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COMPETIÇÃO DE PORTA-ENXERTOS DE
VIDEIRA PARA A cv. CABERNET
SAUVIGNON
EFEITO SOBRE O DESENVOLVIMENTO
INICIAL DAS PLANTAS
RAFAEL LUCAS DA SILVA GURGEL
2008
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RAFAEL LUCAS DA SILVA GURGEL
COMPETIÇÃO DE PORTA-ENXERTOS DE VIDEIRA PARA A cv.
CABERNET SAUVIGNON EFEITO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO INICIAL DAS PLANTAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia, área de
concentração em Fitotecnia, para obtenção do
título de “Mestre”.
Orientador
Pesq. Dr. Murillo de Albuquerque Regina
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Gurgel, Rafael Lucas da Silva.
Competição de porta-enxertos de videira para a cv. Cabernet Sauvignon
efeito sobre o desenvolvimento inicial das plantas. -- Lavras : UFLA, 2008.
97 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Murillo de Albuquerque Regina.
Bibliografia.
1. Vitis vinifera. 2. Porta-enxerto. 3. Vigor. 4. Nutrição. I. Universidade
Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 634.8841
RAFAEL LUCAS DA SILVA GURGEL
COMPETIÇÃO DE PORTA-ENXERTOS DE VIDEIRA PARA A cv.
CABERNET SAUVIGNON EFEITO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO INICIAL DAS PLANTAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia, área de
concentração em Fitotecnia, para obtenção do
título de “Mestre”.
APROVADA em 12 de agosto de 2008
Pesq. Dr. Ângelo Albérico Alvarenga EPAMIG
Prof. Dr. Moacir Pasqual UFLA
Pesq. Dr. Murillo de Albuquerque Regina
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
DEDICO ESTE TRABALHO
Ao Pai Celestial, Mestre Jesus e Mãe Maria, por ter me dado a
oportunidade de superar as dificuldades, por ter conhecido tantas pessoas,
ouvido suas histórias, vivenciado seus sorrisos e lágrimas, pelas pessoas
que se dispuseram a me ajudar e mesmo aquelas que não aceitaram a
tarefa, pela minha vida, família, companheira de jornada, amigos,
adversários, etc., por tudo que aconteceu em minha vida até o momento e
por tudo que ainda está por vir.
Ao meu pai, Edson Pereira Gurgel, por ter me ajudado na
conquista deste sonho, por ter me auxiliado em todos os momentos de
desespero, mesmo quando todas as portas pareciam estar se fechando e por
ser o amigo de todas as horas.
À minha querida mãe Miriam e irmãos, Thiago, Igor e Isabella,
pela atenção, conversas, conselhos, sorrisos, carinho e acima de tudo,
amizade.
À minha querida e amada companheira, Stella Barbosa de Abreu
Vilela, por ter tido paciência nos meus momentos de nervosismo, por estar
presente nas horas difíceis, pelos conselhos, amizade, dedicação, força,
tranqüilidade, carinho e amor.
Aos amigos Darcy, Raquel e Pedro Ferreira, pelos conselhos,
sorrisos e amizade.
Ao grande amigo Henrique Antunes de Souza, pela amizade,
conselhos, diversões e palavras de força.
Aos amigos espirituais, Guerreiro, Joãozinho, Mariazinha, Carlos,
Agrônomo, vovô Dudu, vovô Bené, e tantos outros, pelos conselhos,
paciência, orações e amizade.
Às orquídeas, perfeição divina, por toda a sua beleza e
simplicidade, e por serem o meu momento de paz e tranqüilidade.
“Para fazer uma obra de arte não basta ter
talento, não basta ter força, é preciso
também viver um grande amor”
(Wolfgang Amadeus Mozart)
AGRADECIMENTOS
Ao Pesquisador Dr. Murillo de Albuquerque Regina, pelo apoio,
conselhos, confiança, paciência, orientação, e, principalmente, amizade,
dispensados não só na realização deste trabalho, mas também, durante o
curso.
À Universidade Federal de Lavras, em especial o Departamento de
Agricultura, pela oportunidade concedida para a realização do curso de
Mestrado.
Ao Professor Dr. Moacir Pasqual, coordenador do curso de Pós-
Graduação em Fitotecnia, pela atenção, conselhos, amizade e recursos
disponibilizados em prol da pesquisa.
Ao Dr. Ângelo Albérico Alvarenga, pelo apoio, ensinamentos,
sugestões e amizade.
À Professora Patrícia Duarte de Oliveira Paiva, pelo interesse em
repassar-me seus conhecimentos, carinho, atenção e grande amizade.
Ao Prof. Nilton Nagib Jorge Chalfun, Dr. José Carlos Fráguas,
Prof. Antônio Eduardo Furtini Neto e aos demais professores do Curso de
Pós Graduação em Fitotecnia, pelos ensinamentos, colaboração e amizade.
À Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG),
pelo apoio e oportunidade concedidos para a obtenção deste título.
Ao gerente do Núcleo Tecnológico EPAMIG Uva e Vinho, Sr.
César Augusto de Oliveira Fabrino, pela atenção, conversas, amizade e por
permitir a utilização de toda estrutura da EPAMIG para a realização deste
trabalho.
À Técnica em Laboratório da EPAMIG, Isa Magalhães de Lima e à
Pesq. Dra. Renata Vieira da Mota, por toda ajuda, ensinamentos
profissionais, de vida e acima de tudo amizade e alegria no dia-a-dia.
Aos funcionários da EPAMIG e amigos, Daniel Rodrigues,
Evaldo, Laênio, Élder e Ana Paula, pela atenção, descontrações,
ensinamentos e ajudas nas avaliações de campo.
A todos os funcionários da EPAMIG que colaboraram para a
realização deste trabalho.
Aos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo – Dr. Paulo César
Magalhães e seu orientado Fernando Cantão – e da Embrapa Uva e Vinho
– Dr. Alexandre Hoffmann e M.Sc. Loiva Maria Ribeiro de Mello – pela
ajuda concedida, conselhos e ensinamentos disponibilizados.
Às secretárias do Departamento de Agricultura, Marli e Nelzy, por
toda ajuda durante o curso e descontrações constantes.
Aos amigos, Daniel Angelucci de Amorim, Ana Carolina Fávero,
Gustavo de Freitas, Miguel Abi Saber Miguel, Frederico Biagi Becker,
Roseane Souza, Priscila Pereira Botrel, Helen Arruda, Antônio Claret
(Laboratório de Cultura de Tecidos – UFLA), Leonardo Eustáquio Leal
(UFV) e João Henrique Silva Rios (UFV), pelos ensinamentos,
descontrações, conselhos, amizade e disposição em ajudar.
Aos revisores, Líbia Aparecida Carlos, Português, Meire Cristina
da Silva, Referencial Bibliográfico e José Eduardo Colombo Andrade,
Inglês, pela atenção, dedicação e exímio trabalho prestado às correções da
dissertação.
Às empresas de transporte rodoviário, Expresso Gardênia e Viação
São Cristóvão, pela segurança, conforto e pontualidade com os horários,
beneficiando as minhas viagens de trabalho.
MUITO OBRIGADO!
SUMÁRIO
Página
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLO
i
RESUMO
iii
ABSTRACT
iv
INTRODUÇÃO
01
1. Introdução geral
01
2. Referencial teórico
04
2.1 Histórico em importância da videira
04
2.2 Vinhos finos de novas regiões brasileiras
09
2.3 Importância do uso de porta-enxertos
11
2.4 Porta-enxerto, vigor e qualidade dos frutos
13
2.5 Diferentes porta-enxertos utilizados na viticultura
16
2.6 Importância dos nutrientes para a videira
20
2.6.1 Macronutrientes
21
2.6.2 Micronutrientes
25
2.6.3 Aptidões dos porta-enxertos na absorção de nutrientes
30
2.7 Relação entre porta-enxerto e variedade copa 32
3. Referências bibliográficas 35
CAPÍTULO 1: Efeito do vigor do porta-enxerto no desenvolvimento
Cabernet Sauvignon em Caldas, MG
47
Resumo
47
Abstract
48
1. Introdução
49
2. Material e métodos
51
2.1 Local do trabalho
51
2.2 Tratamentos
51
2.3 Características avaliadas
52
2.4 Delineamento experimental 56
3. Resultados e discussão
57
3.1 Crescimento e comprimento dos sarmentos da copa
57
3.1.1 Comprimento dos sarmentos do 1º Ano 57
3.1.2 Comprimento dos sarmentos do 2º Ano 59
3.2 Peso do material extraído pela poda da copa 63
3.3 Área foliar
da copa 64
4. Conclusões
67
5. Referências bibliográficas
68
CAPÍTULO 2: Influência dos porta-enxertos de videira no estado
nutricional da cv. Cabernet Sauvignon
72
Resumo
72
Abstract
73
1. Introdução
74
2. Material e métodos
76
2.1 Local do trabalho
76
2.2 Tratamentos
76
2.3 Características avaliadas
77
2.4 Delineamento experimental
80
3. Resultados e discussão
81
3.1
Avaliações de nutrientes nas folhas da copa 81
3.1.1 Macronutrientes
81
3.1.2 Micronutrientes
85
4. Conclusões
87
5. Referências bibliográficas
88
CONSIDERAÇÕES GERAIS
91
ANEXOS
93
i
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
A.C. Antes de Cristo;
m metro;
cm centímetro;
g grama;
kg quilograma;
mg miligrama;
dag decagrama;
L litro;
pH potencial hidrogeniônico;
cmol
c
centimol;
meq equivalente miligrama;
M.O. matéria orgânica (dag kg
-1
);
% porcentagem;
o
C graus Célsius
R
2
coeficiente de correlação
CV coeficiente de variação
Pé franco Plantas de raízes próprias, ou seja, sem a utilização de
porta-enxerto.
Garfo Enxerto ou copa
Corte Mistura de diferentes vinhos (de diferentes parcelas,
procedências ou mesmo variedades de uva), que tem
como objetivo melhorar o equilíbrio (características
visuais, olfativas e gustativas) entre seus componentes
(acidez, teor alcoólico, resíduos de açúcar, taninos,
coloração) e conseqüentemente, melhorar a qualidade.
ii
Corte bordalês São chamados ‘corte bordalês’ os vinhos em todas as
regiões do mundo que usam as castas Cabernet
Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Petit
Verdot ou pelo menos duas ou três dessas uvas.
Sarmento Caule flexível, lenhoso, alongado, próprio de plantas
trepadoras.
MG Minas Gerais
EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
UFLA Universidade Federal de Lavras
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
iii
RESUMO
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Competição de Porta-Enxertos de videira
cv. Cabernet Sauvignon em Caldas, MG. Efeito sobre o desenvolvimento
inicial das plantas. Lavras: UFLA, 2008. 97p. (Dissertação – Mestrado em
Agronomia / Fitotecnia) *.
Avaliou-se o desenvolvimento inicial de videira cultivar Cabernet
Sauvignon quanto ao vigor e absorção de nutrientes em diferentes porta-
enxertos, em dois experimentos em condições de campo, no Núcleo Tecnológico
EPAMIG Uva e Vinho, em Caldas, MG. No primeiro experimento foram
avaliados as cultivares porta-enxertos IAC 313, IAC 572, IAC 766, RR 101-14,
SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P e Rupestris du Lot para as
características relacionadas ao vigor vegetativo da cultivar copa Cabernet
sauvignon (comprimento dos sarmentos 1º e 2º Ano, peso de material de poda e
área foliar). Verificou-se dessa forma, que o porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’
induziu ao maior vigor da parte aérea da cultivar Cabernet sauvignon no
primeiro estágio de desenvolvimento das plantas e o porta-enxerto 110R, o
menor vigor no 1º ano com ligeira recuperação no 2º ano. No segundo
experimento, foram avaliadas as cultivares porta-enxertos IAC 313, IAC 572,
IAC 766, RR 101-14, SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P e Rupestris du Lot
em resposta a absorção de nutrientes. Neste caso, foram avaliados a
concentração dos nutrientes nas folhas da cultivar copa Cabernet sauvignon. Foi
observado que houve distinção na eficiência de absorção de nutrientes entre os
porta-enxertos, revelando o ‘IAC 313’ como menos eficiente para P, Ca, B, Mn,
e Zn, e o IAC 766 como mais eficiente para K, Cu e B.
*Comitê Orientador: Pesq. Dr. Murillo de Albuquerque Regina – EPAMIG
(Orientador), Prof. Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA.
iv
ABSTRACT
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Competition of grapevine rootstocks cv.
Cabernet Sauvignon at Caldas, MG. Effect on the early development of the
plants. Lavras: UFLA, 2008. 97p. (Dissertation – Master in Agronomy/ Crop
Science) *.
The early development of grapevine cultivar Cabernet Sauvignon as to
its vigor and nutrient absorption in different rootstocks, in two experiments
under field conditions was evaluated in the Núcleo Tecnólogico EPAMIG Uva e
Vinho (EPAMIG Technologic Center Grape and Wine) at Caldas, MG. In the
first experiment, the rootstock cultivars IAC 313, IAC 572, IAC 766, RR 101-
14, SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P and Rupestris du Lot were evaluated
for the characteristics related to vegetative vigor of cultivar copa Cabernet
sauvignon (length of the sarments 1
st
abd 2
nd
year, weight of the pruning
material and leaf area). It was found, in that way, that rootstock ‘Rupestris du
Lot’ induced to the highest vigor of the shoot of cultivar Cabernet sauvignon in
the early developmental stage of the plants and rootstock 110R, the lowest vigor
in the first year with a slight recovery in the 2
nd
year. In the second experimetn,
the rootstock cultivars IAC 313, IAC 572, IAC 766, RR 101-14, SO4, Kober
5BB, 110R, 1103P, 1045 P and Rupestris du Lot were evaluated in response to
nutrient absorption. In this case, the concentration of nutrients in the leaves of
crown cultivar Cabernet sauvignon was evaluated. It was found that there was a
distinction in the efficiency of nutrient absorption among the rootstocks,
revealing that ‘IAC 313’ as the least efficient for P, Ca, B, Mn, and Zn, and IAC
766 as the most efficient for K, Cu e B.
*Guidance Committtee: Researcher Dr. Murillo de Albuquerque Regina –
EPAMIG (Adviser), Teacher Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA.
1
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO GERAL
A videira é uma das espécies frutíferas de maior valor econômico e
social em todo o mundo, ocupando posição de destaque também na fruticultura
brasileira. A atividade concentra-se na produção de uva de mesa e matéria-prima
na elaboração de vinhos finos, consumo corrente, suco e outros derivados.
A Europa é o maior continente produtor de uvas, onde a Itália, França e
Espanha são os maiores produtores mundiais. A África do Sul é o maior
produtor do continente africano. Na Ásia, a China é o maior produtor. Na
América do Norte, se destacam os Estados Unidos, enquanto, na América do
Sul, a Argentina e o Chile superam o Brasil, que produziu, em 2007, mais de
570 mil toneladas de uva (União Brasileira de Vitivinicultura - UVIBRA, 2008).
No Brasil, a videira é cultivada em quase todas as regiões, sendo 162
municípios produtores de uva e vinho distribuídos em nove regiões tradicionais,
diferenciadas pelo clima, viticultura temperada (Fronteira, Serra do Sudeste e
Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul; Vale do Rio do Peixe em Santa Catarina;
Sudeste de São Paulo e Sul de Minas Gerais), viticultura tropical (Noroeste de
São Paulo, Norte de Minas Gerais e Vale do Submédio São Francisco) e
viticultura sub-tropical (Norte do Paraná). Nos últimos nove anos (1998 – 2007)
houve um incremento de 81,9% na produção de uvas, passando de 42.363,55
toneladas em 2006 a 57.053,58 toneladas em 2007 (Instituto Brasileiro de Frutas
– IBRAF, 2008; UVIBRA, 2008).
Além destas regiões, a vitivinicultura brasileira está fortemente marcada
pelo surgimento de novos pólos produtores em regiões não tradicionais do país.
Na viticultura subtropical tem-se a região de Rolândia – PR, na produção de
2
suco de uva concentrado. Na viticultura tropical, a região de Santa Helena – GO
e Nova Mutum – MT, se destacam na produção de uvas para consumo in natura.
E a região de São Joaquim – SC e o estado de Minas Gerais, se destacam na
viticultura temperada para a produção de vinhos finos de qualidade (Protas et al.,
2006).
A viticultura do estado de Minas Gerais iniciou-se século XIX, com a
matriz das videiras americanas cultivadas nas regiões de altitude da região sul,
mais especificamente em Andradas, Caldas e Baependi (Sousa, 1996; Silva,
1998). Posteriormente, durante a década de 80, ela expandiu-se para regiões
mais quentes, em especial para o Vale do Rio São Francisco, onde, graças ao
manejo de poda, irrigação e quebra de dormência, permitiu a produção de uvas
de mesa com interesse comercial, principalmente por conseguir o escalonamento
da produção para períodos de escassez de oferta da fruta no mercado.
Atualmente esta viticultura ocupa uma área de 932 hectares em dois pólos
distintos, um ao sul e outro ao norte do estado (Anuário da Agricultura
Brasileira - AGRIANUAL, 2006; Fávero, 2007).
A partir do ano 2000, a EPAMIG através de projetos espalhados por
todo o estado iniciou a criação de novos pólos, com o objetivo da busca por
novas alternativas da exploração vitícola e enológica em várias regiões do estado
de Minas Gerais, notadamente com a introdução de cultivares viníferas para a
produção de vinhos finos (Regina et al, 2006). Atualmente são 5 projetos,
totalizando 26 hectares de videiras de várias cultivares de Vitis viníferas.
Amorim et. al. (2005), em Três Corações, citam que os resultados preliminares
de três colheitas permitiram comprovar que videiras da cultivar Syrah podadas
em janeiro manifestaram um novo ciclo de vegetação e produção normais, com
bons índices de brotação e fertilidade das gemas, que chegam à maturação
durante o mês de julho, com índices de maturação e sanidade nitidamente
superiores àqueles observados para esta mesma cultivar durante a safra de verão.
3
Nas condições das terras altas da Mantiqueira (altitudes superiores a
1000 m) a produção de uvas, para mesa, consumo in natura ou vinhos, só é
possível, até então, com a utilização das técnicas atuais, ou seja, a obtenção de
uma única safra por ano, na época tradicional (janeiro - fevereiro) (Tonietto et
al., 2006). Nestas condições, o projeto instalado na região de Caldas, que é
tradicional no cultivo de videira de origem americana (Vitis labrusca e V.
bourquina), busca a introdução de cultivares para a elaboração de vinhos finos,
objetivando-se criar através do regionalismo e também da tipicidade um vinho
com qualidade capaz de agradar o paladar dos consumidores.
Por outro lado, sabe-se também que a videira é uma planta perene,
propagada vegetativamente por meio de sarmentos lignificados de um ano e,
enxertada sobre porta-enxertos das espécies Vitis riparia, V. rupestris e V.
berlandieri, entre outras, na maioria das regiões vitícolas mundiais. Esta prática
é utilizada principalmente como meio de defesa contra a filoxera, praga limitante
ao desenvolvimento de cultivares de Vitis vinifera, e também como forma de se
buscar melhor adaptação ao tipo de solo, maior resistência a fungos e
nematóides e vigor mais adequado ao destino da produção pretendido (Camargo,
2006).
A escolha correta do porta-enxerto é extremamente importante na
viticultura, e dela dependem a produção, qualidade e longevidade do vinhedo.
Para isso é essencial que uma planta tenha uma boa arquitetura radicular, que
permita o melhor estabelecimento e exploração do solo e absorção de água e
nutrientes, resistindo a possíveis deficiências hídricas (Reis et al., 1996). Neste
sentido, este trabalho buscou estudar a influência de diferentes porta-enxertos no
desenvolvimento inicial de plantas da cultivar Cabernet sauvignon na região de
Caldas, Sul de Minas Gerais.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Histórico e importância da videira
Originária do árido Cáucaso, na Ásia, a uva é uma das frutas mais
antigas utilizadas na alimentação humana e a sua produção se espalha por todo o
mundo. O cultivo da videira européia (Vitis vinifera L.) teve início há
aproximadamente 6000 A.C., na Ásia Menor, região considerada de origem da
espécie. Posteriormente, foi extensivamente difundida na Europa e nas Américas
(Weaver, 1976).
Do volume total de uva produzida no mundo no ano de 2007, 38,32%
foram destinados à elaboração de vinhos, sucos, destilados e outros derivados, o
que representa redução de 14,52% em comparação com o ano de 2006. Somente
a produção de vinhos no mercado mundial, em 2007, movimentou o equivalente
a US$ 180 bilhões de dólares. Dentre os principais produtores, destacam-se os
países tradicionais do chamado Velho Mundo, como França, Itália, Espanha,
Portugal e Alemanha e, mais recentemente, os países do Novo Mundo, como
EUA, Chile, Austrália, Nova Zelândia, Argentina, África do Sul, Brasil, entre
outros. A partir da década de 1970 os vinhos do Novo Mundo, que
representavam apenas 5% do mercado internacional, ganharam qualidade e
passaram a competir com os europeus no mercado internacional e, em 2003, as
exportações aumentaram 49% referentes ao ano anterior (Organisation
International de la Vigne et du Vin - OIV, 2003).
O Brasil detém aproximadamente 1,8
% da produção mundial de uvas,
com diferentes variedades, adaptadas a vários tipos de clima e solo. Em média,
45% do volume de uva produzida no país
são destinados ao processamento na
elaboração de vinhos, sucos e outros derivados e 55% comercializados in
5
natura. Do total de produtos industrializados, 60% são de vinho de mesa e 21%
sucos de uvas, ambos elaborados a partir de uvas de origem americana,
especialmente cultivares Vitis labrusca, Vitis bourquina e híbridos
interespecíficos diversos. Apenas 10% são de vinhos finos, elaborados com
castas de Vitis vinifera (Protas et al., 2006).
No ano de 2007, o país produziu cerca de 389.355.316 litros de vinho e
derivados, superando a produção do ano anterior em 40,67% (UVIBRA, 2008).
A produção de vinhos viníferas cresceu 34,11% de 2006 para 2007 (UVIBRA,
2008). No entanto, o Brasil no cenário internacional é o 21º país em área
cultivada, 14º em produção de uvas, 24º em exportação de uva, 10º em
exportação de suco de uva e o 53º no consumo de vinho, com 1,8
litro/habitante/ano. Os importados ainda representam a maior fatia do mercado
nacional de vinhos finos, com participação de 64,89% (este percentual já
ultrapassou os 80 % em 2008), sendo os principais exportadores, o Chile e a
Argentina. Em 2006, o país apresentou um déficit de 47,87 milhões de dólares
na balança comercial deste setor (Mello, 2007).
A vitivinicultura brasileira surgiu com a chegada dos colonizadores
portugueses no século XVI. Permaneceu como cultura doméstica até o final do
século XIX, tornando-se uma atividade comercial a partir do século XX, por
iniciativa dos imigrantes italianos estabelecidos no Sul do País. (Mello, 2001).
Desde seu início até a década de 60, o plantio das uvas para a produção de
vinhos ficou restrito às regiões Sul e Sudeste, mantendo as características de
cultura de clima temperado, com ciclo vegetativo anual e período de repouso
definido pela ocorrência das baixas temperaturas dos meses de inverno. A partir
de então, o cultivo da uva ‘Itália’ foi levado, com sucesso para a região Semi-
Árida do Vale do Submédio São Francisco, marcando o início da viticultura
tropical no Brasil. Sempre com base na uva ‘Itália’, a viticultura tropical
expandiu-se rapidamente, com a consolidação do pólo do Norte do Paraná, na
6
década de 70, e dos pólos do Noroeste de São Paulo e do Norte de Minas Gerais
na década de 80. A partir de 1990, surgiram diversos pólos vitícolas, alguns
voltados à produção de uvas para consumo in natura, outros direcionados à
elaboração de vinho e suco (Mello, 2003).
A viticultura é uma atividade de importância sócio-econômica em nove
regiões brasileiras. Como zonas de viticultura temperada e subtropical destacam-
se as regiões da fronteira, Serra do Sudeste e Serra Gaúcha, no estado do Rio
Grande do Sul; a região do Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina; a região
Sudeste de São Paulo e a Região Sul de Minas Gerais. A região Norte do Paraná
é tipicamente subtropical. As regiões Noroeste de São Paulo, Norte de Minas
Gerais e Vale do Submédio São Francisco caracterizam-se como zonas tropicais,
com sistemas de manejo adaptado às suas condições ambientais específicas.
Além, desses, novos pólos produtores estão surgindo em diferentes regiões do
país, seja sob condições temperadas, tropicais ou subtropicais (Protas et al.,
2006).
As videiras de origem americana, principalmente cultivares de Vitis
labrusca, foram à base para o desenvolvimento da viticultura brasileira.
Destacaram-se as cultivares ‘Isabel’, como uva para a elaboração de vinho,
‘Niágara branca’ e ‘Niágara rosada’, como uvas para consumo in natura. Outras
uvas importantes da vitivinicultura da época foram ‘Jácquez’ e ‘Herbemont’,
ambas cultivares de Vitis bourquina, e a híbrida interespecífica ‘Seibel 2’, entre
outras de menor importância. As castas européias (Vitis vinifera), apesar dos
esforços enviados para seu cultivo, não tiveram expressão nos primórdios da
vitivinicultura comercial brasileira, devido às perdas causadas pela incidência de
doenças fúngicas, especialmente o míldio (Plasmopara vitícola) e a antracnose
(Elsinoe ampelina) (Camargo & Mello, 2002). Com o advento dos fungicidas
sintéticos, efetivos no controle destas doenças, a partir de meados do século XX,
as videiras européias ganharam expressão com o cultivo de uvas para vinho no
7
estado do Rio Grande do Sul e com a difusão da uva ‘Itália’, especialmente no
estado de São Paulo.
Segundo Protas (2003), a viticultura de clima temperado é tradicional
nos estados do Sul e Sudeste do Brasil, representando aproximadamente 88% da
área de vinhedos do país e mais de 98% da uva utilizada para processamento de
vinhos, sucos e outros derivados. Vários são os sistemas de manejo utilizados,
dependendo da região e do tipo de produto-objeto da produção. Em sua maioria
são usadas cultivares e porta-enxertos convencionais, oriundos de outros países.
Entretanto, algumas novas cultivares, obtidas no Brasil, estão em fase de
expansão.
Dentre as castas européias produzidas no Brasil, tem-se a Cabernet
Sauvignon. Esta cultivar foi introduzida no país no início do século XX, mas só
a partir de 1982 que se iniciou, na viticultura gaúcha, o seu plantio em escala
comercial, sendo que a produção tem sido usada na elaboração de vinho varietal
tinto (Sousa & Martins, 2002). Atualmente, é uma das cultivares com maior
demanda para a implantação de novos vinhedos. Segundo o Cadastro Vitícola do
Rio Grande do Sul 2001-2004 (Mello et al., 2005), o Rio Grande do Sul possui
35.263,07 ha que pertencem a produtores que vendem uvas para processamento.
Deste, 6.955,11 ha são cultivados com variedades viníferas (19,72%). No
período de 2000 – 2004 verificaram-se um incremento de 3,97% ao ano na área
total de videiras no estado. A Cabernet Sauvignon destaca-se como a videira
mais cultivada com uma área de 1.644, 12 hectares (Tabela 1).
8
TABELA 1: Área cultivada, em hectares, com as principais cultivares viníferas,
no Rio Grande do Sul, em 2000-2004.
Cultivar Área Total - 2000 Área Total - 2004
Cabernet Franc 309,55 413,87
Cabernet Sauvignon 532,20 1644,12
Merlot 447,20 968,13
Pinot Noir 70,25 160,30
Tannat 190,47 358,92
Chardonnay 276,31 459,60
Moscato Branco 718,65 766,70
Fonte: Mello et al. (2005).
Esta cultivar é encontrada nas mais diversas regiões produtoras do
mundo graças à sua adaptabilidade e nível de qualidade, tanto em vinhos com
100% dessa cepa, quanto em vinhos com cortes mais variados. Assim, na
Austrália e em Provence, ela mescla-se com ‘Syrah’, na Toscana com a
‘Sangiovese’ e na África do Sul com a ‘Merlot’, ‘Cabernet Franc’ e ‘Pinotage’.
Na Califórnia os melhores vinhos são produzidos com 100% da cepa ou quase
isso. A partir de 1970 os californianos começaram a utilizar o corte bordalês,
com pequenas porções de ‘Merlot’, ‘Cabernet Franc’, ‘Malbec’ e ‘Petit Verdot’.
Entretanto, muitos produtores estão voltando à composição com maiores
quantidades de ‘Cabernet Sauvignon’ por acharem que o corte não chegou a
melhorar a qualidade do vinho (MacNeil, 2003).
A ‘Cabernet Sauvignon’ destina-se à elaboração de vinhos intensos e
ricos em aromas e sabores, lembrando groselha, ameixa preta, cereja e
especiarias. Podendo ser marcados por aromas vegetais, de oliva, menta, tabaco,
cedro e anis. Também são freqüentes os aromas de geléia madura. Os melhores
possuem a coloração púrpura escura quando jovens com acidez firme,
encorpados, com grande intensidade de aromas, sabores concentrados e taninos
bastantes presentes, o qual requer amadurecimento e envelhecimento, ou para
ser consumido jovem. Possui grande afinidade com a madeira e normalmente
9
passa de 15 a 30 meses em barricas novas ou usadas de carvalho francês ou
americano, o que lhe empresta aromas de madeira, cedro tostado e baunilha,
enquanto a oxida levemente, atenuando os seus taninos (Rizzon & Miele,
2002b).
Esta cultivar se caracteriza por apresentar cacho de formato cônico, com
pedúnculo comprido, geralmente alado, solto, de tamanho médio (Galet, 1976).
A baga tem formato esférico e sua película é espessa, de coloração azul escura
acentuada e com pruína abundante. Ela não se desprende facilmente da ráquis e
apresenta gosto vegetal ou herbáceo característico, possuindo, geralmente, duas
sementes, com peso médio de 37,52 mg cada semente; isso representa 3,77% de
seu peso, o que é considerado elevado em relação a outras cultivares (Rizzon &
Miele, 2002a).
2.2 Vinhos finos de novas regiões brasileiras
A constante evolução do hábito do consumo do vinho fino no Brasil,
aliada a melhoria do vinho nacional, tem levado a uma forte demanda de
informações sobre as possibilidades de se produzir vinhos finos nas diferentes
macro-regiões geográficas de cada Estado. A necessidade de cada região está
configurada no aprimoramento qualitativo da produção existente, bem como a
diversificação, com a geração de novos produtos, com características típicas
regionais e padrão de qualidade.
Em Santa Catarina, o desenvolvimento de novos vinhedos nas
localidades de Água Doce, Bom Retiro, Campos Novos, Iomerê, São Joaquim e
Tangará, vêm sendo acompanhados desde 1991 pelas equipes de pesquisa da
EPAGRI das Estações Experimentais de Videira e de São Joaquim. As
variedades que se encontram em maior quantidade são o ‘Cabernet Sauvignon’,
‘Merlot’ e ‘Chardonnay’, cultivados sobre os porta-enxertos ‘Paulsen 1103’ e
10
‘SO4’, correspondendo atualmente a aproximadamente 150 hectares de
vinhedos, conduzidos em espaldeiras e manjedouras, mas com perspectivas de
dobrar está área em um futuro próximo (Rosier, 2005).
Na região semi-árida do Nordeste, em particular a região do Vale do São
Francisco a produção de vinhos de alta qualidade, com a elaboração de vinhos
varietais tintos Syrah e Cabernet Sauvignon, os brancos secos Sauvignon Blanc
e Chenin Blanc, o branco suave Moscato Canelli e o Moscatel Espumante
Moscato Itália. É uma atividade recente, mas em plena expansão, devido ao
panorama atual da vitivinicultura brasileira e às potencialidades naturais
existentes na região, haja vista a intensificação das pesquisas para
desenvolvimento de vinhos tropicais realizadas pela Embrapa. O município de
Casa Nova – BA se destaca nessa produção.
No Estado de Minas Gerais, existem diversas ações de pesquisa e
desenvolvimento lideradas pela EPAMIG em seu Núcleo Tecnológico EPAMIG
Uva e Vinho, em Caldas, MG, com objetivos de identificar qual a variedade e o
melhor manejo no vinhedo, para a produção de matéria-prima capaz de elaborar
vinhos finos com tipicidade regional em diferentes regiões mineiras (Regina, et
al., 2006). Dentre estas regiões, têm-se a cidade de Três Corações – região
Cafeeira do Sul de Minas Gerais – na elaboração de vinho tinto encorpado que
tenha aptidão para passagem em barricas de carvalho e envelhecimento.
A cidade de Caldas, localizada no Sul do estado, a 21ºS e 46ºW e
altitude de 1.150 metros. Apresenta clima caracterizado por precipitação média
de 1.500 mm, temperatura média anual de 19ºC e umidade relativa do ar de
76,8%. É tradicional no cultivo de uvas de origem americana (Vitis labrusca e
Vitis bourquina), com área de produção estabilizada em torno de 350 ha. As
principais cultivares utilizadas são ‘Bordô’ (localmente conhecida por ‘Folha de
Figo’), ‘Jacquez’, ‘Niágara rosada’ e ‘Niágara branca’(Orlando, 2002). A
latitude é compensada pela altitude, onde se pratica uma viticultura de clima
11
temperado, com poda em julho e agosto e colheita em dezembro e janeiro
(Orlando et al., 2003).
2.3 Importância do uso de porta-enxertos
As espécies americanas constituem a base para a obtenção dos porta-
enxertos utilizados na viticultura. Em virtude da invasão do inseto filoxera
(Daktulosphaira vitifoliae), introduzido na França em 1863, deu-se atenção
especial a estas espécies, uma vez que todas elas apresentavam menor ou maior
grau de resistência a essa praga. Quando se fala de resistência à filoxera, é
freqüente utilizar a escala de Ravaz que vai desde 0/20 a 20/20. Nela 0/20
representa sensibilidade total e corresponde à espécie Vitis vinífera, enquanto
20/20 representa a imunidade total e corresponde à espécie V. rotundifolia. Entre
esse dois casos extremos, situam-se todas as demais espécies (Toda, 1991).
O porta-enxerto influencia o crescimento vegetativo, a produção e a
qualidade do cacho da videira, sofre grande interferência edafoclimática, e
responde diferentemente de acordo com a copa sobre ele enxertada (Hartmann &
Kester, 1990). Atualmente, um número extenso de porta-enxertos encontra-se
disponível aos produtores; porém, cada um deles apresenta suas vantagens e
deficiências. Apenas com a experimentação agrícola pode-se determinar com
regular precisão qual o mais adequado para uma determinada cultivar e região
(Pommer et al., 1997).
Avaliando as cultivares de uva branca para vinho ‘IAC 116-31’ e ‘IAC
960-12’ enxertadas sobre cinco porta-enxertos, Pires et al. (1989)
acompanharam a produção de três anos sucessivos na região de Jundiaí e
constataram que os porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘Traviú’ apresentaram melhor
desempenho que o ‘IAC 313’, ‘RR 101-14’ e o ‘Kober 5BB’. Terra et al. (1989),
também em Jundiaí, estudaram o comportamento de duas cultivares de uva tipo
12
moscatel para vinho (‘IAC 21-14’ e ‘IAC 931-13’) em diferentes porta-enxertos
(’RR 101-14’, ‘Kober 5BB’, ‘Traviú’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’). Os autores
averiguaram que as maiores médias de produção para a cultivar ‘IAC 21-14’
foram obtidas sobre os porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘Traviú’, seguidos do ‘RR
101-14’ e ‘IAC 313’. Quanto ao teor de sólidos solúveis totais, ambos os
pesquisadores não encontraram diferenças em função do porta-enxerto.
A cultivar Máximo (IAC 138-22), indicada para a produção de vinhos,
foi testada sobre os porta-enxertos ‘RR 101-14’, ‘Golia’, ‘Traviú’, ‘IAC 572’ e
‘IAC 313’ por Terra et al. (1990a) durante o período de 1974 a 1981, na região
de Monte Alegre do Sul (SP). Durante o período avaliado, observaram-se as
maiores produções sobre o porta-enxerto ‘IAC 572’.
Nogueira et al. (1991), testaram a produção dos híbridos franceses de
videira na região de Caldas – MG, ‘Seyve Villard 12375’, ‘Seyve Villard
18402’, ‘Seyve Villard 18315’ e ‘Couderc 13’, sobre as cultivares porta-enxerto
‘IAC 313’, ‘RR 101-14’, ‘Kober 5BB’, ‘Schwarzmann’, ‘Golia’ e pé-franco.
Para ‘Seyve Villard 12375’ e ‘Couderc 13’, destacaram-se como melhores porta-
enxertos o ‘IAC 313’ e ‘RR 101-14’; para a cultivar ‘Seyve Villard 18402’,
sobressaíram-se o ‘RR 101-14’ e ‘Schwarzmann’ e para a ‘Seyve Villard 18315’
o melhor foi o ‘Kober 5BB’.
Em um experimento feito na região de Taubaté – SP, Pauletto et al.
(2001), constataram que os porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 313’ e ‘Traviú’
proporcionaram melhor desempenho referente ao tamanho e massa do cacho e
número de bagas por cacho, indicando, assim, que para estes três porta-enxertos
houve grande combinação com a copa. Verificou-se ainda que a maior produção
por planta da videira ‘Niágara Rosada’ ocorreu sobre os porta enxertos ‘IAC
766’ e ‘IAC 313’, em relação aos porta-enxertos ‘Kober 5BB’ e o
‘Schwarzmann’, sendo que o porta-enxerto ‘Traviú’ apresentou comportamento
intermediário. Os mesmos autores, em outro trabalho, verificaram que, a massa
13
dos cachos de ‘Niágara Rosada’ enxertada em cinco porta-enxertos, foi superior
para o ‘IAC 766’ e ‘Ripária do Traviú’, respectivamente, com valores médios de
195 e 168g.
No sul de Minas Gerais, Alvarenga et al. (2002), avaliando a produção
da ‘Niágara Rosada’ sobre diferentes porta-enxertos, verificaram para o ‘IAC
766’ e ‘IAC 572’ as maiores produções, cerca de 2,61 kg/planta, enquanto a
‘Ripária do Traviú’ foi de 1,87 kg/planta. Esses autores verificaram ainda que, a
‘Niágara Rosada’ enxertada em ‘IAC 572’ proporcionou maiores cachos (193g)
em comparação à ‘IAC 766’ com 142g e ‘Ripária do Traviú’ com 122g.
Pedro Júnior et al. (2006), em experimento realizado em Jundiaí, SP,
estudaram as combinações da cultivar-copa ‘Niabell’ sobre três porta-enxertos:
‘IAC 572’ (‘Jales’), ‘IAC 766’ (‘Campinas’) e ‘Ripária do Traviú’ e concluíram
que o porta-enxerto não influenciou a produção, porém sobre ‘IAC 766’ foram
produzidos cachos de massa maior do que sobre ‘Ripária do Traviú’ e ‘IAC
572’.
2.4 Porta-enxerto, vigor e qualidade dos frutos
Na videira como em qualquer planta enxertada, as funções metabólicas
estão repartidas entre dois genótipos diferentes. Assim, enquanto o sistema foliar
do enxerto assegura a produção de fotoassimilados, o sistema radicular do porta-
enxerto fornece a nutrição hídrica e mineral. Deste modo nos estudos relativos
às relações entre as castas, os porta-enxertos e as situações ambientais assumem
uma particular relevância, devido à influência que exercem sobre a quantidade e
a qualidade da produção (Clímaco et al., 2003).
Tem sido relatado, que para cada combinação copa/porta-enxerto, existe
um equilíbrio fisiológico ou grau de afinidade que influencia o crescimento e a
produção (Zuluaga, 1943; Gonçalves, 1996). Esse equilíbrio, segundo Hartmann
14
& Kester (1990), é resultante de mecanismos de reciprocidade entre o porta-
enxerto e a copa, envolvendo a absorção e translocação de água e nutrientes e
fatores endógenos de crescimento. Normalmente, os porta-enxertos mais
vigorosos apresenta uma maior capacidade de absorção e translocação de água e
nutrientes, e maior produção de substâncias estimuladoras de crescimento, o que
favorece o desempenho da copa.
O maior crescimento da copa não implica, entretanto, em maior
produção. Hartmann & Kester (1990) comentaram que o uso de porta-enxertos
vigorosos na videira geralmente aumenta a produtividade, mas em alguns casos,
os porta-enxertos vigorosos pode reduzir drasticamente a produção, quando
utilizados em condições ótimas de clima e solo, conforme os autores verificaram
no porta-enxerto ‘Dog Ridge’ (V. champinni), considerado muito vigoroso. Por
outro lado, o crescimento limitado da copa não conduz obrigatoriamente a uma
baixa produção. Southey & Fouché (1990), utilizando o porta-enxerto ‘RR 101-
14’ em videira ‘Chenin Blanc’, obtiveram pouco crescimento da planta,
conseguindo, ainda assim, uma alta produção.
Para uvas sem sementes no Norte de Minas Gerais, Feldberg et al (2007)
verificaram que a redução do vigor do porta-enxerto ocasionou um expressivo
ganho de produtividade, provavelmente em razão da maior indução floral,
controlada pela melhor relação citocinina e giberelina.
Mijovic (1987), avaliando o efeito de porta-enxertos indicados para
variedades produtoras de uva para vinho sobre as variedades ‘Vranac’ e
‘Cardinal’, constatou que a mais alta produção ocorreu com o ‘Vranac’ sobre o
porta-enxerto ‘99 Richter’, enquanto o porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’
apresentou a menor. Na variedade ‘Cardinal’ ocorreu maiores produções quando
enxertada sobre o porta-enxerto ‘Kober 5BB’ do que para o ‘Rupestris du Lot’.
Ele observou diferenças significativas na influência dos porta-enxertos para o
material de poda em ambas as variedades copa, sendo que o ‘Kober 5BB’ sob a
15
‘Cardinal’ induziu a uma menor massa de sarmentos. Em ambas as copas o
porta-enxerto ‘99 Richter’ induziu a um maior teor de açúcar, e para a copa de
‘Vranac’ a um maior teor de acidez no mosto.
Corino & Castino (1990), estudaram a cultivar de videira ‘Moscatel
Branco’, enxertada sobre ‘Golia’, ‘420A Millardet’, ‘Kober 5BB’, ‘1103
Paulsen’, ‘41-B Millardet’, ‘157/11 Courdec’ e ‘Rupestris du Lot’, em solos de
textura média e baixo teor de matéria orgânica e concluíram que, a copa sobre o
porta-enxerto Kober 5BB foi responsável por uma alta produtividade.
Southey & Toste (1990), avaliando o desempenho de 25 porta-enxertos
para a cultivar Colombard em solos salinos, observaram que os híbridos
americanos, particularmente aqueles que tiveram a utilização da ‘Jaquez’ em
seus cruzamentos, apresentaram uma péssima performance. Na primeira etapa
do experimento, observou-se uma correlação positiva entre a produção e o peso
dos sarmentos podados.
Clímaco et al. (2003), em estudo sobre o vigor e produtividade da
videira, concluíram que a casta mais vigorosa (Trincadeira), quando enxertada
no porta-enxerto que imprime ao garfo maior expressão vegetativa (‘1103 P’)
induz a menor produção de uvas, sendo contrastante com o excelente
comportamento da ‘1103 P’ quando enxertada com a casta Castelão, a cultivar
menos vigorosa. No que se refere ao teor de acidez total dos mostos, verifica-se
que para a casta Camarate, o porta-enxerto ‘1103 P’ induz a produção de mostos
significativamente mais ácidos do que o ‘110 R’. Dentro deste estudo, pode-se
analisar que o fator casta sofre uma influência relativa ao efeito do porta-
enxerto.
Pauletto et al. (2001) salientam que, para a produção e vigor da videira
Niágara Rosada os porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’ ocasionaram maior
vigor à copa do que o ‘Kober 5BB’ e ‘Schwarzmann’, e este maior vigor induziu
maior produção de cachos. No caso do efeito do porta-enxerto na qualidade do
16
cacho, os porta-enxertos ‘IAC 313’, ‘IAC 766’ e ‘Traviú’ proporcionam cachos
com maior tamanho e massa, do que os porta-enxertos ‘Kober 5BB’ e
‘Schwarzmann’.
2.5 Diferentes porta-enxertos utilizados na viticultura
2.5.1 Cultivar IAC 313 (Tropical)
O porta-enxerto ‘IAC 313’ é um híbrido proveniente do cruzamento de
‘Golia’ x Vitis cinerea, obtido por Santos Neto, em 1950, no Instituto
Agronômico de Campinas. Foi denominado ‘Tropical’ por ser recomendado para
regiões com temperaturas médias anuais elevadas. Além de vigor e adaptação às
terras ácidas, apresenta boa resistência às doenças fúngicas. É de lignificação
tardia e seu pegamento na enxertia é bom, devendo, no entanto, serem evitadas
estacas com diâmetro superior a 1 cm (Sousa, 1996). Scaranari et al. (1979),
Martins et al. (1981) e Terra et al. (1990b) obtiveram as maiores produções das
copas quando utilizaram a cultivar Niágara Rosada sobre este porta-enxerto.
2.5.2 Cultivar IAC 572 (Jales)
Cultivar oriunda do cruzamento V. tiliaefolia x V. riparia x V. rupestris
(‘101-14 Mgt’), realizado em 1954, por Santos Neto (IAC). Foi muito difundida
no início da década de 90 sob a denominação de ‘Tropical sem vírus’, gerando
ainda hoje certa confusão com a verdadeira Tropical (‘IAC 313’). Atualmente, é
o porta-enxerto mais plantado na viticultura tropical em substituição à ‘IAC
313’, apresentando boa afinidade com as cultivares Itália, Benitaka, Brasil,
Redglobe, Perlette, Centennial Seedless e outras (Camargo, 1998).
17
2.5.3 Cultivar IAC 766 (Campinas)
Porta-enxerto produzido a partir do cruzamento ‘Riparia do traviu’(V.
Riparia x V. Cordifolia 106-8) x V. caribaea. É a menos vigorosa das três
cultivares do IAC, tendendo a entrar em dormência nos meses de abril a julho,
nas condições brasileiras de outono/inverno mais ameno. Por isso, é utilizada
como porta-enxerto para a cultivar Itália somente nas regiões Sul e Sudeste, não
sendo indicada para as regiões tropicais (Noroeste Paulista, Norte de Minas,
Pernambuco e Bahia) (Camargo, 1998).
2.5.4 Cultivar SO4
O SO4 é um porta-enxerto selecionado na Alemanha, sendo do grupo V.
berlandieri x V. riparia e introduzido no Brasil na década de 1970, muito
difundido no Rio Grande do Sul nos anos subseqüentes. Confere ao enxerto um
desenvolvimento muito rápido e um grande vigor, dessa forma, favorece a
frutificação do seu enxerto e acelera a maturidade das uvas. Atualmente é pouco
propagado, devido aos problemas que transfere a cultivar copa: alta
sensibilidade à fusariose e a problemas de dessecamento do engaço (uma
anomalia causada pelo desequilíbrio nutricional entre potássio, cálcio e
magnésio). A sua utilização na reprodução por estaca e na enxertia de campo é
boa; apenas satisfatório à enxertia sobre mesa, e recomendado para muitos
enxertos híbridos. Em videiras adultas, o SO4 é grande produtor de estacas para
multiplicação (Riaz et al., 2007).
2.5.5 Cultivar 110 Richter
18
Porta-enxerto similar ao ’99 Richter’, porém com menor tolerância à
fusariose e maior resistência à seca. Resistente à carência de potássio (K) e tem
média sensibilidade à carência de Magnésio (Mg). É usado em solos de média
fertilidade para cultivares destinadas à produção de vinhos comuns. É um porta-
enxerto potente, que induz maior frutificação à copa. Tem, contudo tendência a
atrasar a maturidade das uvas nas terras férteis. Não se adapta a solos úmidos. A
sua utilização na reprodução por estaca não é muito utilizada, porque as estacas,
em geral, produzidas em viveiros têm dificuldade em lignificar; por esta razão,
os viveiristas ainda, hesitam em multiplicá-lo. A sua utilização na enxertia de
campo é boa, ao contrário da enxertia de mesa. Em videiras adultas, o ‘110R’ é
um bom produtor de estacas para multiplicação. Muito utilizado na Argélia –
Norte da África, para a enxertia das uvas de mesa tardias. (Riaz et al., 2007).
2.5.6 Cultivar 1103 Paulsen
Este porta-enxerto pertence ao grupo V. berlandieri x V. rupestris. Teve
grande difusão no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nos últimos anos
porque apresenta tolerância à fusariose, doença comum nas zonas vinícolas da
Serra Gaúcha e do Vale do Rio do Peixe. É vigoroso, enraíza com facilidade e
apresenta bom pegamento de enxertia. Tem demonstrado, em geral, boa
afinidade com as diversas cultivares. É o porta-enxerto mais propagado
atualmente na região sul do Brasil. Entre os viticultores também é conhecido
como “Piopeta” ou “Piopa”. Na sua região de origem, adapta-se aos terrenos
argilosos compactos, que se racham sob o efeito do calor estival, mas
particularmente é recomendado para os solos de densidade média. É
desaconselhado o uso em regiões depressivas e/ou pouco ventiladas, onde as
geadas primaveris são freqüentes. A sua utilização na reprodução por estaca e a
19
enxertia no campo é superior à do ‘110 Richer’ e ‘140 Ruggeri’ (Riaz et al.,
2007).
2.5.7 Cultivar Kober 5BB
Híbrido resultante do cruzamento Vitis berlandieri x Vitis riparia e
selecionada na Áustria no início do século, por Kober. Este porta-enxerto tem
sido indicado para solos calcários, apresentando vigor médio e mediana
resistência à seca. Suas folhas apresentam boa resistência às doenças fúngicas
(Biasi, 1996; Sousa, 1996). Embora recomendado como porta-enxerto para as
cultivares Itália e Rubi, quase sempre as plantas exibem um engrossamento do
tronco acima do ponto de enxertia, indicando falta de vigor do ‘Kober 5BB’ em
relação às cultivares copa (Souza, 1999).
2.5.8 Cultivar 1045 P
Juntamente com ‘1103 P’, ’99 R’, ‘110 R’ e ‘140 Ru’, também é um
híbrido do cruzamento V. berlandieri x V. rupestris, pouco usado no Brasil. São
porta-enxertos indicados para solos secos e calcários, apresentando bom vigor
(Fregoni, 1980; Nogueira, 1984).
2.5.9 Cultivar RR 101-14 Millardet de Grasset
Híbrido de V. riparia x V. rupestris, bastante difundido no Brasil.
Apresenta boa adaptação aos terrenos pobres, conferindo vigor mediano à
variedade copa, sendo indicado para a grande maioria das variedades cultivadas
no Brasil (Sousa, 1996; Abrahão et al., 1996). Apresenta grande fertilidade e
precocidade à copa porque tem um ciclo vegetativo rápido. A sua resistência ao
20
sal é nula. É bem utilizado na reprodução por estaca e na enxertia de campo, mas
apresenta melhores resultados quando utilizado na enxertia de mesa. Em videiras
adultas é um médio produtor de estacas para multiplicação (Riaz et al., 2007).
2.5.10 Cultivar Rupestris du Lot
Trata-se de uma variedade de V. rupestris, característica pelo hábito de
crescimento ereto e com grande emissão de netos, sendo, por isso, conhecido,
pelos agricultores da Serra Gaúcha, pelos nomes "Vassourinha", "Pinheirinho"
ou "Arboreto". É um porta-enxerto vigoroso, com sistema radicular pivotante,
adaptado a solos profundos. Apresenta fácil enraizamento, boa pega de enxertia
e transfere grande vigor ao seu enxerto, sendo utilizado, particularmente, para as
regiões que produzem elevados rendimentos de vinhos de consumo corrente.
Provoca freqüentemente, desavinho (as flores não se transformam em frutos) das
videiras de qualidade, principalmente quando a vinha é jovem ou quando a carga
deixada é insuficiente. Este defeito atenua-se progressivamente com a idade da
vinha. Este excesso de vigor permite-lhe estender a sua área de utilização,
dando-lhe a possibilidade de valorizar as características dos solos fracos. A sua
particularidade de ter um ciclo vegetativo longo podendo ser igualmente
empregado para a produção de uvas de mesa tardias. Sensível aos terrenos
úmidos, onde são atingidas pelo avermelhamento das folhas e onde as suas
raízes apodrecem. A sua reprodução por estaca e a enxertia sobre mesa ou sobre
o campo é boa. Em videiras adultas é um bom produtor de estacas para
multiplicação (Riaz et al., 2007).
2.6 Importância dos nutrientes para a videira
21
O sucesso do cultivo da videira requer a adoção de tecnologias, não só
nas diversas etapas da implantação da cultura (qualidade do material genético
implantado, estrutura de implantação, sanidade das mudas), como também no
manejo durante os ciclos produtivos, que incluem adubação, irrigação, controle
de pragas e doenças, entre outras práticas culturais. Para o desenvolvimento de
tecnologias adequadas ao manejo da adubação das videiras é de suma
importância o conhecimento da fisiologia da cultura, assim como, da nutrição
mineral, uma vez que, o fornecimento dos nutrientes minerais em quantidades e
épocas adequadas, influencia de forma substancial a produção, tanto na
quantidade como na qualidade dos cachos.
A nutrição das plantas tem marcada influência na produção, bem como
na maturação, formato, firmeza da polpa, cor, tamanho e uniformidade das
bagas. Evidente, também, é sua ação sobre a concentração de açúcares e acidez
das bagas (Fregoni, 1980).
Como o equilíbrio nutricional envolve diretamente os nutrientes, é
necessário identificar suas principais funções fisiológicas e as perturbações
ocasionadas por deficiências ou excessos. São dezesseis os nutrientes
considerados essenciais para o normal desenvolvimento e produção das videiras:
carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio,
enxofre, ferro, boro, cobre, manganês, zinco, molibdênio e cloro (Fráguas &
Silva, 1998).
2.6.1 Macronutrientes
O Nitrogênio (N) é o elemento crítico mais necessário para a videira
durante o período de rápido crescimento dos brotos da primavera até o
florescimento e no início do desenvolvimento das bagas (Peacock et al., 1991).
Lohnertz (1991), alerta que as adubações nitrogenadas devem ser realizadas de
22
acordo com as necessidades das videiras. O nitrogênio é absorvido
principalmente na forma de nitrato (NO
3
-
). Após ser translocado para as folhas, é
submetido a uma série de reações de redução, e por último, é transformado em
aminoácidos e proteínas, sendo o íon amônia (NH
4
+
) somente uma forma
intermediária neste processo (Perez & Kliewer, 1982). A absorção de nitrogênio
inicia-se logo após a brotação das gemas (Lohnertz, 1991). A deficiência de
nitrogênio pode resultar em redução do crescimento vegetativo, folhas com
tamanhos reduzidos e tonalidade verde-pálida até chegar ao amarelecimento,
essa cloração, segundo Malavolta et al. (1997), está associada com a menor
produção de clorofila e com modificações na forma dos cloroplastos; redução no
tamanho dos internódios; cachos e frutos com tamanhos reduzidos; menor
vingamento de frutos; redução no teor de açúcar e na acidez total (Fráguas et al.,
2002). Em virtude disso, verifica-se queda na produção e baixa sanidade na
planta (Gallotti et al., 2002). Durante o processo de vinificação, baixos níveis de
nitrogênio podem provocar paradas de fermentação ou fermentações
prolongadas devido ao inadequado suprimento de nitrogênio para as leveduras
(Dukes et al., 1991 ; Daudt et al., 1975). O excesso de nitrogênio torna as
videiras muito vigorosas, prolongando o período de crescimento vegetativo e
retardando o amadurecimento do fruto (Hilbert et al., 2003). Em adição aos
possíveis efeitos do nitrogênio sobre a área foliar e o sombreamento, o
metabolismo deste mineral é regulado em parte pelo nível de luz, o que por sua
vez depende do microclima do dossel vegetativo (Smart, 1991). O
sombreamento causa mudanças drásticas na composição dos frutos para a
vinificação (Dukes et al., 1991); trabalhos realizados por Smart et al. (1985)
mostraram que o sombreamento causa um aumento nos teores de potássio nos
brotos, folhas e pedúnculos, e está associado ao aumento dos valores de pH
encontrados nas uvas. Adubações de nitrogênio em excesso podem resultar em
23
um aumento significativo do pH de mostos, devido ao aumento nas quantidades
de potássio (Capps & Wolf, 2000).
O Fósforo (P) é um dos elementos minerais mais móveis em plantas,
movendo-se das folhas velhas para as novas e para os pontos de crescimento
(Cook et al., 1984). É um nutriente imprescindível para formação de estruturas
energéticas (ADP e ATP), porém possui uma demanda muito reduzida em
videiras, cerca de quatro vezes menos que o nitrogênio (Dalbo, 1993). Seus
efeitos são difíceis de serem observados. Sua demanda reduzida provavelmente
está relacionada com a presença de micorrizas nas raízes das videiras e à
presença de matéria orgânica no solo (Mullis et al., 1992). Devido a pouca
exigência e à alta eficiência em sua utilização, os sintomas de deficiência são
raros de serem observados. Quando ocorrem, iniciam-se nas folhas mais velhas,
apresentando coloração verde-azulada e pouco brilho; pontuações amarelas nas
margens das folhas, que se tornam marrons e podem necrosar; pecíolos e
nervuras podem apresentar a cor vermelho-violácea; diminuição do crescimento
da parte aérea e raízes; retardamento na maturação dos frutos e ramos; redução
no teor de açúcar e na produção (Dalbo, 1993; Fráguas et al., 2002). A necrose
no ápice caracteriza-se pela morte de tecidos, provavelmente em decorrência da
perda de seletividade de membranas de plantas deficientes em fósforo,
considerando que essas membranas são estruturas complexas, constituídas de
proteínas e lipídeos, nas quais este último componente é formado de
fosfolipídeos (Viégas et al., 2004).
O Potássio (K) é um nutriente vital para as plantas. As plantas cultivadas
contêm aproximadamente a mesma quantidade de potássio e nitrogênio, mas
mais potássio do que fósforo. Em muitas culturas de alta produtividade, o teor de
potássio excede o teor de nitrogênio. É absorvido, ou retirado do solo, pelas
plantas, na forma iônica (K
+
). Ele é essencial para o crescimento vegetativo, mas
não forma compostos orgânicos nas plantas, sua função principal está ligada ao
24
metabolismo. Em plantas com deficiência, os compostos nitrogenados solúveis,
inclusive as aminas putrescinas e agmatina, muitas vezes, se acumulam, sendo a
última, provavelmente, a responsável pelas manchas necróticas que aparecem
nas folhas deficientes desse nutriente (Epstein, 1975).
Níveis ótimos de nitrogênio, fósforo e potássio estão associados à
máxima produção de citocininas pelas raízes das videiras, necessárias para a
indução floral (Srinivasan & Mullins, 1981). Haeseler et al. (1980), em estudo
conduzido por oito anos em vinhedo da cultivar Concord, verificaram que as
videiras dos tratamentos em que se utilizaram adubações completas com os
macronutrientes N, P e K apresentaram maior fertilidade de gemas.
O Cálcio (Ca) é um dos elementos essenciais para o crescimento das
plantas, participando da estrutura da membrana celular, favorecendo a
permeabilidade das células e neutralizando o ácido oxálico (Cook, 1966).
Trabalhos realizados por Neilsen et al. (1987), mostram que a fertilização
nitrogenada e potássica resultaram em queda dos níveis de cálcio nos pecíolos
em três anos de estudos. A fertilização com fósforo não apresentou efeito sobre
os níveis de cálcio em pecíolos. Os sintomas de deficiência em cálcio são
caracterizados por clorose em uma faixa restrita nas margens das folhas, que se
necrosam posteriormente; podem surgir manchas amarelas entre as nervuras;
murchamento e morte das gemas apicais; colapso dos pecíolos com quedas de
folhas (Fráguas et al., 2002). Por ser considerado um nutriente imóvel dentro da
planta, os sintomas surgem, inicialmente, nas folhas mais novas.
O Magnésio (Mg) é um mineral que faz parte da molécula da clorofila,
além de participar da ativação de inúmeras enzimas e da manutenção da
integridade dos ribossomos. Permite a formação de vários pigmentos (ex.
Carotenos). Sua deficiência causa clorose em uma faixa restrita nas margens das
folhas, que se necrosam posteriormente; podem surgir manchas amarelas entre
as nervuras; murchamento e morte das gemas apicais; colapso dos pecíolos com
25
queda de folhas (Mullins et al., 1992; Fráguas et al., 2002). Por ser um nutriente
bastante móvel dentro da planta, os sintomas surgem nas folhas mais velhas. O
excesso de potássio nas folhas impede a absorção de quantidades adequadas de
magnésio, o que pode provocar um estado de carência com diagnose visual,
apesar de não existir carência no solo (Domingo, 1991). Estudos realizados por
Capps & Wolf (2000) mostraram que a adubação com magnésio no solo resultou
em um aumento nas quantidades de magnésio encontradas em pecíolos. Já
Claassen & Wilcox (1974) constataram que o aumento da concentração de
potássio na solução do solo resultou em redução da absorção de magnésio pelas
raízes.
O Enxofre (S) é um nutriente absorvido pelas raízes das plantas, na
forma de sulfato. Porém, as plantas podem acumular o enxofre como o resultado
da absorção foliar de óxidos de enxofre existentes no ar. O SO
2
contido na
atmosfera, o mais abundante entre os óxidos de enxofre, é absorvido
prontamente pelas plantas através dos estômatos (Manninen & Huttunen, 2000;
Szado et al., 2003). A maioria dos fungicidas usados no mundo contém enxofre
na sua formulação, tornando a carência muito difícil de ocorrer. Os sintomas de
deficiência são caracterizados, inicialmente, por folhas novas com coloração
verde-clara; com a intensidade da carência, ocorre clorose entre as nervuras
secundárias ao longo dos bordos das folhas. Em folhas verdes, a maioria das
proteínas está localizada nos cloroplastos e nas moléculas da clorofila. Portanto,
plantas deficientes em enxofre apresentam menor teor de clorofila e,
conseqüentemente, uma coloração verde-pálida (Viégas et al., 2004).
2.6.2 Micronutrientes
O Boro (B) é o micronutriente fundamental no processo de floração-
frutificação e sua deficiência prejudica a produtividade e a qualidade da uva
26
(Fráguas, 1996). Fregoni & Scienza (1978) sugerem que ocorre um aumento
linear no conteúdo de açúcares com o aumento da quantidade de boro nas uvas,
uma vez que em estudos realizados por estes autores os mostos com maiores
quantidades de açúcares também foram os que apresentaram as maiores
quantidades de boro. Este mineral é considerado imóvel dentro da planta, ou
seja, se acumula nas folhas mais velhas, com teores mais altos nas pontas e
margens, e o transporte desse micronutriente é muito reduzido, ocorrendo via
transpiração, das folhas para as outras partes da planta (Jones Júnior, 1970;
Oertli, 1993). Portanto, em caso de deficiência, os nutrientes aplicados ficam
retidos nas folhas até que o teor seja bastante alto, para então serem
transportados para outros órgãos. A deficiência de boro é facilmente corrigida
(Winkler et al., 1974), sendo de extrema importância a atenção às quantidades a
serem aplicadas, pois este elemento tem uma faixa muito estreita entre os níveis
normal e tóxico (Winkler et al., 1974; Fráguas, 1966). Outro problema é que os
sintomas visuais são identificados quando a produtividade já diminuiu (Fráguas,
1966). A absorção de boro pelas plantas depende de sua diferente adsorção nas
partículas do solo, a qual é controlada por inúmeros fatores, tais como: textura,
tipo de argila, teor de matéria orgânica, taxa de mineralização, pH, umidade,
teores de cálcio, óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio e métodos de aplicação
dos fertilizantes à base de boro. Dentre os problemas encontrados na literatura,
os mais citados, se ligam ao boro. A Empresa Catarinense de Pesquisa
Agropecuária - EMPASC (1986) relata que a deficiência desse micronutriente
tem sido a causa de baixas produções em algumas regiões do estado de Santa
Catarina e os levantamentos nutricionais feitos pela entidade revelaram sintomas
típicos de deficiência dos nutrientes nas viníferas Merlot e Cabernet, enquanto as
variedades americanas mostraram-se sem sintomas. Observaram, ainda que, a
deficiência de boro é crítica durante a floração e nos anos mais secos, como
ocorreu em 1985, em função da redução da absorção deste elemento por falta de
27
água. Os sintomas de deficiência são caracterizados pela redução do crescimento
dos ramos (internódios mais curtos), com superbrotação próxima aos ápices dos
ramos, devido à morte da gema apical. Também ocorre queda de flores (fixação
da caliptra); redução na fecundação e, por conseguinte, queda na produção;
formação de algumas bagas pequenas entre as normais do cacho (bagoinhas);
clorose irregular das folhas, com o limbo tomando o aspecto enrugado; redução
no tamanho e deformação das folhas mais novas; ramos com manchas
alongadas, que podem se fendilhar (Fráguas et al., 2002). A deficiência
prejudica o transporte e a ação dos reguladores de crescimento, além de
provocar distúrbios no desenvolvimento da planta, em razão do aumento do
nível de ácido indolacético, redução da síntese de proteínas, dificuldade de
formação da parede celular e no transporte de produtos da fotossíntese,
propiciando o acúmulo de compostos fenólicos no vegetal (Melo & Lemos,
1991). Por ser considerado um nutriente imóvel dentro da planta, os sintomas
iniciam pelas folhas mais novas.
O Cobre (Cu) sofre na planta processos de oxidação e redução, do
mesmo modo que acontece com o Fe e Mn, e ligando-se a proteínas, participa
em reações redoxes. O cobre é necessário para a formação da clorofila nas
plantas, catalisa vários processos no metabolismo vegetal e é necessário à
promoção de diversas reações, apesar de, geralmente, não fazer parte do(s)
produto(s) formado(s). Os solos orgânicos são muito propensos a apresentar
deficiência de cobre, tais solos, em geral, apresentam abundância deste
micronutriente, mas este fica retido tão fortemente, que somente pequenas
quantidades são disponíveis para as plantas. Os solos arenosos, com baixos
teores de matéria orgânica, também podem tornar-se deficientes em cobre por
causa das perdas por lixiviação. Os solos argilosos, pesados, em geral
apresentam menos problemas de deficiência de cobre. Outros metais no solo
(ferro, manganês, alumínio, etc.) afetam a disponibilidade de cobre para o
28
crescimento das plantas. Este efeito é independente do tipo de solo. A
deficiência em cobre provoca uma redução na lignificação, ao mesmo tempo em
que se acumulam fenóis (Castro et al., 2005). Grandes quantidades de cobre
podem ser tóxicas para as plantas. O excesso de cobre diminui a atividade do
ferro e causa sintomas de deficiência deste último nas plantas. Esta toxidez,
entretanto, não é muito comum (Associação Nacional para Difusão de Adubos e
Corretivos Agrícolas - Anda, 1989).
O Ferro (Fe) é indispensável à síntese de clorofila, mesmo que não faça
parte da composição da molécula da clorofila propriamente dita (Castro et al.,
2005), age como um carreador de oxigênio e ajuda a formar certos sistemas
respiratórios envolvendo enzimas (Anda, 1989). A quantidade de ferro nos
tecidos das videiras é muito baixa. As plantas absorvem o ferro na forma de íon
ferroso (Fe
2+
), mas sob condições de pH alcalino, a solubilidade desse íon é
muito baixa e insuficiente para cobrir as necessidades das plantas. A deficiência
é freqüente em solos alcalinos, exceto se o ferro encontrar-se na forma de
complexos orgânicos (quelados), que são absorvidos independentemente do pH.
As plantas diferem na sua eficiência para prover-se de ferro quando são
cultivadas em solos alcalinos (Castro et al., 2005). Em solos mal drenados, com
problemas de encharcamento, a redução do ferro para formas insolúveis é
favorecida, tornando-o indisponível para as plantas (Sales & Melo, 2008). A
deficiência em videiras resulta em clorose férrica (Fregoni & Scienza, 1978),
amarelecimento das folhas criando um forte contraste com as nervuras, que em
geral, permanecem verdes (Anda, 1989); redução no tamanho dos cloroplastos,
na síntese de proteínas, e no conteúdo de clorofila (Castro et al., 2005). A
deficiência de ferro geralmente é causada por um desequilíbrio de metais como o
molibdênio, o cobre ou o manganês, pelo excesso de fósforo no solo e uma
combinação de pH elevado, altas doses de calcário e baixas temperaturas no solo
(Anda, 1989). O ferro é um nutriente imóvel nas plantas, com pouca ou
29
nenhuma redistribuição de um tecido a outro, os sintomas de deficiência
aparecem inicialmente em folhas novas (Winkler et al., 1974).
O Manganês (Mn) atua principalmente como parte do sistema
enzimático nas plantas e ativa várias reações metabólicas importantes, tem ação
direta na fotossíntese ajudando na síntese da clorofila, acelera a germinação e a
maturidade e aumenta a disponibilidade de fósforo e cálcio (Castro et al., 2005).
Os sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas jovens, com
amarelecimento entre as nervuras. Algumas vezes aparece uma série de manchas
castanho-escuras. As deficiências ocorrem com maior freqüência nos solos
orgânicos (durante os períodos frios, quando os solos estão saturados com água;
os sintomas podem desaparecer quando os solos secam e a temperatura se eleva)
e nos solos com pH neutro a alcalino, com baixos teores naturais de manganês.
Apesar das deficiências estarem freqüentemente associadas ao pH elevado,
também podem ocorrer como conseqüência de um desequilíbrio com outros
nutrientes, tais como o cálcio, o magnésio e o ferro (Anda, 1989).
O Zinco (Zn) auxilia as substâncias que atuam no crescimento e nos
sistemas enzimáticos, é essencial para a ativação de certas reações metabólica e
necessária para a produção de clorofila e a formação dos carboidratos (Castro et
al., 2005). Parece ter uma função de catalisador de certos processos – tais como
no sistema de produção de triptofano, o qual é um precursor da auxina (Winkler
et al., 1974). Não é um nutriente translocado dentro da planta e,
conseqüentemente, os sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas e
outras partes novas das plantas (Anda, 1989). O zinco é absorvido como Zn
++
e
altas concentrações de fosfato diminuem a quantidade absorvida. Schropp &
Marchnner (1977), observaram que altas adubações com fósforo resultaram em
sintomas de deficiência de zinco em videiras, sendo que a prática de adubação
fosfatada é altamente difundida na viticultura. Entretanto, Schropp (1979),
afirma que embora altas taxas de fertilização com fósforo tenham resultado
30
numa redução na taxa de zinco no solo, não houve redução na absorção ou na
migração de zinco para as videiras. Uma vez que a deficiência de zinco aparece
em conjunto com outras deficiências, por exemplo, com a de ferro, os autores
sugerem incluir a relação fósforo/zinco nas folhas. Entretanto, deve-se notar que
esta relação pode variar de 100 a 1000, dependendo das condições ambientais.
Além da interação com o fósforo, alguns estudos relatam que a fertilização
nitrogenada pode ocasionar queda nos níveis de zinco nos pecíolos (Neilsen et
al., 1987). A deficiência pode ocasionar folhas de tamanhos reduzidos,
deformadas e com seio peciolar bem mais aberto que o normal, principalmente
nas videiras (Castro et al., 2005); clorose nas folhas com o aspecto de mosaico;
margens mais serrilhadas (dentes mais pontiagudos); ramos menores com
formação de tufos terminais; pouca frutificação; bagas pequenas que
permanecem duras (não amadurecem) entre as normais do cacho (Winkler et al.,
1974; Fráguas et al., 2002).
2.6.3 Aptidões dos porta-enxertos na absorção de nutrientes
Segundo Iannini (1984), os porta-enxertos apresentam grande variação
no vigor em conseqüência das diferentes exigências nutricionais e capacidade de
absorção de água e nutrientes, devido a uma seletividade radicular na absorção
de íons da solução do solo. Este fato foi observado por Alburquerque & Dechen
(2000), que em sistema de hidroponia, onde confirmaram o maior vigor do
porta-enxerto ‘IAC 572’, quanto à capacidade de acumular nutrientes, do que as
variedades IAC 313, IAC 766, Dog Ridge, Salt Creek e Harmony na extração de
N, P, K e Ca e igual ao ‘IAC 313’ na extração de Mg, resultando maior
exigência nutricional e capacidade de produção de biomassa.
Cadofi et al. (2008), compararam as cultivares porta-enxertos Couderc
3309, RR 101-14, Malengue 44-53, 420 A, Teleki 5C, Harmony e o pé franco,
31
visando escolher os melhores porta-enxertos para a cultivar Pinot Noir, em
relação à absorção de nutrientes, nas condições do Oregon (EUA), que se
caracteriza por solos ácidos e, em alguns casos, com altos teores de alumínio. O
pé franco foi inferior a todos os porta-enxertos com relação à absorção de K e B,
enquanto a ‘Malengue 44-53’ foi a mais eficiente na absorção dos mesmos
nutrientes, sendo, porém fraca na absorção de Mg. A cultivar RR 101-14
mostrou-se intermediária quanto à capacidade de absorção de K, Mg, P e B. A
‘Couderc 3309’ destacou-se por absorver bem o B. A ‘420 A’foi a que menos
absorveu K e B, enquanto a ‘Teleki 5C’acumulou as menores quantidades de
Mg e P.
O efeito das cultivares porta-enxertos de videira Rupestris du Lot, 420
A, 106-8, IAC 313, Teleki 8B, Kober 5BB, 93-5C, RR 101-14 e Golia,
juntamente com o pé franco, sobre a composição foliar da cultivar Seibel 2, foi
avaliado por Hiroce et al. (1970). Com relação à absorção de N, as cultivares
IAC 313, Golia e Rupestris du Lot foram as melhores; quanto ao P, destacou-se
a ‘Golia’, para K a ‘IAC 313’ foi a mais eficiente; e para o Ca e Mg destacou-se
o pé franco ‘Seibel 2’.
Pouget (1987) desenvolveu um método de classificação de porta-
enxertos de videira em função da capacidade de absorção de K, Ca e Mg,
visando a sua utilização em testes de seleção para resistência à carência de Mg.
Ele testou quatro cultivares (Cabernet Sauvignon, Merlot, Sauvignon Blanc e
Ugni Blanc) sobre as cultivares porta-enxerto 1103 P, RR 101-14, 110 R, 99 R,
Vialla, SO4, 196-17 Cl, 3309 C, 420 A, Kober 5BB, Riparia Gloire de
Montpellier, Fercal, 333EM, RSB1, 44-53M, 161-49 C, Rupestris du Lot, 140 R
e a seleção do INRA 7542 (Gravesac). O autor destacou, por um lado, a
sensibilidade da ‘SO4’, e por outro, a resistência da ‘Gravesac’ à carência de
Mg.
32
Viana et al. (2001), por sua vez, avaliaram a tolerância de porta-enxertos
de videira a condições de salinidade em solução nutritiva, trabalhando com as
cultivares IAC 766, IAC 313, IAC 572, 420 A e Traviú. Os autores verificaram
que os porta-enxertos ‘IAC 313’ e ‘420 A’ foram os mais sensíveis ao ambiente
salino, o que pode constituir uma restrição ao seu uso. As variedades tolerantes
(IAC 766, IAC 572 e Traviú) conseguiram manter os mesmos níveis de K, Ca e
Mg foliar mesmo com o aumento da salinidade da solução.
Alvarenga (2001), em avaliações do efeito de níveis de saturação por
alumínio sobre o crescimento de porta-enxertos de videira em vasos, concluiu
que a cultivar Kober 5BB foi a que alcançou os maiores teores de N no sistema
radicular, devido a um desequilíbrio com a parte aérea, uma vez que, dentro do
seu estudo, este porta-enxerto foi o mais sensível à fitotoxidez provocada pelo
Al. Segundo Marchnner (1995), a planta com a necessidade de prover um
crescimento radicular em condições adversas (presença do Al) pode ter
mobilizado uma maior quantidade de N para o sistema radicular em detrimento
da parte aérea.
2.7 Relação entre porta-enxerto e variedade copa
Enxertar consiste em unir partes de vegetais oriundas de plantas
distintas, resultando em uma só planta. Denomina-se enxerto ou garfo a parte
vegetal que dará origem ao sistema aéreo e porta-enxerto aquele que formará o
sistema radicular.
Zuluaga (1943), já conceituava afinidade, como sendo a compatibilidade
da combinação, ou equilíbrio fisiológico que uma determinada combinação
(porta-enxerto/copa) atinge em condições adequadas. Desta maneira, quando
uma planta apresenta um bom estado vegetativo e uma boa produção, pode-se
33
afirmar que na combinação existe um equilíbrio fisiológico, tal como existe na
planta de pé-franco.
Os fatores mais importantes para o êxito da enxertia são:
compatibilidade e afinidade entre o porta-enxerto e a variedade copa, condições
favoráveis de aeração e temperatura do substrato, contato dos tecidos do porta-
enxerto e da variedade copa, com boa formação dos tecidos de soldadura, os
quais asseguram a circulação da seiva bruta e elaborada.
Por outro lado, efeitos de incompatibilidade parcial ou incompleta são
bastante conhecidos, como: união imperfeita ou estruturalmente débil entre o
porta-enxerto e a copa, diminuição da longevidade, vigor e frutificação da
variedade enxertada e alterações nas qualidades dos frutos (Martins et al., 1981).
Sousa (1996), mostrou que o porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’ ocasionou
uma indesejada brotação hibernal da cv. Niágara, o mesmo não ocorrendo
quando esta foi enxertada sobre o ‘Traviu’ ou ‘RR 101-14’ em idênticas
condições. O mesmo autor, afirma ainda que exista uma falta absoluta de
harmonia entre o porta-enxerto ‘Kober 5BB’ e as variedade ‘Perla de Csaba’,
‘Pirovano 46-A’ e ‘Gros Vert’.
Fachinello et al. (1994), relatam que amostras de tecidos do porta-
enxerto e da copa com células de tamanho, forma e consistência semelhantes
podem ser indício de uma boa afinidade anatômica. Este tipo de afinidade foi
observado por Nasimov & Zelenko (1989), utilizando o porta-enxerto ‘RR 101-
14’ para as copas ‘Muskat Bely’ e ‘Rannyi Magaracha’, in vitro, quando, ao se
retirar tecidos da copa e do porta-enxerto, observou uma massa de calo com
consistência semelhante.
Viana et al. (2001), com o
objetivo de avaliar cinco porta-enxertos
de videira sob condições de salinidade, concluíram que o ‘IAC 766’
apresentou excelente comportamento em relação a adaptabilidade a vários
tipos de solo e vigor de parte aérea, tendo se mostrado uma das cultivares
34
mais tolerantes à salinidade, podendo vir a ser adotado em larga escala
nas regiões do perímetro semi-árido do Brasil.
Ribas (1957), em estudo com enraizamento de variedades de cavalos de
videira, observou que, a utilização de porta-enxertos não só proporcionou à
videira resistência à filoxera, como também permitiu o aproveitamento de
muitos tipos de solos, antes tidos como inadequados para a viticultura. Para
Alvarenga et al. (2002), na busca da combinação ideal entre porta-enxertos e
variedade copa em condições de solos ácidos e alumínio, inúmeros trabalhos têm
sido e deverão continuar sendo realizados, uma vez que são inúmeras as
variáveis que atuam sobre essa combinação, fazendo com que, para cada uma
delas, possa haver um par ideal.
Tendo em vista a importância do uso de porta-enxertos na viticultura, o
avanço dos programas de melhoramento, ao colocar no mercado novas
cultivares, tanto de copa quanto de porta-enxertos, torna-se de fundamental
importância o estudo desta experimentação, visando a busca para se encontrar o
melhor porta-enxerto para cada local e variedade copa.
35
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47
CAPÍTULO 1
EFEITO DO VIGOR DO PORTA-ENXERTO NO DESENVOLVIMENTO
DA CABERNET SAUVIGNON EM CALDAS, MG
RESUMO
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Efeito do vigor do porta-enxerto no
desenvolvimento da Cabernet Sauvignon em Caldas, MG. In: ______.
Competição de porta-enxertos de videira para a cv. Cabernet Sauvignon.
Efeito sobre o desenvolvimento inicial das plantas. 2008. cap. 1, pags. 47-71.
Dissertação (Mestrado em Agronomia / Fitotecnia) * - Universidade Federal de
Lavras, Lavras.
Avaliou-se o efeito do vigor do porta-enxerto no desenvolvimento
inicial de plantas de cv. Cabernet Sauvignon em Caldas, MG. Foram testados
dez cultivares porta-enxertos: IAC 313, IAC 572, IAC 766, RR 101-14, SO4,
Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P e Rupestris du Lot. Foram avaliados
características do desenvolvimento da copa da cv. Cabernet Sauvignon
(crescimento de sarmentos e peso do material de poda e área foliar). O porta-
enxerto ‘Rupestris du Lot’ induziu ao maior vigor e o ‘110R’ o menor vigor da
parte aérea da cultivar Cabernet Sauvignon no primeiro estágio de
desenvolvimento das plantas.
Termos para indexação: Vitis vinifera, porta-enxerto, vigor.
*Comitê Orientador: Pesq. Dr. Murillo de Albuquerque Regina – EPAMIG
(Orientador), Prof. Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA
48
CHAPTER 1
EFFECT OF VIGOR OF THE ROOTSTOCK IN THE DEVELOPMENT
OF CABERNET SAUVIGNON AT CALDAS, MG
ABSTRACT
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Effect of vigor of the rootstock on the
development of Cabernet Sauvignon at Caldas, MG. In: ______. Competition
of grape rootstocks for cv. Cabernet Sauvignon. Effect on the early
development of the plants. 2008. chap. 1, pags. 47-71. Dissertation (Master in
Agronomy / Crop Science) * - Federal University of Lavras, Lavras.
The effect of vigor of the rootstock on the early development of plants of
cv. Cabernet Sauvignon at Caldas, MG was evaluated. Ten rootstock cultivars:
IAC 313, IAC 572, IAC 766, RR 101-14, SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045
P and Rupestris du Lot were tested. Characteristics of the development of the
crown of cv. Cabernet Sauvignon (growth of sarments, weight of the pruning
material and leaf area) were evaluated. Rootstock ‘Rupestris du Lot’ induced to
the highest vigor and ‘110R’ did to the poorest vigor of the shoot of cultivar
Cabernet Sauvignon in the early developmental stage of the plants.
Index terms: Vitis vinifera, rootstocks, vigor.
*Guidance Committee: Researcher Dr. Murillo de Albuquerque Regina –
EPAMIG (Adviser), Teacher Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA
49
1 INTRODUÇÃO
A partir da introdução e disseminação do inseto Filoxera
(Daktulosphaira vitifoliae) no continente europeu, a prática da enxertia da
videira em porta-enxertos resistente a esta praga passou a ser prática
convencional adotada na maioria das regiões vitícolas mundial. A gama de
porta-enxertos atualmente disponível é ampla, sendo que, além da resistência à
Filoxera, eles podem conferir diferentes níveis de adaptabilidade a outros fatores
da produção agrícola, tais como: resistência à seca, umidade, pH, fertilidade,
vigor, etc. A escolha adequada do porta-enxerto é de vital importância, podendo
afetar tanto a produção e qualidade, como a longevidade do vinhedo (Santos
Neto, 1955; Camargo, 2003).
Ribas & Conagin (1957), destacaram dentre as práticas culturais em
viticultura, a plantação de bacelos de videiras americanas e/ou híbridas, para
servirem de cavalo a outras variedades americanas ou viníferas, com melhores
características comerciais. Alvarenga & Fortes (1976), concluíram que os porta-
enxertos ‘IAC 572’, ‘IAC 766’ e ‘Ripária do Traviú’ possuem rápido
desenvolvimento vegetativo e enraizamento de estacas. Pommer et al. (1994),
caracterizaram o porta-enxerto ‘IAC 572’ como possuidor de ótimo
enraizamento e ‘Ripária do Traviú’ por suas estacas apresentarem ótimo
pegamento. ‘IAC 766’ e ‘Kober 5BB’, segundo os autores, produzem estacas
com bom índice de pegamento.
Gonçalves et al. (2002), concluíram que uvas de copa ‘Folha de Figo’,
sobre os porta-enxertos ‘Jacquez’ e ‘IAC 313’, apresentaram menores teores de
açúcares até a colheita, concordando com os resultados obtidos por Lipe & Perry
(1988) e Ruhl et al. (1988). Estes últimos autores citam que a influência
50
específica dos porta-enxertos no teor de sólidos solúveis da copa pode ser devida
aos níveis de produção da copa, clima e interações copa/porta-enxerto.
Em Minas Gerais, a principal região produtora de vinho é a região Sul,
com predomínio nos municípios de Andradas e Caldas. Nestas regiões o cultivo
é voltado, principalmente, para as cultivares americanas e para a elaboração de
vinhos de consumo corrente. A partir de 2000, a EPAMIG, através do Núcleo
Tecnológico EPAMIG Uva e Vinho, têm coordenado ações de pesquisa e
desenvolvimento, buscando validar o potencial do estado para produção de
vinhos finos. Para tanto, foram introduzidas diversas cultivares de Vitis vinifera
em diferentes regiões do estado, implantando, além da instalação de
experimentações orientadas a diferentes formas de manejo do vinhedo, entre as
quais, a escolha das melhores combinações porta-enxerto e copa (Favero, 2007).
Dessa forma, o presente trabalho, objetivou analisar alguns aspectos
agronômicos no desenvolvimento inicial das plantas da variedade Cabernet
Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos, na região de Caldas.
51
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Local do trabalho
O vinhedo foi instalado no espaçamento 2,50 x 1,0 metros e conduzido
em espaldeira alta (mourão com 250 cm) com três fios de arame (o primeiro a 1
metro do solo e os seguintes distanciados em 40 cm.). Antes do plantio das
mudas foi feito aração profunda (mais do que 30 cm), distribuição do calcário e
gradagem (pré-mistura do calcário com o solo e facilitar a sua distribuição
vertical mais uniforme). Na implantação do vinhedo foi feito adubação de pré-
plantio (elevar o nível de fósforo e potássio no solo) e adubação de plantio
(fornecer os nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio para o primeiro ano de
crescimento das plantas), na profundidade de 0,00 – 0,20 cm em toda a área.As
mudas enxertadas foram plantadas em 07/12/2005.
O experimento iniciou-se em outubro de 2006, na sede da Fazenda
Experimental da EPAMIG, localizada no Município de Caldas, sul do Estado de
Minas Gerais, situada a 1.150 m de altitude, 21ºS e 46ºW, cujo clima apresenta
temperatura média anual de 19ºC, com média das mínimas de 13ºC e das
máximas de 25,1ºC; umidade relativa de 76,8% e precipitação pluviométrica de
1.500 mm anuais.
2.2 Tratamentos
Foram testados 10 porta-enxertos, relacionados abaixo:
Porta-enxertos: ‘IAC 313’ (Tropical), ‘IAC 572’ (Jales), ‘IAC 766’
(Campinas), ‘1103 Paulsen’, ‘1045 Paulsen’, ‘110R’, ‘Rupestris du Lot’,
‘SO4’, ‘RR 101-14’ e ‘Kober 5BB’.
52
Cultivar copa: ‘Cabernet Sauvignon’ clone 15 ENTAV-INRA
2.3 Características avaliadas
2.3.1 Crescimento e comprimento dos sarmentos da copa
1º Ano: A avaliação dos ramos cobriu o período de 10 de novembro de
2006 a 20 de janeiro de 2007, quando se observou a paralisação do
crescimento dos ramos. Foram empregadas 1 ramo/planta e 5 plantas por
tratamento. Para tanto, utilizou-se trena graduada em cm. Estas medidas foram
feitas após a marca do ponto zero, a partir de 15 cm do ponto de inserção do
ramo. Foram feitas 08 medições espaçadas por 10 dias.
2º Ano: A avaliação dos ramos cobriu o período de 20 de novembro de
2007 a 22 de janeiro de 2008, quando se observou a paralisação do
crescimento dos ramos. Foram empregadas 1 ramo/planta e 3 plantas por
tratamento. Para tanto, utilizou-se trena graduada em cm. Estas medidas foram
feitas após a marca do ponto zero, feito nos ramos selecionados e podados no
ano anterior. Foram feitas 10 medições espaçadas por 07 dias.
Para a característica comprimento dos sarmentos na avaliação de 2º
Ano, os tratamentos foram despontados após a última avaliação, para dar-se
início às avaliações de área foliar e coleta de amostras para as avaliações do
estado nutricional das plantas.
2.3.2 Peso do material extraído pela poda da copa
A avaliação foi feita por ocasião da poda de formação (22/08/2007),
através da pesagem dos ramos podados provenientes do ciclo vegetativo
anterior.
53
2.3.3 Superfície foliar da copa
a) Superfície foliar primária
A determinação da superfície foliar primária foi realizada no final de
janeiro de 2008, após o desponte e no final de ciclo da videira, selecionando-se 1
planta por parcela e 2 ramos por planta. Foram amostradas 12 folhas/ramo,
escolhidas ao acaso em toda a extensão do ramo do ano, evitando-se as folhas
mal formadas ou atacadas por insetos ou fungos.
As avaliações foram feitas de acordo com a metodologia descrita por
Carbonneau (1976b). Primeiramente, mediram-se as nervuras laterais (L2
esquerda e direita) (Figura 1), levando-se em consideração os dois lados do ramo
em função do seu crescimento em forma espiral. As primeiras nervuras L2
consideradas situavam-se na folha (n) sendo, localizada, no terço basal, oposta
ao primeiro cacho ou a primeira folha bem desenvolvida. As folhas seguintes a
serem consideradas, ainda, no terço basal, foram as de n+4 e n+8; mudando-se
de lado, no terço mediano, as de n+11, n+15, n+19; retornando-se ao lado
inicial, no terço apical, as de n+22, n+26, n+30.
54
FIGURA 1. Esquema ilustrativo da folha da videira indicando as
nervuras L2 direitas e esquerdas. EPAMIG/Caldas, 2008. UFLA/Lavras
- MG, 2008.
A superfície foliar primária foi obtida como se segue:
SFP (m²) = CNL2 x NFR x NRP
Onde:
SFP representa a superfície foliar primária (m²);
CNL2 representa o valor médio do comprimento das nervuras L2 (cm);
NFPR representa o número de folhas por ramo;
NRPP representa o número de ramos por planta.
b) Superfície foliar secundária
A determinação da superfície foliar secundária foi realizada no final de
janeiro de 2008, após o desponte e no final de ciclo da videira, selecionando-se 2
a 4 netos/ramo. Foram amostradas 12 folhas/neto, escolhidas ao acaso em toda a
55
extensão do neto, localizado no ramo amostrado na superfície foliar primária,
evitando-se as folhas mal formadas ou atacadas por insetos ou fungos. Foram
consideradas apenas folhas com nervuras laterais (L2) (Figura 1), superiores a
3,0 cm, como indicado por Lopes & Pinto, (2000).
A superfície foliar secundária reflete o crescimento dos netos, portanto,
fornece uma informação sobre o vigor vegetativo das plantas. A sua avaliação
seguiu o mesmo princípio descrito por Carbonneau (1976b), levando-se em
consideração a contagem dos ramos e número de folhas dos netos.
A superfície foliar secundária foi obtida, juntamente com a primária,
como se segue:
SFS (m²) = CNL2RS x NFR x NRP
Onde:
SFS representa a superfície foliar secundária (m²);
CNL2RS representa o comprimento das nervuras L2 ramos secundários
(netos) (cm);
NFPR representa o número de folhas por ramo secundário;
NRPP representa o número de ramos secundários.
c) Superfície foliar total
A superfície foliar total (SFT) foi obtida da seguinte forma:
SFT = SFP + SFS
Onde:
SFT representa a superfície foliar total (m²);
SFP representa a superfície foliar primária (m²);
SFS representa a superfície foliar secundária (m²).
56
2.4 Delineamento Experimental
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado,
sendo constituído de 10 variedades de porta-enxertos, 4 repetições e 5 plantas
por parcela, perfazendo 25 plantas/linha em 8 linhas, totalizando 200 plantas.
A localização de cada porta-enxerto na área experimental se encontra na
Figura 2.
NIÁGARA ROSADA
F
O
1045P 1045P 1045P R – 99 R – 99 Bordadura
L
H
IAC 572 - R4 R. DU LOT - R2 1103P - R3 IAC 766 - R2 1103P - R4
A
A
IAC 766 - R3 1045P - R1 101-14 - R2 IAC 313 - R4 101-14 - R1
V
R.DU LOT - R4 K 5BB - R1 R DU LOT - R3 110R - R3 IAC 572 - R3
E
D
SO4 - R3 IAC 313 - R1 110R - R1 K 5BB - R3 IAC 572 - R1
N
E
1103P - R2 SO4 - R1 K 5BB - R4 IAC 313 - R2 SO4 - R4
I
IAC 766 - R1 1045P - R3 110R - R2 IAC 572 - R2 SO4 - R2
D
F
101-14 - R4 K 5BB - R2 R. DU LOT - R1 101-14 - R3 1045P - R4
A
I
IAC 766 - R4 110R - R4 1045P - R2 1103P - R1 IAC 313 - R3
G
O
K 5BB K 5BB K 5BB K 5BB 1103P Bordadura
CARREADOR
DATA DE PLANTIO: 07/12/05
FIGURA 2. Croqui da área experimental, na Fazenda experimental de Caldas.
EPAMIG/Caldas, 2005. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Os dados foram tabulados e analisados pelo Programa SISVAR (Sistema
de análise de variância para dados balanceados) fornecido pelo Departamento de
Ciências Exatas (UFLA) versão 4.3 (Ferreira, 1999) e comparados pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
57
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Crescimento e comprimento dos sarmentos da cv. copa
3.1.1 Crescimento e comprimento dos sarmentos 1º ano
A cultivar Cabernet Sauvignon, influenciada pelo porta-enxerto,
apresentou diferença no comprimento final dos ramos (Tabela 1A, do anexo A),
sendo que apenas o porta-enxerto ‘SO4’ foi superior aos demais, com o maior
crescimento, confirmando os trabalhos de Alvarenga & Fortes (1976); Silva et
al. (1986 ) e Pickering et al. (2005). Já o ‘110R’ foi o porta-enxerto que
demonstrou o menor desenvolvimento da Cabernet Sauvignon (Tabela 1), esse
resultado condiz com o encontrado por Climaco et al. (2003), onde o ‘110R’
apresentou uma tendência de conferir um baixo desenvolvimento vegetativo às
castas enxertadas, sendo aconselhado para castas vigorosas (como a
‘Trincadeira’ e o ‘Aragonez’) ou plantado em solos com fertilidade mediana. O
baixo desenvolvimento verificado no estudo pode estar relacionado ao diferente
grau de afinidade existente entre a copa e o porta-enxerto ou à dificuldade inicial
do estabelecimento do sistema radicular. Fato esse relatado por Infovini (2008),
onde, mesmo o ‘110R’ sendo um porta-enxerto muito vigoroso, em solos muito
férteis pode atrasar a maturação das uvas e muitas vezes, a resposta ao
enraizamento é fraca, devido ao atempamento (menor acúmulo de açúcar nos
bagos e nos ramos) deficiente.
58
TABELA 1. Médias do comprimento final dos ramos da cultivar Cabernet
Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos de videira. EPAMIG,
Caldas-MG, 2007. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Porta-enxertos Comprimento dos ramos (cm)
SO4 241,50 a
R. DULOT 227,50 ab
1045 P 199,00 ab
RR 101-14 198,50 ab
IAC 766 196,75 ab
K 5BB 191,50 ab
IAC 572 191,00 ab
IAC 313 178,75 abc
1103 P 171,25 bc
110 R 114,25 c
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
As curvas de crescimento proporcionadas pelos porta-enxertos são
mostradas na Figura 3. Nota-se, de uma maneira geral, para todos os porta-
enxertos, que até os 91 dias após a poda, as plantas apresentavam crescimento
lento (em média 1,07 cm/dia). Dos 101 a 131 dias após a poda, as plantas
apresentaram um crescimento acelerado (em média 3,6 cm/dia), reduzindo, aos
141-151 dias após a poda (1,07 cm/dia), até a sua paralisação no final da
avaliação.
A representação matemática das curvas mostradas na Figura 3 pode ser
esquematizada pelas equações abaixo:
- IAC 572: y = 0,004x
2
+ 1,571x – 129,57 (R
2
= 0,9852)
- K 5BB: y = - 0,0065x
2
+ 3,9917x – 257,18 (R
2
= 0,9781)
- IAC 766: y = - 0,0062x
2
+ 4,1156x – 269,03 (R
2
= 0,9705)
- 101-14: y = 0,0013x
2
+ 2,4095x – 183,32 (R
2
= 0,9784)
- 110R: y = - 0,0011x
2
+ 1,7502x – 119,59 (R
2
= 0,9748)
- 1045P: y = - 0,0025x2 + 3,1497x – 213,82 (R
2
= 0,9832)
- IAC 313: y = - 0,0054x
2
+ 3,6245x – 234,53 (R
2
= 0,9742)
59
- SO4: y = 0,0019x
2
+ 2,8088x – 214,1 (R
2
= 0,9796)
- R. DULOT: y = 0,0005x
2
+ 2,8572x – 206,58 (R
2
= 0,9872)
- 1103P: y = - 0,0034x
2
+ 3,1213x – 208,83 (R
2
= 0,9689)
FIGURA 3. Curvas de crescimento dos ramos da cultivar Cabernet Sauvignon
enxertada sobre diferentes porta-enxertos de videira, avaliados no
1º Ano de crescimento. EPAMIG/Caldas, 2007. UFLA/Lavras -
MG, 2008.
3.1.2 Crescimento e comprimento dos sarmentos 2º ano
Para o segundo ano de avaliações foi observado maior dispersão dos
valores entre porta-enxertos, sendo que a cultivar Rupestris du Lot foi a que
proporcionou maior crescimento de ramos, e a ‘110 R’, novamente o menor
(Tabela 2). Estes resultado contradiz o encontrado por Toumi et al. (2007), onde
60
a variedade ‘Cardinal’ quando enxertada sobre o ‘SO4’ e a ‘Superior Seedless’
enxertada sobre o ‘110R’ são mais vigorosas quando sujeitas ao stress hídrico.
Confirmando, dessa forma, a influência do porta-enxerto no crescimento e
produção da variedade copa, bem como o seu grau de afinidade.
Os valores demonstrados pelo ‘110 R’ apesar de terem sido inferiores
aos dos restantes, não se diferenciaram estatisticamente daqueles apresentados
pelos porta-enxertos ‘1045 P’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘RR 101-14’e ‘1103 P’,
demonstrando uma reação desta variedade com relação aos resultados
apresentados no ano anterior. Tal fato demonstra, também, que esta cultivar
apresenta maior lentidão de estabelecimento do sistema radicular no campo,
conforme verificado no ano anterior e já relatado por Infovini (2008).
TABELA 2. Médias do comprimento final dos ramos da cultivar Cabernet
Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos de videira. EPAMIG,
Caldas-MG, 2008. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Porta-enxertos Comprimento dos ramos (cm)
R. DULOT 308,50 a
K 5BB 284,50 ab
SO4 281,75 ab
IAC 766 279,25 ab
1045 P 262,25 abc
IAC 572 248,25 abc
IAC 313 242,75 abc
RR 101-14 209,25 abc
1103 P 177,25 bc
110 R 156,50 c
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
As curvas de crescimento proporcionadas pelos porta-enxertos são
mostradas na Figura 4. Nota-se, de uma maneira geral, para todos os porta-
enxertos, que até os 96 dias após a poda, as plantas apresentavam crescimento
lento (em média 1,25 cm/dia). Dos 103 a 145 dias após a poda, as plantas
61
apresentaram um crescimento acelerado (em média 2,04 cm/dia). Verifica-se
que os porta-enxertos, exceto o IAC 313 e IAC 572, apresentaram crescimento
lento após os 145 dias após a poda (em média 0,35 cm/dia).
A representação matemática das curvas mostradas na Figura 4 pode ser
esquematizada pelas equações abaixo:
- IAC 572: y = 0,0008x
2
+ 2,0417x – 77,378 (R
2
= 0,9858)
- K 5BB: y = 0,0048x2 + 1,2718x – 17,679 (R
2
= 0,986)
- IAC 766: y = 0,0206x
2
– 2,5529x + 206,1 (R
2
= 0,9808)
- 101-14: y = 0,0086x
2
– 0,3319x + 62,946 (R
2
= 0,9929)
- 110R: y = 0,0067x
2
– 0,4181x + 66,02 (R
2
= 0,9931)
- 1045P: y = 0,0212x
2
– 2,7727x + 197,88 (R
2
= 0,9893)
- IAC 313: y = - 0,0009x
2
+ 2,5049x – 113,65 (R
2
= 0,977)
- SO4: y = 0,0074x
2
+ 0,7989x – 10,828 (R
2
= 0,9831)
- R. DULOT: y = 0,0124x
2
– 0,0821x + 38,351 (R
2
= 0,9939)
- 1103P: y = 0,0108x
2
– 1,1667x + 104,91 (R
2
= 0,9981)
62
FIGURA 4. Curvas de crescimento dos ramos da cultivar Cabernet Sauvignon
enxertada sobre diferentes porta-enxertos de videira, avaliados no
2º Ano de crescimento. EPAMIG/Caldas, 2008. UFLA/Lavras -
MG, 2008.
Ao se comparar as médias finais do crescimento dos sarmentos do 1º
com o 2º ano (Tabelas 1 e 2), pôde-se verificar que, no primeiro ano, e à exceção
dos porta-enxertos ‘SO4’ e ‘110R’, os porta-enxertos não influíram
distintamente no comprimento dos sarmentos. Já no segundo ano as diferenças
são mais visíveis, havendo maior separação entre os porta-enxertos avaliados.
Este experimento foi instalado com mudas enxertadas, onde o sistema radicular
é aparado antes do plantio. Assim sendo, no primeiro ano, as mudas ainda se
encontravam em fase inicial de colonização do solo pelo sistema radicular o que
pode ter ocasionado mais homogeneidade de resposta neste período. No segundo
ano, com raízes mais desenvolvidas, as diferenças já foram mais perceptíveis,
63
mostrando as diferenças de vigor induzido por parte dos diferentes porta-
enxertos.
3.2 Peso do material extraído pela poda da copa
Os porta-enxertos proporcionaram a cultivar Cabernet Sauvignon
diferenças significativas no vigor, expressa através da quantidade de biomassa
produzida (Tabela 3A, do anexo A e Figura 5). As cultivares porta-enxertos que
induziram maior peso de material podado foram a Rupestris du Lot, SO4 e
Kober 5BB, diferindo do ‘IAC 313’, ‘IAC 572’ e ‘110R’. As cultivares IAC
766, 1103P, 1045P e 101-14, não diferiram estatisticamente da Rupestris du Lot,
SO4 e Kober 5BB, ficando em posição intermediária. Resultados semelhantes
aos dos porta-enxertos do IAC, foram encontrados por Terra et al.(2001), na
região de Mococa-SP, para as cultivares copa Concord, Isabel e Seibel 2. Os
autores constataram que o ‘IAC 766’ foi o mais vigoroso seguido do ‘IAC 313’
e ‘IAC 572’. Sendo que, aparentemente, o vigor induzido pelo ‘IAC 766’ foi
excessivo, comprometendo a produtividade das cultivares copa. Pauletto (1999),
na região do Vale do Paraíba – SP, comparando diferentes porta-enxertos para a
cultivar Niágara Rosada, verificou maior vigor e produção quando as plantas
foram enxertadas sobre ‘IAC 766’, ‘IAC 313’ e ‘Traviú’, superando os porta-
enxertos ‘Kober 5BB’ e ‘Schwarzmann’. Ao contrário, o ‘110R’, foi o porta-
enxerto que alcançou o menor crescimento vegetativo, o que está de acordo com
as afirmações de Borguezan et al. (2003), comparando as cultivares porta-
enxerto VR039-16, Paulsen 1103, 110R, SO4 e Kober 5BB na propagação in
vitro, onde verificaram que os porta-enxertos ‘Paulsen 1103’ (34,8 mg) e ‘SO4’
(35,6 mg) apresentaram a maior produção de biomassa, seguidos do ‘110R’, que
não diferiu estatisticamente do ‘Kober 5BB’ e do ‘VR039-16’.
64
FIGURA 5. Peso médio do material extraído pela poda da cultivar-copa
Cabernet Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos. EPAMIG,
Caldas, MG, 2008. UFLA, Lavras - MG, 2008. Colunas
identificadas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3.3 Área foliar da copa
Com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento total dos sarmentos e
conseqüentemente avaliar de forma mais precisa a área foliar dos diferentes
tratamentos, o desponte dos sarmentos foi realizado no dia anterior às avaliações
de área foliar. Nestas condições, os porta-enxertos proporcionaram à cultivar
Cabernet Sauvignon diferenças significativas no vigor, expressos através da área
foliar primária, área foliar secundária e área foliar total (Tabela 4A, do anexo A
e Tabela 3).
65
Conforme os dados da Tabela 3, a área foliar primária da cultivar
Cabernet Sauvignon apresentou maior vigor sobre o porta-enxerto ‘Rupestris du
Lot’, sendo igualado estatisticamente pelo ‘Kober 5BB’, ‘RR 101-14’, ‘SO4’,
‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘1045P’ e ‘IAC 313’, enquanto o ‘1103P’ e o ‘110R’
foram os que induziram a menor área foliar primária à copa. Resultado
semelhante foi encontrado por Gonçalves (1996), ao verificar que o porta-
enxerto ‘IAC 313’ proporcionou uma área foliar 86,61% superior às plantas
oriundas de pé franco para a cv. Folha de Figo. Esta análise permitiu uma
melhor expressão do comportamento da copa sobre os diferentes porta-enxertos,
revelando diferenças significativas de vigor conferidas à copa, através da área
foliar contribuindo para um aumento da assimilação fotossintética (Yong Mok,
2001).
Em análise da área foliar secundária da copa não se verificou diferença
significativa entre os porta-enxertos. Segundo Smart & Robinson (1991), a
superfície foliar secundária é uma importante ferramenta de diagnóstico do
equilíbrio do crescimento e do microclima do sombreado. Santos (2006), na
comparação de dois vinhedos contrastantes na abertura do dossel, afirma que em
favor do vinhedo mais aberto há as seguintes características: menor área foliar
(número de folhas), maior superfície foliar ativa (exposta à radiação solar),
maior temperatura na região dos cachos (ativação do metabolismo), maturação
mais uniforme da uva, menor umidade, maior ventilação e maior eficiência nos
tratamentos fitossanitários. Considerando inicialmente a superfície foliar,
destaca-se que não adianta manter no vinhedo uma grande superfície foliar se
estas estão promovendo auto-sombreamento. A literatura salienta que apenas 6%
da radiação solar incidente é capaz de passar pela primeira camada de folhas,
destacando que somente duas camadas de folhas podem ser eficazes no processo
fotossintético (Smart & Robinson, 1991).
66
Para o estudo da área foliar total da cv. Cabernet Sauvignon, novamente,
o porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’ (2,935 m
2
) foi o que proporcionou maior área
foliar à copa. A área foliar da cultivar Cabernet Sauvignon não variou
estatisticamente, para os porta-enxertos ‘Kober 5BB’, ‘RR 101-14’, ‘SO4’,
‘1045P’, ‘1103P’, ‘IAC 313’, ‘IAC 572’ e ‘IAC 766’, pois os mesmos não
diferiram estatisticamente entre si. O porta-enxerto ‘110R’ foi o que
proporcionou menor área foliar total a cultivar copa. A biomassa
fotossintetizante é a responsável pela elaboração dos assimilados essenciais ao
desenvolvimento do fruto e ao acúmulo de reservas nos ramos e raízes, estas
reservas, que se depositam no final do período da atividade anual da videira, são
essenciais ao início da vegetação do ano seguinte e vão influenciar a
longevidade da cepa (Gómez-Del-Campo et al., 2003).
Kliewer & Dokoozlian (2005) e Toda (1991), salientam que para a
obtenção do máximo teor de sólidos solúveis, peso das bagas e melhor coloração
no momento da colheita, a área foliar (m
2
) ideal para 1 kg de frutos deve ser
entre 1 a 2 m
2
. Dessa forma, em análise a área foliar encontrada no presente
trabalho, os porta-enxertos ‘Kober 5BB’, ‘RR 101-14’, ‘IAC 766’, ‘1045 P’ e
‘1103 P’ estão dentro desta classificação (Tabela 3), os porta-enxertos ‘Rupestris
du Lot’, ‘SO4’, ‘IAC 572’ e ‘IAC 313’, estão acima do ideal, apresentando
excesso de vigor vegetativo, o que pode ocasionar, redução da fertilidade das
gemas frutíferas, fazendo com que as gemas se diferenciem em gavinha ou
brotação vegetativa (Srinivasan & Mullins, 1981; Shikhamany, 1999). Da
mesma forma, o porta-enxerto ‘110R’, se encontra abaixo do ideal, com apenas
0,610 m
2
, o que é explicado por Regina et al. (2006), onde porta-enxertos de
menor vigor podem ser mais indicados para a melhoria da qualidade da
produção.
67
TABELA 3. Médias da área foliar principal, secundária e total de plantas da
cultivar Cabernet Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos de
videira. EPAMIG, Caldas-MG, 2008. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Porta-enxerto
Área Foliar Principal
(planta/m
2
)
Área Foliar
Secundária
(planta/m
2
)
Área Foliar
Total
(planta/m
2
)
R. DULOT 2,665 a 0,270 a 2,935 a
K 5BB 1,865 ab 0,09 a 1,955 ab
RR 101-14 1,627 ab 0,195 a 1,823 ab
SO4 1,492 ab 1,185 a 2,678 ab
IAC 766 1,435 ab 0,4875 a 1,923 ab
IAC 572 1,430 ab 1,02 a 2,45 ab
1045 P 1,387 ab 0,495 a 1,883 ab
IAC 313 1,337 ab 0,9325 a 2,271 ab
1103 P 1,117 b 0,325 a 1,443 ab
110 R 0,540 b 0,07 a 0,610 b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
3 CONCLUSÕES
Com base nos dados das primeiras avaliações, é possível chegar-se às
seguintes conclusões:
O porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’ induziu ao maior vigor da parte aérea
da cultivar Cabernet Sauvignon no primeiro estágio de desenvolvimento
das plantas.
O porta-enxerto ‘110 Richter’ conferiu o menor vigor à cultivar copa
Cabernet Sauvignon (1º Ano), com tendência a uma recuperação depois
de estabelecido no solo (2º Ano).
68
4 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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72
CAPÍTULO 2
INFLUÊNCIA DO PORTA-ENXERTO DE VIDEIRA NO ESTADO
NUTRICIONAL DA cv. CABERNET SAUVIGNON.
RESUMO
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Influência do porta-enxerto no estado
nutricional da cv. Cabernet sauvignon. In: ______. Competição de porta-
enxertos de videira para a cv. Cabernet Sauvignon. Efeito sobre o
desenvolvimento inicial das plantas. 2008. cap. 2, pags. 72-90. Dissertação
(Mestrado em Agronomia / Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras,
Lavras. *
O trabalho objetivou avaliar o estado nutricional de porta-enxertos de
videira em resposta ao acúmulo de nutrientes nas folhas da cultivar Cabernet
Sauvignon, em Caldas, MG. Foram testadas as cultivares porta-enxertos IAC
313, IAC 572, IAC 766, RR 101-14, SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P e
Rupestris du Lot em análise à absorção de nutrientes. Foram avaliados os
nutrientes nas folhas. Foi observado que a cultivar porta-enxerto IAC 766 obteve
a maior acúmulo de K, B e Cu e a menor em S. As cultivares 1103P, RR 101-14
e 110R obtiveram a maior absorção para o P, para o Ca, as maiores absorções
foram das cultivares SO4 e Kober 5BB, para o Mg, ‘110R’ e ‘Rupestris du Lot’.
Observou-se o maior acúmulo de S nas folhas da copa em virtude da absorção
do porta-enxerto RR 101-14. A cultivar 110R obteve absorção superior em Mn e
Zn, porém inferior em K. A cultivar ‘IAC 313’, foi inferior na absorção de P,
Ca, B, Mn e Zn. A ‘1045P’ foi inferior em Cu e o ‘SO4’ em Mg. Para o
macronutriente N e o micronutriente Fe, não se verificou diferenças
significativas entre os porta-enxertos.
Termos para indexação: Vitis vinifera, porta-enxertos, nutrição.
*Comitê Orientador: Pesq. Dr. Murillo de Albuquerque Regina – EPAMIG
(Orientador), Prof. Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA
73
CHAPTER 2
INFLUENCE OF THE GRAPE ROOTSTOCK ON NUTRIENT STATUS
OF cv. CABERNET SAUVIGNON.
GURGEL, Rafael Lucas da Silva. Influence of the rootstock in the nutritional
state of the cv. Cabernet sauvignon. In: ______. Competition of rootstocks of
grapevine for the cv. Cabernet Sauvignon. Effect on the initial development
of the plants. 2008. chap. 2, pags. 72-90. Dissertation (Master in Agronomy /
Crop Science) – Federal University of Lavras, Lavras*.
ABSTRACT
The work aimed to evaluate the nutrient status of grape rootstocks in
response to the accumulation of nutrients in the leaves of cultivar Cabernet
Sauvignon, at Caldas, MG. The rootstock cultivars IAC 313, IAC 572, IAC 766,
RR 101-14, SO4, Kober 5BB, 110R, 1103P, 1045 P and Rupestris du Lot were
tested in analysis to nutrient absorption. The nutrients were evaluated in the
leaves. It was found that rootstock cultivar IAC 766 obtained the greatest
accumulation of K, B and Cu and the lowest in S. Cultivars 1103P, RR 101-14
and 110R obtained the highest absorption for P, for Ca, the highest absorptions
were from ‘SO4’ and ‘Kober 5BB’, for Mg, ‘110R’ and ‘Rupestris du Lot’.
Increased accumulation of S in the crown leaves owing to the absorption of
rootstock ‘RR 101-14’ was noticed. Cultivar 110R obtained higher absorption in
both Mn and Zn, but poorer in K. Cultivar IAC 313 was poorer in the absorption
of P, Ca, B, Mn and Zn. Cultivar 1045P was poorer in Cu and ‘SO4’ was in Mg.
For the macronutrient N and micronutrient Fe, no significant differences among
the rootstocks were found.
Index terms: Vitis vinifera, rootstocks, nutrition.
*Guidance Committee:
Researcher Dr. Murillo de Albuquerque Regina –
EPAMIG (Adviser), Teacher Dr. Nilton Nagib Jorge Chalfun – UFLA
74
1 INTRODUÇÃO
A vitivinicultura nacional tem evoluído para a melhoria da qualidade dos
vinhos finos. Esta melhoria tem sido buscada, através da introdução e adaptação
de novas cultivares, clones e porta-enxertos, manejos fitotécnicos, técnicas
enológicas e implantação de equipamentos modernos.
Os solos da região Sul de Minas Gerais, tradicional zona vitivinícola do
Estado, são bastante variáveis em suas propriedades físico-químicas. De uma
maneira geral, conforme levantamento feito por Regina et al. (1998), apresentam
acidez elevada, adequados níveis de fósforo, e deficiência em K, Ca, S e B. O
sucesso da exploração vitícola nesses solos pode ser conseguido com correções
de acidez e de adubações adequadas ou, por outro lado, com o uso de porta-
enxertos tolerantes a tais condições, capazes, portanto, de superar essas
adversidades (Sousa, 1996).
A produção de uvas de qualidade decorre, em grande parte, da nutrição
equilibrada das videiras. O equilíbrio é alcançado quando as plantas recebem
quantidades de nutrientes que atendem suficientemente às necessidades
nutricionais da cultura para vegetar e produzir de maneira satisfatória. A
nutrição da videira compreende uma série de processos físicos, químicos,
fisiológicos e biológicos, resultantes das interações entre as plantas e o meio no
qual estão estabelecidas.
Por outro lado, os porta-enxertos empregados em viticultura podem
apresentar diferentes aptidões no que diz respeito à absorção dos nutrientes,
podendo também contribuir para com a melhoria da produtividade e qualidade
da uva para vinificação em função desta característica. Segundo Fregoni (1980),
a nutrição das videiras, além da marcada influência na produção, atua ainda na
75
maturação, formato, firmeza da polpa, cor, tamanho, uniformidade, concentração
de açúcares e acidez das bagas.
Segundo Iannini (1984), os porta-enxertos apresentam grande variação
no vigor em conseqüência das diferentes exigências nutricionais e capacidade de
absorção de água e nutrientes, devido a uma seletividade radicular na absorção
de íons da solução do solo. Este fato foi observado por Alburquerque & Dechen
(2000), que em sistema de hidroponia, confirmaram o maior vigor do porta-
enxerto ‘IAC 572’, quanto à capacidade de acumular nutrientes, do que as
variedades IAC 313, IAC 766, Dog Ridge, Salt Creek e Harmony na extração de
N, P, K e Ca e igual ao ‘IAC 313’ na extração de Mg, resultando maior
exigência nutricional e capacidade de produção de biomassa.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o estado
nutricional de diferentes porta-enxertos de videira durante o período de
desenvolvimento inicial de plantas de cv. Cabernet Sauvignon em Caldas, MG.
76
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Local do trabalho
O vinhedo foi instalado no espaçamento 2,50 x 1,0 metros e conduzido
em espaldeira alta (mourão com 250 cm) com três fios de arame (o primeiro a 1
metro do solo e os seguintes distanciados em 40 cm.). Antes do plantio das
mudas foi feito aração profunda (mais do que 30 cm), distribuição do calcário e
gradagem (pré-mistura do calcário com o solo e facilitar a sua distribuição
vertical mais uniforme). Na implantação do vinhedo foi feito adubação de pré-
plantio (elevar o nível de fósforo e potássio no solo) e adubação de plantio
(fornecer os nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio para o primeiro ano de
crescimento das plantas), na profundidade de 0,00 – 0,20 cm em toda a área. As
mudas enxertadas foram plantadas em 07/12/2005.
O experimento teve início em outubro de 2006, na sede da Fazenda
Experimental da EPAMIG, localizada no Município de Caldas, sul do Estado de
Minas Gerais, situada a 1.150 m de altitude, 21ºS e 46ºW, cujo clima apresenta
temperatura média anual de 19ºC, com média das mínimas de 13ºC e das
máximas de 25,1ºC; umidade relativa de 76,8% e precipitação pluviométrica de
1.500 mm anuais.
2.2. Tratamentos
Foram testados 10 porta-enxertos, relacionados abaixo:
Porta-enxertos: ‘IAC 313’ (Tropical), ‘IAC 572’ (Jales), ‘IAC 766’
(Campinas), ‘1103 Paulsen’, ‘1045 Paulsen’, ‘110R’, ‘Rupestris du Lot’,
‘SO4’, ‘RR 101-14’ e ‘Kober 5BB’.
77
Cultivar copa: ‘Cabernet Sauvignon’ clone 15 ENTAV-INRA
2.3. Características avaliadas
2.3.1 Concentração de nutrientes nas folhas da copa
2.3.1.1 Teores de macros e micronutrientes
A metodologia utilizada para a avaliação foi a mesma descrita por
Fráguas et al. (2002) para cultivares de uvas viníferas, onde a época de coleta
dos tecidos utilizada foi a do final de ciclo da videira (período que precede a
queda das folhas), foram colhidas folhas completas (limbo + pecíolo),
posicionadas até o 5º nó, preferencialmente opostas aos cachos basais.
As folhas foram coletadas no final de janeiro de 2008, após o seu
desenvolvimento total e desponte dos ramos. Foram coletadas amostras,
contendo 4 folhas/planta, totalizando 20 folhas/parcela e 80 folhas/tratamento.
2.3.1.2 Preparo das amostras
Após a coleta as amostras foram lavadas com água corrente destilada e
posteriormente secas em estufa com circulação de ar forçada a 70 °C, até peso
constante, e a seguir pesada, moída e analisados os teores de macro e
micronutrientes.
As análises de macro e micronutrientes foram feitas no Laboratório do
Departamento de Solos da UFLA.
Para a análise de minerais, as amostras de folhas sofreram três tipos de
digestão, tornando possível a análise dos diversos elementos minerais em
estudo:
78
- Digestão sulfúrica: para esta determinação utilizou-se 0,100 g de
amostra, adicionou-se 1 ml de H
2
O
2
, logo após, 2 ml de H
2
SO
4
concentrado e,
para finalizar, 0,7 g de mistura de digestão, composta de 100 g de Na
2
SO
4
, 10 g
de CuSO
4
e 1 g de selênio. Após a digestão, a amostra foi diluída e armazenada
em frascos, para posterior análise de nitrogênio.
- Digestão Úmida com HNO
3
+ HClO
4
: para esta determinação utilizou-
se 0,500 g de amostra, adicionou-se 8 ml de mistura ácida (HNO
3
+ HClO
4
3:1).
Após a digestão, a amostra foi diluída e armazenada em frascos, para posterior
análise de potássio, fósforo, zinco, ferro, cobre, magnésio, cálcio, manganês,
cloro e enxofre.
- Digestão seca: 0,250 g de amostra foi colocada em mufla a 500 ºC por
3 horas. Uma vez fria, a amostra foi diluída utilizando-se 25 ml de HNO
3
1 N e
foi utilizada para a determinação de boro.
2.3.1.3 Determinação dos elementos minerais
As determinações de todos os elementos minerais analisados foram
feitas segundo metodologia proposta por Silva (1999); Malavolta, et al., (1997).
Nitrogênio foi analisado segundo método de Kjeldahl, utilizando a
amostra resultante da digestão sulfúrica. O NH
4
+
produzido na digestão com
H
2
SO
4
foi destilado em meio fortemente alcalino. O NH
4
+
condensado foi
coletado na solução de H
3
BO
3
e titulado com a solução de HCl.
O Fósforo foi analisado por espectrofotometria (visível) com
comprimento de onda de 660 nm, utilizando a amostra resultante da digestão
nitro-perclórica. O íon H
2
PO
4
-
em meio fortemente ácido reagiu com molibdato
(MoO
4
-
), formando um complexo de coloração azul, e a intensidade da coloração
foi proporcional à concentração de fósforo.
79
O Potássio foi analisado por fotometria de chama, utilizando a amostra
resultante da digestão nitro-perclorica. O potássio da solução aquosa foi aspirado
na chama ar – GLP e a energia emitida por este elemento foi proporcional à
concentração do elemento na amostra, em comparação com os padrões
utilizados.
O Magnésio e Cálcio foram analisados por espectrofotometria de
absorção atômica, utilizando a amostra resultante da digestão nitro-perclorica.
Os metais das soluções aspiradas na chama a 2000-2500 ºC transformaram-se
em estado fundamental dos átomos (M
o
). O átomo de cada elemento químico
absorveu a energia em um comprimento de onda definido, sendo de 422,7 µm
para o cálcio e 285,2 µm para o magnésio. A quantidade de energia absorvida
foi proporcional à população do átomo na chama, que, por sua vez, foi
proporcional à concentração da solução. Para evitar possíveis interferências pela
presença de fosfatos, ferro ou alumínio, foi adicionado à amostra uma solução de
lantânio. O tipo de chama utilizada foi ar-acetileno.
O Boro foi analisado por espectrofotometria com azometina – H,
utilizando a amostra resultante da digestão seca. O boro reagiu com azometina –
H e formou um complexo amarelo que absorveu a luz na região de 460 µm.
O Enxofre foi analisado por espectrofotometria. O enxofre orgânico da
amostra foi transformado em SO
4
-
na digestão. O SO
4
-
forma precipitado branco
com Ba
+2
, sendo determinado no comprimento de onda de 440 µm.
O Cobre, ferro, manganês e zinco foram analisados por
espectrofotometria de absorção atômica, utilizando a amostra resultante da
digestão nitro-perclorica, absorção com chama de ar-acetileno e comprimento de
onda de 324.7, 248.3, 279.5, 213.9 µm, respectivamente.
80
2.4 Delineamento Experimental
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado,
sendo constituído de 10 variedades de porta-enxertos, 4 repetições e 5 plantas
por parcela, perfazendo 25 plantas/linha em 8 linhas, totalizando 200 plantas. A
localização de cada porta-enxerto na área experimental se encontra na Figura 1.
NIÁGARA ROSADA
F
O
1045P 1045P 1045P R – 99 R – 99 Bordadura
L
H
IAC 572 - R4 R. DU LOT - R2 1103P - R3 IAC 766 - R2 1103P - R4
A
A
IAC 766 - R3 1045P - R1 101-14 - R2 IAC 313 - R4 101-14 - R1
V
R.DU LOT - R4 K 5BB - R1 R DU LOT - R3 110R - R3 IAC 572 - R3
E
D
SO4 - R3 IAC 313 - R1 110R - R1 K 5BB - R3 IAC 572 - R1
N
E
1103P - R2 SO4 - R1 K 5BB - R4 IAC 313 - R2 SO4 - R4
I
IAC 766 - R1 1045P - R3 110R - R2 IAC 572 - R2 SO4 - R2
D
F
101-14 - R4 K 5BB - R2 R. DU LOT - R1 101-14 - R3 1045P - R4
A
I
IAC 766 - R4 110R - R4 1045P - R2 1103P - R1 IAC 313 - R3
G
O
K 5BB K 5BB K 5BB K 5BB 1103P Bordadura
CARREADOR
DATA DE PLANTIO: 07/12/05
FIGURA 1. Croqui da área experimental, na Fazenda experimental de Caldas.
EPAMIG/Caldas, 2005. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Os dados foram tabulados e analisados pelo Programa SISVAR (Sistema
de análise de variância para dados balanceados) fornecido pelo Departamento de
Ciências Exatas (UFLA) versão 4.3 (Ferreira, 1999) e comparados pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
81
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Avaliações de nutrientes nas folhas da copa cv. Cabernet sauvignon
3.1.1 Macronutrientes
Os porta-enxertos proporcionaram diferenças nos teores de todos os
macronutrientes, exceto o N, avaliados na copa da cv. Cabernet Sauvignon
(Tabela 1B, Anexo B).
Para os teores de N na copa da cv. Cabernet Sauvignon (Tabela 1), não
se verificou diferenças significativas no acúmulo de teores de nitrogênio nas
folhas da Cabernet Sauvignon em virtude dos porta-enxertos avaliados. Esse
resultado contradiz o encontrado por Tecchio et al. (2005), em estudo de
diferentes porta-enxertos de videira cultivados em solução nutritiva com adição
de alumínio, onde o porta-enxerto ‘IAC 313’, no tratamento sem alumínio,
obteve o maior acúmulo de N na parte aérea, havendo um decréscimo quadrático
aos 45, 60 e 75 dias após a aplicação dos tratamentos. De acordo com Brunetto
et al. (2006), o N favorece a maior intensidade no inchamento das gemas,
brotação. No entanto, níveis muito elevados de N também podem reduzir a
formação de gemas férteis em videiras. O aumento do número de tecidos
meristemáticos devido ao elevado número de folhas, em resposta à aplicação de
N, leva a um aumento da atividade dreno das brotações apicais, diminuindo a
disponibilidade de carboidratos para as partes reprodutivas e perenes da planta
(Zapata et al., 2004).
82
TABELA 1. Teores médios de macronutrientes presentes na parte-aérea da
cultivar Cabernet Sauvignon enxertada sobre diferentes porta-
enxertos. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Nutriente (dag kg
-1
)
Porta-enxertos
N P K Ca Mg S
IAC 766 3,425 a 0,176 bc 1,368 a 1,798 ab 0,166 bcd 0,151 d
1103 P 2,55 a 0,218 a 1,268 ab 1,723 ab 0,213 ab 0,207 ab
RR 101-14 2,5 a 0,22 a 1,254 ab 1,746 ab 0,198 abc 0,219 a
110 R 2,5 a 0,218 a 1,197 c 2,079 ab 0,226 a 0,196 abc
R. DULOT 2,375 a 0,192 abc 1,296 ab 2,036 ab 0,231 a 0,101 abc
1045 P 2,35 a 0,204 ab 1,339 ab 1,902 ab 0,149 cd 0,201 abc
SO4 2,325 a 0,196 abc 1,225 ab 2,241 a 0,131 d 0,2 abc
K 5BB 2,275 a 0,202 ab 1,254 ab 2,293 a 0,151 cd 0,192 abc
IAC 572 2,075 a 0,201 ab 1,311 ab 1,847 ab 0,204 abc 0,166 cd
IAC 313 1,925 a 0,164 c 1,311 ab 1,481 b 0,148 cd 0,177 bcd
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Com relação aos teores de P na copa da cv. Cabernet Sauvignon, os
porta-enxertos ‘1103P’, ‘RR 101-14’ e ‘110R’, apresentaram os maiores valores,
enquanto o ‘IAC 766’ e o ‘IAC 313’, os menores (Tabela 1). Resultado
semelhante foi encontrado por Alvarenga (2001), onde a cultivar Folha de Figo
apresentou as menores concentrações de P quando enxertada sobre o porta-
enxerto ‘IAC 313’ e, também, por Nikolaou et al. (2003), na adubação fosfatada
para o estudo de micorrizas, onde os porta-enxertos ‘110R’, ‘140Rug’, ‘1103P’ e
‘44-53M’ proporcionaram os potenciais de água das folhas e as taxas
fotossintéticas mais elevadas para a cultivar Cabernet Sauvignon. O P é um
importante elemento na maioria das reações químicas, sendo essencial em todas
aquelas que hajam gasto de energia, atuando sempre como transferidor de
energia (Marschner, 1995). Dessa forma, surpreende o fato do porta-enxerto
‘110R’, que é o que tenha apresentado menor desenvolvimento, ter apresentado
altos níveis desse nutriente. Porém, sendo a parte aérea composta de ramos e
folhas, pode ter ocorrido, no ‘110R’, um contraste nos teores de P entre essas
partes, havendo realmente um maior teor de P nas folhas, locais de maior
concentração do elemento ou que ocorrem as principais reações químicas. Por
83
outro lado, Paranychianakis et al. (2004), salientam que o porta-enxerto ‘110R’
possui uma grande capacidade de absorção de fósforo, uma vez que este mineral
tenha bastante disponibilidade no solo, o que, em parte, confirma os dados do
presente trabalho.
Para K na copa da cv. Cabernet Sauvignon, a maior concentração foi
encontrada no porta-enxerto ‘IAC 766’, enquanto o ‘110R’ apresentou os
menores valores, resultado este, confirmado por Ruhl (1989), onde os porta-
enxertos ‘Dog Ridge’ e ‘Rupestris du Lot’ contribuíram para um pH mais
elevado no suco das uvas das plantas enxertadas, e estas mostraram alta
concentração de K
+
nos pecíolos. Porém, é contraditório ao trabalho de Fogaça
et al. (2007), estes pesquisadores constataram que o teor de potássio encontrado
nos pecíolos da ‘Cabernet Sauvignon’ enxertada sobre o ‘110R’ foi superior ao
da ‘Merlot’ enxertada sobre o ‘SO4’, sendo semelhante aos níveis encontrados
nas uvas ‘Pinot Noir’ enxertada sobre o porta-enxerto ‘SO4’. Já os porta-
enxertos ‘1103P’, ‘RR 101-14’, ‘Rupestris du Lot,’ ‘1045P’, ‘SO4’, ‘Kober
5BB’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ ficaram em posição intermediária (Tabela 1).
Para Ca na copa da cv. Cabernet Sauvignon, as maiores concentrações
foram encontradas nos porta-enxertos ‘SO4’ e ‘Kober 5BB’ (Tabela 1),
confirmando o trabalho de Fráguas et al.,(1989) e Alvarenga (2001), onde o
porta-enxerto ‘Kober 5BB’ apresentou as maiores concentrações de Ca na parte
aérea do porta-enxerto. Já o porta-enxerto ‘IAC 313’ apresentou as menores
concentrações de Ca na parte aérea da cv. Cabernet Sauvignon (Tabela 1). Esse
resultado contradiz outros pesquisadores, que, trabalhando a campo (Hiroce et
al., 1970) e com hidroponia (Albuquerque & Dechen, 2000) encontraram
resultados satisfatórios para o ‘IAC 313’ quanto à capacidade de absorção de Ca.
Os mecanismos desenvolvidos nas plantas para alta eficiência de absorção
diferem entre as espécies. Algumas produzem extensivo sistema radicular e
outras têm alta taxa de absorção por unidade de comprimento radicular, ou seja,
84
alto influxo de nutrientes (Porro et al., 2006). Segundo Caines & Shennan
(1999), a relação entre o uso eficiente de Ca e o crescimento de planta é muito
complexa e pode envolver vários controles fisiológicos, como a capacidade de
retranslocação interna de Ca compartimentalizado em membranas e órgãos
celulares de armazenamento (retículo endoplasmático, cloroplastos e vacúolo).
Para o acúmulo de Mg na copa da cv. Cabernet Sauvignon, as maiores
concentrações foram encontradas nos porta-enxertos ‘110R’ e ‘Rupestris du
Lot’, enquanto que o ‘IAC 766’, ‘IAC 313’, ‘1045P’, ‘Kober 5BB’ e ‘SO4’, as
menores concentrações (Tabela 1).
Shaffer et al. (2004) comenta que o
porta-enxerto influencia as videiras enxertadas, em especial, na absorção
do potássio e do magnésio e as cultivares européias são particularmente
afetadas no acúmulo de nitrogênio, fósforo e magnésio pelas folhas e
pelos sarmentos. Pesquisas mostraram que os porta-enxertos ‘140R’, ‘41B’ e
‘Rupestris du Lot’ são mais favoráveis à absorção de Mg, enquanto que os porta-
enxertos ‘110R’, ‘SO4’ e’ 44-53M’ são considerados menos favoráveis
(Domingo, 1991), confirmando dessa forma os resultados encontrados no
presente trabalho.
Para o acúmulo de S na copa da cv. Cabernet Sauvignon, o porta-enxerto
‘RR 101-14’ foi o que apresentou a maior média, sendo os porta-enxertos ‘IAC
313’, ‘IAC 572’ e ‘IAC 766’, responsáveis pelos menores valores (Tabela 1). O
enxofre (S), embora sendo rara a sua deficiência, é um importante
macronutriente, fazendo parte dos aminoácidos metionina e cistina, estando,
portanto, presente em todas as proteínas (Vargas-Arispuro et al., 2008). Segundo
Sousa (1996), os níveis adequados de S para videira variam de 1,6 a 3,5 g kg
-1
de matéria seca nos pecíolos e folhas, respectivamente. Os valores encontrados
no trabalho, embora se refiram à parte aérea como um todo, estão um pouco
abaixo do ideal, salientando a importância do porta-enxerto ‘RR 101-14’ no
acúmulo deste nutriente.
85
De acordo com as normas de interpretação de análise foliar (Fráguas et
al., 2002), para o macronutriente fósforo o porta-enxerto ‘IAC 766’ está acima
do normal. Para o potássio todos estão na faixa normal. Para o cálcio o ‘IAC
313’ está abaixo do normal. Para o magnésio apenas os porta-enxertos ‘110R’,
‘1103P’, ‘IAC 572’ e ‘Rupestris du Lot’ estão com a concentração normal, pois
todos os outros estão abaixo dessa faixa.
3.1.2 Micronutrientes
Os porta-enxertos apresentaram diferenças nos teores dos
micronutrientes, exceto o Fe, avaliados na copa da cv. Cabernet sauvignon
(Tabela 2B, Anexo B).
Os porta-enxertos provocaram alterações nas concentrações de boro (B),
cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn) encontradas nas folhas da copa da cv.
Cabernet Sauvignon. O porta-enxerto ‘IAC 766’ foi o que apresentou maiores
concentrações
de boro e cobre, a ‘RR 101-14’ as maiores concentrações de
cobre, o ‘110R’ as maiores de manganês e zinco e ‘Rupestris du Lot’ as
maiores concentrações de zinco (Tabela 2).
86
TABELA 2. Teores médios de micronutrientes presentes na parte-aérea da
cultivar Cabernet sauvignon enxertada em diferentes porta-
enxertos. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Nutriente (mg kg
-1
)
Porta-enxertos
B Cu Fe Mn Zn
IAC 766 30,217 a 6,157 a 13,15 a 234,972 bc 68,387 abc
110 R 29,735 ab 4,697 ab 12,813 a 657,8 a 104,75 a
K 5BB 28,835 abc 4,067 bc 13,541 a 456,482 abc 70,68 ab
SO4 28,362 abcd 4,942 ab 14,83 a 386,335 abc 69,775 abc
RR 101-14 28,15 abcd 6,012 a 21,572 a 576,735 ab 69,232 abc
R. DULOT 27,242 abcd 2,552 cd 13,308 a 417,895 abc 76,045 a
IAC 572 26,172 abcd 5,130 ab 10,403 a 201,167 c 28,405 bc
1103 P 25,96 bcd 4,12 bc 10,057 a 538,295 abc 64,98 abc
1045 P 25,53 cd 2,297 d 13,073 a 462,165 abc 69,712 abc
IAC 313 24,492 d 5, 487 ab 9,875 a 183,97 c 24,907 c
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Por outro lado, o porta-enxerto ‘IAC 313’ encontrou-se entre aquelas
que apresentaram as menores concentrações de B, Mn e Zn na copa da cv.
Cabernet Sauvignon (Tabela 2). Resultado semelhante foi encontrado por
Alvarenga (2001), que comparando diversas cultivares de videira em solo ácido
e alumínio, verificou a inferioridade da cultivar IAC 313 comparada às outras
cultivares.
De acordo com Fráguas et al. (2002), no diagnóstico nutricional da
videira, para o micronutriente boro, apenas o tratamento ‘IAC 766’ está com a
concentração normal, os demais estão abaixo do normal. Segundo
pesquisadores, (Sousa, 1996; Gunes et al., 2006), os níveis adequados de B
variam de 40 a 50 ppm, no pecíolo e na folha, respectivamente. Devido à
importância deste elemento na produção e qualidade dos frutos, torna-se
necessário que o porta-enxerto tenha a capacidade de suprir a copa nas
quantidades ideais.
Para o cobre, os porta-enxertos ‘Rupestris du Lot’ e ‘1045 P’ estão
abaixo do normal. Para o manganês estão todos dentro da faixa de concentração
normal. E para o zinco somente os porta-enxertos ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ estão
87
dentro da faixa normal, pois todos os outros estão acima do padrão estabelecido
(Fráguas et al., 2002). Esses resultados podem ser explicados pelo fato da
videira estar iniciando a queda das folhas, característica que marca o início da
dormência e ter acumulado todos os nutrientes nos ramos para reutilizá-los na
próxima brotação.
4 CONCLUSÕES
Diante dos resultados apresentados pelos porta-enxertos de videira para a
cultivar Cabernet Sauvignon, pôde-se concluir:
Houve distinção na eficiência de absorção de nutrientes entre os porta-
enxertos, revelando o ‘IAC 313’ como menos eficiente para P, Ca, B,
Mn e Zn.
O IAC 766 foi o mais eficiente na absorção de K, Cu e B.
88
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91
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A competição de porta-enxertos de videira e o seu efeito no
desenvolvimento inicial de plantas cv. Cabernet Sauvignon mostrou, que o
porta-enxerto ‘Rupestris du Lot’ foi aquele que induziu o maior vigor à plantas.
Por outro lado, o 110R, mesmo sendo considerado um porta-enxerto vigoroso,
apresentou os menores índices de avaliação do vigor induzido. Estas
informações são preliminares, tendo sido efetuadas em plantas em formação, e
por esta razão e não devem ser conclusivas na indicação dos posta-enxertos para
esta região. Porta-enxertos de menor vigor podem ser mais indicados para a
melhoria da qualidade da produção, e, por outro lado, há que se considerar
também que existem variações quanto à capacidade inicial de colonização do
solo dos diferentes porta-enxertos, fato que certamente reflete no
desenvolvimento inicial das plantas.
As avaliações executadas neste primeiro estágio de desenvolvimento das
plantas foram capazes de refletir os efeitos do porta-enxerto, mas deverão
necessariamente serem completadas por indicadores de produção, qualidade e
também das respostas ecofisiológicas das plantas.
A avaliação da área foliar revelou-se eficaz para exprimir o vigor
induzido do porta-enxerto, mas deve ser repetida neste tipo de ensaio e,
complementada por aquelas da área foliar exposta que darão importantes
informações sobre a eficiência das plantas na assimilação do carbono e também
sobre o microclima dos cachos.
Seria interessante incluir avaliações das relações hídricas, com as do
potencial hídrico foliar de base e das trocas gasosas foliares, com o objetivo de
verificar a influência do porta-enxerto na adaptação à seca. Por se tratar de
região de inverno e primavera secos, onde o início da vegetação e indução floral
92
ocorrem em situação de déficit hídrico, este critério pode ser um importante
instrumento de escolha dos porta-enxertos mais adaptados.
As avaliações do desenvolvimento do sistema radicular, através de novas
tecnologias, como o Software WinRhizo, com o objetivo de estudar a relação da
raiz em busca por nutrientes e a colonização do solo, também devem ser
contempladas neste tipo de estudo e poderão ajudar na compreensão dos
mecanismos de adaptação dos diferentes porta-enxertos.
Finalmente, e em uma segunda etapa, as avaliações qualitativas devem
ser priorizadas, centrando-se na influência dos porta-enxertos na melhoria da
qualidade da matéria-prima para vinificação. Aliadas às avaliações clássicas de
fertilidade das gemas, potencial de amadurecimento dos frutos, avaliações dos
taninos, antocianinas e metoxipirazinas serão de grande importância na busca e
indicação do(s) porta-enxerto(s) que exprimam melhor potencial produtivo e
qualitativo da cultivar Cabernet Sauvignon no sul de Minas Gerais.
93
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A – Resumo da análise de variância para o comprimento
final dos ramos medidos no 1º Ano para a cultivar
Cabernet Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos de
videira. EPAMIG, Caldas-MG, 2007. UFLA, Lavras -
MG, 2008.
95
TABELA 2A – Resumo da análise de variância para o comprimento
final dos ramos medidos no 2º Ano para a cultivar
Cabernet Sauvignon sobre diferentes porta-enxertos de
videira. EPAMIG, Caldas-MG, 2008. UFLA, Lavras -
MG, 2008.
95
TABELA 3A – Resumo da análise de variância para o peso de material
extraído pela poda da cultivar Cabernet Sauvignon em
virtude do crescimento dos diferentes porta-enxertos
analisados. EPAMIG, Caldas-MG, 2008. UFLA,
Lavras - MG, 2008.
95
TABELA 4A – Resumo da análise de variância para a área foliar da
cultivar Cabernet Sauvignon em virtude do
crescimento dos diferentes porta-enxertos analisados.
EPAMIG, Caldas-MG, 2008. UFLA, Lavras - MG,
2008.
96
94
ANEXO B Página
TABELA 1B – Resumo da análise de variância para os teores de
macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) na parte aérea da
cultivar-copa Cabernet sauvignon em virtude do
desenvolvimento dos diferentes porta-enxertos
analisados. UFLA, Lavras - MG, 2008.
97
TABELA 2B – Resumo da análise de variância para os teores de
micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Zn) na parte aérea da
cultivar-copa Cabernet sauvignon em virtude do
desenvolvimento dos diferentes porta-enxertos
analisados. UFLA, Lavras - MG, 2008.
97
95
TABELA 1A – Resumo da análise de variância para o comprimento final de
ramos medidos no 1º ano para a cultivar Cabernet Sauvignon
sobre diferentes porta-enxertos de videira. EPAMIG, Caldas-
MG, 2007. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Fonte de variação GL QM
Porta-enxerto
Porta-enxertos 9 0,465189**
Resíduo 30 0,079937
CV (%) 14,80
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5,0% e 1,0% de
probabilidade pelo teste de F.
TABELA 2A – Resumo da análise de variância para o comprimento final de
ramos medidos no 2º ano para a cultivar Cabernet Sauvignon
sobre diferentes porta-enxertos de videira. EPAMIG, Caldas-
MG, 2008. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Fonte de variação GL QM
Porta -enxerto
Porta-enxertos 9 0,983541 **
Resíduo 30 0,235288
CV (%) 19,80
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5,0% e 1,0% de
probabilidade pelo teste de F
TABELA 3A – Resumo da análise de variância para o peso de material extraído
pela poda da cultivar Cabernet Sauvignon em virtude do
crescimento dos diferentes porta-enxertos analisados. EPAMIG,
Caldas-MG, 2008. UFLA, Lavras - MG, 2008.
Fonte de variação GL QM
Porta -enxerto
Porta-enxertos 9 0,477864 **
Resíduo 30 1,988044
CV (%) 29,24
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5,0% e 1,0% de
probabilidade pelo teste de F
96
TABELA 4A – Resumo da análise de variância para a área foliar da cultivar
Cabernet Sauvignon em virtude do crescimento dos diferentes
porta-enxertos analisados. EPAMIG, Caldas-MG, 2008. UFLA,
Lavras - MG, 2008.
QM
Fonte de
variação
GL
Área Foliar
Primária
Área Foliar
Secundária
Área Foliar
Total
Porta-enxertos 9 1,165247 * 0,64707 ns 1,7354 *
Resíduo 30 0,394529 0,33472 0,7448
CV (%) 42,16 114,11 43,22
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5,0% e 1,0% de
probabilidade pelo teste de F.
97
TABELA 1B – Resumo da análise de variância para os teores de
macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) na parte aérea de porta-
enxertos de videira cultivar Cabernet sauvignon. UFLA, Lavras
- MG, 2008.
QM Fonte de
Variação
GL
N P K Ca Mg S
P.-enxerto 9 0,6398 ns 0,0013 ** 0,0110 ** 0,2502 ** 0,0054 ** 0,0016 **
Resíduo 30 0,3815 0,0002 0,0036 0,0589 0,0006 0,0002
CV (%) 25,42 7,21 4,7 12,68 13,66 8,39
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5% e 1% de probabilidade
pelo teste de F.
TABELA 2B – Resumo da análise de variância para os teores de micronutrientes
(B, Cu, Fe, Mn, Zn) na parte aérea de porta-enxertos de videira
cultivar Cabernet sauvignon. UFLA, Lavras - MG, 2008.
QM Fonte de
Variação
GL
B Cu Fe (TR.) Mn Zn
Porta-enxerto 9 14,4102 ** 6,9313 ** 46,5681 ns 105101,9 ** 2113,04 **
Resíduo 30 2,9815 0,4336 22,155 21666,5 348,16
CV (%) 6,29 14,48 35,44 35,76 28,85
ns não significativo, * e ** significativo ao nível de 5% e 1% de probabilidade
pelo teste de F.
TR.: Dados transformados (Fórmula x ^ 0,5)
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