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Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Aleitamento materno: estudo nacional da
prevalência e determinantes no Brasil, nas
macro-regiões e áreas urbanas e rurais.
Daniela Wenzel
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Pública
para obtenção do título de Doutor em
Saúde Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientadora: Profa. Dra. Sônia
Buongermíno de Souza.
São Paulo
2008
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Aleitamento materno: estudo nacional da
prevalência e determinantes no Brasil, nas
macro-regiões e áreas urbanas e rurais.
Daniela Wenzel
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Pública
para obtenção do título de Doutor em
Saúde Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientadora: Profa. Dra. Sônia
Buongermíno de Souza.
São Paulo
2008
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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma
impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a
identificação do autor, título, instituição e ano da tese.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos
meus filhos, João Pedro e
Beatriz e ao meu marido Fernando
pela força, apoio e incentivo
durante todos esses anos de
trabalho.
AGRADECIMENTOS
- À profa. Sônia Buongermino de Souza por toda a paciência e dedicação à
orientação deste trabalho e pelos ensinamentos que tem me transmitido
durante todos esses anos.
- Ao professor e amigo Wolney Lisboa Conde que sempre me encorajou e
incentivou durante essa caminhada, com valiosas contribuições e que
sempre acreditou que era possível.
- Aos amigos e co-orientadores Ricardo Ocaña-Riola e Gracia Maroto por
terem me recebido muito gentilmente na Escola Andaluza de Salud Pública –
Granada, e pela dedicação à orientação dada a mim na realização deste
trabalho.
- Ao prof José Maria Pacheco pela disponibilidade e inúmeras contribuições.
- A todos os amigos da Faculdade de Saúde Pública – USP e da Escola
Andaluza de Salud Publica, pelo apóio em todos os momentos.
- A toda minha família pela paciência em vários momentos que necessitei e
não foram poucos e pelo incentivo durante todo esse período. Nomes não
serão citados porque são muitos, mas todos sabem de sua importância na
conclusão deste trabalho. Só não posso deixar de citar meus filhos, João
Pedro e Beatriz, que apesar da pouca idade, me deram a força que
necessitava para levar adiante esse projeto. E meu marido, que chegou a
ser pai e mãe das crianças quando me ausentei para aprofundar os
conhecimentos necessários para o desenvolvimento deste trabalho e que
certamente não chegaria até aqui sem toda a sua ajuda, seu apoio, sua
paciência e colaboração.
Amamentar é mais do
que nutrir....
Maternity. Casa de Picasso, Málaga, Espanha.
RESUMO
____________________________________________________________
Wenzel D. Aleitamento Materno: estudo nacional da prevalência e
determinantes no Brasil, nas macro-regiões e sua áreas urbanas e
rurais. São Paulo, 2008 [tese de Doutorado – Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo].
Introdução: O Brasil é um país bastante extenso territorialmente, sendo
necessário o mapeamento da situação do aleitamento materno em todo o
país. Objetivo: Descrever a situação do aleitamento materno (AM), no Brasil
e estudar o efeito de determinantes sociais, econômicos e demográficos
sobre o AM de crianças menores de um ano de idade. Método: Constituiu-
se amostra de 2958 crianças, divididas em dois grupos de 0 a seis meses,
com 1477 crianças e de 7 a 12 meses com 1481 crianças, representativas
da população nacional. Os dados fazem parte da Pesquisa de Orçamentos
Familiares – POF, realizada em 2002-2003. Para o estudo do AM no Brasil,
utilizou-se um modelo multinível com dois níveis de hierarquia. Para a
análise do AM nas regiões utilizou-se modelo GLM com link=log, que
permite o uso da razão de prevalências e intervalos com 90% de confiança.
Resultados: No grupo 0 a 6 meses, a freqüência do AM no Brasil foi de 58%
[IC
90%
55 – 60]. Segundo as regiões, as freqüências foram de 63%, 59%,
51%, 61% e 56%, respectivamente para Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e
Centro-Oeste. Nas áreas rurais e urbanas a freqüência foi de 60% e 58%,
respectivamente. No grupo de 7 a 12 meses a freqüência no Brasil foi de
35% [IC
90%
33 – 38]. Nas regiões, as freqüências foram: 44%, 34%, 37%,
34%, 28%, respectivamente para Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-
Oeste. Nas áreas rurais e urbanas a freqüência foi de 39% e 34%,
respectivamente. Consideraram-se como fatores desfavoráveis ao
aleitamento materno, no conjunto da amostra: mães com idades superiores
a trinta anos, quatro ou mais moradores no domicílio e uso de creche. Os
fatores favoráveis foram: ter duas ou mais crianças menores de cinco anos
no domicílio, mães de cor negra ou parda e maior renda. Conclusão: Nos
dois grupos de idade, a freqüência do AM foi maior na região Norte e áreas
rurais do país. Os fatores que determinam o AM diferem quanto a faixa
etária, sendo importante focar ações de promoção da prática da
amamentação também em crianças de seis a vinte e quatro meses.
Descritores: Aleitamento Materno. Determinantes. Análise Multinível. Razão
de Prevalência. Epidemiologia
ABSTRACT
____________________________________________________________
Wenzel D. Breastfeeding: national study of the prevalence and
determinants in Brazil, in its macro-regions and urban and rural areas.
Sao Paulo, 2008 [Doctor`s degree thesis - School of Public Health of the
University of São Paulo].
Introduction: Brazil is a very large country and it is necessaries to mapping
the breastfeeding situation around the country. Objective: To describe the
situation of breastfeeding (BF), in Brazil, to study the effect of social,
economic and demographic determinants on the BF of children under one
year of age. Method: This sample is constituted of 2958 children, divided
into two age groups: from 0 to 6 months composed by 1477 children and
from 7 to 12 months composed by 1481 children, representative of the
national population. The data are part of the Search for Family Budgets -
POF, held in 2002-2003. For the study of BF in Brazil, it was used a
multilevel model, with two levels of hierarchy. For the analysis of BF in the
regions it was used the GLM model with link = log, which allows the use of
prevalences ratio and intervals with 90% confidence. Results: In the age
group 0 to 6 months, the frequency of BF in Brazil was 58% [IC90% from 55
to 60]. According to the regions, the frequencies were 63%, 59%, 51%, 61%
and 56% respectively for North, Northeast, Southeast, South and Central
West. In urban and rural areas the frequencies were 60% and 58%
respectively. In the age group 7 to 12 months the frequency in Brazil was
35% [IC90% from 33 to 38]. In the regions, the frequencies were: 44%, 34%,
37%, 34% and 28% respectively for North, Northeast, Southeast, South and
Central West. In urban and rural areas the frequencies were 39% and 34%
respectively. The unfavorable factors for breast feeding throughout the
sample were: mothers over the age of thirty years, four or more people living
at home and use of children daycare center. The favorable factors were:
having two or more children under five years at home, black or brown
mothers and high income. Conclusion: In both age groups, the frequency of
BF was higher in the northern and rural areas of the country. The factors that
determine the AM differ by age, and it is important to focus actions to
promote the practice of breastfeeding also in children from six to twenty-four
months.
Descriptors: Breastfeeding Determinants. Multilevel Analysis. Prevalences
ratio. Epidemiology
ÍNDICE
____________________________________________________________
1. INTRODUÇÃO................................................................................ 1
1.1 A importância do aleitamento materno......................................
1.2 História do aleitamento materno................................................
1.3 Determinantes do aleitamento materno.....................................
1.4 Situação da prática da amamentação no Brasil........................
1.5 Justificativa................................................................................
1
5
12
19
25
2. OBJETIVOS.................................................................................... 26
2.1.Geral ......................................................................................... 26
2.2.Específicos ............................................................................... 26
3. METODOLOGIA ............................................................................ 27
3.1. Delineamento do estudo.......................................................... 27
3.2. Amostragem............................................................................. 28
3.3. Instrumento de Coleta ............................................................ 31
3.4. Construção da base de dados................................................. 34
3.5. Variáveis do estudo.................................................................. 36
3.5.1 Variável dependente....................................................... 36
3.5.2 Variáveis independentes................................................ 37
3.6. Análise estatística..................................................................... 40
3.6.1 Modelo multinível............................................................ 40
3.6.2 Razão de prevalência .................................................... 46
3.7. Aspectos éticos........................................................................ 50
4. RESULTADOS ............................................................................... 51
4.1. Distribuição da amostra segundo as regiões do
Brasil................................................................................................ 51
4.2. Prevalência do aleitamento materno no Brasil, nas macro-
regiões, nas áreas rurais e urbanas nos dois grupos
etários..............................................................................................
53
4.3. Caracterização das variáveis independentes nas regiões do
país.................................................................................................. 55
4.4. Prevalência do aleitamento materno no Brasil segundo
variáveis independentes.................................................................. 63
4.5. Relação dos determinantes com o aleitamento materno no
Brasil................................................................................................ 70
4.6 Análise dos determinantes do aleitamento materno na macro-
regiões............................................................................................. 73
4.6.1 Região Norte.................................................................. 74
4.6.2 Região Nordeste............................................................. 77
4.6.3 Região centro-Oeste...................................................... 80
4.6.4 Região Sudeste.............................................................. 83
4.6.5 Região Sul...................................................................... 86
5. DISCUSSÃO .................................................................................. 91
5.1.Prevalência de aleitamento materno......................................... 92
5.2. Determinantes do aleitamento materno................................... 97
6. CONCLUSÃO.................................................................................
110
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................
112
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................
114
9. ANEXOS
126
ANEXO 1 – Questionário do domicílio
ANEXO 2 – Questionário de despesa coletiva
ANEXO 3 – Caderneta de despesa coletiva
ANEXO 4 – Questionário de despesa individual
ANEXO 5 – Questionário de rendimento individual
ANEXO 6 – Questionário de condições de vida
ANEXO 7 – Parecer do Comitê de Ética
LISTA DE TABELAS
____________________________________________________________
1.
Tabela 1 – Distribuição das crianças menores de um ano de
idade segundo os Estados nas regiões do Brasil, 2002-2003.
51
2.
Tabela 2 – Prevalência do aleitamento materno em crianças de 0
a 6 meses, nas macro-regiões, áreas rurais e urbanas e todo
Brasil, com seus respectivos intervalos com 95% de confiança,
2002 – 2003.
53
3.
Tabela 3 – Prevalência do aleitamento materno em crianças de 7
a 12 meses, nas macro-regiões, áreas rurais e urbanas e todo
Brasil, com seus respectivos intervalos com 95% de confiança,
2002 – 2003.
54
4.
Tabela 4 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo escolaridade
materna, Brasil, 2002-2003.
63
5.
Tabela 5 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo renda domiciliar
per capita, Brasil, 2002-2003.
64
6.
Tabela 6 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo idade materna,
Brasil, 2002-2003.
65
7.
Tabela 7 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo a freqüência em
creche, Brasil, 2002-2003.
66
8.
Tabela 8 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo o número de
morador, Brasil, 2002-2003.
67
9.
Tabela 9 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo cor materna,
Brasil, 2002-2003.
68
10.
Tabela 10 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de
0-6 meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo o número de
crianças menores de cinco anos, Brasil, 2002-2003.
69
11.
Tabela 11 – Medidas de efeito das variáveis independentes
sobre o aleitamento materno nos dois grupos etários, e modelo
multinível, Brasil, 2002-2003.
70
12.
Tabela 12 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 0 a 6 meses
de idade. Região Norte, 2002-2003.
74
13.
Tabela 13 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 7 a 12
meses de idade. Região Norte, 2002-2003.
75
14.
Tabela 14 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 0 a 6 meses
de idade. Região Nordeste, 2002-2003.
77
15.
Tabela 15 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 7 a 12
meses de idade. Região Nordeste, 2002-2003.
78
16.
Tabela 16 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 0 a 6 meses
de idade. Região Centro-Oeste, 2002-2003.
80
17.
Tabela 17 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 7 a 12
meses de idade. Região Centro-Oeste, 2002-2003.
81
18.
Tabela 18 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 0 a 6 meses
de idade. Região Sudeste, 2002-2003.
83
19.
Tabela 19 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 7 a 12
meses de idade. Região Sudeste, 2002-2003.
84
20.
Tabela 20 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 0 a 6 meses
de idade. Região Sul, 2002-2003.
86
21.
Tabela 21 – Razões de prevalências de aleitamento materno e
respectivos intervalos com 90% de confiança na análise simples
e modelo final da regressão múltipla, em crianças de 7 a 12
meses de idade. Região Sul, 2002-2003.
87
LISTA DE GRÁFICOS
____________________________________________________________
1.
Gráfico 1 – Distribuição das áreas urbanas e rurais segundo as
macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003.
55
2.
Gráfico 2 – Distribuição de crianças menores de cinco anos de
idade segundo as macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003.
56
3.
Gráfico 3 – Distribuição do uso de creche segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 – 2003.
57
4.
Gráfico 4 – Distribuição do nível de escolaridade materna
segundo as macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003.
58
5.
Gráfico 5 – Distribuição do número de moradores segundo as
macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003.
59
6.
Gráfico 6 – Distribuição da idade materna segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 – 2003.
60
7.
Gráfico 7 – Distribuição da renda domiciliar per capita segundo
as macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003.
61
8.
Gráfico 8 – Distribuição da cor materna segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 – 2003.
62
LISTA DE FIGURAS E QUADROS
____________________________________________________________
1. Figura 1 - Duração mediana da amamentação 11
2. Figura 2 – Modelo multinível hierarquizado para investigação dos
efeitos dos possíveis fatores relacionados ao aleitamento
materno durante.
45
3. Figura 3 – Modelo teórico para investigação dos efeitos dos
possíveis fatores relacionados ao aleitamento materno
49
4. Figura 4 – Mapa dos determinantes associados ao aleitamento
materno nas regiões do país, nas duas faixas etárias estudadas.
90
5. Quadro 1 – Critérios de pertinência dos indivíduos da amostra –
POF, para pertinência na amostra de famílias com crianças
menores de um ano.
36
6. Quadro 2 – Resumo das variáveis independentes que se
associaram ao aleitamento materno, no Brasil e em suas macro-
regiões, nos dois grupos de idade, 2002-2003.
89
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO.
A superioridade do leite humano como fonte de nutrientes, de proteção
contra doenças e de afeto faz com que especialistas do mundo inteiro o
recomendem (ERGENEKON-OZELCI et al., 2006). Vários estudos
comprovaram seus benefícios para a saúde da criança e da mulher, no
fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho, bem como na economia
para famílias, instituições de saúde, governos e nações, entre outros
aspectos. (HARFOUCHE, 1980; OMS, 1993; ARAÚJO et al., 2004).
A Organização Mundial da Saúde preconiza aleitamento materno exclusivo
até seis meses de vida, com a complementação de outros alimentos a partir
do sexto mês até pelo menos dois anos de idade (OMS, 2004).
Consideram-se crianças em aleitamento materno aquelas que recebem leite
humano (diretamente do peito ou ordenhado) independentemente da
ingestão de alimentos sólidos, semi-sólidos e líquidos, incluindo leite artificial
(MS, 2002).
O leite humano é o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento dos
lactentes, devido às suas propriedades físico-químicas e à sua
especificidade em relação às necessidades nutricionais e fisiológicas da
criança (AKRÉ, 1989).
2
Estudos mostram os benefícios da amamentação para crianças que vivem
não só em países em desenvolvimento, mas também em países
desenvolvidos, sendo que nestes, crianças alimentadas com fórmulas
infantis têm até cinco vezes mais hospitalizações comparadas a crianças
amamentadas. (DE ZOYSA, 1991).
A ausência de amamentação ou sua interrupção antes dos seis meses e a
introdução de outros alimentos à dieta da criança, durante esse período, são
freqüentes, com conseqüências importantes para a saúde do bebê, como
exposição a agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo
da digestão e assimilação de nutrientes, entre outras. (OPS, 1991;
GIUGLIANI, 1997).
Vários estudos realizados no Brasil e no mundo mostram que a
amamentação ajuda a prevenir tanto a desnutrição como a obesidade (IIESE
et al., 2001; KRIES et al., 2007), além de doenças infecciosas como a
diarréia e infecções respiratórias, que são causas importantes de
mortalidade infantil (ESCUDER et al., 2003; MIHRSHAHI et al., 2007;
CASTRO-RODRIGUEZ et al., 2008).
VICTORA et al. (1987), constataram que no Brasil o risco de óbito por
diarréia para crianças desmamadas era 14,2 vezes aquele observado entre
crianças em aleitamento materno exclusivo, sem suplemento lácteo. O risco
de óbito por doenças respiratórias era 3,6 vezes.
3
BETRÁN et al. (2001), estimaram o potencial de redução de mortalidade
infantil na América Latina atribuível à prática do aleitamento materno
exclusivo. Analisaram-se inquéritos de 16 países que estimavam os padrões
regionais de aleitamento materno e os dados de mortalidade por diarréia e
infecções respiratórias, em crianças menores de um ano. Verificaram que a
promoção do aleitamento materno poderia reduzir substancialmente a
mortalidade infantil.
Levando em conta os riscos relativos e o comportamento da amamentação
no município de São Paulo entre 1981 e 1987, estimou-se que o aleitamento
materno foi responsável pela redução nas taxas de mortalidade infantil por
diarréia em 32% e por doença respiratória em 22% (MONTEIRO et al.,
1990).
O aleitamento materno exclusivo parece ter, também, papel importante na
diminuição da mortalidade neonatal, protegendo contra a enterocolite
necrotizante e a septicemia, causas freqüentes de óbito em recém-nascidos
prematuros (LUCAS e COLE, 1990; ASHRAF et al., 1991; WOOLRIDGE et
al., 1993).
A amamentação possibilita, retardar a exposição das crianças a alérgenos,
além de promover a maturação da barreira da mucosa intestinal e inibição
de infecções, fatores que podem conferir proteção por longo prazo contra a
sensibilização alérgica. Em recente estudo de segmento de crianças do
nascimento até 17 anos de idade, a amamentação mostrou ser profilática
4
para eczema atópico, alergia alimentar e respiratória, durante a infância e
adolescência (SAARINEN e KAJOSAARI, 1995).
Realizam-se, também, pesquisas que mostram o efeito de proteção do leite
materno contra algumas doenças específicas (MÅRILD et al. 2004; Ip et al.,
2007). Estudos com crianças internadas por infecção urinária, realizado na
Itália, observaram que a doença era cinco vezes mais provável nas crianças
alimentadas exclusivamente com mamadeira (PISACANE et al., 1992).
O aleitamento materno exclusivo se mostrou protetor para a Síndrome de
Morte Súbita na Infância (FORD et al., 1993). É possível que este efeito
protetor esteja relacionado aos componentes imunológicos do leite humano,
aos períodos mais curtos de sono ininterrupto entre crianças amamentadas
e também à menor exposição a agentes que causam anafilaxia
(BERNSHAW, 1991).
O aleitamento materno é recomendado, também, na prevenção de Diabetes
Mellitos Tipo 1 (DRASH et al., 1994). A exposição a uma proteína presente
no leite de vaca parece funcionar como desencadeadora de resposta imune
que resulta na DM1 (KARJALAINEN et al., 1992). Os resultados de estudo
de casos e controles realizado em São Paulo indicam a ausência de
amamentação exclusiva, especialmente durante a primeira semana de vida,
como fator de risco para DM1 (GIMENO e SOUZA, 1998).
5
Em outro estudo, crianças amamentadas por menos de seis meses
apresentaram de 6 a 9 vezes mais probabilidade de desenvolver linfoma na
infância, antes dos 15 anos de idade, quando comparadas com aquelas
amamentadas por período mais prolongado (DAVIS et al., 1988;
ALTINKAYNAK et al., 2006).
Em relação a mulher, a amamentação pode ajudar a limitar a fertilidade,
promovendo um maior espaçamento entre as gestações. O método de
amenorréia lactacional, quando seguido apropriadamente, isto é, na
ausência do sangramento, com bebês de até seis meses de idade e em
aleitamento materno exclusivo, pode conferir proteção contra uma nova
gravidez, com 2% de falha (KENNEDY e VISNESS, 1992).
1.2. HISTÓRIA DO ALEITAMENTO MATERNO
Os relatos sobre os benefícios da amamentação vêm desde Hipócrates, que
descrevia maior mortalidade entre crianças que não eram amamentadas ao
peito (VINAGRE, 2001).
Apesar da superioridade do leite materno em relação ao leite artificial, o
declínio da amamentação é fenômeno conhecido em todo mundo há muito
tempo. Relatos históricos citam alguns objetos, como xícaras com biqueira
encontrados por arqueólogos em sepulturas infantis datando de 2000 a.C., o
6
que sugere uma possível utilização, mesmo que ocasional, de outros
alimentos que não o leite humano (ARANTES, 1995)
Ocorreram em 888 a.C. os primeiros sinais de mães segurando mamadeira,
em desenhos encontrados nas ruínas de um palácio do antigo Egito
(GREINER, 1975).
Desde a era pré-cristã relata-se o hábito de mulheres amamentarem filhos
de outras mulheres. Isto poderia ser interpretado, na situação daquela época
como um ato de solidariedade e cooperação entre mulheres (PALMER,
1993).
Na Idade média, século XV, a prática de utilização de amas-de-leite
começou a se difundir pela Europa, inicialmente entre famílias pertencentes
à aristocracia e posteriormente em outras camadas sociais. Isso fez com que
a prática de amamentar comum entre os indígenas que habitavam o Brasil
causasse surpresa aos descobridores (ALMEIDA, 1999)
Na Europa pré-industrial, algumas mulheres, em geral de classes sociais
mais altas, optavam por alimentar seus filhos também por meio de “amas de
leite”. Esta prática teve início na França e disseminou-se por outros países
europeus. Segundo Badinter, esta era uma prática bastante freqüente em
meados do século XVIII (BADINTER, 1985).
Vários fatores podem ter influenciado as mulheres da elite a não
amamentarem seus filhos. Uma explicação possível seria a necessidade das
7
famílias ricas e nobres de mostrar que podiam pagar para que a mulher não
exercesse esse “trabalho físico”, sendo a adoção da “ama-de-leite” um
indicador de status social. A mulher sofria, portanto, uma pressão social no
sentido de não exercer a atividade de amamentar, sendo forçada a relegá-la
a mulheres mais pobres (PALMER, 1993).
Porém, a prática das amas-de-leite começou a declinar a partir da evidência
das altas taxas de mortalidade entre os bebês alimentados desta forma, e
pelo fato de que se passou a acreditar que elas eram transmissoras de
sífilis. Em algumas culturas, acreditava-se também que, as mulheres que
amamentavam não podiam manter relações sexuais, pois o leite poderia ser
“azedado” pelo sêmem masculino. Foi no final do século XIX e início do
século XX, com o advento da revolução industrial, que se presenciou uma
grande mudança dos padrões de alimentação infantil (PALMER, 1993).
O surgimento de novas indústrias contribuiu para o crescimento das cidades,
instituindo o processo de urbanização. A mudança de culturas rurais
tradicionais para um modo de vida urbano é citada como um dos fatores
centrais que desencadearam o abandono da amamentação (JELLIFFE e
JELLIFFE, 1978).
Por um lado, a inserção da mulher no mercado de trabalho levou as
mulheres a desmamarem mais precocemente. Por outro lado, para deixar de
amamentar, a existência de uma alternativa era uma pré-condição. Por isso,
outro fator importante para o declínio da amamentação foi o
8
desenvolvimento de tecnologias para a fabricação dos leites artificiais
(MULLER, 1974).
O leite de vaca como alternativa para a alimentação infantil surgiu em 1784,
com o médico inglês Underwood. A descoberta de que o leite de vaca
contém mais proteína do que o leite materno, em 1838, foi responsável pelo
discurso da superioridade do leite de vaca que prevaleceu do final do século
XIX até meados do século XX (REA, 1990).
O desenvolvimento de métodos para a produção do leite condensado, em
1856, criou condições para a fabricação de um leite estéril e passível de
conservação, sendo que em 1878 iniciou-se a produção de leite condensado
enlatado (REA, 1990).
Passou a existir uma variedade de leites para substituir o leite materno,
sendo necessária a criação de um mercado para consumi-los. Com a
propaganda, teve início neste momento a história da promoção comercial
dos substitutos do leite materno (MULLER, 1974; GOLDEMBERG, 1989).
Outro motivo apontado para o declínio do aleitamento materno é o elemento
“imitação das classes ricas”. As mães de classe média e pobre adotam o
aleitamento artificial, na tentativa de imitar as mulheres com maior poder
aquisitivo (ORLANDI, 1985).
A rápida substituição dos hábitos sobre amamentação na segunda metade
do século passado, com a massificação industrial e mercantil do leite
9
pasteurizado, constituiu, num curto espaço de tempo, a mudança mais
radical nos padrões alimentares da humanidade em toda a sua história.
É notável, ao mesmo tempo, a observação de que se acumularam
evidências e comprovações científicas sobre as conseqüências adversas
dessa mudança em vários aspectos do processo saúde/doença em relação
à criança, à mãe, à família e sobre a própria coletividade: as várias
dimensões biológicas, epidemiológicas, psicológicas, econômicas, sociais e
até mesmo ecológicas do desmame precoce (BITTENCOURT et al., 2005).
As conseqüências desastrosas do desmame precoce que foram
evidenciadas, em especial nos países em desenvolvimento, pelas altas
taxas de mortalidade associadas ao uso de mamadeira e dos leites
artificiais, levaram a um movimento de retorno à amamentação, que teve
início em meados da década de 70.
MULLER (1974) publicou na Inglaterra um artigo denominado “The Baby
Killer”, acusando empresas multinacionais produtoras de leite, de
contribuírem para a mortalidade infantil nos países subdesenvolvidos.
O trabalho de Muller foi divulgado em vários países europeus, sendo que em
1977, chegou aos Estados Unidos sob a forma de uma campanha liderada
por ativistas, religiosos e médicos, de boicote aos produtos lácteos
industrializados. Este movimento teve um momento importante em 1981,
quando a Assembléia Mundial de Saúde adotou o Código de
Comercialização dos Substitutos do Leite Materno. O código, em linhas
10
gerais, recomendava que os países membros adotassem severas restrições
à publicidade do leite em pó (ORLANDI, 1985).
Após o despertar da opinião pública européia e norte-americana, várias
instituições se mobilizaram no sentido de intensificar as campanhas pró-
aleitamento materno, dentre elas destacando-se a OMS – Organização
Mundial de Saúde e o UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Para que o retorno à prática de aleitamento materno se efetivasse,
atividades de proteção, promoção e apoio à amamentação foram
implementadas em todo o mundo.
Entretanto, segundo REA (2003), raros são os estudos em cidades ou
países que mostram avaliação de impacto de programas ou ações pró-
amamentação. A autora listou (Figura 1) as atividades ou "marcos" para
promoção do aleitamento materno, internacionais e nacionais, que mais se
destacaram no período de 1975 a 2002 e traçou um paralelo com os
incrementos na duração mediana da amamentação nesse período.
11
Figura retirada do texto: Rea. Cad. Saúde Pública, 2003, vol.19 supl.1, p.37-45.
Os dados mostram que em 1975, uma em cada duas mulheres amamentava
apenas até o segundo ou terceiro mês de vida da criança, enquanto que em
1999, uma em cada duas mulheres levava a amamentação até cerca de dez
meses. Esse aumento em 25 anos pode tanto ser pensado como um
sucesso, como pode ser visto como algo que poderia estar muito melhor se
todas as atividades de promoção que se realizaram no país fossem
mantidas, avaliadas, corrigidas, bem coordenadas e melhoradas. (REA,
2003)
12
A redução nas ações de incentivo ao aleitamento materno pode levar ao
decréscimo dos índices de aleitamento e, conseqüentemente, a maior gasto
com substitutos do leite materno e com a assistência à saúde em nível
nacional, como aconteceu em Singapura e nas Filipinas (OMS, 1996).
1.3. DETERMINANTES DO ALEITAMENTO MATERNO
O valor do aleitamento materno, assim como seus determinantes é tema de
importância indiscutível na literatura científica nacional e internacional. As
dificuldades para prolongar a amamentação são diversas. Ainda que os
estudos não sejam conclusivos, alguns fatores sociodemográficos e culturais
parecem afetar direta ou indiretamente o aleitamento materno.
Administração de fluidos suplementares como água ou chás a bebês
amamentados exclusivamente com leite materno associa-se a aumento
significativo do risco de doença diarréica. Em estudo realizado em uma
comunidade pobre de Lima, Peru, a incidência e a prevalência de diarréia
em bebês menores de 6 meses eram significativamente maiores entre os
que recebiam água e chás do que entre os amamentados exclusivamente. A
freqüência de diarréia dobrou com a adição de fluidos
suplementares (UNICEF/IBFAN, 2006).
A idade materna, também, é um dos fatores que podem atuar como
determinante do aleitamento materno. Estudos mostram que mães mais
13
velhas, frente às mais novas têm maior probabilidade de prolongar a
amamentação (GONZÁLES et al., 2002, OLIVEIRA et al., 2005).
Segundo pesquisa realizada no Hospital Materno Infantil de “Lãs Palmas de
Gran Canária”, 2002, mães mais velhas, que tinham nível de escolaridade
mais alto, que começaram amamentar imediatamente após o parto, se o
bebê não recebesse mamadeira nos primeiros dias de vida e se o tipo de
parto fosse normal, sem complicações, conseguiriam amamentar por mais
tempo. (GONZÁLEZ et al., 2002).
AMADOR et al., 1992, relataram freqüência de desmame maior entre mães
adolescentes, quando comparadas às mães adultas. De acordo com
MAEHR et al. (1993), mães adolescentes estavam menos dispostas a
amamentar que as adultas, em entrevista logo após o parto.
Por outro lado, NEIFERT et al. (1988) sugerem que as adolescentes são
receptivas ao aleitamento materno, porém, necessitam de acompanhamento
mais cuidadoso e de aconselhamento mais voltado para suas necessidades
(FRANÇA et al., 2007).
Segundo HORTA (2007), o fato das mães adolescentes serem
amamentadas, é situação favorável para que na hora de amamentarem seus
filhos, essa experiência seja positiva.
Em trabalho desenvolvido por KYUNG PARK et al. (2003), mães
adolescentes, de 12 a 19 anos, de cor branca amamentaram mais seus
14
filhos. No entanto, em estudo comparativo entre as regiões metropolitanas
de São Paulo e Recife, com amostras representativas da população de
crianças saudáveis de 0-8 meses atendidas pelo sistema de saúde,
observou-se que mães de cor branca amamentaram menos seus filhos
comparados às mães negras e mulatas (REA, 1994).
Em estudo realizado nos Estados Unidos, com crianças de 7 a 12 meses
detectou-se que mulheres negras, no meio em que vivem, são menos
encorajadas a amamentar, além de darem mamadeira por opção
(WIEMANN, 1998; LEFFLER, 2000; FORSTE, 2001, RYAN, 2007).
Outro fator importante é o tipo de área onde se reside, urbana ou rural
(TRUSSEL et al., 1992, MARQUES, 2001; BATISTA FILHO e RISSIN, 2003;
BENTLEY et al., 2003). Segundo estudo realizado por PÉREZ-ESCAMILLA
em toda América Latina e Caribe (2003), as mulheres que vivem em áreas
rurais amamentam mais que aquelas que residem em áreas urbanas.
No caso do Brasil, desde os anos 50, se produziu um êxodo da população
rural para zonas urbanas, fato que terá sua repercussão nas práticas de
amamentação.
Em estudo realizado em seis países da América Latina e Caribe, cinco
apresentaram aumento nos índices de amamentação, tanto em áreas rurais
quanto urbanas. Esses resultados indicam melhora da prática do aleitamento
materno numa época em que era previsto o oposto, em vista da crescente
urbanização da região. Políticas de proteção ao aleitamento materno e
15
programas de promoção podem explicar parte desse aumento (PEREZ-
ESCAMILLA, 2003).
Em pesquisa realizada no hospital público de Maringá por UCHIMURA et al.
(2001), verificou-se que foram determinantes para a interrupção da
amamentação, as mulheres apresentarem estado marital não definido,
serem moradoras de casas com mais de cinco cômodos e com gravidez não
planejada.
A educação materna é um importante preditor da amamentação, mas com
efeitos aparentemente opostos em países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Em muitos países europeus, mulheres com maior
escolaridade amamentaram mais do que as com menor escolaridade e por
períodos mais prolongados (BLOOM et al, 1982; KRONBORG, 2004; HAAS
et al., 2006; ROMERO et al., 2006, YEOH et al., 2007). Já nos países em
desenvolvimento, maior escolaridade parece estar negativamente associada
com o início e a duração da amamentação. (TRUSSELL et al., 1992;
KUMMER et al., 2000).
No entanto, em estudos desenvolvidos por BENTLEY (2003), LEUNG et al.
(2006) e RYAN (2007), as mães com menor nível educacional e menor nível
de renda, amamentam com maior freqüência comparada a mães de níveis
mais altos. Em estudo realizado em Hong Kong, com 3.204 crianças
menores de seis meses, mães com pouca escolaridade prolongaram por
mais tempo a amamentação (LEE et al., 2007).
16
A relação entre a escolaridade materna e a amamentação é um tema
complexo na literatura. Embora alguns estudos não tenham evidenciado
associação entre esses fatores, (ISLLER et al., 1989; CALDEIRA e
GOULART, 2000).
No trabalho de GIUGLIANI et al. (1992), em Porto Alegre, Brasil,
constataram que, embora habitando um país em desenvolvimento, as mães
seguiam o modelo dos países desenvolvidos, ou seja, aquelas com maior
nível de escolaridade amamentaram por mais tempo.
Esse resultado foi compatível com o obtido no estudo de ESCOBAR (2002)
realizado com 599 crianças, na cidade de São Paulo, já que o aleitamento
materno foi positivamente influenciado pelo maior nível de escolaridade da
mãe.
Mães que concluíram apenas o ensino fundamental ou médio apresentaram
maior chance de interrupção dessa prática antes dos seis meses de vida da
criança. Essa situação parece evidenciar que as mães com mais formação
acadêmica apresentam maior possibilidade de receber informações sobre os
benefícios da amamentação, sofrendo menor influência externa e rejeitando
práticas que, de modo cientificamente comprovado, prejudicam a ocorrência
da amamentação (FRANÇA et al., 2007).
Em pesquisa realizada por VASCONCELOS et al. (2006), a renda familiar
apresentou-se como fator associado ao aleitamento materno contribuindo
17
para o aumento da freqüência entre aquelas mães cujas famílias
apresentaram rendimento maior do que dois salários mínimos per capita, em
relação às com rendimento menor.
Crianças sob condições de vida consideradas baixas tiveram 2,3 vezes mais
chances de introduzir precocemente alimentos complementares no esquema
alimentar; essa chance aumentou para 2,5 quando as condições de vida
eram muito baixas. (OLIVEIRA et al., 2005). Tais achados concordam com
outros estudos que relacionam baixas condições sócio-econômicas da
família com menor duração do aleitamento materno (VICTORA et al., 1992;
REA et al., 1997).
No estudo de YEOH (2007), realizado com 9618 crianças no Sudeste de
Sydney, os fatores que estiveram associados à interrupação precoce do
aleitamento materno foram, além das condições desfavoráveis de moradia,
também, mães que não tinham relacionamento conjugal com o pai da
criança, com baixo nível educacional e que fumavam com freqüência.
A volta ao trabalho é definida, em vários estudos, como um fator limitante
para a prática da amamentação. Esse dado concorda com o estudo
realizado no Norte de Taiwan, com 998 mães, onde a freqüência da
amamentação diminuiu quando as mães retornaram ao trabalho (CHUN
CHEN et al., 2006). Por outro lado, segundo VENÂNCIO et al. (2002), o
trabalho informal e também o desemprego, influenciaram no desmame
precoce.
18
Vários estudos mostraram a associação do uso da chupeta com menor
duração da amamentação, observando-se ainda efeito dose-resposta, ou
seja, com prejuízo para o aleitamento, no caso do uso contínuo (SILVEIRA e
LAMOUNIER, 2003). No entanto, ainda não foi comprovado o efeito de
causalidade, sendo que o uso desse acessório poderia refletir a existência
de problemas relacionados ao aleitamento materno. Nesse sentido,
KRAMER et al. (2001), encontraram evidências de que o uso de chupeta
pode relacionar-se a dificuldades na amamentação ou motivação reduzida
para amamentar.
Segundo SILVEIRA e LAMOUNIER (2006), a introdução da chupeta para
crianças que estão nas primeiras semanas de vida deve ser um sinal de
alerta para os profissionais de saúde, no sentido de que pode haver
dificuldades em relação ao aleitamento materno, e as mães podem estar
precisando de apoio e orientações adequadas.
VICTORA et al. (1997), concluíram que, em mães com menos dificuldade e
maior confiança em relação ao aleitamento materno, o uso de chupeta foi
menos associado com o desmame precoce, sugerindo que, talvez, seja
apenas parte do processo, e não exatamente a causa da interrupção da
amamentação.
Segundo VANNUCHI et al. (2005), mães primíparas tem maior risco de não
amamentar. Este resultado é semelhante ao de VENÂNCIO (2002), que
observou que a chance de se prolongar o tempo do aleitamento materno
19
eleva-se de acordo com o aumento do número de filhos, principalmente
quando a mãe é bem sucedida na amamentação dos filhos mais velhos.
Há grande heterogeneidade quanto aos fatores que determinam a
amamentação, dependendo da metodologia aplicada (tamanho da amostra,
local do estudo, coleta de dados, entre outros). No Brasil são escassos os
estudos nacionais que aprofundam esta discussão, mas há muitos estudos
locais que apresentam a mesma heterogeneidade dos fatores.
1.4. SITUAÇÃO DA PRÁTICA DA AMAMENTAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, apesar da escassez de dados representativos que reflitam a
situação da amamentação, estudos regionais mostram que, até a década de
70, a prática do aleitamento sofreu considerável declínio (VENÂNCIO e
MONTEIRO, 1998).
Estudo transversal, realizado por SIGULEM e TUDISCO (1980) mostra, por
exemplo, que no Município de São Paulo, em meados da década de 70, a
duração mediana da amamentação era de aproximadamente um mês.
No Brasil existe uma lacuna no conhecimento sobre padrões de aleitamento
materno devido à escassez de estudos populacionais. A maioria deles
baseia-se na clientela de serviços. Além disso, existem sérias disparidades
20
metodológicas dificultando análises comparativas entre os poucos estudos
disponíveis.
Até recentemente, dados disponíveis sobre a situação do aleitamento
materno na população brasileira, eram aqueles obtidos de algumas
pesquisas como:
- Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF): realizado em 1974-1975
pelo IBGE. Teve como objetivo obter um fluxo mais completo de estatísticas
sociais, para atender às necessidades do planejamento socioeconômico do
governo, compondo uma visão geral da situação nacional. A porcentagem
de crianças amamentadas aos seis meses era de 33% e aos 12 meses de
23% (VENANCIO e MONTEIRO, 1998).
- Estudos nacionais, realizados pela Sociedade de Bem-Estar Familiar
(BEMFAM) em 1986 e 1996. Em 1986, o percentual de crianças de 0 a 4
meses recebendo leite materno (independente da complementação), no dia
anterior a entrevista, foi de 73,5%. Em 1996 o percentual foi de 85,4% e a
prevalência do aleitamento materno aos seis meses foi de 51%. Os dados
de 1996 confirmam a tendência de aumento nos índices de amamentação
no País. (PASSOS et al., 2000).
- Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN): realizada em 1989
pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) em colaboração
técnica com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com o
21
Instituto de Planejamento Econômico e Social. Teve como objetivo descrever
a condição de nutrição e saúde da população brasileira no seu contexto
socioeconômico, com uma amostra probabilística de abrangência nacional.
A prevalência do aleitamento materno aos seis meses era de 49% e aos 12
meses de 37% (VENANCIO e MONTEIRO, 1998).
- Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais e Distrito
Federal (PAMCDF), realizada em 1999, pelo Ministério da Saúde. A
prevalência do aleitamento materno foi de 69% para crianças até seis meses
de idade e de 44,2% para crianças de sete a doze meses.
- Amamentação e Municípios: realizada em 2001, pelo Instituto de Saúde. O
projeto teve como objetivo levantar a prevalência de amamentação nos
municípios no Dia Nacional de Vacinação e com essa informação, discutir
estratégias para a implementação de políticas locais de promoção do
aleitamento materno. Outro objetivo do projeto foi formar um banco de dados
de aleitamento materno dos municípios brasileiros. A prevalência da
amamentação, aos quatro meses, era de 49,7% e aos seis meses de 38,7%.
A partir da década de 80, realizaram-se diversas estratégias e várias
campanhas para aumentar a prevalência e a duração da amamentação no
Brasil, sendo que os dados das pesquisas nacionais mostram que houve um
incremento nos índices de aleitamento materno nas duas últimas décadas.
22
Enquanto que em 1975 (ENDEF), a duração da amamentação era de 2,5
meses, em 1989 (PNSN) dobrou passando a 5,5 meses. Em 1996 segundo
dados da PNDS foi de 7 meses e em 1999 (PAMCDF) a tendência da
mediana foi de 10 meses.
No entanto, esse incremento não é uniforme e varia com o local e com as
características da população. Por isso, o conhecimento sobre as tendências
regionais do padrão de amamentação é fundamental, pois permite avaliar e
embasar mudanças e ajustes nas práticas de promoção e incentivo ao
aleitamento materno. (KUMMER et al., 2000).
O panorama mundial da amamentação mostra grande heterogeneidade, não
só entre países como também entre regiões do próprio país. Grande parte
dos trabalhos publicados sobre a extensão da prática da amamentação
oferece dados específicos sobre cidades e zonas específicas, sendo
escassos os trabalhos que mostram dados da situação geral de um país.
O conhecimento sobre as tendências regionais do padrão de amamentação
e seus determinantes é de fundamental importância, pois permite conhecer a
evolução e embasar mudanças e ajustes nas práticas de promoção e
incentivo do aleitamento materno. (KUMMER et al., 2000).
Em alguns estudos internacionais, por exemplo, em estudo realizado com
crianças, até seis meses de idade, na região Norte da Rússia, a taxa de
amamentação foi de 47,2% (GRJIBOVSKI et al., 2005).
23
Ainda nesta faixa etária, na região Noroeste da China, a prevalência foi de
76,2% (XU et al., 2006), sendo este dado similar ao de décadas anteriores.
Na Grécia foi de 24%.(BAKOULA, 2007). Na Itália, a prevalência de
aleitamento materno não variou entre as regiões Norte e Sul do país,
apresentando porcentagem de 35%. No Chile, a prevalência de aleitamento
materno era de 31% aos doze meses (CASTILHO e ATALAH, 1996).
No Brasil, segundo os últimos dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e
Nutrição – PNSN – 1989, a maior prevalência do aleitamento materno foi
encontrada na região Centro-Oeste, com 59% de crianças amamentadas até
os seis meses de idade e a região com menor prevalência foi a região Sul,
com 46%. Para crianças com 12 meses a maior prevalência foi de 36% na
região Sul e a mais baixa foi de 17%, na região Centro-Oeste.
Com claro objetivo de garantir as melhores condições de vida na infância, o
governo e a sociedade civil do Brasil, com a cooperação de agencias
internacionais, como a OPAS (Organização Pan-americana de Saúde) e
UNICEF (Fundação das Nações Unidas para Infância), se mobilizou,
definindo prioridades, destinando recursos e estabelecendo metas para a
saúde na infância.
No Brasil, existe uma importante diversidade sociocultural e territorial. Seu
território está dividido em cinco macro-regiões e também em áreas urbanas
e rurais. É o país mais extenso da América do Sul e o quinto do mundo.
Limita-se geograficamente com quase todos os países sul americanos,
24
exceto Chile e Equador. Com o processo de globalização, enfrenta novos
desafios em planos econômicos e políticos, e também social, cultural e
educativo, que podem influir na prática do aleitamento materno.
É importante a realização periódica de estudos, de base populacional, que
reflitam a realidade do momento sobre o aleitamento materno, mantendo
especial atenção em determinados grupos sociais, permitindo acompanhar
as tendências do aleitamento materno em suas diferentes modalidades.
25
1.5. JUSTIFICATIVA
Apesar da conhecida importância do aleitamento materno e seus benefícios
para a saúde da criança e da mãe, os vários programas governamentais
realizados não só no Brasil como em todo mundo, não foram suficientes
para atingir as metas desejadas para amamentação.
Os fatores que determinam positivamente ou negativamente o aleitamento
materno, apesar de exaustivamente estudados, em inúmeras pesquisas
locais, que utilizam amostra e métodos diferentes, apresentam resultados
que não são comparáveis e, portanto, pouco conclusivos.
Frente a este contesto, julgou-se pertinente conduzir um estudo com dados
representativos da população nacional, para descrever a situação atual do
aleitamento materno no Brasil, nas macro-regiões e suas áreas urbanas e
rurais e sua relação com os determinantes sociais, econômicos e
demográficos, em crianças até um ano de idade, utilizando-se os dados da
POF – Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada no país no período de
2002-2003.
26
2. OBJETIVOS
________________________________________________________
2.1. OBJETIVO GERAL
Descrever a situação do aleitamento materno no Brasil e estudar os efeitos
dos principais determinantes sociais, econômicos e demográficos sobre o
aleitamento materno de crianças menores de um ano de idade.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Estimar a prevalência do aleitamento materno em todo Brasil, nas macro-
regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste) e em suas áreas
urbanas e rurais.
- Caracterizar as macro-regiões do país segundo fatores sociais,
econômicos e demográficos.
- Estimar a prevalência do aleitamento materno segundo variáveis sociais,
econômicas e demográficas.
- Estudar os efeitos dos determinantes sociais, econômicos e demográficos
sobre o aleitamento materno, no Brasil e em suas macro-regiões
geográficas.
- Verificar a variabilidade dos determinantes sociais, econômicos e
demográficos sobre o aleitamento materno.
27
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO
Trata-se de estudo transversal, desenvolvido com dados da Pesquisa de
Orçamentos Familiares – POF, realizada pelo IBGE em 2002-2003, em
todas as macro-regiões, em suas áreas urbanas e rurais do Brasil.
A POF visa medir as estruturas de consumo, dos gastos e dos rendimentos
das famílias, possibilitando traçar o perfil das condições de vida da
população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos.
Além das informações referentes à estrutura orçamentária, investigaram-se
várias características associadas às famílias, viabilizando o desenvolvimento
de estudos segundo as classes de rendimentos, as disparidades regionais e
por áreas urbanas e rurais, entre outros, ampliando o potencial de utilização
de seus resultados.
As aplicações são múltiplas, como por exemplo, subsidiar o estabelecimento
de prioridades na área social, com vistas à melhoria da qualidade de vida da
população, incluídas as políticas públicas temáticas nos campos da nutrição,
orientação alimentar, saúde, moradia, entre outras.
28
3.2. AMOSTRAGEM
A amostra do estudo proposto foi composta por 2958 crianças, de zero a um
ano de idade, representativas da população nacional, nessa faixa etária.
Formaram-se dois grupos de idade para comparação: de zero a seis meses,
com uma amostra de 1477 crianças e de sete a doze meses com 1481
crianças.
A POF é uma pesquisa realizada por amostragem, na qual se investigou os
domicílios particulares permanentes. Por domicílio permanente entende-se a
habitação de uma ou mais pessoas, ligadas por laços de parentesco,
dependência doméstica ou normas de convivência, sendo todo ou parte
destinado, exclusivamente, à moradia. No domicílio, por sua vez, foi
identificada a unidade básica da pesquisa – Unidade de Consumo - que
compreende um único morador ou conjunto de moradores que compartilham
da mesma fonte de alimentação ou compartilham as despesas com moradia.
Para a POF 2002 – 2003 adotaram-se um plano amostral por conglomerado
em dois estágios, com estratificação geográfica e socioeconômica das
unidades primárias de amostragem, correspondentes aos setores censitários
da base geográfica do Censo demográfico 2000.
A estratificação geográfica teve por intuito espalhar geograficamente a
amostra, garantindo a participação de diferentes partes do território
brasileiro. Para a área urbana definiram-se os seguintes estratos
geográficos: município da capital, região metropolitana sem o município da
29
capital, e o restante da área urbana. Nas áreas rurais, em função dos altos
custos de coleta, principalmente devido a grandes deslocamentos, definiram-
se cinco extratos, um para cada grande região (Norte, Nordeste, Sudeste,
Sul e Centro-Oeste).
As unidades secundárias de amostragem foram os domicílios particulares
permanentes no setor. Selecionaram-se os setores censitários por
amostragem sistemática com probabilidade proporcional ao número de
domicílios no setor, enquanto os domicílios foram selecionados por
amostragem aleatória simples, sem reposição, dentro dos setores
censitários sorteados.
Distribuíram-se os setores sorteados e respectivos domicílios selecionados
ao longo de 12 meses de duração da pesquisa, garantindo-se em todos os
trimestres a coleta de dados em todos os estratos geográficos e
socioeconômicos. Estruturou-se a amostragem da POF 2002-2003 de forma
a produzir estimativas representativas do país como um todo, de suas
grandes regiões e de todas as unidades da Federação.
Prevendo a perda de domicílios por entrevista não realizada na etapa de
coleta de dados, optou-se por selecionar, em cada setor, um número maior
de domicílios do que aquele estipulado durante o dimensionamento da
amostra. Baseado numa proporção esperada de entrevistas não realizadas,
definiu-se um acréscimo de entrevistas, em vez de substituir domicílios.
30
Estipulou-se em 25% essa proporção para compensar a não-resposta,
sendo treze o número de domicílios selecionados por setor urbano na
expectativa de se obter dez entrevistas realizadas. Foi definido em vinte o
número de domicílios selecionados por setor rural das regiões Norte e
Nordeste na expectativa de se obter dezesseis entrevistas realizadas. Nos
setores rurais das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul esse número foi de
vinte e cinco, na expectativa da realização de vinte entrevistas.
Para garantir a distribuição de todos os extratos geográficos e
socioeconômicos durante os 12 meses, a pesquisa foi dividida em 52
períodos, sendo que, para cada domicílio selecionado, foram indicados,
dentre esses períodos, dois consecutivos em que obrigatoriamente iniciou-se
a coleta dos dados.
As informações foram obtidas diretamente nos domicílios particulares
permanentes, selecionados por meio de entrevistas junto aos seus
moradores. O primeiro dia foi usado para abertura e identificação do
domicílio e de seus moradores, quando se verificava, em primeiro lugar, se o
domicílio atendia aos critérios definidos para prosseguimento ou não da
entrevista nos dias seguintes e, também, para o levantamento das
informações sobre as características de todas as pessoas moradoras.
A partir do segundo dia de pesquisa, iniciaram-se o preenchimento dos
questionários relativos às aquisições – despesas e quantidades – e
31
rendimentos, atividades realizadas durante um período de sete dias, tempo
estabelecido para o total do preenchimento desses questionários.
Realizou-se a coleta e o registro das informações da pesquisa, com uso de
computador portátil, em aproximadamente 70% dos domicílios pesquisados.
No restante, a coleta foi realizada pelo método tradicional, com a utilização
de questionários impressos. Em grande parcela dessas situações, o uso do
questionário impresso ocorreu devido a restrições operacionais localizadas.
3.3. INSTRUMENTOS DE COLETA
Para a definição dos instrumentos de coleta, consideraram-se alguns
aspectos, tais como as características dos locais onde a pesquisa seria
realizada, para possibilitar ao informante a precisão das respostas e
determinar o ritmo da entrevista. Os instrumentos de coleta utilizados na
POF 2002-2003, organizados segundo o tipo de informação a ser
pesquisada, são apresentados abaixo (anexo 1).
3.3.1. Questionário do Domicílio
No Questionário do Domicílio foram obtidas informações gerais sobre o
domicílio como: tipo de domicílio, número de cômodos, forma de
abastecimento de água, tipo de esgotamento sanitário, origem da energia
elétrica, condição de ocupação, material predominante no piso, existência de
pavimentação na rua, tempo de moradia, além de informações sobre as
32
características de todos os moradores, relação com a pessoa de referência
da unidade de consumo, sexo, idade, nível de instrução, cor ou raça,
religião, e dados antropométricos (peso e altura).
3.3.2. Questionário de Despesa Coletiva
No Questionário de Despesa Coletiva pesquisaram-se as despesas com
serviços e energia elétrica, água e esgoto, telefone fixo, gás de uso
doméstico, aluguel, condomínio, entre outros. Neste questionário, também
se coletou informações sobre quantidade, ano de aquisição, estado (novo ou
usado) e forma de obtenção de 33 diferentes tipos de bens duráveis
existentes em uso no domicílio.
3.3.3. Caderneta de Despesa Coletiva
Na Caderneta de Despesa Coletiva registraram-se as aquisições (a partir do
registro de quantidades e despesas monetárias e não-monetárias) de uso
comum no domicílio com alimentação, higiene e limpeza.
3.3.4. Questionário de Despesa Individual
No Questionário de Despesa Individual investigou-se a disponibilidade de
crédito (cartões de crédito ou cheques especiais) e plano ou seguro-saúde e
todos os tipos de despesas caracterizadas de uso ou finalidade individual,
como: comunicações, transportes, educação, alimentação fora de casa,
fumo, entre outros.
33
3.3.5. Questionário de Rendimento Individual
No Questionário de Rendimento Individual pesquisaram-se todos os
rendimentos do trabalhador - contendo nestes casos informações sobre
ocupações, atividades e posições na ocupação - e de transferências, outros
rendimentos, receitas e empréstimos, bem como as principais deduções e
encargos incidentes sobre os mesmos.
3.3.6. Questionário de Condições de Vida
No Questionário de Condições de Vida obtiveram-se informações, de caráter
subjetivo, a respeito das condições de vida da unidade de consumo, por
intermédio de entrevista com a pessoa responsável pela unidade de
consumo ou aquela pessoa assim considerada pelos demais moradores.
Neste questionário coletou-se a opinião do informante sobre a suficiência do
rendimento mensal, a quantidade e qualidade dos alimentos para consumo
pela família, as condições de moradia e do entorno do domicílio e a
capacidade ou não de pagamento de algumas despesas referentes ao
domicílio.
Embora todos esses questionários façam parte dos instrumentos da coleta,
para a construção da base de dados do trabalho proposto, utilizaram-se
informações do questionário do domicílio, de despesa individual e de
rendimento individual.
34
3.4. CONSTRUÇÃO DA BASE DE DADOS
A POF, como explicado anteriormente, é uma pesquisa de orçamento
familiar, não contendo em seus instrumentos de coleta perguntas diretas
sobre aleitamento materno. No entanto, ao classificar o gênero do indivíduo
entrevistado, o IBGE atribuiu às mulheres uma de três categorias: feminino,
gestante ou lactante. Assim, tornou-se possível obter a informação sobre a
ocorrência do aleitamento materno na população investigada. A obtenção da
informação sobre aleitamento materno exigiu, no entanto, a reestruturação
do banco de dados, uma vez que este está estruturado segundo o conceito
de unidade de consumo e não de família.
O primeiro passo foi isolar todas as unidades de consumo que possuíssem
entre os seus membros alguma criança menor de um ano. Dessa forma,
foram selecionadas todas as possíveis famílias com crianças menores de
um ano reunidas na mesma unidade de consumo. No interior de cada
unidade de consumo, os laços domiciliares estão descritos pela relação do
indivíduo com a pessoa de referência da unidade de consumo. A condição
pessoa de referência na unidade de consumo é atribuída ao indivíduo assim
indicado pelo entrevistado. Assim, menores de um ano, por exemplo,
poderiam estar sob a condição domiciliar de filho ou neto conforme sua
relação com a pessoa de referência. Outro possível laço domiciliar é aquele
no qual a criança menor de um ano era filha de um membro da unidade de
consumo descrito como agregado e descrita, também, como agregada.
35
O segundo passo foi a construção das unidades familiares contidas em cada
unidade de consumo. A partir da relação de cada indivíduo com a pessoa de
referência foi possível reconstituir quase diretamente a maior parte das
famílias em cada unidade de consumo. Após essa reconstituição inicial
realizou-se a exclusão daqueles indivíduos incompatíveis com uma de três
condições: pai, mãe ou criança menor de um ano. Por exemplo, crianças
maiores de um ano, mulheres acima de 55 anos ou homens que não
pudessem ser pai ou marido nas possíveis famílias a serem descritas. A
descrição completa dos critérios adotados para a seleção dos indivíduos
nessa etapa encontra-se no Quadro 1. Nessa etapa reconstituiu-se 98% das
famílias selecionadas para o estudo.
Após a exclusão dos indivíduos incompatíveis, avaliaram-se as possíveis
condições de reconstituição familiar. Nessa etapa, testaram-se diversas
hipóteses para unir as crianças menores de um ano a algum adulto que
pudesse ser seu pai ou mãe. Estabelecido este vínculo de forma
consistente, realizou-se nova análise de compatibilidade familiar e
descartaram-se os adultos incompatíveis. O procedimento foi repetido até
que todas as crianças da amostra estivessem com pai ou mãe atribuídos.
A condição de agregado mereceu análise especial. Quase todas as crianças
menores de um ano, nesta classificação, foram facilmente ligadas a um
adulto (também agregado) que preenchesse a condição de pai ou mãe. Em
uns poucos casos, no entanto, a condição de pai ou mãe foi arbitrariamente
estabelecida.
36
Quadro1: Critérios de pertinência dos indivíduos da amostra-POF para
permanência na amostra de famílias com crianças menores de um ano.
Características demográficas
Masculino Feminino Criança
Classificação POF
1 e <10
ou
80 anos
10–80 anos
1 e <10
ou
> 55 anos
10–55anos < 1 ano
Pessoa de
referência
Excluído Incluído Excluído Incluído ____
Cônjuge Excluído Incluído Excluído Incluído ____
Filho Excluído *Excluído Excluído Incluído Incluído
Outro parente Excluído Incluído Excluído Incluído Incluído
agregado Excluído Incluído Excluído Incluído Incluído
*filho adulto que mora com os pais.
3.5. VARIÁVEIS DO ESTUDO
3.5.1 Variável dependente
Aleitamento materno (AM) – crianças que recebem leite de peito
independente de estarem ou não recebendo outro tipo de alimento líquido ou
sólido, ou mesmo, qualquer outro tipo de leite.
Aleitamento Materno:
0 = sem aleitamento materno
1 = com aleitamento materno
37
3.5.2. Variáveis independentes:
- Crianças menores de cinco anos: presença de crianças menores de cinco
anos, vivendo em uma mesma residência. Para o estudo dessa variável
criou-se três categorias, codificadas da seguinte forma:
1 = uma criança
2 = duas crianças
3 = três ou mais crianças
- Creche: crianças, menores de um ano, que freqüentam ou não creche,
pública ou privada. Construiu-se a variável na forma dicotômica
0 = não,
1 = sim.
- Escolaridade materna: número de anos de freqüência à escola. Criou-se
três categorias da seguinte forma:
1 = quatro ou menos anos de escolaridade
2 = cinco a oito anos de escolaridade
3 = nove anos ou mais de escolaridade
- Número de moradores: número de pessoas, vivendo em uma mesma
residência. Criou-se três categorias e categorizou-se da seguinte forma:
38
1 = de um a três moradores
2 = de quatro a cinco moradores
3 = seis ou mais moradores
- Renda domiciliar per capita: renda total dividida pelo número de moradores
da residência. As categorias são quartis de renda.
1 = 1º quarto de renda
2 = 2º quarto de renda
3 = 3º quarto de renda
4 = 4º quarto de renda
- Cor: cor de pele da mãe. Criaram-se três categorias que foram
caracterizadas da seguinte forma:
1 = branca
2 = negra
3 = parda
- Idade materna: idade da mãe em anos completos. Criou-se quatro
categorias:
1 = menor de vinte anos
39
2 = de vinte a vinte e cinco anos
3 = de vinte seis a trinta anos
4 = maiores de trinta anos
- Área: trabalhada na forma dicotômica.
1 = urbano
2 = rural
Utilizaram-se as macro-regiões como variáveis estratificadoras.
Os Estados que compuseram as regiões foram:
- Norte: Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins;
- Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia;
- Sudeste: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo;
- Sul: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul;
- Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal.
40
3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Estimou-se a prevalência do aleitamento materno para todo o país, para
cada região e áreas urbanas e rurais e segundo variáveis independentes,
nos dois grupos de idade, dividindo-se o número de lactentes pelo número
total de crianças menores de um ano, e intervalos com 95% de confiança.
Utilizaram-se tabelas de contingência, teste qui-quadrado com nível de
significância de 5% e teste de tendência (nptrend), quando necessário.
Para caracterizar as macro-regiões quanto aos fatores sociais, econômicos e
demográficos também se utilizou de tabelas de contingência e teste qui-
quadrado com nível de significância de 5%.
3.6.1 Relação das variáveis independentes com o aleitamento materno em
todo o Brasil em um modelo multinível hierarquizado.
Nos últimos anos, realizou-se um grande esforço, para adaptar a estrutura
hierárquica dos dados nos modelos lineares generalizados; os resultados
foram os chamados modelos multinível ou modelos hierárquicos.
Na investigação em saúde pública são tradicionais os estudos sobre a
variabilidade de indicadores de saúde entre os indivíduos de distintos grupos
ou zonas geográficas, encontrando-se relações mais ou menos evidentes
entre a saúde dos indivíduos e a zona onde habitam (SÁNCHEZ-
CANTALEJO e OCAÑA RIOLA, 1999).
Nesse tipo de estudo é possível dispor de informações dos indivíduos como
de seus contextos, em nível micro e em nível macro. Portanto, pode-se falar
41
de diferentes hierarquias das informações disponíveis: por um lado, o nível
micro ou individual, o nível 1 e por outro lado, o nível 2, ou nível macro, o
contexto ou grupo ao que pertence o indivíduo (SÁNCHEZ-CANTALEJO e
OCAÑA RIOLA, 1999).
Na prática da investigação epidemiológica, assim como em outras áreas, é
muito comum que os indivíduos em estudo estejam organizados de forma
hierárquica (BARROS, 2007).
Reconhecer e levar em conta esta estrutura hierárquica dos dados é
importante por diversas razões. Em muitos casos, o estudo do contexto, ou
seja, de características das unidades de nível superior, é o principal objetivo
da análise (DIEUX-ROUX, 1998). Em outras situações, levar a hierarquia em
conta é importante porque não fazê-lo pode implicar na superestimação dos
coeficientes do modelo.
Em geral, os indivíduos pertencentes a um mesmo contexto tendem a ser
mais similares em seu comportamento entre si que em relação aos que
pertencem a outros contextos. Assim, as pessoas que vivem na mesma área
poderiam ter hábitos de vida mais parecidos entre si que pessoas de outra
área por terem diferentes culturas e ou diferentes políticas de promoção da
saúde nas respectivas áreas (BARROS, 2007).
Esta similitude entre os indivíduos dentro dos grupos estabelece uma
estrutura de correlação intracontextual que impede o cumprimento da
hipótese de independência no qual estão baseados os modelos de
regressão tradicionais (SÁNCHEZ-CANTALEJO e OCAÑA RIOLA, 1999).
42
Modelos de regressão tradicionais se baseiam na suposição de que os
indivíduos em estudo são independentes entre si em relação ao desfecho.
Quando os dados são estruturados em hierarquia, indivíduos no mesmo
grupo raramente são independentes. Isto acontece porque os indivíduos em
cada nível compartilham de um mesmo ambiente ou apresentam
características semelhantes.
O fato de os indivíduos compartilharem o ambiente ou serem mais
semelhantes entre si do que em relação a outros indivíduos pode levar a
uma maior similaridade também em relação aos desfechos de interesse.
Quando isto acontece, a suposição de independência foi violada, passando
a existir correlação entre as unidades dentro de um grupo.
Desenvolveram-se os modelos multinível com o intuito de superar as
dificuldades na análise quando os dados estão organizados
hierarquicamente e existe correlação intra-grupo.
Uma das vantagens do modelo multinível em relação aos modelos
tradicionais é que ele acomoda a hierarquia dos dados na estrutura do
modelo, de forma que seja possível levar esta hierarquia em conta e estimar
corretamente as variâncias dos coeficientes do modelo.
Dada a estrutura dos dados, agrupados por regiões, realizou-se a análise
deste estudo utilizando um modelo multinível com dois níveis de hierarquia:
sujeitos (nível 1) e regiões (nível 2) (BRYK, 1992 e GOLDSTEIN, 1995).
O modelo tem sido empregado em Saúde Pública por diversos autores,
provando sua eficácia frente a outros modelos que não contemplam a
43
estrutura hierárquica dos dados (GATSONIS, 1995; LEYLAND, 1997 e
SIXMA 1998).
O modelo hierárquico utilizado nesta análise estabelece que a variável
dependente, Y
ij,
segue uma distribuição Binomial da forma Y
ij
~Binomial(1,
π
ij
)
com variância condicional var(y
ij
|
π
ij
)=
π
ij
(1-
π
ij
), onde y
ij
e
π
ij
são
respectivamente o valor observado da variável resposta e a probabilidade de
ter aleitamento materno para o sujeito i da região j.
Nestas condições, o modelo logit de regressão logística é da seguinte forma
y
ij
=
π
ij
+ e
0ij
z
0ij
onde z
0ij
é a variância binomial, definida por
π
ij
(1-
π
ij
), e e
0ij
é o erro aleatório
do nível 1. A variância deste erro aleatório é igual ao da unidade em caso de
um ajuste perfeito a distribuição binomial ou pode ser estimado a partir dos
dados para contrastar a sobredispersão ou variação extra-binomial do
modelo. Se a variância de e
0ij
é maior que 1 existirá uma sobredispersão no
modelo e, portanto, um mau ajuste do mesmo nos dados (Browne et al,
2005).
A variável dependente pode ser explicada por uma série de variáveis
independentes representadas por X
1
,...,X
p
. Com as condições anteriores, o
modelo de regressão logística multinível pode ser expresso na forma
jpijpij
ij
ij
ij
uxxit
0110
1
log)(log ++++=
=
βββ
π
π
π
Λ
44
sendo u
0j
o efeito aleatório correspondente ao segundo nível com
distribuição normal de media zero e variância
2
u
σ
(GOLDSTEIN, 1995).
Visto que a equação do modelo logit multinivel representa o logaritmo da
Odds de apresentar a característica de interesse, o exponencial dos
coeficientes de regressão do modelo pode ser interpretado em termos de
Odds Ratio (GOLDSTEIN, 1995; LEYLAND, 2001).
Para identificar as variáveis preditoras estatisticamente significantes utilizou-
se o teste de Wald com nível de significância de 10% (LEYLAND, 2001;
MICKEY, 1989; GREENLAND, 1989).
Para estimar a parte da variabilidade do aleitamento materno explicada
pelas variáveis independentes utilizou-se a expressão proposta por Snijders
e Bosker (SNIJDERS e BOSKER , 2003),
222
2
2
RuF
F
R
σσσ
σ
++
=
onde a parte explicada desta variância é
2
F
σ
(variância dos valores
preditores do modelo) e a parte não explicada é
2
Ru
σσ
+ . Esta variação não
explicada,
u
σ
refere-se ao nível dois e
2
R
σ
ao nível um, fixado em 3,29.
A proporção da variabilidade não explicada pelo modelo, 1-R
2
, pode
decompor-se em duas partes: por um lado
222
2
RuF
u
σσσ
σ
++
representa a
variância não explicada do nível dois. Por outro,
222
2
RuF
R
σσσ
σ
++
representa a
variância não explicada em nível 1.
45
Figura 2: Modelo multinível hierarquizado para investigação dos efeitos dos
possíveis fatores relacionados ao aleitamento materno durante o primeiro
ano de vida, estruturado em nível 1 e 2.
Aleitamento Materno
Nível 2
Regiões
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
Nível 1
Indivíduos
Crianças
< 5 anos
Creche
Escolaridade
materna
nº de
moradores
Renda
Cor
Idade
materna
Áreas
urbana
e rural
46
3.6.2 Relação das variáveis independentes com o aleitamento materno nas
macro-regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Para análise da relação das variáveis independentes com o aleitamento
materno nas macro-regiões do país utilizou-se regressão linear generalizada
(GLM), com família binomial e ligação logarítmica.
log( )
ij ij p pij j
xxu
π
ββ β
=
+++ +
011 0
L
Esta construção permite a obtenção direta das razões de prevalências (RP),
ao fazer a operação exp(coeficiente).
No caso da não convergência, utilizou-se regressão de Poisson com
variância robusta, que permite obter uma boa aproximação para a razão de
prevalência.
Para este estudo iniciou-se com análise simples das variáveis e,
posteriormente, com regressão múltipla, com seleção hierarquizada
realizada com base em referencial teórico.
A seleção hierárquica das variáveis permite agrupá-las conforme níveis de
relação e pertinência com o desfecho a ser estudado (VICTORA, et al.,
1997). No estudo do aleitamento materno, a escolha de uma abordagem
hierárquica foi útil para lidar com fatores de confusão típicos de estudos
epidemiológicos, que se evidenciam em momentos distintos da
determinação do desfecho. Assim, a análise realizada permitiu colocar as
variáveis estudadas em diferentes planos, para melhor mensuração dos
seus efeitos. Foram agrupadas hierarquicamente em três níveis: distal,
intermediário e proximal.
47
As variáveis “crianças menores de cinco anos”, “creche”, “número de
moradores” e “cor”, de certa forma condicionam o estilo de vida dos
indivíduos, porém acredita-se que não tenham efeito direto sobre a
amamentação, portanto, foram alocadas no nível distal do modelo. As
variáveis renda e áreas urbanas e rurais estão mais próximas do desfecho,
sendo alocadas no nível intermediário. No nível proximal, ficaram as
variáveis, idade materna e a escolaridade materna, indicativas de cuidado à
criança, que se julga ser um fator importante e mais direto no caminho
causal da amamentação.
Selecionaram-se para a análise múltipla as variáveis que, individualmente,
apresentaram-se como potenciais variáveis de confusão, cujas associações
com aleitamento materno, medidas pelas RP, apresentaram valores p<0,25.
Permaneceram no modelo final aquelas que apresentaram valores de
p<0,10 mediante as razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos com
90% de confiança.
Para construção do banco e análise dos dados utilizou-se o pacote
estatístico SPSS
29
versão 15, o programa R
30
versão 2.4.1 e o STATA
versão 9.
48
- Esquema conceitual para a seleção hierarquizada nas regiões
A estruturação do modelo hierárquico baseou-se no marco teórico,
organizando-se em três níveis: distal, intermediário e proximal (VICTORA et
al., 1997).
1. Inicialmente, realizaram-se análises simples entre a variável dependente e
cada uma das variáveis independentes, selecionando para entrar no modelo
as variáveis com nível descritivo p 0,25.
2. Realizou-se análise múltipla agregando as variáveis selecionadas em
cada nível hierárquico, iniciando com as variáveis que permaneceram no
nível distal (somente com as variáveis que alcançaram p0,25 na análise
simples). Na agregação dos níveis, as variáveis selecionadas do nível distal
permaneceram na análise subseqüente, independentemente do valor
descritivo de p.
3. As variáveis selecionadas do nível distal juntamente com as variáveis do
nível intermediário foram conservadas no modelo e entraram no ajuste do
nível proximal com critério de permanência de p0,10
49
Figura 3: Modelo teórico para investigação dos efeitos dos possíveis fatores
relacionados ao aleitamento materno durante o primeiro ano de vida,
estruturado em três níveis.
N
N
í
í
v
v
e
e
l
l
D
D
i
i
s
s
t
t
a
a
l
l
Crianças < 5 anos
Creche
nº de moradores
Cor
N
N
í
í
v
v
e
e
l
l
I
I
n
n
t
t
e
e
r
r
m
m
e
e
d
d
i
i
á
á
r
r
i
i
o
o
Áreas urbanas e rurais
Renda
N
N
í
í
v
v
e
e
l
l
P
P
r
r
o
o
x
x
i
i
m
m
a
a
l
l
Escolaridade materna
Idade Materna
Aleitamento
Materno
50
3.7. ASPECTOS ÉTICOS
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo, segundo resolução de 1996
do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta pesquisas envolvendo
seres humanos (anexo 2).
51
4. RESULTADOS
4.1. DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO AS REGIÕES DO BRASIL
A distribuição das crianças menores de um ano nos estados brasileiros nas
cinco macro-regiões é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição das crianças menores de um ano de idade segundo
os Estados das regiões do Brasil, 2002 - 2003.
Região Norte
n (% ) nas regiões (%) no Brasil
Rondônia 71 (12,5) (2,4)
Acre 97 (17,0) (3,3)
Amazonas 93 (16,3) (3,1)
Roraima 35 (6,1) (1,2)
Pará 152 (26,7) (5,1)
Amapá 50 (8,8) (1,7)
Tocantins 72 (12,6) (2,4)
Total 570 (100,0) (19,3)
Região Nordeste
Maranhão 173 (13,2) (5,8)
Piauí 180 (13,7) (6,1)
Ceará 143 (10,9) (4,8)
Rio Grande do Norte 95 (7,2) (3,2)
Paraíba 150 (11,4) (5,1)
Pernambuco 115 (8,7) (3,9)
Alagoas 231 (17,6) (7,8)
Sergipe 75 (5,7) (2,5)
Bahia 153 (11,6) (5,2)
Total 1315 (100,0) (44,5)
52
Tabela 1 – Distribuição das crianças menores de um ano de idade segundo
estados nas regiões do Brasil, 2002 - 2003 (continuação).
Região Sudeste
n % nas regiões % no Brasil
Minas Gerais 116 (28,0)
(3,9)
Espírito Santo 147 (35,4) (5,0)
Rio de Janeiro 48 (11,6) (1,6)
São Paulo 104 (25,1) (3,5)
Total 415 (100,0) (14,0)
Região Sul
Paraná 102 (41,1) (3,4)
Santa Catarina 74 (29,8) (2,5)
Rio G. do Sul 72 (29,0) (2,4)
Total 248 (100,0) (8,4)
Região Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul 113 (27,6) (3,8)
Mato Grosso 134 (32,7) (4,5)
Goiás 122 (29,8) (4,1)
Distrito Federal 41 (10,0) (1,4)
Total 410 (100,0) (13,8)
53
4.2. PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL, NAS
MACRO-REGIÕES, NAS ÁREAS RURAIS E URBANAS NOS DOIS
GRUPOS ETÁRIOS.
A prevalência do aleitamento materno no Brasil foi de 58% entre crianças
menores de seis meses (Tabela 2). A região do Brasil que apresentou maior
prevalência foi a região Norte e a menor foi a região Sudeste do país .
Entretanto, as diferenças entre as prevalências nas regiões bem como nas
áreas urbanas e rurais, nessa faixa etária, não foram probabilisticamente
significantes, (x
2
=8,082 e p=0,09) (x
2
=0,417 e p=0,518), respectivamente.
Tabela 2 – Prevalência do aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses,
nas macro-regiões, áreas rurais e urbanas e Brasil, com seus
respectivos intervalos com 95% de confiança, 2002 – 2003.
nº crianças prevalência IC 95%
Regiões do Brasil
Norte 290 63% 57% – 68%
Nordeste 660 59% 55% – 62%
Sudeste 200 51% 43% – 57%
Sul 118 61% 52% – 70%
Centro-Oeste 209 56% 48% – 62%
Áreas do Brasil
Urbana 1104 58% 55% – 61%
Rural 373 60% 55% – 65%
Brasil
1477 58% 55% – 60%
54
Entre as crianças de sete a doze meses, a freqüência do aleitamento
materno em todo o país foi de 35% (Tabela 3). A região do Brasil que
apresentou maior prevalência, nesta faixa estaria, foi a região Norte e a
menor foi observada na região Centro-Oeste.
Ao contrário do verificado com o grupo das crianças mais jovens, neste
grupo as diferenças entre as prevalências de amamentação, nas macro-
regiões, foram probabilisticamente significantes (x
2
=15,250 e p=0,004). Entre
as áreas urbanas e rurais as diferenças não foram significantes (x
2
=2,616 e
p=0,106).
Tabela 3 – Prevalência do aleitamento materno em crianças de 7 a 12 meses
de idade, nas macro-regiões, áreas rurais e urbanas e todo Brasil,
com seus respectivos intervalos com 95% confiança, 2002 – 2003.
nº crianças Prevalência IC 95%
Regiões do Brasil
Norte 280 44% 38% – 49%
Nordeste 655 34% 30% – 37%
Sudeste 215 37% 31% – 44%
Sul 130 34% 26% – 42%
Centro-Oeste 201 28% 21% – 34%
Áreas do Brasil
Urbana 1078 34% 31% – 37%
Rural 403 39% 34% – 43%
Brasil
1481 35% 33% – 38%
55
4.3. CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES NAS
REGIÕES DO PAÍS
¾ Áreas urbanas e rurais
No Brasil constatou-se que 74% dos indivíduos da amostra vivem em áreas
urbanas. Traçando o perfil das regiões brasileiras, a região com maior área
urbanizada é a região Sul, com 86% e a região que apresentou maior
contingente de população rural foi a região Norte com 36%. As diferenças
entre as áreas urbanas e rurais nas regiões foram probabilisticamente
significantes (p=0.001).
Gráfico 1: Distribuição das áreas urbanas e rurais segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 – 2003.
21%
14%
23%
27%
36%
79%
86%
77%
73%
64%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
Rural Urbana
56
¾ Crianças menores de cinco anos
No Brasil, 56% das famílias da amostra eram compostas por apenas uma
criança com menos de cinco anos de idade, portanto, esta criança tem
menos de um ano, pois obrigatoriamente todos os domicílios da amostra
possuem uma criança menor de um ano de idade. Em todas as regiões esta
composição familiar foi predominante. A região Sul foi a que refletiu melhor
essa situação, com 74% das famílias, com apenas uma criança menor de
cinco anos de idade. Por outro lado, na região Norte, 15% das famílias eram
compostas por mais de três crianças nessa faixa etária. As diferenças da
composição familiar foram probabilisticamente significantes (p<0,001).
Gráfico 2: Distribuição de crianças menores de cinco anos de idade
segundo as macro-regiões do Brasil, 2002 – 2003
58%
74%
63%
53%
48%
35%
21%
30%
35%
37%
7%
5%
7%
12%
15%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
1 criança 2 crianças 3 ou + crianças
57
¾ Creche
Em todo o país, 61% das crianças menores de um ano freqüentavam
creche, seja pública ou particular. A região Centro-Oeste, com 74%, foi a
região que apresentou maior porcentagem de crianças em creches. A região
Nordeste foi a que menos fez uso desse recurso, sendo que 44% das
crianças não freqüentavam creche. As diferenças entre freqüentar ou não
creche, nas regiões do país, foram probabilisticamente significantes
(p<0,001).
Gráfico 3: Distribuição do uso de creche segundo as macro-regiões do
Brasil, 2002 – 2003.
42%
44%
38%
31%
26%
58%
56%
62%
69%
74%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
Não Sim
58
¾ Escolaridade Materna
A média de escolaridade materna foi de seis anos e três meses em todo o
Brasil. A região Nordeste apresentou 43% das mães com menos de quatro
anos de escolaridade. Na região Sul 39% tinham mais de nove anos de
estudo. A região Sudeste apresentou maior homogeneidade entre as
categorias de escolaridade. As diferenças entre as categorias de
escolaridade materna nas regiões do país foram probabilisticamente
significantes (p<0,001).
Gráfico 4: Distribuição do nível da escolaridade materna segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 - 2003
23%
27%
30%
43%
37%
40%
32%
36%
30%
33%
37%
39%
34%
27%
30%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
4 anos 5 - 8 anos 9 anos
59
¾ Número de moradores
No Brasil, 44% dos domicílios eram compostos por quatro ou cinco
moradores. A região Norte do país apresentou maior número de domicílios,
38%, com seis ou mais moradores. Observou-se que há grande semelhança
entre a região Norte e Nordeste em todas as categorias. No entanto, as
diferenças entre as regiões quanto ao número de moradores nos domicílios
foram probabilisticamente significantes (p<0,001).
Gráfico 5: Distribuição do número de moradores segundo as macro-regiões
do Brasil, 2002 - 2003
25%
26%26%
19%
23%
49%
51%
49%
40%
43%
26%
23%
25%
37%
38%
0
10
20
30
40
50
60
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
1 a 3 moradores 4 a 5 moradores 6 ou mais moradores
60
¾ Idade Materna
No Brasil, a idade média das mães foi de 26 anos. A região Sul apresentou
37% das mães com mais de 30 anos de idade. As regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste se igualaram em número de mães jovens (26%), com menos
de 20 anos. A região Nordeste apresentou grande homogeneidade nas
categorias de faixas etárias maternas. As diferenças das idades das mães,
entre as regiões do país, foram probabilisticamente significantes (p<0,001).
Gráfico 6: Distribuição da idade materna segundo as macro-regiões do
Brasil, 2002 – 2003.
26%
14%
17%
26%26%
27%
20%
27%
25%25%
23%
29%
28%
24%
27%
25%
37%
28%
25%
22%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
< 20 anos 20 a 25 anos 26 a 30 anos > 30 anos
61
¾ Renda domiciliar per capita
A média da renda em todo o Brasil foi de R$ 1000,00 (U$ 595,60 dólares).
As regiões com melhor nível econômico foram as regiões Sudeste, Sul e
Centro-Oeste. Com destaque para a região Sul que apresentou 45% da sua
população no quarto de renda mais alto. A região Nordeste foi a região que
apresentou maior concentração da amostra no quarto mais baixo, com 37%.
As diferenças dos quartos de renda, entre as regiões do país, foram
probabilisticamente significantes (p<0,001).
Gráfico 7: Distribuição da renda domiciliar per capita segundo as macro-
regiões do Brasil, 2002 - 2003
13%
6%
13%
37%
24%
28%
19%
24%
28%
31%
26%
30%
28%
18%
22%
33%
45%
35%
17%
23%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
1º quarto 2º quarto 3º quarto 4º quarto
62
¾ Cor
No Brasil, 57% da amostra foi constituída por mães de cor parda, com
grande concentração na região Norte e Nordeste do país. Por outro lado, a
região Sul do país é composta na maioria (76%) por indivíduos de cor
branca. As diferenças da cor de pele nas regiões do país foram
probabilisticamente significantes (p<0,001).
Gráfico 8: Distribuição das cor materna segundo as macro-regiões do Brasil,
2002 - 2003
27%
28%
48%
76%
43%
5% 5%
10%
7% 7%
68%
67%
42%
17%
50%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Regiões do Brasil
Frequência
Branca Negra Parda
63
4.4. PREVALÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL
SEGUNDO VARIÁVEIS INDEPENDENTES.
9 Escolaridade Materna
Quanto à escolaridade materna, no grupo de 0 a 6 meses, mães mais
escolarizadas apresentavam, aparentemente, situação mais favorável para o
aleitamento materno. Entre as crianças de 7 a 12 meses, isso ocorreu com as
mães com até quatro anos de escolaridade. Entretanto, as diferenças nas
prevalências da amamentação quanto ao nível de escolaridade, nos dois
grupos estudados, não foram probabilisticamente significantes. O mesmo
verificou-se quando se utilizou teste de tendência (Tabela 4).
Tabela 4 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses e
de 7 a 12 meses, segundo escolaridade materna, Brasil, 2002-2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Escolaridade
materna
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
<= 4 anos
197 284
59% (55 – 63)
310 206
40% (35 – 44)
5 a 8 anos 185 286 61% (56 – 65)
275 166 38% (33 – 42)
9 anos e mais 157 288
65% (60 – 69)
260 149 36% (32 – 41)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 3,287 x
2
= 0,271
p=0,193 p=0,536
t-tend=0,078 t-tend=0,271
Graus de liberdade=2 Graus de liberdade=2
64
9 Renda domiciliar per capita
Quanto à renda domiciliar per capita, nos quartos de renda mais altos, (3º e 4º
quartos), verificou-se maior prevalência do aleitamento materno no grupo de
crianças menores de seis meses. Diferentemente do grupo de 7 a 12 meses,
onde, justamente o quarto mais baixo apresentou maior prevalência.
Entretanto, as diferenças entre os quartos de renda não foram
probabilisticamente significantes. Da mesma forma, não houve significância
quando se utilizou o teste de tendência no segundo grupo (Tabela 5).
Tabela 5 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses
e de 7 a 12 meses de idade, segundo renda domiciliar per capita,
Brasil (2002 – 2003).
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Renda
domiciliar
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
1º quarto 162 216
57% (52 – 62)
229 142
38% (33 - 43)
2º quarto 177 229 56% (52 – 61)
263 141 35% (30 – 39)
3º quarto 132 194
60% (54 – 65)
220 113 34% (29 – 39)
4º quarto 148 219
60% (55 – 65)
248 125 33% (29 – 38)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 1,261 x
2
= 2,254
p=0,738 p=0,521
Graus de liberdade=3 t-tend=0,173
Graus de liberdade=3
65
9 Idade materna
No grupo de crianças menores de seis meses a prevalência do aleitamento
materno foi maior entre mães com idades menores de 30 anos. Entre crianças
de 7 a 12 meses, a faixa etária de 21 a 25 anos foi a que apresentou maior
prevalência. As diferenças na prevalência da amamentação entre as
categorias de idades das mães foram probabilisticamente significantes
somente no grupo de crianças de 0 a 6 meses de idade (Tabela 6).
Tabela 6 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses
e de 7 a 12 meses de idade, segundo Idade materna, Brasil,
2002–2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Idade
materna
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
< =20 anos
127 232
65% (60 – 70)
175 114
39% (34 – 45)
21 a 25 anos 126 204 62% (57 – 67)
207 141
40% (35 – 46)
26 a 30 anos
115 209
65% (59 – 70)
233 131 36% (31 – 41)
> 30 anos 163 202 54% (50 – 60)
212 124 37% (32 – 42)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 8,572 x
2
= 1,974
p=0,036 p=0,578
t-tend=0,025 t-tend=0,302
Graus de liberdade=3 Graus de liberdade=3
66
9 Creche
Entre crianças menores de seis meses de idade encontrou-se situação
aparentemente mais favorável ao aleitamento materno entre as que não
freqüentavam creche. Porém, as diferenças nos dois grupos etários não
foram probabilisticamente significantes (Tabela 7).
Tabela 7 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6
meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo a freqüência em
creche, Brasil, 2002 – 2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Creche
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
Não
225 335
60% (56 – 64)
390 207
35% (31 – 38)
Sim 394 523 57% (54 – 60)
570 314
36% (32 – 39)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 1,110 x
2
= 0,112
p=0,290 p=0,740
Grau de liberdade=1 Grau de liberdade=1
67
9 Número de moradores
Nos dois grupos de idade, a maior prevalência de aleitamento materno foi
observada em crianças que vivem em domicílios com até três moradores,
sendo as diferenças entre as categorias significantes nos dois grupos. No
grupo de 0-6 meses existe uma diminuição nas prevalências de aleitamento
à medida que aumenta o número de moradores, confirmada pelo teste de
tendência (Tabela 8).
Tabela 8 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses
e de 7 a 12 meses de idade, segundo o número de morador,
Brasil, 2002 – 2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Número de
moradores
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
1 a 3 moradores
117 225
66% (61 – 71)
203 147
42% (37 – 47)
4 a 5 moradores 279 380 58% (54 – 61)
459 188 29% (25 – 32)
6 + moradores 223 253 53% (49 – 58)
298 186 38% (34 – 43)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 13,146 x
2
= 20,017
p<0,001 p<0,001
t-tend<0,001 Graus de liberdade=2
Graus de liberdade=2
68
9 Cor
No grupo de 0 a 6 meses, não houve diferenças nas prevalências de
aleitamento materno entre as três categorias. No grupo de 7 a 12 meses,
mães negras amamentaram mais e mães de cor branca estão deixando de
amamentar seus filhos mais cedo. As diferenças nas prevalências segundo
categorias de cor no grupo de 7 a 12 meses foram probabilisticamente
significantes (Tabela 9).
Tabela 9 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6 meses
e de 7 a 12 meses de idade, segundo cor materna, Brasil, 2002 –
2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Cor
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
Branca
208 328
61% (57 – 65)
331 156
32% (28 – 36)
Negra 31 46 60% (49 – 71)
51 41
45% (34 – 55)
Parda 299 484
62% (58 – 65)
462 324 41% (38 – 45)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 0,153 x
2
= 12,468
p=0,926 p=0,002
t-tend=0,812 t-tend=0,001
Graus de liberdade=2 Graus de liberdade=2
69
9 Crianças menores de cinco anos
Nos dois grupos de idade, a situação mais favorável ao aleitamento materno
foi em famílias com três ou mais crianças. Entretanto, as diferenças nas
prevalências da amamentação segundo as categorias de número de
crianças não foram probabilisticamente significantes nos dois grupos etários
(Tabela 10).
Tabela 10 – Prevalência de aleitamento materno em crianças de 0 a 6
meses e de 7 a 12 meses de idade, segundo número de crianças
menores de cinco anos, Brasil, 2002–2003.
Aleitamento Materno
0 – 6 meses
Aleitamento Materno
7 – 12 meses
Crianças
menores de
cinco anos
não sim % IC 95% não sim % IC 95%
1 criança
341 463
58% (54 – 61)
565 289
34% (30 – 37)
2 crianças 207 289 59% (54 – 63)
306 175 36% (32 – 40)
3 crianças
71 106
60% (53 – 67)
89 57
39% (31 – 47)
Crianças de 0-6 meses: Crianças de 7- 12 meses:
x
2
= 0,329 x
2
= 1,931
p=0,955 p=0,381
t-tend=0,580 t-tend=0,165
Graus de liberdade=3 Graus de liberdade=2
70
4.5. RELAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO COM SEUS
DETERMINANTES NO BRASIL.
A Tabela 11 mostra os determinantes do primeiro e segundo nível do
aleitamento materno no Brasil.
Tabela 11 – Medidas de efeito das variáveis independentes sobre o aleitamento
materno nos dois grupos etários, em modelo multinível, Brasil, 2002-2003.
Idade das Crianças
0 a 6meses 7 a 12meses
Variáveis
independentes
OR IC 90%
OR IC 90%
Crianças < 5 anos
1 criança 1 - 1 -
2 crianças 1,25 1,00 – 1,58 1,40 1,10 – 1,75
3 ou + crianças 1,26 0,90 – 1,74 1,33 0,93 – 1,92
Creche
não 1 - 1 -
sim 0,87 0,71 – 1,06 0,97 0,80 – 1,18
Escolaridade materna
4 anos 1 - 1 -
5 a 8 anos 1,00 0,80 – 1,26 1,01 0,79 – 1,29
9 anos ou mais 1,17 0,89 – 1,55 0,98 0,74 – 1,29
Nº de moradores
1-3 moradores 1 - 1 -
4-5moradores 0,68 0,51 – 0,89 0,47 0,36 – 0,61
6+ moradores 0,63 0,45 – 0,86 0,74 0,55 – 0,99
Renda
1º quarto 1 - 1 -
2º quarto 1,05 0,81 – 1,37 0,92 0,71 – 1,20
3º quarto 1,28 0,95 – 1,72 0,93 0,69 – 1,25
4º quarto 1,37 1,01 – 1,88 1,05 0,77 – 1,43
Cor
branca 1 - 1 -
negra 1,02 0,66 – 1,56 1,58 1,06 – 2,32
parda 1,03 0,84 – 1,25 1,39 1,12 – 1,72
Idade materna
< 20 anos 1 - 1 -
20 a 25 anos 0,85 0,65 – 1,11 1,09 0,82 – 1,43
26 a 30 anos 0,95 0,74 – 1,25 0,90 0,68 – 1,19
> 30 anos 0,68 0,53 – 0,89 0,94 0,70 – 1,26
Área
urbana 1 - 1 -
rural 1,25 1,00 – 1,58 1,16 0,91 – 1,45
Níveis Variância Sobredispersão
Variância Sobredispersão
nivel 1 - 0,998791 - 0,9988495
nivel 2 0,1227 - 0,1509 -
p<0,10
71
Crianças de zero a seis meses de idade
Famílias com renda mais alta, habitar área rural e maior número de crianças
com menos de cinco anos residindo no mesmo domicílio determinaram
favoravelmente o aleitamento materno (Tabela 11).
Em relação à renda, os odds indicam que há um aumento na prevalência da
amamentação à medida que aumenta a renda, sendo que no último quarto
de renda o odds é 37% maior que o observado ao primeiro quarto. Nas
áreas rurais do Brasil, o odds da proporção das crianças amamentadas foi
25% maior quando comparado ao da proporção das crianças que vivem em
áreas urbanas do país. Ter mais crianças menores de cinco anos na família
foi situação favorável para o aleitamento materno. O odds encontrado para
famílias que possuem duas crianças menores de cinco anos foi 25% maior
comparado ao das famílias com apenas uma criança.
Mães com mais de trinta anos foi fator desfavorável para amamentação, com
um odds 32% menor comparado ao das mães com menos de vinte anos.
Domicílio com quatro ou cinco moradores, também, foi situação desfavorável
para a amamentação, com odds 32% menor comparado ao dos domicílios
com até três moradores. Quando se tem seis ou mais moradores esse
número aumenta para 37%.
A variabilidade do aleitamento materno explicada pelas variáveis do modelo
foi de 12%. Os 88% restantes foram devido a variáveis não incluídas neste
estudo. A decomposição desta variância não explicada entre os níveis de
análise mostrou uma variação de 2% no segundo nível e de 98% no primeiro
72
nível, indicando que quase não houve variabilidade entre as regiões do
Brasil. Os parâmetros de sobredispersão apresentados na análise
demonstraram evidências de um bom ajuste dos dados neste modelo
binomial.
Crianças de sete a doze meses de idade
Neste grupo de idade (Tabela 11), observou-se que a presença de crianças
menores de cinco anos na residência continuou se apresentando como fator
de proteção para o aleitamento materno. Famílias com duas crianças
apresentaram odds 40% maior comparado ao das famílias com apenas uma
criança pequena.
Para a variável cor, as categorias cor de pele negra e parda foram fatores de
proteção com odds, respectivamente, 58% e 39% maiores quando
comparados a mães brancas.
A presença de quatro ou mais moradores foi fator desfavorável para
amamentação também nesta faixa etária. Domicílios com quatro ou cinco
moradores e seis ou mais apresentaram odds, respectivamente, 53% e 26%
menores, comparados à categoria de referência, ou seja, domicílios com até
três moradores.
A variabilidade do aleitamento materno explicada pelas variáveis do modelo
foi de 15% neste grupo. Os 85% restantes são devido a variáveis não
incluídas neste estudo. A decomposição dessa variância não explicada entre
os níveis de análise mostrou uma variação de 4% no segundo nível e de
96% no primeiro nível, indicando que quase não há variabilidade entre as
73
regiões do Brasil. Os parâmetros de sobredispersão apresentados na
análise demonstraram que há evidências de um bom ajuste dos dados neste
modelo binomial.
4.6. ANÁLISE DOS DETERMINANTES DO ALEITAMENTO
MATERNO NAS MACRO-REGIÕES DO PAÍS.
Os resultados da associação entre as variáveis independntes e o
aleitamento materno nas macros-regiões do país estão apresentados
na tabelas a seguir, através das razões de prevalências com intervalo
com 90% de confiança.
Dividiu-se a amostra em dois grupos de idade, seguindo o mesmo
procedimento utilizado na análise dos dados referentes ao Brasil.
Portanto, os resultados de cada região são apresentados em duas
tabelas. Na primeira estudaram-se os determinantes do aleitamento
materno no grupo de zero a seis meses e na segunda, no grupo de
sete a doze meses.
74
4.6.1.Região Norte
Tabela 12 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de zero a seis meses de idade. Região Norte,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 52 (39,4) 80 (60,6) 132 1
2 crianças 42 (37,2) 71 (62,8) 113 1,03 ___ ___
3 ou + crianças 15 (33,3) 30 (66,7) 45 1,10 ___ ___
Creche
Não 42 (35,3) 77 (64,7) 119 1
Sim 67 (39,2) 104 (60,8) 171 0,94 ___ ___
Nº de moradores
1-3 moradores 17 (34,7) 32 (65,3) 49 1
4-5moradores 52 (38,2) 84 (61,8) 136 0,94 ___ ___
6+ moradores 40 (38,1) 65 (61,9) 105 0,95 ___ ___
Cor
Branca 22 (30,1) 51 (69,9) 73 1
Negra 2 (25,0) 6 (75,0) 8 1,07 ___ ___
Parda 68 (35,4) 124 (64,6) 192 0,92 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 72 (37,1) 122 (62,9) 194 1
Rural 37 (38,5) 59 (61,5) 96 0,98 ___ ___
Renda
1º quarto 24 (37,5) 40 (62,5) 64 1
2º quarto 39 (39,0) 61 (61,0) 100 0,98 ___ ___
3º quarto 36 (37,7) 43 (62,3) 69 1,00 ___ ___
4º quarto 20 (35,1) 37 (64,9) 57 1,04 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 36 (35,6) 65 (64,4) 101 1
5 a 8 anos 32 (34,4) 61 (65,6) 93 1,02 ___ ___
9 + anos 24 (30,4) 55 (69,6) 79 1,08 ___ ___
Idade materna*
< 20 anos 25 (32,1) 53 (67,9) 78 1
20 a 25 anos 21 (32,3) 44 (67,7) 65 0,99 ___ ___
26 a 30 anos 20 (28,9) 49 (71,7) 69 1,04 ___ ___
> 30 anos 25 (42,4) 34 (57,6) 59 0,85 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
75
Tabela 13 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de sete a doze meses. Região Norte, 2002 –
2003.
Aleitamento Materno Medidas de efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 80 (55,5) 64 (44,5) 144 1
2 crianças 59 (62,1) 36 (37,9) 95 0,85 ___ ___
3 ou + crianças 19 (46,3) 22 (53,7) 41 1,21 ___ ___
Creche
Não 66 (55,5) 53 (44,5) 119 1
Sim 92 (57,1) 69 (42,9) 161 0,96 ___ ___
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 26 (43,3) 34 (56,7) 60 1 1
4 a 5moradores 76 (69,1) 34 (30,9) 110 0,54
0,53 (0,40-0,72)
6+ moradores 56 (50,9) 54 (49,1) 110 0,87 0,84 (0,66-1,07)
Cor
Branca 41 (56,9) 31 (43,1) 72 1
Negra 8 (50,0) 8 (50,0) 16 1,16 ___ ___
Parda 87 (51,2) 83 (48,8) 170 1,13 ___ ___
Nível Intermediário
Área*
Urbana 105 (61,4) 66 (38,6) 171 1 1
Rural 53 (48,6) 56 (51,4) 109 1,33
1,31 (1,06–1,63)
Renda*
1º quarto 38 (53,5) 33 (46,5) 71 1
2º quarto 42 (53,2) 37 (46,8) 79 1,01 ___ ___
3º quarto 31 (55,4) 25 (44,6) 56 0,96 ___ ___
4º quarto 47 (63,5) 27 (36,5) 74 0,78 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 48 (48,9) 50 (51,1) 98 1
5 a 8 anos 44 (53,0) 39 (47,0) 83 0,92 ___ ___
9 + anos 44 (57,1) 33 (42,9) 77 0,84 ___ ___
Idade materna
< 20 anos 31 (52,5) 28 (47,5) 59 1
20 a 25 anos 34 (52,3) 31 (47,7) 65 1,00 ___ ___
26 a 30 anos 39 (54,9) 32 (45,1) 71 0,95 ___ ___
> 30 anos 30 (52,6) 27 (47,4) 57 1,00 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
76
Na região Norte verificou-se que nos resultados da análise simples, no grupo
de crianças de zero a seis meses (Tabela 12), a idade da mãe foi a única
variável que apresentou valor de p<0,25 passando para a análise múltipla,
porém essa variável também não permaneceu no resultado final do ajuste
por não atingir a significância necessária.
No grupo de crianças de sete a doze meses (Tabela 13), as variáveis,
número de moradores, área e renda, foram selecionadas para análise
múltipla, sendo que o resultado final mostrou que, nesse grupo, ter quatro ou
cinco moradores na casa é situação prejudicial para a amamentação. Viver
em área rural foi mais favorável ao aleitamento materno comparado a viver
em área urbana da região Norte. A prevalência de amamentação na área
rural foi 31% maior do que a da área urbana.
77
4.6.2. Região Nordeste
Tabela 14 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de zero a seis meses. Região Nordeste, 2002
– 2003.
Aleitamento Materno Medidas de efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 136 (40,5) 200 (59,5) 336 1
2 crianças 99 (42,7) 133 (57,3) 232 0,96 ___ ___
3 ou + crianças 37 (40,2) 55 (59,8) 92 1,00 ___ ___
Creche
Não 114 (39,6) 174 (60,4) 288 1
Sim 158 (42,5) 214 (57,5) 372 0,95 ___ ___
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 50 (32,3) 105 (67,7) 155 1 1
4 a 5moradores 101 (39,0) 158 (61,0) 259 0,90 0,93 (0,82-1,05)
6+ moradores 121 (49,2) 125 (50,8) 246 0,75 0,83 (0,73-0,96)
Cor
Branca 73 (38,8) 115 (61,2) 188 1
Negra 15 (40,5) 22 (59,5) 37 0,97 ___ ___
Parda 146 (36,8) 251 (63,2) 397 1,03 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 204 (42,2) 279 (57,8) 483 1
Rural 68 (38,4) 109 (61,6) 177 1,06 ___ ___
Renda
1º quarto 103 (42,0) 142 (58,0) 245 1
2º quarto 81 (43,5) 105 (56,5) 186 0,97 ___ ___
3º quarto 41 (36,9) 70 (63,1) 111 1,09 ___ ___
4º quarto 47 (39,8) 71 (60,2) 118 1,04 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna*
4 anos 105 (40,9) 152 (59,1) 257 1
5 a 8 anos 70 (37,1) 119 (62,9) 189 1,06 ___ ___
9 + anos 60 (33,9) 117 (66,1) 177 1,12 ___ ___
Idade materna*
< 20 anos 58 (34,9) 108 (65,1) 166 1 ___
20 a 25 anos 60 (37,9) 98 (62,1) 158 0,95 ___ ___
26 a 30 anos 48 (35,0) 89 (64,9) 137 0,99 ___ ___
> 30 anos 69 (44,5) 86 (55,5) 155 0,85 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
78
Tabela 15 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de sete a doze meses. Região Nordeste,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 245 (67,5) 118 (32,5) 363 1
2 crianças 145 (65,1) 78 (34,9) 223 1,08 ___ ___
3 ou + crianças 45 (65,2) 24 (34,8) 69 1,07 ___ ___
Creche
Não 198 (68,1) 93 (31,9) 291 1
Sim 237 (65,1) 127 (34,9) 364 1,09 ___ ___
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 92 (60,1) 61 (39,9) 153 1 1
4 a 5moradores 191 (71,0) 78 (29,0) 269 0,72
0,76 (0,60-0,95)
6+ moradores 152 (65,2) 81 (34,8) 233 0,87 0,99 (0,79-1,24)
Cor
Branca 102 (66,2) 52 (33,8) 154 1
Negra 16 (57,1) 12 (42,9) 28 1,27 ___ ___
Parda 253 (61,9) 156 (38,1) 409 1,13 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 319 (66,5) 161 (33,5) 480 1
Rural 116 (66,3) 59 (33,7) 175 1,00 ___ ___
Renda
1º quarto 160 (65,1) 86 (34,9) 246 1
2º quarto 129 (69,3) 57 (30,7) 186 0,87 ___ ___
3º quarto 86 (67,8) 41 (32,3) 127 0,92 ___ ___
4º quarto 60 (62,5) 36 (37,5) 96 1,07 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 172 (64,7) 94 (35,3) 266 1
5 a 8 anos 106 (60,6) 69 (39,4) 175 1,11 ___ ___
9 + anos 94 (62,2) 57 (37,8) 151 1,07 ___ ___
Idade materna*
< 20 anos 88 (59,5) 60 (40,5) 148 1
20 a 25 anos 86 (61,9) 53 (38,1) 139 0,94 0,98 (0,76-1,24)
26 a 30 anos 91 (60,7) 59 (39,3) 150 0,97 0,98 (0,78-1,25)
> 30 anos 98 (70,0) 42 (30,0) 140 0,74
0,75 (0,57-0,98)
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
79
Os resultados da análise simples revelaram que no grupo de zero a seis
meses as variáveis, número de moradores, escolaridade materna e a idade
materna apresentaram valor de p<0,25 sendo, portanto, incluídas no modelo
de regressão múltipla, porém idade e escolaridade materna não
permaneceram no modelo final. O resultado final do ajuste mostrou que
crianças que residem com seis ou mais moradores apresentaram
prevalência de amamentação 17% menor em relação à categoria basal
(Tabela 14).
No grupo de crianças de sete a doze meses, as variáveis número de
moradores e idade materna, foram selecionadas para análise múltipla. No
ajuste final, residir com quatro ou cinco moradores está associado à
prevalência de aleitamento 24% menor do que na categoria basal. Entre
crianças de mães com mais de 30 anos a prevalência do aleitamento foi
25% menor, comparada às crianças de mães do grupo mais jovem
(Tabela15).
80
4.6.3. Região Centro-Oeste
Tabela 16 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de zero a seis meses. Região Centro-Oeste,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 54 (47,4) 60 (52,6) 114 1
2 crianças 30 (40,5) 44 (59,5) 74 1,13 ___ ___
3 ou + crianças 9 (42,8) 12 (57,2) 21 1,08 ___ ___
Creche
Não 23 (48,9) 24 (51,1) 47 1
Sim 70 (43,2) 92 (56,8) 162 1,11 ___ ___
Nº de moradores
1 a 3 moradores 21 42,9 28 (57,1) 49 1
4 a 5moradores 49 44,9 60 (55,1) 109 0,96 ___ ___
6+ moradores 23 45,1 28 (54,9) 51 0,76 ___ ___
Cor
Branca 31 (38,3) 50 (61,7) 81 1
Negra 4 (36,3) 7 (63,7) 11 1,03 ___ ___
Parda 44 (42,7) 59 (57,3) 103 0,93 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 78 (45,3) 94 (54,6) 172 1
Rural 15 (40,5) 22 (59,5) 37 1,09 ___ ___
Renda*
1º quarto 17 (58,6) 12 (41,4) 29 1 1
2º quarto 26 (46,4) 30 (53,6) 56 1,29 1,29 (0,85-1,96)
3º quarto 17 (32,7) 35 (67,3) 52 1,63 1,62 (1,09-2,42)
4º quarto 33 (45,8) 39 (54,2) 72 1,31 1,31 (0,87-1,96)
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 15 (39,5) 23 (60,5) 38 1
5 a 8 anos 31 (38,3) 50 (61,7) 81 1,02 ___ ___
9 + anos 33 (43,4) 43 (56,6) 76 0,93 ___ ___
Idade materna
< 20 anos 18 (33,9) 35 (66,1) 53 1
20 a 25 anos 22 (44,9) 27 (55,1) 49 0,83 ___ ___
26 a 30 anos 17 (39,5) 26 (60,5) 43 0,91 ___ ___
> 30 anos 21 (44,7) 26 (55,3) 47 0,84 ___ ___
*p<0,25 – análise simples (bruta) p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
81
Tabela 17 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de sete a doze meses. Região Centro-Oeste,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos*
1 criança 92 (74,2) 32 (25,8) 124 1 1
2 crianças 42 (64,6) 23 (35,4) 65 1,37 1,71 (1,05-2,80)
3 ou + crianças 12 (100,0) 0 (0) 12 VI VI VI
Creche*
Não 47 (79,7) 12 (20,3) 59 1
Sim 99 (69,7) 43 (30,3) 142 1,48 ___ ___
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 35 (64,8) 19 (35,2) 54 1 1
4 a 5moradores 72 (77,4) 21 (22,6) 93 0,64 0,54 (0,31-0,92)
6+ moradores 39 (72,2) 15 (27,8) 54 0,79 0,89 (0,50-1,60)
Cor*
Branca 61 (76,2) 19 (23,7) 80 1
Negra 9 (56,2) 7 (43,7) 16 1,84 ___ ___
Parda 59 (67,1) 29 (32,9) 88 1,39 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 111 (73,5) 40 (26,5) 151 1
Rural 35 (70,0) 15 (30,0) 50 1,13 ___ ___
Renda*
quarto 14 (60,9) 9 (39,1) 23 1
2º quarto 42 (72,4) 16 (27,6) 58 0,70 ___ ___
3º quarto 44 (78,6) 12 (21,4) 56 0,55 ___ ___
4º quarto 46 (71,9) 18 (28,1) 64 0,72 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 34 (68,0) 16 (32,0) 50 1
5 a 8 anos 47 (68,1) 22 (31,9) 69 0,99 ___ ___
9 + anos 48 (73,8) 17 (26,2) 65 0,82 ___ ___
Idade materna
< 20 anos 29 (67,4) 14 (32,6) 43 1
20 a 25 anos 32 (64,0) 18 (36,0) 50 1,10 ___ ___
26 a 30 anos 31 (75,6) 10 (24,4) 41 0,75 ___ ___
> 30 anos 33 (73,3) 12 (26,7) 45 0,82 ___ ___
p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
VI – valores insuficientes para análise
Análise não convergiu, utilizou-se regressão de Poisson.
82
A análise simples da região Centro-Oeste revelou que no grupo de zero a
seis meses, a renda foi a única variável que apresentou valor de p<0,25. No
resultado final do modelo ajustado, renda foi associada favoravelmente ao
aleitamento materno nesta região, com prevalência de 62% maior no 3°
quarto comparado ao 1°quarto. (Tabela 16).
No grupo de sete a doze meses (Tabela17), as variáveis crianças menores
de cinco anos, creche, número de moradores, cor e renda, foram
selecionadas para análise múltipla. Essas variáveis foram incluídas no
modelo, mas só permaneceram no modelo final crianças menores de cinco
anos e número de moradores. Verificou-se que crianças em domicílios com
quatro ou cinco moradores apresentaram prevalência de amamentação 46%
menor. Ter duas crianças menores de cinco anos na família favoreceu em
71% a amamentação quando comparadas a famílias com apenas uma
criança.
83
4.6.4. Região Sudeste
Tabela 18 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de zero a seis meses. Região Sudeste, 2002
– 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos*
1 criança 66 (51,2) 63 (48,8) 129 1 1
2 crianças 28 (49,1) 29 (50,9) 57 1,04 1,20 (0,88-1,64)
3 ou + crianças 5 (35,7) 9 (64,3) 14 1,32 1,58 (1,06-2,33)
Creche*
Não 29 (40,8) 42 (59,2) 71 1 1
Sim 70 (54,3) 59 (45,7) 129 0,77 0,71 (0,57-0,88)
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 23 (41,8) 32 (58,2) 55 1 1
4 a 5moradores 50 (52,6) 45 (47,4) 95 0,81 0,66 (0,49-0,88)
6+ moradores 26 (52,0) 24 (48,0) 50 0,82 0,64 (0,45-0,91)
Cor
Branca 47 (47,0) 53 (53,0) 100 1
Negra 8 (53,3) 7 (46,7) 15 0,88 ___ ___
Parda 36 (46,7) 41 (53,3) 77 1,00 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 74 (47,7) 81 (52,3) 155 1
Rural 25 (55,6) 20 (44,4) 45 0,85 ___ ___
Renda
1º quarto 17 (50,0) 17 (50,0) 34 1
2º quarto 21 (48,8) 22 (51,2) 43 1,02 ___ ___
3º quarto 33 (61,1) 21 (38,9) 54 0,77 ___ ___
4º quarto 28 (40,6) 41 (59,4) 69 1,19 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 27 (46,5) 31 (53,5) 58 1
5 a 8 anos 37 (56,9) 28 (43,1) 65 0,80 ___ ___
9 + anos 27 (39,1) 42 (60,9) 69 1,14 ___ ___
Idade materna
< 20 anos 22 (53,6) 19 (46,4) 41 1
20 a 25 anos 16 (43,2) 21 (56,8) 37 1,22 ___ ___
26 a 30 anos 23 (45,1) 28 (54,9) 51 1,18 ___ ___
> 30 anos 26 (44,8) 32 (55,2) 58 1,19 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
84
Tabela 19 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de sete a doze meses. Região Sudeste, 2002
– 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos*
1 criança 90 (67,7) 43 (32,3) 133 1 1
2 crianças 38 (56,7) 29 (43,3) 67 1,34 1,34 (0,98-1,82)
3 ou + crianças 7 (46,7) 8 (53,3) 15 1,65
1,53 (1,00-2,37)
Creche
Não 53 (61,6) 33 (38,4) 86 1
Sim 82 (63,6) 47 (36,4) 129 0,95 ___ ___
Nº de moradores
1 a 3 moradores 33 (64,7) 18 (35,3) 51 1
4 a 5moradores 70 (64,2) 39 (35,8) 109 1,01 ___ ___
6+ moradores 32 (58,2) 23 (41,8) 55 1,18 ___ ___
Cor*
Branca 68 (71,6) 27 (28,4) 95 1 1
Negra 12 (52,2) 11 (47,8) 23 1,68 1,31 (0,84-2,06)
Parda 50 (54,4) 42 (45,6) 92 1,60
1,52 (1,09-2,12)
Nível Intermediário
Área
Urbana 68 (71,6) 27 (28,4) 95 1
Rural 12 (52,2) 11 (47,8) 23 1,19 ___ ___
Renda*
1º quarto 12 (57,1) 9 (42,9) 21 1
2º quarto 30 (53,6) 26 (46,4) 56 1,08 ___ ___
3º quarto 38 (63,3) 22 (36,7) 60 0,85 ___ ___
4º quarto 55 (70,5) 23 (29,5) 78 0,69 ___ ___
Nível proximal
Escolaridade materna*
4 anos 32 (50,8) 31 (49,2) 63 1
5 a 8 anos 53 (67,1) 26 (32,9) 79 0,67
___ ___
9 + anos 45 (66,2) 23 (33,8) 68 0,69 ___ ___
Idade materna*
< 20 anos 20 (74,1) 7 (25,9) 27 1
20 a 25 anos 37 (54,4) 31 (45,6) 68 1,76 ___ ___
26 a 30 anos 42 (72,4) 16 (27,6) 58 1,06 ___ ___
> 30 anos 29 (52,7) 26 (47,3) 55 1,82 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
Análise não convergiu, utilizou-se regressão de Poisson.
85
Na região Sudeste, os resultados da análise simples revelaram que no grupo
de zero a seis meses as variáveis, crianças menores de cinco anos, creche
e número de moradores, apresentaram valor de p<0,25. Estas variáveis
foram incluídas no modelo de regressão múltipla, sendo que o resultado final
do ajuste mostrou que neste grupo, ter três ou mais crianças menores de
cinco anos é fator de proteção, com prevalência 58% maior de
amamentação (Tabela 18).
A freqüência em creche e ter mais de quatro moradores na mesma casa
foram fatores desfavoráveis nesta região. Freqüentar creche apresentou
prevalência 29% menor de amamentação. Crianças que residem em
domicílios com quatro a cinco moradores ou seis ou mais apresentaram
prevalências de aleitamento materno, respectivamente, 34% e 36% menores
(Tabela18).
No grupo de sete a doze meses, as variáveis crianças menores de cinco
anos, cor, escolaridade materna e idade materna foram selecionadas para
análise múltipla. No modelo final permaneceram crianças menores de cinco
anos e cor. Observou-se que a categoria com três ou mais crianças menores
de cinco anos na família apresentou prevalência 53% maior de
amamentação e na categoria mães de cor de pele parda verificou-se
prevalência 52% maior de amamentação quando comparada à categoria de
mães de cor branca (Tabela 19).
86
4.6.5. Região Sul
Tabela 20 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de zero a seis meses de idade. Região Sul,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 33 (35,5) 60 (64,5) 93 1
2 crianças 8 (40,0) 12 (60,0) 20 0,93 ___ ___
3 ou + crianças 5 (100,0) 0 (0,0) 5 VI ___ ___
Creche*
Não 17 (48,6) 18 (51,4) 35 1
Sim 29 (34,9) 54 (65,1) 83 1,26 ___ ___
Nº de moradores*
1 a 3 moradores 6 (17,6) 28 (82,3) 34 1 1
4 a 5moradores 27 (45,0) 33 (55,0) 60 0,67 0,83 (0,64-1,07)
6+ moradores 13 (54,2) 11 (45,8) 24 0,55 0,58 (0,40-0,85)
Cor
Branca 35 (37,2) 59 (62,8) 94 1
Negra 2 (33,3) 4 (66,7) 6 1,06 ___ ___
Parda 5 (35,7) 9 (64,3) 14 1,02 ___ ___
Nível Intermediário
Área
Urbana 40 (40,0) 60 (60,0) 100 1
Rural 6 (33,3) 12 (66,7) 18 1,11 ___ ___
Renda*
1º quarto 1 (16,7) 5 (83,3) 6 1 1
2º quarto 10 (47,6) 11 (52,4) 21 0,63 0,63 (0,43-0,92)
3º quarto 15 (37,5) 25 (62,5) 40 0,75 0,64 (0,45-0,91)
4º quarto 20 (39,2) 31 (60,8) 51 0,73 0,74 (0,50-1,09)
Nível proximal
Escolaridade materna*
4 anos 14 (51,8) 13 (48,2) 27 1
5 a 8 anos 15 (34,8) 28 (65,2) 43 1,35 ___ ___
9 + anos 13 (29,5) 31 (70,5) 44 1,46 ___ ___
Idade materna*
< 20 anos 4 (19,0) 17 (80,9) 21 1 1
20 a 25 anos 7 (33,3) 14 (66,7) 21 0,82 0,83 (0,62-1,10)
26 a 30 anos 7 (29,2) 17 (70,8) 24 0,87 0,82 (0,61-1,09)
> 30 anos 22 (47,8) 24 (52,2) 46 0,64 0,67 (0,49-0,91)
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
VI – valores insuficientes para análise
87
Tabela 21 – Razões de prevalências de aleitamento materno e respectivos
intervalos com 90% de confiança na análise simples e modelo final da
regressão múltipla, em crianças de sete a doze meses de idade. Região Sul,
2002 – 2003.
Aleitamento Materno Medidas de Efeito
Variáveis
explanatórias
Não
n %
Sim
n %
Total
RP
bruta
RP
ajustada
IC90%
Nível distal
Crianças < 5anos
1 criança 58 (64,4) 32 (35,6) 90 1
2 crianças 22 (70,9) 9 (29,1) 31 0,82 ___ ___
3 ou + crianças 6 (66,7) 3 (33,3) 9 0,94 ___ ___
Creche
Não 26 (61,9) 16 (38,1) 42 1
Sim 60 (68,2) 28 (31,8) 88 0,83 ___ ___
Nº de moradores*
1-3 moradores 17 (53,1) 15 (46,9) 32 1 1
4-5moradores 50 (75,8) 16 (24,2) 66 0,52
0,48 (0,31-0,75)
6+ moradores 19 (59,4) 13 (46,6) 32 0,87 1,00 (0,60-1,66)
Cor*
Blanca 59 (68,6) 27 (31,4) 86 1 1
Negra 6 (66,7) 3 (33,3) 9 1,06 0,86 (0,40-1,85)
Parda 13 (48,2) 14 (51,8) 27 1,65
1,65 (1,06-2,57)
Nível Intermediário
Área*
Urbana 72 (63,7) 41 (36,3) 113 1
Rural 14 (82,4) 3 (17,6) 17 0,49 ___ ___
Renda*
1º cuartill 5 (50,0) 5 (50,0) 10 1 1
2º cuartil 20 (80,0) 5 (20,0) 25 0,40
0,32 (0,14-0,74)
cuartil 21 (61,8) 13 (38,2) 34 0,76 0,70 (0,36-1,39)
cuartil 40 (65,6) 21 (34,4) 61 0,69 0,68 (0,37-1,25)
Nível proximal
Escolaridade materna
4 anos 24 (61,5) 15 (38,5) 39 1
5-8 anos 25 (71,4) 10 (28,6) 35 0,74 ___ ___
9 + anos 29 (60,4) 19 (39,6) 48 1,03 ___ ___
Idade materna
< 20 anos 7 (58,3) 5 (41,7) 12 1
20 a 25 anos 18 (69,2) 8 (30,8) 26 0,74 ___ ___
26 a 30 anos 30 (68,2) 14 (31,8) 44 0,76 ___ ___
> 30 anos 22 (56,4) 17 (43,6) 39 1,05 ___ ___
*p<0,25 – análise simples p<0,10 – análise múltipla (ajustada) ___ não atingiu (p) nas análises
Análise não convergiu, utilizou-se regressão de Poisson.
88
Na região Sul, no grupo de zero a seis meses, na análise simples verificou-
se que as variáveis, creche, número de moradores, renda, escolaridade
materna e idade materna apresentaram valor de p<0,25, sendo incluídas na
análise múltipla. Permaneceu no modelo final número de moradores, renda e
idade materna.
No resultado final da análise ter quatro ou cinco moradores, ou seis ou mais
apresentaram prevalência 17% e 42%, menor de amamentação,
respectivamente. Estar no segundo ou terceiro quarto de renda
apresentaram prevalência 37% e 36% menor, respectivamente, comparados
ao primeiro quarto. Mães com mais de 30 anos apresentaram prevalência
33% menor de amamentar comparado a mães com menos de 20 anos de
idade nesta região (Tabela 20).
No grupo de crianças de sete a doze meses as variáveis número de
moradores, cor, área e renda, foram selecionados para análise final. Estas
variáveis foram incluídas no modelo de regressão múltipla (tabela21), porém
área não permaneceu no modelo final, onde se verificou que ter de quatro a
cinco moradores no domicílio apresentou prevalência 52% menor de
amamentação e estar no segundo quarto de renda teve prevalência de
amamentação 68% menor. Mães de cor de pele parda apresentaram
prevalência 65% maior de amamentar comparado a mulheres brancas.
89
O Quadro 2 sumariza a influência do aleitamento materno sobre as variáveis
independentes no Brasil e nas macro-regiões do país, nos dois grupos de
idade.
.
Quadro 2 – Resumo das variáveis independentes que se associaram ao aleitamento
materno, no Brasil e em suas macro-regiões, nos dois grupos de idade, 2002–2003.
Regiões do Brasil
Brasil
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
Variáveis
independentes
0-6m 7-12m
0-6m 7-12m 0-6m 7-12m 0-6m 7-12m 0-6m 7-12m 0-6m 7-12m
Crianças <5 anos
P P - - - - -
P P P
- -
Freqüentar creche
- - - - - - - - R - - -
> Nº de moradores
R R
-
R R R - R R - R R
Cor negra e parda/
branca
- P - - - - - - -
P - P
Área rural/urbana
P - - P - - - - - - - -
> Renda
P - - - - -
P - - - R R
Idade materna
>30anos
R - - - -
R - - - - R
-
P = fator de proteção para o aleitamento materno
R = fator de risco para o aleitamento materno
- = sem associação
/ = em relação a.
90
Figura 4: Mapa dos determinantes associados ao Aleitamento Materno nas
regiões do país, nas duas faixas etárias estudadas.
Legenda:
*
Crianças de 0 a 6 meses
º Crianças de 7 a 12 meses
- Associado aos 2 grupos
(R) Risco
(P) Proteção
º ter 4 ou + moradores (R)
º Área rural (P)
- ter 4 ou + moradores (R)
º Mães com + de 30 anos(R)
º Ter 4 ou + moradores (R)
* Maior renda (P)
º Crianças < 5 anos (P)
* Freqüentar creche (R)
* Ter 4 ou + moradores (R)
- ter crianças < de 5 anos (P)
º Cor parda ou negra (P)
- Ter 4 ou + moradores (R)
- Maior renda (R)
* Mães com + de 30 anos (R)
º Cor negra e parda (P)
91
5. DISCUSSÃO
_____________________________________________________________
Realizou-se o presente estudo com base em uma amostra da Pesquisa de
Orçamentos Familiares – POF, 2002 - 2003, o que garantiu confiabilidade
aos resultados, pois se conduziu o planejamento e execução da pesquisa de
modo a evitar vieses de amostragem e de aferição das informações.
A amostra obtida para este trabalho é de tamanho adequado e
representativo da população nacional. Os resultados encontrados refletem a
situação da prática do aleitamento materno nas idades estudadas, na época
investigada.
Evitar viés na aferição dos dados é fundamental para a credibilidade dos
resultados de uma investigação. Neste estudo, tentou-se evitar ou minimizar
esse viés mediante a atenção dispensada à definição das variáveis
investigadas, conforme descrito em métodos, preservando a validade
interna, bem como a validade externa do estudo.
O modelo estatístico adotado permitiu a identificação dos fatores
determinantes do aleitamento materno, explorando as relações hierárquicas
entre as regiões geográficas e as variáveis independentes, dispostas nos
níveis de agregação, definindo, assim, um complexo sistema de inter-
relações e, desta maneira, acredita-se que os resultados podem ser úteis
para o planejamento de intervenções no campo da nutrição e da saúde de
crianças e no monitoramento dos determinantes da amamentação.
92
Analisou-se, inicialmente, a situação atual de prevalência da amamentação,
para então apontar os determinantes associados positivamente ou
negativamente ao aleitamento materno.
5.1. PREVALÊNCIA DE ALEITAMENTO MATERNO.
No Brasil, a prevalência do aleitamento materno verificada neste estudo, foi
de 58% e 35% nos grupos de crianças de 0 a 6 meses e de 7 a 12 meses,
respectivamente. Comparando esses resultados com estudos
representativos da população nacional, realizados anteriormente, verificou-
se que de 1974 a 2003 houve, de certa forma, aumento na prática de
amamentação em todo o país.
Segundo o Estudo Nacional de Despesa Familiar – ENDEF, realizado em
1974-1975, a porcentagem de crianças amamentadas aos seis e doze
meses foi de 33% e 23%, respectivamente. Em 1989, foi de 49% e 37%
segundo dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN. Em
1996, segundo a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde - PNDS, a
prevalência foi de 51% e na faixa etária de 10 a 14 meses foi de 37%.
Vale a pena destacar a situação do aleitamento materno apresentada em
outras pesquisas realizadas no país, como na PNSMIPF – 1986, em que até
os quatro meses a somatória da prevalência da amamentação exclusiva com
a predominante foi de 33,3%, e na PNDS de 1996 que foi de 55,3%. Ainda
93
na PNDS de 1996 de 4-6 meses a prevalência foi de 63,7% e de 7 a 9
meses foi de 43,1%. Na Pesquisa de Prevalência de Amamentação nas
Capitais e Distrito Federal, 1999, até os seis meses de idade, a prevalência
de aleitamento materno foi de 69%. No Programa de Amamentação e
Municípios em 2001, a prevalência da amamentação, até os quatro meses,
foi de 49,7% e aos seis meses de 38,7%.
Entre as regiões do país, a região Norte foi a que apresentou maior
prevalência de aleitamento materno nas duas faixas etárias estudadas. A
menor prevalência foi encontrada na região Sudeste com 51% em crianças
até seis meses. No segundo grupo a prevalência mais baixa foi observada
na região Centro-Oeste com 28%.
A região Nordeste, com prevalência de 59% em crianças de 0 a 6 meses de
idade foi a que apresentou melhor desempenho com um incremento de 22 e
13 pontos percentuais, comparado aos anos de 1975 (ENDEF) e 1989
(PNSN), respectivamente. Entre as crianças de sete a doze meses a
prevalência em 2002-2003 foi de 34%.
Esses valores foram superiores aos de outros estudos pontuais, realizados
em municípios da mesma região, nos quais se encontrou, em crianças de 7
a 12 meses, prevalências de 25%, segundo BITTENCOURT et al. (2005), e
20%, segundo MARQUES et al. (2001). Na CHAMADA NUTRICIONAL
(2006), a prevalência no semi-árido paraibano foi de 69,5% e 50,6%,
respectivamente, nos grupos 0 a 6 meses e de 7 a 12 meses. No estado de
94
Pernambuco foi de 59,3% e 40,0% e em Sergipe foi de 57,4% e 33,1%,
respectivamente.
No grupo de 7 a 12 meses, a região Centro-Oeste foi a que apresentou
melhor desempenho, com um incremento em relação aos dois estudos
nacionais (ENDEF e PNSN) de 13 e 11 pontos percentuais,
respectivamente. Em estudo de base populacional realizado no Distrito
Federal, na região Centro-Oeste, a prevalência era de 61,5% em crianças
até seis meses de idade (SENA, 2002).
Quanto à região Norte, não foi possível fazer comparações, pois os dados
do ENDEF, obtidos nessa região, em 1975, indicaram falta de consistência
nas informações, razão pela qual não se realizou o estudo da evolução da
amamentação nesta região.
Na região Sudeste a prevalência do aleitamento materno, estimada por este
estudo, foi de 53% e 37% nos grupos 0 a 6 e de 7 a 12 meses de idade,
respectivamente. Comparando estes dados com os de outros trabalhos,
alguns deles pontuais, na mesma região, verificou-se que na região semi-
árida de Minas Gerais, na Chamada Nutricional, em crianças de 0 a 6 meses
e de 7 a 12, a prevalência do aleitamento materno foi de 75,6% e 52,2%,
respectivamente (MDS, 2006). Em Botucatu, (CARVALHAES et al., 1998) no
Estado de São Paulo, a prevalência foi de 48% e 27%, respectivamente. Em
Ribeirão Preto, em 1999, no mesmo estado, foi de 77,2% e 34,4%,
95
respectivamente. No município de São Paulo, segundo MONTEIRO (1997),
a prevalência foi de 33% no segundo semestre de vida.
Na região Sul, a prevalência do aleitamento materno foi de 61% e de 34%
nos grupos de idade 0 a 6 e de 7 a 12 meses, respectivamente. Em estudo
realizado em Pelotas, com 420 mães, a prevalência da amamentação foi de
35,5% entre os maiores de seis meses (HORTA et al., 1996).
Analisando a situação do aleitamento materno segundo áreas urbanas e
rurais, verificou-se entre as crianças de 0 a 6 meses, prevalências de 58% e
60% e entre as crianças de 7 a 12 meses 34% e 39%, respectivamente, nas
áreas urbanas e rurais.
As prevalências continuam maiores nas áreas rurais, porém a diferença
entre elas vem diminuindo substancialmente, segundo as pesquisas de base
populacional já citadas. Em crianças de 0 a 6 meses a diferença entre as
áreas urbanas e rurais foi de 25 pontos percentuais em 1975 segundo
ENDEF, 10 pontos percentuais em 1989 segundo PNSN, e 2 pontos
percentuais segundo os dados deste estudo.
No grupo de crianças de sete a doze meses, a amamentação também foi
maior nas áreas rurais do país. Mas, nesta faixa etária foi possível detectar
uma outra realidade. Na área urbana, em 1975, a prevalência do aleitamento
materno foi de 13%, em 1989 foi de 34%, valor que permaneceu o mesmo
até 2002 - 2003. Na área rural, em 1975 a prevalência foi de 34%, em 1989
de 41% e em 2002-2003, com dados deste estudo, observou-se prevalência
96
de 39%. A diferença entre as duas áreas que foi de 21pontos percentuais
em 1975 baixou para 7 pontos percentuais em 1989 e em 2002-2003 essa
diferença encontra-se em 5 pontos percentuais.
Ainda que o aumento da amamentação fosse menos expressivo nas áreas
rurais, o aleitamento materno nessas áreas nunca chegou a alcançar níveis
tão baixos como na área urbana. Segundo VENÂNCIO E MONTEIRO
(1998), isto pode indicar que houve, de certa forma, uma reversão da
tendência esperada de assimilação dos valores culturais dominantes, por
parte dos estratos das populações menos favorecidos, ou seja, a população
rural ainda não incorporou os valores da população urbana.
Essa diminuição na diferença entre as prevalências de aleitamento materno
nas áreas urbanas e rurais pode, também, ser explicada em função do
êxodo populacional da área rural para a urbana, como já previa PEREZ
ESCAMILLA, (2003). Essa situação faz com que se pense na necessidade
de rever a efetividade dos programas de promoção do Aleitamento Materno.
Dois fatores precisam ser destacados: primeiro - a diminuição entre a
diferença das prevalências nas áreas urbanas e rurais; observou-se de
maneira geral que, embora ainda haja prevalência maior de aleitamento
materno nas áreas rurais do país, nos dois grupos de idade, essa situação
tende a se modificar em breve; segundo - não houve acréscimo na
prevalência do aleitamento materno, em crianças de 7 a 12 meses, nas duas
áreas.
97
Isto demonstra que embora a prática de aleitamento materno seja bastante
freqüente em todo o país, sua interrupção ainda é muito precoce, em todas
as regiões, principalmente quando se estuda crianças já em fase de
complementação alimentar, ou seja, com mais de seis meses. Essa situação
preocupa, uma vez que se espera que a amamentação seja cada vez mais
prolongada e que as crianças sejam amamentadas até pelo menos dois
anos de idade segundo a recomendação da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, 1991.
A importância da amamentação é indiscutível, com ênfase especialmente no
aleitamento materno exclusivo, devido a inúmeros fatores já citados. No
entanto, além do desafio de aumentar a prática da amamentação, é preciso
intensificar a promoção da alimentação saudável com a continuidade da
amamentação, especialmente na faixa etária de seis a vinte e quatro meses
de idade. Para isso, é preciso ter claro quais os fatores que podem
determinar favoravelmente ou não esta prática nas diferentes faixas etárias.
5.2. DETERMINANTES DO ALEITAMENTO MATERNO
Por ser o Brasil um país bastante extenso, um aspecto importante na
compreensão do cenário epidemiológico do aleitamento materno são as
diversidades regionais. Para compreender melhor este cenário, tentou-se
traçar o perfil da população nas macro-regiões do Brasil.
98
Em todas as regiões do país, a maioria da população residia em áreas
urbanas, com famílias compostas por quatro a cinco moradores, com apenas
uma criança menor de cinco anos na mesma residência.
As características encontradas nas regiões Norte e Nordeste do país são de
mães jovens, com menor nível de escolaridade e de baixo nível econômico.
Na região Centro-oeste notou-se algumas diferenças na caracterização da
população, pois, embora as mães também fossem mais jovens,
apresentavam maior nível de escolaridade e maior nível de renda, em
relação ao Norte e Nordeste. As regiões Sudeste e Sul apresentavam um
quadro diferenciado, com mães mais velhas, com maior nível de
escolaridade e maior nível econômico.
O conhecimento sobre os contrastes regionais do padrão da amamentação e
seus determinantes é de fundamental importância, pois permite avaliar e
embasar mudanças e ajustes nas práticas de promoção e incentivo ao
aleitamento materno.
No Brasil, em geral, os determinantes do aleitamento materno que
influenciaram positivamente a amamentação de crianças até seis meses,
foram: ter duas ou mais crianças menores de cinco anos na residência, ter
níveis de renda mais altos e viver em áreas rurais do país. Por outro lado, os
fatores que influenciaram negativamente a amamentação foram: ter mais de
quatro moradores no mesmo domicílio e mães com mais de trinta anos de
idade.
99
Em crianças de sete a doze meses, os fatores que interferiram no
aleitamento materno diferiram um pouco do primeiro grupo. Os
determinantes favoráveis à amamentação foram: ter duas ou mais crianças
menores de cinco anos na mesma residência e mães de cor de pele negra e
parda em relação às brancas. O fator negativo para o aleitamento materno,
nesse grupo, foi ter quatro ou mais moradores no mesmo domicílio.
Esses resultados demonstram diferenças nos fatores que determinam o
aleitamento materno nos dois grupos de idades aqui estudados. Em seguida
será discutido, individualmente, cada fator que se associou ao aleitamento
materno.
5.2.1. Idade materna
Um fator importante relacionado ao aleitamento materno é a idade da mãe.
A associação entre a idade de mães com mais de trinta anos e menor
prevalência do aleitamento materno observou-se no Brasil e na região Sul
em crianças de 0 a 6 meses. Na região Nordeste verificou-se a mesma
associação no grupo de 7 a 12 meses. Nas demais regiões não se
verificaram essa associação.
Uma explicação para o fato da mulher mais velha amamentar menos pode
ser a estabilidade profissional. Mulheres com idades acima de trinta anos
normalmente estão estruturadas profissionalmente, comprometidas com seu
trabalho e o tempo destinado ao cuidado do bebê pode ser insuficiente
100
frente a toda dedicação e disponibilidade que a prática da amamentação
necessita.
Outro fator é a própria decisão da mãe de não querer amamentar. Estudos
realizados em Hong Kong e nos Estados Unidos, mostraram que mulheres
com idades maiores tiveram menor intenção de amamentar (RYAN et al.,
2002; LEUNG et al., 2003).
Segundo Venâncio e Monteiro (2006), em estudo realizado com 34.435
crianças, menores de seis meses de idade, vivendo em 111 municípios no
Estado de São Paulo, mães de 25 a 29 anos foram mais favoráveis à prática
de amamentação.
Entretanto, há estudos que relatam um efeito inverso da idade, onde mães
mais velhas conseguiram prolongar o tempo de amamentação (GONZÁLEZ
et al., 2002; HWANG et al., 2006). Em estudo realizado na Rússia, com 1399
crianças seguidas até um ano de idade, os resultados mostraram que mães
mais jovens amamentaram por menos tempo (GRJIBOVSKI et al., 2005).
Em outros estudos, como o de VENÂNCIO et al. (2002), esse fator não foi
relacionado ao aleitamento materno.
5.2.2. Renda domiciliar per capita
A prevalência de aleitamento materno no Brasil foi maior entre as crianças
de 0 a 6 meses de famílias economicamente mais favoráveis. Este dado
101
reforça o que verificou VENÂNCIO E MONTEIRO, em 1998, quando
compararam os dados de 1975 (ENDEF) com os de 1989 (PNSN),
mostrando que, naquele período, houve um aumento das porcentagens de
crianças amamentadas em todas as categorias, sendo este mais acentuado
entre as crianças de maior renda. No entanto, no presente estudo, entre
crianças de 7 a 12 meses, melhor situação foi encontrada no quarto de
renda mais baixo.
Considerando-se as regiões do país, essa proteção só foi observada no
Centro-Oeste, no grupo de crianças menores de seis meses. Portanto, esse
resultado no Brasil foi devido exclusivamente ao resultado encontrado na
região Centro-Oeste. Nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste não
encontraram associações entre renda e aleitamento materno.
Na região Sul do país, maior nível de renda foi fator desfavorável para o
aleitamento materno, nos dois grupos de idade. Uma possível explicação
para este resultado pode ser o número muito pequeno da amostra no
primeiro quarto de renda nessa região.
Supõe-se que a associação entre maior nível de renda e maior prevalência
de aleitamento materno seja devido ao fato de a condição econômica
favorável da família facilitar o acesso à informação, o que pode ter
favorecido o oferecimento de leite humano a seus filhos.
Também, parece existir maior valorização dos benefícios do aleitamento
materno nas classes mais favorecidas. Para crianças sob condições de vida
102
consideradas baixas parece haver maior chance de ocorrer introdução
precoce de alimentos complementares, devido a fatores diversos como
pressão econômica para o retorno ao trabalho, o “marketing” agressivo de
fórmulas infantis e fatores culturais que não valorizam a amamentação
(VICTORA et al., 1992; REA et al., 1997; VASCONCELOS et al., 2006;
OLIVEIRA et al., 2007).
Esta situação preocupa, pois as crianças pobres são as que mais se
beneficiam das vantagens nutricionais e imunológicas conferidas pelo leite
materno, na medida em que a restrita disponibilidade de recursos
financeiros, intra-familiar, impede prover o acesso ao alimento e à saúde, e
limita a qualidade e a quantidade de cuidados dispensados à criança no seio
da família (OLIVEIRA, 2005).
5.2.3. Número de moradores
Em todas as regiões do país, os domicílios eram compostos na maioria por
quatro a cinco moradores. Neste estudo, o número maior de moradores
vivendo em um mesmo domicílio foi fator desfavorável para a amamentação
em todas as regiões do país.
Uma hipótese para explicar esta relação, é que ter quatro ou mais
moradores em um mesmo domicílio pode gerar excesso de trabalho
103
doméstico, deixando a mãe sobrecarregada com diferentes tarefas, o que
implicaria em diminuição na atenção a criança.
Outra hipótese pode ser que o maior número de indivíduos pode estar
associado a piores condições de vida, ou mesmo de renda, devido, talvez a
presença de maior número de pessoas sem trabalho, influenciando
negativamente na duração do aleitamento materno.
Esses resultados concordam com os apresentados pelo “National Survey of
Children’s Health” (NCHS-2003), onde a composição familiar diferente de
dois parentes biológicos é condição de risco para que crianças não sejam
amamentadas (SINGH et al., 2007).
5.2.4. Crianças menores de cinco anos
Uma das características da população deste estudo foi ter apenas uma
criança menor de cinco anos no domicílio, em todas as regiões do Brasil.
Uma hipótese para essa situação, é que famílias estão retardando uma
segunda gestação ou estão optando por ter um número menor de filhos,
dado que se confirma ao observar o declínio na taxa de natalidade que em
1990 era de 24,21 crianças, em 2005 foi de 20,40 crianças por mil habitantes
(IBGE/DPE/COPIS, 2005).
O mesmo declínio se observa na taxa de fecundidade da população
brasileira, que atingiu o ponto de equilíbrio em 2006, com dois nascimentos
104
por casal, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). O
novo número, que representa uma redução de 0,1 ponto percentual em
relação a 2005, pode influenciar negativamente o crescimento da população
brasileira, que chegou a 187,4 milhões de pessoas.
Considerando que a associação positiva com aleitamento materno foi
observada, justamente, na situação inversa, ou seja, maior número de
crianças menores de cinco anos no domicílio foi favorável à prática da
amamentação, fato que ocorreu no Brasil, na região sudeste e na região
Centro-Oeste, há necessidade de focar as ações dos programas de
amamentação no apoio e atenção às mães primíparas.
Uma possível explicação para a situação encontrada neste estudo é o fato
de mães multíparas já terem uma experiência anterior com a amamentação,
ou seja, essas mães já terem o hábito e a percepção necessária para a
prática da amamentação.
Em estudo representativo da população nacional, realizado na Grécia, com
2860 pares mãe-filho, acompanhados dos oito aos doze meses após o parto,
os autores demonstraram que a experiência prévia da amamentação por
parte da mãe foi significativamente associada ao prolongamento do período
de amamentação (BAKOULA et al., 2007).
Segundo KRONBORG e VAETH (2004), em estudo de coorte realizado com
471 mães dinamarquesas, acompanhadas até os quatro meses após o
105
parto, a experiência prévia com amamentação também foi relacionada
positivamente ao aleitamento materno.
Outra hipótese é que, mesmo que esta mãe não tenha amamentado um
filho, o fato de estarem mais experientes em relação à maternidade, pode
favorecer a prática da amamentação em outros momentos.
As crianças menores de cinco anos são também componentes da variável
número de moradores, juntamente com os adultos. Verificou-se que maior
número de crianças menores de cinco anos no domicílio foi um fator de
proteção para a amamentação, enquanto maior número de moradores no
domicílio foi um fator de risco. Para explicar esse fato, deve-se considerar
que um domicílio composto por seis ou mais moradores, com três ou quatro
crianças, é diferente de um domicílio composto por seis ou mais moradores,
com uma criança.
No primeiro caso, não se espera que as associações do aleitamento
materno com número de moradores e aleitamento materno com número de
crianças menores de cinco anos ocorram em sentidos opostos. Já, no
segundo caso, esse resultado pode acontecer. Neste estudo, as famílias,
numerosas ou não, são compostas, em sua maioria, por apenas uma criança
menor de 5 anos (56%). Portanto, as famílias numerosas são constituídas
por maior número de adultos, comparadas às famílias menores, justificando
as associações encontradas.
106
5.2.5. Área
Residir em área rural associou-se favoravelmente ao aleitamento materno no
Brasil, em crianças de 0 a 6 meses e na região Norte do país, em crianças
de 7 a 12 meses. Mesmo em vista da crescente urbanização das regiões,
alguns trabalhos mostram que mães residentes em áreas rurais continuam
apresentando situação favorável, com maior prevalência de aleitamento
materno (TRUSSEL et al., 1992; VENÂNCIO e MONTEIRO, 1998; PÉREZ-
ESCAMILLA, 2003).
No estudo realizado na cidade de Astúrias, Espanha, em 2001, com 453
crianças, com idades entre zero e oito meses, viver em área rural relacionou-
se com o prolongamento da prática do aleitamento materno, embora
também já se detecte no país uma diminuição dessa prática tanto nas áreas
urbanas, como nas rurais (SUÁREZ, 2000).
Por outro lado, segundo estudo realizado por LUDVIGSSON (2003), na
Suécia, mães que viviam em áreas rurais apresentavam quatro vezes a
possibilidade de não amamentar comparadas às mães de áreas urbanas do
país.
Apesar das diferenças nas prevalências do aleitamento materno, entre as
áreas urbanas e rurais, estarem diminuindo no Brasil, pode-se sugerir a
hipótese de que, na área rural, a permanência de padrões culturais
tradicionais ou a persistência de estruturas de apoio familiar facilitam a
manutenção do aleitamento materno.
107
Outro aspecto relevante, ligado ao âmbito geográfico, é que a existência de
padrões de amamentação diferentes por áreas, pode ocorrer, também,
devido à presença de diferentes estruturas nos serviços e programas de
saúde.
5.2.6. Cor
A cor de pele negra e parda, comparada com a branca foi um fator favorável
à amamentação tanto no Brasil, como nas regiões Sudeste e Sul do país,
apenas no grupo de crianças de 7 a 12 meses. Como nessas regiões
maior proporção de mães de cor branca, justifica-se a baixa prevalência do
aleitamento materno nessas regiões.
Esses dados concordam com outros estudos onde a amamentação foi
menos prevalente entre mães brancas (REA, 1994; GRIFFITHS et al., 2005).
Em outro estudo, seguindo esta mesma direção, as crianças filhas de mães
brancas, apresentaram risco maior de terem a amamentação interrompida e
esse risco foi ainda maior em população de baixo nível socioeconômico
(BENTLEY et al, 2003).
A associação favorável entre cor negra ou parda e o aleitamento materno
poderia ser explicada, em parte, pela “cultura da amamentação” entre as
mulheres pardas e negras que, até por volta de 1950, eram freqüentemente
contratadas como amas de leite no Sul do Brasil (KUMMER et al, 2000).
108
5.2.7. Creche
Freqüentar creche foi, neste estudo, um fator desfavorável para o
aleitamento materno na região Sudeste entre as crianças até seis meses de
idade. Essa associação não foi verificada nas outras regiões e no Brasil.
Uma hipótese para explicar este resultado é a condição profissional das
mães. Embora a situação de trabalho da mãe não tenha sido explorada
neste estudo, pode-se supor que sendo a região Sudeste aquela onde
ocorre maior inserção da mulher no trabalho, seja por vontade ou
necessidade, o uso de creche passa a ser indispensável.
Por sua vez, o uso da creche é fator de risco para o aleitamento materno,
talvez porque as creches sejam distantes do local de trabalho, impedindo a
continuidade da amamentação, obrigando as mães a desmamarem
precocemente seus filhos.
Outra hipótese pode ser o despreparo das creches para receber essas
crianças. Não possuindo equipamentos necessários para o armazenamento
do leite materno, quando preciso, ou mesmo, a falta de conhecimento para o
armazenamento e administração do leite materno na ausência da mãe.
Segundo estudo realizado por RYAN (2006), mulheres que trabalham meio
período ou que não trabalham fora de casa tiveram mais chance de
continuar com a prática da amamentação, comparado às mães que
trabalham em período integral.
109
FEIN e ROE (1998), concluíram que trabalhar por meio período foi uma
estratégia efetiva para ajudar as mães a combinar a amamentação e o
emprego, por estarem mais próximas de suas crianças. Esta proximidade
seria facilitada se as mães pudessem contar com creches próximas de seus
locais de trabalho, uma vez que, por lei, essas mães têm direito a se
deslocarem de seus trabalhos para amamentar seus filhos.
Segundo REA et al. (1997), em estudo realizado com 76 funcionárias de
indústrias, em São Paulo, mulheres de melhor nível socioeconômico e as
que tinham creche no local de trabalho ou sala de coleta e estocagem de
leite materno foram as que amamentaram por mais tempo. A possibilidade
de flexibilizar seu horário e não trabalhar na linha de produção, também
foram fatores significantes, que levaram as mulheres dessas indústrias a
amamentar mais e por mais tempo.
Empresas que incentivam o aleitamento materno no local de trabalho, têm
como retorno menor absenteísmo, maior produtividade, mais lealdade e
menor custo com os cuidados com a saúde de seus funcionários (COHEN et
al., 1995; BALL e BENNETT, 2001).
110
6. CONCLUSÃO
_____________________________________________________________
A prevalência de aleitamento materno foi de 58% (0-6 meses) e 35%
(7 – 12 meses), no Brasil.
Nos dois grupos de idade a prevalência do aleitamento materno foi
maior na região Norte e áreas rurais do país. Prevalência mais baixa
foi encontrada na região Sudeste entre crianças de 0 a 6 meses e na
região Centro-Oeste entre as crianças de 7 a 12 meses.
Os fatores que determinam o aleitamento materno diferem quanto a
faixa etária estudada.
Quanto aos indicadores socioeconômicos, mães com renda mais alta
e maior escolaridade apresentaram maior freqüência da
amamentação entre as crianças de 0 a 6 meses de idade. Por outro
lado, no grupo 7 a 12 meses, a prevalência foi maior entre mães de
menor renda e menor escolaridade.
A variação dos determinantes do aleitamento materno entre as
macro-regiões foi muito pequena. As variáveis independentes, aqui
estudadas, não foram suficientes para explicar totalmente a
variabilidade do aleitamento materno nas diferentes regiões.
Consideraram-se como fatores desfavoráveis ao aleitamento materno,
no conjunto da amostra: mães com idades superiores a trinta anos,
quatro ou mais moradores no domicílio e uso de creche. Os fatores
111
favoráveis foram: ter duas ou mais crianças menores de cinco anos
no domicílio, mães de cor negra ou parda e maior renda.
112
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
_____________________________________________________________
Melhorar a situação do aleitamento materno é objetivo primordial da saúde
pública em qualquer faixa etária, especialmente entre grupos que são menos
prováveis de iniciar e sustentar a amamentação.
Os resultados deste estudo remetem para a preocupação, já existente, de se
pensar em estratégias de atuação que causem impactos, também, no
aleitamento de crianças com idades acima de seis meses.
É importante reforçar a orientação dada às mães sobre o risco da introdução
precoce de líquidos e outros alimentos na dieta do lactente. Também se
sugere focar a atenção às mães primíparas, uma vez que se detectou ser
essa a situação da maior parte das mães da amostra da população brasileira
deste estudo.
Programas de aconselhamento sobre aleitamento materno, informativos
sobre amamentação, desenvolvimento de programas como a iniciativa
Hospital Amigo da Criança (BARTINGTON et al., 2006), metas como o
Healthy People 2010 (CDC, 2007), a elaboração e obrigatoriedade no
cumprimento das normas de comercialização de produtos infantis, tiveram
um impacto positivo e significativo na amamentação em todo o mundo.
A amamentação bem sucedida requer a atenção, tanto da família, como dos
amigos e dos profissionais de saúde (CATTANEO et al., 2001). A informação
113
é fundamental na modificação de crenças e atitudes da mãe (ERGENEKON-
OZELCI et al., 2001), e na continuação da tendência do aumento da
prevalência da amamentação.
Diante deste contexto, é preciso analisar porque a prática da amamentação,
embora bastante freqüente em todo o país, apresenta valores ainda bastante
inferiores aos preconizados pela OMS, apesar das políticas pró-
amamentação adotadas no Brasil.
A situação da amamentação talvez possa ser explicada pela interação
complexa de diversos fatores socioculturais, uma vez que a importância de
cada um varia, segundo o país, e mesmo em um determinado país, segundo
a região ou subgrupos populacionais.
É possível interpretar esses resultados como indicativos de que, melhorando
as condições de vida das crianças e de suas famílias, ampliando o acesso
aos bens necessários à sobrevivência, bem como melhorando as condições
do meio em que vivem mães e crianças, seja possível desenvolver
plenamente a sua capacidade de lactar.
114
5. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
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