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Assim, nos anos noventa, os estudos tratando dos comunistas foram
retomados pela historiografia, os quais de maneira geral trazem novas
preocupações e novas formas de encarar a temática, expressando as recentes
tendências teóricas em curso. As problemáticas enfocando aspectos da cultura, do
cotidiano e da memória predominam: processos de construção identitária dos
militantes, a moral comunista, mitos conformando a militância e o discurso
anticomunista são alguns dos temas abordados atualmente.
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Além dessas
abordagens, mais voltadas ao âmbito cultural, também vêm sendo produzidos, mas
em menor quantidade, artigos, dissertações e teses, publicados ou não, que fazem
da perspectiva organizacional do movimento operário e sindical um importante
objeto de análise.
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No Rio Grande do Sul, ao contrário da tendência nacional, estudos sobre o
movimento operário são freqüentes e vêm crescendo o número de pesquisadores a
abordarem a temática. No entanto, existe uma pequena quantidade de trabalhos
específicos sobre o PCB,
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os centrados na década de vinte são quase inexistentes
e, na maior parte dos casos, a abordagem sobre o Partido coloca-se lateralmente à
análise de outros temas, não sendo a problemática principal.
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Portanto, o trabalho
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SALES, Jean Rodrigues. O PCdoB conta a sua história: tradição, memória e identidade política.
Diálogos, DHI/UEM, v. 6, p. 155-171, 2002. PANDOLFI, Dulce. Camaradas e companheiros... Op. Cit.
NEVES, Lucília de Almeida. A voz dos militantes: o ideal de solidariedade como fundamento da
identidade comunista. Locus: Revista de História. Juiz de Fora, vol. 4, n. 1. p. 53-64, 1998. MOTTA,
Rodrigo Patto Sá. O PCB e a moral comunista. Locus: revista de história, Juiz de Fora, vol. 3. N. 1, p.
69-83, 1997. FERREIRA, Jorge. Prisioneiros do mito: cultura e imaginário político dos comunistas no
Brasil (1930-1956). Niterói: EdUFF: Rio de Janeiro: MAUAD, 2002.
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Só a título de exemplos. MAZZEO, Antonio Carlos. Sinfonia inacabada: a política dos comunistas
no Brasil. Marília: Unesp-Marília-Publicações; São Paulo: Boitempo, 1999. SANTANA, Marco Aurélio.
Homens partidos: comunistas e sindicatos no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2001. SILVA, Angelo
José. Comunistas e trotskistas: a crítica operária à Revolução de 1930. Curitiba: Moinho do Verbo,
2002. KAREPOVS, Dainis. A esquerda e o parlamento no Brasil... Op. Cit. ZIMBARG, Luís Alberto.
O cidadão armado: comunismo e tenentismo (1927 – 1945). Franca: Unesp, 2001. (Dissertação de
mestrado em História).
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Entre os quais destaco: GARCIA, Eliane. A ação legal de um partido ilegal: o trabalho de massa
das frentes intelectual e feminina do PCB no Rio Grande do Sul (1947-1960). Porto Alegre: UFRGS,
1999. (Dissertação de mestrado em História). KONRAD, Diorge Alceno. 1935: A Aliança Nacional
Libertadora no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: PUC-RS, 1994. (Dissertação de mestrado em
História). MARÇAL, João Batista. Comunistas gaúchos. Porto Alegre: Tchê, 1986.
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Como é o caso de LONER, Beatriz. Construção de classe. Operários de Pelotas e Rio Grande
(1888-1930). Ed. Universitária, Unitrabalho, 2001. Fruto de sua tese de doutorado, a autora abordou o
PCB em Pelotas e Rio Grande, mas no interior de uma perspectiva analítica e temporal mais ampla,
cuja preocupação central era analisar o processo de formação de classe dos trabalhadores. O
trabalho de FORTES, Alexandre. Nós do Quarto Distrito...: a classe trabalhadora porto-alegrense e a
Era Vargas. Caxias do Sul, RS: Educs; Rio de Janeiro: Garamond, 2004 analisa o processo de
desenvolvimento da cidadania dos trabalhadores do Bairro Navegantes em Porto Alegre e o PCB