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Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Consumo alimentar, estado nutricional e nível
de atividade física de adolescentes do Projeto
Ilhabela - SP.
Greisse Viero da Silva Leal
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Saúde Pública para
obtenção do título de Mestre em Saúde
Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientadora: Profa Assoc. Sonia
Tucunduva Philippi
São Paulo
2008
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Consumo alimentar, estado nutricional e nível
de atividade física de adolescentes do Projeto
Ilhabela - SP.
Greisse Viero da Silva Leal
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Saúde Pública, para
obtenção do título de Mestre em Saúde
Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientadora: Profa Assoc. Sonia
Tucunduva Philippi
São Paulo
2008
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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua
forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução
figure a identificação do autor, título, instituição, e ano da dissertação.
Agradecimentos
À minha querida orientadora e amiga Profa Dra Sonia Tucunduva
Philippi, pela oportunidade, ensinamentos, paciência, dedicação e carinho na
minha orientação para o mestrado e para a vida.
Às professoras da banca Dra Ana Maria Dianezi Gambardella e Profa
Titular Sandra Marcela Mahecha Matsudo pelas sugestões fundamentais
para o aperfeiçoamento do trabalho.
À família CELAFISCS pela oportunidade de trabalhar e aprender em
conjunto e em especial à nutricionista Ludmila Biassio, ao prof. Timóteo de
Araújo e à Ms. Fernanda Cruciani pela disposição e auxílio prestados.
À Escola Eva Esperança Silva e aos adolescentes de Ilhabela pela
colaboração e participação neste estudo.
Ao analista de sistemas Fernão Dias de Lima pela paciência e
disposição no auxílio com a análise estatística e interpretação dos
resultados.
Às profas Dra Rita de Cássia Aquino e Marle Alvarenga pela amizade,
carinho e colaboração para realização deste trabalho.
À minha “amiga de infância” Erika C. Toassa pela amizade,
companheirismo, apoio e disposição em todas as etapas desta jornada.
À querida amiga Vanessa Mendes pelo apoio na coleta de dados e
pelo incentivo e amizade desde minha chegada à São Paulo.
Às colegas da pós Carla Enes, Daniela Moura e Ruth Matsumoto por
participarem deste processo sempre dispostas a ajudar e dar força para
continuar nos momentos difíceis. Obrigada por sua amizade e carinho.
Às alunas de iniciação científica da “Sala Rosa”, em especial Luciana
Kanesiro, Deborah Elisa, Carolina Yumi, Carolina Giudice e Tammy Harada
pela colaboração, atenção e carinho.
Às novas colegas da pós Patrícia Cruz, Erica Lie, Ana Carolina Leme
e em especial a Camilla Estima pelo apoio e compreensão nestes últimos
meses.
Aos meus pais, Mauro Estivalet da Silva e Natalina Viero, pelo amor,
incentivo, dedicação incondicionais, por confiarem em mim e me deixarem
voar.
À minha irmã, Monisse Viero da Silva, pelo amor e apoio sempre.
Ao meu amorzinho, agora marido, Roger Langone Leal, por seu amor,
apoio, cuidado, compreensão e incentivo sempre.
À Capes, pela bolsa concedida, fundamental para o desenvolvimento
deste trabalho.
Epígrafe
“As pessoas falam em sorte, mas as
realizações são conquistadas com trabalho duro”.
(Dr. Sabaratnam Arulkumaran)
Resumo
Leal, GVS. Consumo alimentar, estado nutricional e nível de atividade física
de adolescentes do Projeto Ilhabela - SP. [Dissertação de Mestrado]. São
Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 2008.
Introdução - A adolescência é considerada uma fase importante para o
desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, prática de atividade
física e manutenção do peso adequado. Objetivo - Avaliar o consumo
alimentar, o estado nutricional e o nível de atividade física de adolescentes
do Projeto Ilhabela. Métodos - Trata-se de um estudo transversal de
amostra não-probabilística por conveniência, com coleta de dados primários.
Para a avaliação do consumo alimentar dos adolescentes foi utilizado o
Recordatório de 24 horas. Os dados antropométricos foram avaliados
segundo os percentis da OMS e o nível de atividade física por meio do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Foi realizada análise
descritiva, ANOVA “two way” e qui-quadrado. Utilizou-se o Virtual Nutri e o
SPSS (versão 10.0). Resultados - Foram estudados 228 adolescentes, 115
meninos e 113 meninas entre 10 e 18 anos. O consumo energético total foi
inferior ao recomendado para a maioria dos adolescentes (66%).
Aproximadamente metade dos jovens consumiu carboidratos abaixo e
lipídios acima da recomendação, enquanto 40% dos adolescentes tiveram o
consumo de proteínas acima do recomendado. Houve associação entre
gênero e percentual de consumo de vitamina A (p=0,012) e de ferro (p<
0,001). Observou-se baixo consumo de cálcio por 93% dos adolescentes. A
omissão de café da manhã foi superior entre as meninas (29%, p=0,002) e
28% dos meninos não fizeram o lanche da tarde (p=0,03). Em comparação
com a Pirâmide Alimentar do adolescente, observou-se consumo excessivo
do grupo de açúcares e doces, e deficiente dos grupos do arroz, do leite, das
frutas e das verduras e legumes. A maioria dos adolescentes era eutrófica
(74%), mas verificou-se 20% de excesso de peso. Houve apenas 8,8% de
jovens insuficientemente ativos, não havendo diferença estatisticamente
significativa segundo gênero e estágio de vida. Conclusão - Os
adolescentes de Ilhabela consumiram dietas com valor energético total
abaixo do recomendado e excesso de proteínas e lipídios, confirmando os
hábitos alimentares característicos dos adolescentes. Apesar dos
adolescentes serem suficientemente ativos houve elevado percentual de
excesso de peso. A prática de atividade física regular deve continuar sendo
estimulada entre os adolescentes de Ilhabela, para que em conjunto com
uma alimentação saudável, diminua os índices de excesso de peso entre
estes jovens.
Descritores: avaliação nutricional, adolescente, consumo de alimentos,
atividade física, estudos transversais.
Abstract
Leal, GVS. Food intake, nutritional status and physical activity level of
adolescents from Ilhabela Project - SP. [Dissertation]. São Paulo: Faculdade
de Saúde Pública da USP; 2008.
Introduction - Adolescence is considered an important period for the
development of healthy food habits, physical activity practice and weight
maintenance. Objective - Assessment of food intake, nutritional status and
physical activity level of adolescents from the Ilhabela Project. Methods -
Cross-sectional study with a non-probabilistic sample. A 24 hour recall was
used to assess the food intake. To evaluate nutritional status, BMI percentile
was used, according to WHO. To assess the physical activity level,
International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) was used. The food
intake analysis was performed with the software Virtual Nutri and ANOVA
and Chi Square were used as statistic tests. Results - Were interviewed 228
adolescents from Ilhabela, both gender, 10 to 18 years old. compared with
the recommendation, the medium energy intake was lower for 66%, the
carbohydrate intake was lower for 50%, the fat intake was higher for 50%
and the protein intake was above for 40%. Association between being male
and a low vitamin A (p=0,012) intake and a high iron (p< 0,002) consume
was observed. For 93% of the adolescents studied a low consume of calcium
was noticed. In relation to meal frequency, 29% of girls did not eat breakfast
(p=0,002) and 28% of boys did not eat snacks (p=0,03). According to the
Food Pyramid for Adolescents, an excessive intake of sugar and sweets was
found, while the intake of food from rice, milk, fruits and vegetables groups
was deficient. While the majority of the adolescents was eutrophic (74%),
20% were overweighted. Only 8,8% of adolescents were classified as
insufficiently active, without significant statistic difference according to gender
and age range. Conclusion - The adolescents from Ilhabela had an energy
intake lower than the recommendation and an excessive intake of proteins
and fat, reaffirming the usual food intake habits of adolescents. Despite the
good levels of physical activity of the adolescents from Ilhabela, there was a
high percentage of overweight. The regular physical activity practice must be
stimulated among the adolescents from Ilhabela to, in association with
healthy food habits, decrease the overweight percentage among them.
Key Words: nutrition assessment, adolescent, food consumption, motor
activity, cross-sectional studies.
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 15
1.1 NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA......................................... 15
1.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E A EMERGÊNCIA DA
OBESIDADE...................................................................................... 16
1.3 A PIRÂMIDE ALIMENTAR DO ADOLESCENTE................... 20
1.4 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE
ADOLESCENTES ............................................................................. 21
1.5 AVALIAÇÃO
ANTROPOMÉTRICA....................................... 25
1.6 ATIVIDADE FÍSICA NA ADOLESCÊNCIA ............................ 26
1.7 PROJETO LONGITUDINAL DE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO - PROJETO ILHABLEA ................................ 30
2 JUSTIFICATIVA................................................................................ 32
3 OBJETIVOS...................................................................................... 34
3.1 GERAL.................................................................................. 34
3.2 ESPECÍFICOS...................................................................... 34
4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................ 35
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO............................................ 35
4.2 LOCAL DE ESTUDO............................................................. 35
4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO .................................................. 36
4.4 COLETA DE DADOS ............................................................ 36
4.4.1 Treinamento da equipe de coleta....................... 37
4.4.2 Recordatório de 24 Horas (Rec24h) .................. 37
4.4.3 IPAQ .................................................................. 38
4.4.4 Antropometria .................................................... 39
4.5 VARIÁVEIS DE ESTUDO ..................................................... 40
4.5.1 Gênero e Idade.................................................. 40
4.5.2 Consumo Alimentar ........................................... 41
4.5.3 Atividade Física.................................................. 46
4.5.4 Estado Nutricional – IMC.................................... 46
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................... 48
4.7 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA.................................... 49
4.8 BENEFÍCIOS
AOS SUJEITOS DA PESQUISA..................... 49
5 RESULTADOS.................................................................................. 50
5.1 CARACTERIZAÇÃO
DA POPULAÇÃO ................................ 50
5.2 CONSUMO ALIMENTAR ...................................................... 51
5.2.1 Análise quantitativa ............................................ 51
5.2.2 Análise Qualitativa ............................................. 58
5.3 ESTADO NUTRICIONAL ...................................................... 69
5.4 ATIVIDADE FÍSICA............................................................... 72
6 DISCUSSÃO ..................................................................................... 76
7 CONCLUSÕES ................................................................................. 96
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 97
9 REFERÊNCIAS................................................................................. 98
ANEXOS
ANEXO 1 – Recordatório de 24 horas (Rec24h) .........................................119
ANEXO 2 – Guia explicativo para preenchimento do Rec24h.....................120
ANEXO 3 – Questionário Internacional de Atividade física (IPAQ) - versão
curta .............................................................................................................122
ANEXO 4 – Autorização da escola ..............................................................124
ANEXO 5 – Termo de consentimento..........................................................125
ANEXO 6 – Aprovação do COEP - FSP ......................................................126
ANEXO 7 Termo de Responsabilidade ....................................................127
ANEXO 8 - Currículo lattes Profa Dra Sonia T. Philippi..............................128
ANEXO 9 - Currículo lattes Greisse Viero da Silva Leal.............................129
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Equações para estimativa de necessidades energéticas de
meninos e meninas entre 3 e 18 anos (kcal/dia). .......................42
Quadro 2 – Coeficiente de atividade física para crianças e adolescentes (3 a
18 anos) eutróficos e com excesso de peso..............................42
Quadro 3 – Recomendações de carboidratos, proteínas, lipídios, cálcio,
ferro e vitamina A........................................................................43
Quadro 4 – Classificação dos macronutrientes. ...........................................44
Quadro 5 – Freqüência esperada de alimentos por grupo da Pirâmide
Alimentar para adolescentes......................................................46
Quadro 6 – Classificação do estado nutricional de acordo com os percentis
de IMC. .......................................................................................47
Quadro 7 – Percentis do IMC para adolescentes segundo idade (em anos) e
gênero.........................................................................................47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização e vista panorâmica da escola estudada. Ilhabela, SP,
2006. ...........................................................................................35
Figura 2 – Balança e estadiômetro na escola. Ilhabela, SP, 2006................40
Figura 3 – Pirâmide Alimentar para o adolescente. ......................................45
Figura 4 – Número de adolescentes estudados, Ilhabela, SP, 2006..... .......50
Figura 5 – Pirâmide Alimentar encontrada na dieta dos adolescentes de
Ilhabela, SP, 2006.......................................................................64
Figura 6 – Percentual de adolescentes segundo nível de atividade física,
Ilhabela, SP, 2006.......................................................................72
Figura 7 – Percentual de adolescentes segundo nível de atividade física e
gênero, Ilhabela, SP, 2006. ........................................................73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição do número e percentual de adolescentes, segundo
estágio de vida e gênero. Ilhabela, SP, 2006.............................48
Tabela 2 – Distribuição do consumo de energia, carboidratos, lipídios e
proteínas segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006..........................49
Tabela 3 – Distribuição do consumo de vitamina A, cálcio e ferro segundo
gênero. Ilhabela, SP, 2006.........................................................50
Tabela 4 – Estatística descritiva das variáveis de consumo alimentar
segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006..........................................53
Tabela 5 – Distribuição da média (dp) de energia, macro e micronutrientes
segundo gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP, 2006..............54
Tabela 6 – Distribuição da freqüência de refeições segundo o gênero.
Ilhabela, SP, 2006......................................................................55
Tabela 7 – Distribuição do tipo de refeição realizada segundo gênero.
Ilhabela, SP, 2006..................................................................... 57
Tabela 8 – Número de adolescentes e itens alimentares consumidos em
substituição ao almoço e jantar. Ilhabela, SP, 2006...................58
Tabela 9 – Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos da
Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006........................62
Tabela 10 – Freqüência obtida na dieta dos adolescentes segundo os
grupos da Pirâmide Alimentar do adolescente. Ilhabela, SP,
2006............................................................................................66
Tabela 11 – Distribuição do estado nutricional segundo gênero. Ilhabela, SP,
2006............................................................................................67
Tabela 12 – Estatística descritiva da idade, estatura, peso e IMC segundo
gênero. Ilhabela, SP, 2006.........................................................68
Tabela 13 – Distribuição da média (dp) de peso, estatura e IMC segundo
gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP, 2006.............................68
Tabela 14 – Estatística descritiva da atividade física (minutos/semana)
segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006......................................... 71
Tabela 15 – Distribuição da média (dp) de atividade física (minutos/semana)
segundo gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP,
2006............................................................................................71
Tabela 16 – Distribuição da média (dp) da freqüência e duração de
caminhada, atividade física moderada e vigorosa, segundo
gênero. Ilhabela, SP, 2006.........................................................72
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
No ciclo da vida a adolescência é uma das fases mais importantes.
Compreende, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, as idades
de 10 a 19 anos (WHO, 1995). Esta é uma fase de crescimento intenso onde
a alimentação saudável deve ser consolidada, pois o reforço de hábitos
alimentares saudáveis é de fundamental importância para prevenção de
doenças futuras, bem como para garantir o pleno potencial de crescimento e
desenvolvimento dos adolescentes.
Os adolescentes representam aproximadamente 20% da população
mundial total e em termos de desenvolvimento, maturidade e estilo de vida
são considerados um grupo muito heterogêneo (WHO, 2005).
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2001), no censo do ano 2000 os adolescentes representavam
21% da população, num total de aproximadamente 35 milhões de
habitantes.
As modificações na composição do organismo têm uma grande
importância com relação às recomendações nutricionais para adolescentes.
As necessidades energéticas aumentam com o rápido crescimento, maior
proporção de massa corporal magra, menor proporção de gordura no
organismo, com o aumento da atividade física, desenvolvimento muscular e
com a maturação esquelética (ALBANO et al., 2001).
16
Além do aspecto físico, ocorrem também mudanças sociais, o
adolescente começa a adquirir independência e responsabilidades;
mudanças psicológicas, como o aumento da capacidade cognitiva e
adaptações de personalidade; constituindo uma parte da população com
características fisiológicas e psicológicas específicas (GAMBARDELLA et
al., 1999).
A mídia e o grupo social exercem influências importantes sobre o
comportamento alimentar do adolescente e sobre seus hábitos alimentares.
A cultura da magreza e a supervalorização do peso corpóreo fazem com que
os adolescentes sintam-se insatisfeitos com a mudança corporal,
preocupando-se muito com o aumento de peso e a forma física e
relacionando estes problemas com o consumo alimentar (PHILIPPI et al.,
2000).
A adolescência representa uma janela de oportunidade para preparar-
se para uma vida adulta saudável. Durante a adolescência, problemas
nutricionais originados precocemente na vida são potencialmente
modificáveis. É também um período para formar e consolidar alimentação e
estilo de vida saudáveis, prevenindo assim as doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) na vida adulta (PHILIPPI et al., 2008).
1.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E A EMERGÊNCIA DA
OBESIDADE
A transição nutricional, em curso na maioria dos países em
17
desenvolvimento, junto ao aumento expressivo da obesidade e mesmo à sua
coexistência com o baixo peso, constitui um dos fatores mais importantes
para explicar o aumento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT)
nesses países (BARRETO et al., 2005).
No Brasil, as DCNT foram responsáveis pela maior parcela dos óbitos
e das despesas com assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde
(SUS), totalizando cerca de 69% dos gastos com atenção à saúde em 2002
(BARRETO et al., 2005).
As evidências sobre a evolução da disponibilidade de alimentos no
Brasil indicam que a transição alimentar no país tem sido, de modo geral,
favorável do ponto de vista dos problemas associados à subnutrição
(aumento na disponibilidade de calorias per capita e aumento da
participação de alimentos de origem animal na alimentação) e desfavorável
no que se refere à obesidade e às demais DCNT. Mudanças expressivas no
padrão alimentar com redução no consumo de cereais, leguminosas, raízes
e tubérculos, substituição da gordura animal pelos óleos vegetais, bem como
ao aumento no consumo de ovos e de leite, tiveram como conseqüência a
menor participação relativa dos carboidratos na dieta e um aumento na
participação das gorduras, havendo, também, um aumento da proporção de
proteínas de origem animal e dos óleos de origem vegetal (MONDINI e
MONTEIRO, 1994; MONTEIRO CA et al., 2000).
Essas mudanças no consumo alimentar, em conjunto com outras
alterações no estilo de vida, especialmente aquelas relacionadas ao nível de
atividade física, podem ter contribuído para a elevação das taxas de
18
prevalência do excesso de peso (SICHIERI, 1998).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF, 2002-2003), a
freqüência de excesso de peso em meninos foi relativamente baixa no
primeiro inquérito (1974-1975), 3,9%, mas duplicou do primeiro para o
segundo inquérito (1989), 8,3%, e novamente duplicou do segundo para o
terceiro (2002-2003), 17,9%. O percentual de excesso de peso em meninas
aumentou em cerca de 80% do primeiro para o segundo inquérito (de 7,5%
para 13,8%) e em cerca de 10% do segundo para o terceiro inquérito (de
13,8% para 15,4%). A evolução da obesidade repete, com freqüências
menores, a evolução do excesso de peso observada ao longo dos três
inquéritos em meninos e meninas (IBGE, 2004).
VEIGA et al. (2004), estudando jovens da região sudeste do Brasil a
partir de dados de pesquisas populacionais (PNSN –1989 e PPV – 1996/97)
encontraram que a prevalência de excesso de peso mais que triplicou entre
os meninos (de 2,6% para 11,8%) e mais que dobrou entre as meninas (de
5,8% para 15,3%) durante o período de 1975 a 1997.
ANJOS et al. (2003), em estudantes da rede municipal de ensino do
Rio de Janeiro, referiram 19,5% de excesso de peso entre os meninos e
22,4% entre as meninas.
No sul do Brasil, em cidade litorânea, SUNÉ et al. (2007) relataram
24,8% de excesso de peso. Em Pelotas, estudo de base populacional
realizado com 960 adolescentes, TERRES et al. (2006) avaliando a
prevalência e fatores associados ao excesso de peso e obesidade
apontaram prevalências de 20,9% e 5%, respectivamente. Entre os fatores
19
associados ao excesso de peso estavam a omissão de refeições e estar
fazendo dieta.
Esse quadro epidemiológico também pode ser atribuído ao
sedentarismo e à adoção de práticas alimentares inadequadas na
adolescência. Nesta fase, é freqüente o consumo excessivo de refrigerantes,
açúcares e lanches rápidos, além de baixa ingestão de frutas, verduras e
alimentos do grupo do leite (GARCIA et al., 2003; PEDRINOLA, 2002;
CARVALHO et al., 2001; KAPAZI et al., 2001; FISBERG M et al., 2000;
GAMBARDELLA et al., 1999). Recentemente, CARMO et al. (2006)
estudaram 390 adolescentes de Piracicaba, SP, e verificaram a substituição
do leite por refrigerante, em média os adolescentes ingeriam 226ml/dia de
refrigerantes e 554ml/dia de bebidas açucaradas (chá mate e sucos naturais
ou artificiais adoçados).
A obesidade em adolescentes, eleva a probabilidade de ser um adulto
obeso e em decorrência, desenvolver doenças como hipertensão arterial,
dislipidemias, diabetes tipo 2, problemas respiratórios, musculares e além
disso, baixa auto-estima, dificuldade de relacionamento entre os pares e
piora da qualidade de vida (VEIGA et al., 2004; WHO, 1995; DIETZ, 1998;
HIMES e DIETZ, 1994)
.
Na busca de compreender a gênese da obesidade, alguns dos
principais determinantes discutidos na literatura são as práticas alimentares
inadequadas, o tempo que o adolescente permanece assistindo à televisão,
o excesso de peso e a obesidade dos pais, o peso ao nascer e também as
condições socioeconômicas e ambientais (MONTEIRO et al., 2003;
20
PARSONS et al., 1999; DUTRA et al., 2006).
Uma vez que jovens com excesso de peso têm maior probabilidade
de virem a se tornar adultos com excesso de peso e estes têm maiores
riscos de adoecer, tal condição na infância e na adolescência constitui-se em
importante problema de saúde pública (TROIANO et al., 1995; LAITINEN et
al., 2001).
Pesquisadores espanhóis, em estudo de revisão, concluíram que a
obesidade é resultado do desequilíbrio entre ingestão e gasto energético e
que talvez, mais do que o aumento da energia consumida, a redução no
gasto energético possa ser considerada como principal determinante da
epidemia da obesidade (RODRIGUEZ e MORENO, 2006).
1.3 A PIRÂMIDE ALIMENTAR DO ADOLESCENTE
A promoção de hábitos e práticas alimentares tem início na infância,
com o aleitamento materno, e, no decorrer da vida, consolida-se em busca
de uma qualidade de vida saudável (PHILIPPI, 2004).
Entende-se por qualidade de vida aquilo que é bom, desejável,
saudável e compensador nas áreas pessoal, social, afetiva e profissional.
Para que o indivíduo tenha uma boa qualidade de vida, torna-se necessária
a integração de todas as áreas, considerando-se a alimentação saudável
uma condição essencial para a promoção da saúde (PHILIPPI et al., 2008).
Nesse período o uso de “guias alimentares” como a Pirâmide dos
Alimentos contribui para o atendimento às necessidades nutricionais
21
específicas ao período de adolescência (PHILIPPI et al., 2008).
Para se atingir as recomendações nutricionais do adolescente, as
dietas devem ser planejadas com a inclusão de alimentos de todos os
grupos da pirâmide, respeitando-se o número de porções de acordo com a
idade, gênero, atividade física e necessidades energéticas estimadas. Os
alimentos devem ser do hábito alimentar, mas respeitando-se a
individualidade e todos os aspectos ressaltados inerentes ao adolescente
(PHILIPPI et al., 2008).
1.4 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE
ADOLESCENTES
O consumo alimentar na adolescência tem sérias implicações no
crescimento e na promoção da saúde a longo prazo, e no desenvolvimento
do comportamento alimentar na vida adulta (NEUMARK-SZTAINER et al.,
1999). Apesar disso, o estilo de vida nesta fase sofre diversas influências, da
família, amigos e da mídia e pode não proporcionar meios para o suprimento
adequado das necessidades nutricionais, que estão aumentadas (TORAL et
al., 2006).
Além disso, o estudo do comportamento alimentar de adolescentes
tem despertado interesse por se tratar de um elemento importante para a
eficiência e eficácia das intervenções nutricionais.
Segundo a FAO/OMS (1985) há dificuldades em se mensurar a
ingestão de alimentos de crianças e adolescentes. Dentre os critérios mais
22
importantes a serem considerados na escolha do método para avaliar a
ingestão alimentar de adolescentes destaca-se a técnica que não interfira
nos hábitos dietéticos e que os dados possam ser representativos da dieta
habitual. Os métodos geralmente utilizados são semelhantes aos
empregados na avaliação de adultos (CAVALCANTE et al., 2004).
A idade do indivíduo, assim como a escolaridade e a capacidade de
resposta são importantes razões para determinar o método mais adequado
para avaliar o consumo alimentar. De acordo com CAVALCANTE et al.
(2004), somente por volta dos 10 a 12 anos a criança tem capacidade de dar
respostas sobre sua ingestão alimentar.
Na adolescência, a omissão de refeições, o consumo de alimentos
altamente energéticos e de baixo valor nutritivo, o consumo de bebidas
alcoólicas e tendências a restrições dietéticas são fatores que podem ter
influência sobre a qualidade dos registros alimentares deste grupo
(FISBERG M, 2000).
O conhecimento da ingestão de alimentos de uma população é de
vital importância para o planejamento de programas de intervenção de forma
coerente e de acordo com suas necessidades, assim como para verificar as
relações entre o estado nutricional e a saúde da população (SERRA-MAJEM
et al., 1995).
Na avaliação de dietas em grupos de indivíduos, é de interesse
conhecer a proporção daqueles que apresenta ingestão acima ou abaixo de
determinados critérios. Essa informação é relevante para o planejamento de
ações de saúde, seja no monitoramento ou na intervenção (SLATER et al.,
23
2004).
A avaliação do consumo alimentar de indivíduos e populações pode
ser realizada por diversos métodos que diferem na forma de coletar
informações e no período de tempo necessário para a coleta. Os três
principais métodos são o Recordatório de 24 horas (Rec24h), Questionário
de Freqüência Alimentar (QFA) e Diário Alimentar.
O Rec24h foi concebido por BURKE et al. no final dos anos 30 e
desenvolvido por WIEHL no início da década de 40, sendo, sem dúvida, o
método de avaliação da ingestão alimentar mais amplamente utilizado
(SERRA-MAJEM et al., 1995).
Consiste em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas
ingeridos no período anterior à entrevista, referente às 24 horas precedentes
ou, mais freqüentemente, o dia anterior à entrevista (GIBSON, 1990).
A qualidade da informação do Rec24h depende da memória do
entrevistado, assim como de sua cooperação e da capacidade de
comunicação e expressão do entrevistador (FISBERG RM et al., 2005).
A utilização do Rec24h em estudos epidemiológicos apresenta
vantagens, pois é rápido, relativamente barato e de fácil aplicação,
permitindo aplicação em população de baixa escolaridade. O Rec24h avalia
a dieta atual e estima valores absolutos ou relativos da ingestão alimentar
em termos de valor calórico total e de nutrientes distribuídos em um dia
(FISBERG RM et al., 2005).
Para avaliar o consumo alimentar de adolescentes, estudos nacionais
utilizaram um único Rec24h, KAPAZI et al. (2001) em Florianópolis,
24
ALBANO e SOUZA (2001) e GARCIA et al. (2003) em São Paulo. Mas
também foram utilizados métodos simultâneos como URBANO et al. (2002)
que avaliaram 47 adolescentes, pelos métodos Rec24h, QFA e registro
alimentar por quatro dias consecutivos.
Entre os estudos internacionais, encontra-se o de TROIANO et al.
(2000) que utilizaram Rec24h com dados do NHANES III para avaliar o valor
calórico e a ingestão lipídica de 10371 jovens de 2 a 19 anos. NICKLAS et
al. (1995) utilizaram um único Rec24h.
Em Istambul, MANIOS et al. (2005) estudaram o consumo de
macronutrientes de 510 adolescentes utilizando o método Rec24h de três
dias consecutivos, caracterizando a dieta habitual destes jovens. Em
Granada, na Espanha, SEIQUER et al. (2006) avaliaram a utilização do
cálcio dietético por meio de um Rec24h e dois registros alimentares.
No Brasil, existem poucos estudos de base populacional sobre
hábitos alimentares, principalmente com adolescentes (NEUTZLING et al.,
2007). Entretanto, pode-se observar a prática de dietas inadequadas nesta
fase, com alto valor calórico total e de baixo valor nutritivo, em que há
ingestão excessiva de refrigerantes, açúcares, bolachas, chocolates, batatas
fritas, pizzas e consumo insuficiente de frutas, verduras e legumes
(FISBERG M et al., 2000; VIEIRA et al., 2005; CARMO et al., 2006;
NEUTZLING et al., 2007).
25
1.5 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
É complexa a avaliação do estado nutricional de adolescentes por
meio da antropometria, devido à variabilidade do crescimento e das
dimensões corporais que dependem da idade, gênero e maturação sexual.
O uso do índice de massa corporal (IMC, obtido pela divisão do peso pela
estatura elevada ao quadrado) para classificação do estado nutricional
nessa população vem sendo estudado por ser uma medida simples e de
menor custo, portanto mais viável para utilização em grandes populações
(VITOLO et al., 2007).
Os critérios para determinação de excesso de peso e de obesidade
na adolescência variam em diferentes estudos, mas o IMC tem sido o
indicador mais utilizado para a triagem do estado nutricional em
adolescentes. (MONTEIRO POA et al., 2000).
Apesar de o IMC ser um método de avaliação nutricional de baixo
custo e fácil realização, tem como limitação a não distinção dos diferentes
componentes da massa corporal (água, massa muscular, massa adiposa).
Além disso, no adolescente, diferentemente do adulto, não se utilizam
pontos de corte estabelecidos com base na predição de morbidades ou
mortalidade. Na avaliação nutricional de adolescentes, pode-se comparar o
IMC com uma distribuição de referência, dos percentis dos IMC por gênero e
estágio de vida (ENGSTROM et al., 1998).
A grande dificuldade na determinação de um referencial internacional
para diagnóstico do estado nutricional é a diferença na composição corporal
26
entre as populações mundiais (VITOLO et al., 2007).
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995) define “adolescente
em risco de excesso de peso”, utilizando como ponto de corte o percentil
igual ou maior que 85 e menor que 95 de IMC por idade e gênero, e para
diagnóstico de obesidade, o percentil igual ou maior que 95, com base nos
valores antropométricos da população americana, coletados no I National
Health and Nutrition Examination Survey (NHANES I).
1.6 ATIVIDADE FÍSICA NA ADOLESCÊNCIA
A prática de atividade física na adolescência traz vários benefícios
para a saúde física e mental, seja por meio de uma influência direta sobre a
morbidade na própria adolescência ou na idade adulta (TWISK, 2001;
GORDON-LARSEN et al., 2004). Além disso, sua participação em
atividades desportivas é parte do processo de socialização, pois, além dos
benefícios para a saúde, oferece oportunidade de lazer e desenvolvimento
da aptidão que leva à melhor auto-estima e confiança (BRACCO et al.,
2003).
A atividade física tem efeitos favoráveis no metabolismo lipídico,
pressão arterial, composição corporal, intolerância à glicose, sensibilidade à
insulina, densidade óssea e funções imunológicas e psicológicas, conforme
estudos experimentais e epidemiológicos (VUORI, 2001).
Embora a maioria das doenças associadas ao sedentarismo somente
se manifeste na vida adulta, é cada vez mais evidente que seu
27
desenvolvimento tem início na infância e adolescência (PARSONS et al.,
1999). Sendo assim, o estímulo à prática de atividade física desde a
juventude deve ser uma prioridade em saúde pública (HALLAL et al., 2006a).
No meio urbano, a rápida evolução do estilo de vida tem induzido
algumas mudanças sócio-culturais que podem afetar o nível de atividade
física habitual das crianças e dos adolescentes (MASCARENHAS et al.,
2005). Nota-se que, nas últimas décadas, o tempo livre para o lazer, cada
vez mais é utilizado para assistir televisão, jogar vídeo-game, usar a internet,
além das atividades diárias e ocupacionais requererem menor dispêndio
energético (FRUTUOSO et al., 2003; ANDERSEN et al., 1998).
Estudos com adolescentes brasileiros apontam resultados com
porcentagens de sedentarismo que variaram entre 23,1% e 94% (SILVA et
al., 2008; GONÇALVES et al., 2007; HALLAL et al. 2006b; FARIAS Jr e
LOPES, 2004; OEHLSCHLAEGER et al. 2004; FRUTUOSO et al., 2003;
ANDRADE et al., 2001; SILVA e MALINA, 2000).
A recomendação para adolescentes é de 300 minutos por semana de
atividade física moderada a vigorosa, sendo 60 minutos por dia, cinco dias
por semana (STRONG et al., 2005; PATE et al., 2002).
Em San Diego, Califórnia, SANCHEZ et al. (2007) estudaram 878
adolescentes de 11 a 15 anos e referiram que 55% deles não atingiram a
recomendação dos 300 minutos/semana, além disso, verificaram uma
diferença entre os gêneros, sendo que 59% dos meninos e 34% das
meninas atingiram a recomendação.
SILVA et al. (2008) verificaram que à medida que a idade aumentava
28
a proporção de jovens insuficientemente ativos era maior.
HALLAL et al. (2003), utilizando o IPAQ, versão curta, avaliaram 3182
adultos, amostra representativa da cidade de Pelotas (RS), e descreveram
que 40% dos adultos apresentavam inatividade física, assim classificada
como atividade física por menos de 150 minutos/semana.
Para mensurar o nível de atividade física são utilizadas diferentes
técnicas e a comparabilidade entre elas é um problema (HALLAL et al.,
2005). Para minimizar este problema um questionário padronizado foi
proposto pelo Grupo Internacional para Consenso em Medidas da Atividade
Física, constituído com apoio da OMS, por representantes de 25 países,
entre eles o Brasil, representado pelo Celafiscs. O “International Physical
Activity Questionaire” (IPAQ) foi desenvolvido para estimar o nível de prática
habitual de atividade física de populações de diferentes países e contextos
sócio-culturais e para que em pesquisas sobre atividade física possa haver
comparações interestudos (CRAIG et al., 2003).
O IPAQ apresenta vantagens, pois é direcionado para quatro
componentes da atividade física (lazer, trabalhos domésticos, ocupacional e
de transporte), enquanto outros instrumentos avaliam somente a atividade
física no lazer; é culturalmente adaptável, com mudanças nos exemplos de
atividades para populações específicas; fornece um escore em minutos por
semana, que é comparável com recomendações de saúde pública para
atividade física e permite a comparabilidade entre estudos (HALLAL et al.,
2005), além de ser de fácil aplicação e baixo custo, fundamentais quando se
trata de grandes grupos populacionais (PARDINI et al., 2001).
29
MATSUDO S et al. (2001), em estudo de validade e reprodutibilidade
do IPAQ no Brasil, concluíram que este parece ter validade e
reprodutibilidade semelhante a outros instrumentos utilizados
internacionalmente para medir o nível de atividade física, além de as formas
curta e longa apresentarem resultados similares de validade e
reprodutibilidade.
Duas versões do IPAQ são disponibilizadas, uma no formato longo e
outra no formato curto, sendo que ambas apresentam possibilidade de auto-
administração. A versão curta é mais freqüentemente sugerida para
utilização em populações jovens, é composta por oito questões abertas e
suas informações permitem estimar o tempo despendido por semana de
atividade física (GUEDES et al., 2005).
No Brasil, há um interesse crescente na promoção de estilos de vida
ativos, que podem auxiliar no combate à epidemia de excesso de peso
observada no País (GONÇALVES et al., 2007).
Neste contexto, em 1996, o Centro de Estudos do Laboratório de
Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) criou o Programa Agita
São Paulo baseado em intervenções em distintos níveis para promoção da
atividade física entre os aproximadamente 40 milhões de habitantes do
estado de São Paulo, principalmente estudantes, trabalhadores e pessoas
da maior idade. A mensagem que difunde o Agita São Paulo motiva as
pessoas a adotarem um estilo de vida mais ativo mediante o acúmulo de
pelo menos 30 minutos de atividade moderada por dia, de preferência todos
os dias da semana. O verbo “agita” significa sacudir o corpo, mas também
30
sugere mudanças de atitude e tornar-se um cidadão mais ativo. Desde então
o Programa tem sido amplamente adotado em muitas partes do Brasil, em
outros países da América Latina, e a OMS o utiliza como modelo para outros
países em desenvolvimento (MATSUDO S et al., 2003).
1.7 PROJETO LONGITUDINAL DE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO - PROJETO ILHABELA
O Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano
do Sul (CELAFISCS) foi fundado por um grupo de profissionais da área da
saúde com o propósito de avaliar questões referentes ao impacto da
atividade física, do exercício e do esporte nos processos de crescimento e
desenvolvimento das crianças.
As primeiras avaliações foram referentes à aptidão física,
determinando “padrões de normalidade” e um projeto de avaliação de
escolares da rede pública de São Caetano do Sul permitiu o
desenvolvimento das primeiras “curvas” de crescimento (CELAFISCS,
2008).
Dentre os projetos desenvolvidos pelo Celafiscs, encontra-se o
Projeto Ilhabela, que teve início em 1978 com o objetivo de estudar e
acompanhar o crescimento, desenvolvimento e a aptidão física de escolares
em região de baixo nível sócioeconômico (BORGES et al., 2004).
O Projeto Ilhabela realiza duas avaliações de seis em seis meses,
mensurando variáveis antropométricas, metabólicas, neuromotoras, de
31
maturação sexual, nível de atividade física e nutricionais de crianças e
adolescentes da rede pública de ensino de Ilhabela, mediante testes e
medidas padronizadas pelo laboratório (BORGES et al., 2004).
O projeto conta com 3544 registros (1846 meninos e 1698 meninas),
sendo que foram realizadas mais de 11 mil avaliações durante estes 30
anos*.
Este é o único projeto longitudinal realizado em países em
desenvolvimento, cuja principal característica reside no uso de materiais não
sofisticados, técnicas não complexas, sendo a facilidade e simplicidade dos
métodos motivos que permitem a aplicação em grandes grupos de
adolescentes*.
O trabalho do CELAFISCS envolve diretamente 6 escolas (5
estaduais e 1 municipal) e também é facultada a participação de toda a
comunidade residente em Ilhabela*.
*Comunicação pessoal do CELAFISCS, em 21 de maio de 2008, recebida
por correio eletrônico.
32
2 JUSTIFICATIVA
Os adolescentes constituem um grupo nutricionalmente vulnerável por
diversas razões, incluindo suas necessidades para o crescimento, seu
padrão alimentar e estilo de vida, seu comportamento de risco e sua
suscetibilidade às influências ambientais (WHO, 2005).
Práticas alimentares inadequadas e sedentarismo na adolescência
podem levar a um aumento excessivo de peso, que poderá perpetuar na
idade adulta elevando os riscos de DCNT e as taxas de mortalidade. Além
disso, o consumo inadequado de nutrientes também pode trazer prejuízos
ao crescimento e desenvolvimento nesta fase da vida.
Acredita-se que o acesso a informações sobre alimentação e nutrição,
e o incentivo à adoção de um estilo de vida saudável possam minimizar
estes riscos. O monitoramento do estado nutricional, do consumo alimentar
e do nível de atividade física é importante para a identificação do
comportamento de risco, cuja finalidade é a promoção de ações educativas
para os adolescentes em conjunto com a escola e a família.
Considerando que os adolescentes de Ilhabela são alvo de um
Projeto longitudinal que há 30 anos realiza atividades de avaliação da
aptidão física e do estado nutricional, talvez possam ser encontrados baixos
índices de sedentarismo e de excesso de peso.
Além disso, deve-se considerar o estilo de vida dos adolescentes de
Ilhabela, que têm como lazer atividades com maior gasto energético quando
comparados aos adolescentes de centros maiores. Em Ilhabela não há
33
shoppings centers nem redes de grandes lanchonetes e os adolescentes
têm maior liberdade para andar a pé, brincar na rua ou andar de bicicleta,
situação inversa dos adolescentes urbanos com acesso irrestrito aos locais
mencionados e menor possibilidade de movimentação devido à violência,
distância e ausência de locais próprios para atividades de lazer e recreação.
34
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Avaliar o consumo alimentar, o estado nutricional e o nível de
atividade física de adolescentes participantes do Projeto Ilhabela.
3.2 ESPECÍFICOS
Avaliar o consumo de energia, carboidratos, proteínas, lipídios,
cálcio, ferro e vitamina A segundo gênero .
Analisar o estado nutricional e o nível de atividade física segundo
gênero.
Comparar o consumo de energia, carboidratos, proteínas, lipídios,
cálcio, ferro e vitamina A, o estado nutricional e o nível de atividade
física segundo gênero e idade .
Avaliar as refeições realizadas pelos adolescentes e os grupos
alimentares consumidos segundo a Pirâmide Alimentar do
adolescente.
35
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo descritivo, de natureza transversal com coleta
de dados primários.
4.2 LOCAL DE ESTUDO
Figura 1 – Localização e vista panorâmica da escola estudada. Ilhabela, SP,
2006.
O estudo foi realizado no município de Ilhabela, localizado no litoral
norte do estado de São Paulo, situado entre os estados de São Paulo e Rio
de Janeiro, com uma área de 348 km².
Segundo o último censo do IBGE no ano 2000, o município de
Ilhabela apresentava uma população de 20.836 habitantes, distribuídos de
forma homogênea segundo gênero, sendo que os adolescentes
36
representavam 20% da população. Quanto à renda em salários mínimos
(SM), 35% da população era considerada sem rendimentos, 12,5% recebiam
até 1SM, 29% até 3SM, 11% até 5SM, 8% até 10SM, 2,5% até 20 SM e
1,7% mais de 20 SM, sendo que a maioria da população é de baixa renda
(IBGE, 2001).
4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO
A amostra foi do tipo não probabilística, por conveniência. A
casuística para o presente estudo foi constituída por 228 adolescentes, 115
meninos e 113 meninas, com idade entre 10 e 18 anos, que cursavam da 5ª
série do ensino fundamental ao 1º ano do ensino médio, regularmente
matriculados em umas das escolas participantes do Projeto Ilhabela (Escola
Estadual Profª Eva Esperança Silva).
4.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada em duas etapas, nos meses de
setembro e outubro de 2006.
Primeira etapa (setembro) – inquérito alimentar.
Segunda etapa (outubro) – coleta de medidas antropométricas e
inquérito de atividade física (IPAQ).
37
4.4.1 TREINAMENTO DA EQUIPE DE COLETA
Foram selecionadas e treinadas duas acadêmicas de Nutrição e uma
nutricionista para auxiliar na coleta dos dados sob a supervisão direta da
pesquisadora responsável.
4.4.2 RECORDATÓRIO DE 24 HORAS (REC24H)
Foi utilizado o recordatório alimentar de 24 horas “modificado” (Anexo
1) proposto por Dunker e Philippi (1999) para utilização em grupos de
indivíduos, devendo ser preenchido pela própria pessoa, indicado para
populações homogêneas (idade, classe social e escolaridade semelhantes).
Sendo necessárias orientações prévias e a presença do pesquisador para o
esclarecimento de dúvidas é imprescindível.
Neste estudo, os alunos foram orientados sobre o preenchimento do
instrumento em sala de aula, para tanto utilizou-se um guia explicativo
(Anexo 2). Foi detalhado um exemplo de uma dieta com todos os itens a
serem considerados (horário e tipo de refeição, variações dos alimentos e
quantidades) e para demonstração das medidas usuais de consumo foram
utilizados utensílios (ex.: “copo de requeijão”, colheres de sopa, sobremesa
e café, escumadeira, concha).
Em todas as salas de aula, os adolescentes ouviram atentamente as
orientações e preencheram individualmente seu Rec24h. Àqueles alunos
que apresentaram dúvidas, as respostas foram coletivas, no intuito de que
todos pudessem entender e de reforçar os conceitos. Os Rec24h foram
38
revisados no momento da entrega para minimizar possíveis erros de
preenchimento.
Ao final da coleta, foi ministrada aula sobre alimentação saudável
utilizando-se a Pirâmide Alimentar (PHILIPPI et al., 1999).
Posteriormente, cada caso foi novamente avaliado para verificação da
consistência dos dados. Foi utilizado o programa para análise de inquérito
alimentar populacional Virtual Nutri (PHILIPPI et al., 1996), no qual foram
incluídos alimentos e preparações que não faziam parte do banco de dados
do software com auxílio da “Tabela de composição de alimentos: suporte
para decisão nutricional” (PHILIPPI, 2001) e de rótulos de alimentos
regionais e locais.
4.4.3 IPAQ
Para determinação do nível de atividade física, foi utilizado o
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) – versão curta (Anexo
3), instrumento com o qual os adolescentes estavam mais familiarizados,
pois podem chegar a respondê-lo até duas vezes ao ano, no Projeto
Ilhabela. Este questionário também foi autopreenchido pelos alunos, sendo
explicado em cada sala de aula o modo de preenchimento, prestando-se
auxílio individual quando necessário. Foram consideradas atividades físicas
como forma de lazer, esporte, transporte e atividades diárias. Ao final, todos
os questionários foram revisados.
39
4.4.4 ANTROPOMETRIA
4.4.4.1 Peso
Para aferição do peso corporal foi utilizada uma balança digital, marca
Filizola, com precisão de 0,1 kg (Figura 2). O adolescente foi orientado a
ficar com o mínimo de vestimenta possível, descalço, de costas para a
balança e com os braços ao lado do corpo. O resultado foi expresso em kg e
frações de 100g (WHO, 1995).
4.4.4.2 Estatura
A estatura foi mensurada utilizando-se um estadiômetro de madeira,
constando de plataforma horizontal de apoio para os pés, unidos em ângulo
reto ao encosto vertical para fixação da fita métrica com o cursor móvel em
ângulo de 90 graus para apoio no vértex (Figura 2). O adolescente era
orientado a posicionar-se sobre a plataforma horizontal, de costas para o
apoio vertical de madeira, que contém uma fita métrica afixada, em posição
ortostática e ereto, descalço, pés unidos, com os calcanhares, quadril, região
escapular e parte posterior da cabeça encostados no referido apoio, braços
ao lado do corpo e cabeça orientada no plano horizontal de Frankfurt.
Durante a aferição desta medida o adolescente permanecia em apnéia
respiratória máxima, enquanto apoiava-se o cursor móvel em seu vértex. A
medida foi obtida com precisão de cm sendo utilizado como resultado final a
média aritmética de três mensurações de acordo com a padronização
CELAFISCS baseado na WHO (1995).
40
Figura 2 – Balança e estadiômetro na escola. Ilhabela, SP, 2006.
4.5 VARIÁVEIS DE ESTUDO
4.5.1 GÊNERO E IDADE
Para obtenção da idade foi coletada a data de nascimento dos
adolescentes, sendo o cálculo efetuado mediante a diferença do nascimento
com a data da entrevista. Com a finalidade de padronizar os grupos etários
optou-se por utilizar a classificação de estágios de vida da DRI (IOM, 2002):
9 a 13 anos e 14 a 18 anos. Os indivíduos também foram classificados
segundo o gênero, masculino e feminino.
41
4.5.2 CONSUMO ALIMENTAR
Foram analisados o valor calórico total (VCT), total de
macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) em peso (g) e percentual e
os micronutrientes cálcio, ferro e vitamina A .
Valor Calórico Total –VCT
Para o cálculo da necessidade energética estimada (NEE), foram
utilizadas as equações recomendadas pelo IOM (2002) segundo idade, nível
de atividade física, peso e estatura (Quadro 1) de cada indivíduo.
O dispêndio energético foi aferido pelo nível de atividade física
utilizando o IPAQ. Para se determinar o coeficiente de atividade física
segundo a sua classificação (suficientemente ativo e insuficientemente
ativo), adotou-se a média dos valores de coeficiente de atividade física do
IOM (2002), conforme descrito no Quadro 2.
Foram excluídos do estudo os adolescentes que apresentaram dieta
com valor energético abaixo de 500 kcal e acima de 6000 kcal, conforme
ANDRADE et al. (2003), por se constituírem eventos muito raros, ou quase
impossíveis de ocorrer.
42
Quadro 1 – Equações para estimativa de necessidades energéticas de
meninos e meninas entre 3 e 18 anos (kcal/dia).
Eutróficos
Meninos
NEE = 88,5 – (61,9 x Idade) + Coeficiente de Atividade Física x (26,7
x Peso + 903 x Estatura) + kcal para deposição de energia*
Meninas
NEE = 135,3 – (30,8 x Idade) + Coeficiente de Atividade Física x (10 x
Peso + 934 x Estatura) + kcal para deposição de energia*
Excesso de peso
Meninos
NEE = 114 – (50,9 x Idade) + Coeficiente de Atividade Física x (19,5 x
Peso + 1161,4 x Estatura) + kcal para deposição de energia*
Meninas
NEE = 389 – (41,2 x Idade) + Coeficiente de Atividade Física x (15 x
Peso + 701,6 x Estatura) + kcal para deposição de energia*
*9-18 anos: 25 kcal/dia para deposição de energia
Fonte: IOM, 2002.
Quadro 2 – Coeficiente de atividade física para crianças e adolescentes (3 a
18 anos) eutróficos e com excesso de peso.
Eutróficos
Nível de
atividade
Coeficiente
de Atividade
Física
Meninos
IPAQ Média
Coeficiente
de Atividade
Física
Meninas
IPAQ Média
Sedentário 1,10 1,10
Pouco Ativo 1,13
Insuficiente-
mente
ativo
1,11
1,16
Insuficien-
temente
ativo
1,13
Ativo 1,26 1,31
Muito Ativo 1,42
Suficiente-
mente ativo
1,34
1,56
Suficiente-
mente
ativo
1,43
Excesso de peso
Sedentário 1,00 1,00
Pouco Ativo 1,12
Insuficiente-
mente
ativo
1,06
1,18
Insuficien-
temente
ativo
1,09
Ativo 1,24 1,35
Muito Ativo 1,45
Suficiente-
mente ativo
1,34
1,60
Suficiente-
mente
ativo
1,47
Fonte: adaptado de IOM, 2002.
43
Para análise da adequação do consumo energético, classificou-se em
abaixo e acima do recomendado, considerando 100% da NEE.
Nutrientes
Para análise da adequação de ingestão de macronutrientes foram
utilizadas as recomendações da WHO/FAO (2003). Para os micronutrientes,
foram consideradas as recomendações do IOM (2002), conforme Quadro 3.
Quadro 3 – Recomendações de carboidratos, proteínas, lipídios, cálcio,
ferro e vitamina A.
Macronutrientes Percentual de energia (4-18 anos)
Carboidratos
55-75%*
Proteínas
10-15%*
Lipídios
15-30%*
Gênero
Masculino Feminino
Micronutrientes
(RDA)
9-13 anos 14-18 anos 9-13 anos 14-18 anos
Cálcio (mg/d)
1300 ** 1300** 1300** 1300**
Ferro (mg/d)
8** 11** 8** 15**
Vitamina A (µg/d)
600** 900** 600** 700**
Fonte: * WHO/FAO, 2003; **IOM, 2002.
Para análise dos dados, os macronutrientes foram classificados
conforme os intervalos percentuais recomendados pela WHO/FAO, 2003 em
abaixo do limite inferior, acima do limite superior ou dentro do intervalo
(Quadro 4).
Para análise do consumo de micronutrientes, classificou-se em acima
e abaixo do recomendado, considerando 100% da DRI (IOM,2002).
44
Quadro 4 – Classificação dos macronutrientes.
Carboidratos Lipídios Proteínas
Abaixo 55% Abaixo 15% Abaixo 10%
Acima 75% Acima 30% Acima 15%
55 a 75% 15 a 30% 10 a 15%
Refeições
Foi avaliada a realização de refeições pelos adolescentes a partir dos
Rec24h: as três principais (café da manhã, almoço e jantar) e as três
intermediárias (lanche da manhã, lanche da tarde e lanche da noite)
segundo PHILIPPI (2008). Para tanto, foram padronizados intervalos de
horários prováveis das refeições: café da manhã entre 6 e 9h; lanche da
manhã entre 9 e 11h; almoço entre 11 e 14h, lanche da tarde entre 14 e
18h, jantar entre 18 e 21h e lanche da noite entre 21 e 24h. Os alunos
informaram os horários que pelo critério adotado constituíram as refeições
do dia, quando não informado considerou-se como omissão de refeição.
Também foram avaliados o almoço e o jantar, a fim de identificar se
houve substituição de refeições por lanche.
Número de repetições por grupos da Pirâmide Alimentar para
adolescentes
Os alimentos referidos nos inquéritos alimentares foram listados, e
classificados segundo os grupos da Pirâmide Alimentar para Adolescentes
(Figura 3), que recomenda uma dieta de 2800 kcal em média, para
45
adolescentes de 10 a 19 anos (PHILIPPI et al., 2008).
Foi estabelecida a freqüência esperada por grupo alimentar,
multiplicando-se o número de Rec24h (228) pelo número médio de porções
recomendadas para cada grupo alimentar, conforme se observa no Quadro
5.
Figura 3 – Pirâmide Alimentar para o adolescente.
Fonte: Philippi et al. 2008.
46
Quadro 5 – Freqüência esperada de alimentos por grupo da Pirâmide
Alimentar para adolescentes.
Grupos Alimentares
Porções Freqüência
esperada
Arroz, pão, massa, batata, mandioca 9 2052
Verduras e legumes 4 912
Frutas 5 1140
Leite, queijo, iogurte 4 912
Carnes e ovos 2 456
Feijões 1 228
Óleos e gorduras 1 228
Açúcares e doces 1 228
4.5.3 ATIVIDADE FÍSICA
Quanto ao nível de atividade física os adolescentes foram
classificados de acordo com STRONG et al. (2005):
Insuficientemente ativos – relatou caminhada e atividades físicas
moderadas a vigorosas iguais ou inferiores a 300 minutos por
semana.
Suficientemente ativos – relatou caminhada e atividades físicas
moderadas a vigorosas superiores a 300 minutos por semana.
4.5.4 ESTADO NUTRICIONAL – IMC
Para classificação do estado nutricional foi utilizado o índice de massa
corporal, obtido pela divisão do peso corporal (kg) pela estatura ao quadrado
(m)
2
.
IMC =
Peso (kg)
Estatura (m
2
)
___________
47
Foram adotados os pontos de corte de IMC propostos pela OMS
(WHO, 1995), adolescentes considerados “com risco de excesso de peso”
(IMC P85 e < P95) foram agrupados com aqueles considerados com
excesso de peso ( P95) e considerados com excesso de peso (SANCHEZ
et al., 2007; ANJOS et al., 2003). A população de referência utilizada foi a
proposta por MUST et al. (1991),
utilizando os dados dos National Health
and Nutrition Examination Survey (NHANES), cujos valores estão descritos
nos Quadros 6 e 7.
Quadro 6 – Classificação do estado nutricional de acordo com os percentis
de IMC.
Estado Nutricional Pontos de corte
Baixo peso < percentil 5
Eutrófico percentil 5 e < percentil 85
Excesso de peso percentil 85
Fonte:Adaptado de WHO, 1995.
Quadro 7 – Percentis do IMC para adolescentes segundo idade (em anos) e
gênero.
Percentis
P5 P15 P50 P85 P95
Idade
(anos)
M F M F M F M F M F
10
14,42 14,23 15,15 15,09 16,72 17,00 19,60 20,19 22,60 23,20
11
14,83 14,60 15,59 15,53 17,28 17,67 20,35 21,18 23,73 24,59
12
15,24 14,98 16,06 15,98 17,87 18,35 21,12 22,17 24,89 25,95
13
15,73 15,36 16,62 16,43 18,53 18,95 21,93 23,08 25,93 27,07
14
16,18 15,67 17,20 16,79 19,22 19,32 22,77 23,88 26,93 27,97
15
16,59 16,01 17,76 17,16 19,92 19,69 23,63 24,29 27,76 28,51
16
17,01 16,37 18,32 17,54 20,63 20,09 24,45 24,74 28,53 29,10
17
17,31 16,59 18,68 17,81 21,12 20,36 25,28 25,23 29,32 29,79
18
17,54 16,71 18,89 17,99 21,45 20,57 25,92 25,56 30,02 30,22
19
17,80 16,87 19,20 18,20 21,86 20,80 26,36 25,85 30,66 30,72
Fonte: Must et al., 1991
48
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para análise dos dados foram calculados média, como medida de
tendência central, o desvio padrão, para descrever a variabilidade da
distribuição de cada variável, mediana, mínimo e máximo.
Para verificar a aderência à curva normal foi aplicado o teste de
Kolmogorov Smirnov. Como o resultado encontrado foi uma distribuição não
paramétrica, optou-se pela transformação logarítmica (y = log x), produzindo
dados normalmente distribuídos.
O teste Qui-quadrado (X²) foi utilizado com o objetivo de explorar as
possíveis associações entre as variáveis nível de atividade física, valor
calórico total da dieta e estado nutricional segundo gênero.
Para verificar as possíveis diferenças de valores médios de valor
calórico total das dietas, nível de atividade física e estado nutricional
segundo gênero e idade foi realizada a análise de variância a dois critérios
(ANOVA – “Two way”), com interação envolvendo os dois critérios de
classificação.
Para todos os testes foi fixado um nível de significância de 5%
(p0,05).
O processamento dos dados de consumo alimentar foi efetuado pelo
software Virtual Nutri (PHILIPPI et al, 2006) para obtenção dos valores de
energia, macronutrientes e micronutrientes, e a tabulação e análise dos
dados foram realizadas por meio dos programas Microsoft Excel (versão
XP), Epi-Info (versão 6.04) e SPSS (versão 13.0).
49
4.7 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Estabeleceu-se inicialmente um contato com a diretoria da escola que
autorizou a realização do presente estudo (Anexo 4).
Os pais ou responsáveis pelos adolescentes foram informados e
esclarecidos sobre os procedimentos que envolveram esta pesquisa por
meio de documento, sendo de livre escolha a sua participação,
assegurando-lhe confidencialidade das informações.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido está baseado na
Resolução 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde
(Anexo 5). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP)
da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (Anexo 6).
A pesquisadora compromete-se também a comunicar imediatamente
à Instituição toda e qualquer complicação ocorrida durante a realização do
referido projeto que ponha em risco, voluntários ou bens incluídos no
trabalho (Anexo 7).
4.8 BENEFÍCIOS AOS SUJEITOS DA PESQUISA
A pesquisadora compromete-se em informar à escola e às famílias
sobre os resultados encontrados, e pretende realizar um manual de
orientação nutricional para os adolescentes, escola e pais, visando a
promoção de hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física.
50
5 RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
Participaram do inquérito alimentar 292 adolescentes (primeira etapa),
destes, 37 não compareceram para a coleta de peso, estatura e IPAQ
(segunda etapa). Houve recusa em aferir peso e estatura por 9
adolescentes, perdas relativas ao preenchimento incompleto do Rec24h (13)
e 5 foram excluídos por apresentarem dieta com valor calórico total inferior a
500 kcal ou superior a 6000 kcal (ANDRADE et al., 2003). Totalizando os
228 adolescentes estudados (Figura 4).
A população de estudo (Tabela 1) foi composta por 228 adolescentes,
sendo 115 (50,4%) meninos e 113 (49,6%) meninas, com idade entre 10 e
13 anos (47,8%) e 14 e 18 anos (52,2%).
N=292
(primeira etapa)
N = 37 sem avaliação
antropométrica
N=255
(segunda etapa)
N=228
(final)
N = 9 recusas
N = 13 dados inconsistentes
N = 5 consumo energético
<500 e >6000 Kcal
Figura 4 – Número de adolescentes estudados, Ilhabela, SP, 2006.
51
Tabela 1 – Distribuição do número e percentual de adolescentes, segundo
estágio de vida e gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Variável
Masculino Feminino Total
n % n % n %
Estágio de vida
10 a 13 anos 55 24,1 54 23,7 109 47,8
14 a 18 anos 60 26,3 59 25,9 119 52,2
Total 115 50,4 113 49,6 228 100
5.2 CONSUMO ALIMENTAR
5.2.1 ANÁLISE QUANTITATIVA
O valor calórico total da dieta ficou abaixo do recomendado para 66%
dos adolescentes, sendo que entre os meninos este percentual foi superior
(70%) ao apresentado pelas meninas (63%, p=0,282) (Tabela 2).
Para os macronutrientes, obteve-se um consumo dentro dos limites
recomendados em 52% dos adolescentes para carboidratos, 51% para
lipídios e 46% para proteínas. Quanto aos lipídios ainda observou-se um
consumo acima do limite superior da recomendação para 47% dos
indivíduos. O consumo de proteínas também foi superior ao recomendado
em 40% da amostra. Em contrapartida, o consumo de carboidratos foi
abaixo do limite inferior da recomendação para 46% dos adolescentes
(Tabela 2).
52
Tabela 2 – Distribuição do consumo de energia, carboidratos, lipídios e
proteínas segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino Total
Variáveis
N % N % N %
p
Energia (kcal)
Abaixo recomendado 80 70 70 63 151 66
Acima recomendado 35 30 42 37 77 34
0,282
Carboidratos
Abaixo 55% 54 47 51 45 105 46
Acima 75% 0 0 5 4,4 5 2
55 a 75% 61 53 57 50 118 52
0,074
Lipídios
Abaixo 15% 1 1 4 3,5 5 2
Acima 30% 55 48 51 45 106 47
15 a 30% 59 51 58 51 117 51
0,379
Proteínas
Abaixo 10% 15 13 16 14 31 14
Acima 15% 46 40 46 41 92 40
10 a 15% 54 47 51 45 105 46
0,951
Houve associação entre o consumo de vitamina A e gênero. O
percentual de meninas que consumiram vitamina A acima do recomendado
foi maior (p=0,012) que o de meninos (Tabela 3).
Em relação ao consumo de cálcio, 96% das meninas e 90% dos
meninos apresentaram ingestão inferior à recomendação, não apresentando
diferença estatisticamente significativa (Tabela 3).
53
Houve associação entre o gênero e o percentual de consumo de ferro
em relação à recomendação. O percentual de meninas que consumiram
ferro abaixo do recomendado foi maior (p<0,001) que o de meninos (Tabela
3).
Tabela 3 – Distribuição do consumo de vitamina A, cálcio e ferro segundo
gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino Total
Variáveis
n % n % n %
p
Vitamina A
Abaixo
recomendado
99 86 82 73 181 79
Acima
recomendado
16 14 31 27 47 21
0,012*
Cálcio
Abaixo
recomendado
104 90 108 96 212 93
Acima
recomendado
11 10 5 4 16 7
0,129
Ferro
Abaixo
recomendado
14 12 46 41 60 26
Acima
recomendado
101 88 67 59 168 74
< 0,001*
Total 115 100 113 100 228 100
*p<0,05
As medidas de tendência central, dispersão, mediana, mínimo e
máximo para as variáveis de consumo alimentar e gênero são apresentadas
na Tabela 4. Observou-se médias de consumo de carboidratos, semelhantes
54
entre meninos (343,57 g) e meninas (319,05 g), e uma grande variação entre
os valores mínimo (72,69 g) e máximo (905,65 g).
Quanto ao consumo de lipídios, não houve diferença estatisticamente
significativa, com valores médios de 85,03 g para meninos e 76,25 g para
meninas.
Houve diferença estatisticamente significativa no consumo de
proteínas entre meninos e meninas, sendo que eles apresentaram valor
médio superior (90,59 g, p=0,05).
Quanto ao valor calórico total médio, observou-se valor médio
superior para os meninos (2501,93 kcal) quando comparado às meninas
(2285,48 kcal), não apresentando diferença estatisticamente significativa.
Com relação aos micronutrientes, notou-se consumo médio superior
de vitamina A entre as meninas (663,39 µgEqRe), e uma variação de zero a
13993,83 µgEqRe, fazendo com que esta variável não apresentasse
distribuição normal, mesmo após logaritmização. O consumo médio de
cálcio foi semelhante entre os gêneros (701,44 mg para os meninos e
666,30 mg para as meninas), não apresentando diferença estatisticamente
significativa.
O consumo médio de ferro foi superior entre os meninos (17,13mg)
quando comparado ao das meninas (14,28 mg), apresentando diferença
estatisticamente significativa (p=0,002).
Ao comparar as varáveis de consumo alimentar segundo gênero e
estágio de vida (Tabela 5), identificou-se diferença estatisticamente
significativa no consumo de proteínas (p=0,011) e ferro (p=0,049), o
55
consumo de ambos foi superior entre os meninos de 14 a 18 anos.
Os meninos classificados no estágio de vida de 14 a 18 anos
apresentaram médias de consumo superiores de carboidratos, lipídios e
cálcio, inclusive para energia total, não apresentando diferença
estatisticamente significativa entre meninas e meninos de 10 a 13 anos.
56
Tabela 4 – Estatística descritiva das variáveis de consumo alimentar segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino Total
Variável
n Média (dp) Mediana Min - Máx n Média (dp) Mediana Min - Máx
p
n Média (dp) Mediana Min - Máx
Energia
(kcal)
115
2501,93
(1114,71)
2310,6 587,74 – 5569,58 113
2285,48
(1002,33)
2089,86 685,76 – 5672,22 0,125 228
2394,65
(1063,71)
2210,88 587,74 – 5672,22
Carboidratos
(g)
115
343,57
(164,23)
321,48 75,08 – 905,65 113
319,05
(144,43)
293,05 72,69 – 889,42 0,267 228
331,42
(154,88)
307,81 72,69 – 905,65
Lipídio
(g)
115
85,03
(47,42)
73,67 13,49 – 235,48 113
76,25
(39,86)
71,64 10,26 – 197,16 0,179 228
80,68
(43,86)
72,13 10,26 – 235,48
Proteínas
(g)
115
90,59
(44,50)
76,12 16,75 – 240,55 113
80,76
(41,20)
76,1 14,10 – 220,90 0,05 228
85,72
(43,08)
76,11 14,10 – 240,55
Vitamina A
(µgEqRe)
115
421,33
(454,33)
316,46 0 – 2884,41 113
663,39
(1393,84)
387,48 0,55 – 13993,83 - 228
541,30
(1037,76)
342,54 0 – 13993,83
Cálcio
(mg)
115
701,44
(398,83)
626,89 59,88 – 1635,03 113
666,30
(414,20)
583,34 64,43 – 2445,43 0,515 228
684,03
(406,0)
611,02 59,88 – 2445,43
Ferro
(mg)
115
17,13
(7,83)
15,8 2,41 – 38,87 113
14,28
(7,41)
12,6 3,36 – 34,08 0,002* 228
15,72
(7,75)
14,2 2,41 – 38,87
*p<0,05
57
Tabela 5 – Distribuição da média (dp) de energia, macro e micronutrientes segundo gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP,
2006.
*p<0,05
Masculino Feminino
10 a 13 anos 14 a 18 anos 10 a 13 anos 14 a 18 anos
Variável
média (dp) média (dp) média (dp) média (dp)
p
Energia (kcal)
2222,01 (1045,05) 2758,52 (1123,08) 2329 (1034,63) 2245,47 (979,01) 0,074
Carboidratos (g)
304,91 (155,92) 379,01 (164,89) 322,2 (149,26) 316,18 (141,09) 0,075
Proteínas (g)
81,29 (44,71) 99,11 (42,91) 84,44 (40,64) 77,39 (41,76) 0,011*
Lipídios (g)
75,25 (40,95) 94,01 (51,37) 78,07 (42,09) 74,58 (37,98) 0,07
Cálcio (mg)
627,04 (374,72) 769,65 (411,02) 682,1 (424,50) 651,88 (407,66) 0,064
Ferro (mg)
15,09 (7,50) 18,99 (7,73)
14,12 (6,90) 14,43 (7,92) 0,049*
58
5.2.2 ANÁLISE QUALITATIVA
Os dados de consumo alimentar foram avaliados também segundo a
qualidade da dieta.
Pelos critérios adotados verificou-se que a maioria dos adolescentes
realizou as três refeições principais: café da manhã (79%), almoço (93%) e
jantar (94%). Quanto aos lanches intermediários, 42% faziam lanche da
manhã, 78% lanche da tarde e 16% lanche da noite (Tabela 6).
Tabela 6 – Distribuição da freqüência de refeições segundo o gênero.
Ilhabela, SP, 2006.
Mascullino
(n=115)
Feminino
(n=113)
Total
(n=228)
Refeição Realização
n % n % n %
p
Sim
100 87 80 71 180 79
Café da
manhã
Não
15 13 33 29 48 21
0,002*
Sim
49 43 46 41 95 42
Lanche da
manhã
Não
66 57 67 59 133 58
0,771
Sim
110 96 102 90 212 93
Almoço
Não
5 4 11 10 16 7
0,111
Sim
83 72 95 84 178 78
Lanche da
tarde
Não
32 28 18 16 50 22
0,030*
Sim
110 96 104 92 214 94
Jantar
Não
5 4 9 8 14
0,255
Sim
16 14 21 19 37 16
Lanche da
noite
Não
99 86 92 81 191 84
0,339
*p<0,05
59
No entanto, ressalta-se que 21% dos adolescentes não tomavam o
café da manhã, sendo este índice superior entre as meninas (29%) em
relação aos meninos (13%), verificando-se associação entre o gênero
feminino e a freqüência desta refeição (p=0,002). Em relação às outras duas
refeições principais, verificou-se que 7% dos adolescentes não almoçavam e
6% não jantavam (Tabela 6).
Também foi verificada associação entre o gênero masculino e a
freqüência de realização do lanche da tarde (p=0,03), com 28% para os
meninos e 16% para as meninas (Tabela 6).
Foram encontrados 70 (30,7%) adolescentes que trocavam refeição
por lanche. Na Tabela 7, observa-se que 6,2% dos jovens substituíram a
refeição por lanche no almoço, sendo esta distribuição homogênea entre os
gêneros. Por outro lado, 24,6% dos adolescentes substituíram o jantar por
lanche, com distribuição de 20,9% entre os meninos e 28,3% entre as
meninas.
60
Tabela 7 – Distribuição do tipo de refeição realizada segundo gênero.
Ilhabela, SP, 2006.
Masculino
(n=115)
Feminino
(n=113)
Total
(n=228)
Variáveis
n % n % n %
p
Refeição
103 89,6 95 84,1 198 86,8
Lanche
7 6,1 7 6,2 14 6,2
Almoço
Não faz
5 4,3 11 9,7 16 7
0,2786
Refeição
86 74,8 72 63,7 158 69,3
Lanche
24 20,9 32 28,3 56 24,6
Jantar
Não faz
5 4,3 9 8 14 6,1
0,173
Os alimentos mais referidos pelos adolescentes consumidos como
lanche foram leite (23), pão francês (18), achocolatado (13), refrigerante (12)
e margarina (11). Também foram citados biscoito recheado, pão de forma,
pão doce, pizza, pipoca, queijo e salgado por pelo menos 4 adolescentes
(Tabela 8).
61
Tabela 8 – Número de adolescentes e itens alimentares consumidos em
substituição ao almoço e jantar. Ilhabela, SP, 2006.
Ao se analisar a variedade e qualidade de alimentos ingeridos,
segundo os grupos da pirâmide alimentar, foram encontrados 174 itens
Itens alimentares (n=37) Adolescentes (n=70)
Leite integral 23
Pão francês 18
Achocolatado 13
Refrigerante 12
Margarina 11
Salgado 8
Café 7
Queijo 6
Suco em pó 6
Biscoito recheado 5
Pão de forma 5
Pão doce 4
Pipoca salgada 4
Pizza 4
Sanduíche natural 3
Bolo de cenoura 2
Cheeseburguer 2
Iogurte 2
Pão de cará 2
Salgadinho de pacote 2
Suco industrializado 2
Torrada 2
Torta salgada 2
Batata frita 1
Biscoito água e sal 1
Caranguejo 1
Carne moída 1
Doce 1
Frutas 1
Hambúrguer 1
Mortadela 1
Pão de queijo 1
Presunto 1
Suco (polpa) 1
Lingüiça 1
Ovo 1
Sorvete 1
62
alimentares diferentes.
A Tabela 9 apresenta a freqüência com que os principais itens
alimentares (150) foram consumidos no inquérito realizado, considerando o
número de Rec24h igual a 228. Dentre os alimentos do grupo do arroz, pão,
massa, batata, mandioca, verificou-se maior consumo de arroz (307), pão
francês (176), macarrão (70), outros pães (50), biscoitos (45), bolos (38) e
batata (34), sendo que aqueles alimentos que apareceram mais de 228
vezes foram consumidos mais de uma vez por dia.
Quanto ao grupo das verduras e legumes e ao grupo das frutas, todos
os alimentos encontrados nos Rec24h estão listados na Tabela 9, portanto
observou-se um baixo consumo de alimentos destes grupos, visto que entre
as verduras e legumes, os alimentos mais consumidos foram alface (68) e
tomate (30), seguidos de cebola (14), pepino (9) e cenoura (8). No grupo das
frutas o consumo foi ainda menor, considerando que apenas 17
adolescentes consumiram maçã, 10 consumiram banana, 9 ingeriram laranja
e 8 fizeram uso de limão.
No que diz respeito ao grupo do leite, verificou-se o consumo de leite
integral (223) por praticamente todos os adolescentes, pelo menos uma vez
por dia. Os queijos (33) e iogurtes (9) tiveram baixo consumo
comparativamente ao leite.
No grupo das carnes, o alimento mais consumido foi a carne bovina
(136), seguida de frango (78), salsicha (31), presunto (22) e ovos (21). O
pescado e frutos do mar tiveram baixo consumo (9) comparativamente.
Com relação ao grupo dos feijões, observou-se um maior consumo,
63
sendo que todos consumiram feijão pelos menos uma vez ao dia, chegando
a 269 repetições, parecendo haver um alto consumo também no jantar.
No grupo dos óleos e gorduras, dentre os alimentos de alta densidade
energética consumidos, verificou-se um consumo predominante de
margarina (152), batata frita (27) e salgadinhos de pacote (26). No grupo dos
açúcares e doces houve maior consumo de achocolatados (142), suco
artificial em pó (131), refrigerante (80), açúcar (74), balas (64) e biscoitos
recheados (63).
Ao comparar o número de repetições de alimentos encontrados nos
Rec24h com o número esperado, conforme os grupos e número de porções
da Pirâmide, verificou-se que o consumo de açúcares e doces (331%) e
óleos e gorduras (119%) foi acima do esperado, enquanto o consumo dos
grupos das frutas (8%), das verduras e legumes (17%), do leite, queijo,
iogurte (32%) e do arroz, pão, massa, batata, mandioca (39%) foi abaixo do
esperado (Tabela 10). O grupo da carne alcançou 85% do número de
repetições esperado. E para o grupo dos feijões também observou-se um
percentual acima do esperado (120%).
Entre as bebidas citadas, destacou-se o café, com 87 repetições.
Ao se transformar o número de repetições encontrado para cada
grupo de alimentos, em porções da Pirâmide Alimentar, seria possível
perceber uma inversão na posição dos grupos, pois, devido ao baixo
consumo de frutas, verduras e legumes, estes passariam para o ápice,
enquanto o grupo dos açúcares e doces ficaria na base da Pirâmide devido
ao seu consumo elevado (Figura 5).
64
Figura 5– Pirâmide Alimentar encontrada na dieta dos adolescentes de
Ilhabela, SP, 2006.
65
Tabela 9 – Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos
da Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006.
Grupos da Pirâmide Alimentar Freqüência
Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca
Arroz branco 307
Pão francês 176
Macarrão 70
Pão branco 59
Bolos 38
Batata cozida 34
Biscoito água e sal 36
Biscoito doce 11
Aveia em flocos 9
Macarrão instantâneo 8
Torrada 7
Abóbora 5
Farinha de mandioca 5
Torta salgada 5
Pipoca salgada 4
Sopa 4
Cereal matinal 3
Mandioca 3
Nhoque 2
Polenta 2
Salada de batatas 2
Canelone, cuscuz, milho, panqueca, pão de queijo, risoto 1
Grupo das verduras e legumes
Alface 68
Tomate 31
Cebola 14
Pepino 9
Cenoura 8
Abóbora moranga 5
Chuchu 4
Continua
66
Tabela 9 - Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos da
Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006.
Continuação
Grupos da Pirâmide Alimentar Freqüência
Agrião 3
Beterraba 2
Pimentão 2
Quiabo 2
Repolho 2
Alho, azeitona, champignon, couve, jiló, vagem 1
Grupo das frutas
Suco natural 19
Maçã 17
Banana 10
Laranja 9
Limão 8
Coco seco ralado 8
Ameixa vermelha 3
Morango 3
Pêra 3
Mamão 2
Abacaxi, abacate, goiaba, jabuticaba, manga, uva itália 1
Grupo do leite, queijo, iogurte
Leite integral 223
Queijos (muçarela, prato, parmesão e minas) 33
Leite desnatado 10
Iogurte 10
Requeijão 6
Queijo "Petit Suisse" morango 3
Vitamina de frutas e leite 3
Leite semi-desnatado e leite fermentado 1
Continua
67
Tabela 9 - Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos da
Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006.
Continuação
Grupos da Pirâmide Alimentar Freqüência
Grupo das carnes e ovos
Carne bovina (grelhada ou assada) 136
Frango 81
Salsicha 31
Carne moída com molho 23
Presunto 22
Ovos 21
Lingüiça de porco 13
Mortadela 11
Hambúrguer 11
Carne suína 10
Costela com osso 6
Pescado e frutos do mar 9
Espetinho de carne 3
Frango empanado 3
Caranguejo 2
Estrogonofe 2
Almôndega, charque, fígado bovino, quibe 1
Grupo dos feijões
Feijão cozido 269
Feijoada 4
Grupo dos óleos e gorduras
Margarina 152
Batata frita 27
Salgadinhos de pacote 26
Óleo de soja 17
Maionese 10
Salgado assado 10
Pizza 8
Salgado frito 8
Continua
68
Tabela 9 - Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos da
Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006.
Continuação
Grupos da Pirâmide Alimentar Freqüência
Azeite de oliva 4
Batata palha 2
Manteiga 2
Molho branco 2
Bacon, bolinho de chuva, creme de leite, salame 1
Grupo dos açúcares e doces
Achocolatado 142
Suco artificial em pó 131
Refrigerante 80
Açúcar 74
Balas 66
Biscoito recheado 63
Chocolate 21
Pirulito 16
Chiclete 13
Sorvete 13
Pipoca doce industrializada 12
Suco de caixinha 11
Creme de chocolate 9
Cobertura de chocolate 7
Creme de baunilha 7
Goiabada 5
Leite condensado 5
Paçoquinha 5
Brigadeiro 4
Mousse (chocolate e maracujá) 4
Doce de leite 3
Gelatina 3
Geléia 3
Arroz doce 2
Beijinho 2
Continua
69
Tabela 9 - Freqüência obtida na dieta dos adolescentes, segundo grupos da
Pirâmide Alimentar (n=150). Ilhabela, SP, 2006.
Continuação
Grupos da Pirâmide Alimentar Freqüência
Pudim de leite condensado 2
Bebida láctea - achocolatado 2
Canjica, pavê de amendoim, rocambole de doce de leite,
suspiro
1
Tabela 10 – Freqüência obtida na dieta dos adolescentes segundo os
grupos da Pirâmide Alimentar do adolescente. Ilhabela, SP, 2006.
Grupos Alimentares
Freqüência
esperada
(FE)
Freqüência
observada
(FO)
Freqüência
Obtida
(FO/FE)
Arroz, pão, massa, batata,
mandioca
2052 796
0,39
Verduras e legumes
912 156 0,17
Frutas
1140 88 0,08
Leite, queijo, iogurte
912 290 0,32
Carnes e ovos
456 387 0,85
Feijões
228 273 1,20
Óleos e gorduras
228 272 1,19
Açúcares e doces
228 709
3,11
5.3 ESTADO NUTRICIONAL
Ao analisar o estado nutricional da população estudada observou-se
que 74% dos adolescentes eram eutróficos. Foram encontrados 6% de baixo
peso e 20% de excesso de peso. O baixo peso foi superior entre os meninos
(8%) e o excesso de peso foi superior entre as meninas (22%), sendo que
70
ambos não apresentaram diferença estatisticamente significativa (Tabela
11).
Tabela 11 – Distribuição do estado nutricional segundo gênero. Ilhabela, SP,
2006.
Masculino Feminino Total p
Estado nutricional
n % n % n %
Baixo peso
9 8 4 4 13 6
Eutrofia
84 73 84 74 168 74
Excesso de peso
22 19 25 22 47 20
Total 115 100 113 100 228 100
0,35
Ao se comparar as médias de IMC entre os gêneros, observou-se
médias semelhantes (20,01 kg/m² para os meninos e 20,91 kg/m² para as
meninas). As médias de estatura (Tabela 12) foram diferentes
estatisticamente, sendo superiores para os meninos (1,60m), com p=0,03.
Após comparação das médias de peso, estatura e índice de massa
corporal (IMC), segundo gênero e estágio de vida, verificou-se diferença
estatisticamente significativa na a estatura, sendo superior entre os meninos
de 14 a 18 anos (p<0,001). O IMC foi superior entre as meninas entre 14 e
18 anos, não apresentando diferença estatisticamente significativa (Tabela
13).
71
Tabela 12 – Estatística descritiva da idade, estatura, peso e IMC segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino
p
Total
Variável
n
Média
(dp)
Mediana Min - Máx n
Média
(dp)
Mediana Min - Máx n
Média
(dp)
Mediana Min - Máx
Idade
(anos)
115
13,5
(1,67)
14 10,0 - 18,0 113
13,4
(1,53)
14 10 – 16 - 228
13,5
(1,60)
14 10 – 18
Estatura
(m)
115
1,60
(0,12)
1,61 1,34 – 1,86 113
1,57
(0,07)
1,57 1,38 – 1,73 0,030 228
1,58
(0,10)
1,59 1,34 – 1,86
Peso
(kg)
115
51,93
(15,10)
48,5 30,20 – 106,80 113
51,92
(13,09)
49,3 28,40 – 97,00 0,768 228
51,92
(14,11)
48,9 28,40 – 106,80
IMC
(kg/m²)
115
20,01
(4,04)
19,15 14,04 – 34,90 113
20,91
(4,48)
19,7 12,82 – 35,69 0,106 228
20,46
(4,28)
19,48 12,82 – 35,69
Tabela 13 - Distribuição da média (dp) de peso, estatura e IMC segundo gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino
10 a 13 anos 14 a 18 anos 10 a 13 anos 14 a 18 anos
Variável
Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp)
p
Peso (kg)
44,77 (12,67) 58,5 (14,22) 46,51 (10,32) 56,86 (13,47) 0,235
Estatura (m)
1,52 (0,10) 1,67 (0,08) 1,54 (0,07) 1,60 (0,06) < 0,001
IMC (kg/m²)
19,13 (3,85) 20,81 (4,07) 19,52 (3,56) 22,19 (4,88) 0,446
72
5.4 ATIVIDADE FÍSICA
A maioria dos adolescentes (91,2%) foi classificada como
suficientemente ativa (Figura 6). Entre os insuficientemente ativos, observou-
se 6,1% para os meninos e 11,5% para as meninas (Figura 7), mas não
houve associação entre nível de atividade física e gênero (p = 0,148).
Ao se analisar a atividade física em minutos por semana, não houve
diferença estatisticamente significativa entre as médias segundo o gênero.
Verificou-se uma média de 1100 min/semana entre os meninos e de 1029
min/semana entre as meninas (Tabela 14).
Após análise segundo gênero e estágio de vida (Tabela 15), verificou-
se que os meninos de 14 a 18 anos apresentaram média de atividade física
(minutos/semana) superior (1213,33) aos de 10 a 13 anos (976,82) e às
meninas, independendente da faixa etária.
Figura 6 – Percentual de adolescentes segundo nível de atividade física,
Ilhabela, SP, 2006.
91,2
8,8
Suficientemente Ativo Insufucientemente Ativo
73
93,9
88,5
6,1
11,5
0
20
40
60
80
100
Suficientemente Ativo Insufucientemente Ativo
Masculino Feminino
Figura 7 – Percentual de adolescentes segundo nível de atividade física e
gênero, Ilhabela, SP, 2006.
Analisando separadamente a caminhada e as atividades física
moderada e vigorosa, verificou-se que a recomendação da realização de 60
minutos/dia de atividade física, cinco vezes por semana, foi cumprida pelos
adolescentes de Ilhabela. As meninas realizaram atividade física moderada
com maior freqüência e duração que os meninos. Em contrapartida, os
meninos realizaram mais atividade física vigorosa que as meninas. A
realização de caminhada foi semelhante entre os gêneros (Tabela 16).
74
Tabela 14 - Estatística descritiva da atividade física (minutos/semana) segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Tabela 15 - Distribuição da média (dp) de atividade física (minutos/semana) segundo gênero e estágio de vida. Ilhabela, SP,
2006.
Masculino Feminino
p
Total
Variável
n Média (dp) Mediana Min - Máx n Média (dp) Mediana Min - Máx n Média (dp) Mediana Min - Máx
Atividade física
(Minutos/semana)
115 1100 (787) 880 40 – 3780 113 1029 (730) 840 90 – 3360 0,548 228 1064 (759) 870 40 – 3780
Masculino Feminino
10 a 13 anos 14 a 18 anos 10 a 13 anos 14 a 18 anos
p
Variável
Média (dp) Média (dp) Média (dp) Média (dp)
Atividade física
(Minutos/semana)
976,82 (655,52) 1213,33 (881,65) 942,5 (731,57) 1107,37 (726,40) 0,058
75
Tabela 16 – Distribuição da média (dp) da freqüência e duração de caminhada, atividade física moderada e vigorosa,
segundo gênero. Ilhabela, SP, 2006.
Masculino Feminino
Freqüência
(dias)
Duração
(minutos)
Freqüência
(dias)
Duração
(minutos)
Variável
Média Desvio
padrão
Média Desvio
padrão
Média Desvio
padrão
Média Desvio
padrão
Caminhada 5,14 2,04 50,87 57,86 5,04 1,83 58,10 71,23
Atividade Física
Moderada
4,03 2,39 60,04 74,05 5,38 2,09 83,89 70,93
Atividade Física
Vigorosa
4,05 2,40 118,22 89,05 2,64 2,04 78,58 69,40
76
6 DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou o consumo alimentar, o estado nutricional
e o nível de atividade física de adolescentes participantes do Projeto
Ilhabela.
Foram avaliados 228 adolescentes e a distribuição homogênea entre
os gêneros (50,4% meninos e 49,6% meninas) e estágios de vida (47,8%
entre 10 e 13 anos e 52,2% entre 14 e 18 anos) também foram observadas
em outros estudos (NEUTZLING et al.,2007; ESTIMA, 2007).
Na avaliação do consumo alimentar, verificou-se dieta com valor
calórico total abaixo do recomendado para 66% dos adolescentes (Tabela
2). Esse resultado vai ao encontro do verificado por KAPAZI et al. (2001), em
Florianópolis, também utilizando Rec24h, que encontraram dietas com valor
calórico total abaixo das necessidades energéticas para 50% dos
adolescentes. Em contrapartida, CARMO et al. (2006), utilizando QFA,
encontraram 83,8% de ingestão acima dos valores propostos, considerando
dois desvios padrão acima do valor encontrado utilizando, no entanto, as
mesmas fórmulas para cálculo da necessidade energética estimada do
presente estudo.
SLATER et al. (2007), em estudo sobre correção de dados dietéticos
observaram que os valores médios encontrados após a aplicação de três
Rec24h e de um QFA foram próximos para energia, com ligeira
superestimação pelo QFA.
Há dez anos, em estudo realizado em Niterói, o valor calórico total da
77
dieta foi superior entre os adolescentes eutróficos em comparação com
aqueles que apresentavam excesso de peso, com médias de 3188 kcal para
os meninos e 2462 kcal entre as meninas (FONSECA et al., 1998), valores
superiores aos encontrados no presente estudo, 2501,93 kcal entre os
meninos e 2285,48 kcal para as meninas.
Utilizando registro alimentar de quatro dias, BRAGGION et al. (2000)
encontram valor calórico total médio de 1716,1 kcal, inferior ao recomendado
pela RDA (2200 kcal) entre as 28 adolescentes estudadas com destaque
para aquelas com percepção corporal “gorda”, que apresentaram dieta com
menor valor calórico total.
GARCIA et al. (2003), relacionaram o valor energético médio de
diferentes dietas, encontradas em diferentes trabalhos e, em todos, os
adolescentes do gênero masculino apresentaram valores calóricos totais
superiores quando comparados aos das meninas.
Estudos desenvolvidos em outros países encontraram valores
energéticos totais semelhantes utilizando o método Rec24h. No Canadá,
181 crianças e adolescentes apresentaram valor calórico total superior entre
o grupo obeso (2520 kcal) quando comparado aos eutróficos (2026 kcal),
com p< 0, 0001 (GILLIS et al., 2002). EPSTEIN et al. (2005), em Nova York,
estudaram 16 adolescentes entre 12 e 16 anos e encontraram médias de
2925kcal para os meninos e 2483 kcal para as meninas. Em Istambul, 510
jovens foram avaliados, encontrou-se valor energético médio de 2075 kcal
para meninos eutróficos e de 1849 kcal para aqueles com excesso de peso,
entre as meninas os valores foram 1866 kcal e 1895 kcal sem e com
78
excesso de peso, respectivamente (MANIOS et al., 2005).
Tais resultados podem evidenciar uma maior preocupação das
meninas com as mudanças corporais e o aumento de peso.
A distribuição de macronutrientes das dietas analisadas mostrou que
46% dos adolescentes consumiram carboidratos abaixo do limite inferior
recomendado, 40% ingeriram proteínas acima da recomendação e 47%
consumiram lipídios em excesso (Tabela 2). Esse resultado é consistente
com o relatado em outros estudos, NUZZO (1998) em estudo com
adolescentes de Guarulhos, verificou consumo de carboidratos abaixo do
recomendado em todas as idades, enquanto o consumo de proteínas e
lipídios esteve acima do recomendado. ANDRADE (2001) estudando
população semelhante à do presente estudo, na mesma escola em Ilhabela,
avaliando a dieta de 182 adolescentes entre 11 e 14 anos, detectou
proporções adequadas de carboidratos e proteínas para ambos os gêneros,
utilizando o método Rec24h, embora o consumo de energia total também
tenha sido abaixo do recomendado. CARMO et al. (2006) encontraram
elevado consumo de lipídios (36,7%) entre 390 adolescentes de uma escola
pública.
A distribuição irregular de macronutrientes vai ao encontro do hábito
alimentar característico dos adolescentes relatado em outros estudos, como
o maior consumo de refrigerante, biscoitos, chocolate, sorvete, batata frita,
pizza e salgadinhos (FISBERG M et al., 2000; ANDRADE et al., 2003;
TORAL et al., 2006).
Dentre os micronutrientes estudados, verificou-se que o consumo de
79
vitamina A esteve abaixo do recomendado para 79% dos adolescentes,
apresentando diferença estatisticamente significativa entre meninos (86%) e
meninas (73%), com valores médios de vitamina A também superiores entre
as meninas (Tabela 4). VITOLO et al. (2004), também em São Paulo,
utilizando o método de registro da história dietética, encontraram valores
médios superiores e adequados segundo a EAR (814,22 µgEqRe entre os
meninos e 1009,54 µgEqRe entre as meninas). ALBANO et al. (2001)
encontraram 94% de adequação em ambos os gêneros, 945,76 µgEqRe
(masculino) e 753,41 µgEqRe (feminino).
Esse baixo consumo de vitamina A encontrado entre os adolescentes
pode ser explicado pelo baixo consumo de frutas, verduras e legumes,
conforme constatado pela freqüência obtida para estes grupos, 0,08 e 0,17
respectivamente (Tabela 10).
O consumo adequado de cálcio pelos adolescentes não era um
resultado esperado, mas não se imaginava que 93% dos adolescentes
consumiriam cálcio abaixo recomendado (Tabela 3).
O cálcio proveniente da dieta é a única fonte disponível para o
organismo humano, sendo importante garantir uma ingestão mínima deste
mineral para o completo crescimento e maturação dos ossos, considerando
que é durante a adolescência que ocorre o pico de aquisição de massa
óssea (LERNER et at. 2000).
As médias de consumo de cálcio encontradas nas dietas foram de
701,44 mg e 666,30mg para meninos e meninas, respectivamente, sendo
que o consumo médio total (541,30 mg) correspondeu a menos de 50% da
80
recomendação (Tabela 4). Tais resultados vão ao encontro do registrado por
NUZZO (1998); LERNER et al.( 2000) e ALBANO et al. (2001).
De fato, pôde-se constatar a baixa freqüência obtida para o consumo
de alimentos fonte de cálcio como os do grupo do leite, queijo, iogurte (0,32).
NUZZO (1998), considerando 400 Rec24h, observou freqüência de 673 para
o grupo do leite. Adotando-se o mesmo critério deste trabalho, a freqüência
esperada seria de 1600, sendo obtida 0,42 da esperada.
Em Granada, SEIQUER et al. (2006) avaliaram o consumo de cálcio
de 21 adolescentes entre 11 e 14 anos de idade. A ingestão total de cálcio
foi 88% da recomendação para adolescentes espanhóis. Os autores
avaliaram quais os alimentos-fonte de cálcio eram mais consumidos,
encontrando o leite como principal (72%), seguido do iogurte (12,7%) e de
outros tais como, milk shakes, sorvetes e cremes (9,1%). O consumo de
queijo representou 6,1% do total de alimentos fonte de cálcio ingeridos. Além
disso, verificaram que, no café da manhã foi consumido aproximadamente
70% do leite ingerido no dia. Sorvetes foram consumidos como sobremesa e
no lanche da tarde mais 20% do leite diário e 37% do iogurte. No jantar,
foram consumidos os últimos 10% do leite, 43% do iogurte e 76% do queijo,
este último incluído em pizzas, o que também corrobora hábitos alimentares
característicos do adolescente, como a substituição de refeição por lanche e
a preferência por alimentos de alta densidade energética. Quanto ao número
de porções do grupo do leite consumidas, verificaram 2,5 porções, superior
ao encontrado em Ilhabela (1,5 porções).
Destaca-se também a importância do consumo adequado de ferro
81
para expansão do volume sanguíneo e da massa muscular e para a
prevenção de anemia e conseqüentes déficits de crescimento e
aprendizagem (URBANO et al., 2002; PHILIPPI, 2008).
O consumo de ferro na dieta de 74% dos adolescentes foi acima do
recomendado, verificando-se diferença estatisticamente significativa entre os
gêneros, com média superior entre os meninos (Tabela 3). Os valores
médios estavam adequados segundo estágio de vida para meninos e
meninas de 10 a 13 anos, mas no estágio de 14 a 18 anos, para as meninas
que necessitam de um maior aporte de ferro (15mg), encontrou-se o valor
médio de 14,43mg. Destaca-se portanto, que dentre os adolescentes abaixo
da recomendação, encontravam-se principalmente as meninas, resultado
preocupante, visto sua maior necessidade de ferro para compensar as
perdas após a menarca (FISBERG M et al., 2000).
Ainda assim, o ferro foi o nutriente que mais se aproximou da
recomendação, talvez pela ingestão satisfatória dos grupos dos feijões e das
carnes observada, quando comparada ao consumo de alimentos dos grupos
do arroz, das frutas e das verduras e legumes. Pode-se inferir ainda que,
caso não houvesse omissão de almoço e jantar, talvez estes jovens
tivessem atingido a recomendação de ferro, visto que a freqüência
observada no grupo da carne foi mais próxima da esperada e que tal
alimento é consumido caracteristicamente nestas refeições.
A avaliação das refeições mostrou-se satisfatória, pois 79% dos
adolescentes tomaram café da manhã, 93% almoçaram e 94% jantaram,
valores elevados para as três refeições principais. FEIJÓ et al. (1997), que
82
avaliaram os hábitos alimentares de adolescentes de Porto Alegre,
encontraram também que 96% dos jovens almoçavam e 86,8% jantavam
todos os dias da semana, independente se lanche ou refeição. Na Bahia
este percentual foi ainda maior, 96,6% dos adolescentes realizavam três ou
mais refeições por dia (SANTOS et al., 2005).
No café da manhã houve 21% de omissão, valor superior ao
encontrado por FEIJÓ et al. (1997) em Porto Alegre (16%), por FONSECA et
al. (1998) em Niterói (13,6% entre os meninos e 18,7% entre as meninas),
por NUZZO (1998) em Guarulhos (2,5%), por VIEIRA et al. (2005) em
adolescentes de Viçosa (11%) e por ESTIMA (2007) no Rio de Janeiro (8%).
Sabe-se que a alimentação deve ser fracionada em três refeições
diárias (café da manhã, almoço e jantar) mais os lanches intermediários
(lanche da manhã, da tarde e da noite), e que durante o dia não se deve
ficar mais do que três a quatro horas sem se alimentar (PHILIPPI, 2008).
Além disso, a omissão da refeição “café da manhã” pelos adolescentes é
preocupante visto que a realização desta refeição pode estar associada a
melhores escolhas alimentares e melhoria da qualidade da dieta dos
adolescentes (BARTON et al., 2005).
POLLITT (1995) verificou que crianças que omitiam o café da manhã
tinham maior dificuldade de aprendizagem e com tarefas que envolviam a
memória. Além disso, o café da manhã freqüentemente inclui leite, queijo,
iogurte contribuindo de forma importante para a obtenção de cálcio total da
dieta (ORTEGA et al. 1998). Segundo NICKLAS et al. (2004), o consumo do
café da manhã vem diminuindo entre os adolescentes norte-americanos nos
83
últimos 25 anos.
O jejum prolongado e a omissão do café da manhã são hábitos
comuns entre os adolescentes, contribuindo para a inadequação dietética e
para a dificuldade em atingir as necessidades nutricionais. Os alimentos
consumidos em determinadas refeições, dificilmente serão repostos em
outros horários ao longo do dia, além de aumentar o risco de desenvolver
obesidade e levar a um menor rendimento escolar (FONSECA et al. 1998;
FISBERG M et al., 2000; ESTIMA, 2007).
Portanto, pode-se pensar que a omissão do café da manhã (21%),
assim como dos lanches da manhã (58%) e da tarde (22%), fez com que os
adolescentes não consumissem leite e frutas, contribuindo para o baixo
consumo de cálcio e vitamina A. O fato de 58% dos adolescentes não
tomarem lanche da manhã pode ser atribuído à escola oferecer como lanche
uma refeição semelhante ao almoço.
RODRIGUEZ e MORENO (2006), em estudo de revisão, encontraram
relação entre obesidade e freqüência de refeições. As crianças que
consumiam menos refeições por dia tinham maior ganho de peso, além
disso, aquelas com excesso de peso consumiam menor conteúdo energético
no café da manhã, omitiam esta refeição ou consumiam um percentual
energético maior no jantar.
Considerando o hábito dos adolescentes de substituir a refeição do
almoço e/ou jantar por lanche, sendo estes geralmente de alta densidade
energética e baixo valor nutritivo (FISBERG M et al., 2000; ANDRADE et al.,
2003) foi encontrado entre os jovens de Ilhabela, com menor percentual para
84
o almoço (6%) do que para o jantar (25%), podendo, este último, refletir um
hábito alimentar da comunidade (Tabela 8).
Causou surpresa encontrar como principais alimentos em substituição
à refeição o pão francês, a margarina, o leite, o achocolatado e o
refrigerante, pois esperava-se um maior consumo de alimentos processados
como lanches prontos, salgadinhos, e doces em geral. Os adolescentes de
Ilhabela, ao substituírem a refeição principalmente por pão francês com
margarina e leite com achocolatado, estão consumindo alimentos mais
saudáveis e nutritivos. CARVALHO et al. (2001), verificaram ser esta a forma
preferida de consumo do leite. Além disso, talvez os adolescentes, pelo
baixo poder aquisitivo das famílias, não tenham acesso às lanchonetes da
ilha.
Na adolescência, as práticas alimentares refletem valores
apreendidos na família e entre amigos, além da influência da mídia, devendo
ser monitoradas, pois este é um período para formar e consolidar
alimentação e estilo de vida saudáveis para prevenção de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), como a obesidade, a hipertensão arterial, o
diabetes, as doenças cardiovasculares, câncer (WHO, 2005).
A inversão dos grupos alimentares da Pirâmide, evidenciada pelo
menor consumo de frutas, verduras e legumes também pode ser observada
no estudo de NEUTZLING et al. (2007) com 4452 adolescentes gaúchos que
consumiam dietas pobres em fibras (83,9%) e onde mais de um terço deles
(36,6%) consumia dieta rica em gordura. Do mesmo modo, outro estudo com
234 jovens paulistanos, verificou consumo insuficiente de frutas e verduras,
85
quando comparado ao recomendado pela Pirâmide Alimentar, em
aproximadamente 89% dos alunos avaliados (TORAL et al, 2006).
Destaca-se ainda que, além da baixa quantidade, houve pouca
variedade de frutas, verduras e legumes ingeridos, evidenciando uma
possível monotonia alimentar, que pode estar relacionada a maior risco de
carências nutricionais (VIEIRA et al., 2002). Isto se deve talvez ao alto custo
destes alimentos, visto que chegam à ilha via balsa e que o plantio é restrito
geograficamente, gerando pouca disponibilidade às famílias de baixo poder
aquisitivo. A adolescência pode ser um período importante para incentivar o
consumo maior e mais variado de frutas, verduras e legumes, pois suas
necessidades estão aumentadas para dar suporte ao rápido crescimento,
hábitos saudáveis que podem persistir na vida adulta (LARSON et al., 2007).
Se por um lado detectou-se baixo consumo de frutas, verduras e
legumes, por outro observou-se o elevado consumo de feijão (1,2), o que
pode ter contribuído para o maior aporte protéico da dieta de 40% dos
jovens. Outros estudos também encontraram elevado consumo de feijão
(GAMBARDELLA et al., 1999; CARVALHO et al., 2001; VIEIRA et al., 2002,
SANTOS et al., 2005; ESTIMA, 2007).
Este resultado é positivo e deve continuar sendo estimulado, pois o
feijão é característico do hábito alimentar brasileiro (PHILIPPI et al.,1999),
além de ser um alimento de bom valor nutritivo, contendo elevado teor de
fibras, proteínas, ferro e ácido fólico (PHILIPPI, 2008) constituindo fonte
importante de ferro e proteínas para os adolescentes de baixa renda
(ESTIMA, 2007).
86
Além da proteína do feijão, verificou-se que a freqüência obtida para
carnes e ovos aproximou-se da esperada (0,85), podendo ser considerada
satisfatória (Tabela 10). Dentre as carnes, merecem destaque a bovina e o
frango, consumidos em maior quantidade pelos adolescentes de Ilhabela,
assim como pelos adolescentes avaliados por CARVALHO et al. (2001).
Pelo local de estudo ser uma ilha, chama a atenção a baixa
freqüência de pescado e frutos do mar (9) na dieta dos adolescentes
estudados, esperava-se que, pela facilidade de acesso e pelo baixo custo, o
pescado estivesse presente no hábito alimentar dos residentes da ilha.
Dentre os alimentos de elevada densidade energética presentes nas
dietas dos adolescentes, destacam-se a margarina, o achocolatado, o suco
em pó, o refrigerante, o açúcar, as balas e os biscoitos recheados. Estes
alimentos são semelhantes àqueles que mais contribuíram para o valor
calórico total da dieta de adolescentes do Rio de Janeiro (ANDRADE et al.
2003). Outros estudos encontraram um aumento no consumo de
refrigerantes acompanhado de diminuição no consumo de leite
(RODRIGUEZ e MORENO, 2006; TROIANO et al., 2000).
Analisando a evolução da disponibilidade domiciliar de alimentos
entre os anos de 1974 e 2003, LEVY-COSTA et al. (2005) observaram um
aumento de 400% em relação a refrigerantes e biscoitos, ressalta-se sua
expressiva contribuição para o consumo de calorias totais e o alto conteúdo
de gorduras trans. Além disso, há evidências de que as calorias presentes
em alimentos líquidos são menos reconhecidas pelo organismo do que as
presentes em alimentos sólidos (VAN WYMELBEKE et al. 2004) e que a
87
maior ingestão de bebidas adoçadas e de refrigerantes está associada ao
desenvolvimento da obesidade na infância (BERKEY et al, 2004).
Verificou-se nos resultados sobre o estado nutricional dos
adolescentes que 20% deles estavam com excesso de peso e 6% com baixo
peso, em consistência com outros estudos. CARVALHO et al. (2001)
observaram 19,8% de excesso de peso entre os 334 adolescentes
piauienses e 2,3% de baixo peso. TERRES et al. (2006), analisando o
estado nutricional de 960 adolescentes gaúchos entre 15 e 18 anos,
encontraram 20,9% de excesso de peso, apesar de terem utilizado critério
diferente para sua classificação. ESTIMA (2007), estudou 529 adolescentes
cariocas entre 12 e 18,9 anos, relatando prevalência de excesso de peso em
20% e 5,6% de baixo peso.
Outros estudos encontraram percentuais de excesso de peso
inferiores aos de Ilhabela. PERES (2007) encontrou 14,1% de adolescentes
de Piracicaba - SP, GARCIA et al. (2003) em São Paulo, encontraram 11,8%
de adolescentes com excesso de peso; VIEIRA et al. (2002) em Viçosa,
4,8% e SANTOS et al. (2005) em Teixeira de Freitas (BA) 4% de excesso de
peso.
Ainda, NOBRE et al. (2006) encontraram 24% de adolescentes
paulistas com excesso de peso e SUNÉ et al. (2007) em Pelotas, 21,3%,
valores superiores aos verificados em Ilhabela.
Em estudo de revisão, JANSSEN et al. (2005) compararam a
prevalência de excesso de peso e obesidade em adolescentes de 34 países,
em um total de 137.593 jovens. Os percentuais de excesso de peso
88
variaram de 5 a 25% aproximadamente. Os três países com prevalências
superiores foram a Ilha de Malta (25,4%), Estados Unidos (25,1%) e País de
Gales (21,2%) e os que apresentaram menores prevalências foram Lituânia
(5,1%), Rússia (5,9%) e Letônia (5,9%).
WANG et al. (2002) estudaram a tendência de baixo peso e excesso
de peso em crianças e adolescentes dos Estados Unidos, Brasil, China e
Rússia, em duas décadas, observando que, no Brasil, a prevalência de
excesso de peso entre os adolescentes triplicou do ano de 1974 (3,7%) para
1997 (12,6%), aumento verificado também nos Estados Unidos, onde
duplicou e na China em menor proporção. Na Rússia, verificaram um
decréscimo de excesso de peso entre os anos de 1992 (15,6%) e 1998
(9%), período de crise econômica.
Também foi observado que no Brasil a prevalência de sendo o
excesso de peso mais prevalente na área urbana quando comparada à rural
e, além disso o aumento desta prevalência foi mais rápido entre a população
de renda mais alta. O aumento do excesso de peso nestes países pode ter
ocorrido por um desequilíbrio entre o ganho e gasto energético devido à
mudança de hábitos de vida ocorrida, aumento na ingestão dietética e
também ao tempo gasto pelos jovens assistindo televisão.
Os dados nacionais mais recentes sobre a tendência de excesso de
peso (IBGE, 2006) em adolescentes demonstraram que sua prevalência vem
aumentando ao longo dos anos para ambos os gêneros, entre os
adolescentes meninos passou de 3,9% em 1975, para 8,3% em 1989 e para
18% em 2003; entre as meninas passou de 7,5% em 1975, para 13,8% em
89
1989 e para 15,4% em 2003.
Caracterizando o estado nutricional segundo gênero, verificou-se um
percentual superior de excesso de peso entre as meninas (22%) em relação
aos meninos (19%), valores semelhantes ao encontrado por ESTIMA (2007),
21,2% entre as meninas e 18,7% entre os meninos. Tais resultados
discordam de CARVALHO et al. (2001) que verificaram excesso de peso
corporal superior entre os meninos (24,8%) em relação às meninas (15,5%),
assim como de DALABONA (2007) que encontrou 27,3% de excesso de
peso entre os meninos e 23,8% entre as meninas, sendo que os resultados
estavam diretamente associados à prática de dieta restritiva e inversamente
associado ao consumo de alimentos não-saudáveis (refrigerante, frituras,
alimentos instantâneos, bolacha recheada, salgadinhos, doces).
Pode-se inferir que os maiores índices de excesso de peso
apresentados pelas meninas sejam resultado de sua menor participação em
atividades físicas vigorosas e maior percentual de insuficientemente ativas
(Tabelas 14 e 16). FASTING et al. (2008) verificaram associação entre baixo
nível de atividade física e aumento do risco de excesso de peso ou
obesidade.
Na Califórnia, EUA, PATRICK et al. (2004) estudaram 878
adolescentes entre 11 e 15 anos com o objetivo de avaliar como a dieta, a
atividade física e o sedentarismo relacionavam-se com o excesso de peso. A
prevalência de excesso de peso foi superior entre as meninas (20,2%)
quando comparadas aos meninos (15,8%). Verificaram associação entre
excesso de peso e baixa ingestão de fibras, assim como menor valor
90
calórico da dieta, justificada pela tendência ao sub-relato por aqueles com
IMC superior e tempo inferior de atividade física vigorosa.
Conforme o esperado, verificou-se diferença estatisticamente
significativa entre as médias de estatura de meninos (1,60m) e meninas
(1,57), p=0,03 e segundo estágio de vida, médias de estatura superiores
entre os meninos de 14 a 18 anos (p<0,001). Da mesma forma, no Rio de
Janeiro, SILVA e MALINA (2000) avaliaram adolescentes de 14 e 15 anos,
com médias de 1,67m para meninos e 1,60m para meninas, p<0,01.
Considerando que a prevenção e a redução das DCNTs pode ser
obtida pelo binômio dieta saudável e atividade física diária (PHILIPPI, 2006),
pode-se considerar satisfatório o percentual de adolescentes
suficientemente ativos encontrado (91,2%). Não houve diferença
estatisticamente significativa entre os gêneros e estágios de vida, mas vale
ressaltar que 11,5% das meninas foram classificadas como
insuficientemente ativas, praticamente o dobro em relação aos meninos
(Figuras 6 e 7).
Uma provável explicação pode ser o fato de as meninas realizarem
atividade física vigorosa com menor freqüência e duração que os meninos
(Tabela 16).
As médias superiores de atividade física encontradas entre os
meninos de 14 a 18 anos (1213,33 minutos/semana), quando comparados
às meninas e aos meninos de 10 a 13 anos sendo que o valor de p
encontrado (p=0,058) foi limítrofe ao fixado neste estudo (p0,05).
Em concordância, SANCHEZ et al. (2007) realizaram um estudo com
91
878 adolescentes norte-americanos verificando que 55% dos adolescentes
não atingiram a recomendação de 60 minutos/dia e que significantemente
mais meninos (59%) do que meninas (33,6%) atingiram a recomendação de
atividade física.
HALLAL et al. (2006b) estudaram os determinantes da atividade física
entre adolescentes gaúchos de 10 a 12 anos e obtiveram 58,2% de
sedentarismo, também definido como menos de 300 minutos de atividade
física por semana. Comparando meninos e meninas, também observaram
menor prevalência de sedentarismo entre os meninos (49%) do que entre as
meninas (67%), com medianas de atividade física iguais a 300 min/sem para
eles e 185 min/sem para elas (p<0,001), detectando risco de prevalência de
sedentarismo entre as meninas 1,37 vezes maior.
O predomínio dos meninos no tempo gasto em atividades físicas e
conseqüentemente menores percentuais de sedentarismo, foi identificado
também em outros estudos (SILVA et al., 2008; GONÇALVES et al., 2007;
FARIAS e LOPES, 2004; OEHLSCHLAEGER et al., 2004; FRUTUOSO et
al., 2003; SILVA e MALINA, 2000;).
SEABRA et al. (2008), em estudo de revisão, encontraram 14 estudos
que corroboram o fato de os adolescentes do gênero masculino serem mais
ativos. Afirmam que as razões para as diferenças na participação não são
claras, mas apontam alguns fatores de aspecto social e biológico que podem
condicionar a atividade física como: o tratamento diferenciado entre meninos
e meninas pela sociedade, tendo os meninos maior permissão para explorar
o seu ambiente físico. Para as meninas não era considerado aceitável sua
92
participação em atividades com elevadas exigências físicas e em que o
contato corporal estivesse presente, pois poderia comprometer sua
feminilidade.
GONÇALVES et al (2007) defendem a hipótese de que
historicamente a socialização de meninos e meninas se diferenciou, sendo a
educação feminina voltada para o lar e o casamento, podendo ainda afetar a
educação dos jovens.
HORST et al. (2007) revisaram 60 estudos que correlacionavam
atividade física e sedentarismo na adolescência. Encontraram evidência
para uma associação positiva entre gênero masculino e atividade física.
OEHLSCHLAEGER et al. (2004), estudando 960 adolescentes com
idades entre 15 e 18 anos, em Pelotas-RS, observaram 39% de
sedentarismo (não participação em nenhum tipo de atividade física, na
escola ou fora dela, ou por um período menor que 20 minutos/dia e com
freqüência menor do que três vezes por semana). Os resultados apontaram
também que as meninas são mais sedentárias que os meninos com um risco
de prevalência 2,35 vezes maior.
FRUTUOSO et al. (2003), em São Paulo, constataram 38,7% de
inatividade física utilizando escore adaptado de TUCKER (1986),
considerando mais de 28 horas/semana dedicadas à televisão, jogos
eletrônicos e computador.
ANDRADE (2001), em Ilhabela, detectou 23,1% de adolescentes
classificados como pouco ativos. Enfatiza a inexistência de jovens
sedentários em seu estudo, pois todos se envolviam em alguma atividade
93
física por pelo menos 10 minutos contínuos por dia, resultado que o autor
associou ao possível benefício da inserção da população de Ilhabela desde
1996 no Programa Agita São Paulo, que tem por objetivo reduzir o
sedentarismo. Entre os adolescentes muito ativos (24,2%), 33,8% eram
meninos e 17,6% meninas, destacando-se também a superioridade
masculina.
No presente estudo, os adolescentes apresentaram um baixo
percentual de sedentarismo quando comparados aos de outras regiões do
Brasil. Tal resultado pode ser explicado por estes adolescentes morarem em
uma ilha. GONÇALVES et al. (2007) afirmaram que, de acordo com o local
onde moram, os adolescentes podem ser mais ou menos ativos fisicamente
e que isso se explica pela possibilidade de andar livremente nas ruas sem
preocupação com a violência urbana. MATSUDO S et al. (2002),
encontraram maior percentual de indivíduos (14 a 77 anos) ativos no litoral
(57,5%), quando comparado ao interior (45,3%) e à área metropolitana
(29,4%).
Além do Programa Agita São Paulo, pode-se considerar o fato de o
Projeto Ilhabela estar implantado na ilha há 30 anos, sendo realizadas
avaliações semestrais de aptidão física, como outro modo de possível
incentivo à prática de atividade física. MATSUDO S et al. (2002) afirmaram
com base na experiência do Agita São Paulo parecer que uma intervenção
em vários níveis da comunidade para promoção da atividade física pode
obter bons resultados, pois a proporção de indivíduos que atingiram a
recomendação de atividade física naquele estudo foi maior entre aqueles
94
que conheciam o Programa Agita São Paulo.
Em Pelotas-RS, em estudo para avaliar a associação entre a prática
de atividades físicas sistematizadas na adolescência e o nível de atividade
física no lazer na idade adulta, AZEVEDO et al. (2007) verificaram que os
que praticavam atividade física regular na adolescência foram mais
propensos à prática adequada na idade adulta, com risco de prevalência
1,75 vezes maior, e quando ajustado por gênero, observaram que este efeito
era maior entre as mulheres.
O incentivo e a promoção da atividade física na adolescência são de
suma importância, visto que o estilo de vida adotado nesta fase parece se
perpetuar para a vida adulta.
Os principais resultados deste trabalho devem ser observados
levando-se em consideração as seguintes características: a) trata-se de
amostra não probabilística; b) o local de estudo foi uma ilha, cujas
características socioeconômicas, culturais, geográficas e ambientais são
peculiares; c) o método utilizado para avaliação do consumo alimentar foi o
Rec24h, que mede o consumo alimentar atual dos adolescentes.
A discrepância entre o baixo percentual de sedentarismo, o elevado
percentual de excesso de peso e a maioria com valor calórico total abaixo da
recomendação pode ser justificada através de algumas hipóteses
levantadas: a) o desequilíbrio da dieta, com alto consumo de doces e
alimentos gordurosos e baixo consumo de frutas, verduras e legumes; b) os
adolescentes com excesso de peso tendem a subestimar a ingestão
alimentar (FISHER et al. 2000; PATRICK et al. 2004); c) o IPAQ, quando
95
aplicado em adolescentes menores de 14 anos, tem uma tendência de
superestimar o tempo dedicado às atividades que envolvem caminhadas e
esforços físicos de intensidades moderada e vigorosa (GUEDES et al.,
2005).
A amostra não probabilística tornou possível realizar o diagnóstico
local de consumo alimentar, estado nutricional e nível de atividade física.
Como o presente trabalho faz parte de um projeto longitudinal, servirá para
nortear ações posteriores no sentido de minimizar as inadequações
encontradas.
Embora um único Rec24h não seja representativo do hábito
alimentar, este método permitiu estimar a ingestão atual destes
adolescentes, sendo necessária a realização de mais estudos para a
identificação dos hábitos alimentares destes adolescentes.
96
7 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo, dietas com valor energético total
abaixo do recomendado e excesso de proteínas e lipídios, confirmam os
hábitos alimentares característicos dos adolescentes.
Em comparação com a Pirâmide Alimentar do adolescente verificou-
se um desequilíbrio entre os grupos, com predomínio de açúcares e doces e
baixo consumo de frutas, verduras e legumes e do grupo do arroz.
Merece destaque o baixo consumo de cálcio por ambos os gêneros,
evidenciado também pela freqüência observada para o grupo do leite.
A maioria dos adolescentes eram eutróficos, mas verificou-se 20% de
excesso de peso, percentual elevado visto que 91% dos adolescentes eram
suficientemente ativos.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre estado
nutricional e nível de atividade física, segundo gênero e idade.
Destaca-se que a maioria dos adolescentes referiu almoçar e jantar,
no entanto 21% dos adolescentes não tomaram o café da manhã.
97
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
São necessárias ações na ilha, em conjunto com a escola e a
comunidade para a disseminação de informações sobre a importância da
prática de atividade física regular e sobre os benefícios da alimentação
saudável para a obtenção de uma qualidade de vida saudável na
adolescência e sua manutenção na vida adulta.
Deve-se orientar os adolescentes para a prática de alimentação
saudável com base na Pirâmide Alimentar do adolescente, através da
utilização de “Escolhas inteligentes”, ou seja, a escolha de alimentos e/ou
preparações, para diminuição do consumo de gorduras e açúcares e
aumento do consumo de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, leite,
queijo e iogurtes com menor teor de gordura.
O consumo de alimentos regionais e locais deve ser incentivado e a
cultura local deve ser valorizada, pois, além de possuírem melhor valor
nutritivo, os alimentos são mais saborosos.
A prática de atividade física regular deve continuar sendo estimulada
para os adolescentes de Ilhabela, para que em conjunto com uma
alimentação saudável, diminua os índices de excesso de peso entre estes
jovens.
98
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119
ANEXO 1
120
ANEXO 2
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
Av. Dr. Arnaldo, 715 - Cerqueira Cesar - São Paulo/SP - CEP: 01246-904
(0XX 11) 3066-7701/7705 - Fax (0XX 11)30626748
Pesquisa: Consumo alimentar, estado nutricional e atividade física de
adolescentes do Projeto Ilhabela - SP.
GUIA EXPLICATIVO PARA PREENCHIMENTO DO
RECORDATÓRIO DE 24 HORAS (REC24H)
1. Utilizar a dieta no Quadro 1 para exemplificar a forma de preenchimento
do Rec24h com relação aos horários, alimentos e preparações
consumidas, as quantidades em medidas usuais ou unidades, marcas
comerciais de alimentos industrializados e observações.
Quadro 1 – Modelo de dieta para adolescente (Rec24h).
Horário
(h)
Alimentos/Preparações Quantidade (medidas
usuais/unidade)
Marca
Comercial
Observações
7h
12h
15h
Leite integral
Achocolatado
Pão francês
Margarina
Arroz branco
Feijão
Carne assada
Salada de alface crespa
Tomate
Biscoito recheado
Suco de morango
1 copo
1 colher de sopa
1 unidade
1 ponta de faca
1 escumadeira
1 concha
1 fatia média
3 folhas
4 fatias
10 unidades
1 copo
Elegê
Toddy
-
Qualy
Tio João
Biju
Passatempo
Tang
Copo
americano
(Em casa)
Patinho
Morango
Laranja
(Na escola)
2. Orientações sobre forma de preenchimento:
a) Anotar quais foram os alimentos consumidos no dia de ontem, desde o
momento em que acordaram até a hora em que foram dormir.
b) Especificar o tipo de alimento/preparação (leite desnatado ou integral,
biscoito recheado ou salgado, pão francês ou pão de forma) e quantidade
(medidas usuais - ex.: copo, xícara, fatia, unidade, prato, colher de sopa,
colher de café, concha, escumadeira).
121
c) Informar se o alimento foi cozido, grelhado, frito, assado ou ingerido cru.
d) Anotar a quantidade de açúcar, adoçante ou outros, adicionados no café,
suco, chá, leite.
e) Anotar primeiramente todos os alimentos consumidos em cada refeição.
Voltar a cada alimento referido para informar sobre quantidades e se
possível, modo de preparo.
f) Não esquecer de anotar em “Observações” quando a alimentação foi fora
de casa (cantinas, lanchonetes, casa de amigos, eventos).
Material elaborado por: Profa Dra Sonia Tucunduva Philippi/ Departamento de Nutrição
FSP/USP, agosto de 2006.
122
ANEXO 3
123
124
ANEXO 4
125
ANEXO 5
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
Av. Dr Arnaldo, 715 – Cerqueira Cesar – São Paulo/ SP CEP: 01246-904
TERMO DE CONSENTIMENTO
(de acordo com a Resolução 196, de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde)
A pesquisa, “Consumo alimentar, estado nutricional e atividade física de
adolescentes do Projeto Ilhabela - SP”, sob responsabilidade da pesquisadora Greisse
Viero da Silva (mestranda em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo), tem por objetivo avaliar o estado nutricional, o consumo alimentar e o nível
de atividade física de adolescentes participantes do Projeto Ilhabela.
Procedimento: o adolescente será entrevistado sobre seu consumo alimentar e prática
de atividade física, além disso, também serão mensurados seu peso e estatura. Os
procedimentos não oferecem riscos à integridade física, mental ou moral do adolescente. A
pesquisadora se compromete em não identificar o entrevistado e manter o caráter
confidencial das informações, bem como não utilizá-las em prejuízo das pessoas envolvidas.
Os resultados e as informações obtidas nesta pesquisa poderão ser divulgados e publicados
em eventos e periódicos científicos, resguardando-se a identificação do adolescente.
Fica assegurada aos pais ou responsável a liberdade de retirar seu consentimento a
qualquer momento e de negar a participação do adolescente no estudo, sem que isto traga
algum prejuízo. A pesquisadora, após a conclusão do estudo, compromete-se em informar à
escola e às famílias sobre os resultados encontrados, e estará à disposição para o
esclarecimento de eventuais dúvidas, pretende ainda propor a realização de orientação
nutricional na escola, com envolvimento das famílias, para promoção de hábitos alimentares
saudáveis e da prática de atividade física.
Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pela pesquisadora, eu
_______________________________________________, RG_______________________
pais ou responsável pelo (a) menor _____________________________________________,
consinto em participar desta pesquisa.
São Paulo, de de 2006.
_____________________________ ______________________________
Assinatura do participante Assinatura da Pesquisadora
Dados para contato:
Greisse Viero da Silva (mestranda): grei[email protected]r / (0xx11) 97541055
Profª Dra Sonia Tucunduva Philippi – Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo: Fones/Fax: (0xx11) 3061-7705 /7736 /7762 /7771.
126
ANEXO 6
127
ANEXO 7
TERMO DE RESPONSABILIDADE
Eu, Greisse Viero da Silva, pesquisadora responsável pelo projeto intitulado
“Consumo alimentar, estado nutricional e atividade física de adolescentes do
Projeto Ilhabela - SP”, assumo a responsabilidade de comunicar
imediatamente à Instituição toda e qualquer complicação ocorrida durante a
realização do referido projeto que ponha em risco voluntários ou bens
incluídos no trabalho.
Responsabilizo-me, outrossim, a acompanhar as diligências necessárias à
imediata e integral assistência aos voluntários participantes ou à reposição
ou restauração de bens eventualmente danificados durante a pesquisa.
São Paulo, 15 de fevereiro de 2006.
_______________________________________
Greisse Viero da Silva
nº USP 5538771
128
ANEXO 8
129
ANEXO 9
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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