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UNIVERSIDADE TIRADENTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE
AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO
CUSTO COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE
POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS
REPRODUTIVAS.
Dissertação de mestrado submetida à banca
examinadora como parte dos requisitos para
a obtenção do título de Mestre em Saúde e
Ambiente, na área de concentração em
Saúde e Ambiente.
ERIKA CALDAS RAZUK RUIZ
Orientadores: Verônica de Lourdes Sierpe Jeraldo, D. Sc.
Edílson Divino de Araújo, D. Sc.
ARACAJU
FEVEREIRO – 2008
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2
Ruiz, Erika Caldas Razuk
Avaliação da inseminação artificial de baixo custo como alternativa de
acesso de populações carentes às tecnologias reprodutivas/ Erika Caldas
Razuk Ruiz -Aracaju, 2008. x, 120 f.
Dissertação de mestrado – Universidades Tiradentes - Programa de Pós-
Graduação em Saúde e Ambiente.
Título em inglês: Evaluation of low cost artificial insemination as alternative
access to needy populations to the reproductive technologies.
1. Inseminação intra-uterina 2. Infertilidade 3. Protocolo econômico 4. Baixa
complexidade. 5. Fatores sócio-ambientais.
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AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO COMO
ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS
REPRODUTIVAS.
Erika Caldas Razuk Ruiz
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E
AMBIENTE DA UNIVERSIDADE TIRADENTES COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM SAÚDE E AMBIENTE.
Aprovada por:
________________________________________________
Verônica de Lourdes Sierpe Jeraldo, D. Sc.
Orientador
________________________________________________
Edílson Divino de Araújo, D. Sc.
Orientador
________________________________________________
Cláudio de Barros Leal, D. Sc.
________________________________________________
Sonia Oliveira Lima, D.Sc.
ARACAJU
Fevereiro - 2008
4
Se fosse me comparar a uma planta,
Seria aquela que está caída, fraquinha,
Amarela...
A seiva já não corre bem,
Tem pouca alma, quase não tem vida!
O sangue...
Este líquido tão precioso!
O meu está tão fraco...
Já não cumpre as funções básicas
De transportar o oxigênio, de irrigar...
Estou doente.
Tenho preguiça até de falar.
E os planos, como fazer?
Se nem comigo posso contar!
Porque será que o meu corpo sangra?
Será por não querer viver?
Será que o útero chora
Por um bebê?
Ou será que ele lamenta
O tempo que não volta mais?
O organismo jovem, sadio
De vinte anos atrás?
Amor jovem, errante...
O tempo passou tão depressa
E hoje, o que sou?
Uma mulher discreta,
Que secretamente se sente
Carente
De ser Mãe...
(Lídia Siqueira. Três chances, três
vidas. Uma história real sobre a
Reprodução Assistida).
5
DEDICATÓRIA
À minha mãe Ildete, meu pilar de
sustentação...
Ao meu amor Ricardo, companheiro
confidente e amigo...
Aos meus filhos George e Marcus
Paulo, razões da minha existência.
6
AGRADECIMENTOS
À Deus, fonte de apoio e luz em minha caminhada;
Aos meus filhos George e Marcus Paulo, pela compreensão nos longos períodos de
ausência, pelo carinho e amor incondicional que demonstram em cada gesto, cada palavra,
cada olhar;
Ao meu grande amor Ricardo, pelo apoio, compreensão, dedicação, paciência e
carinho. Com você aprendi o verdadeiro sentido da palavra solidariedade e foi com este
conceito que eu percorri diariamente a minha trajetória neste estudo e cresci
profissionalmente e como ser humano;
À minha amada mãe Ildete, um exemplo para mim de mãe, mulher de fibra, amiga
e profissional. Amo-te incondicionalmente;
Ao meu querido irmão George, esteve comigo em cada passo dado desta pesquisa,
compartilhando a sua experiência profissional com ética e dedicação;
À minha tia-mãe Beatriz e minha sogra Elaine, pelo carinho e apoio em todos os
momentos;
Ao meu pai Hamilton, mesmo com a distância física sinto o seu apoio e você
sempre comigo;
À minha orientadora Verônica Sierpe, sempre tranqüila e sensata, muito obrigada
pela atenção continua, confiança e apoio durante todo o percurso desta caminhada;
Ao meu orientador Edílson Divino por todos os ensinamentos e apoio durante toda
a minha trajetória acadêmica, serei grata eternamente;
Ao Prof. Ricardo Albuquerque, com você muito aprendi, tenho em você um
exemplo de um grande professor amigo, obrigada pela paixão, respeito e carinho que nos
passa ao lecionar;
A todos os professores do Programa de Mestrado em Saúde e Ambiente, que
contribuíram, cada um de uma forma especial e peculiar, para o meu crescimento profissional;
À amiga sempre presente Tatiana Bonetti, por compartilhar a sua experiência em
Reprodução Assistida sempre com ética e profissionalismo o que foi para mim um espelho da
postura profissional que quero levar comigo para todo o sempre. Muito obrigada;
7
À minha amiga Sabrina Costa, pelo carinho e dedicação para comigo e com a
clínica nos meus momentos de ausência, por todas as injeções de ânimo e apoio quando estive
cansada;
À todos os colegas de mestrado, em especial à Marcos França pelo apoio e
consideração nesta etapa importante da minha vida profissional e Yzila Araújo, grande amiga,
estivemos juntas em toda a nossa trajetória profissional e posso te afirmar que hoje te
considero minha irmã de coração;
Ao Centro de Referência da Mulher Leonor Barreto Franco por me receber
amigavelmente e fazer possível a realização deste estudo;
Aos casais... aos incansáveis casais integrantes deste estudo, que permitiram a
realização desta pesquisa e que me ensinaram que barreiras e obstáculos não são suficientes
para desistir de um sonho e que somente o fato de lutar já é um início, mesmo que remoto, de
sua realização. Serei eternamente grata por esta experiência fantástica.
8
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ___________________________________________________________ 5
AGRADECIMENTOS ______________________________________________________ 6
SUMÁRIO ________________________________________________________________ 8
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ______________________________________ 11
LISTA DE FIGURAS ______________________________________________________ 12
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 13
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ____________________________________________ 15
AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO COMO
ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS
REPRODUTIVAS. ________________________________________________________ 32
EVALUATION OF LOW COST ARTIFICIAL INSEMINATION AS ALTERNATIVE
ACCESS TO NEEDY POPULATIONS TO THE REPRODUCTIVE
TECHNOLOGIES. _______________________________________________________ 33
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 34
1 . OBJETIVOS __________________________________________________________ 39
1 .1. OBJETIVO GERAL ________________________________________________ 39
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS __________________________________________ 39
2. MÉTODO E CASUÍSTICA _______________________________________________ 40
2.1. LOCAIS DE PESQUISA _____________________________________________ 40
2.2. SUJEITOS DE ESTUDO _____________________________________________ 40
2. 2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO PARA A REALIZAÇÃO DO
PROCEDIMENTO DE INDUÇÃO DA OVULAÇÃO SEGUIDA DE IIU ______ 41
2. 2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO PARA A REALIZAÇÃO DO
PROCEDIMENTO DE INDUÇÃO DA OVULAÇÃO SEGUIDA DE IIU ______ 41
2. 3 TIPO DE ESTUDO __________________________________________________ 41
2. 4. TAMANHO AMOSTRAL ____________________________________________ 42
2. 5. VARIÁVEIS ESTUDADAS __________________________________________ 42
2. 5.1. VARIÁVEIS DEPENDENTES ____________________________________ 42
2. 5.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES __________________________________ 42
2. 5.3. VARIÁVEIS INTERVENIENTES _________________________________ 42
2. 6 . COLETA DE DADOS ______________________________________________ 43
2. 7. PROCEDIMENTO CLÍNICO LABORATORIAL _______________________ 43
9
2. 7.1. INDUÇÃO DA OVULAÇÃO ______________________________________ 43
2. 7.2. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL ____________________________________ 44
3. ANÁLISE DOS DADOS _________________________________________________ 46
4. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS _____________________________________________ 46
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________ 47
5.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS PACIENTES COM QUEIXA DE
INFERTILIDADE ______________________________________________________ 47
5.2. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS CASAIS QUE
REALIZARAM TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA POR IIU ____ 49
5.3. RESULTADO DO TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA POR IIU
______________________________________________________________________ 52
5.4. FATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS COM A INFERTILIDADE ___________ 54
6. CONCLUSÕES _________________________________________________________ 56
PERFIL DAS MULHERES ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE
INFERTILIDADE DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, LEONOR
FRANCO BARRETO, ARACAJU – SE ______________________________________ 61
WOMEN PROFILE THAT ASKED FOR THE INFERTILITY PUBLIC
AMBULATORY IN ARACAJU –SE _________________________________________ 62
INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 63
1. OBJETIVOS ___________________________________________________________ 68
1.1. OBJETIVO GERAL ______________________________________________ 68
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS _______________________________________ 68
2. MÉTODO E CASUÍSTICA _____________________________________________ 69
2.1. LOCAIS DE PESQUISA ___________________________________________ 69
2.2. TIPO DE ESTUDO _______________________________________________ 69
2.3. POPULAÇÃO E SUJEITOS DE ESTUDO ____________________________ 69
2.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO _________________________________________ 70
2.5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO _________________________________________ 70
2.6. VARIÁVEIS ESTUDADAS ___________________________________________ 70
2.6.1. VARIÁVEL DEPENDENTE ______________________________________ 70
2.6.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES ___________________________________ 70
2.6.3. VARIÁVEIS INTERVENIENTES __________________________________ 71
2.7. COLETA DE DADOS _______________________________________________ 71
2.8. ANÁLISE DOS DADOS ______________________________________________ 71
3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ___________________________________________ 71
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________ 73
10
5. CONCLUSÕES _________________________________________________________ 86
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________________________ 88
CONCLUSÃO FINAL _____________________________________________________ 91
ANEXOS ________________________________________________________________ 93
ANEXO A - FICHA DE ANAMNESE MASCULINA ________________________ 94
ANEXO B - FICHA DE ANAMNESE FEMININA __________________________ 101
ANEXO C -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ______ 109
ANEXO D – PROTOCOLO DE ACEITE PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA ___________________________________________________________ 112
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO _____ 114
ANEXO F - PROTOCOLO DE ACEITE PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA ___________________________________________________________ 117
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CC Citrato de Clomifeno
CFM Conselho Federal de Medicina
CID Código Internacional de Doenças
CP Coito Programado
DSTs Doenças Sexualmente Transmissíveis
DIU Dispositivo Intra - Uterino
ESCA Esterilidade sem Causa Aparente
FIV Fertilização in vitro
hCG Gonadotrofina coriônica urinária (do inglês human chorionic gonadotropin)
HIV Vírus da imunodeficiência humana (do inglês human immunodeficiency vírus)
HPV Papiloma vírus humano (do inglês human papilloma vírus)
HTF Fluido Tubário Humano (do inglês human tubal fluid)
IAH Inseminação Artificial Homóloga
ICSI Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (do inglês intracytoplasmatic sperm
injection)
IIU Inseminação intra-uterina
IMC Índice de massa corpórea
LH Hormônio Luteinizante (do inglês luteinizing hormone)
OMS Organização Mundial de Saúde
PVC Policloreto de Vinila
PGD Diagnóstico pré – implantacional (do inglês preimplantation genetic diagnosis)
RHA Reprodução Humana Assistida
ROS Espécies reativas de oxigênio (do inglês reactive oxygen species)
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UI Unidades Internacionais
12
LISTA DE FIGURAS
1º artigo
Figura 1 – Indicações para tratamento de infertilidade conjugal nas mulheres que procuram
ambulatório público de infertilidade em Aracaju / SE, 2007.------------------------------------------------ 49
Figura 2Diagnósticos de infertilidade em casais que realizaram tratamento com protocolo
econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.------------------------------------------------- 50
Figura 3 – Tempo de união conjugal e tempo de infertilidade em pacientes que realizaram tratamento
com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.------------------------------ 51
Figura 4 – Exposição a fatores ambientais em homens que realizaram tratamento com protocolo
econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.------------------------------------------------- 52
Figura 5 – Exposição a fatores de risco por estilo de vida de homens e mulheres que realizaram
tratamento com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.------------------53
Figura 6 – Média das concentrações de espermatozóides iniciais e finais de homens que realizaram
tratamento com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.------------------55
2º artigo
Figura 1 – Idade dos casais (mulheres e respectivos parceiros) que procuraram o ambulatório de
infertilidade em Aracaju – SE, 2007. ---------------------------------------------------------------------------- 73
Figura 2 – Média da renda por casal relatada por pacientes que procuraram o ambulatório de
infertilidade em Aracaju – SE, 2007. ---------------------------------------------------------------------------- 74
Figura 3 - Grau de Escolaridade das mulheres que procuram ambulatório de infertilidade em Aracaju /
SE, 2007. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 74
Figura 4 – Proporção de casos de infertilidade primária e secundária em mulheres que procuraram o
ambulatório de infertilidade em Aracaju – SE, 2007. --------------------------------------------------------- 75
Figura 5 – Tempo de união conjugal e tempo de infertilidade em pacientes que procuraram o
ambulatório de infertilidade em Aracaju – SE, 2007. --------------------------------------------------------- 76
Figura 6 – Diagnóstico de infertilidade relatado por pacientes que procuraram o ambulatório de
infertilidade em Aracaju – SE, 2007. ---------------------------------------------------------------------------- 78
Figura 7 – Média de tempo de infertilidade, em relação aos diagnósticos em pacientes que procuraram
o ambulatório de infertilidade em Aracaju – SE, 2007. ------------------------------------------------------- 78
Figura 8 - Uso de métodos contraceptivos em mulheres que procuram ambulatório de infertilidade em
Aracaju / SE, 2007. ------------------------------------------------------------------------------------------------- 79
Figura 9 - Freqüência de tipo de métodos anticoncepcionais utilizados por mulheres que procuram
ambulatório de infertilidade em Aracaju / SE, 2007. ---------------------------------------------------------- 79
Figura 10 – Proporção de problemas conjugais relatados por mulheres que procuram ambulatório de
infertilidade em Aracaju / SE, 2007----------------------------------------------------------------------------- 81
Figura 11 – Indicações para tratamento de infertilidade conjugal nas mulheres que procuram
ambulatório de infertilidade em Aracaju / SE, 2007---------------------------------------------------------- 82
13
INTRODUÇÃO
A infertilidade atinge 10% dos casais em idade reprodutiva e por ser uma enfermidade
de tratamento que demanda altos custos medicamentosos, tecnológicos e mão de obra
altamente especializada, não está disponível no ambulatório que atende a rede pública no
Estado de Sergipe, sendo realizado apenas propedêutica e diagnóstico limitando o acesso da
população em geral ao tratamento que fica restrito unicamente a uma pequena parcela da
população que possui condições econômicas privilegiadas.
O impacto de vários fatores pelas mudanças no estilo de vida incluindo: idade, peso,
fumo, dieta, exercício, tensão psicológica, consumo de cafeína, consumo de álcool e
exposição a poluentes do ambiente, são relevantes para o declínio da Saúde Reprodutiva
mundial, conferindo à forma que ao longo dos anos o homem vem interagindo com o meio
ambiente tanto físico como social, uma grande parcela de contribuição para os fatores
etiológicos de infertilidade conjugal.
As situações emergentes na Saúde Reprodutiva não se restringem mais à simples
proteção da reprodução, mas defendem um conjunto de direitos tanto individuais como
sociais, que devem interagir em direção ao exercício da sexualidade e reprodução humana
como um todo.
Portanto, é necessário que seja analisada a viabilidade de oferta de tratamentos de
baixo custo para a implementação de centros que possam oferecer o diagnóstico e tratamento
para a infertilidade conjugal, salientando as possíveis implicações na qualidade de vida dos
casais envolvidos e os benefícios decorrentes de seu tratamento. As tecnologias reprodutivas
surgiram da necessidade de diagnóstico e tratamento para a infertilidade conjugal, com o
respaldo do avanço tecnológico a partir de necessidades identificadas no contexto social e
político em curso no país.
A pesquisa em questão tem como objetivo avaliar a utilização de indução da ovulação
e inseminação artificial de baixo custo, através da utilização de protocolo econômico, nos
ciclos de pacientes de baixa renda com indicação de inseminação intra-uterina (IIU), como
alternativa de acesso da população em geral aos tratamentos em Reprodução Assistida.
Portanto, foi analisada a taxa de gestação em três tentativas da técnica de inseminação
artificial de baixo custo. Com isso, foi possível analisar a taxa de pacientes com indicação do
14
tratamento de baixa complexidade em Reprodução Assistida, dentre os casais que buscam o
auxílio médico em infertilidade no período estudado, como também a necessidade de técnicas
de Reprodução Assistida de alta complexidade, após os pacientes terem sido submetidos ao
protocolo econômico, considerando o resultado negativo de gravidez após três tentativas do
tratamento de baixa complexidade.
Com os dados obtidos através das fichas de anamnese e realização do procedimento
este estudo buscou determinar as freqüências de fatores de risco e das diversas enfermidades
associadas à infertilidade nos casais estudados, verificar a qualidade seminal após capacitação
espermática com uso das técnicas de preparo de sêmen com baixo custo e mensurar a
presença de problemas conjugais entre os casais, em decorrência da infertilidade conjugal.
Por fim, há a necessidade de gerar subsídios técnicos que possam orientar políticas
públicas para possíveis intervenções na Saúde Reprodutiva, no sentido de promover a atenção
básica à infertilidade conjugal, com verificação da viabilidade da oferta de tratamento de
baixa complexidade em Reprodução Assistida através de técnicas de baixo custo no Serviço
Público de Atendimento em Saúde, no Brasil.
Deve-se levar em consideração que é necessário associar a qualquer política pública
para intervenção na saúde reprodutiva, um programa estruturado de educação, apoio e acesso
a profissionais especialistas de saúde apoiando o aconselhamento para encorajar e facilitar
mudanças apropriadas de estilo de vida. Isto facilitará a provisão de cuidado em saúde para
casais em idade reprodutiva e melhora suas possibilidades de êxito reduzindo a necessidade
de tratamentos caros e invasivos de infertilidade.
15
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A concretização da família através do desejo de ter filhos é um projeto racional e
global da nossa espécie, sendo estimado que somente 5% da população mundial decide
voluntariamente a não ter filhos, não escolhendo o papel de pais como desejável. Este projeto
apresenta mudanças ao longo do tempo e conforme as regiões, responde a mitos, discursos,
ilusões, necessidades e desejos diferentes, tanto individuais como sociais, pois as
desigualdades na avaliação cultural dos sexos variam entre sociedades (MAKUCH, 2006).
A paternidade é inegavelmente uma das metas mais desejadas universalmente na
maturidade e a maioria das pessoas tem planos de vida que incluem crianças. No entanto, nem
todos casais que desejam uma gravidez alcançarão espontaneamente e, conseqüentemente,
uma proporção de casais necessitará de ajuda médica para resolver problemas subjacentes de
fertilidade (BOIVIN, 2007).
O fato de só a fêmea de nossa espécie poder gerar continua sendo o principal elemento
definidor dos papéis sociais das mulheres, e está totalmente relacionado com a noção de
feminilidade para a mulher (NEVES at al, 2OO2).
Desde a base do Cristianismo, nos escritos da Bíblia Sagrada, a procriação e
constituição da família fazem parte dos primeiros ensinamentos religiosos, “crescei e
multiplicai-vos”. Encontra-se, já nessa época onde pouco se sabia a cerca do tema, a descrição
de alguns relatos e histórias de casais que apresentam infertilidade em um dos cônjuges,
principalmente nas esposas, como Abraão e Sara, Jacó e Raquel, Maomé e sua esposa, Ana e
Elcana, Zacarias e Isabel, enfocando a infertilidade sempre como um tema que vem dotado de
emoções, sentimentos indesejados e conflitantes (BÍBLIA SAGRADA, ed.1989).
Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de
sua irmã, e disse a Jacó: “Dá-me filhos, senão eu morro”.
Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel; e disse:
‘Porventura estou eu no lugar de Deus que te impediu o fruto
do ventre?’ ” (BÍBLIA SAGRADA, ed.1989).
Antigamente, de uma forma geral, em diversas culturas e religiões, as mulheres eram
totalmente responsabilizadas pela fertilidade e punidas severamente quando a gravidez não
era alcançada. Em Esparta, o matrimônio era necessário para constatar se a mulher era capaz
16
de gerar descendentes para o marido, e caso não acontecesse a gravidez, ela tinha a
oportunidade de casar-se novamente provando a sua fertilidade e admitindo o papel de gerar
crianças como única função social. Em Atenas, a mulher casava-se mais de uma vez para
gerar descendentes e herdeiros em mais de uma família, sendo praticado um controle de
natalidade através do aumento ou diminuição do número de fêmeas, ocorrendo a prática de
infanticídio feminino para a diminuição. Em Roma, a relação sexual era unicamente
direcionada para a concepção de filhos, a esterilidade causava divórcio e era de
responsabilidade única da mulher (POMEROY, 1987).
Observam-se ainda as leis judaicas onde a possibilidade de ser infértil era apenas
conferida à mulher, sendo o Homem isento de qualquer problema que se relacione à
esterilidade (MODELLI e LEVY, 2006).
Com o avanço tecnológico, há uma mudança no conceito de infertilidade, onde o ser
humano passa a ser visto como uma unidade biopsicossocial e ambiental, resultando em
mudanças sociais que irão refletir no desequilíbrio de poder e papéis definidos, existentes
entre homens e mulheres (MENESES, 2000).
A infertilidade não mais poderia ser considerada um problema exclusivamente
feminino, já que cerca de 30% das causas de infertilidade são exclusivamente masculinas,
uma porcentagem semelhante é atribuída a causas de conjugação de fatores do casal, e o
restante de causas unicamente femininas. Entre as causas da infertilidade, estão sendo
relatados diversos fatores não somente socioculturais, como também ambientais,
comportamentais, psicológicos, orgânicos e morfofuncionais que interferem na fertilidade
tanto masculina como feminina (SHAPIRO, 1983; NACHTIGALL, 2006).
Supõe-se que tendências rumo ao declínio de fertilidade podem advir de mudanças
econômicas e sociais como a mudança do papel social da mulher. Embora os fatores sociais e
comportamentais exerçam um papel importante e inquestionável para estas tendências, não
existem ainda evidências científicas para concluir que estas tendências possam ser atribuídas a
estes fatores unicamente, pois existem evidências suficientes para suspeitar que a mudança de
estilo de vida e de exposições crescentes ao ambiente, que contribuem para as alterações
morfofuncionais no sistema reprodutivo de homens e mulheres são fatores relevantes nas
tendências de ocorrência de problemas reprodutivos (MAGNUSDOTTIR et al, 2005;
SKAKKEBÆK e JØRGENSEN, 2006).
17
Ao longo da história, os fatores ambientais sempre estiveram associados à fertilidade.
Em algumas culturas, a terra, a água, o solo e a agricultura, ainda são fortemente relacionados
à mulher e a sua capacidade fértil,
“... é assim que se explica o papel preponderante
desempenhado pela mulher nos começos da agricultura,
sobretudo no tempo em que esta técnica era apanágio das
mulheres. Assim, em Uganda, uma mulher estéril é considerada
perigosa para a horta e o marido pode pedir o divórcio
alegando este motivo de ordem econômica” (ELIADE, 1998).
Os seres humanos, ao longo dos anos, vêm ocupando espaços ecologicamente novos
através da migração, formando grupos, e posteriormente sociedades, pela necessidade de
cooperação para satisfação das necessidades básicas como - segurança, alimentação, divisão
de tarefas, tentativa de interação, domínio da natureza e, posteriormente, o sentimento de
consciência de grupo e construção cultural (SOUZA et al, 2003).
O rápido crescimento populacional devido ao avanço tecnológico e da medicina
contribuiu em larga escala para muitos problemas sociais e ambientais onde os homens
assumem o papel de predadores em potencial, afastando-se da natureza da qual fazem parte,
realizando uma apropriação indiscriminada de recursos naturais, sem compromisso,
ocasionando a degradação ambiental, podendo interferir na potencialidade reprodutiva dos
seres humanos (SOUZA et al, 2003).
As causas de infertilidade são amplamente variadas incluindo diagnósticos tais como,
desordens ovulatórias, doenças tubáreas, endometriose, anormalidades cromossômicas,
fatores imunológicos, fatores seminais e infertilidade sem causa aparente (HOMAN, DAVIES
e NORMAN, 2007). Parte destas etiologias, dentre outras, como câncer de mama, fibróides e
abortos, podem ser desencadeadas por fatores ambientais. A exposição de agentes químicos
encontrados no meio ambiente, tanto na água proveniente de poços quanto na rede de
distribuição urbana, podem causar um desequilíbrio endócrino nos indivíduos, alterando o
nível de atividade hormonal no organismo; produtos químicos que são utilizados como
plastificantes em compostos de policloreto de vinila (PVC), também podem prejudicar o
sistema reprodutor feminino e são encontrados em muitos produtos domésticos
(MARCHESE, 2005).
18
Também existem comprometimentos masculinos por fatores ambientais já que 30%
dos casos de infertilidade masculina são causados por estes fatores associados às causas
genéticas. O stress oxidativo seminal, causado por espécies reativas de oxigênio (ROS),
resultantes, entre outras fontes, do processo de poluição ambiental, está envolvido em muitos
aspectos da infertilidade masculina que são até hoje diagnosticados como infertilidade sem
causa aparente (AYDEMIR et al, 2007).
Estudos das últimas duas décadas mostraram claramente que toxinas ambientais
interferem na reprodução causando fragmentação no DNA dos espermatozóides, tanto do
epidídimo quanto do ejaculado e, provavelmente, estas fragmentações não podem ser
reparadas pelo embrião, podendo resultar em abortamento espontâneo de repetição
(EVENSON e WIXON, 2005).
Além de possíveis efeitos ambientais também existem evidências crescentes que o
estilo de vida pode ter um papel importante para infertilidade, incluindo a obesidade,
ocupação sedentária, fumo, dieta, exercício, tensão psicológica, consumo de cafeína, consumo
de álcool e exposição a poluentes. O impacto de estilo de vida no desempenho reprodutivo
pode variar dependendo de etiologia individual e circunstâncias associadas
(MAGNUSDOTTIR et al, 2005; HOMAN, DAVIES e NORMAN, 2007).
Os fatores biológicos também podem contribuir causando índices extremamente
baixos de fertilidade, portanto, diversos outros fatores além dos socioculturais foram
descobertos, como comportamentais e psicológicos, que interferem na fertilidade do casal
(ANDERSEN e ERB, 2006).
Num estudo qualitativo de entrevista entre casais inférteis, foi demonstrado que fatores
psicológicos também influenciam a experiência de infertilidade. Para muitos casais, a
infertilidade e seu tratamento causam uma tensão séria em seu relacionamento interpessoal,
relacionamentos perturbados com outras pessoas, angústia pessoal, auto - estima reduzida e
períodos de crise existencial. A infertilidade e ausência de filhos afetaram mulheres em todas
áreas de vida, não havendo nenhum contexto onde o alívio pode ser obtido (SCHMIDT,
2005).
Entretanto, independentemente do fator encontrado como etiologia, índices humanos
de infertilidade estão atualmente muito altos e, durante as duas últimas décadas, um aumento
notável nestes índices foi observado mundialmente, incluindo tanto países em
desenvolvimento como desenvolvidos (ANDERSEN e ERB, 2006).
19
Atualmente, estima-se que 80 milhões de pessoas em todo mundo sejam inférteis, o
que representa uma prevalência de aproximadamente 10% dos casais em idade reprodutiva.
Entretanto, esses números variam entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim
como há uma variação de acesso ao tratamento (WHO, 1991; NACHTIGALL, 2006).
Segundo dados do Senado Federal (2005), no Brasil, existem cerca de 2,1 milhões de casais
com problemas de fertilidade constatada, ou seja, que tenham procurado algum tipo de
tratamento.
A infertilidade foi reconhecida como um assunto de saúde pública mundial pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), onde a acessibilidade aos tratamentos de reprodução
assistida foi tema de abertura de conferência internacional, sendo considerada como um
desafio chave do milênio (BOIVIN, 2007).
Apesar da definição de infertilidade, determinada pela OMS, ser a ausência de
concepção após 24 meses de relações sexuais regulares desprotegidas, a definição clássica
recomenda é de apenas 12 meses (ROWE, 1993; LARSEN, 2005).
Tendo como referência a revisão de infertilidade realizada pela medicina baseada em
evidências, em alguns casos clínicos, talvez seja indicado, por garantia, iniciar o tratamento
depois de um período de 12 meses, ou até mesmo, em um período mais curto, levando em
consideração uma atividade regular de tentativas de gravidez (EVERS, 2002). Este
entendimento sobre o processo reprodutivo é particularmente prudente para mulheres que
adiaram sua maternidade acima dos 37 anos, quando o nível de fecundidade pode ter
declinado devido à senilidade reprodutiva (DUNSON ; BAIRD e COLOMBO, 2004).
Neste sentido, estabelece-se infertilidade primária para mulheres inférteis que nunca
conceberam anteriormente, e infertilidade secundária para mulheres que já passaram por
gravidez e por algum motivo posterior, que pode advir tanto do homem como da mulher, não
conseguem uma nova gestação almejada (LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004; LARSEN,
2005).
Na prática clínica, é importante saber se uma mulher tem tido dificuldades na
concepção ou em levar uma gravidez a termo; no entanto, o fracasso em ter uma criança é um
ponto saliente em pesquisas sociais, para mulheres e homens que são afetados pela
infertilidade (LARSEN, 2005).
Desta forma, a infertilidade é um problema de saúde que vem crescendo na atualidade,
inscrito no Código Internacional de Doenças (CID), N/ 97 para a infertilidade feminina e N/
20
46 para a infertilidade masculina, não somente de caráter orgânico, mas também psicológico,
ambiental e social, sendo considerada como uma experiência biográfica dilacerante,
colocando a ênfase no sofrimento e nos conflitos individuais de homens e mulheres que a
enfrentam, refletindo em uma crise de identidade, valores e crenças, alteração no
desenvolvimento dos papéis esperados, ocasionando uma interrupção de um projeto de vida
individual e do casal, interferindo diretamente em sua qualidade de vida (BURNS, 1993).
As várias mudanças econômicas, sociais, políticas, e culturais, que ocorreram no
mundo e que tem se intensificado a cada dia, produzem alterações significativas para a vida
social. Na saúde, como uma esfera de vida dos homens em toda sua diversidade e
singularidade, vêm sendo observadas constantes criações de tecnologias sofisticadas e
precisas em todas as suas atividades e o aumento dos desafios e dos impasses (BRASIL,
2005).
A Saúde Reprodutiva, neste contexto, não deve ser tratada simplesmente como
medidas anticoncepcionais, mas defende um conjunto de direitos incluindo a procura por
métodos que viabilizem a concepção, conferindo à população o exercício da sexualidade e
reprodução humana como um todo. Em 1983 é criado o Programa de Assistência Integral à
Mulher que engloba a assistência social e integral à mulher, principalmente em questões
referentes à sexualidade, planejamento familiar e reprodução (BRASIL, 2005).
Falar da saúde da mulher significa levar em consideração todo o contexto psicossocial
em que esta se insere, incluindo os aspectos relativos à enfermidade, doença, bem-estar, ou
seja, sua qualidade de vida, como também às atividades práticas de prevenção, diagnóstico,
cuidados e cura em sentido abrangente (MORI et al, 2006).
A primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa
em 21 de Novembro de 1986, aprovou a Carta de Otawa, que contém as orientações para
atingir a Saúde para todos, enfocando a saúde como um meio de atingir um estado de
completo bem-estar físico, mental e social. O grupo ou o indivíduo deve estar apto a
identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou
adaptar-se ao meio (CANADÁ, 1986).
A promoção da saúde segundo a Carta de Otawa, portanto, pretende reduzir as
desigualdades existentes nos níveis de saúde das populações e assegurar a igualdade de
oportunidades e recursos, com vista a capacitá-las para a completa realização do seu potencial
21
de saúde, sendo este princípio aplicado igualmente às mulheres e aos homens (CANADÁ,
1986).
Segundo os princípios da Promoção da Saúde, na Carta de Otawa, é um compromisso
intervir no domínio das políticas públicas saudáveis e advogar, em todos os setores, um claro
compromisso político para a saúde e a equidade; combater as desigualdades, dentro e entre
diferentes grupos sociais e comunidades; reconhecer as pessoas e as populações como o
principal recurso de saúde; apoiá-las e capacitá-las para se manterem saudáveis, através de
meios financeiros dentre outros, aceitando a comunidade como a voz essencial em matéria de
saúde, condição de vida e bem estar (CANADÁ, 1986).
Em 1986, segundo relatório final da Oitava Conferência Nacional de Saúde, há a
ampla legitimação dos princípios e da doutrina do Movimento da Reforma Sanitária, dando
importante contribuição para reanimar os princípios democráticos na vida social e apontou
reorientações para a construção de um novo modelo de atenção (KRUGER, 2000), como foi
instituído pela CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988), no que concerne aos direitos à saúde:
“Artigo 196 - A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação” (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1998).
Em 1990, surge a implantação efetiva do Sistema Único de Saúde (SUS). No processo
de institucionalização do SUS, a promoção da saúde surge e se fortalece como diretriz de uma
Política Nacional de Saúde que represente a realização concreta das estratégias de sua
promoção. Isto significa, que esta política teria como objetivo a saúde dos cidadãos, a ser
construída com a ação participativa da população propiciando o desenvolvimento de suas
potencialidades que acontecerá em instâncias colegiadas que são as conferências e conselhos
abertos à participação de representantes de diferentes segmentos da sociedade civil, nas três
esferas de governo, além de reorganizar o sistema de atenção na perspectiva da saúde
(KRUGER, 2000).
A ciência tem um papel fundamental nesse processo, pois tem como objetivo, a
construção gradativa de um modelo consistente, abrangente e unificado do Universo e da sua
evolução, delimitados a partir de observações ou postulações de fenômenos; a construção de
22
previsões precisas sobre fenômenos futuros, e a transformação do conhecimento adquirido em
progresso tecnológico e melhoria na qualidade de vida do ser humano (DEGRAVE, 1999).
Com o cuidado em diversas dimensões da vida humana, são construídos modelos
organizacionais com o respaldo do avanço tecnológico, a partir de necessidades e
possibilidades identificadas e valorizadas no contexto social e político em curso no país
(MANDÚ, 2002).
Essas construções, no que diz respeito à sexualidade, giram em torno da importância
social do papel materno no cuidado da saúde dos filhos; à conformação de certos padrões de
comportamento sexual; ao controle quantitativo da procriação; ao cuidado médico com a
gravidez, parto, puerpério e funcionalidade do sistema reprodutivo e sexual; à ampliação de
direitos nessas esferas que se caracterizou por fases bem distintas de desenvolvimento da
prática em saúde como a maternidade e sexualidade como constituintes do projeto higienista e
eugenista do final do século XIX a meados do século XX; a reprodução como constituinte do
projeto médico, do final da fase anterior à década de 70; a saúde, sexualidade e reprodução,
como constituintes dos direitos sociais, abrangendo, particularmente, as décadas de 80 e 90
(MANDÚ, 2002).
O Conselho Federal de Medicina (CFM), em 1992, adota como norma para estruturar
e padronizar os procedimentos de Reprodução Humana Assistida (RHA) a Resolução nº
1.358/92 que assegura o sigilo dos procedimentos bem como a não comercialização do corpo
humano e gametas e nessa época, mesmo o SUS já sendo a Política Nacional de Saúde
vigente desde 1990 através das Leis 8.080 e 8.142, não houve a inserção dessas técnicas nos
serviços públicos disponíveis à população (MEDEIROS, 2006).
Segundo dados do Senado Federal (2005) nem o SUS nem os planos privados de
saúde cobrem despesas com reprodução assistida, tais como IIU e fertilização in vitro (FIV),
dentre outras, e os serviços públicos de Reprodução Humana, que estão disponíveis
atualmente, estão vinculados às Secretarias Estaduais de Saúde ou aos Hospitais
Universitários.
Muitos são os projetos de Lei que já foram apresentados no Senado acerca de diversos
temas e práticas médico-laboratoriais inseridos no contexto da Reprodução Assistida.
Segundo o Dossiê Reprodução Humana Assistida, realizado em 2003, a necessidade em se
adotar uma lei para regulamentar todas essas práticas que têm como base terapêutica à
intervenção na saúde reprodutiva e a manipulação mecânica de fases primordiais do
23
desenvolvimento humano, se confronta com a dificuldade de consenso sobre determinados
temas polêmicos como, por exemplo, produção, seleção, congelamento, pesquisa e descarte
de embriões humanos, além do sigilo e gratuidade das doações de material genético e
determinação da filiação da criança (REDE FEMINISTA DE SAÚDE, 2003).
A primeira proposta de legislação a surgir foi observada em 1993, em um tímido
esforço sem reflexão aprofundada sobre o que propõe, visando apenas transformar em lei a
resolução nº 1.358/92 do CFM. Este primeiro, unido a diversos outros projetos de lei e
resoluções que foram surgindo nos últimos treze anos, ainda encontra-se em tramitação
(MEDEIROS, 2006).
Com tudo isso, a resolução nº 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina é o único
aparato legal seguido pelas equipes multidisciplinares que compõem os serviços de
Reprodução Humana Assistida no Brasil, norteados pelos princípios constitucionais que
amparam o direito à intimidade (art. 5º, X), o direito à saúde (art. 196), o direito a formar uma
família (art. 226, § 7º), a previsão constitucional do direito ao livre exercício do planejamento
familiar (Lei nº. 9.263/96) que compreende o direito das pessoas em buscar a concepção de
um filho desejado.
Deste cenário, surge à inquietação que move esta proposta: perceber como se
configura o aparato regulador das técnicas de RHA no serviço público de saúde, e o que se
revela através das características expostas sobre quem pode ou não ter acesso a este serviço.
Talvez possamos com isso pensar o que estamos legitimando através desta “permissão” para
acessar o serviço, que tipo de família está sendo reforçada através destas propostas, e que
relações se estabelecem entre os sujeitos, o Estado e a Medicina (MEDEIROS, 2006).
A saúde reprodutiva é foco de atenção mundial no Seminário Internacional sobre a
Carta da Terra, em 1995, realizado na Holanda, que é baseada em princípios e valores
fundamentais, que nortearão pessoas e Estados no que se refere ao desenvolvimento
sustentável, tem como princípio, garantir o acesso universal ao cuidado da saúde que fomente
a saúde reprodutiva e a reprodução responsável, afirmando a igualdade e a eqüidade de gênero
como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à
educação, ao cuidado da saúde e às oportunidades econômicas (HOLANDA,1995).
A incorporação das novas tecnologias reprodutivas tanto de baixa complexidade como
o coito programado (CP) e a inseminação artificial (IIU) como de alta complexidade como a
fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) e
24
diagnóstico pré - implantacional (PGD) , como instrumento para solucionar o problema da
infertilidade, é um fato consumado em diversos países detentores da medicina moderna, pois
não se pode impedir a busca de realização do projeto parental de uma pessoa capaz, mesmo
com o auxílio médico – laboratorial, impossibilitando seu acesso às técnicas e tratamentos na
área da reprodução humana (MEDEIROS, 2006).
Portanto, sendo um procedimento complexo tecnicamente, e que exige grande
responsabilidade por parte dos envolvidos, faz-se necessário que o poder público elabore uma
legislação específica por pessoas que entendam profundamente do assunto, com a finalidade
de evitar os abusos e, dessa forma, possa-se manter o seu propósito com uma conduta
eticamente confiável e, conseqüentemente, aceitável pela sociedade (MEDEIROS, 2006).
Através do aumento no número de pessoas que são diagnosticadas com algum dos
fatores de infertilidade no Brasil, a demanda por serviços de reprodução assistida foi foco de
atenção do Ministério da Saúde em 2005, que divulga a intenção de ampliar as ações na área
de planejamento familiar, priorizando métodos anticoncepcionais reversíveis não-cirúrgicos, a
ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária e a regularização da implantação de
serviços de atenção básica, de média e alta complexidade em reprodução assistida no SUS
com a intenção de transpor barreiras de acessibilidade aos tratamentos da infertilidade no país
(BRASIL, 2005).
O acesso ao serviço de saúde, de uma forma geral, é uma dimensão do desempenho
dos Sistemas de Saúde associada à oferta (MARTINS & TRAVASSOS, 2004); portanto o
Estado deve ter capacidade para promover o acesso de forma igualitária aos serviços de saúde
individuais e coletivos, incluindo o desenvolvimento de ações enérgicas para superar as
barreiras de acesso e dar soluções às desigualdades observadas (MERCADANTE, 2002).
Torna-se necessário que o uso das técnicas de reprodução assistida seja feito de forma
terapêutica, como uma alternativa sem a qual não haveria outra possibilidade de procriação, e
não como uma simples alternativa facilitadora da gestação, sem levar em consideração as
implicações sócio-psíquicas que envolvem todos os membros da família na situação. A rotina
propedêutica é variável, dependendo da população a ser atingida, das características da equipe
médica e da infra-estrutura do serviço. Não existe um esquema ideal que sirva a todos os
serviços indistintamente. Portanto, deve englobar, de forma organizada, a triagem dos fatores
mais prevalentes na gênese da esterilidade conjugal (LOPES et al, 1997; BIGOUROUX et al,
2004).
25
Para a atenção básica com técnicas de baixa complexidade em reprodução assistida, a
utilização de citrato de clomifeno (CC) para indução da ovulação é considerada a técnica de
maior redução de custos, largamente prescrito em primeira intenção. Dispõe de uma grande
facilidade de utilização, pois sua forma galênica é administrada por via oral e sem restrição
regulamentar de prescrição (BIGOUROUX, et al, 2004; THE PRACTICE COMMITTEE OF
THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE, 2006).
O tratamento da infertilidade com o CC seguido por IIU é um tratamento útil da
infertilidade quando oferecido aos candidatos apropriados. O citrato de clomifeno - IIU pode
aumentar a fecundidade através de um número de mecanismos propostos: aumentando o
número dos oócitos disponíveis para a fertilização, superando a disfunção ovulatória, atuando
para um sincronismo mais preciso da inseminação (PARK et al, 2007).
A inseminação intra-uterina é um dos primeiros métodos de tratamento para muitas
causas de infertilidade, principalmente de diagnósticos como ESCA (esterilidade sem causa
aparente), infertilidade masculina leve e moderada e de disfunção ovulatória. O clínico pode
seguir duas táticas para o sincronismo da inseminação intra-uterina (IIU): a administração de
hCG (gonadotrofina coriônica urinária) com a IIU após 32-36 horas, ou a monitoração de LH
urinário, seguida por IIU após 24 horas (KOSMAS et al ,2007).
A monitoração do LH urinário é barata e não invasiva, mas os falsos negativos
ocorrem em até 25% dos ciclos e os falsos positivos são vistos em até 4% dos ciclos. Diversos
estudos em perspectiva randomizada demonstraram que a monitoração do ultra-som e a
administração de hCG nos pacientes que fazem tratamento com citrato de clomifeno para o
sincronismo de IIU estão associadas com taxas mais elevadas da gravidez do que IIU nos
ciclos não estimulados (LEWIS et al, 2006).
O uso de CC é mais eficaz quando é combinado com IIU corretamente cronometrada
(THE PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE
MEDICINE, 2006). O uso de CC seguido da técnica de migração ascendente de
espermatozóides como preparo de sêmen para IIU, podem ser considerados uma opção inicial
de tratamento e diagnóstico para realização de tratamentos futuros de alta complexidade em
casais com infertilidade (EDELSTAM et al, 2006).
Por fim, deve ser considerado como um fator de grande relevância social, as possíveis
implicações na qualidade de vida dos envolvidos e os benefícios decorrentes da socialização
de tais tecnologias reprodutivas, pois independentemente do método empregado, a conquista
26
de uma gravidez tão ansiosamente desejada revaloriza as trocas afetivas no vínculo conjugal,
a solidariedade e a capacidade de superação de problemas abrindo perspectivas de uma vida
com mais confiança e prazer (NEVES et al, 2002).
27
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32
AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO
COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES
ÀS TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS.
O objetivo da pesquisa em questão foi avaliar a utilização de indução da ovulação e inseminação artificial de
baixo custo, através da utilização de protocolo econômico, nos ciclos de pacientes de baixa renda com indicação
de inseminação intra-uterina (IIU), como alternativa de acesso da população aos tratamentos em Reprodução
Assistida. Como método foram realizadas três tentativas de inseminação artificial em 54 casais atendidos no
ambulatório de infertilidade, selecionados através da indicação de inseminação artificial como opção terapêutica
e que preencheram os critérios de inclusão; foi realizada a indução da ovulação com citrato de clomifeno numa
dosagem de 50mg por dia durante cinco dias, começando do 5º dia da menstruação espontânea ou induzida;
monitorização do crescimento folicular por ultra-sonografia transvaginal até que um ou mais folículos tenham
atingido 18 mm, quando foi administrada a gonadotrofina coriônica urinária (hCG) na dosagem de 10.000 UI;
foi realizado processamento seminal seguido de migração ascendente de espermatozóides; administração de
progesterona natural para suplementar a fase lútea, numa dosagem de 100 mg diária; realização de exame
laboratorial para detecção do nível de hCG no organismo, indicando ou não a gravidez . Como resultado do
estudo, foram atendidas 167 pacientes e dentre elas 123 vieram acompanhadas de seus parceiros na consulta
inicial.
58 pacientes assinaram o TCLE, dentre elas quatro pacientes engravidaram esperando a realização do
tratamento sem chegar a realizar a técnica de IIU. Entre os 54 casais que realizaram o tratamento de IIU de baixo
custo, 5 pacientes tiveram o exame de β hCG > 1 (positivo) no 15º dia após a IIU, resultando em uma taxa de
gravidez de 9,2%. A média de idade das pacientes que realizaram o tratamento foi de (31,8 ± 4,4 anos) e a dos
parceiros (35,6 ± 5,8 anos). Foi relatado pelos casais um tempo de união conjugal e infertilidade variando de 2 a
17 anos. Não foram relatadas pelas mulheres a presença de gonorréia, sífilis e HIV; por outro lado, foi relatado
entre os homens a presença de gonorréia por 7,40%, sífilis 1,85% e não houve relatos da presença de HIV.
Porém, 46,29% das mulheres e 37,03% dos homens relataram a presença de HPV em algum momento após o
início da vida sexual. Foi relatado um consumo alto de bebidas alcoólicas por 83,33% dos homens. Houve uma
melhora da qualidade seminal em todos os casais.
Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade
foram relatados pela metade dos casais. Em conclusão, das 167 pacientes atendidas, 129 pacientes tinham
diagnóstico para indicação de tratamento de baixa complexidade, sugerindo a importância da oferta de
tratamento inicial de custo reduzido para baixa complexidade
; este estudo sugere a realização do protocolo
econômico como uma forma de indicação para a alta complexidade, principalmente nos casos de esterilidade
sem causa aparente (ESCA), depois de três tentativas sem obtenção de gravidez. Houve um aumento do número
de espermatozóides com motilidade progressiva linear rápida, sugerindo a efetividade da técnica de
processamento seminal com migração ascendente de espermatozóides no tratamento com protocolo econômico
para baixa complexidade em RHA. Apesar de ser considerada como um problema secundário por planos
particulares de assistência médica e até mesmo pelos serviços de saúde pública, de forma gradativa, a dificuldade
de ter filhos pode causar sérios problemas socais e econômicos para um país.
Palavras - chave: Inseminação intra-uterina; infertilidade; protocolo econômico; baixa complexidade; fatores
sócio-ambientais.
33
EVALUATION OF LOW COST ARTIFICIAL INSEMINATION AS
ALTERNATIVE ACCESS TO NEEDY POPULATIONS TO THE
REPRODUCTIVE TECHNOLOGIES.
The aim of this study was to evaluate the utilization of ovulation induction and low cost artificial insemination,
through the utilization of economic protocol, in cycles of low-income patients with intrauterine insemination
(IUI) indication, as alternative access for the population to the Reproduction Assisted treatment. As method were
made three attempts of artificial insemination were carried out in 54 couples attended in the outpatient clinic of
infertility, selected through the artificial insemination indication as therapeutic option and which has filled the
inclusion criteria; ovulation induction was carried out with clomiphene citrate in a 50mg dosage daily during five
days, beginning in the 5
th
day menstruation spontaneous or inducted; follicular growth monitorization by
transvaginal ultrasound until one or more follicles reach 18 mm, when urinary chorionic gonadotropin (hCG)
was administered in 10.000 UI dosage; seminal processing for spermatic qualification followed by swim-up;
administration of natural progesterone for luteal phase supplementation, in 600 mg dosage daily; achievement of
beta hCG, laboratory exam for hCG level detection in organism, indicating or not the pregnancy. As result of
the study, 167 patients were seen and 123 among them came together with its partners in the initial consultation.
58 patients signed the TCLE, among them four patients got pregnant expecting the completion of treatment
without performing the IIU technique. Among the 54 couples who underwent the IIU treatment low-cost, 5
patients had the βhCG test > 1 on the 15
th
day after the IIU, resulting in a 9.2% pregnancy rate. The average age
of patients who underwent the treatment was (31.8 ± 4.4 years) and her partners (35.6 ± 5.8 years). It was
reported by married couples a time of conjugal union and infertility, ranging from 2 to 17 years. It was not
reported by women the presence of gonorrhea, syphilis and HIV, on the other hand, it has been reported among
men the presence of gonorrhea by 7.4%, syphilis by 1.85% and there were no reports of HIV presence. However,
46.29% of women and 37.03% of men reported the HPV presence at some point after the start of sexual life. It
was reported high consumption of alcohol by 83.33% of men. There was an improvement of the quality seminal
in all couples. Conjugal problems arising from its infertility condition were reported by half of couples. In
conclusion, from 167 patients attended, 129 patients had diagnostic indication for low complexity treatment,
suggesting the importance of initial treatment provision at low cost for low complexity, this study suggests the
economic achievement of the protocol as a diagnostic for the high complexity, especially in cases of sterility
without apparent cause (ESCA), after three attempts without obtaining pregnancy. There was an increase in the
number of sperm motility with rapidly progressive linear, suggesting the effectiveness of the processing seminal
technique with upward migration of sperm with the treatment protocol for low economic complexity in RHA.
Despite being regarded as a secondary issue by private plans, medical assistance and even by the departments of
public health, gradual way, the difficulty of having children can cause serious social and economic problems for
a country.
Key-words: Intra-uterine insemination; infertility; economical protocol; low complexity, social and
environmental factors.
34
INTRODUÇÃO
A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA DE BAIXO
CUSTO COMO OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA INFERTILIDADE.
Atualmente, estima-se que 80 milhões de pessoas em todo mundo sejam inférteis, o
que representa uma prevalência de aproximadamente 10% dos casais em idade reprodutiva.
Entretanto, esses números variam entre os países desenvolvidos, e em desenvolvimento, assim
como o acesso ao tratamento (WHO, 1991; NACHTIGALL, 2006). Segundo dados do
Senado Federal (2005), no Brasil, existem cerca de 2,1 milhões de casais com problemas de
fertilidade constatada, ou seja, que tenham procurado algum tipo de tratamento.
A infertilidade foi reconhecida como um assunto de saúde pública mundial pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), onde a acessibilidade aos tratamentos de reprodução
assistida foi tema de abertura da conferência internacional, sendo considerada como um
desafio chave do milênio (BOIVIN, 2007).
As novas tecnologias reprodutivas, resultado do rápido avanço tecnológico que a
ciência nos proporciona, abrangem uma série de métodos que possibilitam a ocorrência da
concepção, através de assistência médica e tecnológica especializada, para as gestações que
não ocorreriam de forma espontânea atendendo, portanto, as situações emergentes na Saúde
Reprodutiva.
Por ser um tratamento que demanda a necessidade de utilização de produtos
farmacêuticos de alto custo, recursos tecnológicos e mão de obra altamente especializada, tem
limitado a possibilidade de acesso da população em geral, intensificando a desigualdade entre
as diferentes camadas sociais e permanecendo restrita a população com alto poder aquisitivo.
No entanto, o uso destas terapias não deve ser iniciado sem uma investigação completa e com
o diagnóstico individual das causas subjacentes de infertilidade sempre que possível
(LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004).
Torna-se necessário que o uso das técnicas de reprodução assistida seja feito de forma
terapêutica, como uma alternativa sem a qual não haveria outra possibilidade de procriação, e
não como uma simples alternativa facilitadora da gestação, sem levar em consideração as
implicações sócio-psíquicas que envolvem todos os membros da família na situação. A rotina
propedêutica é variável, dependendo da população a ser atingida, das características da equipe
médica e da infra-estrutura do serviço. Não existe um esquema ideal que sirva a todos os
35
serviços indistintamente. Portanto, deve englobar, de forma organizada, a triagem dos fatores
mais prevalentes na gênese da esterilidade conjugal (LOPES et al, 1997; BIGOUROUX et al,
2004).
Apesar da definição clássica de infertilidade recomenda é de apenas 12 meses de
relações sexuais regulares desprotegidas (ROWE, 1993; LARSEN, 2005). A definição
determinada pela OMS é a ausência de concepção após 24 meses, já que é sabido que muitos
casais conseguem conceber sem tratamento em períodos superiores a 12 meses (COLLINS,
1993; LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004; LARSEN, 2005). Tais discrepâncias ocorrem
devido à necessidade de, na prática clínica, iniciar o tratamento tão cedo quanto possível, a
fim de obter melhores resultados, principalmente para mulheres acima dos 30 anos onde há
uma queda da fertilidade feminina (DUNSON, BAIRD e COLOMBO, 2004).
Para o tratamento de baixa complexidade são utilizadas técnicas de indução da
ovulação seguida ou não de inseminação artificial homóloga (IAH), ou seja, com sêmen do
parceiro e se define como o depósito de forma não natural de espermatozóides no trato
reprodutivo da mulher, com a finalidade de conseguir uma gestação (REMOHI et al, 2003).
A IIU “transpõe” etapas no transporte dos espermatozóides no trato genital feminino,
colocando os gametas masculinos mais próximos do local de encontro com o óvulo,
mimetizando o que ocorre no processo de fertilização natural, onde apenas 10% dos
espermatozóides móveis penetram na cavidade uterina. Este procedimento é considerado uma
técnica de reprodução assistida de baixa complexidade, e extremamente acessível pelo baixo
custo, devendo ser utilizada somente em mulheres com cavidade uterina normal, pelo menos
uma tuba pérvia, radiologicamente normal e ovário funcionante (KOTECKI et al, 2005).
Inicialmente o sêmen era utilizado sem preparo algum para a técnica de inseminação
intra – uterina (IIU), porém a ocorrência de dores pélvicas, riscos de infecção e alterações
imunológicas, fez com que fosse utilizado somente após o seu preparo. Este consiste em
técnicas de processamento seminal, seguidas de migração ascendente de espermatozóides ou
técnicas mais sofisticadas como o método de centrifugação por gradiente de concentração. O
método de migração ascendente de espermatozóides é mais efetivo, tem custos efetivamente
menores, é significativamente mais rápido e parece ter a mesma taxa de gravidez que os
métodos de gradiente de concentração (SOLIMAN e GOYAL, 2005).
A realização da IIU com o preparo de sêmen é indicada principalmente nos casos de
infertilidade masculina, infertilidade feminina como anovulação, cervical, uterina,
36
endometriose e disfunções, infertilidade imunológica e infertilidade de origem desconhecida
(KOSMAS et al, 2007).
O primeiro grande impacto positivo no tratamento da infertilidade para Greemblatt et
al. (1961), foi a introdução de medicamentos indutores da ovulação como o citrato de
clomifeno, na segunda metade do século XX, quando a equipe de Greemblatt descobriu o
efeito estimulador na função ovariana em muitas mulheres com infertilidade anovulatória,
exercido por uma droga não-esteróide análoga do estradiol, o citrato de clomifeno (CC).
Apesar de outros agentes indutores de ovulação terem sido introduzidos clinicamente em um
momento posterior, pode-se afirmar que o tratamento com CC provavelmente ajudou mais
mulheres estéreis a conceber do que qualquer outra forma de terapia da infertilidade
(FERNANDEZ, 1999).
A utilização de CC para indução da ovulação é considerada a técnica de maior redução
de custos, largamente prescrito em primeira intenção. Dispõe de uma grande facilidade de
utilização, pois sua forma galênica é administrada por via oral e sem restrição regulamentar de
prescrição (BIGOUROUX, et al, 2004; THE PRACTICE COMMITTEE OF THE
AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE, 2006).
O uso de CC é mais eficaz quando é combinado com IIU corretamente cronometrada
(THE PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE
MEDICINE, 2006). O uso de CC seguido da técnica de migração ascendente de
espermatozóides como preparo de sêmen para IIU, podem ser considerados uma opção inicial
de tratamento e diagnóstico para realização de tratamentos futuros de alta complexidade em
casais com infertilidade (EDELSTAM et al, 2006).
O CC é administrado oralmente, começando tipicamente no terceiro a quinto dia após
o início de menstruação espontânea ou induzida; as taxas de ovulação e concepção e o
resultado da gravidez são similares se o tratamento começa no dia 2, 3, 4, ou 5 do ciclo
menstrual (THE PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR
REPRODUCTIVE MEDICINE, 2006).
O tratamento começa tipicamente com uma única dose de 50 mg diariamente por
cinco dias consecutivos, aumentando em até 50mg em ciclos subseqüentes até que a ovulação
seja induzida. A dose eficaz do CC varia de 50 mg / dia a 250 mg / dia, embora as doses
maiores que 100 mg /dia não sejam recomendadas. Doses mais baixas, como por exemplo,
12.5 mg / dia a 25 mg /dia devem ser adotadas em mulheres que demonstram sensibilidade ao
37
CC e desenvolvem cistos ovarianos que interferem na eficiência do tratamento cíclico, porém
a maior parte das ovulações das mulheres acontecem em resposta ao tratamento com uma
dosagem de 50 mg (52%) (THE PRACTICE COMMITTEE OF THE AMERICAN
SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE, 2006).
O CC é geralmente muito bem tolerado. Alguns efeitos colaterais são relativamente
comuns, mas são raramente persistentes ou severos o bastante para ameaçar a conclusão do
uso de cinco dias seqüenciais ou do ciclo seguinte do tratamento. O risco principal do
tratamento do CC é uma incidência aumentada de gestação múltipla (10%) (THE PRACTICE
COMMITTEE OF THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE,
2006).
Porém são necessários o balanço etiológico e a estratégia terapêutica diante da
infertilidade constatada. A utilização em primeira intenção deste tratamento simples e pouco
dispendioso não pode justificar a sua prescrição sem balanço e avaliação da sua eficácia. Os
tratamentos por CC raramente são precedidos de um balanço completo que compreende os
exames de base necessários para o diagnóstico de infertilidade seguido de indicação de um
tratamento por CC (BIGOUROUX et al, 2004).
A descoberta de um fator de infertilidade não dispensa de realizar a totalidade do
balanço etiológico para a pesquisa de causas múltiplas e associadas de infertilidade, onde 15%
dos casais têm mais de uma causa reencontrada e 39% têm uma causa ao mesmo tempo
masculina e feminina. Deve ser realizado, no mínimo, as dosagens hormonais básicas, um
controle da qualidade do muco cervical, da permeabilidade tubária e um espermograma
(BIGOUROUX et al, 2004).
O uso das Técnicas de Reprodução Assistida (TRA), tem implicações econômicas
importantes, existindo um farto debate a respeito do alocamento de recursos finitos nesta área
e do contrapeso apropriado dos custos carregados por pacientes e pela sociedade individual.
Países diferentes perseguem as políticas diferentes a respeito dos tratamentos quando são
financiados publicamente (GARCEAU et al; 2002).
Através do aumento no número de pessoas que são diagnosticadas com algum dos
fatores de infertilidade no Brasil, a demanda por serviços de reprodução assistida foi foco de
atenção do Ministério da Saúde em 2005, que divulga a intenção de ampliar as ações na área
de planejamento familiar, priorizando métodos anticoncepcionais reversíveis não-cirúrgicos, a
ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária e a regularização da implantação de
38
serviços de atenção básica, de média e alta complexidade em reprodução assistida no SUS
com a intenção de transpor barreiras de acessibilidade aos tratamentos da infertilidade no país
(BRASIL, 2005).
As barreiras ao tratamento de infertilidade podem ser classificadas em três categorias
principais: acessibilidade, custo econômico, e fatores sócio-culturais. Uma das barreiras mais
importantes ao acesso a tratamento de infertilidade é o custo; ao mesmo tempo o papel de
fatores culturais e sociais em restringir o acesso não deve ser subestimado Em países em
desenvolvimento, não é raro todos três estarem presentes simultaneamente, criando um
obstáculo quase intransponível ao cuidado adequado à saúde reprodutiva (LUNENFELD e
STEIRTEGHEM, 2004).
Barreiras potenciais para o acesso ao tratamento de infertilidade podem incluir falta de
informação e educação apropriada, falta de cobertura adequada na saúde pública como
também de planos de saúde, e preconceito cultural contra o tratamento, devido a uma gama de
tabus acerca do tema (JAIN e HORNSTEIN, 2005). A ocorrência e persistência de tais
disparidades são inegáveis e perturbadoras. Pesquisas dirigidas em direção a um melhor
entendimento das razões para tais disparidades estão sendo realizadas em alguns países com
uma meta comum de fornecer acesso a tratamentos de qualidade para todos de forma
igualitária (TARUN, 2006).
O acesso ao serviço de saúde, de uma forma geral, é uma dimensão do desempenho
dos Sistemas de Saúde associada à oferta (MARTINS e TRAVASSOS, 2004); portanto o
Estado deve ter capacidade para promover o acesso de forma igualitária aos serviços de saúde
individuais e coletivos, incluindo o desenvolvimento de ações enérgicas para superar as
barreiras de acesso e dar soluções às desigualdades observadas (MERCADANTE, 2002).
39
1 . OBJETIVOS
1 .1. OBJETIVO GERAL
Avaliar a utilização de indução da ovulação e inseminação artificial de baixo custo,
através da utilização de protocolo econômico, nos ciclos de pacientes com indicação de
inseminação intra-uterina (IIU), como alternativa de acesso da população aos tratamentos em
Reprodução Assistida.
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar as freqüências das diversas enfermidades associadas a infertilidade
dos casais estudados;
identificar os fatores de risco sócio-ambientais que podem estar relacionados à
condição de infertilidade;
verificar a taxa de pacientes com indicação do tratamento de baixa
complexidade em Reprodução Assistida, dentre os casais que buscam o auxilio médico em
infertilidade no período estudado;
avaliar a qualidade seminal após processamento seminal com uso de técnicas
de baixo custo;
analisar a taxa de gestação em três tentativas da técnica de inseminação
artificial de baixo custo;
analisar a necessidade de técnicas de Reprodução Assistida de alta
complexidade em casais com fertilidade sem causa aparente após terem sido submetidos ao
protocolo econômico, considerando o resultado negativo de gravidez após três tentativas do
tratamento de baixa complexidade;
mensurar a presença de problemas conjugais entre os casais, em decorrência da
infertilidade conjugal.
40
2. MÉTODO E CASUÍSTICA
2.1. LOCAIS DE PESQUISA
Foi realizado o atendimento médico à paciente no Centro de Referência da Mulher
Leonor Barreto Franco - centro de referência policlínico de atendimento à mulher - atendendo
em seus serviços, a demanda ambulatorial de infertilidade do SUS do Estado de Sergipe, onde
atualmente é realizada a propedêutica e diagnóstico, não sendo oferecido nenhum tipo de
tratamento.
No mesmo local, foi realizada a propedêutica básica dos casais, através do
preenchimento de fichas, pelos casais, para anamnese (Anexo A; Anexo B) com dados
necessários ao médico para o diagnóstico e escolha terapêutica a ser empregada,
supervisionados e explicados pelo médico assistente. Foram realizados exames físicos e
complementares como histerossalpingografia, sorologias para doenças infecto-contagiosas,
dosagens hormonais e espermograma.
Todos os casais foram acompanhados para a realização de três tentativas de IIU de
baixo custo, até obterem a gestação, abandonarem o tratamento ou terem diagnóstico para o
tratamento de alta complexidade em Reprodução Assistida. A etapa laboratorial para
realização do processamento seminal e IIU foi realizada na Clifert - Clínica de Fertilidade e
Assistência Médica à Procriação, no município de Aracaju, Estado de Sergipe.
2.2. SUJEITOS DE ESTUDO
Foram atendidos 167 pacientes e 123 parceiros que preencheram as fichas de
anamnese com queixa de infertilidade. Foram selecionados como sujeitos deste estudo 58
casais atendidos pelo especialista responsável que preencheram os critérios de inclusão. As
pacientes foram atendidas pelo médico responsável no Centro de Referência da Mulher
Leonor Franco Barreto e encaminhadas para Clifert - Clínica de Fertilidade e Assistência
Médica à Procriação, para a realização da etapa laboratorial do tratamento. Durante a consulta
foi preenchida a ficha de anamnese e apresentados para os pacientes selecionados os termos
deste estudo, assim como termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo C), para
participação voluntária das pacientes.
41
2. 2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO PARA A REALIZAÇÃO DO
PROCEDIMENTO DE INDUÇÃO DA OVULAÇÃO SEGUIDA DE IIU
Casais que tenham uma relação estável, com mais de um ano de tentativa de
gravidez com relações sexuais freqüentes, sem qualquer método contraceptivo e sem êxito;
casais com indicação para tratamento de baixa complexidade em Reprodução
Assistida;
casais com pesquisas sorológicas negativas para doenças infecto-contagiosas;
mulheres com idade igual ou inferior a 38 anos;
mulheres com cavidade uterina normal, pelo menos uma tuba pérvia,
radiologicamente normal e ovário funcionante ( KOTECKI et al, 2005 );
mulheres com resposta a estimulação ovariana de um a 3 (três) folículos com
diâmetro de pelo menos 18 mm;
mulheres com espessura endometrial acima de 8 mm;
homens com resultados de processamento seminal igual ou superior a cinco (5)
milhões de espermatozóides com motilidade progressiva linear por ml;
2. 2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO PARA A REALIZAÇÃO DO
PROCEDIMENTO DE INDUÇÃO DA OVULAÇÃO SEGUIDA DE IIU
Casais que não preencham os requisitos dos critérios de inclusão;
casais que se oponham de algum modo ao tratamento ou que não aceitem o
termo de consentimento livre e esclarecido.
2. 3 TIPO DE ESTUDO
O presente estudo é uma pesquisa de intervenção através de ensaio clínico
prospectivo, controlado, não randomizado.
42
2. 4. TAMANHO AMOSTRAL
A amostra foi composta por 54 casais selecionados com indicação de inseminação
artificial como opção terapêutica e que tenham preenchido os critérios de inclusão, sendo
caracterizada como amostra de conveniência.
2. 5. VARIÁVEIS ESTUDADAS
2. 5.1. VARIÁVEIS DEPENDENTES
São considerados variáveis dependentes os resultados de presença e ausência
de gravidez clínica.
2. 5.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Indução da ovulação: uso de medicamentos para desenvolver o crescimento
dos folículos ovarianos;
IIU: introdução na cavidade uterina de espermatozóides previamente
processados pela técnica de migração ascendente de espermatozóides, após ter sido realizada
a indução da ovulação.
2. 5.3. VARIÁVEIS INTERVENIENTES
Idade do casal no momento da primeira consulta no ambulatório de
infertilidade;
ritmo do ciclo menstrual da paciente: intervalo entre as menstruações e duração
do sangramento menstrual;
duração da infertilidade: casais que tenham uma relação estável, com mais de
um ano de tentativa de gravidez com relações sexuais freqüentes, sem qualquer método
contraceptivo e sem êxito;
43
infertilidade primária ou secundária segundo a ausência ou presença de
gestação anterior da paciente.
2. 6 . COLETA DE DADOS
Os dados dos casais foram coletados a partir dos prontuários médicos e preenchimento
de fichas de anamnese pelos casais (Anexo A; Anexo B), supervisionados e explicados a cada
item pelo médico assistente, no Centro de Referencia da Mulher Leonor Barreto Franco. As
informações referentes à realização dos procedimentos laboratoriais são mantidas sobre a
guarda do Setor de Arquivo Médico e Laboratorial da Clifert, que funciona de segunda a
sexta-feira, em horários das 7:00 às 17:00 e nos finais de semana e feriados quando houver
procedimentos, de forma a respeitar a rotina da Clínica.
2. 7. PROCEDIMENTO CLÍNICO LABORATORIAL
Foi utilizado o protocolo padrão para o tratamento de baixa complexidade com
protocolo econômico em Reprodução Assistida, com indução da ovulação através do CC e
inseminação artificial homóloga que é o protocolo indicado no tratamento empírico de
infertilidade conjugal antes da utilização de protocolos de maior custo e complexidade.
2. 7.1. INDUÇÃO DA OVULAÇÃO
Para o processo de indução da ovulação foi utilizado o CC, um agente sintético não
esteróide, relacionado ao dietilestilbestrol e ativo por via oral, de metabolização hepática e
excreção biliar administrado em comprimidos de 50mg. Foi administrada a dosagem de 50mg
de CC por dia, durante cinco dias, iniciando no 5º dia do ciclo menstrual, após menstruação
espontânea ou induzida (BIGOUROUX, et al, 2004; THE PRACTICE COMMITTEE OF
THE AMERICAN SOCIETY FOR REPRODUCTIVE MEDICINE, 2006).
Foi realizada a monitorização do crescimento folicular por ultra-sonografia
transvaginal, até que um a 3 folículos atingissem 18 mm, como também a espessura do
endométrio (> 8 mm) quando foi administrada a gonadotrofina coriônica urinária (hCG) na
dosagem de 10.000 UI em aplicação subcutânea. A administração do hCG mimetiza o pico de
44
hormônio luteinizante (LH), funcionando como um indutor da ruptura folicular. Entre 34 a 36
horas após a aplicação do hCG, foi realizada a inseminação artificial.
2. 7.2. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Coleta do sêmen
A coleta de sêmen foi realizada no dia da IIU, com abstinência sexual de dois a cinco
dias, por masturbação e, em ambiente apropriado e silencioso, longe de ruídos a fim de
amenizar os efeitos inibitórios sobre o paciente. Foram dadas as instruções aos pacientes de
assepsia das mãos e do pênis antes da coleta e com relação a qualquer perda de material, que
deve ser informada, principalmente do primeiro jato, por conter esta a maior quantidade de
espermatozóides. O coletor utilizado foi de plástico descartável esterilizado e sem
espermicida.
Volume e Contagem Espermática
O sêmen foi mantido à temperatura ambiente por até 30 minutos para determinar a
liquefação, e em seguida o volume do mesmo foi medido com a utilização de pipeta Pasteur
plástica, esterilizada, descartável e graduada. Após a liquefação foi realizada a contagem de
espermatozóides e verificada a porcentagem de espermatozóides de acordo com graus de
motilidade utilizando a Câmara de Makler, a qual possui 10 µm de profundidade e um retículo
de 1mm² dividido em 100 campos.
Processamento seminal pela técnica de migração ascendente de espermatozóides
O processamento seminal foi realizado de acordo com a seguinte metodologia
(REMOHÍ et al, 2003):
1) Lavagem da amostra total com meio de cultura apropriada: foi adicionado o mesmo
volume de sêmen e meio de cultura HTF hepes (human tubal fluid) modificado e tamponado,
suplementado com 10% de soro (Syntetic Serum Substitute - SSS) em tubos cônicos
esterilizados descartáveis, e homogeneizado com pipeta. A amostra foi centrifugada 10 min.
a uma velocidade entre 1600 a 2000 rpm, retirado o sobrenadante com a pipeta Pasteur
procurando não tocar no precipitado. Este procedimento foi realizado duas vezes.
45
2) Migração ascendente de espermatozóides: foi adicionado 0,5 ml do mesmo meio de cultura
lentamente para não dissolver o precipitado da amostra e mantido em Banho-Maria à 37ºC por
40 min. o sobrenadante foi recolhido em recipiente limpo e avaliado para motilidade e
concentração dos espermatozóides utilizando a Câmara de Makler;
Inseminação intra - uterina
A amostra final do sêmen preparado, com volume 0,5ml, foi depositada em um cateter
descartável esterilizado de polietileno, específico para passagem pelo orifício do colo uterino
com o auxilio de espéculo vaginal, acoplado a seringa descartável de 1ml. Após a realização
de assepsia simples no colo uterino com água destilada , foi então inseminada na paciente o
volume final, no ambiente de consultório. Foi realizado pela paciente o repouso de 20 min, na
posição deitada e liberada a posteriormente.
Fonte: www.projetobeta.com.br
Suporte da fase lútea
As pacientes receberam para suporte de fase lútea a progesterona natural
durante 15 dias, a partir do dia da IIU, numa dosagem de 600 mg diárias.
Diagnóstico de gravidez
Após 15 dias da realização da IIU, foi realizado a detecção do nível de hCG sérico,
indicando ou não a gravidez.
46
3. ANÁLISE DOS DADOS
A análise foi inicialmente descritiva onde os eventos demográficos, socioeconômicos
e clínicos foram expressos em porcentagens, visando observar como se manifestam na
população estudada.
Posteriormente foi realizada a correlação dos dados por meio da Correlação de
Pearson. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes.
4. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Os pesquisadores responsáveis pela execução do projeto zelaram pela integridade dos
sujeitos da pesquisa, assegurando o respeito à privacidade, proteção da imagem e a não
estigmatização, ou seja, não foi realizado nenhum julgamento ou discriminação a cerca dos
sujeitos de pesquisa em decorrência dos dados coletados, garantindo a não utilização de
informações em prejuízo das pessoas ou das comunidades, inclusive em termos de auto-
estima, de prestígio ou econômico-financeiros.
Foi garantido aos sujeitos da pesquisa o acesso a qualquer momento aos
pesquisadores responsáveis para esclarecimento de eventuais dúvidas. Foi garantida a
liberdade dos sujeitos para desistir na participação da pesquisa a qualquer momento.
Este estudo foi iniciado somente após parecer favorável do CONEP - Comitê Nacional
de Ética em Pesquisa (Anexo D).
47
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS PACIENTES COM QUEIXA DE
INFERTILIDADE
Foram atendidas 167 mulheres que buscaram o ambulatório de infertilidade no período
estudado. Entre as mulheres atendidas, 123 vieram acompanhadas de seus parceiros na
consulta inicial.
Baseado no resultado de investigação anterior e anamnese foi observado que 22
pacientes (13,17%) possuíam indicação direta de tratamento de alta complexidade em RHA,
com diagnósticos como idade avançada, obstrução tubária bilateral, parceiro vasectomizado e
fator masculino grave; 72 pacientes (43,11%) possuíam uma indicação de baixa complexidade
com diagnósticos que incluem alterações hormonais, desordens ovulatórias e fator masculino
leve e moderado. Sendo utilizados os critérios da OMS para classificação de fator masculino
leve: concentração inicial de 10-19 milhões/ml e motilidade de 30- 50%, fator masculino
moderado concentração inicial de 6 - 9 milhões/ml e motilidade de 30-50%; fator masculino
grave 5 milhões/ml de concentração inicial.
Das 73 pacientes restantes, 57 pacientes (34,13%) tinham como diagnóstico a
infertilidade idiopática, também chamada de esterilidade sem causa aparente (ESCA), para as
quais foi sugerida uma investigação mais detalhada por profissional especialista na área de
RHA, pois tais casos não apresentam bom prognóstico para técnicas de baixa complexidade.
Por fim, 16 pacientes (9,58%) chegaram ao ambulatório sem realizar qualquer tipo de
exames básicos para o diagnóstico de infertilidade conjugal, como dosagens hormonais, ultra-
sonografia, histerossalpingografia e os parceiros não tinham realizado analise seminal anterior
(Figura 1).
48
13,17%
43,11%
34,13%
9,59%
0%
20%
40%
60%
Alta
complexidade
Baixa
complexidade
ESCA Sem diagnóstico
Figura 1 – Indicações para tratamento de infertilidade conjugal nas mulheres que procuram o ambulatório
público de infertilidade em Aracaju / SE, 2007.
ESCA: esterilidade sem causa aparente
Após realizada a propedêutica básica de infertilidade para os casais sem diagnóstico
ou ESCA, um total de 129 pacientes apresentaram indicação de tratamento de baixa
complexidade. Foi oferecido a tais pacientes o tratamento de reprodução assistida de baixa
complexidade, e 58 pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE).
Das 58 pacientes incluídas, 54 realizaram pelo menos uma tentativa de gestação pelo
método de IIU com diagnósticos apresentados pela figura 2, e quatro pacientes obtiveram
gestão espontânea antes de iniciarem o tratamento, portanto não foram incluídas na etapa
seguinte deste estudo.
49
12,96%
31,48%
1,85%
50,70%
0%
20%
40%
60%
Masculina Feminina Mista ESCA
Figura 2 – Diagnósticos de infertilidade em casais que realizaram tratamento com protocolo econômico de baixa
complexidade em Aracaju – SE, 2007.
ESCA: esterilidade sem causa aparente
Das pacientes restantes, a maioria não compareceu em consultas posteriores, outras
não realizaram o tratamento alegando motivos religiosos ou não aceitação por parte do esposo
e algumas reapareceram somente na fase final do estudo e ficaram aguardando um novo
contato para a realização do tratamento, pois este será realizado com todas as pacientes para
as quais foi apresentada a proposta de tratamento.
5.2. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS CASAIS QUE REALIZARAM
TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA POR IIU
Neste item serão descritas as características demográficas dos 54 casais que foram
atendidas no ambulatório de infertilidade e realizaram tratamento por IIU. Tais dados foram
baseados na anamnese inicial e ficha clinica preenchida pelos mesmos.
A idade das pacientes que realizaram o tratamento variou entre 21 e 38 anos (31,8 ±
4,4 anos) e a dos parceiros de 20 a 51 anos (35,6 ± 5,8 anos). Em relação às características
conjugais, foi relatado pelos casais um tempo de união conjugal e infertilidade variando de 2 a
17 anos (Figura 3); e 17 pacientes (31,48% dos homens) já tinham filhos em uniões conjugais
anteriores, enquanto somente duas pacientes tiveram filhos anteriormente, uma com um
50
relacionamento anterior e a outra com o mesmo parceiro, porém por problemas no pós-parto
não consegue uma segunda gestação.
TEMPO (ANOS)
TEMPO DE INFERTILIDADETEMPO DE UNIÃO CONJUGAL
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
7,79 (3,92)
6,22 (3,66)
Figura 3 – Tempo de união conjugal e tempo de infertilidade em pacientes que realizaram tratamento
com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.
Os longos períodos de união conjugal e infertilidade, observados entre a população
estudada, sugerem que há uma demanda reprimida para os tratamentos em RHA, por não
haver o acesso popular às novas tecnologias reprodutivas, o índice ainda existente de
preconceitos e tabus relacionados aos tratamentos de RHA, principalmente por parte dos
homens e quando está relacionada à mulher é geralmente respaldada em motivos religiosos.
Com relação às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) associadas à condição de
infertilidade, não foi relatado pelas mulheres a presença de gonorréia, sífilis e HIV; por outro
lado, foi relatado entre os homens a presença de gonorréia (4 pacientes - 7,40%), sífilis (1
paciente - 1,85%) e não houve relatos da presença de HIV. Porém, 25 mulheres (46,29%) e 20
homens (37,03%) relataram a presença de HPV em algum momento após o início da vida
sexual.
Ainda com relação às enfermidades infecto-contagiosas associadas à infertilidade, foi
referido a presença de parotidite infecciosa por 22 dos homens (40,74%), apesar de somente
um paciente relatar a presença de complicação testicular decorrente desta enfermidade.
51
Com relação à exposição a fatores ambientais que podem estar relacionados ao risco
para infertilidade, observou-se que os homens haviam sido expostos a fatores tais como
exposição contínua ao calor, fumaça tóxica, agentes químicos, radiação nuclear e raios-X na
área pélvica (Figura 4). Nenhuma mulher relatou exposição a fatores ambientais que
pudessem se relacionar à condição de infertilidade.
29,62%
7,40%
18,51%
12,96%
12,56%
0%
10%
20%
30%
Exposição a
calor
Exposição a
fumaça tóxica
Exposição a
agentes
químicos
Exposição a
radiação
nuclear
Raio X na área
lvica
Figura 4 – Exposição a fatores ambientais em homens que realizaram tratamento com protocolo
econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.
Com relação ao estilo de vida, os casais foram questionados em relação ao consumo
excessivo de álcool, uso de tabaco e drogas ilícitas. A figura 5 mostra a prevalência de tais
fatores entre os homens e mulheres participantes deste estudo. Foi relatado por 83,33% dos
homens um consumo intenso de bebidas alcoólicas, o que pode ser considerado um fator de
risco para infertilidade, taxa mais elevada que a divulgada pela Secretaria Nacional
Antidrogas (SENAD), onde é estimado que 63% dos brasileiros consomem intensamente
algum tipo de bebida alcoólica.
52
83,33%
9,25%
3,70%
12,26%
11,11%
0,00%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
álcool tabaco drogas álcool tabaco drogas
Homens Mulheres
Figura 5 – Exposição a fatores de risco por estilo de vida de homens e mulheres que realizaram tratamento
com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007
.
Deve-se destacar a importância da observação destas variáveis como possíveis fatores
de risco para desencadear a infertilidade já que a exposição crescente à poluição ambiental, o
estilo de vida e algumas enfermidades podem causar mudanças morfofuncionais tanto no
organismo feminino como no masculino e estão contribuindo para o declínio da fecundidade
humana (HOMAN, DAVIES e NORMAN, 2007; OAKLEY et al., 2008).
5.3. RESULTADO DO TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA POR IIU
Como já descrito anteriormente, quatro (4) pacientes que assinaram o TCLE
engravidaram esperando a realização do tratamento sem chegar a realizar a técnica de IIU,
demonstrando o impacto psicológico que a possibilidade de assistência à infertilidade e a
educação para a saúde reprodutiva causa nos casais carentes de atenção básica em sua
enfermidade (HENNE e BUNDORF, 2008).
Entre os 54 casais que realizaram o tratamento de IIU de baixo custo, 5 pacientes
tiveram o exame de β hCG > 1 (positivo) no 15º dia após a IIU, resultando em uma taxa de
gravidez de 9,2%. Todas as pacientes que chegaram à gravidez química realizaram somente
uma tentativa de IIU, ou seja, obtiveram o resultado positivo no primeiro ciclo de tratamento.
Compatível com dados encontrados na literatura, com a utilização da técnica de indução da
ovulação através do CC devidamente cronometrada com IIU, a maioria das gravidezes ocorre
53
durante o primeiro ciclo, depois do qual a taxa de gravidez declina substancialmente (LEWIS
et al, 2006).
Uma pesquisa recente mostrou que a infertilidade está acompanhada frequentemente
pelo estresse psicológico aumentado e que este estresse experimentado por muitos casais
inférteis pode ser uma causa da sua infertilidade. Entretanto, um ciclo vicioso pode resultar,
em que o stress poderia ser um papel causal no resultado do tratamento, pois pode alterar a
secreção hormonal, interferir na ovulação e implantação (BENYAMINI et al, 2005).
Dentre as pacientes que tiveram resultado positivo de gravidez três (3) tinham como
diagnóstico de infertilidade a ESCA, uma (1) o fator masculino com a presença de varicocele
e diminuição da qualidade seminal e uma (1) o fator feminino ovulatório, sugerindo a
realização do protocolo econômico como uma forma de diagnóstico para a alta complexidade,
principalmente nos casos de ESCA, depois de três tentativas de tratamento com a baixa
complexidade sem obtenção de resultado positivo de gravidez.
Não foi encontrada diferença no número dos folículos acima de 18mm recrutados nos
ciclos de pacientes induzidas com o CC que tiveram resultados positivos de gravidez (2,520 ±
0,504), comparados com os ciclos de pacientes que tiveram resultados negativos (2,400 ±
0,548), pois todas as pacientes tiveram de dois a três folículos numa proporção semelhante.
Houve melhora na média da qualidade seminal em todos os casais. Foi observada
uma concentração inicial numa amplitude de 0 a 129 milhões de espermatozóides com
motilidade progressiva linear rápida e uma concentração de espermatozóides final numa
amplitude de 4 a 132 (Figura 6), sendo verificada a efetividade da técnica de processamento
seminal com migração ascendente de espermatozóides no tratamento de baixa complexidade
com a utilização de protocolo econômico para pacientes com concentração inicial 5 milhões
de espermatozóides por ml de motilidade linear rápida.
54
MILHÕES / ML
FINALINICIAL
140
120
100
80
60
40
20
0
10,63 (22,57)
23,69 (26,65)
Figura 6 – Média das concentrações de espermatozóides iniciais e finais de homens que realizaram
tratamento com protocolo econômico de baixa complexidade em Aracaju – SE, 2007.
Foi realizada uma análise de correlação entre a presença dos possíveis fatores
relacionados à infertilidade e o resultado do tratamento por IIU, através da análise de
correlação de Pearson. Não foi encontrada qualquer correlação entre o resultado de gestação e
presença de infecção pelo HPV, caxumba, exposição a agentes tóxicos ou fatores ambientais
como álcool, tabaco e drogas ilícitas.
5.4. FATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS COM A INFERTILIDADE
Com relação às questões sociais envolvidas com a infertilidade, apenas para uma
pequena parcela dos casais a adoção seria uma opção (14,81%), entretanto todos tentariam a
gestação de um filho biológico independentemente de adotar ou não uma criança,
demonstrando quão forte é o sentimento de perpetuação da espécie inerente ao ser humano.
Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade foram relatados pela
metade dos casais (27 pacientes), demonstrando o impacto negativo da infertilidade na vida
conjugal e social do casal, pois para muitos, a infertilidade e seu tratamento causam uma séria
tensão em seu relacionamento interpessoal, relacionamentos perturbados com outras pessoas,
angústia pessoal, auto-estima reduzida, e períodos de crise existencial (SCHMIDT, 2005).
55
A infertilidade não é só um problema que perturba a inserção social dos casais, é uma
enfermidade que afeta diversas esferas da vida de um casal. enfermidade que em muitos
casos não há uma perspectiva de tratamento devido às condições financeiras do casal e falta
de cobertura assistencial necessária em planos públicos e privados de assistência à saúde. A
cobertura de planos públicos e privados reduz o custo do tratamento em RHA. Na teoria, esta
redução de custo conduziria a pacientes com condições econômicas desprivilegiadas
persistirem no tratamento para alcançar a gravidez almejada (HENNE e BUNDORF, 2008).
Isto poderia incluir pacientes tanto com infertilidade subjacente relevante, para quem o
tratamento tem uma probabilidade relativamente pequena de ter como resultado um nascido
vivo como também para aquelas pacientes com um menor fator de infertilidade subjacente
que podem chegar à concepção com terapias mais acessíveis e menos invasivas de baixa
complexidade em RHA.
O tratamento de baixa de complexidade pode ser uma forma de acesso à saúde
reprodutiva das classes sociais menos favorecidas, que costumam ficar subestimada em
estudos epidemiológicos, simplesmente por não buscarem o sistema público de saúde para
essa finalidade, uma vez que se sentem excluídos do sistema no que diz respeito ao acesso às
tecnologias de reprodução assistida, entendendo serem tais tecnologias exclusividade das
classes mais favorecidas, o que pode acobertar os problemas reprodutivos da população como
real problema de saúde pública.
56
6. CONCLUSÕES
Foi relatada a presença de HPV em algum momento após o início da vida sexual
por 46,29% das mulheres e 37,03% dos homens. Porém não há correlação
significativa entre a presença de HPV e os resultados positivos e negativos de
gravidez;
Foi relatado por 83,33% dos homens um consumo intenso de bebidas alcoólicas, o
que pode ser considerado um fator de risco para infertilidade, taxa mais elevada
que a divulgada pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), onde é estimado
que 63% dos brasileiros consomem intensamente algum tipo de bebida alcoólica;
Não houve uma relação significativa entre os fatores de exposição, enfermidades
associadas à infertilidade e os resultados positivos e negativos de gravidez, deve -
se destacar a importância da observação destas variáveis como possíveis fatores de
risco para etiologia da infertilidade;
Das 167 pacientes atendidas, 129 tinham diagnóstico para indicação de tratamento
de baixa complexidade, sugerindo a importância da oferta de tratamento inicial de
baixo custo para baixa complexidade;
Houve melhora na qualidade seminal em todos os casais, com aumento do número
de espermatozóides com motilidade progressiva linear rápida, sendo verificada a
efetividade da técnica de processamento seminal com migração ascendente de
espermatozóides no tratamento com protocolo econômico para baixa
complexidade em RHA;
Foi obtida uma taxa de gravidez de aproximadamente 10% dos casais que
realizaram a técnica, ou seja 5 pacientes tiveram o exame de β hCG > 1 (positivo)
no 15º dia após a IIU;
Este estudo sugere a realização do protocolo econômico como uma forma de
indicação para a alta complexidade, principalmente nos casos de ESCA, depois de
três tentativas de tratamento com a baixa complexidade sem obtenção de resultado
positivo de gravidez;
Quatro (4) pacientes engravidaram sem a realização do tratamento sugerindo o
impacto psicológico que a oportunidade de assistência e educação reprodutiva
57
podem causar na vida do casal carente de atenção básica em sua enfermidade,
podendo ocasionar a gravidez espontânea;
Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade foram relatados pela
metade dos casais, demonstrando o impacto negativo da infertilidade na vida
conjugal e social do casal.
Devendo ser incluída não somente de forma teórica nos atuais conceitos de doença, a
infertilidade não é só um problema que perturba gravemente a inserção social dos casais, o
bem-estar individual e familiar, como também é um importante aspecto de saúde pública na
atualidade. Apesar de ser considerada como um problema secundário por planos particulares
de assistência médica e até mesmo pelos serviços de saúde pública, de forma gradativa, a
dificuldade de ter filhos pode causar sérios problemas socais e econômicos para um país.
58
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61
PERFIL DAS MULHERES ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE
INFERTILIDADE DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER,
LEONOR FRANCO BARRETO, ARACAJU – SE
O objetivo da pesquisa em questão foi identificar o perfil socioeconômico, demográfico e
epidemiológico das mulheres que procuram o ambulatório público de infertilidade em Aracaju –
Sergipe. Foi utilizado como método a realização de entrevistas com todas as pacientes atendidas no
ambulatório de infertilidade no período estudado, que preencheram os critérios de inclusão.
Como
resultados foram atendidas 167 pacientes no período estudado. A média de idade das pacientes foi de
32,82 (± 4,75) e de seus parceiros 37,11 (± 7,07), com uma renda média por casal de R$ 853,05 (±
575,78), onde a maioria das pacientes (61, 08%) tem como grau de escolaridade o ensino médio. O
tempo médio de infertilidade relatado é de 5,5 (± 3,19). Há uma correlação significativa entre o grau
de escolaridade e o tempo de infertilidade (p= 0,001). Das 167 pacientes 83,83% tem a classificação
de infertilidade primária e 13,17% de infertilidade secundária. Não há correlação significativa entre o
tempo e tipo de infertilidade (p=0,187). Foi relatada uma freqüência na atividade sexual de 2,98 (±
1,13) onde 116 pacientes relataram desconhecer quantas relações tinham próximo à ovulação.O
diagnóstico mais relatado foi o de infertilidade feminina por 35,92% das mulheres. Não há correlação
significativa entre o tempo e diagnóstico de infertilidade, porém quando o diagnóstico é masculino, o
casal espera um ano a mais para buscar o tratamento. Não foi relatada a presença de gonorréia, sífilis e
HIV, porém 65 pacientes (38,92%) relataram a presença de HPV. Há uma correlação significativa
entre a presença de HPV e infertilidade secundária (p= 0,038). Apesar de freqüente o uso de
anticoncepcionais, apenas uma pequena parcela destas pacientes já utilizaram o preservativo como
contraceptivo ou em conjunto com este para prevenção de DST. Foi observada a presença de cisto
ovariano em 28,74%, e 79 pacientes (47,30%) apresentam IMC fora do padrão. Não foi relatada a
utilização de drogas ilícitas, entretanto foi relatado o uso de álcool (8,38%) e fumo (7,7%). 13,17%
das pacientes possui indicação direta de tratamento de alta complexidade em RHA, e 43,11% possuem
a indicação de baixa complexidade. Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade
foram relatados aproximadamente metade dos casais, havendo uma correlação significativa entre
problemas conjugais e infertilidade masculina (p= 0,032). Em suma, este estudo sugere que dentre a
população estudada, os casais procuram tratamento especializado para infertilidade tardiamente. Existe
a necessidade de oferta de diagnóstico e tratamento da infertilidade conjugal na rede pública de
atendimento em saúde no estado de Sergipe. Independente da oferta de tratamento existe a necessidade
de programa estruturado de prevenção com a educação, apoio e acessibilidade a profissionais
especialistas em saúde reprodutiva para orientar a população em geral à cerca da fertilidade e dos
métodos clínicos e sociais para a sua preservação.
Palavras-chave: epidemiologia; infertilidade; fatores sócio-ambientais.
62
WOMEN PROFILE THAT ASKED FOR THE INFERTILITY PUBLIC
AMBULATORY IN ARACAJU –SE
The aim of this study was to identify socioeconomic, demographic and epidemiological women profile
that asked for the infertility public ambulatory in Aracaju -Sergipe. The method utilized was
interviews conducted with all patients attended at the infertility ambulatory in the period studied,
which met the inclusion criteria. As results, 167 patients were attended in the period studied. The
mean age of patients was 32.82 (± 4.75) and her partners was 37.11 (± 7.07), with an average income
per couple of $ 853.05 (± 575.78), where the majority of patients (61, 08%) has high school education.
The average time of reported infertility were 5.5 (± 3.19) years. There is a significant correlation
between the education level and infertility time (p = 0.001). Of the 167 patients 83.83% is classified as
primary infertility and 13.17% as secondary infertility. There is no significant correlation between the
time and type of infertility (p = 0.187). It has been reported sexual activity frequency of 2.98 (± 1.13)
where 116 patients reported unknown about how many relationships they have near the ovulation. The
female infertility was mainly reported (35.92%). There is no significant correlation between time and
diagnosis of infertility, but when the diagnosis is male, the couple waits one year more to ask
treatment. It was not reported the presence of gonorrhea, syphilis and HIV, but 65 patients (38.92%)
reported the presence of HPV. There is a significant correlation between the presence of HPV and
secondary infertility (p = 0.038). Despite the frequent use of contraceptive, only a small portion of
patients has used preservative as contraceptive, or together it, to prevent sexual infections. It was
observed the presence of ovarian cysts in 28.74%, and patients (47.30%) were out of the BMI
standard. It was not reported the use of ilegal drugs, however it was related alcohol intake (8.38%) and
smoke (7.7%). 13.17% of patients have direct indication of RHA high complexity treatment, and
43.11% have indication of low complexity. Conjugal problems arising from the infertility condition
were reported by half of couples, with a significant correlation between marriage problems and male
infertility (p = 0.032). Finally, this study suggests that among the population studied, the couples seek
specialist infertility treatment late. The need for diagnosis offering and infertility conjugal treatment in
the public health care network in Sergipe state exists. Regardless of treatment offering there is a need
for prevention structured program with education, support and accessibility to reproductive health
professionals to guide the general population about fertility and the social and clinical methods for its
preservation.
Key-words: epidemiology; infertility; social-environmental factors.
INTRODUÇÃO
Atualmente muito tem se falado sobre fertilidade, infertilidade e índices de
fecundidade. Define-se a fertilidade como a capacidade de produzir prole, ao passo que
fecundidade é uma capacidade biológica da mulher reproduzir baseado na probabilidade
mensal de concepção (HOMAN, DAVIES e NORMAN, 2007). Duas situações são colocadas
em relação a tais fatores. Por um lado, a infertilidade é um problema que abrange o mundo
todo e cresce a cada dia, e por outro, os índices de fertilidade têm declinado, principalmente
nos países industrializados, chegando a valores inferiores ao necessário para manutenção da
população atual (LUTZ, O’NEILL e SCHERBOV, 2003; SKAKKEBÆK e JØRGENSEN,
2006).
A definição de que o Brasil é um país de jovens começa a ser incorreta. A taxa de
fecundidade média chegou a dois filhos por mulher, índice de reposição da população, onde
um filho "substitui" o pai, o outro filho substitui a mãe, e a população continua a envelhecer.
Embora seja elevada a diferença do número médio de filhos entre as mulheres de classes
sociais menos favorecidas economicamente (3,7) comparadas as classes mais elevadas (1,4),
esta diferença vem baixando, de 3,9 nascimentos por mulher em 1992, para 2,3 filhos em
2006. Entretanto, se o ritmo de queda da natalidade for mantido, o país começará a perder
população entre 2025 e 2030, o crescimento populacional cairá para 0,5%, e a taxa de
fecundidade total baixará para 1,5 filho por mulher (AMORIM, 2007).
No Brasil, esta queda na taxa de fecundidade está acontecendo mais rapidamente do
que na Índia, porém, de forma mais lenta que na China, por exemplo, onde esta queda chega a
números alarmantes. Na Europa, a fecundidade cai desde o século XIX, antes dos avanços
tecnológicos. A queda de fecundidade, aliada ao aumento da expectativa de vida, também fez
crescer a proporção de idosos, tendência acentuada desde a década de 90 (AMORIM, 2007).
O tamanho e estrutura de idade de qualquer população são determinados por três
fatores: fertilidade, mortalidade e migração. Todos os três fatores mudam através do tempo e
em conjunto formam os padrões demográficos. A interpretação normal da teoria demográfica
de transição é de um equilíbrio inicial entre índices altos de nascimento e altos índices de
morte, porém a história mostra que declínios de fertilidade, com todas suas irregularidades e
particularidades nacionais, não pararam em nível de substituição, mas continuaram a declinar
cada dia mais. Atualmente, muitas pesquisas são encontradas sobre as razões para o declínio
de fertilidade, mas não há um único fator que possa ser nomeado como o mais importante,
64
pois este declínio foi o resultado de uma mudança complexa de condições sociais e
econômicas, assim como de valores (LUTZ, 2006).
Com o avanço tecnológico, há uma mudança no conceito de infertilidade, onde o ser
humano passa a ser visto como uma unidade biopsicossocial e ambiental, resultando em
mudanças sociais que irão refletir no desequilíbrio de poder e papéis definidos, existentes
entre homens e mulheres (MENESES, 2000).
A infertilidade não mais poderia ser considerada um problema exclusivamente
feminino, já que cerca de 30% das causas de infertilidade são exclusivamente masculinas,
uma porcentagem semelhante é atribuída a causas de conjugação de fatores do casal, e o
restante de causas unicamente femininas. Entre as causas da infertilidade, estão sendo
relatados diversos fatores não somente socioculturais, como também ambientais,
comportamentais, psicológicos, orgânicos e morfofuncionais que interferem na fertilidade
tanto masculina como feminina (SHAPIRO, 1983; NACHTIGALL, 2006).
É geralmente suposto que as tendências rumo ao declínio dos índices de fertilidade
decorrem de mudanças econômicas e sociais, tais como a ascensão da mulher no mercado de
trabalho, medidas anticoncepcionais eficientes e prolongadas como também o nível
educacional, a escolha do número de filhos, freqüência reduzida de relações sexuais e
gestação em idades mais avançadas (LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004;
NACHTIGALL, 2006; SKAKKEBÆK e JØRGENSEN, 2006).
A estabilidade conjugal tem declinado quase universalmente em países
industrializados e parte da razão para ocorrência deste fenômeno reside claramente no
aumento da independência econômica de mulheres. Hoje, uma mulher jovem nem sempre
pode contar que o parceiro permanecerá com ela o suficiente para criar os filhos em conjunto,
o que pode, crescentemente, desencorajar as mulheres que estão iniciando a vida conjugal a
terem filhos (LUTZ, 2006).
Embora os fatores sociais e comportamentais exerçam um papel importante e
inquestionável para estas tendências, não existem ainda evidências científicas para concluir
que estas tendências possam ser atribuídas a mudanças sociais e comportamentais
unicamente, pois existem evidências suficientes para suspeitar que a mudança de estilo de
vida e de exposições crescentes ao ambiente, que contribuem para as alterações
morfofuncionais no sistema reprodutivo de homens e mulheres e são fatores relevantes nas
65
tendências de ocorrência de problemas reprodutivos (MAGNUSDOTTIR et al, 2005;
SKAKKEBÆK e JØRGENSEN, 2006).
As causas de infertilidade são amplamente variadas incluindo diagnósticos tais como,
desordens ovulatórias, doença tubárea, endometriose, anormalidades cromossômicas, fatores
imunológicos, fatores seminais e infertilidade sem causa aparente (HOMAN, DAVIES e
NORMAN, 2007).
Sabe-se que parte destas etiologias podem ser desencadeadas por fatores ambientais. A
exposição de agentes químicos encontrados no meio ambiente, tanto na água proveniente de
poços quanto na rede de distribuição urbana, podem causar um desequilíbrio endócrino nos
indivíduos, alterando o nível de atividade hormonal no organismo; produtos químicos que são
utilizados como plastificantes em produtos de policloreto de vinila (PVC), também podem
prejudicar o sistema reprodutor feminino, e são encontrados em muitos produtos domésticos
(MARCHESE, 2005).
Porém além de possíveis efeitos ambientais também existem evidências crescentes que
o estilo de vida pode ter um papel importante para infertilidade, incluindo a obesidade,
ocupação sedentária, fumo, dieta, exercício, tensão psicológica, consumo de cafeína, consumo
de álcool e exposição a poluentes. O impacto de estilo de vida no desempenho reprodutivo
pode variar dependendo de etiologia individual e circunstâncias associadas
(MAGNUSDOTTIR et al, 2005; HOMAN, DAVIES e NORMAN, 2007).
Em anos recentes houve uma colaboração aumentada entre cientistas sociais e
pesquisadores nos campos biológico e biomédico em relação a possíveis fatores fisiológicos
envolvidos no declínio da fertilidade. Foram expostos argumentos que fumo, stress e
diferentes tipos de poluições resultam num alto grau de uma ausência de filhos involuntária,
particularmente em casos em que nascimentos foram adiados a uma idade quando
fecundidade biológica começa a declinar. Neste contexto, as interações entre uma idade
avançada, ausência de filhos e fecundidade decadente merecem consideração especial (LUTZ,
2006).
Os fatores biológicos também podem contribuir causando índices extremamente
baixos de fertilidade, entretanto, independentemente do fator encontrado como etiologia,
índices humanos de infertilidade estão atualmente muito altos e, durante as duas últimas
décadas, um aumento notável nestes índices foi observado mundialmente, incluindo tanto
países em desenvolvimento como desenvolvidos (ANDERSEN e ERB, 2006).
66
A infertilidade foi reconhecida como um assunto de saúde pública mundial pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), onde a acessibilidade aos tratamentos de reprodução
assistida foi tema de abertura da conferência internacional, sendo considerada como um
desafio chave do milênio (BOIVIN, 2007).
Atualmente, estima-se que 80 milhões de pessoas em todo mundo sejam inférteis, o
que representa uma prevalência de aproximadamente 10% dos casais em idade reprodutiva.
Entretanto, esses números variam entre os países desenvolvidos, e em desenvolvimento, assim
como o acesso ao tratamento (WHO, 1991; NACHTIGALL, 2006). Segundo dados do
Senado Federal (2005), no Brasil, existem cerca de 2,1 milhões de casais com problemas de
fertilidade constatada, ou seja, que tenham procurado algum tipo de tratamento.
Apesar da definição de infertilidade, determinada pela OMS, ser a ausência de
concepção após 24 meses de relações sexuais regulares desprotegidas, a definição clássica
recomenda é de apenas 12 meses (ROWE, 1993; LARSEN, 2005). Tais discrepâncias
ocorrem devido à necessidade de, na prática clínica, iniciar o tratamento tão cedo quanto
possível, a fim de obter melhores resultados, enquanto os estudos epidemiológicos visam
reduzir o número de falsos positivos, já que é sabido que muitos casais conseguem conceber
sem tratamento em períodos superiores a 12 meses de relações sexuais desprotegidas. Os
estudos demográficos consideram a infertilidade como o desempenho reprodutivo real de
forma puramente descritiva (COLLINS, 1993; LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004;
LARSEN, 2005).
Três fatores importantes afetam a probabilidade de concepção espontânea: tempo de
não-concepção indesejável, idade da mulher e a causa de infertilidade. Portanto, estimativas
de tempo para gravidez, probabilidades cumulativas de concepção são de importância
fundamental para achar limiares convenientes para determinar o predomínio de níveis de
infertilidade. Estes limiares podem ser usados como o indicador mais importante para
sincronizar as investigações de infertilidade de rotina e começar o tratamento. Isto é
importante porque cada vez mais casais procuram precocemente aconselhamento sobre
cuidado à cerca de infertilidade, estando vulneráveis ao perigo de resultados de testes falso-
positivos seguido de tratamento desnecessário, o que pode expor mulheres a complicações
médicas e despesas desnecessárias. Por outro lado, intervenções atrasadas podem representar
tratamento tardio de infertilidade, acarretando em piores resultados (BALASCH, 2000; VAN
VOORHIS e SYROP, 2000; GNOTH, 2005).
67
Neste sentido, estabelece-se infertilidade primária para mulheres inférteis que nunca
conceberam anteriormente, e infertilidade secundária para mulheres que já passaram por
gravidez e por algum motivo posterior, que pode advir tanto do homem como da mulher, não
conseguem uma nova gestação almejada (LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004; LARSEN,
2005).
Infertilidade primária é um tema chave no mundo desenvolvido, enquanto nos países
em desenvolvimento têm sido encontrados índices altos de infertilidade secundária. As baixas
taxas de infertilidade primária em países em desenvolvimento podem ser devido à alta
freqüência de casamento e gravidez em mulheres mais jovens que em países desenvolvidos.
Os fatores mais relevantes que levam aos altos índices de infertilidade secundária nestes
países são doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e intervenções médicas sob condições
anti-higiênicas, particularmente no pós-parto (LUNENFELD e STEIRTEGHEM, 2004).
Através do aumento no número de pessoas que são diagnosticadas com algum dos
fatores de infertilidade no Brasil, a demanda por serviços de reprodução assistida foi foco de
atenção do Ministério da Saúde em 2005, que divulga a intenção de ampliar as ações na área
de planejamento familiar, priorizando métodos anticoncepcionais reversíveis não-cirúrgicos, a
ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária e a regularização da implantação de
serviços de atenção básica, de média e alta complexidade em reprodução assistida no SUS
com a intenção de transpor barreiras de acessibilidade aos tratamentos da infertilidade no país
(BRASIL, 2005).
Portanto, torna-se necessário verificar o perfil da população infértil, a fim de avaliar
freqüência do fator de infertilidade, a freqüência de infertilidade primária e secundária, os
fatores de risco e enfermidades associadas que podem estar relacionados à condição de
infertilidade e a proporção de pacientes com indicação do tratamento, de baixa e alta
complexidade, salientando as possíveis implicações na qualidade de vida dos casais
envolvidos e os benefícios decorrentes do tratamento da infertilidade conjugal, com o
respaldo do avanço tecnológico a partir de necessidades identificadas no contexto social em
curso no país.
68
1. OBJETIVOS
1.1. OBJETIVO GERAL
Identificar o perfil socioeconômico, demográfico e epidemiológico de mulheres que
procuram o ambulatório público de infertilidade em Aracaju –SE.
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar a freqüência de infertilidade primária e secundária;
determinar a freqüência dos fatores de infertilidade;
verificar a freqüência de enfermidades associadas à infertilidade;
identificar os fatores de risco sócio-ambientais que podem estar relacionados à
condição de infertilidade;
identificar o nível de conhecimento das mulheres acerca da saúde reprodutiva;
observar a proporção de pacientes com indicação do tratamento de reprodução
humana assistida de baixa e alta complexidade.
69
2. MÉTODO E CASUÍSTICA
2.1. LOCAIS DE PESQUISA
Este estudo foi realizado no ambulatório de infertilidade do Centro de Referência da
Mulher Leonor Barreto Franco - Centro de Referência Policlínico Público de Atendimento à
Mulher no município de Aracaju. Este centro é o único a atender a demanda ambulatorial de
infertilidade da rede pública de saúde de todo o estado de Sergipe.
2.2. TIPO DE ESTUDO
O presente estudo é uma pesquisa epidemiológica seccional e descritiva, na medida
em que foi realizada a avaliação de freqüência e características da enfermidade infertilidade
em um determinado grupo de indivíduos, em um momento temporal específico, baseados na
análise e correlação de dados obtidos durante consulta médica no Centro de Referência da
Mulher Leonor Barreto Franco.
2.3. POPULAÇÃO E SUJEITOS DE ESTUDO
Foram designados sujeitos deste estudo, mulheres que procuraram o ambulatório de
infertilidade no Centro de Referência da Mulher Leonor Barreto Franco, com queixa de
infertilidade, no período estudado.
As pacientes foram atendidas pelo médico responsável pelo Centro de Referência.
Durante a consulta foram apresentados os termos deste estudo, assim como termo de
consentimento livre e esclarecido (Anexo E), para participação voluntária das pacientes. Para
as pacientes que concordaram em participar deste estudo, foi preenchida a ficha de anamnese,
a qual contém os dados que foram analisados posteriormente (Anexo B).
A amostra foi composta de 167 pacientes que preencheram os critérios de inclusão, ou
seja, que procuraram o ambulatório público com queixa de infertilidade conjugal no período
estudado e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Mulheres que se opuseram de algum modo a participar do estudo e/ou assinar o termo
de consentimento livre e esclarecido, não foram incluídas.
70
2.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Mulheres que procuram o ambulatório de infertilidade no Centro de referência
da Mulher Leonor Barreto Franco;
assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
2.5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Mulheres que se oponham de algum modo a participar do estudo e/ou assinar o
termo de consentimento livre e esclarecido.
2.6. VARIÁVEIS ESTUDADAS
2.6.1. VARIÁVEL DEPENDENTE
Presença de infertilidade conjugal.
2.6.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES
Idade;
freqüência sexual;
índice de massa corpórea;
fumo;
álcool;
drogas;
características sócio-econômico-culturais;
enfermidades associadas à infertilidade :
doenças sexualmente transmissíveis;
71
doenças infecto-contagiosas;
alterações hormonais;
alterações morfofuncionais do aparelho reprodutor.
2.6.3. VARIÁVEIS INTERVENIENTES
Duração da infertilidade em meses;
tipo de infertilidade: primária ou secundária.
2.7. COLETA DE DADOS
Os dados dos casais foram coletados a partir dos prontuários médicos, e
preenchimento de fichas de anamnese pelos próprios casais, supervisionados e explicados a
cada item pelo médico assistente, no Centro de Referencia da Mulher Leonor Barreto Franco.
2.8. ANÁLISE DOS DADOS
A análise foi inicialmente descritiva onde os eventos demográficos, socioeconômicos
e clínicos foram expressos em porcentagens, visando observar como se manifestam na
população estudada.
Posteriormente foi realizada a comparação de determinadas variáveis numéricas
através de teste de variância (ANOVA) e comparação de proporções (qui-quadrado). A
correlação dos dados foi realizada através da Correlação de Pearson. Valores de p <0,05
foram considerados estatisticamente significantes.
3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Os pesquisadores responsáveis pela execução do projeto zelaram pela integridade dos
sujeitos da pesquisa, assegurando o respeito à privacidade, proteção da imagem e a não
estigmatização, ou seja, não foi realizado nenhum julgamento ou discriminação a cerca dos
72
sujeitos de pesquisa em decorrência dos dados coletados, garantindo a não utilização de
informações em prejuízo das pessoas ou das comunidades, inclusive em termos de auto-
estima, de prestígio ou econômico-financeiros.
Foi garantido aos sujeitos da pesquisa o acesso a qualquer momento aos
pesquisadores responsáveis para esclarecimento de eventuais dúvidas. Foi garantida a
liberdade dos sujeitos para desistir na participação da pesquisa a qualquer momento.
Este estudo foi iniciado somente após parecer favorável do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Universidade Tiradentes, Aracaju – SE (Anexo F).
73
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram incluídas 167 pacientes que buscaram o ambulatório de infertilidade no período
estudado. A idade das pacientes variou entre 21 a 44 anos e a idade dos parceiros variou entre
20 a 61 anos (Figura 1).
O fator idade é de suma importância na investigação de fertilidade do casal, pois há
evidências científicas a cerca do declínio da fertilidade feminina a partir de 38 anos, não
somente na qualidade oocitária, como também no aumento do risco de abortamento de
repetição e nascimento de crianças portadoras de deficiências, não sendo indicado a essas
pacientes técnicas de RHA de baixa complexidade (HOMAN; DAVIES; NORMAN, 2007).
Figura 1 – Idade dos casais (mulheres e respectivos parceiros) que procuraram o ambulatório de infertilidade em
Aracaju – SE, 2007.
A renda média dos casais relatada pelas pacientes variou de R$ 350,00 a R$
5.000,00 (Figura 2), e somente 7,19% das pacientes tinham grau de escolaridade em nível
superior (Figura 3).
74
RENDA FAMILIAR (REAIS/MES)
5000
4000
3000
2000
1000
0
853,05 (575,8)
Figura 2 – Média da renda por casal relatada por pacientes que procuraram o ambulatório de infertilidade em
Aracaju – SE, 2007.
31,74%
61,08%
7,19%
0%
20%
40%
60%
80%
Fundamental Médio Superior
Figura 3 - Grau de Escolaridade das mulheres que procuram ambulatório de infertilidade em Aracaju / SE, 2007.
75
Com relação ao tipo de infertilidade pode-se observar, um número maior de pacientes
com infertilidade primária (Figura 4), não apresentando altos índices de infertilidade
secundária, habitualmente encontrados na literatura sobre países em desenvolvimento
(LUNENFELD; STEIRTEGHEM, 2004). Porém, estes dados podem variar de acordo com a
realidade do contexto social, não somente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento,
como também entre os diversos estágios de desenvolvimento entre estes países, entre as
regiões de um país, política vigente e qualidade no atendimento em saúde desde
acessibilidade, realização de acompanhamento médico pré–natal, até condições higiênicas no
parto e pós-parto.
86,83%
13 ,17 %
primária
secundária
Figura 4 – Proporção de casos de infertilidade primária e secundária em mulheres que procuraram o ambulatório
de infertilidade em Aracaju – SE, 2007.
Foi relatado pelas pacientes um tempo de união conjugal de 3 meses a 15 anos e um
tempo de infertilidade que variou de 5 meses a 20 anos (Figura 5), sendo que em 49 casais
(29,34%) os parceiros já haviam tido filhos em relacionamentos anteriores. Entendida de
acordo com a definição clássica, a infertilidade é considerada como um fracasso em alcançar
uma gravidez após o período de 12 meses de relações sexuais regulares sem o uso de métodos
contraceptivos (LARSEN, 2005), portanto pacientes com menos que um ano de tentativas de
gravidez sem êxito devem ser orientadas a cerca da porcentagem de êxito mensal para
76
alcançar uma gravidez e quanto tempo de tentativas é necessário para então iniciar
diagnóstico e tratamento da infertilidade conjugal.
TEMPO (ANOS)
TEMPO DE INFERTILIDADETEMPO DE UNIÃO CONJUGAL
20
15
10
5
0
6,91 (3,26)
5,50 (3,20)
Figura 5 – Tempo de união conjugal e tempo de infertilidade em pacientes que procuraram o ambulatório de
infertilidade em Aracaju – SE, 2007.
Estes resultados sugerem que dentre a população estudada, os casais procuram
tratamento especializado para infertilidade tardiamente. Deve-se levar em consideração que se
trata de uma população em que a demanda em busca do tratamento em infertilidade é
reprimida por não haver o acesso popular aos tratamentos de RHA.
Quando realizada a correlação entre o grau de escolaridade e o tempo de espera de
um filho foi observado que existe uma correlação inversa entre as variáveis (r= -0,252; p= 0,
001), apesar do grau de escolaridade explicar apenas 5% do tempo de espera.
Ainda com relação ao tempo em que as pacientes esperam um filho, não observamos
correlação significativa entre o tempo de infertilidade e tipo de infertilidade (primária ou
secundária) (r= -0,010; p = 0,187). Além disso, o tempo de infertilidade foi subdividido em
três categorias, incluindo na primeira categoria as pacientes que esperam um filho há um
tempo inferior a um ano, na segunda, de um a dois anos e, na terceira, um período superior a
77
dois anos (Tabela 1), e a proporção de ocorrência de infertilidade primária e secundária nas
categorias foi semelhante.
Tabela 1 - Pacientes com infertilidade primária e secundária com relação ao tempo de infertilidade em pacientes
que procuraram o ambulatório de infertilidade em Aracaju – SE, 2007.
Tempo de infertilidade Pacientes com infertilidade
primária
Pacientes com infertilidade
secundária
1 ano 11 (84,6%) 2 (15,4%)
1 – 2 anos
13 (81,3%) 3 (18,7%)
> 2 anos 121 (87,7%) 17 (12,3%)
Qui-quadrado; P= 0,749
Foi observada uma média de freqüência na atividade sexual das pacientes estudadas de
3,0 (±1,13) relações por semana, dentre elas 51 pacientes relataram uma média de relações
sexuais próximo à ovulação de 2,9 (±1,21). Por outro lado, 116 pacientes (69,46%) não
tinham conhecimento de quantas relações sexuais o casal tinha próximo à ovulação, sugerindo
o desconhecimento da população em geral sobre o período considerado de maior fertilidade
durante o ciclo menstrual feminino.
O diagnóstico de infertilidade mais relatado dentre as pacientes estudadas foi o de
infertilidade feminina (Figura 6), não sendo compatível com as taxas encontradas na literatura
onde cerca de 30% das causas de infertilidade são exclusivamente masculinas e uma
porcentagem semelhante é atribuída a causas femininas e de conjugação de fatores do casal
(SHAPIRO, 1993; NACHTIGALL, 2006).
78
34,13%
35,92%
17,36%
2,99%
9,58%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
ESCA Femininas Masculinas Mistas Sem
Diagnóstico
Figura 6 – Diagnóstico de infertilidade relatado por pacientes que procuraram o ambulatório de infertilidade em
Aracaju – SE, 2007.
ESCA: esterilidade sem causa aparente
Embora não tenha sido observada diferença significativa entre o tempo de
infertilidade em relação aos diferentes diagnósticos (p= 0, 488). Entretanto, observamos
que neste estudo as pacientes que tem como diagnóstico de infertilidade o fator masculino,
demoraram em média um ano a mais para buscar tratamento especializado (Figura 7).
TEMPO DE INFERTILIDA DE (ANOS)
SEM DIAGNOSTICOMISTOMASCULINOFEMININOESCA
20
15
10
5
0
4,78
4,60
6,24
5,22
5,70
Figura 7 – Média de tempo de infertilidade, em relação aos diagnósticos em pacientes que procuraram o
ambulatório de infertilidade em Aracaju – SE, 2007.
ESCA: esterilidade sem causa aparente
79
A preocupação com a ocorrência de DSTs deve ser enfatizada como um provável fator
de risco de infertilidade. Apesar do freqüente o uso de anticoncepcionais (Figura 8), quando
avaliado o tipo de contraceptivo utilizado, percebemos que apenas uma pequena parcela
destas pacientes já utilizaram o preservativo como método anticoncepcional exclusivamente,
ou em conjunto com este, objetivando evitar DSTs (Figura 9).
76%
24%
sim
não
Figura 8 - Uso de métodos contraceptivos em mulheres que procuram ambulatório de infertilidade em Aracaju /
SE, 2007.
1%
70,05%
24,55%
3,59%
0%
20%
40%
60%
80%
DIU Pílula Preservativo Tabela
Figura 9 - Freqüência de tipo de métodos anticoncepcionais utilizados por mulheres que procuram ambulatório
de infertilidade em Aracaju / SE, 2007.
DIU: Dispositivo intra-uterino
80
Ainda em relação às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) associadas à
condição de infertilidade, não foi relatado pelas pacientes a presença de gonorréia, sífilis e
HIV. Porém, 65 pacientes (38,92%) relataram a presença de HPV em algum momento após o
início da vida sexual.
Quando correlacionada a presença de HPV com o tipo de infertilidade, foi observado
uma maior porcentagem de infertilidade secundária em pacientes que relataram tal (20%), do
que aquelas que não referiram HPV (8,8%; p= 0,038)(Tabela 2).
Tabela 2 - HPV X infertilidade secundária em mulheres que procuram ambulatório de infertilidade em Aracaju /
SE, 2007.
HPV Infertilidade secundária
SIM 20%
NÃO 8,8%
Qui – quadrado p = 0,038.
Por outro lado, a freqüência de infecção pelo HPV foi independente da utilização de
preservativo, já que 34,2% das pacientes com HPV utilizavam preservativo e 40,5% não (p=
0,470). Estes dados sugerem que há uma preocupação com a esterilização temporária, porém
não há uma preocupação com relação ao risco de contaminação por DSTs, que pode diminuir
a probabilidade de uma gestação espontânea em casais mais jovens, e até mesmo aumentar o
risco de esterilização permanente.
Já para os fatores de risco sócio-ambientais, não foi relatada por nenhuma paciente a
utilização de drogas ilícitas. O uso de álcool foi referido por apenas 14 pacientes (8,38%), e
tabaco por 13 pacientes (7,7%).
Outro fator de risco sócio-ambiental para a infertilidade é o Índice de Massa Corpórea
(IMC). Das 167 pacientes estudadas, 79 (47,30%) apresentam IMC fora do considerado
normal (>20 e 25 kg/m²). Dentre estas pacientes, 12 (7,18%) apresentam peso abaixo do
recomendado, e 67 (40,11%) sobrepeso.
Partindo da premissa que o déficit nutricional, a obesidade e ocupação sedentária
podem ter impacto na função reprodutiva feminina por causar desequilíbrios hormonais e
disfunção ovulatória, estas pacientes podem ter o IMC como um provável fator de risco para a
81
infertilidade e, um trabalho de balanço nutricional, possibilitaria uma gravidez espontânea,
sem a necessidade de utilização das técnicas de RHA (MAGNUSDOTTIR et al, 2005).
Apesar de existirem evidências crescentes que o estilo de vida incluindo: fumo, dieta,
exercício, tensão psicológica, consumo de cafeína, consumo de álcool e exposição a poluentes
podem ter um papel importante para infertilidade, estes fatores não foram encontrados com
alta freqüência na população estudada. O impacto de estilo de vida no desempenho
reprodutivo pode variar a depender de etiologia individual e circunstâncias
(MAGNUSDOTTIR et al, 2005; HOMAN, DAVIES e NORMAN, 2007).
Com relação às questões sociais envolvidas com a infertilidade, apenas para uma
pequena parcela dos casais a adoção seria uma opção (16,76%), entretanto todos tentariam a
gestação de um filho biológico independentemente de adotar ou não uma criança,
demonstrando quão forte é o sentimento de perpetuação da espécie inerente ao ser humano.
Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade foram relatados
aproximadamente pela metade dos casais (Figura 10), demonstrando o impacto negativo da
infertilidade na vida conjugal e social do casal, pois para muitos, a infertilidade e seu
tratamento causam uma séria tensão em seu relacionamento interpessoal, relacionamentos
perturbados com outras pessoas, angústia pessoal, auto-estima reduzida, e períodos de crise
existencial (SCHMIDT, 2005).
55,68%
44,32%
sim
não
Figura 10 – Proporção de problemas conjugais relatados por mulheres que procuram ambulatório de infertilidade
em Aracaju / SE, 2007.
82
Quando os problemas conjugais foram correlacionados com os diagnósticos de
infertilidade foi observado que quando o diagnóstico é de infertilidade por fatores
relacionados à mulher, os problemas conjugais acontecem em 48,3% dos casais, entretanto
quando a causa da infertilidade é masculina, 72% dos casais relataram problemas (p= 0,032).
Dentre os casais que procuraram o centro no período estudado foi observado que 22
pacientes (13,17%) possuíam indicação direta de tratamento de alta complexidade em RHA,
com diagnósticos como idade avançada, obstrução tubária bilateral, parceiro vasectomizado e
fator masculino grave; 72 pacientes (43,11%) possuem uma indicação de baixa complexidade
com diagnósticos que incluem problemas hormonais, desordens ovulatórias e fator masculino
leve e moderado. Porém, das 73 pacientes restantes, sugere – se que seja realizada uma
investigação mais detalhada por profissional especialista na área de RHA, pois 57 pacientes
(34,13%) tinham como diagnóstico a infertilidade idiopática que não é considerado um bom
prognóstico para técnicas de baixa complexidade. Por fim, 16 pacientes (9,58%) chegaram ao
ambulatório sem realizar qualquer tipo de exames básicos para o diagnóstico de infertilidade
conjugal, como dosagens hormonais, ultra-sonografia e histerossalpingografia (Figura 11).
13,17%
43,11%
34,13%
9,59%
0%
20%
40%
60%
Alta
complexidade
Baixa
complexidade
ESCA Sem diagnóstico
Figura 11 – Indicações para tratamento de infertilidade conjugal nas mulheres que procuram ambulatório de
infertilidade em Aracaju / SE, 2007.
ESCA: esterilidade sem causa aparente
83
Diante dos dados expostos, percebe-se que as várias mudanças econômicas, sociais,
políticas, e culturais, que ocorreram no mundo e que tem se intensificado a cada dia,
produzem alterações significativas para a vida social. Na saúde, como uma esfera de vida dos
homens em toda sua diversidade e singularidade, vêm sendo observadas constantes criações
de tecnologias sofisticadas e precisas em todas as suas atividades e o aumento dos desafios e
dos impasses. A Saúde Reprodutiva, neste contexto, não deve continuar sendo tratada
simplesmente como medidas anticoncepcionais e métodos para esterilização, mas deve
englobar, também, uma série de métodos que viabilizem a concepção, conferindo à população
o exercício total da sua fecundidade.
Falar da saúde da mulher significa levar em consideração todo o contexto psicossocial
em que esta se insere, incluindo os aspectos relativos à enfermidade, doença, bem-estar, ou
seja, sua qualidade de vida, como também às atividades práticas de prevenção, diagnóstico,
cuidados e cura em sentido abrangente (MORI et al, 2006).
No Brasil, em 1983, é criado o Programa de Assistência Integral à Mulher que engloba
a assistência social e integral à mulher, principalmente em questões referentes à sexualidade,
planejamento familiar e reprodução (BRASIL, 2005). Porém, ainda são observadas diversas
barreiras potenciais para o acesso ao tratamento de infertilidade que podem incluir falta de
informação e educação apropriada, falta de cobertura adequada na saúde pública como
também de planos de saúde, e preconceito cultural contra o tratamento, devido a uma gama de
tabus acerca do tema (JAIN e HORNSTEIN, 2005).
A ocorrência e persistência de tais disparidades são inegáveis e perturbadoras.
Pesquisas dirigidas em direção a um melhor entendimento das razões para tais disparidades
estão sendo realizadas em alguns países com uma meta comum de fornecer acesso a
tratamentos de qualidade para todos de forma igualitária (TARUN, 2006).
Deste cenário, surge à inquietação que move esta proposta: perceber como se
configura o aparato regulador das técnicas de RHA no serviço público de saúde, e o que se
revela através das características expostas sobre quem pode ou não ter acesso a este serviço.
Talvez possamos com isso pensar o que estamos legitimando através desta “permissão” para
acessar o serviço, que tipo de família está sendo reforçada através destas propostas, e que
relações se estabelecem entre os sujeitos, o Estado e a Medicina (MEDEIROS, 2006).
84
Desta forma, a infertilidade é um problema de saúde que vem crescendo na atualidade,
inscrito no Código Internacional de Doenças (CID), N/ 97 para a infertilidade feminina e N/
46 para a infertilidade masculina, não somente de caráter orgânico, mas também psicológico,
ambiental e social, sendo considerada como uma experiência biográfica dilacerante,
colocando a ênfase no sofrimento e nos conflitos individuais de homens e mulheres que a
enfrentam, refletindo em uma crise de identidade, valores e crenças, alteração no
desenvolvimento dos papéis esperados, ocasionando uma interrupção de um projeto de vida
individual e do casal, interferindo diretamente em sua qualidade de vida.
A incorporação das novas tecnologias reprodutivas tanto de baixa complexidade (coito
programado (CP) e inseminação artificial (IIU)) como de alta complexidade (fertilização in
vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) e diagnóstico pré -
implantacional (PGD)) , sendo utilizado como um instrumento para solucionar o problema da
infertilidade, é um fato consumado em diversos países detentores da medicina moderna, pois
não se pode impedir a busca de realização do projeto parental de uma pessoa capaz, mesmo
com o auxílio médico – laboratorial, impossibilitando seu acesso às técnicas e tratamentos na
área da reprodução humana.
As barreiras ao tratamento de infertilidade podem ser classificadas em três categorias
principais: acessibilidade, custo econômico, e fatores sócio - culturais. Uma das barreiras mais
importantes ao acesso a tratamento de infertilidade é o custo; ao mesmo tempo o papel de
fatores culturais e sociais em restringir o acesso não deve ser subestimado. Em países em
desenvolvimento, não é raro todos três estarem presentes simultaneamente, criando um
obstáculo quase intransponível ao cuidado adequado à saúde reprodutiva (LUNENFELD e
STEIRTEGHEM, 2004).
Por ser um procedimento de alta complexidade técnica, e que exige grande
responsabilidade por parte dos envolvidos, faz-se necessário que o poder público elabore uma
legislação específica por pessoas que entendam profundamente do assunto, com a finalidade
de evitar os abusos e, dessa forma, possa-se manter o seu propósito com uma conduta
eticamente confiável e, conseqüentemente, aceitável pela sociedade (MEDEIROS, 2006).
Por fim, apesar da necessidade de atenção e tratamento em infertilidade conjugal, foi
observado um grande desconhecimento à cerca da fertilidade e dos cuidados clínicos e sociais
para a sua preservação, portanto deve ser levado em consideração que associada a qualquer
política pública para intervenção na saúde reprodutiva, deve existir um programa estruturado
85
de prevenção com a educação, apoio e acesso a profissionais especialistas em saúde
reprodutiva apoiando o aconselhamento para encorajar a prevenção e facilitar mudanças
apropriadas de estilo de vida. Isto facilitará a provisão de cuidado em saúde para casais em
idade reprodutiva e melhora suas possibilidades de êxito reduzindo a necessidade de
tratamentos caros e invasivos de infertilidade.
86
5. CONCLUSÕES
Baseado no perfil socioeconômico, demográfico e epidemiológico de mulheres que
procuraram o ambulatório público de infertilidade em Aracaju – SE no período referente a
este estudo, pudemos concluir que:
Não foram encontrados altos índices de infertilidade secundária, habitualmente
relatados na literatura para países em desenvolvimento.
O diagnóstico de infertilidade mais relatado dentre as pacientes estudadas foi o de
infertilidade feminina, não sendo compatível com as taxas encontradas na
literatura onde cerca de 30% das causas de infertilidade são exclusivamente
masculinas e uma porcentagem semelhante é atribuída a causas femininas e de
conjugação de fatores do casal.
Não foi relatado pelas pacientes a presença de gonorréia, sífilis e HIV. Porém, 65
pacientes (38,92%) relataram a presença de HPV em algum momento após o início
da vida sexual. Houve uma correlação significativa entre HPV e infertilidade
secundária, na população estudada.
Para os fatores de risco sócio-ambientais, não foi relatada por nenhuma paciente a
utilização de drogas ilícitas. O uso de álcool foi referido por apenas 14 pacientes
(8,38%), e fumo por 13 pacientes (7,7%).
Outro fator de risco sócio-ambiental para a infertilidade é o Índice de Massa
Corpórea (IMC). Das 167 pacientes estudadas, 47,30% apresentam IMC fora do
considerado normal.
A infertilidade tem impacto negativo na vida conjugal e social do casal,
principalmente quando se dá por fatores masculinos.
O grau de escolaridade tem uma influência direta e inversamente proporcional ao
tempo de infertilidade.
Os casais procuram tratamento especializado para infertilidade tardiamente.
Este estudo sugere a importância da gestação de um filho biológico para as
mulheres, independentemente de adotar ou não uma criança.
Dentre as pacientes, 13,17% possuíam indicação direta de tratamento de alta
complexidade em RHA e 43,11% possuíam indicação de baixa complexidade.
43,71% restantes tinham diagnóstico de infertilidade sem causa aparente ou não
87
tinham realizado nenhum dos exames básicos para pesquisa de infertilidade
conjugal.
Existe a necessidade de oferta de diagnóstico e tratamento de baixa e alta
complexidade para a infertilidade conjugal na rede pública de atendimento em saúde no
estado de Sergipe. Independente da oferta de tratamento existe também a necessidade de um
programa estruturado de prevenção com a educação, apoio e acessibilidade a profissionais
especialistas de saúde para orientar a população em geral à cerca da fertilidade e dos métodos
clínicos e sociais para a sua preservação.
88
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Organization, 1991.
91
CONCLUSÃO FINAL
Deve - se destacar a importância da observação de variáveis como fatores de
exposição ambiental, enfermidades associadas à infertilidade e estilo de vida
como possíveis fatores de risco para desencadear a infertilidade já que a exposição
crescente à poluição ambiental o estilo de vida e algumas enfermidades podem
causar mudanças morfofuncionais tanto no organismo feminino como no
masculino;
Das 167 pacientes atendidas, 129 pacientes tinham diagnóstico para indicação de
tratamento de baixa complexidade incluindo problemas hormonais, desordens
ovulatórias e fator masculino leve ou moderado e ESCA (depois de repetida a
propedêutica básica de infertilidade), sugerindo a importância da oferta de
tratamento inicial de baixo custo para baixa complexidade;
Houve uma melhora na qualidade seminal em todos os casais, com um aumento de
10 a 50% do número de espermatozóides com motilidade progressiva linear
rápida, sendo verificada a efetividade da técnica de processamento seminal com
migração ascendente de espermatozóides no tratamento com protocolo econômico
para baixa complexidade em RHA;
Foi obtida uma taxa de gravidez de aproximadamente 10% dos casais que
realizaram a técnica, ou seja 5 pacientes tiveram o exame de β hCG > 1 (positivo)
no 15º dia após a IIU, dentre elas três tinham como diagnóstico a ESCA, uma com
o fator masculino e uma o fator feminino;
No momento em que esperavam o início do tratamento quatro (4) pacientes
engravidaram sem a realização do tratamento sugerindo o impacto psicológico que
a oportunidade de assistência e educação reprodutiva podem causar na vida do
casal carente de atenção básica em sua enfermidade, podendo ocasionar a
gravidez espontânea;
Problemas conjugais decorrentes da condição de infertilidade foram relatados por
grande parte dos casais, demonstrando o impacto negativo da infertilidade na vida
conjugal e social do casal.
92
Diante dos dados expostos, este estudo sugere a realização do protocolo econômico no
sentido de promover a atenção básica à infertilidade conjugal, como uma forma inicial de
tratamento para os casos de infertilidade de baixa complexidade e como forma de diagnóstico
para a alta complexidade, principalmente nos casos de ESCA, depois de três tentativas de
tratamento com a baixa complexidade sem obtenção de resultado positivo de gravidez.
Devendo ser incluída não somente de forma teórica nos atuais conceitos de doença, a
infertilidade não é só um problema que perturba gravemente a inserção social dos casais, o
bem-estar individual e familiar, como também é um importante aspecto de saúde pública na
atualidade. Apesar de ser considerada como um problema secundário por planos particulares
de assistência médica e até mesmo pelos serviços de saúde pública, de forma gradativa, a
dificuldade de ter filhos pode causar sérios problemas socais e econômicos para um país.
As barreiras ao tratamento de infertilidade no estudo em questão são visíveis tanto
com relação à acessibilidade aos serviços públicos, ao custo econômico do tratamento privado
quanto aos fatores sócio - culturais, criando um obstáculo quase intransponível ao cuidado
adequado à saúde reprodutiva.
Existe a necessidade de oferta de diagnóstico e tratamento de baixa e alta
complexidade para infertilidade conjugal na rede pública de atendimento em saúde no estado
de Sergipe. Independente da oferta de tratamento existe também a necessidade de um
programa estruturado de prevenção com a educação, apoio e acessibilidade a profissionais
especialistas de saúde para orientar a população em geral à cerca da fertilidade e dos métodos
clínicos e sociais para a sua preservação.
93
ANEXOS
94
ANEXO A - FICHA DE ANAMNESE MASCULINA
1. IDENTIFICAÇÃO:
Nome:
Nome da parceira:
Endereço:
Fones: manhã- _____________tarde___________________noite_____________
Idade ____ Idade da esposa _____
Data de nascimento _____/____/____
Casado ou em união estável há ____ anos
Espera um filho há ____ anos
Profissão Renda familiar
Grau de escolaridade
Peso: Altura: Tipo sanguíneo:
2. HISTÓRIA MÉDICA
- Você está ou esteve exposto por algum tempo à:
( ) calor
Especifique ___________________________________________
( ) fumaça tóxica
Especifique ___________________________________________
( ) agentes químicos
Especifique ___________________________________________
( ) radiação nuclear
Especifique ___________________________________________
( ) outra
Especifique ___________________________________________
- Você recebeu raio x na área pélvica para diagnóstico ou tratamento?
( ) SIM ( ) NÃO
95
- Você submeteu-se a cirurgia pélvica?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim?Qual?________________________________________________________________
- Você teve ou tem:
( ) Tuberculose? ( ) Problemas hepáticos?
( ) Hepatite? ( ) Apendicite?
( ) Caxumba e complicação testicular? ( ) Diabetes?
( ) Sífilis? ( ) Problemas de Tireóide?
( ) Gonorréia? ( ) Infecção renal?
( ) Condiloma ( crista de galo ) ? ( ) Alergia?
( ) Cistite ? ( ) Câncer?
( ) Prostatite? ( ) Tumor testicular?
( ) Uretrite não gonocócica?
( ) HPV?
( ) Transfusão de sangue ou derivados?
( ) Caxumba ? ( ) Epilepsia?
( ) Herpes? ( ) Artrite reumatóide?
( ) Hipertensão Arterial ? ( ) úlcera?
( ) Doença cardíaca? ( ) AIDS?
- Você usou alguma medicação nos últimos anos?
( ) SIM ( ) NÃO Sim?
Especifique: ________________________
- Você usou ou tem usado:
- Cigarro? SIM ( ) NÃO ( )
Sim?Número por dia ______________________________________
- Drogas? SIM ( ) NÃO ( )
96
Sim?Quais? __________________________________________
- Álcool? SIM ( ) NÃO ( )
Sim?Quantos copos / semana: cerveja ____ vinho ____ Whisky ___ outros ___ Especifique
___________________________________________
3. HISTÓRIA SEXUAL
- Quando você era criança seus testículos já haviam descido para o escroto?
( ) SIM ( ) NÃO
- Você já teve união conjugal anteriormente ?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Quantas vezes ______
- Quantos filhos você teve em uniões anteriores?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Seu último filho nasceu há ____ anos.
-Já teve problemas de impotência?
( ) SIM ( ) NÃO
- Já teve problemas de ejaculação?
( ) SIM ( ) NÃO Sim? ____ precoce _____ retrograda
- Você sente quando o sêmen foi depositado na vagina?
( ) SIM ( ) NÃO
- Você já teve orgasmo sem ejaculação durante masturbação?
( ) SIM ( ) NÃO
- Você tem algum corrimento matinal uretral?
( ) SIM ( ) NÃO
- Quantas vezes você tem relação sexual por semana? ______
4. HISTÓRIA FAMILIAR
- Possui irmãos?
97
Sim? Quantos _______________________________________________________
- Quantas pessoas moram em sua casa?
___________________________________________________________________
-Há em sua casa um cômodo disponível somente para o casal?
___________________________________________________________________
- Existem casos de infertilidade em sua família?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Liste os graus de parentesco ________________________________________
- Existem casos de doenças hormonais em sua família?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Liste os graus de parentesco ______________________________________
- Seu esposo tem filhos com outra parceira?
SIM ( ) NÃO ( )
- Há problemas conjugais por causa da infertilidade?
SIM ( ) NÃO ( )
-A adoção seria uma opção?
SIM ( ) NÃO ( )
Mesmo com a adoção tentaria um filho do casal?
SIM ( ) NÃO ( )
5. HISTÓRIA DE TRATAMENTO DE INFERTILIDADE
- Você submeteu-se à tratamento de infertilidade?
( ) SIM ( )NÃO
- Que causa de infertilidade foi diagnosticada? _____________________________
- Quais drogas você tem usado para infertilidade?
( ) CLOMID ( ) SEROFENE ( ) TESTOSTERONA ( ) HUMEGON
( ) OUTRA. ESPECIFIQUE ____________________________________________
98
-Você submeteu-se à cirurgia de varicocele?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Quando? _________________________________________________________
Houve melhora do espermograma? ( ) SIM ( ) NÃO
- Você submeteu-se à vasectomia?
( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Quando? ________________________________________________________
Você submeteu-se à reversão da vasectomia? ( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Quando? ________________________________________________________
Houve normalização espermograma? ( ) SIM ( ) NÃO
- Quais dos seguintes testes você realizou?
EXAMES DATA RESULTADO
( ) Espermograma ___/___/___
( ) Teste para clamídia ___/___/___
( ) Teste para anticorpos ___/___/___
( ) Teste cromossômico ___/___/___
( ) Biópsia testicular ___/___/___
( ) Ultra-sonografia ___/___/___
( ) Testes hormonais ___/___/___
( ) Outros. Especifique ___/___/___
- Sua esposa tem problema de fertilidade?
( ) SIM ( ) NÃO Qual o diagnóstico? ____________________________________
99
TESTE PROGNÓSTICO SEMINAL
Último exame (ano): _______________________________
Tipo de exame: ___________________________________
Resultado: ( ) normal ( ) anormal
Tempo de abstinência sexual ( dias): __________________
Fuma ( ) não ( ) sim ____ cigarros/semana.
Bebeu nas últimas 24 horas ( ) não () sim
Tempo anterior ao início da análise:___________________
Tempo liquefação: __________________________________
Aspecto: ( ) normal ( ) anormal
Liquefação: ( ) normal ( ) com grumos ( ) não houve
Consistência: ( ) normal ( ) anormal ( maior que 2 cm )
Contagem de leucócitos: _____________________________
Contagem de hemácias: _____________________________
Volume:________________ Ph________________________
Concentração/ml: _________________ nº total: __________
A) progressão linear rápida: ________x 10
6
( %)
B) progressão linear lenta ou não linear: ________x 10
6
( %)
C) motilidade não progressiva: ________x 10
6
( %)
D) imóveis: ________x 10
6
( %)
E) celulas ________x 10
6
( %)
Método de separação utilizado: _____________________________________________
Meio utilizado: ______________________________ Lote: _______________________
Duração da primeira etapa: _________ seguido de lavagem por centrifugação a 1000 rpm por 10
minutos com ____ ml meio.
Duração da
migração ascendente de espermatozóides: obtido: às h
RECUPERAÇÃO: ___ x 10
6
milhões de espermatozóides do tipo A.
100
A) progressão linear rápida ________x 10
6
( %)
B) progressão linear lenta ou não linear ________x 10
6
( %)
C) motilidade não progressiva ________x 10
6
( %)
D) imóveis ________x 10
6
( %)
E) células ________x 10
6
( %)
CONCLUSÃO_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
________________________________
OBSERVAÇÃO:_____________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
________________________________
101
ANEXO B - FICHA DE ANAMNESE FEMININA
1. IDENTIFICAÇÃO Data ____ /____/____
NOME:
NOME DO PARCEIRO:
ENDEREÇO:
FONES: MANHÃ_____________TARDE_____________NOITE______________
DATA DE NASCIMENTO: ___/___/______ IDADE____ IDADE DO ESPOSO_____
CASADA HÁ______ANOS ESPERA UM FILHO HÁ ______ ANOS
PROFISSÃO___________________________ RENDA FAMILIAR______________
GRAU DE ESCOLARIDADE____________________________________________
PESO__________ ALTURA_______________ TIPO SANGUÍNEO _____________
2. HISTÓRIA MÉDICA
Você submeteu-se a alguma cirurgia anterior? ( ) SIM ( ) NÃO
Especifique __________________________________________________________
Você realiza algum exercício físico rigoroso? ( ) SIM ( ) NÃO
Que tipo? ________________Quantas horas por semana____há_____meses/anos?
Você tem ou já teve algum destes itens?
102
( ) Hepatite ( ) Doença cardíaca ( ) Tuberculose ( ) Epilepsia ( ) Úlcera
( ) Febre reumática ( ) Rubéola ( ) Citomegalovírus ( ) Toxoplasmose
( ) D. Chagas ( ) Secreção mamária ( ) Anexite ( ) Disfunção tireoidiana
( ) Hipertensão arterial ( ) Cisto ovariano ( ) Aumento de pêlos ( ) AIDS
( ) Apendicite ( ) Infecção renal ( ) Cistite ( ) Uretrite ( ) Tricomoníase
( ) Transfusão sanguínea ( ) Sífilis ( ) Monilíase ( ) Herpes
( ) Defeitos congênitos na família ( ) Gonorréia ( ) HPV
()Alergias? ________________________________________________________
( ) Câncer? Especifique
___________________________________________________________________
( ) Uso de drogas. Quais?
___________________________________________________________________
( ) Fumante? Quantos cigarros por dia? __________
( ) Álcool? Quantos copos / semana: cerveja ____ vinho ____ Whisky ___ outros
especifique ____________
( ) Outro problema de saúde?
__________________________________________________________________
Quais medicações você usa ou usou por tempo prolongado?
_____________________________________________
103
3. HISTÓRIA MENSTRUAL E DE GESTAÇÕES ANTERIORES
Idade da primeira menstruação: _____ anos.
Data da última menstruação: ____/____/____
Suas menstruações são regulares? SIM ( ) NÃO ( )
Sim? O intervalo entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da próxima é de
____ dias.
Não? Quantas vezes por ano você menstrua? _____ vezes.
Qual a habitual duração da sua menstruação? ______ dias.
Sua menstruação é: ( ) pouco volumosa ( ) normal ( ) muito volumosa
Você tem sangramento entre as menstruações ? ( ) SIM ( ) NÃO
Você sente dores fortes durante a menstruação? ( ) SIM ( ) NÃO
Usa analgésico durante as menstruações? ( ) SIM ( ) NÃO
104
Quantas gestações ( incluindo abortos ) você teve? ___________________
Quando?
ano
Terminou
em aborto?
Aborto
espontâneo
ou reduzido?
Gravidez
ectópica?
Necessitou
tratamento p/
engravidar ?
O bebê
nasceu
vivo?
O pai do
b
ebê é o
atual
parceiro?
GESTAÇÃO 1
GESTAÇÃO 2
GESTAÇÃO 3
GESTAÇÃO 4
GESTAÇÃO 5
Você teve alguma complicação durante suas gestações? SIM ( ) NÃO ( )
Sim? Explique
___________________________________________________________________
4 – HISTÓRIA SEXUAL E ANTICONCEPTIVA
Já usou algum método anticoncepcional? SIM ( ) NÃO ( )
( ) DIU ( ) PÍLULA ( ) CAMISINHA ( ) TABELA ( ) OUTRO? ____________
Quantas relações você tem por semana? _________
105
Quantas relações você tem próximo à ovulação? __________
Sente dor durante a relação? ( ) SIM ( ) NÃO
Usa lubrificante ou ducha durante ou após a relação? SIM ( ) NÃO ( )
5 - HISTÓRIA DE TRATAMENTO DA INFERTILIDADE
Jä foi tratada de infertilidade anteriormente? SIM ( ) NÃO ( )
A causa da infertilidade foi identificada?___________________________________
Quais drogas você usou para tratar a infertilidade?
______________________________________________________________
( ) Clomid ( ) Progesterona ( ) Parlodel ( ) Serofene ( ) Corticóide
( ) Ladogal ( ) Pergonal ( ) Antibióticos ( ) Dimetrose ( ) Humegon
( ) Profasi ( ) Estrógenos ( ) Pregnil ( ) Nenhuma ( ) Outra
___________________________________________________________________
Quais os seguintes testes você realizou? Quais as conclusões?
DATA RESULTADOS
( ) Temperatura basal ____/____/____ _______________
( ) Teste pós-coito ____/____/____ _______________
( ) Dosagens hormonais ____/____/____ _______________
106
( ) Progesterona e prolactina ____/____/____ ______________
( ) Biópsia endometrial ____/____/____ _______________
( ) Histerossalpingografia ____/____/____ _______________
( ) Ultra-som (ecografia) ____/____/____ _______________
( ) Histeroscopia ____/____/____ _______________
( ) Laparoscopia ____/____/____ _______________
( ) Pesquisa de clamídia ____/____/____ _______________
( ) Testes de tireóide ____/____/____ _______________
( ) Outros ___________ ____/____/____ _______________
Já submeteu-se a:
( ) Reversão de ligadura tubária? ( ) Cirurgia para cura de aderência?
( ) Fertilização in-vitro ( FIV )? ( ) Inseminação artificial ( IIU )?
( ) Cirurgia para desobstrução das trompas?
( ) Conização ou cauterização do colo?
Em caso de FIV ou IIU, foi usado sêmen: ( ) ao doador ( ) ao esposo.
107
4. HISTÓRIA FAMILIAR
Possui irmãos? ( ) SIM ( ) NÃO
Quantos? __________________________________________________________
Quantas pessoas residem em sua casa? _________________________________
Quantos cômodos tem a sua casa? ______________________________________
Existe um cômodo específico para o casal? ( ) SIM ( ) NÃO
Existem casos de infertilidade em sua família? ( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Liste os graus de parentesco
___________________________________________________________________
Existem casos de doenças hormonais em sua família? ( ) SIM ( ) NÃO
Sim? Liste os graus de parentesco
___________________________________________________________________
Seu esposo tem problema de fertilidade? ( ) SIM ( ) NÃO
Qual o diagnóstico? __________________________________________________
Seu esposo já teve filho(s) em outra união conjugal? ( ) SIM ( ) NÃO
Quantos? _____ Quando? ________
Há problemas conjugais por causa da infertilidade? SIM ( ) NÃO ( )
108
A adoção seria uma opção? SIM ( ) NÃO ( )
Mesmo com a adoção você tentaria um filho do casal? SIM ( ) NÃO ( )
FICHA DE ESTIMULAÇÃO OVARIANA
Tentativa:_______ Orientação: ___/___/2006
Nome:______________________________________________________________
Idade: ______ anos. Data da última menstruação. ____/____/____ .
Nome do esposo: ____________________________________________
Fator de infertilidade: __________________________________________________
Fez laparoscopia? Sim ( ) não ( ) Fez coito programado?. Sim ( ) não ( )
Data Dia Do Ciclo Estímulo Ovário Direito Ovário Esquerdo Endométrio. E2
10º
11º
12º
13º
14º
OBS:_______________________________________________________________
109
ANEXO C -TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto (Versão 14/05/2007): AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO
COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS
REPRODUTIVAS.
As informações que seguem estão sendo fornecidas para a sua participação voluntária nesta
pesquisa, cujo objetivo principal é avaliar a utilização de indução da ovulação e inseminação artificial
de baixo custo, através da utilização de procedimento econômico, nos ciclos de pacientes de baixa
renda com indicação de inseminação intra-uterina (IIU), como alternativa de acesso da população em
geral aos tratamentos em Reprodução Assistida.
Quando um casal infértil procura por um tratamento de reprodução assistida, é sabido que a
taxa de sucesso é de 10% de gravidez para inseminação artificial que é colocar no útero da mulher o
esperma preparado de seu parceiro. Não se sabe ao certo quais fatores envolvidos, que podem
interferir no sucesso, mesmo com todos os recursos médicos e tecnológicos com os quais a técnica é
realizada.
Estamos desenvolvendo um estudo que visa à realização de três tentativas de inseminação
artificial em 50 pacientes atendidas na rede pública de atendimento em Aracaju -Se. Para tanto,
precisaremos que seja tomada pela mulher uma medicação para a produção de óvulos, preparação do
sêmen do marido no laboratório, introdução do sêmen preparado, na mulher, através de um cateter
pelo colo uterino, introdução de creme vaginal de progesterona até a realização de exame laboratorial
para verificação de gravidez. O atendimento médico com o preenchimento de fichas de anamnese das
pacientes será realizado no Centro de Referência da Mulher Leonor Barreto Franco onde serão
selecionados os sujeitos de pesquisa e encaminhados para a Clifert - Clinica de Fertilidade e
Assistência Médica à Procriação onde será realizada a etapa laboratorial como também todo o
acompanhamento médico durante e pós-tratamento.
Todos os procedimentos que utilizam medicação para a produção de óvulos se acompanham
de uma maior chance de gravidez de gêmeos e um pequeno risco de alta produção de óvulos (2,5 a 5%
dos casos) que podem provocar desconforto e aumento de tamanho do abdômen que serão amenizados
através da aplicação de baixa quantidade de medicação, 50 mg. Em caso de eventos comprovados
causados diretamente pelos procedimentos ou tratamentos propostos neste estudo, o participante tem
direito ao tratamento médico clínico ou laboratorial necessário, sem ônus, pelo médico assistente Dr.
George Hamilton Caldas Silveira, nas dependências da Clifert – Clinica de Fertilidade e Assistência
Médica à Procriação. As pacientes que não concordarem entrar no estudo participarão da consulta
normalmente, e será realizado o preenchimento de ficha que contém dados da história clínica, familiar
e reprodutiva da paciente por profissionais qualificados, não havendo qualquer risco ou interferência
no diagnóstico apresentado pelo médico assistente. Para aqueles que concordarem em participar deste
estudo é importante saber que:
110
1. Em qualquer etapa do estudo você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa
para eventuais esclarecimentos. O principal investigador é Erika Caldas Razuk Ruiz, que pode ser
encontrada à Rua Frei Paulo, 331; telefone (79) 32118658 ou (79)91355509; e-mail
, orientada pela profª. PhD. Verônica Sierpe Jeraldo, supervisionado pelo
Dr. George Hamilton Caldas Silveira, telefone (79)91355502, especialista em Reprodução Humana e
responsável pela parte clínica do projeto em questão. Se você tiver alguma consideração ou dúvida
sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) situado à
Universidade Tiradentes, Bairro Farolândia, Aracaju – SE – telefone: 32182112 E-mail: [email protected]
.
2. Os pesquisadores garantem que não há despesas pessoais para o participante em qualquer
fase do estudo. Também não haverá qualquer tipo de compensação financeira relacionada a sua
participação.
3. Este termo será assinado em duas vias, uma delas será entregue à paciente ou a seu
representante legal. É garantida a liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento e deixar
de participar do estudo sem qualquer prejuízo a continuidade de seu atendimento neste centro.
4. Toda a informação será confidencial. Os dados obtidos serão analisados em conjunto, não
sendo divulgado a identificação de nenhum paciente isoladamente.
5. É garantido o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas,
bastando entrar em contato com um dos investigadores da pesquisa.
6. Não há riscos relacionados com a sua participação, com relação à privacidade, à proteção da
imagem, ou seja, não poderá ser realizado nenhum julgamento ou discriminação a cerca dos sujeitos
de pesquisa em decorrência dos dados coletados.
7. Os investigadores comprometem-se a utilizar os dados somente para esta pesquisa e antes
que você decida por participar deste estudo, é importante que tenha esclarecido todas as dúvidas.
Eu,_______________________________________________________________
acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para
mim, descrevendo o estudo “AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO CUSTO
COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS TECNOLOGIAS
REPRODUTIVAS”. Discuti com Dr George Hamilton Caldas Silveira sobre minha decisão em
participar deste estudo, ficando claro para mim quais os propósitos do trabalho, os procedimentos a
serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de ninguém terá acesso aos dados
identificados, além dos pesquisadores e garantia de esclarecimentos permanentes, de assistência
médica para qualquer eventualidade decorrente do estudo e que minha participação é isenta de
despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento
a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízo no meu atendimento neste Centro.
111
Nome da esposa:
CPF: RG. nº: Órgão emissor: Data de emissão:
_______________________________________
Assinatura
Nome do esposo:
CPF: RG. nº: Órgão emissor: Data de emissão:
_______________________________________
Assinatura
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste
paciente para participação no estudo “AVALIAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL DE BAIXO
CUSTO COMO ALTERNATIVA DE ACESSO DE POPULAÇÕES CARENTES ÀS
TECNOLOGIAS REPRODUTIVAS”.
_____________________________ _______________________________
Dr. George Hamilton Caldas Silveira Erika Caldas Razuk Ruiz
Médico Responsável Responsável pelo estudo
Aracaju, ______ de__________ de 20_______.
112
ANEXO D – PROTOCOLO DE ACEITE PELO COMITÊ NACIONAL
DE ÉTICA EM PESQUISA
113
114
ANEXO E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto: PERFIL DE MULHERES ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE
INFERTILIDADE DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER, LEONOR FRANCO
BARRETO, ARACAJU – SE.
As informações que seguem estão sendo fornecidas para a sua participação voluntária
nesta pesquisa, cujo objetivo principal é identificar o perfil das mulheres que procuram o
ambulatório público de infertilidade do centro de Referência da Mulher Leonor Franco
Barreto em Aracaju–SE. A metodologia para coleta de dados nesta pesquisa é a utilização de
ficha médica e do histórico clínico dos pacientes.
Serão incluídas no estudo as pacientes que procuram o ambulatório de infertilidade do
Centro de Referencia da Mulher Leonor Franco Barreto. As pacientes participarão da consulta
normalmente, e será realizado o preenchimento de ficha que contém dados da história clínica,
familiar e reprodutiva da paciente por profissionais qualificados, não havendo qualquer risco
ou interferência no diagnóstico apresentado.
Para aqueles que concordarem em participar deste estudo é importante saber que:
1. Será garantido aos sujeitos da pesquisa o acesso a qualquer momento aos
pesquisadores responsáveis para esclarecimento de eventuais dúvidas. Em qualquer etapa do
estudo você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para eventuais
esclarecimentos. O principal investigador é Erika Caldas Razuk Ruiz, que pode ser
encontrada à Rua Frei Paulo, 331; telefone (79) 32118658 ou (79)91355509; e-mail
2. Os pesquisadores garantem que não há despesas pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo. Também não haverá qualquer tipo de compensação financeira
relacionada a sua participação.
3. É garantida a liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento e deixar
de participar do estudo sem qualquer prejuízo a continuidade de seu atendimento neste centro.
4. Toda a informação será confidencial. Os dados obtidos serão analisados em
conjunto, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente isoladamente.
115
5. É garantido o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das
pesquisas, bastando entrar em contato com um dos investigadores da pesquisa.
6. Não há riscos físicos relacionados com a sua participação, como também é
garantido o respeito à privacidade, à proteção da imagem, ou seja, não poderá ser realizado
nenhum julgamento ou discriminação a cerca dos sujeitos de pesquisa em decorrência dos
dados coletados.
7. Os investigadores comprometem-se a utilizar os dados somente para esta pesquisa.
8. Antes que você opte por participar deste estudo, é importante que tenha esclarecido
todas as dúvidas.
Eu,__________________________________________________________________
___ acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “PERFIL DE MULHERES ATENDIDAS NO
AMBULATÓRIO DE INFERTILIDADE DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER,
LEONOR FRANCO BARRETO, ARACAJU – SE”. Discuti com Dr George Hamilton
Caldas Silveira sobre minha decisão em participar deste estudo, ficando claro para mim quais
os propósitos do trabalho, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as
garantias de que ninguém terá acesso aos dados identificados, além dos pesquisadores e
garantia de esclarecimentos permanentes, de assistência para eventualidades decorrentes do
estudo e que minha participação é isenta de despesas.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízo no meu atendimento neste
Centro.
Nome do cônjuge ou testemunha:________________________________________
_______________________________ _____________________________
Ass. Paciente Ass. Cônjuge ou testemunha
116
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente para participação no estudo.“PERFIL DE MULHERES
ATENDIDAS NO AMBULATÓRIO DE INFERTILIDADE DO CENTRO DE
REFERÊNCIA DA MULHER, LEONOR FRANCO BARRETO, ARACAJU – SE”.
_____________________________ _______________________________
Dr. George Hamilton Caldas Silveira Erika Caldas Razuk Ruiz
Médico Responsável Responsável pelo estudo
Aracaju, ________ de___________de_______.
117
ANEXO F - PROTOCOLO DE ACEITE PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
118
119
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