Download PDF
ads:
Universidade Estadual Paulista
Campus de ao Jos´e do Rio Preto
Instituto de Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas
Controlabilidade de Sistemas de
Equa¸oes
Diferenciais Lineares
Marcos Pavani de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Adalberto Spezamiglio
Disserta¸ao apresentada ao Instituto de Biociˆencias, Le-
tras e Ciˆencias Exatas da Universidade Estadual Paulista,
Campus ao Jos´e do Rio Preto, como parte dos requisitos
para a obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
ao Jos´e do Rio Preto - SP
Julho - 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARCOS PAVANI DE CARVALHO
Controlabilidade de Sistemas de Equa¸oes Diferenciais Lineares
Disserta¸ao apresentada para obten¸ao do t´ıtulo de Mestre
em Matem´atica, ´area de An´alise junto ao Programa de os-
Gradua¸ao em Matem´atica do Instituto de Biociˆencias, Le-
tras e Ciˆencias Exatas da Universidade Estadual Paulista,
”Julio de Mesquita Filho”, Campus ao Jos´e do Rio Preto.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Adalberto Spezamiglio
Professor Assistente Doutor
UNESP - ao Jos´e do Rio Preto
Prof. Dr. Weber Fl´avio Pereira
Professor Doutor
Universidade Federal de Uberlˆandia
Prof. Dr. Waldemar Donizete Bastos
Professor Doutor
UNESP - ao Jos´e do Rio Preto
ao Jos´e do Rio Preto, 14 de julho de 2008
ads:
Dedico `a minha ae,
`a minha namorada, Liliane
e aos meus irm˜aos.
Agradecimentos
Primeiramente agrade¸co a DEUS por todas as oportunidads maravilhosas que
obtive em minha vida.
Agrade¸co a minha ae, Doraci Pavani da Silva, aos meus tios, Nelson Pavani
da Silva e Roberto Pavani da Silva, aos meus irm˜aos e a Liliane Martinez Antonow,
pelo amor, paciˆencia, respeito e confian¸ca.
Agrade¸co muito ao meu Orientador, Adalberto Spezamiglio, p ela orienta¸ao,
seriedade e aten¸ao.
Agrade¸co a banca examinadora: Prof. Dr. Waldemar Donizete Bastos, ao Prof.
Dr. Weber Fl´avio Pereira e a Prof Dr
o
. Juliana Precioso, pela disponibilidade.
Agrade¸co ao Prof. Dr. Cl´audio Aguinaldo Buzzi, por toda a ajuda nestes anos
em Rio Preto e a Prof Dr
o
. Erm´ınia de Lourdes Campello Fanti pela simpatia.
Agrade¸co aos meu professores queridos: Maria Isabel, Marisa Pina e abio.
Aos amigos da os-gradua¸ao: ulio, Marcus, Michele, Miriam, Aline, Anderson,
Rafael, Pedro, Aguinaldo, Rodiak e Ana Paula.
Aos meus amigos do peito: Tarc´ısio, Rog´erio Silveira, abio Pereira, Wilsaner
Gomes, Eder Sousa, Marcio Pavani, Tairo e Paulo.
A todos que de alguma forma contribu´ıram para a conclus˜ao deste trabalho.
“Arriscar-se ´e perder o p´e por algum tempo. ao se arriscar ´e perder a
vida...
(Soren Kiekegaard)
Resumo
Neste trabalho estudamos problemas cl´assicos de controle para sistemas de equa¸oes
diferenciais ordin´arias lineares. O ponto de partida ´e a equivalˆencia entre uma
equa¸ao diferencial ordin´aria linear de ordem n e um sistema de n equa¸oes de
primeira ordem. Problemas de controlabilidade completa, observabilidade e estabi-
liza¸ao de equil´ıbrio ao considerados.
Palavras chave: controle; equivalˆencia; observabilidade; estabiliza¸ao.
Abstract
We consider here classic problems on control for a system of ordinary differential
equations. The starting point is the equivalence between a linear equation of n
th
order of ordinary differential equation and a system of n equations of first order.
Problems on complete controllability, observability and stabilization of equilibrium
are considered.
Keywords: control; equivalence; observability; stabilization.
Sum´ario
1 Equivalˆencia 10
1.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2 Um Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Equivalˆencia e a Matriz Companheira P . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 Uma Semelhan¸ca Invariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.5 Unicidade da Transforma¸ao T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.6 A Condi¸ao do posto ´e Suficiente para Equivalˆencia. . . . . . . . . . . 24
2 Controlabilidade 26
2.1 Controlabilidade Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3 Observabilidade e Dualidade 33
3.1 O Sistema Linear e sua medida de sa´ıda . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Observabilidade Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 As Formas Companheira e Diagonal de um Sistema . . . . . . . . . . 39
3.4 A Transforma¸ao da Forma Companheira para a Diagonal . . . . . . 41
4 Retroalimenta¸c˜ao, Estabiliza¸ao, Observadores e Dualidade 46
4.1 Sistema Linear Est´avel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2 Estabiliza¸ao Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 Detectabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.4 Exemplos, Estabilidade e Detectabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.5 Aplica¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
8
4.6 Comenarios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.6.1 Uma breve nota sobre extens˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Bibliografia 62
Cap´ıtulo 1
Equivalˆencia
1.1 Introdu¸ao
Uma equa¸ao diferencial ordin´aria linear ao homogˆenea de ordem n
y
(n)
+ k
1
y
(n1)
+ ... + k
n
y = u(t), (1.1)
com k
i
R, i = 1, 2, ..., n, ´e equivalente, via defini¸ao padr˜ao, ao sistema de n
equa¸oes diferenciais de primeira ordem
z
= P z + qu(t) (1.2)
onde z = [y y
... y
(n1)
]
T
,
P =
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
(1.3)
e
q =
0 0 · · · 1
T
. (1.4)
11
De fato,
z
= P z + qu(t)
y
y

.
.
.
y
(n)
=
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
y
y
.
.
.
y
(n1)
+
0
.
.
.
0
1
u(t)
y
= y
, . . . , y
(n1)
= y
(n1)
e y
(n)
= k
n
y . . . k
1
y
(n1)
+ u(t),
ou seja, y
(n)
+ k
1
y
(n1)
+ . . . +k
n
y = u(t).
Estamos interessados na rec´ıproca: quando pode um sistema linear com coefi-
cientes constantes
x
= Ax + bu(t) (1.5)
onde A ´e n × n e b ´e n × 1, ser levado para (1.2) por uma transforma¸ao linear
ao-singular T : R
n
R
n
, tal que x → T x = z onde T ´e uma matriz constante?
Se z = T x, enao z
= T x
= T (Ax + bu(t)) = T Ax + T bu(t) = T AT
1
(T x) +
(T b)u(t). Logo, devemos ter P = T AT
1
, isto ´e, P A e T b = q.
Assim ´e acil ver que uma tal transforma¸ao linear nem sempre ´e poss´ıvel. Con-
sidere o sistema linear
x
1
x
2
=
1 0
0 1
x
1
x
2
+
b
1
b
2
(1.6)
Temos que (1.6) ´e da forma x
= Ix + bu(t), onde u(t) 1.
Afirmamos que ao existe P na forma acima que seja semelhante a I.
De fato, se P I enao existe T ao-singular tal que P = T IT
1
= T T
1
= I,
uma contradi¸ao.
12
Portanto P ao ´e semelhante a I.
Em cursos avan¸cados em dinˆamica, o estudo de formas normais obtidas por
mudan¸cas de coordenadas ´e um opico importante. Na literatura de Teoria do
Controle matem´atico, quest˜oes alternativas sobre representa¸ao de sistemas em
sempre sido importantes. Entretanto, ao sabemos de nenhum texto de equa¸oes
diferenciais elementares fora a literatura da Teoria do Controle que sistematicamente
conduz a quest˜ao de transformar (1.5) em (1.2).
O prop´osito asico deste trabalho ´e introduzir um c´ırculo de id´eias em Teoria
do Controle. O acesso ´e via a quest˜ao da ”equivalˆencia”entre um sistema linear de
primeira ordem n-dimensional como (1.5) e uma equa¸ao linear de ordem n como
(1.1). A resposta completa para a quest˜ao de equivalˆencia introduz conceitos cen-
trais da Teoria do Controle moderno. Obtemos alguns resultados cl´assicos relaciona-
dos `a controlabilidade e observabilidade, e tamb´em consideramos o relacionamento
desses conceitos com outros importantes opicos em controle, como a estabiliza¸ao de
equil´ıbrio, e lineariza¸ao de sistemas ao lineares usando mudan¸ca de coordenadas
e retroalimenta¸ao.
1.2 Um Exemplo
Vamos come¸car de forma ingˆenua transformando um exemplo simples e ent˜ao
considerar uma defini¸ao precisa de equivalˆencia de sistemas.
Exemplo 1.2.1 Considere o sistema,
x
1
= 2x
1
+ 2x
2
+ u(t) (a)
x
2
= x
1
x
2
(b)
(1.7)
na forma (1.5), com A =
2 2
1 1
, b =
1
0
.
Diferenciando (b) e substituindo nesta a equa¸ao (a), temos
13
x

2
= x
1
x
2
= 2x
1
+2x
2
+u(t)x
2
= 2(x
1
x
2
)+u(t)x
2
= 2x
2
+u(t)x
2
=
3x
2
+ u(t) x

2
+ 3x
2
= u(t), que ´e uma equa¸ao da forma (1.1) com n = 2, que
po de ser levada `a forma (1.2) com
P =
0 1
0 3
e q =
0
1
.
Uma solu¸ao x
2
(t) da equa¸ao acima determina uma fun¸ao x
1
(t) (usando x
1
=
x
2
+ x
2
), assim o sistema (1.7) pode ser resolvido. Logo, o sistema (1.7) pode ser
dito equivalente `a equa¸ao de segunda ordem y

+ 3y
= u(t).
Existe outra equa¸ao de segunda ordem da forma y

+ k
1
y
+ k
0
y = u(t) que
tamb´em ´e equivalente a (1.7)?
Vamos tentar formar uma equa¸ao de segunda ordem para x
1
, usando o mesmo
m´etodo acima.
Diferenciando (a) e substituindo nesta a equa¸ao (b), temos
x

1
= 2x
1
+2x
2
+u
(t) = 2x
1
+2x
1
2x
2
+u
(t) = 2x
1
(2x
1
+2x
2
)+u
(t) =
2x
1
(x
1
u(t))+u
(t) = 3x
1
+u(t)+u
(t) se, e somente se, x

1
+3x
1
u
(t) = u(t),
que ao tem a forma (1.1).
Essa quest˜ao ´e tratada usando uma precisa defini¸ao de equivalˆencia. Note que
a equa¸ao
y

+ 3
y
=
u
(
t
) tem a forma do sistema linear
z
=
0 1
0 3
z +
0
1
u(t). (1.8)
os esperamos que exista uma transforma¸ao de R
2
em R
2
, que transforma
nosso sistema original (1.7) para a forma (1.8). Desde que as equa¸oes diferenciais
ao lineares, esperamos que a transforma¸ao seja linear, digamos z = T x. Como
vimos, a diferencia¸ao nos a z
= T AT
1
z + T bu(t).
14
Defini¸ao 1.2.1 O sistema x
= Ax + bu(t) ´e linearmente equivalente ao sistema
z
= P z + qu(t) se existe uma matriz T ao-singular tal que
T AT
1
=
P, T b
=
q.
(1.9)
Obtemos do exemplo 1.2.1, a equa¸ao de segunda ordem para x
2
, que foi (x

2
=
3x
2
+ 0x
2
+ u(t)).
Se colocarmos z
1
= x
2
e z
2
= x
2
= x
1
x
2
, a transforma¸ao demonstrando a
equivalˆencia de (1.7) e (1.8) ´e dada por, x → T x = z onde T =
0 1
1 1
.
De fato, temos A =
2 2
1
1
, b =
1
0
. Colocando P =
0 1
0
3
e
q =
0
1
, temos
T AT
1
=
0 1
1 1
·
2 2
1 1
·
1 1
1 0
=
1 1
3 3
·
1 1
1 0
=
0 1
0 3
= P e T b =
0 1
1 1
·
1
0
=
0
1
= q.
Surge a natural quest˜ao sobre existˆencia, unicidade, e alculo de T . Antes de pro-
cedermos para a resposta dessas quest˜oes, ´e instrutivo tentar transformar o exemplo
seguinte para a forma (1.2). Antes, temos o seguinte
Lema 1.2.1 Sejam A, B M
n
. Se B ´e semelhante `a A, ent˜ao o polinˆomio carac-
ter´ıstico de B ´e o mesmo que o de A.
Demonstra¸ao. Sejam p
A
, p
B
, polinˆomios caracter´ıstico de A e B, onde A B.
Logo existe P ao-singular tal que, B = P
1
AP .
Assim, p
B
(λ) = det(B λI) = det(P
1
AP λI) = det{P
1
(A λI)P } =
detP
1
· det(A λI) · detP = det(A λI) = p
A
(λ).
15
Exemplo 1.2.2 Seja A =
2 2
1 1
como no exemplo 1.2.1, mas seja b =
1
1
. Mostre que o sistema x
= Ax + bu(t) ao pode ser transformado para a
forma (1.2).
De fato, seja P =
0 1
k
2
k
1
. Se A B, temos que o polinˆomio carac-
ter´ıstico de A ´e igual ao de P , isto ´e, λ
2
+ k
1
λ + k
2
= p
P
(λ) = p
A
(λ) = λ
2
+ 3λ.
Assim, k
1
= 3 e k
2
= 0. Logo,
P =
0 1
0 3
e da´ı podemos deduzir que T =
0 1
1 1
. Portanto,
T b =
0 1
1 1
·
1
1
=
1
0
=
0
1
= q,
e o sistema ao pode ser transformado para (1.2).
1.3 Equivalˆencia e a Matriz Companheira P
O sistema (1.2) ´e muito especial, chamado de sistema companheiro e P ´e a
matriz companheira. A matriz companheira ´e definida pela equa¸ao caracter´ıstica
λ
n
+k
1
λ
n1
+...+k
n1
λ+k
n
= 0. Um fato conhecido ´e que o polinˆomio caracter´ıstico
de P ´e o que define a equa¸ao caracter´ıstica.
De fato,
p
P
(λ) = det(P λI) = 0
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · (k
1
λ)
(n×n)
= 0
16
(λ)·(1)
1+1
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n1
k
n2
k
n3
· · · (k
1
λ)
(n1)×(n1)
+
+ 1(1)
1+2
·
0 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n2
k
n3
· · · (k
1
λ)
(n1)×(n1)
= 0.
Assim, desenvolvendo o segundo determinante pela primeira coluna, obtemos
(λ) ·
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n1
k
n2
k
n3
· · · (k
1
λ)
(n1)×(n1)
+ (1)
n
k
n
= 0
Continuando, repetindo o racioc´ınio acima com o determinante de ordem n 1,
teremos
17
(λ) · (λ)(1)
1+1
·
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n2
k
n3
k
n4
· · · (k
1
λ)
(n2)×(n2)
+
λ
0 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n1
k
n3
k
n4
· · · (k
1
λ)
(n2)×(n2)
+ (1)
n
k
n
= 0
Desenvolvendo o ´ultimo determinante pela primeira coluna obtemos
λ
2
·
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n2
k
n3
k
n4
· · · (k
1
λ)
(n2)×(n2)
(1)
n1
k
n1
λ+(1)
n
k
n
= 0
Novamente, repetindo o racioc´ınio acima com o determinante de ordem n 2,
teremos
18
λ
3
·
λ 1 0 · · · 0
0 λ 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n3
k
n4
k
n5
· · · (k
1
λ)
(n3)×(n3)
+
(1)
n2
k
n2
λ
2
(1)
n1
k
n1
λ + (1)
n
k
n
= 0.
Assim, continuando o racioc´ınio at´e que a ordem do determinante seja n
(
n
1),
teremos
(1)
n1
λ
n1
det
λ k
1
+...(1)
n1
k
n1
λ+(1)
n
k
n
= (1)
n
λ
n
+(1)
n
k
1
λ
n1
+
... - (1)
n1
k
n1
λ + (1)
n
k
n
= 0, ou seja,
λ
n
+ k
1
λ
n1
+ ... + k
n1
λ + k
n
= 0.
Vemos assim que a equa¸ao p
P
(λ) = 0 coincide com a equa¸ao caracter´ıstica da
equa¸ao diferencial de ordem n que deu origem `a matriz P .
O exemplo 1.2.1, mostra que o sistema (1.5) pode ser equivalente ao sistema
companheiro e vimos dois exemplos de (1.5) que ao ao equivalentes a um sistema
companheiro, o exemplo 1.2.2 e o sistema (1.6) bi-dimensional com diagonal, tendo
dois autovalores repetidos.
1.4 Uma Semelhan¸ca Invariante
´
E conveniente dar a defini¸ao a seguir.
Defini¸ao 1.4.1 Um vetor x R
n
´e um vetor c´ıclico para uma matriz quadrada A
de ordem n se os n vetores x, Ax, A
2
x, ... , A
n1
x ao linearmente independentes.
19
Exemplo 1.4.1 O vetor q =
0 0 · · · 1
T
´e c´ıclico para a matriz
P =
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
.
De fato,
q P q P
2
q · · · P
n1
q
=
0 0 0 · · · 1
0 0 0 · · ·
. . . · · · .
. . . · · · .
0 1 · · ·
1 · · ·
,
que ´e ao-singular.
Portanto, q ´e vetor c´ıclico para P .
A existˆencia de um vetor c´ıclico para uma matriz ´e invariante por semelhan¸ca,
isto ´e, se T AT
1
= P e q ´e c´ıclico para P , ent˜ao A tem um vetor c´ıclico dado por
T
1
q.
De fato:
{T
1
q, AT
1
q, A
2
T
1
q, ..., A
n1
T
1
q} ´e um conjunto linearmente independente
pois, aplicando T a cada um deles, obtemos
20
T T
1
q = q
T AT
1
q = P q
T A
2
T
1
q = P
2
q
.
.
.
T A
n1
T
1
q = P
n1
q
,
que ´e um conjunto linearmente independente, por hip´otese. Como T ´e ao-singular,
segue, que o conjunto {T
1
q, AT
1
q, ..., A
n1
T q} ´e linearmente independente.
Portanto T
1
q ´e vetor c´ıclico para a matriz A.
No que segue, utilizaremos os dois lemas abaixo. Lembramos que o polinˆomio
m´ınimo de uma matriz A ´e o polinˆomio de menor grau que se anula em A, cujo
coeficiente do termo de maior grau ´e igual a 1.
Lema 1.4.1 Matrizes semelhantes tˆem o mesmo polinˆomio m´ınimo.
Demonstra¸ao. Sejam q
A
, q
B
, polinˆomios m´ınimos de A e B, respectivamente,
onde A B.
Logo existe T ao-singular tal que, B = T
1
AT .
Assim, q
A
(B) = q
A
(T
1
AT ) = T
1
q
A
(A)T = 0.
Logo, gr(q
B
(λ)) gr(q
A
(λ)), onde gr significa ”grau”.
Por outro lado, q
B
(A) = q
B
(T BT
1
) = T q
B
(B)T
1
= 0.
Logo, gr(q
A
)(λ) gr(q
B
(λ)).
Portanto esses dois polinˆomios tˆem o mesmo grau, se anulam em A e em B enao
eles devem ser idˆenticos por, [3, teo : 3.3.1].
Lema 1.4.2 Os polinˆomios caracter´ıstico e m´ınimo de uma matriz companheira P
ao idˆenticos.
21
Demonstra¸ao.
Considere
P =
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
e seja I a matriz identidade de ordem n.
Seja, p
P
(λ) = λ
n
+ k
1
λ
n1
+ · · · + k
n1
λ + k
n
polinˆomio caracter´ıstico de P .
Observe que, se e
j
representa o j-´esimo vetor da base canˆonica do R
n
, j =
1, 2, . . . , n, enao
e
1
I = (1, 0, · · · , 0) = e
1
= e
1
I
e
1
P = (0, 1, 0, · · · , 0) = e
2
= e
1
P
e
2
P = (0, 0, 1, 0, · · · , 0) = e
3
= e
1
P
2
.
.
.
e
n1
P = (0, 0, 0, 0, · · · , 1) = e
n
= e
1
P
n1
e
n
P = (k
n
, k
n1
, · · · , k
1
) = e
1
k
n
e
2
k
n1
· · · e
n
k
1
e
1
P
n
= e
1
Ik
n
e
1
P k
n1
· · · e
1
P
n1
k
1
e
1
P
n
+ e
1
k
1
P
n1
+ · · · e
1
k
n1
P + e
1
k
n
I = 0
e
1
(P
n
+ k
1
P
n1
+ · · · k
n1
P + k
n
I) = 0
e
1
p
P
(P ) = 0
Al´em disso, e
k
p
P
(P ) = e
1
P
k1
p
P
(P ) = 0 para cada k = 1, 2, · · · , n, desde que
e
k
p
P
(P ) = 0 para cada vetor e
k
. Conclu´ımos que p
P
(P ) = 0, e portanto p
P
(λ) ´e um
polinˆomio de grau n que se anula em P .
22
Se existe um polinˆomio q(t) = t
m
+ b
1
t
m1
+ · · · + tb
m1
+ b
m
, com m < n que
se anula em P , ent˜ao
0 = e
1
q(P )
= e
1
P
m
+ e
1
b
1
P
m1
+ · · · + e
1
b
m1
P + e
1
b
m
I
= e
m+1
+ b
1
e
m
+ · · · + b
m1
e
2
+ b
m
e
1
e
m+1
= b
1
e
m
· · · b
m1
e
2
b
m
e
1
e
m+1
´e linearmente dependente com os vetores base e
1
, e
2
, · · · , e
m
, ab-
surdo.
Portanto, p
P
(λ) = λ
n
+ k
1
λ
n1
+ · · · + k
n1
λ + k
n
´e tamb´em o polinˆomio
m´ınimo.
Proposi¸ao 1.4.1 Uma matriz A ´e semelhante `a matriz companheira P definida
pelo seu polinˆomio caracter´ıstico se, e somente se, os polinˆomios m´ınimo e carac-
ter´ıstico de A ao idˆenticos.
Demonstra¸ao. Sabemos que matrizes semelhantes tˆem os mesmos polinˆomios
m´ınimo e caracter´ıstico.
Supondo A P , enao p
P
(λ) = p
A
(λ) e q
P
(λ) = q
A
(λ) onde, p ´e o polinˆomio
caracter´ıstico e q ´e o polinˆomio m´ınimo. Pelo Lema 1.4.2, p
P
(λ) = q
P
(λ), e da´ı
segue que os polinˆomios caracter´ıstico e m´ınimo de A ao idˆenticos.
Por outro lado, se o polinˆomio m´ınimo e o polinˆomio caracter´ıstico de A ao
idˆenticos, ent˜ao a forma canˆonica de Jordan de A deve conter exatamente um bloco
de Jordan para cada autovalor distinto, e a ordem de cada bloco ´e igual `a multiplici-
dade do autovalor correspondente como zero do polinˆomio caracter´ıstico (e m´ınimo)
de A.
Pelo lema 1.4.2, os polinˆomios caracter´ıstico e m´ınimo da matriz companheira
P ao idˆenticos. Assim, a matriz companheira P tem os mesmos blocos de Jordan
de A. Logo por transitividade segue que A ´e semelhante a P .
23
´
E acil construir um exemplo de matriz que tem (ou ao tem) vetores c´ıclicos. Os
exemplos 1.2.1 e 1.2.2 possuem condi¸ao de semelhan¸ca onde o polinˆomio m´ınimo
e caracter´ıstico de A ´e p(λ) = λ(λ + 3). Conclu´ımos que existe alguma outra ob-
stru¸ao no exemplo 1.2.2 para a equivalˆencia com o sistema (1.2), e a obstru¸ao
deve envolver o vetor b. Assim, o problema com a transforma¸ao no exemplo 1.2.2
est´a relacionado `a forma com que a fun¸ao for¸cante u ingressa as equa¸oes. Exam-
inaremos essas quest˜oes na pr´oxima se¸ao.
1.5 Unicidade da Transforma¸ao T
Assuma que temos uma matriz T ao-singular tal que T AT
1
= P e T b = q.
Enao, T AT
1
q = T Ab, e T A
k
b = T A
k
T
1
q = (T AT
1
)
k
q = P
k
q, para todo
k 0 inteiro.
A ao-singularidade de T implica que, se q ´e c´ıclico para P ,
n = rank
q P q · · · P
n1
q
= rank
T b T Ab · · · T A
n1
b
= rank
b Ab · · · A
n1
b
.
Al´em disso, T ´e determinada univocamente por suas oes na base definida pelos
vetores
b, Ab, · · · A
n1
b
.
Assim, os temos o resultado de unicidade a seguir e condi¸ao necess´aria.
Proposi¸ao 1.5.1 a no aximo uma transforma¸ao linear ao-singular z = T x,
levando (1.5) para a forma companheira (1.2). Tal T existe somente se
rank
b Ab · · · A
n1
b
= n. (1.10)
O exemplo 1.2.2 ´e explicado por este resultado pois,
b Ab
=
1 0
1 0
,
24
rank = 2.
Voltaremos mais adiante ao exemplo 1.2.2 para estudo adicional.
A Proposi¸ao 1.5.1. tamb´em explica porque os ao podemos obter uma equa¸ao
de segunda ordem da forma (1.1) para a vari´avel x
1
no exemplo 1.2.1: a equa¸ao de
segunda ordem para y = z
1
deve ser uma combina¸ao linear ´unica das componentes
de x.
Mostraremos em seguida que a condi¸ao (1.10) ´e tamb´em suficiente para garantir
a existˆencia de uma transforma¸ao ao-singular que leve (1.5) a (1.2). Mostraremos
tamb´em como construir T por um m´etodo direto e simples.
1.6 A Condi¸ao do posto ´e Suficiente para Equiva-
lˆencia.
Referindo-se anteriormente pelo exemplo 1.2.1, a chave em transformar (1.5) para
(1.2) ´e identificar a vari´avel z
1
que satisfaz uma equa¸ao de ordem n equivalente a
(1.1).
Note que,
z
1
=(primeira linha de
T
)
·
x
. Vamos denotar a primeira linha de T
por
τ
.
Assim, desde que T b = q =
0 0 · · · 1
T
e T A
k
b = P
k
q, devemos ter,
τb = 0, τ Ab = 0, · · · , τA
n2
b = 0, τA
n1
b = 1.
Escrevemos isso como
τ
b Ab · · · A
n1
b
=
0 0 · · · 0 1
T
= q
T
. (1.11)
Agora, se assumirmos rank
b Ab · · · A
n1
b
= n, a uma ´unica solu¸ao
para τ em (1.11)
Novamente, a vari´avel z
1
deve ser uma combina¸ao linear ´unica das coordenadas
de x.
25
Seja agora z
2
=(segunda linha de T )·x = z
1
= τ x
= τ (Ax + bu(t)) = τAx +
τbu(t) = τ Ax.
Portanto, z
2
= τAx.
Continuando desse modo, as equa¸oes que definem τ e a forma do sistema z
implicam que,
T =
τ
τA
.
.
.
τA
n1
(1.12)
Combinamos esse argumento com a Proposi¸ao 1.5.1, temos o seguinte resultado:
Teorema 1.6.1 O sistema x
= Ax + bu(t) com x R
n
pode ser transformado no
sistema companheiro z
= P z + qu(t), por uma transforma¸ao linear ao-singular
z = T x se, e somente se, r ank
b Ab · · · A
n1
b
= n. Neste caso, T ´e definida
univocamente por (1.12) onde τ ´e a ´unica solu¸ao de (1.11).
O Teorema 1.6.1 responde nossa quest˜ao original. Se os fatos alg´ebricos asicos
relativos `a existˆencia de um vetor c´ıclico para a matriz companheira de A ´e enten-
dida, ent˜ao a situa¸ao relativa `a equivalˆencia entre (1.5) e (1.2) se torna transparente.
Nossa quest˜ao original nos levou a esse ponto. Mas a muito mais envolvido aqui.
Pense em variar o termo ao homogˆeneo em (1.5). E se aplicarmos diferentes fun¸oes
de entrada u(t)? At´e onde isso pode afetar as solu¸oes do sistema? Consideraremos
a quest˜ao de variar a entrada u(t) no pr´oximo cap´ıtulo. Fazendo assim, obtemos
um entendimento anal´ıtico, dentro da Teoria do Controle, da condi¸ao do rank no
Teorema 1.6.1.
Cap´ıtulo 2
Controlabilidade
2.1 Controlabilidade Completa
O sistema (1.5) ´e freq¨uentemente chamado de sistema de entrada ´unica porque a
fun¸ao de entrada u ´e escalar em vez de vetorial. Mostraremos nesta se¸ao que um
conceito natural de controlabilidade para o sistema de entrada ´unica (1.5) coincide
com o fato de b ser um vetor c´ıclico para A.
Em cursos de equa¸oes diferenciais elementares, o termo ao-homogˆeneo em (1.1)
´e considerado fixo. Mas, perguntamos agora: o que acontece com a dinˆamica do
sistema quando mudamos u? Mais especificamente, at´e que ponto o vetor x(t) pode
ser influenciado, come¸cando em um estado inicial x
0
e usando entradas arbitr´arias
u(t)? A pr´oxima defini¸ao descreve um conceito de controlabilidade completa para
(1.5). Antes de dar a defini¸ao, devemos especificar um conjunto U de fun¸oes de
entrada admiss´ıveis. As solu¸oes de um sistema linear com coeficientes constantes
de equa¸oes diferenciais ordin´arias ao definidas em toda a reta real, e geralmente
queremos a mesma propriedade para a entrada u(t). Por´em, as entradas ser˜ao
restringidas a um intervalo [t
0
, t
f
]. Portanto, com uma restri¸ao apropriada do
dom´ınio quando necess´ario, podemos considerar arios casos de espa¸cos vetoriais de
fun¸oes para o conjunto U, incluindo fun¸oes constantes por partes, cont´ınuas, ou
entradas localmente integr´avel.
27
Uma fun¸ao de valores reais u(t) ´e localmente integr´avel se
t
2
t
1
|u(s)|ds < ,
para cada t
1
< t
2
. O conjunto de fun¸oes localmente integr´avel ´e o maior espa¸co
vetorial de entradas para qual (1.5) faz sentido; ent˜ao assumimos que nossas entradas
ao localmente integr´aveis.
Defini¸ao 2.1.1 O sistema linear (1.5) ´e completamente control´avel, se dados quais-
quer x
0
, x
f
R
n
, existe um t
f
> 0 e uma fun¸ao controle u(t) definida para
0 t t
f
, tais que a solu¸ao de (1.5), com condi¸ao inicial x(0) = x
0
, satis-
faz x(t
f
) = x
f
.
A solu¸ao para (1.5) com x(0) = x
0
´e dada por,
x(t) = e
tA
x
0
+
t
0
e
sA
bu(s)ds
(2.1)
onde,
e
tA
= I + tA +
t
2
2!
A
2
+ · · · +
t
k
k!
A
k
+ · · · .
Pelo M-test de Weierstrass, esta erie converge uniformemente e absolutamente
se |t| t
f
para t
f
finito. O sistema (1.5) ´e completamente control´avel se para
quaisquer x
0
, x
f
dados, existe algum t
f
e alguma fun¸ao u localmente integr´avel em
0 t t
f
tais que,
x(t
f
) = e
t
f
A
x
0
+
t
f
0
e
sA
bu(s)ds
= x
f
. (2.2)
´
E uma surpresa que a solvabilidade de (2.2) para arbitr´arios x
0
, x
f
´e determinada
por um crit´erio puramente alg´ebrico. A explica¸ao est´a no Teorema de Cayley-
Hamilton: a matriz A satisfaz p
A
(A) = 0, onde p
A
(λ) ´e o polinˆomio caracter´ıstico
de A. A condi¸ao rank (1.10) ´e conhecida como condi¸ao de controlabilidade do
posto, e a matriz
b Ab · · · A
n1
b
´e chamada matriz de controlabilidade, por
causa do Teorema 2.1.1 em seguida.
Antes, vejamos um lema.
28
Lema 2.1.1 Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Para cada k n, A
k
pode
ser escrita como uma combina¸ao linear das potˆencias A, A
2
, · · · , A
n1
.
Demonstra¸ao. Seja p
A
(λ) = λ
n
+ k
1
λ
n1
+ · · · + k
n1
λ + k
n
polinˆomio
caracter´ıstico de A.
Pelo teorema de Cayley-Hamilton,
p
A
(A) = A
n
+ k
1
A
n1
+ · · · + k
n1
A + k
n
I = 0.
Enao,
A
n
= k
1
A
n1
· · · k
n1
A k
n
I, provando que para k = n o resultado ´e
verdadeiro.
Por indu¸ao, suponhamos que vale para k n, ou seja, A
k
= α
1
A
n1
+ · · · +
α
n1
A + α
n
I, com α
i
R, i = 1, 2, . . . , n.
Assim,
A
k+1
= A
k
A = (α
1
A
n1
+ · · · + α
n1
A + α
n
I)A
= α
1
A
n
+ · · · + α
n1
A
2
+ α
n
A
= α
1
(k
1
A
n1
· · · k
n1
A k
n
I) + α
2
A
n1
+ · · · + α
n1
A
2
+ α
n
A
= (α
2
α
1
k
1
)A
n1
+ (α
3
α
1
k
2
)A
n2
+ · · · + (α
n
α
1
k
n1
)A α
1
k
n
I.
Logo A
k+1
pode ser escrito como combina¸ao linear das potˆencias A, A
2
, · · · , A
n1
.
Portanto, A
k
po de ser escrita como uma combina¸ao linear das potˆencias
A, A
2
, · · · , A
n1
para todo k n.
Lembramos que o espa¸co coluna de uma matriz n×n ´e o subespa¸co do R
n
gerado
pelas colunas da matriz, consideradas como vetores do R
n
. Tamb´em, se M ´e um
subespa¸co vetorial de dimens˜ao finita de um espa¸co normado E, enao M ´e fechado
em E.
Teorema 2.1.1 O sistema linear x
= Ax + bu(t) em (1.5) ´e completamente con-
trol´avel se, e somente se, rank
b Ab · · · A
n1
b
= n.
29
Demonstra¸ao. Seja R o espa¸co coluna de
b Ab · · · A
n1
b
. Como R
tem dimens˜ao finita, R ´e um subespa¸co fechado do R
n
.
Pela defini¸ao de matriz exponencial temos
e
sA
b = Ib sAb +
s
2
2!
A
2
b
s
3
3!
A
3
b + · · · + (1)
k
s
k
k!
A
k
b + · · · .
Pelo lema 2.1.1 e do fato de que R ser subespa¸co fechado no R
n
, conclu´ımos que
e
sA
b est´a em R, para todo s R.
Enao a integral no lado direito, da express˜ao abaixo,
x(t) = e
tA
x
0
+
t
0
e
sA
bu(s)ds
,
est´a em R, para todo s, a que ´e limite de uma sequˆencia de elementos de R.
Tomando x
0
= 0, os estados que ao alcan¸cados a partir da origem num tempo
finito, por meio de alguma entrada u(t), est˜ao todos em R.
Portanto, se a condi¸ao do rank ao estiver satisfeita, enao o sistema ao ser´a
completamente control´avel, porque existir˜ao pontos em R
n
\ R que ao poder˜ao ser
alcan¸cados a partir de x
0
.
Reciprocamente, suponha rank
b Ab · · · A
n1
b
= n.
Mostraremos que x
(t) = Ax(t) + bu(t) ´e completamente control´avel.
Seja t
f
> 0 um tempo finito, e considere a matriz sim´etrica de ordem n,
M =
t
f
0
e
sA
bb
T
e
sA
T
ds.
Primeiro mostraremos que M ´e ao singular.
Assim, suponhamos que Mv = 0 para algum v R
n
. Enao, v
T
Mv = 0, o que
implica que,
0 =
t
f
0
v
T
e
sA
bb
T
e
sA
T
vds =
t
f
0
v
T
e
sA
b(v
T
e
sA
b)
T
ds =
tf
0
(ψ(s))
2
ds,
30
onde ψ(s) = v
T
e
sA
b. Como (ψ(s))
2
´e cont´ınua e ao negativa, conclu´ımos que
ψ(s) 0 em [0, t
f
].
Segue que,
ψ(0) = v
T
b = 0, ψ
(0) = v
T
Ab = 0, . . ., ψ
n1
(0) = (1)
n
v
T
A
(n1)
b = 0.
Portanto v ´e perpendicular a R.
Como por hip´otese,
rank
b Ab · · · A
n1
b
= n,
o pode ser v = 0.
Portanto M ´e ao singular.
Agora mostraremos que a ao singularidade de M implica controlabilidade com-
pleta.
Dados x
0
, x
f
R
n
, definimos o controle u(s) = b
T
e
sA
T
x para 0 s t
f
,
onde x ser´a escolhido convenientemente.
A solu¸ao x(t) com entrada u e condi¸ao inicial x
0
tem ponto final x
f
no tempo
t
f
desde que x possa ser escolhido de modo que,
x(t
f
) = e
t
f
A
x
0
+
t
f
0
e
sA
bb
T
e
sA
T
ds
x
= e
t
f
A
(x
0
+ M x) = x
f
.
Mas, e
t
f
A
´e ao singular e M ´e ao singular, assim
x
f
= e
t
f
A
(x
0
+ M x) e
t
f
A
x
f
= x
0
+ M x x = M
1
(e
t
f
A
x
f
x
0
)
Portanto qualquer x
0
po de ser direcionado para qualquer x
f
em um tempo finito,
e assim o sistema ´e completamente control´avel.
Ilustraremos o Teorema 2.1.1 e a id´eia de controlabilidade re-examinando o
exemplo 1.2.2.
31
Exemplo 2.1.1 (Continua¸ao do exemplo 1.2.2 ) O sistema ´e
x
=
2 2
1 1
x +
1
1
u.
Note que p
A
(λ) = λ
2
+ 3λ, logo λ = 0 ´e autovalor de A e b =
1 1
T
´e um
autovetor correspondente. Assim, a condi¸ao de controlabilidade do posto ao se
verifica, pois
b Ab
=
1 0
1 0
.
Entretanto, A ´e semelhante `a sua matriz companheira P =
0 1
0 3
.
Usando T calculada anteriormente e z = T x, temos,
z
=
0 1
0 3
z +
1
0
u(t),
e da´ı,
z
1
= z
2
+ u(t) ()
z
2
= 3z
2
(∗∗)
.
Diferenciando () e substituindo em (∗∗) obtemos, z

1
3z
1
= 3u + u
, que ao
tem a forma (1.1) devido o termos u
.
Uma integra¸ao produz uma equa¸ao de primeira ordem
z
1
+ 3z
1
= 3
ud(s) + u,
que mostra que a ao de entradas arbitr´arias u afetam a dinˆamica em somente
um espa¸co um-dimensional. A equa¸ao original para x usada leva a pensar que u
po deria afetar completamente ambos x
1
e x
2
, mas note que a equa¸ao para z
2
diz
que u ao afeta a dinˆamica da diferen¸ca x
1
x
2
= z
2
. Somente se a condi¸ao inicial
para z envolver z
2
(0) = 0, u pode ser usado para controlar uma traj´etoria.
32
Isto ´e, as entradas controlam completamente somente os estados que est˜ao no
subespa¸co,
span
b Ab
= span{b} = span
1 1
T
.
Solu¸oes partindo com x
1
(0) = x
2
(0) satisfazem x
1
(t) = x
2
(t) =
t
0
ud(s) +
x
1
(0).
Pode-se conduzir ao longo da reta x
1
= x
2
de algum ponto inicial para algum
ponto final x
1
(t
f
) = x
2
(t
f
) em um tempo finito t
f
por uma escolha apropriada de
u. Por outro lado, se a condi¸ao inicial se encontra fora da reta x
1
= x
2
, ent˜ao a
diferen¸ca z
2
= x
1
x
2
decai exponencialmente. Assim, ao existe possibilidade de
conduzir para um estado final arbitr´ario em um tempo finito.
Quando um sistema ´e completamente control´avel, geralmente existem muitas
fun¸oes de entrada que podem fazer a transferˆencia de x
0
para x
f
. Essa flexi-
bilidade pode ser explorada em algumas aplica¸oes para otimizar o comportamento
do sistema de alguma maneira, por exemplo, minimizando a medida do custo de
executar a transferˆencia. Em particular, se o custo da ao controle ´e medida pela
integral
t
f
t
0
|u(s)|
2
d(s),
enao um controle que minimiza esse custo pode ser determinado.
Cap´ıtulo 3
Observabilidade e Dualidade
3.1 O Sistema Linear e sua medida de sa´ıda
Suponha que temos o sistema (1.5) para o qual uma certa combina¸ao linear das
componentes x
i
de x ´e medida diretamente, possivelmente por alguma combina¸ao
de instrumentos.
Escrevemos o sistema e sua medida de sa´ıda como
x
= Ax + bu(t) (a)
y = c
T
x (b)
(3.1)
onde c ´e um vetor constante. A fun¸ao y(t) ´e a sa´ıda conhecida.
Perguntamos, quando c
T
´e a primeira linha de uma transforma¸ao T para o
sistema companheiro (1.2), onde y ´e a vari´avel dependente em (1.1)?
Se tal T existe, T deve ter a forma,
T =
τ
τA
.
.
.
τA
n1
34
com τ = c
T
.
Devemos ter T b = q =
0 0 · · · 1
T
.
Assim,
rank(T ) = rank
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
= n (3.2)
Al´em disso, desde que T b = q temos,
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
b =
0
0
.
.
.
0
1
=
b
T
b
T
A
T
.
.
.
b
T
(A
n1
)
T
c (3.3)
Podemos checar que a equa¸ao diferencial para z = [y y
... y
n1
]
T
realmente
´e a forma companheira (1.2), lembrando que A anula seu p olinˆomio caracter´ıstico,
A
n
+ k
1
A
n1
+ · · · + k
n1
A + k
n
I = 0. Pelos resultados vistos anteriormente, temos
a seguinte
Proposi¸ao 3.1.1 Existe uma transforma¸ao T ao singular transformando (3.1a)
para a forma companheira (1.2) com z
1
= c
T
x se, e somente se, as condi¸oes (3.2)
e (3.3) est˜ao satisfeitas. Neste caso, T ´e univocamente determinada, e ´e a matriz
em (3.2).
35
Note que a matriz
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
tem o mesmo rank que a matriz
c A
T
c · · · (A
n1
)
T
c
. Assim, y = c
T
x satisfaz
(1.1) se, e somente se, o sistema
x
= A
T
x + cu (3.4)
´e completamente control´avel, pelo Teorema 2.1.1.
Al´em disso, (3.3) mostra que b
T
´e a primeira linha da transforma¸ao que leva
(3.4) para a forma companheira.
A liga¸ao da prop osi¸ao 3.1.1 com o sistema (3.4) conduz para uma dualidade
fundamental entre controlabilidade completa e o conceito de observabilidade com-
pleta. A condi¸ao do rank (3.2) ´e conhecida como a condi¸ao de observabilidade do
posto e, a matriz
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
(3.5)
´e chamada a matriz observabilidade para o sistema (3.1). A condi¸ao do posto
implica que o sistema em x pode ser reconstru´ıdo a partir do conhecimento de y, u
e de suas derivadas.
36
3.2 Observabilidade Completa
Defini¸ao 3.2.1 O sistema (3.1) ´e completamente observ´avel se para qualquer x
0
=
x(0), existe um tempo t
f
> 0 finito tal que o conhecimento da entrada u e da sa´ıda
y em [0, t
f
] ao suficientes para determinar x
0
de maneira ´unica.
A sa´ıda do sistema para uma condi¸ao inicial x(0) = x
0
e uma entrada u ´e dada
por,
y(t) = c
T
e
tA
x
0
+ c
T
t
0
e
(ts)A
bu(s)ds.
Logo, assumindo y e u conhecidos em um intervalo [0, t
f
], estudar observabilidade
resume-se a obter x
0
a partir de u(t) e y(t). Vemos que a Defini¸ao 3.2.1 pode ser
reformulada usando somente a entrada u 0.
Para ver como a determina¸ao de x
0
´e feita quando a condi¸ao de observabilidade
do posto ´e satisfeita, diferenciamos a equa¸ao de sa´ıda (3.1b) n 1 vezes e fazemos
t = 0 para obter
y(0)
y
(0)
.
.
.
y
n1
(0)
=
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
x
0
+ termos dependentes de u. (3.6)
De fato,
temos,
x
= Ax + u(t)
y = c
T
x
Assim,
y(0) = c
T
x(0) = c
T
x
0
.
y
(t) = c
T
x
(t) = c
T
(Ax(t) + bu(t)) = c
T
Ax(t) + c
T
bu(t). Logo,
y
(0) = c
T
Ax(0) + c
T
bu(0).
y

(t) = c
T
Ax
(t) + c
T
bu
(t) = c
T
A(Ax(t) + bu(t)) + c
T
bu
(t) = c
T
A
2
x(t) +
c
T
Abu(t) + c
T
bu
(t) enao, de onde se tem
37
y

(0) = c
T
A
2
x
0
+ c
T
Abu(0) + c
T
bu
(0).
.
.
.
y
n1
(0) = c
T
A
n1
x
0
+ c
T
A
n2
bu(0) + . . . + c
T
bu
n2
(0), por indu¸ao.
Pela condi¸ao de observabilidade do posto, os coeficientes de x
0
ao ao-singulares,
e podemos resolver para x
0
em termos de u, y e suas derivadas.
Para exemplificar, considere o sistema do exemplo 1.2.2 com sa´ıda y =
1 0
x.
Assim,
y(0)
y
(0)
=
c
T
c
T
A
x
0
+
0
c
T
b
u =
1 0
2 2
x
0
+
0
1
u.
Portanto o sistema ´e completamente observ´avel.
Teorema 3.2.1 O sistema (3.1) ´e completamente observ´avel se, e somente se, a
condi¸ao de observabilidade do posto (3.2) ´e satisfeita.
Demonstra¸ao. a mostramos a suficiˆencia da condi¸ao do posto (3.2).
Agora assuma que temos observabilidade completa. Devemos mostar que (3.2)
´e satisfeita.
Suponha,
rank
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
< n.
Enao existe um vetor v diferente de zero tal que,
38
c
T
c
T
A
.
.
.
c
T
A
n1
v = 0 (3.7)
Usando a entrada u 0, temos a sa´ıda y(t) = c
T
e
tA
x
0
. Tomando x
0
= v,
temos
y(t) = ( c
T
I + tc
T
A +
t
2
2!
c
T
A
2
+ · · · +
t
k
k!
c
T
A
k
+ · · · )v.
Usando (3.7) e o lema 2.1.1, segue que,
c
T
v = 0
tc
T
Av = t · 0 = 0
.
.
.
t
k
k!
c
T
A
k
v =
t
k
k!
· 0 = 0
.
.
.
Assim y 0. Mas esta ´e tamb´em a sa´ıda quando x
0
= 0, com entrada zero. Isto
contradiz a suposi¸ao de observabilidade completa.
Portanto, (3.2) ´e satisfeita.
Motivado pelos comenarios em rela¸ao `a proposi¸ao 3.1.1, definimos o sistema
dual de (3.1) por,
x
= A
T
x + cu(t) (a)
y = b
T
x (b)
(3.8)
Enao, o dual do dual de um sistema ´e o sistema original. Com esta defini¸ao
po demos reunir a discuss˜ao feita at´e agora com o seguinte enunciado:
39
Teorema 3.2.2 O sistema (3.1) ´e completamente observ´avel se, e somente se,
(3.8a) ´e completamente control´avel. O sistema (3.1a) ´e completamente control´avel
se, e somente se, o sistema (3.8) ´e completamente observ´avel.
3.3 As Formas Companheira e Diagonal de um
Sistema
Obteremos duas formas de sistemas de entrada ´unica definidas pela equa¸ao
y

2y

+ y
2y = u. (3.9)
(a) A forma companheira
Usando as vari´aveis de estado definidas acima, temos
x
1
= y, x
2
= y
e x
3
= y

, enao
x
1
= x
2
x
2
= x
3
x
3
= 2x
1
x
2
+ 2x
3
+ u
(3.10)
Portanto
x
1
x
2
x
3
=
0 1 0
0 0 1
2 1 2
x
1
x
2
x
3
+
0
0
1
u (3.11)
e y =
1 0 0
x
1
x
2
x
3
.
(b) A forma diagonal
O modo da escolha das vari´aveis abaixo pode ao ser claro, mas esperamos que
40
isto mude depois de ser trabalhado na se¸ao 3.4. Sejam
x
1
=
1
5
y +
1
5
y

x
2
=
1
5
(2 + i)y
1
2
iy
+
1
10
(1 + 2i)y

x
3
=
1
5
(2 i)y +
1
2
iy
1
10
(1 + 2i)y

(3.12)
(onde i
2
= 1).
Enao
x
1
=
1
5
y
+
1
5
y

=
1
5
y
+
1
5
(2y

y
+ 2y + u)
=
2
5
(y

+ y) +
1
5
u.
Da mesma forma, obt´em-se
x
2
= ix
2
+
1
10
(1 + 2i)u e x
3
= ix
3
1
10
(1 + 2i)u.
Na forma matricial escrevemos como
x
1
x
2
x
3
=
2 0 0
0 i 0
0 0 i
x
1
x
2
x
3
+
1
10
2
1 + 2i
1 2i
u (3.13)
e na adi¸ao das equa¸oes (3.12)
y = x
1
+ x
2
+ x
3
(3.14)
isto ´e y =
1 1 1
x
1
x
2
x
3
.
41
3.4 A Transforma¸ao da Forma Companheira para
a Diagonal
Considere o sistema
x
= P x + qu(t) (a)
y = c
T
x (b)
(3.15)
onde P ´e uma matriz de ordem n na forma (1.3), q e c ao matrizes n × 1.
Considere alguma matriz T ao-singular de ordem n. Se
z = T x, (3.16)
as equa¸oes (3.15) podem ser escritas como
z
= Dz + q
1
u(t) (a)
y = c
T
1
z (b)
(3.17)
onde D = T P T
1
, q
1
= T q e c
1
= (T
1
)
T
c.
Como vimos, as matrizes P e D ao semelhantes. Nosso interesse particular ao
nas transforma¸oes onde D ´e diagonal e P na forma companheira (1.3). Assumimos
que a matriz P tem autovalores λ
1
, λ
2
, . . ., λ
n
distintos.
Correspondente aos autovalores λ
i
existem os autovetores x
i
tais que
P x
i
= λ
i
x
i
(i = 1, 2 . . . , n). (3.18)
Definimos a matriz M tendo nas colunas os autovetores x
1
, x
2
, . . . , x
n
, isto ´e
M =
x
1
x
2
· · · x
n
.
M ´e chamada ”matriz modal”; ela ´e ao-singular e pode ser usada para obter a
T acima. Podemos escrever as n equa¸oes definidas pela equa¸ao (3.18) como
P M = DM (3.19)
42
onde
D =
λ
1
0 . . . 0
0 λ
2
. . . 0
0 0 . . . λ
n
= diag{λ
1
, λ
2
, . . . , λ
n
}.
Pela equa¸ao(3.19) obtemos
D = M
1
P M, (3.20)
e vemos que T ´e definida pela matriz M
1
.
A matriz P tem a forma companheira.
P =
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
. . . · · · .
0 0 0 · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
Logo a equa¸ao caracter´ıstica ´e
λ
n
+ k
n1
+ . . . + . . . k
1
λ + k
0
= 0.
Resolvendo essa equa¸ao obtemos os autovalores λ
1
, λ
2
, . . . , λ
n
. Os correspon-
dentes autovetores em uma forma interessante. Considere um dos autovalores λ e
o correspondente autovetor
x =
α
1
α
2
.
.
.
α
n
.
Enao a equa¸ao P x = λx corresponde para o sistema de equa¸oes
43
α
2
= λα
1
α
3
= λα
2
= λ
2
α
1
.
.
.
α
n
= λα
n1
= λ
n1
α
1
.
Pondo α
1
= 1, obtemos x =
1
λ
λ
2
.
.
.
λ
n1
.
Considerando todos os autovalores, temos que a matriz modal neste caso tem a
forma
M =
1 1 . . . 1
λ
1
λ
2
. . . λ
n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
λ
n1
1
λ
n1
2
. . . λ
n1
n
. (3.21)
Nesta forma a matriz M ´e chamada matriz de Vandermond; ela ´e ao-singular
desde que os autovalores λ
1
, λ
2
, . . . , λ
n
ao distintos. Algum etodo para invers˜ao
de matrizes pode ser usado para calcular M
1
.
Consideremos agora a equa¸ao (3.9), e a obten¸ao da transforma¸ao da forma
companheira para a forma diagonal. A equa¸ao
y

2y

+ y
2y = u
´e escrita na forma companheira como
x
1
x
2
x
3
=
0 1 0
0 0 1
2 1 2
x
1
x
2
x
3
+
0
0
1
u,
e a sa´ıda ser´a
44
y =
1 0 0
x
1
x
2
x
3
.
Encontraremos a transforma¸ao que levar´a esta equa¸ao ao sistema na forma
diagonal.
A equa¸ao caracter´ıstica de P ´e
|P λI| = λ
3
2λ
2
+ λ 2 = 0
isto ´e (λ 2)(λ
2
+ 1) = 0 da´ı λ
1
= 2, λ
2
= i e λ
3
= i.
Da equa¸ao (3.21) a matriz modal ´e
M =
1 1 1
2 i i
4 1 1
e sua inversa
M
1
=
1
20
4 0 4
8 + 4i 10i 2 + 4i
8 4i 10i 2 4i
.
A transforma¸ao definida pela equa¸ao (3.16) ´e
z = M
1
x.
A escolha original para x na se¸ao (3.3) foi
x =
y y
y

T
.
Assim, a transforma¸ao M
1
x fica definida por
45
z
1
z
2
z
3
=
1
20
4 0 4
8 + 4i 10i 2 + 4i
8 4i 10i 2 4i
y
y
y

a qual, escrita nas suas componentes, ´e
z
1
=
1
5
y +
1
5
y

z
2
=
1
5
(2 + i)y
1
2
iy
+
1
10
(1 + 2i)y

z
3
=
1
5
(2 i)y +
1
2
iy
1
10
(1 + 2i)y

.
Assim obtemos o sistema (3.17), isto ´e,
z
= Dz + q
1
u(t)
y = c
T
1
z
onde
D = M
1
AM = diag{2, i, i},
q
1
= M
1
q =
1
10
2
1 + 2i
1 2i
e c
1
= (T
1
)
T
c =
1 1 1
.
Podemos tamb´em obter uma transforma¸ao para a forma companheira. Essa
transforma¸ao ´e poss´ıvel somente quando o sistema ´e control´avel.
Cap´ıtulo 4
Retroalimenta¸ao, Estabiliza¸ao,
Observadores e Dualidade
4.1 Sistema Linear Est´avel
Um tema importante na Teoria do Controle ´e o uso da retroalimenta¸ao para
modificar um sistema dinˆamico e alcan¸car algum comportamento desejado, por
exemplo, estabilizar um ponto de equil´ıbrio inst´avel. Nesta se¸ao indicaremos algu-
mas vantagens de uma equivalˆencia com o sistema companheiro (1.2) relacionadas a
esse tema. Tamb´em apresentaremos uma conseq¨encia adicional da dualidade. As
considera¸oes nesta se¸ao ajudam a mostrar que se po de fazer muito com o controle
de sistemas lineares, e assim ´e desej´avel ter uma extens˜ao da solu¸ao do problema de
equivalˆencia envolvendo o sistema (1.2) e (1.5) para o caso onde (1.5) ´e substitu´ıdo
por um sistema ao linear de entrada ´unica.
Defini¸ao 4.1.1 O sistema linear x
= Ax ´e est´avel se todos autovalores de A est˜ao
no semi-plano esquerdo aberto do plano complexo.
Da teoria das equa¸oes diferenciais ordin´arias lineares, ´e conhecido que todas
as solu¸oes x(t) 0 quando t se todos os autovalores de A tˆem parte real
negativa. Neste caso, o equil´ıbrio na origem ´e assintoticamente est´avel.
47
Defini¸ao 4.1.2 No sistema (1.5), a retroalimenta¸ao linear ´e tomada por u = Kx
onde K ´e uma matriz real 1 × n. O correspondente sistema de la¸co fechado ´e
x
= (A + bK)x.
Considere a forma companheira z
= P z + qu(t). Usando uma retroalimenta¸ao
u =
Kz, ´e poss´ıvel atribuir autovalores arbitrariamente para o sistema de la¸co
fechado resultante, desde que os autovalores complexos de A + bK ocorram em
pares conjugados. Especificamente, pondo
u =
Kz =
α
n
α
n1
. . . α
1
z,
em z
= P z + qu(t), obtemos o sistema de la¸co fechado z
=
P z onde
P tem a forma
de P , exceto a ´ultima linha de
P .
De fato,
z
=
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
0 0 . · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
z+
0
0
.
.
.
0
1
α
n
α
n1
. . . α
1
z.
Enao,
z
=
0 1 0 · · · 0
0 0 1 · · · 0
. . . · · · .
0 0 . · · · 1
k
n
k
n1
k
n2
· · · k
1
z+
0 0 0 · · · 0
0 0 . · · · 0
. . . · · · .
0 0 . · · · 0
α
n
α
n1
α
n2
· · · α
1
z.
Logo,
48
z
=
0 1 · · · 0
0 0 · · · 0
. . · · · .
0 0 · · · 1
(k
n
+ α
n
) (k
n1
+ α
n1
) · · · (k
1
+ α
1
)
z =
P z.
Seja, p
P
(λ) = λ
n
+ (k
1
+ α
1
)λ
n1
+ · · · + ( k
n1
+ α
n1
)λ + (k
n
+ α
n
) polinˆomio
caracter´ıstico de
P . Suponha que m
1
, m
2
, . . . , m
n
ao os coeficientes desejados
do polinˆomio caracter´ıstico de
P . Como k
i
ao conhecidos e m
i
ao especificados,
enao, α
i
= m
i
k
i
. Portanto os coeficientes do polinˆomio caracter´ıstico de P + q
K
po dem ser escolhidos de modo que todas as ra´ızes estejam no semi-plano esquerdo
aberto, o mesmo acontecendo para A+bK. E a taxa de convergˆencia exponencial de
z(t) para a origem pode incrementar-se, por exemplo, transladando as ra´ızes para a
esquerda no plano complexo.
Um sistema que ao ´e est´avel poderia ser feito est´avel se modificado por uma
retroalimenta¸ao apropriada.
Exemplo 4.1.1 Considere o sistema x
=
2 2
1 1
x +
1
0
u. Sabemos
que existe T =
0 1
1 1
que leva nosso sistema na forma companheira
z
=
0 1
0 3
z +
0
1
u.
Considere u =
Kz =
α
2
α
1
z, retroalimenta¸ao para o sistema com-
panheiro.
Da´ı, z
=
0 1
0 3
z +
0 0
α
2
α
1
z =
0 1
α
2
3 α
1
z.
Temos que, p
P
(λ) = λ
2
+ (3 + α
1
)λ + α
2
´e o polinˆomio caracter´ıstico, com
m
1
= 3 + α
1
e m
2
= α
2
.
49
Pondo λ
2
+ (3 + α
1
)λ + α
2
= 0, sendo λ
1
e λ
2
as ra´ızes da equa¸ao, temos
λ
1
+ λ
2
= 3 α
1
e λ
1
· λ
2
= α
2
Podemos escolher λ
1
e λ
2
arbitrariamente, por exemplo, λ
1
= 1 e λ
2
= 4.
Assim, m
1
= 5, m
2
= 4, α
1
= 2 e α
2
= 4. Portanto u =
4 2
z ´e a
retroalimenta¸ao desejada para o sistema companheiro.
Sabemos que K =
KT =
4 2
·
0 1
1 1
=
2 2
. Da´ı,
u = Kx =
2 2
´e retroalimenta¸ao linear para, x
=
2 2
1 1
x +
1
0
u =
2 2
1 1
x +
1
0
2 2
=
4 0
1 1
x.
Portanto, p(λ) = λ
2
+ 5λ + 4, ´e o polinˆomio caracter´ıstico, 4 e 1 ao auto-
valores.
4.2 Estabiliza¸ao Completa
Defini¸ao 4.2.1 O sistema linear x
= Ax + bu(t) ´e estabiliz´avel se existe uma
matriz real K, 1 × n tal que o sistema linear x
= (A + bK)x ´e est´avel.
Teorema 4.2.1 Se x
= Ax+bu ´e completamente control´avel ent˜ao ´e estabiliz´avel e
os autovalores de x
= (A+bK)x podem ser determinados arbitrariamente (desde que
os autovalores complexos ocorram em pares conjugados) por uma escolha apropriada
de K.
Demonstra¸ao. Examinamos a prova somente para o caso especial do sistema
companheiro (1.2). Devemos mostrar que x
= Ax + bu(t) ´e estabiliz´avel. Isto ´e,
existe uma matriz K, 1 × n tal que o sistema x
= (A + bK)x ´e est´avel. Ou seja,
devemos mostrar que os autovalores da matriz A + bK est˜ao no semi-plano esquerdo
aberto do plano complexo.
Pela controlabilidade completa de x
= Ax + bu(t), exite uma transforma¸ao
linear T : R
n
R
n
, ao singular, com z = T x tal que,
50
z
= T x
= T (Ax + bu(t)) = T AT
1
T x + T bu(t) = T AT
1
z + T bu(t) ´e um
sistema companheiro.
Enao, com uma retroalimenta¸ao linear u =
Kz para o sistema companheiro
z
= T AT
1
z + T bu(t), temos
z
= T AT
1
z + T b
Kz = (T AT
1
+ T b
K)z, e assim os autovalores da matriz
T AT
1
+ T b
K podem ser determinados como desejados.
Agora, a semelhan¸ca
T AT
1
+ T b
K = T (A + b
KT )T
1
= T (A + bK)T
1
; K
KT , mostra que
os autovalores de A + bK podem ser determinados por uma escolha apropriada da
retroalimenta¸ao u = Kx.
4.3 Detectabilidade
Defini¸ao 4.3.1 O sistema (3.1) ´e detect´avel se existe uma matriz L n × 1 tal que
o sistema x
= (A + Lc
T
)x ´e est´avel.
Como os autovalores de A + Lc
T
ao os mesmos que os para A
T
+ cL
T
, for-
mar a matriz A + Lc
T
corresponde `a retroalimenta¸ao u = L
T
x no sistema dual
x
= A
T
+ cu(t). Portanto um sistema ´e detect´avel se, e somente se, o sistema dual
´e estabiliz´avel. Uma interpreta¸ao anal´ıtica de detectabilidade deriva da implica¸ao
que a sa´ıda da retroalimenta¸ao linear po de ser usada para ”detectar” traj´etorias
de forma assinotica por meio de uma constru¸ao conhecida como um sistema ob-
servador. Especificamente, considere o sistema
ξ
(t) = (t) + bu(t) L(y(t) c
T
ξ(t)) (4.1)
onde ξ ´e um estado auxiliar que pode ser iniciado em algum vetor ξ(0). O estado
auxiliar ξ tem como objetivo aproximar o estado verdadeiro x, e L, conhecida como
”matriz erro de sa´ıda”, deve ser escolhida de modo que ξ se aproxima de x. Defina
51
o erro por
e = x ξ.
O objetivo ´e escolher L de modo que e 0 quando t . Agora fazendo a
diferen¸ca de (3.1a) e (4.1) obtemos,
x
ξ
= Ax+bu[ +buL(y c
T
ξ)] = Ax +Lc
T
xLc
T
ξ = (A+Lc
T
)e,
onde y = c
T
x.
Logo,
e
= (A + Lc
T
)e.
Temos o seguinte resultado:
Teorema 4.3.1 Se o sistema (3.1) ´e detect´avel ent˜ao L pode ser escolhida no sis-
tema (4.1) de modo que e = x ξ 0 quando t , independentemente da
condi¸ao inicial ξ(0).
Alguns comenarios nessa constru¸ao devem ser feitos. O sistema observador
(4.1) ´e uma alternativa para calcular as solu¸oes do sistema (3.1) com um m´etodo
num´erico direto. Usando os conhecidos dados fornecidos por A, b e c, juntamente com
y e u, o sistema (4.1) pode ser simulado numericamente com a garantia que o estado
estimado assintoticamente reconstr´oi o sistema verdadeiro de estado x para (3.1),
independentemente da condi¸ca˜o inicial ξ(0). Se por sorte tomarmos ξ(0) = x(0),
enao a equa¸ao observadora (4.1) implica que ξ(t) = x(t) para todo t, uma estima-
tiva p erfeita. Pode-se pensar de (4.1) como um sistema com entradas u e y e com
sa´ıda ξ, a aproxima¸ao desejada.
`
A estimativa ξ pode-se dar a retroalimenta¸ao
via u = Kξ, no lugar do verdadeiro estado com a finalidade de estabilizar (3.1a),
desde que (3.1a) seja estabiliz´avel. Em outras palavras, os autovalores do sistema
de la¸co fechado podem ser colocados em algum lugar no semi-plano esquerdo aberto
mesmo se somente a sa´ıda y ´e mensur´avel. Al´em disso, uma importante carac-
ter´ıstica dessa constru¸ao ´e que o controlador (matriz K) e o observador (matriz L)
po dem ser determinados independentemente enquanto que se garanta que o sistema
observador/controlador inter-conectado seja est´avel.
52
Para ver isto, usando (3.1a) juntamente com (4.1), escrevemos o sistema combi-
nado para (x, ξ) como
x
ξ
=
A bK
Lc
T
A + Lc
T
+ bK
x
ξ
. (4.2)
Podemos obter o polinˆomio caracter´ıtico para esse sistema usando a seguinte
transforma¸ao de semelhan¸ca:
I 0
I I
A bK
Lc
T
A + Lc
T
+ bK
I 0
I I
=
A + bK bK
0 A + Lc
T
. (4.3)
Assim o polinˆomio caracter´ıstico da matriz dos coeficientes em (4.1) ´e o pro duto
dos polinˆomios caracter´ısticos de A + bK e de A + Lc
T
, ou seja, os autovalores λ
desse sistema ao dados por:
det(A + bK λI) · det(A + Lc
T
λI) = 0
Isto significa que K pode ser determinada sem considerar o fato que somente o
estado estimado ser´a retroalimentado, e a matriz erro L pode ser determinada sem
referˆencia para o fato de que o estado estimado resultante seja retroalimentado com
a finalidade de estabiliza¸ao.
4.4 Exemplos, Estabilidade e Detectabilidade
Vamos considerar dois exemplos ilustrando estabiliza¸ao e detectabilidade.
Exemplo 4.4.1 Retornamos novamente ao exemplo 1.2.2, com a equa¸ao de sa´ıda
y = x
1
. Ent˜ao as matrizes dos coeficientes ao
A =
2 2
1 1
, b =
1
1
, c
T
=
1 0
.
53
Esse sistema ´e ao mesmo tempo estabiliz´avel e detect´avel, usando a matriz K
de retroalimenta¸ao e a matriz observadora L dadas por, K =
2 0
, L =
0
1
.
De fato,
A + bK =
2 2
1 1
+
1
1
·
2 0
=
4 2
1 1
.
Da´ı, p
A+bK
(λ) =
4 λ 2
1 1 λ
= λ
2
+ 5λ + 6. Logo A + bK tem
autovalores λ
1
= 2 e λ
2
= 3.
A + Lc
T
=
2 2
1 1
+
0
1
·
1 0
=
2 2
0 1
.
Sendo diagonal, os autovalores ao λ
1
= 1 e λ
2
= 2.
Outras escolhas para K e L ao poss´ıveis.
De fato, se queremos que os autovalores do sistema de la¸co fechado x
= (A+bK)x
sejam 1 ± i, com os comenarios da defini¸ao (4.1.2), determinemos a retroali-
menta¸ao K.
Sabemos que A =
2 2
0 1
P =
0 1
0 3
e T =
0 1
1 1
Considere u =
Kz =
α
2
α
1
z, retroalimenta¸ao para o sistema
companheiro.
Da´ı, z
=
0 1
0 3
z +
0 0
α
2
α
1
z =
0 1
α
2
3 α
1
z.
Enao, p
P
(λ) = λ
2
+ (3 + α
1
)λ + α
2
e m
1
= 3 + α
1
, m
2
= α
2
.
λ
2
+ (3 + α
1
)λ + α
2
= 0, sendo λ
1
e λ
2
as ra´ızes da equa¸ao, temos,
λ
1
+ λ
2
= 3 α
1
e λ
1
· λ
2
= α
2
Sejam λ
1
= 1 + i e λ
2
= 1 i. Portanto u =
2 1
z ´e a retroali-
menta¸ao para o sistema companheiro.
54
Sabemos que K =
KT =
2 1
·
0 1
1 1
=
1 3
, da´ı
u = Kx =
1 3
´e a retroalimenta¸ao linear para, x
=
2 2
1 1
x +
1
1
u =
2 2
1 1
x +
1
1
1 3
=
1 1
2 4
x.
Portanto, p(λ) = λ
2
+ 6λ + 4, e 3, 2 ao os autovalores.
Uma outra maneira para determinar a matriz K de retroalimenta¸ao ´e usar as
consequˆencias do sistema conbinado (x, ξ).
De fato,
A + bK λI =
2 2
1 1
+
1
1
α
2
α
1
λ 0
0 λ
2 α
2
λ 2 α
1
1 α
2
1 α
1
λ
.
Logo, det(A + bk λI) = λ
2
+ (3 + α
1
+ α
2
)λ + 3α
1
+ 3α
2
, de onde segue que,
λ
1
+ λ
2
= 3 α
1
α
2
e λ
1
· λ
2
= 3α
1
+ 3α
2
.
Podemos escolher λ
1
e λ
2
arbitrariamente. Sejam λ
1
= 3 e λ
2
= 2. Da´ı,
α
1
+ α
2
= 2, que implica K =
α
2
α
2
2
.
Com o mesmo rac´ıocinio acima determinemos uma outra matriz observadora
L para o sistema.
De fato,
A + Lc
T
λI =
2 2
1 1
+
l
1
l
2
1 0
λ 0
0 λ
=
2 + l
1
λ 2
1 + l
2
1 λ
.
55
Logo, det(A + Lc
T
λI) = λ
2
+ (3 l
1
)λ l
1
2l
2
, de onde segue que,
λ
1
+ λ
2
= l
1
3 e λ
1
· λ
2
= l
1
2l
2
.
Podemos escolher λ
1
e λ
2
arbitrariamente. Sejam λ
1
= 3 e λ
2
= 2. Da´ı,
l
1
= l
2
= 2, o que implica L =
2
2
.
Se tiv´essemos escolhido λ
1
= 2 e λ
2
= 1 ter´ıamos L =
0
1
.
Exemplo 4.4.2 Estabilidade e detectabilidade ao ao garantidas. Considere o sis-
tema linear, cujas matrizes dos coeficientes ao:
A =
0 1
0 0
, b =
1
0
, c
T
=
0 1
.
Neste caso, qualquer matriz K 1 × 2 de retroalimenta¸ao produz uma matriz de
la¸co fechado A + bK com um autovalor nulo. Portanto, ao ´e estabiliz´avel. Igual-
mente, qualquer matriz L 2 × 1 produz uma matriz com autovalor nulo. Portanto,
o sistema ao ´e detect´avel.
4.5 Aplica¸ao
Para analisar o controle de um l´ıquido em um tanque devemos considerar a
entrada e sa´ıda regulares. A figura mostra um tanque com:
taxa de vaz˜ao de entrada q
e
taxa de vaz˜ao de sa´ıda q
0
altura do l´ıquido h
´
Area da base do tanque S (suposto na forma de paralelep´ıpedo reto-retˆangulo).
56
h
Se q = q
e
q
0
´e a varia¸ao do l´ıquido que entra no tanque ao longo de um per´ıodo
t e h correspondente a mudan¸ca no n´ıvel, ent˜ao qt = Sh e no limite quando
t 0,
q = S
dh
dt
.
Para um sistema mais complicado, constitu´ıdo de dois tanques interconectados,
os devemos obter explicitamente uma equa¸ao para a taxa de sa´ıda q
0
em termos da
resistˆencia oferecida pela alvula de sa´ıda. Estaremos supondo que a resistˆencia R
da alvula de sa´ıda ´e diretamente proporcional `a altura do l´ıquido. Especificamente,
vamos supor que q
i
· R
i
= h
i
, i = 1, 2, onde q
i
´e a vaz˜ao de sa´ıda do tanque i, R
i
´e
a resistˆencia da alvula e h
i
´e a altura do l´ıquido no tanque i.
R
2
h
2
h
1
1
R
1
q
1
2
Para o tanque 1,
S
1
dh
1
dt
= q
1
R
1
(h
1
h
2
) ou
57
h
1
=
1
S
1
q
1
S
1
R
1
h
1
+
1
S
1
R
1
h
2
(4.4)
onde h
1
=
dh
1
dt
.
Para o tanque 2,
S
2
dh
2
dt
=
1
R
1
(h
1
h
2
)
1
R
2
h
2
ou
h
2
=
1
S
2
R
1
h
1
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
(4.5)
onde h
2
=
dh
2
dt
.
os podemos escrever (4.4) e (4.5) em forma matricial como
h
1
h
2
=
1
S
1
R
1
1
S
1
R
1
1
S
2
R
1
1
S
2
(
1
R
1
+
1
R
2
)
h
1
h
2
+
1
S
1
0
q
que tem a forma
h
= Ah + bq (4.6)
onde h =
h
1
h
2
, A =
1
S
1
R
1
1
S
1
R
1
1
S
2
R
1
1
S
2
(
1
R
1
+
1
R
2
)
e b =
1
S
1
0
.
Podemos tamb´em escrever simultˆaneamente as equa¸oes de primeira ordem (4.4)
e (4.5) como uma equa¸ao diferencial de segunda ordem.
Diferenciando (4.5) e substituindo nesta a equa¸ao (4.4), temos
h

2
=
1
S
2
R
1
h
1
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
=
1
S
2
R
1
1
S
1
q
1
S
1
R
1
h
1
+
1
S
1
R
1
h
2
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
=
1
S
1
S
2
R
1
q
1
S
1
S
2
R
2
1
h
1
+
1
S
1
S
2
R
2
1
h
2
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
=
1
S
1
S
2
R
1
q
1
S
1
R
1
h
2
+
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
+
1
S
1
S
2
R
2
1
h
2
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
h
2
58
=
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
+
1
S
1
R
1
h
2
+
1
S
1
S
2
R
2
1
1
S
1
S
2
R
1
1
R
1
+
1
R
2

h
2
+
1
S
1
S
2
R
1
q.
Assim obtemos,
h

2
+
1
S
2
1
R
1
+
1
R
2
+
1
S
1
R
1
h
2
1
S
1
S
2
R
2
1
1
S
1
S
2
R
1
1
R
1
+
1
R
2

h
2
=
1
S
1
S
2
R
1
q.
´
E uma equa¸ao diferencial de ordem 2 da forma y

+k
1
y
+k
0
y = u(t). Logo pode-
mos analisar a controlabilidade e observabilidade da situa¸ao descrita no tanque.
De fato,
rank
b Ab
= rank
1
S
1
1
S
2
1
R
1
0
1
S
1
S
2
R
1
= 2.
Enao ´e completamente control´avel, pelo Teorema 2.1.1.
Isso significa que, partindo de alturas iniciais h
0
1
, h
0
2
, e pr´e-fixadas duas alturas
arbitr´arias h
f
1
, h
f
2
, existe uma vaz˜ao de entrada no primeiro tanque que, num tempo
finito, produzir´a as alturas h
f
1
e h
f
2
.
Consideremos a sa´ıda y =
1 0
h.
Assim,
c
T
=
1 0
e A =
1
S
1
R
1
1
S
1
R
1
1
S
2
R
1
1
S
2
(
1
R
1
+
1
R
2
)
.
Da´ı,
rank
c
T
c
T
A
= rank
1 0
1
S
1
R
1
1
S
1
R
1
= 2
Enao o sistema ´e completamente observ´avel, pelo Teorema 3.2.1. Isto ´e, conhecendo-
se a vaz˜ao de entrada q e as alturas dos tanques, pode-se determinar o n´ıvel inicial
(h
0
1
, h
0
2
) do tanque de maneira ´unica.
59
4.6 Coment´arios
4.6.1 Uma breve nota sobre extens˜oes
Vamos descrever brevemente uma extens˜ao da nossa discuss˜ao dos sistemas de
entrada ´unica nos cap´ıtulos 2 4 para o caso de sistemas lineares com entrada e
sa´ıda m´ultiplas,
x
= Ax + Bu(t) (a)
y = Cx, (b)
(4.7)
onde u R
m
, y R
p
, e assim B ´e n×m e C ´e p×n. Como observado antes, o teste do
rank para controlabilidade e observalidade permite uma dualidade alg´ebrica entre
esses conceitos, uma vez que identificamos um sistema dual apropriado. O mesmo
princ´ıpio extendido para (4.7).
A Defini¸ao 2.1.1 (Controlabilidade Completa) faz sentido para o caso de m-
entradas. As fun¸oes admiss´ıveis para controle ser˜ao fun¸oes u(t) com valores em
R
m
tal que toda coordenada seja localmente integr´avel.
A caracteriza¸ao de controlabilidade completa no Teorema 2.1.1 pode ser trans-
portada diretamente para (5.1a) sem nenhuma mudan¸ca. Neste caso, a matriz de
controlabilidade
B AB A
2
B · · · A
n1
B
tem ordem n × nm e a prova pro-
cede a partir de (2.1). Com aten¸ao para as dimens˜oes envolvidas, a mesma prova
funciona. A matriz M ´e ainda n × n enquanto ψ ´e 1 × m.
Observabilidade completa do sistema (4.7) ´e definida exatamente como na defini¸ao
3.2.1, e o sistema (4.7) ´e completamente observ´avel se e o se a matriz,
C
CA
.
.
.
CA
n1
,
que ´e agora pn × n, tiver rank = n. Uma prova do Teorema 3.2.1 ´e obtida como
antes.
60
O sistema dual de (4.7) ´e definido por
x
= A
T
x + C
T
u(t) (a)
y = B
T
x, (b)
(4.8)
com as dimens˜oes das matrizes determinadas naturalmente, por (4.7). O Teorema
3.2.2, o qual documenta a dualidade alg´ebrica da observabilidade completa e con-
trolabilidade completa, ´e tamb´em alido quando aplicado para (4.7) e seu dual.
A extens˜ao do Teorema 4.2.1 para o caso de sistema control´avel de m-entradas
po de ser baseado no resultado de entrada ´unica (ver [7, pp 49 51]).
As Defini¸oes 4.2.1 e 4.3.1 em extens˜oes diretas para o caso das m-entradas e
p-sa´ıdas. O Teorema 4.3.1 na constru¸ao observ´avel ´e facilmente extendido para
(4.7); a extens˜ao ´e basicamente notacional.
Se considerarmos sistemas lineares com as matrizes dos coeficientes dependente
de t, ecnicas adicionais ao necess´arias para observabilidade, controlabilidade, e
sua dualidade, embora arias extens˜oes tˆem sido feitas. Essas defini¸oes envolvem
o tempo inicial t
0
, o particular estado inicial x
0
considerado, e o intervalo de tempo
sobre o qual o controle age. O leitor interessado nesse assunto ´e convidado a ex-
plorar as referˆencias. Vejamos um exemplo para ilustrar que tais sistemas requerem
alternativas apropriadas a fim de descrever propriedades de controlabilidade.
Exemplo 4.6.1 Considere o sistema x
=
1 0
0 2
x +
b
1
(t)
b
2
(t)
u
A solu¸ao geral ´e x(t) =
x
1
(t)
x
2
(t)
=
e
t
(x
1
(0) +
t
0
e
s
b
1
(s)u(s)ds)
e
2t
(x
2
(0) +
t
0
e
2s
b
2
(s)u(s)ds)
.
Se b
1
e b
2
ao constantes, enao o Teorema 2.1.1 garante que o sistema ´e comple-
tamente control´avel. Suponha agora que b
1
= e
s
e b
2
= e
2s
; a solu¸ao ´e ent˜ao,
x(t) =
x
1
(t)
x
2
(t)
=
e
t
(x
1
(0) +
t
0
u(s)ds)
e
2t
(x
2
(0) +
t
0
u(s)ds)
.
61
Portanto, solu¸oes que partem da reta x
2
= x
1
quando t = 0, sempre satisfazem
a condi¸ao x
2
(t) = e
t
x
1
(t), e desta condi¸ao p odemos concluir que o sistema ao
´e completamente control´avel de acordo com a defini¸ao 2.1.1. De fato, se x
1
(0) =
x
2
(0), ent˜ao o movimento ´e limitado ao primeiro ou terceiro quadrantes, desde que
x
1
e x
2
tˆem o mesmo sinal. Em particular, o conjunto de pontos acess´ıveis a partir
da origem est´a dentro desses dois quadrantes. Se considerarmos a condi¸ao de
controlabilidade do rank de modo pontual, isto ´e, se considerarmos a seguinte matriz
para cada instante t,
B(t) AB(t)
=
e
t
e
t
e
2t
2e
2t
,
obtemos uma matriz ao-singular. Este exemplo mostra que uma interpreta¸ao
pontual da condi¸ao controlabilidade do p osto do Teorema 2.1.1 ao conduz a um
crit´erio satisfat´orio para controlabilidade completa de um sistema linear dependente
de t.
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] Burghes, D.; Graham, A. Control and Optimal Control Theories with
Applications. Chichester: Horwood, 2004.
[2] Coelho, F. U.; Louren¸co M. L. Um Curso de
´
Algebra Linear. ao
Paulo: Editora da Universidade de ao Paulo, 2001.
[3] Figueiredo, D. G.; Neves, A. F. Equa¸oes Diferenciais Aplicadas. Rio
de Janeiro: IMPA, 2001.
[4] Horn, R. A.; Johnson, C. R. Matrix Analysis. New York: Cambridge
Uneversity Press, 1999.
[5] Lima. E. L.
´
Algebra Linear. Rio de Janeiro: IMPA, 2001.
[6] Monteiro, L. H. A. Sistemas Dinˆamicos. ao Paulo: Livraria da F´ısica,
2006.
[7] Nering. E. D. Linear Algebra and Matriz Theory. New york: John
Wiley, 1970.
[8] Terrell, W. J. Some Fundamental Control Theory I: Controllability,
Observability, and Duality. American Mathematical Monthy, v.106,
n.8, p.705-719, 1999.
[9] Wonham. W. M. Linear Multivariable Control. Third Edition,
Springer-Verlag, 1985.
62
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo