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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA
Aspectos químicos-ecológicos de Neea theifera (Oerst) e Guapira graciliflora
(Lundell) (Nyctaginaceae) e a comunidade de Arthropoda no cerrado stricto sensu,
gleba Pé-de-Gigante, Parque Estadual Vassununga – SP.
Fernando Meloni
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ciências, Área: Entomologia
RIBEIRÃO PRETO
2008
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FFCLRP - DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA
Aspectos químicos-ecológicos de Neea theifera (Oerst) e Guapira graciliflora
(Lundell) (Nyctaginaceae) e a comunidade de Arthropoda no cerrado stricto sensu,
gleba Pé-de-Gigante, Parque Estadual Vassununga – SP.
Fernando Meloni
Orientadora: Profa. Dra. Elenice Mouro Varanda
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Ciências, Área: Entomologia
RIBEIRÃO PRETO
2008
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“A felicidade supre em altura, o que lhe falta em extensão . . . ”
(Robert Frost)
“Minha biografia será curta, tão curta que caberá em minha lápide. Embaixo do meu
nome estará escrito: Ele teve uma briga de amor com o mundo.”
(Robert Frost, 1874-1963†)
3
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Tito e Hermínia, por todo
carinho e apoio que nunca faltaram, mesmo nos momentos mais difíceis. A minha
esposa Carolina e meu filhinho Antônio, que fazem com que me torne uma pessoa mais
feliz todos os dias. À família Concha, Du e Val, ao Nelão, à Célia, Vó Izabel, Vó Nena,
meus avôs Nello e Zé, ao Roberto, Guego, Dani, Kibe, Re, Cisco, ao João, Aninha e
todo o pessoal, de alguma maneira todos vocês me estimulam a continuar. Ao professor
José Antunes pelos ensinamentos e pelas dicas científicas, tão importantes para meu
amadurecimento científico e pessoal e à Elisa pelo apoio e pelas dicas, muito obrigado.
Gostaria de agradecer a minha orientadora Elenice, pela oportunidade apoio e
amizade, e também pelos ensinamentos, você tem me ajudado a ser um bom cientista e
profissional, mas acima de tudo uma pessoa melhor. Ao Ricardo, que atuou ativamente
para a realização desse trabalho, também pela amizade e companheirismo, valeu mesmo
Ricardo. Ao professor Rodrigo, pelos conselhos e orientações tão importantes, pela
amizade e pelo apoio, valeu Gaúcho. Ao professor Milton Groppo, pela amizade e pela
inestimável ajuda com a complicada identificação das plantas.
Gostaria de agradecer e também mandar um abraço aos meus parceiros de
trabalho, Luciano, Flavio, Piroka, Fabi, Mônica, Gustavo, Nóia, Nicole, Ilda, Vivi, Zé,
Sapão, Mafaldo, Morto, Carlos, Fogosa, Guilherme, Rafael, e tantos outros não citados
aqui, ora pela compreensão, ora pela ajuda, pela dica, ora pela gargalhada, mas sempre
pela amizade e companheirismo. Ao Sergio Janzen em especial, que além da amizade e
coleguismo, me ajudou demais na identificação das vespinhas, muito obrigado. À
Janaína, que tanto me ajudou a decifrar as trilhas intermináveis das metodologias
farmacêuticas e também pela amizade e companheirismo, valeu Jana.
4
Gostaria de agradecer também ao Programa de Pós-graduação em Entomologia,
pela oportunidade e pelo apoio. À Renata, pela paciência e colaboração, também pela
amizade. Ao CNPq pelo suporte e por acreditar em nosso trabalho.
À Juliana Severi e ao professor Wagner Vilegas, do Lab. de Química Orgânica
do Inst. de Química da UNESP-Araraquara, pela ajuda nos trabalhos de isolamento dos
alcalóides, vocês realmente me ensinaram muito sobre os métodos e sobre química. Ao
Tomás, Carlos Carollo, Prof. Dr. Norberto Lopes Peporini (Betão) e a todos os demais
integrantes do Laboratório de Química de Compostos Naturais-FCFRP, pela ajuda com
as análises dos alcalóides, vocês foram decisivos para a conclusão desse trabalho, muito
obrigado. Obrigado também ao Carlão, que me ajudou a compreender como funcionava
a análise de imagens de herbivoria e pelo companheirismo durante uma fase crucial do
trabalho, nosso trabalho deu grandes resultados e influenciou diversas decisões.
Gostaria de agradecer também à professora Dra. Ivone Rezende de Freitas
(UNB) pela a ajuda na identificação dos insetos, muito obrigado. Espero que me
perdoem aqueles que não foram citados aqui, agradeço a vocês também.
5
Índice
Lista de tabelas .............................................................................................. p.008
Lista de figuras .............................................................................................. p.009
Resumo ........................................................................................................ p.011
Abstract ....................................................................................................... p.013
1. Introdução ................................................................................................. p.015
1.1.Aspectos evolutivos da herbivoria por insetos ............................ p.015
1.2.Aspectos adaptativos e ecológicos da interação entre insetos e
plantas................................................................................................. p018
1.2.1.Barreiras ecológicas encontradas pelos herbívoros ...... p.020
1.2.2.Adaptações dos insetos ao hábito alimentar e às barreiras
ecológicas .............................................................................. p.026
1.3.Características edáficas e a química foliar no cerrado ................ p.029
2 .Objetivos ................................................................................................... p.035
3 .Materiais e métodos .................................................................................. p.036
3.1.Características das espécies estudadas ........................................ p.036
3.2.Área de estudo ............................................................................. p.039
3.3.Metodologia ................................................................................ p.040
3.3.1. Fenologia e Herbivoria ................................................ p.041
3.3.2.Análises químicas ......................................................... p.047
3.3.3.Teores de água e resistência foliares e análises de solo
................................................................................................ p.052
3.3.4.Comunidade de Arthropoda ......................................... p.053
3.3.5.Análises estatísticas ...................................................... p.059
4.Resultados .................................................................................................. p.059
6
4.1.Fenologia ..................................................................................... p.059
4.2.Herbivoria ................................................................................... p.061
4.3.Análises químicas ....................................................................... p.066
4.3.1.Taninos e glicosídeos cianogênicos ............................. p.066
4.3.2.Nitrogênio Total e Carbono Total ................................ p.066
4.4.Análises de solo .......................................................................... p.072
4.5.Análises de alcalóides ................................................................ p.078
4.6.Comunidade de Arthropoda ........................................................ p.083
4.7.Teores de água e resistência mecânica das folhas ....................... p.099
5.Discussão ................................................................................................... p.100
6.Conclusões ................................................................................................. p.120
7. Bibliografia ............................................................................................... p.122
Anexo 1 ......................................................................................................... p.140
Anexo 2 ......................................................................................................... p.146
7
Lista de Tabelas
Tabela 1 ......................................................................................................... p.045
Tabela 2 ......................................................................................................... p.060
Tabela 3 ......................................................................................................... p.061
Tabela 4 ......................................................................................................... p.063
Tabela 5 ......................................................................................................... p.065
Tabela 6 ......................................................................................................... p.071
Tabela 7 ......................................................................................................... p.073
Tabela 8 ......................................................................................................... p.074
Tabela 9 ......................................................................................................... p.075
Tabela 10 ....................................................................................................... p.083
Tabela 11 ....................................................................................................... p.084
Tabela 12 ....................................................................................................... p.088
Tabela 13 ....................................................................................................... p.089
Tabela 14 ....................................................................................................... p.100
8
Lista de Figuras
Figura 1 ......................................................................................................... p.039
Figura 2 ......................................................................................................... p.039
Figura 3 ......................................................................................................... p.043
Figura 4 ......................................................................................................... p.043
Figura 5 ......................................................................................................... p.044
Figura 6 ......................................................................................................... p.062
Figura 7 ......................................................................................................... p.064
Figura 8 ......................................................................................................... p.065
Figura 9 ......................................................................................................... p.068
Figura 10 ....................................................................................................... p.069
Figura 11 ....................................................................................................... p.069
Figura 12 ....................................................................................................... p.070
Figura 13 ....................................................................................................... p.072
Figura 14 ....................................................................................................... p.076
Figura 15 ....................................................................................................... p.077
Figura 16 ....................................................................................................... p.080
Figura 17 ....................................................................................................... p.081
Figura 18 ....................................................................................................... p.082
Figura 19 ....................................................................................................... p.082
Figura 20 ....................................................................................................... p.086
Figura 21 ....................................................................................................... p.086
Figura 22 ....................................................................................................... p.087
Figura 23 ....................................................................................................... p.087
Figura 24 ....................................................................................................... p.090
9
Figura 25 ....................................................................................................... p.091
Figura 26 ....................................................................................................... p.093
Figura 27 ....................................................................................................... p.094
Figura 28 ....................................................................................................... p.095
Figura 29 ....................................................................................................... p.096
Figura 30 ....................................................................................................... p.096
Figura 31 ....................................................................................................... p.097
Figura 32 ....................................................................................................... p.098
Figura 33 ....................................................................................................... p.099
Figura 34 ....................................................................................................... p.105
10
Resumo
N. theifera e G. graciliflora são representantes de Nyctaginaceae ocorrentes no
cerrado e estudos recentes indicam que esse grupo apresenta altas taxas de nitrogênio
foliar. O fato é incomum, já que as características edáficas do cerrado, em geral, estão
relacionadas ao crescimento de espécies escleromórficas, com alta relação
carbono/nitrogênio e mecanismos de defesa predominantemente quantitativos. Este
estudo teve como objetivo, compreender os processos químico-ecológicos que
envolvem a interação entre N. theifera e G. graciliflora com seus herbívoros nas
condições do cerrado. Foram levantados os dados sobre a química foliar, herbivoria,
estrutura da comunidade de Arthropoda, fenologia e das características edáficas dos
locais de ocorrência das espécies. Os resultados apontam que a fenologia tem um
importante papel sobre o controle da herbivoria, uma vez que o brotamento e floração
precoces evitam a ação dos principais herbívoros. As taxas de herbivoria foram
consideradas altas, atingindo em torno de 70% após 240 dias decorridos do brotamento.
Foi encontrada baixa relação de carbono/nitrogênio, presença de alcalóides e ausência
da influênica de taninos na herbivoria de ambas as espécies. A estrutura da comunidade
de Arthropoda apresentou padrão aninhado, com poucas espécies muito freqüentes, e
muitas espécies pouco freqüentes, nas duas espécies. A comparação entre as variáveis
edáficas apontou que a quantidade matéria orgânica e a concentração de alumínio no
solo estão correlacionadas entre si e inversamente correlacionadas com a presença de
Nyctaginaceae. Dessa maneira, concluiu-se que apesar dos altos valores nutritivos, as
defesas qualitativas influenciam a ação dos herbívoros, porém as poucas espécies
consideradas adaptadas promovem altas taxas de herbivoria. O principal herbívoro
causador de danos nas plantas é um Hemíptera, Heteroptera, pertencente à família
Tingida, gênero Corythuca sp. (identificação não confirmada). A presença de
11
predadores mostrou-se importante para a compreensão da estrutura da comunidade de
Arthropoda. Os dados obtidos sobre a relação entre matéria orgânica, concentração de
alumínio e a presença de Nyctaginaceae, indicam haver possíveis vantagens adaptativas
das Nyctaginaceae à sobrevivência sob as condições edáficas do cerrado sensu stricto.
Palavras-chave: Nyctaginaceae, cerrado, herbivoria, escleromorfismo, nitrogênio
12
Abstract
G. graciliflora and N. theifera (Nyctaginaceae) are representative species of
cerrado (Brazilian savana). Recent studies indicate to have high nitrogen concentration
in leaves. This fact is uncommon under edafic conditions of cerrado, because the high
aluminum concentrations in soil consists of a toxic condition for plants because it makes
it difficult the nitrogen absorption. The theory of escleromorfism oligotrophic applaied
to cerrado conditions promotes a chemical adaptation on plants. Under these conditions,
the most of species acquire high carbon/nitrogen relation and increases quantitative
defenses. The used methodos had been: analysis of herbivory, analysis of
carbon/nitrogen relation, survey on the community of Arthropoda, survey on the
phenological characteristics and analysis of soil characteristics. The herbivory rates had
been considered high, reaching around 70%, after 240 days passed of the sprot in two
species. The results indicated that the phenology influences the rates of herbivory, thus
the precocious sprot and budding prevent the action of the main herbivores. The studied
species had presented low carbon/nitrogen relation. Alkaloids had been found in the two
studied species. The soil aluminum and soil organic substances had negative related to
the presence of Nyctaginaceae. The structure of the Arthropoda community showed
nestled formation with few species had been high frequencies and the most of species
had been low frequences in the plants.
The phenology had been presented as very important aspect to understand the
ecological relations about Arthropoda community and Nyctaginaceae under cerrado
conditions. The herbivore most important was a Hemiptera, Heteroptera, inserted in the
Tingidae family, Corythuca sp. (data not confirmed). The predators were equally
important in the structure of the Arthropoda community. The negative relation between
organic substances and presence of Nyctaginaceae, and between soil aluminum
13
concentration and the presence of Nyctaginaceae, indicates possible advantages of the
Nyctaginaceae to survive in cerrado conditions.
Keywords: Nyctaginaceae, herbivory, nitrogen, escleromorfism, cerrado
14
1. Introdução
1.1. Aspectos evolutivos da herbivoria por insetos
Os insetos formam um grupo muito diversificado, com aproximadamente um
milhão de espécies, representando cerca de 80% do total da diversidade animal.
Ocupam quase todos os ambientes terrestres e dulcícolas e possuem características
biológicas complexas que envolvem padrões reprodutivos, comportamentais e
ecológicos muito particulares dentro de seus subgrupos (Schowalter, 2000).
Admite-se que os primeiros insetos datam do Devoniano, porém sua extensa
irradiação coincide com o surgimento das plantas Spermatophyta, na passagem do
Jurássico para o Cretáceo da Era Mesozóica e no médio Cretáceo, quando esse grupo de
plantas já era dominante nos ecossistemas terrestres (Edwards & Wratten, 1981; Strong
et al., 1984; Harbone, 1989; Schowalter, 2000).
A coincidência irradiativa entre os grupos é creditada, principalmente, ao hábito
alimentar dos insetos. Apesar da herbivoria por insetos existir anteriormente ao
surgimento das Spermatophyta, admite-se que foi fundamental para o quadro evolutivo
atual (Edwards & Wratten, 1981). Labandeira (1997), em revisão sobre a evolução do
aparelho bucal dos insetos, propôs uma estreita relação entre as adaptações evolutivas e
o hábito herbívoro. Dethier (1954) postulou que o hábito herbívoro entre os insetos teria
surgido de detritívoros polífagos. Segundo Jolivet (1998), quando a fitofagia apareceu,
com novas partes bucais mastigadoras, a variedade de plantas não era tão grande e os
insetos deviam ser polífagos. A mudança da saprofagia para a alimentação a partir de
plantas teria sido um passo fundamental na evolução dos insetos e, provavelmente, teria
surgido independentemente diversas vezes. Todavia, Jones & Coaker (1978) rebatem
esses argumentos, afirmando que quando o hábito herbívoro surgiu, as plantas já
possuíam mecanismos de defesa para inibir ataques de outros grupos de seres vivos, de
15
forma que apenas poucos grupos, portadores de especializações adequadas, poderiam
predá-las.
Atualmente, cerca de 45% das espécies de insetos atuais são herbívoras (Strong
et al. 1984) e uma enorme quantidade de outras espécies dependem indiretamente da
herbivoria (Strong et al. 1984, Barosela, 1999; Oki, 2005, Barosela et al. 2006; Varanda
et al., 2006). Os insetos são considerados atualmente os principais consumidores
vegetais, superando inclusive os vertebrados em alguns ecossistemas (Schowalter,
2000).
Erlich & Raven (1964), em estudo sistemático de subgrupos de Lepdoptera e as
famílias de plantas das quais se alimentavam, formularam uma importante teoria de
coevolução entre insetos e plantas, modulada por compostos secundários, explicando
dessa maneira o mecanismo de evolução mútua entre os dois grupos. A teoria é
fundamentada em mudanças evolutivas na bioquímica vegetal, gerando a produção de
compostos pouco nutritivos ou tóxicos aos animais que os ingerem. A presença desses
compostos funcionaria como um fator de seleção e apenas os indivíduos melhor
adaptados conseguiriam se alimentar desses vegetais modificados. As mudanças
graduais no comportamento alimentar dos insetos induziriam através do tempo,
coadaptação entre grupos, de forma que um grupo sempre estaria evoluindo no sentido
de superar a tática adaptativa apresentada pelo outro, causando especiação em ambos,
culminando na enorme diversidade atual de insetos e Spermatophyta.
Em um estudo que simulava condições ecológicas e a influência adaptativa de
uma espécie de Convolvulaceae, Hougen-Heitzman & Rausher (1994) encontraram
dados que reforçam a teoria de coevolução entre plantas e insetos, baseada nas defesas
químicas vegetais e na pressão de seleção exercida pelos herbívoros. Porém a teoria de
Erlich & Raven (1964) é constantemente debatida na literatura, de forma que ainda hoje
16
não há consenso entre todos os autores consultados. Bernays & Graham (1988)
argumentam que a coevolução química entre insetos e plantas tem sido super-explorada
como fator determinante e que os inimigos naturais dos herbívoros, especialmente os
predadores e os parasitas, podem ter realizado uma pressão maior do que os compostos
secundários. Futuyma & Keese (1992) concordam com esse argumento, sugerindo que o
termo coevolução tem sido usado de maneira excessivamente entusiástica e que as
inúmeras outras espécies com as quais o inseto e sua fonte de alimento vegetal
interagem devem ser sempre levadas em consideração. Fox (1988) denomina
coevolução difusa, o modelo de coadaptação evolutiva que envolve a interação de
muitas espécies.
Clarck & Clarck (1991) afirmam ainda que o clima é um dos principais
influenciadores da relação entre as plantas e os insetos que delas se alimentam, sendo
que Crozier & Dwyer (2007) afirmam que os gradientes geográficos são importantes
aspectos dentro desse contexto. Fox (1988), Oki (2005), Barosela et. al. (2006),
Bacompte & Jordano (2006) afirmam que a presença de predadores influenciam
significativamente a comunidade de herbívoros. Adler et al. (2006) encontrou forte
relação entre herbivoria e concentração de compostos químicos no néctar, indicando que
a polinização pode ser afetada pela ação dos herbívoros. Wise (2007) afirmou que a
variabilidade genética dos indivíduos vegetais promove particularidades nos níveis de
resistência aos herbívoros, de maneira que as muitas espécies de herbívoros são afetadas
diferentemente. Portanto fica claro que além das defesas vegetais e da capacidade dos
insetos em neutralizá-las, outros fatores interferem na evolução da interação entre
insetos e plantas.
Janzen (1980) alerta para extrapolações no uso do termo coevolução, já que
características de adaptação mútua entre espécies participantes de uma interação, podem
17
não ter surgido juntas e os dados apresentados em um momento presente, não contam
integralmente o passado evolutivo da interação. Miller et al. (2006) relatam que um
grande número de trabalhos envolvendo insetos e plantas, explicam os eventos
ecológicos observados através de uma ou poucas variáveis ecológicas e que poucos
estudos levam em consideração um número grande destas variáveis ecológicas.
Dessa maneira, para uma melhor compreensão da interação entre insetos e
plantas deve-se levar em consideração o maior número possível de variáveis fisiológicas
e ecológicas, a fim de proporcionar clareza suficiente para análise das interações das
plantas com sua comunidade de herbívoros, oferecendo indícios sobre seus aspectos
evolutivos.
1.2. Aspectos adaptativos e ecológicos da interação entre insetos e plantas
Os insetos herbívoros são classificados como consumidores primários e
disponibilizam alimento para os níveis tróficos superiores, o que os tornam ativos na
manutenção da diversidade específica dos ecossistemas terrestres (Price et. al., 1991;
Daly et al., 1998; Schowalter, 2000, Barosela et al., 2006; Varanda et al., 2006).
Mattson & Addy (1975) e Belovsky & Slade (2000) ressaltam a importância da
herbivoria nos ciclos florestais, por ajudar a redisponibilizar nutrientes e espaço para a
continuação do ciclo florestal. Dirzo et al. (1986), Basset (1991), Parmesan (2000),
Meiners & Hendel (2000) e Miller et al. (2006) apontam a herbivoria como variável
relacionada à densidade e distribuição vegetal, devido, principalmente, à pressão de
seleção exercida pelos herbívoros.
Os processos de herbivoria e parasitismo por insetos influenciam negativamente
o desempenho reprodutivo das espécies vegetais, participando do controle populacional
da comunidade vegetal (Dixon, 1971; Sagers & Coley, 1995; Mainer & Handel, 2000;
18
Tiffin & Inouye, 2000; Bach, 2001; Miller et al., 2006; Bascompte & Jordano, 2006;
Crozier & Dwyer, 2007; Morrison & Mauck, 2007). Bach (2001) estudando o arbusto
Salix cordata encontrou diferenças no crescimento e incremento da mortalidade,
relacionado ao ataque do inseto Altica subplicata. A mesma autora encontrou resposta
ao efeito temporal da herbivoria, sendo que plantas com passado exposto a herbívoros
tendem a ser menos suscetíveis com o decorrer do tempo. Ávila-Skar et al. (2003)
encontrou efeitos restritivos no crescimento e reprodução de Curcubitaceae devido ao
efeito da herbivoria foliar e Steets et al. (2006) encontraram resultados parecidos
estudando Impatiens capensis. Morrison & Mauck (2007) afirmam que a herbivoria
funciona como uma importante barreira da dispersão e colonização de novas áreas pelas
plantas.
Para melhor compreender a herbivoria por insetos, é necessário entender as
barreiras ecológicas que o nicho apresenta. Inúmeros fatores ecológicos podem agir
conjuntamente como um fator único de seleção, porém a existência de nuanças nas
características dos fatores, torna cada interação muito particular. Portanto, para o estudo
das interações ecológicas que envolvem insetos e plantas, é fundamental a observação
de quais são as principais variáveis envolvidas e como essas influenciam a biologia das
espécies em questão. Os principais aspectos a serem levados em consideração na
interação entre insetos e plantas são: as barreiras ambientais, geográficas e ecológicas
aos herbívoros, os aspectos biológicos adaptativos de herbívoros e plantas e as
condições edáficas para o crescimento dos vegetais.
19
1.2.1. Barreiras ecológicas encontradas pelos herbívoros
Valor nutritivo dos tecidos vegetais
Mattson (1980) afirma que o nitrogênio é um elemento determinante no valor
nutricional de inúmeros seres vivos, devido à sua relação estreita com ácidos nucléicos,
enzimas, estruturas celulares e outras moléculas fundamentais ao metabolismo dos seres
vivos.
O hábito herbívoro conta com uma grande disponibilidade de biomassa, já que
os herbívoros consomem apenas 1% da produção vegetal anual (Edwards & Wratten,
1981). Todavia os tecidos vegetais são constituídos relativamente de poucas proteínas e
muitas fibras, quando comparados aos tecidos de origem animal, o que lhes confere um
baixo valor nutricional relativo (Coley et al 1985; Strong et al. 1984, Ricklefs, 1993;
Begon et al., 2006; Daly et al., 1998).
Por haver diferenças nas porcentagens de nutrientes presentes nos diversos
tecidos vegetais, sendo ainda que as variações ocorrem também entre órgãos homólogos
de plantas diferentes, a relação entre nitrogênio e carbono nos tecidos vegetais consiste
em um importante indicador do seu valor nutritivo. De forma geral, quanto maior a
quantidade de nitrogênio e menor a de carbono, maior a quantidade relativa de proteínas
e menor a de fibras. Pais (1998) encontrou correlação negativa entre a perda foliar por
herbivoria e a porcentagem de lignina, sendo encontrada também correlação negativa
com dureza foliar.
Porém, a presença de algumas substâncias pode trazer interpretações errôneas
sobre a relação carbono/nitrogênio. Compostos nitrogenados como alcalóides,
glicosídeos cianogênicos e ácidos aminados não-protéicos são exemplos de substâncias
que em geral aumentam a porcentagem de nitrogênio total, sem que signifique ganho no
valor nutritivo do tecido vegetal, pois tais substâncias possuem alta toxicidade.
20
Gershenzon (1984) afirma que a presença de alcalóides e outros compostos
nitrogenados de difícil digestão, aumentam os valores de N total, sem aumentar o valor
nutritivo do vegetal. A leguminosa Dioclea megacarpa contém 13% de peso seco de L-
canavanina, ácido aminado não protéico que é altamente tóxico à maioria dos insetos,
diminuindo assim sua taxa de predação (Ricklefs, 1993).
Agrawal (2004) e Hubberty & Denno (2004) afirmam ainda que a quantidade de
água presente nos tecidos vegetais influencia no valor nutritivo dos mesmos, já que
muitos herbívoros obtêm água majoritariamente do alimento.
Defesas Vegetais
As espécies vegetais possuem defesas contra a herbivoria, que consistem
também em importantes barreiras aos insetos. Esses mecanismos podem ser físicos
como espinhos, camadas lignificadas, tricomas foliares, especializações estruturais,
entre outros.
Os tricomas são estruturas físicas, por vezes secretoras, que exercem importante
papel como mecanismo de defesa (Levin, 1973, Lee et al., 2006 ). Coley (1983) destaca
que além de eficiente mecanismo de defesa, a pubescência é pouco custosa ao
metabolismo da planta, porém, quando os tricomas são glandulares, envolvem também
a presença de defesas químicas. Ribeiro et al. (1994) afirmam que o tamanho da folha e
a densidade de tricomas influenciam na preferência dos insetos herbívoros. Pais (2003)
estudando espécies pioneiras e não pioneiras em área de recomposição florestal,
encontrou correlação negativa entre a densidade de tricomas e a herbivoria. Lee et al.
(2006) estudando a variação espaço-temporal da densidade de tricomas e herbivoria em
Arabdopisis lyrata, afirmam que, apesar de haver uma maior taxa de herbivoria em
21
folhas glabras do que nas com alta densidade de tricomas, existe uma flutuação espaço-
temporal nos danos foliares.
Os vegetais possuem também mecanismos químicos de defesa baseados nos
compostos secundários. A concentração e a localização de alguns compostos nas
estruturas vegetais, bem como a ação que exercem nos herbívoros, sugerem resistência
ou vulnerabilidade nas relações de herbivoria (Harbone, 1989).
Os compostos secundários ou aleloquímicos são moléculas produzidas pelos
vegetais através das vias metabólicas secundárias, sem função fisiológica aparente, que
muitas vezes influenciam positivamente a defesa vegetal contra herbivoria e, por isso,
são constantemente relacionados a esse processo (Harbone, 1989). São provenientes de
precursores químicos do metabolismo primário dos ácidos aminados, açúcares, ácidos
graxos e minerais que podem ser tóxicos, dificultar a digestão ou agir como repelentes
(Mann, 1987).
A estratégia de defesa química vegetal pode ser considerada quantitativa, quando
os compostos secundários são produzidos em grande quantidade e diminuem a
digestibilidade e o valor nutritivo dos tecidos vegetais (Rhoades, 1979). A defesa
química do tipo qualitativa é baseada em compostos secundários produzidos em baixa
quantidade e apresentam alto nível de toxicidade aos animais que o ingerem ( Rhoades,
op cit.).
Os alcalóides são compostos secundários, freqüentemente relacionados como
mecanismos qualitativos eficientes de defesa contra a herbivoria e que possuem ao
menos um átomo de N na molécula, o que lhes confere quase sempre uma característica
alcalina (Costa, 1976, Mann, 1987). Formam uma classe de substâncias de origem
heterogênea, presente em grupos taxonômicos não relacionados e provenientes de
diversas vias metabólicas (Costa, 1976, Mann, 1987, Hostettmann, et al., 2003).
22
Barbosa & Krischic (1987), estudando a preferência alimentar de Lymantria
díspar por árvores de florestas semidecíduas, encontrou correlação negativa entre a
presença de alcalóides e a preferência alimentar dos herbívoros.
Diversos autores, como Van Emden & Way (1972), Janzen (1973, 1974),
Mattson & Addy (1975), Lacerda et al. (1986), Sargers & Coley (1995), Barosela
(1999); Pais (1998), Pais (2003); Agrawal (2004); Oki (2005), Barosela et al., (2006);
Varanda et al. (2006), Brenes-Arguedas et al. (2006) e Nisenbaum et al., (2006),
encontraram relação entre propriedades químicas foliares e herbivoria, considerando a
presença de compostos secundários como mecanismos eficientes de defesa, que
contribuem para minimizar os danos causados por herbívoros. Porém, Janzen
(1973,1974), Feeny (1976), Coley et al. (1985), Simms & Rausher (1987), Herms &
Mattson (1992), Sargers & Coley (1995), Bach (2001), Holland et al. (2004) e Miller et
al. (2006) afirmam que o investimento metabólico em mecanismos de defesa é custoso
para a planta, competindo por recursos com outras atividades metabólicas importantes
como o crescimento vegetativo e a reprodução, que muitas vezes são reduzidos.
Sargers & Coley (1995) estudando o arbusto tropical Psychotria horizontalis
confirmam os efeitos restritivos no metabolismo primário causados pelo aumento na
produção de mecanismos de defesa. O estudo indicou haver diferenças de crescimento e
concentração de taninos entre plantas expostas a herbivoria e plantas protegidas. As
plantas protegidas do ataque de insetos apresentaram maior taxa de crescimento
vegetativo e desenvolveram flores, enquanto as plantas expostas à herbivoria
apresentaram maior concentração de taninos, maior rigidez, menor crescimento
vegetativo e não apresentaram estruturas reprodutivas.
Existe, portanto, uma regulação metabólica nos vegetais frente ao ataque de
herbívoros, de forma que a produção de compostos secundários tende a ser maior
23
quando o ataque por herbívoros é mais intenso (Hjalten et al., 1993; Hockwender et. al.,
2003; Mcguire & Johnson, 2006; Niesenbaum et al., 2006), sendo que as respostas são
dependentes de fatores genéticos (Mcguire & Johnson, 2006).
As plantas também podem apresentar mecanismos de defesa baseados nas
características fenológicas. Segundo Clarck & Clarck (1991), em ecossistemas tropicais
o clima e sua cronologia são importantes determinantes das relações entre insetos e
plantas, sendo que a fenologia é um importante mecanismo ecológico-evolutivo
utilizado por muitas plantas como estratégia para evitar os herbívoros. Crozier & Dwyer
(2007) afirmam que aspectos geográficos e geomorfológicos influenciadores da
climatologia local, por conseqüência também exercem pressão de seleção sobre plantas
e insetos, determinando gradientes de ocorrência.
Esse tipo de estratégia de defesa intercala diversos componentes agindo em
conjunto, de forma que características nutricionais dos tecidos vegetais, fatores
ambientais, características biológicas dos predadores e propriedades químicas da planta
são cronologicamente explorados para minimizar a ação dos herbívoros (Lawton, 1991).
Mattson (1980) afirma que as características químicas, quantidade de compostos
e disponibilidade dos mesmos, variam nos diferentes tecidos vegetais, no mesmo tecido
durante as fases de desenvolvimento e entre as espécies. De forma geral, tecidos jovens
tendem a ser mais nutritivos e menos esclerificados e, portanto, mais suscetíveis ao
ataque de herbívoros. Além disso, as características químicas vegetais podem sofrer a
influência de ciclos diários, sazonais e ontogenéticos ou ainda, influências randômicas
por intempéries, como estresse hídrico, temperatura, falta de nutrientes no solo,
herbivoria, etc.
Van Emden & Way (1972) afirmaram que a concentração de alil-isotiocianato
nas folhas velhas do repolho corresponde à metade da concentração encontrada nas
24
folhas novas. O mesmo autor descreveu que as folhas velhas perdem valor nutritivo por
diminuição na quantidade de água e nitrogênio, o que aumenta a proporção de tanino na
folha de 0,66% para 5,5%. Pais (1998) estudou Dydimopanax vinosum em três
fisionomias de cerrado e verificou que existem diferenças no valor nutritivo e dureza
dos tecidos, de acordo com a fase de desenvolvimento da folha. Oki (2005) encontrou
diferenças na quantidade de taninos entre folhas jovens e adultas de espécies de
Malpighiaceae do cerrado, além de variações sazonais dessas substâncias. Brennes-
Arguedas et al. (2006) encontraram diferenças entre as quantidades e os tipos de defesas
químicas produzidas pelas folhas, de acordo com seu estágio do desenvolvimento,
considerando o fato uma estratégia de defesa baseada na velocidade da expansão e
amadurecimento foliar.
Estudos de Price (1991), Sanches et al. (2005), Brenes-Arguedas et al. (2006)
demonstraram que enquanto algumas espécies de plantas realocam mais recursos em
defesas químicas, retardando seu desenvolvimento e crescimento, outras investem mais
recursos no crescimento para diminuir o período de expansão foliar, tornando as folhas
menos suscetíveis aos herbívoros durante sua fase mais vulnerável. Price (1991) afirma
que diferentes comunidades de insetos são constantemente associadas à estratégia de
expansão foliar, uma vez que muitos herbívoros tendem a procurar as folhas mais
jovens para se alimentar, migrando para outros locais quando essas não mais estão
disponíveis.
Localização da fonte alimentar e exposição a predadores
Outra importante barreira ecológica à herbivoria, diz respeito à localização e
abundância do alimento. Muitas espécies de insetos alimentam-se de poucas fontes
vegetais ou mudam a fonte alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais que
25
podem ser diferentes ao longo do ciclo de vida, sendo necessário, portanto, um esforço
de forrageio para a localização do alimento (Schowars, 2000). A atividade de forrageio
aumenta o gasto energético, a exposição aos predadores e ao ressecamento. Portanto, o
número de fontes alimentares e sua disponibilidade são importantes aspectos a serem
observados. A demanda de nutrientes tende a ser similar entre as espécies, porém a
estratégia de aquisição de recurso é muito distinta, de forma que determinados grupos
denominados polífagos suprem-na diversificando a alimentação, enquanto outros
olífagos tendem a aumentar as quantidades ingeridas (Bernays e Wcislo, 1994).
Mesmo que abundante, a espécies com alto valor nutritivo podem ser ignoradas
devida presença de outras espécies menos palatáveis. Graff et. al. (2007) afirmam que a
presença de espécies portadoras de substâncias deterrentes diminui a herbivoria de
espécies palatáveis quando crescem em vizinhança, devido a possível influência sobre o
comportamento associativo dos herbívoros forrageadores.
Por conseqüência, muitos herbívoros sofrem pressão de seleção relacionada à
localização do alimento antes mesmo de seu nascimento, já que a escolha para o local
de oviposição é feita pela fêmea e consiste em um evento muito determinante para
espécies de baixa ou nenhuma mobilidade na fase larval (Price et al. 1991). Espécies
cujas fêmeas não selecionam alimentos para ovipositar, devem possuir boa mobilidade
na fase larval, além de um sistema nervoso adequado para interpretar os estímulos
adequados ao forrageio (Bernays e Wcislo, 1994).
1.2.2. Adaptações dos insetos ao hábito alimentar e às barreiras ecológicas
Por conseqüência das barreiras ecológicas, nos insetos foram selecionadas
estratégias tão diversificadas quanto o número de interações em que estão envolvidos,
26
sendo necessário um estudo aprofundado de cada espécie, em cada interação, para que
se revelem todas.
Devido as adaptações de determinados grupos de insetos herbívoros aos grupos
de plantas de que se alimentam, mesmo os mais eficientes mecanismos de defesa
vegetais são sobrepujados. Os taninos ligam-se a proteínas, dificultando sua digestão,
porém Fenny (1970), estudando uma espécie de mariposa, encontrou pH intestinal
aproximadamente 9,2 nesses insetos, característica que instabiliza o complexo tanino-
proteína, facilitando a digestão das proteínas. Clarck & Clarck (1991) afirmam que
alguns herbívoros possuem ciclos de vida que os permitem alimentar-se apenas das
folhas jovens das plantas. Oki (2005), estudando espécies de Malpigiaceae, não
encontrou correlação direta entre densidade de tricomas e herbivoria, relacionando
prováveis adaptações por parte dos insetos às estruturas vegetais. A mesma autora
encontrou larvas de Lepidoptera capazes de se alimentar de espécies Malpighiaceae
portadoras de alcalóides indólicos, considerados de alta toxicidade. Varanda et al.
(2006) encontraram espécies de insetos no Cerrado que se alimentam de folhas de
espécies portadoras de mecanismos químicos eficientes de defesa e tricomas. Barosela
et al. (2006) encontraram diferentes espécies de artrópodes, visitando espécies vegetais
distintas e simpátricas do Cerrado, relacionando essas diferenças à estratégia adaptativa
da comunidade de artrópodes aos mecanismos de defesa vegetal.
Plantas da família Cucurbitaceae possuem uma variedade de terpenóides
chamados cucurbitacinas e, apesar destes compostos serem tóxicos para muitos
herbívoros, besouros da família Chrysomelidae não são prejudicados por eles e podem
localizar o alimento detectando a presença desse tipo de substância (Daly et al., 1998).
Apesar das muitas adaptações específicas de cada interação, existem padrões
gerais adaptativos em insetos herbívoros, sendo que esses podem ser muito úteis em
27
estudos ecológicos. Bernays (2001) e Bernays & Wcislo (1994), estudando diferentes
grupos de insetos e suas adaptações anatômicas, comportamentais e fisiológicas,
afirmam haver uma estreita relação entre as adaptações biológicas e o forrageio
alimentar.
Lankau & Strauss (2008) afirmam que as estratégias de defesa vegetal, apesar de
desfavorecerem a competição intra-específica, favorecem a competição inter-específica.
A afirmação desses autores significa que as espécies tendem a diminuir a performance
frente aos mecanismos de defesa vegetal, porém as espécies melhor adaptadas tendem a
prevalecer sobre as demais.
Segundo Begon et al. (2006), existe uma tendência de predomínio de insetos
com hábito predatório e detritívoro dentre os polífagos e com hábito endoparasita dentre
os olífagos. Os herbívoros formam um grupo intermediário, contendo amplo espectro de
espécies, que se alimentam de plantas pertencentes a um ou a vários grupos
taxonômicos.
De maneira geral, Bernays & Wcislo (1994) e Berneys (2001) afirmam que
espécies polífagas possuem o sistema nervoso relativamente mais complexo, capazes de
processar um número maior de estímulos, aumentando a amplitude de forrageio.
Possuem também um aparato digestivo capaz de neutralizar um número grande de
substâncias tóxicas, pertencente a diferentes classes. Tais adaptações aumentam a
demanda energética, com conseqüências na velocidade do crescimento e no aumento do
tempo de exposição ao clima e a predadores. Por outro lado, insetos olífagos
maximizam a busca pelo alimento, por simplificação e especialização do sistema
nervoso, diminuindo a capacidade de forrageio e maximizando a captura de sinais
indicativos da localização da fonte alimentar restrita. O aparelho digestivo tende a
tornar-se mais eficiente em neutralizar as substâncias de defesa produzidas
28
especificamente pelas espécies fonte, perdendo a capacidade de neutralizar outros
compostos. Como conseqüência, espécies oligofágicas têm seu sucesso evolutivo
atrelado ao da fonte alimentar.
Rathcke (1985) estudou a preferência alimentar de insetos herbívoros em relação
a 61 espécies de plantas de diferentes grupos taxonômicos. O autor encontrou uma
correlação negativa entre mecanismos de defesa e preferência pelos herbívoros, quando
esses eram caracteristicamente generalistas, sendo que para herbívoros especialistas, a
correlação foi positiva. O autor atribuiu aos herbívoros generalistas adaptações para
evitar alimentos tóxicos, enquanto os herbívoros especialistas possuiriam adaptações
para neutralizar tais compostos.
Bernays et al. (2000) estudando o padrão alimentar e estruturas sensitivas de
diferentes comunidades da espécie Uroleucon ambrosiae, encontrou resultados que
apontam para uma relação entre densidade de sensilas presentes nas antenas e
abundância de espécies vegetais de que o inseto se alimenta. Assim, quanto maior a
presença de espécies que o animal consegue se alimentar, menor o número de sensilas
presentes nas antenas. O autor conclui que as adaptações ao hábito alimentar podem ser
diferentes para populações diferentes de mesma espécie, de acordo com a
disponibilidade e o número de fontes alimentares.
1.3. Características edáficas e a química foliar no Cerrado
As características edáficas diferem muito entre os ambientes, sendo que uma
comunidade vegetal é diretamente influenciada pelas características químicas e físicas
do solo. Ruggiero et al. (2002) encontraram relação entre baixos teores de nutrientes e
maiores gradientes de argilas relacionados com a presença de fisionomias do cerrado,
em detrimento a presença de matas semi-decíduas, que tem maiores quantidades de
29
argila e matéria orgânica. Toppa (2004) estudando fisionomias de cerrado e mata,
encontrou relação entre características químicas e granulométricas do solo e a presença
de fisionomias do cerrado, principalmente quanto à presença do alumínio e altas
porcentagens de areias finas no cerradão e, principalmente, cerrado sensu stricto.
Toppa (op cit.) afirma ainda que os fatores edáficos influenciam diretamente a
composição florísticas das fisionomias do cerrado e florestas. Tal importância baseia-se
no fato de que o solo, além de substrato para muitas plantas, também é a principal fonte
de nutrientes e água e devem ser considerados nos estudos ecológicos que envolvem
espécies vegetais.
Assim como os animais, os organismos vegetais necessitam de compostos
nitrogenados para suas atividades metabólicas, utilizando como fonte primária as
formas iônicas presentes no solo. Portanto, a disponibilidade de nitrogênio no solo é um
fator limitante de crescimento e manutenção metabólica (Mattson, 1980; Miranda &
Sato, 2005).
O nitrogênio está presente em quantidades variáveis no solo e algumas vezes
ocorre em formas pouco acessíveis para as plantas. As formas acessíveis às raízes são os
íons de nitrogênio, que são extremamente solúveis, de forma que características
granulométricas influenciam na lixiviação desses componentes. Outro fator que diminui
as quantidades de nitrogênio acessível é o fogo, que elimina os íons nitrogenados da
camada superficial do solo, fazendo-o retornar à sua forma gasosa, N
2
, não assimilável
diretamente por vegetais (Miranda & Sato, 2005)
Em geral, o cerrado desenvolve-se em solos ácidos, profundos, bem drenados,
ricos em ferro e alumínio e com baixa fertilidade (Scariot, 2005). Tais características
promovem uma baixa taxa de nitrogênio, já que o NO
3
--
, sua forma assimilável aos
vegetais, é facilmente lixiviado. Ainda, a absorção de nitratos fica prejudicada, pois o
30
Fe
++
e Al
+++
abundantes no solo dificultam a entrada de íons negativos nas raízes (Reato
& Martins, 2005).
Dessa forma a maioria das espécies do cerrado, por se desenvolverem em
ambientes pobres em nutrientes, possuem mecanismos de defesa geralmente
quantitativos, o que lhes confere aspecto escleromórfico. Ainda, as características dos
solos do cerrado são diretamente relacionadas ao ciclo natural do fogo, que promove
baixo pH e escassez de nitrogênio assimilável, tornando o cerrado um ambiente
oligotrófico. Essas características escleromórficas, presentes em muitas espécies,
promovem boa performance ecológica através do baixo custo metabólico. Arens (1958,
1963 apud Ricci, 1989) relacionou tal adaptação, também conhecida como
escleromorfismo oligotrófico, ao cerrado.
Goodland (1971) propôs o termo “escleromorfismo aluminotóxico”, pela
abundância do íon alumínio do solo do cerrado, que acentua tais características. Janzen
(1974), estudando Blackwater Rivers, menciona as inúmeras características que o
enquadram como um ambiente oligotrófico, relacionando esse fator com a tendência
evolutiva das espécies vegetais em investir em mecanismos de defesa majoritariamente
quantitativos.
Janzen (1973, 1974), ao estudar as formações de Black Water Rivers, observou
que a maioria das espécies arbóreas e arbustivas possuem características
escleromórficas, acrescentando que tais características agregam valor adaptativo contra
a herbivoria. Portanto, por ser o cerrado portador de características edáficas
oligotróficas, é esperado que também haja uma pressão de seleção sobre as espécies
vegetais, influenciando as mesmas a investir em mecanismos de defesa
majoritariamente quantitativos, devido aos menores custos metabólicos.
31
Efeitos do solo na química foliar
Apesar das tendências evolutivas relatadas, o efeito das características do solo
do cerrado na química vegetal é controverso. Todavia, os resultados de diferentes
autores que estudaram o cerrado e a química foliar, oferecem indícios para a
compreensão de como agem os processos adaptativos das plantas em relação às
condições edáficas.
Gottlieb et al. (1966) realizaram estudos fitoquímicos com pares de espécies
vicariantes ocorrentes em mata e cerrado e verificou que possuíam maior semelhança
química entre si os pares de espécies vicariantes do que as espécies simpátricas com
baixo parentesco taxonômico. Os mesmos autores constataram haver teores mais altos
de alumínio e mais baixo de sódio nas plantas de cerrado em relação às de mata, devido
provavelmente ao alto teor de alumínio do solo. Quanto aos demais compostos
inorgânicos analisados, como boro, cálcio, potássio e zinco, Gottlieb et al (op. cit)
encontraram semelhanças entre os pares vicariantes e congêneres, apesar das diferenças
na composição entre os solos de mata úmida e cerrado. Dessa maneira, os autores
afirmam que o cerrado não é modificador das características químicas das espécies que
nele vivem. Tal afirmação é corroborada por outros autores, tais como Askew et al.
(1973), Gibbs et al. (1983) e Ribeiro (1983).
Em estudo semelhante ao de Gottlieb et al. 1966, com pares de espécies do
mesmo gênero, porém não vicariantes, ocorrentes em cerrado e na mata, Ricci (1989)
observou que as espécies de cerrado apresentam altos índices de fenóis solúveis em
relação às ocorrentes na mata, além de que as espécies de mata apresentam seus maiores
índices na estação chuvosa, enquanto as de cerrado apresentam um pico na estação seca.
Goodland & Pollard (1973) encontraram correlação entre as características edáficas e a
fisionomia da vegetação.
32
Delliti et al. (2000), estudando a esclerofilia e a quantidade total de nitrogênio
foliar, encontraram grandes diferenças nos valores, principalmente relacionados a
alguns grupos taxonômicos como Nyctaginaceae e Leguminosae. Hasadan (2000),
estudando fisionomia, fitossociologia e química vegetal de cerrado, encontrou um maior
valor de importância para espécies aculumadoras de alumínio, propondo um maior valor
adaptativo dessas espécies ao cerrado.
Malta et al. (2004) estudaram a influência das características do solo na estrutura
da vegetação do cerrado e encontraram agrupamentos característicos, de acordo com o
teor de macronutrientes (P, N, SB), matéria orgânica, textura (teor total de areia e silte)
e acidez do solo (pH, CTC, H+Al). Assim, os autores relacionaram as seguintes
características edáficas, como as principais responsáveis pela estrutura da vegetação: 1
o
-
solos com maior acidez, teor alumínio e matéria orgânica; 2
o
- solos com menor acidez e
teor de macronutrientes; 3
o
- solos com menor acidez, matéria orgânica e maior teor de
areia; 4
o
- solos com maior teor de macronutrientes e menor acidez.
Fica claro, portanto, que com base nas informações fornecidas pelos diversos
autores consultados, não é possível determinar precisamente como as características
edáficas influenciam qualitativa e quantitativamente a química vegetal, mas que existem
alguns aspectos muito claros relacionados às espécies que crescem no cerrado: nem
todas as espécies vegetais são esclerófitas extremas; as espécies que crescem no cerrado
guardam muitas características químicas particulares ao nível taxonômico; de alguma
maneira as diferentes plantas do cerrado, por vias particulares aos táxons adaptam-se à
presença de problemas comuns a todas, como o alumínio, o fogo, a acidez e a
herbivoria; os gradientes de solo e o relevo exercem pressão seletiva particularizada,
formando mosaicos vegetacionais de acordo com as características do solo.
33
Nyctaginaceae, herbivoria e o cerrado
Alguns representantes da família Nyctaginaceae são comuns no ecossistema de
cerrado, sendo que algumas espécies pertencentes aos gêneros Guapria, Neea e Pisonea
são relatadas como de grande importância ecológica nesses sistemas (Batalha &
Mantovani, 2001; Mahmoud et al., 2003; Toppa, 2004).
Delitti et al. (2000) estudando o teor de nitrogênio e a esclerofilia no cerrado,
encontrou altas quantidades de nitrogênio total em duas espécies pertencentes à família
Nyctaginaceae. Não é conhecida nenhuma relação simbiótica com bactérias
nitrificantes, a exemplo do que ocorre com a família Lemguminosae. Portanto, esse fato
contraria as tendências adaptativas de espécies de cerrado quanto às características do
solo.
Por outro lado, altas taxas de nitrogênio significam maiores valores nutricionais
aos insetos, o que conferiria menor valor adaptativo a essas espécies vegetais, uma vez
que sua performance seria reduzida. Defesas vegetais baseadas em compostos
nitrogenados, tais como alcalóides, poderiam influenciar as taxas de nitrogênio, porém
pouco se sabe sobre essas substâncias nos gêneros Neea e Guapira.
As exceções à regra são muito comuns em todas as áreas da biologia e trazem
consigo questionamentos científicos importantes. Ao que tudo indica, as espécies de
Nyctaginaceae representam exceções ao que se considera comum para as espécies
ocorrentes no cerrado.
Miller et al. (2006) ressalta que inúmeros estudos sobre a ecologia de plantas e
insetos, muitas vezes procuram causas e efeitos levando em conta poucas variáveis,
deixando de lado outros aspectos influenciadores. Agrawall et al. (2007) afirmam que
dentro do contexto moderno, os estudos de comunidades devem levar em consideração
as características das espécies e o contexto em que estão inseridas, identificando as
34
interações ecológicas dentro da dinâmica do ecossistema, fazendo ainda uma ligação
com os padrões que regem a coexistência entre as espécies. Portanto, para a
compreensão dos aspectos ecológicos que envolvem as interações entre os herbívoros e
as espécies de Nyctaginaceae, dentro do contexto do cerrado, é necessário não só
conhecer as espécies e suas características, mas também levar em consideração o maior
número possível de variáveis ecológicas, buscando parâmetros mínimos para a
compreensão das interações e estratégias evolutivas.
Com o intuito de compreender a relação das características ecológicas que
envolvem duas espécies de Nyctaginaceae, G. graciliflora e N. theifera, que as tornam
peculiares, o presente estudo foi proposto, procurando levantar informações sobre essas
espécies arbóreas, consideradas importantes representantes da flora do cerrado.
2. Objetivos
Considerando-se que as altas concentrações de nitrogênio foliar encontradas em
Nyctaginaceae fogem aos padrões das espécies de cerrado, o objetivo principal do
presente estudo foi verificar a hipótese de que o acúmulo de nitrogênio foliar em G.
graciliflora e N. theifera tem relação com defesas químicas qualitativas que influenciam
as relações com herbívoros.
Para tanto, foram levantados dados para: a verificação da existência de
flutuações sazonais das características das folhas e se há relação entre as taxas de
herbivoria e a fenologia das espécies; a identificação da estrutura das comunidades de
Arthropoda encontradas nas plantas e sua variações; a identificação da influência das
características edáficas sobre as plantas; a identificação das estratégias de defesa das
plantas contra herbivoria e como se dá sua interação com a comunidade de Arthropoda.
35
3. Materiais e Métodos
3.1. Características das espécies estudadas
A família Nyctaginaceae (Rodman et al., 1984), possui cerca de 400 espécies
distribuídas em 30 gêneros. Possui ocorrência pantropical (Souza & Lorenzi, 2005),
com poucas espécies ocorrendo em clima temperado (Cronquist, 1981; Rodman et al.,
1984). No Brasil ocorrem cerca de 10 gêneros e 70 espécies, sendo que o nome popular
geral das espécies arbóreas é maria-mole (Souza & Lorenzi, 2005).
As plantas dessa família são caracterizadas por folhas alternas ou opostas,
simples, sem estípula. A inflorescência é normalmente cimosa, com flores vistosas ou
não, bissexuadas ou unissexuadas, actinomorfas, monoclamídeas, às vezes envolvidas
por um conjunto de brácteas vistosas ou semelhante a um cálice (3-)5(8-) mero,
geralmente petalóide gamossépalo. Os estames ocorrem em número igual ao de sépalas,
raramente em número diferente, freqüentemente conados, as anteras são rimosas,
possuem disco nectarífero, ovário súpero, unicarpelar, uniovulado, placentação ereta,
fruto aquênio ou noz (Souza & Lorenzi, 2005).
Poucos estudos sobre essa família foram encontrados na literatura,
principalmente quanto aos aspectos focados nesse trabalho. Sabe-se que as
Nyctaginaceae são produtoras de betalaínas (McCoy, 1978; Cronquist, 1981; Strack et.
al, 2003) e não de antocianinas, que segundo Vickery & Vickery (1981) são alcalóides
vermelhos ou amarelos que geralmente ocupam o lugar das antocianinas como
pigmentos.
McCoy (1978), em estudo de quimiotaxonomia, verificou a presença de
alcalóides em nove espécies e a ausência dessas substâncias em outras seis espécies de
Nyctaginaceae. Porém, o próprio autor argumentou que estes números são contestáveis,
36
devido à metodologia empregada, que pode apresentar resultados falso-positivos e
falso-negativos.
Originalmente, a proposta foi estudar a fitoquímica e a herbivoria por insetos nas
espécies de Nyctaginaceae ocorrentes no cerrado, que chamaram a atenção em estudo
de Delitti et al. (2000), pelas altas taxas de nitrogênio total apresentadas. Sendo esse
estudo realizado em ambiente oligotrófico (cerrado) e não havendo nenhuma relação
conhecida com bactérias ou fungos nitrificantes em Nyctaginaceae, esperava-se que
essas espécies apresentassem baixos teores de nitrogênio e altos níveis de carbono
totais.
O estudo de Delliti et al. (2000) demonstrou que as espécies Neea theifera e
Guapira são portadoras de altas taxas de nitrogênio foliar. O estudo de Batalha &
Mantovani (2001) constatou a ocorrência de duas espécies de Nyctaginaceae, N.
theifera e G. noxia, com densidade relativamente alta, no Cerrado Pé-de-Gigante.
Porém ao contrário do que consta nos estudos de Batalha & Mantovani (Op. cit), G.
noxia foi encontrada em pequeno número de indivíduos no local de estudo,
provavelmente devido a flutuações na distribuição da espécie e o presente estudo não
compartilhar a exata localização das áreas utilizadas por estes autores nessa reserva.
Uma terceira espécie de Nyctaginaceae, Guapira graciliflora, foi encontrada em maior
abundância, embora não tenha sido citada por Batalha & Mantovani (Op. cit) na área
correspondente ao cerrado sensu stricto. Dessa forma, foi realizado um estudo
preliminar que apontou altas taxas de nitrogênio total também para G. graciliflora, e
decidiu-se por substituir G. noxia no trabalho, já que a metodologia exigia muitos
indivíduos.
Guapira noxia (Netto) Lundell (sinonímia: Pisonia noxia Netto; Pisonia
obtusata Sw. Var. rufescens J. A. Shimidt; Torrubia noxia Netto), também é conhecida
37
popularmente como pao-judeu, pao-lepra e joão-mole (Netto, 1866 apud Furlan, 1996)
possui ampla distribuição no Brasil, sendo citada para diversas regiões: São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Espírito Santo, Pernambuco. É uma
planta lenhosa, arbórea, que habita locais de cerrado e cerradão, cujo florescimento
ocorre em agosto e setembro, sendo que a frutificação ocorre de setembro a novembro
(site BDT - www.bdt.fat.org.br).
Guapira graciliflora (Mart. ex J.A. Schmidt) Lundell (sinonímia: Pisonia
graciliflora Mart. ex J.A. Schmidt; Torrubia graciliflora Standl), também conhecida
popularmente como pau-piranha (Furlan, 1996), possui distribuição semelhante a G.
noxia, por todo o Brasil, em ambiente de cerrado e cerradão. A floração ocorre em
agosto e setembro e os frutos amadurecem nos meses de Outubro e Novembro
(Lorenzzi, 1998)
O gênero Neea possui maior distribuição que Guapira, sendo citado desde o
México (norte) até e o Estado de Santa Catarina – Brasil (sul), com pelo menos 12
espécies, habitando diferentes formações vegetais como florestas úmidas, subtropicais,
savanas (cerrado) e restingas.
Neea theifera Oerst (sinonímia: Pisonia caparosa Netto; Neea pectinata
Rizzini), também conhecida popularmente como carraposa-do-campo (Netto, 1866 apud
Furlan, 1996) e carraposa (Heirmerl, 1891 apud Furlan, 1996) é encontrada em
ambiente de cerrado e cerradão e citada para os estados de São Paulo, Goiás e Distrito
Federal.
Outra característica do gênero Neea é citada por Goodland & Ferri (1979), como
plantas acumuladoras de alumínio em seus tecidos.
38
3.2. Área de Estudo
A gleba Cerrado Pé-de-Gigante do Parque Estadual de Vassununga situa-se no
município de Santa Rita do Passa-Quatro, S.P., e constitui-se na maior área de cerrado
preservado do Estado de São Paulo. Localiza-se nas coordenadas 21
o
36-38’S, 47
o
36-
39’W (Pivello et al. 1999, apud Ruggiero et al 2001) e possui área de 1225ha (Fig. 2 e
3).
Figura 1. Imagem de satélite da gleba Pé-de-Gigante, Parque Estadual Vassununga, em ângulo que
evidencia o desnível do terreno (Fonte: Google Earth - 2007).
Figura 2. Imagem de satélite em vista perpendicular da gleba Pé-de-Gigante, Parque Estadual Vassununga
(Fonte: Google Earth - 2007).
Batalha & Mantovani (2001) demonstraram que a maior parte da área é
constituída por cerrado, com três fisionomias: campo cerrado, cerrado sensu stricto e
39
cerradão. O presente estudo foi realizado no cerrado sensu stricto que possui árvores
baixas e retorcidas, arbustos, subarbustos e ervas. As plantas lenhosas em geral possuem
súber espesso, folhas coreáceas e pilosas.
Os solos são Neossolos e Latossolos arenosos, segundo o Sistema Brasileiro de
Classificação (EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 1999) e o
clima é úmido no verão e seco durante o inverno, do tipo Cwa, (Köpen, 1948 apud
Batalha & Mantovani, 2001).
3.3. Metodologia
A freqüência das coletas e o número amostral procuraram conciliar as
características biológicas e ambientais estudadas com os prazos previstos, prevendo
ainda a não repetição de plantas para as coletas sucessivas, exceto para as medidas de
herbivoria para acompanhamento temporal, respeitando as recomendações de Tiffin &
Inouye (2000) e Cahill et al. (2001).
Segundo Tiffin & Inouye (2000), as plantas respondem quimicamente ao
estresse causado pela manipulação, gerando um efeito simulado de herbivoria e Cahill
et al. (2001) detectaram influência na herbivoria relacionada apenas a visitas freqüentes
às plantas, sem que ao menos houvesse o toque. Foi previsto assim que coletas
sucessivas não deveriam repetir indivíduos já amostrados para evitar o efeito da
herbivoria artificial por manipulação.
O acompanhamento temporal da herbivoria utilizou cinco unidades amostrais
com três repetições cada, a partir do brotamento do ano de 2006, evitando coletas de
folhas desses indivíduos para as análises químicas sendo que a seqüência do
experimento no período de 2007 foi realizada com dez unidades amostrais e três
repetições, para que fossem comparados os dados de anos consecutivos.
40
Quanto à freqüência das coletas, respeitou-se principalmente a sazonalidade e
fenologia como principais critérios, embasado principalmente nas informações de
Mattson (1980), Price (1991), Clark & Clark (1991), Kursar & Coley (1991), Sargers &
Coley (1995), Oki (2005), Brennes-Arguedas et al. (2006), Mesquita Jr. et al. (2006).
As coletas tiveram sua freqüência intensificada nos períodos de rebrotamento foliar, no
final do mês de agosto e início de setembro.
Brenes-Arguedas et al. (2006), Oki (2005), Price (1991), Mattson (1980), dentre
outros, indicam o período de brotamento como um período crítico para herbivoria.
Durante esse evento, os tecidos vegetais ainda indiferenciados possuem alto valor
nutritivo e menor quantidade de defesas químicas, tornando-os mais suscetíveis ao
ataque de insetos. Com o aumento do grau de diferenciação dos tecidos, os mesmos
apresentam consideráveis mudanças químicas e de constituição, passando a apresentar
maiores taxas de compostos secundários e menor valor nutritivo. Procurou-se dessa
forma extrair maiores detalhes dos processos que ocorrem durante esse período crítico.
3.3.1. Fenologia e Herbivoria
A fenologia foi utilizada como importante parâmetro para o estudo de
herbivoria. Dessa maneira, foram levantados dados dos principais eventos fenológicos:
brotamento, estágio foliar, expansão foliar, crescimento, floração, frutificação e
senescência, para ambas as espécies.
Para coleta de dados de herbivoria, os métodos mais comuns utilizados são os de
amostragem contínua e amostragem discreta. Alguns autores como Leoni (1997), Prette,
(1998), Aide (1993) afirmam que a amostragem contínua apresenta melhores resultados
do que a amostragem discreta.
41
As folhas das espécies estudadas mostraram-se frágeis, impossibilitando o
manuseio necessário para mensurar a herbivoria por fotografia planificada ou papel
heliográfico. Foram então utilizados os métodos de amostragem discreta por
escaneamento, por coleta em campo e medida em laboratório, e o de amostragem
contínua, por estimativa visual em campo.
Para análise da herbivoria por amostragem contínua foram marcados pelo menos
três ramos de cinco indivíduos de cada espécie em 2006 e ao menos três ramos de dez
indivíduos em 2007. Em cada ramo foram contados o número de folhas presentes e
calculada a porcentagem de herbivoria sofrida por folha, o número de folhas perdidas e
o número de brotos perdidos. O número de folhas e o de brotos perdidos foram
constatados pela observação de cicatrizes no caule e a taxa de herbivoria foliar foi
estimada por observação visual (Dirzo, 2001) e categorizadas segundo os métodos de
Dirzo & Dominguez (1995) e García-Gusman & Dirzo (2001) modificados.
O início das estimativas visuais da herbivoria em ramos marcados foi precedido
por sucessivos testes em laboratório, através de imagens de folhas escaneadas e
analisadas com software UTHSCSA Image Tool 3.0, como teste para determinar a
confiabilidade da estimativa visual do dano foliar. O software possui boa precisão para
análise da herbivoria, favorece medidas em diversas unidades, possibilita análise de
imagens em cores, possibilita aumentos da imagem (zoom) e alterna entre medida
automática ou manual, o que possibilita utilização de contornos nos objetos,
simplificando a reconstrução da imagem das folhas predadas
(http://ddsdx.uthscsa.edu/dig/download.html).
Os testes consistiram em realizar estimativas visuais da herbivoria em folhas
escaneadas e comparar os dados resultantes com os dados de herbivoria calculados pelo
software.
42
Figura 3. Brotos marcados de Guapira graciliflora para acompanhamento temporal da herbivoria por
amostragem contínua.
Figura 4. Brotos de Neea theifera marcados para acompanhamento temporal da herbivoria por
amostragem contínua.
O número de brotos perdidos é um dado importante, pois um único broto pode
apresentar muitas folhas. Porém, para inclusão do parâmetro broto perdido na
porcentagem da herbivoria, seria necessário um acompanhamento semanal ou até diário,
com utilização de esquemas detalhados sobre as ramificações e sub-ramificações
caulinares, processo que implica em grande dificuldade para trabalhos de campo. Por
esses motivos, os brotos perdidos foram contados nos ramos marcados e analisados
separadamente da porcentagem de herbivoria.
43
Para análise discreta da taxa de herbivoria, aleatoriamente ao menos 20 folhas
foram coletadas em dez indivíduos diferentes de cada espécie, para posterior
escaneamento e mensuração da área foliar total e área foliar predada, com o auxílio de
software livre UTHSCSAImage Tool 3.0.
Figura 5. Imagem da escala (1cm
2
) e de cinco folhas de Neea theifera, escaneadas para análise da
herbivoria por amostragem discreta.
Para análise estatística, os dados de herbivoria discreta e temporal foram
categorizados conforme a Tabela 1. As classes foram criadas de acordo com o limite de
distinção visual. Os trabalhos de Dirzo (1987), García-Gusman & Dirzo, (2001)
recomendam seguir o método de classificação em quartis, ficando a porcentagem divida
em 4 classes iguais, porém caso haja grandes freqüências em uma única classe, é
recomendável a subdivisão dessa classe.
44
Assim, foram criadas 7 classes. A classe A representa folhas sem dano algum, e
a classe B que representa a herbivoria detectável, muitas vezes na forma de pontos,
porém que não ultrapasse os 5% de danos. A classe C representa folhas entre 5% e 25%
de danos, a classe D representa danos maiores que 25%, até 50%. A classe E representa
danos maiores que 50%, até 75% e a classe F representa folhas com danos maiores do
que 75%. A classe G representa as folhas completamente ausentes, contadas pelas
cicatrizes caulinares.
A herbivoria de cada folha foi classificada conforme os dados de porcentagem
de dano sofrido, de acordo com o intervalo que cada classe representava. A cada classe,
foram atribuídos valores numéricos, chamados valores correspondentes (Vcc),
calculados pela soma do valor mínimo da classe com a metade do intervalo que a classe
representa (Tab. 1).
Valor correspondente = Vcc = Vm + (IC) onde:
2
Vcc = valor correspondente da classe
Vm = valor mínimo que a classe representa
IC = intervalo da classe
A taxa de herbivoria média da planta foi dada pela somatória dos valores médios
de cada classe, multiplicados pelas suas freqüências, divididos pela freqüência total,
como mostra a fórmula abaixo:
P = ( Vcc * Fi ) onde: P = Valor médio de herbivoria na planta
Nf Vcc = Valor correspondente da classe
Fi = Freqüência de ocorrência na classe
Nf = Número de folhas amostradas
Tabela 1. Categorias criadas para classificação do dano causado pela herbivoria, de acordo com os
intervalos correspondentes às porcentagens de área foliar predada.
% de Dano foliar apresentado
(X)
Denominação da
categoria
Valor
correspondente da
classe (Vcc) *
X = 0,00% A 0 %
45
0% < X 5,0%
B 2,5%
5,0% < X < 25,0%
C 15,0%
25,0% < X 50,0%
D 37,5%
50,0% < X 75,0%
E 62,5%
75,0% < X < 100% F 87,5%
X = 100,00% G 100%
* Vcc - corresponde à soma do valor mínimo da classe com a metade do intervalo ao qual a classe
representa
A amostragem discreta não considera o efeito cumulativo da herbivoria, dado
pela quantidade de folhas que brotam em um ramo e o número de folhas que permanece
em um dado intervalo de tempo. Por outro lado, a amostragem contínua por estimativa
visual consiste em uma medida subjetiva da taxa de herbivoria sofrida por uma folha,
perdendo na precisão.
Em teste realizado, com imagens escaneadas e herbivoria medida por software
UTHSCSA Image tool 3.0, foi realizada a comparação entre os dados correspondentes
aos valores absolutos e os dados cujos valores foram convertidos em classes. Esse teste
indicou não haver diferenças significativas entre os dados brutos e os categorizados.
Portanto, optou-se pela também categorização dos dados de herbivoria por amostragem
discreta, possibilitando sua comparação com os dados de herbivoria obtidos pela
amostragem contínua.
Para investigar uma possível relação entre o tamanho das folhas e sua influência
na porcentagem de herbivoria, foi estimada a área média de uma folha em determinado
mês e calculada a porcentagem de perda de área bruta em cm
2
, através da herbivoria
medida no respectivo mês por amostragem contínua.
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente com teste de normalidade,
com transformações quando necessário, para depois serem estimados média, desvio
padrão e variância, sendo que para as comparações entre amostras foram utilizados
modelagem linear com classes (análise de variância) relacionando os períodos e os
46
dados brutos como variáveis. As análises foram realizadas com o auxílio dos softwares
“Stat 9”, "Sigmastat”, “R” e “Microsoft Excel 2003”.
3.3.2. Análises Químicas
Para as análises químicas, amostras de 10 indivíduos de cada espécie foram
coletadas, secas em estufa e pulverizadas para armazenamento.
Taninos, nitrogênio, carbono e glicosídeos cianogênicos
A análise qualitativa de taninos seguiu método de Costa (1978). O método
consiste no preparo de 20 mL de um extrato aquoso a 5% de folhas secas e
pulverizadas, as quais devem ser fervidas por 15 minutos e filtradas. Algumas gotas
foram colocadas sobre papel de filtro, e acrescentou-se uma gota de solução de cloreto
férrico 1%, colocada ao lado. A alteração da cor para azul na faixa de intersecção indica
a presença de taninos hidrolisáveis. A mudança de cor para o verde indica a presença de
taninos condensados.
Para a quantificação de taninos foi utilizado o método de Hagerman & Buttler
(1978), sendo os teores de taninos das amostras expressos em porcentagem de massa
seca, relacionando-se as absorbâncias obtidas com curva padrão feita com ácido tânico.
A determinação do carbono total foi feita pelo método de Yeomans & Bremner (1988),
sendo os resultados expressos em porcentagem de peso seco.
Para a determinação do nitrogênio total foi utilizado o sistema de Kjeldahl
(Allen et al., 1974) e os teores foram expressos em porcentagem do peso seco.
Para detecção de glicosídeos cianogênicos foi utilizado extrato aquoso 5% de
folhas frescas fragmentadas. O extrato foi colocado em um erlenmeyer fechado com
tampa onde foi fixado um pedaço de papel de filtro, previamente embebido em solução
47
de ácido pícrico e seco. Após adição de algumas gotas de clorofórmio, o frasco foi
levado ao banho-maria. Caso houvesse uma mudança de cor do papel picrossódico de
amarelo para vermelho escuro, a presença glicosídeos cianogênicos seria considerada
positiva.
Alcalóides
Para análise qualitativa preliminar de alcalóides, foi utilizado o método de Costa
(1978) de Ensaio Preliminar, com resultado positivo ou negativo para presença de
alcalóides, de acordo com a formação de precipitados na amostra, quando em contato
com os reagentes de Dragendorff, Mayer, Bertrand, ácido tânico, Bouchardat e ácido
fosfomolíbdico.
Na tentativa de isolar alcalóides por métodos de adsorção e solubilidade, os
extratos com 300 mL de MeOH:água (4:1) foram obtidos a partir de 40 g de matéria
seca. O extrato bruto obtido foi seco em rotavaporador a 40
o
.C. Uma alíquota de 2 g do
extrato bruto foi retomada em 10mL de metanol e centrifugada a 5000rpm por 15
minutos. Selecionou-se o sobrenadante que então foi colocado em uma coluna
Sephadex LH 20 (85cm x 2,5 cm), utilizando MeOH como fase móvel (1 gota a cada 2
segundos). A amostra foi separada por coletor automático em 240 frações, contendo 200
gotas cada, sendo que a alíquota final foi agrupada em aproximadamente 500 mL. Após
fracionamento, as amostras foram aplicadas em placas de sílica para cromatografia em
camada delgada (CCD), sendo utilizada a fase móvel BAW (5:4:1). Para revelação foi
utilizado revelador iodo platinado, específico para alcalóides.
As frações com resultados positivos para a presença de alcalóides na reação com
iodo platinado foram então separadas em CLMP (Cromatografia líquida de média
performance), com duas fases móveis CL
3
CH e MeOH, nas proporções 100% CL
3
CH,
80:20, 60:40, 40:60, 20:80 e 100% MeOH. Placas cromatográficas (CCD) foram
48
preparadas com as alíquotas resultantes, utilizando como fase móvel solução (BAW –
4:1:5) e reveladas com iodo-platinado.
As amostras com resultado positivo foram então corridas em CLAE
(Cromatografia líquida de alta performance) com espectro de UV, com fase móvel
H
2
O:MeOH (80:20), para separação dos picos.
Devidos os métodos de separação por adsorção e solubilidade serem
considerados gerais, portanto não específicos aos alcalóides, e os resultados da
revelação por iodo-platinado não serem considerados conclusivos, devido a possíveis
reações com outras moléculas nitrogenadas, foram realizados testes adicionais,
utilizando outras metodologias de extração e isolamento, descritas a seguir.
Como o(s) grupo(s) de alcalóides presentes nas espécies eram desconhecidos,
extração dos alcalóides 40g de material seco foram tratados com 300mL de MeOH:H2O
(4:1) com adição de gotas de ácido acético, e filtrados, originando o “extrato 1”. Após
secagem, o material vegetal utilizado para obtenção do “extrato” 1 foi submetido à
extração polar MeOH:H2O (4:1) com adição de gotas de hidróxido de amônio,
originando o “extrato 2”. A obtenção dos extratos levou em consideração
recomendações de Harbone (1984) e objetivou maximizar a extração dos alcalóides, já
que a solubilidade dessas moléculas responde às variações no pH. Os extratos 1 e 2
obtidos em ambos os pH, foram misturados e secos em rotavaporador, originando o
“extrato 3”, para depois serem submetidos a métodos de isolamento por extração ácido-
base.
O primeiro método de isolamento, consistiu em submeter o “extrato 3” ao
método de isolamento sugerido por Costa (1976). Dois gramas do extrato foram
solubilizados em éter (70 mL). Após agitação, adicionou-se 10mL de amônia diluída a
10% e o material foi deixado em descanso por 2 horas. A fase aquosa foi descartada
49
com a ajuda de funil de separação. Ao sobrenadante etéreo foram adicionados 25mL de
ácido clorídrico a 2% e separado da fase etérea por três vezes. Nas soluções ácidas
reunidas adicionou-se 20mL de carbonato de sódio a 10% e 30mL de éter. A mistura foi
agitada e separada novamente. A adição e separação do éter foram repetidas por três
vezes, aproveitando-se sempre a fase etérea.
Outro método de isolamento utilizado, recomendado por Harbone (1984),
consistiu na acidificação de 2g do “extrato 3” com solução a 2M de H
2
SO
4
até que
atingisse pH próximo a 4, seguido de adição de 100ml de clorofórmio, agitando-se
freqüentemente a mistura. Após descanso, separou-se a fase aquosa ácida da orgânica,
repetindo a adição de clorofórmio e a separação por três vezes, sempre descartando a
orgânica. Adicionou-se amônia à fase aquosa, até que a mistura atingisse pH = 10 e
adicionou-se CH-Cl
3
:MeOH (3:1). Após descanso, a mistura foi separada e o processo
repetido por três vezes. A fase clorofórmio-metanol foi considerada como a que
continha os alcalóides convencionais e a solução aquosa os alcalóides quaternários.
Em cada fase dos processos de isolamento, foram realizados testes qualitativos
(Costa, 1978) a fim de se confirmar a presença ou ausência de alcalóides.
Os extratos obtidos pela marcha química sugerida por Costa (1978) e pela
marcha química sugerida por Harbone (1984), foram testados em cromatografia em
camada delgada, em fase estacionária sílica-gel ativada, em câmara saturada com fase
móvel constituída por mistura metanol:clorofórmio (20:80), sendo revelados por
reagente Dragendorff, Iodo Platinado e solução Etanol:H
2
SO
4
(95:5), segundo
informações obtidas em Sthal (1969). Todavia, diversos autores (Sthal, 1969; Costa,
1978; Harbone, 1984; Hostettmann et al., 2003) sugerem substituições de ácidos e bases
inorgânicas, por substitutos orgânicos ou inorgânicos voláteis, a fim de evitar a presença
de artefatos salinos. Por recomendação dos mesmos autores, os ácidos inorgânicos
50
foram substituídos por ácido acético e as bases inorgânicas foram substituídas por
hidróxido de amônia.
Os extratos obtidos então pelos métodos de Costa e Harbone, ambos com
substituição de ácidos e bases inorgânicos por componentes orgânicos, foram
submetidos à filtração em coluna de sílica, com três fases móveis, sendo a primeira
apolar – Hexano, a segunda de média polaridade – Clorofórmio e a terceira polar –
MeOH, para que então as amostras polares fossem analisadas por espectometria de
massas.
As amostras resultantes das extrações por extração ácido-base (Costa ,1978 e
Harbone 1984, com modificações) e as amostras obtidas por método de adsorção e
solubilidade foram então analisadas por injeção direta e varredura em aparelho de
espectometria de massas em modo de ionização positiva, sendo utilizado TFA sodiado
para calibração interna e externa. As especificações da aparelhagem e modos de
ionização estão apresentadas a seguir.
Outro método utilizado para análise de alcalóides, foi o desenvolvido por
Carollo & Lopes (comunicação pessoal). Este método consistiu em extração com
metanol:água:ácido acético (2%) (4:1:2%) e separação cromatográfica com fase móvel
água:acetonitrila com adição de ácido acético. Para as análises em CLAE-DAD-EM
(Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectometria UV) utilizou-se
duas colunas monolílicas C-18 da marca Phenomenex (Onyx 15x4,6 mm) em linha, um
gradiente de fase móvel com água (A) e Acetonitrila (B), sendo que nas duas fases
foram adicionados ácido acético 1%; de 0-5 min 10% de B; de 5-15 min. 10-100% de
B, mais 5 minutos para lavagem e estabilização da coluna, sendo as injeções de 20µl e o
fluxo de 3 ml/min. Em seguida, foi utilizada análise em CLAE-DAD-EM com CLAE
acoplado a duas bombas modelo LC-20AD Shimadzu, sistema de controle CBM-20A
51
Shimadzu, detector arranjo de diodos UV/VIS SPD-M20AV Shimadzu e injetor
manual, um aparelho modelo ULTROTOF
Q
– ESI-TOF Mass Spectrometer, fabricante:
Bruker Daltonics, Billerica, MA, EUA. As condições do aparelho foram: End Plate a
4000 Volts, Capillary a 4500 Volts, Capillary Exit a 300 Volts, Shimmer 1 a 50 Volts e
Shimmer 2 a 25 Volts, todas as análises foram realizadas no modo de ionização
positiva, sendo utilizado TFA sodiado para calibração interna e externa.
Todas as análises por espectometria de massas foram realizadas no Laboratório
de Química de Produtos Naturais, sob supervisão do professor Dr. Norberto Peporine
Lopes.
Os dados dos espectros de massa resultantes das amostras foram analisados em
software Chem Calculator. O software calculou todas fórmulas moleculares possíveis
para cada espectro, levando em consideração desvio máximo de 10ppm. Os resultados
foram interpretados como espectros alcaloídicos, os espectros cujo todas as fórmulas
possíveis fossem nitrogenadas, com peso molecular entre 130 e 700 daltons e sem que
nenhum aminoácido pudesse ser relacionado. Quando os espectros não respondiam a
todos os preceitos acima descritos, o espectro era considerado como indefinido.
3.3.3. Teores de água foliar, resistência mecânica foliar e análises de solo
A avaliação do teor de água foi feita através da pesagem em balança de precisão
de dez amostras de folhas adultas e dez de folhas jovens, nas respectivas épocas de
ocorrência. Após pesagem, o material foi seco em estufa a 60ºC e pesado novamente. A
quantidade de água foi estimada pela diferença entre peso seco e peso úmido.
A dureza de folhas jovens e adultas foi medida com a ajuda de penetrômetro
desenvolvido pela Oficina de Precisão do campus da USP em Ribeirão Preto, a partir de
modelo proposto por King (1988 apud Pais, 2003).
52
Para a análise de solos, amostras foram coletadas em março/2007, referente à
estação chuvosa, e agosto/2007, referente à estação seca, em três pontos de ocorrência
das espécies e comparadas com amostras de três pontos onde as mesmas não ocorrem,
já que a distribuição das plantas mostrou-se agrupada. Em cada ponto foram retiradas
amostras de 20cm e 40cm de profundidade, segundo recomendação da Embrapa, e
foram dosados os macronutrientes, pH, matéria orgânica e alumínio, no Laboratório de
Análise de Solo e Planta da FCAV, UNESP, campus Jaboticabal. As variáveis foram
então relacionadas entre si, a fim de se verificar possíveis relações das características
edáficas com a presença de Nyctaginaceae.
3.3.4. Comunidade de Arthropoda
As coletas de Arthropoda foram realizadas por método de ensacamento. Em
cada coleta, com o auxílio de saco plástico com capacidade de 40L, ramos escolhidos
aleatoriamente de diversos pontos de dez plantas por espécie foram envolvidos, podados
e armazenados no mesmo saco, que também foi utilizado posteriormente como câmara
mortífera, através da adição de algodão contendo acetato de etila. O material coletado
foi separado em laboratório e conservado em álcool 80%, para posterior triagem e
identificação.
Devido aos objetivos do trabalho e da grande diversidade taxonômica que
envolve as comunidades de insetos que visitam plantas, para o estudo da comunidade
ligada direta ou indiretamente à herbivoria, foram utilizados parâmetros qualitativos da
presença das espécies em cada indivíduo vegetal amostrado.
Os insetos foram separados de acordo com a planta em que foram capturados.
Cada morfo-espécie observada foi fotografada com a ajuda de estéreo-microscópio
Laica Az 16 e software de captura IN50 e chaves para a determinação das ordens e
53
famílias. Foram anotados os dados de ocorrência, freqüência e abundância de cada
morfo-espécie.
Os índices de diversidades convencionais como o de Simpson e Shannon levam
em consideração a contagem do número de indivíduos capturados em cada amostra.
Porém, para herbivoria, é mais importante a análise dos hábitos e do ciclo de vida do
herbívoro, do que a quantidade de indivíduos de uma determinada espécie, já que
algumas espécies são naturalmente mais numerosas, sem que isso signifique um maior
dano do que outras menos numerosas.
Outro problema ligado à contagem e a herbivoria, diz respeito às espécies que
habitam o interior dos tecidos vegetais, como galhadores, e a ocorrência de espécies que
se alimentam da planta, porém não a habitam, exemplos importantes e muito comuns
nos estudos de herbivoria. Portanto, apesar de o ensacamento consistir em técnica
abrangente, os hábitos diversificados de algumas espécies dificultam suas contagens.
Portanto, métodos de estudo de comunidades de herbívoros que levam em
consideração a contagem de indivíduos e a categorização por grupo alimentar, tendem a
distorcer as características gerais da comunidade, de forma que grupos importantes
ficam tendenciosamente subestimados (Bascompte & Jordano, 2006). Pimm (1979)
estudando comunidade de herbívoros e predadores, relatou que a compartimentalização
em grupos alimentares mais dificulta do que ajuda a compreensão da estrutura da
comunidade de herbívoros, porém Bascompte e Jordano (op cit.) afirmam que estudos
com compartimentalização por hábito alimentar podem ser úteis em determinadas
circunstâncias, e não excluem a validade de outras análises.
Dessa maneira, procuramos trabalhar com as freqüências de ocorrência, de
acordo com Bascompte & Jordano (2006), apesar da contagem geral também ter sido
feita. A escolha parte também de alguns princípios básicos sobre a biologia e ecologia
54
dos insetos herbívoros e pelas constatações realizadas durante os trabalhos, como
descritas abaixo:
- Mesmo que não seja possível a captura de todos os insetos que estão presentes
em uma determinada planta, devido ao fato de voarem rapidamente, por exemplo,
algum ou alguns indivíduos certamente serão capturados, de maneira que se estiverem
presentes em muitas plantas, sua freqüência aumentará e consequentemente sua
importância dentro da análise da comunidade;
- Eventos climáticos como chuvas e ventos, se ocorridos às vésperas da coleta,
podem derrubar um número significativo de insetos no solo, demandando tempo para
que os mesmos consigam retornar novamente à planta que lhes serve como fonte de
alimento. Assim, por um determinado período de tempo, a contagem de algumas
espécies pode ser sub-estimada. O fato é comum e agravado pela estação chuvosa nos
ambientes tropicais;
- Espécies galhadoras e mineradoras, por exemplo, foram detectados no presente
estudo e o processo de identificação exige que as folhas onde ocorrem sejam
armazenadas intactas e vivas e, sendo assim, dificilmente tem sua quantidade real de
indivíduos estabelecida;
- Espécies muito pequenas e ou de determinados grupos, tais como os afídeos,
possuem número de indivíduos muito maior do que de outros, sem que isso
necessariamente signifique um maior dano à planta, de maneira que só conseguem se
estabelecer e exercer uma influência ecológica se forem suficientemente numerosos,
apesar da biomassa ser relativamente baixa;
- Algumas espécies de herbívoros podem se alimentar das plantas, sem que
necessariamente habitem as mesmas, de maneira que uma ou mais coletas discretas
subestimam sua importância;
55
Portanto, pelas características que envolveram o presente estudo, a freqüência de
ocorrência, medida qualitativa de uma determinada espécie de inseto nos indivíduos
vegetais coletados, tornou-se uma variável mais precisa do que a contagem
propriamente dita dos indivíduos. Segundo Bascompte & Jordano (2006) é possível
determinar-se as características da comunidade, através de análises baseadas no teste
qualitativo de ocorrências, principalmente para o estudo de comunidades de herbívoros,
devido a sua estrutura ser peculiarmente característica, em um estudo de matrizes.
Procurou-se comparar então os padrões obtidos dentro do presente estudo, com
os modelos indicativos de comunidade de herbívoros que constam na bibliografia.
Segundo Ricklefs (1993), Bascompte & Jordano (2006) e Begon et al. (2006), é comum
a utilização de funções logarítmicas nas análises de comunidades. A análise de
freqüências tende a subestimar a importância das espécies com muitos indivíduos e
superestimar aquelas de ocorrência única em baixos números amostrais. Por isso
adotamos uma função logarítmica para minimizar essa possível falha, criando um
índice. Esse índice foi denominado IFO (Índice da Freqüência de Ocorrências), descrito
pela seguinte fórmula:
I.F.O. = (O.M.)
2
Onde: OM – “Ocorrência Média” – somatória do número de plantas onde uma
determinada morfo-espécie de artrópode ocorre, dividido pelo número amostral de
plantas no mesmo período.
n
o
. plantas onde o Arthropda ocorre
OM = ————————————————————
n
o
. plantas amostradas
Basicamente trata-se de uma análise baseada no conceito de abundância, que
obedece uma curva log-normal (Kenoyer, 1927 apud Ricklefs, 1993), associada ao
conceito de que espécies mais abundantes são coletadas com uma maior freqüência
56
(Begon et al., 2006). Pretendeu-se dessa maneira corrigir as distorções causadas pela
substituição das quantidades pela freqüência de ocorrência, já que espécies mais
freqüentes terão uma importância exponencialmente maior do que as de ocorrência
única.
Bascompte & Jordano (2006) apresentam matrizes binárias de freqüência, com
espécies em um eixo e amostras no eixo perpendicular, como alternativas a análise da
comunidade. Todavia, o grande número de morfo-espécies encontradas, aliado às
inúmeras amostragens realizadas nos diferentes períodos, dificultam muito a
visualização de uma única matriz envolvendo todas as o amostras temporais da
comunidade. A criação desse índice soluciona esse problema, auxiliando também no
ranqueamento das espécies mais importantes, pois leva em conta também os diferentes
períodos em que ocorreram.
Alguns Arthropoda que ocorrem naturalmente em um dado local, podem ser
comumente encontrados visitando as plantas locais, sem que exista necessariamente
uma relação estreita entre o animal e a planta, o que promove uma freqüência baixa mas
constante. Porém, dentro de uma visão holística, acredita-se que se uma determinada
morfo-espécie de Arthropoda for muito freqüente em uma dada espécie vegetal, a
chance de que esse evento ocorra aleatoriamente é mais remota, indicando que
possivelmente exista uma relação biológica entre o animal e a planta. Essa hipótese
poderia não ser coerente, caso o ambiente estivesse em desequilíbrio e uma das
populações fosse extremamente predominante na paisagem, mas o fato é que não ocorre
grandes desequilíbrios na área de estudo, visto que a Gleba Pé-de-Gigante possui bom
estado de preservação.
Portanto, o ranqueamento geral de uma morfo-espécie perante a comunidade foi
estabelecido pela somatória das suas I.F.O. (Índice da Freqüência de Ocorrências). A
57
utilização da somatória de O.M. (Ocorrência Média) foi evitada pois promove muitos
empates, além de não discriminar O.M. maiores referentes a um único período de
ocorrências médias melhor distribuída em meses diferentes.
Por exemplo:
Caso 1 Caso 2
OM a =0,4 IFO a = 0,16
OMa =0,30
IFO a = 0,09
OM b = 0,1 IFO b= 0,01
OMb =0,20
IFO b= 0,04
Soma OM = 0,5 Soma IFO= 0,17
Soma OM = 0,5 Soma IFO = 0,13
No exemplo, apesar das somas de OM serem iguais nos casos 1 e 2, a soma das
IFO são diferentes. Dessa maneira, uma morfo-espécie que apresentou maior freqüência
em um único período, terá IFO maior do que outra que manteve sua freqüência mais
constante em meses diferentes, apesar da somatória de OM serem iguais.
Todavia, os parâmetros OM e IFO não consistem em estimativas absolutas, pois
podem sofrer influência dos métodos de coleta Trata-se apenas de uma ferramenta para
comparação das freqüências de ocorrência entre as diferentes morfo-espécies coletadas.
Foram construídos quadros gerais, para a comunidade de insetos presentes em
cada espécie vegetal estudada e quadros das comunidades temporais, com cada coleta
sendo analisada separadamente, apontando as morfo-espécies mais importantes em
determinado período. Os quadros gerais foram apresentados com as morfo-espécies
totais e com a inclusão apenas das 50 morfo-espécies mais importantes, com o intuito de
facilitar a visualização.
Com base nas IFO de cada mês amostrado, as morfo-espécies foram
compartimentalizadas de acordo com os hábitos alimentares, herbívoros (foliares),
predadores e outros hábitos (forrageadores, detritívoros, polinizadores, visitantes e
58
predadores de peças florais), apenas para análise temporal da estrutura da comunidade.
As morfo-espécies de hábitos similares foram agrupadas e seus IFO somados, para
determinação da relação entre as classes alimentares e suas variações durante o ano.
3.3.5. Análise estatística
Através das análises exploratórias, foram detectadas as características dos dados
e as relações entre variáveis, para o início das análises de colinearidades. A análise
estatística foi realizada com ajuda de software R – R-Project, com a utilização de
análises exploratórias, transformações matemáticas, teste-t, análise de variância e por
último, de modelagem linear para determinação de interação entre variáveis. A
construção dos modelos levou em consideração a distribuição dos dados, para que então
fosse determinado modelo linear mais adequado. Quando os preceitos dos modelos
lineares simples foram obedecidos, optou-se pelo mesmo, sendo que os modelos
lineares generalizados foram escolhidos quando as transformações matemáticas não se
mostraram adequadas.
4. Resultados
4.1. Fenologia
Quanto à fenologia, G. graciliflora apresentou comportamento caducifólio
completo, ficando sem folhas de meados de julho a final de agosto, quando iniciou o
brotamento foliar e a floração quase simultaneamente. N. theifera apresentou
comportamento semi-caducifólio, com perda substancial das folhas (muitos indivíduos
as perderam completamente) a partir do início de julho e rebrotamento foliar entre o
final do mês de agosto e primeiros dias de setembro. A florada de N. theifera iniciou-se
aproximadamente duas semanas após o início do rebrotamento foliar (Tab. 2).
59
Em N. theifera, algumas folhas maduras do período anterior ainda estavam
presentes durante o período de brotamento. Durante os primeiros dias de setembro,
apesar de pouco numerosas, sua área foliar foi muito representativa nas plantas que
ainda as possuíam, perdendo importância com o decorrer do período de expansão das
folhas novas.
Tabela 2 – Dados fenológicos de duas espécies de Nyctaginaceae ocorrentes no Cerrado Pé-de-Gigante, Santa
Rita do Passa Quatro – SP.
Espécie Guapira graciliflora
Evento/Período
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul * Ago * Set Out Nov Dez
Brotamento ++ +++ +
Folhas Jovens +++ +++ +++ ++ +
Folhas Maduras +++ +++ +++ +++ ++ ++ + + +++
Expansão Foliar + +++ +++ ++ +
Crescimento + ++ +++ + +
Flores + +++ ++ +
Frutos ++ ++ +
Senescência + + ++ +++ +++ +++
Espécie
Neea theifera
Evento/Período
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul * Ago * Set Out Nov Dez
Brotamento + ++ +++ +++ ++ +
Folhas Jovens + + +++ +++ +++ +++ ++
Folhas Maduras +++ +++ +++ +++ ++ + + + + + + + ++ +++
Expansão Foliar +++ +++ ++ ++
Crescimento + + + +++ +++ +++ +
Flores + +++ +++ +++ ++
Frutos ++ ++ +++ +++
Senescência + + + ++ +++ +++
+ - Evento raro
++ - Evento comum
+++ - Evento de ampla ocorrência
* Os meses julho e agosto estão subdivididos em 1ª e 2ª quinzenas
Quanto às diferenças no tamanho das folhas, medida pela área foliar média de
cada indivíduo estudado no período, a análise de variância indica que para G.
graciliflora, os dados referentes à área foliar do mês de setembro apresentam diferenças
significativas em relação a todos os demais meses, entre setembro e outubro, p=0,0013,
60
e p<0,00001, para comparações entre setembro e os demais meses. Quanto à
comparação entre os demais meses, a análise indicou semelhança entre os dados de
todos os meses (p>0,1) (Tab. 3).
Em N. theifera, nas comparações entre o tamanho das folhas nos diferentes
períodos, a análise de variância não indicou haver diferenças significativas (p>0,05)
entre os dados de setembro e outubro, entre outubro e dezembro e entre dezembro e
fevereiro, abril e junho. Com relação às comparações entre os meses, os valores de
setembro apresentaram diferenças significativas em relação a dezembro (p=0,0025)
fevereiro, abril e junho (p<0,0001). Os dados de área foliar de outubro mostraram-se
diferentes (p<0,05) apenas em relação aos de fevereiro, abril e junho (Tab. 3).
Tabela 3. Área média das folhas de duas espécies de Nyctaginaceae, de acordo com os estágios de
desenvolvimento foliares e fenologia.
Neea theifera Guapira graciliflora
Fase das folhas Mês
Área média (cm
2
) Área média (cm
2
)
Brotamento Setembro 8,28 a 8,47 a
Expansão Outubro 16,25 ab 20,91 b
Maduras Dezembro 27,93 bc 23,16 b
Maduras Fevereiro 33,72 c 26,92 b
Maduras Abril 39,00 c 27,16 b
Maduras Junho 32,90 c 26,70 b
a,b,c - letras iguais na mesma coluna correspondem a dados semelhantes estatisticamente e letras
diferentes na mesma coluna, dados diferentes estatisticamente
4.2. Herbivoria
A análise dos dados de herbivoria acumulada coletados por amostragem
contínua, através modelo linear com interação entre herbivoria temporal total, período e
espécie, apresentou R
2
=0,7231 e p<0,000001, indicou que ambas as espécies
apresentaram diferenças significativas entre os dados dos meses de setembro e outubro
(p<0,0001), outubro e dezembro (p<0,0001) e dezembro e fevereiro (p=0,01809). Não
61
foram encontradas diferenças significativas entre os dados referentes aos meses de
fevereiro e abril (p>0,05). Em ambas as espécies o efeito cumulativo da perda relativa
de área foliar por herbivoria foi crescente mês a mês, de maneira que G. graciliflora
acumulou perda de 72,61% em abril em relação ao período de brotamento e N. theifera,
referente ao mesmo período, alcançou 75,94% (Tab. 4, Fig. 6), nos ramos marcados.
A
B
Figura 6. Imagens obtidas no mês de outubro/2006 de plantas que sofreram ataque intenso de herbívoros,
algumas ramificações perderam todas as folhas. A - broto de Guapira graciliflora com folhas
comprometidas e algumas cicatrizes de folhas desprendidas. B- broto de Neea theifera com
muitas cicatrizes de folhas desprendidas.
62
Em modelo linear que levou em consideração a taxa média de perda relativa de
área foliar (%) em relação ao número de dias decorridos desde a última amostragem, de
acordo com as espécies, a análise apresentou diferença significativa apenas para os
valores relativos a setembro (p<0,00001) e marginalmente para o período outubro,
(p~0,06), em ambas as espécies. O modelo linear, com transformação dos dados pela
raiz quadrada da soma com 0,5, apresentou R
2
=0,5268 e p<0,000001. Em ambas as
espécies, o estágio inicial de desenvolvimento dos ramos, em setembro, apresentou as
maiores taxas relativas de herbivoria, com média de 2,1%/dia para G. graciliflora e
1,57%/dia em N. theifera. Em G. graciliflora a taxa decresceu até estabilização em
dezembro, quando a perda de área foliar por herbivoria variou próximo de 0,2%/dia. N.
theifera apresentou taxas decrescentes período a período, alcançando a menor taxa em
abril, com 0,18%/dia (Tab. 4).
Tabela 4: Acréscimo da porcentagem de dano foliar por herbivoria através do tempo, em duas espécies de
Nyctaginaceae em cerrado sensu stricto
, por amostragem contínua.
Guapira graciliflora Neea theifera
Tempo decorrido do
início do rebrotamento
Perda cumulativa
(%)
Média diária de
perda (%)
Perda cumulativa
(%)
Média diária de
perda (%)
10 dias (setembro)
20,97 a 2,10 15,74 a 1,57
40 dias (outubro)
37,73 b 0,58 36,68 b 0,70
100 dias (dezembro)
46,47 c 0,15 58,77 c 0,37
160 dias (fevereiro)
61,36 d 0,22 68,46 d 0,25
220 dias* (abril)
72,61 d 0,22 75,94 d 0,18
a,b,c,d - letras iguais, dados semelhantes estatisticamente e letras diferentes, dados diferentes
estatisticamente
* - inicia-se evento de senescência, confundindo os dados de herbivoria
Os dados de herbivoria coletados por amostragem discreta, através de análise de
variância, apresentaram diferenças significativas apenas em relação ao período abril (p=
0,0223). A comparação entre os dados de herbivoria obtidos por acompanhamento
temporal e por amostragem discreta, segundo teste-t pareado, demonstrou haver
similaridade apenas no período de setembro, com p>0,05 para ambas as espécies
63
estudadas. A análise demonstrou haver diferenças significativas (p<0,05) entre os
métodos, referente aos demais períodos (Fig. 7).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Set Out Dez Fev Abr
% de dano foliar acumulado
Guapira Contínua
Guapira Discreta
Neea Contínua
Neea Discreta
d
d
a
d d
c
c
b b
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a a
e e
Figura 7. Comparação entre dados da porcentagem de danos foliares causados por herbivoria, segundo
métodos de amostragem discreta e contínua, em duas espécies de Nyctaginaceae ocorrentes em
cerrado sensu stricto. Letras iguais correspondem a dados semelhantes estatisticamente e letras
diferentes correspondem a dados diferentes estatisticamente.
A comparação entre os dados de herbivoria por amostragem contínua relativos
às coletas de 2006 e 2007 foi feita por teste F para equivalência de variâncias, seguido
do teste t adequado. Os períodos, setembro e outubro apresentaram variâncias
equivalentes nas comparações entre anos diferentes para N. theifera e G. graciliflora.
Foram então realizados teste-t para variâncias equivalentes, nos respectivos períodos de
anos diferentes, sendo que nenhuma das comparações apresentou diferenças
significativas. Na comparação entre as coletas 2006 e 2007, a análise dos dados de
herbivoria em N. theifera apresentou p~0,50 em setembro e, em outubro, p~0,46. A
espécie G. graciliflora apresentou, na comparação 2006 e 2007, dados cuja a análise
indicou p~0,64 e p~0,49 para as comparações referentes a setembro e outubro
respectivamente.
Com base nesses resultados negativos para diferenças entre taxas de herbivoria e
nas coletas setembro/06 e setembro/07 e entre outubro/06 e outubro/07, foi
64
interrompido o esforço amostral dos meses que se seguiriam, devido às restrições de
prazo.
Os valores estimados para perda foliar média bruta (cm
2
) e perda média relativa
(%) média, ambas por herbivoria foliar, indicou correlação de Pearson 0,89 para G.
graciliflora e 0,93 para N. theifera, indicando que apesar do aumento na área total foliar
das folhas, a taxa de perda foliar bruta segue o mesmo padrão da perda relativa (%),
com maiores danos sofridos no período de brotamento e decaindo com o
amadurecimento das folhas (Tab. 5, Fig. 8).
Tabela 5. Perda média de área bruta (cm
2
) por folha em duas espécies de Nyctaginaceae do cerrado.
Neea theifera Guapira graciliflora
Fase das folhas Mês PAA* (cm
2
) TPD** (cm
2
) PAA* (cm
2
) TPD** (cm
2
)
Brotamento Setembro 1,303272 0,129996 1,776159 0,17787
Expansão Outubro 5,9605 0,11375 7,889343 0,121278
Maduras Dezembro 16,414461 0,103341 10,762452 0,03474
Maduras Fevereiro 23,084712 0,0843 16,518112 0,059224
Maduras Abril 29,6166 0,0702 19,720876 0,059752
*PMA – Perda de área acumulada
*TPD – Taxa de perda diária
0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18
0.5 1.0 1.5 2.0
Perda.bruta
Perda.relativa
Figura 8. Regressão linear entre as taxas da perda de área foliar por herbivoria relativa (%) e bruta,
encontrada para dados agrupados de duas espécies de Nyctaginaceae do cerrado.
65
4.3. Análises químicas
4.3.1. Taninos e glicosídeos cianogênicos
O resultado da análise qualitativa para glicosídeos cianogênicos foi negativo.
Para taninos totais, o método de Costa (1978) demonstrou resultado negativo.
Devido ao método de Costa (1978) apresentar possíveis falhas, foi realizado o
teste quantitativo, como forma de confirmar a presença ou ausência de taninos. Os
resultados da análise quantitativa de taninos apresentaram valores muito baixos para
ambas as espécies, em folhas jovens e maduras. Os valores de absorbância ficaram
abaixo da curva padrão estipulada pelo método de Hagerman & Buttler (1978),
mostrando-se insignificantes.
Hagerman & Buttler (op cit.) descrevem que alguns compostos fenólicos podem
se ligar às proteínas utilizadas no método, geralmente causando leves aumentos nos
valores de absorbância. Dessa maneira, as pequenas quantidades detectadas de tanino
podem significar resultado falso-positivo para presença de taninos em N. theifera e G.
graciliflora. Portanto, a presença de taninos não foi confirmada.
4.3.2. Nitrogênio e carbono totais
Os dados de porcentagem de nitrogênio total na massa seca indicaram variações
sazonais relacionadas, principalmente, com os eventos fenológicos de ambas as espécies
(Fig. 9). G. graciliflora apresentou semelhanças significativas entre os meses setembro
e outubro, que foram diferentes (p<0,00001) em relação aos demais. Os dados relativos
ao mês de junho, também mostraram-se diferentes dos dados de dezembro, fevereiro e
abril (p~0,005). Os maiores valores da taxa de nitrogênio foram encontrados em
setembro (6,3%) e outubro (6,6%), e os menores valores em junho (3,68%).
66
Os valores de nitrogênio encontrados para N. theifera, referentes ao período de
setembro, mostraram grandes discrepâncias entre os dados de folhas jovens e folhas
maduras, sendo que as folhas remanescentes apresentaram em média 4,2% de nitrogênio
total e as folhas jovens apresentaram em média 6,8%.
Devido à presença de folhas maduras remanescentes da estação anterior no mês
de setembro, os dados de nitrogênio de N. theifera foram analisados de duas maneiras:
considerando a influência das folhas maduras e desconsiderando a influência das
mesmas. Quando considerados os dados referentes a setembro, de folhas jovens e
algumas folhas maduras remanescentes em conjunto, N. theifera apresentou diferenças
significativas entre setembro e dezembro (p=0,023), entre setembro e fevereiro, abril e
junho (p<0,001) e entre outubro e os demais meses (p<0,00001). Nos meses de
setembro e outubro foram observados os maiores valores de nitrogênio total, 5,84% e
6,72% respectivamente, enquanto os menores valores foram observados em abril,
(4,03%).
Quando as análises utilizaram apenas os dados de folhas jovens de N. theifera,
desconsiderando a presença de folhas remanescentes do período anterior, o teor de
nitrogênio alcançou 6,8% em setembro e tornou-se similar ao mês de outubro,
aumentando a significância da diferença em relação aos dados de dezembro, fevereiro,
abril e junho (p<0,00001).
Comparando-se as espécies no decorrer do tempo, através de modelo linear com
interação de variáveis, foram encontradas diferenças significativas referentes aos
valores do mês de setembro (p=0,00112), quando considerados também os valores das
folhas da estação anterior de N. theifera (R
2
=0,86). A mesma análise entre as espécies,
utilizando, porém, apenas os valores de nitrogênio de folhas jovens em setembro para N.
67
theifera, indicou que não há diferenças significativas entre as espécies em nenhum dos
meses (R
2
=0,88, Fig. 9).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Set Out Dez Fev Abr Jun Set
Nitrogênio (%)
Guapira
Neea
Neea - folhas remanescentes
Figura 9. Variação anual da porcentagem de nitrogênio total nas folhas de Guapira graciliflora e Neea
theifera no cerrado Pé-de-Gigante.
a
a a
a
b
b b b b
c
b b
b
b
Quanto à porcentagem de carbono total (fig. 10), em G. graciliflora os valores
encontrados em setembro e outubro foram semelhantes entre si, sendo diferentes dos
demais meses (p<0,00001). Os maiores valores de carbono nas folhas de G. graciliflora
foram encontrados em junho (32,8%) e os menores em setembro (24,7%).
Quando consideradas as folhas jovens e maduras do mês de setembro, N.
theifera apresentou diferenças significativas entre os dados de outubro e os dos demais
meses (p<0,00001). Quando utilizadas apenas folhas jovens para a análise do mês de
setembro, foram encontradas semelhanças entre os dados dos meses setembro e outubro,
bem como diferenças significativas entre esses meses e os demais meses analisados
(p<0,00001). Os maiores valores de carbono total encontrados para folhas de N. theifera
foram em junho (31,63%), sendo que os menores valores foram encontrados em
setembro (24,67%), quando consideradas apenas as folhas jovens (Fig. 10).
68
0
5
10
15
20
25
30
35
Set Out Dez Fev Abr Jun Set
Carbono (%)
Guapira
Neea
Neea - f ol
b
b
b
b
b b
b
has remanescent es
b b
b
a
a a
a
Figura 10. Variação anual da porcentagem de carbono total nas folhas de Guapira graciliflora e Neea
theifera no cerrado Pé-de-Gigante.
A análise por regressão linear entre as variáveis nitrogênio total e carbono total
foliares demonstrou haver forte correlação negativa, (cor=-0,8297, Fig. 11).
24 26 28 30 32
45678
Carbono
Nitrogênio
Figura 11. Regressão linear entre as variáveis nitrogênio total e carbono total obtidas em duas espécies de
Nyctaginaceae, analisadas em conjunto. A linha pontilhada significa a linha de regressão e a
linha contínua é a linha de tendência.
69
A análise dos dados de variação da relação carbono/nitrogênio indica que, em
ambas as espécies, há semelhanças entre os dados de setembro e outubro e diferenças
desses em ralação aos dados dos demais meses amostrados (p<0,001), se consideradas
apenas as folhas jovens de N. theifera em setembro. A relação C/N é menor em
setembro e outubro, aumentando nos meses seguintes (fig. 12).
Foi encontrada ainda, em G. graciliflora, uma diferença marginalmente
significativa entre os dados de junho e os dados de dezembro e fevereiro (p~0,06). Os
dados do mês de junho, em G. graciliflora, também diferiram marginalmente dos dados
de dezembro, fevereiro, abril e junho em relação aos de N. theifera (Fig. 12).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Set Out Dez Fev Abr Jun Set
Relação carbono/nitrogênio
N Guapira
N Neea
N Neea Folhas Velhas
*c
bc
b
b
b
b
b
b b b
a a
a
a
Figura 12. Variação anual da relação carbono/nitrogênio nas folhas de Guapira graciliflora e Neea
theifera no cerrado Pé-de-Gigante. *c – A relação C/N em junho de G. graciliflora, apesar de não
passar no teste de diferença, apresentou p~0,06, portanto muito próximo do limite e por isso foi
considerada como diferente das demais.
Relação temporal entre carbono/nitrogênio e taxa de herbivoria por amostragem
contínua
Para as comparações e análises que utilizaram a variável relação
carbono/nitrogênio de N. theifera, foram levados em consideração apenas os valores das
folhas jovens para o período setembro, já que a herbivoria foi medida apenas neste
grupo de folhas.
70
A construção de modelos lineares com a inclusão de interações entre as variáveis
carbono total/nitrogênio total (C/N) e taxa de herbivoria (%) em relação ao tempo
mostraram que para G. graciliflora (R
2
=0.9888 e p<0.00001) e para N. theifera
(R
2
=0.9206 e p<0.00001) a relação C/N interfere significativamente na herbivoria, de
acordo com os meses estudados. Os dados dos meses de setembro e outubro foram
similares entre si e diferentes dos dados referentes aos meses dezembro, fevereiro e abril
(Tab. 6)
Na comparação entre as espécies, o modelo linear indicou não haver diferenças
significativas quanto à influência da relação carbono/nitrogênio na herbivoria, nos
diferentes meses amostrados, indicando haver semelhança entre as espécies quanto à
interação das variáveis analisadas (R
2
=0,9734 e p<0,00001).
Tabela 6: Relação carbono/nitrogênio e taxa de danos foliares por herbivoria, em duas espécies de
Nyctaginaceae em cerrado sensu stricto.
Guapira graciliflora Neea theifera
Mês amostrado *
Relação
carbono/nitrogê-
nio (C/N)
Média diária de
perda (%)
Relação
carbono/nitrogê-
nio
Média diária de
perda (%)
Setembro a
3,96 2,10 3,67 1,57
Outubro a
3,88 0,58 3,98 0,70
Dezembro b
7,49 0,15 6,91 0,37
Fevereiro b
7,54 0,22 7,33 0,25
Abril b
7,98 0,22 7,46 0,18
* - letra iguais, considerada relação entre C/N e taxa de herbivoria similares; letra diferentes,
considerada a relação entre C/N e taxa de herbivoria diferentes.
A análise conjunta da relação carbono/nitrogênio em relação à taxa de
herbivoria, considerando-se as duas espécies, indicou haver correlação negativa entre as
variáveis (cor= 0,78, fig. 13)
71
0.5 1.0 1.5 2.0
3456789
TaxaHerb
C.N
Figura 13. Regressão linear entre a relação carbono/nitrogênio e as taxas de herbivoria obtidas em duas
espécies de Nyctaginaceae, analisadas em conjunto. A linha pontilhada significa a linha de
regressão e a linha contínua é a linha de tendência.
4.4. Análises de Solo
A análise exploratória gráfica por picotagem das variáveis duas a duas, com o
auxílio do software estatístico R, indicou haver correlação entre diversas variáveis
edáficas (Fig. 13). De maneira geral, os valores referentes às variáveis que representam
a concentração de cátions ou potencial catiônico mostraram-se correlacionadas,
principalmente no período chuvoso. Os dados de quantidade de matéria orgânica
presente nas amostras de solo também apresentou correlação com os dados de
concentração e atividade de cátions, também no período chuvoso (Tab. 7). No período
seco, no entanto, indicou diminuição nos índices de correlação entre as concentrações
da maioria dos cátions quando comparadas duas a duas, ou quando comparada com
matéria orgânica, sendo que a correlação entre as concentrações de fósforo e matéria
orgânica mostrou-se significativamente maior na estação seca.
72
Tabela 7. Correlação de Pearson entre componentes químicos presentes em amostras de solo coletadas
nas estações seca e chuvosa do cerrado Pé-de-Gigante
Componentes Químicos Correlação (Chuvosa) Correlação (Seca) Correlação (Total)
H.Al - Matéria Orgânica 0,887 *** 0.895 *** 0.844 ***
K - Matéria Orgânica 0,467 * 0.541 * 0.373
Ca - Matéria Orgânica 0,462 * 0.373 -0.008
SB - Matéria Orgânica 0,508 * 0.188 0.284
T- Matéria Orgânica 0,915 *** 0.899 *** 0.874 ***
Al – Matéria Orgânica 0,953 *** 0.957 *** 0.954 ***
V – Matéria Orgânica -0.153 -0.683 ** -0.252
P – Matéria Orgânica 0.2374811 0.9577868 0.2173886
Ca - K 0,770 ** -0.226 -0.159
K - SB 0,803 *** -0.195 -0.030
K - Al 0,460 * 0.534 * 0.398
K - V 0,506 * -0.686 ** -0.320
K – P 0.426 * 0.523 * 0.014
K – H.Al 0.301 0.596 * 0.530 *
Ca - SB 0,982 *** 0.690 ** 0.961 ***
Ca - Mg 0,840 *** 0.037 0.877 ***
Ca - V 0,754 ** 0.313 0.830 ***
H.Al - T 0,992 *** 0.999 *** 0.995 ***
H.Al – Al 0,922 *** 0.939 *** 0.888 ***
H.Al - P 0.415 * 0.817 *** 0.1757833
SB - V 0,737 ** 0.255 0.786 **
SB - Al 0,430 * 0.091 0.207
T - V -0,3131139 -0.800 ** -0.497 *
T - Al 0,9383074 *** 0.941 *** 0.912 ***
Ca - SB 0,9818186 *** 0.691 ** 0.961 ***
P – Al 0.328 0.870 *** 0.262
Al - V -0.257 -0.773 ** -0.344
*, **, *** - significância progressiva, com intervalos que correlação cujos valores ficaram entre 4 e 6, *,
entre 6 e 8, ** e acima de 8, ***. Valores abaixo de 4 não receberam marcação.
Para verificar a relação das variáveis químicas presentes no solo com a presença
de Nyctaginaceae foram construídos modelos lineares entre variáveis numéricas e de
classes. Os modelos que relacionaram a presença de Nyctaginaceae em relação às
principais características químicas edáficas, mostraram que existe relação significativa
73
entre os valores que representam matéria orgânica total, alumínio total, H+Al e T (troca
catiônica) com a presença de Nyctaginaceae durante o período chuvoso, sendo que para
o período de seca, esses valores não mostraram variações significativas relacionadas à
presença de Nyctaginaceae (Tab. 8).
Tabela 8. Relação de significância encontrada para análises múltiplas variadas, que levaram em
consideração a presença de Nyctaginaceae, a profundidade das amostras de solo e as
características químicas do solo, de acordo com as estações climáticas.
Variáveis analisadas em
relação à presença das plantas
no local e profundidade do
solo
Resultado da Anova
(Chuvosa)
(p)
Resultado da Anova
(Seca)
(p)
Resultado da Anova
(Total)
(p)
Matéria Orgânica 0.00641 ** 0.177 0.00356 **
Alumínio
0.00496 ** 0.342 0.00835 **
H.+Al
0.00777 ** 0.111 0.0062 **
Troca catiônica
0.00702 ** 0.109 0.00436 **
Fósforo
0.141 0.893 0.125
Potássio
1.000 0.397 0.781
Cálcio
1.000 1.000 1.000
pH
0.121 1.000 0.621
Os asteriscos referem-se à significância estatística e o critério para utilização dos mesmos foi: *** = 0 <p
< 0.001; ** = 0,001< p<0.01; * = 0,01<p<0,05; sem asterisco = p>0,05.
Os valores das concentrações de potássio, cálcio e fósforo e o pH encontrados
nas análises de solo, não mostraram quaisquer variações significativas relacionadas à
presença de Nyctaginaceae, nas estações seca e chuvosa (Tab. 8). As concentrações de
matéria orgânica, Al, H+Al e cátions trocáveis edáficas mostraram-se
significativamente maiores (p<0,05) onde as espécies de Nyctaginaceae foram ausentes,
com relação aos locais onde as mesmas ocorriam (Tabela 9).
74
Tabela 9. Valores de variáveis químicas do solo encontrados no solo do cerrado, em relação à presença de
Nyctaginaceae.
Variáveis Seca Chuva
Nyctaginaceae Presente Ausente Presente Ausente
Profundidade 20cm 40cm 20cm 40cm 20cm 40cm 20cm 40cm
pH 3,77 3,80 3,77 3,87 4,20 4,00 4,10 4,00
Mat. Org.(g/dm
3
) 21,00 16,00 26,00 14,33 18,00 11,67 26,67 17,00
P
(mmol/dm
3
) 5,67 4,33 7,00 4,33 9,67 6,00 11,00 14,00
K
(mmol/dm
3
) 0,57 0,53 0,63 0,53 0,37 0,17 0,37 0,17
Ca
(mmol/dm
3
) 3,00 2,67 3,00 2,33 5,67 3,33 5,67 3,33
Mg
(mmol/dm
3
) 1,00 1,00 1,00 1,00 2,33 1,00 2,33 1,33
H+Al(
mmol/dm
3
) 67,33 62,00 92,33 56,33 44,00 41,00 76,00 54,00
SB(mmol/dm
3
) 4,57 4,87 4,63 3,87 8,37 4,50 8,37 4,83
T(mmol/dm
3
) 71,90 66,20 96,97 60,20 52,37 45,50 84,37 58,83
V (%) 6,33 6,33 5,00 6,67 16,33 10,00 10,33 8,00
S-SO4(mg/dm
3
) 4,67 3,33 5,33 2,67 3,00 2,67 3,00 2,67
Al(mmol/dm
3
) 15,67 13,33 18,00 12,33 13,00 10,33 19,00 13,67
75
f
undid
a
1.0 10 0.1 1.0 4 6 8 10
1.0
1.0
r
esen
ç
pH
3.9
10
M
at..Or
g
P
5
0.1
K
Ca
27
1.0
Mg
H.Al
40
4
SB
T
40
6
V
S
.SO
4
2.0
8
Al
A
rgil
a
60
1.0
10
3.9 5 27 40 40 2.0 60
Limo
Figura 14. Dados de variáveis químicas obtidas em amostras de cerrado na estação chuvosa,
correlacionadas duas a duas. A diagonal principal, no sentido superior esquerda-inferior direita,
representam as variáveis na seguinte ordem: Profundidade, Presença de Nyctaginaceae, pH,
matéria orgânica total, fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, H.Al (cátions totais), bases totais, T
(troca catiônica), V (troca aniônica), sulfatos e alumínio.
76
o
fundid
a
1.0 15 0.40 1.00000 3.5 48 10 22
1.0
1.0
s
tra.M
e
pH
3.70
15
M
at..Or
g
P
47
0.40
K
Ca
2.0
1.00000
Mg
H.Al
60
3.5
SB
T
60
48
V
S.SO4
26
1.0
10 22
3.70 47 2.0 60 60 26
Al
Figura 15. Dados de variáveis químicas obtidas em amostras de cerrado na estação seca, correlacionadas
duas a duas. A diagonal principal, no sentido superior esquerda-inferior direita, representam as variáveis
na seguinte ordem: Profundidade, Presença de Nyctaginaceae, pH, matéria orgânica total, fósforo,
Potássio, Cálcio, Magnésio, H.Al (cátions totais), bases totais, T (troca catiônica), V (troca aniônica),
sulfatos e alumínio.
77
4.5. Análise de Alcalóides
Os testes qualitativos resultaram na formação de preciptado em todos os
reveladores utilizados, Dragendorff, Mayer, Bertrand, ácido tânico, Bouchardat e ácido
fosfomolíbdico, indicando a presença de alcalóides em G. graciliflora e N. theifera.
Os extratos que apresentaram melhores resultados em testes de extração ácido-
base foram os obtidos por extração em H
2
0:MeOH:ácido acético (4:1:gotas), seguido de
extração do mesmo material com H
2
O:MeOH:amônia (4:1:gotas). Cada etapa foi
repetida três vezes, sendo que na extração, foram utilizados uma proporção de 20mL de
solvente por grama de folha seca em cada repetição. O rendimento médio do extrato
bruto foi de 0,120mg por grama de massa seca de folhas de G. graciliflora e 0,140mg
por grama de massa seca de folhas de N. theifera. Todavia, a comparação com os
extratos obtidos segundo o método de Carollo e Lopes (comunicação pessoal), mostrou
haver um número maior de substâncias alcaloídicas nos extratos sugeridos por esses
autores, indicando que alguns alcalóides foram perdidos durante as extrações ácido-
base.
A cromatografia em camada delgada, realizada com amostras obtidas pelas
marchas químicas sugeridas por Harbone (1984) e Costa (1976), com substituição de
ácidos e bases inorgânicos por orgânicos, indicaram que tais substituições diminuem a
formação de precipitados salinos, melhorando a qualidade dos extratos. Quanto à
comparação do aproveitamento entre as marchas, o aproveitamento da metodologia
sugerida por Harbone (1984) foi melhor, com rendimento de 30% mais massa que o
sugerido por Costa (1976).
As amostras obtidas de extratos metanol:água (4:1), submetidas a fracionamento
em coluna Sephadex C-18 e reveladas por iodo platinado, apontaram cinco grupos
distintos como possivelmente alcaloídicos. Todavia, as quantidades isoladas nas
78
separações posteriores, por cromatografia líquida de média e alta eficiência
sucessivamente, mostraram-se insuficientes para análise por ressonância magnética. A
análise por espectometria de massas dessas amostras também foi inconclusiva, devido à
presença de muitos contaminantes de origem inorgânica, que impediram um
detalhamento das mesmas. Dessa maneira, o método de separação por gradientes de
solubilidade e adsorção mostrou-se pouco eficaz para o isolamento e identificação dos
grupos alcaloídicos presentes em N. theifera e G. graciliflora, apesar dos testes em
cromatografia em camada delgada indicarem presença não conclusiva dessas
substâncias.
A análise por espectometria de massas dos extratos obtidos pela separação por
marcha química e variação do pH, sugerido por Harbone (1984), e os extratos obtidos
segundo metodologia sugerida por Carollo & Lopes (dados não publicados), indicam
que alguns alcalóides estão presentes nos extratos obtidos segundo Harbone (1984),
tanto em N. theifera e G. graciliflora, mas que o método de Carollo & Lopes (op cit.)
mostrou-se mais eficiente.
Apesar de não ser possível identificar e confirmar a presença de todas as
diferentes moléculas alcaloídicas, foi possível detectar que um ou mais grupos
alcaloídicos estão presentes em N. theifera e G. graciliflora, sendo que algumas
moléculas são comuns a ambas as espécies. Os espectros de massas indicam que N.
theifera apresenta uma diversidade maior de alcalóides do que G. graciliflora, sendo
que, a separação e detecção por CLAE-UV, sugere quantidades maiores de algumas
dessas moléculas, também em N. theifera. Os extratos obtidos a partir de N. theifera
apresentaram 33 espectros que obedeceram aos preceitos utilizados nesse trabalho,
sendo classificados como alcaloídicos, enquanto G. graciliflora apresentou 10 espectros
com as mesmas características (Anexos 1 e 2).
79
Um grande número de espectros de massa identificados nas amostras das duas
espécies não puderam ser classificados como alcaloídicos, por não obedecerem aos
preceitos. Porém, não foi descartada a possibilidade de alguns desses espectros serem
alcaloídicos, visto que dentro das possíveis fórmulas moleculares calculadas existem
possibilidades de que correspondam a alcalóides.
Apesar de calculadas as possíveis fórmulas para os espectros de massa
encontrados nos extratos de N. theifera e G. graciliflora, não foi possível concluir com
precisão quais são as fórmulas moleculares exatas que representam os picos
encontrados, devido à insuficiência de testes realizados e o tempo necessário para
concluí-los, incompatíveis com os prazos desse estudo.
Todavia, alguns espectros puderam ser propostos devido à semelhança de
fórmulas calculadas por comparação a alcalóides presentes em Nyctaginaceae ou por
possuir única fórmula possível para um respectivo espectro de massas. Foi encontrado
em G. graciliflora e N. theifera espectros cujo [M+H
+
] foi 163,0725, cuja única fórmula
possível calculada foi C
5
H
11
N
2
O
4
, um possível alcalóide derivado do ácido aminado
norvalina, descrito como 5-hidroxi, 5(aminohidroxi), L-norvalina, com número de
registro 7244-84-0 na ferramenta de procura Sci-Finder do Chemical Abstracts (Fig.
16).
CO
2
-
NH
2
N
H
OH
HO
S
Figura 16: Estrutura molecular da 5-hidroxi, 5(aminohidroxi), L-norvalina.
O espectro que indicou [M
+
] de 309,1080, obtido em G. graciliflora, coincide
com os valores de massa encontrados para a Indicaxantina (2,6-ácido
80
piridinadicarboxilico, 4-[2-[(2S)-2-carboxi-1-pirrolidinil]etenil]-2,3-dihidro-, (2S)-),
classificada como uma betalaína pertencente ao grupo das betaxantinas, cuja formula
descrita é C
14
H
17
N
2
O
6
e o número de registro 2181-75-1 na ferramenta Sci-Finder do
Chemical Abstracts (Fig. 17). Em N. theifera foi encontrado espectro semelhante
[M+H
+
] = 309,2173, porém o desvio de 10ppm não foi suficiente para incluir uma
fórmula semelhante à Indicaxantina e, portanto, não foi considerado como coincidente.
CO
2
H
HO
2
C CO
2
H
N
N
S
S
Figura 17: Estrutura da molecular da Indicaxantina (2,6-ácido piridinadicarboxilico, 4-[2-[(2S)-2-carboxi-
1-pirrolidinil]etenil]-2,3-dihidro-, (2S)-)
Também em G. graciliflora, o espectro de massa [M+H
+
] de 548,1253 indicou
fórmula que coincide com betalaínas encontradas em Nyctaginaceae, na espécie
Bogainville glabra, conhecidas como grofeínas (Strack et al., 2003). A fórmula
molecular é C
24
H
24
N
2
O
13
, sendo que há dois isômeros correspondentes a essa fórmula
(Fig. 18A e 18B), com números de registro na ferramenta Sci-Finder do Chemical
Abstracts 71199-29-6 e 24333-18-4 respectivamente.
81
A
CO
2
H
CO
2
H
CO
2
HN
N
HO
O
O
OH
HO
HO
HO
E
SS
R
R
S
S
CO
2
H
CO
2
H
CO
2
-
N
NH
HO
O
O
OH
HO
HO
HO
+
S
R
R
S
S
B
Figura 18. Isômeros de grofeínas: A -2,6-Pyridinedicarboxylic acid, 4-[(1E)-2-[(2S)-2-carboxy-
5-(-D-glucopyranosyloxy)-2,3-dihydro-6-hydroxy-1H-indol-1-yl]ethenyl]-; e B - 1H-
Indolium, 2-carboxy-1-[(2,6-dicarboxy-2,3-dihydro-4(1H)-pyridinylidene)ethylidene]-
5-(-D-glucopyranosyloxy)-2,3-dihydro-6-hydroxy-, inner salt (9CI).
Em N. theifera, o espectro de massa [M+H
+
] = 153,0959 não indicou possíveis
fórmulas moleculares para desvios até 10ppm, porém quando foi aumentado o desvio
para 20ppm, foi calculada a fórmula C
8
H
11
NO
2
, que indica fórmula molecular
coincidente com a da dopamina (Fig. 19). A dopamina não é descrita em Nyctaginaceae,
porém sua estrutura e precursores coincidem com partes da estrutura e precursores de
betalaínas.
HO
HO
NH2
Figura 19. Estrutura molecular da dopamina.
82
Considerando o desvio máximo de 10ppm, alguns espectros de massa indicaram
haver uma única fórmula molecular que os representasse. Todavia, essas fórmulas
moleculares indicam diversas conformações estruturais, que resultariam em diferentes
moléculas. Como não foram encontradas informações na literatura que as ligassem à
presença ou biossíntese dos alcalóides de Nyctaginaceae, esses epectros não foram
detalhados, porém constam destacados nos anexos 1 e 2. Pretende-se dar continuidade
às analises dos alcalóides futuramente.
4.6. Comunidade de Arthropoda
Padrão das comunidades
A triagem dos insetos coletados resultou na identificação de 216 morfo-espécies
de Arthropoda, pertencentes a pelo menos 198 espécies, inseridas em 11 ordens de duas
classes. As principais ordens pertencentes à classe Insecta foram Hymenoptera,
Hemiptera, Thysanoptera, Coleoptera, Psocoptera e Lepdoptera, sendo ainda que a
classe Aracnidae, foi representada principalmente pela ordem Aranae (Tab. 10 e 11)
Tabela 10. Arthropoda encontrados em G. graciliflora, ocorrentes na gleba de cerrado Pé-de-Gigante,
Parque Estadual Vassununga – SP.
Classe Ordem Sub ordem Super família Família
Sub
família
Gênero
No. de
morfo-
espécies
Aracnidae Acarinae
ND*
3
Aranae
Anyphaenidae
2
Mimetidae
1
Salticidae
4
Sparassidae
1
Thomisidae
1
ND
13
Insecta Coleoptera
Cerambycidae Lamiinae
1
Cerambycidae
2
Chrysonelidae Cassidinae
1
Chrysonelidae
3
Cincidelidae
1
Coccinelidae
2
Colydiidae
1
Curculionidae Curculioninae
5
83
Curculionidae Otiorhynchinae
1
Curculionidae
1
Elateridae
2
Scarabeidae Cassidinae
1
Scarabeidae
1
Staphylinidae
1
ND
5
Insecta Desconhecido
ND
1
Insecta Diptera
ND
2
Insecta Hemiptera Heteroptera
Coreidae
1
Reduviidae
2
Sculenteridae
5
Tingidae Corythuca sp.
1
Psycillidae
1
Aleyrodidae
1
Aphididae
5
Cicadidae
4
Cicadidae
2
Coccidae
4
Membracidae
7
Phylloxeridae
1
Pseudococcidae
2
Phylloxeridae
1
ND
1
Insecta Hymenoptera Chalcidoidae
Mymaridae
2
Chalcidoidae
Pteromalidae
1
Ichnemonoidea
Braconidae
1
Ichnemonoidea
Trichogrammatidae
1
Platygrastroidea
Platygastridae
2
Vespoidea
Formicidae Formicinae
1
Vespoidea
Formicidae Formicinae
1
Vespoidea
Formicidae Myrmicinae
2
Vespoidea
Formicidae Ponerinae
1
Vespoidea
Formicidae
2
Vespoidea
Formicidae
9
Lepdoptera Gemetroidea
Geometridae
1
Piraloidea
Piralidae
3
Psocoptera
ND
8
Strepstera
1
Thysanoptera
ND
7
* - ND – Não determinada
Tabela 11. Arthropoda encontrados em N. theifera ocorrentes, na gleba de cerrado Pé-de-Gigante, Parque
Estadual Vassununga – SP.
Classe Ordem Sub ordem Super Família Família
Sub
Família
Gênero
No. de
morfo-
espécies
Aracnidae Acarinae 3
Aranae
Anyphaenidae
2
Mimetidae
1
ND*
16
Salticidae
3
Thomisidae
1
84
Chrysonelidae Cassidi-
nae
2 Insecta Coleoptera
Cleridae
1
Coccinelidae
1
Curculionidae Curculi-
oninae
2
Elateridae
2
Scarabeidae Cassidi-
nae
1
Scarabeidae ND
1
Staphylinidae
1
ND
3
Desconhe-
cido
ND
2
Diptera
ND
1
Hemiptera Heteroptera
Coreidae
1
Corixidae
1
Pentatomidade
1
Reduviidae
2
Rhopalidae
1
Sculenteridae
3
Tingidae
Corythuca sp.
2
Tingidae
1
Homoptera
Aleyrodidae
1
Aphididae
4
Cicadelidae
8
Cicadidae
3
Coccidae
4
Derbiidae
1
Membracidae
11
Phylloxeridae
2
ND
1
Hymenop-
tera
Chalcidoidae
Eulophidae
1
Pteromalidae
1
Torymidae
1
Ichnemonoidea
Braconidae
2
Icneumonidae
1
Trichogrammatidae
1
Platygrastroidea
Platygastridae
3
Vespoidea
Formicidae Formici-
nae
1
Formicidae Myrmi-
cinae
2
Formicidae
Zacriptocerus sp.
2
Formicidae
3
Lepdoptera Piraloidea
Piralidae
2
Crambidae
Psara obscuralis
1
ND
2
Mecoptera
ND
1
Orthoptera
ND
5
Psocoptera
ND
4
Thysanopte
ra
ND
4
*ND – Não determinada
85
A análise conjunta da comunidade por soma dos IFO das morfo-espécie em cada
mês, indicou padrão log-normal, de maneira que algumas poucas morfo-espécies são
muito freqüentes e uma grande quantidade de morfo-espécies ocorrem com baixa
freqüência (Fig. 20, 21, 22 e 23). A comparação entre as espécies indica que a morfo-
espécie dominante em G. graciliflora apresentou IFO destacadamente maior do que em
N. theifera, sendo que o restante da comunidade apresentou valores similares.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1 112131415161718191101111121131141151
Morfo-escies de Arthropoda
IFO
Figura 20. Índice de Freqüência de Ocorrência (IFO) das morfo-espécies de Arthropoda que constituem a
comunidade presente em Guapira graciliflora.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1 4 7 1013161922252831343740434649
Morfo-escies de Arthropdas mais frequentes
IFO
Figura 21. Índice de Freqüência de Ocorrência (IFO) das 50 morfo-espécies de Arthropoda mais
freqüentes que constituem a comunidade presente em Guapira graciliflora.
86
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1 9 17 25 33 41 49 57 65 73 81 89 97 105 113 121
Morfo-escies de Arthropoda
IFO
Figura 22. Índice de Freqüência de Ocorrência (IFO) das morfo-espécies de Arthropoda que constituem a
comunidade presente em Neea theifera.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1 4 7 1013161922252831343740434649
Morfo-escies de Arthropda mais frequentes
IFO
Figura 23. Índice de Freqüência de Ocorrência (IFO) das 50 morfo-espécies de Arthropoda mais
freqüentes que constituem a comunidade presente em Neea theifera
O índice de similaridade de Jaccard calculado para as morfo-espécies de
artrópodes ocorrentes em N. theifera e G. graciliflora foi 0,275, indicando que
aproximadamente metade das morfo-espécies de artrópodes ocorrentes em cada planta,
ocorrem em ambas.
As morfo-espécies com maiores IFO, também são comuns em ambas as plantas,
apesar de variações quanto aos valores dos IFO em cada uma das Nyctaginaceae (Tab.
87
12). Apesar da morfo-espécie mais freqüentes em ambas as espécie possuir hábito
herbívoros, outras morfo-espécies possuidoras de outros hábitos, principalmente
predadoras, foram encontradas em altas freqüências. Muitas morfo-espécies
apresentaram valores de IFO pouco representativos, de maneira que a soma dos IFO de
136 morfo-espécies em G. graciliflora e 113 em N. theifera representaram cerca de
37,4% e 38,6% dos respectivos IFO totais, ficando aproximadamente 65% dos IFO
concentrados nas 10 morfo-espécies mais freqüentes.
Tabela 12. Relação das morfo-espécies de Arthropoda mais importantes e seus respectivos hábitos
alimentares, encontradas em G. graciliflora e N. theifera ocorrentes no cerrado.
G. graciliflora N. Theifera
Morfo-espécie Hábito Soma IFO Morfo-espécie Hábito Soma IFO
Corythuca sp1 Herbívoro 2,78 Corythuca sp1 Herbívoro 1,27
Anyphaenidae sp1 Predador 1,18 Anyphaenidae sp1 Predador 0,97
Psara sp1 Herbívoro 0,67 Psara sp1 Herbívoro 0,63
Thysanoptera sp3 Detritívoro 0,53 Aranae sp1 Predador 0,54
Aphididae sp1 Herbívoro 0,51 Torymidae sp1 Herbívoro 0,32
Sparacidae sp3 Predador 0,43 Sculenteridae sp1 Herbívoro 0,30
Pteromalidae sp1 Predador 0,41 Thysanoptera sp2 Detritívoro 0,27
Salticidae sp1 Predador 0,35 Curculioninae sp1 Herbívoro 0,22
Zacripocerus sp1 Forrageador 0,34 Zacripocerus sp1 Forrageador 0,21
Membracidae sp1 Herbívoro 0,29 Membracidae sp1 Herbívoro 0,14
Cicadelidade sp1 Herbívoro 0,28 Aphidae sp1 Herbívoro 0,13
Zacripocerus sp2 Forrageador 0,28 Cicadidae sp1 Herbívoro 0,13
Formicidae sp6 Forrageador 0,23 Acarinae sp1 Visitante 0,13
Membracidae sp2 Herbívoro 0,23 Membracidae sp3 Herbívro 0,12
Formicidae sp2 Forrageador 0,20 Aranae sp4 Predador 0,11
Soma das 136 morfo-espécies restantes 5,21 Soma das 113 morfo-espécies restantes 3,45
* IFO: Índice de freqüência de ocorrência - estimado pela média de freqüência de ocorrência em cada
coleta. A soma de IFO indica a soma dos índices encontrados em cada período.
Quanto à distribuição temporal da comunidade, os valores de IFO das principais
morfo-espécies apresentaram flutuações nos diferentes meses amostrados, porém
comunidade manteve sempre o padrão geral de distribuição da freqüência em log-
normal, com poucas espécies muito freqüentes e muitas espécies com baixas
88
freqüências (Fig. 24 e 25). Em G. graciliflora, as 10 morfo-espécies com maiores
valores de IFO no quadro geral tiveram menores ocorrências no mês de setembro,
enquanto que em N. theifera, apesar de algumas morfo-espécies também apresentarem
baixa posição em setembro, houve algumas exceções (Tabela 13).
Tabela 13. Ranqueamento das dez morfo-espécies mais freqüentes de Arthropoda em Guapira graciliflora
e Neea theifera nos diferentes meses amostrados.
Ranqueamento
Nyctagi-
naceae
Arthropoda
Ge-
ral
Abr/
06
Jun/
06
Set/
06
Out/
06
Dez/
06
Fev/
06
Abr/
07
Out/
07
Corythuca sp1
1º. 2º. 3º. 6º. 1º. 2º. 1º. 2º. 1º.
Anyphaenidae sp1
2º. 1º. 11º. no no 1º. 8º. 9º. 11º.
Psara sp1
3º. 8º. 40º. no no 17º. 2º. 7º. no
Thysanoptera sp3
4º. no 1º. no no 6º. no no no
Aphididae sp1
5º. 8º. no no no 4º. 25º. 1º. no
Sparacidae sp3
6º. 6º. 12º. no 7º. no no 20º. 10º.
Pteromalidae sp1
7º. 27º. no 36º. no 28
o
. no 14º. no
Salticidae sp1
8º. 4º. 2º. no 21º. 7º. no no 10º.
Zacripocerus sp1
9º. 9º. 7º. no no no no 6º. 5º.
Guapira
graciliflora
Membracidae sp1
10º. 30º. no no no 24º. 24º. 5º. no
Corythuca sp1
1º. 1º. 3º. no 1º. 2º. 2º. 4º. 2º.º.
Anyphaenidae sp1
2º. 5º. 1º. 1º. no 1º. 3º. 3º. no
Psara sp1
3º. 9º. 12º. no 6º. no 1º. 1º. 12º.
Aranae sp1
4º. 2º. 4º. no 3º. 6º. 11º. no 7º.
Torymidae sp1
5º. 6º. no 3º. no no 4º. 5º. 1º.
Sculenteridae sp1
6º. 17º. no no 8º.º. 7º. 15º. 9º. no
Thysanoptera sp2
7º. 3º. 2º. no no no no 8º. 8º.
Curculioninae sp1
8º. 20º. no 13º. 19º. no 5º. no no
Zacripocerus sp1
9º. no 15º. no 12º. 15º. 12º. 7º. 10º.
Neea
theifera
Membracidae sp1
10º. no 5º. 9º. no 3º. 7º. 10º. no
no – Não ocorreu durante o período
89
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49
Morfo-espécies de Arthropda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
123456789101112
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
12345678910111213141516
Morfo-escies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
1 3 5 7 9 1113151719212325272931
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
1 4 7 101316192225283134
Morfo espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
12345678910111213141516
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1 3 5 7 9 111315171921232527293133
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
Abril/06 Junho/06 Setembro/06
Outubro/06 Dezembro/06 Fevereiro/07
Abril/07 Outubro/07
Figura 24. Padrão de freqüência de ocorrências de espécies de insetos e aranhas encontradas em Guapira
graciliflora em diferentes períodos. O eixo y representa o quadrado do Índice de Freqüência de
Ocorrência e o eixo x representa as diferentes morfo-espécies encontradas.
90
0
0,1
0,2
0,3
0,4
123456789101112131415161718
Morfo-espécies de Arthropoda
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1357911131517192123252729313335
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
13 5 7 9 11131517192123
Morfo-espécies de Arthropoda
IF
O
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1 4 7101316192225
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1 3 5 7 9 1113151719212 2 2 2 31
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1 3 5 7 9 1113151719
Morfo-espécies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1 5 9 131721252933
Morfo-escies de Arthropoda
IFO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1234567891011121314
Espécies de Arthropoda
IFO
Abril/06 Junho/06 Setembro/06
Outubro/06 Dezembro/06 Fevereiro/07
Abril/07 Outubro/07
Figura 25. Padrão de freqüência de ocorrências de espécies de insetos e aranhas encontradas em Neea theifera
em diferentes períodos. O eixo y representa o quadrado do Índice de Freqüência de Ocorrência e o
eixo x representa as diferentes morfo-espécies encontradas.
Foi construído modelo linear com transformação por “log
10
” (R
2
=1, p<0,00001),
para investigação sobre possíveis diferenças de IFO das morfo-espécies ocorrentes em
91
G. graciliflora, agrupadas em classes alimentares, nos diferentes meses amostrados. Os
resultados do teste indicam que existem interações significativas entre os IFO das
classes alimentares “herbívoros” e “predadores” em relação aos meses amostrados,
sendo que apenas os dados do mês de setembro indicaram que a interação não ocorre
como nos demais meses. O teste também indicou que a classe “outros hábitos”, não
interage com as demais classes alimentares (26A e 26B).
O modelo linear generalizado construído para dados com distribuição quasi
Poisson (desvio de resíduos=0,765 e 179 graus de liberdade), para determinar a relação
entre os valores de IFO de acordo com as classes alimentares e os meses, indicou que há
interação entre as classes herbívoros e predadores em todos os meses amostrados (Fig
27A e 27B).
Quanto à comparação na interação dos hábitos “herbívoros” e “predadores”
relacionada às espécies estudadas, foi detectada diferença significativa relacionadas ao
mês de setembro, quando ambas os hábitos foram relativamente maiores em N. theifera
(Fig 26A e 27A).
Em ambas as espécies o mês de fevereiro apresentou os maiores valores de IFO
para herbívoros e o mês de dezembro indicou haverem IFO mais representativos para
predadores do que para herbívoros (Fig. 26B e 27B). Quanto à classe “outros hábitos”,
em ambas as espécies observou-se que os maiores valores são registrados nos meses de
junho e outubro, sendo que em G. graciliflora, os valores do mês de setembro tamm
foram relativamente altos em comparação aos demais meses. Esses períodos estão
relacionados à floração (setembro e outubro) e senescência (junho).
92
A
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
abr/06
m
ai
/
06
j
un/
06
jul
/
06
ago/
06
set
/
06
out
/
06
nov/06
dez/06
j
an/
07
fe
v/
07
mar/07
abr
/
07
Soma das IF
O
Herbívoros Predadores Outros hábitos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ab
r/
0
6
mai/
0
6
jun/06
jul/
0
6
ago
/
06
s
et
/06
o
ut
/
06
nov/0
6
dez
/
06
jan/07
f
e
v/07
mar/07
a
b
r/
0
7
% do total das IF
O
Herbívoros Predadores Outros hábitos
B
Figura 26. A -Soma das IFO das morfo-espécies ocorrentes em Guapira graciliflora, agrupadas de
acordo com o hábito alimentar. B – Porcentagem do IFO total relativo a herbívoros e a
predadores.
93
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
abr/06
mai/0
6
ju
n/
0
6
ju
l/0
6
ag
o
/06
se
t
/06
o
u
t/0
6
n
o
v/
06
dez/0
6
ja
n
/0
7
fev/07
mar/07
a
b
r/0
7
Soma das IF
O
Herbívoros Predadores Outros hábtios
A
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07
% do total das IFO
Herbívoros Predadores Outros hábtios
B
Figura 27. Soma das IFO das morfo-espécies ocorrentes em Neea theifera, agrupadas de acordo com o
hábito alimentar. B – Porcentagem do IFO total relativo a herbívoros e a predadores.
A análise conjunta de todos os períodos indicou que as três principais morfo-
espécies ocorrentes em G. graciliflora e N.theifera são coincidentes.
A morfo-espécie mais freqüente é um inseto pertencente à ordem Hemíptera,
família Tingidae, cuja soma da ocorrência média (OM) atingiu em G. graciliflora 4,4 e
o de IFO=2,78. Em N. theifera a morfo-espécie atingiu soma de OM=2,78 e soma de
94
IFO=1,27. Quando presente, a morfo-espécie apresentou grande abundância, sendo que
até 106 indivíduos puderam ser encontrados em uma única amostra de G. graciliflora e
nunca foram encontrados menos do que 8 indivíduos em uma única amostra. Através de
chaves de determinação para espécies causadoras de danos na América do Norte, aliado
a análise de imagens de espécies pertencentes à família Tingidae, acredita-se que a
espécie em questão pertença ao gênero Corythuca sp, porém essa informação não pôde
ser confirmada (Fig. 28).
A
B
Figura 28. Hemiptera da família Tingidae, herbívoro mais freqüente encontrado nas espécies de
Nyctaginaceae Guapira graciliflora e Neea theifera ocorrentes na gleba de cerrado Pé-de-
Gigante, Parque Estadual Vassununga – SP. A – vista ventral e B – vista dorsal.
De fato, as observações realizadas em campo a as análises de imagens das folhas
reforçam o indício de que essa morfo-espécie de Tingidae é o principal herbívoro que
ataca G. graciliflora e N. theifera, já que o padrão de danos foliares causados pelos
Tingidae é muito característico (Fig. 29 e 30).
Em geral os Tingidae sugam líquidos dos tecidos foliares, causando uma área de
dano muito maior do que o diâmetro de seu aparelho bucal, sendo que a bibliografia cita
que dependendo da intensidade do ataque, as folhas tendem a secar completamente e
cair. Além do dano direto causado pelo inseto, aparentemente existe um segundo tipo de
95
dano, muito provavelmente por infecção de algum patógeno oportunista ou até mesmo
transmitido pelo próprio inseto.
A
B
C
Figura 29. Imagens de danos em folhas causado pelo ataque de representantes da família Tingidae,
utilizados para a confirmação da herbivoria desse grupo de insetos no presente estudo. A, B e C
pertencem a diferentes espécies cultivadas na América do Norte, sendo que cada uma é atacada
por uma diferente espécie de Tingidae. (As imagens foram obtidas no site Statewide Project,
Universidade da Califórnia, 2000).
Figura 30. Imagem de folhas de Guapira graciliflora. A, B e C representam folhas com diferentes níveis
de danos atacadas por Tingidae e D – folha pouco atacada ou não contaminada.
96
Inicialmente, algumas morfo-espécies encontradas foram consideradas
pertencentes à mesma espécie. Porém, a consulta aos arquivos da do Satewide Project
(Universidade da Califórnia) mostrou que as diferentes formas tratavam-se de estágios
de desenvolvimento distintos da mesma espécie de Corythuca sp., o que permitir
evidenciar quais são as fases do ciclo de vida do inseto, bem como que esse ciclo
completa-se na própria planta (Fig. 31).
A B
Figura 31. A representa o ciclo de vida geral de Tingidae. B representa morfo-espécies
encontradas em N. theifera e G. graciliflora, possivelmente representantes de diferentes fases
ontogenéticas de Corythuca sp.
A segunda morfo-espécie mais abundante é um representante da classe
Aracnidae, ordem Aranae, família Anyphaenidae, com SFM=2,14 e soma de IFO=1,18
em G. graciliflora e em N. theifera SFM=2,42 e soma de IFO=0,97, sendo que a maior
quantidade de indivíduos encontrados em uma única planta foi 5 indivíduos em N.
theifera.
Outra espécie que apresentou importância significativa foi a espécie de
Lepdoptera, Psara obscuralis (Lederer, 1863) (Crambidae) (Fig. 32). As lagartas foram
a morfo-espécie mais freqüente nos períodos fevereiro e abril, sendo que no quadro
geral foi a terceira morfo-espécie mais freqüente. Quando presentes, as lagartas foram
encontradas em brotos isolados, porém abundantes na planta, sendo que até 11 lagartas
foram encontradas em uma única planta coletada.
97
A
B
Figura 32. A e B - Psara obscuralis (Lederer, 1863) (Crambidae), terceira morfo-espécie mais abundante
encontrada em Neea theifera e Guapira graciliflora ocorrentes na gleba de cerrado Pé-de-
Gigante. O adulto emergiu a partir de lagartas coletadas em N. theifera.
Em N. theifera, uma quarta morfo-espécie mostrou-se importante em ao menos
um dos períodos. Trata-se de um inseto herbívoro galhador, representante da ordem
Hymenoptera, família Torymidae (Fig. 33) de gênero não identificado. Sua ocorrência
mais freqüente foi detectada em fevereiro, onde a espécie mostrou-se presente em pelo
menos 50% das amostras. Em geral, quando completamente infestadas as folhas
possuíam inúmeras câmaras contendo uma ou duas larvas cada uma, totalizando às
vezes 40 larvas ou mais na folha. Folhas com nível de infestação menos agudo, foram
encontradas de 10 a 20 larvas por folha.
Em G. graciliflora foi ainda registrado uma morfo-espécie de Aphididae, cujo
IFO=0,54 pode ser considerado alto para os padrões gerais encontrados para a
comunidade de Arthropoda da planta. Porém problemas relacionados à conservação do
material e dificuldade de determinação dos insetos levaram à decisão de agrupar
diferentes tipos em uma única morfo-espécie. Portanto a morfo-espécie Aphididae sp1
não é relatada em detalhes, pois muito provavelmente trata-se de um agrupamento de
possíveis espécies diferentes cuja separação e determinação adequadas não foram
possíveis.
98
A
B
C
D
Figura 33. Hymenoptera galhador de Neea theifera, família Torymidae. A - fêmea em aumento; B –
Macho menor e fêmea maior; C – corte transversal de folha com câmara contendo larva
galhadora; D – pupa e diversos ínstares larvais encontrados no interior das câmaras.
4.7. Comparação entre teores de água e resistência mecânica de folhas jovens e maduras
A comparação dos dados de esclerofilia entre folhas jovens e maduras, através
da medida de resistência á penetrância, indicou por teste-t para variâncias equivalentes
que ambas as espécies apresentam diferenças significativas entre a resistência de folhas
jovens e adultas, p<0,000001. Em G. graciliflora, as folhas maduras apresentaram em
média 7,2 vezes mais resistência do que as folhas jovens, enquanto as folhas maduras de
N. theifera apresentaram em média 4,55 vezes mais resistências dos que as folhas
jovens.
99
Quanto à porcentagem de água foliar indicou que a espécie G. graciliflora
apresenta em média 76,8% de água em seus tecidos foliares jovens, caindo para
aproximadamente 60,8% quando maduros. N. theifera apresentou valores médios para
porcentagem de água total nos tecidos foliares jovens de 82,83%, caindo para
aproximadamente 74,1% quando maduros.
A comparação entre espécies indicou que existem diferenças significativas
(p<0,001) entre os dados de resistência mecânica das folhas de N. theifera e G.
graciliflora, tanto para folhas jovens quanto para adultas, sendo que G. graciliflora
apresentou maior resistência mecânica em ambos os estágios foliares. Quanto a
porcentagem de água, foram encontradas diferenças entre os dados de ambas as
espécies, também nos estágios foliares jovem e maduras, apesar de as diferenças serem
menores (p<0,05) (Tab. 14).
Tabela 14. Porcentagem de água e resistência mecânica foliares de duas espécies de Nyctaginaceae do
cerrado.
Guapira graciliflora Neea theifera
Folhas jovens Folhas maduras Folhas jovens Folhas maduras
Porcentagem de água
nas folias
76,8% 60,8% 82,83% 74,1%
Resistência mecânica
(mm•Hg)
12,6 ± 5 91,5 ± 7 6,6 ± 5 30,6 ± 8
5. Discussão
Danos foliares e metodologia
A comparação entre os dados de herbivoria coletados por amostragem discreta e
por acompanhamento contínuo apresentou diferenças entre os valores observados em
quase todos os períodos, bem como na herbivoria acumulada total. As diferenças
encontradas entre a análise de herbivoria segundo diferentes métodos, indicam haver
100
influência significativa relacionada aos problemas metodológicos da análise discreta,
maiores do que as previstas por Dirzo (1987) e Dominguez & Dirzo (1994), pois vão
além da subestimação da herbivoria por não permitir detectar de fato as nuanças da
herbivoria temporal.
Uma possível causa para as diferenças nos valores da herbivoria, poderia estar
relacionada à falha do pesquisador, que poderia ter super-estimado os valores de
herbivoria obtidos pela estimativa visual, uma vez que se trata de método subjetivo,
passível de erro humano. Porém, o teste de estimativa visual realizado com imagens de
folhas escaneadas, as quais também foram submetidas à análise por software, não
indicou haver diferenças estatisticamente significativas, mostrando que o treinamento
prévio foi suficiente para minimizar possíveis erros humanos, descartando a
possibilidade de erro por subjetividade dos dados.
Outra possível causa metodológica para tais diferenças poderia ser relacionada à
forma de coleta dos dados. Nos métodos de coleta de dados de herbivoria, em geral,
utilizam-se apenas de amostras de folhas coletadas nas árvores, ou seja, ainda presas aos
ramos (Oki, 2005; Dirzo e Dominguéz, 1995; Martins et al., 2007) e, dessa maneira,
desconsideram-se as folhas que se desprenderam da planta. Martins et al. (2007)
analisaram a herbivoria em espécies de manguezal localizadas em diferentes áreas,
através de amostragem discreta de vinte folhas por planta e afirmaram não terem
encontrado diferenças significativas na herbivoria sofrida nos diferentes locais, devido a
ineficácia do método utilizado, já que as observações indicavam haver diferenças na
herbivoria nos diferentes locais amostrados.
Por outro lado, o acompanhamento contínuo da herbivoria utilizado no presente
estudo, por marcação de brotos e amostragem total dos mesmos, permitiu uma melhor
medida da herbivoria, tanto das folhas presentes como das já perdidas por completo,
101
tornando os valores de herbivoria contabilizados maiores do que os valores obtidos
comumente por amostragem discreta.
Altos valores de herbivoria e tipos de danos
Os valores totais de herbivoria, encontrados para as espécies de Nyctaginaceae
estudadas, podem ser considerados altos quando comparados com dados apresentados
por diversos autores para outras espécies (Barosela, 1999; Oki, 2005; Barosela et al.
2006; Varanda et al. 2006).
Em parte, esses valores considerados altos podem ser explicados pela
metodologia aplicada, que levou em consideração as folhas totalmente perdidas e que já
foi discutida no item anterior. Porém, o tipo de herbivoria e o principal herbívoro
responsável por ela consistem em aspectos relevantes, dentro do conjunto de fatores que
explicam os altos valores de herbivoria encontrados.
Os danos foliares provocados pelas espécies pertencentes à família Tingidae são
comumente citados como causadores de danos secundários. Por ser Corythuca sp.,
representante da família Tingidae, o herbívoro mais freqüente encontrado em G.
graciliflora e N. theifera, os danos indiretos podem ter contribuído para a queda das
folhas, aumentando os valores encontrados para herbivoria total.
A literatura atribui a muitas espécies sugadoras a transmissão de agentes
provocadores de infecções viroses causadoras de danos, muitas vezes maior do que os
advindos da herbivoria propriamente dita. Insetos sugadores também causam danos
secundários pela injeção de enzimas digestiva nos tecidos foliares, secretadas pelo
aparelho bucal, que digerirem e facilitam a ingestão dos líquidos foliares. Garcia-
Guzman & Dirzo (2001), estudando o efeito de patógenos associados à herbivoria em
espécies tropicais, encontraram dados de 16% para os danos proporcionados apenas por
102
herbívoros isoladamente. Considerando patógenos isoladamente, encontraram danos de
1,4%. Quando as plantas foram expostas a patógenos e herbívoros conjuntamente, os
danos aumentaram em média para 43%. Garcia-Guzman & Dirzo (2001) confirmam a
influência da associação entre patógenos e herbívoros nas taxas de herbivoria, frisando
que nesses casos, os danos foliares podem ser muito potencializados.
Alguns representantes da família Tingidae são transmissores de vírus causadores
de danos foliares severos em espécies cultivadas (
http://www.inra.fr/, 2007). A literatura
cita ainda que o resultado comum de ataques massivos de espécies representantes de
Tingidae é a queda total das folhas atacadas (University of
Califórnia - PCA Exam
Helper: Pest Identification, 2007
).
A análise comparativa dos danos sofridos pelas espécies estudadas e as imagens
encontradas na literatura, evidenciam uma forte semelhança entre os tipos de danos
causados pelos Tingidae encontrados nas espécies cultivadas e os encontrados nas
espécies de Nyctaginaceae estudadas. A semelhança foi mais marcante para a espécie G.
graciliflora , na qual Corythuca sp. foi também mais freqüente.
Portanto, os resultados encontrados corroboram o conjunto de informações
levantadas na literatura (
http://www.inra.fr/, 2007; University of Califórnia - PCA
Exam Helper: Pest Identification, 2007
; Garcia-Guzman & Dirzo, 2001), confirmando
ser o representante da família Tingidae, possivelmente Corythuca sp., o maior
responsável pela herbivoria em G. graciliflora e N. theifera. Existem também indícios
suficientes para afirmar que a espécie herbívora é também responsável em parte, pelas
altas taxas de herbivoria encontradas em ambas as espécies estudadas.
Além do tipo de herbivoria sofrida, as espécies de Nyctaginaceae de cerrado
estudadas apresentam uma característica peculiar, o escurecimento dos tecidos foliares
quando danificadas. A literatura comumente relaciona esse fenômeno à oxidação de
103
substâncias presentes nos tecidos que, quando expostas à ação de enzimas ou ao próprio
ar, mudam suas características químicas e ou físicas (Leninger et al., 2006; Mann, 1987;
Raven, 1996). A oxidação de determinadas substâncias presentes nas células pode gerar
desequilíbrio químico e fisiológico nos tecidos foliares, danificando secundariamente os
tecidos e contribuindo para a potencialização dos danos causados pelos herbívoros.
As análises de imagens escaneadas e as observações de campo e laboratório
indicam que determinados tipos de dano influenciam diferentemente a resposta dos
tecidos foliares das espécies de Nyctaginaceae estudadas. Danos causados por aparelhos
bucais cortadores e raspadores, como de lagartas, tendem a ter uma ação muito mais
local, sem grandes danos secundários (Fig. 34 A e B). Já os sugadores, apesar do dano
direto de seu aparelho bucal ser muito menor, provoca danos secundários posteriores ao
ataque, gerando oxidação e morte de uma área consideravelmente grande dos tecidos
foliares e, por vezes, danifica a folha toda (Fig. 34 A e C).
Os danos causados pelas espécies galhadoras tornaram as folhas infestadas
deformadas, porém com o aspecto de folhas jovens. No entanto, as folhas sem galhas
apresentavam-se com aspecto comum ao das folhas maduras. Após a abertura das
câmaras, as folhas infectadas ganhavam o aspecto de maduras, sendo que a região da
câmara secava por completo. O dano causado após a abertura das galhas limitou-se ao
local de ocorrência das câmaras, sendo que, na maioria das vezes, a folha continuava
viva (Fig. 34 D) e apenas em casos de alta infestação é que as folhas vinham a cair após
a abertura das câmaras.
104
A
B
C
D
Figura 34. Efeitos de diferentes tipos de herbivoria sobre espécies de Nyctaginaceae estudadas. A - em
Guapira. graciliflora, à esquerda dano causado por herbívoro raspador e a direita por sugador.
B – efeito secundário da herbivoria recente de sugador em Neea theifera. C – herbivoria
realizada por raspadores e mastigadores em Guapira graciliflora. D – Galhador e câmara em
Neea theifera.
Blundell & Peart (2000) estudaram o efeito da herbivoria induzida e da
herbivoria natural no aumento da queda total das folhas danificadas e encontraram que a
herbivoria induzida não aumentou a queda das folhas, de maneira que as mesmas
recuperaram-se após o dano. Porém, a herbivoria provocada pelo ataque maciço dos
herbívoros naturais da planta foi positivamente relacionada à queda de folhas,
mostrando que outros fatores, além do dano direto, estão envolvidos na resposta das
plantas.
105
Dessa maneira, as altas taxas de herbivoria encontradas e os herbívoros que as
provocam corroboram as afirmações feitas por Blundell & Peart (2000), sobre as
diferentes respostas da planta ao tipo de dano provocado pelos herbívoros.
Fenologia, herbivoria, Arthropoda e estratégias de defesa
Para todos os parâmetros analisados foram encontradas diferenças relacionadas à
fenologia, principalmente aquelas entre folhas jovens e maduras. No mês de setembro
os valores das variáveis analisadas, em relação aos valores de outros meses,
apresentaram as maiores diferenças. Nesse período ocorre o início do brotamento foliar
nas duas espécies de Nyctaginaceae estudadas.
O parâmetro fenológico mostrou-se, portanto, adequado ao estudo das relações
ecológicas de herbivoria em G. graciliflora e N. theifera, como já bastante destacado
por outros autores (Mattson, 1980; Sarges & Coley, 1995; Kursar & Coley, 1991;
Bowers & Stamp, 1993; Adler et al., 2001; Brennes-Arguedas et al. 2006,).
As folhas jovens apresentaram maior porcentagem de água, baixa resistência
mecânica e menor relação carbono/nitrogênio, características que lhes atribuem alto
valor nutritivo. As maiores taxas de herbivoria foram observadas também no período de
brotamento, decrescendo durante a expansão e praticamente se estabilizando no estágio
de maduras.
As espécies de Nyctaginaceae mostraram-se portadoras de alcalóides, defesas
químicas consideradas eficazes pela literatura. Mattson (1980) relata que, no período de
brotamento, é comum haver nas folhas uma concentração relativamente alta de alguns
compostos secundários, porém Rozenthal & Janzen (1979) afirmam que o padrão mais
comum para alcalóides, é o aumento da concentração com a expansão foliar e
diminuição com a senescência.
106
As folhas jovens, encontradas no período de brotamento, mostraram-se 10 a 15
vezes menores do que as folhas maduras. Foi encontrada forte correlação entre área
relativa e área absoluta perdidas por herbivoria, sendo maiores no período de
brotamento e decrescendo com o amadurecimento das folhas.
Dessa maneira, os resultados indicam que o tamanho das folhas e o crescimento
das mesmas, não puderam explicar as variações nas taxas de herbivoria. As mudanças
nas características físicas e químicas das folhas, tais como a relação carbono/nitrogênio,
teores de água e resistência mecânica constituíram as variáveis influenciadoras da
herbivoria. Não foi realizada a quantificação dos alcalóides presentes em G. graciliflora
e N. theifera, porém com base nos argumentos de Rozenthal & Janzen (1979), é
possível que haja um acúmulo maior de alcalóides nas folhas com o amadurecimento
das mesmas.
O brotamento e a expansão foliares consistiram, portanto, em fases críticas
quanto o desempenho das espécies vegetais estudadas, já que as perdas de área foliar
são maiores nesses períodos. As características fenológicas indicam haver também uma
possível estratégia de fuga da herbivoria relacionada. Esse padrão é comumente relatado
como uma defesa eficiente em diversas espécies tropicais (Mattson, 1980; Price, 1991;
Clark & Clarck, 1991; Coley & Barone, 1996; Brennes-Arguedas et al., 2006). Segundo
Brennes-Arguedas et al. (2006), algumas espécies vegetais não são capazes de produzir
determinados compostos secundários durante os primeiros estágios foliares, devido a
ausência de enzimas, que só os produziriam após ser completada a diferenciação
tecidual.
Mudanças relacionadas à fenologia, tais como aumento na concentração de
compostos secundários ou nos níveis de esclerofilia, acarretam em efeitos ecológicos
107
expressivos, por mudar a textura, o valor nutricional aos herbívoros e a qualidade dos
mecanismos de defesa dos tecidos foliares (Rozenthal & Janzen, 1979; Price & Price,
1991; Brennes-Arguedas et al., 2006).
Os resultados indicam haver diferenças na estrutura das comunidades de
Arthropoda relacionadas aos períodos fenológicos, sendo que os principais herbívoros
ocorreram em baixa freqüência no período de brotamento e expansão, aumentando sua
freqüência quando as folhas atingiram a maturidade. Sugere-se que as mudanças dos
valores nutricionais e as possíveis variações nos compostos secundários das folhas
implicariam em um rearranjo na importância dos fatores que exercem pressão de
seleção sobre a comunidade de Arthropoda.
A densidade e a distribuição das plantas influenciam diretamente na colonização
pelos herbívoros (Hartnett & Bazzaz, 1986; Thomas, 1990; Meiners & Handel, 2000;
Parmesan, 2000; Angulo-Sandoval & Aide, 2000; Avila-Sukar, 2003; Kauffman &
Maron, 2006; Crozier & Dwyer, 2007) e, segundo Thomas (1990) e Miller et al. (2006,
2008), a capacidade de dispersão e o valor adaptativo na competição por nicho
alimentar, geralmente, são inversamente correlacionadas nos herbívoros. Assim, as
espécies de herbívoros melhor adaptados à dispersão serão os primeiros a colonizar as
plantas. Os melhor adaptados à competição as colonizam mais tardiamente, substituindo
as primeiras espécies e moldando as flutuações nas comunidades de insetos. Tais
flutuações explicam as diferenças nos padrões da comunidade de Arthropoda
encontrados nos diferentes períodos fenológicos, sendo que as principais espécies
aumentaram suas freqüências mais tardiamente.
Portanto, a fenologia mostrou-se uma importante característica influenciadora da
dinâmica da comunidade de Arthropoda nas espécies de Nyctaginaceae estudadas. Os
eventos mostraram exercer influência direta e indireta sobre algumas propriedades
108
químicas e físicas das folhas e na estrutura da comunidade de herbívoros, o que refletiu
nas taxas de herbivoria.
Miller et al. (2006) estudando espécies de cactos, afirmam que a ação dos
herbívoros influencia a alocação de recursos nas gemas meristemáticas. Os autores
afirmam que altas taxas de herbivoria podem comprometer a performance reprodutiva e
diminuir as taxas de crescimento vegetativo.
A estratégia de fuga baseada na fenologia é reforçada, ao se levar em
consideração o período reprodutivo das espécies estudadas, já que os primórdios florais
e os foliares surgem quase simultaneamente, provenientes das gemas apicais. A
expansão se dá de forma relativamente rápida, formando-se as peças florais e as folhas
jovens. G. graciliflora já apresenta frutos no início do mês de outubro e N. theifera
entre o final de outubro e início de novembro.
O brotamento e a floração se dão em períodos onde não é detectada a presença
maciça dos principais herbívoros. Dessa maneira, a fase crítica reprodutiva ocorre sob
menor influência dos principais herbívoros, permitindo que o ciclo reprodutivo se
complete com boa performance, o que caracteriza uma estratégia de fuga.
No que diz respeito a comparação entre os meses de setembro de 2006 e 2007, o
período de brotamento das folhas foi o mesmo e os dados de herbivoria também
indicaram não haver diferenças nas taxas.
Quanto à comunidade de Arthropoda, foram encontradas pequenas diferenças
qualitativas entres os meses abril/2006 e abril/2007 e entre outubro/2006 e
outubro/2007. Todavia, apesar das pequenas nuanças, a distribuição dos IFO das morfo-
espécies manteve uma curva próxima ao padrão log-normal, de maneira que pequenas
oscilações já eram previstas na metodologia.
109
A presença de alcalóides nas plantas estudadas indica um fator de resistência à
herbivoria apenas para os insetos considerados generalistas, já que os insetos
considerados especialistas, muitas vezes não são prejudicados pela presença desses
compostos (Mattson, 1980; Janzen, 1980; Edwards & Wratten, 1981; Adler et al., 2001;
Oki, 2005; Varanda et al., 2006). A estrutura da comunidade de insetos e aranhas
encontradas em G. graciliflora e N. theifera, indica haver uma resposta por resistência
seletiva, com poucas espécies de herbívoros ocorrendo em grande freqüência e muitas
espécies de herbívoros com ocorrências raras.
Portanto, os resultados obtidos sobre as comunidades de artrópodes, corroboram
os padrões aninhados de agrupamento baseados nos testes qualitativos sugeridos por
Bascompte & Jordano (2006). Tal padrão de comunidade, aliado a detecção de
alcalóides, ausência de taninos e altos valores nutricionais com alta porcentagem de
nitrogênio, fornece indícios de estratégias de defesas qualitativas em G. graciliflora e N.
theifera. Esse tipo de estratégia comumente traz uma relação de herbívoros formada por
poucas espécies adaptadas, com alta freqüência (Bascompte & Jordano, op cit.), cujo
hábito alimentar especializado é capaz de neutralizar as defesas da planta.
Lankau & Strauss (2008) afirmam que o poder de seleção das defesas vegetais é
forte e inversamente correlacionado com a freqüência com que o herbívoro é encontrado
na planta. Apesar de ser restrita a ação de muitos herbívoros, cujas freqüências são
baixas ou raras em N. theifera e G. graciliflora, apenas com as informações encontradas
no presente estudo não é possível determinar se as espécies mais freqüentes de
herbívoros podem ser consideradas especialistas. As informações obtidas pelas
metodologias aplicadas permitem apenas distinguir quais são as espécies de herbívoros
mais aptas a utilizar as Nyctaginaceae como alimento, sendo que para a determinação
precisa sobre a especificidade alimentar e o número de fontes alimentares desses
110
herbívoros, seriam necessárias mais informações, como as exigências nutricionais e o
levantamento completo das fontes naturais de alimento de cada espécie de herbívoro.
Corythuca sp., representante da família Tingidae, foi encontrada em maior
freqüência em G. graciliflora do que em N. theifera. Sua importância dentro da
comunidade é também mais acentuada em G. graciliflora, já que em N. theifera outras
espécies de herbívoros também mostraram altas freqüências, ao menos em determinados
meses. Dentre os principais herbívoros encontrados, apenas a morfo-espécie galhadora
pertencente a família Torymidae não ocorreu em ambas as espécies. Houve forte
semelhança qualitativa e de importância no ranqueamento das morfo-espécies no quadro
geral, levantando mais um indício de que os principais herbívoros possivelmente sejam
especialistas. As espécies menos freqüentes também foram as que menos coincidiram
suas ocorrências nas diferentes plantas, indicando a possibilidade de serem generalistas
ou visitantes.
Barbosa & Krischik (1987) analisaram a preferência alimentar de mariposas
generalistas em relação a diversas espécies de plantas, portadoras de diferentes classes
de aleloquímicos, constatando que a presença de defesas qualitativas alcaloídicas,
influenciou negativamente em até 97% a escolha dos herbívoros generalistas. Os
mesmos autores não encontraram correlação entre a preferência alimentar dos
herbívoros generalistas e a presença ou quantidade de taninos, afirmando que os
herbívoros generalistas são melhor adaptados à alimentação em plantas portadoras de
defesas quantitativas.
A comparação dos valores de nitrogênio e carbono de N. theifera e G.
graciliflora com os valores de carbono encontrados por Miranda et al. (1997) e
nitrogênio encontrados por Delitti et al. (2000), indicam que a relação carbono
nitrogênio das espécies estudadas pode ser considerada alta para os padrões do cerrado.
111
Delliti et al. (op cit) encontraram variações de até 220% na concentração de nitrogênio
foliar entre espécies diferentes, enquanto Miranda et al. (1997), que estudaram algumas
espécies em comum com as investigadas por Dellit et al. (op cit.), encontraram
variações de apenas 14,5% na concentração de carbono foliar. Consequentemente, as
diferenças existentes na relação carbono/nitrogênio entre as espécies estudadas e outras
espécies do cerrado citadas na literatura, podem ser atribuídas mais ás concentrações de
nitrogênio do que as de carbono.
Os extratos obtidos segundo método sugerido por Harbone (1984), com
modificação para ácidos e bases orgânicos, quando comparadas às análises feitas
segundo método de Carollo & Lopes (dados não publicados), indicou haver perdas de
alcalóides durante o isolamento. Apesar de as perdas serem consideráveis, o baixo
rendimento dos componentes finais, cerca de 0,0005% a 0,001% da massa seca inicial,
levanta-se a hipótese de que a alta concentração de nitrogênio total não pode ser
explicada apenas pela presença de alcalóides.
É possível que a influência dos alcalóides na porcentagem de nitrogênio total das
espécies estudadas seja significativamente maior do que os valores encontrados nos
extratos obtidos segundo Harbone (1984). Porém é pouco provável que apenas os
alcalóides sejam responsáveis pelas altas taxas de nitrogênio encontradas. Supõe-se,
portanto, que as altas concentrações de nitrogênio sejam influenciadas por componentes
nutricionais, porém os alcalóides podem ser um fator de seleção para as espécies de
herbívoros.
Não foi viável no período de estudo uma análise mais aprofundada da grande
quantidade de picos encontrados relativos aos possíveis alcalóides ocorrentes em N.
theifera e G. graciliflora. Todavia, as informações presentes na literatura e os testes
com MS-MS de alguns picos, indicam as possíveis presenças dos grupos alcaloídicas
112
betalaínas, piperidínicos, isoquinolínicos e quinolizidínicos, sendo que os piperidínicos
e isoquinolínicos ainda não são descritos para a família. Todavia, não foi possível
confirmar esses dados, sendo necessário a continuação dos estudos para melhor
esclarecimento.
A identificação sugerida para betalaínas, apesar de não conclusiva, é fruto da
comparação dos espectros de massas obtidos com os de betalaínas presentes em outra
espécie de Nyctaginaceae, Bougainville glabra. Quando a ocorrência de uma
determinada molécula é amplamente difundida dentro de um grupo taxonômico, sugere-
se que espectros de massa compatíveis com essa molécula, consistam em forte indício
sobre sua presença na espécie estudada daquele grupo.
Alguns espectros de massas classificados como alcaloídicas e encontrados em N.
theifera, também são encontrados em G. graciliflora, apesar dos picos revelados em UV
serem maiores na primeira. N. theifera apresentou também maior variedade de espectros
classificados como alcaloídicas do que G. graciliflora. Dessa maneira, sugere-se que,
apesar de ambas possuírem defesas alcaloídicas e alguns alcalóides serem comuns às
duas, N. theifera possua mecanismos de defesa química com influência diferente do que
em G. graciliflora.
A afirmação é reforçada pelas características encontradas em N. theifera, tais
como maior relação C/N e porcentagem de água, além de menor resistência mecânica
do que G. graciliflora, características que a tornam um alimento com alto valor
nutricional. Portanto, sugere-se que a maior variedade de defesas químicas exerçam
uma compensação às relativas vulnerabilidades de N. theifera em relação a G.
graciliflora já que compartilham de muitos herbívoros em comum.
Os indícios corroboram os resultados de Adler & Kittelson (2004). Esses autores
encontraram que as defesas alcaloídicas interferem de maneira diferente na comunidade
113
de herbívoros, sendo que as diferenças também estão relacionadas com o tipo de tecido
do qual o herbívoro se alimenta, com as características genéticas das plantas e as
concentrações dos alcalóides.
Além da presença de alcalóides e da baixa relação carbono/nitrogênio, as folhas
das espécies estudadas apresentaram baixo grau de resistência mecânica, concentrações
não significativas de taninos e alta porcentagem de água. Apenas os indicativos de alto
valor nutricional não podem explicar o padrão da comunidade de herbívoros ocorrentes
em N. theifera e G. graciliflora, pois poucas espécies são responsáveis por grande parte
da herbivoria, de maneira que as defesas qualitativas parecem exercer maior papel na
seleção das plantas pelos herbívoros.
Herbívoros, predadores e outros Arthropoda
Em ambas as espécies foram constatadas altas freqüência e diversidade de
Arthropoda predadores, principalmente pertencentes à ordem Aracnidae, família
Aranae. A presença significativa de aranhas é freqüentemente citada na literatura como
comum nos estudos de comunidades de Arthropoda (Price, 1991; Barosela, 1999; Pais,
2000; Barosela et al. 2006; Varanda et al., 2006; Bascompte & Jordano, 2006) e,
segundo Janzen (1980), Fox (1988), Vail (1994) e Bascompte & Jordano (2006), esse
grupo exerce um papel importante no controle dos herbívoros. O controle dos
herbívoros por predadores consiste em importante fator na evolução das interações entre
a comunidade de Arthropoda e as plantas sendo que tal processo evolutivo tem sido
descrito na literatura como coevolução difusa (Janzen, 1980; Fox, 1988; Vail, 1994;
Bascompte & Jordano, 2006).
Os resultados obtidos no presente estudo apresentam indícios que corroboram
com tal proposta de modelo evolutivo já que representantes de espécies predadoras
114
mostraram-se muito importantes dentro da estrutura da comunidade, evidenciando a sua
influência sobre as populações de herbívoros, além das defesas vegetais.
As análises temporais da comunidade de Arthropoda indicam que os grupos
alimentares de herbívoros e predadores interagem entre si, de maneira que os valores de
IFO de uma das classes influenciam os valores da outra. Apesar de ser esperado um
equilíbrio dinâmico na presença de herbívoros e predadores, a comparação entre IFO
em ambas as espécies indicou haver semelhanças nas proporções desses grupos nos
diferentes meses amostrados, exceto em setembro, quando os valores em G. graciliflora
mostraram-se diferentes em relação aos dados de N. theifera.
Por ser a localização das plantas hospedeiras um problema para a colonização
pelos herbívoros, é possível que os maiores valores de herbívoros e predadores
encontrados em N. theifera em setembro, em comparação a G. graciliflora no mesmo
mês, seja conseqüência da permanência de folhas provenientes da temporada anterior.
Essas folhas poderiam abrigar durante o período de seca, os ovos de herbívoros e
predadores depositados no final da estação chuvosa, facilitando a colonização desses
Arthropoda no início do período de brotamento da temporada seguinte.
No que diz respeito ao grupo de outros hábitos, os dados não indicaram haver
nenhuma influência direta sobre os demais grupos presentes. Aparentemente, a maior
ocorrência desse grupo está relacionada à floração e a senescência. Tais eventos
indicaram pouca relação com a presença de herbívoros foliares e seus predadores,
porém, é esperada nesses períodos a presença de Arthropoda que se alimentam de peças
florais ou pólen, bem como de detritívoros, incluídos dentro da classe “outros hábitos”.
115
Características do solo e a presença de Nyctaginaceae
Quanto às análises de solos, as variáveis matéria orgânica, alumínio total, troca
catiônica e H+Al mostraram-se positivamente correlacionadas entre si, porém
negativamente correlacionadas à presença de Nyctaginaceae. Os resultados indicaram
também que alguns componentes nutricionais como potássio, cálcio e fósforo
apresentaram pouca relação com a presença dessas plantas.
O íon alumínio está presente na maior parte dos solos do Cerrado porém,
segundo Toppa (2004), é comum a presença de gradientes dentro do perfil edáfico geral.
Gonçalves et al. (2007), estudando concentrações de outro metal, o níquel, relatam que
o acúmulo desse metal no ambiente influencia direta e indiretamente as variáveis
ecológicas já que a presença de metais na serapilheira interfere na preferência alimentar
e na mortalidade de Arthropoda detritívoros.
Goodland (1971) afirma que o íon alumínio, em geral, é tóxico às plantas, mas
que algumas espécies do cerrado possuem adaptações à sua presença. Cronquist (1981)
e Haridasan (2000) afirmam que espécies do gênero Neea são capazes de acumular
alumínio em seus tecidos. Maiti et al. (2005) ressaltam haver vantagens adaptativas
ligadas a capacidade de bioacúmulo de metais em diversas espécies vegetais pois a
presença de altas concentrações de metais no ambiente inibe a colonização de espécies
pouco tolerantes. Assim, apenas espécies vegetais bioacumuladoras de metais, com
capacidade de detoxicação, conseguem uma colonização plena sob tais circunstâncias.
Portanto, existe indício de que a capacidade das Nyctaginaceae de bioacúmulo
do alumínio reflita em vantagem adaptativa ao ambiente do cerrado, por aumentar o
desempenho dos indivíduos.
No que tange a causa e efeito das concentrações de alumínio e matéria orgânica
sobre a presença de Nyctaginaceae, não foram feitos experimentos que possibilitassem
116
traçar com exatidão o processo envolvido na adaptação das plantas. Porém, o conjunto
de informações levantados no presente trabalho e as informações constantes na
literatura (Challinor, 1968; Fuley, 1976; Cronquist, 1981; Haridasan, 1982, 2000;
Ruggiero & Pivello, 2006; Oliveira, 2007), permitem uma breve discussão sobre estas
possibilidades.
Ruggiero e Pivello (2006) propuseram a possibilidade de haver efeitos
biológicos relacionados às espécies do cerrado, como acúmulo de metais, que
influenciariam as características edáficas. Challinor (1968) e Fuley (1976) indicam que
a presença de determinadas espécies alteram a quantidade de matéria orgânica
depositada no solo. Sharples & Carney (1998) encontraram relação entre espécies do
gênero Pisonea (Nyctaginaceae) e diferentes espécies de fungos micorrízicos,
ressaltando que cada espécie de fungo possui adaptações enzimáticas que o tornam mais
apto a absorver determinada forma nitrogenada. Shaples & Carney (op cit.) afirmam que
determinados fungos são capazes de absorver melhor NH
4
+
enquanto outros absorvem o
NO
3
-
, atribuindo o ordenamento das associações entre diferentes plantas e fungos, à
quantidade de matéria orgânica e pH edáficos. Segundo esses autores, as variações nas
combinações dessas variáveis favorecem o crescimento de determinados fungos, por
influenciar a formação da amônia e do nitrato. Haug et al. (2005) encontraram espécies
de fungos ectomicorrízicos associadas às raízes de plantas dos gêneros Neea e Guapira.
Delliti et al. (2000) encontrou altas concentrações de nitrogênio total foliar em espécies
de Leguminosae no cerrado, família com associações especiais simbióticas com
bactérias, que garantem suprimento de íons nitrogenados. Com base no conjunto de
informações acima apresentadas, pode-se traçar um perfil de como a presença as
Nyctaginaceae influencia as condições edáficas locais, e como isso pode interferir na
performance das mesmas.
117
Apesar da influência das características edáficas sobre a fisionomia do cerrado
(Ruggiero & Pivello, 2006; Toppa, 2004), a correlação entre a matéria orgância e o
alumínio encontrada no presente estudo pode ser atribuída à queda de material vegetal,
pois também foram constatadas maiores concentrações de ambas as variáveis nas
camadas superficiais do solo, corroborando os dados apresentados por Ruggiero et al.
(2002) e Ruggiero & Pivello (2006).
Quanto ao alumínio, as Nyctaginaceae diminuiriam a concentração local do íon
no solo, através da absorção e acúmulo do cátion (Haridasam, 2000). A diminuição da
concentração de alumínio implicaria em redução da toxicidade do solo, o que favorece a
ação de detritívoros e outros decompositores (Gonçalves et al., 2007). Além disso, os
prováveis fungos micorrízicos associados às plantas (Sharples & Carney, 1998; Haug et
al., 2005), sob tais condições menos tóxicas, aumentariam a absorção de compostos
orgânicos, diminuindo as concentrações de matéria orgânica nos locais de ocorrência
das Nyctaginaceae. Por fim, a alta taxa de absorção de matéria orgânica pelas
Nyctaginaceae, estaria refletida nas altas concentrações de nitrogênio encontradas nos
tecidos foliares pelo presente estudo, corroborando os valores encontrados por Dellit et
al. (2000).
Apesar de não serem realizados os testes mais adequados para averiguação da
hipótese acima descrita, o conjunto de informações evidencia que o efeito biológico
sobre as condições edáficas, decorrentes de mecanismos fisiológicos e ecológicos das
Nyctaginaceae, é bastante plausível e merece a atenção em estudos futuros.
Foram encontradas diferenças nas relações entre variáveis edáficas, no que diz
respeito às estações seca e chuvosa. O maior aporte de matéria orgância, menor efeito
lixiviador e interrrupção de diversas atividades metabólicas vegetais, culminariam em
alterações nas concentrações das variáveis químicas do solo.
118
Todavia, apesar das diferenças encontradas na estação seca, a análise geral das
variáveis aproximou-se muito dos resultados obtidos na estação chuvosa, de maneira
que há predomínio desse padrão no contexto geral da relação entre as variáveis
químicas do solo, bem como sua influência na presença de Nyctaginaceae.
Pelos resultados e interpretações apresentadas no presente estudo, é possível
afirmar que o escleromorfismo oligotrófico não seja a única estratégia de adaptação, já
que o conceito seria aplicável apenas às espécies incapazes de suprir altas demandas de
nutrientes, no caso do cerrado, muito mais devido à toxicidade do alumínio (Goodland ,
1971) do que pela falta de nutrientes (Ruggiero & Pivello, 2006).
De fato, as altas concentrações de nitrogênio foliar encontradas no presente
estudo para N. theifera e G. graciliflora, aliado às informações da literatura, fornecem
indícios de que as Nyctaginaceae ocorrentes no cerrado obtém sucesso adaptativo em
relação à deficiência nutricional do cerrado, através de interações com micorrizas.
Dessa maneira, as micorrizas aumentariam a absorção de nutrientes presentes no solo,
cuja conformação química estrutural muitas vezes não possibilita absorção direta pelas
raízes. Porém o presente estudo não avaliou a ocorrência de micorrizas nas espécies
estudadas, tampouco as taxas de absorção de nitrogênio, sendo necessários mais estudos
para elucidar essa hipótese.
Barrett & Stiling (2007) afirmaram que a nutrição vegetal é um dos
determinantes na distribuição e colonização dos herbívoros, sendo, em alguns casos, tão
importante quanto as estratégias de defesa. Newingham et al. (2007) afirmam que um
aumento na oferta de nutrientes diminui a susceptibilidade aos herbívoros, por permitir
alocação de nutrientes na regenaração e nos mecanismos de defesa.
Com vistas nas afirmações sobre a influência da nutrição na performance,
acredita-se que Nyctaginaceae, assim como Leguminosae, formem um grupo de plantas
119
adaptadas a obter mais nutrientes sob as condições edáficas de difícil absorção, como no
cerrado. Esse grupo não apresenta, portanto, adaptações escleromórficas extremas para
otimização de desempenho, já que conseguem obter nutrientes nitrogenados com
relativa facilidade em comparação a outros grupos e, portanto, suas defesas são menos
quantitativas, tornando baixa sua relação entre carbono e nitrogênio.
As espécies caracteristicamente escleromórficas seriam consideradas
pertencentes a um grupo de plantas adaptadas a menor disponibilidade de nutrientes,
que sobrevivem através da otimização do desempenho e manutenção fisiológica,
apresentando maior relação entre carbono e nitrogênio que resulta em mecanismo de
defesa quantitativo.
6. Conclusões
A consideração das características fenológicas de G. graciliflora e N. theifera,
mostrou-se adequada ao estudo de herbivoria nas espécies estudadas. Os resultados
reforçam informações já presentes na literatura de que as análises de herbivoria por
amostragem contínua são mais adequadas do que a amostragem discreta.
A relação carbono/nitrogênio encontradas em G. graciliflora e N. theifera foram
consideradas baixas para o padrão das espécies do cerrado, sendo que as principais
flutuações ocorreram entre as folhas jovens e velhas.
A presença de taninos não pode ser confirmada. Todavia, pode-se concluir que
se estiverem presentes, ocorrem em concentração muito baixa e, portanto, não
interferem nas taxas de herbivoria.
As espécies estudadas mostraram-se portadoras de alcalóides. Apesar disso,
apenas os alcalóides não podem explicar as altas taxas de nitrogênio foliar encontradas.
120
Ambas as espécies apresentaram as principais defesas químicas qualitativas e os
principais herbívoros muito similares, indicando que possivelmente haja aspectos
adaptativos semelhantes entre os vegetais e seus principais herbívoros.
Embora as plantas tenham taxas similares de herbivoria, as características
químicas, fenológicas e nutricionais das duas espécies estudadas indicam contribuir de
forma diferente para as taxas de herbivoria em cada uma delas.
Há uma estratégia de escape da herbivoria, com as atividades reprodutivas em
ambas as espécies vegetais ocorrendo antes da colonização massiva dos principais
herbívoros. Em ambas as espécies, os principais herbívoros começam a se tornar mais
freqüentes com o fim dos períodos de floração e expansão foliar.
G. graciliflora possui defesas alcaloídicas menos diversificadas do que N.
theifera.
A presença das espécies de Nyctaginaceae mostraram estar correlacionadas à
menores concentrações de alumínio e matéria orgância presentes no solo. Existe indício
de efeito biológico da presença das Nyctaginaceae sobre as características edáficas.
121
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25.
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Anexos
Anexo 1. Lista de espectros de massa, obtidos em alta resolução e modo positivo, encontrados após
CLAE-UV em extrato polar de Guapria graciliflora, segundo método Carollo & Lopes (dados
na publicados).
Espectro de
massa em modo
positivo
Tempo de
corrida em
CLAE-UV
Classe*
Possíveis Fórmulas
(±10 ppm)
Massa molecular calculada para
a fórmula
164,0725 3,6 min Alcalóide C5H11N2O4 MW=163,0718786
219,0227 3,6 min Alcalóide C11H6O5 MW=218,0215226
C12H2N4O MW=218,0228602
C14H4NO2 MW=218,0242024
288,1217 3,6 min Alcalóide C7H19N4O8 MW=287,1202834
C8H15N8O4 MW=287,121621
C9H21NO9 MW=287,1216256
C10H17N5O5 MW=287,1229632
C11H13N9O MW=287,1243008
C12H19N2O6 MW=287,1243054
252,1040 3,6 min Alcalóide C10H13N5O3 MW=251,1018348
C12H15N2O4 MW=251,103177
C13H11N6 MW=251,1045146
C15H13N3O MW=251,1058568
352,1040 3,6 min Indefinida C10H7N16 MW=351,1039562
C11H13N9O5 MW=351,1039608
C10H17N5O9 MW=351,1026232
C12H9N13O MW=351,1052984
C12H19N2O10 MW=351,1039654
C13H15N6O6 MW=351,105303
C15H17N3O7 MW=351,1066452
C22H13N3O2 MW=351,1007718
C24H15O3 MW=351,102114
C27H13N MW=351,1047938
460,1255 3,6 min Indefinida C23H23O10 MW=459,1291158
C30H19O5 MW=459,1232424
C16H21N5O11 MW=459,1237516
C18H23N2O12 MW=459,1250938
C19H19N6O8 MW=459,1264314
C33H17NO2 MW=459,1259222
C31H15N4O MW=459,12458
140
219,0209 6,7min Indefinida C9H4N3O4 MW=218,0201804
C11H6O5 MW=218,0215226
279,0936 6,7min Indefinida C3H10N12O4 MW=278,094794
C4H16N5O9 MW=278,0947986
C16H12N3O2 MW=278,0929472
C18H14O3 MW=278,0942894
336,0384 6,7min Indefinida C11H7N6O7 MW=335,0376212
C13H9N3O8 MW=335,0389634
C15H11O9 MW=335,0403056
446,6414 6,7min Indefinida NADA ENCONTRADO
314,1702 7,2min Alcalóide C8H23N7O6 MW=313,1709738
C19H23NO3 MW=313,1677848
C22H21N2 MW=313,1704646
623,1628 7,2min Indefinida C24H22N12O9 MW=622,163264200001
C25H28N5O14 MW=622,163268800001
C27H30N2O15 MW=622,164611000002
C36H18N10O2 MW=622,161412800001
C37H24N3O7 MW=622,161417400001
C38H20N7O3 MW=622,162755000001
C39H26O8 MW=622,162759600001
C40H22N4O4 MW=622,164097200001
C42H24NO5 MW=622,165439400001
303,0523 8,1min Alcalóide C10H6N8O4 MW=302,0511996
C11H12NO9 MW=302,0512042
C12H8N5O5 MW=302,0525418
465,1058 8,1min Indefinida C15H20N4O13 MW=464,102683
C16H16N8O9 MW=464,1040206
C17H12N12O5 MW=464,1053582
C17H22NO14 MW=464,1040252
C16H6N19 MW=464,1053536
C18H8N16O MW=464,1066958
C18H18N5O10 MW=464,1053628
C19H14N9O6 MW=464,1067004
C20H20N2O11 MW=464,106705
C21H16N6O7 MW=464,1080426
141
C22H12N10O3 MW=464,1093802
C23H18N3O8 MW=464,1093848
C20H10N13O2 MW=464,108038
C28H12N6O2 MW=464,1021692
C30H14N3O3 MW=464,1035114
C32H16O4 MW=464,1048536
C33H12N4 MW=464,1061912
C35H14NO MW=464,1075334
611,1634 8,1min Indefinida C20H24N11O12 MW=610,160584400001
C21H20N15O8 MW=610,161922000001
C21H30N4O17 MW=610,160589000002
C22H16N19O4 MW=610,163259600001
C22H26N8O13 MW=610,161926600001
C23H12N23 MW=610,164597200001
C23H22N12O9 MW=610,163264200001
C23H32NO18 MW=610,161931200002
C24H18N16O5 MW=610,164601800001
C24H28N5O14 MW=610,163268800001
C25H24N9O10 MW=610,164606400001
C26H20N13O6 MW=610,165944000001
C26H30N2O15 MW=610,164611000002
C27H26N6O11 MW=610,165948600001
C36H24N3O7 MW=610,161417400001
C37H20N7O3 MW=610,162755000001
C38H26O8 MW=610,162759600001
C39H22N4O4 MW=610,164097200001
C40H18N8 MW=610,165434800001
C41H24NO5 MW=610,165439400001
309,1080 9,0 min Alcalóide C14H17N2O6 MW = 309,10866 Indicaxantina
C7H10N13O2 MW=308,108038
C8H16N6O7 MW=308,1080426
C12H20O9 MW=308,110727
C20H12N4 MW=308,1061912
C22H14NO MW=308,1075334
422,2930 9,0 min Indefinida C19H35N9O2 MW=421,291357
C20H41N2O7 MW=421,2913616
C21H37N6O3 MW=421,2926992
C18H39N5O6 MW=421,2900194
C23H39N3O4 MW=421,2940414
C24H35N7 MW=421,295379
C25H41O5 MW=421,2953836
142
C26H37N4O MW=421,2967212
519,1173 9,0 min Indefinida C10H20N11O14 MW=518,119116
C11H6N26O MW=518,121786600001
C11H16N15O10 MW=518,1204536
C11H26N4O19 MW=518,1191206
C12H12N19O6 MW=518,1217912
C12H22N8O15 MW=518,1204582
C13H18N12O11 MW=518,1217958
C13H28NO20 MW=518,1204628
C14H24N5O16 MW=518,1218004
C16H10N18O4 MW=518,113238
C17H6N22 MW=518,1145756
C17H16N11O9 MW=518,1132426
C18H12N15O5 MW=518,1145802
C18H22N4O14 MW=518,1132472
C19H8N19O MW=518,1159178
C19H18N8O10 MW=518,1145848
C20H14N12O6 MW=518,1159224
C20H24NO15 MW=518,1145894
C21H10N16O2 MW=518,11726
C21H20N5O11 MW=518,115927
C22H16N9O7 MW=518,1172646
C23H12N13O3 MW=518,1186022
C23H22N2O12 MW=518,1172692
C24H18N6O8 MW=518,1186068
C26H20N3O9 MW=518,119949
C28H22O10 MW=518,1212912
C36H14N4O MW=518,1167554
C38H16NO2 MW=518,1180976
549,1253 9,0 min Alcalóide C24H24N2O13 MW=548,127833400001
650,3619 9,0 min Indefinida CH31N41O2 MW=649,358426600002
C2H37N34O7 MW=649,358431200002
C3H33N38O3 MW=649,359768800002
C4H39N31O8 MW=649,359773400002
C5H35N35O4 MW=649,361111000002
C6H31N39 MW=649,362448600002
C6H41N28O9 MW=649,361115600002
C7H37N32O5 MW=649,362453200002
143
C8H33N36O MW=649,363790800002
C8H43N25O10 MW=649,362457800003
C9H39N29O6 MW=649,363795400002
C10H35N33O2 MW=649,365133000002
C10H45N22O11 MW=649,363800000003
C11H41N26O7 MW=649,365137600002
C12H37N30O3 MW=649,366475200002
C13H43N23O8 MW=649,366479800002
C14H33N32 MW=649,356579800002
C14H39N27O4 MW=649,367817400002
C15H39N25O5 MW=649,356584400002
C15H45N20O9 MW=649,367822000002
C16H35N29O MW=649,357922000002
C16H45N18O10 MW=649,356589000002
C17H41N22O6 MW=649,357926600002
C18H37N26O2 MW=649,359264200002
C18H47N15O11 MW=649,357931200003
C19H43N19O7 MW=649,359268800002
C20H39N23O3 MW=649,360606400002
C20H49N12O12 MW=649,359273400003
C21H45N16O8 MW=649,360611000002
C22H41N20O4 MW=649,361948600002
C22H51N9O13 MW=649,360615600003
C23H37N24 MW=649,363286200002
C23H47N13O9 MW=649,361953200002
C24H43N17O5 MW=649,363290800002
C24H53N6O14 MW=649,361957800003
C25H39N21O MW=649,364628400002
C25H49N10O10 MW=649,363295400002
C26H45N14O6 MW=649,364633000002
C26H55N3O15 MW=649,363300000003
C27H41N18O2 MW=649,365970600002
C27H51N7O11 MW=649,364637600003
C28H47N11O7 MW=649,365975200002
C28H57O16 MW=649,364642200003
C29H43N15O3 MW=649,367312800002
C29H53N4O12 MW=649,365979800003
C30H43N13O4 MW=649,356079800002
C30H49N8O8 MW=649,367317400002
C31H39N17 MW=649,357417400002
C31H49N6O9 MW=649,356084400002
C31H55NO13 MW=649,367322000003
C32H45N10O5 MW=649,357422000002
C33H41N14O MW=649,358759600002
144
C33H51N3O10 MW=649,357426600003
C34H47N7O6 MW=649,358764200002
C35H43N11O2 MW=649,360101800002
C35H53O11 MW=649,358768800003
C36H49N4O7 MW=649,360106400002
C37H45N8O3 MW=649,361444000002
C38H51NO8 MW=649,361448600003
C39H47N5O4 MW=649,362786200002
C40H43N9 MW=649,364123800002
C41H49N2O5 MW=649,364128400002
C42H45N6O MW=649,365466000002
C44H47N3O2 MW=649,366808200002
C45H47NO3 MW=649,355575200002
C46H49O3 MW=649,368150400002
C48H45N2 MW=649,358255000002
H35N37O6 MW=649,357089000002
177,0566 9,4min Alcalóide C10H12N2O1 MW = 176,09496
C10H9O3 MW=177,0551664
C13H7N MW=177,0578462
C6H10NO5 MW=176,055895
C5H4N8 MW=176,0558904
C7H6N5O MW=176,0572326
330,2620 9,4min Alcalóide C21H33N2O MW=329,2592748
389,2499 9,4min Indefinida C21H32N4O3 MW=388,2474282
C20H36O7 MW=388,2460906
C23H34NO4 MW=388,2487704
C24H30N5 MW=388,250108
C26H32N2O MW=388,2514502
650,3570 9,4min Indefinida C29H47N9O8 MW=649,354742200002
C30H43N13O4 MW=649,356079800002
C30H53N2O13 MW=649,354746800003
C31H39N17 MW=649,357417400002
C31H49N6O9 MW=649,356084400002
C32H45N10O5 MW=649,357422000002
C33H41N14O MW=649,358759600002
C34H47N7O6 MW=649,358764200002
C35H43N11O2 MW=649,360101800002
C35H53O11 MW=649,358768800003
C36H49N4O7 MW=649,360106400002
145
C43H45N4O2 MW=649,354233000002
C45H47NO3 MW=649,355575200002
C48H45N2 MW=649,358255000002
* - Quando calculadas apenas moléculas contendo nitrogênio ou com espectro coincidente ao de alcalóides ocorrentes em
Nyctaginaceae, o pico foi considerado como classe alcaloídica. Quando calculadas possíveis fórmulas moleculares onde
o nitrogênio estava ausente, a classe do pico foi considerada indefinida.
Anexo 2. Lista de espectros de massa, obtidos em alta resolução e modo positivo, encontrados após
CLAE-UV em extrato polar de Neea theifera, segundo método Carollo & Lopes (dados na
publicados).
Espectro de massa
em modo positivo
Tempo de
corrida em
CLAE-UV
Classe*
Possíveis Fórmulas
(±10 ppm)
Massa molecular
calculada para a fórmula
154,0959 1,3 min Alcalóide C8H11NO2 MW=153,0789746
286,1078 1,3 min Alcalóide C10H15N5O5 MW=285,107314
C11H11N9O MW=285,1086516
C12H17N2O6 MW=285,1086562
C9H19NO9 MW=285,1059764
C13H13N6O2 MW=285,1099938
298,1271 1,3 min Indefinida C6H17N8O6 MW=297,1271002
C7H13N12O2 MW=297,1284378
C8H19N5O7 MW=297,1284424
C9H15N9O3 MW=297,12978
C10H21N2O8 MW=297,1297846
C20H15N3 MW=297,126591
C22H17O MW=297,1279332
316,1399 1,3 min Indefinida C18H21N1O4 MW = 315,14705
C8H21N5O8 MW=315,1390066
C9H17N9O4 MW=315,1403442
C10H23N2O9 MW=315,1403488
C11H19N6O5 MW=315,1416864
C10H13N13 MW=315,1416818
C13H21N3O6 MW=315,1430286
C20H17N3O MW=315,1371552
C22H19O2 MW=315,1384974
372,1331 1,3 min Indefinida C13H19N6O7 MW=371,1315164
C14H15N10O3 MW=371,132854
C15H21N3O8 MW=371,1328586
C16H17N7O4 MW=371,1341962
C17H13N11 MW=371,1355338
C17H23O9 MW=371,1342008
C18H19N4O5 MW=371,1355384
146
C25H15N4 MW=371,129665
C27H17NO MW=371,1310072
492,1749 1,3 min Indefinida C17H27N6O11 MW=491,1737732
C18H23N10O7 MW=491,1751108
C19H29N3O12 MW=491,1751154
C21H31O13 MW=491,1764576
C20H25N7O8 MW=491,176453
C30H19N8 MW=491,1732594
C31H25NO5 MW=491,173264
C32H21N5O MW=491,1746016
C34H23N2O2 MW=491,1759438
152,0589 1,6min Alcalóide C3H9N3O4 MW=151,0593034
C7H8N2O2 MW=152,0585748
274,1079 1,6min Alcalóide C9H15N5O5 MW=273,107314
C10H11N9O MW=273,1086516
C11H17N2O6 MW=273,1086562
C12H13N6O2 MW=273,1099938
286,1073 1,6min Alcalóide C9H9N12 MW=285,1073094
C9H19NO9 MW=285,1059764
C10H15N5O5 MW=285,107314
C11H11N9O MW=285,1086516
C12H17N2O6 MW=285,1086562
C13H13N6O2 MW=285,1099938
438,1712 1,6min Indefinida C10H27N7O12 MW=437,1717622
C11H23N11O8 MW=437,1730998
C12H29N4O13 MW=437,1731044
C14H31NO14 MW=437,1744466
C20H21N8O4 MW=437,1685686
C21H27NO9 MW=437,1685732
C22H23N5O5 MW=437,1699108
C21H17N12 MW=437,1699062
C23H19N9O MW=437,1712484
C24H25N2O6 MW=437,171253
C25H21N6O2 MW=437,1725906
C27H23N3O3 MW=437,1739328
C29H25O4 MW=437,175275
516,1977 1,6min Indefinida C18H23N14O5 MW=515,1975768
C18H33N3O14 MW=515,1962438
C19H19N18O MW=515,1989144
C20H25N11O6 MW=515,198919
C19H29N7O10 MW=515,1975814
C21H31N4O11 MW=515,1989236
C20H35O15 MW=515,197586
C31H25N5O3 MW=515,19573
147
C33H27N2O4 MW=515,1970722
C34H23N6 MW=515,1984098
C23H33NO12 MW=515,2002658
C36H25N3O MW=515,199752
282,0779 3,1min Alcalóide C10H11N5O5 MW=281,0760156
C11H7N9O MW=281,0773532
C12H13N2O6 MW=281,0773578
C13H9N6O2 MW=281,0786954
C15H11N3O3 MW=281,0800376
300,0889 3,1min Alcalóide C10H13N5O6 MW=299,0865798
C11H9N9O2 MW=299,0879174
C12H15N2O7 MW=299,087922
C13H11N6O3 MW=299,0892596
C15H13N3O4 MW=299,0906018
332,1159 3,1min Indefinida C11H17N5O7 MW=331,1127932
C12H13N9O3 MW=331,1141308
C13H19N2O8 MW=331,1141354
C14H15N6O4 MW=331,115473
C16H17N3O5 MW=331,1168152
C17H13N7O MW=331,1181528
C18H19O6 MW=331,1181574
C15H11N10 MW=331,1168106
420,1770 3,1min Indefinida C13H29N3O12 MW=419,1751154
C14H25N7O8 MW=419,176453
C15H21N11O4 MW=419,1777906
C15H31O13 MW=419,1764576
C16H17N15 MW=419,1791282
C16H27N4O9 MW=419,1777952
C17H23N8O5 MW=419,1791328
C18H19N12O MW=419,1804704
C18H29NO10 MW=419,1791374
C19H25N5O6 MW=419,180475
C25H25NO5 MW=419,173264
C24H19N8 MW=419,1732594
C26H21N5O MW=419,1746016
C28H23N2O2 MW=419,1759438
C33H23 MW=419,1799658
526,2143 3,1min Indefinida C16H31N9O11 MW=525,214293600001
C17H27N13O7 MW=525,215631200001
C17H37N2O16 MW=525,2142982
C18H33N6O12 MW=525,215635800001
C28H27N7O4 MW=525,212442200001
C29H23N11 MW=525,213779800001
C29H33O9 MW=525,212446800001
C30H29N4O5 MW=525,213784400001
148
C31H25N8O MW=525,215122000001
C32H31NO6 MW=525,215126600001
C33H27N5O2 MW=525,216464200001
164,0718 3,8min Alcalóide C5H11N2O4 MW=163,0718786
288,1239 3,8min Alcalóide C10H17N5O5 MW=287,1229632
C11H13N9O MW=287,1243008
C12H19N2O6 MW=287,1243054
C9H21NO9 MW=287,1216256
C13H15N6O2 MW=287,125643
286,1074 4,5min Alcalóide C9H9N12 MW=285,1073094
C9H19NO9 MW=285,1059764
C10H15N5O5 MW=285,107314
C11H11N9O MW=285,1086516
C12H17N2O6 MW=285,1086562
C13H13N6O2 MW=285,1099938
300,0897 4,5min Indefinida C11H9N9O2 MW=299,0879174
C12H15N2O7 MW=299,087922
C13H11N6O3 MW=299,0892596
C15H13N3O4 MW=299,0906018
C16H9N7 MW=299,0919394
C17H15O5 MW=299,091944
164,0747 5,0min Indefinida C8H9N3O MW=163,0745584
C6H7N6 MW=163,0732162
C10H11O2 MW=163,0759006
300,1232 5,0min Alcalóide C9H15N8O4 MW=299,121621
C10H11N12 MW=299,1229586
C10H21NO9 MW=299,1216256
C11H17N5O5 MW=299,1229632
C12H13N9O MW=299,1243008
C13H19N2O6 MW=299,1243054
C14H15N6O2 MW=299,125643
314,1349 5,0min Alcalóide C18H20NO4 MW=314,139226
C19H17N1O3 mw =313,1314
C9H21N4O8 MW=313,1359326
C10H17N8O4 MW=313,1372702
C11H23NO9 MW=313,1372748
C19H15N5 MW=313,132739
C21H17N2O MW=313,1340812
436,1543 5,0min Indefinida C10H25N7O12 MW=435,156113
C11H21N11O8 MW=435,1574506
149
C12H27N4O13 MW=435,1574552
C17H21N7O7 MW=435,1502396
C18H17N11O3 MW=435,1515772
C19H23N4O8 MW=435,1515818
C18H27O12 MW=435,1502442
C20H19N8O4 MW=435,1529194
C21H15N12 MW=435,154257
C21H25NO9 MW=435,152924
C22H21N5O5 MW=435,1542616
C23H17N9O MW=435,1555992
C24H23N2O6 MW=435,1556038
C25H19N6O2 MW=435,1569414
C27H21N3O3 MW=435,1582836
164,0721 5,8min Alcalóide C5H11N2O4 MW=163,0718786
288,1209 5,8min Alcalóide C7H19N4O8 MW=287,1202834
C10H17N5O5 MW=287,1229632
C9H21NO9 MW=287,1216256
C19H15N2O MW=287,118432
314,1389 5,8min Alcalóide C18H20NO4 MW=314,139226
C10H17N8O4 MW=313,1372702
C11H23NO9 MW=313,1372748
C12H19N5O5 MW=313,1386124
C11H13N12 MW=313,1386078
C13H15N9O MW=313,13995
C14H21N2O6 MW=313,1399546
C15H17N6O2 MW=313,1412922
372,1467 5,8min Indefinida C13H15N12O2 MW=371,144087
C14H21N5O7 MW=371,1440916
C15H17N9O3 MW=371,1454292
C16H23N2O8 MW=371,1454338
C17H19N6O4 MW=371,1467714
C18H15N10 MW=371,148109
C19H21N3O5 MW=371,1481136
C20H17N7O MW=371,1494512
C21H23O6 MW=371,1494558
C28H19O MW=371,1435824
474,1737 - 5,8min 5,8min Indefinida C14H23N11O8 MW=473,1730998
C15H29N4O13 MW=473,1731044
C16H25N8O9 MW=473,174442
C17H21N12O5 MW=473,1757796
C15H19N15O4 MW=473,1744374
C17H31NO14 MW=473,1744466
C28H21N6O2 MW=473,1725906
C18H27N5O10 MW=473,1757842
C30H23N3O3 MW=473,1739328
150
C32H25O4 MW=473,175275
180,0679 6,2min Alcalóide C5H11N2O5 MW=179,0667936
C6H7N6O MW=179,0681312
C8H9N3O2 MW=179,0694734
300,1241 6,2min Alcalóide C9H15N8O4 MW=299,121621
C10H21NO9 MW=299,1216256
C11H17N5O5 MW=299,1229632
C10H11N12 MW=299,1229586
C12H13N9O MW=299,1243008
C13H19N2O6 MW=299,1243054
C14H15N6O2 MW=299,125643
C16H17N3O3 MW=299,1269852
382,1041 6,2min Indefinida C11H13N10O6 MW=381,1019498
C12H19N3O11 MW=381,1019544
C13H15N7O7 MW=381,103292
C14H11N11O3 MW=381,1046296
C15H17N4O8 MW=381,1046342
C14H21O12 MW=381,1032966
C16H13N8O4 MW=381,1059718
C18H15N5O5 MW=381,107314
C17H19NO9 MW=381,1059764
C25H11N5 MW=381,1014406
C27H13N2O MW=381,1027828
449,1829 6,2min Alcalóide C17H18N15O MW=448,1818678
C18H24N8O6 MW=448,1818724
C19H20N12O2 MW=448,18321
C19H30NO11 MW=448,181877
C20H26N5O7 MW=448,1832146
C21H22N9O3 MW=448,1845522
C22H28N2O8 MW=448,1845568
C34H24O MW=448,1827054
C32H22N3 MW=448,1813632
164,0708 6,7min Alcalóide C3H9N5O3 MW=163,0705364
C5H11N2O4 MW=163,0718786
288,1172 6,7min Alcalóide C14H15N4O3 MW=287,11441
C16H17NO4 MW=287,1157522
C17H13N5 MW=287,1170898
C19H15N2O MW=287,118432
396,1480 6,7min Indefinida C7H23N8O11 MW=395,1486228
C11H27N2O13 MW=395,1513072
C9H25N5O12 MW=395,149965
C15H15N12O2 MW=395,144087
C16H21N5O7 MW=395,1440916
151
C17H17N9O3 MW=395,1454292
C18H23N2O8 MW=395,1454338
C19H19N6O4 MW=395,1467714
C20H15N10 MW=395,148109
C21H21N3O5 MW=395,1481136
C22H17N7O MW=395,1494512
C23H23O6 MW=395,1494558
C24H19N4O2 MW=395,1507934
439,1835 6,7min Indefinida C16H19N14O2 MW=439,1815334
C17H25N7O7 MW=439,181538
C18H21N11O3 MW=439,1828756
C18H31O12 MW=439,1815426
C19H27N4O8 MW=439,1828802
C20H23N8O4 MW=439,1842178
C21H19N12 MW=439,1855554
C21H29NO9 MW=439,1842224
C22H25N5O5 MW=439,18556
494,1746 6,7min Indefinida C11H17N20O4 MW=493,1741582
C11H27N9O13 MW=493,1728252
C12H23N13O9 MW=493,1741628
C13H29N6O14 MW=493,1741674
C14H25N10O10 MW=493,175505
C15H21N14O6 MW=493,1768426
C15H31N3O15 MW=493,1755096
C16H27N7O11 MW=493,1768472
C17H33O16 MW=493,1768518
C24H19N11O2 MW=493,1723114
C25H25N4O7 MW=493,172316
C26H21N8O3 MW=493,1736536
C27H27NO8 MW=493,1736582
C28H23N5O4 MW=493,1749958
C29H19N9 MW=493,1763334
C30H25N2O5 MW=493,176338
522,2717 6,7min Indefinida C20H33N12O5 MW=521,2696748
C21H39N5O10 MW=521,2696794
C21H29N16O MW=521,2710124
C22H35N9O6 MW=521,271017
C23H31N13O2 MW=521,2723546
C23H41N2O11 MW=521,2710216
C24H37N6O7 MW=521,2723592
C25H33N10O3 MW=521,2736968
C35H37O4 MW=521,2691702
C26H39N3O8 MW=521,2737014
C36H33N4 MW=521,2705078
C38H35NO MW=521,27185
152,0682 6,8min Indefinida C3H10N3O4 MW=152,067128
152
C4H6N7 MW=152,0684656
C5H12O5 MW=152,0684702
222,1530 6,8min Indefinida C12H19N3O MW=221,1528044
C10H17N6 MW=221,1514622
C14H21O2 MW=221,1541466
284,0923 6,8min Alcalóide C8H11N8O4 MW=283,0903226
C10H13N5O5 MW=283,0916648
C11H9N9O MW=283,0930024
C12H15N2O6 MW=283,093007
C9H17NO9 MW=283,0903272
C13H11N6O2 MW=283,0943446
457,1727 6,8min Indefinida C19H17N14O MW=457,1709692
C21H19N11O2 MW=457,1723114
C20H23N7O6 MW=457,1709738
C22H25N4O7 MW=457,172316
C23H21N8O3 MW=457,1736536
C21H29O11 MW=457,1709784
C24H27NO8 MW=457,1736582
C34H21N2 MW=457,1704646
522,2664 6,8min Alcalóide C16H29N18O3 MW=521,2669904
C16H39N7O12 MW=521,2656574
C17H35N11O8 MW=521,266995
C18H31N15O4 MW=521,2683326
C18H41N4O13 MW=521,2669996
C19H37N8O9 MW=521,2683372
C20H43NO14 MW=521,2683418
C28H35N5O5 MW=521,263806
C29H31N9O MW=521,2651436
C27H29N12 MW=521,2638014
C30H37N2O6 MW=521,2651482
C31H33N6O2 MW=521,2664858
C33H35N3O3 MW=521,267828
612,2239 6,8min Indefinida C19H39N4O18 MW=611,225925400002
C18H33N11O13 MW=611,225920800002
C26H25N15O4 MW=611,221385000001
C27H21N19 MW=611,222722600001
C27H31N8O9 MW=611,221389600002
C28H27N12O5 MW=611,222727200001
C28H37NO14 MW=611,221394200002
C29H23N16O MW=611,224064800001
C29H33N5O10 MW=611,222731800002
C30H29N9O6 MW=611,224069400001
C31H25N13O2 MW=611,225407000001
C31H35N2O11 MW=611,224074000002
C32H31N6O7 MW=611,225411600002
153
C33H27N10O3 MW=611,226749200001
C34H33N3O8 MW=611,226753800002
C41H29N3O3 MW=611,220880400001
C43H31O4 MW=611,222222600001
C44H27N4 MW=611,223560200001
C46H29NO MW=611,224902400001
164,0723 7,0min Alcalóide C5H11N2O4 MW=163,0718786
288,1242 7,0min Alcalóide C8H15N8O4 MW=287,121621
C9H21NO9 MW=287,1216256
C10H17N5O5 MW=287,1229632
C9H11N12 MW=287,1229586
C11H13N9O MW=287,1243008
C12H19N2O6 MW=287,1243054
C13H15N6O2 MW=287,125643
C15H17N3O3 MW=287,1269852
396,1486 7,0min Alcalóide C7H23N8O11 MW=395,1486228
C11H27N2O13 MW=395,1513072
C9H25N5O12 MW=395,149965
C15H15N12O2 MW=395,144087
C16H21N5O7 MW=395,1440916
C17H17N9O3 MW=395,1454292
C18H23N2O8 MW=395,1454338
C19H19N6O4 MW=395,1467714
C20H15N10 MW=395,148109
C21H21N3O5 MW=395,1481136
C22H17N7O MW=395,1494512
C23H23O6 MW=395,1494558
C24H19N4O2 MW=395,1507934
522,2705 7,0min Indefinida C20H33N12O5 MW=521,2696748
C21H39N5O10 MW=521,2696794
C21H29N16O MW=521,2710124
C22H35N9O6 MW=521,271017
C23H31N13O2 MW=521,2723546
C23H41N2O11 MW=521,2710216
C24H37N6O7 MW=521,2723592
C25H33N10O3 MW=521,2736968
C35H37O4 MW=521,2691702
C26H39N3O8 MW=521,2737014
C36H33N4 MW=521,2705078
C38H35NO MW=521,27185
298,0937 7,3min Indefinida C9H17N2O9 MW=297,0934012
C10H13N6O5 MW=297,0947388
C11H9N10O MW=297,0960764
C12H15N3O6 MW=297,096081
C21H13O2 MW=297,0915498
154
365,1526 7,3min Indefinida C14H14N13 MW=364,1495064
C15H20N6O5 MW=364,149511
C16H16N10O MW=364,1508486
C17H22N3O6 MW=364,1508532
C18H18N7O2 MW=364,1521908
C20H20N4O3 MW=364,153533
C22H22NO4 MW=364,1548752
C19H24O7 MW=364,1521954
C23H18N5 MW=364,1562128
422,1621 7,3min Indefinida C16H21N8O6 MW=421,1583986
C17H17N12O2 MW=421,1597362
C17H27NO11 MW=421,1584032
C18H23N5O7 MW=421,1597408
C19H19N9O3 MW=421,1610784
C20H25N2O8 MW=421,161083
C21H21N6O4 MW=421,1624206
C22H17N10 MW=421,1637582
C23H23N3O5 MW=421,1637628
C25H25O6 MW=421,165105
C24H19N7O MW=421,1651004
C30H19N3 MW=421,1578894
C32H21O MW=421,1592316
164,0712 7,5min Alcalóide C5H11N2O4 MW=163,0718786
298,1032 7,5min Alcalóide C9H13N8O4 MW=297,1059718
C8H17N4O8 MW=297,1046342
C10H19NO9 MW=297,1059764
C18H11N5 MW=297,1014406
C20H13N2O MW=297,1027828
351,1414 7,5min Alcalóide C9H24N3O11 MW=350,1410774
C10H20N7O7 MW=350,142415
C11H16N11O3 MW=350,1437526
C12H22N4O8 MW=350,1437572
C21H20NO4 MW=350,139226
C22H16N5 MW=350,1405636
C24H18N2O MW=350,1419058
422,1611 7,5min Indefinida C16H21N8O6 MW=421,1583986
C17H17N12O2 MW=421,1597362
C17H27NO11 MW=421,1584032
C18H23N5O7 MW=421,1597408
C19H19N9O3 MW=421,1610784
C20H25N2O8 MW=421,161083
C21H21N6O4 MW=421,1624206
C22H17N10 MW=421,1637582
C23H23N3O5 MW=421,1637628
155
C24H19N7O MW=421,1651004
C25H25O6 MW=421,165105
C32H21O MW=421,1592316
C30H19N3 MW=421,1578894
506,2480 7,5min Indefinida C16H37N6O12 MW=505,2469342
C17H33N10O8 MW=505,2482718
C18H29N14O4 MW=505,2496094
C18H39N3O13 MW=505,2482764
C19H35N7O9 MW=505,249614
C20H41O14 MW=505,2496186
C29H29N8O MW=505,2464204
C30H35NO6 MW=505,246425
C31H31N5O2 MW=505,2477626
C33H33N2O3 MW=505,2491048
611,1666 7,5min Indefinida C24H18N16O5 MW=610,164601800001
C25H24N9O10 MW=610,164606400001
C26H20N13O6 MW=610,165944000001
C26H30N2O15 MW=610,164611000002
C27H16N17O2 MW=610,167281600001
C27H26N6O11 MW=610,165948600001
C28H22N10O7 MW=610,167286200001
C29H18N14O3 MW=610,168623800001
C29H28N3O12 MW=610,167290800001
C30H24N7O8 MW=610,168628400001
C31H30O13 MW=610,168633000001
C39H22N4O4 MW=610,164097200001
C40H18N8 MW=610,165434800001
C41H24NO5 MW=610,165439400001
C44H22N2O2 MW=610,168119200001
C42H20N5O MW=610,166777000001
296,0931 7,7min Alcalóide C9H11N8O4 MW=295,0903226
C11H13N5O5 MW=295,0916648
C12H9N9O MW=295,0930024
C10H17NO9 MW=295,0903272
C13H15N2O6 MW=295,093007
C16H13N3O3 MW=295,0956868
C14H11N6O2 MW=295,0943446
366,1411 7,7min Indefinida C10H25N2O12 MW=365,140743
C11H21N6O8 MW=365,1420806
C12H17N10O4 MW=365,1434182
C13H23N3O9 MW=365,1434228
C20H19N3O4 MW=365,1375494
C22H21O5 MW=365,1388916
C21H15N7 MW=365,138887
C23H17N4O MW=365,1402292
C25H19NO2 MW=365,1415714
156
431,1258 7,7min Indefinida C17H12N13O2 MW=430,1236872
C18H18N6O7 MW=430,1236918
C20H20N3O8 MW=430,125034
C19H14N10O3 MW=430,1250294
C21H16N7O4 MW=430,1263716
C22H22O9 MW=430,1263762
C22H12N11 MW=430,1277092
C23H18N4O5 MW=430,1277138
506,2656 7,7min Indefinida C21H33N10O5 MW=505,2635268
C22H29N14O MW=505,2648644
C22H39N3O10 MW=505,2635314
C23H35N7O6 MW=505,264869
C24H31N11O2 MW=505,2662066
C24H41O11 MW=505,2648736
C25H37N4O7 MW=505,2662112
C26H33N8O3 MW=505,2675488
C27H39NO8 MW=505,2675534
C37H33N2 MW=505,2643598
595,1696 7,7min Indefinida C22H26N8O12 MW=594,167011600001
C23H22N12O8 MW=594,168349200001
C23H32NO17 MW=594,167016200002
C24H18N16O4 MW=594,169686800001
C24H28N5O13 MW=594,168353800001
C25H14N20 MW=594,171024400001
C25H24N9O9 MW=594,169691400001
C26H20N13O5 MW=594,171029000001
C26H30N2O14 MW=594,169696000001
C27H16N17O MW=594,172366600001
C27H26N6O10 MW=594,171033600001
C28H22N10O6 MW=594,172371200001
C29H28N3O11 MW=594,172375800001
C37H20N7O2 MW=594,167840000001
C38H26O7 MW=594,167844600001
C39H22N4O3 MW=594,169182200001
C41H24NO4 MW=594,170524400001
C42H20N5 MW=594,171862000001
638,3138 7,7min Indefinida C19H45N10O14 MW=637,311657000002
C20H41N14O10 MW=637,312994600002
C21H47N7O15 MW=637,312999200002
C22H43N11O11 MW=637,314336800002
C23H39N15O7 MW=637,315674400002
C23H49N4O16 MW=637,314341400002
C24H45N8O12 MW=637,315679000002
C25H51NO17 MW=637,315683600003
C32H37N12O3 MW=637,311143200002
C33H43N5O8 MW=637,311147800002
157
C34H39N9O4 MW=637,312485400002
C35H35N13 MW=637,313823000002
C35H45N2O9 MW=637,312490000002
C37H37N10O MW=637,315165200002
C38H43N3O6 MW=637,315169800002
C39H39N7O2 MW=637,316507400002
C36H41N6O5 MW=637,313827600002
C40H45O7 MW=637,316512000002
C47H41O2 MW=637,310638600002
296,0972 8,0min Indefinida CH9N15O4 MW=295,0961914
C14H11N6O2 MW=295,0943446
C16H13N3O3 MW=295,0956868
C18H15O4 MW=295,097029
C21H13NO MW=295,0997088
C19H11N4 MW=295,0983666
356,1868 8,0min Alcalóide C13H23N8O4 MW=355,1842178
C14H19N12 MW=355,1855554
C15H25N5O5 MW=355,18556
C14H29NO9 MW=355,1842224
C16H21N9O MW=355,1868976
C17H27N2O6 MW=355,1869022
C18H23N6O2 MW=355,1882398
C20H25N3O3 MW=355,189582
449,1115 8,0min Indefinida C17H12N12O4 MW=448,1104432
C18H18N5O9 MW=448,1104478
C19H14N9O5 MW=448,1117854
C20H20N2O10 MW=448,11179
C20H10N13O MW=448,113123
C21H16N6O6 MW=448,1131276
C32H16O3 MW=448,1099386
C35H14N MW=448,1126184
356,1879 8,2min Alcalóide C16H21N9O MW=355,1868976
C17H27N2O6 MW=355,1869022
C18H23N6O2 MW=355,1882398
C20H25N3O3 MW=355,189582
433,1158 8,2min Indefinida C16H16N8O7 MW=432,1141906
C17H22NO12 MW=432,1141952
C18H18N5O8 MW=432,1155328
C19H14N9O4 MW=432,1168704
C17H12N12O3 MW=432,1155282
C20H20N2O9 MW=432,116875
C30H14N3O MW=432,1136814
C32H16O2 MW=432,1150236
326,2128 9,2min Alcalóide C13H25N8O2 MW=325,210037
158
C14H31NO7 MW=325,2100416
C15H27N5O3 MW=325,2113792
C17H29N2O4 MW=325,2127214
C18H25N6 MW=325,214059
C20H27N3O MW=325,2154012
366,1983 9,2min Indefinida C18H27N3O5 MW=365,1950612
C17H21N10 MW=365,1950566
C19H23N7O MW=365,1963988
C20H29O6 MW=365,1964034
C21H25N4O2 MW=365,197741
C23H27NO3 MW=365,1990832
C26H25N2 MW=365,201763
417,1235 9,2min Alcalóide C19H14N9O3 MW=416,1219554
C20H20N2O8 MW=416,12196
C21H16N6O4 MW=416,1232976
C22H12N10 MW=416,1246352
C23H18N3O5 MW=416,1246398
553,1279 9,2min C14H26N5O18 MW=552,127279600001
C15H12N20O5 MW=552,129950200001
C15H22N9O14 MW=552,128617200001
C16H18N13O10 MW=552,129954800001
C16H28N2O19 MW=552,128621800001
C17H24N6O15 MW=552,129959400001
C24H10N17O MW=552,125419
C25H16N10O6 MW=552,125423600001
C26H12N14O2 MW=552,126761200001
C26H22N3O11 MW=552,125428200001
C27H18N7O7 MW=552,126765800001
C28H14N11O3 MW=552,128103400001
C28H24O12 MW=552,126770400001
C29H20N4O8 MW=552,128108000001
C30H16N8O4 MW=552,129445600001
C31H22NO9 MW=552,129450200001
C41H16N2O MW=552,126256600001
C23H24N2O14 MW=552,122748400001
C34H20N2O6 MW=552,132130000001
625,1541 9,2min Indefinida C20H28N6O17 MW=624,151087800002
C21H14N21O4 MW=624,153758400001
C21H24N10O13 MW=624,152425400001
C22H20N14O9 MW=624,153763000001
C22H30N3O18 MW=624,152430000001
C23H16N18O5 MW=624,155100600001
C23H26N7O14 MW=624,153767600001
C24H12N22O MW=624,156438200001
C24H32O19 MW=624,153772200002
C25H18N15O6 MW=624,156442800001
159
C24H22N11O10 MW=624,155105200001
C26H24N8O11 MW=624,156447400001
C34H16N12O2 MW=624,151911600001
C35H22N5O7 MW=624,151916200001
C25H28N4O15 MW=624,155109800001
C36H18N9O3 MW=624,153253800001
C38H20N6O4 MW=624,154596000001
C37H24N2O8 MW=624,153258400001
C39H16N10 MW=624,155933600001
C27H30NO16 MW=624,156452000001
C40H22N3O5 MW=624,155938200001
C49H20O MW=624,151407000001
310,2173 9,5min Alcalóide C13H25N8O MW=309,215122
C14H31NO6 MW=309,2151266
C15H27N5O2 MW=309,2164642
C17H29N2O3 MW=309,2178064
505,1488 9,5min Indefinida C16H18N13O7 MW=504,1452098
C16H28N2O16 MW=504,1438768
C17H24N6O12 MW=504,1452144
C18H20N10O8 MW=504,146552
C19H16N14O4 MW=504,1478896
C19H26N3O13 MW=504,1465566
C20H12N18 MW=504,1492272
C20H22N7O9 MW=504,1478942
C21H28O14 MW=504,1478988
C22H14N15O MW=504,1505694
C21H18N11O5 MW=504,1492318
C22H24N4O10 MW=504,1492364
C23H20N8O6 MW=504,150574
C24H26NO11 MW=504,1505786
C25H22N5O7 MW=504,1519162
C27H24N2O8 MW=504,1532584
C30H16N8O MW=504,1447006
C31H22NO6 MW=504,1447052
C34H20N2O3 MW=504,147385
C37H18N3 MW=504,1500648
C32H18N5O2 MW=504,1460428
609,1621 9,5min Indefinida C24H12N22 MW=608,161523200001
C24H22N11O9 MW=608,160190200001
C25H18N15O5 MW=608,161527800001
C25H28N4O14 MW=608,160194800001
C26H14N19O MW=608,162865400001
C26H24N8O10 MW=608,161532400001
C27H20N12O6 MW=608,162870000001
C27H30NO15 MW=608,161537000001
C28H26N5O11 MW=608,162874600001
C29H22N9O7 MW=608,164212200001
160
C30H28N2O12 MW=608,164216800001
C38H20N6O3 MW=608,159681000001
C40H22N3O4 MW=608,161023200001
C41H18N7 MW=608,162360800001
C43H20N4O MW=608,163703000001
C42H24O5 MW=608,162365400001
C45H22NO2 MW=608,165045200001
* - Quando calculadas apenas moléculas contendo nitrogênio ou com espectro coincidente ao de alcalóides ocorrentes em
Nyctaginaceae, o pico foi considerado como classe alcaloídica. Quando calculadas possíveis fórmulas moleculares onde
o nitrogênio estava ausente, a classe do pico foi considerada indefinida.
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