Download PDF
ads:
TATIANA PERES DE ASSIS MAIA
“ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM PEIXES DA SUBFAMÍLIA
LORICARIINAE (SILURIFORMES, LORICARIIDAE)”
Londrina
2008
Universidade Estadual de Londrina
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
TATIANA PERES DE ASSIS MAIA
“ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM PEIXES DA SUBFAMÍLIA
LORICARIINAE (SILURIFORMES, LORICARIIDAE)”
Londrina
2008
Institut
o Agronômico do Paraná
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ads:
TATIANA PERES DE ASSIS MAIA
“ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM PEIXES DA SUBFAMÍLIA
LORICARIINAE (SILURIFORMES, LORICARIIDAE)”
Dissertação apresentada ao
curso de Pós-Graduação, em
Genética e Biologia Molecular,
da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito
parcial para a obtenção do
título de Mestre.
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Ana
Lúcia Dias
Londrina
2008
Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
M217e Maia, Tatiana Peres de Assis.
Estudos citogenéticos em peixes da subfamília Loricariinae (siluriformes,
loricariidae) / Tatiana Peres de Assis Maia. – Londrina, 2008.
62f. : il.
Orientador: Ana Lúcia Dias.
Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) Universidade
Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-
Graduação em Genética e Biologia Molecular, 2008.
Inclui bibliografia.
1. Peixes – Citogenética – Teses. 2. Bandamento cromossômico –
Teses.
3. Rineloricaria
Teses. I. Dias, Ana Lúcia. II. Instituto Agronômico do Paraná.
III. EMBRAPA. IV. Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências
Biológicas. Programa de Pós-
Graduação em Genética e Biologia Molecular.
V. Título.
CDU 576.3::575.1
TATIANA PERES DE ASSIS MAIA
“ESTUDOS CITOGENÉTICOS PEIXES DA SUBFAMÍLIA
LORICARIINAE (SILURIFORMES, LORICARIIDAE)”
Comissão Examinadora
Prof
a
Dr
a
Ana Lúcia Dias
Universidade Estadual de Londrina
Paraná
Prof Dr André Luís Laforga Vanzela
Universidade Estadual de Londrina
Paraná
Prof Dr Cláudio Oliveira
Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” –
Campus
Botucatu
Londrina
2008
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o AMOR
existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é
bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!
Luís Fernando Veríssimo
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por estar sempre me abençoando e me
fortalecendo em minha vida.
Aos meus pais Deusdney e Zelinda, pelo amor e apoio incondicional
em todos os momentos da minha vida, amo muito vocês!
Aos meus irmãos Lucemary, Sandro e Wanderson, pelo amor, pelo
apoio, pelo incentivo, enfim, por tudo.
Às minhas sobrinhas Paula e Maya, por serem mais do que sobrinhas
ou amigas, são duas irmãs.
Ao meu namorado Roberto, por estar sempre ao me lado me dando
muito amor e carinho, me ajudando em todos os momentos de minha vida, por
toda paciência e incentivo, e até pelas broncas!
Aos meus amigos Rayane, Oswaldir, Rayane, Juliana, Salime, por
todo carinho e ajuda durante o mestrado. Em especial às minhas amigas Ana
Rafaela, Márcia e Marilane, por serem mais do que amigas, três irmãs, me
dando um apoio incondicional. Muito obrigada!
Às minhas Orientadoras Ana Lúcia Dias e Lucia Giuliano-Caetano,
pela oportunidade e pela orientação.
Ao professor Prof. Dr. Cláudio Oliveira, por aceitar fazer parte da
minha banca, pelas criticas e sugestões deste trabalho.
Ao Prof. Dr. André Luís Laforga Vanzela por ter permitido o uso do
seu laboratório, e pelas críticas e sugestões deste trabalho.
Aos colegas de laboratório Rafael, Rosiley, Gabriel, Tatiane,
Tamara, Larissa Lacerda, Juliana, Vitor pelo companheirismo no laboratório
e por todos os momentos de descontração, e em especial agradeço ao Treco e
a Michelli, por serem pessoas muito queridas para mim, pela amizade e apoio.
Muito Obrigado a todos vocês.
Aos colegas de Mestrado: Letícia, Helen, Iara, Marcela, Juliana, Ariane,
Clelton, Yuldi e Rafael, pelas conversas jogadas fora, pelos momentos de
descontração, enfim, pela amizade.
Aos técnicos de laboratório Dário e Melissa, por todas as brincadeiras e
ajuda prestada durante este trabalho, que foram muito importantes.
A Tereza e Edna, pelas brincadeiras as quais demos boas risadas.
A Sueli, por ser um verdadeiro anjo dentro do mestrado, me ajudando com
papelada, burocracia, etc.
Aos professores do Programa de Mestrado em Genética e Biologia
Molecular, por todo conhecimento passado.
A Universidade Estadual de Londrina e CAPES, pelo suporte e apoio
financeiro.
E a quem eu tenha esquecido de mencionar e que de certa forma ajudaram
na realização deste trabalho. Um muito obrigado!
RESUMO
A subfamília Loricariinae apresenta 209 espécies distribuídos em 31 gêneros, sendo
que até o momento apenas 15 espécies foram estudadas citogeneticamente. Frente
à grande variabilidade interespecífica que é encontrada na macroestrutura
cariotípica da subfamília Loricariinae, este grupo é um excelente material para
estudos citogenéticos. No presente estudo foram analisadas cinco espécies da
subfamília Loricariinae: Loricariichthys platymetopon e Rineloricaria pentamaculata,
coletados na bacia do Rio Paranapanema; Loricariichthys anus, Rineloricaria cadeae
e Rineloricaria strigilata, coletados no sistema hidrográfico do lago Guaíba/RS. Os
exemplares foram submetidos a análises cariotípicas por meio da coloração
convencional (Giemsa), impregnação por nitrato de prata, bandamento C e
fluorocromos base-específicos Cromomicina A
3
e DAPI. Na análise com Giemsa,
Loricariichthys platymetopon e Loricariichthys anus apresentaram 2n=54
cromossomos, entretanto com diferentes fórmulas cariotípicas. Loricariichthys
platymetopon apresentou 6m+18sm+4st+26a e L. anus 8m+16sm+4st+26a, sendo
que nesta ultima espécie foi encontrado um polimorfismo estrutural no par 25, tanto
para machos como para fêmeas. O gênero Rineloricaria, apresentou número
diplóide, de 2n=56 cromossomos (2m+6sm+48a) para R. pentamaculata, 2n=62
cromossomos (2sm+2st+58a) para R. cadeae e 2n=70 (4sm+2st+64a) para R.
strigilata. A impregnação pelo nitrato de prata detectou RONs simples para todas as
espécies, sendo intersticial somente para L. anus. A coloração com CMA
3
mostrou-
se correspondente a estas regiões, que apresentam-se negativas com DAPI. A
heterocromatina mostrou-se distribuída na região pericentromérica da maioria dos
cromossomos e também associada às RONs em todas as espécies analisadas. Os
resultados obtidos no presente trabalho o importantes para uma melhor
caracterização das espécies estudadas e podem auxiliar nos estudos relacionados a
evolução cariotípica desta subfamília.
ABSTRACT
The subfamily Loricariinae has about 209 species and 31 genera, of which only 15
have been examined, distributed in five genera. The great interspecific variability
found at the karyotypic macrostructure of this subfamily, make this group an
excellent material for cytogenetics studies. At the present study, five species
belonging to the subfamily Loricariinae were investigated: Loricariichthys
platymetopon and Rineloricaria pentamaculata, from Paranapanema river basin/PR;
Loricariichthys anus, Rineloricaria cadeae and Rineloricaria strigilata from
hydrographic system of Guaíba lake/RS. The specimens were submitted into
cytogenetics studies by convencional color (Giemsa), silver nitrate staining, C-
banding and Cromomicin A
3
and DAPI fluorochromes. At Giemsa analysis, L.
platymetopon and L. anus presented 2n=54 chromosomes, but with different
karyotypic formulas. L. platymetopon showed 6m+18sm+4st+26a and L. anus
8m+16sm+4st+26a, at the last species has been found an structural polymorphism,
for males and females. The Rineloricaria genus showed a variation of the diploid
number, since 2n=56 chromosomes (2m+6sm+48a) to R. pentamaculata, 2n= 62
chromosomes (2sm+2st+58a) to R. cadeae and 2n=70 (4sm+2st+64a) to R.
strigilata. The silver nitrate evidence simple NORs for all species, and, only L. anus
showed interstitial. The CMA3 fluorochrome showed the same pattern as AgNORs
chromosomes, being negative for DAPI. The heterochromatin is distributed in
pericentromeric regions and also NOR associated in all analyzed species. The
results obtained on this work are importante to improve the characterization of the
species and make possible the studies related to the karyotypic evolution of this
subfamily.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Mapa dos locais de coleta: A) Rio Paranapanema; B) Rio Jacutinga;
C) Água da Floresta; D) Ribeirão Jacucaca e Água do
Oito....................................................................................................... 15
Figura 2 Foto dos locais de coleta: A) Rio Paranapanema; B) Rio Jacutinga;
C) Ribeirão Jacucaca; D) Água do Oito e E) Água da
Floresta.................................................................................................
16
Figura 3 Mapa dos locais de coleta: A) Mapa Hidrográfico: 1 Rio
Forquetinha; 2 Rio Taquari; 3 Rio Jacuí; B) Lago Guaíba: 1 -
Arroio Capivara; 2 Arroio da Estação Agronômica da UFRS; 3
Rio Jacuí...............................................................................................
17
Figura 4 Foto dos locais de coleta: A) Lago Guaíba Arroio Capivara; B) Rio
Forquetinha ; Estação Agronômica da UFRGS ...............................
18
Figura 5 Espécies analisadas: A) L. platymetopon; B) L. anus; C) R. strigilata;
D) R. cadeae; E) R. pentamaculata......................................................
20
CAPITULO I
Figura 1 Cariótipo de L. platymetopon corado com giemsa. O quadrado
evidencia a constrição secundária no par 16.......................................
42
Figura 2 Cariótipos de L. anus corados com giemsa: a) citótipo A e b) citótipo
B. Os quadrados evidenciam a constrição secundária no par 21 e o
* o heteromorfismo encontrado no par 25........................................... 43
Figura 3 Par cromossômico de Loricariichthys anus e Loricariichthys
platymetopon evidenciando a constrição secundária com giemsa,
nitrato de prata, bandeamento C e sobreposição dos fluorocromos
CMA
3
/DAPI.......................................................................................... 44
CAPITULO II
Figura 1 Cariótipos corados com giemsa de: A) Rineloricaria pentamaculata, B)
Rineloricaria cadeae e C) Rineloricaria strigilata. O quadrado evidencia a
constrição secundária no par 5 para R. pentamaculata, par 9 para R.
cadeae e par 9 para R. strigilata........................................................ 58
Figura 2 Par cromossômico de Rineloricaria cadeae, Rineloricaria strigilata e
Rineloricaria pentamaculata evidenciando a constrição secundária com
giemsa, nitrato de prata, bandeamento C e sobreposição dos fluorocromos
CMA
3
/DAPI.................................................................................................... 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Estudos Citogenéticos na Família Loricariidae segundo Kavalco et
al. (2005), com modificações............................................................ 6
CAPITULO I
Tabela 1 Estudos citogenéticos realizados no gênero Loricariichthys.
2n= número diplóide; NF= número fundamental; m=metacêntrico;
sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico e a= acrocêntrico............. 33
CAPITULO II
Tabela 1 Estudos Citogenéticos realizados dentro de gênero Rineloricaria.
2n= número diplóide; NF= número fundamental; m=metacêntrico;
sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico e a= acrocêntrico..............
51
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO....................................................................................................
1
1.1 Aspectos Gerais Família Loricariidae, com ênfase em Loricariinae..... 1
1.2 Estudos Citogenéticos na Família Loricariidae....................................... 2
1.3 Rearranjos Cromossômicos...................................................................... 11
2
OBJETIVOS....................................................................................................... 13
2.1 Objetivo Geral............................................................................................. 13
2.2 Objetivos Específicos................................................................................ 13
3
CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA E ESPÉCIES ESTUDADAS..........
14
3.1 Locais de Coleta......................................................................................... 14
3.2 Espécies Estudadas...................................................................................
19
3.3 Técnicas Utilizadas.....................................................................................
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
22
CAPITULO I: Análise citogenética em duas espécies do gênero
Loricariichthys (Loricariidae, Loricariinae).................................................... 27
RESUMO............................................................................................................ 28
INTRODUÇÃO....................................................................................................
29
MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................
30
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 36
CAPITULO II: Caracterização cariotípica de três espécies do gênero
Rineloricaria (Siluriformes, Loricariidae, Loricariinae)................................. 45
RESUMO............................................................................................................ 46
INTRODUÇÃO....................................................................................................
47
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 48
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 54
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 60
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos Gerais Família Loricariidae, com ênfase em Loricariinae
A família Loricariidae compreende os peixes vulgarmente conhecidos
como cascudos, que são resistentes e podem ficar fora da água por um longo
período devido ao fato de apresentarem uma grande vascularização das
paredes do estômago. Isto auxilia na respiração, e juntamente com a
respiração branquial, eles podem ocupar habitats bem variados, vivendo
preferencialmente em ambientes lóticos, em rios não muito profundos com
fundo arenoso ou pobre em rochas. Para suportar tais ambientes eles
apresentam-se anatomicamente de forma achatados, possuem ventosas
bucais, nadadeiras anatomicamente modificadas (WEBER apud REIS et al.
2003).
Sua distribuição ocorre na maioria da Região Neotropical, desde o
norte da Costa Rica até o sul da Argentina (FERRARIS JR apud REIS et al.
2003). São caracterizados pela baixa fecundidade, com relativamente poucos
ovos e grandes, e em alguns casos dimorfismo sexual e cuidado parental
(MENEZES, 1949), o que é comparável às condições observadas nas
espécies de ciclídeos dos rios do leste africano (SCHAEFER & STEWART,
1993).
Reis et al. (2006) levando em consideração os estudos realizados por
Armbruster (2004) sugeriram que a família Loricariidae é dividida em seis
subfamílias: Lithogeninae, Neoplecostominae, Hypoptopomatinae,
Loricariinae, Delturinae e Hypostominae. A subfamíllia Hypostominae
encontra-se subdividida em cinco tribos: Corymbophanini; Rhinelepini;
Pterygoplichtini; Ancistrini e Hypostomini.
A subfamília Loricariinae tem sido considerada um grupo monofilético
bem definido, sendo grupo irmão da Hypostominae (SCHAEFER, 1987;
PINNA, 1998), apresentando 209 espécies distribuídas em 31 gêneros
(FERRARIS, 2007). As maiorias das espécies desta subfamília são de
tamanhos pequenos a médios, sendo a Spatuloricaria euacanthagenys a
maior espécie encontrada, atingindo mais de um metro e meio, enquanto que
2
Hartiella crassicauda é a menor espécie atingindo poucos centrímetros (REIS
et al., 2003).
Morfologicamente, uma tendência da cabeça, corpo e
especialmente do pedúnculo caudal se tornarem achatados, ocorrendo o
alongamento do corpo, aumentando o número de vértebras e projetando o
“focinho” para frente (ISBRUCKER,1981 apud REIS et al. 2003).
Uma outra característica importante é a presença de dimorfismo
sexual, caracterizado pelo tamanho e localização dos odontóides na cabeça,
corpo, pela nadadeira peitoral, e pela forma do lábio inferior (REIS et al.,
2003).
Esta subfamília é encontrada principalmente nos rios da América do
Sul, desde a bacia de La Plata até os rios do sul do México. Poucas espécies
ocorrem na costa do Pacífico nos rios da Colômbia, Equador e Panamá.
1.3 Estudos Citogenéticos na Família Loricariidae
Estudos citogenéticos relacionados à família Loricariidae mostram
que esta apresenta uma grande variação em relação ao número diplóide,
variando desde 2n=36 em Rineloricaria latirostris (GIULIANO-CAETANO,
1998) até 2n=96 em Upsilodus sp. (KAVALCO et al., 2005).
Na Tabela 1 estão compilados dados citogenéticos da família
Loricariidae cuja fonte foi Kavalco et al. (2005), sendo que algumas
modificações foram feitas adotando a classificação das subfamílias propostas
por Reis et al. (2006).
Na subfamília Hypoptopomatinae estudos citogenéticos realizados
por Andreata et al. (1994) demonstram que neste grupo uma tendência
para manter o número cromossômico de 2n = 54. Entretanto, ocorreram
variações em Otoncinclus aff. vestitus com 2n = 72 e Hisonotus gibbosos com
2n = 58 (ANDREATA et al., 1993; 2000, respectivamente), e em
Microlepidogaster leucofrenatus, com 2n variando de 54 a 56 cromossomos
devido à presença de cromossomos B (ANDREATA et al., 1993; 1994).
Também foram registrados sistemas sexuais do tipo XX/XY em
Pseudotonciclus tietensis, e do tipo ZZ/ZW em Microlepidogaster
leucofrenatus e Ottonciclus aff vestitus (ANDREATA et al. 1992; 1993).
3
Em Neoplecostominae, foram estudados citogeneticamente
Neoplecostomus paranensis, por Alves et al. (1999), Neoplecostomus microps,
Neoplecostomus paranensis, Isbrueckerichthys alipionis e Isbrueckerichthys
duseni, Pareiorhaphis splendens (cit. como Hemipsilithchys splendens),
Pareiorhaphis steindachneri(cit.como Hemipsilichthys steindachneri),
Pareiorhaphis vestigipinnis (cit.como Hemipsilichthys vestigipinnis) e
Pareiorhaphis n. sp.(cit. como Hemipsilichthys n. sp), por Alves et al. (2005),
sendo que todas as espécies apresentaram 2n = 54 cromossomos.
Delturinae, a nova subfamília proposta por Reis et al. (2006), teve
Para a subfamília Hypostominae, apenas uma espécie estudada na
tribo Corymbophanini, Corymbophanes n. sp. realizado por Alves et al. (2005),
apresentando um número diplóide de 54 cromossomos.
Na tribo Ancistrini, o primeiro estudo foi realizado por Artoni (1996)
em Panaque cf. nigrolineatus e Hemiancistrus sp., ambas apresentando
número diplóide de 52 cromossomos. Lara (1998) descreveu Ancistrus sp.
com 2n = 48 cromossomos. Alves et al. (2003) estudaram Ancistrus n.sp.1
com 2n = 38, Ancistrus n.sp.2 e Ancistrus multispinnis com 2n = 52
cromossomos. Oliveira et al. Evidenciaram um número diplóide de 52
cromossomos para Hemiancistrus spinosissimus e Hemiancistrus spilomma,
sendo descrito um sistema sexual do tipo ZZ/ZW para esta última espécie.
Mariotto et al. (2004) encontraram para Ancistrus cf. dubius 2n=44 e Mariotto e
Miyazawa (2006) estudando quatro populações de Ancistrus cf. dubius
encontraram 2n=44 com a presença de um sistema sexual do tipo XX/XY em
uma das populações.
Para a tribo Hypostomini os gêneros Liposarcus e Hypostomus
são os mais estudados. Liposarcus anisitis apresentou o número diplóide de
52 cromossomos, com ausência de cromossomos acrocêntricos, dando uma
possível proximidade com Hypostomus emarginatus que também possui
2n=52 cromossomos (ARTONI et al. 1995).
Para o gênero Hypostomus, Michelle (1977) estudou quatro
espécies, sob antiga denominação de Plecostomus, encontrando 2n = 58 para
Hypostomus ancistroides e Hypostomus macrops; 2n = 72 para Hypostomus
paulinus; e 2n = 74 para Hypostomus strigaticeps.
4
Artoni e Bertollo (1996) estudaram espécimes coletados da bacia
do Alto rio Paraná, e verificaram uma variabilidade de 2n = 68 a 80
cromossomos. Casale (2003) estudou 4 espécies, verificando 2n = 68
cromossomos para Hypostomus derby e Hypostomus commersonii; e 2n = 74
cromossomos para Hypostomus myersi e Hypostomus albopunctatus.
Cereali (2006) estudou algumas espécies do gênero Hypostomus do
Planalto da Bodoquena,MS e observou que: Hypostomus sp.3-córrego
Salobrinha-NUP4247 possui 2n=82 e NF=102 e 2n=84 com NF=104, sendo a
variação cromossômica devida a presença de 2 cromossomos extras;
Hypostomus sp.2-rio Perdido-NUP4249 apresentou 2n = 84 cromossomos e
NF=106 e Hypostomus cochliodon 2n = 64 cromossomos, com um possível
sistema sexual XX/XY o qual é diferenciado pelo número fundamental (NF),
tendo a fêmea NF = 99 e o macho NF = 100.
Rubert (2007) analisando também algumas espécies do gênero
Hypostomus da bacia do rio Tibagi/PR observou que: H. nigromaculatus e H.
paulinus apresentam 2n=76 cromossomos; H. strigaticeps, H. regani possuem
2n= 72 e H. ancistróides apresenta 2n= 68, H. nigromaculatus do rio Mogi-
Guaçu apresentou 2n=76 cromossomos.
Na subfamília Loricariinae, apenas cinco gêneros foram estudados,
mostrando que esta subfamília apresenta uma complexidade cariotípica
(KAVALCO et al. 2005), e dentre as 209 espécies de Loricariinae, apenas 15
foram estudadas citogenéticamente.
Uma avaliação dos dados mostra uma grande variabilidade quanto
ao número diplóide, desde 2n = 36 cromossomos em Rineloricaria latirostris
(GIULIANO-CAETANO, 1998) a 2n = 74 cromossomos em Sturisoma cf.
nigrirostrum (Artoni e Bertollo, 2001). Michelle (1977) estudando Loricaria
macrodon evidenciou um número diplóide de 58 cromossomos. Loricariichthys
platymetopon apresenta número diplóide de 54 cromossomos (SCAVONE &
JÚLIO Jr., 1995);. Alves et al. (2003) evidenciaram para Hartia kronei 2n = 58;
Hartia loricariformis 2n = 52; Rineloricaria pentamaculata 2n = 56 e
Rineloricaria kronei 2n = 64 cromossomos, e Kavalco et al. (2005)
evidenciaram para Harttia loricariformis 2n=56 cromossomos.
Nesta subfamília o são raros os exemplos de polimorfismo
relacionados ao número cromossômico e fórmula cariotipica: Scavone e Julio
5
Jr. (1993/1994) observaram cromossomos supranumerários em Loricaria; em
Rineloricaria latirostris ocorreu uma variação de 2n= 36 a 48 cromossomos
(GIULIANO-CAETANO 1998) e Errero-Porto (2007) encontrou em
Rineloricaria pentamaculata um número diplóide constante com 56
cromossomos, mas duas fórmulas cariotípicas diferentes, além da presença
de cromossomos B.
A presença de cromossomos sexuais foi observada em Loricariichthys
platymetopon (SCAVONE e JULIO Jr., 1995), que possui um sistema sexual
do tipo ZZ/ZW e Harttia carvalhoi com um sistema sexual múltiplo do tipo
XX/XY
1
Y
2
(CENTOFANTE et al., 2006).
Essa grande diversidade cariotípica, aliada ao fato de que as
diferenças morfológicas nem sempre são evidentes, coloca essa subfamília
entre aquelas que apresentam dificuldades em sua taxonomia, assim como na
compreensão de suas relações evolutivas. Frente à grande variabilidade
interespecífica que é encontrada na macroestrutura cariotípica da subfamília
Loricariinae, acredita-se ser este grupo um excelente material para estudos
citogenéticos.
6
Tabela 1: Estudos Citogenéticos na Família Loricariidae segundo Kavalco et al. (2005), com modificações.
Subfamília Espécie Localidade 2n
Fórmula
Cariotípica Ref.
Hypoptopomatinae
Hisonotus gibbosos
Rio Betari (SP) 58
1
Hisonotus nigricauda
Rio Guaíba (RS) 54 26m+20sm+8st
32
Hisonotus leucofrenatus
Ribeirão Cavalo (SC) 54 22m+24sm+6st+2a
32
Hisonotus sp. Rio Paraitinga (SP) 54 26m+26sm+2st
32
Hisonotus sp. Ribeirão Grande (SP) 54 26m+26sm+2st
32
Microlepidogaster
depressicauda
Rio Santo Inácio (SP) 54 14m+28sm+2st+10a
2
Microlepidogaster
leucofrenatus
Rio Poço Grande (SP) 54 48sm+8st
3
Microlepidogaster
leucofrenatus Rio Marumbi (PR) 54 22m+24sm+4st+2a
2
Microlepidogaster sp 1 Rio Alambari (SP) 54 30m+20sm+4st
2
Microlepidogaster sp 2 Ribeirão Moia (SP) 54 22m+28sm+4st
2
Microlepidogaster sp Ribeirão Jacutinga (SP) 54
4
Microlepidogaster sp Ribeirão Quinta (SP) 54
5
Otocinclus aff. vestitus
Rio Livramento (PA) 72 22m+12sm+4st+34a
2
Otocinclus affinis
Rio Biguá (SP) 54 46m+8sm
2
Otocinclus affinis
Rio Bonito (RJ) 54 40m+12sm+2st
2
Pseudotoncinclus maculicauda
Rio Poço Grande (SP) 54 20m+32sm+2st
6
Pseudotoncinclus tietensis
Rio Grande (SP) 54 26m+20sm+6st
7
Pseudotoncinclus obtusa
Rio Itanhaém (SP) 54 26m+18sm+4st+6a
2
Loricariinae
Harttia kronei
Rio Betari (SP) 58 42m/sm+16st/a
8
Harttia loricariformis
Ribeirão Grande (SP) 52 32m/sm+20st/a
8
Harttia loricariformis
Rio Paraitinga (SP) 56 16m+22sm+10st+8a
25
Loricaria sp
Rio Solimões (AM) 62
9
Loricaria sp
Rio Paraná (PR) 64 10m+6sm+4st+44a
10
Loricaria sp
Rio Guaíba (RS) 66 2m+2sm+62a
8
Loricaria macrodon
58 18m+2sm+38st/a
11
Loricaria parva
48
12
Loricaria prolixa
Rio Paraná (PR) 62 20m+4sm+38a
10
7
Subfamília Espécie Localidade 2n
Fórmula
Cariotípica Ref.
Loricariinae
Loricariichthys sp
Rio Paraná (ARG) 54 6m+26sm+4st+18a
13
Loricariichthys platymetopon
Rio Paraná (PR) 54 6m+20sm+4st+24a
14,2
54 7m+20sm+4st+23a
14,2
Rineloricaria sp
Rio Betari (SP) 70 2m/sm+68st/a
8
Rineloricaria kronei
Ribeirão Cavalo (RS) 64 6m/sm+58st/a
8
Rineloricaria kronei
Rio Itaipocu (SC) 64 6m/sm+58st/a
8
Rineloricaria latirostris
Rio Passa Cinco (SP) 44 12m+4sm+28a
15
44 10m+4sm+30a
15
44 13m+2sm+29a
15
44 13m+4sm+27a
15
44 13m+1sm+30a
15
44 10m+4sm+30a
15
44 10m+3sm+31a
15
Rineloricaria latirostris
Rio Passa Cinco (SP) 46 10m+3sm+33a
15
Rineloricaria latirostris
Rio Mogi-Guaçu (SP) 36 24m/sm+12st/a
15
37 23m/sm+14st/a
15
38 22m/sm+16st/a
15
39 21m/sm+18st/a
15
40 20m/sm+20st/a
15
Rineloricaria latirostris
Ribeirão Três Bocas (PR) 43 17m/sm+26st/a
15
44 16m/sm+28st/a
15
46 14m/sm+32st/a
15
Rineloricaria latirostris Ribeirão Três Bocas (PR) 47 13m/sm+34st/a
15
48 12m/sm+36st/a
15
Rio Passa Cinco (SP) 44 16m/sm+28st/a
15
45 15m/sm+30st/a
15
Rineloricaria latirostris
Rio Passa Cinco (SP) 46 14m/sm+32st/a
15
47 13m/sm+34st/a
15
Rineloricaria pentamaculata
Ribeirão Keller (PR) 56 8m/sm+48st/a
15,2
Rineloricaria pentamaculata
Ribeirão Keller (PR),
Córrego 56 8m/sm+48st/a
26
Tatupeba, Córrego Tauá 56 9m/sm+47st/a
26
8
Subfamília Espécie Localidade 2n
Fórmula
Cariotípica Ref.
Hypostominae
Ancistrus sp Rio Paraná (PR) 48 18m+14sm+12st+4a
17
Tribo Ancistrini
Ancistrus sp Rio Betari (SP) 52 32m/sm+20st/a
8
Ancistrus sp Rio Itapocu (SC) 52 28m/sm+24st/a
8
Ancistrus sp Ribeirão São Francisco (AC)
38 30m/sm+8st/a
8
Ancistrus cf. dubius
Ribeirão Serra das Araras
(MG) 44 18m+10sm+16st/a
30
Ancistrus cf. dubius Rio Coxipó (MT) 42 24m+10sm+8st/a
31
Ancistrus cf. dubius Riacho Pari (MT) 42 24m+10sm+8st/a
31
Ancistrus cf. dubius Riacho Flechas (MT) 42 24m+10sm+8st/a
31
Ancistrus cf. dubius Riacho Fundo (MT) 42 24m+10sm+8st/a
31
Hemiancistrus sp Rio Araguaia (MT) 52 20m+20sm+12st/a
20
Hemiancistrus spilomma
Rio Araguaia (MT) 52 25m+21sm+6st
33
24m+22sm+6st
33
Hemiancistrus spinosissimus
Rio Araguaia (MT) 52 26m+22sm+4st
33
Megalancistrus aculeatus
Rio Paraná (PR) 52 26m+26sm
17
Panaque cf. nigrolineatus Rio Araguaia (MT) 52 26m+20sm+6st/a
20
Tribo Hypostomini
Hypostomus affinis
Ribeirão Jacuí (SP) 66 14m+14sm+12st+26a
25
Hypostomus albopunctatus
Rio Mogi-Guaçu (SP) 74 10m+20sm+44st/a
18
Hypostomus ancistroides
Ribeirão Monjolinho (SP) 68 16m+18sm+34st/a
18
Hypostomus ancistroides
68 10m+26sm+32st/a
29
Hypostomus aff. auroguttatus
Rio Mogi-Guaçu (SP) 76 8m+30sm+38st/a
18
Hypostomus emarginatus
Rio Araguaia (MG) 52 16m+30sm+6st
20
Hypostomus macrops
68 10m+14sm+44st/a
11
Hypostomus paulinus
74 10m+20sm+44st/a
11
Hypostomus paulinus Ribeirão Três Bocas 76 6m+16sm+54st/a
29
Hypostomus plecostomus
54 24m/sm+12st+18a
19
Hypostomus regani
Rio Mogi-Guaçu (SP) 72 10m+20sm+42st/a
18
Hypostomus regani
Ribeirão Jacutinga (PR) 72 10m+18sm+44st/a
29
Hypostomus cochliodon
Rio Salobra e Córrego 64 16m+20sm+28st/a
28
Salobrinha (MS)
16m+19sm+27st/a
9
Subfamília Espécie Localidade 2n
Fórmula
Cariotípica Ref.
Tribo Hypostomini
Hypostomus nigromaculatus
Rio Mogi-Guaçu (SP) 76 8m+20sm+48st/a
29
Hypostomus nigromaculatus Ribeirão Três Bocas e 76 6m+20sm+50st/a
29
Ribeirão Apertados
Hypostomus strigaticeps
72 10m+16sm+46st/a
29
Hypostomus sp A Ribeirão Rincão (SP) 70 18m+14sm+38st/a
18
Hypostomus sp B Rio Mogi-Guaçu (SP) 72 12m+18sm+42st/a
18
Hypostomus sp B Rio Mogi-Guaçu (SP) 72 13m+18sm+41st/a
21
Hypostomus sp D
1
Rio Mogi-Guaçu (SP) 72 10m+26sm+36st/a
18
Hypostomus sp D
2
Rio Mogi-Guaçu (SP) 72 14m+20sm+38st/a
18
Hypostomus sp E Rio Mogi-Guaçu (SP) 80 8m+16sm+56st/a
18
Hypostomus sp F Rio São Francisco (MG) 76 10m+16sm+50st/a
17
Hypostomus sp F Rio São Francisco (MG) 75 10m+17sm+48st/a
21
Hypostomus sp G Rio Araguaia (MG) 64 14m+24sm+26st/a
24
64 15m+24sm+25st/a
24
Hypostomus sp 1 Ribeirão Quinta (SP) 72
5
Hypostomus sp 2 Ribeirão Alambari (SP) 68
5
Hypostomus sp 3 Rio Paranapanema (SP) 66
5
Hypostomus sp 4 Ribeirão Hortelã (SP) 76
5
Hypostomus sp.3 - córrego Rio Salobra e Córrego 82 6m+14sm+62st/a
28
Salobrinha NUP 4247 Salobrinha (MS)
Hypostomus sp.2 - rio Rio Perdido (MS) 84 6m+16sm+62st/a
28
Perdido NUP 4249
Liposarcus anisitsi
Rio Preto (SP) 52 16m+24sm+8st+4a
23
Liposarcus sp Rio Tietê (SP) 52
5
Rhnielepsis aspera
Rio Paraná (PR) 54 20m+26sm+8st
20
Pogonopoma wertheimeri
Rio Macuri (BA) 54 20m+30sm+4st
20
Pterygoplichthys multiradiatus
Rio Solimões (AM) 52
9
TriboCorymbophanini
Corymbophanes n. sp Rio Chopotó (MG) 54 20m+20sm+14st
27
10
Subfamília Espécie Localidade 2n
Fórmula
Cariotípica Ref.
Neoplecostominae
Kronichthys lacerta Rio Marumbi (PR) 54 20m+20sm+14st
27
Kronichthys subteres Rio Betari (SP) 54 20m+20sm+14st
27
Neoplecostomus microps
Ribeirão Grande (SP) 54 42m/sm+12st/a
8
Pindamonhagaba
Neoplecostomus microps
Ribeirão Grande (SP) 54 42m/sm+12st/a
8
Campos do Jordão
Neoplecostomus microps
Rio Paraitinga (SP) 54 24m+20sm+10st
25
Neoplecostomus microps
Ribeirão Hortelã (SP) 54 20m+20sm+14st
27
Neoplecostomus paranensis
Ribeirão Hortelã (SP) 54 36m/sm+18st/a
8
Neoplecostomus paranensis
Ribeirão Sapateiro (SP) 54 20m+20sm+14st
27
Isbrueckerichthys alipionis
Rio Betari (SP) 54 38m/sm+16st/a
8
Isbrueckerichthys duseni
Rio Betari (SP) 54 20m+20sm+14st
27
Pareiorhaphis splendens
(cit.Hemipsilichthys splendens)
Rio Marumbi (PR) 54 20m+30sm+4st
27
Pareiorhaphis splendens
(cit.Hemipsilichthys splendens) Rio São João (SC) 54 20m+30sm+4st/a
8,27
Pareiorhaphis steindahneri (cit.
Hemipsilichthys steindachneri) Ribeirão Cavalo (SC) 54 20m+20sm+14st/a
8,27
Pareiorhaphis vestigipinnis
(cit.Hemipsilichthys
vestigipinnis)
Rio Caveiras (SC) 54 20m+20sm+14st
27
Pareiorhaphis sp
(cit.Hemipsilichthys n. sp.) Rio dos Patos (PR) 54 20m+20sm+14st
27
Pareiohina rudolphi
Ribeirão Grande (SP) 54 48m/sm+6st/a
8
Delturinae
Upsilodus sp Rio Paraitinha (SP) 96 16m+8sm+72a
25
Referências:
1 - ANDREATA et al. (2000) 8 - ALVES (2000) 15 - GIULIANO-CAETANO (1998)
22 - SCAVONE e JULIO Jr
(1995) 29 - RUBERT (2007)
2 - ANDREATA et al. (1994) 9 - DELLA-ROSA et al. (1980) 16 - GIULIANO-CAETANO et al. (1999) 23 - ARTONI et al. (1999) 30 -MARIOTTO et al. (2004)
3 - ANDREATA et al. (1993) 10 - SCAVONE e JULIO Jr (1994) 17 - ARTONI (1996) 24 - ARTONI et al. (1998) 31 - MARIOTTO e MIYAZAWA 2006)
4 - CARVALHO et al. (1998) 11 - MICHELLE et al. (1977) 18 - ARTONI e BERTOLLO (1996) 25 - KAVALCO et al. (2005) 32 - ANDREATA et al. (2006)
5 - FENERICH (1998)
12 - GYLDENHOLM e SCHEEL
(1971) 19 - MURAMOTO et al. (1968) 26 - ERRERO-PORTO (2007) 33 - OLIVEIRA et al. (2006)
6 - ANDREATA (1991) 13 - FENOCCHIO (1993) 20 - ARTONI e BERTOLLO (2001) 27 - ALVES et al. (2005)
7 - ANDREATA et al. (1992) 14 - SCAVONE (1993) 21 - ARTONI e BERTOLLO (1999) 28 - CEREALI (2006)
11
1.3 Rearranjos Cromossômicos
Entende-se como polimorfismo cromossômico a existência de duas ou mais
formas diferentes para um mesmo cromossomo, que pode ocorrer entre diferentes
células do indivíduo, entre indivíduos diferentes da mesma população ou entre
populações diferentes da mesma espécie. Podem ser de dois tipos: numéricas,
relacionadas ao número diplóide, ou estruturais, relacionadas à estrutura
cromossômica, estas afetando a morfologia do cromossomo como por exemplo a
mudança na posição dos centrômeros ou da constrição secundária (GUERRA,
1988).
Segundo Guerra (1988), o polimorfismo cromossômico pode causar três
efeitos:
a. alterar o conjunto gênico em expressão, devido ao efeito de posição
causado por: deleção, duplicação, inversão, transposição e translocação;
b. alterar a freqüência de recombinação gênica, formando grupos de ligação
devido a translocações, fusões-fissões cêntricas, ou bloqueando a recombinação
gênica por inversão ou transposição;
c. reduzir ou mesmo impedir o fluxo gênico, o que levará ao isolamento
reprodutivo que contribuirá para o processo de especiação, devido a poliploidia,
aneuploidia, translocações, transposição e inversões.
O tamanho da população tem um papel importante na fixação das
alterações cromossômicas ocorridas sendo que, nas pequenas populações, as
mudanças cromossômicas podem ser eliminadas ao acaso ou fixadas, devido a
consangüinidade ou deriva genética. Em populações grandes, o fator predominante
é a seleção relacionada com mecanismos de acúmulo.
O número de análises citogenéticas publicadas, desde a descoberta de
cromossomos, tem revelado uma grande diversidade cariotípica em números,
tamanho e organização de regiões homólogas entre táxons relacionados. As
técnicas citogenéticas de bandamento mostram ser de grande valia para melhor
visualizar as diferenças entre espécies muito próximas. Muitas técnicas podem
demonstrar algumas diferenças estruturais entre cariótipos que formalmente foram
considerados indistinguíveis (CANO et al. 1982).
Em peixes, as variações cromossômicas são conhecidas desde 1964,
quando Roberts estudou Lepomis cyanellus (Centrachidae) que apresentou uma
12
variação cromossômica de 2n=48 e 46 cromossomos. Depois disso, muitos outros
exemplos de variação numérica foram relatados, sendo que os estudos em
salmonídeos são os mais relevantes, com predominância dos rearranjos
Robertsonianos responsáveis pelas variações numéricas que ocorrem neste grupo
de peixes. Em relação aos peixes neotropicais, vários grupos apresentam
polimorfismo numérico e/ou estrutural como: Sternopygidae; Erythrinidae;
Tetragonopterinae; Zeiformes (peixes marinhos); Loricariidae entre outros, nos quais
os principais rearranjos cromossômicos que ocorreram foram as inversões
pericêntricas e as fusões/fissões cêntricas.
Os rearranjos cromossômicos dificilmente incidem simultaneamente nos
homólogos, sendo introduzidos nas populações naturais em heterozigoze e, através
de cruzamentos, surgem os descendentes homozigotos.
Certos polimorfismos são típicos de alguns gêneros e até de famílias ou
ordens de animais, tendo um grande significado evolutivo e também uma
considerável antiguidade filogenética. As vantagens da variação genética o
evidentes, quanto maior o número de tipos genéticos disponíveis em uma população
existirá uma maior probabilidade de incluir genótipos capazes de suportar mudanças
estacionais ou temporais. A variabilidade também pode possibilitar uma maior
ocupação ambiental, tornando possível a colonização de habitats marginais e vários
subnichos, agindo em direção oposta à da especiação (MAYR, 1977).
13
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Caracterizar citogeneticamente diferentes espécies pertencentes à subfamília
Loricariinae e aos neros Loricariichthys e Rineloricaria coletados em duas bacias
hidrográficas: Bacia do Rio Paranapanema/PR/SP e Sistema Hidrográfico do Lago
Guaíba/RS.
2.2 Objetivos Específicos
1 Caracterizar a macroestrutura cromossômica de diferentes espécies de peixes
pertencentes à subfamília Loricariinae coletadas em diferentes bacias hidrográficas,
visto que esta subfamília apresenta uma variabilidade no número diplóide, gerando
assim uma confusão taxonômica.
2 Identificar a posição e a localização das Regiões Organizadoras de Nucléolos
(RONs).
3 – Analisar o padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva.
4 – Determinar as regiões ricas em GC e AT através da coloração com fluorocromos
base-específico.
14
3 CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA E ESPÉCIES ESTUDADAS
3.1 Locais de Coleta
As coletas foram realizadas em vários afluentes pertencentes à bacia do rio
Paranapanema/SP e sistema hidrográfico do lago Guaíba/RS.
Bacia do Rio Paranapanema:
- Rio Paranapanema (S: 22º 42’ 30,3’’; W: 51º 04’ 08,4’’), localizado no município de
Iepê/SP (Figura 1A e 2a);
- Rio Jacutinga (S: 23º 17’ 25,9’’; W: 50º 58’ 47’’), Água da Floresta (S: 23º 12’ 23,3’’;
W: 50º 56’ 49,1’’), próximos ao município de Jataizinho/PR (Figura 1B e 2b; 1C e 2e,
respectivamente);
- Ribeirão Jacucaca (S: 23º 38’ 18,5’’; W: 51º 20’ 44,9’’), Água do Oito (S: 23º 40’
54’’; W: 51º 18’ 54,2’’), localizados próximos da cidade de Califórnia/PR; (Figura 1D
e 2c; 2d)
Sistema hidrográfico do Lago Guaíba/RS:
- Arroio Capivara (S: 30º 17’ 33,3’’; W: 51º 19’ 23,6’’), localizado no município Barra
do Ribeiro/RS (Figura 3B-1 e 4a);
- Arroio da Estação Agronômica da UFRGS (S: 30º 06' 02''; W: 51º 41' 42''),
localizado no município de Eldorado do Sul/RS (Figura 3B-2, 4c);
- Afluente do Rio Taquari: Rio Forquetinha (S: 2 19’ 20,9’’; W: 52º 14’ 03,6’’),
localizado no município de Canoas do Vale/RS ( Figura 3A-1 e 4b).
15
Figura 1 – Localização dos locais de coletas: A) Rio Paranapanema; B) Rio Jacutinga; C) Água da
Floresta; D) Ribeirão Jacucaca e Água do Oito.
16
Figura 2 – Foto dos locais de coleta: a) Rio Paranapanema; b) Rio Jacutinga; c) Ribeirão Jacucaca;
d) Água do Oito e e) Água da Floresta.
17
Figura 3 –Locais de coleta: A) Mapa Hidrográfico: 1 – Rio Forquetinha; 2 – Rio Taquari; 3 – Rio
Jacuí; B) Lago Guaíba: 1 - Arroio Capivara; 2 – Arroio da Estação Agronômica da UFRS; 3 – Rio
Jacuí.
18
Figura 4 Foto dos locais de coleta: a) Lago Guaíba – Arroio Capivara; a) Rio Forquetinha; e c)
Arroio da Estação Agronômica da UFRS.
19
3.2 Espécies Estudadas
Foram analisadas 5 espécies pertencentes à subfamília Loricariinae:
Loricariichthys platymetopon, Loricariichthys anus, Rineloricaria pentamaculata,
Rineloricaria cadeae e Rineloricaria strigilata.
- L. platymetopon: 14 exemplares (14 fêmeas), coletados no rio Jacutinga,
rio Paranapanema e Água da Floresta (Figura 5a);
- L. anus: 8 exemplares (4 machos e 4 fêmeas), coletados no lago Guaíba
– Arroio Capivara (Figura 5b);
- R. strigilata: 6 exemplares (3 machos e 3 fêmeas), coletados no Rio
Forquetinha ((Figura 5c);
- R. cadeae: 8 exemplares (3 machos e 5 fêmeas), coletados no lago
Guaíba (Figura 5d);
- Rineloricaria pentamaculata: 14 exemplares (9 machos e 5 fêmeas),
coletados no ribeirão Jacucaca e Água do Oito (Figura 5e);
20
Figura 5 – Espécies analisadas: a) Loricariichthys platymetopon; b) Loricariichthys anus; c)
Rineloricaria strigilata; d) Rineloricaria cadeae; e) Rineloricaria pentamaculata.
21
3.3 Técnicas Utilizadas
3.3.1 - Indução ao aumento do número de mitoses pela técnica de suspensão de
levedura (OLIVEIRA et al., 1988)
3.3.2 - Preparação de cromossomos mitóticos pela técnica de suspensão celular
(BERTOLLO et al., 1978)
3.3.3 - Preparo de lâminas e coloração convencional por Giemsa
3.3.4 - Impregnação por prata (HOWELL; BLACK, 1980)
3.3.5 - Determinação da distribuição da heterocromatina constitutiva (SUMNER,
1972)
3.3.6 Determinação das regiões ricas em pares de base GC e AT, através do
tratamento da tripla coloração CMA
3
/DA/DAPI (SCHWEIZER, 1980);
3.3.7 A montagem dos cariótipos seguiu a nomenclatura de LEVAN et al., 1964,
com algumas modificações. Para o cálculo do número fundamental (NF) os
cromossomos do tipo metacêntricos (m), submetacêntricos(sm) e subtelocêntricos
(st) foram considerados com dois braços e cromossomos acrocêntricos (a) com um
braço.
22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, A.L.; OLIVEIRA, C.; FORESTI, F., Ocorrência de Microcromossomo B em
Neoplecostomus paranensis (Siluriforme, Loricariidae). Genet. Molec. Biol., 22: p.
100, 1999.
ALVES, A.L. Análise da evolução dos gêneros da subfamília Hemipsilichthiinae
(Ostariophysi, Siluriformes, Loricariidae) com base em caracteres cromossômicos e
de DNA mitocondrial. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, área de
concentração: Zoologia) Universidade Estadual Paulista UNESP, Botucatu, SP,
2000.
ALVES, A.L.; OLIVEIRA, C.; FORESTI, F. Karyotipe variability in eight species of the
subfamilies Loricariinae and Ancistrinae (Teleostei, Siluriformes, Loricariidae).
Caryologia 56: p. 57-63, 2003.
ALVES, A.L.; OLIVEIRA, C.; FORESTI, F. Comparative cytogenetic analysis of
eleven species of subfamilies Neoplecostominae and Hypostominae (Siluriformes:
Loricariidae). Genetica 124: p. 127-136, 2005.
ANDREATA A.A., ALMEIDA-TOLEDO L.F., OLIVEIRA, C. & TOLEDO-FILHO S.A.
Chromosome studies in Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae): I.
XX/XY sex chromosome heteromorphism in Pseudotocinclus tietensis. Cytologia 57:
p. 369-372, 1992.
ANDREATA A.A., ALMEIDA-TOLEDO L.F., OLIVEIRA C & TOLEDO-FILHO S.A.
Chromosome studies in Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae): I1
ZZ/ZW sex chromosome system, B chromosomes, and constitutive heterochromatin
differentiation in Microlepdogaster leucofrenatus. Cytogenet. Cell Genet. 63: p. 215-
220, 1993.
ANDREATA A.A., ALMEIDA-TOLEDO L.F., OLIVEIRA C. & TOLEDO-FILHO S.A.
Cytogenetic studies on the subfamily Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes,
Loricariidae). III. Analysis of seven species. Caryologia 47: p. 27-37, 1994.
ANDREATA, A.A.; ALVES, A.L.; FORESTI, F.; OLIVEIRA, C. Hisonotus gibbosos
(Teleostei, Loricariidae) segundo Hypoptopomatineo com número diplóide diferente
de 54 cromossomos. Genet. Molec. Biol., 23, p.57, 2000.
23
ANDREATA, A.A.; OLIVEIRA, C.; FORESTI, F. Karyological characterization of four
Neotropical fish species of the genus Hisonotus (Teleostei, Loricariidae,
Hypotopomatinae) from distinct Brazilian river basins. Genet. Molec. Biol., 29(1): p.
62-66, 2006.
ARTONI, R.F.; BERTOLLO, L.A.C. Cytogenetic studies on Hypostominae (Pisces,
Siluriformes, Loricariidae). Considerations on karyotype evolution in the genus
Hypostomus. Caryologia, 49: p. 81-90, 1996.
ARTONI, R.F. Estudos citogenéticos na família Loricariidae, com ênfase no nero
Hypostomus LACEPEDE (1803) (Pisces, Siluriforme). Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR – SP, 1996.
ARTONI R.F.; BERTOLLO L.A.C. Trends in the Kariotype evolution of Loricariidae
fish (Siluriformes). Hereditas 134: p. 201-210, 2001.
BERTOLLO, L. A. C.; TAKAHASHI, C. S.; MOREIRA-FILHO, O. Cytotaxonomic
considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Rev. Bras. Genet. I: p.
103-120, 1978.
CANO J.; THODE, G.; SÁNCHES, M. L. Estudio ceriológico en dos especies de
Serránidos del Mediterráneo (Pesces: Perciformes). Doñana Acta Vert., 9: p. 5-12,
1982.
CASALE, V.C. Estudos Citogenéticos Comparativos em Quatro Espécies
Pertencentes ao Gênero Hypostomus (Pisces, Siluriformes, Loricariidae).
Monografia de Conclusão de curso, Graduação em Ciências Biológicas,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE, Campus de Cascavel,
2003.
CAVALLINI, M. M.; BERTOLLO, L. A. C. Indução de mitoses em Hoplias cf.
malabaricus (Teleostei, Characiformes, Erythrinidae). Simpósio de Citogenética
Eevolutiva e Aplicada de Peixes Neotropicais, II, 1988, Maringá. Resumos...
Maringá: Universidade Estadual de Maringá, p.32, 1988.
CENTOFANTE, L.; BERTOLLO, L.A.C.; MOREIRA-FILHO, O. Cytogenetic
characterization and description of na XX/XY1Y2 sex chromosomes system in
catfish Harttia carvalhoi (Siluriformes, Loricariidae). Cytog. Gen. Res., 112: p. 320-
324. 2006.
24
CEREALI, S.S.; Estudos Citogenéticos de Loricariidae (Siluriformes) do Planalto da
Bodoquena Mato Grosso do Sul. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual
de Londrina – UEL, Londrina, PR, 2006.
ERRERO-PORTO, F. Estudo citogenético e de polimorfismo cromossômico em
populações do gênero Rineloricaria (Loricariidae, Siluriformes) da bacia do rio
Paraná. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá, UEM,
Maringá, PR, 2007.
FERRARIS JR., C.J. Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes:
Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types. Zootaxa, 1418: p. 1-628,
2007.
GIULIANO-CAETANO, L.; Polimorfismo Cromssômico Robertsoniano em
Populações de Rineloricaria latirostris (Pisces, Loricariidae). Tese de Doutorado,
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, 1998.
GUERRA, M. Introdução à Citogenética Geral. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara,
142p., 1988.
HOWELL, W. M.; BLACK, D. A. Controled silver staining of nucleous organizer
regions with a protective coloidal devoloper:a 1-step method. Experientia, 36: 1014-
1015, 1980.
ISBRÜCKER, I.J.H. Classification and catalogue of the mailed Loricariidae (Pisces,
Siluriformes). Verslagen en Technische Gegevens, Instituut voor Taxonimische
Zoölogie, Zoölogische Museum, Universituit van Amsterdan; cap 22, p.1 – 181,
1981.
KAVALCO, K.F.; PAZZA, R.; BERTOLLO, L.A.C.; MOREIRA-FILHO, O. Karyotypic
diversity and evolution of Loricariidae (Pisces, Siluriformes). Heredity, 94: p. 180-
186, 2005.
LARA, M.C.S. Aspectos citogenéticos de quatro espécies de peixes da subfamília
Ancistrinae (Siluriformes, Loricariidae) da bacia do rio Paraná. Tese de Doutorado,
Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá, PR, 1998.
LEVAN, A.; FREDGA, K.; SANDBERG, A.A. Nomenclature for centromeric position
on chromosomes. Hereditas, 52: p. 201-220, 1964.
25
MARIOTTO, S.; ARTINO, R.F.; MIYAZAWA, C.S. Ocurrence of sexual chromosome,
of the type ZZ/ZW in Ancistrus cf. dubius (Loricariidae, Ancistrinae) of the Paraguay
River Basin, Mato Grosso, Brazil. Caryologia, 57: p. 327-331, 2004.
MARIOTTO, S.; MIYAZAWA, C.S. Ancistrus cf. dubius (Siluriformes, Ancistrinae), a
complex of species. 1. Chromossomic characterization of four populations and
ocurrence of sexual chromossomes os type XX/XY, in the Pantanal basin of Mato
Grosso, Brazil. Caryologia, 59: p. 299-304, 2006.
MAYR, E. Populações, espécies e especiação. São Paulo: Ed. Nacional, ed. da
Universidade de São Paulo, v. 5. 485 p., 1977.
MENEZES, R.S.; Alimentação de carí chicote, “Loricaria typusBleeker, da Bacia do
Rio Parnaíba, Piauí (Actinopterygii, Loricariidae, Loricariinae). Rev. Bras. Biol., cap
9, p. 381 – 387, 1949.
MICHELLE, J.L.; TAKAHASHI, C.S.; FERRARI, I. Kariotypic studies of some species
of the family Loricariidae (PISCES). Cytologia 42: p. 536-549, 1977.
OLIVEIRA, R.R.; SOUZA, I.L.; VENERE, P.C. Karyotype description of three species
of Loricariidae (Siluriformes) and occurrence of the ZZ/ZW sexual system
in Hemiancistrus spilomma Cardoso & Lucinda, 2003. Neot. Ichthyol., 4: p. 93-97,
2006.
PINNA, M.C.C. Phylogenetic relationships of Neotropical Siluriformes (Teleostei:
Ostariophsi) Historical Overwiew and Synthesis of Hypostheses. In: Malabarba, R.
M.; Reis, R. E.; Vari, R. P.; Lucena, C. A. Phylogeny and Classification of
Neotropical Fishes. Porto Alegre: EDIPURCRS, 375p, 1998.
REIS, R.E.; KULLANDER, S.O.; FERRARIS Jr, C.J.; Check List of the Freshwater
Fishes of South and Central America. EDIPUCRS, Porto Alegre, 2003.
REIS, R.E.; PEREIRA, E.H.L.; ARMBRUSTER, J.W. Delturinae, a new loricariid
catfish subfamily (Teleostei, Siluriformes), with revisions of Delturus and
Hemipsilichthys. Zool. J. Linnean Soc., 147: p. 227-299, 2006.
RUBERT, M. Estudos citogenéticos em diferentes populações do gênero
Hypostomus (Loricariidae, Hypostominae). Dissertação de Mestrado, Universidade
Estadual de Londrina, UEL, Londrina, PR, 2007.
SCAVONE, M.D.P.; JULIO Jr.; H.F. Cytogenetic analysis and probable
supernumerary chromosomes of Loricaria prolixa and Loricaria sp. Females
26
(Loricariidae Siluriformes) from the Paraná river basin. Rev. Ictiol., 2/3: 41-47,
1993/94.
SCAVONE, M.D.P.; JÚLIO Jr., H.F. Cytogenetics analysis and heterochromatin
distribution in ZZ/ZW sex chromosomes of the mailed catfish Loricariichthys
platymetopon (Loricariidae: Siluriformes). Rev. Bras. Genet., 1: p. 31-35, 1995.
SCHAEFER, S.A. Osteologi of Hypostomus plecostomus (Linnaeus), with a
phylogenetic analysis of the Loricariid subfamilies (Pisces, Siluroidei) Cont. Sci. Nat.
Hist. Mus. Los Angeles county, 1987.
SCHAEFER, S.A,; STEWART, D.J.; Systematics of the Panaque dentex species
group (Siluriformes: Loricariidae), wood-eating armored catfiches from tropical South
America. Ichthyol; p. 309-342, 1993.
SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specifc
heterochromatic regions (DA/DAPI) in human chromosomes. Cytog. Cell Genet., 77,
p. 190-193, 1980.
SUMNER, A. T. A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin.
Experimental Cell Research, v. 75, p.304-306, 1972.
27
CAPÍTULO I
Análise citogenética em duas espécies do gênero Loricariichthys
(Loricariidae, Loricariinae).*
* Este artigo será submetido à publicação na revista “Caryologia”.
28
Análise citogenética em duas espécies do gênero Loricariichthys
(Loricariidae, Loricariinae).
T
ATIANA
P
ERES DE
A
SSIS
M
AIA
1
,
L
UCIA
G
IULIANO
-C
AETANO
1
,
L.R.
M
ALABARBA
2
,
e
A
NA
L
ÚCIA
D
IAS
1
1 Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral, 86051-970, Londrina, PR,
Brasil. Telefone: ++55-43-33714257, fax: ++55-43-33714527 E-mail: anadias@uel.br.
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia,
91501970 - Porto Alegre, RS - Brasil
RESUMO
No presente trabalho foram analisadas duas espécies pertencentes ao gênero
Loriariichthys: Loricariichthys platymetopon da bacia do rio Paranapanema e
Loricariichthys anus do sistema hidrográfico do lago Guaíba, por meio de coloração
convencional (Giemsa), impregnação por nitrato de prata, bandamento-C e
fluorocromos base-específicos. A análise convencional revelou um número diplóide
de 54 cromossomos para as duas espécies estudadas, L. platymetopon com
6m+18sm+4st+26a, e L. anus com 8m+16sm+4st+26a, sendo observado a
presença de um polimorfismo estrutural em L. anus com um cromossomo
acrocêntrico maior e outro de tamanho menor. A impregnação por nitrato de prata
detectou RONs simples para as duas espécies, sendo terminal em L. platymetopon
e intersticial para L. anus. Quanto ao padrão de banda C as duas espécies
apresentam heterocromatina distribuída nas regiões pericentroméricas e associadas
às RONs. A análise por CMA
3
mostrou marcação fluorescente somente na RON,
sendo esta região negativa quando corada com DAPI, mostrando-se portanto rica
29
em GC. Os dados obtidos neste trabalho vêm contribuir para uma melhor
caracterização de Loricariichthys.
Palavras chave: polimorfismo estrutural, heterocromatina, Loricariichthys, RONs.
INTRODUÇÃO
A família Loricariidae é encontrada somente na região Neotropical,
comumente conhecidos por cascudos, ocupando o segundo lugar em número de
espécies, com 716 espécies descritas, distribuídas entre 96 gêneros (F
ERRARIS
,
2007) e seis subfamílias (R
EIS
et al. 2006). Ocupam habitats bastante variados,
demonstrando assim uma grande capacidade adaptativa (I
SBRUCKER
, 1981 apud
R
EIS
et al. 2003).
A subfamília Loricariinae apresenta 209 espécies e 31 gêneros (F
ERRARIS
,
2007). São peixes que habitam principalmente ambientes lênticos e semi-lóticos, de
hábito noturno e se reproduzem nos meses quentes sendo que os machos
carregam os ovos até o momento da eclosão (M
ARCUCCI
et al. 2005). Apresentam o
corpo alongado e um focinho projetado para a frente, com caudas achatadas e
fortes quilhas laterais e, frequentemente, um entalhe na parte posterior da órbita e,
em alguns casos a presença de um dimorfismo sexual caracterizada pela forma do
lábio inferior (R
EIS
e
P
EREIRA
, 2000).
Os estudos citogenéticos realizados na subfamília Loricariinae são restritos
a apenas cinco gêneros, Loricaria, Hartia, Rineloricaria, Loricariichthys e Sturisoma.
O gênero Loricariichthys possui 18 espécies (F
ERRARIS
, 2007) e apenas três
espécies foram analisadas citogeneticamente (F
ENOCCHIO
, 1993; S
CAVONE
e J
ULIO
30
J
R
, 1995; C
ARNEIRO
et al. 1998) até o momento. Todas as espécies analisadas
apresentaram um número diplóide constante de 54 cromossomos, entretanto são
observadas diferenças na fórmula cariotípica.
Devido ao número pequeno de espécies estudadas pertencentes ao gênero
Loricariichthys, no presente trabalho serão estudadas duas espécies visando
contribuir para a compreensão da estrutura cromossômica do gênero.
MATERIAIS E MÉTODOS
No presente trabalho foram analisados 14 exemplares (14 fêmeas) de
Loricariichthys platymetopon, coletados nos rios Paranapanema, no município de
Iepê/SP e Jacutinga e Água da Floresta, localizada no município de Jataizinho/PR,
pertencentes à bacia do rio Paranapanema e 8 exemplares (4 machos e 4 fêmeas)
de Loricariichthys anus, coletados no Arroio Capivara – lago Guaíba/RS.
Os cromossomos mitóticos foram obtidos de acordo com a técnica de
preparação direta de acordo com B
ERTOLLO
et al. (1978). A detecção das regiões
organizadoras de nucléolos foi realizada pela impregnação por nitrato de prata
(H
OWELL
e B
LACK
, 1980). Para determinação do padrão de distribuição da
heterocromatina, foi utilizada a técnica da Banda C (S
UMNER
, 1972). Para
determinação dos tios ricos em GC e AT foi utilizada a técnica da tripla coloração
CMA
3
/DA/DAPI (S
CHWEIZER
, 1980). Os cromossomos foram classificados em
metacêntricos (m), submetacêntricos (sm), subtelocêntricos (st) e acrocêntricos (a),
segundo L
EVAN
et al. (1964). O número fundamental (NF) foi calculado levando-se
em consideração que os cromossomos metacêntricos, submetacêntricos e
31
subtelocêntricos apresentam dois braços e os cromossomos do tipo acrocêntricos
um braço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Loricariichthys platymetopon apresentou um número diplóide de 54
cromossomos com fórmula cariotípica constituída por 6m+18sm+4st+26a e número
fundamental (NF) igual a 82 (Figura 1), e Loricariichthys anus apresentou 54
cromossomos, com fórmula cariotípica de 8m+16sm+4st+26a e NF=82 (Figura 2),
sendo observados, nesta última espécie, dois citótipos distintos: no citótipo A, todos
os cromossomos encontram-se pareados (Figura 2a), enquanto que no citótipo B foi
observado um par heteromórfico, com um cromossomo acrocêntrico maior e outro
de tamanho menor (Figura 2b), ocorrendo em 28,6% dos indivíduos analisados. Os
dois citótipos foram encontrados tanto para machos quanto para fêmeas. O
polimorfismo estrutural encontrado em Loricariichthys anus é relatado pela primeira
vez neste gênero. O citótipo B provavelmente dever ter surgido devido a uma
deleção, o que pode implicar na não fixação deste, devido a perda de uma grande
quantidade de material genético.
Exemplo de polimorfismo com variação de tamanho entre homólogos foi
observado em Tatera indica (Y
OSIDA
, 1981). Este roedor apresenta 2n=68 com oito
pares de cromossomos com dois braços (26 a 33), vinte e cinco pares de
acrocêntricos (1 a 25) e um par sexual do tipo XY. O menor par de braços (par 33)
apresentou três tamanhos designados por tipos A, B e C. O tipo A corresponde ao
de maior tamanho sendo submetacêntrico (sm); o tipo B é também submetacêntrico
de tamanho mediano e mais freqüente; e o tipo C é o menor e do tipo
32
subtelocêntrico. Os exemplares analisados apresentavam várias combinações: AB,
AC, BB, e BC, as formas AA e CC não foram encontradas podendo ser letais,
segundo a autora. A possível explicação é que o tipo B, por ser mais freqüente,
deve ter originado o tipo A por duplicação e o tipo C surgiu devido a uma inversão e
deleção.
Em Loricariichthys anus pode estar ocorrendo algo semelhante ao roedor
acima descrito e, ampliando a amostragem, talvez possam ser observadas outras
formas de tamanho do par 25; por outro lado, não se pode ignorar o fato, que a
deleção pode tornar o gameta inviável e este rearranjo não ser fixado pela falta de
genes essenciais.
As duas espécies de Loricariichthys aqui analisadas apresentaram o
mesmo número diplóide de 54 cromossomos e NF igual a 82, diferenciando-se pela
quantidade de cromossomos do tipo meta/submetacêntrico: Loricariichthys
platymetopon apresenta 6m+18sm, enquanto que Loricariichthys anus possui
8m+16sm. O número de cromossomos do tipo subtelo/acrocêntrico (4st+26a)
permaneceu constante nas duas espécies.
Dentre as 18 espécies existentes do gênero Loricariichthys (F
ERRARIS
,
2007), apenas quatro espécies foram estudadas citogeneticamente (Tabela1),
incluindo uma do presente estudo. O número diplóide de 2n=54 cromossomos
aparenta ser uma característica conservada neste gênero, porém, variações na
fórmula cariotípica são encontradas, sendo que somente a quantidade de
cromossomos subtelocêntricos é constante em todas as espécies (4st), os demais
tipos cromossômicos são variáveis.
O número diplóide de 54 cromossomos aparentemente é uma condição
plesiomórfica na família Loricariidae (A
LVES
, 2000; A
RTONI
e B
ERTOLLO
, 2001;
33
K
AVALCO
et al. 2005), ocorrendo em pelo menos uma espécie da maioria das
subfamília de Loricariidae, sendo mais comum na subfamília Hypoptopomatinae
(A
NDREATA
et al. 1992, 1993, 1994) e Neoplecostominae (A
LVES
et al. 2005). Na
subfamília Hypostominae, foi descrita em Hypostomus plecostomus (M
URAMOTO
,
O
HNO
e A
TKIN
, 1968), Rhinelepsis aspera e Pogonopoma wertheimeri (A
RTONI
e
B
ERTOLLO
, 1999); Corymbophanes n. sp.(
A
LVES
et al. 2005); para a subfamília
Neoplecostominae: Pareorhaphis splendens, P. steindachneri, P. vestigipinnis,
Pareorhaphis n. sp., Isbrueckerichthys duseni, Kronichthys lacerta, K. subteres e
Pareiorhina rudolphi (A
LVES
et al. 2005). Na subfamília Loricariinae ocorre no gênero
Loricariichthys (Tabela 1).
S
CAVONE
e J
ULIO
J
R
. (1995) encontraram uma possível variabilidade
cariotípica, caracterizando um sistema sexual do tipo ZZ/ZW em Loricariichthys
platymetopon, sendo que as fêmeas apresentam 7m+20sm+4st+23a e os machos
possuem 6m+20sm+4st+24a, o cromossomo W corresponde a um metacêntrico de
tamanho grande e o Z corresponde ao maior cromossomo acrocêntrico. As
populações coletadas na bacia do rio Paranapanema não apresentaram
diferenciação na fórmula cariotípica. Entre os peixes neotropicais, cerca de 55
espécies possuem cromossomos sexuais diferenciados entre machos e fêmeas,
correspondendo a 4% do total de espécies analisadas citogeneticamente
(CENTOFANTE et al., 2002), uma porcentagem baixa.
Em Loricariichthys platymetopon foi observada uma constrição secundária
em posição terminal no par 16, coincidente com a localização das RONs (Figuras 1
e 3B e C). Em Loricariichthys anus o par 21 apresentou uma constrição secundária,
em posição intersticial, coincidente com as RONs apresentando heteromorfismo de
tamanho entre os homólogos (Figura 2 e 3A1 e C). Portanto, as duas espécies
34
mostraram ter um padrão de RONs característico de cada uma, tanto em relação ao
par cromossômico quanto à posição destas regiões no cromossomo.
Loricariichthys platymetopon do rio Paraná, analisada por S
CAVONE
e J
ULIO
J
R
. (1995) também apresentou RON simples e terminal, entretanto, em um par
distinto da população do presente estudo, no par 14, também coincidente com uma
constrição secundária.
Em Loricariinae outras epécies também apresentaram este mesmo fenótipo
de RON terminal, como em: Rineloricaria kronei, Rineloricaria cadeae (A
LVES
et al.
2003); Harttia loricariformis (K
AVALCO
et al. 2005), entre outros. Entretanto, RONs
intersticiais foram encontradas nesta subfamília sendo observadas em: Harttia
loricariformis (A
LVES
et al. 2003), Rineloricaria latirostris (G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998),
entre outras.
O padrão de distribuição da heterocromatina observado nas duas espécies
foi semelhante, estando localizado na região pericentromérica da maioria dos
cromossomos e associada às RONs (Figura 3A-1 e B-1).
Este padrão de distribuição da heterocromatina foi observado em outras
espécies pertencente às subfamílias Loricariinae, como em Loricariichthys
platymetopon (S
CAVONE
e J
ULIO
J
R
, 1995), Rineloricaria latirostris (G
IULIANO
-
C
AETANO
, 1998) e Harttia loricariformis (K
AVALCO
et al. 2004), sendo aparentemente
uma característica conservada dentro desta subfamília.
A coloração com o fluorocromo base-específico CMA
3
mostrou marcação
fluorescente coincidentes com as RONs, e com o fluorocromo DAPI essa região
apresentou-se negativa para as duas espécies (Figura 3A-3 e B-3); sendo estas
regiões ricas em GC. Em relação às heterocromatinas pericentroméricas, que não
estão destacadas por nenhum fluorocromo, estas devem apresentar uma
35
composição de bases tanto AT quanto GC muito próximas, assim como sugerem
K
AVALCO
et al. (2004) para Harttia loricariformis. Dentro do gênero Loricariichthys,
não existem estudos com fluorocromos.
Na família Loricariidae, a ocorrência de seqüências de heterocromatina rica
em GC adjacente ou intercalar a RON é amplamente descrita para muitas espécies
desta família (G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998; A
RTONI
e B
ERTOLLO
, 1999; K
AVALCO
et al.
2004; R
UBERT
, 2007). Em Loricariinae regiões ricas em AT são raras, sendo descrita
somente em Rineloricaria latirostris (G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998), e em algumas
espécies de Hypostominae (A
RTONI
e B
ERTOLLO
, 1999; R
UBERT
, 2007).
Neste trabalho estão sendo apresentadas pela primeira vez a descrição
cariotípica de Loricariichthys anus e a análise de fluorocromos base-específico,
contribuindo com mais informações neste grupo de peixes. Poucas são as espécies
de Loricariichthys analisadas citogeneticamente até o momento, como citado acima,
portanto se faz necessária a realização de mais análises para que a estrutura e
evolução cromossômica do gênero, possam ser melhor compreendidas.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A
LVES
,
A.L., 2000 Análise da evolução dos gêneros da subfamília
Hemipsilichthiinae (Ostariophysi, Siluriformes, Loricariidae) com base em
caracteres cromossômicos e de DNA mitocondrial. Dissertação (Mestrado em
Ciências Biológicas, área de concentração: Zoologia), Universidade Estadual
Paulista – UNESP, Botucatu, SP.
A
LVES
,
A.L.,
O
LIVEIRA
,
C.
and
F
ORESTI
,
F., 2003 – Karyotipe variability in eight species
of the subfamilies Loricariinae and Ancistrinae (Teleostei, Siluriformes,
Loricariidae). Caryologia 56: 57-63.
A
LVES
,
A.L.,
O
LIVEIRA
,
C. and F
ORESTI
,
F., 2005 Comparative cytogenetic analysis
of eleven species of subfamilies Neoplecostominae and Hypostominae
(Siluriformes: Loricariidae). Genetica 124: 127-136.
A
NDREATA
A.A.,
A
LMEIDA
-T
OLEDO
L.F.,
O
LIVEIRA
,
C. and T
OLEDO
-F
ILHO
S.A., 1992
Chromosome studies in Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae):
I. XX/XY sex chromosome heteromorphism in Pseudotocinclus tietensis.
Cytologia 57: 369-372.
37
A
NDREATA
A.A.,
A
LMEIDA
-T
OLEDO
L.F.,
O
LIVEIRA
C. and T
OLEDO
-F
ILHO
S.A., 1993
Chromosome studies in Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes, Loricariidae):
I1 ZZ/ZW sex chromosome system, B chromosomes, and constitutive
heterochromatin differentiation in Microlepdogaster leucofrenatus.
Cytogenetics and Cell Genetics 63: 215-220.
A
NDREATA
A.A.,
A
LMEIDA
-T
OLEDO
L.F.,
O
LIVEIRA
C. and T
OLEDO
-F
ILHO
S.A., 1994
Cytogenetic studies on the subfamily Hypoptopomatinae (Pisces, Siluriformes,
Loricariidae). III. Analysis of seven species. Caryologia 47: 27-37.
A
RTONI
,
R.F. and B
ERTOLLO
,
L.A.C., 1999 Nature and distribution of constitutive
heterochromatin in fishes, genus Hypostomus (Loricariidae). Genetica, 106:
209-214.
A
RTONI
R.F and B
ERTOLLO
L.A.C., 2001 – Trends in the Kariotype evolution of
Loricariidae fish (Siluriformes). Hereditas 134: 201-210.
B
ERTOLLO
,
L.
A.
C.,
T
AKAHASHI
,
C.
S. and M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 1978 Cytotaxonomic
considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Brazilian Journal of
Genetics 1: 103-120.
38
C
ARNEIRO
,
A.S.P.,
P
AULS
,
E.,
O
LIVEIRA
,
A.S.S.,
S
ILVA
,
L.P. and V
IEIRA
,
W.S., 1998
Projeto Magagé: Estudos citogenéticos de Harttia sp. e Loricariichthys sp.
(Pisces, Loricariidae) da bacia hidrográfica do rio Itabopoana (MG/ES/RJ). VII
Simpósio de Citogenética e Genética de Peixes, Londrina PR, Resumos
p.B11.
C
ENTOFANTE
,
L.,
B
ERTOLLO
,
L.A.C. and M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 2002 A ZZ/ZW sex
chromosome system in a new species os the genus Parodon (Pisces,
Parodontidae). Caryologia 55: 139-150.
F
ERRARIS
JR., C.J., 2007 Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes:
Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types. Zootaxa 1418: 1-628.
F
ENOCCHIO
,
A.S., 1993 Cromossomos supranumerários no gênero Rhamdia
(Pisces). Caracterização cromossômica e considerações sobre a evolução
cariotípica nos Siluroidei. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo
USP, São Paulo, SP.
G
IULIANO
-C
AETANO
,
L., 1998 Polimorfismo Cromssômico Robertsoniano em
Populações de Rineloricaria latirostris (Pisces, Loricariidae). Tese de
Doutorado, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP.
39
H
OWELL
,
W.
M. and B
LACK
,
D.
A., 1980 – Controled silver staining of nucleous
organizer regions with a protective coloidal devoloper:a 1-step method.
Experientia, 36: 1014-1015.
I
SBRUCKER
,
I.J.H., 1981 Classification and catalogue of the mailed Loricariidae
(Pisces, Siluriformes). Verslagen en Technische Gegevens, Instituut voor
Taxonimische Zoölogie, Zoölogische Museum, Universituit van Amsterdan, 22,
1 – 181.
K
AVALCO
,
K.F.,
P
AZZA
,
R.,
B
ERTOLLO
,
L.A.C. and M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 2004
Heterochromatin characterization of four fish species of the family Loricariidae
(Siluriformes). Hereditas, 141: 237-242.
K
AVALCO
,
K.F.,
P
AZZA
,
R.,
B
ERTOLLO
,
L.A.C. and M
OREIRA
-F
ILHO
,
O. Karyotypic
diversity and evolution of Loricariidae (Pisces, Siluriformes). Heredity, 94: 180-
186.
L
EVAN
,
A.,
F
REDGA
,
K. and S
ANDBERG
,
A.A., 1964 Nomenclature for centromeric
position on chromosomes. Hereditas 52: 201-220.
M
ARCUCCI
,
K.M.I.,
O
RSI
,
M.L. and S
HIBATTA
,
O.A., 2005 Abundância e aspectos
reprodutivos de Loricariichthys platymetopon (Siluriformes, Loricariidae) em
quatro trechos da represa Capivara, médio rio Paranapanema. Iheringia, Série
Zoologia, 95(2): 197-203.
40
M
URAMOTO
,
J.,
O
HNO
,
S. and A
TKIN
,
N.B., 1968 – On the diploid state of the fish order
Ostariophysi. Chromosoma, 24: 59-66.
R
EIS
,
R.E.
and
P
EREIRA
,
E.H., 2000 Three new species of the Loricariid catfish
genus Loricariichthys (Teleostei: Siluriformes) from Southern South America.
Copeia, 4: 1029-1047.
R
EIS
,
R.E.,
P
EREIRA
,
E.H.L. and A
RMBRUSTER
,
J.W., 2006 Delturinae, a new
loricariid catfish subfamily (Teleostei, Siluriformes), with revisions of Delturus
and Hemipsilichthys. Zoological Journal of the Linnean Society, 147: 227-299.
R
UBERT
,
M., 2007 – Estudos citogenéticos em diferentes populações do gênero
Hypostomus (Loricariidae, Hypostominae). Dissertação de Mestrado,
Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, PR.
S
CAVONE
,
M.D.P. and J
ULIO
J
R
,
H.F., 1995 Cytogenetics analysis and
heterochromatin distribution in ZZ/ZW sex chromosomes of the mailed catfish
Loricariichthys platymetopon (Loricariidae: Siluriformes). Brazilian Journal of
Genetics 1: 31-35.
S
CHWEIZER
,
D., 1980 Simultaneous fluorescent staining of R bands and specifc
heterochromatic regions (DA/DAPI) in human chromosomes. Cytogenetic and
Cell Genetic, 77: 190-193.
41
S
UMNER
,
A.
T., 1972 A simple technique for demonstrating centromeric
heterochromatin. Experimental Cell Research, 75: 304-306.
Y
OSIDA
,
T.H., 1981 Chromosome polymorphism of the large nadek-soled gerbil,
Tatera indica (Rodentia, Muridae). The Japanese journal of genetics, 56 (3):
241-248.
42
Figura 1: Cariótipo de Loricariichthys platymetopon corado com Giemsa. O quadrado evidencia a
constrição secundária no par 16.
43
Figura 2: Cariótipos de Loricariichthys anus corados com Giemsa: a) citótipo A e b) citótipo B. Os
quadrados evidenciam a constrição secundária no par 21 e o * o heteromorfismo encontrado no par
25.
44
Figura 3: Bandamento cromossômico em. Loricariichthys anus (A) e. Loricariichthys platymetopon
(B): 1. metáfases com AgNORs, 2. metáfases evidenciando a heterocromatina constitutiva e 3.
metáfases sobrepostas depois de coradas com fluorocromos CMA
3
/DAPI.. Constrição secundária
evidenciada com: Giemsa, nitrato de prata, bandeamento C e sobreposição dos fluorocromos
CMA
3
/DAPI (C).
45
Tabela 1: Estudos citogenéticos realizados no gênero Loricariichthys.
2n= número diplóide; NF= número fundamental; m=metacêntrico; sm=submetacêntrico; st=subtelocêntrico; a=
acrocêntrico
Espécie Localidade 2n NF Fórmula Cariotípica Ref.
Loricariichthys sp. Rio Paraná – Argentina 54 90 6m+26sm+4st+18a 1
Loricariichthys sp. Rio Itabapoana 54 82 28m+26a 2
L. platymetopon Rio Paraná– Porto Rico-PR 54 85 7m+20sm+4st+23a
54 84 6m+20sm+4st+24a 3
L. platymetopon Bacia Rio Paranapanema 54 82 6m+18sm+4st+26a 4
L. anus Sist. H. do Lago Guaíba-RS 54 82 8m+16sm+4st+26a 4
Referências: 1 F
ENOCCHIO
, 1993; 2 C
ARNEIRO
et al., 1998; 3 S
CAVONE
e J
ULIO
J
R
. 1995; 4 Presente
trabalho.
46
CAPÍTULO II
Caracterização cariotípica de três espécies do gênero Rineloricaria
(Siluriformes, Loricariidae, Loricariinae). *
* Este artigo será submetido à publicação na revista “Caryologia”.
47
Estudo cariotípico de três espécies do gênero Rineloricaria
(Siluriformes, Loricariidae, Loricariinae).
T
ATIANA
P
ERES DE
A
SSIS
M
AIA
1
,
L
UCIA
G
IULIANO
-C
AETANO
1
,
M
ÔNICA
S.
R
ODRIGUEZ
2
,
J.
L.R.
M
ALABARBA
2
,
E
A
NA
L
ÚCIA
D
IAS
1
1 Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral, 86051-970, Londrina, PR,
Brasil. Telefone: ++55-43-33714257, fax: ++55-43-33714527. E-mail: anadias@uel.br.
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia,
91501970 - Porto Alegre, RS - Brasil
RESUMO
No presente trabalho foram analisadas três espécies de peixes: Rineloricaria
pentamaculata de afluentes do Rio Tibagi/PR, Rineloricaria cadeae do lago
Guaíba/RS e Rineloricaria strigilata do rio Forquetinha/RS, por meio de coloração
convencional (Giemsa), impregnação por nitrato de prata, bandamento-C e
coloração com fluorocromos base-específicos. A análise com Giemsa revelou um
número diplóide de 56 para R. pentamaculata (2m+6sm+48a), 62 cromossomos
para R. cadeae (2sm+2st+58a) e 70 cromossomos para R. strigilata (4sm+2st+64a).
A impregnação por nitrato de prata detectou RONs simples para as três espécies,
em posição terminal, localizadas no quinto par para R. pentamaculata, com
polimorfismo de tamanho, e nono par para R. cadeae e R. strigilata. Esta última
espécie apresentou um heteromorfismo de tamanho da NOR. Quanto ao padrão de
banda C foi observado que todas as espécies apresentam heterocromatina
distribuída nas regiões pericentroméricas e associadas às RONs. A análise por
CMA
3
mostrou marcação fluorescente coincidente com a RON, sendo esta região
48
negativa quando corada com DAPI, mostrando-se portanto rica em GC. Os
resultados observados no presente trabalho confirmam que a variabilidade
cariotípica, é uma característica comum deste grupo.
Palavras chave: Rineloricaria, heterocromatina, RONs, fluorocromos, variabilidade
cariotípica.
INTRODUÇÃO
A subfamília Loricariinae, apresenta 31 gêneros distribuídos em 209
espécies (F
ERRARIS
, 2007), sendo um dos maiores grupos de Loricariidae, em
relação a número de espécies. O gênero Rineloricaria é formado por 22 espécies
(F
ERRARIS
, 2007), sendo peixes de pequeno a médio porte, com cabeça triangular,
focinho coberto de placas, órbita com pequeno entalhe posterior, boca com bios
totalmente cobertos de papilas, dentes pequenos e cuspidados, apresentando
dentes faríngeos. A região ventral é coberta de placas, abaixo das nadadeiras
peitorais, onde a presença de 2 a 5 fileiras de pequenas placas. A placa anal é
limitada, anteriormente, por 3 a 4 grandes placas. A nadadeira caudal possui raios
simples, podendo apresentar prolongamento (L
ANGEANI E
A
RAÚJO
, 1994).
As espécies de Rineloricaria podem ser encontradas em ambientes de
corredeiras, fixados nas rochas ou troncos ou em fundos arenosos, enterrados sob
a areia. São animais noturnos e alimentam-se de algas e detritos orgânicos
(O
YAKAWA
et al. 2006). São pequenos e apresentam dimorfismo sexual
característico dos machos, que apresentam odontóides hiperatrofiados nas laterais
da cabeça e face dorsal dos raios das nadadeiras peitorais. Apresentam uma ampla
49
distribuição, desde a Costa Rica até o rio de La Plata, na Argentina, mostrando uma
grande diversidade adaptativa, explorando vários habitats (F
ERRARIS
, 2003 apud
R
ODRÍGUES
e
M
IQUELARENA
, 2005). Algumas espécies, como Rineloricaria strigilata
são encontradas em ambientes muito poluídos, comprovando a diversidade a
diversos habitats (F
LORES
-L
OPES
et al., 2001 apud R
ODRÍGUES
e
M
IQUELARENA
,
2005).
Estudos citogenéticos foram realizados em apenas cinco espécies do
gênero Rineloricaria, e revelaram números diplóides variando de 2n=36
cromossomos em Rineloricaria latirostris (G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998) a 2n=70 em
Rineloricaria n. sp. (A
LVES
et al. 2003), o que demonstra uma grande diversidade
cariotípica. Giuliano-Caetano (1998) evidenciou em Rineloricaria latirostris um
polimorfismo numérico nesta espécie cujo número diplóide varia de 2n=36 a 48
cromossomos, devido a translocações robertsonianas; E
RRERO
-P
ORTO
(2007)
também encontrou um polimorfismo numérico em Rineloricaria pentamaculata,
devido a presença de cromossomos B.
Essa diversidade cariotípica faz com que este gênero seja um bom material
para estudos citogenéticos. O presente trabalho tem por objetivo analisar
citogenéticamente três espécies pertencentes ao gênero Rineloricaria visando
contribuir para uma melhor caracterização citogenética do gênero.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram analisadas três espécies do gênero Rineloricaria: 14 exemplares (9
machos e 5 fêmeas) de Rineloricaria pentamaculata, coletados no Ribeirão
Jacucaca e Água do Oito, afluentes do Rio Tibagi PR, 8 exemplares (3 machos e
50
5 fêmeas) de Rineloricaria cadeae coletados no Lago Guaíba – RS, 6 exemplares (3
machos e 3 fêmeas) de Rineloricaria strigilata coletados no Rio Forquetinha – RS.
Os cromossomos mitóticos foram obtidos através da técnica de preparação
direta, de acordo com B
ERTOLLO
et al. (1978) e foram corados com Giemsa para
análise convencional. A detecção das regiões organizadoras de nucléolos foi
realizada pela impregnação por nitrato de prata (H
OWELL
e
B
LACK
, 1980). Para
determinação do padrão de distribuição da heterocromatina, foi utilizada a técnica
da Banda-C (S
UMNER
, 1972). Para determinação dos sítios GC e AT-ricos foi
utilizada a técnica da tripla coloração CMA/DA/DAPI (S
CHWEIZER
, 1980). Os
cromossomos do tipo metacêntricos (m), submetacêntricos (sm) e subtelocêntricos
(st) foram considerados com dois braços e os cromossomos acrocêntricos (a) foram
considerados com um braço segundo com L
EVAN
et al. (1964), para o lculo do
número fundamental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Rineloricaria pentamacula apresentou 2n=56 cromossomos com fórmula
cariotípica constituída de 2m+6sm+48a, número fundamental (NF) igual a 64 e
constrição secundária no quinto par (Figura 1a). Contudo E
RRERO
-P
ORTO
(2007)
analisando varias populações de R. pentamaculata encontrou diferenças na fórmula
cariotípica e no número diplóide: a população do córrego Tauá apresentou
exemplares com 9m/sm+47st/a, e NF=65 indicando, segundo a autora, um
polimorfismo estrutural devido a uma não disjunção meiótica de um par
cromossomos acrocêntricos de tamanho médio, originando uma trissomia seguida
de fusão de um destes cromossomos com o homólogo de um par acrocêntrico
51
pequeno, dando origem ao submetacêntrico extra no complemento; e também na
população de Tauá alguns exemplares de R. pentamaculata apresentaram 2n de 56
a 59 devido a presença de cromossomos B.
Os exemplares de Rineloricaria cadeae apresentaram número diplóide
igual a 62 cromossomos com fórmula cariotípica de 2sm+2st+58a, NF=66, com
constrição secundária no nono par (Figura 1b) diferente do resultado obtido por
A
LVES
et al. (2003) que obteve número diplóide de 2n=66 (2m+64st/a) e constrição
secundária no segundo par para a mesma espécie (Tabela 1). Esta diferença
encontrada em R. cadeae pode sugerir que se tratam de espécies diferentes ou que
processos de não-disjunção meiótica ou mitótica podem ter ocorrido nesta espécie,
o que confere a R. cadeae uma certa plasticidade cariotípica.
Os espécimes de Rineloricaria strigilata apresentaram 2n=70 cromossomos
e cariótipo constituído por 4sm+2st+64a, NF=76, com uma constrição secundária
também no nono par (Figura 1c). Este cariótipo havia sido descrito para
Rineloricaria n. sp. (2sm+68a) por A
LVES
et al. (2003), sendo este o número diplóide
mais elevado para o gênero (Tabela 1); as duas espécies apesar de apresentarem o
mesmo 2n, possuem fórmulas cariotípicas diferentes, apresentando alteração na
quantidade de sm e de cromossomos st-a. Segundo G
IULIANO
-C
AETANO
(1998) na
subfamília Loricariinae, espécies que apresentam menor número cromossômico
possuem uma quantidade maior de cromossomos do tipo meta/submetacêntricos,
enquanto que espécies que apresentam maior número cromossômico prevalecem
os cromossomos do tipo subtelo/acrocêntricos. Observando-se a Tabela 1 os dados
encontrados corroboram com essa hipótese. A
LVES
et al. (2003) também
observaram para números diplóides maiores e uma maior quantidade de
52
cromossomos acrocêntricos em Rineloricaria kronei, Rineloricaria cadeae e
Rineloricaria n. sp.
Os resultados obtidos para as espécies analisadas revelaram um número
diplóide variando de 56, 62 e 70 cromossomos. Esta variação é coincidente ao
encontrado em outras espécies desse gênero (Tabela 1), confirmando uma grande
variabilidade cariotípica no grupo.
Os processos de inversão pericêntrica e fissões/fusões cêntricas são tidos
comos os principais processos que causa esta grande complexidade observada
durante a história evolutiva da subfamília Loricariinae, sendo responsáveis pelas
variações numérica e estrutural, como já sugerido por A
LVES
et al. (2003) e K
AVALCO
et al. (2005).
Em relação aos bandamentos cromossômicos, as três espécies de
Rineloricaria apresentaram RONs simples, em posição terminal e coincidente com a
constrição secundária (Figura 2). Em Rineloricaria pentamaculata do presente
estudo e as analisadas por E
RRERO
-P
ORTO
(2007) a RON encontra-se no quinto par.
Pode-se observar uma constância na localização das RONs no nono par de
Rineloricaria cadeae e Rineloricaria strigilata, do presente estudo, enquanto que
A
LVES
et al. (2003) encontraram a RON no segundo par para R. cadeae.
Em Rineloricaria pentamaculata as RONs se apresentaram com e sem
heteromorfismo de tamanho entre os cromossomos homólogos, caracterizando
assim um polimorfismo e Rineloricaria strigilata apresentou um heteromorfismo de
tamanho desta região em todas as metáfases analisadas, não sendo observado em
Rineloricaria cadeae. (Figura 2D).
O heteromorfismo relacionado ao tamanho nas RONs observado em
Rineloricaria pentamaculata e Rineloricaria strigilata pode ter ocorrido devido a um
53
crossing-over desigual ou duplicação gênica, como sugerido por F
ORESTI
et al.
(1981) e A
LMEIDA
-T
OLEDO
et al. (2000) no grupo dos peixes. Este heteromorfismo de
tamanho foi encontrado em outras espécies do gênero, como em Rineloricaria
latirostris (G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998), Rineloricaria kronei, Rineloricaria cadeae e
Rineloricaria n. sp. (A
LVES
et al. 2003) e Rineloricaria pentamaculata (E
RRERO
-
P
ORTO
, 2007).
Segundo S
OLA
et al. (1988) a presença de heterocromatina intercalar aos
genes ribossomais pode facilitar permutas desiguais entre as cromátides, causando
um polimorfismo da RON em relação ao tamanho. Este fato pode explicar o
heteromorfismo evidenciado em algumas espécies de Rineloricaria (Figura 2D).
A posição da heterocromatina no gênero Rineloricaria do presente trabalho
coincide com o padrão observado em outras espécies de Loricariinae, como, em
Loricariichthys platymetopon (S
CAVONE
e J
ULIO
J
R
., 1995); Rineloricaria latirostris
(G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998), Rineloricaria pentamaculata (E
RRERO
-P
ORTO
, 2007); e
Harttia loricariformis (K
AVALCO
et al. 2004), sendo presente bandas
pericentroméricas em muitos cromossomos, e também coincidente com as RONs
(Figura 2).
No presente estudo as regiões organizadoras de nucléolos apresentaram-
se ricas em GC, enquanto que as regiões pericentroméricas não apresentaram
nenhuma marcação com os fluorocromos utilizados, provavelmente as
heterocromatinas pericentroméricas devem possuir uma composição de bases tanto
AT quanto GC próximas (Figura 2), assim como em Harttia loricariformis, estudado
por K
AVALCO
et al. (2004). G
IULIANO
-C
AETANO
(1998) observou em Rineloricaria
latirostris as heterocromatinas pericentroméricas ricas nas bases AT, as quais são
54
raras dentre os peixes, sendo descrita apenas entre algumas espécies de
Hypostominae (A
RTONI
e B
ERTOLLO
, 1999; R
UBERT
, 2007).
Os dados apresentados no presente trabalho vem a contribuir com maiores
informações a respeito do gênero, visto que estudos realizados em Rineloricaria são
escassos. O presente trabalho vem confirmar a variabilidade cariotípica observada,
principalmente em relação ao número diplóide, mostrando que este gênero
apresenta uma evolução diversificada, com várias modificações cariotípicas.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A
LMEIDA
-T
OLEDO
,
LF.,
F
ORESTI
,
F.
and
T
OLEDO
-F
ILHO
,
S.A., 2000 Karyotypic
evolution in Neotropical freshwater. Chromosomes Today, 13: 169-182.
A
LVES
,
A.L.,
O
LIVEIRA
,
C.
and
F
ORESTI
,
F., 2003 – Karyotipe variability in eight species
of the subfamilies Loricariinae and Ancistrinae (Teleostei, Siluriformes,
Loricariidae). Caryologia 56: 57-63.
A
RTONI
,
R.F. and B
ERTOLLO
,
L.A.C., 1999 Nature and distribution of constitutive
heterochromatin in fishes, genus Hypostomus (Loricariidae). Genetica, 106:
209-214.
B
ERTOLLO
,
L.
A.
C.,
T
AKAHASHI
,
C.
S.
and
M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 1978 Cytotaxonomic
considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Revista Brasileira
de Genética, 1: 103-120.
E
RRERO
-P
ORTO
,
F., 2007 Estudo citogenético e de polimorfismo cromossômico em
populações do gênero Rineloricaria (Loricariidae, Siluriformes) da bacia do rio
Paraná. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Maringá UEM,
Maringá, PR.
F
ERRARIS
JR.,
C.J., 2007 Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes:
Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types. Zootaxa 1418: 1-628.
56
F
LORES
-L
OPES
,
F.,
M
ALABARBA
,
L.R.,
P
EREIRA
,
E.H.L. and S
ILVA
,
J.F.P., 2001
Alterações histológicas em placas ósseas do peixe cascudo Rineloricaria
strigilata (Hensel) (Teleostei, Loricariidae) e sua freqüência no lago Guaíba,
Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brazileira de Zoologia, 18(3): 699 – 709.
F
ORESTI
,
F.,
A
LMEIDA
-T
OLEDO
,
L.F. and T
OLEDO
-F
ILHO
,
S.A., 1981 A polimorphic
nature of nucleolus organizer regions in fishes. Cytogenetics and Cell Genetics,
31(3): 137-144.
G
IULIANO
-C
AETANO
,
L., 1998 Polimorfismo Cromssômico Robertsoniano em
Populações de Rineloricaria latirostris (Pisces, Loricariidae). Tese de
Doutorado, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP.
H
OWELL
,
W.
M.
and
B
LACK
, D. A., 1980 – Controled silver staining of nucleous
organizer regions with a protective coloidal devoloper:a 1-step method.
Experientia, 36: 1014-1015.
K
AVALCO
,
K.F,
P
AZZA
,
R.,
B
ERTOLLO
,
L.A.C.
and
M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 2004
Heterochromatin characterization of four fish species of the family Loricariidae
(Siluriformes). Hereditas, 141: 237-242.
K
AVALCO
,
K.F.,
P
AZZA
,
R.,
B
ERTOLLO
,
L.A.C.
and
M
OREIRA
-F
ILHO
,
O., 2005
Karyotypic diversity and evolution of Loricariidae (Pisces, Siluriformes).
Heredity, 94: 180-186.
57
L
ANGEANI
,
F. and A
RAUJO
,
R.B., 1994 – O gênero Rineloricaria Bleeker, 1862
(Ostariophysi, Siluriformes) na Bacia do Rio Paraná Superior. Rineloricaria
pentamaculata SP.N. e Rineloricaria latirostris (Boulenger, 1900).
Comunicação Museu de Ciências e Tecnologia, PUCRS, Série Zoologia, 7:
151-166.
L
EVAN
,
A.,
F
REDGA
,
K. and S
ANDBERG
,
A.A., 1964 Nomenclature for centromeric
position on chromosomes. Hereditas 52: 201-220.
O
YAKAWA
,
O.T.,
A
KAMA
,
A.,
M
AUTARI
,
K.C. and N
OLASCO
,
J.C., 2006 Peixes de
Riachos da Mata Atlântica. p. 201, Editora Neotrópica, São Paulo.
R
EIS
,
R.E.;
K
ULLANDER
,
S.O.;
F
ERRARIS
J
R
,
C.J., 2003 Check List of the Freshwater
Fishes of South and Central America. EDIPUCRS, Porto Alegre.
R
ODRÍGUEZ
,
M.S. and M
IQUELARENA
,
A.M., 2005 A new species of Rineloricaria
(Siluriformes: Loricariidae) from the Paraná and Uruguay River basins,
Misiones, Argentina. Zootaxa 945: 1 – 15.
R
UBERT
,
M., 2007 – Estudos citogenéticos em diferentes populações do gênero
Hypostomus (Loricariidae, Hypostominae). Dissertação de Mestrado,
Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina, PR.
58
S
CAVONE
,
M.D.P. and J
ULIO
J
R
.,
H.F., 1995 Cytogenetics analysis and
heterochromatin distribution in ZZ/ZW sex chromosomes of the mailed catfish
Loricariichthys platymetopon (Loricariidae: Siluriformes). Revista Brasileira
de Genética, 18: 31-35.
S
CHWEIZER
,
D., 1980 Simultaneous fluorescent staining of R bands and specifc
heterochromatic regions (DA/DAPI) in human chromosomes. Cytogenetic and
Cell Genetic, 77: 190-193.
S
OLA
,
L.,
N
ATILI
,
G.L. and C
ATAUDELLA
,
S., 1988 Cytogenetical characterization of
Odontesthes bonariensis (Pisces, Atherinidae), an Argentine species
introduced in Italy. Genetica, 77: 217-224.
S
UMNER
, A. T., 1972 A simple technique for demonstrating centromeric
heterochromatin. Experimental Cell Research, 75: 304-306.
59
Figura 1: Cariótipos corados com giemsa de: A) Rineloricaria pentamaculata, B) Rineloricaria
cadeae e C) Rineloricaria strigilata. O quadrado evidencia a constrição secundária no par 5 para R.
pentamaculata, par 9 para R. cadeae e par 9 para R. strigilata.
60
Figura 2: Bandamento cromossômico em Rineloricaria cadeae (A), Rineloricaria strigilata (B) e
Rineloricaria pentamaculata: 1. metáfases com AgNORs, 2. metáfases evidenciando a
heterocromatina constitutiva e 3. metáfases sobrepostas depois de coradas com fluorocromos
CMA
3
/DAPI.. Constrição secundária evidenciada com: Giemsa, nitrato de prata, bandeamento C e
sobreposição dos fluorocromos CMA
3
/DAPI (D).
61
Tabela 1: Estudos Citogenéticos realizados dentro de gênero Rineloricaria.
2n= número diplóide; NF= número fundamental; m=metacêntrico; sm=submetacêntrico;
st=subtelocêntrico e a= acrocêntrico
Espécie Localidade 2n NF Fórmula Cariotípica Ref
R. latirostris Rio Mogi-Guaçu – SP 36 - 40 60 24m/sm+12a; 23m/sm+14a
22m/sm+16a;21m/sm+18a;
20m/sm+20a
1
R. latirostris Ribeirão Três Bocas – PR 43 - 48 60 17m/sm+26a;16m/sm+28a;
14m/sm+32a;13m/sm+34a;
12m/sm+36a
1
R. latirostris Rio Passa-Cinco – SP 43 – 48 60 17m/sm+26a;16m/sm+28a;
15m/sm+30a;16m/sm+29a;
14m/sm+32a;13m/sm+34a;
14m/sm+32a
1
R. latirostris Ribeirão Maringá – PR 46 60 14m/sm+32st/a 3
R. pentamaculata Rio Keller, Córrego
Tatupeba e Córrego Tauá –
PR
56 64 8m/sm+48st/a 3
Córrego Tauá – PR 56 65 9m/sm+47st/a
R. pentamaculata Rib. Jacucaca e Água do
Oito – PR
56 64 2m+6sm+48a 4
R. cadeae Rio Guaíba – RS 66 68 2m+64st/a 2
R. cadeae Lago Guaíba – RS 62 66 2sm+2st+58a 4
R. kronei Rio Itapocu – SC 64 70
6m/sm+58st/a
2
Rineloricaria n.sp. Rio Betari – SP 70 72 2sm+68a 2
R. strigilata Lago Guaíba – RS 70 76 4sm+2st+64a 4
Referências: 1 G
IULIANO
-C
AETANO
, 1998; 2 A
LVES
et al., 2003; 3 E
RRERO
-P
ORTO
, 2007; 4
Presente trabalho.
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1 As espécies estudadas no presente trabalho apresentaram uma variação no
número diplóide de 54 a 70 cromossomos: Loricariichthys platymetopon apresentou
2n=54 cromossomos (6m+18sm+4st+26a); Loricariichthys anus 2n=54
cromossomos (8m+16sm+4st+26a); Rineloricaria pentamaculata 2n = 56
cromossomos (2m+6sm+48a); Rineloricaria cadeae 2n = 62 cromossomos
(2sm+2st+58a); e Rineloricaria strigilata 2n=70 cromossomos (4sm+2st+64a),
confirmando uma variabilidade na subfamília Loricariinae.
2 Em Loricariichthys anus foram encontrados dois citótipos distintos: o citótipo A
com todos os cromossomos pareados; e o citótipo B apresentando o par 25
heteromórfico, sendo encontrados tanto para machos quanto para fêmeas.
3 Todas as espécies apresentaram RONs simples e terminais, com exceção de
Loricariichthys anus, que apresentou estas regiões em posição intersticial e com
heteromorfismo de tamanho, que também foi evidenciado em. Rineloricaria
strigilata. Um polimorfismo das RONs foi encontrado em Rineloricaria
pentamaculata.
4 – Todas as RONs mostraram-se coradas com o fluorocromo CMA
3
e foram
negativas para DAPI, sendo portanto regiões ricas em GC.
5 O padrão de heterocromatina encontrado foi igual em todas as espécies
analisadas, sendo distribuída nas regiões pericentroméricas e associadas às RONs.
6 As espécies analisadas mostram que a subfamília Loricariinae apresenta uma
grande complexidade cariotípica, que deve ter ocorrido, principalmente, devido a
processos de inversões pericêntricas e fissões/fusões cêntricas durante a história
evolutiva da subfamília Loricariinae.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo