Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
GIOCONDA EMANUELLA DINIZ DE DANTAS MOURA
AVALIAÇÃO DO EFEITO CITOTÓXICO DA LECTINA DA
ESPONJA MARINHA Cliona varians CONTRA
CÉLULAS DE LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA
NATAL
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
GIOCONDA EMANUELLA DINIZ DE DANTAS MOURA
AVALIAÇÃO DO EFEITO CITOTÓXICO DA LECTINA DA
ESPONJA MARINHA Cliona varians CONTRA
CÉLULAS DE LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA
Dissertação apresentada ao Departamento
de Bioquímica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Bioquímica.
Orientador: Dr. Maurício Pereira de Sales
NATAL
2007
ads:
3
À Deus que me carregou em seus braços;
Aos meus amados pais, Neneo e Luzimar, pela
segurança, incenti
vo e apoio para por em
prática minhas escolhas, e que me
ensinaram a necessidade da luta, da
verdade
e da perseverança no decorrer
da vida;
4
Ao meu querido irmão, George, pela
paciência, presença e apoio nos momentos
do pesado caminhar. Pelas
lições de força,
encorajamento e por me mostrar que
mesmo que não encontremos o caminho
certo, sempre teremos pra onde voltar...
sempre teremos um ao outro.
5
AGRADECIMENTOS
"A gratidão é a memória do coração"
Antístenes
Agradeço ao profesor Dr. Maurício Pereira de Sales, meu orientador de
mestrado e iniciação científica. Obrigado pelos ensinamentos e por acreditar no
meu crescimento como pesquisadora. Agradeço profundamente pela paciência,
incentivo e dedicação na orientação dispensada durante estes cinco anos de
convivência em que me encaminhou na pesquisa científica.
Aos professores Elizeu Antunes dos Santos do Departamento de
Bioquímica e Alexandre Flávio Silva de Queiroz do Departamento de Biofísica e
Farmacologia pelas sugestões, incentivos, participação e colaboração durante as
inúmeras versões de minha tese, contribuindo para seu desenvolvimento e
concretização.
À professora Fabiana Bezerra de Lima do Departamento de Microbiologia e
Parasitologia pelo uso de seu laboratório, pela disponibilidade e ajuda nos
experimentos de versões anteriores do projeto de mestrado.
À Dra. Giselle Zenker Justo do Departamento de Bioquímica da UNICAMP
pelo auxílio na realização dos experimentos essenciais para a conclusão deste
trabalho.
À professora Adriana Uchôa do Departamento de Biologia Celular e
Genética pelas sugestões durante a banca de qualificação deste trabalho.
A todos aqueles que fazem parte do Departamento de Bioquímica, aos
quais reservo apreço e consideração, e que de alguma forma contribuíram para a
realização deste trabalho.
6
A CAPES pelo apoio financeiro com a manutenção de bolsa concedida ao
Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte
À melhor turma de mestrado, depois de tantas horas de artigos, de provas,
de experimentos. Torço por cada um...
À Celina pela amizade verdadeira, pelo apoio emocional e pela participação
na aquisição dos camundongos utilizados em versões anteriores do projeto.
A Augusto César, “meu nego”, por compreender minha ausência durante
este tempo acreditando no meu crescimento profissional.
Agradeço aos amigos de laboratório: Adeliana, Dani, Joelma, Rodrigo,
Cleysyvan, Sheyla, Luiza, Huguinho, Ju, Gabi, Deyse, Leozinho, Jannison, Ibson,
Fábio, Thales, Pedro, Dr. Jacy, Fabiano, Carlos, Shyrley e Raniere; aos meus
primeiros alunos Norberto e Vitinho pela compreensão e ajuda nos momentos de
desespero; e de maneira especial a Ludovico pela disponibilidade em montar
comigo as figuras da primeira versão da introdução (embora não tenha usado
todas). A presença de todos foi de extrema importância para a finalização desta
etapa!
Aos meus irmãos de laboratório, Leonardo Pepino, Ticiana Amorin e Katya
Anaya. E às minhas eternas amigas Virgínia, Ana Celly e Hayanne. Agradeço pela
alegria proporcionada nos momentos de descontração e pela presença nas horas
de incerteza e cansaço. Obrigado pelo companheirismo, pela cumplicidade, pelos
ombros durante a tristeza e pelos ouvidos nos momentos de decepções pessoais
e frustrações profissionais. Finalmente, chegou o fim!!! Vou levar vocês bem
protegidos, bem guardadinhos no meu coração... Amo vocês!!!
7
(...) Não quero perder o momento belo.
Quero vivê-lo mais,
com a intensidade que exige a vida:
desgarramento e fulguração.
Então me corto ao meio e me solto de mim:
a que se prende e a que voa,
a que vive e a que se inventa.
Duplo coração:
a que se contempla e a que nunca se
entende,
a que viaja sem saber se chega
- mas não desiste jamais.
Lya Luft – Rosto com dois perfis
8
RESUMO
Neste trabalho, a linhagem K562 de células de leucemia mielóide crônica,
expressando a proteína oncogênica BCR-ABL, foi usada como modelo para
investigar a atividade antitumoral da lectina CvL purificada da esponja marinha
Cliona varians. CvL inibiu o crescimento de células K562 com um IC
50
de 70
Pg/mL, mas não afetou a viabilidade celular de linfócitos normais de sangue
periférico humano no mesmo intervalo de concentrações testadas (1 – 80 Pg/mL).
A morte celular ocorreu após 72 horas de exposição à lectina e com alterações
nucleares típicas de apoptose como analisado pela fluorescência de DAPI.
Investigação dos possíveis efetores deste processo mostrou que a morte celular
ocorreu sem ativação de caspases e na presença de expressões aumentadas de
Bcl-2 e Bax. O fato de CvL desencadear a liberação de catepsina B, como
evidenciado pela microscopia de fluorescência, e do inibidor E-64 bloquear
completamente a morte celular induzida por CvL, sugerem papel central dessa
protease lisossomal na ativação de uma via alternativa de morte celular. CvL
também induziu o aumento de expressão do receptor de morte TNFR-1 e a
diminuição dos níveis de NFțB. Estes efeitos foram acompanhados pelo aumento
significativo na expressão de p21 e pela modulação negativa de pRb, mostrando
que CvL foi capaz de bloquear a progressão do ciclo celular. Juntos, estes dados
sugerem que catepsina B age como mediador da citotoxicidade induzida por CvL
possivelmente através de uma conexão ainda não caracterizada com a via dos
receptores de morte.
Palavras-chave: Lectina, Cliona varians, CvL, Leucemia, Apoptose, Catepsina B.
9
ABSTRACT
In this study, a BCR-ABL expressing human chronic myelogenous leukaemia cell
line (K562) was used to investigate the antitumoral potential of a novel lectin (CvL)
purified from the marine sponge Cliona varians. CvL inhibited the growth of K562
cells with an IC
50
value of 70 Pg/ml, but was ineffective to normal human peripheral
blood lymphocytes in the same range of concentrations tested (180 Pg/ml). Cell
death occurred after 72 h of exposure to the lectin and with sign of apoptosis as
analysed by DAPI staining. Investigation of the possible effectors of this process
showed that cell death occurred in the presence of Bcl-2 and Bax expression, and
involved a caspase-independent pathway. Confocal fluorescence microscopy
indicated a major role for the lysosomal protease cathepsin B in mediating cell
death. Accordingly, pre-incubation of K562 cells with the cathepsin inhibitor L-
trans-epoxysuccinyl-L-leucylamido-(4-guanidino)butane (E-64) abolished the
cytotoxic effect of CvL. Furthermore, we found upregulation of tumor necrosis
factor receptor 1 (TNFR1) and down-modulation of p65 subunit of nuclear factor
kappa B (NFNB) expression in CvL-treated cells. These effects were accompanied
by increased levels of p21 and downmodulation of pRb, suggesting that CvL is
capable of cell cycle arrest. Collectively, these findings suggest that cathepsin B
acts as death mediator in CvL-induced cytotoxicity possibly in a still
uncharacterized connection with the membrane death receptor pathway.
Key words: lectin; Cliona varians; CvL; leukemia; K562; apoptosis; cathepsin B.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mecanismo de aglutinação.....................................................................16
Figura 2: Subdivisão da família das galectinas......................................................21
Figura 3: Esquema ilustrativo da organização corporal dos poríferos...................29
Figura 4: Número de compostos de origem marinha citados em publicações no
período de 1965 a 2005..........................................................................................33
Figura 5: Formação do cromossomo Ph (Philadelphia).........................................40
Figura 6: Esponja marinha Cliona varians.............................................................42
Figura 7: Citotoxicidade de CvL para células K562 e linfócitos de sangue
periférico avaliada pelo teste de redução de MTT..................................................53
Figura 8: Citotoxicidade de CvL para células K562 avaliada pelo método de
exclusão do azul de tripan......................................................................................54
Figura 9: Alterações morfológicas típicas de apoptose induzida por CvL em
células K562...........................................................................................................55
Figura 10: Determinação do índice de apoptose induzida por CvL em células K562
pela marcação com DAPI.......................................................................................56
Figura 11: Análise da marcação de catepsina B por imunofluorescência em
células K562 tratadas com CvL..............................................................................59
Figura 12: Efeito da Inibição de catepsina B sobre a morte celular induzida por
CvL em células K562..............................................................................................60
Figura 13: Efeito de CvL sobre a expressão de proteínas envolvidas na indução
de apoptose e bloqueio do ciclo celular em células K562......................................62
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação das lectinas......................................................................19
12
LISTA DE ABREVIATURAS
Bak: Proteína pro-apoptótica da família Bcl-2
Bcl-2 antagonist / killer
Bax: Proteína pro-apoptótica da família Bcl-2
Bcl-2 associated protein X
Bcl-2: Proteína anti-apoptótica da família Bcl-2
B cell lymphoma 2
Bcl-X
L
: Proteína anti-apoptótica da família Bcl-2
isoforma da proteína Bcl-2
BCR-ABL: Proteína oncogênica tirosina-quinase
BSA: Albumina sérica bovina
Con A: Lectina do feijão Canavalia ensiformes
CvL: Lectina da esponja marinha Cliona varians
DAPI: Corante (4’-6’-diamidino-2-fenilindol)
DP: Desvio padrão
DRC: Domínio reconhecedor de carboidratos
DTT: Ditiotreitol
E-64: Inibidor irreversível de protease cisteínica
EGTA: Ácido etilenoglicol tetra acético
ESA: Lectina da alga marinha Euchema serra
FemX: Linhagem de células de melanoma
FmL: Lectina do camarão Fenneropenaeus
merguiensis
HeLa: Linhagen de células de câncer cervical
HRP: Peroxidase de raiz forte
IgG: Imunoglobulina G
K562: Linhagem de células mielóides leucêmicas
LLA: Leucemia linfóide aguda
LMC: Leucemia mielóide crônica
MTT: Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-
difeniltetrazólio
NFțB: Fator transcricional anti-apoptótico
p21: Proteína regulatória do ciclo celular de
21 kDa
p65: Subunidade do fator transcricional NFțB
Ph: Cromossomo Philadelphia
PjLec:Lectina do crustáceo Penaeus japonicus
PmLec:Lectina do crustáceo Penaeus
monodon
PPL: Lectina da alga marinha Ptilota plumosa
pRb: Proteína de retinoblastoma
PVDF: Fluoreto de Polivinilideno
RBA: Aglutinina do farelo de arroz
RIP’s: Proteínas inativadoras de ribossomo
RPMI 1640: Meio de cultura para células
SDS: Dodecil sulfato de sódio
SDS-PAGE: Eletroforese em gel de
poliacrilamida com dodecil sulfato de
sódio
SFB: Soro fetal bovino
TNF: Fator de necrose tumoral
TNFR-1: Receptor do fator de necrose tumoral
WGA: Aglutinina de gérmen de trigo
13
SUMÁRIO
1.0- INTRODUÇÃO 14
1.1 LECTINAS 14
1.2 C
LASSIFICAÇÃO DAS LECTINAS 17
1.3 D
ISTRIBUIÇÃO DE LECTINAS NOS ORGANISMOS 22
1.3.1– L
ECTINAS DE INVERTEBRADOS 25
1.3.2 L
ECTINAS DE ESPONJAS MARINHAS 29
1.4 - C
OMPOSTOS BIOLÓGICOS COMO NOVOS AGENTES TERAPÊUTICOS 32
1.5 LECTINAS DE ORIGEM MARINHA NO COMBATE DO CÂNCER 36
1.6 L
EUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA 38
2.0- OBJETIVOS
42
3.0- MATERIAL E MÉTODOS 43
3.1 MATERIAL 43
3.2 M
ETODOLOGIA 45
3.2.1 P
REPARAÇÃO DA LECTINA DE ESPONJA MARINHA CLIONA VARIANS (CVL) 45
3.2.2 C
ULTURA DE CÉLULAS LEUCÊMICAS DA LINHAGEM K562 46
3.2.3 C
ULTURA DE LINFÓCITOS DE SANGUE PERIFÉRICO HUMANO 46
3.2.4 E
NSAIO DE VIABILIDADE CELULAR 47
3.2.5 Q
UANTIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE APOPTOSE POR INCUBAÇÃO COM DAPI 48
3.2.6 I
NVESTIGAÇÃO DE ATIVAÇÃO DE CASPASES POR MONITORAMENTO DE P-NITROANILINA
49
3.2.7 INVESTIGAÇÃO DE LIBERAÇÃO DE CATEPSINA B POR IMUNOFLUORESCÊNCIA 50
3.2.8 A
NÁLISE POR IMUNOBLOTTING DOS NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO TNFR-1, DO NFȀB E DAS
PROTEÍNAS DE REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR P
21 E PRB EM CÉLULAS K562 TRATADAS COM
CVL 50
3.2.9 A
NÁLISES ESTATÍSTICAS 52
4.0- RESULTADOS
53
4.1 EFEITOS DE CVL SOBRE A VIABILIDADE CELULAR 53
4.2 I
NDUÇÃO DE APOPTOSE POR CVL EM CÉLULAS K562 55
4.3 I
NVESTIGAÇÃO DE ATIVAÇÃO DE CASPASES POR MONITORAMENTO DE P-NITROANILINA 58
4.4 E
NVOLVIMENTO DE CATEPSINA B NA MORTE CELULAR DE K562 INDUZIDA POR CVL 58
4.5 –E
FEITO DE CVL NA MODULAÇÃO DOS NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO TNFR-1, DO NFȀB E DAS
PROTEÍNAS DE REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR P
21 E PRB EM CÉLULAS K562 61
5.0- DISCUSSÃO
64
6.0- CONCLUSÕES 70
7.0- REFERÊNCIAS 72
14
1.0- INTRODUÇÃO
1.1 – Lectinas
As lectinas foram detectadas pela primeira vez na Universidade de Dorpat
(Estônia) pelo estudante de medicina Hermann Stillmark (1888) quando trabalhava
em sua tese de doutorado com Ricinus communis. Naquela época, ele descreveu
a presença de um fator tóxico em extratos de mamona que aglutinava células
vermelhas do sangue. Este fato foi considerado o marco inicial da pesquisa de
lectinas (Rudiger, 1998).
Posteriormente, verificou-se que extratos de plantas não tóxicas, como
feijão (Phaseolus vulgaris), ervilha (Pisum sativum) e lentilha (Lens culinaris),
também causavam aglutinação de eritrócitos (Landsteiner & Raubitschek, 1907).
Em 1936, Summer e Howell sugeriram pela primeira vez que a aglutinação
de eritrócitos produzida pela Concanavalina A (ConA), lectina extraída do feijão-
de-porco (Canavalia ensiformes), seria devido interações entre a lectina e
açúcares presentes na superfície das hemácias, estabelecendo a principal
propriedade das lectinas, a afinidade por carboidratos (Summer & Howell, 1936).
Ao analisarem extratos de feijão lima (Phaseolus limensis), Boyd e Reguera
observaram a especificidade de aglutinação para hemácias do grupo sanguíneo A
(Boyd & Reguera, 1949). E em 1954, o termo lectina (do latim “legere” que
significa selecionar, escolher) foi criado por Boyd e Shapleigh para enfatizar a
habilidade de algumas hemaglutininas em diferenciar células sanguíneas do
sistema ABO (Boyd & Shapleigh, 1954).
15
Atualmente, o termo lectina é amplamente empregado para designar todas
as proteínas que possuem ao menos um domínio não-catalítico que se liga
reversivelmente e especificamente a mono ou oligossacarídeos (Peumans &
Vandamme, 1995; Vijayan & Chandra, 1999). Alternativamente, lectinas também
são definidas como proteínas ou glicoproteínas de origem não-imune, com um ou
mais sítios por subunidade, que pode ligar-se reversivelmente a segmentos
glicídicos específicos, através de pontes de hidrogênio e interações de Van Der
Waals (Lis & Sharon, 1998). Elas interagem com os segmentos glicídicos através
de uma região chamada domínio reconhecedor de carboidratos (DRC) que é
altamente conservada em cada tipo de lectina (Ni & Tizard, 1996).
Lectinas de origem animal têm sido detectadas concomitantemente às
lectinas de origem vegetal. A primeira atividade lectínica de origem animal foi
encontrada em serpentes, e descrita no trabalho de Flexner e Noguchi (1902), no
qual publicaram um estudo detalhado sobre a aglutinação e lise de eritrócitos e
leucócitos por complexos denominados por eles de “corpos intermediários”. No
entanto, Flexner e Noguchi admitiram que seus colegas Mitchell e Stewart tinham
previamente descrito a aglutinação de células vermelhas do sangue, por veneno
de serpente, há cinco anos em estudos com a cascavel da espécie Crotalus
durissus. Muitos anos mais tarde, a trombolectina de Bothrops atrox tornou-se a
primeira lectina animal a ser isolada em sua forma pura (Gartner et al., 1980).
Desde então, muitas outras têm sido purificadas, tornando-se úteis nos mais
diversos campos de pesquisa.
Ao interagirem com gliconjugados de superfície celular, as lectinas podem
promover a formação de ligações cruzadas entre células adjacentes,
16
desencadeando o processo denominado aglutinação (Alonso et al., 2001;
Peumans & Vandamme, 1995) (FIGURA 1). Ensaios da inibição de aglutinação,
em que as lectinas são incubadas com diversos tipos de carboidratos ou
glicoproteínas antes da adição das células modelo, constituem um meio de
estabelecer a especificidade das lectinas (Marques & Barracco, 2000).
Devido à interação específica das lectinas com glicoconjugados, seja em
solução ou em superfície celular, essas proteínas encontram-se envolvidas em
uma variedade de atividades biológicas, como: adesão celular, interações célula-
matriz, apoptose e citotoxicidade em células e organismos (Akahani et al., 1997;
Danguy et al., 2002; Sales et al., 2000). Propriedades como atividade mitogênica,
efeitos antibacterianos e antitumorais, também foram relatadas (Engering et al.,
2002; Hajto et al., 2005; Moura et al., 2006; Sharon & Lis, 2004; Tateno et al.,
2002). Essas propriedades marcam tais moléculas como poderosas ferramentas
biomédicas e biotecnológicas, com aplicações nos processos de isolamento,
caracterização e tipagem de macromoléculas, células e microrganismos; na
utilização em procedimentos de diagnóstico e estudo das funções do sistema
imune, tais como indução da proliferação de linfócitos e produção de
interferon/citocinas, asma e inflamação (Turner, 2003), na diferenciação de células
malignas e benignas e no nível de glicosilação associado à metástase (Arenas et
al., 1999; Gorelik et al., 2001; Opric et al., 1996). Além de todas essas citadas,
algumas lectinas têm mostrado induzir apoptose em diferentes linhagens de
células, dessa maneira destacando mais uma importante propriedade, a
citotoxicidade (Kim et al., 1993; Miyoshi et al., 2001; Ohba et al., 2004; Pajic et al.,
2002; Rao et al., 2005; Yoon et al., 1999).
17
Figura 1: Mecanismo de aglutinação. Formação de ligações cruzadas entre células adjacentes
devido interações de lectinas solúveis com gliconconjugados de superfície celular.
1.2 – Classificação das lectinas
Embora tenham sido inicialmente detectadas em vegetais superiores, as
lectinas são encontradas em muitos outros organismos, desde vírus e bactérias
até animais invertebrados e vertebrados (Lis & Sharon, 1998; Loris, 2002). O
reconhecimento de carboidratos ocorre nos mais variados contextos biológicos e
por isso as lectinas consistem em um grupo de proteínas altamente diverso,
formado por um grande número de famílias.
18
As lectinas de plantas foram agrupadas de acordo com sua estrutura
quaternária em pelo menos quatro grandes classes: (A) Merolectinas que são
proteínas de pequeno tamanho e que possuem um único domínio reconhecedor
de carboidratos, sendo, portanto, incapazes de precipitar glicoconjugados ou
aglutinar células; (B) Hololectinas que consistem de moléculas com, no mínimo,
dois domínios idênticos ou bastante homólogos que se ligam ao mesmo
carboidrato ou à açúcares de estrutura bastante similar. As hololectinas se
destacam por exercerem, mais frequentemente, a propriedade principal das
lectinas: aglutinar células e glicoconjugados, além de abrangerem a maioria das
lectinas estudadas atualmente; (C) Quimerolectinas, lectinas que possuem ao
menos dois domínios com atividades distintas: um capaz de se ligar a carboidratos
ou glicoconjugados, e outro domínio distinto e bem definido, capaz de exercer uma
atividade enzimática ou outra atividade biológica qualquer; e (D) Superlectinas
que correspondem a um tipo especial de quimerolectinas, onde ao menos dois
domínios são ligantes de carboidratos, no entanto, apresentam especificidades
distintas (Van Damme et al., 1998).
Embora as lectinas de plantas sejam consideradas um grupo muito
complexo e heterogêneo; levando em consideração suas sequências, informações
estruturais e clonagem de genes, foi possível subdividí-las em sete famílias
estruturalmente e evolutivamente relacionadas: Lectinas de leguminosas; Lectinas
ligadoras de quitina; Proteínas inativadoras de ribossomos (RIP’s) do tipo 2 e
lectinas relacionadas; Lectinas ligadoras de manose em monocotiledôneas;
Lectinas semelhantes à jacalina; Lectinas semelhantes à Amarantina e Lectinas
de Cucurbitáceas (Murdock & Shade, 2002) (TABELA 1).
19
Além da classificação acima, as lectinas em geral (seja de origem animal ou
vegetal) também são classificadas dentro de cinco grupos, de acordo com o
monossacarídeo pelo qual exibem maior afinidade. Esses monossacarídeos
inicialmente foram agrupados conforme a orientação das hidroxilas em C3 e C4 da
cadeia piranosídica (Makela, 1957). Assim as lectinas foram agrupadas
primeiramente em ligantes de L-fucose, D-glicose/D-mannose, D-galactose/N-
acetil-D-galactosamina, e posteriormente novos grupos foram criados levando em
conta substituições no anel, como no caso de N-acetil-D-glicosamina e ácido N-
acetilneuramínico (Rudiger, 1998). Assim dependendo da especificidade com
relação ao monossacarídeo, a lectina irá seletivamente ligar-se a um desses
açúcares acima citados, que são constituintes típicos de superfície de células
eucarióticas (Lis & Sharon, 1998).
Embora as lectinas de origem vegetal estejam com estudos mais
avançados, as lectinas de origem animal estão sendo detectadas desde a mesma
época. Provavelmente, durante algum tempo, essas proteínas de origem animal
não foram identificadas como moléculas ligadoras de carboidratos, ficando a sua
caracterização limitada às suas propriedades secundárias de aglutinação celular e
aplicações biomédicas.
Nos primeiros trabalhos sobre a estrutura primária de lectinas de animais foi
estabelecido que estas poderiam ser divididas em duas famílias: as Lectinas do
Tipo-C (que requerem a presença de Ca
++
para sua atividade), e as Lectinas do
Tipo-S (que reconhecem resíduos de galactose, hoje conhecidas como galectinas)
(Drickamer, 1988). A percepção atual sobre esta classificação foi modificada, já
que o espectro de estruturas conhecidas tornou-se bastante amplo (Gabius et al.,
20
2002; Loris, 2002). A definição atualmente mais aceita está baseada na
especificidade de ligação destas proteínas aos carboidratos, na homologia de
suas estruturas primárias, e na relação evolutiva entre elas, tornando possível
agrupá-las em pelo menos dez famílias de lectinas pertencentes ao reino animal:
Lectinas do Tipo-C, Tipo-I, Tipo-P, Tipo-L, Galectinas, Eglectinas, Pentraxinas,
Calreticulinas/Calnexinas, Anexinas, Discoidinas (TABELA 1).
Tabela 1: Classificação das lectinas baseada na especificidade de ligação aos
carboidratos, homologia de estruturas primárias e relação evolutiva.
Famílias de Lectinas
Lectinas de origem vegetal Lectinas de origem animal
Lectinas de leguminosas Lectinas do tipo-C
Lectinas de curcubitáceas Lectinas do tipo-I
Lectinas ligadoras de manose Lectinas do tipo-L
Lectinas ligadoras de quitina Lectinas do tipo-P
Lectinas semelhantes à jacalina Galectinas ou Lectinas do tipo-S
Lectinas semelhantes à amarantina Pentraxinas
RIP´s do tipo 2 Eglectinas
Calreticulinas/Calnexinas
Anexinas
Discoidinas
21
Esses grupos incluem a maioria das lectinas de animais conhecidas, no
entanto, existem ainda muitas lectinas que não se enquadram nas características
das famílias já estabelecidas, e futuras pesquisas acerca de suas estruturas e
propriedades bioquímicas, poderão levar essas lectinas a se encaixarem em
famílias já existentes, ou a formar novas famílias de lectinas animais (Kilpatrick,
2002).
As lectinas do Tipo-C e as Galectinas compreendem as duas maiores
famílias de lectinas do reino animal. A família de Lectinas do Tipo-C constitui o
grupo mais diversificado com relação à estrutura, localização celular e
especificidade de ligação com o monossacarídeo. Além disso, como já foi exposto,
é composta por proteínas dependentes do íon Cálcio (Ca
+2
) para desempenharem
sua atividade biológica (Kilpatrick, 2002). As lectinas dessa família apresentam um
elevado nível de conservação na estrutura de seus domínios de reconhecimento
de carboidratos (DRC), geralmente composto por 120 resíduos de aminoácidos
(Drickamer, 1988). Os DRCs das Lectinas do Tipo-C encontram-se incorporados
em vários contextos de organização celular, o que permite classificá-las em duas
categoria de lectinas do Tipo-C: (A) lectinas do Tipo-C solúveis, também
chamadas de Colectinas e (B) lectinas do Tipo-C transmembrana, conhecidas
também por Selectinas (Kilpatrick, 2002).
As galectinas formam uma família de lectinas altamente conservadas que
se ligam a E-galactosídeos (Rabinovich et al., 2002). Sua atividade independe de
íons metálicos, não apresentam pontes dissulfeto e glicosilações. As galectinas
têm sido mencionadas em várias funções essenciais, estando envolvidas nos
22
processos de desenvolvimento e diferenciação celular, apoptose e metástase
tumoral. Elas podem ser encontradas no citosol, núcleo ou acumuladas em sítios
citosólicos (Danguy et al., 2002). Os membros da família das galectinas contêm no
mínimo um DRC com cerca de 130 aminoácidos. Com base na arquitetura
estrutural dos domínios de ligação, essas lectinas foram subdivididas em proto
(domínios idênticos), quimera (um domínio de galectina e um domínio não
lectínico) e tandem (com dois domínios distintos) (Arata et al., 1997; Liu et al.,
2002) (FIGURA 2).
Figura 2: Subdivisão da família das galectinas. Baseada na arquitetura estrutural dos domínios
reconhecedores de carboidratos e suas especificidades. Figura adaptada (Lis & Sharon, 1998).
1.3 – Distribuição de lectinas nos organismos
Abundantes na natureza, as lectinas são encontradas em quase todos os
organismos, sendo amplamente distribuídas entre vegetais, vírus, bactérias,
mamíferos e vários grupos de invertebrados (Gerlach et al., 2005; Kilpatrick,
2002). Embora sejam largamente estudadas com relação às suas potencialidades
23
biológicas, o papel fisiológico das lectinas ainda é obscuro para a ciência (Rudiger,
1998).
Em vírus, bactérias e protozoários há indícios de desempenharem um papel
auxiliar e/ou promoverem a adesão destes microrganismos às estruturas celulares
de seus hospedeiros, um pré-requisito para que a infecção ocorra. (Lis & Sharon,
1998). Em trabalho desenvolvido por Glick e colaboradores (1991), foi constatado
que na infecção causada pelo vírus da influenza, o processo de adesão viral à
célula alvo era mediado por uma lectina que se liga aos resíduos de ácido siálico
(ácido N-acetil-neuramínico) presentes na face externa da membrana celular
(Glick et al., 1991). Muitos membros de enterobactérias possuem lectinas na sua
parede que permitem o sucesso da adesão ao epitélio intestinal, conduzindo a
infecções no trato urinário e gastrointestinal (Ofek & Sharon, 1990). Da bactéria
da espécie Pseudomonas aeruginosa foi isolada uma lectina que se liga à
superfície das células do hospedeiro causando danos aos tecidos de pacientes
infectados (Gilboa-Garber & Sudakevitz, 1999).
Entre os numerosos protozoários que infectam humanos e animais, a
ocorrência de lectinas tem sido melhor documentada na ameba patogênica
Entamoeba histolytica, que causa disenteria em humanos pela invasão e
rompimento da mucosa do cólon (Saffer & Petri, 1991).
Peumans e Van Damme (1998) estudaram os relatos de ocorrência de
lectinas em plantas superiores e observaram que estas proteínas já haviam sido
detectadas em cerca de 500 espécies. Muitas das lectinas vegetais são
encontradas nas sementes, embora sua presença já tenha sido observada em
24
todos os tipos de tecidos vegetais, como casca, folha, caule, frutos e raízes
(Peumans & Vandamme, 1995).
Dentre as várias hipóteses propostas sobre as funções das lectinas em
plantas, três são atualmente mais aceitas. A primeira assume a possível
participação dessas proteínas nas relações simbióticas entre plantas fixadoras de
nitrogênio e bactérias, um processo de importância crucial no ciclo de nitrogênio
terrestre. Contanto, esta hipótese fica restrita apenas à família de lectinas de
leguminosas que representa a família melhor estudada, com mais de 100
representantes isolados e caracterizados (Lis & Sharon, 1998). A segunda
hipótese se enquadra de maneira mais geral e pressupõe que as lectinas vegetais
são agentes de defesa contra microrganismos fitopatogênicos, insetos fitófagos e
animais herbívoros (Harper et al., 1995; Rudiger, 1998). Tem sido mostrado,
também, que lectinas de plantas possuem propriedades citotóxica, antifúngica e
anti-nematoda tanto in vitro quanto in vivo e são tóxicas para animais superiores
(Oka et al., 1997; Oliveira et al., 1994; Ripoll et al., 2003). E a terceira hipótese
sugere que estas moléculas poderiam funcionar como substâncias de reserva,
uma vez que, em algumas sementes de plantas, as lectinas representam a
principal fração de proteínas solúveis (Peumans & Vandamme, 1995; Vandamme
et al., 1996). Obviamente, as lectinas são degradadas durante a germinação,
contribuindo, assim, para o seu conjunto nutricional.
Nos animais vertebrados distinguem-se duas categorias de lectina: as
citoplasmáticas, que são extraídas em soluções aquosas ou salinas, e as lectina
de membrana que requerem o uso de detergentes para sua solubilização. Muitas
das lectinas ligadas à membrana são receptores para ligantes fisiológicos, como o
25
receptor manose-6-fosfato que liga enzimas lisossomais (Kornfeld, 1987), e
receptores para asialoglicoproteínas, que ligam asialoglicoproteínas do soro
(Ashwell & Harford, 1982).
Embora as lectinas presentes nos animais apresentem uma incontestável
variedade de funções, a maioria delas é considerada molécula de reconhecimento,
uma vez que age no processo de defesa contra patógenos e participa do tráfego
celular (Kilpatrick, 2002). O papel biológico destas proteínas tem sido alvo de
estudos já há muitas décadas. Esta situação é totalmente compreensível devido à
enorme quantidade de interações nas quais as lectinas podem engajar-se. É muito
improvável que um papel fisiológico geral para todas as lectinas possa ser
encontrado. Mesmo lectinas que são muito similares em suas estruturas primárias
e conformações podem servir a diferentes propósitos. Provavelmente, as lectinas
encontrem-se empregadas na natureza em diferentes funções, dependentes de
sua localização, especificidade e do momento de sua síntese.
1.3.1– Lectinas de invertebrados
Os invertebrados não possuem um sistema imune adaptativo baseado na
magnitude de anticorpos altamente específicos e receptores de antígenos como
aqueles que ocorrem em vertebrados (Marques & Barracco, 2000).
Na ausência de imunoglobulinas, mediadoras da imunidade adquirida,
lectinas presentes em tecidos de organismos invertebrados agem de maneira
semelhante aos anticorpos, fornecendo a primeira linha de defesa, podendo
26
desencadear um importante mecanismo efetor na eliminação potencial de
patógenos (Bayne et al., 1985; Kilpatrick, 2002).
Devido ao fato das lectinas terem a habilidade de ligar-se a carboidratos e
promover a aglutinação de diferentes células, é razoável assumir que essas
moléculas possuem um considerável papel nas reações de reconhecimento do
não-próprio nos invertebrados. Assim como as imunoglobulinas dos vertebrados,
as lectinas dos invertebrados podem aglutinar microrganismos e favorecer sua
fagocitose, por mediar a ligação entre a superfície do hemócito e o corpo estranho
(Opsonização). Existem três diferentes rotas para o reconhecimento de partículas
estranhas, nas quais as lectinas podem interagir: a primeira é através da interação
da lectina da membrana do invertebrado com o carboidrato de membrana do
microrganismo; a segunda ocorre pela ligação entre a lectina da membrana do
patógeno e o açúcar presente na membrana das células do invertebrado; e a
terceira rota, ocorre através da ligação de lectinas humorais com glicoconjugados
presentes nos microrganismos, formando um complexo que se une ao receptor de
opsonina da célula de defesa dos invertebrados (Renwrantz, 1983).
Nos invertebrados, já foram detectadas e estudadas lectinas nos diversos
filos. O mais antigo exemplo nessa categoria, provavelmente, é a lectina da
hemolinfa do artrópode Limulus, também conhecido como caranguejo-ferradura.
Apesar do nome, esta espécie está mais próxima das aranhas e escorpiões que
dos caranguejos propriamente ditos. O lisado dos amebócitos deste animal, após
preparação por fracionamento e coagulação de enzimas, têm sido utilizado em
ensaios cromogênicos no desenvolvimento de testes específicos para endotoxinas
(Obayashi et al., 1985).
27
Entre os cnidários, a anêmona Bunodeopsis antillienis apresenta duas
aglutininas específicas para eritrócitos humanos com características bem distintas
uma da outra (Fenton-Navarro et al., 2003). Na espécie de anelídeo marinho
Chaetopterus variopedatus, pertencente à classe poliqueta, foi isolada uma lectina
específica para galactose e com atividade anti-HIV-I (Wang et al., 2006). Lectinas
com especificidade para D-galactosídeos também foram purificadas da parede
corporal do equiuróide, Urechis unicinctus e de dois anelídeos, Neanthes japonica
e Marphysa sanguinea (Ozeki et al., 1997).
Uma grande variedade de lectinas também tem sido isolada da hemolinfa e
órgãos sexuais de exemplares do filo Mollusca, como as lectinas de Helix pomatia
(Hammarstrom et al., 1977), Limax flavus (Miller et al., 1982), e Tridacna maxima
(Baldo & Uhlenbruck, 1975). Ainda no filo Mollusca, as lectinas isoladas do
bivalve Ruditapes philippinarum, popularmente conhecido como mexilhão,
exibiram forte atividade anti-bacteriana, indicando que essas proteínas participam
do mecanismo de defesa promovendo a eliminação do microrganismo (Bulgakov
et al., 2004). Na hemolinfa da espécie Belamya bengalensis, pertencente à classe
Gastropoda, foi purificada uma lectina com forte especificidade para a
glicoproteína mucina. A proteína isolada apresentou uma potente atividade
mitogênica, estimulando a proliferação de linfócitos T, especificamente do tipo Th1
(Banerjee et al., 2004). A Aplysia dactylomela é uma espécie de molusco que
contém, em sua glândula púrpura, uma lectina com atividade hemaglutinante para
eritrócitos de coelhos, a qual é inibida pela glicoproteína fetuína (Melo et al.,
2000).
Em artrópodes, o subfilo Crustacea tem sido alvo de muitos trabalhos.
28
Lectinas já foram detectadas nas seguintes espécies: Penaeus indicus (Maheswari
et al., 1997), Penaeus japonicus (Kondo et al., 1998) e Penaeus paulensis
(Marques & Barracco, 2000). Ainda no gênero Penaeus, a espécie Penaeus
monodon possuiu uma lectina purificada, denominada PmLec, que mostrou
dependência por Ca
+2
e especificidade por lipopolissacarídeos (componentes de
superfície em bactérias gram-negativas) (Luo et al., 2006). Na hemolinfa da
espécie Penaeus japonicus foi detectada e purificada uma lectina (PjLec), capaz
de aglutinar eritrócitos de humanos, camundongos, ratos e coelhos, independente
da presença do íon Ca
+2
nos ensaios (Yang et al., 2007). Já na espécie
Litopenaeus schimitti foi detectada a presença de uma lectina aparentemente
multimérica que aglutina eritrócitos de diferentes animais e possui especificidade
para açúcares acetilados, particularmente o ácido siálico e diferentes tipos de
lipopolissacarídeos, sugerindo um possível papel no reconhecimento de
microrganismos (Cominetti et al., 2002).
Mais recentemente, pesquisadores da Tailândia purificaram e
caracterizaram uma lectina do camarão banana Fenneropenaeus merguiensis. A
lectina foi denominada FmL e teve sua massa molecular nativa determinada em
316,2 kDa. Por análise em SDS-PAGE foi mostrado que a proteína consistia de
um oligômero com subunidades de 30,9 e 32,3 kDa. A FmL foi capaz de aglutinar
várias espécies do gênero Vibrio indicando contribuir para a resposta de defesa de
camarões contra bactérias potencialmente patogênicas (Rittidach et al., 2007).
29
1.3.2 – Esponjas marinhas e lectinas
Com origem no período cambriano, o filo Porifera contém, atualmente
descritas, cerca de 6.000 espécies. As esponjas são organismos aquáticos
primitivos, na maioria marinhos, que não possuem tecidos bem definidos, nem
órgãos estabelecidos. Sua organização é muito simples e apresentam um
crescimento assimétrico, com grande diversidade de cores e tamanhos. São
animais filtradores, que realizam digestão intracelular, e cuja respiração e
excreção ocorrem por difusão direta entre as células e a água circulante através
dos canais do corpo (Bell & Barnes, 2001).
A parede do seu corpo é formada pela epiderme (revestimento externo),
pelo mesênquima e pelo revestimento interno de células flageladas, chamadas
coanócitos, que realizam a digestão do alimento que chega ao interior do animal.
No mesênquima, encontram-se os amebócitos que distribuem o alimento pelas
diversas células do corpo. Existem poros inalantes (óstios), por onde a água entra
no organismo, e um poro exalante (ósculo), por onde a água sai do animal. A
cavidade central, forrada de coanócitos, é deniminada átrio (Bell & Barnes, 2001)
(FIGURA 3).
Esponjas marinhas apresentam-se como um reservatório biológico de
moléculas bioativas. Possivelmente, esse fato decorre do período evolucionário
que esses animais percorreram, ao longo de seus 800 milhões de anos de
existência, convivendo com uma ampla diversidade de ambientes e outros seres
vivos, numa luta incessante pela conquista do habitat. As esponjas produzem uma
ampla variedade de toxinas e outros componentes moleculares com o objetivo de
30
repelir predadores (Pawlik et al., 2002), competir por espaço com outros
organismos sésseis e para comunicação e proteção contra infecções (Becerro et
al., 1997). O interesse de estudar esponjas marinhas intensificou-se após o
isolamento e caracterização de um componente anti-HIV chamado niphatevirin
presente na esponja Niphates erecta (Okeefe et al., 1997).
Figura 3: Esquema ilustrativo da organização corporal dos poríferos.
Fonte adaptada (Calixto & Biagioni, 2007).
31
Historicamente, o primeiro registro de lectinas isoladas de esponja foi feito
por Dodd e colaboradores em 1968 (Dodd et al., 1968). No ano de 2000, Miarons
e Fresno investigaram 22 espécies de 12 famílias de esponjas tropicais. Dentre
elas, 10 apresentaram atividade hemaglutinante para eritrócitos de vários animais,
inclusive quando esses foram submetidos a variados tratamentos enzimáticos.
Dessas, três espécies do gênero Aplysina se destacaram, e duas espécies tiveram
suas lectinas purificadas. As lectinas de A. lawnosa e A. archeri exibiram massa
molecular de 63 kDa (em sua forma nativa), e quando submetidas a condições
redutoras, apresentava massa molecular em torno de 16 kDa, sugerindo
homotetrâmeros. Elas apresentavam dependência de cátions divalentes e
afinidade para galactosideos (Miarons & Fresno, 2000).
Da espécie Axinella polypoides foram isoladas quatro lectinas com
especificidade para galactose (lectina-I, -II, -III e V) e uma com especificidade para
ácido hexurônico (lectina-IV) (Buck et al., 1992). Posteriormente Buck e
colaboradores em 1998 observaram que as lectina I e lectina II dessa espécie
apresentavam 65% de homologia em sua região N-terminal, massa molecular
muito similar, pontes dissulfeto entre os resíduos 4 e 46 e ausência de
glicosilações (Buck et al., 1998). Em um trabalho realizado por Bretting e
colaboradores usando métodos imunohistoquímicos, foi observado que as lectinas
I e II encontravam-se distribuídas em todos os tecidos da esponja e participavam
da formação de fibras de espongina, responsáveis pela sustentação da esponja
(Bretting & Konigsmann, 1979).
Em esponjas do gênero Suberites domuncula foi encontrada uma lectina de
27 kDa, com atividade bactericida (Schroder et al., 2003). Na espécie
32
Aphrocallistes vastus foram encontradas duas lectinas do tipo-C com afinidade
para galactose e com atividade de adesão celular (Gundacker et al., 2001). Xiong
e seus colaboradores isolaram da esponja Craniella australiensis uma lectina com
massa molacular de 54 kDa (nativa), trimérica, com subunidades de 18 kDa unidas
por pontes dissulfeto, especifidade para a glicoproteína mucina e independência
de íons divalentes para a aglutinação de eritrócitos (Xiong et al., 2006).
1.4 - Compostos biológicos como novos agentes terapêuticos
A natureza constitui uma fonte inesgotável de produtos naturais
biologicamente ativos com propriedades promissoras. Este fato se justifica não
apenas pela imensurável diversidade de espécies, mas principalmente pela
variedade de metabólitos sintetizados por estes organismos (Ferreira et al., 2006).
Tais metabólitos são produzidos por vários organismos, em resposta aos
estímulos externos, tais como mudanças nutricionais, infecções e competições
para a sobrevivência.
Na sociedade pré-industrializada e em sociedades agrárias, compostos
naturais derivados de plantas foram usados por populações indígenas como
forma de terapia para uma grande diversidade de patologias. Atualmente, muitos
desses compostos, produzidos por plantas, fungos, bactérias, protozoários,
insetos e outros organismos, terrestres e marinhos, já foram isolados, identificados
e caracterizados biologica e farmacologicamente (Nielsen, 2002; Strohl, 2000).
Aproximandamente um terço das drogas mais vendidas no mundo são
produtos naturais ou seus derivados. Esses produtos são bem reconhecidos pela
33
indústria farmacêutica por sua ampla diversidade estrutural, assim como pela
grande variedade de atividades farmacológicas. Exemplos bem conhecidos de
produtos naturais usados extensamente na indústria incluem lovastatina (agente
anti-colesterolêmico), ciclosporina A e tacrolimos (agentes imunosupressores),
paclitaxel e doxorrubicina (agentes antitumorais), eritromicina (antibiótico), e
anfotericina B (agente fungicida) (Strohl, 2000).
O ponto de partida para a utilização de produtos naturais, como entidades
farmacêuticas, foi a descoberta da penicilina em 1928, com sua subseqüente
industrialização durante a segunda guerra mundial. O inacreditável sucesso no
desenvolvimento de agentes antibacterianos no período pós-guerra desencadeou
o surgimento de programas de prospecção de produtos naturais e solidificou o
avanço desses compostos no campo de combate contra o câncer e infecções.
Estas descobertas, juntamente com a elucidação dos mecanismos
biológicos e bioquímicos da ação terapêutica, para utilização como base para o
desenvolvimento de novas drogas, têm se tornado alvo de trabalho para a
indústria e laboratórios acadêmicos desde a metade do século passado (Newman
et al., 2000). Entre 1981 e 2002, os compostos de origem natural perfizeram 55%
das novas entidades químicas aprovadas para utilização como drogas pela FDA
(Food and Drug Administration), e moléculas biologicamente ativas derivadas
destes compostos foram responsáveis por 23% das autorizações de uso cedidas
por esta instituição (Newman et al., 2003).
A pesquisa de produtos naturais marinhos representa uma grande parcela
do número total de publicações nesta temática. Muitos compostos isolados de
origem marinha possuem estruturas químicas únicas e bem diferentes daquelas
34
encontradas em fontes naturais terrestres, apresentando as mais diversas
atividades biológicas. Este fato motiva as pesquisas que levam ao
desenvolvimento de novos métodos de isolamento, síntese orgânica e
compreensão das atividades farmacológicas, bem como da importância ecológica
dos compostos isolados. Conseqüentemente, o interesse pela busca de novos
compostos de origem marinha tem crescido nas últimas décadas (Blunt et al.,
2007) (FIGURA 4).
Figura 4: Número de compostos naturais de origem marinha citados em publicações
no período de 1965 a 2005. Figura adaptada (Blunt et al., 2007).
A costa brasileira, com 8.000 Km de extensão, possui uma fauna marinha
praticamente desconhecida e inexplorada, representando uma fonte promissora e
de grande potencial para descoberta de novos agentes naturais
farmacologicamente ativos (Berlinck et al., 2004).
A viabilidade para o desenvolvimento comercial de compostos marinhos
como fármacos é um fator limitante na área de produtos naturais e depende de
35
vários fatores. Dentre eles sua obtenção em larga escala, sua atividade in vivo e
sua seletividade (Cragg et al., 2006). Geralmente, estes compostos são isolados
em pequenas quantidades, tendo em vista a difícil obtenção dos organismos
marinhos em seus ambientes naturais, e grande parcela do material isolado é
utilizado, quase que totalmente, no processo de sua elucidação química e
estrutural. Todavia, recentemente, estão surgindo estratégias para contornar esta
situação, focadas na química de produtos naturais para a obtenção de compostos
semelhantes de origem sintética (Blunden, 2001; Strohl, 2001)
Por esses motivos, os compostos bioativos, isolados de origem marinha,
têm ganhado especial atenção devido sua potencial aplicação como ferramentas
farmacológicas no campo do diagnóstico e da terapia de diversas doenças, como
infecções, desordens lipídicas, distúrbios imunomodulatórios e no combate de
vários tipos de câncer (Altmann, 2001; Strohl, 2000).
Embora nenhuma droga com ação antitumoral originada de organismos
marinhos tenha sido ainda aprovada para uso comercial, existe um número
significante de agentes naturais em processos de triagem clínica. Destes, é
possível citar a aplidina extraída do tunicado mediterrâneo Aplidium albicans
(Depenbrock et al., 1998); briostatina do briozoa do golfo da Califórnia Bugula
neritina (Newman et al., 2000); discodermolida, isolado da esponja de águas
profundas do Caribe Discodermia dissoluta (Gunasekera et al., 1990); dolostatina
10, isolada do nudibrânquio Dolabella auricularia (Pettit et al., 1995); e
ecteinascidina 743 do tunicado coletado no Caribe Ecteinascidia turbinata (Gajate
et al., 2001).
36
1.5 – Lectinas de origem marinha no combate do câncer
A morte celular é uma estratégia essencial para o controle do equilíbrio
dinâmico em seres vivos, removendo células com os mais diversos problemas. Ela
pode ter papel destacado na patogênese de muitas doenças. Existem doenças
ligadas à supressão de morte celular como o câncer, ateroesclerose e desordens
autoimunes. Outras, ligadas ao aumento do índice de morte celular como
infecções virais, infecções bacterianas, desordens neurodegenerativas, desordens
autoimunes, desordens hematológicas e ainda doenças induzidas por toxinas
(Fadeel et al., 1999).
Tratamentos bem-sucedidos contra o câncer, utilizando quimioterápicos,
são dependentes de sua habilidade em desencadear a morte celular nas células
transformadas. Muitos dos agentes citotóxicos disparam o mecanismo de morte
celular pela indução de apoptose. A susceptibilidade celular para estes agentes
pode ser influenciada por fatores genéticos que regulam a apoptose, pelo aumento
da expressão ou atividade de proteínas anti-apoptóticas, assim como pela
expressão insuficiente dos membros pro-apoptóticos (Amarante-Mendes et al.,
1998; Brimmell et al., 1998; Evan & Vousden, 2001; Rampino et al., 1997).
O entendimento aperfeiçoado dos diversos mecanismos de morte celular e
da resistência a estes processos, ainda parece ser a peça chave para o
desenvolvimento de novos agentes terapêuticos, mais ativos e/ou menos tóxicos
que os usados atualmente no tratamento de diversas doenças, incluindo o câncer.
Existem poucos trabalhos na literatura que relacionam propriedades de
lectinas de organismos marinhos com efeitos citotóxicos ou com a indução de
37
apoptose em linhagem de células malignas para combate do câncer. Em trabalhos
realizados por Wang e seus colaboradores (2000) uma lectina da alga marinha
Ptilota plumosa (PPL), com especificidade para resíduos de D-galactose, mostrou
fraca atividade citotóxica contra linhagens de células de hepatocarcinoma,
coriocarcinoma (tumores das vilosidades coriônicas da placenta), osteosarcoma
(Wang et al., 2000). Da esponja marinha Haliclona cratera foi isolada uma lectina
de 29 kDa, dependente de íons metálicos, sem pontes dissulfeto e com
especificidade para galactose. Esta lectina apresentou atividade citotóxica sobre
linhagens de células tumorais de câncer cervical (HeLa) e melanoma (FemX).
Concentrações de 9 mg/mL e 11 mg/mL causaram 50% de diminuição da
sobrevivência celular (IC
50
) em HeLa e FemX, respectivamente. Mas o mecanismo
do efeito citotóxico causado nessas células ainda não foi desvendado (Pajic et al.,
2002). A lectina extraída da alga marinha vermelha Euchema serra (ESA), com
especificidade para resíduos de manose, demonstrou a habilidade de induzir
morte celular e apoptose em muitos tipos de células cancerosas humanas
(Sugahara et al., 2001). Estudos têm mostrado que ESA inibiu o crescimento e
induziu a morte celular em células de adenocarcinoma de cólon em camundongos,
pela expressão de caspase-3 e translocação de fosfatidilserina, sugerindo a
indução de morte celular através da via de apoptose dependente de caspases.
Demonstrando que esta lectina foi efetiva in vitro e in vivo podendo ser
potencialmente utilizada como uma droga contra o câncer (Fukuda et al., 2006).
Recentemente, nosso grupo de pesquisa purificou e caracterizou uma
lectina da esponja marinha Cliona varians, que possui atividade hemaglutinante
dependente de Ca
+2
contra eritrócitos do tipo A, tratados com papaína. Esta
38
lectina, chamada CvL, é uma glicoproteína com massa molecular de 106 kDa,
formada por quatro subunidades de 28 kDa ligadas por pontes dissulfeto. CvL
mostrou especificidade preferencial para D-galactose, efeitos antibacterianos
contra bactérias patogênicas gram positivas e atividade aglutinante sobre
promastigotas de Leishmania chagasi (Moura et al., 2006). Todas essas
características e propriedades sugerem uma potencial aplicação farmacológica.
Tornando-se mais uma molécula bioativa de origem natural que pode ser testada
e utilizada posteriormente no combate de diversos tipos de câncer.
1.6 – Leucemia mielóide crônica
A leucemia mielóide crônica (LMC) é uma doença mieloproliferativa que se
caracteriza por distúrbios relativos à transformação neoplásica do clone de células
mielóides (granulócitos e seus precursores) do sistema hematopoiético (Faderl et
al., 1999). A palavra leucemia vem do grego ‘leukaemia’ que significa sangue
branco e foi adotada para descrever a natureza neoplásica da substância
purulenta observada no sistema sanguíneo periférico destes pacientes.
Atualmente, essa doença é responsável por 15-20% das leucemias humanas
(Cuiffo & Ren, 2006), com incidência de um ou dois casos por ano em cada
100.000 pessoas. A LMC é mais comum em indivíduos de idade avançada, com
diagnóstico em idade média de 65 anos. O sexo masculino é freqüentemente mais
acometido que o feminino, e as mulheres parecem apresentar uma vantagem no
tempo de sobrevida (Berger et al., 2005). Não existem diferenças étnicas ou
geográficas significantes para o estabelecimento da doença, mas podem surgir
39
diferenças nas estratégias de combate entre os países, dependendo da
disponibilidade de drogas e tecnologias modernas de diagnóstico (Hehlmann et
al., 2007; Ries et al., 2006)
A LMC pode evoluir em duas ou três fases. Inicialmente, uma fase lenta
chamada de fase crônica na qual ocorre uma expansão clonal maciça de células
mielóides que continuam mantendo a capacidade de diferenciação e que são bem
controladas com terapias convencionais. Cerca de 90% dos pacientes são
diagnosticados nesta fase (Quintas-Cardama & Cortes, 2006). Entretanto, com o
avanço do tempo, a doença progride e entra em um estágio intermediário, a fase
acelerada, que leva entre 1 e 1,5 anos. Em seguida, este clone perde a
capacidade de diferenciação e a doença passa invariavelmente para uma
leucemia aguda denominada de crise blástica, com fenótipo agressivo, altamente
resistente à quimioterápicos e que leva à morte do paciente em no máximo 6
meses. Em muitos casos o estágio intermediário não é observado (Cortes et al.,
1996; Kantarjian et al., 1993).
A marca característica dessa leucemia é a presença do cromossomo
Philadelphia (Ph) nas células mielóides precursoras e suas descendentes (Nowell
& Hungerford, 1960). Essa anormalidade genética origina-se de uma translocação
recíproca entre os braços longos dos cromossomos 9q34 e 22q11 (Daley et al.,
1990; Rowley, 1973). Essa translocação conduz à justaposição do gene abl do
cromossomo 9 e o gene bcr do cromossomo 22, resultando em um gene
fusionado bcr-abl que expressa uma proteína tirosina-quinase híbrida e
constitutivamente ativa BCR-ABL de 210 kDa (p210) presente em 90% dos casos
de LMC (Ren, 2005). Translocações diferentes desse padrão podem gerar outras
40
proteínas oncogênicas, como em 20 – 30% dos casos de leucemia linfóide aguda
(LLA) com a produção de uma proteína de menor peso molecular, 190 kDa (p190)
(Lemes et al., 1999) e em leucemia neutrofílica com uma proteína de 230 kDa
(p230) (Advani & Pendergast, 2002) (FIGURA 5). A atividade da proteína
oncogênica p210 é necessária e suficiente para o desenvolvimento maligno da
fase crônica da LMC, pois parece conferir uma vantagem proliferativa para as
células malignas através do recrutamento de efetores responsáveis pelo
crescimento celular e defesas anti-apoptóticas.
Terapias paliativas têm envolvido o uso de bissulfano ou hidroxiuréia, e em
alguns casos, de citarabina. O uso de interferon-alfa tem conduzido a taxas altas
de resposta, variando no intervalo de 70-80% (Cragg et al., 2006); mas,
recentemente o inibidor de proteína quinase mesilato de imatinib tem se tornado a
primeira linha de tratamento para LMC. Apesar da eficácia e tolerância
comprovada do imatinib, o desenvolvimento da resistência à droga pelos
pacientes ainda é uma preocupação (Druker et al., 2001).
A linhagem de células mielóides leucêmicas K562 tem mostrado ser
particularmente resistente à inibição seletiva de proliferação ou morte celular, e
extratos que demonstrem seletividade para leucemia com ênfase na inibição desta
linhagem, em especial, deve oferecer boas oportunidades para o desenvolvimento
de novos agentes no tratamento de LMC (Cragg et al., 2006).
41
Figura 5: Formação do cromossomo Ph (Philadelphia). Translocação recíproca dos cromossomos
9 e 22, com a produção do gene fusionado bcr-abl que expressa três tipos de proteínas
oncogênicas tirosina-quinase com atividade constitutivamente ativa. TK = tirosina quinase. Figura
adaptada (Hehlmann et al., 2007).
42
2.0- OBJETIVOS
x Avaliar o efeito da lectina de Cliona varians (CvL) sobre a linhagem de
células leucêmicas K562;
x Propor um mecanismo de ação desta lectina no combate da leucemia
mielóide crônica.
43
3.0- MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – Material
3.1.1 - Material biológico
3.1.1.1 – Esponja marinha Cliona varians
A esponja marinha da espécie Cliona varians foi coletada na praia de Santa
Rita, localizada no litoral norte do Estado do Rio Grande do Norte. O material foi
acondicionado em água marinha durante seu transporte até o laboratório de
química e função de proteínas biotivas da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, onde foi armazenado em temperaturas inferiores a -20ºC.
Figura 6 – Esponja marinha Cliona varians.
44
3.1.1.2 – Linfócitos de sangue periférico humano
Os linfócitos foram obtidos de amostras de sangue periférico humano
coletado por punção venosa em doadores adultos saudáveis.
3.1.1.3 – Linhagem de células leucêmicas K562
A linhagem de células K562 foi obtida da American Type Culture Collection
(ATCC, Rockville, MD, USA).
3.1.2 – Reagentes
x Anticorpos contra receptor do fator de necrose tumoral (TNFR-1), Bax, Bcl-
2, p21 e ȕ-actina (Santa Cruz Biotechnology - Santa Cruz, CA, USA);
x Anticorpos policlonais contra a subunidade p65 do fator transcricional NFțB
e proteína do retinoblastoma (pRb) (Cell Signaling Technology - Beverly,
MA, USA);
x Anticorpos policlonais anti-IgG de coelho e anti-IgG de camundongo
conjugados com peroxidase de raiz forte (HRP) (Cell Signaling Technology -
Beverly, MA, USA);
x Anticorpos anti-IgG de coelho conjugados com os fluorocromos Alexa Flúor
488 e DAPI (Molecular Probes Inc. - Eugene, OR, USA);
x Kits de ensaio colorimétrico para Caspase – 3, caspase – 8 e caspase – 9 e
anticorpos contra catepsina B (R&D Systems - Minneapolis, MN, USA);
x Cell-Tak (células e tecido adesivo) (BD Biosciences - Bedford, MA, USA);
x Fitohemaglutinina e Inibidor de protease cisteínica E-64 [L-trans-
epoxisuccinil-L-leucilamino-(4-guanidino)butano] (Sigma Chemical Co. - St.
Louis, MO, USA).
45
3.2 – Metodologia
3.2.1 – Preparação da lectina de esponja marinha Cliona varians (CvL)
A esponja Cliona varians foi triturada em liquidificador com tampão Tris-HCl
50 mM, pH 7,5, na proporção de 1:2 (p/v) em temperatura ambiente. O material foi
mantido sob agitação por duas horas e em seguida, centrifugado a 12000 x g por
30 minutos a 4
o
C. O precipitado foi descartado e o sobrenadante recolhido foi
designado de extrato bruto. O extrato bruto foi fracionado em três etapas de
precipitação com acetona: 0,5 vol., 1,0 vol. e 2,0 vol. Em cada etapa, após a
adição da acetona, a solução permaneceu em repouso a 4
o
C por, no mínimo,
quatro horas. Após esse período, as frações foram centrifugadas a 12000 x g por
30 minutos a 4
o
C. Os precipitados foram recolhidos, dissolvidos em tampão Tris-
HCl 50 mM pH 7,5 e armazenados a -20
o
C. As frações obtidas foram
denominadas de F0,5; F1,0 e F2,0, respectivamente. A fração F1,0 apresentou
maior atividade hemaglutinante específica e foi submetida à cromatografia de
afinidade em Sepharose CL 4B. A coluna foi equilibrada em tampão Tris-HCl 50
mM, CaCl
2
20 mM, pH 7,5 e o pico retido correspondente à CvL foi eluído com
tampão Tris-HCl 50 mM, EDTA 20 mM, pH 7,5. Os eluatos foram monitorados por
espectrofotometria a 280 nm, a lectina CvL foi reunida, dialisada contra água,
liofilizada e sua atividade hemaglutinante foi analisada.
Os ensaios de atividade hemaglutinante foram realizados em microplacas
com fundo em “V” por meio de diluição seriada das amostras testes (1/2, 1/4, 1/8,
etc...) (Debray et al., 1981). Em cada poço foram adicionados 25PL de NaCl
46
0,15M, 25PL da amostra e 25PL da suspensão de eritrócitos humanos a 4%
tratados enzimaticamente com papaína (Benevides et al., 1998). A reação foi
incubada à temperatura ambiente. Após 1 hora a aglutinação foi observada, e o
título expresso em unidades de hemaglutinação (UH), que foi definido como
inverso da maior diluição da amostra que tenha apresentado nítida aglutinação
(Moreira & Perrone, 1977).
3.2.2 – Cultura de células leucêmicas da linhagem K562
A linhagem de células K562 foi cultivada em meio RPMI 1640
suplementado com 10% de SFB, 100 U/mL de penicilina, e 100 ȝg/mL de
estreptomicina a 37ºC em atmosfera úmida de 5% de CO
2
. As células foram
semeadas (2 x 10
4
células/mL) em microplacas de cultivo de 96 poços com fundo
chato e incubadas por um período de 72 horas com concentrações de CvL que
variaram de 1 a 80 ȝg/mL. Para inibição da atividade, as células K562 (2 x 10
4
cels/mL) foram incubadas com 5ȝM do inibidor irreversível de protease cisteínica
E-64 por 2 horas antes do tratamento de 72 horas com as diferentes
concentrações de CvL.
3.2.3 – Cultura de linfócitos de sangue periférico humano
Após coleta do sangue, o volume total foi diluído com adição de volume
equivalente de meio RPMI 1640. A população de células mononucleares do
47
sangue foi separada por centrifugação a 300 x g em gradiente de Ficoll-Hypaque
por 20 minutos à temperatura ambiente. Em seguida, foram removidas, lavadas
duas vezes em meio RPMI 1640 e ressuspendidas em meio RPMI 1640
suplementado com 2 mM de glutamina, 10% de SFB e antibióticos. Para cultivo,
os linfócitos, na densidade de 1 x 10
6
células/mL, foram transferidos para
microplacas de cultivo de 96 poços com 5 ȝg/mL de fito-hemaglutinina e então,
incubados por um período de 72 horas com concentrações de CvL que variaram
de 1 a 80 ȝg/mL a 37ºC em atmosfera úmida de 5% de CO
2
. Para controle
negativo, os linfócitos também foram incubados na ausência de CvL sob as
mesmas condições de crescimento.
3.2.4 – Ensaio de viabilidade celular
A viabilidade celular foi determinada pelo teste de redução do brometo de 3-
(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazólio (MTT) e pelo ensaio de exclusão com
Azul de Tripan (Bromberg et al., 2005; Ferreira et al., 2004). O teste do MTT avalia
a integridade mitocondrial das células testadas baseado na redução enzimática do
corante até o produto chamado formazan pelas desidrogenases mitocondriais.
Após o período de tratamento de 72 horas com as diferentes concentrações de
CvL, as células foram incubadas em meio de cultura contendo 1 mg/mL de MTT
por 3 horas e posteriormente lavadas com etanol por cinco minutos para
solubilização do formazan. A absorbância das amostras foi monitorada a 570 nm.
Já no segundo ensaio, a solução de Azul de Tripan penetra nas células não
viáveis deixando-as coradas em azul, enquanto as células íntegras permanecem
48
sem coloração. Alíquotas dos diferentes tratamentos celulares foram misturadas a
uma solução de 0,05% (v/v) de azul de tripan. As células viáveis que excluíram
este corante foram contadas na câmara de Neubauer (0,100 mm).
Foram realizados três diferentes experimentos em quatro replicatas para
cada concentração de CvL testada, tanto para a linhagem K562, como para os
linfócitos de sangue periférico. A viabilidade das células tratadas com CvL foi
expressa como porcentagem da viabilidade das células controle não tratadas.
3.2.5 – Quantificação dos indicadores de apoptose por incubação com DAPI
Mudanças na morfologia nuclear indicativas de apoptose (condensação de
cromatina e fragmentação nuclear) foram avaliadas usando o corante DAPI (4’-6’-
diamidino-2-fenilindol) (De Carvalho et al., 2006; Guicciardi et al., 2000). Após o
tratamento com as concentrações de CvL a 50 e 70Pg/mL, as células foram
lavadas com tampão fosfato gelado (PBS), fixadas com 2% de paraformaldeído
em PBS gelado por 30 minutos e permeabilizadas em PBS contendo 0,1% de
saponina e 1% de albumina sérica bovina (BSA) por 10 minutos. Posteriormente
as células foram lavadas novamente em PBS e incubadas com DAPI na
concentração de 1 ȝg/mL por 30 minutos, protegidas da luz, em temperatura
ambiente. Após a incubação com o corante, as células foram colocadas sobre
lamínulas de vidro tratadas com Cell-Tak para adesão celular, lavadas com PBS e
mantidas em Fluoromount-G/PBS na proporção de 2:1 v/v. As células foram
visualizadas por microscopia de fluorescência usando o filtro de fluorescência 330-
49
380 nm. O índice de apoptose foi determinado pela contagem de 100 células por
campo de visão em três diferentes campos por amostra. O experimento foi
realizado em duplicata para cada amostra e o número de células apoptóticas foi
expresso como porcentagem do número total de células.
3.2.6 – Investigação de ativação de caspases por monitoramento de p-
nitroanilina
A ativação da caspase – 3, caspase – 8 e caspase – 9 foi averiguada em
células K562 expostas aos tratamentos com CvL nas concentrações de 50 e
70Pg/mL, a partir de kits colorimétricos para estas proteases. Inicialmente, as
células foram centrifugadas e o precipitado foi incubado com 25 ȝL de tampão de
lise em banho de gelo por 10 minutos. Em seguida, o lisado celular foi
centrifugado a 10000 x g por 1 minuto, o sobrenadante foi coletado e a
concentração protéica ajustada para 2 mg/mL. Para a reação foram utilizados 50
ȝL da amostra, 50 ȝL de tampão de reação e 5 ȝL do substrato colorimétrico. As
microplacas foram incubadas a 37ºC por 2 horas e a atividade das caspases foi
determinada pela medida de p-nitroanilina (pNA) liberada da clivagem dos
substratos de caspase-3 (DEVD-pNA), caspase-8 (IETD-pNA) e caspase-9
(LEHD- pNA). A liberação de p-nitroanilina foi monitorada a 405 nm. As atividades
enzimáticas foram expressas em relação ao controle.
50
3.2.7 – Investigação de liberação de catepsina B por imunofluorescência
Após exposição aos tratamentos com CvL, as células foram fixadas com
2% de paraformaldeído em PBS gelado por 30 minutos, permeabilizadas em PBS
contendo 0,1% de saponina e 1% de BSA por 10 minutos. Em seguida, as células
foram lavadas com PBS, incubadas por 1 hora com anticorpo monoclonal anti-
catepsina B na diluição de 1:50 e então marcadas com anticorpo anti-IgG de
coelho conjugado com o fluorocromo Alexa Fluor 488 por 30 minutos, protegidas
da luz, em temperatura ambiente. Para visualização, as células foram colocadas
sobre lamínulas de vidro tratadas com Cell-Tak para adesão celular, lavadas com
PBS e mantidas em Fluoromount-G/PBS na proporção de 2:1 v/v. As células
foram então analisadas usando microscopia confocal de varredura com
comprimentos de onda de emissão em 515 nm e excitação em 491 nm.
3.2.8 – Análise por imunoblotting dos níveis de expressão do TNFR-1, do
NFțB e das proteínas de regulação do ciclo celular p21 e pRb em células
K562 tratadas com CvL
As células K562 tratadas com CvL nas concentrações de 50 e 70 Pg/mL de
foram lisadas em 200 ȝL de tampão de lise [50 mM Tris-HCl pH 7,4 , 1% de
Tween20, 0,25% de desoxicolato de sódio, 150 mM de NaCl, 1 mM de EGTA,
1mM de Na
3
VO
4
, 1 mM de NaF e inibidores de proteases: 1 ȝg/mL de aprotinina,
10 ȝg/mL de leupeptina e 1 mM de fluoreto de fenilmetanosulfonila] por 2 horas
51
em banho de gelo. Os extratos protéicos foram separados dos restos
membranares por centrifugação a 1200 x g e as concentrações protéicas foram
determinadas pelo método de Lowry (Hartree, 1972). Alíquotas equivalentes
(50ȝg) dos extratos protéicos dos diferentes tratamentos foram adicionadas
separadamente ao tampão de amostra [100 mM Tris-HCl pH6,8, 200 mM de DTT,
4% de SDS, 0,1% de azul de bromofenol e 20% de glicerol], fervidas por 10
minutos e submetidas a SDS-PAGE.
O gel de poliacrilamida, na presença de SDS, foi produzido seguindo
metodologia já estabelecida (Laemmli, 1970). O gel de separação foi preparado a
12%, enquanto que o gel de concentração a 4% de acrilamida. A eletroforese foi
processada em uma amperagem constante de 20 mA durante 2horas.
Os extratos protéicos resolvidos eletroforeticamente foram transferidos para
a membrana de PVDF (Pluskal et al., 1986). Após transferência, a membrana foi
submetida ao bloqueio de seus sítios inespecíficos com tampão bloqueador
(Tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,4 , 1% de leite desnatado em pó ou 2% de BSA, e
0,05% de Tween20) permanecendo nessa solução por 1 hora; e então, foi
incubada com o anticorpo primário diluído em tampão bloqueador na proporção de
1:1000 v/v por 12 horas a 4ºC. Após este período, a membrana foi lavada com
tampão Tris-HCl 50 mM pH7,4 e incubada com os anticorpos secundários anti-IgG
de coelho e anti-IgG de camundongo conjugados com peroxidase diluídos em
tampão bloqueador na proporção de 1:2000 v/v por 1 hora. Após nova etapa de
lavagens a detecção do anticorpo foi realizada pelo aumento da
quimioluminescência (Ferreira et al., 2004).
52
3.2.9 – Análises estatísticas
Todos os dados representam pelo menos três experimentos independentes
e foram expressos com média ± DP (Desvio Padrão) exceto fosse indicado de
outra maneira. As diferenças entre os grupos foram comparadas pelo teste
ANOVA e pelo teste de Tukey. Foram consideradas diferenças significativas
quando o valor de p foi inferior a 0,05.
53
4.0- RESULTADOS
4.1 – Efeitos de CvL sobre a viabilidade celular
A viablidade celular da linhagem de células K562 e dos linfócitos de sangue
periférico foi analisada após incubação por 72 horas com concentrações
crescentes de CvL (1 a 80 ȝg/mL). Após este período foi possível observar a
diminuição da viabilidade das células K562 de maneira dose dependente em
resposta a aumentos na concentração de CvL. O valor de IC
50
(a dose que diminui
a viabilidade celular em 50%) foi obtido com a concentração de CvL em 70 ȝg/mL
(FIGURA 7).
Em seguida, com auxílio do método de exclusão do azul de tripan, foi
analisado o efeito de CvL sobre a viabilidade das células K562 após incubação por
72 horas com concentrações crescentes da lectina (1 a 80 ȝg/mL). As células
tratadas com concentrações inferiores ou igual a 20 ȝg/mL de CvL revelaram
porcentagens de viabilidade celular iguais ou superiores a 80%. Decréscimos
acentuados só foram observados a partir dos tratamentos com a concentração de
50 ȝg/mL de CvL. Da mesma maneira, a maior diminuição da viabilidade celular foi
observada após tratamento com 80 ȝg/mL, atingindo o valor de apenas 25%
quando comparados ao grupo controle (FIGURA 8). Em contraste, nenhuma
citotoxicidade de CvL foi observada para linfócitos normais de sangue periférico
humano no mesmo intervalo de concentrações testadas e sob as mesmas
condições experimentais. Isto pode ser constatado para ambos os ensaios, de
54
MTT e azul de tripan (FIGURA 7 e 8). Juntos, estes dados indicam a presença de
uma atividade seletiva de CvL contra células leucêmicas da linhagem K562.
Figura 7: Citotoxicidade de CvL para células K562 e linfócitos de sangue periférico avaliada pelo
teste de redução de MTT. Células K562 (2 x 10
4
células/mL) foram tratadas com diferentes
concentrações de CvL (180 Pg/mL) por 72 h em microplacas de cultura. Linfócitos (1 x 10
6
células/mL) foram cultivados com 5 μg/mL de fito-hemaglutinina em microplacas de cultura, na
presença e ausência de diferentes concentrações de CvL (180 Pg/mL) por 72 h. A viabilidade das
células tratadas com CvL foi expressa como porcentagem da viabilidade das células controle não
tratadas.
55
Figura 8: Citotoxicidade de CvL para células K562 avaliada pelo método de exclusão do azul de
tripan. As células K562 (2 x 10
4
/mL) foram tratadas com diferentes concentrações de CvL (180
Pg/mL) por 72 h em microplacas de cultura. Os resultados representam a média ± desvio padrão
de três experimentos realizados em quatro replicatas (comparação entre as células tratadas e as
células controle foi determinada pelo teste ANOVA e Tukey com significância quando p < 0.05)
4.2 – Indução de apoptose por CvL em células K562
Para verificar se o efeito de CvL sobre a viabilidade celular de K562
determinaria a indução de apoptose nas células, as mudanças na morfologia
nuclear foram monitoradas pela coloração com DAPI (De Carvalho et al., 2006;
Guicciardi et al., 2000) (FIGURA 9). Como pode ser visto na FIGURA 9A, as
células do grupo controle exibem organização nuclear normal com a cromatina
56
dispersa e íntegra. Em contrapartida, as células tratadas com CvL na
concentração de 70Pg/mL por 72 horas mostraram núcleos com diferentes níveis
de condensação de cromatina e fragmentação nuclear, como demonstrado pelo
florescente DAPI (FIGURA 9B).
A B
Figura 9: Alterações morfológicas típicas de apoptose induzida por CvL em células K562. (A)
Micrografia das células controle marcadas com DAPI mostrando organização nuclear normal. (B)
células da linhagem K562 (2 x 10
4
/mL) tratadas com 70 Pg/mL de CvL por 72 horas mostrando
núcleos apoptóticos (Destaque pelas setas). As fotomicrografias são representativas de dois
experimentos independentes. Barras: 20 ȝm.
Para quantificar os indicadores de apoptose foram utilizadas células K562
incubadas com as concentrações de CvL que demonstraram diminuições
acentuadas nos ensaios de viabilidade celular. O índice apoptótico foi determinado
57
para os tratamentos celulares com 50 e 70 Pg/mL de CvL. A concentração de 70
Pg/mL de CvL foi capaz de aumentar significativamente (p<0,05) o número de
células apoptóticas, alcançando 43 ± 5% do total da população celular após 72
horas. Entretanto, o tratamento com 50 Pg/mL de CvL mostrou apenas uma leve
tendência de crescimento na quantidade de apoptose observada, apresentando
um índice apoptótico de 14 ± 5%, contudo sem promover alteração significativa
quando comparado com as células K562 controle não tratadas com CvL (FIGURA
10).
Figura 10: Determinação do índice de apoptose induzida por CvL em células K562 por marcação
com DAPI. O índice apoptótico foi determinado para os tratamentos de CvL nas concentrações de
50 e 70 Pg/mL pela contagem de 100 células por campo de visão em três diferentes campos por
amostra. (*) Indica aumento significante do índice apoptótico quando comparado com o controle (p
< 0.05). As barras de erro representam o desvio padrão.
58
4.3 – Investigação de ativação de caspases por monitoramento de p-
nitroanilina
Muitos indutores de apoptose podem disparar a morte celular pela ativação
de caspases, por essa razão foi examinado os efeitos de CvL sobre a ativação de
caspases após 72 horas de tratamento. Surpreendentemente, CvL não foi capaz
de induzir a atividade das caspases iniciadoras, caspase – 8 (IETDase) e caspase
– 9 (LEHDase). E com relação a caspase efetora, caspase – 3, nenhuma atividade
significante foi detectada em células K562 quando tratadas com concentrações de
50 e 70 Pg/mL de CvL.
4.4 – Envolvimento de Catepsina B na morte celular de K562 induzida por
CvL
Os resultados anteriores motivaram investigar se a ação indutora de
apoptose de CvL poderia ser devido a atividade de outras proteases que não as
caspases. Em particular, a catepsina B, que contribui para indução de morte
celular por vias alternativas (Fehrenbacher & Jaattela, 2005; Foghsgaard et al.,
2001). Dessa maneira, esta possibilidade foi investigada pela análise da
compartimentalização celular de catepsina B em células K562 tratadas com a
lectina, com auxílio da imunoflorescência e da microscopia confocal de varredura.
Em células controle, não tratadas com CvL, foi possível visualizar a proteína
catepsina B distribuída de maneira mais pontual e localizada somente dentro dos
59
limites do citosol (FIGURA 11 A e B). Após tratamento das células K562 com 70
Pg/mL por 72 horas, ficou constatado a distribuição dispersa da fluorescência não
apenas no citoplasma, mas também em regiões nucleares, sugerindo uma
possível translocação de catepsina B dos compartimentos vesiculares dentro do
citoplasma para o interior do núcleo durante a exposição ao tratamento com CvL
(FIGURA 11 C e D).
Para testar, definitivamente, se catepsinas cisteínicas poderiam explicar o
efeito citotóxico de CvL, as células da linhagem K562 foram previamente
incubadas com o inibidor de catepsinas de amplo espectro E-64 por 2 horas antes
do tratamento com as diferentes concentrações da lectina. A partir da redução
enzimática de MTT, foi possível constatar a inibição completa de morte celular por
E-64 (FIGURA 12). Este efeito foi evidente e significativo sempre que as
concentrações mais altas de CvL (iguais ou superiores a 50 Pg/mL) foram usadas
no período de 72 horas. Estas observações indicam que a catepsina B poderia
ser, ao menos em parte, um dos efetores implicados na morte celular mediada por
CvL.
60
Figura 11: Análise da marcação de catepsina B por imunofluorescência em células K562 tratadas
com CvL. (A e B) Células controle mostrando localização pontual da marcação fluorescente de
catepsina B no citoplasma. (C e D) Células tratadas com 70 Pg/mL de CvL por 72 horas mostrando
a marcação fluorescente de catepsina B dispersa. As células tratadas com CvL e as células
controle foram incubadas com anticorpo anti-catepsina B e marcadas com anticorpo anti-IgG de
coelho conjugado ao fluorocromo Alexa Fluor 488. As células foram analisadas usando
microscópio confocal de varredura com comprimentos de onda de emissão e excitação 515 e 491
nm, respectivamente. Barras: 20 ȝm.
61
Figura 12: Efeito da Inibição de catepsina B sobre a morte celular induzida por CvL em células
K562. As células (2 x 10
4
/mL) foram pré-tratadas com 5 PM do inibidor E-64 por 2 horas, e então
incubadas com diferentes concentrações de CvL (5080 Pg/mL) por 72 horas em microplacas de
cultura. A viabilidade celular foi averiguada pelo teste de redução do MTT. Os resultados
representam a média ± desvio padrão de três experimentos realizados em triplicatas (comparação
entre as células tratadas e as células controle foi determinada pelo teste ANOVA e Tukey com
significância quando p < 0.05).
4.5 –Efeito de CvL na modulação dos níveis de expressão do TNFR-1, do
NFțB e das proteínas de regulação do ciclo celular p21 e pRb em células
K562
Para investigar o envolvimento de TNFR-1 na morte celular induzida por
CvL. Um Western blotting foi realizado com as proteínas do lisado de células K562
tratadas com as concentrações de 50 e 70 Pg/mL de CvL. A análise revelou que a
62
expressão de TNFR-1 aumentou de maneira dose-dependente após 72 horas de
tratamento (FIGURA 13 A).
Um dos eventos associados com a sinalização de membros da família de
receptores TNF é a ativação do fator transcricional anti-apoptótico NFțB
(Nakanishi & Toi, 2005). Para verificar se o aumento da expressão de TNFR-1
induzida pelo tratamento com CvL afetou a cascata NFțB, a expressão da
subunidade p65 de NFțB foi detectada por análise das amostras de proteínas das
células K562 através de Western blotting. O tratamento de células K562 com 70
Pg/mL de CvL resultou na diminuição de expressão da subunidade p65, embora a
concentração de 50 Pg/mL quase não tenha afetado os níveis da subunidade de
NFțB (FIGURA 13 A).
Muitos estudos têm citado o fator transcricional NFțB como um modulador
dos níveis de expressão de membros da classe de proteínas Bcl-2 (Heckman et
al., 2002; Karin & Lin, 2002; Sanchez-Garcia & Grutz, 1995). Embora os
tratamentos com CvL resultem no aumento dos níveis do membro anti-apoptótico
Bcl-2, este efeito foi acompanhado pela expressão acentuada do membro pro-
apoptótico Bax (FIGURA 13 B), indicando que a atividade de CvL pode estar
envolvida na ativação de uma via alternativa de morte celular mediada por
receptores de morte ou na ativação de múltiplas vias alternativas.
Finalmente, foi investigado o efeito de CvL sobre proteínas envolvidas na
regulação do ciclo celular (FIGURA 13 C). Análise por Western blotting mostrou
um aumento significativo na expressão da proteína p21 e consequente modulação
63
negativa de pRb, evento determinante no bloqueio da duplicação de DNA durante
a fase S, indicando a suspensão do ciclo celular devido o tratamento com CvL.
Figura 13: Efeito de CvL sobre a expressão de proteínas envolvidas na indução de apoptose e
bloqueio do ciclo celular em células K562. Quantidades equivalentes de proteína total (50 Pg) do
lisado celular foram submetidas a western blotting e marcadas com anticorpos anti-TNFR1 e anti-
p65 de NFNB (A); anti-Bcl-2 e anti-Bax (B); e anti-p21 and anti-pRb (C). Controle positivo de
expressão foi mostrado por ȕ-actina, proteína constitutivamente expressa. Um imunoblotting
representativo de três experimentos independentes foi apresentado.
64
5.0- DISCUSSÃO
Nas últimas décadas, grande número de pesquisas têm desvendado os
caminhos da transdução de sinais no controle da morte celular e da maquinaria
molecular responsável por estes processos, conduzindo a numerosas
possibilidades de intervenção farmacológica e delineamento de drogas (Green &
Kroemer, 2005). Entre as novas drogas, utilizadas na terapia contra o câncer, com
potencialidade para interferir no mecanismo de regulação do crescimento de
tumores celulares, os produtos naturais têm chamado devida atenção como
importantes fontes de agentes quimioterápicos e/ou de modelos químicos e
estruturais para o desenvolvimento de uma infinidade de compostos (Clardy &
Walsh, 2004; Cragg et al., 2006; Ferreira et al., 2006; Justo & Ferreira, 2005;
Strohl, 2000). As lectinas constituem uma classe de proteínas largamente
distribuídas entre os organismos vivos, e têm atraído atenção como potenciais
ativadoras de morte celular em tecidos tumorais por desencadear cascatas de
sinalização apoptótica (Bantel et al., 1999; Hajto et al., 2005; Kim et al., 2003;
Lavastre et al., 2002; Miyoshi et al., 2001; Ohba et al., 2004; Park et al., 2000; Rao
et al., 2005).
No presente trabalho, com intuito de investigar a atividade antitumoral de
CvL, a linhagem K562 de células de leucemia mielóide crônica, expressando a
proteína oncogênica BCR-ABL, foi usada como um modelo de sistema resistente a
apoptose pelos quimioterápicos comuns (Bedi et al., 1995; Bedi et al., 1994;
Martins et al., 1997; Mcgahon et al., 1994; Skorski, 2002). Os resultados obtidos
mostraram que CvL é citotóxica para células da linhagem leucêmica K562 com o
65
IC
50
de 70 Pg/mL, mas não causou nenhum efeito em linfócitos normais de sangue
periférico humano no mesmo intervalo de concentrações testadas (1 – 80 Pg/mL).
A morte celular ocorreu após 72 horas de exposição à lectina e com sinais típicos
de apoptose. Estes resultados são particularmente importantes já que muitos dos
agentes quimioterápicos tradicionais exibem toxicidade severa contra células
normais, causando efeitos colaterais indesejáveis e dessa forma limitando sua
aplicação no campo clínico. Além disso, muitos dos agentes terapêuticos
ministrados na prática clínica ou não conduzem à cura, ou possibilitam a
sobrevivência, em longo prazo, de muitos tipos de câncer, provavelmente
permitindo o desenvolvimento de mecanismos de resistência da doença. Por essa
razão, fica clara a necessidade de novos agentes com diferentes mecanismos de
ação que possam ser utilizados no tratamento direto dessas doenças e/ou como
adjuvantes no aperfeiçoamento da terapia do câncer (Cragg et al., 2006; Ren,
2005).
Ainda de maior relevância, é o fato da morte celular induzida por CvL ser
claramente diferente das demais formas de indução de outras lectinas, que na
maioria dos casos é mediada principalmente pela via de ativação de caspases,
uma família de proteases capaz de clivar outras cadeias polipeptídicas em
resíduos específicos de ácido aspártico. Esta família de proteínas propaga o sinal
de morte celular através da clivagem de outras proteínas chaves no processo
(Nicholson & Thornberry, 1997). O fato de CvL não induzir a ativação das
caspases – 3, - 8, e – 9 levanta a possibilidade do envolvimento de outras
proteases, diferentes das caspases, na indução de morte celular em células K562
66
por CvL. Embora as caspases estejam bem estabelecidas como a principal via de
ativação de apoptose, outras proteases como calpaínas, catepsinas e proteases
serínicas devem ser necessárias para o desencadear de tipos alternativos de
morte celular programada (Broker et al., 2005). Os achados de que CvL
desencadeia a liberação de catepsina B, como evidenciado pela microscopia
confocal, e de que o inibidor irreversível E-64 bloqueia completamente a morte
celular induzida por CvL, sugerem um papel central da participação da protease
lisossomal catepsina B no efeito citotóxico mediado por CvL. Isto corrobora com
trabalhos anteriores que ligam a ação de proteases lisossomais, em particular
catepsinas cisteínicas, com a morte celular programada independente de
caspases (Broker et al., 2004; Broker et al., 2005; Foghsgaard et al., 2001;
Guicciardi et al., 2004; Nylandsted et al., 2000). Foi possível esclarecer ainda, que
os possíveis eventos relacionados aos efeitos citotóxicos do tratamento com CvL
para células K562 induziram o aumento de expressão de TNFR-1 e a diminuição
dos níveis de NFțB. Apesar da visão original que relaciona ativação de receptores
de morte com a direta ativação da cascata das caspases, muitos trabalhos têm
relatado o envolvimento de TNFR-1 com mecanismos de morte celular que
ocorrem na completa ausência de caspases. Além do mais, evidências indicam
que catepsina B é um efetor crucial neste processo de morte celular induzida por
ativação do receptor de morte e independente de caspases (Broker et al., 2005;
Fehrenbacher & Jaattela, 2005; Foghsgaard et al., 2001; Mathiasen et al., 2001;
Mathiasen et al., 1999). Desta maneira, catepsina B pode ser responsável pela
função de protease efetora dominante nesta via altenativa de morte. Os dados
sugerem que a ativação do receptor de morte da membrana deve ter uma relação
67
íntima na morte celular mediada por liberação de catepsina B lisossomal induzida
por CvL em células leucêmicas da linhagem K562. Em outros estudos, a
permeabilização lisossomal com subseqüente liberação de catepsina B no citosol
têm sido implicada na ativação de cascatas apoptóticas (Barbosa et al., 2006;
Broker et al., 2004; Foghsgaard et al., 2001; Vancompernolle et al., 1998;
Werneburg et al., 2002), reforçando que a via de morte celular por lisossomo pode
ser uma estratégia terapêutica que venha superar a via de morte celular
dependente de caspases (Fehrenbacher & Jaattela, 2005).
Células tumorais, freqüentemente, bloqueiam os mecanismos de morte
celular programada em benefício de uma vantagem seletiva nos mecanismos de
crescimento e proliferação. Um dos eventos associados com a sinalização de
receptores de morte da família de TNF é a ativação do fator transcricional NFțB,
que têm sido relacionado à supressão de apoptose, na sobrevivência celular,
proliferação, e resistência a agentes quimioterápicos (Nakanishi & Toi, 2005;
Wang et al., 2000). Estudos extensivos em culturas de células e modelos de
animais revelam o papel crucial da subunidade p65 de NFțB na tumorigênese e
transformação de células hematopoiéticas mediada por BCR-ABL (Finco et al.,
1997; Hamdane et al., 1997; Karin & Lin, 2002). Também foi relatado que
proteínas anti-apoptóticas como Bcl-2 e Bcl-X
L
teriam seus níveis de expressão
aumentados por ação do fator transcricional NFțB (Heckman et al., 2002; Karin &
Lin, 2002; Pahl, 1999). Estes membros da família de proteínas BcL-2 sequestram
proteínas pro-apoptóticas da subfamília Bax, prevenindo a ativação de Bax ou Bak
e consequentemente inibe a cascata de eventos mitocondriais pro-apoptóticos
(Borner, 2003; Turk & Stoka, 2007). Em adição, as proteínas oncongênicas BCR-
68
ABL previnem a morte apoptótica induzida por quimioterápicos convencionais pela
indução da expressão de Bcl-2 (Mcgahon et al., 1994; Sanchez-Garcia & Grutz,
1995; Skorski, 2002). A diminuição dos níveis de expressão da subunidade p65 de
NFțB em células tratadas com lectina poderia também contribuir para o efeito pro-
apoptótico de CvL. Devido a observação do aumento dos níveis de ambas as
proteínas Bax e Bcl-2 após o tratamento, parece possível que CvL afete o balanço
entre a indução e a inibição de morte favorecendo o aumento da taxa de morte
celular em células da linhagem K562. Estas observações reforçam a idéia que
catepsina B pode desempenhar uma função primordial neste processo.
A BCR-ABL é membro de um seleto grupo de proteínas oncogênicas
capazes de inibir apoptose e interferir na proliferação celular. A combinação
destas atividades provavelmente é importante para a progressão de LMC (Cortez
et al., 1997). Várias linhas de evidências reforçam a existência de um papel
associado à interferência do ciclo celular para ativação de NFțB por BCR-ABL
(Joyce et al., 2001). Estudos têm demonstrado que NFțB é requerido para induzir
expressão de ciclina D1 e hiperfosforilação de pRb, promovendo a progressão da
fase G1 para S (Bours et al., 2000; Guttridge et al., 1999). Neste estudo, análises
por western blotting revelaram que CvL causou aumento da expressão de p21. O
aumento de expressão desta proteína reguladora bloqueia a atividade dos
complexos quinases dependentes de ciclina, impedindo a fosforilação de pRb e
consequentemente as transições G1/S e G2/M do ciclo celular. (Niculescu et al.,
1998). Trabalhos anteriores já mostraram que o bloqueio da progressão do ciclo
celular contribui para o processo apoptótico induzido por lectinas como a
Concanavalina A (Con A), aglutinina de farelo de arroz (RBA) e aglutinina de
69
gérmen de trigo (WGA) em diferentes sistemas celulares (Desrivieres et al., 1997;
Kulkarni & Mcculloch, 1995; Miyoshi et al., 2001).
70
6.0- CONCLUSÕES
x CvL mostrou efeito citotóxico para células K562 com o IC
50
de 70 Pg/mL,
mas não afetou a viabilidade celular de linfócitos normais de sangue
periférico humano nas mesmas concentrações testadas (1 - 80Pg/mL).
Juntos, estes dados indicam a presença de uma atividade seletiva de CvL
contra células leucêmicas da linhagem K562.
x As células K562 tratadas com CvL na concentração de 70Pg/mL mostraram
núcleos com diferentes níveis de condensação de cromatina e
fragmentação nuclear, sinais típicos de morte celular por apoptose; e a
quantificação do índice apoptótico mostrou aumento significativo do número
de células apoptóticas, alcançando o valor de 43 ± 5% do total da
população celular (p<0,05).
x CvL não foi capaz de induzir a atividade das caspases – 8 , – 9 e – 3 em
células K562 quando tratadas com concentrações de 50 e 70 Pg/mL.
x A exposição de células K562 ao tratamento com CvL na concentração de
70 Pg/mL desencadeou a liberação de catepsina B dos compartimentos
vesiculares dentro do citoplasma com subseqüente translocação para o
interior do núcleo.
71
x A incubação prévia das células K562 com o inibidor de catepsinas E-64 foi
responsável pela inibição completa da morte celular mediada por CvL.
x Análise por Western blotting revelou que as células K562 tratadas com CvL
nas concentraçãoes de 50 e 70 Pg/mL aumentaram a expressão do
receptor de morte TNFR-1 de maneira dose-dependente, diminuíram a
expressão da subunidade p65 do fator transcricional NFțB, e aumentarem
os níveis de expressão das proteínas Bcl-2 e Bax.
x CvL ainda induziu um aumento significativo na expressão da proteína p21 e
a consequente modulação negativa de pRb, indicando que o bloqueio do
ciclo celular contribuiu para o processo apoptótico induzido pela lectina.
x Baseado em todos estes resultados, foi proposto que CvL induz a morte
seletiva de células K562 na presença de proteínas da família Bcl-2 via um
mecanismo independente de caspases, possivelmente através de uma
conexão ainda não caracterizada com a via de ativação de receptores de
morte, e com a participação efetiva de catepsina B nesta via de morte
celular programada.
72
7.0- REFERÊNCIAS
ADVANI, A. S. & PENDERGAST, A. M. Bcr-Abl variants: biological and clinical
aspects. Leukemia Research. v. 26, n. 8, p. 713-720, 2002.
AKAHANI, S.; INOHARA, H.; NANGIAMAKKER, P.; RAZ, A. Galectin-3 in tumor
metastasis. Trends in Glycoscience and Glycotechnology. v. 9, n. 45, p. 69-75, 1997.
ALONSO, R.; RUBIO, L. A.; MUZQUIZ, M.; MARZO, F. The effect of extrusion cooking
on mineral bioavailability in pea and kidney bean seed meals. Animal Feed Science and
Technology. v. 94, n. 1-2, p. 1-13, 2001.
ALTMANN, K. H. Microtubule-stabilizing agents: a growing class of important anticancer
drugs. Current Opinion in Chemical Biology. v. 5, n. 4, p. 424-431, 2001.
AMARANTE-MENDES, G. P.; MCGAHON, A. J.; NISHIOKA, W. K.; AFAR, D. E.;
WITTE, O. N.; GREEN, D. R. Bcl-2-independent Bcr-Abl-mediated resistance to
apoptosis: protection is correlated with up regulation of Bcl-xL. Oncogene. v. 16, n. 11, p.
1383-1390, 1998.
ARATA, Y.; HIRABAYASHI, J.; KASAI, K. The two lectin domains of the tandem-repeat
32-kDa galectin of the nematode Caenorhabditis elegans have different binding properties.
Studies with recombinant protein. Journal of Biochemistry. v. 121, n. 6, p. 1002-1009,
1997.
ARENAS, M. I.; ROMO, E.; DE GASPAR, I.; DE BETHENCOURT, F. R.; SANCHEZ-
CHAPADO, M.; FRAILE, B.; PANIAGUA, R. A lectin histochemistry comparative study
in human normal prostate, benign prostatic hyperplasia, and prostatic carcinoma.
Glycoconjugate Journal. v. 16, n. 7, p. 375-382, 1999.
ASHWELL, G. & HARFORD, J. Carbohydrate-Specific Receptors of the Liver. Annual
Review of Biochemistry. v. 51, n., p. 531-554, 1982.
BALDO, B. A. & UHLENBRUCK, G. Purification of Tridacnin, a Novel Anti-Beta-(1-6)-
Digalactobiose Precipitin from Hemolymph of Tridacna-Maxima (Roding). Febs Letters.
v. 55, n. 1, p. 25-29, 1975.
BANERJEE, S.; CHAKI, S.; BHOWAL, J.; CHATTERJEE, B. P. Mucin binding
mitogenic lectin from freshwater Indian gastropod Belamyia bengalensis: purification and
molecular characterization. Archives of Biochemistry and Biophysics. v. 421, n. 1, p.
125-134, 2004.
BANTEL, H.; ENGELS, I. H.; VOELTER, W.; SCHULZE-OSTHOFF, K.;
WESSELBORG, S. Mistletoe lectin activates caspase-8/FLICE independently of death
receptor signaling and enhances anticancer drug-induced apoptosis. Cancer Research. v.
59, n. 9, p. 2083-2090, 1999.
73
BARBOSA, C. M. V.; OLIVEIRA, C. R.; NASCIMENTO, F. D.; SMITH, M. C. M.;
FAUSTO, D. M.; SOUFEN, M. A.; SENA, E.; ARAUJO, R. C.; TERSARIOL, I. L. S.;
BINCOLETTO, C.; CAIRES, A. C. F. Biphosphinic palladacycle complex mediates
lysosomal-membrane permeabilization and cell death in K562 leukaemia cells. European
Journal of Pharmacology. v. 542, n. 1-3, p. 37-47, 2006.
BAYNE, C. J.; BOSWELL, C. A.; LOKER, E. S.; YUI, M. A. Plasma Components Which
Mediate Cellular Defenses in the Gastropod Mollusk Biomphalaria-Glabrata.
Developmental and Comparative Immunology. v. 9, n. 3, p. 523-530, 1985.
BECERRO, M. A.; TURON, X.; URIZ, M. J. Multiple functions for secondary metabolites
in encrusting marine invertebrates. Journal of Chemical Ecology. v. 23, n. 6, p. 1527-
1547, 1997.
BEDI, A.; BARBER, J. P.; BEDI, G. C.; ELDEIRY, W. S.; SIDRANSKY, D.; VALA, M.
S.; AKHTAR, A. J.; HILTON, J.; JONES, R. J. Bcr-Abl-Mediated Inhibition of Apoptosis
with Delay of G2/M Transition after DNA-Damage - a Mechanism of Resistance to
Multiple Anticancer Agents. Blood. v. 86, n. 3, p. 1148-1158, 1995.
BEDI, A.; ZEHNBAUER, B. A.; BARBER, J. P.; SHARKIS, S. J.; JONES, R. J. Inhibition
of Apoptosis by Bcr-Abl in Chronic Myeloid-Leukemia. Blood. v. 83, n. 8, p. 2038-2044,
1994.
BELL, J. J. & BARNES, D. K. A. Sponge morphological diversity: a qualitative predictor
of species diversity? Aquatic Conservation-Marine and Freshwater Ecosystems. v. 11,
n. 2, p. 109-121, 2001.
BENEVIDES, N. M. B.; HOLANDA, M. L.; MELO, F. R.; FREITAS, A. L. P.;
SAMPAIO, A. H. Purification and partial characterisation of the lectin from the marine red
alga Enantiocladia duperreyi (C. Agardh) Falkenberg. Botanica Marina. v. 41, n. 5, p.
521-525, 1998.
BERGER, U.; MAYWALD, O.; PFIRRMANN, M.; LAHAYE, T.; HOCHHAUS, A.;
REITER, A.; HASFORD, J.; HEIMPEL, H.; HOSSFELD, D. K.; KOLB, H. J.; LOFFLER,
H.; PRALLE, H.; QUEISSER, W.; HEHLMANN, R. Gender aspects in chronic myeloid
leukemia: long-term results from randomized studies. Leukemia. v. 19, n. 6, p. 984-989,
2005.
BERLINCK, R. G. S.; HAJDU, E.; DA ROCHA, R. M.; DE OLIVEIRA, J. H. H. L.;
HERNANDEZ, I. L. C.; SELEGHIM, M. H. R.; GRANATO, A. C.; DE ALMEIDA, E. V.
R.; NUNEZ, C. V.; MURICY, G.; PEIXINHO, S.; PESSOA, C.; MORAES, M. O.;
CAVALCANTI, B. C.; NASCIMENTO, G. G. F.; THIEMANN, O.; SILVA, M.; SOUZA,
A. O.; SILVA, C. L.; MINARINI, P. R. R. Challenges and rewards of research in marine
natural products chemistry in Brazil. Journal of Natural Products. v. 67, n. 3, p. 510-522,
2004.
74
BLUNDEN, G. Biologically active compounds from marine organisms. Phytotherapy
Research. v. 15, n. 2, p. 89-94, 2001.
BLUNT, J. W.; COPP, B. R.; HU, W. P.; MUNRO, M. H. G.; NORTHCOTE, P. T.;
PRINSEP, M. R. Marine natural products. Natural Product Reports. v. 24, n. 1, p. 31-86,
2007.
BORNER, C. The Bcl-2 protein family: sensors and checkpoints for life-or-death decisions.
Molecular Immunology. v. 39, n. 11, p. 615-647, 2003.
BOURS, V.; BENTIRES-ALJ, M.; HELLIN, A. C.; VIATOUR, P.; ROBE, P.;
DELHALLE, S.; BENOIT, V.; MERVILLE, M. P. Nuclear factor-kappa B, cancer, and
apoptosis. Biochemical Pharmacology. v. 60, n. 8, p. 1085-1089, 2000.
BOYD, W. C. & REGUERA, R. M. Studies on hemaegglutinins presents in seeds of some
representatives of the family leguminoseae. Journal of Immunology. v. 62, n., p. 333-339,
1949.
BOYD, W. C. & SHAPLEIGH, E. Separation of Individuals of Any Blood Group into
Secretors and Non-Secretors by Use of a Plant Agglutinin (Lectin). Blood. v. 9, n. 12, p.
1195-1198, 1954.
BRETTING, H. & KONIGSMANN, K. Investigations on the Lectin-Producing Cells in the
Sponge Axinella-Polypoides (Schmidt). Cell and Tissue Research. v. 201, n. 3, p. 487-
497, 1979.
BRIMMELL, M.; MENDIOLA, R.; MANGION, J.; PACKHAM, G. BAX frameshift
mutations in cell lines derived from human haemopoietic malignancies are associated with
resistance to apoptosis and microsatellite instability. Oncogene. v. 16, n. 14, p. 1803-1812,
1998.
BROKER, L. E.; HUISMAN, C.; SPAN, S. W.; RODRIGUEZ, J. A.; KRUYT, F. A. E.;
GIACCONE, G. Cathepsin B mediates caspase-independent cell death induced by
microtubule stabilizing agents in non-small cell lung cancer cells. Cancer Research. v. 64,
n. 1, p. 27-30, 2004.
BROKER, L. E.; KRUYT, F. A. E.; GIACCONE, G. Cell death independent of caspases: A
review. Clinical Cancer Research. v. 11, n. 9, p. 3155-3162, 2005.
BROMBERG, N.; JUSTO, G. Z.; HAUN, M.; DURAN, N.; FERREIRA, C. V. Violacein
cytotoxicity on human blood lymphocytes and effect on phosphatases. Journal of Enzyme
Inhibition and Medicinal Chemistry. v. 20, n. 5, p. 449-454, 2005.
BUCK, F.; LUTH, C.; STRUPAT, K.; BRETTING, H. Comparative Investigations on the
Amino-Acid-Sequences of Different Isolectins from the Sponge Axinella-Polypoides
(Schmidt). Biochimica Et Biophysica Acta. v. 1159, n. 1, p. 1-8, 1992.
75
BUCK, F.; SCHULZE, C.; BRELOER, M.; STRUPAT, K.; BRETTING, H. Amino acid
sequence of the D-galactose binding lectin II from the sponge Axinella polypoides
(Schmidt) and identification of the carbohydrate binding site in lectin II and related lectin I.
Comparative Biochemistry and Physiology B-Biochemistry & Molecular Biology. v.
121, n. 2, p. 153-160, 1998.
BULGAKOV, A. A.; PARK, K. I.; CHOI, K. S.; LIM, H. K.; CHO, M. Purification and
characterisation of a lectin isolated from the Manila clam Ruditapes philippinarum in
Korea. Fish & Shellfish Immunology. v. 16, n. 4, p. 487-499, 2004.
CALIXTO, T. & BIAGIONI, A. Estrutura e organização interna da esponjas. Disponível
em: http://zoo.cb.santagiulia.edu.br . Acesso em: 24 de outubro de 2007.
CLARDY, J. & WALSH, C. Lessons from natural molecules. Nature. v. 432, n. 7019, p.
829-837, 2004.
COMINETTI, M. R.; MARQUES, M. R. F.; LORENZINI, D. M.; LOFGREN, S. E.;
DAFFRE, S.; BARRACCO, M. A. Characterization and partial purification of a lectin from
the hemolymph of the white shrimp Litopenaeus schmitti. Developmental and
Comparative Immunology. v. 26, n. 8, p. 715-721, 2002.
CORTES, J. E.; TALPAZ, M.; KANTARJIAN, H. Chronic myelogenous leukemia: a
review. Am J Med. v. 100, n. 5, p. 555-570, 1996.
CORTEZ, D.; REUTHER, G.; PENDERGAST, A. M. The Bcr-Abl tyrosine kinase
activates mitogenic signaling pathways and stimulates G1-to-S phase transition in
hematopoietic cells. Oncogene. v. 15, n. 19, p. 2333-2342, 1997.
CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J.; YANG, S. S. Natural product extracts of plant and
marine origin having antileukemia potential. The NCI experience. Journal of Natural
Products. v. 69, n. 3, p. 488-498, 2006.
CUIFFO, B. & REN, R. Models of hematopoietic malignancies: chronic myeloid leukemia.
Drug Discovery Today. v. 3, n. 2, p. 183-188, 2006.
DALEY, G. Q.; VAN ETTEN, R. A.; BALTIMORE, D. Induction of chronic myelogenous
leukemia in mice by the P210bcr/abl gene of the Philadelphia chromosome. Science. v.
247, n. 4944, p. 824-830, 1990.
DANGUY, A.; CAMBY, I.; KISS, R. Galectins and cancer. Biochimica Et Biophysica
Acta-General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 285-293, 2002.
DE CARVALHO, D. D.; COSTA, F. T. M.; DURAN, N.; HAUN, M. Cytotoxic activity of
violacein in human colon cancer cells. Toxicology in Vitro. v. 20, n. 8, p. 1514-1521,
2006.
76
DEBRAY, H.; DECOUT, D.; STRECKER, G.; SPIK, G.; MONTREUIL, J. Specificity of
12 Lectins Towards Oligosaccharides and Glycopeptides Related to N-Glycosylproteins.
European Journal of Biochemistry. v. 117, n. 1, p. 41-55, 1981.
DEPENBROCK, H.; PETER, R.; FAIRCLOTH, G. T.; MANZANARES, I.; JIMENO, J.;
HANAUSKE, A. R. In vitro activity of aplidine, a new marine-derived anti-cancer
compound, on freshly explanted clonogenic human tumour cells and haematopoietic
precursor cells. British Journal of Cancer. v. 78, n. 6, p. 739-744, 1998.
DESRIVIERES, S.; VOLAREVIC, S.; MERCEP, L.; FERRARI, S. Evidence for different
mechanisms of growth inhibition of T-cell lymphoma by phorbol esters and concanavalin
A. Journal of Biological Chemistry. v. 272, n. 4, p. 2470-2476, 1997.
DODD, R. Y.; MACLENNA.AP; HAWKINS, D. C. Haemagglutinins from Marine
Sponges. Vox Sanguinis. v. 15, n. 5, p. 386-&, 1968.
DRICKAMER, K. 2 Distinct Classes of Carbohydrate-Recognition Domains in Animal
Lectins. Journal of Biological Chemistry. v. 263, n. 20, p. 9557-9560, 1988.
DRUKER, B. J.; TALPAZ, M.; RESTA, D. J.; PENG, B.; BUCHDUNGER, E.; FORD, J.
M.; LYDON, N. B.; KANTARJIAN, H.; CAPDEVILLE, R.; OHNO-JONES, S.;
SAWYERS, C. L. Efficacy and safety of a specific inhibitor of the BCR-ABL tyrosine
kinase in chronic myeloid leukemia. New England Journal of Medicine. v. 344, n. 14, p.
1031-1037, 2001.
ENGERING, A.; GEIJTENBEEK, T. B.; VAN KOOYK, Y. Immune escape through C-
type lectins on dendritic cells. Trends Immunol. v. 23, n. 10, p. 480-485, 2002.
EVAN, G. I. & VOUSDEN, K. H. Proliferation, cell cycle and apoptosis in cancer. Nature.
v. 411, n. 6835, p. 342-348, 2001.
FADEEL, B.; ORRENIUS, S.; ZHIVOTOVSKY, B. Apoptosis in human disease: a new
skin for the old ceremony? Biochem Biophys Res Commun. v. 266, n. 3, p. 699-717,
1999.
FADERL, S.; KANTARJIAN, H. M.; TALPAZ, M. Chronic myelogenous leukemia:
update on biology and treatment. Oncology (Williston Park). v. 13, n. 2, p. 169-180;
discussion 181, 184, 1999.
FEHRENBACHER, N. & JAATTELA, M. Lysosornes as targets for cancer therapy.
Cancer Research. v. 65, n. 8, p. 2993-2995, 2005.
FENTON-NAVARRO, B.; ARREGUIN-L, B.; GARCIA-HERNANDEZ, E.; HEIMER,
E.; AGUILAR, M. B.; RODRIGUEZ-A, C.; ARREGUIN-ESPINOSA, R. Purification and
structural characterization of lectins from the cnidarian Bunodeopsis antillienis. Toxicon. v.
42, n. 5, p. 525-532, 2003.
77
FERREIRA, C. V.; BOS, C. L.; VERSTEEG, H. H.; JUSTO, G. Z.; DURAN, N.;
PEPPELENBOSCH, M. P. Molecular mechanism of violacein-mediated human leukemia
cell death. Blood. v. 104, n. 5, p. 1459-1464, 2004.
FERREIRA, C. V.; JUSTO, G. Z.; SOUZA, A. C.; QUEIROZ, K. C.; ZAMBUZZI, W. F.;
AOYAMA, H.; PEPPELENBOSCH, M. P. Natural compounds as a source of protein
tyrosine phosphatase inhibitors: application to the rational design of small-molecule
derivatives. Biochimie. v. 88, n. 12, p. 1859-1873, 2006.
FINCO, T. S.; WESTWICK, J. K.; NORRIS, J. L.; BEG, A. A.; DER, C. J.; BALDWIN,
A. S. Oncogenic Ha-Ras-induced signaling activates NF-kappa B transcriptional activity,
which is required for cellular transformation. Journal of Biological Chemistry. v. 272, n.
39, p. 24113-24116, 1997.
FOGHSGAARD, L.; WISSING, D.; MAUCH, D.; LADEMANN, U.; BASTHOLM, L.;
BOES, M.; ELLING, F.; LEIST, M.; JAATTELA, M. Cathepsin B acts as a dominant
execution protease in tumor cell apoptosis induced by tumor necrosis factor. Journal of
Cell Biology. v. 153, n. 5, p. 999-1009, 2001.
FUKUDA, Y.; SUGAHARA, T.; UENO, M.; FUKUTA, Y.; OCHI, Y.; AKIYAMA, K.;
MIYAZAKI, T.; MASUDA, S.; KAWAKUBO, A.; KATO, K. The anti-tumor effect of
Euchema serra agglutinin on colon cancer cells in vitro and in vivo. Anti-Cancer Drugs. v.
17, n. 8, p. 943-947, 2006.
GABIUS, H. J.; ANDRE, S.; KALTNER, H.; SIEBERT, H. C. The sugar code: functional
lectinomics. Biochimica Et Biophysica Acta-General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 165-
177, 2002.
GAJATE, C.; VERHAEGEN, S.; AN, F.; GARCIA-FERNANDEZ, L.; HENRIQUEZ, R.;
FAIRCLOTH, G.; MUNOZ, A.; NIETO-MIGUEL, T.; LOPEZ-HERNANDEZ, S.; DEL
CANTO-JANEZ, E.; MOLLINEDO, F. Antitumor activity of Ecteinascidin-743. Clinical
Cancer Research. v. 7, n. 11, p. 3724s-3724s, 2001.
GARTNER, T. K.; STOCKER, K.; WILLIAMS, D. C. Thrombolectin: a lectin isolated
from Bothrops atrox venom. FEBS Lett. v. 117, n. 1, p. 13-16, 1980.
GERLACH, D.; SCHLOTT, B.; ZAHRINGER, U.; SCHMIDT, K. H. N-acetyl-D-
galactosamine/N-acetyl-D-glucosamine - recognizing lectin from the snail Cepaea
hortensis: purification, chemical characterization, cloning and expression in E-coli. Fems
Immunology and Medical Microbiology. v. 43, n. 2, p. 223-232, 2005.
GILBOA-GARBER, N. & SUDAKEVITZ, D. The hemagglutinating activities of
Pseudomonas aeruginosa lectins PA-IL and PA-IIL exhibit opposite temperature profiles
due to different receptor types. Fems Immunology and Medical Microbiology. v. 25, n. 4,
p. 365-369, 1999.
78
GLICK, G. D.; TOOGOOD, P. L.; WILEY, D. C.; SKEHEL, J. J.; KNOWLES, J. R.
Ligand Recognition by Influenza-Virus - the Binding of Bivalent Sialosides. Journal of
Biological Chemistry. v. 266, n. 35, p. 23660-23669, 1991.
GORELIK, E.; GALILI, U.; RAZ, A. On the role of cell surface carbohydrates and their
binding proteins (lectins) in tumor metastasis. Cancer and Metastasis Reviews. v. 20, n.
3-4, p. 245-277, 2001.
GREEN, D. R. & KROEMER, G. Pharmacological manipulation of cell death: clinical
applications in sight? Journal of Clinical Investigation. v. 115, n. 10, p. 2610-2617, 2005.
GUICCIARDI, M. E.; DEUSSING, J.; MIYOSHI, H.; BRONK, S. F.; SVINGEN, P. A.;
PETERS, C.; KAUFMANN, S. H.; GORES, G. J. Cathepsin B contributes to TNF-alpha-
mediated hepatocyte apoptosis by promoting mitochondrial release of cytochrome c.
Journal of Clinical Investigation. v. 106, n. 9, p. 1127-1137, 2000.
GUICCIARDI, M. E.; LEIST, M.; GORES, G. J. Lysosomes in cell death. Oncogene. v.
23, n. 16, p. 2881-2890, 2004.
GUNASEKERA, S. P.; GUNASEKERA, M.; LONGLEY, R. E.; SCHULTE, G. K.
Discodermolide - a New Bioactive Polyhydroxylated Lactone from the Marine Sponge
Discodermia-Dissoluta. Journal of Organic Chemistry. v. 55, n. 16, p. 4912-4915, 1990.
GUNDACKER, D.; LEYS, S. P.; SCHRODER, H. C.; MULLER, I. M.; MULLER, W. E.
G. Isolation and cloning of a C-type lectin from the hexactinellid sponge Aphrocallistes
vastus: a putative aggregation factor. Glycobiology. v. 11, n. 1, p. 21-29, 2001.
GUTTRIDGE, D. C.; ALBANESE, C.; REUTHER, J. Y.; PESTELL, R. G.; BALDWIN,
A. S., JR. NF-kappaB controls cell growth and differentiation through transcriptional
regulation of cyclin D1. Mol Cell Biol. v. 19, n. 8, p. 5785-5799, 1999.
HAJTO, T.; HOSTANSKA, K.; BERKI, T.; PALINKAS, L.; BOLDIZSAR, F.; NAMETH,
P. Oncopharmacological perspectives of a plant lectin (Viscum album agglutinin-I):
Overview of recent results from in vitro experiments and in vivo animal models, and their
possible relevance for clinical applications. Evidence-Based Complementary and
Alternative Medicine. v. 2, n. 1, p. 59-67, 2005.
HAMDANE, M.; DAVIDCORDONNIER, M. H.; DHALLUIN, J. C. Activation of p65
NF-kappa B protein by p210(BCR-ABL) in myeloid cell line (p210(BCR-ABL) activates
p65 NF-kappa B). Oncogene. v. 15, n. 19, p. 2267-2275, 1997.
HAMMARSTROM, S.; MURPHY, L. A.; GOLDSTEIN, I. J.; ETZLER, M. E.
Carbohydrate binding specificity of four N-acetyl-D-galactosamine- "specific" lectins:
Helix pomatia A hemagglutinin, soy bean agglutinin, lima bean lectin, and Dolichos
biflorus lectin. Biochemistry. v. 16, n. 12, p. 2750-2755, 1977.
79
HARPER, S. M.; CRENSHAW, R. W.; MULLINS, M. A.; PRIVALLE, L. S. Lectin-
Binding to Insect Brush-Border Membranes. Journal of Economic Entomology. v. 88, n.
5, p. 1197-1202, 1995.
HARTREE, E. F. Determination of Protein - Modification of Lowry Method That Gives a
Linear Photometric Response. Analytical Biochemistry. v. 48, n. 2, p. 422-&, 1972.
HECKMAN, C. A.; MEHEW, J. W.; BOXER, L. M. NF-kappa B activates Bcl-2
expression in t(14;18) lymphoma cells. Oncogene. v. 21, n. 24, p. 3898-3908, 2002.
HEHLMANN, R.; HOCHHOUS, A.; BACCARANI, M.; LEUKEMIANET, E.. Chronic
myeloid leukaemia. Lancet. v. 370, n. 9584, p. 342-350, 2007.
JOYCE, D.; ALBANESE, C.; STEER, J.; FU, M. F.; BOUZAHZAH, B.; PESTELL, R. G.
NF-kappa B and cell-cycle regulation: the cyclin connection. Cytokine & Growth Factor
Reviews. v. 12, n. 1, p. 73-90, 2001.
JUSTO, G. Z. & FERREIRA, C. V. Coagulation and cancer therapy: The potential of
natural compounds. Current Genomics. v. 6, n. 6, p. 461-469, 2005.
KANTARJIAN, H. M.; DEISSEROTH, A.; KURZROCK, R.; ESTROV, Z.; TALPAZ, M.
Chronic myelogenous leukemia: a concise update. Blood. v. 82, n. 3, p. 691-703, 1993.
KARIN, M. & LIN, A. NF-kappa B at the crossroads of life and death. Nature
Immunology. v. 3, n. 3, p. 221-227, 2002.
KILPATRICK, D. C. Animal lectins: a historical introduction and overview. Biochimica
Et Biophysica Acta-General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 187-197, 2002.
KIM, M.; RAO, M. V.; TWEARDY, D. J.; PRAKASH, M.; GALILI, U.; GORELIK, E.
Lectin-Induced Apoptosis of Tumor-Cells. Glycobiology. v. 3, n. 5, p. 447-453, 1993.
KIM, Y. A.; LEE, W. H.; CHOI, T. H.; RHEE, S. H.; PARK, K. Y.; CHOI, Y. H.
Involvement of p21WAF1/CIP1, pRB, Bax and NF-kappa B in induction of growth arrest
and apoptosis by resveratrol in human lung carcinoma A549 cells. International Journal
of Oncology. v. 23, n. 4, p. 1143-1149, 2003.
KONDO, M.; ITAMI, T.; TAKAHASHI, Y. Preliminary characterization of lectins in the
hemolymph of kuruma prawn. Fish Pathology. v. 33, n. 4, p. 429-435, 1998.
KORNFELD, S. Trafficking of Lysosomal-Enzymes. Faseb Journal. v. 1, n. 6, p. 462-
468, 1987.
KULKARNI, G. V. & MCCULLOCH, C. A. G. Concanavalin-a Induced Apoptosis in
Fibroblasts - the Role of Cell-Surface Carbohydrates in Lectin Mediated Cytotoxicity.
Journal of Cellular Physiology. v. 165, n. 1, p. 119-133, 1995.
80
LAEMMLI, U. K. Cleavage of Structural Proteins during Assembly of Head of
Bacteriophage-T4. Nature. v. 227, n. 5259, p. 680-&, 1970.
LAVASTRE, V.; PELLETIER, M.; SALLER, R.; HOSTANSKA, K.; GIRARD, D.
Mechanisms involved in spontaneous and Viscum album agglutinin-1-induced human
neutrophil apoptosis: Viscum album agglutinin-I accelerates the loss of antiapoptotic Mcl-1
expression and the degradation of cytoskeletal paxillin and vimentin proteins via caspases.
Journal of Immunology. v. 168, n. 3, p. 1419-1427, 2002.
LEMES, A.; CASARES, M. T. G.; DE LA IGLESIA, S.; MATUTES, E.; MOLERO, M. T.
p190 BCR-ABL rearrangement in chronic myeloid leukemia and acute lymphoblastic
leukemia. Cancer Genetics and Cytogenetics. v. 113, n. 1, p. 100-102, 1999.
LIS, H. & SHARON, N. Lectins: Carbohydrate-specific proteins that mediate cellular
recognition. Chemical Reviews. v. 98, n. 2, p. 637-674, 1998.
LIU, F. T.; PATTERSON, R. J.; WANG, J. L. Intracellular functions of galectins.
Biochimica Et Biophysica Acta-General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 263-273, 2002.
LORIS, R. Principles of structures of animal and plant lectins. Biochimica Et Biophysica
Acta-General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 198-208, 2002.
LUO, T.; YANG, H. J.; LI, F.; ZHANG, X. B.; XU, X. Purification, characterization and
cDNA cloning of a novel lipopolysaccharide-binding lectin from the shrimp Penaeus
monodon. Developmental and Comparative Immunology. v. 30, n. 7, p. 607-617, 2006.
MAHESWARI, R.; MULLAINADHAN, P.; ARUMUGAM, M. Characterisation of a
natural haemagglutinin with affinity for acetylated aminosugars in the serum of the marine
prawn, Penaeus indicus (H. Milne Edwards). Fish & Shellfish Immunology. v. 7, n. 1, p.
17-28, 1997.
MAKELA, O. Studies in hemagglutinins of leguminosae seeds. Ann Med Exp Biol Fenn.
v. 35, n. Suppl 11, p. 1-133, 1957.
MARQUES, M. R. F. & BARRACCO, M. A. Lectins, as non-self-recognition factors, in
crustaceans. Aquaculture. v. 191, n. 1-3, p. 23-44, 2000.
MARTINS, L. M.; KOTTKE, T.; MESNER, P. W.; BASI, G. S.; SINHA, S.; FRIGON, N.;
TATAR, E.; TUNG, J. S.; BRYANT, K.; TAKAHASHI, A.; SVINGEN, P. A.; MADDEN,
B. J.; MCCORMICK, D. J.; EARNSHAW, W. C.; KAUFMANN, S. H. Activation of
multiple interleukin-1 beta converting enzyme homologues in cytosol and nuclei of HL-60
cells during etoposide-induced apoptosis. Journal of Biological Chemistry. v. 272, n. 11,
p. 7421-7430, 1997.
81
MATHIASEN, I. S.; HANSEN, C. M.; FOGHSGAARD, L.; JAATTELA, M. Sensitization
to TNF-induced apoptosis by 1,25-dihydroxy vitamin D-3 involves up-regulation of the
TNF receptor 1 and cathepsin B. International Journal of Cancer. v. 93, n. 2, p. 224-231,
2001.
MATHIASEN, I. S.; LADEMANN, U.; JAATTELA, M. Apoptosis induced by vitamin D
compounds in breast cancer cells is inhibited by Bcl-2 but does not involve known caspases
or p53. Cancer Research. v. 59, n. 19, p. 4848-4856, 1999.
MCGAHON, A.; BISSONNETTE, R.; SCHMITT, M.; COTTER, K. M.; GREEN, D. R.;
COTTER, T. G. Bcr-Abl Maintains Resistance of Chronic Myelogenous Leukemia-Cells to
Apoptotic Cell-Death. Blood. v. 83, n. 5, p. 1179-1187, 1994.
MELO, V. M. M.; DUARTE, A. B. G.; CARVALHO, A. F. F. U.; SIEBRA, E. A.;
VASCONCELOS, I. M. Purification of a novel antibacterial and haemagglutinating protein
from the purple gland of the sea hare, Aplysia dactylomela Rang, 1828. Toxicon. v. 38, n.
10, p. 1415-1427, 2000.
MIARONS, P. B. & FRESNO, M. Lectins from tropical sponges - Purification and
characterization of lectins from genus Aplysina. Journal of Biological Chemistry. v. 275,
n. 38, p. 29283-29289, 2000.
MILLER, R. L.; COLLAWN, J. F.; FISH, W. W. Purification and Macromolecular
Properties of a Sialic Acid-Specific Lectin from the Slug Limax-Flavus. Journal of
Biological Chemistry. v. 257, n. 13, p. 7574-7580, 1982.
MIYOSHI, N.; KOYAMA, Y.; KATSUNO, Y.; HAYAKAWA, S.; MITA, T.; OHTA, T.;
KAJI, K.; ISEMURA, M. Apoptosis induction associated with cell cycle dysregulation by
rice bran agglutinin. Journal of Biochemistry. v. 130, n. 6, p. 799-805, 2001.
MOURA, R. M.; QUEIROZ, A. F.; FOOK, J. M.; DIAS, A. S.; MONTEIRO, N. K.;
RIBEIRO, J. K.; MOURA, G. E.; MACEDO, L. L.; SANTOS, E. A.; SALES, M. P. CvL, a
lectin from the marine sponge Cliona varians: Isolation, characterization and its effects on
pathogenic bacteria and Leishmania promastigotes. Comp Biochem Physiol A Mol Integr
Physiol. v. 145, n. 4, p. 517-523, 2006.
MURDOCK, L. L. & SHADE, R. E. Lectins and protease inhibitors as plant defenses
against insects. J Agric Food Chem. v. 50, n. 22, p. 6605-6611, 2002.
NAKANISHI, C. & TOI, M. Nuclear factor-kappa B inhibitors as sensitizers to anticancer
drugs. Nature Reviews Cancer. v. 5, n. 4, p. 297-309, 2005.
NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M.; SNADER, K. M. The influence of natural products
upon drug discovery. Natural Product Reports. v. 17, n. 3, p. 215-234, 2000.
82
NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M.; SNADER, K. M. Natural products as sources of new
drugs over the period 1981-2002. Journal of Natural Products. v. 66, n. 7, p. 1022-1037,
2003.
NI, Y. & TIZARD, I. Lectin-carbohydrate interaction in the immune system. Veterinary
Immunology and Immunopathology. v. 55, n. 1-3, p. 205-223, 1996.
NICHOLSON, D. W. & THORNBERRY, N. A. Caspases: killer proteases. Trends in
Biochemical Sciences. v. 22, n. 8, p. 299-306, 1997.
NICULESCU, A. B.; CHEN, X. B.; SMEETS, M.; HENGST, L.; PRIVES, C.; REED, S. I.
Effects of p21(Cip1/Waf1) at both the G(1)/S and the G(2)/M cell cycle transitions: pRb is
a critical determinant in blocking DNA replication and in preventing endoreduplication (vol
18, pg 629, 1998). Molecular and Cellular Biology. v. 18, n. 3, p. 1763-1763, 1998.
NIELSEN, J. Combinatorial synthesis of natural products. Current Opinion in Chemical
Biology. v. 6, n. 3, p. 297-305, 2002.
NOWELL, P. C. & HUNGERFORD, D. A. Minute Chromosome in Human Chronic
Granulocytic Leukemia. Science. v. 132, n. 3438, p. 1497-1497, 1960.
NYLANDSTED, J.; ROHDE, M.; BRAND, K.; BASTHOLM, L.; ELLING, F.;
JAATTELA, M. Selective depletion of heat shock protein 70 (Hsp70) activates a tumor-
specific death program that is independent of caspases and bypasses Bcl-2. Proceedings of
the National Academy of Sciences of the United States of America. v. 97, n. 14, p.
7871-7876, 2000.
OBAYASHI, T.; TAMURA, H.; TANAKA, S.; OHKI, M.; TAKAHASHI, S.; ARAI, M.;
MASUDA, M.; KAWAI, T. A New Chromogenic Endotoxin-Specific Assay Using
Recombined Limulus Coagulation Enzymes and Its Clinical-Applications. Clinica
Chimica Acta. v. 149, n. 1, p. 55-65, 1985.
OFEK, I. & SHARON, N. Adhesins as Lectins - Specificity and Role in Infection. Current
Topics in Microbiology and Immunology. v. 151, n., p. 91-113, 1990.
OHBA, H.; MORIWAKI, S.; BAKALOVA, R.; YASUDA, S.; YAMASAKI, N. Plant-
derived abrin-a induces apoptosis in cultured leukemic cell lines by different mechanisms.
Toxicology and Applied Pharmacology. v. 195, n. 2, p. 182-193, 2004.
OKA, Y.; CHET, I.; SPIEGEL, Y. Accumulation of lectins in cereal roots invaded by the
cereal cyst nematode Heterodera avenae. Physiological and Molecular Plant Pathology.
v. 51, n. 5, p. 333-345, 1997.
83
OKEEFE, B. R.; BEUTLER, J. A.; CARDELLINA, J. H.; GULAKOWSKI, R. J.;
KREPPS, B. L.; MCMAHON, J. B.; SOWDER, R. C.; HENDERSON, L. E.; PANNELL,
L. K.; POMPONI, S. A.; BOYD, M. R. Isolation and characterization of niphatevirin, a
human-immunodeficiency-virus-inhibitory glycoprotein from the marine sponge Niphates
erecta. European Journal of Biochemistry. v. 245, n. 1, p. 47-53, 1997.
OLIVEIRA, J. T. A.; VASCONCELOS, I. M.; GONDIM, M. J. L.; CAVADA, B. S.;
MOREIRA, R. A.; SANTOS, C. F.; MOREIRA, L. I. M. Canavalia Brasiliensis Seeds -
Protein-Quality and Nutritional Implications of Dietary Lectin. Journal of the Science of
Food and Agriculture. v. 64, n. 4, p. 417-424, 1994.
OPRIC, M. M.; POZNANOVIC, S.; KLJAJIC, Z.; SLADIC, D.; PUPIC, G.;
PERUNOVIC, B.; GASIC, M. J. Labelling of breast carcinoma, thyroid carcinoma and
melanoma with manno- and galacto-specific lectins from marine invertebrates. European
Journal of Histochemistry. v. 40, n. 3, p. 211-218, 1996.
OZEKI, Y.; TAZAWA, E.; MATSUI, T. D-galactoside-specific lectins from the body wall
of an echiuroid (Urechis unicinctus) and two annelids (Neanthes japonica and Marphysa
sanguinea). Comparative Biochemistry and Physiology B-Biochemistry & Molecular
Biology. v. 118, n. 1, p. 1-6, 1997.
PAHL, H. L. Activators and target genes of Rel/NF-kappa B transcription factors.
Oncogene. v. 18, n. 49, p. 6853-6866, 1999.
PAJIC, I.; KLJAJIC, Z.; DOGOVIC, N.; SLADIC, D.; JURANIC, Z.; GASIC, M. J. A
novel lectin from the sponge Haliclona cratera: isolation, characterization and biological
activity. Comparative Biochemistry and Physiology C-Toxicology & Pharmacology. v.
132, n. 2, p. 213-221, 2002.
PARK, R.; KIM, M. S.; SO, H. S.; JUNG, B. H.; MOON, S. R.; CHUNG, S. Y.; KO, C. B.;
KIM, B. R.; CHUNG, H. T. Activation of c-Jun N-terminal kinase 1 (JNK1) in mistletoe
lectin II-Induced apoptosis of human myeloleukemic U937 cells. Biochemical
Pharmacology. v. 60, n. 11, p. 1685-1691, 2000.
PAWLIK, J. R.; MCFALL, G.; ZEA, S. Does the odor from sponges of the genus Ircinia
protect them from fish predators? Journal of Chemical Ecology. v. 28, n. 6, p. 1103-1115,
2002.
PETTIT, G. R.; SRIRANGAM, J. K.; BARKOCZY, J.; WILLIAMS, M. D.; DURKIN, K.
P. M.; BOYD, M. R.; BAI, R. L.; HAMEL, E.; SCHMIDT, J. M.; CHAPUIS, J. C.
Antineoplastic agents .337. Synthesis of dolastatin 10 structural modifications. Anti-
Cancer Drug Design. v. 10, n. 7, p. 529-544, 1995.
PEUMANS, W. J. & VANDAMME, E. J. M. Lectins as Plant Defense Proteins. Plant
Physiology. v. 109, n. 2, p. 347-352, 1995.
84
PLUSKAL, M. G.; PRZEKOP, M. B.; KAVONIAN, M. R.; VECOLI, C.; HICKS, D. A.
Immobilon Pvdf Transfer Membrane - a New Membrane Substrate for Western Blotting of
Proteins. Biotechniques. v. 4, n. 3, p. 272-283, 1986.
QUINTAS-CARDAMA, A. & CORTES, J. E. Chronic myeloid leukemia: Diagnosis and
treatment. Mayo Clinic Proceedings. v. 81, n. 7, p. 973-988, 2006.
RABINOVICH, G. A.; RUBINSTEIN, N.; TOSCANO, M. A. Role of galectins in
inflammatory and immunomodulatory processes. Biochimica Et Biophysica Acta-
General Subjects. v. 1572, n. 2-3, p. 274-284, 2002.
RAMPINO, N.; YAMAMOTO, H.; IONOV, Y.; LI, Y.; SAWAI, H.; REED, J. C.;
PERUCHO, M. Somatic frameshift mutations in the BAX gene in colon cancers of the
microsatellite mutator phenotype. Science. v. 275, n. 5302, p. 967-969, 1997.
RAO, P. V. L.; JAYARAJ, R.; BHASKAR, A. S. B.; KUMAR, O.; BHATTACHARYA,
R.; SAXENA, P.; DASH, P. K.; VIJAYARAGHAVAN, R. Mechanism of ricin-induced
apoptosis in human cervical cancer cells. Biochemical Pharmacology. v. 69, n. 5, p. 855-
865, 2005.
REN, R. Mechanisms of BCR-ABL in the pathogenesis of chronic myelogenous
leukaemia. Nature Reviews Cancer. v. 5, n. 3, p. 172-183, 2005.
RENWRANTZ, L. Involvement of Agglutinins (Lectins) in Invertebrate Defense Reactions
- the Immuno-Biological Importance of Carbohydrate-Specific Binding-Molecules.
Developmental and Comparative Immunology. v. 7, n. 4, p. 603-608, 1983.
RIES, L.; HARKINS, D.; KRAPCHO, M.; MARIOTTO, A.; MILLER, B. A.; FEUER, E.
J.; CLEGG, L.; EISNER, M. P.; HORNER, M. J.; HOWLADER, N.; HAYAT, M.;
HANKEY, B. F.; EDWARDS, B. K. SEER cancer statistics review 1975-2003. National
Cancer Institute, 2006. Disponível em: http://seer.cancer.gov/csr/1975_2003/ . Acesso em:
24 de outubro de 2007.
RIPOLL, C.; FAVERY, B.; LECOMTE, P.; VAN DAMME, E.; PEUMANS, W.; ABAD,
P.; JOUANIN, L. Evaluation of the ability of lectin from snowdrop (Galanthus nivalis) to
protect plants against root-knot nematodes. Plant Science. v. 164, n. 4, p. 517-523, 2003.
RITTIDACH, W.; PAIJIT, N.; UTARABHAND, P. Purification and characterization of a
lectin from the banana shrimp Fenneropenaeus merguiensis hemolymph. Biochimica Et
Biophysica Acta-General Subjects. v. 1770, n. 1, p. 106-114, 2007.
ROWLEY, J. D. Letter: A new consistent chromosomal abnormality in chronic
myelogenous leukaemia identified by quinacrine fluorescence and Giemsa staining.
Nature. v. 243, n. 5405, p. 290-293, 1973.
RUDIGER, H. Plant lectins - more than just tools for glycoscientists: occurrence, structure,
and possible functions of plant lectins. Acta Anat (Basel). v. 161, n. 1-4, p. 130-152, 1998.
85
SAFFER, L. D. & PETRI, W. A. Role of the Galactose Lectin of Entamoeba-Histolytica in
Adherence-Dependent Killing of Mammalian-Cells. Infection and Immunity. v. 59, n. 12,
p. 4681-4683, 1991.
SALES, M. P.; GERHARDT, I. R.; GROSSI-DE-SA, M. F.; XAVIER, J. Do legume
storage proteins play a role in defending seeds against bruchids? Plant Physiology. v. 124,
n. 2, p. 515-522, 2000.
SANCHEZ-GARCIA, I. & GRUTZ, G. Tumorigenic activity of the BCR-ABL oncogenes
is mediated by BCL2. Proc Natl Acad Sci U S A. v. 92, n. 12, p. 5287-5291, 1995.
SCHRODER, H. C.; USHIJIMA, H.; KRASKO, A.; GAMULIN, V.; THAKUR, N. L.;
DIEHL-SEIFERT, B.; MULLER, I. M.; MULLER, W. E. G. Emergence and disappearance
of an immune molecule, an antimicrobial lectin, in basal Metazoa - A tachylectin-related
protein in the sponge Suberites domuncula. Journal of Biological Chemistry. v. 278, n.
35, p. 32810-32817, 2003.
SHARON, N. & LIS, H. History of lectins: from hemagglutinins to biological recognition
molecules. Glycobiology. v. 14, n. 11, p. 53r-62r, 2004.
SKORSKI, T. BCR/ABL regulates response to DNA damage: the role in resistance to
genotoxic treatment and in genomic instability. Oncogene. v. 21, n. 56, p. 8591-8604,
2002.
STROHL, W. R. The role of natural products in a modern drug discovery program. Drug
Discovery Today. v. 5, n. 2, p. 39-41, 2000.
STROHL, W. R. Biochemical engineering of natural product biosynthesis pathways.
Metabolic Engineering. v. 3, n. 1, p. 4-14, 2001.
SUGAHARA, T.; OHAMA, Y.; FUKUDA, A.; HAYASHI, M.; KAWAKUBO, A.;
KATO, K. The cytotoxic effect of Eucheuma serra agglutinin (ESA) on cancer cells and its
application to molecular probe for drug delivery system using lipid vesicles.
Cytotechnology. v. 36, n. 1-3, p. 93-99, 2001.
SUMMER, J. B. & HOWELL, S. F. The identification of the hemagglutinin of the jack
bean with concanavalina A. Journal of Bacteriology. v. 32, n. 2, p. 227-237, 1936.
TATENO, H.; OGAWA, T.; MURAMOTO, K.; KAMIYA, H.; SANEYOSHI, M.
Rhamnose-binding lectins from steelhead trout (Oncorhynchus mykiss) eggs recognize
bacterial lipopolysaccharides and lipoteichoic acid. Biosci Biotechnol Biochem. v. 66, n. 3,
p. 604-612, 2002.
TURK, B. & STOKA, V. Protease signalling in cell death: caspases versus cysteine
cathepsins. Febs Letters. v. 581, n. 15, p. 2761-2767, 2007.
86
TURNER, M. W. The role of mannose-binding lectin in health and disease. Mol Immunol.
v. 40, n. 7, p. 423-429, 2003.
VAN DAMME, E. J. M.; PEUMANS, W. J.; BARRE, A.; ROUGE, P. Plant lectins: A
composite of several distinct families of structurally and evolutionary related proteins with
diverse biological roles. Critical Reviews in Plant Sciences. v. 17, n. 6, p. 575-692, 1998.
VANCOMPERNOLLE, K.; VAN HERREWEGHE, F.; PYNAERT, G.; VAN DE
CRAEN, M.; DE VOS, K.; TOTTY, N.; STERLING, A.; FIERS, W.; VANDENABEELE,
P.; GROOTEN, J. Atractyloside-induced release of cathepsin B, a protease with caspase-
processing activity. Febs Letters. v. 438, n. 3, p. 150-158, 1998.
VANDAMME, E. J. M.; BRIKE, F.; WINTER, H. C.; VANLEUVEN, F.; GOLDSTEIN, I.
J.; PEUMANS, W. J. Molecular cloning of two different mannose-binding lectins from
tulip bulbs. European Journal of Biochemistry. v. 236, n. 2, p. 419-427, 1996.
VIJAYAN, M. & CHANDRA, N. Lectins. Current Opinion in Structural Biology. v. 9,
n. 6, p. 707-714, 1999.
WANG, H. X.; NG, T. B.; OOI, V. E. C.; LIU, W. K. Effects of lectins with different
carbohydrate-binding specificities on hepatoma, choriocarcinoma, melanoma and
osteosarcoma cell lines. International Journal of Biochemistry & Cell Biology. v. 32, n.
3, p. 365-372, 2000.
WANG, J. H.; JING, K.; WEI, L.; MOLCHANOVA, V.; CHIKALOVETS, I.;
BELOGORTSEVA, N.; LUK'YANOV, P.; ZHENG, Y. T. A beta-galactose-specific lectin
isolated from the marine worm Chaetopterus variopedatus possesses anti-HIV-1 activity.
Comparative Biochemistry and Physiology C-Toxicology & Pharmacology. v. 142, n.
1-2, p. 111-117, 2006.
WERNEBURG, N. W.; GUICCIARDI, M. E.; BRONK, S. F.; GORES, G. J. Tumor
necrosis factor-alpha-associated lysosomal permeabilization is cathepsin B dependent.
American Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology. v. 283, n. 4, p.
G947-G956, 2002.
XIONG, C. N.; LI, W.; LIU, H.; ZHANG, W.; DOU, J. L.; BAI, X. F.; DU, Y. G.; MA, X.
J. A normal mucin-binding lectin from the sponge Craniella australiensis. Comparative
Biochemistry and Physiology C-Toxicology & Pharmacology. v. 143, n. 1, p. 9-16,
2006.
YANG, H. J.; LUO, T.; LI, F.; LI, S. J.; XU, X. Purification and characterisation of a
calcium-independent lectin (PjLec) from the haemolymph of the shrimp Penaeus japonicus.
Fish & Shellfish Immunology. v. 22, n. 1-2, p. 88-97, 2007.
87
YOON, T. J.; YOO, Y. C.; KANG, T. B.; SHIMAZAKI, K.; SONG, S. K.; LEE, K. H.;
KIM, S. H.; PARK, C. H.; AZUMA, I.; KIM, J. B. Lectins isolated from Korean mistletoe
(Viscum album coloratum) induce apoptosis in tumor cells. Cancer Letters. v. 136, n. 1, p.
33-40, 1999.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo