42
Anteriormente, temos falado da amizade mais relacionada com o jeito de ser e acolher
dos Irmãos Maristas, este jeito de se fazer próximo da criança, do jovem, que marcou tanto os
alunos maristas. Aqui queremos refletir um outro ângulo da amizade, mais ligado ao amor, à
tolerância, ao suporte, à atenção, ao prazer de estar junto, na Fraternidade. Aí surge a dúvida
sobre o que entendemos quando usamos as palavras amizade/amor. Morin (2005) diz que pode-se
conhecer perfeitamente o núcleo da amizade e do amor, mas há também situações intermediárias,
mistas, cujas fronteiras não são claras. Assim, diz o autor, “há amizades amorosas e amores
amigáveis” (p. 73). Essa dificuldade em precisar as fronteiras entre uma coisa e outra transparece
na fala de um fraterno, quando disse: “Ao sairmos de cada reunião, já sentimos falta de outra
reunião, porque criou-se aí um grande amor, um amor fraterno e com isso nós avançamos” (GF).
Para Aliatti (2004), citando Giner (1995
),
O processo de urbanização e de industrialização, e isolamento social urbano, passou a se
constituir como o modo de existência contemporâneo. Este modo é marcado por uma carência
de vínculos sociais significativos, estabelecendo-se a idéia das relações impessoais,
superficiais, transitórias e segmentadas do espaço urbano.
Para suprir essa carência apontada pela autora, o espaço familiar da Fraternidade sugere ser
um lugar apropriado para se cultivar esses laços de amizade, amor, suporte, tolerância, desabafo,
estímulo mútuo e até para partilhar vivências, dificuldades no emprego, na relação entre o casal,
com os filhos e com outras situações de fora do grupo. “Então é o lugar onde cada um é bem
transparente, se coloca como é, com suas limitações, seus valores, suas contribuições” (GF).
Os encontros festivos, tanto de recordação como de celebração, que eram os motivos
principais para os reencontros dos antigos alunos, referidos anteriormente, continuam presentes
nas respostas dadas ao questionário, porém de forma um pouco mais atenuada, com 8% das
respostas. A fala de uma pessoa, no grupo focal diz: “E a reunião da gente é normalmente uma
festa, por isso costumam chegar 19h30min, outros 20h30min. Não tem hora para começar, nem
para terminar. Não é uma coisa muito convencional. É um encontro de vida mesmo. Estamos
contextualizados”. Esta cifra dos 8% da festa, somada ao item convívio (24%), resulta um total
de 32%. Acrescentando o fator conforto e suporte, que representa 3% das respostas, atingimos
um total de 35%. Significa que esta parte humana da companhia, suporte mútuo, conforto e festa
presentes na motivação dos primeiros ex-alunos para retornar à escola em que estudaram,
continua presente nas Fraternidades de hoje, porém com força motivacional mais reduzida do que
então. E a fala de um fraterno parece confirmar esta realidade: “o grupo é algo muito importante