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outra. E outra coisa, que esse projeto veio a ajudar muito as famílias aqui,
por quê? Porque só da agricultura você tem dificuldades financeiras e tu
não consegue manter a tua família própria aqui dentro, então com esse
projeto a gente tem os filhos trabalhando junto e eles têm uma opção
também, que eles podem estudar, como você que tá trabalhando, que tá
estudando pra turismo, e também outras coisas, arquitetura, engenharia,
eles tem várias opções de trabalhar aqui dentro do projeto mesmo.
Sendo percebido o roteiro como fonte de renda que influencia o trabalho em
conjunto da família, mantendo também os mais jovens na zona rural, por terem uma
opção de trabalho além da roça e até incentivando esses a especializarem-se em
virtude do turismo.
A questão cultural da preservação das casas antigas passou a fazer parte da
realidade dos moradores, em conjunto com questões da modernidade geradas não
apenas pelo turismo, mas também pela globalização. As mudanças, principalmente
as melhorias geradas após a implementação do roteiro, são destacadas pelo
entrevistado E da 3ª geração:
eu acho bem importante, ajudou bastante, desde o começo, antes do
turismo e agora mudou muita coisa aqui. Antigamente não tinha asfalto, o
telefone era super precário, aquele com ramal, não tinha nada de internet,
não tinha, bom praticamente nada, o negócio de lixo, o recolhimento pouca
coisa, da reciclagem não tinha divulgação disso, ninguém fazia separação
de lixo. Foi bem interessante, até pra preservar as casas também, porque
assim, a gente tinha aquela mentalidade que as casas antigas, velhas, eram
casas que não tinham valor, eram coisas ultrapassadas, que era bonito o
moderno só. Então quem tinha uma casa assim tinha até vergonha, bom,
nós tínhamos vergonha antigamente, por isso que os meus avós quando
eles chegaram num tempo que eles tiveram condições melhores, eles
mudaram o modelo da casa, fizeram pequena de um andar só tiraram a
cozinha separada e colocaram junto. Porque o jeito que era essas casas
eram pessoas bem pobres, como que no começo era realmente, eram
casas assim simples que eram construídas pelos imigrantes que eram
pobres e eles mesmos se faziam a madeira tudo. Então quando eles
conseguiam mudar um pouquinho de vida, para eles já era uma maneira de
trocar de pegar um pouquinho mais moderno pra não ficar fora mesmo da
cidade, para não fica diferente. Aí depois de um tempo quando a gente viu
que tinha valor que é uma coisa da história, aí a gente foi achando
interessante, foi gostando, não tendo mais aquela vergonha, sabe? A
maioria das pessoas tinham vergonha das casas.
Também o entrevistado A da 4ª geração destaca a questão cultural de resgate
voltando à valorização do passado, do que é antigo e as novas oportunidade para as
gerações jovens em conjunto com a família
Ah, eu acho muito interessante, porque, uma que é resgate, se faz o
resgate aqui de uma coisa que foi esquecida e era até vergonha para as
pessoas tu prestigiar coisa velha. Coisa velha, antiga era passado, era feio,
aquilo era já descartado. Então foi recuperada essa parte cultural, que ele é
um trabalho cultural, e também tem oportunidade pra muita gente trabalhar,
principalmente os jovens que eles não precisam sair, nós também, mas, me