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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
JANMILLI DA COSTA DANTAS
CONDUTAS DE PROFISSIONAIS QUE REALIZAM A CONSULTA PRÉ-
NATAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA QUANTO À DETECÇÃO,
TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE COM SÍFILIS
Natal/RN
2008
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1
JANMILLI DA COSTA DANTAS
Condutas de profissionais que realizam a consulta pré-natal na Estratégia Saúde
da Família quanto à detecção, tratamento e acompanhamento da gestante com
sífilis
Dissertação apresentada ao Programa de s-
Graduação em Enfermagem do Departamento de
Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.
ORIENTADORA:
Profa. Dra. Bertha Cruz Enders.
Natal/RN
2008
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2
BANCA EXAMINADORA
A Dissertação Condutas de profissionais que realizam a consulta pré-natal na
Estratégia Saúde da Família quanto à detecção, tratamento e acompanhamento da gestante
com sífilis”, apresentada por Janmilli da Costa Dantas ao Programa de s-Graduação em
Enfermagem do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, foi aprovada e aceita como requisito para obtenção do título de
Mestre em Enfermagem.
Aprovada em:____/____/____.
Profa. Dra. Bertha Cruz Enders – Orientadora
Departamento de Enfermagem da UFRN
Profa. Dra Maria Djair Dias – Titular
Departamento de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria da UFPB
Profa Dra. Rosineide Santana de Brito - Titular
Departamento de Enfermagem da UFRN
Profa. Dra. Akemi Iwata – Titular
Departamento de Enfermagem da UFRN
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu amável e
inesquecível avô, José Dantas de Medeiros “in
memoriam”. Foi ele quem primeiro necessitou
dos meus cuidados de enfermagem. Que sempre
acreditou no meu sucesso profissional.
Infelizmente não conseguiu permanecer na Terra
para presenciar a minha vitória. Tenho certeza
de que onde ele se encontra continua rezando por
mim.
4
MENÇÃO HONROSA
À minha professora e orientadora, Professora
Doutora Bertha Cruz Enders, pela oportunidade
em vivenciar a experiência do mestrado e, acima
de tudo, por acreditar na minha capacidade. Os
conhecimentos transmitidos, com reconhecida
sabedoria e peculiar modéstia foram
fundamentais para o meu crescimento
profissional.
5
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus, pai eterno e poderoso, por todos os momentos que me proporcionou vivenciar nesta
trajetória, pelo companheirismo nas longas viagens, por todas as bênçãos recebidas.
Aos meus pais, que me ensinaram os primeiros passos do conhecimento, incentivando-me e
apoiando-me na minha vida acadêmica.Embora distantes, geograficamente, sempre se fizeram
presentes com um cuidado e inexplicável amor de pais. Se hoje galguei esse degrau, foi porque
vocês foram o meu sustentáculo.
À minha família, em especial à minha irmã Janine, por todas as palavras de conforto e coragem
e, principalmente, pela compreensão durante a minha ausência.
Ao meu namorado, Adriano Soares, pelo incentivo.
À Profa. Dra. Rejane Marie Barbosa Davim, que me despertou para a pesquisa científica,
acompanhando toda a minha formação acadêmica.
Às Secretarias Municipais de Saúde de Japi e Pureza, pela oportunidade, flexibilidade e apoio
ao meu crescimento profissional.
6
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, “mãe que me acolheu na graduação e me
abraçou no mestrado”.
A todos os professores da Pós-Graduação, pelos ensinamentos e direcionamentos.
Aos colegas do mestrado, por todos os momentos vivenciados, e, em especial, à amiga Lourdes
Costa, pelo apoio incansável, pelas orientações e pela sincera amizade construída nessa
trajetória.
Às amigas enfermeiras, companheiras de trabalho, Marta Costa, Louanna Silva e Lidianne
Rodrigues, por toda a compreensão, força e coleguismo.
À V URSAP e aos municípios da região Trairi, pela acessibilidade e receptibilidade.
Aos profissionais participantes da pesquisa, pela inestimável contribuição.
A Hebert Felipe, pela contribuição na realização dos gráficos.
7
Enfim, a todos aqueles que, com suas formas peculiares de ajudar, foram fundamentais na
realização dessa conquista.
RESUMO
DANTAS, Janmilli da Costa. “Condutas de profissionais que realizam a consulta pré-natal
na Estratégia Saúde da Família quanto à detecção, tratamento e acompanhamento da
gestante com sífilis”. Natal, 2008. 112 f. Dissertação (Mestrado) Programa de s-Graduação
em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.
Estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa, que tem como objetivo de verificar
atendimento das recomendações do MS para a detecção, tratamento e acompanhamento da
gestante com sífilis nas condutas assistenciais realizadas pelos profissionais que atuam na
consulta pré-natal na ESF nos municípios da região Trairi no Estado do Rio Grande do Norte. A
pesquisa foi desenvolvida nos nove municípios desta região. Os dados foram coletados através de
um questionário, em uma população de 53 profissionais, sendo 30 enfermeiros e 23 médicos.
Para a análise de dados, utilizamos freqüências absolutas e percentuais. Os resultados da análise
dos dados foram organizados em três grandes itens: conhecimento dos profissionais sobre a
sintomatologia da sífilis e suas ações de detecção, na gestante; ações dos profissionais no
tratamento da sífilis na gestante; ações dos profissionais no acompanhamento de uma gestante
com sífilis. Identificamos, nas afirmativas desses profissionais, que 81,2% têm conhecimentos
sobre a sintomatologia da sífilis na gestante; 79,2% solicitam o VDRL em períodos adequados e
em torno de 50% efetuam o tratamento conforme o orientado pelo Ministério da Saúde; para
acompanhamento da gestante infectada,79,2% solicitam o VDRL mensal, 69,8% explicam a
doença à gestante e 20,7% garantem a realização do acolhimento a essa mulher. Concluímos que
as ações de alguns profissionais divergem do recomendado pelo Ministério da Saúde e que
necessitam de um melhor embasamento científico para realizar tais ações.
Palavras-chave: Cuidado pré-natal. Profissionais. Sífilis.
8
ABSTRACT
DANTAS, Janmilli da Costa. Behaviors for the detection, treatment and followup of the
pregnant woman with syphilis, by health professionals that conduct the prenatal
consultation of the Family Health Strategy. Natal, 2008. 112 f. Dissertação (Mestrado)
Programa de s-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2008.
The objective of this exploratory descriptive quantitative study was to analyze the behaviors in
the detection, treatment and followup of the pregnant woman with syphilis, by health
professionals that conduct the pre-natal consultation in the Family Health Strategy, as to the
adherence to the recommendations of the Ministry of Health.
The study was conducted in nine municipalites of the Trairi region in the state of Rio Grande do
Norte. Data were collected during the months of July through September 2007, by means of a
questionnaire with a population of 53 health professionals, 30 nurses and 23 physicians. Data
were analyzed by descriptive statistics. The results were organized in three major items:
knowledge of the health professionals about the symptomatology of syphilis and their actions in
the detection of the disease; actions in the treatment of the pregnant woman with syphilis; and the
actions of followup of the desease. We identified that 81,2% of the professionals have knowledge
about the symptomatology of syphilis in the pregnant woman; 79,2% request the VDRL exam in
the adequate intervals and approximately 50% conduct the treatment in conformity with the
recommendations of the Ministry of Health. For the followup care of the infected woman, 79,2%
request a monthly VDRL examination, 69,8% explain the disease to the pregnant woman, and
20,7% affirm that they conduct a proper reception to the woman.We conclude that the majority of
the health professionals have knowledge of the detection, treatment and followup of the pregnant
woman with syphilis. However, the actions of some professionals diverge from the conduct
procedures recommended by the Ministry of Health, as to the requesting of the examinations,
medication prescription and notification of the iesease. This indicates the need for improved
9
scientific knowledge base so that the implementation of the integral care to the pregnant woman
with syphilis by these professionals.
Key words: Prenatal care. Pregnant women. Syphilis.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -------------------------------------------------------------------------------------------------------47
Tabela 2 -------------------------------------------------------------------------------------------------------51
Tabela 3 -------------------------------------------------------------------------------------------------------53
Tabela 4 -------------------------------------------------------------------------------------------------------55
Tabela 5 -------------------------------------------------------------------------------------------------------65
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------------42
Quadro 2 ------------------------------------------------------------------------------------------------------50
Quadro 3 ------------------------------------------------------------------------------------------------------57
Quadro 4 ------------------------------------------------------------------------------------------------------72
Quadro 5 ------------------------------------------------------------------------------------------------------80
Gráfico 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------------61
Gráfico 2 ------------------------------------------------------------------------------------------------------67
Gráfico 3 ------------------------------------------------------------------------------------------------------67
Gráfico 4 ------------------------------------------------------------------------------------------------------68
Gráfico 5 ------------------------------------------------------------------------------------------------------72
Gráfico 6 ------------------------------------------------------------------------------------------------------74
Gráfico 7 ------------------------------------------------------------------------------------------------------78
11
Figura 1 -------------------------------------------------------------------------------------------------------40
Figura 2 -------------------------------------------------------------------------------------------------------40
SUMÁRIO
1 Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------12
2 Objetivos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
3 Revisão da Literatura -----------------------------------------------------------------------------------22
3.1 A sífilis --------------------------------------------------------------------------------------------------- 23
3.2 O pré-natal e o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento -------------------------28
3.3 O profissional na assistência pré-natal ---------------------------------------------------------------32
3.4 Avaliação da qualidade da atenção à saúde---------------------------------------------------------- 34
4 Metodologia ---------------------------------------------------------------------------------------------- 38
4.1Tipo de estudo --------------------------------------------------------------------------------------------39
4.2 Local de estudo ------------------------------------------------------------------------------------------39
4.3 População ------------------------------------------------------------------------------------------------ 41
4.4 Variáveis ------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
4.5 Instrumento ---------------------------------------------------------------------------------------------- 43
4.6 Coleta de dados ------------------------------------------------------------------------------------------44
4.7 Análise dos dados ---------------------------------------------------------------------------------------45
5 Resultados e Discussões ---------------------------------------------------------------------------------46
5.1 Caracterização dos profissionais ----------------------------------------------------------------------47
5.2 Conhecimento e ações dos profissionais na detecção, tratamento e acompanhamento a uma
gestante com sífilis ------------------------------------------------------------------------------------------56
5.2.1 Conhecimento dos profissionais sobre a sintomatologia da filis e suas ações de detecção,
na gestante ----------------------------------------------------------------------------------------------------56
5.2.2 Ações dos profissionais no tratamento da sífilis na gestante ------------------------------------66
5.2.3 Ações dos profissionais no acompanhamento de uma gestante com sífilis--------------------77
6 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------83
Referências -------------------------------------------------------------------------------------------------- 00
12
Apêndices ----------------------------------------------------------------------------------------------------00
Anexos --------------------------------------------------------------------------------------------------------00
Introdução
13
A sabedoria começa na reflexão.” (Sócrates)
1 Introdução:
A sífilis é uma doença infecto contagiosa sismica, de evolução crônica, sujeita a surtos
de agudez e períodos de latência. Quando não tratada, ocasiona vários problemas, desde
distúrbios dermatológicos até alterações no sistema cardiovascular, ósseo e neurológico. Suas
principais formas de transmissão ocorrem através do contato sexual ou pela via transplacentária.
O Treponema pallidum, agente causador da sífilis, quando presente na corrente sanguínea da
gestante, atravessa a barreira placentária e penetra no sistema sanguíneo do feto, causando a
sífilis congênita. Nesta, a taxa de óbito (aborto, natimorto, óbito neonatal precoce) é elevada,
estimada em 25% a 40% dos casos (BRASIL 2006a).
Reconhecendo a importância desse agravo, o Ministério da Saúde, em acordo firmado
com a Organização Pan-Americana de Saúde, estabeleceu, no ano de 2000, uma meta de menos
de um caso de sífilis congênita por 1000 nascidos-vivos a ser atingida em 2007 (SARACENI;
LEAL; HARTZ, 2005; PROGRAMA, 2008).
Segundo o Ministério da Saúde, de 1998 a junho de 2006, foram notificados e
investigados no Brasil 36.615 casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade. Em
2004, registraram 5.235 casos em crianças de até 12 anos de idade; a taxa de incidência no Brasil,
que nos anos de 2003 e 2004 foi de 1,7 por 1.000 nascidos-vivos, aumentou para 1,9 em 2005. A
análise dos bancos de dados do Ministério da Saúde demonstra que, em 75,8%, dos casos
notificados de sífilis congênita, a gestante havia realizado o pré-natal. A doença tinha sido
diagnosticada durante a gravidez em 53,7% dessas mulheres. Entretanto, o parceiro foi tratado
em apenas 16,6% dos casos. Com relação a sua distribuição geográfica, de 1998 a 2006, a região
Sudeste concentrava 51,2% dos casos de sífilis congênita; a Nordeste, 27,9%; a Centro-Oeste,
7,4%; a Norte, 6,8%; e a Sul, 6,7%. Nesse mesmo período, o Estado do Rio Grande do Norte
(RN) notificou 726 casos; destes, 177 foram em um só ano, 2006 (BRASIL, 2007).
Os casos notificados no Estado do Rio Grande do Norte são oriundos tanto da capital,
14
quanto da área rural. Em se tratando da área rural, observamos que 12 recém-nascidos foram
registrados com infecção pelo Treponema pallidum, através da via transplacentária, no período
entre 2000 a 2006, na V Unidade Regional de Saúde Pública (V URSAP), situada na Região
Trairi do Estado (Rio Grande do Norte, 2007).
Vale ressaltar que o problema pode ser mais grave que o demonstrado nos dados, pois
estudos demonstram falhas na notificação da doença no Sistema de Informação de Agravos
Notificáveis (SINAN), levando-nos à idéia da existência de subnotificação.
No Brasil, a filis congênita passou a ser de notificação compulsória, em 1986, porém,
devido à ausência de uniformidades no diagnóstico dessa doença e na conduta dos profissionais
que prestam o atendimento pré-natal e ao recém-nascido, bem como falhas no mecanismo de
registro, sabemos que a freqüência da doença é bem maior do que a demonstrada pelos números
oficiais (BARSANTI, 1999). Saraceni e Leal (2003), avaliando as campanhas de sífilis no
município do Rio de Janeiro, afirmaram que as perdas relativas ao SINAN retratam falhas na
vigilância epidemiológica da sífilis congênita. Essas perdas, da ordem de 70 a 80%, dimensionam
a magnitude da subnotificação dos casos pelos estabelecimentos de saúde. Em outro estudo,
Saraceni; Leal e Hartz (2005) demonstraram a baixa capacidade dos profissionais médicos e
enfermeiros em relação à vigilância epidemiológica. Isso pode ser explicitado no estudo feito por
Brito e Ferreira (2003), no qual 45% dos profissionais que atendem a um recém-nascido com
sífilis congênita não realizam a sua notificação.
Somente nove anos após o estabelecimento da portaria de notificação da sífilis congênita,
instituiu-se a sífilis na gestante como agravo de notificação compulsória obrigatória, através da
publicação da Portaria MS/SVS 33, assinada em 14 de julho de 2005; demonstrando uma
preocupação inicial apenas com o recém-nascido já infectado (BRASIL, 2005d).
O aparecimento de casos de sífilis congênita na população é de importância significativa,
tendo em vista que o Ministério da Saúde considera a taxa desse agravo como um indicador de
avaliação da atenção básica à saúde, que reflete diretamente a qualidade da assistência perinatal,
em particular a atenção pré-natal, disponível a toda a populão (BRASIL, 2005b).
Enquanto enfermeira do Programa Saúde da Família (PSF) de um município localizado no
interior do Estado, participamos de Fóruns de Mortalidade Materna e Comitês de Mortalidade
Materna da V URSAP. O interesse em investigar a ocorrência da sífilis em getantes, nos
municípios dessa Regional, surgiu através de discussões nesses eventos, as quais nos levavam a
15
refletir sobre a qualidade da prática pré-natal na atenção básica da saúde, uma vez que os
números de prevalência de alterações preveníveis na gestação e no período neonatal, como a
sífilis, nos municípios da V URSAP, ainda se fazem presentes. Vale ressaltar que o temos
conhecimento de estudos que focalizem a atenção pré-natal e a sífilis nessa região.
Nossa prática ocorre na assistência pré-natal e nesta, as consultas são realizadas pelo
enfermeiro e o médico. No que diz respeito à oferta de exames laboratoriais, a solicitação de
sorologia para a AIDS, citomegalorus, toxoplasmose, rubéola e hepatite ainda não são
realizadas, devido a dificuldades operacionais do serviço. Embora a solicitação de tais exames
o seja obrigatória durante a consulta pré-natal (BRASIL, 2002b), existem alguns serviços
que as realizam. Os demais exames preconizados pelo Ministério da Saúde, incluindo o VDRL,
são solicitados rotineiramente, duas vezes durante o período gestacional.
É oportuno ressaltar que o município de nossa atuação ainda se encontra sem
cadastramento no Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), devido a
dificuldades operacionais do serviço, acarretando diminuição de investimento para esse setor.
Mesmo diante desse fato, a cobertura de assistência pré-natal, em 2007, foi de 100%, com busca
ativa das gestantes no primeiro trimestre. assiduidade destas usuárias nas consultas, inclusive
com incentivo à participação do seu companheiro no acompanhamento da atenção pré-natal.
Outras ões de sucesso desenvolvidas no município têm sido imunização antitetânica,
ocorrência de ciclo de palestras trimestrais abordando aspectos inerentes à gravidez e ao recém-
nascido, como também a referência assegurada para uma maternidade no momento do parto.
O município, no qual exercemos a nossa prática, apresentou um caso notificado de sífilis
na gestante em 2006. No entanto, devido à inexistência de registros de notificações naquele local,
o informações sobre a ocorrência da sífilis congênita nos anos anteriores. Entretanto, temos
conhecimento de que a realidade vivenciada pelos municípios circunvizinhos daquela região é
semelhante quanto à expansão da cobertura do pré-natal e ao aparecimento de casos de sífilis
congênita, o que nos leva à preocupação pela assistência pré-natal neles prestada.
As consultas pré-natais na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) vêm sendo
realizadas pelos profissionais das Equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), criada, em
1994, com o principal objetivo de contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir da
atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS. Tenta valorizar os princípios de
territorialização, vinculação com a população, garantia de integridade na atenção, trabalho em
16
equipe com enfoque multidisciplinar, ênfase na promoção da saúde, com fortalecimento das
ações intersetoriais e estímulo à participação da comunidade. Foca-se na família em seu espaço
físico e social, o que proporciona à equipe de saúde uma compreensão ampliada do processo
saúde-doença, permitindo intervenções para além das práticas curativas. Os profissionais
engajados têm a possibilidade de desenvolver uma ação interdisciplinar que vincula o saber das
ciências sociais às questões de saúde, demografia e epidemiologia, entre outras (FIGUEIREDO et
al., 2005).
Dentro desse novo modelo de assistência no SUS se concretiza a atenção pré-natal e
assim, espera-se que os pré-natalistas estejam preparados para prestar um cuidado de qualidade,
na intenção de promoção, proteção e recuperação da saúde.
O cuidado pré-natal de alta qualidade envolve o treinamento técnico e permanente desses
profissionais para resolverem os problemas, de acordo com Trevisan et al (2002). Eles necessitam
saber usar, integrar ou mobilizar o seu conhecimento ao enfrentar uma situação real. Ser
competente implica não somente ter o conhecimento vasto. A competência é definida também
como a capacidade dos indivíduos mobilizarem o todo ou parte de seus recursos cognitivos para
lidar com um jogo de situações complexas. A competência profissional é desenvolvida
continuamente, quando o trabalhador movimenta-se de uma situação de trabalho para outra, na
medida em que ele adquire experiências nessas diversas situações (PERRENOUD apud DOTTO;
MOULINLL; MAMEDE, 2006). Kuenzer (2008) complementa afirmando que o profissional
deve ter a capacidade para articular a situação a ser enfrentada com outras situações que tiveram
elementos similares, bem como conhecimentos teóricos a práticos.
Inseridos nesse contexto, para atingir os objetivos da atenção pré-natal, além de acolher a
gestante com toda a sua particularidade e individualidade, os profissionais que conduzem a
consulta pré-natal, enfermeiros e médicos, terão que dispor de conhecimento da fisiologia da
gravidez, da fisiopatologia das intercorrências clínicas e das modificações emocionais do ciclo
gravídico-puerperal, adotar condutas adequadas e oportunas para que a gestação culmine com a
chegada de um recém-nascido saudável e uma mãe isenta de complicações (SOUZA et al,
2002a).
No caso de sífilis congênita, é durante a atenção pré-natal que devem ser diagnosticados,
tratados e notificados os casos de sífilis na gestante. Seraceni et al (2007) colocam que um estudo
avaliativo dos conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde na atenção pré-natal
17
revelaria os fatores determinantes de tantas oportunidades perdidas de diagnóstico e tratamento
da sífilis na gestante e no parceiro durante o pré-natal.
Sendo o profissional que executa as consultas o responsável por detectar e tratar as
doenças surgidas nas gestantes, o problema da existência da sífilis congênita em locais onde há
cobertura considerada adequada do pré-natal, pode estar relacionado a fatores que interferem na
qualidade da assistência prestada nesse serviço. Devido ao elevado número de pacientes
observado na prática diária dos profissionais que realizam o pré-natal, estes não dispõem de
tempo adequado considerável para o atendimento, impossibilitando um contato mais longo com
as gestantes (MOURA; HOLANDA JÚNIOR; RODRIGUES, 2003). A falta de estrutura nas
unidades básicas de saúde para atendimento, irririos salários, múltiplos empregos e,
principalmente, falta de qualificação e de educação continuada dos profissionais poderão estar
contribuindo para essa situação (GALVÃO, 2008). Assim, de acordo com Ceccim e Feuerwerker
(2004), a atualização técnico-científica é, apenas, um dos aspectos da qualificação das práticas e
o seu foco central, para a qualidade da assistência, como no caso do serviço pré-natal.
Inclusive, o Ministério da Saúde afirma que, em âmbito nacional, de um modo geral, as consultas
de pré-natal são muito rápidas, impedindo uma escuta adequada das queixas da usuária e a
identificação dos sinais de alerta, representando um sério obstáculo à prestação do serviço com
alta qualidade (BRASIL, 2000a).
No intuito de reverter essa situação, o Ministério da Saúde, dentro da política de atenção
integral a saúde da mulher, busca meios para melhoria do pré-natal, subsidiado nas análises das
necessidades específicas da gestante e do recém-nascido surge o PHPN, no ano 2000. Esse
Programa contempla o objetivo de assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido,
na perspectiva dos direitos de cidadania (BRASIL, 2002b).
Entretanto, a assistência dedicada ao pré-natal enfrenta dificuldades qualitativas. Os
principais problemas apontados referem-se ao não cumprimento das normas e rotinas por parte
dos profissionais, ao não preenchimento de registros e à constatação de que os cuidados
dispensados são inversamente direcionados às necessidades, como afirmam Silveira; Santos;
Costa (2001). Em 2002, apenas 4,07% das gestantes inscritas no PHPN desenvolveram o elenco
mínimo de ações preconizadas pelo Programa; e somente 9,43% realizaram as seis consultas de
pré-natal e a consulta de puerpério (BRASIL, 2004).
18
Em relação ao número de consultas pré-natais, registra-se um aumento, especialmente a
partir de 1997. Em 1995, foram registradas 1,2 consultas de pré-natal para cada parto realizado
no SUS; em 2003, essa razão subiu para 5,1 consultas. No entanto, apesar da ampliação na
cobertura do pré-natal, a análise dos dados disponíveis demonstra a presença de intercorrências
da gestação, indicando comprometimento da qualidade dessa atenção (BRASIL, 2004).
A situação traduz a ineficácia dos serviços de saúde em garantir um atendimento
adequado não apenas em relação ao número de consultas, mas também ao conteúdo do
atendimento oferecido (KOFFMAN; BONADIO, 2005). Assim, de acordo com Morais et. al
(2004), as consultas estão sendo precárias e representam apenas atos simlicos para as mulheres.
Apesar de o pré-natal ser considerado o momento ideal para diagnóstico e tratamento da
sífilis, os estudos têm demonstrado sérias deficiências nesse enfoque. As pesquisas de Rattner
(1996) constataram que em apenas 45% das gestantes a filis foi pesquisada; embora seja a sífilis
uma doença de fácil diagnóstico e de exame laboratorial simples e de baixo custo. Barsanti et al
(1999) afirmam que, apenas, 66% dos casos detectados foram adequadamente tratados. Esse
indicador é menor ainda no estudo de De Lorenzi et al (2005), que denuncia o tratamento da
sífilis no pré-natal como adequado em apenas 26,5% dos casos. Já Brito e Ferreira (2003)
afirmam que os profissionais pesquisados desconhecem o esquema correto para tratamento da
sífilis na gestação, contribuindo para o aumento do número de casos de sífilis congênita Tal
doença evidencia falha dos serviços de saúde, particularmente da atenção pré-natal, pois o
diagnóstico precoce e tratamento da gestante são medidas relativamente simples e bastante
eficazes para a sua prevenção (BRASIL, 2006a).
Por toda essa complexidade da qualidade na atenção pré-natal, a presente pesquisa
levanta como objeto de estudo o processo de detecção da sífilis na gestante realizado pelos
profissionais que prestam assistência pré-natal e suas condutas assistenciais diante de tal
problema, correlacionando as suas recomendações com as preconizadas pelo Ministério da
Saúde. Partimos do pressuposto de que os profissionais que fazem a consulta pré-natal
receberam, na sua formação, instrução para a realização da consulta, incluindo a assistência a
uma gestante com sífilis, permitindo-os adequar as suas ações às recomendações do MS.
Sendo assim, realizamos este estudo com base na seguinte questão norteadora: ‘De que
forma os conhecimentos e ações dos profissionais para a atenção a saúde da gestante com sífilis
no pré-natal se adaptam às recomendações do Ministério da Saúde?’. Nesse sentido, nos
19
reportamos aos conceitos de avaliação de Hartz (1997) e Donabedian (1988) no que se refere à
avaliação das ações inseridas em um processo, como o caso da assistência pré-natal, que traz
alguma idéia de como observar as ações dos profissionais na perspectiva da qualidade, para
servir-nos de guia no confrontamento entre essas ações desenvolvidas no diagnóstico e
tratamento da filis na gestante com as recomendações do Ministério da Saúde.
A finalidade deste estudo é contribuir para a qualidade da atenção pré-natal, pautada numa
compreensão maior dos profissionais em suas ações na detecção, tratamento e acompanhamento
da gestante com sífilis e na prevenção da sífilis congênita; além de contribuir para o
enriquecimento do meio científico.
20
Objetivos
21
A verdadeira viagem da descoberta não é achar novas terras, mas ver o território
com novos olhos.”(Marcel Prost)
2 Objetivos:
Em face dessa problemática, a presente pesquisa tem como:
Objetivo geral:
Analisar as condutas dos profissionais da ESF que atuam na consulta pré-natal na região
do Trairi da V URSAP no Estado do Rio Grande do Norte quanto à detecção, tratamento e
acompanhamento da gestante com sífilis.
Objetivos específicos:
Identificar o conhecimento dos profissionais que atuam na realização da consulta pré-
natal na ESF, sobre a sintomatologia da sífilis na gestante.
Identificar as ações dos profissionais que realizam a consulta pré-natal na ESF, na
detecção, tratamento e acompanhamento da sífilis no período gestacional.
Relacionar as ações desenvolvidas pelos profissionais no acompanhamento de uma
gestante com sífilis seguindo as recomendadas pelo Ministério da Saúde.
22
Revisão da Literatura
23
Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e
nunca se arrepende.”(Leonardo da Vinci)
3 Revisão da Literatura:
Nesta seção, discutimos o quadro referencial que orienta nosso estudo. Inicialmente
discorremos sobre a sífilis, sua patologia, formas clínicas, transmissão, diagnóstico, tratamento,
prevenção e orientações aos acometidos por essa infecção, visando esclarecer a perspectiva atual
e do Ministério da Saúde acerca da doença. Fizemos uma explanação sobre a consulta pré-natal, a
sua atual situação no País, enfocando o PHPN como meio para a assistência da gestante com
sífilis. Por último, abordamos a avaliação da qualidade da atenção como orientação para a análise
em pauta.
3.1 A sífilis
A sífilis é uma doença antiga, com mais de 500 anos de existência. Relatos de sua presença
na Europa logo após o descobrimento da América mesclam-se com a sua existência no Velho
Continente em período anterior às viagens de Crisvão Colombo ao Novo Mundo. A sífilis
transformou-se em uma pandemia, com um quadro clínico muito agudo, freqüentemente fatal no
estágio secundário, descrita por muitos autores na passagem para o século XVI (SINGH;
ROMANOWSKI, 1999).
O agente etiológico da sífilis foi descoberto por Fritz Richard Schaudinn e Paul Erich
Hoffman, em 1905, e foi denominado Spirochaeta pallida. O primeiro teste sorológico para a
doença tornou-se disponível, em 1906, através de Wassermann, Neisser e Bruck, utilizando a
técnica de fixação de complemento. O antígeno para sua reação foi preparado a partir do extrato
hepático de um natimorto de mãe com sífilis (USDHEW apud SARACENI; LEAL; HARTZ,
2005).
A transmissão do agente se dá de pessoa a pessoa, durante o contato sexual, na maior parte
dos casos. Pode ocorrer também através da transfusão de sangue contaminado, pelo contato direto
24
com lesões cutâneo-mucosas infectantes, por via transplacentária para o feto e contaminação do
último no canal de parto. O contágio ocupacional é raro. O risco de transmissão por parceiro
sexual está estimado em 60% (BRASIL, 2006a).
Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b), a sífilis classifica-se em:
Sífilis adquirida
- recente (menos de um ano de evolução): primária, secundária e latente recente;
- tardia (com mais de um ano de evolução): latente tardia e terciária;
Sífilis congênita
- recente (casos diagnosticados até o 2º ano de vida);
- tardia (casos diagnosticados após o 2º ano de vida).
O diagnóstico na fase primária é clínico e dado pela identificação do cancro duro. Ele
surge, habitualmente, na genitália externa como lesão única, medindo 0,5 a 2 cm de diâmetro,
cerca de uma a duas semanas após o contágio. Caracteriza-se como pápula erodida ou ulcerada,
com borda infiltrada, endurecida e fundo limpo. Após uma a duas semanas, surge adenite satélite
o inflamatória, pouco dolorosa. O cancro pode desaparecer espontaneamente em quatro
semanas, sem deixar cicatriz. Esse sinal, quando localizado internamente (vagina, colo do útero),
pode passar despercebido na mulher (BRASIL, 2002c).
O secundarismo corresponde à disseminação hematogênica dos treponemas com
manifestações cnicas que surgem cerca de quatro a oito semanas após o aparecimento do cancro
duro. Podem ocorrer sintomas constitucionais, semelhantes ao estado gripal, com mal-estar,
febre, anorexia, cefaléia, mialgias e artralgias. A erupção cutânea pode ser maculosa (roséola
sifilítica), máculo-papulosa e papulosa. Habitualmente, é simétrica e não pruriginosa. A presença
de colarete descamativo na periferia das lesões (colarete de Biette) é sugestiva de lesão sifilítica.
Observam-se, com freqüência, lesões papulosas palmo-plantares, lesões mucosas, placas
vegetantes perianais (condilomas planos), alopecia em clareira e adenopatia generalizada. Como
as lesões são ricas em treponemas, importa ressaltar a contagiosidade dessa fase. Normalmente,
ocorre regressão espontânea após duas a dez semanas (BRASIL, 2002c).
A sífilis latente (recente e tardia) é a forma da sífilis adquirida na qual não se observam
sinais e sintomas clínicos. Seu diagnóstico é feito exclusivamente por meio de testes sorológicos,
com títulos menores do que na fase secundária. Sua duração é variável e seu curso poderá ser
interrompido por sinais e sintomas da forma secundária ou terciária (BRASIL, 2006b).
25
A sífilis tardia pode apresentar sinais e sintomas após 3 a 12 anos de infecção,
principalmente lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), neurológicas (tabes dorsalis,
demência), cardiovasculares (aneurisma aórtico) e articulares (artropatia de Charcot). Na maioria
das vezes, entretanto, são assintomáticas. Não se observam treponemas nas lesões e as reações
sorológicas têm títulos baixos (BRASIL, 2006b).
O diagnóstico laboratorial é realizado pelo VDRL (Veneral Disease Research
Laboratory), RPR (Rapid Plasm Reagin) e o FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antigen
Absorbent). O VDRL, teste de diagnóstico mais utilizado, torna-se reativo a partir da segunda
semana depois do aparecimento do cancro (sífilis primária) e, em geral, está mais elevado na fase
secundária da doença. Os títulos tendem à redução a partir do primeiro ano de evolução da
doença, podendo permanecer baixos por longos períodos ou até por toda a vida; é o que se
denomina de “memória” ou “cicatriz” sorológica. Assim, tulos baixos podem representar
doença muito recente ou muito antiga, tratada ou não. Essa dúvida é esclarecida pela anamnese,
exame sico e realização de provas sorológicas treponêmicas específicas, FTA-Abs. Sendo este
um exame qualitativo, é importante para a confirmação da infecção, não se prestando para seu
acompanhamento. Caso a prova do FTA-Abs seja negativa, exclui-se sífilis atual ou prévia e o
diagnóstico é de reação falso positivo. Se o VDRL e o FTA-Abs forem positivos, a vida sobre
doença antiga ou adequadamente tratada permanece, sendo recomendável repetir o tratamento
(BRASIL, 2006b) (BRASIL, 2000b).
A evolução do tratamento da sífilis foi lenta a partir dos compostos mercuriais. Em 1910,
Paul Erlich trouxe para a prática clínica um composto de arsênico, a arsfenamina, conhecida
como composto número 606 ou salvarsan. As pesquisas subseqüentes sobre os compostos
arsênicos levaram ao comosto número 914 ou neosalvarsan. A introdução da penicilina para o
tratamento da sífilis na década de 40 do século XX modificou o panorama. Logo após a
introdução dessa droga como terapia, as taxas de sífilis começaram a diminuir nos EUA,
incluindo as taxas da sífilis congênita (MAHONEY 1943 apud SARACENI; LEAL; HARTZ,
2005).
O tratamento é dependente da fase da infecção:
1. Sífilis primária: Penicilina G Benzatina - 2.400.000 UI/IM.
2. Sífilis secundária ou latente recente: Penicilina G Benzatina -2.400.000 UI/IM, repetindo a
mesma dose uma semana depois. Dose total: 4.800.000 UI.
26
3. Sífilis terciária, sífilis com mais de 1 ano de evolução, ou com duração ignorada: Penicilina G
Benzatina 2.400.000 UI/IM, em 3 aplicações, com intervalo de 1 semana entre cada aplicação.
Dose total: 7.200.000 UI.
4. Alternativo devido à alergia a Penicilina: Eritromicina (estearato ou estolato) 500 mg 6/6 h; ou
Tetraciclina 500mg 6/6h; ou Doxiciclina 100mg 12/12h, por 15 dias (sífilis recente) ou 30 dias
(sífilis tardia). Testes alérgicos padronizados e dessenssibilização são opcionais.
Importante: as aplicações de penicilina serão de 1.2 milhão de unidades em cada glúteo;
orientar para que os pacientes evitem relações sexuais até que o seu tratamento (e o do parceiro
com a doença) se complete; realizar controle de cura semestral através do VDRL; tratar
novamente em caso de interrupção do tratamento ou da quadruplicação dos tulos (ex.: de 1:2
para 1:8) (BRASIL, 2007).
As seguintes recomendações são enfatizadas:
O parceiro deve sempre ser testado e tratado.
As gestantes tratadas requerem seguimento sorológico quantitativo mensal
durante a gestação, devendo ser novamente tratadas, mesmo na ausência de
sintomas, se não houver resposta ou se houver aumento de, pelo menos, duas
diluições na titulação do último título de do VDRL (ex.: de1/2 para 1/8).
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina (evento raro no
caso da penicilina benzatina) devem ser tratadas com eritromicina na forma de
estearato, 500 mg. V.O, de 6/6 horas, por 15 dias para a sífilis recente, e por 30
dias para a sífilis tardia. O uso dessa droga exige estreita vigilância, pela menor
eficácia, e o feto não deve ser considerado tratado.
Para fins operacionais, recomenda-se que os casos de sífilis latente, com período
de evolução desconhecido, e as portadoras do HIV sejam tratadas como sífilis
latente tardia.
Portadoras do HIV podem ter a história natural da sífilis modificada,
desenvolvendo a neurossífilis mais precocemente e facilmente; nesses casos, é
indicada a punção lombar para que se possa definir o esquema terapêutico mais
apropriado.
As pacientes com manifestações neurológicas e cardiovasculares devem ser
hospitalizadas e receber esquemas especiais de penicilinoterapia.
Notificação de sífilis materna pelo SINAN.
Considerar a notificação entre as DST e a infecção pelo HIV. Fazer o
aconselhamento pré-teste e oferecer a realização de sorologia anti-HIV.
Orientar a abstenção das relações sexuais até a conclusão do tratamento e o
desaparecimento dos sintomas (quando presentes); não sendo possível, orientar o
uso do preservativo, que deve ser mantido após o tratamento, em todas as
relações sexuais (BRASIL, 2000b).
27
Em se tratando, especificamente, da assistência de enfermagem relativa a uma infecção
sifilítica, o Ministério da Saúde orienta:
Encaminhar a mulher e seu(s) parceiro(s) para diagnóstico e tratamento;
Promover reuniões com casais e orientar sobre mudanças de atitudes e de
práticas que os tornam suscetíveis ao agravo;
Fazer visita domiciliar mensalmente, por até três meses, pesquisando condições
da pele e realizando exame ginecológico para avaliar o resultado do tratamento
(BRASIL, 2001a).
Uma gestante com sífilis requer intervenção imediata, para que se reduza ao máximo a
possibilidade de transmissão vertical. A sífilis congênita é considerada como verdadeiro evento
marcador da qualidade de assistência à saúde materno-fetal, em razão da efetiva redução do risco
de transmissão transplacentária, devido à relativa simplicidade diagnóstica e fácil manejo
clínico/terapêutico (BRASIL, 2005b).
A Sífilis Congênita é conseqüência da disseminação do Treponema pallidum pela corrente
sangüínea, transmitido pela gestante para o seu bebê. A infecção pode ocorrer em qualquer fase
da gravidez, e o risco é maior para as mulheres com filis primária ou secundária. As
conseqüências da sífilis materna sem tratamento incluem abortamento, natimortalidade,
nascimento prematuro, recém-nascido com sinais clínicos de Sífilis Congênita ou, mais
freqüentemente, bebê aparentemente saudável que desenvolve sinais clínicos posteriormente
(BRASIL, 2007).
Na Sífilis Congênita precoce, ou seja, surgida até o segundo ano de vida, além da
prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais características dessa síndrome são,
excluídas outras causas: hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas (pênfigo
palmo-plantar, condiloma plano), periostite ou ostte ou osteocondrite, pseudoparalisia dos
membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia,
anemia e linfadenopatia generalizada, petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica,
hidropsia, edema, convulsão e meningite (BRASIL, 2005b).
Na tardia, ou seja, surgida após o segundo ano de vida, as principais características incluem:
Lâmina de Sabre, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes de
28
Hutchison, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e
dificuldade no aprendizado(BRASIL, 2005b).
3.2 O pré-natal e o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento:
Pré-Natal ou assistência pré-natal é o conjunto de ações de atenção médica que se fazem
no período em que a mulher se encontra grávida, visando a uma melhor condão de saúde tanto
para ela como para o seu bebê, evitando a morte e o comprometimento sico de ambos
(GALLETTA, 2008).
Anteriormente, associada à institucionalização do parto, a assistência pré-natal tinha como
principal objetivo desenvolver um recém-nascido saudável e reduzir as elevadas taxas de
mortalidade infantil que existiam no final do século passado e na primeira metade deste. Ou seja,
a assistência pré-natal surgiu como um processo de puericultura intra-uterina, como uma
preocupação social com a demografia e com a qualidade das crianças nascidas, e não como
proteção à mulher (BRASIL, 2001b).
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às poticas nacionais de saúde nas
primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez
e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma
visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de
mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos
e demais familiares. Há análises demonstrando que esses programas preconizavam as ações
materno-infantis como estratégia de proteção aos grupos de risco e em situação de maior
vulnerabilidade, como era o caso das crianças e gestantes. Um dos resultados dessa prática é a
fragmentação da assistência e o baixo impacto nos indicadores de saúde da mulher (BRASIL,
2004).
Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da
política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades nesse campo. O PAISM
incorporou, como princípios e diretrizes, as propostas de descentralização, hierarquização e
29
regionalização dos serviços, bem como a integralidade e a eqüidade da atenção, num período em
que, paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que
embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS). O novo programa para a saúde da
mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação,
englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no
climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras
necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres (BRASIL, 2004).
Assim, atualmente, vivemos uma potica voltada para a atenção integral e humanizada à
mulher, que se estende desde o pré-natal até o nascimento e puerpério, enfatizando-se a
promoção da saúde.
Nesse contexto, o Ministério da Saúde instituiu, em 2000, o Programa de Humanização no
PHPN, tendo como objetivo primordial assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da
qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao
recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. E integra os seguintes componentes:
incentivo à assistência pré-natal; organização, regulação e investimento na assistência obstétrica e
neonatal; nova sistemática de pagamento à assistência ao parto.
Em relação ao adequado acompanhamento pré-natal e assistência à gestante e à puérpera,
o PHPN enfatiza que a gestante deve realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4.° mês de
gestação; seis consultas de acompanhamento pré-natal; e uma consulta puerperal. Coloca a
garantia de acesso aos seguintes exames laboratoriais: ABO-Rh, VDRL, Urina, Glicemia em
jejum, HB/Ht e anti-HIV. Enfatiza a aplicação de vacina antitetânica; e estimula as atividades
educativas e a referência assegurada da gestante para uma maternidade (BRASIL, 2005a).
O Ministério da Saúde orienta a utilização de um roteiro, predeterminando, para a
realização da seqüência das consultas pré-natais. Na primeira consulta, é realizada a anamnese,
abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e
obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico deverá ser completo, constando de uma
avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas, seguido
por exame ginecológico e obstétrico. Nas consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta,
abordando aspectos do bem-estar materno e fetal. Inicialmente, deverão ser ouvidas dúvidas e
ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e urinário,
movimentação fetal e interrogario sobre a presença de corrimentos ou outras perdas vaginais
30
(BRASIL, 2005a). Vale salientar que cada gestante possui um contexto de vida específico, e
outras orientações serão relevantes.
No que se refere ao número de consultas o estudo efetivado com as grávidas do Hospital
Universitário de Maringá/PR, entre os anos de 1998 a 2001, demonstrou que 51,3% das gestantes
realizaram dez ou mais consultas, e 8,4% menos que seis consultas (NAGAHAMA; SANTIAGO,
2006).
A pesquisa desenvolvida na Amparo Maternal, em São Paulo, com as gestantes
freqüentadoras do serviço em 2000 e 2001, revelou que 57,2% das gestantes iniciaram o pré-natal
no segundo semestre gestacional. No que diz respeito aos procedimentos desenvolvidos nas
consultas, olculo da idade gestacional e a verificação de edemas foram os mais registrados; em
contraposição, o peso apresentou o menor registro. A classificação sanguínea e o VDRL foram os
exames mais registrados, 85,5% e 87,7% respectivamente. A glicemia e o surio de urina os
menos anotados, 78,4% e 63,3% respectivamente (KOFFMAN; BONADIO, 2005). Essas
freqüências nos exames laboratoriais corroboram com o estudo realizado com as gestantes
usuárias do SUS no ano de 2000 a 2001 no munipio de Curitiba/PR (CARVALHO; NOVAIS,
2004).
Essas gestantes de Curitiba, 14,9% relataram dificuldades para o atendimento inicial,
sendo a demora no atendimento e disponibilidade de consultas médicas as principais queixas. No
Brasil, o acesso ao pré-natal é diferenciado por região, residência e escolaridade. As mulheres
que m dificuldades de acesso estão nas regiões mais pobres e têm menos possibilidade de
educação formal (SERRUYA; LAGO; CECATTI, 2004).
A medida da pressão arterial, do peso e dos batimentos cardíacos fetais foram referidos
como sempre realizados por 98,8%, 97,3% e 97,3%, respectivamente. Quanto às orientações
específicas sobre complicações da gravidez, preparação para o parto, aleitamento materno e
cuidado com o recém-nascido, 38,2% das mulheres informaram terem recebido todas as
orientações, enquanto que 9,3% afirmaram ausência de informação (CARVALHO; NOVAIS,
2004).
A assistência pré-natal é concluída com a realização da consulta puerperal. No entanto,
esta ainda é pouco realizada em nossos serviços. A cobertura da BCG é de 100%, o que
demonstra a preocupação do serviço, nessa fase, apenas com o recém-nascido; indicando uma
desarticulação (SERRUYA; LAGO; CECATTI, 2004a).
31
Os estudos também têm demonstrado dificuldades estruturais, de serviços e de pré-
natalistas na execução da consulta à gestante, como a investigação realizada em Pelotas sobre a
avaliação da estrutura e do processo da atenção pré-natal na rede básica de saúde no município.
Nesta pesquisa, dentre as principais deficiências da estrutura colocadas por Silveira,
Santos e Costa (2001), destacaram-se as seguintes inexistências: programação anual das
atividades a serem desenvolvidas pelo serviço; supervisão central e interna; manutenção do
sistema de informação por meio dos boletins de notificação de doenças; manutenção de cadastro
domiciliar atualizado; triagem da demanda; visitas domiciliares; atividade de grupo e de
educação em saúde, assistência odontológica, como também a insuficiência de medicamentos
(analgésicos, antibióticos e sulfato ferroso). Vale ressaltar que, neste estudo, observou-se a não
realização do VDRL em 14% das gestantes, o que pode levar ao não diagnóstico e tratamento da
gestante com sífilis e facilitar a transmissão da sífilis congênita. Esses fatos contribuem para uma
assistência desqualificada, dificultando a obtenção dos reais objetivos da assistência pré-natal,
embora os recursos humanos eram considerados adequados (SILVEIRA; SANTOS; COSTA,
2001). Dificuldades estruturais presentes em instituições e no SUS comprometem a qualidade da
assistência oferecida (KOFFMAN; BONADIO, 2005).
Serruya; Cecatti; Lago (2004), avaliando o PHPN entre o ano de 2000 a 2002, afirmaram
que o percentual de solicitação do VDRL foi a metade em relação à solicitação de exames para
diagnóstico da AIDS nesse mesmo período. Sendo assim, encontramos o difícil acesso aos
recursos de laboratório como também à demanda reprimida para esse exame laboratorial.
Diferentes resultados foram encontrados no estudo de Brito e Ferreira, no qual o VDRL é
solicitado a todas as gestantes submetidas ao pré-natal. Entretanto, em apenas 47% é solicitado
duas vezes. Tal problema pode estar relacionado com a falta de atenção dos profissionais que
estão na assistência ou por falta de organização no serviço.
Uma atenção pré-natal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e
neonatal. O principal objetivo da atenção pré-natal é acolher a mulher desde o início da gravidez,
assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar
materno e neonatal, evitando-se, dentre outras doenças, a doença hipertensiva específica da
gravidez, a transmissão da sífilis congênita, do vírus da imunodeficiência humana, do tétano
neonatal, o surgimento de hemorragia e aborto, e, conseqüentemente, a morte. A atenção à
mulher na gravidez devem incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico
32
e tratamento adequado dos problemas que ocorrem nesse período (BRASIL, 2005a). Assim
sendo, a ação no pré-natal constitui prioridade máxima na vigilância da sífilis congênita, uma vez
que o tratamento adequado da gestante com sífilis também surte efeito sobre a saúde do feto,
podendo evitar o abortamento, a morte perinatal e as graves seqüelas próprias da doea
(BRASIL, 2001b).
3.3 O profissional na atenção pré-natal:
A assistência pré-natal é efetivada pelo profissional médico e/ou enfermeiro. Estes,
geralmente, receberam uma formão, foram preparados e atingiram proficiência nas habilidades
necessárias para manejar a gestação normal e identificar complicações, devendo exercê-las de
forma competente (DOTTO; MOULINL;, MAMEDE, 2006). No entanto, estudos apontam
dificuldades dos profissionais na atenção pré-natal, principalmente no que se refere aos recém-
formados; relatando dificuldade na avaliação da presença de fatores de risco e na realização do
exame clínico-obstétrico.
Na intensão de que a atenção primária à saúde aconteça com efetividade, são necessárias
equipes de saúde adequadamente capacitadas para o manejo dos problemas prevalentes no nível
primário e ideologicamente comprometidas com o cuidado dos mais necessitados. Além disso,
também deve ser enfatizada a educação médica permanente, com ênfase no cumprimento de
normas técnicas preestabelecidas e factíveis com os recursos disponíveis (SANTOS et al, 2000).
Para que o saber em saúde seja colocado à disposição da mulher e de sua família, são
condições básicas a existência do diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de percepção de
quem acompanha o pré-natal (BRASIL, 2005a). No estudo realizado no município de Natal-RN,
apesar de ter sido observado a presença de afetividade, apoio e empatia pelos enfermeiros que
realizam a consulta pré-natal, esta é vista com falta de resolutividade aos problemas manifestados
pelas gestantes. Muitas vezes o aspecto técnico foi negligenciado, quando o profissional não
escutava a queixa apresentada pela gestante, como não valorizasse o problema sentido
(HOLANDA, 2000). No estudo feito em Teixeira-MG, percebeu-se uma relação entre o
profissional médico e usuárias centrada nos procedimentos (COTTA; MINARDI, 2008).
33
Não é necessária, apenas, a intensificação centrada nos procedimentos, mas
principalmente o aprimoramento da supervisão, a busca ativa das gestantes por parte dos
profissionais que realizam esta atenção, como também o envolvimento da comunidade, para a
qualificação da atenção pré-natal (DIAS-DA-COSTA et al, 2000).
No entanto, vem sendo observada a expropriação feminina na atenção pré-natal com a
preservação do modelo tecnocrático, no qual as mulheres são consideradas como objeto. As ações
praticadas são, na maioria das vezes, de responsabilidade do profissional, que supervaloriza a
técnica e mantém intervenções determinadas de padronização das rotinas. (SERRUYA; LAGO;
CECATTI, 2004a).
Para essas autoras, a mulher é um ser complexo, individual; e suas responsabilidades, na
assistência pré-natal, devem ser compartilhadas com o profissional, o qual informará e dividirá as
suas decisões, equilibrando a tecnologia e a humanização. (SERRUYA; LAGO; CECATTI,
2004a).
Nesse contexto, é importante que exista diálogo entre o profissional e a gestante, que ele
utilize palavras de fácil compreensão. Muitas vezes, as gestantes não falam o que sentem, saindo
das consultas com vidas e apreensões. A troca de informações contribui para a adesão das
gestantes às consultas pré-natais (FORTE et al, 2004).
Uma escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos, que permita à mulher falar de sua
intimidade com segurança, fortalece a gestante no seu caminho até o parto e ajuda a conseguir o
conhecimento sobre si mesma, contribuindo para um atendimento tranqüilo e saudável do bebê e
manutenção da saúde da mãe (BRASIL, 2005a).
O vínculo construído entre o profissional e a gestante coopera para a humanização do pré-
natal e para a adesão e permanência da gestante nesse serviço de atenção. No entanto, o estudo
envolvendo 627 municípios brasileiros, mostrou que, em 33,2%, não é sempre o mesmo
profissional que acompanha a mulher na atenção pré-natal (COSTA; GUILHERM; WALTER,
2005). Podemos relacionar essa situação com a rotatividade dos profissionais que atuam na ESF e
a falta do vínculo empregatício. No estudo realizado em Teixeira-MG, verificou-se que 80% dos
profissionais foram admitidos por indicação, sendo que somente 20% passaram por um processo
seletivo de análise de currículo. Os autores ressaltam a grande influência potica na ocupação de
cargos públicos e a conseqüente contratação de profissionais sem perfil para atuação na ESF
(COTTA; MINARDI, 2008).
34
Observou-se que, apesar da ESF se propor a uma relação diferenciada com os seus
usuários e a comunidade, principalmente no que se refere à vigilância em saúde, nas formas de
prevenção e promoção, muito pouco tem sido feito nesse aspecto, pois o profissional de saúde
continua atuando numa percepção biologicista e fragmentada do ser humano, no caso das
gestantes, atuando meramente através de consultas-procedimentos (DIAS et al, 2008).
A forma de atuação desses profissionais pode estar relacionada com a sua formação e a
qualidade da assistência. Nessa perspectiva, é necessária a integração do ensino, a gestão, a
atenção e a participação da comunidade para desenvolver as habilidades tecnoprofissionais nas
diversas ações de atenção à saúde (CECCIM; FEUERWERKER, 2004).
A formação o pode tomar como referência apenas a busca eficiente de
evidências ao diagnóstico, cuidado, tratamento, prognóstico, etiologia e
profilaxia das doenças e agravos. Deve buscar desenvolver condições de
atendimento às necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão
setorial e do controle social em saúde, redimensionando o desenvolvimento da
autonomia das pessoas até a condição de influência na formulação de políticas
do cuidado (CECCIM; FEUERWERKER, 2004, p.43).
O profissional da saúde é um ser do cuidado, um ser cognoscente, que estabelece relações
sócio-afetivas-potico-culturais. Na condição de trabalhador do conhecimento, ele desenvolve
tarefas que abrangem o processamento humano da informão e devem gerar dados úteis como
resultado. Talvez a pertinência da relação entre trabalhador de saúde e do conhecimento esteja
especialmente centrada nas questões que envolvem o conhecimento tácito, uma vez que esse se
desenvolve coletivamente e é influenciado pela cultura e valores, acesso à informação, às
experiências vividas, às práticas cotidianas, dentre outras (ERDMANN et al, 2006).
3.4 avaliação da qualidade da atenção à saúde:
Para Donabedian (1988), precursora dos relatos de Avaliação em Saúde nos EUA, a
estrutura” corresponderia às características relativamente estáveis dos seus provedores, aos
35
instrumentos e recursos, bem como às condições sicas e organizacionais; o “processo”
corresponderia ao conjunto de atividades desenvolvidas na relação entre profissionais e pacientes;
aos procedimentos empregados no manejo dos problemas apresentados pelos usuários; e os
resultados” seriam as mudanças verificadas no estado de saúde desses clientes ou da
comunidade que pudessem ser atribuídas a um cuidado prévio e resultante da interação com o
serviço de saúde. Poderia ainda ser considerados como resultados mudanças relacionadas com
conhecimentos e comportamentos, bem como a satisfação do usuário com o cuidado prestado
(DONABEDIAN, 1988).
Na impossibilidade de se proceder à avaliação dos três componentes (estrutura, processo e
resultado), esse autor considera o estudo do processo assistencial como a melhor forma de
investigar o conteúdo da atenção oferecida no nível primário. A avaliação do processo analisa a
qualidade da assistência em relação à disponibilidade do conhecimento técnico-científico e a
relação interpessoal no momento do cuidado, representando uma medida direta. Os resultados são
avaliados pelas mudanças ocorridas no estado de saúde do indivíduo ou da população, usados na
abordagem epidemiológica, na área cnica ou na saúde coletiva (DONABEDIAN, 1988).
É a avaliação do processo de um programa de saúde que analisa o seu funcionamento,
pois contempla os cuidados efetivados fornecidos e recebidos na assistência. Assim, são
igualmente importantes tanto as atividades dos profissionais envolvidos no diagnóstico e na
terapêutica, quanto as atividades dos pacientes na procura e na utilização dos tratamentos
disponibilizados (DONABEDIAN, 1988).
A essência da qualidade da atenção à saúde reflete, exatamente, a avaliação do processo e
contribui para chamar a atenção sobre a necessidade de corrigir o curso do programa ou projeto
em andamento. A qualidade na atenção à saúde apresenta dois componentes básicos: a definição
e medida do estado de saúde e das mudaas ou diferenças desse estado; e a especificação do
cuidado médico associado com qualquer resultado relativo a um estado de saúde.
(DONABEDIAN, 1988).
Donabedian (1988), discutindo as influências do contexto na qualidade do cuidado,
diferencia os seguintes níveis de organização dos provedores do cuidado médico: o profissional
individual; diversos profissionais; uma equipe organizada; plano, instituição e sistema.
Ainda conforme a autora, a avaliação da qualidade inclui: eficácia (influência de
inovações tecnológicas); efetividade (grau de aproximação aos aprimoramentos possíveis);
36
eficiência (economia de custos sem prejuízo de metas); otimização (equilíbrios entre custos e
ganhos em condições de saúde); aceitabilidade (conformidade a expectativas dos usuários);
legitimidade (conformidade às preferências sociais e aspectos institucionais); e eqüidade
(conformidade e princípios distributivos aceitos).
Nos estudos de avaliação em saúde, a comparação entre as ões desenvolvidas e as
normas e procedimentos recomendados tem sido utilizada para a classificação da qualidade
técnico-científica da atenção à saúde. Trata-se da qualidade definida a partir dos critérios e
normas de atuação dos profissionais (CONTRADIOPOULOS et al apud D’ORSI et al, 2005).
Nessa perspectiva de análise, a problemática metodológica e teórica distingue-se
dependendo do nível da realidade que é tomado como objeto do processo de avaliação. Quando o
enfoque direciona-se ao indivíduo, centraliza as relações entre prestadores e usuários, bem como
as características de ordem técnica referentes ao cuidado em si. Ao se tratar de avaliação de um
sistema de saúde, ganham relevo a acessibilidade, a cobertura e a equidade (SILVA; FORMIGLI,
1994).
as avaliações em programas de saúde analisam os programas como complexos de
organização de práticas voltadas para objetivos especificados. Portanto, são considerados
programas, tanto aquelas propostas voltadas para a realização de um macro objetivo, como a
implantação de formas de atenção para populações específicas e que envolvem instituições,
serviços e profissionais diversos, como as atividades desenvolvidas em serviços de saúde, que
têm por objetivo prestar um determinado tipo de atendimento para uma dada clientela
(SHORTELL; RICHARDSON 1978 apud NOVAIS, 2000).
No Brasil ocorreu grande expansão de atenção à saúde, oferta de novas tecnologias,
desenvolvimento de modelos assistenciais diversos e crescimento de importância potica e
econômica da atenção à saúde, condições favoráveis para que propostas de racionalização das
decisões e das práticas encontrassem espaço. Contudo, as condições econômicas e sociais, as
práticas poticas, a organização profissional, as culturas organizacionais são muito diferentes, o
que levou a uma incorporação muito distinta dos diversos tipos de avaliação (NOVAIS, 2000).
Hartz (2000), pesquisadora brasileira na área de avaliação, refere que avaliar é fazer um
julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes
(objetivos, recursos, bens ou atividades, efeitos e contexto preciso em um dado momento) com o
objetivo de ajudar na tomada de decisões. Esse julgamento pode ser o resultado da aplicação de
37
critérios e normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um procedimento científico
(pesquisa avaliativa). A avaliação normativa é a atividade que consiste em fazer um julgamento
sobre uma intervenção, comparando os recursos empregados e sua organização (estrutural), os
serviços ou bens produzidos (processo), e os resultados obtidos, com critérios e normas.
No que diz respeito à avaliação nos contextos do SUS, a autora refere que a avaliação
qualitativa dos serviços comporta sempre duas dimensões: desempenho técnico, ou seja,
aplicação do conhecimento e da tecnologia médica, de modo a maximizar os benefícios e reduzir
os riscos; e relacionamento com pacientes. A avaliação qualitativa do cuidado à saúde acontece
em seus três componentes: estrutura, processo e resultado.
Segundo Mantamala apud Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), a qualidade da atenção
deve estar referida a um conjunto de aspectos que englobam as questões psicológicas, sociais,
biológicas, sexuais, ambientais e culturais. Isso implica superar o enfoque biologicista e
medicalizador hegemônico nos serviços de saúde e a adoção do conceito de saúde integral e de
práticas que considerem as experiências das usuárias com sua saúde. A humanização e a
qualidade da atenção são indissociáveis. A qualidade da atenção exige mais do que a resolução de
problemas ou a disponibilidade de recursos tecnológicos, e humanização é muito mais do que
tratar bem, com delicadeza ou de forma amigável.
Para atingir os princípios de humanização e da qualidade da atenção, o Ministério da
Saúde (BRASIL, 2004) coloca que se devem levar em conta, pelo menos, os seguintes elementos:
acesso da população aos três níveis de assistência, aos recursos tecnológicos, insumos e materiais
educativos; organização da rede assistencial; busca ativa dos usuários, acolhimento humanizado e
participação destes em todos os processos de decisão; capacitação técnica dos profissionais da
saúde; avaliação das ações e serviços; análise de indicadores que permitam aos gestores
monitorar o andamento das ações, o impacto sobre os problemas tratados e a redefinição de
estratégias que se fizerem necessárias.
Dessa forma, a perspectiva de avaliação adotada neste trabalho engloba a observação das
ações de atenção no pré-natal quanto à normatização recomendada pelo Ministério da Saúde para
a qualificação dos serviços de pré-natal.
38
Metodologia
Todos os homens têm por natureza, desejo de conhecer.(Aristóteles)
39
4 Metodologia:
4.1 Tipo de estudo:
Diante da proposta de identificarmos as condutas assistenciais dos pré-natalistas na sua
observação das recomendações do Ministério da Saúde para a atenção à saúde da gestante com
sífilis, optou-se pelo estudo do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa. De
acordo com Polit, Beck & Hungler (2004), a pesquisa descritiva é uma pesquisa não-
experimental, que visa observar, descrever e documentar aspectos da situação. Retrata os
relacionamentos entre as variáveis, não se preocupando com relações de causa e efeito. Para
Cervo e Bervian (2002), o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou
fenômenos sem manipulá-los. Os estudos exploratórios buscam familiarizar-se com o fenômeno
ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias.
A pesquisa quantitativa, dentre outras utilizações, deve ser usada em estudos que analisam
o desempenho (correlação do desempenho dos procedimentos técnicos e qualidade do trabalho)
(SANTOS; CLOS, 1998).
4.2 Local do estudo:
O estudo se deu nos municípios da V Unidade Regional de Saúde blica (V URSAP)
localizados na região conhecida como Trairi no Estado do Rio Grande do Norte. Ele está dividido
em seis URSAPs, de acordo com os grandes centros urbanos, abrangendo todas as regiões
geográficas do Estado. Assim, temos URSAPs que incluem mais de uma região (Mapa 1).
A V URSAP abrange as regiões Trairi e Potengi, totalizando 21 municípios (Mapa 2). A
região Trairi é composta por 9 cidades e a Potengi, por 12. Cada município, de acordo com o
número populacional, é possuidor de equipes da ESF. Assim, temos municípios com dez equipes
e outros com apenas uma. A V URSAP engloba 73 equipes de ESF urbanas e/ou rural, sendo 32
40
na região Trairi e 41 na Potengi. Sua sede localiza-se no município de Santa Cruz, considerado
município pólo, em nível de atenção secundário à saúde na Região Trairi.
Figura 1- Divisão do Estado do Rio Grande do Norte em Unidades Regionais de Saúde Pública. Rio Grande
do Norte, 2008.
Fonte: Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Figura 2- Divisão das Unidades Regionais de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte, em
municípios. Rio Grande do Norte, 2008.
Fonte: Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Escolhemos a região Trairi por apresentar casos de sífilis congênita notificáveis nos
últimos sete anos e não haver sido focalizada como campo de pesquisa quanto aos casos de sífilis
metros
Rio Grande do Norte
Regiões de Saúde e URSAPs
2007
IV URSAP
V URSAP
VI URSAP
GN
I URSAP
II URSAP
III URSAP
Fonte: NESC/SESAP-RN - 2007
0 30.000 60.000
120.000
metros
Região de Saúde de Pau dos Ferros
Região de Saúde de Mosso
Região de Saúde de Caicó
Região de Saúde de Açú
Regiãode Saúde de Santa Cruz
Regiãode Saúde de João Câmara
Regiãode Saúde da Grande Natal
Regão de Saúde de São José do Mipibú
Rio Grande do Norte
Regiões de Saúde
2007
Fonte: NESC/SESAP-RN - 2007
0 30.000 60.000
120.000
metros
Região de Saúde de Pau dos Ferros
Região de Saúde de Mossoró
Região de Saúde de Caicó
Região de Saúde de Açú
Região de Saúde de Santa Cruz
Regiãode Saúde de João Câmara
Região de Saúde da Grande Natal
Regão de Saúde de São José do Mipibú
41
congênita. Além disso, a região é campo de trabalho da pesquisadora do estudo, tornando-se,
dessa maneira, mais conhecida e acessível para a coleta de dados.
4.3 População:
Segundo Polit, Beck & Hungler (2004), a população é um agregado total de casos que
preenchem um conjunto de critérios especificados.
Partimos do pressuposto de que, nas Unidades sicas de Saúde da Família, o pré-natal é
feito pelo enfermeiro e o médico da equipe da ESF. Tendo conhecimento de que na região Trairi
funcionavam 32 equipes da ESF, calculamos que a população do estudo seria constituída por 64
profissionais, ou seja, 32 médicos e 32 enfermeiros.
Considerando o tamanho da população e o acesso a esses trabalhadores, decidimos
trabalhar com a população total.
O critério de inclusão para convidar o profissional a participar era que ele fizesse parte das
equipes da ESF da região Trairi no período de coleta de dados, e que atuasse na realização da
consulta pré-natal. Das 32 equipes, todos os enfermeiros atuavam no trabalho relativo à consulta
pré-natal. Houve exclusão de dois enfermeiros; um recusou-se a participar e o outro por ser o
pesquisador do estudo Encontramos sete médicos, distribuídos em diferentes municípios, que
embora integrassem a equipe da ESF, não realizam atendimento pré-natal; um médico recusou-se
a participar da pesquisa; havia, também, uma equipe sem médico.
Assim, 53 profissionais fizeram parte do estudo, sendo 30 enfermeiros e 23 médicos.
O Quadro 1 mostra o número de profissionais previsto nas unidades básicas de saúde e o
número total dos participantes do estudo, distribuído por município.
42
Local de trabalho
População prevista População participante
Enferm Méd Total Enferm Méd Total
Campo Redondo 04 04
08
03 03
06
Coronel Ezequiel 02 02
04
02 01
03
Jaçanã 03 03
06
03 01
03
Japí 03 03
06
02 03
05
Lajes Pintadas 02 02
04
02 02
04
São Bento do Trairi 01 01
02
01 01
02
Santa Cruz 10 10
20
10 08
18
Sítio Novo 02 02
04
02 -
02
Tangará 05 05
10
05 04
09
TOTAL 32 32
64
30 23
53
Quadro 1- Número de profissionais previsto para participar do estudo e número total de participantes,
distribuídos por municípios pertencentes à V URSAP e localizados na região Trairi do Estado do
Rio Grande do Norte, que realizam a consulta pré-natal. Rio Grande do Norte, 2008.
Fonte: Dados da pesquisa
Santa Cruz é o município da região Trairi que concentra o maior número de equipes da
ESF, o que contribuiu para apresentar a maior freqüência de profissionais participantes nesta
pesquisa. Apenas dois municípios obtiveram 100% de participação dos profissionais, Lages
Pintadas e São Bento do Trairi.
4.4 Variáveis:
1. Características demográficas, educacionais e de trabalho na consulta pré-natal:
(sexo, idade, profissão, local de trabalho, pós-graduação, tempo que realiza a consulta pré-natal).
2. Capacitações no atendimento à gestante com sífilis:
(participação em treinamentos, informações na graduação).
3. Conhecimentos sobre sífilis na gestação.
4. Condutas de detecção, tratamento e acompanhamento da sífilis na consulta pré-natal.
5. Dificuldades na detecção, tratamento e acompanhamento da gestante com sífilis.
43
6. Experiência na detecção, tratamento e acompanhamento da gestante com sífilis nas consultas
pré-natais.
4.5 Instrumento:
Para a coleta dos dados, o instrumento utilizado foi um questionário estruturado com
perguntas abertas e fechadas, que tinha como objetivo identificar as ações dos profissionais
responsáveis pela consulta pré-natal no ESF na detecção e tratamento da sífilis no período
gestacional, o conhecimento desses na detecção e tratamento da sífilis na gestante, relacionando
as suas condutas assistências prescritas com as orientações recomendadas pelo Ministério da
Saúde (APÊNDICE B).
O instrumento foi elaborado com base nos objetivos do estudo, nos procedimentos
recomendados pelo Ministério da Saúde sobre a consulta pré-natal na detecção e tratamento da
sífilis na gestante. Orientado para revelar as condutas assistenciais que os profissionais
identificam como realizadas junto à gestante na detecção e tratamento da sífilis, o instrumento foi
composto por duas partes. A primeira foi formada por perguntas direcionadas à caracterização
sócio-demográficas e de formação dos sujeitos. A segunda focalizava a identificação do
conhecimento e as condutas realizadas para detecção, tratamento e acompanhamento da sífilis em
uma gestante. Ambas as partes compuseram perguntas abertas e fechadas, predominando as
abertas por se tratar de informações descritivas das ações.
Para Polit, Beck e Hungler (2004), a abordagem estruturada à coleta de dados do auto-
relato é apropriada quando os pesquisadores sabem, com antecipação, exatamente o que
necessitam saber e podem, portanto, estruturar questões apropriadas para obter a informação
necessária, sendo os próprios respondentes que completam o instrumento por escrito.
O questionário elaborado especificamente para esta pesquisa, foi submetido à banca de
qualificação do projeto de pesquisa, composta por pesquisadores especialistas, para validação
quanto à forma e conteúdo.
Após validação, o instrumento foi submetido a um pré-teste com três profissionais
médicos e três profissionais enfermeiros que realizavam o pré-natal na ESF no município de
44
Pureza, Região do Mato Grande do Estado do RN, cidade não pertencente ao local do estudo,
para certificação da sua compreensão e de sua pertinência entre os objetivos e o procedimento
metodológico proposto. O instrumento mostrou-se adequado ao entendimento dos entrevistados.
O pré-teste, segundo Marconi e Lakatos (2006), é importante na medida em que confere
o entendimento das perguntas, evita vidas, demonstra a necessidade de possíveis ajustes e
fornece estimativa sobre futuros resultados, gerando, assim, maior segurança e precisão para a
execução da pesquisa.
4.6 Coleta de dados:
Com a aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (CEP-UFRN) sob o número 61/2007 (ANEXO B) e a autorização da V
URSAP (ANEXO A), aplicamos o pré-teste do instrumento e iniciamos a fase de coleta dos
dados.
Inicialmente, solicitamos a autorização da direção da V URSAP para realizarmos a
pesquisa nos municípios daquela localidade. A V Regional forneceu-nos o total de equipes de
ESF por município e os contatos telefônicos das secretarias municipais de saúde. Através do
contato com as secretarias, tivemos conhecimento dos dias e horários de trabalho de cada
profissional no município.
Os profissionais que conseguíamos contactar, previamente, por telefone, eram agendados
para reunião, combinando o melhor horário e local, para responderem ao questionário. Alguns
profissionais já eram abordados em seu local de trabalho e a pesquisa se dava no final do
expediente.
Dessa forma, a coleta dos dados aconteceu, entre o período de 1º de julho a 30 de
setembro de 2007, em diferentes horários e diferentes lugares (postos de saúde, residências desses
profissionais, V URSAP, ou em outros locais de trabalho desses trabalhadores, como, por
exemplo, hospital), havendo necessidade de nos deslocarmos de automóvel até os municípios e
locais de trabalho. As distâncias percorridas para a coleta nos municípios variaram de 30 a 90 Km
do local do nosso trabalho.
45
Os profissionais responderam, individualmente, ao questionário em nossa presença,
garantindo, dessa forma, que fosse respondido sem consulta. Também não foi estipulado tempo
para respondê-lo, variando entre 15 a 30 minutos.
Em atendimento à Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 196/96 sobre Ética
em Pesquisa, envolvendo seres humanos (BRASIL, 1997), ao serem abordados a participar do
estudo, explicávamos a finalidade e os objetivos da pesquisa, a garantia de sigilo em seus
depoimentos e, ainda, ficou bem claro que a participação era voluntária, como também a
possibilidade de desistência em qualquer momento. Foi salientado, ainda, que não haveria
nenhum gasto financeiro por parte dos entrevistados e nenhum ressarcimento na sua participação
no estudo (APÊNDICE 2) . Após as explicações, procedemos à solicitação da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido, que foi assinado por todos os participantes.
4.7 Análise dos dados:
Os dados foram digitados em um de banco de dados do Programa Excel Office 2000 da
Microsoft, tendo como tipo de análise a estatística descritiva, com freqüências absolutas e
percentuais.
Os dados das questões abertas foram categorizados segundo similaridade do seu conteúdo
e quantificados.
Foram utilizados, também, tabelas, gráficos e quadros para facilitar a leitura, com
números absolutos e percentuais.
46
Resultados e Discussões
Só é útil o conhecimento que nos torna melhores(Sócrates)
47
5. Resultados e Discussões:
5.1 – Caracterização dos profissionais:
Para conhecer os 53 profissionais participantes do estudo, 30 enfermeiros e 23 médicos,
atuantes na consulta pré-natal e que responderam ao questionário, solicitamos informações
demográficas de sexo e idade, bem como de trabalho, formação na área de assistência pré-natal, e
na detecção e tratamento da sífilis na gestação.
As Tabelas de 1 a 3 apresentam as características profissionais e sociodemográficas
desses trabalhadores. A Tabela 1, a seguir, faz a descrição quanto ao sexo, idade e formação.
Tabela 1- Distribuição dos profissionais da V URSAP da região Trairi do Rio Grande do Norte que realizam a
consulta pré-natal, segundo características sócio-demográficas e de formação. Rio Grande do
Norte, 2008 (n=53).
CATEGORIA
PROFISSIONAL
CARACTERÍSTICA
ENFERMEIRO
MÉDICO
TOTAL
SEXO
Fr %
Fr %
Fr %
Feminino
26 49,0
10 19,0
36 68,0
Masculino
04 7,5
13 24,5
17 32,0
IDADE (em anos)
22 a 30 anos
15 28,4
10 18,8
25 47,2
31 a 53 anos
12 22,5
05 9,5
16 32,0
≥ 54 anos
03 5,8
08 15,0
12 20,8
TEMPO DE FORMADO (em anos)
≤ a 5 anos
16 30,0
09 17
25 47,0
6 a 20 anos
10 18,9
04 7,5
14 25,5
≥ 21 anos
0
4 7,5
10 18,9
14 25,5
CURSO DE PÓS
-
GRADUAÇÃO
Sim
17
32,0
11 21,0
28 53,0
Não
13 24,5
12 22,5
25 47,0
Fontes: Dados da pesquisa.
48
Observamos que 68% dos profissionais que responderam ao questionário eram do sexo
feminino, sendo 26 enfermeiras e 10 médicas. Assim, temos apenas 4 enfermeiros do sexo
masculino atuando na ESF daquela região. Essa predominância do gênero feminino nos
profissionais que atuam na ESF também foi constatada em outros estudos, como na cidade de
Francisco de Morato, na região metropolitana do Estado de São Paulo e em municípios do Estado
de Mato Grosso, caracterizando como recorrente a feminilização da força de trabalho em saúde
(CICONI; VENÂNCIO; ESCUDER, 2004; CANESQUI; SPINELLI, 2006). De acordo com
Machado (2002), numa pesquisa desenvolvida nacionalmente, evidenciou que, embora a
medicina seja uma profissão predominantemente masculina, no PSF a relação entre gêneros
altera-se, uma vez que 44,0% dos profissionais pertencem ao sexo feminino. Quanto à
enfermagem, esse estudo também registrou que 90,9% dos seus profissionais que atuam no PSF
são do sexo feminino.
A idade dos profissionais, em nossa pesquisa, variou de 22 a 66 anos, com uma média de
36 anos, o maior percentual pertencente à faixa etária entre 22 a 30 anos (47,2%), sendo estes
adultos jovens. Essa faixa de idade predominou nas duas categorias profissionais. A freqüência
diminuiu entre 31 a 53 anos (32,0%). Encontramos, também, um percentual significante na faixa
etária a partir dos 54 anos (20,8%), sugerindo que alguns trabalhadores, em fim de carreira
profissional, trabalham na ESF. Vale ressaltar que, nesta última faixa etária, a maioria dos
profissionais são médicos (8), e, apenas, 3 enfermeiros.
Corroborando com os achados da nossa pesquisa, estudo desenvolvido em dez grandes
centros urbanos do Mato Grosso, houve predominância de profissionais na faixa etária menor que
trinta anos (CANESQUI; SPINELLI, 2006). No município de Francisco Morato-SP, a média de
idade desses profissionais foi de 28 anos. Contrariamente, na análise de idade dos profissionais
que atuam nas ESF do País, percebeu-se uma alta concentração de profissionais na faixa etária
entre 30 a 49 anos (MACHADO, 2002).
Em se tratando do tempo de conclusão da graduação, observamos uma grande variação,
entre 2 meses a 31 anos. Grande percentual dos trabalhadores tinha menos de 5 anos de formado
(47,0%), o que indica o elevado número de profissionais na ESF com pouca experiência de
trabalho. Acreditamos que, hoje, a ESF funciona como a maior porta de entrada para os médicos
e enfermeiros recém-graduados, haja vista as facilidades de ingresso no Programa e a o
49
exigência de especializações. Percentual menor foi evideNciado na faixa etária entre 6 a 20 anos
(25,5%), constituindo os anos produtivos da carreira profissional. Pressupomos que a evasão dos
profissionais, nessa faixa etária, pode estar relacionada com a falta de estabilidade profissional
que a ESF ainda apresenta. No Brasil, 61,9% dos médicos e 63,9% dos enfermeiros que
trabalham na ESF não possuem garantias trabalhistas (MACHADO, 2002).
Analisando-se a situação desses recursos humanos das equipes da ESF do município de
Itaperuna, no Estado do Rio de Janeiro, constatou-se que a contratação dos profissionais das equipes é
efetuada através de contratos temporários, sem vínculo empregatício e sem estabilidade. A seleção
dos médicos e enfermeiros se através de análise de currículos e entrevistas dos candidatos com o
Secretário Municipal de Saúde ou com o Coordenador do PSF, não sendo pré-requisito a
especialização em Saúde da Família, mostrando a prática clientelista da gestão municipal (ORIOLI,
2008). No País, apenas 14,0% dos profissionais que trabalham na ESF prestaram concurso público
(MACHADO, 2002).
Os outros 25,5% da população do nosso estudo encontravam-se com mais de 21 anos de
formado, significando a maior prevalência, nessa categoria, de médicos (10 trabalhadores) em
relação aos enfermeiros (04 trabalhadores), sugerindo que o médico, em fim de carreira
profissional, passa a desenvolver a sua prática na ESF. Conforme Canesqui e Spinelli (2006), a
experiência favorece a qualidade do profissional, embora não seja capaz de garantir a adequação
do perfil deste aos propósitos da ESF.
Observamos, ainda, o relevante número de atuantes na Estratégia que não possuem s-
graduação (47,0%). Dos 53,0% com curso de pós-graduação, 4 deles estão em processo de
conclusão de curso. Nesse estudo, observamos uma maior freqüência de enfermeiros com curso
de s-graduação em relação aos médicos. Para Kletemberg et al (2004), a necessidade de
especialização da enfermagem adveio com o surgimento de novas tecnologias e o modelo
capitalista que prioriza a produtividade.
Machado (2002) alerta que a qualificação profissional é uma questão a ser vista e
analisada com atenção, pois apenas, 39,5% dos médicos e 35,4% dos enfermeiros atuantes na
ESF do Brasil, em 1999, possuíam curso de especialização.
O Quadro a seguir especifica as áreas de concentração dos cursos de s-graduação Lato
Senso a cargo dos pré-natalistas do estudo.
50
TIPO DE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO FREQUÊNCIA CITADA
ÁREA DE SAÚDE COLETIVA
Saúde da Família
12
Saúde Pública
09
Ginecologia e Obstetrícia
03
Epidemio
logia
01
ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA
Clínica Médica, Pediatria, Unidade de Terapia
Intensiva
06
ÁREA DE EDUCAÇÃO
Docência na Área da Saúde
02
ÁREA ADMINISTRATIVA
Administração Hospitalar / Gerenciamento e
Recursos Humanos no SUS
02
MEDICINA ALTERNATIV
A
Acupuntura
01
Quadro 2- Tipo de especialização Lato Senso cursado pelos profissionais que atuam na ESF da região Trairi e
realizam a consulta pré-natal. Rio Grande do Norte (2008).
Fonte: Dados da pesquisa.
Encontramos uma grande diversidade de cursos de pós-graduação Lato Senso
freqüentados por tais profissionais. Vale ressaltar que, a área de Saúde Coletiva, relacionada à
prática deles, abrangeu o maior número de trabalhadores. Especificamente a s-graduação em
Saúde da Família foi a mais citada (cursada por 12 deles), fato esse importante, uma vez que
entendemos estarem mais preparados e capacitados para atuar na ESF. Levando-se em
consideração que a s-graduação em ginecologia e obstetrícia contribui para o aperfeiçoamento
na assistência pré-natal, a enquadramos na área da Saúde Coletiva; apenas 3 profissionais
concluíram esse curso. Vale informar que observamos uns com até 3 cursos de s-graduação, e
alguns deles em áreas diferentes da sua prática no pré-natal. O estudo feito por Canesqui e
Spinelli (2006), no Estado do Mato Grosso, mostrou que a pós-graduação em Saúde blica teve
a intensa participação dos profissionais que atuam na ESF daquele local, seguida pela
especialização em Saúde da Família. Foram, ainda, relatados outros cursos não relacionados com
a atenção básica.
As especializações, advindas com a divisão social e técnica do trabalho, fundamentada na
parcelarização, determinando a existência de um profissional competente. Essa competência
requer o domínio de um conhecimento articulado ao desenvolvimento de capacidades cognitivas
complexas, ou seja, de competências relativas ao domínio trico. E essa competência estará
51
mais presente quanto mais ricas forem as experiências vividas, os conhecimentos adquiridos, o
acesso à informação, e assim por diante (KUENZER, 2008).
Na perspectiva de identificar a experiência em relação ao tempo que esses profissionais
possuem no atendimento à gestante, especificando também o tipo de assistência na ESF,
apresentamos a Tabela 2.
Tabela 2– Distribuão dos profissionais que atuam na ESF da região Trairi no Estado do Rio Grande do
Norte na consulta pré-natal, quanto ao tempo (em anos) de experiência na realização desta
consulta, incluindo sua assistência na ESF. Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
CATEGORIA
PROFISSIONAL
CARACTERÍSTICA
ENFERMEIRO MÉDICO
TOTAL
Fr % Fr % Fr %
TEMPO QUE REALIZA
CONSULTA PRÉ-NATAL
< 1 ano 03 5,6 05 9,4 08 15,0
1 a 6 anos
7 a 13 anos
18 34,0
07 13,2
10 19,0
00 00
28 53,0
07 13,2
> 13 anos 02 3,8 08 15,0 10 18,8
TEMPO QUE REALIZA
CONSULTA PRÉ-NATAL NA
ESF
< 1 ano 03 5,6 05 9,4 08 15,0
1 a 6 anos 20 38,0 12 22,5 32 60,5
7 a 13 anos 07 13,2 06 11,3 13 24,5
Fonte: Dados da pesquisa.
A experiência dos entrevistados na realização da consulta pré-natal, variou entre 2 meses
a 30 anos. A maior freqüência foi observada no intervalo menor que 6 anos (68%). Observa-se,
assim, pouca experiência desses profissionais na área da consulta pré-natal. Os dados também
indicam um significado número (18,8%) com mais de 13 anos de atuação na realização da
consulta pré-natal. Os médicos são os possuidores de um maior tempo de vivência nesse tipo de
atendimento, correspondendo a 15% da população-alvo.
52
Procuramos delimitar essa atenção na ESF, a qual possui apenas 14 anos de existência
(SOUSA, 2002c). A maior parte dos pré-natalistas da pesquisa (75,5%) possuem menos de 6 anos
de experiência na assistência pré-natal na ESF.
Um dado que nos preocupou foi relacionado à consulta pré-natal feita, apenas, pelos
enfermeiros, em um dos municípios estudados. Essa situação também existe em outros contextos,
como no Estado do Ceará, onde se observou uma maior freqüência no número de consultas de
enfermagem, em detrimento do número de consultas médicas. Houve casos em que o médico não
realizava a consulta pré-natal; em outros, o enfermeiro encaminha a gestante para o médico
apenas em caso de surgimento de intercorrências ou dúvidas (MOURA; HOLANDA JÚNIOR e
RODRIGUES, 2003).
Embora o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005a) afirme que o enfermeiro pode realizar a
consulta pré-natal de baixo risco, encaminhando a gestante apenas em caso de intercorrências; no
mesmo manual, ele orienta que o médico proceda à consulta pré-natal intercalando-a com o
enfermeiro.
Alguns estudiosos, também, se posicionam em relação a esse assunto, ressaltando a
importância de os dois profissionais (médicos e enfermeiros) atuarem na assistência pré-natal,
intercalando as suas consultas.
A abordagem da consulta de enfermagem, embasada no diagnóstico de
enfermagem, é bem distinta da consulta médica, cujo diagnóstico médico,
decorrente do julgamento de um conjunto de sinais e sintomas, que determinam
uma patologia, é inerente ao profissional médico; conseqüentemente, a consulta
de enfermagem não substitui a consulta médica e vice-versa, tendo que se
considerar a importância e a necessidade de atuação do médico no
acompanhamento das gestantes (MOURA et al, 2003, p. 1797).
Vale ressaltar que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em 1997, instituiu o
Decreto n. 94.406/87, afirmando a incumbência ao enfermeiro, como integrante da equipe de
saúde, de assistência à gestante. Dessa maneira, não deixa claro que o enfermeiro pode realizar
todo o acompanhamento pré-natal de uma gestante de baixo risco. (CONSELHO, 2008).
Como essa assistência se desenvolve na ESF, é importante lembrar que ela deve ter o
propósito de ocorrer com a incorporação de múltiplos saberes, e próprio Ministério da Saúde
53
(BRASIL, 2005a) afirma que a atenção pré-natal deve ser prestada pela equipe multiprofissional
de saúde.
Quanto à habilitação para a detecção e tratamento da sífilis na gestante, foco deste estudo,
solicitamos informações sobre os treinamentos desses profissionais para o atendimento a esta
mulher com sífilis. As Tabelas 3 e 4 referem-se à participação dos pré-natalistas deste estudo
nesses treinamentos. Apresentamos, assim, a Tabela 3.
Tabela 3- Distribuição dos profissionais da V URSAP da região Trairi no Estado do Rio Grande do Norte que
realizam a consulta pré-natal, segundo formação acadêmica e participação em treinamentos para a
detecção e tratamento da sífilis na gestante. Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
CATEGORIA PROFISSIONAL
CARACTERÍSTICAS
ENFERMEIRO MÉDICO
TOTAL
Fr %
Fr % Fr %
ENFATIZAÇÃO DA SÍFILIS
NA FORMAÇÃO
ACADÊMICA
Sim 19 35,8 19 35,8 38 71,6
Não 11 20,9 04 7,5 15 28,4
PARTICIPAÇÃO EM
TREINAMENTO
Sim 17 32,0 12 22,7 29 54,7
Não 13 24,5 11 20,8 24 45,3
Fonte: Dados da pesquisa.
Levando em consideração a informação desses profissionais durante a graduação,
observamos que 71,6% referem que a problemática da sífilis foi abordada em seu curso,
indicando que esses trabalhadores tiveram acesso, na Universidade, a um conhecimento básico
sobre o assunto. A categoria médica foi a mais informada acerca dessa temática. É preocupante a
outra parcela do estudo (28,4%) sem esse tipo de instrução durante sua formação universitária;
uma vez que a formação acadêmica embasa a prática desses profissionais, podendo influenciar,
positiva ou negativamente, na assistência prestada.
Observamos que muitos pré-natalistas que trabalham no PSF (45,3%) nunca participaram
de treinamentos relacionados à sífilis na gestante, fator esse que dificulta a atualização de
conhecimento dos mesmos. Em nosso estudo, o enfermeiro foi o profissional que apresentou a
maior freqüência nesses treinamentos. Com a expansão da ESF, houve um maior investimento,
54
por parte do Governo, em capacitações profissionais (SANTOS apud CANESQUI; SPINELLE,
2006). No Nordeste, os treinamentos na área de Saúde da Mulher alcançaram menos da metade
dos profissionais da ESF e cerca de um terço daqueles que trabalhavam nas Unidades Básicas de
Saúde (PICCINI et al, 2007). Essas atualizações devem estar voltadas à qualificação desses
profissionais, para que eles passem a desenvolver suas atividades através do planejamento de
ações, aprendendo “o porquê de como fazer”. Elas devem ensinar a produzir o cuidado em saúde,
mobilizando gerencialmente o território das tecnologias fundamentadas nas relações
interpessoais, sem descartar completamente a necessidade da produção de procedimentos
relacionados às tecnologias instrumental e terapêutica (LAVADO et al, 2007).
O Ministério da Saúde enfatiza a educação permanente para melhorar a formação e,
conseqüentemente, fortalecer o SUS, possibilitando o desenvolvimento pessoal daqueles que
trabalham na saúde e o desenvolvimento das instituições. Além disso, reforça a relão das ações
de formação com a gestão do sistema e dos serviços, com o trabalho da atenção à saúde e com o
controle social. Num trabalho articulado entre o SUS e as Instituições de ensino, a educação
permanente será capaz de reorganizar, simultaneamente, os serviços e os processos formativos,
transformando as práticas educativas e as de saúde (BRASIL, 2005c).
A Tabela 4 apresenta dados referentes aos treinamentos para o profissional no manejo
adequado à gestante com sífilis.
55
Tabela 4 Distribuão das características dos treinamentos sobre sífilis na gestação realizados para os pré-
natalistas que trabalham na ESF da região Trairi no Estado do Rio Grande do Norte. Rio Grade
do Norte, 2008.
CARACTERÍSTICAS Fr %
NÚMERO DE
TREINAMENTOS
Uma vez 10 40
Duas a cinco vezes 09 36
Sem informações 06 24
Total 25 100
INSTITUIÇÃO
RESPONSÁVEL
MS / Secretaria Estadual de
Saúde / V URSAP
16 64
Universidade 04 16
BEMFAN 01 4
Sem informações 04 16
Total 25 100
PERCEPÇÃO SOBRE O
TREINAMENTO
Conhecimento específico
sobre o assunto
08 32
‘Olhar’ diferenciado para as
gestantes com sífilis
02 8
Uso de protocolo atualizado
na consulta pré-natal
07 28
Sem respostas
Total
08
25
32
100
Fonte: Dados da pesquisa.
Em se tratando dos profissionais participantes nos treinamentos, ao serem indagados sobre
o número de vezes em compareceram a essas capacitações, as respostas variaram de uma até
cinco vezes. Entendemos que, a maior presença nesses treinamentos deve-se ao fato de existirem
trabalhadores com longo tempo de permanência na ESF. Vale citar que 40% deles participaram
uma única vez.
A duração desses treinamentos variou de 1 a 6 dias, com uma média de três dias. Ao
referir-se à Instituição promovedora do treinamento, a Secretaria Estadual de Saúde foi a mais
citada (64,4%). Isso evidencia uma preocupação do Estado com a capacitação dos profissionais
que atuam na assistência pré-natal. A maioria desses trabalhadores (88%) participou desse tipo de
treinamento só após seu ingresso no PSF.
56
Em relação à contribuição dessas capacitações, as respostas revelam que os profissionais
acreditam no treinamento como fonte de conhecimento, em suas ações e na perspectiva de
atendimento, orientando-os ao uso de protocolos atualizados na consulta pré-natal. Apenas um
pré-natalista queixou-se do tempo curto durante as capacitações. De uma forma geral, essas
colocações dos profissionais expressam uma valorização a esses treinamentos no que se refere ao
enriquecimento da sua prática no pré-natal
5.2 Conhecimento e ações dos profissionais na detecção, tratamento e acompanhamento a uma
gestante com sífilis:
Com vista a atingir o objetivo do estudo, os resultados da análise dos dados foram
organizados em três grandes itens: conhecimento dos profissionais sobre a sintomatologia da
sífilis e suas ações de detecção, na gestante; ações dos profissionais no tratamento da sífilis na
gestante; e ações dos profissionais no acompanhamento de uma gestante com sífilis, dando ênfase
à atenção humanizada no cuidado a essa gestante. Nos três itens, comentamos sobre as
dificuldades e experiências vivenciadas por esses profissionais; uma vez que acreditamos que
essas influenciam as suas práticas. Vale ressaltar que nos norteamos pelos Manuais do Ministério
da Saúde para relacionar as práticas desses profissionais com a normatização estabelecida em
nível nacional.
5.2.1 Conhecimento dos profissionais sobre a sintomatologia da sífilis e suas ações de detecção,
na gestante.
A detecção da sífilis na gestante é importante a partir da medida que direciona o processo
de tratamento e a cura desta mulher e previne a transmissão vertical da doença para o bebê.
Considerando que o processo de detecção envolve o julgamento clínico executado pelo
profissional e a solicitação de exames laboratoriais, abordamos, nesse item, o conhecimento dos
57
pré-natalistas sobre os sinais e sintomas característicos da filis na gestante e a solicitação de
exames laboratoriais por esses trabalhadores, identificados nas respostas às questões sobre essas
temáticas.
Do total de participantes do estudo, 81,2% afirmaram ter algum tipo de conhecimento
sobre os sinais e sintomas característicos da sífilis. O restante, 18,8%, colocaram que não
possuíam conhecimento algum sobre a sintomatologia dessa doença. O Quadro 3 apresenta os
sinais e sintomas citados pelos profissionais entrevistados.
CARACTERÍSTICAS –
SINAIS E SINTOMAS DA
SÍFILIS
FR
%
Cancro duro 33 76,7
Manchas roséolas 26 60,4
Pápulas nas regiões
palmo/plantares
10 23,2
Alterações ósseas 10 23,2
Alterações neurológicas 10 23,2
Placas nas mucosas 08 18,6
Alterações cardiovasculares 07 16,2
Linfoadenopatia 07 16,2
Alopecia 06 13,9
Febre 03 6,9
Quadro 3 – Distribuição dos sinais e sintomas da sífilis citados pelos profissionais que realizam a consulta pré-
natal e atuam na ESF dos municípios da V URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande do
Norte, para a identificação da infecção. Rio Grande do Norte, 2008 (n=43).
Fonte: Dados da pesquisa
O sinal mais citado pelos profissionais do estudo foi o cancro duro (76,74%),
demonstrando que considerável número de pré-natalistas têm o conhecimento do principal sinal
na fase primária da doença. A linfoadenopatia, outro achado da sífilis, também presente nessa
fase, foi citada por 16,2% deles.
Quanto aos sinais da forma secundária, os mais expressos foram as manchas roséolas
(60,4%), seguida pelas pápulas na região palmo-plantar (23,2%). Tais sinais indicam um
agravamento da doença (BRASIL, 2006b).
58
Sobre o conhecimento da sintomatologia da fase terciária, as alterações neurológicas e
ósseas foram citadas por 23,2% dos profissionais, seguidas pelas alterações cardiovasculares
(16,2%).
Observamos, assim, que a maioria dos participantes do estudo são capazes de identificar
os sintomas que comem a sífilis primária. No entanto, observamos que, quanto aos sinais e
sintomas da doença em seus estágios avançados, os percentuais de profissionais que os
identificaram foram menores, sugerindo que médicos e enfermeiros fazendo pré-natal que não
conseguiram correlacionar os sintomas com as fases secuncária e terciária. Vale enfatizar que é,
na fase terciária, que a doença se apresenta com maior gravidade, e o desconhecimento da
sintomatologia por esses profissionais pode ocasionar na tomada de decisões inadequadas para a
melhor resolutividade dos problemas e colocar em risco a vida da mãe e do bebê.
E interessante colocar que os principais sinais e sintomas característicos da doença em
questão foram citados pela população do estudo. Outros sintomas, tais como a disúria e o
corrimento uretral foram apontados por dois dos participantes do estudo. Entretanto, não
encontramos na literatura consultada relação entre esses sinais e a sífilis.
Somando-se o desconhecimento total de alguns trabalhadores em relação aos sinais-
sintomas característicos da sífilis com a outra parcela desconhecedora de alguns sinais
característicos da doença, acreditamos que muitas chances de diagnósticos são perdidas no
momento da consulta pré-natal, principalmente em relação ao “olhar cnico” do pré-natalista.
Estudos apontam para falhas no ensino. Profissionais informam que alguns assuntos não
são discutidos ou foram poucos enfatizados durante a sua formação acadêmica. Enfatizam que o
número de conteúdos na área de saúde da mulher é muito grande em comparação com o tempo
disponível. Isto chama a atenção para a necessidade de se rever o processo de ensino-
aprendizagem nas disciplinas responsáveis pelo treinamento de profissionais para o cuidado pré-
natal (DOTTO; MOULIN; MAMEDE, 2006).
Diante disso, ressaltamos a necessidade de a enfermagem ampliar e aprofundar as
discussões, na graduação, de temas com importante relevância para a prática dos pré-natalistas,
como o cuidado dispensado à gestante com sífilis.
A enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja essência e especificidade é o
cuidado ao ser humano. O conhecimento capaz de fundamentar o cuidado em enfermagem deve
ser construído na intersecção entre a filosofia, que corresponde à grande questão existencial do
59
ser humano; a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção
normativa; e a ética, numa abordagem espistemológica efetivamente comprometida com a
emancipação humana (ROCHA; ALMEIDA, 2000).
É importante que as escolas utilizem métodos didáticos que capacitem o estudante a
pesquisar e criticar a informação científica, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento de
atitudes e conhecimentos que resultem na melhoria da qualidade dos cuidados que ele venha a
prestar aos seus pacientes (LOPES, 2000).
O conhecimento é entendido popularmente como o que se sabe do outro ou de algo.
Segundo Cervo e Bervian (2005), trata-se da relação estabelecida entre duas realidades: sujeito
que conhece, e o objeto conhecido. Através dele, é possível compreender a realidade em que se
vive, apropriando-se dela por meio de conceituações. Nesse caso, trata-se da relação do
profissional e seu conhecimento com a realidade do pré-natal.
Entendemos que o conhecimento é um atributo que os seres humanos possuem de reagir
ativamente ao mundo que os cerca. Logo, o ser homano necessita interagir com o meio refletindo
sobre sua realidade para conhecê-la, e esse conhecer é buscado incessantemente por ele. Para
delinear uma situação no intuito de compreendê-la, é necessário que o homem tenha condições de
ordenar e unificar os elementos absorvidos em seu universo. Conseqüentemente, para a
construção do conhecimento, deve-se considerar uma perspectiva tanto relacional, entre sujeito e
realidade, quanto reflexiva (FERREIRA, 2003).
O conhecimento científico se diferencia, portanto, dos outros tipos de conhecimento
devido à maneira utilizada para o adquirir, ou melhor, quanto à metodologia que o embasa. Ele é
tido como real, visto que se preocupa com ocorrências ou fatos por intermédio de experimentos,
sendo constituído, assim, como contingente. Como é trabalhado e estudado de forma ordenada e
lógica, caracteriza-se como sistemático. É definido ainda como falível e verificável, pois não é
definido (podem ocorrer novos experimentos que promovem o contrário do anterior) e suas
afirmações o comprovadas por meio de experimentos não são considerados ciência
(MARCONI; LAKATOS, 2006). Segundo Cervo e Bervian (2005), esse conhecimento ultrapassa
o emrico, objetivando definir, além do fenômeno propriamente dito, suas origens e leis. Logo,
essa área consolida a busca constante de respostas e explicações através de experiências revisadas
e avaliadas.
60
Vale ressaltar a necessidade de proximidade, uma relação de conseqüência, entre a ciência
e a técnica, o pensar e o agir. Observa-se uma “cientifização” da técnica e uma “tecnificação” da
ciência, que assim, progressivamente, se interpenetram e se mostram capazes de solucionar todos
os problemas (NOVAIS, 2000).
Assim, conforme Lacerda e Costernaro (1999) apud kletemberg, Merantovani e Lacerda
(2004), não podemos dissociar o fazer do pensar e o pensar do fazer, pois o fazer produz, executa,
cria, torna; e o pensar nos leva a raciocinar, refletir, a imaginar.
Dessa modo, concordamos com Lacerda (2002) apud kletemberg, Merantovani e Lacerda
(2004), quando referem que o julgamento clínico exige o conhecimento científico tecnológico
acurado, prática clínica, especialização, uma visão de multidimensionalidade e de totalidade do
ser humano e a busca do aperfeiçoamento constante. No caso da realidade do pré-natal, além de
todo o raciocínio clínico do profissional, o diagnóstico laboratorial é uma etapa de suma
importância na detecção da sífilis. Vale ressaltar que, algumas vezes, a paciente não apresenta
nenhum sinal ou queixa, caracterizando o quadro de sífilis latente, que só é descoberta através do
exame laboratorial.
O diagnóstico laboratorial da sífilis se faz por técnicas variadas, também dependentes da
fase da infecção. No Brasil, o VDRL é o teste não-treponêmico mais utilizado (BRASIL, 2005b;
2006b).
A nossa pesquisa mostrou que, no que se refere à solicitação desse teste na consulta pré-
natal, os profissionais, da região trairi, incluem essa rotina em suas condutas. Fato este que
demonstra a elevada chance de detecção da sífilis nas gestantes da nossa região. Igual resultado
foi encontrado em um estudo realizado em outra região do Estado do Rio Grande do Norte
(BRITO; FERREIRA, 2003), demonstrando que a realidade é comum nesse Estado. Resultados
diferenciados foram encontrados no Estado de Salvador, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul,
onde a solicitação do VDRL variou entre 70 a 80 % nas gestantes que freqüentam o pré-natal
naqueles locais (LIMA, 2004; DE LORENZI et al, 2005; SARACENI et al, 2007).
Esse teste possui elevada sensibilidade (78 a 100%) e a possibilidade de titulação, o que
permite o acompanhamento sistemático do tratamento. É de realização técnica simples, rápida e
de baixo custo. O resultado é descrito qualitativamente (“reagente”, “não reagente”) e
quantitativamente (titulações tais como 1:2, 1:32 etc). Deve ser solicitado sempre que se suspeitar
61
de filis em qualquer de suas fases e na rotina pré-natal. No acompanhamento pré-natal, temos
informações que o VDRL deve ser solicitado mais de uma vez (BRASIL, 2005a).
Dessa forma, nos interrogamos sobre em quais períodos gestacionais os profissionais que
realizam a consulta pré-natal na ESF da região Trairi estão executando essa solicitação.
O Gráfico 1 apresenta informações sobre esses períodos no qual o VDRL é solicitado
pelos profissionais nas consultas pré-natais.
Gráfico 1 Distribuição dos pré-natalistas das ESFs da V URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande
do Norte, quanto a solicitação do VDRL de acordo com o período gestacional. Rio Grande do
Norte, 2008. (n=53)
Fonte: Dados da pesquisa.
A maior parte da população estudada (71,7%) afirmou solicitar o VDRL na 1ª consulta e
no 3º trimestre; 7,5% solicitam nos três trimestres gestacionais. Nove solicitam, apenas, uma vez
e destes, sete solicitam na primeira consulta, um no segundo trimestre gestacional, e outro
próximo ao parto.
Seguindo as orientações do Ministério da Saúde, para evitar perdas de oportunidade de
detecção da filis nas gestantes e diminuir as chances de transmissão da sífilis congênita, o
VDRL deve ser solicitado na primeira consulta de pré-natal, no início do terceiro trimestre e no
momento do parto. A solicitação do VDRL na primeira consulta pré-natal se destina a identificar
0
20
40
60
80
Período gestacional de solicitação do VDRL
Frequência
38 4 7 1 2 1
%
71,7 7,5 13,2 1,9 3,8 1,9
1ª consulta e
início do 3º
trimestre
1º, 2º e 3º
trimestre
1ª consuta 2º trimestre
1ª consulta e
2º trimestre
Próximo ao
parto
62
o mais precocemente possível caso de sífilis e assim, instituir a terapêutica específica, de modo a
proteger o feto. No terceiro trimestre, a sorologia deve ser repetida em virtude da possibilidade da
gestante vir a contaminar-se após o teste inicial. Dessa forma, justifica-se a testagem sorológica
nessa fase da gravidez de modo a iniciar o tratamento antes do parto. Vale salientar que, havendo
dúvida no diagnóstico, deve-se iniciar o tratamento na tentativa de proteger o feto (BRASIL;
2005a).
Assim, observamos que 71,7% desses profissionais têm uma conduta condizente com a
preconizada pelo Ministério da Saúde, na medida em que solicitam o VDRL na primeira consulta
de pré-natal e no início do terceiro trimestre. Outros 7,5% pedem o exame nos três trimestres
gestacionais. Assim, consideramos que 79,2% possuem condutas satisfatórias e 20,8% do total
dos profissionais que participaram do estudo possuem condutas inadequadas; tendo em vista que
esses últimos solicitam o VDRL apenas uma vez durante todo o acompanhamento da gestante,
representando perdas de oportunidades de diagnóstico precoce e tratamento. Na microrregião de
Sumaré SP, essas perdas foram ainda mais significantes, uma vez que a solicitação do VDRL,
no período recomendado pelo Ministério da Saúde, foi adequado em apenas 2,3% da amostra do
estudo (DONALÍSIO; FREIRE; MENDES, 2007).
Embora o VDRL seja o exame indicado para a detecção da sífilis na gestante, também
demonstra desvantagens no que se refere aos resultados falso-positivos e falso-negativos. Os
resultados falso-positivos podem ser explicados pela ocorrência de reações cruzadas com outras
infecções treponêmicas ou outras doenças tais como lupus, artrite reumatóide, hanseníase entre
outras. E os resultados falso-negativos pelo excesso de anticorpos. Pode haver ainda redução de
sensibilidade nos estágios primário e tardio da doença. O teste tende a se tornar reativo a partir da
segunda semana após o aparecimento do cancro. Mesmo sem tratamento, o teste apresenta queda
progressiva dos títulos ao longo de vários anos; com a instituição do tratamento, queda
tendendo à negativação em um período entre 6 a 12 meses, podendo, porém, se manter reagente
por longo tempo, mesmo após a cura da infecção. Títulos persistentemente positivos, mesmo
após tratamento adequado, podem, no entanto, significar infecção persistente ou re-exposição,
especialmente se os títulos forem superiores a 1:4. Títulos baixos podem representar sífilis muito
recente (em ascensão) ou até muito antiga, tratada ou não.
As desvantagens do VDRL são superadas com a realização do teste confirmatório
treponêmico na gestante a partir de todo teste não-treponêmico reagente (a partir de títulos de 1:1
63
o teste não treponêmico é considerado reagente), contribuindo para melhorar a qualidade dos
serviços (BRASIL, 2005b; 2006b).
Com base nessas considerações, perguntamos aos profissionais participantes da pesquisa
se solicitariam mais algum exame no caso de VDRL reagente. Apenas 30,2% responderam que
sim, com 16 profissionais indicando o FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antibody Absorevent
Test), e 01 a cultura de lesão.
A cultura de lesão se aplica na fase primária e secundária da doença. O FTA-Abs é
utilizado para confirmar a infecção pelo Treponema Pallidum. Em geral, o teste torna-se reativo a
partir do 15º dia de infecção. Se o resultado da sorologia for negativo, exclui-se sífilis atual ou
prévia e o diagnóstico é de reação falso-positivo. Se ambas as técnicas (treponêmicas e não-
treponêmicas) forem positivas, a dúvida sobre a doença antiga ou adequadamente tratada
permanece, sendo recomendável, então, repetir o tratamento (BRASIL, 2005b).
Embora a solicitação do FTA-Abs seja considerada como ideal para melhoria da
qualidade do serviço, poucos profissionais referiram ter essa prática em sua conduta.
Acreditamos que esse número ocorra devido à falta de conhecimentos desses profissionais em
relação ao FTA-Abs, como também pelas dificuldades de execução em alguns municípios, uma
vez que é um procedimento mais complexo, de alto custo, não disponível como exame de rotina e
inadequado para avaliação da resposta terapêutica (SANTANA et al, 2006). Barsanti et al (1999)
colocam que, apesar do acentuado desenvolvimento da imunologia e do aparecimento de
inúmeros exames específicos para detecção da infecção pelo Treponema pallidum, o diagnóstico
de sífilis continua fortemente alicerçado no teste de VDRL; haja vista que, para a detecção da
sífilis, é necessário a realização de exames laboratoriais. E como tal procedimento não depende
exclusivamente da solicitação, subentendemos que existem dificuldades de serviços vivenciadas
por esses profissionais interferindo na fase de detecção da sífilis na gestante.
No intuito de desvelar essa situação, questionamos aos participantes acerca da existência
de dificuldades vivenciadas em seus serviços que dificultam o processo de detecção da sífilis.
Quinze (28,3%) deles afirmaram vivenciar dificuldades. As suas respostas estavam fortemente
relacionadas aos recursos laboratoriais. Em alguns municípios, a falta de laboratório e a não
realização do exame no município dificultam as condutas de diagnósticos desses profissionais
para com as gestantes que freqüentam a consulta pré-natal. Embora alguns municípios tenham em
sua rede assistencial um laboratório de análises clínicas, estes ainda enfrentam a falta de materiais
64
e a demora na entrega dos resultados, conforme colocações dos profissionais. Outro fator
importante referido foi a demanda reprimida, o que atrasa a realização do exame no tempo
recomendado. Vale colocar que também enfatizaram a falta de acompanhamento na ESF,
apontando que o Programa apresenta dificuldades de abrangência e busca ativa dessas gestantes.
Nessas condições, uma maior disponibilidade do teste laboratorial por esses municípios poderia
aumentar o número de casos de sífilis não diagnosticado nas gestantes, e atenuar o número de
casos de sífilis congênita na região.
Tendo em vista as limitações de recursos sociais e econômicos, impostas pela realidade, é
possível que a capacidade técnica não seja suficiente para a adequada realização das ações que se
pretenda oferecer, pois muitas variáveis que implicam o sucesso da assistência pré-natal fogem
da responsabilidade do profissional para encontrar explicações em outros paradigmas
(BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004).
Acreditamos que a experiência dos profissionais também influencia os seus
conhecimentos sobre a detecção da sífilis. Quando os interrogamos quanto à sua experiência em
detecção de sífilis em uma gestante no seu contexto de trabalho na ESF, 52,5% da nossa
população estudada afirmaram ter detectado tal agravo. Caprara; Franco (1999) relatam a
possibilidade da construção de um conhecimento a partir de uma prática. As fontes do
conhecimento podem ser decorrentes da prática ou da experiência, e não somente na ciência.
Considerando que a sífilis na gestante, assim que diagnosticada, deve ser notificada no
Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN), questionamos aos participantes da
pesquisa sobre essa prática. Nosso estudo revelou que a maior parte dos profissionais que
realizam a consulta pré-natal nas ESF da região Trairi, 81,13 % , afirmaram realizar a notificação
em caso de atendimento a uma gestante com sífilis. Vale ressaltar que o restante, ou seja, 18,9%,
precisa ser sensibilizado no que se refere à obrigatoriedade da notificação das doenças
enquadradas como de notificação compulsória, dentre as quais a sífilis na gestante é uma delas.
A tabela 5 refere-se à distribuão dos profissionais que registram a notificação ao
atenderem / diagnosticarem uma gestante com sífilis.
65
CARACTERÍSTICAS Fr %
RESPONSÁVEL PELO REGISTRO DA
NOTIFICAÇÃO
Fr %
Enfermeiro 25 58,2
Médico 04 9,3
Enfermeiro e/ou médico 10 23,2
Digitador da SMS 02 4,6
Auxiliar de enfermagem 01 2,4
Administrador da UBS 01 2,4
Tabela 5 Distribuição dos profissionais que realizam a consulta pré-natal nas ESF nos municípios da V
URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, segundo o responsável pela
notificação dos casos de sífilis em gestantes. Rio Grande do Norte, 2008, (n=43).
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto ao profissional responsável por essa notificação, o enfermeiro foi o mais citado,
seguido pelo médico. Outros que não prestam o atendimento pré-natal, também foram
referenciados como responsáveis por essa prática de registro. Caso não haja uma rede de
assistência organizada no município, acreditamos que podem ocorrer perdas quando o paciente é
atendido e depois encaminhado para outro profissional. Confiamos que a notificação realizada
pelo pré-natalista que faz a consulta no momento da suspeita do caso, além de evitar perdas de
informações por falta de comparecimento do cliente quando este é encaminhado para outro
profissional, também agiliza a transmissão das informações em nível municipal, para o regional,
o estadual e o nacional.
A notificação fidedigna desses casos é importante para a análise epidemiológica local e
avaliação das ações implantadas. No entanto percebemos que o Sistema de Informação de
Agravos Notificáveis (SINAN) ainda não reflete a correta realidade. Não encontramos estudos na
literatura pesquisada sobre a notificação da sífilis na gestante, talvez por esta ter sido obrigatória
a partir de 2005. Tivemos acesso a estudos que analisam a avaliação da notificação apenas dos
casos de sífilis congênita, o que, de certa forma, indica a existência da infecção na gestante,
nesses casos.
No que se refere à notificação da sífilis congênita, Silva Jr et al (2000) fizeram o
cruzamento dos dados das bases do SINAN e do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do
Sistema Único de Saúde, verificando o descompasso entre o número de internações registradas e
o número de casos de Sífilis Congênita. Saraceni e Leal (2003) afirmam que as perdas relativas
ao SINAN retratam falhas na vigilância epidemiológica da filis congênita. Essas perdas, da
66
ordem de 70 a 80%, dimensionam a magnitude da subnotificação dos casos pelos
estabelecimentos de saúde.
Essa realidade também é comum em outros países, como Cuba, onde foi aplicada uma
avaliação do sistema de vigilância epidemiológica através de entrevistas semi-estruturadas e
observação não participativa com médicos e enfermeiros do programa de medicina da família,
revelando uma baixa capacitação desses profissionais em relação à vigilância epidemiológica
(HARTZ; REINOSO, 1998). Em Minnesota, EUA, encontrou-se uma baixa suspeita dos casos de
Sífilis Congênita por parte dos médicos (MARTIN et al, 2001).
Entendemos que as falhas apontadas por esses profissionais no sistema de vigilância
epidemiológica refletem a falta de cuidado com a notificação de um caso suspeito de filis pelos
profissionais e serviços de saúde, como também problemas na qualidade da assistência pré-natal
e parto.
5.2.2Ações dos profissionais no tratamento da sífilis na gestante:
Objetivando identificar as ações dos profissionais, responsáveis pela consulta pré-natal na
ESF, em relação ao tratamento medicamentoso utilizados nas gestantes com sífilis, indagamos
sobre os medicamentos, doses, intervalo de tempo e outras intervenções que eles utilizam na
terapêutica dessa mulher.
Os gráficos de 2 a 4 referem-se aos medicamentos, doses e intervalo de tempo que os
profissionais afirmam prescrever quando se deparam com um caso de gestante com sífilis, de
acordo com a fase da infecção.
67
Gráfico 2 – Percentual de profissionais que realizam a consulta pré-natal na ESF dos municípios da V URSAP
na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com o medicamento, dose e
intervalo de tempo referidos por eles como utilizados na fase da sífilis primária em uma gestante.
Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico 3 – Percentual de profissionais que realizam a consulta pré-natal na ESF dos municípios da V URSAP
na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com o medicamento, dose e
intervalo de tempo referidos por eles como utilizados na fase da sífilis secundária em uma
gestante. Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
Fonte: Dados da pesquisa
0
10
20
30
40
50
60
70
Formas de Tratamento da Sífilis Primária
Frequência
33 3 1 16
%
62,3 5,7 2 30
Dose única/penicilina G
benzantina 2.400.000 UI
2 doses de penicilina G
benzantina 4.800.000 UI com
intervalo de uma semana
3 doses de penicilina G
benzantina 7.200.000 UI com
intervalo de três semanas
Sem informações
0
10
20
30
40
50
60
Formas de Tratamento da Sífilis Secundária
Frequência
28 6 19
%
52,8 11,4 35,8
2 doses de penicilina G benzantina
4.800.000 UI com intervalo de uma
semana
3 doses de penicilina G benzantina
7.200.000 UI com intervalo de três
semanas
Não tem conhecimentos
68
Gráfico 4 – Percentual de profissionais que realizam a consulta pré-natal na ESF dos municípios da V URSAP
na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com o medicamento, dose e
intervalo de tempo referidos por eles como utilizados na fase da sífilis terciária em uma gestante.
Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
Fonte: Dados da pesquisa
Os dados do gráfico 2 mostram que 62,3% dos pré-natalistas do estudo indicam tratar a
sífilis primária na gestante conforme institui o Ministério da Saúde. Ou seja, eles prescrevem uma
dose única de Penicilina G Benzatina, total de 2.400.000 UI (BRASIL, 2005b). 7,6% tratam com
uma dose superior à recomendada. Ressaltamos que 16 participantes não relataram a forma com
que tratavam a sífilis primária. Durante as entrevistas, observamos que alguns profissionais não
responderam à questão, disseram que não sabiam; outros apenas não responderam. Isso sugere a
falta de conhecimentos ou resistência a responder ao questionário, talvez por não concordarem
com o estudo. Desses 16 profissionais, 14 eram enfermeiros.
Tratando-se da sífilis secundária ou latente com menos de um ano de evolução, os dados
do gráfico 3 demonstram uma situação ainda mais complicada. Dos profissionais, 52,8% referem
tratar a gestante com a dose recomendada pelo Ministério da Saúde, isto é, Penicilina G
Benzatina em 2 séries, total de 4.800.000 UI, com intervalo de uma semana (BRASIL, 2005b).
11,4% afirmam utilizar uma dose superior à orientada pelo Ministério da Saúde. Dos
0
10
20
30
40
50
60
Formas de Tratamento da Sífilis Terciária
Frequência
29 2 1 1 20
%
54,8 3,8 1,8 1,8 37,8
3 doses de penicilina G
benzantina 7.200.000 UI com
intervalo de três semanas
3 doses de penicilina G
benzantina 7.200.000 UI com
intervalo de três semanas
Penicilina cristalina
Penicilina G procaína 600.000
UI IM por 15 dias
Não têm conhecimentos
69
participantes do estudo, 35,8% não responderam à questão relacionada ao tratamento da sífilis
secundária.
Em relação ao tratamento da sífilis terciária ou latente com mais de um ano de evolução,
as informações do gráfico 4 refletem que 54,8% dos profissionais disseram tratar a gestante
conforme o recomendado pelo Ministério da Saúde, ou seja, 3 doses de Penicilina G Benzatina,
total de 7.200.000, com intervalos de 2 semanas. Dos participantes do estudo, 3,8% afirmam
tratar com uma dose inferior à orientada pelo Ministério; outros 3,6% dizem utilizar
medicamentos que não encontramos citados no Manual do Ministério da Saúde. Na literatura
estudada, apenas Rezende (1974) cita a utilização das Penicilinas Cristalinas ou Procaínas no
tratamento da sífilis na gestante. Outrossim, o Ministério da Saúde orienta, apenas, a utilização da
Penicilina G Benzantina na gestante com infecção pelo Treponema pallidum, e em casos de
alergia a esse medicamento é que deve ser utilizada a eritromicina. No entanto, enfatiza que,
nesse caso, o feto não pode ser considerado tratado e deve ser notificado como sífilis congênita
(BRASIL, 2006b).
Percebemos que os profissionais afirmam utilizar algumas doses que fogem das
recomendações do Ministério da Saúde, dificultando, dessa forma, o tratamento adequado da
gestante. Consideramos que eles devem ser mais bem preparados para atuar na assistência pré-
natal; uma vez que são preocupantes as chances perdidas de cura da gestante e prevenção da
sífilis congênita quando observamos os erros nas formas de tratamentos citadas por esses
trabalhadores. É necessário garantir que o medicamento prescrito atinja, em concentrações
adequadas, o órgão ou sistema suscetível ao efeito benéfico. Para tal, deve-se escolher doses e
intervalos entre elas que garantam a chegada e a manifestação das concentrações terapêuticas
junto ao sítio-alvo. Esquemas inapropriados podem produzir concentrações insuficientes ou sub-
terapêuticas, que falseiam a interpretação do fármaco escolhido; ou excessivas, que acarretam
toxicidade medicamentosa (WANNMACHER; FUCHIS, 2004).
No estudo realizado por Brito e Ferreira (2003) em um município do Estado do Rio
Grande do Norte, 50% dos profissionais demonstrava não possuir conhecimentos sobre a
terapêutica instituída. Na microrregião do Sumaré/SP, menos da metade da amostra tratava a
gestante com sífilis adequadamente (DONALÍSIO; FREIRE; MENDES, 2007). Dados ainda
mais preocupantes foram encontrados na região de Caxias do Sul/RS, onde 74,5% trata a gestante
70
inadequadamente e 21,3% das gestantes não receberam tratamento medicamentoso no
acompanhamento pré-natal.
Conforme Sanchez et al (2002) apud De Lorenzi, 2005, dificuldades dos profissionais
médicos no diagnóstico e manejo clínico das gestantes infectadas têm sido apontadas pela
literatura. É comum também a administração da terapêutica penicilínica em doses ou esquemas
inadequados, e até o uso de outras drogas, ainda que a penicilina persista como a única droga
comprovadamente eficaz na prevenção da transmissão vertical do Treponema pallidum.
Ressaltamos a importância do tratamento adequado e precoce tendo em vista a
necessidade da prevenção da transmissão vertical. Esse contágio pode ocorrer por todo o período
gestacional. Acreditava-se que a infecção fetal não ocorresse antes do mês de gestação.
Entretanto, já se constatou a presença de T. pallidum em fetos abortados, ainda no primeiro
trimestre da gravidez. A transmissão está na depenncia do estado da infecção na gestante, ou
seja, quanto mais recente a infecção, mais treponemas estarão circulantes e, portanto, mais
gravemente o feto seatingido. Inversamente, infecção antiga leva à formação progressiva de
anticorpos pela e, o que atenuará a infecção ao concepto, produzindo lesões mais tardias na
criança. Sabe-se que a taxa de transmissão vertical da sífilis, em mulheres não tratadas, é superior
a 70% quando estas se encontram nas fases primária e secundária da doença, reduzindo-se para
10% a 30% nas fases latentes ou secundárias. A terapêutica deve ser instituída tão logo
diagnosticada a infecção, até 30 dias antes do trabalho de parto (BRAIL 2006a).
Para diminuir o risco de transmissão da sífilis congênita e garantir o bem-estar materno e
fetal, é fundamental a instituição da terapêutica adequada na gestante com sífilis (Brasil, 2005b).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005b), o tratamento é adequado na gestante
quando for realizado completamente, conforme o estágio da doença, feito com Penicilina
Benzatina e finalizado pelo menos 30 dias antes do trabalho de parto, tendo sido o parceiro
tratado concomitantemente.
Em relação ao tratamento inadequado na gestante com sífilis, o Ministério da Saúde
(BRASIL, 2005b) considera todo aquele realizado com qualquer medicamento que não seja a
penicilina; com doses incompletas dessa medicação e inadequadas a fase clínica; instituído dentro
do prazo de 30 dias anteriores ao parto; com ausência de documentação do tratamento anterior;
ausência de queda dos títulos após tratamento adequado; parceiro não tratado ou tratado
inadequadamente ou quando não há a informação disponível sobre o seu tratamento.
71
Em face da enorme quantidade de medicamentos e doses para tratar diferentes doenças,
suponhamos que nem todos os profissionais lembram do medicamento e da dose a todo instante.
A partir dessa suposição, nos indagamos se esses profissionais consultam algum tipo de material
para instituírem a terapeuta; 21 enfermeiros e 09 médicos, da população estudada, afirmaram
consultar algum material sobre a prescrição.
Mesmo não realizando a prescrição, torna-se evidente a preocupação dos enfermeiros na
busca de informações sobre a terapêutica instituída. Acreditamos que essa atitude contribui para a
prestação de uma assistência integral e multidisciplinar às gestantes, pois, participando de um
programa de assistência pré-natal, o enfermeiro deve conhecer o plano terapêutico adotado para a
sífilis no período gravídico.
O Quadro, a seguir, apresenta o material bibliográfico referido como de consulta pelos
profissionais participantes da pesquisa.
Quadro 4 – Materiais bibliográficos citados como consultados pelos pré-natalistas das ESFs nos municípios da
V URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, para o tratamento da sífilis na
gestante. Rio Grande do Norte, 2008, (n=30).
Fonte: Dados da pesquisa.
O Quadro 4 indica que a maior fonte de informações bibliográficas para os profissionais
do estudo são os Manuais do Ministério da Saúde, induzindo a pensar que essas séries de
publicações são distribuídas para as Unidades Básicas de Saúde, servindo para nortear a
assistência desses profissionais no acompanhamento de uma gestante com sífilis. Acreditamos
que eles m acesso a essas publicações, pois foram as mais citadas quando indagados sobre o
material que eles consultavam.
Material consultado Fr %
Manual do Ministério da
Saúde da Sífilis Congênita,
das DST/AIDS, de pré-natal
26 86,6
Dicionário de Administração
de Medicamentos em
Enfermagem
01 3,3
Livros de Obstetcia 03 10,0
72
No que se refere ao profissional que prescreve a medicação, 21 médicos e 06 enfermeiros,
participantes da pesquisa, afirmaram desenvolver essa atividade na assistência à gestante
infectada pelo Treponema pallidum.
Sabemos que a prescrição medicamentosa pelo enfermeiro passa por um debate atual; no
entanto, não é nossa intensão entrar na discussão do mérito da prescrição por esse profissional. Se
essa atividade está sendo realizada pela enfermagem na atenção pré-natal, é importante que esteja
em acordo com o estabelecido pelo Ministério da Saúde. Isto demonstra a necessidade de
atrelarmos a discussão junto aos enfermeiros no que se refere à prestação de cuidados com
qualidade.
Diante dessa problemática, indagamos aos profissionais os motivos pelos quais não
realizavam a prescrição. O único médico que não desenvolve essa prática, não respondeu à
questão; dessa forma, o sabemos o real motivo que interfere na sua ação de prescrição. Em
relação aos 24 enfermeiros que não instituem a terapêutica medicamentosa na gestante com
sífilis, o gráfico 5 apresenta os motivos relacionados à o realização da prescrição.
Gráfico 5 Percentual de enfermeiros que desenvolvem a consulta pré-natal nas ESF da V URSAP na região
Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, em relação aos motivos pelos quais não realizam a
prescrição do tratamento da gestante com sífilis. Rio Grande do Norte, 2008, (n=24).
Fonte: Dados da pesquisa
0
10
20
30
40
50
Motivo pelo qual não realiza a prescrição
(Enfermeiro)
Freqncia
12 8 2 1 1
%
50 33,5 8,3 4,1 4,1
Procedimento
médico
Sem respostas
Restrições do
COREN
Inexistência de
protocolo
municipal
Insegurança
73
Várias razões foram citadas pelas quais os enfermeiros não realizam a prescrição. A mais
enfatizada justifica-se por ser um procedimento médico; ainda colocaram a falta de protocolos
municipais; restrições do Conselho Regional de Enfermagem; e insegurança. Acreditamos que a
insegurança esteja relacionada com a falta de preparação do profissional. Uma pesquisa
envolvendo enfermeiros pré-natalistas recém-formados no estado do Acre demonstrou que 20%
relatam dificuldades na prescrição medicamentosa no início da sua carreira profissional
(DOTTO; MOULIN; MAMEDE, 2006).
A justificativa de alguns enfermeiros com relação às restrições do COREN (Conselho
Regional de Enfermagem) sugere o desconhecimento desses em relação à sua própria legislação.
A Penicilina G Benzantina encontra-se na lista dos medicamentos normatizados para a prescrão
do enfermeiro, tendo como base o Decreto n. 94.406/87, que dá outras provincia e trata
prescrição de medicamentos, pelos enfermeiros, previamente estabelecidos em programas de
saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde. A decisão do COREN-RN N
O
47/2000 normatiza a prescrição de medicamentos pelos enfermeiros.
Em relação a esses profissionais que não fazem a prescrição a uma gestante com sífilis,
todos afirmaram que encaminhariam essa mulher para o atendimento médico. Desse modo,
percebe-se que a gestante não perde a oportunidade de ser tratada. Vale salientar que esse
encaminhamento deveria ocorrer dento da própria equipe; no entanto, nos municípios onde os
médicos não fazem a consulta pré-natal, muitas vezes, essas gestantes são encaminhadas pelos
enfermeiros diretamente para o serviço especializado.
Nessa questão do tratamento da sífilis na gestante outro fator imprescindível e relevante é
o cuidado com seu parceiro. Indagamos também os profissionais quanto ao cuidado dispensado
por ele em relação ao parceiro dessa gestante. O gráfico 6 revela as condutas terapêuticas citadas
pelos profissionais do estudo quando realizadas com o parceiro da gestante com sífilis.
74
Gráfico 6 – Percentual de profissionais que realizam a consulta pré-natal nas ESF nos municípios da V
URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com as condutas
terapêuticas citadas como realizadas no parceiro da gestante com sífilis. Rio Grande do Norte,
2008, (n=53).
Fonte: Dados da pesquisa
Dos profissionais que declararam desenvolver condutas terapêuticas junto a cada parceiro
da gestante com sífilis, todos afirmaram solicitar o VDRL a esse indivíduo. Entretanto, 18,8%
deles iniciam o tratamento do parceiro logo que diagnosticam a positividade da sífilis na gestante;
outros 24,5% efetuam o tratamento em caso de VDRL positivo. Enfatizamos, nesse
momento, a demora para a instituição da terapêutica neste usuário com o resultado do VDRL,
tendo em vista todas as dificuldades laboratoriais já citadas pelos participantes do estudo.
Vale ressaltar os profissionais (47,2%) que apenas citaram a solicitão do VDRL ao
parceiro; não deixando claro se esse é tratado.
Enfatizamos os 9,5% da populão estudada que o referiram desenvolvimento de
condutas terapêuticas aos parceiros das gestantes diagnosticadas; levando-nos à iia de uma
assistência direcionada, apenas, à mulher, desconsiderando, portanto, a sua integralidade e
deixando de realizar uma conduta adequada. Grandes falhas ocorrem quando o tratamento do
parceiro não é priorizado. A gestante, embora tenha se submetida à dose medicamentosa correta,
volta a contaminar-se; uma vez que o seu parceiro pode estar transmitindo a doença. Isso porque,
0 5 10 15 20 25 30
Apenas solicitam o VDRL
Solicitam o VDRL e, se positivo, tratam
Solicitam o VDRL e encaminham o parceiro ao médico (específico do enfermeiro)
Solicitam o VDRL e iniciam o tratamento de imediato
Sem condutas
Condutas terapêuticas dos profissionais com o
parceiro da gestante com sífilis
%
26,5 24,5 20,7 18,8 9,5
Frequência
14 13 11 10 5
Apenas solicitam o
VDRL
Solicitam o VDRL e,
se positivo, tratam
Solicitam o VDRL e
encaminham o
Solicitam o VDRL e
iniciam o tratamento
Sem condutas
75
infecções anteriores não determinam imunidade frente a novas exposições ao treponema
(BRASIL, 2006a).
Em meio a essa análise, apenas 43,3% dos participantes da pesquisa afirmam que
desenvolvem ações condizentes com o preconizado pelo Ministério da Saúde a respeito do
tratamento do parceiro da gestante com sífilis.
Analisando a situação desse companheiro em outros estudos, encontramos que, em 53,2%
dos casos, ele o foi tratado conjuntamente com a gestante (DE LORENZI et al, 2005).
Percentual bem mais baixo foi encontrado no estudo de Donalísio; Freire; Mendes, (2007), no
qual apenas 4,4% dos parceiros foram tratados adequadamente.
Vale ressaltar que ocorre uma grande resistência dele em comparecer à unidade para se
submeter ao tratamento. Saraceni et al (2007) colocam que a busca desses parceiros tem sido o
maior desafio para as unidades de saúde, como também evidencia-se a dificuldade dos serviços
de saúde de abordarem pessoas do sexo masculino e que não se sentem enfermos (SARACENI;
VELLOZO; LEAL; HARTZ, 2005).
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2005b) deixa claro que é imprescindível o tratamento
do parceiro mesmo na impossibilidade da realização do seu diagnóstico laboratorial, em razão da
definição de caso de filis congênita incluir o não-tratamento desse entre seus critérios por
caracterizar tratamento materno inadequado.
Em publicação posterior, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a) indica que, na sífilis
primária, o seu parceiro deve também ser tratado, com a mesma dose, independente de apresentar
manifestações cnicas. Nas sífilis secundária e terciária, o tratamento do parceiro deve ser
feito após avaliação clínica e laboratorial, e deverão ser tratados aqueles com sífilis
confirmada.
Observamos que o próprio Ministério da Saúde diverge em relação às condutas com o
companheiro. Considerando as dificuldades em seus locais de trabalho apresentadas pelos
profissionais no diagnóstico da sífilis, acreditamos que muitas chances de cura são perdidas
quando o parceiro não é tratado concomitante com a gestante; pois, mesmo que solicitado, nem
sempre o resultado do VDRL chega a tempo adequado; retardando, assim, o tratamento do casal.
Deve-se, também, reforçar a orientação sobre os riscos relacionados à infecção pelo T.
pallidum por meio da transmissão sexual para que as mulheres com sífilis e seu(s) parceiro(s)
76
evitem relações sexuais durante o tratamento ou a mantenham utilizando preservativos, durante e
após o tratamento.
Acreditamos que, muitas vezes, a falha na terapêutica instituída não ocorre, apenas, por
falta de preparo profissional; pois existe toda uma problemática que gira em torno da assistência
envolvendo a responsabilidade do serviço e do pprio usuário. Pensando nisso, indagamos os
profissionais se eles enfrentam alguma dificuldade em seus serviços para realização do
tratamento medicamentoso na gestante com sífilis.
Dos participantes da pesquisa, 6 queixaram-se de enfrentar dificuldades. Foram citadas:
falta de medicamentos na farmácia municipal; ausência de médicos nas Unidades Básicas de
Saúde para prescreverem a medicação; a ESF não tem atribuição de realizar o tratamento da
sífilis; recusa do médico da urgência para realizar o tratamento da sífilis; falta de um protocolo
municipal que libere a prescrição de medicamentos pelo enfermeiro.
A presença do médico na UBS e o abastecimento da farmácia com medicamentos
necessários para o tratamento dos pacientes são indispensáveis para agilizar o processo de cura.
Esses resultados retratam as percepções diversas dos profissionais quanto às atribuições
da Atenção Básica e do Serviço de Urgência em relação ao tratamento de uma gestante com
sífilis. Enquanto um profissional depõe que o médico da urgência se nega a prescrever a
medicação; outro complementa afirmando que não é responsabilidade do PSF; existe, também, a
falta de médicos nas UBS para institrem a terapêutica.
A prescrição do medicamento pode acontecer tanto na atenção básica, quanto nos serviços
de urgência; no entanto, o ambiente de administração da penicilina deve estar preparado para
atender os efeitos adversos que o paciente possa vir a apresentar. Conforme o COREN-RN, em
seu Parecer 01/2001 que trata dos cuidados quanto à administração da penicilina, afirma que a
penicilina deve ser aplicada somente em ambiente hospitalar ou em serviço de atendimento de
urgência, que ofereçam condições para tratamento imediato de choque anafilático (assistência
respiratória, reposição de volume, etc), adequadamente equipado para o atendimento e sob
supervisãodica.
A falta de medicamentos e de protocolo municipal que libere prescrição do enfermeiro
também interfere no processo de tratamento dessas gestantes. Num estudo feito em Campina
Grande-PB, foram citadas dificuldades vivenciadas pelos enfermeiros que atuam no PSF, como a
falta de medicamentos e demora na marcação e realização dos exames (BENIGNA,
77
NASCIMENTO, MARTINS, 2004). Todos esses fatos dificultam a execução do tratamento na
gestante. É preciso repensar as responsabilidades dos níveis de atenção à saúde e o suprimento de
medicamentos por parte das unidades básicas de saúde.
Em relação à experiência desses profissionais no tratamento de uma gestante com sífilis
durante a sua atuação na ESF, 34,0% da população estudada afirmou já terem instituído a
terapêutica medicamentosa.
5.2.3Ações dos profissionais no acompanhamento de uma gestante com sífilis:
O acompanhamento é imprescindível à gestante com filis. Nesse momento, o
profissional, que atende a estas mulheres, interroga sobre o seu estado, avalia a efetividade do
tratamento, a sua aderência ao mesmo, como também o tratamento do parceiro. Essa avaliação é
considerada adequada quando realizada através da solicitação mensal e acompanhamento dos
resultados do VDRL (BRASIL, 2005b).
O Gráfico 7 apresenta as informações prestadas pelos profissionais, médicos e
enfermeiros, participantes deste estudo, quando questionados acerca do acompanhamento que
realizam diante de um caso de gestante com sífilis.
78
Gráfico 7 Distribuição dos pré-natalistas das ESFs da V URSAP na região Trairi do Estado do Rio Grande
do Norte, quanto as condutas de acompanhamento a uma gestante com sífilis referidas como
realizadas. Rio Grande do Norte, 2008, (n=53).
Fonte: Dados da pesquisa.
No que diz respeito ao acompanhamento da gestante com filis, 42 profissionais do
estudo afirmaram acompanhá-la, e todos citaram a solicitação mensal do VDRL nas suas
condutas de acompanhamento. Desses, 5 relataram solicitar a ultrassonografia obstétrica durante
a atenção desenvolvida a essa gestante. Dessa maneira, todos os pré-natalistas que acompanham
uma gestante com sífilis na ESF da região Trairi possuem condutas adequadas, de acordo com a
preconização do Ministério da Saúde acerca da solicitação mensal do VDRL para toda gestante
acometida pelo Treponema pallidum (BRASIL, 2006b).
Vale ressaltar que 4 enfermeiros citaram proceder ao monitoramento do tratamento da
gestante. Essa ação é indiscutível para o sucesso da terapêutica instituída, pois acreditamos que o
enfermeiro é responsável pela administração e/ou supervisão da terapêutica medicamentosa,
devendo observar o medicamento e as doses administradas, bem como o aprazamento cumprido,
na intenção de garantir a correta terapêutica prescrita.
Os dados do gráfico 7 também demonstram a pouca preocupação expressa pelos
profissionais em relação ao cuidado do recém-nascido de uma mãe com sífilis. Apenas 4
profissionais afirmaram desenvolver ações junto a esses lactentes. O Ministério da Saúde
(BRASIL, 2005b) indica que, em todos os recém-nascidos filhos de mãe que teve sífilis, tratada
0
10
20
30
40
50
60
Acompanhamento das Gestantes
Frequência
29 5 4 4 11
%
54,8
9,5
7,5
7,5
20,7
Apenas solicitam o VDRL
Solicita o VDRL + USG
Obstétrica
Solicita o VDRL +
realizam o exame físico
no recém-nascido
Solicita o VDRL + USG
monitoram o tratamento
(específico do enfermeiro)
Não acompanham
79
ou não, deve ser solicitado o VDRL em amostra de sangue periférico para diagnóstico precoce da
sífilis congênita. O pediatra, na alta hospitalar, deve esclarecer a mãe sobre os riscos da não
identificação da criança com sífilis. As seqüelas, principalmente surdez e déficit de
aprendizagem, que são sutis, podem se apresentar, de modo irreversível, no futuro. O
acompanhamento desse recém-nascido deve acontecer na puericultura para a detecção dos sinais
clínicos.
Em relação ao não acompanhamento de uma gestante com sífilis, 2 médicos referiram não
dar este tipo de atenção, e encaminham essa gestante para um especialista obstetra. Dos
enfermeiros pesquisados, nove afirmaram que não desenvolvem ações de acompanhamento a
uma gestante infectada. É preocupante esta falta de ão por esses profissionais; uma vez que,
estando inseridos na ESF, composta por equipes multiprofissionais e com o propósito de garantir
uma assistência integral com a incorporação de múltiplos saberes, o não acompanhamento
implica a descontinuidade da atenção dispensada a esta gestante.
Dificuldades também foram manifestadas pelos profissionais que procedem ao
acompanhamento. Dez (18,8%) disseram que vivenciavam dificuldades no acompanhamento das
gestantes com sífilis.
As dificuldades reportadas pelos pré-natalistas em suas ações de acompanhamento a
gestante com sífilis envolvem os recursos laboratoriais do município; eles citaram, ainda, a falta
de materiais no laboratório, a demanda reprimida e a demora na entrega dos resultados. Outro
fator relevante apontado por um participante do estudo é a distância entre a Unidade Básica de
Saúde e a casa da paciente, o que pode dificultar a busca ativa dessa mulher e as visitas
domiciliares, tão importantes diante às condições de uma gestante infectada pelo Treponema
pallidum. Na resposta de um dos profissionais da pesquisa ficou visível a importância da
participação da gestante no seu processo de manejo clínico da infecção, quando aponta a falta de
adesão da gestante ao tratamento.
O nculo construído entre a mulher e o profissional foi apontado por Costa Guilherm e
Walter (2005) como importante quesito para a humanização da atenção, para a adesão e
permanência das gestantes no serviço de atenção pré-natal. No entanto, não é sempre o mesmo
profissional que acompanha a mulher. Esse obstáculo, encontrado na ESF, pode estar relacionado
à falta de estabilidade empregatícia que culmina com a alta rotatividade dos profissionais e a
descontinuidade das suas ações. Durante a coleta de dados da nossa pesquisa, deparamo-nos com
80
essa rotatividade de profissionais em alguns municípios aonde chegávamos para realizar a
pesquisa, inclusive o profissional havia saído da equipe e a Secretaria Municipal de Saúde
encontrava-se à espera do próximo.
Reportando-nos à experiência dos profissionais que trabalham na atenção pré-natal da
ESF da região Trairi, 49% deles afirmaram ter acompanhado uma gestante com sífilis, durante
a sua atuação na ESF. Comparando esse último percentual com o encontrado na experiência dos
profissionais na detecção da doença (52,5%), observamos uma menor freqüência no
acompanhamento, indicando que nem todos os profissionais que detectam, acompanham a
gestante com sífilis. Dessa forma, presumimos a ocorrência da descontinuidade do cuidado. O
acompanhamento é importante, pois é o momento ideal para avaliação das condutas
implementadas e da eficácia do tratamento, como também da adesão do casal às orientações.
Considerando a ênfase nas Poticas de Saúde do SUS no que diz respeito ao aspecto
integral/humanístico na atenção aos usuários do Sistema, especificamente à gestante durante o
atendimento pré-natal, abordamos os profissionais em relação às suas ações humanísticas
dirigidas a uma gestante com sífilis.
O Quadro 5 distribui as ações humanísticas mencionadas pelos profissionais que atuam na
consulta pré-natal, durante o seu acompanhamento a uma gestante com sífilis.
Condutas humanísticas Fr %
Explicações sobre a sífilis 37 69,8
Acolhimento à gestante 14 26,3
Orientação sobre sexo seguro 10 18,8
Envolvimento e apoio
psicológico
09 16,9
Realização de visita
domiciliar
04 7,5
Sigilo 02 3,7
Sem informações 04 7,54
Quadro 5 – Condutas humanísticas referidas pelos profissionais quando realizam a consulta pré-natal na ESF
dos municípios da região Trairi no Estado do Rio Grande do Norte. Rio Grande do Norte, 2008,
(n=53).
Fonte: Dados da pesquisa.
81
Dos profissionais participantes do estudo, 37 disseram que explicam à gestante as formas
da sífilis, sua transmissão, tratamento e conseqüências para a mãe, o bebê e o parceiro quando
o tratados adequadamente. Vale ressaltar que 16 profissionais não relataram a prática de
orientar, explicar a essa mulher quanto às informações sobre a infecção pelo Treponema
pallidum. Acreditamos que a falta de conhecimentos sobre a gravidade da sua doença e os efeitos
que podem causar no bebê, faz com que muitas mulheres abandonem o tratamento e deixem de
realizar a prática do sexo seguro, repercutindo na resolutividade do tratamento.
O acolhimento foi citado por 14 profissionais do estudo como ações desenvolvidas no
acompanhamento humanístico. Ao se reportarem a esse acolhimento, afirmavam que
acompanhavam a gestante de forma holística, com maior prioridade, atenção e sensibilidade. O
Ministério da Saúde (BRASIL, 2006c) conceitua acolhimento como a recepção do usuário, desde
a sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo a sua queixa, permitindo que
ele expresse suas preocupações, angústias, e, ao mesmo tempo, colocando os limites necessários,
garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade
da assistência, quando necessário. Assim, não podemos garantir que os profissionais do estudo
desenvolvem o acolhimento em suas ações de acompanhamento conforme o estabelecido pelo
Ministério da Saúde.
Vale ressaltar que apenas 10 profissionais afirmaram orientar a gestante quanto à prática
do sexo seguro. Percebemos o o seguimento, por muitos pré-natalistas, das orientações do
Ministério da Saúde, quando este orienta o uso regular do preservativo no período durante e após
o tratamento da gestante com sífilis (BRASIL, 2005b).
No que se refere ao envolvimento emocional e apoio psicológico, 9 referiram adotá-los
durante o acompanhamento à gestante com sífilis. Embora Stefanelli et al. (1982) afirmem que o
envolvimento emocional é um aspecto vital na relação terapêutica com o usuário, Bettinelli
(1998) salienta que alguns profissionais demonstram envolvimento superficial, relevando os
aspecto científicos, rotinas e normatizações técnicas em detrimento dos aspectos subjetivos.
Diversos estudos asseveram a necessidade de o profissional de enfermagem contribuir para o
restabelecimento da saúde emocional do cliente. Nesse sentido, Man(2004), afirma que as
inter-relações entre os envolvidos na atenção à saúde devem abranger mais do que medidas
técnico-científicas, ou seja, devem ser, acima de tudo, um acontecimento intersubjetivo entre
sujeitos na sua dimensão afetiva, cultural e social.
82
Quanto à visita domiciliar, apontada como conduta humanística realizada por 4
profissionais do estudo, acreditamos que esta pode ser usada como um recurso para o
desenvolvimento de ações humanísticas. No entanto, os profissionais não expuseram, com
visibilidade, as suas atitudes desenvolvidas durante essas visitas. Segundo o Ministério da Saúde
(BRASIL, 2002), a visita domiciliar reforça o nculo estabelecido entre a gestante e a unidade
básica de saúde e, apesar de estar voltada à essa mulher, tem um caráter integral e abrangente
sobre sua família e o seu contexto social. Assim sendo, qualquer alteração ou identificação de
fator de risco para a gestante ou para outro membro da família deve ser observada e discutida
com a equipe na unidade de saúde. Vale, também, enfatizar que por ser a sífilis uma doença
sexualmente transmissível, já levanta medos, angústias e insegurança; estando essa família
necessitando de cuidados especiais. Conhecer o meio em que ela está inserida é de fundamental
importância para garantir a adesão ao tratamento e evitar reinfecções.
Sendo a filis uma doença transmitida, na maioria das vezes, através da relação sexual,
pressupomos que essa infecção possa levar à gestante aos sentimentos de medo, angústia,
insegurança, desconfiança, determinando um atendimento que prioriza a sua individualidade. Dos
profissionais participantes do estudo, 2 declaram realizar um acompanhamento sigiloso diante de
uma gestante com sífilis. No que se refere ao sigilo profissional, o artigo 19 do digo de Ética
dos Profissionais de Enfermagem (2007), trata do respeito ao pudor, a privacidade e a intimidade
do ser humano em todo o seu ciclo vital, enquanto assistência realizada pela enfermagem.
As ações humanísticas referidas pelos profissionais durante o acompanhamento a uma
gestante com sífilis, insere-se dentro do SUS, o qual passa por mudanças no seu modelo de
atenção, e adota a humanização como potica transversal em sua rede assistencial. A
humanização é vista não como programa, mas como potica que atravessa as diferentes ações e
instâncias gestoras do Sistema. Assim, o Ministério da Saúde (Brasil, 2006c) entende
humanização como: valorização, fomento da autonomia e do protagonismo dos sujeitos inseridos
no processo de produção de saúde; co-responsabilidade entre essa produção e os sujeitos;
vínculos solidários e participação coletiva no processo de gestão; identificação das dimensões de
necessidades sociais, coletivas e subjetivas de saúde; modelo de atenção focalizado nas
necessidades dos cidadãos, na produção de saúde e no próprio processo de trabalho em saúde,
compromisso com a ambivalência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento.
83
Conclusão
Conhecimento sem transformação não é sabedoria.”(Paulo Coelho)
84
6. Conclusão
Na perspectiva de identificar, nos profissionais que realizam a consulta pré-natal na ESF,
as ações utilizadas no processo de detecção e tratamento da sífilis no período gestacional e os
seus conhecimentos sobre a sintomatologia dessa infecção na gestante, correlacionando as suas
ações com as recomendadas pelo Ministério da Saúde, percorremos vários quilômetros pelo
interior do Estado e firmamos contatos com a população do estudo. Nesse processo, vivenciamos
dificuldades de deslocamento, tendo em vista a distância entre alguns municípios, inclusive em
alguns deles, fomos mais de uma vez; devido à falta do profissional ou o mesmo se encontrar em
período de férias.
Acerca de nosso objeto de estudo, a partir dos resultados obtidos, entendemos que as
informações referidas pelos profissionais neste estudo são fidedignas e refletem as reais intenções
das suas práticas. Acreditamos, assim, que os achados mostrados neste estudo nos permitem fazer
algumas afirmações acerca do conhecimento e das ações nesta área específica do processo de
cuidar da mulher gestante.
Para detectar, tratar e acompanhar uma gestante com sífilis, os profissionais utilizam os
seus conhecimentos sobre a sintomatologia da doença, solicitam exames laboratoriais,
prescrevem o tratamento medicamentoso e acompanham esta mulher com o requerimento de
exames e ações humanísticas. No entanto, observou-se, pelas colocações dos participantes, ações
o condizentes às recomendações do Ministério da Saúde.
A pesquisa nos revelou que, com relação à detecção dos sinais e sintomas que podem
estar presentes em uma gestante com sífilis, os profissionais possuem algum conhecimento. Vale
ressaltar que a maior parte deles demonstrou conhecimento adequado dos sinais e sintomas da
sífilis primária. Percebemos, no entanto, que as dificuldades de conhecimento se encontraram na
detecção da filis secundária e terciária.
Complementando esse processo de detecção com a solicitação de exames laboratoriais, a
pesquisa desvelou que todos os profissionais que atuam na ESF nos municípios da região Trairi
no Estado do Rio Grande do Norte, incluem em suas ações de cuidado à saúde no pré-natal a
solicitação do VDRL para diagnóstico da sífilis na gestante. Dessa forma, todos requerem o
exame estabelecido pelo Ministério da Saúde para o diagnóstico da infecção.
85
Com a intenção de aumentar as chances de oportunidades de detecção da sífilis no período
gestacional, o Ministério da Saúde firma épocas periódicas durante o acompanhamento, para a
repetiçao do VDRL. A esse respeito, encontramos que grande parte da população estudada se
declara como instituindo as condutas adequadas segundo o recomendado pelo Ministério da
Saúde, ou seja, solicita o VDRL na primeira consulta pré-natal e no início do terceiro trimestre.
Observamos, ainda, pelas citações dos participantes, que este é o principal exame à
disposição na maioria dos serviços, uma vez que, apenas, 15 solicitam o FTA-Abs para
confirmação da infecção. Acreditamos, pom, que a ausência desse último exame não influi
negativamente na assistência prestada, se considerarmos a recomendação do Ministério de Saúde
que refere que a terapêutica deve ser institda na gestante a partir de qualquer titulação reagente
ao VDRL.
No que se refere à instituição do tratamento da sífilis na gestante, observamos que os
profissionais desenvolvem condutas de tratamento em acordo com o estabelecido pelo Ministério
da Saúde. Alguns, porém, têm ações não condizentes com o orientado pelo Ministério da Saúde,
tal como utilização de doses do medicamento superiores ou inferiores ao estabelecido, e
prescrição de classes diversificadas do antibiótico indicado. Vale ressaltar, também, o grande
percentual de pré-natalistas que não responderam, quando questionados, a respeito das suas
condutas no tratamento da sífilis, podendo sugerir falta de conhecimento sobre a terapêutica que
deve ser instituída.
Ao refletirmos sobre os resultados, acreditamos ser necessário um maior cuidado desses
profissionais que estão na assistência pré-natal no que se refere à prescrão medicamentosa,
tanto no que diz respeito ao medicamento quanto à dose instituída. Ressaltamos essa precaução,
uma vez que o tratamento inadequado pode dificultar a efetividade do medicamento e não
prevenir o bebê da sífilis congênita
No que diz respeito à responsabilidade pelo tratamento medicamentoso, observamos, na
região pesquisada, que a prescrição de medicamentos é feita principalmente pelos médicos,
embora alguns enfermeiros também assim procedam. Insegurança, ausência de protocolos
municipais, e especificamente conduta médica foram as causas citadas pelos enfermeiros que não
efetuam a prescrição.
Sendo a sífilis uma doença sexualmente transmissível, o parceiro também precisa ser
inserido nas ações assistenciais. Alguns profissionais demonstraram, em suas colocações,
86
desenvolvimento de ações não condizentes com o recomendado pelo Ministério da Saúde no que
se refere ao cuidado com o parceiro da gestante infectada. Colocamos, neste momento, o desafio
dos pré-natalistas para garantirem uma conduta assistencial qualificada ao homem em caso de
infecção sifilítica em sua parceira; uma vez que a ausência de tratamento do parceiro pode
interferir decisivamente na cura da gestante. Ainda observamos, que o PSF tem um desenho não
atendente à demanda reprimida dos trabalhadores do sexo masculino; uma vez que seu
funcionamento em horário comercial, dificulta o acesso do usuário ao serviço. Nessa ocasião, o
trabalhador precisa faltar no emprego para comparecer à Unidade Básica de Saúde.
Com relação ao acompanhamento da gestante infectada, consideramos que alguns
profissionais não realizam as condutas recomendadas pelo Ministério da Saúde uma vez que o
exame de VDRL mensal não é de rotina destes, evidenciando a falta de continuidade da
assistência prestada. Acreditamos na necessidade de sensibilização desses trabalhadores, que
atuam na assistência pré-natal, para a continuidade do cuidado prestado, tendo em vista que a
ESF se desenvolve com o propósito de um acompanhamento integral por parte dos profissionais
junto à população da sua área de abranncia.
Dificuldades que interferem no processo de atenção à saúde da gestante também foram
identificadas neste estudo. Os problemas laboratoriais são os mais vivenciados, como a falta
constante de reagentes, a demora na entrega dos resultados, a demanda reprimida, e, ainda, a não
realização do exame no município. Os municípios também passam por problemas de falta de
medicamentos, como a penicilina. A ausência de protocolos municipais para liberação da
prescrição medicamentosa pelos enfermeiros também é vivenciada em alguns lugares.
Desorganização da rede assistencial no que se refere à prescrição da penicilina também faz parte
desse elenco de dificuldades, demonstrando falta de articulação entre a atenção básica e o serviço
de urgência.
A ausência da prática de notificação de casos por alguns profissionais vem aumentar as
suspeitas de que a situação é bem mais grave do que os dados demonstram. A importância da
notificação de doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, não recai simplesmente na
necessidade de ter dados epidemiológicos fidedignos. Direciona, também, para a caracterização
do problema de filis congênita que, se considerarmos a subnotificação da sífilis na gestante, o
acompanhamento do parceiro e as conseqüências da doença no recém-nascido também poderão
ser ocultas.
87
Sabendo que o SUS passa por profundas transformações em seu modelo assistencial, a
implementação da atenção humanizada também foi observada neste estudo. Ainda nos
deparamos, nas colocações de alguns profissionais, com uma assistência mais voltada para a
resolução do quadro clínico. Condutas direcionadas para a explicação da doença à gestante e ao
parceiro, e principalmente orientação sexual, apoio psicológico e atenção integral ainda deixam a
desejar nas práticas de alguns deles. Acreditamos que oficinas de sensibilização junto a esses
profissionais para uma atenção humanizada poderiam vir a mudar as práticas que atualmente
tendem a ser voltadas para ações puramente curativistas. os profissionais também se
beneficiariam com capacitações antes da sua entrada na ESF, despertando-os para a realização de
um trabalho em equipe.
Sentimos a necessidade de um melhor embasamento desses trabalhadores para a
realização da assistência voltada às práticas do SUS. Sugerimos, um aprofundamento, na
formação desses médicos e enfermeiros, no que se refere às disciplinas voltadas para a atenção
pré-natal.
Por outro lado, o vínculo do profissional com o programa também ajudaria a firmar laços
mais fortes com a população e garantir a continuidade do cuidado. Observamos, nas colocações,
que o Ministério da Saúde e o Estado garantem o treinamento desses pré-natalistas, mas
acreditamos que a falta de permanência destes no programa interferem na implementação desses
conhecimentos.
Neste estudo, focalizamos nos profissionais enquanto cuidadores na atenção pré-natal, por
entender que, enquanto equipe de saúde da família, não poderíamos diferenciá-los quanto as
responsabilidades pelo cuidado da gestante. No entanto, como enfermeira, fazemos algumas
considerações com relação ao papel do enfermeiro no âmbito do pré-natal e especificamente, na
assistência à mulher com sífilis, retratado neste estudo.
A enfermagem, inserindo-se nesse novo contexto do Sistema Único de Saúde,
especificamente na ESF e no cuidado pré-natal desenvolvido neste programa, abraça o seu objeto
de trabalho, que é o cuidar. Esse cuidado, dispensado a cada gestante, necessita estar embasado
em conhecimentos científicos e voltado para a realidade da gestante/família. A atenção de
enfermagem direcionada à gestante com sífilis, com o propósito de curar essa mulher da infecção,
prevenir a sífilis congênita no seu filho e garantir o seu bem-estar no seu ciclo gestacional, ocorre
com a pretensão de proporcionar uma atenção integral, com a realização do acolhimento em
88
todos os aspectos, apoio psicológico e resolutividade do problema em questão. Para isso,
achamos necessário que o enfermeiro compreenda as peculiaridades de cada gestante, com seus
medos, alegrias, dúvidas e anstias, e desenvolva ões em conjunto com outros profissionais,
garantindo uma assistência com incorporação de múltiplos saberes. Acreditamos que tal
perspectiva de trabalho, juntamente com o conhecimento científico atualizado visando detectar as
intercorrências que possam surgir com a mulher gestante, como a sífilis, aproximará o
enfermeiro da atenção integral que tanto almeja.
89
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Os grandes propósitos são sempre atravessados por diversos obstáculos e dificuldades” (Vicente
de Paula)
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101
Apêndices
O afeto e a intelincia curam as feridas da alma, reescrevem as páginas fechadas do
incosncente” (Augusto Cury).
102
APÊNDICE A – TERMO D€ CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DA
PESQUISA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
VOLUNTÁRIO Nº ____ INICIAIS DO VOLUNTÁRIO: ____
Ilmo(a). Senhor(a),
Solicitamos a participação de Vossa Senhoria em uma pesquisa que tem por objetivos:
Identificar o conhecimento dos profissionais sobre a detecção da sífilis que possa surgir no
período gestacional da mulher;
Identificar as condutas e intervenções diante de tal doença junto à mulher;
Relacionar as recomendões terapêuticas prescritas pelos profissionais com as orientações
recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Serão aplicados questionários aos profissionais médicos e enfermeiros que fazem parte das
Equipes de Saúde da Família e atuam na realização da consulta de pré-natal.
Vossa Senhoria está sendo convidada a responder um questionário, em horário a ser combinado. No
questionário você se abordado em relação à sua forma de atuação diante de uma gestante com sífilis, ou
seja, como você diagnostica e trata a sífilis na gestação. Esperamos que, a partir dos resultados deste
estudo, possamos contribuir para a melhoria da assistência prestada no pré-natal. Salientamos que sua
participação é voluntária e que poderá desistir da pesquisa em qualquer momento ou não responder as
questões que lhe causem constrangimento, mesmo que tenha assinado este termo.
Considerando que este estudo visa à coleta de informações sobre a forma com que os profissionais
realizam o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da gestante com filis, não se espera que você
tenha nenhum problema em conseqüência de sua participação porque as questões a responder oferecem
riscos mínimos de saúde ou de desconforto. Os pesquisadores e a UFRN se responsabilizam pela procura
da melhoria do estado do participante caso isto venha a ocorrer, bem como pela indenização de eventuais
danos.
Não previsão de gasto financeiro por parte do voluntário, bem como não previsão de
ressarcimento por parte dos pesquisadores.
103
As informações obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com propósito
científico. Os pesquisadores e os membros envolvidos neste estudo, terão acesso aos arquivos dos
participantes, para verificação de dados, sem, contudo, violar a confidencialidade.
A assinatura deste termo de consentimento formaliza sua autorização para o desenvolvimento de todos
os passos anteriormente apresentados.
TERMO DE CONSENTIMENTO:
Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste formulário, concordo em
participar deste estudo. Através deste instrumento e da melhor forma de direito, autorizo a Docente do
Curso de Enfermagem da UFRN/ Natal, Bertha Cruz Enders, COREN nº 28.268, coordenadora do projeto
de pesquisa aqui explicado, a utilizar as informações obtidas, atras dos questionários, com a finalidade
de desenvolver trabalho de cunho científico na área de Enfermagem.
Autorizo, também, a publicação do referido trabalho, de forma escrita. Concedo, também, o direito de
retenção e uso para quaisquer fins de ensino e divulgação em jornais e/ou revistas científicas do país e do
estrangeiro, desde que mantido o sigilo sobre minha identidade. Estou ciente de que, em caso de dano
decorrente da pesquisa, o(a) pesquisador(a) e a UFRN se responsabilizarão pela devida indenização.
___________________, _____ de _______________ de 2007.
DE ACORDO, ________________________________________________________________
ENDEREÇO:__________________________________________________________________
Endereço do pesquisador: Profa. Dra. Bertha Cruz Enders, R. Pedro Fonseca Filho, 9041, Ponta Negra,
Natal, RN. CEP: 59090-080. Fone: 84 3236-2626. bertha@ufrnet.br
104
APÊNDICE B -QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
A primeira parte deste instrumento visa obter informações pessoais e de formação
profissional sobre os pré-natalistas. A segunda parte consta de perguntas sobre o
conhecimento e as condutas do profissional diante de uma gestante com sífilis. Contempla,
ainda, as dificuldades vivenciadas por ele em seu serviço que interferem no diagnóstico,
tratamento e acompanhamento da gestante infectada.
1ª Parte: CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS
Sexo: ___ Idade: ____ Profissão: ______________ Local de trabalho: __________________
Tempo de formado: _____ Possui algum curso de pós-graduação : ( ) Não ( ) Sim Qual(is) ?
____________________________________________________________________________
Tempo que realiza a consulta pré-natal: ___________________________________________
Tempo que atua no PSF realizando a consulta pré-natal:_______________________________
Participou de algum treinamento/capacitação em relação ao atendimento à gestante com sífilis?
Não ( ) Sim ( ) Quantas vezes? _______________ Durante quanto tempo: __________
Quem promoveu este treinamento? ________________________________________________
Este treinamento: ( ) precedeu a sua entrada no PSF ( ) foi durante sua permanência no PSF ( )
Qual a contribuição desse treinamento para você?
____________________________________________________________________________
Durante sua formação acadêmica, enfatizou-se o assunto de sífilis na gestação? Não ( ) Sim ( )
2ª Parte: CONHECIMENTO E CONDUTAS SOBRE SÍFILIS NA GESTAÇÃO
Conhecimento e condutas de diagnóstico:
1. Você conhece os sinais/sintomas característicos da sífilis? Não ( ) Sim ( ). Quais?
105
______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Você solicita o VDRL durante as consultas de pré-natal? Não ( ) Sim ( ). Em qual(is)
semana(s) gestacional(is)? ______________________________________________________
3. Em caso de uma gestante com sífilis, você solicitaria mais algum exame? Não ( ) Sim ( ).
Qual? __________________________________________________________
Conhecimento e condutas de tratamento:
4. Como você realizaria o tratamento da sífilis primária (medicamento dose - intervalo de
tempo)?
______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5. Como você realizaria o tratamento da sífilis secundária ou latente com menos de 1 ano de
evolução (medicamento – dose - intervalo de tempo)?
______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6. Como você realizaria o tratamento da sífilis terceária ou latente com mais de um ano de
evolução (medicamento – dose - intervalo de tempo)?
______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7. Você consulta algum material para prescrever a medicação usada no tratamento da filis na
gestante? ( ) o ( ) Sim. Qual?
____________________________________________________________________________
106
8. Voprescreve a medicação para o tratamento da filis na gestante? ( ) Não ( ) Sim. Caso
tenha respondido não, por quê? __________________________________________________
____________________________________________________________________________
E qual a procedência que você tomaria diante deste caso?
____________________________________________________________________________
9. Você realiza alguma intervenção sobre o parceiro dessa gestante com sífilis? Não ( )
Sim ( ). Qual ? _________________________________________________________
____________________________________________________________________________
10. Como você acompanharia o tratamento da gestante com sífilis?
______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Dificuldades:
11. Em seu serviço você encontra, ou já encontrou, alguma dificuldade para realização do
diagnóstico da sífilis na gestante? Não ( ) Sim ( ). Quais?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
12. Em seu serviço você encontra, ou já encontrou, alguma dificuldade para realização do
tratamento da filis na gestante? Não ( ) Sim ( ). Quais?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
13. Em seu serviço, você encontra, ou já encontrou, alguma dificuldade para realização do
acompanhamento da sífilis na gestante? Não ( ) Sim ( ). Quais?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Notificação:
107
14. Caso você atenda uma gestante com sífilis, este caso é notificado? ( ) Não ( ) Sim. Por quem?
___________________________________________________________________.
Experiência assistencial:
15. Você já detectou caso de sífilis na gestante durante a sua atuação no PSF? ( ) o ( ) Sim
16. Você já tratou alguma gestante com sífilis durante a sua atuação no PSF? ( ) Não ( ) Sim
17. Você já acompanhou gestante com sífilis durante a sua atuação no PSF? ( ) Não ( ) Sim
Atenção humanizada:
18. Quais as condutas humanísticas que você adotaria para cada gestante infectada por sífilis?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
Obrigada!
108
Anexos
Toda glória vem de ousar começar” ( Eugene F. Ware).
109
ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Governo do Estado do RN
Secretaria da Saúde Pública
V Unidade Regional de Saúde Pública
OFÍCIO Nº 018/07
Santa Cruz (RN), 20 de abril de 2007.
À Senhora
Coordenadora de Pesquisa do Departamento de Enfermagem da UFRN
Bertha Cruz Enders
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
BR 101, nº 3000 – Deptº. Enfermagem/UFRN – Lagoa Nova
Cep.: 59.072-970 Tel: 3215-3196
Senhora Coordenadora,
Informamos a Vossa Senhoria que somos favoráveis à pesquisa intitulada Sífilis no Pré-Natal:
condutas dos profissionais que realizam a consulta no Programa de Saúde da Família” junto aos
profissionais médicos e enfermeiros das Equipes de Saúda da Família nos municípios pertencentes à V
Unidade Regional de Saúde Pública. No entanto, solicitamos que seja apresentado o resultado final da
pesquisa nessa Unidade, com o propósito de aprimorar a qualidade da assistência prestada.
Atenciosamente,
Maria do Rosário de Carvalho
Gerente da V URSAP
110
ANEXO B – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
111
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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