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Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Química Biológica da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção
do título de Doutor em Ciências
Biológicas.
Orientador
Profa. Dra. Denise Rocha Correa Lannes
Rio de Janeiro
2008
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FOLHA DE APROVAÇÃO
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Rio de Janeiro, 23 de Janeiro de 2008.
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Denise Rocha Correa Lannes – Professor Adjunto
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Orientador
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Knobel – Professor Associado
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Jacqueline Leta – Professor Adjunto
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Beatriz Garcia – Professor Associado
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Susana Tchernin Wofchuk – Professor Titular
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
___________________________________________________________________
Profa. Dra. Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek – Professor Titular
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Revisor
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Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair)
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Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio, teu mar, praias sem fim
Rio, você foi feito pra mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Aterrar
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Por todas as vezes ( ... e não foram poucas ... )
em que ao chegar à Ilha do Fundão pela manhã
e me deparar com aquela placa de trânsito
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ESQUERDA
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ODOVIA
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RESIDENTE
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ENTIDO
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ÃO
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AULO
e os olhos marejarem e o coração apertar
de saudades de tudo e de todos,
meu mais sincero agradecimento a esse acalento,
em forma de poesia e canção de autoria desse gênio da raça
Tom Jobim Maestro Soberano, segundo Chico Buarque,
por me fazer sentir acolhida e acarinhada por essa cidade.
Rio, como eu gosto de você ...
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por permitir que eu me tornasse parte integrante do seu
grupo de trabalho no Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e por ter aceitado orientar esse trabalho de tese de doutoramento, por seus
ensinamentos, suas críticas, suas sugestões e por me mostrar,
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a, que com um bom
argumento encara-se qualquer discussão.
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por terem aceitado tomar parte na composição da Banca
Examinadora do meu Exame de Conhecimentos Gerais – a influência da genética no
comportamento por todas as críticas e sugestões não apenas ao conteúdo apresentado,
mas também ao meu desempenho na apresentação oral e argüição.
Aos Professores
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por terem aceitado tomar parte na composição da
Banca Examinadora da Defesa Pública da Tese por todas as correções, críticas, sugestões
e discussões.
À Professora
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por sua disponibilidade em aceitar ser Membro
Revisor desse trabalho de tese de doutoramento, por sua minuciosa e criteriosa correção,
por sua clareza e detalhamento na exposição de idéias e sugestões, por sua postura séria,
crítica e severa, na comunicação virtual – on line – e por sua doçura, delicadeza e paciência
na comunicação presencial – lado a lado – durante todo o processo de revisão do trabalho.
Ao Professor
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Vice-Reitor e Coordenador Geral da Universidade Estadual
de Campinas, não apenas por oficializar o meu desligamento temporário da UNICAMP, mas
também por acreditar que a Universidade é quem ganha com o crescimento intelectual de
seus pesquisadores e por apoiar e incentivar que a finalização desse trabalho de tese fosse
realizada junto a um novo orientador e de forma presencial na UFRJ.
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Secretária do Programa de Pós-Graduação em Química
Biológica do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro por
seu profissionalismo e competência, mas muito mais por suas demonstrações de carinho e
cuidado com todos os estudantes.
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Secretárias do Centro de Biologia
Molecular e Engenharia Genética da Universidade Estadual de Campinas pela postura
profissional, mas principalmente pela torcida, pelo carinho e amizade.
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Por aceitar um desafio e encarar uma boa briga ...
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Por ainda encontrar tempo para cuidar de todo mundo ...
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Por sua nobreza de caráter ...
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A continuidade de uma linda história de amor ...
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Ó
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Quem tem família tem tudo ...
Quem tem uma família como a minha,
tem tudo e muito mais ...
tem o paraíso.
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Essa é apenas mais uma, das muitas vitórias de vocês ...
RESUMO
TURCINELLI, Silvia Regina. A utilização dos indicadores cienciométricos de
capital científico, autoridade e reconhecimento no estudo da dinâmica
científica de insumos e resultados bases quantitativas da distinção da
Biologia Molecular como exemplo de ruptura epistemológica. Rio de Janeiro,
2008. Tese (Doutorado em Química Biológica) Instituto de Bioquímica Médica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
Considerando a relevância dos indicadores quantitativos como instrumento para
representação das estruturas acadêmicas, configurações produtivas e movimentos
sincrônicos que legitimam a hierarquia científica de campos e comunidades científicas, o
principal objetivo desse trabalho é:
Verificar se o advento da biologia molecular como exemplo de ruptura epistemológica
descontinuidade no campo científico – tem suporte nos indicadores cienciométricos de
capital científico/autoridade e reconhecimento.
O conjunto de resultados indicou a presença da característica mais forte das comunidades
recém saídas de uma crise epistemológica. Os Bolsistas PQ-CNPq nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia e Zoologia parecem ter o seu sistema hierárquico desestabilizado,
com a eliminação da tendência de concentrar recursos em um número reduzido de
pesquisadores e instituições mantendo todos os membros com as mesmas oportunidades
para acumular capital simbólico e ascender na escala de crédito científico.
Os indicadores cienciométricos se configuraram bons instrumentos descritores do
desempenho de pesquisadores e do progresso científico, mostraram correlações negativas
entre variáveis estudadas e deixaram claras as correlações negativas estabelecidas com a
idade acadêmica. Sugeriram que tanto a eficiência quanto a autoridade científica estavam
ao alcance de todos os membros dessas comunidades, independente de qualquer relação
de poder estabelecida, e deduziram, a partir das comparações com os Bolsistas na área da
Física, que as comunidades alvo desse estudo pareciam estar retornando à fase da ciência
normal, com o novo paradigma já aceito por sua fundamentação.
Desta forma, podemos afirmar que os indicadores cienciométricos de capital, autoridade e
reconhecimento científico foram capazes de suportar a teoria da Biologia Molecular como
exemplo de ruptura epistemológica.
ABSTRACT
TURCINELLI, Silvia Regina. A utilização dos indicadores cienciométricos de
capital científico, autoridade e reconhecimento no estudo da dinâmica
científica de insumos e resultados bases quantitativas da distinção da
Biologia Molecular como exemplo de ruptura epistemológica. Rio de Janeiro,
2008. Tese (Doutorado em Química Biológica) Instituto de Bioquímica Médica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
Considering the relevance of quantitative indicators as representative instruments of
academic structures, productive configurations and synchronous movements, and
considering that they legitimize the scientific hierarchy of fields of study and scientific
communities, the main and objective of this work was: to verify if the advent of
molecular biology as an example of epistemologgical rupture - discontinuity in the
scientific field - finds support in the scientometrics indicators of scientific capital
/authority and recognition The set of results indicated the presence of the main
characteristic of communities that had just exit from an epistemologgical crisis. The
PQ-CNPq grand holders in the areas of Genetics, Biochemistry, Immunology and
Zoology had their hierarchic system undone, with the elimination of the trend to
concentrate resources in a reduced number of researchers and institutions. All the
members, independent of gender or academic age, had similar chances to
accumulate symbolic capital and to ascend the scale of scientific credit.
The scientometric indicators configured to be good instruments to describe the
performance of researchers and their scientific progress. The indicators have shown
a negative correlation between the variables studied. It clearly established a negative
correlation with the academic age. The indicators suggested that both efficiency and
scientific authority could be reached by all members of these communities,
independent of any relation of established power. Comparisons with grant holders of
the area of Physics suggested that the communities of this study seemed to be
returning to the phase of normal science, with total acceptance of this new paradigm.
In conclusion, the present work suggests that the scientometrics indexes of capital,
authority and scientific recognition, support the theory of Molecular Biology as
example of epistemological rupture.
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IGURA
1
Visualização da consulta à listagem de Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq – Exemplo da Área de Genética.
75
F
IGURA
2
Visualização da consulta do Curriculum vitae dos Pesquisadores com Bolsa
de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física.
78
F
IGURA
3
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI),
onde foi selecionada a opção Web of Science para consulta do número de
trabalhos publicados e respectivos índices de citação dos Pesquisadores com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física.
81
F
IGURA
4
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI),
onde foi selecionada a opção General Search para do número de trabalhos
publicados e respectivos índices de citação dos Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física, com delimitação de período (1945
– 2004).
81
F
IGURA
5
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI),
onde foram acrescentados o nome do autor e os termos brasil or, brazil or br
restringindo as consultas à trabalhos publicados e respectivos índices de
citação de pesquisadores bolsistas PQ – CNPq com endereços brasileiros.
82
F
IGURA
6
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI), onde
foram selecionadas as opções artigos de revisão, cartas e artigos plenos,
restringindo dessa forma o tipo de publicação dos pesquisadores bolsistas PQ
– CNPq nas áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física.
85
F
IGURA
7
Visualização da consulta ao portal da Capes, onde foram realizadas as
consultas referentes aos Programas de Pós-Graduação nos quais declararam-
se cadastrados os pesquisadores bolsistas PQ CNPq nas áreas de Genética
e Bioquímica.
89
F
IGURA
8
Freqüência de Pesquisadores Brasileiros com Bolsa de Produtividade em
Pesquisa (PQ) do CNPq, nas diversas áreas das Ciências da Vida, por sexo.
96
F
IGURA
9
Freqüência de Pesquisadores Brasileiros por sexo e idade acadêmica (tempo
de titulação em doutoramento).
97
F
IGURA
10
Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ-
CNPq), na área de Genética, por sexo e idade acadêmica.
98
F
IGURA
11
Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
(PQ-CNPq), na área de Bioquímica, por sexo e idade acadêmica.
98
F
IGURA
12
Freqüência de Pesquisadores Brasileiros e de Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa (PQ-CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica, por idade
acadêmica.
99
F
IGURA
13
Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ)
do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica, por unidade da Federação.
100
F
IGURA
14
Freqüência das Instituições de vínculo profissional dos Pesquisadores com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, nas áreas de Genética e
Bioquímica, por dependência administrativa.
101
F
IGURA
15
Índices de desempenho dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em
Pesquisa (PQ-CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica, conforme a
natureza das Instituições de vínculo profissional.
109
F
IGURA
16
Relações entre insumo – idade acadêmica e resultados publicações e
citações dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ)
do CNPq, na área de Genética, por Instituições de vínculo profissional.
110
F
IGURA
17
Relações entre insumo – idade acadêmica e resultados publicações e
citações dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ-
CNPq), na área de Bioquímica, por Instituições de vínculo profissional.
111
F
IGURA
18
Perfil dos índices de desempenho acadêmico relações entre insumo (idade
acadêmica) e resultados (publicações e citações) dos Pesquisadores com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq), nas áreas de Genética e
Bioquímica, no conjunto das Instituições de vínculo profissional.
111
F
IGURA
19
Correlações entre as taxas de insumos primários (idade acadêmica) e
secundários (orientações concluídas e projetos aprovados), por Instituição de
vínculo profissional dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq),
nas áreas de Genética e Bioquímica.
* Na Figura todos os valores estão normalizados pela idade acadêmica média
do grupo em questão.
113
F
IGURA
20
Relações entre insumos orientações e Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, nas áreas de Genética e
Bioquímica, por Instituições de vínculo profissional.
114
F
IGURA
21
Número de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ-
CNPq) na área de Genética, por Área dos Programas de Pós-Graduação em
que estão cadastrados e conceito da Avaliação Capes.
117
F
IGURA
21a
Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa da
área de Genética nos Programas de Pós-Graduação, por conceito da
avaliação Capes
117
F
IGURA
22
Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados
os Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na
área de Bioquímica, segundo avaliação Capes.
118
F
IGURA
23
Número de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq, na área de Bioquímica, por Áreas dos Programas de Pós-Graduação
em que estão cadastrados e conceitos da avaliação CAPES.
119
F
IGURA
23a
Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa da
área de Bioquímica nos Programas de Pós-Graduação, por conceito da
avaliação CAPES
119
F
IGURA
24
Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados
os Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na
área de Genética, por insumos e resultados, segundo avaliação CAPES.
123
F
IGURA
25
Figura 25 – Número de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq
na área de Genética e taxas de insumos e resultados, por Programas de Pós-
Graduação onde se encontram cadastrados, segundo avaliação CAPES.
Bolsistas PQ-CNPq - Área de Genética () - (a) Publicações por Pesquisador
(
), (b) Citações por Publicação (
), (c) Orientações por Pesquisador (
) e (d)
Projetos por Pesquisador ().
124
F
IGURA
26
Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados
os Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na
área de Genética, por insumos e resultados, segundo avaliação CAPES.
125
F
IGURA
27
Número de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de
Bioquímica e taxas de insumos e resultados, por Programas de Pós-
Graduação onde se encontram cadastrados, segundo avaliação CAPES,
Nas Figuras: Bolsistas PQ-CNPq Área de Bioquímica ((): (a) Publicações por
Pesquisador ((), (b) Orientações por Pesquisador, ((), (c) Citações por
Publicação (() e (d) Projetos por Pesquisador ().
126
F
IGURA
28
Taxas de insumos e resultados dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica.
127
F
IGURA
29
Correlação entre o a produtividade científica (artigos, cartas e revisões) e a
idade acadêmica dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq
na área de Genética.
129
F
IGURA
30
Correlação entre o a produtividade científica (artigos, cartas e revisões) e a
idade acadêmica dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq
na área de Bioquímica.
129
F
IGURA
31
Correlação entre o a produtividade (artigos, cartas e revisões) e a visibilidade
científica (citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq na área de Genética.
130
F
IGURA
32
Correlação entre a produtividade (artigos, cartas e revisões) e a visibilidade
científica (citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq na área de Genética.
131
F
IGURA
33
Correlação entre o a visibilidade científica (citações) e a idade acadêmica dos
Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas áreas (a) de Genética
e (b) de Bioquímica.
132
F
IGURA
34
Correlação entre capacidade de orientação científica (teses concluídas) e a
idade acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética.
133
F
IGURA
35
Correlação entre capacidade de orientação científica (teses concluídas) e a
idade acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética.
133
F
IGURA
36
Correlação entre capacidade de obtenção de recursos (projetos de pesquisa) e
a idade acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica.
134
F
IGURA
37
Correlação entre Produção Científica (artigos, cartas e revisões) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética, agrupados
por: () utilizam Biologia Molecular e () não utilizam Biologia Molecular.
137
F
IGURA
38
Correlação entre Produção Científica (artigos, cartas e revisões) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Bioquímica, agrupados
por: () utilizam Biologia Molecular e () não utilizam Biologia Molecular..
137
F
IGURA
39
Correlação entre Produção Científica (número de artigos, cartas e revisões) e
Visibilidade (número de citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, agrupados por:
Geneticistas () e Bioquímicos () que utilizam Biologia Molecular e
Geneticistas () e Bioquímicos () que não utilizam Biologia Molecular.
138
F
IGURA
40
Correlação entre a visibilidade científica (artigos, cartas e revisões) e a idade
acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia Molecular e () () não
utilizam Biologia Molecular.
139
F
IGURA
41
Correlação entre a capacidade de Orientação (teses concluídas) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia Molecular e () () não
utilizam Biologia Molecular.
140
F
IGURA
42
Correlação entre fomento (projetos de pesquisa aprovados) e Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia Molecular e () () não
utilizam Biologia Molecular.
141
F
IGURA
43
Freqüência dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas áreas
de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, segundo a ocorrência da
Biologia Molecular em suas linhas de pesquisa.
145
F
IGURA
44
Freqüência de dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, por Idade Acadêmica e
ocorrência da Biologia Molecular em suas linhas de pesquisa.
146
F
IGURA
45
Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de
Publicações por ano (produtividade científica), agrupados por pesquisadores
que () (), (), () utilizam Biologia Molecular e (), (), (), () não
utilizam Biologia Molecular.
147
F
IGURA
46
Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Citações
por ano (reconhecimento pelos ares), agrupados por pesquisadores que ()
(), (), () utilizam Biologia Molecular e (), (), (), () não utilizam
Biologia Molecular.
148
F
IGURA
47
Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de
Orientações por ano, agrupados por pesquisadores que () (), (), ()
utilizam Biologia Molecular e (), (), (), () não utilizam Biologia
Molecular.
149
F
IGURA
48
Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Projetos
de Pesquisa por ano, agrupados por pesquisadores que () (), (), ()
utilizam Biologia Molecular e (), (), (), () não utilizam Biologia
Molecular.
150
F
IGURA
49
Índices gerais de desempenho acadêmico (painéis da esquerda) e
participação dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas
áreas de Genética e Zoologia, agrupados por pesquisadores que utilizam e
não utilizam a Biologia Molecular (painéis da direita).
151
F
IGURA
50
Índices gerais de desempenho acadêmico (painéis da esquerda) e
participação dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas
áreas de Bioquímica e Imunologia, agrupados por pesquisadores que utilizam
e não utilizam a Biologia Molecular (painéis da direita).
152
F
IGURA
51
Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) na área de
Física por Idade Acadêmica (insumo primário), número de Publicações
(produtividade/eficácia científica), número de Citações (reconhecimento pelos
pares) e número de Orientações concluídas (insumo secundário),
normalizados pela idade acadêmica.
153
F
IGURA
52
Índices gerais de desempenho acadêmico dos Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa (PQ-CNPq) na área da Física.
154
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S
S
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Q
Q
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R
O
O
S
S
T
ABELA
1
Modelo da lista de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
do CNPq
76
T
ABELA
2
Total de publicações nas diversas áreas do conhecimento no período de 1981
a 2000.
80
T
ABELA
3
Modelo da listagem dos Programas de Pós-Graduação avaliados pela CAPES
na Avaliação Trienal 2001 – 2003.
89
T
ABELA
4
Representatividade dos pesquisadores bolsistas da área de Genética nos
universos de pesquisadores bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-
CNPq) e de docentes das Instituições as quais estão vinculados
profissionalmente.
102
T
ABELA
5
Representatividade dos pesquisadores bolsistas da área de Bioquímica nos
universos de pesquisadores bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-
CNPq) e de docentes das Instituições as quais estão vinculados
profissionalmente.
103
T
ABELA
6
Média de publicações, orientações e citações por pesquisadores com bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq (variáveis dependentes) da área de
Genética, segundo unidade da federação (variável independente).
106
T
ABELA
7
Média de publicações, orientações e citações por pesquisadores com bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq (variáveis dependentes) da área de
Bioquímica, segundo unidade da federação (variável independente).
107
T
ABELA
8
Instituições de vínculo profissional dos pesquisadores com bolsa PQ-CNPq
nas áreas de Genética e Bioquímica.
108
T
ABELA
9
Freqüência de pesquisadores com bolsa PQ-CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica, conforme a natureza e o compartilhamento das Instituições de
vínculo profissional.
108
Q
UADRO
1
Evolução do número de Bolsas de Produtividade em Pesquisa concedidas
pelo CNPq, segundo o sexo dos pesquisadores.
95
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
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E
A
A
B
B
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V
V
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R
A
A
S
S
E
E
S
S
I
I
G
G
L
L
A
A
S
S
ABTLUS Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron
CA – CNPq Comitê Assessor do CNPq
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNE Conselho Nacional de Educação
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CTC – CNPq Conselho Técnico Científico do CNPq
DNA Ácido Desoxirribonucléico
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAPESP Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo
FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
FUA Universidade do Amazonas
FUNED Fundação Ezequiel Dias
FURG Fundação Universidade Federal do Rio Grande
I BUTANTAN Instituto Butantan
I LUDWIG Instituto Ludwig para Pesquisas em Câncer
INCA Instituto Nacional do Câncer
INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial
ISI Information Sciences Institute
JCR Journal Citation Reports
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
PQ – CNPq Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq
PUC / RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
SCIELO Scientific Eletronic Library Online
UCB Universidade Católica de Brasília
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UEL Universidade Estadual de Londrina
UEM Universidade Estadual de Maringá
UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFC Universidade Federal do Ceará
UFG Universidade Federal de Goiás
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPA Universidade Federal do Pará
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio se Janeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCar Universidade Federal de São Carlos
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UFU Universidade Federal de Uberlândia
UFV Universidade Federal de Viçosa
UMC Universidade de Mogi das Cruzes
UNAERP Universidade de Ribeirão Preto
UNB Universidade de Brasília
UNESP Universidade Estadual Julio Mesquita Filho
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
UNIVAP Universidade do Vale do Paraíba
USP Universidade de São Paulo
S
S
U
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M
M
Á
Á
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R
I
I
O
O
I
NTRODUÇÃO
01
I Estudos Sociais da Ciência 01
I. 1 A Sociologia da Ciência 01
I. 1. 1 O surgimento da Sociologia da Ciência 02
I. 2 Fundamentos teóricos para estudos da Ciência 03
I. 2. 1 Principais autores e suas teorias 04
I. 2. 2 Enfoques sobre a organização social da pesquisa científica 12
II Avaliação da Ciência 22
II. 1 O sistema de avaliação pelos pares 23
II. 2 Avaliações quantitativas em Ciência 26
II. 2. 1 A cienciometria 27
II. 2. 2 Repositórios de produção científica 29
II. 2. 3 Indicadores para avaliação de produção científica 31
II. 2. 4 Análise de citação a visibilidade dos cientistas 34
III Avaliação da Ciência no Brasil 39
III. 1 Avaliação da comunidade científica 40
III. 2 Avaliação dos pesquisadores 43
III. 2.1 O sistema de avaliação do CNPq 44
III. 2. 2 A Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq 46
III. 2. 3 O uso de métricas quantitativas e de indicadores de C & T na avaliação
dos candidatos à Bolsa de Produtividade em Pesquisa
50
III. 2. 4
A Plataforma Lattes como instrumento na gestão em C & T e fonte de
pesquisas
51
IV
A comunidade científica brasileira história e habitus
54
IV. 1 As primeiras instituições e sociedades científicas 55
IV. 2 Origem dos cientistas 57
V A formação das comunidades de Genética e Bioquímica 60
V. 1 A Genética 60
V. 2 A Bioquímica 63
VI Surgimento da Biologia Molecular 65
J
USTIFICATIVA E
O
BJETIVOS
70
M
ETODOLOGIA
74
III. 1 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq 74
III. 1. 1 Amostras 74
III. 1. 2 Obtenção das listas dos pesquisadores bolsistas das áreas amostrais 75
III. 1. 3 Análise das amostras dos pesquisadores 77
III. 2 Programas de Pós-Graduação onde se encontram os pesquisadores com
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área de Genética e
Bioquímica
87
III. 3 Análise geral dos dados 91
R
ESULTADOS
94
IV. 1 Caracterização das comunidades científicas formadas por
pesquisadores bolsistas em produtividade em pesquisa (PQ-CNPq) nas
áreas da Genética e Bioquímica
94
IV. 2 Determinantes do desempenho acadêmico por unidade federativa e
instituição: primeira aproximação entre as comunidades de bolsistas
das áreas de Genética e Bioquímica
104
IV. 3 Determinantes do desempenho acadêmico por Programas de Pós-
Graduação: segunda aproximação entre as comunidades de bolsistas
das áreas de Genética e Bioquímica
115
IV. 3. 1 Identificação e caracterização geral dos Programas de Pós-Graduação
aos quais estão vinculados os pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa nas áreas de Genética e Bioquímica
116
IV. 3. 2 Desempenho dos Programas de Pós-Graduação aos quais estão
vinculados os pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
nas áreas de Genética e Bioquímica
120
IV.
4 Determinantes do desempenho acadêmico por pesquisador da
comunidade: Terceira aproximação entre as comunidades de bolsistas
das áreas de Genética e Bioquímica
128
IV. 5 Determinantes do desempenho acadêmico por linha de pesquisa
utilização ou não da Biologia Molecular: quarta aproximação entre as
comunidades de bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica
135
IV. 6 Comparação com outras comunidades de pesquisadores bolsistas de
Produtividade em Pesquisa do CNPq caracterização e determinantes
do desempenho acadêmico: quinta aproximação entre as comunidades
de bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica
143
IV. 6. 1 Comparação com as comunidades de pesquisadores bolsistas de
produtividade em pesquisa do CNPq nas áreas de Imunologia e
Zoologia
145
IV. 6. 2 Comparação com a comunidade de pesquisadores bolsistas de
produtividade em pesquisa do CNPq na área de Física
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ISCUSSÃO
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ONCLUSÃO
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EFERÊNCIAS
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A gênese da Ciência apresenta etapas evolucionárias da maneira de explorar o
objeto de estudo e que podem ser identificadas no desenvolvimento das Ciências Sociais e
dos estudos sociais da própria Ciência.
Primeiramente, se debruçava sobre a natureza, a fim de descrevê-la, classificá-la,
passando subseqüentemente a quantificá-la e, de forma mais pretensiosa, controlá-la por
meio da atribuição de modelos capazes não só de explicar seu funcionamento, mas também
de alterá-lo no sentido de alterar o direcionamento de seus resultados, segundo as
necessidades sociais. As Ciências Sociais surgem primeiramente da necessidade de o
homem conhecer sua cultura, crenças, forma de organização e vida, por meio da
possibilidade de aplicação e adequação dos mesmos métodos de análise aprendidos com
as Ciências Naturais, possibilitando a manipulação ou ajuste dos caminhos trilhados pelos
povos.
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Sociologia, segundo Max Weber, é a Ciência que se ocupa da compreensão
interpretativa da ação social (Weber, 1979).
O século XVIII foi marcado por grandes transformações, e estas levaram o homem a
analisar a sociedade, um novo objeto de estudo. As Revoluções Industrial e Francesa
mudaram completamente o curso que a sociedade estava tomando na época. A Revolução
Industrial representou a consolidação do capitalismo, uma nova forma de viver, a destruição
de costumes e instituições, a automação, o aumento de suicídios, prostituição e violência, a
formação do proletariado, etc (Canon, 1997; Marcuse, 1978). Essas novas existências
substituíram, paulatinamente, o pensamento moderno, que foi se tornando racional e
científico, substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum.
O cenário da Revolução Francesa levou à constituição de um estudo científico da
sociedade, com filósofos a fim de transformar a sociedade, os iluministas, que objetivavam
demonstrar a irracionalidade e as injustiças de algumas instituições, pregando a liberdade e
a igualdade dos indivíduos (Bottomore, 1973; Galliano, 1986 e Turner, 1999).
Contra a revolução, alguns pensadores tentaram reorganizar a sociedade,
estabelecendo ordem, e conhecendo as leis que regem os fatos sociais. Era o surgimento
do positivismo e, com ele, a instituição da ciência da sociedade. Tal movimento revalorizou
certas instituições que a revolução francesa tentou destruir e criou uma física social, criada
por Comte, pai da sociologia. Outro pensador positivista, Durkheim, tornou-se um grande
teórico desta nova ciência, se esforçando para emancipá-la como disciplina científica.
Foi nesse contexto que surgiu a Sociologia, Ciência que, mesmo antes de ser
considerada como tal, estimulou a reflexão da sociedade moderna colocando-a como objeto
de estudo (Berger, 1973; Santos, 1978; Hekmam, 1970; Tajffel, 1972).
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A análise sociológica do conhecimento científico surge com a obra de Marx sendo
objeto de um dos ramos da Sociologia, a Sociologia do Conhecimento, baseada na
proposição que as diversas formas de conhecimento não se desenvolvem no vácuo social,
em função da simples acumulação de informações, conceitos e teorias (Schwartzman,
1980).
A Sociologia da Ciência é considerada um dos ramos especiais da Sociologia do
Conhecimento (Merton, 1968). Considerado o fundador da Sociologia da Ciência, Robert
Merton, ao descrever comportamentos individuais e coletivos de cientistas assim como o
universo que os comporta normas, hábitos sociais e profissionais, valores e idéias
caracteriza a primeira fase da Sociologia da Ciência, nas décadas de 30 e 40, figurando
como um dos primeiros a elaborar um conjunto de teorias a fim de explicar o funcionamento
da Ciência, aqui vista como instituição, distinta e autônoma, e como estrutura social
normatizada (Japiassu, 2000).
A segunda fase dos estudos da Sociologia da Ciência se inicia nos anos 60,
descerrando um colapso sistemático e profundo da visão heróica de Ciência. A construção
teórica que inspira e orienta os estudos desta fase foi à publicação de A Estrutura das
Revoluções Científicas de Thomas Kuhn, em 1962 (Shapere, 1981). A Sociologia da Ciência
passa a ser dominada pela noção de paradigma. Sua concepção do saber científico rompe
com o racionalismo dos estudos precedentes. A tese fundamental de Kuhn consiste em
dizer que a Ciência é capaz de colocar suas hipóteses e teorias à prova por ocasião de
crises e revoluções. Esta teoria colocou em questão os dois elementos sobre os quais se
funda a teoria mertoniana: a representação positivista da Ciência e a idéia de um ethos
científico (Gutting, 1980; Fuller, 1994, Japiassu, 2000).
Durante as décadas de 70 e 80, tais estudos continuaram se desenvolvendo,
somando-se aos neo-schumpeterianos, na área de economia, denominados economia da
inovação. Atualmente, o panorama é complexo e heterogêneo e o critério disciplinar não
permite mais a classificação nítida dos trabalhos existentes, porém ter esses critérios claros
permite a distinção dos tipos de estudo dentro do campo da Ciência Tecnologia &
Sociedade (Dagnino e Versino, 2000).
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De acordo com os trabalhos de Merton, o caráter da Ciência, assim como seu
desenvolvimento, se configura na concordância pela comunidade científica de valores,
normas e regras do sistema social da ciência. Entretanto, teorias diversas têm sido
apresentadas sobre o comportamento e desenvolvimento da Ciência e sua comunidade,
dividindo-se, entre os que a estudam separadamente, como elemento interno, fechado em si
mesmo, e os que buscam as suas relações com elementos externos (Velho, 1986).
Durante muitos anos do século XX, os estudos internalistas e externalistas da
Ciência defenderam com veemência posições antagônicas quanto a seus focos de
investigação.
Os estudos internalistas possuíam uma forte inclinação racional e idealista. Para
Koyré (1930/1982), fundador da moderna historiografia da Ciência, (...) a ciência tem e
sempre teve uma vida própria (...) e que é somente em função de seus próprios problemas,
de sua própria história, que ela pode ser compreendida. Por outro lado, os estudos
externalistas da Ciência tinham como foco o contexto social onde se dava o trabalho do
cientista, as influências sociais na transformação da Ciência. A força dessa dicotomia
perdurou até a década de 1970, do século XX, mas, atualmente, já existe consenso entre os
historiadores da Ciência que as duas abordagens não se excluem, ao contrário, se
complementam (Bazzo, 1998; Cruz, 2006; Oliveira, 2006).
Independentemente da maneira de analisar o ambiente no qual a Ciência se
desenvolve, as teorias de alguns dos principais autores podem ser divididas em três
enfoques principais (Dagnino e Versino, 2000):
a) Comunidade científica e colégios invisíveis Thomas Kuhn, Robert K. Merton;
Joseph Ben-David; Warren Hagstrom; John Derek de Solla Price.
b) Campo científico e círculos de crédito-credibilidade – Pierre Bourdieu; Bruno
Latour e Woolgar.
c) Arenas trans-epistêmicas de pesquisa – Karin Knorr-Cetina.
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Os conceitos de Ciência e conhecimento científico são definidos de diferentes
maneiras pelos diversos autores que se lançam à tarefa de refletir sobre eles. Entretanto, a
maior parte dos que buscam definir a Ciência concorda que ao se falar em conhecimento
científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de qualquer outro tipo de conhecimento
existente (Lakatos e Marconi, 1986). Dentre esses autores destacamos Bruno Latour,
Thomas Kuhn, Gaston Bachelar, Karin Knorr-Cetina e Pierre Bourdieu.
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Thomas Kuhn desligou-se da epistemologia tradicional e da imagem da Ciência
herdada do iluminismo e reforçada pelo positivismo e lançou-se na questão a respeito dos
efetivos procedimentos intelectuais e institucionais da atividade científica, das suas
características de sucesso e de crise, levando a uma profunda ruptura na Filosofia das
Ciências (Carrilho, 1994). Em seus trabalhos, Thomas Kuhn propõe que o conhecimento
científico não cresce de modo cumulativo e contínuo, mas sim de forma descontínua,
através de saltos qualitativos, que não se podem justificar em função de critérios de
validação do conhecimento científico. A sua justificação reside em fatores externos, que
nada têm a ver com a racionalidade científica e que, segundo ele, contaminam a própria
prática científica. Fatores psicológicos e sociológicos na organização de um trabalho
científico ganham projeção através dos trabalhos de Thomas Kuhn e essa projeção
representa uma grande mudança na imagem da Ciência (Carrilho, 1994).
A obra de Kuhn desencadeou e inaugurou um discurso inovador na Filosofia da
Ciência, privilegiando os aspectos históricos e sociológicos na análise da prática científica.
Segundo Thomas Kuhn, a Ciência passa por saltos qualitativos, os quais ocorrem em
períodos de desenvolvimento científico, em que são questionados os princípios, as teorias,
os conceitos básicos e as metodologias, que até então orientavam toda a investigação e
toda a prática científica. Todos esses princípios constituem o que ele denomina paradigma.
Procurando ser fiel ao autor, utilizamos o conceito de paradigma em dois sentidos
fundamentais. Num sentido lato sensu, o paradigma kuhniano refere-se àquilo que é
partilhado por uma comunidade científica, uma forma de fazer Ciência, uma matriz
disciplinar. Em sentido particular, o paradigma é um exemplar; é um conjunto de soluções
de problemas concretos, uma realização científica-concreta que fornece os instrumentos
conceituais e instrumentais para a solução de problemas. Dessa forma, o paradigma
constitui uma concepção de mundo a qual abrange um conjunto de teorias, instrumentos,
conceitos e métodos de investigação; no outro caso, o conceito é utilizado no sentido de
realizações científicas concretas capazes de fornecer modelos dos quais brotam as
tradições coerentes e específicas da pesquisa científica (Kuhn, 1970, 1972; Batista, 1996).
Uma outra questão proposta por Kuhn faz referência ao desenvolvimento da ciência
madura, a qual se processa em duas fases, a fase da ciência normal e a fase da ciência
revolucionária. A ciência normal seria a Ciência dos períodos em que o paradigma é
unanimemente aceito, sem qualquer tipo de contestação entre os membros da comunidade
científica. O paradigma orienta a comunidade no que diz respeito ao objeto de estudo a ser
investigado e de que forma se dará essa investigação. Nesta fase da ciência normal, o
cientista procura não questionar ou investigar aspectos que extravasem o paradigma vigente
O trabalho do cientista exprime uma adesão muito profunda ao paradigma (Santos, 1978).
Dessa forma, que se compreender a profunda resistência manifestada pela
comunidade à mudança de paradigmas, uma vez que a ciência normal não caminha através
de êxitos apenas, caso contrário não seria possível o acompanhamento de inovações
profundas que têm lugar ao longo do desenvolvimento científico e que, segundo Thomas
Kuhn, ocorrem por mudança de paradigmas (Santos, 1978).
Problemas e incongruências até então insolúveis serão redefinidos por um novo
paradigma, oferecendo-lhes uma solução convincente. É neste sentido que esse novo
paradigma vai se impondo junto da comunidade científica. Entretanto essa substituição não
ocorre de um modo rápido; o período de crise caracterizado pela transição de um paradigma
a outro, pode ser bastante longo. Os cientistas claramente comprometidos e educados à luz
do paradigma anterior tentarão de todas as formas impedir sua substituição. Utilizando a
linguagem kuhniana, paradigmas são incomensuráveis. Se necessário mais ou menos
tempo para o novo paradigma se impor, por outro lado, uma vez imposto, ele passa a ser
aceito sem discussão e as gerações futuras de cientistas são educadas para aceitá-lo já que
o mesmo resolveu definitivamente os problemas fundamentais (Santos, Ichikawa, 1999).
Segundo Thomas Kuhn, da fase da ciência revolucionária passa-se de novo à fase
da ciência normal e, portanto, ao trabalho científico sub-paradigmático.
O processo de imposição de um novo paradigma configura um processo retórico, um
processo de persuasão em que participam diferentes audiências relevantes, ou seja,
diferentes grupos de cientistas. Relações dentro dos grupos e entre os grupos, sobretudo as
relações de autoridade (científica e outra) e de dependência devem ser estudadas. Faz
necessário também um estudo no que diz respeito à comunidade científica em que se
integram esses diferentes grupos, o processo de formação profissional dos cientistas, o
treinamento, a socialização no seio da profissão, a organização do trabalho científico, etc
(Santos, 1978).
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A revolução científica, promovida no início do século XX, faz o papel de pano de
fundo da obra do filósofo francês Gaston Bachelard. O principal objetivo pretendido por
Gaston Bachelard em sua obra fazia referência ao estudo do significado epistemológico
desta ciência então nascente, procurando dar a mesma uma filosofia compatível com a sua
novidade. Gaston Bachelard formulou suas principais proposições para a Filosofia das
Ciências baseadas em a historicidade da epistemologia e a relatividade do objeto rompendo
com a idéia de evolução e continuidade no processo do fazer científico ou da construção do
conhecimento humano para dar lugar à tese de que a Ciência é dinâmica e caminha na
direção de cortes e rupturas, e não de forma linear e progressiva (Rodrigues, 2005).
Para Gaston Bachelard (1972), o conceito de ruptura epistemológica foge dos
esquemas indutivos e metodológicos do experimentalismo positivista – onde a verdade
científica se daria a partir de uma adequação do pensamento/teoria à experiência/prática. A
Física e a Química, em meio a suas transformações, no final do século XIX ao início do
século XX, foram de grande importância e criam um panorama propício ao aparecimento
das novas reflexões sobre a Ciência.
Bachelard procurou demonstrar que o conhecimento que temos do real é relativo ao
processo e à forma pelos quais interagimos com ele. Sendo assim, como conseqüência da
maneira de interagir com o real, uma ou mais características do objeto em observação se
apresenta de forma mais clara ao sujeito. Em sua obra A Formação do Espírito Científico,
Gaston Bachelard (1996) considera como primeiro fator contrário à construção do
conhecimento científico o fato da experiência básica ser posta à frente e acima da crítica.
Esta sim, segundo Gaston Bachelard, seria o elemento necessariamente integrante do
espírito científico. Segundo Gaston Bachelard nenhuma experiência pode ser totalmente
assegurada sem o elemento crítico ao próprio trabalho. O espírito científico deve formar-se
contra a Natureza, contra o que dentro e fora dos sujeitos que a determinam do impulso
e da essência da Natureza, e conseqüentemente, contra o entusiasmo natural do
pesquisador.
Em sua teoria sobre a ruptura epistemológica como fundadora de um novo saber,
Bachelard ressalta o destino grandioso do pensamento científico abstrato. E demonstra que
o pensamento abstrato não é sinônimo de consciência científica, como consideravam os
positivistas clássicos. Ao contrário, para o autor, o pensamento abstrato (teoria) dinamiza a
ciência, o Espírito Científico.
O novo espírito científico, portanto, encontra-se em descontinuidade, em ruptura,
com o senso comum, o que significa uma distinção, nesta nova Ciência, entre o universo em
que se localizam as opiniões e os preconceitos. A ruptura epistemológica entre a Ciência
contemporânea e o senso comum é uma das marcas da teoria bachelardiana.
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Filósofo e antropólogo francês conhecido pelos seus livros que descrevem o
processo de pesquisa científica, dentro da uma perspectiva construtivista que privilegia a
interação entre o discurso científico e a sociedade. O argumento central proposto por Latour
em um de seus principais livros A vida em laboratório, é que a Ciência não se distingue de
outras práticas sociais. A diferença entre o científico e o social, entre a face interna e a face
externa da Ciência não resiste à observação sistemática realizada dentro de um laboratório.
As práticas científicas poderiam ser caracterizadas (mais apropriadamente) pela
utilização de outros recursos que não o método científico, da forma como a Ciência o
recomenda. Para Bruno Latour e Woolgar (1997) a principal atividade que ocorre no interior
dos laboratórios parece ser a de produzir fatos e, posteriormente, transmiti-los ao exterior
em forma de artigos científicos. O autor argumenta que entre aquilo que ocorre do lado de
dentro dos laboratórios e o que é relatado sobre esta ocorrência, existe uma dimensão
obscura que necessita ser pormenorizada. O cientista, assim como qualquer outro ator
social, utiliza estratégias persuasivas que visam garantir a aceitação dos enunciados por ele
produzidos. Para Bachelard, as atividades que os pesquisadores fazem as interações
existentes entre eles, os materiais que os circundam e os esforços que empregam na
construção de teorias, literatura e experimentos científicos, são denominados fatos
científicos (no caso de serem legitimados) ou artefatos (caso não sejam bem-sucedidos em
determinados âmbitos ou situações). Compreender os movimentos e orientações da
passagem de um artefato a um fato científico, explica a Ciência, e daí são retiradas
caracterizações pouco habituais do trabalho dos cientistas. Esse olhar sobre a Ciência,
próprio dos estudos de laboratório percebe a construção dos fatos ali produzidos, fatos
científicos. Segundo Latour e Woolgar (1997), essa mesma realidade foi denominada por
Bachelard de phenomenotechnique.
Um outro ponto importante a ser destacado é que a construção dos textos científicos,
segundo o autor, desempenha um papel fundamental para o estudo e a compreensão da
realidade científica.
A atenção de Latour está voltada para a criação de fatos científicos através de sua
inscrição, da averbação de textos científicos que se reafirmam e se reproduzem como
verdades legitimadas e amparadas permanentemente não apenas pelo próprio campo
científico, mas também por toda a dimensão do contexto social (Latour, 2000).
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A socióloga Karin Knorr–Cetina pertence à mesma corrente de Bruno Latour. Os
trabalhos de ambos, embora diferenciados entre si, foram classificados como construtivismo
ou construcionismo social da Ciência.
Os primeiros trabalhos de Knorr–Cetina, os quais articularam uma aproximação
teórica construtivista, foram publicados entre 1977 e 1981. Conhecer a gênese do
conhecimento cientifico vem sendo seu interesse central, o qual apresenta como ponto de
partida a observação da mesma, ou seja, a observação do processo de produção do
conhecimento científico. Um dos principais pontos de argumentação abordados nos
trabalhos de Karin Knorr–Cetina faz referência ao fato de os laboratórios científicos
funcionarem como empresas muito mal-compreendidas, uma vez que esses são
considerados locais onde hipóteses são testadas, teorias desenvolvidas e coisas geradas
(Crespi, Fornari, 2000; Rodrigues, 2002).
Contrariando esse imaginário contemporâneo, Karin Knorr–Cetina (1981) procura
argumentar que os laboratórios, calcados em uma perspectiva instrumental, o lugares
onde coisas são feitas para funcionar. A atividade científica pode (e deve), segundo Karin
Knorr–Cetina, ser vista como uma progressiva seleção daquilo que funciona pelo uso
daquilo que funcionou no passado e que plausivelmente funcionará sob circunstâncias
idiossincráticas presentes (1981). Dessa forma seríamos levados a abandonar uma histórica
e tradicional visão empirista da teoria – cara à ortodoxia epistemológica de tendência
analítica em que as teorias são como casulos deixados para trás quando a prática é
abstraída do procedimento da pesquisa (Sismondo, 1993). Essa nova abordagem
sociológica tem feito com que Karin Knorr–Cetina conclua que as teorias não iluminam,
obrigatoriamente, a ida para a prática cotidiana do cientista e que a instrumentalidade da
Ciência ou do binômio tecno-ciência, no interior dos laboratórios, obscurece completamente
o bem-arrumado método científico. Dessa forma, supõe-se que muitas das práticas
científicas são contingentes, oportunistas e meramente instrumentais.
Para Karin Knorr–Cetina (1983), o estudo do conhecimento científico apresenta
como objetivo primeiro a investigação a respeito de como os objetos científicos são
produzidos num laboratório, ao invés da preocupação sobre como fatos são preservados
nas afirmações científicas sobre a natureza.
Sendo assim, não é a teoria ou o método científico que desempenham um papel
fundamental na produção científica, mas, antes, o contexto em que se desenvolve o trabalho
científico, uma vez que os produtos gerados em laboratório, ao invés de serem
caracterizados por sua factualidade e rigor científico, são, na verdade, manufaturados de
maneira instrumental, assumindo as contingências circunstanciais presentes em seu
processo de construção laboratorial.
Embora as reivindicações construtivistas da atividade científica de Latour sejam
muito semelhantes às de Knorr–Cetina, existem algumas diferenças de abordagens. Latour
busca demonstrar, enfatizando a dimensão da atividade lingüística, a artificialidade de
muitos fenômenos científicos, mais que a artificialidade metódica ou laboratorial, tema esse,
enfatizado por Knorr–Cetina.
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A discussão sociológica de Pierre Bourdieu, um importante sociólogo francês,
centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução
social que legitimam as diversas formas de dominação. Pierre Bourdieu responde pela
autoria de uma sofisticada teoria dos campos de produção simbólica, onde o sociólogo
procurou mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresentam-se sempre
na forma transfigurada de relações de sentido (Bourdieu, 1989). Para empreender esta
tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos específicos, retirando os fatores econômicos do
epicentro das análises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele como
violência simbólica. Ele defende a não arbitrariedade da produção simbólica na vida social,
advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que expressam
por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma
distinção social. Esta postura consiste em admitir que existem no mundo social estruturas
objetivas que podem dirigir, ou melhor, coagir a ação e a representação dos indivíduos,
chamados por ele de agentes. No entanto, tais estruturas são construídas socialmente
assim como os esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus
(Bourdieu, 1994).
Bourdieu rejeita trabalhar no âmbito do fisicalismo, considerando o social como fato
objetivo (Bourdieu, 1990).
Uma das mais importantes questões na obra de Bourdieu se centraliza na análise de
como os agentes incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo em que a produzem,
legitimam e reproduzem. Neste sentido se pode afirmar que ele dialoga com o
Estruturalismo, ao mesmo tempo em que pensa em que espécie de autonomia os agentes
detêm. Bourdieu, então, se propõe a superar tanto o objetivismo estruturalista quanto o
subjetivismo interacionista (fenomenológico, semiótico).
O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos
fundamentais: campo, habitus e capital.
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Segundo Pierre Bourdieu (1983a), o conceito de campo se define como o locus onde
se trava uma luta concorrencial entre os atores em torno de interesses específicos que
caracterizam a área do saber em questão. Particulariza-se como um espaço onde se
manifestam relações de poder e estruturado a partir da distribuição desigual de um quantum
(capital).
O campo não é neutro, cooperativo e indiferenciado. Ao contrário, é um lugar
desigual dividido em dois grupos: o de dominantes e o dos dominados. Aos primeiros cabe o
lugar superior na hierarquia, donos do capital e que podem impor a definição de Ciência de
acordo com seus interesses. Ao segundo grupo cabe a posição inferior na hierarquia (Freire,
1995).
Nessa perspectiva, a atividade cientifica ocorre em um campo científico, definido por
Bourdieu como um espaço semelhante a um campo de batalhas, a um jogo em que estão
em luta o monopólio da autoridade científica que tem o poder social de um agente para falar
e a agir legitimamente em assuntos científicos. Desta forma, o campo científico instaura-se
pelo crédito científico, uma espécie de capital (produção de conhecimento) que pode ser
acumulado, transmitido em um mercado específico particular dentro da ordem econômica
estabelecida no campo (Bourdieu, 1983b, 2000).
Pierre Bourdieu destaca duas formas diferenciadas de capital científico: o poder
institucionalizado ligado às posições hierárquicas nas instituições científicas e ao controle
dos meios de produção e reprodução, e o poder específico do prestígio pessoal fazendo
referência ao reconhecimento dos pares.
Portanto, para Bourdieu, segundo Hochman (1994), o campo científico é um espaço
pré-determinado, um microcosmo dotado de leis próprias, um mercado que está cada vez
mais restrito a concorrentes melhor aparelhados e com mais capital científico acumulado.
Cientistas estão constantemente em luta por autoridade e reconhecimento, traçando
variadas estratégias e efetuando ações em uma ou outra direção para atingir seus objetivos.
As lutas se dão em torno da apropriação de um capital específico do campo e/ou pela
redefinição daquele capital. Nesse esforço, criar ou fortalecer novas áreas ou campos de
pesquisa (disciplinas) pode ser, em determinados momentos, a atitude mais interessante ou
lucrativa dentro do jogo científico. São contextos específicos de reações e contra-reações à
estrutura de posições dentro de um campo que motivam a criação de novos campos,
gerando a migração de alguns cientistas para os mesmos, dando assim origem a novas
disciplinas que, com o tempo, vão buscar se legitimar enquanto campo científico. Nesse
processo, é fundamental a formação de uma infra-estrutura de discursos e uma dinâmica de
institucionalização que garanta a legitimidade dos novos campos científicos criados (Araújo,
2006; Callon, 1989, Latour e Calmon, 1991).
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Habitus e campo, para Pierre Bourdieu (1990), encontram-se dialeticamente
relacionados, uma vez que o habitus representa o princípio gerador de respostas mais ou
menos adaptadas às exigências de um campo, assim como configura o produto de toda a
história individual dos atores do campo. Por outro lado, a historicidade é quem distingue o
hábito do habitus. O hábito é tido por algo espontâneo, repetitivo, mecânico e automático,
podendo ser considerado um costume que se adquiriu pela repetição de certos atos. o
habitus é incorporado ao longo da trajetória de vida de cada indivíduo, constituindo aquilo
que se adquiriu, mas que se encarnou no corpo de forma durável [mas não imutável] sob a
forma de disposições permanentes. O habitus é ainda algo que se inscreve quase que
geneticamente, assumindo a aparência de algo inato ou mesmo natural (Bourdieu, 1983a).
As relações existentes no interior de cada campo definem-se objetivamente,
independentemente da consciência humana. Na estrutura objetiva do campo (hierarquia de
posições, tradições, instituições e história), os indivíduos adquirem um corpo de disposições,
que lhes permitem agir de acordo com as possibilidades existentes no interior dessa
estrutura objetiva. Assim, o habitus funciona como uma força conservadora no interior da
ordem social (Bourdieu, 1994).
O campo científico exige dos seus participantes um saber prático das leis de
funcionamento desse universo, isto é, um habitus adquirido pela socialização prévia e/ou por
aquela praticada no próprio campo (Best, 1996).
Foi à noção de habitus que permitiu a Bourdieu compreender não apenas o
comportamento do indivíduo, isoladamente, mas também o comportamento dos
agrupamentos sociais. No que se refere aos grupos ou classes sociais, é o habitus de
classe que exerce o papel de mediador entre as estruturas e as práticas.
Como produto das relações sociais, o habitus tende a conformar e orientar a ação.
Essa tendência se dirige à reprodução das relações objetivas que o engendraram. Para
Bourdieu (1989), cada agente, quer saiba ou não, quer queira ou não, é produtor e
reprodutor de sentido objetivo, porque suas ações e suas obras são produto de um modus
operand do qual ele não é o produtor e do qual ele não possui o domínio consciente; as
ações encerram, pois, uma intenção objetiva, como diria a escolástica, que ultrapassa
sempre as intenções conscientes. Ele postula que as ações sociais são concretamente
realizadas pelos indivíduos, mas as chances de concretizá-las se encontram objetivamente
estruturadas no interior da sociedade global o que coloca um limite nas suas
possibilidades de realização. Nessa perspectiva, a prática científica, então, pode ser definida
como produto da relação dialética entre uma situação e um habitus.
À medida que a linguagem e as atividades científicas se especificavam, surgiram
novas especialidades, disciplinas, com redes de instituições, publicações e reuniões
próprias. Como em qualquer outra profissão, o aumento quantitativo conduziu à
concorrência acirrada por reconhecimento, recursos e sobrevivência. O processo de
profissionalização implica pertencer a uma associação científica, entidade que tem o papel
de regulamentar e comunicar (Salomon, 1996).
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Uma definição simples e direta do que seria uma comunidade científica seria aquela
que a considera uma associação de pessoas vinculadas pela comunicação de informações
(Kneller, 1980). Apesar de se tratar de uma definição correta ela é demasiadamente ampla,
pois todas as comunidades se vinculam de uma forma ou de outra para a comunicação de
informações.
Pierre Bourdieu introduz a noção de campo científico, em clara oposição ao conceito
de comunidade científica de Kuhn, apesar de incorporar muito dos seus termos. Para
Bourdieu, a noção de comunidade científica autônoma, insulada e auto-reprodutora, com
cientistas neutros e interessados somente no progresso da sua disciplina, definida por Kuhn,
esconde, mais que elucida a dinâmica das práticas científicas na sociedade moderna
(Hochman, 1994).
A Sociologia da Ciência mertoniana considera a análise da estrutura e da dinâmica
interna da comunidade científica como um dos caminhos para se entender a estrutura social
da Ciência. É com essa perspectiva que Merton se dedica aos estudos sobre as relações
interativas entre os cientistas, focalizando a distribuição dos papéis sociais dos produtores
do conhecimento, a natureza do sistema de recompensas materiais e simbólicas —, as
formas de competitividade, os meios de divulgação do conhecimento e, sobretudo, o
funcionamento do sistema de normas institucionais pelo qual se guiam as ações dos
cientistas (Collins, 1983 e Bloor, 1973).
A comunidade científica, segundo Merton, não se define pela concentração
geográfica de grupos locais de pesquisa reunidos em torno de alguma especialidade ou
tema de pesquisa, mas sim pela adesão a normas e valores comuns. Embora os cientistas
estejam afastados espacialmente, respondem, em grande medida, às mesmas forças
sociais e intelectuais que sobre eles incidem. Através de um sistema de controle
institucionalizado, essa coletividade é quem provê os critérios e mecanismos de validação
social do trabalho científico. Dessa forma a Ciência se apresenta como um corpo de
conhecimento socialmente compartilhado e validado e os estudos sobre a organização
institucional da comunidade científica operacionalizam o interesse teórico central da
Sociologia da Ciência mertoniana, o qual faz referência a analise da conformação da
Ciência como uma instituição social dotada de uma estrutura particular de funcionamento
(Kropf, Lima,1998/1999).
Segundo os autores supracitados, a comunidade científica, sob o prisma de Thomas
Kuhn, como unidade produtora e legitimadora do conhecimento científico configura a noção
que permite conferir operacionalidade tanto ao conceito de paradigma quanto ao de ciência
normal. Para Thomas Kuhn o paradigma governa antes de tudo não um objeto de estudo,
mas sim um grupo concreto de praticantes da Ciência. A estrutura da ciência normal é dada
justamente pelo consenso, compromisso e adesão de uma determinada comunidade à
tradição de pesquisa informada pelo paradigma. Ainda de acordo com Thomas Kuhn ter sido
formado e estar inserido numa sólida e estável rede de compromissos compartilhados que
envolvem tanto aspectos cognitivos quanto valores e crenças sociais conferem ao cientista o
status de membro da comunidade científica.
A noção de que o conhecimento científico é um sistema de convenções, construído e
reproduzido socialmente por meio da autoridade exercida pelo grupo configura uma
significativa e nova abordagem que Thomas Kuhn trouxe para os estudos sobre a formação
e o funcionamento da comunidade científica (Hochman, 1994). Influenciado pelas idéias
finitistas de Wittgenstein, Thomas Kuhn (1970) afirma que a aplicação dos conceitos
científicos faz referência ao resultado do acordo estabelecido, na prática, por uma
comunidade específica de cientistas. Ainda que possa haver o juízo ao nível individual, o
significado dos termos e conceitos sempre será dado em função daquilo que a comunidade
científica julga como correto e legítimo, ou seja, o foco da atenção deve estar nas pessoas
que aplicam os conceitos e não nas coisas às quais estes se aplicam.
Para Thomas Kuhn, a comunidade científica unidade analítica para o estudo social
da Ciência traduz-se no grupo dos indivíduos reunidos por elementos comuns em sua
educação e aprendizado e caracterizados pela relativa plenitude de sua comunicação
profissional e relativa unanimidade de seu julgamento profissional. Diante dessa abordagem,
as comunidades científicas podem ser empiricamente identificadas não pela adesão a certos
temas da pesquisa, mas, pelo exame dos padrões de educação e comunicação através dos
quais se constrói e se sustenta um sistema de convenções norteador de uma determinada
maneira comum de perceber e praticar a Ciência.
Thomas Kuhn afirma ainda que as razões que levam os cientistas a aderir a um novo
paradigma funcionam como valores e não como regras objetivas de escolha. Esses valores
podem ser aplicados em situações concretas de diversas maneiras pelos indivíduos,
entretanto, sempre a partir do sistema aceito pela comunidade (Kropf, Lima,1998/1999).
A existência de várias comunidades científicas voltadas para assuntos diversos de
acordo com seu objeto de pesquisas é admitida por Thomas Kuhn (1970), entretanto essas
comunidades possuem, em essência, as mesmas características. O paradigma define de
modo rígido, o campo de estudo. Gilberto Hochman (1994) entende que a comunicação
entre os membros do grupo se manifesta da seguinte forma, para Thomas Kuhn a aceitação
de um paradigma pode ser verificada com o surgimento de jornais, revistas especializadas,
fundação de sociedades científicas, currículos de cursos universitários, citações, livros
didáticos, etc. Estaso algumas das formas de socialização e comunicação entre os
membros do grupo.
Os membros da comunidade científica usam uma linguagem particular e, para
entendê-la, é necessário conhecer as características dos grupos que a criaram e a utilizam.
A comunidade cria, legitima e reproduz esta linguagem que é a linguagem do conhecimento
científico. Kuhn (1970) não exclui, em sua teoria de paradigma, os problemas, as novidades,
até porque a comunidade precisa ser flexível para manter sua existência e ter consciência
deles e, em períodos de ciência normal, as anomalias são tratadas dentro da tradição
científica vigente. Mas, quando surgem problemas que esta comunidade não consegue
resolver dentro da tradição comunitária ele denomina de anomalias. Surgem explicações
não-tradicionais para os problemas anômalos e instaura-se uma instabilidade na
comunidade científica, uma crise. Para Kuhn (1970), quando um acúmulo de problemas
que a comunidade não consegue resolver é chegada a hora de renovar, sendo o paradigma
vigente substituído, parcial ou totalmente por outro, completamente novo e incompatível com
o anterior. A este movimento, necessário para o desenvolvimento da Ciência, Kuhn
denomina Revolução Científica. A comunidade científica passa a operar com novos
praticantes, novos livros, revistas etc. Portanto, um movimento cíclico no entendimento
de progresso científico de Kuhn. Um novo paradigma vigorará se houver adeptos e esta
nova comunidade que o constitui é a única instância que reconhece um conjunto de
conhecimentos como superior aos outros existentes.
Uma última teoria, importante para entender as atuais comunidades científicas, é a
da autora Karin Knorr–Cettina, uma autora que sai da análise macro da atividade científica e
vai ao laboratório para ver como é gerado o conhecimento científico no seu lugar específico,
aqui entendido como um lugar de pré-construção artesanal da realidade científica. Aponta
para a lógica oportunista da pesquisa científica, em que as regras que funcionam neste
espaço estabelecem as oportunidades, chances e distribuição de poder (Knorr–Cettina,
1982; Parson, 1964).
A posição dessa autora sobre comunidade científica não é, certamente a de Kuhn,
mas mais próxima de Bourdieu, uma vez que ela entende não se processar o progresso
científico em mudanças de paradigmas, mas, em métodos e práticas científicas locais e
contingentes e dependentes da economia do mercado.
Para ela a publicação de artigos, como forma de comunicação de resultados dos
trabalhos dos cientistas, reflete um caráter do que é contextualmente contingente,
transformado, restaurado. Por isso ela considera irreal a imagem de uma comunidade
científica cooperativa, inclusive negando a existência dela. O que existe é uma interação
competitiva entre cientistas, baseada em modelos que revelam o funcionamento da
economia do mercado (Parson, 1968). Ela lança mão de termos como capital, riscos,
investimentos, produção, semelhante a Bordieu, estabelecendo a atividade científica
desenvolvida por uma organização econômica e não por uma comunidade consensual e
cooperativa.
Existem diversas relações envolvendo os cientistas – uma combinação de pessoas e
argumentos que não podem ser classificados de puramente científicas nem não-científicas,
mas de disputa, por isso ela é eleita como arena. Dessa forma a organização econômica
não se restringe somente ao ambiente do laboratório, nem os cientistas determinam ou
sustentam sozinhos os trabalhos científicos (Sedas, 1972).
Essa arena científica comporta agências de financiamento, administradores, editores,
diretores de instituições científicas e outros elementos fora do campo de especialistas.
Mesmos os cientistas desempenham papéis de administradores, agenciadores em muitos
momentos e se relacionam tanto com outros cientistas como com os não cientistas e que
são responsáveis por decidir, escolher e negociar os recursos da pesquisa. A essas
diferentes formas de relacionamento, Karin Knorr-Cetina atribui o caráter de transepistêmico
da Ciência (Knorr–Cetina, 1981). As escolhas técnicas não são determinadas
exclusivamente por cientistas e, por isso, não sentido em se reivindicar que a
comunidade científica seja considerada a unidade relevante de produção do conhecimento.
As arenas transepistêmicas são constituídas, dissolvidas e reconstituídas cotidianamente na
atividade científica contextualizada, implicando jogos interativos entre os vários agentes que
dela participam (Hochman, 1994).
Além dos cientistas envolvidos na produção do conhecimento, Karin Knorr–Cetina,
ao abordar o estudo de comunidades científicas, indica outros fatores e elementos, uma vez
que para essa autora na arena transepistêmica está em jogo algo muito mais complexo do
que definições internas do problema científico. São os estudos sobre as práticas internas à
produção científica em laboratórios, numa perspectiva micro sociológica, que determinam as
características de comunidade, campo e mercado científico (Bernal, 1939).
Estas teorias acerca das relações que se estabelecem entre os cientistas mostram
que a atividade científica não se estabelece somente pelo trabalho intelectual dos atores
envolvidos. As formas de poder que entram em cena são determinantes nos resultados de
produção de um determinado autor ou instituição. Principalmente porque a produção
científica tem crescido vertiginosamente nas últimas décadas, gerando acúmulo de capital
científico, que esta concorrência é mais acirrada.
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À semelhança do uso coloquial ou da linguagem dos economistas, Pierre Bourdieu
usa o termo capital para designar um bem concreto, objetivo, uma riqueza, algo que pode
ser aplicado, de que se lança mão quando oportuno ou necessário. Nesse caso, o termo por
ele utilizado é capital econômico. Metaforicamente, o autor refere-se ainda a outras
categorias abstratas de capital que, em decorrência dos habitus, são incorporadas, e cita o
capital social, o cultural, o científico e o simbólico (Bourdieu, 2000). Dessa forma, os agentes
sociais não são movidos apenas por interesses econômicos, mas também por outros
interesses como os culturais, científicos, sociais, e religiosos, tendo por objetivo a obtenção
de prestígio, poder e distinção nos respectivos campos.
No campo científico, o capital científico começa a ser acumulado a partir das
primeiras conquistas acadêmicas. No Brasil, os estudantes de graduação que almejam
ascensão nesse campo, considerando os critérios vigentes, concorrem a bolsas de iniciação
científica, engajam-se em projetos de pesquisa e extensão, apresentam trabalhos em
eventos científicos e publicam artigos em periódicos especializados. Tais estudantes estão
conscientes da importância de um curriculum bem-construído para a conquista de vagas,
tanto em cursos de pós-graduação quanto para sua inserção no mercado de trabalho. No
que se refere a cursos de pós-graduação no país, interessam-se por aqueles reconhecidos
pelo MEC, os quais conferem aos egressos um capital científico institucionalizado e,
portanto, simbolicamente legítimo. Os pesquisadores de carreira, ou seja, aqueles
profissionais detentores de títulos de doutorado e pós-doutorado, visando ao acúmulo de
capital científico, investem principalmente na participação em bolsa de produtividade,
bancas examinadoras, em comitês e comissões científicas, grupos de pesquisa,
associações científicas nacionais e internacionais, cargos administrativos (Pessanha, 1998).
De igual forma, a autoria e co-autoria de livros, a publicação de artigos em periódicos
especializados nacionais e internacionais lhes confere maior autoridade científica.
Constata-se que em sua trajetória cada pesquisador direciona seu interesse fazendo
constantes e contínuas escolhas em busca de um acúmulo de capital científico. Nesse
sentido, a CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, por
meio de seu sistema de avaliação dos programas de pós-graduação no país, define critérios
para quantificar o capital científico e, com isso, estabelece os parâmetros que os
pesquisadores vinculados às várias áreas de conhecimento devem utilizar para avaliarem o
seu capital e o de seus pares (Schwartzman, 1982). O prestígio e o reconhecimento
angariados pelos docentes contribuem para novas oportunidades, como financiamento de
projetos de pesquisa, intercâmbio com Instituições de Ensino Superior estrangeiras, entre
outras vantagens.
Bourdieu (1994) assegura que, no campo científico, é inútil tentar distinguir os
interesses intrínsecos do pesquisador, entendidos como as determinações do campo
científico, dos interesses extrínsecos, ou seja, as determinações sociais propriamente ditas.
Em outras palavras, no campo científico, é percebido como importante e interessante
aquilo que pode ser percebido como importante ou interessante na opinião dos pares
concorrentes. Nesse sentido, fica evidente que o pesquisador depende também de sua
reputação junto aos colegas para obter fundos para pesquisa, para atrair estudantes de
qualidade, para conseguir subvenções e bolsas, convites, consultas e distinções. Assim, [...]
o campo dos objetos de pesquisa possíveis tende sempre a organizar-se de acordo com
duas dimensões independentes, isto é, segundo o grau de legitimidade e de prestígio no
interior dos limites da definição (Bourdieu, 2002). No entanto, para evitar a conotação de
uma ciência imanente, Bourdieu supõe que os investimentos científicos são precedidos de
uma avaliação [...] consciente ou inconsciente das chances médias de lucro em função
do capital acumulado. Isso explica a tendência dos pesquisadores a concentrarem seus
esforços em pesquisas que lhes tragam um lucro simbólico significativo. Por outro lado, o
maciço investimento em uma determinada área tende a ocasionar uma baixa no seu lucro
material e simbólico. Isso ocorre quando os resultados das pesquisas passam a ser
repetitivos e a inclusão de dados novos, rara. Como conseqüência, ocorre à migração dos
pesquisadores para outras áreas, o interesse se volta para outros objetos de pesquisa
dotados de menor prestígio e menos competitivos, porém com a possibilidade de um achado
inovador que possa conferir notoriedade. Há, portanto, no campo científico, objetos de
pesquisa e áreas temáticas capazes de conferir ao pesquisador mais capital que a outros
(Ferreira e Madureira Pinto, 1973).
Os estudos sociais da Ciência iniciaram seu caminho observando o comportamento
dos cientistas, a formação e organização de suas comunidades e sua interação com a
sociedade. Dessa observação pôde-se notar que havia fatores passíveis de classificação e,
de forma similar à natureza, de quantificação. A ciência das ciências, como denominou Price
(1963), nos seus inícios mediu não os feitos, mas a estrutura e magnitude das
comunidades científicas, que cresciam exponencialmente. De forma ainda mais abrangente,
todo o sistema de Ciência & Tecnologia, do qual se espera colher frutos úteis ao
desenvolvimento da sociedade, passa a ser medido e manipulado.
Dessa corrente, afirma Velho (1990), provêm as premissas teórico-conceituais que
fundamentam a utilização de indicadores científicos, tomando como produto da Ciência a
comunicação escrita, particularmente os periódicos, e restringindo a estimativa de impacto
da Ciência a ela mesma, sem que se estenda à sociedade.
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A avaliação é mais que uma ação cotidiana na Ciência; ela é parte integrante do
processo de construção do conhecimento científico. É através da avaliação – seja de artigos
para publicação, seja do currículo de um pesquisador para contratação, seja de um projeto
de pesquisa submetido para financiamento, seja de outras várias situações e atores que
se definem os rumos, tanto do próprio conteúdo da Ciência quanto das instituições a ela
vinculadas (Davyt e Velho, 2000).
O processo de avaliação em Ciência & Tecnologia ocorre de duas formas:
diretamente, pelos pares, e de modo indireto, pelo uso de métodos quantitativos. A forma
mais tradicional é a avaliação pelos pares, qualitativa e subjetiva por natureza. A outra,
predominantemente quantitativa, está baseada em procedimentos bibliométricos e
cienciométricos. Ambas as formas têm prós e contras e, para Castro (1986), Martin B R
(1996) e Kostoff (1997a), a interação entre elas parece ser o caminho mais apropriado.
Essas duas abordagens para avaliar Ciência & Tecnologia surgiram em momentos distintos
da História da Ciência.
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A avaliação de pesquisadores data do final do século XVII, e o sistema pelo qual
esses pesquisadores são avaliados é o mesmo até os dias atuais: a avaliação por pares.
Desde Galileu na corte dos Médici em Florença, passando pelos editores de livros e
periódicos do século XVII em diante, até os cientistas atuantes no momento, tentando
conseguir financiamento para seus projetos, os detentores do poder de decisão, sentiram
necessidade de assessoria para tomar decisões (Davyt e Velho, 2000). Essa assessoria
passou a ser solicitada aos pares, isto é, aos colegas daquele que estava em julgamento
(colegas estes que, freqüentemente, competem com o julgado pelos mesmos recursos e
recompensas: financiamento, premiações, espaço editorial, posições profissionais etc.) e
que, por sua formação e experiência, fossem capazes de emitir opinião informada e
confiável. Este processo tem sido denominado, genericamente, de revisão por pares ou
julgamento por pares peer review. Por outro lado a avaliação da Ciência, como atividade
rotineira, surgiu logo após a segunda grande guerra mundial (Axt, 2004; Barros, 1998).
Davyt e Velho (2000) ressaltam que a avaliação por pares do sistema científico
apresenta subsistemas relacionados aos diversos tipos de atividades, podendo ser
classificados em avaliação da capacidade demonstrada que se sobre a pesquisa
realizada e avaliação de potencialidades que busca medir o desempenho possível da
pesquisa por fazer. Deste último tipo espera-se poder reduzir riscos de financiamento, tendo
sido utilizado primeiramente pelas agências de fomento, gerando certo desconforto aos
cientistas, que depois passam a incorporar o sistema de recompensas da Ciência.
No sistema de avaliação por pares, a percepção que o avaliador tem sobre as
contribuições dos demais pesquisadores é crucial, definindo seu caráter essencialmente
qualitativo e subjetivo. Diversos autores, sem enfatizar a imparcialidade e a competência
dos avaliadores, caracterizam o sistema de avaliação por pares como intrínseco à
comunidade científica:
A utilização sistemática de referees, ou árbitros, para avaliar a atividade
científica é apenas um exemplo de juízes encarregados de avaliar a
qualidade do desempenho num sistema social. Esses juízes se encontram
em todos os âmbitos institucionais, sendo parte integral do sistema de
controle social, avaliando os desempenhos e distribuindo recompensas
(Zuckerman e Merton, 1973).
(...) no processo de desenvolvimento e consolidação da ciência como
instituição social, a revisão por pares define-se como o método de
avaliação formal, o mecanismo auto-regulador da ciência moderna (Chubin
e Hackett, 1990).
(...) Tal procedimento contribui para a consolidação da comunidade
científica, na medida em que são seus integrantes que definem as regras
de acesso e exclusão e que, através de uma hierarquia própria, distribuem
internamente tanto prestígio e autoridade como recursos (...). O julgamento
é realizado pelos pares profissionais dos solicitantes, a partir de critérios de
avaliação determinados internamente pela própria comunidade científica. A
representatividade desses pares não é definida genericamente pelas suas
articulações com outras instâncias de participação social, mas por critérios
arbitrados pela própria comunidade em termos da excelência de sua
produção científica e de sua formação acadêmica (Nicoletti, 1985).
A estrutura de autoridade da Ciência, no qual o julgamento por pares encaixa-se
perfeitamente faz jus às razões para o sucesso deste mecanismo de avaliação. Para
Zuckerman e Merton (1973), é esta estrutura (...), na qual o sistema de assessores ocupa
um lugar central, que fornece a base institucional para a confiabilidade e a acumulação do
conhecimento. Outros autores conferem aos próprios cientistas a responsabilidade pela
manutenção do sistema de julgamento por pares, defendido como símbolo e garantia da
autonomia, por ser uma estrutura que lhes é extremamente favorável (Spagnolo, 1989).
Entretanto, esse sistema não está imune à falhas, assim como em qualquer atividade
humana. De acordo com Martin (1996), os avaliadores se deparam, entre outros, com três
grandes problemas: os avaliadores não estão livres das pressões políticas e sociais
existentes em seu meio; são influenciados pela sua formação social e cognitiva; e não têm a
informação perfeita e completa do objeto avaliado.
Tais problemas afetam o modo como os cientistas avaliam as demandas dos seus
colegas. Cole, Cole e Simon (1981), comprovaram a imperfeição do processo ao
submeterem 150 propostas aprovadas pela National Science Foundation (NSF) ao crivo de
outros pesquisadores. O resultado revelou vários pareceres discordantes dos emitidos pelos
revisores da NSF. Uma das conclusões foi que visões distintas do que seja Ciência de
qualidade. Como diz Castro (1986), a qualidade da Ciência é o que os cientistas “de
qualidade” acham que é qualidade.
Além das questões relacionadas à qualidade e à qualificação e isenção dos
avaliadores, existe um terceiro elemento: a ética nos processos avaliativos. existem
registros de casos de favorecimento, negligência, conduta e má-fé. Para Barbieri
(1993b) uma tendência de favorecimento entre os pesquisadores renomados e as
instituições tradicionais, o que dificulta e muito o concurso de jovens pesquisadores e
instituições emergentes aos sistemas governamentais de fomento a Ciência & Tecnologia.
Essa tendência explica, em parte, a grande concentração de recursos em um número
reduzido de pesquisadores e instituições. Esse fenômeno, cunhado por Robert Merton em
1968, como Efeito Matheus, o qual, de acordo com o Evangelho de o Mateus A todo
aquele que acredita mais lhe será dada em abundância; e daquele que não crê lhe será
tirado a quem mais tem mais será dado. De acordo com McCutchen (1991), existem
relatos de casos verídicos envolvendo fraude, conduta, uso indevido da informação
privilegiada, lucro sobre a informação confidencial e manobras para obtenção de recursos
financeiros. Segundo Tulsthrup (1992), seria impossível assegurar a imparcialidade de quem
avalia, principalmente quando o processo envolve a distribuição de recursos. Já para
Meneghini (1998), o problema mais sério configura-se no fato de os mesmos indivíduos
estarem envolvidos no financiamento, na publicação e no processo de julgamento. Nas
considerações de Castro (1986), os cientistas tendem a julgar conscienciosamente seus
colegas. Essa afirmação ainda é válida, e não se conhece ainda um outro substituto ao
sistema de revisão por pares.
Atualmente, é possível distinguir duas formas básicas de utilização do processo de
avaliação. A primeira é o uso dos pares na análise de manuscritos submetidos aos
periódicos científicos para publicação. A segunda é a utilização da opinião de pesquisadores
iminentes pelas agências de fomento a Ciência & Tecnologia, como método de alocação de
recursos públicos para financiar pesquisas científicas e tecnológicas (Judson, 1994).
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O interesse de organismos públicos – e dos próprios governos em geral – na aferição
das atividades científicas tem início concomitantemente ao desenvolvimento e à
consolidação do aparelho do Estado, responsável pela alocação de recursos à Ciência &
Tecnologia, logo após do final da Segunda Guerra Mundial. Com o desenvolvimento da
teoria e da metodologia de indicadores de Ciência & Tecnologia este interesse torna-se
consolidado (Holbrook, 1992).
As ferramentas da Ciência começam a ser utilizadas na década de 1960 com
intenção de se estudar a própria atividade científica: com componentes metodológicos da
sociologia e da história, faz-se necessária a análise cienciométrica do campo e do capital
científico.
Como conseqüência da crise econômica, a partir dos anos 70, em muitos países
observa-se a redução dos recursos públicos para financiar a pesquisa científica
concomitantemente à elevação dos custos dessa mesma pesquisa científica, levando não
apenas à interrupção do crescimento sustentado do pós-guerra, assim como a criação de
critérios mais rigorosos de avaliação da pesquisa pública e de sua legitimação junto à
sociedade que a mantém (Brisolla, 1998).
Dessa forma pretendia-se aferir a eficiência do sistema com clara finalidade de
aumentar a sua produtividade, principalmente, o impacto sobre o setor econômico, uma vez
que se tornando cada vez mais difícil transpor para argumentos econômicos a relação
positiva entre o custo e o benefício da pesquisa (Brisolla, 1998). Em 1993, os Estados
Unidos, por exemplo, criaram o Government Performance and Results Act (GRPA), que
requeria que cada agência federal desenvolvesse um plano estratégico descrevendo metas
a serem alcançadas e criando critérios para aferir seu processo de pesquisa (Kostoff,
1997a).
Tornou-se imprescindível a criação de indicadores relevantes e confiáveis para essa
finalidade (Narin e Hamilton, 1996) e os métodos quantitativos, como a Bibliometria e a
Cienciometria, surgem como alternativas.
A Bibliometria estuda os aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da
informação registrada, desenvolvendo padrões e modelos matemáticos para medir esses
processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisão.
Como um segmento da Sociologia da Ciência, a Cienciometria se ocupa dos
aspectos quantitativos da Ciência como uma disciplina ou atividade econômica. Envolvendo
estudos dos índices bibliométricos, a Cienciometria vem sendo aplicada no desenvolvimento
de políticas científicas (Macias–Chapula, 1998).
Esses dois métodos fazem uso de modelos matemáticos e estatísticos sobre a
contagem de publicações, citações, patentes e outros itens que possam ser úteis para a
construção de indicadores de desempenho em Ciência & Tecnologia (Kostoff, 1997a).
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O termo Cienciometria surgiu na antiga União Soviética e na Europa Oriental, sendo
empregado especialmente na Hungria. Entre os primeiros autores a utilizá-lo estão Dobrow
e Carennol, em uma publicação do All Union Institut for Scientific and Thecnical
Information (Vanti, 2002). O termo scientometrics é aqui traduzido como Cienciometria em
português.
Nos anos 60, aliado à sociologia funcionalista de Merton e de seus seguidores,
Derek Solla Price e outros estudiosos da Ciência & Tecnologia desenvolveram a
cienciometria baseados mais concretamente, nos dois livros publicados por Price em 1961 e
1964, Science since Babylon e Little science, Big science respectivamente. Para a
construção dessas obras, Solla Price apóia-se em uma série de trabalhos bibliométricos
anteriores (Callon, Courtial e Penan, 1995).
Os primeiros estudos nesta área foram feitos por Garfield, Scher e Torpie em 1964. A
cienciometria vem sendo utilizada para medir a produção científica seja de um país (Science
watch, 1991), de uma comunidade científica (Lancaster e Carvalho, 1982) ou de uma
instituição (Krauskopf, 1992). Também vem sendo utilizada para mapear o intercâmbio entre
os países (Lewinson, Fawcett Jones & Kessler, 1993; Leclerc e Gagne, 1994) assim como
a evolução da pesquisa de determinado objeto de estudo (Small e Greenlee, 1986; e Small,
1994). Mais recentemente, têm servido como instrumento auxiliar da avaliação feita pelos
pares para determinar a distribuição de verbas na pesquisa.
A cienciometria trata da análise de aspectos quantitativos referentes à geração e
utilização de produtos científicos, visando um melhor entendimento da atividade científica
(Krauskopf, 1994).
Um novo termo, a Informetria, vem se tornando comum entre os cientistas da
informação da Europa e dos Estados Unidos como um campo geral de estudo que inclui as
áreas mais antigas da Bibliometria e da Cienciometria.
Segundo Tague–Sutckiffe (1992), a Informetria é o estudo dos aspectos quantitativos
da informação em qualquer formato, e não apenas dos índices bibliométricos, referentes a
qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas, podendo incorporar, utilizar e ampliar os
muitos estudos de avaliação da informação que estão fora dos limites tanto da Bibliometria
como da Cienciometria.
A Cienciometria, na visão de Spinak (1998), é formada por um conjunto de trabalhos
consagrados à análise quantitativa da atividade de investigação científica e técnica. Dessa
forma a Cienciometria poderia estudar não apenas os recursos e os resultados, como
também as formas de organização na produção de conhecimentos e técnicas (Callon;
Courtial; Penan, 1995). A Cienciometria se faz valer da utilização de técnicas bibliométricas
na Ciência e métodos matemáticos e estatísticos a fim de investigar as características da
pesquisa científica e dessa forma pode ser considerada um instrumento da Sociologia da
Ciência. O termo se aplica tanto às Ciências Físicas e Naturais quanto às Ciências Sociais,
indo muito além da aplicação de técnicas de mensuração, uma vez que se propõe a analisar
também o desenvolvimento das Ciências Políticas.
Rousseau (1998) afirma que o método cienciométrico considera o alcance que as
contribuições de um grupo visivelmente têm em relação ao desenvolvimento de novos
conhecimentos na frente de pesquisa. Ainda na visão de Spinak (1996), parte da análise
empregada pela Sociologia da Ciência se superpõe à essa nova Ciência, pois a natureza da
mesma diz respeito a mensuração do capital científico e conseqüentemente das relações no
campo e na comunidade científica em diferentes áreas do conhecimento.
No Brasil, os estudos no campo da cienciometria iniciaram-se no final da década de
70. O primeiro trabalho nesta área foi realizado por Morel e Morel (1977) que estudaram o
aumento do número de cientistas brasileiros na literatura científica internacional durante o
período 1967 – 1974, assim como dados sobre a produtividade de pesquisadores brasileiros
por região, estado e instituição.
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Com o lançamento do Science Citation Index® (SCI), do Institute for Scientific
Information (ISI) uma organização privada americana que reúne a maior base de dados
sobre produção bibliográfica em Ciência & Tecnologia em 1962, um grande avanço foi
obtido ainda no início da quantificação da Ciência (Targino e Gracia, 2000).
A literatura científica passa a ser aferida pelo SCI permitindo dessa forma a
construção de várias metodologias a fim de que a Ciência pudesse ser mensurada (Velho,
1989). Ainda em 1962, Derek de Solla Price, físico de origem e estudioso da História,
Filosofia e Sociologia da Ciência por opção, lançou Little Science, Big Science (Price, 1963).
Esse livro representou um marco, pois previa que a Ciência poderia ser prevista. Na obra de
Derek de Solla Price destacam-se duas características da Ciência Moderna: a) a Ciência
Moderna apresenta um crescimento exponencial com evidências de que esse crescimento,
ao longo de toda a sua trajetória, pode se ajustar a uma curva logística. Price também
provou que, a cada momento, o número de cientistas vivos é sempre maior que o número
de cientistas que existiram até então; b) na Ciência Moderna a grande maioria dos cientistas
produz pouco e uma minoria produz muito. Essa minoria, de uma forma geral, está
caracterizada por cientistas iminentes e pesquisadores de alta qualidade. Trabalhos
posteriores confirmaram as constatações de Price, que ainda deu uma outra contribuição à
quantificação da Ciência: o uso de indicadores como parâmetro para comparar e
compreender a evolução da Ciência e de seus vários campos do saber. A facilidade de se
obter indicadores científicos se deve à criação de bases de dados que armazenam
informações sob inúmeras formas e que permitem o acesso à literatura científica mundial
(Targino; Garcia, 2000).
Além do Science Citation Index® (SCI), o ISI desenvolveu bases de dados referentes
às Ciências Sociais – o Social Sciences Citation Index® (SSCI), e às Ciências Humanas o
Arts and Humanities Citation Index® (A&HCI). Essas bases de dados estão disponíveis na
plataforma Web of Knowledge que passou a ser de propriedade da empresa Thomson
Scientific, a partir de 1992. Esta plataforma conta com aproximadamente 8.500 revistas
científicas e técnicas, em mais de 100 disciplinas, fazendo um recorte da Ciência
internacional, denominado Ciência mainstream, ou, como Garfield mesmo afirma, os canais
mais importantes de comunicação científica internacional (Davyt e Velho, 2000), e tem como
principal objetivo disponibilizar a Ciência universal.
Os principais critérios utilizados pelo ISI para indexar as revistas científicas nas suas
bases de dados e, conseqüentemente, catalogar suas publicações são: (1) Avaliação dos
pares opinião do departamento de desenvolvimento editorial, conselho editorial do ISI,
departamento de pesquisa de mercado e sugestões dos assinantes; (2) Padrões das
Revistas publicações de pesquisas originais, periodicidade, convenções e padrões
editoriais, representação internacional e (3) Análise de citações análise dos dados no
Journal Citation Reports (JCR), dados do autor citado e Lei de Bradford (que permite estimar
o grau de relevância de periódicos em dada área do conhecimento). O não cumprimento de
algum destes critérios faz com que a revista não seja indexada ou mesmo venha a perder o
status já conquistado.
Diante dessa realidade, surgem alguns questionamentos, pois um padrão único para
utilização em escala mundial não considera as especificidades dos diferentes países e da
própria pesquisa, de naturezas diferentes (básica ou aplicada).
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Os indicadores quantitativos utilizados como descritores de desempenho de
pesquisadores e do progresso científico mostram-se, nos dias atuais, extremamente úteis à
gestão de Ciência & Tecnologia. A chave do sucesso dos métodos quantitativos encontra-se
intimamente ligada à construção de indicadores.
Como indicadores a cienciometria utiliza, (1) o número publicações, que reflete os
produtos da Ciência, medidos pela contagem dos trabalhos e pelo tipo de documentos
(livros, artigos, publicações científicas, relatórios etc.). A dinâmica da pesquisa em um
determinado país pode ser monitorada e sua tendência traçada ao longo do tempo; (2)
número de citações que reflete o impacto dos artigos ou assuntos citados; (3) co–autoria
que reflete o grau de colaboração na Ciência em nível nacional e internacional. O
crescimento ou o declínio da pesquisa cooperativa podem ser medidos; (4) o número de
patentes que reflete as tendências das mudanças técnicas ao longo do tempo e avalia os
resultados dos recursos investidos em atividades de Pesquisa & Desenvolvimento. Esses
indicadores determinam o grau aproximado da inovação tecnológica de um país; (5) o
número de citações de patentes mede o impacto da tecnologia e os mapas dos campos
científicos e dos países que auxiliam a localizar as posições relativas de diferentes países
na cooperação científica global. E estabelece diversas relações com o tempo, número de
autores, número de patentes, entre outros (Martin B R, 1996).
A validade dos indicadores se expressa na facilidade de acesso, na força dos
números como argumento irrefutável e na amplidão do estudo. E, como demonstrado por De
Meis e col. (1992), existe uma correlação positiva entre os indicadores, as citações e o
índice de impacto com a avaliação por pares.
Alguns aspectos da cienciometria são, no entanto, acompanhados de algumas
críticas. Construir bons indicadores não é uma tarefa simples. Eles requerem a participação
ativa de especialistas tanto para concebê-los como para validá-los. Significa conhecer em
detalhes o contexto, o sistema e o objeto ou processo a ser avaliado, para então extrair
deles características e aspectos singulares.
Das revistas científicas latino-americanas, por exemplo, aproximadamente 70% não
estão indexadas em nenhum sistema bibliométrico (Gibbs, 1995). Desta forma, milhares de
artigos científicos deixam de ser computados, o que compromete principalmente a produção
científica dos países consumidores, como no caso do Brasil, onde dois terços dos trabalhos
científicos são publicados em periódicos nacionais (Meneghini, 1992) que na sua maioria
não são indexados.
O uso das citações como critério para medir a qualidade ou a importância do trabalho
científico, também é merecedor de cautela. Alguns estudos revelaram que a maioria dos
artigos mais citados são artigos que tratam de metodologia e revisões (Anon, 1970; Seglen,
1997; Taubes, 1993; Moed, 1996; Bourke e Butler, 1996). Ainda com relação às citações, os
sociólogos argumentariam que elas podem ser compreendidas através do exame das
condições sociais que predispõem os cientistas a citar da maneira como o fazem. Assim,
para compreender o significado da citação, é necessário entender a sua realidade social. Na
observação de Martyn
(1965), a citação não é uma entidade, mas um fenômeno. Dessa
forma, de acordo com Blackwell e Kochtanek (1981), os sociólogos vêm reivindicando a
compreensão desse fenômeno, uma vez que os autores não citam da mesma forma. As
técnicas de indexação de citações não explicitam a natureza das relações entre os
documentos, apenas as utilizam para indexar a literatura científica.
Na abordagem de Glanzel e Schoepflin (1994), as políticas de publicação e as
possibilidades de recuperação oferecidas pelos agentes de bases de dados tendem a limitar
a pesquisa bibliométrica. Essas mesmas bases de dados mostram-se insuficientes frente às
expectativas dos especialistas em Bibliometria. Certas mudanças na estrutura dos dados ou
dos padrões fariam sentido somente se pudessem retornar pelo menos dez ou quinze
anos (Macroberts e Macroberts, 1989).
Por outro lado, sabe-se que, é de responsabilidade parcial dos indivíduos e/ou
instituições que comercializam informações alguns grupos de dados incompletos, como por
exemplo, as fontes de corporações. Em sua grande maioria sabe-se que editores de revistas
ou mesmo autores são responsáveis por omissões de dados ou informações incorretas.
Ainda figuram como fatores prejudiciais à confiabilidade das bases de dados bibliográficos a
elaboração superficial e arbitrária dos registros bibliográficos (por exemplo, autores com
diferentes afiliações), critérios de seleção não documentados e problemas de
compatibilidade entre diferentes versões de uma mesma base de dados por exemplo,
online e cd-room – (Macias–Chapula, 1998).
Frente a esses problemas e limitações faz-se necessário um diálogo entre autores,
editores e empresas que gerenciam as bases de dados a fim de discutir todos os pontos
aqui levantados. Particularmente os países em desenvolvimento têm urgência em identificar
e tratar esses problemas antes de adotar novas tecnologias de informação.
Apesar de todas essas limitações os resultados de projetos de pesquisa podem
proporcionar idéias e informações de como tornar a administração mais eficiente, além de
estabelecer um julgamento criterioso da performance científica de um projeto ou programa.
Avaliações práticas e racionais podem refletir necessidades específicas de uma
agência de fomento, uma organização ou uma instituição. Com essas informações os
pesquisadores teriam maior credibilidade e poderiam delinear melhores estratégias de
resultados e performance científica. Assim a proposta central da avaliação é promover a
qualidade científica, fazendo com que o país alcance um desenvolvimento econômico auto-
sustentável e promova a melhoria da qualidade de vida (Pritchard, 1969; Seglen, 1997).
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Atrás da contagem de citações está a Filosofia da Ciência (Macroberts e Macroberts,
1996).
A verificação do nível de interesse de outros cientistas por uma determinada
pesquisa, segundo Meadows (1999), consiste em uma das formas de avaliar a qualidade de
uma publicação. O método mais simples para se obter esta medida se por meio da
quantidade de citações dessa pesquisa na bibliografia ulterior.
O primeiro índice de citação cobrindo todos os principais campos da Ciência foi
publicado aproximadamente 40 anos. A abordagem de Merton foi utilizada pela primeira
vez, implícita ou explicitamente, por analistas de citação para justificação de suas práticas,
no início da década de 70 (Luukkonen, 1997).
A avaliação pelos pares e a presença de uma teoria normativa representam
pressupostos fundamentais da análise de citação (Fugl, 2001), onde a publicação, num
contexto científico, é uma representação da atividade científica de seu autor, e as idéias de
um autor estão relacionadas às idéias adquiridas do trabalho de seus pares (Rostaing,
1996). Dessa forma os autores citam os trabalhos que influenciaram seu artigo, e o acúmulo
de citações de um trabalho citado traduz-se como medida de qualidade, significância,
importância ou influência (Small, 1998), uma vez que as citações foram recebidas por conta
do crédito que lhes eram devidos.
Kuhn, Wittgenstein e Latour construtivismo social abordaram inicialmente, as
reivindicações da ciência tradicional, revelando a dependência que ela estabelece em
relação às forças sociais e pessoais, com a história e as crenças culturais, afirmando que o
conhecimento científico é negociado socialmente e não dado pela natureza (Macroberts e
Macroberts, 1989).
Em seus trabalhos relacionados a conteúdo e contexto da citação, Bruno Latour
aborda como idéia principal a de que a função dos textos científicos consiste na mobilização
de aliados em defesa da afirmação do conhecimento do próprio autor (Luukkonen, 1997).
Van Raan (1998) pontua que, mesmo que um cientista não referencie os trabalhos
que utilizou a validade da análise de citação não é afetada, pois é obrigado a fazer escolhas
entre as influências que os mais diversos atores exercem sobre ele, direcionando suas
citações principalmente à linha de pesquisa, o que é satisfatoriamente, estatisticamente e
suficientemente demonstrado pela avançada análise de co-citação. As diferentes posições
dos autores oferecem elementos para questionamento das premissas sobre as quais não
apenas a análise de citações, mas a concepção dos indicadores de produção científica
como um todo, está sendo construída. No entanto, ainda não existem críticas capazes de
fazer os bibliometristas abandonarem seus estudos quantitativos, usando as palavras de
Luukkonen.
A citação, entre os demais indicadores científicos, nos dias atuais, talvez configure
como o índice que proporcione maior visibilidade aos cientistas. Mueller (2004) definiu
visibilidade científica como o grau de exposição e evidência de um pesquisador frente à
comunidade científica. A facilidade de acesso aos trabalhos e idéias de um pesquisador
traduz-se em uma posição de visibilidade alta, uma vez que, trabalhos e idéias acessíveis
poderão ser recuperados, lidos e citados.
Os dados de citações categorizados por periódicos e publicados em forma de
indicadores são disponibilizados no Journal Citation Reports (JCR) do Institute for Scientific
Information (ISI) e passam a ser usados como parâmetro de avaliação de pesquisadores e
instituições. São publicados anualmente no JCR três indicadores, por título de periódico: o
índice de citação imediata (immediacy index), a meiavida das citações (cited half–life) e, o
índice bibliométrico mais conhecido e utilizado, o fator de impacto (impact factor).
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Em 1955, o Fator de Impacto (FI) foi pela primeira vez expresso no clássico artigo de
Eugene Garfield, publicado na revista Science. Sobre as características dos índices de
citações, o autor destacou:
Este tipo de obra é particularmente útil para pesquisas históricas, quando
tentam avaliar a significância de um trabalho particular e o seu impacto na
literatura e no pensamento de um dado período. Deste modo, um fator de
impacto pode ser mais representativo do que a conta absoluta do número
de publicações de um cientista.
Contudo, foi no início da década de 60 que, na prática, o Fator de Impacto foi
utilizado como instrumento de avaliação de qualidade das publicações. Garfield, Scher &
Torpie (1964) criaram naquele período o Journal Impact Factor, com o objetivo de
desenvolver um método de seleção dos periódicos a serem indexados no então recém-
publicado Science Citation Index (SCI).
Garfield e Sher, em seus trabalhos relacionados a avaliação de periódicos,
perceberam a existência de um importante, embora pequeno, grupo de periódicos de
revisão para os quais, se fosse considerado de forma absoluta o número de citações a eles
atribuídas, estes seriam excluídos do SCI. Desse modo, foi verificado que a composição de
um índice que levasse em consideração o número citações poderia ser utilizado como
critério para a comparação de periódicos de forma normalizada (Garfield, 1999).
Dessa forma a razão entre o número de citações feitas no corrente ano a itens
publicados neste periódico nos últimos dois anos e o número de artigos (itens fonte)
publicados nos mesmos dois anos pelo mesmo periódico viria a asseverar o Fator de
Impacto de determinado periódico (Journal Citation Reports, 1998 in Strehl, 2005).
Exemplificando, o Fator de Impacto de uma revista científica no ano de 2000 é
calculado a partir do número de vezes que os artigos publicados por esta revista nos dois
anos antecedentes (1998 e 1999) foram citados como referências no ano 2000, dividido pelo
número de artigos científicos publicados pela revista em questão nos anos 1998 e 1999. O
Fator de Impacto é, portanto, uma medida da freqüência com que um artigo de um periódico
é citado em um ano específico.
Esse fato evidenciava que a avaliação de publicações científicas com essa medida
poderia ser feita no âmbito das disciplinas específicas (Macroberts e Macroberts, 1989) e
acabaria por motivar a realização de inúmeros estudos sobre as possíveis causas dessas
diferenças (Strehl, 2005).
O Fator de Impacto pode ser visto de formas diferentes no meio acadêmico: autores
consideram o valor do indicador para identificar os periódicos que podem acarretar maior
prestígio ao seu trabalho; bibliotecários vêem o Fator de Impacto como um parâmetro para
seleção dos títulos de maior interesse para os cientistas, quando precisam alocar os
recursos de seus limitados orçamentos. Por outro lado, editores de periódicos acompanham
a evolução das medidas de impacto, pois desejam publicar artigos importantes (precisam
ser atrativos para os autores) e, conseqüentemente, captar os recursos das bibliotecas
(Strehl, 2005).
Nas agências de fomento, os responsáveis pela elaboração das políticas científicas
são uma audiência assídua do índice publicado pelo ISI devido à necessidade de avaliação
dos pesquisadores com parâmetros objetivos, identificando as instituições que melhor
correspondam às metas e objetivos por eles definidos (Moed, 2002).
No entanto, a publicação de artigos de revisão (que geralmente recebem mais
citações do que artigos de pesquisa originais), ou um pequeno grupo de artigos altamente
citados, pode inflacionar significativamente o Fator de Impacto de um periódico. Ao
contrário, revistas que publicam predominantemente artigos originais (full papers), estes
demoram mais tempo para serem citados e mantêm-se mais tempo na literatura. Assim,
uma revista que publica apenas artigos originais terá um fator de impacto menor.
Revistas podem apresentar flutuações em suas avaliações anuais, as quais podem
ser mais significantes se a revista publica poucos artigos anualmente, uma vez que o fator
de impacto avalia o número de citações no período de dois anos. Alguns autores,
especializados em índices bibliométricos, julgam que um prazo maior de avaliação deveria
ser utilizado, como cinco anos, por exemplo (Vilhena e Crestana, 2002).
É importante considerar também, que o cálculo do Fator de Impacto numa
determinada base encerra o escopo desse indicador àquela população, isto é, o impacto
está restrito àquela realidade. Isso significa que qualquer inferência deve limitar-se à
abrangência dessa mesma realidade. A contagem das citações recebidas por um autor,
instituição ou revista é uma medida relativa a seu contexto.
Indicadores bibliométricos podem refletir impacto científico, mas não qualidade. Em
um campo no qual revistas internacionais são canais dominantes de comunicação escrita,
Fator de Impacto de revistas são medidas úteis se calculadas cuidadosamente (Moed,
2002).
A definição dos critérios para a composição de políticas científicas baseadas em
indicadores de produção científica com forte dependência do Fator de Impacto requer certos
cuidados de países de todo o mundo, sobretudo os sub-representados no contexto
internacional, uma vez que a utilização não questionada desse índice tem sido uma prática
de agências de fomento na avaliação de pesquisadores e departamentos, premiando a
publicação em revistas de alto impacto.
Indicadores quantitativos apresentam problemas e sofrem críticas assim como o
sistema de revisão por pares. Incapazes de capturar todo o conhecimento produzido por
uma comunidade e informar sua qualidade, na visão de Van Raan (1996), indicadores
quantitativos não podem comprometer o sistema de revisão por pares por falta de
informação relevante transformando-os em peças importantes no processo.
Embora os indicadores bibliométricos recebam maior destaque, outros
indicadores que são utilizados em avaliação de Ciência & Tecnologia e sobre os quais são
construídas várias métricas. São indicadores de insumo, como investimentos em Ciência &
Tecnologia e de produto, tal como o número de recursos humanos formados, patentes
obtidas etc. As métricas são utilizadas para avaliar impactos econômicos, financeiros,
organizacionais, estratégicos e gerenciais (Gleiser, 1999).
O modelo de política existente deve ser considerado no momento da avaliação da
produção científica em âmbito nacional agregando ainda as especificidades da comunicação
científica expressas nas práticas das comunidades das diversas áreas do saber
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No Brasil, o processo de institucionalização da pesquisa científico-tecnológica
iniciou-se no século XX, portanto cerca de dois séculos após a Europa e os EUA. Este
atraso se deve, em grande parte, a aspectos históricos da colonização. Portugal, por não ter
desenvolvido uma tradição científica própria (Mc Leod, 1975; Moyal, 1976), praticava um
colonialismo predatório e espoliativo, sem a intenção de criar no Novo Mundo uma
sociedade complexa, com instituições para produzir e transmitir conhecimento No entanto, o
Brasil não se manteve isolado do mundo. No início do século XX, conforme descrito por
Simon Schwartzman (1981) a Ciência praticada no Brasil seguia o modelo da Ciência
européia do século XIX, o que significa dizer que a Ciência, quando de qualidade, era
Ciência do tipo normal, de consolidação, em função de trabalhos bem estabelecidos, e
não uma Ciência de ponta, de abertura de novas fronteiras.
Nas décadas de 1920 e de 1930 organizaram-se as primeiras universidades no
Brasil, a partir de um conjunto de Escolas Médicas, de Engenharia e de Direito que
existiam. Com a criação da Universidade do Brasil (1927) e da Universidade de São Paulo
(1934), a pesquisa cientifica encontra um novo nicho no nascente sistema universitário,
que se realizava em institutos de pesquisa e museus (MRE, 2003).
Como organizações complexas, as Universidades passaram a constituir, o abrigo e a
sede de muitos grupos de cientistas, o espaço de muitos outros interesses ligados ao
ensino, aos serviços prestados à sociedade, aos movimentos discentes e docentes. Dessa
forma as comunidades científicas assumiram um dos pólos da condição de vanguarda na
dinâmica científico-tecnológica brasileira.
Em 1951 é criado o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), com a finalidade de
apoiar o desenvolvimento científico e a formação de recursos humanos. A Coordenação de
Aperfeiçoamento do Pessoal do Nível Superior (CAPES), ligada ao Ministério da Educação,
também foi criada em 1951 com o objetivo de apoiar a formação de recursos humanos e de
implementar a pós-graduação no Brasil (Tundisi, 1995).
A partir daí, verifica-se uma rápida expansão da Ciência no Brasil caracterizada,
dentre outros aspectos, pelo interesse das autoridades militares em projetos ligados à
questão nacional, pela disponibilidade de recursos financeiros para Ciência & Tecnologia e
pela existência de projetos ambiciosos. Assim, em 1969 é criado o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) que serviu como instrumento
centralizador dos recursos disponíveis para a atividade científica (MCT, 2003).
A partir de meados da década de 70, os investimentos governamentais na área
científica e tecnológica se intensificam, e o governo federal se reorganiza para apoiar a
pesquisa de forma mais consistente e com maiores recursos. São os anos de criação do
sistema nacional de pós-graduação, e da reformulação do CNPq que em 1975 foi
transformado em Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
e teve a seu cargo a tarefa de apoiar pesquisas em nível nacional e também um amplo
programa de formação de recursos humanos, no Brasil e no exterior (Schwartzman, 1991).
Atualmente, grande parte da Ciência realizada no País se dá nos Programas de Pós-
Graduação. Segundo Witter (1997), a produção científica está relacionada com a atuação
dos cursos de pós-graduação, quer pelo seu fazer científico, quer pelo seu papel na
formação de professores e pesquisadores que irão atuar em outras entidades, universitárias
ou não. Seu produto é relevante, inclusive como veículo para a mudança da dependência
para a independência científica e tecnológica e, consequentemente, econômica e política.
O desempenho da pós-graduação sempre contou com a permanente participação da
comunidade acadêmica nacional e foi integrado por ações específicas com a comunidade
científica internacional. Além disso, a pós-graduação, desde cedo, incorporou um adequado
sistema de avaliação institucional, realizado pela própria comunidade científica das áreas
respectivas.
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A avaliação da pós-graduação brasileira vem sendo um dos principais aspectos da
atuação da CAPES. Na visão de Francisco César de Sá Barreto, ao longo dos anos,
seguindo orientações dos planos nacionais de pós-graduação, o Sistema Nacional de
Avaliação de Programas de Pós-Graduação vem se aprimorando e vem sendo utilizado de
forma responsável para o credenciamento e reconhecimento dos programas e seus
diplomas. Essa avaliação vem repercutindo de forma decisiva no financiamento da pesquisa
nas Universidades e na distribuição de bolsas de pós-graduação. A avaliação vem sendo
realizada trienalmente e, em cada ano dos interstícios, é realizada uma avaliação de
acompanhamento, também identificada como avaliação continuada.
Sistema Nacional de Avaliação inclui o julgamento e a validação das propostas de
novos programas de pós-graduação e a avaliação dos cursos de mestrado e doutorado.
O elemento de comparabilidade entre os cursos corresponde à noção de que não
existem critérios absolutos e objetivos de qualidade, e que toda avaliação implica em um
juízo comparativo. Inicialmente a CAPES atribuía conceitos de A a D aos cursos de pós-
graduação. Os resultados não diziam somente, nem principalmente, qual a qualidade do
programa avaliado, mas, sobretudo qual o seu lugar no conjunto de programas semelhantes
do país.
Em 1998, a CAPES iniciou uma profunda reformulação do Sistema de avaliação.
Entre as principais mudanças introduzidas, incluem–se (a) assessores ad hoc, nas
avaliações in loco das instituições, permitindo a diversificação de abordagens, buscando
atender à mencionada heterogeneidade, (b) a subordinação do processo de avaliação à
Coordenação geral de um único órgão, o Conselho Técnico Científico (CTC), que entre
outras atribuições, responde pela homogeneização do trabalho de diferentes comissões e
homologação dos resultados da avaliação, (c) adoção de parâmetros internacionais de
qualidade, e que contribuam para a diminuição das disparidades regionais (d) avaliação do
desempenho dos programas e não mais separadamente dos cursos de mestrado e
doutorado, (e) avaliação a cada triênio e não mais a cada biênio, (f) acompanhamento anual
do desempenho dos programas no período compreendido entre as avaliações trienais, (g)
adoção de uma escala de notas de 1 a 7 ao invés de uma escala de conceitos de A a D
(CAPES, 2001).
Entre inúmeras repercussões positivas dessa nova forma de avaliar pode-se
considerar a possibilidade de identificar os programas com padrão de excelência
internacional, entre outros e, principalmente, a garantia de subsídios mais amplos,
consistentes para o planejamento do desenvolvimento da pós-graduação no Brasil (Zancan,
1997).
Outro ponto importante é que os representantes da comunidade científica nacional
são os próprios responsáveis pela concepção e execução de todas as etapas do processo
de avaliação. Os comitês avaliativos de cada área são compostos por cientistas de
reconhecida competência, eleitos democraticamente, por meio de consulta a entidades
científicas em todo o país (Marchini, Leite e Velasco, 2001).
O processo de avaliação está baseado na efetiva participação da comunidade
científica, através da avaliação por pares e da análise dos indicadores científicos.
Recentemente a CAPES implantou o sistema Qualis, que passou a fazer parte dos
critérios de avaliação, para atender as necessidades específicas de avaliação da pós-
graduação no que se refere à produção bibliográfica (na grande maioria das áreas
publicadas em periódicos) dos programas do país. O Qualis, segundo a CAPES (2001),
baseia-se em informações obtidas através de seu sistema de coleta de dados nos
programas de pós-graduação do país. É uma lista qualificada de veículos de divulgação
usados pelos professores e alunos dos Programas de Pós-Graduação. Os periódicos
utilizados para divulgação são enquadrados em categorias indicativas de qualidade – A alta,
B média, ou C baixa – e do âmbito de circulação dos mesmos – local, nacional ou
internacional. As combinações dessas categorias compõem nove alternativas indicativas da
importância do veículo utilizado, e, por inferência, do próprio trabalho divulgado: circulação
local de alta, média ou baixa qualidade; circulação nacional de alta, média ou baixa
qualidade; circulação internacional de alta, média ou baixa qualidade. Esta classificação foi
criada especificamente para o processo de avaliação da pós-graduação e não para definir a
qualidade de periódicos de forma absoluta. A classificação é feita ou coordenada pelo
representante de cada área e passa por um processo de atualização anual. O Sistema
Qualis, concebido pela CAPES, tem recebido algumas críticas por adotar critérios de
qualificação ainda não consensuais e confiáveis. Um mesmo periódico pode receber
diferentes classificações quando analisados em diferentes áreas do conhecimento. Assim o
critério torna-se vulnerável a críticas por ser carregado de subjetividade. A classificação dos
periódicos em A e internacional são obtidas, em grande parte pelos comitês de avaliação de
áreas, considerando o fator de impacto medido através do Journal of Citation Reports (JCR).
As avaliações dos Programas de Pós-Graduação são realizadas em duas etapas. A
primeira, preparatória, inclui ajustes de critérios e revisão da base Qualis de classificação de
periódicos e demais itens de produção intelectual; a segunda, a avaliação propriamente dita.
Os resultados da avaliação são submetidos à homologação do Conselho Técnico–Científico
da CAPES e, posteriormente, referendados pelo Conselho Nacional de Educação (CAPES,
2004).
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De acordo com Durham (1994), a Ciência é uma atividade humana competitiva e a
pesquisa científica de qualidade sempre foi conduzida por recursos humanos altamente
qualificados e preparados. Principais protagonistas da Ciência os pesquisadores
competem por recursos para desenvolver seus trabalhos de pesquisa, por reconhecimento e
por prestígio, principalmente perante seus pares. Toda a produção científica vem sendo
centrada na pessoa do pesquisador. Entretanto avaliar essa produção seja no nível
individual ou no coletivo, não consiste em uma tarefa simples.
A complexidade da avaliação em Ciência & Tecnologia evidencia-se, uma vez que a
própria Ciência não é precisa e porque se encontra ancorada em paradigmas dominantes
em cada época e em cada sociedade (Kuhn, 1994). E quando a avaliação se direciona ao
desempenho científico dos pesquisadores, essa é fortemente rejeitada pelos mesmos.
tolerância à avaliação apenas quando essa é conduzida pelos pares (Vinkler, 1995;
Szmrecsányl, 1987).
Portanto, a própria comunidade tem forte influência na decisão sobre quem deve ser
apoiado, quais projetos devem ser financiados, quais artigos devem ser publicados e até
quais políticas os governos devem adotar em relação à Ciência & Tecnologia (Thulstrup,
1992).
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Criado pela Lei 1.310 de 15 de janeiro de 1951, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) representou um marco fundamental na
participação do Estado no processo de desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. E
atendeu a uma antiga reivindicação da comunidade científica do País, manifestada
principalmente através da Academia Brasileira de Ciências, desde a década de 30. O CNPq
é a agencia vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia que oferece a maior variedade
de modalidades de fomento direto e indireto ao desenvolvimento científico e tecnológico do
País. Nas modalidades de fomento indireto, por exemplo, podemos citar a obtenção de
isenções fiscais para a importação de bens para pesquisa. O fomento direto envolve o
repasse de recursos do órgão aos usuários e se desenvolve sob duas formas básicas: (1)
programas básicos operados dentro da sistemática de balcão, através do atendimento de
uma demanda gerada espontaneamente em qualquer área do conhecimento; e (2) pelos
programas especiais que contemplam instrumentos de indução, atendendo apenas áreas
consideradas prioritárias pelo Governo.
O sistema de avaliação do CNPq visa o acompanhamento e a avaliação de diversos
subsistemas, tais como os de formação de recursos humanos (bolsas no País e no exterior),
o de fomento à pesquisa, o de execução direta de pesquisas (Institutos), e o próprio
desempenho institucional (CNPq, 2007).
O uso de pareceres de consultores externos sempre foi a norma no CNPq desde o
início das suas atividades na década de 50 para a aprovação da concessão de bolsas e
auxílios. Em 1976 essa avaliação ficou sob a responsabilidade dos Comitês Assessores
(CAs). A implantação desses comitês foi decisiva para alçar o Brasil ao seleto grupo das 20
nações com maior produção científica no mundo (CNPq, 1976). Os CAs são formados por
pesquisadores de Universidades e Centros de Pesquisa do País e são responsáveis pela
avaliação do mérito dos pedidos de bolsas e auxílios dos programas de demanda
espontânea. Esses processos, após passarem por uma pré-análise, são examinados por um
consultor ad hoc que elabora um parecer quanto à validade da solicitação. Sendo assim, a
tomada de decisão é predominantemente do comitê, e os pareceres servem como uma das
bases para a tomada de decisão (Guimarães, 1994), que o sistema de avaliação inclui a
avaliação pelos Comitês Assessores (CAs), pelos pares peer review system, o uso de
indicadores bibliométricos e a utilização de consultores ad hoc.
A avaliação por pares é o procedimento mais utilizado pela agência. Esse sistema de
avaliação utiliza membros conceituados da comunidade científica que ficam encarregados
das análises prévias de uma determinada área de conhecimento. Entretanto, esse mesmo
sistema de avaliação recebe críticas, tais como, os favorecimentos a pesquisadores mais
conhecidos, em relação a novos pesquisadores, bem como às instituições mais tradicionais
em relação às mais novas (Barbieri, 1993). Para Barbieri, a avaliação por pares, mesmo
sofrendo críticas, mostra-se mais adequada em relação ao uso de indicadores quantitativos,
uma vez que estes podem ser altamente tendenciosos. Esses indicadores devem atuar
como um instrumento auxiliar ou complementar à avaliação dos pares. Uma outra crítica ao
sistema é que o CNPq não dispõe de instrumentos para avaliar seus Comitês Assessores. E
um processo de avaliação desse porte somente tem sucesso quando a garantia de
elevados padrões éticos. Para Kostoff (1997a), talvez esse seja o fator fundamental que
exige um estado permanente de alerta por parte dos gerentes dos processos avaliativos.
A produtividade dos pesquisadores é avaliada sempre que uma solicitação chega à
Agência, pois o currículo dos candidatos é peça obrigatória em todas as solicitações. A
avaliação da produtividade dos pesquisadores passa a ser fundamental e se transforma em
uma escala classificatória quando a solicitação é pela Bolsa de Produtividade em Pesquisa,
por exemplo.
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A Bolsa de Produtividade em Pesquisa é um dos mais tradicionais e antigos
instrumentos de incentivo ao pesquisador. Criada concomitantemente com o CNPq, sob o
nome de Bolsa de Pesquisa refere-se à modalidade que a Instituição dispõe para
reconhecer, premiar e incentivar os pesquisadores doutores com desempenho destacado
em sua área de atuação (CNPq, 1996) e é, sem dúvida, um dos mais importantes
programas de fomento da Agência. Para o pesquisador, obter a Bolsa significa
reconhecimento e status perante a comunidade. Para a comunidade, é uma das formas de
distinguir os pesquisadores ativos e produtivos dos demais. Para o CNPq, a Bolsa é tida
como estratégica para a pesquisa e pós-graduação brasileiras (CNPq, 1997, 1998; Paula e
Silva et al., 1998).
A Bolsa de Produtividade em Pesquisa tem como principais objetivos: (1) estimular o
desenvolvimento da atividade de pesquisa de maneira regular e contínua; (2) contribuir para
a geração de conhecimento e para a formação de pessoal qualificado na pós-graduação e
(3) possibilitar maior integração entre pesquisa, ensino e formação de recursos humanos
(CNPq, 1996).
É uma modalidade de bolsa altamente seletiva, a qual pressupõe forte
competitividade. Se por um lado, o pesquisador publicando seus resultados se torna
conhecido e obtém reconhecimento e prestígio perante seus pares, por outro lado, obtendo
essa Bolsa, o pesquisador passa a fazer parte de uma elite científica nacional que o
distingue entre seus colegas.
Entretanto, além da seletividade e da competitividade, o Programa de Bolsas de
Produtividade em Pesquisa encontra-se represado. O que vários comitês alegam é que o
número de pesquisadores em condições de serem contemplados com a Bolsa é bem
superior ao atual. E a situação tende a se agravar, pois o número de bolsas não tem
conseguido acompanhar o crescimento do número de doutores (CNPq, 2001; MCT, 2000).
Para a análise e julgamento das bolsas de Produtividade em Pesquisa, o CNPq
possui critérios definidos em norma específica (CNPq, 1996). Esses critérios visam
classificar os pesquisadores em duas categorias, cada qual com três níveis, de acordo com
sua qualificação, experiência e produtividade científica e tecnológica. Na Categoria 1, níveis
A, B, C e D, concentram-se os pesquisadores mais qualificados e experientes,
correspondendo à Categoria 1A o nível mais elevado. Na Categoria 2 estão os
pesquisadores menos qualificados, sendo reservada aos pesquisadores iniciantes e menos
experientes.
duas peças-chave que compõem a solicitação da Bolsa: o Curriculum vitae do
pesquisador e o projeto de pesquisa. Embora a qualidade do projeto de pesquisa seja tida
como fundamental para a aprovação da Bolsa (Paula e Silva et al., 1998), a realidade é que
sua concessão está fortemente calcada na produtividade do pesquisador (Ibañez, 1996). Se
o desempenho curricular for considerado insuficiente pelo comitê de assessoramento, a
proposta está praticamente inviabilizada, mesmo que o projeto seja relevante.
No documento sobre a Bolsa de Produtividade em Pesquisa, elaborado em 1997 por
um grupo de trabalho criado especialmente para avaliar a modalidade (Paula e Silva et al.,
1998), foi constatado que a Bolsa é fundamental para o sistema nacional de Ciência &
Tecnologia e tem duplo significado: 1) É prospectiva, pois está vinculada a um projeto que
deverá ser executado. 2) Sua concessão está calcada na qualificação e na produtividade do
pesquisador (Paula e Silva et al., 1998).
Para ser candidato a bolsa o pesquisador deverá no mínimo a) possuir o título de
doutor ou perfil científico equivalente; b) ser brasileiro ou estrangeiro com situação regular
no País; e c) dedicar-se às atividades constantes de seu pedido de bolsa.
A bolsa será concedida individualmente, em função do mérito da proposta, ao
pesquisador que satisfaça os pré-requisitos estabelecidos pelo CNPq e aos critérios de
qualificação definidos pelos Comitês de Assessores de cada área ou pelo Conselho
Deliberativo – CD do CNPq, no caso de Pesquisador Sênior.
A classificação, o enquadramento e a progressão do bolsista de Produtividade em
Pesquisa, por categoria e nível, bem como as recomendações de rebaixamento de nível
e/ou exclusão do sistema, são atribuições dos CAs e variam de acordo com as áreas. Os
critérios adotados pelos CAs para atender o item acima serão revistos a cada 3 (três) anos.
O Comitê Assessor de Genética (CA GE), por exemplo, apresenta os seguintes
critérios de julgamento para concessão de bolsa de Produtividade em Pesquisa. Para o
pesquisador se candidatar a categoria de Pesquisador 2, categoria considerada como a
mais baixa, pois o pesquisador recebe uma bolsa no valor de R$ 976,00 e não tem direito a
quantia relativa ao Adicional de Bancada, ele deve ter 2 (dois) anos, no nimo, de
doutorado, completos por ocasião da análise da proposta pelo Comitê . E para que esta
bolsa seja concedida ele deve: estar vinculados a Instituição de Ensino ou Pesquisa que
garanta as condições mínimas de apoio e infra-estrutura para realização do projeto; ter
apresentado projeto de pesquisa de alto nível científico, conforme avaliação dos
pareceristas ad hoc; ter publicado pelo menos 5 (cinco) trabalhos científicos como autor
principal ou correspondente com fator de impacto significante em relação à mediana da área
nos últimos 5 (cinco) anos, ter concluído a orientação de, pelo menos, 1 (um) Mestrado; e
estar envolvido com atividade de orientação e pesquisa.
Já para se candidatar à bolsa de Produtividade em Pesquisa como Pesquisador 1, os
pesquisadores devem ter 5 (cinco) anos, no mínimo, de doutorado, completos por ocasião
da análise da proposta pelo Comitê. Nesta categoria os pesquisadores são classificados em
diferentes níveis: Pesquisador I nível D: deve estar vinculado a Instituição de Ensino ou
Pesquisa que garanta as condições mínimas de apoio e infra-estrutura para realização do
projeto; ter apresentado projeto de pesquisa de alto nível científico, conforme avaliação dos
pareceristas ad hoc; ter publicado pelo menos 10 (dez) trabalhos científicos como autor
principal ou correspondente com fator de impacto significante em relação à mediana da área
nos últimos cinco anos; ter concluído a orientação de pelo menos um Mestrado; ter
concluído orientação de pelo menos um Doutorado; estar envolvido com atividade de
orientação e pesquisa e demonstre ter capacidade de captação de recursos financeiros e
que tenha um grupo com linha de pesquisa própria.
Para a progressão para o nível 1C, além das exigências mínimas explicitadas, o
candidato terá que ter histórico de formação de Mestres e Doutores; ter liderança científica
amplamente reconhecida pela sua obra, inclusive levando em consideração o fazer escola
de pensamento científico e criação de institutos de pesquisa, ter publicado pelo menos 10
(dez) trabalhos científicos como autor principal ou correspondente com fator de impacto
significante em relação à mediana da área nos últimos cinco anos.
No nível B, o candidato deverá apresentar as mesmas características do nível 1C
acrescido do claro reconhecimento de liderança científica em vel nacional e/ou fora do
país. A liderança científica pode ser avaliada pela sua participação em conferências no país
e no exterior; definição de parcerias de captação de recursos e de pesquisa nacional ou
estrangeira como responsável ou co-responsável; edição e/ou participação em livros;
presidências de sociedades científicas reconhecidas; administração de unidade acadêmica
em universidade ou instituto de pesquisa; exercício de cargo de reitor, ou correlato; exercício
de cargos honoríficos em instituição nacional ou estrangeira; recebimento de prêmios
julgados por seus pares, em sua área de atuação. A formação de recursos humanos e sua
competência na captação de recursos humanos devem ser contínuas. É recomendada a
participação como docente em programa de pós-graduação fora de seu local de atuação ou
vínculo empregatício.
E para conquistar o mais alto capital científico desta área e fazer parte da elite da
área de genética no Brasil, o pesquisador deverá apresentar os requisitos equivalentes aos
Pesquisadores do 1B, e deverá haver clara consolidação desses requerimentos. A
permanência neste nível ou sistema depende da manutenção da produtividade científica e
participação na formação de recursos humanos em nível compatível com a produção de
seus pares, avaliados na mesma ocasião, e consideradas as quotas de cada nível
estabelecidas pelo CNPq. A obtenção de um dado nível não implica em um status
permanente no mesmo (CNPq, 2006).
O pesquisador com bolsa vigente e classificado na categoria 1 nível A ou B que, por
15 (quinze) anos consecutivos, tenha permanecido nesses níveis, com ininterrupta produção
científica em sua área de atuação, de acordo com sua qualificação e experiência e, tenha
contribuído significativamente para a formação de pesquisadores em diversos níveis, poderá
solicitar à Presidência do CNPq seu enquadramento na categoria Pesquisador Sênior.
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Quanto ao uso de indicadores quantitativos na avaliação da produtividade de
pesquisadores, os comitês assessores possuem algumas métricas, na maioria somas
ponderadas, utilizadas como auxílio à tomada de decisão.
O Comitê de Assessoramento de Engenharia Elétrica e Biomédica, por exemplo,
utiliza o número de trabalhos publicados em periódicos e eventos de circulação/expressão
nacional e internacional e o número de teses de mestrado e doutorado orientadas e
defendidas. No que tange às publicações em periódicos, este comitê, somente considera as
indexadas pelo SCI. Para cada indicador, uma ponderação para a produção dos últimos
três anos e outra aplicada à produção total.
Entretanto no Comitê Assessor de Bioquímica, Biofísica, Fisiologia, Farmacologia e
Neurociências (CA BF) as métricas usadas estão relacionadas às citações. Este comitê
calcula um índice h. Este índice, proposto por Hirsch (2005), foi criado para normalizar o
desempenho científico individual. Significa que um pesquisador com índice h tem o número
h de publicações com pelo menos h citações cada. Exemplificando: um índice h igual a 15
indica que o pesquisador tem 15 artigos papers com pelo menos 15 (quinze) citações
cada. Este índice leva em consideração a produtividade do pesquisador e o impacto de seus
trabalhos sobre a ciência ao longo de sua carreira. É importante salientar que o índice h
contempla apenas as publicações mais relevantes, não é afetado por publicações com alto
número de citações e é difícil de inflacionar. É, entretanto, sensível à grande área do
conhecimento que corresponde.
Nessa pequena amostragem, a despeito da variedade de critérios, uma constante é
a utilização de indicadores bibliométricos tradicionais. Alguns comitês utilizam indicadores
relativos à formação de recursos humanos e somente dois incluem o viés tecnológico
(patentes obtidas). Ou seja, o foco científico é preponderante. Quase todos os comitês
pesquisados usam somas ponderadas. Na opinião de Korhonen, Taiio e Wallenius (1998),
somas ponderadas são o meio mais simples de se agregarem valores aos indicadores.
Entretanto, os autores também reconhecem os mesmos problemas já identificados, como a
dificuldade de determinar o valor de cada indicador e a impossibilidade de garantir que
esses pesos realmente traduzam o pensamento dos que vão decidir.
Outros comitês pesquisados evitam quantificar a produção, preferindo qualificá-la,
como é o caso dos comitês de Física e Astronomia (CA FA, 2001), de Matemática e
Estatística (CA MA, 2001), de Engenharia Química (CA EQ, 1999) e de Ciência da
Computação (CA CC, 1997, 2001). Esse último comitê deixa explicito que tem evitado
quantificar a produção científica, utilizando apenas termos como alguns ou vários (CA CC,
2001; CNPq, 2007).
Para a tarefa avaliativa empreendida por esses comitês, a Plataforma Lattes, do
CNPq, ao reunir dados e informações do currículo dos pesquisadores, sua organização em
grupos de pesquisa, bem como registros sobre benefícios anteriores obtidos da Agência,
passa a ter um papel fundamental, garantindo confiabilidade e consistência aos dados, que
até então eram extraídos manualmente dos currículos dos pesquisadores.
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O desenvolvimento de bases de informações quantitativas sobre Ciência &
Tecnologia é uma tarefa que vem sendo realizada quase três décadas por diversos
países (CNPq, 2007a). Uma rede abrangente de informações em Ciência & Tecnologia, se
confiável e bem gerida, é uma ferramenta fundamental para identificar potencialidades,
monitorar e avaliar atividades, realizar diagnósticos e propor diretrizes e estratégias de ação.
Embora o Brasil desenvolva esforços vários anos nesse campo, apenas recentemente
passou a contar com bases informatizadas confiáveis em Ciência & Tecnologia. No âmbito
do CNPq, a Plataforma Lattes é o produto gerado a partir de uma necessidade identificada
no Planejamento Estratégico de 1995 (CNPq, 1998). Era preciso oferecer à sociedade
dados e informações sobre pesquisadores, grupos de pesquisa e instituições intervenientes
em Ciência & Tecnologia. A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na
integração de bases de dados de currículos e de instituições da área de ciência e tecnologia
em um único Sistema de Informações, cuja importância atual se estende, não só às
atividades operacionais de fomento do CNPq, como também às ações de fomento de outras
agências federais e estaduais (CNPq, 2007b). Os destaques desta plataforma são o
Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (Diretório) e o Sistema de Currículos Lattes
(CNPq, 2007b). O Sistema de Currículos Lattes é o formulário eletrônico do CNPq para o
cadastramento de dados curriculares dos pesquisadores e de outros indivíduos envolvidos
com atividades científicas e tecnológicas. O Lattes é também utilizado pelas demais
agências federais de fomento. De acordo com o CNPq (2007), seus dados são utilizados
para: (i) avaliar a competência de candidatos às modalidades de fomento do CNPq; (ii)
subsidiar a seleção de consultores e membros de comitês e grupos assessores; e (iii)
subsidiar a avaliação da pesquisa e da pós-graduação brasileiras.
O Lattes registra todas as informações sobre a carreira acadêmica e científica dos
pesquisadores, e hoje conta com mais de 600 mil currículos em sua base, com possibilidade
de acesso via Internet
1
. Esta base de dados é fundamental na análise do mérito e da
competência dos pesquisadores, além de ser um instrumento precioso para realizar análises
mais profundas sobre o perfil do potencial nacional em pesquisa e desenvolvimento.
Enquanto o Lattes focaliza o indivíduo, o Diretório registra os grupos de pesquisa em
1
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/index.jsp, acessado em 30 de set 2007.
atividade no país. As informações nele contidas dizem respeito aos recursos humanos
constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), às linhas de pesquisa em
andamento, às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação envolvidos, à
produção científica, tecnológica e artística e aos padrões de interação com o setor produtivo.
Além disso, cada grupo é situado no espaço (região, UF e instituição) e no tempo. As quatro
versões do Diretório, que também é censitário, podem ser acessadas pela Internet
2
. A partir
da versão 5.0, disponibilizada ao público em março de 2002, essa logística foi modificada.
Houve uma dissociação conceitual entre a base de dados do Diretório e a atividade
censitária dos grupos, que passou a ser apenas uma de suas utilidades. A esta foram
agregadas outras, como, por exemplo, sua utilização como filtro para estudos a partir da
base de currículos Lattes e a realização de estudos sobre a organização da pesquisa em
redes.
A Plataforma Lattes não se restringe ao CNPq. Suas bases de dados estão
articuladas com outras bases externas à Agência, como a Scientific Electronic Library Online
(SciELO)
3
, a Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)
4
, a
base de patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
5
, além dos bancos de
dissertações e teses das Universidades, como o do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGEP)
6
.
Todo esse potencial é utilizado para pesquisas e avaliações. Diversos trabalhos com
foco quantitativo utilizando os dados do Diretório estão disponíveis. O primeiro partiu do
próprio CNPq. As versões 3.0 e 4.0 do Diretório trazem um modelo de hierarquização dos
grupos de pesquisa baseado na presença de bolsistas de Produtividade em Pesquisa do
CNPq e de docentes de programas de pós-graduação avaliados pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Trata-se de um modelo estatístico
2
http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm, acessado em 30 de set 2007.
3
http://www.scielo.br, acessado em 13 jun. 2001.
4
http://www.epm.br/cochrane/clintlac.htm, acessado em 13 jun. 2001.
5
http://www.inpi.gov.br/servlet/marca_base, acessado em 13 jun. 2001.
6
http://stelanet.eps.ufsc.br/BancoTeses/index.asp, acessado em 13 jun. 2001.
de estratificação qualitativa de grupos que tem o grande mérito de agregar todos os
indicadores de Ciência & Tecnologia capturados pelo Diretório e gerar um ranking dos
grupos de pesquisa.
Uma mudança ocorrida na versão 5.0, ou seja, a partir do censo de 2002, é que
todos os pesquisadores e estudantes que participarem dos grupos devem ter,
compulsoriamente, um currículo Lattes no CNPq. Em agosto de 2003 a base de currículos
Lattes possuía mais de 306.000 currículos cadastrados e, em outubro de 2005, mais de
600.000.
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Simon Schwartzman identifica no prefácio de seu livro Um espaço para a ciência: a
formação da comunidade científica no Brasil (2001) dois grandes grupos formando a
comunidade acadêmica até os anos 50. Um das Ciências Naturais, onde se encontravam
também tecnólogos e engenheiros dos anos 30 e 40, inclusive cientistas como J. D. Bernal e
Frédéric Juliot-Curie, mas não estudiosos das Ciências Humanas. Este primeiro grupo,
positivista, empirista, buscava solução para os problemas mundanos, considerando os
cientistas detentores da razão, beneficiadores da população. O segundo grupo,
representado nos anos 20, 30 e 40, por Amoroso Costa, Max Weber, por Robert K. Merton,
entre outros, era composto por defensores da Ciência pura que tentavam distinguir Ciência
e Política e pesquisavam sobre o papel dos cientistas na sociedade moderna. Uma visão
romantizada talvez, mas bastante específica. São pontos bastante fáceis de refutar,
segundo o próprio autor, mas iluminam o fato de que a prática da Ciência é diferente de sua
ideologia e justificação, e, por isto, não é possível continuar a defender, de forma ingênua e
irrefletida, a superioridade do conhecimento científico, e as coisas que propõem os cientistas
e tecnólogos, sobre todas as demais (Schwartzman, 2001).
O conceito de comunidade científica pode ser entendido como um tipo ideal, no
sentido weberiano, é uma construção intelectual que explicita valores e ações sociais
existentes e nos ajuda a compreender suas conseqüências, implicações e tensões com
outras formas de ação social. Em sentido lato, comunidade científica pode ser entendida
como um grupo de indivíduos que compartilham valores, atitudes científicas, e que se inter-
relacionam por meio das instituições científicas a que pertencem (Schwartzman, 2001).
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A primeira instituição oficial de pesquisa do Brasil instalou-se em 1797, quando o Rei
de Portugal ordenou ao Capitão Geral do Pará que criasse um jardim botânico na cidade de
Belém, para a aclimatação de plantas (Segawa, 1996; Lopes 1997). Em 1808 já haviam sido
criadas várias instituições, a Academia Real da Marinha, no Rio de Janeiro, mais tarde
chamada de Academia Naval; o Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia e a Escola Médico-
Cirúrgica do Rio de Janeiro, que seriam as duas primeiras escolas de medicina do país; a
Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, conhecido originalmente como o
Horto Real; e a Escola Central, uma academia militar que seria a primeira escola de
engenharia do Brasil. (Ferri e Motoyama, 1979). Nas instituições de ensino superior
surgiram várias das primeiras tradições de trabalho de pesquisa científica no Brasil nas
áreas das Ciências Físicas e Biológicas.
A década de 20 foi um momento importante para a Ciência do país. Nela,
surgiu o embrião da comunidade científica brasileira que começou, em um
movimento mais organizado, a lutar por melhores condições para que a
ciência se desenvolvesse aqui. A criação de novas instituições científicas, a
renovação daquelas existentes e a valorização social da ciência e do
cientista são alguns aspectos que marcaram a década. Defendia-se com
vigor a ciência básica, vista então como pura e desinteressada (Moreira e
Massarani, 2001).
Em 1922, período da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, da Semana da Arte
Moderna em São Paulo e do término da Velha República no Brasil, quando houve o
rompimento de padrões vigentes na música, nas artes plásticas e na literatura assim como
na educação, que passou a ser influenciada pelo modelo norte-americano e não mais
apenas pelo modelo europeu, tendo em Anísio Teixeira, um seguidor das idéias de Dewey,
seu principal representante (Fávero, 2000; Rossato, 1989). Neste período conturbado foi
criada, no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Ciências (1921) e a Associação
Brasileira de Educação (1924) iniciou um movimento para ampliar e modernizar em todos os
níveis o sistema educacional do Brasil. Historicamente, a Academia desempenhou uma
função cultural e intelectual, agindo para promover a Ciência, mais do que de praticá-la
(ABC, 2007).
A primeira universidade oficial brasileira foi criada no Paraná, entretanto essa
universidade não teve vida longa. Surgiu em 1912 e a legislação liberal vigente na época foi
substituída, em 1915, pela chamada Reforma Maximiliano. Em 1920, sob a nova legislação,
foi criada a Universidade do Rio de Janeiro, resultado da fusão das antigas escolas de
engenharia, medicina e direito. Mas dessas primeiras universidades nenhuma foi mais do
que um simples aglomerado de escolas profissionais reunidas sob um frágil reitorado com
poucas atribuições. É de abril de 1931 a primeira legislação federal delineando as
características próprias de uma universidade, escrita por Francisco Campos, que dirigia o
recém criado Ministério da Educação e Saúde Pública. Mais tarde este texto de lei seria
conhecido como Reforma Francisco Campos e, entre outras determinações, institui o
Estatuto das Universidades Brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior
no Brasil e adota o regime universitário (Brasil, 1931). Entretanto esta reforma surgiu
quando um novo regime forte subia ao poder, e foi orientada claramente com o objetivo de
paralisar o movimento favorável a um sistema universitário baseado em comunidades
científicas organizadas de forma autônoma, idéia que era defendida na época por setores
ativos da Academia de Ciências, e especialmente pela facção liberal da Associação
Brasileira de Educação (Schwartzman, 2001).
Em 1935, foi implantada a Universidade do Distrito Federal (UDF), mantida pela
Prefeitura do Rio de Janeiro, com sua Escola de Ciências. A UDF durou pouco tempo,
sendo extinta quatro anos depois e tendo seus cursos transferidos para a Universidade do
Brasil, em nome da disciplina e da ordem, características do regime autoritário que vigia
(Fávero, 1996 apud Moreira e Massarani, 2001).
Em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) foi criada em 1934, com sua
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que teve direção inicial de Teodoro Ramos, um
matemático egresso da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (Moreira e Massarani, 2001).
Entre os contratados para ensinar na nova Escola de Ciências estavam os matemáticos
Lélio Gama e Francisco de Oliveira Castro, o físico Bernard Gross, os geólogos Djalma
Guimarães e Viktor Leinz e os biólogos Lauro Travassos e Herman Lent. Não havia
instalações para pesquisa, nem pesquisadores trabalhando em tempo integral. Todos
faziam pesquisas em outras instituições, o que tinha o efeito de construir uma ponte entre
essas instituições e a Escola de Ciências. O que significava que os estudantes faziam
visitas freqüentes aos laboratórios de Lauro Travassos, em Manguinhos, de Leinz, no
Departamento Nacional de Produção Mineral, e de Gross, no Instituto Nacional de
Tecnologia, onde podiam observar em primeira mão as pesquisas e experiências em
andamento. Em 1939, finalmente, o Presidente Getúlio Vargas aprovou a contratação de
quinze professores estrangeiros para a Universidade do Brasil, e a partir desse momento
todos esses contatos se tornaram oficiais (Schwartzman, 2001).
A Universidade de São Paulo, mais precisamente a sua Faculdade de Filosofia,
tornou-se a mais importante instituição científica já estabelecida no Brasil depois do Instituto
Oswaldo Cruz, em parte compreensível, pelas condições econômicas do estado de São
Paulo, o qual podia fornecer-lhe mais recursos do que os recebidos por qualquer outra
instituição similar em todo o país. A Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo
abriu um espaço para a Ciência, que foi explorado por um pequeno grupo de visitantes
estrangeiros e seus discípulos brasileiros (Leite Lopes, 1998).
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A maioria dos cientistas brasileiros da primeira geração estudou engenharia ou
medicina no Rio de Janeiro e nasceu em famílias educadas da classe média. Seus pais
eram pequenos comerciantes, médicos e professores, motivo por que a atividade intelectual
não lhes era estranha. Por algum motivo peculiar, os seus membros tinham ligações com
alguns dos pouquíssimos locais no país em que existia algum tipo de preocupação
científica, o Observatório Nacional, o Instituto Manguinhos ou o seu equivalente em São
Paulo. É interessante contrastar esses pioneiros com o grupo de pesquisadores de origem
estrangeira, da mesma faixa etária, que aportaram ao Brasil na década de 1930 e viriam a
exercer considerável influência nos meios científicos do país. Nascidos por volta da virada
do século, todos se haviam formado não nas profissões liberais, mas numa Ciência
propriamente dita. Haviam chegado já com seus doutorados completos e tinham sido
deslocados pelas tensões na Europa de pré-guerra ou se achavam insatisfeitos com suas
perspectivas de carreira ou ainda muito jovens e aventureiros, aceitavam de bom grado uma
longa estada num país distante e remoto. Alguns dos italianos contaram com o apoio do
governo de Mussolini, no que era considerado como uma importante missão cultural da Itália
para o Brasil. Algo de parecido sucedeu com alguns franceses, cujo governo se
caracterizava por uma ativa política de disseminação cultural (Schwartzman, 2001).
A primeira geração de cientistas da área de Ciências da Vida diplomados no Brasil
formou-se entre os anos de 1894 e 1907. Entre eles encontramos Afrânio do Amaral,
Olímpio da Fonseca, Adolfo Martins Penha, Otto Bier, José Reis e Amílcar Viana Martins.
Dentre os formados no exterior estão Friedrich Gustav Brieger (1900), geneticista formado
na Alemanha e Quintino Mingóia (1902) químico com formação na Itália. Para que um jovem
estudante pudesse iniciar uma carreira científica era essencial que conseguisse aproximar-
se de um cientista de prestígio, a fim de trabalhar sob sua orientação. Laços familiares
também ajudavam, Walter e Oswaldo Cruz Filho eram filhos de Oswaldo Cruz; Evandro e
Carlos Chagas Filho eram filhos de Carlos Chagas; Emanuel Dias era filho de Ezequiel Dias.
Em outros casos, era costume recorrer a um amigo de família para conseguir-se uma
apresentação junto a um cientista. Essa foi a maneira como Olimpo da Fonseca Filho, Otto
Bier e José Reis, entre outros, começaram as suas carreiras (Schwartzman, 2001).
Esse foi também o período em que alguns indivíduos, inclusive vários que nem eram
cientistas profissionais, exerceram um papel crucial na disseminação de valores científicos,
descobrindo talentos e estimulando as suas carreiras científicas. Dentre eles, podemos citar
Baeta Viana, em Belo Horizonte. Mais do que um estudioso ou especialista, ele era,
sobretudo um zeloso propagandista em prol de uma nova visão para a ciência médica.
Formou-se na escola de medicina de Belo Horizonte e foi um dos primeiros brasileiros a
beneficiar-se de uma bolsa da Fundação Rockefeller. Trabalhou nos Estados Unidos
durante dois anos, num período de expansão rápida da bioquímica. Ao regressar ao Brasil,
entrou em conflito direto com a tradição francesa então dominante. Apesar disso, conseguiu
granjear uma posição importante na sociedade local e organizou uma das melhores
bibliotecas médicas do país. Alguns de seus estudantes, inclusive Moura Gonçalves e
Wilson Beraldo, viriam a figurar entre os melhores especialistas em bioquímica no Brasil. É
difícil encontrar um bom bioquímico no Brasil que não esteja ligado, direta ou indiretamente,
à escola Baeta Viana (Chagas Filho In: Schwartzman, 2001).
Outro nome que não devemos esquecer é, sem dúvida, André Dreyfus, um dos
fundadores da Faculdade de Filosofia de São Paulo. Crodowaldo Pavan recorda como sua
carreira de geneticista foi decidida depois que ele assistiu a uma conferência de Dreyfus:
Ele era um professor incrivelmente estimulante. Após as suas explicações,
as coisas mais complicadas tornavam-se muito simples. Ele conseguia
atingir o âmago de um problema, explicá-lo, e convencer a todos de que o
mesmo fazia sentido, mesmo que alguém pudesse não tê-lo compreendido
completamente. Suas palestras constituíam acontecimentos importantes
para jovens intelectuais. Ele associava genética com histologia e ministrava
aulas e cursos sobre psicanálise. Ao tornar-se professor em tempo integral
na Faculdade de Filosofia, percebeu que todo o seu horário estava sendo
gasto com aulas, fato que muito lhe agradava. Mas a sua base científica,
sua base experimental, era bastante restrita para o tipo de programa que
ele desejava implementar
(Crodowaldo Pavan In: Schwartzman, 2001).
Os formados a partir de 1922 já não eram obrigados a cursar uma escola profissional
para ingressar num curso de Ciências. Durante a Segunda Guerra Mundial, e por algum
tempo em seguida, a Fundação Rockefeller passou a conceder bolsas de estudo a cientistas
brasileiros engajados em atividades estranhas à área de saúde, o que beneficiou muitos
estudiosos desta geração. Entre 1922 e 1928 formaram-se grandes nomes da genética
nacional como Warwick Kerr, Antônio Cordeiro e Francisco M. Salzano além do zoólogo
Paulo Emilio Vanzolini. O depoimento do cientista Gleb Wataghin (in: Schwartzman, 2001)
nos permite acompanhar o novo modelo de cientista que exerceu papel fundamental na
formação de vários indivíduos:
Eu vim da Itália com Fantappié (o matemático Luigi Fantappié).
Recebemos da Faculdade de Filosofia um gabinete, e nos mandaram
ensinar. Pedimos uma biblioteca... Tive sorte. Encontrei rapazes muito
capazes e interessados, mas que nada estavam fazendo para progredir.
Realmente, quem poderia garantir a um jovem, em 1934, que ele poderia
tornar-se um físico profissional, se completasse um curso de três ou quatro
anos? No final das contas, eles queriam praticar ciência e eu lhes ensinei o
que eles queriam. Entre eles estavam Marcelo Damy de Sousa Santos,
Mário Schenberg e, mais tarde, Paulus A. Pompéia. Na Escola Politécnica,
onde eu lecionava, tentei explicar aos alunos que ninguém poderia fazer
várias coisas ao mesmo tempo. Com isso, alguns decidiram deixar os
cursos de engenharia para se dedicarem à física. dominavam um pouco
a eletricidade e sabiam montar rádios, construir antenas... Por isso, foi-lhes
fácil trabalhar em física experimental... Dentro do possível, tentei mandá-
los para a Europa, ao cabo de dois ou três anos de estudo. Encaminhei
Mário Schenberg ao meu amigo Dirac, que acredito ser o mais importante
físico vivo nos dias de hoje. Viajei para a Europa com Schenberg, e
passamos pela Itália a caminho da Inglaterra. Visitei Fermi e pedi-lhe que
falasse com Schenberg. Foi nessa ocasião que Fermi convenceu
Schenberg a trabalhar com ele. Agi do mesmo modo com os físicos
experimentais. Alguns, como Lattes, foram para Cambridge, na Inglaterra.
Costumavam escrever-me, mostrando soluções para problemas técnicos,
como, por exemplo, melhorar um circuito que havíamos construído aqui.
Aprendi muito com meus alunos, e formei-os com o auxílio de grandes
físicos de toda a Europa, Alemanha, Inglaterra e Itália.... O contato com a
Europa era essencial. A única condição que impus ao chegar aqui foi no
sentido de que eu desejava passar dois ou três meses de cada ano no
Europa. Isso foi muito bom para mim e para o Brasil.
A exposição ao conhecimento produzido e o contato direto com o primeiro mundo
faria a diferença na formação destes cientistas. Tornou-se essencial a saída para o
estrangeiro em algum momento da formação.
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O cientista Friedrich Gustav Brieger, em 1933, veio integrar a Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz e, ao lado de Dreyfus, foi o responsável pelo começo da
pesquisa genética no Brasil. Esta escola foi pioneira no ensino de genética em 1918, num
curso agrícola dado por Carlos Teixeira Mendes, parte do curso de Zootecnia de Otávio
Domingues. Pela primeira vez o assunto era ensinado no Brasil. Havia também André
Dreyfus, que era mais um intelectual autodidata do que um pesquisador, mas que teria um
papel importante na introdução da genética moderna na Universidade de São Paulo (Glick,
1994).
No entanto, em 1928 a Genética começava a ser empregada sistematicamente,
agora pelo Instituto Agronômico de Campinas, liderado pelo cientista Carlos Arnaldo Krug,
para melhorar produtos como o café, o milho e o fumo, ou para adaptar ao ambiente
brasileiro, outras sementes, como o trigo e a cevada. Em 1932, Krug foi enviado pelo
Instituto Agronômico à Universidade de Cornell para especializar-se em genética,
citogenética e aperfeiçoamento de plantas. No ano seguinte foi criada uma cadeira de
Genética, com o objetivo de formar especialistas em tecnologia do melhoramento de
sementes.
Brieger, Krug e Dreyfus montaram uma comunidade científica em
miniatura, assumindo o encargo de fazer pesquisas e, mais do que isso,
principalmente de treinar discípulos e criar uma tradição científica. Na
Faculdade de Filosofia, Dreyfus e três dos seus assistentes – Martha
Brener, Crodowaldo Pavan e Rosina de Barros lutavam para melhorar a
qualidade de seus trabalhos. No entanto, uma mudança efetiva ocorreu
alguns anos mais tarde, depois da vinda de Theodosius Dobzhansky,
considerado um dos criadores da chamada Teoria Sintética da Evolução
(Araújo, 2001).
Em 1943 Dobzhansky chegava ao Brasil, com o apoio da Fundação Rockefeller e em
1936 havia publicado um livro o qual foi considerado amplamente como uma das
contribuições mais importantes à Ciência da Genética, desde Darwin. Dreyfus não não
competiu com ele, como também se tornou seu principal defensor e ponto de apoio. Sediado
em São Paulo, Dobzhansky desenvolveu uma linha de pesquisa sobre Genética de
População da drosophila que recebeu rapidamente reconhecimento internacional (Lina &
Costa, 2006). Mais tarde, vários dos seus estudantes e assistentes foram completar seu
treinamento nos Estados Unidos, compondo uma rede de geneticistas (trabalhando não
apenas em São Paulo, mas em Porto Alegre, Brasília e no Paraná) especializados em
Genética Médica, Genética das Populações Humanas e Citogenética. Os estudantes
orientados por Brieger continuaram próximos da pesquisa agrícola e desenvolveram estudos
na Genética das abelhas e dos fungos (Schwartzman, 2001; Pivetta, 2006).
Em 1950 Francisco Salzano, que trabalhava então com Genética de Populações,
iniciou seu doutorado trabalhando com drosophila na USP, a convite do professor
Crodowaldo Pavan. Ao final do seu doutorado, Salzano foi para os EUA fazer seu pós-
doutorado com James Neel em Genética Humana, campo não muito promissor, na época,
segundo ele mesmo. Retornou ao Brasil para estudar populações indígenas (Pivetta, 2006).
Sob a presidência do professor Friedrich Gustav Brieger, em Campinas – São Paulo,
é criada em 1955 a Sociedade Brasileira de Genética. Nas décadas de 60 e 70 as relações
com os Estados Unidos e a Europa ampliaram-se e muitos geneticistas brasileiros foram
estudar fora do país. Esse intercâmbio científico proporcionou uma rápida ascensão dos
geneticistas não apenas brasileiros, mas de toda a América do Sul e, como conseqüência, o
estabelecimento de áreas como a Citogenética Médica, a Bioquímica Genética e a Biologia
Molecular. No Brasil Salzano, Ottenssoser, Beiguelman, Frotta Pessoa, Saldanha e Freire
Maia, apoiados por J. V. Neel e N. E. Morton (EUA), completaram a descrição de
Polimorfismos Genéticos das tribos Xavantes e Ianomâmis (Schwartzman, 2001).
A história recente da Genética confunde-se com a da Engenharia Genética e da
Biologia Molecular, com as pesquisas relativas ao patrimônio genético e o desvendamento
da molécula de DNA. A manipulação genética técnica aplicada da Engenharia Genética
adquiriu importância quando modificou o patrimônio genético da célula viva. A comunidade
genética está se inserindo em diversas áreas do conhecimento, em busca de soluções para
os novos questionamentos que surgiram a partir do advento da descrição do DNA.
Os julgamentos sobre a capacidade científica de qualquer pesquisador dependem da
posição por ele ocupada nas hierarquias constituídas do campo científico. As práticas do
campo científico estão, assim, orientadas para aquilo que Bourdieu (1983a) chama de
aquisição de autoridade científica. A escolha de um objeto de estudo é feita levando-se em
conta não a percepção do pesquisador de que este objeto se trata de algo importante e
interessante, mas, também, a possibilidade de este objeto tomar a si próprio e ao
pesquisador interessante e importante frente aos outros ocupantes de posições no campo
científico em questão.
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A história da Bioquímica no Brasil confunde-se com a história do professor José
Baeta Vianna, em Minas Gerais. O Departamento de Bioquímica da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) foi criado oficialmente em 1968, no entanto, sua origem remonta
os anos 20, sob a liderança de Baeta Vianna.
O estudo de um ser vivo no nível molecular configura como definição para a
Bioquímica. A definição tem a ambigüidade aparente de colocar esta Ciência ao mesmo
tempo no campo das Ciências Biológicas e no campo das Ciências Exatas. O primeiro a
criar uma disciplina acadêmica com o nome de Química Fisiológica, hoje reconhecida como
Bioquímica, foi o médico alemão Ernst Felix Hoppe-Seyler. Desta maneira, Hoppe-Seyler é
reconhecido como o primeiro cientista rotulado de Bioquímico: foi o primeiro a isolar a
lecitina, criou a palavra proteid, hoje proteína, publicou várias contribuições ao estudo do
metabolismo, fez pesquisas sobre a clorofila, sobre o sangue, especialmente sobre a
hemoglobina humana que ele foi o primeiro a cristalizar. A primeira revista científica de
Bioquímica foi fundada e editada por Hoppe-Seyler em 1877: Zeitschrift für physi ologische
Chemie. O primeiro bioquímico brasileiro foi José Baeta Vianna da Faculdade de Medicina
da Universidade de Minas Gerais – UMG (Almeida Neves, 2005 apud Santos, 2005).
Na década de 20, em Belo Horizonte, Baeta Vianna tornou-se o primeiro Catedrático
de Química Fisiológica do país. Montou um laboratório e formou um grupo de pesquisa com
estudantes de medicina voluntários. Como cientista, Baeta Vianna nunca teria uma boa
classificação se na sua época existisse um Citation Index. O seu grande mérito foi seu
pioneirismo e formação de pessoal que espalharam seus ideais acadêmicos por todo Brasil.
Do grupo de Baeta Vianna, vários se tornaram docentes da sua Química Fisiológica
e a maior parte deles constituiu o núcleo inicial do atual Departamento de Bioquímica,
Armando Gil de Almeida Neves, Bernardino de Assis Ladeira, Carlos Ribeiro Diniz, Enio
Cardillo Vieira, Eurico Alvarenga Figueiredo, Giovanni Gazzinelli, Ildeu Oliveira Santos,
Marcos Luiz dos Mares Guia, Sales Jesuíno de Souza. Do mesmo grupo, saíram para a
Faculdade de Medicina da UMG, Oromar Moreira, Janot Pacheco e Viriato Magalhães, para
a Biofísica; Wilson Teixeira Beraldo e Fernando Alzamora, Fisiologia; Joaquim Romeu
Cançado, Terapêutica Clínica; João Gallizzi, Clínica Propedêutica; Aulo Pinto Viegas
Endocrinologia, José Henrique da Mata Machado, Ortopedia. José Leal Prado e Eline Prado,
casados, ambos sob a orientação do professor Baeta Vianna, foram os primeiros
bioquímicos de São Paulo, na Escola Paulista de Medicina. José Moura Gonçalves foi para
o Instituto de Biofísica, do Professor Carlos Chagas Filho, na Universidade do Brasil, no Rio
de Janeiro (Santos, 2005; Beraldo, 1986).
Em 1945 o pesquisador Carlos Chagas Filho foi um dos fundadores e principal
responsável pela criação do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Médico por formação, Chagas Filho era convicto de que pesquisa e ensino são
indissociáveis e de que era preciso criar uma ciência nacional de padrão internacional. Foi
ele quem trouxe para o Brasil em 1947 as novas técnicas introduzidas na Bioquímica
durante a 2a Guerra Mundial, a cromatografia, eletroforese e centrifugação (Leal, 2000)
desenvolvidas, entre outros, pela pesquisadora Aída Hassón–Voloch, convidada a integrar o
grupo da Biofísica em 1947, embora – e talvez por este motivo mesmo, já que Chagas Filho
procurava por químicos – fosse formada pela Escola Nacional de Química da, então,
Universidade do Brasil. Para constituir o grupo que foi pioneiro no Instituto de Biofísica da
UFRJ, convidou Tito Enéas Leme Lopes e Lafaiete Rodrigues Pereira, ambos treinados em
Manguinhos, assim como Oromar Moreira, José Moura Gonçalves e José Batista Veiga
Salles, todos bioquímicos de Belo Horizonte, endossados por Baeta Viana, já consagrado na
Universidade Federal de Minas Gerais. Herta Meyer deu início ao laboratório de Histologia,
juntamente com João Machado. Eles realizaram estudos sobre a cultura de protozoários,
com relevância direta para a Saúde Pública, e tinham o apoio do Serviço Especial de
Grandes Endemias, uma agência não oficial dirigida pelo irmão de Carlos Chagas, Evandro,
e apoiada com recursos da família Guinle. O outro laboratório a ser organizado foi o de
Biofísica, dirigido por Carlos Chagas com a cooperação de Bernhard Gross, do Instituto
Nacional de Tecnologia (Schwartzman, 2001).
Em 1967 foi fundada a Sociedade Brasileira de Bioquímica por iniciativa de
lideranças científicas da área de Bioquímica. A idéia inicial era criar um espaço e organizar
encontros em local e período determinados, para que os pesquisadores pudessem trocar
experiências e transmitir os resultados de seus trabalhos. Em 1988, passou a ser chamada
Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq
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, 2007).
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Fatos intrínsecos aos organismos vivos permeiam a imaginação humana desde a
Grécia antiga quando Hipócrates (~400a. C.) e Aristóteles (~350a. C.), entre outros filósofos
e estudiosos, levantavam hipóteses para seus questionamentos. E dentre estes estava a
questão da hereditariedade que, nos séculos XVIII e XIX, teve destaque nos estudos
evolutivos de Darwin e Wallace, revolucionando o modo como o mundo científico e a
humanidade compreendiam a existência da vida no planeta.
Darwin e Wallace em sua teoria da evolução não explicavam a origem das
variedades nem como as características eram transmitidas através das gerações. Somente
7 http://www.sbbq.org.br/v2/
após a metade do século XIX foram elaboradas as primeiras conclusões acerca da
perpetuação das características hereditárias, um feito atribuído ao monge austríaco Gregor
Mendel através de seu trabalho publicado em 1865 (Beveridge, 1981; Oliveira, Santos &
Beltramini, 2004). Embora este somente tivesse seus esforços reconhecidos no início do
século XX, após a divulgação de seus trabalhos por outros pesquisadores. Em 1908, H.
Nilsson–Ehle, um pesquisador sueco, tentando esclarecer um ponto considerado pelo meio
científico da época como obscuro no trabalho de Mendel, demonstrou experimentalmente
que, o que era válido para características de variação descontínua (interespecífica) aplicava-
se também para os traços de variabilidade contínua ou intra-específica (Salzano, 2002).
Em 1869, alguns anos após a publicação dos trabalhos por Mendel, que não haviam
ainda sido divulgados e nem contavam com a aceitação da comunidade de pesquisadores,
Friedrich Miescher identificou uma substância que, anos mais tarde, seria batizada de ácido
desoxirribonucléico. Miescher trabalhava no laboratório de Bioquímica do pesquisador suíço
Hoppe-Seyler e isolou esta substância encontrada no núcleo de um glóbulo branco
proveniente de pus retirado de bandagens de soldados da guerra da Criméia. O material foi
denominado nucleína pelo pesquisador, por apresentar natureza ácida e rica em fósforo. Ao
longo dos anos, outros pesquisadores identificaram nesta mesma substância, a presença de
um açúcar a desoxirribose e de nitrogênio. Seu caráter ácido conduziria os bioquímicos
a batizarem a nucleína de ácido desoxirribonucléico. Entretanto, seu papel genético e sua
estrutura permaneceriam desconhecidos por muito tempo (Fernandes, 2002; Acot, 2003).
Até o final do século XIX, as áreas da Ciência que deram origem à Biologia
Molecular progrediam ou surgiam independentemente. É interessante ressaltar que, apesar
de hoje sabermos que as áreas de Genética, Bioquímica, Citologia, são intrinsecamente
correlacionadas, anteriormente elas avançavam de maneira isolada, sem troca de
conhecimento, de modo que não se supunha que os estudos celulares tinham correlação
com os dos ácidos nucléicos e que estes teriam papel na hereditariedade.
O primeiro passo para o esclarecimento da natureza do material genético foi de
iniciativa do médico londrino Frederick Griffith. Até então as proteínas eram consideradas
como as mais prováveis detentoras da hereditariedade, mas, em 1928, injetando em
camundongos células de pneumococos com um determinado tipo de cápsula,
simultaneamente com células mortas contendo outro tipo, verificou que poderia haver uma
transformação nas primeiras, que adquiriam as propriedades das outras. O propósito do
experimento era, simplesmente, descobrir meios de se controlar a doença em humanos,
mas os resultados foram surpreendentes pela transformação observada (Salzano, 2002;
Solha e Silva, 2004). A natureza do fator transformante de Griffith – o DNA – só foi elucidada
em 1944 por Avery, McLeod e McCarty, após uma série de experiências que se estenderam
por mais de dez anos. Em nenhum momento menciona-se a idéia de hereditariedade nesse
artigo (Acot, 2003).
Em 1932, o físico Max Delbrück assistindo uma conferência de Niels Bohr
convenceu-se de que era necessário levar o estudo molecular dos seres vivos tão longe
quanto possível visando uma diferente abordagem da vida, complementar aquela que
estava a ser feita até então.
Delbrück empenhou-se em aplicar à biologia os modelos do bombardeamento do
átomo utilizados pela física, expondo a drosófila aos efeitos dos raios X. O seu objetivo era
relacionar o número de mutações com a energia das radiações utilizadas, estabelecendo um
modelo quântico do gene que possuiria vários níveis estáveis de energia: uma mutação não
seria mais do que a passagem de um estado estável a outro estado estável.
Em 1944, em seu livro What is Life?, Erwin Schrödinger, baseado nos trabalhos de
Delbrück, admitiu que os genes têm de ser necessariamente constituídos por um número
limitado de átomos, cujo ordenamento é capaz de reproduzir uma variedade infinita de
configurações espaciais e funcionais.
A fim de dar continuidade aos seus trabalhos, Delbrück optou pelos bacteriógafos,
que lhe pareciam ser partículas biológicas elementares e que estariam, por isso, para os
sistemas biológicos, como as moléculas para a matéria.
Em 1943 Delbrück em colaboração com Salvador Luria e Alfred Hershey, formaria o
chamado grupo do fago que iria procurar esclarecer os mistérios ligados à replicação dos
bacteriófagos, quando, pela primeira vez, tornou-se possível calcular taxas de mutação, que
constituíram uma informação essencial para uma análise genética. Entretanto esta
experiência demonstrou, sobretudo, a origem mutacional das estirpes resistentes e a
importância da seleção na evolução dos seres vivos. Constituiu, assim, uma importante
vitória do darwinismo que, a partir daí, ficou definitivamente ligado à Biologia Molecular
(Veloso, 2003).
A mais importante realização do grupo do fago foi conseguida em 1952 por Alfred
Hershey e Martha Chase onde pela primeira vez em Biologia, foi utilizada a marcação de
moléculas com substâncias radioativas. Em trabalhos realizados anteriormente tinha ficado
claro que o bacteriófago era constituído por um invólucro protéico que continha DNA no seu
interior. Depois de marcados alternadamente com 35S (que se incorpora nas moléculas
protéicas) ou com 32P (que se integra no DNA), os bacteriófagos eram adicionados a
culturas bacterianas. Todos os resultados demonstraram que o DNA marcado com 32P era
introduzido em bactérias, onde se replicava e dava origem a novos bacteriófagos. Por sua
vez, as proteínas marcadas com 35S permaneciam fora das bactérias. Ficava assim
demonstrado que o DNA era o material genético e que as proteínas apenas
desempenhavam, neste caso, um papel de invólucro estrutural (Veloso, 2003).
A elucidação da estrutura da molécula de DNA, em 1953, por James Watson e
Francis Crick, bem como a decifração da natureza do código genético, em 1961, por Crick e
colaboradores, abriram perspectivas fantásticas para o conhecimento biológico (Salzano,
2002). A história da descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA é exemplar para os
historiadores das ciências, porque se situa na confluência de diferentes disciplinas e
técnicas além da Genética, Bioquímica e Citologia, já citadas, a Imunologia,
Microbiologia e as técnicas de cromatografia em papel a cristalografia por raios X. A
importância das redes de relações entre os pesquisadores, bem como as afinidades e
inimizades entre eles, entraram muitas vezes em jogo. Por outro lado pesou também a
tensão entre o Leste e o Oeste, uma vez que Linus Pauling (1901 1994), o maior químico
naquele momento ter tido seu passaporte vetado pelo governo dos Estados Unidos o que o
colocou à margem da questão. Portanto, segundo Acot (2003), a descoberta da estrutura do
DNA representou, para grande parte da comunidade científica, não só uma revolução
científica, marcando o verdadeiro nascimento da Biologia Molecular, mas também uma
revolução na História das Ciências.
Para a socióloga Marília Coutinho (1998) o título de Revolução Científica tem outras
implicações teóricas. O sentido mais comum para a revolução científica da Biologia
Molecular seria aquele formulado por Kuhn.
Antagonicamente encontraremos a perspectiva da redução. Neste caso a teoria
anterior (a Genética Mendeliana) teria sido absorvida pela nova teoria pelo processo de
redução teórica. Ou seja, a teoria antiga seria um caso particular da nova, que poderia ser
deduzida desta última. As duas interpretações encontram defensores e críticos. Não
interpretação dominante. Tanto o desenvolvimento descontínuo da Ciência, que gera
rupturas, segundo o modelo khuniano, quanto os defensores da continuidade. Neste caso
ocorre uma visível descontinuidade do desenvolvimento da ciência, sem necessariamente
ter ocorrido substituição de perspectivas teóricas. Processos como estes se aproximam
muito mais da diversificação disciplinar (Coutinho, 1998).
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A Biologia Molecular é uma nova teoria, advinda de uma ruptura epistemológica
uma revolução científica ou foi somente uma correção da Biologia Genética Mendeliana,
conseqüência do aparecimento de fatos novos?
A descoberta do código genético, em 1953, foi aclamada como revolução científica e
resultou na laureação de James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins com o prêmio
Nobel. Revolução científica foi um título incorporado por uma parcela da comunidade
acadêmica muito mais ampla do que a dos historiadores e filósofos da ciência (Coutinho,
1998).
De fato, o impacto daquele fato científico, seus rápidos desdobramentos nas esferas
institucionais e educacionais, bem como na prática da pesquisa científica, é interpretado por
alguns autores como um momento de profunda ruptura epistemológica no desenvolvimento
da genética, como um episódio de quebra de paradigma, caracterizando uma crise na
ciência normal.
Entretanto há os que defendem a Teoria Redutora, assumindo que a Genética
Mendeliana Clássica foi absorvida pela nova teoria, sendo a princípio corrigida para,
posteriormente, ser reduzida. Nessa perspectiva, a moderna Genética de Transmissão é a
teoria corrigida e a redutora é, naturalmente, a Biologia Molecular. Todos partem do
princípio de que a redução ocorre entre uma teoria anterior e menos adequada e uma teoria
posterior e mais adequada (Hull, 1975).
Estas proposições nos impelem a um questionamento inevitável: Menos adequada a
quê?
A Genética de Transmissão é muito mais adequada (aliás, é a única disciplina
adequada) para se estudar problemas de transmissão do que a Biologia Molecular, que por
sua vez é muito mais adequada para se estudar a estrutura e funcionamento químico das
macromoléculas, incluindo segmentos de DNA.
Portanto, podemos descartar a interpretação reducionista. Segundo Coutinho (1998),
a persistência e insistente recorrência da Teoria Reducionista na discussão sobre o
desenvolvimento da biologia reflete, aparentemente, o desejo dos mais consagrados
filósofos da biologia (bem como biólogos igualmente consagrados) em ver confirmada a
perspectiva continuista (e, portanto otimista) do desenvolvimento científico.
Quando comparamos a Biologia Genética de Mendel e a Genética formulada pela
Bioquímica (baseada na descoberta de enzimas, de proteínas do DNA ou código genético),
não encontramos evolução e progresso, mas diferença e descontinuidade. Assim, por
exemplo, o modelo explicativo que orientava o trabalho de Mendel era o da relação sexual
como um encontro entre duas entidades diferentes o espermatozóide e o óvulo
enquanto o modelo que orienta a Genética contemporânea é o da cibernética e da teoria da
informação (Chauí, 2000).
Verificou-se, portanto, uma descontinuidade e uma diferença temporal entre as
teorias científicas como conseqüência de diferentes maneiras de conhecer e construir os
objetos científicos, de elaborar os métodos e inventar tecnologias.
Da mesma forma, quando comparamos as físicas de Aristóteles, Galileu Newton e
Einstein, não estamos diante de uma mesma física, que teria evoluído ou progredido, mas
diante de três físicas diferentes, baseadas em princípios, conceitos, demonstrações,
experimentações e tecnologias completamente diferentes. Em cada uma delas, a idéia de
Natureza é diferente; em cada uma delas os métodos empregados são diferentes; em cada
uma delas o que se deseja conhecer é diferente (op cit Chauí, 2000).
Assim, quando a idéia de próton–elétron–nêutron entra na Física, a de vírus entra na
Biologia, a de enzima entra na Química ou a de fonema entra na Lingüística, os paradigmas
existentes são incapazes de alcançar, compreender e explicar esses objetos ou fenômenos,
exigindo a criação de novos modelos científicos.
Assim a divulgação da estrutura do DNA, em 1953, estabelece a criação de um novo
modelo conceitual a Bioquímica do Gene. A partir daí, com o objeto claramente definido,
com os métodos e abordagens estabelecidos, a nova disciplina continua seu caminho
através de questões que não compartilha com a Genética e que são de caráter
estritamente bioquímico: o deciframento do código (correspondências molécula-molécula),
os mecanismos de replicação e transcrição, o funcionamento dos complexos enzimáticos
correspondentes e assim por diante. Agora o novo campo passa a amadurecer
estruturalmente, a se fechar e a desenvolver suas marcas de distinção. Esta é a lógica que
comanda o crescente distanciamento temático, conceitual e metodológico entre a Biologia
Molecular e a Genética a partir dos anos 50.
A Ciência, portanto, não caminha numa via linear contínua e progressiva, mas por
saltos ou revoluções. E para superar o obstáculo epistemológico, o cientista ou grupo de
cientistas precisa elaborar novas teorias, novos métodos e tecnologias, que afetam todo o
campo científico (de conhecimentos) e, consequentemente, alteram o comportamento dos
membros desse campo (Bourdieu, 1983a).
Considerando que o campo científico é um campo de lutas pelo crédito cientifico no
qual cientistas buscam o monopólio da autoridade/competência cientifica, ao se configurar
um episódio de crise, de descontinuidade epistemológica, o comportamento alterado dos
membros desse campo estará relacionado, fundamentalmente, com os mecanismos de
obtenção das duas espécies de capital científico: o poder institucionalizado, ligado às
posições hierárquicas nas instituições científicas e ao controle dos meios de produção e
reprodução, e o poder específico do prestígio pessoal, que, segundo o autor, repousa sobre
o reconhecimento dos pares, conseqüentemente, sobre o crédito cientifico.
Bourdieu propõe que para entendemos alguns princípios importantes da ciência é
necessário que se reflita sobre as dinâmicas do campo científico, de sua comunidade e de
sua prática, que podem ser conhecidas em seus elementos, suas propriedades, suas
funções, seus produtos e seus modos de permanência ou de transformação.
Teorias diversas têm sido apresentadas sobre o comportamento e desenvolvimento
da ciência e sua comunidade, dividindo-se, grosso modo, entre os que as estudam
separadamente, como elemento fechado em si mesmo, e os que buscam nas suas relações
com elementos externos a ela a resposta a suas indagações. A visão da corrente
mertoniana, internalista, pioneira, pertencente ao primeiro grupo, tem extrema influência até
hoje, dando suporte a teorias consensuais que fundamentam expressivamente a ciência
moderna, cujo objetivo é produzir novos conhecimentos. Dessa corrente, afirma Velho
(1990), provêm as premissas teórico–conceituais que fundamentam a utilização de
indicadores científicos, tomando como produto da ciência a comunicação escrita,
particularmente os periódicos, e restringindo a estimativa de impacto da ciência a ela
mesma, sem que se estenda à sociedade.
Foi a partir desse conjunto de perspectivas teórica e metodológicas que buscamos
saber como se configuram as comunidades científicas de elite nos campos da Genética e
Bioquímica (campos que sofreram crise), quanto às questões que envolvem o produto e o
crédito científico, quanto às relações entre insumos e resultados (capital científico).
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Verificar se o advento da Biologia Molecular como exemplo de ruptura
epistemológica descontinuidade no campo científico tem suporte nos indicadores
cienciométricos de capital científico/autoridade e reconhecimento.
Para isso, buscamos identificar quem são, onde se encontram, em que áreas atuam
e de que forma os pesquisadores brasileiros com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do
CNPq nas áreas da Genética e Bioquímica produzem ciência; caracterizando a dinâmica
científica de insumos e resultados idade acadêmica, produção e visibilidade científica,
formação de novos pesquisadores e fomentos à pesquisa – como análise da constituição do
status quo desses grupos de pesquisadores bolsistas.
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153 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área
de Genética da Grande Área das Ciências da Vida.
231 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área
de Bioquímica da Grande Área das Ciências da Vida.
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673 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área
de Física – Grande Área: Engenharias, Ciências Exatas e da Terra.
142 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área
de Zoologia – Grande Área: Ciências da Vida.
94 Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área de
Imunologia – Grande Área: Ciências da Vida.
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As listas de pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física foram obtidas, no ano de 2005,
através do Portal do CNPq, obedecendo ao seguinte percurso:
Portal do CNPq: http://www.cnpq.br/index.htm
Portal do CNPq – Bolsas (link): http://www.cnpq.br/bolsas/index.htm
Portal do CNPq Bolsas (link) Bolsas Individuais no País Bolsas Individuais
de Fomento Científico Produtividade em Pesquisa (PQ) – Consulta PQ
Bolsas em Curso (link):
http://plsql1.cnpq.br/divulg/RESULTADO_PQ_102003.curso
Nesta página encontram-se as três Grandes Áreas do Conhecimento segundo critérios
do CNPq: (1) Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, (2) Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas e (3) Ciências da Vida.
Para cada Grande Área a lista de suas respectivas áreas, as quais podem ser
selecionadas individualmente (Figura 1).
Ciências da Vida
Selecione a Área de Conhecimento:
Genética
Figura 1
Visualização da consulta à listagem de Pesquisador
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com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq
Exemplo da
Área de Genética.
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CNP
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Uma vez selecionada a área, haverá o direcionamento para a página referente à
esta, como no exemplo mostrado para a Área de Genética: Bolsas de
Produtividade em Pesquisa PQ Bolsas em Curso:
http://plsql1.cnpq.br
/divulg/RESULTADO_PQ_102003prc_comp_cmtlinks?V_COD_DEMANDA=200310&V_T
PO_RESULT=CURSO&V_COD_AREA_CONHEC=20200005&V_COD_CMT_ASSESSO
R=GE
Nesta página encontram-se listados os pesquisadores agraciados com a referida
bolsa, com os respectivos dados: Nome, Nível, Início e Término da Vigência, Instituição e
Situação (Tabela 1). Foram contabilizados todos os pesquisadores, independente da situação
em que se encontravam: em folha de pagamento ou suspenso. O pesquisador com situação
de suspensão foi considerado porque esta situação é provisória. Neste caso os pedidos de
reconsideração/recursos administrativos são reavaliados pelo Comitê de Assessoramento e,
quando da alteração, esta é efetivada no mês subseqüente, com efeito retroativo à data em
que deveria ter sido implementada (CNPq Bolsa de Produtividade em Pesquisa, 2005).
Foram identificados pesquisadores vinculados às duas situações e, neste caso, foram
contabilizados apenas uma vez.
Tabela 1
Modelo da lista de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq
*
Nomes repetidos foram computados somente uma vez.
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PQ – 1C 1/3/2006 28/2/2009 UFV
Em folha de pagamento
B PQ – Sr 1/3/2007 28/2/2010 USP Em folha de pagamento
C
PQ – 2 1/3/2005 29/2/2008 HCFMUSP
Suspenso
D PQ – 1ª 1/3/2007 28/2/2010 UFMG Em folha de pagamento
E PQ – 1B 1/3/2007 28/2/2010 CETESB Em folha de pagamento
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PQ1D
1/3/2005 29/2/2008 UFRGS Em folha de pagamento
F*
PQ1D
1/3/2005 29/2/2008 UFRGS Suspenso
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Uma vez identificados, os pesquisadores bolsistas do CNPq foram caracterizados e
analisados através das seguintes varáveis: Idade Acadêmica, Instituição Atual, Formação de
Recursos Humanos, Produção Bibliográfica e Projetos de Pesquisa.
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As informações quanto à idade acadêmica, às instituições de ensino e pesquisa ou
centros de pesquisa nos quais se encontram atuando os pesquisadores e ao número de
orientações foram obtidas através de seus Curricula vitae, disponíveis na Plataforma Lattes,
base de dados de currículos e instituições das áreas de Ciência e Tecnologia do CNPq
(http://lattes.cnpq.br/ index.htm). A Figura 2 mostra a imagem da página de acesso à essa
consulta (http://buscatextual.cnpq.br/ buscatextual/index.jsp).
Figura 2
Visualização da consulta do Curriculum vitae dos Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia, Zoologia e
Física.
PLATAFORMA LATTES
Buscar pesquisadores (Busca Simples)
Buscar por:
Nome Assunto*
Busca Avançada
Preferências
* O campo "Assunto" refere-se ao título e palavras-chave da produção C, T & A
Nas bases de dados de:
Doutores
Demais pesquisadores (Mestres, Graduados, Estudantes, Técnicos e outros)
Por favor, repita abaixo os
caracteres ao lado:
A idade acadêmica representa o tempo de titulação de doutorado dos pesquisadores
bolsistas analisados, podendo ser apresentada nos resultados através do ano de titulação
ou do período de tempo (em anos) compreendido entre a data da titulação e a data da
coleta de dados (2005).
A variável Formação de Recursos Humanos expressa o número total de
Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado orientadas e concluídas em que os
pesquisadores bolsistas do CNPq aparecem como orientadores. Dessa forma não foram
contabilizadas as informações referentes a orientações concluídas em que os
pesquisadores bolsistas figuravam como co-orientadores.
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Outras duas variáveis adotadas nesse estudo foram: o mero de trabalhos
publicados por cada pesquisador bolsista em revistas indexadas e a freqüência de citação
desses mesmos trabalhos.
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S
As publicações científicas são classificadas, pelo Institute for Scientific Information
(ISI) Web of Knowledge um dos bancos de dados mais utilizados nas pesquisas
especializadas na área da cienciometria, pertencente a Thomson Corporation – em 32 tipos
diferentes: Abstract enviado, Artigos Plenos, Cartas, Comunicação em congresso,
Correções e Adição, Cronologia, Discussão, Exceções, Exibição de Arte, Ficção e Prosa
Criativa, Itens Individuais, Itens Novos, Livros, Matéria Editorial, Notas, Poesias, Reedição
de Bibliografia, Resumos, Revisão de Bancos de Dados, Revisão de Filmes, Revisão de
Gravação, Revisão de Hardware, Revisão de Performance de Dança, Revisão de
Performance Musical, Revisão de Rádio, Revisão de Software, Revisão de TV e Vídeo,
Revisão Musical, Revisão Teatral, Revisões e Script.
Para esta análise foram considerados apenas os Artigos Plenos, as Cartas e os
Artigos de Revisão, os quais correspondem a cerca de 75% das publicações indexadas
neste banco (Tabela 2) e são consideradas de maior relevância nos estudos bibliométricos.
T
ABELA
2
T
OTAL DE PUBLICAÇÕES NAS DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO NO PERÍODO DE
1981
A
2000.
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REA DO
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ONHECIMENTO
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UBLICAÇÕES
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OTAL DE
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ARTAS
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A
RTIGOS DE
R
EVISÃO
%
Ciências Biomédicas
30929 21270 68.77
Ciências Biológicas
18679 16239 86.93
Medicina
17020 8214 48.26
Física
16562 13154 79.42
Engenharia
10936 8531 78.00
Química
8664 7274 83.95
Medicina Social
2767 2117 76.50
Matemática
2454 2342 95.43
Ciências da Terra
2448 1942 79.33
Ciências Humanas
2332 1601 68.65
Meio Ambiente
2192 1675 76.41
T
OTAL
114983 84359 73.36
Fonte: Velloso, A., Lannes, D. and de Meis, L. (2004) - Institute for Scientific Information (ISI)
Os dados referentes a Artigos Plenos, Artigos de Revisão e Cartas dos
pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, publicados em
Periódicos Nacionais e Internacionais e indexados pelo Institute for Scientific Information
(ISI), foram coletados durante o ano de 2005, de acordo com o seguinte percurso:
Portal Institute for Scientific Information (ISI): http://portal.isiknowledge.com/portal.cgi
Nesta página, a opção Web of Knowledge (Figura 3) conduz à etapa inicial da
busca da produção bibliográfica.
Figura 3
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI), onde foi
selecionada a opção Web of Science para consulta do número de trabalhos publicados e respectivos
índices de citação dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas
áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física.
Na etapa inicial optamos pela busca avançada General Search através das três
bases de dados Science Citation Index Expanded, Social Sciences Citation Index e Arts &
Humanities Citation Index e entre os anos 1945 1954 e 2004, segundo as alternativas
disponibilizadas (Figura 4):
http://portal.isiknowledge.com/portal.cgi?DestApp=WOS&Func= Frame
General Search
Select database(s) and timespan:
Citation Databases:
Science Citation Index Expanded
(SCI-EXPANDED) – 1945 – present
Social Sciences Citation Index
(SSCI) – 1956 – present
Arts & Humanities Citation Index
(A&HCI) – 1975 – present
Latest
1 week
(updated August 18, 2007)
Year
2007
From
1945-1954
to
2007
(default is all years)
To remember these settings, first sign in or register.
View our General Search tutorial
Figura 4
Visualização da consulta ao portal Institute for Scientific Information (ISI), onde foi
selecionada a opção General Search para do número de trabalhos publicados e respectivos índices de
citação dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física, com delimitação de período (1945 – 2004).
Web of Science
A etapa seguinte consistiu em inserir o nome do pesquisador no espaço destinado
ao autor (author), restringindo a busca às publicações (all document types) com endereço no
Brasil. Para isso foram inseridos no campo específico adress os termos Brasil or Brazil
or Br (Figura 5).
Enter terms or phrases separated by the operators AND, OR, NOT, or SAME, and then press
SEARCH.
The search will be added to the search history. [>> View your search history/combine sets]
TOPIC: Enter one or more terms. Searches within article titles, keywords, and abstracts.
Example: oil spill* AND "North Sea" (How to search for phrases)
Title only
AUTHOR: Enter one or more author names (see author index ).
Example:O'BRIAN C* OR OBRIAN C*
Silva, P
Author Finder: Need help finding papers by an author? Use Author Finder.
GROUP AUTHOR: Enter one or more group names (see group author index ).
Example:CERN
SOURCE TITLE: Enter full journal titles (see full source titles list ).
Example: Cancer* OR Journal of Cancer Research and Clinical Oncology
PUBLICATION YEAR: Enter a publication year or range.
Example: 2001 or 1997-1999
ADDRESS: Enter abbreviated terms from an author's affiliation (use abbreviations help).
Example: Yale Univ SAME hosp
Brasil or Brazil or Br
Restrict search by languages and document types:
All languages All document types
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ISUALIZAÇÃO DA CONSULTA AO PORTAL
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NFORMATION
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ONDE
FORAM ACRESCENTADOS O NOME DO AUTOR E OS TERMOS BRASIL OR
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BRAZIL OR BR RESTRINGINDO AS
CONSULTAS À TRABALHOS PUBLICADOS E RESPECTIVOS ÍNDICES DE CITAÇÃO DE PESQUISADORES BOLSISTAS
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CNP
Q COM ENDEREÇOS BRASILEIROS
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O período de análise utilizado nas buscas à Web of Science compreende os anos
entre 1945 e 2004. A busca foi realizada pelo último nome dos autores, seguido das iniciais
do nome e demais sobrenomes. Por exemplo, para o autor fictício José Costa Xavier,
buscaríamos como Xavier JC ou Xavier J. Sobrenomes acompanhados de preposição,
como da Costa, foram buscados como Costa e da Costa, de modo que João da Silva
Fernandes seria buscado como Fernandes J, Fernandes JS e Fernandes JD. Conforme
instruções do próprio banco de dados, sobrenomes acompanhados de Neto, Filho e Júnior
foram substituídos pelo nome imediatamente anterior, pois a própria base de dados
reconhece que estes últimos não configuram como sobrenome propriamente dito. Desse
modo, Leandro Costa Júnior seria buscado como Costa L.
A maior dificuldade encontrada para obter a listagem de citações foi a existência de
homônimos e as diferentes maneiras possíveis de se citar um determinado autor, que tenha
um ou mais nomes, um ou mais sobrenomes, ou ambos. Para que fosse mantido um padrão
de busca uniforme, procedemos de forma geral buscando pelo último sobrenome do autor,
usando primeiramente todas as iniciais de seus vários nomes e/ou sobrenomes
intermediários. Logo, para José Antônio Costa Xavier, iniciamos a busca como Xavier, JAC.
Após essa primeira busca, fizemos também as variações que omitem, respectivamente,
Costa e Antônio: Xavier, JA, Xavier, J. Dessa forma, pensamos ter coberto de forma
relativamente abrangente todos os autores bolsistas de nossas listas.
Convém que sejam relatados aqui os pesquisadores que foram investigados de
maneira distinta da descrita acima, pois usam nomes científicos diferentes dos seus nomes
completos. Estes, além do formato usual descrito anteriormente também o foram de forma
especial. Marcelo Resende de Mendonça e Silva foi investigado como Resende M, Maria
Cristina Trindade Terra foi investigada como Terra CT, Terra C e Terra MCT, e João de
Deus Sicsu Siqueira foi investigado como Siqueira JDS, Siqueira JD, Siqueira J, Sicsu J e
Sicsu JD .
No que se refere à existência de homônimos, para as citações referentes a
pesquisadores que possuíssem homônimos, os critérios de identificação foram feitos caso a
caso, verificando-se a produção científica artigo por artigo.
Especificadas todas as possibilidades de diferentes formas de citação bibliográfica
do pesquisador, a página seguinte disponibilizava a listagem de todos os tipos de
publicação: (http://portal.isiknowledge.com/portal.cgi?DestApp=WOS&Func=Frame).
Nessa página eram selecionadas as opções (links) que conduziam ao total numérico
dos Artigos Plenos, Artigos de Revisão e das Cartas.
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ARTAS DE
CADA PESQUISADOR DAS AMOSTRAS FORAM CITADOS NOS
P
ERIÓDICOS INDEXADOS PELO
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CIENTIFIC
I
NFORMATION
(ISI)
FOI OBTIDO ATRAVÉS DO SEGUINTE PERCURSO
:
Portal Institute for Scientific Information (ISI): ISI Web of Knowledge
http://portal.isiknowledge.com/portal.cgi
Portal Institute for Scientific Information (ISI): ISI Web of Knowledge – Web of
Science:
http://portal.isiknowledge.com/portal.cgi?DestApp=WOS&Func=Frame
Portal Institute for Scientific Information (ISI): ISI Web of Knowledge Web of
Science: Cited Reference Search:
ehttp://portal.isiknowledge.com/portal.cgi?DestApp=
WOS&Func=Frame
Nessa página eram selecionadas as opções (links) que conduziam ao número total
de vezes em que artigos plenos, cartas e artigos de revisão eram citados em revistas
científicas indexadas pelo ISI. Nesse mesmo link ainda era possível o acesso a uma
contagem numérica de cada um dos tipos de documentos artigos plenos, cartas e artigos
de revisão – individualmente (Figura 6).
Cited Reference Search
Select database(s) and timespan:
Citation Databases:
Science Citation Index Expanded
(SCI-EXPANDED) – 1945 – present
Social Sciences Citation Index
(SSCI) – 1956 – present
Arts & Humanities Citation Index
(A&HCI) – 1975 – present
Latest
1 week
(updated August 18, 2007)
Year
2007
From
1945-1954
to
2007
(default is all years)
To remember these settings, first sign in or register.
View our Cited Reference Search tutorial
Find the citations to a person's work by entering the person's name, the work's source, and/or
publication year.
CITED AUTHOR: Enter the name of the cited author (see cited author index ).
Example: O'BRIAN C* OR OBRIAN C*
CITED WORK: Enter the abbreviated journal/book title in which the work appeared, a patent
number, or another work (see cited work index or view the Thomson ISI list of journal abbreviations).
Example: J Comput Appl Math*
CITED YEAR(S): Enter year, or range of years, the cited work was published.
Examples: 1943 or 1943 – 1945
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IGURA
6
V
ISUALIZAÇÃO DA CONSULTA AO PORTAL
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NSTITUTE FOR
S
CIENTIFIC
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NFORMATION
(ISI),
ONDE
FORAM SELECIONADAS AS OPÇÕES ARTIGOS DE REVISÃO
,
CARTAS E ARTIGOS PLENOS
,
RESTRINGINDO DESSA
FORMA O TIPO DE PUBLICAÇÃO DOS PESQUISADORES BOLSISTAS
PQ
CNP
Q NAS ÁREAS DE
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ENÉTICA
,
B
IOQUÍMICA
,
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MUNOLOGIA
,
Z
OOLOGIA E
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ÍSICA
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Exemplos de diferentes formas de respostas numéricas e gráficas às consultas ao
Banco de Dados do Institute for Scientific Information (ISI) no que se refere à produção
bibliográfica (número de trabalhos publicados e índices de citação) publicações e
encontram-se listados no Anexo I.
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Para a obtenção das informações relacionadas a projetos de pesquisa em que os
pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia, Zoologia e Física encontravam-se inseridos, foram utilizados o
Sistema de Coleta Anual da CAPES (http://www.capes.gov.br/avaliacao/coleta/), o qual
disponibiliza dados referentes ao período entre 1998 e 2004 e as Avaliações Trienais
CAPES 1998 2000 e 2001 2003
(http://servicos.capes.gov.br/ avaliacaotrienal/?ano=2003)
e
(http://servicos.capes.gov.br/ avaliacaotrienal/?ano=2001)
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Para a obtenção de informações referentes à inserção ou não da Biologia Molecular,
seja como uma ferramenta auxiliar para outras áreas do conhecimento ou ainda como uma
disciplina estabelecida, optamos por uma varredura em todos os títulos e descrições dos
projetos de pesquisa aprovados, linhas de pesquisa assim como as teses orientadas pelos
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética,
Bioquímica, Imunologia, Zoologia.
Foram utilizados os Sistemas de Coleta CAPES (http://www.capes.gov.br/ avaliação
/coleta/), as Avaliações Trienais da Capes 1998 – 2000, 2001 – 2003 (http://servicos.
capes.gov.br/avaliacaotrienal/?ano=2003) e (http://servicos.Capes gov.br/avaliacaotrienal/?
ano=2001) e também a Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/ index.htm). para o acesso
aos Curricula vitae dos pesquisadores bolsistas.
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50 Programas de Pós-Graduação, nos quais se encontram os pesquisadores
com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área de Genética.
67 Programas de Pós-Graduação, nos quais se encontram os pesquisadores
com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área de Bioquímica.
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Os Programas de Pós-Graduação nos quais os pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica (ano de 2005), se
encontram inseridos foram obtidos através dos respectivos Curricula vitae, disponíveis na
Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/ index.htm)
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Os programas de pós-graduação foram analisados segundo os dados disponíveis na
Avaliação Trienal realizada pela CAPES (Avaliação 2004: Triênio: 2001 2003), onde a
mesma pretende retratar toda a pós-graduação brasileira nos mais diferentes critérios
produção científica, quantificação e periodicidade na formação de novos pesquisadores,
fomento a pesquisa entre outros.
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A Avaliação dos Programas de Pós-graduação compreende a realização do
acompanhamento anual e da avaliação trienal do desempenho de todos os programas e
cursos que integram o Sistema Nacional de Pós-graduação, SNPG. Os resultados desse
processo, expressos pela atribuição de uma nota na escala de "1" a "7" fundamentam a
deliberação CNE/MEC sobre quais cursos obterão a renovação de "reconhecimento", a
vigorar no triênio subseqüente.
Os dados referentes a Avaliação dos Cursos de Pós-Graduação realizada pela
CAPES (Triênio 2001 – 2003), foram obtidos de acordo com o seguinte trajeto:
Portal da CAPES:
http://www.capes.gov.br/
Portal da CAPES Avaliação Resultados da Avaliação dos Programas:
(link):
http://www.capes.gov.br/avaliacao/resultados/
Portal da CAPES – Avaliação – Resultados da Avaliação dos Programas –
Aplicativo Avaliação Trienal 2004 (link):
http://servicos.capes.gov.br/avaliação
trienal/?ano=2003
Nesta página encontram-se as fichas de avaliação dos 1819 programas de pós-
graduação do País que a CAPES examinou na Avaliação 2004, referente ao Triênio 2001
2003, devidamente homologadas pelo seu Conselho Técnico Científico nas reuniões de 13 a
17 de setembro e, para o caso dos pedidos de reconsideração, de 13 a 16 de dezembro de
2004, os quais podem ser identificados a partir das Instituições de Ensino Superior (IES) ou a
partir das Áreas de Avaliação (Figura 7 e Tabela 3).
Digite o Código, o Nome ou a Sigla de sua IES:
e/ou selecione a Área de Avaliação para fazer o download:
F
IGURA
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V
ISUALIZAÇÃO DA CONSULTA AO PORTAL DA
CAPES,
ONDE FORAM REALIZADAS AS CONSULTAS
REFERENTES AOS
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ROGRAMAS DE
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RADUAÇÃO NOS QUAIS DECLARARAM
-
SE CADASTRADOS OS
PESQUISADORES BOLSISTAS
PQ
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Q NAS ÁREAS DE
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ENÉTICA E
B
IOQUÍMICA
.
Tabela 3
Modelo da listagem dos Programas de Pós-Graduação avaliados pela CAPES na Avaliação
Trienal 2001 – 2003.
IES PROGRAMA FICHA
CRITÉRIOS
DOCUMENTO
DE ÁREA
SÍNTESE
FUFPI AGRONOMIA X X X X
IAC AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL
X X X X
INPA AGRICULTURA NO TRÓPICO ÚMIDO X X X X
INPA CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS X X X X
UDESC
CIÊNCIAS DO SOLO X X X X
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CAPES.
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Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado orientadas e concluídas.
Assim como foi realizado para os Pesquisadores foram levantados os dados
referentes as Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado orientadas e concluídas
desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação em que Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa, nas áreas de Genética e Bioquímica se encontravam
cadastrados.
Esses dados foram obtidos através do Portal da CAPES, Sistema de Avaliação da
CAPES e Sistema de Coleta CAPES (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/index.jsp e
http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm).
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Número de Projetos de Pesquisa submetidos por todos os pesquisadores
pertencentes aos Programas de Pós-Graduação nos quais se encontram
inseridos os Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa, nas
áreas de Genética e Bioquímica e aprovados independentemente do agente
financiador responsável pelo fomento à pesquisa.
Para a obtenção das informações relacionadas a projetos de pesquisa dos
Programas de Pós-Graduação em que os pesquisadores com Bolsa de Produtividade em
Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica encontravam-se inseridos foram
utilizados o Sistema de Coleta Anual da CAPES (http://www.capes.gov.br/avaliacao/coleta/),
o qual disponibiliza dados referentes ao período entre 1998 e 2004 e as Avaliações Trienais
CAPES 1998 2000 e 2001 2003 (http://servicos.capes.gov.br/
avaliacaotrienal/?ano=2003) e (http://servicos.capes.gov.br/ avaliacaotrienal/?ano=2001).
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Para a obtenção dos dados referentes às Publicações Científicas de todo o corpo
discente e docente e demais pesquisadores pertencentes a Programas de Pós-Graduação
nos quais se encontram inseridos os pesquisadores com Bolsa de Produtividade em
Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica, foram utilizados o Sistema de
Coleta Anual da CAPES (http://www.capes.gov.br/avaliacao/coleta/), o qual disponibiliza
dados referentes ao período entre 1998 e 2004 e as Avaliações Trienais CAPES 1998
2000 e 2001 2003
(http://servicos.capes.gov.br/avaliacaotrienal/?ano=2003)
e
(http://servicos.capes. gov. br/avaliação trienal/?ano=2001).
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Os dados coletados foram organizados em arquivos digitais para que análises e
processamentos necessários pudessem ser efetuados. A partir desses arquivos digitais foi
elaborado um aplicativo o qual pudesse permitir a integração das diversas tabelas
disponíveis e a conseqüente exploração dos dados por meio de consultas e relatórios.
Relações entre resultados e insumos acadêmicos foram estabelecidas, assim como
padrões de comparação, tais como idade acadêmica vida acadêmica a partir da titulação
de doutorado. Além de alguns aspectos dos pesquisadores bolsistas em Genética e
Bioquímica terem sido comparados com os de pesquisadores com Bolsa de Produtividade
em Pesquisa do CNPq nas áreas de Imunologia, Zoologia e Física.
Walford (1995) e Robinson (1998) sugerem que o processo de investigação
quantitativa análise exploratória de dados deve ser iniciado por um conjunto de
procedimentos simples, tais como o cálculo de medidas de centralidade e dispersão: moda,
média e desvio-padrão, para além dos desvios à mediana expressos por intervalos
interquartis.
Embora as medidas de centralidade sejam úteis para se conhecer uma distribuição,
por si são insuficientes, podendo adicionar-se o cálculo da co-variância e do coeficiente
de correlação de modo a suportarem comparações explicativas entre duas variáveis
(Ferreira e Simões, 1987).
O gráfico de dispersão costuma ser usado para determinar se existe uma correlação
entre dois fatores. A correlação implica que, se uma variável muda, a outra também muda.
Embora isso possa indicar um relacionamento de causa e efeito, este nem sempre é o caso.
De fato, um ou mais fatores diferentes podem ser a causa do efeito e os dois fatores os
quais estão sendo examinados podem ser o resultado de outros fatores.
Em se estabelecendo a existência de uma boa correlação entre dois fatores, poder-
se-á utilizar um fator para prever o outro, particularmente se um fator for de fácil medição e o
outro não. A vantagem de criar um gráfico de dispersão não está na representação dos
dados em si, mas na interpretação dos resultados. Dependendo da localização e do
agrupamento dos pontos de dados no gráfico, obtém-se um dos cinco padrões gerais de
correlação.
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O diagrama de dispersão mostra a forma, direção e a força da relação em estudo.
No entanto, a interpretação da força deste modo é bastante subjetiva. Uma mudança nas
escalas dos eixos do gráfico pode alterar a percepção para esse aspecto. Podemos medir
essa força através do Coeficiente de Correlação.
Por definição, o Coeficiente de Correlação
R
afere a força da associação linear entre
duas variáveis quantitativas. Ele descreve a direção da relação linear e indica quão
próximos os pontos estão de uma reta que melhor se ajusta a eles.
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Entre – 1 e 1 (devido ao modo como é definido).
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Indica a direção (sinal negativo: direção negativa e vice e versa)
M
M
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Quanto mais próximo dos extremos (– 1 e 1), mais forte a associação linear.
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Significa que não há associação linear, podendo haver outro tipo de relação
entre as variáveis, como uma relação quadrática, por exemplo. É uma
quantidade adimensional. Não é afetada por mudanças de escala das
variáveis.
F
ÓRMULA DO CÁLCULO DO
C
OEFICIENTE DE
C
ORRELAÇÃO
I
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A apresentação dos resultados está dividida em seis seções que compreendem três
instâncias de análise. A primeira instância se refere à caracterização das comunidades de
pesquisadores bolsistas em Produtividade em Pesquisa do CNPq (PQ CNPq) nas áreas
da Genética e Bioquímica. A segunda instância visa determinar o desempenho acadêmico
dessas mesmas comunidades, em quatro diferentes seções: por unidade federativa e
instituição de vínculo profissional, por programas de pós-graduação, por pesquisador e por
linha de pesquisa, caracterizada por ter, ou não, sua base na Biologia Molecular. A terceira
instância de análise encontra-se na sexta seção dos resultados e compara as duas
comunidades estudadas com outras comunidades de pesquisadores bolsistas de
Produtividade em Pesquisa do CNPq – Imunologia, Zoologia e Física.
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V
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1
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.
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A partir dos dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq)
8
, fazem parte da amostra desse estudo 153 pesquisadores
bolsistas em Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq) na área de Genética (2004) e
231 na área de Bioquímica (2006).
8
Consulta no site do CNPq dos processos em curso na modalidade de Bolsa de Produtividade em Pesquisa foram
encontrados por meio de busca pela área do conhecimento disponível em: http://plsql1.cnpq.br/divulg/RESULTADO
_PQ_102003.curso
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O conjunto de pesquisadores, da área de Genética, com Bolsas PQ CNPq em
curso (em 2004), é formado por 73 homens e 80 mulheres (52,3%), enquanto a comunidade
de Bioquímicos bolsistas é constituída por 130 pesquisadores do sexo masculino e 101 do
sexo feminino (43,7%).
A participação das mulheres nessas comunidades é superior à participação das
mulheres (33,4%) no total de pesquisadores com Bolsa de Produtividade no País, (PQ
CNPq ) apresentada no Quadro 1.
Quadro 1 Evolução do número de Bolsas de Produtividade em Pesquisa concedidas pelo
CNPq, segundo o sexo dos pesquisadores.
B
OLSAS DE
P
RODUTIVIDADE EM
P
ESQUISA
*
-
CNPq
A
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**
F
EMININAS
M
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T
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%
F
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2000
2.144,1 4.637,0 6.781,2
31,62
2002
2.506 5.259,2 7.765,2
32,27
2004
2.818,5 5.634,7 8.453,2
33,34
2006
3.030,8 6.042,2 9.073
33,40
* O número de bolsas corresponde ao número de bolsas-ano (mensalidades pagas de janeiro a
dezembro/12 meses = bolsas-ano). Desta forma, o número de bolsas pode ser fracionário. Exemplo:
18 mensalidades/12 meses = 1,5 bolsa-ano. O CNPq alerta que o número de bolsas-ano não é
equivalente ao número de beneficiários, pois cada 12 mensalidades pagas, igual a 1 bolsa-ano,
podem corresponder a 1 ou mais bolsistas. Ex: No ano de 2001 foram concedidas 2.459,1 bolsas de
produtividade em pesquisa para 2.802 mulheres e 5.206,5 bolsas para 5.847 homens
** Os anos de 2003 e 2005 acompanham o perfil de evolução.
Fonte: CNPq – Bolsas no País (Consulta - agosto de 2007).
Disponível em http://fomentonacional.cnpq.br/dmfomento/home/fmtmenu.jsp?op=1
,
Mesmo na Grande Área das Ciências da Vida, onde parece existir um equilíbrio
entre o total de pesquisadores homens (51,5%) e mulheres (48,5%)
9
, a participação
9
Fonte: CNPq – Diretório dos Grupos de Pesquisa (2006).
feminina entre os pesquisadores bolsistas PQ CNPq nas áreas da Genética e Bioquímica
mostra-se superior à observada na maioria das outras áreas do conhecimento pertencentes
a Grande Área Ciências da Vida (Figura 8).
Figura 8 - Freqüência de Pesquisadores Brasileiros com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq, nas diversas áreas das Ciências da Vida, por sexo.
Fonte: CNPq – Bolsas no País (2007).
Por outro lado, de acordo com o Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq (2006),
à medida que a idade acadêmica (tempo de titulação em doutoramento) dos
pesquisadores brasileiros diminui, a taxa de participação feminina aumenta, igualando-se
à taxa de participação masculina (Figura 9).
0
10
20
30
40
50
60
70
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90
100
Rec Flores e Eng Florestal
Eng Agrícola
Agronomia
Zootecnia
Biofísica
Med Veterinária
Zoologia
Aqüicultura
Rec Pesq e Eng Pesca
Ecologia e Limnologia
Medicina
Multidisciplinar
Educação Física
Odontologia
Fisiologia
Ciên e Tec de Alimentos
Morfologia
Bioquímica
Farmacologia
Botânica
Imunologia
Saúde Coletiva
Parasitologia
Genética
Farmácia
Microbiologia
Nutrição
Fisiot e Ter Ocupacional
Biologia Geral
Enfermagem
Fonoaudiologia
Áreas do Conhecimento
Grande Área das Ciências da Vida
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (%)
Homens
Mulheres
Figura 9 Freqüência de Pesquisadores Brasileiros por sexo e idade acadêmica
(tempo de titulação em doutoramento).
Fonte: CNPq – Diretório dos Grupos de Pesquisa (2006)
A maior participação feminina correlacionada à menor idade acadêmica também
pode ser observada, de uma forma geral, nas comunidades de pesquisadores bolsistas PQ
CNPq das áreas de Genética (Figura 10) e Bioquímica (Figura 11). Entretanto, o perfil da
representatividade de homens e mulheres, por idade acadêmica, nas duas comunidades de
bolsistas PQ CNPq, é bastante diferenciado do observado para o conjunto de
pesquisadores brasileiros. A similaridade entre as participações masculina e feminina pode
ser observada entre os pesquisadores bolsistas com maior idade acadêmica. Na área da
Genética, a similaridade, ou mesmo a superioridade feminina, está presente na faixa dos
40 aos 36 anos (Figura 10) e, na área de Bioquímica, ocorre entre os bolsistas com 25 anos,
ou menos, de titulação em doutoramento (Figura 11).
0
20
40
60
80
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> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo deTitulação em Doutoramento
(períodos em anos)
Pesquisadores Brasileiros (%)
Homens
Mulheres
R = 0,9818
Figura 10 -
Freqüência
de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
(PQ-CNPq), na área de Genética, por sexo e idade acadêmica.
Fonte: CNPq – Bolsas no País (bolsistas PQ/Genética - 2004) e Plataforma Lattes (idade acadêmica - 2006).
Figura 11 - Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ
– CNPq), na área de Bioquímica, por sexo e idade acadêmica.
Fonte: CNPq – Bolsas no País (bolsistas PQ/Bioquímica - 2006) e Plataforma Lattes, (idade acadêmica - 2006).
45,5
71,4
0,0
0
20
40
60
80
100
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo deTitulação em Doutoramento
(períodos em anos)
Pesquisadores Bolsisistas PQ-CNPq (%)
Área de Genética
Homens
Mulheres
R = 0,660
42,1
60,0
16,7
0
20
40
60
80
100
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
(em período de anos)
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (%)
Área de Bioquímica
Homens
Mulheres
R = 0,892
I
I
D
D
A
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D
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C
C
A
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D
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Ê
M
M
I
I
C
C
A
A
O perfil de idade acadêmica também é distinto entre os pesquisadores brasileiros e
os bolsistas PQ-CNPq das áreas de Genética e Bioquímica (Figura 12).
Diferença significativa pode ser observada entre o grupo de idade acadêmica igual
ou inferior a 15 anos. Enquanto esses pesquisadores mais jovens representam menos
que a quarta parte (23%) do total de pesquisadores brasileiros, eles constituem quase a
terça parte (29%) dos bolsistas PQ-CNPq na área de Genética e somam mais da metade
(52%) dos bolsistas na área de Bioquímica.
Figura 12 - Freqüência de Pesquisadores Brasileiros e de Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa (PQ-CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica, por idade acadêmica.
Fonte: CNPq – Diretório dos Grupos de Pesquisa - pesquisadores brasileiros (2006), Bolsas no País (bolsistas PQ
em Genética - 2004 e em Bioquímica - 2006) e Plataforma Lattes (idade acadêmica dos bolsistas PQ em Genética
e Bioquímica - 2006)
0
5
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20
25
30
35
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulão em Doutoramento
(em período de anos)
Pesquisadores (%)
Brasileiros
Bolsistas PQ-CNPq - Genética
Bolsistas PQ-CNPq - Bioquímica
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D
D
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T
I
I
V
V
A
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S
S
Os pesquisadores com bolsa de Produtividade em Pesquisa nas áreas de Genética e
Bioquímica encontram-se concentrados na região sudeste (68,6% e 69,3 %
respectivamente) e, predominantemente, no estado de São Paulo (Figura 13).
Figura 13 Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica, por unidade da Federação.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
I
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Ç
Ç
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S
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Os 153 bolsistas da área de Genética pertencem a 29 diferentes instituições, das
quais 48,3% são Universidades Federais e 27,6% são Universidades Estaduais. As demais
Instituições distribuem-se entre Institutos de Pesquisa (20,7%) e uma Universidade
Particular (3,4%). A distribuição das 30 instituições que concentram os 231 bolsistas da área
de Bioquímica é semelhante, com a diferença da maior representatividade das
Universidades Particulares nessa comunidade (Figura 14).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
SP RJ RS MG DF PA PR CE PE SC AM BA GO PB AL MS
Unidades da Federação
Freqüência (%)
Bolsistas - Genética
Bolsistas - Bioquímica
Figura 14 – Freqüência das Instituições de vínculo profissional dos Pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica, por
dependência administrativa.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
Quanto à distribuição dos pesquisadores pelas Instituições de Ensino e/ou Pesquisa
o perfil dos bolsistas nas áreas de Genética e Bioquímica é também bastante similar. Os
bolsistas da Genética estão concentrados (80,4%) em 10 instituições e 57% deles
pertencem à USP (24,8%), UFRGS (11,1%) UFRJ (8,5%), UNICAMP (7,2%), e UNESP
(5,2%) – as cinco universidades de maior produtividade científica no País
10
.
Entre as 30 instituições onde os bolsistas de Bioquímica possuem vínculo
profissional, apenas treze reúnem 84,8% dos pesquisadores, sendo que 54% deles
encontram-se nas mesmas cinco universidades mais produtivas do País USP (22,1%),
UFRJ (16,5%), UFRGS (10%), UNICAMP (3,2%) e UNESP (2,6%).
A representatividade dos pesquisadores com bolsa de Produtividade em Pesquisa
das áreas de Genética e Bioquímica no universo de suas instituições está mostrada nas
Tabelas 4 e 5 respectivamente.
10
Produção Científica: Crescimento do número de trabalhos publicados por Instituição. Por Fernanda Leonel
Repórter, 02/08/2007. Disponível em: http://www.acessa.com/educacao/arquivo/noticias/2007/08/02-pesquisa/
0
10
20
30
40
50
60
Universidades
Federais
Universidades
Estaduais
Institutos de
Pesquisa
Universidades
Particulares
Instituições de Vínculo
Instituições (%)
Área da Genética
Área da Bioquímica
Tabela 4 Representatividade dos pesquisadores bolsistas da área de Genética nos universos de
pesquisadores bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ – CNPq) e de docentes das Instituições
as quais estão vinculados profissionalmente.
* Entre os Bolsistas do CNPq não foram contabilizados os “Suspensos”. ** Número de Pesquisadores
I
NSTITUIÇÃO
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
G
ENÉTICA
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
*
%
B
OLSISTAS
DA ÁREA DE
G
ENÉTICA
NO TOTAL DE
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
D
OCENTES
D
OUTORES
D
OCENTES
Universidades Federais 70 3.328
2,1
12.408 12.441
UFRGS 17 507
3,4
1.825 1.826
UFRJ 13 824
1,6
2.127 2.132
UFV 8 198
4,0
399 400
UFPA 7 65
10,8
427 428
UNB 6 251
2,4
1.288 1.293
UFSCAR 4 157
2,5
481 483
UNIFESP 4 161
2,5
720 725
UFPE 3 227
1,3
1.182 1.186
UFMG 2 508
0,4
1.567 1.570
UFPR 2 187
1,1
1.025 1.027
FURG 1 35
2,9
133 135
UFG 1 55
1,8
409 409
UFPB 1 81
1,2
466 467
UFU 1 72
1,4
359 360
Universidades Estaduais 63 2.967
2,1
12.193 12.232
USP 38 1.505
2,5
5.837 5.859
UNICAMP
11
609
1,8
2.198 2.208
UNESP 8 466
1,7
2.126 2.126
UEM 2 107
1,9
466 466
UEFS 1 13
7,7
66 67
UEL 1 53
1,9
346 347
UERJ 1 200
0,5
937 941
FUA 1 14
7,1
217 218
Institutos de Pesquisa 19 363
5,2
629 629
EMBRAPA 8 142
5,6
- 2.114
**
FIOCRUZ 7 177
4,0
629 629
FEPAM 1 2
50,0
- -
I BUTANTAN 1 30
3,3
- 253
**
I LUDWIG 1 5
20,0
- -
INCA 1 7
14,3
- -
Universidade Particular 1 8
12,5
106 106
UNIVAP 1 8
12,5
106 106
TOTAL 153 6.666
2,3
25.336 25.408
Tabela 5 – Representatividade dos pesquisadores bolsistas da área de Bioquímica nos universos
de pesquisadores bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq) e de docentes das
Instituições as quais estão vinculados profissionalmente.
I
NSTITUIÇÃO
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
B
IOQUÍMICA
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
*
%
DE
B
OLSISTAS
DA ÁREA DE
B
IOQUÍMICA
NO TOTAL DE
B
OLSISTAS
PQ-CNP
Q
D
OCENTES
D
OUTORES
D
OCENTES
Universidades Federais 123 3.730
3,3
14.128 14.169
UFRJ 38 824
4,6
2.127 2.132
UFRGS 23 507
4,5
1.825 1.826
UNIFESP 19 161
11,8
720 725
UFPR 16 187
8,6
1.025 1.027
UFC 5 130
3,8
812 816
UFMG 5 508
1,0
1.567 1.570
UNB 5 251
2,0
1.288 1.293
UFPE 3 227
1,3
1.182 1.186
UFSC 3 306
1,0
1.207 1.211
UFSM 2 120
1,7
459 459
UFAL 1 25
4,0
298 299
UFF 1 207
0,5
843 848
UFMS 1 120
0,8
294 294
UFSCAR 1 157
0,6
481 483
Universidades Estaduais 81 2.948
2,7
11.842 11.878
USP 51 1.505
3,4
5.837 5.859
UENF 8 61
13,1
278 278
UEM 7 107
6,5
466 466
UNICAMP
7
609
1,1
2.198 2.208
UNESP 5 466
1,1
2.126 2.126
UERJ 3 200
1,5
937 941
Institutos de Pesquisa 21 365
5,8
664 675
I BUTANTAN 7 30
23,3
- 253**
ABTLuS 4 11
36,4
35 46
I LUDWIG 4 5
80,0
- -
FIOCRUZ 3 177
1,7
629 629
EMBRAPA 2 142
1,4
- 2.114**
FUNED 1 -
- -
Universidades Particulares 6 103
5,8
705 705
PUC/RS 2 83
2,4
451 451
UMC 2 5
40,0
50 50
UCB 1 11
9,1
150 150
UNAERP 1 4
25,0
54 54
TOTAL 231 7.146
3,2
27.339 27.427
* Entre os Bolsistas do CNPq não foram contabilizados os “Suspensos”. ** Número de Pesquisadores
I
I
V
V
.
.
2
2
.
.
D
D
E
E
T
T
E
E
R
R
M
M
I
I
N
N
A
A
N
N
T
T
E
E
S
S
D
D
O
O
D
D
E
E
S
S
E
E
M
M
P
P
E
E
N
N
H
H
O
O
A
A
C
C
A
A
D
D
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M
M
I
I
C
C
O
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I
I
D
D
A
A
D
D
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F
F
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D
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A
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I
I
V
V
A
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I
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S
S
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I
T
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I
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:
P
P
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I
M
M
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I
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A
A
A
A
P
P
R
R
O
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X
X
I
I
M
M
A
A
Ç
Ç
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Ã
O
O
E
E
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N
T
T
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R
E
E
A
A
S
S
C
C
O
O
M
M
U
U
N
N
I
I
D
D
A
A
D
D
E
E
S
S
D
D
E
E
B
B
O
O
L
L
S
S
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
D
D
A
A
S
S
Á
Á
R
R
E
E
A
A
S
S
D
D
E
E
G
G
E
E
N
N
É
É
T
T
I
I
C
C
A
A
E
E
B
B
I
I
O
O
Q
Q
U
U
Í
Í
M
M
I
I
C
C
A
A
De acordo com Spinak (1998), a ciência pode ser entendida como uma dinâmica que
requer insumos e resultados. Esta concepção também se faz presente nos trabalhos de
Latour e Woolgar, quando propõem que o pesquisador possui condições de transformar seu
crédito inicial título e posteriores insumos orientações e projetos em mais
argumentos publicações e citações, ou seja, em reconhecimento, com o qual recomeçará
o processo. A característica essencial desse ciclo é a busca contínua por um ganho de
credibilidade que permita o reinvestimento e, conseqüentemente, um ganho maior de
credibilidade, associando, fortemente, à produção científica e à idéia da sua visibilidade
(Beato, 1998).
Assim, os trabalhos publicados, as citações recebidas e as orientações concluídas
passam a fazer parte de um sistema cíclico de insumos e resultados (variáveis dependentes
intervalares VDI). Este sistema constitui a base dos indicadores cienciométricos utilizados
nesse trabalho como instrumentos de caracterização e análise da performance do
pesquisador e da constituição do status quo de cada comunidade a que pertence, em suas
diferentes escalas (variáveis independentes do tipo nominal – VIN).
Nesta seção, as relações entre insumos e resultados, nas comunidades de
pesquisadores bolsistas PQ CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, foram analisadas
a partir de grupamentos sucessivos – Unidade Federativa e Instituição (VINs).
Considerando que as comunidades estudadas se configuram como grupos pré-
selecionados, pelos pesquisadores que constituem os Comitês de Assessoramento (CA)
11
11
CA-GE (Genética) e CA-BF (Bioquímica, Biofísica, Fisiologia, Farmacologia e Neurociências) - ambos têm como critérios para
concessão da Bolsa PQ o pesquisador estar vinculado a uma instituição de ensino ou pesquisa, estar envolvido com atividade de orientação,
com a conclusão da orientação de pelo menos 1 (um) Mestrado, ter publicado pelo menos 5 (cinco) trabalhos científicos como autor principal
ou correspondente (CA-BF - “preferencialmente”) com fator de impacto significante (CA-GE “em relação à mediana da área nos últimos
do CNPq, sob critérios definidos em norma específica para cada área do conhecimento (ou
conjunto de áreas afins) era de se esperar que as variáveis dependentes apresentassem um
perfil homogêneo para qualquer variável independente por área do conhecimento.
V
V
A
A
R
R
I
I
Á
Á
V
V
E
E
L
L
G
G
E
E
O
O
G
G
R
R
Á
Á
F
F
I
I
C
C
A
A
U
U
N
N
I
I
D
D
A
A
D
D
E
E
S
S
D
D
A
A
F
F
E
E
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Entre as comunidades estudadas, esta hipótese se confirma para a variável
geográfica, quando 67,7% das Unidades Federativas dos bolsistas na área de Genética
(Tabela 6) e 72,7% dos bolsistas da área de Bioquímica (Tabela 7) possuem valores muito
próximos da média (pequena variância) tanto para publicações, orientações e citações por
pesquisador, quanto para a relação citações por publicação.
cinco anos” e CA-BF “com fator de impacto igual ou superior a 1”), demonstrar ter capacidade de captação de recursos financeiros. A
progressão nas diferentes categorias e níveis está basicamente condicionada a um número mais elevado de publicações (10) e à conclusão de
orientações em nível de Doutorado.
Tabela 6 Média de publicações, orientações e citações por pesquisadores com bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq (variáveis dependentes) da área de Genética, segundo
Unidade da Federação (variável independente).
* Na tabela os valores em negrito estão fora do intervalo de variância (ex. publicações/pesquisador = 28,9 - 55,1).
A concentração em torno da dia é de 66,7% para todas as variáveis. C
ITAÇÃO
/
P
UBLICAÇÃO
= total de citações
dividido pelo total de publicações. Para a área de Genética, o cálculo das médias contabilizou as publicações,
orientações e citações de toda a vida acadêmica dos bolsistas, até o ano de 2004.
M
ÉDIA POR
P
ESQUISADOR
B
OLSISTA
*
Á
REA DE
G
ENÉTICA
U
NIDADES DA
F
EDERAÇÃO
P
UBLICAÇÕES
O
RIENTAÇÕES
C
ITAÇÕES
C
IT
/
P
UBL
.
PA 50,3 18,0
568,3
11,3
SP
55,2
11,6
607,9
11,0
MG 52,0
23,9 548,9 10,6
PR 35,6 14,4 219,8
10,6
RJ 43,9 13,3 427,3
9,7
PE 30,7 7,3 279,3
9,1
RS
55,6
11,5 409,3
7,4
GO 31,0 14,0 213,0
6,9
DF 35,6 11,0 376,4
6,2
BA 46,0
3,0
261,0
5,7
AM
57,0 28,0
291,0 5,1
PB
11,0 6,0 24,0
2,2
Total 50,2 13,1 503,7
10
Tabela 7 Média de publicações, orientações e citações por pesquisadores com bolsa de
Produtividade em Pesquisa do CNPq (variáveis dependentes) da área de Bioquímica, segundo
Unidade da Federação (variável independente).
* Na tabela os valores em negrito estão fora do intervalo de variância (ex.
publicações/pesquisador = 29,9 - 55,9). A concentração em torno da média é de 72,7% para
todas as variáveis. C
ITAÇÃO
/
P
UBLICAÇÃO
= total de citações dividido pelo total de
publicações.
Para a área de Bioquímica, o cálculo das médias contabilizou as publicações, orientações e
citações de toda a vida acadêmica dos bolsistas, até o ano de 2006.
V
V
A
A
R
R
I
I
Á
Á
V
V
E
E
L
L
I
I
N
N
S
S
T
T
I
I
T
T
U
U
C
C
I
I
O
O
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N
A
A
L
L
I
I
N
N
S
S
T
T
I
I
T
T
U
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I
I
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Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
D
D
E
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E
N
N
S
S
I
I
N
N
O
O
E
E
/
/
O
O
U
U
P
P
E
E
S
S
Q
Q
U
U
I
I
S
S
A
A
O segundo grupamento de pesquisadores bolsistas é do tipo institucional.
O perfil de vinculação profissional dos bolsistas PQ – CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica é bastante semelhante, considerando a distribuição dessas comunidades por
Universidades e Institutos de Pesquisa (Tabela 8) e o fato da maioria dos bolsistas das duas
áreas (83,7% e 86,1% respectivamente) estar vinculada a 17 das 42 Instituições de Ensino
e/ou Pesquisa as quais estes pesquisadores pertencem (Tabelas 8 e 9).
M
ÉDIA POR
P
ESQUISADOR
B
OLSISTA
*
Á
REA DE
B
IOQUÍMICA
U
NIDADES DA
F
EDERAÇÃO
P
UBLICAÇÕES
O
RIENTAÇÕES
C
ITAÇÕES
C
IT
/
P
UBL
SP 45,7 11,6
508,5 11,3
AL
11,0 4,0 123,0 11,2
SC 31,7 11,3 298,7 9,4
MG 35,8 12,0 304,4 8,5
DF 41,3
7,7
353,4 8,3
RS
57,4
18,2
476,1
8,3
PE 51,3 17,0 411,7 8,0
MS
59,0
32,0 457,0 7,7
CE 36,0 17,2 268,2 7,5
RJ 51,9 17,2 374,5 7,4
PR 48,6 15,5 284,5
5,9
Média 52,2 14,4 532,3 10,2
Tabela 8 Instituições de vínculo profissional dos pesquisadores com bolsa PQ CNPq nas
áreas de Genética e Bioquímica.
(8a) Número total de Instituições por natureza da Instituição.
N
ATUREZA DAS
I
NSTITUIÇÕES
Á
REA
G
ENÉTICA
Á
REA
B
IOQUÍMICA
U
NIVERSIDADES
23 24
I
NSTITUTOS DE
P
ESQUISA
6 6
T
OTAL
29 30
(8b) Número total de Instituições por natureza, conforme compartilhamento.
I
NSTITUIÇÕES DE
V
ÍNCULO
P
ROFISSIONAL DOS
B
OLSISTAS
PQ
CNP
Q
Á
REA
G
ENÉTICA
Á
REA
B
IOQUÍMICA
N
ATUREZA DAS
I
NSTITUIÇÕES
E
XCLUSIVAS
C
OMUNS
E
XCLUSIVAS
U
NIVERSIDADES
10 13 11
F
EDERAIS
6 8 6
E
STADUAIS
3 5 1
P
ARTICULARES
1 0 4
I
NSTITUTOS DE
P
ESQUISA
2 4
2
12 17
13
T
OTAL
42
Tabela 9 Freqüência de pesquisadores com bolsa PQ CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica, conforme a natureza e o compartilhamento das Instituições de vínculo profissional.
B
OLSISTAS
PQ
CNP
Q
(%)
Á
REA
G
ENÉTICA
Á
REA
B
IOQUÍMICA
N
ATUREZA DAS
I
NSTITUIÇÕES
DE
V
ÍNCULO
P
ROFISSIONAL
E
XCLUSIVAS
C
OMUNS
C
OMUNS
E
XCLUSIVAS
U
NIVERSIDADES
15,0 72,5 79,2 11,7
F
EDERAIS
12,4 33,3 47,6 5,6
E
STADUAIS
2,0 39,2 31,6 3,5
P
ARTICULAR
0,7 0,0 0,0 2,6
I
NSTITUTOS DE
P
ESQUISA
1,3 11,1 6,9 2,2
T
OTAL POR COMPARTILHAMENTO
(n)
25 128 199 32
T
OTAL POR COMPARTILHAMENTO
(%)
16,3 83,7 86,1 13,9
T
OTAL POR
Á
REA
153 (100%)
231 (100%)
A análise das relações entre resultados e insumos, mostra que as taxas de
produtividade (razão publicação/pesquisador, normalizada pela idade acadêmica média do
grupo) e visibilidade científica (razão citação/publicação/pesquisador, normalizada pela
idade acadêmica média do grupo) das comunidades dos bolsistas PQ – CNPq das áreas de
Genética e de Bioquímica, de uma forma geral, são similares, tanto nas análises por área,
quanto por natureza das Instituições (Figura 15).
Fora desse padrão encontram-se as taxas significativamente maiores (p< 0,001) de
visibilidade cientifica dos bolsistas da área da Genética vinculados aos Institutos de
Pesquisa quando analisadas as variáveis independentes – natureza da Instituição de vínculo
profissional e área da bolsa PQ CNPq. Diferenças significativas (p< 0,001) também são
encontradas entre os pesquisadores das Universidades Estaduais, bolsistas da área de
Bioquímica. Com desempenhos científicos opostos, esses bolsistas apresentam as maiores
taxas de produtividade e as menores taxas de visibilidade cientifica (Figura 15).
Figura 15 Índices de desempenho dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ
– CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica, conforme a natureza das Instituições de vínculo
profissional.
*Na Figura: Universidades Particulares não aparecem devido ao número muito reduzido de Bolsistas (Genética = 1
e Bioquímica = 6) e Instituições às quais estão vinculados (Genética = 1 e Bioquímica = 4). São índices dos
Bolsistas, vinculados às Universidades Particulares: (i) publicações/pesquisador/idade acadêmica = 1,25 (Genética)
e 4,37 (Bioquímica); (ii) orientações/pesquisador/idade acadêmica = 0,56 (Genética) e 0,88 (Bioquímica) e (iii)
citações/publicação/pesquisador/idade acadêmica = 1,40 (Genética) e 0,86 (Bioquímica).
Fontes: CNPq: Bolsas Individuais no País, para Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) nas áreas de
Genética (2004) e Bioquímica (2006) e Plataforma Lattes, para Idade Acadêmica (Genética 2004 e Bioquímica –2006). ISI
Web of Science, para Publicações e Citações (Genética – 2004 e Bioquímica – 2006).
0,0
0,3
0,5
0,8
1,0
Universidades
Federais
Universidades
Estaduais
Institutos de
Pesquisa
Instituições de nculo
Bolsistas PQ-CNPq
Área de Genética
Área de Bioquímica
(b)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Universidades
Federais
Universidades
Estaduais
Institutos de
Pesquisa
Instituições de nculo
Bolsistas PQ-CNPq
Área de Genética
Área de Bioquímica
(a)
A análise dos dados por Instituição mostra que os bolsistas da área de Genética
vinculados ao Instituto de Pesquisa Ludwig (Figura 16) apresentam os melhores índices
para as relações publicações/pesquisador (11,17) e citações/publicação/pesquisador (2,99).
Estes valores representam cinco vezes mais publicações/pesquisador e dez vezes mais
citações/publicação/pesquisador do que a média dos demais (2,12 e 0,29 respectivamente).
Entretanto, esse desempenho acadêmico é referente a um único pesquisador bolsista PQ
CNPq, inviabilizando a representatividade do Instituto nessa análise.
Figura 16 – Relações entre insumo idade acadêmica e resultados – publicações e citações dos
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na área de Genética, por
Instituições de vínculo profissional.
Fontes: CNPq Bolsas Individuais no País (2004), para Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) na
área de Genética e Plataforma Lattes (2004) para Idade Acadêmica (2004). ISI - Web of Science (2004), para Publicações e
Citações dos pesquisadores bolsistas.
O mesmo ocorre para todos os valores fora das curvas mostradas nas Figuras 16 e
17. Os melhores desempenhos da UNIVAP (citações/publicação/pesquisador = 1,40), entre
os bolsistas da área de Genética, e da UFSM (publicação/pesquisador = 8,13), UCB
(publicação/pesquisador = 7,00) e UFAL (citações/publicação/pesquisador = 2,41), entre os
bioquímicos, se refere à atuação de, apenas, um pesquisador.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Publicões por Pesquisador por Idade Acadêmica
Ciações por Publicão por Pesquisador por Idade Acad~emica
Instituições dosBolsistas PQ-CNPq
Área da Genética
Comuns à área de Bioquímica
Exclusivas da área de Getica
Figura 17 – Relações entre insumo idade acadêmica e resultados – publicações e citações dos
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq), na área de Bioquímica, por
Instituições de vínculo profissional.
Fontes: CNPq – Bolsas Individuais no País (2006), para Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) na área
de Bioquímica e Plataforma Lattes (2006) para Idade Acadêmica (2004). ISI - Web of Science (2006), para Publicações e
Citações dos pesquisadores bolsistas.
Uma vez desconsiderados os pontos expoentes dos índices e organizadas
seqüências de valores decrescentes, independente das Instituições a que se referem,
podemos observar uma moderada hierarquia no perfil de desempenho acadêmico, muito
semelhante entre as comunidades de bolsistas PQ – CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica (Figura 18).
Figura 18 – Perfil dos índices de desempenho acadêmico – relações entre insumo (idade acadêmica)
e resultados (publicações e citações) dos Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
(PQ-CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica, no conjunto das Instituições de vínculo profissional.
Fontes: CNPq Bolsas Individuais no País, para Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) nas áreas de
Genética (2004) e Bioquímica (2006) e Plataforma Lattes, para Idade Acadêmica (Genética 2004 e Bioquímica 2006). ISI -
Web of Science, para Publicações e Citações (Genética –2004 e Bioquímica –2006).
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Publicações (n)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Citações (n)
Publicações por Pesquisador por Idade Acamica
Citações por Publicações por Pesquisador por Idade Acadêmica
Instituições dos Bolsistas PQ-CNPq
Área da Bioqmica
Comuns à área de Genética Exclusivas da área de Bioquímicq
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Instituições de nculo dos Bolsistas
(Universidades e Institutos de Pesquisa)
Área de Genética
Área de Bioquímica
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1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Instituições de Vínculo dos Bolsistas
(Universidades e Institutos de Pesquisa)
Área de Getica
Área de Bioquímica
O aporte de insumos parece também não estar relacionado com características
próprias de cada instituição. A análise, por Instituição, da idade acadêmica insumo
primário – e das orientações concluídas e projetos de pesquisa aprovados – insumos
secundários mostra não haver qualquer correlação entre essas variáveis, nas duas
comunidades estudadas (Figura 19).
O caráter primário ou secundário do insumo está relacionado com a sua participação
(secundário) ou não (primário) no ciclo de insumos e resultados, como no exemplo: idade
acadêmica (insumo primário)
projetos aprovados (insumo secundário)
gerando
publicações (resultado/insumo)
que gera citações (resultados/insumo)
que gera
aprovação de mais projetos (insumo/resultado)
A ocorrência desse ciclo de insumos e resultados sugere uma correlação positiva
entre as variáveis dependentes, ou seja, quem está a mais tempo na carreira acadêmica
possui mais orientações concluídas, o que acarretaria um número maior de publicações e,
como conseqüência, um número maior de citações e vice e versa.
Esse padrão de correlação entre insumos e resultados parece não ocorrer entre os
bolsistas PQ CNPq das áreas de Genética e Bioquímica, quando analisados por
Instituição de vínculo profissional (Figura 20).
Figura 19 – Correlações entre as taxas de insumos primários (idade acadêmica) e secundários
(orientações concluídas e projetos aprovados), por Instituição de vínculo profissional dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa (PQ - CNPq), nas áreas de Genética e Bioquímica.
* Na Figura todos os valores estão normalizados pela idade acadêmica média do grupo em questão.
Fontes: CNPq: Bolsas Individuais no País, para Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) nas áreas de
Genética (2004) e Bioquímica (2006) e Plataforma Lattes, para Idade Acadêmica (Genética - 2004 e Bioquímica -2006). ISI -
Web of Science, para Publicações e Citações (Genética -2004 e Bioquímica -2006).
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Área da Bioquímica
Figura 20 Relações entre insumos orientações e Pesquisadores com Bolsa de Produtividade
em Pesquisa (PQ) do CNPq, nas áreas de Genética e Bioquímica, por Instituições de vínculo
profissional.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006) e Orientações CNPq – Plataforma Lattes, Genética
(2004) e Bioquímica (2006).
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Projetos (98-2004)
Citões por Publicão
Publicações
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Área de Bioquímica
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Orientões
Citões por Publicão
Publicões
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Instituições dos Bolsistas PQ-CNPq
Área de Bioquímica
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Idade Acamica
Publicões
Citões por Publicação
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No conjunto de critérios para a concessão de Bolsas de Produtividade em Pesquisa
do CNPq, a experiência do pesquisador como orientador de pós-graduação é considerada
como fundamental nos Comitês de Assessoramento (CA) de todas as áreas. Para o CA da
área de Genética a formação de recursos humanos e sua competência na captação de
recursos humanos devem ser contínuas, sendo recomendada, inclusive, a participação do
Bolsista como docente em programa de pós-graduação fora de seu local de atuação ou
vínculo empregatício. O CA-BF, que avalia os Bolsistas na área de Bioquímica, enfatiza o
caráter permanente das atividades de pesquisa stricto sensu e de formação de recursos
humanos em pesquisa.
Este pode ser considerado um exemplo da forte interdependência existente entre o
CNPq e a CAPES.
A CAPES, atuando por excelência na promoção do desenvolvimento da pós-
graduação nacional, responde tanto pela qualidade das lideranças formadas quanto pela
promoção de práticas e saberes cientificamente rigorosos e, preferencialmente, úteis e
relevantes ao progresso educacional, econômico e social do País. A avaliação das dos
Programas de Pós-graduação promovida pela CAPES é provavelmente o processo
avaliativo de grande envergadura que maior tradição tem em nosso País (Ribeiro, 2004).
Atualmente, os resultados de sua avaliação vão além do conceito de um programa
de pós-graduação. Esses resultados posuem forte influência em alguns órgãos na alocação
de recursos públicos, como é o caso do CNPq, repercutindo diretamente no financiamento
da pesquisa nas Universidades, na distribuição de Bolsas de Pós-Graduação e na
concessão de Bolsas de Produtividade em Pesquisa.
Considerando a pós-graduação como referência dos grupos de pesquisa de
qualidade, o CNPq ao avaliar esses grupos se baseia nas variáveis classificação das Bolsas
de Pesquisa do CNPq e avaliação dos Programas de Pós-Graduação realizada pela CAPES
12
.
É nessa perspectiva que os Programas de Pós-Graduação, aos quais estão
vinculados os pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa nas áreas de
Genética e Bioquímica, serão tratados como variável independente na busca de
caracterização e aproximação das dinâmicas dos campos científicos da Genética e da
Bioquímica – as comunidades e suas práticas.
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Dos 153 pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq / Genética, 112 pesquisadores (73,2%)
declararam em seus Curricula Lattes (CNPq Plataforma Lattes) o cadastro em 23
Programas de Pós-Graduação em Genética ou em áreas dedicadas aos estudos
Biomoleculares, distribuídos nas grandes áreas de Ciências Biológicas e de Ciências
Agrárias (96 e 16 pesquisadores, respectivamente). Os demais 41 Bolsistas (26,8%)
encontram-se distribuídos em outros 27 Programas de Pós-Graduação em outras áreas do
conhecimento das grandes áreas Ciências Biológicas (32), Ciências Agrárias (04) e Ciências
da Saúde (05).
A Figura 21 mostra a distribuição dos Bolsistas PQ-CNPq em Genética nas
diferentes áreas do conhecimento dos 50 programas de pós-graduação nos quais esses
Bolsistas encontram-se cadastrados.
12
Fonte: CNPq – Normas Específicas segundo as modalidades (2006).
A análise da comunidade de Bolsistas PQ CNPq da área de Genética, por
Programas de Pós-Graduação, tendo como parâmetro a avaliação da CAPES (revela um
perfil de distribuição normal, com a mediana no conceito 5 (Bom), que é o conceito dos 21
Programas de Pós-Graduação (42%) onde 62 Bolsistas (40,5%) atuam como docentes
permanentes (Figura 21a).
Figura 21 Número de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq)
na área de Genética, por Área dos Programas de Pós-Graduação em que estão cadastrados e
conceito da Avaliação CAPES.
[Figura 21a Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa da área de
Genética nos Programas de Pós-Graduação, por conceito da avaliação CAPES].
Fontes: CNPq Bolsas no País (Bolsistas PQ - 2004), Plataforma Lattes (2004). Capes Tabela de Áreas de
Conhecimento (2004); Resultados da Avaliação de Programas 2004 (Triênio 2001/2003)
Os pesquisadores com Bolsa de PQ-CNPq na área de Bioquímica atuam como
docentes permanentes em 67 Programas de Pós-Graduação distribuídos por seis grandes
áreas do conhecimento (Figura 22).
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Avaliação CAPES
Áreas dos Programas de Pós-graduação
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (n)
Área de Genética
C Biol - Genética e Biologia Molecular (96)
C Agrár - Getica (16)
C Biol - Bioquímica (9)
C Biol - Biologia Celular (6)
C Biol - Biofísica (4)
C Agrár - Fitotecnia (3)
C Biol - Microbiologia e Imunologia (3)
C Biol - Botânica (2)
C Biol - Morfologia (2)
S Coletiva - Saúde Pública (2)
C Alimentos - Ciência de Alimentos (1)
C Biol - Bioccias Nucleares (1)
C Biol - Biotecologia (1)
C Biol - Ecologia (1)
C Biol - Entomologia (1)
C Biol - Oceaografia Biogica (1)
C Biol - Zoologia (1)
Farmácia - Prod Nat Sint Bioativos (1)
Medicina - Clínica Médica (1)
Medicina - Patologia (1)
R = 0,895
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3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
(a)
Figura 22 Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados os
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na área de
Bioquímica, segundo avaliação CAPES.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Bioquímica (2006) e áreas e conceitos dos programas de pós-graduação
– Avaliação Trienal CAPES 2001 – 2003, CAPES (2004).
Semelhante à comunidade de pesquisadores com Bolsa PQ CNPq em Genética, a
maioria (63,3%) dos Bolsistas de Bioquímica atua em programas da área (Figura 23),
podendo ser específicos de Bioquímica (49,8%) ou de áreas dedicadas aos Estudos
Moleculares e/ou Biotecnológicos (13,5%). É importante, ressaltar que o número de
Bolsistas atuando em programas direcionados às Ciências Moleculares não se restringe aos
28 pesquisadores cadastrados nos programas da área de Bioquímica. Um número muito
próximo de pesquisadores (23) está distribuído nas áreas de Biologia Geral, Genética,
Imunologia, Morfologia e Física (dados não mostrados).
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Conceito CAPES
Grandes Áreas
C Biológicas (51)
C da Saúde (6)
C Agrárias (4)
C Exatas e da Terra (4)
Engenharias (1)
Multidisciplinar (1)
Programas dos Bolsistas PQ-CNPq (n)
Área de Bioquímica
Figura 23 – Número de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq, na área de Bioquímica, por Áreas dos Programas de Pós-Graduação em que
estão cadastrados e conceitos da avaliação CAPES.
[Figura 23a – Freqüência de Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa da área de
Bioquímica nos Programas de Pós-Graduação, por conceito da avaliação CAPES].
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Bioquímica (2006) e áreas e conceitos dos programas de pós-graduação
Avaliação Trienal CAPES 2001 – 2003, CAPES (2004).
A curva normal do perfil de qualificação não se repete para os programas de Pós-
Graduação onde os Bolsistas PQ – CNPq da área de Bioquímica atuam. Nessa comunidade
metade dos pesquisadores (49,8%) está cadastrada em programas com conceito 7,
enquanto a outra metade se distribui pelos demais níveis de qualificação (Figura 23a).
Esse conjunto de dados sobre os Programas de Pós-Graduação, aos quais os
pesquisadores Bolsistas do CNPq das áreas de Genética e Bioquímica estão vinculados,
indica algumas aproximações interessantes entre as duas comunidades envolvidas mais
diretamente com a Biologia Molecular.
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Conceito -
CAPES
Áreas
Bioquímica (145)
Biofísica (10)
Fisiologia (6)
Genética (6)
Cancerologia (3)
Medicina (3)
Química (3)
Agronomia (2)
Engenharia Nuclear (2)
Farmácia (2)
Farmacologia (2)
Imunologia (2)
Parasitologia (2)
Cardiologia (1)
Ecologia (1)
Física (1)
Medicina Veterinária (1)
Morfologia (1)
Multidisciplinar (1)
Radiologia Médica (1)
Zoologia (1)
Zootecnica (1)
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (n)
Área de Bioquímica
0
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40
50
60
3 4 5 6 7
R= 0,923
Conceito CAPES
Programas de Pós-Graduação
(a)
Considerada como a mais recente ruptura epistemológica (Chauí, 2000) seja por se
caracterizar como descontinuidade da Biologia Genética de Mendel e da Genética formulada
pela Bioquímica, seja por se comportar como derivação dinâmica entre a Biologia e a
Bioquímica, a Biologia Molecular, parece se apresentar cada vez mais entrelaçada com as
duas escolas de origem e outros diversos campos, tornando as fronteiras entre Bioquímica,
Genética, Biologia Molecular, Biofísica, Imunologia e Microbiologia cada vez menos
definidas.
Os nossos resultados contemplam esse potencial de inserção da Biologia Molecular,
quando verificam que um terço dos Programas de Pós-Graduação, aos quais os Bolsistas
PQ CNPq das áreas de Genética e Bioquímica ensontram-se vinculados, são de Biologia
Molecular, mas, principalmente, quando identificam a presença dos seus Programas em
diferentes áreas do conhecimento.
Mas, o que define a identidade de um Curso de Pós-Graduação? Pode ser
considerado um espaço autônomo, dotado de leis próprias? Ou se configuram em espaços
de lutas regidas por interesses e objetivos externos a ele?
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A
Segundo Bourdieu, o poder institucionalizado é uma das espécies de capital
científico apresentada pelo cientista e está ligado às posições hierárquicas nas instituições
científicas e ao controle dos meios de produção e reprodução,
O poder institucionalizado, como desempenho de unidades organizacionais, é obtido
tradicionalmente pela relação entre produtos gerados, dado um certo nível de insumo
(Norman & Stocker, 1991).
Em uma situação simples, uma unidade pode ser representada por um insumo e um
produto/resultado. Porém, os processos organizacionais são mais complexos. É comum a
existência de vários insumos e produtos.
A medição de insumos e resultados necessita de dados e de indicadores. Neste
trabalho, o pesquisador doutor foi entendido como um sistema que transforma seu tempo
em uma série de resultados, medidos através dos indicadores de Ciência & Tecnologia.
Nesse sentido, a idade acadêmica, o tempo de doutorado, constitui a primeira
variável de entrada do modelo proposto. Calcula-se a idade acadêmica subtraindo-se o ano
da conclusão do doutorado do ano referência da coleta de dados.
As outras variáveis de entrada (insumos) e de saída (resultados) são os diversos
indicadores de Ciência & Tecnologia registrados na Plataforma Lattes (idade acadêmica e
orientações concluídas), no Sistema de Coleta CAPES (projetos de pesquisa) e no Web of
Science ISI (publicações e citações). Todos os indicadores são medidos computando-se
toda a produção gerada após a obtenção do grau de doutor, exceção feita aos Projetos de
Pesquisa, os quais foram contabilizados entre os anos de 1998 e 2004 único período
disponibilizado pela CAPES.
A escolha desses indicadores foi fundamentada na tradição dos estudos
cienciométricos e na clareza dos critérios de julgamento da Bolsa de Produtividade em
Pesquisa do CNPq, que privilegia a formação de mestres e doutores, com a produção e
difusão do conhecimento (CNPq, 2006).
Como observado na seção anterior, existe uma concentração (40,5%) de
pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq, na área de Genética, em
Programas de Pós-Graduação que obtiveram conceito 5 na Avaliação Trienal realizada pela
CAPES (2001 – 2003).
As comissões de avaliação das áreas de Ciências Agrárias e Ciências Biológicas I,
onde se encontram os Programas de Pós-Graduação nas áreas de Genética, Genética
Quantitativa, Genética Molecular e de Microorganismos, Genética Vegetal, Genética e
Melhoramento Vegetal, Genética Animal e Genética Humana e Médica, determinam que o
Programa de Pós-Graduação qualificado com o conceito 5 deve possuir proposta adequada
e atual, com áreas de concentração bem definidas, com reduzida sobreposição; núcleo
permanente (NP) numericamente compatível (10 ou mais) e com formação adequada para
as atividades do programa, sendo desejável que pelo menos 30% dos docentes sejam
Bolsistas de Produtividade em pesquisa do CNPq e 90% da produção distribuída de forma
relativamente homogênea entre os docentes do NP, com o mínimo de 1,0 publicação por
ano (desejado 2,0/ano), A distribuição da orientação acadêmica entre os docentes do núcleo
permanente e dos projetos de pesquisa com financiamento também deve ser homogênea.
Os Pesquisadores Bolsistas do CNPq vinculados a esses programas apresentam a
média de 2,1 publicações por ano; dentro da faixa estabelecida pela comissão de avaliação
– de 1,0 a 2,0 publicações por ano. Da mesma forma, o número de orientados por orientador
desse grupo de Bolsistas, no triênio, corresponde à faixa de atributo MB (muito bom), que
estabelece como ideal a orientação de 2,0 a 6,0 estudantes no triênio. A Figura 24 mostra o
perfil dos Programas de Pós-Graduação dos Bolsistas PQ-CNPq da área de Genética, por
categoria de conceito CAPES. As taxas de insumos e de produtos – resultados – expressam
a razão dos seus valores por pesquisador, normalizados pela idade acadêmica da categoria
(tempo médio de obtenção do doutorado), a fim de minimizar as diferenças de dimensão e
de longevidade entre as comunidades de pesquisadores, permitindo comparações.
De uma forma geral, a análise da relação entre insumos e resultados dos Bolsistas
do CNPq na área de Genética e o conceito dos seus programas de Pós-Graduação na
Avaliação Trienal da CAPES (2001 2003) revela, que na média por ano, ou por triênio no
caso das orientações, o desempenho acadêmico dos pesquisadores com Bolsa de
Produtividade em Pesquisa PQ CNPq na área de Genética atende também aos critérios
de maior qualidade estabelecidos pela CAPES para a Avaliação dos Programas de Pós-
Graduação (muito bom – conceito 7).
Figura 24 Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados os
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na área de Genética, por
insumos e resultados, segundo avaliação CAPES.
* Na Figura, apenas o cálculo da taxa de projetos de pesquisa por Pesquisador foi normalizada pela idade
acadêmica com ano de término em 2006 (acrescidos mais dois anos aos valores de 2004) uma vez que o período
dos projetos (1998-2004) é o mesmo para os Bolsistas da área de Bioquímica, cuja idade acadêmica é
contabilizada até o ano de 2006.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), conceitos dos programas de pós-graduação Avaliação Trienal CAPES
2001 – 2003, CAPES (2004), Projetos de Pesquisa – Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004,
CAPES (2004), Orientações CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Publicações e Citações Web of Science ISI,
Genética (2004) e Orientações – Plataforma Lattes, Genética (2004).
Por outro lado, se deixarmos de normalizar os índices de desempenho desse
grupo de Bolsistas, pela idade acadêmica, verificamos grande heterogeneidade para
todos os insumos e resultados considerados nas análises por pesquisador (Figura
25). Os maiores desvios padrão foram encontrados para as médias de publicações
(Figura 25a) e citações (Figura 25b) dos pesquisadores vinculados a programas
avaliados com o conceito 5 e para as médias de orientações (Figura 25c) e projetos
(Figura 25d) dos pesquisadores vinculados a programas avaliados com o conceito 7.
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10
20
30
40
50
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70
3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (n)
Área de Genética
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
Insumos e Resultados
por Pesquisador por Idade Acadêmica
Pesquisadores
Publicões
Citões (x10)
Orientões por triênio
Projetos (média 1998-2004)*
Figura 25 – Número de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética e
taxas de insumos e resultados, por Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados,
segundo avaliação CAPES.
Bolsistas PQ-CNPq - Área de Genética () - (a) Publicações por Pesquisador (
), (b) Citações por Publicação (), (c)
Orientações por Pesquisador (
) e (d) Projetos por Pesquisador (
).
* Na Figura, apenas o cálculo da taxa de projetos de pesquisa por Pesquisador foi normalizada pela idade acadêmica
com ano de rmino em 2006 (acrescidos mais dois anos aos valores de 2004) uma vez que o período dos projetos
(1998-2004) é o mesmo para os Bolsistas da área de Bioquímica, cuja idade acadêmica é contabilizada até o ano de
2006.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004), conceitos dos programas de pós-graduação – Avaliação Trienal CAPES 2001 –
2003, CAPES (2004), Projetos de Pesquisa Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004, CAPES
(2004), Publicações e Citações – Web of Science – ISI, Genética (2004) e Orientações – Plataforma Lattes, Genética (2004).
Distribuídos majoritariamente (68,2%) nos programas com conceito 6 (18,3) e 7
(49,8), os Bolsistas do CNPq na área da Bioquímica atendem a todos os requisitos
necessários para obtenção do maior conceito de qualidade concedido pelo sistema de
avaliação da CAPES.
A comissão de avaliação da área de Ciências Biológicas II, onde se encontram os
programas de Bioquímica, Biologia Molecular e Biofísica Molecular, determina que para
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10
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30
40
50
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70
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3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
-700
-400
-100
200
500
800
1100
1400
1700
2000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
0
5
10
15
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25
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35
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0
10
20
30
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3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
-10
0
10
20
30
40
50
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70
80
90
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110
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0
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30
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50
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70
80
3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
0
10
20
30
40
50
(
a
)
(b)
(c)
(d)
obtenção do conceito 7 é necessário que pelo menos 50% dos docentes-orientadores do
programa produzam no mínimo cinco (05) publicações em periódicos internacionais,
classificados como A no QUALIS por ano (CAPES, 2007)
13
, o que representa uma média de
2,5 publicações por pesquisador. Os principais indicadores de desempenho geral dos
programas da área na avaliação de 2004 mostram uma relação de 3,12 orientações por
docente no período e uma produção de 5,3 artigos por ano, com 2,35 citações por
publicação e 13, 48 citações por pesquisador.
O grupo de pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq que
constituem a nossa amostra orienta de 2,2 a 3,7 estudantes de pós-graduação, por período
equivalente ao triênio da avaliação, e produz em média 3,0 publicações por ano, com um
fator de impacto (citações por publicação) médio igual a 10, 4 (Figura 26), com 551,4
citações em média por pesquisador (dados não mostrados 6,801 citações por 153
pesquisadores).
Figura 26 Freqüência de Programas de Pós-Graduação onde se encontram cadastrados os
Pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, na área de Bioquímica,
por insumos e resultados, segundo avaliação CAPES.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Bioquímica (2006), conceitos dos programas de pós-graduação Avaliação Trienal
CAPES 2001 2003, CAPES (2006), Projetos de Pesquisa Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível:
entre 1998 e 2004, CAPES (2006), Publicações e Citações Web of Science ISI (2006) e orientações CNPq
Plataforma Lattes, Bioquímica (2006).
13
CAPES – Critérios de Avaliação – Avaliação Trienal 2007 (triênio 2004 - 2006).. Disponível em:
http://www.capes.gov.br/avaliacao/criterios/avaliacao_trienal_2007.html.
0
20
40
60
80
100
120
3 4 5 6 7
Conceito - CAPES
Programas de Pós-Graduação
Pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq (n)
Área de Bioquímica
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
Insumos e Resultados
por Pesquisador por Idadae Acadêmica
Pesquisadores (n)
Publicações
Citações
Orientações por triênio
Projetos (média 1998-2004)
Mas, seguindo o padrão dos Bolsistas da área de Genética, esse grupo de
pesquisadores Bolsistas de Bioquímica apresenta grande heterogeneidade quanto ao seu
desempenho (Figura 27).
Figura 27 – Número de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de
Bioquímica e taxas de insumos e resultados, por Programas de Pós-Graduação onde se encontram
cadastrados, segundo avaliação CAPES,
* Nas Figuras: Bolsistas PQ-CNPq Área de Bioquímica (
): (a) Publicações por Pesquisador (
), (b)
Orientações por Pesquisador, (), (c) Citações por Publicação (
) e (d) Projetos por Pesquisador ().
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Bioquímica (2006), conceitos dos programas de pós-graduação Avaliação Trienal CAPES
2001 2003, CAPES (2006), Projetos de Pesquisa Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004,
CAPES (2006), Publicações e Citações Web of Science ISI, Bioquímica (2006) e Orientações CNPq Plataforma Lattes,
Bioquímica (2006).
A Figura 27a mostra que existe uma forte correlação entre os conceitos CAPES dos
Programas de Pós-Graduação aos quais os Bolsistas PQ CNPq da área de Bioquímica
vinculados e a produtividade (publicações) e visibilidade (citações) científica média,
0
20
40
60
80
100
120
3 4 5 6 7
Conceito CAPES
Programas de Pós-Graduação
0
10
20
30
40
50
(c)
0
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60
80
100
120
3 4 5 6 7
Conceito CAPES
Programas de Pós-Graduação
0
20
40
60
80
100
120
(a)
0
20
40
60
80
100
120
3 4 5 6 7
Conceito CAPES
Programas de Pós-Graduação
-500
-150
200
550
900
1250
1600
1950
(b)
0
20
40
60
80
100
120
3 4 5 6 7
Conceito CAPES
Programas de Pós-Graduação
0
5
10
15
20
25
(d)
normalizada pela idade acadêmica (R = 0,921 e R = 0,955 respectivamente). Este perfil é
diferente do encontrado para os Bolsistas PQ – CNPq da área de Genética, onde somente o
indicador orientações no triênio estava correlacionado positivamente com os conceitos
CAPES (R = 0,7232).
Entretanto, as duas comunidades de Bolsistas se assemelham considerando a
dinâmica interna dos Programas de Pós-Graduação. Dentro do conjunto de programas com
o mesmo conceito CAPES, as taxas de insumos e resultados variam significativamente
entre os bolsistas, em intervalos que vão, por exemplo, de 10 a 228 publicações e de 53 a
5.320 citações nos programas com conceito CAPES 5 (avaliados como de bom
desempenho acadêmico) e de oito (08) a 254 publicações e de 65 a 3.980 citações nos
programas avaliados com o Conceito 7 (excelente desempenho acadêmico). Diferenças
significativas como essas ocorrem para todos os indicadores.
Apesar das discrepâncias individuais (desvios padrão), as comunidades de Bolsistas
PQ-CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, quando comparadas, mostram números
médios, por pesquisador, bem semelhantes, como: 44,5 e 53,5 publicações 55,1 e 58,5
citações, 21,9 e 14,5 orientações e 13,2 e 6,7 projetos, respectivamente (Figuras 28).
Figura 28 Taxas de insumos e resultados dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, (Genética 2004 e Bioquímica - 2006), CAPES (2004 e 2006), Orientações CNPq
Plataforma Lattes, (Genética 2004 e Bioquímica - 2006), Publicações e Citações Web of Science ISI, (Genética
2004 e Bioquímica - 2006) e Orientações – Plataforma Lattes, (Genética – 2004 e Bioquímica - 2006).
0 50 100 150
Publicações
Citações (x10)
Orientações
Projetos
(média 98/04)
Insumos e Resultados (média)
por Pesquisador por Idade Acadêmica
Genética
Bioquímica
I
I
V
V
.
.
4
4
.
.
D
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M
M
I
I
C
C
A
A
Uma vez que a Ciência pode ser explicada e interpretada a partir do entendimento
do funcionamento e da dinâmica interna da comunidade científica, as análises dos insumos
e resultados dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq nas áreas de Genética e
Bioquímica foram realizadas considerando cada membro das duas comunidades, de forma
individualizada. Todos os indicadores foram novamente normalizados pela idade acadêmica
dos pesquisadores (tempo de obtenção do doutorado até o ano da coleta de dados),
permitindo assim a avaliação comparativa do desempenho de cada classe de Bolsistas.
A primeira avaliação estabeleceu a relação entre as publicações (artigos, cartas e
revisões) produto/resultado mais tradicional da Ciência e a idade acadêmica dos
pesquisadores considerada como insumo básico da carreira científica por sua
dependência à titulação.
As Figuras 29 e 30 mostram uma baixa correlação entre a produtividade científica e
a idade acadêmica dos pesquisadores das comunidades científicas analisadas (r < -0,290),
demonstrando um alto grau de independência entre essas variáveis.
Tradicionalmente, o mero de publicações por pesquisador, medida da
produtividade, indica a eficiência científica. Logo, para essas comunidades de excelência, a
eficiência científica não depende do tempo de carreira do pesquisador.
Figura 29 Correlação entre o a produtividade científica (artigos, cartas e revisões) e a idade
acadêmica dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Web of Science ISI Publicações (artigos de revisão, artigos
completos e cartas) – Genética (2004).
Figura 30 Correlação entre o a produtividade científica (artigos, cartas e revisões) e a idade
acadêmica dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Bioquímica.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Bioquímica (2006) e Web of Science ISI Publicações (artigos de revisão, artigos
completos e cartas) – Bioquímica (2006).
0
2
4
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8
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16
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0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq - Genética
Publicões / Idade Acadêmica (n)
Artigos, Cartas e Revisões
R = - 0,287
R = - 0,2472
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Publicões / Idade Academica (n)
Artigos, Cartas e Revisões
No contexto de obtenção de capital científico, o número de citações reflete a
repercussão científica do trabalho. Ao dividirmos o número de citações que um pesquisador
recebe, pelo número de publicações correspondentes a tais citações, teremos uma
estimativa da visibilidade (ou do impacto) da produção científica desse cientista (Figuras 31
e 32).
Foi encontrada uma correlação positiva substancial entre as variáveis de visibilidade
para os pesquisadores Bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica (r = 0,547 e r = 0,610,
respectivamente).
As duas comunidades analisadas apresentam perfil bastante semelhante tanto para
a o indicador de eficiência científica (publicações) quanto para o indicador de visibilidade
(citações/publicação).
Figura 31 – Correlação entre o a produtividade (artigos, cartas e revisões) e a visibilidade
científica (citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de
Genética.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Web of Science ISI - Publicações e Citações (artigos de revisão,
artigos completos e cartas) – Genética (2004).
R = 0,547
1
10
100
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Publicações /Idade Acadêmica
Artigos Cartas e Revisões
Área da Genética
Citações / Idade Acadêmica (n)
Figura 32 – Correlação entre a produtividade (artigos, cartas e revisões) e a visibilidade científica
(citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na área de Genética.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Bioquímica (2006) e Web of Science ISI Publicações e Citações (artigos de revisão,
artigos completos e cartas) – Bioquímica (2006).
A análise da correlação entre as citações recebidas e a idade acadêmica mostra
que, apesar do perfil dos pesquisadores Bolsistas PQ CNPq da área de Genética
(correlação negativa moderada) se diferenciar dos Bolsistas PQ CNPq de Bioquímica
(correlação positiva ínfima), os valores de
R
(coeficiente de correlação) sugerem forte
independência dessa variável em relação ao tempo de carreira para as duas comunidades
(Figuras 33a 33b). Ou seja, não é raro um jovem Bolsista PQ CNPq ter recebido mais
citações do que os Bolsistas PQ – CNPq há mais tempo no sistema.
R = 0,610
1
10
100
1000
0 3 6 9 12 15 18
Publicações / Idade Academica (n)
Artigos, Cartas e Revisões
Bolsistas PQ-CNPq - Bioquímica
Citações / Idade Academica (n)
Figura 33 Correlação entre a visibilidade científica (citações) e a idade acadêmica dos
Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas áreas (a) de Genética e (b) de
Bioquímica.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006) e Web of Science ISI Citações (artigos de
revisão, artigos completos e cartas) – Genética (2004) e Bioquímica (2006).
Para a comunidade de pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq na área de Genética a
capacidade de orientação (estipulada pelo número de orientações concluídas de mestrado e
doutorado) tem uma moderada correlação negativa (r = - 0,322), indicando a maior
independência das variáveis entre os pesquisadores com maior tempo de carreira (Figura
34).
Entre os pesquisadores Bolsistas PQ CNPq na área de Bioquímica, observamos
uma maior homogeneidade entre as diversas faixas de idade acadêmica onde é registrada
correlação ínfima (r = 0,098) entre a capacidade de orientação e o tempo de titulação de
doutoramento (Figura 35).
A análise da capacidade de obtenção de recursos (projetos de pesquisa) revelou o
mesmo padrão de comportamento para as duas comunidades estudadas.(Figuras 36a
36b). A capacidade de obtenção de recursos dos pesquisadores Bolsistas PQ CNPq das
áreas de Genética e Bioquínica possui moderada correlação negativa com a idade
acadêmica. Em ambas as comunidades, de forma discreta, os jovens pesquisadores tem
obtido mais recursos que os pesquisadores seniors.
R = 0,0860
1
10
100
1000
0 10 20 30 40 50
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Citões / Idade Academica (n)
Artigos, Cartas e Revisões
(b)
1
10
100
1000
0 20 40 60
Idade Acamica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ- CNPq - Genética
Citações / Idade Acadêmica (n)
Artigos, Cartas e Revisões
R = - 0,336 (a)
Figura 34 Correlação entre capacidade de orientação científica (teses concluídas) e a idade
acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq na área de Genética.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, (2004)
Figura 35 Correlação entre capacidade de orientação científica (teses concluídas) e a idade
acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ)
do CNPq na área de Genética.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, (2006)
0
1
2
3
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5
6
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0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ- CNPq - Getica
Teses concluídas / Idade Acamica (n)
R = - 0,322
R = 0,0980
0
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3
4
5
6
7
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Orientações / Idade Academica (n)
Figura 36 Correlação entre capacidade de obtenção de recursos (projetos de pesquisa) e a
idade acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica.
* Na Figura, a taxa de projetos de pesquisa por Bolsista da área de Genética foi normalizada pela idade
acadêmica com ano de término em 2006 (acrescidos mais dois anos aos valores de 2004) uma vez que o
período dos projetos (1998 – 2004) é o mesmo para os Bolsistas da área de Bioquímica, cuja idade acadêmica é
contabilizada até o ano de 2006.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006) e CAPES Projetos de Pesquisa Cadernos de
Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004.
R
2
= - 0,494
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica*
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Genética
(a)
R = - 0,3460
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Projetos de Pesquisa
(b)
I
I
V
V
.
.
5
5
.
.
D
D
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T
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Um campo científico é criado quando métodos, tecnologias, formas de observação e
experimentação, conceitos e demonstrações formam um todo sistemático, uma teoria que
permite o conhecimento de inúmeros fenômenos. A teoria se torna um modelo de
conhecimento ou um paradigma científico.
A partir desse princípio, o advento da Biologia Molecular nos provoca alguns
questionamentos: Podemos considerar a utilização de técnicas de Biologia Molecular nos
estudos de Genética de Populações, Mapeamento Genético e Filogenia Molecular, como
uma nova forma de experimentação? ... A modelagem e simulação de Processos Biológicos
ou a Engenharia Genética se configuraram como novos métodos, novas tecnologias? ... A
inserção das (bio) tecnologias nas atividades de investigação científica transmutou a
Ciência?
Os estudos da caracterização dos genomas de organismos de interesse econômico
e acadêmico-científico, a elucidação de rotas metabólicas e mecanismos moleculares, os
diagnósticos moleculares para as confirmações de doenças pré-matrimônio ou pré-
concepcional, as terapias gênicas em células somáticas e em células germinais, acentuação
de características desejadas ou melhoramento genético, a identificação de réu em delitos, o
mapeamento, isolamento e sequenciamento do genoma humano objetivando o
conhecimento das causas das doenças hereditárias, o desenvolvimento das biotecnologias
objetivando a produção de alimentos transgênicos, a clonagem para a multiplicação de
genes para diversas finalidades etc; podem ser considerados bons exemplos de um
conjunto de conceitos e demonstrações que formam um novo modelo de conhecimento, um
novo paradigma científico?
Não se pode negar que os novos procedimentos da Biologia Molecular, ao romperem
com concepções científicas até bem pouco tempo dominantes, reestruturaram a ciência e a
tecnologia em direção a novos paradigmas, desdobrando-se em processos e produtos
diversos.
Portanto, na busca de verificar padrões associados à ruptura epistemológica
descontinuidade no campo científico provocada pelo advento da Biologia Molecular, serão
analisadas as relações entre o poder específico dos pesquisadores e o fato de terem se
apropriado, ou não, desse novo paradigma, sendo considerados assim pertencentes a um
novo campo científico.
Para isto, foram examinadas as linhas de pesquisa e as áreas de atuação com
suas subáreas e especialidades declaradas nos Curricula Lattes de todos os Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, assim como os
temas dos seus projetos de pesquisa e das dissertações e teses concluídas por eles
orientadas.
A partir da identificação da utilização ou não dos conceitos e técnicas da Biologia
Molecular como base de suas pesquisas, os indicadores cienciométricos passaram a ser
analisados, nas duas comunidades de bolsistas, por dois subgrupos então denominados os
que utilizam a Biologia Molecular e os que não utilizam (estes não fazem referência à
Biologia Molecular ou utilizam apenas as técnicas como ferramenta). Todas as figuras
mostram as variáveis normalizadas pela idade acadêmica de cada pesquisador, por razões
comparativas já descritas.
A correlação entre a produção científica (número de publicações normalizado) e a
idade acadêmica apresenta-se negativa para os dois subgrupos de pesquisadores bolsistas
da área da Genética, sendo baixa para os que utilizam Biologia Molecular (r = - 0,226) e
substancial para os que não utilizam (r = - 0,497). Portanto, a tendência sugerida
anteriormente de os mais jovens possuírem maior eficiência científica fica bastante diluída
entre os Bolsistas PQ CNPq de Genética que utilizam Biologia Molecular, considerando
que são todos pesquisadores do nível mais alto de qualidade (Figuras 37a – 37b).
Figura 37 Correlação entre Produção Científica (artigos, cartas e revisões) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq na área de Genética, agrupados por: () utilizam Biologia Molecular e () não
utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Publicações dos pesquisadores em Genética Web of Science ISI
(2004) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes,
Genética (2004); CAPES – Coleta CAPES, Genética (2007) e Áreas de Concentração – Plataforma Lattes, Genética (2004).
Este perfil se repete para os pesquisadores Bolsistas PQ-CNPq da área de
Bioquímica, tanto para os que empregam os conceitos e técnicas da Biologia Molecular em
suas pesquisas, quanto para os que não empregam. A correlação entre produção científica
e idade acadêmica entre os Bioquímicos Bolsistas varia entre negativa baixa (utilizam
Biologia Molecular) e negativa moderada (não utilizam Biologia Molecular). Pressionando
para a independência dessas variáveis. (Figuras 38a – 38b).
Figura 38 Correlação entre Produção Científica (artigos, cartas e revisões) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq na área de Bioquímica, agrupados por: () utilizam Biologia Molecular e () não
utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Bioquímica (2006), Publicações dos pesquisadores em Bioquímica – Web of Science
ISI (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes,
Bioquímica (2006); CAPES Coleta CAPES, Bioquímica (2007) e Áreas de Concentração Plataforma Lattes,
Bioquímica (2006).
R = - 0,3092
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 10 20 30 40 50
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Publicações / Idade Academica (n)
(a)
R = - 0,2135
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 10 20 30 40 50
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Publicações / Idade Academica (n)
(b)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq - Genética
R = - 0,496
Publicações / Idade Acadêmica (n)
(b)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Publicações / Idade Acadêmica (n)
R = - 0,226
(a)
O perfil de visibilidade desses grupos de pesquisadores, decorrido do impacto da
produção científica (razão citação/publicação), também é bastante semelhante,
apresentando correlação positiva muito forte para os Bolsistas PQ CNPq de Genética e
substancial para o grupo de Bolsistas PQ CNPq de Bioquímica. Não foram encontradas
diferenças entre os grupos que utilizam (correlação média r = 0,706) e os que não utilizam
(correlação média r = 0,713) Biologia Molecular (Figura 39)
Figura 39 Correlação entre Produção Científica (número de artigos, cartas e revisões) e
Visibilidade (número de citações) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq
nas áreas de Genética e Bioquímica, agrupados por: Geneticistas () e Bioquímicos () que
utilizam Biologia Molecular e Geneticistas () e Bioquímicos () que não utilizam Biologia
Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006), Publicações e Citações dos pesquisadores
Web of Science ISI, Genética (2004) e Bioquímica (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia
Molecular Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006); CAPES Coleta CAPES,
Genética e Bioquímica (2007) e Áreas de ConcentraçãoPlataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
1
10
100
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Publicações / Idade Acadêmica (n)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Citações /Idade Acadêmica (n)
R = 0,862
1
10
100
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Publicações / Idade Acadêmica (n)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Citações /Idade Acadêmica (n)
R = 0,776
R = 0,551
1
10
100
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Publicões / Idade Academica (n)
Bolsistas PQ-CNPq - Bioquímica
Citações / Idade Academica (n)
R = 0,650
1
10
100
1000
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Publicões / Idade Academica (n)
Bolsistas PQ-CNPq - Bioquímica
Citações / Idade Academica (n)
Independente da linha de pesquisa, os Bolsistas dessas duas comunidades
científicas apresentam uma forte dependência entre as variáveis de produtividade e
visibilidade científica. Este resultado era esperado considerando a posição hierarquicamente
superior conquistada por esses pesquisadores, entre os pares, como Bolsistas de
Produtividade de Pesquisa do CNPq. Desta forma, a possibilidade de reconhecimento
científico, pelos pares, parece estar ao alcance de todos os membros dessas comunidades.
Entretanto, a Figura 40 mostra que o estado de prestígio e autoridade, inferido pelo
número de citações recebidas ao longo da carreira, aparece em correlação negativa com a
idade acadêmica com grau de dependência moderado para os Geneticistas e baixo entre
os Bioquímicos.
Figura 40 Correlação entre a visibilidade científica (artigos, cartas e revisões) e a idade
acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia
Molecular e () () não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006), Citações dos pesquisadores – Web of Science
ISI, Genética (2004) e Bioquímica (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular Linhas de
Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética e Bioquímica
(2007) e Áreas de Concentração – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
1
10
100
1000
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Citações /Idade Acamica (n)
R= - 0,355
1
10
100
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Citações /Idade Acadêmica (n)
R = - 0,351
R2 = - 0,174
1
10
100
1000
0 10 20 30 40 50
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Citações / Idade Academica (n)
R = - 0,261
1
10
100
1000
0 10 20 30 40 50
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Citações / Idade Academica (n)
A dinâmica de obtenção de capital científico passa também pela capacidade de
orientar os mais jovens e de captar recursos, o que une bolsas de Pós-Graduação a projetos
de pesquisa, como insumos primordiais e base estrutural do campo científico.
A capacidade de orientação dos Pesquisadores Bolsistas PQ CNPq nas áreas de
Genética e Bioquímica parece ser outro indicador da homogeneidade desses grupos, mais
uma vez, com uma discreta tendência a correlações negativas (Figura 41).
Figura 41 Correlação entre a capacidade de Orientação (teses concluídas) e a Idade
Acadêmica (tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa
(PQ) do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia
Molecular e () () não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006), Orientações CNPq – Plataforma Lattes,
Genética (2004) e Bioquímica (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular Linhas de
Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética e Bioquímica
(2007) e Áreas de Concentração – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
0
1
2
3
4
5
6
7
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acamica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Getiac
Orientações
por Idade Acadêmica
R = - 0,318
0
1
2
3
4
5
6
7
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq - Genética
Orientações
por Idade Acadêmica (n)
R = -0,302
R = - 0,0574
0
1
2
3
4
5
6
7
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Orientações
por Idade Academica (n)
R = - 0,1261
0
1
2
3
4
5
6
7
0 10 20 30 40 50 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Orientações
por Idade Academica (n)
Os recursos financeiros, estimados através do número de projetos de pesquisa
aprovados (agentes financiadores públicos e/ou particulares), apresentam correlação
negativa com a idade acadêmica, variando de moderada (para os Geneticistas que utilizam
a Biologia Molecular e todos os Bioquímicos) a substancial (para os Geneticistas que não
utilizam a Biologia Molecular). A Figura 42 mostra que as correlações negativas mais
significativas aparecem entre os bolsistas da área de Genética.
Figura 42 Correlação entre fomento (projetos de pesquisa aprovados) e Idade Acadêmica
(tempo de titulação de doutoramento) dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do
CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, agrupados por: () () utilizam Biologia Molecular
e () () não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006), Projetos de Pesquisa CAPES
Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004, Genética (2004) e Bioquímica
(2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa –
Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética e Bioquímica
(2007) e Áreas de Concentração – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica (2006).
R = - 0,3477
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 20 40 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Projetos (98-04)
R = - 0,3401
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 20 40 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq- Bioquímica
Projetos (98-04)
0,0
0,5
1,0
1,5
0 20 40 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq-Genética
Projetos (98-04)
(n)
R = - 0,466
0,0
0,5
1,0
1,5
0 20 40 60
Idade Acadêmica
Tempo de Doutoramento (anos)
Bolsistas PQ-CNPq-Getica
Projetos (98-04)
(n)
R = - 0,549
Parece que as relações existentes nos campos disciplinares invadidos pela Biologia
Molecular se estabelecem de uma forma padronizada entre os Bolsistas PQ CNPq das
áreas de Genética e Bioquímica. Entretanto, podemos estar diante de um padrão de
comportamento singular e particular desses grupos que reúnem pesquisadores no topo da
hierarquia em seus campos.
A análise de outras comunidades de bolsistas de Produtividade em Pesquisa do
CNPq, a partir das relações entre insumos e resultados, se faz importante para a
caracterização das dinâmicas de capital e crédito científico que seriam próprias dos
bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica.
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6
6
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Entre as idéias moleculares que circundaram a formulação da Ciência Moderna,
encontra-se sem dúvida a da vacina de DNA, a mais recente forma de apresentação que
veio revolucionar o campo da vacinologia. Ela representa um novo caminho para a
administração de antígenos. As técnicas de Biologia Molecular possibilitam a modificação de
seqüências e a adição de epitopos heterólogos a uma proteína antigênica, usando-se
somente manipulações simples feitas diretamente no plasmídeo, que é o componente das
vacinas gênicas. Essas manipulações genéticas podem nos dar subsídios para
entendermos as relações entre estrutura e função destes antígenos e a resposta imune.
Como possíveis desvantagens podem ser citadas a possibilidade de integração do
plasmídeo ao genoma hospedeiro de maneira danosa ou a exposição do sistema imune a
níveis constitutivos de antígenos durante o período de expressão do gene.
A expansão do conhecimento da Imunologia neste século contribuiu sobremaneira
para a sua consolidação como uma Ciência Biológica Médica. O seu instrumental de Ciência
Experimental deriva dos estudos monitorados pela Bioquímica, Biologia Molecular,
Genética, Histologia, Fisiologia, entre outras disciplinas. A sua estratégia de Ciência
aplicada à Medicina, buscando uma precisão clínica, ultrapassou em muito as perspectivas
que fundamentaram o pensamento médico por mais de um século, no qual o Sistema Imune
se prestava primordialmente para a defesa do organismo em conexão direta ao combate
das moléstias infecto contagiosas.
A análise da interface de interação em anticorpos antiDNA e sua implicação na
origem e diagnóstico de doenças de fundo reumático, a seleção de anticorpos
recombinantes por phage display e a produção de antígenos de Hantavírus recombinantes
são algumas das inovações na área de Imunologia.
Enquanto isso, muito se tem discutido a respeito do excesso de recursos públicos e
privados investidos na Genética e na Bioquímica, por suas questões relacionadas à Biologia
Molecular, e da repercussão dessa política entre os pesquisadores de outras áreas ligadas
ao ser vivo, geralmente bem menos providas (Thévenon, 2003).
Entretanto, a Zoologia, sem dúvida uma das áreas mais afetadas pela hegemonia da
genética, define, por exemplo, que a formação ideal de um doutor em Sistemática deve
contemplar, entre outros, conhecimentos sobre Filogenia e Biogeografia, incluindo técnicas
de Biologia Molecular e suas derivações.
Logo, consideramos que, em escalas diferenciadas, a Imunologia e a Zoologia
compartilham o novo paradigma da Biologia Molecular.
Aparentemente, isso não ocorreria com a Física, por suas questões científicas bem
distintas. Mas, também com ela a Biologia Molecular pode partilhar algumas características
comuns.
Einstein foi responsável pelo primeiro rombo no paradigma da ciência moderna: a
relatividade na simultaneidade (Santos, 1988). Como para a Biologia Molecular, podemos
falar de rombo, que significa ruptura parcial. Isto é, se por um lado, a teoria da relatividade
veio restringir a validade da Física Newtoniana ao domínio das velocidades pequenas e dos
campos gravitacionais fracos, por outro, é considerada a realização culminante da Física
Clássica.
A partir dessas considerações, a Imunologia, a Zoologia e, por fim, a Física foram as
áreas escolhidas para a análise comparativa das dinâmicas de capital e crédito científico
observadas nas comunidades de pesquisadores bolsistas PQ CNPq das áreas de
Genética e Bioquímica.
I
I
V
V
.
.
6
6
.
.
1
1
.
.
C
C
O
O
M
M
P
P
A
A
R
R
A
A
Ç
Ç
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Ã
O
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C
C
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O
M
M
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A
S
S
C
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I
I
D
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I
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R
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T
T
I
I
V
V
I
I
D
D
A
A
D
D
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E
M
M
P
P
E
E
S
S
Q
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I
I
S
S
A
A
D
D
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O
C
C
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P
P
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Q
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A
A
S
S
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R
R
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A
A
S
S
D
D
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E
I
I
M
M
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N
N
O
O
L
L
O
O
G
G
I
I
A
A
E
E
Z
Z
O
O
O
O
L
L
O
O
G
G
I
I
A
A
O perfil representativo de pesquisadores bolsistas de cada uma das quatro áreas das
Ciências da Vida analisadas Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, segundo a
utilização ou não dos conceitos e técnicas da Biologia Molecular em suas linhas de
pesquisa, é mostrado na Figura 43.
Figura 43 Freqüência dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, segundo a ocorrência da Biologia Molecular em
suas linhas de pesquisa.
Na Figura, a categoria Utilizam Biologia Molecular (*) inclui os pesquisadores que declararam, nos curricula,
empregar conceitos e técnicas da área em suas linhas de pesquisa, projetos, teses orientadas etc., enquanto a
categoria Não utilizam Biologia Molecular (**) inclui o grupo de pesquisadores que não faz qualquer uso da
Biologia Molecular ou que só se utiliza de suas técnicas como ferramenta.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006) e critérios para definição da
utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia
e Zoologia (2006); CAPES – Coleta CAPES, Genética, Bioquímica Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração –
Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e Zoologia (2006).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Genética Bioquímica Imunologia Zoologia
Pesquisadores (%)
Utilizam Biologia Molecular*
Não utilizam Biologia Molecular**
A caracterização de cada subgrupo de bolsistas, por seu perfil de idade acadêmica,
mostra que a proporção maior de pesquisadores jovens é tendência predominante,
independente da área e da utilização dos conceitos e técnicas da Biologia Molecular em
suas pesquisas (correlação muito forte – valores de r > 0,750). O grupo de pesquisadores da
área de Genética que utiliza a Biologia Molecular é a única exceção, apresentando
correlação apenas moderada (r = 0,431) entre o número de pesquisadores e a juventude
(Figura 44).
Figura 44 – Freqüência de dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas
de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, por Idade Acadêmica e ocorrência da Biologia
Molecular em suas linhas de pesquisa.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006) e critérios para definição da
utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia
e Zoologia (2006); CAPES – Coleta CAPES, Genética, Bioquímica Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração –
Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e Zoologia (2006).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
Genética
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,829
R = 0,431
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
Bioquímica
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,808
R = 0,877
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
> 40 40 a
36
35 a 31 30 a
26
25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
Zoologia
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,915
R = 0,872
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
> 40 40 a
36
35 a 31 30 a
26
25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
Imunologia
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio M ol)
R = 0,757
R = 0,933
(a) (b)
(c) (d)
A Figura 45 mostra um quadro comparativo da produtividade científica, expressa
pela correlação entre a produção científica (total de publicações, normalizado pela idade
acadêmica) e o número de bolsistas PQ CNPq em Genética, Bioquímica, Imunologia e
Zoologia. Com exceção da Bioquímica, parece que os pesquisadores envolvidos com as
questões moleculares apresentam um potencial superior de publicação, ou seja, mais
pesquisadores com um número maior de publicações (valores de
R
positivos ou ligeiramente
negativos).
Figura 45 Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Publicações por ano (produtividade
científica), agrupados por pesquisadores que () (), (), () utilizam Biologia Molecular e (),
(), (), () não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006), Publicações dos
pesquisadores – Web of Science – ISI, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006) e critérios para definição
da utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica,
Imunologia e Zoologia (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética, Bioquímica Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de
Concentração – Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e Zoologia (2006).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 1,1- 2 2,1 - 3 3,1 - 4 > 4
Publicações / Idade Acadêmica
Genética
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = - 0,301
R = - 0,870
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 1,1- 2 2,1 - 3 3,1 - 4 > 4
Publicões / Idade Acadêmica
Bioquímica
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,228
R = 0,368
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 1,1- 2 2,1 - 3 3,1 - 4 > 4
Publicões / Idade Acadêmica
Imunologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,643
R = - 0,260
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1 1,1- 2 2,1 - 3 3,1 - 4 > 4
Publicões / Idade Acadêmica
Zoologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,138
R = - 0,919
(a) (b)
(c) (d)
Quanto ao reconhecimento pelos pares, aferido pelo número total de citações por
pesquisador, os dados indicam uma discreta prevalência dos bolsistas, das áreas de
Genética, Bioquímica e Imunologia, que utilizam os conceitos e técnicas da Biologia
Molecular em suas pesquisas. Para a área de Zoologia, os índices de citação são
praticamente iguais entre os que utilizam e os que não utilizam a Biologia Molecular (Figura
46).
Figura 46 Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Citações por ano (reconhecimento
pelos ares), agrupados por pesquisadores que () (), (), () utilizam Biologia Molecular e
(), (), (), () não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006), Citações dos pesquisadores
Web of Science ISI, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006) e critérios para definição da utilização ou
não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia e Zoologia
(2006); CAPES – Coleta CAPES, Genética, Bioquímica Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração – Plataforma
Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e Zoologia (2006).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
10 10,1 - 30 30,1 - 50 > 50
Citões / Idade Acadêmica
Genética
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = - 0,590
R = - 0,988
0
10
20
30
40
50
60
70
80
10 10,1 - 30 30,1 - 50 > 50
Citões / Idade Acadêmica
Bioquímica
Utilizam (Biol M ol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = - 0,086
R = - 0,308
0
10
20
30
40
50
60
70
80
10 10,1 - 30 30,1 - 50 > 50
Citões / Idade Acadêmica
Imunologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,835
R = 0,180
0
10
20
30
40
50
60
70
80
10 10,1 - 30 30,1 - 50 > 50
Citões / Idade Acadêmica
Zoologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = - 0,894
R = - 0,868
(a) (b)
(c) (d)
A atividade de formação acadêmica das áreas dos subgrupos, traduzida em
orientações concluídas de mestrado e doutorado, é semelhante entre as quatro áreas para
os pesquisadores que não utilizam a Biologia Molecular. Para esse grupo a correlação entre
o número de pesquisadores e o número de orientações por triênio, apresenta um perfil
gaussiano, variando, de forma moderada. Já entre os bolsistas que utilizam a Biologia
Molecular não foi possível estabelecer qualquer semelhança de tendência (Figura 47).
Figura 47 Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Orientações por ano, agrupados por
pesquisadores que () (), (), () utilizam Biologia Molecular e (), (), (), () não
utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006), Orientações – CNPq
Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006) e critérios para definição da utilização ou não
da Biologia Molecular Linhas de Pesquisa Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia e Zoologia
(2006); CAPES – Coleta CAPES, Genética, Bioquímica Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração – Plataforma
Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e Zoologia (2006).
0
10
20
30
40
50
60
70
1,5 1,51 - 3,0 > 3,0
Orientões por Triênio / Idade Acadêmica
Genética
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,993
R = 0,596
0
10
20
30
40
50
60
70
1,5 1,51 - 3,0 > 3,0
Orientões por Triênio / Idade Acadêmica
Imunologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,500
R = - 0,682
0
10
20
30
40
50
60
70
1,5 1,51 - 3,0 > 3,0
Orientões por Triênio / Idade Acadêmica
Zoologia
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = 0,500
R = - 0,384
0
10
20
30
40
50
60
70
1,5 1,51 - 3,0 > 3,0
Orientões por Triênio / Idade Acadêmica
Bioquímica
Utilizam (Biol Mol)
Não utilizam (Biol Mol)
R = - 0,711
R = 0,313
(a) (b
)
(c) (d
)
Os quatro grupos de bolsistas orientam, em média, 2,6 alunos por triênio (Genética =
3,5, Bioquímica = 2,5, Imunologia = 2,3 e Zoologia = 2,2), padrão considerado ideal nos
critérios do CNPq (1 a 4 orientações por triênio), para a concessão de Bolsas de
Produtividade em Pesquisa.
Além dos recursos humanos, um outro aporte de insumos é a obtenção de recursos
financeiros. Esses mesmos pesquisadores tem a capacidade de captar recursos através da
aprovação de um a dois projetos de pesquisa por ano das mais diversas fontes, públicas e
privadas. A comparação do perfil das quatro áreas analisadas indica que esses recursos
parecem estar melhor distribuídos na comunidade de bolsistas na área da Genética (Figura
48).
Figura 48 Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia por número de Projetos de Pesquisa por ano,
agrupados por pesquisadores que () (), (), () utilizam Biologia Molecular e (), (), (),
() não utilizam Biologia Molecular.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006), Projetos de Pesquisa
CAPES Cadernos de Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004, Genética (2004), Bioquímica, Imunologia
e Zoologia (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular Linhas de Pesquisa Plataforma
Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética, Bioquímica
Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e
Zoologia (2006).
0
20
40
60
80
0,1 0,11 - 0,3 > 0,3
Projetos / Ano / Idade Acadêmica
Genética
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,674
R = 0,992
(a)
(b
(c
(d
0
20
40
60
80
0,1 0,11 - 0,3 > 0,3
Projetos / Ano / Idade Acadêmica
Bioquímica
Utilizam (Bio Mol)
o utilizam (Bio Mol)
R = 0,992
R = 0,973
0
20
40
60
80
0,1 0,11 - 0,3 > 0,3
Projetos / Ano / Idade Acadêmica
Imunologia
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,992
R = 0,973
0
20
40
60
80
0,1 0,11 - 0,3 > 0,3
Projetos / Ano / Idade Acadêmica
Zoologia
Utilizam (Bio Mol)
Não utilizam (Bio Mol)
R = 0,755
R = 0,998
A comparação final entre os Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq)
nas áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia, mostra os números totais de
insumos ou resultados para cada comunidade e a participação dos pesquisadores que
utilizam Biologia Molecular e não utilizam Biologia Molecular neste perfil geral.
Figura 49 Índices gerais de desempenho acadêmico (painéis da esquerda) e participação dos
Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ – CNPq) nas áreas de Genética e Zoologia,
agrupados por pesquisadores que utilizam e não utilizam a Biologia Molecular (painéis da
direita).
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Genética (2004) e Zoologia (2006), Projetos de Pesquisa CAPES Cadernos de
Avaliação CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004, Genética (2004) e Zoologia (2006), Orientações CNPq
Plataforma Lattes, Genética (2004) e Zoologia (2006), Publicações e Citações Web of Science ISI, Genética (2004) e
Zoologia (2006) e critérios para definição da utilização ou não da Biologia Molecular Linhas de Pesquisa Plataforma
Lattes, Genética (2004) e Bioquímica, Imunologia e Zoologia (2006); CAPES Coleta CAPES, Genética, Bioquímica
Imunologia e Zoologia (2007) e Áreas de Concentração Plataforma Lattes, Genética (2004) e Bioquímica Imunologia e
Zoologia (2006).
44,5
21,7
13,1
551,4
1
10
100
1000
Publicações Citações Orientações Projetos
Indicadores
Total por Pesquisador (n)
Área - Getica
24,62
8,60
126,51
22,6
1
10
100
1000
Publicações Citações Orientações Projetos
Indicadores
Total por Pesquisador (n)
Área - Zoologia
0
20
40
60
80
100
Publicações Citações Orientações Projetos
Indicadores
Utilizam Biologia Molecular
Não utilizam Biologia Molecular
***
***
**
**
*
*
*
*
0
20
40
60
80
100
120
140
Publicações Citões Orientações Projetos
Indicadores
Utilizam Biologia Molecular
Não utilizam Biologia Molecular
**
*
**
*
*
**
* **
**
*
Idade Acadêmica
Média
20,67
Idade Acadêmica
Média
15,23
A análise dos dados sugere que os pesquisadores associados à Biologia Molecular
parecem ter alguma vantagem nos campos de luta e conflitos de suas comunidades. A
performance acadêmica desses grupos é superior nos quatro indicadores de insumos e
resultados, nas áreas de Genética e Zoologia (Figura 49), e em dois deles nas áreas de
Bioquímica citações e projetos e Imunologia publicações e citações (Figura 50). De
uma maneira geral o grupo de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq na
área de Bioquímica demonstra ser o mais homogêneo, de dinâmica mais tradicional.
Figura 50 Índices gerais de desempenho acadêmico (painéis da esquerda) e participação dos
Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq) nas áreas de Bioquímica e Imunologia,
agrupados por pesquisadores que utilizam e não utilizam a Biologia Molecular (painéis da
direita).
Fonte: CNPq – Plataforma Lattes, Bioquímica e Imunologia (2006), Projetos de Pesquisa – CAPES – Cadernos de Avaliação
CAPES. Período disponível: entre 1998 e 2004, Bioquímica e Imunologia (2006), Orientações CNPq Plataforma Lattes,
Bioquímica e Imunologia (2006), Publicações e Citações – Web of Science – ISI, Bioquímica e Imunologia (2006), e critérios
para definição da utilização ou não da Biologia Molecular – Linhas de Pesquisa – Plataforma Lattes, Bioquímica e
Imunologia (2006); CAPES – Coleta CAPES, Bioquímica e Imunologia (2007) e Áreas de Concentração – Plataforma Lattes,
Bioquímica e Imunologia (2006).
0
20
40
60
80
100
Publicações Citações Orientações Projetos
Indicadores
Utilizam Biologia Molecular
Não utilizam Biologia Molecular
*
13,02
10,64
734,31
42,5
1
10
100
1000
Publicões Citações Orientações Projetos
Indicadores
Total por Pesquisador (n)
Área Imunologia
0
20
40
60
80
100
Publicações Citações Orientações Projetos
Indicadores
Utilizam Biologia Molecular
Não utilizam Biologia Molecular
**
*
**
*
**
**
*
*
*
*
49,03
12,54
542,39
22
1
10
100
1000
Publicões Citações Orientações Projetos
Indicadores
Total por Pesquisador (n)
Área Bioquímica
Idade Acadêmica
Média
18,23
Idade Acadêmica
Média
16,12
I
I
V
V
.
.
6
6
.
.
2
2
.
.
C
C
O
O
M
M
P
P
A
A
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
C
C
O
O
M
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A análise da dinâmica de insumos e resultados dos Bolsistas PQ – CNPq da área da
Física sugere, a princípio, um perfil diferenciado para essa área.
Semelhanças pontuais foram verificadas entre o perfil de idade acadêmica insumo
primário dos Bolsistas Físicos (Figura 51a) e dos Bolsistas dos subgrupos que utilizam os
conceitos e as técnicas da Biologia Molecular, das áreas de Genética, Bioquímica,
Imunologia e Zoologia (ver Figura 44).
Figura 51 Freqüência de Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq) na área de Física por
Idade Acadêmica (insumo primário), mero de Publicações (produtividade/eficácia científica), número
de Citações (reconhecimento pelos pares) e número de Orientações concluídas (insumo secundário),
normalizados pela idade acadêmica.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Física (2006), Orientações CNPq Plataforma Lattes, Física (2006) e Publicações e Citações
Web of Science – ISI, Física (2006).
0
10
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50
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70
80
1,5 1,51 - 3,0 > 3,0
Orientões / Idade Acadêmica
Física
R = - 0,995
0
5
10
15
20
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30
35
40
> 40 40 a 36 35 a 31 30 a 26 25 a 21 20 a 16 15 a 11 10
Idade Acadêmica
Tempo de Titulação em Doutoramento
Física
R = 0,867
0
5
10
15
20
25
30
35
40
10 10,1 - 20 20,1 - 30 30,1 - 50 > 50
Ciatções / Idade Acadêmica
Física
R = 0,026
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1 1,1 - 2 2,1 - 3 3,1 - 4 > 4
Publicões / Idadae Acadêmica
Física
R = 0,915
Insumos
Resultados
(a)
(
b
)
os índices de prestígio/reconhecimento dos Físicos (citações por pesquisador)
estão mais próximos daqueles obtidos pelos Bioquímicos e Imunologistas dos subgrupos
que não utilizam a Biologia Molecular (Figura 51b – ver Figuras 46b – 46c).
Por outro lado, os índices gerais de desempenho científico publicações, citações e
orientações por pesquisador – dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ – CNPq) da
área da Física (Figura 52) seguem o mesmo perfil encontrado para os Bolsistas das quatro
áreas das Ciências da Vida (ver Figuras 49 e 50).
Figura 52 – Índices gerais de desempenho acadêmico dos Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa (PQ – CNPq) na área da Física.
Fonte: CNPq Plataforma Lattes, Física (2006), Orientações CNPq Plataforma Lattes, Física (2006) e Publicações e
Citações – Web of Science – ISI, Física (2006).
68,13
8,47
647,36
1
10
100
1000
Publicões
por Pesquisador
Citações
por Pesquisador
Orientações
por Pesquisador
Física
Índices (n)
Idade Acadêmica
Média
17,9 anos
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A proposta desse trabalho foi verificar se os indicadores cienciométricos entendido
como um constructor da comunidade científica são capazes de dar suporte às teorias que
envolvem as dinâmicas do campo científico e as práticas dessa mesma comunidade, a partir
do caso da Biologia Molecular como exemplo de ruptura epistemológica, ou seja, de
descontinuidade no campo científico.
Neste sentido, a primeira abordagem constitui-se na caracterização das
comunidades científicas mais diretamente associadas ao caso estudado representada pelos
pesquisadores nas áreas da Genética e Bioquímica outorgados com a bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ), do CNPq, que os particulariza e agrupa por possuírem,
todos, título de doutor ou perfil científico equivalente, estarem vinculados a uma Instituição
de Ensino ou Pesquisa e envolvidos com atividade de orientação, demonstrarem ter
capacidade de captação de recursos financeiros e, principalmente, por liderarem um grupo
de alta produtividade científica, com linha de pesquisa própria.
Nossos resultados mostraram que no conjunto de bolsistas PQ-CNPq das áreas de
Genética e Bioquímica a participação feminina (52,3% e 43,7% respectivamente) não é
maior apenas do que a verificada entre o total de pesquisadores bolsistas (33,4%), mas,
também, é superior a média encontrada na grande área das Ciências da Vida (36,6%), hoje
uma das arenas de maior presença feminina.
Esta invasão feminina tem certamente relação com a história do desenvolvimento da
área da Genética ocorrida, no Brasil, ao longo do século XX.
Segundo Kuhn (2000) o critério científico (evidência empírica) não define, sozinho, o
que é Ciência, que deve ser dimensionada como uma prática social, igual a qualquer outra,
fruto de negociações e contestações as mais diversas.
As retóricas da verdade e da autoridade no campo científico são, portanto,
expressões das relações de poder no campo cultural, por meio de posicionamentos
dominantes. Nesse processo, os dogmas científicos, que não admitem nenhuma
interpretação subjetiva, e as posturas que alimentam o homogêneo e o estável se
encontram em xeque (Bernardes, 2004).
Um desses dogmas é sem dúvida o caráter masculino da Ciência. No Ocidente, a
ciência e a tecnologia foi se consolidando ao mesmo tempo em que foi se estabelecendo
uma ordem interna restrita culturalmente à linguagem masculina (Melo, Lastres e Marques,
2004). Entretanto, um número considerável de mulheres fazia ciência, inclusive nos espaços
em que a participação lhes era vetada. O fato parece estar na pouquíssima repercussão do
trabalho científico feminino através dos séculos. Segundo Albuquerque (2006), “isso é
próprio das relações de poder que se estabelecem neste campo: o viés sexista que se
reconfigura nas mais diversas épocas, legitimando a invisibilidade das cientistas do sexo
feminino”. Para a autora, o papel da mulher na ciência tem passado por grandes
modificações, mas sua participação permanece envolta em aspectos discriminatórios:
É verdade que neste início de século no Brasil, assim como em outros
países,as mulheres são maioria em todos os níveis de ensino, inclusive
no nível superior. Muitas mudanças podem ser observadas, se tivermos
como referencial a criação das primeiras universidades nestes moldes
modernos do ocidente, onde a participação feminina foi explicitamente
proibida até o século XVIII. Todavia, indicadores como estes o
necessariamente demonstram que houve uma revolução dos valores no
que concerne aos códigos de gênero, ou seja, não é óbvio que uma
participação feminina mais incisiva na universidade implique na ausência
de mecanismos discriminatórios no campo científico (Albuquerque, 2006).
Da década de 1970 até os dias de hoje, as barreiras se tornaram mais sutis, no
entanto, ainda pesam sobre docentes e pesquisadoras, questões como maternidade, dupla
jornada, cuidados com crianças. Soma-se a esta condição, a associação da feminilidade ao
que não é científico subjetividade, emoção, sensibilidade (Rago, 2000; Osada e Costa,
2006).
Segundo Fox Keller, uma das autoras mais conhecidas dentro do movimento CTS
(Ciência, Tecnologia e Sociedade) por seus estudos sobre Gênero e Ciência, as mulheres
lançam mão da experiência subjetiva em interesse de uma objetividade mais efetiva,
produzindo uma Ciência cujo fruto seria a visão mais integrada do mundo. Esta visão se
opõe radicalmente à masculina, que produz uma Ciência orientada pela estrita separação
entre sujeito e objeto (Lopes, 2006).
Valores mais polivalentes e universais têm sido propostos como alternativa na
Ciência pós-moderna.
No Brasil, apesar dos grandes avanços em termos quantitativos (presença de alunas
na graduação e na pós-graduação); ainda estamos vivendo o iluminismo das ciências,
valores iluministas ainda persistem e não são questionados pelas cientistas, além disso, as
posições mais elevadas da hierarquia da Ciência – distinções e cargos – vêm sendo
ocupadas majoritariamente por homens (Haraway, 2004).
E no topo dessa hierarquia encontram-se os Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa, distinção conquistada por pesquisadores doutores com destacado desempenho
em sua área de atuação. A Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ CNPq) é um dos
principais instrumentos de reconhecimento pela comunidade científica e que confere ao
pesquisador o status de ator principal da Ciência (CNPq, 1997, 1998; Paula e Silva et al.,
1998).
Desta forma, a presença das mulheres entre os expoentes da comunidade científica
brasileira sugere a ocorrência de um processo singular e peculiar na dinâmica científica.
E o advento da Biologia Molecular como nova área de produção do conhecimento
assume essas características.
O processo de formação de pessoal na área de Genética se inicia na Escola de
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP), em
1918, e a partir daí, muitos recursos passam a ser investidos na instalação de laboratórios
de pesquisa e na contratação de pessoal especializado. Esses esforços viabilizaram uma
prática científica altamente qualificada em torno das questões genéticas, estabelecendo
condições adequadas para criação e desenvolvimento, em 1997, do Projeto Genoma da
FAPESP (Schwartzman, 2001).
Nesse contexto de consolidação de uma nova Ciência, as Instituições de Fomento à
Pesquisa têm papel crucial. A aprovação, por exemplo, de um projeto temático, na
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) ou no Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), garante ao pesquisador e à
sua equipe recursos financeiros para equipamentos, infra-estrutura, suprimentos para
pesquisa, reserva técnica, participação em eventos no país e no exterior entre outras
facilidades. Ter um projeto temático aprovado também certifica o grupo de pesquisa quanto
à sua competência na área: o pesquisador ganha visibilidade e autoridade na comunidade
científica (Osada e Costa, 2006).
A análise dos projetos temáticos aprovados pela FAPESP, no período de 1992 a
2004, mostra que, na área de Biologia, a participação da mulher varia de acordo com a
temática. Nessa análise os dados mais interessantes foram encontrados para Genética,
indicando que as mulheres coordenaram 56% dos projetos temáticos.
Desta forma, as pesquisadoras bolsistas, sejam da comunidade de Geneticistas ou
de Bioquímicos, ligadas a projetos nas áreas de Mapeamento Genético de Organismos
Vivos, Genômica, Proteômica e Expressão Gênica, tiveram boas oportunidades de
aquisição de capital e autoridade científica e, parece, ela souberam aproveitá-las. As portas
da Genética foram abertas também às mulheres.
O Projeto Genoma da FAPESP envolveu um número grande de pesquisadores de
diversas áreas do conhecimento das Ciências da Vida e Exatas, o que se justifica pela
complexidade do projeto, pela aplicabilidade do conhecimento em praticamente todas as
áreas das Ciências da Vida e pelo fato de se tratar de um novo conhecimento de interesse
multidisciplinar. Dados dos projetos genomas Xylella fastidiosa, Xanthomonas citri e Cana-
de-Áçucar
14
mostram que 30,5% dos laboratórios foram coordenados por mulheres, 47,3%
da equipe de pesquisadores eram mulheres.
Portanto, considerando que a pesquisa científica de qualidade sempre foi, e continua
sendo, conduzida por recursos humanos altamente qualificados e preparados legitimando a
hierarquia científica (Durham, 1994), a expressiva presença feminina, nas comunidades de
bolsistas PQ CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica, aparece como um diferencial
histórico cultural, assim como é inesperada a grande representatividade de jovens entre os
pesquisadores dessas comunidades, significativamente maior (p < 0,05) do que a
encontrada entre os pesquisadores brasileiros (23,4% x 28% na Genética e 52,4% na
Bioquímica).
Novamente, o advento da Biologia Molecular vem subsidiar nossos resultados.
Segundo Fernando Reinach, pesquisador em Biologia Molecular, um dos mentores e
coordenadores do primeiro projeto genoma brasileiro Xylella fastidiosa em entrevista
concedida à Revista Pesquisa FAPESP, em junho 2004, a relação entre a Biologia
Molecular e a ascensão científica de pesquisadores jovens é muito evidente (Izique e
Moura, 2004):
A mudança causada pelo surgimento da Biologia Molecular foi
tão rápida que uma parte dos velhos pesquisadores não a
acompanhou. Eles não entendiam a nova tecnologia que os
mais jovens compreendiam muito bem. Começou a se
desmontar um aparato hierárquico muito rígido.
Os institutos de pesquisa começaram a contratar pesquisadores
porque eram competentes e o resultado foi uma maior
diversidade de temas e mais liberdade de pesquisa. Surgiu
assim um grupo de pessoas relativamente jovens, independente
dos mais velhos, uma espécie de classe média na ciência.
Houve, portanto, uma espécie de modernização da ciência e a
criação de uma geração independente.
14
Dados disponíveis em http://watson.fapesp.br/onsa/Genoma3.htm
Houve uma geração que fez um dos mais importantes projetos
de pesquisa do Brasil sem autorização. E deu um pulo à frente.
Em geral, em ciência, os mais velhos vão morrendo, os novos
vão assumindo, daí vem a geração de baixo etc. Ali, não: uma
nova geração assumiu e deu o pulo. Esse aspecto foi
revolucionário (Fernando Reinach, depoimento em 2004).
A análise dos dados que localizam os Bolsistas PQ – CNPq das áreas de Genética e
Bioquímica por regiões, unidades da federação e instituições mostrou que eles se
concentram nas Regiões Sudeste – principalmente no estado de São Paulo – e Sul, estando
vinculados, majoritariamente, às cinco Universidades de maior produtividade científica do
país: USP, UNICAMP, UFRJ, UNESP e UFRGS.
Este perfil não é exclusivo das comunidades estudadas, as diferenças na distribuição
regional dos recursos científicos e tecnológicos no Brasil são muito acentuadas. A base
técnico-científica instalada no Brasil tem a sua expressão mais potente nessas duas regiões,
para onde é canalizada a maior parte dos investimentos em ciência e tecnologia realizados
pelo Estado brasileiro. Várias intervenções com ações regionais têm sido realizadas para
transformar essa realidade tão heterogênea.
Entretanto, os resultados alcançados são ainda inexpressivos, pois, além da
debilidade das intervenções, o problema tornou-se mais complexo no contexto da economia
globalizada. O processo de produção do conhecimento, ao se tornar mais competitivo, vem
sofrendo significativas transformações na sua organização social que, conforme observa
Gibbons (1994), podem contribuir para ampliar as desigualdades existentes no contexto
contemporâneo.
Os indicadores científicos e tecnológicos existentes revelam, também, que a Região
Sudeste abriga grande parte dos centros universitários com o mais alto nível de excelência
em inúmeras áreas do conhecimento e os institutos e empresas de pesquisa mais bem
aparelhados do país.
As atividades técnico-científicas ao se aglomerarem podem tornar-se mais dinâmicas
e produtivas. A ausência ou quase ausência de determinado nível de capacitação técnico-
científica em um determinado espaço pode acarretar desvantagens comparativas em termos
de atração de investimentos produtivos. Dessa maneira, localidades que não contam com
uma base educacional mais forte, com uma infra-estrutura de apoio cnico (laboratórios,
prestação de serviços, etc.) e com uma infra-estrutura de comunicação correm o risco de
ficarem estagnadas ou mesmo de serem excluídas do processo de desenvolvimento em
curso. Como ressalta Barros (2000), embora não exista uma correlação direta, automática
entre Ciência & Tecnologia e desenvolvimento econômico e social, não como negar, no
atual contexto, o círculo virtuoso que se realimenta desses fatores.
Entretanto, a hegemonia das instituições do Centro-Sul parece ser vivida hoje com
menos trauma, tendo adquirido as demais Universidades capacidade de se inter-
relacionarem com seus pares em redes de pesquisa e de pesquisadores que se ampliam
cada vez mais, tanto interna como externamente (Nunes, 2006).
Esta parece ser a realidade das duas comunidades estudadas e pode ser fruto das
novas dinâmicas estabelecidas pelo fenômeno que ocorreu na Biologia, de uma forma geral,
ocorrido na Física, alguns anos antes. Até a Segunda Guerra Mundial, a Física avançava
por meio de grandes contribuições individuais. Até que começaram a despontar os grandes
projetos, como o da bomba atômica ou o dos grandes aceleradores, por exemplo, e os
problemas ganharam tal magnitude que uma pessoa sozinha não dava conta. Começou
então a nascer esse conceito de que certos problemas eram grandes demais para uma
pessoa. Apesar de existir ótima ciência feita por uma só pessoa, começou a surgir a Ciência
feita por grandes times. Na Biologia isso levou muito mais tempo. Talvez tenha se iniciado
justamente com os projetos genoma (Bernades, 2004).
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Os pesquisadores, independente das áreas em que atuam e das instituições,
unidades da federação e regiões do Brasil onde se encontram, passam a integrar um
mesmo corpus conceitual e, mesmo a distância, a colaborar tecnicamente, o que pode ser
responsável por não terem sido encontradas diferenças significativas entre as performances
científicas dos bolsistas PQ-CNPq das áreas de Genética e Bioquímica.
Nossos resultados indicam um perfil homogêneo tanto para as relações entre o
número de publicações, orientações e citações e o número de pesquisadores, quanto para a
relação citações por publicação (varáveis dependentes) quando são comparadas por
Unidade da Federação (variável independente).
Não foi possível, também, estabelecer qualquer relação de dependência entre o
desempenho científico dos pesquisadores e o tipo de Instituição a qual estão vinculados. A
área de Genética, por exemplo, apresenta um maior padrão de qualidade correlacionado
com os Institutos de Pesquisa, mas a área de Bioquímica não obedece a nenhum padrão;
as Universidades Estaduais apresentam o melhor índice de eficiência científica taxa de
publicações por pesquisador mas o menor índice de visibilidade científica (impacto das
publicações) expresso na taxa de citação por publicação por pesquisador, enquanto o
maior índice de visibilidade está correlacionado aos Institutos de Pesquisa.
O número de pesquisadores por natureza da Instituição é muito distinto nas duas
áreas, e a grandeza dos índices de desempenho está correlacionada mais negativa do que
positivamente com o número de pesquisadores. Nesse contexto, não há, por Instituição,
correlações positivas entre os diferentes insumos, assim como entre insumos e resultados.
Esses resultados poderiam indicar que as publicações e citações por pesquisador
variáveis dependentes – têm relação de dependência com a natureza, ou com algum
aspecto em particular, das Instituições com as quais os pesquisadores bolsistas têm vínculo
profissional. As instituições, como variáveis independentes, poderiam significar um viés no
desempenho desses dois grupos de pesquisadores bolsistas do CNPq. A dinâmica dos
Institutos de Pesquisa, diferente da Universidade, poderia estar contribuindo para a melhor
performance científica dos bolsistas a eles vinculados sinalizando a natureza da pesquisa
que vem sendo alvo de maior interesse nos campos científicos da Genética e da
Bioquímica.
Esta hipótese poderia ser fortalecida pelo fato dos 38 bolsistas PQ-CNPq da área da
Genética e dos 51 da área da Bioquímica vinculados à Universidade mais produtiva do país
a USP, cuja pesquisa possui caráter eminentemente básico, contraponto claro aos
Institutos de Pesquisa, apresentarem as menores taxas de visibilidade científica
(citações/publicação).
Por outro lado, outras 11 universidades, que igualmente à USP desenvolvem
pesquisas de caráter eminentemente básico, estão entre as 17 instituições responsáveis
pelas cinco maiores taxas de produtividade (publicação/pesquisador) e/ou de visibilidade
científica (citações/publicação).
As desigualdades verificadas entre instituições de mesma natureza, somadas à
constatação de que, tanto na área de Genética, quanto na de Bioquímica, uma porcentagem
considerável de Instituições tinha vinculo profissional estabelecido com no máximo dois
pesquisadores bolsistas (56,2% e 36,7% respectivamente), nos impedem de estabelecer
qualquer relação de dependência entre o desempenho científico dos pesquisadores e o tipo
de Instituição a que estão vinculados, levando a crer em relações baseadas em outras
forças de poder, mais individuais que institucionais.
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A proposição formulada anteriormente tem reforço nos resultados encontrados na
caracterização e análise do desempenho acadêmico dos Programas de Pós-Graduação aos
quais encontram-se vinculados os pesquisadores com Bolsa de Produtividade em Pesquisa
PQ – CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica.
A análise dos indicadores cienciométricos, caracterizando as dinâmicas de insumos
e resultados por Programa de Pós-Graduação das comunidades de Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa PQ CNPq nas áreas da Genética e Bioquímica, indica que as
lutas pelo capital simbólico, na busca da competência cientifica, estão equiparadas nesses
dois campos científicos. Levando-nos de volta às relações de poder mais singulares e
individuais que institucionais, uma vez que a escolha da área para solicitação da Bolsa de
Produtividade em Pesquisa PQ – CNPq parece estar mais relacionada à área de atuação do
pesquisador do que à área da comunidade institucional (Programa de Pós-Graduação) a
qual está vinculado.
Outra característica das comunidades alvo desse estudo é que independente da
avaliação dos programas onde os bolsistas atuam, os índices de desempenho verificados
pelas taxas de insumos e resultados por Bolsista, atendem aos critérios de maior qualidade
estabelecidos pela CAPES (muito bom – conceito 7). Porém, estes resultados ocorrem
somente quando normalizados pela idade acadêmica média de cada grupo, do contrário,
observamos grande heterogeneidade dentro da cada categoria, o que sugere a participação
de pesquisadores bem jovens em muitos programas de pós-graduação, inclusive nos
programas com melhor avaliação.
Estes resultados somados ao fato de um terço dos programas, aos quais os
Bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica encontram-se vinculados, serem de Biologia
Molecular, e à freqüência desses programas nas diversas áreas do conhecimento pode
adicionar evidências à teoria da Biologia Molecular como exemplo de ruptura
epistemológica. Essas evidências decorrem da reiteração da presença de jovens nessas
comunidades de pesquisadores expoentes da área e da caracterização da Biologia
Molecular – e seus programas de pós-graduação – como derivação dinâmica entre a
Biologia (considerando a subárea da Genética) e a Bioquímica, estruturada
academicamente de forma completamente entrelaçada não com as duas escolas de
origem, mas, também, com outras diversas áreas do conhecimento.
Mas, a partir da definição dada por Kuhn (1996) de comunidade científica como
sendo a estrutura comunitária da ciência formada pelos praticantes de uma especialidade
científica, as comunidades formadas pelos Bolsistas das áreas de Genética e Bioquímica
foram isoladas investigando-se o comportamento dos pesquisadores que as constituem
(opus cit Jacobina, 2000).
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A análise dos determinantes do desempenho acadêmico por pesquisador das duas
comunidades mostrou que as duas comunidades apresentam perfil bastante semelhante
tanto para a o indicador de eficiência científica (publicações) quanto para o indicador de
visibilidade (citações/publicação), caracterizando a produção científica desses grupos de
pesquisadores como quantitativa e qualitativamente relevante.
Diferente dos dados sobre a Ciência Brasileira, publicados no jornal O Estado de
São Paulo, em maio de 2007
15
, que mostravam o crescimento da idade média dos
pesquisadores no país, com o auge da produção de um pesquisador ocorrendo entre 45 e
55 anos, as comunidades científicas de Geneticistas e Bioquímicos contemplados com a
bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq não possuem uma parcela
expressiva de jovens pesquisadores como a eficiência científica deles (número de
publicações) não depende do tempo de carreira.
Os nossos resultados também indicam uma forte independência da variável
visibilidade científica em relação ao tempo de carreira para as duas comunidades, ou seja,
não é raro um jovem Bolsista ter recebido mais citações do que os Bolsistas mais tempo
no sistema.
Um padrão semelhante de comportamento independente das variáveis foi observado
para a relação entre a capacidade de obtenção de recursos (projetos de pesquisa) e a idade
acadêmica dos Geneticistas e Bioquímicos Bolsistas, sendo que nas duas comunidades, os
jovens pesquisadores, mesmo que de forma discreta, têm obtido mais recursos que os
pesquisadores seniors.
É importante levantar aqui a discussão de que a maior parte do aporte de recursos
financeiros para a pesquisa no país tem sido conduzida de acordo com os variáveis
15
“Envelhecimento de cientistas ameaça pesquisa científica no Brasil” por Evanildo
da Silveira, em 02 de maio de 2007. Acesso em julho de 2007.
interesses da política governamental, não apenas sobre os eixos temáticos de investigação
o que pesquisar, como também sobre o roteiro metodológico a ser seguido pelos
pesquisadores como pesquisar, e a lista de produtos que devem resultar do processo da
pesquisa – os resultados (Luz, 2005).
Portanto, a igualdade de insumos obtidos pelos pesquisadores jovens e seniors,
relacionados aos projetos aprovados, pode ter influência da atual política científica de editais
temáticos. Não seria extraordinário o fato dos pesquisadores mais jovens desenvolverem
estudos mais inovadores e, portanto, com mais chance de serem alvo dos interesses
governamentais, principalmente nas áreas que envolvem os conceitos e técnicas da Biologia
Molecular. A adequação aos editais pode estar compensando o peso da autoridade
cientifica de um pesquisador sênior na aprovação dos projetos e obtenção de recursos.
Com esse conjunto de características os dois grupos de Bolsistas PQ-CNPq, das
áreas de Genética e Bioquímica, configuram comunidades científicas peculiares. Isto
porque, segundo Kuhn, cada uma delas pode ser distinguida como unidade produtora e
legitimadora de conhecimentos científicos estando seus integrantes submetidos à educação
e à iniciação profissional similares; absorvendo praticamente a mesma literatura técnica e
aprendendo lições semelhantes (Pepe, 1993; Oliva, 1994), sem, contudo, possuir objeto de
estudo próprio.
A proposição aqui defendida é que a diversidade presente nessas comunidades não
está em pontos de vista incompatíveis, sobre o mesmo objeto, por diferentes escolas, mas
em objetos de fato diferentes.
Baseado na teoria dos campos científicos de Bourdieu, o processo de diferenciação
da Biologia Molecular como campo científico, a partir das escolas de origem a Genética e
a Bioquímica, estaria em construção com início na diferenciação dos modos de
conhecimento e da colocação de novos objetos e princípios de compreensão e explicação,
além de estabelecer uma finalidade própria do conhecimento produzido, bem como uma
forma regulada e organizada de competição (Barata e Goldbaum, 2003).
Desta forma, por estar a Biologia Molecular iniciando o processo da sua definição
como um campo científico, os pesquisadores envolvidos com as questões da área ainda se
encontram inseridos em campos científicos diversos.
Portanto, a análise das relações entre o poder específico dos Bolsistas das áreas de
Genética e Bioquímica e o fato de terem se apropriado, ou não, dos conceitos e técnicas da
Biologia Molecular poderia nos indicar mais alguns caminhos para caracterizá-la como um
novo paradigma, com questões e metodologias pertencentes a um novo campo científico.
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A princípio, os nossos resultados mostraram que as relações existentes nos campos
disciplinares da Genética e da Bioquímica parecem se estabelecer de uma forma
padronizada entre os Bolsistas das duas áreas, independente de se apropriarem ou não,
dos conceitos e técnicas da Biologia Molecular.
O perfil de visibilidade bastante semelhante entre Geneticistas e Bioquímicos não
apresentou diferenças para os grupos que utilizam e os que não utilizam a Biologia
Molecular.
Da mesma forma, o reconhecimento e a autoridade científica, estabelecidos pela
taxa de citações por pesquisador, parecem estar ao alcance de todos os membros dessas
comunidades, sem diferenças significativas entre os que utilizam os conceitos e técnicas da
Biologia Molecular em seus estudos e pesquisas e os que não utilizam.
A capacidade de orientação e de obtenção de recursos financeiros dos
pesquisadores bolsistas do CNPq nas áreas de Genética e Bioquímica parecem ser outros
indicadores da homogeneidade desses grupos, mais uma vez, com uma discreta
independência da idade acadêmica dos pesquisadores.
O que estamos mostrando é o ciclo de controle da produção, gerando poder
específico e, consequentemente, mais reconhecimento dos pares, o que lhes confere
credibilidade para produzir mais capital científico, alimentando o ciclo e mantendo o
monopólio da autoridade – da competência cientifica.
Na opinião dos líderes das unidades de pesquisa, o fator mais importante para a
efetividade das unidades de pesquisa, não está relacionado à quantidade de recursos
financeiros obtidos e sim à qualidade de seus recursos humanos. No discurso dos
pesquisadores, esse fator é particularmente central para sua capacidade de inovação e
produtividade, e consequentemente para sua reputação.
Mas, parece existir uma associação mais forte entre a percepção que as unidades
têm de sua reputação na comunidade e a iniciativa na busca de recursos. Esta associação
se particularmente para as unidades com maior enfoque acadêmico, que são as que
mais se norteiam para a publicação de artigos na literatura internacional.
Como afirma Macias-Chapula (1998), a ciência necessita ser considerada como um
amplo sistema social, no qual uma de suas funções é disseminar conhecimentos. Sua
segunda função é assegurar a preservação de padrões e, a terceira, é atribuir crédito e
reconhecimento para aqueles cujos trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das
idéias em diferentes campos. Além disso, dadas as peculiaridades da ciência, as
comunidades científicas de cada área ou subárea adotam diferentes processos de
disseminação da produção.
Portanto, na estrutura objetiva do campo científico (hierarquia de posições, tradições,
instituições e história), os indivíduos adquirem um corpo de disposições, que lhes permite
agir de acordo com as possibilidades existentes no interior dessa estrutura objetiva: o
habitus.
Entendemos o habitus como um sistema, não de regras, mas de disposições
duráveis, predispostas a estruturar e nortear as práticas dos indivíduos. Desta forma, o que
se coloca em discussão aqui é quanto o habitus dessas duas comunidades científicas
funciona como força conservadora no interior dessa ordem social, mesmo com um número
expressivo de jovens pesquisadores detentores de grande capital científico.
Entretanto, em muitas análises as características do paradigma, seus conceitos, leis
e teorias e também valores e crenças, podem impedir a percepção do novo e sua
diferenciação em relação ao que está completamente aderido à matriz disciplinar.
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A situação da Genética Brasileira merece deferência especial. Considerada uma das
áreas de maior destaque, em 1975 sofreu um grande impulso com o Programa Integrado de
Genética do CNPq e, no início da década de 80, contava com produção numerosa e de
boa qualidade e com 150 geneticistas doutores só no Estado de São Paulo.
No entanto, em 1994, Krieger e Galembeck discutiam sobre essa posição de
destaque estar sendo comprometida pela lentidão se definir como um novo campo científico,
incorporando o rápido desenvolvimento de novas tecnologias, como por exemplo, aquelas
que envolvem o DNA recombinante. Para os pesquisadores a Bioquímica, área que tinha o
maior número de pesquisadores e a mais alta produtividade e a Imunologia, uma das
disciplinas fundamentais para a Biotecnologia, estavam procurando mais rapidamente
incorporar as novas técnicas de Biologia Molecular. Dado significativo era que o maior
contingente de Biologistas Moleculares no Brasil estava ligado à Bioquímica e Imunologia e
não à Genética.
Por outro lado, nessa época, a Zoologia ainda mantinha abordagens e metodologias
tradicionais. Entretanto o surgimento de uma consciência internacional sobre os problemas
de Ecologia e Biodiversidade para assegurar um desenvolvimento sustentável, que
preservasse as condições de vida do nosso planeta intensificaram a importância da
pesquisa nessa área. Nosso País, detentor de uma das maiores reservas de animais, tem,
conseqüentemente, uma enorme responsabilidade, mas também uma grande potencialidade
de alcançar competência para explorar racionalmente os recursos (Krieger e Galembeck,
1994).
Mais interessante, é que os estudos na área de zoologia, ligados à Biodiversidade,
se tornaram essenciais, particularmente pela Genética, uma vez que todos os organismos
do planeta estão relacionados evolutivamente através do material genético de DNA. A
descoberta da estrutura desta macromolécula, das enzimas de restrição e da enzima Taq
polimerase possibilitaram o desenvolvimento de várias tecnologias. Paralelamente aos
métodos clássicos, estas tecnologias têm sido utilizadas na identificação, caracterização e
comparações taxonômicas nos mais diversos grupos de organismos. Esta análise propiciou
o conhecimento da extensão da biodiversidade do planeta e do grau de similaridade entre
plantas, animais e o homem. O reconhecimento da biodiversidade e da composição
genética única de cada espécie torna maior e urgente a necessidade de conhecer para
preservar (Rieger, Campos e Dos Santos, 2006).
Portanto, essas quatro áreas estabelecem estreita relação com a Biologia Molecular,
mas possuem níveis decrescentes de representatividade de pesquisadores bolsistas que
utilizam os conceitos e técnicas da Biologia Molecular em suas linhas de pesquisa (69,9%
na Bioquímica, 42,9% na Genética, 22,3% na Imunologia e 7,8% na área da Zoologia),
caracterizando comunidades diferenciadas quanto à apropriação das bases conceituais do
que estamos considerando, em potencial, ser um novo paradigma.
Nossos resultados mostram uma forte presença de jovens entre os pesquisadores
expoentes das quatro áreas analisadas, sugerindo renovação com a incorporação de novos
pesquisadores. Como este fenômeno se mostrou menos intenso entre os Geneticistas
poderíamos supor que esta área acelerou a incorporação dos novos conceitos e
metodologias da Biologia Molecular, se encontrando num estado de equilíbrio dinâmico com
os grupos mais tradicionais, portanto, mais próxima da estabilidade do que as outras três
áreas. Este equilíbrio está demonstrado também na distribuição mais homogênea dos
recursos advindos dos projetos de pesquisa, entre os Bolsistas que utilizam e os que não
utilizam a Biologia Molecular, em comparação com as outras três áreas.
O processo de comunicação científica apresenta algumas particularidades nas
diversas áreas do conhecimento. Em diversos estudos na literatura, alguns pesquisadores já
levantaram evidências empíricas com relação à escolha dos canais de comunicação, à
forma da publicação, ao idioma e à localização geográfica das publicações para a
veiculação dos resultados de pesquisa nas diversas áreas de conhecimento (Silva, Menezes
e Pinheiro, 2003). Nas áreas de Genética, Bioquímica e Imunologia, por exemplo, a
tendência é escolher canais internacionais de comunicação, enquanto a Zoologia
preferência aos canais regionais ou locais.
Por outro lado, o potencial superior de publicação verificado para os pesquisadores
envolvidos com as questões moleculares, indica uma fase de consolidação do conhecimento
produzido a partir desse novo paradigma. A Bioquímica ao se caracterizar como exceção
pode estar demonstrando a eficiência do corpo conceitual da área, independente das
abordagens moleculares, ou pode ser um reflexo da maior maturidade da convivência dos
diferentes grupos, com as conquistas de poder e capital científico mais consolidadas.
Mas o grupo de pesquisadores que se apropriou da Biologia Molecular, não é
apenas mais eficiente como também possui maior reconhecimento pelos pares, expresso na
taxa de citações por pesquisador. Neste caso, a Zoologia é exceção, talvez pela proporção
reduzida de bolsistas PQ-CNPq ligados ao novo paradigma em relação aos grupos mais
tradicionais da área.
O conjunto de resultados sugere que os pesquisadores associados à Biologia
Molecular parecem ter alguma vantagem nos campos de luta e conflitos de suas
comunidades, o que fica demonstrado na comparação dos valores totais dos indicadores de
desempenho dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ-CNPq) nas áreas de
Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia.
Mas todas as evidências até aqui apresentadas da teoria do advento da Biologia
Molecular como exemplo de ruptura epistemológica, construídas através dos indicadores de
desempenho, têm como base de estudo comunidades contemporâneas ao estabelecimento
do novo paradigma e heterogêneas na vivência da descontinuidade científica.
Não constitui exagero algum afirmar que a Física, como metodologia científica,
nasceu adulta, no século XVII, por obra e graça de Galileu (o grande livro da natureza está
escrito em uma linguagem matemática). Sua consolidação, no entanto, como Ciência
inteiramente formalizada, deu-se a partir do século XVIII, com a difusão do legado científico
de Newton (eu não imagino hipóteses inúteis). A partir daí esta área do conhecimento
passou de forma sucessiva pelas mais clássicas rupturas epistemológicas da Ciência
Moderna com a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica e a Teoria do Caos (Oliveira,
2004).
A maioria dos indicadores mostrou que os Bolsistas PQ-CNPq da área da Física
possuem um perfil de desempenho semelhante ao encontrado para a integralidade das
comunidades de bolsistas das áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e Zoologia.
Diversos trabalhos defendem que a área da Física vive a fase da ciência normal,
onde de forma peculiar, os três novos paradigmas já se encontram aceitos sem restrição
pela comunidade científica, uma vez que conseguem atender às questões atinentes à área
de estudos à qual é aplicável.
Neste caso, o fato dos indicadores cienciométricos de desempenho se comportarem
de forma semelhante tanto entre as comunidades que utilizam e que não utilizam a Biologia
Molecular das quatro áreas das Ciências da Vida, quanto em relação à comunidade da área
da Física, pode estar demonstrando sua eficiência em identificar fatos e processos históricos
da ciência. Podemos entender que essas comunidades, como elite científica, retornam mais
rápido à fase da ciência normal e, nesse caso, considerar que o novo paradigma já se impôs
por sua fundamentação correta e sob seus auspícios deu início a um novo período de
trabalho, que pausadamente tende a ganhar adeptos (Oliva, 1994; Coutinho, 1998; Portella,
2007).
Por outro lado, deve ser observada a transformação importante ocorrida com a
noção de revolução científica, nos estudos sobre história da ciência. Durante muito tempo
revolução científica foi interpretada como um salto qualitativo e/ou ruptura que uma nova
teoria tinha em relação a teorias anteriores (Bernal, 1976).
Isto não quer dizer que a concepção de revolução científica atualmente deixou de ser
considerada nas pesquisas em história da ciência. Roque (2002), mesmo defendendo a
visão mais externalista da ciência, afirma que:
(...) é inquestionável que o conhecimento científico sofre transformações
notáveis em períodos específicos, e que certos cientistas desempenharam
função determinante para que essas mudanças ocorressem. Mas essas
revoluções não são mais examinadas como um tipo de ruptura dramática
do conhecimento, e tampouco vistas como produto de uma mente
reveladora. (...) Essas revoluções tendem, ainda atualmente, a serem
analisadas como produtoras de modificações no desenvolvimento da
ciência. No entanto, busca-se relacionar e mostrar cada vez mais que
essas revoluções, em muitos casos, mantêm vínculos significativos com
períodos anteriores e relações próximas com o contexto social.
Dessa forma, os indicadores cienciométricos não estariam referendando o retorno à
fase da ciência normal, e muito menos estariam demonstrando a ineficiência desse
constructor de identidade, desenvolvido no campo científico, em dar suporte às suas
próprias dinâmicas.
Os perfis semelhantes, encontrados para as diversas comunidades científicas
analisadas nesse trabalho, poderiam ser explicados pelo fato de que nem sempre uma
revolução rompe totalmente com formas de pensamento que ela supostamente superou e
se torna independente da cultura onde foi formulada. Logo, os indicadores cienciométricos
não poderiam mesmo desenhar perfis muito distintos para as comunidades que utilizam e
que não utilizam a Biologia Molecular, ainda que fosse incontestável a ocorrência de
revolução científica no campo onde atuam, principalmente considerando o status de
bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq dessas comunidades, caracterizando-as
como grupos de elite da ciência brasileira, que pressupõe, por princípio, um considerável
grau de homogeneidade.
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A análise dos indicadores cienciométricos de desempenho mostrou que as relações
existentes nos campos disciplinares invadidos pela Biologia Molecular parecem se
estabelecer de uma forma geral, como para a ciência normal, onde as tecnologias, formas
de observação e experimentação, conceitos e demonstrações formam um todo sistemático.
Entretanto, parece haver indícios de comportamentos típicos de uma ciência que ainda está
se acomodando aos novos paradigmas.
O conjunto de resultados indicou a presença da característica mais forte das
comunidades recém saídas de uma crise epistemológica. As comunidades dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa do CNPq, nas áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e
Zoologia, parecem ter seu sistema hierárquico desestabilizado, com a eliminação da
tendência de concentrar recursos em um número reduzido de pesquisadores e instituições
fenômeno conhecido como Efeito Matheus, da Bíblia, segundo o qual a quem mais tem mais
será dado mantendo todos os membros no mesmo nível, ou pelo menos com as mesmas
oportunidades para acumular capital simbólico e ascender na escala de crédito científico.
Portanto, os indicadores cienciométricos se configuraram bons instrumentos
descritores do desempenho de pesquisadores e do progresso científico.
Eles foram capazes de construir o perfil das comunidades dos Bolsistas de
Produtividade em Pesquisa do CNPq nas áreas de Genética, Bioquímica, Imunologia e
Zoologia, mostrando de forma subordinada a grande participação de mulheres e de jovens
nessas comunidades.
Mostraram as correlações negativas entre as variáveis dependentes e
independentes, fossem insumos ou resultados, mas principalmente deixaram claras as
correlações negativas estabelecidas com a idade acadêmica.
Em seu conjunto os indicadores cienciométricos foram consistentes o bastante para
sugerir, que tanto a eficiência quanto a autoridade científica estavam ao alcance de todos os
membros dessas comunidades, independente de qualquer relação de poder estabelecida, e
para deduzir, a partir das comparações com a comunidade de Bolsistas na área da Física,
que as comunidades alvo desse estudo pareciam estar retornando à fase da ciência normal,
com o novo paradigma já aceito por sua fundamentação.
Desta forma, mesmo diante dos perfis semelhantes encontrados para as
comunidades que utilizam e que não utilizam a Biologia Molecular, não podemos afirmar que
os indicadores cienciométricos de capital, autoridade e reconhecimento científico não foram
capazes de suportar a teoria da Biologia Molecular como exemplo de ruptura
epistemológica, e menos que essa ruptura não ocorreu. Isto porque, não podemos
desconsiderar duas outras possibilidades.
A primeira contemplaria a hipótese de que as semelhanças encontradas estariam
indicando que as comunidades analisadas já estariam retornando à fase da ciência normal.
A segunda possibilidade seria acatar que os indicadores cienciométricos não
poderiam mesmo desenhar perfis muito distintos, se levarmos em conta o fato, aceito por
parte dos historiadores da ciência, de que revoluções nem sempre rompem de forma
abrupta com as formas de pensamento que elas supostamente estariam superando, aliado à
homogeneidade característica das comunidades colocadas em questão, grupos de elite da
ciência brasileira.
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Currículum vitae
Nome: SILVIA REGINA TURCINELLI
Nascimento: 21/10/1962
Naturalidade: Campinas – São Paulo
Formação Acadêmica
Curso de Graduação em Ciências Biológicas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Mestrado em Ciências Biológicas na Área de Genética Molecular pelo Curso de Pós-graduação em
Genética e Biologia Molécula da Universidade Estadual de Campinas.
Doutorado Química Biológica na Área de Educação, Gestão e Difusão em Biociências pelo Curso de
Pós-Graduação do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Orientações
1. Maria de Lourdes P.S Coccozza Simoni (Início em 2002) A história da pós-graduação em
Genética no Brasil.
2. Márcia Regina Barbosa (Início em 2002) Perfil das colaborações científicas nas áreas de
Genética e Biologia Molecular no Brasil.
3. Isilda de Lourdes Passos Sene (Início em 2002) Colaborações científicas e
interdisciplinaridade – A Genética no Brasil.
Congressos/Simpósios Nacionais
- 22 comunicações em congressos nacionais
- 08 comunicações em congressos internacionais
Publicações
Leite A, Ottoboni LMM, Targon MLN, Turcinelli SR, Silva MJ, Malacrida, S and Arruda P (1989)
Molecular analysis of somaclonal variation in maize. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 32: 307.
Leite A, Ottoboni LMM, Targon MLN, Turcinelli SR, Silva MJ, Malacrida S and Arruda P (1989)
Relationship between zein and coixin genes. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 32: 74.
Leite A, Ottoboni LMM, Targon MLN, Turcinelli SR, Silva MJ, Malacrida S and Arruda P (1989)
Molecular analysis of somaclonal variation in maize. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 32:
307.Ottoboni, L.M.M., Leite, A., Targon, M.L.N., Turcinelli, S.R. and Arruda, P. (1989) -
Relationship between zein and coixin. Maize News Letters, 63:50.
Leite A, Ottoboni LMM, Targon MLNP, Silva MJ, Turcinelli SR, Arruda P (1990) Phylogenetic
relationship fp zeins and coixins as determined by immunological cross-reactivity and Southern blot
analysis. Plant Molecular Biology 14: 743-751.
Targon MLN, Leite A, Ottoboni LMM, Malacrida SA, Silva MJ, Turcinelli SR and Arruda P (1991)
Somaclonal variation. Its possible origins and consequence. In Biotechnology for Plant Production, OJ
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Maia, I. G., Benedetti, C. E., Leite, A., Turcinelli, S. R., Vercesi, A. E. and Arruda, P. (1998)
Structure and cold induction pattern of At PUMP an Arabidopsis gene encoding an uncoupling
mitochondrial protein. Plant Mitochondria: From gene to function. Edited by I M Muller, P. Gardistron,
K Glimelius and E Glaser. Backhuys Publisher. Leiden, The Netherlands. 493 – 497.
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