Na improvisação trabalha-se a sincronicidade, o que significa que tudo está
interligado, um determinado gesto no espaço reverbera em outro lugar, o gesto que se faz aqui
pode modificar alguma coisa lá na China, por exemplo. Ao se fazer um movimento, altera-se
a composição do espaço, proporcionando alterações magnéticas de energia real. E ao se tomar
consciência disso, naturalmente re-equilibra-se a possibilidade de cura, a harmonia pode
acontecer.
Para nós o teatro é encontro, é relacionamento. E não podemos perder de vista as
seguintes palavras: “A noção mecânico-quântica de relacionamento vem como conseqüência direta da
dualidade onda-particula e da tendência de que uma onda de matéria ou onda de probabilidade deve se
comportar como estivesse espalhada por todo espaço e tempo. Mas, se todas as coisas potenciais se estendem
indefinidamente em todas as direções, como se poderá falar em alguma distancia entre elas ou conceber alguma
separação? Todas as coisas e todos os momentos tocam uns nos outros em todos os pontos; a unidade do
sistema completo é suprema. Segue-se disto que a noção antigamente fantasmagórica do movimento a distancia,
em que um corpo influencia o outro instantaneamente apesar de inexistir troca aparente de força ou de energia,
é um fato banal e corriqueiro para o físico quântico, um fato tão estranho a qualquer estrutura de tempo e
espaço que permanece um dos maiores desafios conceituais levantados pela teoria quântica”. (GOSWAMI,
2006).
Para um grupo de atores, não existe melhor opção, pois a reverberação da energia
sutil favorece a cumplicidade, favorece o jogo, a prontidão. Isso dá uma diferença no estar em
cena, não só no estar em cena, mas como o ator, o intérprete vai se relacionar com aquele
espaço, ou com a platéia, ou com o que ele tem a dizer. Parece propiciar um amadurecimento
de um intérprete. O estar em cena e comunicar através de meios mais sutis o fazer teatral, não
só através da fala ou do movimento, mas também do movimento interno. Esse movimento
interno não só gera ação interna, mas também cria a ação da energia interna para o externo e a
exploração dessa energia externa também.
Simioni, citado por Ferracini, “Ao tratar da dinamização da emoção, sempre tratando da busca
interna de cada ator, não mais buscando uma forma preestabelecida, de uma emoção especifica, mas dentro de
si, descreve: o ator traz à tona essas emoções corporificadas, não de uma maneira realista, mas de uma
maneira dilatada e, portanto, extracotidiana. O que se busca é a presença do ator. O ator vive e experimenta ao
máximo sua própria dor, sensualidade, alegria, angústia, desespero, sexualidade, tristeza, medo e todas as
emoções não nomeadas - de uma maneira dilatada. Temos aí um monstro, isto é, a expressão no máximo de
intensidade de emoções que o ser humano - por exigências da sociedade - costuma conter. Com a dilatação de