(KOPCZYK & CONROY, 1968 apud LINDHE, 2005). Além disso, as irregularidades da
superfície também são preenchidas por cristais de cálculo (BERCY & FRANK, 1980). Devido a
esta forte aderência, o Cálculo Dentário é removido durante o tratamento periodontal sob
anestesia geral, com o auxílio de instrumentos manuais, como os extratores de cálculo ou com o
uso do aparelho de ultra-som (HARVEY & EMILY, 1993).
O fator etiológico da Doença Periodontal é a Placa Bacteriana (LÖE, 1967) também
chamada de induto mole ou biofilme dentário, que se organiza entre 24 e 48 horas (GIOSO,
2007). Se o acúmulo da Placa Bacteriana não for controlado ocorre a progressão da Doença
Periodontal (HARVEY & EMILY, 1993). Durante a mastigação, ocorre a bacteremia e absorção
de toxinas bacterianas oriundas da cavidade oral, pela movimentação do dente no alvéolo, devido
à rica vascularização do periodonto (GIOSO, 2007). A resposta imunológica sistêmica individual
aos microorganismos gera imunocomplexos, que se aderem à parede interna dos endotélios,
levando à lise endotelial e inflamação local resultando em destruição contínua do periodonto
(DUPONT, 1997; GIOSO, 2007; STOEKEN et al., 2007), além de complicações sistêmicas, que
são relatadas como alterações em rins, fígado, coração
(
DEBOWES et al., 1996
) e articulações
,
o que remete para sua gravidade e importância, podendo levar o animal à morte. A existência de
lesões prévias nestes órgãos aumenta a probabilidade de instalação de microorganismos ou de
complexo imune (anacorese) (GIOSO, 2007
)
.
Quando em equilíbrio, hospedeiro versus parasita, a microbiota e a ação antimicrobiana da
saliva e o excelente suprimento sangüíneo oral atuam como barreira natural, protegendo a
mucosa oral contra patógenos exógenos (HEDLUND, 2002). No entanto, alterações locais do
equilíbrio ecológico podem resultar em infecções oportunistas (BRAGA et al., 2005).
O contato constante da Placa Bacteriana (e seu material antigênico) com a gengiva marginal
provoca uma resposta inflamatória denominada gengivite, enquanto não houver a perda de
inserção do epitélio juncional (DUPONT, 1997). A ocorrência de gengivite está relacionada à
falta de higiene oral e pode ser reversível quando a Placa Bacteriana é removida (HARVEY,
1998; SILVA et al., 2004; GIOSO, 2007). O processo inflamatório gengival, assim como de
outros tecidos moles adjacentes, eleva o pH da cavidade oral, criando um habitat mais adequado
à
sobrevivência de microrganismos patogênicos (COLMERY
&
FROST, 1986; EISNER, 1989;
HOLMSTRON, 1989).
Outra conseqüência da Placa Bacteriana pode ser a halitose (PINTO & ISSÁO, 1988;
RICHTER, 1996; CULHAM & RAWLINGS, 1998).
Com a progressão do processo inflamatório, há início da formação de bolsa periodontal com
produção e acúmulo de pus. Histologicamente mantêm-se os polimorfonucleares e linfócitos
além da presença de outras células plasmáticas. Instala-se, então, inflamação grave, formam-se
bolsas profundas, ocorre retração gengival com a perda da inserção do epitélio juncional,
reabsorção óssea, presença de pus e mobilidade dentária devido à destruição do periodonto pelas
toxinas bacterianas e resposta imunológica do hospedeiro, chamada de periodontite, que é
irreversível. Ao exame histológico há permanência do padrão celular anterior. O processo de
degradação tecidual é continuado pelo avanço subgengival da placa bacteriana e cálculo, pela
inflamação aguda e reabsorção osteoclástica influenciadas por prostaglandinas (COLMERY
&
FROST, 1986). Nesta fase, a perda dentária é a evolução mais provável (ROSEMBERG et al.,
1966; PAGE & SCHROEDER, 1981; SMITH et al., 1985).
O espectro bacteriano responsável pela evolução do processo inflamatório modifica-se de
acordo com o estágio da Doença Periodontal. A Placa Bacteriana se forma com mais intensidade
durante o período de repouso, onde não há presença de comida e menor atividade oral.
Posteriormente, há formação da placa subgengival e da bolsa periodontal havendo, inicialmente,
pouca diferença entre a microbiota da placa supra-gengival e subgengival. Entretanto, com
contínuo acúmulo de bactérias, haverá mudança na população microbiana, passando então a
predominar bactérias gram negativas e anaeróbias com motilidade, sem decréscimo, no entanto,
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