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Por outro lado, na França a origem das experiências atualmente identificadas
como restaurativas não teve por base uma fase de aprofundamento teórico, optando
pelo caminho pragmático. Desde a década de 80, a mediação era utilizada para
resolução de conflitos, porém, mais tarde, as técnicas de mediação foram reunidas e
denominadas de “justiça de proximidade”, com a finalidade de romper com o
distanciamento do sistema de justiça dos locais considerados problemáticos. Dos
programas desenvolvidos nesse país, destacam-se as Casas de Justiça e do Direito
( Maisons de Justice et du Droit), surgidas da iniciativa da Procuradoria de Pontoise,
na região de Paris, em 1990, e regulamentadas pela lei 98-1163 de 1998. Eram
instaladas em bairros carentes, onde em um espaço físico diversos serviços de
acesso à justiça eram oferecidos à comunidade, aliás, empregavam a mediação
penal para pequenos delitos, principalmente contra o patrimônio
28
.
De acordo com a experiência da Nova Zelândia, a Austrália escolheu a Justiça
da Infância e da Juventude como instância privilegiada para a implementação de
mecanismos restaurativos de justiça. Há programas de justiça restaurativa, no
âmbito juvenil, dispersos em todas as regiões do país, a citar a região de Novas
Gales do Sul, que se vale das conferências restaurativas
29
.
28
SICA, op.cit., p.93-94
. “
Na região de Novas Gales do Sul, inspirados no chamado modelo Wagga
Wagga de justiça, membros da polícia local implementaram, em 1991, Community Youth
Conferences, criando um programa gerido conjuntamente pela polícia, pelo Department of Juvenile
Justice, pela New South Wales Childrens´s Court e pelos Community Justice Centres. Como produto
dessa experiência, foi promulgado, com validade para todo o Estado de Nova Gales do Sul, o Young
Offenders Act, de 1997, pelo qual regulamentaram as sanções aplicáveis a jovens infratores,
dispondo-as em uma hierarquia de opções que passou a incluir conferências restaurativas. Podem
participar das conferências, além do jovem, a família, o advogado, policiais, a vítima e seus
apoiadores. Se optar por não participar, a vítima pode enviar representantes e, uma vez presente,
tem poder de veto sobre solução deliberada. Eventualmente, podem participar também membros
mais velhos de comunidades indígenas, oficiais de probation e assistentes sociais. O
encaminhamento dos casos é feito pela polícia e, mais raramente, pela corte, quando o magistrado
inclui entre as disposições constantes da sentença a realização de uma conferência. É preciso, para
que haja encaminhamento, que se cuide de (sic) do jovem entre 10 e 17 anos que tenha cometido
infração sujeita ao procedimento sumário, entre as quais estão o roubo, o furto, o dano e as
chamadas condutas desordeiras. São excluídas de plano ofensas sexuais, ofensas que tenham
resultado em morte e algumas ofensas relacionadas a drogas. Uma vez indicado pela polícia, o caso
é encaminhado ao Departament of Juvenile Justice (DJ J), no qual ele é recebido por um
administrador de conferências, que nomeia um facilitador (chamado de conference convenor). Se
houver conflito sobre a conveniência ou não de realização da conferência entre o DJJ e o órgão que
houver encaminhado o caso, a decisão cabe ao Director of Public Prosecutions (DPP)”.
29
STRANG, Heather. Restorative Justice Programs in Austrália. Research School of Social Sciences,
Australian National University, 2001. Disponível em:
<http://www.aic.gov.au/crc/reports/strang/report.pdf.> Acesso em: 21 dez.2007.