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PAULO SOARES SAMPAIO
A HIBRIDIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO: O CASO DA FÁBRICA DE
AUTOMÓVEIS DAIMLERCHRYSLER DE JUIZ DE FORA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre
em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Gestão
pela Qualidade Total. Linha de Pesquisa: Sistema de
Gestão pela Qualidade Total.
Orientador:
Prof. José Rodrigues de Farias Filho, D.Sc.
Niterói
2006
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PAULO SOARES SAMPAIO
A HIBRIDIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO: O CASO DA FÁBRICA DE
AUTOMÓVEIS DAIMLERCHRYSLER DE JUIZ DE FORA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre
em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Gestão
pela Qualidade Total. Linha de Pesquisa: Sistema de
Gestão pela Qualidade Total.
Aprovada em 18 de dezembro de 2006.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Prof. José Rodrigues de Farias Filho, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense – UFF
________________________________________________________________
Prof
a
Marly Monteiro de Carvalho, D.Sc.
Universidade de São Paulo – USP
________________________________________________________________
Prof. Ruben Huamanchumo Gutierrez, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense – UFF
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3
Dedico este trabalho
A Deus e a minha família, que me dão forças para continuar lutando nos momentos mais
difíceis da vida.
4
AGRADECIMENTOS
A minha família, pelas constantes palavras de apoio e incentivo dadas durante o meu trabalho.
Aos colegas, que contribuíram com suas sugestões para a melhoria deste trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Rodrigues, a Hellen, Joana e Ângela por toda a paciência e
apoio.
5
RESUMO
Em um cenário cada vez mais competitivo, a indústria automobilística mundial tem
buscado melhorar sua forma de organização do trabalho. Sucessivos modelos foram adotados
no século XX para a gestão da produção, e, nos anos 80 e 90, o Sistema Toyota de Produção
estabeleceu um paradigma, que segundo Womack et al. (1992) seria a forma ótima de
organizar a produção no século XXI. Contrapondo-se a estes autores, diversos pesquisadores
propõem que não há um único caminho, mas diversos caminhos estratégicos que emergem
nas indústrias como resposta a cada ambiente onde estas empresas estão inseridas. Segundo
Boyer e Freyssenet, entre outros autores, os sistemas de produção implementados hibridizam-
se, assumindo novas características de acordo com as estratégias de lucratividade adotadas
nos diversos ambientes políticos, econômicos e sociais. Esta dissertação utiliza o modelo de
Boyer e Freyssenet para analisar o modelo de produção Mercedes-Benz na fábrica de
automóveis de Juiz de Fora, a necessidade de hibridização dos elementos do sistema de
produção da fábrica de acordo com a percepção de operadores e gerentes da empresa e propõe
alterações para a adequação do Sistema de Produção Mercedes-Benz às necessidades da
unidade produtiva.
Palavras-chaves: Sistema de Produção. Adaptação. Estudo de Caso. Indústria
Automobilística.
6
ABSTRACT
Faced with the challenges of a very competitive environment, the global automotive
industry has tried to improve its work organization. Several models have been implemented in
the 20
th
Century to manage production, and in the 80’s and 90’s, the Toyota Production
System has turn to be the paradigm, that, according to Womack et al. (1992) would be “the
best way” to organize production in the 21
st
century. Several researchers disagree, proposing
that there is not a “one best way”, but several strategic paths that “emerge” in industries as
responses according to each environment where they are present. According to Boyer and
Freyssenet, among other authors, production systems hybridize, assuming new characteristics
according to profit strategies adopted in the several political, economical and social
environments. This work uses Boyer and Freyssenet´s model to analyze the adequacy of the
Mercedes-Benz Production Model in the plant of Juiz de Fora and the need of hybridization of
production system elements according to the perception of workers and managers of the plant,
proposing changes to adapt Mercedes-Benz Production System to the plant needs.
Key words: Production System. Adaptation. Case Study. Automobile Industry.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 O modelo Ford T, símbolo da popularização do automóvel...................................36
Figura 2 Evolução das exportações japonesas de automóveis ..............................................43
Figura 3 O modelo de Boyer e Freyssenet ............................................................................56
Figura 4 O modelo Taylorista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem.......59
Figura 5 O modelo Woolardiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem..60
Figura 6 VW Sedan, o mais robusto produto de um modelo fordista, com 21.529.464 unidades
produzidas (na foto, “Der Weltmeister”, o veículo que quebrou o recorde de produção do
modelo Ford T, em 1972).........................................................................................................61
Figura 7 O modelo Fordista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem..........63
Figura 8 O modelo Sloanista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem ........65
Figura 9 O modelo “qualidade e especialização” e os modelos de distribuição de renda que
o favorecem ..............................................................................................................................67
Figura 10 O modelo Toyotista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem......69
Figura 11 O modelo Hondiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem.....70
Figura 12 A estrutura do Sistema de Produção Mercedes-Benz...........................................73
Figura 13 Representação simbólica da interação entre os Subsistemas do Sistema de
Produção Mercedes-Benz.........................................................................................................74
Figura 14 Produção (em milhões de unidades) e Divisão da Produção Mundial de
Automóveis, no ano de 2005....................................................................................................85
Figura 15 Marcas e divisões do grupo DaimlerChrysler.......................................................86
Figura 16 Representação Esquemática dos Sistemas de Produção das fábricas de
automóveis do grupo Mercedes-Benz ......................................................................................92
Figura 17 Resultado da primeira auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-
Benz..........................................................................................................................................95
Figura 18 Resultados da segunda auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-
Benz, em Novembro de 2001 ...................................................................................................96
Figura 19 Resultados da terceira auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-Benz,
em Novembro de 2002 .............................................................................................................96
Figura 20 Distribuição de rendimentos do Trabalho em 2005..............................................99
Figura 21 Evolução das exportações – 1996 a 2005 ............................................................100
Figura 22 Evolução das exportações brasileiras por fator agregado – 1964 a 2006,
participação percentual sobre o total geral .............................................................................101
Figura 23 Participação% das Exportações no PIB do Brasil...............................................101
Figura 24 Evolução da produção, vendas e exportação de automóveis no país, de 1957 a
2005 ........................................................................................................................................103
Figura 25 Evolução da taxa de desemprego nas regiões metropolitanas ............................104
Figura 26 Evolução da ocupação por escolaridade no país.................................................104
Figura 27 Evolução dos empregos na indústria automobilística.........................................105
Figura 28 Vendas de veículos das marcas DaimlerChrysler de 1990 a 2006 .....................107
8
Figura 29 Representação do estado da fábrica de Juiz de Fora...........................................109
Figura 30 Distribuição das categorias funcionais em relação ao total de questionários
respondidos.............................................................................................................................111
Figura 31 Perfil dos participantes quanto às áreas de atuação (produtivas, não-
produtivas) .............................................................................................................................111
Figura 32 Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 1.................113
Figura 33 Demanda consolidada de hibridização – Bloco 1...............................................113
Figura 34 Demanda de alteração do elemento “Acordo de Metas” ....................................115
Figura 35 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Acordo de Metas”.................................................................................................................116
Figura 36 Demanda de alteração do elemento “Feedback dos Colaboradores às Chefias”.....117
Figura 37 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
Feedback dos Colaboradores às Chefias”.............................................................................117
Figura 38 Demanda de alteração do elemento “Pesquisa de Clima Organizacional”.........118
Figura 39 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Pesquisa de Clima Organizacional”......................................................................................119
Figura 40 Demanda de alteração do elemento “Reconhecimento dos Colaboradores”......120
Figura 41 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reconhecimento dos Colaboradores”...................................................................................120
Figura 42 Demanda de alteração do elemento “Sistema de Avaliação de Colaboradores
Operativos e Administrativos” ...............................................................................................121
Figura 43 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e Administrativos”.............................122
Figura 44 Demanda de alteração do elemento “Listas de verificação e Controle”.............123
Figura 45 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Listas de verificação e Controle”..........................................................................................123
Figura 46 Demanda de alteração do elemento “Avaliação do Sistema de Produção por
Diretores, Gerentes e Supervisores”.......................................................................................124
Figura 47 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação do Sistema de Produção por Diretores, Gerentes e Supervisores”......................125
Figura 48 Demanda de alteração do elemento “Reuniões Regulares”................................126
Figura 49 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reuniões Regulares”.............................................................................................................127
Figura 50 Demanda de alteração do elemento “Atividades para o desenvolvimento da
equipe”....................................................................................................................................128
Figura 51 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Atividades para o desenvolvimento da equipe”....................................................................129
Figura 52 Demanda de alteração do elemento “Sistema de Avaliação de Executivos”
(Lead) .....................................................................................................................................130
Figura 53 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sistema de avaliação de executivos (Lead)”.........................................................................130
Figura 54 Demanda de alteração do elemento “Desenvolvimento e Acompanhamento de
Executivos”.............................................................................................................................131
9
Figura 55 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Desenvolvimento e Acompanhamento de Executivos”........................................................132
Figura 56 Demanda de alteração do elemento “Programa para Redução do
Absenteísmo” ........................................................................................................................133
Figura 57 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Programa para Redução do Absenteísmo” ...........................................................................133
Figura 58 Demanda de alteração do elemento “Descrição de Função” ..............................134
Figura 59 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Descrição de Função”...........................................................................................................135
Figura 60 Demanda de alteração do elemento “Descrição de Processo”............................136
Figura 61 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Descrição de Processo”.........................................................................................................136
Figura 62 Demanda de alteração do elemento “Orientação aos Novos Colaboradores”....137
Figura 63 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Orientação aos Novos Colaboradores”.................................................................................138
Figura 64 Demanda de alteração do elemento “Qualificação” ...........................................139
Figura 65 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Qualificação” ........................................................................................................................139
Figura 66 Demanda de alteração do elemento “Padrões de Desempenho” ........................140
Figura 67 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Padrões de Desempenho” .....................................................................................................141
Figura 68 Demanda de alteração do elemento “Banco de Idéias” ......................................142
Figura 69 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Banco de Idéias”...................................................................................................................143
Figura 70 Demanda de alteração do elemento “Processo de Seleção de Colaboradores” ..144
Figura 71 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Seleção de Colaboradores”...............................................................................144
Figura 72 Demanda de alteração do elemento “Ilhas de Aprendizagem”...........................145
Figura 73 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Ilhas de Aprendizagem” .......................................................................................................146
Figura 74 Demanda de alteração do elemento “Oficinas PMC”.........................................147
Figura 75 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Oficinas PMC”......................................................................................................................147
Figura 76 Demanda de alteração do elemento “Tarefas da Equipe”...................................148
Figura 77 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Tarefas da Equipe”................................................................................................................148
Figura 78 Demanda de alteração do elemento “Porta-Voz” ...............................................149
Figura 79 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Porta-Voz” ............................................................................................................................150
Figura 80 Demanda de alteração do elemento “Reuniões de Equipe”................................151
Figura 81 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reuniões de Equipe”.............................................................................................................151
10
Figura 82 – Demanda de alteração do elemento “Integração de Colaboradores com Restrições
ao Trabalho” ...........................................................................................................................153
Figura 83 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Integração de Colaboradores com Restrições ao Trabalho”.................................................153
Figura 84 – Demanda de alteração do elemento “Avaliação do Trabalho em Equipe” .........154
Figura 85 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação do Trabalho em Equipe”......................................................................................155
Figura 86 – Demanda de alteração do elemento “Quadro de Equipe”...................................155
Figura 87 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Quadro de Equipe”................................................................................................................156
Figura 88 – Demanda de alteração do elemento “Rotatividade”............................................157
Figura 89 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Rotatividade” ........................................................................................................................157
Figura 90 – Demanda de alteração do elemento “Matriz de Qualificação” ...........................159
Figura 91 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Matriz de Qualificação”........................................................................................................159
Figura 92 – Demanda de alteração do elemento “Instruções de Segurança no Trabalho e
Proteção à Saúde”...................................................................................................................160
Figura 93 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção à Saúde”..................................................160
Figura 94 – Demanda de alteração do elemento “Sinalização de Segurança”.......................161
Figura 95 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sinalização de Segurança”....................................................................................................162
Figura 96 – Demanda de alteração do elemento “Avaliação Ergonômica de Processos de
Trabalho”................................................................................................................................163
Figura 97 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho” ..............................................................163
Figura 98 – Demanda de alteração do elemento “Coleta Seletiva”........................................164
Figura 99 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Coleta Seletiva” ....................................................................................................................165
Figura 100 – Demanda de alteração do elemento “Consciência Ambiental”.........................166
Figura 101 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Consciência Ambiental”........................................................................................166
Figura 102 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 2...............167
Figura 103 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 2 .............................................167
Figura 104 – Demanda de alteração do elemento “Planos de processo”................................169
Figura 105 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Planos de processo” ..............................................................................................169
Figura 106 – Demanda de alteração do elemento “Documentação Padronizada no Local de
Trabalho”................................................................................................................................170
Figura 107 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Documentação Padronizada no Local de Trabalho”.............................................171
Figura 108 – Demanda de alteração do elemento “Estoque de material padronizado” .........172
11
Figura 109 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Estoque de material padronizado” ........................................................................172
Figura 110 – Demanda de alteração do elemento “Quadro de Indicadores”..........................173
Figura 111 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Quadro de Indicadores”.........................................................................................174
Figura 112 – Demanda de alteração do elemento “Controle de Linha do Processo e do
Produto”..................................................................................................................................175
Figura 113 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Controle de Linha do Processo e do Produto” ......................................................175
Figura 114 – Demanda de alteração do elemento “Troca de Informações Padronizadas entre
Turnos”...................................................................................................................................176
Figura 115 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Troca de Informações Padronizadas entre Turnos” ..............................................177
Figura 116 – Demanda de alteração do elemento “Equipamentos Padronizados”.................178
Figura 117 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Equipamentos Padronizados” ...............................................................................178
Figura 118 – Demanda de alteração do elemento “Quality Gates........................................179
Figura 119 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Quality Gates”.......................................................................................................179
Figura 120 – Demanda de alteração do elemento “SOL (Segurança, Ordem e Limpeza)” ...180
Figura 121 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “SOL (Segurança, Ordem e Limpeza)” ..................................................................181
Figura 122 – Demanda de alteração do elemento “Marcações, identificações e Etiquetas”..182
Figura 123 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Marcações, identificações e Etiquetas”.................................................................182
Figura 124 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 3...............183
Figura 125 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 3 .............................................184
Figura 126 – Demanda de alteração do elemento “PDCA na Produção” ..............................184
Figura 127 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “PDCA na Produção” .............................................................................................185
Figura 128 – Demanda de alteração do elemento “Análise de Causa” ..................................186
Figura 129 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Análise de Causa” .................................................................................................186
Figura 130 – Demanda de alteração do elemento “Padrões de Referência” ..........................187
Figura 131 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Padrões de Referência” .........................................................................................188
Figura 132 – Demanda de alteração do elemento “Portão Falha Zero” .................................189
Figura 133 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Portão Falha Zero”................................................................................................189
Figura 134 – Demanda de alteração do elemento “Alarme de Qualidade/Parada de
Qualidade” .............................................................................................................................190
Figura 135 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade”.........................................................191
Figura 136 – Demanda de alteração do elemento “Quadro Andon” ......................................192
12
Figura 137 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Quadro Andon”.....................................................................................................192
Figura 138 – Demanda de alteração do elemento “Testes de Produção”...............................193
Figura 139 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Testes de Produção”..............................................................................................193
Figura 140 – Demanda de alteração do elemento “Liberação para a Produção em Série” ....194
Figura 141 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Liberação para a Produção em Série”...................................................................195
Figura 142 – Demanda de alteração do elemento “Manutenção Produtiva Total” ................196
Figura 143 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Manutenção Produtiva Total” ...............................................................................196
Figura 144 – Demanda de alteração do elemento “Prevenção de Falhas”.............................197
Figura 145 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Prevenção de Falhas”............................................................................................198
Figura 146 – Demanda de alteração do elemento “Eliminação de Falhas”............................199
Figura 147 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Eliminação de Falhas” ..........................................................................................199
Figura 148 Demanda de alteração do elemento “Controle Estatístico do Processo” (CEP)....200
Figura 149 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Controle Estatístico do processo (CEP)” ..............................................................200
Figura 150 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias de Sistema”...........................201
Figura 151 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Auditorias de Sistema”..........................................................................................201
Figura 152 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias de Processo”.........................202
Figura 153 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Auditorias de Processo”........................................................................................203
Figura 154 – Demanda de alteração do elemento “Treinamento de um Ponto” ....................204
Figura 155 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Treinamento de um Ponto” ...................................................................................204
Figura 156 – Demanda de alterão do elemento “Processo de Solução de Problemas
(PSP).......................................................................................................................................205
Figura 157 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Processo de Solução de Problemas” (PSP) ...........................................................206
Figura 158 – Demanda de alteração do elemento “FMEA de Processo”...............................207
Figura 159 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “FMEA de Processo”..............................................................................................207
Figura 160 – Demanda de alteração do elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores” .208
Figura 161 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores” ................................................................208
Figura 162 – Demanda de alteração do elemento “Plano de Garantia do Processo”.............209
Figura 163 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Plano de Garantia do Processo”............................................................................210
Figura 164 – Demanda de alteração do elemento “Calibração dos Instrumentos de
Medição................................................................................................................................210
13
Figura 165 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Calibração dos instrumentos de Medição”............................................................211
Figura 166 – Demanda de alteração do elemento “Acordos de Qualidade” ..........................212
Figura 167 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Acordos de Qualidade” .........................................................................................212
Figura 168 – Demanda de alteração do elemento “Pontos de Checagem 100%” ..................213
Figura 169 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Pontos de Checagem 100%”.................................................................................214
Figura 170 – Demanda de alteração do elemento “Sensores de Qualidade do Cliente”........215
Figura 171 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Sensores de Qualidade do Cliente”.......................................................................215
Figura 172 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias do Produto Acabado (APA) e
Auditorias Parciais do Produto (BPA)”..................................................................................216
Figura 173 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Auditorias do Produto Acabado (APA) e Auditorias Parciais do Produto
(BPA)”....................................................................................................................................217
Figura 174 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 4 –
Consolidado............................................................................................................................218
Figura 175 – Demanda Consolidada de Hibridização – Bloco 4 ...........................................218
Figura 176 Demanda de alteração do elemento “Planejamento do Programa de
Prodão” ..............................................................................................................................220
Figura 177 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Planejamento do Programa de Produção”.............................................................220
Figura 178 – Demanda de alteração do elemento “Colar de Pérolas” (Perlenkette)..............221
Figura 179 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Colar de Pérolas” (Perlenkette).............................................................................221
Figura 180 – Demanda de alteração do elemento “Planejamento do Fluxo de Material”......223
Figura 181 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Planejamento do Fluxo de Material”.....................................................................223
Figura 182 – Demanda de alteração do elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo
Consumo”...............................................................................................................................224
Figura 183 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo”............................................224
Figura 184 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Consumo e
Abastecimento .....................................................................................................................225
Figura 185 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Processo de Consumo e Abastecimento”..............................................................226
Figura 186 – Demanda de alteração do elemento “Kanban”..................................................227
Figura 187 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Kanban”.................................................................................................................227
Figura 188 – Demanda de alteração do elemento “Comissionamento / Formação de
Conjuntos”..............................................................................................................................229
Figura 189 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Comissionamento / Formação de Conjuntos”.......................................................229
Figura 190 – Demanda de alteração do elemento “Preparação Rápida”................................230
14
Figura 191 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Preparação Rápida”...............................................................................................231
Figura 192 – Demanda de alteração do elemento “Embalagens Pequenas” ..........................232
Figura 193 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Embalagens Pequenas” .........................................................................................232
Figura 194 – Demanda de alteração do elemento “Fluxo de Peça Única”.............................234
Figura 195 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Fluxo de Peça Única”............................................................................................234
Figura 196 – Demanda de alteração do elemento “First In First Out (FIFO)”......................235
Figura 197 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “First In First Out (FIFO)”.....................................................................................235
Figura 198 – Demanda de alteração do elemento “Estratégia de Almoxarifado Único”.......236
Figura 199 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Estratégia de Almoxarifado Único”......................................................................237
Figura 200 – Demanda de alteração do elemento “Takt Fixo”...............................................238
Figura 201 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Takt Fixo” .............................................................................................................238
Figura 202 – Demanda de alteração do elemento “Gráficos de Balanceamento”..................239
Figura 203 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Gráficos de Balanceamento”.................................................................................240
Figura 204 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 3 –
Consolidado............................................................................................................................240
Figura 205 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 3 .............................................241
Figura 206 – Demanda de alteração do elemento “Workshop PDCA”..................................242
Figura 207 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Workshop PDCA”.................................................................................................242
Figura 208 – Demanda de alteração do elemento “7 Tipos de desperdício (7D)” .................243
Figura 209 – Demanda de alteração do elemento “7 Tipos de desperdício (7D)” .................244
Figura 210 – Demanda de alteração do elemento “5 Por Quês” ............................................244
Figura 211 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “5 Por Quês” ...........................................................................................................245
Figura 212 – Demanda de alteração do elemento “Mapas de Processo” ...............................246
Figura 213 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Mapas de Processo” ..............................................................................................246
Figura 214 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos
Colaboradores”.......................................................................................................................247
Figura 215 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Colaboradores”.........................................247
Figura 216 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos
Especialistas”..........................................................................................................................248
Figura 217 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas“............................................249
Figura 218 – Demanda de alteração do elemento “Kaizen”...................................................251
15
Figura 219 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Kaizen”..................................................................................................................251
Figura 220 – Demanda de alteração do elemento “Gerenciamento das Modificações” ........252
Figura 221 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Gerenciamento das Modificações” .......................................................................253
Figura 222 – Demanda de alteração do elemento “Comparação de Melhores Práticas do
Sistema de Produção Mercedes-Benz”...................................................................................254
Figura 223 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-Benz”.....254
Figura 224 – Demanda de alteração do elemento “Engenharia Simultânea”.........................255
Figura 225 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o
elemento “Engenharia Simultânea”........................................................................................256
Figura 226 – Resultados quantitativos da análise consolidada...............................................258
Figura 227 – Exemplo de identificação por cores em um estoque de processo na fábrica da
Chrysler em Kokomo, EUA. A cor vermelha indica um estoque abaixo do estoque mínimo; a
altura dos batentes verdes indica a altura máxima de empilhamento, paralisando a produção
deste posto de trabalho. ..........................................................................................................296
Figura 228 – O primeiro ciclo PDCA, realizado pelo operador, verificando a qualidade de seu
trabalho...................................................................................................................................300
Figura 229 – O segundo ciclo PDCA, realizado pelo operador, verificando a qualidade de um
setor ou trecho de linha de produção......................................................................................301
Figura 230 – O terceiro ciclo PDCA, realizado pelo auditor de qualidade, verificando a
qualidade de um produto em processo (Auditoria de processo produtivo (Bereichsprodukt
Audit) – BPA).........................................................................................................................301
Figura 231 – O quarto ciclo PDCA, realizado pelo auditor de qualidade, verificando a
qualidade do produto acabado (Auditoria de produto acabado produtivo (Auslieferungsprodukt
Audit) – APA).........................................................................................................................302
Figura 232 – A atuação dos quatro ciclos PDCA é o mecanismo que garante a detecção de
problemas de produção na DaimlerChrysler ..........................................................................302
Figura 233 – Exemplo do mecanismo de alarme de qualidade, acionado através de corda
ligada a alarme ótico e sonoro, e ao quadro Andon................................................................305
Figura 234 – Quadro Andon utilizado na fábrica DaimlerChrysler de Juiz de Fora..............306
Figura 235 – “Caixa de correio” do Kanban utilizado na fábrica de Tuscaloosa, EUA ........319
Figura 236 – Exemplo de Kanban utilizado na fábrica DaimlerChrysler de Rastatt,
Alemanha ...............................................................................................................................319
Figura 237 – Comissionamento de peças na fábrica de Sindelfingen, Alemanha..................320
Figura 238 – Exemplo de Formação de Conjunto da fábrica de Sindelfingen, Alemanha ....321
16
LISTA DE ABREVIATURAS
ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Indústria
ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
APA Auditorias do Produto Acabado
APEP Projetos Estratégicos de Produção
BPA Auditorias Parciais do Produto
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BDMG Banco para o Desenvolvimento de Minas Gerais
CEP Controle Estatístico do Processo
CKD
Complete Knocked-Down
DCPS Sistema de Produção DaimlerChrysler
FIFO
First In First Out
FMEA Análise de Modo e Efeito de Falhas (Failure Mode and Effect Analysis)
GERPISA Groupe d' Etudes et de Recherches Permanent sur l' Industrie et les Salariés
de l' Automobile
GM General Motors
GQT Gerenciamento pela Qualidade Total
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFAO
Institut für Arbeitsorganization
IMSP Programa Internacional de Veículos Automotores
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
JAMA
Japan Automobile Manufacturers Association
JIS
Just-in-sequence
JIT
Just-in-time
MIT
Massachussets Institute of Technology (Instituto de Tecnologia de
Massachussets)
MPS Mercedes-Benz Produktionssystem (Mercedes-Benz)
NIRA
National Industrial Recovery Act
PDCA Planejar, Fazer, Checar, Agir
PLR Participação de lucros e resultados
PMC Processo de Melhoria Contínua
PMI Times de Integração Pós-fusão (Post-Merger Integration Teams)
PSP Processo de Solução de Problemas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SOL Segurança, Ordem e Limpeza
SPJ Sistema de produção local (em Juiz de Fora)
SQDC Sistema de Qualificação DaimlerChrysler
TPM
Processos Estáveis, Processo de Melhoria Contínua e Manutenção Produtiva
Total - Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance)
17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................21
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...............................................................................21
1.1.1 Uma Indústria em Transformação ..............................................................................21
1.1.2 O Modelo de Boyer e Freyssenet..................................................................................23
1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA.....................................................25
1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................................26
1.3.1 Objetivos Gerais ............................................................................................................26
1.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................26
1.4 ASPECTOS METODOLÓGICOS.....................................................................................27
1.5 QUESTÕES DE PESQUISA .............................................................................................28
1.6 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................28
1.7 RELEVÂNCIA DO PROBLEMA DE PESQUISA...........................................................29
1.8 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.........................................................................................29
1.9 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................................30
2 A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO .......................................................33
2.1 O PRÉ-TAYLORISMO .....................................................................................................33
2.2 O TAYLORISMO ..............................................................................................................33
2.3 O FORDISMO....................................................................................................................35
2.4 O SLOANISMO.................................................................................................................39
2.5 O VOLVISMO ...................................................................................................................40
2.6 O TOYOTISMO OU SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO .........................................42
2.7 OS MODELOS DE BOYER E FREYSSENET ................................................................49
2.7.1 As Estratégias de “Diversidade e Flexibilidade” e os Modelos Taylorista e
Woolardiano............................................................................................................................57
2.7.2 A Estratégia de “Volume de Produção” e o Modelo Fordista...................................61
2.7.3 A Estratégia de “Volume de Produção e Diversidade” e o Modelo Sloanista .........62
2.7.4 A Estratégia de “Qualidade e Especialização” ...........................................................66
2.7.5 A Estratégia de “Redução de Custo Permanente a Volume de Produção Constante”
e o Modelo Toyotista ..............................................................................................................67
2.7.6 A Estratégia de “Inovação e Flexibilidade” e o Modelo Hondiano...........................68
2.8 TENDÊNCIAS ATUAIS DE EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
AUTOMOBILÍSTICA .............................................................................................................71
2.9 O SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-BENZ........................................................73
2.10 A “GENÉTICA” DO SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-BENZ ......................75
3 METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................................77
3.1 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................77
3.1.1 Tipos de Pesquisas .........................................................................................................78
3.1.2 Tipos, Fontes e Formas de Coleta de Dados................................................................79
3.2. OPÇÃO METODOLÓGICA E DELINEAMENTO DA PESQUISA..............................80
3.2.1 Opção Metodológica......................................................................................................80
3.2.2 Delineamento da Pesquisa ............................................................................................81
18
3.2.3 Levantamento de Dados................................................................................................83
3.2.4 Análise de Dados............................................................................................................83
4 A FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS DAIMLERCHRYSLER DE JUIZ DE FORA........85
4.1 O GRUPO DAIMLERCHRYSLER AG: BREVE INTRODUÇÃO .................................85
4.2 BREVE HISTÓRICO DA FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS DE JUIZ DE FORA ............87
4.3 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-
BENZ NA UNIDADE DE JUIZ DE FORA ............................................................................90
5 MODELO PROPOSTO......................................................................................................98
5.1 O MODELO DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA BRASILEIRO......................................98
5.2 O MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO ......................99
5.3 O MERCADO ..................................................................................................................102
5.4 A MÃO-DE-OBRA..........................................................................................................103
5.5 AS ESTRATÉGIAS DE LUCRATIVIDADE PARA A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
NO MODELO ATUAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO .........106
5.6 O MODELO DE BOYER E FREYSSENET PARA A UNIDADE DE JUIZ DE FORA...106
6 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................110
6.1 ANÁLISE GERAL...........................................................................................................110
6.2 BLOCO 1: ESTRUTURAS DE TRABALHO E TRABALHO EM EQUIPE ................112
6.2.1 Análise do Elemento “Acordo de Metas”..................................................................114
6.2.2 Análise do Elemento “Feedback dos Colaboradores às Chefias” ...........................116
6.2.3 Análise do Elemento “Pesquisas de Clima Organizacional”...................................118
6.2.4 Análise do Elemento “Reconhecimento aos Colaboradores”..................................119
6.2.5 Análise do Elemento “Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e
Administrativos”...................................................................................................................120
6.2.6 Análise do Elemento “Listas de verificação e Controle” (Check-lists) ...................122
6.2.7 Análise do Elemento “Avaliação do Sistema de Produção por Diretores, Gerentes e
Supervisores” ........................................................................................................................123
6.2.8 Análise do Elemento “Reuniões Regulares” .............................................................125
6.2.9 Análise do Elemento “Atividades para o Desenvolvimento da Equipe” ................127
6.2.10 Análise do Elemento “Sistema de Avaliação de Executivos (Lead)” ....................129
6.2.11 Análise do Elemento “Desenvolvimento e Acompanhamento de Executivos” ....131
6.2.12 Análise do Elemento “Programa para Redução do Absenteísmo”.......................132
6.2.13 Análise do Elemento “Descrição de Função”..........................................................133
6.2.14 Análise do Elemento “Descrição de Processo”........................................................135
6.2.15 Análise do Elemento “Orientação aos Novos Colaboradores”..............................137
6.2.16 Análise do Elemento “Qualificação” .......................................................................138
6.2.17 Análise do Elemento “Padrões de Desempenho” ...................................................140
6.2.18 Análise do Elemento “Banco de Idéias” ..................................................................141
6.2.19 Análise do Elemento “Processo de Seleção de Colaboradores” ............................143
6.2.20 Análise do Elemento “Ilhas de Aprendizagem” .....................................................145
6.2.21 Análise do Elemento “Oficinas PMC”.....................................................................146
6.2.22 Análise do Elemento “Tarefas da Equipe” .............................................................147
6.2.23 Análise do Elemento “Porta-vozes”.........................................................................149
6.2.24 Análise do Elemento “Reuniões de Equipe” ...........................................................149
19
6.2.25 Análise do Elemento “Integração de Colaboradores com Restrições ao
Trabalho”..............................................................................................................................152
6.2.26 Análise do Elemento “Avaliação do Trabalho em Equipe”...................................152
6.2.27 Análise do Elemento “Quadro de Equipe” .............................................................154
6.2.28 Análise do Elemento “Rotatividade”.......................................................................156
6.2.29 Análise do Elemento “Matriz de Qualificação”......................................................158
6.2.30 Análise do Elemento “Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção à
Saúde”....................................................................................................................................158
6.2.31 Análise do Elemento “Sinalização de Segurança”..................................................161
6.2.32 Análise do Elemento “Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho”..........162
6.2.33 Análise do Elemento “Coleta Seletiva”....................................................................164
6.2.34 Análise do Elemento “Consciência Ambiental”......................................................165
6.3 BLOCO 2: PADRONIZAÇÃO........................................................................................166
6.3.1 Análise do Elemento “Planos de processo”...............................................................168
6.3.2 Análise do Elemento “Documentação Padronizada no Local de Trabalho” .........169
6.3.3 Análise do Elemento “Estoque de Material Padronizado”......................................171
6.3.4 Análise do Elemento “Quadro de Indicadores” .......................................................173
6.3.5 Análise do Elemento “Controle de Linha do Processo e do Produto”....................174
6.3.6 Análise do Elemento “Troca de Informações Padronizadas entre Turnos”..........174
6.3.7 Análise do Elemento “Equipamentos Padronizados”..............................................177
6.3.8 Análise do Elemento “Quality Gates........................................................................178
6.3.9 Análise do Elemento “SOL” (Segurança, Ordem e Limpeza) ................................180
6.3.10 Análise do Elemento “Marcações, identificações e Etiquetas”..............................181
6.4 BLOCO 3: QUALIDADE E PROCESSOS/PRODUTOS ROBUSTOS.........................182
6.4.1 Análise do Elemento “PDCA na Produção” .............................................................184
6.4.2 Análise do Elemento “Análise de Causa”..................................................................185
6.4.3 Análise do Elemento “Padrões de Referência”.........................................................187
6.4.4 Análise do Elemento “Portão Falha Zero” ...............................................................188
6.4.5 Elementos “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade” ......................................190
6.4.6 Análise do Elemento “Quadro Andon......................................................................191
6.4.7 Análise do Elemento “Testes de Produção”..............................................................192
6.4.8 Análise do Elemento “Liberação para a Produção em Série” ................................194
6.4.9 Análise do Elemento “Manutenção Produtiva Total” .............................................195
6.4.10 Análise do Elemento “Prevenção de Falhas”..........................................................197
6.4.11 Análise do Elemento “Eliminação de Falhas” ........................................................198
6.4.12 Análise do Elemento “Controle Estatístico do Processo” (CEP) ..........................199
6.4.13 Análise do Elemento “Auditorias de Sistema” .......................................................201
6.4.14 Análise do Elemento “Auditorias de Processo”......................................................202
6.4.15 Análise do Elemento “Treinamento de um Ponto” ................................................203
6.4.16 Análise do Elemento “Processo de Solução de Problemas” (PSP)........................204
6.4.17 Análise do Elemento “FMEA de Processo” ............................................................206
6.4.18 Análise do Elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores” ............................207
6.4.19 Análise do Elemento “Plano de Garantia do Processo”.........................................209
6.4.20 Análise do Elemento “Calibração dos instrumentos de Medição” .......................210
20
6.4.21 Análise do Elemento “Acordos de Qualidade”.......................................................211
6.4.22 Análise do Elemento “Pontos de Checagem 100%”...............................................212
6.4.23 Análise do Elemento “Sensores de Qualidade do Cliente”....................................214
6.4.24 Análise do Elemento “Auditorias de Entrega do Produto (APA) e Auditorias
Parciais do Produto (BPA)” ................................................................................................215
6.5 BLOCO 4: A LOGÍSTICA “JUST-IN-TIME” ................................................................217
6.5.1 Análise do Elemento “Planejamento do Programa de Produção”..........................219
6.5.2 Análise do Elemento “Colar de Pérolas (Perlenkette)” ............................................220
6.5.3 Análise do Elemento “Planejamento do Fluxo de Material”...................................222
6.5.4 Análise do Elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo” ........223
6.5.5 Análise do Elemento “Processo de Abastecimento Orientado pelo Consumo”.....225
6.5.6 Análise do Elemento “Kanban..................................................................................226
6.5.7 Análise do Elemento “Comissionamento / Formação de Conjuntos” ....................228
6.5.8 Análise do Elemento “Preparação Rápida”..............................................................230
6.5.9 Análise do Elemento “Embalagens Pequenas”.........................................................231
6.5.10 Análise do Elemento “Fluxo de Peça Única” ..........................................................233
6.5.11 Análise do Elemento “First In First Out (FIFO)”...................................................234
6.5.12 Análise do Elemento “Estratégia de Almoxarifado Único”...................................236
6.5.13 Análise do Elemento “Takt Fixo”.............................................................................237
6.5.14 Análise do Elemento “Gráficos de Balanceamento” ..............................................238
6.6 BLOCO 5: MELHORIA CONTÍNUA ............................................................................240
6.6.1 Análise do Elemento “Workshop PDCA”.................................................................241
6.6.2 Análise do Elemento “7 Tipos de desperdício (7D)” ................................................243
6.6.3 Análise do Elemento “5 Por Quês” ............................................................................244
6.6.4 Análise do Elemento “Mapas de Processo”...............................................................245
6.6.5 Análise do Elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Colaboradores” .....246
6.6.6 Análise do Elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas”.........248
6.6.7 Análise do Elemento “Kaizen....................................................................................249
6.6.8 Análise do Elemento “Gerenciamento das Modificações”.......................................251
6.6.9 Elemento “Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-
Benz”......................................................................................................................................253
6.6.10 Análise do Elemento “Engenharia Simultânea.....................................................254
6.7 ANÁLISE CONSOLIDADA ...........................................................................................256
6.8 RESULTADO DAS ENTREVISTAS COM O CORPO GERENCIAL .........................258
7 CONCLUSÃO....................................................................................................................260
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................267
APÊNDICES.........................................................................................................................272
21
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
1.1.1 Uma Indústria em Transformação
A indústria automotiva é uma das cadeias produtivas de maior importância e
complexidade da indústria. As montadoras constituem o topo da cadeia automotiva, e nelas
iniciam-se e difundem-se por toda a pirâmide produtiva as mudanças estruturais de processo,
tecnologia e organização.
O ambiente nas indústrias automobilísticas sofreu profundas transformações ao longo
do século XX, e continua em permanente transformação. A intensificação da competição
internacional e a globalização levaram as indústrias automobilísticas a adotar estratégias
agressivas para enfrentar o ambiente concorrencial.
Diversos grupos buscaram localizar plantas de produção em países em
desenvolvimento, aliando as vantagens de benefícios fiscais à presença em mercados
emergentes. O Brasil foi um desses países, em razão das projeções para seu mercado nacional
e do bloco econômico do Mercado Comum do Sul.
Nos anos 90, com a estabilização econômica, a indústria automobilística brasileira
teve grande crescimento quanto à capacidade instalada de produção, alcançando uma
capacidade instalada de 3 milhões de unidades. As novas unidades industriais instalaram-se,
em sua maioria, fora do Estado de São Paulo, atraídas por incentivos fiscais e outras
vantagens concedidas pelos governos federal, estaduais e municipais.
A desconcentração da indústria automotiva nos anos 90 foi marcante. Em 1990, 74,5%
dos veículos fabricados no país saíram das linhas de montagem paulistas. Em 2005, menos da
metade dos veículos produzidos do país (45,8%) originou-se de fábricas situadas no Estado de
São Paulo.
Ao final da década de 90, todas as principais montadoras mundiais haviam instalado
unidades de produção no Brasil. O crescimento do mercado após a estabilização da moeda
levava a projeções otimistas, com grande crescimento na venda de veículos.
Todavia, a desvalorização da moeda no ano de 1999 e a adoção de uma política
governamental de manutenção de taxas de juros de referência elevados e câmbio flutuante –
justificada como necessária para o controle de um aumento da inflação provocado pela
demanda – restringiu o crescimento econômico.
22
Em um mercado em retração e de elevada competição, torna-se fundamental reduzir os
custos de produção. Como um dos meios para alcançar e manter custos adequados de
produção neste ambiente competitivo, seja esta ação entendida como estratégia ou como
requisito fundamental para a competitividade, destaca-se a reestruturação das atividades
produtivas, entre as quais sobressai a nova organização do trabalho fabril – que veio a ser
denominada “sistema de produção”.
Nesta reestruturação, as unidades de produção das montadoras realizaram diversas
ações para readequar sua produção em um sistema que melhor respondesse às instabilidades e
incertezas econômicas, reduzindo o volume de produção necessário ao equilíbrio entre
despesas e receitas, tanto nas unidades de produção já existentes, quanto nas novas unidades
de produção recém-implantadas. As novas unidades de manufatura já iniciaram suas
atividades dentro de novos modelos de organização da produção, em geral desenvolvidos em
suas matrizes e transplantados para as fábricas instaladas ou em instalação no Brasil.
Womack et al (1992) propuseram que o sistema de “produção enxuta” (“lean
production”) se estabeleceria como o padrão convergente de organização da produção, pois o
sistema aplicado pelas companhias japonesas seria capaz de adaptar rapidamente o projeto e a
produção de veículos às mudanças de mercado e gerar lucros em qualquer ambiente, graças a
uma mão-de-obra qualificada, que participa da redução de custos e de ações de melhoria de
qualidade.
A crença em um “sistema ótimo de produção” leva engenheiros e pesquisadores a
interpretar e analisar companhias em termos de seu grau de aderência ao modelo “ótimo”,
interpretando os desvios de sua performance em relação ao que seria esperado como função
de fatores secundários, temporários ou contextuais, modificando uma relação presumida de
causa e efeito. Esta abordagem desconsidera a “genética” dos sistemas de produção, vinculada
às estratégias da empresa. Da mesma forma que as estratégias corporativas, os sistemas de
produção interagem com o ambiente, evoluem, assumem novas características.
Como as estratégias, os sistemas de produção, ou melhor, os modelos de organização
da produção desenvolveram-se em diversos contextos ambientais, históricos e culturais. Para
que seja possível verdadeiramente entendê-los é necessário analisá-los quanto às suas
características fundamentais, seu nascimento e evolução, e especialmente, sua hibridização.
Freyssenet (1998) define sistemas de produção como “processos periódicos que
tornam a organização interna, as práticas sociais e os sistemas de uma companhia coerentes
com a implementação de estratégias de lucratividade escolhidas, considerando o mercado, as
transformações nas relações de trabalho e os acordos que as regem”.
23
Uma implementação e manutenção adequadas de um modelo de produção devem
considerar o mercado, a organização do trabalho e os contextos institucionais no qual o
sistema de produção teve sua gênese. Justificar experiências negativas em termos de
“incompreensão do sistema”, “falhas na implantação”, “resistência por parte dos
trabalhadores ou gestores” simplifica demasiadamente o problema. A viabilidade de
implantação de um modelo de produção deve considerar todo o ambiente em que o referido
modelo será ou está inserido.
Os sistemas de produção evoluem; todavia, não se deve esperar que possam garantir às
companhias que os adotam a capacidade de resistir às mudanças no ambiente competitivo ou
a tensões internas sob quaisquer circunstâncias.
Também não se pode dissociar o sucesso das estratégias de lucratividade e de seus
sistemas de produção dos ambientes reguladores em que as unidades estão inseridas. Nas
palavras de Porter (1998), “em um mundo de crescente competição global, as nações têm se
tornado cada vez mais importantes”.
A vantagem competitiva e sustentável de uma região está baseada na criação de
diferenciais e aspectos distintivos de sua posição. Nessas regiões, as formas de organização
produtiva e social diferenciam-se como fruto de um processo endógeno de aprendizagem, que
leva a região e cada uma de suas empresas a encontrarem as soluções sistêmicas para seus
problemas e seus desafios em particular. O caráter distintivo é o que dará a vantagem
competitiva sustentável à região (PORTER, 2001), mas para atingir um caráter distintivo as
empresas de uma região devem ter uma estratégia diferenciada de atuação, contar com formas
únicas de organização das suas atividades e, especialmente, tê-las integradas com a sua
estratégia, e esta, integrada ao ambiente regulador no qual a mesma se insere.
1.1.2 O Modelo de Boyer e Freyssenet
Vários pesquisadores têm buscado formular modelos que representem a interação
entre os sistemas de organização produtiva e o ambiente externo à empresa. Este trabalho
utiliza como referencia o modelo desenvolvido por Boyer e Freyssenet (1999), participantes
do GERPISA (Groupe d' Etudes et de Recherches Permanent sur l' Industrie et les Salariés
de l' Automobile), da universidade de Evry, França. Destaca-se este modelo, de concepção
relativamente recente, pela abordagem multidisciplinar, que integra os campos da economia,
sociologia, administração e engenharia de produção.
24
Freyssenet (1999) define cinco estratégias básicas de lucratividade adotadas pelas
empresas automobilísticas: “volume e diversidade”, “redução contínua de custos com volume
de produção constante”, “inovação e flexibilidade”, “qualidade e especialização” e “volume
de produção”.
A viabilidade de cada uma das estratégias apontadas por Freyssenet (1999) pressupõe
tipos particulares de demanda por automóveis e de relações de trabalho vigentes. Uma
estratégia de lucratividade pode não ter sucesso, se incompatível com o modelo de
desenvolvimento econômico e de distribuição de renda de um país.
Boyer e Freyssenet (1999) defendem que há duas condições fundamentais para a
lucratividade: a relevância da estratégia de lucratividade no modelo de crescimento e
distribuição de renda de cada espaço político e econômico e a construção de um compromisso
de governança da companhia entre as principais partes (acionistas, gestores, sindicatos,
funcionários, fornecedores etc.) que harmonize a política de produtos, a organização
produtiva e o relacionamento com os funcionários para a implantação da estratégia de
lucratividade adotada.
A construção deste compromisso de governança é um grande desafio às corporações.
Os sistemas de produção – quer tenham sido gerados através de um trabalho de evolução
contínua das práticas manufatureiras, quer tenham sido desenhados por estrategistas nas
matrizes dos grandes grupos automobilísticos – tiveram – e têm – forte impacto no perfil do
trabalhador das indústrias automobilísticas, e nas relações de trabalho entre trabalhadores e
empregados.
As rápidas modificações na organização da produção alteraram o perfil do trabalhador
na indústria automobilística. Elevou-se o número médio de anos de educação formal dos
trabalhadores na indústria automobilística, o que abre novas possibilidades quanto ao design
das tarefas atribuídas aos trabalhadores. O aumento de produtividade nos últimos anos,
medido em automóveis por colaborador é considerável; igualmente marcante é a redução do
quadro de funcionários nas montadoras automobilísticas.
Parte deste crescimento de produtividade pode ser justificado através da terceirização
de atividades ocorrido na década de 90 e do aumento da automação em fábricas e escritórios;
todavia, observa-se muitas vezes uma intensificação do trabalho, seja em atividades
operacionais, seja em atividades administrativas. A implantação de sistemas de produção
certamente contribuiu para o aumento de produtividade e para a intensificação do trabalho.
25
Também o ambiente regulatório modifica-se com rapidez, com redução da intervenção
do Estado no relacionamento entre as indústrias automobilísticas e os trabalhadores. Novas
formas são buscadas para conciliar os interesses de empresas e trabalhadores.
Por outro lado, Pries (2001) defende que a saturação do mercado nas economias
centrais, a globalização da produção, as novas práticas de compras e marketing, a
concentração (que reduziu o número de companhias automobilísticas mundiais de
aproximadamente 50 para uma dúzia de produtores globais), a redução radical no tempo de
vida do produto (de 8 a 10 anos para a metade disto), as mudanças qualitativas no
fornecimento, e o declínio da importância da atividade de produção do veículo em relação às
atividades de engenharia e marketing levam ao declínio da importância de modelos de
produção rígidos.
Afirma o autor:
Parece que neste início de século vivemos um período de transição sem modelos
fixos de produção, mas com princípios de produção mais ou menos fluidos e
mutáveis. De acordo com a trajetória da empresa, os pontos fracos de uma
companhia como um todo e os de suas divisões, a situação de cada planta, o
segmento de mercado para o qual produz e outros fatores diversos “coquetéis de
princípios de produção” devem ser feitos. (PRIES, 2001)
Este posicionamento alinha-se com o entendimento de Slack et al. (2002), de que
quando há um ambiente turbulento em uma determinada indústria, a função produção deve
ajustar-se continuamente às circunstâncias mutantes. Mais do que ajustes superficiais, a
grande instabilidade do ambiente concorrencial na indústria automobilística exige plasticidade
dos sistemas de produção.
1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
A unidade de produção de Juiz de Fora teve uma implementação exemplar do Sistema
de Produção Mercedes-Benz, tendo sido avaliada pela matriz em auditorias comparativas nos
anos de 2000, 2001 e 2002 como “a melhor implementação do Sistema de Produção
Mercedes-Benz em todas as plantas de automóveis da marca em todo o mundo”.
A unidade de produção brasileira, todavia, não teve estabilidade de seu volume de
produção neste período. A contínua redução da produção diária, e a alteração do processo
produtivo – da produção de unidades completas, destinadas ao mercado local, para a
montagem de unidades fornecidas desmontadas, em um processo denominado “Complete
26
Knocked-Down”, ou CKD, destinadas exclusivamente à exportação – levaram a mutações na
forma de aplicação dos diversos elementos do sistema de produção original na prática do
processo produtivo.
O sistema de produção – desenvolvido através de um processo de benchmarking e
engenharia de métodos de organização da produção – decorridos seis anos de seu início,
sofreu o que se denomina “hibridização”: uma releitura e adaptação de método e de sua
aplicação, ajustando-se às necessidades da unidade, que confirma a tese de Pries (2001). A
forma em que esta hibridização ocorreu e suas causas devem ser estudadas, orientando o
gerenciamento do sistema de produção.
Também deve ser pesquisada de forma mais aprofundada a “compatibilidade tripla”
do modelo de desenvolvimento econômico e de distribuição de renda nacional com a
estratégia de lucratividade, e desta com o sistema de produção aplicado. Inexistem análises de
empresas automobilísticas no ambiente econômico brasileiro aplicando o modelo proposto
por Boyer e Freyssenet (1999). A compreensão destes mecanismos pode permitir às empresas
uma gestão mais eficaz dos sistemas de produção. A gestão eficaz dos sistemas de produção
deve levar em consideração as condições ambientais, e não apenas uma evolução ao acaso.
Para a eficácia deste instrumento da estratégia e de gestão, é fundamental compreender
a percepção dos gestores de produção e dos grupos de trabalho quanto ao sistema de
produção. Este diagnóstico permite verificar a hibridização já realizada e aquela que deve ser
“preparada”, para que o sistema de produção da unidade cumpra seus objetivos, alavancando
os resultados de gestão desejados.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivos Gerais
Compreender a evolução dos sistemas de produção, identificando as tendências
mundiais.
1.3.2 Objetivos Específicos
Identificar qual das estratégias de lucratividade propostas por Boyer e Freyssenet
(1999) tem maior probabilidade de sucesso no atual modelo de desenvolvimento econômico e
de distribuição de renda brasileiro, utilizando o modelo proposto pelos autores.
27
Analisar a compatibilidade da estratégia de lucratividade da DaimlerChrysler
Automóveis com o modelo de desenvolvimento econômico brasileiro.
Avaliar a coerência do Sistema de Produção Mercedes-Benz com a estratégia de
lucratividade da DaimlerChrysler.
Estudar a percepção dos usuários do Sistema de Produção Mercedes-Benz (gerentes,
supervisores de área, supervisores de linha, e porta-vozes) quanto à aplicação das ferramentas,
identificando necessidades de hibridização ou hibridizações já ocorridas em relação à
concepção original do Sistema de Produção.
Acredita-se que os resultados desta pesquisa apóiem a construção de modelos de
produção sustentáveis no ambiente brasileiro, tanto no ramo automobilístico quanto em outras
empresas do ramo metal-mecânico.
1.4 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para compreender a evolução dos Sistemas de Produção e suas tendências foi feito um
levantamento bibliográfico de referências clássicas, artigos, dissertações e teses, e em especial
da produção científica do GERPISA (Groupe d´etude permanent sur l’industrie et lês salariés
de l’áutomobile), da universidade de Evry, França.
A identificação do modelo de desenvolvimento econômico brasileiro foi feita através
do levantamento de informações disponibilizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI), entre outros.
A identificação das estratégias de lucratividade da DaimlerChrysler foi feita através de
observações do autor e informações da própria empresa. As análises de compatibilidade do
Sistema de Produção Mercedes-Benz com a estratégia de lucratividade da DaimlerChrysler
são de natureza qualitativa, a partir de observações do pesquisador relativa ao tema e
entrevistas com os gerentes das áreas produtivas da empresa, utilizando os modelos propostos
por Boyer e Freyssenet (1999).
O levantamento da hibridização realizada e das modificações necessárias foi feito
através de questionário distribuído a gerentes, supervisores de áreas, supervisores de linha e
porta-vozes das áreas produtivas da fábrica de Juiz de Fora. A experiência pessoal do
pesquisador, responsável pela implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz, facilitou
28
a análise dos dados. As informações levantadas nas entrevistas complementam a análise
quantitativa e qualitativa dos dados coletados.
Esta dissertação utilizou como estratégia da pesquisa o estudo de caso, em abordagem
de pesquisa qualitativa e quantitativa. A coleta de dados utilizou documentos, observação
direta, questionário e entrevistas.
Justifica-se o estudo de caso como estratégia preferencial quando as questões de
pesquisa são o como e porque, quando o pesquisador tem pouco controle dos eventos, e
quando o foco é um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto real (YIN, 1994), o que
se enquadra plenamente com as questões de pesquisa.
1.5 QUESTÕES DE PESQUISA
Quais as tendências mundiais de evolução dos sistemas de produção da indústria
automobilística?
Como se caracterizam os modelos de desenvolvimento econômico e de distribuição
de renda brasileiro, na classificação de Boyer e Freyssenet (1999)?
Quais as estratégias de lucratividade que tem mais chances de sucesso no ambiente
econômico brasileiro, de acordo com a proposição de Boyer e Freyssenet?
Quão compatíveis são o Sistema de Produção Mercedes-Benz e a estratégia de
lucratividade adotada pela DaimlerChrysler?
Qual a compatibilidade da estratégia de lucratividade adotada pela DaimlerChrysler
com os modelos de crescimento econômico e de distribuição de renda brasileiros?
Qual a importância atribuída aos elementos do Sistema de Produção Mercedes-
Benz pelos gestores e porta-vozes da fábrica de Juiz de Fora da DaimlerChrysler?
Quais elementos sofreram hibridização, e quais elementos devem ser alterados para
uma aplicação mais consistente com o ambiente atual da empresa?
Como administrar o processo de hibridização de forma estratégica?
1.6 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico da pesquisa é o conjunto de modelos proposto por Boyer e
Freyssenet (1999), que caracteriza modelos principais de crescimento econômico (“orientado
ao consumo”, “orientado à exportação” e ”competitivo e competido”), e modelos de estratégia
29
de lucratividade adotadas pelas empresas automobilísticas (“volume de produção”, “volume e
diversidade”, “qualidade e especialização”, “redução contínua de custos com volume de
produção constante” e “inovação e flexibilidade”).
1.7 RELEVÂNCIA DO PROBLEMA DE PESQUISA
A expectativa do autor é de que este trabalho apóie gestores e estrategistas da cadeia
automotiva na organização de sistemas de produção híbridos, adaptados à realidade brasileira.
Em outras palavras, que esta pesquisa, mais do que uma dissertação de mestrado, seja um
convite à concepção de sistemas pragmáticos e vivenciados na prática cotidiana; úteis, enfim,
aos stakeholders da indústria automobilística.
Espera-se que este trabalho de pesquisa contribua para um melhor entendimento das
relações entre os sistemas de produção automobilísticos e as estratégias de lucratividade
adotadas pela indústria automobilística, apoiando novos trabalhos de pesquisa neste campo do
conhecimento. Sendo os modelos propostos por Boyer e Freyssenet de concepção
relativamente recente, espera-se que o estudo de caso apresentado incentive os pesquisadores
da área de competitividade, estratégia e organização da produção a pesquisar a validade dos
modelos em outros estudos de caso, tanto na indústria automobilística quanto em outras
indústrias onde sejam aplicáveis sistemas de produção.
Para o autor, este trabalho de pesquisa é um reencontro com o sistema de produção
que teve a oportunidade de implantar na empresa. Um sistema de produção é uma obra
estratégica dinâmica e viva, que deve cumprir seu papel de catalisar resultados e enriquecer o
trabalho cotidiano, contribuindo para a competitividade da empresa e do país.
1.8 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Não é pretensão deste estudo esgotar o tema, que por sua extensão, importância,
interdisciplinaridade e abrangência merece atenção dos pesquisadores, com análise dos
aspectos não abordados nesta dissertação. Assim sendo, este estudo será limitado em suas
dimensões temporal, geográfica, setorial e de escopo.
O levantamento bibliográfico quanto à evolução dos sistemas de produção limitar-se-á
a suas principais características, ao ambiente econômico no qual surgiram e sua evolução,
mutação ou desuso, e os impactos na relação com os trabalhadores.
30
As avaliações de compatibilidade das estratégias de lucratividade limitam-se ao
modelo de distribuição de renda e de desenvolvimento econômico e de brasileiro, tal como
formulado (ou interpretado) no ano de 2005. Dada a freqüente mudança das políticas
econômicas no país, o leitor deve armar-se de cautela ao utilizar as conclusões desta pesquisa
fora de seu contexto original.
Como restrição geográfica e setorial, apenas a unidade de produção de automóveis de
Juiz de Fora da DaimlerChrysler é objeto da pesquisa. Apesar da empresa possuir também
uma unidade de produção de veículos comerciais (caminhões e ônibus) e de seus agregados
no ABC paulista, a estratégia competitiva da unidade de veículos comerciais diverge quanto
ao mercado-alvo, características da linha de produção e da cadeia logística, e pelo próprio fato
do produto, não sendo recomendável um estudo conjunto das unidades, pois isto levaria a
perda de foco do trabalho de pesquisa.
Por razões de escopo, limita-se o levantamento e a análise dos dados levantados aos
aspectos relativos a hibridização, tal como percebida por gerentes, supervisores de área,
supervisores de linha e porta-vozes das áreas diretamente ligadas à produção. Entende-se que
um número excessivo de perguntas traria redução no número de questionários respondidos,
com conseqüente perda de dados e de qualidade da pesquisa realizada.
1.9 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho foi organizado de forma a trazer ao leitor uma revisão estratégico-
conceitual, focada nos objetivos da pesquisa. Os objetivos da pesquisa orientaram todo o
desenvolvimento da dissertação. Apresenta-se assim a seguinte estrutura:
O capítulo 1 – Introdução apresenta de forma resumida o contexto atual da
indústria automobilística e os questionamentos preliminares referentes a
convergência dos sistemas de produção enunciada por Womack (1992),
enunciando sucintamente o modelo proposto por Boyer e Freyssenet (1999), marco
teórico deste trabalho, os questionamentos de Pries (2001) e, a partir destes,
apresenta o caso da unidade de Juiz de Fora da DaimlerChrysler. O modelo de
Boyer e Freyssenet (1999) e o caso da DaimlerChrysler inspiram os objetivos do
trabalho e as questões de pesquisa apresentadas neste capítulo, que também
apresenta os aspectos metodológicos preliminares, a relevância do tema para a
sociedade, para a ciência aplicada e para o autor, as restrições que delimitam o
objeto desta pesquisa e como esta está estruturada.
31
O capítulo 2 – A Evolução dos Sistemas de Produção apresenta a evolução dos
sistemas de produção automobilísticos: O Pré-Taylorismo, o Taylorismo, o
Fordismo, o Sloanismo, o Volvismo, o Toyotismo, o Sistema de Produção
Mercedes-Benz, objeto deste estudo de caso e as tendências atuais da evolução dos
sistemas de produção automobilísticos. A revisão bibliográfica referência os
sistemas de produção apresentados aos ambientes econômicos em que foram
concebidos e se desenvolveram, e os impactos nas relações de trabalho, com o uso
dos modelos de análise de Boyer e Freyssenet (1999).
O capítulo 3 – Metodologia de Pesquisa apresenta uma breve revisão dos conceitos
de método de pesquisa e dos tipos de pesquisa; a opção metodológica escolhida, o
delineamento da pesquisa, as formas do levantamento de dados de pesquisa e de
sua análise, utilizados na elaboração deste trabalho.
O capítulo 4 – A Fábrica de Automóveis DaimlerChrysler Brasileira apresenta um
breve histórico da unidade, desde sua concepção aos dias atuais, e o histórico da
implantação dos Sistemas de Produção Juiz de Fora (SPJ) e Mercedes-Benz (MPS
– Mercedes-Benz Produktionssystem).
O capítulo 5 – Modelo Proposto apresenta a caracterização do modelo de
distribuição de renda e crescimento econômico brasileiros, a estratégia de
lucratividade mais pertinente a este modelo, e a aplicação do modelo proposto por
Boyer e Freyssenet (1999) ao Sistema de Produção Mercedes-Benz na unidade de
Juiz de Fora.
O capítulo 6 – Análise dos Dados apresenta o resultado da coleta dos dados de
percepção de gerentes, supervisores de área, supervisores de linha e porta-vozes
sobre o sistema de produção da fábrica mineira, analisando cada elemento do
sistema com base nos dados levantados e no histórico detalhado, conhecido
previamente à realização da pesquisa.
O capítulo 7 – Conclusão, derradeiro capítulo deste trabalho de pesquisa, consolida
as respostas às questões de pesquisa, referência e analisa o alcance dos objetivos de
pesquisa propostos, a eficácia da metodologia de pesquisa empregada e traz
recomendações para novos trabalhos de investigação sobre os sistemas de produção
automobilística no Brasil.
32
Desta forma, verifica-se que há uma seqüência lógica dos capítulos da dissertação,
onde a introdução guiou cada uma das etapas do trabalho de pesquisa; o referencial teórico
construiu a base para o entendimento do modelo; a metodologia orientou a preparação dos
instrumentos de pesquisa; o referencial teórico, o histórico da unidade e da implantação
permitiram uma análise crítica dos dados coletados, orientando a síntese apresentada no
último capítulo.
As Referências e os Apêndices complementam a dissertação apresentada.
33
2 A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Os Sistemas de Produção sofreram grandes transformações no decorrer do século XX.
Apesar das transformações, coexistem os diversos sistemas de produção ao longo do tempo:
ainda hoje temos aplicações de sistemas de produção pré-tayloristas, tayloristas, toyotistas,
sociotécnicos e um sistema de produção concebido analiticamente, que combina várias
características dos sistemas citados e acrescenta outros elementos relativos à gestão: o
Sistema de Produção Mercedes-Benz.
A questão da prevalência ou convergência a um modelo de produção (o denominado
One Best Way”) será analisada neste capítulo.
2.1 O PRÉ-TAYLORISMO
O cenário industrial antes do surgimento do Taylorismo consistia em organizações
descentralizadas, ainda que localizadas nem uma mesma cidade. O sistema era coordenado
diretamente pelo dono, que tinha contato com todos os envolvidos: clientes, operários,
fornecedores, etc. (WOMACK, 1992)
O volume de produção era baixo, o projeto variava quase que de veículo a veículo e as
máquinas-ferramentas eram de uso geral. A força de trabalho era altamente especializada, e
muitos empregados tendiam a abrir sua própria empresa após alguns anos de experiência. Os
custos de produção eram altos e não caíam com o aumento do volume; só a classe mais
abastada podia comprar carros que, em geral, eram pouco confiáveis e de baixa qualidade
(WOOD, 1992).
2.2 O TAYLORISMO
O Taylorismo é o nome dado às aplicações, nos mais diversos campos das atividades
humanas, a um conjunto de princípios enunciados por Frederick Winslow Taylor, engenheiro-
chefe da Bethlehem Steel Corporation, no início do século XX, em sua obra “Princípios da
Administração Científica”. Os princípios da divisão do trabalho entre o fazer e o pensar, e do
estabelecimento de um “ótimo” de produtividade através do uso das técnicas do estudo de
tempos e movimentos, influenciaram em todo o mundo a organização do trabalho e o modo
de pensar no século XX.
34
Os elementos da administração cienfica, nas palavras de Taylor, são:
– estudo do tempo, com os materiais e métodos para realizá-lo corretamente;
– chefia numerosa e funcional e sua superioridade sobre o velho sistema do
contramestre único;
– padronização dos instrumentos e material usados na fábrica e também de todos os
movimentos do trabalhador para cada tipo de serviço;
– necessidade de uma seção ou sala de planejamento;
– princípio da exceção na administração;
– uso de régua de cálculo e recursos semelhantes para economizar tempo;
– fichas de instrução para o trabalhador;
– idéia de tarefa na administração, associada a um alto prêmio para os que realizam
toda a tarefa com sucesso;
– pagamento com gratificação diferencial;
– sistema mnemônico para classificar os produtos manufaturados e ferramentas
usadas, etc.;
– sistema de rotina;
– novo sistema de cálculo do custo. (TAYLOR, 1907)
Taylor definiu “gratificação diferencial” como o pagamento de 60% a mais no valor
por peça se o operário realizasse toda a tarefa determinada para o dia. Para o autor, somente
são eficazes o pagamento imediato do desempenho diferenciado, e não anual. Seria pago um
bônus adicional elevado para um ganho de produtividade elevado, conseguido através da
aplicação da administração científica.
O “princípio da exceção” é uma forma de divisão do trabalho administrativo.
Não é raro ver o espetáculo aflitivo que oferece o diretor de uma grande empresa,
completamente mergulhado em seu escritório num oceano de papéis, sobre cada um
dos quais se acredita obrigado a por sua aprovação ou visto. O princípio de exceção
é absolutamente o contrário disto. Segundo este princípio, o diretor não deve receber
senão relatórios condensados, resumidos e necessariamente, comparativos; estes
resumos devem ser cuidadosamente estudados por assistentes, antes de chegar a ele,
os quais apontarão todas as exceções notórias, boas ou más, aos processos antigos e
derrogações ás regras estabelecidas, de modo a darem em alguns minutos uma idéia
de tudo. (TAYLOR, 1907)
As propostas de Taylor (redução do custo unitário através do aumento da
produtividade, e aumento dos salários com o aumento de produtividade) se mostrariam
válidas em todo contexto de grande crescimento dos mercados.
O baixo custo da produção, que resulta do grande aumento do rendimento, habilitará
as companhias que adotaram a administração científica e, particularmente, aquelas
que a instituírem em primeiro lugar, a competir melhor do que antes e, com isto,
ampliarão seus mercados, seus homens terão constantemente trabalho, mesmo em
tempos difíceis, e ganharão maiores salários, qualquer que seja a época. Isto
significa aumento de prosperidade e diminuição de pobreza, para toda a
comunidade. (TAYLOR, 1907)
35
Para Taylor, não poderia haver participação dos operários na concepção da forma de
realizar o trabalho. Segundo o autor,
[...] em quase todas as artes mecânicas, a ciência que estuda a ação dos trabalhadores
é tão vasta e complicada, que o operário, ainda que o mais competente, é incapaz de
compreender esta ciência, sem a orientação e auxílio de colaboradores e chefes, quer
por falta de instrução, quer por capacidade mental insuficiente. (TAYLOR, 1907)
Os princípios enunciados por Taylor enfrentaram forte reação por parte dos
trabalhadores especializados da indústria. Sua aplicação implicava em grande perda da
autonomia do operário, e o elevado desgaste com as equipes acabou levando à demissão de
Taylor da Bethlehem Steel Corporation, mas não antes de conseguir grandes ganhos de
produtividade com a aplicação dos princípios da administração científica.
Os princípios enunciados por Taylor seriam aplicados por Ford, em um sistema de
produção que veio a ser denominado Fordismo, que é detalhado no tópico a seguir.
2.3 O FORDISMO
Com o Fordismo o automóvel se tornou um produto de consumo de massa ou pelo
menos ao alcance da classe média, e inclusive dos operários que o fabricavam, graças a seu
baixo preço, aos salários elevados e às próprias facilidades de crédito introduzidas pela
administração da Ford Motor Company.
Ford revolucionou a indústria do automóvel, ao inaugurar em 1913 a primeira linha de
montagem, na nova fábrica de Highland Park, em Michigan. Com a aplicação dos princípios
enunciados por Taylor e a linha de produção contínua, tornava-se absolutamente dispensável
o operário – artesão, e desenvolveu-se a produção em grande escala.
A intensificação do ritmo de trabalho – graças à especialização, à divisão do trabalho e
à individualização das tarefas em linhas de montagem mecanizadas – permitiu um grande
aumento da produtividade, e, por conseguinte, a redução dos custos de produção.
Segundo Wood (1992), o conceito-chave da produção em massa não é a idéia de linha
contínua, mas a intercambiabilidade completa e consistente das peças e a simplicidade de
montagem. Wood (1992) relata que mesmo antes da introdução da linha de produção
contínua, Ford já tinha reduzido o ciclo de tarefa de 514 minutos para 2 minutos, e a
introdução da linha contínua reduziu este número para a metade.
36
Nas linhas de produção contínua, trabalhava grande quantidade de imigrantes que
chegaram a América do Norte no início do século XX. Em contraste como sistema de
produção pré-taylorista, o trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa. Não
comandava equipamentos, não preparava máquinas, não realizava reparos, nem inspecionava
a qualidade. Com freqüência, nem mesmo entendia o que seu vizinho fazia. O planejamento e
controle das tarefas eram de responsabilidade do engenheiro industrial.
As mudanças implantadas permitiram a redução do esforço humano, o aumento de
produtividade e a redução dos custos proporcionalmente à elevação do volume produzido.
Ford também conseguiu reduzir drasticamente o tempo de preparação de máquinas, pois estas
executavam apenas uma tarefa por vez. As máquinas foram colocadas na ordem do processo.
Com uma produção anual de quase 250 mil unidades, Ford reduziu o preço do seu modelo T
(figura 1) para 500 dólares. O crescimento dos lucros refletiu-se no pagamento de mais de
11,2 milhões de dólares em dividendos em 1913 (GRAÇA, 2002).
Figura 1 O modelo Ford T, símbolo da popularização do automóvel
Fonte: Henry Ford Museum (2006)
Por outro lado, o novo sistema de produção levou a um grande aumento do turnover
dos operadores. Segundo Graça (2002), o turnover superava 50% ao mês.
No início de 1914, Ford eleva o salário-hora para cinco dólares por dia de trabalho de
oito horas, em um mercado que pagava dois dólares e 34 cents por 9 horas de trabalho diário,
além de um esquema de participação nos lucros. É de interesse observar que esta ação já havia
37
sido formulada por Taylor: crescimento dos salários de acordo com a produtividade, que no
caso do Fordismo, era assegurado pela própria cadencia da linha de produção.
Além de estabilizar a mão-de-obra (mais de 70% da qual era recrutada nas levas de
imigrantes que chegavam à América), aumentar a produção e estimular a produtividade do
trabalho, Ford pretendia também fazer do seu produtor de massa um consumidor de massa:
“Um carro para as massas… Um em cada família… Nada fará tanto quanto construir estradas
como um carro em cada família” (FORD, 1926).
Comercialmente, o modelo T foi uma história de sucesso: venderam-se mais de 15
milhões de carros deste tipo até 1927. Em 1918, metade dos carros americanos eram Modelos
T.
A Ford verticalizou-se totalmente, produzindo todos os componentes dentro da própria
empresa, buscando tolerâncias mais estreitas e prazos de entrega mais rígidos, não atendidos
pelos fornecedores à época. A fábrica de River Rouge incluía todos os processos necessários
para a produção de um automóvel: uma siderúrgica, uma fábrica de vidros, e a fábrica de
automóveis. Minério de ferro e carvão eram trazidos à fábrica por navios a vapor e por trem
para a produção de ferro e aço. Laminadoras, Forjarias, prensas e linhas de montagem
transformavam o aço em molas, eixos e carrocerias. Fundições convertiam o ferro em blocos
de motor e cabeçotes, que com outros componentes iriam para a montagem de motores. Em
1927, todos os passos para a conversão de matérias-primas em um automóvel eram realizados
na fábrica, que chegou a empregar 80 mil pessoas. Isto gerou um grande sistema burocrático
de controle.
Para Tolliday (1992) a grande contribuição para a vantagem em custos da Ford vinha
da produção em massa de sua fundição, áreas de usinagem e dos departamentos de
componentes, produzidos em massa nas grandes fábricas.
No entendimento de Lima (1993), o Fordismo aplica três princípios: produtividade,
intensificação e economicidade. Os dois primeiros referem-se ao tempo e o terceiro refere-se
ao material.
O “princípio da produtividade” consiste em aumentar continuamente a capacidade de
produção de cada elemento produtor. Se o operário consegue, no mesmo período e com a
mesma jornada de trabalho, produzir o dobro de produtos, recebendo o dobro de salário, terá
auferido vantagens, e proporcionado vantagens ao empregador (pela ampliação da produção)
e ao consumidor (pela possibilidade de redução do preço, gerada pela redução do preço de
custo em razão da distribuição das despesas fixas por uma produção maior).
38
Na relação entre o capital de giro necessário para a fabricação e a duração dos
processos de fabricação está o “princípio da intensificação”. Se houver redução do tempo de
fabricação, isto é, se for acelerado o ritmo de trabalho, o ciclo de produção será mais rápido e
também o retorno do investimento realizado.
O princípio da economicidade consiste em reduzir ao mínimo o volume da matéria-
prima em curso de transformação. Intensificando o ritmo de trabalho, ritmando-o, pode-se
reduzir o volume de matéria prima. É um princípio complementar ao princípio da
intensificação (CHIAVENATO, 1993).
Ferreira (1991) resume as principais características da produção em massa introduzida
por Ford:
Racionalização taylorista do trabalho com profunda divisão horizontal –
parcelamento de tarefas – e vertical – separação entre planejamento e execução, e
especialização do trabalho em um escopo muito limitado.
Desenvolvimento da mecanização através de equipamentos altamente
especializados; padronização em massa do produto final; passagem de um sistema
de tempos alocados, onde o tempo a ser gasto na execução de cada tarefa é
determinado pela gerência, para um sistema de tempos impostos, no qual a
cadencia do trabalho é regulada mecânica e externamente ao trabalho.
Salários relativamente elevados e crescentes, incorporando ganhos de
produtividade para compensar o tipo de processo de trabalho predominante.
Todavia, a depressão americana e a saturação do mercado modificariam este cenário.
Para que haja produção em massa, é necessário que haja o conjunto de condições que leve ao
consumo em massa. A redução do consumo leva à crise do modelo implantado por Ford.
Na década de 30, as relações de trabalho haviam degradado muito, com redução de
salários e insegurança de emprego. Com o New Deal (1933), Ford encontra dificuldades
adicionais (GRAÇA, 2002):
Recusa-se a assinar o National Industrial Recovery Act (NIRA), por não querer a
negociação coletiva nem a intromissão dos sindicatos nas suas fábricas.
Apesar de o NIRA ter sido considerado anticonstitucional pela Corte Suprema
norte-americana, há uma nova ameaça – o Wagner Act – que obriga empregadores
e sindicatos a se entenderem.
39
Até 1941 – quando a Ford autorizou a sindicalização de seus funcionários e
reconheceu o direito à negociação coletiva – a empresa manteve uma relação de conflito com
os sindicatos.
Em 1939, a Ford perdeu a liderança do mercado norte-americano para a General
Motors, que a mantém até hoje.
2.4 O SLOANISMO
Alfred Sloan, presidente da General Motors (GM) introduziu a obsolescência
programada e o marketing de variedade no mercado automobilístico. A cada ano, novas
opções de estilo e conforto seriam oferecidas que tornavam o modelo de um ano superior ao
modelo anterior. Estas mudanças correriam em aspectos percebidos facilmente pelo cliente e
de grande apelo, estimulando o cliente à troca anual de seu carro.
No gerenciamento da empresa, Sloan criou divisões, com produtos orientados a
atender os anseios do cliente nas diversas posições sociais e etapas de sua vida – a
segmentação de mercado – com as marcas Chevrolet, Pontiac, Oldsmobile, Buick e Cadillac.
As atividades de desenvolvimento do produto e de marketing eram orientadas a cada
segmento de clientes. As marcas da General Motors não concorriam entre si, mas
estimulavam os clientes a manter a fidelidade à “marca-mãe” General Motors, e por outro
lado aumentavam a estabilidade financeira do grupo nos diversos cenários econômicos, graças
a variedade do portfólio de produtos.
A recusa de Ford em alterar seu modo de produção levou a GM a ultrapassar a Ford na
liderança do mercado americano, posição que mantém até os dias de hoje. Caprioni (2001)
ressalta que a estratégia de diversificação foi o principal fator de sucesso para a conquista da
liderança do mercado automotivo norte-americano.
O sloanismo não modificou fundamentalmente o modelo fordista, entretanto integrou
a lógica da produção à lógica de marketing. O modelo de Sloan prevaleceu até meados da
década de 50.
40
2.5 O VOLVISMO
O Volvismo, ou modelo sociotécnico, baseava-se na autonomia de grupos de trabalho,
que determinavam a melhor maneira de realizar a montagem do veículo, em um ciclo de
trabalho longo, com grande enriquecimento das tarefas. Sua primeira aplicação em larga
escala foi na fábrica de Kalmar, Suécia. Ao final dos anos 60, a Volvo enfrenta uma crise no
trabalho, com aumento do absenteísmo, do turn over e do refugo de produção.
Em estratégia diversa de outras montadoras, a Volvo inicia ao final dos anos 60
diversas experiências buscando alternativas à divisão do trabalho fordista, apoiada por
pesquisadores como Einar Thorsrud e pelo Instituto Sociotécnico de Tavistock, Londres.
Depois de algumas experiências limitadas em Torslanda, nos arredores de Göteborg, a Volvo
decide construir uma fábrica em Kalmar, baseada em novos princípios técnicos,
organizacionais, sociais e arquitetônicos, para atender a demanda crescente de veículos de alto
luxo.
O trabalho na unidade foi organizado em grupos de trabalho, com células de 15 a 20
pessoas, e utilizando veículos guiados automaticamente para transportar o carro em processo
de montagem de uma célula a outra. O tempo de ciclo era de 25 a 30 minutos.
A Volvo buscava o reconhecimento de sua iniciativa e beneficiar a imagem de seus
produtos, reforçando a reputação de qualidade de seus produtos.. Isto foi alcançado, e também
a imagem de que a montagem de um Volvo seguia os novos princípios focados em relações
industriais democráticas. Em 1974, Kalmar tornou-se, assim, um símbolo das novas formas
de organização do trabalho na Europa e no resto do mundo e, decididamente, o ponto de
partida para a era do pós-fordismo e pós-taylorismo (ORTSMAN, 1984; BERGGREN, 1994;
GRAÇA, 2002).
Todavia, se o absenteísmo e o turn over eram baixos, a satisfação dos operadores não
era tão evidente quanto esperada. O aumento da autonomia, o alongamento dos tempos de
ciclo e a realização de mais tarefas não haviam modificado a natureza do trabalho, que
permanecia intocada, ao sabor das operações sem ligação lógica entre elas, onde a ordem de
realização continuava a responder ao equilíbrio de tempos entre os postos de trabalho, e não a
um princípio de compreensão pelo montador, como seria o caso da fábrica de Uddevalla.
No início dos anos 80, uma lei aprovada pelo parlamento sueco dava aos sindicatos o
poder de co-decisão relativo à contratação, demissão e organização do trabalho. Neste
contexto, os sindicatos se encontravam na posição de influir na concepção dos projetos de
reorganização do trabalho da Volvo. Ao mesmo tempo, os clientes da marca – voltada ao
41
segmento de alto luxo – exigem maior diversificação dos produtos. A flexibilização dos meios
de produção se impôs, não apenas para melhorar as condições de trabalho para os operadores,
mas também para permitir uma produção diversificada. Neste contexto é concebida a fábrica
de Uddevalla, que deveria responder não somente às exigências de enriquecimento do
conteúdo do trabalho, mas também às preocupações de flexibilidade e qualidade, sem
ultrapassar os tempos de montagem de uma linha clássica fordista, como aquelas da fábrica de
Torslanda.
A produção prevista para Uddevala era de 40.000 unidades por ano, em um turno, com
um efetivo de 1000 funcionários. Planejada em um período muito favorável para a Volvo, a
fábrica é inaugurada em uma crise de mercado, em 1990. A curva de capacidade e de
implantação do projeto é redimensionada. A capacidade máxima instalada atinge 104 veículos
por dia, produção atingida em meados de 1992, e ultrapassada ao fim de 1992 em razão da
curva de aprendizado dos montadores. No mesmo ano, a Volvo decidiu fechar a unidade, em
razão da queda das vendas nos mercados americano e inglês.
Os membros da equipe cumprem diferentes funções: porta-voz, gerenciamento das
modificações, controle da qualidade, manutenção, administração de pessoal e formação., além
da montagem. O porta-voz comunica diariamente ao grupo o programa de produção,
transmite informações e solicitações do chefe da ala de montagem, gerencia o orçamento de
pequenas compras, e organiza a divisão do trabalho na equipe. O porta-voz podia autorizar
horas de ausência de até 1 dia por ano, compensadas pelos operadores em seus dias de férias.
A função “administração de pessoal” consiste em administrar os problemas relativos a
ausências, em especial se causadas por doenças, diretamente com a área de recursos humanos.
O chefe da ala de montagem é simplesmente informado.
A função “manutenção” é essencialmente preventiva, pois não é possível transferir as
atividades de manutenção integralmente para as equipes; as atividades corretivas ficavam sob
a responsabilidade de uma equipe de manutenção central.
A função “formação” consistia em apoiar, ajudando a completar o trabalho, os novos
funcionários vindos da célula de aprendizagem, ou outros funcionários da célula em postos
específicos.
O chefe da ala de montagem se reunia diariamente com os porta-vozes para comentar
os problemas ocorridos na véspera.
42
Charron e Freyssenet (1994) destacam que os indicadores produtividade de Uddevala
(35 homens-hora pagos por veículo) mostraram-se, ao final, melhores que os de Torslanda
(40 homens-hora pagos por veículo), melhores que a média européia (57 homens-hora pagos
por veículo) e piores que a média japonesa (16,9 homens-hora pagos por veículo).
Vários elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz têm sua referência na
abordagem sociotécnica aplicada em Uddevalla.
Com o fechamento das fábricas de Uddevala e Kalmar, várias perguntas jamais
poderão ser respondidas sobre o sistema sociotécnico de produção, ou Volvismo.
2.6 O TOYOTISMO OU SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
A partir dos anos 50, cresce a preferência dos consumidores norte-americanos por
carros europeus, que ofereciam maior inovação tecnológica a preços mais reduzidos, em razão
dos menores custos salariais das fábricas européias e de um dólar forte frente às moedas
européias. Relata Womack:
Aliadas aos reduzidos salários europeus, tais variações de produtos representavam a
abertura competitiva em direção aos mercados de exportação mundiais. E, como os
norte-americanos antes deles, os europeus colheram sucesso após sucesso nos
mercados estrangeiros por um período de 25 anos, do início dos anos 50 a meados
dos anos 70. (WOMACK, 1992)
Também nos anos 50 o Japão iniciou um grande esforço de crescimento econômico
baseado nas exportações. Em 1970, as exportações japonesas de automóveis alcançam 1,09
milhões de unidades, ultrapassando as exportações de automóveis da Itália, dos Estados
Unidos e da Grã-Bretanha, tornando o Japão o terceiro maior país exportador de automóveis
do mundo.
Em 1971, o Japão ultrapassa a França na exportação de veículos, e em 1974, o Japão
ultrapassa a Alemanha, com um total de 2,6 milhões de unidades exportadas. Em 1975, as
exportações japonesas atingiam 38,6% do volume total de veículos exportados em todo o
mundo.
A figura 2 mostra a evolução das exportações japonesas de automóveis.
43
Evolução das exportações japonesas de automóveis
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
4000000
4500000
5000000
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
Anos
Volumes
Figura 2 Evolução das exportações japonesas de automóveis
Fonte: Japan Automobile Manufacturers Association (2006).
O acelerado crescimento da participação japonesa na produção mundial de veículos
eleva a participação japonesa no mercado mundial de automóveis de uma fração inferior a 1%
em 1955, a superar 30% do mercado mundial no início dos anos 80.
Sob pressão norte-americana, o país adota uma política de “cotas de exportação” para
os Estados Unidos a partir de 1981, que permanece até 1994. Entretanto, as montadoras
japonesas já haviam iniciado a construção de fábricas nos Estados Unidos a partir do final dos
anos 70. Em 1978 a Honda inaugurou sua unidade americana, iniciando a produção local em
1982. Em 1984, a Toyota iniciou a produção em uma joint-venture com a General Motors – a
NUMMI – e mais tarde, inaugurou sua própria fábrica.
Em especial uma montadora japonesa – a Toyota – destacava-se pela qualidade de
seus produtos e rápida expansão de modelos oferecidos no mercado americano. Em 1975, a
Toyota oferecia sete modelos e suas vendas não ultrapassavam 500 mil carros vendidos por
ano no mercado americano; dez anos mais tarde, a montadora japonesa oferecia treze modelos
e se aproximava de vendas da ordem de 1 milhão de carros nos Estados Unidos, com um
crescimento contínuo e consistente (em 2003, a Toyota oferecia 27 modelos no mercado
estaduniense, e aproximava-se de volumes anuais de vendas de 2 milhões de carros, com
44
vendas globais de 6,78 milhões de carros; ultrapassando a Ford, que vendeu naquele ano 6,72
milhões de carros em todo o mundo).
A habilidade da companhia japonesa em produzir e vender seus produtos com uma
acelerada ampliação de sua linha de modelos chamou a atenção de toda a indústria
automotiva. A apresentação pioneira das razões de sucesso da companhia foi feita por Ohno
(1978) em seu livro “O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala”, que
mostrava a origem, as inovações e a evolução do sistema de produção utilizado na montadora
japonesa. Seguiu-se o trabalho de Schonberger (1992) com o livro “Técnicas Industriais
Japonesas”, em que apresentava detalhadamente a aplicação do Just-in-time e a eliminação do
desperdício como mecanismos para uma produção otimizada. No ano seguinte, Monden
(1983) publicaria o livro “Sistema de Produção Toyota”, detalhando o Sistema Toyota de
Produção. Iniciava-se uma produção intensa de artigos acadêmicos e pesquisas que buscavam
analisar, descrever os elementos do sistema e explicar o sucesso do sistema de produção
aplicado na montadora, e discutir a aplicabilidade do Sistema de produção Toyota em outros
ambientes que não o Japão.
A Toyota define seu sistema de produção como uma evolução do sistema de produção
histórico desenvolvido por Henry Ford, sendo:
[...] um quadro de conceitos e métodos para o aumento da vitalidade da companhia,
que permite às companhias conquistar ganhos contínuos em produtividade com a
satisfação das expectativas dos clientes quanto a qualidade e pronta entrega. (Toyota
Motor Corporation, 1995)
O primeiro dos princípios aplicados na Toyota foi o projeto e aplicação de máquinas
que em caso de problemas de qualidade paravam automaticamente, chamando a atenção para
o problema. Sua aplicação foi feita em teares automáticos por Sakichi Toyoda, antes do início
da manufatura de veículos pela empresa.
Nos anos 30, iniciaram-se as operações de fabricação de veículos, e Kiichiro Toyoda,
visitando fábricas da Ford nos Estados Unidos, verificou que para a aplicação do sistema de
linha contínua na Toyota seria necessário disponibilizar as quantidades e peças estritamente
necessárias, apenas no momento em que fossem necessárias para os diferentes processos na
seqüência de montagem.. Para tanto, a produção e o transporte deveriam acontecer
simultaneamente e de forma síncrona em toda a seqüência de produção – nascia o “Just-in-
time”.
45
Taichi Ohno, engenheiro da companhia, impressionou-se com os supermercados
norte-americanos, onde as gôndolas eram repostas à medida que os produtos eram retirados, e
traduziu este conceito para a produção, onde as informações de retirada de peças e ordem de
produção seguiriam através de cartões de papel – o Kanban.
Segundo a Toyota, as condições para que as companhias tenham benefícios efetivos
com a aplicação do Sistema de Produção Toyota são o comprometimento da alta direção,
participando diretamente da implantação do sistema e instruindo as gerências intermediárias a
fazer o mesmo, e a participação de todos os funcionários no sistema.
Em 1985, um programa de pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachussets
(MIT – Massachussets Institute of Technology) iniciou uma pesquisa de cinco anos,
denominada Programa Internacional de Veículos Automotores (IMSP), com o objetivo de
analisar a totalidade das tarefas necessárias para a manufatura de um automóvel ou de um
caminhão: avaliação do mercado, projeto do produto, engenharia detalhada, coordenação da
rede de fornecedores, operação das fábricas individuais, venda e assistência técnica do
produto acabado. O projeto foi patrocinado por 36 organizações, consumindo 5 milhões de
dólares e gerou 116 monografias de pesquisas, resumidas em um livro: “A Máquina que
Mudou o Mundo”, que alcançou repercussão mundial. O conjunto de técnicas e conceitos
apresentados no livro é denominado “lean manufacturing”, ou “produção enxuta”.
Diversos autores apresentaram suas definições para produção enxuta. Forza (1996)
consolidou os conceitos apresentados por Womack et al. (1992); Ohno (1978); Schonberger
(1982, 1986, 1990); Flynn et al. (1994); Monden (1983); Gunn (1987); e Giffi (1990), e
apresenta o conjunto de elementos do Sistema de Produção Toyota dividindo-os em “práticas
de produção enxuta” e ”práticas de organização do trabalho”. Segundo o autor, as práticas de
produção enxuta do Sistema Toyota de Produção são as seguintes:
Planejamento de produção rolante: utilização de planos de produção de longo prazo
para esboçar o planejamento da capacidade de produção e fazer acordos de
compras com fornecedores. Uso de planos de produção de curto prazo para definir
a configuração final dos produtos. Os planos de produção de curto prazo devem ser
refeitos várias vezes em um dado período e deve ser analisado com um
detalhamento crescente.
Aderência detalhada ao programa: Todos os dias a fábrica deve cumprir o
programa de produção conforme planejado e o programa deve ser razoável,
permitindo o seu efetivo cumprimento.
46
Lay-out dos equipamentos: O lay-out dos equipamentos deve corresponder à
seqüência de operações e deve minimizar o manuseio de materiais e o
armazenamento de peças.
Projeto orientado a manufatura: intensidade com que é priorizada a facilidade de
fabricação e montagem no projeto do produto e do processo. São utilizadas
abordagens como o projeto voltado a montagem, projeto voltado a fabricação e a
simplificação do produto.
Participação de clientes no planejamento da qualidade: Participação de alguns
clientes nos esforços para a melhoria da qualidade. O envolvimento dos clientes é
considerado um elemento chave na melhoria da qualidade: solicitam-se aos clientes
sugestões de melhorias.
Controle de processos: uso extensivo de ferramentas de controle estatístico de
processo para manter o controle dos processos produtivos, com uso abrangente de
gráficos.
Relacionamento com fornecedores orientado à qualidade: verificação se os
fornecedores estão certificados para a qualidade; escolha dos fornecedores feita
através de critérios de qualidade; envolvimento ativo dos fornecedores em temas
ligados a modificações do produto e problemas de qualidade. Busca-se o
relacionamento de longo prazo com os fornecedores.
Manutenção: Manutenção preventiva e corretiva em base regular. Uma parte do dia
(turno ou parte de um turno) é dedicada a manutenção.
Integração funcional / Coordenação da tomada de decisão: funções e departamentos
trabalham de forma integrada, com bom relacionamento entre áreas e entre
funcionários.
Redução do tempo de preparação de máquinas: presença de equipamentos de
tempos curtos de preparação e atenção a redução destes tempos.
As práticas de organização do trabalho do Sistema Toyota de Produção são as
seguintes:
Comprometimento com o processo de melhoria contínua: Os funcionários
acreditam que a melhoria da qualidade é sua responsabilidade e trabalham para a
melhoria contínua dos processos e do produto.
Resolução de problemas em pequenas equipes: uso efetivo de pequenas equipes
para a solução de problemas. As opiniões e idéias dos membros da equipe são
47
levantadas antes da tomada de decisões. Os membros da equipe são encorajados a
tentar resolver seus próprios problemas. Eficácia das equipes na melhoria de
processos e na solução de problemas.
Sugestões de funcionários (execução e feedback): Consideração, execução e
feedback relativo às sugestões dos funcionários. Operários e supervisores de linha
tem a percepção de que os gerentes consideram com seriedade todas as sugestões
de melhoria dos processos. Os gerentes apresentam porque as sugestões serão ou
não implantadas; muitas sugestões são efetivamente implantadas.
Encorajamento do trabalho em equipe pelos supervisores de linha: O trabalho em
equipe é encorajado, o que inclui a expressão de opiniões e a cooperação mútua
para a melhoria da produção.
Interação entre gerências, técnicos e funcionários / supervisores: elevado nível de
interação entre o corpo gerencial, engenheiros, supervisores e operários no chão de
fábrica. Os engenheiros estão presentes no chão de fábrica para assistir rapidamente
na resolução de problemas quando necessário. O gerente de fábrica é visto no chão
de fábrica quase todos os dias.
Feedback intensivo: feedback referente à qualidade para os gerentes e diretores
quanto a qualidade atingida e o estado da redução do desperdício; feedback para os
operadores referente a qualidade atual, regular e de fácil visualização (por exemplo,
a taxa de defeitos ou a freqüência de parada de máquinas). Utilização de meios de
fácil visualização, como cartazes com gráficos no chão de fábrica.
Descentralização de autoridade: Grau definido de autonomia dos operadores para
tomar decisões sem consultar os supervisores de linha.
Autonomia do operador: Os operadores podem parar a produção caso surjam
problemas, especialmente quanto à qualidade.
Operadores multifuncionais: Os funcionários são treinados para realizar uma série
de tarefas e são treinados em várias estações e postos de trabalho para que possam
substituir outros operadores quando necessário.
Controle Estatístico de Processo realizado pelos operadores: um elevado percentual
dos operadores tem a habilidade de realizar o controle estatístico do processo de
forma autônoma.
48
Execução da manutenção pelos operadores: Manutenção das máquinas utilizadas
na produção é feita pelos operadores, ao invés de por um grupo específico de
manutenção.
Documentação dos procedimentos de produção: Uso sistemático de documentação
escrita dos processos de produção, de fácil entendimento e de fácil acesso.
Forza (1996) destaca que a participação dos operadores é talvez o aspecto no qual há
quase um uníssono entre os pesquisadores. Esta participação manifesta-se em diversas formas,
mas especialmente através de:
Direito dos operadores de interromper o fluxo de produção, caso sejam notadas
anomalias ou defeitos.
Rodízio de tarefas dentro do grupo e apoio mútuo em caso de dificuldades.
Adaptação das equipes de trabalho variação de tarefas e ao fluxo da produção.
Comprometimento de cada operador com a melhoria contínua de cada fator de
produção.
É fundamental destacar o trabalho de Shimizu (1995), que relata que “o sistema de
salários da Toyota, em janeiro de 1990, não é feito exclusivamente com base na remuneração
pela tarefa realizada, mas também com base na idéia de que o salário deve refletir os esforços
feitos pelos operadores para aumentar a eficiência da produção”. De uma forma simplificada,
o autor apresenta a fórmula utilizada para calcular os salários:
Salário mensal = Salário-base x (1+ PAC) x (1+OPC),
onde PAC representa o coeficiente de produtividade e OPC representa o coeficiente de horas
extras.
O autor descreve que na Toyota as atividades de melhoria contínua (Kaizen) ao
aumentar a produtividade de uma seção, levam ao aumento de remuneração para todos os
operadores desta seção. Regularmente, os coeficientes de produtividade das subseções eram
calculados, ajustados para a média de 12 meses e classificados em quatro níveis: A, B, C e D.
Para os grupos que se situassem com Índice de produtividade superior a média do grupo A,
eram reduzidos os tempos de produção e reduzida a quantidade de operários das seções
afetadas. Com isto, provocava-se a necessidade de eliminar o desperdício através de
atividades de melhoria contínua, para que novamente a produtividade aumentasse e com isto,
houvesse novo aumento de remuneração total. O mecanismo levava a intensificação do
trabalho e ao aumento da produtividade.
49
Womack et al. (1992) afirmavam em seu livro que o sistema Toyota de Produção, ou
Sistema de Produção Enxuta é o melhor sistema de produção para o século XXI, superior a
outras formas de organização da produção:
[...] acreditamos que, no final, o sistema de produção enxuta vá suplantar tanto a
produção em massa como os últimos baluartes da produção artesanal em todas as
áreas do esforço industrial para se tornar o padrão universal de sistema de produção
no século XXI. Será um mundo diferente, e bem melhor para se viver. (WOMACK
et.al., 1992)
A afirmativa de que só haveria um caminho para a organização do processo industrial
gerou intenso questionamento no meio acadêmico. Em 1993, uma rede de pesquisa, ligada ao
Grupo Permanente de Pesquisa e Estudos dos Trabalhadores e da Indústria do Automóvel
(GERPISA – Groupe d' Etudes et de Recherches Permanent sur l' Industrie et les Salariés de
l'Automobile) coordenada por Freyssenet e Boyer, em um programa denominado “Emergência
de Novos Modelos Industriais na Indústria Automobilística”. Os resultados das análises de
Freyssenet e Boyer são discutidos no próximo tópico.
2.7 OS MODELOS DE BOYER E FREYSSENET
Freyssenet et al. (1999) analisaram a trajetória de várias importantes empresas
automobilísticas no período de 1970 a 1992, buscando responder a dúvidas formuladas pelos
pesquisadores do GERPISA quanto a convergência global a um único sistema de produção,
enunciada por Womack et al. (1992):
Como caracterizar a produção enxuta, e como é possível adotá-la sem adaptações
locais?
Existe um “melhor modo de produzir” (“One Best Way”) universal?
Como homogeneizar globalmente os mercados?
A conclusão do programa de pesquisa do GERPISA é de que há uma diversidade de
condições socioeconômicas onde as firmas evoluem, e que há variedade em suas escolhas
estratégicas e em seus sistemas de produção, embora possa haver uma convergência
transitória de modelos.
De acordo com Freyssenet (1999) “A pluralidade de modelos industriais não é uma
realidade apenas devido a diversidade de contextos sociais e econômicos, mas também uma
necessidade quando as empresas mudam nestes contextos”.
50
Para os autores, há duas condições básicas pra o sucesso de estratégias de
lucratividade:
A pertinência da estratégia de lucratividade em relação aos modelos de distribuição
de renda e crescimento econômico nacionais.
A solidez do acordo de governança da empresa, que permite aos stakeholders
encontrar os meios (portfólio de produtos, organização produtiva e política de
recursos humanos) coerentes com a estratégia de lucratividade escolhida e
aceitáveis por todos os envolvidos. Em outras palavras, a adoção de um modelo
produtivo.
Nesta abordagem, os modelos produtivos são acordos de governança da empresa que
permitem adotar estratégias de lucratividade viáveis nos modelos de distribuição de renda e
crescimento econômico dos países nos quais as empresas automobilísticas atuam, através de
meios coerentes e aceitos por todos os stakeholders.
As empresas que não tiveram sucesso na adoção de um modelo produtivo são
empresas que não atenderam uma das condições necessárias ao sucesso das estratégias de
lucratividade:
sua estratégia de lucratividade não era pertinente ao modo de distribuição e
crescimento econômico nacionais, ou
se tornou inviável devido a mudanças no modelo de crescimento econômico, ou
um acordo de governança nunca foi construído, ou
o acordo de governança foi rejeitado por algum dos stakeholders.
Existem seis possíveis estratégias de lucro: economia de escala, diversidade de
modelos, qualidade do produto, inovação comercialmente pertinente, flexibilidade do
processo produtivo e redução de custos com volume constante. As empresas automobilísticas
utilizaram seis estratégias de lucratividade no século XX:
“diversidade e flexibilidade”,
“volume de produção”,
“volume de produção e diversidade”,
“qualidade e especialização”,
“redução permanente de custos a um volume de produção constante” e
“inovação e flexibilidade”.
51
Estas estratégias não foram igualmente adequadas em todo tempo e lugar, pois cada
uma delas requer certas condições de mercado e mão-de-obra que são criadas por certos
modelos de distribuição de renda e crescimento econômico nacional. Por exemplo, uma
estratégia de “volume de produção” (produção em massa de um único produto) requer, para
sua viabilidade a longo prazo, um aumento contínuo, homogêneo e sem diferenciação social
do poder aquisitivo da população, associado a uma força de trabalho que aceite as condições
de trabalho características de uma produção homogênea. Por outro lado, uma estratégia de
“qualidade e especialização” (oferta de modelos premium que simbolizem o status social do
consumidor) tem sucesso onde há uma proporção substancial de consumidores com
rendimentos elevados, e uma mão-de-obra relativamente mais qualificada.
Boyer e Freyssenet (1999) afirmam que os modelos de distribuição de renda e
crescimento econômico não são numerosos, e que cada modelo de distribuição de renda e
crescimento econômico pode garantir a viabilidade de diversas estratégias de lucratividade, o
que leva a inexistência de um modelo produtivo universal, ou mesmo nacional. Os modelos
de distribuição de renda e crescimento econômico diferenciam-se de acordo com a fonte
principal de crescimento econômico (investimento, consumo ou exportação) e pela forma de
distribuição de renda (“competitiva”, “regulada”, “em função da competitividade interna ou
externa” etc.).
No modelo de desenvolvimento econômico e distribuição de renda denominado
“competitivo e competido”, o crescimento depende da competitividade de cada empresa nos
mercados nacional e internacional e a distribuição interna de renda depende de acordos de
categorias profissionais e locais. No modelo “orientado ao consumo e coordenado”, o
crescimento é baseado no consumo interno, o mercado nacional é protegido e a distribuição
de renda é coordenada em nível nacional em função dos ganhos de produtividade interna
(modelo praticado pelos Estados Unidos, França e Itália no período de 1950 a 1970). No
modelo “exportador especializado e coordenado”, o crescimento é baseado na exportação de
produtos especializados, com um mercado protegido pela qualidade dos produtos, e a
distribuição interna de renda é coordenada em função dos resultados da balança comercial
(modelo praticado hoje pela Alemanha). O modelo “exportador, com base em preço e
coordenado” tem como características a competitividade dos preços dos bens exportados, a
proteção do mercado interno e uma distribuição interna de renda coordenada em função dos
resultados da balança comercial (modelo adotado pelo Japão, Coréia do Sul, entre outros).
52
As estratégias de lucratividade escolhidas correspondem a requisitos específicos
quanto ao portfólio de produtos, organização produtiva e política de recursos humanos, que
envolvem a interação dos stakeholders. Para que isto ocorra, os stakeholders devem
concordar com a estratégia e com as implicações para cada um desses fatores; um efetivo
acordo, em que cada uma das partes tenha a perspectiva de atingir seus objetivos a médio ou
longo prazo, para a construção de um acordo de governança da empresa sólido.
A emergência dos modelos produtivos deriva em parte de processos não-intencionais,
que vem da sincronização de condições que tornam as estratégias de lucratividade e os meios
para sua implantação viáveis. Esta sincronização com freqüência foge ao controle dos
stakeholders. Mesmo o transplante de modelos produtivos não garante esta sincronia.
Modelos produtivos têm muito conhecimento tácito, difícil de imitar, e tem suas origens em
problemas e experiências diárias, em um aprendizado evolutivo (FUJIMOTO, 1999).
Os modelos de distribuição de renda e crescimento econômico não são uma livre
escolha dos países, pois dependem de seus recursos, de sua história, de suas relações
internacionais com outros países, e escapa ao controle das empresas automobilísticas
Freyssenet et al. (1999) entendem que três modelos industriais do setor automotivo
foram lucrativos e tiveram sucesso no período entre 1974 e 1992, com base em estudos
históricos e estatísticos. Os modelos incorporam três estratégicas específicas de lucratividade,
que combinam em diferentes proporções as estratégias de lucro.
Segundo os autores, as três empresas automotivas generalistas que conseguiram lucros
maiores e regulares foram a Volkswagen, a Honda e a Toyota. Cada uma dessas montadoras
tinha sua própria estratégia de lucratividade, portfólio de produtos, organização produtiva,
política de pessoal e acordo de governança corporativa.
A Volkswagen estabeleceu uma estratégia de lucratividade com ênfase em “volume e
diversidade”, aplicando de forma eficiente o modelo sloanista em um período de crescimento
lento de mercado. A Toyota, por sua vez, priorizou a “redução de custo permanente com
volume constante de produção” em quaisquer circunstâncias, e criou um sistema de produção
para operacionalizar esta estratégia: o Sistema de Produção Toyota. A Honda focou em
“inovação e flexibilidade”, criando um modelo industrial que limita na medida do possível os
riscos inerentes a esta estratégia de lucratividade: o modelo Honda.
A única característica comum às três montadoras seria que suas estratégias de
lucratividade consideraram o ambiente macroeconômico, social, e ambiente competitivo em
que se posicionaram para construir um acordo de governança corporativa com os principais
stakeholders, permitindo criar um portfólio de produtos, uma organização produtiva e uma
53
política de recursos humanos coerente com as estratégias de lucratividade escolhidas. Assim,
seu desempenho veio da combinação de relevância externa e coerência interna, e não de sua
excelência de uma ou outra área, que equivocadamente são consideradas como expressão
direta e universal de sua competitividade.
Na década de 70, a flutuação cambial e as crises do petróleo, reduzindo o crescimento
mundial, levaram ao conflito das economias mundiais em busca de mercados. Neste contexto,
os países cujo crescimento baseava-se em exportações e cuja distribuição interna de renda era
função da competitividade externa, como era o caso do Japão e da Alemanha, estavam em
uma posição favorável, e esta situação favoreceu os resultados da Volkswagen, Toyota e
Honda, pois suas estratégias de lucratividade mostraram-se pertinentes àquela situação de
mercado. Um acordo de governança da empresa envolvendo o portfólio de produtos, a
organização produtiva e a política de recursos humanos permitiram a aplicação da estratégia
escolhida de um modo coerente.
No mesmo período, os países cujo crescimento baseava-se no aumento do consumo
interno, e cuja distribuição interna de renda regulava-se pelos ganhos internos de
produtividade tiveram crises econômicas (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Itália).
Nesses países, todos os fabricantes de automóveis passaram por no mínimo uma grave crise
financeira, em razão da incompatibilidade de sua estratégia de lucratividade com o ambiente
macroeconômico, ou porque seu portfólio de produtos, organização produtiva ou política de
recursos humanos não eram coerentes com a estratégia adotada.
O modelo sloanista, coerente com a aplicação de uma estratégia de “volume e
diversidade”, combina economia de escala com a redução da variedade de plataformas, os
efeitos de um portfólio de produtos comercialmente atraente e de margens de lucro de
produtos cuja qualidade é superior à média a um preço um pouco superior. Em um contexto
de crescimento lento de mercados, são pré-requisitos para o sucesso deste modelo a busca de
crescentes economias de escala (graças a uma crescente redução da variedade de plataformas
e ganhos de participação nos mercados e crescimento externo) e um acordo trabalhista ligando
os custos de mão-de-obra à competitividade nas exportações, pré-requisitos cumpridos com
maestria pela Volkswagen, que comunizou as plataformas Volkswagen e Audi, e depois Seat
e Skoda, ampliando sua participação no mercado, e fechou um acordo com os sindicatos que
garantia a estabilidade de empregos, privilegiando a mobilidade e a flexibilidade internas, em
vez da concessão de aumentos salariais. Com a “bolha” de crescimento econômico e a
reunificação alemã, a Volkswagen perdeu o controle desses parâmetros, voltando a
54
estabilidade após o fechamento de novo acordo com os sindicatos, além de uma forte ação de
redução de custos junto a seus fornecedores.
A filosofia fundamental do modelo toyotista, que enfatiza o crescimento da
lucratividade através da “permanente redução de custos a um volume de produção constante”,
baseia-se na incerteza: não se pode ter certeza de nada. Mesmo em períodos de crescimento, a
redução permanente de custos a um volume de produção constante é necessária porque o
ambiente pode mudar com rapidez: o insucesso de um modelo, erros gerenciais, variações
cambiais, e modificações nos ambientes sociais e políticos sempre podem ocorrer. As demais
estratégias de lucratividade são aplicadas como elementos adicionais: o volume de produção,
se o mercado e os recursos internos à empresa o permitirem; diversidade e qualidade, se o
mercado exige e na medida em que isto apóia as vendas. A inovação de produtos não é objeto
da estratégia devido aos riscos intrínsecos a esta opção, mas as inovações podem ser
rapidamente duplicadas e as patentes adquiridas, se aprovadas pelo mercado. Esta estratégia
de lucratividade mostrou-se particularmente adequada em um país que adotou a
competitividade de seus preços de exportação em vários ramos industriais como elemento
fundamental de sua política de crescimento. A redução permanente de custos a um volume de
produção constante é alcançada através da contribuição permanente de funcionários e
fornecedores. A participação ativa dos funcionários é assegurada através da estabilidade de
emprego e carreira, e de um sistema de salários que relaciona o salário mensal ao esforço de
cada equipe para reduzir os tempos-padrão de cada operação; a participação ativa dos
fornecedores é assegurada através de um sistema de garantia de compras, partilha negociada
de lucros, e participações financeiras nos fornecedores. A estratégia trouxe um crescimento
excepcional para a Toyota.
O modelo da Honda aplica a estratégia de lucratividade “inovação – flexibilidade”,
respondendo a demandas latentes do mercado; se há uma resposta positiva ao projeto, os
modelos entram rapidamente em produção, antes que o conceito seja copiado pelos
competidores. Todavia, a estratégia tem elevado risco, pois se uma inovação não vai de
encontro às expectativas latentes dos clientes, ou se superestima ou subestima a demanda, ou
ainda se perde o momento certo de lançar a inovação ou não a prepara para o longo prazo, isto
poderá causar sérios prejuízos. Para minimizar este risco, a empresa faz cuidadosas avaliações
de mercado para potenciais inovações; estimula a inovação através de grupos de especialistas.
Ao contrário da Toyota, mantém-se independente de fornecedores, e busca manter um baixo
ponto de equilíbrio entre receitas e despesas, um baixo nível de integração, uma produção
flexível que possa responder a demandas de mercado de difícil previsão, e adota uma política
55
de recursos humanos baseada no reconhecimento e recompensa de talentos e boas condições
de trabalho. A estratégia levou ao crescimento da Honda, que, entretanto, ao apostar em um
crescimento de mercado de veículos esportivos e luxuosos e por não acreditar no crescimento
de mercado das mini-vans, perdeu em vendas.
Nas demais empresas (GM, Fiat, Ford, PSA, Nissan, Chrysler, Renault, entre outras)
crises financeiras levaram a revisão de suas políticas de recursos humanos, a reorganização da
produção e do portfólio de produtos. Aumentou a flexibilização do emprego e foram
abandonados fórmulas e reajuste salarial ligadas ao aumento de produtividade. Medidas
econômicas drásticas e imediatas reduziram o ponto de equilíbrio entre receita e despesas.
Negócios não essenciais foram vendidos, concentrando os esforços no “negócio central”,
reduzindo o endividamento dessas empresas. Essas medidas favoreceram a recuperação
econômica, alavancada pelo crescimento em função da redução dos preços relativos do
petróleo e da “bolha” de crescimento especulativo. Suas estratégias de lucratividade foram
intensificadas, sem realizar, todavia, acordos de governança que garantissem a coerência e a
longevidade das estratégias. A fragilização do emprego na indústria automobilística levou os
sindicatos a fazer numerosas concessões quanto a formas de trabalho, jornada de trabalho e
salários, e a aceitar a implantação dos novos sistemas de produção. Mas, mesmo na fase de
crescimento, continuou a redução de quadros e a redução relativa dos salários, o que levou a
diversos conflitos trabalhistas.
Freyssenet et al. destacam que “o desempenho é duradouro se um acordo para a
governança existe de direito ou de fato; o medo do desemprego não é garantia de participação
ativa no trabalho ou de harmonia social”. (FREYSSENET et al., 1999)
O modelo proposto por Boyer e Freyssenet que mostra as inter-relações entre os
modelos de distribuição de renda e crescimento econômico, mão-de-obra, mercados,
estratégias de lucratividade, acordos de governança corporativa, políticas de recursos
humanos, portfólios de produtos e organizações produtiva é apresentado na figura 3.
Na avaliação de Freyssenet e Boyer (1999),
Não há um caminho único, um “one best way”, nem no passado, nem hoje.
Analisando o histórico da indústria automobilística, há duas condições fundamentais
para a lucratividade: a relevância da estratégia de lucratividade no modo de
crescimento econômico e distribuição de renda de cada espaço econômico e político,
e a construção de um acordo de governança entre os principais stakeholders
(acionistas, gerentes, sindicatos, funcionários, fornecedores, etc.) em que o portfólio
de produtos, a organização produtiva e a política de recursos humanos sejam
coerentes com a implementação da estratégia de lucratividade adotada.
(FREYSSENET e BOYER, 1999)
56
Figura 3 O modelo de Boyer e Freyssenet
Fonte: Boyer e Freyssenet (2000).
57
2.7.1 As Estratégias de “Diversidade e Flexibilidade” e os Modelos Taylorista e
Woolardiano
Como apresentado, no início do século XX as indústrias automobilísticas eram
negócios industriais utilizando máquinas universais e peças intercambiáveis, mesmo se a
montagem ocorria em uma estação fixa ou linhas de produção curtas e não-mecanizadas. Seu
desaparecimento teria sido provocado não pela falta de competitividade, mas sim pela crise de
capital de giro durante a Grande Depressão americana. Estes produtores competiam com
Ford, por serem capazes de atender a diversidade de clientes com uma produção flexível,
sendo lucrativos em mercados limitados e diversificados. Estes empreendimentos praticariam
os modelos Woolardiano e Taylorista.
A estratégia de “diversidade e flexibilidade” consiste em oferecer modelos de
automóvel específicos, individualizados, sob encomenda, para consumidores com poder
aquisitivo e posição social diferenciada, que desejam expressar sua identidade através do
automóvel. A demanda é irregular, e depende da evolução dos rendimentos deste grupo de
consumidores, levando a necessidade de rápida adaptação às variações qualitativas e
quantitativas.
Este mercado fragmentado e instável é encontrado nos modelos de distribuição de
renda e crescimento econômico onde a formação dos rendimentos e salários, ao invés de ser
regulada em função da produtividade ou competitividade exterior, vem da “competição” entre
categorias profissionais e sociais, onde cada grupo profissional e social busca defender
posições alcançadas e consolidá-las. A evolução irregular dos salários dificulta a criação de
uma demanda por produção em massa.
A estratégia de “diversidade e flexibilidade” exige um portfólio de produtos composto
por modelos com um número limitado de peças comuns a outros modelos, e resposta rápida às
exigências dos clientes, sendo cada modelo lucrativo. A organização deve poder desenvolver
modelos rapidamente e a um custo mínimo, adaptando seus produtos às variações de
demanda. A política de pessoal deve oferecer uma retribuição adequada à competência e
flexibilidade requeridas.
58
O método de Frederick W. Taylor se tornou o modelo Taylorista quando as empresas
buscando adotar uma estratégia de “diversidade e flexibilidade” o adaptaram para torná-lo
socialmente aceitável. O acordo de governança do modelo envolvia operadores, engenheiros
industriais e gerentes e incluía um portfólio de produtos competitivo, variado, produzido em
séries médias; uma organização de tarefas envolvendo mão-de-obra especializada e não-
especializada utilizando procedimentos especificados em tempos-padrão definidos por
especialistas; e uma política de remuneração com aumentos de salários se os procedimentos
são respeitados e os tempos-padrão reduzidos. Este “acordo” deu grande flexibilidade e
produtividade aos gerentes, maiores salários aos operadores e poder aos engenheiros
industriais.
O modelo Taylorista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de
acordo com a proposta de Boyer e Freyssenet (1999) pode ser visto na figura 4.
Na Inglaterra, Frank Woolard, engenheiro industrial da montadora Inglesa Morris,
desenvolveu um método com as seguintes características:
know-how individual e coletivo;
autonomia da mão-de-obra, para alcançar flexibilidade;
mecanização do abastecimento de estação de montagem individualizada ou linhas
de montagens curtas, não-mecanizadas, que reduziam o estoque em processo e o
manuseio;
sistema de salários “por peça”, com elevados bônus individuais e para o grupo, em
função do volume produzido e o tempo utilizado para a produção.
Assim, o “acordo” provia um rendimento regular sobre o capital investido para os
proprietários, flexibilidade qualitativa e quantitativa para os engenheiros industriais e
autonomia e qualificação atendendo às expectativas dos montadores.
O modelo Woolardiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de
acordo com a proposta de Boyer e Freyssenet pode ser visto na figura 5.
59
Figura 4 O modelo Taylorista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
60
Figura 5 O modelo Woolardiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
61
2.7.2 A Estratégia de “Volume de Produção” e o Modelo Fordista
A estratégia de “volume de produção” consiste em distribuir os custos fixos pelo
maior número possível de veículos, custos estes não ajustáveis de imediato à demanda, com a
produção em massa de um único modelo pelo maior tempo possível. Para sua existência
necessita de um mercado crescente e homogêneo, cujas expectativas sejam satisfeitas por um
ou poucos modelos padronizados, e uma mão-de-obra em quantidade suficiente e que aceite
uma produção e um trabalho repetitivos. A concepção do produto deve atender às exigências
básicas de um mercado popular para o transporte individual, uma organização produtiva
estável para a produção padronizada em fluxo contínuo e crescente, e uma política de recursos
humanos que seja suficientemente atrativa para beneficiar um número crescente de
operadores, mas restritiva o suficiente para que aceitem a repetição de tarefas.
Figura 6 VW Sedan, o mais robusto produto de um modelo fordista, com 21.529.464 unidades
produzidas (na foto, “Der Weltmeister”, o veículo que quebrou o recorde de produção do modelo Ford
T, em 1972)
Fonte: Volkswagen (2006).
62
O modelo Fordista oferece um modelo único, “integrado”, confiável e acessível para a
população ou amplos segmentos de mercado; uma organização produtiva baseada no
deslocamento mecanizado do produto, com a parcelização de tarefas em operações
elementares distribuídas nas estações de trabalho buscando ocupar integralmente os tempos de
ciclo, e uma política salarial que garante à mão-de-obra não-especializada salários fixos sem
vínculo com os lucros da empresa e com progressão regular.
A crise do modelo fordista veio com a variação da demanda dos mercados, reduzindo
a viabilidade de uma estratégia de “volume de produção” e de um acordo de governança da
empresa baseado em uma organização rígida e em salários uniformes e altos.
O modelo Fordista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de acordo
com a proposta de Boyer e Freyssenet pode ser visto na figura 7.
2.7.3 A Estratégia de “Volume de Produção e Diversidade” e o Modelo Sloanista
As estratégias de “volume de produção” e “diversidade” eram consideradas
incompatíveis até que Sloan eliminou a contradição através da comunização do maior número
possível de peças não perceptíveis pelo consumidor, diferenciando apenas carrocerias,
acabamentos interiores e acessórios. Esta estratégia tem sucesso se a diversidade superficial é
comercialmente aceitável, o que implica em uma diferenciação moderada da demanda, que
ocorre em países onde a distribuição de renda nacional é coordenada nacionalmente e
moderadamente hierarquizada. A mão-de-obra deve ser numerosa, capaz de aceitar a
polivalência necessária para a montagem de variantes de produção. Estas condições
ocorreram em muitos países de 1940 a 1980.
O portfólio de produtos de uma estratégia de “volume de produção e diversidade”
deve ser uma linha de modelos hierarquizada, cobrindo os principais segmentos do mercado,
excluindo veículos de “alta qualidade” e de “nichos”, que correspondem a um número muito
pequeno de consumidores. A organização produtiva deve permitir a diversidade e variações
de demanda entre veículos, versões e opções, balanceando a linha de produção, e controlando
a complexidade de fornecimento, projeto, manufatura e vendas. A política de recursos
humanos deve ser capaz de atrair mão-de-obra numerosa, valorizar a polivalência e ser
coerente com um modelo de distribuição de renda moderadamente hierarquizado.
63
Figura 7 O modelo Fordista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
64
O acordo de governança é feito entre gerentes e sindicatos, em um “acordo social” em
que a aceitação da forma de organização do trabalho e a “paz social” são compensadas por
aumentos regulares do poder de compra dos operadores, promoções e expansão da proteção
social e ação sindical.
O portfólio de produtos é multimarcas, com comunização de plataformas, oferecendo
diversas versões e opções para cada modelo. A organização produtiva se caracteriza pela
centralização estratégica e descentralização das operações em divisões, subcontratação de
atividades, obtendo preços de aquisição mais reduzidos graças à economia de escala gerada
por compras de outros fabricantes; máquinas polivalentes (multi-especializadas) e linhas de
montagens com estoques-pulmão (buffers) para otimizar os ciclos de produção, apesar da
variedade de modelos.
A política de recursos humanos é fiscalizada pelo sindicato, e o cálculo dos salários
tem por base avaliações de função considerando a polivalência.
A estagnação da economia de escala com a saturação do mercado americano (que se
transformou ao final dos anos 60 em um “mercado de substituição”) não foi suficientemente
compensada através de exportações.
A crise do petróleo e a interrupção do crescimento mundial nos anos 70
desestabilizaram as economias cujo modelo de distribuição de renda e crescimento econômico
era “orientado ao consumo e coordenado”, com condições mais favoráveis aos países cujo
modelo de distribuição de renda e crescimento econômico era “orientado a exportação e
coordenado”, condição que beneficiou a Volkswagen, como já exposto.
O modelo Sloanista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de acordo
com a proposta de Boyer e Freyssenet pode ser visto na figura 8.
65
Figura 8 O modelo Sloanista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
66
2.7.4 A Estratégia de “Qualidade e Especialização”
Boyer e Freyssenet (1999) atribuíram ao termo “qualidade” em seu estudo não a
“adequação ao uso”, mas a atribuição de uma distinção social ao veículo, que tem um estilo
particular, o uso de certos materiais, o acabamento refinado, o alto preço e o prestígio da
marca, que refletem as aspirações de clientes de alto poder aquisitivo.
A “especialização” refere-se à estratégia das empresas automobilísticas que produzem
estes produtos. Não é adequada a produção de modelos de preço mais acessível sob a marca
de veículos de luxo, pois a preço elevado é uma características que reforça o “mito” da marca.
Não é interessante a fabricação de um Mercedes-Benz popular, ou um Porsche popular, pois a
existência dessas modelos afeta a imagem da marca. As empresas que adotam a estratégia de
“qualidade” (na acepção adotada por Boyer e Freyssenet) especializam-se na produção de
veículos de luxo. A margem de lucro desses produtos é a fonte da lucratividade da empresa.
São elas a BMW, a Mercedes-Benz, a Saab e a Volvo.
Todos os países têm uma parcela de pessoas de maior poder aquisitivo, que são os
clientes naturais dessa categoria de produtos. Um modelo de crescimento econômico
“orientado a exportação” em uma distribuição de renda “coordenada” parecem ser o ambiente
mais favorável a esta estratégia de lucratividade.
Todas as empresas que praticam a estratégia de lucratividade de “qualidade e
especialização” adotaram soluções produtivas sociotécnicas, com destaque para a Volvo, com
tempos de ciclo mais ampliados, trabalho modular, melhoria da ergonomia das estações, e em
algumas fábricas, adotando de estações de trabalho fixas, como na fábrica da Volvo de
Uddevala e na fábrica da Mercedes-Benz de Rastatt, quando suas operações de montagem
eram dedicadas exclusivamente à montagem final de veículos do modelo Classe E a ser
exportados para os Estados Unidos.
O crescimento dos custos de fornecedores, a ausência de uma política de pessoal
robusta, o câmbio desfavorável e a “guerra de preços” trouxeram dificuldades às montadoras
especializadas. Segundo Boyer e Freyssenet (1999) nenhuma montadora especializada
conseguiu manter-se constantemente acima do ponto de equilíbrio entre receitas e despesas
entre 1960 e 1995.
A figura 9 mostra uma representação do Modelo de Freyssenet aplicado a empresas
que adotaram a estratégia de “qualidade e especialização”.
67
Figura 9 O modelo “qualidade e especialização” e os modelos de distribuição de renda que o
favorecem
Fonte: O autor, a partir do modelo geral de Boyer e Freyssenet (1999).
2.7.5 A Estratégia de “Redução de Custo Permanente a Volume de Produção Constante”
e o Modelo Toyotista
A estratégia de redução de custos a um volume de produção constante, apresentada no
início da apresentação sobre os modelos de Freyssenet e Boyer, é especialmente adaptada a
um modelo de distribuição de renda coordenado, determinado pela competitividade exterior, e
um modelo de crescimento econômico orientado às exportações de produtos de preços
competitivos.
68
O Modelo Toyotista tem um portfólio de produtos orientado a média de cada grande
segmento do mercado, oferecendo modelos de características comerciais consistentes, com
poucos opcionais, com um planejamento de aumento gradual no número de modelos. A
aplicação do just-in-time e da eliminação da origem do desperdício em todas as suas formas
(tempo, mão-de-obra, materiais, energia, ferramentas e espaço) é característica do modelo.
O comprometimento dos operadores na redução do tempo-padrão, como já
apresentado, é feito através de aumentos de salário e promoções vinculadas ao alcance das
metas de redução de custos.
Boyer e Freyssenet (1999) destacam que o modelo Toyotista, embora responsável pelo
desenvolvimento extraordinário da Toyota de 1950 a 1990, é sensível a grandes mudanças,
como as ocorridas no final da década de 80 (a valorização cambial do iene e o aumento da
demanda do mercado de trabalho).
O modelo Toyotista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de acordo
com a proposta de Boyer e Freyssenet pode ser visto na figura 10.
2.7.6 A Estratégia de “Inovação e Flexibilidade” e o Modelo Hondiano
A estratégia de “inovação e flexibilidade” pressupõe modelos de distribuição de renda
e crescimento econômico em que as demandas e estilos de vida das classes sociais evoluam
periodicamente ou que haja a emergência de uma classe social com um status social e
econômico diferenciado, o que é o caso em modelos de distribuição de renda “competitivos”,
em que determinadas classe sociais ou profissionais são periodicamente privilegiadas e
buscam através do automóvel expressar sua condição econômica e social favorecida.
A estratégia de “inovação e flexibilidade” exige que a empresa corra riscos
financeiros, e tenha regularmente sucesso no lançamento de mercado de suas inovações. Sua
organização produtiva deve reagir com rapidez, desde a concepção do produto, manufatura e
vendas, para criar e conquistar a maior parcela possível do mercado antes de seus
competidores. Sua política de recursos humanos deve estimular a inovação aplicada e útil e a
capacidade de mudar com rapidez os projetos de produção, em todos os níveis hierárquicos da
empresa.
69
Figura 10 O modelo Toyotista e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
No caso da Honda, a reduzida integração reduz o impacto financeiro negativo no caso
de insucesso e é mais ágil para reagir ao sucesso. Sua política de recursos humanos valoriza as
iniciativas individuais – mais do que grau de escolaridade, idade, antiguidade na empresa ou
hierarquia, o que se reflete nas políticas de contratação, salário, promoção e condições de
trabalho. Esta política de recursos humanos, aliada a uma estratégia de baixo endividamento
caracterizam o acordo de governança da empresa.
70
O modelo Hondiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem, de acordo
com a proposta de Boyer e Freyssenet pode ser visto na figura 11.
Figura 11 O modelo Hondiano e os modelos de distribuição de renda que o favorecem
Fonte: Boyer e Freyssenet (1999).
71
2.8 TENDÊNCIAS ATUAIS DE EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
AUTOMOBILÍSTICA
Nos anos 90, os Estados Unidos mantiveram-se em seu modelo de crescimento
econômico orientado pelo consumo interno, adotaram um modelo de distribuição de renda
“competitivo”, isto é, baseado em acordos trabalhistas “locais e de categorias”. Diversos
ajustes econômicos modificaram as condições de emprego, salários, o câmbio e a
regulamentação de capitais, propiciando acelerado crescimento econômico. A distribuição
“competitiva” tem acentuado a concentração de renda e reforça o mercado do “segundo
automóvel” e dos veículos mais inovadores, o que aumenta o grau de pertinência das
estratégias de “inovação e flexibilidade”.
Muitos países abandonaram o mecanismo de distribuição interna de renda baseado na
produtividade interna, e vários destes também adotaram um sistema de distribuição de renda
“competitivo”. Os países que tinham uma distribuição de renda coordenada e moderadamente
hierarquizada, que foram privilegiados pelo contexto internacional anterior (em especial a
Alemanha e o Japão), foram instabilizados, direta ou indiretamente. A competição
internacional foi alterada: vivemos a tendência da liberdade de câmbio, a construção dos
mercados regionais, o crescimento acentuado de nações emergentes, com destaque para o
Brasil, a Rússia, a China e a Índia. Os países emergentes receberam consideráveis
investimentos na construção de fábricas de automóveis, motivados pela busca de crescimento
em novos mercados, crescimento não mais possível nos mercados de substituição americano e
europeu.
Todavia, a distribuição de renda nos países emergentes é muito desigual, o que
dificulta a consolidação de uma classe média que gere a demanda em massa por automóveis.
Também não parece provável a adoção de uma distribuição de renda coordenada e
moderadamente hierarquizada por esses países. Assim, não há em curto prazo condições
favoráveis à estratégia sloanista de “volume e diversidade”, que necessita do crescimento do
volume de produção e da aceitação pelos consumidores de uma diversidade limitada a itens de
acabamento e acessórios. Em um prazo médio, o fortalecimento dos mercados comuns pode
favorecer a criação de um mercado de dimensões atrativas para a produção em massa em
padrões sloanistas. Todavia, nos próximos anos permanecerá a concentração em modelos
básicos, de custo mais reduzido.
As projeções de crescimento dos mercados automobilísticos nos países emergentes
mostraram-se incorretas quanto aos modelos e quantidades a serem produzidas, o que leva
72
fração acentuada da elevada capacidade de produção instalada a ociosidade, panorama que
não se alterará nos próximos anos.
A estratégia de redução de custos permanente com um volume de produção constante
aparenta ser a ideal, em uma primeira análise, em uma era de incerteza e instabilidade.
Todavia, os requisitos para sua existência são específicos: o próprio Sistema Toyota se
modifica. A “bolha de crescimento econômico” do período entre 1987 e 1991 levou a uma
crise de oferta de empregos, pois era fácil conseguir um emprego menos penoso e melhor
remunerado do que nas indústrias automobilísticas. Também os jovens japoneses não têm
interesse em trabalhar na indústria automobilística. Assim, o meio de cálculo dos tempos-
padrão foi alterado: se antes o melhor tempo de execução das tarefas era tomado como
padrão, este passou a ser calculado considerando uma média. Atividades de melhoria contínua
foram orientadas para melhorar a ergonomia de linhas de produção e tornar o trabalho mais
humanizado, o que no entender de Shimizu (1999) sugere a emergência de um novo
Toyotismo, e traz em si traços do Volvismo. Boyer e Freyssenet (1999) entendem que estas
modificações alteram o “acordo de governança da empresa” original do Toyotismo.
A estratégia de inovação e flexibilidade – pertinente em um ambiente em que emerge
uma camada social com expectativas diferenciadas quanto ao automóvel, ou onde a
distribuição de renda leva a uma classe social que valoriza a inovação – pode ser favorecida
pela criação dos mercados regionais em que há uma distribuição de renda desigual, desde que
haja o tamanho de mercado necessário.
A estratégia dos “carros mundiais” – estratégia hoje seguida pela Ford – é viável em
um cenário de liberalização do comércio internacional, com redução das barreiras
alfandegárias e variações cambiais que não sejam desfavoráveis a concentração e a
especialização da produção em determinados locais, essencial para alcançar economias de
escala. Mesmo nos principais mercados mundiais, uma fração dos consumidores privilegia o
baixo preço de aquisição e a qualidade média.
A criação de novas estratégias de lucratividade e a construção de acordos de
governança corporativa que levem a criação de um novo modelo industrial (como foi feito
pela General Motors na década de 20) é possível, recombinando estratégias de volume,
diversidade, qualidade e redução de custos, porém representa um grande desafio, dado o
ambiente competitivo atual na indústria automobilística mundial.
O crescimento dos custos logísticos e os movimentos de globalização e de
regionalização orientarão a adoção dos diferentes modelos de distribuição de renda e de
crescimento econômico pelos países, que, juntamente com estratégias de lucratividade e
73
acordos de governança consistentes, trarão o maior ou menor sucesso de modelos de
produção.
2.9 O SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-BENZ
O Sistema de Produção Mercedes-Benz foi desenvolvido após a fusão da Daimler-
Benz AG com a Chrysler Corporation. Neste item, apresentaremos apenas uma visão global
do sistema; uma visão de cada elemento, essencial para uma compreensão mais clara dos
resultados da pesquisa realizada, é apresentada no apêndice B. O histórico da criação do
sistema é apresentado no capítulo 4.2.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz é composto de cinco blocos de subsistemas:
Estrutura de Trabalho e Trabalho em Equipe, Padronização, Qualidade e Processos / Produtos
Robustos, “Just-in-time” e Melhoria Contínua. A figura 12 mostra de forma gráfica a estrutura
do Sistema de Produção DaimlerChrysler.
Figura 12 A estrutura do Sistema de Produção Mercedes-Benz.
Fonte: O autor, adaptado de Briales (2005).
Os blocos de subsistemas interagem entre si. Uma representação simbólica da ação do
Sistema de Produção Mercedes-Benz é apresentada na figura 13.
74
Infra-estrutura Humana
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PadronizaçãoPadronização
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Figura 13 Representação simbólica da interação entre os Subsistemas do Sistema de Produção
Mercedes-Benz
Fonte: Sampaio e Zago (2002).
Para Sampaio e Zago (2002), essa representação simbólica mostra que a fábrica deve
”rodar” em “Just-in-time”, e de que a melhoria contínua acelera o seu movimento. A
padronização é a “cunha” que impede que a fábrica perca os ganhos que alcançou. Quanto
maior a qualidade e a robustez dos processos e dos produtos, menos íngreme será a subida e
conseqüentemente mais rápido poderá subir a “roda” (fábrica). O desperdício é a “pedra no
caminho” que deve ser eliminada. As estruturas de trabalho e o trabalho em equipe são o
ambiente em que a fábrica deve atuar.
O Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe” é o mais extenso Bloco do
Sistema de Produção Mercedes-Benz, com 34 elementos. Como fabricante que adota a
estratégia de lucratividade de “qualidade e especialização”, a maioria dos elementos deste
Bloco (14 elementos, ou 41% dos elementos deste bloco) teve sua origem em práticas
sociotécnicas.
Na Alemanha, a legislação define que deve haver a representação dos empregados em
toda instância de decisão, com direito a voto, e, conforme o tema, a veto. È indispensável pela
lei trabalhista alemã (Betriebsverfassungsrecht) a concordância da representação dos
empregados em temas ligados aos empregados, benefícios sociais e econômicos, sendo
vedada legalmente qualquer ação unilateral da empresa. Isto dá grande reforço a
75
representação dos empregados, e a obrigatoriedade de acordos se mostra presente em todo o
Sistema de Produção, mas de forma especialmente marcante neste bloco.
O Bloco “Padronização” reúne os elementos ligados à padronização de processos e
organização fabril. Seus elementos têm origem variada, com elementos de características
tipicamente tayloristas, elementos sociotécnicos e toyotistas. A diversidade de caracterizações
é um exemplo de que não há um rompimento absoluto de elementos na transição de um
sistema de produção para outros, mas há a permanência um determinado conjunto de
características.
O Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade” é o principal Bloco do Sistema
de Produção Mercedes-Benz, e seus elementos são fundamentais para que a empresa efetive
sua estratégia de “qualidade e especialização”. A qualidade dos produtos da marca Mercedes-
Benz tem é fortemente baseada em procedimentos de controle de qualidade, há, todavia,
subsistemas que agrupam elementos de qualidade preventiva e também elementos de caráter
estratégico.
O Bloco “Just-in-time” reúne os elementos ligados a logística. A maior parte dos
elementos deste bloco teve sua origem no Sistema Toyota de Produção. Como outros
subsistemas, reúne elementos de natureza operacional e estratégica. Vários elementos do
Bloco “Just-in-time” originaram-se no Sistema de Produção Toyota. Este elemento teve
atenção especial pela coordenação mundial da implantação do Sistema de Produção
Mercedes-Benz, que entende o elemento como a referência mundial na organização da
logística interna.
O Bloco “Melhoria Contínua” é o menor Bloco do Sistema de Produção Mercedes-
Benz, com apenas 10 elementos. Entretanto, neste bloco estão reunidos importantes elementos
que oferecem o instrumental para facilitar a contínua melhoria dos processos.
2.10 A “GENÉTICA” DO SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-BENZ
A apresentação dos elementos do sistema, apresentada no apêndice 2, mostra que 37
elementos (40%) do Sistema de Produção Mercedes-Benz têm sua origem no Sistema de
Produção Toyota. Os procedimentos e práticas sociotécnicas contribuíram com 16 elementos
(17%), e 24 métodos e práticas internas já existentes na divisão Mercedes-Benz ou criadas
especificamente para este sistema de produção correspondem a 26% dos elementos do
sistema. Apenas 4% dos elementos têm uma origem Taylorista ou Fordista sem influência do
sistema Toyota de Produção.
76
Conclui-se que o Sistema de Produção Mercedes-Benz tem um forte caráter toyotista,
com considerável aproveitamento de práticas já existentes. O enfoque sociotécnico tem
participação minoritária na “genética” do sistema.
A característica predominantemente toyotista determina várias conseqüências e
aspectos na implantação e nos resultados do Sistema de Produção Mercedes-Benz que,
embora já referenciados neste capítulo, serão aprofundados no capítulo 6.
77
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1 CONCEITOS BÁSICOS
Gil (1996) define pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida
mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos,
técnicas e outros conhecimentos científicos.
Ao buscar uma metodologia para o desenvolvimento do tema de um trabalho, o
pesquisador deve procurar na literatura especializada o método mais adequado para
desenvolver a pesquisa para resolver o problema escolhido. Para o resultado de uma pesquisa
ser considerado científico, mesmo que ele não possa ser validado, pode-se validar o método.
Se a metodologia usada pode ser considerada científica, o resultado também o será.
Para Lakatos e Marconi (2000) método é o conjunto de atividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimento
válido e verdadeiro – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do pesquisador.
Por sua vez, Oliveira (2001) define método como uma forma de pensar para se chegar
à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo.
A determinação da metodologia a ser adotada na solução de um problema de pesquisa
é fator fundamental para se obter sucesso de maneira produtiva e eficaz. Por isso se faz
necessário o estudo das técnicas existentes para garantir a qualidade da escolha.
O pesquisador, antes de mergulhar profundamente em seu objetivo, precisa planejar e
definir o seu objetivo. O conhecimento prévio das diversas possibilidades de classificação,
bem como das diferentes maneiras de abordar o problema facilitarão a escolha pelo
pesquisador do tipo de pesquisa que ele deseja realizar. Ou, sob outro ponto de vista,
conhecendo-se o problema de pesquisa a ser desenvolvido, o pesquisador pode determinar
qual tipo de pesquisa é o mais adequado. Ao definir o tipo de pesquisa o pesquisador pode
concluir qual a metodologia a ser empregada no desenvolvimento do trabalho com maior
facilidade.
78
3.1.1 Tipos de Pesquisas
A definição dos tipos possíveis de pesquisa não é consenso na literatura. Mattar (1994)
faz um levantamento detalhado das diversas classificações dos tipos de pesquisa segundo
onze autores e, por fim, adota a seguinte classificação:
Pesquisas exploratórias, que visam prover o pesquisador de um maior
conhecimento sobre o tema. São apropriadas para os primeiros estágios de
investigação. Os estudos de casos selecionados são pesquisas deste tipo.
Pesquisas conclusivas, que podem ser descritivas ou causais. As descritivas, entre
outras características, são utilizadas para descobrir ou verificar a existência de
relação entre variáveis.
Gil (1996) propõe, de maneira similar à Mattar (1994), a classificação das pesquisas
com base em seus objetivos gerais. Assim, ele as classifica em três grandes grupos:
Pesquisas exploratórias, que proporcionam maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Têm como objetivo
principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.
Pesquisas descritivas, que têm como objetivo primordial a descrição das
características de uma determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.
Pesquisas explicativas, que têm como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência de fenômenos. É o tipo de
pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão,
o porquê das coisas.
Por outro lado, Tachizawa (2002) sugere três tipos, denominando-os monografias:
Monografia de análise teórica, que é o desenvolvimento de um trabalho
eminentemente conceitual, através de uma organização coerente de idéias
originadas de um levantamento bibliográfico.
Monografia de análise teórico-empírica, que é uma análise interpretativa de dados
primários em torno de um tema, com apoio bibliográfico.
Monografia de estudo de caso, que procura estabelecer um roteiro prático para
desenvolver uma análise específica da relação entre um caso real e modelos ou
teorias.
79
Para Yin (2003) o estudo de caso deve ser a estratégia escolhida ao se examinarem
acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos
relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas
históricas, mas acrescenta duas fontes de evidencias que usualmente não são incluídas no
repertório de um historiador: a observação direta dos acontecimentos que estão sendo
estudados e entrevistas das pessoas neles envolvidas. Embora os estudos de casos e as
pesquisas históricas possam se sobrepor, o poder diferenciador do estudo de caso é a sua
capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos,
entrevistas e observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico
convencional. O autor destaca que o estudo de caso é a estratégia de pesquisa adequada
quando as questões de pesquisa são questões do tipo “como” ou “por que” sobre um conjunto
contemporâneo de acontecimentos, sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum
controle.
3.1.2 Tipos, Fontes e Formas de Coleta de Dados
Segundo Mattar (1994), há quatro diferentes fontes básicas de dados: o pesquisado,
pessoas que tenham informações sobre o pesquisado, situações similares e dados disponíveis.
Com relação aos tipos de dados, o autor afirma existirem os dados primários – aqueles que
não foram antes coletados, cujas fontes são as três primeiras citadas – e dados secundários –
aqueles que já foram coletados.
Gil (1996) define ainda dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem
das chamadas fontes “de papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No
primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo estão a
pesquisa experimental, pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.
Quanto às formas de coleta de dados, Mattar (1996) afirma existirem dois meios
básicos de obtenção de dados primários: a comunicação e a observação. O método da
comunicação consiste no questionamento verbal ou escrito. Ele compreende o uso de
instrumentos de coleta de dados, que podem ser estruturados ou não-estruturados.
Para caracterizar mais detalhadamente os principais métodos de coleta de dados para
pesquisa, Schrader (1974) faz uma apresentação dos diversos métodos, considerando as
situações de mensuração e as formas de comunicação. As situações de mensuração
consideradas foram: não formalizada; formalizada mas não-estruturada; formalizada e
estruturada. As formas de comunicação consideradas foram a não-verbal, a oral e a escrita.
80
Promovendo a combinação das diversas situações de mensuração com as diferentes
formas de comunicação o autor seleciona os principais métodos de coleta de dados para
pesquisa: observação, experimentação, discussão em grupo, entrevistas e análise de conteúdo.
3.2. OPÇÃO METODOLÓGICA E DELINEAMENTO DA PESQUISA
3.2.1 Opção Metodológica
Considerando as questões de pesquisa, do tipo “como” e “quais” referentes às
percepções dos gestores de produção sobre a compatibilidade do Sistema de Produção
Mercedes-Benz com a estratégia de lucratividade da DaimlerChrysler, e a percepção de
gestores e operadores de produção sobre a necessidade de hibridização do Sistema de
Produção Mercedes-Benz, mostra-se o estudo de caso como a opção metodológica mais
adequada.
O estudo de caso realizado é caracterizado por Yin (1994) como estudo de caso
representativo, pois, no caso em questão, a transferência de sistemas de produção é tema
recorrente em muitas indústrias automobilísticas recém-implantadas no país, e o estudo do
caso da hibridização dos elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz na fábrica de
automóveis da DaimlerChrysler em Juiz de Fora pode trazer informações relevantes sobre os
fatores de sucesso na implantação e manutenção de sistemas de produção na indústria
automobilística.
Cabe aqui recordar as questões de pesquisa, apresentadas na introdução desta
dissertação:
Quais as tendências mundiais de evolução dos sistemas de produção da indústria
automobilística?
Como se caracterizam os modelos de desenvolvimento econômico e de distribuição
de renda brasileiro, na classificação de Boyer e Freyssenet (1999)?
Quais as estratégias de lucratividade que tem mais chances de sucesso no ambiente
econômico brasileiro, de acordo com a proposição de Boyer e Freyssenet (1999)?
Quão compatíveis são o Sistema de Produção Mercedes-Benz e a estratégia de
lucratividade adotada pela DaimlerChrysler?
Qual a compatibilidade da estratégia de lucratividade adotada pela DaimlerChrysler
com os modelos de crescimento econômico e de distribuição de renda brasileiros?
81
Qual a importância atribuída aos elementos do Sistema de Produção Mercedes-
Benz pelos gestores e porta-vozes da fábrica de Juiz de Fora da DaimlerChrysler?
Quais elementos sofreram hibridização, e quais elementos devem ser alterados para
uma aplicação mais consistente com o ambiente atual da empresa?
Como administrar o processo de hibridização de forma estratégica?
A natureza das questões de pesquisa levantadas quanto a tendências mundiais dos
sistemas de produção da indústria automobilística, da caracterização dos modelos de
distribuição de renda e de crescimento econômico brasileiro segundo o modelo de Boyer e
Freyssenet e das análises de compatibilidade entre sistemas de produção e estratégias de
lucratividade recomenda a análise teórica, conforme enuncia Tachizawa (2002). Os resultados
destas análises teóricas apóiam a análise e as conclusões do estudo de caso selecionado.
Esta opção metodológica é reforçada por não haver relatos do uso de modelo
desenvolvido por Boyer e Freyssenet em empresas automobilísticas situadas no Brasil.
3.2.2 Delineamento da Pesquisa
Para Mattar (1994), uma forma de aprofundar o conhecimento de problemas não
suficientemente definidos é através de estudos de caso selecionados.
Segundo Yin (1994) o estudo de caso realizado nesta dissertação pode ser considerado
exploratório, pois existe ainda pouca compreensão sobre os fenômenos estudados – a
compatibilidade e a hibridização de sistemas de produção no Brasil – e trata-se de uma
situação na qual não existem resultados claros e únicos.
De acordo com Gil (1996), o delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em
sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a diagramação quanto a previsão de análise e
interpretação da coleta de dados. Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente
em que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas.
No desenvolvimento desta pesquisa foi seguido o seguinte roteiro:
Os objetivos e questões de pesquisa são apresentados no capítulo 1, e
reapresentados neste capitulo, os quais orientaram a escolha de métodos e os
procedimentos de pesquisa.
82
A revisão bibliográfica, que apresenta a evolução dos sistemas de produção,
contextualizando-os nos ambientes históricos, econômicos e sociais que deram
origem e suporte à sua concepção e aplicação na indústria automobilística é
apresentada no capítulo 2.
A apresentação do Modelo de Referência (Modelo de Boyer e Freyssenet),
aplicado aos sistemas de produção apresentados na revisão bibliográfica, e do
sistema de produção utilizado na fábrica de automóveis DaimlerChrysler de Juiz de
Fora, que é objeto da pesquisa e análise desta dissertação, é feita no capítulo 2.
A apresentação das tendências futuras de aplicação dos sistemas de produção,
frente a cenários econômicos, políticos e sociais, respondendo a primeira questão
de pesquisa apresentada, é também realizada no capítulo 2.
Uma apresentação breve das metodologias de pesquisa segundo alguns autores, a
opção metodológica e o delineamento da pesquisa são realizados neste capítulo.
Uma breve apresentação da história recente da DaimlerChrysler, da fábrica de Juiz
de Fora e dos sistemas de produção aplicados na empresa, preparando o
entendimento contextual necessário para a análise dos resultados do levantamento
de dados é feita no capítulo 4.
A aplicação do Modelo de Boyer e Freyssenet ao objeto deste estudo de caso, e
análise da segunda, terceira e quinta questões teóricas de pesquisa é realizada no
capítulo 5.
O levantamento de dados quantitativos e qualitativos quanto a percepção de
gestores e operadores sobre a importância dos elementos do Sistema de Produção
Mercedes-Benz e a demanda latente por alterações deste sistema de produção – a
hibridização desejada.
A análise crítica dos resultados do levantamento de dados quantitativos e
qualitativos, com o uso de estatística básica e de gráficos, informações conhecidas
em razão da vivência profissional do autor na implantação, auditoria e prática do
sistema de produção da unidade, e resultados da análise teórica, respondendo à
quarta, sexta e sétima questões de pesquisa, é realizada no capítulo 6.
Conclusão da pesquisa, apresentada no capítulo 7 desta dissertação, respondendo a
última questão de pesquisa formulada.
83
3.2.3 Levantamento de Dados
Para o levantamento de dados utilizou-se um formulário, apresentado no apêndice A,
que combina questões objetivas para o levantamento das percepções da importância de cada
elemento do sistema e da necessidade de alterar a forma de aplicação do mesmo, combinadas
com questões abertas, permitindo aos gestores e operadores pesquisados apresentar livremente
suas impressões.
Algumas respostas especialmente representativas foram reproduzidas na análise crítica
dos elementos.
Buscou-se entrevistar todos os gerentes de produção, e todos os supervisores de linha e
porta-vozes das áreas produtivas e não produtivas. Esse objetivo foi alcançado, e o total de 67
participantes na pesquisa correspondeu a 100% do grupo-objeto da pesquisa.
Para assegurar a eficácia do meio de pesquisa, foi realizado um “teste” com 10
participantes de diversas áreas, que responderam o questionário previamente. Perguntados se
havia dúvidas ou dificuldades para responder ao formulário, os 10 participantes do teste
afirmaram ser o formulário claro e de fácil preenchimento.
Mesmo tendo o teste apresentado resultado positivo quanto a compreensão e
facilidade de preenchimento, optou-se por aplicar o questionário em uma série de reuniões
com os respondentes, onde foram apresentados os objetivos da pesquisa e explicado o
preenchimento do formulário ao início de cada reunião. Aos participantes foi dada a garantia
de anonimato nas respostas, para que não houvesse perda ou não-participação ativa por temor
de eventuais represálias por parte dos diversos níveis de chefias.
3.2.4 Análise de Dados
Yin (1994) propõe duas formas de análise de dados em um estudo de caso:
Reflexão sobre o conjunto das questões de pesquisa, revisão da literatura e novas
descobertas e pesquisa, originadas a partir das proposições teóricas. Estas
proposições orientam a coleta e análise de dados e contribuem para o entendimento
da realidade, permitindo a análise a partir de um referencial teórico estabelecido.
Elaboração de um referencial descritivo voltado à empresa em estudo, onde o
pesquisador objetiva apenas descrever a realidade ou quando não há proposição
teórica.
84
Optou-se por uma análise de dados que combina as duas formas de análise, buscando
uma análise de cada elemento e dos Grupos do Sistema de Produção Mercedes-Benz, com o
apoio das diversas informações disponíveis.
85
4 A FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS DAIMLERCHRYSLER DE JUIZ DE FORA
4.1 O GRUPO DAIMLERCHRYSLER AG: BREVE INTRODUÇÃO
A DaimlerChrysler AG nasceu com a aquisição do grupo Chrysler pela Mercedes-
Benz AG em 1998. O grupo automotivo é o quinto em unidades produzidas em todo o mundo,
tendo produzido mais de 4 milhões de unidades de carros de passeio e mais de 800 mil
veículos comerciais em 2005, e possui em todo o mundo 383 mil funcionários, com unidades
de produção em 17 países e venda de produtos em mais de 200 países.
Produção (em milhões de unidades) e Divisão da Produção Mundial de Automóveis
9,2; 18%
8,0; 15%
6,8; 13%
5,2; 10%
4,0; 8%
3,6; 7%
3,4; 6%
3,4; 6%
2,5; 5%
1,7; 3%
1,7; 3%
1,3; 2%
1,3; 2%
1,1; 2%
General Motors Toyota Ford Vokswagen DaimlerChrysler Nissan Honda
Peugeot Renault Hyundai Fiat BMW Mitsubishi Mazd a
Figura 14 Produção (em milhões de unidades) e Divisão da Produção Mundial de Automóveis, no
ano de 2005
Fonte: Global Automotive Financial Review (2007).
Após um período de diversificação de operações nos anos 90, a companhia realizou a
venda de seus negócios e participações na área de aviação (Fokker, Airbus), e
telecomunicações (T-Systems), concentrando-se na fabricação de veículos automotores. A
aquisição da Chrysler não foi o único movimento de concentração do Grupo: foram
adquiridas participações majoritárias na Mitsubishi Motors do Japão, o controle integral da
Smart (antes pertencente também a Swatch, empresa suíça de relógios) e uma importante
participação acionária na Hyundai coreana, mais tarde recomprada pela Hyundai. A
diversidade de companhias levou a uma grande diversidade de culturas organizacionais sob o
86
comando da matriz em Stuttgart, levando a conflitos internos na condução da estratégia e na
administração de um vasto portfólio de produtos e marcas, tais como Mercedes-Benz,
Chrysler, Dodge, Jeep®, Smart, Freightliner, Sterling, Thomas Built Buses, Setra, entre
outras. A figura 15 mostra a atual configuração das marcas no grupo, após a reestruturação
ocorrida no primeiro semestre de 2006.
Figura 15 Marcas e divisões do grupo DaimlerChrysler
Fonte: DaimlerChrysler (2006).
87
A sinergia esperada não se concretizou na prática, porém o choque de filosofias de
projeto, administração e produção modificou cada uma das companhias, em especial a
Chrysler e a Mercedes-Benz.
A Divisão de Carros de Passeio Mercedes-Benz concentra as marcas Maybach,
Mercedes-Benz e Smart. A marca Maybach pertence ao veículo de mais alto luxo produzido
no grupo. Sua produção é artesanal, de baixíssima escala de produção, produzido sob
encomenda e com configuração do veículo personalizada.
Os veículos da marca Mercedes-Benz são os mais famosos do grupo DaimlerChrysler.
Sua produção é feita na Alemanha, nos Estados Unidos e na fábrica brasileira de Juiz de Fora.
O portfólio de produtos desta marca se inicia com o veículo compacto premium Classe A, e
ainda os modelos Classe B, Classe C, Classe E e a Classe S, modelo de topo da marca. Todos
os modelos têm produção seriada, utilizando o sistema de produção que é objeto de estudo
nesta dissertação.
Os veículos da marca Smart, de dimensões reduzidas e estilo diferenciado, são
produzidos nas fábricas da França e Holanda. A produção de um modelo exclusivo para
exportação foi planejada para a fábrica de Juiz de Fora, porém foi cancelada em razão de
conflito de mercado com veículos da marca “Jeep” e do redirecionamento estratégico adotado
para a marca Smart, cancelando a expansão do portfólio de modelos da marca e buscando
aumentar as vendas mundiais, com a introdução dos modelos já existentes no mercado norte-
americano.
4.2 BREVE HISTÓRICO DA FÁBRICA DE AUTOMÓVEIS DE JUIZ DE FORA
No ano de 1956 foi inaugurada a primeira fábrica da Mercedes-Benz no Brasil. Com
um produto durável e adequado às difíceis condições das estradas brasileiras da época, a
empresa alcança a liderança de vendas no mercado brasileiro de caminhões e ônibus, mantida
até os dias de hoje.
No ano de 1995, destacava-se o elevado crescimento econômico da China (que
perdura até hoje), do Sudoeste Asiático e da América Latina; nesta, destacava-se o
crescimento do Brasil, após a estabilização econômica e o fortalecimento da moeda. Neste
ano, a empresa iniciou estudos de mercado para a construção de uma unidade de produção de
automóveis no Brasil, destinada a produzir um veículo compacto premium: a Classe A,
destinada exclusivamente ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). O modelo Classe A para os
demais mercados mundiais seria fornecido a partir da produção da fábrica de Rastatt,
88
Alemanha. Esta unidade, que montava o modelo Classe E exclusivamente para exportação
para o mercado norte-americano, teve grande expansão, aumentando sua capacidade
produtiva para 200 mil veículos por ano.
Os estudos preliminares indicavam a construção de uma unidade de produção
completa no Brasil (montagem da carroceria bruta, pintura e montagem final) no Brasil e uma
fábrica para a produção de motores, que seria estabelecida na Argentina. Em outubro de 1995
realizou-se a seleção no Brasil para a formação da equipe do projeto, composta de
especialistas alemães e brasileiros. A equipe seria responsável pelo planejamento da fábrica,
das linhas de produção e de todos os processos da futura unidade a ser construída, treinamento
das equipes, construção e início de produção. O projeto recebeu a denominação interna de
projeto W168 Mercosul.
Em fevereiro de 1995 a equipe viajou para Stuttgart, Alemanha, e foram iniciados os
trabalhos preliminares de organização do escritório de projetos.
Várias cidades brasileiras concorreram para receber os investimentos da Mercedes-
Benz. Na etapa final da definição da localização, concorreram as cidades de Caxias do Sul, no
Rio Grande do Sul; Joinville, em Santa Catarina; Campinas, no estado de São Paulo (onde já
havia uma unidade de produção de ônibus, que seria desativada no ano de 1996) e Juiz de
Fora, em Minas Gerais. A combinação de incentivos fiscais, financiamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco para o
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a doação de terreno e da infra-estrutura e outros
benefícios, vinculados a manutenção de um determinado nível de empregos e volume de
produção, levaram à escolha da cidade mineira para a construção da nova fábrica. Em abril de
1996 é assinado em Belo Horizonte o acordo com o Governo do Estado de Minas Gerais, a
Prefeitura de Juiz de Fora e o Banco para o Desenvolvimento de Minas Gerais para a
construção da fábrica da DaimlerChrysler em Juiz de Fora, Minas Gerais.
O projeto da fábrica argentina de construção de motores para a Classe A foi cancelado
em maio de 1996, tendo sido concentrada a produção de motores na fábrica alemã de Bad
Cannstatt, recém-construída.
Após a concepção de linhas de produção e prédios na Alemanha em 1996, seguiu-se a
contratação de 150 multiplicadores, técnicos e operários brasileiros que viajaram à Alemanha
no ano de 1997 e aprenderam na prática da operação de fábricas alemãs as técnicas e padrões
de qualidade empregados para a produção de veículos da marca. Cada grupo foi acompanhado
por um treinador alemão, com experiência no conjunto de conhecimentos a ser aprendido. Em
um período de treinamento com duração entre 3 a 6 meses foram formados os
89
multiplicadores, que treinaram os novos funcionários contratados no Brasil em linhas de
produção reduzida, construídas em prédios alugados próximos à área da futura fábrica.
A estratégia de desenvolvimento de fornecedores privilegia o contrato de fornecimento
global, adotando o “follow sourcing”: utilizar os mesmos fornecedores da fábrica de Rastatt
no Brasil, ou “joint ventures” estabelecidos no país para este fim. A adoção desta estratégia
mostrou-se acertada: a produção projetada da fábrica de Juiz de Fora, em dois turnos de
produção, seria de 70.000 unidades ao ano, pouco mais de um terço da produção da fábrica
alemã de Rastatt.
Em janeiro de 1999, o Brasil deixa de adotar o modelo de bandas cambiais e passa a
adotar o cambio flutuante. Com isto, a cotação do dólar, que variava entre R$1,10 a R$1,20
por dólar, chega a R$3,00 por dólar, o que comprometeu definitivamente a viabilidade
economica da produção da Classe A no país. A margem de contribuição do veículo passou a
ser negativa: cada Classe A produzido somente aumentaria o prejuízo da empresa. Por outro
lado, as multas pela rescisão dos acordos com os bancos de desenvolvimento (BNDES e
BDMG) e com o Governo do Estado de Minas Gerais, contratos estes vinculados à
manutenção do nível de empregos e de um volume mínimo determinado de produção, trariam
grave impacto financeiro e no relacionamento com os governos estadual e federal,
importantes clientes da área de veículos comerciais da empresa. Além disto, a elevada
exigência de capital aos investidores que construíram a rede de concessionários, com
investimento médio superior a US$ 1 milhão por concessionária, levaria a um elevado risco
de pagamento de vultosas indenizações judiciais por perdas e danos.
Com um custo total de US$ 820 milhões de dólares, a fábrica foi inaugurada em 1999,
enfrentando um duplo desafio: administrar uma saída para a crise e ao mesmo tempo lançar e
manter uma produção suportável do veículo, equacionando as perdas financeiras e políticas.
Nos anos que se seguiram, a produção da Classe A foi sendo gradualmente reduzida, e
as instalações, recursos e condições contratuais foram sendo ajustados para reduzir ao mínimo
o custo de manutenção da unidade. No ano 2000, iniciou-se a produção em regime CKD
(“Complete Knocked Down”, ou veículos inteiramente desmontados) da Classe C, com
importação integral de peças e subconjuntos da Alemanha, e exportação para os Estados
Unidos.
As análises de viabilidade econômica de 22 possíveis produtos das marcas Mercedes-
Benz, Chrysler, Mitsubishi e Hyundai, buscando um veículo sucessor da Classe A para a
unidade de Juiz de Fora não indicaram um resultado que permitisse um novo projeto para a
fábrica. No início de 2004 foi aprovado o estudo de viabilidade do modelo smart Forfour,
90
modelo que teria produção exclusiva na fábrica de Juiz de Fora, tendo como principais
mercados-alvo os Estados Unidos e a Europa. Este projeto foi cancelado em março de 2005.
Em agosto de 2005 é produzida a última Classe A na fábrica de Juiz de Fora, com
número de chassis 63.436. Assim, não foi alcançada, em todo o ciclo de vida do modelo, a
produção projetada para um ano. A fábrica prosseguiu produzindo exclusivamente veículos da
Classe C em regime CKD para exportação para os Estados Unidos.
No ano de 2006, foi aprovada a produção CKD de um modelo coupe da Classe C, da
marca Mercedes-Benz, destinado à exportação mundial, que ocupará em um único turno de
produção. O início de produção está previsto para janeiro de 2007.
4.3 HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO MERCEDES-BENZ
NA UNIDADE DE JUIZ DE FORA
Em junho de 1996, reuniu-se a equipe de projeto em um workshop de 2 dias com a
tarefa, estabelecida pelo Diretor de Projeto da Produção, de enunciar um conjunto de
princípios de produção que constituiriam o futuro sistema de produção da fábrica de Juiz de
Fora. Não foi o primeiro sistema de produção fabril estruturado dentro das fábricas de
automóveis da DaimlerChrysler: o precederam a iniciativa da fábrica de Rastatt, que projetou
um sistema de produção próprio, a partir de pesquisas sobre o Sistema Toyota de Produção e
práticas modernas de administração da produção, e o sistema de produção da fábrica de
Tuscaloosa, Estados Unidos, construído por iniciativa do diretor da fábrica americana, ex-
gerente de produção da fábrica da Toyota nos Estados Unidos.
O conjunto de princípios elaborado no Workshop constituía-se de 10 princípios de
produção, considerados elementos do sistema, que foram considerados no planejamento fino
das linhas de produção e, posteriormente, foram guia para o treinamento dos multiplicadores e
dos novos funcionários da fábrica: Trabalho em Equipe, Qualificação, Qualidade Mercedes-
Benz, Gerenciamento Visual, Padronização, Sistema de Puxar (“Pull System”), Segurança,
Ordem e Limpeza (SOL), Processos Estáveis, Processo de Melhoria Contínua e Manutenção
Produtiva Total (TPM).
Os princípios foram consolidados em dois níveis de profundidade, para fins de
treinamento: um nível geral e um nível detalhado. Realizadas estas descrições, iniciou-se a
implantação dos mesmos com a introdução de um novo princípio a cada três meses. Para
apoio ao processo de implementação, foi contratada uma consultoria alemã, a IFAO (Institut
für Arbeitsorganization), ligada a Universidade de Karlsruhe. Esta consultoria havia prestado
91
apoio ao processo de implantação do sistema de produção da nova fábrica da Opel em
Eisenach, Alemanha Oriental. O apoio local foi dado por um consultor brasileiro contratado
pelo IFAO.
A hibridização do sistema era prevista através de elemento “melhoria contínua”: a
evolução do sistema ocorreria com o tempo. O prefácio da descrição do Sistema de Produção
Juiz de Fora apresentava a visão para o sistema de produção da fábrica:
Nosso Sistema de Produção divide-se em 10 elementos, [...] e é importante destacar
que o Sistema de Produção Juiz de Fora evoluirá continuamente com a fábrica ao
longo do tempo. Através de treinamentos especiais e treinamentos “on the job” é
assegurada a manutenção do padrão alcançado. Temos certeza que alcançaremos o
objetivo de ser “campeões mundiais na produção de veículos”, se seguirmos as
“regras do jogo” previstas no sistema de produção. Como colaboradores da fábrica
de Juiz de Fora, temos todas as razões para orgulhar-nos de nosso trabalho, de
nossos produtos e de nossa fábrica. (Mercedes-Benz, 1997)
O uso de referências ao futebol foi adotado para aumentar a identificação com o
Sistema de Produção da fábrica de Juiz de Fora. Uma bola de futebol foi adotada como
símbolo, em que cada um dos gomos trazia a denominação de um dos elementos do Sistema
de Produção.
O processo de implantação consistiu em uma série de treinamentos, ministrados a
todos os funcionários, com auditorias mensais dirigidas aos operadores diretos e indiretos.
Cada área da fábrica criou um grupo responsável por multiplicar o treinamento recebido do
consultor e implantar na prática os princípios. As notas das auditorias eram regularmente
apresentadas nas reuniões de diretoria e recebiam ampla divulgação.
A implantação desenvolveu-se nos anos de 1997 a 1999. O enfoque nesta primeira
fase foi assegurar a disciplina na prática dos elementos do sistema, isto é, “construir o hábito”.
Apesar dos grandes esforços realizados no treinamento dos operadores, muitas vezes foi
atingida somente a memorização dos conceitos, e não a internalização, a compreensão dos
efeitos e inter-relações do sistema. Antes das auditorias, os grupos responsáveis em cada área
ministravam “revisões”, para que cada montador respondesse corretamente às perguntas da
auditoria.
A construção da fábrica considerou todos os elementos físicos necessários para a
prática do sistema de produção concebido: quadros de equipe, espaços específicos para
reuniões de equipe, marcações. Uma organização física e limpeza impecáveis foram
alcançados e mantidos desde o primeiro dia de produção. A afirmativa de um visitante à
fábrica, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária é representativa dos comentários
92
de todos os visitantes externos à unidade de manufatura mineira: “É impressionante a vista à
fábrica. Aqui vejo um nível de organização e limpeza que não é visto em muitos laboratórios
de produção de medicamentos no país. Parabéns!” (visitante à fábrica, em 2000).
Até a constituição da DaimlerChrysler AG, os sistemas de produção eram
desenvolvidos considerando as necessidades locais de cada unidade produtiva e seus
produtos. A figura 16 mostra o mosaico de desenvolvimentos de sistemas de produção locais
ao final do ano de 1999.
Sistema de Produção
da Fábrica de
Untertuerkheim
(Alemanha)
Sistema de Produção
da Fábrica de Rastatt
(Alemanha)
Sistema de Produção
de Tuscaloosa (EUA)
Qualität
Fabrik-, Anlagen-
und Prozeßplanung
(FAP)
Visualisierung
Führung
Standardisierte
Prozesse und
Methoden
(SPM)
Arbeitspolitik
(Gruppenarbeit,
KVP, REZEI)
Qualifizierung
Produktions-
mittel- und Anlagen-
betreuung
Sicherheit
Sauberkeit
Ordnung
(SSO)
Material-
versorgung
Umwelt- und
Arbeitsschutz
(AUS)
Qualität
Fabrik-, Anlagen-
und Prozeßplanung
(FAP)
Visualisierung
Führung
Standardisierte
Prozesse und
Methoden
(SPM)
Arbeitspolitik
(Gruppenarbeit,
KVP, REZEI)
Qualifizierung
Produktions-
mittel- und Anlagen-
betreuung
Sicherheit
Sauberkeit
Ordnung
(SSO)
Material-
versorgung
Umwelt- und
Arbeitsschutz
(AUS)
UPI
5A
KVP
Diag-
nose
Ver-
schwen-
dung
Pro-
ble m-
lösung
Visu-
elles
Mg mt .
Stan-
dardi-
sierg.
Vision,
Zi e la u f-
lösung
QM
Log,
JIT
Werkzeugsysteme
Technik
Werkzeugsysteme
Organisation
Werkzeugsystem
Mitarbeiterförderung
Grundelemente
WF+
TA
Aut
+LCA
F+E
LE
S+V
Werkzeuge
Sicherheit/
Um we lt sc hut z
Qualität hat
Vorrang
Erhaltung +
Verbesserung
In Daten
sprechen
Prozes s-
orientierung
Schlüssel /
Schloß
Kein e S chuld-
zuweisung
Probleme sind
Chancen
UPI
5A
KVP
Diag-
nose
Ver-
schwen-
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Pro-
ble m-
lösung
Visu-
elles
Mg mt .
Stan-
dardi-
sierg.
Vision,
Zi e la u f-
lösung
QM
Log,
JIT
Werkzeugsysteme
Technik
Werkzeugsysteme
Organisation
Werkzeugsystem
Mitarbeiterförderung
Grundelemente
WF+
TA
Aut
+LCA
F+E
LE
S+V
Werkzeuge
Sicherheit/
Um we lt sc hut z
Qualität hat
Vorrang
Erhaltung +
Verbesserung
In Daten
sprechen
Prozes s-
orientierung
Schlüssel /
Schloß
Kein e S chuld-
zuweisung
Probleme sind
Chancen
KVP - Caixa de Ferramentas de
Melhoria Contínua de
Sindelfingen (Alemanha)
Sistema de Produção
da Fábrica de Juiz de Fora
(Brasil)
Figura 16 Representação Esquemática dos Sistemas de Produção das fábricas de automóveis do
grupo Mercedes-Benz
Fonte: O autor, a partir de Oeltjenbruns (2006).
Com o nascimento da DaimlerChrysler AG em 1998, foram criados grupos de trabalho
compostos de especialistas da divisão Mercedes-Benz e da divisão Chrysler, denominados
“Times de Integração Pós-fusão” (PMI Post-Merger Integration Teams), para analisar as
diversas práticas administrativas e fabris adotadas pela Chrysler e Mercedes-Benz,
objetivando a criação de um procedimento comum. Surpreendeu o grupo de especialistas da
divisão Mercedes-Benz a constatação de que o antigo grupo Chrysler, com mais de 50
fábricas em todo o mundo, tinha um único sistema de produção em prática em todas as
fábricas: o “Modelo de Operação Chrysler” (Chrysler Operating Model). Assim, definiu-se a
criação de uma equipe PMI para a concepção de um modelo único de sistema de produção, o
93
Sistema de Produção DaimlerChrysler (DCPS), que incorporaria todas as melhores práticas da
técnica e da administração da produção das diferentes fábricas da divisão de automóveis da
DaimlerChrysler e das melhores práticas japonesas de organização da produção, e que seria
implantado em substituição aos sistemas de produção locais existentes. Foi realizado um
trabalho analítico dos sistemas de produção existentes nas fábricas da divisão Mercedes-Benz
e do Modelo de Operação Chrysler, que levou a concepção de um modelo de sistema com
cinco subsistemas e quinze princípios de produção, compostos de 92 elementos, denominados
“ferramentas” na fábrica de Juiz de Fora. A opção por esta nomenclatura na fábrica de Juiz de
Fora teve como objetivo mostrar um caráter prático e instrumental dos elementos do sistema
de produção, distanciando-se da denominação “método”, que evoca nos funcionários da
fábrica a idéia de “teórico, distante da prática”.
Após a fase de concepção teórica do Sistema de Produção DCPS, seguiu-se uma série
de visitas técnicas a fábricas das divisões Mercedes-Benz e Chrysler em todo o mundo. Este
benchmarking gerou um catálogo de melhores práticas, que subsidiou o detalhamento dos
elementos do Sistema de Produção DCPS.
Com o forte apoio do diretor mundial de produção da divisão Mercedes-Benz, foi
estabelecido um escritório mundial para o desenvolvimento e suporte à implantação do
Sistema de Produção DCPS.
Várias das práticas descritas do DCPS consideravam aspectos específicos das fábricas
alemãs, o que levou a reformulação de objetivos. Mesmo com 96% de similaridade entre os
Sistemas DCPS e COS, o Sistema de Produção DCPS tornou-se o Sistema de Produção
Mercedes-Benz (MPS), e as fábricas da Chrysler permaneceram com o Modelo de Operação
Chrysler.
Cada diretor de fábrica assinou um termo de compromisso formal em implantar o
Sistema de Produção Mercedes-Benz, garantindo os recursos disponíveis para sua
implantação. Em cada fábrica, foi instituída uma gerência de projeto responsável pela
implantação: o denominado MPS-Office, que na fábrica de Juiz de Fora foi denominado
“Projetos Estratégicos de Produção” (APEP).
Após um treinamento de seis semanas na Alemanha e nos Estados Unidos, utilizando
como exemplo as melhores práticas identificadas, seguiu-se a tradução e adaptação de
manuais de descrição dos elementos do sistema para o português. A estratégia de implantação
definida pelo escritório mundial de implantação do MPS previa um treinamento “em cascata”,
isto é, cada nível hierárquico deveria treinar pessoalmente os funcionários a ele subordinados.
Isto se mostrou muito positivo, pois levou a que todos os níveis de diretoria, gerência e
94
supervisão não se limitassem a um contato distanciado com o conteúdo, mas efetivamente o
compreendessem, para que pudessem transmitir este conteúdo adequadamente.
Por sua extensão, foram estabelecidas três fases anuais de implantação do sistema,
tendo a fase inicial 25 elementos, a segunda fase 30 elementos e a última fase todos os demais
elementos do MPS. Ao final de cada ano, uma auditoria realizada com a participação de um
auditor treinado da fábrica e um auditor do escritório central de implantação do MPS
verificaria o grau de sucesso na implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz em cada
fábrica.
Para a unidade de Juiz de Fora era fundamental obter um excelente resultado na
auditoria, para que os resultados fossem mais um elemento a credenciar a fábrica a concorrer
por novos produtos, dada a criticidade de um volume de produção declinante e a ausência de
um modelo sucessor que ocupasse a capacidade ociosa da fábrica. Assim, a implantação do
Sistema de Produção Mercedes-Benz foi priorizada pela direção da empresa.
Para assegurar um forte ritmo de implantação, quatro ações foram tomadas pelo
escritório de implantação do Sistema de Produção MPS na fábrica de Juiz de Fora:
Redefinir a implantação do MPS como uma melhoria do antigo sistema, para que não
fosse perdida a identificação conseguida com o sistema de produção local (SPJ). Desta forma,
a implantação do MPS foi denominada internamente SPJ 2000.
Realizar uma estratégia de implantação descentralizada, com a criação de responsáveis
pela implantação em cada uma das áreas da fábrica, que constituíam um “Comitê Executivo
de Implantação”. Dentro de cada área, outros subgrupos foram formados para a implantação.
Assim, foi alcançado um grande comprometimento das próprias áreas com o processo de
implantação.
Realização de auditorias mensais, com critérios de auditoria que refletissem a
interpretação mais rigorosa possível dos quesitos de auditoria do Sistema de Produção
Mercedes-Benz.
Negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de fora para inclusão do
resultado das auditorias como uma das metas a serem alcançadas para a concessão da
participação de lucros e resultados (PLR) aos funcionários da unidade.
Em fevereiro de 2001, realizou-se a primeira auditoria do escritório mundial de
implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz. Os resultados da fábrica de Juiz de Fora
e demais fábricas do grupo são mostrados na figura 17.
95
Figura 17 Resultado da primeira auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-Benz
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
Os resultados da auditoria, atingindo 83% da pontuação máxima possível, tiveram
grande divulgação em toda a divisão de automóveis Mercedes-Benz, com grande promoção
da imagem da fábrica de automóveis brasileira. Realizava-se em parte a visão desenhada na
primeira concepção do Sistema de Produção Juiz de Fora: a fábrica era “campeã mundial” na
implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz. Isto permitiu a recuperação da auto-
estima dos funcionários da fábrica, minada com a redução contínua dos volumes de produção
e com os insucessos na aprovação de um modelo sucessor para a Classe A.
Os resultados alcançados pela fábrica foram relativizados em outras unidades do
grupo. Segundo seus críticos, o sucesso teria sido possível graças à ociosidade da fábrica
brasileira, e não seria possível alcançar tais números se a unidade estivesse operando em
capacidade plena de produção. Por outro lado, a fábrica de Juiz de Fora dispunha apenas de
recursos financeiros mínimos para as atividades de implantação. A pergunta jamais poderá ser
respondida, pois a unidade de Juiz de Fora jamais chegou a operar com plena capacidade nos
três anos em que se realizou a auditoria mundial.
Os resultados das auditorias realizadas em novembro de 2001 e novembro de 2002 são
apresentados nas figuras 18 e 19. Na segunda auditoria, observou-se o grande crescimento das
notas da auditoria em todas as fábricas do grupo, em razão da prioridade dada para o processo
de implantação em todas as fábricas. Destacaram-se mais uma vez as unidades que já
possuíam um sistema de produção local antes da implantação do Sistema de Produção
Mercedes-Benz: as fábricas de Rastatt, Tuscaloosa (MBUSI) e Juiz de Fora, tendo esta última
96
mais uma vez alcançado o melhor resultado entre todas as fábricas de automóveis da marca
Mercedes-Benz em todo o mundo.
Figura 18 Resultados da segunda auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-Benz, em
Novembro de 2001
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
Figura 19 Resultados da terceira auditoria mundial do Sistema de Produção Mercedes-Benz, em
Novembro de 2002
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
97
Na terceira auditoria, todas as fábricas auditadas tiveram grande melhoria de seus
resultados. Mais uma vez a fábrica de Juiz de Fora se destacou, alcançando o melhor resultado
do processo de implantação. Desta vez, Rastatt alcançou resultado idêntico ao resultado
alcançado pela fábrica de Juiz de Fora. A terceira auditoria foi a última auditoria mundial
realizada. O escritório mundial de implementação de sistemas de produção reorientou suas
atividades, iniciando atividades de suporte a projetos especiais de alteração de linhas de
produção aplicando conceitos de manufatura enxuta.
A grande fase de implantação do sistema de produção havia chegado ao fim. A
redução contínua dos volumes de produção começou a evidenciar a inadequação da aplicação
de alguns elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz: por exemplo, em alguns trechos
secundários da linha de produção da Montagem Bruta de carrocerias, não mais se justificava a
aplicação do fluxo de peça única, sendo a produção em pequenos lotes mais apropriada e mais
econômica.
A necessidade de manter a ocupação do pessoal com a queda do volume de produção
(e, conseqüentemente, produtividade decrescente) desestimulou a aplicação de processos de
melhoria contínua. Diversos elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz entraram em
desuso ou se tornaram de aplicação intermitente, e a realização de auditorias tornou-se menos
freqüente.
Não houve, no período de 2003 a 2006, uma descontinuidade na aplicação do Sistema
de Produção Mercedes-Benz como um todo. Todavia, não havendo motivação para a melhoria
da produtividade, vários elementos do sistema de produção subsistiram apenas formalmente
na unidade juizforana.
Em junho e julho de 2006, realizou-se pesquisa quanto a percepção da diretoria,
gerentes de produção, supervisores de área e supervisores de linha (cargo equivalente aos
‘mestres de produção’, primeiro nível de supervisão hierárquica de montadores e operários)
sobre a necessidade de mudança na forma de aplicação dos elementos do Sistema de
Produção Mercedes-Benz, objeto desta pesquisa. O modelo proposto será apresentado no
capítulo 5 e os resultados são apresentados no capítulo 6.
98
5 MODELO PROPOSTO
O modelo proposto por Boyer e Freyssenet (1999) tem como condições de contorno o
modelo de distribuição de renda nacional e o modelo de crescimento econômico de um país
ou região, que influenciam mercado e mão-de-obra, fatores que devem ser considerados em
uma estratégia de lucratividade.
Não é objetivo desta dissertação aprofundar a discussão sobre a distribuição de renda
nacional ou o modelo de crescimento econômico adotado pelo Brasil, pois estes temas
extrapolam o escopo desta pesquisa.
5.1 O MODELO DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA BRASILEIRO
O modelo de distribuição de renda brasileiro caracteriza-se pela concentração e pela
distribuição desigual de renda. Segundo recente nota técnica do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), sobre a recente queda de desigualdade de renda no Brasil,
“Apesar da queda recente, a desigualdade de renda brasileira permanece
extremamente elevada: a renda apropriada pelo 1% mais rico da população é igual a
renda recebida pelos 50% mais pobres. Além disso, o país continua ocupando uma
posição de destaque negativo no plano internacional, sendo que 95% dos países para
os quais se têm dados apresentam concentrações menores que a do Brasil. Mesmo
mantendo o acelerado passo com que a desigualdade foi reduzida no período
analisado, seriam necessários 20 anos para que o país passasse a apresentar uma
distribuição compatível com os países que têm nível de desenvolvimento
comparável ao brasileiro. (IPEA, 2006)
A renda derivada do trabalho é o principal determinante da renda total no Brasil. A
figura 20 mostra a divisão dos rendimentos do trabalho no ano de 2005.
Desta forma, dada a desigualdade de distribuição de renda, onde não há mecanismos
de coordenação eficientes, caracteriza-se o modelo como “competitivo” e “concentrador”.
99
10%
20%
29%
10%
9%
6%
2%
1%
12%
1%
Até 0,5 salário mínimo de 0,5 a 1 salário mínimo mais de 1 a 2 salários mínimos
mais de 2 a 3 salários mínimos mais de 3 a 5 salários mínimos mais de 5 a 10 salários mínimos
mais de 10 a 20 salários mínimos mais de 20 salários mínimos sem rendimento de trabalho
renda não declarada
Figura 20 Distribuição de rendimentos do Trabalho em 2005
Fonte: IBGE (2006).
5.2 O MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO
O Brasil tem buscado desde os anos 60 a estabilização econômica, alcançada na
primeira metade da década de 90. O modelo brasileiro de crescimento econômico pode ser
caracterizado como “orientado ao consumo”, conforme a proposição de Freyssenet, e usou
barreiras alfandegárias para proteger as indústrias instaladas no país da competição
internacional até o início da década de 90.
Embora o modelo seja de “orientação ao consumo”, buscou-se também o crescimento
de exportações, que evoluíram de aproximadamente 48 milhões de dólares no ano de 1996
para mais de 118 milhões de dólares em 2005, com seja, um aumento de 145% em dez anos,
como se vê na figura 21.
100
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES / EXPORTS EVOLUTION
1996 / 2005
US$ MILHÕES
/ US$ MILLIONS
47.747
52.994
51.140
48.011
55.086
58.223
60.362
73.084
96.475
118.309
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Figura 21 Evolução das exportações – 1996 a 2005
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
Até 1978 a maior parte das exportações constituía-se de matérias-primas; hoje, mais
de 50% das exportações são de produtos manufaturados, como pode ser visto na figura 22,
que mostra a evolução da participação dos produtos manufaturados de 1964 a 2005. Os
automóveis mais de 12% do total de exportações.
O crescimento tem sido acelerado nos últimos anos, mas as exportações representam
apenas 16% do PIB, como se vê na figura 23.
A opção por um modelo de crescimento econômico baseado no consumo é manifesta
no Plano Plurianual de Desenvolvimento 2004-2007 do Governo Federal:
No longo prazo, objetiva-se com o PPA 2004-2007 inaugurar um processo de
crescimento pela expansão do mercado de consumo de massa e com base na
incorporação progressiva das famílias trabalhadoras ao mercado consumidor das
empresas modernas. O modelo é viável, já que está inscrito na lógica de operação da
economia brasileira: toda vez que ocorre aumento do poder aquisitivo das famílias
trabalhadoras, o que se amplia é a demanda por bens e serviços produzidos pela
estrutura produtiva moderna da economia [...] O crescimento via consumo de massa
sustenta-se em grandes ganhos de produtividade, associados ao tamanho do mercado
interno; aos ganhos de eficiência por escala derivados da conquista de mercados
externos resultantes dos benefícios da escala doméstica; e aos ganhos derivados do
processo de aprendizado e de inovação que acompanham os investimentos em
expansão da produção de bens de consumo de massa pelos setores modernos. Com
os ganhos de produtividade, gera-se o excedente que, em princípio, pode transmitir-
se a maiores rendimentos das famílias trabalhadoras, por meio da redução nos
preços dos bens e serviços de consumo de massa, da elevação salarial e da elevação
da arrecadação fiscal que pode ser destinada a gastos sociais. (BRASIL, 2004)
101
Figura 22 Evolução das exportações brasileiras por fator agregado – 1964 a 2006, participação
percentual sobre o total geral
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
PARTICIPAÇÃO % DAS EXPORTAÇÕES NO PIB DO BRASIL
EXPORTS SHARE % IN BRAZILIAN GDP
1990 / 2004
6,7
7,8
9,2
9,0
8,0
6,6
6,2
6,6
6,5
8,9
9,1
11,4
13,1
14,4
16,0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Figura 23 Participação% das Exportações no PIB do Brasil
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2006).
102
Mostra-se claramente o desejo do governo brasileiro de seguir uma lógica de
crescimento Fordista ou Sloanista. Todavia, sendo o automóvel um produto inacessível para a
maioria da população, o “consumo de massa” não se dará para o automóvel. Também não é a
indústria automobilística uma opção preferencial da política industrial brasileira, em contraste
com o período 1994 – 2002: os setores de foco da política industrial são os semicondutores,
os fármacos, os medicamentos e os bens de capital, de acordo com as Diretrizes de Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do Governo Brasileiro.
5.3 O MERCADO
Como apresentado no capítulo 1, nos anos 90 diversas empresas fabricantes de
automóveis instalaram-se no Brasil, atraídas pelo mercado potencial que surgiria com a
estabilização econômica e a consolidação do Mercado Comum do Sul.
A consolidação de um Mercado Comum na América Latina tem sido um processo
gradual, e os mercados dos demais países do Mercosul são pouco representativos se
comparados ao volume do mercado brasileiro. Segundo Branbilla (2005), o mercado
brasileiro acumulado no período 1996-1999 totalizou 1.047.730 veículos na Argentina, e
5.176.605 veículos no Brasil; em resumo, o mercado brasileiro é cinco vezes superior ao
mercado argentino. Os demais mercados têm menor dimensão se comparados a estes dois
mercados, no que se refere a venda de automóveis. Assim, qualquer estratégia de
lucratividade – exceto para produtos que busquem “nichos” reduzidos de mercado – deve
considerar o perfil do mercado brasileiro.
A manutenção da estabilidade econômica se deu com a manutenção de uma elevada
taxa de juros no mercado interno, o que inibe o consumo e o acesso da população de menor
poder aquisitivo à compra de um veículo. O Brasil tinha no ano 2000 uma população de 170
milhões de habitantes, e segundo estimativas do IBGE, possuía em novembro de 2006 187
milhões de habitantes. Consideramos neste estudo que podem ser adquirentes de um
automóvel novo os habitantes cuja renda familiar seja superior a 5,7 salários mínimos (base:
simulação de financiamento do veículo de menor preço no mercado brasileiro, tendo sido
financiados noventa por cento do veículo, comprometendo não mais que 30% do valor dos
rendimentos brutos). Com estas premissas, teoricamente apenas 1,6 milhões de habitantes
podem comprar um veículo novo.
103
O excesso de capacidade instalada na indústria brasileira aponta a exportação como
única alternativa à ociosidade, que se mostra particularmente interessante se realizada com a
máxima comunização possível de plataformas e acessórios. A figura 24 mostra o crescimento
da produção (que superou 2 milhões de unidades no ano de 2005) e em especial das
exportações, que em 2005 atingiram 34% do total de unidades produzidas. A capacidade
excedente de produção vem sido transformada em exportações, em especial nas montadoras
de maior porte.
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
Ano
Veículos
Produção Vendas no país Vculos Exportados
Figura 24 Evolução da produção, vendas e exportação de automóveis no país, de 1957 a 2005
Fonte: Anfavea (2006).
5.4 A MÃO-DE-OBRA
Desde o início dos anos 90 há uma clara tendência de aumento do desemprego (vide
figura 25), e cresce a participação no mercado de trabalho de pessoas com mais de onze anos
de escolaridade, isto é, segundo grau completo, como apresenta a figura 26.
104
Figura 25 Evolução da taxa de desemprego nas regiões metropolitanas
Fonte: IPEA (2006).
Figura 26 Evolução da ocupação por escolaridade no país
Fonte: IPEA (2006).
105
Segundo o IPEA, a informalidade no Brasil supera 50% na população
economicamente ativa. O crescimento do desemprego e a precarização dos empregos
reduziram muito o poder de pressão dos sindicatos em sua relação com as empresas.
Nas empresas industriais, a terceirização e a introdução de novas tecnologias
aumentou a produtividade, elevou a exigência de escolaridade e reduziu o número de
empregos no setor. Apesar do crescimento, reduziu-se o número de empregos na indústria
automobilística, como pode ser visto na figura 27.
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
1957
1960
1963
1966
1969
1972
1975
1978
1981
1984
1987
1990
1993
1996
1999
2002
2005
Anos
Empregos na Indústria automobilística
Figura 27 Evolução dos empregos na indústria automobilística
Fonte: Anfavea (2006).
Em resumo, pode-se caracterizar que a mão-de-obra para a indústria automobilística
no país está disponível, pois a oferta é superior à demanda; é semi-qualificada, pois cresce a
média de anos de escolaridade na indústria, e é parcialmente sindicalizada, em um contexto de
sindicatos enfraquecidos pela crise de empregos.
106
5.5 AS ESTRATÉGIAS DE LUCRATIVIDADE PARA A INDÚSTRIA
AUTOMOBILÍSTICA NO MODELO ATUAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
BRASILEIRO
Após analisarmos o modelo de distribuição de renda e o modelo de crescimento
econômico brasileiros, e as características do mercado e da mão-de-obra, mostra-se como a
estratégia de lucratividade mais adequada para a indústria automotiva brasileira uma
estratégia sloanista modificada, restrita a modelos compactos; sendo a exportação a
complementação que propicia maior estabilidade aos volumes produzidos e, ocupando a
capacidade ociosa, reduz os custos fixos.
Cabe ressalvar que a indicação de uma estratégia de lucratividade mais apta não
significa a impossibilidade de sucesso de outras estratégias, que terão, todavia, um ambiente
mais adverso para a produção dos resultados econômicos desejados.
Para que a indústria automotiva nacional tenha sucesso mais consistente, é necessária
a construção de acordos de governança da empresa consistentes, que permitam a reconstrução
e expansão de uma classe média. Todavia, tal objetivo só poderá ser alcançado com o sucesso
nas políticas de redução de desigualdade – o que necessariamente implica na criação de
empregos. A redução sistemática de empregos na indústria automobilística e seus
fornecedores contribuem para a redução de mercado para a própria indústria automobilística,
em um efeito fordista “ao contrário”.
5.6 O MODELO DE BOYER E FREYSSENET PARA A UNIDADE DE JUIZ DE FORA
A construção de um modelo para a fábrica traz a tona diversas inconsistências
relativas à estratégia de lucratividade da divisão de automóveis da DaimlerChrysler em
relação ao mercado brasileiro. A adoção da estratégia de “qualidade e especialização” –
característica dos produtos da marca – exige um modelo de crescimento econômico
“orientado a exportação” e distribuição de renda “coordenada”.
Analisada a distribuição de renda brasileira e o mercado nacional, não há
consumidores da marca em quantidade suficiente no Brasil para ocupar a capacidade
produtiva da empresa, que é de 70 mil unidades por ano.
107
A figura 28 mostra as vendas da DaimlerChrysler no Brasil, tanto de veículos
importados, quanto de veículos nacionais. Observa-se que a Classe A – veículo de menor
preço do portfólio de produtos das marcas DaimlerChrysler – representa entre 60% e 90% do
total de veículos das marcas DaimlerChrysler vendidos no país no período entre 1999 e 2005,
cujo volume de vendas nunca superou 14 mil veículos por ano.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Ano
Vendas da marca Mercedes-Benz no mercado brasileiro
Mercedes-Benz importados Classe A nacional
Figura 28 Vendas de veículos das marcas DaimlerChrysler de 1990 a 2006
Fonte: Anfavea (2006).
A ausência de um mercado interno de volume compatível torna pouco interessante o
desenvolvimento de um fornecimento local, dado o elevado custo dos ferramentais (matrizes,
estampos e outros) necessários para a produção de peças.
No ano de 2005 se encerrou a produção do modelo Classe A, substituído (na Europa)
por novo modelo, de preço mais elevado que o modelo anterior, o que reduziria ainda mais os
volumes de venda no Brasil caso o modelo sucessor viesse a ser produzido na unidade de Juiz
de Fora.
108
Conclui-se que não se mostra evidente uma relação forte entre a estratégia de
lucratividade da DaimlerChrysler e o mercado brasileiro.
Como alternativa ao mercado brasileiro, abre-se para a fábrica brasileira a
possibilidade de produzir exclusivamente para exportação.
A DaimlerChrysler tem como principais mercados a Alemanha, os demais países da
Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Japão, com 29%, 35%, 19% e 4% das vendas de
automóveis em 2005, respectivamente. Todavia, há capacidades ociosas nas fábricas alemãs, e
a guerra de preços nos mercados-alvo levou a empresa a um prejuízo de 505 milhões de Euros
em 2005.
A comunização de plataformas, aliada aos custos logísticos, faz com que a maioria dos
fornecedores de peças da companhia se localize na Europa. Assim, para produzir para
exportação, a fábrica mineira deve importar a maior parte das peças da Europa, o que eleva
sobremaneira seus custos de logística e fragiliza sua posição competitiva frente às demais
unidades da produção européias. Quanto à mão-de-obra, o elevado investimento em
programas de qualificação garantiu o vínculo entre esta e a estratégia de lucratividade da
Mercedes-Benz. Desta forma, a estratégia de lucratividade não é sustentável, em razão da
ausência de mercado local.
A estabilidade de emprego, central no modelo até hoje praticado na Alemanha, é
sustentada pelo acordo de incentivos tributários com o Governo de Minas Gerais, sendo assim
externa ao modelo da companhia. Exceto na hipótese de renovação de incentivos tributários
condicionados a manutenção do nível de empregos, é pouco provável que a DaimlerChrysler,
que reduzirá mais de 8.500 postos de trabalho no ano de 2006, tenha qualquer iniciativa de
oferecer a manutenção do nível de emprego atual da fábrica.
A figura 29 representa o estado atual da fábrica conforme o modelo de Boyer e
Freyssenet (1999).
109
Figura 29 Representação do estado da fábrica de Juiz de Fora
Fonte: O autor, a partir do modelo geral de Boyer e Freyssenet (1999).
110
6 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados realizada neste capítulo combina os resultados obtidos na pesquisa
quantitativa e qualitativa e as informações conhecidas em razão da vivência profissional do
autor na implantação, auditoria e prática do sistema de produção da unidade. As informações
da revisão bibliográfica apoiaram o processo de análise realizado.
6.1 ANÁLISE GERAL
O questionário foi distribuído aos 10 supervisores de produção, aos 20 supervisores de
linha, aos 34 porta-vozes de áreas produtivas e não-produtivas, e a 3 especialistas da área de
projetos estratégicos de produção, correspondendo a 100% do grupo objeto desta pesquisa.
Em razão da política de recrutamento e seleção da empresa, há relativa
homogeneidade do grupo pesquisado quanto à formação. Todos os pesquisados têm o
segundo grau completo, e todos os supervisores de produção e especialistas possuem nível
superior. Uma parte dos supervisores de linha concluiu ou está freqüentando cursos de nível
superior.
Todos os participantes do grupo pesquisado possuem mais de cinco anos na empresa.
A maior parte dos supervisores de produção possui experiência profissional na indústria
automobilística prévia à sua admissão na unidade de Juiz de Fora.
A figura 30 mostra a distribuição das categorias funcionais em relação ao total de
questionários respondidos. Como pode ser visto, as respostas representam majoritariamente os
operadores de produção, na função de porta-vozes de suas equipes. Esta distribuição é
representativa do universo de stakeholders do Sistema de Produção Mercedes-Benz, que tem
ênfase nas atividades produtivas operativas.
111
vel
50
%
30
%
15
%
5
%
porta-voz der supervisor especiali sta
Figura 30 Distribuição das categorias funcionais em relação ao total de questionários respondidos
Fonte: O autor.
Esta ênfase também foi refletida na divisão dos participantes da amostra em grupos
referentes a áreas produtivas e não-produtivas, mostrada na figura 31.
Tipo
70
%
30
%
Pro dut i vo Não produtivo
Figura 31 Perfil dos participantes quanto às áreas de atuação (produtivas, não-produtivas)
Fonte: O autor.
Deve ser destacado o grande interesse dos participantes na pesquisa. O sistema de
produção da fábrica de Juiz de Fora é diretamente ligado às atividades fabris, e o grupo
pesquisado apresentou diversas sugestões e críticas quanto à aplicação dos elementos, que são
apresentadas na parte relativa à análise detalhada dos resultados da pesquisa.
112
As respostas relativas à utilidade do sistema de produção como apoio a gestão ou
coordenação das equipes foi afirmativa por parte de todos os participantes da pesquisa. As
respostas destacaram aspectos relacionados à gestão, ao estabelecimento de referências para o
desempenho das atividades, à informação, ao alcance de metas e a manutenção da qualidade
dos processos e do produto. Abaixo reproduzimos algumas respostas que sintetizam a visão
do grupo pesquisado sobre o sistema de produção da fábrica de Juiz de Fora:
Como sistema organizacional e de padronização tem várias ferramentas
importantes e muitas sem relevância para os processos produtivos e qualidade do
produto. Creio que esta pesquisa, se bem mapeada, revelará oportunidades de
mudança em muitos aspectos.
Estabelece elementos, padroniza procedimentos, promove uma intensificação da
comunicação entre as equipes/áreas envolvidas em determinados eventos.
Padroniza e orienta a coordenação e a administração, tanto de pessoas como de
processo. Trabalhar de forma organizada é a solução para mais de 50% dos
problemas de uma organização.
Através dele você consegue visualizar melhor suas atividades, procurando um
caminho melhor e evitando errar no seu posto de trabalho. As ferramentas do
Sistema de Produção Mercedes-Benz promovem mais qualidade no desempenho
de nossas tarefas.
Com regras e padrões estabelecidos é muito mais fácil coordenar a produção.
Há uma distribuição de tarefas, onde todos têm sua parcela de responsabilidade.
A forma que trabalhamos faz com que a área fique organizada e limpa e, dessa
forma, é possível visualizar com facilidade quando alguém está não seguindo os
check-lists.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz facilita a visualização e a comunicação
junto à equipe e deixa claras as atividades e responsabilidades de cada membro
da equipe.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz é como um manual de administração,
principalmente para a produção, facilitando a gestão tanto dos supervisores de
linha e de área. O Sistema de Produção Mercedes-Benz é a chave para a
organização da fábrica. A fábrica de Juiz de Fora realmente vivencia o sistema
de produção (experiência de Tuscaloosa, onde nossos colaboradores sentiram a
falta dessa vivência). As reuniões de equipe regulares e todas as ferramentas,
inclusive as voltadas a solução de problemas, nivelam a informação entre áreas
nos auxiliando muito a manter a qualidade desta fábrica.
Todos nós temos problemas de gestão. Nada melhor quando se tem onde recorrer
e o Sistema de Produção Mercedes-Benz dá este suporte, facilitando o seu dia-a-
dia com a equipe; é benéfico e importante, porque a gestão de pessoas é difícil se
você não tiver um apoio.
6.2 BLOCO 1: ESTRUTURAS DE TRABALHO E TRABALHO EM EQUIPE
Conforme apresentado anteriormente o Bloco 1 do Sistema de Produção Mercedes-
Benz agrupa os elementos referentes à gestão de pessoas, e em especial a organização do
trabalho em equipe. A percepção do grupo pesquisado atribuiu grande importância aos
113
elementos deste bloco, tendo as respostas “essencial” e ”muito importante” alcançado 84% do
total de respostas.
Importância dos Métodos
4%
3%
8%
38%
46%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Não é necessária / Não
utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
Figura 32 Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 1
Fonte: O autor.
A análise global dos resultados mostrou em seu conjunto considerável demanda por
alteração na aplicação dos elementos, como mostra a figura 33. Este resultado mostra que, em
uma análise global, o transplante dos elementos relativos a gestão de pessoas e organização do
trabalho demanda hibridização em sua aplicação na fábrica de Juiz de Fora, em grau que varia
para cada elemento do sistema de produção.
111111. .
12111112
. 1111. 22
21211112
11112211
22111222
21222122
22111111
22111222
11212212
71%
29%
Deve manter sua forma de aplicação Deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 33 Demanda consolidada de hibridização – Bloco 1
Fonte: O autor.
114
A legislação trabalhista alemã exige das empresas a prática da co-gestão, isto é, da
participação dos trabalhadores em todas as instâncias de decisão da empresa. Todavia, o
transplante desta forma de trabalho em um contexto em que o trabalhador tem uma relação de
trabalho de maior instabilidade, se comparado ao trabalhador de uma fábrica da Mercedes-
Benz na Alemanha, faz com que os espaços de participação e negociação não sejam utilizados
em toda a extensão, conforme observado pelo autor na prática diária dos elementos. Este fato
se reflete na aplicação de diversos elementos deste bloco.
6.2.1 Análise do Elemento “Acordo de Metas”
O Elemento “Acordo de Metas”, como vimos, busca destacar as metas estratégicas a
serem alcançadas em um determinado ano com o pagamento de bônus aos executivos da
empresa. Embora tenha sido iniciada a aplicação do elemento para os funcionários
administrativos, não há para estes um vínculo direto entre o acordo de metas e a participação
nos lucros e resultados, que é resultado da negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos de
Juiz de Fora com representantes da área de recursos humanos e da área de produção e
logística da empresa, em geral gerentes.
O elemento é percebido como importante pelo grupo pesquisado: de um total de 66
respostas, 61 respostas avaliam o elemento como “muito importante” ou “essencial”, ou seja,
92%. Isto pode ser explicado pelo efeito de “foco” produzido pelo elemento, que explicita a
gerentes, supervisores, líderes de produção e a todos os funcionários o que é importante, e que
será intensamente acompanhado. Isto traz transparência na relação entre chefes e
subordinados na empresa.
A figura 34 mostra que 30% das respostas são favoráveis à alteração da forma de
aplicação. Houve tanto críticas referindo-se a aplicação incompleta do elemento, como já
exposto, quanto em relação ao processo de definição das metas. Houve elogios ao
alinhamento proporcionado pelo elemento.
Como exemplo, reproduzimos alguns depoimentos:
O acordo de metas para chão de fábrica pode ser melhorado, pois o desempenho
do supervisor de linha faz parte da meta do supervisor de área com o gerente
(está agregado).
O Sistema de Produção Mercedes-Benz é uma ferramenta que me auxilia. Se for
levado a sério em todos os níveis de chefia, realmente ajuda. Alinhamos as metas
do diretor e da empresa com nossos colaboradores e temos inúmeras ferramentas
para gestão e coordenação de nossas equipes. Por ser padronizada, dá para se
comparar desempenhos das equipes, bem como dos gestores.
115
O processo de gestão está diretamente relacionado a resultados operacionais,
índices de desempenho, satisfação dos empregados e acionistas. Vejo que as
metas deveriam ser mais exigentes como ferramentas de gestão e não como
artifício para assegurar bônus ao final do ano. Fala-se muito em “Management
Intention”, mas pouco se faz.
A pesquisa mostra, desta forma, que há necessidade de alterar a forma de aplicação da
ferramenta, pois a sua aplicação para todos os funcionários não é possível dentro da forma de
relação estabelecida hoje, onde a participação nos lucros e resultados é fruto de um processo
de negociação entre sindicato e representantes da empresa, e não um desdobramento de metas
estratégicas em metas operacionais.
Também a forma de aplicação hoje praticada, onde a meta do próximo ano é
estabelecida através do aumento de dificuldade da meta numérica, é questionada pelos
participantes da pesquisa.
De acordo com a percepção dos pesquisados, o elemento deve ser hibridizado.
Demanda de alteração da forma de aplicão
70%
30%
Não alterar Alterar
Figura 34 Demanda de alteração do elemento “Acordo de Metas”
Fonte: O autor.
116
Acordo de Metas x Alteração
0
10
20
30
40
50
Pouco relevant e Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 35 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Acordo
de Metas”
Fonte: O autor.
6.2.2 Análise do Elemento “Feedback dos Colaboradores às Chefias”
Se por um lado os participantes consideram o elemento “Feedback dos Colaboradores
às Chefias” importante, tendo em vista que 88% atribuíram a valoração “muito importante”
ou “ essencial”, não há dúvidas quanto a necessidade de alterar a forma de aplicação do
elemento na fábrica juizforana: 54% dos participantes entendem que o elemento deve ter
alterada sua forma de aplicação. Uma análise da necessidade de alteração nas diversas
categorias mostra, de forma inquestionável, que a demanda por alteração é marcante em todas
as classes de valoração de importância: 100% dos respondentes que atribuíram “pouca
relevância” ao elemento, 86% dos que entendem que o elemento tem “alguma aplicação”,
46% dos que consideram o elemento “muito importante” e 51% dos que consideraram o
elemento “essencial”.
Chama a atenção o fato que já houve uma hibridização quando da implementação do
elemento na unidade: o procedimento utilizado nas fábricas alemãs da DaimlerChrysler prevê
o feedback verbal e direto. No Brasil, como visto, o feedback é anônimo, através de
formulário, com resultado consolidado através da área de recursos humanos da empresa, pois
houve à época o entendimento pelo corpo gerencial de que não seria conveniente o feedback
direto.
A vivência diária do pesquisador mostrou que é elevado nas equipes o temor de
represálias por parte da chefia caso qualquer crítica negativa seja realizada.
117
Não houve nenhuma manifestação específica sobre o elemento “Feedback dos
Colaboradores às Chefias”, apesar de assegurado o sigilo das respostas.
Não é possível assegurar por meios institucionais que não haja, de fato, a represália
temida pelos operadores. Assim, recomenda-se suspender a aplicação deste elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
46%
54%
Não alterar Alterar
Figura 36 Demanda de alteração do elemento “Feedback dos Colaboradores às Chefias”
Fonte: O autor.
Feedback dos Colaboradores às Chefias x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Pouco relevant e Alguma apl icão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 37 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
Feedback dos Colaboradores às Chefias”
Fonte: O autor.
118
6.2.3 Análise do Elemento “Pesquisas de Clima Organizacional”
De maneira semelhante ao elemento anterior os participantes consideram o elemento
“Pesquisas de Clima Organizacional” importante, pois 71% atribuíram a valoração “muito
importante” ou “essencial”. Também neste caso não há dúvidas quanto à necessidade de
alterar a forma de aplicação do elemento na fábrica juizforana: 55% dos participantes
entendem que o elemento deve ter sua forma de aplicação alterada.
O elemento utilizado pela empresa precede a própria implementação do sistema de
produção, sendo anterior a implementação da fábrica de Juiz de Fora. Denominado
“Queremos Ouvi-lo”, a pesquisa utiliza formulários com dezenas de perguntas, que devem ser
depositados em urnas nos refeitórios, em duas etapas, com seus participantes agrupados de
acordo com o mês de nascimento. Não há apresentação dos resultados da pesquisa aos
funcionários, somente para os níveis de supervisão e gerência.
Demanda de alteração da forma de aplicão
45%
55%
Não alterar Alterar
Figura 38 Demanda de alteração do elemento “Pesquisa de Clima Organizacional”
Fonte: O autor.
Uma análise das respostas apresentadas de acordo com a distribuição das valorações
atribuídas, como pode ser visto na figura 39, mostra marcante demanda de alteração na forma
de aplicação do elemento em todas as classes: 67% dos respondentes que atribuíram “pouca
relevância” ao elemento, 58% dos que entendem que o elemento tem “alguma aplicação”,
54% dos que consideram o elemento “muito importante” e 50% dos que consideraram o
elemento “essencial”.
119
Pesquisa de Clima Organizacional x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Pouco relevant e Alguma apl i cão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 39 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Pesquisa de Clima Organizacional”
Fonte: O autor.
6.2.4 Análise do Elemento “Reconhecimento aos Colaboradores”
O elemento “Reconhecimento dos Colaboradores” apenas orienta as chefias sobre a
importância do reconhecimento de seus funcionários. Todavia, ao mesmo tempo em que o
grupo pesquisado valoriza muito o elemento (95% das respostas considera o elemento
“essencial” ou “muito importante”), avalia que deve haver mudança na forma de aplicação:
60% das respostas indicaram que deve ser alterada a forma de aplicação do elemento.
Considerando-se que houve suspensão da concessão de aumentos salariais, pode-se
interpretar que houve redução das manifestações de reconhecimento dos bons desempenhos
para que não houvesse espaço de comunicação para pedidos de aumentos salariais de mérito.
Uma segunda hipótese é que a descrição do procedimento proposto seja, sob a ótica da
maioria dos pesquisados, “ineficaz”. As razões de uma possível ineficácia devem ser
pesquisadas, o que foge todavia ao escopo desta dissertação.
120
Demanda de alteração da forma de aplicão
40%
60%
Não alterar Alterar
Figura 40 Demanda de alteração do elemento “Reconhecimento dos Colaboradores”
Fonte: O autor.
Reconhecimento dos colaboradores x Alteração
0
10
20
30
40
50
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 41 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reconhecimento dos Colaboradores”
Fonte: O autor.
6.2.5 Análise do Elemento “Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e
Administrativos”
O elemento “Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e Administrativos” é
considerado “essencial” ou “muito importante” por 95% dos pesquisados, dos quais 62%
entendem que deve mudar a forma de aplicação.
121
Sendo o objetivo deste elemento contribuir para uma remuneração transparente e justa
em relação ao desempenho, e sendo os resultados muito semelhantes ao elemento anterior, é
reforçada a hipótese de insatisfação com a suspensão de aumentos salariais de mérito, que
levaria a prática deste elemento do sistema a um exercício puramente formal, com a prática de
um “discurso justificante”, que não atende a um objetivo de utilidade pelos operadores (“um
melhor desempenho deve ser reconhecido através de aumentos salariais”). Se não é possível a
concessão de aumentos salariais, a avaliação deve ter seus objetivos alterados, hibridizando-a,
modificando-a para que se ajuste a atual realidade da fábrica juizforana.
A hipótese é reforçada pela manifestação de um dos respondentes: “O sistema de
avaliação de colaboradores deveria ser anual e não semestral. Pois o feedback mais
importante, no meu entendimento, seria o imediato, pois traz mais ganho”.
Demanda de alteração da forma de aplicação
38%
62%
Não alterar Alterar
Figura 42 Demanda de alteração do elemento “Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e
Administrativos”
Fonte: O autor.
122
Sistema de avaliação de colaboradores x Alteração
0
10
20
30
40
50
Não é necessária /
Não Ut i l i zo
Alguma aplicão Mui t o important e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 43 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e Administrativos”
Fonte: O autor.
6.2.6 Análise do Elemento “Listas de verificação e Controle” (Check-lists)
A utilização de listas de verificação e controle (“check-list”) é considerada como
“essencial” ou “muito importante” por 81% dos respondentes, dos quais 22% entendem que
deve ser mudada a forma de aplicação.
Uma das hipóteses para o desejo de mudança em um elemento de aplicação simples é
a forte rejeição ao uso de formulários, planilhas e demais instrumentos “de papel”,
manifestada com freqüência nas respostas à pesquisa. Reproduzimos abaixo alguns das
sugestões dos pesquisados:
Desburocratizar o sistema. Reduzir quantidades de papéis nas equipes.
Documentação é responsabilidade do planejamento e supervisores de linha.
Mostrar vivência na prática e não ter que provar para auditores com
documentação.
Eliminar papéis, deve-se procurar a vivência na prática.
Quando tivermos uma alta produção, acredito que não teremos condições de
preencher tantos formulários (papéis). Devemos desburocratizar o sistema! Há
muitos protocolos e assinaturas, com datas, etc.
123
Neste caso, cabe rever a quantidade de listas de verificação e controle em uso, bem
como todos os instrumentos “de papel”, restringindo seu uso às situações onde a coleta de
dados se transforme em efetivas ações de melhoria de processo.
Demanda de alteração da forma de aplicão
78%
22%
Não alterar Alterar
Figura 44 Demanda de alteração do elemento “Listas de verificação e Controle”
Fonte: O autor.
Check-lists x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 45 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Listas
de verificação e Controle”
Fonte: O autor.
6.2.7 Análise do Elemento “Avaliação do Sistema de Produção por Diretores, Gerentes e
Supervisores”
O elemento “Avaliação do Sistema de Produção por Diretores, Gerentes e
Supervisores” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 73% dos pesquisados. Do
124
total de respondentes à pesquisa, 25% entendem que deve ser modificada a forma de
aplicação.
As auditorias com a participação de supervisores de área, gerentes e diretores tiveram
uma grande redução da freqüência de sua realização. Isto pode ter levado um dos pesquisados
a manifestar sua recomendação: “Devemos manter rigorosamente as auditorias com
participação de gerentes e supervisores”.
Um segundo pesquisado confirma a percepção de importância da auditoria com a
presença de supervisores, gerentes e diretores: “O Sistema de Produção Mercedes-Benz é um
sistema bem aplicado e vivenciado na fábrica, e não necessita mais de auditorias de
verificação e sim da vivência do sistema de acordo com o elemento Avaliação do Sistema de
Produção por Diretores, Gerentes e Supervisores”.
Neste caso, não cabe falar de uma hibridização necessária, mas sim da efetiva prática
do elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
75%
25%
Não alterar Alterar
Figura 46 Demanda de alteração do elemento “Avaliação do Sistema de Produção por Diretores,
Gerentes e Supervisores”
Fonte: O autor.
125
Avaliação do SPJ por diretores, gerentes e SV x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve t er alt erada sua f orma de apli cão
Figura 47 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação do Sistema de Produção por Diretores, Gerentes e Supervisores”
Fonte: O autor.
6.2.8 Análise do Elemento “Reuniões Regulares”
O elemento “Reuniões Regulares” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 23% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Um dos pesquisados entende que a reunião, que envolve a paralisação da produção por
30 minutos para sua realização, é demasiado longa: “As reuniões regulares deveriam ser
menores”.
As reuniões regulares na fábrica de Juiz de Fora fazem parte de uma estratégia de
comunicação em cascata, onde na reunião semanal entre os gerentes e o diretor de produção é
gerado um formulário que resume as informações que devem ser transmitidas para os
supervisores de linha e os operadores. O conteúdo inclui a manifestação de cada gerência, que
destaca atividades de sua área. Assim, a reunião regular se transforma em uma espécie de
“jornal falado”, um resumo de notícias da fábrica, apresentado pelos supervisores de linha aos
operadores.
126
O procedimento adotado permite um elevado grau de uniformidade da comunicação
“oficial”, com rapidez na transmissão das informações. Como na prática das reuniões
regulares não há discussões, sendo um espaço basicamente informativo, é possível a redução
de sua duração.
O procedimento previsto pelo Sistema de Produção Mercedes-Benz prevê a definição
e acompanhamento de ações, e baseia-se em práticas do Sistema Toyota de Produção. Como
há baixo envolvimento dos operadores dos temas, gerado pela ausência de mecanismos
eficazes de garantia da participação e envolvimento, os operadores tornam-se “espectadores”
da vida da fábrica. A falta de um acordo de governança corporativa eficaz impacta
diretamente na eficácia das reuniões de equipe, que cumpre com eficácia apenas o papel de
informar, papel este valorizado pelos pesquisados.
Mostra-se necessária a hibridização do elemento, aliada a criação de uma forma de
acordo de governança eficaz, que é hoje de difícil concretização, como exposto no capítulo
anterior.
Demanda de alteração da forma de aplicação
77%
23%
Não alterar Alterar
Figura 48 Demanda de alteração do elemento “Reuniões Regulares”
Fonte: O autor.
127
Reuniões Regulares x Alteração
0
10
20
30
40
Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 49 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reuniões Regulares”
Fonte: O autor.
6.2.9 Análise do Elemento “Atividades para o Desenvolvimento da Equipe”
O elemento “Atividades para o desenvolvimento da equipe” é considerado “essencial”
ou “muito importante” por 85% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 37%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
Há uma distinção básica entre a forma de aplicação deste elemento na fábrica
brasileira e nas fábricas alemãs. A origem deste elemento é o Sistema de produção Toyota.
Como visto anteriormente, a participação da equipe no Sistema Toyota de Produção é
fomentada através de mecanismo de incentivo a participação e melhoria contínua da empresa,
associando a evolução salarial e de carreira dos operadores aos resultados de empresa. Nesse
ambiente, a equipe transforma-se no fórum principal de discussão de melhorias operacionais
dos processos. Na Alemanha e na Suécia, a co-gestão abre espaços efetivos de participação e
decisão quanto a aspectos estratégicos e organizacionais. A equipe e o sindicato constituem-se
em espaços da organização onde são discutidas as estratégias e a organização do trabalho.
No Brasil, não há um marco legal que garanta a participação dos operadores em
aspectos estratégicos e organizacionais. Na DaimlerChrysler brasileira, não há um acordo de
governança eficaz como na Toyota do Japão.
128
Assim, o papel da equipe é esvaziado de seu contexto de formulação de estratégia e
mudança da organização de trabalho. Permanece como núcleo central da forma de
organização de trabalho, mas é objeto da ação de organização, e não agente-participante da
organização do trabalho.
Pode-se tecer a hipótese de que a ausência desses espaços de participação e da falta de
mecanismos de garantia de envolvimento na melhoria da organização do trabalho, melhoria
esta “desnecessária” e “indesejada” pelo excesso de recursos da produção, sejam a causa de
uma elevada demanda por mudanças na forma de aplicação do elemento.
Em resumo, falta o contexto para o qual o elemento “atividades para o
desenvolvimento da equipe”, que tem o objetivo formulado de melhoria contínua do
desempenho e do alcance de metas, tenha efetiva utilidade, o que recomenda a eliminação do
elemento do sistema de produção da fábrica de Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicão
63%
37%
Não alterar Alterar
Figura 50 Demanda de alteração do elemento “Atividades para o desenvolvimento da equipe”
Fonte: O autor.
129
Atividades de desenvolvimento da equipe x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária /
Não Utilizo
Pouco relevant e Alguma aplicão Mui t o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 51 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Atividades para o desenvolvimento da equipe”
Fonte: O autor.
6.2.10 Análise do Elemento “Sistema de Avaliação de Executivos (Lead)”
O elemento “Sistema de avaliação de executivos (Lead)” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 72% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 21%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação. A demanda por alteração concentra-
se no grupo que considera o elemento “essencial”, atingindo 35% deste subgrupo.
O elemento “sistema de avaliação de executivos (Lead)” é anterior à formulação
formal do Sistema de Produção Mercedes-Benz, e foi recepcionado por ele em sua
formulação.
Na unidade de Juiz de Fora, o instrumento sofreu uma hibridização circunstancial:
diante da necessidade de redução das estruturas organizacionais, são raros os espaços para
promoções de executivos, e assim, as respostas da avaliação são conformadas para que haja
coerência entre o ambiente da empresa e o grau de desenvolvimento de cada executivo,
mesmo que todas as metas estabelecidas tenham sido sistematicamente alcançadas e
superadas pelo corpo executivo da empresa. A força dos grupos políticos da fábrica também
influencia os resultados da avaliação, formulada conceitualmente para permitir uma avaliação
“neutra” e “objetiva”.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
130
Demanda de alteração da forma de aplicão
79%
21%
Não alterar Alterar
Figura 52 Demanda de alteração do elemento “Sistema de Avaliação de Executivos” (Lead)
Fonte: O autor.
Lead x Alteração
0
5
10
15
20
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicação
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 53 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sistema de avaliação de executivos (Lead)”
Fonte: O autor.
131
6.2.11 Análise do Elemento “Desenvolvimento e Acompanhamento de Executivos”
O elemento “Desenvolvimento e Acompanhamento de Executivos” é considerado
“essencial“ ou “muito importante” por 60% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 36% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação. A demanda por
alteração concentra-se no grupo que considera o elemento “essencial”, atingindo 65% deste
subgrupo.
Esta demanda por alteração pode ser explicada pela baixa freqüência de treinamentos
para os níveis gerenciais da fábrica, que quando realizados, atendiam a um programa geral
para toda a DaimlerChrysler do Brasil, não atendendo a necessidades identificadas na unidade
juizforana.
Não cabe neste caso falar em hibridização, mas sim na efetiva prática do elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
64%
36%
Não alterar Alterar
Figura 54 Demanda de alteração do elemento “Desenvolvimento e Acompanhamento de
Executivos”
Fonte: O autor.
132
Desenvolvimento de executivos x Alteração
0
5
10
15
20
Não é necessária /
Não Ut il izo
Pouco relevant e Alguma apl icão Muit o important e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 55 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Desenvolvimento e Acompanhamento de Executivos”
Fonte: O autor.
6.2.12 Análise do Elemento “Programa para Redução do Absenteísmo”
O elemento “Programa para Redução do Absenteísmo” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 43%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação. A demanda por mudanças na forma
de aplicação é idêntica para o subgrupo que atribuiu ao elemento a percepção de “essencial” e
“muito importante”.
Como exposto anteriormente, a aplicação deste elemento teve sua origem em uma
situação específica das fábricas alemãs – a não-necessidade de justificar ausências de até três
dias, causadas por doença – que leva a índices de absenteísmo maiores que nas fábricas
brasileiras. O procedimento descrito para este elemento é o de um mecanismo de “pressão
sutil”, dada a impossibilidade legal de outros meios coercitivos.
No Brasil, inexiste um marco legal de mesma natureza, e a ausência ao trabalho
injustificada pode levar a advertência, suspensão ou a demissão do funcionário.
Quando da implantação deste elemento, a conveniência ou não da implantação deste
elemento foi discutida com a diretoria, que decidiu manter a implantação, para que houvesse
“atenção pelos supervisores de linha aos colaboradores com problemas de saúde”. A elevada
demanda por alteração na forma de aplicação pode indicar a desnecessidade ou o desinteresse
na existência deste canal de comunicação, recomendando a eliminação do elemento do
sistema de produção da unidade juizforana.
133
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
57%
43%
Não alterar Alterar
Figura 56 Demanda de alteração do elemento “Programa para Redução do Absenteísmo”
Fonte: O autor.
Programa para redução do absentsmo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicão
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 57 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Programa para Redução do Absenteísmo”
Fonte: O autor.
6.2.13 Análise do Elemento “Descrição de Função”
O elemento “Descrição de Função” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 82% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 57% entendem que deve ser
134
modificada a forma de aplicação. No subgrupo que classificou o elemento como “essencial”
ou “muito importante”, a demanda por alteração na forma de aplicação é de 60%, atingindo
72% se tomarmos como objeto de análise apenas aqueles que consideram o elemento
“essencial”.
A descrição de função foi utilizada na fase inicial de organização da fábrica para
determinar as faixas salariais, de acordo com o grau de complexidade das atividades e a
responsabilidade de cada posição. Após esta aplicação, não houve alterações significativas na
descrição das funções da fábrica.
O elevado grau de demanda por alteração da forma de aplicação do elemento,
crescente de acordo com o grau de importância, pode indicar que a aplicação atual não atinge
seus objetivos, i.e., trazer transparência em relação a tarefas, à distribuição das mesmas e as
competências de decisão, ou ainda, que é fraca a relação entre salários e complexidade das
funções/responsabilidades. Haveria na fábrica, na percepção dos pesquisados, funções com
salários baixos em relação à complexidade das tarefas e responsabilidades do cargo, e vice-
versa, isto é, funções com salários elevados em relação a complexidade e responsabilidade das
tarefas.
Sendo a prática deste elemento pouco freqüente, pode ser apropriada a eliminação
deste elemento do sistema de produção da fábrica mineira.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
43%
57%
Não alterar Alterar
Figura 58 Demanda de alteração do elemento “Descrição de Função”
Fonte: O autor.
135
Descrição de função x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária /
Não Ut il izo
Pouco rel evant e Alguma apl icão Mui t o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 59 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Descrição de Função”
Fonte: O autor.
6.2.14 Análise do Elemento “Descrição de Processo”
O elemento “Descrição de Processo” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 95% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 11% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Os resultados evidenciam a percepção de que a descrição de um processo é elemento
central do mesmo, e elemento fundamental da organização do trabalho produtivo, não
cabendo qualquer hibridização.
É também interessante notar que o elemento foi implantado em conjunto com a
fábrica, tendo sofrido modificações mínimas com a implantação do Sistema de Produção
Mercedes-Benz, podendo ser caracterizado como um elemento “emergente”, a partir da
necessidade da fábrica de ter um conjunto de referências para seu processo produtivo.
136
Demanda de alteração da forma de aplicão
89%
11%
Não alterar Alterar
Figura 60 Demanda de alteração do elemento “Descrição de Processo”
Fonte: O autor.
Descrição de processo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 61 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Descrição de Processo”
Fonte: O autor.
137
6.2.15 Análise do Elemento “Orientação aos Novos Colaboradores”
O elemento “Orientação aos Novos Colaboradores” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, apenas
8% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A aplicação deste elemento é um dos pontos mais fortes do sistema de produção da
fábrica, devendo ser mantida sua forma de aplicação. O programa de orientação aos novos
colaboradores tem duração mínima de seis dias úteis, trazendo as informações necessárias aos
operadores e funcionários administrativos que iniciam atividades na empresa. A cidade de
Juiz de Fora não possuía atividades da área automobilística antes da instalação da fábrica de
automóveis da DaimlerChrysler, e especial atenção foi dada a cada aspecto do programa de
treinamento. O elemento surgiu como solução para um problema, e não como um conceito
transferido de outro sistema de produção.
O elevado grau de adequação mostra que, quando a aplicação “emerge” como uma
resposta a uma necessidade, a prática é incorporada com mais facilidade a cultura
organizacional.
Demanda de alteração da forma de aplicão
92%
8%
Não alterar Alterar
Figura 62 Demanda de alteração do elemento “Orientação aos Novos Colaboradores”
Fonte: O autor.
138
Orientação aos novos colaboradores x Alteração
0
10
20
30
40
50
Pouco rel evante Alguma apl i cão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 63 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Orientação aos Novos Colaboradores”
Fonte: O autor.
6.2.16 Análise do Elemento “Qualificação”
A qualificação é elemento essencial das empresas que tem a “qualidade e
especialização” como estratégia de lucratividade. Isto se reflete na avaliação do grupo
pesquisado: todos (100%) consideram o elemento “muito importante” ou “essencial”.
O elemento “qualificação” é na verdade um sistema, que envolve o uso de ilhas de
aprendizagem, matriz de qualificação e um sistema de controle informatizado. Houve críticas
do grupo pesquisado quanto ao software desenvolvido para facilitar o controle da
qualificação, controle este difícil em razão da complexidade do sistema de administração da
qualificação dos operadores. A necessidade de desenvolver habilidades multifuncionais leva a
necessidade de prática pelo operador em várias estações de trabalho. Após 30 dias sem o
exercício de uma atividade em uma dada estação de trabalho, considera-se que houve perda de
qualificação, que exige retreinamento.
É possível que a demanda de alteração identificada refira-se ao software criticado na
pesquisa, que embora tenha apoiado a administração da qualificação, não eliminou a
complexidade do processo.
Não há participação efetiva das equipes no planejamento da qualificação, pelas razões
já expostas anteriormente. A necessidade de qualificação também tem se reduzido, pois houve
poucas admissões de novos operadores nos últimos anos, restrita aos alunos formados no
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por exigência legal.
139
Na área de montagem final, a remuneração é dada de acordo com a quantidade de
estações que um operador domina. Sendo restrita a quantidade de operadores que pode ocupar
cada faixa salarial, há nesta área restrição à qualificação em outras estações de trabalho, o que
leva a uma flexibilidade restrita.
Recomenda-se alterar a forma de aplicação do elemento, simplificando a
administração da qualificação dos operadores.
Demanda de alteração da forma de aplicão
71%
29%
Não alterar Alterar
Figura 64 Demanda de alteração do elemento “Qualificação”
Fonte: O autor.
Qualif icão x Alt erão
0
10
20
30
40
50
60
Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 65 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Qualificação”
Fonte: O autor.
140
6.2.17 Análise do Elemento “Padrões de Desempenho”
O elemento “Padrões de Desempenho” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 75% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 17% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento “Padrões de Desempenho” tem no sistema de produção juiz-forano uma
aplicação puramente formal, pois há excesso de recursos e operadores, não havendo
intensificação do trabalho, como ocorre no sistema de produção do qual origina, o Sistema
Toyota de Produção. Na unidade de produção mineira, a aplicação do elemento se restringe ao
uso de tempos padrão de processo, modificados pelos planejadores. A hibridização do
elemento – causada pela ausência de pressão de demanda – transformou o caráter dinâmico de
redução dos tempos de produção em estático. Também inexistem acordos para a redução de
tempos de produção, pois os mesmos são desnecessários.
Mesmo assim, este elemento deve ser mantido no sistema de produção da fábrica.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
83%
17%
Não alterar Alterar
Figura 66 Demanda de alteração do elemento “Padrões de Desempenho”
Fonte: O autor.
141
Padrões de desempenho x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicão
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 67 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Padrões de Desempenho”
Fonte: O autor.
6.2.18 Análise do Elemento “Banco de Idéias”
O elemento “Banco de Idéias” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
71% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 65% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação. Do subgrupo que considera a ferramenta “essencial” ou
“muito importante”, 67% entendem que deve haver mudança na forma de aplicação.
Quando de sua implantação, o “Banco de Idéias” premiava até 30% da economia do
primeiro ano de implantação de uma idéia, descontadas as despesas de implantação, em duas
parcelas. Todos os direitos sobre a idéia são cedidos a empresa quando o proponente entrega
sua idéia para registro. A economia de todos os anos seguintes pertencia integralmente a
empresa.
Com o reduzido volume de produção, tornou-se inviável realizar qualquer modificação
em ferramentais de peças, pois a escala de produção não permitia pagar os custos de
modificação. Assim, somente a redução de custos com tinta, materiais auxiliares de produção
e energia permitiu o pagamento de prêmios de maior valor.
Além disso, estabeleceu-se uma cultura de buscar a “reprovação” da idéia, pois a
aprovação de idéias de maior valor era questionada pela diretoria, e vista como uma “falta de
competência” da área de planejamento de cada segmento produtivo.
142
O tempo elevado de tramitação das idéias completou um quadro muito desfavorável
para o “Banco de Idéias”, que começou a perder credibilidade junto aos operadores e
funcionários administrativos.
Após alguns anos a diretoria da fábrica decidiu limitar os prêmios a um teto, o que
reduziu ainda mais a atratividade do programa.
Assim, a implantação do elemento alcançou resultados mito aquém dos resultados
potenciais de um programa de sugestões. Para o sucesso do programa é necessário rever
fundamentalmente sua forma de aplicação, ajustando-a de forma a incentivar a participação
dos operadores e atender às expectativas da diretoria e gerencias da unidade produtiva. Como
não poderia deixar de ser, um acordo de governança do programa.
Reproduzimos alguns comentários dos participantes da pesquisa:
Algumas ferramentas como 7D e Banco de idéias devem ser mudadas. Quanto ao
Banco de idéias, deveria ser revisado o seu modo de ser cobrado, e haver maior
comprometimento das pessoas responsáveis em avaliar e “correr atrás”, para ser
implantado. Em caso de dúvida, entrar em contato com o autor da idéia.
O banco de idéias é exemplo de um dos poucos bancos que está falindo no
mundo. Já nasceu doente e ainda não tomou remédio. É uma pena uma
ferramenta tão valorizada em outras organizações não ter sido melhor implantada
aqui. Deve haver uma equipe de análise independente e comprometida, com
competência comprovada e também a melhor gestão de todo o processo.
No Banco de Idéias deveria ser criada uma comissão neutra para avaliar uma
idéia, ou uma comissão para participação na avaliação junto às áreas.
Como sugestão, sugiro a reformulação do Banco de Idéias por completo, pois no
decorrer dos anos notamos que algumas idéias que mereciam um prêmio melhor
não receberam, outras menos importantes receberam valores significativos.
Demanda de alteração da forma de aplicão
35%
65%
Não alterar Alterar
Figura 68 Demanda de alteração do elemento “Banco de Idéias”
Fonte: O autor.
143
Banco de Idéias x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária /
Não Ut i l i zo
Pouco rel evant e Alguma apl i cão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 69 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Banco
de Idéias”
Fonte: O autor.
6.2.19 Análise do Elemento “Processo de Seleção de Colaboradores”
O elemento “Processo de Seleção de Colaboradores” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 82% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 36%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A fábrica de Juiz de Fora não tem realizado novas admissões de pessoal, excetuadas as
admissões de operadores egressos do Serviço Nacional de Aprendizagem industrial, por
imposição legal. Eventuais vagas internas são preenchidas através de recrutamento interno,
com comunicações internas da área de recursos humanos afixadas nos quadros de avisos dos
refeitórios. O procedimento é recente, e não é utilizado em todos os casos. Também não há
utilização do procedimento na seleção para o preenchimento de vagas de posições executivas.
Assim, pode-se supor que a demanda de modificação no procedimento refere-se à
efetiva prática do elemento – que recomenda um procedimento transparente e objetivo – para
os recrutamentos internos, e não a uma hibridização necessária.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
144
Demanda de alteração da forma de aplicação
64%
36%
Não alterar Alterar
Figura 70 Demanda de alteração do elemento “Processo de Seleção de Colaboradores”
Fonte: O autor.
Processo de selão de colaboradores x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicão
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 71 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Seleção de Colaboradores”
Fonte: O autor.
145
6.2.20 Análise do Elemento “Ilhas de Aprendizagem”
O elemento “Ilhas de Aprendizagem” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 68% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 32% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento “Ilha de Aprendizagem” objetiva qualificar novos operadores para a linha
de produção sem a pressão da linha de produção, onde ao final do treinamento o novo
operador estaria apto a iniciar na linha, no ritmo real de produção, sem prejudicar o ritmo
desta.
Todavia, a escassa contratação de novos operadores e a baixa velocidade da linha de
produção permitiram a realização do treinamento da linha, em condições efetivamente reais e
sem prejuízo da produção. Assim, enquanto o ritmo de produção não for elevado, não é
necessária a utilização das ilhas de aprendizagem, sendo recomendável suspender a aplicação
deste elemento.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
68%
32%
Não alterar Alterar
Figura 72 Demanda de alteração do elemento “Ilhas de Aprendizagem”
Fonte: O autor.
146
Il has de aprendi zagem x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Não é necessária /
Não Ut i l i zo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 73 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Ilhas
de Aprendizagem”
Fonte: O autor.
6.2.21 Análise do Elemento “Oficinas PMC”
O elemento “Oficinas PMC” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
78% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 17% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Há na unidade de Juiz de Fora uma oficina PMC – oficina dos processos de melhoria
contínua – em cada segmento produtivo. As oficinas deveriam ser utilizadas para que os
operadores pudessem desenvolver de forma prática suas propostas de melhoria dos processos,
inclusive aquelas do Banco de Idéias.
Como não há um mecanismo de garantia de participação dos operadores no processo
de melhoria contínua, e há problemas estruturais no Banco de Idéias, as oficinas acabam por
realizar trabalhos de ferramentaria, criando dispositivos e outros meios de acordo com a
solicitação dos planejadores das áreas, e quando da realização dos workshops “Kaizen”.
Mais uma vez o contexto da fábrica hibridizou a aplicação do elemento, ajustando-o às
necessidades da fábrica, pois os processos de oficina mecânica, previstos originalmente para
serem terceirizados, acabaram por ser feitos internamente através das oficinas PMC, o que
proporcionou economia à fábrica juizforana, o que justifica sua manutenção.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
147
Demanda de alteração da forma de aplicação
83%
17%
Não alterar Alterar
Figura 74 Demanda de alteração do elemento “Oficinas PMC”
Fonte: O autor.
Oficina PMC x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicão
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 75 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Oficinas PMC”
Fonte: O autor.
6.2.22 Análise do Elemento “Tarefas da Equipe”
O elemento “Tarefas da Equipe” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
92% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 14% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
148
A integração de atividades indiretas (manutenção, garantia da qualidade e logística) às
equipes foi bem recebida pelas mesmas quando de sua implantação. O perfil dos operadores
(mais de 90% com o segundo grau completo) favoreceu a implantação do elemento.
O elemento deve ser mantido no sistema de produção da fábrica.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
86%
14%
Não alterar Alterar
Figura 76 Demanda de alteração do elemento “Tarefas da Equipe”
Fonte: O autor.
Tarefas da equipe x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Não é necessária /
Não Ut i l i zo
Alguma aplicão Mui t o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 77 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Tarefas
da Equipe”
Fonte: O autor.
149
6.2.23 Análise do Elemento “Porta-vozes”
O elemento “Porta-vozes” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 94%
dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 18% entendem que deve ser modificada
a forma de aplicação.
O porta-voz não é superior hierárquico de sua equipe, porém tem responsabilidades
coordenativas. O porta-voz tem apenas 30% de seu tempo disponibilizado para o exercício de
suas funções; nos 70% restantes deve desempenhar atividades operativas na linha de
produção. Na fábrica de Juiz de Fora as atividades não-produtivas da equipe acabam com
freqüência sendo concentradas no porta-voz, o que leva a sobrecarga. Esta sobrecarga tem
levado muitos candidatos potenciais a porta-voz a não mais desejar concorrer a esta posição, o
que pode explicar a demanda de alteração na forma de aplicação do elemento identificada na
pesquisa, apesar do bônus concedido àqueles que executam esta função.
É recomendável alterar a forma de aplicação do elemento, revendo as atividades e o
percentual de tempo destinado à atividade de porta-voz.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
6.2.24 Análise do Elemento “Reuniões de Equipe”
O elemento “Reuniões de Equipe” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Demanda de alteração da forma de aplicação
82%
18%
Não alterar Alterar
Figura 78 Demanda de alteração do elemento “Porta-Voz”
Fonte: O autor.
150
Porta-Vozes x Alteração
0
10
20
30
40
50
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicação
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 79 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Porta-
Voz”
Fonte: O autor.
As reuniões de equipe na fábrica de Juiz de Fora assumem muitas vezes um caráter
informativo. A análise dos protocolos de reunião realizada nas auditorias internas mostrou
com freqüência dois comportamentos marcantes: os grupos registravam as informações
referentes aos problemas que ocorreram no grupo, como uma forma de escalação dos
problemas para os supervisores de linha de produção, ou o protocolo mostrava um conteúdo
meramente informativo. Assim, embora a definição original das tarefas da equipe incluísse a
resolução dos problemas afetos às equipes com participação ativa das mesmas, a falta de
mecanismos de recompensa ao bom desempenho das atividades que vão além do escopo
puramente operativo, seja através de um acordo de governança tácito ou explícito, reduziu
muito a efetividade das reuniões de equipe.
Também a ausência de uma demanda de produção elevada contribuiu para a redução
da quantidade de problemas operacionais, o que tornou o tempo de 30 minutos mais que
suficiente. A escalação precoce dos problemas sobrecarregou alguns supervisores de linha,
que acabavam por exercer atividades de porta-vozes, no que se refere a contatar outras áreas
para a resolução de problemas.
Caso não haja a criação de mecanismos de envolvimento da equipe na solução de
problemas, deve ser revisto o tempo de paralisação de produção destinado às reuniões de
equipe. A criação destes mecanismos esbarra hoje em restrições da legislação: o pagamento
de um bônus continuado às equipes leva a sua perpetuidade, na forma da atual legislação do
151
trabalho. Também o sindicato não tem interesse em fragmentar a concessão de bônus, pois
isto diminui sua força em negociações com a empresa.
Embora tenha sido apontada uma demanda de mudança na forma de aplicação do
elemento por 24% dos respondentes, a pesquisa não teve comentários dos respondentes com
referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 80 Demanda de alteração do elemento “Reuniões de Equipe”
Fonte: O autor.
Reuniões de equipe x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 81 Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Reuniões de Equipe”
Fonte: O autor.
152
6.2.25 Análise do Elemento “Integração de Colaboradores com Restrições ao Trabalho”
O elemento “Integração de Colaboradores com Restrições ao Trabalho” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 88% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 42% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento determina a efetiva integração dos operadores nas suas estações de
trabalho. Porém, o excedente de operadores para o volume diário de produção acabou por
levar ao deslocamento dos operadores com restrições ao trabalho para atividades de logística
ou para atividades administrativas, o que era visto como um “prêmio” pelos demais
operadores de produção.
Desta forma, o elemento não é praticado na forma prescrita. Com a adaptação das
linhas de produção, poder-se-á criar um maior número de postos de trabalho em que haja a
efetiva integração dos operadores com restrições ao trabalho.
O elemento deve ser mantido no sistema de produção da fábrica.
6.2.26 Análise do Elemento “Avaliação do Trabalho em Equipe”
O elemento “Avaliação do Trabalho em Equipe” é considerado “essencial“ ou “muito
importante” por 83% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 38% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
Como visto, pretende o elemento “avaliação do trabalho em equipe” apoiar a
construção de um ambiente em que os operadores participem ativamente na organização e no
aperfeiçoamento do trabalho de equipe em suas equipes. Entretanto, não há uma recompensa
individual quando há um resultado positivo para a equipe.
153
Demanda de alteração da forma de aplicação
58%
42%
Não alterar Alterar
Figura 82 – Demanda de alteração do elemento “Integração de Colaboradores com Restrições ao
Trabalho”
Fonte: O autor.
Integração de colaboradores com restrão ao trabalho x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária /
Não Utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicação
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 83 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Integração de Colaboradores com Restrições ao Trabalho”
Fonte: O autor.
Além disso, não se mostra parte da cultura da região a discussão aberta de problemas
de relacionamento dentro da equipe, e menos ainda em conjunto com a supervisão de linha
(vide elemento “Feedback dos Colaboradores às Chefias” ).
Recomenda-se a retirada deste elemento do sistema de produção praticado na fábrica
de Juiz de Fora.
154
6.2.27 Análise do Elemento “Quadro de Equipe”
O elemento “Quadro de Equipe” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 19% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Os quadros de equipe têm aplicação na unidade de Juiz de Fora desde o início das
atividades de qualificação, antes do início de operação da fábrica, dentro de uma estratégia de
gerenciamento visual. Há uma boa aceitação do elemento como espaço de informação para a
equipe. Contudo, também há excesso de informações no quadro, o que dificulta sua
atualização e leva a um consumo demasiado de papel, criticado pelo grupo pesquisado (vide
críticas do grupo pesquisado na seção 6.2.6 – Análise do Elemento “Listas de verificação e
Controle”).
Com a racionalização do conteúdo dos quadros de equipe pode ser otimizada a
eficiência desta ferramenta de comunicação.
O elemento deve ser mantido no sistema de produção da fábrica de Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicação
62%
38%
Não alterar Alterar
Figura 84 – Demanda de alteração do elemento “Avaliação do Trabalho em Equipe”
Fonte: O autor.
155
Avalião de equi pe x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária /
Não Ut il izo
Pouco rel evant e Alguma aplicão Mui t o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 85 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação do Trabalho em Equipe”
Fonte: O autor.
Demanda de alteração da forma de aplicação
81%
19%
Não alterar Alterar
Figura 86 – Demanda de alteração do elemento “Quadro de Equipe”
Fonte: O autor.
156
Quadro de equipe x Alterão
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 87 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Quadro
de Equipe”
Fonte: O autor.
6.2.28 Análise do Elemento “Rotatividade”
O elemento “Rotatividade” é considerado “essencial“ ou “muito importante” por 90%
dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 13% entendem que deve ser modificada
a forma de aplicação.
A boa aceitação mostra que a alternância das atividades operativas para garantir a
multi-funcionalidade e a flexibilidade na linha de produção é vista favoravelmente pelos
pesquisados. O enriquecimento das tarefas através de sua alternância tem ajudado a evitar
lesões por esforços repetitivos e também tem reduzido a quantidade de defeitos nos veículos,
provocados pela desatenção a um movimento repetitivo.
Praticado desde antes do início da produção, o elemento mostra-se eficaz, sendo
desnecessária qualquer alteração em sua forma de aplicação, devendo ser mantido no sistema
de produção da fábrica mineira.
157
Demanda de alteração da forma de aplicação
87%
13%
Não alterar Alterar
Figura 88 – Demanda de alteração do elemento “Rotatividade”
Fonte: O autor.
Rotatividade x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária /
Não Ut il izo
Alguma aplicão Mui t o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 89 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Rotatividade”
Fonte: O autor.
158
6.2.29 Análise do Elemento “Matriz de Qualificação”
O elemento “Matriz de Qualificação” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 18% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A matriz de qualificação faz parte do conjunto de instrumentos utilizados pelo sistema
“qualificação”, atendendo à transparência das informações. Para simplificar sua administração
pelos supervisores de linha foi desenvolvido um software, que, entretanto, não atendeu às
expectativas de alguns pesquisados. As matrizes de qualificação foram desenvolvidas para
atender a um conteúdo restrito a qualificar, como aquele das estações de trabalho das linhas
de produção, o que leva a dificuldade de sua aplicação em áreas especializadas, como a área
de manutenção. Isso leva a críticas, como a expressa por um dos respondentes à pesquisa:
Uma crítica antiga com relação à Matriz de Qualificação / Sistema de Qualificação
DaimlerChrysler (SQDC) é que se tornou muito complicada uma coisa que era
simples. Os “links” não funcionam direito quando se trata da matriz-padrão de
qualificação. Os registros das qualificações “on the job” são praticamente
inexistentes neste sistema, que como um todo não atende às áreas de apoio (como
por exemplo manutenção e ferramentaria).
Recomenda-se o desenvolvimento de uma solução apropriada pra essas áreas, sem
prejuízo em relação à transparência alcançada nas equipes das linhas de produção.
6.2.30 Análise do Elemento “Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção à Saúde”
O elemento “Instruções de segurança no Trabalho e Proteção à Saúde” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 98% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 11% entendem que deve ser modificada sua forma de aplicação.
O cuidado com a segurança no trabalho é um dos destaques da unidade juizforana, em
que tanto os operadores quanto os diversos níveis de chefia estão conscientes quanto a
importância da prevenção de acidentes e da proteção à saúde, o que se reflete na prática
cotidiana da fábrica.
Recomenda-se manter a forma de aplicação do elemento.
159
Demanda de alteração da forma de aplicação
82%
18%
Não alterar Alterar
Figura 90 – Demanda de alteração do elemento “Matriz de Qualificação”
Fonte: O autor.
Matriz de Qualificação x Alterão
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 91 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Matriz
de Qualificação”
Fonte: O autor.
160
Demanda de alteração da forma de aplicação
89%
11%
Não alterar Alterar
Figura 92 – Demanda de alteração do elemento “Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção à
Saúde”
Fonte: O autor.
Instrução de segurança no trabalho x Alteração
0
10
20
30
40
50
60
Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 93 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção à Saúde”
Fonte: O autor.
161
6.2.31 Análise do Elemento “Sinalização de Segurança”
Como o elemento anterior, a “Sinalização de Segurança” é considerada “essencial” ou
“muito importante” por 98% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 6%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A sinalização de segurança cobre todas as áreas da fábrica, indicando em cada área
quais equipamentos de proteção devem ser utilizados. A delimitação das áreas de pedestres e
a estrita observância da sinalização têm contribuído para a prevenção de acidentes na fábrica.
Qualquer pessoa que não esteja utilizando os equipamentos indicados pela sinalização
de segurança é efetivamente convidada a retirar-se da área pelo supervisor de linha ou pelo
porta-voz.
Recomenda-se a manutenção da forma atual de aplicação deste elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
94%
6%
Não alterar Alterar
Figura 94 – Demanda de alteração do elemento “Sinalização de Segurança”
Fonte: O autor.
162
Sinalização de segurança x Alterão
0
10
20
30
40
50
60
Pouco relevante Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 95 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sinalização de Segurança”
Fonte: O autor.
6.2.32 Análise do Elemento “Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho”
O elemento “Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 95% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 27% entendem que deve ser modificada a sua forma de aplicação.
Em Juiz de Fora a avaliação ergonômica é feita pelo planejador, e não há participação
dos operadores. A avaliação por especialistas em ergonomia é também feita na produção em
série, quando são identificadas áreas críticas, o que leva a ações de alteração da estação –
quando possível – ou ajustes de processo.
A incidência de reclamações devido à ergonomia das estações na fábrica de Juiz de
Fora não é excessiva, mas existe em proporção que recomendaria análises mais aprofundadas
na fase de projeto. Este fato pode ter influenciado a indicação da necessidade de mudança na
forma de aplicação deste elemento. Mais uma vez, para este elemento não cabe falar em
necessidade de hibridização, mas em uma aplicação mais intensa do já é prescrito pelo
Sistema de Produção Mercedes-Benz.
O elemento deve ser mantido no sistema de produção da fábrica.
163
Demanda de alteração da forma de aplicação
73%
27%
Não alterar Alterar
Figura 96 – Demanda de alteração do elemento “Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho”
Fonte: O autor.
Aval i ão ergonômica de processos de t rabal ho x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Não é necessária /
Não Utilizo
Pouco relevant e Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 97 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Avaliação Ergonômica de Processos de Trabalho”
Fonte: O autor.
164
6.2.33 Análise do Elemento “Coleta Seletiva”
O elemento “Coleta Seletiva” é considerado “essencial” ou ”muito importante” por
98% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 5% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A coleta seletiva iniciou-se na fase de qualificação dos operadores da fábrica. Foi
alcançado um elevado nível de conscientização sobre a necessidade de separar
adequadamente o lixo e outros resíduos, que levou diversos operadores e funcionários
administrativos a separar o lixo também em suas residências.
Não é necessária qualquer alteração na forma de aplicação deste elemento.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento,
que deve ser mantido no sistema de produção da fábrica.
Demanda de alteração da forma de aplicação
95%
5%
Não alterar Alterar
Figura 98 – Demanda de alteração do elemento “Coleta Seletiva”
Fonte: O autor.
165
Coleta seletiva x Alteração
0
10
20
30
40
50
Pouco relevante Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 99 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Coleta
Seletiva”
Fonte: O autor.
6.2.34 Análise do Elemento “Consciência Ambiental”
O elemento “Consciência Ambiental” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 97% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 12% entendem
que deve ser modificada a sua forma de aplicação.
A fábrica de Juiz de Fora é certificada na norma ISO 14001, e mantém severo controle
sobre todas as formas de emissões provenientes de seus processos até a destinação final dos
resíduos.
Não é necessária qualquer alteração na forma de aplicação deste elemento;
recomenda-se a permanência do elemento no sistema de produção da fábrica.
166
Demanda de alteração da forma de aplicação
88%
12%
Não alterar Alterar
Figura 100 – Demanda de alteração do elemento “Consciência Ambiental”
Fonte: O autor.
Consciência ambiental x Alteração
0
10
20
30
40
50
Pouco rel evant e Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de apl i cão
Figura 101 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Consciência Ambiental”
Fonte: O autor.
6.3 BLOCO 2: PADRONIZAÇÃO
O Bloco 2 do Sistema de Produção Mercedes-Benz agrupa os elementos referentes à
padronização de processos e métodos aplicados nas atividades operativas e de planejamento.
Como no bloco anterior, o grupo pesquisado atribuiu grande importância aos elementos deste
167
bloco, tendo as respostas “essencial” e ”muito importante” alcançado 83% do total de
respostas.
Importância dos Elementos
7%
2%
7%
41%
42%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Não é necessária /
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
Figura 102 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 2
Fonte: O autor.
O grupo pesquisado apresentou uma percepção positiva sobre a padronização de
processos e métodos, demonstrada tanto nas respostas (parte qualitativa da pesquisa) quanto
na parte quantitativa. A média da demanda de alteração na forma de aplicação de elementos
do Bloco 2 alcançou 14%, como mostra a figura 103.
Figura 103 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 2
Fonte: O autor.
Alteração das ferramentas
86
%
14
%
Deve mant er sua f orma de apli cão Deve t er al t erada sua f orma de apli cão
168
6.3.1 Análise do Elemento “Planos de processo”
O elemento “Planos de processo” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
95% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 12% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Os planos de processo utilizados na fábrica de Juiz de Fora integram informações
sobre seqüência de processos, pontos críticos para a qualidade, informações de segurança do
trabalho e de proteção ao meio ambiente. Sua preparação é feita pelos planejadores das áreas.
Não há um acompanhamento regular dos supervisores de linha quanto à disciplina na
execução dos planos de processo, o que leva a variação da seqüência de execução das tarefas
das estações de trabalho na prática diária.
Em geral, há poucas intervenções das equipes operativas para alterar a seqüência de
produção. As solicitações das equipes são feitas quando há problemas ergonômicos, ou
esforço excessivo. Como em outros elementos referentes a melhoria contínua, a falta de um
mecanismo que fomente a participação dos operadores nos processos de melhoria contínua
tem como conseqüência o não – envolvimento das equipes.
A demanda de produção decrescente levou a atividade dos planejadores – únicos
agentes do processo de mudança – à antítese do modelo toyotista: a atividade dos
planejadores transformou-se em ajustar os planos de processo para viabilizar a ocupação do
maior número possível de operadores, condição necessária do acordo com o Governo do
Estado de Minas Gerais.
A aplicação deste elemento na prática mostra de forma muito clara a inadequação dos
modelos únicos e das afirmações de Womack (1992). É evidente aqui o efeito de um portfólio
de produtos, alinhado a uma estratégia de lucratividade desalinhada com o mercado, com a
distribuição de renda e com o modelo de crescimento econômico, criando um novo ambiente
– ainda que economicamente insustentável a longo prazo – que hibridizou o elemento e todo o
sistema de produção.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
O elemento deve permanecer no sistema de produção da fábrica.
169
6.3.2 Análise do Elemento “Documentação Padronizada no Local de Trabalho”
O elemento “Documentação Padronizada no Local de Trabalho” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 8% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
Demanda de alteração da forma de aplicão
88%
12%
Não alterar Alterar
Figura 104 – Demanda de alteração do elemento “Planos de processo”
Fonte: O autor.
Planos de processo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 105 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Planos de processo”
Fonte: O autor.
170
A presença no posto de trabalho de instruções de teste, documentação das divergências
no processo, planos de manutenção produtiva total, e demais documentos é percebida como
positiva pelos operadores. É interessante observar que, embora sejam instrumentos “de
papel”, são bem aceitos pelas equipes. Aí se destaca um ponto que distingue estes
instrumentos dos demais instrumentos “de papel” do sistema de produção: neste elemento a
documentação é elaborada e atualizada sem a participação das equipes operativas. Não há,
tanto na documentação padronizada, quanto nos planos de processo descritos no elemento
anterior, atividades com participação da equipe na gestão da documentação.
Assim, não há rejeição dos “documentos de papel”, mas sim da atividade de
manutenção dos instrumentos de gestão do sistema de produção, percebida como
excessivamente trabalhosa frente aos resultados alcançados. O estudo de caso não permite
identificar se em unidades de produção do grupo DaimlerChrysler onde há pressão de
demanda há uma percepção diferente dos instrumentos “de papel” de gestão do Sistema de
Produção Mercedes-Benz, tema que é sugerido para futuras pesquisas.
Demanda de alteração da forma de aplicão
92%
8%
Não alterar Alterar
Figura 106 – Demanda de alteração do elemento “Documentação Padronizada no Local de Trabalho”
Fonte: O autor.
171
Documentação padronizada no local de trabalho x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevant e Alguma aplicão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 107 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Documentação Padronizada no Local de Trabalho”
Fonte: O autor.
6.3.3 Análise do Elemento “Estoque de Material Padronizado”
O elemento “Estoque de material padronizado” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 79% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 16% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
Em razão da extrema diferença entre a produção diária planejada e a produção
efetivamente realizada, todas as embalagens planejadas para a produção (300 veículos por dia,
sendo 150 veículos por turno de produção) eram excessivamente grandes. O baixo consumo
de peças levou a total inadequação deste elemento: enquanto as demais fábricas do grupo
definiam o número mínimo e máximo de embalagens na linha de produção, para que o
número de peças na linha não ultrapassasse duas horas de produção (número de horas
estabelecido como limite pelos arquitetos do Sistema de Produção Mercedes-Benz, a partir do
qual estaria caracterizado o estoque excessivo na linha de produção) a fábrica de Juiz de Fora
teve que determinar um número mínimo e máximo de peças
na embalagem. A
disponibilização de uma única embalagem padrão poderia significar, de acordo com a peça,
sua permanência na linha por vários dias, ou dependendo da aplicação da peça, semanas.
A adoção de um limite máximo, medido em horas, obrigou ao transbordo de peças de
suas embalagens originais para embalagens menores nos casos mais extremos, criando maior
risco de dano a estas peças, e dificuldade de controle: contar peças, ao invés de embalagens, é
mais trabalhoso. O número mínimo de peças foi reduzido a zero, e o número máximo tornou-
se o número de peças na embalagem-padrão, pois a reduzida velocidade da linha permitia seu
172
reabastecimento antes que os efeitos da falta da peça na linha fossem sentidos. Com
freqüência, os abastecedores de linha abasteciam mais embalagens do que o máximo definido,
o que levou posteriormente a adoção de um limite “tácito” de duas embalagens em vários
casos, praticado cotidianamente, exceto nos períodos de auditoria interna.
A prática recomenda a hibridização deste elemento, sem a adoção de limites rígidos
para a caracterização de excesso de estoque.
Demanda de alteração da forma de aplicão
84%
16%
Não alterar Alterar
Figura 108 – Demanda de alteração do elemento “Estoque de material padronizado”
Fonte: O autor.
Estoque de material padronizado x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária
Pouco
relevante
Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 109 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Estoque de material padronizado”
Fonte: O autor.
173
6.3.4 Análise do Elemento “Quadro de Indicadores”
O elemento “Quadro de Indicadores” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 81% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
As informações do quadro de indicadores são informações consolidadas da área,
utilizadas para o controle de metas. As informações sobre o alcance de metas são transmitidas
com maior velocidade através de outras formas de comunicação, como as reuniões regulares e
reuniões de equipe. Assim, a informação constante dos quadros de equipe transformou-se em
uma informação “para visitantes”, e a prática do elemento tornou-se apenas formal.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Recomenda-se a eliminação deste elemento do conjunto de elementos do Sistema de
Produção Mercedes-Benz praticado em Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicão
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 110 – Demanda de alteração do elemento “Quadro de Indicadores”
Fonte: O autor.
174
Quadro de indicadores x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária
Pouco
relevante
Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 111 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Quadro de Indicadores”
Fonte: O autor.
6.3.5 Análise do Elemento “Controle de Linha do Processo e do Produto”
O elemento “Controle de Linha do Processo e do Produto” é considerado “essencial”
ou “muito importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 17%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento é ligado diretamente ao autocontrole da produção pelos operadores. Não
houve problemas maiores na implantação do autocontrole, mas, de acordo com os resultados
das auditorias (em especial, os resultados da auditoria de entrega do produto acabado)
multiplicavam-se com facilidade os pontos acrescidos às cartas de controle, sem que a retirada
se desse na mesma velocidade, em razão do tempo para a eliminação definitiva dos problemas
de produção. Isto pode ter levado a percepção, por 17% dos pesquisados, de que a forma de
aplicação deste elemento deve ser alterada.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não é recomendada a alteração da forma de aplicação deste elemento.
6.3.6 Análise do Elemento “Troca de Informações Padronizadas entre Turnos”
O elemento “Troca de Informações Padronizadas entre Turnos” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 87% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 20% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
175
A redução do volume de produção – excetuada a produção da Classe C – levou a
adoção de um único turno de produção. A manutenção fabril e a produção da Classe C foram
assim os únicos usuários este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
83%
17%
Não alterar Alterar
Figura 112 – Demanda de alteração do elemento “Controle de Linha do Processo e do Produto”
Fonte: O autor.
Controle de linha do processo e do produto x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária
Pouco
relevante
Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 113 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Controle de Linha do Processo e do Produto”
Fonte: O autor.
176
A descrição do elemento pressupõe que há um horário diferenciado para as pessoas
designadas para realizar a troca de informações entre turnos, pois é necessário que tanto as
pessoas designadas do primeiro turno quanto as pessoas do segundo turno estejam presentes.
O encerramento de um turno de produção se dava sem qualquer sobreposição com o turno
seguinte, e a troca de informações era viabilizada em razão da entrada antecipada de pessoas-
chave, sem qualquer remuneração adicional, e registros escritos. A troca de informações entre
o segundo turno e o primeiro se dava exclusivamente através de registros escritos.
A aplicação do elemento na unidade foi incompleta, o que pode explicar a demanda
pela alteração na forma de aplicação indicada na pesquisa.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não cabe neste caso a hibridização do elemento, mas sim realizar os ajustes de horário
das pessoas-chave para a troca de turno, para que a aplicação do elemento seja completa.
Demanda de alteração da forma de aplicação
80%
20%
Não alterar Alterar
Figura 114 – Demanda de alteração do elemento “Troca de Informações Padronizadas entre Turnos”
Fonte: O autor.
177
Troca de inf ormões padronizadas ent re t urnos x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária
Pouco relevant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 115 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Troca
de Informações Padronizadas entre Turnos”
Fonte: O autor.
6.3.7 Análise do Elemento “Equipamentos Padronizados”
O elemento “Equipamentos Padronizados” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 86% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 14% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
A unidade juizforana teve diversas experiências relativas à adoção de padrões para
equipamentos. Quando da implantação da fábrica, a padronização de equipamentos foi feita
dentro de padrões alemães, o que levou a elevados custos de importação de peças de
reposição, que não foram maiores porque a baixa produção levou a grande excedente de peças
de reposição. Estes oneraram os custos da fábrica, o que levou à sua venda anos subseqüentes.
A não aplicação da padronização no projeto da linha da Classe C gerou dificuldades
para a equipe de manutenção. O uso de equipamentos usados, em fase final de sua vida útil,
levou a paradas inesperadas e dificuldades na obtenção de peças de reposição, contornadas
freqüentemente através de soluções improvisadas.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não há necessidade de alterar a aplicação deste elemento, mas de adotar um modelo
de padronização que garanta a disponibilidade das peças no mercado nacional, ou a rápida
importação de peças nos casos em que o fornecimento nacional se mostre inviável ou de custo
muito elevado.
178
Demanda de alteração da forma de aplicão
86%
14%
Não alterar Alterar
Figura 116 – Demanda de alteração do elemento “Equipamentos Padronizados”
Fonte: O autor.
Equipamentos padronizados x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária
Pouco
relevante
Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 117 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Equipamentos Padronizados”
Fonte: O autor.
6.3.8 Análise do Elemento “Quality Gates
O elemento “Quality Gates” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
93% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 15% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
179
A verificação formal do amadurecimento do projeto trouxe benefícios à fábrica apesar
de alguma filtragem das informações, por razões políticas.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não há necessidade de hibridização deste elemento, que deve permanecer no sistema
de produção praticado na fábrica.
Demanda de alteração da forma de aplicação
85%
15%
Não alterar Alterar
Figura 118 – Demanda de alteração do elemento “Quality Gates
Fonte: O autor.
Quality Gates x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Alguma aplicão Mui t o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 119 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
Quality Gates
Fonte: O autor.
180
6.3.9 Análise do Elemento “SOL” (Segurança, Ordem e Limpeza)
O elemento “SOL” (Segurança, Ordem e Limpeza) é considerado “essencial” ou
“muito importante” para todos (100%) os pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa,
10% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A manutenção da organização da fábrica é um dos pontos de destaque da unidade
mineira. A realização regular de rigorosas auditorias e a atenção do corpo gerencial a este
elemento tornaram a unidade uma referência mundial dentro do grupo DaimlerChrysler, e
motivo de orgulho para os operadores da fábrica.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Este elemento não deve ser hibridizado, pois sua aplicação é referência mundial dentro
da organização.
Demanda de alteração da forma de aplicão
90%
10%
Não alterar Alterar
Figura 120 – Demanda de alteração do elemento “SOL (Segurança, Ordem e Limpeza)”
Fonte: O autor.
181
SOL x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 121 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “SOL
(Segurança, Ordem e Limpeza)”
Fonte: O autor.
6.3.10 Análise do Elemento “Marcações, identificações e Etiquetas”
O elemento “Marcações, identificações e Etiquetas” é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 10%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
As marcações, identificações e etiquetas foram determinadas em consenso com
operadores, que representaram cada área da produção. Apesar de alguns excessos de
identificação, posteriormente corrigidos, o elemento tem se mostrado eficaz na manutenção da
organização da fábrica.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não é recomendada qualquer alteração na forma de aplicação deste elemento.
182
Demanda de alteração da forma de aplicão
90%
10%
Não alterar Alterar
Figura 122 – Demanda de alteração do elemento “Marcações, identificações e Etiquetas”
Fonte: O autor.
Marcões, identificões e etiquetas x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 123 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Marcações, identificações e Etiquetas”
Fonte: O autor.
6.4 BLOCO 3: QUALIDADE E PROCESSOS/PRODUTOS ROBUSTOS
O Bloco 3 reúne um conjunto extenso de elementos, centrais em relação a estratégia
de lucratividade da empresa de “Qualidade e Especialização”. A qualidade é tema central de
todas as atividades da empresa, e é percebida desta forma pelos participantes da pesquisa:
79% do grupo pesquisado atribuiu aos elementos deste bloco, em média, o conceito
“essencial” ou “muito importante”, como se vê na figura 124.
183
Importância dos Métodos
10%
3%
8%
44%
35%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Não é necessária / Não
utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
Figura 124 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 3
Fonte: O autor.
Por outro lado, a demanda consolidada de alteração na forma de aplicação destes
elementos atinge 30%, o que torna especialmente relevante a análise detalhada de cada um
dos mesmos.
O Sistema de Qualidade Mercedes-Benz tem ênfase nas atividades de controle.
Embora tentativas localizadas tenham sido feitas de implantar técnicas preventivas como a
análise de modo e efeito de falhas, as análises “seis sigma” e mesmo o Controle Estatístico de
Processo, a cultura de qualidade preventiva se encontra concentrada apenas na área da
qualidade. A concentração de especialistas em uma área de qualidade, com a atribuição de
analisar os problemas de qualidade do produto, do processo e de peças de fornecedores trouxe
grande sobrecarga a estes e a redução do envolvimento das áreas produtivas, que se tornaram
“clientes” de um produto, a “solução de problemas de qualidade”.
Os padrões de qualidade utilizados são de base técnica, e superam em muito a
percepção média do cliente brasileiro, o que leva a índices de retrabalho e refugo superiores
aos índices das demais montadoras. O produto “bom” é aquele produzido dentro das estreitas
tolerâncias do projeto Mercedes-Benz.
Passemos a análise de cada um dos elementos deste bloco.
184
Alteração das ferramentas
70
%
30
%
Deve mant er sua f orma de aplicão Deve t er al t erada sua f orma de apl i cão
Figura 125 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 3
Fonte: O autor.
6.4.1 Análise do Elemento “PDCA na Produção”
O elemento “PDCA na Produção” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 95% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 12% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Demanda de alteração da forma de aplicão
88%
12%
Não alterar Alterar
Figura 126 – Demanda de alteração do elemento “PDCA na Produção”
Fonte: O autor.
185
PDCA na produção x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 127 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“PDCA na Produção”
Fonte: O autor.
O conjunto de verificações de qualidade em diversos ciclos parcialmente superpostos é
eficaz, e assegura um índice elevado de detecção de problemas.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não é recomendável alterar a forma de aplicação deste elemento.
6.4.2 Análise do Elemento “Análise de Causa”
O elemento “Análise de Causa” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
90% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 25% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A análise de causas até a determinação da causa raiz demanda tempo, mesmo com a
aplicação de métodos estruturados. A insatisfação com o tempo excessivo na solução de
problemas de produção é expressa por um dos participantes da pesquisa, que relata: “A
análise de causa aqui na fábrica infelizmente ainda está com dificuldade de achar o caminho
certo sem ter que voltar ao problema. Na minha opinião, o problema está na qualificação
técnica”.
Com efeito, a tabela salarial praticada pela empresa não permitiu a contratação de
profissionais com maior experiência na fase inicial da fábrica. Além disso, a saída dos
profissionais que adquiriram experiência na fábrica, atraídos por perspectivas profissionais em
outras empresas não contribuiu para a construção de uma base estável de conhecimentos na
186
unidade mineira. A sobrecarga de prioridades leva os especialistas remanescentes a um tempo
excessivo para a solução dos problemas.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Sendo as causas para o funcionamento adequado da análise de causas externas ao
elemento e ao sistema de produção, não entende o pesquisador ser recomendável a alteração
da forma de aplicação deste elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
75%
25%
Não alterar Alterar
Figura 128 – Demanda de alteração do elemento “Análise de Causa”
Fonte: O autor.
Análise de Causa x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco rel evant e Alguma apli cão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 129 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Análise de Causa”
Fonte: O autor.
187
6.4.3 Análise do Elemento “Padrões de Referência”
O elemento “Padrões de Referência” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 85% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 19% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Os padrões de referência são utilizados aquém de suas possibilidades na unidade
juizforana. Os padrões de referência são utilizados basicamente para a aferição de
características subjetivas pela área de qualidade no controle de entrada de peças da carroceria
bruta; sua disponibilização na linha facilitaria as atividades de autocontrole das operações
ligadas ao acabamento de superfícies, e também na área de pintura. Sua ausência não traz a
fábrica conseqüências mais graves devido ao baixo turn over de operadores da fábrica.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Recomenda-se uma aplicação mais intensiva deste elemento, para que seu objetivo –
permitir ao operador uma decisão rápida se a qualidade é aceitável ou não aceitável – seja
alcançado.
Demanda de alterão da forma de aplicão
81%
19%
Não alterar Alterar
Figura 130 – Demanda de alteração do elemento “Padrões de Referência”
Fonte: O autor.
188
Padrões de referência x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma
aplicão
Muito
importante
Essen ci al
deve mant er sua f orma de apl i cão deve ter alt erada sua f orma de aplicão
Figura 131 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Padrões de Referência”
Fonte: O autor.
6.4.4 Análise do Elemento “Portão Falha Zero”
O elemento “Portão falha Zero” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
84% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 28% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
As auditorias parciais do produto (BPA) e a auditoria do produto acabado (APA)
intensificaram duplamente o controle em razão do reduzido volume de produção, tanto quanto
ao tamanho da amostra, quanto à atenção e re-auditorias. Isto levou a um maior número de
pontos críticos identificados, que eram acrescidos aos pontos de controle nos “portões falha
zero”, sob responsabilidade das áreas de produção.
Com um processo de análise de causas lento, e sendo a solução do problema condição
para a retirada de um dado ponto de verificação da lista dos “portões falha zero”, a lista de
pontos a verificar cresceu excessivamente, dificultando o trabalho nessas estações. A
responsabilidade pelo aparecimento de falhas nas auditorias BPA e APA era atribuída a falha
do “portão falha zero”, que se transformou de ponto complementar de controle da qualidade
em ponto principal do controle de qualidade na produção.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Face ao efeito “em cadeia”, provocado pelo elemento “análise de causas”, é necessário
limitar o número de pontos de controle dentro do “portão falha zero” a um número limitado,
trazendo de volta a responsabilidade pelo controle ao operador que executa a tarefa. Não é
189
possível haver um bom funcionamento do segundo ciclo de PDCA, sem que o primeiro ciclo
de PDCA esteja funcionando satisfatoriamente. Como em outros elementos, não se trata de
hibridizar, mas sim de aplicar corretamente o elemento, na forma prevista no Sistema de
Produção Mercedes-Benz.
Demanda de alteração da forma de aplicação
72%
28%
Não alterar Alterar
Figura 132 – Demanda de alteração do elemento “Portão Falha Zero”
Fonte: O autor.
Port al f alha zero x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicação
Muito
importante
Essen ci al
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de apl i cão
Figura 133 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Portão Falha Zero”
Fonte: O autor.
190
6.4.5 Elementos “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade”
O elemento “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade” é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 23%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade” tem sua eficiência fundada
no trabalho do “apoiador”, que deve retrabalhar o veículo na própria linha de produção,
evitando a parada de linha. A parada de linha ocorre quando não é possível o retrabalho, o que
pode levar ao desvio do veículo para retrabalho ao final do processo ou a paralisação da linha
até a solução do problema.
Em Juiz de Fora, a não criação da figura do “apoiador” prejudicou a efetividade do
elemento, transformando a parada de linha em uma indicação da ocorrência de problema
crítico, uma solicitação de suporte ao supervisor de linha e aos engenheiros de produção. O
reduzido volume de produção evitou a ocorrência de maiores problemas.
Demanda de alteração da forma de aplicação
77%
23%
Não alterar Alterar
Figura 134 – Demanda de alteração do elemento “Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade”
Fonte: O autor.
191
Alarme e parada de quali dade x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 135 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade”
Fonte: O autor.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Com o reduzido volume de produção, é recomendável garantir os meios para que o
retrabalho seja feito nas próprias estações, conforme define a descrição do elemento.
6.4.6 Análise do Elemento “Quadro Andon
O elemento “Quadro Andon” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
77% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 12% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
O “Quadro Andon” foi implantado no começo da produção em Juiz de Fora como
parte da estratégia de gerenciamento visual, com sucesso. Novas propostas de construção do
quadro reduziram muito seu custo de instalação, flexibilizando as informações
disponibilizadas.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Recomenda-se manter o uso dos “Quadros Andon” na fábrica de Juiz de Fora.
192
Demanda de alteração da forma de aplicação
88%
12%
o alter ar Alterar
Figura 136 – Demanda de alteração do elemento “Quadro Andon”
Fonte: O autor.
Quadro Andon x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 137 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Quadro Andon”
Fonte: O autor.
6.4.7 Análise do Elemento “Testes de Produção”
O elemento “Testes de Produção” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 95% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 25% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Após os testes de produção realizados no início de produção da Classe A, somente
ocorreu na fábrica de Juiz de Fora o início de produção em regime CKD, que foi realizado
sem testes da produção, iniciando a produção de forma direta, com quantidades crescentes de
veículos.
193
A demanda por mudança na forma de aplicação do elemento “testes de produção”
pode ser, na verdade, o desejo de que haja um início de produção com mais tempo para
resolver os problemas que surgem na adaptação do produto à nova linha de produção, de
forma semelhante à ocorrida no início da produção da Classe A – única aplicação deste
elemento ocorrida na fábrica juizforana.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Recomenda-se a manutenção do elemento no sistema de produção praticado em Juiz
de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicação
75%
25%
Não alterar Alterar
Figura 138 – Demanda de alteração do elemento “Testes de Produção”
Fonte: O autor.
Try-outs x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco rel evante Alguma aplicação Muit o import ant e Essenci al
deve manter sua forma de aplicação deve t er al t erada sua f orma de apl i cão
Figura 139 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Testes de Produção”
Fonte: O autor.
194
6.4.8 Análise do Elemento “Liberação para a Produção em Série”
O elemento “Liberação para a Produção em Série” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 16%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A liberação para produção em série na prática de produção é um ato formal, que busca
trazer à diretoria da unidade o conhecimento sobre problemas que podem levar ao atraso do
início de produção. Dificilmente há o adiamento do início da produção seriada, pois isto
geraria uma imagem muito negativa para a unidade e seus gestores. Assim, as exigências do
check-list de liberação da produção são aplicadas, na prática, como um guia de
recomendações. Casos mais graves levam a liberação da produção com medidas
complementares para contenção dos problemas, e mesmo a assunção de um risco calculado.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Não deve ser alterada a forma de aplicação do elemento, que é aplicado de forma
idêntica em outras unidades do grupo.
Demanda de alteração da forma de aplicação
84%
16%
Não alterar Alterar
Figura 140 – Demanda de alteração do elemento “Liberação para a Produção em Série”
Fonte: O autor.
195
Liberão para a prodão em série x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma
aplicão
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 141 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Liberação para a Produção em Série”
Fonte: O autor.
6.4.9 Análise do Elemento “Manutenção Produtiva Total”
O elemento “Manutenção Produtiva Total” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 82% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 42% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
A manutenção produtiva total não chegou a ser implantada na primeira fase do sistema
de produção da fábrica. Sua implantação se iniciou tardiamente, e sofreu descontinuidades em
sua implantação.
Para que seja possível sua realização, é necessário destinar um horário do tempo de
produção para sua realização, ministrar treinamento específico para os operadores, e
administrar a transição da responsabilidade destes conteúdos para as áreas produtivas. Não
houve a alocação de tempo específico para a manutenção realizada pelas equipes (que
consistia em operações de limpeza e lubrificação de equipamentos), e as atividades de
manutenção produtiva eram realizadas de forma irregular. Mesmo com a montagem da infra-
estrutura – que consistia em quadros e planilhas para o acompanhamento da atividade,
preparados pela área de manutenção – não houve continuidade na realização das atividades de
manutenção produtiva total.
A limpeza de equipamentos é realizada por empresas contratadas. A natureza dos
equipamentos da fábrica torna a manutenção uma tarefa especializada. Assim, sugere-se a
eliminação deste elemento do sistema de produção, pois a única contribuição que os
196
operadores podem fazer, na atual distribuição de tarefas, é indicar se o funcionamento dos
equipamentos foi normal ou irregular, permitindo a pronta atuação das equipes de
manutenção.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
58%
42%
Não alterar Alterar
Figura 142 – Demanda de alteração do elemento “Manutenção Produtiva Total”
Fonte: O autor.
Manut enção Produt iva Tot al (TPM) x Alterão
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 143 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Manutenção Produtiva Total”
Fonte: O autor.
197
6.4.10 Análise do Elemento “Prevenção de Falhas”
O elemento “Prevenção de Falhas” é considerado “essencial“ ou “muito importante”
por 92% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 22% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A prevenção da possibilidade de falhas é atingida através do projeto de máquinas e
dispositivos auxiliares. Na concepção da fábrica, houve especial atenção em prover a fábrica
de dispositivos que permitem evitar acidentes. Não são numerosos os dispositivos que tornam
impossível que falhas venham a acontecer; mais numerosos são os meios de controle e
procedimentos de detecção de falhas após sua ocorrência, o que se alinha com a cultura
vigente de uma qualidade corretiva, e não preventiva.
Um estudo detalhado da ocorrência de falhas pode dar subsídio à especificação futura
de máquinas e equipamentos, e orientar a construção de meios auxiliares de produção para
prevenir falhas, intensificando a aplicação deste elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
78%
22%
Não alterar Alterar
Figura 144 – Demanda de alteração do elemento “Prevenção de Falhas”
Fonte: O autor.
198
Prevenção de falhas x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma
aplicão
Muito
importante
Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 145 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Prevenção de Falhas”
Fonte: O autor.
6.4.11 Análise do Elemento “Eliminação de Falhas”
O elemento “Eliminação de Falhas” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 92% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 23% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Ao contrário do caso anterior, há uma aplicação mais abrangente deste elemento tanto
em dispositivos quanto em equipamentos. Não é esta a percepção do grupo pesquisado.
Sendo a descrição do elemento um catálogo de sugestões, entende o pesquisador que
os respondentes podem estar expressando o desejo de uma aplicação mais intensa de meios de
controle pós-falha, o que pode ser conseguido através do levantamento sugerido no tópico
anterior.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
199
Demanda de alteração da forma de aplicação
77%
23%
Não alterar Alterar
Figura 146 – Demanda de alteração do elemento “Eliminação de Falhas”
Fonte: O autor.
Eliminão de f alhas x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essen ci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 147 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Eliminação de Falhas”
Fonte: O autor.
6.4.12 Análise do Elemento “Controle Estatístico do Processo” (CEP)
O elemento “Controle Estatístico do Processo” (CEP) é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 67% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 17%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
Na unidade de Juiz de Fora, os equipamentos automatizados possuem sistemas
internos de controle de seus parâmetros, com alerta ao operador. Este fato, aliado ao uso
200
extensivo de controles 100%, retira o campo de aplicação do controles estatísticos do
processo. Assim, recomenda-se a eliminação deste elemento do sistema de produção da
unidade.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
83%
17%
o alterar Alterar
Figura 148 – Demanda de alteração do elemento “Controle Estatístico do Processo” (CEP)
Fonte: O autor.
CEP x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma
apl i cão
Muito
importante
Essen ci al
deve manter sua forma de aplicação deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 149 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Controle Estatístico do Processo (CEP)”
Fonte: O autor.
201
6.4.13 Análise do Elemento “Auditorias de Sistema”
O elemento “Auditorias de Sistema” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 83% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 15% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A fábrica de Juiz de Fora teve sucesso em todas as suas auditorias oficiais de
certificação, o que mostra que as auditorias estão sendo realizadas corretamente.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
85%
15%
Não alterar Alterar
Figura 150 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias de Sistema”
Fonte: O autor.
Auditorias de sist ema x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Pouco rel evant e Alguma apli cão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 151 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Auditorias de Sistema”
Fonte: O autor.
202
6.4.14 Análise do Elemento “Auditorias de Processo”
O elemento “Auditorias de Processo” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 93% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 20% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
As auditorias de processo – com exceção de verificações referentes a torques e outras,
que mais se caracterizam como um controle por amostragem do que como auditorias – são
realizadas com pouca freqüência, e somente quando são verificados problemas mais graves na
produção. A realização mais freqüente de auditorias de processo, orientada pela estatística das
falhas verificadas nas auditorias do produto (BPA e APA) poderia apoiar a redução de causas
de falhas nos processos produtivos.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
80%
20%
o alterar Alterar
Figura 152 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias de Processo”
Fonte: O autor.
203
Auditorias de processo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Alguma aplicão Muito importante Essencial
deve manter sua forma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicão
Figura 153 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Auditorias de Processo”
Fonte: O autor.
6.4.15 Análise do Elemento “Treinamento de um Ponto”
O elemento “Treinamento de um Ponto” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 82% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento “Treinamento de um Ponto” é pouco praticado na unidade. A elevada
disponibilidade de recursos tem permitido a utilização de treinamentos mais extensos,
retirando operadores da linha de produção.
A prática do elemento, orientada pelos resultados das auditorias de produto pode
apoiar a melhoria da qualidade dos processos.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
204
Demanda de alteração da forma de aplicação
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 154 – Demanda de alteração do elemento “Treinamento de um Ponto”
Fonte: O autor.
Treinamento Pontual x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevant e Alguma apl i cão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 155 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Treinamento de um Ponto”
Fonte: O autor.
6.4.16 Análise do Elemento “Processo de Solução de Problemas” (PSP)
O elemento “Processo de Solução de Problemas” (PSP) é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 93% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
205
Como já apontado no elemento “análise de causas”, o tempo para a identificação e
correção de problemas é excessivo. Somente a pressão gerencial sobre os especialistas não
resolve o problema. Relatou um dos pesquisados: “O PSP se encontra ainda com dificuldades
para resolver os problemas, e estão ‘fechando’ pontos sem ter êxito na solução”.
Não se trata de uma falta de adequação de método, porém da sobrecarga sobre os
especialistas. Independentemente do número de funcionários de uma planta, os problemas
ocorrem e demandam um determinado número de horas da análise de especialistas para sua
solução. A opção por manter uma dada proporção entre operadores e funcionários técnico-
administrativos reduz a possibilidade de eliminação de problemas em tempo mínimo, e só a
contratação de consultores externos ou a convivência prolongada com o problema são opções
realistas.
Não cabe, neste caso, falar de qualquer alteração deste elemento, mas em administrar
sua aplicação de forma racional.
Demanda de alteração da forma de aplicação
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 156 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Solução de Problemas” (PSP)
Fonte: O autor.
206
Processo de Solução de Problemas (PSP) x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 157 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Solução de Problemas” (PSP)
Fonte: O autor.
6.4.17 Análise do Elemento “FMEA de Processo”
O elemento “FMEA de Processo” é considerado “essencial“ ou “muito importante”
por 77% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 23% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A fábrica de Juiz de Fora teve aplicações apenas esporádicas da análise de modo e
efeito de falha. A FMEA de Processo, na forma praticada pelo grupo DaimlerChrysler, é uma
ferramenta para engenheiros de desenvolvimento de produto e de processo que permite
resolver problemas complexos, porém demanda uma forma de análise extremamente
detalhada para a obtenção de resultados satisfatórios. A demanda de tempo para a realização
das análises com este método é incompatível com a disponibilidade de técnicos e especialistas
na unidade.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Recomenda-se a eliminação deste elemento do sistema de produção praticado na
unidade de Juiz de Fora.
207
Demanda de alteração da forma de aplicação
77%
23%
Não alterar Alterar
Figura 158 – Demanda de alteração do elemento “FMEA de Processo”
Fonte: O autor.
FMEA de processo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 159 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“FMEA de Processo”
Fonte: O autor.
6.4.18 Análise do Elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores”
O elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores” é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 93% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 28%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O elemento foi aplicado na qualificação de fornecedores para a unidade de Juiz de
Fora. Após o início de produção, a contínua redução dos volumes de produção tornou muito
difícil a relação com os fornecedores, pois as elevadas exigências de qualidade mostravam-se
208
incompatíveis com os resultados econômicos alcançados pelos fornecedores com as vendas
para a fábrica.
Ao final da produção da Classe A, não era possível obter qualquer comprometimento
junto aos fabricantes de autopeças para garantir o fornecimento com qualidade, e tornou-se
necessário instalar controles de entrada inspecionando 100% do material.
A hibridização na prática do gerenciamento de fornecedores em Juiz de Fora é um dos
exemplos de que o ambiente modifica os sistemas de produção, que devem adaptar-se às
realidades locais.
Demanda de alteração da forma de aplicação
72%
28%
Não alterar Alterar
Figura 160 – Demanda de alteração do elemento “Gestão da Qualidade de Fornecedores”
Fonte: O autor.
Gest ão de Qualidade de f ornecedores x Alt erão
0
5
10
15
20
25
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 161 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Gestão da Qualidade de Fornecedores”
Fonte: O autor.
209
6.4.19 Análise do Elemento “Plano de Garantia do Processo”
O elemento “Plano de Garantia do Processo” é considerado “essencial“ ou “muito
importante” por 89% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 17% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
A aplicação dos planos de garantia de processo foi realizada em Juiz de Fora apenas
para os grandes processos de montagem da carroceria bruta, pintura e montagem final do
veículo. Não houve o desdobramento para os subprocessos que compõem estes grandes
processos, e não foram realizadas análises formais da capabilidade de processo. Mesmo
assim, a formalização de planos de reação foi recebida favoravelmente pelos gerentes e
supervisores.
Recomenda-se fortemente uma aplicação mais intensiva deste elemento, que pode
permitir uma melhor administração dos processos de produção.
Demanda de alteração da forma de aplicação
83%
17%
Não alterar Alterar
Figura 162 – Demanda de alteração do elemento “Plano de Garantia do Processo”
Fonte: O autor.
210
Plano de garant ia de processo x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Muit o import ante Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 163 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Plano
de Garantia do Processo”
Fonte: O autor.
6.4.20 Análise do Elemento “Calibração dos instrumentos de Medição”
O elemento “Calibração dos Instrumentos de Medição” é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 95% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 10%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A calibração dos instrumentos de medição é realizada na fábrica de forma organizada
e coordenada, com o apoio de um banco de dados.
Não é recomendada a alteração da forma de aplicação desta ferramenta.
Demanda de alteração da forma de aplicação
90%
10%
Não alterar Alterar
Figura 164 – Demanda de alteração do elemento “Calibração dos Instrumentos de Medição”
Fonte: O autor.
211
Calibração dos instrumentos de medição x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 165 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Calibração dos instrumentos de Medição”
Fonte: O autor.
6.4.21 Análise do Elemento “Acordos de Qualidade”
O elemento “Acordos de Qualidade” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 98% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 22% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A forma escalonada de intervenção definida nos planos de reação reduziu os conflitos
entre áreas, trazendo mais transparência à condução do processo. Não são praticados os
desdobramentos do acordo, que consiste na realização de “acordos de qualidade” entre os
responsáveis pelos subprocessos de cada área. Isto que facilitaria a gestão da qualidade do
processo.
Recomenda-se o uso mais abrangente deste elemento, aplicando os acordos aos
subprocessos do processo produtivo.
212
Demanda de alteração da forma de aplicação
78%
22%
Não alterar Alterar
Figura 166 – Demanda de alteração do elemento “Acordos de Qualidade”
Fonte: O autor.
Acordo de qual idade x Alterão
0
5
10
15
20
25
30
35
Alguma aplicão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 167 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Acordos de Qualidade”
Fonte: O autor.
6.4.22 Análise do Elemento “Pontos de Checagem 100%”
O elemento “Pontos de Checagem 100%” é considerado “essencial” ou ” muito
importante” por 80% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 22% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
Como visto anteriormente, o Sistema de Produção Mercedes-Benz define os pontos de
checagem 100% como ações temporárias para a estabilização do processo antes da
implementação do alarme e parada de qualidade, ou como ação imediata no caso de
213
ocorrência de problemas mais graves de qualidade. A fábrica juizforana opera desde seu
primeiro dia de produção com o alarme de qualidade e parada de qualidade, e integrou os
“pontos de checagem 100%” aos “portões falha zero”, pois não faz verificações por
amostragem em seu segundo ciclo de PDCA.
Os problemas relativos ao excesso de pontos de verificação nos “portões falha zero /
pontos de checagem 100%”, causados pela demora da identificação das causas-raiz foram
discutidos nos elementos “Análise de Causa”, “Processo de Solução de Problemas” e “Portões
Falha Zero”, onde o leitor encontrará a análise dos problemas na aplicação destes elementos e
a relação entre eles.
Não é recomendada a alteração da forma de aplicação deste elemento. A maior
eficácia dos pontos de checagem 100% depende de uma maior eficiência do processo de
solução de problemas (PSP), já descrito.
Demanda de alteração da forma de aplicação
78%
22%
Não alterar Alterar
Figura 168 – Demanda de alteração do elemento “Pontos de Checagem 100%”
Fonte: O autor.
214
Pont os de checagem 100% x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 169 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Pontos de Checagem 100%”
Fonte: O autor.
6.4.23 Análise do Elemento “Sensores de Qualidade do Cliente”
O elemento “Sensores de Qualidade do Cliente” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 91% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 19% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O uso de sensores internos de qualidade é uma meio eficiente de reagir
antecipadamente aos problemas, reduzindo a incidência de problemas de campo. As
informações de sensores externos são em geral tardias para a produção, mas orientam a
tomada de decisões relativas ao desenvolvimento dos produtos na matriz alemã.
Os sensores de qualidade orientam todo o sistema de qualidade, e esta orientação é
eficiente, não devendo ser confundida com as ações tomadas a partir das informações
disponibilizadas pelos sensores.
Não é recomendada qualquer alteração na forma de aplicação deste elemento
215
Demanda de alteração da forma de aplicação
81%
19%
o alter a r Alterar
Figura 170 – Demanda de alteração do elemento “Sensores de Qualidade do Cliente”
Fonte: O autor.
Sensores de Qual i dade do cl i ent e x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
Pouco rel evant e Alguma aplicão Muit o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 171 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Sensores de Qualidade do Cliente”
Fonte: O autor.
6.4.24 Análise do Elemento “Auditorias de Entrega do Produto (APA) e Auditorias
Parciais do Produto (BPA)”
O elemento “Auditorias do Produto Acabado (APA) e Auditorias Parciais do Produto
(BPA)” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 97% dos pesquisados. Do total
de respondentes à pesquisa, 22% entendem que deve ser modificada sua forma de aplicação.
O elemento inclui as duas principais auditorias do sistema de qualidade da fábrica de
Juiz de Fora, e corresponde ao terceiro e quarto ciclos de PDCA. Na fábrica, o reduzido
216
volume de produção levou ao aumento relativo do percentual de amostragem. Além disso, o
maior tempo dedicado a cada auditoria, com repetição das verificações realizadas pelo
auditor, aumentou a sensibilidade da auditoria em detectar falhas.
As informações dos problemas de qualidade geradas diariamente não são
acompanhadas pela mesma agilidade pelo processo de solução de problemas. O acúmulo de
pontos críticos e a adoção de metas não-realistas frente à realidade do processo da fábrica
criaram um “estresse não-construtivo” na gestão da qualidade da unidade.
A auditoria final do produto acabado (APA) é a auditoria central de todo o sistema, e
busca reproduzir em sua realização os diversos tipos de cliente dos automóveis da marca.
Todavia, a percepção individual dos auditores acaba por ser o padrão de referência dominante,
o que tornaria apropriado uma “calibração” mais freqüente com os resultados de clínicas de
qualidade e dos sensores externos de qualidade.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
78%
22%
o altera r Alterar
Figura 172 – Demanda de alteração do elemento “Auditorias do Produto Acabado (APA) e Auditorias
Parciais do Produto (BPA)”
Fonte: O autor.
217
BPA e APA x Al t eração
0
5
10
15
20
25
30
35
Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 173 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Auditorias do Produto Acabado (APA) e Auditorias Parciais do Produto (BPA)”
Fonte: O autor.
6.5 BLOCO 4: A LOGÍSTICA “JUST-IN-TIME”
A aplicação dos elementos logísticos do Sistema de Produção Mercedes-Benz na
fábrica de Juiz de Fora sofreu o impacto direto do reduzido volume de produção. A fábrica,
projetada para a produção de 300 veículos por dia, produziu diariamente de fato em média
15% deste volume na produção da Classe A. A produção da Classe C, feita sob contrato de
manufatura com a matriz, utilizou um sistema de logística separado, por se tratar da
importação integral de veículos desmontados (“Complete Knock Down”), montagem e
exportação para os Estados Unidos.
A importância percebida do conjunto de elementos logísticos pelo grupo pesquisado é
menor do que a dos blocos anteriores: 69% dos participantes da pesquisa atribuiu aos
elementos deste bloco, em média, o conceito “essencial” ou “muito importante”, como se vê
na figura 174.
218
Importância dos Elementos
18%
5%
8%
42%
27%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Não é necessária /
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicão Muito importante Essencial
Figura 174 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 4 – Consolidado
Fonte: O autor.
A atribuição de uma importância relativamente baixa se comparada aos demais blocos
mostra uma valorização das atividades diretamente ligadas a produção, e uma menor
atribuição de valor às atividades de suporte. A logística da unidade é percebida apenas em sua
dimensão operacional – disponibilidade de peças na linha de produção – e não em sua
dimensão econômica.
A demanda consolidada de alteração na forma de aplicação dos elementos do bloco 4
atinge 20%, como pode ser visto na figura 175.
Alteração das ferramentas
80
%
20
%
Deve mant er sua f orma de apl icão Deve t er alterada sua f orma de apl i cão
Figura 175 – Demanda Consolidada de Hibridização – Bloco 4
Fonte: O autor.
219
É apresentada a seguir a análise detalhada de cada um dos elementos do bloco 4 –
Just-in-time”.
6.5.1 Análise do Elemento “Planejamento do Programa de Produção”
O elemento “Planejamento do Programa de Produção” é considerado “essencial“ ou
“muito importante” por 80% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 27%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O planejamento do programa de produção foi concebido para trazer maior estabilidade
à linha de produção, atendendo a premissa de volume constante dos sistemas toyotistas.
Todavia, em razão da margem de contribuição negativa da Classe A, sucessivas reduções do
programa de produção foram realizadas dentro do período denominado de “congelamento” do
programa (quando não mais seria possível realizar alterações de programa), levando a
estoques excessivos e refugo de considerável quantidade de itens, por terem excedido seu
prazo de validade ou por danos à sua integridade causados pela prolongada armazenagem.
Em especial as peças importadas foram afetadas pelos cortes de programa, pois a
cadeia de suprimento destes itens, que representam mais de 30% do valor das peças do
veículo, é superior a 3 meses.
A experiência negativa pode ter influenciado a percepção do grupo pesquisado, que
identificou uma necessidade de alteração na forma de aplicação, e não uma aplicação
incorreta do elemento.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento.
Deve ser avaliada detalhadamente a possibilidade de redução da cadeia de suprimento
de materiais importados, o que depende todavia de ações que devem ser realizadas pela
DaimlerChrysler alemã, gestora do processo de exportação das peças européias para o Brasil.
A redução de tempos nesta cadeia de suprimento trará maior flexibilidade ao planejamento do
programa de produção.
220
Demanda de alteração da forma de aplicação
73%
27%
Não alterar Alterar
Figura 176 – Demanda de alteração do elemento “Planejamento do Programa de Produção”
Fonte: O autor.
Planejament o do programa de prodão x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 177 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Planejamento do Programa de Produção”
Fonte: O autor.
6.5.2 Análise do Elemento “Colar de Pérolas (Perlenkette)”
O elemento “Colar de Pérolas” (Perlenkette, em alemão) é considerado “essencial” ou
“muito importante” por 84% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 9%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O “colar de pérolas”, como apresentado, é a formação da seqüência de produção, que
considera as restrições de processo e o pedido dos clientes. Em Juiz de Fora, a montagem
221
bruta é idêntica para todos os carros, e adotou-se a estratégia de definir a seqüência de
produção imediatamente antes da entrada de carrocerias pintadas na montagem final, o que
trouxe grande flexibilidade ao processo de pintura. Isto foi possível por estarem os
fornecedores “just in sequence” localizados em uma área da própria planta, permitindo rápida
reação à informação e entrega da seqüência necessária na área de montagem final.
Recomenda-se a manutenção da forma atual de aplicação do elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicação
91%
9%
Não alterar Alterar
Figura 178 – Demanda de alteração do elemento “Colar de Pérolas” (Perlenkette)
Fonte: O autor.
Perlenkette x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma aplicão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 179 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Colar
de Pérolas” (Perlenkette)
Fonte: O autor.
222
6.5.3 Análise do Elemento “Planejamento do Fluxo de Material”
O elemento “Planejamento do Fluxo de Material” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 84% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 13% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O planejamento do fluxo de materiais realizado na planta foi feito com o objetivo de
minimizar os custos logísticos, com máximo aproveitamento dos caminhões. É utilizada uma
combinação de fornecimento direto, coleta em diversos fornecedores (“milk run”) e
consolidação em centros regionais estabelecidos em São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte. A
combinação de estratégias de fornecimento mostrou-se apropriada: com a redução dos
volumes de produção, o modo de fornecimento foi replanejado (de “fornecimento direto” para
“coleta milk run e consolidação”), permitindo a manutenção de fluxos de transporte
otimizados.
O mesmo não pode ser dito quanto ao planejamento de embalagens, que priorizou a
otimização da carga em relação a flexibilidade. Com a redução da produção diária a 15% do
planejamento original, as embalagens planejadas eram demasiado grandes. Como era
economicamente inviável o reinvestimento em embalagens adequadas, isto levou ao excesso
de estoque interno e a redução do giro dos mesmos.
Isto afetou somente a economia do processo e não seu aspecto operacional: a grande
quantidade de peças ao lado das estações de trabalho trazia segurança às equipes, pela
evidência da disponibilidade “abundante” de peças.
Em razão das grandes oscilações do mercado, recomenda-se priorizar a flexibilidade
em relação à aparente economia nos futuros planejamentos de embalagens, e manter os
conceitos híbridos de fornecimento, que se mostraram comprovadamente eficazes nas
oscilações de produção da Classe A.
223
Demanda de alteração da forma de aplicação
87%
13%
Não alterar Alterar
Figura 180 – Demanda de alteração do elemento “Planejamento do Fluxo de Material”
Fonte: O autor.
Planejament o do f luxo de material x Alt erão
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 181 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Planejamento do Fluxo de Material”
Fonte: O autor.
6.5.4 Análise do Elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo”
O elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo” é considerado
“essencial“ ou “muito importante” por 82% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 27% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
As rotas de abastecimento orientadas pelo consumo são adequadas para otimizar o
abastecimento em situação de giro elevado de estoques. O baixo giro dos estoques, em razão
da produção reduzida, tornou possível o fornecimento individualizado da demanda. Os
224
recursos de transporte e a velocidade reduzida da linha de produção tornavam desnecessário o
acúmulo de solicitações de abastecimento de peças para a linha de produção.
A produção CKD não necessita deste elemento, pois como a produção é ordenada em
kits de 6 veículos, o término das peças é previsível, o que permite o planejamento antecipado
do abastecimento de linha.
Recomenda-se eliminar este elemento do sistema de produção praticado em Juiz de
Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicação
73%
27%
o alter ar Alterar
Figura 182 – Demanda de alteração do elemento “Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo”
Fonte: O autor.
Rotas de abastecimento orientadas pelo consumo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 183 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Rotas
de Abastecimento Orientadas pelo Consumo”
Fonte: O autor.
225
6.5.5 Análise do Elemento “Processo de Abastecimento Orientado pelo Consumo”
O elemento “Processo de Abastecimento Orientado pelo Consumo” é considerado
“essencial“ ou “muito importante” por 81% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 17% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
O processo de abastecimento orientado pelo consumo (sistema de “puxar” ou “pull
system”) foi utilizado na produção da classe A com relativo sucesso. Os resultados desejados
com a aplicação interna do sistema de puxar foram prejudicados prelo tamanho das
embalagens, não tendo sido evitado o excesso de fornecimento para a linha de produção. O
fluxo externo foi otimizado graças a alteração do modo de fornecimento à medida que se
reduzia o volume diário de produção. Para as peças importadas, a longa cadeia de suprimento
e a incerteza na data de chegada dos navios e da liberação de peças na aduana – intrínseca ao
processo de fiscalização, e muito crítica durante as greves dos auditores fiscais da Receita
Federal – prejudicou a manutenção de estoques mais reduzidos.
Mesmo com estas restrições, os estoques teriam sido muito maiores se não houvesse a
adoção do processo de abastecimento orientado pelo consumo.
Recomenda-se a manutenção do elemento no sistema de produção em prática na
unidade juizforana.
Demanda de alteração da forma de aplicação
83%
17%
Não alterar Alterar
Figura 184 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Consumo e Abastecimento”
Fonte: O autor.
226
Processo de consumo e abastecimento x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma apl icão Muit o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 185 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Consumo e Abastecimento”
Fonte: O autor.
6.5.6 Análise do Elemento “Kanban
O elemento “Kanban” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 84% dos
pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24% entendem que deve ser modificada a
forma de aplicação.
A chamada de peças na fábrica de Juiz de Fora utiliza o “Kanban eletrônico”: a leitura
de um código de barras afixado na embalagem transmite ao almoxarifado a informação da
necessidade de peças, e o código da peça é impresso em um conjunto de etiquetas, que indica
a estação da linha onde a peça deve ser abastecida e a posição onde foi armazenada no
almoxarifado a embalagem fornecida há mais tempo na fábrica. Com esse sistema, não
somente é assegurada a transmissão correta das informações, mas também a manutenção do
elemento “First In First Out (FIFO)”, analisado mais adiante.
Na produção CKD não é necessária a chamada de peças através de Kanban, pois o
término de peças na primeira estação e montagem implica no início de abastecimento dos kits,
seguindo a seqüência da linha.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento,
porém o autor acredita que a percepção de que é necessária a alteração da forma de aplicação
deste elemento, expressa por 24% dos respondentes, baseia-se na experiência recente de
produção CKD.
227
É aconselhável analisar previamente a aplicabilidade ou não deste elemento, que
dependerá da forma de fornecimento adotada. Se o fornecimento à linha de produção for feito
em kits, é desnecessária a aplicação deste elemento.
Demanda de alterão da forma de aplicão
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 186 – Demanda de alteração do elemento “Kanban”
Fonte: O autor.
Kanban x Al t er ação
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 187 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Kanban”
Fonte: O autor.
228
6.5.7 Análise do Elemento “Comissionamento / Formação de Conjuntos”
O elemento “Comissionamento / Formação de Conjuntos” é considerado “essencial”
ou “muito importante” por 70% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 14%
entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
A formação de conjuntos para abastecimento é utilizada em geral quando não há
espaço na estação para receber as embalagens. Isto não ocorreu na unidade de Juiz de Fora. A
aplicação deste elemento se deu em um contexto não descrito pelos arquitetos do sistema de
produção: a necessidade de reduzir a quantidade de peças na linha de produção.
A primeira aplicação desta natureza surgiu em um workshop Kaizen, que tinha o
objetivo de reduzir a quantidade de peças na linha de montagem de portas, linha que apresenta
grande densidade de conteúdo de montagem, com numerosas peças e sistemas montados em
um espaço reduzido. O resultado deste workshop foi a criação de uma área de
comissionamento anexa a linha, onde as peças eram separadas em carrinhos, o que permitia
uma verificação prévia das peças. O carrinho era deslocado até a porta que seria montada, e o
mesmo operador de produção realizava a montagem de toda a porta, enriquecendo seu
conteúdo de trabalho.
Uma segunda aplicação relevante surgiu ao final da produção da Classe A. Em razão
do encerramento da produção de peças na Alemanha, não mais havia a disponibilidade de
importar peças para compensar as peças extraviadas ou danificadas na linha de produção.
Todas as peças importadas foram recolhidas a um almoxarifado fechado, com entrada restrita
a pessoas autorizadas e identificadas. No interior deste almoxarifado era realizada a separação
de peças em embalagens pequenas, fornecidas à linha 10 minutos antes do início da produção,
na quantidade exata necessária a produção do dia. A absoluta escassez de peças eliminou o
extravio de peças e praticamente eliminou o dano às peças importadas.
As hibridizações na aplicação deste elemento exemplificam o sucesso na aplicação de
soluções “emergentes” em sistemas de produção.
229
Demanda de alteração da forma de aplicão
86%
14%
Não alterar Alterar
Figura 188 – Demanda de alteração do elemento “Comissionamento / Formação de Conjuntos”
Fonte: O autor.
Comissionamento x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma aplicão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua forma de aplicão
Figura 189 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Comissionamento / Formação de Conjuntos”
Fonte: O autor.
230
6.5.8 Análise do Elemento “Preparação Rápida”
O elemento “Preparação Rápida” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
70% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 11% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
A preparação rápida dos equipamentos foi uma premissa do planejamento da fábrica
em todas as áreas, e foi realizada em todos os equipamentos e dispositivos em que esta é
necessária, o que trouxe eficiência ao processo produtivo. A importância da preparação rápida
é menos evidente em razão do reduzido volume de produção, que traz ociosidade aos tempos
de ciclo em todos os processos da fábrica.
O sucesso na aplicação deste elemento torna recomendável a manutenção desta
premissa em futuros planejamentos da fábrica.
Demanda de alteração da forma de aplicão
89%
11%
Não alterar Alterar
Figura 190 – Demanda de alteração do elemento “Preparação Rápida”
Fonte: O autor.
231
Preparão Rápi da x Alt erão
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma aplicão Mui t o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 191 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Preparação Rápida”
Fonte: O autor.
6.5.9 Análise do Elemento “Embalagens Pequenas”
O elemento “Embalagens Pequenas” é considerado “essencial“ ou “muito importante”
por 66% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 11% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Como já apresentado anteriormente, a aplicação de embalagens pequenas em Juiz de
Fora não ocorreu de forma abrangente, tendo sido priorizado no planejamento do fluxo de
materiais a redução dos custos de transporte, considerando uma produção de 300 veículos por
dia.
De forma geral, as embalagens da fábrica de Juiz de Fora são médias e grandes.
Apenas peças normalizadas e de dimensões reduzidas foram fornecidas à fábrica em
embalagens de pequenas dimensões. Entretanto, o lote mínimo de fornecimento para estes
itens é em geral elevado, pois a produção destes itens é feita por equipamentos automáticos
que tem produção elevada e um longo tempo de preparação.
A percepção do grupo pesquisado não valoriza a adoção de embalagens pequenas.
Para os processos CKD, a percepção mostra-se alinhada com a necessidade, pois, como já
apresentado, o abastecimento da linha é feito em kits, com um longo ciclo de suprimento, e
chegada semanal de navios. A variação da data de chegada dos navios e as incertezas do
232
processo de liberação de peças na aduana elevam os estoques. Este conjunto de características
do processo logístico CKD retira as vantagens econômicas da aplicação deste elemento.
Para a produção seriada com fornecimento nacional, o uso de embalagens pequenas,
combinado com a coleta “milk run” e consolidação propiciam uma grande flexibilidade do
processo logístico, que se ajusta às demandas da produção, reduzindo os estoques.
Assim, a manutenção da aplicação deste elemento deve ser condicionada ao modelo
logístico utilizado pela fábrica. Caso os futuros produtos mantenham integralmente o modelo
de abastecimento de kits CKD importados, não caberá a manutenção da aplicação deste
elemento no sistema de produção da fábrica de Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicão
89%
11%
o alterar Alterar
Figura 192 – Demanda de alteração do elemento “Embalagens Pequenas”
Fonte: O autor.
Embal agens pequenas x Alt erão
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 193 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Embalagens Pequenas”
Fonte: O autor.
233
6.5.10 Análise do Elemento “Fluxo de Peça Única”
O elemento “Fluxo de Peça Única” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 71% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 24% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
O fluxo de peça única ocorre naturalmente nas linhas contínuas de montagem. Na
fábrica de Juiz de Fora, o elemento é aplicado apenas nas células de fabricação de
subconjuntos da montagem bruta, ligados à linha principal em um lay-out do tipo “espinha de
peixe”. No início da implantação do elemento, o tempo ocioso excessivo destas estações
levava os operadores a “aproveitar o tempo”, realizando a fabricação de mais subconjuntos do
que o necessário e criando um pequeno estoque de peças entre as estações. A restrição de
produzir apenas uma peça não foi bem recebida pelos operadores, que preferiam “consolidar”
seus tempos livres de cada ciclo, gerando “ciclos de pausa” mais longos.
Alterações realizadas por workshops Kaizen “encurtaram” as linhas de preparação de
subconjuntos da montagem bruta, liberando operadores para a linha de montagem da Classe
C, então em início de produção. Com isto, um operador começou a montar em diversas
estações, às vezes separadas por distancias mais longas. Com isto, a melhor maneira de
realizar as operações destes processos era a produção de pequenos lotes, para reduzir o tempo
perdido no deslocamento entre estações.
Este caso exemplifica que as práticas “ótimas” – que devem seguir o modelo Toyota
na afirmação de Womack (1992) – não necessariamente o serão em todas as situações reais.
As soluções que emergem da prática dos processos produtivos podem, em numerosos casos,
mostrar-se mais adaptadas ao ambiente vivido pelas unidades produtivas e, neste contexto,
serem mais eficientes.
A avaliação de 24% dos respondentes da pesquisa é fundamentada. A aplicação deste
elemento deve ser avaliada cuidadosamente sob o ponto de vista econômico, caso a caso,
desaparecendo sua “obrigatoriedade” no sistema de produção de Juiz de Fora.
234
Demanda de alteração da forma de aplicão
76%
24%
Não alterar Alterar
Figura 194 – Demanda de alteração do elemento “Fluxo de Peça Única”
Fonte: O autor.
Fluxo de peça única x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não ut i l i zo
Pouco relevant e Alguma aplicão Mui t o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 195 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Fluxo
de Peça Única”
Fonte: O autor.
6.5.11 Análise do Elemento “First In First Out (FIFO)”
O elemento “First In First Out (FIFO)” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 90% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 12% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O princípio “FIFO” enuncia que a primeira peça fornecida deve ser a primeira peça
consumida. O sistema de “Kanban eletrônico” instalado na unidade de Juiz de Fora, descrito
235
na análise do elemento Kanban, tornou impossível a “quebra” do “FIFO”, exceto por
deliberada ação do abastecedor.
A certeza da seqüência trouxe grande rapidez às ações de rastreabilidade de lotes de
peças com problemas de qualidade, o que indica a manutenção da forma de aplicação deste
elemento no sistema de produção da fábrica de Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicão
88%
12%
o alterar Alterar
Figura 196 – Demanda de alteração do elemento “First In First Out (FIFO)”
Fonte: O autor.
FIFO x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicação deve t er alt erada sua f orma de apl i cão
Figura 197 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “First
In First Out (FIFO)”
Fonte: O autor.
236
6.5.12 Análise do Elemento “Estratégia de Almoxarifado Único”
O elemento “Estratégia de Almoxarifado Único” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 72% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 34% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
O volume de produção reduzido da unidade de produção de Juiz de Fora não permitiu
a implantação da estratégia de almoxarifado único, exceto para aquelas peças de fornecimento
just in sequence”, onde o fornecedor se localizava no terreno da própria fábrica.
Para peças importadas, o almoxarifado único se mostra inviável, pelas características
do processo de importação e aduana, já apresentadas. Para as peças nacionais, a adoção da
estratégia de almoxarifado único em lotes muito pequenos eleva os custos logísticos, pois os
veículos rodam praticamente vazios nas coletas “milk run”, gerando o efeito contrário àquele
enunciado pelos arquitetos do Sistema de Produção Mercedes-Benz.
Assim, é contra-indicada a aplicação deste elemento no sistema de produção praticado
em Juiz de Fora, exceto se houver a produção em volumes elevados, que justifiquem
economicamente a adoção desta estratégia.
Demanda de alterão da forma de aplicão
66%
34%
Não alterar Alterar
Figura 198 – Demanda de alteração do elemento “Estratégia de Almoxarifado Único”
Fonte: O autor.
237
Est rat égia de al moxari f ado único x Alt erão
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er al t erada sua f orma de apl i cão
Figura 199 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Estratégia de Almoxarifado Único”
Fonte: O autor.
6.5.13 Análise do Elemento “Takt Fixo”
O elemento “Takt Fixo” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 84% dos
pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 30% entendem que deve ser modificada a
forma de aplicação.
A unidade de Juiz de Fora não iniciou sua operação com um “takt” (também
denominado ciclo ou cadencia de produção) fixo para toda a fábrica. Embora a premissa
inicial do projeto, em uma fábrica que produziria um único modelo de veículo apontasse
naturalmente para a adoção de um único “takt”, a incerteza sobre a estabilidade dos processos
levou cada um dos segmentos produtivos a adotar uma premissa diferenciada de “takt”,
inferior ao tempo planejado.
Quando havia a parada de um dos segmentos produtivos, os demais prosseguiam sua
produção, o que criava estoques intermediários e dificultava a coordenação logística.
Com a adoção do “takt fixo”, foi limitado o estoque entre processos, o que reduziu o
material em processo e o lead time médio. Para os operadores, a retirada dos estoques
intermediários entre processos reduziu sua margem de segurança – o que pode explicar a
demanda de alteração na forma de aplicação do elemento por 30% do grupo pesquisado.
A melhoria da coordenação logística e do balanceamento dos processos da fábrica
indica a manutenção da forma de aplicação deste elemento.
238
Demanda de alterão da forma de aplicão
70%
30%
Não alterar Alterar
Figura 200 – Demanda de alteração do elemento “Takt Fixo”
Fonte: O autor.
Takt fixo x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/ Não
utilizo
Pouco rel evant e Al guma aplicão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve ter alt erada sua f orma de aplicão
Figura 201 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “Takt
Fixo”
Fonte: O autor.
6.5.14 Análise do Elemento “Gráficos de Balanceamento”
O elemento “Gráficos de Balanceamento” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 80% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 33% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
239
Os gráficos de balanceamento objetivam otimizar a ocupação homogênea do ciclo de
produção de cada estação, e indicar os tempos de valor agregado, sem valor agregado e
desperdício. Com a elevada ociosidade dos tempos de ciclo, os gráficos de balanceamento
foram utilizados pelos planejadores para a distribuição eqüitativa da carga de trabalho.
Como a intensificação do trabalho nas estações não era objetivo das áreas de
planejamento, e sim a ocupação do excedente de operadores, os gráficos de balanceamento
não foram utilizados para a identificação de desperdício e dos tempos que não agregam valor.
Esta aplicação foi feita nos workshops Kaizen, descritos no próximo bloco, onde será
discutida a demanda de alteração na forma de aplicação deste elemento por 33% dos
participantes do grupo pesquisado.
Os gráficos de balanceamento são importante ferramenta do planejador para o
balanceamento das operações, razão pela qual é recomendada sua permanência no sistema de
produção da fábrica de Juiz de Fora.
Demanda de alteração da forma de aplicão
67%
33%
Não alterar Alterar
Figura 202 – Demanda de alteração do elemento “Gráficos de Balanceamento”
Fonte: O autor.
240
Gficos de balanceamento x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/ Não
utilizo
Pouco relevant e Alguma aplicão Mui t o i mport ant e Essencial
deve manter sua forma de aplicação deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 203 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Gráficos de Balanceamento”
Fonte: O autor.
6.6 BLOCO 5: MELHORIA CONTÍNUA
O Bloco 5 reúne um conjunto de 10 elementos, que objetivam a redução do
desperdício e a melhoria contínua dos processos. Os processos de melhoria contínua não
tiveram uma avaliação de importância destacada, comparada aos demais blocos: 64% do
grupo pesquisado atribuiu aos elementos deste bloco, em média, o conceito “essencial” ou
“muito importante”, como se vê na figura 204.
Importância dos Elementos
10%
5%
21%
40%
24%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Não é necessária / Não
utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
Figura 204 – Distribuição da avaliação de importância dos elementos do Bloco 3 – Consolidado
Fonte: O autor.
241
Na fábrica de Juiz de Fora, somou-se a ausência de mecanismos de incentivo à
participação dos operadores e funcionários administrativos nos processos de melhoria
contínua à falta da necessidade dos mesmos. Pelo contrário: com uma produção em constante
queda, e a necessidade de manter o nível de empregos em função do acordo com o Governo
do Estado de Minas Gerais, o desafio tornou-se como ocupar o excedente de operadores.
A demanda consolidada de alteração na forma de aplicação destes elementos foi maior
que nos outros blocos analisados, atingindo 31%. Passemos à análise detalhada de cada um
dos elementos deste bloco.
Alteração das ferramentas
69
%
31
%
Deve mant er sua f orma de aplicão Deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 205 – Demanda consolidada de hibridização – Bloco 3
Fonte: O autor.
6.6.1 Análise do Elemento “Workshop PDCA”
O elemento “Workshop PDCA” é considerado “essencial” ou “muito importante” por
67% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 39% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
Este elemento, como outros elementos ligados ao processo de melhoria contínua, foi
integrado ao procedimento dos workshops “Kaizen”. Sua aplicação, como a de outros
elementos deste bloco, foi apenas formal. A obrigatoriedade de implantação de todos os
elementos levou o autor acordar com o responsável pela coordenação dos workshops Kaizen a
utilização e geração de diversos documentos durante os workshops, que serviriam como
comprovação de sua prática para os auditores da matriz. Assim, o processo de implantação
não foi “emergente”, mas analítico, quase que “circunstancial”: a análise do procedimento dos
242
workshops Kaizen permitiu identificar fases de planejamento, execução, verificação e
melhoria – o PDCA de Deming, que ocorria durante o processo dos workshops Kaizen.
A inexistência de outras formas de aplicação pode refletir a demanda de modificação
da forma de aplicação. A operacionalização deste e de outros elementos em um procedimento
padronizado para solucionar problemas na produção pode apoiar as atividades de grupos de
trabalho designados.
Recomenda-se, desta forma, a fusão dos elementos pertinentes deste bloco,
disponibilizados como um conjunto de “ferramentas” para o planejador, o engenheiro e o
supervisor de linha, que sejam utilizadas quando necessário.
Demanda de alteração da forma de aplicão
61%
39%
Não alterar Alterar
Figura 206 – Demanda de alteração do elemento “Workshop PDCA”
Fonte: O autor.
PDCA (Workshop Kaizen) x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco r el evan t e Al guma
aplicão
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 207 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Workshop PDCA”
Fonte: O autor.
243
6.6.2 Análise do Elemento “7 Tipos de desperdício (7D)”
O elemento “7 Tipos de desperdício (7D)” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 66% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 45% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
Buscou-se a implantação deste elemento através da criação de uma atividade de
análise do processo pelas equipes, de realização obrigatória a cada 6 semanas, com o uso de
um formulário de identificação de seqüências e caracterização das mesmas em “agrega valor”,
“não agrega valor” e desperdício”: o formulário “7D”. Não houve sucesso: a atividade não era
realizada de forma disciplinada pelas equipes, nem sua aplicação era controlada pelos
supervisores de linha. Nas auditorias, os formulários “7D” das equipes que realizavam a
atividade indicavam os desperdícios como atividades que “não agregavam valor, mas eram
necessárias”. Também o detalhamento das atividades era insuficiente para uma análise eficaz.
Comprovada a impossibilidade de implantar um sistema de aplicação “compulsória”
deste elemento nas equipes, buscou-se integrar o formulário com os workshops “ Kaizen”. A
aplicação dos formulários adaptados não foi bem recebida pelas equipes, que viam em seu
preenchimento uma atividade “apenas para satisfazer a auditoria” – com razão.
Recomenda-se a eliminação do formulário “7D” e a manutenção apenas da técnica de
análise, sem um instrumento físico, e somente como uma das “ferramentas” a serviço de
planejadores, engenheiros e supervisores de linha, de utilização facultativa.
Demanda de alteração da forma de aplicão
55%
45%
Não alterar Alterar
Figura 208 – Demanda de alteração do elemento “7 Tipos de desperdício (7D)”
Fonte: O autor.
244
7 Tipos de desperdício (7D) x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma
aplicação
Muito
importante
Essencial
deve mant er sua forma de apl icão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 209 – Demanda de alteração do elemento “7 Tipos de desperdício (7D)”
Fonte: O autor.
6.6.3 Análise do Elemento “5 Por Quês”
O elemento “5 Por Quês” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 65%
dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 19% entendem que deve ser modificada
a forma de aplicação.
A aplicação deste elemento foi integrada ao processo de solução de problemas. Neste
caso, não houve uma rejeição acentuada de sua utilização, vista como o caminho “natural” do
processo de solução de problemas.
Recomenda-se a manutenção de sua forma de aplicação, como elemento de suporte ao
processo de solução de problemas (PSP).
Demanda de alterão da forma de aplicão
81%
19%
Não alterar Alterar
Figura 210 – Demanda de alteração do elemento “5 Por Quês”
Fonte: O autor.
245
5 Porques x Al t er ação
0
5
10
15
20
25
30
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma apl i cão Muit o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alterada sua f orma de apl i cão
Figura 211 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento “5 Por
Quês”
Fonte: O autor.
6.6.4 Análise do Elemento “Mapas de Processo”
O elemento “Mapas de Processo” é considerado “essencial” ou “muito importante”
por 65% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa 23% entendem que deve ser
modificada a forma de aplicação.
O mapeamento dos processos já era praticado pelo Kaizen, não tendo sido realizada
nenhuma atividade específica para sua implantação. Seu uso apóia efetivamente os processos
de análise.
A pesquisa não teve comentários dos respondentes com referência a este elemento,
não tendo sido possível identificar as razões que levaram 23% dos respondentes a sugerir a
alteração na forma de aplicação deste elemento.
246
Demanda de alterão da forma de aplicão
77%
23%
o alterar Alterar
Figura 212 – Demanda de alteração do elemento “Mapas de Processo”
Fonte: O autor.
Mapas de processo x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma aplicão Muit o i mport ante Essencial
deve mant er sua f orma de apl icão deve t er al t erada sua f orma de aplicação
Figura 213 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Mapas de Processo”
Fonte: O autor.
6.6.5 Análise do Elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Colaboradores”
O elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Colaboradores” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 71% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 32% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
As reuniões de equipe não são utilizadas como espaço para a discussão de melhorias,
como já apresentado. A possibilidade de apresentação de propostas de melhoria de autoria das
equipes como propostas do “Banco de Idéias”, e possível premiação, não motivaram as
247
equipes a elaborar propostas de melhoria em grupo. Aquele que tinha uma idéia de melhoria
de processos guardava-a para si, e a apresentava individualmente no Banco de Idéias.
Desta forma, a prática do elemento se deu de forma apenas esporádica. Considerando
que não há um acordo de governança que favoreça a participação dos operadores nos
processos de melhoria contínua, e ainda a baixa freqüência de propostas de melhoria de
processo geradas em reuniões de equipe, sugere-se a eliminação deste elemento do sistema de
produção de Juiz de Fora.
Demanda de alterão da forma de aplicão
68%
32%
Não alterar Alterar
Figura 214 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos
Colaboradores”
Fonte: O autor.
PMC pelos colaboradores x Alteração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é necessária/
Não utilizo
Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 215 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Melhoria Contínua pelos Colaboradores”
Fonte: O autor.
248
6.6.6 Análise do Elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas”
O elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas” é considerado
“essencial” ou “muito importante” por 67% dos pesquisados. Do total de respondentes à
pesquisa, 26% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
Na fábrica de Juiz de Fora foram criados diversos grupos de trabalho para estudar
problemas complexos da produção, com resultados positivos. Não houve a participação ativa
de operadores de produção nestes grupos.
A participação de operadores das equipes envolvidas pode apoiar a aprendizagem “na
prática” de técnicas de análise pelas equipes, o que pode favorecer a participação ativa e
eficaz das equipes nos processos de melhoria contínua, se criado um ambiente favorável no
futuro.
Recomenda-se este ajuste na forma de aplicação do elemento.
Demanda de alteração da forma de aplicão
74%
26%
Não alterar Alterar
Figura 216 – Demanda de alteração do elemento “Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas”
Fonte: O autor.
249
PMC pelos especialistas x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma apl i cão Muit o import ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve t er al t erada sua f orma de aplicão
Figura 217 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Processo de Melhoria Contínua pelos Especialistas“
Fonte: O autor.
6.6.7 Análise do Elemento “Kaizen
O elemento “Kaizen” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 77% dos
pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 34% entendem que deve ser modificada a
forma de aplicação.
Os workshops Kaizen seguem um modelo implantado por uma consultoria
especializada, e sua coordenação era feita por uma área ligada diretamente a diretoria. O
conjunto de metas anuais incluía a realização de determinada quantidade de workshops
Kaizen por ano.
Na metodologia seguida na unidade, um grupo formado de representantes de diversas
áreas é formado para atingir um conjunto de objetivos definidos de melhoria de processo
definido previamente. No espaço de 5 dias, após um treinamento no método, é verificado o
estado inicial do processo, e realizado seu mapeamento, identificando o fluxo e quais as
atividades que agregam valor e as que não o fazem. É realizado um brainstorming em grupo,
seguido de uma classificação para priorizar as atividades, e da implantação no processo
operacional. Após a implantação, são medidos os indicadores do processo melhorado e os
resultados atingidos são apresentados a diretoria, gerentes, supervisores de área e de linha, e
convidados.
250
A unidade já realizou 150 workshops, que, entre outros resultados, reduziram linhas de
produção, tempos de percursos, estoques intermediários, equipamentos, e aperfeiçoaram
processos e procedimentos administrativos.
A redução do volume de produção e o excedente de recursos (equipamentos e
operadores) tornaram a realização de workshops Kaizen um problema, pois os workshops
evidenciavam ainda mais os recursos excedentes. A obrigatoriedade de realizar uma
quantidade anual de Kaizens levou a indicação de temas não relevantes para a realização dos
workshops, e também a indicação de temas como meio de uma “intervenção branca”: se não
havia consenso em realizar uma determinada alteração de processo que envolvesse duas ou
mais áreas, o Kaizen era “invocado” para realizar as modificações desejadas, sem o desgaste
político de discussões e convencimento.
Algum tempo após a realização dos Kaizens, a área iniciava uma gradual
desconstrução das modificações, que com o passar dos meses fazia com que a situação
retornasse ao estado anterior ao Workshop, ou próximo disso.
As transformações na forma de aplicação deste elemento mostram que é fundamental
assegurar um consenso entre os stakeholders, para que as alterações de processo e
procedimentos implementadas perdurem no tempo. A prática atual do Kaizen é “top-down”:
não pode ser discutida, não pode ser negada, exceto pela diretoria. A desconstrução dos
resultados dos workshops Kaizen é uma manifestação clara da resistência a mudanças não-
consensadas.
Sugere-se alterar a forma de aplicação deste elemento, de forma que a realização dos
Kaizens não seja um fim em si mesmo, mas um instrumento para atingir metas da empresa.
Cabe a diretoria intervir para que não sejam realizados Kaizens sem consistência de objetivos,
ou como um meio de imposição de mudanças substitutivo ao consenso entre as áreas
envolvidas em um dado processo. A participação de um representante de cada equipe
potencialmente afetada pelas modificações e a comunicação aberta com as equipes durante o
processo pode minorar a rejeição ao caráter fortemente interventivo dos workshops Kaizen.
251
Demanda de alterão da forma de aplicão
61%
39%
o alterar Alterar
Figura 218 – Demanda de alteração do elemento “Kaizen”
Fonte: O autor.
Kai zen x Al t eração
0
5
10
15
20
25
30
35
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco rel evant e Alguma apl i cão Muit o import ant e Essenci al
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 219 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Kaizen”
Fonte: O autor.
6.6.8 Análise do Elemento “Gerenciamento das Modificações”
O elemento “Gerenciamento das Modificações” é considerado “essencial“ ou “muito
importante” por 80% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 33% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
252
O gerenciamento de modificações é uma atividade regular de toda empresa
automobilística, objetivando a redução das perdas por refugo quando da introdução de novas
modificações do produto.
A redução do volume e as grandes mudanças do mix de produção – necessários para
impedir que a empresa tivesse maiores prejuízos – levaram ao refugo de considerável
quantidade de itens, sem que fosse possível realizar uma adequada gestão das modificações,
consumindo os itens antigos antes da introdução dos itens modificados na linha de produção.
Isto pode ter contribuído para a percepção do grupo de necessidade de mudança na forma de
aplicação do elemento.
As decisões referentes à introdução de modificações no produto na linha de produção
é realizada após criteriosa avaliação técnica e econômica. Não se mostra necessária a
alteração dos procedimentos relativos ao gerenciamento de modificações.
Demanda de alteração da forma de aplicão
67%
33%
Não alterar Alterar
Figura 220 – Demanda de alteração do elemento “Gerenciamento das Modificações”
Fonte: O autor.
253
Gerenciamento das Modificações x Alteração
0
5
10
15
20
25
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevante Alguma aplicação Muito importante Essencial
deve mant er sua f orma de aplicão deve t er alt erada sua f orma de apli cão
Figura 221 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Gerenciamento das Modificações”
Fonte: O autor.
6.6.9 Elemento “Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-
Benz”
O elemento “Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-
Benz” é considerado “essencial” ou “muito importante” por 70% dos pesquisados. Do total de
respondentes à pesquisa, 25% entendem que deve ser modificada a forma de aplicação.
Após o período de implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz, reduziu-se a
dinâmica de modificações do sistema de produção. A comparação anual das melhores práticas
das áreas da fábrica se mostrou uma forma positiva de destacar os grupos atuantes na
melhoria dos processos. Como todos os elementos ligados à melhoria contínua, a comparação
das melhores práticas do Sistema de Produção Mercedes-Benz sofreu os efeitos da não
necessidade de melhoria dos processos.
A motivação dos colaboradores com a competição de melhoras práticas foi enfatizada
pelo diretor de produção e logística em entrevista realizada pelo pesquisador: “Um exemplo
interessante é a competição entre fábricas pelo prêmio de ‘melhor prática’. Os colaboradores
sempre estão motivados a participar, mesmo sabendo das dificuldades em ganhar o prêmio,
por nossas dificuldades frente a outras fábricas em razão da economia de escala”.
Não é recomendável alterar a forma de aplicação deste elemento.
254
Demanda de alterão da forma de aplicão
75%
25%
Não alterar Alterar
Figura 222 – Demanda de alteração do elemento “Comparação de Melhores Práticas do Sistema de
Produção Mercedes-Benz”
Fonte: O autor.
Mel h ores Prát i cas SPJ x Al t er ação
0
5
10
15
20
25
30
35
Pouco relevant e Alguma apl i cão Muit o important e Essencial
deve mant er sua f orma de apl i cão deve t er alt erada sua f orma de aplicão
Figura 223 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-Benz”
Fonte: O autor.
6.6.10 Análise do Elemento “Engenharia Simultânea”
O elemento “Engenharia Simultânea” é considerado “essencial” ou “muito
importante” por 67% dos pesquisados. Do total de respondentes à pesquisa, 33% entendem
que deve ser modificada a forma de aplicação.
255
A abordagem de planejamento quase simultâneo de produto e processo, com interação
entre as áreas de produção e desenvolvimento, denominada “Engenharia Simultânea”, foi
adotada como padrão para o desenvolvimento de novos produtos fabricados em grandes séries
na DaimlerChrysler.
A fábrica de Juiz de Fora está distante das áreas de desenvolvimento do produto, que
se concentram integralmente em Stuttgart, Alemanha, para os produtos da marca Mercedes-
Benz, e Auburn Hills, Estados Unidos, para os produtos da marca Chrysler. A participação de
engenheiros e planejadores da unidade sempre se deu após a conclusão do desenvolvimento
dos produtos.
A simples existência do elemento no Sistema de Produção Mercedes-Benz não
garantirá a participação dos especialistas brasileiros na fase de concepção do produto,
atividade exercida exclusivamente pela matriz alemã.
Recomenda-se a eliminação deste elemento do sistema de produção da fábrica de Juiz
de Fora.
Demanda de alterão da forma de aplicão
67%
33%
Não alterar Alterar
Figura 224 – Demanda de alteração do elemento “Engenharia Simultânea”
Fonte: O autor.
256
Engenharia Simult ânea x Alt erão
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Não é
necessária/
Não utilizo
Pouco relevant e Alguma apl i cão Mui t o i mport ant e Essencial
deve mant er sua f orma de apli cão deve ter alterada sua forma de aplicação
Figura 225 – Distribuição da avaliação da importância e demanda de alteração para o elemento
“Engenharia Simultânea”
Fonte: O autor.
6.7 ANÁLISE CONSOLIDADA
O bloco 1 do sistema de Produção Mercedes-Benz (“Estruturas de Trabalho e
Trabalho em Equipe”) teve 12 elementos para os quais é indicada a alteração de sua forma de
aplicação, e 3 cuja forma de aplicação já foi hibridizada. Desta forma, 15 em 34 elementos
deveriam ou já foram hibridizados, isto é, 44% dos elementos.
Esta extensão de mudança, ou de desejo de mudança, ocorre em razão do ambiente de
gestão de pessoas do Brasil diferir muito do ambiente da Alemanha, país onde o Sistema de
Produção Mercedes-Benz foi projetado. Diferenças na legislação, a ausência de um acordo de
governança corporativa, e uma cultura de gestão fortemente hierárquica não permitem que
haja interesse ou espaço para a participação dos operadores.
A redução do volume de produção, como apresentado, justifica apenas casos isolados
de hibridização.
Não havendo a participação, os operadores tornam-se “braços” e “espectadores” do
Sistema de Produção, e este assume características sloanistas de gestão, sendo excetuada a
qualificação, característica de origem sociotécnica.
A análise indicou o potencial de redução de 6 elementos do bloco 1 em Juiz de Fora,
ou 18% dos elementos, em razão de sua inadequação ao ambiente de gestão hierárquica da
unidade. A forma atual de aplicação atual deve ser mantida para 9 elementos do bloco 1 (27%
257
do total), e 4 elementos deste bloco (12%) devem ter sua forma de aplicação intensificada na
forma descrita pelo Sistema de Produção Juiz de Fora.
A análise do bloco 2 do Sistema de Produção Mercedes-Benz (“Padronização”) teve
apenas 1 elemento para os quais é indicada a alteração de sua forma de aplicação, e 1 cuja
forma de aplicação já foi hibridizada. A hibridização total é de 20% dos elementos deste
bloco.
As mudanças realizadas ou indicadas têm sua origem no baixo volume de produção da
unidade. Os resultados reforçam a evidencia da transformação de um sistema “sociotécnico –
toyotista” em um sistema “sloanista”.
A análise indicou o potencial de redução de apenas 1 elemento do bloco 2 em Juiz de
Fora, ou 10% dos elementos do bloco. A forma atual de aplicação atual deve ser mantida para
6 elementos do bloco (60% do total), e 1 elemento (10%) deve ter sua forma de aplicação
intensificada, na forma descrita pelo Sistema de Produção Juiz de Fora.
A análise do bloco 3 mostra o alinhamento deste subsistema do Sistema de Produção
com a estratégia de lucratividade da empresa: 10 elementos devem manter sua forma de
aplicação e 9 elementos devem ter sua forma de aplicação reforçada de acordo com a
orientação do Sistema de Produção, isto é, 19 elementos de 24, ou 79% do total de elementos
do bloco. Apenas 3 deveriam ser eliminados do Sistema, por características da unidade de
Juiz de Fora. Menos de 10% (2 elementos) deveriam alterar a forma de sua aplicação, ou já o
fizeram.
A análise do bloco 4 (Logística “Just-in-time”) indica que 4 elementos devem mudar
sua forma de aplicação, tendo 1 já sofrido hibridização, em um total de 14 elementos, isto é,
uma hibridização ocorrida ou por ocorrer de 36% dos elementos. Dois elementos podem ser
eliminados do Sistema de Produção em Juiz de Fora, 6 elementos devem manter sua forma de
aplicação e apenas 1 elemento deve tê-la intensificada de acordo com as orientações do
modelo.
Esta hibridização refere-se especialmente à transformação da unidade em uma unidade
de produção CKD, tendo o reduzido volume de produção e as transformações do processo
logístico dele decorrentes orientado a eliminação dos dois elementos citados.
O bloco 5 (“Melhoria Contínua”) é diretamente atingido pela não participação dos
colaboradores, principal motivo que leva a necessidade de alteração da forma de aplicação de
3 elementos dos 10 elementos que compõem este bloco. Dois elementos podem ser
eliminados do Sistema de produção Mercedes-Benz em Juiz de Fora, sendo um deles em
razão da não participação dos operadores e o outro em razão da fábrica ser uma unidade
258
basicamente de produção, sem participação nas atividades de desenvolvimento. A análise
recomenda a manutenção de 5 elementos, 50% do total dos elementos do bloco 5.
Em uma análise do conjunto de blocos, a hibridização, realizada ou indicada, atinge 27
elementos dos 92 elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz, ou 29% do total. A
eliminação do sistema de produção foi indicada para 14 elementos, ou 15% do total.
Os resultados da análise também comprovaram que os sistemas “emergentes” têm
melhor aceitação do que os sistemas “transplantados”.
A figura 226 resume os resultados quantitativos da análise.
Resultados quantitativos - Análise Consolidada
34
10
24
14
10
92
15
22
5
3
27
6
1
3
22
14
4
6
9
1
0
20
9
1
10
6
5
31
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 Bloco 5 MPS
Elementos
Elementos elementos a hibridizar elementos a eliminar elementos a reforçar elementos a manter
Figura 226 – Resultados quantitativos da análise consolidada
Fonte: O autor.
6.8 RESULTADO DAS ENTREVISTAS COM O CORPO GERENCIAL
O gerente responsável pelas áreas de Montagem Bruta e Pintura de Carrocerias e o
gerente da área de Montagem Final, que acumula o cargo de Diretor de produção e Logística
foram entrevistados nesta pesquisa.
Ambos acreditam que o Sistema de Produção Mercedes-Benz é compatível com a
estratégia de lucratividade da DaimlerChrysler. Foi destacado pelo Diretor de Produção e
Logística o foco na qualidade de produtos e processos.
259
Para o gerente de Montagem Bruta de Carrocerias, o sistema é adequado para em
volumes baixos ou elevados de produção.
Ambos indicaram a necessidade de redução do número de elementos do sistema,
denominados internamente “ferramentas”: “Há excesso de ferramentas, o ideal seria haver um
“enxugamento”, uma reorientação do Sistema de Produção a princípios de produção, com um
máximo de 5 princípios básicos. É necessário focar no essencial”.
A compatibilidade do Sistema de Produção Mercedes-Benz com a estratégia de
lucratividade da empresa foi confirmada pela análise realizada, e também a necessidade e a
possibilidade de redução do número de elementos do sistema na unidade juizforana. Não se
confirmou a adequação do Sistema de Produção indiferentemente do volume de produção da
planta.
260
7 CONCLUSÃO
A proposição de Womack et al (1992) de que o Sistema Toyota de Produção se
estabeleceria como o padrão convergente da organização da produção, gerando lucros em
qualquer ambiente, não foi confirmada neste trabalho. A análise da evolução dos sistemas de
produção mostra que os mesmos se desenvolvem como uma resposta a um determinado
ambiente competitivo, de forma coerente com uma estratégia de lucratividade, que terá maior
ou menor sucesso dependendo das características do mercado e da disponibilidade de um
dado perfil de mão-de-obra na região onde se dará a produção, e dos modelos de distribuição
de renda nacional e de crescimento econômico do país ou região.
Também os acordos de governança da empresa, sejam eles explícitos ou tácitos,
impactam diretamente os sistemas de produção. A análise da evolução dos sistemas de
produção realizada no capítulo 2 desta dissertação apontou que não é possível dissociar o
sucesso de um dado modelo de produção das condições históricas, sociais e econômicas.
Assim, um modelo de produção não é apenas uma construção puramente técnica: é
indispensável verificar a pertinência de um dado modelo produtivo com o ambiente no qual o
mesmo se desenvolve.
Também a análise detalhada realizada quanto à prática e a percepção dos entrevistados
sobre cada um dos elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz, objeto desta pesquisa,
mostra que há uma clara demanda por alteração da forma de aplicação e da cessação da
aplicação de vários elementos, os quais, ausentes as condições que justificam sua existência,
subsistem apenas em seu aspecto formal, sem trazer os efeitos projetados ou desejados. Há
uma hibridização latente em muitos elementos do Sistema de Produção.
O estudo de caso, assim, reforça a premissa de Boyer e Freyssenet de que há uma forte
influencia do ambiente econômico, social e das relações de trabalho na eficácia de um sistema
de produção.
A multiplicidade de ambientes nacionais e regionais e as diversas estratégias de
lucratividade adotadas pelas empresas automobilísticas levam a que não haja uma
convergência absoluta dos sistemas de produção para um único sistema. Cada elemento dos
sistemas de produção, tenha tido sua gênese como resposta a problemas da produção, ou
como procedimento transplantado, não é estático, e tende à mudança, hibridizando-se na sua
exposição aos ambientes social, cultural e econômico de cada espaço geográfico.
Desta forma, não há uma resposta única, uma tendência mundial predominante quanto
à evolução dos sistemas de produção da indústria automobilística. A elevação dos custos
261
logísticos, a liberalização do comércio internacional, a redução e reconstrução de barreiras
alfandegárias, as variações cambiais e a construção dos blocos regionais constituem fatores
voláteis, que tornam o trabalho dos estrategistas mais difícil, face à instabilidade dos cenários.
As estratégias “únicas”, desenhadas nas matrizes para aplicação mundial, não têm
necessariamente sucesso em todos os mercados-alvo e locais de produção. As especificidades
de cada região devem ser consideradas na aplicação dos sistemas de produção em cada
unidade produtiva
Os resultados da análise comprovam a baixa efetividade de um modo rígido e único de
produção. Os elementos dos sistemas de produção são as ferramentas disponíveis para ajustar
a organização de produção de cada unidade produtiva às necessidades de um contexto maior,
que inclui o portfólio de produtos, a política de recursos humanos, o indispensável acordo de
governança corporativa, o mercado, as características da mão-de-obra e os modelos de
desenvolvimento econômico e de distribuição de renda da cada país ou região.
A adoção dos modelos de Boyer e Freyssenet mostrou-se apropriada como meio de
representação e análise destas inter-relações, mas não como meio para a análise das micro-
relações entre elementos do sistema produtivo. A pertinência da aplicação de cada elemento
de um sistema de produção é um desdobramento de uma análise estratégica, que deve ser
realizada pelos gestores e estrategistas, com base nos indicadores da unidade e prioridades
estratégicas.
O levantamento de informações para a caracterização dos fatores do modelo de Boyer
e Freyssenet considerando o cenário atual brasileiro mostrou um modelo de desenvolvimento
econômico é “orientado ao consumo”. A concentração de renda brasileira, de caráter
“competitivo e concentrador”, reduz a parcela de consumidores com renda suficiente para
adquirir um veículo novo a apenas 1,6 milhões de habitantes, número bem menor que a atual
capacidade de produção instalada no país. Sendo o mercado brasileiro cinco vezes maior que
o mercado argentino, e sendo os demais mercados nacionais do Mercosul de menor
relevância, é improvável que seja possível resolver o problema do excesso de capacidade
produtiva apenas com a comercialização dos veículos nos países do bloco do Mercosul. A
orientação da capacidade excedente de produção da indústria automotiva a exportação é a
alternativa restante, e se torna especialmente competitiva se for realizada uma intensiva
comunização de plataformas e acessórios, o que beneficiará as empresas automobilísticas
produtoras de modelos compactos.
Os modelos compactos permanecerão sendo nos próximos anos a opção preferencial
da indústria automobilística brasileira, pois mesmo tendo havido uma redução da
262
concentração, somente a longo prazo poder-se-á falar em uma nova característica do modelo
de distribuição de renda.
A expansão do Mercado Comum do Sul poderá aumentar os volumes de produção
relativos a carros médios, desde que haja um grau razoável de comunização de peças com os
veículos compactos.
A caracterização do ambiente social e econômico brasileiro aponta que a adoção de
um modelo “sloanista modificado” (proposto nesta dissertação) pode aumentar as chances de
sucesso para as empresas automobilísticas brasileiras. Todavia, é indispensável e urgente a
construção de acordos de governança de empresa mais consistentes.
A análise do Sistema de Produção Mercedes-Benz mostra sua compatibilidade com a
estratégia de lucratividade adotada mundialmente pela empresa, de “qualidade e
especialização”. Todavia, considerando a capacidade de produção instalada na unidade de
Juiz de Fora, o portfólio de produtos da marca e as características do mercado brasileiro, ou
mesmo latino-americano, esta estratégia não se mostra adequada para a ocupação da
capacidade da unidade produtiva.
A pesquisa realizada mostrou que o Sistema de Produção Mercedes-Benz é valorizado
por gestores, funcionários e operadores da fábrica, mas, como já mencionado, há uma
considerável demanda de alteração da forma de aplicação de seus elementos para o aumento
da eficácia deste sistema produtivo.
A ausência de um acordo de governança, agravada pela ausência de mecanismos que
incentivem a participação dos operadores no processo de melhoria contínua e o excesso de
recursos disponíveis na unidade juizforana em relação ao volume de produção retiram
pressupostos fundamentais em um sistema de base toyotista, e prejudicam a eficácia do
sistema de produção na unidade brasileira de automóveis da DaimlerChrysler. Em especial a
ausência de mecanismos de participação, evidenciada na análise detalhada do Sistema de
Produção Mercedes-Benz, inviabiliza uma prática “natural” do sistema, que para diversos
elementos subsiste apenas formalmente.
Aspectos culturais e de gestão indicam a necessidade de eliminação de diversos
elementos do sistema, bem como de simplificação e desburocratização da forma de aplicação
de diversos elementos.
A pesquisa mostrou que, dos cinco blocos do Sistema de Produção Mercedes-Benz,
três tiveram destacada percepção da necessidade de alteração na forma de aplicação de seus
elementos pelos entrevistados: o Bloco 1 (“Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”), o
Bloco 3 (“Qualidade e Processos/Produtos Robustos”) e o Bloco 5 (“Melhoria Contínua”).
263
No Bloco 1, entre outros fatores que variam de elemento a elemento, destaca-se a
diferença de cenário regulador entre o Brasil e a Alemanha no que se refere a legislação
trabalhista. Como citado, na Alemanha a legislação trabalhista exige das empresas a prática da
co-gestão, que se reflete na obrigatoriedade do espaço para a participação dos trabalhadores
em todas as instâncias de decisão da empresa. Assim, a aplicação de um conjunto de
elementos que traz em sua “genética” a construção desses espaços em um ambiente no qual o
trabalhador tem uma relação de trabalho de maior instabilidade, se comparado ao trabalhador
de uma fábrica da Mercedes-Benz na Alemanha, faz com que esses espaços de participação e
negociação não sejam utilizados em toda a extensão. Isto é agravado pela ausência de um
acordo de governança corporativa e por uma cultura de gestão fortemente hierárquica.
No Bloco 3, dois fatores – um deles ligado a forma de organização interna da empresa,
o outro ligado ao conflito entre a estratégia de lucratividade da empresa e o conceito de
qualidade estabelecido pelo mercado brasileiro – podem justificar a considerável demanda por
mudanças na forma em que os elementos são praticados.
Na unidade de Juiz de Fora, a cultura de “qualidade preventiva” se encontra
concentrada na área da qualidade. Nesta área trabalham especialistas cuja atribuição é analisar
os problemas de qualidade do produto, do processo e de peças de fornecedores. Isto, ao
mesmo tempo que traz grande sobrecarga a estes, reduz o envolvimento das áreas produtivas,
que se tornaram “clientes” de um produto, a “solução de problemas de qualidade”.
Além disto, os padrões de qualidade utilizados, de base técnica, superam em muito a
percepção média do cliente brasileiro. A opção por um padrão de qualidade divergente das
expectativas do mercado local levou a índices de retrabalho e refugo superiores àqueles das
demais montadoras, e de difícil aceitação interna pelos operadores.
No bloco 5, são fatores que levam a demanda por mudanças na prática dos elementos a
ausência de mecanismos de incentivo à participação dos operadores e funcionários
administrativos nos processos de melhoria contínua e a falta da necessidade dos mesmos na
fábrica de Juiz de Fora, que possui excesso de recursos produtivos. A queda da produção e a
necessidade de manter o nível de empregos (em função do acordo com o governo estadual)
tornaram a melhoria contínua um objetivo indesejável.
Os resultados da análise mostraram que o Sistema de Produção Mercedes-Benz,
concebido como um sistema “sociotécnico – toyotista”, transformou-se em um sistema de
características sloanistas na unidade de Juiz de Fora.
264
A pesquisa indicou que os elementos dos sistemas de produção que “emergem” dentro
de cada unidade produtiva como resposta aos problemas de produção são percebidos com
maior naturalidade, e têm menor demanda para a mudança de sua forma de aplicação
Assim, o estudo de caso demonstra que o ambiente local influencia de forma marcante
a eficácia dos sistemas de produção. Os resultados da pesquisa mostraram a validade da
afirmação de Pries (2001): é necessário ajustar na unidade de Juiz de Fora o “coquetel de
princípios de produção”, ajustando-o à realidade da fábrica de Juiz de Fora.
Ainda mais urgente se mostra a questão da incompatibilidade da estratégia de
lucratividade. Uma melhor ocupação da capacidade produtiva da fábrica poderá ocorrer com o
reforço da presença da marca Chrysler no Mercado Comum do Sul, com a eventual produção
de um modelo compacto desta marca. A estratégia de produzir automóveis de luxo da marca
Mercedes-Benz exclusivamente para exportação não se mostra capaz de prover a ocupação da
capacidade de produção disponível, nem de produzir resultados econômicos consistentes,
especialmente considerando a tendência atual de elevação dos custos de logística
internacional.
Outro possível caminho para aumentar o volume de produção da unidade juizforana é
a ampliação da fabricação por contratos de manufatura para veículos de outras marcas já
presentes no país com elevada exigência de qualidade. A especialização da produção
brasileira em modelos de baixo custo e elevado volume de produção torna a manufatura de
modelos de luxo em pequena escala, com elevado lucro por unidade pouco interessante sob o
ponto de vista operacional. O conhecimento distintivo da unidade de Juiz de Fora em produzir
veículos premium pode, assim, liberar recursos produtivos das organizações contratantes para
a fabricação em massa. As elevadas margens de lucro por unidade destes veículos podem
facilitar condições contratuais mutuamente vantajosas.
Quanto a hibridização dos elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz, mostra-
se clara a necessidade de uma condução estratégica e permanente da aplicação do sistema.
Sem uma condução estratégica do processo, alterando a forma de aplicação em consenso com
os usuários do sistema, a aplicação de muitos elementos permanecerá apenas formalmente, ou
nem isto.
A metodologia de pesquisa utilizada neste estudo de caso exploratório mostrou-se
adequada, com o uso combinado do levantamento de dados quantitativos / qualitativos e
entrevistas. A análise de dados, combinando a análise a partir de um referencial teórico
conhecido – a evolução dos sistemas de produção, o modelo de Boyer e Freyssenet e a
descrição do Sistema de Produção Mercedes-Benz – e a descrição dos resultados do
265
levantamento de dados, somada às informações conhecidas em razão da vivência profissional
do pesquisador, mostrou-se adequada, permitindo responder às questões de pesquisa.
O objetivo geral da pesquisa – compreender a evolução dos sistemas de produção,
identificando as tendências mundiais – foi alcançado. A revisão bibliográfica e a utilização do
modelo proposto por Boyer e Freyssenet (1999) permitiram contextualizar os principais
sistemas de produção praticados pela indústria automobilística em relação aos fatores
ambientais condicionantes (modo de crescimento econômico, modo de distribuição de renda,
mercado e mão-de-obra) sua relação com as estratégias de lucratividade adotadas pelas
empresas tomadas como referencia em relação a estes modelos.
Os objetivos específicos também foram alcançados: foi identificada a estratégia de
lucratividade sloanista – restrita a veículos compactos – como aquela de maior probabilidade
de sucesso no atual modelo de desenvolvimento econômico e de distribuição de renda
brasileiro.
A análise do Sistema de Produção Mercedes-Benz indicou que o mesmo está
fortemente alinhado com a estratégia de lucratividade (“qualidade e especialização”) adotada
pela empresa. Por outro lado, a pesquisa não evidenciou uma relação forte entre a estratégia
de lucratividade da DaimlerChrysler e o mercado brasileiro, em especial considerando a
capacidade produtiva da planta, e os modelos de distribuição de renda e de crescimento
econômico identificados no ano de 2005.
A pesquisa junto aos gerentes, supervisores de área, supervisores de linha, e porta-
vozes mostrou que há grande aceitação do Sistema de Produção Mercedes-Benz. Por outro
lado, há uma hibridização latente
, uma demanda por mudanças na forma de aplicação dos
elementos do sistema em 27 elementos dos 92 elementos (29% do total), e eliminação de 14
elementos (15% do total), de forma a torná-lo mais apto à realidade da unidade produtiva.
Sugere-se a realização de pesquisas que aprofundem o estudo das causas que levam a
demanda de hibridização de elementos selecionados do Sistema de Produção Mercedes-Benz,
estudo este que extrapola os objetivos deste estudo de caso. A realização de outros estudos de
caso analisando os elementos de sistemas produtivos de outras montadoras no Brasil é
fortemente recomendada, pois estes podem embasar futuros estudos comparativos que
indiquem quais são os fatores culturais e sociais comuns que devem ser considerados na
construção de sistemas de produção brasileiros. Também a construção de acordos de
governança de empresa é tema que merece um aprofundamento em futuras pesquisas.
Gostaria de encerrar esta dissertação reproduzindo a resposta de um operador de
produção, que, em palavras simples e sinceras, indica o caminho a seguir: “Gostaria que
266
avaliações como estas fossem feitas com freqüência, principalmente quando estivermos
fazendo uma produção maior de carros, pois nesse momento está bastante tranqüilo
praticarmos muitos desses elementos. Meu sentimento é que algumas vezes o SPJ foi feito
mais para a auditoria e não concordo, pois acho os elementos (muitos deles) úteis e gosto de
praticá-los”.
267
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272
APÊNDICES
273
APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa
PESQUISA – Sistema de Produção Juiz de Fora
Por favor, preencha qual a sua opinião sobre a importância de cada ferramenta do SPJ
e se a forma de aplicação da ferramenta deve ser mantida ou mudada.
As respostas serão utilizadas apenas para fins de pesquisa, sem identificação dos
participantes.
Obrigado por sua participação!
Importância do elemento
Deve ser
mudada a forma
de aplicação?
Elemento do Sistema de Produção
Não é necessário /Não
utilizo
Pouco Relevante
Alguma Aplicação
Muito Importante
Essencial
Manter aforma de
aplicação
Mudar a forma de
aplicação
Acordos de Metas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Feedback dos Colaboradores às Chefias
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Pesquisas de Clima Organizacional
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Reconhecimento dos Colaboradores
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sistema de Avaliação de Colaboradores
Operativos e Administrativos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Listas de Verificação e Controle (Check-list)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Avaliação de Sistema de Produção Mercedes-Benz
por Diretores, Gerentes e Supervisores ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Reuniões Regulares
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Atividades para o Desenvolvimento da Equipe
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sistema de Avaliação de Executivos (Lead)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Desenvolvimento e Acompanhamento dos
Executivos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Importância do elemento
Deve ser
mudada a forma
de aplicação?
274
Elemento do Sistema de Produção
Não é necessário /Não
utilizo
Pouco Relevante
Alguma Aplicação
Muito Importante
Essencial
Manter aforma de
aplicação
Mudar a forma de
aplicação
Programa para Redução do Absenteísmo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Descrição de Função
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Descrição de Processo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Orientação aos Novos Funcionáros
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Qualificação
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Padrões de Desempenho
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Banco de Idéias
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Processo para Seleção de Funcionários
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Ilhas de Aprendizagem
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Oficina PMC
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Tarefas da Equipe
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Porta-Vozes
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Reuniões de Equipe
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Integração de Colaboradores com Restrições ao
Trabalho ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Avaliação do Trabalho em Equipe
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Quadros de Equipe
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Rotatividade
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Matriz de Qualificação
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção a
Saúde ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sinalização de Segurança
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Avaliação Ergonômica do Processo de Trabalho
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Coleta Seletiva
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Consciência Ambiental
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Importância do elemento
Deve ser
mudada a forma
de aplicação?
275
Elemento do Sistema de Produção
Não é necessário /Não
utilizo
Pouco Relevante
Alguma Aplicação
Muito Importante
Essencial
Manter aforma de
aplicação
Mudar a forma de
aplicação
Planos de Processo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Documentação Padronizada do Local de Trabalho
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Estoque de Material Padronizado
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Quadro de Indicadores
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Controle de Linha do Processo e do Produto
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Troca de Informações Padronizadas entre Turnos
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Equipamentos Padronizados
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Quality Gates
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
SOL – Segurança, Ordem e Limpeza
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Marcações, Identificações e Etiquetas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
PDCA de Produção
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Análise de Causas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Padrões de Referência
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Portões Falha Zero
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Alarme de Qualidade/Parada de Qualidade
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Quadros Andon
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Testes de Produção
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Liberação de Peças para Produção em Série
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Manutenção Produtiva Total (Total Productive
Maintenance – TPM) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Prevenção de Falhas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Eliminação de Falhas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Controle Estatístico do Processo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Auditoria de Sistemas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Importância do elemento
Deve ser
mudada a forma
de aplicação?
276
Elemento do Sistema de Produção
Não é necessário /Não
utilizo
Pouco Relevante
Alguma Aplicação
Muito Importante
Essencial
Manter aforma de
aplicação
Mudar a forma de
aplicação
Auditorias de Processos
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Treinamentos Pontuais
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Processo de Solução de Problemas (PSP)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Análise de Modo e Efeito de Falhas (FMEA)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Gerenciamento da Qualidade dos Fornecedores
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Plano de Garantia de Processo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Calibração dos Instrumentos de Medição
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Acordos de Qualidade
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Pontos de Checagem 100%
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sensores de Qualidade do Cliente
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
BPA e APA
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Planejamento do Programa de Produção
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
“Colar de Pérolas” (Perlenkette)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Planejamento do Fluxo de Material
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Rotas de Abastecimento Orientadas pelo
Consumo ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Processo de Consumo e Abastecimento no
Sistema de Puxar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Kanban
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Comissionamento / Formação de Conjuntos
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Preparação Rápida
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Embalagens Pequenas
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Fluxo de Peça Única
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
First in First Out (FIFO)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Estratégia de Almoxarifado Único
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Ciclo de produção (“Takt”) Fixo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Importância do elemento
Deve ser
mudada a forma
de aplicação?
277
Elemento do Sistema de Produção
Não é necessário /Não
utilizo
Pouco Relevante
Alguma Aplicação
Muito Importante
Essencial
Manter aforma de
aplicação
Mudar a forma de
aplicação
Gráficos de Balanceamento
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Workshop PDCA
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sete Tipos de Desperdício(7D)
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 Por Quês
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Mapas de Processo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Processo de Melhoria Contínua (PMC) pelos
colaboradores ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Processos de Melhoria Contínua (PMC) pelos
especialistas ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Kaizen
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Gerenciamento das Modificações
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Comparação de Melhores Práticas do MPS/SPJ
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Engenharia Simultânea
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
O SPJ ajuda você a ter uma melhor gestão/coordenação de sua equipe? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Suas críticas e sugestões ao SPJ:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
278
APÊNDICE B – Elementos do Sistema de Produção Mercedes-Benz
Descrevemos a seguir, com base em tradução livre da publicação “DaimlerChrysler
Produktionssystem” da DaimlerChrysler AG, de forma resumida e estruturada, os elementos
do Sistema de Produção Mercedes-Benz. A análise mostra a origem de cada um dos
elementos, derivados de práticas com origem ou aplicação nos sistemas de produção Toyota,
sociotécnicos ou nos procedimentos e práticas vigentes nas fábricas das divisões Chrysler e
Mercedes-Benz.
B.1 – Subsistema “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”: o Subsistema
Liderança
B.1.1 – Acordos de Metas
Define-se acordo de metas como um sistema que garante em todos os níveis o
compromisso individual para o cumprimento das metas anuais da empresa, envolvendo
diretorias, gerências e supervisões, levando em consideração os acordos já existentes. O
sistema permite a inclusão de metas de desenvolvimento pessoal.
O objetivo deste elemento é promover a participação dos colaboradores no alcance das
metas da empresa.
O elemento “Acordo de Metas” tem sua origem nas práticas internas de gestão da
divisão Mercedes-Benz, alinhada a uma filosofia de gerenciamento por objetivos.
B.1.2 – Feedback dos Colaboradores às Chefias
O Sistema de Produção Mercedes-Benz prescreve que o feedback comportamental de
diretores, gerentes, supervisores de área e supervisores de linha deve ser feito pelo menos uma
vez por ano, com base neste elemento. A cada fábrica é dada a liberdade de estabelecer com
qual freqüência deve ser realizado o feedback dos colaboradores às chefias. Em Juiz de Fora a
freqüência mínima estabelecida é de uma vez por ano.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz prescreve um procedimento estruturado e
acordado em cada fábrica, padronizando a estrutura de como o feedback deve ser realizado, e
recomenda feedbacks específicos dos funcionários às suas chefias de como o comportamento
de liderança é percebido e vivenciado.
279
Deve ser estimulada a participação ativa dos colaboradores no feedback. Todavia, a
participação dos colaboradores fica a critério dos mesmos. O conteúdo do feedback deve ser
guardado sob sigilo, e deve conter sugestões de melhoria do comportamento da liderança e do
trabalho em conjunto.
Deve haver a participação obrigatória de um moderador nas reuniões de feedback dos
colaboradores às chefias.
A origem deste elemento é sociotécnica.
O objetivo deste elemento é criar a possibilidade de melhorar o comportamento das
lideranças, e favorecer um relacionamento aberto e de confiança no trabalho.
B.1.3 – Pesquisas de Clima Organizacional
O Sistema de Produção Mercedes-Benz determina a realização de uma pesquisa com
os funcionários em intervalos regulares (de no máximo 2 anos) atingindo 100% dos
colaboradores (todos são entrevistados). A mesma deve ser constituída de perguntas a respeito
da situação atual do trabalho.
Seu procedimento deve ser estruturado e padronizado. A prática da pesquisa é
obrigatória para todas as fábricas de automóveis. A participação dos funcionários não é
obrigatória.
As pesquisas de clima organizacional com os funcionários são divididas em etapas
claramente definidas, coordenadas e seqüenciadas, de modo a formar um processo
transparente e acordado com os mesmos. As etapas recomendadas são: o esclarecimento das
razões da pesquisa, o acordo com referência a informação e comunicação com os grupos
envolvidos, a realização da pesquisa com os colaboradores, a documentação e comunicação
dos resultados (“top-down”), a analise dos campos onde são necessárias ações e a elaboração
das mesmas nos diversos níveis de avaliação.
Os resultados podem gerar a necessidade de ações, formalizadas em acordos de metas.
O elemento é de origem sociotécnica.
São objetivos, entre outros, o feedback do processo de liderança e do clima
organizacional da empresa, e a determinação do status atual e dos potenciais de melhoria.
280
B.1.4 – Reconhecimento dos Colaboradores
Este elemento orienta as chefias para valorizar todo desempenho bom ou especial dos
seus subordinados de forma específica, elogiando o funcionário na mesma hora.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz recomenda a valorização de bons
desempenhos através de feedback positivo e de “job rotation” para acelerar o
desenvolvimento, e nos casos de desempenhos especiais, incentivos e aumentos salariais de
mérito. O reconhecimento verbal é preferível ao escrito.
O reconhecimento poderá ser feito verbalmente ou por escrito.
Este elemento é de origem sociotécnica.
Com este elemento o Sistema de Produção Mercedes-Benz busca o fortalecimento do
relacionamento no trabalho entre chefias e colaboradores e a motivação dos funcionários.
B.1.5 – Sistema de Avaliação de Colaboradores Operativos e Administrativos
De acordo com este elemento, todos os funcionários administrativos devem ser
avaliados individualmente pelo menos uma vez por ano, sendo que a freqüência definida é de
duas vezes por ano para operadores.
O desempenho deve ser avaliado com base nas funções ou tarefas, e também com base
nas competências técnicas e comportamentais observadas no período considerado.
Este elemento é uma prática de gestão anterior a introdução do Sistema de produção
Mercedes-Benz nas fábricas do grupo.
Este elemento pretende contribuir para que haja uma remuneração transparente e justa
em relação ao desempenho, motivando para a melhoria do desempenho.
B.1.6 – Listas de Verificação e Controle (Check-list)
Uma lista de controle (check-list) é definida como uma lista para verificar e confirmar
itens individuais, desenvolvida em conjunto pelas chefias e colaboradores para atividades
críticas (por exemplo, tarefas de manutenção produtiva total), com assinalando as
divergências para descobrir as causas e determinar ações corretivas e preventivas.
O uso das listas de controle é recomendado para chefias e funcionários.
281
A origem das listas e verificação e controle (check-lists) é anterior ao próprio sistema
taylorista.
Os benefícios esperados com a aplicação deste elemento são a garantia no
cumprimento de normas/padrões, a melhoria da estabilidade do processo e a rápida detecção e
correção de problemas.
B.1.7 – Avaliação de Sistema de Produção Mercedes-Benz por Diretores, Gerentes e
Supervisores
O Sistema de Produção Mercedes-Benz determina que, a cada dois meses, as chefias
devem fazer uma avaliação da vivência e implementação do sistema de produção em sua
própria área, para verificar se os padrões estão sendo seguidos.
Os resultados da avaliação interna devem ser visualizados no chão de fábrica e
apresentados aos colaboradores.
Este elemento foi concebido pela coordenação mundial do Sistema de Produção
Mercedes-Benz para facilitar a implantação do sistema.
Com este elemento objetiva-se demonstrar para toda a fábrica a responsabilidade das
gerências e supervisões pelo Sistema de Produção Mercedes-Benz.
B.1.8 – Reuniões Regulares
O Sistema de Produção Mercedes-Benz define sob o título “Reuniões Regulares” as
reuniões agendadas formalmente entre chefias e operadores a respeito de temas atuais da
empresa e da área, com definição da pauta pela chefia, incluindo espaço para informações e
discussão. As reuniões devem ser realizadas uma vez por semana, durante o expediente, com
duração de 30 minutos.
Este elemento é de origem sociotécnica.
As ações definidas devem ser protocoladas e acompanhadas (follow-up).
Busca-se com este elemento a informação rápida e objetiva de todos os colaboradores.
B.1.9 – Atividades para o Desenvolvimento da Equipe
Para o Sistema de Produção Mercedes-Benz, o desenvolvimento da equipe deve ser
um processo permanente que ocorre essencialmente ao longo das atividades do dia a dia de
282
trabalho, abordando e discutindo nas reuniões aspectos estratégicos, organizacionais e
comportamentais. É recomendada pelo menos uma vez ao ano a realização de workshops de
desenvolvimento da equipe.
Este elemento tem origem sociotécnica.
Pretende este elemento contribuir para a melhoria contínua do desempenho e do
alcance das metas através de uma compreensão comum em relação a estratégia, organização e
clima organizacional.
B.1.10 – Sistema de Avaliação de Executivos (Lead)
O Sistema de Produção Mercedes-Benz ratifica que a avaliação de potencial deve ser
feita anualmente através de um processo específico denominado LEAD, padronizado e válido
em toda a DaimlerChrysler mundialmente, que inclui a verificação do alcance das metas, do
comportamento de liderança, a performance geral e o potencial de desenvolvimento dos
avaliados. O potencial identificado no LEAD para o respectivo nível é requisito para a
ocupação de funções executivas.
O elemento reforça um sistema de avaliação já existente na companhia, que objetiva o
preenchimento de posições executivas através de potenciais identificados com o uso de um
procedimento padronizado.
B.1.11 – Desenvolvimento e Acompanhamento dos Executivos
O Sistema de Produção Mercedes-Benz reforça um aspecto sistêmico do procedimento
LEAD, o do desenvolvimento de ações específicas de qualificação, de acordo com critérios
específicos para cada fábrica, com treinamentos específicos para cada nível executivo e, se
necessário, acompanhamento individual (Coaching).
O sistema LEAD busca trazer transparência ao processo de desenvolvimento.
B.1.12 – Programa para Redução do Absenteísmo
O absenteísmo nas fábricas alemãs é maior do que nas fábricas do exterior do grupo
DaimlerChrysler. A lei alemã permite que o funcionário se ausente por doença por até três
dias, sem a necessidade de apresentar atestado médico ou qualquer comprovação. Em razão
disto, o sistema desenvolvido prescreve um “programa padrão” para a redução do
283
absenteísmo, com reuniões de rotina entre o chefe e o colaborador após uma ausência causada
por doença, que seguem uma escalação.
O espaço dessas reuniões é utilizado para incentivar os funcionários a informar sobre
condições de trabalho e de processo que podem levar à sobrecargas, com o objetivo de que
sejam realizadas ações adequadas para modificar essas condições.
O procedimento foi desenvolvido pela área de gestão de recursos humanos da
DaimlerChrysler alemã.
B.2 – Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”: o Subsistema “Papéis e
Tarefas Claras”
O Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”, em seu subsistema “Papéis e
Tarefas Claras”, possui os seguintes elementos:
B.2.1 – Descrição de Função
No Sistema de Produção Mercedes-Benz, todo funcionário técnico ou administrativo
deve possuir uma descrição de função por escrito atualizada e de acordo com a organização
do trabalho existente, elaborada pelo próprio funcionário. Novas atualizações devem ser feitas
quando houver uma mudança importante da atividade e/ou da organização.
A descrição de função documenta a posição do funcionário dentro da organização, o
número de vagas da estrutura conforme planejamento, as atribuições da função, a
qualificação/formação necessária para exercer a função, a descrição das tarefas, o grau de
autonomia de decisão relativo às tarefas e como se divide o tempo ocupado pelas atividades.
Este procedimento é básico nas organizações, tendo tido suas origens nos trabalhos de
Taylor e Fayol.
O objetivo é trazer transparência em relação à tarefas, à distribuição das mesmas e
competências de decisão para chefias e funcionários.
B.2.2 – Descrição de Processo
As descrições de processo detalham as diferentes tarefas e etapas de um processo, e
são obrigatórias para todas as principais tarefas de uma área.
284
As descrições de processo devem incluir os objetivos do processo, as etapas do
processo e dos subprocessos, as responsabilidades pelo processo e subprocessos, os meios e
recursos necessários, o resultado do processo, os indicadores do processo e a aprovação dos
responsáveis pelo processo.
Para o Sistema de Produção Mercedes-Benz, as descrições de processo são as bases
para a melhoria de processos, e favorecem a compreensão dos processos e das interfaces. As
descrições de processo são também exigidas pelas normas ISO da série 9000.
Embora as descrições de processo sejam anteriores ao Taylorismo e ao Fordismo, o
enfoque em melhoria contínua caracteriza este elemento como toyotista.
B.2.3 – Orientação aos Novos Funcionários
A orientação aos novos funcionários é a apresentação a estes da política da empresa,
de sua visão e missão, da cultura da empresa, de sua política de qualidade, das regras de
trabalho, das regras de segurança do trabalho, da política da empresa quanto ao meio-
ambiente, de sua linha de produtos, do Sistema de Produção Mercedes-Benz e da estrutura
organizacional da empresa.
Esta orientação facilita o início do trabalho para os novos funcionários, agilizando sua
adaptação e trazendo mais clareza quanto às tarefas e papéis, além de aspectos essenciais
como as regras de segurança do trabalho.
Este elemento tem origem sociotécnica.
B.3 – Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”: o Subsistema
”Participação e Desenvolvimento de Funcionários”.
O Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe” agrupa elementos de origem
sociotécnica, toyotista e também elementos pré-existentes nas fábricas de automóveis do
grupo DaimlerChrysler em seu subsistema ”Participação e Desenvolvimento de
Funcionários”. Seus elementos são os seguintes:
B.3.1 – Qualificação
A qualificação é uma das ferramentas centrais do Sistema de Produção Mercedes-
Benz. A complexidade de manufatura e montagem dos produtos Mercedes-Benz – cujo
285
projeto não é orientado a fabricação ou a montagem, mas sim ao desempenho do produto final
– aliada a estreitas tolerâncias de fabricação e montagem tornam indispensável uma extensa
qualificação dos montadores. De certa forma, o Sistema de Produção da Empresa reproduz a
idéia pré-taylorista, do artesão especializado, em ação em uma linha de produção. Em suas
várias etapas, é desenvolvida a multi-funcionalidade necessária para dar flexibilidade às
operações de chão de fábrica.
A qualificação é precedida de um diagnóstico, com a participação dos operadores.
Aqui se manifesta claramente a co-gestão dos processos entre empresa e funcionários
prescrita na legislação alemã.
Devem ser realizados antes da qualificação a verificação do perfil exigido para a tarefa
(com base em uma descrição de atividades), a verificação do status de qualificação da equipe,
a consolidação da necessidade de qualificação, a elaboração de um plano de qualificação com
base na matriz de qualificação (descrita neste capítulo). O perfil e o status de qualificação são
visualizados e devem ser atualizados pela própria equipe.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz objetiva a qualificação – tanto quanto possível
– “on the job”, diretamente ligada às exigências do local de trabalho, com aprendizado
prático.
O tipo e o conteúdo das ações de qualificação são definidas e acordadas entre a chefia
e os operadores, tendo o supervisor direto de produção a responsabilidade pela realização dos
treinamentos, e as equipes, a co-responsabilidade pela efetiva qualificação “on the job”.
A qualificação tem por fim melhorar o desempenho pelo domínio da técnica e reduzir
custos através da melhoria da qualidade e diminuição do retrabalho e refugo.
B.3.2 – Padrões de Desempenho
Os padrões de desempenho são os tempos-padrão de processo, com base na
mensuração de tempos e movimentos. De origem puramente taylorista, foi adaptada para sua
aceitação na Alemanha para uma forma de “acordo” sobre os tempos-padrão, que teriam
metas anuais para sua redução.
O grau de intensificação do ritmo de trabalho é resultado direto do padrão acordado. O
“acordo” contrasta com a adoção unilateral de padrões presente no Taylorismo, no Fordismo
puro e no Toyotismo. Este elemento do sistema é crítico quanto há grande demanda de
produção, sendo um dos elementos fundamentais para incentivar a melhoria contínua do
286
Sistema Toyota de Produção. Sem a pressão de demanda, este elemento torna-se puramente
formal, como informação do plano de processo.
Este elemento, na forma em que é aplicado, tem origem toyotista.
B.3.3 – “Banco de Idéias”
O “Banco de Idéias” é o programa de sugestões para a melhoria de produtos e
processos, no qual há prêmios em dinheiro para as idéias que, implementadas no produto ou
nos processos produtivos ou administrativos, tragam efetiva redução de custos para a
empresa. As idéias que contribuem com melhorias não-financeiras ou de difícil mensuração
direta (segurança, ergonomia, etc.) são premiadas com brindes motivacionais. O Banco de
Idéias já era existente antes do Sistema de Produção Mercedes-Benz, porém foi implantado
em conjunto com este na fábrica mineira.
O processo de apresentação é formal, através de formulários. É utilizado um sistema
de controle para o registro de autores, o acompanhamento do trâmite interno nas etapas de
análise da viabilidade técnica e econômica e para o arquivamento das propostas.
O programa tem por objetivo motivar os colaboradores a reconhecerem os problemas e
sugerirem soluções através de idéias de melhoria, melhorando a qualidade dos produtos e
processos, gerando economia para a empresa, e, desta forma, diminuindo os custos através da
redução de desperdícios.
B.3.4 – Processo para Seleção de Funcionários
O Sistema de Produção Mercedes-Benz não define um processo para a seleção de
funcionários, mas somente orienta que a seleção de colaboradores deve ser feita de forma
sistemática, com base em critérios definidos, de forma transparente e objetiva.
O objetivo é aumentar a transparência nos processos de seleção.
A preocupação com a transparência e a objetividade dos critérios mostra
características sociotécnicas, embora isto não possa ser afirmado de forma absoluta.
B.3.5 – Ilhas de Aprendizagem
Ilhas de aprendizagem são áreas da produção nas quais os colaboradores são
qualificados para suas atividades. O Sistema de Produção Mercedes-Benz torna obrigatória
287
uma ilha de aprendizagem para atividades manuais e diretamente ligadas ao ritmo da linha de
produção.
Nas “ilhas” são utilizadas as ferramentas, dispositivos, processos, meios de controle e
materiais necessários para a execução das atividades, idênticos em seus aspectos mais
importantes àqueles utilizados na linha de produção.
O treinamento é feito pelos operadores mais experientes; a velocidade de trabalho
deve corresponder, ao final do treinamento na ilha de aprendizagem, à velocidade de
execução real na linha.
Através das ilhas de aprendizagem, os operadores se familiarizam com os padrões de
desempenho e critérios de qualidade, desempenhando as atividades de montagem fora da
linha, sem prejudicar as atividades da linha de produção.
As ilhas de aprendizagem têm origem toyotista.
B.3.6 – Oficina PMC
As oficinas PMC são oficinas dedicadas a disponibilizar ferramentas e dispositivos
para a concepção de meios auxiliares de produção para os processos de melhoria contínua,
não concorrendo com atividades regulares de manutenção, que são realizadas em oficinas
específicas.
O objetivo é facilitar a rápida implantação de idéias para a melhoria dos processos
produtivos.
Este elemento se origina no sistema toyotista.
B.4 – Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”: o Subsistema “Trabalho
em Equipe”
O trabalho em equipe é característica marcante do Sistema de Produção Mercedes-
Benz. O subsistema descreve a forma de organização do trabalho em sua unidade
organizacional mais elementar: a equipe, composta por oito a doze operadores.
B.4.1 – Tarefas da Equipe
O Sistema de Produção Mercedes-Benz define como “Tarefas da equipe” as tarefas de
responsabilidade coletiva da equipe, responsável pela execução completa de um conjunto de
288
atividades. As atividades indiretas (manutenção, garantia da qualidade e logística) são
integradas as atividades da equipe, porém em um escopo restrito, o que torna necessário a
definição de interfaces claras e bem definidas com as áreas de apoio.
Fazem parte das tarefas da equipe a distribuição do trabalho dentro da equipe, o
planejamento de férias e folgas, a realização de reuniões de equipe, o desenvolvimento do
trabalho em equipe e a otimização constante do sistema de trabalho, da seqüência do
processo, da organização do trabalho e da segurança no trabalho.
A equipe é responsável por todos os resultados do trabalho nos quais influí
diretamente. O Sistema de Produção Mercedes-Benz estabelece que devem ser acordados
objetivos relativos a qualidade, quantidade, produtividade, utilização dos recursos
disponíveis, prazos e custos, bem como produção sem atrasos.
O enriquecimento do trabalho na produção busca aumentar a atratividade do trabalho
operativo para colaboradores qualificados, oferecendo-lhes a possibilidade de usar sua
qualificação, através da ampliação do conteúdo das tarefas.
A origem deste elemento é claramente sociotécnica.
B.4.2 – Porta-Vozes
Os porta-vozes são os representantes das equipes, eleitos pelas mesmas para um
mandato de 12 meses, recebendo um bônus adicional pelas atividades desempenhadas durante
o período de sua atuação.
As atividades de coordenação não o tornam superiores hierárquicos de caráter técnico
ou disciplinar.
Os porta-vozes organizam, coordenam e moderam as reuniões de equipes e são
responsáveis pela documentação dos resultados mais importantes. Em conjunto com os
membros da equipe, os porta-vozes organizam a distribuição das tarefas e o planejamento da
qualificação dentro da equipe, o planejamento de férias e folgas (em acordo com o supervisor
direto).
A origem deste elemento é sociotécnica.
A instituição de porta-vozes busca fomentar a motivação, e a melhoria da cooperação,
da comunicação e da informação dentro das equipes.
289
B.4.3 – Reuniões de Equipe
As reuniões de equipe são reuniões de trabalho referentes ao planejamento e
organização das tarefas de trabalho, ao trabalho em equipe, à melhoria do processo de
produção e da qualidade, à segurança do trabalho, à avaliação dos resultados alcançados em
relação as metas e quanto ao status de desenvolvimento das equipes. As reuniões de equipe
têm previsão de duração de pelo menos 30 minutos por semana, no horário de trabalho.
Devem ser realizadas em local adequado, com elaboração de protocolo objetivo para os
integrantes da equipe, que é vistado pela chefia.
Este elemento do sistema de produção tem origem sociotécnica.
São objetivos da reunião de equipe aumentar a informação, comunicação e o trabalho
conjunto, contribuir para a rápida solução de problemas e possibilitar a participação constante
dos operadores no processo de trabalho.
B.4.4 – Integração de Colaboradores com Restrições ao Trabalho
Os funcionários com doenças causadas pelo trabalho têm a garantia legal de
permanência na empresa. O Sistema de Produção Mercedes-Benz busca que, tanto quanto
possível, o colaborador com restrições ao trabalho execute suas atividades em seu ambiente
habitual, e para alcançar esta integração recomenda que os postos de trabalho existentes sejam
replanejados / reorganizados para favorecer a integração dos operadores ao processo de
trabalho normal.
Este elemento tem origem sociotécnica.
B.4.5 – Avaliação do Trabalho em Equipe
Segundo o Sistema de Produção Mercedes-Benz, para aperfeiçoar o trabalho em
equipe os membros da equipe devem efetuar uma avaliação do trabalho em equipe em
intervalos regulares, em relação à sua responsabilidade, ao trabalho em conjunto, ao
comportamento da equipe na solução de problemas e ao trabalho em conjunto entre equipe e o
supervisor de produção. Este também dá seu feedback à equipe quanto a sua avaliação do
trabalho em equipe.
Este elemento tem origem sociotécnica.
290
Através da avaliação do trabalho em equipe pretende-se que os operadores participem
ativamente na organização e no aperfeiçoamento do trabalho de equipe.
B.4.6 – Quadros de Equipe
Os quadros de equipe são um meio de gerenciamento visual, servindo, entre outras
funções, para a comunicação de metas e resultados
Os quadros de equipe complementam os quadros de indicadores das áreas, contendo
informações específicas de interesse da equipe. Existe um quadro para cada equipe, que é
exposto no local de reunião da mesma.
Os quadros de equipe mostram as metas e a evolução dos indicadores de qualidade e
produtividade da equipe. Sua atualização é de responsabilidade de cada equipe.
O elemento se origina no Sistema de Produção Toyota.
Através do quadro de equipe, o Sistema de Produção Mercedes-Benz busca aumentar
o comprometimento dos operadores com o alcance das metas, através da comparação visual
permanente dos resultados atuais com as metas planejadas.
B.4.7 – Rotatividade
A rotatividade é uma mudança de atividade regular e planejada entre os membros da
equipe e entre equipes diferentes, de forma a garantir a multi-funcionalidade e a flexibilidade
na linha de produção, compensando ausências nas equipes.
Os colaboradores são qualificados para a realização da rotatividade na linha ou em
uma ilha de aprendizagem. O plano de rotatividade é elaborado pela equipe durante a reunião
de equipe, e acordado com o supervisor de produção.
Este elemento é de origem toyotista.
B.4.8 – Matriz de Qualificação
A matriz de qualificação é uma ferramenta de gerenciamento visual que mostra quais
colaboradores dominam quais tarefas/processos. O nível de qualificação de todos os membros
da equipe é visualizado. Cada nível de qualificação é descrito através de critérios de
qualificação definidos, com avaliação pela equipe e pelo supervisor direto.
291
A partir da matriz de qualificação é gerado o perfil exigido para a equipe, referente às
atividades que devem ser por ela desempenhadas, permitindo ao supervisor de linha e a
equipe verificar qual é a necessidade de qualificação individual e estabelecerem o plano de
qualificação individual.
Este elemento é de origem toyotista.
B.5 – Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe”: o Subsistema
“Segurança do Trabalho e Respeito ao Meio Ambiente”.
O Bloco “Estruturas de Trabalho e Trabalho em Equipe” possui os seguintes
elementos ligados ao subsistema “Segurança do Trabalho e Respeito ao Meio Ambiente”:
B.5.1 – Instruções de Segurança no Trabalho e Proteção a Saúde
Este elemento determina a necessidade de treinamento das chefias quanto às normas e
diretrizes referentes à segurança no trabalho, cumprindo a estes orientar o operador nas
normas de segurança específicas do seu posto de trabalho,antes do exercício de uma nova
atividade, ou, pelo menos, uma vez por ano.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz não determina os padrões para as áreas e para
os postos de trabalho, mas define que os mesmos devem ser definidos, descritos e
visualizados.
Este elemento se origina de procedimentos internos da Mercedes-Benz, e objetiva
reforçar o papel das chefias na manutenção da segurança no trabalho e da prevenção de
acidentes.
B.5.2 – Sinalização de Segurança
O Sistema de Produção Juiz de Fora orienta que a sinalização de segurança – definida
e padronizada de acordo com cada área específica – deve indicar claramente as áreas de risco,
através da sinalização de segurança em equipamentos, biombos de proteção, placas de avisos,
e outros meios, não podendo ser encoberta ou ficar em locais de difícil visualização. Seu
significado deve ser conhecido por todos os colaboradores. Por isso, sua informação deve ser
de fácil compreensão e aplicação.
292
O Sistema de Produção Mercedes-Benz exige também que os equipamentos de
proteção individual estejam disponíveis, sendo utilizados de acordo com as exigências
específicas de cada área.
O elemento tem sua origem nas leis alemãs de segurança no trabalho, e busca garantir
a cobertura e eficácia da sinalização de segurança, garantindo o cumprimento das normas de
segurança.
B.5.3 – Avaliação Ergonômica do Processo de Trabalho
O Sistema de Produção Mercedes-Benz determina que a análise ergonômica deve ser
realizada no planejamento do processo, sendo obrigatória na aprovação da aplicação de um
novo sistema de trabalho e quando há modificações relevantes das condições de trabalho. Esta
avaliação segue o procedimento padrão de cada fábrica.
Chefias e colaboradores devem participar da avaliação ergonômica, com informações
e sugestões de planejamento; todavia, a avaliação técnica deve ser feita por especialistas.
O histórico de processos de melhoria contínua referentes a ergonomia deve ser
considerado em novos planejamentos.
Este elemento tem origem sociotécnica.
A avaliação ergonômica do processo de trabalho contribui para a prevenção de
problemas ocupacionais e de saúde no trabalho, desde o planejamento.
B.5.4 – Coleta Seletiva
A coleta seletiva definida pelo Sistema de Produção Mercedes-Benz inclui a existência
de recipientes para depositar o lixo de forma separada, em quantidade e distribuição
adequada, e a conseqüente entrega de materiais de forma separada, visando a reciclagem.
Este elemento tem origem na legislação de proteção ao meio ambiente alemã, e apóia
o aumento da consciência sobre o meio ambiente e a necessidade de reciclagem de materiais.
B.5.5 – Consciência Ambiental
Este elemento do Sistema de Produção Mercedes-Benz reforça que a fabricação dos
produtos deve respeitar a legislação e as diretrizes de proteção ao meio ambiente do grupo
DaimlerChrysler, que incluem objetivos e metas da fábrica em relação à proteção ao meio
293
ambiente, baseados em um sistema de gerenciamento ambiental e documentadas em um
programa específico.
A proteção ao meio ambiente é uma tarefa de todos os funcionários, apoiados pela
chefia.
O elemento inclui numerosas recomendações referentes à redução de emissões e ruído,
proteção dos recursos hídricos e gerenciamento de resíduos e substâncias perigosas, inclusive
quanto a planos de emergência ambiental.
Este elemento origina-se nas diretrizes de proteção ao meio-ambiente do grupo
DaimlerChrysler. Objetiva-se o cumprimento à legislação, a redução do impacto ambiental,
ganhos de imagem para a empresa e o crescimento da consciência ambiental, dentro e fora da
empresa.
B.6 – Bloco “Padronização”: o Subsistema “Processos e Métodos Padronizados”
O Bloco “Padronização” reúne os elementos ligados à padronização de processos e
organização fabril. Seus elementos têm origem variada, com elementos de características
tipicamente tayloristas, elementos sociotécnicos e toyotistas. A diversidade de caracterizações
é um exemplo de que não há um rompimento absoluto de subsistemas na transição de um
sistema de produção para outros, mas há um determinado conjunto de características que
permanece.
Os elementos ligados ao subsistema “Processos e Métodos Padronizados”: são os
seguintes:
B.6.1 – Planos de Processo
Os planos de processo devem descrever o melhor padrão do processo e a melhor
seqüência de atividades otimizadas. Novas otimizações levam a alteração do padrão.
Os planos de processo dão uma visão geral de todas as atividades no posto de
trabalho, e indicam de forma detalhada e específica como a tarefa deve ser executada e os
pontos críticos, como informações de qualidade, segurança, e responsáveis. São
documentadas todas as informações necessárias para a execução de um ciclo de trabalho
(também denominado “takt”, ou cadência de produção) ou uma tarefa repetitiva, tais como
ferramentas necessárias, meios de controle, meios de produção, material produtivo, a
seqüência detalhada do processo de trabalho, os pontos críticos nas etapas de trabalho,
294
caminhos, croquis, fotos, e as atividades padrão para concluir o trabalho, como por exemplo
registros em cartas de qualidade e marcações no produto.
A descrição do Sistema de Produção Mercedes-Benz define que os planos de processo
devem ser visíveis diretamente a partir do posto de trabalho, e de conhecimento de todos.
Duas variantes são definidas para a elaboração e otimização dos planos de processo,
que pode ser feita por planejador ou engenheiro (típica de uma organização do trabalho em
um modelo taylorista – fordista) ou pelo supervisor direto e operadores (modelo toyotista). No
primeiro caso, é definido que deverá haver acordo entre a supervisão produtiva e os
operadores envolvidos (sistema alemão de co-gestão da produção).
Também há duas variantes definidas para a otimização dos planos, que pode ser feita
em workshops de melhoria contínua ou no trabalho diário (por exemplo, em reuniões de
equipe), com acompanhamento e apoio pelas chefias. Naturalmente, as modificações do plano
de processo devem ser conhecidas por todos os colaboradores envolvidos.
Exige-se o rigoroso cumprimento dos planos de processo, que deve ser verificado
pelas supervisões diretas.
Objetivam os planos de processo evitar resultados diferentes do trabalho feitos por
diferentes colaboradores no mesmo posto de trabalho, contribuindo para a garantia da
estabilidade do processo.
B.6.2 – Documentação Padronizada do Local de Trabalho
A documentação padronizada do local de trabalho consiste em formulários e
documentos padronizados que trazem as informações necessárias ao processo de trabalho,
adicionais aos planos de processo. Devem estar disponíveis diretamente no posto de trabalho /
de controle e visíveis para os operadores: instruções de teste, documentação das divergências
no processo, planos de manutenção TPM, planos de preparação de máquina e documentação
de parametrização.
Além dos documentos que devem estar no posto de trabalho, o Sistema de Produção
Mercedes-Benz define que deve haver fácil acesso a documentação de manutenção e
liberação de processos, que devem estar próximos ao posto de trabalho.
A origem deste elemento é sociotécnica.
O acesso à documentação, além de atender a normas da VDA, facilita a participação
dos colaboradores na organização dos postos de trabalho.
295
B.6.3 – Estoque de Material Padronizado
O “Estoque de Material Padronizado“ é o estoque de peças semi-acabadas e materiais,
que devem estar entre um mínimo e máximo definido, seja entre dois processos de produção
ou dentro de um processo. Para simplificar o controle do estoque, o Sistema de Produção
Mercedes-Benz define que deve haver um limite visível do estoque de materiais (área, altura
de empilhamento). O estoque deve permanecer sempre entre o mínimo e o máximo definidos.
Este elemento é de origem toyotista.
O objetivo é evitar a superprodução e estoque excessivo. A padronização do estoque
entre processos mostra rapidamente a superprodução, gargalos de processo e processos não
estáveis.
B.6.4 – Quadro de Indicadores
Os “quadros de indicadores” descritos no Sistema de Produção Mercedes-Benz
consistem em quadros padronizados que contém gráficos referentes ao status da área quanto à
segurança do trabalho e meio ambiente, qualidade, produção, custos, inovação e outros temas,
e as ações no caso de desvio das metas para estes indicadores.
Estes quadros de indicadores são uma prática do Sistema de Produção Chrysler
(“Chrysler Operation System”), que, por sua vez, os implantou com base no Sistema de
produção Toyota.
Os gráficos devem ser de fácil interpretação pelos operadores.
296
Figura 227 – Exemplo de identificação por cores em um estoque de processo na fábrica da Chrysler
em Kokomo, EUA. A cor vermelha indica um estoque abaixo do estoque mínimo; a altura dos
batentes verdes indica a altura máxima de empilhamento, paralisando a produção deste posto de
trabalho.
Fonte: DaimlerChrysler AG, intranet (2006)
B.6.5 – Controle de Linha do Processo e do Produto
As medições e as verificações referentes aos controles de linha do processo e do
produto são de responsabilidade dos operadores (autocontrole). Para estas medições, o
Sistema de Produção Mercedes-Benz define que é indispensável que haja parâmetros de
medição e intervalos de tempo padronizado para as atualizações necessárias, limites de
intervenção e de tolerância, indicando a necessidade de ações corretivas, ou, em casos
críticos, do uso do “Processo de Solução de Problemas” (PSP).
Este elemento tem origem nas práticas do Gerenciamento pela Qualidade Total
(GQT).
São objetivos deste elemento possibilitar o controle de processos e fortalecer a
conscientização de qualidade dos operadores através de uma participação mais intensiva no
controle da qualidade.
297
B.6.6 – Troca de Informações Padronizadas entre Turnos
A troca de informações padronizada entre turnos consiste no estabelecimento e uso de
regras de comunicação padronizadas entre turnos sucessivos. São padronizadas a forma e o
conteúdo da mudança de turno, definindo a duração da mudança de turno, as regras definindo
quem está envolvido e o conteúdo das discussões individuais e registros, que pode incluir
feedback de reuniões, falhas de equipamentos e de processos, modificações de equipamentos,
peças, processos, indicadores (programa de produção, qualidade, auditorias...) e todos os tipos
de compromissos marcados.
Este elemento baseia-se nas práticas do Sistema de Produção Toyota.
Objetiva-se a minimização das dificuldades causadas por comunicação inexistente ou
insuficiente, o esclarecimento quanto a responsabilidades e a garantia da continuação de
tarefas entre turnos.
B.6.7 – Equipamentos Padronizados
A padronização refere-se tanto à área civil quanto a equipamentos e técnica de
automação (robôs, periféricos, transportadores, entre outros).
Devem ser determinados os padrões para os processos de produção, definição e
organização dos meios de produção, priorizando os conceitos relativos à produção enxuta (por
exemplo, o layout das máquinas em forma de “U”).
A avaliação e coordenação do padrão são efetuadas com a participação do responsável
pela padronização, planejadores, operadores e área de compras.
O objetivo é a padronização da interface do operador com os meios produtivos.
Também componentes do sistema, módulos e peças de reposição devem ser especificamente
padronizados para tarefas de manutenção.
Este elemento tem sua origem em práticas do Sistema de Produção Toyota.
Através da padronização são reduzidos o investimento, os custos operacionais e de
manutenção, e é otimizada a qualificação de operadores e manutentores.
298
B.6.8 – “Quality Gates
Os “Quality Gates”, ou “Portões de Qualidade” são verificações formais do grau de
amadurecimento de um projeto de produto, verificando o progresso uniforme do projeto,
incluindo todos os participantes e grupos funcionais. São identificados os desvios críticos e
implementadas ações corretivas, através da intervenção em tempo hábil por parte da gerência
do projeto.
Este elemento já era praticado na Mercedes-Benz alemã antes da implantação do
Sistema de Produção Mercedes-Benz.
B.7 – Bloco “Padronização”: o Subsistema “Gerenciamento Visual / SOL”
O Bloco “Padronização” possui os seguintes elementos ligados ao subsistema
“Gerenciamento Visual / SOL”:
B.7.1 – SOL – Segurança, Ordem e Limpeza
A prática de Segurança, Ordem e Limpeza – SOL implica em:
Selecionar
Arrumar
Manter o posto de trabalho arrumado
Fazer das normas de trabalho um regra
Executar os passos acima repetidamente e aperfeiçoar
A incorporação desta prática à rotina básica diária garante que os locais de trabalho
estejam limpos e organizados. Para cada área deve haver um plano de limpeza. Auditorias
regulares com a participação da chefia e dos operadores facilitam a manutenção da disciplina.
A prática aumenta a visualização e a segurança no local de trabalho. Como tudo está
no seu respectivo lugar, um segundo operador, de outro turno ou equipe consegue se orientar
com facilidade, e com isso é facilitada a troca dos operadores de um posto de trabalho para
outro e a flexibilidade aumenta. É também evitado o desperdício de tempo, pois são evitadas
as “buscas”.
A prática observada pelo autor mostra que as equipes com prática disciplinada deste
elemento têm melhores resultados quanto à qualidade de seus processos.
299
Este elemento origina-se do Sistema de Produção Toyota.
B.7.2 – Marcações, Identificações e Etiquetas
Este elemento, parte integrante do gerenciamento visual, consiste no uso de marcações
no chão, identificações coloridas e etiquetas nos locais de trabalho definidos, informando
visualmente onde se localizam peças para retrabalho, peças interditadas em razão de refugo
ou retrabalho, materiais de consumo e auxiliares, embalagens vazias, objetos móveis e
ferramentas, e outros.
As cores das marcações e identificações devem ser padronizadas em cada fábrica e
devem ser conhecidas por todos os operadores. Com o uso de marcações, qualquer
divergência fica imediatamente visível.
Este elemento origina-se no Sistema de Produção Toyota.
B.8 – Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade”: o Subsistema “Detecção
Rápida de Problemas e Solução Ágil de Falhas”
O Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade” é o principal subsistema do
Sistema de Produção Mercedes-Benz, e seus elementos são fundamentais para que a empresa
efetive sua estratégia de “qualidade e especialização”.
O subsistema é composto pelos seguintes elementos, ligados ao subsistema “Detecção
Rápida de Problemas e Solução Ágil de Falhas”:
B.8 1 – Plan, Do, Check, Act: O PDCA de Produção
Os ciclos PDCA de qualidade são verificações realizadas nos diferentes trechos da
produção (como por exemplo: operação, trecho de linha, segmento, fábrica), realizadas
conforme o subsistema de Deming (Planejar, Fazer, Checar, Agir). Os resultados não
conformes de cada PDCA devem ser documentados antes que os mesmos cheguem ao
próximo cliente (a próxima estação de trabalho) e as falhas corrigidas. A eficácia das ações
executadas deve ser verificada e se for o caso novas ações devem ser executadas.
A DaimlerChrysler utiliza quatro ciclos de verificação da qualidade: o autocontrole
pelo operador, a verificação a cada trecho de linha, a verificação ao final de cada processo
produtivo (montagem da carroceria, pintura da carroceria e montagem final), e finalmente a
300
auditoria do produto acabado. Deve ser feita uma análise dos dados para detecção de falhas
repetitivas.
Através deste método as falhas encontradas no processo são rapidamente corrigidas, e
com isto é estabilizado o processo produtivo.
Este elemento origina-se das práticas internas da Mercedes-Benz. As figuras seguintes
mostram os passos e as etapas de cada PDCA de Produção.
Figura 228 – O primeiro ciclo PDCA, realizado pelo operador, verificando a qualidade de seu trabalho
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil, intranet (2006).
301
Figura 229 – O segundo ciclo PDCA, realizado pelo operador, verificando a qualidade de um setor ou
trecho de linha de produção
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil, intranet (2006).
Figura 230 – O terceiro ciclo PDCA, realizado pelo auditor de qualidade, verificando a qualidade de
um produto em processo (Auditoria de processo produtivo (Bereichsprodukt Audit) – BPA)
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil, intranet (2006).
302
Figura 231 – O quarto ciclo PDCA, realizado pelo auditor de qualidade, verificando a qualidade do
produto acabado (Auditoria de produto acabado produtivo (Auslieferungsprodukt Audit) – APA)
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil, intranet (2006).
Figura 232 – A atuação dos quatro ciclos PDCA é o mecanismo que garante a detecção de problemas
de produção na DaimlerChrysler
Fonte: DaimlerChrysler do Brasil, intranet (2006).
303
B.8.2 – Análise de Causas
A “análise de causas” é um método de identificação da verdadeira causa de um
problema, também denominada causa-raiz. A análise de causas contém os seguintes passos,
que devem ser documentados:
1) Descrição do problema (por exemplo, o quê aconteceu e quando? Quem descobriu
e comunicou?)
2) Identificação da origem de problema (a análise propriamente dita).
3) Determinação de ações corretivas relativas a causa do problema, com definição do
prazo e responsável.
4) Execução das ações.
5) Controle da eficácia das ações.
A definição do método para análise de causas não é exclusiva: o Sistema de Produção
Mercedes-Benz também recomenda o Método dos “5 Por Quês”, e o uso do diagrama de
causa-efeito (Diagrama Ishikawa), considerando os 5 M´s: Homem (“Man”), Máquina,
Material, Método e Meio ambiente.
Estes métodos de análise de causas originam-se em práticas da Gestão pela Qualidade
Total (GQT).
O objetivo é determinar a cadeia de motivos até chegar finalmente na origem do
problema, através de um método estruturado em lugar do método de solução de problemas por
tentativa e erro.
B.8.3 – Padrões de Referência
Padrões de referência são meios-padrão que indicam limites de tolerância visual (por
exemplo, amostras preparadas ou ferramentas, também fotos ou esboços), que mostram
claramente a diferença entre a qualidade aceitável e a qualidade não aceitável. Eles devem ser
aplicados a características do produto, para uma decisão do tipo “conforme/não-conforme” e,
em caso de divergência devem ser iniciadas ações corretivas.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz recomenda o uso de padrões de referência
quando uma descrição ficaria pouco clara e/ou muita extensa (p.ex. pintura, superfícies,
porosidades, montagens especiais, etc.). Estes devem ser incluídos no planejamento da
304
qualidade e devem estar disponíveis no início da série, fixados próximos ao posto de trabalho
e de clara visualização a partir do mesmo.
O uso de padrões de referência origina-se em práticas da Gestão pela Qualidade Total
(GQT).
O uso de padrões de referência permite ao operador uma decisão rápida se a qualidade
é aceitável ou não aceitável, permitindo decidir quanto a aceitação de características
subjetivas de qualidade de forma padronizada.
B.8.4 – Portões Falha Zero
Os “portões falha zero” correspondem ao segundo PDCA, detalhado na figura 229, e
são utilizados para a detecção de falhas críticas não detectadas pelo primeiro PDCA
(autocontrole). Seu objetivo integra-se aos objetivos do conjunto de ciclos PDCA da produção
descrito anteriormente.
B.8 5 – Alarme de Qualidade
O alarme de qualidade é o procedimento para comunicar a existência de um problema
de qualidade, solicitando apoio a um operador especializado. Se o problema não é resolvido
dentro do tempo previsto para a realização da montagem se dá a parada de qualidade, com a
parada da linha.
Ao acionar a alarme, o montador envia um sinal (ótico, sonoro ou de rádio) para um
“apoiador”, que se dirige a estação solicitante, é informado sobre o problema e executa o
retrabalho na própria estação. O montador, durante a atividade do apoiador, realiza a
montagem do próximo veículo.
Caso não seja possível resolver a falha na própria estação, a mesma deve ser
retrabalhada na área de retrabalho central. Para tanto, as falhas não corrigidas na estação/área
pelo apoiador são documentadas na carta de qualidade.
Após a correção da falha o apoiador confirma a eliminação da falha através de um
novo acionamento do alarme de qualidade. Caso não seja cancelado o alarme de qualidade em
um tempo definido depois do disparo, a linha/equipamento param.
Um exemplo de mecanismo de alarme de qualidade pode ser visto na figura 233.
305
Figura 233 – Exemplo do mecanismo de alarme de qualidade, acionado através de corda ligada a
alarme ótico e sonoro, e ao quadro Andon
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
O supervisor e o apoiador determinam para cada caso ações imediatas para evitarem
falhas futuras, e decidem se deve ser iniciado um “processo de solução de problemas” (PSP).
Os apoiadores devem estar sempre disponíveis para prestar suporte e não executam
atividades diretas na linha de montagem.
Os operadores/montadores devem ter a autoridade e a competência para acionar o
alarme de qualidade, tornando visíveis os problemas de qualidade e os encaminhando para
soluções. A solução rápida das falhas evita retrabalhos futuros e grandes tarefas de
desmontagem no retrabalho que podem causar outros problemas de qualidade.
Este elemento tem clara origem no Sistema de produção Toyota.
B.8 6 – Quadros Andon
O quadro Andon é um quadro eletrônico ligado a cada estação (ou manual) que
informa em tempo real o status da qualidade e produção. Na fábrica de Juiz de Fora, o quadro
Andon informa também o acionamento do alarme de qualidade ou a ocorrência de uma parada
de qualidade, em que estação foi feito o acionamento, a falta de material, o objetivo da
306
produção para o turno e a produção já alcançada, o objetivo de qualidade e o número de falhas
das últimas auditorias parciais do produto e do produto acabado, bem como a ocorrência de
acidentes.
O quadro Andon faz parte do gerenciamento visual da unidade, e apóia a execução
rápida de ações corretivas, tendo sido projetado também para realizar a chamada de material,
complementando a informação da chamada eletrônica de peças. Sua origem é o Sistema de
produção Toyota.
B.8.7 – Testes de Produção
Um conjunto de testes de produção é realizado para garantir um grau de maturidade
elevado do desenvolvimento de produtos e processos de produção. No início de produção de
um modelo são feitos três testes de produção antes do primeiro veículo de cliente, com um
número crescente de veículos produzidos, para detectar as falhas existentes no processo antes
que sejam alcançados volumes de produção mais elevados. São utilizadas instalações de série
e peças / conjuntos aprovados.
Figura 234 – Quadro Andon utilizado na fábrica DaimlerChrysler de Juiz de Fora
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006)
Os testes de produção incluem todas as etapas do processo de agregação de valor, ou
seja, testes de produção devem ser feitos desde a peça bruta até o veículo completo.
307
Cada teste de produção tem um objetivo específico: o primeiro teste serve
principalmente para verificar o funcionamento conjunto das instalações e para experimentar a
montabilidade em condições de produção de série; o segundo serve principalmente para
verificar se pode ser produzido de acordo com a qualidade requerida, e o terceiro é feito em
condições de produção de série. Os testes de produção são encerrados com a liberação da
série pelo responsável pelo processo.
A formulação clara das metas a serem alcançadas com os testes de produção é
importante, e deve ser definido o número de unidades a ser produzidos em um determinado
tempo, o tempo de ciclo que deve ser alcançado, e a proporção de retrabalho e refugo
admissíveis.
Os testes de produção permitem a eliminação de problemas na fase anterior ao início
da produção seriada, com o teste de equipamentos de produção, ferramentas, meios de teste e
outros meios de produção, e o treinamento dos operadores nos processos e exigências da
produção em série.
Embora testes de produção sejam correntes na indústria automobilística, o modo em
que estes são praticados na DaimlerChrysler é específico, o que permite caracterizar o
elemento como tendo sua origem em práticas internas da companhia.
B.8.8 – Liberação de Peças para Produção em Série
A liberação de peças para a produção em série confirma se todos os requisitos para a
fabricação de peças através de processos capazes foram preenchidos. O procedimento é
utilizado para peças ou conjuntos novos, peças modificadas, ou no caso de alteração de
especificações, e origina-se de práticas internas da companhia.
Através deste elemento busca-se assegurar a capabilidade de todo o processo de
produção.
B.9 – Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade”: o Subsistema “Processos /
Produtos Estáveis e Gerenciamento Preventivo da Qualidade”
A qualidade dos produtos da marca Mercedes-Benz tem é fortemente baseada em
procedimentos de controle de qualidade. O conjunto de elementos ligados este subsistema
busca reforçar os procedimentos de qualidade preventiva. Os elementos ligados ao subsistema
“Processos / Produtos Estáveis e Gerenciamento Preventivo da Qualidade” são os seguintes:
308
B.9.1 – Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance – TPM)
A “Manutenção Produtiva Total” é uma forma de manutenção preventiva e corretiva
com a participação dos operadores da linha, devidamente treinados em certas atividades de
manutenção. Os planos de manutenção são preparados com base nas especificações e
recomendações dos fabricantes das máquinas e disponibilizados próximos às estações de
trabalho.
As máquinas “gargalo” têm um programa de manutenção diferenciado, que inclui a
disponibilidade de peças sobressalentes.
O objetivo deste elemento é a melhoria da disponibilidade das máquinas e de toda a
linha de produção, e a manutenção da qualidade dos processos.
Este elemento tem origem sociotécnica, sendo também empregado no Sistema de
Produção Toyota.
B.9.2 – Prevenção de Falhas
Esse elemento busca prevenir a possibilidade do surgimento de falhas, através do uso
de meios que previnam completamente a possibilidade de surgimento de falhas: o “Poka-
Yoke” japonês, que é operacionalizado através de ações como a implantação de desligamento
automático do equipamento, identificação através de cores, sensores luminosos para o
posicionamento das peças e outros.
Este elemento tem sua origem no Sistema Toyota de Produção, e seus objetivos são a
melhoria da estabilidade dos processos, a redução do custo de falhas, e em especial a
prevenção de refugo e retrabalhos.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz define que processos capazes e estáveis são
requisitos para a produção “just-in-time”, e por isso o objetivo deve ser buscar a “falha zero”.
B.9.3 – Eliminação de Falhas
Este elemento designa as ações que, na impossibilidade prática de prevenir o
surgimento de uma falha, evitam que a falha chegue até o processo seguinte; em geral, são
dispositivos da mesma natureza que o anterior, mas que trazem uma clara visualização da
falha após esta ter ocorrido.
309
Este elemento tem sua origem no Sistema Toyota de Produção.
B.9 4 – Controle Estatístico do Processo
O Controle Estatístico de Processo (CEP) foi acrescentado aos elementos do Sistema
de Produção Mercedes-Benz. Sua descrição no sistema de produção em nada difere da
descrição clássica do CEP: um instrumento para controle de processos utilizando métodos
estatísticos, através de cartas de controle que registram as medições ou contagens de
características de qualidade.
Limites superiores e inferiores de intervenção no processo são calculados a partir do
resultado de medição/contagem, os quais, se ultrapassados por amostras, levam a execução de
ações corretivas no processo, atuando em seus parâmetros. Dentro desses limites, considera-se
que o processo está sob controle.
Este elemento originou-se nos trabalhos de Shewhart, com aplicação abrangente na
Gestão pela Qualidade Total.
A aplicação do elemento tem o objetivo de evitar falhas provocadas por peças fora da
tolerância, sem o uso de um controle 100%, aumentando a eficácia do processo.
B.9 5 – Auditoria de Sistemas
As auditorias de sistema fazem parte do processo de certificação e do sistema de
qualidade, e da mesma forma que as auditorias de processo, foram acrescentadas como
elementos do Sistema de Produção Juiz de Fora.
As auditorias de sistema avaliam se todos os processos estão de acordo com sua
descrição e com as exigências do sistema de qualidade. Podem ser auditadas todas as
atividades diretas e indiretas da fábrica de acordo com um plano de auditoria.
Ambas as auditorias (de sistema e de processo) ocorrem em intervalos regulares,
abrangendo todas as áreas. A partir dos resultados da auditoria são documentadas as ações
necessárias com prazos e responsáveis.
A descrição do Sistema de Produção Mercedes-Benz acrescentou a necessidade de
discussão e consenso com os operadores se as ações envolvem os mesmos.
310
B.9.6 – Auditorias de Processos
As auditorias de processo avaliam a capacidade dos processos de garantir a
manutenção da qualidade da produção, e, como as auditorias de sistema, são realizadas de
acordo com um plano de auditoria. São auditados os fornecedores, a produção, e em especial
os processos em que há problemas de qualidade.
As auditorias de processo trazem informações a respeito da capabilidade dos
processos; sua aplicação preventiva permite reconhecer antecipadamente pontos fracos nos
processos, indicando necessidades de melhoria, que devidamente realizadas, levam a
processos mais robustos em relação às interferências internas e externas.
As auditorias de processo, em seu formato atual, originaram-se no contexto da Gestão
pela Qualidade Total.
B.9.7 – Treinamentos Pontuais
Este elemento consiste no parcelamento de temas complexos ou extensos em pequenas
fases de aprendizagem, para treinamento em tempo mínimo através do uso de meios simples
(por exemplo, “flipchart” com uso de visualização) e concentração nos pontos principais de
um tema, com a aplicação prática do aprendizado após cada etapa de aprendizado.
Este elemento se origina nas práticas do Sistema de Produção Toyota.
O objetivo deste elemento é transmitir de forma rápida as informações sobre um tema.
Destaca-se sua aplicação para o treinamento de ações ou técnicas que estão sendo
implementadas. A vantagem do uso desta técnica é possibilitar o controle da aprendizagem
após cada passo do processo.
B.9.8 – Processo de Solução de Problemas (PSP)
A definição de um processo padronizado para a solução de problemas de manufatura
foi realizada neste elemento. Em caso de ocorrência repetida de falhas, este processo
padronizado de solução de problemas deve ser iniciado pelo operador para encontrar as causas
e eliminar definitivamente a falha.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz determina que a ocorrência sistemática de
falhas deve ser comunicada aos causadores, que são responsáveis pela eliminação da falha,
311
através de um coordenador nomeado. As ações realizadas para a eliminação de falhas e sua
eficácia devem ser relatadas em reuniões regulares de qualidade.
O processo de solução de problemas definido consiste em sete passos, a seguir
enunciados:
1. Ação de contenção imediata para evitar danos, verificar a eficácia; informar aos
operadores envolvidos.
2. Identificar o problema claramente e registrar em formulário específico;
3. Encontrar a causa da falha com participação de especialistas, através uso de técnicas
de análise de causa / 5 Por quês.
4. Planejar ações corretivas para eliminação segura da falha em conjunto com todos os
envolvidos
5. Implantar ações corretivas
6. Verificar a eficácia das ações corretivas. Decidir se as ações corretivas foram bem
sucedidas.
7. Modificar as especificações / padrões anteriores e documentar.
Este elemento se origina no Sistema de produção Toyota, e seu objetivo é eliminar as
causas de falha através de um procedimento sistemático.
B.9.9 – Análise de Modo e Efeito de Falhas (FMEA)
A análise de modo e efeito de falhas (Failure Mode and Effect Analysis – FMEA) é
um método que busca prevenir a ocorrência de falhas em processos de produção ou produtos,
sendo aplicável nas fases de desenvolvimento de produtos, planejamento de processos ou
ainda durante a produção. A análise identifica falhas e problemas potenciais priorizando as
falhas através de um número de risco, e indicando soluções/ações com base nas opiniões de
especialistas para eliminar ou minorar os riscos potenciais.
Sua aplicação na empresa é anterior à formalização do Sistema de Produção
Mercedes-Benz.
A DaimlerChrysler utiliza uma sistemática desenvolvida internamente para a
realização da FMEA. A técnica permite a descoberta de riscos do produto ou de processos
com antecedência, contribuindo para processos estáveis, produtos robustos, e redução de
custos.
312
B.9.10 – Gerenciamento da Qualidade dos Fornecedores
Este elemento do Sistema de Produção Mercedes-Benz descreve brevemente como é
feito o gerenciamento da qualidade dos fornecedores na DaimlerChrysler. Como vários outros
elementos deste sistema de produção, este elemento apenas incorpora ao sistema
procedimentos já existentes dentro da empresa.
O gerenciamento da qualidade divide-se nos processos de análise do mercado de
fornecedores, pré-planejamento e planejamento da qualidade, fornecimento de amostras,
gerenciamento das reclamações de veículos “zero quilômetro” e de campo, e as ações para o
desenvolvimento dos fornecedores.
Como é próprio das montadoras automobilísticas, a DaimlerChrysler realiza um
extenso programa de verificações envolvendo as áreas de desenvolvimento do produto,
qualidade, compras e logística para garantir a qualidade das peças fornecidas.
B.9.11 – Plano de Garantia de Processo
O plano de garantia de processo é um instrumento preventivo para garantir a
capabilidade de processos críticos de produção.
No plano de garantia de processos, devem ser definidos os parâmetros críticos do
processo, comprovada a capabilidade do processo e apresentado o conceito de teste
(amostragem, controle 100%, etc.), o tipo de controle do processo e o plano de reação caso
seja ultrapassado o limite de controle.
Este procedimento origina-se nas recomendações e práticas da Gestão pela Qualidade
Total, e seu objetivo é permitir uma reação rápida caso sejam ultrapassados os limites de
controle, através do plano de reação.
B.9.12 – Calibração dos Instrumentos de Medição
Este elemento destaca a calibração dos equipamentos de medição e controle da
qualidade como procedimento para a garantia da capabilidade e eficácia dos mesmos na
produção, avaliando a precisão e exatidão necessária a cada item em relação a seu uso.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz define que a calibragem e o ajuste devem
ocorrer em intervalos regulares, usando-se exclusivamente equipamentos de controle
certificados e procedimentos em conformidade com normas nacionais e internacionais.
313
A calibração contribui para a fabricação de produtos dentro das tolerâncias
especificadas, evitando refugos e retrabalhos, e é prática corrente na indústria automobilística.
B.10 – Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade”: o Subsistema “Orientação
ao cliente (interno e externo)”
O Bloco “Processos e Produtos Robustos / Qualidade” reúne, sob o subsistema
“Orientação ao cliente (interno e externo)”, elementos de caráter operacional e estratégico,
que são apresentados a seguir.
B.10.1 – Acordos de Qualidade
Os Acordos de Qualidade regulam as relações internas entre a área-cliente e a área-
fornecedora. O acordo contempla as exigências quanto a parâmetros de controle,
procedimento de medição e os valores-limite (que, se ultrapassados, levam a execução de
ações previamente definidas); a análise e garantia das etapas críticas do processo (o que inclui
o conceito de teste, o plano de reação, e a comprovação da capabilidade do processo) e etapas
escalonadas de intervenção, que são:
Etapa 0: O processo satisfaz às exigências.
Etapa 1: O processo não satisfaz às exigências – ajuste no nível do processo.
Etapa 2: O processo não satisfaz às exigências – ajuste através de intervenção
corretiva no nível de gerência.
Etapa 3: O processo não satisfaz às exigências – ajuste através de intervenção
corretiva no nível de diretoria.
Os acordos de qualidade são revistos anualmente na DaimlerChrysler. O Sistema de
Produção Mercedes-Benz define que os acordos e as metas derivadas do acordo sejam
visualizados.
Os acordos de qualidade e sua escalação, procedimento desenvolvido internamente na
empresa, levam a um enfoque consistente das metas de qualidade na empresa.
314
B.10.2 – Pontos de Checagem 100%
Os “pontos de checagem 100%” são verificações padronizadas, alcançando 100% dos
veículos, efetuadas por operadores da área em determinadas estações de trabalho. O Sistema
de Produção Mercedes-Benz as define como ações temporárias para a estabilização do
processo antes da implementação do alarme e parada de qualidade, ou como ação imediata no
caso de ocorrência de problemas mais graves de qualidade. A detecção de problemas
repetitivos leva ao início do processo padronizado de solução de problemas definido pelo
sistema de produção.
Depois da solução dos problemas de qualidade, não mais seria feita essa forma de
verificação, retornando-se ao processo de controle de qualidade através dos PDCA
padronizados, e, após a implantação do alarme / parada de qualidade, estas verificações não
mais seriam necessárias.
Os pontos de checagem 100% correspondem a um controle 100% nos “portões falha
zero” (o segundo ciclo de PDCA).
O enfoque deste elemento foi desenvolvido pela coordenação mundial de implantação
do Sistema de Produção Mercedes-Benz, adaptado a partir de práticas internas já existentes, e
seu objetivo é a estabilização da qualidade do processo produtivo.
B.10.3 – Sensor de Qualidade do Cliente
Este elemento do sistema de produção elenca os sensores internos e externos utilizados
para medir a qualidade sob a ótica de um cliente externo. Para definir tendências do grau de
satisfação do cliente com o produto existem sensores internos de qualidade voltados para os
clientes, como as auditorias de produto, o programa de testes dos veículos por funcionários,
que os avaliam como clientes, e entrevistas com clientes. Todavia, a empresa utiliza como
principal sensor o resultado da pesquisa de satisfação dos clientes realizada pelo instituto de
pesquisas de mercado J.D.Power, dos Estados Unidos.
Os resultados obtidos pelos estes sensores de qualidade geram uma série de ações
internas, com o uso do processo de solução de problemas, com metas acompanhadas ao longo
do ano. A liderança no “Ranking J.D. Power” é meta estratégica mundial da empresa.
315
B.10.4 – BPA e APA
A auditoria parcial do produto (Bereichsproduktaudit – BPA) é uma auditoria com
base em especificações técnicas. A auditoria do produto acabado (Auslieferungsproduktaudit
– APA) é uma auditoria que busca avaliar o veículo pronto, “como se fosse um cliente real”,
isto é, sem o uso de equipamentos de medição e controle da qualidade.
Estas auditorias correspondem aos PDCA de níveis três (área) e quatro (fábrica). O
resultado da auditoria APA é o principal indicador de qualidade interno da fábrica, com
acompanhamento pela diretoria. Seus padrões são válidos para toda a DaimlerChrysler; seus
resultados mensais são comparados entre as fábricas do grupo em todo o mundo.
Estas auditorias foram desenvolvidas internamente, antes do desenvolvimento do
Sistema de produção Mercedes-Benz.
B.11 – Subsistema “Just-in-time”: o Subsistema “Estabilidade de Produção
O Bloco “Just-in-time” reúne os elementos ligados a logística. A maior parte dos
elementos deste bloco teve sua origem no Sistema Toyota de Produção. Como outros
subsistemas, reúne elementos de natureza operacional e estratégica.
Os seguintes elementos ligados ao subsistema “Estabilidade de Produção”:
B.11.1 – Planejamento do Programa de Produção
O planejamento da seqüência de produção na DaimlerChrysler é dividido em duas
fases: A primeira é o planejamento do programa de produção, e a segunda é a formação do
“colar de pérolas” (Perlenkette). O planejamento do programa de produção é acordado com a
área de vendas e abrange sempre os três anos seguintes, com atualização mensal para o ano
corrente e o ano seguinte. A necessidade de material é calculada mensalmente para os
próximos 10 meses.
O planejamento do programa de produção estabelece um programa fixo diário e inclui
o número máximo de componentes/variantes por dia, necessário para viabilizar um ciclo de
produção (“takt”) fixo. O monitoramento do processo é feito através de indicadores
controlados diariamente.
316
Este elemento do sistema – já existente previamente a sua incorporação no Sistema de
Produção Mercedes-Benz – permite o ajuste do programa às oscilações do mercado de forma
estável e o planejamento de recursos pela montadora e seus fornecedores.
B.11.2 – “Colar de Pérolas” (Perlenkette)
O “colar de pérolas” é a seqüência de entrada das diferentes variantes e modelos,
organizada vários dias antes da entrada em produção. Com a formação do “colar de pérolas”
são definidos a seqüência de produção, o conteúdo da produção (modelo, cor, variante do
país, etc.), e o prazo de produção das diferentes áreas de produção, considerando restrições de
capacidade, restrições técnicas, blocos de cores e o prazo de clientes.
Para as peças com grande número de variantes deve ser formada uma seqüência para o
abastecimento (“just in sequence”), que é a base para o fornecimento destes materiais.
A informação da seqüência do “colar de pérolas” é passada para os fornecedores “just-
in-time”, permitindo o rigoroso cumprimento dos prazos de fornecimento. Para as peças “just-
in-time” e “just-in-sequence” (JIT/JIS) é necessária uma estratégia de emergência para o caso
de “quebra” da seqüência de fornecimento.
Para alcançar um alto índice de cumprimento do “colar de pérolas” devem ser evitadas
as retiradas de veículos da linha.
A manutenção de uma seqüência definida (“colar de pérolas”) garante uma seqüência
de produção otimizada, melhora o balanceamento de máquinas e operadores, e reduz os
estoques de produto acabado; é a base para o fornecimento JIT/JIS seguro, com estoques
mínimos; por outro lado, obriga a correção das falhas no processo (desde que a correção de
falhas não seja realizada em uma área de retrabalho fora da linha).
Este elemento tem sua origem no Sistema de Produção Toyota.
B.12 – Bloco “Just-in-time”: o Subsistema “Produção no Sistema de Puxar”
Todos os elementos ligados ao subsistema “Produção no Sistema de Puxar” do Bloco
Just-in-time” originaram-se no Sistema de Produção Toyota. Este subsistema teve atenção
especial pela coordenação mundial da implantação do Sistema de Produção Mercedes-Benz,
que entende o subsistema como a referência mundial na organização da logística interna.
Apresentamos a seguir os elementos ligados a este subsistema.
317
B.12.1 – Planejamento do Fluxo de Material
O planejamento do fluxo de material contempla a cadeia completa de compras desde o
fornecedor até o local de consumo. Os elementos necessários para a implementação do “pull
system” (sistema de puxar) devem ser incluídos desde o planejamento.
A DaimlerChrysler objetiva padronizar a forma de fornecimento e abastecimento sem
transferência de material de uma embalagem para outra durante todo o fluxo logístico, desde o
fornecedor até o local de consumo utilizando embalagens reutilizáveis, e embalagens
pequenas sempre que há viabilidade econômica.
A formação de volumes e variantes é feita o mais tarde possível. O layout das fábricas
é projetado para a otimização do fluxo de material, minimizando as etapas de manuseio
através da otimização dos percursos.
Busca-se maximizar o grau de enchimento das embalagens sem causar dano às peças,
utilizando um conjunto de embalagens padronizadas.
O planejamento do fluxo de materiais contribui para a estabilidade do processo e a
qualidade, e reduz estoques.
B.12.2 – Rotas de Abastecimento Orientadas pelo Consumo
As rotas de abastecimento orientadas pelo consumo são utilizadas com o método
Kanban”. Carros elétricos levam diversos reboques com embalagens pequenas em ciclos
fixos até às linhas, transitando entre o almoxarifado e o ponto de consumo. O percurso e a
freqüência são determinados de modo a minimizar o percurso e garantir o abastecimento, com
estoques mínimos e a entrega de vários itens a cada ciclo.
As embalagens vazias são retiradas e os pontos de consumo são abastecidos com
embalagens cheias ao mesmo tempo. Quando são usados cartões Kanban manuais, o
abastecedor de peças (motorista do carrinho) leva os cartões (na caixa vazia), carrega o
material sobre o mesmo e, abastece os pontos de consumo com o material pedido. A extensão
do percurso depende do consumo/ velocidade de linha e do conteúdo e do número de
embalagens.
A redução das etapas de manuseio melhora a eficácia do abastecimento de material, e
a redução do número de empilhadeiras leva a redução de custos e ao aumento da segurança na
fábrica.
318
B.12.3 – Processo de Consumo e Abastecimento no Sistema de Puxar (“Pull System”)
No processo de consumo e abastecimento no sistema de puxar, o fornecedor fornece
somente o que o cliente consumiu; o sinal para o reabastecimento pode ser um cartão
(“Kanban”), uma embalagem vazia, uma sinalização com uma bandeirola, um local vazio
definido ou ainda um sinal eletrônico.
Com o uso do processo de consumo e abastecimento no sistema de puxar, o excesso de
fornecimento e a superprodução são imediatamente detectados.
B.12.4 – “Kanban
O “Kanban” é um cartão que é colocado na embalagem, e contém todas as
informações necessárias para a produção ou abastecimento, como o número de peça, a
identificação, o local de montagem, o local de estoque, o fornecedor, a quantidade de peças, o
número do cartão, e o número total de cartões. Com o “Kanban” é comunicado o que, quanto
e quando.
Quando a embalagem é aberta, o operador da linha de produção retira o cartão e o
coloca na “caixa de correio” (caixa de entrada para cartões Kanban). O “Kanban” é retirado
regularmente da “caixa de correio”, para informar as necessidades e iniciar o abastecimento
de material, em intervalos regulares curtos conforme rota e horário determinados.
Um “cartão” pode ser também um escaneamento eletrônico, uma embalagem vazia ou
local definido.
Através da utilização conseqüente do Kanban, alinhado com a meta do “Just-in-time”,
evita-se a superprodução e o excesso de fornecimento, pois só é produzido / fornecido o que
realmente vai ser utilizado, na quantidade certa e no momento certo. O estoque de material é
controlado, e os baixos estoques de material economizam espaço e evitam longas distâncias
para retirada de material. As adaptações necessárias devido a modificações de programa
podem ser executadas através da inclusão /retirada de cartões, funcionando desta forma como
um “Plano de Produção e Fornecimento“.
Recomenda-se utilizar o menor tamanho de lote possível e a menor quantidade de
cartões possível.
319
B.13 – Bloco “Just-in-time”: o Subsistema “Produção em Fluxo”.
Como no subsistema anterior, todos os elementos ligados ao subsistema “Produção em
Fluxo” do Bloco “Just-in-time” originam-se no Sistema de Produção Toyota. Os seguintes
elementos fazem parte deste subsistema:
Figura 235 – “Caixa de correio” do Kanban utilizado na fábrica de Tuscaloosa, EUA
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006)
Figura 236 – Exemplo de Kanban utilizado na fábrica DaimlerChrysler de Rastatt, Alemanha
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006)
320
B.13.1 – Comissionamento / Formação de Conjuntos
Através do comissionamento / formação de conjuntos são fornecidas diversas peças
em uma embalagem, na quantidade estritamente necessária para um trabalho definido (por
exemplo, um veículo). As figuras 237 e 238 mostram exemplos de comissionamento /
formação de conjuntos.
O comissionamento deve ser feito perto do local de consumo em uma zona de
comissionamento, ou “supermercado”. Os conjuntos de peças são abastecidos na seqüência
dos veículos, a medida que vão sendo solicitadas.
Figura 237 – Comissionamento de peças na fábrica de Sindelfingen, Alemanha
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
Em razão do maior manuseio, sua implantação deve ser apenas se há clara vantagem
econômica, se comparada ao fornecimento convencional.
O comissionamento permite evitar a sobrecarga do operador no trabalho de linha,
alternando a execução da tarefa produtiva direta com a execução de tarefas indiretas, e oferece
a possibilidade de um trabalho compatível aos operadores com restrições temporárias por
motivos de saúde.
321
Através de abastecimento de diferentes materiais num local, é reduzida a
movimentação dos operadores e do material. Os estoques reduzidos melhoram o
gerenciamento visual na linha.
Figura 238 – Exemplo de Formação de Conjunto da fábrica de Sindelfingen, Alemanha
Fonte: DaimlerChrysler, intranet (2006).
B.13.2 – Preparação Rápida
Para o fornecimento de lotes pequenos e a redução de estoques, é necessário adotar
procedimentos de preparação rápida de máquinas e troca rápida de ferramentas. Através da
divisão do processo de preparação em tempos de preparação internos (que exigem a parada da
máquina) e externos (que independem da parada da máquina) reduz-se a indisponibilidade do
equipamento para produção e aumenta a flexibilidade.
Recomenda-se o uso de sistemas de fixação rápida, sempre que isto seja tecnicamente
viável.
Através da transformação de etapas de preparação interna em externa podem-se
reduzir os tempos de preparação interna e aumentar ainda mais a disponibilidade dos
equipamentos para a produção. A preparação de máquina deve ser feita de acordo com um
plano de trabalho planejado antecipadamente, e padronizado em trabalho conjunto com os
operadores.
322
B.13.3 – Embalagens Pequenas
O uso de embalagens pequenas – entendendo-se “pequenas” aquelas embalagens que
são portáteis – permite grande flexibilidade na formação da seqüência de linha e no
planejamento do fluxo de materiais, ajustando o estoque às modificações do programa em
pequenas etapas, reduzindo o capital imobilizado em peças e aumentando o giro de estoques.
O uso de embalagens pequenas facilita o abastecimento de linha em rotas orientadas
pelo consumo. As embalagens pequenas podem ser também utilizadas nas zonas de
comissionamento (“supermercados”). Para evitar manuseio excessivo as entregas por parte
dos fornecedores devem ser feitas em embalagens pequenas.
Com o uso de embalagens pequenas é garantida uma melhor disposição do material na
linha e menos área de armazenagem é necessária, melhorando também a ergonomia no local
de trabalho. Os estoques reduzidos melhoram o gerenciamento visual na linha.
O tamanho das embalagens é baseado no ciclo de fornecimento.
B.13.4 – Fluxo de Peça Única
O fluxo de peça única é o fluxo contínuo do produto de uma estação a outra estação de
montagem ou de trabalho, peça a peça, através de transportadoras, correias ou robôs. A
cadência do fluxo de peça única é o ciclo de produção (“takt”) do veículo. O princípio é o de
que uma peça segue a outra, sem que uma peça “ultrapasse” a outra peça.
No fluxo de peça única não há estoque de segurança entre dois processos.
B.13.5 – First in First Out (FIFO)
O “primeiro que entra, primeiro que sai” (“First In First Out” – FIFO) é um
subsistema pelo qual o que é fornecido primeiro, é montado primeiro. O princípio é aplicado
no armazenamento e abastecimento, e deve orientar o controle de estoques.
Como uso deste princípio melhora a rastreabilidade de falhas, e reduzem-se as perdas
no armazenamento.
323
B.13.6 – Estratégia de Almoxarifado Único
Para o Sistema de Produção Mercedes-Benz, a meta do planejamento logístico é
efetuar para o maior número possível de peças o abastecimento de forma seqüenciada ou
diretamente na linha. Se isso não é possível, o sistema de produção determina o uso de uma
estratégia de almoxarifado único: na cadeia logística entre fornecedores e a fábrica deve
existir apenas um almoxarifado no fornecedor ou na fábrica, preferencialmente no fornecedor,
sem almoxarifados intermediários para nenhuma peça, onde a propriedade do material até o
consumo é do fornecedor.
Não há exceções: a estratégia do almoxarifado único deve ser aplicada nos casos em
que o fornecedor fabrica os itens por lotes, nos casos em que o fornecedor está longe, nos
casos em que o volume é pequeno e também nos casos de fabricação própria.
Com a estratégia de almoxarifado único a DaimlerChrysler objetiva reduzir custos
logísticos na montadora e no fornecedor, simplificando o fluxo de material através da redução
do número de interfaces.
A otimização global do processo em toda a cadeia logística reduz o refugo através da
redução do manuseio, permitindo a manutenção de estoques mínimos e facilitando o controle
mais preciso dos mesmos.
B.14 – Bloco “Just-in-time”: o Subsistema “Produção em Takt
O “takt” é a cadência da linha de produção, o tempo relativo a um trecho de linha (nas
linhas de movimentação contínua) ou o tempo em que o produto permanece em uma estação
de trabalho para a realização das atividades (nas linhas de movimento intermitente, ou “stop
and go”). O Bloco “Just-in-time” possui os seguintes elementos ligados ao subsistema
“Produção em Takt”:
B.14.1 – Ciclo de produção (“Takt”) Fixo
O Sistema de Produção Mercedes-Benz reproduz neste elemento a premissa toyotista:
O tempo do ciclo de produção (ou “takt”) deve ser fixo para todos os processos, e pouco
afetado por pequenas mudanças na programação (ou seja, o programa mensal deve ser
balanceado para se seguir um programa diário constante). A adaptação a variações de curto
324
prazo no volume de produção deve ser feita através do ajuste da jornada de trabalho
(respeitando acordos coletivos e regras da empresa).
O objetivo de longo prazo é ter um único tempo de “takt” para toda a fábrica.
O ciclo de produção fixo é a base para a padronização. Por reduzir a incerteza no
processo de produção, reduz os operadores excedentes necessários para elevações bruscas de
produção. A redução da incerteza é a base para se manter um alto nível de qualidade e
eficiência, e gerar um fluxo de material estável com consumo uniforme, permitindo uma
redução maciça dos estoques e do lead-time.
B.14.2 – Gráficos de Balanceamento
O gráfico de balanceamento é um recurso para a representação visual da distribuição
do trabalho em relação ao tempo de “takt”. Um diagrama de barras para cada equipe permite
visualizar cada ciclo de trabalho individual, relativo a um posto de trabalho/operador. As
barras mostram as parcelas de tempo para cada operação individual, que são classificadas em
“com valor agregado”, “sem valor agregado” e “desperdício”.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz define que são operações com valor agregado
todas as operações que aumentam o valor de um produto na ótica do cliente (por exemplo:
aplicação de pintura, fixação dos parafusos das rodas, fixação da transmissão no motor). As
operações sem valor agregado são as atividades secundárias de duração mínima, necessárias
para a geração de valor agregado (por exemplo, colocação das ferramentas, percursos e
transportes necessários). Desperdício é tudo o que não serve direta ou indiretamente para
agregar valor (ou seja, benefício para o cliente) e que pode ser eliminado, sem reflexos sobre
o produto (por exemplo transporte excessivo, manuseio múltiplo,trabalhos paralelos,
retrabalho).
Desta forma, os gráficos de balanceamento, além de permitir visualizar o
balanceamento das atividades exercidas por cada colaborador na equipe (gerenciamento
visual), indicam as áreas para atividades de melhoria, que são apresentadas no próximo
tópico.
Este elemento tem características fordistas e toyotistas.
325
B.15 – Bloco “Melhoria Contínua”: o Subsistema “Eliminação do Desperdício”
O Bloco “Melhoria Contínua” é o menor subsistema do Sistema de Produção
Mercedes-Benz, com apenas 10 elementos. Entretanto, aqui estão reunidos importantes
elementos que oferecem o instrumental para facilitar a contínua melhoria dos processos.
Os seguintes elementos estão ligados ao subsistema “Eliminação do Desperdício”:
B.15.1 – “Planejar, Desenvolver, Checar, Agir”: o Workshop PDCA
Este elemento utiliza o ciclo de Deming como um procedimento padronizado e
sistemático para solucionar problemas na produção e em atividades de melhoria contínua, que
envolve planejar, desenvolver, checar, e agir. “Planejar” é o que deve ser feito; “Desenvolver
é a sua implementação”; “Checar” é verificar os resultados dentro de um período
determinado, e “Agir” é acordar o padrão e documentá-lo. Se a meta não tiver sido alcançada,
o ciclo “PDCA” é repetido.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz recomenda a utilização do método “PDCA”
de forma combinada com outras técnicas de solução de problemas, como a dos cinco “Por
Quês”.
Este elemento origina-se nas práticas da Gestão pela Qualidade Total.
B.15.2 – Sete Tipos de Desperdício, o “7D”
“Sete Tipos de Desperdício” ou 7D é o nome dado a uma análise realizada pelas
equipes ou em workshops de melhoria contínua, que consiste em identificar os desperdícios
encontrados na análise de um atividade produtiva com o uso de um formulário e de um
procedimento específico..
Segundo o Sistema de Produção Mercedes-Benz, os “sete tipos de desperdício” são
superprodução, estoques, transporte, tempos de espera, desperdícios no processo de
fabricação, movimentação e reparos/ falhas.
O procedimento consiste em registrar a situação encontrada, classificando as etapas
em “valor agregado” e “desperdício”. Devem ser elaboradas e executadas ações para eliminar
as atividades caracterizadas como “desperdício”. Segue-se uma verificação de eficácia, após o
que a seqüência de trabalho é reescrita incluindo mais atividades com valor agregado e
definida como padrão.
326
O elemento reproduz o enfoque toyotista de eliminação de desperdício com a
intensificação de atividades, de origem taylorista.
B.15.3 – “Cinco Por Quês”
Este elemento é um procedimento para a análise de causas e faz parte integrante do
processo padronizado de solução de problemas definido pelo Sistema de Produção Mercedes-
Benz, e consiste simplesmente em fazer a pergunta “Porque isto está acontecendo?”, no
mínimo cinco vezes, para entender, analisar corretamente e identificar a verdadeira causa-raiz
de um problema.
É um procedimento de fácil compreensão e aplicação, que se mostra útil para
descobrir, de forma sistemática, as causas de problemas. Sua origem são as práticas
recomendadas pela Gestão pela Qualidade Total, e é utilizado no Sistema Toyota de
Produção.
B.15.4 – Mapas de Processo
Os mapas de processo são a representação gráfica do estado de um processo
mostrando os fluxos de mão-de-obra, material e informação, sendo utilizado para análise
gráfica, discussão e solução de problemas em processos de melhoria contínua. Em geral, é
representado o “antes” e o “depois” dos processos produtivos.
Este elemento tem suas origens no Sistema Toyota de Produção.
B.15.5 – Processo de Melhoria Contínua (PMC) pelos operadores
O processo de melhoria contínua realizado pelos operadores é a atividade de sugerir
melhorias em seu trabalho diário com o uso das reuniões de equipe, a implantação das
mesmas após consenso com as chefias e a documentação dos novos processos.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz não restringe as áreas de sugestão, que podem
ser relativas a ergonomia, segurança, máquinas, materiais, métodos e ao ambiente de trabalho,
entre outros, e permite a apresentação das propostas de melhoria através do “Banco de
Idéias”.
327
Com exceção do Banco de Idéias, não há no Sistema de Produção Mercedes-Benz
mecanismos de motivação a participação ativa dos operadores em processos de melhoria
contínua.
Este procedimento tem origem toyotista.
B.15.6 – Processos de Melhoria Contínua (PMC) pelos especialistas
Os processos de melhoria contínua por especialistas são em geral grupos de trabalho
instituídos pela organização para a solução de problemas complexos, em geral envolvendo
diversas áreas da organização.
Os temas envolvem em geral a melhoria da produtividade e da qualidade. O Sistema
de Produção Mercedes-Benz recomenda o uso da análise dos “sete tipos de desperdício”. É
recomendada a participação dos operadores envolvidos antes da implantação das ações pelos
grupos de trabalho.
O estabelecimento de grupos de trabalho para a solução de problemas complexos é
prática geral na indústria automobilística.
B.15.7 – “Kaizen
Os Workshops “Kaizen” (ou simplesmente “Kaizen”) são workshops estruturados,
orientados à solução de problemas, nos quais são elaborados e implementadas melhorias. Sua
aplicação é abrangente, podendo envolver diversos tipos de problemas produtivos ou
administrativos.
A duração dos workshops “Kaizen” é de 3 a 5 dias, e o Sistema de Produção
Mercedes-Benz alerta que deve haver a participação dos operadores envolvidos desde o
planejamento e preparação dos “Kaizens”, com uma formulação conjunta dos objetivos.
A moderação é feita por consultores internos. Os participantes dos workshops são
operadores selecionados, funcionários administrativos e técnicos. O chefe direto é o
responsável pelo “Kaizen”, e deve participar no mesmo.
Os resultados do “Kaizen” devem ser relatados em uma apresentação a todos os
envolvidos com apresentação dos estados “antes” e “depois”.
Ao final do “Kaizen” segue-se uma fase de conclusão, na qual todas as ações ainda em
aberto devem ser implantadas e as alterações de padrões acordadas com as equipes.
328
Em um workshop “Kaizen” é observado o processo e feita uma análise do estado
inicial, com o uso de formulários específicos para a captação de dados (por exemplo,
verificação de estoques, medição de percursos, medições e descrição de todas as atividades e
movimentações) e a preparação da visualização do estado inicial. A seqüência das atividades
em cada posto de trabalho é analisada, o que inclui a classificação das atividades que agregam
e não agregam valor. Segue-se a elaboração e execução física de ações reorganizando o
processo, o layout e a seqüência das operações. Finalmente, os resultados são apresentados a
todos os operadores e chefias envolvidos, e a todas as áreas participantes.
O Sistema de Produção Mercedes-Benz recomenda a participação da equipe no
processo de escolha dos participantes do “Kaizen”, para aumentar a aceitação das ações que
serão implantadas.
O “Kaizen”, elemento de clara origem toyotista, permite a realização de grandes
mudanças de processo em um prazo curto, com grandes melhorias no tema trabalhado quanto
a produtividade e custos.
A aplicação deste elemento em Juiz de Fora difere da aplicação originalmente
proposta. A apresentação detalhada do procedimento “Kaizen” extrapola os objetivos desta
dissertação, mas pode ser encontrada em Briales (2005).
B.15.8 – Gerenciamento das Modificações
O gerenciamento de modificações é o conjunto de atividades relacionadas a
modificações construtivas em peças para a produção. As peças modificadas são trazidas para
a produção em datas pré-determinadas, de acordo com a compatibilidade técnica com outras
peças também modificadas e considerando o consumo dos estoques existentes (critério
econômico) ou exigências de qualidade e segurança que obrigam à liberação imediata (critério
qualitativo).
O gerenciamento de modificações é realizado por uma equipe específica, com a
participação das áreas de qualidade, logística e desenvolvimento do produto, e é atividade
regular de todas as empresas automobilísticas, tendo sido acrescentado como elemento do
Sistema de Produção Mercedes-Benz.
329
B.15.9 – Comparação de Melhores Práticas do Sistema de Produção Mercedes-Benz
A comparação das melhores práticas do Sistema de Produção é o intercâmbio entre
áreas da fábrica e entre fábricas do Grupo DaimlerChrysler de suas melhores práticas,
buscando o desenvolvimento contínuo das formas de aplicação do Sistema de Produção
Mercedes-Benz.
O intercâmbio das melhores práticas é feito através de eventos e através da intranet da
empresa. A disseminação das melhores práticas multiplica os resultados e favorece a
padronização em toda a empresa.
A concepção deste elemento foi realizada pelo escritório mundial de implantação do
Sistema de Produção Mercedes-Benz.
B.15.10 – Engenharia Simultânea
Engenharia simultânea é a realização paralela dos processos de desenvolvimento e de
planejamento. Sendo uma abordagem multidisciplinar, há troca de informação entre todos os
participantes do processo (áreas de planejamento, produção, fornecedores, marketing e
gerenciamento de projeto), com ampla disponibilidade das informações para todos em todas
as etapas do processo. Os operadores têm participação mais restrita, podendo apresentar idéias
e restrições de processo nas fases de concepção do produto e do processo.
A engenharia simultânea é uma prática introduzida na empresa antes da elaboração
formal do Sistema de Produção Mercedes-Benz, tendo sido adicionada neste como um dos
elementos do sistema.
As principais vantagens da engenharia simultânea são a redução dos tempos de
planejamento, o feedback acelerado de fases posteriores ao desenvolvimento do produto /
processo e a melhoria do trabalho conjunto entre as áreas.
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