muito interessante. Ás vezes coincide de pegarem as aulas com os alunos no
anfiteatro, dos palhaços entrarem na sala, os alunos acham também muito
interessante. Já houve até caso de um aluno que queria saber como poderia fazer
pra entrar nesse grupo. Eu respondi que isso era uma coisa da que escola de
Teatro, que eu não sabia se um aluno da escola de medicina teria condição de se
engajar nesse projeto, só se informando, conversando com os responsáveis. A
principio, se a gente raciocinar,assim como o aluno de Teatro não poderia entrar,
prescrever e examinar realmente, como se fosse um aluno de medicina, eu
imagino que não seja possível um aluno de medicina entrar e participar como se
fosse aluno de uma atividade que é do curso de Teatro. Mas eu achei que pelo
menos interesse mostra que o trabalho tá fazendo um efeito legal. Se uma pessoa
pensa “poxa, eu queria ser aquilo, fazer aquilo, ter esse tipo de sensação”, acho
que isso é legal, pra quem tá do outro lado, ensinando, ter esse tipo de resposta
do aluno de medicina, que bem ou mal é visto como aquele cara que só pensa em
estudar, você ver que tem alguns que se identificam com essa proposta.
(Perguntei se ele achava que a maioria dos alunos tinha conhecimento do
projeto) Eu acho que sim, que tenham algum contato, que pelo menos saibam do
que se trata. Talvez não tenham noção da amplitude total; a gente aqui da
pediatria comenta muito.
5- Numa palavra, descreva o trabalho dos palhaços do Programa Enfermaria do
Riso?
Eu acho que uma palavra só é difícil. Eu ficaria entre alegria e criatividade.
Acho que criatividade tem mais a ver com a coisa. Porque alegria pra mim é
uma coisa óbvia, são enfermeiros do riso, não do choro...(ri). Mas é porque eu
acho que realmente o trabalho é muito positivo em colocar, de conseguir criar
alegria num ambiente que ás vezes não é de tanta alegria. Mas a criatividade é o
que eu vejo nas pessoas, e eu acho legal, essa coisa de você sacar uma palavra,
de sacar uma frase, uma graça, uma brincadeira, do nada, de qualquer coisa que
você fale, e eu lembro que no início eu ainda tentava conversar um pouco com
eles enquanto eles estavam vestidos de palhaços, na figura do palhaço, e eu
desisti, porque eu vi que cada coisa que eu falava era mais uma, e mais uma. E
eu aprendi que não se tenta conversar de uma forma séria quando eles estão
nesta situação. E outra coisa que chama muita atenção, e converso com outras
pessoas, é como eles mudam; quando eles estão vestidos de pessoas “normais”,
como são diferentes de quando eles estão vestidos como Enfermeiros do Riso.
Transforma, parece que entra numa máquina. Ás vezes eu nem reconheço, não
só por causa da maquiagem, da roupa, mas a fisionomia muda. Transformação
talvez seja uma palavra bem adequada. Isso de certa forma me encanta, essa
coisa da criatividade, e eu me pergunto “será que existe uma técnica para
aprender isso?”. Se existisse eu gostaria de aprender um pouco. Eu sou fã
número um, não deixo de falar isso explicitamente.
9- Você acha que a ação do palhaço modifica sua forma de ver o hospital?
Eu acho que já mudou. Como já falei, no início eu cheguei a ter um pouco de
resistência muito sutil, mais no início, e hoje em dia acho que já assimilei como
fazendo parte da estrutura do hospital. Se deixar de existir eu vou sentir falta,
vou achar tudo muito silencioso, muito calado, “poxa, aqui tá faltando um pouco
de alegria, criatividade, um pouco de graça nessa estória”. Atualmente não muda