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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PRÓ REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO
ROBERTO DO NASCIMENTO E SILVA
AÇÕES AMBIENTAIS EM MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO
UVA E VINHO DA SERRA GAÚCHA – RS
Caxias do Sul
2007
1
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ROBERTO DO NASCIMENTO E SILVA
AÇÕES AMBIENTAIS EM MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO
UVA E VINHO DA SERRA GAÚCHA – RS
Dissertação submetida à banca examinadora
designada pelo Colegiado do Programa de Pós-
Graduação em Turismo da Universidade de Caxias
do Sul, como parte dos requisitos necessários para
a obtenção do título de Mestre em Turismo.
Área de concentração: Desenvolvimento do
Turismo Regional
Linha de pesquisa: Gestão Hotelaria
Orientadora:
Prof
a
. Dr
a
. Suzana Maria De Conto
Universidade de Caxias do Sul
Caxias do Sul
2007
2
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AÇÕES AMBIENTAIS EM MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO
UVA E VINHO DA SERRA GAÚCHA – RS
Roberto do Nascimento e Silva
Dissertação submetida à banca examinadora designada pelo
Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Turismo da
Universidade de Caxias do Sul, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de Mestre em Turismo.
Caxias do Sul, 01 de março de 2007.
Banca examinadora:
________________________________
Nome: Suzana Maria De Conto
Titulação: Doutor
________________________________
Nome: Carlos Honorato Schuch Santos
Titulação: Doutor
________________________________
Nome: Rosane Lanzer
Titulação: Doutor
_______________________________
Nome: Célia
Titulação: Doutor
3
FOLHA DESTINADA A BANCA
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer à minha família e especialmente a meus pais a
ajuda e o ânimo nos momentos difíceis, e de quase desistência.
À professora Suzana De Conto a paciência, dedicação e forma de orientação prestada.
Aos meus colegas a oportunidade de conhecer pessoas encantadoras que lembrarei para
o resto de minha vida.
Às pessoas que me auxiliaram, em todos os momentos, alegres ou tristes durante toda
esta dura caminhada percorrida.
Sobretudo a Deus, por dar-me forças para vencer mais esta etapa de minha vida e as
novas que surgirão ao longo do percurso.
5
se você quer prosperar um ano, cultive soja;
se você quer prosperar dez anos, cultive árvores;
se você quer prosperar cem anos, cultive pessoas.
(Provérbio chinês)
6
RESUMO
Este estudo tem por objetivo determinar fatores que interferem na adoção de ações
ambientais nos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho, como também avaliar as relações
que se estabelecem entre os mesmos. A técnica empregada para a coleta de dados nesta pesquisa
foi a entrevista estruturada, embasada num roteiro de 16 questões contendo informações
referentes à energia, água, a resíduos sólidos, fornecedores, sensibilização dos colaboradores e a
adequação ambiental. Para a construção do roteiro de entrevistas, foi utilizada a matriz de
classificação do Instituto Brasileiro de Turismo EMBRATUR como ferramenta de apoio a este
estudo. Foram feitas entrevistas com 40 sujeitos (gestores de meios de hospedagem). Os
resultados demonstraram como os meios de hospedagem adotam ou não ações ambientais e os
fatores determinantes para a adoção dessas ações. Foi possível verificar ainda a importância da
adoção das 13 ações ambientais da Matriz de Classificação da Embratur para os
empreendimentos hoteleiros. Os resultados obtidos apontam para boas práticas para o
gerenciamento de energia e separação de resíduos. Práticas ainda escassas estão relacionadas ao
uso da água, ao armazenamento de resíduos perigosos, escolha de fornecedores, adequação
ambiental e educação ambiental. Os fatores que determinam a adoção de ações ambientais estão
relacionados à informação sobre o fenômeno ambiental, sensibilidade em relação às práticas
ambientais, formação dos gestores hoteleiros, porte dos empreendimentos, tipo de administração,
custo de energia, custo de água, programas ambientais, descaso com a adoção de ações
ambientais, ausência de política ambiental, ausência de responsabilidade da empresa e lacunas
nos projetos arquitetônicos. Em síntese, para que ações ambientais na hotelaria sejam mais
freqüentes, deve haver uma maior sensibilização dos gestores de meios de hospedagem, uma
maior divulgação sobre a importância do desenvolvimento de práticas ambientais, uma maior
fiscalização por parte dos órgãos ambientais e uma maior análise das questões ambientais nos
cursos de hotelaria e turismo.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo. Planejamento e Gestão do Turismo. Hospitalidade. Ações
ambientais em meios de hospedagem. Região Uva e Vinho – RS.
7
ABSTRACT
The following paper seeks to pinpoint the factors which interfere with the adoption of
environmental actions within the hotel network in the Region of Vineyards and Wineries, RS,
Brazil, as well as to evaluate the relations among them.In order to collect the data we have
resorted to structured interviews,based on an inquiry with 16 questions encompassing issues such
as electricity, water (supply), solid residues, suppliers, the sensitizing of supporters and
environmental adequacy. We also used the classification of the Brazilian Institute of Tourism
EMBRATUR to guide our interviews. A total of 40 people were interviewed, i.e., hotel
managers.The results have shown in which ways those hotels adopt (or not) environmental
actions and which factors were determining for the adoption of such.We were able to verify the
meaningfulness of the adoption by hotels of 13 environmental actions from the EMBRATUR
classifying matrix.The results unveil good practices of energy management and the sorting of
residues.Some rare practices still linger concerning water use, storage of hazardous materials,
choice of suppliers, environmental adequacy and education.The factors which determine the
adoption of environmentally friendly actions are closely related to the information regarding the
environmental phenomenon, sensitivity towards environmental practices, formation (education)
of hotel managers, size of enterprises, kinds of management, energy costs, water supplying costs,
environmental programs, negligence to adopt environmental actions, lack of environmental
policies,lack of responsability by hotel businesses and gaps in architectural projects. In short, for
environmental issues in hotel management to become a reality, there must be greater sensitizing
of their managers, greater diffusion of the importance of developing environmental practices,
greater surveillance by environmental authorities and deeper analysis of environmental questions
throughout hotel and tourism courses´ curricula.
KEY WORDS: Tourism. Tourism Planning and Management. Hospitality. Environmental
Actions by Hotel Businessess. The Region of Vineyards and Wineries, RS, Brazil.
8
LISTA DE FIGURA
Figura 3.1 Ilustração dos municípios da região Uva e Vinho.............................................................. 57
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Classificação hoteleira segundo a Embratur......................................................................... 38
Quadro 3.1 Classificação de meios de hospedagem – Região Uva e Vinho............................................ 59-62
Quadro 3.2 Meios de hospedagem de pequeno porte – Região Uva e Vinho.......................................... 62-63
Quadro 3.3 Meios de hospedagem de porte médio – Região Uva e Vinho.............................................. 64
Quadro 3.4 Meios de hospedagem de grande porte – Região Uva e Vinho............................................. 65
Quadro 3.5 Universo de meios de hospedagem da Região Uva e Vinho................................................. 67-68
Quadro 3.6 Universo de meios de hospedagem de pequeno porte da Região Uva e Vinho.................... 69
Quadro 3.7 Universo de meios de hospedagem de médio porte da Região Uva e Vinho........................ 69-70
Quadro 3.8 Universo de meios de hospedagem de grande porte da Região Uva e Vinho....................... 70
Quadro 4.1 Categorias de resíduos sólidos.............................................................................................. 83
Quadro 4.2 Tipos de cores para a correta identificação dos diferentes resíduos a serem
acondicionados......................................................................................................................
84
LISTA DE TABELAS
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 14
2.1 Gestão ambiental em meios de hospedagem ...................................................................... 14
.......................................................................................................................................... 14
2.2 Aspectos ambientais no turismo e na hotelaria ................................................................... 20
2.3 Sistemas de gestão ambiental na hotelaria .......................................................................... 28
2.4 Ações ambientais na hotelaria ........................................................................................... 35
2.4.1 Energia ........................................................................................................................... 39
2.4.2 Água ............................................................................................................................... 41
2.4.3 Resíduos sólidos .............................................................................................................. 42
2.4.4 Efluentes líquidos ........................................................................................................... 45
2.4.5 Fornecedores .................................................................................................................. 47
2.5 Impactos ambientais provocados pela hotelaria ................................................................. 48
3 MÉTODO DE COLETA DE DADOS ................................................................................. 54
3.1Características da Região Uva e Vinho / RS ....................................................................... 55
3.2 Características gerais dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho ........................ 57
3.2.1Critérios para a seleção dos meios de hospedagem ...................................................... 64
3.3 Sujeitos entrevistados .......................................................................................................... 69
3.3.1 Procedimento utilizado para a elaboração do roteiro de entrevista ......................... 70
3.4 Roteiro de entrevista e instrumento de registro .................................................................. 71
4 PRÁTICAS AMBIENTAIS NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO UVA E
VINHO DE ACORDO COM A MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE
HOSPEDAGEM DA EMBRATUR ........................................................................................ 72
5 FATORES DETERMINANTES PARA A ADOÇÃO DE AÇÕES AMBIENTAIS EM
MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO UVA E VINHO .............................................. 120
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 126
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 130
APÊNDICES .......................................................................................................................... 141
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ................................................................. 141
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................... 145
ANEXOS ............................................................................................................................... 147
ANEXO A – Matriz de classificação EMBRATUR ............................................................. 147
ANEXO B Regulamentação do sistema oficial de classificação de meios de hospedagem.
................................................................................................................................................ 148
ANEXO C – Regulamento geral dos meios de hospedagem ................................................. 150
10
INTRODUÇÃO
A possibilidade de esgotamento dos recursos naturais, a geração crescente de resíduos
sólidos e o comprometimento ambiental dos fornecedores de produtos, além do impacto positivo
ou negativo gerado pela atividade hoteleira foram determinantes para a escolha do tema desta
investigação. O estudo pretende determinar fatores que interferem na adoção de ações ambientais
nos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho do Rio Grande do Sul. Como decorrência, a
pesquisa pretende contribuir para uma maior visibilidade dos gestores hoteleiros em relação ao
meio ambiente, possibilitando assim novos estudos que aprofundem esse tema tão evidente nos
dias de hoje e para o despertar de toda a sociedade para a adoção de práticas ambientais em todos
os setores do turismo e da hotelaria.
Para a obtenção dos resultados desta pesquisa, foi utilizada a Matriz de Classificação
dos meios de hospedagem da Embratur (EMBRATUR, 2002), como ferramenta de auxílio, pois
nela constam treze recomendações relacionadas à execução de ações ambientais a serem
desenvolvidas pelos empreendimentos hoteleiros, para que os mesmos possam utilizar
adequadamente a nomenclatura oficial dos meios de hospedagem no Brasil. De acordo com essa
matriz, as ações são assim apresentadas: a) manter um programa interno de treinamento de
funcionários para a redução de consumo de energia elétrica, consumo de água e redução de
produção de resíduos sólidos, b) manter um programa interno de separação de resíduos sólidos, c)
manter um local adequado para armazenamento de resíduos sólidos separados, d) manter local
independente e vedado para armazenamento de resíduos sólidos contaminantes, e) dispor de
critérios específicos para destinação adequada dos resíduos sólidos, f) manter monitoramento
específico sobre o consumo de energia elétrica, g) manter critérios especiais e privilegiados para
aquisição de produtos e equipamentos que apresentem eficiência energética e redução de
consumo, h) manter monitoramento específico sobre o consumo de água, i) manter critérios
especiais e privilegiados para aquisição e uso de equipamentos e complementos que promovam a
redução do consumo de água, j) manter registros específicos e local adequado para
armazenamento de produtos nocivos e poluentes, l) manter critérios especiais e privilegiados para
aquisição e uso de produtos biodegradáveis, m) manter critérios de qualificação de fornecedores
levando em consideração as ações ambientais por estes realizadas, n) ter um certificado expedido
por organismo especializado quanto a efetividade de adequação ambiental da operação.
11
A gestão ambiental e a preocupação com a degradação do meio ambiente são assuntos
muito examinados na atualidade. Relatos de Abreu (2001), Alves (2006), Amorim e Ramos
(2003), Mandelli (1997), De Conto (2005), Barbieri (2004), entre outros, apontam benefícios
auferidos pela gestão ambiental, pelos sistemas de gestão ambiental; pela correta utilização dos
recursos água e energia, dos resíduos sólidos e dos efluentes líquidos; pela responsabilidade dos
fornecedores e da educação ambiental. Além de apontar práticas ambientais conscientes e
adequadas, o empreendimento torna-se referência perante seus fornecedores, concorrentes, a
sociedade e principalmente seus hóspedes, contribuindo assim para seu sucesso econômico,
ambiental e sociocultural da atividade.
De acordo com a NBR 14001 (ABNT, 2004b) define-se como sistema de gestão
ambiental a parte de um sistema da gestão e de uma organização utilizada para desenvolver e
implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.
Seguindo nessa linha de estudo, o problema desta pesquisa está enfocado na seguinte
interrogação: quais fatores interferem na adoção de ações ambientais nos meios de hospedagem
da Região Uva e Vinho, e como se estabelecem essas relações?
A importância da matriz de classificação da Embratur, as diferentes realidades
econômicas dos meios de hospedagem, a execução de programas de sensibilização, a correta
utilização dos recursos naturais utilizados por hotéis e pousadas, a disposição dos resíduos
sólidos e efluentes líquidos no meio ambiente e o comprometimento dos fornecedores de
produtos hoteleiros são realmente considerados pelos gestores de meios de hospedagem?
Essa inquietação remete a novas questões: a) a política ambiental desenvolvida pelos
meios de hospedagem da Região Uva e Vinho reduz o impacto causado pela atividade hoteleira
no meio ambiente?; b) há um programa de educação ambiental com os funcionários dos meios de
hospedagem?; c) como os fornecedores lidam com produtos ecologicamente responsáveis?; d)
uma relação significativa entre a adoção de ações ambientais e o porte dos meios de hospedagem
da Região Uva e Vinho? e) a matriz de classificação dos meios de hospedagem serve como guia
para que a hotelaria da região desenvolva ações ambientais.
Assim, para atender ao objetivo principal deste estudo, foi necessária a realização das
seguintes etapas: a) análise da estrutura oferecida pelos meios de hospedagem e das ações
ambientais realizadas; b) identificação dos registros sobre programas internos de treinamentos
com os funcionários; c) identificação dos locais de armazenamento de resíduos sólidos; d)
12
identificação dos registros de consumo de água e energia; e) identificação das ações ambientais
desenvolvidas nos meios de hospedagem de acordo com a matriz de classificação da Embratur;
f) identificação da qualidade dos produtos utilizados pela hotelaria; g) identificação das ações dos
fornecedores de produtos à hotelaria.
Ter acesso às informações sobre as situações relacionadas às ações ambientais nos
meios de hospedagem é importante e necessário para estabelecer diretrizes de programas
ambientais no setor do turismo e hotelaria. Somente as lacunas encontradas na literatura,
principalmente na área do turismo (periódicos científicos, anais de congressos e dissertações de
mestrado do País), sobre gestão ambiental em meios de hospedagem, justificam o
desenvolvimento dessa investigação.
Sob ponto de vista cultural e social também é relevante o estudo, pois possibilitará
delinear novos aspectos a serem examinados nos programas de ensino de Graduação em Turismo
e Hotelaria, e no planejamento de ações relacionadas ao turismo receptivo e ao comportamento
do turista ou hóspede de um meio de hospedagem em relação ao meio ambiente. A identificação
das ões ambientais propostas pela Embratur, em sua matriz de classificação (EMBRATUR,
2002c) e adotadas nos meios de hospedagem, servirá de instrumentos para aumentar a
visibilidade sobre os problemas enfrentados pelo setor, no que tange à sua responsabilidade com
o meio ambiente.
Vale destacar ainda que a produção desse tipo de conhecimento fornece subsídios para
que os meios de hospedagem possam obter, em seu planejamento, gerenciamento ambiental, além
de desenvolver novos comportamentos nos responsáveis pela administração e nos funcionários,
possibilitando ainda a integração do conhecimento produzido nos programas de graduação e pós-
graduação dos cursos de Hotelaria. Portanto, este estudo é importante, pois possibilita preencher
algumas lacunas existentes na construção do conhecimento referente a ações ambientais e auxilia
a sociedade na aprendizagem sobre o tema em discussão.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gestão ambiental em meios de hospedagem
A conferência sobre Biosfera, em Paris no ano 1968, marcou o início de um despertar
sobre ecologia e os impactos gerados ao meio ambiente pelos diversos tipos de atividades
desempenhadas pelo homem.
De acordo com a NBR 14031 (ABNT, 2004c), meio ambiente é a circunvizinhança em
que uma organização opera, incluindo o ar, a água, o solo, os recursos naturais, a flora, a fauna,
os seres humanos e suas inter-relações.
Somente a partir de 1972, com a realização da primeira Conferência das Nações Unidas
Sobre Meio Ambiente em Estocolmo, o assunto passou a fazer parte das agendas oficiais
internacionais. Nesse evento, discutiu-se a necessidade de os países tomarem medidas efetivas de
controle dos fatores que causam a degradação ambiental, tendo por bases orientação para o
desenvolvimento com vistas à preservação do meio ambiente e dos recursos não renováveis no
mundo e no Brasil, a partir da realização do evento Rio 92 ou ECO-92
1
foram criadas ferramentas
para orientar o desenvolvimento no País, como a Declaração do Rio e a Agenda 21.
Conforme Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), a Carta da Terra, mais tarde
chamada de Declaração do Rio, visa a estabelecer acordos internacionais que respeitem os
interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de ecologia e desenvolvimento. De
acordo com a Organização Crescente Fértil (2006), a Agenda 21 é um amplo programa de ação,
que tem por objetivo colocar em prática programas para frear o processo de degradação
ambiental e transformar em realidade os princípios da Declaração do Rio.
Essas duas ferramentas foram essenciais para o despertar dos países em relação à gestão
ambiental, ligada diretamente a assuntos evidentes como a escassez dos recursos naturais, o
aquecimento global e a redução da geração de resíduos e efluentes.
1
Rio 92: Por convite do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro foi à sede da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), realizado de 3 a 14 de junho de 1992. A reunião ficou conhecida como
Rio-92, e a ela compareceram delegações nacionais de 175 países. Foi, ainda, a primeira reunião internacional de
magnitude a se realizar após o fim da Guerra Fria.
14
Gonçalves (2004) salienta que a Agenda 21 dedica-se aos problemas da atualidade,
objetivando o desenvolvimento e o compromisso ambiental. Seu plano de ação objetiva colocar
em prática programas para frear o processo de degradação do ambiente: poluição da atmosfera,
recursos da terra, agricultura, extração de florestas naturais, mudanças climáticas, no ambiente
marinho, água potável, energia, resíduos sólidos, resíduos tóxicos, rejeitos perigosos, entre
outros.
Corroborando essa afirmação, destaca-se que a Agenda 21 busca a preparação para o
compromisso ambiental, dedicando-se aos problemas atuais com comprometimento e
responsabilidade do governo, com um planejamento de ações visando a colocar em prática
programas para frear o processo de degradação ambiental e transformar em realidade os
princípios da Declaração do Rio.
Empreendimentos de vários setores que compõem o fenômeno turístico estão adotando
a gestão ambiental como base de planejamento e política aplicada nas organizações. As empresas
hoteleiras, principalmente em áreas localizadas junto à natureza, estão aderindo a esse novo
modelo de gestão.
Para a Embratur (2006a), empresa hoteleira é a pessoa jurídica que explora ou
administra meio de hospedagem e que tem em seus objetivos sociais o exercício da atividade
hoteleira; no art. da Deliberação Normativa 429 da Embratur (2002b), meio de hospedagem é
o estabelecimento que satisfaz cumulativamente as seguintes condições:
I seja licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem;
II seja administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira e que adote,
no relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as características
definidas neste Regulamento e nas demais legislações aplicáveis; III – atenda os padrões
classificatórios previstos pela legislação em vigor; IV mantenha permanentemente os
padrões de classificação.
Para Castelli (2003), as empresas hoteleiras podem ser classificadas quanto ao seu
tamanho: em pequeno, médio e grande porte. O parâmetro que fundamenta essa classificação
pode ser o apartamento (UH – tipo),
2
o número de leitos ou a receita anual.
2
De acordo com a Deliberação Normativa 429 (EMBRATUR, 2002b), o regulamento dos meios de hospedagem
do Instituto Brasileiro de Turismo, no art. 9
o
da III seção, parágrafo I, UH tipo é a que possui características
construtivas, de equipamentos e instalações similares e correspondam, no mínimo, a 51% do total de UH do
estabelecimento; já a Deliberação Normativa 429 /2002, no art. 5
o
da III seção, classifica as UHs em quarto,
apartamento e suíte.
15
De acordo com a Embratur (2006a), unidade habitacional é o espaço que o hóspede
utiliza para seu bem-estar, higiene e repouso, compreendendo também as áreas de circulação
comuns.
Uma relação harmoniosa entre o turismo, as empresas hoteleiras e o meio ambiente é
fundamental para a continuidade da atividade. Para um desenvolvimento adequado da atividade
turística, é fundamental a manutenção da natureza, pois o turismo depende do meio ambiente,
além de ser a principal atração do entorno necessário para a satisfação de todos os envolvidos no
fenômeno. Essa harmonia deve ser contemplada pela implantação da gestão ambiental.
Na visão de Valle (2004), a gestão ambiental é um conjunto de medidas e
procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que visam a reduzir e controlar os
impactos introduzidos por um empreendimento
3
sobre o meio ambiente.
Fengler (2002) afirma que um projeto de gestão ambiental o pode ser entendido ou
implementado num curto prazo, devendo ser contínuo.
Conforme Wernke (2000), a gestão ambiental oferece à empresa oportunidades de
adicionar valor e, possivelmente, obter vantagens competitivas, mediante reconhecimento
público, economia de custos ou rendimentos adicionais, enquanto alivia os efeitos de seus
produtos e processos produtivos no ambiente.
Torna-se importante ressaltar que a gestão ambiental na hotelaria significa a médio e
longo prazo, a redução considerável do consumo dos recursos naturais, a conservação da
natureza, a redução do gasto econômico e, conseqüentemente, o aumento do lucro da
organização, a melhoria de imagem perante toda a sociedade e o sucesso do destino turístico a
partir de um meio de hospedagem.
A partir das definições sobre gestão ambiental em meios de hospedagem, pode-se dizer
que a gestão ambiental na hotelaria concebe a prestação de serviços de hospedagem e
alimentação voltada para o conforto dos hóspedes, de forma responsável e comprometida com o
meio ambiente.
Tachizawa (2001) afirma ainda que a gestão ambiental vem a ser a resposta natural das
empresas ao novo cliente, o consumidor verde e ecologicamente correto. A empresa verde
3
Entende-se por empreendimento a organização, pública ou privada, com funções e estrutura administrativa
própria.
16
significa bons negócios e futuramente será a única forma estável e lucrativa de o empreendimento
permanecer no mercado.
Corroborando a Tachizawa (2001), salienta-se ainda que muitos hóspedes,
principalmente europeus, estão procurando destinos turísticos e meios de hospedagem
certificados como responsáveis e comprometidos com a natureza. Países como Costa Rica, Nova
Zelândia, Austrália e Nicarágua (OMT, 2006) já se adaptaram a essa nova realidade e estão
recebendo esses “novos turistas”, mais conscientes, mais responsáveis e que muitas vezes
realizam “boicotes” em destinações não ambientalmente adequadas.
Essa nova visão de turismo e turistas vem a reforçar a necessidade de os
estabelecimentos hoteleiros se adequarem (e implantarem), em suas organizações, à gestão
ambiental, para além de contribuir com o meio ambiente, suprir a essa nova demanda do turismo
mundial.
Os hóspedes verdes têm o poder de provocar mudanças, independentemente se
pequenas ou grandes, que causam enorme diferença. Eles influenciam pessoas,
interferem nas leis, mobilizam governantes, fazendo com que eles discutam e assinem
acordos que se comprometam com ações que visem a preservação do meio ambiente e
garantam uma melhor qualidade de vida para todos (ABREU 2001, p. 38).
De acordo com Abreu (2001), esses novos turistas apresentam algumas particularidades
quando em férias: a) procuram roteiros ecoturísticos; b) divulgam sua preocupação com a
natureza e os cuidados do hotel com ela aos demais hóspedes; c) estão atentos aos detalhes do
empreendimento, desde os destinos dos resíduos sólidos ao consumo de água e energia utilizado
pelo empreendimento.
Em países como Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos adotaram esse
comportamento verde: vão aos supermercados e compram produtos biodegradáveis, procuram
produtos sem agrotóxico, participam de ONGs, analisam fornecedores, procuram companhias
aéreas preocupadas com a questão ambiental, boicotam hotéis que degradam o meio e viajam
para destinos que possuem locais preservados, alternativos, que não agridam tanto a natureza e
principalmente procuram a hotelaria que seja ambientalmente correta.
É importante frisar que a gestão ambiental está diretamente ligada ao desenvolvimento
do turismo, tendo em vista que se tem, como atrações nesse setor, elementos históricos, culturais
e naturais existentes nas regiões receptivas.
17
Andrade, Taschizana e Carvalho (2002) definem a gestão ambiental como um processo
contínuo e adaptativo, pelo qual a empresa define e redefine suas metas e objetivos com relação à
proteção do ambiente, à saúde e à segurança dos empregados, clientes e da comunidade, assim
como define as estratégias e os meios para atingir os objetivos definidos por período estipulado
de tempo.
Fengler (2002) destaca que a gestão ambiental é um processo de mediação de interesses
e conflitos entre atores sociais que atuam sobre o meio ambiente. Define e redefine
continuamente o modo como diferentes atores alteram a qualidade do meio ambiente.
Para Barbieri (2004) a expressão gestão ambiental está muito ligada às diretrizes e às
atividades administrativas e operacionais que as empresas realizam, desde planejamento, direção,
controle, captação de recursos, entre outros, que tenham como objetivo obter resultados positivos
em relação ao meio ambiente.
Todo o processo de gestão ambiental é baseado no controle sistematizado de processos.
Para que se possa realizar todos esses controles, utiliza-se um ciclo denominado PDCA (do inglês
plan, do, check, action), que adaptado para a realidade significa planejar, implantar, avaliar e
rever ou atuar corretivamente.
Valle (2004) mostra os passos que um PDCA deve abranger dentro da organização para
que possa ser contínuo:
a) política ambiental: diz respeito à divulgação a todos sobre as intenções da empresa na
área do desempenho ambiental;
b) planejamento: levanta todos os aspectos ambientais da empresa, e identifica os requisitos
legais, as metas e os objetivos, além de definir o programa de gestão ambiental e as ações
pertinentes, para que se atinjam tais metas e objetivos;
c) implantação: define responsabilidades, recursos necessários, treinamento de pessoal,
controla os documentos, bem como os procedimentos e as instruções de trabalho. Além de
operacionalizar os procedimentos de controle de aspectos ambientais, tratamento de
poluentes, manuseio, transporte e armazenamento dos mesmos;
d) verificação e ação corretiva: monitora todo o processo, coleta e analisa os dados, verifica
a pertinência de ações corretivas e preventivas e registros de auditorias na empresa;
e) análise crítica: tem por objetivo analisar todos os processos da gestão ambiental, bem
como zelar pela melhoria contínua de todo o processo.
18
A partir dessas informações, vale ressaltar que a sobrevivência da empresa não pode ser
medida apenas por resultados econômicos e, portanto, o ciclo do PDCA é uma ferramenta de
auxílio às organizações. Através dele, pode-se medir resultados de comportamento, clientes,
possíveis falhas, setores mais destacados, entre outros, buscando sempre a melhoria contínua do
estabelecimento nos aspectos relacionados à economia, ao meio ambiente e à natureza.
Segundo Almeida, Mello e Cavalcanti (2004), uma das transformações mais
significativas que se pode observar nos últimos trinta anos foi a mudança de conscientização e
atitude que empresários de vários setores da indústria, inclusive a hoteleira, tomaram em relação
ao meio ambiente, sua preservação e conservação. Comenta-se, então, a preocupação ambiental e
a busca pelo desenvolvimento mais responsável da indústria mundial.
De acordo com Kinlaw (1993), as pressões sobre as empresas para que as mesmas
respondam às questões ambientais incluem os seguintes aspectos: a) observância da lei; b) multas
e punições; c) culpabilidade pessoal e prisão; d) organizações ativistas ambientais; e) cidadania
despertada; f) sociedade, coalizões e associações; g) códigos internacionais de desempenho
ambiental; h) investidores ambientalmente conscientes; i) preferência do consumidor; j)
mercados globais; l) política global e mercados internacionais e concorrência.
Simmianer (2005) destaca que o meio ambiente, por ser patrimônio do homem e
constituir um bem comum a todos, sua deterioração, degradação e diminuição importarão, em
lesão a esse patrimônio, o que implicará sanções e penas pertinentes à perda desse patrimônio.
As principais fontes de pressão em relação à conservação do meio e de seus recursos
são: os hóspedes verdes, os grupos de pressão, a sociedade e a imagem do estabelecimento
perante seus concorrentes, fornecedores e clientes.
Pertschi (2006) explana que, no setor do turismo as pressões externas sobre os
empreendimentos turísticos ou ainda sobre as localidades são ainda mais intensas, pois destinos
turísticos que não possuem gestão ambiental em seus processos fatalmente estarão determinando
uma situação futura de baixa qualidade ambiental, e conseqüente declínio da demanda turística
no local.
Tachizawa (2005) salienta que as empresas devem entender que um objetivo comum
entre o desenvolvimento econômico e a questão ambiental, para que as mesmas possam
sobreviver e obter sucesso empresarial tanto no presente quanto no futuro.
19
No atual modelo de gestão turística e hoteleira, encontrado em muitas regiões, os
empresários consideram apenas o aspecto econômico como relevante para o sucesso de seus
empreendimentos. Devido à nova demanda e à visão da necessidade de implantação da gestão
ambiental na hotelaria, vale ressaltar que se torna imprescindível, para um gestor de meio de
hospedagem, a observância dos aspectos ambiental e sociocultural, pois essa equivalência de
fatores é essencial na busca da melhoria contínua e prolongamento da vida útil do
estabelecimento no mercado hoteleiro nacional.
2.2 Aspectos ambientais no turismo e na hotelaria
Segundo a NBR 14031 (ABNT, 2004c), entende-se por aspecto ambiental o elemento
das atividades, dos produtos e dos serviços de uma organização que pode interagir com o meio
ambiente. Segundo a mesma norma, um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode
ter um impacto ambiental significativo.
De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, 2006a), em 1980 a expressão
desenvolvimento sustentável surgiu pela primeira vez, por meio do documento Estratégia de
Conservação Mundial: Conservação dos recursos vivos para o desenvolvimento sustentável com
a seguinte composição: para ser sustentável, o desenvolvimento precisa levar em conta, entre
outros, os aspectos sociais e ecológicos, assim como os econômicos.
Em 1988, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento elaborou um
novo significado para o conceito de desenvolvimento sustentável, o qual retratava que
desenvolvimento sustentável atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades.
Petrocchi (2000), ressalta que as ações econômicas devem ter seu limite na preservação
do ambiente para as gerações futuras; essa consciência é passada para qualquer atividade
econômica e é essencial para o turismo. É o desenvolvimento sustentável, e o mesmo está
atrelado ainda um mundo ecologicamente equilibrado, socialmente justo e economicamente
viável.
Cesa (2003) salienta que o desenvolvimento sustentável é uma das maiores
preocupações nos tempos atuais, estando ligado à valorização do meio natural pelo homem e sua
20
exploração econômica, com o intuito de satisfazer suas necessidades e garantir a melhoria
contínua.
Afirmações como estas estão despertando, mesmo de forma lenta, nos gestores dos
empreendimentos turísticos, o objetivo de atingir um crescimento que não esgote o meio
ambiente natural, humano e preserve a cultura da comunidade local, revelando assim a
preocupação com o tripé da sustentabilidade no turismo: o aspecto econômico, ambiental e
sociocultural.
O desenvolvimento sustentável, portanto, serve como base para o turismo também seja
sustentável, uma vez que faz-se necessário desenvolver e preparar a localidade para que todos os
envolvidos no processo conheçam seu significado, com isso fomentando de forma prática a
sustentabilidade no turismo.
O Manual de Eco-Turismo de base comunitária, (WWF, 2003) estabelece que o turismo
sustentável é o turismo e a respectiva infra-estrutura, como a hoteleira, aos quais se aplicam os
seguintes princípios: usar os recursos naturais, sociais e culturais de forma sustentável; reduzir o
consumo excessivo e o desperdício; manter a diversidade natural, social e cultural; apoiar as
economias locais; envolver as comunidades locais; consultar pessoas envolvidas e o público;
treinar pessoas; fazer um marketing responsável; realizar pesquisas e monitoramento.
A NIH-54 (IH, 2004a) estabelece critérios mínimos específicos de desempenho em
relação à sustentabilidade e permite que um empreendimento possa formular uma política e
objetivos que levem em conta os requisitos e as informações referentes aos aspectos e aos
impactos ambientais, socioculturais e econômicos significativos.
Quando aplicada aos meios de hospedagem que querem implementar, manter e ou
aprimorar práticas sustentáveis suas operações, a norma deve assegurar que há uma conformidade
com política de sustentabilidade da empresa definida; mostrar essa conformidade a terceiros;
buscar a certificação a uma organização externa e realizar uma auto-avaliação do seu
empreendimento.
Segundo Bonatto (2003), o turismo sustentável focaliza conjuntamente a questão
ecológica e a questão social, redefinindo, assim, os modos de apropriação dos recursos naturais
disponíveis e as modalidades de controle de seu uso por parte das sociedades, num exercício de
cidadania.
21
Swarbrooke (2000a) salienta que turismo sustentável significa um turismo que é
economicamente viável, mas não destrói os recursos dos quais ele no futuro dependerá,
principalmente do meio ambiental e do tecido social da comunidade local.
Esse fato mostra que o turismo sustentável poderá ser viável com a equivalência dos
três aspectos que compõem a estrutura atual do modelo citado pela Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Um dado que pode ser considerado é o aumento significativo do fluxo de visitantes de
destinos preparados para receber turistas conscientes. De acordo com Hassan (2000), as
principais destinações e empresas turísticas estão se adaptando e diversificando para atrair
turistas orientados ambientalmente, e esses segmentos têm um crescimento de 25% a 30% ao
ano, enquanto o turismo como um todo, cresce de 4% a 5% ao ano.
A partir das contribuições de Swarbrooke (2000a), pode-se destacar diferenças
existentes entre turismo sustentável e não sustentável, levando em consideração as formas de
desenvolvimento e suas estratégias, prazos de consolidação do turismo, relação de qualidade de
empreendimentos, entre outros, e o comportamento dos turistas em relação ao local visitado.
O turismo sustentável tem um desenvolvimento lento, controlado, qualitativo e a longo
prazo, onde busca-se em primeiro lugar o planejamento e o pós planejamento, baseando-se em
conceitos, com promotores de desenvolvimento locais, onde preserva-se a arquitetura nativa,
absorva-se a o-de-obra local e controle-se a capacidade de carga. Enquanto o turismo o
sustentável, desenvolve-se rapidamente, de forma descontrolada, quantitativamente e em curto
prazo de tempo, ainda o possui um planejamento, é baseado em projetos, os promotores do
desenvolvimento são externos, a mão-de-obra não é da região, a arquitetura é variada e o
possui capacidade de carga do local.
Num primeiro momento o turismo não sustentável torna-se mais atraente, porém se
analisado de forma a oferecer atrativos para as futuras gerações, praticamente, torna-se inviável.
Pode-se considerar, então, ocorrência de uma lista de benefícios que podem se
originar a partir de uma gestão focada na sustentabilidade, tanto no turismo como na hotelaria:
a) estímulo da compreensão dos impactos da atividade no ambiente natural, cultural e humano;
b) distribuição justa de benefícios; c) geração de empregos locais, diretos e / ou indiretos;
d) estímulo a indústrias domésticas, hotéis, restaurantes, transporte, artesanato, entre outros;
e) diversidade da economia local; f) entrada de divisas na localidade; g) controle da capacidade
22
de carga do local; h) desenvolvimento do transporte local; i) criação de facilidades de recreação;
j) estímulo ao uso produtivo de terras consideradas marginais pela agricultura; l) aumenta a auto-
estima da comunidade local; m) importância dos recursos naturais e culturais para a economia de
uma localidade.
Vale ressaltar que a sustentabilidade no turismo e / ou na hotelaria pode somente ser
administrada com êxito se as inter-relações entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais
forem compreendidos como um conjunto de ações que se inter-relacionam e que necessitam de
vários campos do conhecimento para sua compreensão, além de serem completamente
identificadas e receberem igual importância pela gestão do estabelecimento.
Caso não haja a compreensão de forma igualitária sobre os três aspectos, a
sustentabilidade no turismo e na hotelaria será apenas uma utopia a ser alimentada por diversos
autores e pesquisadores, causando impactos positivos quase irrelevantes nos empresários e
gestores dos diversos segmentos que compõem o turismo, dentre eles a hotelaria.
Segundo o Manual de boas práticas, aspectos econômicos (IH, 2006d), é necessário que
o empreendimento possua um plano de negócios, com planejamento e controle de execução desse
planejamento.
Para o IH (2006f), o plano de negócios é um documento que descreve e analisa o
negócio, partindo de uma visão de mercado, da operacionalidade do produto, traduzindo em
projeções financeiras e demonstrações da sua viabilidade econômica.
Alguns aspectos econômicos e estratégicos aplicados à hotelaria para se atingir os
benefícios são: a) a economia proporcionada pela reciclagem; b) a redução da possibilidade de
multas e punições; c) o aumento do uso e conseqüentemente menor custo de produtos que
contribuem para a diminuição da poluição; d) a melhora da imagem institucional; e) a melhora
das relações com os órgãos governamentais e grupos ambientais; f) o acesso assegurado no
mercado e a melhor adequação aos padrões ambientais da empresa hoteleira.
A forma negativa, como o aspecto econômico, tem influenciado no atual modelo
capitalista, inclusive no turismo e na hotelaria, começa a ser questionada pelos diversos setores
da economia, principalmente quando problemas ambientais ocorridos no passado, como o
derramamento de óleo no Alasca causado pelo rompimento do casco do navio Valdez, ou o
acidente de Bhopal contaminação por ácido metil isocianeto e responsável pela morte de 3.300
pessoas na Índia a explosão de Chernobil e ainda o desmatamento na Amazônia, que alarmaram o
23
mundo e colocaram a questão ambiental e a preocupação com o futuro do planeta ao alcance de
toda a sociedade (DISCOVERY CHANNELL, 2006).
Por esses motivos, cabe destacar Tachizawa (2001), ao comentar que a gestão ambiental
implica reconhecer que o crescimento econômico ilimitado num planeta finito poderá levar a
um desastre. Assim, faz-se restrição ao crescimento desordenado, focado apenas no aspecto
econômico e se ênfase à sustentabilidade como critério fundamental para o desenvolvimento
de todas as empresas, inclusive as hoteleiras.
Embora, ainda hoje, a atividade turística seja vista a partir do aspecto econômico, cujo
lazer e as viagens são vendidos como meras mercadorias, um movimento de pessoas que
imaginam o turismo mais abrangente, com outros aspectos, como auto-realização, conhecimento
e conservação. Portanto, espera-se que esses fatores sejam também prioridades para quem planeja
e faz turismo.
Para o aspecto ambiental, Donaire (1999), afirma que a exigência futura dos
consumidores em relação à questão ambiental e à qualidade de vida deverá determinar o sucesso
ou o das empresas no mercado. Isso mostra a necessidade de se internalizar a variável
ambiental nos processos de gestão empresarial, além de manter uma postura responsável de
respeito à questão ambiental.
É válido destacar ainda que é fundamental proporcionar condições ambientais e de
qualidade de vida adequada a todos os colaboradores, parceiros, clientes, comunidade e
fornecedores em geral, com compromisso de garantir a melhor utilização dos recursos naturais e
prevenir as mais diversas formas de poluição, por meio de programas gerenciais, de melhoria
contínua, e gestão, para, assim, dar continuidade ao equilíbrio necessário à continuidade da
atividade.
Em muitos casos, o atrativo natural é o principal atrativo de muitas destinações
turísticas, e para analisar melhor o impacto que o turismo pode causar, deve-se imaginar a
construção de um resort,
4
cuja construção, se malplanejada, pode ocasionar inúmeros problemas
ambientais, como o desvio da água da comunidade local para encher piscinas, irrigar jardins ou
campos de golfe; a poluição do mar com os detritos de combustível dos barcos ou do esgoto do
complexo; a permissão de construções terrestres, destruindo assim a vegetação nativa e
4
Resort: tipo de empreendimento hoteleiro construído para proporcionar lazer, objetivando que o hóspede
permaneça a maior parte do tempo possível dentro de suas instalações. Geralmente o resort é construído em locais
paradisíacos em ilhas e praias, em encostas de serra, ou em zonas rurais, onde o contato com a natureza é intenso.
24
perturbando a vida animal que se encontra no local. Por esse e outros motivos, vale frisar que o
aspecto ambiental deve ser considerado como de fundamental importância e elevado aos mesmos
níveis de atenção pela gestão da organização no momento em que a mesma realiza seu
planejamento estratégico.
Nessa direção, Gonçalves (2004) ressalta que o setor de hotelaria tem a obrigação e a
responsabilidade de fazer da ética ambiental fator integrante e fundamental de suas metas
gerenciais, já que depende da conservação do meio ambiente para o sucesso de seus negócios.
Quando o aspecto sociocultural é levado em consideração, Werneck (1997) destaca que
a inclusão é principalmente uma questão de ética e cidadania, não se refere ao auxílio ou a prestar
serviços de bom grado, ao contrário, é uma ação entre cidadãos responsáveis pela qualidade de
vida de outros cidadãos, e, por esse motivo, o turismo está sendo revisto em suas características e
potencialidades, para tentar responder às necessidades e aos fatores psicológicos, políticos,
sociais, culturais e morais das pessoas que chamamos de turistas e das pessoas que prestam
serviço nas empresas que compõem o setor turístico.
Silva e Bóia (2003), ressaltam que
o turismo deve sair do eixo econômico e ser redimensionado, assumindo assim, no
contexto histórico, o papel de reorientação dos espaços e atitudes sociais, basicamente
enfocado no consumidor, o turista, que além de conhecer seus direitos é mais exigente e
busca mais qualidade nos serviços quando dedica seu tempo livre ao turismo. (2003 p. 6).
Esse novo olhar faz, do turismo, um fenômeno capaz de modificar a realidade do
segmento, pois o despertar para as necessidades de seus usuários, bem como seus sonhos e
aspirações será determinante para a escolha do destino turístico, principalmente se essa
destinação levar em conta os aspectos culturais como gastronomia, artesanato e inclusão social da
comunidade local que vive em prol da atividade.
Krippendorf (1989) ressalta ainda que, além da visão econômica, os cursos de turismo
devem ter uma preocupação em oferecer leituras e discussões sobre culturas e concepções
holísticas do viver humano.
Esse tipo de discussão é necessária porque desenvolve no aluno e, portanto, nos futuros
profissionais do setor, um respeito pela identidade local, um próprio enriquecimento cultural, um
25
despertar para a história, os costumes e as crenças da região, além de proporcionar aos
acadêmicos, uma troca de valores culturais.
Conforme Bastos (2003), a implantação da atividade turística envolve riscos que lhe são
próprios: as trocas sociais e culturais podem desencadear rupturas, em decorrência de processos
de reelaboração de conteúdos simbólicos, que passam a ser atribuídos aos bens pelos
empreendedores.
Essa forma de pensamento é essencial, pois o turismo não é uma atividade palpável, que
consiga ser medida apenas por aspectos ambientais ou econômicos, mas sim um fenômeno
sociológico capaz de provocar profundas mudanças culturais no comportamento da sociedade e
das pessoas que vivem no entorno ou dependem da atividade turística para sua sobrevivência. E
esse é o principal motivo que faz o aspecto sociocultural ser essencial para o equilíbrio e a
equivalência do desenvolvimento da atividade turística sustentável.
Para Castelli (2003), as empresas prestadoras de serviços como a hotelaria, devem
apostar no elemento humano, que a excelência do serviço depende de como o prestador do
serviço está interagindo com seus clientes.
Bonatto (2003) alerta para uma nova postura no turismo, que baseada na
responsabilidade solidária, vem sendo adotada pelas empresas, isto é, as preocupações com
multas ou autuações começam a ser relegadas a um segundo plano, enquanto o cuidado com a
imagem da empresa torna-se a primeira preocupação.
Verifica-se, então, uma tendência de diversificação dos produtos turísticos, onde os
recursos históricos, étnicos e culturais tornam-se essenciais para o desenvolvimento da nova
atividade turística.
Porém, vale reforçar que é muito difícil quantificar alguns impactos sociais resultantes
da atividade turística, tais como o crime, a alienação social e o desaparecimento de culturas
sociais, mas não é tão difícil perceber os custos e benefícios resultantes do turismo.
Segundo o Manual de Boas Práticas: Aspectos Sócio-culturais,
o meio de hospedagem deve contribuir para reconhecer, promover e respeitar o
patrimônio cultural das regiões, as tradições e os valores culturais não predatórios e
contribuir ainda para o desenvolvimento social e econômico dos trabalhadores e das
comunidades envolvidas na cadeia produtiva. (IH, 2006c. p. 19).
26
Essas contribuições socioculturais estão relacionadas a: inserção dos trabalhadores da
região no empreendimento, apresentação de grupos folclóricos e artesanato no meio de
hospedagem, a visitação no entorno do meio de hospedagem, a realização de cursos e palestras
voltados para a comunidade local com a finalidade de valorização da cultura local, entre outros.
A comunidade local é composta de todas as pessoas que vivem numa determinada
destinação turística. Porém, o referido autor salienta que o conceito de comunidade local é bem
mais complexo, uma vez que não responde algumas dúvidas quanto à totalidade da
comunidade local, como: a) inclusão de todos os moradores, inclusive os imigrantes ou somente
os residentes nativos?; b) inclusão de minorias étnicas com culturas bem diferentes da maioria da
população?; c) diferença entre vários grupos de interesse como residentes externos com interesse
na localidade (donos de lojas, restaurantes, artesanato, hotéis, entre outros)?; d) qual a área
geográfica que corresponde à comunidade local? Pode-se então considerar que não somente
uma comunidade local, mas várias comunidades locais com diferentes interesses na mesma
destinação, e ambas podem ser afetadas positiva ou negativamente pela atividade turística, como:
a) a relação entre elites e o restante da população; b) a relação entre residentes nativos e
imigrantes; c) a relação entre os atuantes no fenômeno turístico e os não-atuantes; d) a relação
entre os proprietários e locatários de imóveis; e) a relação entre os jovens e os idosos da
localidade; f) a relação entre os empregadores e empregados; entre outros.
Souza (2004) destaca que o envolvimento das comunidades do entorno é elemento
crucial para a perpetuidade da efetividade das ações ambientais de uma determinada região, pois
transfere conhecimento e informação, dando condições para que os membros dessas comunidades
compreendam os processos ocorridos e saibam geri-los, de forma independente e autônoma.
Moraes (2005) salienta que é preciso respeitar as limitações sem abandonar a promoção
das potencialidades existentes nos aspectos ambientais, culturais e econômicos.
Portanto, faz-se importante salientar que conhecer o significado teórico e prático de
gestão ambiental, bem como os conceitos de desenvolvimento sustentável, turismo sustentável e
seus aspectos ambientais é de suma importância para a continuidade da vida das destinações, dos
estabelecimentos e de seus entornos.
Somente no momento em que os envolvidos com o turismo, entre eles os gestores dos
empreendimentos turísticos; os responsáveis pelo poder público; as escolas e as universidades e
os funcionários do setor entenderem que o fenômeno do turismo é composto de vários aspectos,
27
entre eles os econômicos, ambientais e socioculturais, tangíveis e intangíveis, as futuras gerações
não irão sofrer influências, podendo assim usufruir da natureza e de todos os recursos naturais
disponíveis no planeta.
2.3 Sistemas de gestão ambiental na hotelaria
Os sistemas de gestão ambiental buscam o gerenciamento de todas as ações do
empreendimento, verificando e analisando todos os processos, o grau de impacto gerado com a
atividade, os aspectos ambientais mais críticos e os resultados alcançados com a implantação do
sistema, com vistas a minimizar ou mitigar os principais impactos ambientais que as
organizações causam ao meio ambiente.
É importante frisar que os sistemas de gestão ambiental, usados no processo de
gerenciamento de estabelecimentos hoteleiros, permitem uma maior vantagem competitiva em
relação ao mercado, pois possibilitam o aumento da eficiência ambiental e a redução de riscos ao
meio ambiente, promovendo, assim, uma gestão responsável e sustentável dos recursos naturais.
O gerenciamento ambiental deveria ser um dos objetivos de qualquer empresa hoteleira
no Brasil. Exemplos de melhorias econômicas, ambientais e socioculturais, a partir da
implantação de sistemas de gestão, podem ser encontrados em muitos meios de hospedagem
atualmente: porém, esse número ainda é pouco significativo se levado em consideração o
universo de meios de hospedagem que existem no País.
Corroborando a NBR 14001, Barbieri (2004) define a expressão sistema de gestão
ambiental como a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional,
atividades de planejamento, responsabilidade, práticas, procedimentos, processos e recursos para
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental.
Fengler (2002) relata que muitas empresas estão demonstrando preocupações,
investindo em adequações e mudando sua cultura, dentre outras medidas, para melhorar a atuação
ambiental e, conseqüentemente, atingir o melhor desempenho com seus clientes.
Corroborando com a autora, é válido salientar que grandes hotéis de lazer estão
adotando esse novo comportamento, para, além de garantir um melhor desempenho ambiental,
manter-se competitivos no mercado, que muitos hóspedes estão procurando meios de
28
hospedagem mais responsáveis com o meio ambiente. Exemplos como o Hotel Transamérica Ilha
de Comandatuba, o EcoResort Praia do Forte, o Costão do Santinho Resort, o complexo hoteleiro
da Costa do Sauípe, o Hotel Tropical das Cataratas, grande parte dos meios de hospedagem da
Rede Accor de Hotéis, entre outros podem ser citados como referências a serem adotadas por
outros meios de hospedagem.
Conforme Campos, Selig e Cury (2001), ao se adotar um sistema de gestão ambiental,
em primeiro lugar, se deve realizar um grande detalhamento dos aspectos ambientais, sem
preocupar-se com a viabilidade futura dessa manutenção. Isso deve ocorrer nos passos seguintes
da implantação do sistema de gestão ambiental.
O planejamento deve ser a base de um sistema de gestão ambiental, pois os resultados
serão somente satisfatórios se houver uma preocupação com o planejar, em que sejam
contempladas todas as ações da organização e os possíveis impactos gerados ao meio ambiente.
Os sistemas de gestão ambiental são aliados importantes das organizações, na medida
em que criam mecanismos de controle dos principais aspectos e impactos ambientais.
Em linhas gerais, os sistemas de gestão ambiental podem ser considerados como o
primeiro passo de uma organização que pretende gerenciar, de alguma forma, suas
atividades. Porém além de gerenciar os aspectos e impactos ambientais, as organizações
também devem manifestar nesse mercado globalizado e cada vez mais competitivo
preocupação com seu desempenho ambiental. (CAMPOS; SELIG; SELIG, 2001, p. 53).
Para um sistema de gestão ambiental ter vida longa com responsabilidade contínua e de
fundamental importância, as organizações e seus funcionários devem se identificar com a questão
desde o início da implantação. Se as organizações que implantam sistemas de gestão ambiental
não investirem em treinamentos que visem à aprendizagem, provavelmente, em pouco tempo, o
sistema se tornará ineficaz, acarretando grandes prejuízos para a organização e a natureza.
No Brasil, uma série de sistemas de gestão ambiental sendo implantados nos meios
de hospedagem, dentre eles pode-se destacar: a) Sistema de Produção Mais Limpa; b) Sistema
ISO 14001; c) Programa Hóspedes da Natureza ABIH; d) Sistema de Gestão Ambiental
Autônomo Accor e) Programa de Certificação para o Turismo Sustentável Instituto de
Hospitalidade.
Para Gonçalves (2004), o Sistema de Produção Mais Limpa pode ser definido como a
aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos, produtos e
29
serviços, a fim de aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os homens e o meio ambiente, se
baseando-se em quatro princípios básicos:
a) precaução a fonte geradora tem a responsabilidade sobre o dano ambiental, isentando
à comunidade ou o governo local;
b) prevenção reduzir ou eliminar na fonte, as emissões potencialmente poluidoras,
perigosas ou tóxicas;c)
c) integração este princípio estabelece que a precaução e a prevenção devem ser
aplicados em todo o sistema de produção;
d) controle democrático salienta que a comunidade deve ter acesso a informações sobre
emissões, efeitos e potenciais danos que afetem a qualidade ambiental e a saúde humana.
O sistema de produção mais limpa objetiva realizar mudanças organizacionais internas,
além de promover a auditoria interna ambiental de forma voluntária, visar à redução dos resíduos
na fonte, reduzir o consumo de recursos, reutilizar e reciclar dentro e fora da empresa.
O hotel Praia do Forte EcoResort adotou esse sistema em seu empreendimento, cujos
resultados com a implantação foram muito satisfatórios, dentre eles Gonçalves (2004) destaca:
a) a geração de resíduos orgânicos de casca de frutas e verduras, passou de um custo anual de
R$ 205.405,00 para R$ 142.763,00; portanto, uma redução de R$ 62.642,00 uma vez que
começaram a utilizar produtos pré-descascados; b) a aquisição de embalagens de cosméticos
disponibilizados nas paredes dos banheiros das U.H.s; c) a lavagem de calçadas e fachadas
passou a ser com areia; d) a utilização de troca de toalhas sob demanda, visando à redução do uso
de água e o consumo excessivo de detergentes e sabão; e) a implantação de estação de tratamento
da água do hotel; f) a redução 35% do consumo de energia com implantação de cartões de acesso
nos apartamentos ligados à rede elétrica, utilização de lâmpadas de baixo consumo, sensores
sensíveis à luz solar, desligamento seletivo de lâmpadas das quadras de esporte, substituição de
chuveiros elétricos, substituição de ar-condicionado central por aparelhos individuais e uso de
geradores nos horários de pico; g) a educação dos funcionários para a questão ambiental e criação
de um eficiente programa de divulgação dos resultados (GONÇALVES, 2004, p. 91).
De acordo com a ISO (2006), o sistema ISO 14000 pode ser definido como a busca pela
normatização e padronização dos serviços da empresa mediante uma série de itens relacionados
ao meio ambiente, baseando-se em seis princípios básicos:
30
a) política ambiental: através da mostra o reconhecimento da administração a respeito da
responsabilidade ambiental;
b) planejamento: faz uma avaliação ambiental, bem como a definição dos objetivos e
programas ambientais. São definidos os campos de ação, as metas concretas e mensuráveis e os
meios e prazos para o alcance dessas metas;
c) implementação e operação: voltadas para a realização de programas ambientais,
processos e estrutura necessária para a implantação da certificação. São definidas, também,
tarefas e responsabilidades do pessoal (treinamentos), bem como os meios necessários para a
implantação do sistema de gestão ambiental;
d) verificação e ação corretiva: voltada para a verificação dos aspectos ambientais que
podem acarretar impactos, das não-conformidades existentes no processo e implantar ações
corretivas, com a realização de auditorias regulares, para constatação se as metas pretendidas
estão sendo alcançadas;
e) avaliação pela direção: deve ser feita verificação e avaliação para constatar todos os
processos estão realmente sendo feitos para que a certificação seja sempre constante;
f) melhoria contínua: deve sempre buscar a melhoria dos serviços, essa é a meta a ser
alcançada.
A certificação ISO 14001 objetiva certificar a empresa com especificações e diretrizes
normativas e informativas, constatando que a mesma adota um programa de gestão ambiental
correto e padronizado. Essa certificação exige um rígido padrão de qualidade na operação do
empreendimento hoteleiro.
No que tange à importância da implantação de um sistema de gestão ISO 14001
Gonçalves (2004) apresenta importantes resultados obtidos no Grande Hotel Senac Águas de São
Pedro:
a) houve uma economia de 19% em média no consumo de energia, mediante ações de
troca da caldeira elétrica por gás, troca de lâmpadas comuns por econômicas e pela implantação
de um programa de desligamento de energia; b) houve redução de 10% no consumo de água,
mediante ações como troca de torneiras comuns por torneiras com controle de vazão de água nas
UHs e reuso da água; c) houve redução de 5% na geração de resíduos sólidos (papel, plástico,
vidro e alumínio) e ainda o aumento de renda com a reciclagem.
31
Com relação ao Programa Hóspedes da Natureza, a Associação Brasileira da Indústria
de Hotéis define o:
como o desenvolvimento da consciência ambiental nos hoteleiros a respeito do papel da
hotelaria junto à gestão ambiental, promovendo, assim, o comprometimento dos
fornecedores com a questão ambiental, melhorando a imagem da hotelaria nacional
junto à opinião pública e contribuindo para a melhoria da imagem internacional do
destino turístico Brasil, se baseando em três princípios básicos: (2006a. p.01)
a) adaptar, identificar e aplicar o modelo segundo a realidade brasileira para viabilizar sua
implantação e usar ferramentas de marketing para divulgar o Brasil como país consciente com a
questão ambiental nos meios de hospedagem;
b) desenvolver o programa com ações que envolvam todo o empresariado, a comunidade, o
poder público, os fornecedores e principalmente seus hóspedes, estimulando e viabilizando
projetos de produção limpa, fornecendo dados a respeito da infra-estrutura, estabelecendo
parcerias com fornecedores e estimulando a função da hotelaria como agente multiplicador de
ações voltadas à gestão ambiental entre os hóspedes, funcionários e comunidade;
c) aplicar os fundamentos com qualidade e integrar a variável ambiental com os meios de
hospedagem.
Para a ABIH, o Programa Hóspedes da Natureza objetiva a conscientização ambiental
dentro do segmento e que a mesma seja uma questão de bom senso empresarial.
Amorim e Ramos (2003) salientam que a ABIH assumiu a responsabilidade de fomentar
a gestão ambiental na área privada do turismo, a partir da hotelaria, por entender que esta ão
começa por esse segmento e que o mesmo mantém interação contínua e permanente com a
comunidade, parceiros, fornecedores, funcionários e hóspedes, tornando-se assim um perfeito
agente multiplicador.
Os referidos autores demonstram ainda que o Programa Hóspedes da Natureza tem por
objetivo fomentar, nos empresários hoteleiros, a cultura de investir em ações socioambientais,
demonstrando que revertem em benefícios econômicos, sociais e ambientais para o
empreendimento em si e para a comunidade em geral, com a efetiva participação dos hóspedes e
32
funcionários, além de desenvolver ações que promovam o fortalecimento do patrimônio cultural
local.
Os resultados obtidos no hotel Albergue da Juventude Paudimar e apresentados por
Gonçalves (2004), corroboram a importância desse sistema de gestão ambiental: a) apresentação
de propostas relacionadas ao meio ambiente pelos funcionários; b) educação ambiental feita aos
hóspedes através de cartazes e painéis espalhados em todo o hotel; c) comercialização dos
resíduos recicláveis; d) a utilização de compostagem para adubação dos jardins e montagem de
uma horta de temperos livre de agrotóxicos; e) troca de lâmpadas incandescentes por eletrônicas
compactas; f) introdução de chaves de controle setorial na área externa da pousada; g)
catalogação das árvores existentes na pousada, permitindo assim o conhecimento da flora local
pelos hóspedes e funcionários.
Para a Accor Hotels (2006), o modelo de sistema de gestão ambiental autônomo pode
ser definido como a utilização de critérios específicos visando à redução dos recursos não
renováveis da natureza em relação ao estabelecimento, baseando-se em cinco princípios básicos:
a) conscientização dos fornecedores e envolvimento dos mesmos em relação ao
comprometimento ambiental;
b) construção limpa, construir hotéis pelo mundo utilizando tecnologias ambientalmente
corretas;
c) desenvolver projetos que envolvam a utilização de energia renovável, como o
aquecimento solar;
d) promover educação ambiental mediante treinamentos de funcionários; elaborar e publicar
de cartilhas desenvolvidas pela própria rede (Carta Ambiental);
e) estimular os clientes para a valorização do meio ambiente por meio da Carta Ambiental.
Segundo a rede hotelaria Accor Hotels, o sistema de gestão ambiental autônomo
Projeto Ecologia Accor objetiva o gerenciamento do consumo de água, luz e reciclagem, a
utilização da Carta Ambiental e a necessidade de cada hotel possuir um gestor ambiental.
Com a implantação desse sistema de gestão ambiental, a rede Accor de Hotéis busca
reduzir em 15% todo o lixo produzido nos seis hotéis da rede no Brasil, busca reduzir em 15% o
consumo de água e busca reduzir em 20% o consumo de energia. Além disso, a rede Accor busca
implantar em seus hotéis a chamada Carta Ambiental, que objetiva desenvolver ações em prol do
33
meio ambiente como o plantio uma árvore nativa da região por ano; a promoção de palestras de
conscientização e o fomento de parcerias com entidades voltadas para a educação ambiental.
O Instituto de Hospitalidade, por meio de seu Programa de Certificação para o Turismo
Sustentável (PCTS, 2004b), estabeleceu uma série de requisitos necessários para a
sustentabilidade nos micro e pequenos meios de hospedagem. Essa série de requisitos deu origem
à NIH-54 (IH, 2004a). Essa norma
estabelece critérios mínimos específicos de desempenho em relação à sustentabilidade e
permite ao empreendimento formular uma política e objetivos que levem em conta os
requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais, sócio culturais e
econômicos significativos. (IH, 2004a. p. 17).
A NIH-54 (IH, 2004a) baseia suas ações no planejamento, na implementação,
verificação e ação, tomando como base os mesmos princípios aplicados por um PDCA.
Segundo o IH (2006e), por enquanto não resultados finais concretos, porém vale
destacar que 82 meios de hospedagem de micro e pequeno porte aderiram a implantação deste
sistema de gestão ambiental e no momento estão realizando cursos e oficinas para
familiarizarem-se com a nova postura gerencial adotada.
Conforme Moraes (2005), todos os programas de gestão ambiental têm como ponto-
chave o reconhecimento dos limites da ecocapacidade e enfatizam a otimização do processo para
minimizar as perdas. O autor afirma ainda que os programas de gestão ambiental em pequenas
estruturas não são mega programas com grandes custos financeiros ou de tempo, mas somente o
estímulo a práticas ambientais no dia-a-dia de cada um.
Na pequena hotelaria, os sistemas de gestão ambiental têm como meta, utilizar medidas
singelas de grandes resultados práticos, tais como: a) incentivo à manutenção paisagística do
local; b) incentivo à redução do desperdício de energia; c) incentivo à reciclagem de resíduos
sólidos produzidos pelo hotel; d) encorajamento à participação dos vizinhos do empreendimento
no programa de reciclagem, por meio da estocagem comum em local apropriado.
Os sistemas de gestão ambiental na hotelaria trazem inúmeras vantagens para todos os
envolvidos no processo, dentre elas podem-se destacar:
34
a) vantagens para o hotel: maior rentabilidade, menor custo, diferencial frente a
concorrentes, melhor posicionamento no mercado, contribuição para a sustentabilidade do
fenômeno do turismo, preservação atual para uso das futuras gerações;
b) vantagens para o meio ambiente: minimização do uso dos recursos naturais, minimização
da poluição e contaminação da natureza, conservação das matas, da flora e fauna local,
preservação atual para uso das futuras gerações;
c) vantagens para a comunidade local: aproveitamento da mão-de-obra local, mostra de sua
cultura e arte, aumento e geração de novas fontes de renda, educação ambiental,
preservação atual para uso das futuras gerações;
d) vantagens para os hóspedes: alimentação saudável, ar puro, água limpa, preservação das
belezas naturais, produtos de qualidade, melhores condições de vida, menor risco de
contaminação, menor risco de acidentes, contato direto com a natureza, redução dos
custos de viagens, imagem positiva na sociedade, contribuição com o meio ambiente,
preservação atual para uso das futuras gerações.
De maneira geral, os sistemas de gestão ambiental, se bem-implantados e implementados,
reduzem o uso de matéria-prima natural no processo das ações, reduzem o consumo de energia,
ressaltam a reciclagem, maximizam o uso de recursos re-aproveitáveis, aumentam a durabilidade
dos produtos, aumentam a satisfação dos clientes e minimizam os impactos ambientais causados
pelo segmento hoteleiro. Portanto, por que não implantar sistemas de gestão ambiental aplicados
à hotelaria, seja ela de pequeno, médio ou grande porte?
2.4 Ações ambientais na hotelaria
As ações ambientais são práticas que devem ser adotadas nas organizações com o
objetivo de auxiliar na redução de impactos ambientais no meio ambiente. Estas ações podem
nortear um novo paradigma no turismo; o comprometimento e responsabilidade para com a
natureza e seus usuários.
35
Ferrari destaca que se entende por práticas ambientais
o desenvolvimento de ações relacionadas ao uso racional de água e de energia; a
programas relacionados ao reuso de águas; ao controle do descarte de águas residuárias e
emissões gasosas; à redução da geração de resíduos sólidos; a programas de sensibilização
(educação ambiental); à adoção de políticas de compra de produtos ambientalmente
corretos; ao cumprimento da legislação ambiental, entre outras. (2006. p. 12-13).
A partir da implantação da gestão ambiental na hotelaria, diversas ações podem e devem
ser implantadas num meio de hospedagem, com o intuído de proteger o meio ambiente, a
sociedade e contribuir ainda para o aumento econômico da empresa. Essas ações estão
relacionadas a diversos fatores, como o consumo de energia, consumo de água, geração de
resíduos sólidos, efluentes líquidos e comprometimento dos fornecedores.
Bonatto (2003) relatou, em seu estudo, que os hotéis têm um importante papel
ambiental e devem estar comprometidos com o aspecto ambiental e necessitam desenvolver
significativas práticas ambientais relacionadas à: a) minimizar o uso de energia; b) minimizar o
uso de água; c) minimizar a geração de resíduos; d) minimizar a geração de efluentes líquidos;
e) convidar clientes e fornecedores a participar de esforços para proteger o meio ambiente.
O desenvolvimento dessas práticas é considerado elemento fundamental para que a
organização promova uma gestão voltada para o tripé da sustentabilidade.
Para Alves e Cavalcanti (2006), as empresas do segmento hoteleiro começaram a
priorizar ações ambientais, introduzindo-as de forma sistemática nos seus modelos de gestão,
assim como acompanhando e registrando os benefícios econômicos que estas podem trazer para o
empreendimento.
Gonçalves (2004) afirma que o envolvimento da sociedade com as questões ambientais
está estimulando hóspedes e agentes do processo hoteleiro a exigir uma nova postura, não mais
apenas focada na qualidade dos serviços prestados pelo meio de hospedagem, mas também à
conservação dos recursos naturais.
A preocupação com a conservação do meio ambiente natural ficou bem-evidenciada
quando a Embratur criou uma nova classificação para os meios de hospedagem no País. Nessa
classificação foram inseridos novos critérios para o enquadramento das empresas hoteleiras.
Além dos critérios contemplados, a nova matriz de classificação estabeleceu aos
36
empreendimentos o zelo pelo conceito de responsabilidade e gestão ambiental, para os mesmos
obterem a avaliação de excelência nos serviços prestados, isto é, monitorando continuamente os
gastos com água, energia, geração e disposição dos resíduos e do relacionamento com os
fornecedores de produtos à hotelaria.
Silva (2006) informa que há uma nomenclatura específica para os meios de
hospedagem, essa nomenclatura é determinada por diversos critérios, entre eles, os critérios
ambientais, conforme Anexo A, e apresentada por “estrelas” vinculadas a cada tipo de meio de
hospedagem como demonstra o quadro 2.2.
CATEGORIA CLASSIFICAÇÃO
Superluxo
SL
Luxo
Superior
Turístico
Econômico
Simples
Quadro 2.1: Classificação hoteleira segundo a Embratur
5
.
Fonte: EMBRATUR, 2002.
Vieira e Hoffmann (2006) salientam que, com o surgimento da nova classificação da
Embratur, em parceria com a ABIH, a questão do cuidado e da responsabilidade pela gestão
ambiental passou a ser um item relevante para a obtenção da avaliação de excelência e
certificação hoteleira no Brasil.
Segundo Bertoli Neto e Silva (2005), a adoção de um sistema de classificação eficaz,
adequado ao contexto mercadológico e às particularidades regionais, favorece a qualificação e a
promoção do produto turístico de uma destinação, além de manter o caráter informativo dos
padrões de qualidade e da hospitalidade, que a estrutura receptiva disponibiliza ao público
consumidor e que se constitui como o principal objetivo do processo, a classificação.
Conforme Amorim e Ramos (2003), as ações de proteção ambiental não podem estar
desvinculadas deões relativas à qualidade de vida das pessoas, dado seu inter-relacionamento,
portanto, justificando então a necessidade igualitária do fator ambiental e social.
5
Simbologia “estrelas”, é permitida somente para uso exclusivo da Embratur, de acordo com a Deliberação
Normativa 367. (EMBRATUR, 1997d).
37
A Declaração de Nuremberg,
6
que segundo Rues (1995), orienta os hotéis e restaurantes
para a aplicação eficiente e consciente em prol do meio ambiente por meio de dez objetivos
básicos em relações a ações ambientais:
1. a administração dos estabelecimentos: hotéis e restaurantes, ecologicamente conscientes,
contribuem para a estabilidade do meio ambiente e para o êxito econômico de hotéis e
restaurantes no futuro;
2. as medidas de contenção de energia são recompensadas de múltiplas formas, como na
diminuição de consumo de produtos crus, custos de consumo, etc;
3. as medidas de contenção de água dão ênfase tanto para o ecológico quanto ao econômico;
4. a lavagem e a limpeza ecologicamente consciente diminuem a carga de produtos químicos
ao meio ambiente;
5. o hoteleiro e dono de restaurante ecologicamente conscientes respeitam, durante a
construção, a renovação das instalações, os aspectos e as normas ecológicas;
6. a minimização dos resíduos começa na compra: evitar embalagens individuais. Dar
preferência a embalagens reutilizáveis;
7. o uso de matérias não descartáveis: vidro, cristais, entre outros, e produtos recicláveis,
minimiza as montanhas de dejetos e aliviam o meio ambiente;
8. a separação e coleta de resíduos (papéis, vidros, metais, plásticos e material orgânico)
servem para reutilização. Os resíduos especiais devem ser encaminhados para locais
específicos;
9. usar, para o transporte da empresa, veículos tipo econômico e produtos não prejudiciais.
os trajetos curtos podem ser feitos a ou com bicicleta. Essas medidas contribuem com
as reservas de energia;
10. para a administração de hotéis e restaurantes em prol do meio ambiente, se requer: a
capacitação de todos os empregados, bem como a informação “tópicos da conservação”
para os hóspedes e clientes;
Pode-se dizer que essa série de ações citadas por Rues (1995) devem ser utilizadas
como exemplos a serem seguidos por meios de hospedagem que procuram um tipo de
administração consciente e que estejam preocupados com o futuro da atividade, possibilitando
assim o uso pelas futuras gerações.
6
Parte da declaração apresentada em 12 de abril de 1991, perante a Assembléia de Conselheiros da Associação de
Hotéis e Restaurantes da Baviera (Alemanha), na cidade de Nuremberg.
38
Solução de problemas básicos de infra-estrutura, alternativas de geração de renda para a
comunidade, preservação do entorno natural, melhoria da imagem perante todos e ganhos
econômicos, são apenas alguns benefícios que os meios de hospedagem podem obter a partir
desses itens relacionados a ações ambientais.
Quando os gestores dos meios de hospedagem se conscientizarem de que a diminuição
dos custos operacionais está atrelada à redução do uso dos recursos naturais e da menor geração
de resíduos sólidos e efluentes líquidos a médio e longo prazo, as ações ambientais na hotelaria
serão práticas adotadas de forma espontânea pelos empreendimentos hoteleiros.
Para a implantação de ações ambientais, é necessário haver um planejamento bem-
elaborado que contemple rias características do meio de hospedagem, entre elas podem ser
destacadas: a) o perfil do cliente; b) a localização do hotel; c) a legislação municipal e estadual;
d) a taxa de ocupação; e) a sazonalidade, entre outros.
2.4.1 Energia
Em relação ao uso de energia, as ações ambientais na hotelaria podem auxiliar a reduzir
o consumo consideravelmente. Para isso acontecer, os gestores devem procurar conhecer
maneiras econômicas e eficazes de redução do consumo energético.
Além da redução do consumo de energia ter um caráter econômico, é fundamental
destacar que, conseqüentemente, irá ocorrer uma redução do uso de água para a geração dessa
energia e contribuindo assim para a redução do uso de água, um recurso natural finito e tão
ameaçado devido ao seu mau uso pelo homem.
39
Destacam-se, como práticas ambientais voltadas para a redução do consumo enérgico, a
troca de lâmpadas comuns por lâmpadas frias, que consomem menos energia; a utilização de
lâmpadas fotocélulas, a instalação de sensores de presença nos corredores e nos banheiros sociais
dos meios de hospedagem, a instalação de aparelhos que utilizem cartões de acesso para a
liberação de energia nas UHs, a aquisição de equipamentos que comprovem a redução energética,
a adoção de programas de sensibilização com os hóspedes, entre outros.
As ações ambientais, em relação à redução do consumo de energia, visam ainda a
reduzir indiretamente a geração de resíduos sólidos e o uso de água, seja através da não-troca
constante de lâmpadas comuns, ou a utilização da lavanderia a todo momento para limpeza de
roupas sem necessidade.
Uma das ações mais utilizadas, no hotel Renaissance São Paulo (Marriot Brasil, 2006),
é o desligamento da metade das lâmpadas de todas as áreas sociais em períodos de baixa
ocupação e / ou movimento. Essa simples ação reduziu consideravelmente o consumo de energia
no empreendimento.
Gonçalves (2004) ressalta que a economia atingida com a implantação de novas técnicas
ambientais, em relação ao consumo de energia, pode reduzir significativamente seu consumo,
tanto de forma natural quanto de forma econômica.
É importante ressaltar que a utilização de novas formas de energia como a eólica e a
solar, são práticas que devem ser adotas pelos meios de hospedagem. Em relação à energia solar,
vale utilizar, como exemplo, o Hotel Colinas, um pequeno meio de hospedagem com 30 UHs que
reduziu em 55% o consumo de energia, após a implantação de placas solares. (REVISTA
HOTEL NEWS, 2006, p. 64).
Para a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2006), o aproveitamento térmico
das placas solares para o aquecimento de água em residências, hotéis, restaurantes, clubes e
hospitais, é de grande utilidade, pois, além de reduzir o consumo de água para a geração da
energia, diminui o valor de pagamento da tarifa elétrica.
É importante ressaltar que, a todo o momento, os meios de hospedagem buscam reduzir
ao máximo o consumo de energia, mesmo porque ele tem um custo ambiental e econômico alto.
Então, por que não realizar ações que busquem reduzir esse custo? Ou ainda, por que não utilizar
novas fontes de energia, como a solar ou a eólica, sensores de presença nos corredores, lâmpadas
40
frias e de baixo consumo e controladores de energia nas dependências de toda a unidade
hoteleira?
São perguntas como essas que a gestão ambiental, por meio de suas ações buscam
solucionar, e ainda contribuir com a natureza, reduzir gastos e conscientizar os envolvidos na
atividade turística e hoteleira sobre a conservação dos recursos naturais.
2.4.2 Água
Os empreendimentos hoteleiros devem adotar ainda práticas que reduzam o consumo de
água, implementando medidas que busquem sua captação, porém sem comprometer o nível dos
cursos de água ou utilizá-los até sua escassez.
A NIH-54 (IH, 2004a), salienta que os meios de hospedagem devem implementar ações
que economizem o uso de água, como válvulas redutoras nas torneiras, nos chuveiros e nas
descargas, captar águas pluviais para a irrigação de jardins, lavagem de carros e calçadas e nas
descargas dos banheiros, além de utilizar um programa de troca de toalha não diária.
A não-troca das toalhas diariamente (uma opção do hóspede) pode, ao final de um mês,
levar a uma economia considerável de água, bem como reduzir a quantidade de detergentes
utilizados na lavagem e, indiretamente, reduzir a quantidade dos efluentes líquidos devolvidos ao
meio ambiente.
A importância de desenvolver ações como estas fica salientado quando a Companhia
Rio-Grandense de Saneamento (CORSAN, 2007) alerta que o aumento crescente da população
aumenta também a procura por água, seu uso irracional e uma administração deficiente causam o
esgotamento de muitas fontes de água e põem em risco a saúde do homem e a economia das
comunidades.
É válido também destacar que, segundo a Corsan (2007), os principais problemas
enfrentados são a exploração irracional de aqüíferos e águas superficiais, o uso de tecnologias
que demandam quantidades excessivas de água nas indústrias, o despejo de águas residuais de
indústrias sem tratamento prévio, as técnicas de irrigação que desperdiçam e contaminam a água,
o inadequado lançamento do esgoto doméstico, e a falta de conhecimento dos usuários para fazer
frente a essa situação.
41
Como exemplo, vale ressaltar a política ambiental do Hotel Íbis Caxias do Sul (Rede de
Hotéis Accor, 2006), que utiliza as águas residuais dos chuveiros das UHs para as descargas
sanitárias, diminuindo assim o consumo de água potável no hotel.
Pode-se dizer que, na hotelaria, um dos principais problemas, em relação ao uso
inadequado de água, concentra-se na utilização de poços artesianos, no despejo inadequado das
águas residuais e na falta de informação dos gestores, que desconhecem os procedimentos
adequados para a utilização desse recurso natural.
2.4.3 Resíduos sólidos
Com relação aos resíduos sólidos, é importante destacar a necessidade da adoção de
ações que visem à utilização de equipamentos apropriados para: coleta e separação; construção de
dependências específicas para o armazenamento; implantação de programas de destinação como
reciclagem e compostagem e, principalmente, o conhecimento sobre os impactos que a geração
excessiva e descontrolada pode causar ao meio ambiente.
Para De Conto et al. (2006), a geração de resíduos sólidos vem se tornando cada vez
mais uma problema nos empreendimentos turísticos, necessitando, portanto do desenvolvimento
de programas de gerenciamento integrado desses resíduos.
Esses programas podem estar ligados a separação seletiva de resíduos sólidos e palestras
de sensibilização para os colaboradores, a um trabalho junto aos hóspedes destacando a
importância de gerenciamento de resíduos, a um trabalho de conscientização dos fornecedores de
produtos à hotelaria, entre outras ações.
Porém, na hotelaria, o que ocorre é o desconhecimento de muitos gestores sobre suas
responsabilidades ambientais perante a lei e um “certo”comodismo no setor. Por ser a fonte
geradora do resíduo, o hotel tem por obrigação dar um tratamento e uma destinação adequada a
esses resíduos.
Isso implica em ser responsável, perante a lei, pelos possíveis impactos negativos que
podem ocorrer no meio ambiente, por uma má gestão de resíduos no empreendimento.
Nesse sentido, é importante destacar o decreto da Lei 9.921 (SEMA, 1993), que trata
da gestão dos resíduos sólidos.
42
O decreto ressalta que:
A coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e a destinação final dos resíduos
sólidos de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços, inclusive
de saúde, são de responsabilidade da fonte geradora independentemente da contratação
de terceiros, de direito público ou privado, para execução de uma ou mais dessas
atividades.
Mandelli (1997) considera as características dos resíduos sólidos como uma das
variáveis que interferem na qualidade do gerenciamento ambiental.
Segundo a autora, essas características estão relacionadas a escassez de informações
sobre o correto armazenamento de resíduos sólidos, a necessidade de se construir abrigos
específicos para a armazenagem de resíduos sólidos, uma vez que não previsão de construção
de abrigos específicos para esse armazenamento e muitos projetos arquitetônicos, não
especificam essa construção.
A falta de programas de sensibilização realizados para a administração e os funcionários
do empreendimento sobre o gerenciamento de resíduos também contribui para interferir na
qualidade do gerenciamento ambiental, que os diferentes tipos de resíduos são acondicionados
em um mesmo local, sem levar em consideração suas características.
De Conto (2001) evidencia ainda à importância de desenvolver estudos relacionados ao
comportamento de turistas e prestadores de serviço em relação ao manejo de resíduos sólidos em
meios de hospedagem. A autora ressalta que um programa de gerenciamento de resíduos sólidos
deve ser implantado, em primeiro lugar, para identificar diferentes situações que podem acarretar
a geração de resíduos, como quais tipos de serviços estão sendo oferecidos aos hóspedes, quais
características esses setores têm, quais são as características dos hóspedes, que tipos de resíduos
são gerados, como eles são acondicionados, qual o comportamento dos gerentes, cozinheiros, das
camareiras em relação aos resíduos sólidos, que informações os hóspedes recebem sobre
condutas desenvolvidas em relação aos resíduos sólidos, como os resíduos são tratados e qual sua
destinação final.
43
A NBR 10004 (ABNT, 2004a), considera como resíduos sólidos, os que se encontram
nos estados sólido e semi-sólido, e que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004, p.03).
Práticas como a compostagem de materiais orgânicos, separação e venda de latas,
garrafas pet, papel ou outros materiais podem ainda contribuir como fonte de renda para
funcionários envolvidos direta ou indiretamente no processo. A devolução de resíduos perigosos
como lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, também contribui para a diminuição dos
impactos no meio ambiente.
É válido destacar, como exemplo, o programa de reeducação, redução, reutilização e
reciclagem que o hotel Lanai Lagoa da Conceição, (Hotel Lanai, 2007) de Florianópolis utiliza. O
mesmo possui um programa de resíduos que assegura um correto trabalho de educação com os
hóspedes e funcionários, proporciona aos funcionários de alimentos e bebidas cursos com
técnicas sobre a correta utilização dos equipamentos da cozinha. Além de utilizar os dois lados do
papel no setor administrativo e ainda a compostagem como técnica de reciclagem de insumos.
Fonseca e Borges (2006) relatam que, durante a produção, a observação e a cobrança
pelo manejo correto de utensílios, como facas, e a aplicação de técnicas de corte, faz-se
indispensável, para um melhor aproveitamento da matéria prima e, conseqüentemente, redução
do resíduo orgânico final.
O primeiro passo para a redução dos resíduos deve começar no momento da compra,
quando os funcionários responsáveis por esse setor devem dar preferência a produtos com
embalagem passível de reutilização, além de não receber as embalagens em que os produtos estão
acondicionados sem necessidade. Pode-se citar, como exemplo, os supermercados, que
acondicionam todos seus produtos em sacolas plásticas, ocasionando com essa prática uma
excessiva geração de resíduos plásticos.
44
Costa (2004) alerta para a não-utilização de refrigerantes em lata ou em garrafas pet,
mas para a adoção de refrigerantes em garrafas de vidro, para que as mesmas possam voltar para
os fornecedores e novamente ser preenchidas.
Ações simples como a substituição de produtos separados como o xampu e o
condicionador por produtos “2 em 1” , ou a fixação permanente destes produtos nos banheiros
das UHs, a prática da compostagem para os restos alimentares, a elaboração de pratos a partir de
sobras alimentares,
7
a utilização dos dois lados das folhas para a comunicação interna no hotel, o
acondicionamento dos resíduos em lixeiras específicas para posterior reciclagem, a aquisição de
produtos pré-prontos, entre outros.
Segundo a revista eletrônica (Resol, 2007), uma ação que merece destaque é o
Programa Vale-água da Copasa.
8
Por ele, os empreendimentos hoteleiros e os moradores de uma
região do oeste mineiro, trocam latas de alumínio e garrafas de plástico por descontos na conta de
água. O projeto tem por finalidade reduzir o lançamento de resíduos nos rios, e
conseqüentemente, melhorar a vida da comunidade.
Ações em prol da redução da geração de resíduos sólidos são extremamente benéficas
para os meios de hospedagem, o meio ambiente e a comunidade local, pois auxiliam na
conservação da natureza e das paisagens na região, geram emprego e renda para a comunidade,
trazem retornos financeiros consideráveis ao empreendimento e auxiliam no processo de
sensibilização de futuras gerações.
2.4.4 Efluentes líquidos
Considerando o gerenciamento dos efluentes líquidos, deve-se sinalizar que o descarte
diariamente realizado pela hotelaria também é motivo de preocupação e merece atenção dos
gestores, para que se realizem ações, a fim de diminuir o despejo no meio ambiente.
7
Considera-se, neste caso, os alimentos preparados que não foram servidos ao consumo. Ex: sobras de arroz nas
panelas, frutas e verduras preparadas, porém não servidas, entre outros.
8
Copasa: Companhia de saneamento de Minas Gerais.
45
Estações de tratamento devem ser construídas e produtos de procedência com garantias
de qualidade ambiental devem ser utilizados em todas as áreas dos meios de hospedagem,
principalmente no setor da governança e lavanderia, para que haja uma redução da contaminação
na natureza.
Para a minimização dos impactos, a NIH-54 (IH, 2004a), sugere que o empreendimento
deve planejar e implementar medidas que reduzam os riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
devem ser incluídos o tratamento das águas residuais e a destinação adequada das águas
contendo resíduos tóxicos ou perigosos.
Segundo o manual de boas práticas – Aspectos Ambientais
os meios de hospedagem que estiverem em localidades onde possua rede de tratamento
público de efluentes e ou órgão de controle ambiental, devem garantir que o percentual
total de seus efluentes seja encaminhado para esse tratamento. Porém se o meio de
hospedagem não estiver em uma localidade que possua rede pública de tratamento, é
dever do hotel tratar os efluentes gerados, a fim de garantir o atendimento mínimo aos
padrões estabelecidos pela legislação vigente. (IH, 2006b, p. 29).
Na indústria, a conformidade dos efluentes devolvidos à natureza fica evidente quando
Andrade et al. (2001) evidenciam que a maior preocupação está voltada para a incorporação de
equipamentos que diminuam a saída dos efluentes para o meio ambiente. Então por que o
segmento hoteleiro não pode adotar esse tipo de política?
O hotel Transamérica Ilha de Comandatuda (HTIC, 2006), mediante o “Projeto
Berimbau”, desenvolve ações no sentido de tratar as águas residuárias e utilizá-las para a
irrigação dos campos de golfe, futebol e os jardins do hotel, diminuindo assim a utilização da
água de seus poços artesianos. Outra ação válida a destacar é o aproveitamento para a irrigação
das floreiras do restaurante dos restos de água mineral que os hóspedes do Resort Costão do
Santinho não consomem durante as refeições.
Para Giordani e Santos (2003), o reaproveitamento de efluentes é importante, pois
possibilita que as estações de tratamento tenham outras formas de beneficiar o meio ambiente.
A partir do reaproveitamento de efluentes, as estações de tratamento podem ser
utilizadas não somente como locais de tratamento dos efluentes para uma devolução mais
adequada ao meio ambiente. As estações de tratamento podem ser utilizadas para o auxílio na
46
limpeza da água para a utilização na irrigação agrícola, na piscicultura, na limpeza urbana, no
paisagismo e na recreação (água utilizada para preencher lagos artificiais, onde possam ser
desenvolvidas atividades como o pedalinho, passeios de canoa e caiaque, entre outros).
Vale ressaltar também que é dos rios que se recolhe a maior parte da água para o
abastecimento humano, e é neles que são depositados os efluentes, sejam eles domésticos ou
industriais. Por isso, é muito importante tratar esses efluentes, para que os mesmos não poluam as
fontes receptoras das águas para consumo humano.
2.4.5 Fornecedores
Para Silva (2006), os fornecedores devem estar comprometidos em apresentar laudos
ambientais aos hotéis, bem como o inventário dos produtos oferecidos com suas matérias-primas,
além de treinar os funcionários sobre a quantidade exata dos produtos de lavanderia a serem
utilizados para a lavagem das roupas.
Os meios de hospedagem também devem exigir que os fornecedores entreguem
produtos que apresentem a classificação e seleção das embalagens com etiquetas e assinatura de
responsáveis técnicos, atestando que o produto e a embalagem oferecidos são ecologicamente
corretos.
É importante ainda que os meios de hospedagem mantenham um cadastro de
fornecedores, selecionados pelas ações ambientais realizadas. Os responsáveis pelas compras do
hotel devem também analisar o ciclo de vida dos produtos adquiridos, para ver se estes produtos
contribuem para a minimização dos impactos no ambiente natural.
Se a água, a energia, os resíduos sólidos, os efluentes líquidos e os fornecedores forem
contemplados com a adoção de práticas ambientais em um mesmo meio de hospedagem, com
certeza, esse empreendimento será objeto de estudo e modelo a ser seguido por outros
empreendimentos hoteleiros. E pesquisadores na área da hotelaria, do turismo ou do saneamento
utilizarão essas informações com o intuito de aprofundar o estudo em gestão ambiental na
hotelaria, e contribuir para a redução do consumo dos recursos naturais, diminuindo a geração de
impactos negativos, pela geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos.
47
A necessidade de se executar ações em prol do ambiente fica mais evidente quando
pesquisas apontam para os graves problemas oriundos da poluição e do aquecimento global. Se o
segmento hoteleiro não começar a desenvolver práticas ambientais, que apontem para a qualidade
ambiental nesses estabelecimentos, certamente será um dos primeiros setores a sentir os
resultados negativos dessa poluição.
E, para finalizar o estudo sobre as ações ambientais na hotelaria, é importante salientar
que os fornecedores de produtos hoteleiros têm um importante papel a desenvolver em relação às
práticas ambientais.
A partir dos produtos utilizados na hotelaria, o desenvolvimento da atividade hoteleira
pode ser mais ou menos impactante. A redução desses impactos depende da sensibilização dos
hoteleiros e das corretas ações ambientais a serem utilizadas, mas principalmente dos produtos
oferecidos pelos fornecedores aos empreendimentos hoteleiros.
Em síntese, é possível destacar que a aplicação de ações ambientais na hotelaria é um
dever de todos, porém depende mais da sensibilização e da boa vontade dos envolvidos do que da
necessidade de grandes investimentos financeiros para sua adequação.
2.5 Impactos ambientais provocados pela hotelaria
No Brasil, a responsabilidade a danos causados ao meio ambiente está prevista na Lei
6.938 de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), que considera poluidor: “a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividades
causadoras de degradação ambiental”. Esse princípio, conhecido como princípio do usuário-
pagador, prevê que todo aquele que explora uma atividade econômica deve arcar com os custos
sociais da poluição por ele causada.
Para Valle (2004), a poluição ambiental pode ser definida como toda a ação ou omissão
do homem, que através da descarga de material ou energia atuando sobre as águas, o solo e o ar,
cause um desequilíbrio nocivo, seja de curto, dio ou longo prazo, sobre o meio ambiente. A
partir das ações que os meios de hospedagem realizam, pode-se definir qual o tipo de impacto
será gerado no meio ambiente pela hotelaria: esse impacto pode ser positivo ou negativo.
48
Segundo Bonatto e De Conto (2004), os impactos positivos, referentes aos produtos e
serviços oferecidos pelo hotel, devem ser bem divulgados aos hóspedes, à imprensa, aos
fornecedores, aos funcionários e enviados mediante folheteria, às agências de viagens.
Os impactos positivos na hotelaria estão relacionados ao aumento do ganho econômico
dos funcionários ou dos catadores cadastrados para atuar na reciclagem, ao conhecimento da
cultura local mediante apresentações realizadas nos hotéis, ao desenvolvimento de programas de
educação ambiental fomentado com hóspedes e funcionários para a redução do consumo dos
recursos não renováveis, entre outros.
Para Bonilla e De Conto (2003), a indústria hoteleira no conjunto constitui-se num
grande gerador de resíduos sólidos, um consumidor ineficiente de água e de combustíveis fósseis,
além de utilizar grandes quantidades de papel e empregar também grandes quantidades de
plástico e produtos de limpeza.
A partir da afirmação de Bonilla e De Conto (2003), pode-se constatar que a hotelaria,
se considerada como indústria, é um segmento que contribui para a geração de impactos
negativos ao meio ambiente.
Alguns impactos ambientais negativos que a atividade hoteleira produz podem ser
relacionados com: a contaminação de rios, lagos e oceanos, pelo despejo de efluentes quidos
sem tratamento; o desaparecimento de fauna e flora local para a construção de grandes hotéis; o
derramamento de óleos nos rios e oceanos pelos motores dos barcos e jet skys; a grande geração
de resíduos sólidos e posterior contaminação das águas subterrâneas e do solo pelo seu despejo
sem controle na natureza; a mudança de comportamento e exploração da comunidade local, que
abandona seu artesanato, danças e folclore para trabalhar em complexos hoteleiros, entre outros.
Para a norma NBR 14001 (ABNT, 2004), impacto ambiental é definido como “qualquer
modificação do meio, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos
ambientais da organização”. Para a mesma norma NBR 14001 (ABNT, 2004), o aspecto
ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços da organização que pode interagir
com o meio ambiente.
Harrington e Knight (2001) salientam, em seu estudo que um sistema de gestão
ambiental deve contemplar em seu planejamento, os possíveis impactos ambientais que a
atividade pode ocasionar. Sem esse olhar, um sistema de gestão ambiental fica ineficiente, pois
não verifica a eficácia das ações desenvolvidas em prol da natureza.
49
Os impactos ambientais podem afetar significativamente a hotelaria, causando sérios
prejuízos, principalmente em meios de hospedagem que dependem do ambiente natural para a
atração turística, como os resorts e as pousadas temáticas, que os recursos naturais e a
qualidade do ambiente não transmitem a seus hóspedes o encantamento necessário para atraí-los,
acarretando assim sérios problemas de ocupação e desenvolvimento do setor turístico da região.
Na visão de Campos, Selig e Cury (2001), os impactos ambientais e sua gestão
assumem importância igual ou maior que os impactos administrativos tradicionalmente
contemplados no projeto das empresas.
Os projetos tradicionais de hotelaria, sem planejamento ambiental, podem estar
destinados a desaparecer do mercado em pouco tempo, isto porque a gestão ambiental, seus
aspectos e impactos estão, mesmo que de forma lenta, começando a ser considerados pelos
responsáveis pelo planejamento do setor.
Nessa direção, o item 5.3 da NIH-54 (IH, 2004a), diz que o meio de hospedagem deve
tomar medidas para minimizar as alterações significativas na paisagem local, provocadas pelo
projeto arquitetônico e pelos movimentos de terra, minimizando assim os impactos ambientais
naturais na área que em o meio de hospedagem será instalado.
Silva (2006) relata ainda que a falta de experiência no ramo hoteleiro acarreta inúmeros
problemas ambientais, desde uma arquitetura falha, não voltada para o lado ambiental, sem
construção de local próprio para o acondicionamento de resíduos sólidos, sem encanamento
apropriado para reutilização das águas dos chuveiros, sem utilização de controladores de energia
nos corredores, entre outros aspectos, até a falta de conscientização das pessoas que atuam
diretamente no setor.
De Conto (2005) alerta para a responsabilidade dos hóspedes, questionando quantos
turistas se preocupam com os impactos do turismo sobre todas as destinações. Nesse sentido
percebe-se que a responsabilidade não é somente dos meios de hospedagem, mas também das
pessoas que freqüentam esses empreendimentos, e muitas vezes não estão preocupadas com: a) a
quantidade de gasto energético que é gerado dentro de uma unidade habitacional, seja por
esquecimento de lâmpada ligada, ou pelo uso do ar-condicionado; b) quanto de água é
desperdiçado, devido ao mau uso da torneira ou do banho demorado; c) quanto de resíduo é
gerado pelo não-aproveitamento de sobras alimentares; d) quanto o turista é consciente em evitar
o desperdício de recursos dentro de um hotel.
50
Conforme Vieira (2004), a idéia de iniciar ações com a finalidade de minimizar resíduos
ou emissões, de evitar o desperdício de água e energia, entre outras iniciativas, geralmente está
vinculada com o conceito de mudança de processos, atividades e materiais.
Isso porque a hotelaria é um dos segmentos que possui uma grande propensão ao
desperdício, pois seu controle foge das mãos da administração do empreendimento a partir do
momento em que são gerenciados pelos próprios hóspedes e/ou empregados.
Além do gerenciamento ambiental, os sistemas de gestão auxiliam a mensurar os
possíveis impactos que a atividade pode gerar, além de trazer vantagens para todos envolvidos no
processo, dentre elas pode-se salientar:
Vantagens para o hotel: Maior rentabilidade, menor custo, diferencial frente a
concorrentes, melhor posicionamento no mercado, contribuição para sustentabilidade do
fenômeno do turismo, preservação atual para uso das futuras gerações;
Vantagens para o meio ambiente: Minimização do uso dos recursos naturais,
minimização da poluição e contaminação da natureza, conservação das matas, flora e fauna local,
preservação atual para uso das futuras gerações;
Vantagens para a comunidade local: Aproveitamento da mão-de-obra local, mostra de
sua cultura e arte, aumento da renda, geração de novas fontes de renda, educação ambiental,
preservação atual para uso das futuras gerações;
Vantagens para os hóspedes: Alimentação saudável, ar puro, água limpa, preservação
das belezas naturais, produtos de qualidade, melhores condições de vida, menor risco de
contaminação, menor risco de acidentes, contato direto com a natureza, redução dos custos de
viagens, imagem positiva junto à sociedade, contribuição com o meio ambiente, preservação
atual para uso das futuras gerações;
Questões como essas servem para refletir sobre os impactos que a atividade hoteleira
pode gerar e, ao mesmo tempo, analisar o quanto é complexo o tema gestão ambiental no âmbito
dos meios de hospedagem.
De Conto (2005) ressalta ainda que os hotéis têm um papel importante nas questões
ambientais e devem estar comprometidos a desenvolver atitudes, no sentido de utilizar
significativas práticas ambientais em todos os processos, cumprindo rigorosamente a legislação
ambiental, minimizando o uso dos recursos naturais, a geração de resíduos sólidos, praticando a
educação ambiental, procurando fornecedores com responsabilidade ambiental e comunicando
51
abertamente sua política e práticas ambientais para quem estiver interessado, monitorando, assim,
o impacto ambiental desenvolvido pela atividade hoteleira.
A atividade hoteleira, se analisada de forma individual, causa relativos impactos à
natureza, devido ao pouco uso de recursos, como: água, energia, papéis, alimentos, e geração de
poluentes químicos, entre outros. Porém, se for analisado o conjunto de estabelecimentos
hoteleiros em uma mesma região, o impacto ambiental é maior.
Dias (2003) relata que a hotelaria tem contribuído para a poluição da água, pela falta de
tratamento dos esgotos e dos sistemas de resíduos sólidos, assim como pelo uso de pesticidas,
herbicidas e fertilizantes para a manutenção de seus jardins. Esses fatores podem causar inúmeros
impactos e danos à fauna e flora e as comunidades locais, atingindo assim exatamente os
atrativos responsáveis pela vinda dos turistas nessas localidades.
Para Genta (2006), o setor hoteleiro é responsável pelo uso excessivo de água, pois
utiliza esse recurso para banhos e duchas dos hóspedes, para a manutenção das quadras
esportivas, dos jardins, das piscinas e lavanderias, gerando com isso grande volume de águas
residuais, saturando a rede de esgoto e contaminando o solo. Conseqüentemente, gerando
impactos ambientais negativos e acarretando futuros problemas de visitantes na região.
É sabido que o nosso planeta possui recursos finitos e que sua utilização irracional,
certamente, acarreta inúmeros impactos para os seres humanos, inclusive para as
organizações que se acreditam imunes a tais impactos. Uma relação com o meio
ambiente deve ser encarada pelos empresários como uma questão de inteligência.
(GONÇALVES, 2004, p.17).
No sentido de reduzir custos e desperdícios no segmento hoteleiro, Ricci (2002)
comenta que a partir de 1980, começou-se a utilizar técnicas para minimizar o uso de recursos
naturais, no Japão, na China e Coréia. Os hotéis iniciaram a implantação de programas de boas
práticas ambientais, com enfoque no desperdício e reaproveitamento de matérias. No Reino
Unido, a International Hotel and Environmental Initiative (IHEI) desenvolveu programas básicos
de redução de desperdícios e de uso adequado dos recursos naturais.
52
Ações ambientais adequadas podem ser uma ferramenta para reduzir o dano ambiental
9
gerado pela atividade hoteleira, seja por meio de programas de gerenciamento de resíduos
sólidos, seja pela implantação de estações de tratamento de efluentes líquidos, até o uso de fontes
de energias alternativas que substituem o uso da energia elétrica.
Em contrapartida, a possibilidade de geração de impactos ambientais negativos, multas
e punições e pressão de grupos ecológicos fez com que alguns meios de hospedagem
começassem a adotar uma nova postura de gestão. Começou-se, então, a buscar a qualidade
ambiental na operação da atividade hoteleira. Essa busca teve início no Brasil, nos anos 90, e
mudou o comportamento dessas empresas.
É importante salientar que a aplicação de multas e punições sobre os meios de
hospedagem, para reduzir o impacto resultante do turismo, pode pouco estimular a criação de
resultados positivos oriundos da atividade: o que se recomenda haver é um melhor conhecimento
das empresas hoteleiras e dos turistas em geral para contribuir à redução dos impactos da
atividade sobre o meio ambiente.
Gonçalves (2004) explana que a expressão qualidade ambiental está atrelada à
racionalização no uso de água, de energia e dos recursos, além de um maior desempenho e
estímulo à reciclagem e à reutilização dos mesmos. Moura (2003) ressalta que tal expressão
passou a fazer parte do cotidiano das pessoas que passaram a se preocupar em economizar os
recursos naturais e evitar desperdícios.
Segundo a IHEI (1995), Integrated healthcare (IHA, 1995) e a United Nations
Environment Programme (UNEP, 1995) ser ecologicamente correto torna-se um fator positivo
para os negócios, além disso, todos os envolvidos no processo conscientizam-se da importância
do meio ambiente para todos e da questão ambiental para o sucesso do negócio.
Vale ressaltar também que a preocupação do setor hoteleiro com o meio ambiente está,
mesmo que lentamente, em ascensão no Brasil. Esses dados foram constatados pelo crescimento
de meios de hospedagem que divulgam suas práticas ambientais nos mais diversos canais de
comunicação, dentre eles: sites da internet, publicações em revistas especializadas e folheterias
em agências de viagens. Em síntese, torna-se importante dizer que a qualidade ambiental deve ser
melhor examinada pelos cursos de graduação e pós-graduação em seus programas de ensino,
9
Para Simmianer (2005), o dano ambiental pode ser compreendido como qualquer lesão aos recursos ambientais,
causando degradação e conseqüentemente desequilíbrio ecológico. Sirvinskas (2002), considera como dano
ambiental toda a agressão contra o meio ambiente, causada por atividade econômica potencialmente poluidora ou
por ato comissivo ou omissivo praticado por qualquer pessoa.
53
porque esses cursos são os responsáveis por mudar o comportamento dos futuros gestores do
fenômeno turístico.
3 MÉTODO DE COLETA DE DADOS
A metodologia adotada neste estudo teve caráter qualitativo e quantitativo; quanto a seus
objetivos, caráter exploratório e, quanto aos procedimentos técnicos é objetiva. Dencker (1998)
considera pesquisa exploratória como a que procura em aprimorar idéias ou descobrir intuições e
ainda caracteriza-se por possuir um planejamento flexível envolvendo em geral levantamento
bibliográfico, entrevista com pessoas experientes e análise de exemplos similares.
54
A autora define ainda, como procedimento técnico-objetivo, o que procura descrever
fenômenos ou estabelecer relações entre variáveis. O mesmo utiliza técnicas padronizadas de
coleta de dados, como a entrevista e a observação da realidade no local. Utilizou-se ainda o
método documental, pois fez-se necessário trabalhar com material que ainda não recebeu
tratamento analítico, como artigos de revistas e documentos conservados em arquivos de
instituições públicas, privadas ou pessoais.
Para o complemento do todo, utilizou-se, como ferramenta de coleta de dados,
entrevistas diretivas, que consistem em um roteiro básico de questões que é seguido em seqüência
ordenada e constante em todas as vezes aplicadas, permitindo assim, maior liberdade do
pesquisador (DENCKER,1998). As entrevistas foram desenvolvidas com 42 gestores de meios de
hospedagem da Região Uva e Vinho da Serra Gaúcha RS entre os dias 1
o
de julho e 10 de
agosto de 2006.
Assim, vale referir que o instrumento de coleta de dados foi construído a partir de uma
seqüência de 16 questões conforme consta no Apêndice A. Cabe destacar que o roteiro de
entrevista, (Apêndice A), construído nesta pesquisa, teve como referência, a utilização da Matriz
Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem da Embratur aspectos ambientais
conforme Anexo A (EMBRATUR, 2002b).
3.1Características da Região Uva e Vinho / RS
A Região Uva e Vinho é bastante desenvolvida no que se refere ao turismo,
apresentando uma infra-estrutura bem consistente de hotéis, pousadas, flats,
10
restaurantes,
agências de viagem, turismo rural, turismo de aventura, lojas de artesanato, opções de visitação,
tanto em áreas naturais, culturais, gastronômicas e de uva e vinho. A região compreende 24
municípios com uma população geral de aproximadamente 826.567 habitantes (IBGE, 2006).
Segundo dados do IBGE (2006), uma população de 14.127 habitantes no município
de Antônio Prado, 102.000 habitantes no município de Bento Gonçalves, 22.500 habitantes no
município de Carlos Barbosa, 8.440 habitantes no município de Casca, 404.187 habitantes no
município de Caxias do Sul , 4.077 habitantes no município de Cotiporã, 2.420 habitantes no
10
Flat: tipo de condomínio residencial que oferece serviço de hotelaria, de acordo com a Deliberação Normativa 433
(EMBRATUR, 2002b).
55
município de Fagundes Varela, 61. 799 habitantes no município de Farroupilha, 27.507
habitantes no município de Flores da Cunha, 29. 214 habitantes no município de Garibaldi,
1.7571 habitantes no município de Guabiju, 21.772 habitantes no município de Guaporé, 2.109
habitantes no município de Protásio Alves, 32.299 habitantes no município de Marau, 2.879
habitantes no município de Monte Belo do Sul, 2.455 habitantes no município de Nova Pádua,
20.391 habitantes no município de Nova Prata, 3.078 habitantes no município de Nova Roma do
Sul, 1.568 habitantes no município de Santa Tereza, 20.901 habitantes no município de São
Marcos, habitantes no município de 12.420 habitantes no município de Serafina Corrêa, 21.064
habitantes no município de Veranópolis, 3.359 habitantes no município de Vila Flores, 4.244
habitantes no município de Vila Maria, levando em conta o somatório da população rural e
urbana dessas localidades. A região se localiza no Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. A
figura 3.1 mostra a distribuição desses municípios.
56
Figura 3.1: Ilustração dos municípios da região Uva e Vinho
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho (2006a).
3.2 Características gerais dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho
Os meios de hospedagem da Região Uva e Vinho possuem várias particularidades,
dentre elas pode-se destacar o tipo de administração: a grande maioria dos meios de hospedagem
possuem administração familiar, aquela passada de pai para filho, enquanto alguns grandes meios
de hospedagem recebem uma administração de rede, a qual é feita por uma grande sede e
subdividida administrativamente em ramificações nas cidades em que seus meios de hospedagem
estão atuando.
Por meio do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e
Vinho (2006b), os meios de hospedagem da Região Uva e Vinho divulgam, como estrutura
oferecida aos hóspedes: restaurantes para café da manhã, almoço e jantar; sala de jogos e leitura;
área verde; piscinas; banheiras de hidromassagem; sauna; academia; salões para eventos;
business center; recreação infantil; comida típica; massagem e apartamentos standart, luxo e
suítes.
Para determinar as categorias dos meios de hospedagem desta investigação, o critério
utilizado deu-se em função do número de unidades habitacionais UH, sendo classificados em
grande, médio e pequeno porte.
57
No entanto, faz-se necessário informar que não uma classificação oficial para os
meios de hospedagem da Região Uva e Vinho, referente ao porte de hotel, quanto ao número de
unidades habitacionais (UH).
11
Por esse motivo, foi adotada a seguinte classificação: a) grande porte meios de
hospedagem com mais de 80 UHs; b) médio porte – meios de hospedagem que tem entre 26 e 80
UHs; c) pequeno porte – meios de hospedagem com até 25 UHs (FERRARI, 2006).
A distância entre os municípios é de aproximadamente 50 quilômetros. As
características referentes ao número de unidades habitacionais dos meios de hospedagem que
participaram da pesquisa podem ser observadas no quadro 3.1. Nesse quadro, foram tabulados
dados referentes ao número de unidades habitacionais dos 105 meios de hospedagem, leitos e
respectivos municípios da região estudada.
Hotel Município UH Leitos Classificação
Hotel Pradense Antônio Prado 48 65 Médio
Piemonte Hotel Antônio Prado 21 48 Pequeno
Pousada Colonial de Rossi Antônio Prado 12 53 Pequeno
Pousada Zanotto Antônio Prado 5 16 Pequeno
TOTAL ANTÔNIO PRADO 4 86 182
Hospedaria Dona Maria Bento Gonçalves 12 35 Pequeno
Dall’Onder Grande Hotel Bento Gonçalves 274 600 Grande
Hotel Dall’Onder Vitória Bento Gonçalves 109 224 Grande
Hotel Imigrante Bento Gonçalves 33 80
Médio
Hotel Mont Blanc Bento Gonçalves 49 86
Médio
Hotel Pousada Somensi Bento Gonçalves 18 42 Pequeno
Hotel San Marino Bento Gonçalves 9 15 Pequeno
Hotel Vani Bento Gonçalves 12 30 Pequeno
Hotel Villa Michelon Bento Gonçalves 50 150 Médio
Hotel Vinocap Bento Gonçalves 126 310 Grande
Pousada Borghetto Santana Bento Gonçalves 3 12 Pequeno
Pousada Ca di Vale Bento Gonçalves 3 9 Pequeno
Pousada Casa Bucco Bento Gonçalves 4 6 Pequeno
Pousada Casa Mia Bento Gonçalves 18 40 Pequeno
Pousada Casa Mia – Filial Bento Gonçalves 10 47 Pequeno
Pousada Casa Tasca Bento Gonçalves 15 25 Pequeno
Pousada Casa Valduga Bento Gonçalves 21 43 Pequeno
Pousada da Pipa Bento Gonçalves 9 26 Pequeno
11
Segundo a Deliberação Normativa 429/2002 da Embratur, entende-se por Unidade Habitacional (UH) o espaço
atingível a partir das áreas principais de circulação comum do estabelecimento destinado à utilização pelo hóspede,
para bem-estar, higiene e repouso.
58
Pousada do Chalé Bento Gonçalves 10 16 Pequeno
Pousada Don Giovanni Bento Gonçalves 6 10 Pequeno
Pousada Elida Bento Gonçalves 5 10 Pequeno
Pousada Fornasier Bento Gonçalves 17 44 Pequeno
Pousada Moreira Bento Gonçalves 11 20 Pequeno
Pousada Santo Antonio Bento Gonçalves 7 10 Pequeno
Pousada São Francisco Bento Gonçalves 5 18 Pequeno
Pousada São José Bento Gonçalves 20 70 Pequeno
Pousada Thiany Bento Gonçalves 48 112 Médio
Pousada Vila Dei Fiori Bento Gonçalves 13 40 Pequeno
TOTAL BENTO GONÇALVES 29 958 2201
Hotel San Carlos Carlos Barbosa 32 65 Médio
Pousada da Serra Carlos Barbosa 8 17 Pequeno
Pousada Dona Luiza Carlos Barbosa 12 37 Pequeno
Pousada Sky Company Carlos Barbosa 5 11 Pequeno
TOTAL CARLOS BARBOSA 4 57 130
Hotel Farol Casca 26 50 dio
Hotel Trevo Casca 11 13 Pequeno
TOTAL CASCA 2 37 63
Coop Hotel (Alfredinho) Caxias do Sul 74 180 Médio
Bandeira Hotel Caxias do Sul 53 80 Médio
Bela Vista Parque Hotel Caxias do Sul 35 90 Médio
Bergson Executive Flat Caxias do Sul 56 150 Médio
Blue Tree Caxias do Sul 132 181 Grande
Brasilsul Business Hotel Caxias do Sul 116 245 Grande
City Hotel Caxias do Sul 56 130 Médio
Cosmos Hotel Caxias do Sul 90 188 Grande
Excelsior Hotel Caxias do Sul 65 92 Médio
Hotel Íbis Caxias do Sul 140 294 Grande
Hotel Ópera Caxias do Sul 69 107 Médio
Hotel Piacenza Caxias do Sul 48 95 Médio
Hotel Pousada Caxiense Caxias do Sul 55 134 Médio
Intercity Hotel Caxias do Sul 118 236 Grande
Itália Hotel Caxias do Sul 43 104 Médio
Mabu Personal Hotel Caxias do Sul 142 396 Grande
Norton Executive Hotel Caxias do Sul 35 72 dio
Parthenon Caxias do Sul Caxias do Sul 122 272 Grande
Pérola Hotel Caxias do Sul 22 42 Pequeno
Pousada Le Charme de La Ville Caxias do Sul 17 31 Pequeno
Reynold’s Hotel Caxias do Sul 47 94 Médio
Samuara Hotel Caxias do Sul 81 162 Grande
Volpiano Hotel Caxias do Sul 66 138 Médio
TOTAL CAXIAS DO SUL 24 1707 3596
59
Hotel e Fazenda Dal Molin Cotiporã 24 24 Pequeno
Pousada Piccolo Refúggio Cotiporã 4 8 Pequeno
TOTAL COTIPORÃ 2 28 32
Hotel Paschoa Fagundes Varela 8 12 Pequeno
TOTAL FAGUNDES VARELA 1 8 12
Doro Hotel Farroupilha 18 46 Pequeno
Concatto Hotel Farroupilha 25 56 Pequeno
Don Francesco Hotel Farroupilha 19 32 Pequeno
Farina Park Hotel Farroupilha 113 248 Grande
Grande Hotel Farroupilha 24 39 Pequeno
Hotel São Cristóvão Farroupilha 30 33 Médio
TOTAL FARROUPILHA 6 229 454
Hotel e Restaurante Dona Adélia Flores da Cunha 26 58
Médio
Hotel Fiório Flores da Cunha 40 90
Médio
Hotel Tratoria di Trento Flores da Cunha 6 22 Pequeno
Pousada Parque das Pitangueiras Flores da Cunha 10 10 Pequeno
Hotel e Restaurante Villa Borghese Flores da Cunha 47 80 Médio
TOTAL FLORES DA CUNHA 5 129 260
Hotel Casacurta Garibaldi 31 64
Médio
Hotel Mosteiro São José Garibaldi 35 75
Médio
Hotel Pietá Garibaldi 50 100
Médio
Hotel Convento dos Capuchinhos Garibaldi 35 70
Médio
TOTAL GARIBALDI 4 151 309
Hotel Fiorentin Guabijú 6 6 Pequeno
TOTAL GUABIJÚ 1 6 6
Hotel JC Borsatto Guaporé 20 35 Pequeno
Hotel Topo Gigio Guaporé 50 100 Médio
Las Carreras Parque Hotel Guaporé 19 42 Pequeno
TOTAL GUAPORÉ 3 89 177
Hotel Conforto Marau 34 51 Médio
Hotel De Conto Marau 21 31 Pequeno
TOTAL MARAU 2 55 82
Hotel Bruschi Monte Belo do Sul 10 15 Pequeno
TOTAL MONTE BELO DO SUL 1 10 15
Albergue Belvedere Sonda Nova Pádua 6 14 Pequeno
Hotel e Restaurante do Miro Nova Pádua 16 36 Pequeno
TOTAL NOVA PÁDUA 2 22 50
Condall Palace Hotel Nova Prata 42 130
Médio
Hotel Coroados Nova Prata 29 70
Médio
Hotel Prata Villágio Nova Prata 26 50 Médio
Hotel Superti Nova Prata 7 13 Pequeno
Pousada dos Pinheirais Nova Prata 5 18 Pequeno
TOTAL NOVA PRATA 5 109 281
60
Hotel Itamarana Nova Roma do Sul 13 18 Pequeno
TOTAL NOVA ROMA DO SUL 1 13 18
Pousada Caumo Santa Tereza 4 9 Pequeno
TOTAL SANTA TEREZA 1 4 9
Palmeira dos Ilhéus São Marcos 5 14 Pequeno
Hotel e Restaurante A La Cantina São Marcos 10 10 Pequeno
Hotel São Marcos São Marcos 35 78 Médio
TOTAL SÃO MARCOS 3 50 102
Hotel Cá dei Monti Serafina Correa 32 80 Médio
Via Genova Hotel Serafina Correa 25 45 Pequeno
TOTAL SERAFINA CORREA 2 57 125
Hotel Princesa dos Vales Veranópolis 48 125 Médio
Pousada Vale das Antas Veranópolis 6 10 Pequeno
Verona Parque Hotel Veranópolis 22 44 Pequeno
TOTAL VERANÓPOLIS 3 76 179
Pousada dos Capuchinhos Vila Flores 25 54 Pequeno
TOTAL VILA FLORES 1
Pousada da Nona Vila Maria 6 24 Pequeno
TOTAL VILA MARIA 1 6 24
TOTAL GERAL 105 3758 8153
Quadro 3.1: Classificação de meios de hospedagem – Região Uva e vinho / Rio Grande do Sul
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho (2006).
É importante destacar que, para facilitar a descrição dos enunciados, os meios de
hospedagem são classificados segundo os diferentes portes (pequeno, médio e grande), sem levar
em conta o faturamento, a localização, o estado de conservação ou outras características
peculiares. A classificação adotada é a mesma apresentada por Ferrari (2006); porém, essa
classificação não é oficial, sendo apenas utilizada como referência pela autora.
O quadro 3.2 apresenta a relação dos meios de hospedagem de pequeno porte da Região
Uva e Vinho.
Hotel Município UH
1. Piemonte Hotel Antônio Prado 21
2. Pousada Colonial de Rossi Antônio Prado 12
3. Pousada Zanotto Antônio Prado 5
4.
Hospedaria Dona Maria Bento Gonçalves 12
5. Hotel Pousada Somensi Bento Gonçalves 18
6. Hotel San Marino Bento Gonçalves 9
7. Hotel Vani Bento Gonçalves 12
8. Pousada Borguetto Santana Bento Gonçalves 3
9. Pousada Ca di Vale Bento Gonçalves 3
61
10. Pousada Casa Bucco Bento Gonçalves 4
11. Pousada Casa Mia Bento Gonçalves 18
12. Pousada Casa Mia – Filial Bento Gonçalves 10
13. Pousada Casa Tasca Bento Gonçalves 15
14. Pousada Casa Valduga Bento Gonçalves 21
15. Pousada da Pipa Bento Gonçalves 9
16. Pousada do Chalé Bento Gonçalves 10
17. Pousada Don Giovanni Bento Gonçalves 6
18. Pousada Elida Bento Gonçalves 5
19. Pousada Fornasier Bento Gonçalves 17
20. Pousada Moreira Bento Gonçalves 11
21. Pousada Santo Antonio Bento Gonçalves 7
22. Pousada São Francisco Bento Gonçalves 5
23. Pousada São José Bento Gonçalves 20
24. Pousada Vila Dei Fiori Bento Gonçalves 13
25. Pousada da Serra Carlos Barbosa 8
26. Pousada Dona Luiza Carlos Barbosa 12
27. Pousada Sky Company Carlos Barbosa 5
28. Hotel Trevo Casca 11
29. Pérola Hotel Caxias do Sul 22
30. Pousada Le Charme de La Ville Caxias do Sul 17
31. Hotel e Fazenda Dal Molin Cotiporã 24
32. Pousada Piccolo Refúggio Cotiporã 4
33. Hotel Paschoa Fagundes Varela 8
34. A. Doro Hotel Farroupilha 18
35. Concatto Hotel Farroupilha 25
36. Don Francesco Hotel Farroupilha 19
37. Grande Hotel Farroupilha 24
38. Hotel Tratoria di Trento Flores da Cunha 6
39. Pousada Parque das Pitangueiras Flores da Cunha 10
40. Hotel Fiorentin Guabijú 6
41. Hotel JC Borsatto Guaporé 20
42. Las Carreras Parque Hotel Guaporé 19
43. Hotel De Conto Marau 21
44. Hotel Bruschi Monte Belo do Sul 10
45. Albergue Belvedere Sonda Nova Pádua 6
46. Hotel e Restaurante do Miro Nova Pádua 16
47. Hotel Superti Nova Prata 7
48. Pousada dos Pinheirais Nova Prata 5
49. Hotel Itamarana Nova Roma do Sul 13
50. Pousada Caumo Santa Tereza 4
51. Palmeira dos Ilhéus São Marcos 5
52. Hotel e Restaurante A La Cantina São Marcos 10
53. Via Genova Hotel Serafina Correa 25
54. Pousada Vale das Antas Veranópolis 6
62
55 Verona Parque Hotel Veranópolis 22
56. Pousada dos Capuchinhos Vila Flores 25
57. Pousada da Nona Vila Maria 6
Quadro 3.2: Meios de hospedagem de pequeno porte – Região Uva e Vinho/ Rio Grande do Sul
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho (2006).
O quadro 3.3 apresenta os meios de hospedagem de porte dio da Região Uva e
Vinho.
Hotel Município UH
1. Coop Hotel (Alfredinho) Caxias do Sul 74
2. Bandeira Hotel Caxias do Sul 53
3. Bérgson Executive Flat Caxias do Sul 56
4. City Hotel Caxias do Sul 56
5. Excelsior Hotel Caxias do Sul 65
6. Hotel Ópera Caxias do Sul 69
7. Hotel Pousada Caxiense Caxias do Sul 55
8. Bela Vista Parque Hotel Caxias do Sul 35
9. Hotel Piacenza Caxias do Sul 48
10. Reynold's Hotel Caxias do Sul 47
11. Itália Hotel Caxias do Sul 43
12. Norton Executive Hotel Caxias do Sul 35
13. Volpiano Hotel Caxias do Sul 66
14. Hotel Pradense Antônio Prado 48
15. Hotel Imigrante Bento Gonçalves 33
16. Hotel Mont Blanc Bento Gonçalves 49
17. Hotel Villa Michelon Bento Gonçalves 49
18. Pousada Thiany Bento Gonçalves 48
19. Hotel San Carlos Carlos Barbosa 32
20. Hotel Farol Casca 26
21. Hotel São Cristóvão Farroupilha 30
22. Hotel e Restaurante Dona Adélia Flores da Cunha 26
23. Hotel Fiório Flores da Cunha 40
24.Hotel e Restaurante Villa Borghese Flores da Cunha 47
25. Hotel Casacurta Garibaldi 31
26. Hotel Mosteiro São José Garibaldi 35
27. Hoptel Pietá Garibaldi 50
28. Hotel Convento dos Capuchinhos Garibaldi 35
63
29. Hotel Topo Gigio Guaporé 50
30. Hotel Conforto Marau 34
31. Condall Palace Hotel Nova Prata 42
32. Hotel Coroados Nova Prata 29
33. Hotel Prata Villágio Nova Prata 26
34. Hotel São Marcos São Marcos 35
35. Hotel Cá dei Monti Serafina Correa 32
36. Hotel Princesa dos Vales Veranópolis 48
Quadro 3.3: Meios de hospedagem de porte médio – Região Uva e Vinho/ Rio Grande do Sul
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho (2006).
O quadro 3.4 apresenta os meios de hospedagem de grande porte da Região Uva e
Vinho.
Hotel Município U.H.
1. Dall’Onder Grande Hotel Bento Gonçalves 274
2. Hotel Dall’Onder Vitória Bento Gonçalves 109
3. Hotel Vinocap Bento Gonçalves 126
4. Blue Tree Caxias do Sul 132
5. Brasilsul Business Hotel Caxias do Sul 116
6. Cosmos Hotel Caxias do Sul 90
7. Hotel Ibis Caxias do Sul 140
8. Intercity Hotel Caxias do Sul 118
9. Mabu Personal Hotel Caxias do Sul 142
10. Parthenon Caxias do Sul Caxias do Sul 122
11. Samuara Hotel Caxias do Sul 81
12. Farina Park Hotel Farroupilha 113
Quadro 3.4: Meios de hospedagem de grande porte – Região Uva e Vinho
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho (2006)
3.2.1Critérios para a seleção dos meios de hospedagem
O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho forneceu
uma lista com 105 meios de hospedagem (MH), como o representado nos quadros 3.2, 3.3 e 3.4.
A partir dessa lista, decidiu-se utilizar, como universo de pesquisa, 40% do total da região, o que
corresponde a 42 meios de hospedagem.
A partir desse primeiro cálculo, os MHs foram divididos pelo porte dos municípios onde
os mesmos se encontram e calculados pelo universo selecionado. Vale salientar que não uma
64
classificação oficial do porte dos municípios localizados na Região Uva e Vinho; portanto, a
classificação do porte dos municípios descritos a seguir foi determinada pelo autor.
Para os municípios de grande porte, com um número superior a 50.000 habitantes, onde
se encontram 59 MHs do total geral, o número de entrevistas foi definido a partir do seguinte
procedimento:
Caxias do Sul: 24 meios de hospedagem x 40% = 9,6 meios de hospedagem, aproximado para 10
meios de hospedagem.
Bento Gonçalves: 29 meios de hospedagem x 40% = 11,6 meios de hospedagem, aproximado
para 12 meios de hospedagem.
Farroupilha: 6 meios de hospedagem x 40% = 2,4 meios de hospedagem, aproximado para 2
meios de hospedagem.
Para os municípios de médio porte, com um número entre 20.001 a 50.000 habitantes,
onde se encontram 28 MHs do total geral, o número de entrevistas foi definido a partir do
seguinte procedimento:
Carlos Barbosa: 3 meios de hospedagem x 40% = 1,2 aproximado para 1 MH.
Guaporé: 3 meios de hospedagem x 40% = 1,2 aproximado para 1 MH.
São Marcos: 3 meios de hospedagem x 40% = 1,2 aproximado para 1 MH.
Veranópolis: 3 meios de hospedagem x 40% = 1,2 aproximado para 1 MH.
Flores da Cunha: 5 meios de hospedagem x 40% = 2 MH.
Nova Prata: 5 meios de hospedagem x 40% = 2 MH.
Garibaldi: 4 meios de hospedagem x 40% = 1,6 aproximado para 2 MH.
Marau: 2 meios de hospedagem x 40% = 0,8 aproximado para 1 MH.
Para os municípios de pequeno porte, com um número a 20.000 habitantes, onde se
encontram 9 MHs do total geral, o número de entrevistas foi definido a partir do seguinte
procedimento:
Antônio Prado: 4 meios de hospedagem x 40% = 1,6 aproximado 2 MH
Cotiporã: 1 meio de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Casca: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Guabijú: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Fagundes Varela: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Nova Pádua: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
65
Nova Roma do Sul: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Monte Belo do Sul: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH
Vila Maria: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH.
Santa Tereza: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH.
Vila Flores: 1 meios de hospedagem x 40% = 0,4, aproximado para 1 MH.
Serafina Corrêa: 2 meios de hospedagem x 40% = 0,8, aproximado para 1 MH.
Após essa primeira etapa, os 105 meios de hospedagem foram separados em três
grupos e posteriormente separados pela localização, segundo o porte do município. Após essa
separação, foi sorteado o número máximo de meios de hospedagem por município. Caso um
meio de hospedagem tenha sido sorteado, após o número máximo de MHs de seu município estar
preenchido, o mesmo foi descartado e desconsiderado como parte do universo pelo pesquisador.
Feito o sorteio do universo, definiram-se os meios de hospedagem, como apresenta o quadro 3.5.
Hotel Município U.H. Leitos
Piemonte Hotel Antônio Prado 21 48
Pousada Colonial de Rossi Antônio Prado 12 53
TOTAL ANTÔNIO PRADO 2 33 101
Dall’Onder Grande Hotel Bento Gonçalves 274 600
Hotel Imigrante Bento Gonçalves 33 80
Hotel Mont Blanc Bento Gonçalves 49 86
Hotel Pousada Somensi Bento Gonçalves 18 42
Hotel Villa Michelon Bento Gonçalves 50 150
Hotel Vinocap Bento Gonçalves 126 310
Pousada Casa Bucco Bento Gonçalves 4 6
Pousada Casa Mia Bento Gonçalves 18 40
Pousada Casa Tasca Bento Gonçalves 15 25
Pousada Moreira Bento Gonçalves 11 20
Pousada São Francisco Bento Gonçalves 5 18
Pousada Vila Dei Fiori Bento Gonçalves 13 40
TOTAL BENTO GONÇALVES 12 616 1417
Pousada da Serra Carlos Barbosa 8 17
TOTAL CARLOS BARBOSA 1 8 17
Hotel Farol Casca 26 50
TOTAL CASCA 1 26 50
Bandeira Hotel Caxias do Sul 53 80
Blue Tree Caxias do Sul 132 181
Cosmos Hotel Caxias do Sul 90 188
66
Excelsior Hotel Caxias do Sul 65 92
Hotel Ópera Caxias do Sul 69 107
Intercity Hotel Caxias do Sul 118 236
Mabu Personal Hotel Caxias do Sul 142 396
Pousada Le Charme de La Ville Caxias do Sul 17 31
Samuara Hotel Caxias do Sul 81 162
Volpiano Hotel Caxias do Sul 66 138
TOTAL CAXIAS DO SUL 10 833 2444
Hotel e Fazenda Dal Molin Cotiporã 24 24
TOTAL COTIPORÃ 1 24 24
Farina Park Hotel Farroupilha 113 248
Hotel São Cristóvão Farroupilha 30 33
TOTAL FARROUPILHA 2 143 281
Hotel e Restaurante Dona Adélia Flores da Cunha 26 58
Hotel Tratoria di Trento Flores da Cunha 6 22
TOTAL FLORES DA CUNHA 2 32 80
Hotel Casacurta Garibaldi 31 64
Hoptel Pietá Garibaldi 50 100
TOTAL GARIBALDI 2 81 164
Hotel JC Borsatto Guaporé 20 35
TOTAL GUAPORÉ 1 20 35
Hotel Conforto Marau 34 51
TOTAL MARAU 1 34 51
Albergue Belvedere Sonda Nova Pádua 6 14
TOTAL NOVA PÁDUA 1 6 14
Condall Palace Hotel Nova Prata 42 130
Hotel Coroados Nova Prata 29 70
TOTAL NOVA PRATA 2 71 200
Pousada Caumo Santa Tereza 4 9
TOTAL SANTA TEREZA 1 4 9
Hotel São Marcos São Marcos 35 78
TOTAL SÃO MARCOS 1 35 78
Verona Parque Hotel Veranópolis 22 44
TOTAL VERANÓPOLIS 1 22 44
Pousada da Nona Vila Maria 6 24
TOTAL VILA MARIA 1 6 24
TOTAL GERAL 42 4438 5024
Pequeno meios de hospedagem – até 25 UHs
Médio meios de hospedagem – 26 a 80 UHs
Grande meios de hospedagem – acima de 80 UHs
Quadro 3.5: Universo de meios de hospedagem de da Região Uva e Vinho
67
Fonte: dados do autor.
E os meios de hospedagem foram divididos segundo o porte dos municípios obtendo
então a classificação dos meios de hospedagem separados pelo três portes previamente definidos,
pequeno, médio e grande porte para os municípios da Região Uva e Vinho; como apresenta o
quadro 3.6, 3.7 e 3.8 respectivamente.
Hotel
Município
U.H.
1. Piemonte Hotel Antônio Prado 21
2. Pousada Colonial de Rossi Antônio Prado 12
3. Hotel Pousada Somensi Bento Gonçalves 18
4. Pousada Casa Bucco Bento Gonçalves 4
5. Pousada Casa Mia Bento Gonçalves 18
6. Pousada Casa Tasca Bento Gonçalves 15
7. Pousada Moreira Bento Gonçalves 11
8. Pousada São Francisco Bento Gonçalves 5
9. Pousada Vila Dei Fiori Bento Gonçalves 13
10. Pousada da Serra Carlos Barbosa 8
11. Pousada Le Charme de La Ville Caxias do Sul 17
12. Hotel e Fazenda Dal Molin Cotiporã 24
13. Hotel Tratoria di Trento Flores da Cunha 6
14. Hotel JC Borsatto Guaporé 20
15. Albergue Belvedere Sonda Nova Pádua 6
16. Pousada Caumo Santa Tereza 4
17. Verona Parque Hotel Veranópolis 22
18. Pousada da Nona Vila Maria 6
TOTAL 11 Municipios 230
Quadro 3.6: Universo de meios de hospedagem de pequeno porte da Região Uva e Vinho.
Fonte: Dados do autor.
O quadro 3.7 apresenta os meios de hospedagem de porte médio da Região Uva e
Vinho.
Hotel Município U.H.
19. Bandeira Hotel Caxias do Sul 53
20. Excelsior Hotel Caxias do Sul 65
68
21. Hotel Ópera Caxias do Sul 69
22. Volpiano Hotel Caxias do Sul 66
23. Hotel Imigrante Bento Gonçalves 33
24. Hotel Mont Blanc Bento Gonçalves 49
25. Hotel Villa Michelon Bento Gonçalves 49
26. Hotel Farol Casca 26
27. Hotel São Cristóvão Farroupilha 30
28. Hotel e Restaurante Dona Adélia Flores da Cunha 26
29. Hotel Casacurta Garibaldi 31
30. Hoptel Pietá Garibaldi 50
31. Hotel Conforto Marau 34
32. Condall Palace Hotel Nova Prata 42
33. Hotel Coroados Nova Prata 29
34. Hotel São Marcos São Marcos 35
TOTAL 9 Municípios 687
Quadro 3.7: Universo de meios de hospedagem de médio porte da Região Uva e Vinho.
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho(2006).
O quadro 3.8 apresenta os meios de hospedagem de grande porte da Região Uva e
Vinho.
Hotel Município U.H.
35. Dall’Onder Grande Hotel Bento Gonçalves 274
36. Hotel Vinocap Bento Gonçalves 126
37. Blue Tree Caxias do Sul 132
38. Cosmos Hotel Caxias do Sul 90
.39 Intercity Hotel Caxias do Sul 118
40. Mabu Personal Hotel Caxias do Sul 142
41. Samuara Hotel Caxias do Sul 81
42. Farina Park Hotel Farroupilha 113
TOTAL 3 Municípios 1076
Quadro 3.8: Universo de meios de hospedagem de grande porte da Região Uva e Vinho.
Fonte: Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (2006).
3.3 Sujeitos entrevistados
69
Os sujeitos selecionados para participar da pesquisa foram 42 gestores que estão à frente
da administração do empreendimento. Houve apenas 40 entrevistas realizadas, pois dois meios de
hospedagem negaram-se a participar.
Obteve-se um índice de 55% de sujeitos do gênero feminino e 45% do gênero
masculino. A média de incidência de gestores que responderam a esta pesquisa com, até 30 anos,
foi de 15%; para os gestores de 31 a 40 anos foi de 20%; para os gestores de 41 a 50 anos foi de
45%; e para os gestores acima de 50 anos foi de 20%. Sendo que, destes, 5% atuam frente à
organização por até 1 ano; 30% atuam frente à organização de 1 ano e 1 mês a 5 anos, 35% atuam
frente a organização de 5 anos e 1 mês a 10 anos e 30% atuam frente a organização por mais de
10 anos.
Em relação à escolaridade, 12,5% dos gestores apresentam o Ensino Fundamental
completo, 47,5% escolaridade a nível médio, 32,5% escolaridade de nível superior incompleto e
7,5% com formação superior completa.
Os sujeitos escolhidos para responder às entrevistas foram os próprios donos dos
empreendimentos ou responsáveis pela administração dos meios de hospedagem. O contato
inicial com os sujeitos foi realizado por telefone, onde se verificou a possibilidade de realizar a
entrevista com o responsável pelo gerenciamento do empreendimento.
3.3.1 Procedimento utilizado para a elaboração do roteiro de entrevista
Inicialmente, elaborou-se o roteiro de entrevista, conforme Apêndice A, que foi
submetido a três pré-testes, com três gestores hoteleiros que não fizeram parte dos meios de
hospedagem selecionados neste estudo, a fim de eliminar possíveis dúvidas de entendimento
sobre as questões, passando, em seguida, por algumas correções, tornando-o definitivo.
O Bloco 1 do roteiro está relacionada aos dados pessoais dos gestores, tais como: idade,
profissão, ocupação atual, ocupação anterior, gênero e grau de escolaridade. o Bloco 2 foi
elaborado com base em algumas situações que merecem destaque e caracterizam a necessidade
de adequação ambiental por meio das ações realizadas pelos meios de hospedagem para possuir a
certificação por estrelas da Embratur, conforme Regulamentação do Sistema Oficial de
70
Classificação de Meios de Hospedagem do Anexo C: a) consumo de água; b) consumo de
energia; c) resíduos sólidos; d) efluentes líquidos; e) ajustamento dos fornecedores.
3.4 Roteiro de entrevista e instrumento de registro
Para a coleta de informações com os sujeitos, foram utilizados roteiros de entrevistas
(Apêndice A), bem como os seguintes recursos para registro: papel e caneta, além de observação
direta nos setores de governança lavanderia e manutenção, alimentos e bebidas cozinhas e
refeitórios, hospedagem – recepção e áreas sociais, e na área externa dos meios de hospedagem.
Ao chegar ao meio de hospedagem, o entrevistador identificou-se e entregou uma carta de
apresentação da Instituição em que estuda e o termo de consentimento livre e esclarecido
(Apêndice B). Assim, iniciou explicando a relevância da pesquisa e a importância da participação
do sujeito na mesma, dando início aos questionamentos, sem intervir sobre as falas dos
entrevistados, detendo-se apenas em registrar as informações.
Em todos os contatos, foram seguidas as perguntas estabelecidas pelo roteiro de
entrevista previamente estabelecido. Não foi estipulado prazo para a duração das respostas. Todas
as respostas, mesmo as que continham opiniões, expressões, relatos, interpretações, dúvidas e
sugestões foram registradas. O registro das respostas no roteiro de entrevista ocorreu no momento
das respostas dos sujeitos e no local, onde foi feita a entrevista.
Terminada a entrevista, foram feitos agradecimentos e solicitado aos entrevistados se os
mesmos gostariam de colaborar com o pesquisador, no sentido de identificar asões ambientais
realizadas pelo meio de hospedagem. Na mesma oportunidade, foi realizada a observação direta
nos diferentes setores dos meios de hospedagem.
71
4 PRÁTICAS AMBIENTAIS NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO UVA E
VINHO DE ACORDO COM A MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE
HOSPEDAGEM DA EMBRATUR
As tabelas 4.1 a 4.16 apresentam a distribuição de ocorrências (N) e porcentagens (%)
de indicações dos sujeitos, quanto às práticas ambientais desenvolvidas nos meios de
hospedagem da Região Uva e Vinho, levando em consideração os requisitos obrigatórios
adotados pela Nova Matriz de Classificação de Meios de Hospedagem. (ABIH, 2006b).
Vale salientar que, para facilitar a exposição dos enunciados, os sujeitos foram
classificados segundo o porte: pequeno porte, com um número de a 25 unidades habitacionais;
médio porte, com um número de unidades habitacionais entre 26 a 80 UH e grande porte, meios
de hospedagem com mais de 80 unidades habitacionais.
A tabela 4.1 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre programas de treinamento interno de redução de energia elétrica, segundo a
classificação dos meios de hospedagem.
Os dados obtidos revelam que 73% dos meios de hospedagem do universo pesquisado
não possuem um programa interno de treinamento com os funcionários referentes à redução do
consumo de energia elétrica.
Vale salientar que por meio das observações diretas realizadas nos meios de
hospedagem, pode-se constatar que apenas um meio de hospedagem de grande porte possui um
programa interno de treinamento de redução de energia elétrica bem definido e em
funcionamento. “Programa é a lista detalhada de compromissos por atender, de projetos ou
planos a executar, em ordem preferencial, ou ainda a seqüência completa de instruções a serem
executadas.”(FERREIRA, 2004 p.1638 ).
72
O autor define ainda como treinamento “o ato de exercitar e tornar apto para o
desempenho de alguma tarefa ou atividade”. Para interno, considera como algo que vem de
dentro (p.1121).
Assim, defini-se que programa interno de treinamento é a lista detalhada de
compromissos a atender e a seqüência completa de instruções a serem executadas internamente
para tornar aptos os funcionários da organização.
Partindo-se de programa de redução do consumo de energia elétrica, observa-se que os
meios de hospedagem da Região Uva e Vinho, com exceção do hotel que possui um programa
definido, apresentam apenas ferramentas de treinamento de redução do consumo de energia,
sendo que 36,3% das informações do grupo de gestores que afirmaram possuir programa de
redução interno, atribuíram como sendo programa de redução as reuniões de sensibilização com
seus funcionários. Ainda 27,3% das informações desse grupo salientam que os programas de
redução se limitam à realização de reuniões informais com sua equipe de trabalho e 9,1% das
informações dessa categoria divulgaram, como programa de redução de energia elétrica, o
controle mensal de energia, reunião geral mensal e parcerias externas que controlam o gasto
interno de energia.
Tabela 4.1 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre programa de treinamento
interno de redução de energia elétrica, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Existência de programa Não 3 38 11 79 15 83 29 73
Sim 5 62 3 21 3 17 11 27
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Apenas consciência de redução 2 67 5 33 7 30,4 9 25
Motivo da não Pequeno empreendimento - - - - 8 34,8 8 22,2
existência de Falta de cursos - - 2 13 3 13,1 5 13,9
Programa Não há necessidade - - 2 13 3 13,1 5 13,9
Somente cobrança da chefia - - 4 27 - - 4 11,1
Não tem programa 1 33 2 13 - - 3 8,3
Falta de informação - - - - 2 8,6 2 5,5
TOTAL 3 100 15 100 23 100 36 100
Reuniões de sensibilização 3 50 - - - - 3 27,3
Reuniões informais 1 16,6 - - 2 100 3 27,3
Programa Programa interedução 1 16,6 - - - - 1 9,1
Interno Controle mensal - - 1 33,3 - - 1 9,1
73
Parcerias externas - - 1 33,3 - - 1 9,1
Reunião geral 1 16,6 1 33,3 - - 2 18,1
TOTAL 6 100 3 100 2 100 11 100
Analisando as informações por categoria de meios de hospedagem, verifica-se que a
situação é preocupante nos meios de hospedagem de grande e médio porte, onde o impacto
causado pela atividade hoteleira é maior, uma vez que desconhecem o significado de programa
interno e atribuem ações isoladas, como: reuniões mensais, reuniões informais, reuniões de
sensibilização e apenas consciência de redução à Programa de Treinamento Interno.
Cinco informações obtidas com entrevistados de meios de hospedagem de médio porte
relatam que não um programa de redução do consumo de energia elétrica; porém, os
funcionários têm consciência da necessidade de reduzir o consumo. Quatro informações obtidas
com entrevistados dos meios de hospedagem desse porte demonstram que somente cobrança
da chefia para a redução do consumo de energia; duas informações obtidas com entrevistados
desses meios de hospedagem demonstram que não há necessidade.
Duas informações obtidas com entrevistados dessa categoria alegam falta de cursos
referentes à redução do consumo de energia, como justificativa para a não-realização de um
programa de redução. Esse dado revela também a necessidade de se realizarem cursos e oficinas
a respeito do tema, para capacitar os meios de hospedagem sobre formas de redução do consumo
de energia na hotelaria.
Com relação às informações obtidas com entrevistados dos meios de hospedagem de
pequeno porte que negaram a existência de programas de treinamento, os dados revelam que
30,4% das informações são referentes a apenas possuir conscientização da redução. Ainda, 34,8%
das informações obtidas são referentes ao meio de hospedagem considerar o empreendimento
como de pequena estrutura, não havendo, portanto, necessidade de implantação de um programa
de redução.
Pelas observações diretas, pode-se constatar que realmente os meios de hospedagem de
pequeno porte possuem estruturas simples e familiares, sendo que duas informações dessa
categoria relatam que faltam informações referentes à necessidade de implantação de programas
internos de redução de energia elétrica.
A partir desses dados surgem alguns questionamentos: a) os meios de hospedagem da
Região Uva e Vinho consideram importante desenvolver programas de redução do consumo de
74
energia?; b) a redução de energia tem somente caráter econômico?; c) a conscientização dos
funcionários está relacionada à redução econômica da tarifa de luz?; d) o grau de conscientização
dos funcionários está relacionado com o impacto no meio ambiente?
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os
empreendimentos hoteleiros devem possuir um programa interno de redução do consumo para
obter a classificação de Meio de Hospedagem Econômico, isto é, classificado como “duas-
estrelas”.
Portanto, ressalta-se que 97,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho, que
participam desta pesquisa, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte consideram-se como
meios de hospedagem de categoria simples ou “uma-estrela”, se for considerado este item da
matriz de classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.2 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre programa de treinamento interno de redução de consumo de água, segundo a
classificação dos meios de hospedagem. Os dados obtidos nesse item revelam que 72,5% dos
meios de hospedagem do universo pesquisado não possuem programas de treinamentos internos
para a redução do consumo de água.
A partir das observações diretas referentes a esse aspecto, foi possível verificar que
apenas um meio de hospedagem possui um programa interno de treinamento de redução do uso
de água bem definido e em funcionamento.
Na verdade, os meios de hospedagem da Região Uva e Vinho possuem ferramentas que
auxiliam na redução do consumo de água e não um programa interno de treinamento para a
redução do uso da água.
Como pode ser observado na tabela 4.2, 57,2% das informações dos entrevistados dos
empreendimentos que afirmam possuir um programa de treinamento interno, limitam-se a afirmar
que somente controle mensal da fatura de água e 28,5% das informações dessa categoria
relatam que realizam reuniões informais com a equipe de trabalho.
Estudando as informações obtidas nas categorias de meios de hospedagem de forma
individualizada, pode-se constatar que uma situação preocupante em relação aos meios de
hospedagem de grande porte, pois se obteve informação sobre a falta de necessidade em realizar
um programa de treinamento interno para a redução do consumo de água. Ao refletir sobre a
quantidade de água consumida por um meio de hospedagem com um número superior a 80 UHs,
75
além de toda a estrutura oferecida ao hóspede como refeições, piscinas, saunas, banheiros sociais
e nas UHs, quantidade de hóspedes utilizando este recurso natural, entre outros, com certeza
surgem vários questionamentos: a) a quantidade de água consumida em um meio de hospedagem
de grande porte não é considerável para os gestores?; b) o gestor de um meio de hospedagem de
grande porte tem consciência da gravidade em afirmar que o consumo de água em um meio de
hospedagem não é considerável?; c) a possibilidade de multas ou punições severas não resultaria
em outras respostas?; d) a legislação não é levada em consideração pelos meios de hospedagem?
Tabela 4.2 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre programa de treinamento
interno de redução de consumo de água, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Existência de programa Não 5 37,5 11 78,5 15 83 29 72,5
Sim 3 62,5 3 21,5 3 17 11 27,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Somente conscientização informal 2 33,3 3 25 8 34,7 13 31,7
Motivo da não Estrutura familiar - - - - 8 34,7 8 19,5
Existência de programa Nunca foi oferecido - - 2 16,7 2 8,7 4 9,7
Existe somente a cobrança da
chefia 1 16,7 1 8,3 2 8,7 4 9,7
Somente informações gerais 2 33,3 1 8,3 - - 3 7,3
Não é necessário 1 16,7 2 16,7
- -
3 7,3
O consumo de água é do hóspede - - 2 16,7 - - 2 4,8
Falta informação - - 1 8,3 1 4,4 2 4,8
Utiliza poço artesiano - - - - 2 8,7 2 4,8
TOTAL 6 100 12 100 23 100 41 100
Programa Controle mensal 2 66,6 2 100 - - 4 57,2
Interno Reuniões informais - - - - 2 100 2 28,5
Programa interedução 1 33,3 - - - - 1 14,3
TOTAL 3 100 2 100 2 100 7 100
De acordo com as informações obtidas com entrevistados da categoria de meios de
hospedagem de médio porte, que afirmaram não haver um programa de redução, 25% das
informações relatam que há conscientização informal, 16,7 % das informações relatam que nunca
foram oferecidos cursos ou palestras sobre a necessidade de implementação de programas de
redução ou que não é necessário implementar programas de redução. Esses dados demonstram a
76
falta de comprometimento dos gestores desses empreendimentos com a questão da redução do
consumo de água.
Para 16,7% das informações dessa categoria, não é realizado um programa de
treinamento para a redução do consumo de água, porque o consumo é dos hóspedes e o
empreendimento não pode interferir. Porém, essa justificativa não pode ser considerada aceitável,
uma vez que existem inúmeras ações desenvolvidas para a educação dos hóspedes hoteleiros, seja
por meio de cartazes explicativos, seja por meio de avisos nos interiores das UHs, pela
possibilidade de troca de toalhas, segundo a necessidade; cartas e cartilhas ambientais
disponibilizadas nas áreas sociais até canais internos de TV alertando para os cuidados com o
excesso do consumo de água.
Nesse caso, fica clara a desatualização dos gestores que responderam com essa
afirmação, já que é sabido que várias ferramentas para a redução do consumo de água pelos
hóspedes.
Quando a análise é realizada nas informações dos entrevistados dos meios de
hospedagem de pequeno porte que não possuem programas de treinamento de redução, os dados
revelam que 34,7% das informações são referentes somente à consciência da redução do
consumo existente no empreendimento. Esse dado pode refletir a realidade dos empreendimentos
de pequeno porte na Região Uva e Vinho, já que 39,1% das informações dessa categoria afirmam
que o estabelecimento é simples e de pequena estrutura familiar, cuja família tem consciência em
controlar o consumo de água.
Pela observação direta vem de encontro do referido; porém, isso não justifica a ausência
de um programa de treinamento interno para a redução do consumo de água.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir um programa interno de redução do consumo de água para obter a classificação de Meio
de Hospedagem Econômico, isto é, classificado como “duas-estrelas”. Portanto, ressalta-se nesse
momento que 97,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho contidos nesta pesquisa,
sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, consideram-se como meios de hospedagem de
categoria simples ou “uma-estrela”, se for considerado esse item da matriz de classificação dos
meios de hospedagem.
A tabela 4.3 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre programa de treinamento interno de redução de produção de resíduos sólidos,
77
segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados obtidos revelam que 92,5% dos
meios de hospedagem o possuem um programa interno de treinamento com os funcionários
referentes à redução dos resíduos.
Esse dado é preocupante, que a geração de resíduos na hotelaria é um dos fatores que
causam grandes impactos ao meio ambiente. Os gestores dos empreendimentos hoteleiros da
Região Uva e Vinho devem buscar informações sobre o funcionamento de programas que visem
à redução de resíduos sólidos em seus empreendimentos, contribuindo assim com a preservação
do meio natural que entorna a hotelaria da região.
Os cursos de turismo e hotelaria, entre outros, por seus estudantes, professores e
pesquisadores, devem contribuir para a divulgação de informações que auxiliem a todos os
gestores sobre a importância de desenvolver programas que tenham como objetivo a redução do
uso de recursos naturais e a redução da devolução de resíduos sólidos e efluentes líquidos à
natureza.
Pode-se dizer, também, que um programa interno de redução da geração dos resíduos
sólidos nos meios de hospedagem é de suma importância para a organização, pois, além de
conscientizar, evitar desperdícios, gerar renda para o meio de hospedagem e terceiros, diminuir o
impacto no meio ambiente, entre outros, contribui e muito para a vida do planeta, que segundo a
World Wild Fundation (2006a) está ameaçada de extinção, devido, entre outros fatores, à grande
quantidade de resíduos sólidos que são gerados diariamente.
Após essa constatação, surgem alguns questionamentos por parte do autor:
a) a sensibilização de um gestor de um meio de hospedagem com um número de u.h superior a 80
uhs é adequada para sua realidade?; b) é possível afirmar-se que um meio de hospedagem de
grande porte (considerando a Região Uva e Vinho) não produz uma quantidade de resíduos
sólidos significativos para causar impactos no meio ambiente?; c) a quantidade de itens de
alimentação distribuídos em café da manhã, almoço e janta, além de material de escritório,
materiais de reposição, como enxovais para cama, mesa e banho, materiais perigosos, materiais
de manutenção, entre outros, não é levada em conta pelo gestor?; d) a utilização de um programa
de sensibilização para a redução da produção dos resíduos, item considerado fundamental por
autores como: De Conto et. al (2006), Cesa (2003), Cesa e De Conto (2003), Mandelli (1997),
Costa (2004), Bonatto (2003) e pela matriz de classificação da Embratur, é o início para a
conscientização de todos os envolvidos no processo; f) Somente fiscalizações e punições severas
78
irão despertar os gestores dos empreendimentos hoteleiros para os cuidados com o meio
ambiente?
Tabela 4.3 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre programa interno de
treinamento de funcionários para a redução de produção de resíduos sólidos, segundo a classificação dos meios de
hospedagem
Grande dio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Existência de programa Não 7 87,5 12 85,7 18 100 37 92,5
Sim 1 12,5 2 14,3 - - 3 7,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Pequena produção de resíduos 1 14,3 4 40 6 21,2 11 24,4
Apenas consciência da redução
da geração 1 14,3 1 10 6 21,2 8 17,7
Não há necessidade 2 28,5 - - 3 10,6 5 11,2
Motivo da Estrutura familiar - - - - 5 17,7 5 11,1
Não-existência de Falta de informação 1 14,3 - - 3 10,6 4 8,8
programa Falta de interesse 1 14,3 - - 2 7,1 3 6,6
Nunca foi oferecido - - 3 30 - - 3 6,6
Pequena estrutura do
Estabelecimento - - 1 10 1 3,5 2 4,4
Programa em fase de estruturação 1 14,3 - - - - 1 2,3
Somente cobrança da chefia - - 1 10 - - 1 2,3
Apenas ocorre o aproveitamento
de alimentos - - - - 1 3,5 1 2,3
Há falta de persistência 1 3,5 1 2,3
TOTAL 7 100 10 100 28 100 45 100
Programa Treinamentos mensais - - 2 40 - - 2 40
Interno
Treinamento de Alimentos e
Bebidas - - 2 40 - - 2 40
Programa interedução 1 20 - - - - 1 20
TOTAL 1 100 4 100 - - 5 100
Vale destacar, também, que 24,4% das informações dos entrevistados dos
empreendimentos que afirmaram não realizar um programa de redução de resíduos deve-se à
pequena geração de resíduos no meio de hospedagem. Porém, salienta-se que uma das
informações obtidas nos oito meios de hospedagem de grande porte revela que não uma
grande quantidade de resíduos gerada, duas informações dessa categoria revelam que não
79
necessidade de ter um programa de redução da geração de resíduos e uma informação ressalta
que não há informação e interesse por parte do empreendimento.
Analisando o grupo de informações da categoria dos meios de hospedagem de médio
porte, constata-se que 85,7% das informações referentes aos entrevistados que afirmam não
possuir treinamento interno, estão atreladas a justificativas não aceitáveis, sendo que, destas,
quatro informações relatam que o empreendimento gera poucos resíduos.
Faz-se a ressalva que, a partir das observações diretas, constatou-se que alguns
empreendimentos de meios de hospedagem de médio porte oferecem o pernoite sem refeições
e possuem uma administração simples e familiar, não produzindo isoladamente uma quantidade
de resíduos sólidos significativa. Porém, se somados todos os meios de hospedagem da Região
Uva e Vinho de médio porte, haverá uma significativa geração de resíduos sólidos, justificando
assim, a implantação de um programa interno de redução da geração desses resíduos.
Seguindo na análise sobre a não-utilização de um programa, três informações dessa
categoria relatam que nunca foi oferecido um programa para redução da geração dos resíduos;
portanto alegam que a realização de um programa de treinamento interno de resíduos sólidos
deve partir de um órgão externo, prefeitura, universidade, sindicato da categoria da região, entre
outros.
Revela-se, a partir desse dado, o despreparo da administração do empreendimento no
que tange a gestão ambiental, cujo responsável atribui a outros iniciativas internas que devem ser
tomadas para garantir, além da qualidade do meio natural, o ganho econômico e o bem-estar
sociocultural.
Quando foram consideradas as afirmações dos pequenos meios de hospedagem da
Região Uva e Vinho, contidas no universo desta pesquisa, o percentual de 100% das afirmações
dessa categoria em não utilizar um programa interno de redução pode ser compreendido, que
os mesmos possuem um número de até 25 UHs, e realmente tem pequena geração de resíduos,
seja por possuir pequena estrutura dos empreendimentos ou não oferecer outros serviços aos
hóspedes além de pernoite.
Vale destacar que essa situação não justifica, porém, a falta de um programa de redução,
que o mesmo é fundamental para qualquer organização, pois, além de garantir o sucesso do
empreendimento, dá ao meio de hospedagem uma melhor visibilidade perante os funcionários, os
fornecedores e os concorrentes. Por outro lado, cabe salientar que os estabelecimentos de
80
pequeno porte foram os empreendimentos que mais demonstraram ter a consciência de redução
da produção, revelando assim que ao menos iniciativas já estão sendo tomadas para melhorar essa
situação.
Ainda em relação à utilização de um programa de treinamento interno, três informações
dos meios de hospedagem de médio porte salientam que não utilizam um programa completo de
redução da geração de resíduos, mas realizam treinamentos mensais com seus funcionários a
respeito dessa questão, além de uma informação destacar que realiza um programa de redução de
resíduos somente no setor de alimentos e bebidas do hotel.
Destaca-se ainda o programa de um meio de hospedagem de grande porte da Região
Uva e Vinho, que estabelece uma competição sadia entre os setores do hotel para verificar qual
deles consegue reduzir o máximo possível a geração de resíduos, entre outros itens, destacados
nas tabelas 4.1 e 4.2. Mediante observação direta nesse empreendimento, pôde-se verificar que
realmente integração e preocupação dos funcionários com a redução da geração dos resíduos
no hotel.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir programa interno de treinamento de funcionários para a redução de produção de resíduos
sólidos para obter a classificação de Meio de Hospedagem Econômico, isto é, classificado como
“duas estrelas”. Portanto, ressalta-se que 92,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho, contidos neste estudo, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, consideram-se
como meios de hospedagem de categoria simples ou “uma estrela”, se for considerado este item
da matriz de classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.4 retrata a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre programa interno de separação de resíduos sólidos, segundo a classificação dos
meios de hospedagem. As informações obtidas, através das categorias dos meios de hospedagem,
revelam que 100% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho realizam programas
internos de separação de resíduos.
Cabe destacar que, para minimizar a geração de resíduos, deve-se se substituir produtos
separados como condicionadores e xampus por embalagens 2 em 1, além de reutilizar papel
reciclável, acondicionar lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias em locais apropriados, entre
outras ações. Mas, na verdade, o principal é haver vontade de mudar por parte das pessoas que
81
comandam as empresas, a fim de conscientizar hóspedes e funcionários para realmente adotarem
um programa de gerenciamento de resíduos sólidos.
Em relação aos resíduos sólidos, a NIH-54 (IH, 2004a) salienta que o empreendimento
deve planejar e implementar medidas para reduzir, reutilizar ou reciclar os resíduos sólidos, cujo
o planejamento deve incluir o estabelecimento de metas de redução, reutilização e reciclagem, de
acordo com as condições locais. Sugere-se para isso: adquirir produtos em embalagens com
grandes quantidades; prever o uso de embalagens descartáveis; utilizar de recipientes adequados
para coleta, separação adequada e seletiva dos resíduos e reutilização dos resíduos orgânicos,
como insumos de aproveitamento a serem utilizados pelo próprio empreendimento.
Para o manual de boas práticas Aspectos Ambientais do IH (2006b), os meios de
hospedagem devem reduzir, reutilizar e reciclar seus resíduos sólidos ou produtos pós-consumo,
com o objetivo de gerenciar e minimizar de forma adequada sua produção e destinação. É
importante salientar que recusar resíduos consiste em não permitir que o resíduo venha a fazer
parte da relação desses produtos; por exemplo, utilizar uma embalagem que, após seu uso, possa
ser utilizada novamente sem gerar assim novos resíduos.
Com base em Mandelli (1997) e De Conto (2005), apresentam-se as categorias de
resíduos sólidos e os diferentes componentes que fazem parte das mesmas.
CATEGORIA EXEMPLO DE COMPONENTES
Contaminantes químicos
pilhas, medicamentos (comprimidos e pomadas), embalagens com medicamentos,
lâmpadas fluorescentes, embalagens com produtos químicos, cera de assoalho,
embalagens pressurizadas, vidros com esmalte de unhas, canetas com tinta, latas de
óleo de motor, cosméticos em geral, solventes, cera, sabonetes e sabões
Madeira Caixas de frutas e verduras, palitos de fósforo e material de construção
Matéria orgânica
putrescível
restos alimentares de origem animal e vegetal (cascas de frutas, erva-mate, preparo da
alimentação), guardanapos empregnados com gordura ou restos alimentares, flores,
grama, ervas gramíneas e podas de árvores
Metais ferrosos entalados (produtos alimentícios), lã e palha de aço e materiais de construção
Metais não-ferrosos latas de bebidas e fiação elétrica
Panos, trapos, couro e
borracha
peças de vestuário, pedaços de tecidos, panos de limpeza, balões e pó da máquina
secadora de roupa
Papel e papelão
caixas, revistas, jornais, cartões, pratos, guardanapos, toalhas de mesa e informativos
em geral
Plástico
sacos, sacolas, garrafas de refrigerante e água, isopor, embalagens de biscoito,
embalagens de batata frita e de café, recipientes de produto de limpeza, copos de água
e embalagens de iogurte
Vidro garrafas de bebidas (refrigerantes, cerveja, vinho, espumante e champanhe),
embalagens de produtos alimentícios, embalagens de produtos de limpeza,
embalagens de cosméticos e embalagens de medicamentos
Contaminante biológico papel higiênico, curativos, gazes, absorventes higiênicos, fraldas descartáveis e palito
de dente.
Misto embalagens longa vida (leite e suco), papel aluminizado, fiação elétrica, papel de
sabonete, embalagens impermeabilizadas, lixas de mão e de pé
82
Diversos pontas de cigarro, rolhas, goma de mascar, papel celofane e pó de aspirador
Quadro 4.1: Categorias de resíduos sólidos
Fonte: De Conto (2005, p. 819.)
Para o manual de boas práticas, pode-se separar os resíduos em três categorias:
a) inorgânicos que não se decompõe rapidamente; dentre eles, os recicláveis ou secos em sua
grande maioria; b) orgânicos que se decompõe rapidamente; dentre eles, resíduos naturais;
c) tóxicos ou químicos que afetam significativamente o meio ambiente, entre eles, pilhas,
baterias, solventes, ácidos, entre outros.
O quadro 4.2 apresenta a Resolução Conama 275, de 25 abril de 2001, (BRASIL, 2001)
que estabelece as cores para os diferentes resíduos a ser adotado na identificação de coletores e
transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.
Cores Resíduos
Vermelho Plásticos recicláveis: copos, embalagens, garrafas pet, sacos, frascos, tampas, canos, tubos
em pvc
Plásticos não recicláveis: tomadas, cabos de panelas, adesivos, espumas, acrílicos,
embalagens metalizadas (biscoitos e salgadinhos)
Amarelo Metais recicláveis: tampas de garrafas, latas, enlatados, panelas sem cabo, arames, chapas,
canos, pregos, cobre, outros
Metais não recicláveis: clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tinta, latas de verniz, de
solventes químicos, de inseticidas, entre outros
Azul Papel reciclável: jornais e revistas, listas telefônicas, papel sulfite, papel de fax, folhas de
caderno, formulários de computador, outros
Papel não reciclável: etiquetas adesivas, papel carbono, papel celofane, fita crepe, papéis
sanitários, papéis metalizados
Verde Vidros recicláveis: copos, garrafas, frascos, potes de conservas, pára brisas, entre outros
Vidros não recicláveis: portas, espelhos, boxes temperados, louças, cerâmicas, óculos,
vidros de microondas, entre outros
Marrom Orgânicos recicláveis: alimentos, frutas, verduras, cascas de árvores, entre outros
Orgânicos não recicláveis: fezes e sangue de humanos e animais
Preto Madeira e seus derivados: lascas, carvão, entre outros
Laranja Resíduos perigosos: solventes, ácidos, entre outros
Branco Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde: gases, seringas, ataduras, entre outros
Roxo Resíduos radioativos
Cinza Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado, não passível de separação
Quadro 4.2: Tipos de cores para a correta identificação dos diferentes resíduos a serem acondicionados.
Fonte: BRASIL, 2001.
83
É importante salientar que a nomenclatura resíduos secos, inorgânicos e orgânicos foi
adotada em função das respostas dos gestores dos empreendimentos hoteleiros de grande, médio
e pequeno porte que compõem esta pesquisa.
Através das informações obtidas verificou-se que grandes disparidades entre os tipos
de programas de separação de resíduos, que a maioria dos meios de hospedagem do universo
pesquisado não realiza adequadamente um programa de separação de resíduos e uma falta de
entendimento, por parte de alguns entrevistados de médio e pequeno porte, sobre as diferenças e
características dos resíduos sólidos.
Esse dado é preocupante no que tange aos diferentes tipos de resíduos, pois, além da
falta de conhecimento, riscos de contaminação às pessoas, pela manipulação inadequada de
resíduos contaminantes, como: lâmpadas fluorescentes, tintas, solventes, entre outros, que se
encontravam acondicionados nos mesmos locais de resíduos sólidos comuns, constatação feita no
momento da observação direta.
Tabela 4.4 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre programa interno de
separação de resíduos sólidos, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Existência de programa Sim 8
100
14 100 18 100 40 100
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Separação em seco e orgânico - - 6 42,8 10 55,6 16 40
Separação em plásticos, vidros, papéis,
metais
e orgânico 6 75 1 7,2 4 22,2 11 27,5
Programa Separação em seco, orgânico e reciclável 1 12,5 3 21,4 3 16,6 7 17,5
Interno Separação em seco, orgânico e perigoso 1 12,5 1 7,2 1 5,6 3 7,5
Separação em orgânico e reciclável - - 3 21,4 - - 3 7,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Cabe destacar que se encontra um programa uniforme de separação de resíduos nos
meios de hospedagem de grande porte, cujas seis informações dessa categoria de meios de
hospedagem realizam a separação dos resíduos de forma adequada, separando os mesmos de
acordo com a tipologia. Salientam-se as informações obtidas em dois meios de hospedagem de
grande porte que não realizam a separação em plásticos, vidros, papéis, metais e orgânicos,
justificando que a empresa de coleta é responsável pela separação.
84
De acordo com a matriz de classificação da Embratur (Anexo A), esse dado revela que
100% dos meios de hospedagem de grande porte da Região Uva e Vinho podem receber a
classificação proposta na mesma, que, para receber tal classificação, os meios de hospedagem
devem atender a esse requisito e aos demais propostos na matriz.
Levando em consideração as informações do grupo de meios de hospedagem de médio
porte da região, apenas 7,2% das indicações afirmam que utilizam um programa de separação dos
resíduos em cinco diferentes tipos.
Porém, se levado em conta o item 2.10.2 da matriz de classificação da Embratur, pode-
se dizer que todos os meios de hospedagem de médio porte do universo desta pesquisa
preenchem esse requisito.
Na Matriz de Classificação da Embratur, não é definida como deve ser a separação dos
resíduos sólidos, nem quais as categorias de nomenclatura devem ser utilizadas. Para uma melhor
compreensão da matriz, esta lacuna deve ser preenchida pelos órgãos responsáveis, isto é,
Embratur e ABIH.
Para os meios de hospedagem de pequeno porte, dez informações obtidas com essa
categoria revelam que a separação é feita em apenas resíduos secos e orgânicos, isso demonstra
que, na realidade, um despreparo, faltam informações, falta campanhas de conscientização,
falta fiscalização e comprometimento dos gestores desses meios de hospedagem.
É importante destacar que a maioria dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho
que participam desta pesquisa possui uma administração informal e familiar, alguns até mesmo
não podendo oferecer serviços hoteleiros, que não atendem às exigências nimas contidas no
regulamento geral dos meios de hospedagem (Anexo C). Sugere-se, portanto, que novos
trabalhos possam vir a preencher as lacunas no campo teórico a respeito dessa informalidade em
empreendimentos hoteleiros.
A partir das observações diretas realizadas nos meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho, constatou-se que o discurso dos gestores dos meios de hospedagem, que afirmam ter um
programa de separação dos resíduos sólidos em três ou mais tipos de resíduos, conforme dados da
tabela 4.4, não possuem um controle adequado desse programa, pois se verificou a presença de
duas ou três categorias de resíduos acondicionados no mesmo local, salvo cinco meios de
hospedagem que apresentaram uma separação adequada desses materiais.
85
Na separação dos resíduos em seco e orgânico, foram encontrados, mediante
observações diretas, vidros, latas, papéis e plásticos num mesmo acondicionante para o
armazenamento desses resíduos.
Ressalta-se que alguns meios de hospedagem de pequeno e médio porte não realizam a
separação de resíduos alimentares para uma correta destinação, porque alimentam os animais de
sua propriedades, tendo em vista que oito meios de hospedagem encontram-se na área rural ou
possuem alguma propriedade rural fora da atividade hoteleira e usam esses insumos como fonte
de alimentação animal. Porém, nesse sentido, convém mencionar que a Lei Estadual 6.503, de 22
de dezembro de 1972, regulamentada pelo Decreto Estadual 23.430 (RIO GRANDE DO SUL,
1974), no art. 444, diz: “É proibido o uso de lixo in natura para servir como alimento a suínos e
outros animais.”
Entretanto, faz-se necessário ressaltar que o inciso 1º do artigo citado
permite o aproveitamento de resíduos de cozinha para a alimentação de suínos e outros
animais, desde que: sejam mantidos e conduzidos em recipientes hermeticamente
fechados e de uso exclusivo para esse fim, devendo estes ser previamente limpos e
desinfetados, de acordo com as instruções da autoridade sanitária. (p.101).
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir um programa interno de separação de resíduos. Portanto, ressalta-se que 100% dos meios
de hospedagem da Região Uva e Vinho, participantes desta pesquisa, sejam eles de grande,
médio ou pequeno porte estão aptos a receber qualquer uma das denominações estipuladas por
estrelas da Embratur, se considerado este item da matriz de classificação dos meios de
hospedagem.
A tabela 4.5 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre local adequado para armazenamento de resíduos sólidos separados, segundo a
classificação dos meios de hospedagem.
Os dados obtidos revelam que 52,5% dos meios de hospedagem têm local adequado
para o acondicionamento de resíduos. Por meio das observações diretas realizadas nos meios de
hospedagem, pode-se constatar que somente 9,5% deles têm um local específico e adequado para
o armazenamento de resíduos e os restantes 38, ou 95% dos empreendimentos possuem um local
86
adaptado para o armazenamento dos resíduos sólidos; inclui-se nesse dado todos os meios de
hospedagem do universo desta pesquisa.
A geração dos resíduos sólidos é um fator determinante para a continuidade da vida no
planeta, pois segundo dados da WWF (2006), o planeta gera três vezes mais resíduos que o
suportável pela natureza.
Tabela 4.5 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre local adequado para
armazenamento de resíduos sólidos separados, segundo a classificação dos meios de hospedagem
G
rande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Armazenamento em local Sim 6 75 8 57,1 7 38,9 21 52,5
Adequado Não 2 25 6 42,9 11 61,1 19 47,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Na garagem 2 33,3 2 25 - - 4 19,1
Na área de serviço - - - - 4 57,2 4 19,1
No pátio do hotel 3 50 - - - - 3
14,3
Local Lixeiras externas no pátio do hotel - - 1 12,5 2 28,5 3 14,3
Adequado Embaixo da escada - - 2 25 - - 2 9,5
Espurgo específico 1 16,7 1 12,5 - - 2 9,5
Na cozinha - - 1 12,5 - - 1 4,7
No galpão - - - - 1 14,3 1 4,7
Na entrada de serviço - - 1 12,5 - - 1 4,7
TOTAL 6 100 8 100 7 100
21
100
Recolhimento diário 1 50 3 25,1 5 41,6 9 34,7
Possui somente lixeiras externas
ao hotel - - 3 25,1 5 41,6 8 30,9
Pouca geração de resíduo - - 1 8,3 4 16,7 5 12,5
Motivo da
Utiliza apenas a lavanderia
para o armazenamento 1 50 - - - - 1 3,8
não-existência de
Recolhimento por empresa de
reciclagem - - 1 8,3 - - 1 3,8
local apropriado
Falta condições para construir
o local - - 1 8,3 - - 1 3,8
Falta informação - - 1 8,3 - - 1 3,8
Empreendimento familiar - - 1 8,3 - - 1 3,8
Utiliza apenas o porão para o
armazenamento - - 1 8,3 - - 1
TOTAL 2 100 12 100 14 100 28 100
Quando se analisaram as informações obtidas na categoria de meios de hospedagem de
grande porte, que afirmam possuir local adequado, verificou-se durante as observações diretas, a
87
existência de somente locais adaptados (MANDELLI, 1997), pois 33,3% das informações
revelam que é na garagem onde os resíduos são armazenados, e 50% das informações relatam
que é no pátio interno do empreendimento onde os resíduos são armazenados. Pela observação
direta nesses meios de hospedagem, foi constatado que esses locais são utilizados para facilitar o
transporte dos resíduos pela companhia responsável para a destinação final.
12
Somente um meio
de hospedagem de grande porte possui local adequado para o armazenamento de resíduos,
distribuído em dois locais: a) câmara fria para os resíduos orgânicos; b) câmara seca, chaveada e
isolada para os resíduos possivelmente recicláveis.
A inexistência de planejamento arquitetônico que contemple a construção de um abrigo
próprio para o armazenamento de resíduos sólidos é um acondicionante que contribui para o
aumento do impacto ambiental no âmbito da hotelaria.
Vale ressaltar que uma informação obtida na categoria de meios de hospedagem de
grande porte revela que não existência de um local apropriado, porque o recolhimento é feito
diariamente; nesse caso, revelam-se alguns questionamentos: a) onde fica armazenado o resíduo
de um grande meio de hospedagem até a retirada do mesmo pela companhia responsável?;
b) onde está a fiscalização dos órgãos responsáveis a respeito da necessidade de um local
adequado para o armazenamento temporário de resíduos sólidos?
Nas categorias de informações obtidas com os gestores de médio porte, que afirmam
possuir local adequado, os dados relatam que sete meios de hospedagem possuem locais
adaptados para o armazenamento de resíduos e somente um meio de hospedagem de médio porte
possui um local adequado para o armazenamento dos resíduos. Esse local é chaveado, isolado,
higienizado todos os dias e encontra-se nas dependências do hotel, porém na área externa.
Constatou-se ainda que uma indicação considera adequado os resíduos serem
armazenados em lixeiras externas na via pública; essa justificativa não pode ser aceita, pois os
resíduos devem ser armazenados em locais seguros, onde não haja riscos de contaminação a
terceiros e ou ao meio ambiente.
Analisando ainda as informações dos informantes de médio porte, verifica-se que três
indicações revelaram a não existência de local adequado para o armazenamento de resíduos
porque o recolhimento é diário; nesse caso fazem-se os mesmos questionamentos a respeito de
12
Destinação final: é o local onde são destinados os resíduos sólidos. Ex.: aterro sanitário, compostagem,
reciclagem, entre outros.
88
um local apropriado para os meios de hospedagem de grande porte. Vale salientar que, mesmo a
empresa familiar, de médio porte, gera uma quantia considerada de resíduos, uma vez que possui
um número de 25 UHs a 80 UHs e demais estruturas oferecidas aos hóspedes. Portanto, causa
impacto considerado no meio ambiente com o desempenho da atividade hoteleira.
Com relação aos meios de hospedagem de pequeno porte, duas informações dos
gestores dessa categoria, consideram como adequado, o armazenamento dos resíduos na via
pública; isso demonstra que, além das possibilidades de multas e punições, há o desconhecimento
por parte dos gestores sobre sua responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente, cuja
informalidade da atividade e o despreparo de alguns gestores alertam para a necessidade de serem
desenvolvidas atividades práticas relacionadas a esse tema.
Essa necessidade fica evidente quando se analisam os meios de hospedagem de pequeno
porte em relação à não-utilização de um local adequado para o armazenamento dos resíduos
sólidos. Cinco informações dos empreendimentos de pequeno porte afirmam utilizar somente a
via pública ou não utilizam um local adequado, porque o recolhimento é diário. Constatou-se
nesse dado, pelas observações diretas, que cinco meios de hospedagem depositam na via pública
seus resíduos.
Esse número improvisado de locais de armazenagem de resíduos corrobora o citado por
Mandelli (1997) quando salienta que a multiplicidade de locais destinados à estocagem dos
resíduos reflete a falta de preocupação com a geração de resíduos sólidos ainda na elaboração do
projeto arquitetônico do empreendimento hoteleiro.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir um local adequado para o armazenamento dos resíduos, para obter a classificação de
Meio de Hospedagem Turístico, isto é, classificado como “três estrelas”. Portanto, ressalta-se que
52,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho, que fazem parte do universo
pesquisado, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, têm condições de receber tal
nomenclatura, se for considerado este item da matriz de classificação dos meios de hospedagem.
Seguindo na análise dos dados, a tabela 4.6 apresenta a distribuição de ocorrências e
porcentagens de indicações dos sujeitos sobre local independente e vedado para armazenamento
de resíduos sólidos contaminantes, segundo a classificação dos meios de hospedagem.
89
A NBR 10004 (ABNT, 2004a) classifica os resíduos sólidos quanto à sua
periculosidade, considerando seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que
possam ser gerenciados adequadamente.
O processo de caracterização de um resíduo, descrito na NBR 10004 (ABNT, 2004a),
permite classificar um resíduo sólido, bem como identificar se este deve ser qualificado como
perigoso por apresentar características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade
e patogenicidade, como tintas, sodas, ácidos, pilhas, baterias, verniz, spray, entre outros. Essas
características devem nortear os cuidados no gerenciamento dos resíduos sólidos.
Para local adequado para o armazenamento desse tipo de resíduo, a resolução Conama
313, de 2002, considera apropriado o uso de tambores isolados em piso impermeável dentro de
uma área coberta.
Os dados obtidos revelam que 72,5% dos meios de hospedagem não possuem um local
independente e vedado para o armazenamento dos resíduos sólidos contaminantes e 27,5% dos
estabelecimentos possuem algum tipo de local independente e vedado. Esse dado ajuda a revelar
que a matriz de classificação da Embratur não é observada por 29 meios de hospedagem da
Região Uva e Vinho; e o mais preocupante é que, em todos os portes de meios de hospedagem, a
ocorrência das respostas negativas foi maior que a ocorrência de respostas positivas.
Esse item deveria receber uma relevância maior da matriz de classificação, uma vez que
o impacto gerado por qualquer resíduo contaminante ou perigoso, no meio ambiente, é maior que
o impacto gerado por um alimento, ou alumínio, ou papel na natureza.
O Conama, mediante a apresentação da Lei 7804, de 18 de julho de 1989 (BRASIL,
1989), ressalta a necessidade de se disciplinar o descarte e o gerenciamento ambientalmente
adequado de pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento
ou disposição final. Considerando que tais resíduos, além de continuarem sem destinação
adequada e contaminando o ambiente necessitam, por suas especificidades, de procedimentos
especiais ou diferenciados, resolve:
Art. 1
o
. As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio,
mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de
aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletro-
eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível,
após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos
que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas
90
indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem,
diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 1989, p.530).
Por considerar a disposição final, sem tratamento, na natureza uma falta grave, a
Resolução Conama 257 (BRASIL, 1999) estabelece que pilhas e baterias tenham os
procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente
adequados. Cabe destacar que, no art. oitavo dessa resolução, fica proibida a queima a céu aberto,
ou em recipientes, de pilhas e baterias.
Quando se verifica o motivo da não-existência de um local apropriado nas respostas dos
meios de hospedagem de grande porte, duas informações revelam que ocorre o descarte desses
materiais juntamente com os resíduos comuns; esse fato aponta para uma série de indignações:
a) que informações o empreendimento tem sobre resíduos perigosos?; b) o empreendimento não
conhece os perigos do descarte desse tipo de resíduos?; c) o gestor sabe que o empreendimento é
fonte geradora e, portanto responsável por esse tipo de descarte?.
Os órgãos governamentais e as instituições de ensino devem desenvolver ferramentas
para que os meios de hospedagem possam ter acesso a informações sobre a importância de um
local adequado para o armazenamento de resíduos perigosos, onde os mesmos possam armazenar
esses materiais de maneira adequada e correta, sem prejudicar a si mesmo e ao meio natural. A
utilização de recipientes plásticos e as próprias embalagens destes, em locais apropriados para o
armazenamento, são exemplos que devem ser seguidos pelos meios de hospedagem.
Com relação aos meios de hospedagem de médio porte, que relatam a não-existência de
um local adequado para o armazenamento de resíduos sólidos contaminantes, sete indicações dos
informantes apontam que o motivo é o encaminhamento desses tipos de resíduos juntamente com
os resíduos comuns. Três indicações relatam que a falta de informação é a justificativa para a não
existência de um local adequado para o armazenamento desses resíduos, e duas indicações dos
informantes expõem para o motivo de não trabalhar com esses materiais.
Tabela 4.6 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre local independente e
vedado para armazenamento de resíduos sólidos contaminantes, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
91
Local independente e vedado Não 5 62,5 10 71,4 14 77,7 29 72,5
para o armazenamento de Sim 3 37,5 4 28,6 4 22,3 11 27,5
resíduos contaminantes
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Encaminhado junto com o
resíduo comum 2 28,5 7 50 4 22,2 13 34,2
Falta informação 1 14,3 3 21,4 1 5,6 5 13,2
Pouca geração desses resíduos - - 1 7,1 3 16,6 4 10,5
Motivo da Não possui armazenamento - - 1 7,1 3 16,6 4 10,5
não-existência de Não há necessidade 1 14,3 - - 2 11,1 2 5,3
local apropriado Armazenamento na manutenção 2 28,5 - - - - 2 5,3
Não possui resíduos
Contaminantes - - 2 14,3 - - 2 5,3
Porque é devolvido direto para
o fornecedor - - - - 1 5,6 1 2,6
Somente caixa aberta
(pilhas e baterias) 1 14,3 - - - - 1 2,6
Não trabalha com esses produtos - - - - 1 5,6 1 2,6
Utiliza pouco esses produtos - - - - 1 5,6 1 2,6
Pequena estrutura do
Empreendimento - - - - 1 5,6 1 2,6
Custo alto - - - - 1 5,6 1 2,6
TOTAL 7 100 14 100 18 100 38 100
Caixa fechada
(pilhas e baterias) 3 60 4 80 1 25 8 57,2
Local independente Depósito para fluorescentes 2 40 - - 1 25 3 21,5
e vedado Caixa aberta para fluorescentes - - 1 20 - - 1 7,1
Saco plástico fechado - - - - 1 25 1 7,1
Local externo da área do hotel
(solventes e tintas) - - - - 1 25 1 7,1
TOTAL
5 100 5 100 4 100 14 100
Em relação aos meios de hospedagem de pequeno porte que relatam a não-existência de
um local adequado para o armazenamento de resíduos sólidos contaminantes, as informações
revelaram diferentes justificativas, dentre elas destacam-se: a) resíduos encaminhados juntamente
com os resíduos comuns; b) falta de local apropriado; c) pouca geração desse tipo de resíduo;
d) apontam para a falta de necessidade; e) não trabalha com esses produtos; f) justifica que é
devido à pouca utilização desse tipo de material; g) o empreendimento tem estrutura pequena.
É válido acrescentar que as informações obtidas em duas situações referentes à
categoria de meios de hospedagem de pequeno porte, que afirmam possuir um local adequado
não podem ser consideradas adequadas, uma vez que os sujeitos afirmaram que o local adequado
seria “saco plástico fechado” e “um local externo da área do hotel para tintas e solventes”.
92
Apesar da informação “falta de informação” constar em apenas uma resposta dos
entrevistados dessa categoria, a mesma deve ser considera, pois, através das observações diretas,
constatou-se que os entrevistados não tinham conhecimento sobre a necessidade de possuir um
local independente e vedado para o armazenamento de resíduos sólidos.
De modo geral, é preocupante a situação em que se encontram os meios de hospedagem
da Região Uva e Vinho participantes deste estudo, que 72,5% dos estabelecimentos não
possuem local para o armazenamento de resíduos e segundo a Matriz de Classificação dos Meios
de Hospedagem da Embratur não estão aptos a receber a nomenclatura de Meio de Hospedagem
Superior, “quatro estrelas”, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, se for considerado
esse item da matriz.
A tabela 4.7 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre critérios específicos para destinação adequada dos resíduos sólidos, segundo a
classificação dos meios de hospedagem. Os dados obtidos revelam que 52,5% dos meios de
hospedagem dão uma correta destinação aos resíduos e 47,5% não destinam adequadamente seus
resíduos.
Considera-se destinação adequada o envio de resíduos sólidos não contaminantes para o
aterro sanitário, como papéis engordurados, produtos e embalagens não recicláveis, plásticos com
sobras de alimentos; a utilização da compostagem somente para resíduos sólidos orgânicos não
contaminados, como cascas de frutas, sobras de alimentos, verduras, entre outros; o envio de
resíduos para a reciclagem, como papelões, garrafas pet, vidros, latas de alumínio; a devolução de
produtos para os fornecedores, como, lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, latas de tinta,
solventes; a incineração de produtos de origem hospitalar como agulhas e seringas utilizadas.
Nesse caso, a incineração deve ser feita por empresa especializada e com autorização para
desenvolver essa prática. Os dados revelam que dezenove meios de hospedagem que participam
do universo deste estudo da Região Uva e Vinho desconhecem a legislação estadual. A Secretaria
Estadual do Meio Ambiente (Sema) por meio do art. e do Art. da Lei 9.921 , de 1993
ressalta que:
quando a destinação final for disposição no solo, deverão ser tomadas medidas
adequadas para proteção das águas superficiais e subterrâneas, obedecendo aos
critérios e normas estabelecidas pelo órgão ambiental do Estado. [...]
a coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e a destinação final dos resíduos
sólidos de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços,
inclusive de saúde, são de responsabilidade da fonte geradora independentemente da
93
contratação de terceiros, de direito público ou privado, para execução de uma ou mais
dessas atividades. (SEMA, 1993, p.04)
Tabela 4.7 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre critérios específicos para
destinação adequada dos resíduos sólidos, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Destinação adequada para Sim 6 75 7 50 8 44,4 21 52,5
os resíduos sólidos Não 2 25 7 50 10 55,5 19 47,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Reciclagem 9 69,2 7 63,6 8 61,5 24 64,9
Compostagem 3 23,1
- -
1 7,7 4 10,8
Destino dos resíduos
sólidos Enterro - - 2 18,2 2 15,4 4 10,8
Devolução para fornecedor
(fluorescentes) - - 2 18,2 1 7,7 3 8,1
Doação para a reciclagem
(metais, vidros e papel) 1 7,7 - - 1 7,7 2 5,4
TOTAL 13 100 11 100 13 100 37 100
Destinado somente ao
aterro sanitário - - 5 71,4 5 45,5 10 47,6
Motivo da não-
destinação
Não utiliza critérios para a
destinação 1 33,3 2 28,6 3 27,2 6 28,6
adequada
dos Pouca geração de resíduos - - - - 2 18,2 2 9,4
resíduos
sólidos Empreendimento novo 1 33,3 - - - - 1 4,8
Empreendimento de pequena
estrutura - - - - 1 9,1 1 4,8
A empresa terceirizada é
responsável pela destinação 1 33,3 - - - - 1 4,8
TOTAL 3 100 7 100 11 100 21 100
Analisando os meios de hospedagem de grande porte, pode-se verificar que 75% das
indicações dessa categoria afirmam dar uma correta destinação aos resíduos. O fato de o número
de indicações ser maior que o número de entrevistas se justifica por haver dois locais de
destinação utilizados pelo mesmo meio de hospedagem. Ex: destinação dos resíduos para a
reciclagem e compostagem.
Com relação aos motivos dao-destinação adequada dos resíduos para a categoria dos
meios de hospedagem de grande, uma indicação revelou, como justificativa, a responsabilidade
pela terceirização desse serviço, provando nesse caso o total desconhecimento da legislação do
estado. Outra informação revela que a justificativa é do empreendimento ser novo.
94
É fundamental que, no momento da construção de um meio de hospedagem,seja
projetado o fluxo dos resíduos sólidos, desde a fonte de geração até a destinação adequada para
cada categoria de resíduos.
Os arquitetos, as empreiteiras e construtoras que projetam meios de hospedagem devem
conhecer e aplicar a legislação pertinente em todas as áreas do hotel, dentre elas a área ambiental,
referindo-se a resíduos sólidos e efluentes líquidos, entre outras.
Vale salientar que pôde ser constatada a presença de tambores Codeca
13
em quatro
estabelecimentos de grande porte do município de Caxias do Sul, porém esses tambores o
estavam identificados e nomeados segundo as categorias de resíduos sólidos nesses
estabelecimentos.
Com relação aos meios de hospedagem de médio porte, sete informações revelam a
utilização da prática da reciclagem para os resíduos comuns, duas informações relatam a
devolução dos resíduos perigosos para o fornecedor e duas informações relatam que o “enterro”
dos resíduos é uma prática correta de destinação.
Ressalta-se que o “enterro” de resíduos sólidos não é permitido, uma vez que os
resíduos não recebem tratamento adequado, podendo contaminar águas superficiais e
subterrâneas. O empreendimento que utiliza esta prática está sujeito a sofrer multas e punições
explicitadas na legislação.
Muitas vezes, práticas como essa, aliadas à falta de informação e ao despreparo dos
gestores sobre a forma adequada de destinação dos resíduos sólidos revelam a realidade dos
empreendimentos de dio e pequeno porte que participam desta pesquisa. Nesse caso, fica
visível a necessidade de elaboração de programas que tenham, como principal objetivo, a
divulgação de corretas ações ambientais, entre elas a destinação adequada dos resíduos sólidos.
Por outro lado, cinco informações obtidas na categoria de meios de hospedagem de
médio porte, que não destinam adequadamente seus resíduos, revelam como justificativa a
destinação direta para o aterro municipal, demonstrando assim a falta de conhecimento em
relação às formas adequadas de manejo dos resíduos sólidos, preparando-os para a coleta e
posterior destinação.
13
Codeca: Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul, empresa terceirizada e regulamentada através da lei
municipal 1474 de 5 de janeiro de 1966 (CAXIAS DO SUL, 1966).
95
É importante destacar que duas informações relataram não utilizar critérios, sem
justificativa, para a destinação dos resíduos. Nesses casos, demonstraram um desinteresse com a
problemática em questão.
Nos empreendimentos de pequeno porte, que destinam seus resíduos adequadamente,
oito informações apresentam como destino adequado, a separação de resíduos para reciclagem,
uma informação revela que o destino dos resíduos é a compostagem, uma informação apresenta a
doação de resíduos recicláveis para a escola municipal, para que a mesma possa vender esses
resíduos para reciclagem e duas informações revelam, como correta destinação, a prática do
“enterro” de resíduos.
Quando se analisa o motivo da não-utilização de critérios para a destinação, cinco
informações dessa categoria dizem respeito à destinação somente para o aterro, sem a utilização
de critérios, três informações desse grupo demonstram que simplesmente não critérios, duas
informações relatam a pouca geração de resíduos, e uma informação alega que o empreendimento
é pequeno, não havendo, portanto, necessidade de utilização de critérios.
Nota-se nesse item que os meios de hospedagem utilizam critérios para a destinação dos
resíduos, porém, alguns equivocados. Cabe salientar que, de acordo com a matriz de classificação
dos meios de hospedagem, os mesmos devem possuir critérios específicos para a destinação dos
resíduos para obter a nomenclatura de Meio de Hospedagem Superior, isto é, classificado como
“quatro estrelas”. Portanto, ressalta-se que 52,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho participantes do universo pesquisado, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte estão
aptos a receber essa nomenclatura oficial da Embratur, se for considerado este item da matriz de
classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.8 mostra a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre monitoramento específico sobre o consumo de energia elétrica, segundo a
classificação dos meios de hospedagem. No sentido de minimizar o consumo de energia, a
NIH-54 (IH, 2004a), sugere que o empreendimento deve controlar e registrar o consumo de
energia de fontes externas e de fontes próprias renováveis e não renováveis, utilizar outras fontes
de energia, como solar e eólica, além de implantar procedimentos para que a iluminação seja
utilizada somente quando necessário e trabalhem utilizando o mínimo possível de energia.
Os dados obtidos nessa tabela revelam que 62,5% dos meios de hospedagem monitoram
o consumo de energia, 35,5% não monitoram o consumo de energia e 2,5% dos meios de
96
hospedagem o souberam responder. Esse dado se explica devido à tarifa de energia ir
diretamente para o proprietário de um meio de hospedagem, não cabendo ao gestor o
monitoramento mensal de energia.
Tabela 4.8 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre monitoramento específico
sobre o consumo de energia elétrica, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno
TOTA
L
N % N % N % N %
Monitoramento do Sim 8 100 6 42,9 11 61,1 25 62,5
Consumo de energia Não - - 7 50 7 38,9 14 35,5
Não sabe - - 1 7,1 - - 1 2,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Fatura mensal 2 20 8 66,7 11 91,7 21 61,8
Gráficos de ocupação / gasto
de energia por UH. 2 20 1 8,3
- -
3 8,9
Controle do Monitoramento diário 1 10 1 8,3 1 8,3 3 8,9
consumo de energia Planilha mensal de controle 1 10 1 8,3 - - 2 5,9
Programa de automação de
energia 1 10 - - - - 1 2,9
Controle feito por técnico
específico de energia 1 10 - - - - 1 2,9
Controle feito por empresa
Específica de energia 1 10 - - - - 1 2,9
Controle de demanda de energia 1 10 - - - - 1 2,9
Monitoramento informal - - 1 8,3 - - 1 2,9
TOTAL 10 100 12 100 12 100 34 100
Apenas confere a conta de
energia - - 1 50 6 85,7 7 77,8
Motivo da não existência
do controle de energia
Apenas realiza a leitura da
demanda de energia - - - - 1 14,3 1 11,1
Empreendimento com pequena
estrutura - - 1 50 - - 1 11,1
TOTAL - - 2 100 7 100 9 100
Analisando os meios de hospedagem de grande porte, pôde-se verificar que 100% das
informações dessa categoria afirmam possuir monitoramento específico para o consumo de
energia. Isso demonstra que os gestores dos meios de hospedagem de grande porte estão
conscientizados para reduzir o consumo de energia, seja pelo aspecto econômico, seja pelo
ambiental.
Vale salientar que as informações obtidas com os gestores dessa categoria revelam
diferentes formas de controle de consumo de energia, havendo duas indicações referentes ao
97
controle da fatura mensal e a utilização de gráficos mensais de gasto energético e taxa de
ocupação; uma indicação salienta o controle do gasto energético mediante planilha mensal de
controle, uma informação ressalta a contratação de pessoal terceirizado para efetuar esse controle
e uma informação mostra que o controle é feito pela compra de demanda de energia.
É importante ressaltar que uma informação dessa categoria revela a utilização de um
programa computadorizado de automação de energia, que controla os picos de energia, acende e
apaga as luzes em determinada hora e retém energia para uso quando o hotel necessita.
Para os meios de hospedagem de médio porte, o controle de energia é prioritário, já que,
segundo os dados relatados na tabela 4.8, dos empreendimentos dessa categoria que afirmam
possuir um controle de energia, oito indicações revelam que o controle é feito por meio da conta
de energia, uma informação revela a utilização de gráficos de comparações entre a taxa de
ocupação e o gasto energético, uma informação demonstra que é utilizada uma planilha mensal
de consumo de energia, e uma informação ressalta que o controle é feito informalmente.
Para os meios de hospedagem de pequeno porte que afirmam possuir controle do
consumo de energia, os dados apresentados na tabela 4.8 revelam a existência de onze
informações sobre o controle da fatura mensal e uma informação sobre o controle diário do
consumo de energia.
Fica explícita nesse item a importância que os meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho que participam desta pesquisa têm para o consumo de energia; isso se deve ao
comprometimento dos hoteleiros em buscar a redução do custo mensal de energia, cuidando para
que a iluminação não seja utilizada inadequadamente, fiscalizando as UHs para ver se não
consumo desnecessário enquanto as mesmas estão desocupadas, entre outras práticas. A
preocupação com os altos valores cobrados pelo uso de energia elétrica também motiva os
empresários a reduzir o consumo de energia na hotelaria. Porém, deve ficar bem claro que,
independentemente dos valores econômicos atribuídos a esse fator, os hoteleiros devem ter o
comprometimento com a preservação do meio ambiente, como política adotada na empresa.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir monitoramentos específicos sobre o consumo de energia elétrica, afim de obter a
nomenclatura de Meio de Hospedagem Superluxo, isto é, classificado como “cinco estrelas SL”.
Portanto ressalta-se que 62,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho estudados,
98
sejam eles de grande, médio ou pequeno porte estão aptos a receber tal nomenclatura levando em
conta esse item da matriz de classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.9 relata a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre critérios especiais e privilegiados para aquisição de produtos e equipamentos que
apresentem eficiência energética e redução de consumo, segundo a classificação dos meios de
hospedagem.
Os dados revelam que 85% dos meios de hospedagem utilizam equipamentos e
complementos para a redução do consumo de energia, e apenas 15% dos meios de hospedagem
não utilizam tais equipamentos, pois alegam custo alto ou pequena estrutura do estabelecimento,
nova gestão do empreendimento ou pouco interesse.
Quando os grupos de meios de hospedagem são analisados separadamente, nota-se que
os oito empreendimentos de grande porte possuem equipamentos e complementos que promovem
a redução energética. Foi constatado, nas observações diretas nesses estabelecimentos, que os
mesmos possuem em média quatro diferentes equipamentos e complementos de eficiência
energética.
Com relação a informações dos entrevistados dos meios de hospedagem de médio porte,
verificou-se que treze empreendimentos utilizam equipamentos de eficiência energética. Pelas
observações diretas nesse grupo de estabelecimentos, constatou-se que são utilizados em média
dois diferentes equipamentos e complementos com finalidade de redução energética.
Para o grupo de meios de hospedagem de pequeno porte, que afirma possuir
equipamentos e complementos de eficiência energética, as informações revelam que a utilização
desses materiais também é de dois equipamentos por empreendimento: porém, os dados
referentes a essas afirmações não foram tabulados na tabela 4.9.
Tabela 4.9 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre critérios especiais e
privilegiados para aquisição de produtos e equipamentos que apresentem eficiência energética e redução de
consumo, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
Equipamentos e complementos N % N % N % N %
99
de eficiência energética e Sim 8 100 13 92,5 13 72 34 85
redução do consumo de energia Não - - 1 7,5 5 28 6 15
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Lâmpadas de baixo consumo 6 16,2 8 22,8 9 28,1 23 22,2
Lâmpadas fluorescentes 4 10,8 8 22,8 10 31,2 22 21,1
Equipamentos e mpadas de foto células 7 18,9 5 14,2 3 9,5 15 14,4
complementos Economizadores de energia 7 18,9 3 8,5 - - 10 9,5
de eficiência Sensores de presença 4 10,8 2 5,8 3 9,5 9 8,9
Energética Minuteiras de energia 1 2,7 2 5,8 2 6,2 5 4,9
Placas solares - - 2 5,8 2 6,2 4 3,9
Troca de equipamentos antigos
por novos - - 1 2,8 2 6,2 3 2,9
Caldeira à lenha 2 5,4 1 2,8 - - 3 2,9
Gerador de energia 2 5,4 -
-
-
-
2 1,9
Capacitor de energia 1 2,7 -
-
1 3,1 2 1,9
Equipamentos novos / modernos - - 2 5,8 - - 2 1,9
Sistemas de automação de energia 1 2,7 - - - - 1 0,9
Caldeira a óleo 1 2,7 - - - - 1 0,9
Caldeira a gás - - 1 2,8 - - 1 0,9
Sensores de saída de emergência 1 2,7 - - - - 1 0,9
TOTAL 37 100 35 100 32 100 104 100
Empreendimento de pequena
estrutura - - - - 3 33,3 3 30
Motivo da não-utilização Custo alto - - - - 2 22,2 2 20
de equipamentos e Nova gestão do empreendimento - - - - 1 11,1 1 10
complementos de Não tem estrutura financeira - - - - 1 11,1 1 10
eficiência de Não se justifica - - - - 1 11,1 1 10
energia Pouco interesse - - - - 1 11,1 1 10
Somente controla na conta - - 1 - - - 1 10
TOTAL - - 1 - 9 100 10 100
Nota-se, então, uma inconformidade em relação ao número de equipamentos e
complementos que comprovam eficiência enérgica, uma vez que a matriz de classificação da
Embratur não define quais são os equipamentos, os complementos e as quantidades para que o
meio de hospedagem possa atingir a nomenclatura adequada segundo a matriz de classificação.
Apesar do alto número de equipamentos e complementos utilizados, notou-se que os
empreendimentos hoteleiros do universo desta pesquisa pouco utilizam fontes de energia
renováveis como a energia eólica e / ou solar. Apenas quatro informações dos entrevistados dos
meios de hospedagem do universo selecionado afirmaram que possuem placas solares, utilizadas
com a finalidade de redução do consumo energético. Nas observações diretas foram constatadas,
100
nos quatro meios de hospedagem, o funcionamento das placas, e vale salientar que os gestores
desses empreendimentos estavam muito contentes com a eficiência desses equipamentos.
Berle (1992) ressalta que a energia solar e a energia eólica são fontes de energias
ilimitadas e imediatamente disponíveis para o processamento, basta somente empenho das
empresas em adaptar suas tecnologias para o uso dessas novas formas de geração.
De acordo com a matriz de classificação, os mesmos devem possuir equipamentos
específicos sobre o consumo de energia elétrica para obter a nomenclatura de Meio de
Hospedagem Superluxo, isto é, classificado como “cinco-estrelas SL”. Portanto, ressalta-se que
85% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho estudados, sejam eles de grande, médio
ou pequeno porte, estão aptos a receber a nomenclatura oficial dos meios de hospedagem.
Já a tabela 4.10 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o monitoramento específico de água, segundo a classificação dos meios de
hospedagem. Os dados revelam que 62,5% dos meios de hospedagem não monitoram o consumo
de água e 37,5% dos meios de hospedagem monitoram esse consumo.
Os dados revelam uma possível problemática futura, que o WWF (2006b) divulga,
em seu relatório geral “água”, que o recurso natural água estará disponível por até cinco décadas,
e atualmente, países ricos como Austrália, Espanha, partes do Reino Unido, Estados Unidos e
Japão já estão sofrendo com a escassez de água em seu território.
Analisando as informações por categoria de meios de hospedagem, verificaram-se
quatro informações do grupo de estabelecimentos hoteleiros de grande porte que não realizam o
monitoramento do consumo de água. Duas indicações desse grupo justificaram não realizar
monitoramento porque utilizam o poço artesiano como fonte de água, uma indicação revelou que
não monitora o consumo por falta de conhecimento. Uma indicação dessa categoria revelou que
não se controla o consumo porque há permuta da água potável do hotel com o Samae
14
.
Tabela 4.10 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre o monitoramento
específico de água, segundo a classificação dos meios de hospedagem
G
rande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Monitoramento do Não 4 50 10 71,4 11 61,1 25 62,5
consumo de água Sim 4 50 4 28,6 7 38,9 15 37,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
14
SAMAE: Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul. O mesmo possui bacia de captação
de água para o município de Caxias do Sul dentro da propriedade do empreendimento hoteleiro.
101
Poço artesiano 2 50 5 41,6 2 20 9 34,6
Falta informação 1 25 1 8,3 1 10 3 11,5
Motivo por não Falta interesse - - 1 8,3 1 10 2 7,6
monitorar o
consumo de água
Apenas cobrança interna
informal - - 1 8,3 1 10 2 7,6
Consumo pequeno de água - - 1 8,3 2 20 3 11,5
Empreendimento de pequena
estrutura - - - - 2 20 2 7,6
Maior consumo é do hospede - - 1 8,3 - - 1 3,7
Conta paga pelo proprietário - - 1 8,3 - - 1 3,7
Não há necessidade - - 1 8,3 1 10 2 7,6
Permuta com o Samae 1 25 - - - - 1 3,7
TOTAL 4 100 12 100 10 100 26 100
Fatura mensal de água - - 5 71,5 7 100 12 63,3
Planilha de controle mensal 1 20 2 28,5 - - 3 15,9
Controle do
consumo de água
Planilha de gasto mensal /
taxa de ocupação 1 20 - - - - 1 5,2
Planilha de gasto mensal /
gasto de água por UH 1 20 - - - - 1 5,2
Software específico 1 20 - - - - 1 5,2
Leitura diária 1 20 - - - - 1 5,2
TOTAL 5 100 7 100 7 100 19 100
Em primeiro lugar, cabe salientar que a utilização ou não de poço artesiano não justifica
a ausência de um monitoramento sobre o consumo de água: nesse caso, ressalta-se que a
abundância da água, o valor cobrado pelo uso e a não-fiscalização de muitos poços artesianos,
para verificar a legitimidade do funcionamento, são motivos para a falta de controle, implicando
com isso problemas futuros de falta de água, como o que já acontece em outras regiões.
Em segundo lugar, destacam-se as informações de um estabelecimento de grande porte
que revela não ter conhecimento sobre o monitoramento de água. Nesse caso, fica evidente a
diferença de valor existente entre o consumo de energia e consumo de água para o gestor do
empreendimento, uma vez que, conforme a tabela 5.8, 100% dos empreendimentos de grande
porte afirmaram possuir monitoramento de energia elétrica. Portanto, fica o seguinte
questionamento: por que ocorre o monitoramento do consumo de energia e não se monitora o
consumo de água em um meio de hospedagem de grande porte?
Vale salientar que o comprometimento dos hoteleiros desta pesquisa ainda está mais
atrelado ao aspecto econômico do que ao aspecto ambiental, quando na realidade, deveria
102
acontecer uma equivalência dos fatores, para, assim, poderem usufruir na atualidade do recurso,
sem comprometer as futuras gerações.
Em terceiro lugar, analisa-se a informação obtida no meio de hospedagem que realiza
permuta com o Samae, que, por esse motivo, justifica o fato de não realizar o monitoramento do
consumo de água. A respeito dessa afirmação, é possível verificar a falta de consciência com o
gasto ambiental de um recurso natural esgotável pelo gestor do estabelecimento. Ficando
evidente somente a relação de benefícios econômicos, a partir da exploração da utilização da
água por um órgão externo.
Com relação às informações obtidas nos meios de hospedagem de médio porte, queo
utilizam o monitoramento do consumo de água, cinco afirmações revelaram ser a utilização de
poço artesiano pelos empreendimentos sua justificativa.
No grupo de meios de hospedagem de pequeno porte, três informações dos
entrevistados que não realizam o controle mensal revelam que a falta de controle se justifica pela
utilização do poço artesiano pelo empreendimento. Duas informações revelam que o
empreendimento tem pequena estrutura, uma informação diz respeito à falta de interesse pelo
meio de hospedagem e uma informação salientou não haver necessidade de controle, porque o
meio de hospedagem é pequeno.
Essas informações demonstraram que a consciência dos entrevistados ou gestores dos
meios de hospedagem de pequeno porte não tem relação com o gasto ambiental do recurso
natural, pois os mesmos justificam que o valor gasto (financeiro) é pequeno ou que não
consomem água em seus estabelecimentos. Vale salientar ainda que, em nenhum momento, esses
entrevistados relataram que o gasto do recurso natural é considerado baixo se for considerado o
fator ambiental e o impacto gerado no meio ambiente.
Cabe destacar que, de acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem,
os mesmos devem possuir monitoramentos específicos sobre o consumo de água, para obter, no
mínimo, a nomenclatura de Meio de Hospedagem Simples, isto é, classificado como “uma-
estrela”. Portanto ressalta-se nesse momento que 62,5% dos meios de hospedagem da Região
Uva e Vinho contidos nesta pesquisa, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, o estão
aptos a receber a nomenclatura oficial, levando em conta este item da matriz de classificação dos
meios de hospedagem.
103
A tabela 4.11 relata a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre critérios especiais e privilegiados, para aquisição de produtos e equipamentos que
promovam a redução do consumo de água, segundo a classificação dos meios de hospedagem.
Quando se focaliza o recurso natural água, a Norma NIH-54 (IH, 2004a) ressalta que é
dever do empreendimento utilizar medidas que reduzam o consumo de água, como a utilização de
dispositivos que controlem a saída de vazão de água das torneiras, chuveiros e descargas, realizar
a captação da água da chuva e adotar escalas determinadas para a troca de toalhas e roupas, além
de realizar inspeções regulares para verificar possíveis vazamentos no encanamento do meio de
hospedagem.
Vale salientar que 72,5% dos meios de hospedagem não utilizam equipamentos e
complementos para a redução do consumo de água e apenas 27,5% dos meios de hospedagem
utilizam tais equipamentos, a fim de reduzir o consumo mensal de água.
Quando o grupo de meios de hospedagem de grande porte que não utiliza equipamentos
e complementos de redução do consumo de água é analisado, duas indicações dessa categoria
revelam o não-interesse dos empreendimentos em utilizar equipamentos e complementos que
promovem a redução do consumo de água.
Esse dado demonstra a realidade de alguns meios de hospedagem da região estudada,
revelando assim a falta de interesse em conhecer as práticas corretas para a utilização da água.
Talvez motivos como a abundância de água e a falta de fiscalização nos empreendimentos que
possuem poços artesianos sejam suficientes para a não-adoção dessas ações em prol do meio
ambiente.
Por outro lado, informações obtidas com o grupo de entrevistados dos meios de
hospedagem de grande porte que afirmam possuir equipamentos e complementos, revelam que os
empreendimentos hoteleiros dessa categoria possuem uma dia de dois equipamentos por
estabelecimento que comprovam a redução do consumo de água.
Tabela 4.11 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre critérios especiais e
privilegiados para uso de equipamentos e complementos que promovam a redução do consumo de água, segundo a
classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
Equipamentos e complementos N % N % N % N %
de eficiência energética e Não 2 25 11 78,5 16 88,9 29 72,5
104
redução do consumo de água Sim 6 75 3 21,5 2 11,1 11 27,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Falta informação -
-
3 21,4 7 33,2 10 26,3
Motivo da Falta interesse 2 66,6 3 21,4 4 19 9 23,7
não-utilização de Uso de poço artesiano 1 33,3 2 14,4 2 9,5 5 13,2
equipamentos e Custo elevado -
-
3 21,4 2 9,5 5 13,2
complementos Falta planejamento -
-
1 7,1 1 4,8 2 5,3
de redução do Falta verba -
-
1 7,1 1 4,8 2 5,3
consumo de água Falta incentivo do poder público -
-
1 7,1 - - 1 2,6
Consumo pequeno de água - - - - 1 4,8 1 2,6
Empreendimento de pequena
estrutura - - - - 1 4,8 1 2,6
Falta de projeção arquitetônica - - - - 1 4,8 1 2,6
Apenas conscientização do
não desperdício de água - - - - 1 4,8 1 2,6
TOTAL 3 100 14 100 21 100 38 100
Utilização de
Uso de controladores de vazão
de água nos banheiros sociais 4 36,4 2 50 - - 6 35,3
equipamentos e Captação da água da chuva 2 18,1 - - 2 100 4 23,5
complementos de Uso de torneiras minuteiras 2 18,1 1 25 - - 3 17,6
redução do consumo
de água
Uso de redutores do consumo de
água nos chuveiros 1 9,1 1 25 - - 2 11,8
Utilização de água de poço não
potável 1 9,1 - - - - 1 5,9
Software específico 1 9,1 - - - - 1 5,9
TOTAL 11 100 4 100 2 100 17 100
Vale destacar que duas informações desse grupo de hotéis revelaram a utilização da
captação da água da chuva para a lavagem de calçadas, irrigação de jardins, descargas sanitárias,
abastecimento de piscinas, contribuindo assim para a redução do consumo de água.
Com relação às informações obtidas nos meios de hospedagem de médio porte que não
utilizam equipamentos nem complementos, pode-se verificar que a falta de informação é a
justificativa mais utilizada pelos entrevistados para não adotarem equipamentos que comprovam
a redução do consumo.
Outro dado relevante é o número de informações coletadas nessa categoria, que
afirmam a falta de interesse como justificativa pela não-utilização de critérios de adoção de
equipamentos que promovam a redução do consumo. Esse dado ajuda a reforçar a idéia de que
um dos fatores que não contribui para a adoção de práticas ambientais nos meios de hospedagem
da Região Uva e Vinho é o desinteresse dos gestores dos empreendimentos hoteleiros, seja por
motivos pessoais, seja por econômicos ou ambientais.
105
Além disso, a utilização do poço artesiano constatado em duas informações e a
justificativa de alto custo de implantação, salientadas por três informações colabora para a não-
adoção de equipamentos que promovam a redução do consumo de água.
Quando as informações dos entrevistados dos meios de hospedagem de pequeno porte
que não utilizam critérios para a aquisição de equipamentos ou complementos são analisadas,
notou-se que a falta de informação é a justificativa com maior índice de respostas desse grupo,
seguido das respostas de falta de interesse em utilizar equipamentos de redução para o consumo
de água, utilização do poço artesiano e custo elevado de implantação desses equipamentos.
Se os empreendimentos hoteleiros forem analisados de forma individual, o impacto
causado não é significativo. Mas se os mesmos forem analisados em conjunto, como no universo
deste estudo, num total de dezoito empreendimentos, o impacto no meio ambiente pode ser
significativo.
Portanto, os dados apresentados na tabela 4.11 revelam o descaso com o meio ambiente,
cujas indicações referentes à “falta de informação”, “falta de interesse”, o “poço artesiano” e
“custo alto” para a implantação de equipamentos de redução do consumo de água, somados,
geram um índice de quinze indicações dessa categoria dos entrevistados.
Por outro lado, ressalta-se que, apesar do baixo índice de informações afirmativas dos
meios de hospedagem de pequeno porte que utilizam equipamentos que promovam a redução do
consumo de água, 100% dos empreendimentos revelaram que utilizam a captação da água da
chuva como o equipamento de redução do consumo.
Cabe salientar que, de acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem,
os mesmos devem possuir equipamentos que promovam a redução do consumo de água para
obter no mínimo, a nomenclatura de Meio de Hospedagem Superior, isto é, classificado como
“quatro-estrelas”. Portanto, ressalta-se que 72,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho estudados, sejam eles de grande, dio ou pequeno porte não estão aptos a receber tal
nomenclatura, levando em conta esse item da matriz de classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.12 mostra a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre registros específicos para armazenamento de produtos nocivos e produtos
poluentes, segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados revelam que 87,5% dos
meios de hospedagem da Região Uva e Vinho não possuem registros sobre o armazenamento
106
desses produtos, e apenas 12,5% afirmam possuir registros sobre o armazenamento de produtos
nocivos e poluentes.
Quando as respostas dos entrevistados dos meios de hospedagem de grande porte que
não possuem registros específicos foram analisadas, notou-se que duas indicações dessa categoria
revelaram falta de informação sobre a necessidade de registrar formalmente os produtos nocivos
e poluentes como justificativa; três indicações revelaram a existência de apenas registros
informais sobre esses produtos e uma indicação revelou que o gestor desconsidera a necessidade
de obter esse registro.
Esses dados podem revelar que, nesse caso realmente a falta de informação é um fator
que pode determinar a não-adoção desse procedimento para os meios de hospedagem de grande
porte.
Por outro lado, duas informações da categoria de meios de hospedagem de grande porte
que possuem registros específicos para o armazenamento de produtos nocivos ou poluentes,
revelaram que há o controle de entrada e saída de materiais perigosos ou poluentes, para, no caso
de algum acidente, poder fornecer subsídios aos órgãos interessados. Nas observações diretas,
foram constatados que realmente os meios de hospedagem possuem planilhas mensais. Vale
salientar que as informações foram coletadas em meios de hospedagem que pertencem a redes de
hotéis e possuem unidades na Região Uva e Vinho.
Com relação às informações dos meios de hospedagem de médio porte que não utilizam
registros específicos, seis informações não revelaram o motivo, apenas que o meio de
hospedagem não armazena esses produtos, três informações apontaram falta de informação sobre
esse item como justificativa, duas informações relataram falta de interesse do empreendimento
em registrar. Uma afirmação salienta ainda que o meio de hospedagem não possui esses
materiais, uma informação retrata a alegação do estabelecimento em pouco utilizar esses
materiais na empresa, e uma afirmação relatou que a empresa terceirizada é a responsável pela
utilização de matérias desse gênero.
Tabela 4.12 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre registros específicos para
armazenamento de produtos nocivos e produtos poluentes, segundo a classificação dos meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Registros específicos de Não 6 75 12 85,7 17 94,4 35 87,5
107
produtos nocivos ou poluentes Sim 2 25 2 14,3 1 5,6 5 12,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Não armazena - - 6 40 3 17,7 9 23,7
Falta informação 2 33,3 3 20 1 5,8 6 15,8
Registro de produtos Não possui - - 1 6,6 3 17,7 4 10,5
nocivos ou poluentes Pequena quantidade utilizada - - 1 6,6 2 11,8 3 7,9
Não há necessidade 1 16,6 - - 2 11,8 3 7,9
Possui apenas registros informais 3 50 - - - - 3 7,9
Não utiliza - - - - 2 11,8 2 5,3
Pequena estrutura do
empreendimento - - 1 6,6 1 5,8 2 5,3
Falta interesse - - 2 13,4 - - 2 5,3
Empreendimento de estrutura
familiar - - - - 1 5,8 1 2,6
Utiliza somente produtos
orgânicos - - - - 1 5,8 1 2,6
Registros em implantação - - - - 1 5,8 1 2,6
Empresa responsável pelo
registro é terceirizada - - 1 6,6 - - 1 2,6
TOTAL 6 100 15 100 17 100 38 100
Registros específicos Planilhas periódicas 2 100 2 100 1 100 5 100
TOTAL 2 100 2 100 1 100 5 100
É importante ressaltar que não foram constatados ou encontrados registros específicos
sobre o armazenamento de produtos nocivos ou poluentes nas observações diretas, apesar da
insistência do pesquisador nos meios de hospedagem de médio porte. Mas duas indicações foram
citadas pelos entrevistados e tabuladas na tabela 4.12, pois destacaram a existência desses
registros específicos.
Quanto aos meios de hospedagem de pequeno porte que não possuem registros
específicos, três informações revelaram como motivo o não-armazenamento desse tipo de
produtos, três informações apontaram a não-existência desses produtos no estabelecimento, duas
informações apontaram como justificativa a pequena quantidade desses materiais ou que não
utilizam ou que não há necessidade de registrar.
Apesar da informação de um entrevistado da categoria pequeno meio de hospedagem
em possuir planilhas periódicas para o registro específico para o armazenamento de produtos
poluentes, os mesmos não foram encontradas no momento das observações diretas realizadas no
empreendimento.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir registros específicos para armazenamento de produtos nocivos e produtos poluentes para,
108
no mínimo, obter a nomenclatura de Meio de Hospedagem Turismo, isto é, classificado como
“três-estrelas”. Portanto, ressalta-se que 87,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho
contidos nesta pesquisa, sejam eles de grande, médio ou pequeno porte não estão aptos a receber
tal nomenclatura levando em conta esse item da matriz de classificação dos meios de
hospedagem.
A tabela 4.13 mostra a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre local adequado para o armazenamento de produtos nocivos e produtos poluentes,
segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados revelaram que 72,5% dos
entrevistados afirmam não possuir local adequado para armazenamento de produtos nocivos e
produtos poluentes e 27,5% dos entrevistados revelam possuir local adequado para o
armazenamento desse tipo de resíduos.
De maneira geral, esse dado remete para uma problemática existente referente a esse
assunto, que foi constatado nas observações diretas que não um correto entendimento sobre
o que seja local adequado para o armazenamento desse tipo de produto por parte dos
entrevistados, uma vez que todas as respostas afirmativas revelam que na verdade, os locais são
adaptados para o armazenamento de produtos nocivos e poluentes, principalmente no que tange a
produtos de lavanderia, pois os mesmos são acondicionados sem isolamento ou em contato com
outros tipos de produtos.
Mesmo quando os dados são analisados separadamente, pode-se constatar que as
justificativas dos entrevistados, em relação à não-existência de um local adequado para o
armazenamento de produtos nocivos ou poluentes, são semelhantes. Para os meios de
hospedagem de grande porte, uma indicação revelou que o motivo da não-utilização de um local
adequado é a lavanderia ser terceirizada, uma indicação justificou que um meio de hospedagem
não possui produtos de lavanderia, e uma indicação revelou que não local adequado porque o
empreendimento é novo e o processo está em fase de implantação. Essa afirmação revela que a
preocupação com a construção de um local adequado para o armazenamento de produtos
poluentes não é levada em consideração pelos gestores de um empreendimento de grande porte,
demonstrando, assim, descrédito com o meio ambiente, seja por falta de informação, interesse,
seja pelo desconhecimento da legislação.
Tabela 4.13 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre local adequado para
armazenamento de produtos nocivos e produtos poluentes, segundo a classificação dos meios de hospedagem
109
G
rande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Local adequado para o
armazenamento Não 3 37,5 12 85,7 14 77,7 29 72,5
de produtos nocivos ou poluentes Sim 5 62,5 2 14,3 4 22,3 11 27,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Não armazena - - 3 25 5 35,5 8 27,7
Não utiliza 1 33,3 - - 3 21,4 4 13,8
Motivo do não-
armazenamento de
Comprado segundo a
necessidade - - 4 33,3 - - 4 13,8
produtos poluentes ou Empresa terceirizada 1 33,3 2 16,7 1 7,2 4 13,8
nocivos Não possui - - 1 8,3 2 14,2 3 10,4
Coleta diária de
resíduos - - - - 1 7,2 1 3,4
Utiliza somente produtos
orgânicos - - - - 1 7,2 1 3,4
Não há distinção de produtos - - - - 1 7,2 1 3,4
Não há necessidade - - 1 8,3 - - 1 3,4
Somente colocado no setor de
manutenção - - 1 8,3 - - 1 3,4
Em implantação 1 33,3 - - - - 1 3,4
TOTAL 3 100 12 100 14 100 29 100
Local fechado no setor de
manutenção 3 50 - - - - 3 25
Local
Local independente no pátio do
empreendimento - - 2 100 1 25 3 25
adequado Na lavanderia 1 16,6 1 25 2 16,6
Na despensa - - - - 2 50 2 16,6
Casinhas ventiladas na lavanderia 1 16,6 - - - - 1 8,4
Caixotes em baixo do telhado 1 16,6 - - - - 1 8,4
TOTAL 6 100 2 100 4 100 12 100
Por outro lado, cinco afirmações do grupo de meios de hospedagem de grande porte
revelaram que local adequado. Três indicações revelaram que o local adequado é no setor de
manutenção, uma indicação demonstrou que o local adequado é junto à lavanderia, outra
indicação revelou que o local adequado é “casinhas” construídas nos fundos da lavanderia, e
outra afirmação apontou que o local adequado para o armazenamento de produtos poluentes e
nocivos é caixotes colocados embaixo do telhado do empreendimento.
Cabe ressaltar que “casinhas construídas” e “caixotes sob o telhado” para o
armazenamento de resíduos nocivos ou poluentes não devem ser considerados como adequados,
pois não atendem às exigências de segurança e não têm condições de abrigar produtos poluentes,
110
uma vez que os produtos ficam expostos ao contato de pessoas sem autorização para manipular
esse tipo de material e sofrem ações químicas com a ação do calor e da umidade, podendo nesse
caso ocorrer acidentes como derramamento de produtos ou incêndios causados pelo aquecimento
destes produtos.
Com relação às informações dos grupo de meios de hospedagem de médio porte, três
indicações revelam que os empreendimentos não armazenam esses produtos, quatro informações
apontam que os produtos são comprados segundo a necessidade do empreendimento, duas
indicações revelam que o motivo da não-utilização de local adequado é a terceirização do setor,
uma indicação revela que o empreendimento não possui esses produtos e uma informação revela
que não há necessidade.
Porém, esses motivos não se justificam, e esses dados remetem mais uma vez para as
seguintes reflexões: a) o risco de danos ambientais ou materiais decorrentes do uso de produtos
poluentes são levados em consideração pelos gestores desses empreendimentos?; b) uma
orientação por parte dos fornecedores e órgãos de fiscalização para os cuidados com esse tipo de
materiais?; c) falta de informação dos gestores sobre os procedimentos adequados para a
utilização desses produtos?; d) como a matriz de classificação da Embratur possibilita a reflexão
e a aprendizagem aos gestores dos meios de hospedagem referente a local adequado para o
armazenamento de resíduos sólidos nocivos ou poluentes?
Quando a análise é feita nas informações obtidas nos meios de hospedagem de pequeno
porte que não possuem local adequado, nota-se que cinco informações revelam que os
estabelecimentos não armazenam esses produtos, três indicações revelam que os
empreendimentos não utilizam esses produtos, e as demais informações apontam diversos
motivos para o não-armazenamento desses produtos, entre eles pode-se destacar: a) compra
segundo a necessidade; b) falta de distinção de produtos; c) utilização somente de produtos
orgânicos; d) armazenado somente no setor de manutenção; e) coleta diária dos resíduos
desses materiais. Nota-se então que, apesar de não haver incidências de respostas sobre a falta de
informação, a mesma é o principal fator para o não-armazenamento adequado desses tipos de
produto.
Com relação às informações dos entrevistados dos empreendimentos de pequeno porte
que afirmam possuir local adequado para o armazenamento de produtos nocivos ou poluentes,
duas indicações apontaram a despensa como local, uma informação apontou a lavanderia como
111
local e uma indicação revelou que um local adequado no pátio do empreendimento. Durante a
realização das observações diretas, foi constatado que o “local adequado na lavanderia” é
inadequado, pois os produtos foram armazenados junto com bebidas e produtos alimentares,
mesmo que em pequenas quantidades. De acordo com a matriz de classificação dos meios de
hospedagem, para os empreendimentos hoteleiros obterem a classificação desejada, os mesmos
devem possuir um local adequado para armazenamento de produtos nocivos e produtos
poluentes. Portanto, ressalta-se que 72,5% dos meios de hospedagem da região estudada, sejam
eles de grande, médio ou pequeno porte, não estão aptos a receber a nomenclatura de Meio de
Hospedagem Turismo, isto é três-estrelas”, pois não atendem às exigências desse item contido
na matriz de classificação dos meios de hospedagem da Embratur.
A tabela 4.14 mostra a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre critérios especiais e privilegiados para aquisição e uso de produtos biodegradáveis,
segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados revelam que 47,5% dos meios de
hospedagem da região estudada não utilizam critérios especiais para a aquisição desses produtos,
45% utilizam critérios e 7,5% não sabem quais critérios são utilizados pelo empreendimento,
porque a lavanderia do empreendimento é terceiriza.
Esse caso demonstra a falta de responsabilidade com os hóspedes, os funcionários e o
meio ambiente, como também a falta de preparo de gestão hoteleira, uma vez que desconhecer os
produtos que utiliza implica também no desconhecimento do processo de lavagem, na correta
utilização de produtos, no conhecimento sobre a durabilidade das roupas lavadas com esses
produtos, nos danos que podem ocorrer ao meio ambiente, na necessidade dos produtos em
receber tratamento adequado antes do despejo na natureza, no gasto econômico, entre outros
aspectos.
Tabela 4.14 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre critérios especiais e
privilegiados para aquisição e uso de produtos biodegradáveis, segundo a classificação dos meios de hospedagem
G
rande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Aquisição de produtos Não 2 25 5 35,7 12 66,6 19 47,5
biodegradáveis Sim 5 62,5 7 50 6 33,4 18 45
Não sabe 1 12,5 2 14,3 - - 3 7,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Falta informação - - 1 11,2 7 35 8 25,8
Motivo da não-aquisição Lavanderia terceirizada 2 100 2 22,2 - - 4 12,9
112
de produtos biodegradáveis O preço interessa - - 4 44,4 - - 4 12,9
Preço elevado - - - - 4 20 4 12,9
Falta interesse - - - - 3 15 3 9,7
A qualidade interessa - - 2 22,2 1 5 3 9,7
Empreendimento de pequena
estrutura - - - - 3 15 3 9,7
Compras no supermercado - - - - 1 5 1 3,2
Pouco consumo - - - - 1 5 1 3,2
TOTAL 2 100 9 100 20 100 31 100
Aquisição de produtos de
marcas conhecidas 1 20 1 12,5 3 42,8 5 25
Produtos
biodegradáveis
Aquisição de produtos de
lavanderia 1 20 2 25 1 14,3 4 20
Aquisição de produtos pouco
impactantes 1 20 2 25 1 14,3 4 20
Aquisição de produtos
ecológicos 1 20 2 25 1 14,3 4 20
Aquisição de produtos neutros - - 1 12,5
- -
1 5
Aquisição de produtos de
maior rentabilidade - - - - 1 14,3 1 5
Aquisição de produtos menos
concentrados 1 20 - - - - 1 5
TOTAL 5 100 8 100 7 100 20 100
Com relação ao grupo de meios de hospedagem de grande porte que não utilizam
critérios, duas informações revelam como justificativa a terceirização do setor de lavanderia;
porém, esse motivo não pode ser justificado, porque um empreendimento ou um gestor
consciente de sua responsabilidade com o meio ambiente tem a obrigação de exigir, do prestador
de serviço, que utilize produtos ecologicamente corretos e que não agridam tanto a natureza.
Em contrapartida, cinco meios de hospedagem de grande porte afirmam possuir critérios
específicos, sendo que esses critérios são variados, porém utilizados pelos hotéis. Uma
informação revela que o critério utilizado é a aquisição de produtos de marcas conhecidas, como
“Colau e Ecolab”, uma informação revela que o critério utilizado é a aquisição de produtos pouco
impactantes, uma informação aponta que o critério utilizado é a aquisição de produtos com o selo
de “produto ecológico” e uma informação revela que o critério utilizado é trabalhar com produtos
menos concentrados.
É válido ressaltar que, apesar de dois meios de meios de hospedagem de grande porte
utilizarem a terceirização dos serviços de lavanderia, os mesmos conhecem os produtos utilizados
113
pelo prestador de serviço e obrigam o mesmo a utilizar, no processo de lavagem de roupas,
somente produtos brandos, menos agressivos ao meio ambiente.
Quando as informações dos meios de hospedagem de médio porte que utilizam critérios
específicos são consideradas, duas informações revelam que são utilizados critérios para a
compra de produtos de lavanderia, duas informações apontam que o critério utilizado é a
aquisição de produtos pouco impactantes, duas informações apontam que o critério utilizado é a
aquisição de produtos ecológicos, uma informação revela que o critério utilizado é a aquisição de
produtos neutros, e uma informação aponta para a aquisição de marcas conhecidas como
ecológicas.
Essas informações revelam que parte dos gestores desse grupo de meios de hospedagem
se preocupa com a qualidade da roupa a ser oferecida aos hóspedes, com a durabilidade das
roupas de cama, mesa e banho oferecidas aos hóspedes, com a devolução das águas residuais ao
meio ambiente e, ainda, com sua imagem perante os fornecedores e concorrentes.
Por outro lado, cinco afirmações desse grupo revelam para a não-adoção de critérios
para a utilização de produtos biodegradáveis, sendo que destes, quatro informações ressaltam que
o preço é levado como principal critério de escolha do tipo de produto, demonstram o o-
comprometimento, o descaso, a falta de sensibilização, o desinteresse e a falta de preocupação
com seu próprio futuro, em relação ao impacto negativo gerado com a atividade hoteleira, quando
o que vale é o custo financeiro e o meio ambiente é “deixado” em segundo plano.
Quando as informações dos entrevistados dos meios de hospedagem de pequeno porte
que não utilizam critérios são levadas em consideração, uma incidência de doze informações
negativas, sendo que a falta de informação é a principal justificativa, seguida do preço elevado
desses produtos e da falta de interesse.
Vale salientar que apenas seis informações revelam que meios de hospedagem de
pequeno porte que utilizam critérios para a aquisição de produtos biodegradáveis, sendo que,
destes, três informações apontam para a utilização de marcas conhecidas em seus
empreendimentos, como “Colau, OMO e Ecolab”, uma informação revela que o meio de
hospedagem adquire somente produtos pouco impactantes, uma informação aponta que o
empreendimento adquire somente produtos com o selo de “produto ecológico” e de maior
rentabilidade. Pelas observações diretas pode-se constatar que os seis meios de hospedagem
utilizam esses produtos, mesmo que em pequenas quantidades.
114
Apesar de o número de incidências apontar para a falta de informação, como o principal
motivo para a não-adoção de critérios para a aquisição de produtos biodegradáveis nos
empreendimentos de pequeno porte, vale destacar que esse motivo não é totalmente aceitável,
uma vez que um entrevistado desse grupo afirmou que a utilização de produtos biodegradáveis é
“fundamental para que a natureza não seja contaminada e o nosso esgoto não contamine a água
dos outros moradores”.
15
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir critérios especiais e privilegiados para aquisição e uso de produtos biodegradáveis para,
no mínimo obter a nomenclatura de Meio de Hospedagem Superior, isto é, classificado como
“quatro-estrelas”. Salienta-se que 47,5% dos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho que
participam desta pesquisa, sejam eles de grande, dio ou pequeno porte, não estão aptos a
receber tal nomenclatura levando em conta esse item da matriz de classificação dos meios de
hospedagem.
A tabela 4.15 mostra a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre critérios de qualificação de fornecedores, levando em consideração as ações
ambientais por estes realizadas, segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados
revelam que 67,5% dos entrevistados não têm critérios, 22,5% têm critérios para qualificar os
fornecedores e 10% dos entrevistados não souberam responder. É perceptível nesse item, e ao
mesmo tempo inaceitável, que dois gestores de empreendimento hoteleiros de grande porte, um
gestor de um meio de hospedagem de médio porte e um gestor de um empreendimento de
pequeno porte não saibam se suas empresas adotam critérios em relação à qualificação dos
fornecedores para os produtos utilizados em seus estabelecimentos. Neste caso, vale salientar que
muitos fatores estão em questão: a) a responsabilidade dos gestores perante a sociedade;
b) a responsabilidade dos gestores perante o meio ambiente; c) a responsabilidade dos gestores
perante seus hóspedes.
É essencial que um gestor hoteleiro conheça todos os processos dentro de sua empresa,
inclusive a utilização ou não de critérios para a qualificação de fornecedores, com o objetivo de
evitar multas, conservar o meio ambiente e de conhecer a periculosidade dos produtos utilizados,
que o empreendimento hoteleiro é co-responsável em possíveis acidentes ecológicos, como a
contaminação do solo e das águas, por ser uma das fontes que lança esses produtos na natureza.
15
Citação de um gestor de um meio de hospedagem de pequeno porte que se encontra no meio rural.
115
Essa é uma questão que deve receber um momento de reflexão e atenção, que poucos
estudos, pesquisas e artigos científicos referentes à responsabilidade dos fornecedores hoteleiros
ou ainda sobre as ações ambientais desempenhadas por eles.
Tabela 4.15 – Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre critérios de qualificação de
fornecedores levando em consideração as ações ambientais por estes realizadas segundo a classificação dos meios de
hospedagem
Gr
ande Médio Pequeno TOTAL
Critérios para a qualificação N % N % N % N %
de fornecedores pelas ações Não 4 50 7 50 16 88,8 27 67,5
ambientais que os mesmos Sim 2 25 6 42,8 1 5,6 9 22,5
realizam Não sabe 2 25 1 7,2 1 5,6 4 10
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Falta informação 1 25 1 12,5 7 31,8 9 26,5
Motivo da Preço 1 25 2 25 4 18,2 7 20,6
não-qualificação dos Falta interesse -
-
4 50 2 9,1 6 17,6
fornecedores Não há fornecedor específico -
-
-
-
6 27,2 6 17,6
Interesse pela qualidade do
produto 2 50 - - 3 13,6 5 14,7
Lavanderia terceirizada -
-
1 12,5 -
-
1 2,9
TOTAL
4 100 8 100 22 100 34 100
Laudos ambientais 2 100 4 57,1 -
-
6 60
Critérios de
Confiança no representante
da marca que representa - - 2 28,6 1 100 3 30
qualificação de
fornecedores
Fornecedor com política
ambiental - - 1 14,2 -
-
1 10
TOTAL 2 100 7 100 1 100 10 100
Quando se analisa o grupo de meios de hospedagem de grande porte que não utilizam
critérios para a qualificação dos fornecedores, se constata que duas indicações revelam a
qualidade do produto como fator importante e não desenvolvimento de ações por parte do
fornecedor, uma informação apontou ainda o preço do produto como relevante, e uma informação
revelou haver falta informação sobre esse assunto.
Essas informações demonstraram que não importa para os entrevistados desse grupo a
maneira como os produtos são produzidos, nem os processos utilizados para a fabricação desses
itens. Porém, vale salientar duas informações dessa categoria, que apontaram a obrigatoriedade
de os fornecedores a darem laudos ambientais comprovando que os produtos utilizados pelo meio
de hospedagem são de qualidade, elaborados por responsáveis técnicos e que realmente possuem
os ingredientes estipulados no rótulo.
116
É válido salientar que todo o gestor hoteleiro, seja de grande, médio ou pequeno porte,
deve adotar esse tipo de prática, para desenvolver nos fornecedores a consciência de contemplar o
meio ambiente no momento da elaboração de seus produtos.
Com relação ao grupo de meios de hospedagem de médio porte que não utilizam
critérios de qualificação, quatro informações revelam a falta de interesse como principal
justificativa. Duas informações relataram que somente o preço é válido, uma informação revelou
que desconhecia essa necessidade, e uma informação relatou como justificativa a terceirização do
setor de lavanderia. Nas informações obtidas com esse grupo de empreendimento, foi possível
constatar que um certo descomprometimento com as questões relacionadas ao meio ambiente,
até mesmo porque os entrevistados afirmaram que desconhecem a necessidade de se obter
critérios de qualificação, quando, na verdade, essa necessidade deveria partir diretamente do meio
de hospedagem.
Quando o grupo de meios de hospedagem de pequeno porte que não possui critérios de
qualificação de fornecedores é estudado, sete informações dessa categoria apontaram para a falta
de informação sob a importância de estabelecer critérios para os fornecedores dos produtos
utilizados nos estabelecimentos. Vale ressaltar, ainda, que seis informações revelaram que os
estabelecimentos dessa categoria não utilizam fornecedores específicos, pois realizam compras
diárias no supermercado. Quatro informações desse grupo demonstraram que o preço é o maior
critério, duas informações revelaram o o-interesse em estabelecer critérios para a adequação
dos fornecedores, e três indicações revelaram que os critérios são estabelecidos pela qualidade do
produto, não havendo, portanto, consideração nas ações ambientais que os fornecedores realizam.
No caso dos meios de hospedagem de pequeno porte, vale esclarecer que os mesmos
não possuem critérios específicos, devido à informalidade de algumas empresas e à falta de
conhecimento operacional desses gestores; porém, esses fatores não justificam a não-adoção de
critérios para qualificar seus fornecedores.
De maneira ampla, é preocupante o quadro geral dos meios de hospedagem da Região
Uva e Vinho que compõem esta pesquisa, que 67,5% não utilizam critérios específicos, e 10%
não sabem se utilizam critérios específicos. Se visto por um outro lado, pode-se afirmar que o
fornecedor não precisa procurar adequar-se às exigências da lei, uma vez queo é cobrado nem
recebe punições de seus clientes, nesse caso as empresas hoteleiras.
117
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os
empreendimentos hoteleiros devem possuir critérios de qualificação de fornecedores, levando em
consideração as ações ambientais por estes realizadas para obter a nomenclatura de Meio de
Hospedagem Superluxo, isto é, classificado como “cinco-estrelas SL”. Portanto, ressalta-se que
77,5% dos meios de hospedagem da região estudada, sejam eles de grande, dio ou pequeno
porte, o estão aptos a receber tal nomenclatura, levando em conta esse item da matriz de
classificação dos meios de hospedagem.
A tabela 4.16 apresenta a distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos
sujeitos sobre o certificado expedido por organismo especializado quanto à efetividade de
adequação ambiental da operação, segundo a classificação dos meios de hospedagem. Os dados
revelaram que 95% das informações dos entrevistados dos meios de hospedagem não possuem
certificado expedido por algum órgão certificador em relação à adequação ambiental da operação
do empreendimento, apenas 2,5% dos entrevistados dos meios de hospedagem que compõe o
universo desta pesquisa possuem esse certificado e 2,5% dos entrevistados dos meios de
hospedagem não sabem se possuem certificado de adequação na operação.
Esses dados revelam que a falta de informação e a não-obrigatoriedade são os principais
fatores para a não-adoção dessa certificação, que, segundo a matriz de classificação da Embratur,
é essencial para se obter a classificação de Meio de Hospedagem Superluxo, isto é “cinco-estrelas
SL”.
Tabela 4.16 Distribuição de ocorrências e porcentagens de indicações dos sujeitos sobre certificado expedido por
organismo especializado quanto à efetividade de adequação ambiental da operação, segundo a classificação dos
meios de hospedagem
Grande Médio Pequeno TOTAL
N % N % N % N %
Certificado de adequação Não 7 87,5 14 100 17 94,4 38 95
Ambiental Sim -
-
- - 1 5,6 1 2,5
Não sabe 1 12,5 - - - - 1 2,5
TOTAL 8 100 14 100 18 100 40 100
Falta informação 6 66,7 9 50 8 42,1 23 50
Motivo da Não é obrigatório 1 11,1 4 22,3 6 31,6 11 24
não-adequação Falta interesse 1 11,1 2 11,2 2 10,5 5 10,8
ambiental dos Falta fiscalização - - 1 5,5 3 15,7 4 8,6
empreendimentos Falta estrutura adequada - - 1 5,5 - - 1 2,2
Falta oferecer 1 11,1 - - - - 1 2,2
Não desenvolve práticas - - 1 5,5 - - 1 2,2
118
ambientais
TOTAL 9 100 18 100 19 100 46 100
Certificado de
adequação ambiental
Licença de operação
(Fepan) - - - - 1 100 1 100
TOTAL -
-
- - 1 100 1 100
Analisando os meios de hospedagem de grande porte que não possuem adequação
ambiental, pode-se verificar que seis informações apontam a falta de informação como a
principal justificativa. A partir desses dados, pode-se constatar que a falta de informação dos
empreendimentos hoteleiros de grande porte é um fator que determina o não-cumprimento desse
item contido na matriz de classificação dos meios de hospedagem da Embratur.
Para os entrevistados dos meios de hospedagem de médio porte que afirmam não
possuir certificado de adequação ambiental, a falta de informação também é um fator
determinante, uma vez que ocorreram nove indicações, e quatro informações revelaram a não-
obrigatoriedade como principal justificativa.
Com relação aos meios de hospedagem de pequeno porte, apenas uma informação
revelou a existência de um certificado de licença de operação expedido pela Fepan
16
, que pode ser
constatado nas observações diretas. Porém, o mesmo não foi expedido devido à operação do meio
de hospedagem, mas sim por outra atividade desenvolvida no local, isto é, a produção de bebida
destilada a base de cana-de-açúcar por processo orgânico
17
.
Cabe destacar que se verificou, nas das observações diretas, que o meio de hospedagem
possui cinco lixeiras identificadas, com o padrão de cores para acondicionar os diferentes tipos de
resíduos, além de verificar que o empreendimento, apesar de ser pertencente ao grupo de meios
de hospedagem com até 25 UHs, possui estação de tratamento de efluentes, controle de pragas
sem uso de agrotóxicos ou pesticidas e utiliza a reciclagem da matéria-prima utilizada na
produção da bebida destilada.
De maneira geral, pode-se observar, mediante esses dados, que a falta de informação, de
interesse e de obrigatoriedade são os principais fatores que determinam a não-certificação de
adequação ambiental por parte dos meios de hospedagem da região estudada. Isso pode
demonstrar também que a matriz de classificação dos meios de hospedagem o é seguida como
16
Fepan: Fundação Estadual de Proteção Ambiental
17 17
Processo Orgânico: é utilizado somente produtos naturais para o controle de pragas, não são utiliza os inseticidas
nem herbicidas ou outros venenos.
119
instrumento de orientação a respeito desse item. Os dados alertam para o desinteresse com o meio
ambiente em relação ao método de operação utilizado pelos empreendimentos. As respostas dos
gestores demonstram a necessidade de uma divulgação direcionada aos meios de hospedagem,
para que os mesmos possam obter informações sobre os requisitos necessários para se obter a
classificação oficial do segmento com a Embratur.
De acordo com a matriz de classificação dos meios de hospedagem, os mesmos devem
possuir certificado expedido por organismo especializado quanto à efetividade de adequação
ambiental da operação, para obter a nomenclatura de Meio de Hospedagem Superluxo, isto é,
classificado como “cinco-estrelas SL”. Portanto, ressalta-se que 97,5% dos meios de hospedagem
do universo desta pesquisa sejam eles de grande, médio ou pequeno porte, não estão aptos a
receber tal nomenclatura, levando em conta este item da matriz de classificação dos meios de
hospedagem.
5 FATORES DETERMINANTES PARA A ADOÇÃO DE AÇÕES AMBIENTAIS EM
MEIOS DE HOSPEDAGEM DA REGIÃO UVA E VINHO
Após a análise das categorias de informações dos sujeitos entrevistados, a respeito das
práticas ambientais adotadas pelos empreendimentos hoteleiros da Região Uva e Vinho, foi
possível estabelecer uma série de fatores que determinam a adoção ou não de ações ambientais na
hotelaria da região: a) informação sobre o fenômeno ambiental; b) sensibilidade em relação às
práticas ambientais; c) formação dos gestores hoteleiros; d) porte dos empreendimentos; e) tipo
de administração; f) custo de energia; g) custo de água; h) programas ambientais; i) irrelevância
da matriz de classificação; j) ausência de política ambiental; l) ausência de responsabilidade
corporativa; m) lacunas nos projetos arquitetônicos.
Ausência de política ambiental é um fator determinante para a não-adoção de ações
ambientais. Através das observações diretas e das entrevistas com os gestores dos meios de
hospedagem estudados, pode-se constatar que não há uma política ambiental formatada e adotada
120
pela gestão do empreendimento e, em todos os portes de meios de hospedagem, notou-se apenas
a sensibilização de poucos gestores com a questão ambiental. A ausência de política ambiental é
identificada, também, na ausência de comprometimento do meio de hospedagem com o meio
ambiente, cujos empreendedores mostraram-se surpresos com o direcionamento da entrevista e
em alguns casos perguntavam sobre a relevância deste estudo.
Com relação à informação sobre o fenômeno ambiental (práticas ambientais), ficou
evidenciado nesta pesquisa que a informação, ou a sua falta, é um fator determinante para a
adoção ou não de práticas ambientais, tendo em vista que muitos empreendedores mostraram-se
surpresos com os enfoques da entrevista e, em alguns casos, revelaram que não possuem
informações mínimas sobre as práticas ambientais que podem ser adotadas em seus
empreendimentos.
A falta de informações sobre o fenômeno ambiental fica evidente quando meios de
hospedagem da região estudada consideram como corretas práticas ambientais, tais como: o
“enterro” de resíduos sólidos em geral, o depósito de fluorescentes, pilhas e baterias junto aos
resíduos comuns, o acondicionamento de resíduos perigosos em locais de trânsito de pessoas
(lixeiras em via pública), a não-necessidade de registros para produtos poluentes, a não-utilização
de critérios para a escolha de fornecedores, a não adequação ambiental, entre outros. Práticas que,
na verdade, aumentam o impacto gerado no meio ambiente, ajudam a acelerar o processo de
contaminação do solo e das águas e compromete a vida de todos os seres vivos da região.
A poluição causada pela hotelaria está relacionada ainda, além de outros fatores, à
desinformação dos proprietários e gestores, principalmente em locais onde não uma rígida
fiscalização, como em pequenos e médios empreendimentos hoteleiros localizados na zona rural.
Nesse sentido, vale ressaltar a importância que o Ensino Fundamental, os cursos
técnicos, os cursos de graduação e pós-graduação em administração, turismo e hotelaria,
arquitetura, direito, entre outros, têm em implantar em seus programas, temas voltados para a
gestão ambiental, a valorização e a responsabilidade com o meio ambiente.
Somente com conhecimento e informações pode-se adotar ões ambientais na
hotelaria. Para que essas informações cheguem aos meios de hospedagem, planejamentos devem
ser realizados, procedimentos precisam ser criados, políticas necessitam ser analisadas, conceitos
melhor examinados e, principalmente, a sensibilidade ambiental desenvolvida.
121
A respeito do fator econômico, vale ressaltar que ele determina uma rie de ações em
prol do meio ambiente: monitoramento do consumo de energia, utilização de equipamentos e
complementos de eficiência energética, além da venda de resíduos para reciclagem ou para
compostagem. São exemplos de corretas práticas ambientais adotadas pelos meios de
hospedagem da região estudada.
Por outro lado, o fator econômico pode também, determinar a não-adoção de ações
ambientais em muitos empreendimentos do universo pesquisado, uma vez que, devido às baixas
tarifas das diárias, a grande competitividade do setor na região, a falta de manutenção preventiva
nos meios de hospedagem, as altas taxas de impostos e o não-conhecimento de métodos que
auxiliam na redução dos custos hoteleiros, os empreendimentos hoteleiros não têm condições
financeiras para implantar ações que visem à redução do consumo mensal de energia.
Outro viés para a adoção de práticas ambientais nos meios de hospedagem da região
estudada é a política inadequada de gestão hoteleira, pois não uma percepção dos gestores
sobre o ganho econômico e ambiental a médio e longo prazo, com a adoção de ações ambientais
nos empreendimentos. Segundo a visão economicista e imediatista de alguns gestores, a gestão
ambiental na hotelaria implica custo elevado para a realidade regional, sem trazer ganhos
financeiros satisfatórios em curto prazo; portanto, não é adequada para esses empreendimentos.
Vale salientar que a preocupação dos gestores dos empreendimentos pesquisados com o
ganho econômico é maior que o ganho ambiental. Cita-se, como exemplo, a relação entre as
tabelas 4.8 e 4.10, em que se verifica que a porcentagem de indicações para um monitoramento
do uso de energia é de 62,5%, enquanto a porcentagem de monitoramento do uso de água é de
37,5%, revelando assim, que o fator econômico determina a adoção ou não de ações ambientais
nos empreendimentos hoteleiros pesquisados da Região Uva e Vinho.
Em relação à acessibilidade da água de poços artesianos, pode-se salientar que sua
utilização contribui para o não-monitoramento do uso da água e para a não utilização de
equipamentos e complementos que promovam a redução desse consumo.
Essa justificativa foi utilizada pelos entrevistados que não adotam práticas ambientais
referentes à redução do consumo desse recurso natural em todas as categorias de
empreendimentos estudados, determinando, portanto, a não-adoção de ações ambientais na
região.
122
Torna-se pertinente ressaltar que a utilização de água própria não reduz a
responsabilidade do empreendimento hoteleiro perante a sociedade. Seu uso indiscriminado é
passível de multas e punições, principalmente em meses de estiagem ou em locais onde
escassez desse recurso.
Pode-se constatar, pelas entrevistas e observações diretas, que alguns empreendedores
não têm comprometimento com a redução do uso desse recurso; em alguns casos, relatando até
que o consumo é realizado pelos hóspedes e, portanto, o empreendimento não pode controlar essa
utilização. O empreendimento não pode controlar, porém pode influenciar na maneira da
utilização dessa água, por meio de informativos nas UHs, da utilização de programas de
sensibilização, com implantação de torneiras com controladores de água, entre outros.
Em relação à fiscalização, a ausência de programa de controle, é um fator determinante
para a não adoção de práticas ambientais nos meios de hospedagem. A Lei Federal 9.605
(BRASIL, 1998), estabelece “que a fiscalização tem por objetivo a proteção ambiental”. Na
prática, é sabido que por mais tentativas que os órgãos de fiscalização realizam, esta proteção
ambiental não ocorre de forma plena, porque um número insuficiente de agentes de
fiscalização, a falta de veículos para o deslocamento dos agentes, a conivência de alguns agentes
e a falta de responsabilidade de alguns gestores hoteleiros, que utilizam o meio ambiente de
forma indiscriminada.
A falta de estrutura adequada nessas organizações transmite certa “segurança” da
impunidade a gestores preocupados somente com o retorno financeiro, ou sem comprometimento
com os recursos naturais, que, em muitos casos, são os responsáveis pela vinda de turistas à
região onde seu meio de hospedagem está inserido.
É importante ressaltar, ainda, que os órgãos de fiscalização atuam somente com o
intuito de punir, não utilizam programas de fiscalização com a finalidade de educar, ensinar e
sensibilizar os empresários para a importância que o meio ambiente têm no desenvolvimento de
sua atividade.
Exemplos de práticas ambientais não adequadas foram verificadas durante a realização
das entrevistas e das observações diretas, quando se constatou o uso de poços artesianos sem
licença de utilização, o “enterro” de resíduos sólidos poluentes e perigosos sem qualquer tipo de
proteção no solo, o acondicionamento de lâmpadas fluorescentes juntamente com resíduos
passíveis de reciclagem, os efluentes líquidos devolvidos à natureza sem tratamento, entre outros.
123
Como sugestão, vale destacar que o sindicato da região pode desenvolver um programa
de fiscalização baseado na sensibilização hoteleira, criando um grupo representado pelos próprios
meios de hospedagem para realizar esta fiscalização nos empreendimentos, porém de forma a
ensinar corretas práticas ambientais.
A ausência de interesse dos gestores referentes às práticas ambientais pode ser
considerada como determinante para a não-adoção de ações ambientais na hotelaria da região
estudada. Essa situação torna-se agravante no momento em que esse desinteresse é disseminado
aos funcionários e fornecedores do meio de hospedagem, pois se cria um círculo de
irresponsabilidade com a natureza, passando essa irresponsabilidade para as futuras gerações.
Talvez o desinteresse esteja atrelado ao desconhecimento dos gestores sobre a gestão
ambiental e as práticas ambientais que podem ser desenvolvidas na hotelaria. Os altos custos que
alguns empreendedores acreditam que são necessários para a adoção de práticas ambientais e a
falta de retorno financeiro rápido do investimento também são fatores que contribuem para a falta
de interesse dos proprietários em realizar ações ambientais em seus empreendimentos.
Vale salientar que o “comodismo”, a não-sensibilização com os problemas ambientais
que a atividade hoteleira pode causar e o não estímulo aos gestores hoteleiros também
contribuem para esse desinteresse, mesmo porque a visão capitalista do segmento contempla, em
primeiro lugar o retorno financeiro para, somente num segundo momento, contemplar o meio
ambiente. Nesse caso então, sem haver necessidade de adotar, investir e acreditar em algo que
não está à frente dos principais interesses dos responsáveis pelos meios de hospedagem.
A forma de manejo dos resíduos é um fator que determina ou não a adoção de ações
ambientais nos meios de hospedagem da região estudada. Isto se deve à multiplicidade de
maneiras adotadas pelos empreendimentos em relação aos resíduos sólidos. Exemplos desta
multidisciplinaridade foram verificados nas várias formas de armazenamento e locais adaptados
utilizados para armazenar resíduos orgânicos, recicláveis e perigosos, além das várias formas
consideradas adequadas de destinação dos resíduos sólidos, conforme demonstrado nas tabelas
4.5, 4.6 e 4.7.
A partir dessas diferentes formas de manejo dos resíduos sólidos, as práticas
desenvolvidas podem interferir diretamente nos resultados obtidos pelos empreendimentos
hoteleiros, tanto de forma positiva quanto de forma negativa, sendo, assim, benéficas ou
prejudiciais para o meio ambiente.
124
Pode-se notar que os empreendimentos hoteleiros da região desenvolvem várias práticas
ambientais de forma adequada, como a separação seletiva dos resíduos, a utilização de resíduos
de alumínio, plásticos, papéis e vidros para reciclagem e a utilização da técnica de compostagem
para os resíduos orgânicos entre outros.
Faz-se necessário ressaltar que práticas desenvolvidas nos meios de hospedagem sem
informação sobre locais adequados para o armazenamento, e destinação final dos resíduos
sólidos, interferem diretamente de forma negativa na natureza. A não-utilização de locais
construídos no âmbito do empreendimento ou na área externa do hotel, com a finalidade de
armazenar os resíduos sólidos, podem “permitir” o escoamento de líquidos originados da
degradação dos resíduos sólidos, como também a contaminação do meio e ou de pessoas por
mercúrio e outros metais contidos em lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, ácidos, solventes e
outros materiais.
A forma como são destinados os resíduos também interfere no meio ambiente. Os
gestores,em geral, desconhecem sobre o destino adequado para os resíduos sólidos, como o aterro
sanitário, a compostagem e a reciclagem.
A separação do resíduo sólido para posterior recolhimento não é uma prática ambiental
que pode ser considerada como adequada, mesmo porque o hotel tem responsabilidade perante os
resíduos gerados e acondicionados nas lixeiras.
O manejo dos resíduos sólidos determina também quais os impactos causados no meio
ambiente. Esses impactos serão determinantes para, no futuro, realizar-se planejamento ou
criarem-se novas formas de turismo ligadas à natureza e agregadas ao meio de hospedagem,
dependendo muito do estado de conservação ambiental que entorna a hotelaria da região.
Outro fator que interfere diretamente na adoção de ações ambientais é a informalidade
de alguns pequenos empreendimentos. Nesses pequenos meios de hospedagem, pôde-se constatar
a falta de planejamento e conhecimento sobre a atividade hoteleira e a questão ambiental. Os
meios de hospedagem informais adotam raríssimas vezes práticas ambientais. Porém, essa
informação também está atrelada à falta de informações, ao baixo poder econômico, ao interesse,
a forma de manejo dos resíduos sólidos e à falta de fiscalização, como nos demais
empreendimentos pesquisados.
Por outro lado, destaca-se que, mesmo com a informalidade de alguns pequenos meios
de hospedagem, pode-se constatar a adoção de corretas práticas ambientais referentes à
125
reciclagem dos resíduos sólidos. Enquanto meios de hospedagem de médio e grande porte
utilizam a reciclagem como forma de incentivo financeiro aos funcionários ou doam esses
materiais para instituições de caridade ou escolas carentes, os pequenos empreendimentos
hoteleiros informais utilizam a reciclagem como complemento da renda familiar, contribuindo
nesse caso com a redução de resíduos ao meio ambiente.
Outro exemplo que pode ser citado é o monitoramento mensal de energia e água, não
por fatores ambientais, mas que também contribuem para a redução do uso desses recursos
naturais.
Por fim é lido destacar que a correta adoção de práticas ambientais na hotelaria, seja
por fatores ambientais, seja econômicos, diminui o consumo dos recursos naturais e reduz a
geração de resíduos sólidos e de efluentes líquidos, auxiliando assim na conservação da natureza
e possibilitando o seu desfrute pelas futuras gerações, conceito básico da sustentabilidade,
inclusive no desenvolvimento contínuo de toda a atividade turística e hoteleira.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo determinar fatores que interferem na adoção de ações
ambientais nos meios de hospedagem da Região Uva e Vinho da Serra Gaúcha.
Foi por meio do referencial teórico pesquisado sobre gestão ambiental, sistemas de gestão
ambiental, hospitalidade, impactos ambientais, energia, água, resíduos sólidos e efluentes
líquidos, relacionados à matriz de classificação hoteleira, que se construíram os resultados da
pesquisa, confrontando as informações obtidas e as práticas adotadas com o referencial teórico
estudado.
Após a realização da pesquisa, concluiu-se que há fatores determinantes na adoção de ações
ambientais nos empreendimentos hoteleiros e que precisam ser bem-explicitadas. Esses fatores
estão relacionados à informação sobre o fenômeno ambiental; à sensibilidade em relação às
práticas ambientais; à formação dos gestores hoteleiros; ao porte dos empreendimentos; ao tipo
126
de administração; ao custo de energia, água; aos programas ambientais; à irrelevância da matriz
de classificação; à ausência de política ambiental; à responsabilidade corporativa e lacunas nos
projetos arquitetônicos. Esses fatores interferem de forma direta ou indireta no uso de energia e
de água, na geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos, na prestação de serviço dos
fornecedores e na adequação ambiental dos empreendimentos.
Quanto à utilização de energia, pôde-se constatar que 62,5% dos entrevistados mostraram
uma grande preocupação com o monitoramento da energia e estão sensibilizados com a redução
desse recurso. Talvez por uma questão mais econômica do que natural, porém com a importância
de realizar ações em prol do meio ambiente, as quais contribuem para um menor consumo de
energia e conseqüentemente de água na região.
Quanto à utilização do recurso água, notou-se claramente que os gestores dos meios de
hospedagem necessitam ter maior sensibilização sobre a redução do uso desse recurso, que é
um bem finito e está entre os recursos naturais mais afetados pelo uso inadequado e muitas vezes,
indiscriminado de diversos empreendimentos turísticos e hoteleiros. Essa confirmação pode ser
constatada no número de indicações negativas referentes à utilização da água nos
empreendimentos contidos no universo desta pesquisa, uma vez que apontou-se pouca freqüência
na captação de água das chuvas, reaproveitamento da água dos chuveiros para as descargas
sanitárias, uso de complementos e equipamentos que comprovam a redução de água e
monitoramento específico de seu consumo.
Quanto aos resíduos sólidos pôde-se constatar boas práticas ambientais, como, por exemplo,
a conscientização geral dos gestores referente à separação dos resíduos emsecos e orgânicos” e
à separação mais adequada, separando os resíduos em diferentes tipos e destinando-os para
reciclagem, compostagem e devolução ao fornecedor que alguns entrevistados citaram como
práticas sendo utilizadas nos empreendimentos hoteleiros em seu dia a dia.
Todavia, é importante que os gestores hoteleiros despertem à consciência da necessidade de
possuir um local específico e adequado para o armazenamento de resíduos sólidos, não utilizando
locais improvisados ou adaptados para esse armazenamento, locais que contribuem para a
proliferação de vetores, para o acesso de pessoas não autorizadas ou à contaminação do solo e das
águas subterrâneas.
Em relação aos fornecedores, pôde-se perceber que há falta de conhecimento e interesse por
parte de alguns gestores, quando ficou claro, no momento da entrevista e posteriormente nas
127
observações diretas, o desinteresse e até mesmo o “espanto” de alguns entrevistados, quando as
perguntas foram feitas referentes aos produtos utilizados pelo hotel, ao comprometimento desses
fornecedores com o meio ambiente e ao conhecimento sobre as ões desenvolvidas por estes
prestadores de serviços hoteleiros.
Programas e campanhas de sensibilização com os fornecedores e gestores hoteleiros devem
ser fomentados e desenvolvidos; a legislação necessita ter uma maior aplicabilidade e os cursos
de hotelaria e turismo devem formar profissionais que conheçam as responsabilidades dos
fornecedores.
Em relação à adequação ambiental da operação, ficou confirmado que esse item não é
levado em consideração pela hotelaria da região; esse fato se deve à não-obrigatoriedade perante
a lei, além de haver um desconhecimento dos gestores envolvidos na pesquisa sobre a
necessidade de adequação, para que o meio de hospedagem obtenha uma classificação oficial
como “meio de hospedagem superluxo”.
Apesar de a pesquisa demonstrar uma realidade preocupante na hotelaria da Região Uva e
Vinho, no que tange ao comprometimento com o meio ambiente, pode-se dizer que os resultados
foram alcançados. Porém, vale salientar a insatisfação do pesquisador com os resultados, uma vez
que a incidência de fatores que determinam a não-adoção de ações ambientais é maior em relação
à incidência de fatores que determinam a adoção de ações ambientais.
Os meios de hospedagem da Região Uva e Vinho contidos no universo desta pesquisa, têm
pouco conhecimento e interesse em relação à Matriz de Classificação dos Meios de Hospedagem
da Embratur. Portanto, faz-se necessário que o Sindicatos de Hotéis, Bares, Restaurantes e
Similares da Região Uva e Vinho, a ABIH ou a própria Embratur invistam em divulgação ou em
outras alternativas, como redução fiscal, benefícios, entre outros, para despertar o interesse dos
meios de hospedagem de todo o País.
Outro ponto a ser considerado é a realização de pesquisas ao site da Associação Brasileira
da Indústria de Hotéis (ABIH, 2006), com o objetivo de obter informações sobre o número de
empreendimentos certificados pela Embratur. Constatou-se a presença de apenas 31 meios de
hospedagem certificados pela Embratur dos 29.030 empreendimentos cadastros no Brasil, até o
dia 17 de dezembro de 2006.
Vale ressaltar que, apesar da importância da matriz de classificação dos meios de
hospedagem da Embratur, para que sejam adotadas ações ambientais nesse segmento, ela não é
128
relevante para os meios de hospedagem, tendo em vista que a maioria dos estabelecimentos
hoteleiros pesquisados não atendem aos itens contidos nessa matriz. Isso remete a considerar que
fatores que influenciam a não-adoção da Matriz de Classificação como ferramenta de
orientação. Porém, vale salientar que a matriz de classificação, é um importante meio para a
adequação ambiental e à redução do consumo dos recursos naturais utilizados pelos
empreendimentos hoteleiros. Sem ela, com certeza, a realidade das empresas hoteleiras em
relação à adequação ambiental seria ainda mais preocupante.
Por fim, sugere-se a continuidade de estudos na área, no sentido de dar maior visibilidade
ao assunto, de informar os funcionários e gestores dos meios de hospedagem sobre práticas
ambientais voltadas à hotelaria, de desmistificar que o fator econômico é mais importante que o
fator ambiental e seu planejamento, de demonstrar que é viável obter ganho econômico,
prolongar a vida útil do estabelecimento, gerar empregos, diminuir gastos, melhorar a imagem na
sociedade, nos clientes e concorrentes, entre tantos outros benefícios, com a implementação de
ações ou práticas ambientais nos estabelecimentos hoteleiros.
Nessa direção, é possível apresentar novos problemas de pesquisa: a) a relação existente
entre a sensibilização dos funcionários e a conservação do meio ambiente pode ser considerada
fator essencial para a preservação do meio ambiente?; b) como os cursos de Turismo e Hotelaria
contribuem para a formação ambiental dos gestores de um meio de hospedagem?; c) quais são as
características dos meios de hospedagem que obedecem as treze ações ambientais contidas na
matriz de classificação da Embratur para a obtenção da classificação oficial? d) como as ações
ambientais da matriz de classificação da Embratur são planejadas por um meio de hospedagem?
Portanto, fica exposta, ao final desta dissertação, a reflexão para que ocorram pesquisas na
área, aprofunde-se o conhecimento científico e contribua-se para que este conhecimento sirva de
base para os gestores de todos os empreendimentos, não só hoteleiros, mas de outras áreas, cuja a
adoção de ações vise à conservação de nosso maior bem, o MEIO AMBIENTE.
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140
APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA
Bloco 1 – Identificação do entrevistado
1- Número do protocolo: 2 - Nome do Meio de Hospedagem:
U.H.:
Leito:
3 –Nome do entrevistado: 4 - Profissão:
5 - Idade: 6 - Ocupação atual no meio de hospedagem:
7 Tempo de serviço neste meio de 8 - Ocupação anterior:
141
hospedagem:
9 - Data da entrevista 10 - Escolaridade:
Bloco 2 – Identificação da realidade ambiental do estabelecimento.
1.1 Mantém um programa interno de treinamento de funcionários para a
redução de consumo de energia elétrica.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.2 Mantém um programa interno de treinamento de funcionários para a
redução de consumo de água.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.3 Mantém um programa interno de treinamento de funcionários para a
redução de produção de resíduos sólidos.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.4 Mantém um programa interno de separação de resíduos sólidos.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.5 Mantém um local adequado para armazenamento de resíduos sólidos
separados.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
142
Se não, por que:
1.6 Mantém local independente e vedado para armazenamento de resíduos
sólidos contaminantes.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.7 Dispõe de critérios específicos para destinação adequada dos resíduos
sólidos.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.8 Mantém monitoramento específico sobre o consumo de energia elétrica.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.9 Mantém critérios especiais e privilegiados para aquisição de produtos e
equipamentos que apresentem eficiência energética e redução de consumo.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.10 Mantém monitoramento específico sobre o consumo de água.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.11 Mantém critérios especiais e privilegiados para aquisição e uso de
equipamentos e complementos que promovam a redução do consumo de
água.
143
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.11 Mantém critérios especiais e privilegiados para uso de equipamentos e
complementos que promovam a redução do consumo de água.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.12 Mantém registros específicos para armazenamento de produtos nocivos
e produtos poluentes.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.13 Mantém local adequado para armazenamento de produtos nocivos e
produtos poluentes.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.14 Mantém critérios especiais e privilegiados para aquisição e uso de
produtos biodegradáveis.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
1.15 Mantém critérios de qualificação de fornecedores levando em
consideração as ações ambientais por estes realizadas.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
144
1.16 Tem um certificado expedido por organismo especializado quanto à
efetividade de adequação ambiental da operação.
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Se sim, qual:
Se não, por que:
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Está sendo realizada uma pesquisa intitulada “Ações Ambientais em Meios de
Hospedagem da Região Uva e Vinho, com o objetivo de determinar fatores que
determinam a adoção de ações ambientais nos meios de hospedagem da Região Uva e
Vinho. Para a realização desta pesquisa estão sendo realizadas entrevistas junto aos
meios de hospedagem das cidades que fazem parte da região, ou seja: Antônio Prado,
Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Casca, Caxias do Sul, Cotiporã, Farroupilha, Flores
da Cunha, Garibaldi, Guaporé, Marau, Nova Pádua, Nova Prata, Santa Tereza, São
Marcos, Veranópolis e Vila Maria..
O Projeto de Pesquisa é do mestrando Roberto do Nascimento e Silva e a orientação é
da Profa. Dra. Suzana Maria De Conto da Universidade de Caxias do Sul. A pesquisa
consta de uma entrevista com questões relacionadas as ações ambientais que os
meios de hospedagem realizam.
Todas as informações resultantes da entrevista serão de uso exclusivo para a
realização da pesquisa e posteriormente para apresentação da situação geral da região
ao Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, sendo utilizadas com a única
finalidade de fornecer elementos para a realização da investigação para a dissertação
do Mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul, ou dos relatórios e artigos
145
que dela resultem. É garantido total sigilo para o entrevistado. Em nenhum momento os
dados coletados serão utilizados para qualquer medida punitiva ou de fiscalização.
Qualquer dúvida ou informação a respeito da pesquisa poderá ser esclarecida
diretamente com a orientadora do mesmo, a Profa. Dra. Suzana Maria De Conto, pelo
telefone (54) 2182509 ou pelo e.mail [email protected].
Declaro que, de acordo com as informações que me foram dadas, consinto que o
estudo seja realizado com o responsável do empreendimento estudado para a
realização desta pesquisa ____________________________
Eu, ______________________________________ concordo em participar
voluntariamente desta pesquisa.
Caxias do Sul, ___ de __________ de 2006.
Entrevistado: ________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________
Entrevistador: Roberto do Nascimento e Silva
Assinatura: __________________________________________________________
146
ANEXOS
ANEXO A – Matriz de classificação EMBRATUR
2.10 AÇÕES AMBIENTAIS
1 2 3 4 5 5 SL
2.10.1 - Manter um programa interno de treinamento
de funcionários para a redução de consumo de
energia elétrica, consumo de água e redução de
produção de resíduos sólidos.
X X X X X
2.10.2 - Manter um programa interno de separação de
resíduos sólidos.
X X X X X
2.10.3 Manter um local adequado para
armazenamento de resíduos sólidos separados.
X X X X
2.10.4 Manter local independente e vedado para
armazenamento de resíduos sólidos contaminantes
X X X
2.10.5 - Dispor de critérios específicos para destinação
adequada dos resíduos sólidos.
X X X
2.10.6 Manter monitoramento específico sobre o
consumo de energia elétrica.
X X X X X X
2.10.7 - Manter critérios especiais e privilegiados para X X X
147
aquisição de produtos e equipamentos que
apresentem eficiência energética e redução de
consumo.
2.10.8 Manter monitoramento específico sobre o
consumo de água.
X X X X X X
2.10.9 - Manter critérios especiais e privilegiados para
aquisição e uso de equipamentos e complementos
que promovam a redução do consumo de água.
X X X
2.10.10 - Manter registros específicos e local
adequado para armazenamento de produtos nocivos e
poluentes.
X X X X
2.10.11 - Manter critérios especiais e privilegiados
para aquisição e uso de produtos biodegradáveis.
X X X
2.10.12 Manter critérios de qualificação de
fornecedores levando em consideração as ações
ambientais por estes realizadas.
X X X
2.10.13 - Ter um certificado expedido por organismo
especializado quanto a efetividade de adequação
ambiental da operação.
X
QUADRO A.1 – Matriz de classificação EMBRATUR – Aspectos Ambientais
Fonte: ABIH (2006)
ANEXO B – Regulamentação do sistema oficial de classificação de meios de hospedagem.
148
(quinze) dias contados da data de comunicação do resultado da análise do recurso de primeira instância, e que
deverá ser objeto de análise pelo Conselho Técnico Nacional em até 60 (sessenta) dias
Art. 29 - A classificação será suspensa ou cancelada e restituídos a placa e os símbolos oficiais que a
representam, sempre que:
a) a avaliação efetivada pelo Organismo Avaliador Credenciado estiver com prazo expirado, sem que
tenha sido providenciada sua competente renovação;
b) tiverem sido cometidas, pelo meio de hospedagem, infrações cuja natureza seja capaz de por em risco
a segurança, o conforto e a integridade do hóspede, ou a própria credibilidade do sistema classificatório.
Art. 30 - Até a obtenção da classificação, o processo de avaliação terá confidencialidade total, dentro dos
princípios éticos a que estão obrigados o Comitê de Classificação, o Conselho Técnico Nacional, o organismo
credenciado pelo Instituto Brasileiro de Hospitalidade - IBH e seus avaliadores.
Parágrafo único - Nos termos do caput deste artigo, o meio de hospedagem que não tiver sido aprovado, para
fins de obtenção da classificação pretendida , poderá sustar o processo sem que os hóspedes, os concorrentes
e o mercado sejam informados de sua tentativa em obter a classificação.
Art. 31 - Os processos de avaliação e classificação de meios de hospedagem são seqüenciais e indissociáveis,
não subsistindo um sem o outro.
Art. 32 - Nos termos do artigo anterior, o cancelamento da classificação implicará no automático cancelamento
da avaliação e vice-versa.
DA MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO
Art. 33 - Os itens e padrões definidos na matriz de classificação têm por objetivo atender as expectativas dos
hóspedes, em relação aos meios de hospedagem, destinando-se a avaliar a observância dos seguintes
aspectos, entre outros:
I - de aplicação ao meio de hospedagem como um todo:
a) Posturas legais;
b) Segurança;
c) Saúde
d) Higiene;
e) Conservação/Manutenção;
f) Atendimento ao Hóspede
II - destinados a avaliar os diferentes setores do meio de hospedagem:
g) Portaria/Recepção;
h) Acessos e Circulações;
i) Setor Habitacional;
j) Áreas Sociais;
k) Comunicações;
l) Alimentos e Bebidas;
m) Lazer;
n) Convenções/Escritório Virtual;
o) Serviços Adicionais;
p) Cuidados com o meio ambiente.
§ 1°- Os padrões referidos neste artigo verificarão, dentro de cada item, os serviços prestados pelo
estabelecimento, os sistemas de gestão adotados, as instalações e equipamentos disponíveis e as áreas e
aspectos construtivos existentes no meio de hospedagem que, analisados em conjunto, possibilitarão aferir os
níveis de conforto e atendimento oferecidos aos consumidores.
§ 2°- As especificações de cada item/padrão da Matriz de Classificação, bem como de sua forma de
avaliação, estão expressas nos manuais anexos ao presente Regulamento.
149
Fonte: site abih.com.br
ANEXO C – Regulamento geral dos meios de hospedagem
Art. 1º - O presente Regulamento dispõe sobre os Meios de Hospedagem, estabelecendo:
I - o conceito de empresa hoteleira, meio de hospedagem e as expressões usualmente
consagradas no exercício da atividade;
II - os requisitos exigidos para operação e funcionamento dos estabelecimentos;
III - as condições para contratação dos serviços de hospedagem.
Art. 2º - Considera-se empresa hoteleira a pessoa jurídica, constituída na forma de
sociedade anônima ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que explore ou
administre meio de hospedagem e que tenha em seus objetivos sociais o exercício de
atividade hoteleira, observado o Art. 4º do Decreto nº 84.910, de 15 de julho de 1980.
Art. 3º - Considera-se meio de hospedagem o estabelecimento que satisfaça,
cumulativamente, às seguintes condições:
I - seja licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem;
II - seja administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira e que adote, no
relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as características
definidas neste Regulamento e nas demais legislações aplicáveis;
Parágrafo único - Observadas as disposições do presente Regulamento, os meios de
hospedagem oferecerão aos hóspedes, no mínimo:
I - alojamento, para uso temporário do hóspede, em Unidades Habitacionais (UH)
específicas a essa finalidade;
II - serviços mínimos necessários ao hóspede, consistentes em:
a) Portaria/recepção para atendimento e controle permanentes de entrada e saída;
b) Guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes, em local apropriado;
c) Conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas, instalações e equipamentos.
III - padrões comuns estabelecidos no Art. 7º deste Regulamento.
Art. 4º - Unidade Habitacional-UH é o espaço, atingível a partir das áreas principais de
circulação comuns do estabelecimento, destinado à utilização pelo hóspede, para seu bem-
estar, higiene e repouso.
Art. 5º - Quanto ao tipo, as UH dos meios de hospedagem são as seguintes:
I - quarto - UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do hóspede,
com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais.
150
II - apartamento - UH constituída, no mínimo, de quarto de dormir de uso exclusivo do
hóspede, com local apropriado para guarda de roupas e objetos pessoais, servida por
banheiro privativo;
III - suíte - UH especial constituída de apartamento, conforme definido no inciso II, deste
artigo, acrescido de sala de estar.
§ 1º - Poder-se-á admitir, especialmente para determinados tipos de meios de hospedagem
a serem definidos pela EMBRATUR, Unidades Habitacionais distintas daquelas referidas
neste artigo.
§ 2º - As UH poderão ser conjugadas e adaptadas para funcionamento como sala de estar
e/ou quarto de dormir, sendo, entretanto, sempre consideradas, para efeito de avaliação,
como duas ou mais UH distintas.
Art. 6º - Entende-se por diária o preço de hospedagem correspondente à utilização da UH
e dos serviços incluídos, observados os horários fixados para entrada (check-in) e saída
(check-out).
§ 1º - O estabelecimento fixará o horário de vencimento da diária à sua conveniência ou de
acordo com os costumes locais ou ainda conforme acordo direto com os clientes
§ 2º - Poderão ocorrer formas diferenciadas de cobrança de diária, conforme conveniência
e acordo entre o meio de hospedagem e os hóspedes.
§ 3º - Quando não especificado o número de ocupantes da UH, a diária básica referir-se-á,
sempre, à ocupação da UH por duas pessoas.
Art. 7º - Os padrões comuns a todos os meios de hospedagem são os seguintes:
I - Quanto a posturas legais:
a) licenciamento pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem,
inclusive dos órgãos de proteção ambiental;
b) administração ou exploração comercial, por empresa hoteleira, conforme o Art. 2º deste
Regulamento;
c) oferta de alojamento temporário para hóspedes, mediante adoção de contrato, tácito ou
expresso, de hospedagem e cobrança de diária, pela ocupação da UH;
d) exigências da legislação trabalhista, especialmente no que se refere a vestiários,
sanitários e local de refeições de funcionários e Comissões de Prevenção de Acidentes de
Trabalho - CIPA.
II - Quanto a aspectos construtivos:
a) edificações construídas ou expressamente adaptadas para a atividade;
b) áreas destinadas aos serviços de alojamento, portaria/recepção, circulação, serviços de
alimentação, lazer e uso comum, e outros serviços de conveniência do hóspede ou usuário,
separadas entre si e no caso de edificações que atendam a outros fins, independentes das
demais;
c) proteção sonora, conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas -
151
ABNT - e legislação aplicáveis;
d) salas e quartos de dormir das UH dispondo de aberturas para o exterior, para fins de
iluminação e ventilação;
e) todos os banheiros dispondo de ventilação natural, com abertura direta para o exterior,
ou através de duto;
f) serviços básicos de abastecimento de água que não prejudiquem a comunidade local,
bem como de energia elétrica, rede sanitária, tratamento de efluentes e coleta de resíduos
sólidos, com destinação adequada;
g) facilidades construtivas, de instalações e de uso, para pessoas com necessidades
especiais, de acordo com a NBR 9050 - 1994, em prédio com projeto de arquitetura
aprovado pela Prefeitura Municipal, como meio de hospedagem, após 12 de agosto de
1987. Em caso de projetos anteriores, o meio de hospedagem deverá dispor de sistema
especial de atendimento.
III - Quanto a equipamentos e instalações:
a) instalações elétricas e hidráulicas de acordo com as normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT - e legislação aplicável;
b) instalações de emergência, para a iluminação de áreas comuns e para o funcionamento
de equipamentos indispensáveis à segurança dos hóspedes;
c) elevador para passageiros e cargas, ou serviço, em prédio com quatro ou mais
pavimentos, inclusive o térreo, ou conforme posturas municipais;
d) instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado a operá-lo,
de acordo com as normas estabelecidas e pelo Corpo de Bombeiros local;
e) quarto de dormir da UH mobiliado, no mínimo, com cama, equipamentos para a guarda
de roupas e objetos pessoais, mesa-de-cabeceira e cadeira.
IV - Quanto a serviços e gestão:
a) portaria/recepção apta a permitir a entrada, saída, registro e liquidação de conta dos
hóspedes, durante as 24 horas do dia;
b) registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada ao estabelecimento, por
meio de preenchimento da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH, aprovada pela
EMBRATUR;
c) limpeza e arrumação diária da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e banho, bem
como de artigos comuns de higiene pessoal, por conta do estabelecimento;
d) serviços telefônicos prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos internos
dos estabelecimentos e as normas e procedimentos adotados pelas concessionárias dos
serviços, ou pelo poder concedente;
e) imunização permanente contra insetos e roedores;
f) pessoal de serviço em quantidade e com a qualificação necessárias ao perfeito
funcionamento do meio de hospedagem;
g) pessoal mantido permanentemente uniformizado e/ou convenientemente trajado, de
acordo com as funções que exerçam;
h) meios para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las;
i) observância das demais normas e condições necessárias à segurança, saúde/higiene e
conservação/manutenção do meio de hospedagem, para atendimento ao consumidor.
§ 1º - Nas localidades não servidas ou precariamente servidas por redes de serviços
públicos, a satisfação dos itens obrigatórios, cujo atendimento dependa da existência
dessas redes, será apreciada, caso a caso, pela EMBRATUR.
152
§ 2º - Serão exigidas condições específicas de proteção, observadas as normas e padrões
estabelecidos pelos órgãos governamentais competentes, para os meios de hospedagem
localizados no interior ou nas proximidades de:
a) unidades de conservação, ou protegidas pela legislação ambiental vigente;
b) aeroportos, estações viárias, vias industriais, ou estabelecimentos que ofereçam
problemas especiais de poluição ambiental e sonora.
§ 3º - As portas entre UH conjugáveis deverão dispor de sistema que somente possibilite
sua abertura, quando por iniciativa mútua dos ocupantes de ambas as UH.
§ 4º - As condições dos locais de trabalho e de uso dos empregados, no estabelecimento,
serão mantidas, no que se refere à segurança, higiene e medicina do trabalho, em estrita
observância ao disposto na Consolidação das Leis de Trabalho, ou nos atos que a
modifiquem.
Art. 8º - Os contratos para reserva de acomodações e hospedagem deverão ser sempre
consubstanciados por documentos escritos, constituídos de:
I - no caso de reserva de acomodações: troca de correspondências (inclusive via fax e
Internet) entre os responsáveis pelo meio de hospedagem, ou seus prepostos, e o hóspede,
ou agente de turismo contratante;
II - no caso do contrato de hospedagem propriamente dito pela entrega pelo
estabelecimento, durante o registro do hóspede (check-in), de ficha Nacional de Registro de
Hóspede - FNRH, em modelo aprovado pela EMBRATUR, para preenchimento, assinatura e
devolução pelo hóspede;
§ 1º - Respeitadas as reservas confirmadas, o estabelecimento não poderá se negar a
receber hóspedes, salvo por motivo justificável ou previsto na legislação em vigor.
§ 2º - Será vedada a utilização, em qualquer procedimento ou documento que
consubstancie o contrato referido neste artigo, de condição ou cláusula abusiva a que se
refere o artigo 51, da Lei nº 8.078, de 11/09/90 (Código de Defesa do Consumidor).
§ 3º - Para os fins deste artigo, todos os compromissos do meio de hospedagem e os em
relação a seus hóspedes, bem como as obrigações destes deverão ser divulgados
adequadamente.
§ 4º - As informações referidas no parágrafo anterior deverão estar à disposição, do
hóspede, sempre que solicitado.
§ 5º - Os responsáveis pelos meios de hospedagem deverão garantir prioridade de
ocupação a pessoas portadoras de deficiência, nas UH adaptadas para seu uso.
Art. 9º - Os meios de hospedagem deverão fornecer mensalmente, ao Órgão Estadual de
Turismo competente, da Unidade da Federação em que se localizarem, as seguintes
informações:
I - perfil dos hóspedes recebidos, distingüindo os estrangeiros dos nacionais;
153
II - registro quantitativo de hóspedes, com taxas de ocupação e permanência médias e
número de hóspedes por UH.
Art. 10- Para os fins do artigo anterior, os meios de hospedagem utilizarão,
obrigatoriamente, as informações previstas nos impressos Ficha Nacional de Registro de
Hóspedes - FNRH - e Boletim de Ocupação Hoteleira - BOH, constantes dos anexos I e II,
deste Regulamento.
§ 1º - Às informações da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes - FNRH - poderá ser
acrescida alguma outra, de interesse do hoteleiro, desde que não prejudique o
entendimento e o preenchimento do modelo de ficha oficial.
§ 2º - A FNRH poderá ser preenchida, individualmente, pelo hóspede, ou pelo próprio
estabelecimento, devendo suas informações serem encaminhadas, juntamente com o BOH,
até o dia 10 do mês seguinte ao de referência, por meios magnéticos, de acordo com o
sistema oferecido pela EMBRATUR, ou através dos impressos utilizados.
§ 3º - As informações relativas a cada hóspede, constantes da FNRH, serão mantidas pelo
período determinado pela autoridade policial competente em cada Estado, ou, na ausência
desta determinação, por um período mínimo de 3 meses.
Art. 11 - A FNRH e o BOH, após devidamente processados, informarão, respectivamente, o
perfil dos hóspedes e as taxas de ocupação médias, que serão postos à disposição do
mercado, sem identificação individualizada dos estabelecimentos, pelos Órgãos Estaduais
de Turismo.
Art. 12 - O meio de hospedagem deverá incluir nos impressos distribuídos, ou nos meios
de divulgação utilizados, ainda que de forma sintética e resumida, todos os compromissos
recíprocos entre o estabelecimento e o hóspede, especialmente em relação a:
I - serviços incluídos no preço da diária;
II - importâncias ou percentagens que possam ser debitadas à conta do hóspede, inclusive,
quando aplicável, o adicional de serviço para distribuição aos empregados;
III - locais e documentos onde estão relacionados os preços dos serviços não incluídos na
diária, tais como estacionamento, lavanderia, telefonia, serviços de quarto e outros;
IV - possibilidade da formulação de reclamações para a EMBRATUR, para o Órgão Estadual
de Turismo e para o órgão local de Defesa do Consumidor, cujos telefones devem ser
divulgados.
Parágrafo único - Os Regulamentos Internos dos estabelecimentos deverão observar,
fielmente, as disposições do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8078/90).
Art. 13 - Os meios de hospedagem devem manter, na portaria/recepção, à disposição de
seus hóspedes e usuários, livro ou outro documento próprio para registro das impressões,
elogios e reclamações sobre o estabelecimento, cuja consulta periódica deverá orientar a
sistematização de ações preventivas e corretivas de controle e de melhoria de qualidade do
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empreendimento.
Art. 14 - Todo e qualquer preço de serviço prestado e cobrado pelo meio de hospedagem
deverá ser previamente divulgado e informado em impressos e outros meios de divulgação
de fácil acesso ao hóspede.
Art. 15 - Para os fins do artigo anterior, os meios de hospedagem afixarão:
I - na portaria/recepção:
a) nome do estabelecimento;
b) relação dos preços aplicáveis às espécies e tipos de UH;
c) horário do início e vencimento da diária;
d) os nomes, endereços e telefones da EMBRATUR, de seus órgãos delegados competentes,
e de Defesa do Consumidor, aos quais os hóspedes poderão dirigir eventuais reclamações.
e) a existência e quantidade de UH adaptadas para pessoas portadoras de necessidades
especiais
II - Nas Unidades Habitacionais-UH: além das informações referidas no inciso anterior,
mais as seguintes:
a) a espécie e o número da UH;
b) os preços vigentes em moeda nacional;
c) os serviços incluídos na diária, especialmente, quando aplicáveis, os de alimentação;
d) a data de início de vigência das tarifas;
e) todos os preços vigentes dos serviços oferecidos pelo estabelecimento, tais como mini-
refrigerador, lavanderia, ligações telefônicas, serviço de quarto e outros, afixados junto ao
local em que esses serviços são oferecidos;
Parágrafo único - Havendo na mesma edificação, além das UH destinadas ao
funcionamento normal do meio de hospedagem, outras para locação ou quaisquer
finalidades diversas, o estabelecimento deverá expor em local de fácil visibilidade, na
recepção, quantas e quais UH se destinam a cada finalidade.
Art. 16 - Os preços serão livremente fixados e praticados por todos os meios de
hospedagem, observada a legislação pertinente.
Parágrafo único - Os preços serão sempre expressos em moeda nacional, admitindo-se,
para fins promocionais, que os mesmos sejam divulgados no exterior em moeda
estrangeira, observada a cotação correspondente prevista no câmbio oficial.
Art. 17 - É expressamente vedada a utilização de qualquer espécie de artifício ou
documento, por meio de hospedagem, com o intuito de induzir o consumidor sobre
classificação inexistente, ou diversa daquela efetivamente atribuída ao estabelecimento.
Parágrafo único - A adoção do procedimento referido neste artigo caracterizará a prática de
propaganda enganosa mencionada na Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).
Art. 18 - Os meios de hospedagem que dispuserem de UH e áreas acessíveis a pessoas
portadoras de deficiência deverão colocar, junto a entrada principal do estabelecimento, da
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placa com o Símbolo Internacional de Acesso a essa faixa de clientela.
Art. 19 - O serviço de portaria/recepção do meio de hospedagem - prioritário ao
atendimento do consumidor - deverá dispor de pessoal qualificado e material promocional
adequado a prestar as informações e atender as providências requisitadas pelos hóspedes.
Parágrafo único - O disposto neste artigo não justificará, em qualquer hipótese, a
intermediação de serviços que constituam prática de atos atentatórios aos bons costumes e
à legislação em vigor.
Art. 20 - O controle e fiscalização da EMBRATUR sobre os meios de hospedagem aplicar-
se-ão, indistintamente, sobre os estabelecimentos classificados, ou não, pela EMBRATUR.
Art. 21 - As vistorias de controle e fiscalização serão realizadas diretamente pela
EMBRATUR, ou por intermédio dos Órgãos Governamentais a quem a autarquia delegar
estas atribuições, com o objetivo de:
I - Orientar os meios de hospedagem sobre as normas que regem sua atividade;
II - Verificar, no caso dos meios de hospedagem não classificados pela EMBRATUR, se
existem padrões adequados ao exercício da atividade e se está sendo exercida de acordo
com as normas governamentais de defesa do consumidor e com os compromissos
prometidos ou explicitados para com o público e os clientes;
III - Apurar reclamações contra os meios de hospedagem ou indícios de infração por eles
praticada.
Art. 22 - É dever dos meios de hospedagem cumprir e honrar, permanentemente, os
contratos ou compromissos divulgados, explicitados ou acordados com o consumidor,
especialmente as reservas e preços de hospedagem previamente ajustados.
Art. 23 - A EMBRATUR deverá providenciar instrumental específico para controle e
fiscalização dos meios de hospedagem não classificados, com o fim de verificar :
I - Se as posturas legais e os padrões de operação e funcionamento, previsto neste
Regulamento, estão sendo fielmente observados pelos estabelecimentos;
II - Se existem padrões mínimos de qualidade adequados ao funcionamento do
estabelecimento, como meio de hospedagem;
III - Se estão sendo atendidos os direitos do consumidor, previstos na legislação vigente.
Parágrafo único - Nos casos dos incisos II e III, deste artigo, a EMBRATUR e os Órgãos
Governamentais por ela delegados comunicarão os fatos às autoridades competentes para
aplicação das penalidades correspondentes, inclusive de interdição do exercício da
atividade, quando for o caso.
Art. 24 - Os descumprimentos às disposições deste Regulamento, bem como das demais
legislações aplicáveis, sujeitarão os meios de hospedagem às penalidades de advertência,
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pena pecuniária, suspensão ou cancelamento da classificação e/ou interdição do
estabelecimento e fechamento da empresa, conforme o caso.
Art. 25 - As disposições constantes deste Regulamento serão aplicadas, a todos os meios
de hospedagem.
Art. 26 - Os casos omissos e as interpretações de situações especiais de meios de
hospedagem com condições atípicas serão decididas pela EMBRATUR.
Art. 27 - O presente Regulamento entra em vigor na data da publicação desta Deliberação
Normativa no Diário Oficial da União
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