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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PESCA
AVALIAÇÃO SAZONAL DE CAROTENÓIDES PROVITAMINA A (α- E
β-CAROTENO) E VITAMINA E (α-TOCOFEROL) EM MACROALGAS
MARINHAS PERTENCENTES A FAMÍLIA CAULERPACEAE (DIVISÃO
CHLOROPHYTA)
KELMA MARIA DOS SANTOS PIRES
FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL
DEZEMBRO / 2007
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ii
AVALIAÇÃO SAZONAL DE CAROTENÓIDES PROVITAMINA A (α- E
β-CAROTENO) E VITAMINA E (α-TOCOFEROL) EM MACROALGAS
MARINHAS PERTENCENTES A FAMÍLIA CAULERPACEAE (DIVISÃO
CHLOROPHYTA)
KELMA MARIA DOS SANTOS PIRES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À COORDENAÇÃO
DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
PESCA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, COMO
REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM ENGENHARIA DE PESCA.
FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL
DEZEMBRO / 2007
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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ana Cristina Azevedo U. Melo CRB-3/572
P745a Pires, Kelma Maria dos Santos
Avaliação sazonal de carotenóides provitamina A (α– e β– caroteno) e
vitamina E (α–tocoferol) em macroalgas marinhas pertencentes a família
Caulerpacea (Divisão Chlorophyta) / Kelma Maria dos Santos Pires.
94f., il. color. enc.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
Área de Concentração : Recursos Pesqueiros
Orientadora: Profa. PhD Silvana Saker Sampaio
1.Nutrientes 2. Conteúdo mensal 3. CLAE I. Saker-Sampaio, Silvana
(orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Pós-Graduação em Engenharia
de Pesca III. Título
CDD 639.2
iv
Esta dissertação foi submetida à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Pesca como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Pesca, outorgado pela
Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados na
Biblioteca de Ciências e Tecnologia da referida Universidade.
A transcrição de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde
que seja feita de acordo com as normas da ética científica.
_____________________________
Kelma Maria dos Santos Pires
DISSERTAÇÃO APROVADA EM ____/____/____
______________________________________
Prof
a
Silvana Saker Sampaio, Ph.D.
Orientadora da Dissertação
Presidente
______________________________________
Prof. Alexandre Holanda Sampaio, Ph.D.
Conselheiro
______________________________________
Prof. Francisco Arnaldo Viana, D.Sc.
Conselheiro
v
Aos meus pais, Ocelo e Maria José,
por me amarem incondicionalmente
e pelo incentivo e apoio em todas as
etapas de minha vida.
Às minhas irmãs, Kelly e Kelry, e ao
meu noivo Cleber pela amizade,
apoio, motivação e cumplicidade.
Dedico este trabalho
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu o dom da vida, e pela sua presença constante em todos
os momentos de minha vida.
Aos meus pais, José Ocelo Pires e Maria José dos Santos Pires, as minhas
irmãs, Kelly e Kelry e ao meu cunhado Tiago de Sousa pelo incentivo,
motivação, compreensão e por estarem sempre presentes em minha vida.
Ao meu querido noivo, Cleber Pereira Cavalcante, pois sempre que eu quis
fraquejar me encorajou a continuar em frente, pelo amor e carinho
demonstrados nesses últimos anos e pelos domingos que abriu mão para me
ajudar em minhas pesquisas.
Ao meu avô Olívio Maximiano (in memoriam), aos meus tios Aderson
Maximiano e Agostinho Maximiano (in memoriam) pela ajuda e apoio aos meus
estudos.
Ao meu querido primo Paulo Sérgio Gadelha que sempre foi muito presente
nessa minha jornada.
A Prof
a
Dr
a
Silvana Saker Sampaio por ter acreditado em meu potencial, pela
valiosa orientação e conhecimentos passados durante execução deste trabalho
e pelo carinho e amizade.
Ao Prof
o
Dr
o
Alexandre Holanda Sampaio, pelo apoio durante a realização
deste experimento, sempre procurando proporcionar boas condições de
trabalho e pelas valiosas sugestões.
Ao Prof
o
Dr
o
Francisco Arnaldo Viana, por ter tão gentilmente aceito participar
da minha banca de dissertação e por suas valiosas sugestões.
Ao Prof
o
Dr
o
Wladimir Ronald Lobo Farias, por ter sido muito prestativo sempre
que o solicitei.
A Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa – FUNCAP, por ter me
concedido a bolsa durante todo o meu curso de mestrado.
Aos meus amigos, Rômulo Malta, Jonas Guarany e Filipe Nepomuceno pela
ajuda na execução dos trabalhos de laboratório.
Ao amigo Daniel Alencar (meu bebeim) pelo seu companheirismo e ajuda
incondicional e por muitas vezes ter renunciado suas horas de lazer para poder
me acompanhar na realização de meus experimentos.
A minha querida amiga Márcia Barbosa, por seu carinho e pelos seus valiosos
ensinamentos a mim passados desde a época da graduação.
vii
Aos meus amigos Eudismar Nunes, Durvânia Andrade, Olavo Mourão e Ivone
Coelho que sempre se preocuparam com meu bem estar.
Aos meus amigos do laboratório BIOMAR, Ariévilo, Paula, Valeska e José
Júnior pelos momentos de descontração.
A minha ex-professora e hoje amiga Alessandra Cristina da Silva pelas valiosas
sugestões na estatística do meu trabalho.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação que contribuíram para
a minha formação profissional, em especial, ao Prof
o
Dr
o
José Wilson Calíope
de Freitas, que foi tão compreensivo comigo durante suas disciplinas.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.
i
SUMÁRIO
Página
LISTA DE FIGURAS
ii
LISTA DE TABELAS
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
vii
1. INTRODUÇÃO
1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
2.1. Macroalgas marinhas 4
2.2. Carotenóides 10
2.2.1. Estrutura química dos carotenóides 13
2.2.2. Carotenóides provitamina A 16
2.2.3. Deficiência de vitamina A 18
2.2.4. Absorção e Transporte dos carotenóides pelo organismo 19
2.3. Vitamina E 21
2.3.1. Estrutura química da vitamina E 25
2.3.2. Atividade biológica da vitamina E 26
2.3.3. Deficiência de vitamina E 27
2.3.4. Absorção e Transporte dos tocoferóis pelo organismo 29
2.4. Cromatografia líquida de alta eficiência 31
3. MATERIAL E MÉTODOS
33
3.1. Coleta das algas e Preparação do material 33
3.2. Reagentes
34
3.3. Preparação dos extratos, Saponificação e Partição 34
3.4. Soluções-padrão de β-caroteno e de α-tocoferol
35
3.5. Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa 36
3.6. Cálculo dos teores de α- e β-caroteno e de α-tocoferol
36
3.7. Análises estatísticas 38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
39
4.1. Curvas padrão de β-caroteno e de α-tocoferol
40
4.2. Carotenóides provitamina A 41
4.3. Vitamina E (α-tocoferol)
65
5. CONCLUSÕES
82
6. REFERÊNCIAS
84
ii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Espécies de Caulerpa de ocorrência mais comum no litoral
do Ceará.
6
Figura 2. Estrutura e sistema de numeração dos carotenóides
(BRITTON, 1995).
15
Figura 3. Estruturas dos carotenóides de ocorrência mais comum na
natureza e quantitativamente importantes (ROWAN, 1989).
16
Figura 4.
Clivagem simétrica e assimétrica do β-caroteno para
produção de retinal, retinol e ácido retinóico (AMBRÓSIO et
al., 2006).
18
Figura 5. Biossíntese da vitamina E. O quadro azul destaca os quatro
tocoferóis naturais em plantas (HOFIUS; SONNEWALD,
2003).
23
Figura 6. Estruturas químicas do tocoferol e tocotrienol
(CERQUEIRA et al., 2007).
25
Figura 7.
Curva padrão do β-caroteno (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
40
Figura 8.
Curva padrão do α-tocoferol (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
41
Figura 9.
Cromatograma típico de β-caroteno (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
42
Figura 10.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
sertularioides “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de
janeiro a dezembro de 2006.
44
Figura 11.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
prolifera “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de
janeiro a dezembro de 2006.
45
Figura 12.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
cupressoides “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de
janeiro a dezembro de 2006.
46
iii
Figura 13.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
mexicana “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de
janeiro a dezembro de 2006.
47
Figura 14.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
racemosa “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de
janeiro a dezembro de 2006.
48
Figura 15.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
sertularioides coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15
horas.
55
Figura 16.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
prolifera coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15
horas.
56
Figura 17.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
cupressoides coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15
horas.
57
Figura 18.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
mexicana coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15
horas.
58
Figura 19.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
racemosa coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15
horas.
59
Figura 20.
Cromatograma típico de α-tocoferol (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
66
Figura 21.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa sertulariodes “in
natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006.
68
Figura 22.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa prolifera “in natura”,
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de
2006.
68
Figura 23.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa cupressoides “in
natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006.
69
iv
Figura 24.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa mexicana “in natura”,
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de
2006.
69
Figura 25.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa racemosa “in natura”,
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de
2006.
70
Figura 26.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa sertulariodes coletada
na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
75
Figura 27.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa prolifera coletada na
Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
75
Figura 28.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa cupressoides coletada
na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
76
Figura 29.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa mexicana coletada na
Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
76
Figura 30.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa racemosa coletada na
Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
77
v
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Distribuição dos carotenóides em algas marinhas
(LIAAEN-JENSEN, 1977; ROWAN, 1989).
12
Tabela 2. Teores de retinol equivalente e porções para que as
espécies de Caulerpa analisadas “in natura” sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina A.
53
Tabela 3. Teores de retinol equivalente e porções para que as
espécies de Caulerpa analisadas desidratadas sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina A.
61
Tabela 4.
Teores de α-tocoferol equivalente e porções para que as
espécies de Caulerpa analisadas “in natura” sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina E.
73
Tabela 5.
Teores de α-tocoferol equivalente e porções para que as
espécies de Caulerpa analisadas desidratadas sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina E.
81
vi
RESUMO
As algas marinhas são fontes de uma grande variedade de compostos
benéficos para o homem, dentre os quais se destacam os minerais, as fibras
dietárias e as vitaminas (A, B, C e E). O objetivo deste trabalho foi verificar a
existência de variação sazonal nos teores de α- e β-caroteno (carotenóides
provitamina A) e de α-tocoferol (vitamina E), em cinco espécies de macroalgas
marinhas pertencentes ao gênero Caulerpa (Família Caulerpaceae, Divisão
Chlorophyta), “in natura” e desidratada. Os conteúdos desses nutrientes nas
algas desidratadas foram comparados com aqueles nas algas “in natura”, com
o objetivo de verificar se houve alteração pelo processo de desidratação. As
espécies de macroalgas marinhas foram coletadas mensalmente, de janeiro a
dezembro de 2006, durante as marés baixas na Praia do Pacheco, Caucaia-
CE. As análises de α- e β-caroteno e α-tocoferol foram realizadas a partir da
extração da alga em metanol-água (90:10) nas proporções 1:10 (p/v), nas
amostras “in natura”, e 1:20 (p/v), nas desidratadas, saponificação com
hidróxido de potássio 5% por 30 min a 70°C e partição em n-hexano que foi
evaporado sob corrente de ar. O resíduo foi suspenso em 1 mL de metanol no
momento da análise cromatográfica e 100 μL foram injetados manualmente. O
sistema cromatográfico consistiu em uma coluna Waters Spherisorb-Hichrom
S5ODS-2 (4,6 x 250 mm) e uma fase móvel constituída de
metanol:tetrahidrofurano (90:10, v/v), com fluxo de 1,5 mL min
-1
. O detector foi
ajustado em 450 nm e 292 nm e os cromatogramas registrados através do
sistema Unicorn
TM
versão 5.0. Todas as espécies de Caulerpa “in natura” e
desidratadas analisadas no presente trabalho apresentaram tanto α-caroteno
quanto β-caroteno e as suas distribuições mostraram diferenças ao longo dos
doze meses de coleta. De um modo geral, os teores de α-caroteno foram
superiores aos de β-caroteno. As perdas nos conteúdos de carotenóides
provitamina oscilaram entre 10% e 94%. Para que as algas analisadas neste
trabalho fossem consideradas fontes excelentes de vitamina A seria necessário
que as porções consumidas diariamente variassem de 52 g a 689 g, quando
consumidas “in natura” ou de 42 g a 469 g, quando desidratadas. As cinco
espécies analisadas neste trabalho apresentaram α-tocoferol, tanto nas
amostras “in natura” quanto nas desidratadas, com exceção de C. racemosa
coletada em março que após ser submetida a secagem não foi detectado α-
tocoferol, e sua distribuição foi variável ao longo do ano. Nos teores de α-
tocoferol foi observado perdas que variaram de 22 a 91%. As porções que
deveriam ser consumidas diariamente para que as espécies de Caulerpa
estudadas fossem capazes de fornecer
1
/
2
da IDR são relativamente pequenas,
devendo oscilar entre 11 g e 168 g, quando “in natura”, ou entre 13 g e 70 g,
quando desidratadas. As quantidades de retinol equivalente e α-tocoferol
equivalente nas algas analisadas no presente trabalho não diferiram muito
daquelas encontradas nos vegetais normalmente consumidos.
vii
ABSTRACT
Marine macroalgae are sources of a great variety of beneficial
compounds such as minerals, dietary fibers and vitamins. The aim of this work
was to verify seasonal variation upon both provitamin A carotenoids (α- and
β-carotene) and vitamin E (α-tocopherol) contents in five species of the marine
green macroalga Caulerpa both fresh and oven-dried at 40°C for 15 h. The
contents in dried algae were compared to those in fresh algae to evaluate the
losses after drying. Algal material was collected monthly from January to
December 2006, in Pacheco Beach, Caucaia, Ceará. Analyses of α- and
β-carotene and α-tocopherol were carried out in extracts 1:10 (p/v) for fresh
alga and 1:20 (p/v) for dried alga using aqueous methanol (90:10, v/v). They
were saponified with 5% KOH and partitioned into n-hexane, which was then
evaporated. The residues were suspended in 1 mL methanol prior to HPLC
analyses. Aliquots of 100 μL were injected in a HPLC system consisting of a
Waters Spherisorb-Hichrom S5 ODS-2 column (4.6 x 250 mm) and a mobile
phase of methanol:tetrahydrofurane (90:10, v/v), delivered at 1.5 mL min
-1
. The
detector was set at 450 nm for α- and β-carotene and 290 nm for α-tocopherol.
Chromatograms were registered at Unicorn
TM
version 5.0. All samples showed
α- and β-carotene and α-tocopherol, but their distribution along the year was
variable. In general, the contents of α-carotene were greater than those of
β-carotene. The losses of α- and β-carotene varied between 10% and 94%. In
order to be considered an excellent source of vitamin A, the daily consumption
would be 52 g to 689 g of fresh alga or 42 g to 469 g of dried alga.
α-Tocopherol was detected in all samples except in dried C. racemosa collected
in March. Similar to the distribution of α- and β-carotene along the year,
α-tocopherol contents varied too. Losses varied from 22% to 91%. Daily
portions to supply 50% of the Recommended Daily Allowance (RDA) would be
11 g to 168 g of fresh alga or 13 g to 70 g of dried alga. Amounts of vitamin A
(retinol equivalents) and vitamin E (tocopherol equivalents) in all algae analyzed
were not very different from most vegetables normally consumed.
1
1. INTRODUÇÃO
As algas marinhas são fontes de uma grande variedade de compostos
benéficos para o homem, apresentando diversas aplicações em nutrição,
fertilização do solo, indústria de alimentos e outras áreas biotecnológicas
(OLIVEIRA, 1997; MCHUGH, 2003). Elas têm sido usadas na alimentação
humana, por vários séculos, principalmente nos países da Ásia como China,
Japão, Coréia e Filipinas, onde as espécies mais consumidas são Laminaria
japonica, Undaria pinnatifida e Porphyra spp (LIPKIN, 1985; XIA; ABBOTT,
1987; LUNING; PANG, 2003). Na Europa, predomina o consumo de Palmaria
palmata, Porphyra spp, Chondrus crispus e Mastocarpus stellatus
(INDERGAARD; MINSAAS, 1991; BURTIN, 2003). Estas espécies apresentam
características que promovem seu uso como alimento humano e seu consumo
é limitado apenas pela aceitabilidade do consumidor.
Nas últimas décadas, a comunidade científica tem demonstrado
interesse crescente pelo estudo dos carotenóides e das vitaminas
lipossolúveis, que podem estar associados à prevenção e/ou redução de
doenças cardiovasculares e outras doenças degenerativas (JIMENEZ-ESCRIG
et al., 2001; GRASSMANN et al., 2002; DRISKO et al., 2003; STAHL, SIES,
2003; WILLIS; WIANS JR, 2003; JOHNSON, 2004).
Os carotenóides, divididos em duas classes: carotenos (formados
apenas de carbono e hidrogênio) e xantofilas (que possuem pelo menos um
átomo de oxigênio na molécula), consistem em um grupo de pigmentos
naturais, amplamente distribuídos na natureza, onde desempenham várias
funções biológicas (HORNERO-MÉNDEZ; BRITTON, 2002; BAKER;
2
GÜNTHER, 2004; TAPIERO et al., 2004; LIN; CHEN, 2005). Alguns
carotenóides, especialmente o β-caroteno, são importantes na nutrição humana
como fonte de vitamina A (BRITTON et al., 1995), a qual desempenha
importante papel em vários processos metabólicos destacando-se o processo
visual (OLSON, 1993; RONCADA, 2000; NELSON; COX, 2006). Além de
alguns carotenóides serem precursores de vitamina A, esses pigmentos são
conhecidos por seu potencial antioxidante, prevenindo assim muitas patologias
humanas (AMBRÓSIO et al., 2006; CARDOZO et al., 2007; GAMA; SYLOS,
2007; RAO; RAO, 2007; SEMBA et al., 2007).
Da mesma forma, a vitamina E é considerada um micronutriente
essencial à nutrição humana e o mais efetivo antioxidante lipossolúvel
encontrado na natureza (MACHLIN, 1991; SEN et al., 2007), estando também
relacionada com a prevenção e/ou redução de inúmeras doenças (BRIGELIUS-
FLOHÉ et al., 2002; SEN et al., 2007; TRABER; ATKINSON, 2007).
De acordo com Burtin (2003), as algas pardas são particularmente ricas
em carotenóides especialmente fucoxantina, β-caroteno e violaxantina. Os
principais carotenóides das algas verdes e vermelhas são β-caroteno,
α-caroteno e seus derivados hidroxilados, zeaxantina e luteína,
respectivamente. Quanto ao conteúdo de vitamina E, as algas pardas são
melhores fontes desse micronutriente, apresentando α-, β- e γ-tocoferol, do que
as algas verdes e vermelhas, que possuem apenas α-tocoferol.
Apesar do potencial nutricional das macroalgas marinhas, fatores como
sazonalidade, condições ambientais de temperatura, salinidade e
luminosidade, frescor, método de conservação e processamento (industrial ou
doméstico), podem alterar a qualidade nutricional por afetar o conteúdo
3
vitamínico desses vegetais (MABEAU; FLEURENCE, 1993; GALLAND-
IRMOULI et al., 1999; BERNHARDT; SCHLICH, 2006; MARINHO-SORIANO et
al., 2006), porém, pesquisas que abordam o efeito do calor sobre esses
compostos são bastante escassas (SAKER-SAMPAIO, 1997).
O número de trabalhos abordando a composição e/ou a distribuição e a
variação sazonal de carotenóides e vitamina E em algas marinhas é
relativamente pequeno, quando comparado às informações disponíveis sobre
os vegetais normalmente consumidos como alimentos. Entretanto, o
Laboratório de Bioquímica Marinha – BIOMAR, da Universidade Federal do
Ceará, desde 2003 vem estudando a ocorrência e distribuição de tais
compostos presentes nas espécies de macroalgas marinhas do litoral do Ceará
(MACIEL DA SILVA, 2003; SOUSA, 2005; PIRES 2006).
Diante do importante papel que as algas vêm desempenhando na
indústria e na nutrição animal e humana, muitas pesquisas ainda são
necessárias para elucidar o verdadeiro valor nutricional das macroalgas
marinhas, para que elas possam ser aproveitadas da melhor maneira.
Os teores de α- e β-caroteno nas algas do gênero Caulerpa analisadas
por Pires (2006) e a abundância dessas espécies no litoral cearense
impulsionaram a escolha desse gênero para ser objeto de estudo no presente
trabalho, verificando a existência de variação sazonal nos teores de α- e
β-caroteno e de α-tocoferol, em cinco espécies do gênero Caulerpa “in natura”
e desidratada. Os conteúdos desses nutrientes nas algas desidratadas foram
comparados com aqueles nas algas “in natura”, para verificar se houve
alteração pelo processo de desidratação.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Macroalgas marinhas
As algas pertencem a um diversificado grupo de organismos
fotossintéticos abrangendo desde células únicas e microscópicas a estruturas
complexas, como as macroalgas marinhas que podem atingir muitos metros de
comprimento. Podem ser classificadas como organismos eucariontes ou
procariontes; as eucariontes pertencem ao Reino Protista juntamente com
fungos e protozoários, e as procariontes estão incluídas no Reino Monera junto
com as eubactérias. Crescem tanto em água doce como em ambiente marinho,
sendo encontradas também em ambientes terrestres úmidos. Nos locais onde
crescem, as algas desenvolvem papel ecológico comparável àquele das
plantas terrestres. Como organismos fotossintéticos, são os maiores produtores
de oxigênio e matéria orgânica nos ambientes aquáticos, sendo responsáveis
por 30 a 50% da fotossíntese da Terra. Por converterem matéria inorgânica em
compostos orgânicos que podem ser utilizados por organismos heterotróficos,
as algas ocupam o primeiro nível em muitas cadeias alimentares (SZE, 1997;
RAVEN et al., 2001; VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004).
As macroalgas marinhas bentônicas são encontradas ao longo dos
costões rochosos e dos recifes de maré, onde estão distribuídas em faixas bem
definidas, visíveis em relação aos níveis de marés. A complexidade estrutural
das macroalgas reflete sua capacidade de sobrevivência na zona de marés,
5
onde duas vezes por dia estão sujeitas a amplas flutuações de umidade,
temperatura, salinidade e luz.
As macroalgas são classificadas em três divisões: Chlorophyta (algas
verdes), que podem ser encontradas em ambientes marinhos, continentais ou
mesmo terrestres; Rhodophyta (algas vermelhas) e Phaeophyta (algas pardas)
que são primariamente marinhas existindo poucos gêneros de água doce. Essa
classificação tem como base a grande variação de suas características tais
como: captação de luz para a fotossíntese, polissacarídeos de reserva,
organização celular, filogenia molecular, ciclo de vida, morfologia e ecologia
(SZE, 1997; RAVEN et al., 2001; VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004).
A divisão Chlorophyta constitui o grupo mais diversificado de todas as
algas, tanto na morfologia quanto no histórico de vida, compreendendo 17.000
espécies. Apesar da maioria ser aquática, elas também são encontradas em
uma ampla variedade de ambientes (neve, tronco de árvores, solos) (RAVEN et
al., 2001). Dentro dessa divisão, pode-se destacar o gênero Caulerpa (Família
Caulerpaceae), que é constituído por algas marinhas bentônicas dotadas de
um talo rastejante formado por uma porção rizomatosa que se espalha ao
longo da superfície do substrato, fixando-se através de tufos de rizóides. Ao
longo da porção rizomatosa são encontrados ramos eretos, também chamados
de assimiladores, por sua vez ramificados, com uma morfologia característica
para cada diferente espécie, cenocíticos em todas as porções (JOLY, 1965;
SZE, 1997). Nesse gênero, as espécies Caulerpa cupressoides, C. mexicana,
C. prolifera, C. racemosa e C. sertularioides podem ser ressaltadas como as de
ocorrência mais comum no litoral cearense (Figura 1).
6
Figura 1. Espécies de Caulerpa de ocorrência mais comum no litoral do
Ceará.
(A) C. cupressoides; (B) C. mexicana; (C) C. prolifera; (D) C. racemosa e
(E) C. sertularioides.
(A) (B)
(C) (D)
(E)
7
A produção mundial de plantas aquáticas provenientes da aqüicultura foi
de 13.930.570 toneladas em 2004, gerando US$ 6.809.424. Dessa produção,
as algas pardas contribuíram com 51,64% (7.194.316 toneladas), as vermelhas
com 29,20% (4.067.028 toneladas) e as verdes com 0,14% (19.046 toneladas)
(FAO, 2004).
O consumo de macroalgas marinhas na alimentação humana é uma
tradição bastante antiga no Oriente, datando dos séculos 4
o
no Japão e 6
o
na
China. Hoje, Japão, China e República da Coréia são os maiores consumidores
de algas como alimento (OLIVEIRA, 1997; McHUGH, 2003).
Nos países ocidentais, a utilização de algas marinhas ocorre
predominantemente como fonte de ficocolóides, como alginatos, carragenanas
e ágar, e como agentes espessantes e gelificantes utilizados em várias
indústrias, incluindo a de alimentos. Entretanto, em 1990 a França
regulamentou o uso de onze macroalgas (Chlorophyta: Ulva spp e
Enteromorpha spp; Rhodophyta: Porphyra umbilicalis, Palmaria palmata,
Gracilaria verrucosa e Chondrus crispus e Phaeophyta: Ascophyllum nodosum,
Fucus vesiculosus, F. serratus, Himanthalia elongata e Undaria pinnatifida) e
uma microalga (Cyanophyta: Spirulina sp) para consumo humano (MABEAU;
FLEURENCE, 1993).
No Brasil, a região costeira compreendida entre o Estado do Ceará e o
Norte do Rio de Janeiro abriga a flora algal mais diversificada do país. No
tocante à exploração das espécies para fins comerciais, a atividade de maior
porte corresponde à coleta de algas vermelhas (Gracilaria e Hypnea) no litoral
do Nordeste, principalmente entre os estados do Ceará e da Paraíba. O
registro de coleta da Gracilaria data da década de 60. A biomassa coletada é
8
destinada à exportação ou à produção de ágar no próprio país. Da mesma
forma, a Hypnea ou é exportada como matéria-prima ou recebe um
processamento prévio para ser utilizada na indústria de carragenana; nesse
caso particular, a biomassa consiste em algas arribadas nas praias (VEDOTTI;
ROLLEMBERG, 2004).
As algas são de interesse nutricional, pois apresentam características
importantes como baixo valor calórico, sendo ricas em vitaminas (A, B, C e E),
minerais (cálcio, magnésio, fósforo, potássio, sódio, ferro e iodo) e fibras
dietárias (ITO; HORI, 1989). Geralmente o conteúdo de lipídio é baixo
contribuindo com 1 a 5% do peso seco, além de apresentar ácidos graxos
poliinsaturados, principalmente das séries ω-3 e ω-6, os quais desempenham
importante papel na prevenção de doenças cardiovasculares, osteoartrites e
diabetes (BURTIN, 2003). Na alga vermelha Gracilaria changgi, o teor de
lipídios é superior àqueles em alguns vegetais normalmente consumidos pelo
homem, com exceção da soja, e 74% dos ácidos graxos presentes são
insaturados com predominância da série ômega (NORZIAH; CHIANG, 2000).
Ao lado dos ácidos graxos, na fração não saponificável, encontram-se os
carotenóides como β-caroteno, luteína, violaxantina, dentre outros, os
tocoferóis, os esteróis e os terpenóides (MABEAU; FLEURENCE, 1993).
Nas algas verdes e pardas, os níveis de vitamina C variam de 500 a
3.000 mg kg
-1
peso seco, ao passo que nas vermelhas a variação é de 100 a
800 mg kg
-1
peso seco (BURTIN, 2003). Na alga verde Monostroma undulatum,
esse teor variou de 159 a 455 g 100 g
-1
(RISSO et al., 2003), e em G. changgi,
o conteúdo foi igual a 285 mg kg
-1
, comparável àqueles encontrados em alface
e tomate (NORZIAH; CHIANG, 2000). Com relação à quantidade de tocoferóis,
9
as algas pardas são as melhores fontes; por exemplo, Ascophyllum sp e Fucus
sp apresentam teores entre 200 e 600 mg kg
-1
peso seco (BURTIN, 2003).
Minerais tais como cálcio, ferro, zinco, cobre e cádmio foram detectados
em G. changgi, sendo considerada uma rica fonte dos dois primeiros, com teor
de cinza, em base úmida, de 22,7 ± 0,6% (NORZIAH; CHIANG, 2000).
Entretanto, a fração mineral pode responder por até 36% da matéria seca
(BURTIN, 2003).
As fibras dietárias das algas diferem daquelas encontradas nas plantas
terrestres em relação a sua composição, estrutura química, propriedades físico-
químicas e efeitos biológicos. Essas fibras são freqüentemente incluídas em
dietas, exibindo elevado potencial na prevenção de doenças (URBANO; GOÑI,
2002). O conteúdo total de fibras dietárias em Fucus vesiculosus, Laminaria
digitata, Undaria pinnatifida, Chondrus crispus e Porphyra tenera varia de
33,6% a 50%, dos quais 19,6% a 64,9% pertencem à fração solúvel (MABEAU;
FLEURENCE, 1993; RUPÉREZ; SARA-CALIXTO, 2001; BURTIN, 2003). O
teor de fibras solúveis na alga marinha verde Ulva fasciata foi igual a 34,5% do
peso seco (SOUSA, 2000) e na alga G. changgi, 24,7 ± 0,7% em base úmida
(NORZIAH; CHIANG, 2000).
O teor de proteínas nas algas pardas varia de 5% a 15% peso seco,
enquanto que nas verdes e vermelhas, os conteúdos estão entre 10% e 30%
do peso seco (MABEAU; FLEURENCE, 1993; WONG; CHEUNG, 2001;
BURTIN, 2003; MCDERMID; STUERCKE, 2003). Entretanto, duas espécies de
algas vermelhas, Porphyra tenera e Palmaria palmata, apresentam conteúdos
de proteína superiores e iguais a 47% e 35%, respectivamente (FLEURENCE,
1999). Norziah; Chiang (2000) encontraram 6,9% de proteína, em base úmida,
10
em G. changii. Esse teor foi inferior ao da soja, porém sempre maior do que os
outros vegetais estudados. Além disso, todos os aminoácidos essenciais e seis
não essenciais foram encontrados. O teor de proteína em Palmaria palmata foi
avaliado mensalmente, tendo variado de 9,7% a 25,5% do peso seco. Houve
uma clara variação sazonal no perfil protéico, com valores máximos ocorrendo
no período inverno-primavera e mínimos, no verão-outono (GALLAND-
IRMOULI et al., 1999). Marinho-Soriano et al. (2006) estudaram a variação
sazonal na composição química da rodofícea Gracilaria cervicornis e da
feofícea Sargassum vulgare e concluíram que os conteúdos de proteínas,
carboidratos, lipídios e fibras são influenciados pelos parâmetros ambientais.
A composição química da alga marinha verde Monostroma undulatum foi
analisada por Risso et al. (2003), que observaram uma importante flutuação
nos conteúdos dos nutrientes e sugerem que essa variação seja observada
quando a alga for utilizada para consumo humano.
Apesar das algas serem consideradas boas fontes de vitaminas, sais
minerais, fibras, lipídios e proteínas, esses conteúdos variam de acordo com a
espécie, estação do ano, condições ambientais, frescor e métodos de
conservação (GUNSTHEIMER; JAHREIS, 1998; MABEAU; FLEURENCE,
1993; GALLAND-IRMOULI et al., 1999; MARINHO-SORIANO et al., 2006).
2.2. Carotenóides
Os carotenóides consistem em um grupo de pigmentos naturais
com mais de setecentos diferentes compostos já caracterizados (HORNERO-
MÉNDEZ; BRITTON, 2002), dos quais entre cinqüenta e sessenta têm
11
atividade de vitamina A, sendo o β-caroteno, o de maior destaque (OLSON,
1993; OLSON; KRINSKY, 1995; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004). São
responsáveis pela coloração vermelha, laranja e amarela das folhas, frutas e
flores das plantas, de alguns pássaros, insetos, peixes e crustáceos, que os
incorporam através de suas dietas, tendo em vista que somente as plantas
superiores, bactérias, fungos e algas são capazes de sintetizar os pigmentos
carotenóides (MAYNE, 1996; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004; TAPIERO et
al., 2004, BHOSALE; BERNSTEIN, 2007; RAO; RAO, 2007). Esses compostos
são produzidos predominantemente nos tecidos fotossintéticos de plantas e
algas (BRITTON et al., 1995), tendo as hortaliças e as frutas como as principais
fontes alimentares desses compostos (RONCADA, 2000). Estima-se que a
produção de carotenóides na natureza seja superior a 100 milhões de
toneladas, com a maior parte dessa produção sendo representada pela
fucoxantina das algas pardas (MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004).
Nos vegetais, os carotenóides são encontrados nos plastídios formando
um complexo pigmento-proteína e atuam como pigmentos acessórios da
fotossíntese e na proteção contra a fotoxidação (BARTLEY; SCOLNIK, 1995).
Nos animais, entretanto, eles são encontrados em quase todos os tecidos,
principalmente no fígado e no tecido adiposo (OLSON, 1994).
A distribuição dos carotenóides entre os diferentes grupos de plantas
não segue um padrão único (MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004) e sua
composição é afetada por fatores como variedade, grau de maturação, clima,
tipo de solo, condições de cultivo e área geográfica de produção, condições de
colheita, processamento e armazenamento (CAMPOS; ROSADO, 2005).
12
Os carotenóides encontrados em algas marinhas apresentam
distribuição diferenciada. As clorófitas normalmente contêm α-caroteno,
β-caroteno e comumente luteína, zeaxantina, anteraxantina, violaxantina e
neoxantina derivados do β-caroteno. As rodófitas normalmente contêm
α-caroteno e β-caroteno, assim como seus derivados hidroxilados, luteína e
zeaxantina, respectivamente. As feófitas apresentam fucoxantina como
principal pigmento, mas também β-caroteno e violaxantina (LIAAEN-JENSEN,
1977; ROWAN, 1989; HAUGAN; LIAAEN-JENSEN, 1994). Outros carotenóides
de ocorrência menos freqüentes também estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 Distribuição dos carotenóides em algas marinhas (LIAAEN-
JENSEN, 1977; ROWAN, 1989).
Carotenóides
Divisão
Comuns Ocasionais Outros
β-Caroteno γ-Caroteno
Equinenona
α-Caroteno
Luteína
ε-Caroteno
β-Criptoxantina
4’-Hidroxi-equinenona
Cantaxantina
Zeaxantina
Anteraxantina
α-Criptoxantina 5’,6’ epóxido
Luteína epóxido
3-Hidroxi- cantaxantina
Astaxantina
Violaxantina
Neoxantina
Loroxantina
β,β-Caroteno-2-ol
β,β-Caroteno-2,2’-diol
β,ε-Caroteno-2-ol
Sifonaxantina
Chlorophyta
Sifoneína
β-Caroteno β-Criptoxantina
α-Caroteno α-Criptoxantina
Luteína Anteraxantina
Zeaxantina Violaxantina
Auroxantina
Aurocromo
Neoxantina
Fucoxantina
Rhodophyta
Taraxantina
β-Caroteno
ε-Caroteno
Violaxantina Zeaxantina
Fucoxantina Anteraxantina
Phaeophyta
Diatoxantina
13
Nas algas, a principal função dos carotenóides é absorver luz e transferir
essa energia luminosa para a clorofila a. Entretanto, quando as algas são
expostas a elevadas quantidades de luz, os carotenóides atuam na
fotoproteção dos cloroplastos, na extinção de espécies de oxigênio reativo e na
absorção e dispersão do excesso de energia (SZE, 1997).
2.2.1. Estrutura química dos carotenóides
A estrutura única dos carotenóides propicia um notável potencial
biológico na proteção dos tecidos contra os danos oxidativos e fotoxidativos
através da extinção de radicais livres e espécies de oxigênio reativo, que são
produzidos como resultado de processos metabólicos e patológicos (BRITTON,
1995; DEMBINSKA-KIEC, 2005). São benéficos à saúde humana,
particularmente contra os males relacionados ao envelhecimento, algumas
doenças degenerativas, certos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e
catarata (OLSON; KRINSKY, 1995; MAYNE, 1996; RONCADA, 2000;
MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004). A diversidade biológica, a função e a
ação dos carotenóides são determinadas por suas propriedades físicas e
químicas (KRINSKY, 1994; BRITTON, 1995).
Os carotenóides são compostos terpenóides formados pela
condensação de oito unidades de isopreno (BARTLEY; SCOLNIK, 1995),
originando um esqueleto de quarenta átomos de carbono sintetizado pela
ligação cauda-a-cauda de duas moléculas de geranil que possuem vinte
átomos de carbono cada. As extremidades das moléculas dos carotenóides
podem ser lineares ou apresentar grupamentos cíclicos, como ciclohexanos ou
ciclopentanos (OLIVER; PALOU, 2000). Quando a cadeia central apresenta um
14
grupamento final cíclico, este pode ser substituído por grupos funcionais
contendo oxigênio (ROJAS-HIDALGO; OLMEDILLA, 1993; TAPIERO et al.,
2004; STAHL; SIES, 2005; BHOSALE; BERNSTEIN, 2007). α-Caroteno,
β-caroteno e licopeno são os principais constituintes do grupo dos carotenos.
Zeaxantina, luteína, α-criptoxantina, β-criptoxantina e cantaxantina são as
xantofilas mais importantes (STAHL; SIES, 2005).
A estrutura básica da molécula dos carotenóides inclui um sistema de
duplas ligações conjugadas, que lhes confere capacidade de absorver luz no
espectro visível (400 a 700 nm), grande susceptibilidade à degradação
oxidativa e isomerização geométrica ocasionada pela luz, calor e ácidos
(BRITTON et al., 1995; STAHL; SIES, 2003, AMBRÓSIO et al., 2006).
O número de duplas ligações (sete ou mais) confere à molécula dos
carotenóides várias configurações cis e trans, mas a forma all-trans predomina
na natureza (STAHL; SIES, 2003; RAO; RAO, 2007). O β-caroteno, por
exemplo, com nove duplas ligações conjugadas em sua cadeia poliênica pode,
teoricamente, formar 272 estereoisômeros, enquanto seu isômero assimétrico,
α-caroteno pode formar 512 (OLSON; KRINSKY, 1995). A estrutura básica e o
esquema de numeração normalmente utilizado para carotenóides estão
ilustrados na Figura 2A. A ciclização de uma ou ambas as extremidades da
molécula, a combinação dos grupos funcionais finais, a adição de grupos
funcionais contendo oxigênio e a mudança no nível de hidrogenação modificam
o esqueleto carbônico dando origem a sete grupos terminais diferentes (Figura
2B), possibilitando uma ampla diversidade estrutural dos carotenóides
(BRITTON, 1995; OLIVER; PALOU, 2000, RAO; RAO, 2007).
15
Figura 2. Estrutura e sistema de numeração dos carotenóides (BRITTON,
1995).
(A) Carotenóide acíclico (licopeno) e carotenóide dicíclico (β-caroteno); e
(B) Sete grupos terminais de diferentes carotenóides naturais.
As estruturas dos carotenóides de ocorrência mais comum nas algas e
quantitativamente importantes estão apresentadas na Figura 3 (ROWAN,
1989).
16
Figura 3. Estruturas dos carotenóides de ocorrência mais comum nas algas
e quantitativamente importantes (ROWAN, 1989).
2.2.2. Carotenóides provitamina A
Os carotenóides também podem ser divididos em compostos com
atividade de vitamina (provitamina A) e sem atividade de vitamina A (OLSON;
KRINSKY, 1995).
A capacidade dos carotenóides para atuarem como vitamina A depende
de sua conversão em retinol, assim como da presença do anel β-ionona
insubstituível (RONCADA, 2000; MELÉNDEZ-MARTÍNEZ et al., 2004;
AMBRÓSIO et al., 2006). Por isso menos de 10% dos carotenóides
encontrados na natureza são precursores de vitamina A. β-Caroteno,
α-caroteno, γ-caroteno e β-criptoxantina possuem atividade de vitamina A,
porém o β-caroteno é o que apresenta maior atividade biológica (RONCADA,
2000, AMBRÓSIO et al., 2006), sendo a principal fonte de vitamina A para
muitos animais e humanos (BRITTON et al., 1995).
O termo vitamina A é genérico e se refere a todos os retinóides com
atividade biológica de vitamina A, que têm importante participação no processo
17
visual, no crescimento e na reprodução (OLSON, 1993; RONCADA, 2000;
CAMPOS; ROSADO, 2005). Em suas várias formas, funciona como hormônio e
como pigmento visual do olho dos vertebrados (NELSON; COX, 2006).
Quimicamente, os retinóides são compostos por três domínios
estruturais distintos: um anel β-ionona, uma cauda isoprenóide e um grupo
terminal polar com estado de oxidação variável: hidroxila nos retinóis, aldeído
nos retinais e carboxila nos ácidos retinóicos, todos ativos no organismo. O
retinol é um álcool cíclico insaturado, formado por vinte átomos de carbono
unidos por cinco ligações duplas conjugadas, que é responsável pelo
transporte e armazenamento da vitamina. O retinaldeído está relacionado no
ciclo visual, sendo o pigmento dos cones e bastonetes presentes nas células
da retina que iniciam o processo visual de resposta à luz pela produção de um
sinal neuronial enviado pelo cérebro. O retinol e o retinaldeído estão envolvidos
na reprodução, enquanto o ácido retinóico possui atividade parcial de vitamina
A, sendo a forma ativa na diferenciação celular. Ele atua por meio de proteínas
receptoras presentes no núcleo celular e regula a expressão gênica para o
desenvolvimento de tecidos epiteliais, incluindo a pele, não participando da
visão ou da reprodução (NOY, 2000; RONCADA, 2000; MELÉNDEZ-
MARTÍNEZ et al., 2004; NELSON; COX, 2006).
O β-caroteno é convertido a retinal através da ação da enzima 15-15’
β-caroteno dioxidase, a qual requer um detergente, oxigênio molecular e
grupos sulfidrilas livres. A clivagem enzimática dos carotenóides ocorre
principalmente na mucosa intestinal, embora a enzima possa atuar em outros
tecidos, como o fígado. A clivagem central divide o β-caroteno na dupla ligação
central (15-15’) e o produto resultante é o retinal, que pode ser convertido
18
reversivelmente a retinol e irreversivelmente a ácido retinóico. Na clivagem
assimétrica são formados β-apocarotenóides, que podem ser convertidos a
retinal, como demonstrado na Figura 4 (AMBRÓSIO et al., 2006).
Figura 4.
Clivagem simétrica e assimétrica do β-caroteno para produção de
retinal, retinol e ácido retinóico (AMBRÓSIO et al., 2006).
2.2.3. Deficiência de vitamina A
A deficiência de vitamina A provoca vários sintomas no homem,
incluindo desidratação da pele, olhos e mucosas, atraso no desenvolvimento e
crescimento e cegueira noturna, considerada um sintoma precoce da carência
dessa vitamina (NELSON; COX, 2006).
Essa deficiência é considerada um problema de saúde pública em mais
da metade dos países, especialmente os pobres situados na África e Sudeste
da Ásia, afetando severamente crianças e mulheres gestantes. Segundo a
Organização Mundial de Saúde, estima-se que entre 140 e 250 milhões de
crianças menores de cinco anos de idade são afetadas pela deficiência de
vitamina A e estão sujeitas a um grande risco de ficarem cegas, contraírem
19
várias infecções, especialmente sarampo e diarréia, e até mesmo morrerem
(WHO, 2000).
Apesar de alguns carotenóides serem precursores da vitamina A, eles
não são considerados micronutrientes essenciais e não existe uma ingestão
diária recomendada (IDR) específica para eles. Contudo, no cômputo geral da
atividade de vitamina A dos alimentos, expressa em retinol equivalente (RE),
eles são levados em consideração (ROJAS-HIDALGO; OLMEDILLA, 1993;
BRITTON, 1995; RONCADA, 2000).
Segundo a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) N
o
269, de 22 de
setembro de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério
da Saúde (BRASIL, 2005), que trata da IDR de vitaminas, minerais e proteínas
para indivíduos e diferentes grupos populacionais, a IDR de vitamina A consiste
em 600 μg de RE para adultos. Cada 1 μg de β-caroteno corresponde a 0,167
μg de RE e cada 1 μg de outros carotenóides provitamina A, a 0,084 μg de RE.
Os alimentos podem ser considerados como fontes excelentes ou úteis
de um determinado nutriente. Para que um alimento seja considerado uma
fonte excelente de vitamina A, por exemplo, a ingestão de uma porção razoável
desse alimento deve fornecer
1
/
2
da IDR. Quando a ingestão de uma porção
razoável for responsável por
1
/
6
da IDR, o alimento pode ser considerado uma
fonte útil (RICHARDSON, 1993).
2.2.4. Absorção e Transporte dos carotenóides pelo organismo
Os seres humanos absorvem quantidades substanciais de carotenóides
provenientes de suas dietas, provavelmente muitos miligramas por dia
(HANDELMAN, 2001), porém os carotenóides são biologicamente menos
20
disponíveis do que a vitamina A, talvez por causa de sua estrutura e
organização dentro da célula, requerimento específico por sais biliares durante
a absorção e baixa taxa de clivagem em vitamina A no intestino e outros
tecidos (OLSON, 1991). Aproximadamente 5% dos carotenóides totais de um
alimento são absorvidos pelo intestino e 50% ou mais são absorvidos por
soluções micelares (OLSON, 1994). A absorção dos carotenóides provitamina
A varia de 20% a 50%, enquanto a da vitamina A pré-formada gira em torno de
70% a 90% (MOURÃO et al., 2005).
Depois de ingeridos, os carotenóides são incorporados em micelas
mistas constituídas de ácido biliares, ácidos graxos livres, monoglicerídios e
fosfolipídios. A absorção ocorre sem clivagem e, em carotenóides como
β-caroteno e criptoxantina, que são parcialmente convertidos a retinal, a
hidrólise acontece no interior da célula intestinal. Posteriormente o retinal é
convertido a retinol e transportado por meio dos vasos linfáticos ao fígado pelos
quilomícrons, na forma de ésteres de retinol (AMBRÓSIO et al., 2006; RAO;
RAO, 2007).
Existem vários fatores que afetam a absorção dos carotenóides pelo
organismo, como por exemplo, tipo ingerido, ligações moleculares, quantidade
na dieta, matriz em que se encontra, presença de fatores inibidores ou
facilitadores da absorção, estado nutricional do indivíduo, fatores genéticos e
interação entre essas variáveis (VAN HET HOF et al., 2000; MELÉNDEZ-
MARTÍNEZ et al., 2004).
De acordo com Campos; Rosado (2005), dentre os fatores que
influenciam a biodisponibilidade dos carotenóides, os mais estudados têm sido
aqueles relacionados à dieta. O principal deles é o tipo de alimento em que os
21
carotenóides estão presentes, isso porque esses pigmentos têm distribuição
diferenciada nos vegetais, podendo ocupar diferentes locais em uma mesma
planta ou em plantas diferentes. A presença de fibras também pode interferir na
sua biodisponibilidade. O processamento e a homogeneização mecânica dos
alimentos que reduzem o tamanho das partículas podem elevar a
biodisponibilidade dos carotenóides. O tratamento térmico em alimentos de
origem vegetal também pode aumentar sua biodisponibilidade, uma vez que o
calor promove uma desnaturação mais eficiente dos complexos pigmento-
proteína, nos quais os carotenóides estão ligados, embora a intensidade e a
duração do tratamento possam promover a isomerização da forma trans para a
cis, sendo essa última menos biodisponível. O consumo de lipídios é
importante para a absorção dos carotenóides, uma vez que esses compostos
são absorvidos de forma semelhante aos demais lipídios da dieta. Além desses
fatores relacionados diretamente a dieta, a presença de parasitas intestinais
pode diminuir sua absorção. Sabe-se ainda que quanto maior o estoque de
vitamina A, menor será a taxa de conversão dos carotenóides.
2.3. Vitamina E
Vitamina E é o termo genérico atribuído a um grupo de oito substâncias
encontradas na natureza, com graus variados de atividade vitamínica, fazendo
parte duas séries de compostos: tocoferóis e tocotrienóis, cada uma com
quatro formas diferentes (α, β, γ e δ). De todos os compostos, o α-tocoferol é o
que apresenta maior atividade biológica e o mais facilmente encontrado em
fontes naturais (MACHLIN, 1991; RONCADA, 2000). As atividades vitamínicas
22
relativas de α-, β-, γ- e δ-tocoferol são 100%, 50%, 10% e 3%, respectivamente
(GRUSAK; DELLAPENNA, 1999).
A vitamina E tem localização única na membrana (MACHLIN, 1991),
sendo encontrada predominantemente na bicamada lipídica das membranas
celulares e na monocamada lipídica das lipoproteínas plasmáticas
(MARZZOCO; TORRES, 2007), fazendo parte da matéria não saponificada e
podendo ocorrer junto com fosfolipídios, carotenóides, clorofilas e álcool
triterpenol (GÓMEZ-CORONADO et al., 2004). É vital para o funcionamento
dos plastídios (DELLAPENNA, 2005) e para a manutenção da integridade das
membranas (MUNNÉ-BOSCH; ALEGRE, 2002), protegendo os ácidos graxos
das membranas fotossintéticas contra os danos do estresse oxidativo (MAEDA;
DELLAPENNA, 2007).
A vitamina E é sintetizada apenas pelas plantas e outros organismos
fotossintetizante, incluindo as algas (BRAMLEY et al., 2000; DELLAPENNA,
2005; MAEDA; DELLAPENNA, 2007). A biossíntese dos tocoferóis (Figura 5)
ocorre através da condensação do ácido homogentísico, derivado da via
siquimato, com o fitil pirofosfato (fitil-PP), derivado da via não-mevalonato,
através da ação da enzima homogentisato preniltransferase (HPT). Essa
reação produz o 2-metil-6-fitilhidroquinona, intermediário e precursor comum na
síntese de todos os tocoferóis. Reações posteriores de ciclização e metilação
do anel resultam na formação dos quatros principais derivados do tocoferol. É
provável que a formação de γ- e δ-tocoferol ocorra via uma ciclase comum.
Similarmente, a reação final de metilação, catalisada pela mesma enzima
metiltransferase (γ-TMT), resulta na formação de α- e β-tocoferol (HOFIUS;
SONNEWALD, 2003; SEN et al., 2007).
23
Via siquimato
Tirosina
Hidroxifenilpiruvato
Ácido homogentísico Fitil-PP
GGPP
IPPDMPP
Via não-mevalonato
2-Metil-6-fitilhidroquinina
2,3-Dimetil-5-fitilhidroquinina
Ciclase
Ciclase
MT
HPT
Via siquimato
Tirosina
Hidroxifenilpiruvato
Ácido homogentísico Fitil-PP
GGPP
IPPDMPP
Via não-mevalonato
2-Metil-6-fitilhidroquinina
2,3-Dimetil-5-fitilhidroquinina
Ciclase
Ciclase
MT
HPT
Figura 5 Biossíntese da vitamina E. O quadro azul destaca os quatro
tocoferóis naturais em plantas (HOFIUS; SONNEWALD, 2003).
DMPP, dimetilalil pirofosfato; GGPP, geranilgeranil pirofosfato; fitil-PP, fitil
pirofosfato; HPT, homogentisato fitiltransferase; IPP, isopentenil pirofosfato;
MT, 2-metil-6-fitilhidroquinona metiltransferase; γ-TMT, γ-tocoferol
metiltransferase.
α
-Tocoferol
γ
-Tocoferol
β
-Tocoferol
δ
-Tocoferol
24
Apesar das diferenças estruturais, tocoferóis e tocotrienóis são
produzidos pela mesma rota biossintética, embora o conteúdo total e a
composição variem amplamente no tecido vegetal, principalmente com relação
ao estágio de desenvolvimento da planta (BRAMLEY et al., 2000;
DELLAPENNA, 2005).
Nos cloroplastos das folhas das plantas superiores, a vitamina E ocorre
principalmente como α-tocoferol, enquanto os tocotrienóis são mais
abundantes nas sementes. Nos vegetais, sua função é proteger o aparato
fotossintético contra a toxicidade do oxigênio e a peroxidação dos lipídios
(BRAMLEY et al., 2000; MUNNÉ-BOSCH; ALEGRE, 2002).
Nos alimentos, as fontes mais ricas de vitamina E são os óleos vegetais,
e seus produtos derivados (GRUSAK; DELLAPENNA, 1999; BRAMLEY et al.,
2000, RIGOTTI, 2007, SCHWARTZ et al., 2007), entretanto as folhas verdes
dos vegetais, amêndoas e grãos também contribuem com uma significativa
quantidade desse nutriente (RIGOTTI, 2007). Nos alimentos de origem animal
o teor de α-tocoferol é menor (RONCADA, 2000).
A vitamina E é termoestável na ausência de oxigênio, mas se oxida
lentamente por ação do oxigênio atmosférico, ação essa acelerada pela
exposição à luz, calor, álcalis, gorduras rançosas e presença de íons metálicos.
A perda de tocoferol é natural e mínima durante o armazenamento dos óleos
vegetais, mas se torna apreciável durante a cocção (MACHLIN, 1991;
BRAMLEY et al., 2000; RONCADA, 2000). Os alimentos submetidos a
processamentos, domésticos ou industriais, tais como floculação, cocção,
refinamento, clareamento, esterilização entre outros, podem apresentar
alterações em seus conteúdos de vitamina E (BRAMLEY et al., 2000).
25
2.3.1. Estrutura química da vitamina E
Todos os compostos com atividade de vitamina E têm em sua estrutura
um anel 6-cromanol e uma cadeia lateral (MACHLIN, 1991; REITER et al.,
2007). O anel cromanol possui um grupo hidroxila, importante tanto para a
função biológica desempenhada pela vitamina, como para a esterificação
dessa vitamina com ácido acético, formando acetato de α-tocoferila, que é uma
forma ativa da vitamina E (RONCADA, 2000). Os tocoferóis ou tocóis têm uma
cadeia lateral fitol, e os tocotrienóis ou trienóis têm uma estrutura similar, com
duplas ligações nas posições 3’, 7’ e 11’ da cadeia lateral (MACHLIN, 1991).
Todos os isômeros do tocoferol e do tocotrienol são diferenciados pelo número
e posição do grupo metil no anel cromanol (Figura 6) (MACHLIN, 1991;
RONCADA, 2000).
Tocoferol / tocotrienol R
1
R
2
α-
CH
3
CH
3
β-
H CH
3
γ-
CH
3
H
δ-
H H
Figura 6. Estruturas químicas do tocoferol e tocotrienol (CERQUEIRA et al.,
2007).
26
A formação desses oito isômeros só é possível, pois o tocol possui três
carbonos assimétricos, especificamente na posição 2 do anel cromanol e nas
posições 4’ e 8’ da cadeia lateral (MACHLIN, 1991; BRAMLEY et al., 2000;
REITER et al., 2007).
2.3.2. Atividade biológica da vitamina E
A vitamina E desempenha um importante papel no organismo, sendo o mais
efetivo antioxidante lipossolúvel encontrado na natureza. O α-tocoferol é a
forma mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e plasma, ajudando o
organismo a manter sua defesa normal contra doenças e injúrias ambientais,
por proteger as membranas celulares contra os danos causados por radicais
livres, que são espécies químicas altamente reativas pois possuem um ou mais
pares de elétrons desemparelhados, capazes de atacar proteínas, ácidos
nucléicos, fosfolipídios e outras macromoléculas celulares, resultantes da
peroxidação dos lipídios (BRAMLEY et al., 2000; SILVA; NAVES, 2001;
RIGOTTI, 2007; SILUK et al., 2007; TRABER; ATKINSON, 2007).
A propriedade antioxidante da vitamina E evita que os ácidos graxos
insaturados das membranas celulares se oxidem (MARZZOCO; TORRES,
2007), desempenhando importante papel na imunocompetência e na reparação
de tais estruturas, que estão associadas à inibição da carcinogênese
(RONCADA, 2000). “In vivo”, a atividade antioxidante dos tocoferóis contra a
oxidação lipídica apresenta uma gradação: α- > β- γ- > δ-. Assim, uma
molécula de cada isômero (α-, β-, γ- e δ-tocoferol) protege até 220, 120, 100 e
30 moléculas de ácido graxo poliinsaturado, respectivamente (GRUSAK;
DELLAPENNA, 1999).
27
Muitos trabalhos têm destacado o papel da vitamina E na prevenção de
doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, desordens neurológicas
(doenças de Parkinson e Alzheimer), catarata, degeneração macular
relacionada à idade, doenças inflamatórias, hipercolesterolemia, doença
fibrocística, anemia hemolítica, além de auxiliar na manutenção do sistema
imune e retardamento do envelhecimento (HERRERA; BARBAS, 2001;
BRAMLEY et al., 2000; BRIGELIUS-FLOHÉ et al., 2002; TRABER; ATKINSON,
2007). O risco de trombose em pacientes com diabetes tipo 2 é reduzido
quando o tratamento inclui suplementação com α-tocoferol, que serve de
terapia coadjuvante na prevenção de arteriosclerose (DEVERAJ et al., 2002).
Estudos em animais e humanos têm demonstrado que a vitamina E de fontes
naturais ou sintéticas tem significativo efeito fotoprotetor, quando aplicada
topicamente sobre a pele antes da exposição aos raios UVA e UVB (THIELE;
EKANAYAKE-MUDIYANSELAGE, 2007).
Embora seja um potente antioxidante, a vitamina E apresenta outras
propriedades relacionadas à prevenção da perda da espermatogênese e
reabsorção fetal em ratos e inibição da expressão de α-tropomiosina
(HERRERA; BARBAS, 2001).
2.3.3. Deficiência de vitamina E
Para que um indivíduo esteja com deficiência de vitamina E, os níveis
plasmáticos dessa vitamina devem estar abaixo de 0,5 mg/dL (MACHLIN,
1991). A deficiência pode causar disfunções neurológicas, miopatias e
atividade anormal das plaquetas e das hemáceas (MACHLIN, 1991;
BRIGELIUS-FLOHÉ; TRABER, 1999; RONCADA, 2000; TRABER; ATKINSON,
28
2007). Entretanto, o tecido afetado varia de espécie para espécie. Por exemplo,
em ratos ocorre atrofia dos testículos, em galinhas, lesões no sistema nervoso
central e em muitos outros animais, distrofia muscular e edema subcutâneo
(MACHLIN, 1991; ROCK et al., 1996; BRAMLEY at al., 2000).
Em humanos a deficiência de vitamina E está associada ao elevado
risco de arteriosclerose e outras doenças degenerativas e ainda, anemia
hemolítica, neuropatias e aumento da concentração de pentano no ar exalado
(BRIGELIUS-FLOHÉ; TRABER, 1999; BRAMLEY at al., 2000).
Os recém-nascidos apresentam relativa deficiência de vitamina E, e quanto
menor o bebê, maior será o grau da deficiência (MACHLIN, 1991). Em
prematuros ou bebês com baixo peso, a deficiência causa anemia hemolítica,
pelo fato de os ácidos graxos poliinsaturados das membranas dos eritrócitos
serem sensíveis à ação dos radicais livres (BRIGELIUS-FLOHÉ; TRABER,
1999; RONCADA, 2000). Porém os recém-nascidos que são alimentados com
leite materno logo após o nascimento, rapidamente obtêm os níveis
plasmáticos de tocoferol dos adultos (MACHLIN, 1991).
Segundo a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) N
o
269, de 22 de
setembro de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério
da Saúde, que trata da IDR de vitaminas, minerais e proteínas para indivíduos
e diferentes grupos populacionais, a IDR de vitamina E (tocoferóis) consiste em
10 mg de α-tocoferol equivalente (α-TE) para adultos. É importante lembrar
que 1 mg de d-α-tocoferol corresponde a 1,49 U.I. (BRASIL, 2005).
Da mesma forma que ocorre com a vitamina A, os alimentos também
podem ser considerados fontes excelentes ou úteis com base no teor de
vitamina E.
29
2.3.4. Absorção e Transporte dos tocoferóis pelo organismo
No homem e em outras espécies, a absorção do tocoferol é incompleta.
Apenas 20% a 40% do α-tocoferol ingerido em doses fisiológicas é absorvido, e
esse percentual decresce com o aumento da dose (MACHLIN, 1991).
Após a ingestão, a vitamina E é emulsificada com os demais
componentes lipossolúveis dos alimentos formando pequenas partículas que,
espontaneamente, levam a formação de micelas mistas, as quais são
absorvidas nas bordas ciliadas das membranas da mucosa intestinal através
de difusão passiva. Já nas células da mucosa, os tocoferóis, juntamente com
os triglicerídios, fosfolipídios, colesterol e apolipoproteínas são reagrupados em
quilomícrons, ação realizada pelo complexo de Golgi (AZZI, STOCKER, 2000;
BRAMLEY et al., 2000; MOURÃO et al., 2005; RIGOTTI, 2007). Esses são
então armazenados na forma de grãos secretores que são excretados por
exocitose, sendo conduzidos do intestino para os vasos linfáticos de onde são
levados até a corrente sangüínea via ductos torácicos (NAKAMURA et al.,
1998; BRAMLEY et al., 2000).
Na corrente sangüínea, os quilomícrons são catabolizados pela ação da
lipase-lipoprotéica e, em seguida, os componentes excedentes são diretamente
transferidos para as lipoproteínas de alta densidade (HDL), as quais podem
permutar seu tocoferol recentemente adquirido com outras lipoproteínas
circulantes. A lipase-lipoprotéica age como uma proteína de transferência,
transferindo vitamina E para vários tecidos, inclusive pele, músculo e tecido
adiposo. Entretanto, a maior porção dos tocoferóis absorvidos permanece nos
quilomícrons remanescentes que são absorvidos pelas células parenquimáticas
do fígado (BRAMLEY et al., 2000). O fígado desempenha um importante papel
30
no lançamento do tocoferol na circulação sangüínea e, conseqüentemente, no
seu transporte aos tecidos periféricos. Essa função hepática depende da ação
da proteína transferidora de α-tocoferol (α-TTP), que preferencialmente se liga
ao α-tocoferol, porque é capaz de fazer distinção entre o número e a posição
do grupo metil no anel cromanol (HOSOMI et al., 1997; BRIGELIUS-FLOHÉ;
TRABER, 1999; BRAMLEY et al., 2000, RIGOTTI, 2007). As lipoproteínas são
as maiores, se não as únicas transportadoras de vitamina E no plasma
(RIGOTTI, 2007), sendo a afinidade do α-tocoferol e seus análogos
β-, γ- e δ-tocoferol iguais a 100%, 38%, 9% e 2%, respectivamente. Tal
afinidade é considerada um dos determinantes críticos de suas atividades
biológicas, podendo também determinar seus níveis séricos (HOSOMI et al.,
2000). Assim, embora, α- e γ-tocoferol sejam absorvidos e incorporados nos
quilomícrons em quantidades semelhantes, a maior parte do γ-tocoferol é
excretada na bile, enquanto o α-tocoferol é preferencialmente retido (HOSOMI
et al., 1997; BRAMLEY et al., 2000; RIGOTTI, 2007).
No fígado, os lipídios recém-absorvidos são incorporados nas
lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), as quais são preferencialmente
enriquecidas com α-tocoferol através da ação da α-TTP. Essas proteínas são
lançadas na corrente sangüínea onde são catabolizadas pelas lipases-
lipoprotéicas. A maior parte das VLDL remanescentes retorna ao fígado onde
são convertidas em proteína de baixa densidade (LDL) (BRAMLEY et al., 2000,
SEN et al., 2007).
A taxa de consumo da vitamina E nos diferentes tecidos do organismo é
bastante variada, sendo mais rápida no pulmão, fígado, baço, rim e células
vermelhas do sangue, e mais lenta no cérebro, tecido adiposo e medula
31
espinhal. Assim, durante os períodos de baixo fluxo de vitamina E no
organismo, suas concentrações caem mais rapidamente no plasma e fígado do
que no tecido adiposo, cérebro, medula espinhal ou outros tecidos neurais
(BRAMLEY et al., 2000). Os maiores depósitos de vitamina E são os tecidos
adiposo, hepático e muscular (MACHLIN, 1991).
De acordo com Mourão et al. (2005), alguns fatores dietéticos têm sido
apontados como redutores da biodisponibilidade da vitamina E. Um aumento
na ingestão de lipídios insaturados, especialmente os ácidos graxos
poliinsaturados, acelera a depleção e aumenta os requerimentos de vitamina E
devido ao fato de esses lipídios estarem concentrados, preferencialmente, nas
membranas celulares, onde eles têm a capacidade de seqüestrar uma certa
quantidade dessa vitamina para manter sua estabilidade oxidativa. O alto
consumo de vitamina A, farelo de trigo e pectina, também têm sido apontado
como redutores da biodisponibilidade da vitamina E.
2.4. Cromatografia líquida de alta eficiência
A cromatografia é um processo físico-químico de separação em que os
componentes a serem separados se distribuem nas fases estacionária e móvel.
A fase estacionária pode ser um sólido ou um líquido disposto sobre um
suporte rígido com grande área superficial. A fase móvel pode ser gasosa,
líquida ou ainda um fluido supercrítico, que passa sobre a fase estacionária,
arrastando consigo os diversos componentes da mistura. A técnica
cromatográfica selecionada (papel, camada delgada, gasosa ou líquida de alta
eficiência) depende do material a ser isolado (PERES, 2002; CIOLA, 2003).
32
Na cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) em fase reversa, os
constituintes a serem separados, presentes na amostra, são particionados
entre a fase estacionária de menor polaridade e a fase móvel de maior
polaridade, que percola através da primeira. Os resultados de separação são
tão eficientes que em menos de trinta anos, a CLAE passou a ser um dos
métodos analíticos mais utilizados para fins qualitativos e quantitativos, tendo
em vista as inúmeras vantagens, tais como: uso de fases móveis menos
tóxicas e de menor custo, como metanol e água; fases estacionárias estáveis
de muitos tipos diferentes; rápido equilíbrio da coluna após a mudança da fase
móvel; facilidade de empregar eluição por gradiente; maior rapidez em
análises, eficiência na separação e boa reprodutibilidade dos tempos de
retenção (TONHI et al., 2002).
O estudo do potencial biológico das macroalgas tem sido facilitado com
as técnicas de CLAE, que vêm sendo empregadas para a determinação de
pigmentos (clorofilas e carotenóides), vitaminas, tais como A, B, C e E,
presentes nesses organismos (PALERMO et al., 1991; SAKER-SAMPAIO,
1997; HEGAZI et al., 1998; SÁNCHEZ-MACHADO et al., 2002; SCHAGERL;
PICHLER, 2000; MACIEL DA SILVA, 2003; M
CDERMID; STUERCKE, 2003;
SOUSA, 2005; PIRES, 2006).
Diante do papel que as algas vem desempenhando no cotidiano humano
e com os avanços das técnicas cromatográficas que possibilitam o estudo de
inúmeros compostos presentes nesses organismos muitas pesquisas ainda são
necessárias para elucidar o verdadeiro potencial biológico das macroalgas
marinhas para que elas possam ser aproveitadas em suas máximas
potencialidades.
33
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Coleta das algas e Preparação do material
Cinco espécies de macroalgas marinhas pertencentes à divisão
Chlorophyta, família Caulerpaceae: Caulerpa sertularioides, C. prolifera, C.
cupressoides, C. mexicana e C. racemosa foram coletadas mensalmente, de
janeiro a dezembro de 2006, durante as marés baixas na Praia do Pacheco,
Caucaia-CE.
As algas coletadas foram lavadas em água corrente para remoção de
impurezas e epífitas macroscópicas sendo, em seguida, colocadas sobre papel
absorvente para drenar o excesso de água. Em seguida, elas foram divididas
em duas porções de aproximadamente 50 g cada. A primeira porção foi
embalada em sacos plásticos fechados e etiquetados e estocada a –20°C até o
momento das análises, e a segunda porção foi desidratada em estufa a 40°C
por 15 horas. Após a secagem, o material desidratado foi armazenado em
recipientes hermeticamente fechados e protegidos da luz até o momento das
análises.
As algas “in natura” foram cortadas manualmente em pequenos pedaços
e maceradas em gral de aço inoxidável com auxílio de nitrogênio líquido, e as
algas desidratadas foram trituradas em um triturador doméstico (Braun, modelo
KSM 2 B). Em ambos os casos, o material foi transformado em um pó fino
usado para a preparação dos extratos de alga “in natura” ou dos extratos de
alga desidratada, imediatamente antes da análise.
34
3.2. Reagentes
Os padrões comerciais, β-caroteno tipo I sintético aproximadamente
95% (C-9750) e (±)-α-tocoferol sintético aproximadamente 95% (T-3251), foram
obtidos da Sigma, Estados Unidos. Os solventes, metanol, n-hexano e
tetrahidrofurano, usados na preparação dos padrões e nas análises
cromatográficas foram grau HPLC, obtidos da J. T. Baker, Estados Unidos, e o
hidróxido de potássio foi obtido da Merck, Alemanha.
Todas as soluções foram preparadas utilizando-se água ultrapura, obtida
através do sistema Milli-Q (Millipore, Estados Unidos).
3.3. Preparação dos extratos, Saponificação e Partição
Os extratos foram preparados em triplicata. Três porções de 1,0 g de
alga “in natura” ou de 0,5 g de alga desidratada foram pesadas em tubos de
vidro graduados com tampa esmerilhada (20 x 150 mm) e 10 mL de metanol-
água (90:10, v/v) contendo 5% de hidróxido de potássio foram adicionados. Os
tubos foram homogeneizados e levados ao banho-maria (Thermomix
®
BM,
modelo 18 BU, B. Braun Biotech International) a 70°C por 30 minutos para
saponificação.
Depois de resfriados à temperatura ambiente, os extratos foram
centrifugados por 5 minutos a 2.000 x g. Após a centrifugação, 5 mL dos
extratos saponificados, 1,5 mL de água Milli-Q e 2,5 mL de n-hexano foram
transferidos para tubos Pyrex de tampa rosqueada (15 x 100 mm), os quais
foram misturados por 10 minutos usando-se uma plataforma misturadora. Esse
35
procedimento de partição permite a migração dos carotenóides não
saponificáveis e do α-tocoferol presentes no extrato da alga do metanol para o
n-hexano.
A separação das fases, metanol-hexano, foi facilitada por uma
centrifugação a 2.000 x g por 5 minutos. Um volume correspondente a 1 mL da
fase hexânica foi transferido para tubos de ensaio (10 x 75 mm), os quais foram
deixados sob corrente de ar em banho-maria a aproximadamente 60°C para
evaporação do solvente. O resíduo foi então suspenso em 1 mL de metanol e
filtrado em filtro de 0,45 μm no momento da análise por cromatografia líquida
de alta eficiência.
3.4. Soluções-padrão de β-caroteno e de α-tocoferol
Diariamente, uma solução-padrão de β-caroteno em tetrahidrofurano
(1 mg mL
-1
) foi preparada e diluída com metanol para 10 μg mL
-1
de modo que
0,5 μg de β-caroteno fosse injetado na coluna. A concentração da solução-
padrão de β-caroteno foi determinada a partir de sua absorbância em 450 nm,
sendo sua capacidade de absorção de luz igual a 0,2592 μg
-1
mL
-1
(SPECIFICATIONS AND CRITERIA FOR BIOCHEMICAL COMPOUNDS, 1972).
Da mesma forma, uma solução-padrão de α-tocoferol (1 mg mL
-1
) foi
preparada em tetrahidrofurano diariamente e diluída em metanol, de modo que
5 μg de α-tocoferol fossem injetados na coluna.
Uma solução-padrão de trabalho composta por β-caroteno (10 μg mL
-1
)
e α-tocoferol (100 μg mL
-1
) foi saponificada e submetida à partição
separadamente e em combinação com 1,0 g de alga “in natura” ou com 0,5 g
36
de alga desidratada. Esse procedimento assegurou a detecção de β-caroteno e
α-tocoferol onde eles eram adicionados intencionalmente.
3.5. Cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa
O sistema cromatográfico consistiu em uma coluna Waters Spherisorb-
Hichrom S5ODS-2 (4,6 x 250 mm) e uma fase móvel constituída de
metanol:tetrahidrofurano (90:10, v/v), com fluxo de 1,5 mL min
-1
, usando uma
bomba (AKTAbasic 10, modelo P-900, Amersham). Alíquotas de 100 μL do
resíduo suspenso em metanol foram injetadas manualmente usando um injetor
de amostras Rheodyne 7210 (Hamilton Co.). O monitor (AKTAbasic UV-900) foi
ajustado em 450 nm e em 292 nm para as leituras dos carotenóides e do
α-tocoferol, respectivamente. Os cromatogramas foram registrados através do
sistema de controle Unicorn
TM
, versão 5.0.
3.6. Cálculo dos teores de α- e β-caroteno e de α-tocoferol
As concentrações de α- e β-caroteno nos extratos de alga foram
calculadas com base no padrão de 10 μg de β-caroteno submetido à
saponificação e à partição. Os cálculos foram procedidos usando-se a área do
pico obtido para a solução padrão de β-caroteno e as áreas dos picos
referentes ao α-caroteno ou ao β-caroteno nos extratos de alga. O uso do
β-caroteno como padrão para a quantificação de α-caroteno é considerado
válido porque as áreas dos picos correspondentes a 10 μg de α-caroteno e a
37
10 μg de β-caroteno não apresentam diferença estatisticamente significativa
(p 0,05) (SAKER-SAMPAIO, 1997).
A concentração de α-tocoferol nos extratos de alga foi calculada com
base no padrão de 100 μg de α-tocoferol processado. O cálculo foi procedido
usando-se a área do pico obtido para a solução padrão de α-tocoferol e a área
do pico referente ao α-tocoferol presente no extrato de alga.
A fórmula abaixo foi utilizada para os cálculos dos teores de α- e
β-caroteno e de α-tocoferol nos extratos preparados com alga “in natura”
(μg g
-1
peso fresco) ou com alga desidratada em estufa (μg g
-1
peso seco).
algag
g1
colunanapadrãog
padrãoárea
amostraárea
gg
1
×μ×=μ
Os teores de retinol equivalente (RE) e tocoferol equivalente (TE) foram
calculados com base nas transformações preconizadas na literatura (BRASIL,
2005), e usados para classificar as algas em fontes excelentes ou úteis de
acordo com a porção suficiente para fornecer
1
/
2
ou
1
/
6
da IDR,
respectivamente.
Para efeito de comparação entre os conteúdos de cada um dos
compostos,
α- e β-caroteno e α-tocoferol, presentes nos extratos de alga “in
natura” com os de alga desidratada, considerou-se um teor de umidade de
80%. Com isso, foi possível determinar o percentual de perda nas algas
submetidas à secagem em estufa a 40°C por 15 horas.
38
3.7. Análises estatísticas
Os teores de α-caroteno, β-caroteno e α-tocoferol, observados nos doze
meses de coleta em cada uma das espécies estudadas sob a forma “in natura”
e desidratada em estufa a 40°C por 15 horas, foram submetidos a análise de
variância unifatorial para um nível de significância de 5%. Em caso de rejeição
da hipótese de nulidade, os dados foram submetidos ao teste de Tukey,
considerando o mesmo nível de significância (MENDES, 1999). O programa
BioEstat 4.0 foi utilizado nas análises.
39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Experimentos prévios foram elaborados para desenvolver uma
metodologia de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), usando sistema
isocrático com coluna de fase reversa C
18
, incluindo variações na composição
da fase móvel, tipos de coluna e diferentes velocidades de fluxo. A metodologia
desenvolvida no presente trabalho foi comprovadamente eficiente para separar
α- e β-caroteno e α-tocoferol simultaneamente em menos de 20 minutos.
A identificação e a quantificação dos compostos de interesse em cinco
espécies de algas pertencentes ao gênero Caulerpa (Caulerpa sertularioides,
C. prolifera, C. cupressoides, C. mexicana e C. racemosa) foram realizadas,
comparando-se os tempos de retenção das soluções-padrão de β-caroteno e
de α-tocoferol com o tempo de retenção dos mesmos compostos presentes nos
extratos de alga e através da co-cromatografia.
A identificação de compostos, feita através da comparação dos tempos
de retenção, é uma prática muito utilizada por vários pesquisadores em
diversos tipos de amostras, como por exemplo, alimentos, sangue e algas
(SOWELL et al., 1994; HEGAZI et al., 1998; SAKER-SAMPAIO, 1997;
NORZIAH, CHIANG, 2000; SCHIEBER et al., 2002, MACIEL DA SILVA, 2003,
SOUSA, 2005; PIRES, 2006).
40
4.1. Curvas padrão de β-caroteno e de α-tocoferol
A relação entre a área do pico e a quantidade de β-caroteno aplicado na
coluna foi estabelecida para o padrão de β-caroteno processado, ou seja,
submetido ao processo de saponificação e partição. Tendo em vista a
existência de correlação linear (r = 0,9977, p < 0,05) entre a área do pico e a
concentração de
β-caroteno processado, correspondendo a aproximadamente
0,1 a 1,0
μg na coluna (Figura 7), sua quantificação nos extratos de alga foi
possível.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
y = 1,23 + 90,89 x
r = 0,9977 n = 6
Área do pico (mAU.min)
μg β-caroteno na coluna
Figura 7.
Curva padrão do β-caroteno (Sigma) submetido à saponificação e
partição.
Injeção de 0,1 a 1,0 μg em coluna Waters Spherisorb-Hichrom S5 ODS 2 (4,6 x
250 mm) com fase móvel constituída de MeOH:THF (90:10), fluxo 1,5 mL min
-1
e
detecção em 450 nm.
De forma idêntica, a relação entre a área do pico e a quantidade de
α-tocoferol aplicado na coluna foi estabelecida para o padrão de α-tocoferol
processado. A existência de correlação linear (r = 0,9994, p < 0,05) entre a
área do pico e a concentração de aproximadamente 2,0 a 20,0 μg de
41
α-tocoferol processado injetado na coluna (Figura 8) permitiu sua quantificação
nos extratos de alga.
0 5 10 15 20 25
0
10
20
30
40
50
60
70
80
y = -0,24 + 3,33 x
r = 0,9994 n = 7
Área do pico (mAU.min)
μg α-tocoferol na coluna
Figura 8.
Curva padrão do α-tocoferol (Sigma) submetido à saponificação e
partição.
Injeção de 2,0 a 20,0 μg em coluna Waters Spherisorb-Hichrom S5 ODS 2 (4,6 x
250 mm) com fase móvel constituída de MeOH:THF (90:10), fluxo 1,5 mL min
-1
e
detecção em 292 nm.
4.2. Carotenóides provitamina A
Com o sistema cromatográfico usado neste trabalho, o tempo de
retenção do padrão de
β-caroteno foi igual a 14,10 ± 0,57 min (n = 46). Um
cromatograma típico do padrão contendo 0,5
μg de β-caroteno está
apresentado na Figura 9. O tempo de retenção do composto identificado como
β-caroteno presente nos extratos de alga foi 14,01 ± 0,65 min (n = 300). Os
tempos de retenção do β-caroteno padrão e do composto presente nos extratos
de alga eluído em aproximadamente 14 minutos não apresentaram diferença
estatisticamente significativa (p 0,05).
A dificuldade de aquisição do padrão comercial de α-caroteno e o uso de
sistema cromatográfico semelhante, em que o α-caroteno foi eluído da coluna
42
imediatamente antes do β-caroteno (SAKER-SAMPAIO, 1997), fizeram com
que, neste trabalho, o composto eluído da coluna com tempo de retenção de
13,23 ± 0,61 min (n = 300) fosse considerado como
α-caroteno. Esse tempo de
retenção foi comparado com aquele referente ao do β-caroteno através do
teste t de Student não-pareado, havendo diferença estatisticamente
significativa entre eles (p < 0,05).
Figura 9.
Cromatograma típico de
β-caroteno (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
Injeção de 0,5 μg em coluna Waters Spherisorb-Hichrom S5 ODS 2 (4,6 x 250
mm) com fase móvel constituída de MeOH:THF (90:10), fluxo 1,5 mL min
-1
e
detecção em 450 nm.
As cinco espécies de Caulerpa “in natura” analisadas no presente
trabalho apresentaram tanto α-caroteno quanto β-caroteno e a sua distribuição
mostrou diferença ao longo dos doze meses de coleta. Os maiores valores de
α- e de β-caroteno foram encontrados em C. prolifera e C. mexicana,
respectivamente. Esses resultados estão de acordo com aqueles obtidos por
Sousa (2005), com relação ao máximo de α-caroteno em C. prolifera, mas não
quanto ao teor de
β-caroteno, que foi mínimo em C. mexicana.
43
Em C. sertularioides, os teores de α-caroteno, em μg g
-1
peso fresco,
permaneceram entre 6,464 e 13,504, exceção feita ao mês de fevereiro,
quando o máximo de 30,027 ± 0,841 foi registrado (Figura 10A). Com relação
ao conteúdo de
β-caroteno, em μg g
-1
peso fresco, os valores máximos foram
encontrados em janeiro (11,723 ± 0,474) e fevereiro (8,359 ± 0,159), e nos
demais meses do ano a concentração ficou entre 2,113 e 3,628 (Figura 10B).
Em C. prolifera e em C. cupressoides, os teores de α- e β-caroteno, em
μg g
-1
peso fresco, foram máximos em setembro. Em C. prolifera o teor máximo
de
α-caroteno foi igual a 43,640 ± 1,720. Outros dois picos foram observados
em abril (24,357 ± 0,305) e julho (23,838 ± 1,107), e nos demais meses, as
concentrações variaram de 7,778 a 15,767 (Figura 11A). A concentração
máxima de
β-caroteno foi igual a 12,569 ± 0,560. Da mesma forma, em abril
(9,442 ± 0,924) e julho (5,575 ± 0,331), as quantidades foram superiores aos
demais meses (Figura 11B). Em C. cupressoides, nos meses de setembro e
março foram encontradas as maiores quantidades de α-caroteno, 30,941 ±
0,273 e 10,018 ± 0,395, respectivamente (Figura 12A) e também as de
β-caroteno, 15,294 ± 0,046 e 6,597 ± 0,891, respectivamente (Figura 12B).
O teor de α-caroteno em C. mexicana foi máximo em abril (12,943 ±
0,937
μg g
-1
peso fresco), exibindo também valores elevados em outubro,
novembro e janeiro (Figura 13A). A distribuição do
β-caroteno foi bastante
diferente, com valores inferiores a 5,682 em todos os meses do ano, com
exceção do máximo, 18,372 ± 0,679 μg g
-1
peso fresco, observado em janeiro
(Figura 13B).
44
Em C. racemosa, os teores de α-caroteno e de β-caroteno foram
máximos em junho e iguais, respectivamente, a 18,191 ± 0,517
μg g
-1
peso
fresco (Figura 14A) e 5,019 ± 0,197 μg g
-1
peso fresco (Figura 14B). O perfil
das variações de α- e β-caroteno foi semelhante ao longo do ano.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 1020304050
CV = 7,68%
6,464 e
7,160 d
7,781 d
8,251 d
8,390 d
8,541 d
8,748 d
8,797 d
11,150 c
11,725 b c
13,504 b
30,027 a
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
2,113 d
2,170 d
2,393 d
2,401 d
2,546 d
2,633 d
2,653 d
2,735 d
3,314 c
3,628 c
8,359 b
11,723 a
CV = 5,56%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 10.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
sertularioides “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro
a dezembro de 2006.
A
B
45
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 1020304050
CV = 4,30%
7,778 f
8,523 f
10,779 e
11,160 e
11,309 e
12,980 d
13,124 d
13,769 d
15,767 c
23,838 b
24,357 b
43,640 a
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
2,632 e
2,667 e
2,747 e
3,099 e
3,287 e
3,413 e
3,991 d e
4,464 d
4,558 c d
5,575 c
9,442 b
12,569 a
CV = 10,50%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 11.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa prolifera
“in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro
de 2006.
A
B
46
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
2,050 h
2,512 h
2,741 g h
2,815 g h
3,491 f g
3,544 f g
3,744 f
5,090 e
6,878 d
7,932 c
10,018 b
30,941 a
CV = 6,97%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
1,566 e
1,575 e
1,744 e
1,854 e
1,859 e
2,114 d e
2,542 d
2,195 d e
3,847 c
4,418 c
6,597 b
15,294 a
CV = 10,0%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 12.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
cupressoides “in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro
a dezembro de 2006.
A
B
47
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 1020304050
2,985 g
4,390 f
4,404 f
5,091 f
5,347 e f
6,288 e
7,008 d e
7,725 d
8,904 c
9,938 b c
10,605 b
12,943 a
CV = 7,59%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
1,500 e
1,568 e
2,187 d
2,302 d
2,383 d
2,580 d
2,673 d
3,855 c
4,479 c
4,546 c
5,682 b
18,372 a
CV = 8,45%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 13.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa mexicana
“in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro
de 2006.
A
B
48
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
3,316 g
4,619 f
4,944 f
4,998 f
6,127 e
7,180 e
8,898 d
10,172 c d
11,068 c
11,423 c
13,241 b
18,191 a
CV = 6,42%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
1,398 e
1,428 e
1,561 e
1,654 e
1,800 e
2,446 d
2,697 c d
2,769 c d
3,083 c
3,121 c
3,764 b
5,019 a
CV = 8,83%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 14.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa racemosa
“in natura”, coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro
de 2006.
Os coeficientes de variação das médias mensais de α-caroteno variaram
de 4,30% a 7,68% e das de β-caroteno, de 5,56% a 10,90% (Figuras 10 a 14).
A
B
49
Com relação aos resultados acima, existem dois pontos interessantes a
serem abordados em seqüência. O primeiro diz respeito à variação sazonal,
que não obedeceu a um padrão único no gênero Caulerpa. Duas espécies
(C. prolifera e C. cupressoides) exibiram teores máximos de α- e β-caroteno em
setembro; em C. racemosa, os conteúdos máximos ocorreram em junho. Em
C. sertularioides e C. mexicana, a distribuição foi ainda mais variável, fevereiro
e janeiro e abril e janeiro, respectivamente para α-caroteno e β-caroteno.
O segundo ponto refere-se ao fato de que a literatura informa haver
predominância de β-caroteno nas algas verdes e que α-caroteno ocorre em
menor quantidade (HOEK et al., 1995). Neste trabalho, as cinco espécies de
Caulerpa “in natura” analisadas durante doze meses sempre apresentaram
teores de α-caroteno mais elevados, de 1,2 a 4,8 vezes, do que os de β-
caroteno, com exceção de C. mexicana no mês de janeiro. Resultados
semelhantes com espécies de Caulerpa coletadas em junho na Paria do
Guajiru, Trairi, Ceará, também foram descritos por Sousa (2005), cujos teores
de α-caroteno foram 1,2 a 4,5 vezes maiores do que os teores de β-caroteno.
Maciel da Silva (2003) também analisou quatro espécies de Caulerpa coletadas
na Praia do Pacheco, Caucaia, Ceará e, em todas elas, α-caroteno foi
detectado, porém a presença de β-caroteno só foi registrada em C. racemosa,
cujo teor foi 3,2 vezes menor do que α-caroteno. Duas espécies do gênero
Caulerpa coletadas na Paria do Guajiru, Trairi, Ceará também apresentaram
teores de α-caroteno superiores aos de β-caroteno (PIRES, 2006). Todas
essas evidências permitem que a seguinte suposição seja feita: no gênero
Caulerpa, α-caroteno predomina sobre β-caroteno. É importante ressaltar que
nas demais espécies de algas verdes não pertencentes ao gênero Caulerpa,
50
analisadas por Sousa (2005) e Pires (2006), os teores de β-caroteno foram
sempre maiores do que os de
α-caroteno, chegando a ser até 15 vezes
superiores.
A distribuição e o teor dos carotenóides nos vegetais, incluindo as algas,
dependem da espécie, estágio de maturação da planta, estágio do ciclo de
vida, método de cultivo, efeitos climáticos, manipulação na colheita e até
mesmo de partes da planta (HART; SCOTT, 1995).
Essas variações sazonais podem ser muito pronunciadas como aquelas
encontradas na alga verde comestível Monostroma undulatum da Patagônia
argentina (RISSO et al., 2003). MCDermid; Stuercke (2003) estudaram a
composição nutricional de espécies de macroalgas marinhas consumidas no
Havaí, e observaram variações nos teores de β-caroteno na mesma espécie
coletada em diferentes locais. Por exemplo, as clorófitas Ulva fasciata e
Codium reediae apresentaram diferenças de 2,6 e 1,3 vezes entre os dois
locais, respectivamente; e a rodófita Ahnfeltiopsis concinna, 2,5 vezes. Em
Palmaria palmata, coletada em Southsea, Inglaterra, em dois períodos
distintos, foi possível observar que no primeiro ano de coleta, houve uma clara
variação sazonal, com conteúdos similares de julho a fevereiro aumentando
drasticamente em março e então decaindo até o nível mais baixo que foi
detectado em junho. No segundo ano de coleta, entretanto, os maiores teores
foram observados em outubro e novembro (SAKER-SAMPAIO, 1997).
Alguns pesquisadores determinaram o conteúdo de pigmentos
carotenóides em algas “in natura”, mas expressaram os resultados em base
seca. Para efeito de comparação desses resultados com os do presente
trabalho, expressos em base úmida, o teor de umidade das algas foi
51
considerado 80%. Bjornland (1983) analisou os teores de α- e β-caroteno na
alga vermelha Antithamnion plumula “in natura” coletada em cinco diferentes
localidades, tendo encontrado variações de 0,14 a 0,41 mg g
-1
peso seco para
α-caroteno e de 0,09 a 0,22 mg g
-1
peso seco para β-caroteno.
Palermo et al. (1991) isolaram e caracterizaram oito carotenóides nas
algas vermelhas Corallina officinallis, C. elongata e Jania sp, sendo o
β-caroteno o carotenóide majoritário, com 18,4 mg 100 g
-1
peso seco (60,8%
do total), 12,2 mg 100 g
-1
peso seco (74,8% do total) e 20,9 mg 100 g
-1
peso
seco (53,3% do total), respectivamente. Esses valores foram mais elevados do
que os encontrados nas espécies de Caulerpa analisadas no presente trabalho.
As macroalgas verdes de água doce dos gêneros Chara e Nitella
exibiram β-caroteno em concentrações que variaram de 0,24 mg g
-1
peso seco
em C. hispida a 2,49 mg g
-1
peso seco em C. contraria (SCHAGERL;
PICHLER, 2000). Estes teores foram 3 e 27 vezes maiores do que o teor
máximo de β-caroteno o qual foi detectado em Caulerpa mexicana, porém
α-caroteno não foi detectado.
Os conteúdos de vitamina A (retinol equivalente - RE) e as porções para
que as cinco espécies de Caulerpa “in natura” analisadas neste trabalho sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis estão apresentados na Tabela 2. O
menor conteúdo de RE foi observado em outubro em C. cupressoides (0,435 ±
0,076 μg g
-1
peso fresco) e o maior em setembro em C. prolifera (5,765 ±
0,238 μg g
-1
peso fresco). Com base na quantidade de RE (μg g
-1
peso fresco),
se fossem consumidas porções diárias de alga “in natura” de aproximadamente
52 g de C. prolifera (a mais rica) ou 689 g de C. cupressoides (a mais pobre),
elas seriam consideradas fontes excelentes. O consumo diário de porções de
52
17 g de C. prolifera ou 230 g de C. cupressoides forneceria
1
/
6
da IDR, o que
permitiria classificá-las como fontes úteis de vitamina A.
Segundo Sousa (2005), para que C. prolifera e C. mexicana fossem
consideradas fontes excelentes de vitamina A, seria necessária à ingestão de
33 g e 312 g, e para serem fontes úteis, as porções deveriam ser iguais a 11 g
e 104 g, respectivamente. Para algas vermelhas e pardas, as porções seriam
muito maiores, variando de 2.290 g a 6.618 g, respectivamente. De acordo com
Maciel da Silva (2003), 100 g de C. sertularioides, C. cupressoides,
C. racemosa ou C. mexicana “in natura” seriam capazes de fornecer 2,5%; 5%;
15% ou 36% da IDR de vitamina A, respectivamente.
53
Tabela 2. Teores de retinol equivalente e porções para que as espécies de Caulerpa analisadas “in natura” sejam consideradas
fontes excelentes ou úteis de vitamina A.
Caulerpa. sertularioides Caulerpa prolifera Caulerpa cupressoides Caulerpa mexicana Caulerpa racemosa
Mês
RE E U RE E U RE E U RE E U RE E U
Jan 3,092 ± 0,129 97 32 1,286 ± 0,065 233 78 0,597 ± 0,095 503 168 3,816 ± 0,165 79 26 0,517 ± 0,050 580 193
Fev 3,918 ± 0,097 77 26 1,112 ± 0,119 270 90 0,590 ± 0,048 509 170 1,598 ± 0,067 188 63 1,741 ± 0,099 172 57
Mar 1,178 ± 0,096 255 85 1,918 ± 0,129 156 52 1,943 ± 0,182 154 51 0,880 ± 0,095 341 114 0,649 ± 0,115 462 154
Abr 1,143 ± 0,066 263 88 3,623 ± 0,180 83 28 1,309 ± 0,073 229 76 1,846 ± 0,172 162 54 1,422 ± 0,070 211 70
Mai 1,053 ±0,080 285 95 1,351 ± 0,028 222 74 0,852 ± 0,072 352 117 1,035 ± 0,067 290 97 1,012 ± 0,068 297 99
Jun 0,964 ± 0,100 311 104 1,390 ± 0,117 216 72 0,606 ± 0,070 495 165 0,631 ± 0,071 476 159 2,366 ± 0,076 127 42
Jul 1,106 ± 0,105 271 90 2,933 ± 0,148 102 34 0,608 ± 0,051 493 164 0,913 ± 0,088 329 110 0,692 ± 0,065 434 145
Ago 1,591 ± 0,164 189 63 1,873 ± 0,068 160 53 0,603 ± 0,044 498 166 0,501 ± 0,129 599 200 0,815 ± 0,052 368 123
Set 0,896 ± 0,078 335 112 5,765 ± 0,238 52 17 5,153 ± 0,031 58 19 0,768 ± 0,048 391 130 0,653 ± 0,080 459 153
Out 1,490 ± 0,150 201 67 1,455 ± 0,137 206 69 0,435 ± 0,076 689 230 1,639 ± 0,062 183 61 1,451 ± 0,094 207 69
Nov 1,179 ± 0,141 255 85 1,757 ± 0,074 171 57 1,315 ± 0,127 228 76 1,479 ± 0,112 203 68 1,369 ± 0,026 219 73
Dez 1,150 ± 0,069 261 87 1,848 ± 0,144 162 54 0,472 ± 0,065 635 212 0,793 ± 0,069 378 126 1,198 ± 0,083 250 83
RE = Retinol equivalente (μg g
-1
peso fresco).
E = porções em g peso fresco para que as espécies sejam consideradas fontes excelentes de vitamina A.
U = porções em g peso fresco para que as espécies sejam consideradas fontes úteis de vitamina A.
54
Nas cinco espécies do gênero Caulerpa estudadas sob a forma
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas, a distribuição de α- e β-caroteno
também apresentou diferença ao longo dos doze meses de coleta, mas não
seguiu o mesmo padrão encontrado nas algas “in natura”. Comportamento
semelhante foi observado por Saker-Sampaio (1997) nos extratos da rodófita
Palmaria palmata, desidratada em estufa a 30°C e a 45°C e liofilizada, que
apresentaram distribuição ao longo do ano diferente daqueles da alga “in
natura”.
Em C. sertularioides os maiores conteúdos de α- e β-caroteno foram
detectados nos meses de abril (26,239 ± 0,984 μg g
-1
peso seco) (Figura 15A)
e fevereiro (14,032 ± 0,486 μg g
-1
peso seco) (Figura 15B), respectivamente.
Em C. prolifera, os teores de α- e β-caroteno foram máximos em março
e iguais a 43,919 ± 0,818 (Figura 16A) e 20,856 ± 1,497 μg g
-1
peso seco
(Figura 16B), respectivamente. Valores elevados também foram observados
nos meses de abril, maio e outubro.
Em C. cupressoides, os valores máximos de
α-caroteno ocorreram em
maio (11,301 ± 0,438
μg g
-1
peso seco) e setembro (10,757 ± 0,56 μg g
-1
peso
seco ) (Figura 17A), e os de β-caroteno, em fevereiro (8,347 ± 0,727 μg g
-1
peso seco ) e setembro (9,808 ± 0,779
μg g
-1
peso seco) (Figura 17B).
No mês de setembro foram detectados os maiores teores de
α-caroteno
(33,993 ± 0,908 μg g
-1
peso seco) (Figura 18A) e de β-caroteno (22,798 ± 0,538
μg g
-1
peso seco) (Figura 18B), respectivamente, em C. mexicana.
Em C. racemosa os teores, em μg g
-1
peso seco, máximos de
α-caroteno ocorreram em maio (16,666 ± 0,356) (Figura 19A) e de β-caroteno
55
em maio (9,117 ± 0,757) e dezembro (7,879 ± 0,871) (Figura 19B). Nos demais
meses, as concentrações não variaram muito, com mínimo em junho e agosto.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
7,678 h
11,957 g
12,785 f g
13,072 f g
13,548 f g
14,420 e f
15,539 e
17,949 d
20,220 c
21,366 c
24,170 b
26,239 a
CV = 5,54%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
3,354 h
5,902 g
6,625 f g
6,900 f g
6,988 f
8,145 d e
8,717 d
9,727 c d
10,382 c
12,948 b
13,860 a b
14,032 a
CV = 5,78%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 15.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
sertularioides coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
A
B
56
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 10203040
11,599 h
17,418 g
20,756 f
24,297 e
30,476 d
26,904 e
29,550 d e
29,712 d
34,590 c
36,301 b c
39,087 b
43,919 a
CV = 4,46%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20 25
3,882 g
5,382 f
8,758 e
10,000 e
11,789 d
12,155 d
12,317 d
14,591 c
14,638 c
15,146 b c
16,102 b
20,856 a
CV = 5,10%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 16.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa prolifera
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
A
B
57
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
2,426 g
3,249 f
3,403 f
3,784 e f
4,490 e
5,309 d
7,193 c
7,256 c
9,413 b
10,008 b
10,757 a
11,301 a
CV = 4,47%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
2,121 e
2,268 e
2,592 e
2,608 e
4,215 d
4,319 d
4,522 d
4,647 d
6,012 c
7,936 b
8,347 b
9,808 a
CV = 10,17%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 17.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa
cupressoides coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a
dezembro de 2006 e desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
A
B
58
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
6,286 j
8,038 i
8,386 i
12,425 h
14,051 g
16,183 f
17,688 e
20,053 d
21,474 d
23,191 c
25,176 b
33,993 a
CV = 3,57%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20 25
2,796 g
4,687 f
5,091 f
9,279 e
9,878 d e
10,114 d e
10,302 d
11,012 c d
11,065 c
12,331 c
14,527 b
22,798 a
CV = 5,67%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 18.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa mexicana
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
A
B
59
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
01020304050
8,783 d
9,795 d
12,340 c
13,018 c
13,376 b c
13,749 b c
13,754 b c
13,761 b c
13,793 b c
13,979 b c
14,313 b
16,666 a
CV = 3,90%
Meses
μg α-caroteno g
-1
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 5 10 15 20
3,469 e
5,365 d
5,549 d
6,073 c d
6,439 b c d
7,157 b c
7,233 b c
7,295 b c
7,414 b
7,450 b
7,879 a b
9,117 a
CV = 8,92%
Meses
μg β-caroteno g
-1
Figura 19.
Teores de α-caroteno (A) e β-caroteno (B) em Caulerpa racemosa
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas.
Os coeficientes de variação das médias mensais de α-caroteno variaram
de 3,57% a 5,54% e das de β-caroteno, de 5,10% a 10,17% (Figuras 15 a 19).
A
B
60
No presente trabalho, os teores de α-caroteno e de β-caroteno em
C. cupressoides e C. racemosa, ambas desidratadas a 40°C por 15 horas,
foram até treze vezes e três vezes, respectivamente, superiores aos reportados
por Pires (2006) nas mesmas espécies, porém coletadas no mês de julho na
Praia do Guajiru, Trairi-CE.
O teor de
β-caroteno na macroalga marinha vermelha Gracilaria changgi
submetida à liofilização foi igual a 5,2 ± 0,4 mg 100 g
-1
(NORZIAH; CHIANG,
2000); 2,3 vezes superior ao conteúdo de β-caroteno em C. mexicana
desidratada a 40°C por 15 horas.
Os conteúdos de vitamina A (retinol equivalente - RE) e as porções para
que as cinco espécies de Caulerpa desidratadas a 40°C durante 15 horas,
analisadas neste trabalho, sejam consideradas fontes excelentes ou úteis de
vitamina A estão apresentados na Tabela 3.
Da mesma forma que nas algas “in natura”, o conteúdo de RE nas algas
desidratadas foi mínimo em C. cupressoides em outubro (0,639 ± 0,104 μg g
-1
peso seco) e máximo em C. prolifera em março (7,180 ± 0,319 μg g
-1
peso
seco) (Tabela 3).
Porções diárias correspondentes a 42 g de C. prolifera, 45 g de
C. mexicana, 66 g de C. sertularioides, 100 g de C. racemosa ou 119 g de
C. cupressoides, seriam capazes de fornecer
1
/
2
da IDR, e assim elas poderiam
ser classificadas como fontes excelentes de vitamina A. Já o consumo diário de
14 g de C. prolifera, 15 g de C. mexicana, 22 g de C. sertularioides, 33 g de
C. racemosa ou 40 g de C. cupressoides seria suficiente para fornecer
1
/
6
da
IDR de vitamina A, atuando assim como fonte útil dessa vitamina (Tabela 3).
61
Tabela 3. Teores de retinol equivalente e porções para que as espécies de Caulerpa analisadas desidratadas sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina A.
Caulerpa sertularioides Caulerpa prolifera Caulerpa cupressoides Caulerpa mexicana Caulerpa racemosa
Mês
RE E U RE E U RE E U RE E U RE E U
Jan 2,836 ± 0,129 106 35 3,783 ± 0,288 79 26 0,706 ± 0,071 425 142 1,616 ± 0,211 186 62 2,232 ± 0,132 134 45
Fev 4,138 ± 0,180 72 24 4,932 ± 0,251 61 20 1,997 ± 0,296 150 50 2,764 ± 0,152 109 36 2,399 ± 0,103 125 42
Mar 4,192 ± 0,232 72 24 7,180 ± 0,319 42 14 2,025 ± 0,261 148 49 3,523 ± 0,194 85 28 2,309 ± 0,199 130 43
Abr 4,519 ± 0,171 66 22 5,579 ± 0,120 54 18 1,365 ± 0,038 220 73 4,320 ± 0,204 69 23 2,101 ± 0,176 143 48
Mai 2,666 ± 0,168 113 38 5,972 ± 0,248 50 17 1,931 ± 0,143 155 52 3,764 ± 0,194 80 27 3,003 ± 0,241 100 33
Jun 1,205 ± 0,110 249 83 3,898 ± 0,431 77 26 0,672 ± 0,106 446 149 0,995 ± 0,049 301 100 1,317 ± 0,078 228 76
Jul 2,226 ± 0,184 135 45 2,362 ± 0,117 127 42 0,665 ± 0,087 451 150 2,730 ± 0,094 110 37 2,362 ± 0,099 127 42
Ago 2,963 ± 0,167 101 34 4,023 ± 0,225 75 25 1,222 ± 0,079 246 82 3,334 ± 0,127 90 30 1,719 ± 0,037 175 58
Set 3,432 ± 0,224 87 29 4,290 ± 0,151 70 23 2,523 ± 0,192 119 40 6,663 ± 0,166 45 15 2,333 ± 0,238 129 43
Out 2,111 ± 0,100 142 47 5,350 ± 0,196 56 19 0,639 ± 0,104 469 156 3,048 ± 0,164 98 33 2,363 ± 0,189 127 42
Nov 2,084 ± 0,105 144 48 1,623 ± 0,130 185 62 1,325 ± 0,114 226 75 3,863 ± 0,109 78 26 2,108 ± 0,137 142 47
Dez 2,305 ± 0,103 130 43 4,384 ± 0,402 68 23 1,081 ± 0,060 278 93 1,458 ± 0,117 206 69 2,264 ± 0,323 132 44
RE = Retinol equivalente (μg g
-1
peso seco).
E = porções em g peso seco para que as espécies sejam consideradas fontes excelentes de vitamina A.
U = porções em g peso seco para que as espécies sejam consideradas fontes úteis de vitamina A.
62
De acordo com Pires (2006), para que as Caulerpa desidratadas fossem
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina A, as porções consumidas
diariamente deveriam ficar entre 52 g e 940 g e entre 17 g e 314 g,
respectivamente.
As macroalgas verdes de água doce dos gêneros Chara e Nitella
exibiram β-caroteno em concentrações tão elevadas, que o consumo de 8 g de
C. hispida ou 1 g de C. contraria seria suficiente para fornecer metade da IDR
de vitamina A (SCHAGERL; PICHLER, 2000). A alga vermelha Palmaria
palmata desidratada em estufa a 30°C e 45°C apresentou níveis de α- e
β-caroteno que permitiram classificá-la como uma fonte útil de vitamina A
(SAKER-SAMPAIO, 1997). O teor de RE (865 μg 100 g
-1
peso seco) em
G. changgi a classificaria como um alimento rico em vitamina A (NORZIAH;
CHIANG, 2000).
Na microalga verde Dunaliella salina liofilizada, Denery et al. (2004)
encontraram 1,4 mg β-caroteno g
-1
. Assim, o consumo diário de cerca de 2 g
dessa microalga liofilizada seria suficiente para fornecer 50% da IDR, o que a
classificaria como fonte excelente de vitamina A.
As quantidades de RE encontradas em algumas frutas, verduras e
legumes normalmente consumidos não são muito diferentes daquelas
encontradas nas algas marinhas. Além disso, não se espera, nem mesmo das
melhores fontes, que elas sozinhas sejam responsáveis pelo suprimento diário
de um determinado nutriente. De fato, uma dieta de boa qualidade deve incluir
a ingestão de diferentes alimentos de origem animal e vegetal. A medida mais
apropriada para prevenir ou controlar as deficiências nutricionais em longo
63
prazo é assegurar que as dietas forneçam quantidades adequadas dos
nutrientes.
Neste trabalho, as perdas causadas pela desidratação em estufa a 40°C
durante 15 horas foram bastante pronunciadas. Com relação ao teor de
α-caroteno em C. sertularioides ao longo dos doze meses, as perdas variaram
de 39% a 86%. Nas outras quatro espécies analisadas a oscilação ficou entre
24% e 93%. Quanto ao conteúdo de β-caroteno, as perdas em C. sertularioides
e C. prolifera foram de 2% a 83%. Em C. mexicana e C. racemosa, as perdas
ficaram entre 10% e 94%. Em C. cupressoides foi possível observar a menor
variação de perdas no conteúdo de β-caroteno, 35% a 87%.
Um fato comum em todas as espécies analisadas, com exceção da
C. mexicana, foi que as maiores perdas foram observadas nos meses onde as
concentrações de α- e β-caroteno nas algas “in natura” foram máximas. Por
exemplo, em C. cupressoides os maiores teores de α- e β-caroteno foram
detectados no mês de setembro (Figuras 13A e 13B), e as perdas na
concentração desses compostos no material desidratado foram 93% e 87%,
respectivamente.
Segundo Pires (2006), as perdas nos conteúdos de α- e β-caroteno em
C. cupressoides e C. racemosa desidratadas a 40°C por 15 horas foram de
aproximadamente 97%. Fan et al. (2005) encontraram que o processo de
secagem da macroalga vermelha Porphyra (Nori) a 45°C provocou uma
redução no teor de carotenóides da ordem de 80%, enquanto nenhuma perda
foi observada no material liofilizado.
Os carotenóides são pigmentos reconhecidamente sensíveis a vários
fatores, dentre os quais, luz, calor e oxigênio. Essa labilidade torna importante
64
o estudo dos carotenóides encontrados nos vegetais crus e naqueles
submetidos à cocção, tendo em vista que, durante as etapas de preparação de
vários vegetais utilizados na dieta humana, as condições que favorecem a
degradação dos carotenóides estão presentes.
As perdas em vegetais tailandeses preparados por diferentes métodos
de cocção foram avaliadas por Sungpuag et al. (1999), tendo em vista que
alguns vegetais requerem processamentos térmicos mais longos para inativar
enzimas ou para torná-los mais tenros. As perdas no teor de β-caroteno
variaram de 7% a 43%. Os menores valores foram observados nos vegetais
cozidos no vapor e os maiores, naqueles cozidos em grandes volumes de
água. A relação tempo-temperatura foi importante para todos os tipos de
preparações que empregaram calor, mas a intensidade da alteração dependeu
do tipo de cozimento e do produto, incluindo o tamanho do corte.
Campos et al. (2003) analisaram o teor de β-caroteno em brócolis cru,
cozido e frito e observam que o teor de β-caroteno foi menor no material cozido
do que no cru. Esse resultado foi atribuído à degradação durante o cozimento e
à absorção de água, implicando em um decréscimo na concentração dos
carotenóides por unidade de peso. Interessantemente, embora a fritura seja um
modo de preparo que emprega temperaturas mais elevadas, a perda de água
durante o processo fez com que a quantidade de carotenóides por unidade de
peso aumentasse.
Kidmose et al. (2007) avaliaram o efeito da preparação doméstica em
seis variedades de batata doce e constataram que a estabilidade do β-caroteno
durante o aquecimento dependeu da variedade da batata. Negi; Roy (2001)
compararam dois métodos de secagem de vegetais folhosos verdes; o primeiro
65
utilizando temperaturas de 40-50°C (secagem solar) e o outro com temperatura
igual a 65 ± 5°C (secagem em cabine apropriada). A maior perda no conteúdo
de β-caroteno foi observada na secagem solar, e esse fato foi atribuído ao
tempo mais prolongado necessário nesse tipo de procedimento.
Os diferentes métodos de cozimento, principalmente no que tange ao
tempo e à temperatura, podem provocar mudanças significativas nos
carotenóides. Além desses, a estabilidade dos carotenóides também é afetada
durante a estocagem em temperaturas elevadas e sob a influência da luz (LIN;
CHEN, 2005). Bernhardt, Schlich (2006) compararam os teores de β-caroteno
em brócolis e pimentão vermelho cozidos no vapor e fervidos em água, mas
aparentemente eles não foram alterados pelos métodos de cozimento
avaliados. Tang; Chen (2000) analisaram as mudanças na concentração dos
pigmentos presentes em uma preparação a base de cenoura liofilizada durante
sua estocagem e observaram que quando o material foi estocado a 4°C, as
perdas de α- e β-caroteno foram iguais a 16% e 18%, respectivamente, mas
quando a estocagem ocorreu a 45°C, as perdas chegaram a 35% para o
α-caroteno e a 39% para o β-caroteno.
4.3. Vitamina E (α-tocoferol)
O tempo de retenção do padrão de α-tocoferol obtido pelo sistema
cromatográfico usado neste trabalho foi igual a 5,09
± 0,17 min (n = 46). Um
cromatograma típico do padrão contendo 5,0
μg de α-tocoferol está
apresentado na Figura 20. O tempo de retenção do α-tocoferol detectado nos
extratos de alga foi de 5,10 ± 0,19 min (n = 315). Os tempos de retenção do
66
α-tocoferol padrão e do composto presente nos extratos de alga eluído em
aproximadamente 5,0 min não apresentaram diferença estatisticamente
significativa (p 0,05).
Figura 20.
Cromatograma típico de α-tocoferol (Sigma) submetido à
saponificação e partição.
Injeção de 5,0 μg em coluna Waters Spherisorb-Hichrom S5 ODS 2 (4,6 x 250
mm) com fase móvel constituída de MeOH:THF (90:10), fluxo 1,5 mL min
-1
e
detecção em 292 nm.
As cinco espécies de Caulerpa “in natura” analisadas no presente
trabalho apresentaram α-tocoferol. Dentre todas as amostras analisadas, os
conteúdos máximo e mínimo foram detectados em C. cupressoides e
C. racemosa, respectivamente.
Semelhantemente ao α- e β-caroteno, a distribuição de α-tocoferol nas
cinco espécies do gênero Caulerpa, estudadas neste trabalho sob a forma “in
natura”, apresentou diferenças ao longo dos doze meses.
Em C. sertularioides, os teores de α-tocoferol, μg g
-1
peso fresco, foram
máximo em agosto (445,453 ± 15,093) e mínimo em janeiro (94,730 ± 2,599).
67
Em abril (389,607 ± 19,772) e fevereiro (346,036 ± 11,792) também foram
encontrados valores elevados, mas nos demais meses sua distribuição variou
pouco, de 166,633 ± 12,483 a 259,704 ± 15,595 (Figura 21).
Em C. prolifera foi possível observar teores elevados de α-tocoferol,
μg g
-1
peso fresco, em dezembro (426,411 ± 14,539), que foi o máximo, e em
novembro (342,891 ± 7,483) e setembro (331,624 ± 20,149). No restante do
ano, os teores oscilaram entre 129,389 ± 3,663 em junho e 271,624 ± 13,660
em julho (Figura 22).
C. cupressoides apresentou um pico no primeiro semestre igual a
321,860 ± 3,200 μg g
-1
peso fresco (em abril) e outro no segundo semestre
igual a 463,040 ± 24,446 μg g
-1
peso fresco (em setembro), que foi o conteúdo
máximo. Nos meses de janeiro e julho foram registrados níveis mínimos de
α-tocoferol, 40,882 ± 1,353 e 64,651 ± 6,062, respectivamente. Nos outros
meses a variação ficou entre 73,147 ± 2,017 e 200,627 ± 3,107 (Figura 23).
A distribuição de
α-tocoferol em C. mexicana apresentou um pico bem
evidente em abril (399,929 ± 21,126 μg g
-1
peso fresco). Nos outros meses a
variação ficou entre 71,268 ± 13,388 e 122, 210 ± 12,606, exceto em janeiro,
agosto e setembro, nos quais os conteúdos foram mínimos (Figura 24).
Em geral a distribuição de
α-tocoferol em C. racemosa ao longo do ano
apresentou um padrão distinto das demais espécies de Caulerpa, com
alternância de valores, sendo o máximo detectado em junho (195,587 ± 14,262
μg g
-1
peso fresco e mínimo em janeiro 29,795 ± 2,905 μg g
-1
peso fresco)
(Figura 25).
68
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
94,730 g
166,633 f
188,697 e
203,972 e
211,238 e
225,790 e
233,985 d e
237,248 d e
259,704 d
346,036 c
CV = 5,33%
389,607 b
445,453 a
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 21.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa sertulariodes “in natura”,
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
129,389 f
136,630 f
138,923 f
146,986 f
188,670 e
200,345 e
228,753 d
252,976 c d
271,624 c
331,624 b
342,891 b
426,411 a
CV = 4,63%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 22.
Teores de
α-tocoferol em Caulerpa prolifera “in natura”, coletada
na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006.
69
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
40,882 h
64,651 g
73,147 g
74,386 g
74,461 g
97,575 f
129,580 e
140,555 d e
154,148 d
200,627 c
321,860 b
463,040 a
CV = 6,80%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 23.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa cupressoides “in natura”,
coletada na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
41,586 e
42,964 e
45,708 e
71,268 d
79,403 c d
91,954 c d
94,531 c
99,234 b c
116,685 b
118,024 b
122,210 b
399,929 a
CV = 9,99%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 24.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa mexicana “in natura”, coletada
na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006.
70
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
29,795 g
87,351 d
48,634 f
63,799 e f
79,296 d e
83,630 d
89,340 d
111,658 c
123,480 c
150,429 b
164,504 b
195,587 a
CV = 8,36%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 25.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa racemosa “in natura”, coletada
na Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006.
Os coeficientes de variação das médias mensais de α-tocoferol nas
espécies de Caulerpa analisadas “in natura” foram iguais a 5,33%, 4,63%,
6,80%, 9,99% e 8,36%, respectivamente para C. sertularioides, C. prolifera,
C. cupressoides, C. mexicana e C. racemosa (Figuras 21 a 25).
Existem poucos trabalhos sobre a distribuição e a variação sazonal de
α-tocoferol em algas marinhas.
Em espécies de algas japonesas, α-tocoferol foi majoritário
representando mais de 90% dos tocoferóis totais. As algas pardas
apresentaram os maiores conteúdos (1,89 a 51,56 μg g
-1
peso fresco),
seguidas pelas vermelhas (0,02 a 2,21
μg g
-1
peso fresco) e verdes (0,07 a
0,15
μg g
-1
peso fresco). A variação sazonal nos conteúdos de tocoferóis nas
algas pardas Hizikia fusiformis e Analipus japonicus foi atribuída às mudanças
71
ocorridas nos parâmetros ambientais (temperatura da água e luz). Nos meses
em que a temperatura da água e a luminosidade foram mais elevadas foi
possível observar os teores máximos (MIYASHITA; TAKAGI, 1987).
As algas vermelha Palmaria palmata e parda Laminaria digitata
apresentaram α-tocoferol em todos os meses do ano. Em P. palmata, com
exceção da amostra coletada em janeiro, que apresentou conteúdo máximo, a
variação anual foi pequena (0,6 a 1,5 μg g
-1
peso fresco). Em L. digitata o nível
de
α-tocoferol foi relativamente consistente, oscilando de 0,6 a 2,6 μg g
-1
peso
fresco, salvo os valores detectados em agosto e setembro, que foram mais
elevados (SAKER-SAMPAIO, 1997). Os teores de
α-tocoferol nas amostras
analisadas neste trabalho foram superiores, e as variações na distribuição ao
longo do ano muito mais significativas do que os reportados por Saker-
Sampaio (1997).
Apesar de Burtin (2003) eleger as algas pardas como as melhores fontes
de vitamina E, Sousa (2005) encontrou teores de α-tocoferol maiores em algas
verdes do que nas vermelhas e pardas. Os conteúdos de α-tocoferol
encontrados nas espécies de Caulerpa analisadas no presente trabalho foram
comparados com os reportados por Jensen (1969) e Miyashita; Takagi (1987).
Novamente, os teores de α-tocoferol nas espécies de Caulerpa foram
superiores, com exceção das algas pertencentes à família Fucaceae (JENSEN,
1969), que apresentaram valores similares.
Raffo et al. (2006) observaram uma marcante variação sazonal nos
teores de α-tocoferol presentes no tomate-cereja, com mínimo detectado em
dezembro (40 μg 100 g
-1
peso fresco) e máximo em junho (1.160 μg 100 g
-1
peso fresco). Gómez-Coronado et al. (2004) também observaram conteúdos
72
variáveis de α- e γ-tocoferol em alecrim, mas no inverno os valores foram
maiores do que no verão.
Os conteúdos, mg g
-1
peso fresco, de vitamina E (α-tocoferol equivalente
α-TE) e as porções, em g peso fresco, para que as cinco espécies de
Caulerpa “in natura” analisadas neste trabalho sejam consideradas fontes
excelentes ou úteis estão apresentados na Tabela 4. O menor conteúdo de
α-TE foi observado em janeiro em C. racemosa (0,030 ± 0,003 mg g
-1
peso
fresco) e o maior em setembro em C. sertularioides (0,463
± 0,024 mg g
-1
peso
fresco) (Tabela 4).
Com base nos valores de α-TE obtidos para as espécies de Caulerpa “in
natura”, as porções diárias para que sejam consideradas fontes excelentes ou
úteis de vitamina E, são relativamente pequenas, devendo variar de 11 g a
168 g ou de 4 g a 56 g peso fresco, respectivamente (Tabela 4).
As espécies de Caulerpa analisadas por Sousa (2005) apresentaram
teores de α-TE semelhantes aos determinados neste trabalho, e as porções
necessárias para que elas fossem consideradas fontes excelentes ou úteis de
vitamina E, comparáveis às quantificadas no presente trabalho.
As porções diárias de P. palmata ou L. digitata necessárias para que
elas fossem consideradas fontes excelentes de vitamina E foram tão elevadas
quanto 8 kg peso fresco (SAKER-SAMPAIO, 1997). Todas as algas analisadas
por Miyashita; Takagi (1987) precisariam ser consumidas em quantidades
igualmente absurdas para fornecerem metade da IDR de vitamina E, com
exceção da alga parda Hizikia fusiforme que apresentou porções comparáveis
às determinadas no presente trabalho.
73
Tabela 4.
Teores de α-tocoferol equivalente e porções para que as espécies de Caulerpa analisadas “in natura” sejam consideradas fontes excelentes
ou úteis de vitamina E.
Caulerpa sertularioides Caulerpa prolifera Caulerpa cupressoides Caulerpa mexicana Caulerpa racemosa
Mês
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
Jan 0,095 ± 0,003 53 18 0,147 ± 0,006 34 11 0,041 ± 0,001 122 41 0,042 ± 0,007 120 40 0,030 ± 0,003 168 56
Fev 0,346 ± 0,012 14 5 0,137 ± 0,002 37 12 0,074 ± 0,002 67 22 0,079 ± 0,010 63 21 0,084 ± 0,006 60 20
Mar 0,260 ± 0,016 19 6 0,189 ± 0,006 27 9 0,201 ± 0,003 25 8 0,118 ± 0,013 42 14 0,079 ± 0,004 63 21
Abr 0,390 ± 0,020 13 4 0,253 ± 0,011 20 7 0,322 ± 0,003 16 5 0,400 ± 0,021 13 4 0,165 ± 0,006 30 10
Mai 0,204 ± 0,017 25 8 0,200 ± 0,009 25 8 0,141 ± 0,001 36 12 0,117 ± 0,011 43 14 0,087 ± 0,006 57 19
Jun 0,226 ± 0,013 22 7 0,129 ± 0,004 39 13 0,130 ± 0,004 39 13 0,095 ± 0,007 53 18 0,196 ± 0,014 26 9
Jul 0,237 ± 0,011 21 7 0,272 ± 0,014 18 6 0,065 ± 0,006 77 26 0,071 ± 0,013 70 23 0,112 ± 0,010 45 15
Ago 0,445 ± 0,015 11 4 0,229 ± 0,013 22 7 0,098 ± 0,006 51 17 0,043 ± 0,008 116 39 0,150 ± 0,008 33 11
Set 0,167 ± 0,012 30 10 0,332 ± 0,020 15 5 0,463 ± 0,024 11 4 0,046 ± 0,006 109 37 0,049 ± 0,008 103 34
Out 0,211 ± 0,015 24 8 0,139 ± 0,010 36 12 0,074 ± 0,008 67 22 0,099 ± 0,005 50 17 0,123 ± 0,012 40 14
Nov 0,234 ± 0,013 21 7 0,343 ± 0,007 15 5 0,154 ± 0,016 32 11 0,122 ± 0,013 41 14 0,064 ± 0,009 78 26
Dez 0,189 ± 0,005 26 9 0,426 ± 0,015 12 4 0,073 ± 0,002 68 23 0,092 ± 0,009 54 18 0,089 ± 0,008 56 19
α-TE = α-Tocoferol equivalente (mg g
-1
peso fresco)
E = porções em g peso fresco para que as espécies sejam consideradas fontes “excelentes” de vitamina E
U = porções em g peso fresco para que as espécies sejam consideradas fontes “úteis” de vitamina E
74
Nas cinco espécies do gênero Caulerpa estudadas sob a forma
desidratada em estufa a 40°C por 15 horas, a distribuição de α-tocoferol,
presente em todas as amostras com exceção de C. racemosa coletada em
março, também apresentou diferença ao longo dos doze meses de coleta.
C. sertularioides apresentou conteúdo de α-tocoferol de 138,439 ± 3,435
μg g
-1
peso seco em outubro a 380,080 ± 13,429 μg g
-1
peso seco em maio, e
essa variação foi inferior a 2,8 vezes entre o maior e o menor (Figura 26).
De forma semelhante em C. prolifera, o teor máximo de α-tocoferol em
dezembro (289,829
± 14,435 μg g
-1
peso seco) foi apenas 2,3 vezes maior do
que o mínimo (123,832
± 11,323 μg g
-1
peso seco) em julho (Figura 27).
C. cupressoides apresentou um pico bem evidente na concentração de
α-tocoferol no mês de junho (317,222 ± 10,431 μg g
-1
peso seco), e no restante
dos meses os teores permaneceram em duas faixas distintas: de 125,469 ±
4,175 a 233,082 ± 11,210 μg g
-1
peso seco e de 89,981 ± 3,994 a 170,132 ±
14,121 μg g
-1
peso seco (Figura 28).
Em C. mexicana, o teor máximo foi detectado em abril (231,271 ± 15,637
μg g
-1
peso seco) e nos demais meses do ano os conteúdos permaneceram
entre 70,936 ± 7,585 e 194,522 ± 8,893 μg g
-1
peso seco) (Figura 29).
Em C. racemosa, exceção feita ao mês de março em que nenhum
α-tocoferol foi detectado, o menor teor foi observado em outubro (73,492 ±
7,212 μg g
-1
peso seco) e o maior em maio (324,387 ± 22,373 μg g
-1
peso
seco). Nos demais meses o teor permaneceu entre 101,983 ± 9,686 e 256,447
± 10,783 μg g
-1
peso seco (Figura 30).
75
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
138,439 h
160,042 g
224,704 f
238,874 e
245,734 d e
253,168 d e
258,628 d
261,929 d
323,937 c
347,708 b
353,662 b
380,086 a
CV = 3,62%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 26.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa sertulariodes coletada na Praia
do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e desidratada em
estufa a 40°C por 15 horas.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
123,832 f
163,071 e
174,826 d e
176,614 d e
179,977 d e
182,794 d e
191,553 c d
204,849 c
247,206 b
251,436 b
265,380 a b
289,829 a
CV = 5,07%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 27.
Teores de
α-tocoferol em Caulerpa prolifera coletada na Praia do
Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e desidratada em estufa
a 40°C por 15 horas.
76
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
89,981 f
95,490 f
125,469 e
129,548 d e
136,428 d e
150,529 c d
154,132 c d
170,132 c
210,432 b
218,078 b
233,082 b
317,222 a
CV = 6,65%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 28.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa cupressoides coletada na
Praia do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e desidratada
em estufa a 40°C por 15 horas.
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
70,936 g
82,615 f g
96,497 e f
97,505 e f
106,821 e
113,630 d e
130,581 d
132,036 d
156,760 c
165,072 c
194,522 b
231,271 a
CV = 7,34%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 29.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa mexicana coletada na Praia do
Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e desidratada em estufa
a 40°C por 15 horas
77
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
0 100 200 300 400 500
73,492 h
101,983 g h
111,872 f g
113,503 f g
138,221 e f
161,383 d e
171,831 d e
187,990 c d
205,768 c
256,447 b
324,387 a
CV = 8,73%
Meses
μg α-tocoferol g
-1
Figura 30.
Teores de α-tocoferol em Caulerpa racemosa coletada na Praia
do Pacheco, de janeiro a dezembro de 2006 e desidratada em
estufa a 40°C por 15 horas.
Os coeficientes de variação das médias mensais dos conteúdos de
α-tocoferol nas amostras de C. sertularioides, C. prolifera, C. cupressoides,
C. mexicana e C. racemosa desidratadas foram iguais a 3,62%, 5,07%, 6,65%,
7,34% e 8,73%, respectivamente (Figuras 26 a 30).
A distribuição do α-tocoferol foi comparada entre as amostras
desidratadas e aquelas “in natura”, não tendo sido observado o mesmo padrão
quanto a máximos e mínimos, exceto nos extratos de C. prolifera e
C. mexicana.
As perdas no conteúdo de α-tocoferol após a desidratação a 40°C por
15 horas foram as seguintes: C. sertularioides e C. prolifera de 63% a 91%;
C. cupressoides e C. mexicana de 33% a 97%; e C. racemosa de 26% a 88%.
78
Sánchez-Machado et al. (2002) determinaram α-tocoferol nas algas
pardas Himanthalia elongata e Laminaria ochroleuca desidratadas a 45°C por
24 horas, que apresentaram teores iguais a 33,3 ± 4,2 e 8,9 ± 2,1
μg g
-1
peso
seco, respectivamente, e nas pardas Saccorhiza polychides e H. elongata
enlatadas, submetidas a 112°C por 40 minutos, que apresentaram teores iguais
a 5,7 ± 1,3 e 12,0 ± 2,0 μg g
-1
peso seco, respectivamente. A diferença nas
amostras de H. elongata, desidratada a 45°C por 24 horas e esterilizada
comercialmente a 112°C por 40 minutos, foi atribuída às condições do
processamento, variação sazonal e/ou variação entre os locais de coleta.
Le Tutour et al. (1998) quantificaram os isômeros α-, γ- e δ-tocoferol nas
algas pardas Laminaria digitata, H. elongata, Fucus vesiculus, F. serratus e
Ascophyllum nodosum desidratadas (teor de umidade menor que 10%) e
encontraram predominância de α-tocoferol. L. digitata e H. elongata
apresentaram teores inferiores aos detectados em todas as amostras
analisadas no presente trabalho, enquanto em F. vesiculus, F. serratus e
A. nodosum, os conteúdos foram várias vezes superiores.
Durante os processos de cocção, as perdas de vitamina E nos alimentos
também são apreciáveis (MACHLIN, 1991; BRAMLEY et al., 2000; RONCADA,
2000). Entretanto, Bernhardt; Schlich (2006) não encontraram perdas
significativas no conteúdo de α-tocoferol em brócolis e pimentão vermelho
submetidos a diferentes métodos de cocção.
Torre et al. (2001) analisaram o efeito de várias técnicas de secagem
sobre o conteúdo de α-tocoferol em alecrim. A secagem em forno microondas
(900 W, por 1 minuto) não causou perdas, porém quando o alecrim foi
79
liofilizado ou submetido à secagem em forno elétrico (50°C por 3 horas), as
perdas foram de 41% e 49%, respectivamente.
Os conteúdos, mg g
-1
peso seco, de vitamina E (α-tocoferol equivalente
α-TE) e as porções, em g peso seco, para que as cinco espécies de Caulerpa
desidratadas analisadas neste trabalho sejam consideradas fontes excelentes
ou úteis estão apresentados na Tabela 5.
A concentração de α-TE em C. sertularioides foi bastante consistente,
com valores variando de 0,138 ± 0,003, em outubro a 0,380 ± 0,013 mg g
-1
peso seco, em maio (Tabela 5). C. prolifera apresentou quatro picos na
concentração de α-TE, 0,290 ± 0,014; 0,265 ± 0,019; 0,251 ± 0,007 e 0,247 ±
0,009 mg g
-1
peso seco, respectivamente, em dezembro, novembro, maio e
fevereiro. O teor mínimo foi detectado em julho, 0,124 ± 0,011 mg g
-1
peso
seco. Nos demais meses os valores variaram de 0,175 ± 0,004 a 0,205 ± 0,009
mg g
-1
peso seco (Tabela 5).
A distribuição de α-TE em C. cupressoides foi distinta nos dois
semestres do ano. No primeiro, foram detectados os maiores valores, 0,136
±
0,006 a 0,317 ± 0,010 mg g
-1
peso seco e no segundo, os menores conteúdos,
0,090
± 0,004 a 0,154 ± 0,004 mg g
-1
peso seco (Tabela 5).
C. mexicana apresentou teores máximos de α-TE em abril (0,231 ±
0,016 mg g
-1
peso seco) e maio (0,195 ± 0,009 mg g
-1
peso seco), e mínimo em
março (0,071 ± 0,008 mg g
-1
peso seco). Nos demais meses, a variação foi de
0,083 ± 0,009 a 0,165 ± 0,009 mg g
-1
peso seco (Tabela 5).
Em C. racemosa, o teor máximo α-TE foi detectado em maio (0,324 ±
0,022 mg g
-1
peso seco), seguido pelo mês de junho (0,256 ± 0,011 mg g
-1
80
peso seco). No restante do ano, os teores oscilaram entre 0,073 ± 0,007 e
0,206 ± 0,021 mg g
-1
peso seco (Tabela 5).
As porções de Caulerpa desidratadas que seriam suficientes para
fornecer
1
/
2
da IDR (fonte excelente) ou
1
/
6
da IDR (fonte útil) de vitamina E
foram razoáveis e variaram de 13 g a 70 g ou de 4 g a 24 g, respectivamente
(Tabela 5).
Diante da marcante variação sazonal observada na distribuição de α- e
β-caroteno e α-tocoferol, nas espécies de Caulerpa analisadas no presente
trabalho, estudos posteriores poderão revelar quais as causas, sejam elas
ambientais e/ou morfológicas, que provocam tal variação.
81
Tabela 5.
Teores de α-tocoferol equivalente e porções para que as espécies de Caulerpa analisadas desidratadas sejam
consideradas fontes excelentes ou úteis de vitamina E.
Caulerpa sertularioides Caulerpa prolifera Caulerpa cupressoides Caulerpa mexicana Caulerpa racemosa
Mês
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
α-TE
E U
Jan 0,160 ± 0,006 31 10 0,177 ± 0,011 28 9 0,136 ± 0,006 37 12 0,132 ± 0,006 38 13 0,161 ± 0,006 31 10
Fev 0,262 ± 0,004 19 6 0,247 ± 0,009 20 7 0,210 ± 0,007 24 8 0,157 ± 0,014 32 11 0,172 ± 0,012 29 10
Mar 0,348 ± 0,006 14 5 0,192 ± 0,011 26 9 0,170 ± 0,014 29 10 0,071 ± 0,008 70 24 - - -
Abr 0,324 ± 0,005 15 5 0,180 ± 0,007 28 9 0,218 ± 0,015 23 8 0,231 ± 0,016 22 7 0,188 ± 0,021 27 9
Mai 0,380 ± 0,013 13 4 0,251 ± 0,007 20 7 0,233 ± 0,011 21 7 0,195 ± 0,009 26 9 0,324 ± 0,022 15 5
Jun 0,246 ± 0,001 20 7 0,175 ± 0,002 29 10 0,317 ± 0,010 16 5 0,083 ± 0,009 61 20 0,256 ± 0,011 19 7
Jul 0,253 ± 0,011 20 7 0,124 ± 0,011 40 13 0,154 ± 0,004 32 11 0,131 ± 0,004 38 13 0,138 ± 0,007 36 12
Ago 0,354 ± 0,011 14 5 0,163 ± 0,007 31 10 0,125 ± 0,004 40 13 0,114 ± 0,009 44 15 0,114 ± 0,010 44 15
Set 0,259 ± 0,011 19 6 0,205 ± 0,009 24 8 0,151 ± 0,010 33 11 0,107 ± 0,004 47 16 0,102 ± 0,010 49 16
Out 0,138 ± 0,003 36 12 0,183 ± 0,008 27 9 0,095 ± 0,013 52 17 0,098 ± 0,007 51 17 0,073 ± 0,007 68 23
Nov 0,225 ± 0,014 22 7 0,265 ± 0,019 19 6 0,130 ± 0,017 39 13 0,165 ± 0,009 30 10 0,206 ± 0,021 24 8
Dez 0,239 ± 0,013 21 7 0,290 ± 0,014 17 6 0,090 ± 0,004 56 19 0,096 ± 0,013 52 17 0,112 ± 0,018 45 15
- = não detectável
α-TE = α-Tocoferol equivalente (mg g
-1
peso seco)
E = porções em g peso seco para que as espécies sejam consideradas fontes excelentes de vitamina E
U = porções em g peso seco para que as espécies sejam consideradas fontes úteis de vitamina E
82
5. CONCLUSÕES
O sistema e o método cromatográfico desenvolvidos no presente
trabalho foram adequados para a identificação e quantificação simultânea de
α-caroteno, β-caroteno e α-tocoferol.
Os extratos das cinco espécies de Caulerpa analisadas “in natura” e
desidratadas apresentaram α- e β-caroteno em quantidades variáveis ao longo
dos doze meses de coleta, porém essa variação não obedeceu a um padrão
único no gênero.
Os maiores níveis de α-caroteno foram verificados em C. prolifera e os
de β-caroteno em C. mexicana, tanto nos extratos preparados com alga “in
natura” quanto naqueles preparados com algas desidratadas a 40°C por 15
horas. O conteúdo máximo de retinol equivalente foi observado em C. prolifera,
tanto na forma “in natura” como na forma desidratada.
No gênero Caulerpa, contrariamente as demais espécies de algas
verdes, os teores de
α-caroteno predominaram sobre os de β-caroteno.
Todos os extratos das cinco espécies de Caulerpa analisadas “in natura”
e desidratadas apresentaram
α-tocoferol, com exceção da amostra desidratada
de C. racemosa coletada em março. De modo semelhante aos carotenóides
provitamina A, a distribuição sazonal também não seguiu o mesmo perfil.
Os valores máximos tanto de
α-tocoferol como de α-tocoferol
equivalente foram encontrados em C. cupressoides “in natura” e em
C. sertularioides desidratada.
83
Com base nas porções diárias calculadas para fornecerem 50% da IDR
de vitaminas, as algas analisadas sob as duas formas provavelmente são
melhores fontes de vitamina E do que de vitamina A.
A secagem provocou perdas máximas de aproximadamente 90% nos
conteúdos de α- e β-caroteno e de α-tocoferol, mas algumas vezes, essa perda
não ultrapassou 40%. Em geral, as algas “in natura” com teores mais elevados
desses nutrientes perderam uma quantidade maior do que aquelas com teores
mais baixos.
84
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