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Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Comportamentos associados ao excesso de peso
em adolescentes do município de São Paulo
Caroline Caus Dalabona
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Pública para
obtenção do título de Mestre em Saúde
Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientador: Prof. Dr. Wolney Lisboa Conde
São Paulo
2008
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Comportamentos associados ao excesso de peso
em adolescentes do município de São Paulo
Caroline Caus Dalabona
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Pública da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo para obtenção do título de
Mestre em Saúde Pública.
Área de Concentração: Nutrição
Orientador: Prof. Dr. Wolney Lisboa Conde
São Paulo
2008
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Dedicatória
Dedico este trabalho aos adolescentes brasileiros, com a esperança de que
contribua para o futuro desta população.
Agradecimentos
A Deus, que me deu força e coragem para não desanimar.
Ao Prof. Dr. Wolney Lisboa Conde, meu orientador, pela oportunidade e confiança em
mim depositada.
A toda equipe envolvida no trabalho. Obrigada pela dedicação e esforço.
À Profa. Isabela da Costa Ribeiro, pelo exemplo de dedicação e competência. Obrigada
por sua amizade e suas palavras de incentivo.
Aos amigos que pude fazer nestes dois anos: Roberta, Ligia, Anna Maria, Bruna, Eliseu,
Neuber, Shamyr, Gabriela, Francile, Fernanda. Agradeço a preocupação, atenção e
apoio nos momentos difíceis.
À Residência Maria Imaculada e a todas as amigas que fiz durante esse tempo. A
amizade e os momentos de descontração foram fundamentais nesta caminhada.
Às minhas amigas de Curitiba: Cristina, Fernanda e Andressa, que mesmo distantes,
manifestaram todo seu carinho e preocupação. Vocês são muito especiais para mim.
A minha família e meus amigos da cidade da Lapa (PR), que sempre me acolhiam no
retorno para casa.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pelo apoio financeiro. Meus sinceros
agradecimentos.
E, finalmente, às pessoas mais importantes da minha vida:
Meus pais, Waldir e Maria, que me incentivaram e sempre me apoiaram na
realização deste sonho. Muito obrigada pelo apoio, carinho e amor sempre
recebido.
Meu querido irmão, Alexandre, que mesmo longe, esteve sempre presente
neste caminhada.
Minha linda afilhada Luíza, simplesmente por existir em minha vida.
E ao meu amor, Denniel, que esteve ao meu lado em todos os momentos e
que me fazia sorrir quando eu quase chorava. Obrigada por deixar minha
vida mais feliz.
Epígrafe
“ ...Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola...
Renato Russo
Resumo
Dalabona CC. Comportamentos associados ao excesso de peso em
adolescentes do município de São Paulo [Dissertação de Mestrado]. São Paulo:
Faculdade de Saúde Pública da USP; 2007.
Introdução – O estudo dos fatores comportamentais associados ao estado
nutricional na adolescência é relevante para a análise da tendência de aumento
do excesso de peso observada nas últimas décadas entre os adolescentes do
Brasil. Objetivo - Estimar a prevalência de excesso de peso e os principais
comportamentos associados ao excesso de peso entre adolescentes da rede
escolar do município de São Paulo/SP. Métodos - Foram estudados 759
adolescentes matriculados nas redes pública e privada do Distrito de Pinheiros
do Município de São Paulo. Foram coletados dados de peso, altura, consumo
alimentar e atividade física. O excesso de peso foi classificado segundo valores
Índice de Massa Corporal (IMC) recomendados pela IOTF. A análise da
associação entre excesso de peso e características do consumo alimentar ou
da atividade física foi estratificada por sexo e rede escolar. Resultados – A
prevalência de excesso de peso foi de 25,2% (homens 27,3%; mulheres
23,8%). O excesso de peso se mostrou positivamente associado à prática de
dieta e inversamente associado ao consumo de alimentos não-saudáveis na
rede escolar e ao consumo de alimentos saudáveis em escolas privadas. Não
houve associação entre excesso de peso e omitir/substituir refeições ou praticar
atividade física dentro ou fora do colégio. Conclusões – Prevalências elevadas
de excesso de peso foram encontradas entre os adolescentes estudados. Há
necessidade de novos estudos para dimensionar o problema na rede escolar do
Município de São Paulo e de ações para promover comportamentos ativos e
saudáveis no grupo social analisado.
Descritores: Adolescência; Excesso de peso; Consumo Alimentar; Atividade
física
Abstract
Dalabona, C C. Overweight and associated behaviors among adolescents in city
of São Paulo, Brazil. [Master’s dissertation] São Paulo. School of Public Health
of the USP: 2007.
Introdution – The study of risk behaviors in nutrition is important to
understanding the trend of overweight observed in the last decades among
Brazilian adolescents. Objective – To analyze the prevalence and main
behaviors associated with overweight among students from 10 to 19 years in
São Paulo. Methods – The sample included 759 adolescents enrolled in public
and privates schools in the district of Pinheiros in São Paulo. Stature, weight,
food intake, and physical activity were gathered. Overweight was defined
according to international BMI cutoff values. Differences in overweight
prevalence among public or private schools, patterns of food intake and patterns
of physical activity were tested. Results – The prevalence of overweight in the
sample was 25.2%, 27.4% for boys and 23.9% for girls. Overweight was
positively associated diet use and negatively associated unhealthy foods intake
in public and private schools and healthy food intake in private schools. There
was no association among overweight and omitting/replacing meals and
physical activity at school or outdoor. Conclusions – High prevalence of
overweight was found among group studied. Further studies to assess
nutritional status at school in City of São Paulo and actions to promote active
and healthy behaviors are needed.
Keywords: Adolescents; Overweight; Food intake; Physical activity
Índice
1 INTRODUÇÃO 9
1.1 JUSTIFICATIVA 14
2 OBJETIVOS 15
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
3 MÉTODOS 16
3.1 AMOSTRAGEM 16
3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 17
3.3 INSTRUMENTO 17
3.4 COLETA DE DADOS 18
3.5 ANÁLISE DOS DADOS 20
3.6 ASPECTOS ÉTICOS 23
4 RESULTADOS 25
4.1 ARTIGO 26
5 CONCLUSÃO 48
6 REFERÊNCIAS 49
ANEXOS
ANEXO 1 - Questionário 55
ANEXO 2 - Carta de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa 58
ANEXO 3 – Termo de consentimento livre esclarecido 59
Lista de tabelas
Tabela 1 - Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes
escolares segundo rede escolar e sexo. 45
Tabela 2 - Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes
escolares segundo sexo ou rede escolar e características
da alimentação. 46
Tabela 3 - Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes
escolares segundo sexo ou rede escolar e características
da atividade física. 47
9
1 INTRODUÇÃO
A obesidade é definida como o acúmulo anormal ou excessivo de
gordura no organismo que pode levar ao comprometimento da saúde dos
indivíduos (WHO, 2006).
O rápido crescimento da prevalência de excesso de peso e obesidade
nas últimas décadas gerou um problema emergente de saúde pública em
países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em todo mundo estima-se em
mais de um bilhão o número de adultos com excesso de peso e em
aproximadamente 300 milhões aqueles com obesidade (WHO, 2003a).
Nos Estados Unidos, de acordo com o National Center for Health
Statistics (NCHS, 2004a), a prevalência do excesso de peso em adultos é
estimada em 66,3%. Dados dos quatro principais estudos populacionais
realizados nos Estados Unidos entre os anos 1960 e 1994 apontam para
tendência de aumento nas prevalências com o passar dos anos. Entre os
adolescentes americanos ocorre fenômeno semelhante ao encontrado na
população adulta. Estima-se que 17% dos adolescentes americanos
apresentam excesso de peso (NCHS, 2004b), observando-se aumento
acentuado das taxas entre os períodos 1988-94 e 2002-04: de 11 para 17%.
10
Seguindo a mesma tendência de países desenvolvidos, o Brasil tem
apresentado alta prevalência de excesso de peso na sua população. Segundo a
Pesquisa de Orçamentos Familiares, POF-2002/03, 40,6% dos adultos
apresentam excesso de peso, sendo 41,1% dos homens e 40,0% das
mulheres. Comparando as prevalências atuais com as de outras pesquisas
populacionais realizadas no Brasil em 1975 e 1989, o excesso de peso
aumentou de 18,6% em 1975 para 29,5% em 1989 e para 41% em 2003 entre
os homens. Entre as mulheres, o excesso de peso passou de 28,6% em 1975
para 40,7% em 1989 e para 39,2% em 2003. (POF, 2004).
De acordo ainda com dados da POF 2002/03, o excesso de peso
também é prevalente na população adolescente brasileira: cerca de 18,0% no
sexo masculino e 15,0% no sexo feminino. Entre os adolescentes do sexo
masculino, a prevalência de excesso de peso passou de 3,9% em 1975 para
8,3% em 1989 e para 18,0% em 2003. Já entre adolescentes do sexo feminino,
o excesso de peso passou de 7,5% em 1975 para 13,8% em 1989 e para
15,4% em 2003 (POF, 2006).
Os adolescentes brasileiros de famílias de baixa renda apresentaram
elevação contínua da prevalência do excesso de peso no período de 1975-
2003, chegando, em 2003, a 9,3% em meninos e 9,9% em meninas. Entre os
adolescentes de famílias de alta de renda, a prevalência de excesso de peso
em indivíduos do sexo masculino seguiu a mesma tendência de acréscimo com
11
o passar dos anos, alcançando freqüência de 25,3% em 2003. Entre os
indivíduos do sexo feminino a prevalência apresentou tendência de estagnação
entre 1989 e 2003 (17,8% e 17,6%, respectivamente), resultado semelhante ao
encontrado em mulheres de alta renda (POF, 2006).
O excesso de peso na adolescência está associado a distúrbios
psicológicos, maior risco de problemas cardiovasculares, resistência à insulina,
distúrbios hepáticos e gastrointestinais, apnéia do sono e complicações
ortopédicas (WHO, 2005).
Além das associações com danos à saúde na própria adolescência, o
excesso de peso está associado também a problemas na vida adulta. Estudo
longitudinal que avaliou a incidência de obesidade na transição entre a
adolescência e a fase adulta, conduzido nos Estados Unidos, constatou que
9,4% dos indivíduos que eram obesos na adolescência se mantiveram obesos
com a chegada da idade adulta (GORDON-LARSEN et al., 2004). Além disso, a
o excesso de peso decorrente do excesso de peso na adolescência, está
associado, na vida adulta, ao desenvolvimento de doenças crônicas,
principalmente problemas cardiovasculares, respiratórios ou ainda alguns
cânceres (WHO, 2003a; WHO, 2005).
12
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2005), 60% do total de 56,5
milhões de mortes ocorridas no mundo em 2001 são decorrentes de doenças
crônicas. Estima-se ainda que 388 milhões de pessoas morrerão desses
problemas nos próximos 10 anos (WHO, 2003a).
A identificação dos principais fatores que levam ao excesso de peso é
essencial para construção de políticas públicas de prevenção e tratamento,
porém as causas desse problema ainda não estão totalmente definidas.
O consumo alimentar, rico em nutrientes e energia, exerce papel
fundamental no estado nutricional, podendo gerar boas e más conseqüências
para a saúde dos indivíduos. Uma alimentação inadequada, rica em alimentos
com alta densidade calórica, gordura saturada e açúcares simples, é um dos
principais fatores responsáveis pelo aumento do peso na população (WHO,
2003b).
Estudo realizado com famílias residentes nas áreas metropolitanas do
Brasil, no período de 1988 a 1996, analisou as mudanças na composição da
dieta da população e constatou aumento no consumo de açúcar e lipídios,
principalmente saturados, e redução na ingestão de carboidratos complexos,
leguminosas, verduras, legumes e frutas. (MONTEIRO C. et al., 2000).
Hábitos alimentares não saudáveis foram encontrados em adolescentes
do município do Rio de Janeiro e de Teresina, com predomínio da ingestão de
13
alimentos com alta densidade calórica (CARVALHO et al., 2001; ANDRADE et
al., 2003). A baixa densidade nutricional também foi reportada em estudo com
adolescentes americanos, no qual mais de 30% da energia diária eram
provenientes de alimentos ricos em energia e gordura (KANT, 2003).
As principais características alimentares dos adolescentes estão,
também, em sintonia com um mundo globalizado. O consumo de alimentos em
estabelecimentos do tipo “fast food” é bastante difundido em países
desenvolvidos e em desenvolvimento (GARCIA, 2003). Além deste fato, o baixo
consumo de alimentos ricos em fibras e micronutrientes, como frutas e
hortaliças, também exerce predomínio entre os adolescentes brasileiros
(DALLA COSTA, et al., 2007; NEUTZLING et al., 2007). Estudo conduzido em
escolas de ensino técnico de São Paulo apontou para consumo inadequado de
frutas e verduras, além da percepção errônea sobre uma dieta saudável
(TORAL et al., 2006).
A falta de exercício físico também tem sido ressaltada como importante
causa de ganho de peso em adolescentes do mundo todo (PATRICK, et al.,
2004; VEUGELERS e FITZGERALD, 2005). Estudo realizado em adolescentes
em Tonga, no Pacífico oeste, a prática de atividade física estava associada ao
menor risco de excesso de peso nos indivíduos estudados (SMITH et al., 2007).
14
Dentre as atividades que contribuem para o comportamento sedentário
entre os adolescentes, destacam-se o tempo dispendido assistindo TV e
utilizando o computador ou vídeo-game (MONTEIRO, P. et al., 2004; MOAYERI
et al., 2006). Há associação positiva entre o tempo gasto com essas atividades
e o peso do indivíduo (PATRICK et al., 2004; KAUTIAINEM et al., 2005). Em
contrapartida, a prática regular de atividade física favorece a perda de peso
(SABIA et al., 2004; BURKE, et al., 2006). Estudo realizado com crianças e
adolescentes americanos encontrou associação entre assistir televisão mais
que duas horas por dia e apresentar excesso de peso (LOWRY et al., 2002).
1.1 JUSTIFICATIVA
O conhecimento aprofundado dos fatores associados ao excesso de
peso na adolescência e de suas nuances se torna crucial para a compreensão,
prevenção e tratamento desse problema.
Diante da tendência de aumento da prevalência do excesso de peso
entre os adolescentes brasileiros, este estudo pretende analisar os principais
comportamentos associados ao excesso de peso em adolescentes.
15
2 OBJETIVO GERAL
Estimar a prevalência de excesso de peso e identificar comportamentos
associados ao excesso de peso em adolescentes de escolas públicas e
privadas do Distrito de Pinheiros do município de São Paulo/SP.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
o Descrever a prevalência do excesso de peso segundo características
demográficas, comportamentais e socioeconômicas do grupo estudado.
o Analisar a associação entre padrões de consumo alimentar e prevalência
do excesso de peso no grupo estudado.
o Analisar a associação entre padrões de atividade física e prevalência do
excesso de peso.
16
3 MÉTODOS
3.1 AMOSTRAGEM
Os dados são originários do projeto “Análise dos parâmetros da curva
brasileira do IMC-para-idade segundo valores da composição corporal”, cuja
população alvo é constituída por adolescentes entre 10 e 19 anos matriculados
em escolas públicas ou privadas da zona oeste do município de São Paulo.
Foram incluídas no processo de seleção todas as escolas com mais de 200
alunos citadas na listagem de 2006 fornecida pela Secretaria Estadual de
Educação de São Paulo e localizadas no Distrito de Pinheiros do município de
São Paulo. Naquelas escolas em que houve assentimento da direção todos os
alunos entre 8 e 19 anos foram considerados elegíveis. Para o presente estudo
foram selecionados os estudantes com idade entre 10 e 19 anos e com dados
coletados entre junho e setembro de 2007. O processo de coleta dos dados
somente deverá ser finalizado no primeiro semestre de 2008. Assim, os dados
aqui utilizados correspondem a aproximadamente 25% da amostra total
estimada para o projeto. O tamanho da amostra é de 759 indivíduos, dos quais
297 do sexo masculino e 462 do sexo feminino.
Ao todo, 7 escolas aderiram ao estudo: 4 públicas - 2 de ensino
fundamental I, 1 de ensino fundamental II e 1 de ensino fundamental I e II e
17
ensino médio - e 3 escolas particulares de ensino fundamental e médio. Do total
da amostra, 586 adolescentes eram de escolas públicas e 173 de escolas
privadas.
3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram considerados não-elegíveis adolescentes com deficiência física,
mental, gestantes ou que apresentassem algum impedimento para participar da
coleta de dados.
3.3 INSTRUMENTO
Foi utilizado questionário contendo informações sócio-demográficas,
comportamentais e medidas antropométricas.
O questionário (ANEXO I) foi dividido em nove tópicos, respondidos pelo
adolescente de acordo com sua idade. Como este estudo faz parte de uma
pesquisa maior, nem todos os itens contidos no questionário foram analisados
nesta pesquisa. Os itens aqui utilizados estão descritos a seguir:
-
Identificação: inclui informações como nome do adolescente, sexo, data
de nascimento, idade, data da entrevista e colégio.
18
-
Atividade física: contém questões referentes à freqüência semanal e
prática da atividade física dentro e fora do colégio.
- Consumo alimentar
: inclui questões sobre hábito em relação a refeições
e freqüência de consumo semanal de determinados alimentos – frutas,
verduras, carnes, laticínios, refrigerante, doces, frituras, entre outros -
além da prática de fazer dieta e omissão/substituição de refeições.
- Antropometria
: inclui as medidas em duplicata de peso e altura.
3.4 COLETA DE DADOS
Em abril de 2007 foi dado início aos treinamentos e à padronização com
entrevistadores e antropometristas participantes da pesquisa. As medidas foram
feitas por antropometristas treinados e padronizados no Laboratório de
Avaliação Nutricional de Populações (LANPOP-HNT/USP).
Em maio de 2007 foi realizado o pré-teste em uma sub-amostra
composta de duas séries – 5° ano do ensino fundamental e 3° ano do ensino
médio - de uma escola privada do Distrito de Pinheiros do município de São
Paulo. Optou-se por essas duas séries por se tratar dos extremos da faixa
etária da amostra. Ao todo, 29 crianças e adolescentes participaram do pré-
teste, sendo 14 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, com idades entre 9 e
10 e anos e 16 e 17 anos.
19
Após o pré-teste, o questionário foi avaliado segundo coerência e
compreensão das perguntas e reestruturado de acordo com os problemas
surgidos. Foi elaborado um manual para os entrevistadores sobre a aplicação
dos questionários. Os entrevistadores foram instruídos a não influenciar a
resposta e, em caso de dúvida do entrevistado, respostas padrões foram
formuladas para as dúvidas mais freqüentes surgidas no pré-teste, entre outras
orientações.
As medidas antropométricas realizadas foram peso e altura. Duas
aferições de cada medida foram realizadas para posterior obtenção da média.
Todas as medidas seguiram os procedimentos recomendados no Manual de
Referência para Padronização de Medidas Antropométricas (LOHMAN, 1988).
A seguir a descrição das medidas:
- Peso
: coletado com o indivíduo descalço, portando roupas leves, em
posição ortostática, com os pés paralelos e braços ao lado do corpo. Foi
utilizada balança digital Tanita
®
, com capacidade de 150kg e precisão de
0.2kg. A diferença aceitável entre as duas medidas foi de 0,2kg.
- Estatura
: mensurada com o indivíduo descalço, vestindo roupas leves,
com os pés e as pernas paralelos, braços ao lado do corpo e com as
palmas das mãos voltadas para o corpo. Os calcanhares, as panturrilhas,
os glúteos, as escápulas e a região occipital encostados na parede e a
cabeça no plano de Frankfurt. Foi utilizado estadiômetro portátil Seca
®
,
20
com precisão de 0,1cm. A diferença aceitável entre as duas medidas foi
de 0,2cm.
Durante todo o processo de coleta de dados, todos os questionários
foram revisados e criticados para evitar eventuais falhas nas respostas. Após o
término desse processo, todos os dados foram duplamente digitados no
programa Epi Info (2000), por pessoas diferentes, para posterior comparação e
correção de possíveis erros de digitação.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
O excesso de peso foi classificado segundo valores internacionais do
Índice de Massa Corporal (IMC) propostos por COLE et al. (2000). O Índice de
Massa Corporal (IMC) foi obtido através da divisão do peso em quilogramas
pela estatura em metros ao quadrado.
As variáveis utilizadas nas análises foram:
- Sexo;
- Idade (anos);
- Escola: pública e privada;
- Excesso de peso: presença ou ausência de excesso de peso;
- Consumo alimentar:
21
Alimentação não saudável: consumo de refrigerante, frituras,
lanches fora de casa, alimentos instantâneos ou congelados,
bolacha recheada, doces, salgadinho de pacote e salgadinho frito,
foram agrupados e avaliados através de escore negativo 0,5. Os
escores foram divididos em terços com valores crescentes, isto é,
o primeiro terço é aquele com pior escore de alimentação,
equivalente ao consumo excessivo de alimentos considerados não
saudáveis;
Alimentação saudável: consumo de frutas, verduras e legumes,
carnes e laticínios, foram reunidos e avaliados através de escore
positivo 1. Os escores foram divididos em terços com valores
crescentes, isto é, o primeiro terço é aquele com menor pontuação
por consumos de alimentos considerados saudáveis;
Alimentação total: as duas variáveis sobre alimentação foram
agrupadas e avaliadas através da soma dos escores positivos e
negativos. O consumo de alimentos considerados não-saudáveis
foi “igualado” (por ponderação) ao consumo de alimentos
considerados saudáveis, em menor número originalmente no
questionário. Assim, o escore resultante dá ao entrevistado a
mesma chance de consumir alimentos saudáveis e não-
saudáveis. Os escores foram divididos em terços com valores
crescentes, isto é, o primeiro terço é aquele menor pontuação
22
balanceada entre o consumo de alimentos saudáveis e não
saudáveis;
Uso de dieta e omissão/substituição de refeições.
- Atividade física:
Atividade física fora do colégio: a freqüência da prática de
atividade física fora do colégio, avaliada em dias por semana, foi
multiplicada por 1,5 para realçar essa prática que é voluntária e
ativa em relação à atividade física no colégio;
Atividade física colégio: a freqüência da prática de atividade física
no colégio, avaliada em dias por semana;
Atividade física total: as duas variáveis sobre a prática de
atividade física foram reunidas em única variável e avaliadas
através da soma dos escores. A variável resultante foi dividida em
terços, sendo o primeiro terço o pior escore de prática de atividade
física, equivalente a menor prática de atividade física;
Para comparar a prevalência de excesso de peso em escolas públicas e
privadas entre os sexos foi utilizado o teste do qui-quadrado, com nível de
significância de 5%.
Para avaliar a associação entre a prevalência de excesso de peso e as
variáveis do consumo alimentar e da atividade física, efeito dose-resposta, foi
23
utilizado o teste de tendência linear com nível de significância de 5%. Este teste
analisa a variação de escores entre categorias ordenadas e foi executado
usando o comando “nptrend” do programa STATA
®
.
Para análise da associação do uso de dieta e omissão/substituição de
refeições com o excesso de peso foi utilizado o teste do qui-quadrado, com
nível de significância de 5%.
Todas as análises estatísticas foram feitas no programa STATA
®
, versão
9.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto apresentado é parte do estudo “Análise dos Parâmetros da
Curva Brasileira do IMC para Idade Segundo Valores da Composição Corporal”
financiado pelo CNPq e previamente aprovado pelo Comitê de Ética da
Faculdade de Saúde Pública, sob protocolo número: 1581 (ANEXO II).
Todos os indivíduos envolvidos no estudo - no caso dos menores de 18
anos, seus pais - assinaram o termo de consentimento/assentimento (ANEXO
III) pelo qual se declararam cientes das finalidades do estudo e autorizaram o
uso dos dados informados ou coletados. Neste termo estavam explicitados os
limites para utilização dos dados coletados e, ainda, a garantia de anonimato.
Os indivíduos foram instruídos que poderiam abandonar o estudo em qualquer
24
etapa. Caso a desistência se desse posteriormente à coleta dos dados, o
indivíduo teve a garantia da exclusão de seus dados do banco de dados do
estudo.
25
4 RESULTADOS
Os resultados deste estudo, bem como as discussões e conclusões,
estão apresentados a seguir em formato de artigo científico, o qual seguiu as
normas para publicação da Revista de Saúde Pública.
26
4.1 ARTIGO
Comportamentos associados ao excesso de peso em adolescentes do
município de São Paulo, SP.
Overweight and associated behaviors among adolescents in city of São Paulo,
Brazil.
Caroline Caus Dalabona e Wolney Lisboa Conde
Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Resumo
Introdução – O estudo dos fatores comportamentais associados ao estado
nutricional na adolescência é relevante para a análise da tendência de aumento
do excesso de peso observada nas últimas décadas entre os adolescentes do
Brasil. Objetivo - Estimar a prevalência de excesso de peso e os principais
comportamentos associados ao excesso de peso entre adolescentes da rede
escolar do município de São Paulo/SP. Métodos - Foram estudados 759
adolescentes matriculados nas redes pública e privada do Distrito de Pinheiros
do Município de São Paulo. Foram coletados dados de peso, altura, consumo
alimentar e atividade física. O excesso de peso foi classificado segundo valores
Índice de Massa Corporal (IMC) recomendados pela IOTF. A análise da
associação entre excesso de peso e características do consumo alimentar ou
da atividade física foi estratificada por sexo e rede escolar. Resultados – A
27
prevalência de excesso de peso foi de 25,2% (homens 27,3%; mulheres
23,8%). O excesso de peso se mostrou positivamente associado à prática de
dieta e inversamente associado ao consumo de alimentos não-saudáveis na
rede escolar e ao consumo de alimentos saudáveis em escolas privadas. Não
houve associação entre excesso de peso e omitir/substituir refeições ou praticar
atividade física dentro ou fora do colégio. Conclusões – Prevalências elevadas
de excesso de peso foram encontradas entre os adolescentes estudados. Há
necessidade de novos estudos para dimensionar o problema na rede escolar do
Município de São Paulo e de ações para promover comportamentos ativos e
saudáveis no grupo social analisado.
Descritores: Adolescência; Excesso de peso; Consumo Alimentar; Atividade
física
INTRODUÇÃO
A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal e
sua origem está ligada ao desequilíbrio no balanço energético
1
. O excesso de
gordura corporal está diretamente associado a problemas de saúde que influem
na qualidade de vida e no risco de morte dos indivíduos
2,3,4,5
.
O desequilíbrio no balanço energético está associado a fatores sociais,
econômicos ou ambientais. Os principais fatores diretamente associados ao
desequilíbrio no balanço energético são o padrão alimentar e o padrão de gasto
28
energético, expresso pela atividade física dos indivíduos
6,7
.
Alimentação baseada em dietas com alta densidade energética
representa um comportamento de risco para o excesso de peso em
adolescentes. Dentre os componentes da dieta cujo consumo freqüente está
mais diretamente associado ao excesso de peso em adolescentes destacam-
se: açúcar, batata-frita e refrigerante
8,9,10
. Associados negativamente e,
portanto, agindo como fatores de prevenção à obesidade em adolescentes,
estão o consumo freqüente de frutas, hortaliças e laticínios, principalmente na
população de baixa renda
7,11
.
No outro lado do balanço energético, e com efeitos complementares
sobre o risco de excesso de peso, está o gasto energético decorrente da prática
de atividade física. A prática regular da atividade física atua, diretamente ou
associada a outros fatores, no controle do peso total e da quantidade da
gordura corporal dos adolescentes
12
.
No Brasil, são escassos os dados populacionais sobre a prática da
atividade por adolescentes. Entre adolescentes residentes em zona urbana na
região Sul a freqüência do sedentarismo alcançou 39% do grupo estudado e foi
mais prevalente no sexo feminino
13
.
O presente estudo pretende estimar as prevalências de excesso de peso
e identificar os principais comportamentos associados ao excesso de peso
entre adolescentes matriculados em escolas públicas e privadas da zona oeste
do município de São Paulo.
29
MÉTODOS
Os dados utilizados por este estudo são originários do projeto “Análise
dos parâmetros da curva brasileira do IMC-para-idade segundo valores da
composição corporal”, realizado em amostra de adolescentes entre 10 e 19
anos matriculados em escolas públicas ou privadas da zona oeste do município
de São Paulo. Foram incluídas no processo de seleção todas as escolas com
mais de 200 alunos citadas na listagem de 2006 fornecida pela Secretaria
Estadual de Educação de São Paulo e localizadas no Distrito de Pinheiros do
município de São Paulo. Naquelas escolas em que houve assentimento da
Direção todos os alunos entre 8 e 19 anos foram considerados elegíveis. Para o
presente estudo foram selecionados os estudantes com idade entre 10 e 19
anos e com dados coletados entre junho e outubro de 2007. Foram excluídos
da amostra adolescentes portadores de deficiências físicas ou mentais e
gestantes.
Neste estudo foram utilizados os dados antropométricos do peso e da
altura e os dados referentes a alimentação e atividade física. Todas as
informações foram obtidas no próprio ambiente escolar. O peso foi medido em
balança portátil Tanita
®
e precisão de 0,2kg; os adolescentes portavam roupas
leves e estavam descalços. A mensuração da estatura foi realizada em
estadiômetro portátil Seca
®
e precisão de 0,1cm; durante a mensuração os
adolescentes estavam descalços, em posição ortostática e cabeça no plano de
Frankfurt. As medidas foram feitas por antropometristas treinados e
30
padronizados no Laboratório de Avaliação Nutricional de Populações (LANPOP-
HNT/USP).
O questionário para coleta dos dados foi previamente testado. O
consumo alimentar e a prática de atividade física foram registrados segundo a
freqüência diária na semana anterior à data da entrevista.
Os pontos de corte do Índice de Massa Corporal (IMC) propostos por
Cole (2000)
14
foram utilizados para a determinação do excesso de peso entre
os adolescentes. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado dividindo-se o
peso em quilogramas pela estatura em metros ao quadrado.
O consumo de refrigerante, frituras, lanches fora de casa, alimentos
instantâneos ou congelados, bolacha recheada, doces, salgadinho de pacote e
salgadinho frito, foram agrupados e avaliados através de escore negativo 0,5.
Os escores foram divididos em terços com valores crescentes, isto é, o primeiro
terço é aquele com pior escore de alimentação, equivalente ao consumo
excessivo de alimentos considerados não saudáveis. O consumo de frutas,
verduras e legumes, carnes e laticínios, foram reunidos e avaliados através de
escore positivo 1. Os escores foram divididos em terços com valores
crescentes, isto é, o primeiro terço é aquele com menor pontuação por
consumos de alimentos considerados saudáveis. As duas variáveis sobre
alimentação foram agrupadas e avaliadas através da soma dos escores
positivos e negativos. O consumo de alimentos considerados não-saudáveis foi
“igualado” (por ponderação) ao consumo de alimentos considerados saudáveis,
31
em menor número originalmente no questionário. Assim, o escore resultante dá
ao entrevistado a mesma chance de consumir alimentos saudáveis e não-
saudáveis. Os escores foram divididos em terços com valores crescentes, isto
é, o primeiro terço é aquele menor pontuação balanceada entre o consumo de
alimentos saudáveis e não saudáveis;
A freqüência da prática de atividade física fora do colégio foi multiplicada
por 1,5 para realçar essa prática que é voluntária e ativa em relação à atividade
física no colégio. A prática de atividade física no colégio foi avaliada com escore
positivo 1. As duas variáveis foram reunidas em única variável e avaliadas
através da soma dos escores. A variável resultante foi dividida em terços, sendo
o primeiro terço o pior escore de prática de atividade física, equivalente a menor
prática de atividade física.
Para comparar a prevalência de excesso de peso em escolas públicas e
privadas entre os sexos foi utilizado o teste do qui-quadrado, com nível de
significância de 5%.
Para avaliar a associação entre a prevalência de excesso de peso e as
variáveis do consumo alimentar e da atividade física, efeito dose-resposta, foi
utilizado o teste de tendência linear com nível de significância de 5%. Este teste
analisa a variação de escores entre categorias ordenadas e foi executado
usando o comando “nptrend” do programa STATA
®
.
Para análise da associação do uso de dieta e omissão/substituição de
refeições com o excesso de peso foi utilizado o teste do qui-quadrado, com
32
nível de significância de 5%.
Todas as análises estatísticas foram feitas no programa STATA
®
, versão
9.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde
Pública, Universidade de São Paulo. Os pais dos menores de 18 anos e todos
os indivíduos com 18 anos ou mais assinaram termo de
consentimento/assentimento no qual estavam explicitados os pormenores da
pesquisa, bem como os limites para utilização dos dados coletados e a garantia
de anonimato.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde
Pública, Universidade de São Paulo. Os pais dos menores de 18 anos e todos
os indivíduos com 18 anos ou mais assinaram termo de
consentimento/assentimento no qual estavam explicitados os pormenores da
pesquisa, bem como os limites para utilização dos dados coletados e a garantia
de anonimato.
RESULTADOS
Foram estudados 759 indivíduos, entre 10 e 19 anos de idade, dos quais
297 do sexo masculino e 462 do sexo feminino em 4 escolas públicas e 3
privadas. Do total de indivíduos, 586 estudavam em escolas públicas e 173 em
escolas privadas.
33
A prevalência do excesso de peso no total do grupo estudado foi 25,2%.
A prevalência do excesso de peso segundo sexo e escola está apresentada na
tabela 1. O excesso de peso é mais freqüente em meninos de escola privada e
em meninas de escola pública. A diferença entre a prevalência de excesso de
peso da escola pública e da escola privada foi estatisticamente significante em
indivíduos do sexo masculino.
Na tabela 2 são apresentadas as prevalências de excesso de peso
segundo sexo, escola e características da alimentação.
A prática de fazer dieta para perda de peso foi observada em 19,9% dos
meninos e 25,8% das meninas e em 21,7% dos adolescentes das escolas
públicas e 29,5% das escolas privadas. A associação entre excesso de peso e
uso de dieta para emagrecer foi estatisticamente significante (p<0,05) nos dois
sexos e nas duas redes escolares.
O hábito de omitir/substituir refeições foi observado em 57,6% dos
indivíduos do sexo masculino e 61,3% dos indivíduos do sexo feminino. Na
escola pública a freqüência dessa prática foi 61,4% e na escola privada, 54,9%.
Não foi encontrada associação entre o hábito de omitir/substituir refeições e o
excesso de peso em ambos os sexos ou redes escolares (p>0,05). Entre os
indivíduos com excesso de peso que relataram praticar dieta para perder peso,
68,0% omitem ou substituem refeições. Entre os indivíduos eutróficos que
praticam dieta para emagrecer, 71,8% omitem ou substituem refeições.
34
O consumo de alimentos considerados não saudáveis se mostrou
inversamente associado ao excesso de peso nas escolas públicas e privadas,
apresentando resultado estatisticamente significante (p<0,05). No sexo feminino
foi observado aumento das prevalências do excesso de peso com a diminuição
do consumo de alimentos não saudáveis, entretanto esse resultado não foi
estatisticamente significante.
O consumo de alimentos considerados saudáveis não se mostrou
associado ao excesso de peso em ambos os sexos e nas duas redes escolares.
Entretanto, se nas escolas públicas houve tendência de aumento das
prevalências de excesso de peso com o maior consumo de alimentos
saudáveis, nas escolas privadas ocorreu o inverso, isto é, as prevalências do
excesso de peso diminuíram com o maior consumo desses alimentos.
Os valores do escore que avalia o padrão geral da alimentação se
mostraram positivamente associados ao excesso de peso entre os alunos das
escolas públicas. Entre alunos das escolas privadas, não houve associação
com o excesso de peso e a menor prevalência foi encontrada no segundo terço
do escore da alimentação geral.
Na tabela 3 estão apresentadas as prevalências do excesso de peso de
acordo com características de atividade física dentro e fora do colégio e
atividade física total, segundo sexo e rede escolar.
Mais de 90% dos indivíduos relataram praticar atividade física no colégio.
Cerca de 70% dos adolescentes das escolas públicas e 80% das escolas
35
privadas relatou ser obrigatória a prática na sua instituição. Em relação à prática
de atividade física fora do colégio, 74,4% dos homens e 49,6% das mulheres
relataram realizá-la. Essa diferença se mantém entre os adolescentes da escola
pública (78,6% e 46,1%, respectivamente) e não é observada na escola
privada, na qual os dois sexos apresentaram freqüências semelhantes (62,3% e
62,5%, respectivamente). Entre aqueles que praticam atividade física regular
fora do colégio, 89,2% dos meninos, 93% das meninas, 90,7% dos alunos das
escolas públicas e 92,6% dos alunos de escolas privadas relataram realizá-la
há pelo menos 30 dias. Não foi encontrada diferença significante entre as
freqüências de excesso de peso e os valores dos escores das atividades dentro
e fora do colégio e da atividade física total, em ambos os sexos e escolas. As
menores prevalências de excesso de peso da atividade física fora do colégio e
da atividade física total foram observadas no segundo terço dos escores.
DISCUSSÃO
Os principais achados deste trabalho devem ser observados levando-se
em conta as seguintes características: 1) trata-se de amostra não probabilística;
2) trata-se de estudo transversal o qual, por captar exposição e desfecho ao
mesmo tempo, está sujeito a associações causais inversas e 3) foi realizado em
área afluente (Zona Oeste) da maior área metropolitana do país.
36
Admitindo-se que as redes de escolas públicas e privadas espelhem -
nas condições do grupo estudado - estratos socioeconômicos distintos, a maior
prevalência de excesso de peso observada entre meninos das escolas privadas
e meninas das escolas públicas corrobora os achados da Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF, 2002-03)
15
na população adolescente brasileira, os
quais indicam que meninos de alta renda apresentam mais excesso de peso
relativamente àqueles de baixa renda e que meninas de baixa renda
apresentam aumento da prevalência de excesso de peso relativamente àquelas
de alta renda.
A associação positiva entre o hábito de fazer dieta e o excesso de peso
observada no presente estudo também foi observada entre adolescentes do Rio
de Janeiro
16
. A alta freqüência de meninas praticando dieta entre as
adolescentes eutróficas provavelmente reflete a preocupação com a boa forma
física, muito comum nos últimos anos. Em estudo que avaliou o consumo
alimentar, prática de atividade física e percepção da aparência corporal em
adolescentes, mais de 30% referiram já ter praticado dieta alguma vez,
independente de apresentar excesso de peso
17
. Estudo com adolescentes e
mulheres de Porto Alegre (RS), apontou risco quatro vezes maior de apresentar
comportamentos alimentares considerados inadequados entre aquelas que se
denominavam gordas
18
.
Juntamente com o hábito de fazer dieta, a omissão ou substituição de
refeições é uma prática comum entre adolescentes que buscam perder peso
16
.
37
No presente estudo não foi encontrado associação significante entre estas duas
variáveis e foram observadas prevalências de excesso de peso mais elevadas
entre os adolescentes que omitem ou substituem refeições. Entretanto, mais de
50% dos meninos e mais de 60% das meninas relataram essa prática,
independente do excesso de peso.
A associação significante entre o excesso de peso e a diminuição do
consumo de alimentos não saudáveis em alunos das escolas públicas e
privadas é um resultado contra-intuitivo, cuja interpretação requer atenção às
nuances da análise. Um primeira hipótese é a omissão da ingestão desses
alimentos por parte dos adolescentes com excesso de peso, ou ainda, que
estes indivíduos estejam aderindo a comportamentos associados à diminuição
do peso corpóreo. Em estudo realizado com adolescentes do município de
Niterói (RJ) foi encontrado maior consumo energético entre adolescentes que
não apresentavam excesso de peso do que aqueles com excesso de peso
16
.
A redução da prevalência do excesso de peso entre adolescentes que
consomem mais alimentos saudáveis, nas escolas privadas, evidencia
tendência conhecida entre grupos mais bem posicionados
socioeconomicamente, mesmo nos países em desenvolvimento, de apresentar
maior freqüência de comportamentos saudáveis e menor freqüência de excesso
de peso
19
. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2003), uma
alimentação baseada no consumo regular de frutas, verduras e legumes ajuda
na prevenção e diminuição do risco de excesso de peso
20
. A condição
38
socioeconômica determina diretamente a disponibilidade de alimentos e
concomitantemente a isso, o maior acesso à informação. Assim, o aumento
crescente da prevalência do excesso de peso com o aumento do escore da
alimentação total e as diferenças da tendência entre as redes pública e
particular, sugerem outra hipótese: a da causalidade reversa. Este fenômeno é
possível em pesquisas de natureza transversal, especialmente naquelas que,
como o presente estudo, apresentam alta freqüência do excesso de peso. Isso
porque parte da população afetada pelo problema passa a praticar atividades
que estão negativamente associadas ao desfecho.
A prática de atividade física no colégio se mostrou freqüente em ambos
os sexos e escolas, uma vez que a maioria dos adolescentes referiu
obrigatoriedade da prática nas instituições. Nos dois sexos e nas duas redes
escolares, o excesso de peso não se mostrou associado positiva ou
negativamente à prática mais freqüente da atividade física, resultado
semelhante ao encontrado em adolescentes de Pelotas (RS)
21
.
A prática regular de atividade física fora do colégio expressa que os
indivíduos aderiram a um comportamento fisicamente ativo. No presente
estudo, os meninos se mostraram mais ativos do que as meninas, porém essa
diferença desaparece na escola privada. Este resultado está alinhado à
pesquisa realizada com adolescentes de Pelotas (RS) a qual apontou
associação positiva entre nível socioeconômico e prática de atividade física
22
.
39
Não foi encontrada nenhuma diferença significante entre as freqüências
de excesso de peso e a maior prática de atividade física fora do colégio e
atividade física total. Resultado semelhante foi observado em adolescentes de
Pelotas (RS), em estudo de base populacional, o qual não encontrou
associação entre o risco de obesidade e a prática regular de atividade física
23
.
Entretanto, menor prevalência de excesso de peso foi encontrada em indivíduos
posicionados no segundo terço de atividade física para ambos os sexos e
escolas. Este resultado sugere que a prática moderada e freqüente de atividade
física pode ser grande aliada na prevenção e manutenção do peso corpóreo.
Em estudo realizado em adolescentes em Tonga, no Pacífico oeste, a prática
de atividade física estava associada ao menor risco de excesso de peso nos
indivíduos estudados
24
. A explicação para tal fato pode ser a superestimação
da prática de atividade física pelos adolescentes com excesso de peso ou
ainda, semelhante ao resultado da alimentação, que estes indivíduos estão
aderindo a comportamentos que promovem a redução do peso corporal. Estes
resultados apontam para a necessidade de estudos que possam determinar
causa e efeito, pois em estudos transversais somente é possível analisar
associação entre variáveis dependentes e independentes.
Em suma, os achados mais relevantes do presente estudo são: 1) maior
prevalência de excesso do peso em meninos de escola privada e meninas de
escola pública; 2) alta freqüência de uso de dieta e omissão/substituição de
refeições no grupo estudado; 3) aumento da prevalência do excesso de peso
40
com o menor consumo de alimentos não saudáveis nas escolas públicas e
privadas; 4) diminuição da prevalência do excesso de peso em alunos das
escolas privadas que consumem mais alimentos saudáveis; 5) menor
prevalência do excesso de peso em adolescentes com padrão intermediário de
atividade física em ambos os sexos e escolas.
Outros estudos com maior base territorial ou, ainda, de natureza
longitudinal, que permitam o monitoramento do comportamento alimentar e da
prática da atividade física, se mostram necessários para maior elucidação de
alguns resultados e hipóteses aqui apresentados.
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45
TABELAS
Tabela 1 – Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes escolares
segundo rede escolar e sexo. Escolas do distrito de Pinheiros, São Paulo (SP),
2007.
Masculino
1
(n=297)
Feminino
2
(n=462)
Total
(n=759)
Rede escolar
% (e.p.) % (e.p.) % (e.p.)
Pública 23,2 (2,8) 24,3 (2,2) 23,9 (1,8)
Privada 39,0 (5,6) 21,9 (4,2) 29,5 (3,5)
Total
27,3 (2,6) 23,8 (2,0) 25,2 (1,6)
(e.p.) erro-padrão
1
chi
2
=7,1 e p= 0,007
2
chi
2
=0,2 e p=0,61.
46
Tabela 2 – Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes escolares
segundo sexo ou rede escolar e características da alimentação. Escolas do
distrito de Pinheiros, São Paulo (SP), 2007.
Sexo Rede escolar
Alimentação
Masculino Feminino Pública Particular
% (e.p.) % (e.p.) % (e.p.) % (e.p.)
Uso de dieta para
emagrecer
66,1
1
(6,2) 51,3
1
(4,6) 55,9
1
(4,4) 56,9
1
(7,0)
Omissão/substituição
refeições
30,4 (3,5) 25,1 (2,5) 25,4 (2,2) 33,7 (4,8)
Escore alimentação não
saudável
1
o
terço 26,9 (4,6) 15,6 (2,7) 19,9
2
(2,7) 17,5
2
(5,1)
2
o
terço 22,9 (4,0) 26,9 (3,8) 22,7 (3,1) 32,8 (6,2)
3
o
terço 32,6 (4,8) 31,1 (3,8) 29,6 (3,3) 38,6 (6,5)
Escore alimentação
saudável
1
o
terço 24,8 (4,3) 26,3 (3,5) 22,5 (2,9) 39,6 (7,1)
2
o
terço 30,0 (4,6) 21,5 (3,2) 23,7 (3,0) 28,3 (5,9)
3
o
terço 26,8 (4,5) 23,6 (3,5) 25,6 (3,3) 23,1 (5,3)
Escore alimentação total
1
o
terço 22,1 (4,3) 19,3 (3,1) 18,1
2
(2,7) 29,4 (6,4)
2
o
terço 26,9 (4,4) 26,0 (3,5) 25,9 (3,1) 28,1 (6,0)
3
o
terço 32,7 (4,8) 26,8 (3,8) 28,5 (3,5) 31,3 (5,8)
(ep) erro-padrão
1
qui-quadrado p<0,05
2
teste tendência linear p<0,05
47
Tabela 3 – Prevalência (%) de excesso de peso em adolescentes escolares
segundo sexo ou rede escolar e características da atividade física. Escolas do
distrito de Pinheiros, São Paulo (SP), 2007.
Sexo Rede escolar
Atividade física
Masculino Feminino Pública Particular
% (e.p.) % (e.p.) % (e.p.) % (e.p.)
No colégio
1
o
terço 28,3 (5,0) 24,5 (2,9) 23,9 (2,8) 35,2 (5,8)
2
o
terço 21,8 (3,2) 27,4 (2,9) 24,9 (2,4) 25,3 (4,7)
3
o
terço 37,1 (8,3) 26,0 (6,2) 29,2 (5,7) 35,0 (10,9)
Fora do colégio
1
o
terço 24,2 (4,1) 26,3 (2,6) 24,1 (2,4) 32,4 (5,3)
2
o
terço 22,2 (5,2) 12,0 (4,0) 11,3 (3,8) 25,0 (6,0)
3
o
terço 29,8 (4,3) 29,0 (4,6) 29,1 (3,5) 30,6 (7,5)
Atividade física total
1
o
terço 25,2 (4,2) 26,0 (2,7) 24,3 (2,5) 32,8 (5,4)
2
o
terço 22,6 (5,4) 22,5 (3,9) 20,8 (3,7) 28,4 (6,0)
3
o
terço 29,3 (4,1) 29,7 (4,5) 28,9 (3,4) 31,5 (7,0)
(ep) erro-padrão
1
teste tendência linear p<0,05
48
5 CONCLUSÃO
Dentre os principais achados do presente estudo pode-se destacar: 1) a
maior prevalência de excesso do peso em meninos de escola privada e
meninas de escola pública; 2) a alta freqüência de uso de dieta e
omissão/substituição de refeições no grupo estudado; 3) o aumento da
prevalência do excesso de peso com o menor consumo de alimentos não
saudáveis nas escolas públicas e privadas; 4) a diminuição da prevalência do
excesso de peso em alunos das escolas privadas que consumem mais
alimentos saudáveis e 5) a menor prevalência do excesso de peso em
adolescentes com padrão intermediário de atividade física em ambos os sexos
e escolas.
Tal quadro indica, por um lado, a necessidade estudos adicionais com
maior abrangência geográfica e novos delineamentos, e por outro lado, mais
uma constatação de prevalências elevadas do excesso de peso entre
adolescentes vivendo em grandes cidades ou áreas metropolitanas.
É recomendável que se iniciem programas de monitoramento do estado
nutricional nas escolas bem como iniciar ou intensificar ações para promoção
da prática da atividade física fora das escolas e de hábitos alimentares
saudáveis entre os adolescentes das redes escolares pública e privada.
49
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54
ANEXOS
55
Anexo 1 - Questionário
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58
Anexo 2 – Carta de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
59
Anexo 3 – Termo de consentimento livre esclarecido
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