remunerados. Enquanto que a área de humanas o bem pouco
valorizadas, principalmente o magistério e seus docentes.
Assim, Durkheim (1973), elabora a sua definição de educação de forma
genérica fundamentando-se nos sistemas educativos históricos, comparando-os, e
acrescentando novos elementos determinantes para o seu desenvolvimento.
Consciente de que a variação dos tipos de educação, não produzirá uma educação
homogênea e igualitária mesmo porque seus elementos são montados de forma a
atender as adequações de uma sociedade heterogênea.
Na verdade, [...] cada sociedade considerada em momento
determinado de seu desenvolvimento, possui um sistema de
educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente
irresistível. E uma ilusão acreditar que podemos educar nossos
filhos como queremos [...] mesmo quando as qualidades pareçam à
primeira vista espontaneamente desejadas pelos indivíduos,
refletem as exigências do meio social que as prescreve como
necessárias (DURKHEIM, 1973, p. 63)
Com isso, ele lança por terra a idéia de que haja uma educação perfeita,
que a educação se altera quanto aos métodos, postulados, necessidades, tempo e o
meio.
Cada sociedade marca um tempo na história particular, todo seu; com sua
própria moldura, embora não isolada ou desprendida do contexto hereditário
sócio/educacional.
106
A educação nas sociedades mais simples se processava de geração em
geração no ambiente familiar. Enquanto que nas sociedades complexas,
caracterizadas por estruturas especializadas e interdependentes, a solidariedade
substitui o parentesco e os sentimentos tradicionais pelo contrato, permitindo a
articulação funcional de todos os elementos da realidade social.
O Estado assume a responsabilidade e a autoridade moral e disciplinar,
constitui-se como agente harmonizador, responsável pela construção da educação
nos seus múltiplos fragmentos apropriada a todos os cidadãos e cidadãs
indistintamente. Mantendo a disciplina, a moral e a autoridade.
Conforme o pensador francês,
Não podemos, nem nos devemos dedicar, todos, ao mesmo gênero
de vida; temos, segundo nossas aptidões, diferentes funções a
preencher, e será preciso que nos coloquemos em harmonia com o
trabalho que nos incumbe [...] em certo sentido, tantas espécies
de educação, em determinada sociedade, quantos meios diversos
nela existirem [...] Ainda hoje não vemos que a educação varia com
as classes sociais e as religiões? A da cidade não é a do campo, a
do burguês não é a do operário. Dir-se-á que esta organização não
é moralmente justificável, e que não se pode enxergar nela senão
um defeito, remanescente de outras épocas, e destinado a
desaparecer [...] Mas, ainda que a consciência moral de nosso
tempo tivesse recebido, acerca desse ponto, a satisfação que ela
espera, ainda assim a educação não se tornaria mais uniforme e
igualitária. E, dado mesmo que a vida de cada criança não fosse,
em grande parte, predeterminada pela hereditariedade, a
diversidade moral das profissões não deixaria de acarretar, como
conseqüência, grande diversidade pedagógica. (DURKHEIM, 1973,
p. 83)
Nessa perspectiva de Durkheim sobre a educação foi fundamental na
expansão do espírito cientifico do século XX como também das mudanças sociais
oriundas da expansão do conhecimento, este, mesmo de forma coercitiva, o
conceito de solidariedade possibilitou a articulação funcional de todos os elementos
da realidade do tecido social
É a partir desse contexto histórico que surpreendentemente os países do
primeiro mundo envolvidos na segunda Guerra Mundial e em um segundo momento,
107
alguns países asiáticos, dão um salto nas mudanças sociais, transformações que
mudaram o curso do mundo.
Os primeiros se recomporam tão rapidamente do seu estado de fragelação,
desordens políticas, sociais, e econômicas com dívidas imensas, pobreza, etc.
passando a ocuparem uma posição de grandeza econômica e cultural e até mesmo
de dominarem o mundo. Desta feita, não por meio de fuzis ou dos canhões mas por
meio da tecnologia, por meio da educação, fazendo da escola seu novo campo de
concentração.
O novo foco da educação a partir da década de 50 se fazia presente com
novas leituras dos clássicos da Sociologia, com novas análises de caráter crítico,
revisados, substituídos, ampliados, remodelados, enriquecidas com novas
roupagens que a tecnologia e a aceleração das descobertas científicas
proporcionaram.
A educação passa a ser focada sob a égide do sistema produtivo. É à força
do capitalismo que se impõe as demais proposições do educar, deslocando seu eixo
primário da construção das boas maneiras, da moral e da ética, para a partir dos
seus interesses econômicos, de produção, doutrinar a sociedade convencendo-a de
que o bem-estar ou a realização pessoal depende diretamente do fator econômico e
do poder aquisitivo.
A questão econômica passa ser a força determinante e motivadora das
relações sociais. A educação é uma forma de auto-investimento, portanto, de
constituição de capital humano A educação como fonte de investimento
proporcionou aos países desenvolvidos a formação de profissionais mais
habilitados, especializados, com maior conhecimento, para atender as exigências do
mercado.
Nesse contexto, constata-se um espírito de competição mundial pela
superioridade do domínio tecnológico, tendo este, no seu interior, um sistema
essencialmente tecnicista educacional, com capacidades inovadoras sem limites de
produções científicas e tecnológicas.
Na sociedade industrial a qualificação é uma constante, tornando-se uma
necessidade básica e fundamental.
Nesse sentido, temos o exemplo brasileiro, existe uma oferta de empregos
que exigem habilidades especializadas, em contra partida, a escola não
acompanhou a demanda do setor industrial.
108
A educação como temos visto é capaz de promover habilidades gerais e
específicas, exigindo do aluno cada vez mais tempo dentro da escola.
Dentro dessa visão, A Universidade deve projeta-se na elaboração de
projetos educacionais capazes de atender as necessidades do mercado de trabalho.
Nesse sentido, o professor de Ensino Religioso é um profissional que deve ser
formado nessa mesma visão de qualidade, de especialização, de competência.
Como vemos, o mercado é exigente, cada dia aqueles que não se
especializam perdem a credibilidade, a capacidade de competir, de está inserido
num universo social que lhe possibilite um poder de realização pessoal maior, e
mais humana e, por que não dizer, solidária e mais justa?
Fica claro, a valorização e o papel da educação na construção das
habilidades técnicas e da sua relação mercado de trabalho/recursos humanos. Isto
não significa dizer que existe um equilíbrio entre absorção de mão-de-obra
qualificada e mercado de trabalho. Mesmo porque esse processo de formação
primariamente, dar-se a partir dos interesses individuais em função dos variados
níveis salariais e do próprio status sociais que a própria sociedade da a
determinadas formações profissionais.
Ver-se com isso, que a educação mesmo oferecendo os meios de formação e
construção de várias habilidades especializadas não recebe um tratamento político
justo para todas as suas “produções humanas”. A saciedade industrial, não
consegue promover uma justiça social no universo do saber. A trajetória escolar é
determinada pelos interesses econômicos
A educação por natureza ideológica defende o princípio da promoção humana
numa perspectiva de humanização, de construção social justa, criando espaço
equivalente para as habilidades formadas nas múltiplas especializações.
A esperança de uma sociedade melhor está depositada na Educação. ela
é capaz de interligar os diversos saberes democraticamente, levando em
consideração os valores éticos, morais, religiosos e científicos e sistematizá-los
tendo em vista, a construção de um tecido social igualitário, onde os preconceitos:
raciais, profissionais, de posição econômica, culturais, religiosos sejam
gradativamente excluídas da sociedade. É a esperança para que a diferença entre
pobre e ricos diminuam.
109
4. 1.1 Caráter Social da Educação em Durkheim
Margaret Archer
74
no seu texto The sociology of educational systems, de
1980, analisando a concepção da educação do ponto de vista dos pais fundadores
da Sociologia, Karl Max, Émile Durkheim e Max Weber, aponta as seguintes
convergências entre eles: Archer apud Graziella
Although education was never a major concern of Marx and Weber,
unlike Durkheim, all three shared a common orientation towards it
despite their differences in theoretical approach. Firstly, they
unanimously treated education as a macroscopic social institution
rather than a bunch of organizations (schools, colleges, universities),
a set of collectivities (teachers, pupils, principles), or a bundle of
properties (inputs, processes, outputs). Secondly, Marx, Weber and
Durkheim placed the educational institution firmly in the wider social
structure and set interesting problems about its interface with other
social institutions (the economy, bureaucracy and polity
respectively). Thirdly, all three saw that it was education’s position in
the social structure and relationship to other institutions, which were
the keys to the dynamics of educational change. Although only
Durkheim went far in theorising about the actual mechanics of
educational development, they all left no doubt that this should form
an integral part of their macroscopic theories: for Marx educational
change was born along by the dialectical interplay of infrastructure
and superstructure; for Weber it was associated with the dynamics of
bureaucracy, though the link was ‘hidden in some decisive point’;
and for Durkheim it would, and should, be tied to the polity and
through it to the development of the normatively integrated organic
society. (Archer, 1980, p. 234) (
75
)
74
Socióloga britânica
75
“Embora a educação não tenha sido uma questão central para Marx e Weber,
diferentemente de Durkheim, os três autores compartilhavam uma orientação comum,
apesar de suas diferentes abordagens teóricas.
Primeiramente eles unanimemente trataram a educação como uma instituição social
macroscópica, e não como um amontoado de organizações (escolas, faculdades,
universidades), ou como um conjunto de coletividades (professores, alunos e diretores),
nem como um aglomerado de propriedades separadas (inputs, processos, outputs). Em
segundo lugar, Marx, Weber e Durkheim colocaram firmemente a instituição educacional na
estrutura social mais ampla e propuseram problemas interessantes sobre sua relação com
outras instituições sociais (economia, burocracia e ação política, respectivamente). Em
terceiro lugar, todos os três perceberam que a posição da educação na estrutura social e
sua relação com outras instituições eram as chaves para compreender a dinâmica da
mudança educacional. Embora somente Durkheim tenha teorizado profundamente sobre os
reais mecanismos do desenvolvimento educacional, nenhum deles deixou dúvida de que
esta deveria ser uma parte integrante de suas macroteorias – para Marx, a mudança
educacional nasceu do jogo dialético entre infra-estrutura e superestrutura; para Weber, ela
estava associada à dinâmica da burocratização, embora esta ligação estivesse ‘escondida
em algum ponto decisivo’; para Durkheim, ela estaria, e deveria estar, unida à ação política
e, deste modo, ao desenvolvimento de uma sociedade orgânica integrada e normativa.”
110
Esses grandes pensadores da sociologia fundamentaram teses nas suas
análises empíricas a partir de sistemas educacionais vigentes em espaços sociais
diferentes: Karl Marx (1996) centralizou seu debate na proposta educacional de
Gotha; Max Weber (1946) fez uma análise comparativa entre a educação alemã
àquela dos literati chineses; e Émile Durkheim (1990) desenvolve sua análise a partir
do histórico do sistema educacional francês.
Dentre os tais pensadores, Durkheim se sobressai quanto ao tema
Educação. Ele dedicou parte dos melhores anos de sua vida, tanto à educação
como à sociologia. De 1887 a 1902 deu aulas na Faculdade de Letras de
Bourdeaux, lecionou sobre métodos e a disciplina pedagógica. Nesse autor,
encontra-se a definição de uma educação alicerçada nos princípios morais, ou seja,
uma educação que vai além da simples transmissão de conteúdo e de conhecimento
Instrumental. Durkheim percebe a modernização como um processo claro de
transição da solidariedade mecânica para a orgânica
76
. Tendo em vista, a ordem
social como produto final. A educação em sua obra é preponderante e fundamental
para a manutenção dessa ordem, sobretudo, porque ela permite certa autonomia do
sujeito.
Para Durkheim a educação teria três funções complementares: disciplina,
pertencimento ao grupo (attachment) e autonomia. Mas o interesse maior está
ligado ao estudo da moral. A educação seria a melhor maneira de socializar os
indivíduos,
77
desde a sua infância aplicando as regras sociais fundamentais.
(Durkheim,1965, p. 12):
[...] Pela cooperação e pelas tradições sociais é que o homem se faz
humano. Sistemas de moral, línguas, religiões, ciências são obras
coletivas, produtos sociais. Ora é pela moral que o homem forma em
si a vontade, que governa o desejo; é a linguagem que o eleva
acima do domínio da sensação; é nas religiões, primeiramente, e
depois na ciência, que se elaboram as noções cardeais com que a
inteligência vem a tornar-se propriamente humana.
Tradução: SILVA, Graziella Moraes Dias da Silva Sociologia e educação: um debate teórico
e empírico sobre modernidade. Enfoques Revista Eletrônica. Rio de Janeiro, v. 1. n 1, p.
66 -117, 2002.
76
Ibid p. 68
77
Ibid p. 69
111
Segundo Durkheim (1965), educação consiste em uma socialização metódica
das novas gerações.
Nós possuímos dois seres: o individual e o social, ou seja, o primeiro refere-
se aos nossos estados mentais, relacionados ao que somos, pensamos ou fazemos.
O segundo, manifesta-se através dos grupos dos quais fazemos parte (crenças
religiosas, práticas morais, tradições, opiniões coletivas, etc.)
Esse conjunto define o ser social que deve ser formado em nós, pela
educação. É criação do novo ser, edificado pelo processo educativo e representado
pelo que há de melhor no homem.
A sociedade exerce sobre o homem poder de lançá-lo fora dele mesmo,
incorporando e admitindo outros interesses e atitudes, ensinando a subordinação, o
domínio das paixões e dos instintos e a necessidade da lei.
O legado de cada geração é passado e conservado por meio da sociedade na
vida de cada indivíduo, tornando-o cada vez mais humano.
Admite-se em primeiro lugar que a educação é dever da família, em construir
os princípios intelectuais e morais que regem o comportamento do indivíduo.
Na concepção do autor, o Estado se obriga a intervir na condição de a
família não se portar a cumprir seus deveres de formação. O mesmo deverá tornar o
mais fácil possível a tarefa educativa por meio da criação de escolas.
Esse aspecto resulta em que os pais deveriam enviar seus filhos à escola, se
assim o entendessem.
A colocação do autor, refere-se a tempos remotos, pois na atual constituição
brasileira, à família obriga-se o dever de enviar seus filhos à escola.
A sociedade deve estar presente para obrigar o dever pedagógico, e
conseqüentemente, o Estado jamais poderá se desinteressar por ele.
Conforme o autor, a prioridade na educação se daria pelas vias públicas e na
iniciativa privada o processo deveria acontecer sob sua inteira vigilância.
A doutrina pedagógica expressa pelos clássicos da Sociologia, apóia-se na
idéia da relação entre o homem e a sociedade.
As instâncias em destaque da responsabilidade pelo processo educativo são:
a família, a igreja, a escola e a comunidade, que se constituem como agentes
sociais da educação formal e informal.
112
No processo de humanização o homem necessita de ser trabalhado e
lapidado a partir dos valores expressos e vividos por cada uma dessas instâncias.
A partir da perspectiva de formação humana do indivíduo, é que acontece o
fato social, o fenômeno educativo, que é imposto de forma coercitiva como norma
jurídica, (Noé, 2000).
Para Durkheim (1965), a educação é uma necessidade do individuo e não se
espera que o mesmo a procure, pelo contrário a família e a escola a passam de
maneira que o dever e a moral sejam cumpridos, não como expressão de
autoritarismo arbitrário, mas por responsabilidade.
Também para Parsons, o processo educativo é entendido como socialização,
e que sem ele o sistema não encontra significado e torna-se ineficaz na preservação
da ordem, do equilíbrio e dos limites.
O pensamento de Durkheim diferencia-se de Parsons, no sentido de que para
Durkheim a educação é imposta, enquanto, para Parsons a educação é uma
complementação do sistema social e da personalidade. Porém, ambos consideram
que a educação é um elemento funcional para o Sistema Social, ela mantém a
conservação do mesmo por meio dessa dinâmica.
Em contrapartida, ao pensamento destes, a corrente teórica de Dewey e
Mannheim se direcionam para uma educação que privilegia a mudança social, ou
seja, ela constitui-se em um mecanismo dinamizador das sociedades em modificar o
comportamento das mesmas.
O pensamento de Dewey e Manheim se adequam ao modelo de educação
brasileira, pela sua característica de reprodução social, por meio dos aparelhos
ideológicos que trabalham com a internalização da idéia de sociedade capitalista,
em que um grupo está subordinado e outro de exploração, exercendo também a
hegemonia política.
Enquanto que processa na sociedade as idéias e manifestações do
capitalismo, surgem conflitos que por sua vez não se restringem apenas às questões
econômicas, mas que transcendem o econômico, manifestando a visão mais clara
da reprodução social direcionada a outros aspectos.
A escola tem sido objeto da reprodução social, em face das questões
relacionadas à ideologia dominante.
Nesse sentido, os problemas da sociedade passaram a serem temas de
discussão e vivência no seio da escola, de maneira que, o processo educacional
113
está diretamente ligado aos interesses prioritários da classe dominante, sob o
comando da hegemonia política.
O sistema escolar age em função da manutenção da reprodução ideológica,
ou melhor, da reprodução da sociedade capitalista.
4.2 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DOCENTE DE ENSINO RELIGIOSO
A prática pedagógica do Ensino Religioso no contexto brasileiro, já está sendo
exercida por muitos profissionais docentes com a formação da especialização,
mestrado e doutorado, credenciados pela Capes. Na esfera da graduação, existem
vários cursos oferecidos por muitas universidades, alguns com autorização das
secretárias estaduais; porém, o MEC tem negado a validação de todas as
solicitações recebidas, alegando a preservação da autonomia das confissões
religiosas e da laicidade do ensino.
Localizam-se também alguns cursos na área teológica, bacharelado,
reconhecido pelo MEC, no entanto, tais cursos não o elaborados na sua estrutura
curricular dentro da epistemologia das Ciências da Religião, seu foco é norteado
pelas múltiplas tendências religiosas, poucos o aqueles que se mantém na
perspectiva de neutralidade, indenominacional, ecumênica. A maioria segue os
princípios confessionais de suas denominações religiosas.
No entanto, o Estado se contradiz na sua própria legislação quando
pronuncia-se a respeito da inserção do Ensino Religioso no sistema de ensino
nacional público. A logística dessa disciplina como área do conhecimento,
automaticamente, pressupõe o reconhecimento e a aceitação de uma epistemologia
que lhe é própria, peculiar e autônoma.
A LDB através da Lei 9.394/96 no Art. 62
78
se refere especificamente à
formação de professores para o ensino básico.
Como pode ser interpretada essa Lei, tais profissionais da docência
independentemente da sua área de formação, tem que necessariamente ser
formado em Licenciatura para poderem ensinar no Ensino Fundamental. As
diretrizes curriculares, os PCNs específicos, já foi elaborado pelo consenso de vários
78
Cf. p. 55
114
seguimentos da sociedade, representada pelas instituições credenciadas, entre elas:
Universidades, Igrejas, Especialistas da área.
Antes de adentrarmos nos modelos de Ensino Religioso é salutar
visualizarmos a pertinência do campo de ação e sua abrangência.
4.2.1 A Pertinência do Campo de Ação e Sua Abrangência
É fato histórico, não existe uma etnia destituída da prática religiosa. Ainda que
fora constatado a ausência da palavra “religião” no léxico de alguns povos tribais, no
entanto, o exercício religioso, o contato com o sobrenatural, se revelam o antigos
quanto à existência humana.
A religião transita por várias categorias da cosmovisão humana, dando-lhe
uma identidade própria. Por ser uma força poderosa tem sido muitas vezes usada
por pessoas inescrupulosas para fins esdrúxulos, de dominação, de governos
tiranos. .
Não se pode desvencilhar a participação da religião na construção cultural
dos povos.
Conforme Durkheim (1998, p. 155),
A religião é uma coisa eminentemente social. As representações
religiosas são representações coletivas que exprimem realidades
coletivas; os ritos são as maneiras de agir que não nasceram senão
no seio de grupos reunidos e que estão destinados a suscitar, a
manter ou a refazer certos estados mentais desses grupos. Mas
então, se as categorias têm origem religiosa, elas devem participar
da natureza comum de todos os fatos religiosos: devem ser elas
próprias, coisas sociais, produtos do pensamento coletivo.
Muitos povos estão unidos sob um ideal religioso e não por um partido
político. Nesse caso, ambos se misturam de forma que não se discerne quando um
começa e quando o outro termina. A guisa disso é o Islamismo e as religiões
animistas.
No contexto brasileiro, projetam-se imagens arquetípicas com elementos
simbólicos proveniente do fértil imaginário religioso presentes nos elementos
fundantes do povo, refletindo-se na sua religiosidade, mesclada por diversos
elementos culturais.
115
A Educação Religiosa não deve ter fronteiras. Seus raios de ação devem
iluminar e construir uma sincronia entre os diferentes atores formadores da
sociedade, embasado no respeito, nos valores da vida, da família, da boa
convivência política.
Sua área de ação envolve o abstrato, os sentimentos inerentes ao ser, a
formação do caráter pessoal, desenvolvendo uma condição de imanência e
transcendência espiritual. Sua estrutura psicológica e o conhecimento de DEUS.
Ela também navega pela História, pela Antropologia, porque está inserida no
tempo, e no espaço.
Nesse campo de ação, o Ensino Religioso não pode deixar a filosofia na
gaveta. Ela faz parte da construção do seu saber.
Deve-se a Tomás de Aquino a aproximação e associação entre e razão, a
teologia e a filosofia, interpretando-os como unidade, como categorias universais,
levando em consideração esse axioma: somente Deus é autônomo
79
O Ensino Religioso escolar possui características próprias advindas de sua
estrutura, caracterizada por aspectos que estão inerentes ao seu próprio universo,
como já foi mensionado.
No entanto, ele tem um elemento diferencial e fundamental, à sua “alma”. Por
isso, o ensino religioso em sua essência não é uma disciplina qualquer, de maneira
que possamos ensiná-la como qualquer outra de cunho meramente científico-
cultural.
Na perspectiva interconfessional, ela se processa em articulação com igrejas
ou entidades religiosas responsáveis pelo ensino bíblico que direciona a vida cristã,
e consequentemente, é impossível pensar nessa questão sem se pensar em fé.
Seguindo as orientações da LDB Art. O artigo 33 da Lei 9394/96, de 20
de dezembro de 1996. Inciso 2º, já descrito nesse trabalho, orienta a participação da
comunidade nesse processo construtivo, valorizando a religiosidade laica com seus
valores morais inerentes à sua religiosidade.
Dessa maneira entendemos que a visualização da no campo do Ensino
Religioso é inerente à sua natureza; não é uma imposição nem exigência dos
programas de ensino apesar de estar legalmente colocado.
79
Francis Schaeffer. A morte da razão. p. 32
116
Sendo a escola responsável por perpassar o Ensino Religioso, não poderia
realizá-lo sem uma formação adequada ao mesmo. Nesse sentido, considera-se que
o professor do ensino Religioso, ao menos, compreenda e visualize as questões da
fé, antes mesmo da devida formação acadêmica.
O Ensino Religioso é assim, a articulação da no campo da
interdisciplinaridade com outras fontes do saber, onde se deve privilegiar a
transcendência do ser humano e o reconhecimento do absoluto, que é DEUS.
Habilmente, inserir os elementos ideológicos, culturais, sociais, políticos e
econômicos, que comungam com os valores e princípios cristãos sincronicamente.
Durkheim (1965, p.19) ainda diz que:
A religião e a moral têm estado tão intimamente ligadas, na história
da civilização, que a sua separação não poderia ser coisa de
simples realização. Se nos contentarmos em despir a moral de seu
conteúdo religioso, ela fica mutilada. Porque a religião exprime, a
seu modo, em linguagem simbólica, coisas verdadeiras. E será
preciso não perder tais verdades, com os símbolos que venham a
eliminar; é preciso retomá-las, projetando-as sobre o plano do
pensamento leigo.
A ênfase do autor repousa na relação religião e moral, e na cumplicidade
existente entre eles, de maneira que uma sem a outra não tem sentido. Assim, ele
valoriza tanto uma como a outra e a desintegração pode trazer prejuízos para o
tecido social.
O elemento essencial da religião é a fé, sem ela a religião não existiria.
Viana (2005, p. 149), falando sobre a validade da intersubjetividade da fé, diz:
Ora, a linguagem religiosa, em todos os níveis, pressupõe, além das
expressões lingüísticas usadas cotidianamente, outros enunciados
que contém assertivas sobre a realidade divina e a criada por Deus.
Ainda, nesse mesmo raciocínio, Pannenberg apud Viana (2005, p. 149),
acentua:
Não se pode pôr em dúvida que os indivíduos que expressam suas
convicções religiosas aludem, com tais expressões, a realidades
específicas, normalmente divinas, criadas por Deus, e que querem
afirmar algo sobre elas como verdadeiro
117
Pannenberg valoriza as assertivas da do povo laico. Essa atitude
certamente é condizente com a realidade da formação religiosa encontrada pelo
Docente.
Deve-se registrar que os grupos religiosos desenvolveram um trabalho todo
especial na área de Educação Religiosa principalmente os evangélicos de missão,
dando uma boa formação teológica aliado a um bom conteúdo temático atualizado e
aplicando uma metodologia didática de excelência.
Quem se propõe a ensinar” sobre Deus precisa vivenciar uma
interação com ele. Do contrário, Deus será equiparado a um mero
“ente de razão”, a uma abstração hipotética, que não chega a
envolver a totalidade de cada pessoa... Caso contrário, a prática
educativa pode cair numa mera atividade burocrática sem vida e
sem sentido. (Programa de currículo mínimo para o ensino
fundamental e médio Secretaria da Educação e Cultura do Estado
de Goiás.
Para falar do professor, precisamos falar do fazer pedagógico, da construção
de saberes, da transformação e construção de vidas, e ainda e muito mais, de amor,
de afeto, e acima de tudo da construção de conhecimento.
Sendo o professor o grande transmissor responsável pelo conhecimento
construído e perpassado no âmbito da sala de aula, muito se espera dele. A
expectativa que se tem de um professor é que o mesmo saiba transmitir o ensino,
domine o conhecimento de sua área, que envolve os aspectos transcendentais,
ético, moral, teológico, cultural e científico.
Para Maciel e Neto apud Silva (2005, p. 49),
A formação de professores deve fornecer as bases para a
construção dos saberes docentes. É necessário propor uma
formação inicial e continuada que desencadeie ao exercício
profissional. É fundamental considerar os saberes da experiência.
Trata-se de saberes múltiplos, que devem ser articulados na prática,
no contexto do processo docente na ótica da atividade reflexiva.
Conforme as colocações do autor, a formação do professor precisa ser o
veículo que o equipará para sua atuação na construção dos saberes, levando em
consideração a complexidade do seu campo de ação. Daí seu grande diferencial,
118
embora deva ser uma pessoa cuja espiritualidade condiga com o conteúdo
disciplinar, ela vai lidar com a difícil tarefa de inter-relacionar os conhecimentos
científicos com as experiências da fé.
O Programa de Currículo Mínimo para o Ensino Fundamental e Médio da
Secretária do Estado de Goiás (1992 p. 38), relaciona algumas posturas que devem
ser encontradas no docente do Ensino Religioso nas Escolas Públicas daquele
Estado e que são relevantes
Uma condição de testemunho, anunciando com a palavra, sob
mediação da didática, aquilo que vivencia como experiência religiosa;
Uma postura profética, que o autorize falar acerca de Deus (que se
personificou na história)...
Empatia, isso porque a educação religiosa se faz entre gerações,
experiências e interpretações conflitivas;
O exercício da linguagem da fé, buscando o sentido mais profundo da
existência da pessoa humana em sua relação com a transcendência,
tendo presente a realidade pluralista e as opções pessoais que
formam o conjunto da realidade escolar. (grifo nosso)
A docência do Ensino religioso o se traduz em ser diferente dos demais
ensinos na escola, uma vez, que o mesmo, está inserido no contexto escolar com
todas as complexidades próprias do sistema.
O Professor de Ensino Religioso, enquanto educador, vivencia todas as
experiências que são inerentes à Prática Pedagógica, como: Planejamentos,
cumprimento de carga horária, organização e elaboração do conhecimento que deve
ser passado, participação da vida escolar e atividades normais da Prática Educativa.
Sendo assim, o profissional do Ensino Religioso, além de ser tudo isso, ainda
é responsável por algo que é próprio da vida religiosa; estamos agora falando da
questão transcendental, referente ao Sagrado, daí seu trabalho não se restringe ao
mero exercício do ensino, mas também do serviço pastoril; o professor de ensino
Religioso tem um compromisso com o ensino sobre DEUS e isso requer interação
com ele e com sua Palavra.
O Professor do ensino Religioso é especial no sentido de estar se propondo a
ensinar sob a mediação da Didática, a palavra do conhecimento da fé e do seu
Autor. Esse profissional deve dar testemunho de vivência como o Ser Sagrado,
obedecendo às diretrizes da LDB respeitando à diversidade cultural brasileira.
119
Espera-se desse Docente uma conduta totalmente profissional que respeite a
diversidade religiosa e cultural da comunidade. Dialogando com todos os
seguimentos religiosos sem preconceitos, conhecedor que deve ser da origem de
cada vertente religiosa, dos seus fundamentos teóricos e da sua história.
As mudanças sociais desempenham um processo histórico de cobrança ao
professor para que o mesmo cumpra todas as novas tarefas que lhe são atribuídas.
Paralelamente, observa-se que não houve mudanças significativas na sua formação
acadêmica. Esteve (1995, p. 100) dá-nos uma boa contribuição nesse aspecto:
Os professores do ensino primário continuam a ser formados de
acordo com velhos modelos normativos, aos quais se juntaram, em
muitos casos, as descobertas da psicologia da aprendizagem dos
últimos vinte anos. Os professores do ensino secundário formam-se
em universidades que pretendem fazer investigadores
especializados e nem por sombras pensam em formar professores.
Não é portanto de estranhar que sofram autênticos “choques com a
realidade”, ao passarem, sem preparação adequada, da
investigação sobre... para a prática de ensinar a quarenta crianças
de um bairro degradado os conhecimentos mais elementares da...ou
da filosofia.
Os valores a serem transmitidos pela disciplina de Ensino Religioso requerem
o acesso imediato a novas fontes de informação, tais como: A Antropologia, História
da Igreja, História das Religiões, História da Educação Religiosa no Brasil,
Sociologia da Religião, Psicologia Infantil e Educacional, Artes e Culturas, Filosofia,
Teologia Reformada e Católica, Relações Humanas, Aconselhamento Cristão.
O campo de ação dessa disciplina, a sua imagem social e religiosa, o valor
que a sociedade atribui à própria educação acentuam essas novas fontes de
conhecimento como indispensáveis para o alcance dos objetivos propostos e
almejados pela própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e pela sociedade que anseia
por uma vida pautada pela dignidade, pelos valores nobres da alma, pela justiça
social, pela igualdade de direito, pela ética, etc.
De todas essas disciplinas citadas, a Teologia consiste num desafio a ser
transposto. Tem sido mais cômodo deixá-la à parte. O que se pretende é extrair o
saber de todas as fontes de conhecimento ainda que a Teologia não seja uma
ciência de cunho científico é a ciência divina. O ser humano para ser completo,
precisa de DEUS. Sem Ele, nada somos e nada podemos fazer.
120
Para combater essa tendência de isolamento e independência disciplinar
Schaeffer (2002, p. 24), escreve:
Hoje temos um ponto fraco no nosso sistema educacional, na falha
em entender a associação natural entre as disciplinas. Tendemos a
estudar todas as disciplinas isoladamente, como linhas paralelas
que jamais se tocam. Isto tende a valer tanto para a educação cristã
quanto para a secular. Esta é uma das razões porque os cristãos
evangélicos têm sido pegos de surpresa pelas tremendas mudanças
que acontecem em nossa geração. Temos estudado a exegese pela
exegese, a teologia pela teologia, a filosofia pela filosofia;
estudamos algo sobre a arte enquanto arte, estudamos algo sobre a
música enquanto música, sem entender que estas coisas são
relativas ao homem, e as coisas relativas ao homem não estão
sobre linhas paralelas que nunca se tocam.
A filosofia da educação moderna, precisa ser acima de tudo democrática. Ao
se falar tanto de inclusão social e escolar, o podemos excluir o ensino religioso
das reflexões acadêmicas uma vez que a religião sempre fez parte do tecido social
de maneira atuante e influente.
4.2.2 Modelos de Ensino Religioso
Passos (2007), apresentou no IX Seminário de Capacitação Docente para o
Ensino Religioso na PUC-SP em outubro nas 2006, um trabalho científico onde ele
procura mostrar de forma pressupostamente tecida, tendências predominantes nas
práticas do Ensino Religioso no decorrer da história, modelos operacionais
metodológicos a partir da fundamentação epistemológica. Os modelos
sistematizados por ele não são rígidos em si mesmos, podendo haver uma
articulação entre eles gerando novos modelos hipotéticos. São eles: o catequético, o
teológico, e o das Ciências da Religião. Pode-se somar a esses os modelos de
confissões religiosas e de critérios pedagógicos.
A epistemologia nesse sentido, visa captar os fundamentos teóricos / práticos
com vista a análise genética fundantes do fazer o Ensino Religioso e o que fazer no
Ensino Religioso. Construção que passo por um processo de formação e afirmação
legal.
Seguindo a linha histórica do Ensino Religioso, é possível obter elementos
muitas vezes hegemônicos e subjacentes, que possibilitaram o autor a chegar a
121
essas conclusões, modelando-os criteriosamente nesses modelos; os quais,
seguem uma linha cronológica.
O modelo catequético é sem dúvida, o mais antigo; faz parte de um período
em que a religião gozava de uma posição política preponderante, homogênea
quanto ao tecido social/religioso. Em seguida, vem o modelo teológico numa
dialética com a sociedade secularizada e os fundamentos antropológicos. O terceiro
modelo, ainda informe, é do âmbito das Ciências da Religião, o qual, “fornece
referências teóricas e metodológicas para o estudo e o ensino da religião como
disciplina autônoma e plenamente inserida nos currículos escolares” (PASSOS, p.
28, 2007)
4.2.2.1 O Modelo Catequético
Esse modelo é o mais duradouro historicamente falando; durante a Idade
Média ou Idade das Trevas, sob a hegemonia da Igreja Católica no mundo ocidental,
não sofreu nenhuma oposição quanto à prática do ensinamento religioso com a
finalidade catequética, doutrinadora e expansionista dos fundamentos da . A seu
favor estava a cultura pacífica convencida que ela era a única Instituição que
representava o governo de Deus na terra, todos lhe deviam honras, respeito,
obediência irrestrita e absoluta. Como mediadora entre Deus e os homens, seus
ensinos eram vistos e recebidos pela sociedade da época como sendo a própria
vontade divina e por isso devia-se temer e obedecer, (quem tinha juízo obedecia),
caso contrário, eram excomungados e queimados.
Esse sistema não se reportava apenas internamente, isto é, no reduto
eclesiástico, mas ocupava também as escolas públicas e confessionais.
Os reformadores protestantes também utilizaram esse modelo no contexto
escolar próprio, confessional.
No Brasil com a mudança do regime de Governo, quando da implantação da
República e a primeira Constituição Republicana em 1891, o país se definiu como
laico, rompendo o vínculo que a séculos vinha mantendo com a Igreja Católica,
política e religiosamente
A partir década de 1930, nas diversas Constituições, o Ensino Religioso volta
à arena do sistema de ensino sob a égide das confessionalidades, o aluno tinha a
liberdade de escolher sua própria corrente religiosa.
122
Passos, (2007, p. 29), diz que:
O caráter facultativo mantinha sua ligação com as
confessionalidades, garantindo, ao mesmo tempo, o direito à
formação religiosa e a laicidade dos currículos escolares como m
todo. Essa ligação manteve uma continuidade entre as comunidades
religiosas e as escolas e reproduziu no interior destas as catequeses
das Igrejas que conquistavam espaço. Ainda que estejamos longe
de uma legitimação dessa prática, o modelo catequético ainda
subsiste em algumas práticas de Ensino Religioso.
Sob um olhar didático da sua estruturação e operacionalidade entre os
modelos, ou comum a ambos, favorecendo uma visão sinótica e comparativa entre
eles (PASSOS, 2007).
TABELA 15
Modelo Catequético
Fonte: PASSOS, João Décio. Ensino Religioso: mediações epistemológicas e finalidades
pedagógicas. In: SENA, Luzia (Org.). Ensino Religioso e formação docente. São Paulo: Ed.
Paulinas, 2007, p. 30.
O autor aponta que cada modelo foi elaborado sob um olhar a partir da
cosmovisão religiosa que os sustentavam, como: o contexto político, que
contemplava a relação entre Igreja e a sociedade; verifica-se ainda, a questão dos
conteúdos a serem ministrados em todas as séries; a didática adotada e as
afinidades que mantém com as respectivas correntes pedagógicas. Cada modelo
aponta para seus objetivos de forma expressiva, e revela os sujeitos responsáveis
por sua gestão e execução sem esconder os riscos que toda a prática pedagógica
educativa possui, o mesmo autor, alerta os leitores, e estudiosos, para o significado
Cosmovisão Unirreligiosa
Contexto político Aliança Igreja-Estado
Fonte Conteúdos doutrinais
Método Doutrinação
Afinidade Escola tradicional
Objetivo Expansão das Igrejas
Responsabilidade Confissões religiosas
Riscos Proselitismo e intolerância
123
dessa operação metodológica que trás consigo riscos de simplificações e
incompreensões. (Passos, 2007).
4.2.2.2 O Modelo Teológico
Segundo Passos (2007), A expressão “teológico” privilegia uma concepção de
Ensino Religioso que almeja uma fundamentação que se projeta além da
confessionalidade estrita, de tal forma, que supera a prática catequética. A
justificativa teológica do Ensino Religioso se apresenta de forma contextual, com
discurso dialógico envolvendo a sociedade de modo geral e as diversas confissões
religiosas. Nesse aspecto, é um modelo moderno que supera a visão proselitista à
medida que apresenta questões religiosas em diálogo com as demais fontes do
saber dentro do ambiente escolar e acadêmico.
TABELA 16
Modelo Teológico
Fonte: PASSOS, João Décio. Ensino Religioso: mediações epistemológicas e finalidades
pedagógicas. In: SENA, Luzia (Org.). Ensino Religioso e formação docente. São Paulo: Ed.
Paulinas, 2007, p. 31.
A convicção de que a religião é fundamental para a construção do cidadão
respeitador, ético, piedoso, sensível a necessidade do homem como ser social e
transcendente, norteia esse modelo, embora sua ação na maioria dos casos esteja
vinculado aos sistemas confessionais e por vezes, aos atores do Ensino Religioso
nas escolas.
Cosmovisão Plurirreligiosa
Contexto político Sociedade secularizada
Fonte Antropologia, teologia do
pluralismo
Método Indução
Afinidade Escola nova
Objetivo Formação religiosa dos
cidadãos
Responsabilidade Confissões religiosas
Riscos Catequese disfarçada
124
Assim, não deve-se relaxar no que diz respeito a sua prática, evitando o
discurso catequético em sala de aula; preservando o espírito laico, valorizando o
respeito e as liberdades religiosas de cada componente do grupo.
Passos, (2007, p. 31), diz que:
A teologia não configura, necessariamente, conteúdos
confessionais nas programações de ER, mas age, sobretudo, como
um pressuposto que sustenta a convicção dos agentes e a própria
motivação da ação; a missão de educar é afirmada como um valor
sustentado por uma visão transcendente do ser humano. A
religiosidade é, portanto, uma dimensão humana a ser educada, o
princípio “fundante” e o objetivo fundamental do ER escolar
.
4.2.2.3 O Modelo das Ciências da Religião
Esse modelo envolve demolições e construções de natureza política, cultural,
eclesial e teórica em nome da autonomia epistemológica e pedagógica do Ensino
religioso (Passos, 2007). Autonomia pregada insistentemente pela comunidade
acadêmica, especializada, e cientistas.
Tworuschka apud Usarski (2006, p. 16), numa frase a Ciência da Religião é “a
filha emancipada da Teologia”. Corta-se o cordão umbilical, dando-lhe o caráter
emancipador, independente institucionalmente falando, da sua disciplina-mãe, no
universo acadêmico.
A Ciência da Religião como vertente do conhecimento, aproxima-se de seus
objetos de pesquisa procurando fundamentar-se no pretencioso princípio científico
da neutralidade.
Como descreve Usarski, (2006, p. 17):
Diferentemente da Teologia, cujos representantes são geralmente
comprometidos com o Cristianismo tanto como referência religiosa
particular quanto como privilegiada matéria de análise, a Ciência da
Religião é virtualmente irrestrita quanto aos fenômenos
considerados por ela dignos de investigação. Aproxima-se de seus
objetos por um interesse primário isento de motivos apologéticos ou
missionários. A consciência da “relatividade” e a postura de um não
“não-etnocentrismo” diante das expressões múltiplas no mundo
religioso, a capacidade potencial de abstração religiosa de si
mesmo” e indiferença” a respeito das contraditórias pretensões da
125
verdade com as quais o pesquisador é confrontado na realização de
seus projetos, são competências-chave que caracterizam a Ciência
da Religião. Porém, os resultados de uma pesquisa realizada a
partir desses princípios variam segundo as preferências particulares
dos cientistas da religião envolvidos
Percebe-se que nesse texto o autor pontua a liberdade do pesquisador
quanto ao objeto de seu interesse, de conduzir o resultado da pesquisa dentro do
parâmetro da “relatividade”, do “não-etnocentrismo” e de uma capacidade de
abstração de si próprio no que diz respeito aos pressupostos da e da
religiosidade, parece que esse ideário, se perde ou se contradiz quando ele conclui
que os resultados sofrem ingerência de acordo com as preferências pessoais dos
pesquisadores. Logo, os fundamentos epistemológicos ficam prejudicados e
comprometidos; uma vez, que tudo o que é analisado segundo os princípios do
relativismo é destituído de solides. Lembrando, a busca da verdade não faz parte do
seu fundamento ideológico ou teórico. Ora, se o objetivo das pesquisas científicas é
descobrir o que é óbvio, descobrir a verdade deve ser o que venha ocupar todo
interesse metodológico empregado nas pesquisas científicas para que haja méritos,
confiabilidade, caráter, segurança, etc.
Concomitantemente, sem uma epistemologia definida não é possível haver
ensino na área do conhecimento. Esse deve ser o MR
80
(marco de referência) a ser
estabelecido na formação dos docentes dentro de uma moldura epistemológica
definida e concreta.
Retornando as colocações de Passos (2007), o modelo das Ciências da
Religião se enquadra na categoria do “Ideal”. Abordando-a numa perspectiva
antropológica e sociocultural.
80
MR é uma nomenclatura usada nas Engenharias Civil, Agrimensura, etc. como marco inicial de
uma determinada medição topográfica da área poligonal a ser medida. Todo levantamento
topográfico começa a partir dela
126
TABELA 17
Modelo das Ciências da Religião
Fonte: PASSOS, João Décio. Ensino Religioso: mediações epistemológicas e finalidades
pedagógicas. In: SENA, Luzia (Org.). Ensino Religioso e formação docente. São Paulo: Ed.
Paulinas, 2007, p. 33.
O conhecimento ofertado pelo Ensino Religioso contribuirá significativamente
na formação do cidadão, devendo a mesma está debaixo das mesmas exigências
que submetem as demais disciplinas do sistema educacional.
Portanto, nesse modelo não afirma o ensino da religião como uma
atividade cientificamente neutra, mas com clara intencionalidade
educativa, postula a importância do conhecimento da religião para a
vida ética e social dos educandos. As religiões particulares são
transcendidas, na busca de uma visão ampla capaz de abarcar as
diversidades e, ao mesmo tempo, captar a singularidade que
caracteriza o fenômeno enquanto tal. Nesse sentido, trata-se de
uma visão transreligiosa que pode sintonizar-se com a visão
epistemológica atual, que busca superar a fragmentação do
conhecimento posta pelas diversas ciências com suas
especializações e alcançar horizontes de visão mais amplos sobre o
ser humano. (PASSOS, 2007, pp. 32-33)
Seguindo essa perspectiva antropológica e sociológica do Ensino Religioso, O
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER), elaborou, assim,
Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores na área do Ensino Religioso a nível
de: Graduação – Licenciatura; Pós-graduação: Lato Sensu; e Extensão.
O FONAPER fundamenta essas diretrizes nos princípios dos Parâmetros
Curriculares Nacionais do ER, demonstrando uma preocupação em atender a
pluralidade cultural e religiosa brasileira, de forma ética e sem proselitismo.
Cosmovisão Transreligiosa
Contexto político Sociedade secularizada
Fonte As Ciências da Religião
Método Indução
Afinidade Epistemologia atual
Objetivo Educação do cidadão
Responsabilidade Comunidade científica e do
Estado
Riscos Neutralidade científica
127
Pressupondo desta forma, a respectiva formação, competência, qualificação e
capacitação do profissional docente nesta área do conhecimento.
Na sua Episteme, o Ensino Religioso transcende ao conhecimento
dogmatizado, institucionalizado no espaço tradicionalmente religioso. Seu enfoque
repousa nas dimensões: psicológica, teológica e as já citadas acima, antropológica e
sociológica.
Ver-se que o cerne do conhecimento enfoca o ser humano como humanidade
diversificada culturalmente, historicamente e religiosamente. Assim, o seu objetivo é
investigativo quanto ao fenômeno religioso e as suas implicações nas ações
humanos, no seu relacionamento com as diferenças culturais e a forma como ela se
insere e se adapta na construção do tecido social, levando consigo, os elementos
pertinentes ao transcendente, ao divino, e com eles, cria e recria novos modelos
sociais, renovando as gerais na perspectiva de um mundo melhor, de homens e
mulheres solidários.
Transcreve-se neste trabalho as Diretrizes Curriculares da Licenciatura, todo
o programa, na página seguinte, como um método visual fundamental e seqüencial
do assunto exposto, com vista a futuras comparações, investigações e análises por
parte de algum leitor que se interesse no aprofundamento do assunto.
128
TABELA 18
Currículo do Curso de Licenciatura em Ensino Religioso (3anos) mais às 405 horas/aulas de
especialização
Formação Áreas
Temáticas
Disciplinas Características
Créditos Hora
Aula
Créditos
Língua
Portuguesa
Linguística Obrig.
2 30 2
Produção do
Conheci-mento
Metodologia do
trabalho
cientifico
Obrig.
2 30 2
Projetos de
Pesquisa
Obrig.
2 30 2
Informáti-ca Informática e
Educação
Obrig.
2 30 2
G
E
R
A
L
SUB-TOTAL DA FORMAÇAO GERAL 8 120 8
Sociologia Sociologia da
Educação
Obrig.
2 30 2
Filosofia Filosofia na
Educação
Obrig.
2 30 2
Historia Historia da
Educação
Obrig,
2 30 2
B
A
S
I
C
A
SUB-TOTAL DE FORMAÇAO BÁSICA
6 90 6
Epistemologia
do Fenômeno
Relig.
Obrig.
6 90 6
Fundamen-tos
Epistemológi-
cos do Ens.
Religioso
Psicologia e
Trad.
Religiosas
Obrig.
4 60 4
Cultura
Religiosa
Obrig.
4 60 4
Historia e Trad.
Religiosas
Obrig.
4 60 4
Filosofia das
Trad.
Religiosas
Obrig.
3 45 3
Culturas e
Tradições
Religiosas
Sociologia e
Trad Religiosas
Obrig.
3 45 3
Historia das
Narrat. Sagr. I
e II
Obrig.
2 90 6
Textos
Sagrados I e
II
Obrig.
4 120 8
Escrituras
Sagradas
Hermenêutica
das escrituras
sagradas
Obrig.
4 60 4
E
P
I
S
T
E
M
O
L
Ó
G
I
C
A
Teologia
Comparada
Cosmogonia e
Cosmologia
Obrig.
4 60 4
129
Teologia nas
tradições
religiosas I, II e
III
Obrig.
3 105 7
Antropologia
Teológica
Obrig.
2 30 2
Ética nas
tradições
religiosas
Obrig.
4 60 4
Ethos
Ética no
Ensino
Religioso
Obrig. 4 60 4
SUB-TOTAL FORMAÇAO PISTEMOLÓGICA
51 10 2 945 63
Didática do ER Obrig.
4 60 4
Didática
Metodologia do
ensino religioso
Obrig.
4 60 4
Psicologia do
desenvolvimen-
to
Obrig.
4 60 4
Psicologia da
aprendizagem
Obrig.
4 60 4
Psicologia da
educação
Psicologia e
religiosidade
Obrig.
4 60 4
Seminário de
integração
Obrig.
2 30 2
Integração
curricular
Trabalho
monográfico
Obrig.
6 90 6
Pratica de
ensino
Estagio de
supervisionado
em ER I e II
Obrig.
10 300 20
Legislação de
ensino
Estrutura e
funcion. de
educação
básica
Obrig.
4 60 4
Paradigmas
educacionais
Obrig.
4 60 4
Paradigmas
educacionais e
o ensino
religioso
Paradigmas do
ER
Obrig.
4 60 4
P
E
D
A
G
O
G
I
C
A
SUB-TOTAL DE FORMAÇAO PEDAGOGICA
50 10 900 60
TOTAL GERAL DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM
ENSINO RELIGIOSO
115
20 2 2055 137
130
4.3 A INCOMPLETUDE HUMANA DO PROFESSOR, UM PROJETO EM
CONSTRUÇÃO
Falar em formação de professor é falar de construção, de criação, de
interação de todo um projeto que está em constante progressão.
O professor será sempre um ser incompleto, por isso falamos que no projeto
de construção ou de formação, levamos em conta, os seus sentimentos, suas
mentalidades e desejos; desejos que se expressam no ensinar e no aprender, na
troca do conhecimento repassado e recriado.
Na perspectiva formativa do professor, é preciso destacarmos a incompletude
dos aspectos humanos, que permeiam as esferas do seu intelecto, e apontam os
alcances da sua formação.
É necessário primeiro pensar no homem ou na mulher que se debruça sobre
a expectativa acadêmica com todas as suas limitações.
A formação do professor envolve um ser que vive e que é sujeito do
conhecimento ao longo da vida, que na perspectiva da humanização, enquanto
processo, o mesmo se insere para aprender a ser.
Como ouvimos dizer, que ninguém nasce feito. O ser humano nasce
humano em sua essência, porém terá que aprender a sê-lo, (Arroyo, 2000).
Os ideais da educação configuram-se a partir da própria LDB 9394/96, em
uma proposta de humanização que se traduz na emancipação, ou seja, no alcance
da formação humana, na atividade da construção crítica, da nova mentalidade
globalizada, moderna e contemporânea.
O processo civilizatório, insere-se na formação do professor do Ensino
Básico, por meio dos saberes repassados e construídos a partir da relação
professor-aluno, da convivência, da troca de ensinos e experiências que nos
ensinam a sermos humanos.
Como já disse Arroyo (2000, p. 54)
Podemos aprender a ler, escrever sozinhos, podemos aprender
geografia e a contar sozinhos, porém não aprendemos a ser
humanos sem a relação e o convívio com outros humanos que
tenham aprendido essa difícil tarefa.
131
O ofício de mestre, de pedagogo, vai encontrando seu lugar social
na constatação de que somente aprendemos a ser humanos em
uma trama complexa de relacionamentos com outros seres
humanos
.
O humanizar-se é adquirir os artifícios que constroem o ser aprendendo a ser
gente a despojar-se da imaturidade, da infantilidade do pensar, do agir e assumir
novas perspectivas de pensamentos, ações e atitudes comportamentais, que ao
apropriar-se de novas posturas, também constroem em colaboração com a
humanização de outros, num processo contínuo. Isso, essencialmente acontece no
processo educacional, como não dizer mais, especificamente, na formação do
professor, que ao deparar-se com todo o universo envolvente da escola, acaba por
entender que uma simples formação acadêmica, um curso de graduação não é
suficiente para atender às diversas necessidades que envolvem a constelação
escolar.
Nisso, encontramos de maneira explicita e implícita, a incompletude humana
do professor. Para esclarecer com mais precisão a questão, podemos dizer que,
essa incompletude está explicita quando o professor se depara de maneira clara em
situações do universo escolar, que o faz pensar, agir e descobrir respostas ou
soluções para determinados conflitos. Na formação acadêmica lhe foi passado
teoricamente que ele terá respostas e estratégias para todas as questões da prática
pedagógica. Enquanto que o mesmo, ao deparar-se com essa prática, percebe e
comprova a sua incompletude e afirma-se ainda que, de maneira subjetiva, a sua
incompletude humana; é o que faltou na formação inicial, é o completar-se
humanamente e o sentir-se em processo de construção, como sujeito do mesmo.
É preciso ter sempre em mente que a escola é a que temos e não a que
sonhamos e queremos ter. Que a escola é real e não ideal e que, portanto, o
professor também deve ser real, que deve ser formado vivendo e convivendo com a
realidade do sistema educacional. Com a realidade muitas vezes caótica do sistema
de ensino e da escola pública para que ao sair para o exercício da profissão não
leve para o campo de luta apenas as teorias idealizadas e construídas por uns
poucos educadores de gabinete e sob a égide dos caprichos políticos de cada
governo que a cada quatro anos edita um sistema “novo”.
132
Faz-se necessário e urgente estabelecer relações entre as concepções de
educação, o pensar e o agir do homem que leva em conta o ser que vive e é sujeito
do conhecimento ao longo da vida.
O homem, o professor e o aluno são seres gregários que participam
simultaneamente de um universo, de um contexto histórico, social, político,
econômico e cultural. E o professor à medida que ensina, constrói seu trabalho e
participa da construção do conhecimento do outro, modifica o mundo ao seu redor,
pois pode interferir nas políticas educacionais das gerações futuras, construindo,
discutindo e rediscutindo os valores morais, éticos e religiosos, bem como os
princípios e as práticas pedagógicas.
Maria Cândida Morais em seu livro O paradigma educacional emergente
(2004, p. 22), diz que: “a nossa maneira de viver-conviver, de ser, de perceber ou
não as contradições e injustiças determinam as nossas realizações e a qualidade do
conhecimento que construímos”. Isto porque o professor é alguém que pode
estrategicamente formar opiniões, transformar a sociedade que forma o sujeito
para construir a sua própria história enquanto tempo de possibilidade e não de
determinações que podem contribuir para as transformações do mundo.
Deve-se pensar não na formação do professor ideal, mas na formação do
professor real, haja vista que a escola é real e o ideal. Um professor que acredita
que cada escola é fruto das suas próprias contradições, que consegue transformar a
sociedade, e não que o melhor, é preparar o aluno para se adaptar a ela. Sabendo-
se que a maneira como age o professor revela seus valores éticos, morais e
religiosos, a sua consciência crítica, seus princípios e finalidades.
A escola bem como os cursos de formação de professores recebe e acolhe
pessoas, gente diferente, in-divíduos. Cada um com a sua individualidade trás seus
olhares, sua sabedoria e seus saberes que se junta a outros tantos, que se
completam e complementam. Contudo, é nesse espaço, nas construções coletivas,
nos diálogos do ensinar e aprender que a identidade do professor e as
multidimensões do seu trabalho vão se construindo. E é na construção
contextualizada e crítica que estabelece inter-relações de conhecimento e produz
com criatividade a identidade do professor, que caracteriza o que é “ser professor” e
não “estar professor”, que compreende, e faz acontecer às dimensões do trabalho
docente, e não uma linha de produção de profissionais para o mercado que vende o
ensinar e não o conhecimento.
133
Desta forma e nesse ambiente acontecem as conversas, a formação e os
saberes com quem gosta e quer aprender para aprender a ensinar.
A incompletude humana está implícita na formação do professor, justamente
na esfera da subjetividade; quando o mesmo compreende suas limitações, suas
dúvidas, necessidades e conflitos, e busca ao mesmo tempo o enriquecimento de
suas idéias, alívio de tensões, afim de que o desenvolvimento da prática seja
prazerosa, seja também um ato de realização e de satisfação.
As questões subjetivas que envolvem a formação do professor, não aparecem
nos currículos da faculdade. Por exemplo, aprendemos as várias áreas do
conhecimento, bem como as suas metodologias, porém nunca nos é ensinada como
sermos humanos, como ensinar e aprender a arte do relacionamento, da
convivência social, do respeito, da mutualidade, que nada mais é do que a
compreensão e a vivência do relacionamento humano, o con-viver (vivência com o
outro).
O aprender a ser é justamente essa dimensão básica da ação educativa. É
desenvolver-se no convívio com os semelhantes.
O mestre Arroyo (2000), nos remete a essas questões, quando aponta que,
esse convívio é expresso entre sujeitos, que ele acontece como expressão de
significados de aprendizagens da cultura, etc.
Ainda reitera, (p. 66 - 67):
Recuperar a humanidade roubada supõe ainda que nós, adultos,
nos revelamos tão humanos quanto os educandos. Aprendemos que
educar é revelar saberes, significados, mas antes de mais nada
revelar-nos como docentes, educadores em nossa condição
humana. É nosso ofício, é nossa humana docência.
Essa humana docência está permeada de caracteres essencialmente
humanas, que revelam a ingenuidade do pensamento, a fraqueza humana, mas
também a grandeza dessa humana docência, no sentido de aprender a aprender, no
convívio, na parceria, na mobilidade dos projetos educativos em construção e
desenvolvimento.
Nesse processo, humanos se fazem adultos e jovens que aprendem o que é
crescer; tornam-se maduros na busca de aprendizados e conquistas, por meio de
134
opções e possibilidades que lhes são oferecidas através da construção do
conhecimento.
Muitas vezes essa humanização acontece de forma programada, intencional
no processo pedagógico e às vezes até em forma de adestramento para adequar o
ser ao que a sociedade quer e cobra. É o tempo da escola na representação dos
papeis, e na construção do saber dirigido, que se constrói no âmbito da sala de aula.
É curioso observar a adolescência excitada, rebelde, resistente, auto-
suficiente, mas carente, e carente do quê? Carente de família, de amor, de limites,
de disciplina e de ser cobrado e não de trocar a falta de tempo por presentes, por
bens materiais. Essa carência pode facilmente ser identificada, no rosto ingênuo,
nos questionamentos e nas atitudes imaturas que querem chamar atenção cobrando
limite, atenção e carinho. Nisso todos crescem e todos se humanizam, docentes e
discentes.
Nessa experiência, todos são aprendizes, não existem maiores nem menores,
a relação é de cumplicidade, de entrega e de igualdade.
Para Cury (2003), a educação precisa humanizar o professor, cruzar sua
história, contar das suas lágrimas e alegrias, dos sonhos e frustrações.
“A Educação moderna está em crise, porque não é humanizada, separa o
pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, em fim,
separa o sujeito do objeto.” (CURY, 2003, p. 139).
Por essa razão, muitos jovens sabem lidar com a tecnologia mas não consigo
mesmo. Nesse sentido essa proposta educacional produz executivos capazes e pais
e filhos frustrados, que não conseguem superar conflitos.
Para se valorizar o conhecimento, é preciso saber quem foi o seu autor,
conhecer sua vida, seu sacrifício para obtê-lo. É bom que o aluno saiba das noites
perdidas de sono de seus professores, do seu stress, do seu esforço para estar ali.
Que todos os cientistas tiveram seus chorar, suas dúvidas, suas lutas interiores e
que as venceram.
É preciso fazer o resgate de suas histórias, com técnicas de aulas que
estimulem a paixão pelo conhecimento e os torne engenheiros de idéias (Cury,
2003).
Ainda comenta Cury (2003, p. 137)
135
Os jovens sairão do ensino médio e universitário desejando se
espelhar em modelos de empreendedores, tais como cientistas,
médicos, juristas, professores, enfim, os atores que transformam o
mundo, e não em modelos fotográficos e artistas que do dia para
noite ganham os holofotes da mídia.
A proposta da relação humanizada de professores e alunos, tem sido
apontada com veemência pelos autores citados, porem, não tem sido a perspectiva
vivida em grande parte do universo escolar, que ainda se conserva hermético,
intocável na conservância de aspectos e tendências tradicionais, e liberais de uma
educação bancária, conservadora, que está mais preocupada com o repasse da
informação, do que a vivência da mesma.
Estes são aspectos que não cabem mais no modelo atual de sociedade que
temos nas propostas de gestão democrática emergentes, e muito menos na
qualidade e tipo de aluno que queremos formar.
Precisamos, como propunha Paulo Freire, praticar a Pedagogia do
Oprimido, libertar o nosso aluno, formá-lo com capacidades e habilidades que
consigam resolver conflitos, amar a liberdade do saber na auto-configuração
responsável.
Para Freire, (1981, p. 3), “a prática da liberdade encontrará adequada
expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de reflexivamente,
descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica”.
As palavras de Freire referentes ao oprimido são as mais claras expressões
da capacidade humana, não do aluno, mas também do professor, no sentido de
que ao ensinar, ao formar, ao viver e construir o conhecimento anteriormente
aprendido, também está ali, completando seu projeto de vida, complementando sua
incompletude humana.
Pensando em todas as questões que envolvem o contexto da Educação
Básica em nosso país acabamos interpretando nossa idéia de maneira utópica no
tocante às relações humanas de sala de aula. Na verdade, o que temos falado está
mais para uma proposta, do que para a realidade, vivida e experimentada.
A educação em nosso país, principalmente o processo educacional da escola
pública, tem passado desde os primórdios de sua implantação ao momento atual,
por delicadas indefinições, buscas, estudos, conflitos, acertos, conquistas que
136
influenciaram e influenciam a formação do professor diretamente. Muito mais ainda,
no tocante a incompletude humana do mesmo.
O trabalho do professor está intrinsicamente ligado ao trabalho de sua alma,
por isso, ele aponta as questões subjetivas, o esforço emocional, psíquico, a luta
pela permanência da boa auto-estima, no transpor da experiência.
Ensinar envolve todo o estado emocional, mental e psíquico que compõe a
personalidade humana. Precisa-se estar bem em todas essas esferas para transpor
os conhecimentos aprendidos e vivenciados.
Para entender a humanidade e a incompletude do professor, precisamos levar
em conta, a realidade caótica das nossas escolas, o clima de tensão e violência que
envolve a sociedade como um todo, a inconstância e a incapacidade das famílias
em criar seus filhos dotados de valores morais, éticos e espirituais. Assim, diante
destes pontos frágeis que colaboram para o fracasso da escola, o professor é o
primeiro alvo atingido nessa guerra.
Dessa maneira, o professor que também é um ser em formação, adquire
determinadas imperfeições que se instalam em sua personalidade profissional, em
suas crenças, etc. Daí, tão grande a quantidade de docentes doentes, stressados,
afastados de suas atividades, aguardando aposentadorias.
Nas colocações de Freire (1981), estão colocadas de maneira enfática as
discussões sobre a educação bancária e suas implicações, bem como, a educação
libertadora como agente construtor da personalidade autônoma.
A educação bancária foi em décadas passadas o agente responsável pela
frustração do professor hoje, pela sua incompletude profissional e humana.
Entendemos o fracasso, a frustração do professor no ensino básico, é que
diante de tantos desafios, o mesmo sente-se sem chão, sem estrutura, sem
condições de lidar com situações em conflito.
O sistema educacional, não lhes preparou sombra para esse momento, que
seria de angústia e de impaciência.
A incompletude do professor é revelada a partir dessas questões, no que
passamos a entendê-lo melhor.
A educação da qual temos falada, não lhes preparou sobra, quando não
trabalhou a emoção da criança em formação; não educou os jovens, propiciando-
lhes uma consciência crítica e investigativa.
Para Freire, (1981, p. 67),
137
Na concepção “bancária” que estamos criticando, na qual a
educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e
conhecimentos, não se pode verificar esta separação. Pelo
contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo dimensão da
“cultura do silêncio”, a “educação bancária” mantém e estimula a
contradição.
Nesse sentido, o ato de educar aparecia de forma imposta, totalmente
subordinadora, sem efeito para construção do saber experienciado. A experiência
era narrada ou transmitida, mas nunca vivida.
O próprio educador, no estilo da educação bancária, acompanhava o ritmo e
ele próprio não se dá conta da prática do bancarismo.
No sistema educacional, de proposta passiva e doméstica, os que praticam a
educação bancária, estão a serviço da desumanização sem perceber; dessa forma
que nos “depósitos” encontram-se as contradições do ato de educar, revestidas de
uma exterioridade enganadora. (FREIRE, 1981)
O contexto educacional contemporâneo, apesar das muitas “súplicas” que
partem do ser estudantil por uma prática libertadora de educação; ainda permite em
determinados seguimentos educacionais, uma prática que carrega em seu bojo,
muitos resquícios bancários. Pois, encontramos escolas que permitem o ensino
mecanizado, comprometido com a prática dissociada dos princípios de autonomia.
A pedagogia da autonomia, nacionalmente discutida por Freire, ainda não foi
incorporada na prática pedagógica de maneira geral e sistemática, no universo
estudantil e escolar.
Isso tem sido um conflito para a maioria dos educadores da Educação Básica.
Quando recebem da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96),
mandos de uma proposta educacional baseada em princípios da autonomia
acoplados a uma gestão democrática, que deve promover a autonomia dos
educadores e dos educandos, bem como uma cultura participativa na comunidade.
Para Padilha, (2002, p. 63 - 64),
A gestão democrática implica permanente consulta, divulgação de
informações, realização de debates, seminários e assembléias, etc.
de modo a criar uma verdadeira cultura de participação. [...] Para ser
eficaz, a gestão democrática precisa ser regulamentada, deixando
138
claro quais as regras da participação. As secretarias de educação,
por isso, precisam discutir e definir suas políticas de gestão
democrática e estabelecê-las em leis próprias que garantam
organicamente a participação.
Em meio a tudo isso, o educador em sua incompletude humana, que nada
mais é do que o desenvolvimento do processo de formação depara-se com
situações que lhe impõe dificuldades, Nessa perspectiva, o educador divide
sentimentos e expectativas que de maneira direta e indireta, atrapalham o
desenvolvimento do processo formativo.
Na angústia do seu ser humano em desenvolvimento e de seres em
desenvolvimento, ou seja, sujeitos em processo de emancipação, avolumam-se
transtornos emocionais que denotam a falta de uma incorporação da pedagogia
libertadora ou melhor, no dizer de Freire, Pedagogia da Autonomia.
Arroyo, (2002, p. 41), diz que:
A formação do ser humano possível à espera na infância sempre
nos interrogará em nosso próprio percurso humano. Estaremos
obrigados a ser mais do que competentes, a manter-nos em uma
constante autoformação formadora. Quando educamos uma criança,
ou interrogamos a formação do espírito possível, à espera na
infância dos educandos, estaremos interrogando essa questão em
nós. A função pedagógica, educativa não apenas é um dever para
os educandos, mas para os mestres. É um ofício que nos interroga,
nos confronta com nosso próprio dever ser o protótipo de ser
humano possível em nós.
Na verdade a Pedagogia da Autonomia ou melhor se expressando educação
emancipadora, como expressão do amor na escola, vivência e trocas da
experiência, na conquista de saberes e educativos, que se concretizam a partir de
uma prática educativa comprometida com a igualdade dos sujeitos envolvidos no
processo.
Mais uma vez o dizer de Freire, (1981, p. 77) menciona que:
A Educação que se impõe aos que verdadeiramente se
comprometem com a libertação não pode fundar-se numa
compreensão dos homens como seres “vazios” a quem o mundo
“encha” de conteúdos; não pode basear-se numa consciência
139
espacializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos
homens como “corpos conscientes” e na consciência como
consciência intencionada ao mundo. Não pode ser a do depósito de
conteúdos, mas a problematização dos homens em suas relações
com o mundo.
Quanto a isso, observamos as metodologias utilizadas por professores de
escolas públicas principalmente, em que os conteúdos são repassados, sendo
tirados literalmente dos livros didáticos; transcrevem-se os exercícios para a lousa,
mandam-se que os alunos copiem e façam os exercícios individualmente nos
cadernos e depois serão corrigidos com alguns voluntários indo até a lousa.
Essa prática acompanha o dia-a-dia dos nossos professores, de maneira
impregnada e os mesmos não conseguem enxergarem-se fora dela, não vêem outra
opção, de forma que a aula possa envolver aspectos que privilegiem a socialização
e a autonomia do aluno.
A problematização não passa por essa prática, e é dessa forma que as
escolas estão cheias de estudantes alienados, acostumados a mesmice das aulas,
sem criticidade, sem experiências e vivências que trabalhem com a formação do
cidadão em processo de emancipação, tendo como alternativa a pedagogia da
autonomia.
No dizer de Arroyo (2002, p. 45),
Podemos e devemos aprender saberes, conhecimentos, conteúdos
e ensiná-los. Porém, não será fácil ensinar com esses métodos o
trato da infância. Pressupõe esses saberes e exige outros. A
infância e a adolescência, seu desenvolvimento, seu tornar-se
possível nem sempre é o foco na formação de educadores e menos
ainda é o foco do próprio percurso formador dos docentes. Entre as
metodologias de requalificação de professores se espalha a reflexão
sobre a prática, a tematização da prática ou a partir do que os
professores fazem levantar temas, refletir sobre esses temas, para
estudar e teorizar, para redefinir práticas, para reaprender a fazer.
Esses métodos poderiam ir além de tematizar práticas, conteúdos e
métodos. Poderiam enfrentar os docentes com sua condição de
educadores, de condutores da infância. Poderiam contribuir para
que as professoras e os professores se descubram educadores,
pedagogos a acompanhar o pleno desenvolvimento dos educandos.
Educar essas dimensões exigirá mais do que tematizar práticas de
ensino.
140
A receita para uma prática formativa através da metodologia do ensino, teria
que se munir de exercícios questionadores fundamentados no livro, mas nem
sempre tirados literalmente deles; distribuição de tarefas como trabalhos em grupo
ou em duplas, dinâmicas essenciais às vivências dos alunos e dos professores no
relacionamento humano.
O tipo de prática mecânica ainda é resquício das tendências educacionais
liberais, que nada têm a ver com a Pedagogia da Autonomia.
A tendência Pedagógica atual tem sido apontada como: Crítico Social dos
Conteúdos, o que se interpreta pela proposta de formação do aluno crítico,
participativo e pleno. O que vem isto dizer? Temos tido essa resposta na formação
dos cidadãos? Que sociedade temos? Quais aspectos se privilegiam nos
relacionamentos entre as pessoas, nas vivências sociais?
Todas essas perguntas precisam ser feitas em processos de avaliações de
professores e educadores em geral. Em fim, a escola que temos é a escola que
queremos? Ou alongando-se mais na questão: a sociedade que temos é a que
queremos?
A inserção do Ensino Religioso na escola pública talvez tenha sido adicionada
com o intuito de alcançar ou de construir uma sociedade mais humana e mais
solidária, que é o sonho da sociedade. Embora sabendo-se que todo o conjunto das
disciplinas curriculares têm esse objetivo, no entanto, seus conteúdos são por assim
dizer, indiretos, margeiam esse foco, enquanto que, o conteúdo do Ensino Religioso
configura-se cerne desse ideário.
Voltando para o ensino de âmbito geral, se essas perguntas não podem ser
respondidas com inteireza então que se rever o sistema de ensino, as relações
humanas na sala de aula e fora dela, bem como, as práticas pedagógicas
existentes.
Conforme a perspectiva freireana da educação como prática da liberdade,
Freire (1981 p. 80) pronuncia-se com a seguinte fala:
“Assim é que, enquanto a prática bancária, como enfatizamos, implica
numa espécie de anestesia, inibindo o poder criador dos educandos, a
educação problematizadora de caráter autenticamente reflexivo, implica
num constante ato de desvelamento da realidade. A primeira pretende
manter a imersão; a segunda, pelo contrário, busca emersão das
141
consciências, de que resulte sua inserção crítica da realidade. Quanto mais
se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo,
tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais
desobrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio
na própria ação de captá-lo. Mas. precisamente porque captando o desafio
como um problema em suas conexões com os outros, num plano de
totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a
tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez mais desalienada”
É verdade que a Escola que temos não é a escola que queremos, mas não
podemos ficar apenas no sonho, precisamos tentar fazer a escola que temos, pelo
menos parecida com a escola dos nossos sonhos.
Se temos visto tanta violência na sociedade, pessoas descontentes,
revoltadas e sem solidariedade, podemos detectar aí o reflexo da educação sem
perspectiva de vida que é oferecida na escola.
O princípio de cidadania explicitado na LDB não tem sido a prática, nos
princípios que regem a maioria dos Projetos Políticos Pedagógicos na escola.
Cidadania é a razão de existir a escola como meio de educação eficaz. Uma
sociedade justa e igual se consegue com um projeto de educação eficaz, afinal
trabalhamos com sujeitos capazes de serem de fato plenos e educados em todo o
seu potencial humano.
Nessa perspectiva, não estamos nos referindo apenas aos alunos. A escola
também será justa e igual, atendendo as necessidades dos professores no que
tange aos aspectos formativos.
Arroyo (2002, p. 41), realça essa formação, apontando que:
É mais fácil questionar o sucesso ou fracasso dos alunos no
domínio de conteúdos e técnicas, de competências, do que, o
próprio mestre questionar a formação e o desenvolvimento humano
dele próprio, porque será sempre uma auto-interrogação. O
primeiro nos expõe a nossos domínios e competências, o segundo
nos expõe a nossa emancipação da condição infantil. Pensar e
mexer com a formação humana é um pensar nossa própria
formação, nosso próprio percurso. Nos enfrenta com um dever
ser. O que é bem mais complicado do que um saber fazer. É bem
mais complicado do que cuidar bem das flores da infância.
142
Assim sendo, a formação do professor deve ser pensada dentro de um
contexto complexo que visa transformações abrangentes. Estas transformações no
seu sentido mais amplo não devem se conformar com um mundo regido pela
desigualdade, que no ofício de ensinar e de aprender devemos sonhar um mundo
com um mínimo de desigualdades e um máximo de diferenças.
Portanto formar alguém para exercer o ofício de mestre ou para ser professor
que dará continuidade à dinâmica do conhecimento é hoje viver a aventura de
devolver à educação, dentro e fora do espaço educativo, é encarar o desafio do
diálogo entre ensinante e aprendente. É criar, é reinventar, é rever e ressignificar
métodos e meios para que ele se realize sempre como uma relação dentro de ritos
proveitosos em que a troca seja a regra.
4.4 A IDENTIDADE DO PROFESSOR E AS MULTI-DIMENSÕES DO SEU
TRABALHO
O que é ser professor? Quais as dimensões do trabalho do professor? O que
identidade ao seu trabalho? São aspectos inerentes ao magistério que nas
interfaces da vida do professor, tem sido os grandes vilões da vida, da
passividade, da desesperança e da descrença na educação.
Refletir sobre essas questões nos vêm de encontro às vivencias e crises,
pelas quais passam os educadores na contemporaneidade, e com mais precisão os
educadores de escolas públicas brasileiras.
Vivemos em tempos de crises em vários setores da esfera social; a educação,
a saúde, a família, a religião e outros; denotam crises relacionadas às suas
estruturas financeiras, administrativas em vários aspectos.
A escola pública brasileira, como parte integrante desses agentes sociais,
talvez se apresentaria aqui em escala de pontuação máxima, se fôssemos calcular
dados estatísticos de crises.
As dificuldades de sobrevivência, de luta pelo emprego, de se permanecer
junto em família e muitas outras, são pontos que atingem a escola e de forma direta
o professor.
A Escola como agência educacional, que trata diretamente a pessoa humana,
na formação do seu caráter, encontra-se em crise de sua própria identidade.
143
“Afogada” em tantos assuntos mal resolvidos, no que diz respeito às leis, governos,
sistemas, competências, etc. Tem em sua estrutura como agente de formação e
transformação, o professor, essa peça indispensável à sua razão de ser e de existir.
O professor para a escola é como o combustível para o automóvel, não
funciona sem ele. Dessa forma, trata-se de algo que é fundamental à sua
sobrevivência.
Cury (2003, p.168), homenageia a classe dos professores, destacando-os
como os profissionais mais importantes da sociedade dizendo o seguinte:
Em nome de todos os alunos do mundo, queremos agradecer todo o
amor com que trataram até hoje a educação. Muitos de vocês
gastaram os melhores anos de suas vidas, alguns até adoeceram,
nessa árdua tarefa. O sistema social não os valoriza na proporção
da sua grandeza, mas tenham a certeza de que, sem vocês, a
sociedade não tem horizonte, nossas noites não têm estrelas, nossa
alma não tem saúde, nossa emoção não tem alegria. Agradecemos
seu amor, sabedoria, lágrimas, criatividade, perspicácia, dentro e
fora da sala de aula. O mundo pode não os aplaudir, mas o
conhecimento lúcido da ciência tem de reconhecer que vocês são os
profissionais mais importantes da sociedade.
Concordamos com Cury quando aponta tal reconhecimento, pois uma
abordagem sensata e coerente entenderá que os professores devem ser tratados
como o principal recurso formador, do qual a escola dispõe para execução de seu
projeto educativo, no qual os mesmos aplicam suas próprias vidas para fazê-lo
acontecer.
A crise da escola é a crise do professor; ela é identitária, encontra-se nisso,
os vários aspectos da identidade do professor e as multidimensões do seu trabalho.
Diante do quadro, o nosso pensar, discutir, questionar e perguntas estão
sempre voltados para a escola e na escola, em aluno e no aluno, e
conseqüentemente no ofício e ou no trabalho de ensinar e aprender, no ser
professor.
O ser professor é inerente ao trabalho escolar, mas esse ser professor não
quer dizer apenas da pessoa do professor, é muito mais que isso; na verdade
queremos falar de sua competência, sua profissionalidade, do que está relacionado
à sua prática de trabalho. Quem é essa peça tão importante? Que lugar ocupa o
144
professor? Que visão tem a sociedade desse profissional? Arroyo (2000, p. 37)
comenta sobre a identidade do professor:
Nos queixamos de que a educação é um campo onde todo mundo
palpite. Chama-me a atenção como esses palpites se traduzem
em conselhos quando são referidos aos professores e às
professoras de Educação Básica. Seja nas noites de formatura, seja
no dia do professor, na mídia e até nos encontros da comunidade
escolar, a tônica não é na competência técnica dos mestres, mas
nos comportamentos e nas condutas que deve ter todo mestre.
Cobra-se deles um dever ser: seja um bom professor, uma boa
professora. “A professora de meus filhos é muito boa”, comenta uma
mãe com outra à porta da escola. Boa não tanto no sentido de
competente, mas de amável e carinhosa com seus filhos.
Os apontamentos do autor são na direção do que o ofício de mestre do ser
professor estar configurando na visão imaginativa da sociedade, de como ela
interpreta o professor, enquanto profissional.
A discussão se aprofunda em que estão as bases do ser professor. Percebe-
se com muita clareza nas palavras do autor, que um forte e indefinido sentimento de
identidade permeia as falas das mães. Na verdade o que é ser um bom professor?
O ser bom professor nessa visão, está atrelado ao cuidado ao sentimento
materno que está presente nas relações educacionais familiares e que não pode e
não deve ser confundido com competência técnica e profissional.
Durante muitos anos, tem-se conversado essa forma de interpretação para
professores primários (séries iniciais) em que a sua identidade e perfil são
demarcados por traços ligados ao cuidado.
Também para Arroyo, (2000, p. 29 - 30), as imagens do ser professor são
diversas no imaginário social.
Comecemos por um traço, a imagem social de professor não é
única. O campo da educação não tem fronteiras bem definidas, e
além do mais, é muito diversificado. Todos somos professores,
pertencemos ao professorado, mas há hierarquias, há níveis e graus
e imagens bastante diferenciadas de ser, diferenças de salários,
de titulação, de carreira, de prestígio. Diferentes formas de ser
professor e professora. Não somos apenas professor de primário,
fundamental, médio ou superior. Somos vistos com traços bem
diferenciados e terminamos vendo-nos e vendo o magistério com
145
traços bem diferenciados. Somos diversos. imagens sociais
diversas do magistério e auto-imagens diversas também. O
desencontro entre imagens sociais e imagens pretendidas pela
categoria e auto-imagens pretendidas por cada um, cria uma tensão,
um mal-estar que mantém sempre a pergunta: quem somos?
É nesse ponto, que retomamos a afirmação: a crise da escola é a crise do
professor, pois ambos estão intrinsicamente ligados.
A crise da identidade não possibilita ao professor, a consciência do seu ofício,
de sua profissionalidade; em virtude do seu envolvimento com as muitas ações que
o impedem de refletir sobre elas e suas escolhas. Desta forma, vai se construindo
uma identidade aleatória, e quase sem consciência de si como pessoa e do seu
próprio trabalho. Sabendo-se que toda identidade é constituída nas teias das
relações sociais e que a constituição da mesma, do sujeito em suas dimensões
sociais, éticas e políticas tem como referência a escola.
Assim sendo, a formação acadêmica, bem como as propostas educacionais,
precisam pensar na identidade profissional, pensar no professor como trabalhador,
no ofício de mestre pelo ângulo da profissão e não apenas da vocação.
É necessário se pensar na mulher bondosa, carinhosa, na pessoa cuidadosa
da professora primária, agregando-se esses valores à sua profissão, à sua
competência técnica, de maneira que as multidimensões do seu trabalho de
professora, apareçam em forma de atividade prática, como resultado de sua
formação. Além do que, o seu trabalho seja reconhecido socialmente como qualquer
um outro, que possa se efetivar uma cultura social que o legitime em consonância
com valores sociais.
A figura do professor precisa ser vista no coletivo social, como categoria.
Conforme Arroyo (2000, p. 192-193):
Os avanços nessa imagem de coletivo podem ser importantes na
configuração de uma imagem social mais reconhecida e definida,
menos difusa e desfigurada. Entretanto, insisto em que o
reconhecimento social irá se dando na medida em que o campo da
Educação Básica for se afirmando em nossa cultura social como
convicção moral, política. Como direito.
Especificamente, os professores aprenderam que, sua sorte está
amarrada à consolidação de uma cultura pública que legitima seu
ofício, seu saber-fazer profissional, no campo específico da garantia
146
dos direitos de toda criança, jovem ou adulto à educação, ao
conhecimento e à cultura.
O reconhecimento social da profissão é sem vida um processo em
andamento, que está sendo desenvolvida mediante a afirmação dos próprios
professores em buscar essa cultura.
É nesse sentido que percebemos a necessidade de uma auto-afirmação
dessa cultura, com determinações próprias da categoria. O professor terá que
“alçar” vôo de uma posição de insignificância para “galgar” lugares altos na prática
docente.
É claro que essa é uma perspectiva ousada, mas necessária. Uma vez que o
professor acostumou-se a não ser visto, a não ser contado e apresentado diante de
outras categorias como profissional de fundamental importância para a sociedade.
É o levante da auto-estima, em entendimento de que se o próprio professor
não assumir seu lugar na sociedade, a educação, a escola e conseqüentemente, o
aluno sairá sempre perdendo. E, na fala de muitos, ficará ainda a afirmação: “A
Educação Brasileira está falida!”
É nesse aspecto que precisamos pensar, para agir, para problematizar como
disse Paulo Freire. Concordamos que não depende apenas do posicionamento do
professor, como que num toque de mágica, e tudo se resolveria, mas com certeza,
uma imposição profissionalizada dos professores ajudaria muito. Para tanto, será
necessário refletir sobre si mesmo e sua prática, bem como, o lugar que ocupa, o de
professor ensinante, mas também o de sujeito aprendente, nivelando-se aos
educandos no ato pedagógico e formativo.
O trabalho do professor como prática social que lhe é atribuída, não se
restringe a apenas ensinar; como já temos falado anteriormente, também como
produção própria do conhecimento, como individuação, no processo de se constituir
em sujeito autônomo na reflexão de si mesmo,
Para Soares, (2007, p. 221),
Neste processo de refletir sobre si mesmo e, assim, tornar-se
autônomo, vai definindo o seu “ser professora, ser professor”, não
como uma identidade apenas, mas como processo de diferenciação
em relação a outros sujeitos, na medida em que delimita um lugar,
uma diferença. Garantir este processo de diferenciação significa ter
147
consciência dele e refletir continuamente de modo a entender as
forças que o sustentam e, assim, agir. Ser sujeito, para os
professores, é um vir a ser contínuo, pois, tanto em suas crenças,
quanto em sua prática, estão em relação ao social, num constante
devir, por ser subjetivo e participante de formações sociais. Há, no
entanto, nestas formações sociais determinadas crenças traduzidas
em modelos de comportamentos esperados. Espera-se dos
professores que conheçam, que saibam agir, saibam ensinar”. Esta
é a sua identidade. Esta identidade revela-se e consubstancia-se no
que denomino gestão do pedagógico. Sabe-se que, no âmbito da
escola, processos de gestão do pedagógico, incluindo a
elaboração do Projeto Pedagógico institucional. Refiro-me,
entretanto, a um outro nível de gestão do pedagógico, que considero
basilar para este da escola: a elaboração e produção da aula, por
parte da professora, do professor. Esta gestão, produzida e
significada no coletivo, é realizada individualmente, tendo os
professores, sua profissionalidade como referências.
Nesse sentido, a formação do professor e a educação precisam reinventar-se
como projeto de ressignificação permanente da realidade enquanto construção do
saber, cujo objetivo mais preciso é o sujeito que aprende. Estabelecendo assim uma
relação contraditória, conflituosa que desenha e redesenha, dimensiona e
redimensiona e não fogem à experiência da partilha que perpassa todas as novas
teorias e propostas, dentro da prática pedagógica na busca de desenvolver
ensinante e aprendente. É uma construção e desconstrução, é mais do que uma
metodologia que induza as pessoas a desejos e realizações, sentidos e sentimentos
dentro de uma relação ao mesmo tempo contraditória e harmônica, de construção e
desconstrução de valores, de desajustes que se ajustam, é a eterna harmonia dos
contrários, o eterno vir a ser. É a constante probabilidade que movimenta a
mobilidade que se aproxima e se afasta fazendo acontecer de fato a harmonia dos
contrários que faz acontecer de fato e sedimentar o ensinar e o aprender. E que
consiste no relacionamento pleno entre seres que dialogam, unindo em sua
amplitude os sentimentos e a idéia de quem ensina e de quem aprende. É a rica
experiência da reciprocidade
Nas multi-dimensões do trabalho pedagógico, insere-se a questão em pauta.
A rica proposta da reciprocidade, na troca da construção dos saberes.
Nisto também, se configura a dimensão da identidade, pois na
contemporaneidade a ordem é recriar e inovar. Por que não assumir a identidade
com aspectos autônomos e recíprocos?
148
Segundo Arroyo (2000), a profissão professor ainda é uma discussão nova;
devido a visão pouco profissional do Magistério. Na verdade, a profissionalização
docente se traduz em uma questão de afirmação da própria identidade. Nesse
discurso, a identificação e a valorização do professor como profissional, ainda é
insegura e permanece o sonho de uma profissão reconhecida socialmente com
melhor preparo, tornando a escola melhor, e melhor equipada, em todo seu
contexto; espera-se que a competência defina ou altere a concepção que a
sociedade tem desse ofício.
Estamos discutindo que no inovar e recriar, também insere-se a afirmação da
identidade docente com reentrâncias de aspectos autônomos ou seja, é preciso que
atribua-se ao caráter docente, a autonomia no exercício do seu serviço; a
flexibilidade para um trabalho proveitoso, feito de coração aberto, com proposições
de crescimento recíproco, solidário e intelectualizado, de maneira a alcançar toda a
equipe envolvida, especialmente a condição de formação do seu aluno.
Silva (1996), em sua abordagem sobre o núcleo dinâmico da identidade do
professor, nos faz perceber que para se discutir autonomia, é preciso refletir
criticamente a totalidade social, como diz o autor. É lutar por mudanças sociais,
nisto aparece o professor que se impõe, isto é, se politizar e propor a eficiência da
prática docente numa condição reagente ao sistema capitalista, do qual ele é vitima.
É aí que percebemos a sugestão freireana de uma prática docente
problematizadora, na qual o caráter autônomo do professor delineia sua identidade;
é mostrar sua reação ativa no que tange a imobilidade diante da imposição
ideológica do sistema capitalista.
Isso deve partir dos princípios de autonomia que direcionam o planejamento
dialógico, inserido no projeto de gestão democrática.
È nesse sentido que Padilha (2002) difundindo as idéias freireanas apropria-
se da seguinte afirmação de Freire:
momentos em que a professora, enquanto autoridade, fala ao
educando, diz o que deve ser feito, estabelece limites sem os quais
a própria liberdade do educando se perde na licenciosidade, mas
estes momentos, de acordo com a opção política da educadora, se
alternam com outros em que a educadora fala com o educando.
(FREIRE apud PADILHA p. 23).
149
Esse é um tipo de diálogo em que se requer a fala, ou seja, ela é totalmente
permitida, numa perspectiva de aprendizagem estendida à todos, tanto educadores
como educandos. A crítica é aberta com vistas à aprendizagem; a postura do
educador no processo de ensino-aprendizagem, nivela-se a dos educandos, como
sujeitos de um processo político, democrático, socializado, de maneira a atender a
uma dinâmica democrática de aprendizagem e formação (PADILHA, 2002).
Dessa forma, é que compreendemos que no sentido identitário, o professor
do Ensino Religioso Básico está em pleno processo de apropriação de uma nova
identidade, que deverá ser assumida mediante as próprias atitudes, ao progredir
rumo ao sucesso da educação
4.5 A Reinvenção do Trabalho Docente Como Alternativa Para Ressignificação
da Educação
Estamos refletindo a formação do professor do Ensino Básico, numa
perspectiva de autonomia e libertação, pondo em discussão algumas idéias de
Paulo Freire e outros.
A complexidade do trabalho docente com suas características peculiares, tem
exigido dos professores uma redobrada de atividades múltiplas, as quais não
permitem aos mesmos, colocar em prática o aprendizado muitas vezes riquíssimo
proposto na formação inicial.
O trabalho prático do professor da escola pública principalmente está atrelado
a conflitos gerados pelo próprio sistema que não lhes possibilita a boa qualidade da
educação; a qual encontra-se em busca de ressignificação, de resolução de conflitos
de toda sorte, como alternativa para essa ressignificação, apontamos que o trabalho
docente precisa ser reinventado, ou seja, o trabalho do professor deve ser sempre
recriado, tomando como ponto de partida o planejamento, a dinâmica enriquecida de
técnicas de ensino que tragam sentido e facilite a aprendizagem.
Nessa perspectiva, também, colocamos que a assessoria pedagógica torna-
se fundamental e preponderante.
Para tanto, faz-se necessário que a escola esteja munida dessa assessoria
com tampo e planejamento disponíveis ao trabalho docente.
150
O projeto político pedagógico também deve direcionar o trabalho docente
como referencial, através do qual o professor sinta-se seguro na preparação do seu
próprio projeto didático, bem como a sua aplicação.
A aprendizagem nesse sentido, precisa ser significativa, no interior da sala de
aula.
A importância dada ao trabalho pedagógico, parte do principio de que esse
trabalho é o foco da escola, por isso, deverá ser assistido, repensado, replanejado,
recriado e reinventado na perspectiva dessa discussão, afim de ressignificar
qualidade da educação.
E nessa perspectiva, que se instala a discussão e a busca das práticas de
gestão democrática, de direcionamento da gestão do pedagógico no aprendizado
coletivo, sempre focando a ressignificação da educação.
Alarcão (2001, p. 18), aponta que “a escola precisa abandonar os modelos
estáticos, para fazer face às demandas da sociedade,” É uma mudança de
paradigma, sobretudo da gestão escolar, e da gestão que rege o pedagógico da
escola.
A tematização da prática é hoje, um dos assuntos mais discutidos nos
aspectos de uma escola reflexiva.
Desse modo, a reinvenção do trabalho docente está diretamente ligada a
essa discussão, uma vez que, para se dar significado a algo faz-se necessário
refletir sobre o objeto ou aspecto da pauta.
Para Alarcão (2001, p.19),
A escola inovadora é a escola que tem a força de se pensar a partir
de si próprio. Para mudá-la é preciso envolver as decisões política
administrativo-pedagógicos, os alunos e os professores, os
auxiliares e os funcionários, os pais e os membros da comunidade.
É preciso envolver o elemento humano, as pessoas e, através delas,
mudar a cultura que se vive na escola e que ela própria inculca.
Reinventar o trabalho pedagógico segue ainda uma alternativa interdisciplinar;
desse modo aplicar-se a mesma intencionalidade de mudança paradigmática. O que
para muitos, ainda é comprometedora, duvidosa, conflitiva; uma vez que estamos
acostumados ao tecnicismo, à prática burocratizada.
Peña, (1999, p. 63), completa essa forma de pensamento, apontando que:
151
É necessário despojar-se de preconceitos, questionar os valores
arraigados no consciente, e transcender à busca do ser maior que
está dentro de nós mesmos. É sentir-se livre para poder falar e
principalmente, ouvir. Ouvir você e o outro.
É aqui que tocaremos num ponto de grandes discussões no âmbito escolar; o
Ensino Religioso. Na perspectiva da interdisciplinaridade, como reinvenção do
trabalho docente, o Ensino Religioso aparece inda de forma tímida, e lenta. Apesar
das propostas riquíssimas de trabalho com a educação em valores, por meio de
práticas relacionadas à vida, em conexão com o contexto social, o currículo do
ensino Religioso não provoca atração forte, para o eixo do seu interesse, pelo
menos no que tange às transformações almejadas, como tolerância, respeito,
paciência, amor, justiça, etc.
O Ensino Religioso precisa se portar de modo a provocar transformações na
sociedade, mas não tem conseguido fazer isto; não consegue estabelecer relações
dos conteúdos de suas práticas, com a vida num contexto específico.
Ainda pautado nessa mesma discussão, Brandenburg (2005, p. 24), aponta
que:
A interdisciplinaridade requer planejamento. Algumas professoras
relataram que os conteúdos trabalhados em aula são escolhidos de
acordo com o interesse dos alunos ou de órgãos vinculados aos
sistemas de ensino ou à Igreja. Poucas observações relataram
atividades que contemplam a diversidade cultural e a pluralidade
religiosa presente nas escolas. A interdisciplinaridade praticamente
inexistente como prática educativa. Raramente vemos algum projeto
interdisciplinar que envolve outras áreas de conhecimento ou
atividades planejadas a partir de temas geradores.
A proposta do ensino religioso pauta-se a auxiliar à escola a encontrar seu
lugar junto à sociedade; a cada ser humano encontrar-se consigo mesmo, com o
outro, e com o transcendente. Dessa forma, propicia uma vivência de valores, que
vão da convivência escolar a família sociedade, e ainda a valorização da vida
espiritual. Além do que, pode propiciar o aperfeiçoar das relações pedagógicas, na
152
valorização do trabalho interdisciplinar, como alternativa de reinvenção para a
melhoria da educação.
Essa reinvenção também está associada às atitudes de relacionamento e
conhecimento que se tem com e do educando.
O trabalho docente para ter significado precisa ser prazeroso, e receber feed-
back, ou seja, na relação de conhecimento do aluno, perpassam comportamentos
que sinalizam o valor dado ao educando na totalidade do seu ser.
Para reinventar, o professor precisa ser conhecedor do aluno por dentro; isto
é, entender a mente, a emoção, a inteligência, a pessoa como um todo; numa
perspectiva de superação de conflitos, gerenciamento e administração das
emoções, pois o aluno precisa ser entendido como pessoa em desenvolvimento,
com necessidades tais, que dependendo da maneira como forem encaradas, os
marcarão para o resto de suas vidas e definirão de forma negativa ou positiva o
entendimento de si mesmos e a razão de existir.
Cury, (2003, p. 58), faz colocações interessantíssimas sobre o funcionamento
da mente e da emoção dos jovens:
A educação passa por uma crise sem precedentes na História. Os
alunos estão alienados, não se concentram, não têm prazer em
aprender e são ansiosos. De quem é a culpa? Dos alunos ou dos
pais? Nem de uns nem dos outros. As causas principais são frutos
do sistema social que estimulou de maneira assustadora os
fenômenos que constroem os pensamentos. [...].
O palco da mente dos jovens de hoje é diferente dos jovens do
passado. Os fenômenos que estão nos bastidores da mente deles e
que produzem pensamentos são os mesmos, mas os atores que
estão no palco são distintos. A qualidade e a velocidade dos
pensamentos mudaram. Precisamos conhecer alguns papéis da
memória e algumas áreas do processo de construção da inteligência
para encontrar as ferramentas necessárias e capazes de dar uma
reviravolta na educação.
O primeiro hábito de um professor fascinante é entender a mente do
aluno e procurar respostas incomuns, diferentes daquelas a que o
jovem está acostumado.
81
81
Para maior aprofundamento desse assunto, ler CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes professores fascinantes.
Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
153
Na reinvenção do trabalho do professor, saber lidar com essas questões,
exige preparo e demanda aprendizagens, busca, atualização (principalmente o
professor(a) do ER – é seu espaço de ação).
Para tanto, será necessário recriar o trabalho da sala de aula, no que se
refere ao trato com o educando. Um novo modelo de educação seria a saída ou
talvez a solução para alcançarmos esses objetivos.
154
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estratos das pesquisas, verificamos a pertinência de um
investimento maior na formação do professor do Ensino Religioso e a necessidade
urgente de que as articulações em torno desse tema sejam intensificadas,
procurando encontrar uma solução que se adeqüei às realidades e necessidades do
docente, do discente e da escola; esta não só como espaço cultural que se propõe a
ser, mas também como instituição pública de ensino, institucionalizada, privilegiada
por ser responsável pela formação do homem como cidadão, capaz de vivenciar os
valores apreendidos durante a sua formação intelectual, religiosa e cultural.
Pautou-se nesse trabalho, por conhecer as dificuldades que no exercício da
prática docente comumente são apercebidas e sentidas; com o objetivo de apontar
caminhos, que poderão juntamente com outras pesquisas, ajudar no futuro próximo,
a encontrar melhores mecanismos de atuação na formação do docente do Ensino
Religioso para o ensino público, levando em consideração questões que segundo as
necessidades apontadas pelas pesquisas, precisam ser consideradas analisadas
mais profundamente, como material relevante que é, pois nele encontramos: gritos,
raivas, satisfação, esperança, dedicação, sonhos, falhas, imperfeições que precisam
ser corrigidas, em prol da credibilidade, oriundas do aperfeiçoamento dos aparelhos
que compõem toda a estrutura educacional.
Verificamos na pesquisa exploratória e virtual, que existe um distanciamento
entre os elementos teóricos e a prática docente. O seu campo de trabalho não é
muito exigente, mas também, imprevisível. O professor convive com elementos
“surpresas” em sala de aula, devido à farta imaginação, insegurança e medo que os
alunos têm do desconhecido. Questões estas, do âmbito do Ensino Religioso, como:
vida após a morte, o além, o céu, extraterrestre, direitos e deveres, responsabilidade
social, etc. Isso requer uma preparação teórica muito ampla e atual que contemple a
antropologia, a sociologia, a psicologia, a teologia, a filosofia, a história, a arte, e
demais ciências que possa contribuir com sua epistemologia.
Nas leituras que esse autor fez, verificou-se que o problema epistemológico
que envolve Ciências da Religião como área do conhecimento, tem sido por deveras
muito debatido, colecionando uma gama de trabalhos acadêmicos muito bons.
155
Reflexões estas, que contribuiu com a evolução de Diretrizes Curriculares
organizado pelo FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso),
abrangendo os Cursos de Licenciatura Plena, Lato Sensu e Extensão. O cenário
como se apresenta agora é de que os posicionamentos apresentados aentão,
estão se movimentando em círculo, cujo raio de ação se mostra rígido, inflexível.
Quero externar o cuidado que se deve ter quanto à questão epistemológica e
no que diz respeito ao método hermenêutico adotado na interpretação dos PCNs,
mais especificamente as Teologias e Tradições Orais. Existem posicionamentos
completamente antagônicos entre si, opostos nos seus pressupostos interpretativos.
Deve-se primar por uma interpretação neutra, embora entende-se que não existem
neutralidade absoluta em nenhum pesquisador ou instituição acadêmica, mesmo
porque, todos levam consigo inerentemente, uma pré-concepção das coisas, isto
porque durante a sua formação acadêmica, religiosa, familiar e cultural naturalmente
a mente foi formando valores pessoais, adquirindo autonomia própria, e liberdade,
no exercício da sua própria individualidade.
Nesse sentido, todo posicionamento é fruto de pressupostos fundamentados
nos elementos fundantes da intelectualidade individual, num contexto coletivo,
associativo e social.
Seguindo esse raciocínio, se todos forem sinceros consigo mesmo e com o
sistema ou todo ou a escola que defendem, podem todos de certa forma, serem
considerados fundamentalista no que diz respeito aos seus pressupostos, ou regras
de interpretação.
Quando se aprofunda nessa linha de pensamento, não existem nos seres
inteligentes nenhuma neutralidade de fato e de verdade. Filosoficamente falando, a
palavra “neutralidade”, exigiria do ser inteligente, a própria inexistência do ser.
Enquanto ser existencial, espacial, reagimos as emoções, as palavras, as
experiências interpessoais e sociais. Evidentemente as reações são sinais de vida,
de existência, de confronto como formas de visibilidade e de comunicação aos
elementos presenciais no universo visível e invisível. As reações no âmbito humano
codificam comportamentos identificadores do que somos interiormente. As nossas
ações nos denunciam, embora possa às vezes ser camufladas.
DEUS por exemplo, não é neutro. É sim independente da criação, não
influenciável, mas não é neutro. Suas ações estão fundamentadas em seus
pressupostos de santidade, amor, justiça, verdade, perfeição, bondade.
156
Nesse sentido, apresentamos esse trabalho a partir de experiências
comprobatórias, para focar a questão da formação do professor de ensino religioso
numa perspectiva epistemológica que contempla o transcendente, como sendo parte
fundamental na formação desse docente, procuramos ser transparentes, sabendo
que o trabalho tem as suas limitações e falhas, no entanto, espero que o mesmo
possa contribuir com a construção de um profissional para o ensino religioso
pautado pela qualificação, habilidade e capacidade de concretude.
157
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165
APÊNDICE
166
APÊNDICE A:
MODELO DE QUESTIONÁRIO - APOIO PARA A PESQUISA
PESQUISA SOBRE EDUCAÇÃO RELIGIOSA
FONTE DE PESQUISA: Corpo Docente de Educação Religiosa das Escolas
Públicas do Município de Uberlândia / MG.
DATA: __05__/ _novembro / 2007
A pesquisa procurou conhecer a situação do professor de ER a partir das
experiências obtida por eles nas escolas públicas de Uberlândia/MG. Enfatizando
as questões humanas, as dificuldades e o aspecto de motivação pessoal.
Nesse sentido, dividiu-se em cinco categorias contemplando as seguintes
vertentes: a formação acadêmica; a prática docente; o programa do ER e seus
resultados; o ânimo do docente e o nível de conhecimento teológico.
Participaram dessa pesquisa 35 professores
1ª CATEGORIA
1.1 QUANTO À FORMAÇÃO ACADÊMICA
Foram obtidos os seguintes
dados:
1.1 Formação acadêmica:
Graduação:__________________________________________________
Pós-graduação:_______________________________________________
QUANTIDADE
PERCENTUAL
Pedagogia 15 42.86 %
Licenciatura em
Geografia 5 14.28 %
Licenciatura em Letras 3 8.57 %
Licenciatura em História 2 5.71 %
Normal Superior 1 2.86 %
Filosofia 1 2.86 %
Não responderam 8 22.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
167
1.1.2 Pós-graduação
ÁREA DA ESPECIALIZAÇÃO QUANTIDADE PERCENTUAL
Ciências da Religião (Lato Sensu) 28 80.00 %
Teologia 6 17.14 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
1.1.3 Grau de satisfação do currículo da especialização
Em que grau de satisfação a grade curricular de sua formação acadêmica na
área de Ciências da Religião atende à sua realidade em sala de aula?
( ) nenhuma ( ) regular ( ) boa ( ) excelente
Grau de Satisfação do Currículo da Pós-graduação
GRAU DE SATISFAÇÃO DO
CURRÍCULO DA PÓS-
GRADUAÇÃO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Boa 26 74.29 %
Excelente 6 17.14 %
Regular 1 2.86 %
Não responderam 2 5.71 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
2ª CATEGORIA
2.1 QUANTO À PRÁTICA DOCENTE
Dentre as dificuldades encontradas na prática pedagógica dessa disciplina
assinale a (as) que você tem encontrado:
( ) Falta de material didático apropriado
( ) Desvalorização do Ensino Religioso
( ) Motivar os alunos a valorizarem a disciplina
( ) Manter a unidade em meio à diversidade religiosa
168
Dificuldades Encontradas na Prática do Ensino Religioso
DIFICULDADES ENCONTRADAS NA
PRÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Falta de material didático apropriado 29 82.85 %
Desvalorização do ensino religioso 24 68.57 %
Motivar os alunos a valorizarem a
disciplina 19 54.28 %
Manter a unidade em meio à diversidade
religiosa 8 22.86 %
Fonte: Dados da pesquisa
3ª CATEGORIA
3.1 QUANTO AO PROGRAMA DO ENSINO RELIGIOSO E SEUS
RESULTADOS
3.1.1 Avalie a qualidade dos conteúdos do programa de Educação Religiosa
aplico em sala de aula.
( ) insatisfatória ( ) regular ( ) boa ( ) ótima
Qualidade dos conteúdos
QUALIDADE DOS CONTEÚDOS DO PROGRAMA DE ER APLICADO EM
SALA DE AULA
NÍVEL QUANTIDADE PERCENTUAL
Boa 22 62.86 %
Ótima 9 25.71 %
Regular 2 5.72 %
Não responderam 2 5.71 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
3.1.2 Qual é o grau de satisfação que você tem com o rendimento dos seus
alunos?
( ) ruim ( ) regular ( ) bom ( )
ótimo
169
Grau de satisfação do docente
GRAU DE SATISFAÇÃO DOS DOCENTES QUANTO AO
RENDIMENTO
DOS DISCENTES
NÍVEL QUANTIDADE PERCENTUAL
Bom 24 68.57 %
Regular 8 22.86 %
Ótimo 2 5.71 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
4ª CATEGORIA
4.1 QUANTO AO ÂNIMO DO DOCENTE EM RELAÇÃO AO ENSINO
RELIGIOSO
4.1.1Escreva “S” para afirmar e “N” para negar as proposições abaixo:
a) Você acha que os alunos dão valor a essa disciplina? _______
b) Você está animado(a) com os resultados dessa disciplina? ________
a) VALOR QUE DÃO OS ALUNOS A ESSA DISCIPLINA
VALOR QUE OS ALUNOS DE
ER DÃO A ESSA DISCIPLINA QUANTIDADE
PERCENTUAL
Sim 17 48.57 %
Não 15 42.86 %
Regular 3 8.57 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
b) ESTADO DE ÂNIMO DO DOCENTE
ESTADO DE ÂNIMO DO
DOCENTE QUANTIDADE PERCENTUAL
Sim 25 71.43 %
Não 8 22.86 %
Regular 2 5.71 %
35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
170
5ª CATEGORIA
5.1 QUANTO AO NÍVEL DE CONHECIMENTO TEOLÓGICO
5.1.1Numa escala de 1 à 5 em qual nível você se enquadra no quesito
“Conhecimento Teológico”?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
CONHECIMENTO TEOLÓGICO
CONHECIMENTO TEOLÓGICO QUANTIDADE
PERCENTUAL
NIVÉIS
Nível 3 16 45.71 %
Não responderam 7 7 20.00 %
Nível 4 6 17.14 %
Nível 5 5 14.29 %
Nível 1 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.2 Você já leu a Bíblia toda: ( ) Sim ( ) Não
LEITURA DA BÍBLIA
LEITURA DA BÍBLIA (TODA) QUANTIDADE
PERCENTUAL
Não 23 65.71 %
Sim 11 31.43 %
Não responderam 1 2.86 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.3 Você concorda com o uso da Bíblia como um dos recursos didáticos no
ensino Religioso:
( ) Sim ( ) Não
171
USO DA BÍBLIA COMO UM DOS RECURSOS DIDÁTICO
ÍNDICE DECONCORDÂNCIA DO
USO DA BIBLIA COMO UM DOS
RECURSOS DIDÁTICOS NO
ENSINO RELIGIOSO QUANTIDADE
PERCENTUAL
Não 16 45.71 %
Sim 16 45.71 %
Não responderam 1 2.86 %
Às vezes 2 5.72 %
TOTAL 35 100.00 %
Fonte: Dados da pesquisa
172
APÊNDICE B:
LEVANTAMENTO DE DADOS PELA INTERNET - Segunda pesquisa
Esse critério de modelo de pesquisa procurou conhecer as opiniões de
pessoas de diversas vertentes nacionais. É uma pesquisa que contempla a
participação de todos, em um problema que envolve toda sociedade.
As 187 respostas não foram colocadas aqui neste trabalho, porque ocuparia
muito espaço. Nesse sentido, relacionamos apenas as respostas que se destacaram
pela sua relevância, entendendo que os demais internautas estão de alguma forma,
inseridos em todos eles uma vez que, os dados foram classificados de acordo com a
essência das respostas, isto é, os que não foram aqui apresentados, estão
representados, pois partilham das mesmas idéias.
O site inicia assim:
Atenção:
O Discutindo foi criado para que os professores troquem idéias e sugestões
entre si. Não temos especialistas para resolver ou discutir todas as questões aqui
levantadas. Aqueles que quiserem aprofundar mais o assunto aqui tratado podem
nos mandar colaborações. Nós as publicaremos na seção Sua voz.” (grifo nosso).
OBSERVAÇÕES:
1. Embora o site de opiniões “Discutindo” seja de caráter aberto, livre, -
evitamos citar nomes. Foram portanto, identificados por código numérico.
2. As opiniões que definiram seus posicionamentos estão em negrito.
A pesquisa de opiniões ficou assim classificada em três categorias:
A – PRIMEIRA CATEGORIA
1. AS OPINIÕES FAVORÁVEIS AO ER NAS ESCOLAS PÚBLICAS
173
1.1
Todo conhecimento é importante para o desenvolvimento intelectual e
social do ser humano.
O Ensino Religioso deve ser trabalhado, sempre
buscando conhecer o processo de fundamentação histórica, e de ideais das mais
variadas religiões e nunca induzir o educando a seguir uma ou outra religião
.
(INTERNAUTA 07
1.7 Acredito que somente uma educação global poderá alicerçar as nossas
crianças para um futuro mais equilibrado. Criança bem orientada
conseqüentemente será o jovem, o adulto mais saudável. Como ensino global penso
e tenho certeza que o Ensino Religioso não pode ser onstitu e nem tão pouco
dado apenas para cumprir um dever, mas sim levado muito a sério e até ser
obrigatório. Ex: a criança doente que precisa tomar uma injeção, alguém vai
perguntar se ela quer tomar? Ou na idade escolar os pais vão perguntar se a criança
quer estudar? Porque não ser facultativas ou não obrigatórias estas opções?
INTERNAUTA 12
1.8 Sempre fui a favor do ensino religioso na escola, pois à medida que
onstituí das escolas esse ensino as coisas viraram pelo avesso, começou
entrar as drogas, a prostituição. O governo deveria colocar o ensino religioso
nas escolas não como complemento de horários, mas com o mesmo peso de
reprovação como português, respeitando a religiosidade de cada aluno. E que as
aulas sejam dadas por pessoas devidamente preparadas na área. Deus os
abençoe. INTERNAUTA 13
1.9 Sim.O ensino religioso é um acréscimo ao processo de formação das
crianças, de valores permanentes na vida, reforçando laços familiares,
combatendo excesso de individualismo, ressaltando a solidariedade e a
cooperação como formas de estar melhor no mundo. estou fazendo curso
preparatório de ensino religioso (400 horas aula),tenho magistério e minhas colegas
relatam o quanto é maravilhoso dar aula de E.R. e como as crianças curtem as aulas
e são participativas. A mudança em suas atitudes é onstit desde as aulas iniciais.
O homem é um ser espiritual e através de nossos professores qualificados as
crianças vão buscando resposta para os vazios existentes na vida delas.
174
Temos elaborado ótimos planos de aula, sem sermos proselitistas. INTERNAUTA
16.
1.10 Sim, devem oferecer o ensino religioso como reza na Constituição(art.210)
e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(art.33). E isso, dentro de
nosso entendimento, é fato legal e definitivo. Quanto a riscos que podem gerar tal
ensino, dentro das escolas, é o direcional e indutivo a determinadas instituições
religiosas de nossa sociedade. Porém, se pudermos contar com profissionais
verdadeiramente comprometidos com a educação e formação de onstituír
éticos e moralmente saudáveis, para onstituírem os pilares futuros de nossa
sociedade, logicamente teremos um saldo altamente sólido e benéfico para o
futuro social de nossa nação. E realmente poder-se-á dizer: A EDUCAÇÃO FAZ
A DIFERENÇA” -. Um País que pode contar com excelentes educadores e
orientadores como o nosso Brasil, um País rico em idéias, ideais, criativo, de gente
que pensa e faz, pode sim, receber hoje esse conhecimento como parte de sua
orientação de aprendizado. O Brasil do amanhã, saberá valorizar os “Profissionais
Pioneiros do Redirecionamento Educacional”-(PPRE). Educadores do Brasil:
Invistam no cumprimento dessa Lei. INTERNAUTA 17
1.11 O ensino religioso deve ser ministrado nas séries iniciais, porque ele i
preparar o futuro cidadão a se manter mais consciente do seu papel e de sua
responsabilidade no mundo em que vive. Mesmo sendo por vezes descartado
e desvalorizado por algumas escolas, não podemos esquecer da formação do
caráter do futuro cidadão que irá atuar em sociedade, sendo capaz de tomar suas
próprias decisões e desta forma interferir na história da humanidade, contruindo um
mundo melhor. INTERNAUTA 19
1.12 Com certeza, pois sou professora de Ensino Religioso, sou formada em
Ciências da Religião pela FURB/SC. A necessidade é que o educador tenha a
devida especialização, para que possa realmente desenvolver um bom trabalho
de conhecimento. INTERNAUTA 34
175
2ª - CATEGORIA
1 AS OPINIÕES CONTRÁRIAS AO ER NAS ESCOLAS PÚBLICAS
2.1 Para fugir de uma grande e polêmica responsabilidade seria melhor deixar a
escola longe desse compromisso. Os problemas enfrentados têm impedido a
educação brasileira de cumprir o mínimo necessário para a formação do cidadão.
Entretanto, se o ensino religioso é uma obrigatoriedade na escola pública, aqueles
que elaboraram as leis devem, também, subsidiar as condições necessárias para o
cumprimento dessa imporante missão.
Ao analizarmos o Currículo do Ensino Religioso em seus eixos: Culturas e Tradições
Religiosas, Teologias, Textos Sagrados, Ritos e Ethos, nos perguntamos: quais e
onde estão os professores capacitados para ministrarem os conteúdos
programáticos desses eixos nos dias atuais.
Considerando a falta de capacitação adequada na preparação docente para a
disciplina Ensino Religioso e considerando, também, a cultura religiosa brasileira,
afirmo que ao invés do cumprimento do Currículo, teremos aulas proselitistas em
todo o território nacional.
Ministrar uma aula de Ensino Religioso não é o mesmo que ensinar língua
portuguesa, matemática ou ciência. Essas três disciplinas, os alunos e seus pais
sabem que são comuns a todos, sem discriminação.
O professor de Ensino Religioso vai se deparar com alunos das mais diferentes
religiões, seitas e adeptos de rituais diversos, dentre outros. Entrar na área do
transcendente requer muito preparo e conhecimento.
A nossa fala está fundamentada naquilo que na prática vimos e ouvimos de
professores de Ensino Religioso. Raríssimas são as excessôes.
A nossa crítica o é aos colegas docentes, mas ao sistema que nos impõe
responsabilidades sem nos preparar para assumí-las. INTERNAUTA 35
1.2 Não creio que as escolas públicas devam oferecer o ensino religioso,
pois o Estado é laico e assim deve proceder. As instituições sociais com estas
finalidades devem assumir suas ações, e o a escola. Na escola pública deve
existir um curso de filosofia, desde as séries iniciais, e no Ensino Médio, deve existir,
176
pelo menos, duas aulas por semana desta disciplina. Nada de religião.
INTERNAUTA 43
2.3 Penso ser uma perda de tempo ser ensinado nas escolas, porque essa é
uma obrigação dos pais e o da escola. Poderia ser trabalhado mais língua
portuguesa e matemática, onde os alunos têm mais dificuldades. Primeiro de tudo é
que nem sabemos certo o que vamos ensinar, pois temos que criar coisas novas
para não tornarem-se repetitivas e são quatro ries diferentes de idades também
diferentes. Teríamos que ter algo pelo menos em que se basear para que fosse
realizado um bom trabalho INTERNAUTA - 59
2.4
Não. Pois algumas atividades podem facilmente substituir essa prática,
como idas a igreja ou conversas com seus pais. Assim sobraria mais tempo para
aulas importantes, como matemática, física e química. INERNAUTA 81
2.5 Não. O ensino religioso nas escolas seria conflitante pois sabemos que
muitas religiões que são seguidas. Seria mais conveniente aulas sobre ética e
cidadania. INTERNAUTA - 86
2.5 Discordo completamente. Como disse nosso amigo Silvio, deveria ser
ensinado filosofia. Até mesmo noções de cidadania ou a boa a velha
EDUCAÇAO MORAL E CIVICA, que ajuda a construir pessoas uteis ao seu país
e a sua sociedade. Religião se ensina na igreja. INTERNAUTA - 90
2.7 Teólogo não ensina Religião, somente os cientistas da religião estão aptos para
isso, devem ter formação inter-cultural. Quem quiser pregar a palavra de um deus
específico deve sair da sala de aula e ir para a Igreja, ministrar catequese, por
exemplo!INATERNAUTA - 98
2.8 Não vejo vantagem nenhuma no ensino religioso. Afinal, quais religiões serão
abordadas? Cristianismo Católico, Cristianismo Evangélico, Judaísmo, Islamismo,
Budismo, Brahmanismo, Umbanda, Espiritismo, Os Deuses Do Olimpo, Os Deuses
Nórdicos, Tupã, Saci- Pererê, O Monstro Espaguete Voador??? Se ensinarem as
religiões como mitologia (na verdade elas o só isso) eu até concordo, mas como
177
sei que vão ensinar Cristianismo, e vão defender com unhas e dentes que essa é
"Verdade Absoluta", então sou contra. Não adianta usar a desculpa da tal "Ética",
atribuída às diversas religiões, pois uma pessoa atéia ou agnóstica também
tem ética, respeito, tolerância e amor como todo mundo. Uma pessoa pode ser
boa, simplesmente entendendo que todas as pessoas o iguais, temos um
tempo de vida e devemos aproveitar ao máximo, amando, sendo amados,
respeitando e sendo respeitados por nossos semelhantes. É sabido que o
grande motivo de dicórdia entre os povos reside nas "Verdades Absolutas" das
religiões. Pessoas religiosas tendem a ser prepotentes, pois acreditam que as
"Verdades" de seu Deus as salvará, se acham superiores e consideram as pessoas
de religiões diferentes e os Ateus, como seres inferiores que não merecem a
"Salvação". Acredito que deveriam, mesmo, dar condições de aprendizado na atual
grade curricular, com professores bem pagos e bem preparados. Mas se tiverem que
incluir algo novo, que seja a Filosofia, isso sim, algo muito bom, pois ensina as
pessoas a pensar e tirar suas própias conclusões, ao contrário da Religião,
que prega Dogmas (tipo assim: acredita e cala a boca, pois você é um imbecil).
Em suma, sou totalmente CONTRA!!!INTERNAUTA - 125
2.9 Essa é uma situação muito delicada, temos um país que se assume laico,
mas que legitima o sarcerdócio de religiões judaico-cristãs e acaba por deixar as
demais manifestões religosas de fora. Creio que não estamos preparados para
enfrentar e respeitar a diversidade cultural-religiosa do nosso país sem a
influência da tradição cristã. Acho que o assunto deve ser mais estudado,
afinal de contas a temática religiosa é totalmente subjetiva.INTERNAUTA - 139
2.10 Acredito que a inclusão da diciplina "cultura e cidania" trabalharia os
conceitos necessários tratados neste tema. São necessários a formação do
indivíduo valores que perpassam pelos princípios religioso. Esta proposta
deve ser desvinculada da "orientação tendenciosa" e a religião apresentada
como o "religare" ao Deus que cada um acatará, cada um escolherá a
orientação religiosa conforme sua afinidade e identificação. Visto ser a religião
exatamente um apoio, "ainda nossa bengala" rumo ao progresso moral, onde
encontramos preceitos que nos servem de ensaio a um propósito mais amplo
e coletivo, que é a ética. Sugiro discutirmos uma perspectiva de inclusão da
178
diciplina "CULTURA E CIDADANIA", a fim de valorizarmos algumas idéias das
extintas "moral e cívica e OSPM" tirando delas o de melhor oferecem para moral e
ética, estirpando delas o ranço da ditadura e a arbitragem do controle ditador do
Estado (da época de sua inclusão) às massas. Acredito ser válido trabalhamos aos
moldes da cidadania e democracia tais diciplinas. Verônica Leal INTERNAUTA -
156
3ª – CATEGORIA
3 CRITÍCAS:
3.1 Estou precisando de material novo na área de educaçao religiosa para
todas as séries. INTERNAUTA 10
3.2 Para que serve o ensino religioso? INTERNAUTA 27
3.3 sou educadora de ensino religioso, estou fazendo ciência da religião, e até
me pergunto, se as autoridades querem o ensino religioso, porque o dar
subsídios, ficamos perdidos, sem saber como elaborar um plano de aula
dentro dos eixos e respeitanto todas as crenças dentro da sala de aula.
INTERNAUTA 29
3.4 Certamente é difícil pois envolve várias crenças, diferentes religiões, pais que
não aceitam que seus filhos estudem sobre outras religiões a não ser a sua própria.
Quem puder, poste material pois os alunos ficam desmotivados, falta material
de apoio. INTERNAUTA 37
3.5 Acredito que sim, desde que se considere as questões antropológicas, a
religião deve ser ensinada como conceito. INTERNAUTA 39
3.6 Bom, como muitos amigos abaixo disseram, religião é uma prática extremamente
pessoal. Acredito que ensinar a importância da religião sobre um contexto de
cidadania seria muito interessante para os alunos, isso me refirindo à rede pública.
179
Na rede particular a coisa funciona diferente, pois existem colégios de religiões
especificas, onde o pai decide colocar. Mas semesmo que a religião é uma
prioridade? INTERNAUTA 51
3.7 As escolas não tem material próprio para trabalhar educação religiosa.
Precisaria ter mais material, para podermos explicar melhor os assuntos religiosos
aos nossos alunos. INTERNAUTA 95
3.8 Teólogo não ensina Religião, somente os cientistas da religião estão aptos
para isso, devem ter formação inter-cultural. Quem quiser pregar a palavra de
um deus específico deve sair da sala de aula e ir para a Igreja, ministrar
catequese, por exemplo! INTERNAUTA – 96
3.9 Não. O ensino religioso podetrazer benefícios, mas poderá trazer discórdia,
no caso dos mais intolerantes. Além disso, qual é o ensino religioso? um
programa definido para isto? Quem são os professores? São teólogos? Todos
estão aptos para exercer esta função? Se não vai haver rigor na escolha do
professor, o salário será mais baixo que o dos professores das demais disciplinas?
INTERNAUTA - 102
180
ANEXOS
181
ANEXO 01
Parecer nº 493/06
Aprovado em 24.5.06
Processo nº 34.715
Manifesta-se sobre expediente de interesse do
Universitas Centro Universitário de Itajubá acerca da
oferta no Curso de Pedagogia, com Habilitação em
Educação Religiosa.
1. Histórico
Mediante Ofício nº 143/ 2005, datado de 13 de dezembro de 2005, aqui recebido no dia 20
do mesmo mês e ano, o Prof. Erwin Rolf Mádisson Júnior, Reitor do Universitas Centro
Universitário de Itajubá - apresenta à consideração deste Conselho consulta vazada nos
seguintes termos:
“Considerando que:
- fomos procurados pela Superintendência Regional de Ensino de Itajubá com vistas à
solução do problema de alto contingente de professores excedentes, da rede pública
estadual, graduados em Pedagogia, porém sem habilitação específica para as últimas
séries do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio;
- o Anexo V da Resolução nº 716, de 11.11.05, da Secretaria de Estado da Educação/MG
exige, como critério prioritário para classificação no cargo de Professor de Educação
Básica, Nível 2 ou Nível 3 para atuar como regente de aulas de Educação Religiosa
em todos o anos do Ensino Fundamental que o candidato seja portador de
‘Licenciatura Plena em Ensino Religioso, Ciências da Religião, ou Educação Religiosa
ou curso de Pedagogia com ênfase em Educação Religiosa’;
- não há Diretrizes Curriculares para Licenciatura Plena em Ensino Religioso;
- a ênfase em Educação Religiosa poderia ser obtida em período curto, solucionando,
assim, a falta de docentes com habilitação específica, uma vez que os professores
excedentes relacionados pela SRE já possuem graduação em Pedagogia.
A Instituição solicita deste Conselho: “(...) parecer sobre a possibilidade de oferta da ênfase
em Educação Religiosa no curso de Pedagogia do Universitas, para atender a essa
demanda.”
Após os trâmites de praxe, a matéria foi à Superintendência Técnica, para análise
preliminar, em 01.01.2006.
Em 22.02.06, fui designado relator da matéria.
2. Mérito
A questão relativa à formação do docente de Educação Religiosa para o Ensino
Fundamental e Ensino Médio mereceu pronunciamento tanto do Conselho Nacional de
Educação, quanto deste Conselho; disto são exemplos os Pareceres CNE/CES nºs
672/1999, CEE nºs 542/1999, 774/2003, 489/2004, 722/2005 e 775/2005.
182
Por sua vez, a Lei 15.434/2005, de 05.01.05, publicada no “MG” de 06.01.05, ao dispor
sobre o ensino religioso na rede pública estadual de ensino de Minas Gerais, estabelece,
em seu artigo 5º, in verbis:
“Art. 5º - O exercício da docência do ensino religioso na rede pública estadual de ensino fica
reservado a profissional que atenda a um dos seguintes requisitos:
I – conclusão de curso superior de licenciatura plena em ensino religioso, ciências da
religião ou educação religiosa;
II - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura curta autorizado e
reconhecido pelo órgão competente, em qualquer área do conhecimento, cuja grade
curricular inclua conteúdo relativo a ciências da religião, metodologia e filosofia do ensino
religioso ou educação religiosa, com carga horária mínima de quinhentos horas;
III conclusão do curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura curta, em qualquer
área de conhecimento, acrescido de curso de pós-graduação lato sensu em ensino religioso
ou ciências da religião, com carga horária mínima de trezentas e sessenta horas, oferecido
até a data de publicação desta Lei;
IV - conclusão do curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura curta, em qualquer
área de conhecimento, acrescido de curso de metodologia e filosofia do ensino religioso
oferecido aa data de publicação desta Lei por entidade credenciada e reconhecida pela
Secretaria de Estado da Educação.”
Da leitura dos referidos pareceres, pode-se verificar que, não existindo diretrizes curriculares
para a Licenciatura em Ensino Religioso, pela própria natureza da matéria e, ainda, o que
dispõe o inciso III, artigo da Lei 15.434/2005, poderia a Instituição oferecer tal
formação em nível de pós-graduação lato sensu em Educação Religiosa, organizada nos
termos do retrocitado dispositivo, conjugado com a Resolução CEE nº 453/2005.
Todavia, os professores excedentes, relacionados pela SRE de Itajubá, pretensos
candidatos ao curso, detentores da graduação em Pedagogia, não seriam classificados
neste ano letivo de 2006, com a pós-graduação lato sensu, para atuar como regentes de
aulas de Educação Religiosa em todos os anos do Ensino Fundamental, de vez que a
própria Lei estabelece sua aplicabilidade tão-somente ao curso oferecido até a data de sua
publicação, ou seja 05 de janeiro de 2005, procedimento reforçado pela Resolução SEE
716/2005 – Anexo V, de 11.11.05, publicada no “MG” de 12.11.2005.
Vê-se, pois, que é inócua a solicitação apresentada pelo Universitas. No entanto, seria de
todo recomendável que a Instituição buscasse junto à Secretaria de Estado da Educação
um entendimento quanto à aplicabilidade da Resolução SEE 716/2005, especialmente no
que diz respeito a designação de docentes para Educação Religiosa, tendo em vista o
considerável contingente de professores excedentes da rede pública estadual, graduados
em Pedagogia, porém sem habilitação específica para as últimas séries de Ensino
Fundamental e para o Ensino Médio, aliado a obrigatoriedade de oferta da disciplina em
todas as séries do Ensino Fundamental.
3. Conclusão
Face ao exposto, somos por que se responda ao Sr. Reitor do Centro Universitário de
Itajubá conforme o mérito deste parecer e encaminhe-se cópia da Lei 15434/05, que
dispõe sobre o ensino religioso na rede pública estadual de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 24 de maio de 2006.
a) Stéfano Barra Gazzola - Relator/vlco.
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