versão televisiva na memória compartilhada sobre o crime será também comentada em outros
momentos nesta tese.
Sinopse: O fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro nasceu em fevereiro de 1799, em Campos
dos Goytacazes, noroeste do Estado do Rio. Aos 17 anos, saiu da fazenda onde trabalhava e
foi para a cidade aprimorar os estudos. Durante dois anos, ficou hospedado na casa do
padrinho Manoel Baptista Pereira, pai do seu primo Julião. Certo dia, Julião conta para
Coqueiro que vai estudar no Rio. Antes de partir, porém, faz um pedido: Coqueiro deveria
cuidar de Joaquina, sua noiva, enquanto estivesse fora. Coqueiro atende ao pedido do primo,
mas acaba se apaixonando por Joaquina. Em fevereiro de 1820, contra a vontade de todos,
ele se casa com a ex-noiva do primo. Três anos depois, Joaquina morre de infecção
pulmonar. Em 1824, Coqueiro herda uma grande extensão de terra na região de Macabu, no
Rio de Janeiro. A terra era vizinha à fazenda de Julião, o primo que perdeu a noiva para ele,
agora seu inimigo mortal. Nesta época, Julião [sic] (na realidade, Motta Coqueiro, correção
nossa) casa-se com Úrsula, uma bem sucedida e respeitada fazendeira. Com a nova mulher,
Coqueiro começa a expandir os limites das suas propriedades. A região, conhecida como
Brejo dos Patos, pertencia aos padres Beneditinos, que nunca a ocuparam. Coqueiro e outros
fazendeiros acabaram ocupando essas terras, o que gerou um grande conflito. Nessa briga,
Coqueiro fica com a propriedade. Os padres jamais o perdoariam. Quase 30 anos depois, em
1852, Coqueiro engravida a amante, Francisca, filha de um colono, Francisco Benedito.
Sabendo da riqueza de Coqueiro, o colono, pai da moça grávida, o procura para chantageá-
lo. Coqueiro reage e os dois têm um sério desentendimento. Na noite de 12 de setembro
daquele mesmo ano, enquanto Coqueiro recebe amigos em sua casa, a família de Francisca é
exterminada: das nove pessoas da casa, oito são mortas a golpes de bastão, facão e foice.
Entre elas, Francisco, o pai de Francisca, o mesmo colono com quem Coqueiro se
desentendera. Apenas Francisca consegue sobreviver. Acusado pelos vários inimigos de ser
o mandante do crime, Coqueiro foge. Passa dias e noites galopando, até que é capturado.
Enfrenta dois julgamentos, sofre maus tratos e definha na prisão. Úrsula, sua mulher, inicia
um processo de enlouquecimento. Coqueiro é condenado à morte. Seu advogado tenta livrá-
lo da pena, mas o Supremo Tribunal de Justiça recusa todas as apelações. No dia 17 de
fevereiro de 1855, o imperador Dom Pedro II assina a sentença de morte de Coqueiro. Ele é
enforcado dias depois, na manhã de 6 de março. Antes de ir à forca, Coqueiro faz sua
confissão. Ao ouvir uma importante revelação do condenado, o padre da cidade fica
transtornado. Para muitos, Coqueiro revelou ali quem era o verdadeiro mandante do crime. A
doença de Úrsula avança e ela morre louca. Para muitos pesquisadores, enciumada com a
descoberta do caso de Coqueiro com Francisco [sic] (na realidade, Francisca, correção
nossa), Úrsula teria sido a verdadeira mandante do crime. Dom Pedro nunca revelou
publicamente seu arrependimento pelo desfecho do caso, mas sabe-se que a partir de então
ele nunca mais autorizou o enforcamento de um condenado à morte.
Envolvidos: Francisco Benedito, colono da fazenda de Motta Coqueiro, pai de Francisca.
Padre Freitas, escutou a confissão de Coqueiro antes da sua execução. D. Pedro II,
Imperador do Brasil de 1840 a 1889. Francisca, amante de Motta Coqueiro, filha de
colonos
. Julião Baptista Coqueiro, primo de Motta Coqueiro. Joaquina Maria de Jesus,
primeira mulher de Motta Coqueiro. Manoel da Motta Coqueiro, condenado. Úrsula
Maria das Virgens Cabral
, segunda mulher de Motta Coqueiro.
(Disponível no site http://linhadiretajustica.globo.com/Linhadireta/0,26665,GIJ0-5257-
215669,00.html
, acessado em 27/08/2007, às 3:50)
O crime de Macabu também fora mencionado em, pelo menos, uma outra produção
televisiva, embora de maneira pontual. Em episódio da telenovela A Escrava Isaura, livre
adaptação da obra de Bernardo Guimarães, produzida pela Rede Record de Televisão –
transmitida, em primeira exibição, pela emissora no período de outubro de 2004 a abril de
2005 e, em reprise, nos períodos de novembro de 2005 a junho de 2006 e de janeiro a julho de
2007 – Sr. Miguel, pai de Isaura, contracena no cárcere com a “Fera de Macabu”, interpretada
pelo ator Milhem Cortaz. O romance de Bernardo Guimarães, de fato, registra a prisão de
Miguel: “Tendo trazido do Recife a Miguel debaixo de prisão, juntamente com Isaura, ao