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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PESCA
CULTIVO DE TILAPIA DO NILO EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO COM
DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO.
EMANUEL SOARES DOS SANTOS
FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL
JUNHO/2008
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ii
CULTIVO DE TILAPIA DO NILO EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO COM
DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO.
EMANUEL SOARES DOS SANTOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PESCA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA DE PESCA.
FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL
JUNHO/2008
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iii
Esta Dissertação foi submetida à Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Pesca como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Pesca, outorgado pela
Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados
na Biblioteca de Ciências e Tecnologia da referida Universidade.
A transcrição de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde
que seja feita de conformidade com as normas da ética científica.
_________________________________
Emanuel Soares dos Santos
DISSERTAÇÃO APROVADA EM _____/_____/_____
____________________________________________
Professor Doutor Manuel Andrade Furtado Neto
Presidente
____________________________________________
Professor Doutor Moisés Almeida de Oliveira
Conselheiro
____________________________________________
Professor Doutor Suetônio Mota
Conselheiro
_____________________________________________
Professora Doutora Marisete Dantas de Aquino
Conselheira
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação as famílias;
A família que me recebeu,
pois me aceitaram como eu sou e me ajudaram sempre.
Vocês estão diretamente ligados a esta vitória.
A família que me formou,
pois é graças a eles que sou quem eu sou.
Mãe, eu te amo, obrigado por tudo!
A família que eu formei,
Pois são a razão da minha vida, minha motivação,
É por vocês que não vou parar de crescer.
Especialmente ao meu filho Miguel que se juntou neste ano a mim, Karla e
Malú, deixando esta família ainda mais completa.
Abençoa Senhor as famílias...
v
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos que estiveram direta ou indiretamente
envolvidos na realização do experimento desta dissertação.
Aos integrantes da rede PROSAB, em especial aos bolsistas que realizaram as
análises de água no LABOSAN. A todos professores da UFC envolvidos no
Edital PROSAB 5, em especial ao Professora Dr. André Bezerra dos Santos.
Aos colaboradores que proporcionaram todo apoio e suporte necessários para
execução dos experimentos, dentre estes gostaria de agradecer de forma
enfática ao Diassis, meus dois braços nas rotinas de campo.
A ASTEF – Associação Técnico Científica Engenheiro Paulo de Frontim, pela
conseção da minha bolsa desde o ano passado.
A equipe do Laboratório de Microbiologia do LABOMAR, coordenados pela
Professora Dra. Regine F. Vieira, que realizaram as análises microbiológicas
no decorrer de todos os anos de pesquisa que realizamos.
A Professora Dra. Silvana Saker Sampaio, pelas horas dedicadas a me ensinar
a trabalhar com os dados coletados, realizar as análises estatistícas e a
interpreta-los da maneira com que nesta dissertação estam expostos.
Ao Professor Dr. Moisés Almeida de Oliveira, pelo encaminhamento e
orientações desde o início da minha jornada no mundo acadêmico.
vi
Ao Professor Dr. Suetônio Mota, pelo apoio em todos as horas, pois sempre,
de alguma forma, fazia com que toda e qualquer necessidade fosse suprida
para a execução dos experimentos no decorrer dos anos em que venho
trabalhando junto a ele. Espero que estes anos perdurem com muita saúde.
A Professora Dra. Marisete Dantas de Aquino, pelo amparo dado nos
momentos de aflição, durante o tempo de tribulação sofrido por nossa equipe.
A todos os meus amigos, e especialmente ao MSc. David Araújo Borges,
grande colaborador e companheiro durante todos estes anos dentro e fora de
aula.
vii
SUMÁRIO
RESUMO ix
ABSTRACT x
LISTA DE FIGURAS xi
LISTA DE TABELAS xiv
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Objetivo Geral 6
1.2. Objetivos Específicos 6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
2.1. A Aquicultura 7
2.1.1. A Piscicultura
9
2.1.2. Sistemas de Produção em Piscicultura
10
2.1.3. Qualidade de Água em Piscicultura
13
2.1.3.1. Temperatura 14
2.1.3.2. pH 15
2.1.3.3. Oxigênio Dissolvido (OD) 16
2.1.3.4. Nitrito 19
2.1.3.5. Demanda Química de Oxigênio (DQO) 20
2.2. Reúso de Água 21
2.3. Reúso de Água na Piscicultura 26
2.3.1. A Escolha da Espécie
29
2.3.2. As Tilápias
30
2.3.3. Qualidade do Pescado Produzido
35
3. MATERIAL E MÉTODOS 39
viii
3.1. Descrição do Experimento 39
3.2. Área de trabalho 39
3.3. Protocolos experimentais 43
3.3.1. Hipóteses Testadas
43
3.3.2. Acompanhamento dos Parâmetros de Qualidade de Água
44
3.3.3. Povoamento e Biometrias
45
3.3.4. Curvas de Crescimento
46
3.3.5. Acompanhamento da Capacidade Produtiva
47
3.3.6. Qualidade do Pescado Produzido
47
3.3.7. Análises Estatisticas
48
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 49
4.1. Acompanhamento da Qualidade de água 49
4.1.1. Temperatura
49
4.1.2. pH x Nitrito
50
4.1.3. OD x DQO
54
4.2. Curvas de Crescimento 61
4.3. Taxa de Sobrevivência 66
4.4. Acompanhamento da Capacidade Produtiva 69
4.4.1. Parâmetros Zootécnicos
70
4.4.1.1. Crescimento em Comprimento (cm/peixe) 70
4.4.1.2. Ganho de Peso (g/peixe) 71
4.4.1.3. Ganho de Biomassa (g/m³) 73
4.4.1.4. Produtividade (kg/ha/dia) 75
4.4.1.5. Conversão Alimentar 76
4.5. Qualidade do Pescado Produzido 78
ix
5. CONCLUSÕES 80
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
x
RESUMO
A distribuição de água é muito desigual tanto em geografia quanto em
precipitação ao longo do ano, fazendo com que este recurso esteja aquém das
necessidades da população. O que nos faz considerar a prática do reúso de
águas como uma das saídas para a problemática da oferta hídrica. Esta
pesquisa tentou desenvolver a melhor metodologia de cultivo para a aplicação
da piscicultura com uso de esgoto tratado. Utilizou-se nove (09) viveiros com
50m³ de volume cada, que foram abastecidos com esgoto doméstico tratado
para o cultivo de tilápia do Nilo, em três tratamentos experimentais; 1°
Tratamento, não foi ofertada ração; 2° Tratamento, foi ofertada 50% da ração
indicada pelo fabricante; 3° Tratamento, foi ofertada 100% da ração indicada
pelo fabricante. Foram acompanhados os seguintes parâmetros de qualidade
de água: Temperatura, pH, OD, Nitrito e DQO. A partir dos dados colhidos nas
biometrias foram analisados os parâmetros de crescimento, em comprimento
total (cm/peixe), peso (g/peixe) e biomassa (g/m
3
); nos quais foi feita a análise
estatística ANOVA e o Teste de Tukey; além da produtividade (kg/ha/dia) e
taxa de Conversão Alimentar (CA). Foram realizadas análises microbiológicas
do pescado produzido. Dentre os parâmetros de qualidade de água o OD e a
DQO apresentaram variações extremas, em que, o OD chegou a 1,79mg/l; e a
DQO em 494,0 mg/l. Para o crescimento em comprimento (cm/peixe) o
Tratamento 2 apresentou o melhor resultado, sendo estatisticamente diferente
dos outros dois tratamentos. Para o ganho de peso (g/peixe) o Tratamento 2
apresentou o melhor resultado, porém, é estatisticamente semelhante ao
Tratamento 1, que, por sua vez, é semelhante ao Tratamento 3. Para o ganho
de biomassa (g/m³) o Tratamento 2 obteve o melhor resultado, porém, este é
estatisticamente semelhante ao Tratamento 1, já o Tratamento 3 apresentou o
pior resultado; assim como para produtividade e conversão alimentar. Apenas
uma amostra de brânquia apresentou contaminação por Estafilococus
Coagulase Positiva, o que não inviabiliza o consumo deste pescado. Pelos
resultados apresentados concluiu-se que o melhor tratamento a ser aplicado
para o cultivo de tilápia do Nilo com uso de esgoto doméstico tratado é aquele
em que se utiliza 50% da ração indicada pelo fabricante (Tratamento 2).
xi
ABSTRACT
The distribution of water is very uneven both in geography and in rainfall
throughout the year, making this feature is short of the needs of the population,
making us consider the practice of reuse of water as one of the exits to the
problems of water supply. This research sought to develop the best methods of
cultivation for the implementation of fish farming with the use of treated sewage.
It was used nine (09) ponds with 50m ³ of volume each, which were fuelled by
domestic sewage treated for the ongrowing of Nile tilapia in three experimental
treatments.1° treatment was not offered commercial feed, 2° treatment was
offered 50% of the commercial feed suggested by the manufacturer; 3°
treatment was offered 100% of the commercial feed suggested by the
manufacturer. The following water quality parameters were observed:
temperature, pH, OD, nitrite, BOD and COD. From the data collected in
biometry, were analyzed the parameters of growth in total length (cm/fish),
weight (g/fish), biomass (g/m3) productivity (kg/ha/day) and food conversion
rate (CA). All this data were statistically analyzed (ANOVA and Tukey test).
Microbiological analyses of produced fish were conducted. Among the
parameters of water quality OD and COD showed extremes variations, where
OD reached 1.79 mg/l, and COD 494.0 mg/l. For growth in length (cm/fish)
treatment 2 presented the best result and is statistically different from the other
two treatments. To gain weight (g/fish) the treatment 2 presented again the best
result, however, is statistically similar to treatment 1 and 3. For the gain of
biomass (g/m) treatment 2 obtained the best result, however, this is statistically
similar to the Treatment 1. Treatment 3 showed the worst outcome, as well as
productivity and feed conversion. Only a sample of gill showed contamination
by Estafilococus Coagulase positive, yet it not makes the consumption of this
fish inappropriate. By those findings we concluded that the best treatment to be
applied is the cultivation of Nile tilapia with the use of treated domestic sewage
is the use of 50% of commercial feed suggested by the manufacturer (treatment
2).
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Valores relativos de cada grupo taxonômico na produção
mundial da aqüicultura em 2004 (FAO, 2006).
8
Figura 2 -
Crescimento da produção mundial da aqüicultura (incluindo
plantas) de 1954 até 2004 (FAO, 2006).
8
Figura 3 -
Crescimento da produção das quatro principais espécies da
aqüicultura brasileira de 1980 até 2004 (FAO, 2006).
9
Figura 4 -
Comportamento do OD ao longo do dia em função da
fotossíntese e respiração na água (Boyd, 1990)
17
Figura 5 -
Formas potenciais de reúso de água.
23
Figura 6 -
Crescimento da produção de tilápia do Nilo, Oreochromis
niloticus, no mundo de 1950 até 2005 (Fonte: FAO Fisheries
Statistic).
31
Figura 7 -
Exemplar de tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus.
32
Figura 8 -
Imagem de satélite onde pode-se visualizar as Lagoas de
Estabilização e o Centro Experimental de Reuso de Águas,
Aquiraz, Ceará.
40
Figura 9 -
Lay-out da área experimental destinada à piscicultura no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
41
Figura 10 -
Viveiro experimental para piscicultura construído em alvenaria
no Centro Experimental de Reúso de Águas da CAGECE,
Aquiraz, Ceará, 2007.
42
Figura 11 -
Bateria de três (03) viveiros experimentais com tela de proteção
no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará,
43
xiii
2007.
Figura 12 -
Área Operacional, utilizada como armazém e ponto de apoio no
Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
43
Figura 13 -
Amostra dos alevinos que foram estocados nos Viveiros
Experimentais no Centro Experimental de Reuso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
47
Figura 14 -
Curvas de temperatura medidas na água dos tanques dos
tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de
Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
52
Figura 15 -
Curvas de pH medidos na água dos tanques dos tratamentos
experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
54
Figura 16 -
Curvas de OD medidos na água dos tanques dos tratamentos
experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
58
Figura 17 -
Curvas de DQO medidos na água dos tanques dos tratamentos
experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
60
Figura 18 -
Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 1 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
61
Figura 19 -
Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 2 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
62
xiv
Figura 20 -
Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 3 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
63
Figura 21 -
Curvas de crescimento em comprimento total (Lt) médio dos
peixes cultivados nos três tratamentos experimentais realizados
no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará,
2007.
65
Figura 22 -
Curvas de crescimento em peso (W) médio dos peixes cultivados
nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
67
Figura 23 -
Amostra dos peixes ao final do cultivo nos três tratamentos
experimentais realizados no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
68
Figura 24 -
Representação gráfica do crescimento em comprimento
(cm/peixe), ao final do cultivo nos três tratamentos experimentais
realizados no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz,
Ceará, 2007.
73
Figura 25 -
Representação gráfica do ganho de peso (g/peixe), ao final do
cultivo nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
75
Figura 26 -
Representação gráfica do ganho de biomassa (g/m³), ao final do
cultivo nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
77
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Resumo das densidades e produtividades dos sistemas de
produção (modificado de ZIMMERMANN; FITZSIMMONS, 2004).
13
Tabela 2 -
Efeitos causados em peixes de acordo com a faixa de pH
(modificado de BOYD, 1990).
16
Tabela 3 -
Variação dos teores do OD em tanque e viveiros (modificado de
Zimermann, 2001).
19
Tabela 4 -
Concentração letal de nitrito para algumas espécies em água
doce (modificado de VINATEA, 1997).
20
Tabela 5 -
Composição média em termos de proteína bruta, extrato etéreo,
matéria mineral e energia do alimento natural dos peixes
(adaptado de Hepher, 1988).
27
Tabela 6 -
Os dez maiores produtores de tilápia em 2004.
32
Tabela 7 -
Critério preliminar de qualidade microbiológica para reúso em
aqüicultura (Adaptado de MARA e CAIRNCROSS, 1989 apud
FELIZATTO, 2000).
36
Tabela 8 -
Diretrizes do PROSAB para o uso de esgotos sanitários em
piscicultura (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007).
37
Tabela 9 -
Critérios da qualidade para alimentos recomendados pela
ANVISA (Adaptado de ANVISA, 2001apud MOTA et al., 2007).
38
Tabela 10 -
Parâmetros físico-químicos e métodos/aparelhos utilizados para
o acompanhamento da qualidade da água dos Tratamentos 01,
02 e 03. Aquiraz, Ceará, 2007,
45
xvi
Tabela 11 -
Valores médios e desvio padrão de comprimento, peso e
biomassa além da densidade de estocagem dos Tratamentos 01,
02 e 03. Aquiraz, Ceará, 2007.
46
Tabela 12 -
Principais parâmetros zootécnicos analisados dos peixes
cultivados nos Tratamentos 01, 02 e 03. Aquiraz, Ceará, 2007.
48
Tabela 13 -
Média, desvio padrão, máximo e mínimo de Temperatura dos
tratamento 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
51
Tabela 14 -
Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de pH nos três
tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de
Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
53
Tabela 15 -
Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Nitrito três
tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de
Reuso de E Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
55
Tabela 16 -
Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Oxigênio
Dissolvido (OD) nos tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no
Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
56
Tabela 17 -
Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo da Demanda
Química de Oxigênio (DQO) nos tratamentos experimentais 1, 2
e 3 no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará,
2007.
59
Tabela 18 -
Valores médios e desvio padrão do comprimento total (Lt) dos
peixes cultivados nos três tratamentos experimentais no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
64
xvii
Tabela 19 -
Valores médios e desvio padrão do peso (W) dos peixes
cultivados nos três tratamentos experimentais no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
66
Tabela 20 -
Taxas de sobrevivência finais nos três tratamentos experimentais
no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará,
2007.
70
Tabela 21 -
Resultados dos principais parâmetros zootécnicos avaliados nos
peixes dos três tratamentos experimentais no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
80
xviii
1. INTRODUÇÃO
Em termos globais, a quantidade de água disponível em nosso planeta é
muito superior ao total necessário aos diversos usos da população. No entanto,
a distribuição de água é muito desigual tanto em geografia quanto em
precipitação ao longo do ano, fazendo com que este recurso esteja aquém das
necessidades da população. Além da distribuição irregular e das perdas, deve
ser considerada a crescente degradação dos recursos hídricos, resultado da
ação antrópica, tornando parte da água imprópria para diversos usos. Assim,
muitas regiões do mundo apresentam problemas relacionados com a água,
seja pela escassez ou pela qualidade inadequada da mesma (MOTA; AQUINO;
SANTOS, 2007).
Um exemplo da distribuição desigual da água, é o que ocorre no Brasil.
Enquanto cerca de 80% da água existente no país localiza-se na Amazônia,
onde vive 5% da população, o restante dos recursos hídricos (20%) destina-se
a abastecer 95% dos brasileiros. A situação ainda fica mais grave na região
Nordeste, onde a disponibilidade de água, por habitante, é ainda menor
(MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007).
Nos últimos anos, uma parte da humanidade parece ter atentado para a
grave situação da degradação dos recursos naturais, passando a se preocupar
em desenvolver soluções ou estratégias para tentar reverter este quadro, ou
pelo menos, conviver de maneira harmônica com a natureza na condição que
ela se encontra, tentando com isso dar tempo para que os próprios sistemas
naturais revertam a situação.
xix
Foi então que surgiram conceitos como “gestão ambiental”, eco-
desenvolvimento” e “desenvolvimento sustentável”. Segundo Pereira (2004), a
Gestão Ambiental considera que o sistema produtivo e a natureza são
integrados, o melhor aproveitamento das matérias primas diminui os resíduos e
os impactos/custos ambientais.
“Na esteira das ações que buscam colocar em prática o combate ao
desperdício, como forma de melhorar a gestão pela qualidade nos processos
produtivos, surge um conjunto de estratégias integradas e preventivamente
aplicadas a processos, produtos e serviços, tendo por objetivos, aumentar a
eficiência do emprego de matérias primas, energia e água, visando,
simultaneamente, reduzir os riscos ambientais e aumentar o lucro do negócio.
A estas estratégias deu-se o nome de Tecnologias Limpas” (CABEDA, 1999
apud PEREIRA, 2000).
Na busca do desenvolvimento de atividades que obedeçam aos pilares
da sustentabilidade, em que as atividades devem ser economicamente viáveis,
ecologicamente corretas e socialmente justas, é que nos faz considerar a
prática do reúso de águas como uma das saídas para a problemática da oferta
hídrica. Quando se faz o reúso em atividades como a agricultura e a
aqüicultura, ainda podem-se agregar a atividade econômica, a geração de
emprego e produção de proteína.
Considerando o uso racional da água, é possível então substituir as
fontes de abastecimento de atividades produtivas que toleram águas de menor
qualidade, implantando, neste caso, o reúso, assim deixando um maior volume
de água de melhor qualidade para os usos nobres, como é o caso do
abastecimento humano.
xx
A prática de aqüicultura refere-se ao cultivo de animais e plantas em
meio aquático tendo em vista o consumo alimentar para o homem ou para
animais (KELLNER; PIRES, 1998 apud AQUINO et al., 2007).
Por esta ser uma atividade que demanda grande quantidade de água,
torna-se então necessário o desenvolvimento de soluções alternativas para
esta necessidade, sendo o uso de efluentes tratados uma das possíveis
soluções.
Segundo Bastos et al. (2003b), com a desigualdade existente na
distribuição de água no país, a piscicultura água de esgoto sanitário constitui
fonte alternativa da produção de proteína de baixo custo, além de funcionar
como uma forma de reciclagem de nutrientes.
Estas são características desta atividade que não podem ser
desconsideradas, pois a piscicultura é responsável por cerca de 45% de toda a
produção da aqüicultura mundial, que atualmente é de aproximadamente 60
milhões de toneladas, isto é, algo em torno de 27 milhões de toneladas
produzidas anualmente (FAO, 2006).
Em relação a reciclagem de nutrientes pode-se enfatizar a capacidade
de produção de biomassa de algas nos sistemas de tratamento de esgoto, em
especial nas lagoas de estabilização. Segundo Matheus (1985), estas
possibilitam a reciclagem de matéria orgânica e nutrientes de esgotos
domésticos e, se bem projetadas, as lagoas podem funcionar como reatores
biológicos econômicos do ponto de vista do consumo e aproveitamento de
energia natural luminosa com excelente efetividade na fixação da energia solar,
comparando-se com a produtividade por hectare atual das safras agrícolas que
produzem menos de 0,1 g/m²/dia. Em lagoas de estabilização pode-se
xxi
produzir, no mesmo hectare, taxas de cem a duzentas vezes maior de proteína,
ou seja, de 10 a 20 g/m²/dia. Esta biomassa que se desenvolve nas lagoas de
estabilização consiste principalmente de algas.
Ainda conforme Matheus (1985), pesquisas têm sido conduzidas em
diversas partes do mundo, no sentido de utilizar essa massa de algas, pois elas
constituem importante fonte de alimento protéico, chegando a ser mais de 50%
(em peso seco) a proporção de proteínas existentes nesses organismos.
Para aproveitar de forma eficiente toda esta biomassa de qualidade
devem ser utilizadas espécies de peixes que possuam a capacidade de
assimilar esta fonte protéica com eficiência. Dentre as espécies mais utilizadas
nas pesquisas e nos cultivos com reúso de esgoto ao redor do mundo, estão as
carpas e as tilápias.
De acordo com Peirong (1989), a tilápia é onívora com tendência para
ser herbívora. No estágio larval, alimenta-se principalmente de zooplâncton e o
espectro alimentar aumenta com o crescimento do peixe. No hábito alimentar
são incluídos todos os tipos de plâncton, seres bentônicos, algas, pequenas
plantas aquáticas, detritos orgânicos, e pequenos animais tais como minhocas,
microcrustáceos, insetos aquáticos.
Pelos argumentos acima expostos, fica clara a importância do
desenvolvimento da presente dissertação, pois nela tentou-se desenvolver a
melhor metodologia de cultivo para a aplicação prática em piscicultura com uso
de água de esgoto tratado, assim como servir como base para novos
experimentos.
Com este experimento se almeja também ajudar a justificar
economicamente a implantação de estações de tratamento de esgotos (ETE’s),
xxii
nos locais onde não existirem, assim como o funcionamento mais eficiente
destas, pela exigência dos padrões para o reúso.
Para uma melhor abordagem o tema em questão o tema foi dividido em
várias etapas sendo a primeira destas o capítulo 2, que descreve um revisão
bibliográfica, de onde foram retirados embasamentos científicos para justificar e
os procedimentos seguidos e resultados alcançados neste trabalho.
No capítulo 3 estão descritos os materiais utilizados e a metodologia
experimental seguida para a realização deste trabalho, assim como a definição
das variáveis de avaliação a serem utilizadas para as análises dos resultados.
Já no capítulo 4 apresenta-se os resultados obtidos no decorrer e ao
final do experimento, tomando como base, para discuti-los, o levantamento
bibliográfico previamente exposto no capítulo 2.
Finalmente, no capitulo 5, estão expostas as conclusões obtidas através
das análises dos resultados alcançados neste estudo.
Tendo em vista a importância do uso racional dos recursos hídricos e a
geração de proteína animal, ambos tão escassos para grande parte da
população do nosso país, e em especial da região nordeste, este trabalho tem
os seguintes objetivos:
1.1. Objetivo Geral
Desenvolver uma metodologia adequada para o cultivo da tilápia do
Nilo, Oreochromis niloticus, utilizando esgoto doméstico tratado em lagoas de
estabilização.
xxiii
1.2. Objetivos Específicos
Avaliar qual a melhor rotina alimentar para o cultivo da tilápia do Nilo,
com o uso de esgoto doméstico tratado, com base nos resultados
zootécnicos.
Acompanhar a qualidade da água, para verificar os efeitos que os
diferentes manejos alimentares causam à mesma e, conseqüentemente
aos peixes estocados.
Verificar a qualidade microbiológica do pescado produzido, visando
garantir a segurança alimentar do futuro mercado consumidor.
Fornecer subsídios para viabilizar a implantação de estações de
tratamento de esgoto nos locais onde não existam, assim contribuindo
para a proteção do meio ambiente.
Produzir proteína animal de qualidade e acessível à população em
massa.
xxiv
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. A Aqüicultura
A aqüicultura pode ser definida, de uma maneira simples, como o
processo de produção de organismos aquáticos, sejam eles animais ou
vegetais.
A aqüicultura, provavelmente, é a atividade que mais cresce no setor de
produção de alimento. Atualmente, é responsável por aproximadamente 50%
da produção mundial de pescado, sendo vista como tendo grande potencial
para suprir a crescente demanda por alimento de origem aquática. Tendo em
vista as projeções de crescimento populacional para as próximas duas
décadas, estima-se que será necessário um aumento de cerca de 40 milhões
de toneladas, até 2030, para a manutenção do consumo per capita de alimento
de origem aquática (FAO, 2006).
Em 2004, havia registro de que eram cultivadas aproximadamente 336
espécies divididas em 115 famílias. No ranking de produção, em primeiro lugar
estavam os peixes, em segundo lugar as plantas aquáticas, em terceiro lugar
os moluscos e em quarto lugar os crustáceos como mostra a Figura 1 (FAO,
2006).
xxv
Fonte: FAO, 2006.
Figura 1 - Valores relativos de cada grupo taxonômico na produção
mundial da aqüicultura em 2004.
Segundo a FAO (2006), a aqüicultura mundial cresceu muito durante os
últimos 50 anos, tendo a produção passado de aproximadamente um milhão de
toneladas, em 1950, para 59,4 milhões de toneladas, em 2004 (Figura 2).
Fonte: FAO, 2006.
Figura 2 - Crescimento da produção mundial da aqüicultura (incluindo
plantas) de 1954 até 2004.
xxvi
No Brasil, a aqüicultura também vem acompanhando esta tendência de
crescimento, sendo possível observar na Figura 3 o crescimento na produção
de 1980 a 2004 das quatro espécies mais significativas para a aqüicultura
brasileira, segundo a FAO (2006): o camarão branco, Penaeus vannamei, a
tilápia, Orechromis spp., a carpa comum, Cyprinus carpio, e o tambaqui,
Colossoma macropomum.
Fonte: FAO, 2006.
Figura 3 - Crescimento da produção das quatro principais espécies da
aqüicultura brasileira de 1980 até 2004 .
2.1.1. A Piscicultura
A aqüicultura recebe diferentes nomenclaturas, dependendo do
organismo que está sendo cultivado. A denominação piscicultura se refere à
atividade de criação de peixes, podendo variar entre a piscicultura marinha,
que é aquela realizada com espécies marinhas e em ambientes com água
xxvii
salgada ou salobra, e a piscicultura continental, que é aquela realizada em
águas interiores e com espécies de água doce.
A piscicultura é uma prática registrada desde a Roma Antiga e, depois
de séculos, em função do crescimento demográfico e da demanda por
alimentos, apresentou grande expansão na região indo-pacífica, principalmente
na China. A partir do século XV, desenvolveu-se inicialmente em monastérios,
na Europa Central e Ocidental, e, posteriormente em todo o mundo: desde o
início do século XX, na América do Norte, depois da 2ª Guerra, na África e,
mais recentemente, no Oriente Médio e na América Latina (SOUZA; TEIXEIRA
FILHO,1985; TIAGO, 2002).
Segundo a FAO (2006), no mundo, em 2004, as carpas eram as
espécies de peixe de água doce mais cultivadas, sendo líderes absolutas com
aproximadamente 18 milhões de toneladas produzidas neste ano, seguida
pelas tilápias, com apenas aproximadamente 2,0 milhões de toneladas.
2.1.2. Sistemas de Produção em Piscicultura
Existem vários sistemas de produção em piscicultura utilizados em todo
o mundo para as mais diferentes espécies. A seguir, serão descritos os
principais sistemas de produção utilizados atualmente conforme
ZIMMERMANN e FITZSIMMONS (2004).
Sistema extensivo: Pode ser definido como aquele em que a
intervenção humana é praticamente inexistente, e geralmente limita-se a
simples estocagem de 500 a 1000 alevinos ha
-1
de lâmina d’água, sem
xxviii
qualquer manejo de fertilização do corpo d’água ou alimentação dos animais. A
alimentação dos peixes é baseada na produtividade natural do corpo d’água.
As produtividades variam de 150 a 500 kg ha
-1
ano
-1
, e as safras duram de 8 a
12 meses. Existe também o sistema extensivo em que a intervenção humana é
limitada, e a estocagem é de 1.000 a 5.000 alevinos ha
-1
de lâmina d’água e há
um fornecimento de uma ou mais fontes de matéria orgânica (esterco, restos
de lavoura, farelos, ou rações desbalanceadas com menos de 28% de proteína
bruta - PB). As produtividades variam de 500 a 2.500 kg
-1
ha
-1
ano
-1
. As safras
duram de 8 a 12 meses.
Sistema semi-intensivo: A intervenção humana nesta modalidade de
cultivo de organismos aquáticos é maior que na anterior; a estocagem é de
5.000 a 25.000 alevinos ha
-1
, e a adição de fertilizantes químicos e adubos
ocorre em quantidades maiores, visando principalmente, promover a
produtividade natural. Os viveiros têm água de coloração esverdeada, porém, a
principal fonte de alimento são as formulações peletizadas, fareladas ou
umedecidas, quase sempre desbalanceadas (de 20 a 28% PB), sendo
oferecida a uma taxa de 30 a 50 kg
ha
-1
dia
-1
. Já são necessárias análises para
o acompanhamento da qualidade da água, e há trocas d’água diárias a uma
taxa de 5 a 10% do volume total. As produtividades obtidas variam de 2.500 a
12.500 kg ha
-1
safra
-1
, com safras que duram de quatro a oito meses.
Sistema intensivo: A intervenção humana é decisiva. As taxas de
estocagem são da ordem de 25.000 a 100.000 alevinos ha
-1
, as águas são
geralmente verdes, porém a adubação é somente química e obtida por meio da
xxix
mineralização das fezes dos peixes. A principal fonte de alimento é ração
peletizada, farelada ou umedecida, balanceada, com 32% de PB, oferecida
pelo menos 3 vezes ao dia. A utilização de aeração mecânica a uma taxa de 2
a 4 CV ha
-1
é praticamente obrigatória, principalmente durante a madrugada.
As trocas d’água são de 10 a 35% do volume total dia
-1
. As produtividades
variam de 12.500 a 50.000 kg ha
-1
safra
-1
, com safras que duram de três a seis
meses.
Sistema superintensivo: compõe um conjunto de esquemas de
produção quase sempre em ambientes de águas claras, transparentes,
podendo ser subdividido em diversas modalidades, de acordo com suas
principais estruturas físicas: estufa-tanques em “v”, raceways, canais de
irrigação, recirculação, aquaponia e gaiolas flutuantes ou tanques-rede. As
densidades de cultivo e produtividades variam bastante de uma modalidade
para outra, no entanto, todas são de alta produtividade (até 300 kg m
-3
); as
durações de safra também apresentam variações. Possuem grande
dependência de elevada qualidade de água, exigindo monitoramento
constante, e dependência total de ração balanceada de alta qualidade.
Na Tabela 1 está apresentado um resumo comparativo das variações de
densidade populacional e índices de produtividade que caracterizam os
diversos sistemas de produção.
xxx
Tabela 1 - Resumo das densidades e produtividades dos sistemas de
produção (Adaptado de ZIMMERMANN; FITZSIMMONS, 2004).
Sistemas de produção Densidade Populacional Produtividade
Extensivo 500-1000 alevinos ha
-1
150-500 kg ha
-1
ano
-1
Extensivo/semi-intensivo 1.000-5.000 alevinos ha
-1
500-2.500 kg ha
-1
ano
-1
Semi-intensivo 5.000-25.000 alevinos ha
-1
2.500-12.500 kg ha
-1
safra
-1
Intensivo 25.000-100.000 alevinos ha
-1
12.500-50.000 kg ha
-1
safra
-1
Superintensivo 10-600 m
-3
5-300 kg m
-3
safra
-1
2.1.3. Qualidade de Água na Piscicultura
A qualidade da água em viveiros de peixes depende do equilíbrio
estabelecido pela comunidade biótica existente, que neste caso é bastante
complexa, sendo composta por produtores primários (fitoplâncton, perifíton e,
às vezes, macrófitas), heterotróficos (peixes, zooplâncton e zoobentos) e
decompositores (bactérias e fungos) (BASTOS et al., 2003a).
Pescod (1977) apud Kellner; Pires (1998) apud Mota et al. (2007),
afirmou que os principais parâmetros que afetam o desenvolvimento dos peixes
são: concentração de oxigênio dissolvido; presença de compostos tóxicos;
temperatura; presença de substancias não biodegradáveis, devido ao efeito
cumulativo na cadeia alimentar; bem como substâncias que possam conferir
aos peixes odor e sabor desagradáveis.
Segundo Bastos et al. (2003b), dentre os principais parâmetros de
qualidade da água de interesse na piscicultura destacam-se: transparência, pH.
xxxi
alcalinidade, OD, condutividade elétrica, temperatura, nutrientes (N–Nitrogênio,
P–fósforo) e clorofila-a.
A seguir, são feitas algumas considerações sobre os parâmetros de
qualidade de água utilizados nesta pesquisa, sendo abordadas as principais
características, efeitos e faixas de tolerância para temperatura, pH, oxigênio
dissolvido (OD), nitrito e demanda química de oxigênio (DQO).
2.1.3.1. Temperatura
A temperatura é a medição da intensidade de calor na água. Segundo
Sawyer e McCarty (1978), apesar de ser um parâmetro de fácil medição,
representa um importante indicador limnológico, já que interfere
substancialmente na velocidade das reações químicas e biológicas.
Adicionalmente, um aumento na temperatura diminui a solubilidade dos gases,
aumentando a taxa de transferência destes, e influindo na densidade dos
líquidos.
A temperatura é um dos principais limitantes numa grande variedade de
processos biológicos, desde a velocidade de simples reações químicas até a
distribuição ecológica de uma espécie animal (HARDY, 1981 apud VINATEA,
1997). Segundo Laevastu e Hayes (1984), peixes e camarões são animais
pecilotermos, e, ao contrário dos mamíferos e aves, a temperatura de seu
sangue não está internamente regulada. Em vista disto, a temperatura
ambiental tem profundo efeito sobre o crescimento, a taxa de alimentação e o
metabolismo desses animais.
xxxii
Segundo Boyd (1990), as espécies cultivadas em águas tropicais
crescem melhor em temperaturas de 25°C a 32°C. Esta faixa de temperatura
ótima para o crescimento coincide com a sugerida por Kubitza (2000), que
afirmou que: “tilápias são peixes de águas tropicais que apresentam conforto
térmico entre 27 a 32°C. Temperaturas acima de 32°C e abaixo de 27°C
reduzem o apetite e, conseqüentemente, o crescimento”.
2.1.3.2. pH
Potencial hidrogeniônico (pH) representa a concentração do íon
hidrogênio (H
+
) em escala anti-logarítmica, dando uma indicação sobre a
condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água (SPERLING, 1995).
O efeito do pH sobre os peixes geralmente é indireto, influindo na
solubilidade, na forma e na toxicidade de diversas substâncias, como metais
pesados, amônia e gás sulfídrico, tóxicos aos peixes, e no próprio equilíbrio do
sistema carbônico. O pH ideal para o cultivo de peixes encontra-se na faixa de
6,5 - 9,5, em que a presença de bicarbonatos é predominante (BASTOS et al.,
2003b).
Segundo Proença e Bittencourt (1994), a faixa de pH considerada boa
para a aqüicultura está entre 6,0 e 9,0, sendo ideal entre 7,0 e 8,0. Já segundo
Boyd (1990), valores inferiores a 6,5 diminuem os processos reprodutivos.
Proença & Bittencourt (1994) op cit. enfatizam que os indivíduos mais
jovens são mais vulneráveis ao baixo pH, e segundo Boyd (1989) a intensa
atividade do fitoplâncton durante o dia retira o CO
2
dissolvido na água
causando um incremento de pH. Estas informações são de fundamental
xxxiii
importância ao se considerar a grande abundância de fitoplâncton presente na
água efluente das lagoas de estabilização, e que o experimento foi realizado
com alevinos.
Na Tabela 2 podem ser vistos alguns efeitos do pH em peixes
cultivados.
Tabela 2 - Efeitos causados em peixes de acordo com a faixa de pH
(adaptado de BOYD, 1990).
Faixa de pH Efeito
<4,0 Ponto de morte ácida
4,0 – 5,0 Não há reprodução
5,0 – 6,0 Crescimento lento
6,0 – 9,0 Melhor crescimento
9,0 – 11,0 Crescimento lento
>11 Ponto de morte básica
2.1.3.3. Oxigênio Dissolvido (OD)
O oxigênio dissolvido (OD) é a mais importante variável da qualidade da
água na aqüicultura (BOYD, 1990). O oxigênio é o gás mais abundante na
água, depois do nitrogênio, também o mais importante, já que nenhum peixe
poderia viver sem ele (PIPER et al., 1989).
A liberação de oxigênio na água mediante processo fotossintético pelo
fitoplâncton é a principal fonte de obtenção do O.D. em um sistema de cultivo
de peixes (SILVA; FERREIRA; LOGATO, 2001).
xxxiv
Segundo estes mesmos autores, durante o dia, o oxigênio é produzido
por fotossíntese, processo por meio do qual as algas transformam o gás
carbônico e a água em oxigênio e carboidratos na presença da luz. Durante a
noite ocorre o processo inverso, o oxigênio produzido durante o dia é
consumido pela respiração, processo em que a alga produz gás carbônico por
intermédio do carboidrato e consumo do oxigênio produzido durante o dia, mas
a produção de oxigênio pela fotossíntese é maior que a de gás carbônico
(Figua 4).
Fonte: Boyd, 1990.
Figura 4 - Comportamento do OD ao longo do dia em função da
fotossíntese e respiração na água.
Segundo Boyd (1989), os efeitos adversos dos baixos níveis de oxigênio
geralmente se traduzem numa diminuição do crescimento dos organismos e
uma maior susceptibilidade às enfermidades. Segundo Chang & Ouyang
(1988), concentrações críticas de oxigênio podem ser alcançadas depois de
maciça mortalidade do fitoplâncton e sua decomposição subseqüente.
xxxv
Cada organismo tem um limite ideal de OD na água para sua
sobrevivência, contudo, viveiros que contêm valores maiores que 4,0 mg/l de
OD são os que apresentam boa condição para a criação de organismos
aquáticos. Já valores, por exemplo, inferiores a 1,5 a 2,0 mg/l podem ser letais
à maioria das espécies caso permaneçam expostas por apenas poucas horas
(SILVA; FERREIRA; LOGATO, 2001).
As tilápias toleram baixas concentrações de OD na água. Apesar desta
tremenda habilidade em sobreviver algumas horas sob anoxia, tilápias
frequentemente expostas ao baixo OD ficam mais susceptíveis a doenças e
apresentam desempenho reduzido (KUBITZA, 2000). Este mesmo autor sugere
que os níveis de OD acima de 3,0 a 3,5 mg/l são ótimos para o cultivo dessa
espécie.
A supersaturação de gases dissolvidos vem a ser um sério problema no
cultivo de animais aquáticos, dando como resultado uma patologia peculiar
chamada “enfermidade das borbulhas”. Este fenômeno pode causar
mortalidade maciça dos organismos cultivados. Porém, na maioria dos casos,
os níveis de supersaturação de oxigênio não chegam a ser tão altos para tanto,
mas provocam efeitos subletais que incidem diretamente sobre o crescimento
dos animais (BOUCK, 1976; WEITKAMP; KATZ 1980 apud VINATEA, 1997).
A Tabela 3 demonstra as faixas de concentração de OD e os
respectivos efeitos causados aos peixes.
xxxvi
Tabela 3 - Variação das concentrações de OD na água e seus efeitos nos
peixes (modificado de ZIMERMANN, 2001).
Concentração de OD Efeito
> 1,5 ou 2 mg/l Letal se permanecer exposto por poucas horas
2 ou 5 mg/l Crescimento lento se exposto continuamente
5 mg/l de saturação Melhor condição para um bom desenvolvimento
Acima da saturação Pode ser nocivo se a condição de supersaturação
ocorrer em todo o volume do tanque
2.1.3.4. Nitrito
O nitrito é um contaminante em potencial no ambiente aquático
(GROSELL; JENSEN, 1999 apud LIMA, 2005). É um composto intermediário
na conversão da amônia a nitrato (nitrificação). Normalmente, sua acumulação
é resultado de uma nitrificação incompleta. Considerado mais tóxico que a
amônia, o nitrito pode causar uma condição na qual a hemoglobina é oxidada à
metahemoglobina, impedindo o funcionamento do mecanismo de transporte de
oxigênio e, como resultado, o peixe pode experimentar estado de hipoxia,
cianose e eventualmente a morte (MIDLEBROOKS, 1972).
Em solução aquosa, o nitrito encontra-se sob duas formas: o ácido
nítrico não-ionizado (HNO
2
) e o nitrito ionizado (NO
2
-
), e o equilíbrio entre as
duas formas é determinado primeiramente pelo pH ambiental (RUSSO et al,
1981; TOMASSO, 1994).
Segundo Boyd (1990), é difícil determinar a mais alta concentração de
nitrito tolerável em águas de viveiro, dado que sua toxidez está estreitamente
xxxvii
relacionada com a concentração de oxigênio dissolvido e com diversos outros
fatores. Contudo, é necessário atenção quando as concentrações de nitrito
excedem a 10 mg/l na forma de nitrito (cerca de 0,3 mg/l na forma de NO
2
– N).
Em água doce, dependendo da espécie, concentrações de nitrito entre
0,7 e 2,0 mg/l podem causar massiva mortandade aos peixes, e quando
expostos a níveis sub-letais (0,3 a 0,5 mg/l) podem sofrer redução no
crescimento e na resistência a doenças (KUBITZA, 1998).
Na Tabela 4 está exposta a concentração letal de nitrito para algumas
espécies em água doce.
Tabela 4 - Concentração letal de nitrito para algumas espécies em água
doce (adaptado de VINATEA, 1997).
Espécie Conc. de NO
2
(mg/l)
Salmo gardinieri (Ad) 0,55
Salmo gardinieri (12 g) 0,19
Oncorhynchus tshawytscha (Ad) 0,50
Oncorhynchus tshawytscha (Al) 0,88
Oncorhynchus kisutch (Ad) 3,80
Rhamdia quelen (20 g) 1,19
Ad: adulto; Al: alevino
2.1.3.5. Demanda Química de Oxigênio (DQO)
Segundo Mota (2006), a decomposição da matéria orgânica de um
líquido é feita, inicialmente, por bactérias aeróbias, que utilizam o oxigênio
xxxviii
dissolvido no meio. Quanto maior for a quantidade de matéria orgânica, maior a
necessidade (demanda) de oxigênio para sua oxidação.
A quantidade de oxigênio para os microrganismos decomporem a
matéria orgânica contida no meio aquático por meio do processo de oxidação
aeróbia é chamada Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). A DBO é
determinada em laboratório à temperatura de 20°C, correspondente a 5 dias,
sendo chamada de DBO padrão.
A demanda de oxigênio pode ser determinada, em laboratório, por
oxidação química da matéria orgânica, obtendo-se a Demanda Química de
Oxigênio (DQO). Os valores de DQO são superiores aos de DBO, pois na sua
determinação, são oxidadas tanto a fração biodegradável quanto a fração
inerte (MOTA, 2006).
O teste de DQO é bem mais rápido (2 a 3 horas) do que o da DBO (5
dias, para a DBO padrão), sendo utilizado, no mesmo, um oxidante (dicromato
de potássio) em meio ácido (MOTA, 2006). Por este motivo foi utilizado o valor
de DQO para mensurar a demanda de oxigênio neste experimento.
2.2. O Reúso de Água
Segundo Metcalf & Eddy (1991), reúso de água é definido da seguinte
maneira: “é o uso de água residuária tratada para finalidades tais como
irrigação e troca térmica em industrias”. Porém, uma definição mais abrangente
foi citada por Lavrador Filho (1987) apud Brega Filho e Mancuso (2003) e Mota
et al. (2007) dizia: “reúso de água é o aproveitamento de águas previamente
xxxix
utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade humana, para suprir as
necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original”.
No âmbito de uma definição legal para esta atividade pode-se citar a
Resolução n° 54, de 28 de novembro de 2005, do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos apud Mota et al. op. cit, que estabelece modalidades,
diretrizes e critérios gerais para a política de reúso direto não potável de água e
apresenta as seguintes definições:
Reúso de água: utilização de águas residuárias;
Água de reúso: água residuária que se encontra dentro dos padrões
exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas.
Pode-se classificar o reúso de água como direto ou indireto. O indireto é
aquele que pode ser feito de forma planejada, onde, após o devido tratamento,
os efluentes são lançados nos corpos d’água para serem utilizados a jusante
após diluição e de maneira controlada; ou não planejada, que acontece quando
a água já utilizada em alguma atividade é descartada no meio ambiente e,
então, é novamente utilizada sem a consciência do uso anteriormente dado a
ela.
O reúso é considerado direto quando o efluente, após o tratamento, é
encaminhado diretamente para o local onde será feito o novo uso a que se
destina. Este ainda pode ser interno, também chamado de reciclagem, ou
externo ao local onde é produzido. Como exemplos, podem-se citar o reúso na
agricultura e na aqüicultura.
A Figura 5, retirada de Hespanhol (1997), mostra um diagrama com as
formas potencias de reúso de água.
xl
Figura 5 - Formas potenciais de reúso de água.
O reúso de esgoto tratado deve ser uma prática amplamente aplicada,
pois, além de ser uma forma de aumentar a oferta hídrica nos locais onde há
carência de água, também trata-se de uma maneira de controlar a poluição,
principalmente em regiões onde há pouca ou nenhuma água para diluição do
esgoto, quando o potencial de poluição se torna ainda maior.
“A não ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de boa
qualidade deve ser utilizada para usos que tolerem águas de qualidade
inferior”. Esta foi a política de gestão adotada pelo Conselho Nacional das
Nações Unidas (1985) para as áreas carentes de recursos hídricos, já
mostrando a preocupação com a problemática da falta e da poluição destes, e
com o intuito de incentivar a prática do reúso de água.
xli
Conforme a Resolução n° 54, de 28 de novembro de 2005, do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, anteriormente citada, o reúso direto não
potável de água abrange as seguintes modalidades:
Reúso pra fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de
irrigação paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos,
desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a
incêndios, dentro da área urbana.
Reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para a
produção agrícola e cultivo de florestas plantadas.
Reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para
implantação de projetos de recuperação do meio ambiente.
Reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos,
atividades e operações industriais.
Reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de
animais ou cultivo de vegetais aquáticos.
A prática de reúso mais utilizada no mundo tem sido em irrigação, já
sendo adotada em vários países, podendo-se dar ênfase aos dados citados por
Tsutiya (2001): somente na China e no México são irrigados com esgoto
1.330.000 ha e 250.000 ha, respectivamente.
O reúso de águas em indústrias tem sido cada vez mais praticado,
inclusive no Brasil. Em alguns casos, as industrias tratam seus esgotos e os
aproveitam nas próprias unidades, como é o caso da algumas industrias têxteis
e de papel (MOTA , 2006).
xlii
Os autores acima referidos citam que o uso de esgotos tratados também
apresenta boa perspectiva no cultivo de peixes (piscicultura), para o qual a
literatura indica as seguintes formas:
Adição de esgoto (ou excreta) aos tanques piscícolas (diluição de cerca
de 100 a 150 vezes).
Cultivo de peixes diretamente em lagoas de estabilização (maturação)
Cultivo de peixes em tanques-rede colocados em lagoas de
estabilização.
Tanques de cultivo de peixes utilizando efluentes de estações de
tratamento.
Atualmente, as estações de tratamento de esgoto não são projetadas
visando à integração com um sistema de reúso, o que nos leva a considerar a
importância de começar a se desenvolver algumas normas para tal fim.
Dependendo do uso que se pretende dar ao efluente serão necessárias
adequações no tratamento para que este fique nas condições condizentes para
tal. Essa necessidade pode onerar o tratamento que será dado ao esgoto,
devendo este custo adicional ser incluso dentro do projeto de reuso, para se
calcular a viabilidade da implantação.
Segundo Pereira (2004), a utilização da área adjacente a estação de
tratamento de esgoto (ETE) para o uso da água residuária pela piscicultura ou
agricultura ocupa o espaço, impedindo o avanço da urbanização na direção da
ETE e disponibiliza a área e a água para atividades produtivas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO) considera o reuso de
águas uma forma de promover o saneamento, já que agrega valor ao
tratamento de esgotos. Os peixes criados em ambientes com menos de 10³
xliii
coliformes fecais/100 ml poderão ser consumidos pelo homem (WHO, 1989
apud PEREIRA, 2004).
Sendo assim, a aqüicultura, cultivando peixes ou plantas aquáticas para
o consumo humano ou para animais, é um campo de aproveitamento cada vez
maior de águas residuárias dos países em desenvolvimento, e, por meio dessa
orientação, devem ser implementadas pesquisas, para iniciar o
estabelecimento de diretrizes para a proteção da saúde pública (OMS, 1987
apud FELIZATTO, 2000).
2.3. Reúso de Água na Piscicultura
A piscicultura, desde sua concepção, foi feita sobre a prática do reuso,
pois há muito tempo eram cultivados peixes dentro dos sistemas de
abastecimento das cidades, as chamadas “piscinae”, de onde veio a origem do
termo piscicultura, assim como também tem sido bastante comum a
associação do cultivo com outros animais como, porcos, marrecos, cabras,
galinhas, para a utilização da suas fezes para a fertilização da água.O esterco
aumenta a quantidade de matéria orgânica na água, aumentando assim a
produtividade primária, que é uma fonte rica de proteína que pode ser
aproveitada pelo homem por meio da assimilação destas pelos peixes.
Diversos estudos sobre o uso de esgotos sanitários em piscicultura
mostram a viabilidade do mesmo, além da possibilidade de se obter uma boa
produtividade, a minimização de riscos associados a saúde, e ainda a
aceitação do produto no mercado de consumo (BASTOS et al., 2003b)
xliv
Os métodos atuais de reúso com vista à aplicação na aqüicultura
consideram a recuperação dos nutrientes presentes na biomassa aquática
(algas, plantas aquáticas ou peixes), a preocupação com a saúde pública, além
dos aspectos comerciais do produto final (BEVERIDGE, 1996 apud
FELIZATTO, 2000).
Conforme Matheus (1985), pesquisas têm sido conduzidas em diversas
partes do mundo, no sentido de utilizar essa massa de algas, pois elas
constituem importante fonte de alimento protéico, chegando a ser mais de 50%
(em peso seco) a proporção de proteínas existentes nesses organismos
(Tabela 5).
Tabela 5 - Composição média, em termos de proteína bruta, extrato
etéreo, matéria mineral e energia do alimento natural dos peixes
(adaptado de Hepher, 1988).
Percentual com base na matéria seca (%)
Organismos Proteína Gordura Minerais Energia (kcal/kg)
Algas 30 6 34 3.500
Rotíferos 64 20 6 4.860
Cladóceros 56 19 8 4.800
Copépodos 52 9 7 5.400
Chironomídeos 59 5 6 5.000
Segundo Edwards (1992), existem diferentes sistemas de produção em
piscicultura aplicando o uso de efluente, tais como:
Esgoto bruto abastecendo tanques de piscicultura;
xlv
Tanques abastecidos com o esgoto após o tratamento primário;
Tanques abastecidos com o esgoto após o tratamento secundário;
Criação de peixes em lagoas de estabilização.
Porém, para se garantir a sustentabilidade desta atividade deve se estar
atento às condições do esgoto ou efluente tratado utilizado na mesma, pois
este deve ter um mínimo de qualidade para viabilizar o cultivo. É importante
controlar as cargas orgânicas sobre os níveis de Oxigênio Dissolvido (OD),
bem como a toxicidade da salinidade, teores de amônia, metais pesados,
dentre outros contaminantes presentes nos efluentes (BASTOS et al. 2003b).
A remoção de nutrientes é um fator quase que obrigatório no reúso
aplicado a piscicultura, principalmente no que se refere à amônia, que é tóxica
à maioria das espécies em concentrações relativamente reduzidas (BASTOS et
al. 2003a).
Para a obtenção de bons resultados de produtividade em piscicultura é
necessário que se proporcione condições ideais para que haja bom
crescimento e sobrevivência. No efluente de lagoas de estabilização existe
uma grande quantidade de algas e outros organismos que podem ser
aproveitados pelos peixes para a promoção de crescimento.
As algas presentes também fornecem uma grande quantidade de OD
(fotossíntese), que é essencial para o bem estar dos peixes e, assim, para a
manutenção da sobrevivência nos tanques de cultivo. No entanto, a quantidade
de algas deve ser controlada para que não chegue a prejudicar a qualidade da
água, por exemplo, com a depleção dos níveis de OD durante o período da
madrugada devido ao processo de respiração, ou as variações do pH que
xlvi
podem ocorrer nas ultimas horas do dia em decorrência de mortalidades
massivas das algas.
Para garantir o sucesso da piscicultura com uso de efluente é
necessário o controle da qualidade da água com o emprego de técnicas de
manejo como: aeração mecânica, modificação da profundidade, modificação do
fluxo de água (tempo de detenção hidráulico) dentre outras (BURAS, 1993;
KRACIK, 1998 apud PEREIRA, 2004).
2.3.1. A escolha da espécie
Como o objetivo da piscicultura é a produção de peixes e a melhoria do
meio ambiente deve-se procurar o máximo da produção e a diminuição dos
impactos ambientais, com a redução dos sólidos suspensos (algas, rotíferos,
grumos de bactérias e matéria orgânica particulada) e consumo pelo ambiente
dos nutrientes disponíveis na produção de alimento para a cadeia trófica
existente (PEREIRA, 2004).
Segundo o autor acima citado, o hábito alimentar mais desejado para a
espécie a ser cultivada é o que atinge os níveis mais baixos da cadeia trófica,
reciclando os nutrientes mais rapidamente e transformando a energia potencial
do ambiente (nutrientes) em produção de pescado. Outra importante
característica da espécie a ser utilizada na prática do uso de esgoto tratado é a
rusticidade da espécie, sua resistência as variações da qualidade de água.
De acordo com Proença & Bittencourt (1994), as principais
características para uma espécie ser utilizada na piscicultura são:
xlvii
i. Ser facilmente propagável, natural ou artificialmente, de modo a
produzir, anualmente, grande número de alevinos;
ii. Apresentar bom crescimento em condições de cativeiro;
iii. Ser resistente ao manejo e às enfermidades mais comuns;
iv. Apresentar hábito alimentar onívoro, herbívoro iliófago, detritívoro.
fitoplanctófago ou planctófago;
v. Quando carnívora, ela deverá ter alto valor comercial a aceitar alimento
não vivo, de preferência ração;
vi. Apresentar uma boa conversão alimentar, ou seja, capacidade de
transformar alimento em carne;
vii. Não apresentar canibalismo intra ou inter específico;
viii. Ter boa aceitação no mercado.
Alguns autores há muito tempo já defendem a utilização de peixes como
a tilápia e a carpa no cultivo com efluentes de lagoas de estabilização
(PESCOD, 1977; SILVA; MARA 1979 apud KELLNER; PIRES, 1998 apud
MOTA, 2007). Seguindo as indicações dos autores anteriormente citados, e
verificando que a espécie possuí as características recomendadas para o
cultivo, associada à facilidade de obtenção de alevinos de qualidade, a tilápia
do Nilo, Oreochromis niloticus, da linhagem “chitralada” foi eleita para ser
utilizada na realização do experimento dessa dissertação.
2.3.2. As Tilápias
As tilápias, diversas espécies dos gêneros Oreochromis e Tilapia,
compõem o grupo de peixes que mais cresce em termos de comercialização
xlviii
mundial, especialmente pelo aumento da produção destas espécies na China e
outros países em desenvolvimento como o Brasil (HEMPEL, 2002 Apud
ZIMMERMANN; FITZSIMMONS, 2004).
Na Figura 6 podemos observar o crescimento da produção de tilápias no
mundo de 1950 até 2005.
Fonte: FAO Fisheries Statistic
Figura 6 - Crescimento da produção de tilápia do Nilo, Oreochromis
niloticus, no mundo de 1950 até 2005.
De acordo com a FAO (1998), 80% das tilápias produzidas no mundo
são acinzentadas “nilótica” ou “do Nilo”, Oreochromis niloticus (Figura 7.).
xlix
Figura 7 - Exemplar de tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus.
Segundo a FAO (2006), op cit., em 2004 o Brasil estava na 7° colocação
entre os maiores produtores de tilápia do mundo, com 69.078 t, conforme pode
ser visto na Tabela 6.
Tabela 6 - Os dez maiores produtores de tilápia em 2004.
Fonte: Adaptado de FAO, 2006.
l
Já segundo o IBAMA (2007), a produção do Brasil no ano de 2005,
referente à piscicultura continental, aquela praticada em águas interiores, foi de
179.746,0 t, sendo que deste total 67.850,0 t (37,7%), foram de tilápias,
estando esta espécie com a liderança no ranking das mais cultivadas no país,
seguida pela carpa com 42.490,5 t (25,3%) e pelo tambaqui com 25.011,0 t
(14,9%).
Nativas da África, Israel e Jordânia, as tilápias se espalharam pelo
mundo e hoje são produzidas em mais de 100 países em diversos climas,
sistemas de produção e salinidades. Devido a sua variada fisiologia adaptativa,
biologia reprodutiva, plasticidade genética, fácil domesticação e
comercialização, talvez se tornem o mais importante grupo de espécies
aquícolas neste século 21 (FITZSIMMONS, 2000; SHELTON, 2002 Apud
ZIMMERMANN; FITZSIMMONS, 2004).
De acordo com Peirong (1989), a tilápia é onívora com tendência para
ser herbívora. No estágio larval, alimenta-se principalmente de zooplâncton e o
espectro alimentar aumenta com o crescimento do peixe. No hábito alimentar
incluem todos os tipos de plâncton, seres bentônicos, algas, pequenas plantas
aquáticas, detritos orgânicos, e pequenos animais, tais como minhocas,
microcrustáceos, insetos aquáticos.
O alimento natural é, invariavelmente, de alto valor nutritivo (Tabela 5) e
pode contribuir com o suprimento de proteína, energia, vitaminas e minerais,
reduzindo os custos com a alimentação. Desta forma, boa produção pode ser
obtida com o uso de rações menos elaboradas e de baixo custo, combinado
com um programa de adubação (KUBITZA, 2000).
li
Quando produzidas em viveiros com baixa renovação de água e
alimentadas com ração, 30 a 70% do crescimento das tilápias pode ser
atribuído aos alimentos naturais. Desta maneira, os alimentos artificiais podem
compor 40 a 70% do custo de produção das tilápias, dependendo do sistema
de produção empregado, da escala de produção, da produtividade alcançada,
dos preços dos outros insumos de produção, dentre outros fatores (KUBITZA,
2000).
A tilápia do Nilo, originalmente, não era uma das espécies melhores de
se trabalhar, porém, devido à seleção das fêmeas mais dóceis ao longo do
tempo, foi gerado um plantel melhor de se trabalhar; essas tilápias são mais
calmas durante o manuseio e apresentam relativa facilidade na despesca
(SANTOS, 2005).
De fato, a tilápia do Nilo da linhagem tailandesa introduzida no Brasil
apresenta maior docilidade comparada a outras tilápias do Nilo que não
sofreram um processo (direto ou indireto) de seleção semelhante ao realizado
na Tailândia (KUBITZA, 2000).
As tilápias nilóticas apresentam crescimento mais rápido e um
rendimento de filé superior, quando comparadas às demais (SHELTON, 2002).
Dentro dos seus limites, as tilápias são espécies de peixes que se adaptam a
diferentes condições de qualidade de água. Toleram baixos níveis de oxigênio
dissolvido, desenvolvem-se em uma ampla faixa de acidez e alcalinidade na
água, crescem e até reproduzem em águas salobras ou salgadas e
apresentam tolerância a altas concentrações de amônia, quando comparadas à
maioria dos peixes cultivados.
lii
2.3.3. Qualidade do Pescado Produzido
Feachem (1983) apud Leon & Moscosso (1999) classificaram os riscos
potenciais para a saúde pelo uso de águas residuárias na aquicultura como: a)
transferência passiva onde o peixe ou macrófitas não são afetados pelo
microrganismo patogênico; b) transferência ativa causada pelos trematódos
que prejudicam a vida dos peixes e macrófitas ; c) a esquistossomose, que
possui seu ciclo com os caramujos.
Nos esgotos, em geral, aparecem protozoários e helmintos como
Entamoeba coli, Endolimax nana, Giardia sp, Cryptosporium parvum, Ascaris
lumbricoides, Strongyloides stercoralis e Hymenolepis nana, mas em lagoas
terciárias poucos parasitas aparecem (FEACHEM et al. 1983). Esta informação
é de grande importância, por ser a água de abastecimento do presente
experimento ser retirada da última lagoa de maturação de um sistema de
lagoas de estabilização.
Segundo a WHO (1989), a recomendação da qualidade da água para a
criação de peixes é de, no máximo, 10³ coliformes fecais/100ml e ausência de
ovos de trematodos.
A infecção do músculo dos peixes por patógenos é maior quando os
viveiros de criação estão com os coliformes fecais em uma concentração maior
do que 10
4
/100 ml. O potencial de infecção aumenta com o tempo de
exposição, e mesmo em baixos níveis de contaminação pode haver alta
concentração de patógenos no trato digestivo ou fluídos peritoniais do peixe
(BURAS, 1993).
liii
Na Tabela 7 é possível observar uma síntese dos padrões para
qualidade microbiológica para o reúso em aqüicultura.
Tabela 7 – Critério preliminar de qualidade microbiológica para reúso em
aqüicultura (Adaptado de MARA e CAIRNCROSS, 1989 apud FELIZATTO,
2000).
Tipo de processo
de reúso
Ovos
a
viáveis de Trematódeos
(Média Aritmética do n° de ovos
viáveis por l ou kg)
Coliformes fecais (Média
geométrica do NMP/100
ml ou 100 g)
b
Cultivo de peixes 0 < 10
4
Cultivo de macrófitas 0 < 10
4
a Clonorchis, Fascilopsis e Schistosoma. Especial atenção deve ser dado a esses parasitas, principalmente
em áreas consideradas endêmicas.
b Esta diretriz assume que na lagoa piscícola haverá a redução de uma unidade logarítma de CF,
significando que na saída do sistema haverá CF < 1000 NMP/100 ml. Em caso de sistemas operando em
climas quentes e com tempode retenção elevado o valor, aqui proposto, pode ser maior.
Fazendo uma classificação quanto à qualidade pode-se citar a feita por
Buras et al. (1987), que classificaram a qualidade do músculo dos pescados
produzidos em lagoas de estabilização, segundo a quantidade de bactérias /
grama de músculo como:
Muito boa < 10 / g
Aceitáveis 10 - 50 / g
Inaceitáveis > 50 / g
Como padrão para avaliação da qualidade do esgoto tratado utilizado
na piscicultura, pode-se adotar as diretrizes do PROSAB, conforme Tabela 8.
liv
Tabela 8 – Diretrizes do PROSAB para o uso de esgotos sanitários em
piscicultura. (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007).
Ovos de helmintos L
-1
Ponto de
Amostragem
CTer 100ml
-1(1)
Nematóides
intestinais
humanos
(2)
Trematóides
Afluente do
tanque de
piscicultura
1x10
4
1 ND
No tanque de
piscicultura
1x10
3
1 ND
(a) Para o uso de esgoto tratado m piscicultura não há padrão explícito de DBO, DQO e
SST, sendo as concentrações efluentes uma consequncia das técnicas da tratamentos
compatíveis com a qualidade microbiológica estipulada. Entretanto, recomenda-se
taxas de aplicação superficial nos tanques de piscicultur da ordem de 10-20 kgDBO ha
-
1
d
-1
. Deve-se observar que a amônia livre é tóxica para peixes em níveis suériores a 2-
5 mg NH
3
L
-1
.
(1) Coliformes termotolerantes; média geométrica, alternativa e preferencialmente pode-se
determinar E. coli.
(2) Média aritmética.
Os padrões utilizados nesta pesquisa na análise da qualidade
microbiológica do pescado produzido foram os estabelecidos pela resolução
RDC n°12 - ANVISA, de 02 de Janeiro de 2001. Os padrões desta estão
exposto na Tabela 9.
lv
Tabela 9 – Critérios da qualidade para alimentos recomendados pela
ANVISA (Adaptado de ANVISA, 2001apud MOTA et al., 2007).
Grupo de Alimentos Microrganismo Tolerância para
amostra indicativa
a
Estafilococus
coagulase
positiva/g
10³
Pescado, ovas de peixes,
crustáceos e moluscos ceflópodes
in natura”, resfriados ou congelados
não consumido cru; Moluscos
bivalves “in natura”, resfriados ou
congelados não consumido cru;
Carne de rãs “in natura”, refrigerada
ou congelada.
Salmonella
sp./25 g
Ausência
a Amostra indicativa: é a amostra composta por um número de unidades amostrais inferior ao
estabelecido em plano amostral constante na legislação específica.
lvi
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição do Experimento
Esta pesquisa teve como base a análise de alguns parâmetros zootécnicos
para a avaliação da viabilidade técnica do cultivo de tilápia do Nilo utilizando
esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização.
Foram testados três diferentes manejos alimentares para que fosse definido
qual melhor se adequaria às condições de cultivo propiciadas com este tipo de
reúso de água.
Para garantir a segurança alimentar dos futuros consumidores do pescado
produzido nestas condições foram realizadas análises microbiológicas em
amostras dos peixes cultivados.
A partir dos fatores acima citados, foram feitas as considerações cabíveis no
intuito de se afirmar a viabilidade do ponto de vista técnico e de segurança
alimentar neste tipo de atividade, e qual a melhor metodologia de cultivo a ser
aplicada.
3.2. Área de Trabalho
Os experimentos foram realizados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento
de Esgoto e Reúso de Águas que fica situado em área anexa a uma estação
de tratamento de esgoto (ETE) da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do
lvii
Ceará), localizada no município de Aquiraz, a aproximadamente 24 km de
Fortaleza, sendo o acesso feito pela CE-040 (Figura 8).
Figura 8 – Imagem de satélite onde pode-se visualizar as Lagoas de
Estabilização e o Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz,
Ceará.
A citada ETE foi projetada para receber o esgoto dos municípios de
Aquiraz e Euzébio, porém, até o momento, vem recebendo apenas do
município de Aquiraz, estando com parte de sua capacidade de funcionamento
ociosa.
lviii
A Figura 9 mostra o lay-out da área onde se desenvolveu a pesquisa,
indicando os nove (09) viveiros com 50m³ de volume que foram abastecidos
com esgoto doméstico tratado para o cultivo de tilápia do Nilo.
O esgoto doméstico tratado utilizado foi o efluente de um sistema de
lagoas de estabilização composto de quatro lagoas em série: uma anaeróbia,
uma facultativa e duas de maturação.
Legenda:
VE = Viveiros Experimentais
A.O. = Área Operacional
A.M.E. = Área de Manobra e Estacionamento
Figura 9 - Lay-out da área experimental destinada à piscicultura no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Os viveiros experimentais foram construídos em alvenaria (Figura 10)
com as medidas de 10m de comprimento, 5m de largura e 1,2m de
profundidade, no entanto, com um volume útil de 50m³. Todos os nove viveiros
possuíam caixa de coleta com as dimensões de 2,5m de comprimento, 1,5m de
largura e 0,5m de profundidade, totalizando volume de 1,87m³, que foram
lix
utilizadas para facilitar o manejo de despesca, concentrando os peixes dentro
dela no momento da coleta.
Figura 10 – Viveiro experimental para piscicultura construído em alvenaria
no Centro Experimental de Reúso de Águas da CAGECE, Aquiraz, Ceará,
2007.
Os tanques foram alocados em três (03) baterias de três (03) viveiros, os
quais foram cobertos com tela para proteção contra predadores (Figura 11).
Esta cobertura foi necessária, pois as tilápias, quando alevinos, são
susceptíveis a predação por várias espécies de pássaros e também por
morcegos.
lx
FIGURA 11 – BATERIA DE TRÊS (03) VIVEIROS
EXPERIMENTAIS COM TELA DE PROTEÇÃO NO CENTRO
EXPERIMENTAL DE REUSO DE ESGOTOS, AQUIRAZ, CEARÁ,
2007.
O armazenamento dos equipamentos e ração utilizados nos manejos do
experimento, assim como local de apoio para a realização dos trabalhos de
campo eram feitos na edificação denominada de Área Operacional (Figura 12).
Esta era composta de uma área aberta e de um depósito.
lxi
Figura 12 – Área Operacional, utilizada como armazém e ponto de apoio
no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
3.3. Protocolos Experimentais
Os protocolos experimentais a seguir descritos tiveram o objetivo de
avaliar a potencialidade do cultivo da tilápia do Nilo utilizando esgoto doméstico
tratado em lagoas de estabilização, realizando o acompanhamento do
desenvolvimento dos peixes no intuito de definir qual o melhor manejo a ser
utilizado nessas condições.
3.3.1. Hipóteses Testadas
Foram testados três tratamentos, conforme descrição a seguir:
1° Tratamento – viveiro experimental 1 (VE-1), 2 (VE-2) e 3 (VE-3):
foram abastecidos com esgoto doméstico tratado no sistema de lagoas
de estabilização e não foi ofertada ração comercial balanceada;
2° Tratamento – viveiro experimental 4 (VE-4), 5 (VE-5) e 6 (VE-6):
foram abastecidos com esgoto doméstico tratado no sistema de lagoas
de estabilização e foi ofertada 50% da ração comercial balanceada
indicada pelo fabricante;
3° Tratamento – viveiro experimental 7 (VE-7), 8 (VE-8) e 9 (VE-9):
foram abastecidos com esgoto doméstico tratado no sistema de lagoas
de estabilização e foi ofertada 100% da ração comercial balanceada
indicada pelo fabricante.
lxii
Nos nove (09) viveiros experimentais foram estocados alevinos de tilápia
do Nilo, Oreochromis niloticus, revertidos sexualmente para machos na
densidade de 3 alevinos/m³.
3.3.2. Acompanhamento dos Parâmetros de Qualidade de Água
Para a análise da produção em piscicultura é indispensável o
acompanhamento dos principais parâmetros de qualidade de água. Dentre os
vários existentes deu-se ênfase a: Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido (OD),
Nitrito e Demanda Química de Oxigênio (DQO), sendo feitas avaliações dos
resultados comparando em conjunto pH x Nitrito, e OD x DQO para a análise
dos resultados.
Durante o período de realização do experimento foram feitas oito (08)
medições, sendo parte destas realizada in loco, e para as que necessitavam,
coletaram-se as amostras que foram encaminhadas ao Laboratório de
Saneamento (Labosan) da UFC. Na Tabela 10 estão indicados os
métodos/aparelhos utilizados para as medições dos parâmetros de qualidade
de água.
Tabela 10 – Parâmetros físico-químicos e métodos/aparelhos utilizados
para o acompanhamento da qualidade da água dos Tratamentos 01, 02 e
03. Aquiraz, Ceará, 2007.
Parâmetros Físico-Químicos Métodos - Aparelhos
Temperatura (
o
C)
Eletrométrico - pHmetro – Analion,
modelo PM602
pH
Eletrométrico – Oxímetro - YSI,
modelo 55
Oxigênio dissolvido (mg O
2
/L) Eletrométrico – Oxímetro - YSI,
lxiii
modelo 55
Nitrito (mg N-NO
2
-
/L)
Método de Rodier
(espectrofotométrico)
Demanda Química de Oxigênio (mg O
2
/L) Refluxação fechada do dicromato
3.3.3. Povoamento e Biometrias
Os alevinos foram trazidos de uma piscicultura especializada na
alevinagem da tilápia do Nilo. Ao chegar ao Centro Experimental de Reúso de
Água foi realizada uma aclimatação à água dos viveiros de cultivo, esgoto
doméstico tratado. Este procedimento se deu por meio da mistura gradual, em
caixas d’água adaptadas, do esgoto doméstico com a água proveniente do
transporte, e teve duração de aproximadamente uma hora. Então, foi realizada
uma biometria para a caracterização da população inicial que estava sendo
estocada nos viveiros experimentais (Tabela 11).
Tabela 11 – Valores médios e desvio padrão de comprimento, peso e
biomassa além da densidade de estocagem dos Tratamentos 01, 02 e 03.
Aquiraz, Ceará, 2007.
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Comprimento médio inicial (cm/peixe) 2,98±0,38
2,93±0,37 3,17±0,42
Peso médio inicial (g/peixe) 0,45±0,2 0,45±0,2 0,45±0,2
Biomassa inicial (g/m³) 1,22±0,25 1,22±0,21 1,08±0,24
Densidade de estocagem (peixe/m³) 3 3 3
A Figura 13 apresenta uma amostra dos alevinos estocados nos viveiros
experimentais na biometria realizada no momento do povoamento.
lxiv
Figura 13 - Amostra dos alevinos que foram estocados nos Viveiros
Experimentais no Centro Experimental de Reuso de Esgotos, Aquiraz,
Ceará, 2007.
Foram realizadas biometrias periodicamente durante todo o cultivo no
intuito de serem coletados os dados necessários para o acompanhamento do
desenvolvimento dos organismos cultivados. As amostras eram compostas de
aproximadamente 10% da população estocada, coletadas aleatoriamente com
o uso de uma tarrafa. O experimento teve duração de 114 dias quando foi
realizada uma biometria para coletar os dados finais.
Na pesagem dos indivíduos, utilizou-se uma balança digital do tipo
Filizola, modelo MF-I, com precisão de 0,5g, e para as medições de
comprimento total dos peixes, um ictiômetro com precisão de 0,1cm.
3.3.4. Curvas de Crescimento
Os dados obtidos nas biometrias realizadas no decorrer do cultivo
forneceram as informações necessárias para a elaboração das curvas de
crescimento, em comprimento total (cm/peixe) e em peso (g/peixe).
lxv
3.3.5. Acompanhamento da Capacidade Produtiva
Na Tabela 12 são indicados os principais parâmetros zootécnicos
utilizados para a avaliação da capacidade produtiva dos tratamentos testados.
Tabela 12 – Principais parâmetros zootécnicos analisados dos peixes
cultivados nos Tratamentos 01, 02 e 03. Aquiraz, Ceará, 2007.
PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS Unidades
Crescimento em comprimento (cm/peixe)
Crescimento diário (cm/peixe/dia)
Ganho de peso (g/peixe)
Ganho de peso diário (g/peixe/dia)
Ganho de Biomassa (g/m³)
Produtividade (kg/ha/dia)
Taxa de conversão alimentar (CA) -
Além dos parâmetros acima citados também foram determinadas as
taxas de sobrevivência e mortalidade, dados estes também bastante
significativos para a avaliação do potencial de produção desta atividade.
3.3.6. Qualidade do Pescado Produzido
Ao final do experimento, foram também enviadas amostras contendo os
peixes vivos, bem como a água de seus viveiros de origem, que foram
acondicionadas em caixas de isopor devidamente identificadas, ao Labomar
lxvi
(Intituto de Ciências do Mar – UFC), para que fossem realizadas análises
microbiológicas, no intuito de mensurar a presença de Coliformes Fecais
Termotolerantes, Estafilococus Coagulase Positiva e Salmonela sp. em três
(03) tecidos: brânquias, pele e músculo, do pescado produzido nos Viveiros
Experimentais. Os valores de referência para os padrões microbiológicos foram
retirados da resolução RDC n°12 - ANVISA, de 02 de Janeiro de 2001.
3.3.7. Análises Estatísticas
No intuito de garantir que os dados coletados nas amostragens de
acompanhamento tivessem maior fidelidade com os resultados reais
alcançados nos experimentos, assim como para assegurar a continuidade do
experimento caso houvesse algum fenômeno isolado em algum dos tanques de
cultivo, nos três tratamentos experimentais foram realizados os cultivos em
triplicatas, por este motivo utilizou-se nove tanques; três tratamentos comtrês
tanques em cada um deles.
As análises estatísticas dos dados de crescimento em comprimento
(cm/peixe), ganho de peso (g/peixe), e ganho de biomassa (g/m³) foram
realizadas usando o programa BioEstat 4.0, utilizando a metodologia estatística
da Análise de Variância, também chamada de ANOVA (Analysis of Variance).
Foram feitos os testes de Lilliefors e Shapiro-Wilk para a verificação da
normalidade entre os dados. Também, foi cumprida a homocedasticidade,
condição exigida para tal.
lxvii
Para identificação das diferenças entre as médias, como houve a
homogeneidade entre as variâncias, utilizou-se o teste de Tukey considerando
uma significância de 5,0% (α = 0,05).
lxviii
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados alcançados no experimento realizado e os comentários
pertinentes a cada um deles, serão relatados a seguir.
4.1. Acompanhamento da Qualidade de água
4.1.1. Temperatura
As temperaturas médias nos três tratamentos durante o período de
realização do experimento foram bastante semelhantes, ficando em 29,4°C
para os tratamentos 1 e 2, e 29,2 °C para o tratamentos 3, diferença esta que
não é significativa, conforme mostrado na Tabela 13.
Tabela 13 – Média, desvio padrão, máximo e mínimo de Temperatura dos
tratamento 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz,
Ceará, 2007.
Média ± desvio padrão Máximo Mínimo
Tratamentos
(Valores em °C)
1 29,4 ± 0,7 30,6 28,5
2 29,4 ± 0,9 30,7 28,3
3 29,2 ± 1,3 31,3 26,9
A faixa de temperatura ótima para o cultivo de peixes tropicais é de 25
a 32°C, e especificamente para a tilápia do Nilo, é a faixa entre 27 e 32°C,
lxix
sendo que, para engorda, estando a temperatura mantida entre 29 a 31°C o
crescimento chega a ser até 3 vezes maior que a 20°C (BOYD, 1990;
PROENÇA & BITTENCOURT, 1994; POPMA & LOVSHIN, 1996;
KUBITZA,2000).
De acordo com as curvas de temperaturas medidas nos três tratamento
experimentais, podendo-se verificar que a temperatura da água nos tanques de
cultivo manteve-se dentro dos limites ótimos para o crescimento da tilápia do
Nilo (Figura 14).
24
25
26
27
28
29
30
31
32
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
Temperatura (°C)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 14 – Curvas de temperatura medidas na água dos tanques dos
tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reuso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
4.1.2. pH x Nitrito
No cultivo da tilápia do Nilo utilizando efluentes de lagoas de
estabilização, normalmente, não acontecem problemas de acidificação da água
(valores baixos de pH), porém, são muito comuns picos de pH com valores
lxx
acima de 9,0 (MOSCOSO & GALECIO, 1978; KRACIK,1998;
FELIZATTO,2000; PEREIRA, 2004).
Os valores de pH, neste experimento, apresentaram uma grande
variação, no entanto, ficando sempre na faixa acima da neutralidade. Como se
pode ver na Tabela 14, no Tratamento 1, o valor máximo de pH foi 11 e mínimo
9,2, estando a média em 9,7. Já para o Tratamento 2, o máximo foi de 10,5 e o
mínimo de 7,9, sendo o valor médio de 9,1. O tratamento 3 foi o que
apresentou a maior variação, com o máximo de 11,1 e o mínimo de 7,0, porém,
o valor médio foi o mais baixo, ficando em 8,8.
De acordo com as faixas de valores de pH sugeridos por Boyd (1990),
expostos na Tabela 2, valores de pH entre 9,0 e 11,0 causam crescimento
lento.
Tabela 14 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de pH nos
três tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reúso
de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Tratamentos Média ± desvio padrão Máximo Mínimo
1 9,7 ± 0,6 11,0 9,2
2 9,1 ± 0,9 10,5 7,9
3 8,8 ± 1,4 11,1 7,0
O pH da água no cultivo de tilápias deve ser mantido entre 6,0 e 8,5.
Com valores abaixo de 4,5 e acima de 10,5, a mortalidade é significativa. Em
viveiros com excesso de fitoplâncton (águas muito verdes) e baixa alcalinidade
total (<30 mg de CaCO
3
/l) o pH pode alcançar valores de 12, ao final da tarde,
lxxi
em dias muito ensolarados; isto pode inibir o consumo de alimento e, se
ocorrer com freqüência, afetar o crescimento dos peixes (KUBITZA, 2000).
Na Figura 15 pode-se observar as curvas de pH dos 3 tratamentos
experimentais, onde é possível perceber que os picos de pH ocorreram
somente no início do cultivo (entre o 20° e o 30° dia de cultivo), tendendo à
estabilização dos valores em seus valores médios com o decorrer do tempo.
0
2
4
6
8
10
12
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
pH
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 15 – Curvas de pH medidos na água dos tanques dos tratamentos
experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
A ocorrência de mortalidade direta devido à elevação do pH geralmente
não é observada, no entanto, este fato pode potencializar os problemas de
toxidez a partir dos compostos nitrogenados (KUBITZA, 1998). Por este motivo
é importante a avaliação dos resultados de Nitrito obtidos nas amostras de
água dos três tratamentos experimentais.
lxxii
É necessário atenção quando as concentrações de nitrito excedem de
10 mg/l na forma de nitrito (cerca de 0,3 mg/l na forma de NO
2
– N)
(BOYD,1990). Em água doce, dependendo da espécie, concentrações de nitrito
entre 0,7 e 2,0 mg/l podem causar massiva mortandade aos peixes, e quando
expostos a níveis sub-letais (0,3 a 0,5 mg/l) podem sofrer redução no
crescimento e na resistência a doenças (KUBITZA, 1998).
No Tratamento 1, os valores de Nitrito se mantiveram constantemente
menores que 0,01. No Tratamento 2, a variação foi muito pequena, sendo o
valor médio 0,01 mg/l, o máximo 0,02 mg/l e o mínimo menor que 0,01mg/l. Já
no Tratamento 3, onde houve a maior variação, o valor médio foi 0,02 mg/l, o
máximo foi 0,09 mg/l e o mínimo foi menor que 0,01 mg/l (Tabela 15).
Tabela 15 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Nitrito
nos tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reúso
de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Média ± desvio padrão Máximo Mínimo
Tratamentos
(Valores em mg de NO
2
–N /l)
1 <0,01 <0,01 <0,01
2 0,01 ± 0,01 0,02 <0,01
3 0,02 ± 0,03 0,09 <0,01
Mesmo com os valores elevados de pH na água dos viveiros
experimentais (Tabela 13), os valores de Nitrito (Tabela 14), se mantiveram
bem abaixo do recomendado pela literatura consultada. Assim, é pouco
lxxiii
provável que este parâmetro de qualidade de água tenha provocado algum
problema para os peixes cultivados neste experimento.
4.1.3. OD x DQO
O Tratamento 1 apresentou o valor médio da concentração de OD de
7,6 mg/l, sendo o máximo de 10,16 mg/l e o mínimo de 2,09 mg/l. Já no
Tratamento 2, a média foi de 6,4 mg/l, com máxima de 11,0 mg/l e mínima de
2,51 mg/l. O tratamento 3 apresentou o menor valor médio, que foi de 6,1 mg/l,
e a maior variação, sendo a máxima de 11,72 mg/l e a mínima de 1,79 mg/l
(Tabela 16).
Tabela 16 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo de Oxigênio
Dissolvido (OD) nos tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro
Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Média ± desvio padrão Máximo Mínimo
Tratamentos
(Valores em mg de O
2
/l)
1 7,6 ± 2,7 10,16 2,09
2 6,4 ± 3,0 11,0 2,51
3 6,1 ± 4,0 11,72 1,79
A supersaturação do OD na água pode ser um problema no cultivo de
peixes, principalmente quando realizado em águas com abundância de
fitoplâncton, grandes responsáveis pela produção de O
2
no ambiente aquático.
lxxiv
No entanto, mesmo no pico máximo da concentração de OD, que foi
11,72 mg/l no Tratamento 3, a saturação de oxigênio chegou apenas a 156,7%
de saturação, sendo este valor bem abaixo do mencionado pela literatura para
causar problema à população de peixes estocada.
Segundo Pavanelli et al. (1999), os peixes suportam até 300% de
supersaturação de oxigênio, ocorrendo maior ou menor mortalidade de acordo
com o estágio de vida dos peixes (as larvas morrem mais facilmente) com a
ocorrência da Doença das Borbulhas.
Esta doença também denominada trauma das bolhas de gás, segundo
Boyd (1990) pode causar a mortalidade de peixes através da formação de
bolhas no sangue as quais causam efeitos adversos em vários órgãos e nos
processos fisiológicos. Os animais que estão em ambiente com supersaturação
de oxigênio e em seguida ficam expostos a águas com baixa saturação deste
gás. A flutuação diária na saturação do oxigênio dissolvido acontece
comumente em cultivos com utilização de esgoto doméstico.
A grande quantidade de algas existentes nas lagoas de estabilização
produz oxigênio capaz de causar supersaturação durante o dia, mas durante a
noite, devido a respiração, fazem com que as concentrações de oxigênio
dissolvido atinjam concentrações menores do que 1 mg/L (PEREIRA, 2000).
Na Figura 16 estão mostradas as curvas dos valores médios de OD
para os 3 tratamentos experimentais, onde é possível observar as grandes
variações nas concentrações de oxigênio durante o período do experimento.
lxxv
0
2
4
6
8
10
12
14
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
OD (mg/L)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 16 – Curvas de OD medidos na água dos tanques dos tratamentos
experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
A DQO, segundo APHA (1992), é utilizada como uma medida do
equivalente de oxigênio do conteúdo de matéria orgânica de uma amostra
suscetível de oxidação por um oxidante químico forte. Ou seja, é a quantidade
de oxigênio necessária para realizar a degradação química da matéria orgânica
em um meio aquático. Este parâmetro mostra a eficiência do sistema de
tratamento de esgoto, pois, quanto menor a demanda por oxigênio, menor será
a quantidade de matéria orgânica presente naquela água.
No Tratamento 1, os valores médio, máximo e mínimo foram os
menores dos 3 tratamentos experimentais, sendo 177,4, 291,67 e 111,85 mg
de O
2
/l, respectivamente. No Tratamento 2, a média foi 257,9 mg de O
2
/l, a
máxima 333,07 mg de O
2
/l, e a mínima foi 153,63 mg de O
2
/l. Já no Tratamento
3 foram obtidos os resultados mais altos dos 3 tratamentos experimentais,
onde o valor médio foi 265,6 mg de O
2
/l, o máximo foi 494,0 mg de O
2
/l, e o
mínimo 131,07 mg de O
2
/l (Tabela 17).
lxxvi
Tabela 17 – Valores médios, desvio padrão, máximo e mínimo da
Demanda Química de Oxigênio (DQO) nos tratamentos experimentais 1, 2
e 3 no Centro Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Média ± desvio padrão Máximo Mínimo
Tratamentos
(Valores em mg de O
2
/l)
1 177,4 ± 56,6 291,67 111,85
2 257,9 ± 58,6 333,07 153,63
3 265,6 ± 125,3 494,00 131,07
Na Figura 17 é possível observar as curvas refrentes aos valores
médios de DQO obtidos nos 3 tratamentos experimentais, onde o Tratamento 1
foi o único que apresentou uma melhora na qualidade da água, isto é, houve
uma diminuição no valor da DQO de aproximadamente 27%, pois na primeira
medição o valor de DQO era de 206,67 mg de O
2
/l, e na última medição
passou a ser 150,6 mg de O
2
/l.
No Tratamento 2 houve, no início do experimento, uma diminuição da
DQO de 283,33 mg de O
2
/l para 153,63 mg de O
2
/l, diminuição de
aproximadamente 45%. No entanto, após este fato houve um aumento da DQO
chegando ao valor máximo, última medição, de 333,07 mg de O
2
/l, sendo este
valor aproximadamente 217% maior que o anterior e aproximadamente 117,5%
maior que o inicial, caracterizando uma piora na qualidade da água no decorrer
do cultivo.
O Tratamento 3 foi o que mais oscilou em relação a DQO, pois, no
início do experimento a água apresentou a melhor qualidade dentre as três,
estando o valor de DQO em 161,67 mg de O
2
/l, depois houve uma leve subida
lxxvii
até 211,63 mg de O
2
/l, e um decréscimo na DQO até o valor de 131,07 mg de
O
2
/l, então subiu novamente até alcançar 404,43 mg de O
2
/l e novamente
decaiu para 296,9 mg de O
2
/l, então na última medição o valor encontrado foi
de 494,0 mg de O
2
/l. Comparando os valores do início e fim do experimento
houve um aumento de aproximadamente 305%.
0
100
200
300
400
500
600
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
DQO (mg/L)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 17 – Curvas de DQO medidos na água dos tanques dos
tratamentos experimentais 1, 2 e 3 no Centro Experimental de Reúso de
Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Para a melhor visualização da relação entre a concentração de OD e a
DQO, foram lançadas em um mesmo gráfico as curvas destes dois parâmetros
para cada um dos tratamentos experimentais.
Na Figura 18 pode-se observar a relação existente entre as curvas de
OD e DQO para o Tratamento 1. Inicialmente tem-se um valor baixo de OD e
relativamente alto de DQO; com o decorrer do cultivo a tendência se inverte,
passando a apresentar uma elevação da concentração de OD e uma
lxxviii
diminuição na DQO. Até que o ambiente tende à estabilização ficando com
valores em um patamar equilibrado para ambos os parâmetros.
0
50
100
150
200
250
300
350
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
DQO (mgO2/L
)
0
2
4
6
8
10
12
OD (mgO2/L)
DQO Tratamento 1 OD Tratamento 1
Figura 18 – Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 1 no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
Assim como no Tratamento 1, pode-se observar, na Figura 19, que no
início do experimento no Tratamento 2 o valor de OD era baixo e o de DQO
relativamente alto, com o decorrer do experimento o OD tendeu a subir e a
DQO a descer, mas, diferentemente do Tratamento 1, não houve estabilização
no ambiente, e ao final do experimento os níveis de DQO estavam
aumentando, e, conseqüentemente, a concentração de OD decrescendo.
lxxix
0
50
100
150
200
250
300
350
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
DQO (mgO2/L
)
0
2
4
6
8
10
12
OD (mgO2/L)
DQO Tratamento 2 OD Tratamento 2
Figura 19 – Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 2 no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Ceará, 2007.
Neste tratamento foi ofertada ração comercial em taxas 50% menores
que as indicadas pelo fabricante, conforme o delineamento do experimento.
Este fato provavelmente contribuiu para o aumento da DQO, por causa do
aporte de matéria orgânica proveniente das inevitáveis sobras de ração e das
fezes dos peixes.
No tratamento 3 foi ofertada ração comercial conforme o indicado pelo
fabricante, isto é, o dobro do Tratamento 2. Da mesma forma que neste
tratamento, no Tratamento 3 também não houve estabilização do ambiente,
sendo ainda mais abrupta a reação dos dois parâmetros, ficando a DQO ainda
mais alta que a anterior e, com isso, a concentração de OD ainda mais baixa,
chegando a valores que comprometeram o cultivo (Figura 20). As duas útimas
medições representaram um período de 14 dias onde foram encontrados
valores de concentração de OD de 2,24 mg/l e 1,79 mg/l.
lxxx
Segundo Proença & Bittencourt (1994), a maior parte dos peixes morre
quando o teor de oxigênio dissolvido é igual ou inferior a 1 mg/L. Entre 1 mg/L
e 3 mg/L está o nível sub letal, quando os peixes gastam muita energia para
respirar e não crescem.
As tilápias toleram baixas concentrações de OD na água, porém, se
freqüentemente expostas ao baixo OD, ficam mais susceptíveis a doenças e
apresentam desempenho reduzido. Os níveis de OD acima de 3,0 a 3,5 mg/l
são ótimos para o cultivo dessa espécie (KUBITZA, 2000).
0
100
200
300
400
500
600
14 20 32 46 67 81 95 109
Dias de Cultivo
DQO (mgO2/L
)
0
2
4
6
8
10
12
14
OD (mgO2/L)
DQO Tratamento 3 OD Tratamento 3
Figura 20 – Curvas de OD e DQO medidos na água dos tanques do
tratamento experimental 3 no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
4.2. Curvas de Crescimento
As curvas de crescimento são uma representação gráfica do
desenvolvimento dos peixes que estão sendo cultivados. No caso do presente
lxxxi
trabalho, as curvas foram feitas a partir dos valores médios de comprimento
total (Lt), que são expressos em cm/peixe, e de peso médio (W), que são
expressos em g/peixe.
Pode-se observar na Tabela 18 os valores médios e desvio padrão
encontrados nas biometrias realizadas nos 3 tratamentos experimentais. A
partir destes dados foram traçadas as curvas de crescimento em comprimento
total (Lt), que estão mostradas na Figura 21.
Ao se verificar os valores correspondentes ao 114° dia de cultivo,
equivalente ao final do experimento, é possível observar que o melhor
resultado foi o do Tratamento 2, onde o valor de comprmento total médio para
este tratamento foi de 22,0 ± 1,71 cm/peixe, seguido pelo Tratamento 1, com
20,4 ± 1,26 cm/peixe, e este com o resultado praticamente igual, pelo
Tratamento 3, com 20,0 ± 2,76 cm/peixe.
Tabela 18 – Valores médios e desvio padrão do comprimento total (Lt) dos
peixes cultivados nos três tratamentos experimentais no Centro
Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Dias de
Cultivo
Lt (cm/peixe)
1 3,0 ± 0,40 2,9 ± 0,40 3,2 ± 0,40
28 8,8 ± 1,00 9,1 ± 0,73 9,9 ± 1,02
56 12,6 ± 1,66 14,6 ± 1,83 15,2 ± 1,34
89 17,4 ± 1,65 19,7 ± 1,65 19,4 ± 1,49
114 20,4 ± 1,26 22,0 ± 1,71 20,0 ± 2,76
lxxxii
Na figura 21 estão representadas graficamente as curvas de
crescimento em comprimento total (Lt) médio, onde foi observada a
confirmação dos resultados descritos no parágrafo anterior, sendo o
Tratamento 2 com o melhor resultado, seguido do Tratamento 1 e do
Tratamento 3.
É válido salientar quanto a queda no rendimento apresentado pelo
Tratamento 3, que até a biometria realizada no 56° dia de cultivo vinha
apresentando o melhor resultado, e a partir da biometria do 89° dia de cultivo
caiu para o segundo melhor, e ao final do experimento foi o pior resultado
dentre os três tratamentos.
Esta queda no rendimento pode ser explicada pela baixa concentração
de OD apresentada no Tratamento 3, que, no 89° dia de cultivo, estava com
3,0 mg/l e na última medição realizada no 109° dia de cultivo estava com 1,79
mg/l.
0
5
10
15
20
25
1 285689114
Dias de Cultivo
Lt (cm/peixe)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 21 – Curvas de crescimento em comprimento total (Lt) médio dos
peixes cultivados nos três tratamentos experimentais realizados no
Centro Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
lxxxiii
Os valores médios e desvio padrão para peso (W) dos três tratamentos
experimentais, obtidos nas biometrias realizadas durante o período do cultivo,
são mostrados na Tabela 18.
O melhor resultado foi apresentado no Tratamento 2, com 221,30 ±
32,09 g/peixe, seguido pelos Tratamento 1 e 3, com 198,60 ± 29,18 g/peixe e
158,00 ± 63,47 g/peixe, respectivamente.
Tabela 19 – Valores médios e desvio padrão do peso (W) dos peixes
cultivados nos três tratamentos experimentais no Centro Experimental de
Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Dias de
Cultivo
W (g/peixe)
1 0,45 ± 0,02 0,45 ± 0,02 0,45 ± 0,02
28 12,60 ± 1,64 13,70 ± 1,64 19,60 ± 2,61
56 60,60 ± 19,99 73,30 ± 16,01 85,00 ± 8,42
89 129,70 ± 25,27 162,10 ± 16,69 153,10 ± 23,85
114 198,60 ± 29,18 221,30 ± 32,09 158,00 ± 63,47
As curvas de crescimento, em peso (W) médio, podem ser vistas na
Figura 22, onde pode ser constatado que os resultados de peso médio
confirmaram os de comprimento total médio anteriormente descritos, com a
queda do rendimento do Tratamento 3, que era o melhor até a biometria do 56°
dia de cultivo, passando para segundo na biometria do 89° dia de cultivo e
então para o pior dentre os três tratamentos, no 114° dia de cultivo, final do
experimento.
lxxxiv
0
50
100
150
200
250
1 28 56 89 114
Dias de Culivo
W (g/peixe)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 22 – Curvas de crescimento, em peso (W) médio, dos peixes
cultivados nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Felizatto (2000), cultivando tilápia do Nilo, alcançou, em 120 dias de
experimento, peso médio de 107,0 g/peixe. Já Pereira (2004), obteve em seu
experimento com a mesma espécie, que teve duração de 128 dias, peso médio
dos peixes ao final do cultivo de 126,9 g/peixe, o que nos remete a considerar
os resultados atingidos muito bons, nos três tratamentos do presente
experimento.
Na Figura 23 podem ser vistas amostras dos peixes ao final do período
experimental, para os três tratamentos.
lxxxv
A
B C
A - Amostra do Tratamento 1; B- Amostra do Tratamento 2; C - Amostra do Tratamento 3
Figura 23 – Amostra dos peixes ao final do cultivo nos três tratamentos
experimentais realizados no Centro Experimental de Reúso de Águas,
Aquiraz, Ceará, 2007.
4.3. Taxa de Sobrevivência
Foi realizado o acompanhamento diário da mortalidade, sendo anotado
o número de peixes que apareciam boiando nos nove viveiros experimentais
correspondentes aos três tratamentos, e os valores foram conferidos ao final do
período experimental com a contagem do estoque remanescente.
No 37° dia de cultivo ocorreu uma mortalidade massiva dos peixes
estocados no Viveiro Experimental 03 (VE-03) do Tratamento Experimental 1,
em que foram registrados 116 peixes mortos, equivalente a 77,3% do estoque
inicial. Portanto a sobrevivência foi apenas 22,7% logo no início do cultivo
neste viveiro.
Não se dispõe de dados de qualidade de água que possam explicar
este fato, porém é válido salientar que no mesmo dia ocorreram mortalidades
lxxxvi
massivas de peixes em várias pisciculturas em todo o estado, que também não
foram explicadas com clareza, e que se associou a fenômenos meteorológicos.
É importante enfatizar que a mortalidade ocorreu apenas no VE-03,
nos levando a desconsiderar os dados obtidos neste para os resultados do
Tratamento 01 a partir deste momento, pois, caso fosse problema na qualidade
do esgoto utilizado para abastecer os viveiros experimentais, o problema teria
acontecido nos nove viveiros experimentais, ou pelo menos nos três viveiros do
Tratamento 01. Desta forma, a taxa de sobrevivência média para este
tratamento de 100%, pois não foi observada nenhuma mortalidade nos Viveiros
Experimentais 01 e 02 deste mesmo tratamento.
No Tratamento 02 não foi observado nenhum caso de mortalidade
massiva no decorrer do cultivo e ao final do período experimental a
sobrevivência média para este tratamento foi de 98,4% da população
inicialmente estocada.
No 91°, 99° e 105° dias de cultivo ocorreram as mortalidades de 34, 3 e
2% totalizando 39% da população inicialmente estocada no Viveiro
Experimental 09 (VE-09) do Tratamento 03. No Viveiro Experimental 08 (VE-
08) foi observada a mortalidade de 1,3% da população estocada, dividida entre
o 39° e o 44° dia de cultivo, o que nos leva à taxa de sobrevivência de 98,7%.
Já para o Viveiro Experimental 07 (VE-07) do mesmo tratamento,
ocorreu uma mortalidade de 79,3% da população estocada, no 110° dia de
cultivo. Este fato foi decisivo para a definição do término do experimento no
115° dia de cultivo, pois estava se observando a depleção da qualidade da
água nos tratamentos experimentais, conforme citado no item 5.1., e poderia se
lxxxvii
perder os dados restantes caso ocorresse mortalidade total dos peixes
estocados.
Assim, para o Tratamento 03 a taxa de sobrevivência média foi de
59,6% da população inicialmente estocada.
Os resultados das taxas de sobrevivências médias finais para os três
tratamentos experimentais podem ser vistos na Tabela 20.
Tabela 20 – Taxas de sobrevivência finais nos três tratamentos
experimentais no Centro Experimental de Reúso de Águas, Aquiraz,
Ceará, 2007.
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Taxa de Sobrevivência 100% 98,4% 59,6%
Após a coleta dos dados finais do experimento, se decidiu continuar
com o cultivo até alcançar os 160 dias, para a verificação da evolução do
desenvolvimento dos peixes, porém sem validade para o experimento.
Foi observado que no 120° dia de cultivo houve casos de mortalidade
nos viveiros do Tratamento 3. Então, foi feita a despesca total dos três viveiros
deste tratamento onde foram obtidas as sobrevivências, para o VE-07 de 7
peixes, o que equivale a 1,4% da população anteriormente estocada; para o
VE-08 de 17 peixes, equivalente a 11,3%; e para o VE-09 foram 39 peixes, que
corresponde a 26,0% do estoque inicial.
No 128° dia de cultivo ocorreu um novo caso de mortalidade massiva,
desta vez no VE-04, com a morte de 114 peixes, o que nos remete à taxa de
sobrevivência de 24,7%. Já no VE-06 foi observado que do 132° ao 140° dias
lxxxviii
de cultivo ocorreram mortalidades quase que diárias, totalizando 100 peixes,
gerando uma sobrevivência de 33,3%.
Porém, na despesca final, que ocorreu no 160° dia de cultivo, foram
observados para os viveiros experimentais VE-04 e VE-06 a mortalidade de
100% do estoque inicial. Assim, a sobrevivência foi de 0% para estes dois
viveiros. Já o VE-05 apresentou uma sobrevivência de 70% da população
inicialmente estocada, tendo sido retirados 112 peixes ao final dos 160 dias de
cultivo.
Nos viveiros do Tratamento 01, após os 160 dias de cultivo, foram
despescados, no VE-01, 145 peixes e, no VE-02, 98 peixes, sendo as taxas de
sobrevivências, respectivamente, 96,7% e 65,3%.
4.4. Acompanhamento da Capacidade Produtiva
Nos trabalhos que abordam o reúso de água em piscicultura, assim
como os que tratam da piscicultura em geral, é comum se fazer o
acompanhamento da capacidade produtiva para avaliar o desempenho do
cultivo realizado, fazendo comparação com os dados anteriormente existentes.
Para realizarmos este acompanhamento foram medidos alguns dos
principais parâmetros zootécnicos utilizados na piscicultura convencional, e que
são normalmente utilizados nos trabalhos científicos na área da aqüicultura.
Seguem os resultados e os comentários pertinentes para as avaliações.
lxxxix
4.4.1. Parâmetros Zootécnicos
4.4.1.1. Crescimento em Comprimento (cm/peixe)
O acompanhamento do crescimento em comprimento foi realizado a
partir dos dados de crescimento, em centímetros, obtidos nas biometrias e, no
caso do resultado de crescimento final, foram utilizados os dados obtidos na
despesca ao final do experimento.
Para o Tratamento 1, o crescimento em comprimento chegou a 17,57
cm/peixe, para o Tratamento 2 foi de 19,06 cm/peixe e para o Tratamento 3
chegou a 17,87 cm/peixe.
Para análise estatística dos dados de crescimento em comprimento
(cm/peixe) foi utilizada a ANOVA e o teste de Tukey considerando uma
significância de 5,0% (α = 0,05), não tendo sido observada diferença
significativa para os Tratamentos 1 e 3, representada pela letra “b”, igual para
os dois tratamentos. Já para o Tratamento 2, foi observada diferença estatística
para os outros dois tratamentos, representada pela letra “a”, que apareceu
somente no resultado deste. Assim, pode-se afirmar que o melhor resultado
para o crescimento, em comprimento, foi o do Tratamento 2, sendo este o
melhor tratamento experimental para este parâmetro zootécnico.
Os valores obtidos de crescimento de comprimento (cm/peixe), assim
como o resultado das análises estatísticas, representados pelas letras “a” e “b”
podem ser vistas na Figura 24.
xc
17,57
b
19,06
a
17,87
b
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Crescimento (cm/peixe)
T - 01 T - 02 T - 03
Tratamentos Experimentais
Figura 24 – Representação gráfica do crescimento em comprimento
(cm/peixe), ao final do cultivo nos três tratamentos experimentais
realizados no Centro Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará,
2007.
Dentre os experimentos realizados utilizando esgoto doméstico na
piscicultura, podemos citar os resultados descritos a seguir:
Felizatto (2000), em 120 dias de cultivo, obteve crescimento médio de
12,5 cm/peixe. Santos et al. (2007), obtiveram, em um cultivo de 149 dias,
crescimento de 14,6 cm/peixe, com aeração mecânica suplementar, 7,6
cm/peixe e 6,2 cm/peixe sem aeração suplementar, o que nos remete a
considerar que os resultados obtidos neste experimento foram muito bons, pois
os três tratamentos experimentais apresentaram crescimento melhor que os
obtidos pelos autores citados.
xci
4.4.1.2. Ganho de Peso (g/peixe)
O ganho de peso (g/peixe) também foi acompanhado por meio dos
dados de peso médio coletados nas biometrias realizados durante o período de
cultivo, e o resultado final obtido para o ganho de peso foi encontrado a partir
da diferença do peso médio obtido na despesca pelo peso médio obtido na
amostragem do povoamento.
Os resultados de ganho de peso (g/peixe) obtidos para os Tratamentos
1, 2 e 3 foram, respectivamente: 198,12 g/peixe, 220,81 g/peixe e 173,70
g/peixe.
Os resultados de ganho de peso (g/peixe) obtidos foram submetidos à
análise estatística ANOVA e ao teste de Tukey considerando uma significância
de 5,0% (α = 0,05), não tendo sido observada diferença significativa para os
Tratamentos 1 e 2, representada pela letra “a”, igual para os dois tratamentos.
Quando comparados os Tratamentos 2 e 3, também não foi observada
diferença significativa, representada pela letra “b” igual para os dois
tratamentos. Já quando comparados os Tratamentos 1 e 3, foi observada
diferença estatística entre eles o que se representou pelas letras “a” e “b”
diferentes entre eles.
Desta forma, foi difícil eleger qual o melhor tratamento, pois o
Tratamento 2 apresentou o melhor resultado, 220,81 g/peixe, mas é
estatisticamente semelhante ao Tratamento 1, 198,12 g/peixe, e este é
estatisticamente semelhante ao Tratamento 3, 173,70 g/peixe.
Como para o crescimento em comprimento o Tratamento 2 obteve o
melhor resultado, e para o ganho de peso pode-se dizer que houve um
xcii
“empate”, poderia se eleger o Tratamento 2 como sendo o melhor tratamento
experimental, quando analisados os dois parâmetros zootécnicos em conjunto.
Os valores obtidos de ganho de peso (g/peixe), assim como o resultado
das análises estatísticas, representado pelas letras “a” e “b”, podem ser vistos
na Figura 25.
198,12
a,b
220,81
a
173,70
b
0
50
100
150
200
250
Ganho de Peso (g/peixe)
T-01 T-02 T-03
Tratamentos Experimentais
Figura 25 – Representação gráfica do ganho de peso (g/peixe), ao final do
cultivo nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Felizatto (2000) alcançou resultados de ganho de peso na ordem de 82
g/peixe em 120 dias de cultivo. Bastos et al. (2003) relataram resultados de 100
g/peixe em 100 dias de cultivo. Pereira (2004) obteve resultado de 126,10
g/peixe em 180 dias de cultivo. Santos et al. (2007) alcançaram 636,84 g/peixe,
com aeração mecânica, 227,64 e 201,64 g/peixe, em condições semelhantes à
deste experimento.
xciii
4.4.1.3. Ganho de Biomassa (g/m³)
A biomassa foi obtida em gramas por metro cúbico (g/m³), e a
determinação do ganho de biomassa foi feito por intermédio da diferença entre
a biomassa calculada no início do experimento e a encontrada ao final do
experimento. A biomassa é calculada por meio da relação entre o peso e o
número de peixes existentes em uma determinada unidade de volume.
Assim como os resultados de crescimento em comprimento (cm/peixe)
e de ganho de peso (g/peixe), os de ganho de biomassa também foram
submetidos a análise estatística ANOVA e ao teste de Tukey considerando
uma significância de 5,0% (α = 0,05), não tendo sido observada diferença
significativa para os Tratamentos 1 e 2, representada pela letra “a”, igual para
os dois tratamentos. Quando comparados os Tratamentos 1 e 3, foi observada
diferença estatística entre eles, o que se representou pelas letras “a” e “b”
diferentes entre eles. Já quando comparados os Tratamentos 2 e 3, também foi
observada diferença significativa, representadas pelas letra “a” e “b” diferentes
para os dois tratamentos.
O Tratamento 2 obteve o melhor resultado, 653,72 g/m³, porém este é
considerado estatisticamente semelhante ao Tratamento 1, 594,49 g/m³, assim,
para eleger o melhor tratamento experimental deve-se fazer a análise em
conjunto, assim como foi feito para o ganho de peso, ficando novamente o
Tratamento 2 como melhor resultado dentre os três tratamentos testados.
O Tratamento 3 foi o de pior resultado, ficando com o ganho de
biomassa igual a 308,90 g/m³.
xciv
Os valores obtidos de ganho de biomassa (g/m³), assim como o
resultado das análises estatísticas, representados pelas letras “a” e “b”, podem
ser vistos na Figura 26.
594,49
a
653,72
a
308,90
b
0
100
200
300
400
500
600
700
Ganho de Biomassa
(g/m³)
T-01 T-02 T-03
Tratamentos Experimentais
Figura 26 – Representação gráfica do ganho de biomassa (g/m³), ao final
do cultivo nos três tratamentos experimentais realizados no Centro
Experimental de Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Os resultados obtidos por Santos et al. (2007) de 888,2 g/m³, para
tratamento com aeração mecânica, 24,4 g/m³ e 175,8 g/m³, para tratamento
com esgoto doméstico tratado e sem aeração mecânica, também nos mostram
o bom resultado alcançado no presente experimento.
4.4.1.4. Produtividade (kg/ha/dia)
Este parâmetro zootécnico é amplamente discutido nas literaturas
especializadas na área e se refere a uma biomassa existente em um
xcv
determinado ambiente de cultivo. Relaciona-se a produtividade com uma
unidade temporal, como um período de cultivo (ciclo de produção), ano ou dia.
Ter-se-ia, então, neste caso, por exemplo, kg/m³/ano ou kg/ha/dia, que foi a
unidade utilizada neste experimento.
O Tratamento 1 apresentou produtividade de 37,0 kg/ha/dia, sendo
este o segundo melhor resultado, que foi superado pelo Tratamento 2, com
57,3 kg/ha/dia, e o pior resultado alcançado foi o do Tratamento 3 com 27,0
kg/ha/dia. Estes resultados ficaram coerentes com os resultados anteriormente
alcançados na literatura consultada conforme pode ser observado nos
comentários abaixo.
A bibliografia consultada aponta diversos resultados com a utilização de
esgoto doméstico, dos quais pode-se enfatizar os alcançados por Olah (1980)
que conseguiu 4,72 kg/ha/dia e Srinivasan (1980) alcançou 29,44 kg/ha/dia.
Edwards et al. (1981) conseguiram rendimentos extrapolados de 44-55
kg/ha/dia, Polprasert (1984), 15,65 kg de Tilápia/ha/dia, Sharma et al. (1987)
conseguiram produzir 20,91 kg/ha/dia, El-Gohary et al (1995) alcançaram 71,5
kg/ha/dia. Moscoso (1998), em condições mais extensivas de cultivo,
conseguiu 32,01 kg/ha/dia, já em Leon e Moscoso (1999) foram alcançadas as
produtividades de 6,14, 8,21 e 2,51 kg/ha/dia para a densidade de 3 peixes/m².
Pereira (2004) alcançou produtividade de 21,15 kg/ha/dia com densidade de 3
peixes/m². Santos et al. (2007) obtiveram produtividades de 62,28 kg/ha/dia no
tratamento com aeração mecânica, 1,63 e 11,79 kg/ha/dia nos tratamentos
sem aeração mecânica.
xcvi
4.4.1.5. Conversão Alimentar (CA)
A relação entre a energia ingerida pelo indivíduo cultivado e a energia
depositada nos tecidos, ou é chamada de Conversão Alimentar, resultando em
ganho de peso. O fator de conversão alimentar (CA) refere-se a relação entre o
consumo de ração (em kg) e a produção (final, em kg) de um determinado
cultivo.
O tratamento 1 não recebeu fornecimento de ração, o que levou ao
valor de CA igual a zero. Isto é, não foi necessário nenhum quilograma de
ração para que fosse formado um quilograma de biomassa de peixe. Este fato
aconteceu porque os peixes aproveitaram a biomassa algal presente no esgoto
tratado para se alimentar e produzir sua biomassa corpórea. Este é o resultado
que se espera para o cultivo com efluente de esgoto doméstico tratado: a
produção de peixe com custo de ração zero.
No Tratamento 2 o resultado de CA foi de 0,54. Portanto, foram
necessários 540g de ração para se produzir um quilograma de peixe, o que é
um ótimo resultado para os padrões da piscicultura tradicional, onde,
comumente, para peixes com peso dos obtidos neste experimento, se alcança
CA em torno de 1,2, ainda mais levando-se em consideração que o tratamento
experimental consta do fornecimento da metade da quantidade de ração
indicada pelo fabricante.
Já para o Tratamento 3 a CA foi de 2,57. Isto quer dizer que foram
necessários 2,57kg de ração para se produzir um quilograma de peixe, estando
este valor bem acima do 1,2 anteriormente mencionado como o comumente
xcvii
alcançado, o que inviabiliza este Tratamento, pelo custo elevadíssimo de ração
necessária para a produção do peixe.
Na Tabela 20 está apresentado o resumo dos resultados dos principais
parâmetros zootécnicos discutidos acima assim como, para complementar as
informações, são mostrados também os valores de crescimento diário
(cm/peixe/dia) e ganho de peso diário (g/peixe/dia).
Tabela 21 – Resultados dos principais parâmetros zootécnicos avaliados
nos peixes dos três tratamentos experimentais no Centro Experimental de
Reuso de Águas, Aquiraz, Ceará, 2007.
Tratamentos PARÂMETROS
ZOOTÉCNICOS
1 2 3
Crescimento em comprimento
(cm/peixe)
17,57 ± 1,30 19,30 ± 1,34 17,87 ± 1,98
Crescimento diário
(cm/peixe/dia)
0,154 0,169 0,156
Ganho de peso (g/peixe) 198,12 ± 29,18 220,81 ± 32,09 173,7 ± 51,42
Ganho de peso diário
(g/peixe/dia)
1,737 1,936 1,523
Ganho de Biomassa (g/m³) 395,95 ± 58,36 653,72 ± 94,98 308,90 ± 91,53
Produtividade (kg/ha/dia) 34,7 57,3 27,0
Conversão alimentar (CA) 0 0,54 2,57
xcviii
4.5. Qualidade do Pescado Produzido
Ao final do experimento, as amostras foram acondicionadas em caixas
de isopor devidamente identificadas e enviadas, ao Labomar (Instituto de
Ciências do Mar – UFC), para que fossem realizadas análises microbiológicas
no intuito de mensurar a presença de Coliformes Fecais Termotolerantes,
Estafilococus Coagulase Positiva e Salmonela sp. em três (03) tecidos:
brânquias, pele e músculo, do pescado produzido nos Viveiros Experimentais.
Os valores de referência para os padrões microbiológicos foram retirados
da resolução RDC n°12 - ANVISA, de 02 de Janeiro de 2001, que são, para
Estafilococus Coagulase Positiva o limite máximo de 10³ Unidades Formadoras
de Colônia (UFC)/g; para Salmonela sp. é a ausência de Salmonela/25g de
tecido e para Coliformes Fecais Termotolerantes não existe valor de referência,
pois se considera que o alimento não será consumido in natura, sendo que no
processo de preparo do alimento é feito o tratamento térmico.
Os resultados das amostras analisadas ficaram dentro dos padrões da
resolução tomada como referência, exceto uma amostra de brânquia
proveniente do Tratamento 3, que ficou com o valor de Estafilococus
Coagulase Positiva igual a 2,0 x 10
4
UFC/g, enquanto que o valor limite é de
10³ UFC/g. No entanto, isto aconteceu apenas neste tecido desta amostra, em
que se deve considerar que a brânquia não é um tecido do pescado que é
consumido, pois, quando se “trata” o peixe para o consumo, são retiradas as
escamas, o trato digestório, as nadadeira e as brânquias. Assim não se
descartaria totalmente esse pescado para o consumo humano.
xcix
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos nesta dissertação e dos aspectos
principais discutidos acerca das hipóteses levantadas, pode-se concluir que:
A partir dos dados apresentados da qualidade físico-química da água,
principalmente da relação da concentração de Oxigênio Dissolvido (OD)
x Demanda Química de Oxigênio (DQO), com o maior fornecimento de
ração, aconteceu uma depleção da concentração de OD mais acentuada
e mais cedo em relação ao tempo de cultivo, em comparação com o
tratamento experimental que recebeu uma menor taxa de arraçoamento
e com o que não recebeu alimentação artificial, que tendeu a um
equilíbrio desta relação.
O Tratamento 2, que foi composto de três viveiros abastecidos com
esgoto doméstico tratado no sistema de lagoas de estabilização e nos
quais foi ofertada a metade da taxa de arraçoamento indicada pelo
fabricante da ração comercial, apresentou o melhor resultado conjunto
dos parâmetros zootécnicos, sendo esta a melhor metodologia a ser
aplicada quando as outras condições de cultivos forem semelhantes às
apresentadas neste trabalho.
As amostras analisadas ficaram dentro dos padrões estabelecidos na
resolução RDC n°12 - ANVISA, de 02 de Janeiro de 2001, que foi
tomada como parâmetro para avaliação da qualidade, exceto uma
c
amostra de brânquia proveniente do Tratamento 3. Porém, não se deve
descartar totalmente esse pescado para o consumo humano, sendo
necessário apenas um pouco mais de cuidado na sua manipulação.
ci
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