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MARCUS VINÍCIUS BRIGANÓ
Restrição alimentar seguida de ganho compensatório sobre
o desempenho e características de carcaça de suínos
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LONDRINA
2006
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Marcus Vinícius Briga
Restrição alimentar seguida de ganho compensatório sobre
o desempenho e características de carcaça de suínos
Dissertação apresentada ao curso de Pós-
graduação em Ciência Animal, da
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Caio Abércio da Silva
Londrina
2006
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Ofereço
Aos meus pais, Wilson e Natalina, pelo amor e carinho que sempre me deram e por
toda ajuda até a chegada deste momento tão feliz de minha vida.
Dedico
A minha irmã Ângela, que sempre foi um exemplo de dedicação e minha namorada
Sabrina, que esteve ao meu lado incondicionalmente em toda essa caminhada.
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por me dar a vida, a chance de continuar com
saúde e pela oportunidade de ter família e amigos que só me fazem feliz.
Agradeço ao Prof. Dr. Caio Abércio da Silva, por ser mais que um professor, ser um
grande amigo e conselheiro, tanto na minha vida acadêmica como nesse início de vida
profissional.
A Prof
a
. Dr
a
. Ana Maria Bridi, por ser uma grande amiga e companheira e ser tão
presente, estando sempre disposta a nos ajudar.
Ao Prof. Dr. Amauri Alfieri, pela garra com que conduz a Pós-graduação em Ciência
Animal.
A Prof
a
. Dr
a
. Ivone Yurika Mizubuti, por ter a paciência de ter me agüentado mais de
ano no Laboratório de Nutrição Animal.
Aos Professores Drs. Edson Luis Azambuja, Marco Antônio da Rocha, Alexandre Oba,
Leandro das Dores Ferreira da Silva, João Waine e Nilva Aparecida, pelo
conhecimento, conselhos e convívio nesse período da minha vida.
A minha amiga Grá, que conduziu esse experimento ao meu lado.
Aos amigos de suinocultura: Marinha, Edgard, Juliana Belé e Julian, pela ajuda,
conselhos e pelos momentos descontraídos que passamos juntos.
Aos estagiários Piero e Nina, por terem nos socorrido nos momentos de cansaço que
esse trabalho impôs.
Aos funcionários da Fazendo Escola: Pedro, Mauro, Gilberto, Inácio, Antônio e Jorge,
por serem sempre tão prestativos e cuidadosos.
Ao meu grande e fiel amigo Dunguinha, esse sim, sempre esteve do meu lado.
Ao meu grande companheiro Rafael Salmazo, por estar me suportando desde nossa
época de graduação.
A minha amigona Rosa, que comigo, fazia a galera inteira dar risada.
A Ju Tiemi e a Silvinha, que estiveram ao nosso lado no Laboratório de Nutrição
Animal, tendo paciência comigo, e pelas conversas divertidas que tínhamos nas horas
vagas.
A Tâninha que além de amiga e companheira foi uma super conselheira em todos os
momentos dessa minha caminhada. Tânia tenha certeza, apesar de estar distante, não
me esqueci de você.
Aos amigos da Banda Cevadas: Zé, Blau, Quick, Lek e Marino, por agüentar minhas
constantes ausências como músico, para me dedicar ao Mestrado.
Ao Ms. Lincoln Pedrini Soares, pela confiança no meu trabalho e pessoa e por todos os
ensinamentos nesse início de caminhada profissional.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o término desse trabalho. Se o
seu nome não está aqui, não fique triste, se você me conhece, deve saber que não foi
por mal, é que eu esqueço mesmo! Muito Obrigado!!
Sumário
Lista de Tabelas ................................................................................................................7
Resumo .......................................................................................................................8
Abstract .......................................................................................................................9
Objetivos .....................................................................................................................10
Restrição Alimentar e Ganho Compensatório
Resumo .....................................................................................................................11
Abstract .....................................................................................................................12
Introdução .....................................................................................................................13
Revisão de Literatura ......................................................................................................14
Conclusões ....................................................................................................................21
Literatura Citada ............................................................................................................22
Restrição alimentar seguida de ganho compensatório sobre o desempenho e
características de carcaça de suínos
Resumo .....................................................................................................................24
Abstract .....................................................................................................................25
Introdução ....................................................................................................... 26
Material e Métodos .......................................................................................................28
Resultados e Discussão ..................................................................................................34
Conclusões ....................................................................................................................46
Literatura Citada ...........................................................................................................47
7
Lista de Tabelas
Tabela
1.
Composição percentual, química e energética das rações
experimentais
.........30
Tabela 2.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração
(CDR), ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso
(GDP) e conversão alimentar (CA) no primeiro período
experimental
.........34
Tabela 3.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração
(CDR), ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso
(GDP) e conversão alimentar (CA) no segundo período
experimental
.........35
Tabela 4.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração
(CDR), ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso
(GDP) e conversão alimentar (CA) no terceiro período
experimental
.........38
Tabela 5.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração
(CDR), ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso
(GDP) e conversão alimentar (CA) no quarto período
experimental
.........40
Tabela 6.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração
(CDR), ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso
(GDP) e conversão alimentar (CA) no período total do
experimento
.........41
Tabela
7.
Dados de carcaça de todos os tratamentos experimentais .........42
Tabela8.
Peso das vísceras do sistema digestório dos tratamentos
experimentais
.........43
Tabela 9. Custo médio em ração por quilograma de peso vivo ganho, índice
médio de custo e índice de eficiência econômica, de acordo com
os tratamentos
........44
8
Resumo
O crescimento compensatório é um processo de ganho de peso que se observa
comumente em casos onde, após período de restrição alimentar, ocorre uma retomada
nos índices de consumo e crescimento, igualando ou aproximando-se aos valores finais
de peso dos animais que não foram submetidos ao manejo de restrição. Vários são os
fatores que interferem nas características do ganho compensatório, dentre eles pode-se
citar a duração, a intensidade e a natureza da restrição alimentar. O objetivo do presente
trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes períodos de restrição alimentar, seguido de
um período de alimentação à vontade, sobre as características de desempenho e carcaça
de suínos. Foram utilizados 40 animais, machos castrados, Landrace x Large White,
divididos em 4 tratamentos: T1 (controle), regime irrestrito de alimentação durante todo
o período experimental; T2, restrição de 20% no consumo de ração em relação ao grupo
controle, durante 21 dias, a partir dos 30 kg de peso vivo; T3, restrição de 20% no
consumo de ração em relação ao grupo controle, durante 21 dias, a partir dos 50 kg de
peso vivo; T4, restrição de 20% no consumo de ração em relação ao grupo controle,
durante 21 dias, a partir dos 70 kg de peso vivo. Foi utilizado um delineamento de
blocos casualisados com quatro períodos de restrição alimentar, cinco repetições, com 2
animais por parcela experimental (baia). Foram mensurados o consumo diário de ração,
o ganho de peso diário e a conversão alimentar nos diferentes períodos experimentais.
Os dados de carcaça analisados foram peso de carcaça quente, peso de carcaça fria,
comprimento de carcaça, rendimento de carcaça, espessura de toucinho, profundidade
de músculo Longissimus dorsi, rendimento de carne na carcaça, quantidade de carne na
carcaça e área de olho de lombo. Também foram aferidos os pesos do fígado, estômago
e intestinos delgado e grosso. Os custos de cada tratamento foram avaliados para
observar a viabilidade dos mesmos. No desempenho observou-se melhor conversão
alimentar para T4, considerando o período total do experimento. Não foram observadas
diferenças para o ganho de peso dos animais. As avaliações de carcaça e dos pesos dos
órgãos não mostraram diferença (p<0,05) entre os tratamentos. As análises de custo
apontaram uma melhor relação para o tratamento 4. A restrição alimentar imposta nas
diferentes faixas de peso com um subseqüente período de alimentação resultou em
ganho compensatório
Palavras-chave: ganho de peso, desempenho, eficiência alimentar, consumo de ração.
9
Abstract
The compensatory growth is a process of weight gain that commonly can be seen in
some situations, were, after a period of feed restriction, a retake of indexes of feed
intake and growth, happens a equaling or approaching of the final values of weight on
the animals that doesn’t submitted to restriction handling. Too many are the factors that
interfere on the nature of compensatory gain, between them we can cite the duration,
intensity and the nature of feed restriction. The aim of this work was evaluate the effects
of different periods of feed restriction followed by a period of ad libitum intake, in the
characteristics of performance and carcass of swines. In the experiment was utilized 40
barrows, Landrace x Large White, divided in 4 treatments: T1 (control), unrestricted
alimentation during all experimental period; T2, restriction of 20% in the feed intake
with relation to control group, during 21 days, up to 30 Kg of live weight; T3,
restriction of 20% in the feed intake with relation to control group, during 21 days, up to
50 Kg of live weight and T4, restriction of 20% in the feed intake with relation to
control group, during 21 days, up to 70 Kg of live weight. Was used a casualizated
block delineation, with four periods of feed restriction, five repetitions and two animals
by experimental portion (stall). Were measured the daily feed intake, daily weight gain
and the feed conversion in the different experimental periods. In the carcass traits, were
analyzed the carcass income, backfat depth, muscle Longissimus dorsi depth, lean tissue
income, lean tissue amount and loin area. Were measured the weights of liver, stomach,
small and large intestines. The costs of each treatment were evaluated to observe the
viability of them. In performance traits was observed better feed conversion in T4,
watching the total period of experiment. The carcass evaluations and the weights of the
organs didn't show difference (p <0,05) among the treatments. Differences were not
observed for the weight gain of the animals. The costs analysis showed a better relation
to T4. The feed restriction applied during different ranges of weight with a subsequent
refeeding period result a compensatory gain effect.
Key-words: weight gain, performance, alimentary efficiency, food intake.
10
Objetivos
Objetivo Geral
Avaliar os efeitos da restrição alimentar quantitativa e os resultados do possível
ganho compensatório no desempenho dos animais, nas características de carcaça e no
desenvolvimento dos órgãos do sistema digestório.
Objetivos Específicos
- Verificar os efeitos da restrição alimentar e ganho compensatório sobre o
consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar.
- Avaliar os efeitos da restrição alimentar e ganho compensatório nas
características de carcaça e órgãos do sistema digestório.
- Evidenciar possíveis diferenças nos custos da alimentação em três idades
distintas de restrição, levando-se em conta o possível efeito do ganho compensatório.
- Avaliar a eficiência econômica de produção em animais submetidos à restrição
alimentar em três períodos de crescimento dos suínos.
11
Restrição Alimentar e Ganho Compensatório
Resumo
O ganho compensatório ocorre nas mais variadas espécies animais como resposta
subseqüente a um período de restrição alimentar. Tal processo é frequentemente
observado em condições naturais devido a possíveis períodos de privação alimentar em
que os animais venham a ser submetidos. Existem vários fatores ligados à restrição
alimentar que interferem na resposta de ganho compensatório de um animal, dentre eles
estão a idade do animal em que ela ocorre, a intensidade da restrição, a duração da
restrição e a natureza da dieta. As alterações orgânicas ocorridas no corpo do animal
vão desde mudanças nas curvas de ganho de peso, no consumo de alimentos e atividade
e tamanho de órgãos (principalmente os que compõem o sistema digestório), além das
alterações hormonais e metabólicas que se iniciam no momento da restrição e
continuam durante todo o processo de ganho compensatório. Conhecer os fatores que
influenciam as respostas de ganho, como também as mudanças determinadas, representa
bases importantes para conhecer as possibilidades desse recurso de manejo alimentar ser
oportunamente adotado em granjas comerciais de suínos.
Palavras-chave: conversão alimentar, tamanho de órgãos, ganho de peso.
12
Feed Restriction and Compensatory Gain
Abstract
The compensatory gain is observed in the most varied animal species in subsequent
response of a feed restriction period. Such process is frequently observed in natural
conditions due a possible period of alimentary privation that animals can be submitted.
There are many factors related to the feed restriction that interfere on the response of an
animal’s compensatory growth, between them are the age of the animal when the feed
restriction occurs, the intensity of the restriction, the duration of the restriction and the
nature of the diet. The organic alterations on the animal body goes since the changes on
the curves of weight gain, significantly changes in food intakes, activity and size of
organ (prime to the organs of digestive system), to the hormonal and metabolic changes
that began in the firsts moments of feed restriction going to whole process of
compensatory gain. To know the factors that influence the weight gain responses and
the determinate changes, represents important bases to know the possibilities of this
recourse of alimentary handling to be adopted in commercial granges.
Key Words: Compensatory Gain, Feed Restriction, Weight Gain
13
Introdução
Na suinocultura atual as estreitas margens de lucro promovem a necessidade de
implementação de investimentos em recursos que possam minimizar os custos de
produção, conservando paralelamente a qualidade do produto final.
A restrição alimentar seguida do ganho de peso compensatório é um manejo que
pelos muitos resultados conhecidos pode representar uma importante ferramenta para
este fim.
O ganho compensatório é decorrente do aumento do turnover protéico muscular
após um período de privação de alimento (Kristensen et al., 2002) e comprovadamente
tem substanciais efeitos na melhora das características de desempenho e de carcaça,
sinalizando a importância do assunto.
Entretanto, a complexidade do manejo, dado pelos diferentes fatores, hormônios e
atividades fisiológicas envolvidas, continuam desafiando sua implantação nas granjas.
Os principais itens que influenciam o ganho compensatório são: o grau de
desenvolvimento corpóreo do animal no início da restrição, a severidade e a duração do
estresse nutricional e a natureza da restrição (Alves, 2003).
Assim, reconhecer como estes fatores possam ser combinados e postos em
prática, fazem com que o tema tenha uma importância ainda muito expressiva.
Essa revisão tem como objetivo abordar causas que possam interferir na resposta
de ganho compensatório e possíveis conseqüências dessa resposta no desempenho dos
suínos.
14
Revisão de Literatura
O ganho compensatório é definido como uma estratégia fisiológica desencadeada
após períodos de privação de alimento, sucedido de retomada do consumo e ganho de
peso substancialmente maior, comparados ao ganho de peso de animais que não
sofreram este déficit no consumo (Donker et al., 1986).
Essa ocorrência fisiológica é muito observada na natureza, tendo-se em vista que
em vários momentos os animais encontram situações em que a disponibilidade de
alimento não é satisfatória para suprir suas exigências para o crescimento. Sendo assim,
uma “compensação” se estabelece, minimizando os prejuízos da fase.
A magnitude da resposta de ganho compensatório é dependente de vários fatores.
Lawrence e Fowler (2002) relacionam a natureza da dieta, a severidade da restrição, a
duração do período de restrição, o grau de desenvolvimento corpóreo no período de
restrição, a genética e o grau de realimentação dos animais.
No fenômeno de ganho compensatório, além das observações marcantes no
crescimento, podem ser verificadas várias alterações fisiológicas e hormonais. No
anabolismo, a Insulina, 3.5.3’ Triiodotironina (T3), Tiroxina (T4) e o IGF-I estão entre
os principais hormônios envolvidos. No catabolismo, por sua vez, estão presentes o
Cortisol e o Hormônio de Crescimento (GH).
Embora sejam muitas as alterações hormonais relacionadas com o início da
restrição alimentar, as observadas pelo IGF-I e o GH são considerados os mais
importantes (Blum et al., 1985; Hayden et al., 1993; Rittaco et al., 1997).
No processo de crescimento normal, o GH tem um afeito importante nos
músculos e tecido adiposo agindo como um antagonista da insulina. O GH, na presença
do cortisol, tem a capacidade de mobilizar a gordura do tecido adiposo, aumentando os
15
níveis de corpos cetônicos como uma resposta ao jejum, podendo ser uma adaptação em
situações de redução da ingestão de alimentos.
O IGF-I tem uma ação importante no crescimento, sendo esta, diretamente
relacionada com ação do GH. Muitas das ações atribuídas originalmente ao GH são
mediadas, em parte, pelo IGF-I existindo a possibilidade do GH iniciar a diferenciação
celular e estimular a produção de IGF-I o qual inicia a divisão celular. A maior parte das
IGF-I circula ligada a uma família de proteínas denominada, produzidas e liberadas por
diversos tecidos, sendo que muitos tecidos produzem IGF-I e IGFBPs. indícios de
que as IGFBP podem também aumentar ou inibir a ação das IGF-I (Gorla Junior et al.
2001).
Therkildsen et al. (2004), trabalhando com suínos mantidos sob restrição de 40%
do consumo à vontade dos 28 aos 90 dias de idade e realimentados ad libitum até os 140
dias de idade, observaram um aumento significativo no nível de IGF-I.
Como prova da dependência ao substrato, Buonomo et al. (1991) verificaram
queda imediata nos níveis de IGF-I 24 horas após a retirada completa de alimento.
Dauncey et al. (1994) correlacionaram diferentes níveis nutricionais com variados
níveis de expressão do gene responsável pela síntese de receptores para o hormônio de
crescimento (GH). Os resultados mostraram uma diminuição da expressão destes genes
em animais submetidos à restrição.
Hornick et al. (2000) relataram que na restrição alimentar, em um primeiro
momento, ocorre uma diminuição no GH devido à baixa produção de somatostatina
decorrente dos níveis insatisfatórios de nutrientes circulantes. Na seqüência, esse quadro
prontamente se reverte. A baixa produção de T3, T4 e insulina, decorrente de uma
menor responsividade hipotalâmica ocasionada pela restrição, limita a clivagem de
16
membranas celulares e a conseqüente produção de proteínas de adesão e de receptores
de GH. Com a redução nos níveis destas proteínas de adesão o fígado não promove a
captação das moléculas de GH, gerando um acúmulo deste hormônio no plasma.
Combes et al. (1997) mensuraram a quantidade plasmática de uma proteína
responsável pela aderência da molécula de GH (GHBP) com o seu respectivo receptor
na célula, como também quantificaram níveis plasmáticos do receptor para o hormônio
de crescimento (GHR). Os autores observaram uma menor quantidade GHBP e GHR
nos animais que estavam em restrição alimentar (24 a 32% da alimentação à vontade).
A leptina também exerce um papel muito importante em períodos de jejum ou
diminuição no consumo de alimentos.
Em momentos de privação alimentar ocorre uma hiperatividade do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal, e com isso a diminuição do metabolismo basal de repouso,
a redução da atividade motora e a queda dos níveis circulantes de hormônios tiroidianos.
Essas modificações neuroendócrinas têm o valor adaptativo de garantir e prolongar o
suprimento energético do organismo até que o alimento volte a ser disponível. Dentro
deste contexto, a queda nos valores da leptina plasmática durante o jejum seria vista
como o sinal que informaria a necessidade de ajustes neuro-hormonais de modo a
garantir um metabolismo mais eficiente (Negrão & Licínio, 2000).
Sob o ponto de vista histológico, Dauncey et al. (1994) e Combes et al. (1997)
verificaram que o grau de multiplicação das células nas fibras musculares esqueléticas e
a variação da síntese protéica, mensurados pela estimativa das quantidades de RNA,
DNA e de enzimas diretamente relacionadas com o processo, foi, em todos os casos,
maior para os animais que sofreram restrição alimentar e foram realimentados ad
libitum.
17
Outro fator ligado ao metabolismo animal que pode ser relacionado com o
processo de restrição alimentar e ganho compensatório é o balanço de nitrogênio.
Fabian et al. (2002) analisaram as respostas de ganho compensatório após uma
restrição nos níveis de lisina de 45%, compreendida entre as faixas de peso de 50 a 80
kg. Os resultados mostraram que os animais tratados com menores níveis de lisina na
dieta obtiveram um melhor aproveitamento no Nitrogênio ingerido, promovendo assim
sua menor liberação para o ambiente, sendo benéfico levando-se o ponto de vista da
poluição ambiental.
Levando-se em conta os fatores relacionados com ganho compensatório, o êxito
deste recurso de manejo é bastante variado.
Campbell et al. (1983) testaram três diferentes níveis nutricionais (baixo,
moderado e ad libitum) no intervalo de 20 a 45 kg de peso vivo. O grupo submetido a
um baixo nível nutricional atingiu 46% da ingestão de alimento em relação ao grupo
controle. No nível intermediário a redução foi de aproximadamente 24%. Como
respostas aos planos de restrição, no período subseqüente de crescimento (45 a 90 kg),
observaram-se para ambos uma significativa melhora na conversão alimentar,
proporcional a restrição alimentar imposta.
Quanto às restrições baseadas na oferta de rações com diferentes níveis de
proteína, Critser et al. (1995) verificaram que suínos tratados com cinco níveis de
proteína na ração (13,1%; 14,4%; 15,8%; 17,1% e 18,4%) apresentaram, após este
período de tratamento, ganhos de peso compensatórios diretamente proporcionais aos
maiores valores de proteína na dieta.
Daza et al. (2003), trabalhando com suínos machos e fêmeas submetidos a duas
condições de restrição alimentar (moderada e severa), observaram também resultados
diferentes. Em ambos os grupos houve melhor conversão alimentar a favor daqueles
18
submetidos à restrição em relação ao grupo controle. No entanto, na restrição mais
severa observou-se um aumento no ganho diário de peso no período de ganho
compensatório, insuficiente, porém, para igualar-se ao peso final dos animais do grupo
controle. Na restrição mais leve (25%) o ganho de peso final, entretanto, foi
estatisticamente igual ao do grupo controle.
No primeiro experimento (46% de restrição alimentar) a intensidade da privação
alimentar e a baixa temperatura no período de restrição (13,1º C) levou a uma
diminuição drástica do crescimento dos animais. O maior gasto de energia voltado à
manutenção das funções e o reduzido aporte energético imposto pela restrição, foram
decisivos para esta resposta (Daza et al., 2003).
Quanto aos efeitos do ganho compensatório sobre as características de carcaça, os
resultados são igualmente dependentes de vários fatores.
Campbell et al. (1983) observaram que o nível severo de restrição alimentar
resultou em carcaças com menores pesos, porém com maiores valores de proteína. O
fator de conversão alimentar, contudo, foi melhorado em 15% comparado ao grupo
controle, mantido com alimentação ad libitum. Sob uma restrição mais moderada, os
níveis de proteína na carcaça foram estatisticamente iguais ao grupo controle, assim
como o peso total da carcaça. Neste caso o fator de conversão alimentar ficou 7,9%
melhor que o grupo controle.
Mersmann et al. (1987), trabalhando com suínos, testaram o efeito da restrição
iniciado em diferentes faixas de peso e os subseqüentes resultados nas características
das carcaças. Na restrição iniciada aos 48 kg de peso vivo houve perda de peso da
ordem de 24% nas três primeiras semanas do tratamento. Aos 66 kg de peso vivo a
restrição determinou uma perda de 20% do peso durante as três semanas experimentais.
Para a primeira idade de restrição observou-se que após a retomada do consumo ad
19
libitum os animais apresentaram maior espessura de toucinho em relação ao controle.
Na mesma condição, para a restrição iniciada aos 66 kg de peso vivo foi observada uma
maior porcentagem de gordura em cortes de presunto e paleta dos animais. Os autores
justificaram tal diferença na deposição de gordura devido a um grande aumento no
consumo de ração ocorrido no período se realimentação, que foi simultâneo a um
momento onde a deposição de tecido magro e gordura foram similares.
Chiba (1994) e Chiba et al. (2002) observaram, respectivamente, influência da
restrição de níveis distintos de lisina (restrição qualitativa) e da interação nível da
restrição de lisina e do padrão genético sobre a deposição muscular.
Raemaekers et al. (1996) testaram três diferentes planos de alimentação (ad
libitum com níveis normais de energia, alimentação com restrição na energia da dieta e
alimentação com restrição na energia e volume ingerido) sobre os parâmetros de carcaça
a partir 55,9 kg de peso vivo até o abate. Nas restrições observou-se uma redução de
aproximadamente 20% na quantidade de energia ingerida. Os resultados mostraram
maior deposição absoluta de proteína e de gordura para o tratamento controle, mas em
termos percentuais, as melhores deposições de proteína ocorreram a favor dos grupos
submetidos à restrição.
Kristensen et al. (2002) submeteram suínos a uma restrição alimentar de 40%
durante 28 a 90 dias de idade, seguido do fornecimento de ração ad libitum até os 165
dias, e observaram semelhantes resultados em relação ao grupo controle (não submetido
à restrição) para o peso bruto da carcaça e para a porcentagem de carne magra, sendo
que no grupo teste foi observado ganho compensatório.
É importante ressaltar que os processos de crescimento normal e de ganho
compensatório não abrangem apenas os tecidos que constituem a carcaça, mas também
20
órgãos como do sistema digestório. Os reflexos do ganho compensatório nesses órgãos
decorrem da necessidade do animal estabelecer uma rápida homeostasia.
O crescimento é um processo relacionado diretamente ao consumo alimentar,
sendo o sistema digestório responsável primário pelos processos de transformação e
metabolismo dos nutrientes, dando os subsídios adequados para este crescimento.
Hornick et al. (2000) mencionaram as vísceras como os primeiros constituintes
corpóreos a sofrer déficits quando o organismo sofre uma restrição nutricional. Da
mesma maneira, são também os primeiros a mostrar recuperação quando ocorre
realimentação.
Trabalhando com suínos submetidos a uma restrição qualitativa (diminuição de
16% nos valores de proteína) durante 5 semanas, com início as 6 semanas de idade, Lu
et al. (1996) observaram uma recuperação completa nos pesos de fígado, coração, baço,
rins, cérebro e intestinos delgado e grosso.
Chiba et al. (1999) aferiram os pesos do coração, fígado, pulmões e rins,
observando ganho compensatório nestes após a restrição dietética de lisina (80% do
consumo à vontade) no intervalo de peso de 50 a 90 kg.
A complexidade dos aspectos hormonais e fisiológicos e de desenvolvimento dos
tecidos envolvidos no ganho compensatório reflete os muitos fatores relacionados com
o processo.
A investigação de procedimentos de ganho compensatório que acompanhem a
evolução da genética do suíno e as características exigidas pelo mercado, definindo a
melhor relação de desempenho e de qualidade de carcaça com o custo do manejo
continuam ainda desafiando as pesquisas para o emprego deste procedimento.
21
Conclusões
O manejo de restrição alimentar na suinocultura apresenta-se como uma
ferramenta, que se bem utilizada pode melhorar as características de desempenho e
qualidade de carcaça, além de reduzir os custos de produção.
22
Literatura Citada
ALVES, D.D. Crescimento compensatório em bovinos de corte. Revista Portuguesa
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BLUM, J.W.; SCHNYDER, W.; KUNZ, P.L. et al. Reduced and compensatory growth:
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BUONOMO, F.C.; BAILE, C.A.; Influence of nutritional deprivation on insulin-like
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CAMPBELL, R.G.; TAVERNER, M.R.; CURIC, D.M. Effects of feeding level, from
20 to 45 kg on the performance and carcass composition of pigs growth to 90 kg live
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CHIBA, L.I. Effects of dietary amino acid content between 20 and 50 and 50 and 100
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CHIBA, L.I.; IVEY, H.W.; CUMMINS, K.A. et al. Growth Performance and carcass
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24
Restrição alimentar seguida de ganho compensatório sobre o desempenho e
características de carcaça de suínos
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho zootécnico e os resultados sobre as
características de carcaça e peso de órgãos do sistema digestório de suínos submetidos a
diferentes períodos de restrição alimentar com respectivos ganhos compensatórios.
Foram utilizados 40 suínos, machos castrados, Landrace x Large White, divididos em
quatro tratamentos: T1 (controle), regime irrestrito de alimentação durante todo o
período experimental; T2, restrição de 20% no consumo de ração em relação ao grupo
controle, durante 21 dias, a partir dos 30 kg de peso vivo; T3, restrição de 20% no
consumo de ração em relação ao grupo controle, durante 21 dias, a partir dos 50 kg de
peso vivo; T4, restrição de 20% no consumo de ração em relação ao grupo controle,
durante 21 dias, a partir dos 70 kg de peso vivo. Foi utilizado um delineamento de
blocos casualisados com quatro períodos de restrição alimentar, cinco repetições, com 2
animais por parcela experimental (baia). Foram mensurados o consumo diário de ração,
o ganho diário de peso e a conversão alimentar nos diferentes períodos experimentais.
Quanto aos dados de carcaça foram analisados peso de carcaça quente, peso de carcaça
fria, comprimento de carcaça, rendimento de carcaça, espessura de toucinho,
profundidade de músculo Longissimus dorsi, rendimento de carne na carcaça,
quantidade de carne na carcaça e área de olho de lombo. Também foram aferidos os
pesos do fígado, estômago e intestinos delgado e grosso. Os custos de cada tratamento
foram avaliados para observar a viabilidade dos mesmos. No desempenho observou-se
melhor conversão alimentar para o tratamento 4, considerando o período total do
experimento. As avaliações de carcaça e dos pesos dos órgãos não mostraram diferença
entre os tratamentos. As análises de custo apontaram uma melhor relação para o
tratamento 4. A restrição alimentar imposta nas diferentes faixas de peso com um
subseqüente período de alimentação resultou em ganho compensatório
Palavras Chave: Ganho de peso, desempenho, eficiência alimentar, consumo de ração.
25
Feed restriction followed by compensatory gain on the performance and
carcass traits of the swine
Abstract
The aim of this work was evaluate animal performance and the results on the carcass
traits and the weight of the organs of digestive system of swines submitted to different
periods of feed restriction followed by its respective compensatory gains. In the
experiment was utilized 40 barrows, Landrace x Large White, divided in 4 treatments:
T1 (control), unrestricted alimentation during all experimental period; T2, restriction of
20% in the feed intake with relation to control group, during 21 days, up to 30 Kg of
live weight; T3, restriction of 20% in the feed intake with relation to control group,
during 21 days, up to 50 Kg of live weight and T4, restriction of 20% in the feed intake
with relation to control group, during 21 days, up to 70 Kg of live weight. Was used a
casualizated block delineation, with four periods of feed restriction, five repetitions and
two animals by experimental portion (stall). Were measured the daily feed intake, daily
weight gain and the feed conversion in the different experimental periods. In the carcass
traits, were analyzed the carcass income, backfat depth, muscle Longissimus dorsi
depth, lean tissue income, lean tissue amount and loin area. Were measured the weights
of liver, stomach, small and large intestine. The costs of each treatment were evaluated
to observe the viability of them. In performance traits was observed better feed
conversion in T4, watching the total period of experiment. The carcass evaluations and
the weights of the organs didn't show difference (p <0,05) among the treatments.
Differences were not observed for the weight gain of the animals. The costs analysis
showed a better relation to T4. The feed restriction applied during different ranges of
weight with a subsequent refeeding period result a compensatory gain effect.
Key words: Weight gain, performance, alimentary efficiency, food intake
26
Introdução
O crescimento da atividade suinícola no mundo tem servido de estímulo de
investimentos em novas tecnologias pelos produtores e indústrias do setor (Roppa,
2005). Aspectos relacionados com a redução dos custos e melhora das características de
desempenho e carcaça são constantes, identificando-se com as expectativas dos
consumidores.
Quanto à viabilização econômica do segmento, o item alimentação tem uma
elevada participação na composição dos custos de produção, determinando que muitos
recursos técnicos ligados ao manejo alimentar e ao uso de produtos alternativos nas
rações venham sendo investigados.
A técnica de restrição alimentar seguida pelo ganho compensatório é uma
metodologia que pode atender esta proposta. Embora não seja um manejo inovador a
restrição e o ganho de peso subseqüente ainda deve ser melhor estudada devido os
muitos fatores relacionados com o processo. Os principais itens que influenciam o
ganho compensatório são: o grau de desenvolvimento corpóreo do animal no início da
restrição, a severidade e a duração do estresse nutricional e a natureza da restrição
(Alves, 2003)
O ganho compensatório é decorrente do aumento do turnover protéico muscular
após um período de privação de alimento (Kristensen et al. 2002) e comprovadamente
tem substanciais efeitos no aumento da porcentagem de carne magra na carcaça, fato
que sinaliza a relevância do tema.
Diante da dinâmica da suinocultura e das inúmeras possibilidades de se praticar
um manejo de restrição, o objetivo deste trabalho foi verificar a utilização de três
períodos distintos de restrição e avaliar os possíveis efeitos do ganho compensatório
27
sobre o desempenho, características de carcaça e sobre o desenvolvimento dos órgãos
do sistema digestório, além da viabilidade econômica do processo.
28
Material e Métodos
O experimento foi realizado no setor de suinocultura da Fazenda Escola da
Universidade Estadual de Londrina, entre 29 de agosto e 30 de novembro de 2004.
Foram utilizados 40 suínos machos castrados, mestiços Landrace x Large White, com
média de idade e peso vivo inicial de 62 dias e 30,59 + 5,95 kg, respectivamente.
Os animais foram alojados em baias de alvenaria, com piso compacto, com 3 m
2
de área, equipadas com um bebedouro tipo nipple, permitindo livre acesso a água.
Foi adotado um delineamento de blocos casualizados, com quatro tratamentos
(períodos de restrição alimentar), cinco repetições, com dois animais por parcela
experimental (baia), sendo que os blocos foram distribuídos com base no peso inicial do
animal.
Os tratamentos corresponderam a: T1 (controle), regime irrestrito de alimentação
durante todo o período experimental; T2, restrição de 20% no consumo de ração em
relação ao grupo controle, durante 21 dias, a partir dos 30 kg de peso vivo; T3, restrição
de 20% no consumo de ração em relação ao grupo controle, durante 21 dias, a partir dos
50 kg de peso vivo; T4, restrição de 20% no consumo de ração em relação ao grupo
controle, durante 21 dias, a partir dos 70 kg de peso vivo.
No fornecimento de ração foram aferidas as sobras e desperdícios, sendo que o
consumo de ração do tratamento 1 do dia anterior, para todos os blocos, foi utilizado
como referência para realização da restrição alimentar aos demais tratamentos dentro de
cada período experimental.
Nos períodos prévios e posteriores a restrição alimentar os animais foram
alimentados a vontade, tendo ração disponível durante todo o dia.
29
Para os animais que passaram pelo processo de restrição o fornecimento de ração
foi realizado duas vezes ao dia, as 8 e às 17 horas. Nas baias em que os animais estavam
sob restrição sob restrição foi providenciada a instalação de um comedouro extra,
minimizando possíveis efeitos do comportamento de dominância dos animais.
Ao término de cada fase de restrição os animais foram realimentados à vontade
até o seu abate. Durante esse período de realimentação os animais continuaram a ter
seus pesos aferidos semanalmente, assim como a quantificação do consumo de ração
para a avaliação do ganho diário de peso, consumo diário de ração, conversão alimentar
e observação de possíveis ganhos compensatórios.
Durante todo o período experimental os animais foram alimentados com rações
formuladas de acordo com as exigências do NRC (1998) para as faixas de peso
compreendidas entre 20 e 50 kg de peso vivo (crescimento I), 50 e 80 kg de peso vivo
(crescimento II) e 80 e 120 kg de peso vivo (terminação) (Tabela 1).
30
Tabela 1. Composição percentual, química e energética das rações experimentais
Table1. Chemical and energy composition (%) of the experimental diets
Ingredientes
Ingredients
Crescimento I
Growing Phase I
Crescimento II
Growing Phase II
Terminação
Finishing Phase
Milho
Corn
69,564 76,608 83,173
Farelo de Soja
Soybean Meal
26,347 19,460 13,287
Fosfato Bicálcio
Dicalcium Phosphate
1,017 0,860 0,688
Calcário
Limestone
0,604 0,504 0,538
L-Lisina-HCl
L-Lysine- HCl
0,025 0,064 0,014
Óleo Vegetal
Vegetal oil
1,643 1,704 1,500
Suplemento Vitamínico
1,2
Vitamin Supplement
0,500 0,500 0,500
Suplemento Mineral
3
Mineral Supplement
0,050 0,050 0,050
Sal
Salt
0,250 0,250 0,250
TOTAL 100,00 100,00 100,00
Valores Calculados
4
Calculated Values
Proteína Bruta (%)
Crude Protein
18,000 15,500 13,200
EM (kcal/Kg)
Metabolizable Energy
3265 3265 3310
Matéria Seca
Dry Matter
87,959 87,838 87,700
Fibra Bruta (%)
Crude Fiber
3,069 2,759 2,486
Metionina (%)
Methionine
0,290 0,257 0,228
Lisina (%)
Lysine
0,950 0,800 0,600
Cálcio (%)
Calcium
0,600 0,500 0,450
Fósforo Total (%)
Total Phosphorus
0,500 0,450 0,400
1
Composição do suplemento vitamínico para as fases de crescimento por kg de produto: Vit.A,
1.000.000 UI; Vit.D3, 250.000 UI; Vit.E 2,750 UI; Vit.K3, 625 mg; Vit.B1, 300 mg; Vit.B2
1.050 mg; Vit B6, 275 mg; Vit.B12, 3,750 mcg; Ácido Fólico , 150 mg; Ácido Pantotênico ,
3500 mg; Niacina , 5.750 mg; Colina , 25.000 mg; Se, 75 mg; Promotor de Crescimento , 7,5 g;
antioxidante , 2,5 g.
2
Suplemento Vitamínico para a fase de terminação por kg de produto: Vit.A, 550.000 UI;
Vit.D3,150.000 UI; Vit.E,2.500 UI; Vit.K3, 550 mg; Vit.B1, 175 mg; Vit.B2 900 mg; Vit B6,
275 mg; Vit.B12, 3.000 mcg; Ácido Fólico, 150 mg; Ácido Pantotênico, 3.000 mg; Niacina,
4.750 mg; Se, 75 mg; Promotor de Crescimento, 6,25 g; antioxidante, 2,5 g.
31
3
Suplemento Mineral por kg de produto: Fe, 90.000 mg; Cu 16.000 mg; Mg, 30.000 mg; Zn,
140.000 mg; Co, 200 mg; I, 850 mg; Se, 120 mg.
4
Valores Calculados conforme tabela da EMBRAPA (1991)
1
Vitamin Suplement per kg of product: Vit.A, 1.000.000 UI; Vit.D3, 250.000 UI; Vit.E 2,750
UI; Vit.K3, 625 mg; Vit.B1, 300 mg; Vit.B2 1.050 mg; Vit B6, 275 mg; Vit.B12, 3,750 mcg; folic
acid, 150 mg; panthotenic acid, 3500 mg; niacin, 5.750 mg; coline, 25.000 mg; Se, 75 mg;
Growth promoter, 7,5 g; antioxidant, 2,5 g.
2
Vitamin supplement per kg of product: Vit.A, 550.000 UI; Vit.D3,150.000 UI; Vit.E,2.500 UI;
Vit.K3, 550 mg; Vit.B1, 175 mg; Vit.B2 900 mg; Vit B6, 275 mg; Vit.B12, 3.000 mcg; folic acid,
150 mg; panthotenic acid, 3.000 mg; niacin, 4,750 mg; Se, 75 mg; Growth promoter, 6,25 g;
antioxidant, 2,5 g.
3
Mineral supplement per Kg of product: Fe, 90.000 mg; Cu 16.000 mg; Mg, 30.000 mg; Zn,
140.000 mg; Co, 200 mg; I, 850 mg; Se, 120 mg
4
Values calculated accordind to EMBRAPA (1991)
Com a idade média de 160 dias os animais foram sacrificados, pesando em média
117 ± 6,76 kg.
Os animais foram abatidos em um frigorífico localizado na cidade de Rolândia-
PR. O abate foi realizado com insensibilização elétrica e seguiu a rotina normal do
abatedouro.
Após o sacrifício as carcaças foram mensuradas para peso da carcaça quente, peso
de carcaça resfriada, rendimento de carcaça, área de olho de lombo, comprimento de
carcaça, espessura de toucinho e profundidade do músculo Longissimus dorsi (ABCS,
1973). A partir desses dados, calculou-se a porcentagem de carne na carcaça e a
quantidade de carne na carcaça, segundo Irgang (2004), através das equações:
RCC (%) = 60 – (ET x 0,58) + (PM x 0,10)
Onde:
RCC: Rendimento de carne na carcaça;
ET: Espessura de toucinho;
PM: Profundidade do músculo Longissimus dorsi.
QCC = PCF x RCC
Onde:
32
QCC: Quantidade de carne na carcaça;
PCF: Peso da carcaça resfriada;
RCC: Rendimento de carne na carcaça.
Durante o abate, na fase de evisceração foram separados o fígado, estômago e
intestinos delgado e grosso. O estômago e os intestinos foram pesados vazios. Nos
intestinos delgado e grosso a pesagem foi feita também com a retirada do epiplon e da
gordura adjacente.
Ao abate, cada animal representou uma repetição, definindo um delineamento em
blocos com 4 tratamentos sendo que cada tratamento era composto por 10 repetições
cada.
Os cálculos do Índice de Eficiência Econômica (IEE) e do Índice de Custo Médio
(IC) dos diferentes tratamentos foram realizados segundo Barbosa et al. (1992), através
das equações:
IEE = MCe x 100
CTei
IC = CTei x 100, em que:
MCe
MCe: menor custo médio observado em ração por quilograma de peso vivo ganho
entre os tratamentos;
CTei: Custo médio do tratamento i considerado.
Para os cálculos de custo foram tomados os valores dos ingredientes da ração no
mês de Fevereiro de 2006, correspondendo: milho grão, R$ 0,19/kg; farelo de soja, R$
0,78/kg; fosfato bicálcio, R$ 1,32/kg; calcário, R$ 0,13/kg; L-lisina, R$ 7,06/kg; óleo
33
vegetal, R$ 2,18/kg; suplemento vitamínico, R$ 3,04/kg; suplemento mineral, R$
2,68/kg e sal, R$ 0,38/kg.
Os resultados obtidos no teste de desempenho e os dados de carcaça foram
submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey.
Nos testes de desempenho, as análises foram realizadas considerando-se quatro
períodos experimentais distintos, além do período total do experimento. Os períodos
foram delimitados levando-se em consideração a média de peso de todos os animais no
transcorrer do experimento. Sendo assim, o primeiro período correspondeu ao intervalo
de 30 a 50 Kg de peso vivo, o segundo intervalo correspondeu ao ganho de 50 a 70 Kg
de peso vivo, o terceiro período experimental foi dos 70 aos 90 Kg de peso vivo e o
quarto período correspondeu dos 90 Kg de peso vivo até o abate. Também foram
analisados os dados de desempenho de todo o período experimental, ou seja, dos 30 Kg
de peso vivo até o abate.
Para as análises utilizou-se o programa SAEG (1997).
34
Resultados e Discussão
Os resultados do primeiro período experimental estão demonstrados na Tabela 2.
O tratamento 2, com restrição iniciada aos 30 kg de peso, apresentou o menor
consumo de ração, sendo observada diferença significativa somente em relação ao
tratamento 3 (início da restrição aos 50 kg de peso vivo).
Tabela 2.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração (CDR),
ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) no primeiro período experimental (30 a 50 kg de média de
peso vivo)
Table 2.
Food intake in period (FIP), daily food intake (DFI), weight gain in period (WGP),
daily weight gain (DWG), and feed conversion (FC) on the first experimental
period (30 to 50 kg of average of live weight)
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
CRP
FIP
44,116
ab
35,264
b
44,684
a
41,364
ab
11,92
CDR
DFI
2,101
ab
1,679
b
2,128
a
1,970
ab
11,984
GPP
WGP
19,470
a
15,730
b
20,520
a
19,710
a
5,285
GDP
DWG
0,926
a
0,750
b
0,976
a
0,938
a
5,475
CA
FC
2,266 2,240 2,198 2,118 13,216
Letras diferentes indicam diferenças estatísticas pelo teste de Tukey (5%)
CV: Coeficiente de variação.
Different letters indicate signifcant difference by Tukey test (5%)
VC: Variation coefficient
.
O menor ganho de peso do tratamento 2 foi proporcional à restrição alimentar
praticada.
Quanto à conversão alimentar não houve diferença significativa entre os
tratamentos.
35
As mudanças no consumo do tratamento 2 ocorreram dentro das expectativas,
sendo que as principais dúvidas recaem sobre o consumo do tratamento 3 frente aos dos
tratamentos 1 e 4 que não obtiveram diferenças estatísticas entre si, mas que nesse
momento experimental começam a mostrar uma disparidade acentuada no decorrer
do experimento.
Tendo em vista que, nesse primeiro período experimental, apenas o tratamento 2
recebeu um manejo de restrição alimentar, era esperado que fossem encontradas
diferenças estatísticas não apenas com o tratamento 3, mas também com os tratamentos
1 e 4, que até o momento não sofreram nenhuma restrição, vivendo status fisiológicos
muito semelhantes.
Na Tabela 3 estão apresentados os resultados do segundo período experimental.
Tabela 3.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração (CDR),
ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) no segundo período experimental (50 a 70 kg de média de
peso vivo)
Table 3.
Food intake in period (FIP), daily food intake (DFI), weight gain in period (WGP),
daily weight gain (DWG), and feed conversion (FC) on the second experimental
period (50 to 70 kg of average of live weight)
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
CRP
FIP
66,834
b
83,268
a
53,426
c
65,586
b
4,215
CDR
DFI
3,183
b
3,965
a
2,544
c
3,123
b
4,185
GPP
WGP
22,520
a
24,300
a
17,540
b
19,320
b
6,385
GDP
DWG
1,074
a
1,158
a
0,836
b
0,922
b
6,367
CA
FC
2,966
c
3,438
a
3,048
bc
3,396
ab
5,929
Letras diferentes indicam diferenças estatísticas pelo teste de Tukey (5%)
CV: Coeficiente de variação.
Different letters indicate signifcant difference by Tukey test (5%)
VC: Variation coefficient
.
36
Os suínos submetidos à restrição durante 21 dias a partir dos 50 kg de peso vivo
(T3) apresentaram um consumo de ração inferior (p<0,05) aos demais tratamentos,
sendo que o tratamento 2, por conta do consumo compensatório, apresentou a mais alta
ingestão de alimento no período, diferindo dos demais tratamentos (p<0,05).
Os melhores ganhos de peso (diário e total) foram observados nos tratamentos
sem restrição e com restrição iniciada aos 30 kg (T2), sendo significativamente
superiores (p<0,05) aos outros tratamentos.
O melhor ganho de peso a favor do tratamento 2 caracterizou o ganho
compensatório, identificando-se com os resultados de Mersmann et al. (1987) que,
todavia, trabalharam com condições de restrição mais severas e iniciaram o processo de
privação alimentar aos 48 kg de peso vivo.
Para os animais do tratamento 3, observa-se que o ganho de peso foi proporcional
a restrição alimentar, ficando em torno de 22% menor que o controle. A conversão
alimentar dos animais no tratamento foi equivalente ao do grupo controle (T1),
correspondendo aos melhores valores no período.
Com relação à conversão alimentar, o pior resultado foi observado no tratamento
2, caracterizando que o aumento no consumo de ração (24% maior em relação ao
controle) não foi suficiente para garantir um ganho compensatório que otimizasse a
conversão alimentar.
Contrariando os resultados obtidos, Pond & Mersmann (1990), aplicando uma
restrição mais intensa (aproximadamente 50% do consumo ad libitum) e mais precoce
(iniciada aos 17 dias de idade), observaram uma melhora de 30% na conversão
alimentar nos 23 dias seguintes à restrição.
37
Daza et al. (2003), trabalhando com restrição de 25% durante 35 dias, com início
aos 32,8 kg de peso vivo, verificaram uma melhora na conversão alimentar de 9% no
período de 35 dias após a restrição.
Nesse segundo período experimental encontra-se uma maior variedade de
momentos fisiológicos, sendo que o tratamento 3 está em um momento de déficit
nutricional de 20% e o tratamento 2 está em momento de consumo e ganho
compensatórios.
Os resultados dentro do consumo de ração foram coerentes com esses momentos
fisiológicos, sendo que as principais diferenças foram encontradas no ganho de peso.
O aumento no ganho de peso, para o os animais do tratamento 2 foi
destacadamente maior durante as duas semanas subseqüentes à restrição alimentar,
atingindo, posteriormente, níveis próximos aos outros tratamentos que ainda não
haviam sofrido uma diminuição na alimentação .
Na Tabela 4 estão demonstrados os dados do terceiro período experimental.
38
Tabela 4.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração (CDR),
ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) no terceiro período experimental (70 a 90 kg de média de
peso vivo)
Table 4.
Food intake in period (FIP), daily food intake (DFI), weight gain in period (WGP),
daily weight gain (DWG), and feed conversion (FC) on the third experimental
period (70 to 90 kg of average of live weight)
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
CRP
FIP
74,214
b
77,212
ab
84,874
a
61,322
c
7,137
CDR
DFI
3,534
b
3,677
ab
4,042
a
2,920
c
7,102
GPP
WGP
21,050 20,230 23,440 20,810
11,945
GDP
DWG
1,000 0,964 1,118 0,992
11,929
CA
FC
3,554
ab
3,832
a
3,650
a
2,960
b
9,608
Letras diferentes indicam diferenças estatísticas pelo teste de Tukey (5%)
CV: Coeficiente de variação.
Different letters indicate signifcant difference by Tukey test (5%)
VC: Variation coefficient
.
Com relação ao consumo, o tratamento 4, submetido à restrição alimentar de 20%
com início aos 70 kg de peso vivo, apresentou a menor (p<0,05) ingestão diária de ração
entre os grupos. Observou-se também, que o tratamento 3, apresentou um consumo
compensatório, sendo estatisticamente diferente em relação ao grupo controle (sem
restrição). Entretanto, para o ganho de peso não foram observadas diferenças (p>0,05)
entre os tratamentos.
É possível que ainda exista no período (pela idade precoce dos animais) uma
significativa deposição de tecido magro em relação à gordura. Neste sentido,
Whittemore (1993) salienta que animais jovens em condição de restrição alimentar não
apresentariam uma deposição de tecido adiposo substancialmente minimizada, mas ao
39
contrário, o tecido magro seria efetivamente comprometido pelo manejo. Assim, o
ganho compensatório não se apresentaria completamente viável para a fase.
Outra possibilidade para a ausência de diferença estatística no ganho de peso do
tratamento 4, mesmo em restrição, decorre do fato desta administração ter sido
suficiente para atender as funções de manutenção do animal. Por se tratar de um suíno
em fase final de engorda, presume-se que suas exigências sejam proporcionalmente
mais baixas, não demandando muito aporte nutricional.
Na primeira semana pós restrição, os animais do tratamento 3 apresentaram um
aumento no ganho peso de 20% e uma normalização na taxa de crescimento em
períodos posteriores. Esse aumento no ganho peso em um primeiro momento, não foi o
suficiente para mostrar qualquer diferença estatística desse tratamento frente aos demais
no experimento.
Na conversão alimentar, os tratamentos 1 (controle), 2 e 3 mostraram a pior
conversão. O tratamento 4 apresentou o melhor índice de conversão no período, contudo
sem diferença em relação ao grupo controle.
Nesse período observou-se que os animais que já passaram pelo período de
restrição mostraram as piores conversões, indicando que o ganho compensatório não foi
benéfico para essa característica de desempenho. Tal ocorrência pode ser justificada
pelo fato dos animais não terem uma seleção genética apurada para o ganho de peso,
somado ao fato dos animais não estarem mais em um período de alta deposição de
tecido magro, como ocorre nos estágios mais primários do desenvolvimento do suíno.
Os resultados no quarto período experimental estão demonstrados na Tabela 5.
40
Tabela 5.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração (CDR),
ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) no quarto período experimental (90 kg de peso vivo até o
abate)
Table 5.
Food intake in period (FIP), daily food intake (DFI), weight gain in period (WGP),
daily weight gain (DWG), and feed conversion (FC) on the fourth experimental
period (90 kg of alive weight to the slaughter)
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
CRP
FIP
69,320 65,740 66,180 73,184 6,855
CDR
DFI
3,851 3,652 3,677 4,066
6,847
GPP
WGP
21,470 20,760 19,780 22,190 8,352
GDP
DWG
1,194 1,154 1,100 1,234 8,307
CA
FC
3,232 3,166 3,370 3,286 5,304
CV: Coeficiente de variação.
VC: Variation coefficient
.
Os animais iniciaram o quarto período experimental com 90 kg de peso vivo e
foram abatidos com 117,32 + 6,76 kg de peso médio. No período não foram verificados
resultados de consumo de ração e de ganho compensatório para o tratamento 4 e
diferenças para qualquer parâmetro de desempenho para os demais tratamentos (Tabela
5).
No período anterior, o tratamento 4 não sofreu as conseqüências de uma restrição
de 20% no consumo de alimentos, por isso os animais desse tratamento, nesse período
experimental, não mostraram qualquer sinal de ganho compensatório.
Os dados do desempenho de todo o período experimental estão apresentados na
Tabela 6.
41
Tabela 6.
Consumo de ração no período (CRP), consumo diário de ração (CDR),
ganhos de peso no período (GPP), ganho diário de peso (GDP) e conversão
alimentar (CA) no período total do experimento (30 kg de peso vivo até o
abate)
Table 6.
Food intake in period (FIP), daily food intake (DFI), weight gain in period (WGP),
daily weight gain (DWG), and feed conversion (FC) on the total experimental
period (30 kg of average of live weight to the slaughter)
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
CRP
FIP
260,172 265,382 253,958 248,836
5,720
CDR
DFI
3,135 3,197 3,060 2,998 5,628
GPP
WGP
86,940 81,970 83,870 85,080
6,268
GDP
DWG
1,050 0,990 1,016 1,026
6,062
CA
FC
2,992
ab
3,246
a
3,030
ab
2,926
b
4,861
Letras diferentes indicam diferenças estatísticas pelo teste de Tukey (5%)
CV: Coeficiente de variação.
Diffent letters indicate signifcant difference by Tukey test (5%)
VC: Variation coefficient
.
Os consumos de ração e os ganhos de peso não mostraram diferenças
significativas entre os tratamentos, sendo que para a conversão alimentar, somente foi
denotado um comprometimento nos animais do tratamento 2 em relação ao tratamento
4.
Para idades mais jovens a restrição pode causar um comprometimento mais
duradouro, possivelmente por ser uma fase de alta demanda de nutrientes para a
formação de tecido muscular (Whittemore, 1993). Contrariamente, nas fases mais
avançadas, o processo de restrição minimizou a deposição de tecido gorduroso,
melhorando proporcionalmente a deposição de tecido magro.
42
Na Tabela 7 encontram-se os dados das características de carcaça. Observa-se que
não foram verificadas diferenças estatísticas entre os tratamentos para qualquer
parâmetro.
Tabela 7. Dados de carcaça de todos os tratamentos experimentais
Table 7. Carcass traits of all the animals of experiment
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
PesoVivo (Kg)
Live Weight
119,420 114,280 116,860 117,870 4,137
PCQ (kg)
HCW
90,950 87,100 89,240 89,290 4,697
PCF (kg)
CCW
89,030 84,360 87,420 87,420 4,809
CC (cm)
CL
101,150 97,900 98,050 99,600 2,846
RC (%)
CI
74,518 73,854 74,820 74,142 1,585
ET (mm)
BD
28,810 27,012 27,856 28,250 18,734
PM (mm)
MD
56,166 55,756 57,458 55,992 6,971
RCC (%)
LTI
48,908 49,910 49,590 49,214 6,702
QCC (kg)
LTA
43,590 42,128 43,166 43,142 7,887
AOL (cm
2
)
LA
36,788 35,710 36,868 37,160 13,236
Peso de Carcaça Quente (PCQ), Peso de Carcaça Fria (PCF), Comprimento de Carcaça (CC)
Rendimento de Carcaça (RC), Espessura de Toucinho (ET), Profundidade de Músculo (PM),
Rendimento de Carne na Carcaça (RCC), Quantidade de Carne na Carcaça (QCC), Área de
Olho de Lombo (AOL), CV (Coeficiente de variação)
Hot carcass weight (HCW), Cold Carcass weight (CCW), Carcass Length (CL), Carcass
Income (CI), Backfat Depth (BD), Muscle Depth (MD), Lean Tissue Income(LTI), Lean Tissue
Amount (LTA), Loin Area (LA),
VC (Variation coefficient)
Contrário aos resultados obtidos, Mersmann et al. (1987), utilizando restrições
alimentares mais severas, observaram maiores valores de espessura de toucinho e maior
43
porcentagem de gordura nas carnes de pernil e paleta para os suínos que desenvolveram
ganho compensatório subseqüente à privação de alimento.
Identificando-se com os resultados deste trabalho, Barbosa et al. (2002a; 2002b)
também não observaram diferenças significativas nas características de carcaça para
suínos submetidos à restrição seguidas de ganho compensatório, comparado com um
grupo controle (sem restrição).
Therkildsen et al. (2002), desenvolvendo restrições mais prematuras e intensas
(60% do volume ração ingerido à vontade dos 28 a 90 dias de idade), observaram
também espessuras de toucinhos semelhantes aos dos animais controle (sem restrição
alimentar).
Na Tabela 8 estão demonstrados os dados referentes aos pesos das vísceras do
sistema digestório.
Tabela 8.
Peso absoluto das vísceras do sistema digestório dos tratamentos
experimentais
Table 8. Absolute and weights of Digestive System Organs of experimental treatments
Órgãos
Organs
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout
restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
CV
VC
Fígado
Liver
1,630 1,538 1,570 1,580 6,848
Estômago
Stomach
0,672 0,658
0,592 0,654 8,072
Intestino Delgado
Small Intestine
1,604 1,394 1,602 1,538 9,704
Intestino Grosso
Large Intestine
3,572 3,510 3,494 3,736 8,681
CV: Coeficiente de variação.
VC: Variation coefficient
.
44
Não foram observadas diferenças (p>0,05) para os pesos absolutos dos órgãos
entre os tratamentos. Considerando o peso relativo dos órgãos, também não foram
verificadas diferenças entre os tratamentos.
Os dados estão em concordância com os resultados obtidos por Mersmann et al.
(1987), Pond e Mersmann (1990), Critser et al. (1995) e Lu et al. (1996).
Considerando que no desempenho o tratamento 4 durante a restrição alimentar
não sofreu efeitos negativos, o mesmo raciocínio pode ser usado com relação às
respostas nos órgãos do sistema digestório.
Pode-se pressupor que para todos os tratamentos, dada a rápida resposta dos
órgãos do sistema gastrointestinal à retomada do consumo à vontade, a recuperação
imediata e completa dos órgãos digestórios era previamente esperada (Ratcliffe e
Fowler, 1980; Hornick et al., 2000; Carstens et al.,1991).
Com relação às análises econômicas (Tabela 9), os resultados foram favoráveis ao
tratamento 4, decorrente do menor consumo total de ração observado.
Tabela 9. Custo médio em ração por quilograma de peso vivo ganho, índice médio de
custo e índice de eficiência econômica, de acordo com os tratamentos
Table 9. Median cost in ration per Kilogram of live weight, Median Index of cost and
Economic efficiency, according the treatments
Parâmetros
Parameters
Tratamentos
Treatments
(peso vivo inicial da restrição alimentar)
(initial live weight to feed restriction)
Sem restrição
Whitout restriction
(T1)
30 kg
(T2)
50 kg
(T3)
70 kg
(T4)
Custo em ração (R$/Kg de peso
vivo ganho)
Food Costs (R$/kg per live weight
gain)
0,88 0,96 0,89 0,85
Índice de custo
Cost Index
103,53 112,54 104,70 100,00
Índice de Eficiência Econômica
Economic Eficiency Index
96,59 88,54 95,50 100,00
45
No último período de restrição alimentar, a limitação do consumo em 80% do
consumo à vontade resultou numa economia mais relevante de alimento, uma vez que o
consumo a vontade foi maior que nas demais fases. Por outro lado, com os pequenos
efeitos no ganho de peso e pela economia mínima no volume de ração consumida
durante a fase de crescimento II para o tratamento 2 (uma vez que os animais por serem
mais jovens naturalmente consumiram menos ração), houve piora do índice de custo e
do índice de eficiência econômica para este tratamento (Tabela 9).
46
Conclusões
A restrição alimentar de 20% do consumo a vontade durante 21 dias a partir dos
30, 50 ou 70 kg de peso vivo não traduziu em benefícios para o desempenho ou melhora
das características de carcaça.
A prática da restrição na fase a partir dos 70 kg, resultou em melhor eficiência
econômica de produção, sendo um importante item de avaliação do manejo.
A melhora nas características de carcaça e na viabilidade econômica do processo
também devem ser considerados na decisão de adoção do manejo que diante dos muitos
fatores envolvidos, para ser posto em prática, deve atender as especificidades das
granjas.
47
Literatura Citada
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pesos. Revista Brasileira de Ciências Veterinárias, v. 9, n.3, p.175-181, 2002b
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DAZA, A.; RODRIGUEZ, I.; OVEJEDO, I. et al. Effect on pig performance of feed
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SAEG Sistema de análises estatísticas e genéticas. UNIVERSIDADE FEDERAL
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WHITTEMORE, Colin.: The Science and Practice of Pig Production, 2.ed. Londres,
Longman Scientific & Techni, 1993
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