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RICARDO DE OLIVEIRA
ADEQUAÇÃO DA DEMANDA ATENDIDA EM SERVIÇO DE
URGÊNCIA DE MÉDIA COMPLEXIDADE EM LONDRINA,
PARANÁ, BRASIL
Londrina
2008
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RICARDO DE OLIVEIRA
ADEQUAÇÃO DA DEMANDA ATENDIDA EM SERVIÇO DE
URGÊNCIA DE MÉDIA COMPLEXIDADE EM LONDRINA,
PARANÁ, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Regina Kazue Tanno
de Souza
Co-orientador: Prof.Dr. Luiz Cordoni Junior
Londrina
2008
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Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
O48a Oliveira, Ricardo de.
Adequação da demanda atendida em serviço de urgência de média complexidade
em Londrina, Paraná, Brasil / Ricardo de Oliveira. – Londrina, 2008.
102f. : il.
Orientador: Regina Kazue Tanno de Souza.
Co-orientador: Luiz Cordoni Júnior.
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Estadual de Londri-
na, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva,
2008.
Inclui bibliografia.
1. Saúde pública – Teses. 2. Saúde pública – Administração – Teses . 3. Servi-
ços de saúde – Demanda – Teses. I. Souza, Regina Kazue Tanno de. II. Cordoni
Júnior, Luiz. III. Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências da Saú-
de. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. IV. Título.
CDU 614.2:658
RICARDO DE OLIVEIRA
ADEQUAÇÃO DA DEMANDA ATENDIDA EM SERVIÇO DE
URGÊNCIA DE MÉDIA COMPLEXIDADE EM LONDRINA, PARANÁ,
BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Profª. Drª. Regina Kazue Tanno de Souza
__________________________________________
Profª. Drª. Dorotéia Fátima Pelissari de Paula Soares
__________________________________________
Profª. Drª. Magda Lucia Felix de Oliveira
Londrina, 30 de Abril de 2008.
Dedicatória
Dedico este trabalho a
minha mãe Maria, por seu
exemplo baseado no amor
incondicional. Por seu
cuidado e dedicação à
família.
(...) Nada a temer senão o correr da
luta
Nada a fazer senão esquecer o
medo.
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir as armadilhas da mata
escura.
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
(...)
(Sá & Magrão, 1980)
AGRADECIMENTOS
A Deus, que propiciou condições à concretização desta importante etapa em
minha vida.
À Profª. Drª. Regina Tanno, pela dedicação e direcionamento preciso em todo
processo de construção da dissertação.
Ao Prof. Dr. Luiz Cordoni que, com sua experiência, soube direcionar de forma
clara os caminhos a serem percorridos.
À Eduara, por seu amor, paciência e companheirismo. Sua presença tranqüila e
acolhedora tornou esta etapa amena. Sempre com seu discurso cuidadoso e
incentivador: - “Ah... você já acabou!” Sua presença durante este período foi
imprescindível.
A todos meus familiares, pelo apoio e compreensão durante os anos do
mestrado.
Aos médicos do Pronto Atendimento Municipal de Londrina, que contribuíram de
forma direta com a realização deste trabalho
À Profª. Drª. Magda Lucia Felix de Oliveira, pelo acolhimento na UEM e seu
direcionamento no início do projeto. Por suas sugestões valiosas na ocasião do
exame de qualificação.
À Profª. Drª. Dorotéia Fátima Pelissari de Paula Soares, por suas pontuais
considerações na ocasião do exame de qualificação.
À Profª. Drª. Regina Melchior pela contribuição durante a disciplina de redação
de artigos científicos.
À Profª. Drª. Tiemi Matsuo, pela fundamental orientação e contribuições na
análise estatística.
À Vera Lucia Roncaratti, por seu incentivo ao meu crescimento acadêmico
enquanto funcionário da Autarquia Municipal de Saúde.
Aos alunos da Universidade Estadual de Londrina, participantes da fase de
coleta de dados: Leonel Alves, Jéssica Mayumi, Franieli Bernardes, Mario
Henrique, Marcos Laurentino, Lais Gomes, Maria da Glória, Loreta Silva, Sara
Cristina, Maikon Rosa, Mariana Bessa, Eloisi Delalibera.
À Belize Arai, pelo auxilio na construção do banco de dados e digitação dos
formulários.
Aos colegas do Mestrado pela oportunidade dos debates e pelos laços afetivos
construídos. Em especial, Alberto Duran Gonzáles, Edmarlon Girotto e Márcia
Caroline Portela Amaro.
Aos colegas e docentes da disciplina de redação de artigos científicos, pela
produtiva interlocução discursiva e pela interação humana.
Aos docentes do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de
Londrina, pela contribuição ao processo de formação.
Aos funcionários do Pronto Atendimento Municipal de Londrina, pelo
acolhimento durante a fase de coleta de dados.
Aos colegas de trabalho do Hospital do Câncer de Londrina: João Roberto,
Leonardo Alcides e Mônica Pinheiro, pela paciência e auxílio nas horas difíceis
e cansativas.
À Valdirene Aparecida da Silva, pelo auxílio durante a revisão gramatical e
ortográfica.
OLIVEIRA, Ricardo de. Adequação da demanda atendida em serviço de urgência de
média complexidade em Londrina, Paraná, Brasil 102f. Dissertação (Mestrado em
Saúde Coletiva) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
RESUMO
A hierarquização da atenção à saúde estabelece fluxos assistenciais ascendentes
iniciando-se por serviços de menor complexidade. Entretanto, estudos demonstram a
existência de um funcionamento desordenado e desvios dos fluxos nesse sistema. Assim,
os serviços de urgência são excessivamente utilizados, acarretando filas e atendimento
de alto percentual de casos inadequados. Dada a escassez de pesquisas abordando o
tema da urgência no país, este estudo teve por objetivo caracterizar e classificar a
demanda atendida no Pronto Atendimento Municipal em Londrina-PR (PAM), segundo a
adequação dos casos ao papel assistencial do serviço. A população de estudo foi
constituída por 394 pessoas, selecionadas por meio de amostragem sistemática, que
procuraram o PAM em duas semanas do mês de julho de 2007. Os dados foram
coletados após as consultas médicas por entrevistadores devidamente treinados, e as
informações foram registradas em banco de dados do aplicativo Epi Info versão 3.4 para
Windows. Para a classificação dos casos quanto à sua adequação foram utilizados
critérios explícitos (situações objetivamente definidas) e implícitos (a critério do médico
consultante). A análise de associação entre as variáveis independentes e a adequação ao
serviço foi realizada a partir da classificação por critérios explícitos utilizando-se o teste de
qui-quadrado (χ
2
). Verificou-se, entre os principais resultados, discreto predomínio de
pessoas do sexo feminino (55,6%), na faixa etária entre 20 e 39 anos (45,9%) com
apenas o nível fundamental de ensino (51,7%), inseridas no mercado de trabalho, não
beneficiárias de plano de saúde. A maioria das pessoas procurou o PAM
espontaneamente (77,1%) e, entre os casos referenciados, as UBS foram os serviços que
mais encaminharam (76,0%). O transporte coletivo foi o mais utilizado (46,7%) e 79% das
pessoas tiveram alta após a consulta no PAM. Dos casos analisados, 54,3% foram
considerados adequados segundo os critérios classificatórios explícitos. Os fatores
associados significativamente (p<0,05) à adequação ao servo foram: idade igual ou
superior a 60 anos, inserção no mercado de trabalho, ser usuário de unidades básicas de
saúde e procura por outros serviços previamente ao atendimento no PAM para o mesmo
problema. Quando comparados os diferentes critérios de classificação da demanda,
verificou-se concordância de 81,4% (estatística Kappa = 0,62), considerada
substancialmente concordante. Apesar da demanda espontânea ter sido predominante
(77,1%), a realidade observada no PAM de Londrina revelou que há uma adequação
razoável da demanda à natureza do serviço, fato pouco observado em estudos
semelhantes.
Palavras-chave: Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde. Serviços Médicos de
Emergência. Acesso aos Serviços de Saúde. Organização e
Administração.
OLIVEIRA, Ricardo de. Adequacy of demand for services of medium complexity
urgency in Londrina, Paraná, Brasil. 102p. Dissertation (Master Degree in Public
Health) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
ABSTRACT
Hierarchy in health care follows a bottom-up flow that starts at the level of lower complex
services. Nevertheless, studies have shown that this is a system with frail organization and
flow deviations. Thus, emergency services are highly demanded and lead to long waiting
lines and a high percentage assistance of inadequate cases. Due to the scarce research
on the theme of urgency in this country, this present study is meant to describe and
classify the demand for assistance in PAM - the Municipal Emergency Ward in the city of
Londrina, State of Paraná, following the adequacy of the cases to the role of the service.
This study involved 394 subjects who were selected by systematic sampling and who had
come to PAM within the period of two weeks in July 2007. The data were collected after
consultation by trained interviewers and the information was entered in a databank through
software Epi Info version 3.4 for Windows. The classification of data as to their adequacy
followed explicit criteria (situations objectively defined) and implicit criteria (at the
physician’s discretion). The analysis of association between the independent variables and
the adequacy of service was performed upon the classification with explicit criteria by
means of the chi-square test (χ
2
). Among the main results, it was verified that there is a
discrete predominance of female subjects (55,6%), aged 20 to 39 years old (45,9%) with
elementary degree school education (51,7%), currently working but not holding a health
care insurance plan. Most subjects had come to PAM at their own choice (77,1%), and
those who were referred to it, were mostly referred by the UBS – the State Unit of Basic
Health Care (76,0%). Public transportation was most used by subjects (46,7%), and 79%
of them were discharged after consultation at PAM. Out of the cases analyzed, 54,3%
were considered adequate according to the explicit classifying criteria. The factors
significantly associated (p<0,05) to the adequacy of services were: age equal or above 60
years old, currently working, use of the state units of basic health, and previous demand of
services for the same problem at PAM. When compared to different criteria of demand
classification, it was noted a concordance of 81,4% (Kappa statistics= 0,62), which was
considered as substantially concordant. Despite the predominance of spontaneous
demand (77,1%), the context of PAM in Londrina evidenced a reasonable adequacy of the
demand in relation to the nature of the service, a fact hardly observed in other similar
studies.
Key words: Needs and Demands of Health Services. Emergency Medical Services.
Access to Health Services. Organization and Administration
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização da demanda atendida no Pronto Atendimento Municipal,
segundo variáveis sociais e demográficas. Londrina-PR, 2007.........................................52
Tabela 2 – Pessoas atendidas no PAM segundo tipo de demanda e contato prévio com
serviços de saúde. Londrina-PR, 2007..............................................................................53
Tabela 3 - Serviços responsáveis pelo encaminhamento dos casos ao PAM. Londrina-PR,
2007....................................................................................................................................54
Tabela 4 – Pessoas atendidas no PAM, segundo o meio de transporte utilizado. Londrina-
PR, 2007.............................................................................................................................54
Tabela 5 – Desfechos dos casos após o atendimento no PAM.........................................55
Tabela 6 – Motivos referidos para a escolha do serviço entre as pessoas atendidas no
PAM,Londrina-PR, 2007.....................................................................................................55
Tabela 7 – Fatores associados à adequação por critérios explícitos da demanda ao
PAM. Londrina-PR, 2007....................................................................................................57
Tabela 8 – Concordância da adequação da demanda segundo critérios implícitos e
explícitos. Londrina-PR, 2007.............................................................................................58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do Município de Londrina e seus limites geográficos.................27
Figura 2 - Distribuição urbana dos serviços de saúde no município de Londrina,
2007................................................................................................................................33
Figura 3 - Fluxograma do processo operacional durante a coleta de dados no Pronto
Atendimento Municipal. Londrina-PR, 2007...................................................................40
Figura 4 - Fluxograma de coleta de dados no Pronto Atendimento Municipal de
Londrina – PR, 2007.......................................................................................................51
SIGLAS E ABREVIATURAS
AMEPAR: Associação dos Municípios do Médio Paranapanema
APS: Atenção Primária à Saúde
CFM: Conselho Federal de Medicina
CNS: Conselho Nacional de Saúde
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LOS: Leis Orgânicas da Saúde
NOAS: Norma Operacional de Assistência à Saúde
NOB: Norma Operacional Básica
PAM: Pronto Atendimento Municipal
PAI: Pronto Atendimento Infantil
PSF: Programa Saúde da Família
SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SIATE: Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergências
SUDS: Sistema Único e Descentralizado da Saúde
SUS: Sistema Único de Saúde
UBS: Unidade Básica de Saúde
UEL: Universidade Estadual de Londrina
USF: Unidade de Saúde da Família
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .............................................................................. 14
1.2 A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA NO CONTEXTO DO SUS ................... 16
1.3 NECESSIDADE, DEMANDA E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ........................ 20
1.4 DA NECESSIDADE DO ESTUDO ............................................................................. 23
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 26
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 26
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 26
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 27
3.1 LOCAL DE ESTUDO ............................................................................................. 27
3.1.1 O Município e o Sistema de Saúde ........................................................... 27
3.1.2 Histórico da Organização do Serviço Municipal de Saúde de Londrina .... 29
3.1.3 O Pronto Atendimento Municipal ............................................................... 30
3.1.4 A REDE BÁSICA ................................................................................................ 32
3.2 DESENHO E POPULAÇÃO DE ESTUDO ................................................................... 34
3.3 FONTES DE DADOS ............................................................................................ 34
3.3.1 SISTEMA HYGIA ............................................................................................... 34
3.3.2 REGISTRO DO ATENDIMENTO ............................................................................ 35
3.3.3 DADOS OBTIDOS POR MEIO DAS ENTREVISTAS. ................................................... 35
3.3.4 CLASSIFICAÇÃO DA DEMANDA E DO NÍVEL DE ATENÇÃO. ...................................... 36
3.4 PROCESSO DE AMOSTRAGEM: ............................................................................. 36
3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E P-TESTE ............................................... 37
3.6 SELEÇÃO DE ENTREVISTADORES ......................................................................... 37
3.7 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 38
3.7.1 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ................................................................................. 42
3.8 VARIÁVEIS DE ESTUDO ........................................................................................ 44
3.8.1 Variáveis Independentes ........................................................................... 44
3.8.2 Variável Dependente ................................................................................. 48
3.9
CLASSIFICAÇÃO POR CRITÉRIOS EXPLÍCITOS COMO PADRÃO OURO ENTRE AS FORMAS
CLASSIFICATÓRIAS
.................................................................................................... 49
3.10 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................... 49
3.11 ASPECTOS ÉTICOS ........................................................................................... 50
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 51
4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS ............................................................ 52
4.2 CARACTERÍSTICAS DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO. .................................................... 53
4.3 ADEQUAÇÃO DA DEMANDA E FATORES ASSOCIADOS .............................................. 56
4.4 CONCORDÂNCIA ENTRE OS CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS ...................................... 58
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 59
5.1
CARACTERÍSTICAS SÓCIO- DEMOGRÁFICAS .......................................................... 59
5.2
CARACTERÍSTICAS DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO ..................................................... 62
5.3 ADEQUAÇÃO DA DEMANDA E FATORES ASSOCIADOS ............................................. 64
5.4 CONCORDÂNCIA ENTRE OS CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS ...................................... 66
5.5 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS ...................................................................... 67
6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 69
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72
APÊNDICES ............................................................................................................. 79
ANEXOS ................................................................................................................... 96
13
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, os serviços de Saúde Pública no Brasil configuram-se como uma
rede de unidades distribuídas por áreas diversas, perfis variados e vínculos aos
diferentes níveis da esfera administrativa de governo. Verifica-se funcionamento
desordenado, com dificuldades em organizar sistemas de referências e contra-
referências. Estas situações produzem uma grave deformação na cultura sanitária
da população, que passa a ver a consulta da atenção básica como uma forma mais
demorada e menos efetiva de assistência. Assim, contradiz o eixo norteador da
atenção básica, como um campo ideal para o exercício de práticas e saberes
alternativos ao modelo hegemônico (AGUIAR, 1999).
Neste contexto de equívocos, muitos municípios optaram pela solução
“criativa" dos pronto atendimentos, com ênfase desmesurada aos serviços de
emergência que, em geral, está relacionada às implementações de políticas de
saúde desprovidas de estudos prévios, resultando em problemas como filas
imensas, descontinuidade na atenção, baixa resolutividade, atendimento de um alto
percentual de não urgências e desgaste das equipes (CORDEIRO ; BECKER apud
BECKER, 2001).
A hierarquização da atenção ou da assistência estabelece que haja fluxos
ascendentes que deveriam iniciar pelas chamadas portas de entrada do sistema e
caberia à atenção básica de saúde esse papel. No entanto, por motivos variados,
nem sempre esse “caminho“ é adotado e vias alternativas de porta de entrada do
sistema são criadas, entre elas, os pronto atendimentos (DAVID, 2003).
14
Assim, caracterizar o padrão de utilização dos serviços de urgência tornou-se
uma tarefa necessária ao planejamento e avaliação dos serviços de saúde
(CARVALHO et al., 1994).
1.1 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
A promulgação da Constituição Federal Brasileira em 1988, pela qual foi
criado o Sistema Único de Saúde (SUS), representa um marco democrático no
Brasil (BRASIL, 1988). Desde então, se estabeleceu a garantia da saúde como um
direito de todos e um dever do Estado, garantia esta assegurada mediante
formulação de políticas sociais e econômicas, com o objetivo de reduzir os riscos a
doenças ou outros agravos à saúde.
A conformação atual do sistema público de saúde, universal, integral e
gratuito, começou a ser construída com o processo de redemocratização do país.
Um marcante evento que envolveu toda a criação do SUS foi a 8.ª Conferência
Nacional de Saúde, realizada de 17 a 21 de março de 1986, que contou com
expressiva participação da sociedade. Suas conclusões tornaram-se referências que
balizaram as mudanças que estariam por vir com a criação do SUS em 1988
(BRASIL, 1988; NEGRI, 2002).
Ficou definido que o acesso aos serviços destinados a promoção, proteção,
tratamento e recuperação da saúde deveria ser universal e igualitário (BRASIL,
1988). Para o alcance destes princípios, esforços sinérgicos deveriam ser
estabelecidos entre a União, estados e municípios.
15
Dois anos após a promulgação da Constituição Brasileira de 1988, foram
editadas as Leis Orgânicas da Saúde (LOS), a Lei nº. 8.080/90 e a Lei nº. 8.142/90,
regulamentando o SUS em todo o território nacional, bem como assegurando a
participação popular. Deste modo, o SUS tornou-se o meio regulador das ações e
serviços de saúde realizados pelo poder público ou pela iniciativa privada (BRASIL,
1990a; BRASIL, 1990b).
Vários mecanismos foram criados no decorrer da implementação do SUS,
entre eles dois importantes instrumentos de regulamentação do processo de
descentralização: as Normas Operacionais Básicas (NOB) e as Normas
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) (BRASIL, 2003).
As NOBs estabeleceram de forma negociada os mecanismos e critérios para
a transferência de responsabilidades e recursos para estados e municípios. Estas
normas foram os principais instrumentos do processo de descentralização. De modo
eminente, as NOBs tratam os aspectos da divisão de responsabilidades, relações
entre gestores e critérios de transferência de recursos federais para estados e
municípios (BRASIL, 2003). As NOAS vieram em substituição às NOBs e seu
objetivo seria promover uma maior equidade na alocação de recursos e no acesso
da população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de atenção (BRASIL,
2002b).
Mais recentemente, foi aprovado o Pacto pela Saúde. Este pacto redefiniu as
responsabilidades sanitárias dos gestores municipais, estaduais e federal. Modificou
o processo de habilitação de estados e municípios que passam a aderir ao processo
por meio de um Termo de Compromisso de Gestão. Este termo estabelece as
responsabilidades e as capacidades na oferta das ações e dos serviços de saúde,
determina o alcance de metas nacionais e regionais, possibilitando a atuação
16
conjunta de acordo com a realidade social de cada localidade e região (BRASIL,
2006c).
O sistema de saúde hoje vigente no país segue as diretrizes e instrumentos
de regulação descritos. O que se observou no decorrer destas décadas, com a
implantação do SUS, foi um enfrentamento do “velho” modelo tecno-assistencial
curativista, geralmente pautado em procedimentos onerosos e de alta complexidade,
pois o modelo assistencial preconizado pelo SUS contesta essa hegemonia
(SANTOS et al., 2003).
Em seus princípios, o SUS estabelece a assistência integral à saúde e em
termos organizacionais, uma rede de atenção constituída por serviços crescentes
quanto a sua complexidade, configurada em atenção básica, atenção secundária ou
média complexidade e atenção terciária ou de alta complexidade (BRASIL, 1988;
NEGRI, 2002; SANTOS et al., 2003).
1.2 A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA NO CONTEXTO DO SUS
No Brasil, apesar dos avanços organizacionais normativos, o sistema de
saúde ainda reúne muitas fragilidades, como a descentralização insuficiente e
incipiência na configuração de redes articuladas, com a ordenação do fluxo
(MOURA, 2004).
Dentre os desarranjos organizacionais, destacam-se os serviços de urgência
que, muitas vezes, funcionam como desvirtuadas portas de entrada ao sistema de
saúde e, além de cumprir o seu papel assistencial, acabam por acolher a demanda
17
não atendida na atenção básica (CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2004).
Segundo Mendes (2002), o usuário é vítima da organização dos serviços
voltados para a atenção aguda, embora os valorize e os deseje, por desconhecer a
necessidade de uma atenção contínua a saúde. Para Barros (2007), a procura por
atendimento em unidades de urgência, em muitas situações, deve-se à busca de
atenção para certo sofrimento em conjunto com uma relativa facilidade ao acesso.
Além disso, há dificuldades em definir uma acepção de urgência e
emergência com sentido comum e operante aos usuários e prestadores de serviços.
A classificação biomédica das urgências a partir de definições objetivas e técnicas é
pouco satisfatória para o entendimento claro das situações (GIGLIO-JACQUEMOT,
2005). Uma das definições é a do Conselho Federal de Medicina que em sua
Resolução nº. 1451/95 (1995) considera:
“URGÊNCIA, ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco
potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata”,
e EMERGÊNCIA, como “a constatação médica de condições de agravo à
saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso,
exigindo, portanto, o tratamento médico imediato” (CONSELHO FEDERAL
DE MEDICINA, 1995, p.3).
No entanto, segundo Le Coutour (apud BRASIL, 2006a) o conceito
ampliado de urgência difere em função de quem a percebe ou sente: para os
usuários ou familiares pode estar associada a uma ruptura de ordem do curso da
vida, relacionado ao que é imprevisto e ao que não se pode esperar. Para os
profissionais de saúde, a dimensão da urgência relaciona-se ao prognóstico vital em
certo intervalo de tempo. Já para as instituições, a urgência corresponde a uma
perturbanção de sua organização, ou seja, aquilo que não pode ser previsto.
18
No dicionário Michaelis da língua Portuguesa a palavra emergência pode
ser representada como sinônimo de urgência, bem como está relacionada a emergir,
ou algo que não existia, ou que não era visto, e que passa a existir ou manifestar-se
(MICHAELIS, 2002). Neste sentido, a emergência poderia representar qualquer
queixa ou novo sintoma que um paciente passe a referir, e assim, os mais variados
adventos poderiam representar ou ser considerados emergência, de uma virose
respiratória a uma dor de dente, de uma hemorragia digestiva até um acidente
automobilístico, independente da gravidade, prognóstico e tempo.
O conceito americano de urgência tem influenciado nossas definições, pois
entende que uma situação de “emergência” é aquilo que não pode esperar e deve
ser atendida com rapidez, como incorporado pelo próprio CFM (BRASIL, 2006a).
Diante da diversidade de terminologias no meio médico e no sistema de
saúde, a proposta encontrada na Regulação Médica das Urgências é que se passe
a adotar no país apenas o termo “urgência”, para todos os casos agudos que
necessitarem de cuidados. Sugere-se ainda que se faça uma avaliação multifatorial,
que incorpore o grau de urgência à gravidade do caso, ao tempo para iniciar o
tratamento, aos recursos necessários para o tratamento e ao valor social que
envolve cada caso (BRASIL, 2006a).
Tais imprecisões relacionadas ao conceito, associadas às mudanças
socioculturais, demográficas, nos padrões de morbidade e problemas relativos à
organização dos sistemas de saúde, são relacionadas ao aumento da demanda aos
serviços de urgência (CANTERO HINOJOSA et al., 2001), consistindo em
preocupação para os gestores e a sociedade em geral.
No Brasil, a formulação das políticas de urgência iniciou-se com a publicação
da Portaria GM/MS n.º 2.923 de junho de 1998, na qual se determinou investimentos
19
nas áreas de assistência pré-hospitalar móvel, assistência hospitalar e centrais de
regulação de urgências como resposta à necessidade de ordenar o acesso ao
atendimento às urgências e emergências, garantindo assim adequada atenção aos
eventos agudos no SUS (BRASIL, 1998).
Posteriormente, foi instituído o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais
de Urgência e Emergência, mediante a Portaria GM/MS nº. 2.048, de 05 de
novembro de 2002. Esta Portaria foi instituída com o objetivo de aprofundar o
processo de consolidação dos sistemas estaduais de urgência, aperfeiçoando as
normas já existentes e ampliando o seu escopo (BRASIL, 2002a).
Em 2003 foi instituída a Política Nacional de Atenção às Urgências e
Emergências, por meio da Portaria GM/MS n.º 1863 de 29 de Setembro de 2003, na
qual seus principais objetivos são garantir a universalidade, eqüidade e integralidade
no atendimento às urgências. O foco desta política é adoção de estratégias
promocionais de qualidade de vida que identifiquem os determinantes e
condicionantes das urgências, sejam clínicas, cirúrgicas, obstétricas, psiquiátricas,
pediátricas ou relacionadas às causas externas. Recomenda ainda que a atenção às
urgências no SUS deve fluir em todos os níveis, ou seja, da atenção básica aos
cuidados pós-hospitalares na convalescença, recuperação e reabilitação. À atenção
básica e ao Programa de Saúde da Família (PSF) cabem a resolução da maioria das
intercorrências e a coordenação dos fluxos, com encaminhamentos dos casos de
maior complexidade (BRASIL, 2006b). Neste sentido, esses serviços poderiam
contribuir com a redução da procura por serviços de urgência, acolhendo os casos
compatíveis com a sua organização tecnológica.
Barros (2007) adverte que a hegemonia da lógica programática existente nas
Unidades de Saúde da Família (USF) acaba por recusar o acolhimento às pessoas
20
com sofrimentos agudos, fruto de algumas indefinições de responsabilidades
relacionadas às urgências na rede assistencial. Deste modo, perpetuam-se falhas no
sistema de saúde, nas quais, as leis, portarias e resoluções correm o risco de se
tornarem letras mortas.
Para Bittencourt e Hortale (2007), o caminho para superar o modelo atual de
atenção nos serviços de urgência deve ser de caráter sistêmico, ter como foco o
usuário, redefinir e integrar as vocações assistenciais, reorganizar os fluxos e
repactuar o processo de trabalho.
1.3 NECESSIDADE, DEMANDA E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
O processo de utilização dos serviços de saúde se inicia com a percepção da
necessidade pelo indivíduo ou família, existindo uma interação entre o
comportamento individual pela procura aos cuidados de saúde e o comportamento
profissional que direciona o usuário dentro do sistema (TRAVASSOS; MARTINS,
2004).
Ainda que as escolhas individuais exerçam um importante papel nas
demandas, nem todas as necessidades se convertem em demandas e nem todas as
demandas são atendidas. Desigualdades no uso dos serviços de saúde refletem da
mesma forma as desigualdades individuais no risco de adoecer e morrer. Diferenças
no comportamento individual perante a doença e características da oferta de
serviços que cada sociedade disponibiliza para seus membros também influenciam
de forma direta a demanda pelos serviços de saúde (PINHEIRO et al., 2002).
21
A demanda por serviços de saúde é determinada pela conjugação de alguns
fatores, tais como sociais e culturais. É de grande relevância o conhecimento da
formação da demanda para que as respostas a estas demandas se estabeleçam
tendo como critério a eqüidade no processo de alocação de recursos (SAWYER,
LEITE; ALEXANDRINO, 2002). Entretanto, nos serviços de urgência a demanda é
irregular e imprevisível, pois não se sabe quando e com que freqüência as pessoas
vão necessitar deste tipo de atenção, haja vista que a demanda nestes serviços
ocorre em circunstâncias atípicas e não programadas (IUNES, 1995).
No campo da saúde, o acesso representa as dificuldades ou facilidades que
viabilizam a entrada do usuário na rede de serviços para obter o tratamento
desejado nos diferentes níveis de complexidade e modalidades de atendimento,
estando, portanto, intrinsecamente ligado às características da oferta e
disponibilidade de recursos (VIACAVA, 2003).
Por ser bastante amplo, o conceito de acesso é utilizado muitas vezes de
maneira imprecisa em relação ao uso dos serviços de saúde, variando inclusive no
tempo e no contexto em que é abordado. O termo também é variável, utilizado como
acessibilidade, que é qualidade do que é acessível, ou como acesso, representando
o ato de ingressar, ou até mesmo das duas formas, para mostrar o grau de
facilidade com que as pessoas conseguem os cuidados em saúde (SOUZA, 2006).
O acesso à saúde, segundo a concepção e desenho idealizado do SUS, com
a hierarquização e regionalização, é representado por um modelo tecno-assistencial
em forma de pirâmide. Este acesso deve-se dar de um nível menos complexo para o
mais complexo de assistência. A base da pirâmide é representada pelos serviços de
atenção básica, figurando-se como a principal porta de entrada ao sistema, e seu
ápice por serviços de alta complexidade tecnológica (CECILIO, 1997).
22
Todavia, na prática, essa pirâmide não funciona conforme concebida. Cecilio
(1997) destaca a importância de um sistema de saúde com múltiplas alternativas de
entrada e saída, considerando a tecnologia certa, no lugar certo, no momento certo.
Mendes (2002) corrobora a crítica ao sistema piramidal hierárquico e propõe uma
rede horizontal integrada dos serviços de saúde. Ressalta que o nível primário de
atenção a saúde é mais complexo quando comparado aos níveis secundário e
terciário, embora seja o de menor densidade tecnológica.
Starfield (2002) aborda a acessibilidade a partir da idéia da existência de um
ponto de entrada sempre que seja necessário. De forma mais clara, a autora
descreve que este ponto de primeiro contato é conhecido como porta de entrada ao
sistema de saúde, e preferencialmente deve iniciar-se a partir da atenção básica.
Sob a ótica populacional, o padrão de utilização de serviços de saúde
frequentemente é direcionado pelo perfil das necessidades do grupo ou da
comunidade. Entretanto, o uso de serviços pode condicionar-se por fatores internos
ou externos ao setor saúde. A disponibilidade, o tipo, a quantidade de serviços e
recursos (financeiros, humanos, tecnológicos), a localização geográfica, a cultura
médica local, a ideologia do prestador ou gestor, são aspectos da oferta que
fortemente influenciam o padrão de consumo dos serviços pela população
(PINHEIRO et al., 2002).
23
1.4 DA NECESSIDADE DO ESTUDO
Estudos a respeito de fluxos e demandas são fontes de dados que se
traduzem em informações necessárias ao planejamento. Por meio da verificação e
análise da realidade assistencial, este tipo de estudo tem potencial relevância, haja
vista a sua importância como subsídio a propostas de revisão das políticas, pois cria
elementos norteadores aos gestores do setor saúde (ROESE, 2005).
Unidades de pronto atendimento, cada vez mais, representam a solução para
alguns municípios. Contudo, nem sempre há apoio para elucidação diagnóstica,
equipamentos e materiais para adequada atenção às urgências. Acredita-se que
parte dessas unidades atue em desarticulação com a rede assistencial e possa
apresentar pouca resolutividade. Ainda que essas unidades cumpram um papel no
escoamento de demandas não acolhidas na atenção primária, esses desarranjos
organizacionais implicam em repetidos retornos e enorme produção de “consultas de
urgência” (BRASIL, 2002a).
A partir de 2002, por meio da Portaria GM/MS nº. 2.048, houve melhor
definição dos papéis das unidades de pronto atendimento. Os serviços que integram
a rede de atenção às urgências foram classificados. Desta classificação surgiram os
serviços de atendimento Pré-Hospitalar Fixo. Nestes serviços, definiu-se que a
assistência prestada deveria situar-se em um primeiro nível de atenção às pessoas
portadoras de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica.
Foram designados para o atendimento Pré-Hospitalar Fixo as UBS, as USF, os
ambulatórios especializados e Unidades Não Hospitalares de Atendimento às
Urgências e Emergências (BRASIL, 2002a).
24
Os serviços de pronto atendimento desde então passaram a ser incluídos
entre Unidades Não Hospitalares de Atendimento às Urgências e Emergências.
Assim, foi necessário definir as atribuições dessas unidades, bem como, definir seu
dimensionamento organizacional e assistencial. Estabeleceu-se que estes serviços
funcionassem ininterruptamente durante as 24 horas do dia, prestassem assistência
correspondente ao primeiro nível de assistência da média complexidade, situando-
as em posição intermediária, entre a atenção básica e os hospitais (BRASIL, 2002a).
Quanto ao porte, a mesma Portaria sugeriu que estas unidades se
adequassem obedecendo a algumas relações entre cobertura populacional e o
número de atendimentos a cada 24 horas; o número de profissionais médicos por
plantão; o número de leitos de observação; o percentual de pacientes em
observação e o percentual de encaminhamentos. Deste modo, os pronto
atendimentos deveriam agregar um papel ordenador dos fluxos na atenção às
urgências (BRASIL, 2002a; BRASIL, 2006b).
Demandas em serviços de urgência se constituem um importante
observatório da condição de saúde de uma população, pois resultam da conjugação
de fatores sociais, individuais e culturais. Portanto, o conhecimento do padrão de
utilização dos serviços de urgência se torna essencial para que as respostas a essas
demandas reflitam decisões equânimes e efetivas (SAWYER; LEITE;
ALEXANDRINO, 2002).
Investigar a forma de utilização de serviços de saúde é imprescindível para
embasar a formulação das políticas organizacionais que visem a adequação do
acesso aos cuidados de saúde. Faz-se necessária a identificação de situações nas
quais possam ocorrer problemas, muitas vezes, expressos por meio da utilização
excessiva ou repressão da demanda (PINHEIRO, 1999).
25
A observação da realidade do PAM de Londrina, apoiada em estudos, sugere
que, em muitas situações, as demandas atendidas nos pronto atendimentos são
inadequadas ao papel assistencial destes serviços no sistema. Dada a escassez de
pesquisas abordando o tema da urgência no país e a pressuposta utilização
indiscriminada do serviço de urgência em questão, fez-se necessário o estudo.
Assim, desenvolveu-se esta investigação para melhor compreensão desta realidade,
como maneira de contribuir na reordenação dos fluxos da atenção.
26
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar as características da demanda atendida no Pronto Atendimento
Municipal de Londrina, Paraná.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar as pessoas atendidas no PAM segundo variáveis sociais,
demográficas e de utilização do serviço.
Classificar a demanda atendida quanto à adequação ao papel assistencial
do PAM no sistema.
Identificar fatores associados à adequação da demanda ao PAM.
Comparar a concordância entre dois critérios de classificação da
adequação da demanda ao papel assistencial do PAM.
27
3 METODOLOGIA
3.1 LOCAL DE ESTUDO
3.1.1 O Município e o Sistema de Saúde
O município de Londrina localiza-se na região norte do Estado do Paraná, foi
criado e instalado em dezembro de 1934. O município é sede da AMEPAR
(Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), que congrega 21 municípios
e uma população de 847.605 habitantes (LONDRINA, 2005). Segundo dados do
IBGE a população residente em 2007 é estimada em aproximadamente 497.833
habitantes (IBGE, 2007).
Figura – 1 Localização do Município de Londrina e seus limites geográficos
28
O Serviço Municipal de Saúde de Londrina conta com 54 unidades básicas de
saúde. Em 2005, havia 102 equipes de saúde da família habilitadas, com índice de
cobertura de 76%. Na atenção secundária à saúde, o Município dispõe de uma
policlínica municipal, uma maternidade, três ambulatórios de saúde mental, um
complexo de pronto atendimento situado na região central, e que é subdividido em
Pronto Atendimento Infantil e Pronto Atendimento Adulto (LONDRINA, 2006a).
Na atenção pré-hospitalar móvel, dois serviços estão disponíveis à população,
o SIATE e o SAMU. O SIATE, Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma em
Emergências, é mantido por parceria firmada entre a Secretaria Estadual de
Segurança/Polícia Militar e o Município. O papel assistencial do SIATE é direcionado
aos atendimentos pré-hospitalares cujos agravos sejam por causas externas. O
SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, foi implantando em 2003 e seu
papel assistencial está direcionado aos casos de urgência clínica. Entretanto, os
dois serviços são integrados e quando a demanda ultrapassa a capacidade
operacional de um dos serviços, há apoio do outro (LONDRINA, 2006b).
No âmbito hospitalar, em 2005, foram pagas pelo SUS 42.793 internações
hospitalares distribuídas entre os 12 hospitais conveniados que integram a rede
SUS. Destacam-se em quantidade de internações, o Hospital Universitário de
Londrina e a Irmandade Santa Casa de Londrina, responsáveis por mais da metade
das internações realizadas.
Na média complexidade hospitalar o Município conta com dois hospitais
mantidos pelo Governo do Estado do Paraná. O Hospital Dr. Anízio Figueredo,
conhecido como Hospital Zona Norte, possui 56 leitos e foi responsável por 5.141
internações em 2005. Enquanto o Hospital Eulalino Andrade, conhecido por Hospital
Zona Sul, possui 41 leitos e foi responsável por 3.704 internações em 2005
29
(LONDRINA, 2006a). Atualmente os dois hospitais encontram-se em reforma.
Segundo previsão do Governo Estadual, após as reformas, o Hospital Zona Norte
terá sua capacidade aumentada dos atuais 56 leitos para 100, enquanto o Hospital
Zona Sul, terá sua capacidade aumentada dos atuais 41 leitos para 141 (PARANÁ,
2006).
3.1.2 Histórico da Organização do Serviço Municipal de Saúde de Londrina
Até o início de década de 1970, o sistema de saúde em Londrina contava com
algumas instituições atuando de forma desordenada e este era um panorama
comum no país naquela época. Neste período foi estruturada a Secretaria de Bem-
Estar Social e o Serviço Municipal de Pronto Socorro (LONDRINA, 2005).
Na ocasião, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Prefeitura
Municipal em parceria implantaram duas unidades de saúde em bairros periféricos:
uma delas na Vila da Fraternidade e o outra no Jardim do Sol. Em princípio, o
objetivo foi servir como campo de estágio aos alunos do Curso de Medicina da UEL
(LONDRINA, 2005).
No período de 1977 a 1981 ocorreu a instalação de 16 UBS, incluindo
Londrina como cidade pioneira no processo de municipalização. Em 1984, o serviço
municipal de saúde contava com o apoio de laboratório clínico e, em outubro de
1987, o Serviço Municipal de Pronto Socorro passou a denominar-se Serviço
Municipal de Saúde (LONDRINA, 2007b).
De 1989 a 1992, houve grande incremento na oferta de serviços no município,
especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS). Em duas UBS o atendimento
30
passou a se estender até as 22 horas, e outros dois se transformaram em serviço de
pronto atendimento, funcionando 24 horas por dia. Na ocasião as UBS escolhidas
para atuar como unidades de pronto atendimento foram, a UBS do Jardim Leonor e
o Centro de Saúde José Belinati (LONDRINA, 2007b).
A partir de novembro de 1992, o Centro de Saúde José Belinati tornou-se o
responsável pelo serviço de pronto atendimento na região central de Londrina. Em
2004, sua estrutura física de 470 m² foi considerada insuficiente para atender a
demanda de aproximadamente 400 pessoas a cada 24 horas, sendo necessária a
transferência dos serviços para uma nova estrutura, especificamente preparada para
atendimento às urgências (MENEGHEL, 2004). Nesta ocasião, foram
desmembrados os serviços de urgência dos serviços de atenção básica, com a
inauguração do PAM e da USF da Região Centro respectivamente (LONDRINA,
2007b).
3.1.3 O Pronto Atendimento Municipal
O PAM é referência municipal para atendimentos a pessoas a partir de 12
anos de idade. As crianças com idade inferior a 12 anos são atendidas no PAI. Seu
papel assistencial é atender pessoas portadoras de quadros agudos, de natureza
clínica, traumática ou psiquiátrica. A organização dos serviços não é por
especialidades e os profissionais médicos são contratados como plantonistas
clínicos generalistas. A demanda é constituída por pessoas referenciadas ou que
demandam espontaneamente, independente da área em que residem. Os casos
referenciados são provenientes de diversos serviços que compõem a rede
31
assistencial, como UBS, serviços de atendimento pré-hospitalar móvel, serviços de
assistência social, Polícia Militar e Civil ou casas de repouso. O funcionamento da
unidade é ininterrupto nas 24 horas do dia, por todos os dias da semana, durante
todo o ano (LONDRINA, 2007a).
O PAM possui uma área física com 827 m² e foi construído em anexo a uma
estrutura já existente, o Pronto Atendimento Infantil (PAI), do qual compartilha os
serviços de radiologia e laboratório para análises clínicas. Sua área física é
composta por quatro consultórios médicos, uma sala para curativos e drenagens,
uma sala de espera interna com capacidade para cerca de 15 pessoas, duas salas
para observação clínica e terapias endovenosas, uma delas com 8 poltronas e outra
com 6 camas. Uma de suas salas é destinada a imunizações em caráter de
urgência, contando com vacina e imunoglobulina antitetânica, e vacina anti-rábica.
Conta ainda com uma farmácia de apoio e um posto de enfermagem. No posto de
enfermagem realizam-se as orientações pós-consulta médica, bem como o preparo
das medicações a serem administradas (LONDRINA, 2007a) (Apêndice A).
Para os atendimentos de urgência há uma sala própria, equipada com redes
de oxigênio, vácuo e ar comprimido, cardioscópios, desfibrilador cardíaco externo,
oxímetro de pulso e material necessário para intubação traqueal. Conta ainda com
materiais para suturas, sondagens diversas e com um arsenal de fármacos para
utilização em situação de urgência (Apêndice B).
São quatro turnos de trabalho no PAM, o turno da manhã tem seu início às
07:00h, o da tarde às 13:00h e o da noite às 19:00h. Um turno intermediário inicia-
se as 18:00h e termina às 24:00h. Durante o dia atuam a cada turno quatro médicos,
um enfermeiro, 10 auxiliares de enfermagem, dois auxiliares administrativos, dois
auxiliares de serviços gerais e um segurança. No período noturno a equipe é
32
composta por dois médicos, um enfermeiro, três auxiliares de enfermagem, um
auxiliar administrativo, um segurança e um auxiliar de serviços gerais. Entretanto, 4
auxiliares de enfermagem e dois médicos do período intermediário complementam a
equipe do período noturno até as 24:00h. A maioria dos funcionários é servidor
público estatutário, apenas os serviços de segurança, higienização e limpeza são
terceirizados.
Segundo relatório de produção disponibilizado pela gerência do serviço
(Apêndice-C), a consulta médica foi o serviço mais utilizado pela população. Entre
janeiro a dezembro de 2006, foram realizadas 89.222 consultas médicas,
perfazendo uma média mensal de 7.435 consultas. Foram administrados 40.187
medicações por via parenteral (intravenosas, intramusculares e subcutâneas) e
10.322 medicações via oral, 8.048 exames laboratoriais foram realizados em caráter
de urgência. Foram administradas 3.248 doses de vacina antitetânica e 534 de
vacina anti-rábica. As suturas, retiradas de corpo estranho e drenagens de
abscessos somaram 3.939 procedimentos (LONDRINA, 2007a).
3.1.4
A REDE BÁSICA
Das 54 UBS do município, 43 estão instaladas na área urbana e 11 na área
rural. O município tem sua rede básica bem distribuída na zona urbana e alguns
serviços especializados centralizados (Figura 2).
33
34
3.2 DESENHO E POPULAÇÃO DE ESTUDO
Trata-se de estudo transversal realizado no Pronto Atendimento Municipal de
Londrina-PR. A população de estudo foi composta por uma amostra de pessoas que
procuraram por consulta médica no PAM, entre 07:00h e 16:59h, no período de 09 a
20 de julho de 2007, excluindo-se os fins de semana, selecionadas pelo processo de
amostragem sistemática.
3.3 FONTES DE DADOS
3.3.1 SISTEMA HYGIA
Na ocasião da pesquisa, a ficha de atendimento utilizada para consulta
médica no PAM era emitida pelo sistema Hygia. Este sistema consistia em um
software utilizado pelo Município que representava o principal instrumento de
processamento de dados da Secretaria Municipal de Saúde. Os prontuários eram
disponibilizados em formato eletrônico, sendo possível a consulta a dados pessoais
dos usuários, como endereço domiciliar e filiação, por qualquer serviço integrado ao
sistema.
O sistema Hygia disponibilizava ainda dados sobre o esquema vacinal,
possibilitava agendamentos de consultas em diversas especialidades, permitia a
emissão de fichas de atendimento em unidades que não possuíam prontuário físico,
como no caso do PAM.
35
Em virtude dos altos custos para utilização do software, o sistema Hygia foi
totalmente desativado em 31 de agosto de 2007. Desde então, está sendo utilizado
o sistema desenvolvido no Município chamado Saudeweb (LONDRINA, 2007c). No
presente estudo, o sistema de Hygia representou a principal fonte de identificação
da demanda e da população amostrada.
3.3.2 REGISTRO DO ATENDIMENTO
Os registros de atendimento representaram a fonte de dados referentes ao
tipo de demanda, meios terapêuticos e diagnósticos utilizados, desfechos dos casos
após a consulta médica, permanência na unidade para observação clínica e
tecnologias utilizadas. Embora houvesse os registros dos atendimentos nas fichas
emitidas, esses dados não eram processados no sistema.
3.3.3 DADOS OBTIDOS POR MEIO DAS ENTREVISTAS.
Por meio das entrevistas foram obtidos dados referentes às características
sociais, demográficas e do processo de utilização do serviço de saúde (Apêndice D).
36
3.3.4 CLASSIFICAÇÃO DA DEMANDA E DO NÍVEL DE ATENÇÃO.
Trata-se de uma classificação realizada pelo médico consultante utilizando-
se de um instrumento próprio, logo após a consulta médica. O instrumento
disponibilizado ao médico consultante para a classificação dos casos foi a ficha
classificatória da demanda (Apêndice E). Esta ficha foi desenvolvida pelo próprio
pesquisador. Optou-se por formular um instrumento de fácil aplicação e de rápido
preenchimento, de modo que a classificação não interferisse na dinâmica do serviço.
Foram confeccionadas na cor amarela, diferenciando-as das fichas de atendimento,
estas de cor branca.
3.4 PROCESSO DE AMOSTRAGEM:
O tamanho da amostra foi calculado a partir de levantamento prévio do
número de atendimentos realizados no PAM no mês de março de 2007. Considerou-
se uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95% e 20% de perdas.
Neste sentido, optou-se por entrevistar 25% das pessoas que consultaram o médico
durante duas semanas seguidas. Estabeleceu-se o horário entre 07:00h e 16:59h,
de segunda à sexta-feira, dias e horários em que todas as UBS estão em
funcionamento. Os casos foram selecionados por amostragem sistemática. A fração
de amostragem foi de 1:4, e o início foi casual de 3.
37
3.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS E P-TESTE
O instrumento utilizado na entrevista (Apêndice D) foi previamente testado.
Realizou-se pré-testes no próprio PAM. Os pré-testes foram realizados no mês de
maio de 2007, na ocasião 18 pessoas foram entrevistadas. Verificou-se a
aplicabilidade do instrumento segundo o grau de compreensão das perguntas para o
entrevistador e para os entrevistados. Por meio do pré-teste, estimou-se o tempo
médio necessário a cada entrevista (que variou entre três e 13 minutos), bem como,
número de entrevistadores necessários para a pesquisa de campo. Após pré-teste, o
instrumento recebeu ajustes considerados necessários. Acredita-se que a realização
destes testes na própria unidade de estudo não interferiu nos resultados em virtude
das características do serviço, voltado ao atendimento de casos agudos com alta
rotatividade de usuários.
3.6 SELEÇÃO DE ENTREVISTADORES
Para definir o número de entrevistadores foi realizado um levantamento do
número de consultas/hora realizado pelo pesquisador principal, durante dois dias na
primeira e segunda semanas do mês de maio, entre as 07:00h e 19:00h. Optou-se
por realizar este levantamento em duas segundas-feiras por ser o dia da semana
com maior número de atendimentos nesta unidade, conforme dados disponibilizados
pela gerência do serviço. Além do número de consultas/hora e tempo necessário a
cada entrevista, o cálculo do número de entrevistadores baseou-se também no
número de médicos atendentes por período,. Verificou-se que havia necessidade de
38
três entrevistadores para o período da manhã e quatro para o período da tarde. No
entanto, o número de entrevistadores foi padronizado em quatro por período.
Os entrevistadores foram selecionados entre estudantes do Curso de
Enfermagem da UEL. A seleção iniciou-se com a divulgação da necessidade de
entrevistadores para pesquisa de campo. Considerando-se o processo operacional
optou-se em realizar a coleta durante as férias letivas. Dentre os interessados, foram
selecionados, após entrevistas, 14 estudantes com base nos seguintes critérios:
disponibilidade, disposição, interesse e habilidade em comunicar-se. Foi realizado
treinamento visando informar os objetivos do estudo, a sistemática da amostragem
adotada e abordagem dos aspectos éticos em pesquisa. Além disso, foi realizada
visita no PAM, antecedendo as entrevistas, na primeira semana do mês de julho
com a finalidade de propiciar contato prévio com a estrutura física e com o processo
de trabalho.
3.7 COLETAS DE DADOS
Depois de emitidas pela recepção do serviço, as fichas de atendimento foram
separadas conforme a sistemática adotada. Os casos que seriam entrevistados
foram identificados obedecendo à ordem cronológica de emissão. O primeiro caso
foi constituído pelo usuário do serviço cuja ficha foi preenchida a partir das 7:00h e o
último até às 16:59h.
Com o objetivo de garantir o rigor necessário para a seleção da população de
estudo, no sentido de assegurar a fração de amostragem 1:4, o pesquisador
39
principal, ou a pessoa designada, permaneceu na recepção do serviço numerando
os casos segundo a ordem de chegada.
Na oportunidade, para facilitar aos entrevistadores a identificação dos casos,
a ficha amarela, que seria preenchida pelo médico, foi anexada à ficha de
atendimento. A escolha da cor amarela para as fichas foi no sentido de permitir a
rápida identificação das pessoas pelo entrevistador, bem como, pelo profissional
médico para a classificação da demanda (Apêndice E).
Com o intuito de minimizar as recusas, na sala de pré-consulta, um
entrevistador, não munido dos materiais utilizados na pesquisa, se apresentava e
abordava as pessoas que fariam parte da amostra. Neste primeiro contato, o
entrevistador apenas esclarecia as propostas e objetivos da pesquisa, bem como,
descrevia o processo de coleta de dados e informava o local e momento em que as
entrevistas seriam realizadas.
A classificação da demanda por critérios implícitos foi realizada pelo médico
consultante que preenchia a ficha classificatória imediatamente após a consulta. Nos
casos classificados como não adequados ao serviço havia um campo em que o
profissional deveria indicar o nível de atenção em que cada caso deveria ser
atendido (Apêndice E). Foram considerados adequados os casos encaminhados a
níveis mais complexos da atenção mesmo quando o médico apontou como
inadequado ao preencher a ficha classificatória (amarela). Esta medida foi
necessária como forma de assegurar, neste item, uniformidade entre os profissionais
na classificação dos casos.
Ao término das consultas médicas e preenchimento da ficha classificatória,
procedeu-se a realização das entrevistas, antecedida pela explicitação dos objetivos
40
do estudo, leitura do termo de consentimento livre e esclarecido e assinatura por
todos que concordaram em participar (Apêndice F).
Todo o processo operacional da coleta de dados realizou-se conforme
fluxograma apresentado na figura 3.
41
Figura 3 - Fluxograma do processo operacional durante a coleta de dados no Pronto
Atendimento Municipal. Londrina-PR, 2007.
Pessoas que procuraram
por consulta médica no
PAM – julho 2007.
A
mostragem sistemática na
recepção do PAM
Consulta médica e
classificação por
critérios implícitos
Perdas
Entrevistas
Informações
provenientes das
fichas de
atendimento
Classificação por
critérios explícitos
Exclusões
42
Optou-se por realizar as entrevistas em salas ou consultórios disponíveis no
PAM. A escolha por esses ambientes privativos foi com o objetivo de manter
anonimato, bem como, propiciar ambiente acolhedor. As entrevistas foram
realizadas preferencialmente com aqueles que consultaram o médico, no entanto, na
impossibilidade ou dificuldade de comunicação, entrevistou-se o acompanhante.
Para o ordenamento do processo operacional e obediência à sistemática de
amostragem, foi designado um coordenador. Ao coordenador e ao pesquisador
principal foram atribuídas as seguintes funções: auxiliar entrevistadores em
situações que considerassem difíceis ou, em caso de dúvidas, supervisionar o
processo operacional, selecionar a amostra segundo a sistemática de amostragem,
posicionar-se como elo de ligação entre funcionários do serviço e entrevistadores,
supervisionar aspectos éticos adotados, auxiliar os entrevistadores diante de
recusas, perdas ou exclusões. Assim, o pesquisador principal e/ou o coordenador do
processo operacional designado permaneceram na unidade em todos os dias e
horários que houve a coleta de dados.
3.7.1
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídas as pessoas selecionadas para a entrevista, que estivessem
desacompanhadas e apresentassem dificuldades para fornecer informações a fim de
assegurar a validade interna do estudo tais como:
Pessoas com dificuldades na comunicação ou casos cujas condições
clínicas fossem desconfortáveis para a realização da entrevista,
43
como dor intensa ou outras condições que influenciassem nas
respostas.
Dependentes químicos de drogas psicoativas em estado de
intoxicação aguda com nível de consciência alterado, ou aqueles que
pudessem comprometer a integridade física dos entrevistadores.
Menores de 15 anos desacompanhados. Este critério baseou-se no
entendimento que, nesta faixa etária, as pessoas estariam
incapacitadas em consentir oficialmente a sua participação na
pesquisa.
44
3.8 VARIÁVEIS DE ESTUDO
3.8.1 Variáveis Independentes
3.8.1.1 Variáveis sociais e demográficas
- Sexo
Masculino
Feminino
- Faixa etária
12 a 19 anos
20 a 39 anos
40 a 59 anos
maior ou igual a 60 anos
- Escolaridade
Sem alfabetização
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio completo
Ensino superior completo
- Cobertura por Plano de Saúde privado
Sim
Não
45
- Atividade de trabalho remunerada
Sim
Não
3.8.1.2 Características da utilização do Serviço
- Tipo de demanda
Referenciada: Considerou-se referenciada as pessoas cuja busca pela
assistência foi intermediada por serviços de saúde, serviços de assistência
social ou segurança pública.
Espontânea: Considerou-se espontânea aquelas demandas cuja busca ao
serviço foi motivada pela iniciativa e vontade própria da pessoa atendida.
- Serviço responsável pelo encaminhamento para atendimento no PAM
SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SIATE – Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergências
Unidade Básica de Saúde
Outros serviços de saúde: compreendem as unidades ambulatoriais,
serviços odontológicos, hospitais da rede pública ou privada, hospitais de
outros municípios e serviços de transporte do setor saúde.
Outros serviços não relacionados à saúde: compreendem serviços ou
órgãos de assistência social e segurança pública.
46
- Meio de transporte utilizado:
Veículo próprio
Veículo de terceiros
Bicicleta
Transporte coletivo
Nenhum (andando)
Veículo de serviço de saúde: compreendem todos os veículos utilizados
no setor saúde para transporte de pacientes, incluindo os serviços de
atendimento pré-hospitalar móvel SAMU e SIATE, Transporte Emergencial
Centralizado e demais ambulâncias utilizadas nos diversos serviços, públicos
ou privados.
- Desfechos após o atendimento no PAM
Encaminhamentos a serviços de maior complexidade assistencial.
Reencaminhamento a UBS para acompanhamento do caso.
Encaminhamentos a ambulatórios de especialidade: situações cuja
necessidade de especialistas fosse de atendimento ambulatorial agendado.
Finalização do caso: foram considerados finalizados os casos cuja
terapêutica encerrou-se após o atendimento no PAM.
- Motivos referidos para a escolha do serviço
Proximidade da residência.
Proximidade do trabalho.
Garantia de atendimento no mesmo dia.
Falta de vagas/acolhimento na atenção básica.
47
Opção de atendimento não determinada pelo usuário.
- Contato prévio com outros serviços de saúde no evento atual
Sim
Não
- Utilização habitual da UBS
Sim
Não
- Dificuldade no acesso à atenção básica
Sim
Não
48
3.8.2 Variável Dependente
A variável dependente foi a adequação dos casos ao papel assistencial do
PAM. Os casos foram classificados segundo critérios implícitos e explícitos. Os
critérios explícitos foram situações objetivamente definidas pelo pesquisador
baseadas nas características do serviço municipal de saúde de Londrina, bem
como no papel assistencial do PAM nesta rede. A classificação por critérios
implícitos foi realizada pelo médico consultante.
Na classificação por critérios explícitos foram considerados adequados ao
serviço de pronto atendimento quando ocorreu uma das seguintes condições:
- Casos referenciados
A escolha desse critério explícito baseou-se na organização do sistema de
saúde do município, admitindo-se que os casos encaminhados são provenientes
da indisponibilidade de recursos humanos ou tecnológicos em níveis ou serviços
de complexidade inferior ao PAM. A inclusão de serviços que se encontram fora
do setor saúde, como os de assistência social ou segurança pública, justifica-se
dada as características destes serviços, pois a demanda proveniente dos mesmos
em sua maioria é formada por grupos vulneráveis, como moradores de rua e
pessoas privadas da liberdade.
- Casos encaminhados a serviços hospitalares.
Foram considerados os casos em que o desfecho da assistência resultou
em necessidade de avaliação, diagnóstico ou terapêutica disponível somente em
serviços hospitalares.
49
- Utilização das seguintes tecnologias diagnósticas ou terapêuticas não
disponíveis na atenção básica:
Fármacos utilizados em agravos agudos (Apêndice B).
Exames radiológicos em caráter de urgência.
Exames laboratoriais em caráter de urgência.
Administração de terapias endovenosas com necessidade de
observação clínica.
Realização de suturas ou drenagens.
Monitoramento de freqüência cardíaca por meio de cardioscópio.
Monitoramento da oximetria capilar por meio de oxímetro de pulso.
3.9 CLASSIFICAÇÃO POR CRITÉRIOS EXPLÍCITOS COMO PADRÃO OURO ENTRE AS FORMAS
CLASSIFICATÓRIAS
A classificação por critérios explícitos foi considerada “padrão ouro” na
comparação entre as formas classificatórias. A opção por utilizar desta classificação,
como “padrão ouro”, baseia-se na menor interferência da subjetividade no critério
explícito, e em virtude da classificação basear-se em aspectos da organização do
sistema de saúde no município.
3.10 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
As informações registradas nos formulários foram duplamente digitadas em
banco de dados criado no aplicativo Epi Info versão 3.4 de 2007 para Windows
(CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2007). Para o
50
procedimento de validação, os dois arquivos foram comparados utilizando-se do
mesmo programa, e após correção foi obtido o banco de dados final para a análise.
Para análise de associação entre as variáveis independentes e a adequação
do PAM utilizou-se o teste de qui-quadrado (χ
2
) para testar a significância das
associações entre variáveis. Consideraram-se as associações estatisticamente
significativas se p<0,05. Para analisar o grau de concordância entre critérios
explícitos e implícitos foi utilizada a estatística Kappa (ALTMAN, 1992; MOULD,
1998; PINTO et al., 2007).
3.11 ASPECTOS ÉTICOS
Os aspectos éticos estão em conformidade com a Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), obedecendo a diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
O projeto obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UEL
sob nº. 312/06 (Anexo A), bem como autorizações da Secretaria Municipal de Saúde
de Londrina (Anexos B e C).
As pessoas selecionadas foram informadas sobre as características da
pesquisa por meio da leitura do termo de consentimento livre e esclarecido, o qual
foi assinado pelas que afirmaram entender o propósito do estudo e consentiram em
participar (Apêndice F).
51
4 RESULTADOS
Foram entrevistadas 394 pessoas das 433 selecionadas para o estudo. As
recusas e perdas corresponderam a 9,0% da amostra inicial.
Figura 4 - Fluxograma de coleta de dados no Pronto Atendimento Municipal de
Londrina – PR, 2007.
N=1799
Amostra=433
Válidos = n 394
Perdas= 20
Recusas = 19
52
4.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
Verificou-se discreto predomínio de pessoas do sexo feminino (55,6%), e
45,9% com idade compreendida entre 20 e 39 anos. Idosos representaram 17,3%
dos casos. Quanto ao nível de instrução, 51,7% relataram possuir apenas o ensino
fundamental e 3,8% o nível superior (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização da demanda atendida no Pronto Atendimento Municipal,
segundo variáveis sociais e demográficas. Londrina-PR, 2007.
Características N %
Sexo
Masculino 175 44,4
Feminino 219 55,6
Total 394 100,0
Faixa etária (em anos de idade)
12 a 19 47 11,9
20 a 39 181 45,9
40 a 59 98 24,9
60 anos ou mais 68 17,3
Total 394 100,0
Escolaridade
Sem alfabetização 43 10,9
Ensino fundamental 203 51,7
Ensino médio 132 33,6
Superior completo 15 3,8
Total* 393 100,0
Plano de Saúde
Sim 41 10,5
Não 349 89,5
Total* 390 100,0
Atividade de Trabalho
Atividade de Trabalho remunerada 255 64,8
Sem atividade de trabalho 138 35.2
Total* 393 100,0
*Excluídos casos cuja classificação é ignorada
53
A maioria das pessoas (89,5%) referiu não ser coberta por plano de saúde.
Pessoas que desenvolvem alguma atividade de trabalho remunerada representaram
64,8% da demanda (Tabela 1).
4.2 CARACTERÍSTICAS DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO.
A demanda espontânea foi mais freqüente (77,1%) e a demanda
referenciada foi de 22,9%. Das pessoas atendidas, 34,1% relataram ter procurado
por outros serviços em virtude do mesmo problema (Tabela 2).
Tabela 2 – Pessoas atendidas no PAM segundo tipo de demanda e contato prévio
com serviços de saúde. Londrina-PR, 2007.
Características
n %
Tipo de demanda
Demanda espontânea 303 77,1
Demanda referenciada 90 22,9
Total*
393 100,0
Contato prévio com serviços de saúde para o evento atual
Não 259 65,9
Sim 134 34,1
Total*
393 100,0
*Excluído um caso cuja classificação é ignorada
Dentre as pessoas referenciadas, a UBS foi o serviço que mais
encaminhou (76%). Serviços de atendimento pré-hospitalar móvel representaram
13,1% dos encaminhamentos e os realizados por outros serviços de saúde, de
54
segurança pública e de assistência social foram responsáveis por 11,1% (Tabela
3).
Tabela 3 - Serviços responsáveis pelo encaminhamento dos casos ao PAM.
Londrina-PR, 2007.
Tipo de Serviço
n %
SAMU 11 12,0
SIATE 1 1,1
UBS 68 76,0
Outros serviços de saúde 6 6,6
Serviço segurança pública ou serviço social 4 4,5
Total
90 100,0
Quanto ao meio de transporte, observou-se que o transporte coletivo foi
utilizado por 46,7% das pessoas e veículos do sistema de saúde por apenas 4,4%.
Somente 13,1% dos entrevistados não utilizaram nenhum meio de transporte (tabela
4).
Tabela 4 – Pessoas atendidas no PAM, segundo o meio de transporte utilizado.
Londrina-PR, 2007.
Características
n %
Meio de transporte utilizado
Transporte coletivo (ônibus) 179 46,7
Veículo próprio 70 18,3
Veículo de terceiros 62 16,2
Nenhum (veio a pé) 50 13,1
Veículo de serviço de saúde 17 4,4
Bicicleta 5 1,3
Total*
383 100,0
*Excluídos 11 casos cuja classificação é ignorada.
55
A maioria dos casos atendidos durante o período estudado teve como
desfecho a finalização do caso imediatamente após o atendimento no PAM, ou seja,
não houve necessidade de continuidade da assistência ao agravo que gerou o
atendimento (Tabela 5).
Tabela 5 – Desfechos dos casos após o atendimento no PAM.
Desfechos após atendimento no PAM
n%
Encaminhamento hospitalar 26 6,7
Encaminhamento a Atenção Básica 40 10,2
Encaminhado ao Ambulatório de especialidades 16 4,1
Finalização do caso 308 79,0
Total*
390 100,0
*Excluídos quatro casos cuja classificação é ignorada
O principal motivo referido para a escolha do PAM foi a garantia do
atendimento no mesmo dia (40,2%). Apenas 8,0% das pessoas referiram que a
proximidade da residência ao PAM foi o principal motivo que influenciou a escolha
do serviço em busca da assistência (Tabela 6).
Tabela 6 – Motivos referidos para a escolha do serviço entre as pessoas atendidas
no PAM, Londrina-PR, 2007.
Motivos de escolha do serviço
n %
Garantia de atendimento no mesmo dia 146 40,2
Proximidade do trabalho 81 22,3
Opção de escolha não determinada pelo usuário 61 16,8
Não conseguiu atendimento na UBS 46 12,7
Proximidade da residência 29 8,0
Total* 363 100
*Excluídos 31 casos cuja classificação é ignorada
56
4.3 ADEQUAÇÃO DA DEMANDA E FATORES ASSOCIADOS
Por critérios explícitos, considerou-se 54,3% da demanda como adequada à
unidade, por critérios implícitos foram considerados adequados 51,9% dos casos.
Na análise dos fatores associados à adequação por critérios explícitos, verificou-se
que a faixa etária, o contato prévio com outros serviços durante o evento atual,
exercer atividade de trabalho e utilizar UBS associaram-se significativamente.
As proporções de casos adequados ao serviço foram mais elevadas entre os
idosos (67,6%), os que procuram outros serviços de saúde para o mesmo problema
(70,4%), os que exercem atividade de trabalho (72,1%), os que utilizam UBS
(57,9%). As variáveis sexo, possuir plano de saúde privado, e dificuldades alegadas
no acesso à UBS não apresentaram associações estatisticamente significativas
(Tabela 7).
57
Tabela 7 – Fatores associados à adequação por critérios explícitos da demanda ao
PAM. Londrina-PR, 2007.
*Excluídos os casos cuja classificação é ignorada
Adequado ao Pronto Atendimento
Estatística
Características
Sim Não Total χ
2
p
n % n %
Total
214 54,3 180 45,7 394
Sexo
Masculino
88 50,3 87 49,7 175 1.94 0,16
Feminino
126 57,5 93 42,5 219
Faixa etária
< 60
168 51,4 158 48,6 326 5,99
0,01
60
46 67,6 22 32,4 68
Procura prévia
por serviços
Sim
95 70,4 40 29,6 135 21.94
<0,001
Não
117 45,5 140 54,5 257
Plano de Saúde
Sim
21 51,2 20 48,8 41 0.17 0,68
Não
190 54,6 158 45,4 348
Atividade de
trabalho
Sim
114 72,1 44 27,9 158 33.95
<0.001
Não
94 42,0 130 58,0 224
Utiliza a UBS
Sim
191 57,9 139 42,1 330 11.20
<0.001
Não
22 34,9 41 65,1 63
Dificuldades no
acesso à UBS
Sim
112 56,0 88 44,0 200 0.60 0.43
Não
100 52,1 92 47,9 192
58
4.4 CONCORDÂNCIAS ENTRE OS CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS
Na classificação por critérios implícitos, 51,9% da demanda foi considerada
adequada ao serviço, enquanto 48,1% tiveram seus casos classificados como
inadequados ao serviço segundo a avaliação do médico consultante. Quando
comparados os diferentes critérios de classificação da demanda, verificou-se
concordância de 81,4%, (estatística Kappa = 0,62), considerada substancialmente
concordante (Tabela 8).
Tabela 8 – Concordância da adequação da demanda segundo critérios implícitos e
explícitos. Londrina-PR, 2007.
*Excluídos 18 casos não classificados por critérios implícitos
Critérios ex
p
lícitos
Critérios implícitos Adequado
A
de
q
uado
Sim Não
Total
n% N% n %
Sim
166 80,2 29 17,2 195 51,9
Não
41 19,8 140 82,8 181 48,1
Total 207 55,1 169 44,9 376 100
59
5 DISCUSSÃO
5.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO- DEMOGRÁFICAS
A constatação de que houve maior utilização do serviço por pessoas do sexo
feminino difere de outros estudos que apontam maior utilização das unidades de
urgência por pessoas do sexo masculino (ARANAZ ANDRÉZ et al., 2004;
FURTADO; ARAUJO JUNIOR; CAVALCANTI, 2004; JAARSMA-VAN et al., 2000;
SÁNCHEZ LÓPEZ, et al., 2005; VELASCO DÍAZ et al., 2005). Entretanto, em outros
estudos, foram encontrados resultados semelhantes com maior utilização dos
serviços de urgência por pessoas do sexo feminino (ARANAZ ANDRÉZ et al., 2006;
JACOBS; MATOS, 2005; KAMELOGLU; KESKIN; DEMIRBAS, 2004; OLIVEIRA,
1998; SÁNCHEZ LÓPEZ, J. et al, 2005). Todavia, demandas em unidades de
urgência parecem ser heterogêneas quanto ao sexo, uma vez que estudos apontam
a existência de diferentes resultados no padrão de utilização nesta modalidade de
serviço.
A utilização dos serviços de saúde em sua forma genérica, quando
desconsiderados os distintos níveis de atenção, é mais freqüente por pessoas do
sexo feminino (CAPILHEIRA; SANTOS, 2006; PINHEIRO et al., 2002; RIBEIRO et
al., 2006; TRAVASSOS; OLIVEIRA; VIACAVA, 2006). Estudos têm demonstrado
que o gênero exerce influência na forma com que homens e mulheres utilizam-se
dos serviços de saúde, porém, outros fatores estão associados à utilização das
unidades de urgência, como condição social, proximidade geográfica do trabalho ou
da residência, faixa etária e a própria estrutura do sistema de saúde (BRAUN et al.,
2002; JAARSMA-VAN et al., 2000; TRAVASSOS; MARTINS, 2004).
60
O papel assistencial do PAM consiste em atender pessoas com faixa etária
acima dos 12 anos de idade, entretanto, observou-se a predominância de adultos
com idades compreendidas entre 20 e 39 anos. Resultados semelhantes foram
observados em estudos, cujo foco foi demandas em unidades de urgência
(BARROS, 2007; FURTADO; ARAUJO JUNIOR; CAVALCANTI, 2004; JACOBS;
MATOS, 2005; KAMELOGLU; KESKIN; DEMIRBAS, 2004). A composição etária
observada no estudo pode estar relacionada ao fato de que 64,8% dos entrevistados
relataram desenvolver algum tipo de atividade laboral remunerada, resultado
esperado nesta faixa etária tipicamente produtiva.
Estudo realizado em Quissamã-RJ apontou que pessoas inseridas no
mercado de trabalho teriam mais facilidades ao atendimento em unidades de
emergência do que em unidades de saúde da família, creditando este fato ao
processo de trabalho destas unidades, que geralmente desenvolvem atividades
programadas a determinados grupos populacionais. A ausência da programação de
ações em saúde para a população trabalhadora seria um dos fatores
preponderantes à utilização de serviços de pronto atendimento por esta população.
O atendimento comumente restrito a consultas previamente agendadas também
representa uma limitação à utilização das unidades básicas por trabalhadores
(BARROS, 2007).
Presume-se que trabalhadores necessitem de respostas ágeis ao problema
de saúde referido, tendo em vista suas responsabilidades laborais que possam
limitar a capacidade de utilizar serviços em nível primário, incluindo as consultas
agendadas. Possivelmente, esta situação influencie os trabalhadores a utilizarem
serviços que contemplem atendimento no mesmo dia. A localização do PAM em
meio ao centro comercial e empresarial do município facilita o acesso para a classe
61
trabalhadora, seja destas imediações ou que se utilizam do transporte coletivo, dada
a sua proximidade ao terminal de ônibus, ponto de confluência dos deslocamentos
urbanos.
Mais da metade da demanda atendida (51,7%) possuía apenas o ensino
fundamental. Alguns estudos associam a baixa escolaridade à maior utilização dos
serviços de urgência (BRAUN, T. et al, 2002; CARRET; FASSA; KAWACHI, 2007;
SÁNCHEZ LÓPEZ, J. et al.,2005). Sugere-se que a educação formal e a educação
em saúde representam meios propagadores do conhecimento a respeito dos
serviços de urgência. Pessoas com melhores condições educacionais apresentam
melhores conhecimentos das vantagens, desvantagens e riscos em utilizar-se deste
tipo de serviços. (CARRET; FASSA; KAWACHI, 2007).
Dentre os entrevistados 10,5% afirmaram possuir algum tipo de plano ou
seguro de saúde alternativo ao SUS. Este resultado sugere que a cobertura parcial
dos denominados planos participativos, cujo custo é proporcional à utilização, possa
influenciar na opção por um serviço público em busca da assistência gratuita.
Segundo Simão e Grossmann (2007), verifica-se no país um aumento de planos
participativos em termos de modalidade de cobertura. Em Massachusetts, estudo
evidenciou que pacientes cobertos por planos de saúde participativos tiveram menor
chance de utilizar os serviços de urgência privados quando comparados a um grupo
coberto por planos não participativos. Este fato demonstra existir influência entre a
forma de utilização dos serviços de saúde e os gastos gerados em função da
utilização (WHARAM et al., 2007). Deste modo, é possível que para os conveniados
ou segurados por planos privados, o PAM represente uma alternativa de atenção,
seja para eventos urgentes ou não.
62
Contudo, sob o enfoque populacional, pode-se considerar baixa a cobertura
por planos privados de saúde neste grupo, haja vista que na população brasileira
esta cobertura atingiu 34,5% em 2003, segundo dados do IBGE (2003).
Estudos revelam que no Brasil existe uma relação entre posse de plano de
saúde e inserção no mercado de trabalho (BAHIA et al., 2002; PINTO; SORANZ,
2004). Neste estudo 64,8% das pessoas referiram algum tipo de atividade laboral
remunerada, no entanto apenas 10,5% afirmaram possuir cobertura por plano
privado de saúde.
5.2 CARACTERÍSTICAS DA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO
A demanda espontânea foi mais freqüente (77,1%) que a demanda
referenciada (22,9%). Vários estudos têm apontado aumento no número de pessoas
que recorrem preferencialmente aos serviços de urgência sem contato prévio com
outros serviços de saúde (ARANAZ ANDRÉS et al., 2004; CARVALHO; FERREIRA;
VILARINHO, 2006; KOVACS et al., 2005).
No entanto o município de Londrina possui sua atenção básica estruturada
em uma ampla rede de UBS (LONDRINA, 2005). Esta rede assistencial confere
cobertura populacional superior a 70%. O resultado esperado seria maior utilização
dessas unidades na referenciação dos casos a necessitar de encaminhamentos
para as unidades de urgência. Ou ainda, que a resolução dos agravos passíveis de
intervenção nas unidades básicas de saúde fosse mais efetiva.
Estudo realizado na Espanha concluiu que uma das causas da demanda
excessiva aos serviços de urgência provém das desarticulações entre os diferentes
63
serviços e indefinições do papel assistencial da atenção primária (ARANAZ
ANDRÉS, et al., 2004).
No Brasil, um estudo realizado em Recife-PE, apontou que a demanda não
referenciada aos serviços de urgência provém do plano macroestrutural do sistema,
do descompasso entre as necessidades de atenção e o crescimento da rede básica,
da baixa adesão aos protocolos de encaminhamentos e conseqüente baixa
resolutividade da atenção básica (KOVACS et al., 2005).
Uma pequena parcela da demanda utilizou-se do transporte disponibilizado
pelo sistema de saúde. Provavelmente, a regulação médica tenha influenciado no
padrão de utilização dos serviços de transporte. Segundo a Política Nacional de
Atenção às Urgências, a regulação médica deve ser um dos elementos ordenadores
e orientadores dos fluxos na relação entre os serviços no sistema de saúde. A
regulação médica visa tornar disponível o atendimento pré-hospitalar móvel e
coordenar os fluxos entre os diversos níveis hierárquicos da atenção, estabelecendo
uma via de comunicação entre o público e os serviços. Por meio da regulação
médica os pedidos de socorro devem ser recebidos, avaliados e hierarquizados,
(BRASIL, 2006a). Acredita-se que a regulação médica possa exercer um papel
racionalizador quanto à utilização do serviço de transporte de saúde, tornando
disponíveis os meios existentes de acordo com as necessidades, adequando o nível
de atenção exigido para cada caso, conforme a complexidade dos agravos (BRASIL,
2006a).
O papel assistencial do PAM segundo diretrizes da Política Nacional de
Atenção às Urgências é acolher pessoas cujos agravos possam ser atendidos na
média complexidade assistencial. Possivelmente, a baixa utilização do transporte do
serviço de saúde deve-se à menor limitação da capacidade funcional dos agravos
64
atendidos em questão, pois se verificou que 46,7% utilizaram transporte coletivo,
13,1% vieram deambulando e 1,3% utilizaram a bicicleta.
Neste estudo verificou-se que 79% das pessoas tiveram a finalização dos
casos após o atendimento no PAM. Alguns estudos apresentaram associações entre
a não necessidade de internações hospitalares ou permanência na unidade por mais
de 12 horas com a inadequação dos casos ao serviço de urgência (PEREDA
RODRIGUEZ et al., 2001; SÁNCHEZ LÓPEZ, J. et al.,2005). Entretanto esta
comparação não é permitida, no presente estudo, dada as características do papel
assistencial do PAM, direcionado a atender urgências de média complexidade.
Um dos motivos apontados como escolha do PAM foi a garantia de
atendimento no mesmo dia. Puccini (2005) observou que, quando avaliadas as
categorias relacionadas diretamente com a organização do processo de trabalho e
acesso aos serviços de saúde, a garantia de atendimento no mesmo dia representa
uma das principais motivações a determinar a procura por serviços de urgências.
5.3 ADEQUAÇÃO DA DEMANDA E FATORES ASSOCIADOS
Não se observou associação significativa entre sexo e adequação da
demanda, diferentemente de estudo realizado em Pelotas-RS, onde se verificou que
pessoas do sexo feminino tinham maior chance de utilizarem de forma inadequada
os serviços de urgência (CARRET; FASSA; KAWACHI, 2007). No entanto, a
proporção de casos adequados ao serviço foi mais elevada entre os idosos e,
provavelmente, deve-se à maior propensão às doenças crônico-degenerativas e
suas agudizações nesta faixa etária (CORRAL CARAMÉS et al., 1999). Em Goiânia-
65
GO, verificou-se que entre os idosos a freqüência de dor crônica era de 62,5%,
sujeitando esta faixa etária a necessitar de consultas médicas em serviços de pronto
atendimento (LACERDA et al., 2005).
O resultado referente à associação significativa entre a procura prévia por
serviços de saúde e adequação ao PAM é semelhante ao encontrado em outros
estudos (ARANAZ ANDRÉS et al., 2004; CALDEIRA et al., 2006; CARVALHO;
FERREIRA; VILARINHO, 2006; OTERINO et al.,1999).
Starfield (2002) afirma que a solicitação de um “ponto de entrada”, ou seja, a
avaliação prévia por um serviço de saúde antes que uma consulta possa ser
realizada em qualquer lugar, está associada à utilização reduzida tanto dos serviços
especializados como dos serviços de urgência. É compreensível que a maior
proporção de casos adequados à urgência relacione-se com a procura prévia por
serviços de saúde, pois se pressupõe uma seleção dos casos mais complexos na
triagem exercida nesses serviços. Esta triagem foi abordada em um estudo realizado
em Cuba (PEREDA RODRIGUEZ et al., 2001) que a denomina como filtros
sanitários e apontou que a demanda inadequada atendida no serviço de urgência
provém de procura espontânea da população, resultado semelhante ao verificado
em Ribeirão Preto-SP (GUTIERREZ; BARBIERI,1998). Na Espanha, em um estudo
sobre utilização das unidades de urgência, verificou-se duas vezes mais
inadequação neste serviço por pessoas que demandaram espontaneamente
(ARANAZ ANDRÉS et al., 2004).
Exercer atividade de trabalho associou-se significativamente à adequação da
demanda do PAM, diferentemente ao estudo realizado na Espanha no qual não foi
verificada esta associação (CORRAL CARAMÉS et al., 1999). Estudos
frequentemente associam desestruturação do sistema e dificuldades no acesso à
66
atenção primária como algumas das razões pelas quais a população busca de forma
inadequada os serviços de urgência (ARANAZ ANDRÉS, et al., 2004; CALDEIRA et
al., 2006; CARVALHO; FERREIRA; VILARINHO, 2006; GUTIERREZ; BARBIERI,
1998; OTERINO et al., 1999; PEREDA RODRIGUEZ et al., 2001). Neste estudo, é
possível que tais questões expliquem a associação significativa entre exercer
atividade de trabalho e adequação.
Pessoas que habitualmente utilizam a UBS tiveram seus casos
significativamente associados à adequação ao PAM. Em Pelotas-RS, verificou-se
que a não utilização habitual das UBS associa-se à utilização inadequada dos
serviços de urgência. Vários fatores são atribuídos a este resultado, como a
educação em saúde proporcionada pela atenção básica, a orientação no sistema, a
diminuição das chances de agudização dos agravos e a “triagem” exercida pelas
UBS (CARRET; FASSA; KAWACHI, 2007).
5.4 CONCORDÂNCIA ENTRE OS CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS
Neste estudo, utilizou-se de dois critérios classificatórios de adequação da
demanda, no entanto, o padrão ouro foi o critério explícito. Observou-se que a
concordância entre os critérios (explícitos versus critérios implícitos) foi de 81,4%.
Algumas variações nestas concordâncias são esperadas em função da subjetividade
dos critérios implícitos, porém a concordância entre as classificações, de 80,2% para
casos adequados e 82,8% para não adequados, permite inferir boa confiabilidade
entre as classificações e sugere que se aproxime da realidade analisada.
67
Unidades de pronto atendimento estabelecem uma interface com a população
desvinculada da atenção programada à saúde. Acredita-se que essas unidades
poderiam exercer um grande poder de reorientação dos usuários junto à rede
assistencial, porém se faz necessária uma revisão das práticas assistenciais e
gerenciais. Do ponto de vista populacional, é difícil definir critérios rígidos
classificatórios da demanda. A realidade observada no PAM de Londrina revelou
que há uma boa adequação da demanda à natureza do serviço. Assim, os
resultados observados não confirmaram a pressuposição do estudo. Ainda que o
serviço seja uma grande porta “aberta” ao sistema de saúde no município,
considerável percentual da demanda é adequado ao serviço, fato pouco observado
em estudos semelhantes.
5.5 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
A proporção de casos inadequados que procuram os serviços de urgências
depende dos critérios utilizados para definir adequação (CARRET; FASSA;
KAWACHI, 2007). A classificação da adequação do uso de um serviço utilizando-se
de critérios isolados, sejam implícitos ou explícitos, pode apresentar algumas
limitações.
Em vários estudos realizados na Espanha, atribui-se boa parte da
variabilidade na proporção de visitas inadequadas aos serviços de urgência, que
variaram entre 25% e 79%, à falta de consenso na definição dos critérios de
urgência, fazendo com que o emprego de critérios implícitos subjetivos influencie
nos resultados (OTERINO et al., 1999).
68
As perdas e recusas representaram 9,0% da amostra inicial, dados faltosos,
não respondidos ou ignorados representaram 1% e 7,9% respectivamente,
observando-se que nem todas as variáveis apresentaram dados ignorados. Assim,
considera-se que as perdas não influenciaram o resultado do estudo. Acredita-se
que o índice de recusas foi minimizado em virtude da apresentação prévia dos
objetivos e propostas da pesquisa, realizada na sala de pré-consulta. Deste modo,
percebeu-se maior disposição das pessoas em participar.
69
6 CONCLUSÃO e CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo confirma a importância das pesquisas em unidades de urgência
como meio a permitir o apontamento das fragilidades do sistema de saúde e
conhecimento sobre o comportamento da população na procura e utilização de
serviços de saúde.
Os serviços de urgência representam local privilegiado para observação da
forma como a população busca acolhimento às suas necessidades e o grau de
resposta das políticas governamentais na atenção a essas demandas. Assim sendo,
a análise dos fluxos possibilita compreender melhor como é o acesso da população
aos serviços de saúde e identificar as dificuldades, especialmente dificuldades de
acesso à atenção básica.
Quanto às características sócio-demográficas, a demanda atendida no Pronto
Atendimento Municipal assemelha-se às da população residente no município de
Londrina e às de vários estudos com a mesma temática. Verificou-se discreto
predomínio das mulheres entre as pessoas atendidas no serviço e os adultos jovens
de 20 a 39 anos representaram quase a metade da população estudada.
Constatou-se que o PAM representa uma importante alternativa de acesso
dos trabalhadores aos serviços de saúde, possivelmente em função da sua estrutura
organizacional e localização geográfica.
Apenas um terço das pessoas utilizou outros serviços de saúde previamente
ao PAM e nem sempre a porta de entrada foi a UBS. Os serviços de atendimento
pré-hospitalar móvel também foram pouco utilizados, sugerindo menor limitação da
capacidade funcional das pessoas atendidas nesta unidade.
70
A associação significativa entre a procura prévia por serviços de saúde e
adequação ao PAM reforça a importância da triagem exercida pelos serviços
básicos no reordenamento da demanda.
O fato de as pessoas em atividades laborais representarem maior proporção
da demanda atendida no serviço de pronto atendimento, bem como a associação
entre ter alguma atividade de trabalho e a adequação ao serviço, aponta a procura
por serviços com respostas mais ágeis ao problema e, de modo geral,
possivelmente em situação de urgência.
A pressuposição do estudo, de baixa proporção de casos adequados ao papel
assistencial, não se confirmou, pois os resultados permitiram constatar que mais da
metade da demanda atendida é adequada ao serviço segundo os critérios explícitos.
O padrão ouro escolhido, foi a classificação por critérios explícitos. A
concordância entre os critérios classificatórios de adequação da demanda (explícitos
versus implícitos) permitiu inferir boa confiabilidade entre as diferentes
classificações.
A classificação por dois diferentes critérios confirma a dificuldade de se
estabelecer pontualmente a classificação biomédica de urgência. Esta situação tem
sido alvo de estudos pois em alguns casos são verificados desfechos e definições
divergentes até mesmo entre os profissionais de saúde. Já a população tem seu
próprio conceito do que lhe causa sofrimento, recorrendo a estes serviços sempre
que considera necessário. Assim, há de se considerar as diferentes percepções de
adequabilidade na organização da atenção.
Deste modo, embora a adequação dos casos atendidos no PAM tenha sido
acima da esperada, é possível que a procura inadequada ao serviço, segundo
critérios adotados, deva-se a essa diferença na percepção. Entretanto, é preciso
71
destacar que a maioria dos casos considerados inadequados pelo profissional
médico deve-se à disponibilidade tecnológica na atenção básica para a resolução do
problema, sugerindo a importância de se organizar o sistema de saúde no município
conforme as diferentes perspectivas.
Ainda que este estudo aborde a questão da “demanda reprimida” aos
serviços, não foi de seu alcance a análise dos fatores que limitam o acesso e
utilização dos serviços. Qual a dimensão da demanda reprimida ocasionada pelas
dificuldades no acesso à atenção básica? Quantas e quais pessoas desistem da
busca por respostas aos problemas de saúde? Assim, este trabalho lançou uma luz
sobre os condicionantes, os limites e as possibilidades da produção do cuidado e a
importância futura de se aprofundar na análise de outros fatores, inclusive os
subjetivos, que influenciam a busca pela assistência à saúde.
72
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79
APÊNDICES
80
APENDICE A
Planta Física do Pronto Atendimento Municipal
81
Apêndice A
Planta Física do PAM (excluídos os locais de uso comum ao PAI )
Sala de pré-consulta
Sala de espera externa
Posto de enfermagem
Consultório A
Consultório A
Consultório B
Consultório C
Sala de injetáveis e
Vacinas
Sala de observação 2
Poltronas
Sala de Espera
Interna
Sala de Drenagens e
Curativos
Sala de Emergência
Consultório D
Sala de observação 1
Leitos
WC
pacientes
WC
pacientes
Recepção
WC
pacientes
WC
pacientes
Farmácia
Copa
Gerência
Sala de
Nebulização
WC
Funcionários
WC
Funcionários
TV
82
APÊNDICE B
Lista de fármacos utilizados em sala de emergência no PAM
83
APÊNDICE B
Relação de Fármacos disponíveis na sala de emergência do PAM
AAS
Adrenalina
Aminofilina
Amiodarona
Atropina
Bicarbonato de Sódio
Cloreto de Magnésio
Cloreto de Potássio
Cloreto de Sódio
Deslanósido
Diazepam
Dobutamina
Dopamina
Fenitoína
Fenobarbital
Furosemida
Glicose Hipertônica
Gluconato de Cálcio
Hidrocortizona
Insulina Regular
Isossorbida
Lidocaína
Midazolan
Prometazina
Ringer com lactato.
Soluções fisiológicas 0,9% (Diversos volumes)
Soluções Glicofisiológicas
Soluções Glicosadas 5% (Diversos volumes)
84
APÊNDICE C
Principais procedimentos realizados no PAM durante o ano de 2006
85
Apêndice C – Relatório de produção de procedimentos realizados no PAM
entre janeiro e dezembro de 2006
Procedimentos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Curativos 516 612 652 525 454 280 329 478 327 462 318 297 5250
Terapias inalatórias 614 423 506 815 822 886 987 1102 714 587 610 544 8610
Medicações (IV IM) 3054 2608 2613 4140 2630 4118 3588 5091 3183 3386 2718 3058 40187
Exames laboratoriais 708 620 642 1041 598 694 610 802 728 520 433 652 8048
Consultas Médicas 6840 6603 6523 6987 6468 7909 8113 7945 8534 8609 7568 7123 89222
Observação clínica 3473 2740 2925 4512 3087 3007 3206 3085 2630 3148 3284 2989 38086
Outros* 350 412 456 380 338 310 298 189 231 356 321 298 3939
*Desbridamentos, suturas, retiradas de pontos, retirada de corpo estranho, drenagens
*Desbridamentos, suturas, retiradas de pontos, retirada de corpo estranho, drenagens
Procedimentos Média/Mês
Curativos 437,5
Terapias inalatórias 717,5
Medicações (IV IM) 3348,9
Exames laboratoriais 670,6
Consultas Médicas 7435,1
Observação clínica 3173,8
Outros* 328,25
86
APÊNDICE D
Formulário para Coleta de Dados
87
APÊNDICE D
Centro de Ciências da Saúde
Mestrado em Saúde Coletiva
Digitação: ( 1 )( 2 )
Caso Nº _____________ Nº do formulário:______
Dados de identificação
Nome: __________________________________Ficha de atendimento Nº:_______
Data de nascimento ___/__/__ Horário de chegada __:__
Endereço residencial: Rua _____________________Nº ___ Bairro _____________
Município ______________ Estado ____Ponto de referência _________________
Data da entrevista:______/______/______ Dia da semana:_________Hora:___:___
( 1 )Válido ( 2 ) Recusa ( 3 )Perda ( 4 )Exclusão
Parte 1 Entrevista
1. Sexo: ( 1 ) Masculino ( 2 ) Feminino
2. Idade (em anos completos) _______Anos
3. O Sr.(a) tem algum plano de saúde?
( 1 )Sim, Qual? _________
( 2 )Não
( 9 ) Não respondeu/ não sabe
4. Este plano cobre todas as despesas?
( 1 ) Sim
( 2 ) Não, apenas parcialmente
( 9 ) Não respondeu/ não sabe
5. Qual foi a última série de estudo que o Sr.(a) completou?
( 1 ) analfabeto ou primário incompleto
( 2 ) primário completo (1
a
a 4
a
série) ou ginasial incompleto
( 3 )ginasial completo (5
a
a 8
a
série) ou colegial incompleto
( 4 )colegial completo (2
0
grau completo) ou superior incompleto
( 5 )superior completo
( 9 ) Não respondeu/ não sabe
88
6. Atualmente o(a) Sr.(a) exerce alguma atividade remunerada de trabalho?
( 1 ) Sim, em atividade
( 2 ) Sim, mas afastado por motivo de doença
( 3 ) Sim, e também aposentado
( 4 ) Não, desempregado
( 5 ) Não, aposentado ou pensionista
( 6 ) Não, dona de casa
( 7 ) Não, só estudante
( 8 ) Outros____________________
( 9 ) Não respondeu/ não sabe
7. Qual o trabalho principal do(a) senhor(a) atualmente?
( 1 ) Não exerce nenhuma atividade remunerada – conforme resposta da questão
anterior
( 2 ) empregado assalariado estatutário ou com carteira. profissional assinada
( 3 ) empregado assalariado sem carteira profissional assinada
( 4 ) conta própria ou autônomo
( 5 ) empregador
( 9 ) Não respondeu/ não sabe
8. Qual o tipo de transporte que o(a) sr.(a) utilizou até sua vinda a este
serviço?
( 1 ) Veículo próprio
( 2 ) Veículo de terceiros
( 3 ) Bicicleta
( 4 ) Transporte coletivo (ônibus)
( 5 ) Veículo de Serviço de Saúde
( 6 ) Nenhum, veio andando
( 7 ) Outro. Qual?______________________________
9. Quais os motivos que fizeram o(a) Sr.(a) escolher este Pronto Atendimento
para o problema atual?
( 1 ) Proximidade da residência
( 2 ) Proximidade do Trabalho
( 3 ) Garantia de atendimento no mesmo dia
( 4 ) Não conseguiu atendimento na UBS
( 5 ) Fui encaminhado por outro serviço de saúde
( 6 ) Outros motivos.
Quais?______________________________________________________
10. O(a) Sr.(a) procurou outros serviços de saúde antes da vinda para o Pronto
Atendimento (PAM) para o problema atual?
( 1 ) Não
( 2 ) Sim. Quantos? _____
89
11. Apenas para os que responderam sim na questão 12
Quais outros serviços de saúde o(a) Sr.(a) procurou antes de vir ao PAM para
este problema? Anotar até os últimos 3 serviços procurados.
11.1 Serviços 11.2 Quanto tempo faz
que procurou?
11.3 Qual foi o período do dia que
procurou?
1. (1) Manhã (2)Tarde (3) Noite
2. (1) Manhã (2)Tarde (3) Noite
3. (1) Manhã (2)Tarde (3) Noite
12. Geralmente, quando necessita de atendimento a saúde qual o serviço que
procura como primeira opção? (há apenas uma resposta correspondendo ao
primeiro serviço que comumente se procura na ocasião que necessita de cuidado)
( 1 )UBS Qual?_______________________________________________________
( 2 )Consultório médico particular
( 3 )Hospitais Quais?___________________________________________________
( 4 )Ambulatórios: Hospital das Clínicas, Cismepar, Policlínica Municipal;
( 5 ) Pronto Atendimento Qual? (1 )Plantão Leonor (2) Plantão União (4)
Plantão M.Cecília
(5) Outros Plantões UBS (6) PAM
( 6 ) Pronto Socorro do HU
( 7 ) Outro. Qual? ____________________________
13. O Sr.(a) utiliza o Posto de Saúde próximo da sua casa? (1)Sim (2) Não
14. O Sr.(a) tem dificuldade de ser atendido no Postos de
Saúde?
(1)Sim (2) Não
15. Apenas para os que responderam Sim na questão17. Quais são essas
dificuldades?
( 1 ) Obstáculos organizacionais ou de oferta:( ) não consegue vagas, ( )falta
médicos, ( )espera longas, ( ) falta de acolhimento dos profissionais, ( ) horários
incompatíveis.
( 2 ) Obstáculos econômicos (falta de dinheiro para transporte interferindo no acesso
a saúde.)
( 3 ) Obstáculos geográficos ( ) distancia demasiada, ( ) falta transporte, ( )
aclives ou declives acentuados.
( 4 ) Outras dificuldades
Entrevistador:_________________________________
Inicio: ___:____Término:___:____
90
Parte – 2 Coleta de informações em ficha de atendimento
16. Tipo de Demanda
( 1 ) Espontânea (Procura direta)
( 2 ) Referenciada SAMU
( 3 ) Referenciada SIATE
( 4 ) Referenciada pela UBS
( 5 ) Referenciada por outros Serviços de saúde,
serviço:___________________________________
( 6 ) Referenciada por outros Serviços não relacionado aos de
saúde_________________________
17. Desfecho após a consulta médica:
( 1 ) Encaminhado a um nível de maior complexidade - Hospital
( 2 ) Reencaminhado a UBS para acompanhamento do caso
( 3 ) Encaminhado ao Ambulatório de especialidades (agendamento pela UBS)
( 4 ) Finalização do Caso
( 9 ) Ignorado
TERAPIAS E MEIOS DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS
Procedimentos Sim Não
18. Exames Laboratoriais
(1)Hemograma (2)Urina 1 ( 3 )Outros_________________
19. Exames radiológicos
20. Suturas
21. Drenagens
22. Retirada de corpo estranho
23. Lavagem de ouvidos
24. Curativos
25.Medicações IV, EV – Especificar
___________________
26. Medicações IM – Especificar
______________________
27. Medicações SC – Especificar
______________________
28. Soroterapia Endovenosa
29. Terapias inalatórias
30. Medicações Orais – Especificar
______________________
31. Vacinas emergenciais (DT,VARH, Imunoglobulina
AT)
32. Permanência na sala de Observação sem
procedimento?
91
Parte 3 Classificação realizada pelo pesquisador principal e Compilação da
Classificação Médica
32. Segundo os critérios explícitos (Procedimentos, demanda referenciada e
encaminhamento ao hospital), a demanda é pertinente ao PAM? ( 1 ) Sim (2)
Não
33. Segundo critérios implícitos do médico que realizou o atendimento, a
demanda é pertinente ao PAM? ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
34. Motivo da não pertinente, segundo o médico que realizou o atendimento:
( 1 ) Demanda Passível de ser atendida na atenção primária
( 2 ) Demanda de Alta complexidade tecnológica e assistencial
( 3 ) Demanda para especialidades ambulatoriais
( 4 ) Outros_________________________________________________
92
APÊNDICE E
Ficha classificatória da demanda e do nível de atenção
93
Apêndice E
Ficha classificatória da demanda e do nível de atenção
Departamento de Saúde Coletiva
Programa de Mestrado em saúde coletiva
Classificação por amostragem da Demanda no PAM Julho 2007
Paciente:_______________________________________________
Caso nº.= ______Formulário nº.=________
Critério implícito classificatório da demanda realizado pelo profissional médico
A – Classificação da Demanda
( 1 ) - Demanda PERTINENTE ao serviço de Pronto Atendimento.
( 2 ) - Demanda NÃO PERTINENTE ao serviço de Pronto Atendimento.
B – Caso considere esta demanda como NÃO PERTINENTE por se tratar de :
( 1 ) - Demanda passível de ser atendida em suas necessidades na atenção básica.
( 2 ) - Demanda de alta complexidade assistencial – Necessidade de atenção
terciária
( 3 ) - Demanda pertinente a especialidades ambulatoriais.
( 4 ) - Outros
motivos____________________________________________________
94
APÊNDICE F
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
95
Apêndice F
Centro de Ciências da Saúde – Programa de Mestrado em Saúde Coletiva.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu___________________________________________________concordo em
participar da pesquisa “Perfil e adequação da demanda atendida em serviço de
urgência de média complexidade em Londrina, Paraná, Brasil” Esta pesquisa
tem por objetivo Analisar as características da demanda atendida no Pronto
Atendimento Municipal de Londrina.
Entendo que serão feitas perguntas relacionadas à utilização deste serviço
bem como outros ofertados pelo SUS.
Estou ciente que as informações por mim fornecidas são confidenciais e
quando divulgados os resultados do trabalho serão de forma global e anônima. Sei
também que não precisarei efetuar qualquer pagamento por isso.
Em caso de dúvidas poderei esclarecer com os coordenadores da
pesquisa, Enfermeiro Ricardo de Oliveira pelo fone: (43) 33477783, ou ainda com os
professores e orientadores Profªdrª. Regina Kazue Tanno de Souza e Profºdr. Luiz
Cordoni Jr., pelos telefones: (43) 33712254 e (43) 3337 5115. Entendo que tenho a
liberdade de aceitar ou não responder as questões da entrevista e de me recusar a
participar no momento que eu quiser sem qualquer prejuízo para mim ou minha
família.
Autorização:__________________________Ou impressão digital:
_________________________________________
Entrevistador
Londrina, _______/________/_________
Obs.: Este documento deverá ser feito em duas vias (Uma entregue ao entrevistado
e a outra retida)
96
ANEXOS
97
ANEXO A
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
98
Anexo A
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina
99
ANEXO B
Autorização provisória concedida pela Secretaria Municipal de Saúde de
Londrina
100
Anexo B
Autorização provisória concedida pela Secretaria Municipal de Saúde de
Londrina
101
ANEXO- C
Autorização definitiva concedida pela Secretaria Municipal de Saúde de
Londrina
102
Anexo C
Autorização definitiva concedida pela Secretaria Municipal de Saúde de Londrina
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