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apartamentos que começam a subir a Rua
Albuquerque Lins, cidade de São Paulo. Gosta
de bichos, menos de gatos - “que parecem
certos políticos: são infiéis, falsos, aduladores
só quando lhes convém”. Em casa há dois
cachorros, Pingo e Roy. Quatro papagaios,
duas araras, nove canários. Dona Leonor tem
quatro filhos, dois homens e duas mulheres, e
doze netos que a visitam diàriamente. Dispõe
de um pequeno contingente de empregadas
domésticas, ativas e inativas. A mais velha,
chamada Maria, foi cozinheira durante 25 anos.
Agora ganhou "aposentadoria", mas ainda
círcula na casa com os seus 70 anos. É Tuta para todos da família. A
governanta, portuguêsa Patrocínia, trabalha com os Barros há 23 anos. Dona
Leonor gosta de acompanhar pessoalmente o preparo da comida e suas visitas
à cozinha não são surprêsa. Não suporta coquetéis e raramente faz refeições
na sala de jantar: prefere uma pequena sala de almôço. Dona Paulina, sua
secretária, recebe muitos convites para Dona Leonor comparecer a recepções.
Quase sempre são recusados. Tôdas as manhãs ela visita alguns hospitais e, à
tarde, invariàvelmente, vai ver a mãe, Dona Elisa de Moraes Mendes, que
conta 93 anos de idade. O problema da favela a preocupa e está empolgada
com o livro escrito pela favelada Carolina de Jesus. Às vêzes acompanha
Adhemar em suas excursões políticas, que encara como missão em prol dos
humildes.
Dona Eloá quer o fim das favelas
DONA Eloá acompanha Jânio Quadros em quase tôdas as viagens. Mas só faz
vida social quando imposta pelos compromissos do marido. Orienta em pessoa
os estudos da filha, Dirce Maria, no quarto ano ginasial do Colégio Sion
paulista, onde também estudou. Foi Jânio quem pôs na filha o apelido de Tutu,
prato preferido por êle. Dona Eloá se declara interessada pela assistência
social e pelas entidades públicas ou particulares que a promovem. Acredita que
a Legião Brasileira de Assistência, depois de moralizada, pode prestar grandes
serviços à mãe e à criança desamparadas. O SAM, do Ministério da Justiça, é
outra instituição que, no seu entender, deve ser recuperada. Vê com bons
olhos a ação das Pioneiras Sociais, de Dona Sarah Kubitschek, pretendendo
manter e ampliar seu raio de ação, se chegar a Primeira Dama. As favelas e os
mocambos, pragas semelhantes, devem ser exterminadas. Construção de vilas
para o operariado é providência que tem prioridade, em seus planos, bem
como no programa do marido, com o aproveitamento dos recursos da
Previdência Social e da Fundação da Casa Popular. É contra arranha-céus e
edifícios de apartamentos. Em Brasília, Fortaleza, Belém, João Pessoa, Recife,
Rio, São Paulo, Pôrto Alegre e Belo Horizonte, planeja intensificar o combate à
mortalidade infantil, atualmente com índices desanimadores. Está apavorada
com o abandono da criança no Norte e Nordeste, quadro não muito diferente
do que viu em Minas, Goiás e Mato Grosso. É apontada como possuidora de
hábitos simples e modestos. Não gosta de luxar. Muitos dos seus vestidos e da
filha são feitos em casa, por suas mãos. Faz tricô muito bem. Vai a teatro e