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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
DESENVOLVIMENTO E DANOS DE Lasioderma serricorne
(FABRICIUS, 1792) (COLEOPTERA: ANOBIIDAE)
LINEUZA LEITE MOREIRA
C U I A B Á - MT
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
DESENVOLVIMENTO E DANOS DE Lasioderma serricorne
(FABRICIUS, 1792) (COLEOPTERA: ANOBIIDAE)
LINEUZA LEITE MOREIRA
Bióloga
Orientadora: Profª. Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE
Dissertação apresentada à Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Mato Grosso,
para obtenção do título de Mestre em
Agricultura Tropical.
C U I A B Á – MT
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título: DESENVOLVIMENTO E DANOS DE Lasioderma serricorne
(FABRICIUS, 1792) (COLEOPTERA: ANOBIIDAE)
Autora: LINEUZA LEITE MOREIRA
Orientadora: Profª. Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE
Aprovada em 03 de junho de 2008.
Comissão Examinadora:
____________________________
Prof
a
. Dra. Maria Aparecida Braga
Caneppele
(FAMEV/UFMT) (Orientadora)
___________________________
Prof. Dr. Alberto Dorval
(FENF/UFMT)
___________________________
Prof. Dr. Carlos Caneppele
(ICEN/UFMT)
___________________________
Profª. Dra. Sonia Maria Noemberg
Lazzari
(Depto. Zoologia/UFPR)
___________________________
Profª. Dra. Rosina Djunko Miyazaki
(IB/UFMT)
Aos meus pais Nelsinei Moreira e Izabel
Fernandes Leite, ao meu irmão Lenilson Leite
Moreira e a minha orientadora Maria
Aparecida Braga Caneppele pela confiança,
apoio e incentivo.
Dedico
AGRADECIMENTOS
A Deus que é tão grande e maravilhoso, pois sem ele nada teria
acontecido;
À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ao Programa de
Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT) sua coordenadora e seus
docentes, pela acolhida e oportunidade da realização do curso e a Capes
pela concessão da bolsa;
À professora Maria Aparecida Braga Caneppele pela acolhida
acreditando no meu trabalho, por compartilhar seus conhecimentos, pelo
apoio, respeito, paciência e ainda por sua sincera amizade;
Aos professores Alberto Dorval e Rosina Djunko Miyazaki pelo
incentivo e indispensável auxílio na condução de meus estudos;
Às secretarias do PPGAT Denise Aparecida de Arruda Alves e Maria
Minervina de Souza pela paciência, compreensão, apoio e simpatia.
À Patrícia de Jesus Andrade e Fabiano de Oliveira Souza pela
amizade, incentivo e apoio nos momentos difíceis, necessário para
concretização de mais esta etapa;
A todos os colegas da FAMEV, do curso e em especial do NTA que
me estenderam a mão.
Meu imenso agradecimento a todos por, direta ou indiretamente,
caminharem ao meu lado.
DESENVOLVIMENTO E DANOS DE Lasioderma serricorne (FABRICIUS,
1792) (COLEOPTERA: ANOBIIDAE)
RESUMO - Devido à exigência do mercado internacional quanto ao produto
isento de insetos-praga, torna-se necessário manter sua qualidade,
reduzindo perdas e prejuízos financeiros. O presente estudo contemplou
dois experimentos: no primeiro avaliou-se o efeito de diferentes dietas e
temperaturas no desenvolvimento de Lasioderma serricorne; no segundo
avaliou-se o dano de diversos níveis de infestação de L. serricorne em soja
armazenada. No primeiro, foram colocados 10 casais do inseto em 30 g de
dietas de sorgo, milheto e camomila desidratada, por um período de seis
meses, em condições de temperatura ambiente de 25±C e UR de 70±5%
e sob condições de temperatura controlada de 2C e 30°C, em estufa tipo
B.O.D., com UR de 50±5 % e 60±5 %, respectivamente, e com fotofase de
12 horas. Avaliou-se, diariamente, nas gerações subseqüentes, o período de
desenvolvimento (dias); viabilidade larval (%); número de ínstares larvais e
duração em dias de cada instar e do período pupal e longevidade dos
adultos. A dieta de milheto foi a mais favorável ao desenvolvimento de L.
serricorne independente da temperatura, sendo que a velocidade de
crescimento nas dietas variou de acordo com a temperatura, sendo a
duração das fases inversamente proporcional às temperaturas testadas.
Para a avaliação do dano em soja, 300 g de soja foram armazenadas
durante 150 dias, em três repetições e infestadas com 0, 5, 15 e 50
indivíduos o sexados de L. serricorne. Avaliou-se mensalmente o teor de
água, germinação, condutividade elétrica, infestação interna e externa, perda
de peso, teste de sanidade e classificação comercial. A ocorrência de danos
foi proporcional ao nível de infestação. Ao final dos 150 dias de
armazenamento, a soja infestada com 50 indivíduos de L. serricorne
apresentou 69% de germinação, condutividade elétrica de 128 µmol/g/cm,
aumento da infestação em 2,6 vezes, enquadramento como Fora do Tipo
com 11% de grãos avariados e perda de peso de 0,65%. O teor de água das
sementes foi influenciado pela temperatura e umidade relativa, contribuindo
para redução da qualidade dos grãos. Portanto, L. serricorne, pode causar
danos qualitativos e quantitativos significativos à soja armazenada.
Palavras-chave: Besourinho-do-fumo, biologia de insetos, qualidade de
grãos, produtos armazenados.
DEVELOPMENT AND DAMAGE OF Lasiodema serricorne (FABRICIUS,
1792) (COLEOPTERA: ANOBIIDAE)
ABSTRACT - In order to maintain the quality of stored products for the
international market and to avoid financial losses, it is necessary to keep the
products free of insect infestation. This study included two experiments: the
first was to evaluate the effect of different diets and temperatures on the
development of Lasioderma serricorne; the second was to evaluate the
damage caused by different infestation levels of L. serricorne in stored
soybeans. For the first, 10 couples of the insect were placed on 30 g of diet,
including sorghum, millet and dried chamomile, kept for six months under
different conditions: room temperature at 25±C and 70±5% r.h.; in
environmental chambers at two constant temperatures, 20°C and 30°C, r.h.,
50±5% and 60±% r.h., respectively, and 12 hours of photophase. Several
parameters were evaluated in the subsequent generations: development
period (days); number of larval instars; larva viability (%); duration of each
instar and of the pupa stage; and adult longevity. The millet, independent of
the temperature, was the most adequate diet for the development of L.
serricorne. The development in all diets was influenced by the temperature,
with the duration of the stages being inversely proportional to the tested
temperatures. For the second experiment, samples of 300 g of soybean, in
three replicates, were infested with 0, 5, 15 and 50 adult L. serricorne, not
sexed, and stored at room temperature for 150 days. Monthly evaluations
were done to determine: water content, germination, electric conductivity,
internal and external infestation, weight loss, quality test, and commercial
grain grading. Damaged kernel was directly proportional to the infestation
level. After 150 days of infestation with 50 individuals, the population
increased 2.6 times; the germination presented 69% of electric conductivity
at 128 µmol/g/cm; the grain in this treatment was classified as nongrade
because the damaged kernels counted 11% and the weight loss was 0.65%.
The water content was affected by temperature and relative humidity, what
contributed for the low-grade grain. Therefore, L. serricorne causes
significant qualitative and quantitative damage on stored soybeans.
Keywords: Cigarette beetle, insect biology, stored products, grain quality.
LISTA DE FIGURAS
Página
1 Dimorfismo sexual das pupas de Lasioderma serricorne: a) macho e
b) fêmea................................................................................................
24
2 Casal de Lasioderma serricorne em cópula. Cuiabá - MT,
2007......................................................................................................
25
3 Disposição do experimento para avaliar a biologia de Lasioderma
serricorne, em diferentes dietas, em câmara climatizada de
germinação. Cuiabá - MT, 2007...........................................................
25
4 Medição de larvas de Lasioderma serricorne em papel milimetrado
a) larva de 1° instar, b) larva de 4° instar............................................
26
5 Armazenamento das sementes de soja infestadas com Lasioderma
serricorne, para avaliação da qualidade física, fisiológica e sanitária
das sementes. Cuiabá - MT, 2007........................................................
46
6 Termohigrógrafo e psicrômetro, para registro da temperatura e
umidade relativa no laboratório. Cuiabá – MT, 2007...........................
46
7 a) Montagem e b) leitura da germinação, de sementes de soja
armazenada, para avaliação dos danos de L. serricorne. Cuiabá
MT, 2007.............................................................................................
47
8 Dano no interior de semente de soja causado por L. serricorne.
Cuiabá – MT, 2007..............................................................................
48
9 Sementes de soja incubadas em papel filtro (Blotter test), para teste
de sanidade. Cuiabá – MT, 2007........................................................
49
10 Sementes de soja observadas na avaliação da perda de peso: a)
danificadas, b) não danificada. Cuiabá – MT, 2007............................
50
11 Temperatura e umidade relativa mensal durante o período de
armazenamento. Cuiabá – MT, junho a novembro de 2007...............
53
12 Efeito dos diferentes níveis de infestação de Lasioderma serricorne
sobre a germinação de soja armazenada durante 150 dias de
armazenamento. Cuiabá – MT, 2007.......................................................
57
13 Efeito dos diferentes níveis de infestação de Lasioderma serricorne
sobre a condutividade elétrica de soja armazenada durante 150 dias
de armazenamento. Cuiabá – MT, 2007..............................................
59
14 Danos causados por Lasioderma serricorne em grãos de soja com
a) 30, b) 60, c) 90, c) 120 e e) 150 dias de armazenagem. Cuiabá
MT, 2007...............................................................................................
60
15 Diferentes estágios de Lasioderma serricorne observados no
processo de avaliação da infestação externa ao longo do período de
armazenamento: a) larva, b) pupa, c) adulto. Cuiabá – MT, 2007.......
61
16 Número médio de indivíduos Lasioderma serricorne em amostras de
300 g de soja armazenada com diferentes níveis de infestação, ao
longo de 150 dias de armazenamento: a) número de larvas, b)
número de pupas, c)número de adultos e d) número total de todos
os estágios encontrados na avaliação da infestação externa. Cuiabá
– MT, 2007............................................................................................
62
17 Números médios de indivíduos no estágio larval de Lasioderma
serricorne observados no processo de avaliação da infestação
interna em grãos de soja armazenada durante 150 dias, em
diferentes níveis de infestação. Cuiabá – MT, 2007...........................
63
18 Percentagem de ocorrência de fungos em grãos de soja sem
infestação e com cinco indivíduos de Lasioderma serricorne durante
o período de 150 dias de armazenamento. Cuiabá – MT, 2007..........
65
19 Percentagem de ocorrência de fungos em grãos de soja com 15 e
50 indivíduos de Lasioderma serricorne durante o período de 150
dias de armazenamento. Cuiabá – MT, 2007.......................................
66
20 Efeito do nível de infestação de 50 indivíduos de Lasioderma
serricorne sobre avaliação de grãos danificados de soja armazenada
durante 150 dias de armazenamento. Cuiabá – MT, 2007..................
70
LISTA DE TABELAS
Página
1 Duração média dos instares de Lasioderma serricorne, nas dietas de
sorgo, milheto e camomila, a 20°C e fotofase de 12 horas, Cuiabá -
MT, 2008...............................................................................................
29
2 Duração média dos instares de Lasioderma serricorne, nas dietas de
sorgo, milheto e camomila, em temperatura de 30°C e fotofase de
12 horas, Cuiabá - MT, 2007................................................................
31
3 Duração média dos instares de Lasioderma serricorne nas dietas de
sorgo, milheto e camomila, sob condições ambiente com temperatura
de 25±C. Cuiabá - MT, 2007..............................................................
33
4 Médias de teor de água, germinação e condutividade elétrica de
sementes de soja armazenadas durante 150 dias em diferentes
níveis de infestação de Lasioderma serricorne, Cuiabá – MT, 2007....
55
5 Médias da classificação de sementes de soja armazenadas durante
150 dias em diferentes níveis de infestação de Lasioderma
serricorne, Cuiabá – MT, 2007..............................................................
69
SUMÁRIO
Página
Resumo Geral...................................................................................................
05
Abstract Geral...................................................................................................
07
1 Introdução....................................................................................................
13
1.1 Referências Bibliográficas..........................................................................
16
2
DESENVOLVIMENTO DE
Lasioderma serricorne
(FABRICIUS, 1792)
(COLEOPTERA: ANOBIIDAE) EM DIFERENTES ALIMENTOS SOB
DIFERENTES TEMPERATURAS...............
18
Resumo.............................................................................................................
18
Abstract.............................................................................................................
19
2.1 Introdução...................................................................................................
20
2.2 Material e Métodos.....................................................................................
23
2.3 Resultados e Discussão.............................................................................
28
2.4 Conclusões.................................................................................................
35
2.5 Referências Bibliográficas..........................................................................
36
3
DANOS
DE
Lasioderma serricorne
(FABRICIUS, 1792) (COLEOPTERA:
ANOBIIDAE) EM SOJA ARMAZENADA......................................................
39
Resumo.............................................................................................................
39
Abstract.............................................................................................................
40
3.1 Introdução...................................................................................................
41
3.2 Material e Métodos.....................................................................................
45
3.3 Resultados e Discussão.............................................................................
53
3.4 Conclusões.................................................................................................
72
3.5 Referências Bibliográficas..........................................................................
73
4 APÊNDICE....................................................................................................
77
5 ANEXO..........................................................................................................
84
1. INTRODUÇÃO
O Brasil tem aumentado sua produção de grãos, principalmente, de
soja, Glycine max (L.) (Fabaceae) que é o principal grão produzido, com
produção nacional de 59,50 milhões de toneladas e para o Estado de Mato
Grosso de 17,74 milhões de toneladas (Conab, 2008), no entanto, é
necessário que os grãos estejam isentos de pragas, conforme exige o
mercado.
As perdas de grãos na pós-colheita, em regiões tropicais, podem
variar grandemente, de 0 a 100% (Haines, 1995). Pelo menos 10% das
perdas ocorrem durante o armazenamento e são causadas, principalmente,
por insetos broqueadores de sementes (Sinha, 1995). Esses insetos não
apenas consomem grande quantidade de grãos como, também, reduzem
sua qualidade, porque alteram o ambiente da massa, favorecendo outros
fatores de deterioração, como os fungos. Também contaminam os grãos
com suas exúvias e excrementos, causam odores, reduzem o rendimento e
a qualidade dos grãos (Brooker et al., 1992; Pedersen, 1992; Faroni, 1995;
White, 1995).
A espécie Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792) (Coleoptera:
Anobiidae), considerada cosmopolita, causa considerável dano a uma
grande variedade de produtos armazenados (Powell, 1931; Stamatinis,
1935; USDA, 1972; Ryan, 1995). Essa espécie é considerada uma praga
primária em fumo, Nicotiana tabacum (Solanaceae), mas, com freqüência
ataca grãos de soja, provocando prejuízos aos armazenadores e
ameaçando a qualidade do produto oferecido nos mercados interno e
externo.
A temperatura é um dos principais fatores ecológicos regulador das
atividades dos insetos, podendo afetar a velocidade de desenvolvimento dos
mesmos (Silveira Neto et al., 1976), sendo que cada espécie de inseto tem
uma faixa de temperatura ideal, na qual os indivíduos atingem sua
capacidade reprodutiva. O ciclo de vida de L. serricorne também é
influenciado pela temperatura, umidade relativa e pela qualidade do alimento
disponível (Powell, 1931; Ali et al., 1972).
A exigência do mercado internacional para que produtos exportados
estejam isentos de vestígios da presença de praga, forçou os países e os
armazenadores a implementar medidas com o objetivo de manter a
qualidade do seu produto, a fim de evitar perdas de mercados consumidores
e evitar prejuízos financeiros. Torna-se, assim, necessário adotar medidas
de monitoramentos dos estoques de grãos armazenados com o objetivo de
se obter informações que possibilitem avaliações dos danos causados por
insetos durante o período de armazenamento.
A produção de grãos, principalmente de soja, no estado de Mato
Grosso, é de extrema importância para a exportação brasileira, e isto torna
imprescindível a realização de trabalhos abordando o desenvolvimento de L.
serricorne, que é uma espécie que ataca grande variedade de produtos
armazenados e grãos. Além da soja, outros grãos de importância
econômica, como o sorgo, Sorghum spp, e o milheto Pennisetum spp
(Poaceae) podem ser atacados exigindo a necessidade de monitoramentos
com a finalidade de estimar os danos causados e obter informações
biológicas dessa espécie de inseto nesses hospedeiros.
Devido à importância econômica da camomila na indústria de chás e
cosmética Chamomilla recutita (L.) Rauschert (Asteraceae) e observação em
laboratório da boa aceitação alimentar pela L. serricorne, verifica-se também
a necessidade do monitoramento de seu desenvolvimento nesse tipo de
dieta.
Esta pesquisa contemplou dois capítulos, no primeiro, foi analisado o
desenvolvimento de L. serricorne em sorgo, milheto e camomila sob
diferentes temperaturas. No segundo foram avaliados os danos de L.
serricorne em soja armazenada.
1.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALI A. D., DONIA A. R. AND EL-SAWAF S. K. The influence of natural food
on the development and reproductive rate of Lasioderma serricorne Fab.
(Coleoptera., Anobiidae). Anzeiger fur Schädlingskunde. 1972. p. 212-220.
BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.W. Drying and
storage of grain and oilseeds. Westport: AVI; New York: van Nostrand
Reinhold, 1992. 450p.
CONAB Acompanhamento da safra brasileira – abril de 2008. Disponível em:
http://www.conab.gov.br/conabweb/safra/estudosafra/pdf. Acesso em: 20
abril 2008.
FARONI, L.R.A. Pragas e métodos de controle. In: SILVA, DE J. E S. Pré-
Processamento de Produtos Agrícolas. Juiz de Fora, MG: Instituto Maria,
1995. 350p.
HAINES, C.P. Grain storage in the tropics. In: JAYAS, D.; WHITE, N.D.G.;
MUIR, W.E. (eds.). Stored-grain ecosystems. New York: M. Dekker, 1995.
p.169-197.
PEDERSEN, J.R. Insects: identification, damage and detection. In: SAUER,
D.B. (ed.). Storage of cereal grains and their products. 4.ed. St. Paul:
American Association of Cereal Chemists, 1992. p. 435-489.
POWELL T. E. An ecological study of the tobacco beetle, Lasioderma
serricorne Fabr., with special references to its life history and control.
1931. v.1, p. 333-393.
RYAN, L. Post-harvest Tobacco Infestation Control. Chapman & Hall,
London, 1995. 155 p
SILVEIRA NETO, S; NAKANO, O.; BARBIN, D; VILLA-NOVA, N. A. Manual
de Ecologia dos Insetos. Ceres, São Paulo, SP, 1976. 419p.
SINHA, R.N. The stored-grain ecosystem. In: JAYAS, D.S.; WHITE, N.D.G.;
MUIR, W.E. (eds.). Stored-grain ecosystems. New York: M. Dekker, 1995,
p.1-33.
STAMATINIS N. C. The enemies of tobacco in warehouses, Ephestia elutella
Hb. and Lasioderma serricorne Fab. The biology and measures for their
control. Communications of the Tobacco Institute of Greece. N. 4, 1935.
65 p. (In Greek with English summary.)
USDA, Stored Tobacco Insects-Biology and Control. U.S. Department of
Agriculture, Handbook 1972. n. 233.
WHITE, N.D.G. Insects, mites and insecticides in stored-grain ecosystems.
In: JAYAS, D.; WHITE, N.D.G.; MUIR, W.E. (eds.). Stored-grain
ecosystems. New York: M. Dekker, 1995. p. 256-288
2. DESENVOLVIMENTO DE Lasioderma serricorne (FABRICIUS, 1792)
(COLEOPTERA: ANOBIIDAE) EM DIFERENTES DIETAS SOB
DIFERENTES TEMPERATURAS
RESUMO - O desenvolvimento da maioria dos insetos é influenciado, por
uma série de fatores, como as condições ambientais, e em particular, pela
temperatura. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de
L. serricorne em diferentes temperaturas e dietas. As condições foram: em
ambiente com temperatura de 25±C e UR de 70±5% e sob condições de
temperatura controlada de 20
o
C e 30°C, em estufa tipo B.O.D., UR de
50±5% e 60±5%, respectivamente, com fotofase de 12 horas. Foram
dispostos 10 casais de L. serricorne em 30 g das dietas sorgo, milheto e
camomila durante um período de seis meses, para avaliar, diariamente, nas
gerações subseqüentes, o período de desenvolvimento (dias); viabilidade
larval (%); número de instar larval e duração em dias de cada instar e do
período pupal e longevidade dos adultos. Na temperatura de 20°C, as dietas
de milheto e sorgo não apresentaram diferença significativa,com duração
média de 64,1 e 63,5 dias, respectivamente, para o estágio larval e de 24,1 e
24,5 dias para o estágio de pupa; mas, a 30°C, a dieta de milheto mostrou-
se mais favorável para o desenvolvimento de L. serricorne com duração
média do ciclo biológico de 22,8 dias, enquanto que, a 25±C, milheto e
camomila foram as dietas mais favoráveis, com duração média do ciclo
biológico de 26,2 e 31,1 dias, respectivamente. A temperatura de 30°C e a
dieta de milheto foram as mais favoráveis ao desenvolvimento de L.
serricorne.
Palavras chave: Besourinho-do-fumo, Sorghum sp., Pennisetum sp., biologia
de insetos.
2. DEVELOPMENT OF Lasioderma serricorne (FABRICIUS, 1792)
(COLEOPTERA: ANOBIIDAE) IN DIFFERENT DIETS AT DIFFERENT
TEMPERATURES
ABSTRACT - The environmental conditions, especially food and
temperature, are the main factors that affect the insect development. This
study investigated the development of Lasioderma serricorne on different
diets, under different temperatures. The conditions were: room temperature
at 25±C and 70±5% r.h.; in environmental chambers at two constant
temperatures, 20°C and 30°C, r.h., 50±5% and 60±% r.h., respectively, and
12 hours of photophase. Ten couples of L. serricorne were placed on 30 g of
diet, including sorghum and millet kernels and dried chamomile, kept for six
months under different conditions. Several parameters were evaluated in the
subsequent generations: development period (days); number of larval
instars; larva viability (%); duration of each instar and of the complete larval
stage; and adult longevity. At 20ºC, the diets millet and sorghum did not
show significant differences, with mean duration for the larval stage of 64.1
and 63.5 days and for the pupa between 24.1 and 24.5 days. However, at
30ºC, the millet was more favorable for the development of L. serricorne than
the other diets, with a biological cycle of 22.8 days. At room temperature
(25±2ºC), millet and chamomile were more adequate for L. serricorne
development, with biological cycle duration between 26.2 and 31.1 days. In
summary, the diet of millet at 30ºC presented the best conditions for the
development of L. serricorne.
Keywords: Cigarette beetle, Sorghum sp., Pennisetum sp., insect biology.
2.1 INTRODUÇÃO
Aproximadamente 80% de todo o alimento para consumo humano é
representado pelos grãos, destacando-se Oryza sativa (L.) (arroz), Triticum
aestivum (L.) (trigo), Sorghum spp. (sorgo), Secale cereale (L.) (centeio) e
Hordeum spp. (cevada), da família Poaceae e Glycine max (soja)
(Fabaceae). A produção mundial anual de grãos é em torno de dois bilhões
de toneladas, que necessitam ser adequadamente armazenados a o
momento do consumo ou para regular os estoques (Nawrot et al., 1998).
Diversas espécies de insetos ocorrem no ambiente de
armazenamento, causando danos quantitativos e qualitativos aos grãos
armazenados.
Lasioderma serricorne é considerada uma praga cosmopolita, e suas
larvas abrem galerias em fardos de fumo, alimentando-se e danificando as
lâminas pela abertura de galerias (Campos e Zorzenon, 2006).
Segundo Mason (2003), L. serricorne pode infestar muitos produtos
incluindo Pimpinella anisum L. (erva-doce), Capsicum sp. (pimenta
vermelha), Zingiber officinale (gengibre), colorau, páprica entre outras
espécies de alimentos desidratados. Pode também ser encontrada
infestando feijão, farinha de trigo, frutas e frutos secos, Cicer arietinum
(
grão
de bico), Arachis hypogeae
(
amendoim), cereais, peixes, rações de animais,
papéis e tapetes.
Grãos como a soja, o sorgo e o milheto podem ser atacados exigindo
a necessidade de monitoramentos com a finalidade de estimar os danos
causados e obter informações biológicas dessa espécie de inseto nesses
hospedeiros.
Trabalhos realizados por Fraenkel e Blewitt (1943), demonstram que
L. serricorne não necessita de grande concentração de carboidratos em sua
dieta e tem baixa necessidade de vitaminas como a thiamina, pyroxidina,
riboflavina, ácido nicotínico e ácido pantotênico, podendo, assim
desenvolver-se satisfatoriamente em grande variedade de alimentos, tanto
de origem vegetal quanto animal.
A temperatura é um dos principais fatores abióticos que limitam a
sobrevivência e reprodução dos insetos (Hallman e Denlinger, 1998). Dados
obtidos por Howe (1957), em diferentes partes do mundo, indicam que o
desenvolvimento e sobrevivência de L. serricorne são afetados pelo tipo de
alimento, temperatura e umidade relativa.
Nos últimos anos, a cultura do sorgo vem crescendo em importância
no contexto agrícola nacional, devido às múltiplas alternativas que ele
oferece. O cultivo dessa espécie está difundido em várias regiões do mundo
e pode ser utilizada na alimentação humana e de animais (Magalhães et al.,
2000).
Segundo Scaléa (1999), o milheto (Pennisetum spp.), é uma planta da
família Poaceae, de grande adaptação ao cerrado brasileiro, onde o nível de
fertilidade do solo é baixo e o período de estiagem é quase sempre
prolongado durante todo o ano. Sua alta adaptabilidade às condições do
cerrado deve–se à sua capacidade de tolerar prolongado déficit hídrico. Em
relação ao uso da semente, o milheto ainda é pouco utilizado para o
consumo humano, mas muito utilizado para o uso em ração animal,
principalmente pelo seu alto valor protéico, que é maior que o do sorgo e do
milho.
A camomila, Chamomilla recutita (L.) Rauschert, pertence à família
Asteraceae, sendo uma das plantas medicinais mais cultivada no mundo.
Seus capítulos florais contêm óleos essenciais compostos pelos terpenos
(abisabolol, camazuleno, óxido bisabolol A e óxido bisabolol B), flavonóides
(apigeninas, apigeninglucosides e luteolinas) e outras substâncias orgânicas
(ácidos orgânicos, cumarinas e colinas) (Salamón, 1992; Rodríguez et al.,
1996; Teske e Trentini, 1997; Silva Júnior, 2003). Os terpenos camazuleno e
α-bisabolol o de grande importância econômica na indústria farmacêutica
devido às suas propriedades antiinflamatórias e bactericidas,
respectivamente (Teske e Trentini, 1997; Simões e Spitzer, 1999).
Esta pesquisa teve por objetivo avaliar o desenvolvimento de L.
serricorne em grãos de sorgo, milheto e em camomila desidratada, mantidos
em diferentes regimes de temperatura e umidade.
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Núcleo de Tecnologia em
Armazenagem da FAMEV/UFMT, onde foi mantida uma criação de L.
serricorne para posterior seleção de larvas para compor o experimento.
Foram avaliados os estágios de larva, pupa e adulto. O estágio de ovo não
foi estudado devido às dificuldades de visualização e manuseio.
Aproximadamente 200 larvas de primeiro instar foram individualizadas
em potes de plástico com tampa telada. Essas foram alimentadas com 25 g
de uma dieta que apresentava desenvolvimento satisfatório para esses
indivíduos e diferenciada daquela a ser ofertada durante o experimento,
evitando assim a preferência alimentar durante essa fase.
As larvas foram observadas diariamente até o estágio de pupa, as
quais foram sexadas com base no dimorfismo sexual, o último segmento
abdominal do macho apresenta uma depressão discóide achatada, enquanto
que na fêmea observam-se dois apêndices cônicos semelhantes aos
urogonfos, porém são mais curtos e compactos (Figura 1). Após esse
procedimento, cada pupa foi colocada em um pote de plástico de 50 ml,
etiquetado com a informação referente ao sexo do indivíduo. Após a
emergência dos adultos obteve-se a geração F1, sendo formados 10 casais
para acasalamento em diferentes dietas e temperaturas (Figura 2).
a
b
FIGURA 1. Dimorfismo sexual das pupas de Lasioderma serricorne: a)
macho e b) fêmea.
Para o estudo da biologia foram utilizadas 30 g/pote de três dietas
diferentes, desinfestadas em freezer: grãos de sorgo e milheto e de flores
desidratadas de camomila.
Os frascos contendo as respectivas dietas e indivíduos foram
mantidos em três regimes diferentes de temperatura e umidade:
1. Temperatura ambiente: 25±C, umidade 70±5%,
monitoradas diariamente, no período de setembro a
novembro de 2007;
2. Temperatura controlada de 20°C em estufa tipo B.O.D.
(Biological Organisms Development) (Figura 3), umidade
50±5%, fotofase de 12 h, no período de setembro de 2007
a fevereiro de 2008;
3. Temperatura controlada de 30°C em estufa tipo B.O.D.
(Biological Organisms Development), umidade 50±5%,
fotofase de 12 h, no período de setembro a novembro de
2007.
FIGURA 2. Casal de Lasioderma serricorne em cópula. Cuiabá - MT, 2007.
FIGURA 3. Disposição do experimento para avaliar a biologia de Lasioderma
serricorne, em diferentes dietas, em câmara climatizada de
germinação Cuiabá - MT, 2007.
Após a obtenção da geração F2 iniciaram-se as avaliações dos
seguintes parâmetros biológicos:
Estágio larval
Foram estudados o número de instares e a duração em dias de cada
um desses; as larvas foram observadas e medidas diariamente com
auxílio de papel milimetrado e microscópio estereoscópio (Figura 4);
observou-se a mudança da cápsula cefálica como indicativo da
mudança de instar.
a b
FIGURA 4. Medição de larvas de Lasioderma serricorne em papel
milimetrado a) larva de 1° instar, b) larva de 4° instar.
Estágio de pupa
Foi avaliada a duração do período pupal em dias.
Estágio adulto
Avaliou-se a longevidade dos adultos de ambos os sexos, em dias.
Delineamento e análise estatística
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três
dietas e 16 repetições para regimes de temperatura de 30ºC e ambiente, e
oito repetições para a temperatura de 20ºC. Para fins de análise estatística,
utilizou-se o Programa de análises estatísticas e planejamento de
experimentos (Statistical Analysis Software - SISVAR). Os dados foram
submetidos aos testes de Lilliefors (5%), para verificar se os valores
seguiram a distribuição normal, e de Cochran (5%), para verificar a
homogeneidade das variâncias. A comparação das médias foi realizada pelo
teste de Scott – Knott a 5% de probabilidade.
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se influência da temperatura e da dieta nos diferentes
parâmetros de desenvolvimento avaliados em L. serricorne, conforme segue:
2.3.1 Desenvolvimento de L. serricorne na temperatura de 20°C
Estágio larval
Número de instares e duração do estágio larval
Em todos os tratamentos, registraram-se quatro instares larvais
(Apêndice A), corroborando com os dados de Howe (1957). A 20°C as larvas
se desenvolvem em todas as dietas; sendo que as primeiras larvas
eclodiram após 45 dias da montagem do experimento.
A duração média, em dias, do estágio larval de L. serricorne a 20°C
para as dietas sorgo, milheto e camomila foi de 64,1; 63,5 e 66,1,
respectivamente (Tabela 1), sem diferença estatística significativa entre os
tratamentos, exceto para larvas de instar que tiveram duração mais longa
na dieta de camomila.
Por se tratar de uma temperatura pouco favorável para o
desenvolvimento de L. serricorne, a 2C o estágio larval não parece ser
influenciado pela alimentação, mas sim pela temperatura e umidade relativa.
Estudos como o de Niiho (1984), demonstraram efeitos desses fatores no
desenvolvimento de L. serricorne, constatando que com umidade de 70% e
valores dios de temperatura de 20; 22,5; 25; 27,5 e 30°C, o
desenvolvimento desta espécie durou 217; 94; 81; 62 e 57 dias,
respectivamente.
Duração dos estágios de pré-pupa e pupa
O período de pré-pupa caracteriza-se pela inatividade e falta de
alimentação; a larva inicia a construção de um envoltório rígido constituído
pelo material alimentar associado a suas secreções. Na temperatura de
20°C, não houve diferença estatística na duração de pré-pupa em nenhuma
das dietas, com médias de 10,6; 11,1 e 10,7 dias em sorgo, milheto e
camomila, respectivamente (Apêndice A).
A duração do estágio de pupa apresentou média de 24,1; 24,5 e 26,1
dias, nas dietas de sorgo, milheto e camomila, respectivamente. Variando de
22 a 26 dias para as dietas de sorgo e milheto e de 25 a 28 dias para a dieta
de camomila. Estatisticamente, o estágio de pupa de pupa apresentou
menor duração em sorgo e milheto em relação à camomila (Apêndice A).
TABELA 1. Duração média dos instares de Lasioderma serricorne nas
dietas de sorgo, milheto e camomila, a 20°C e fotofase de 12
horas, Cuiabá - MT, 2008.
Substrato Duração (dias) + desvio padrão
instar instar instar instar
Sorgo
13,75 ± 0,41
a
13,37 ± 0,43
a
18,00 ± 0,41
a
19,00 ± 0,34
a
Milheto
13,50 ± 0,41
a
12,75 ± 0,43
a
18,12 ± 0,41
a
19,12 ± 0,34
a
Camomila
14,00 ± 0,41
a
13,50 ± 0,43
a
19,75 ± 0,41
b
18,87 ± 0,34
a
CV (%) 8,62 9,25 6,24 5,10
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Longevidade dos adultos
A longevidade dos adultos não pode ser acompanhada nessa faixa de
temperatura, pois o desenvolvimento da espécie estendeu seu ciclo
extrapolando o prazo previsto para a concretização da pesquisa.
2.3.2 Desenvolvimento de L. serricorne na temperatura de 30°C
Estágio larval
Número de instares e duração do estágio larval
Na Tabela 2 consta a duração média, em dias, de cada instar de L.
serricorne nas diferentes dietas, compreendendo quatro instares. Para as
dietas sorgo, milheto e camomila, a duração do estágio larval de L.
serricorne, foi em média de 27,1; 22,8 e 27,1 dias, respectivamente,
mostrando que o inseto desenvolve-se em todas as dietas estudadas, dentro
da faixa de temperatura estudada.
Para as larvas de 1
o
e 4
o
instar não se observou diferenças
estatísticas significativas entre os substratos testados (Tabela 2). Contudo,
para o 2° e 3° instares, a dieta de milheto, foi melhor do que a camomila e
sorgo, acelerando a velocidade do desenvolvimento dos instares, refletindo
também na duração total do estágio larval. Considera-se como melhor dieta
aquela na qual o inseto realiza a mudança de instar em menor período de
tempo.
Essa diferença pode ser explicada pelas características da dieta, pois
o teor de proteína do milheto é de 15,4% contra 11,2% do sorgo Adolfo Lutz
(1985). Rostagno (2000), também indica que o milheto tem melhor
composição química, energética e maior porcentagem de proteína em
relação ao sorgo (Apêndice D), favorecendo o desenvolvimento dos insetos
e de outros animais.
TABELA 2. Duração média dos instares de Lasioderma serricorne, nas
dietas de sorgo, milheto e camomila, em temperatura de 30°C
e fotofase de 12 horas, Cuiabá - MT, 2007.
Substrato Duração (dias) + desvio padrão
instar instar instar instar
Sorgo
2,81 ± 0,09 a 6,25 ± 0,29 c 5,56 ± 0,24 b
5,06 ± 0,25 a
Milheto
2,81 ± 0,09 a 3,18 ± 0,29 a 3,56 ± 0,24 a
5,31 ± 0,25 a
Camomila
3,00 ± 0,09 a 4,62 ± 0,29 b 6,25 ± 0,24b 4,81 ± 0,25a
CV (%) 13,60 25,28 19,49 20,15
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Trabalhos sobre a influência da dieta natural no desenvolvimento e
taxa reprodutiva de L. serricorne constataram que tais parâmetros estão
relacionados com os constituintes químicos da dieta larval. Ali et al., (1972)
constataram que, em dieta com 26% de proteína e 50% de carboidrato, em
temperatura de 30°C e UR 70 a 75%, a duração do estágio larval foi de
25,20; 26,30; 31,69; 41,3 e 51,7 dias em sementes de Illicium verum (anis-
estrelado); de Gossypium sp. (algodão); de Triticum aestivum
(
trigo); em
Daucus carota (cenoura) e Beta vulgaris (beterraba), respectivamente.
Duração dos estágios de pré-pupa e pupa
Para a temperatura de 3C, o estágio de pré-pupa não apresentou
diferença estatística para nenhuma das dietas, com médias de 2,2 dias para
o sorgo e para a camomila e 2,3 dias para o milheto (Apêndice B)
O estágio de pupa apresentou duração média de 5,1; 5,6 e 6,2 dias
para as dietas sorgo, milheto e camomila, respectivamente, com variação de
4 a 7 dias. Os dados obtidos estão dentro do obtido por Samuel et al. (1984),
que mostraram variações de 4 a 12 dias no período pupal. Estatisticamente,
as dietas de sorgo e de milheto apresentaram melhor desempenho, a fase
de pupa apresentou menor duração para ambas as dietas em relação à
camomila (Apêndice B).
Longevidade dos adultos
A longevidade dos adultos foi de 15 a 21 dias em sorgo e milheto e de
12 a 14 dias em camomila. Esses resultados estão de acordo com os
valores obtidos por Howe, (1957), ao explicar que diferenças na longevidade
dos adultos estão relacionadas ao tipo de alimentação na fase larval, com a
temperatura e a umidade relativa (Apêndice B).
A duração do ciclo biológico, de larva a adulto, na temperatura de
30°C, foi de 27,1; 22,8 e 27,1 dias para as dietas de sorgo, milheto e
camomila, respectivamente (Apêndice B).
2.3.3 Desenvolvimento de L. serricorne em ambiente com temperatura
de 25±
±±
±C
As médias de temperatura e umidade relativa durante o experimento
foram de 29,5°C e 73,6% respectivamente, com variações de 26,5 a 30,9°C
para temperatura e de 54,7 a 87% para umidade relativa (Apêndice E).
Estágio larval
Número de instares e duração do estágio larval
A duração média do estágio larval (quatro instares) de L. serricorne foi
de 31,1; 26,1 e 31,1 dias para as dietas de sorgo, milheto e camomila,
respectivamente (Tabela 3).
Verificam-se diferenças estatísticas significativas entre as dietas na
duração do período larval, mostrando que as dietas com melhor
desempenho foram o milheto e a camomila. No caso do milheto pode estar
relacionado com a porcentagem de proteína em sua constituição (Rostagno,
2000); enquanto na dieta de camomila pode ser que em condições de
ambiente natural essa dieta apresente algum componente químico que
auxilie no desenvolvimento de L. serricorne.
Os resultados reforçam os obtidos por Ali et al. (1972), pois a dieta
com maior concentração de proteína, e na faixa de temperatura e umidade
relativa considerada favorável, apresentou desenvolvimento semelhante ao
mencionado em sua pesquisa.
TABELA 3. Duração média dos instares de Lasioderma serricorne nas
dietas de sorgo, milheto e camomila, sob condições ambiente
com temperatura de 25±C. Cuiabá - MT, 2007.
Substrato Duração (dias) + desvio padrão
instar instar instar instar
Sorgo
3,81 ± 0,18 b 5,00 ± 0,19 b 5,43 ± 0,16 b
8,25 ± 0,29 b
Milheto
2,81 ± 0,18 a 3,50 ± 0,19 a 4,37 ± 0,16 a
6,62 ± 0,29 a
Camomila
2,68 ± 0,18 a 4,81 ± 0,19 a 6,25 ± 0,16 c 7,37 ± 0,29a
CV (%) 22,68 17,27 12,04 15,89
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Duração dos estágios de pré-pupa e pupa
Em ambiente com temperatura 25±C, no estágio de pré-pupa não
se observou diferenças estatística entre as dietas testadas, com duração
média de 2,7; 2,6 e 2,6 dias para as dietas de sorgo, milheto e camomila,
respectivamente (Apêndice C). Esse fato pode ser atribuído à própria fase
em que se encontra o inseto, pois o indivíduo passa por um intenso
processo de metamorfose, ocorrendo os fenômenos de histólise e
histogênese na transformação para pupa, portanto a dieta não se constitui
em fator limitante no processo, mas sim a temperatura, que pode influenciar
decisivamente na duração desse estágio de desenvolvimento. Durante o
processo de metamorfose, as faixas de temperatura e de umidade relativa
apresentaram-se dentro da faixa ótima para o desenvolvimento desta
espécie.
O estágio de pupa apresentou média de 6,0; 6,3 e 7,4 dias para as
dietas de sorgo, milheto e camomila, respectivamente (Apêndice C).
Variando de 5 a 7 dias para sorgo e milheto, que não apresentaram
diferenças estatísticas significativas entre si e de 5 a 9 dias para camomila,
que apresentou diferença estatística significativa quando comparada com as
demais dietas testadas.
Longevidade dos adultos
A longevidade dos adultos foi de 17 a 21 dias para todas as dietas.
Em ambiente com temperatura de 25±C o somatório da duração de todas
as fases de desenvolvimento foi de 31,2; 26,2 e 31,1 dias para as dietas de
sorgo, milheto e camomila, respectivamente ( Apêndice C).
2.4 CONCLUSÕES
Para a temperatura de 20°C as dietas a base de sorgo e milheto
foram as mais favoráveis ao desenvolvimento de L. serricorne; a 30°C foi o
milheto e a 25±C, foram milheto e camomila.
De forma qual, independente da temperatura, a dieta de milheto foi a
mais favorável ao desenvolvimento de L. serricorne.
A temperatura mais favorável ao desenvolvimento de L. serricorne,
independente da dieta foi a de 30°C.
A duração dos estágios de desenvolvimento foi inversamente
proporcional às temperaturas testadas, independente da dieta.
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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3. DANOS DE Lasioderma serricorne (FABRICIUS, 1792) (COLEOPTERA:
ANOBIIDAE) EM SOJA ARMAZENADA
RESUMO - Insetos-praga, como o besourinho-do-fumo, podem ocasionar
perdas qualitativas e quantitativas em grãos e seus subprodutos. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a qualidade física, fisiológica e sanitária da soja
armazenada pelo período de 150 dias, submetida a diferentes níveis de
infestação de L. serricorne. Foram armazenadas, em condição ambiente,
amostras de 300 g de soja, em três repetições, infestadas com 0, 5, 15 e 50
indivíduos não sexados de L. serricorne. Avaliações mensais do teor de
água, germinação, condutividade elétrica, infestação interna e externa, perda
de peso, teste de sanidade e classificação comercial foram realizadas. As
médias mensais de umidade relativa do ar e de temperatura foram
registradas com termohigrógrafo, com variações na faixa de 40 a 47% e 27 a
30°C, respectivamente. O crescimento populacional dos insetos resultou no
aumento da infestação interna, de sementes infectadas por fungos, na perda
de peso e qualidade comercial e na redução da germinação. A temperatura
e a umidade do ar tiveram influência no teor de água das sementes ao longo
do período de armazenamento. As alterações nos valores de germinação,
condutividade elétrica como também a perda de peso, podem ser explicadas
pela flutuação populacional de L. serricorne durante o período de
armazenamento. Ao final dos 150 dias de armazenamento, a soja infestada
com 50 indivíduos de L. serricorne apresentou 69% de germinação,
condutividade elétrica de 128 µmol/g/cm, aumento da infestação em 2,6
vezes, enquadramento como Fora do Tipo com 11% de grãos avariados e
perda de peso de 0,65%. O teor de água das sementes foi influenciado pela
temperatura e umidade relativa, contribuindo para redução da qualidade dos
grãos. Portanto, L. serricorne, pode causar danos qualitativos e quantitativos
significativos à soja armazenada.
Palavras chave: Glycine max, besourinho-do-fumo, qualidade de grãos.
3. DAMAGE OF Lasioderma serricorne (FABRICIUS, 1792)
(COLEOPTERA: ANOBIIDAE) IN STORED SOYBEAN
ABSTRACT Insect pests, such as the cigarette beetle, cause, qualitative
and qualitative damage in grains and derivates. The objective of this study
was to evaluate the physical, physiological, and sanitary quality of soybeans
under different infestation levels of Lasioderma serricorne. Samples of 300 g
of soybean, in three replicates, were infested with 0, 5, 15 and 50 adult L.
serricorne, not sexed, and stored at room temperature for 150 days. Monthly
evaluations were done to determine: water content, germination, electric
conductivity, internal and external infestation, weight loss, quality test, and
commercial grain grading. The mean monthly relative air humidity and
temperature registered by thermo-hygrograph were 40-47%, 27º-30ºC,
respectively. The increasing insect infestation increased internal infestation,
number of seeds infected by stored fungi and weight loss. Grain grading and
germination were significantly reduced by insect infestation. During the
storage period, the water content of the seeds was affected by temperature
and relative air humidity. Changes in germination, electric conductivity, and
weight loss can be explained by the infestation of L. serricorne during the
storage period. After 150 days of infestation with 50 individuals, the
population increased 2.6 times; the germination presented 69% of electric
conductivity at 128 µmol/g/cm; the grain in this treatment was classified as
nongrade because the damaged kernels counted 11% and the weight loss
was 0.65%. Therefore, L. serricorne causes significant qualitative and
quantitative damage on stored soybeans.
Keywords: Glycine max, cigarette beetle, grain quality.
.
3.1 INTRODUÇÃO
Grãos de cereais e seus subprodutos podem sofrer perdas
qualitativas e quantitativas, por serem suscetíveis ao ataque de pragas
(Pedersen, 1992), com conseqüente redução de valores nutritivos e
comerciais (Anderson et al., 1990). Sinha (1995) e Schöller et al. (1997)
relatam que as perdas podem atingir até 30% em alguns casos, sendo 10%
causadas diretamente pelo ataque de pragas durante o armazenamento. De
acordo com Hagstrum e Flinn (1992) a maioria das pragas tem taxa de
desenvolvimento com capacidade de multiplicação da população inicial em
pelo menos 10 vezes por mês, sob condições ótimas de temperatura e
umidade.
A qualidade da semente é o somatório de todos os atributos
genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários que afetam sua capacidade de
originar plantas de alta produtividade, sendo a qualidade fisiológica, sua
capacidade de desempenhar funções vitais, caracterizadas pelo seu poder
germinativo, vigor e longevidade (Popinigis,1975). Por ser cultivada em
grande escala no território brasileiro, a qualidade das sementes de soja é de
extrema importância para a agricultura brasileira, sendo imprescindível, aos
produtores, semente de boa qualidade.
Sementes de soja submetidas a altas temperaturas e umidades
relativas durante a fase de maturação e colheita estão sujeitas a um
aumento na incidência dos fungos, especialmente de Phomopsis spp. e
Fusarium spp. A inexistência de sintomas ou sinais externamente visíveis
desses fungos faz com que sementes altamente infectadas sejam
consideradas sadias (França Neto e Henning, 1992), além disso, a
temperatura e a umidade relativa são fatores do ambiente que promovem
também a deterioração das sementes de soja durante o armazenamento.
O ataque de fungos durante o armazenamento causa grandes perdas
de grãos em quantidade e qualidade. A contaminação fúngica resulta não
somente na diminuição do peso da massa do produto estocado, pelo
consumo direto dos fungos, como também em alterações indesejáveis na
composição nutricional e nas propriedades químicas, que dificultam a
industrialização e a germinação destes grãos (Agrianual, 2004).
O principal fator negativo da presença de fungos em grãos
armazenados se relaciona com a contaminação por micotoxinas,
substâncias metabólicas de grande potencial tóxico para animais e seres
humanos.
Teor de água da semente, temperatura e umidade do ar são os
fatores que mais influenciam a viabilidade da semente de soja, durante o
armazenamento (Minor e Paschal, 1982 e Dhingra, 1985). A semente, por
ser higroscópica, apresenta considerável variação no seu teor de água em
função da umidade relativa do ar. Segundo Neergaard (1977); Lopes (1980);
Sediyama et al. (1985) e Lopes (1990), o baixo teor de água da semente e a
baixa temperatura do ambiente associada à menor umidade relativa do ar no
ambiente de armazenamento, são fatores importantes para a manutenção
da viabilidade por um período mais prolongado.
A avaliação da qualidade fisiológica de sementes de soja é um
aspecto importante a ser considerado em um programa organizado de
produção. O emprego de metodologia adequada torna possível a estimativa
do vigor, do desempenho em campo e o descarte de lotes deficientes,
diminuindo riscos e prejuízos.
Os testes de vigor têm sido instrumentos de uso cada vez mais
rotineiro pela indústria de sementes para determinação da sua qualidade
fisiológica. As empresas produtoras e as instituições oficiais têm incluído
esses testes em programas internos de controle de qualidade ou para a
garantia da qualidade das sementes destinadas à comercialização (Marcos
Filho, 1999).
Quanto maior for a perda do poder germinativo da semente, mais
sensível poderá ser o teste de vigor. A degradação das membranas
celulares constitui o primeiro evento do processo de deterioração (Delouche
e Baskin, 1973), os testes que avaliam a integridade das membranas são os
mais sensíveis para estimar o vigor.
Fatores desfavoráveis durante o armazenamento das sementes, além
de causarem perdas imediatas de germinação e vigor, predispõem a
semente à deterioração mais rápida. Chegando ao momento da próxima
semeadura com qualidade fisiológica muitas vezes inferior à desejada e a
estabelecida através de padrões pelas entidades certificadoras ou
fiscalizadoras.
Os insetos-praga de produtos armazenados, podem ser classificados
como pragas primárias ou secundárias, de acordo com o hábito alimentar.
As pragas primárias são capazes de atacar os grãos íntegros e sadios,
divididas em pragas primárias internas, que completam seu ciclo evolutivo
no interior dos grãos, e as pragas primárias externas, que se alimentam da
porção externa do grão, podendo atacar a parte interna após o rompimento
da externa, nessas está incluído Lasioderma serricorne (Lima et al., 1979;
Gallo et al., 1988). As pragas secundárias não conseguem romper a película
do grão, alimentando-se de grãos quebrados ou atacados por pragas
primárias.
Segundo Arthur (1988), as traças e os carunchos são os insetos
apontados como os principais responsáveis pelas grandes perdas dos grãos
armazenados, principalmente aqueles considerados pragas primárias, L.
serricorne encontra-se entre os insetos que causam maiores prejuízos aos
produtos armazenados.
Esta pesquisa teve por objetivo avaliar os danos qualitativos e
quantitativos em grãos de soja, causados por L. serricorne em diferentes
níveis de infestação e tempo de armazenamento.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nos Laboratórios de Sementes e de
Tecnologia em Armazenagem da Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, com sementes de soja
infestadas com a espécie L. serricorne, armazenadas em ambiente natural,
para avaliar as perdas de qualidade física, fisiológica e sanitária.
Os tratamentos foram constituídos de amostras de soja de 300 g,
infestadas com adultos não sexados de L. serricorne nos níveis 0, 5, 15 e 50
indivíduos e armazenados por um período de 30, 60, 90, 120 e 150 dias,
distribuídos em potes de vidro coberto com tampa telada (Figura 5) e
temperatura acompanhada por termohigrógrafo (Figura 6).
Descrição das análises
Para avaliação da qualidade das sementes de acordo com o nível de
infestação e períodos de armazenamento, foram empregados os seguintes
parâmetros: teor de água, germinação, condutividade elétrica, infestação
interna e externa, teste de sanidade, perda de peso e classificação das
sementes.
FIGURA 5. Armazenamento das sementes de soja infestadas com
Lasioderma serricorne, para avaliação da qualidade física,
fisiológica e sanitária das sementes. Cuiabá - MT, 2007.
FIGURA 6. Termohigrógrafo e psicrômetro, para registro da temperatura e
umidade relativa no laboratório. Cuiabá – MT, 2007.
Teor de água
O teor de água foi determinado antes e após a infestação com L.
serricorne, de acordo com os meses de armazenamento, empregando-se o
método da estufa a 105 ± C, por 24 horas (Brasil, 1992), com três
repetições de 5 g de sementes para cada nível de infestação. Os dados
foram calculados com base no peso úmido e os resultados expressos em
percentagem.
Germinação
O teste de germinação foi realizado com 200 sementes (quatro sub-
amostras de 50 sementes) para cada nível de infestação. As sementes
foram semeadas em rolos de papel Germitest, com quantidade de água
equivalente a 2,5 vezes o seu peso e colocadas em germinador regulado a
25ºC, por cinco dias. A contagem das plântulas ocorreu no quinto dia após a
semeadura, de acordo com os procedimentos adotados por Brasil (1992), os
resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais e
anormais, sementes duras e mortas (Figura 7).
a b
FIGURA 7. a) Montagem e b) leitura da germinação, de sementes de soja
armazenada, para avaliação dos danos de L. serricorne.
Cuiabá – MT, 2007.
Condutividade elétrica
Para avaliação da condutividade elétrica na embebição de sementes,
foram usadas quatro repetições de 50 sementes para cada um dos níveis de
infestação, colocadas para embeber em copos de plástico (capacidade 200
mL) contendo 75 mL de água deionizada, durante 24 h, a 25°C,
posteriormente se realizou a leitura em condutivímetro com resultados
expressos em µmol/g/cm (Brasil, 1992).
Presença de insetos
Infestação interna
A infestação interna por L. serricorne foi avaliada de acordo com a
análise padrão estabelecida por Brasil (1992), foram utilizadas duas
repetições de 100 sementes para cada nível de infestação, submersas em
água por 24 h e cortadas longitudinalmente para avaliar a presença dos
insetos (Figura 8).
FIGURA 8. Dano no interior de semente de soja causado por L. serricorne.
Cuiabá – MT, 2007.
Infestação externa
No final de cada período de armazenamento, as sementes de soja
estocadas nos potes passaram por análises em um conjunto de peneiras
com malha, de números 12, 18, 20 e 30, correspondendo a 1,68; 1,00; 0,84
e 0,60 mm de diâmetro respectivamente, para avaliação quantitativa de
insetos, nos diferentes estágios (larva, pupa e adulto) de desenvolvimento
(Instituto Adolfo Lutz, 1985).
Teste de sanidade
Na condução do teste de sanidade, foi empregado o método de papel-
de-filtro (Blotter), conforme descrito nas Regras para Análise de Sementes
(Brasil, 1992). Para cada amostra, foram montadas oito placas de Petri
contendo 25 sementes cada, distribuídas sobre quatro folhas de papel de
filtro previamente umedecidas com NACL –1,0 MPa.
As sementes foram incubadas por um período de sete dias, em
câmara com temperatura de 25º±1ºC sob luz fluorescente branca. Após esse
período foram identificados os patógenos e sua incidência foi expressa em
percentagem (Figura 9).
Para a realização da análise estatística, os dados foram agrupados
para cada variável função, caracterizando delineamento inteiramente
casualizado com um fator de classificação.
FIGURA 9. Sementes de soja incubadas em papel filtro (Blotter test), para
teste de sanidade. Cuiabá – MT, 2007.
Perda de peso
Para avaliação da perda de peso foi utilizado o método proposto por
Harris & Lindblad (1978), baseados no teste gravimétrico através da
contagem e peso das sementes danificadas e não danificadas (duas
repetições de 100 sementes), Figura 10, com os valores aplicados à fórmula:
(
)
(
)
( )
PndNndNd
NndPdPndNd
Perda
×+
×
×
%
Onde:
Nd = Número de sementes danificadas
Nnd = Número de sementes não danificadas
Pd = Peso de sementes danificadas
Pnd = Peso de sementes não danificadas
FIGURA 10. Sementes de soja observadas na avaliação da perda de peso:
a) danificadas, b) não danificada. Cuiabá – MT, 2007.
Classificação
A classificação foi realizada com base no Padrão Oficial de
Classificação para grãos de soja do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, estabelecidos pela Instrução Normativa n° 11, de 15 de maio
de 2007 (Anexo A).
a
b
Ao final de cada período de armazenamento das amostras com seus
respectivos níveis de infestação, foram utilizados 125 g dos grãos, pesados
em balança previamente aferida, anotando o peso obtido. A amostra foi
peneirada em peneira de crivos circulares de 3,0 mm de diâmetro, com a
execução de movimentos contínuos e uniformes durante 30 segundos.
Para a determinação dos defeitos, foi aferido o peso da amostra
isenta de matérias estranhas e impurezas, anotando o peso obtido no laudo
de classificação, utilizado posteriormente para o cálculo do percentual de
defeitos. Foram separados os grãos avariados (queimados, ardidos,
mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos),
esverdeados, quebrados, partidos e amassados, observando os critérios
estabelecidos na Instrução normativa n° 11 (Apêndice F).
O enquadramento em Tipo das sementes da soja de cada amostra foi
realizado considerando os percentuais encontrados, conforme a distribuição
dos defeitos e respectivas tolerâncias. Para determinação da Classe, se
aferiam o peso da amostra isenta de defeitos, anotando o peso obtido no
laudo de classificação, para o cálculo do percentual de grãos de outras
cores.
Com o objetivo de minimizar erros, todas as amostras foram
classificadas pela mesma pessoa.
Delineamento estatístico
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 4 x 5 (níveis de infestação x períodos de armazenamento),
com três repetições.
Para fins de análise estatística utilizou-se o programa de análises
estatísticas e planejamento de experimentos (Statistical Analysis Software -
SISVAR). Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors (5%), para
verificar se os valores seguiram a distribuição normal, e de Cochran (5%),
para verificar a homogeneidade de variâncias. A comparação das médias foi
realizada pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade, os dados para
perda de peso e classificação comercial foram transformados para
5,0+x
,
o efeito do tempo e a interação entre germinação e as demais variáveis
foram verificados por análise de regressão.
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Temperatura e Umidade
Na Figura 11, observam-se as variações da temperatura e umidade
relativa ao longo do período de armazenamento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
TC)
UR (%)
FIGURA 11. Temperatura e umidade relativa mensal durante o período de
armazenamento. Cuiabá – MT, junho a novembro de 2007.
A umidade relativa apresentou-se mais alta no início e aos 150 dias
do armazenamento. Aos 60 e 90 dias de armazenamento, ocorre
decréscimo nas médias da umidade relativa.
Os períodos de 90 e 120 dias de armazenamento apresentaram
elevação da temperatura média.
Teor de água
Na Tabela 4 encontram-se os resultados do teor de água, dos 60 aos
120 dias de armazenamento. Observa-se o decréscimo da umidade das
sementes, resultante na queda da umidade relativa do ar, pois as
propriedades higroscópicas dos grãos associados à permeabilidade da
tampa dos potes de acondicionamento podem criar condições para que
ocorram variações do teor de água no decorrer do período de
armazenamento.
No período de 90 e 120 dias de armazenamento ocorreram as
maiores temperaturas, resultando em menores teores de água nas
sementes. Essa diferença foi estatisticamente comprovada dentro do mesmo
nível de infestação no período de armazenamento. Entre os diferentes níveis
de infestação observa-se diferença significativa aos 150 dias de
armazenamento, período que ocorreu elevação da temperatura e aumento
da umidade relativa (Figura 11 e Apêndice E).
Nos outros períodos, mesmo com o aumento da infestação e a presença de
fungos não se observou influência no incremento do teor de água nas
sementes, podendo ser explicado com base nos trabalhos de Miranda
(1987), que, estudando a qualidade das sementes de soja armazenadas em
embalagens permeável e semipermeável na região Centro - Oeste e
Nordeste brasileiro, concluiu que essas regiões apresentaram condições
ambientais de maior temperatura e menor umidade relativa do ar e que
propiciam uma melhor preservação da qualidade fisiológica de semente de
soja.
TABELA 4. Médias de teor de água, germinação e condutividade elétrica de sementes de soja armazenadas durante 150
dias em diferentes níveis de infestação de Lasioderma serricorne, Cuiabá – MT, 2007.
PA
Teor de água (%) Germinação (%)
NI NI
0
5
15
50
0
5
15
50
0 10,66Aa 11,00Aa 11,00Aa 11,00Aa 85,33Aa 85,33Aa 85,33Aa 85,33Aa
30 9,33 Ba 9,00 Ba 9,00 Ba 9,00 Ba 84,66Aa 85,33Aa 87,33Aa 84,33Aa
60 7,66 Ca 7,66 Ca 7,33 Da 8,00 Ca 79,00Aa 82,66Aa 76,66Aa 79,00Aa
90 7,00 Da 7,00 Ca 6,66 Ea 7,00 Da 80,66Aa 69,33Ba 67,00Ba 75,66Ba
120 7,00 Da 7,00 Ca 6,66 Ea 7,00 Da 77,33Aa 69,00Ba 77,66Aa 68,66Ba
150 7,66 Ca 7,33 Cb 8,00 Ca 7,00 Db 70,00Aa 65,33Ba 59,33Ba 69,66Ba
PA
Condutividade elétrica (µmol/g/cm) Perda de peso (%)
NI NI
0
5
15
50
0
5
15
50
0 80,83Aa 80,83Aa 80,83 Aa 80,83Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
30 105,04Ba 103,95Ba 96,40 Aa 95,51Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,05Aa 0,25Bb
60 114,43Ca 108,68Ba 124,06Ba 111,70Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,21Bb
90 133,33Da 137,26Ca 133,58Ba 130,23Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,05Aa 0,13Ba
120 121,49Ca 123,60Ca 115,52Ba 126,85Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,11Ab 0,24Bb
150 135,93Da 141,32Ca 129,75Ba 128,52Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,08Aa 0,65Cb
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, para nível de infestação dentro do período de armazenamento, e pelas mesmas letras
minúsculas nas linhas, para período de armazenamento dentro do nível de infestação, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, a
5% de probabilidade.
* NI = nível de infestação; PA = período de armazenamento em dias.
Germinação
A avaliação dentro de cada nível de infestação demonstrou estatisticamente
que houve declínio da germinação para os níveis de 5, 15 e 50 indivíduos de L.
serricorne a partir de 90 dias de armazenamento. No nível de infestação 50 a
germinação passou de 85% no início do armazenamento para uma faixa de 70 a
59%, ao final dos 150 dias. Não ocorreu diferença estatística entre os diferentes
níveis de infestação (Tabela 4).
Algumas variações na capacidade germinativa das sementes ao longo do
período de armazenamento e dos diferentes níveis de infestação.
Christensen e
Kaufmann (1972) mostraram a influência da temperatura e do grau de umidade na
germinação de sementes de soja, quando expostas a diferentes condições
ambientais em determinado período de tempo. Observou-se baixa capacidade
germinativa das sementes após 60 dias de armazenamento, mostrando os efeitos
prejudiciais da associação do teor de água, da infestação interna e da presença de
fungos sobre as sementes armazenadas. A partir desse período de armazenamento,
todas as amostras apresentaram um valor de germinação abaixo de 80% que é o
padrão mínimo (Brasil, 1989) e um elevado índice de deterioração, sendo maior em
amostras com altas densidades populacionais de insetos em estágios de
desenvolvimento mais avançado.
A redução na germinação pode ser devido aos processos degenerativos que
os grãos são submetidos em condições ambientais adversas, tais como umidade
relativa e temperatura, pela condição de acondicionamento, pela densidade
populacional e estágios de desenvolvimento dos insetos presentes nas sementes. A
soma de todos esses fatores demonstra que para a manutenção da viabilidade e da
qualidade fisiológica das sementes, além da alta qualidade inicial, é imprescindível
que as mesmas sejam acondicionadas em embalagens compatíveis para a espécie
em estudo, do controle do teor de água, do controle da temperatura e da umidade
relativa no local de armazenagem (Lopes, 1980; Popinigis, 1985; Warham, 1986;
Lopes, 1990; Henning et al., 1995; Resende et al., 1996 e Henning et al., 1997) e
controle da presença de insetos.
Através da análise de regressão verificou-se efeito significativo do período de
armazenamento sobre a capacidade germinativa da soja armazenada, com redução
da germinação nos diferentes níveis de infestação por L. serricorne, sendo expresso
por equação de regressão quadrática para os níveis com 0 e 15 indivíduos e por
equação de regressão linear para os níveis de 5 e 50 indivíduos (Figura 12).
Infestação 0
y = -0,0005x
2
- 0,021x + 84,996
R
2
= 0,8984
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Germinação
(%)
Infestação 5
y = -0,1546x + 87,758
R
2
= 0,8843
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Germinação
(%)
Infestação 15
y = -0,0009x
2
- 0,0513x + 85,985
R
2
= 0,7359
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Germinação (%)
Infestação 50
y = -0,1226x + 86,3
R
2
= 0,938
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Germinação (%)
FIGURA 12. Efeito dos diferentes níveis de infestação de Lasioderma serricorne
sobre a germinação de soja armazenada durante 150 dias de
armazenamento. Cuiabá – MT, 2007.
Condutividade elétrica
Conforme observado na Tabela 4, ocorre aumento da condutividade
elétrica em função do aumento do período de armazenamento e do
decréscimo do teor de água nas amostras.
A Figura 13 apresenta as equações de regressão para os diferentes
níveis de infestação durante o período de armazenamento, sendo expressa
por uma equação de regressão linear para todos os níveis de infestação,
demonstrando o efeito do período de armazenamento na condutividade
elétrica das sementes.
Estatisticamente não se observou diferença significativa entre os
diferentes níveis de infestação dentro de um mesmo período de
armazenamento, entretanto, a partir dos 60 dias de armazenamento,
verificou-se diferenças estatísticas significativas dentro de cada nível de
infestação.
Trabalhos como os de Shoettle e Leopold (1984), Marcos Filho et al.
(1985, 1990) e Loeffler et al. (1988) com grãos soja, demonstram que o
decréscimo na germinação e no vigor é diretamente proporcional ao
aumento da liberação de solutos, que podem ser verificados através do teste
de condutividade elétrica.
Segundo Paiva Aguero (1995), em condições adequadas para a
germinação e emergência de sementes de soja, pode-se obter resultados de
condutividade elétrica até 110 µmhos.cm
-1
.g
-1
e sob pequenas limitações
para a germinação de até 90 µmhos.cm
-1
.g
-1
, portanto, com base nesses
valores observa-se que devido ao período de armazenamento e aos níveis
de infestação após 60 dias todas as amostras tiveram seu vigor
comprometido, sendo maior nas amostras com maiores densidades
populacionais de insetos.
As variações observadas nas médias de germinação e na
condutividade elétrica podem ter ocorrido devido às flutuações populacionais
de L. serricorne, pois, a maior deterioração nos grãos de soja ocorre nos
períodos com maior número de insetos (Figura 16 e Tabela 4)
Infestação 0
y = 0,327x + 90,587
R
2
= 0,8039
0
30
60
90
120
150
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Condutividade
elétrica
(mmhos.cm-1.g-1)
Infestação 5
y = 0,372x + 87,986
R
2
= 0,8426
0
30
60
90
120
150
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Condutividade
elétrica
(mmhos.cm-1.g-1)
Infestação 15
y = 0,2962x + 91,065
R
2
= 0,6442
0
30
60
90
120
150
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Condutividade
elétrica
(mmhos.cm-1.g-1)
Infestação 50
y = 0,3352x + 87,081
R
2
= 0,848
0
30
60
90
120
150
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Condutividade
elétrica
FIGURA 13. Efeito dos diferentes níveis de infestação de Lasioderma serricorne
sobre a condutividade elétrica de soja armazenada durante 150 dias de
armazenamento. Cuiabá – MT, 2007.
Perda de peso
A perda de peso foi significativa apenas para o nível de infestação com 50
indivíduos por amostra. A partir de 30 dias de armazenamento ocorreu perda
significativa e seu efeito foi crescente ao final do período de armazenamento. Ao
final de 150 dias a perda foi de 0,65% o que corresponde a 0,13% ao mês (Tabela 4
e Figura 14).
Infestação externa
Durante todo o período de armazenamento, espécimes em diferentes
estágios de desenvolvimento (larva, pupa e adulto) foram observados nas amostras
(Figuras 15 e 16).
a b
c
d e
FIGURA 14. Danos causados por Lasioderma serricorne em grãos de soja com a)
30, b) 60, c) 90, c) 120 e e) 150 dias de armazenagem. Cuiabá MT,
2007.
Devido ao hábito comportamental apresentado pelos insetos, observaram-se
flutuações no número total de indivíduos/amostra, quanto maior o período de
armazenamento e nível de infestação.
Nos níveis de infestação mais baixos as variações foram maiores pois
nesses, havia maior influência da flutuação populacional. No nível de infestação de
50 indivíduos, as flutuações populacionais são menos perceptíveis devido ao
elevado número de indivíduos, seguindo tendência crescente.
a b
c
FIGURA 15. Diferentes estágios de Lasioderma serricorne observados no processo
de avaliação da infestação externa ao longo do período de
armazenamento: a) larva, b) pupa, c) adulto. Cuiabá – MT, 2007.
Infestação interna
Durante o período de armazenamento observou-se que a infestação interna
aumentou nos níveis de infestação de 15 e 50 indivíduos, enquanto nas amostras
com 5 indivíduos não se observou sinal de infestação (Figura 17).
Observa-se uma redução quantitativa de larvas no interior dos grãos de soja
com infestação de 15 e 50 indivíduos aos 60 dias de armazenamento. Talvez, essa
redução no número de larvas possa ser explicada pelo fato de ser o período com
predominância de indivíduos adultos em função da duração do ciclo biológico nas
condições do experimento; o mesmo pôde ser observado aos 120 dias de
armazenamento.
0
20
40
60
80
100
120
140
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
de larvas
0 5 indivíduos 15 indivíduos 50 indivíduos
a
0
20
40
60
80
100
120
140
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
de pupas
0 5 indivíduos 15 indivíduos 50 indivíduos
b
0
20
40
60
80
100
120
140
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
de adultos
0 5 indivíduos 15 indivíduos 50 indivíduos
c
0
20
40
60
80
100
120
140
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
total de indivíduos
0 5 indivíduos 15 indivíduos 50 indivíduos
d
FIGURA 16. Número médio de indivíduos Lasioderma serricorne em amostras de 300 g de soja armazenada com diferentes
níveis de infestação, ao longo de 150 dias de armazenamento: a) número de larvas, b) número de pupas,
c)número de adultos e d) número total de todos os estágios encontrados na avaliação da infestação externa.
Cuiabá – MT, 2007.
De acordo com França Neto e Henning (1984), as sementes de soja
são sensíveis ao dano interno, uma vez que as partes vitais do eixo
embrionário (radícula, hipocótilo e plúmula) estão situadas sob um
tegumento pouco espesso, que praticamente não oferece proteção, afetando
a qualidade fisiológica da soja.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 30 60 90 120 150
Peodo de armazenamento (dias)
médio de indivíduos
0 5 indivíduos 15 individuos 50 indivíduos
FIGURA 17. meros médios de indivíduos no estágio larval de Lasioderma
serricorne observados no processo de avaliação da
infestação interna em grãos de soja armazenada durante
150 dias, em diferentes níveis de infestação. Cuiabá MT,
2007.
Teste de sanidade
Na análise sanitária das sementes foram observados os fungos;
Aspergillus sp, Phomopsis sojae, Penicillium sp., Fusarium semictetum,
Colletotrichum sp., Rhizoctonia sp., Curvalaria sp., Macrophomina sp.,
Cladosporium sp., Nigrospora sp. e Cercospora kikuchii.
Em relação ao número total de fungos, houve maior incidência de
fungos no início do armazenamento. Entre os períodos de 60, 120 e 150 dias
de armazenamento não se observou diferença significativa em relação ao
total de fungos presentes. Aos 90 dias ocorreu uma redução no número total
de fungos presentes nas amostras, provavelmente isso ocorreu porque
nesse período a temperatura ambiente atingiu uma média superior a 3C e
reduziu o teor de água no interior das sementes, alterando as condições
ideais para a proliferação das espécies de fungos. o foi observada
diferença estatística significativa entre as amostras com zero e 50
indivíduos.
Os fungos dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium foram os
mais freqüentes, sendo que os dois primeiros são comuns em grãos
armazenados, enquanto que Fusarium é considerado um fungo de
ocorrência mais comum a campo (Lazzari, 1997).
Dhingra (1985) afirma que sementes armazenadas de soja podem ser
invadidas por várias espécies de Aspergillus e que o teor umidade é fator
determinante, pois espécies de fungos têm limites inferiores críticos de
umidade bem definidos e abaixo dos quais não infectam as sementes. Além
do grau de umidade e da temperatura de armazenagem, o grau de infecção
inicial (anterior ao armazenamento) é um fator que determina diretamente a
perda de viabilidade das sementes.
Nos meses de menor umidade relativa do ar observou-se redução na
ocorrência de todos os gêneros de fungo (Figuras 18 e 19). As amostras de
soja com níveis mais altos de infestação por L. serricorne apresentaram
maior número de espécies de fungos, esse fato reforça o exposto por
Christensen e Meronuck (1989) e Beti et al., (1995), que afirmam haver
interação entre fungos e insetos.
O efeito do período de armazenamento sobre a incidência de fungos não foi
determinado por equação de regressão, devido à interferência das variações
de temperatura, umidade relativa, teor de água das sementes e diferenças
no comportamento das espécies de fungo encontradas.
Infestação 0
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Fungos (%)
Aspegillus sp Phomopsis sojae Penicillium sp
Fusarium semictetum Colletotrichum sp Rhizoctonia sp
Cercospora kikuchii Cladosporium sp Nigrospora sp
Curvularia sp
Infestação 5
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Peodo de armazenamento (dias)
Fungos (%)
Aspergillus sp Phomopsis sojae Penicillium sp
Fusarium semictetum Rhizoctonia sp Cladosporium sp
FIGURA 18
. Percentagem de ocorrência de fungos em grãos de soja sem
infestação e com cinco indivíduos de Lasioderma serricorne
durante o período de 150 dias de armazenamento. Cuiabá
MT, 2007.
Infestação 15
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Fungos (%)
Aspergillus sp Phomopsis sojae Penicillium sp
Fusarium semictetum Colletotrichum sp Rhizoctonia sp
Cercospora kikuchii Macrophomina sp Cladosporium sp
Curvularia sp
Infestação 50
0
20
40
60
80
100
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Fungos (%)
Aspergillus sp Phomopsis sojae Penicillium sp
Fusarium semictetum Colletotrichum sp Rhizoctonia sp
Cercospora kikuchii Macrophomina sp Cladosporium sp
Curvularia sp
FIGURA 19
. Percentagem de ocorrência de fungos em grãos de soja com 15
e 50 indivíduos de Lasioderma serricorne durante o período de
150 dias de armazenamento. Cuiabá – MT, 2007.
Classificação comercial
Na Tabela 5 são apresentados os resultados referentes à
classificação dos grãos de soja. De acordo com o uso proposto a soja
utilizada foi enquadrada no Grupo II (Indústria), Classe Amarela em função
da coloração do grão e Tipo Padrão Básico - PB.
Ao final dos 150 dias de armazenamento os grãos de soja sem
infestação e infestados com 5 e 15 indivíduos de L. serricorne mantiveram o
enquadramento como Padrão Básico. Os grãos infestados com 50
indivíduos foram enquadrados como Fora do Tipo - FT, em função dos
percentuais de tolerância para os defeitos, estabelecidos pela Instrução
Normativa n° 11, de 15 de maio de 2007 (Apêndice F e G e Anexo A).
As matérias estranhas e impurezas se constituem de todo material
que vazar através de peneiras de 3 mm ou que nelas ficarem presos nas
malhas, com exceção de grãos de soja, inclusive as vagens não debulhadas,
cascas do grão de soja (película) retidas na peneira, não são consideradas
impurezas.
Analisando os dados de matérias estranhas e impurezas, observou-se
que houve variação significativa aos 90 dias de armazenamento para o nível
de infestação de 15 indivíduos e a partir de 120 dias para o nível de 50
indivíduos. Contudo, não houve alteração no tipo do produto em relação a
esse defeito (Apêndice G e Anexo A). Tais variações podem ser decorrentes
da retenção em peneiras dos envoltórios construídos pelas larvas antes da
fase de pupa, constituídos de material alimentar associado às suas
secreções.
Grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente
fermentados e com coloração marrom ou escura afetando a polpa são
classificados como ardidos. Verificou-se que o percentual de grãos ardidos
apresentou diferença significativa somente as 30 dias de armazenamento no
nível de infestação de 50 indivíduos, nos demais períodos de
armazenamento esse defeito não foi observado em nenhum dos níveis de
infestação por L. serricorne, entretanto não alterou o tipo do produto. Para
efeito de enquadramento, esse defeito é somado com os queimados por
secagem, entretanto nas amostras não houve ocorrência do último.
Para a porcentagem de grãos mofados, verificou-se diferença
significativa para amostras sem infestação e com nível de infestação de 5
indivíduos a partir de 30 dias de armazenamento, para os níveis de 15 e 50
indivíduos a partir dos 120 e 90 dias de armazenamento, respectivamente.
Não houve diferença significativa entre os níveis de infestação, quando
comparados no mesmo período de armazenamento.
São classificados como esverdeados grãos ou pedaços de grãos com
desenvolvimento fisiológico completo que apresentam coloração totalmente
esverdeada no cotilédone. No que diz respeito a esse defeito, observou-se
diferença estatística significativa aos 90 dias de armazenamento para o nível
de infestação de 15 indivíduos; ocasionalmente, foi encontrado grão
esverdeado nesse período, entretanto, é um defeito ocorrido anteriormente à
colheita.
Quanto aos grãos quebrados, esses apresentam condições favoráveis
ao ataque de insetos e desenvolvimento de fungos. Na Tabela 5 verifica-se
que não houve diferença estatística significativa entre os diferentes níveis de
infestação nem efeito do período de armazenamento sobre o percentual de
grãos quebrados.
Os grãos danificados foram aqueles perfurados ou atacados por L.
serricorne, verificou-se diferença estatística significativa entre os diferentes
níveis de infestação ao longo do período de armazenamento a partir de 30
dias de armazenamento. O nível de infestação de 50 indivíduos foi o que
apresentou maiores diferenças, provavelmente pelo fato da maior
concentração de insetos ocasionarem maior número de danos.
TABELA 5. Médias da classificação de sementes de soja armazenadas durante 150 dias em diferentes níveis de infestação
de Lasioderma serricorne, Cuiabá – MT, 2007.
PA
Matéria estranha e impureza (%) Ardidos (%) Mofados (%) Danificados por percevejos (%)
NI NI NI NI
0
5
15
50
0
5
15
50
0
5
15
50
0
5
15
50
0
0,00Aa
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,07Aa 0,00Aa 0,07Aa 1,70Aa
1,70Aa 1,70Aa 1,70Aa
30
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,67Ab 0,66Ba 0,69Ba 0,24Aa 0,46Aa 2,26Aa 2,68Ba 3,22Ba 3,07Ba
60
0,00Aa
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
0,00Aa 0,39Aa 1,23Ba 0,55Aa 0,46Aa 2,03Aa
1,60Aa 2,00Aa 2,12Aa
90
0,00Aa
0,00Aa 0,03Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
0,04Aa 0,64Ba 0,94Ba 0,49Aa 1,23Ba 1,92Aa
2,15Ba 1,97Aa 1,40Aa
120
0,00Aa
0,00Aa 0,00Aa 0,03Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
0,00Aa 1,11Ba 1,55Ba 1,45Ba 1,30Ba 1,49Aa
1,79Aa 1,51Aa 1,78Aa
150
0,00Aa
0,00Aa 0,00Aa 0,03Ba 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa
0,00Aa 0,89Ba 1,45Ba 1,45Ba 0,86Ba 1,61Aa
1,73Aa 1,65Aa 2,08Aa
CV (%) 1,72 3,27 16,13 8,42
PA
Esverdeados (%) Quebrados e amassados (%) Danificados (%) Total de grãos avariados (%) Tipo
NI NI NI NI NI
0
5
15
50
0
5
15
50
0
5
15
50
0
5
15
50
0
5
15
50
0
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,13Aa 0,13Aa 0,13Aa 0,13Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 4,23Aa 4,23Aa 4,23Aa 4,23Aa PB PB PB PB
30
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,17Aa 0,20Aa 0,23Aa 0,18Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,70Ab 2,26Bc 5,11Aa 7,56Ba 7,18Ba 9,26Ca PB PB PB FT
60
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,05Aa 0,13Aa 0,03Aa 0,18Aa 0,00Aa 0,19Aa 0,84Aa 2,26Bb 4,75Aa 7,60Bb 6,42Bb 8,11Bb PB PB PB FT
90
0,00Aa 0,00Aa 0,08Bb 0,00Aa 0,28Aa 0,32Aa 0,23Aa 0,07Aa 0,00Aa 0,32Aa 1,29Ab 3,41Cc 5,41Aa 7,28Ba 7,27Ba 10,96Db PB PB PB FT
120
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,13Aa 0,20Aa 0,15Aa 0,09Aa 0,00Aa 0,03Aa 0,41Aa 3,62Cb 4,95Aa 5,03Aa 5,44Aa 8,89Bb PB PB PB FT
150
0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,00Aa 0,13Aa 0,20Aa 0,15Aa 0,09Aa 0,00Aa 0,03Aa 0,40Aa 4,26Cb 5,65Aa 7,27Ba 6,90Ba 10,98Db PB PB PB FT
CV (%) 1,31 10,02 18,64 18,48
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas, para nível de infestação dentro do período de armazenamento, e pelas mesmas letras
minúsculas nas linhas, para período de armazenamento dentro do nível de infestação, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, a
5% de probabilidade. As comparações das médias foram feitas com base nos dados transformados.
* NI = nível de infestação; PA = período de armazenamento em dias.
O efeito do aumento de grãos danificados no nível de infestação de 50
indivíduos com o período de armazenamento é expresso por equação de
regressão quadrática (Figura 20).
FIGURA 20.
Efeito do nível de infestação de 50 indivíduos de Lasioderma
serricorne sobre avaliação de grãos danificados de soja
armazenada durante 150 dias de armazenamento. Cuiabá
MT, 2007.
O total de grãos avariados é o somatório dos defeitos queimados,
ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e
chochos. Verificou-se diferença estatística significativa entre os níveis de
infestação aos 90 dias em relação à testemunha. Aos 30 dias de
armazenamento, observou-se diferença entre os grãos de soja infestados
por L. serricorne e os sem infestação, entretanto isso não levou à alteração
do Padrão Comercial. A partir de 90 dias de armazenamento, o nível de
infestação de 50 indivíduos diferiu estatisticamente em relação aos demais
níveis. Em relação ao efeito do período de armazenamento sobre o
percentual de grãos avariados nos diferentes níveis de infestação, verificou-
se diferença estatística significativa a partir de 30 dias de armazenamento.
Não houve diferença da amostra sem infestação em relação ao período de
armazenamento. O incremento no índice de grãos avariados entre o início e
o final de armazenamento, nos diferentes níveis de infestação, confirma o
efeito do tempo de armazenamento sobre a deterioração dos grãos.
Infestação 50
y = -0,0001x
2
+ 0,0469x + 0,3079
R
2
= 0,9341
0
2
4
6
8
10
12
0 30 60 90 120 150
Período de armazenamento (dias)
Danificados (%)
O dano por insetos, individualmente, aos 30 dias de armazenamento
para o nível de infestação de 50 indivíduos de L. serricorne contribuiu para
alteração do Padrão Comercial (Fora de Tipo - FT), sendo confirmado
estatisticamente pela comparação das médias (Tabela 7 e Apêndice G).
3.4 CONCLUSÕES
Os níveis de infestação de 15 e 50 insetos ocasionaram
maiores perdas da qualidade física, fisiológica e sanitária da soja,
proporcionalmente ao período de armazenamento.
A perda de qualidade da semente de soja foi diretamente
influenciada pelo nível de infestação e com o período de armazenamento.
O nível de infestação de 50 insetos resultou em perda de
0,65% ao final de 150 dias de armazenamento, correspondendo a 0,13% ao
mês.
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APÊNDICE A
Duração dos estágios (dias), ciclo evolutivo e longevidade
de Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792) (Coleoptera:
Anobiidae), nas dietas de sorgo, milheto e camomila, sob
temperatura de 20°C e fotofase de 12 horas, Cuiabá - MT,
2008.
de
ordem
Dieta Instar larval Período
larval
Pré-
pupa
Pupa Ciclo
evolutivo
Sexo
1 S 12 12 18 17 59 10 26 95 M
2 S
15 15 17 20 67 12 25 104 F
3 S
13 15 16 18 62 10 25 97 M
4 S
12 15 19 20 66 10 22 98 F
5 S
15 13 19 19 66 10 23 99 F
6 S
14 12 18 19 63 11 22 96 M
7 S
14 12 19 19 64 12 25 101 F
8 S
15 13 18 20 66 10 25 101 F
1 M 14 13 17 18 62 10 23 95 M
2 M
14 12 18 19 63 12 25 100 F
3 M
15 15 20 19 69 11 25 105 F
4 M
13 12 16 18 59 12 26 97 M
5 M
15 14 18 19 66 12 23 101 F
6 M
12 12 18 20 62 10 24 96 M
7 M
12 12 18 20 62 12 25 99 F
8 M
13 12 20 20 65 10 25 100 F
1 C 14 14 20 20 68 12 27 107 F
2 C
14 14 20 18 66 10 26 102 M
3 C
14 14 21 18 67 10 28 105 F
4 C
15 13 21 18 67 10 25 102 F
5 C
13 12 19 20 64 11 25 100 F
6 C
15 15 19 19 68 10 26 104 F
7 C
12 12 18 18 60 12 27 99 M
8 C
15 14 20 20 69 11 25 105 F
*Dietas: S = Sorgo; M = Milheto; C = Camomila; Sexo: M = Macho e F = Fêmea.
APÊNDICE B
Duração dos estágios (dias), ciclo evolutivo e longevidade
de Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792) (Coleoptera:
Anobiidae), nas dietas de sorgo, milheto e camomila, sob
temperatura de 30°C e fotofase de 12 horas, Cuiabá - MT,
2007.
de
ordem
Dieta Instar larval Período
larval
Pré-
pupa
Pupa Ciclo
evolutivo
Sexo Longevidade
1 S 3 9 7 4 23 2 5 30 F 19
2 S 3 4 6 6 19 3 6 28 F 18
3 S 3 6 7 4 20 3 5 28 M 17
4 S 3 7 5 4 19 2 6 27 F 17
5 S 3 9 6 4 22 2 4 28 M 16
6 S 3 4 8 5 20 2 4 26 M 19
7 S 3 4 6 7 20 2 6 28 M 15
8 S 3 6 5 5 19 2 4 25 F 21
9 S 2 5 6 6 19 2 5 26 F 19
10 S 3 5 5 6 19 2 4 25 F 21
11 S 3 6 5 5 19 3 5 27 F 21
12 S 3 7 4 5 19 2 4 25 M 15
13 S 3 9 4 4 20 2 6 28 F 20
14 S 2 5 6 6 19 2 5 26 F 17
15 S 3 6 5 5 19 3 7 29 F 19
16 S 2 8 4 5 19 2 6 27 F 19
1 M 3 3 3 4 13 2 6 21 M 19
2 M 3 3 3 4 13 2 6 21 F 20
3 M 2 3 3 5 13 2 6 21 F 20
4 M 3 3 3 5 14 3 6 23 M 18
5 M 3 4 4 6 17 3 6 26 F 19
6 M 3 4 5 9 21 3 7 31 F 21
7 M 3 3 3 5 14 2 5 21 F 21
8 M 2 3 3 5 13 3 6 22 F 20
9 M 2 3 3 5 13 2 4 19 F 17
10 M 3 3 3 4 13 2 4 19 F 21
11 M 3 3 3 4 13 2 4 19 F 19
12 M 3 3 4 5 15 2 5 22 M 19
13 M 3 3 5 5 16 2 5 23 M 19
14 M 3 4 5 6 18 2 7 27 F 21
15 M 3 3 4 7 17 2 6 25 M 19
16 M 3 3 3 6 15 3 7 25 M 16
1 C 3 5 6 5 19 2 7 28 F 12
2 C
3 5 6 5 19 2 7 28 F 12
3 C
3 5 7 6 21 3 7 31 F 14
4 C
3 3 8 5 19 2 7 28 F 14
5 C
3 4 6 6 19 2 5 26 F 13
6 C
3 3 5 5 16 2 7 25 F 13
7 C
4 4 6 4 18 3 6 27 F 14
8 C
3 4 6 4 17 3 6 26 M 11
9 C
3 6 5 5 19 2 5 26 M 11
10 C
3 6 5 5 19 2 6 27 M 12
11 C
3 6 6 5 20 2 6 28 F 13
12 C
2 5 6 3 16 2 6 24 M 12
13 C
3 5 6 5 19 2 5 26 F 12
14 C
3 4 8 4 19 2 7 28 F 12
15 C
3 4 8 5 20 3 7 30 F 14
16 C
3 5 6 5 19 2 5 26 F 12
*Dietas: S = Sorgo; M = Milheto; C = Camomila; Sexo: M = Macho e F = Fêmea.
APÊNDICE C
Duração dos estágios (dias), ciclo evolutivo e longevidade
de Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792) (Coleoptera:
Anobiidae), nas dietas de sorgo, milheto e camomila, sob
condições ambiente com temperatura de 25±C. Cuiabá - MT,
2007.
de
ordem
Dieta Instar larval Período
larval
Pré-
pupa
Pupa Ciclo
evolutivo
Sexo Longevidade
1 S 3 4 5 9 21 3 7 31 F 20
2 S 4 6 7 9 26 3 6 35 F 21
3 S 5 4 5 7 21 3 7 31 M 19
4 S 4 4 5 9 22 2 6 30 M 18
5 S 3 4 5 9 21 3 5 29 F 17
6 S 3 5 6 9 23 3 5 31 F 21
7 S 5 6 6 9 26 2 6 34 F 21
8 S 3 5 5 9 22 3 5 30 F 20
9 S 4 6 6 7 23 2 5 30 M 19
10 S 5 6 6 7 24 2 6 32 M 19
11 S 4 5 5 8 22 3 5 30 M 19
12 S 3 5 5 8 21 3 7 31 F 21
13 S 3 4 5 9 21 2 7 30 M 18
14 S 4 6 6 8 24 3 6 33 F 20
15 S 3 5 5 7 20 3 7 30 M 18
16 S 5 5 5 8 23 3 6 32 F 20
1 M 3 3 4 7 17 2 7 26 F 19
2 M 2 4 5 6 17 3 6 26 F 21
3 M 2 4 4 7 17 2 7 26 F 21
4 M 3 3 3 5 14 3 6 23 M 18
5 M 3 4 4 6 17 3 6 26 M 17
6 M 4 4 5 7 20 3 7 30 F 19
7 M 3 4 5 7 19 2 6 27 M 19
8 M 2 4 5 8 19 3 6 28 F 20
9 M 2 3 4 5 14 2 7 23 M 17
10 M 3 3 4 6 16 3 5 24 F 21
11 M 2 4 5 6 17 2 6 25 M 19
12 M 3 3 4 8 18 2 5 25 M 19
13 M 3 3 5 7 18 3 6 27 M 18
14 M 4 4 5 8 21 2 7 30 F 21
15 M 3 3 4 7 17 3 7 27 F 20
16 M 3 3 4 6 16 3 7 26 M 19
1 C 3 4 6 8 21 2 8 31 M 19
2 C
2 5 6 8 21 3 7 31 M 19
3 C
3 4 7 8 22 3 8 33 M 19
4 C
2 3 8 7 20 2 7 29 M 18
5 C
3 4 6 7 20 3 7 30 M 18
6 C
2 5 5 6 18 2 7 27 F 18
7 C
4 6 6 8 24 3 6 33 F 20
8 C
3 5 6 4 18 3 8 29 F 20
9 C
3 6 6 9 24 3 5 32 M 20
10 C
3 6 6 9 24 3 6 33 F 21
11 C
3 5 6 5 19 2 9 30 F 19
12 C
2 4 6 8 20 2 9 31 F 21
13 C
3 4 6 5 18 2 9 29 M 19
14 C
2 6 7 9 24 3 7 34 F 21
15 C
2 5 7 9 23 3 7 33 M 20
16 C
3 5 6 8 22 3 8 33 F 21
*Dietas: S = Sorgo; M = Milheto; C = Camomila; Sexo: M = Macho e F = Fêmea.
APÊNDICE D
Composição química e aminoácidica do sorgo (baixo e alto
tanino) e do milheto.
Propriedades
Média (%)
Sorgo
Alto tanino
Sorgo
Baixo tanino
Milheto
Matéria seca 85,88 86,72 90,46
Proteína bruta 8,61 8,80 15,34
Fibra bruta 2,78 2,23 1,17
Cálcio 0,04 0,03 0,06
Fósforo 0,08 0,09 0,28
Lisina 0,22 0,22 0,36
Metionina 0,16 0,16 0,32
Metionina + Cistina 0,33 0,33 0,57
Treonina 0,33 0,33 0,58
Valores baseados em Rostagno et al., (2000).
APÊNDICE E
Médias diárias de temperatura e umidade relativa do
ambiente natural durante o desenvolvimento de Lasioderma
serricorne em laboratório. Cuiabá - MT, 2007.
AINDA VAI COLOCAR??
APÊNDICE F
Defeitos dos grãos de soja conforme Instrução Normativa
MAPA n° 11, de 15 de maio de 2007.
Queimados Ardidos Mofados
Fermentados Germinados Imaturos e chochos
Danificados Amassados Partidos e quebrados
Esverdeados Matérias estranhas ou impurezas
APÊNDICE G
Resultado do enquadramento comercial da soja
armazenada durante 150 dias, nos diferentes níveis de
infestação por Lasioderma serricorne (Fabricius, 1792)
(Coleoptera: Anobiidae). Cuiabá - MT, 2007.
NI
PA
Total de Ardidos e
queimados (%)
Tipo
Mofados (%)
Danificados por percevejo
(%)
Danificados (%)
Total de grãos avariados (%)
Tipo
Esverdeados (%)
Tipo
Quebrados e amassados (%)
Tipo
Matérias estranhas e
impurezas (%)
Tipo
Tipo final
0
0 0,00 PB 0,00 PB 1,70 0,00 4,23 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
30 0,00 PB 0,66 PB 2,26 0,00 5,11 PB 0,00 PB 0,17 PB 0,00 PB PB
60 0,00 PB 0,39 PB 2,03 0,00 4,75 PB 0,00 PB 0,05 PB 0,00 PB PB
90 0,00 PB 0,64 PB 1,92 0,00 5,41 PB 0,00 PB 0,28 PB 0,00 PB PB
120 0,00 PB 1,11 PB 1,49 0,00 4,95 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
150 0,00 PB 0,89 PB 1,61 0,00 5,65 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
5
0 0,00 PB 0,07 PB 1,70 0,00 4,23 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
30 0,00 PB 0,69 PB 2,68 0,00 7,56 PB 0,00 PB 0,20 PB 0,00 PB PB
60 0,00 PB 1,23 PB 1,60 0,19 7,60 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
90 0,00 PB 0,94 PB 2,15 0,32 7,28 PB 0,00 PB 0,32 PB 0,00 PB PB
120 0,00 PB 1,55 PB 1,79 0,03 5,03 PB 0,00 PB 0,20 PB 0,00 PB PB
150 0,00 PB 1,45 PB 1,73 0,03 7,27 PB 0,00 PB 0,20 PB 0,00 PB PB
15
0 0,00 PB 0,00 PB 1,70 0,00 4,23 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
30 0,00 PB 0,24 PB 3,22 0,70 7,18 PB 0,00 PB 0,23 PB 0,00 PB PB
60 0,00 PB 0,55 PB 2,00 0,84 6,42 PB 0,00 PB 0,03 PB 0,00 PB PB
90 0,03 PB 0,49 PB 1,97 1,29 7,27 PB 0,08 PB 0,23 PB 0,03 PB PB
120 0,00 PB 1,45 PB 1,51 0,41 5,44 PB 0,00 PB 0,15 PB 0,00 PB PB
150 0,00 PB 1,45 PB 1,65 0,40 6,90 PB 0,00 PB 0,15 PB 0,00 PB PB
50
0 0,00 PB 0,07 PB 1,70 0,00 4,23 PB 0,00 PB 0,13 PB 0,00 PB PB
30 0,67 PB 0,46 PB 3,07 2,26 9,26 FT 0,00 PB 0,18 PB 0,00 PB FT
60 0,00 PB 0,46 PB 2,12 2,26 8,11 FT 0,00 PB 0,18 PB 0,00 PB FT
90 0,04 PB 1,23 PB 1,40 3,41 10,96 FT 0,00 PB 0,07 PB 0,00 PB FT
120 0,00 PB 1,30 PB 1,78 3,62 8,89 FT 0,00 PB 0,09 PB 0,03 PB FT
150 0,00 PB 0,86 PB 2,08 4,26 10,98 FT 0,00 PB 0,09 PB 0,03 PB FT
* PB = Padrão Básico; FT = Fora de Tipo.
ANEXO - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 11, DE 15 DE MAIO DE 2007
O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 2o, do
Decreto 5.741, de 30 de março de 2006, tendo em vista o disposto na Lei
9.972, de 25 de maio de 2000, no Decreto no 3.664, de 17 de novembro
de 2000, e o que consta do Processo no 21000.014080/2005-73, resolve:
Art. 1° Estabelecer o Regulamento Técnico da Soja, definindo o seu padrão
oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade
intrínseca e extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem, na forma
do Anexo.
Art. Na soja destinada à exportação, os aspectos relativos à sua
identidade e qualidade, não contemplados nos contratos referentes a essa
operação, observarão como referência o previsto nesta Instrução Normativa.
Art. As dúvidas porventura surgidas na aplicação da presente Instrução
Normativa serão resolvidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Art. Esta Instrução Normativa entra em vigor no prazo de 60 (sessenta)
dias a partir da data de sua publicação.
Art. 5° Fica revogada a Portaria MA n° 262, de 23 de novembro de 1983.
REINHOLD STEPHANES
REGULAMENTO TÉCNICO DA SOJA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1° O presente Regulamento Técnico tem por objetivo definir o padrão
oficial de classificação da soja, considerando os seus requisitos de
identidade e qualidade intrínseca e extrínseca, de amostragem e de
marcação ou rotulagem.
Art. 2° Para efeito deste Regulamento, considera-se:
I - soja: grãos provenientes da espécie Glycine max (L) Merrill;
II - identidade: conjunto de parâmetros ou características técnicas que
permitem identificar ou caracterizar um produto ou processo quanto aos
aspectos botânicos, de aparência, metodologia de preparo, natureza ou
forma de processamento, beneficiamento ou industrialização, modo de
apresentação, conforme o caso;
III - qualidade: conjunto de parâmetros ou características extrínsecas ou
intrínsecas de um produto ou um processo, que permitem determinar as
suas especificações quali-quantitativas, mediante aspectos relativos à
tolerância de defeitos, medida ou teor de fatores essenciais de composição,
características organolépticas, fatores higiênico-sanitários ou tecnológicos;
IV - avariados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam queimados,
ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e
chochos:
a) queimados: grãos ou pedaços de grãos carbonizados;
b) ardidos: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente
fermentados e com coloração marrom ou escura afetando a polpa, incluindo-
se neste defeito os grãos queimados por processo de secagem;
c) mofados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com fungos
(mofo ou bolor) visíveis a olho nu;
d) fermentados: grãos ou pedaços de grãos que, em razão do processo de
fermentação, tenham sofrido alteração visível na cor do cotilédone que não
aquela definida para os ardidos;
e) germinados: grãos ou pedaços de grãos que apresentam visivelmente a
emissão da radícula;
f) danificados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com manchas
na polpa alterados e deformados, perfurados ou atacados por doenças ou
insetos, em qualquer de suas fases evolutivas;
g) imaturos e chochos: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam
geralmente atrofiados, enrugados e com formato irregular devido ao
desenvolvimento fisiológico incompleto;
V - amassados: grãos que se apresentam esmagados, com os cotilédones e
tegumento, rompidos por danos mecânicos, estando excluídos deste defeito
os grãos que se apresentam trincados em seu tegumento;
VI - partidos e quebrados: pedaços de grãos, inclusive cotilédones, que
ficam retidos na peneira de crivos circulares de 3,0 mm (três milímetros) de
diâmetro;
VII - esverdeados: grãos ou pedaços de grãos com desenvolvimento
fisiológico completo que apresentam coloração totalmente esverdeada no
cotilédone;
VIII - mancha púrpura: grãos que apresentam manchas arroxeadas no
tegumento;
IX - mancha café ou derramamento de hilo: grãos que apresentam manchas
escuras a partir do hilo;
X - matérias estranhas e impurezas: todo material que vazar através de
peneiras que tenham as seguintes características: espessura de chapa de
0,8 mm (zero vírgula oito milímetros); quantidade de furos de 400/100 cm2
(quatrocentos por cem centímetros quadrados); diâmetro dos furos de 3,0
mm (três milímetros) ou que nelas ficarem retidos, mas que não seja soja,
inclusive as vagens não debulhadas; a casca do grão de soja (película)
retida na peneira não é considerada impureza;
XI - umidade: percentual de água encontrado na amostra do produto isenta
de matérias estranhas e impurezas, determinado por um método oficial ou
por aparelho que dê resultado equivalente;
XII - defeitos graves: aqueles cuja incidência sobre o grão compromete
seriamente a aparência, conservação e qualidade do produto, restringindo
ou inviabilizando seu uso; são os grãos ardidos, mofados e queimados;
restringem ou inviabilizem a utilização do produto, por não comprometer
seriamente sua aparência, conservação e qualidade; são os grãos
fermentados, danificados, germinados, imaturos, chochos, esverdeados,
amassados, partidos e quebrados;
XIV - lote: quantidade de produto com especificações de identidade,
qualidade e apresentação perfeitamente definidas;
XV - substâncias nocivas à saúde: substâncias ou agentes estranhos de
origem biológica, química ou física que sejam nocivos à saúde, tais como as
micotoxinas, os resíduos de produtos fitossanitários ou outros
contaminantes, previstos em legislação específica vigente, não sendo assim
considerado o produto cujo valor se verifica dentro dos limites máximos
previstos;
XVI - matérias macroscópicas: aquelas estranhas ao produto que podem ser
detectadas por observação direta (olho nu), sem auxílio de instrumentos
ópticos e que estão relacionadas ao risco à saúde humana segundo
legislação específica vigente;
XVII - matérias microscópicas: aquelas estranhas ao produto que podem ser
detectadas com auxílio de instrumentos ópticos e que estão relacionadas ao
risco à saúde humana segundo legislação específica vigente;
XVIII - partículas com toxicidade desconhecida: partículas estranhas, grãos
ou partes desses, diferentes de sua condição natural, com suspeitas de
toxicidade.
CAPÍTULO II
REQUISITOS DE IDENTIDADE E QUALIDADE INTRÍNSECA E
EXTRÍNSECA
Art. O requisito de identidade da soja é identificado pela própria espécie
do produto, na forma disposta no inciso I, art. , do Capítulo I, deste
Regulamento Técnico.
Art. Os requisitos de qualidade da soja serão definidos em Grupos, em
função do uso proposto; em Classes, em função da coloração do grão e em
Tipos, em função da qualidade de acordo com os percentuais de tolerância
estabelecidos nas Tabelas 1 e 2, deste Capítulo.
§ 1° De acordo com o uso proposto, a soja será classificada em dois
Grupos, sendo o interessado responsável por essa informação:
I - Grupo I: soja destinada ao consumo in natura;
II - Grupo II: soja destinada a outros usos.
§ 2° De acordo com a coloração do grão, a soja será classificada em 2
(duas) Classes, assim definidas:
I - Amarela: é a constituída de soja que apresenta o tegumento de cor
amarela, verde ou pérola, cujo interior se mostra amarelo, amarelado, claro
ou esbranquiçado em corte transversal, admitindo-se até 10% (dez por
cento) de grãos de outras cores;
II - Misturada: é aquela que não se enquadra na Classe Amarela.
§ A soja do Grupo I e do Grupo II será classificada em 2 Tipos, definidos
em função da sua qualidade, de acordo com os percentuais de tolerância,
estabelecidos nas Tabelas 1 e 2, a seguir:
Tabela 1 - Limites máximos de tolerância, expressos em porcentagem, para
a soja do Grupo I:
Tipo
Avariados Esverdeados
Partidos,
Quebrados
e
Amassados
Matérias
Estranhas
e
Impurezas
Total de
ardidos e
queimados
Máximo de
queimados
Mofados
Total
(1)
1 1,0 0,3 0,5 4,0 2,0 8,0 1,0
2 2,0 1,0 1,5 6,0 4,0 15,0 1,0
(1) A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados,
imaturos e chochos.
Tabela 2 - Limites máximos de tolerância, expressos em porcentagem, para
a soja do Grupo II:
Tipo Avariados Esverdeados
Partidos,
Quebrados
e
Amassados
Matérias
Estranhas
e
Impurezas
Total de
ardidos e
queimados
Máximo de
queimados
Mofados
Total
(1)
Padrão
básico
4,0 1,0 6,0 8,0 8,0 30,0 1,0
(1) A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados,
imaturos e chochos.
§ A umidade deverá ser obrigatoriamente determinada, mas o será
considerada para efeito de enquadramento em tipos, sendo recomendado o
percentual máximo de 14% (catorze por cento).
Art. A soja deverá se apresentar fisiologicamente desenvolvida, sã, limpa,
seca e isenta de odores estranhos ou impróprios ao produto.
Parágrafo único. Os limites e procedimentos a serem adotados quando da
verificação da presença de partículas com toxicidade desconhecida deverão
ser os dispostos na Instrução Normativa no 15, de 9 de junho de 2004.
Art. 6° Seclassificado como Fora de Tipo a soja que não atender, em um
ou mais aspectos, às especificações de qualidade previstas nas Tabelas 1 e
2, do Capítulo II, deste Regulamento Técnico, para o Tipo 2, na soja do
Grupo I e para o Padrão Básico, na soja do Grupo II.
§ 1° A soja classificada como Fora de Tipo por defeitos graves (queimados,
ardidos e mofados) não poderá ser comercializada quando destinada
diretamente à alimentação humana, podendo ser rebeneficiada para efeito
de enquadramento em tipo quando o somatório do percentual destes
defeitos for de até 12% (doze por cento).
§ A soja classificada como Fora de Tipo por matérias estranhas e
impurezas não poderá ser comercializada quando destinada diretamente à
alimentação humana, podendo ser rebeneficiada para efeito de
enquadramento em Tipo.
§ 3° A soja classificada como Fora de Tipo por defeitos leves poderá ser:
I - comercializada como se apresenta, desde que identificada como tal;
II - rebeneficiada, desdobrada ou recomposta para efeito de enquadramento
em tipo.
Art. O lote de soja que apresentar, por quilograma de amostra, duas ou
mais bagas de mamona ou outras sementes de espécies xicas em seu
estado natural deverá obrigatoriamente ser rebeneficiado antes de se
proceder à sua classificação.
Art. Será desclassificada e proibida a sua internalização e
comercialização, a soja que apresentar uma ou mais das características
indicadas abaixo:
I - mau estado de conservação;
II - percentual de defeitos graves superior a 12% (doze por cento) para a
soja destinada diretamente à alimentação humana;
III - percentual de defeitos graves superior a 40% (quarenta por cento) para
a soja destinada a outros usos;
IV - odor estranho (ácido ou azedo) de qualquer natureza, impróprio ao
produto, que inviabilize a sua utilização;
V - presença de insetos vivos, mortos ou partes desses no produto
classificado e destinado diretamente à alimentação humana;
VI - presença de sementes tóxicas, na soja destinada diretamente à
alimentação humana.
Art. Sempre que julgar necessário, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento poderá exigir análise de substâncias nocivas à saúde,
matérias macroscópicas, microscópicas e microbiológicas relacionadas ao
risco à saúde humana, de acordo com a legislação específica vigente,
independentemente do resultado da classificação do produto, desde que o
mesmo já não tenha sido considerado desclassificado.
Parágrafo único. A soja será desclassificada quando da análise de que trata
o caput se constatar a presença das referidas substâncias em limites
superiores ao máximo estabelecido na legislação vigente.
Art. 10. Quando a pessoa jurídica responsável pela classificação constatar a
desclassificação do produto, esta deverá comunicar o fato ao Setor Técnico
Competente da Superintendência Federal de Agricultura - SFA da Unidade
da Federação onde o produto se encontra estocado, para as providências
cabíveis.
Art. 11. Caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a
decisão quanto ao destino do produto desclassificado, podendo, para isso,
articular-se nas situações em que couber, com outros órgãos oficiais.
CAPÍTULO III
REQUISITOS DE AMOSTRAGEM
Art. 12. Previamente à amostragem, deverão ser observadas as condições
gerais do lote do produto e havendo qualquer anormalidade, tais como
presença de insetos vivos ou a existência de quaisquer das características
desclassificantes (odor estranho, mau estado de conservação, aspecto
generalizado de mofo, entre outras), deverão ser adotados os procedimentos
específicos previstos nos artigos.
, 8°, 9°, 10 e 11, do Capítulo II, deste Regulamento Técnico.
Parágrafo único. Havendo qualquer anormalidade, deve-se exigir,
previamente à classificação, o expurgo ou qualquer outra forma de controle
ou beneficiamento do produto, conforme o caso, na forma estabelecida na
legislação específica.
Art. 13. Responderá legalmente pela representatividade da amostra, em
relação ao lote ou volume do qual se originou, a pessoa física ou jurídica que
proceder à coleta da mesma.
Art. 14. A coleta das amostras em transporte rodoviário, ferroviário e
hidroviário deve ser realizada em pontos uniformemente distribuídos no
veículo, de maneira aleatória, conforme critérios estabelecidos na Tabela 3 -
Número de pontos de coleta de amostras de acordo com o tamanho do lote,
em profundidades que atinjam o terço superior, o meio e o terço inferior da
carga a ser amostrada, a seguir:
Tabela 3 - Número de pontos de coleta de amostra de acordo com o
tamanho do lote
Quantidade do produto que constitui
o lote (toneladas)
Número mínimo de pontos a serem
amostrados
Até 15 toneladas 5
Mais de 15 até 30 toneladas 8
Mais de 30 toneladas 11
Parágrafo único. O total de produto amostrado deverá ser homogeneizado,
quarteado e reduzido em 3 kg (três quilogramas) para compor, no mínimo, 3
(três) amostras, constituídas de 1kg (um quilograma) cada, que serão
representativas do lote.
Art. 15. A coleta das amostras em equipamentos de movimentação ou grãos
em movimento quando das operações de carga, descarga ou transilagem
deve ser feita com equipamento apropriado, realizando-se coletas de 500g
(quinhentos gramas) nas correias transportadoras e extraindo-se, no
mínimo, 10 kg (dez quilogramas) de produto para cada fração de 500t
(quinhentas toneladas) da quantidade de produto a ser amostrada, em
intervalos regulares de tempos iguais, calculados em função da vazão de
cada terminal.
§ Os 10 kg (dez quilogramas) extraídos de cada fração de 500t
(quinhentas toneladas) deverão ser homogeneizados, quarteados e
reservados para comporem a amostra que será analisada a cada 5000t
(cinco mil toneladas) do lote.
§ 2° A cada 5000 t (cinco mil toneladas), juntar as 10 (dez) amostras parciais
que foram reservadas para compor a amostra a ser analisada conforme
previsto no § 1o deste artigo, homogeneizar e quartear no mínimo por 3
(três) vezes a obter 3kg (três quilogramas) de produto para compor, no
mínimo, as 3 (três) vias de amostras, constituídas de 1kg (um quilograma)
cada.
Art. 16. A coleta de amostras em silos e armazéns graneleiros será feita no
sistema de recepção ou expedição da unidade armazenadora, procedendo-
se segundo as instruções para amostragem em equipamento de
movimentação previstas no art. 15 deste Regulamento Técnico.
Art. 17. A coleta de amostra em produto ensacado será feita ao acaso, em
no mínimo 10% (dez por cento) dos sacos, devendo abranger todas as faces
da pilha formadas pelos sacos.
Parágrafo único. A quantidade mínima de coleta sede 30g (trinta gramas)
por saco, até completar no mínimo 5 kg (cinco quilogramas) do produto, que
deverá ser homogeneizado, quarteado e reduzido em 3 kg (três
quilogramas) para compor, no mínimo, três amostras, constituídas de 1kg
(um quilograma) cada, que serão representativas do lote.
Art. 18. Na coleta de amostra em produto empacotado, deverá ser retirado
um número de pacotes que totalize no mínimo 10 kg (dez quilogramas),
independentemente do tamanho do lote, uma vez que o produto empacotado
apresenta-se homogêneo.
Parágrafo único. O produto extraído deverá ser homogeneizado, quarteado e
reduzido a 3 kg (três quilogramas) para compor, no mínimo, as três
amostras, de 1 kg (um quilograma) cada, que serão representativas do lote.
Art. 19. A quantidade remanescente do processo de amostragem,
homogeneização e quarteamento serão recolocadas no lote ou devolvidas
ao detentor do produto.
Art. 20. As amostras extraídas conforme os procedimentos descritos neste
Capítulo deverão ser devidamente acondicionadas, lacradas, identificadas e
autenticadas.
Parágrafo único. As vias das amostras coletadas terão a seguinte
destinação: uma via deverá ser entregue ao interessado e as demais vias
serão destinadas à Empresa ou Entidade que efetua a classificação,
sendo que uma dessas deverá ficar como contraprova.
Art. 21. Quando a amostra for coletada e enviada pelo interessado, deverão
ser observados os mesmos critérios e procedimentos de amostragem
previstos nesse Regulamento Técnico.
Art. 22. Estando o produto em condições de ser classificado, deve-se
homogeneizar a amostra destinada à classificação, reduzi-la pelo processo
de quarteamento até a obtenção da amostra de trabalho, ou seja, no mínimo
125g (cento e vinte e cinco gramas), pesada em balança previamente
aferida, anotando-se o peso obtido para efeito de cálculo dos percentuais de
tolerâncias previstos nas Tabelas 1 e 2, do Capítulo II, deste Regulamento
Técnico.
Art. 23. Do restante da amostra destinada à classificação de 1 kg (um
quilograma), deve-se obter ainda pelo processo de quarteamento uma
subamostra destinada à determinação da umidade, da qual se retirará as
matérias estranhas e impurezas.
§ O peso da subamostra deverá estar de acordo com as recomendações
do fabricante do equipamento utilizado para verificação da umidade.
§ Uma vez verificada a umidade, deve-se anotar o valor encontrado no
Laudo e no Certificado de Classificação.
Art. 24. De posse da amostra de trabalho, deve-se utilizar a peneira de
crivos circulares de 3,0 mm (três milímetros) de diâmetro, executando
movimentos contínuos e uniformes durante 30s (trinta segundos),
observando-se os critérios abaixo:
I - as vagens não debulhadas serão consideradas como impureza;
II - a película do grão da soja que ficar retida na peneira não será
considerada impureza;
III - as impurezas e matérias estranhas que ficarem retidas na peneira serão
catadas manualmente, adicionadas e pesadas às que vazarem na peneira e
determinado o seu percentual, anotando-se o valor encontrado no laudo.
Art. 25. Para a determinação dos defeitos, deve-se aferir o peso da amostra
isenta de matérias estranhas e impurezas, anotando o peso obtido no laudo
de classificação, o qual será utilizado posteriormente para o cálculo do
percentual de defeitos.
Parágrafo único. Posteriormente, deve-se proceder à separação dos grãos
avariados (queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados,
danificados, imaturos e chochos), esverdeados, quebrados, partidos e
amassados, observando-se os seguintes critérios:
I - sempre que houver dúvidas quanto à identificação de algum defeito no
grão de soja, o mesmo deverá ser cortado, no sentido transversal aos
cotilédones, na região afetada;
II - caso o grão apresente mais de um defeito, prevalecerá o defeito mais
grave para efeito de classificação e enquadramento em tipo, considerando-
se a seguinte escala de gravidade em ordem decrescente: queimado, ardido,
mofado, fermentado, esverdeado, germinado, danificado, imaturo, chocho,
amassado, partido e quebrado;
III - no caso dos grãos danificados, separar os grãos atacados por insetos
sugadores (picados), pesar e encontrar o percentual, dividindo este por 4
(quatro), cujo resultado deverá ser somado aos percentuais dos outros grãos
danificados, caso ocorram na amostra; somar o percentual de grãos
danificados encontrados aos demais percentuais de grãos avariados, sendo
esse somatório utilizado para posterior enquadramento do produto nas
Tabelas 1 e 2, do Capítulo II, deste Regulamento Técnico, conforme o caso;
IV - pesar os grãos amassados, partidos e quebrados já separados e
encontrar o percentual para enquadramento nas Tabelas 1 e 2, do Capítulo
II, deste Regulamento Técnico, conforme o caso; não considerar como
defeito o grão amassado sem o rompimento do tegumento;
V - pesar os grãos esverdeados e encontrar o percentual para utilização nas
Tabelas 1 e 2, do Capítulo II, deste Regulamento Técnico, conforme o caso;
VI - os grãos com mancha púrpura e os grãos com mancha café o serão
considerados como defeitos;
VII - pesar todos os defeitos isoladamente e anotar no laudo de classificação
o peso e o percentual encontrado de cada um, fazendo a conversão dos
valores pela fórmula a seguir, sendo seu resultado expresso com 1 (uma)
casa decimal:
% = peso do defeito (g) x 100/peso da amostra (g)
Art. 26. Proceder ao enquadramento do produto em Tipo, considerando os
percentuais encontrados, conforme a distribuição dos defeitos e respectivas
tolerâncias, contidos nas Tabelas 1 e 2, do Capítulo II, deste Regulamento
Técnico, conforme o caso.
Art. 27. Deve-se enquadrar o produto em função do pior tipo encontrado.
Art. 28. Para determinação da Classe, deve-se aferir o peso da amostra
isenta de defeitos, anotando o peso obtido no laudo de classificação, valor
esse que será utilizado posteriormente para o cálculo do percentual de grãos
de outras cores.
§ 1° Se a amostra contiver grãos de outras cores diferentes da permitida
para a classe amarela, proceder à separação dos mesmos, pesar e anotar
os valores encontrados no respectivo campo do laudo, fazendo a conversão
dos valores pela fórmula:
% = peso de grãos de outras cores (g) x 100/peso da amostra (g)
§ 2° Verificar se o percentual encontrado se situa dentro do valor máximo
admitido para a Classe Amarela; caso esse valor seja superior ao admitido
para a classe Amarela, a soja será considerada da Classe Misturada.
Art. 29. Concluída a classificação e caso a soja seja considerada como Fora
de Tipo, Desclassificada ou da Classe Misturada, fazer constar no Laudo e
no Certificado de Classificação os motivos que causaram essas situações,
conforme o caso.
Art. 30. Revisar, datar, carimbar e assinar o Laudo e o Certificado de
Classificação, devendo constar, em ambos, obrigatoriamente, o carimbo, o
nome do classificador e o seu número de registro no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 31. Com o objetivo de uniformizar os critérios de classificação, será
elaborado um referencial fotográfico, identificando e caracterizando cada
defeito.
CAPÍTULO IV
REQUISITOS DE MARCAÇÃO E ROTULAGEM
Art. 32. A soja pode ser comercializada a granel, ensacada ou empacotada.
§ As embalagens utilizadas no acondicionamento da soja podem ser de
materiais naturais, sintéticos ou qualquer outro material apropriado.
§ As especificações quanto à confecção e à capacidade das embalagens
devem estar de acordo com a legislação específica vigente.
Art. 33. As especificações de qualidade do produto contidas na marcação ou
rotulagem deverão estar em consonância com o respectivo Certificado de
Classificação.
§ 1o No caso do produto embalado para a venda direta à alimentação
humana, a marcação ou rotulagem deverá conter as seguintes informações:
I - relativas à classificação do produto:
a) grupo;
b) classe, que será obrigatória somente quando a soja for considerada da
Classe Misturada;
c) tipo;
II - relativas ao produto e ao seu responsável:
a) denominação de venda do produto (a palavra "soja" acrescida da marca
comercial do produto);
b) identificação do lote, que será de responsabilidade do interessado;
c) nome empresarial, CNPJ, endereço da empresa embaladora ou do
responsável pelo produto.
§ 2° No caso do produto a granel destinado à venda direta à alimentação
humana, esse deverá ser identificado e as informações colocadas em lugar
de destaque, contendo no mínimo as seguintes informações:
I - denominação de venda do produto;
II - grupo;
III - classe, que será obrigatória somente quando a soja for considerada da
Classe Misturada;
IV - tipo.
§ 3° No caso do produto importado, além das exigências contidas nas
alíneas "a", "b" e "c" do inciso I e "b" do inciso II, todos do § , deste artigo,
deste Regulamento Técnico, deverá apresentar, ainda, as seguintes
informações:
I - país de origem;
II - nome e endereço do importador.
§ 4° A marcação ou rotulagem deve ser de fácil visualização e de difícil
remoção, assegurando informações corretas, claras, precisas, ostensivas e
em língua portuguesa, cumprindo com as exigências previstas na legislação
específica vigente.
§ A informação qualitativa referente ao Grupo deverá ser grafada com a
palavra "Grupo" seguida do algarismo romano e das expressões "soja
destinada ao consumo in natura" ou "Soja destinada a outros usos",
conforme o caso; a Classe deverá ser grafada por extenso, quando for
necessária sua identificação; o Tipo deverá ser grafado com a palavra
"Tipo", seguido do algarismo arábico correspondente ou com a expressão
"Padrão sico", onde couber; e, quando a soja não se enquadrar em Tipo
ou for Desclassificada, a informação deverá ser grafada coma a expressão
"Fora de Tipo", ou "Fora do Padrão Básico", ou ainda, "Desclassificada",
conforme o caso.
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