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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CULTIVO DE OSTRA DO
GÊNERO Crassostrea (SACCO, 1897) NO ESTUÁRIO DO
RIO VAZA-BARRIS (SERGIPE)
KARYNNE LEMOS FARIAS SIQUEIRA
ARACAJU
Abril – 2008
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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E AMBIENTE
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CULTIVO DE OSTRA DO
GÊNERO Crassostrea (SACCO, 1897) NO ESTUÁRIO DO
RIO VAZA-BARRIS (SERGIPE)
Dissertão de Mestrado submetida à banca
examinadora como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Saúde e
Ambiente, na área de concentração em Saúde e
Ambiente.
KARYNNE LEMOS FARIAS SIQUEIRA
Orientador: Prof. Edílson Divino de Araújo, Dr.
ARACAJU
Abril – 2008
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Ficha catalográfica: Delvânia Rodrigues dos Santos Macêdo
CRB – 5/1425
S618a Siqueira, Karynne Lemos Farias.
Avaliação do sistema de cultivo de ostra do gênero Crassostrea
(SACCO, 1897) no estuário do rio Vaza-Barris (Sergipe) / Karynne
Lemos Farias Siqueira ; orientação [de] Edílson Divino de Araújo.
Aracaju : UNIT, 2008.
77 p. : il. ; 30 cm
Inclui bibliografia.
Dissertação(Mestrado em Saúde e Ambiente) – Universidade
Tiradentes
1. Cultivo de ostra - avaliação. 2. Crassostrea. 3. Rio Vaza-Barris I.
Araújo, Edílson Divino de (orient.) II. Título.
CDU: 636.99
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AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE CULTIVO DE OSTRA DO GÊNERO Crassostrea
(SACCO, 1897) NO ESTUÁRIO DO RIO VAZA-BARRIS (SERGIPE)
KARYNNE LEMOS FARIAS SIQUEIRA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E
AMBIENTE DA UNIVERSIDADE TIRADENTES COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM SAÚDE E AMBIENTE
Aprovada por:
______________________________________________________________
Edílson Divino de Araújo, Dr.
Orientador
______________________________________________________________
Sara Cuadros Orellana, Dra.
______________________________________________________________
Ayda Vera Alcântara, Dra.
______________________________________________________________
Francine Ferreira Padilha, Dra.
______________________________________________________________
Claúdia Moura de Melo, Dra.
ARACAJU
Abril - 2008
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DEDICATÓRIA
À Deus...
A minha incansável família,
Ao meu esposo Anderson e Kamille.
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v
AGRADECIMENTOS
À Deus, sem a fé nada haveria de concreto;
À minha mãe Lucinha e vó Neufras, tão atenciosas, carinhosas e preocupadas
comigo, com meus estudos, meu sono, minha alimentação, enfim...;
Ao meu sogro Antônio e sogra Maria José por me ajudarem de diversas formas e
sem medir esforços nas dezenas de vezes que precisei de ajuda;
Ao meu querido irmão Max e cunhada Maisa, que torcem pelo meu sucesso,
mesmo distantes;
À minha tia Neide, por despertar a paixão da docência;
A minha filha Kamille, pelo carinho, por me fazer rir quando na verdade queria
chorar, você é muito fofinha, mainha te ama!;
A minha paixão Anderson Lessa, por ser meu amigo, companheiro, colega de
mestrado, por estar do meu lado quando o stress de um se confundia com o do outro, por
ser um dos meus pilares na luta diária de buscar o sucesso profissional, beijos, te amo!;
Ao meu orientador Edilson, meu ex-vizinho, pessoa que estimula os alunos a
continuarem a luta por seus sonhos, caminhar da melhor forma possível em busca de um
bom trabalho mesmo que este tenha perdido o elo, ensinou-me a levantar, não se
desesperar e seguir em frente com outro enfoque, muito obrigada!;
Aos meus estagiários, foram tantos que me ajudaram, mas em especial Pablo e
Jaltaira com quais passei maior parte das coletas;
A todos os professores do Programa de Mestrado em Saúde e Ambiente, por
ampliar meu espectro de visão a cerca do enfoque de um mestrado multidisciplinar;
Aos meus amigos e compadres a e Alysson por ouvir tantas vezes um
desabafo de desespero na reta final;
À todos os colegas de mestrado, pelos momentos divertidos nos papos de
intervalo e por sermos a 1ª. turma de mestrado em saúde e ambiente;
A PAPGP da UNIT, a CAPES pela bolsa PROSUP;
A UNIT pelo espaço para o estágio em docência no curso de ciências biológicas,
onde pude contar com o auxílio das profas. Verônica Sierpe e Maria Nei, sempre
disponíveis, tranqüilas e serenas;
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Ao ITP por me proporcionar o espaço pra desenvolver apesquisa, em especial,
LBT, LEA, prof. Rui e técnica Flávia, LTA, prof. Álvaro, LBP, profa. Sara Cuadros e LBM,
Carol mestranda e Erilson, Daniele e Paula, graduandos;
A AQUISC, por disponibilizar barco, estrutura e funcionários para instruções e
informações, crates, Edílson, Bambito, D. Maria;
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
2. CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11
2.1. Aspectos gerais sobre o cultivo de ostras no Brasil e no estado de
Sergipe
11
2.2. Produção de sementes de ostras nativas: aspectos técnicos,
ambientais e biológicos
13
2.3. Estudo de coliformes em ostras e água de cultivo 16
2.4. Pesquisas de metais pesados em moluscos 18
2.5. Identificação molecular de espécies de ostras nativas 20
2.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
3. CAPÍTULO 2: AVALIAÇÃO TEMPORAL DE PARÂMETROS
ABTICOS LIGADOS À PRODUÇÃO DE SEMENTES DE OSTRAS
NATIVAS CRASSOSTREA (SACCO, 1897) NO RIO VAZA BARRIS (SE)
31
4. CATULO 3: ASPECTOS SANITÁRIOS DA ÁGUA E DAS OSTRAS
NATIVAS DO GÊNERO CRASSOSTREA CULTIVADAS NO RIO VAZA
BARRIS (SE)
54
5. CATULO 4: METAIS PESADOS (Zn, Pb, Cu e Cd) EM OSTRAS
NATIVAS DO GÊNERO CRASSOSTREA CULTIVADAS NO RIO VAZA
BARRIS (SE)
64
6. CAPÍTULO 5: UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE PCR-RFLP NA
AVALIAÇÃO DA CO-OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES DE OSTRAS
NATIVAS NO RIO VAZA-BARRIS (SE)
73
7. CONCLUSÃO GERAL
83
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
85
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LISTA DE TABELAS E FIGURAS
CAPÍTULO 2: AVALIAÇÃO TEMPORAL DE PARÂMETROS ABIÓTICOS LIGADOS À
PRODUÇÃO DE SEMENTES DE OSTRAS NATIVAS Crassostrea (SACCO, 1897) NO
RIO VAZA BARRIS (SE)
Figura 1. Local da coleta. Rio Vaza-Barris, Povoado Pedreiras (São
Cristóvão/SE).
40
Figura 2. Unidades de coleta de sementes de ostra do gênero Crassostrea,
confeccionadas com tubos PVC e garrafas PET.
41
Tabela 1. Número de sementes de ostra Crassostrea fixadas nos coletores
PET ao longo do período de (Ago/06 a Jun/07).
42
Tabela 2. Análise de Variância para a avaliação da diferença da fixação de
sementes entre meses e quadrantes.
43
Figura 3. Número de sementes de ostras fixadas nos quadrantes superiores e
inferiores do coletor experimental ao longo dos meses de
acompanhamento.
44
Figura 4. Crescimento de sementes de ostra de mangue do gênero
Crassostrea, no povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE), no período
de Nov/06, Dez/06, Jan/07 e Mar/07.
46
Figura 5. Parâmetros de turbidez, salinidade, temperatura, pluviosidade, pH e
OD relacionados a produção de sementes de ostra do gênero
Crassostrea, no rio Vaza-Barris (Ago/06 a Jul/07).
50
CAPÍTULO 3 ASPECTOS SANITÁRIOS DA ÁGUA E DAS OSTRAS NATIVAS DO
GÊNERO Crassostrea CULTIVADAS NO RIO VAZA BARRIS (SE)
Tabela 3.
Qualidade da água de cultivo e tecido de sementes de ostras em
dois períodos: chuvoso(jul/06) e estiagem(dez/06)
58
CAPÍTULO 4: METAIS PESADOS (Zn, Pb, Cu e Cd) EM OSTRAS NATIVAS DO GÊNERO
Crassostrea CULTIVADAS NO RIO VAZA BARRIS (SE)
Tabela 4. Níveis de Cobre (Cu) encontrados em ostras do gênero Crassostrea
na literatura comparados aos níveis recomendados pela legislão
brasileira e aos valores obtidos no presente estudo.
67
Tabela 5. Níveis de Cadmio (Cd) encontrados em ostras do gênero
Crassostrea na literatura comparados aos níveis recomendados
pela legislação brasileira e aos valores obtidos no presente estudo.
68
Tabela 6. Níveis de Zinco (Zn) encontrados em ostras do gênero Crassostrea
na literatura comparados aos níveis recomendados pela legislão
brasileira e aos valores obtidos no presente estudo.
69
Tabela 7.
Níveis de Chumbo (Pb) encontrados em ostras do gênero
Crassostrea na literatura comparados aos níveis recomendados
pela legislação brasileira e aos valores obtidos no presente estudo.
69
CAPÍTULO 5: UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE PCR-RFLP NA AVALIAÇÃO DA CO-
OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES DE OSTRAS NATIVAS NO RIO VAZA-BARRIS (SE)
Tabela 8. Identificação morfológica e molecular das amostras de ostras
nativas coletadas em 3 localidades do rio Vaza Barris (SE).
80
Figura 6. Co-ocorrência de duas espécies, Crassostrea brasiliana e
Crassostrea rhizophorae, no sistema de cultivo de sementes de
ostra do rio Vaza-Barris (SE).
81
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ADEMA – Administração Estadual de Meio Ambiente
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
ANOVA – Análise de Variância
AQUISC – Associação de Aquicultores de São Cristóvão
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONATURA – Cooperativa Mista de Trabalhadores Protetores da Natureza
DNA - Deoxyribonucleic Acid
FAO – Organization Agricultural Foundation
OD – Oxigênio dissolvido
PET - Tereftalato de Polietileno
pH – Potencial hidrogeniônico.
PPM – Partes por Milhão.
RFLP - Restriction Fragment Length Polymorphisms
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
TAMAR/IBAMA - Tartarugas Marinhas/Instituto Brasileiro de Meio Ambiente.
NMP – Número Mais Provável.
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1. INTRODUÇÃO
A aqüicultura é a produção de organismos aquáticos em ambientes controlados,
mediante técnicas específicas (PILLAY,1996). A produção de sementes constitui uma das
etapas do processo de cultivo de ostras e geralmente são instaladas estruturas apropriadas
para esse fim. As principais variáveis que influenciam a implantação das estruturas no local
de cultivo são as condições de maré, correntes e vento PEREIRA et al., (2001),
Essa atividade é vista como uma oportunidade de negócio por empresas,
comunidades e associações, podendo gerar empregos diretos e indiretos e uma
considerável receita de capital. Em 2000, a aqüicultura arrecadou aproximadamente 63
trilhões de dólares, correspondendo a mais de 30% do valor total da produção mundial de
pescado para consumo humano, sendo que cerca de 50% da produção aquícola marinha
está representada pelos moluscos bivalves, que em 1996 atingiram 7.067.500t/ano (FAO,
2003).
Diante dessa receita de produção a atividade aquícola vem crescendo e com ela
muitos conceitos, tecnologias e um número cada vez maior de espécies passíveis de serem
cultivadas. No que diz respeito aos moluscos da classe bivalvia, esses representaram, em
1996, 42% da produção mundial de organismos cultivados em águas marinhas Um dos
representantes dessa classe é a ostra, com grande capacidade de converter a produção
primária do mar em proteína animal. A capacidade de filtração desses animais durante o
processo de alimentação pode também detectar acúmulo de bactérias e metais pesados nos
tecidos do molusco caso o ambiente sofra ação antrópica (FAO, 2003).
A Aqüicultura no Estado de Sergipe aparece no cenário sócio-econômico como um
setor de grande importância por seu potencial e rentabilidade. A implantação de projetos se
na ostreicultura e carcinicultura, mas o grande potencial é sem dúvida a piscicultura, seja
em viveiro, tanques-rede ou canais de irrigação. Das regiões com potencial para a
piscicultura, destaca-se o pólo de aqüicultura do Baixo São Francisco (que abrange também
o estado de Alagoas), sendo reconhecido hoje no país, por técnicos e empresários, como de
grande potencial para o desenvolvimento do setor (SERGIPE, 2008).
A iniciativa em ostreicultura parte das comunidades ribeirinhas dos associados da
AQUISC (Associação de Aquicultores de São Cristóvão) do estuário do rio Vaza-Barris,
localizada no povoado Pedreiras, município de São Cristóvão. A associação foi criada 8
anos por 21 pessoas com o auxílio de vários consultores, engenheiros de pesca, biólogos,
técnicos e vem desenvolvendo um projeto de ostreicultura de base sustentável para
captação de larvas “in natura”.
Este trabalho teve como meta gerar informações básicas sobre a produção de
sementes que possam dar suporte ao desenvolvimento do sistema produtivo de ostras
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nativas, a partir de uma base de cultivo instalada no rio Vaza Barris, município de São
Cristóvão (SE). O trabalho foi subdividido em capítulos que envolvem os seguintes objetivos:
- Avaliar quais os principais parâmetros abióticos relacionados à produção de
sementes na base de cultivo;
- Avaliar a qualidade das sementes e da água de cultivo por meio da análise de
coliformes totais e termotolerantes;
- Verificar os níveis de metais pesados (Pb, Cu, Zn e Cd) encontrados nas sementes
de ostras cultivadas no rio Vaza Barris (SE);
- Verificar a existência e o grau de co-ocorrência das espécies Crassostrea
rhizophorae e C. brasiliana na região de cultivo por meio da identificação genética de
indivíduos através da técnica de PCR-RFLP.
- CAPÍTULO 1 -
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Aspectos gerais sobre o cultivo de ostras no Brasil e no estado de Sergipe
Ostras são moluscos bivalves e pertencem à família Ostreidae (RIOS, 1994). As
espécies de ostras habitam regiões costeiras rasas, com ocorrência desde a faixa latitudinal
de 64°N à 44°S (COSTA, 1985).
O gênero Crassostrea reúne as ostras de maior interesse econômico em função do valor
alimentício da “carne” e do uso da concha como matéria prima na fabricação de diversos
produtos(COSTA, 1985).
Ostra do mangue é um nome popular dado a duas espécies nativas de ostras do
gênero Crassostrea que ocorrem nas regiões estuarinas do Brasil, a Crassostrea
rhizophorae (Guilding,1828) e a Crassostrea brasiliana (Lamark,1819), estas são
encontradas em regiões estuarinas de baixa e média salinidade. A Crassostrea rhizophorae
é uma espécie hermafrodita protândrica, de tamanho médio, que alcança tamanho de 100
mm, concha grossa e de forma variável, geralmente larga e de tonalidade clara a escura. A
valva superior é plana e menor que a inferior, distribui-se do Caribe ao Atlântico sul-
americano até o Brasil (VILLARROEL et al., 2004), é típica de zonas tropicais e ocorre
principalmente fixada às raízes aéreas do mangue vermelho (Rhizophora mangle), ou sobre
zonas intertidais e costões rochosos (NASCIMENTO, 1983).
A segunda espécie de ostra do mangue é a Crassostrea brasiliana, que foi
identificada no Brasil nos anos de 1975 a 1978 (AKABOSHI e PEREIRA,1981), tendo sido
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identificada, até então, como Crassostrea rizhophorae, em função da enorme semelhança
morfológica entre elas e ainda por possuírem o mesmo habitat, fixar-se no mesmo substrato,
porém a C. brasiliana apresenta melhor performance de crescimento durante o cultivo
(PEREIRA et al., 2003).
As formas adultas de ambas as espécies são sésseis e apresentam grande
plasticidade morfológica, dependendo do substrato onde estão fixadas (ABSHER, 1989),
gerando grandes controvérsias para a identificação das espécies, tanto que a C.
rhizophorae já foi considerada sinônima da C. brasiliana (RIOS, 1994). Entretanto, trabalhos
recentes baseados em polimorfismos moleculares confirmaram a existência e co-ocorrência
das duas espécies no Brasil (ABSHER, 1989; IGNÁCIO et.al., 2000; GUSMÃO et al., 2004;
PIE et. al. 2006; VARELA et. al., 2007).
As ostras de mangue vêm sendo estudadas por vários autores, desde a primeira
metade do século 20. BESNARD (1949), trabalhando para a Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, avaliou o potencial da ostreicultura em Cananéia
(SP) nos anos 1930-40. Posteriormente, WAKAMATSU (1973) e ABSHER (1989)
estabeleceram os fundamentos básicos, práticos e teóricos para a ostreicultura na Baía de
Santos (BA), Cananéia (SP) e Paranaguá (PR), respectivamente.
Nas décadas de 1970-80 foram iniciadas pesquisas direcionadas ao desenvolvimento
da ostreicultura nos Estados do Ceará, Paraná, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Santa
Catarina com a espécie Crassostrea rhizophorae, cujo cultivo teve início a partir de
sementes obtidas do meio natural (FERNANDES e LIMA, 1976; ANTUNES, 1978;
NASCIMENTO e LUNETTA,1978; AKABOSHI, 1979; NASCIMENTO et. al., 1980;
NASCIMENTO e PEREIRA, 1980; NASCIMENTO, 1983; NASCIMENTO, 1998).
No final da década de 1980 e icio da década de 90, no Rio de Janeiro e em Santa
Catarina foram iniciados os estudos referentes à introdução de uma espécie exótica de ostra
para fins de cultivo, tendo sido realizados experimentos de cultivo de sementes com a ostra
japonesa Crassostrea gigas (Thumberg,1975) através do Projeto Cabo Frio (PROENÇA,
2001). A ostra japonesa Crassostrea gigas proveniente do leste asiático, ocorre
predominantemente em regiões de alta salinidade e devido a sua pida maturação sexual e
grande potencial de desenvolvimento, vem sendo cultivada em vários países do mundo
(AKABOSHI, 1979).
Essa espécie exótica, C. gigas, em função de seu melhor desempenho em cultivo, foi
favorecida pelas políticas públicas de estímulos à produção e pesquisa, principalmente nos
Estados de Santa Catarina e São Paulo (AKABOSHI e PEREIRA, 1981; PEREIRA e TANJI,
1994; POLI, 1994; PEREIRA e JACOBSEN, 1995; PEREIRA e LOPES, 1995; GUZENSKI,
1996; MANZONI e LACAVA, 1998; PEREIRA et. al.. 1998; MANZONI, 2001). O fomento por
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parte dos órgãos governamentais propiciou significativo melhoramento técnico do cultivo
dessa espécie, atingindo tal nível de desenvolvimento no estado de Santa Catarina, que
este se tornou o maior produtor nacional e referência na área de ostreicultura no Brasil
(PROENÇA, 2001).
O progresso da pesquisa em ostreicultura no Brasil tornou a espécie C. gigas a mais
comumente cultivada entre o estado de Santa Catarina (principal produtor) e São Paulo
tendo gerado grande volume de informações (STREIT et al., 2002). Nos demais estados
litorâneos, especialmente na região nordeste onde a temperatura da água é muito alta para
o cultivo de C. gigas, a pesquisa ainda é incipiente com relão às espécies nativas
Crassostrea rhizophorae e C. brasiliana (ABHSER e CHRISTO, 1993; SILVA E ABSHER,
1995; PROENÇA, 2001).
Sem contar com o fomento governamental que incentivou a ostreicultura nas regiões
sul e sudeste, nos estados nordestinos, as principais iniciativas vêm por parte dos
aqüicultores que por conta própria constroem viveiros de forma empírica, com pouca ou
nenhuma orientação técnica, sendo necessária uma política de extensão entre o setor
produtivo e acadêmico (VALENTI, 2000).
Contextualizando a realidade de Sergipe na área de ostreicultura, o primeiro projeto
nesta linha de pesquisa foi desenvolvido no ano de 1997 na comunidade de Ponta dos
Mangues, localizada no município de Pacatuba (SE), que trouxe a ostreicultura como uma
alternativa econômica para a população local. No ano de 1999 a região se tornou uma das
maiores produtoras de sementes de ostras nativas por meio da coleta em ambiente natural
(DINIZ, 2001). Nesse mesmo período, teve início o cultivo de ostras no município de São
Cristóvão (SE), como um empreendimento empírico de alguns membros da comunidade
local. Após 8 anos despendidos na tentativa de encontrar a melhor forma de coletar
sementes e produzir ostras comercialmente, a associão de aquicultores ainda não
conseguiu fazer da ostreicultura uma atividade economicamente viável na região (AQUISC,
comunicação pessoal).
2.2. Produção de sementes de ostras nativas: aspectos técnicos, ambientais e
biológicos
Desde a década de 1970 estão sendo intensificados os estudos sobre a biologia e a
ecologia de ostras com a finalidade de desenvolver técnicas de cultivo adequadas a cada
região (ABSHER e CHRISTO, 1993).
Muitos parâmetros podem influenciar no sucesso da ostreicultura, tais como: a
técnica empregada, a biologia da espécie e as condições ideais para o cultivo (PROENÇA,
2001). Quanto às técnicas empregadas na ostreicultura, existe uma variedade de materiais,
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formas de confecção dos coletores e disposição no ambiente, tendo sido relatados rios
tipos de coletores construídos com materiais que possuam ondulações e consistência dura
(FERNANDES e LIMA, 1976; QUAYLE, 1980).
Segundo BUITRAGO e ALVARADO (2005), na Colômbia, os coletores confeccionados
com material metálico, como alumínio e na Venezuela, telhas são considerados excelentes
por oferecerem certa resistência às intempéries. A forma ondulada desses materiais
acumula partículas suspensas, que forma uma película nos coletores, conhecida como
biofilme. A circulação das correntes nas ondulações do coletor promove um aumento no
fluxo de alimento disponível para fixão e o crescimento da ostra. PEREIRA et. al. (2001)
utilizaram no litoral paulista, materiais recicláveis confeccionados com garrafas de tereftalato
de polietileno (PET) para captar sementes de ostras do mangue no ambiente natural.
Os coletores testados pela comunidade local do Vaza-Barris foram de PVC e garrafas
PET. As PETs foram adotadas por obterem uma elevada taxa de recrutamento de
sementes, mas o sucesso na implantação de qualquer empreendimento aquícola deve-se
também ao engajamento dos associados na limpeza das estruturas de coleta, a seleção das
sementes de ostras para o processo de engorda controlando mortalidade, crescimento e as
condições de flutuação do ambiente (EDILSON, aquicultor da AQUISC, comunicação
pessoal).
Quanto aos aspectos biológicos, a desova representa uma das variáveis mais
importantes para fins de produção de sementes de ostra. Em zonas tropicais, a desova das
ostras ocorre de forma contínua, durante o ano todo, porém, a fixão das larvas apresenta
senveis variações ao longo do período, conforme as condições hidrobiológicas de cada
área, mostrando, assim, picos maiores em determinadas épocas do ano (AKABOSHI e
PEREIRA, 1981).
As espécies do gênero Crassostrea são consideradas eurialinas, euritérmicas e são
adaptadas ao ambiente estuarino. As ostras desse gênero possuem uma câmara promial no
lado direito do corpo que inverte o fluxo da água exalante, sendo considerada como uma
adaptação a ambientes de alta turbidez (GALVÃO et. al., 2000).
O correto manejo das sementes promove o desenvolvimento de ostras de cultivo
processadas, mas as dificuldades estão na coleta e identificação de sementes nos estoques
naturais. No Estado de Santa Catarina, por exemplo, MACCACCHERO et. al., (2007)
observaram que o melhor crescimento de Crassostrea sp se dá em altas densidades e num
longo intervalo de limpeza, mostrando que ao final de 5 meses cresceu 60mm, numa taxa
de 9,9mm/mês.
A sobrevivência das ostras no cultivo tem como conseqüência um possível
crescimento que pode ser rápido ou lento. O manejo de sementes em cultivos, através do
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15
peneiramento, selecionando animais de crescimento rápido, com o descarte de indivíduos
menores, é importante para o sucesso reprodutivo (PEREIRA et. al, 2003).
Levando-se em consideração os fatores de sobrevivência e crescimento, alguns
fatores abióticos influenciam a fisiologia e a adaptação do animal ao ambiente. Fenômenos
como “el nino” tem contribuído com uma elevação da temperatura da água dos estuários
(PEREIRA et. al., 2003).
No Canal de Itaparica (BA) e Cananéia (SP), em dois climas diferentes, o primeiro
clima tropical e o último subtropical, as temperaturas acima de 20ºC favoreceram a desova
contínua de larvas de Crassostrea rhizophorae e de Crassostrea brasiliana, respectivamente
(AKABOSHI e PEREIRA, 1981).
A temperatura acima de 23ºC, nos meses de julho e agosto, verão japonês, favoreceu
a desova da espécie Crassostrea gigas e o mesmo comportamento foi observado para
Crassostrea virginica, na costa oriental dos Estados Unidos (AKABOSHI e PEREIRA, 1981).
PEREIRA et al. (2003), ainda relatam uma relação entre temperatura e salinidade
para a espécie C. brasiliana, em Cananéia (SP) e observaram valores máximos de
temperatura nos meses de janeiro e fevereiro, com salinidade de 24‰ e em julho e agosto,
média de salinidade de 30‰. A tolerância da espécie às variações de salinidade se dá entre
8‰ até 34‰, sendo a faixa de 15 a 25‰ a mais recomendável para o seu cultivo.
Alguns autores inferem quanto a alta e baixa de salinidade e o crescimento das ostras,
mas ainda não são conclusivas. VILANOVA (1989) afirmou que as ostras do estuário do rio
Ceará (CE) são menores que outras áreas com baixa salinidade e, atribuíram a salinidade
como causa primária da redução de crescimento, porém PEREIRA et al.(1988)
argumentaram que as melhores taxas de crescimento e sobrevivência para C. rizhophorae
são em salinidades baixas. ALVARENGA e NALESSO (2006) relacionam a alta salinidade
do rio Piraquê-Açu (ES) como possível responsável pelo baixo crescimento das ostras
nativas. Portanto, discordâncias entre os autores quanto o melhor nível de salinidade
para o crescimento de ostras.
Outros parâmetros associados a salinidade e temperatura são à turbidez e à
transpancia da água. PEREIRA et al. (2001), entendem a turbidez, como o material em
suspensão como silte e alta concentração de algas, podendo fazer decrescer ou inibir o
estimulo à filtração. Na Baía de Guaratuba (PR), os resultados de turbidez variaram
juntamente com as velocidades de corrente. Em geral, com o aumento das velocidades das
correntes, foram registrados picos de turbidez provavelmente devido a ressuspensão das
partículas mais finas do sedimento (HOSTIN e ABSHER, 2003).
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16
Enfim, diversos aspectos técnicos, ambientais e biológicos das espécies podem
influenciar o processo produtivo. O conhecimento sobre a influência desses fatores pode
otimizar os esforços dos produtores em cada etapa do processo de cultivo de ostras nativas.
2.3. Estudo de coliformes em ostras e água de cultivo
Além dos fatores abióticos que influenciam a sobrevivência e o crescimento, é
importante ressaltar os parâmetros de qualidade da água de cultivo e das ostras produzidas,
já que esses moluscos são ingeridos crus e sua massa corporal pode acumular rios
microrganismos patogênicos ao ser humano. A legislação brasileira através da portaria
451, de 19 de setembro de 1997, da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária/MS,
estabelece um regulamento técnico: os princípios gerais, critérios e padrões microbiológicos
para alimentos (ANVISA, 2006).
Para o grupo de alimentos: pescados e produtos de pesca, o valor ximo permitido
para coliformes termotolerantes é de 1000 NMP/g, este instrumento legal, no âmbito da
aqüicultura, atua como aliado para a proteção da saúde da população e para o emprego de
boas práticas na produção de alimentos (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1988).
O conhecimento sobre o ambiente do qual se extrai a ostra e o estudo sobre o tecido
muscular do molusco pode revelar as condições sanitárias do rio e relacionar possíveis
doenças de veiculação hídrica. A capacidade filtrante das ostras é de cerca de cinco litros
de água/hora, podendo reter no manto cerca de 75% das espécies bacterianas presentes no
seu ambiente (BARROS et al., 1995).
Julga-se a falta de procedência e o consumo de ostras sem prévia cocção com as
doenças de transmissão alimentar. No estado de São Paulo, os bivalves adquiridos em
feiras livres e mercados, em sua maioria são de origem extrativista e não são amparados
por mecanismos legais, que não existe como rastrear a origem desses moluscos
(BARROS et al., 1995).
Os microrganismos sobrevivem no estômago das ostras por certo período de tempo,
mantendo seu poder infectivo, antes de serem atacados e digeridos por fagocitose.
Segundo CARROZZO (1994), este comportamento fisiológico causa uma concentração de
microrganismos patogênicos na parte comestível do bivalve, tornando-o assim um
bioindicador de poluição marinha. CHRISTO e ABSHER (2003) ratificam que a seleção de
bactérias em moluscos está relacionado a fatores como a adaptação da bactéria ao
ambiente marinho e à resistência a degradão enzimática, bem como a utilização do
conteúdo estomacal como fonte de nutrientes.
Normalmente em águas não contaminadas o pescado es livre de organismos
patogênicos, salvo exceções importantes como: Clostridium botulinum e Vibrio
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parahaemolyticus, que se encontram naturalmente no pescado e nos mariscos de águas
limpas (HUSS, 1988).
LIRA et al. (2000) avaliaram os ambientes aquáticos onde são capturados moluscos
bivalves para consumo na Grande Recife (PE) e verificaram um elevado percentual de
Escherichia coli, tendo associado essa ocorrência à poluição orgânica.
BARROS et al. (1995), na praia do Futuro (CE), encontraram valores de 4 a 930 NMP
de coliformes termotolerantes/g a 45ºC, ou seja 70% das 60 amostras de ostras analisadas
estavam fora dos padrões estabelecidos pela resolução 12 da ANVISA no seu Artigo 7º,
alínea b, o qual estabelece limites de 5 X 10 coliformes termotolerantes a 45ºC/g, para
moluscos bivalves cozidos, industrializados, resfriados ou congelados (ANVISA, 2006).
Outro estudo no estuário do rio Cocó (CE) com ostras da espécie Crassostrea
rhizophorae revelou um nível elevado de contaminação na região, o tecido muscular da
ostra apresentou índices de contaminação >1100 NMP de termotolerantes/g e na água o
maior índice foi de 920 NMP de termotolerantes/g (SILVA, et al., 2003).
MACHADO et al. (2001), em geral, em aquicultura a finalidade de estudar a água e a
ostra é identificar os melhores locais para ostreicultura e monitorar a contaminação
ambiental. Na região de Cananéia (SP), os veis de poluição foram superiores a 100 NMP
de termotolerantes/g no verão de 1997 e relaciona-se a influência das condições climáticas,
dadas pelo fenômeno do El Niño, com alterações de correntes marítimas, ventos, chuva e
aumento da temperatura ambiental.
PEREIRA et al. (2003) estudaram a qualidade da ostra Crassostrea gigas cultivada e
comercializada na região de Florianópolis (SC), a presença de E. coli a 35 ºC e 45ºC foi
detectada em 9% das amostras da área de cultivo e em 35,5% das obtidas no comércio. Os
resultados indicaram a necessidade de monitoramento da qualidade das ostras, incluindo a
implantação de programas de boa manipulação e boas práticas no manejo de moluscos.
Nos estuários como o de Cananéia (SP), por exemplo, no período de Junho de 1998 a
Março de 1999 foram analisadas as bactérias e sua depurão nas águas estuarinas. O
Número mais provável (NMP) foi quantificado: 60% das amostras de água continham
coliformes termotolerantes variando de <1 a >200 UFC/100 mL. Este estudo contribuiu na
definição dos níveis de perigo microbiano no ambiente aquático e nas ostras (MACHADO, et
al., 2001).
Em Sergipe, a ADEMA (Administração Estadual do Meio Ambiente), responsável pelo
monitoramento das águas e pescado dentro do território estadual apresentou um relatório
técnico, escrito por SANTOS et al. (1989), com dados de maio/84 a outubro/85 e
constataram que a água da qual se extraía o molusco Anomalocardia brasiliana - bivalve de
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habitat em áreas arenosas - no estuário do rio Vaza-Barris apresentava coliformes de 56
UFC termotolerantes/100mL.
HOOD e NESS (1982) compararam as taxas de sobrevivência de E. coli e Vibrio
cholarae em amostras de água e sedimento estuarinos e concluíram que o tempo de
sobrevivência de V. cholerae era maior do que o de E. coli, tanto na coluna água, quanto
nos sedimentos, ou seja, a permanência da bactéria nas águas é elevada e sujeitas aos
ciclos de filtração utilizados no mecanismo de filtração das ostras.
Desse modo, as espécies de Crassostrea são importantes indicadores de qualidade do
pescado, por serem organismos que acumulam poluentes. Assim, fazem-se necessários
estudos quanto à qualidade da água e das ostras de cultivo (ZANETTE et al., 2006).
2.4. Pesquisas de metais pesados em moluscos
A qualidade do sistema de cultivo permeia as pesquisas sob aspectos microbiológicos
e toxicológicos. No Brasil existem vários relatos de contaminação da água e organismos
aquáticos por metais. Em alguns deles foi evidenciada a ocorrência de bioacumulação em
moluscos, como a contaminação da Baía de Todos os Santos (BA) por Hg, provocada pelo
despejo de esgoto urbano e rejeitos da indústria petroquímica e metalúrgica (MACHADO et
al., 2002).
Na década de 70, a baixada Santista foi um dos alvos da maior contaminação
ambiental devido aos despejos indiscriminados de rejeitos químicos sem prévio tratamento,
acarretando a poluição do ar, solo e água. Relacionando-se a qualidade do ambiente e os
riscos causados ao homem, os estudos de metais têm despertado a atenção das
autoridades ambientais para o controle da emissão de poluentes e monitoração (PEREIRA
et al., 2003). As ostras foram utilizadas como biomonitoras de poluentes em ambientes
costeiros, porque são muito comuns na maioria dos ecossistemas costeiros, sésseis, de vida
longa, e podem acumular poluentes em níveis elevados, sem afetar sua sobrevivência (LIU
e DENG, 2007).
O aporte crescente, segundo BENDATI, (1997) de subsncias químicas de origem
antropogênica tem sido uma das principais preocupões dos programas de monitoramento
ambiental em todo o mundo. No ambiente aquático, tem-se verificado a presença de uma
série de produtos orgânicos e inorgânicos provenientes de atividades industriais e agrícolas,
bem como do processo de urbanização na área das bacias hidrográficas.
Muitas destas substâncias são de origem natural, oriundas de processos erosivos de
rochas ou produto do metabolismo de seres vivos, mas devido às atividades humanas, têm
concentrações ambientais muito elevadas, em níveis que podem ser tóxicos ou, de alguma
forma, perigosos para os organismos e para os seres humanos. No caso dos moluscos
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bivalves, estes têm sido amplamente utilizados como organismos indicadores de variações
no ambiente aquático. Metais como o zinco (Zn) e cobre (Cu) são micronutrientes essenciais
requeridos para o crescimento dos organismos aquáticos, enquanto outros metais, como o
chumbo (Pb) e cádmio (Cd) não são requisitos metabólicos e são tóxicos, mesmo em
pequenas quantidades. De uma maneira geral, todos os metais exercem efeitos xicos em
alguma concentração (BENDATI, 1997).
De acordo com CAVALCANTI (2003), a avaliação dos níveis de metais pesados em
alimentos consumidos é um importante mecanismo de controle dos riscos à população
humana. PEREIRA et al. (2003) afirmam que mercúrio, cádmio e chumbo são considerados
não-essenciais devido à sua elevada toxicidade e possuírem efeitos cumulativos. Estão
presentes naturalmente no ambiente em baixas concentrações, mas com o laamento dos
resíduos químicos pelas indústrias sem prévio tratamento da água acarreta na
contaminação dos organismos marinhos.
Um parâmetro utilizado para aferir a qualidade dos alimentos é o Decreto nº 55871, de
26 de março de 1965 que determina limites máximos de tolerância para contaminantes
inorgânicos em ppm: Cádmio (1,0), Zinco (50,0), Chumbo (2,0), Cobre (30,0) (BRASIL,
1965).
Para correlacionar os prejuízos causados à saúde humana TURECK et al., (2006)
estudaram a concentração de metais pesados em tecidos de ostras Crassostrea gigas
cultivadas em 4 pontos da Baía da Babitonga (SC) através de análises químicas bimensais
dos metais pesados arsênio (As), cádmio (Cd), cobre (Cu), níquel (Ni) e zinco (Zn) no
sedimento, na água e no tecido de ostras. Os resultados da concentração de metais
pesados mostraram teores acima do permitido pela legislação brasileira para arsênio,
níquel, cobre, cádmio e zinco durante o período do verão. Entretanto, foi observada a
presença de concentrações significativas de zinco para todos os pontos ao longo do ano.
Constatou-se que as ostras apresentaram assimilão de contaminantes, indicando a
biodisponibilidade no ambiente, no entanto, também foi observada a capacidade de
autodepuração por parte dos organismos.
BENDATI (1997) analisou a concentração de metais-traço em Neocorbicula limosa
(Molusca, Bivalvia) e as concentrações de metais nos moluscos foram até seis vezes
superiores às concentrações de metal total no sedimento cujos valores variaram de 1,6 até
45 vezes mais que o sedimento. Além disso, a concentração nos tecidos expressa uma
média por período de tempo, enquanto que os valores observados na água são, com
freqüência, muito variáveis. A utilização de organismos nativos como indicadores ambientais
representam um aspecto significativo para o monitoramento. Porém, dados comparativos
foram utilizados com a espécie Crassostrea brasiliana, (NR, significa não registrado), na
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Baía de Sepetiba (RJ) os valores respectivamente para Cd, Cr, Pb, Cu, Zn 1,6-28; 01,1-
14,0; NR; NR; 3094-16130, em Angra dos Reis (RJ) 1,7; NR; ND; 227,43; 249,3.
SOARES e SILVA (2003) estudaram Crassostrea rizhophorae no Rio Grande do Norte
(RN) tendo verificado que a concentração de Cu acumulada nos tecidos das ostras era
bastante diferenciada entre as amostragens de 2001 e 2002, variando de não determinada
(ND) a 127 µg/g. As concentrações de Zn variaram de 698 µg/g a 704 µg/g. Esse
enriquecimento de metais nos tecidos das ostras pode refletir um aumento das entradas
desses metais, na forma particulada e dissolvida, por atividades antrópicas.
RAUPP et al. (2006), com intuito de avaliar o nível de ocorrência dos metais pesados:
Hg, Cd, Pb, Zn e As na ostra japonesa e no mexilhão da localidade da Enseada do Brito
(SC), encontraram valores acima dos limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde
(Decreto 55871/65 e Portaria Nº 685/98) (BRASIL, 1965).
O fato é que a concentração de metais em bivalves é, em geral, algumas ordens de
grandeza superiores à observada na água. Além disso, a concentração nos tecidos
expressa uma concentração média por período de tempo, enquanto que os valores
observados na água são, com freqüência, muito variáveis. A utilização de organismos
nativos como indicadores ambientais representa um aspecto significativo para o
monitoramento (BENDATI, 1997).
É relatado em muitos trabalhos, a presença significativa de zinco nas ostras como um
dos fatores que aumentam seu valor nutritivo em relação a outras fontes alimentares que
podem contribuir para a melhoria do estado nutricional dos consumidores na medida em que
repõe os estoques de zinco necessário ao bom funcionamento do organismo
(CAVALCANTI, 2003).
Nesse sentido, as ostras são boas fontes de zinco, ou seja, a ingestão de cerca de 40g
supre a ingestão diária recomendada de 15 mg para adultos (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, 1988). Segundo MCCULLOCH (1989) essa característica natural das
ostras de acumular zinco está relacionada com as funções reprodutivas do animal e com o
seu estágio de maturação gonadal. BENDATI (1997) de certa forma afirma que esse
enriquecimento de Zn nos tecidos das ostras pode refletir um aumento das entradas desses
metais, na forma particulada ou dissolvida, o que pode contribuir na indicação da ostra como
boa fonte alimentar para o homem.
2.5. Identificação molecular de espécies de ostras nativas
Essa característica Classe Bivalvia de filtrar a água, possibilita utilizar as ostras no
monitoramento das variações do ambiente. Relaciona-se a absorção de metais com
alterações no material genético do gênero Crassostrea (BENDATI ,1997). As alterões
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genotípicas expressam uma grande plasticidade fenotípica, por isso as espécies nativas de
ostras do gênero Crassostrea encontradas no Brasil são de difícil identificação por meio de
análises morfológicas (VARELA et al., 2007).
A taxonomia do gênero Crassostrea avançou muito com o advento dos marcadores
moleculares, que surgiu para investigar a distribuição das espécies no ambiente e
esclarecer a sistemática das ostras (MACCACCHERO et al., 2007). Diversas técnicas de
biologia molecular estão hoje disponíveis para a detecção de polimorfismos genéticos. Estas
técnicas permitem a obtenção de um número virtualmente ilimitado de marcadores
moleculares cobrindo todo o genoma do organismo (ANTONINI et al., 2004).
Na última década tem sido travado um amplo debate sobre o gênero Crassostrea no
que diz respeito ao número de espécies nativas que ocorrem na costa sul da América do Sul
(IGNACIO et al. 2000). Segundo RIOS (1994), C. rhizophorae ocorre do sul do Caribe até o
Uruguai, já o estudo de VALERA et al. (2007) mostrou que C. rhizophorae ocorre na Guiana
Francesa e ao longo de grande parte da costa Brasileira, de Florianópolis (SC) ao Fortim
(CE). Esse estudo considera ainda uma espécie C. gasar como trans-Atlântica (América do
Sul e África) também encontrada em Parnaíba (PI), São João de Pirabas (PA), na Baía de
Paranaguá (PR) e Baía Cananéia (SP).
VARELA et al. (2007) alinharam 120 seqüências de ostras do mangue brasileiras e o
resultado foram 15 haplótipos que foram usados para análises com outras seqüências
disponíveis no GenBank, tendo confirmado a presença de duas espécies nativas e uma
espécie exótica na costa brasileira.
Geralmente, as relações filogenéticas acerca de algumas espécies de Crassostrea são
inferidas com base na região de parsimônia da seqüência do RNAr 28s e pelo método da
xima verossimilhança (LITTLEWOOD, 1994). O mesmo observado por LAPÉGUE et al.
(2002), BOUDRY et al. (2003) e LAM e MORTON (2003) para a região do RNAr 16S que
indicam uma clara divisão entre as espécies do Atlântico (C. brasiliana, C. rhizophorae e C.
virginica) e as Indo-pacíficas (C. gigas).
BOUDRY et al. (1998) utilizou com sucesso o método RFLP/PCR para discriminar
ostras exóticas C. gigas, das ostras portuguesas, C. angulata.
LAPÉGUE et al., (2002) utilizaram as técnicas de RFLP/PCR e seqüênciamento do
RNAr 16S, aliado com o cariograma revelando a ocorrência da ostra de mangue C. gasar ao
longo do oeste Africano e a costa Atlântica da América do Sul.
No estado do Paraná, PIE et al., (2000) utilizaram a técnica de RFLP/PCR para a
identificação de 12 indivíduos C. brasiliana, 12 de C. rhizophorae e 26 de C. gigas da Illha
das Peças (PR) e Baía de Guaratuba (PR), como parte de programas de monitoramento do
habitat natural para entender a distribuição espaço-temporal das ostras do Pacífico e as
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naturais da costa brasileira. LAPÉGUE et al. (2002), utilizaram a região RNAr 16S, e
identificaram C. rhizophorae, do Caribe (Ilhas Martinica) até o Brasil (Salvador ao Baixo
Paranaguá).
LAPÉGUE et al. (2002) depositou no GenBank a seqüência da espécie C. gasar
(AJ312937) que ocorre no oeste africano. PIE et al. (2006) utilizaram a metodologia
RFLP/PCR para discriminar as três escies de ostras cultivadas na costa brasileira: C.
brasiliana, C. rhizophorae e C. gigas, para garantir uma certificação genética da
identificação das sementes comercializadas. Nesse estudo a seqüência de RNAr 16S de C.
brasiliana foi depositada no GenBank (DQ839413), e seu sequenciamento foi comparado
com outras disponíveis no banco de genes. A espécie C. gasar e a C. brasiliana
apresentaram o mesmo pareamento de bases o que reforça a tese de sinonímia entre as
espécies.
Diante do exposto, as ostras brasileiras se distribuem ao longo dos manguezais, mas
o número de espécie e sua distribuição ainda não estão totalmente claros. O conhecimento
e a identificação das espécies de ostras na fase de semente são importantes para
determinar a disponibilidade de larvas no ambiente, selecionar os pontos mais adequados
para captação de larvas e subsidiar atividades de cultivo adequadas a espécie na região.
2.6. Referências Bibliográficas
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- CAPÍTULO 2 -
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE PARÂMETROS ABIÓTICOS LIGADOS À PRODUÇÃO DE
SEMENTES DE OSTRAS NATIVAS CRASSOSTREA (SACCO, 1897) NO RIO VAZA BARRIS
(SE)
TEMPORAL EVALUATION OF ON BIOTICAL PARAMETERS TO THE SEEDS
PRODUCTION OF NATIVE OYSTERS CRASSOSTREA (SACCO, 1897) IN THE VAZA
BARRIS RIVER (SE)
Karynne Lemos Farias Siqueira
1
. Edilson Divino de Araújo
2
. Pablo Rodrigo Moura de
Mendonça
3
Correspondência para o autor: karynnelemos@infonet.com.br
1. Mestranda em Saúde e Ambiente (UNIT/SE)
2. Prof. Titular III, Dr., UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT/SE)
3. Graduado em Ciências Biológicas (UNIT/SE)
RESUMO
As ostras do mangue possuem suscetibilidade para indicar ou tolerar condições ambientais
particulares ou produzem respostas que servem para monitorar mudaas ambientais em
intervalos de tempo específicos. Com objetivo de avaliar o sistema de cultivo de sementes
de ostras do gênero Crassostrea numa estação de cultivo localizada no estuário do rio
Vaza-barris, povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE), ao longo de um ano (2006/2007).
Foram instalados coletores artificiais com garrafas PET e contabilizadas 18149 sementes de
ostras, (ago/2006 à jun/2007), 8292 (quadrante superior) e 9857 (quadrante inferior) do
coletor experimental. As ostras foram separados em 4 classes de comprimento, variando de
<2cm à >5cm, sendo a maior parte dos indivíduos (cerca de 60%) com comprimento total <
2cm, apenas 0,1% das sementes analisadas alcançaram comprimento >5cm. A turbidez foi
o único parâmetro abiótico que mostrou correlação positiva com o número de sementes
fixadas (p < 0,05) com = 0,372. A salinidade não teve correlação significativa com o
crescimento das sementes de ostra, vale ressaltar que o período analisado para a avaliação
desse parâmetro compreendeu o final da primavera e todo o período de verão, época em
que a salinidade foi alta variando de 33 a 35‰ e restringiu o crescimento das sementes de
ostra do mangue, a pluviosidade e a temperatura também não se correlacionaram com o
número de sementes, isto se deve a estreita amplitude térmica de Sergipe, com temperatura
média em torno de 27ºC, essa variação na quantidade de calor pode favorecer a desova da
ostra e a produção de sementes de ostra ao longo do ano, os valores de pH e OD se
mostraram favoráveis ao cultivo.Sugere-se aos criadores potencializar a introdução dos
coletores nos meses de julho ou agosto para aproveitar o período de estiagem e introduzir
unidades de coleta que promovam maior sombreamento ou utilizem ambientes sombreados
para a instalação de coletores destinados à captação de sementes.
Palavra-chave: ostra de mangue; produção de sementes; crescimento de sementes;
parâmetros abióticos; Crassostrea.
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32
ABSTRACT
The mangrove oysters possess susceptibility to indicate or to tolerate particular ambient
conditions or they produce answers which serve to monitor ambient changes in specific
intervals of time. They had been installed artificial collecting with bottles PET searching to
evaluate the cultivation system of oysters seeds of the Crassostrea sort in cultivation station
located in the estuary of the Vaza Barris river, Pedreiras village (São Cristóvão/SE),
throughout one year (2006/2007). They had been accounted in 18149 oysters seeds,
(august/2006 to june/2007), 8292 (superior quadrant) and 9857 (inferior quadrant) of the
experimental collector. The oysters had been separated in 4 categories of length, varying of
<2cm to >5cm, It has been the most of the individuals part (about 60%) with total length of
<2cm, only 0,1% of the analyzed seeds attained length > 5cm. The turbid was the only
biotical parameter that showed to positive correlation with the number of settled seeds (p <
0,05) with = 0,372. The salinity did not have significant correlation with the growth of the
oyster seeds, to be worth to stand out that the period analyzed for the evaluation of this
parameter comprised the end of the spring and all the summer period, time where the
salinity was high varying of 33 to 35% and restricted the growth of the seeds of the fen
oyster, the rainfall and the temperature had also not been correlated with the number of
seeds, it must the narrow thermal amplitude of Sergipe state, with average temperature
around 27ºC, this variation in the amount of heat can favor the spawning of fishes of the
oyster and the production of oyster seeds the long one of the year, the values of pH and OD
they had shown themselves favorable to the cultivation. They suggest to the creators to
potency the collectors introduction in the months of July or August to use to advantage the
dry weather period and to introduce units of collection which promote greater shadings or
use environments shadings for the collectors installation destined to the seeds capitations.
Key-words: oyster; seeds production; seeds; biotical parameters; Crassostrea.
1. INTRODUÇÃO
As ostras de mangue vêm sendo estudadas por vários autores, desde a primeira
metade do século 20, BESNARD (1949), WAKAMATSU (1973) e ABSHER (1989).
Nas décadas de 1970-80 foram iniciadas pesquisas direcionadas ao desenvolvimento
da ostreicultura com a espécie Crassostrea rhizophorae, cujo cultivo teve início a partir de
sementes obtidas do meio natural (FERNANDES e LIMA, 1976; ANTUNES, 1978;
NASCIMENTO e LUNETTA, 1978; AKABOSHI, 1979; NASCIMENTO et al., 1980;
NASCIMENTO e PEREIRA, 1980; NASCIMENTO, 1983; NASCIMENTO, 1998).
No final da década de 1980 e icio da década de 90, no Rio de Janeiro e em Santa
Catarina foram iniciados os estudos referentes à introdução de uma espécie exótica de ostra
para fins de cultivo, tendo sido realizados experimentos de cultivo de sementes com a ostra
japonesa Crassostrea gigas (Thumberg,1975) (PROENÇA, 2001). A ostra japonesa
Crassostrea gigas proveniente do leste asiático, ocorre predominantemente em regiões de
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alta salinidade e devido a sua rápida maturação sexual e grande potencial de
desenvolvimento, vem sendo cultivada em vários países do mundo (AKABOSHI, 1979).
A ostra de mangue é uma denominação dada às espécies Crassostrea rhizophorae e
C. brasiliana. A C. rizhophorae é uma espécie hermafrodita protândrica, de tamanho médio,
que alcança tamanho de 20cm, concha grossa e de forma variável, geralmente larga e de
tonalidade clara a escura. A valva superior é plana e menor que a inferior, distribui-se do
Caribe ao Atlântico sul-americano até o Brasil (VILLARROEL et. al., 2003; ABSHER E
CRHISTO, 2006) é típica de zonas tropicais e ocorre principalmente na raízes aéreas do
mangue vermelho, Rhizophora mangle, ou sobre zonas intertidais e costões rochosos
(NASCIMENTO, 1983).
No entanto, existe alguma controvérsia sobre o gênero no Brasil. PEREIRA et. al.
(1988) e NASCIMENTO (1991) concordam que C. brasiliana e C. rizhophorae são distintas.
RIOS (1994) considerou C. brasiliana um sinônimo de C. rizhophorae. IGNACIO et. al.
(2000) encontraram através eletroforese de aloenzimas que são populações simpátricas.
Embora existam muitas culturas de ostra de mangue iniciando-se no Brasil, ainda não é
claro se uma ou as duas espécies de ostras estão sendo cultivadas. Recentemente, estudos
de genética molecular das ostras confirmaram que existem duas espécies nativas da
Crassostrea: C. brasiliana, geralmente associada à áreas lamacentas e C. rizhophorae,
fortemente associada a manguezais (MACCACCHERO et. al., 2007; VARELA et. al., 2007)
Os aqüicultores, nos estados nordestinos, tem iniciado a atividade por conta própria,
muitas vezes construindo viveiros de forma empírica, com pouca ou nenhuma orientação,
principalmente devido a deficiência dos serviços governamentais de extensão. Em Sergipe o
desenvolvimento da atividade de ostreicultura depende de uma política de incentivo
(VALENTI, 2000).
O primeiro projeto nesta linha de pesquisa foi desenvolvido no ano de 1997 na
comunidade de Ponta dos Mangues, localizada no município de Pacatuba (SE), que trouxe
a ostreicultura como uma alternativa econômica para a população local. No ano de 1999 a
região se tornou uma das maiores produtoras de sementes de ostras nativas por meio da
coleta em ambiente natural (DINIZ, 2001). Nesse mesmo período, teve início o cultivo de
ostras no município de São Cristóvão (SE), como um empreendimento empírico de alguns
membros da comunidade local. Após 8 anos despendidos na tentativa de encontrar a melhor
forma de coletar sementes e produzir ostras comercialmente, a associação de aquicultores
ainda não conseguiu fazer da ostreicultura uma atividade economicamente viável na região
(AQUISC, comunicação pessoal).
FERNANDES e LIMA, (1976); QUAYLE, (1980) confeccionaram coletores com
materiais que possuíam certa rugosidade e consistência dura. Na Colômbia foram utilizados
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coletores metálicos confeccionados com alumínio e na Venezuela telhas. Os coletores
utilizados pela comunidade local do Vaza-Barris o de PVC e garrafas PET. O último
possui ondulações no plástico que com auxílio da ação das correntes promove uma
circulação de água nas dobraduras, acarretando a formação de uma película devido ao
acúmulo de partículas suspensas (biofilme) favorecendo uma alta taxa de recrutamento de
sementes. Outro aspecto importante é a profundidade, a depender da altura em que os
coletores são dispostos na coluna água, a ação das correntes pode interferir na
estabilidade e arrastar as estruturas de coleta com a maré. Por isso recomenda-se uma
profundidade até 1,90m e a disposição das placas de garrafas na posição vertical
(BUITRAGO e ALVARADO, 2005).
PEREIRA et al., (2003) afirmam que a sobrevivência das ostras no cultivo tem como
conseqüência um possível crescimento que pode ser rápido ou lento, mas cabe ressaltar
que a importância do manejo de sementes em cultivos se pelo peneiramento, para
selecionar animais de crescimento rápido, com o descarte de indivíduos menores, que
retardariam o processo de criação.
Outros fatores interferem na sobrevivência e crescimento e podem influenciar na
fisiologia e na adaptação do animal ao ambiente. Fenômenos como “el nino” tem contribuído
para mortalidade de ostras pela elevação da temperatura da água do estuário no verão e
pode-se acrescentar mais 10% à taxa de mortalidade (PEREIRA et al. 2003).
No Japão, por exemplo, a espécie Crassostrea gigas desova durante os meses de
verão, principalmente em julho e agosto, quando a temperatura supera 23ºC, o mesmo
comportamento foi observado para Crassostrea virginica, na costa oriental dos Estados
Unidos (AKABOSHI e PEREIRA, 1981).
Em clima tropical, como a temperatura é prevalentemente superior a 20ºC, ocorre
desova durante todo ano, no canal de Itaparica (litoral da Bahia), larvas de Crassostrea
rizhophorae fixaram-se, continuamente, ao longo do ano. Em zona subtropical, como a de
Cananéia, o mesmo foi observado com relação à desova de Crassostrea brasiliana
(AKABOSHI e PEREIRA, 1981).
No estuário de Cananéia, para espécie C. brasiliana, segundo PEREIRA et al. (2003),
os valores máximos de temperatura foram registrados nos meses de janeiro e fevereiro, e os
mínimos, em julho e agosto com valores médios de salinidade entre 24 e 30‰, o que
caracteriza a espécie como eurialina. A sobrevivência se entre 8‰ até 34, sendo a
faixa de 15‰ a 25‰ a mais recomendável para o seu cultivo. ALVARENGA e NALESSO
(2006) relacionam a alta salinidade do rio Piraquê-açu como possível responsável pelo baixo
crescimento das ostras, é interessante observar que as ostras utilizadas neste experimento
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35
foram provenientes do rio o Francisco (SE), e os mesmos não obtiveram sucesso no
cultivo.
VILANOVA (1989) afirma que a relação entre salinidade e crescimento de sementes,
para as ostras do estuário do rio Ceará são menores que outras áreas com baixa salinidade
e, atribuíram a salinidade como causa primária da redução de crescimento. PEREIRA et al.
(1988) reporta que as melhores taxas de crescimento e sobrevivência para C. rhizophorae
são encontradas em salinidades baixas.
A turbidez é associada com o material em suspensão como silte e alta concentração
de algas, que pode fazer decrescer ou inibir o estimulo à filtração. Parece variar juntamente
com as velocidades de corrente. Em geral, com o aumento das velocidades das correntes,
foram registrados picos de turbidez provavelmente devido a ressuspensão das partículas
mais finas do sedimento (PEREIRA et al., 2001; HOSTIN e ABSHER, 2003).
A área escolhida para o presente estudo fica localizada no Povoado Pedreiras,
município de São Cristóvão e teve como objetivos: Avaliar o sistema de cultivo de sementes
de ostras do gênero Crassostrea, ao longo do ano de (ago/2006 a mar/2007); Avaliar o
comprimento das sementes de ostra de mangue produzidas no cultivo, no final da primavera
(nov/2006) e durante o peodo de verão (dez/2006 a mar/2007); Relacionar quais fatores de
temperatura, salinidade, turbidez e transparência influem na produção de sementes na base
de cultivo de ostras do gênero Crassostrea, ao longo do ano de (ago/2006 a mar/2007);
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de Estudo
As coletas foram realizadas no estuário do rio Vaza-Barris, que nasce no sertão
baiano e deságua no Oceano Atlântico no Estado de Sergipe. Segundo ALCÂNTARA (1999)
a planície costeira está constituída por terraços marinhos e o estuário. A área estuarina
insere-se nos municípios de São Cristóvão e Itaporanga D´ajuda. Os pólos urbanos mais
influentes são a cidade de São Cristóvão e o Povoado Mosqueiro. Este, próximo à foz,
representa o limite sul da área de expansão urbana de Aracaju, município a que pertence, e
tem passado de um povoado de pescadores a local de residência de parte da população de
classe média alta da capital, que usa o estuário para lazer. Vários povoados e pequenos
aglomerados populacionais são distribuídos em ambas margens estuarinas.
A base de estudo estava localizada no riacho dos porcos (10440.09’’S e
37º11’54.1’’W), povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE) (Figura 1).
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2.2. Coleta das amostras
2.2.1. Produção de sementes
O período do experimento foi de 12 meses (agosto de 2006 à julho de 2007). Foram
utilizados dois coletores experimentais. O primeiro foi inserido no sistema de cultivo com um
s de antecedência da coleta e o segundo no mesmo dia da coleta do primeiro. O sistema
de cultivo empregado foi o de mesas flutuantes sob a lâmina d’água, indicado para regiões
de baixa profundidade, sua utilização é indicada para áreas estuarinas, como berçários,
protegida contra competidores por espaço, alimento, predação e centros de engorda para
desenvolvimento da ostra (CHAPARRO, 1998; ARANA, 2004).
Os coletores experimentais, no total de 2, foram montados com garrafas PET
processadas artesanalmente, cortando-se o bocal e fundo, sendo o corpo cilíndrico da
garrafa transformado em placas com dimensões de 20 X 30 cm (Figura 2). As placas, num
total de 4, foram perfuradas e por entre os furos foi passado um fio de polipropileno de 1,5m
de comprimento. As unidades de coletores foram confeccionadas em tubos de PVC,
divididos em 2 quadrantes (superior e inferior). Nos quadrantes, foram amarrados 10 fios de
polipropileno contendo 4 garrafas PET em cada cordão. As unidades de coleta flutuavam
devido as bóias confeccionadas com as próprias garrafas amarradas à estrutura de PVC.
Por fim, as unidades eram colocadas na posição superfície (quadrante superior), fundo
(quadrante inferior), a 50cm de profundidade e permaneciam presas por meio de cordas
presas às arvores do mangue adjacente.
Durante as coletas, foram tomados dados físico-químicos de: temperatura da água,
salinidade, turbidez, pH e o oxigênio dissolvido (OD). O método para análise de OD foi
"Winkler" ou eletrométrico e pH foi o eletrotrico com pH metro digital. Parâmetros de
temperatura da água, salinidade e turbidez foram medidos no local de cultivo utilizando
respectivamente, termômetro de mercúrio, refratômetro de mão com compensação
automática de temperatura, escala entre 0 e 32% BRIX e disco de secchi. Os dados de
pluviosidade foram cedidos pela SEPLANTEC (Secretaria de Planejamento Tecnológico),
para o município de São Cristóvão.
As unidades coletoras de sementes foram retiradas da água, as placas removidas dos
cordões e acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados. Cada saco
continha quatro placas enfileiradas que foram levadas ao laboratório dentro de uma caixa de
isopor (30L). As sementes foram contadas em cada lado da placa PET, separado dos
organismos incrustantes, e limpas em água corrente.
Os resultados obtidos do processo de captação de sementes e dados físico-quimicos
da água foram comparados através de ANOVA, para verificar a influência entre os meses,
os quadrantes e a interação entre mês/quadrante com relação à fixação das sementes e a
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diferença entre as médias foi avaliada por testes de Tukey, com nível de significância de 5%
(α= 0,05) (ZAR, 1999).
Figura 1. Local da coleta. Rio Vaza-Barris, Povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE).
Fonte: GOOGLE earths www.google.com.br
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38
Figura 2. Unidades de coleta de sementes de ostra do gênero Crassostrea,
confeccionadas com tubos PVC e garrafas PET.
1: Placas PET(20X30cm/cada) alinhadas em fio de polipropileno, amarradas a unidade de
coleta em PVC; 2: 4 Bóias PET; 3:Quadrante superior(posicionado na superfície da água); 4:
Quadrante inferior (25 cm da lâmina d´água).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Número de sementes de ostra de mangue do gênero Crassostrea fixadas nas
unidades de coleta no peodo de Agosto/2006 a Junho/2007.
Foram contabilizadas 18149 sementes de ostras, no período de agosto de 2006 à
junho de 2007, sendo 8292 no quadrante superior e 9857 sementes no quadrante inferior
do coletor experimental (Tabela 1). No mês de fevereiro não foram contabilizadas as
sementes em virtude de problemas técnicos, manutenção do barco. Os meses de maio e
junho de 2007 apresentaram uma menor fixação de sementes.
Um dos fatores que contribui para a sobrevivência das ostras no cultivo é o manejo
das sementes que se dá pelo peneiramento, para selecionar animais de crescimento rápido,
com o descarte de indivíduos menores, que retardariam o processo de criação (PEREIRA et
al., 2003).
Outro fator é a deficiência dos serviços governamentais de extensão. Nos estados
nordestinos, a atividade tem iniciado por conta própria, muitas vezes construindo viveiros de
forma empírica, com pouca ou nenhuma orientação (VALENTI, 2000).
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39
Tabela 1. Número de sementes de ostra Crassostrea fixadas nos coletores PET ao longo do
período de (Ago/06 a Jun/07).
Meses Quadrante Superior Quadrante Inferior Nº de sementes
agosto/06
146 232 478
setembro/06 591 988 1520
outubro/06
1991 2224 4205
novembro/06 1442 2031 3473
dezembro/06
1466 1671 2761
janeiro/07
1486 1798 2793
março/07
998 751 1142
abril/07 153 150 164
maio/07
9 5 14
Junho/07
10 7 17
Total de sementes
8292
9857 18149
De acordo com as análises estatísticas realizadas, não houve diferença significativa
do número de sementes fixadas entre as placas PET localizadas no mesmo nível (superior
ou inferior) (P > 0,05). Uma Análise de Variância (Two-way ANOVA) dos dados confirmou
diferença significativa do número de sementes entre os quadrantes, entre os meses, além
da existência de relação entre meses e quadrantes (Tabela 2). Os experimentos
demonstraram que os coletores de PET apresentaram um melhor desempenho devido à
superfície áspera, redução no recrutamento de cirripédios e outros organismos que podem
exercer uma ação competitiva sobre as ostras (ABSHER, 1989; NEWELL et al., 2000). A
seleção do tipo de substrato artificial é importante na eficiência da captação de larvas na
natureza e indica o melhor período para o recrutamento das larvas (SORABELLA e
LUCKENBACH, 2003; JORDAN e COAKLEY, 2004; PADILLA e KLINGER, 2005).
Formatado: Direita
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40
Tabela .2. Análise de Variância para a avaliação da diferença da fixação de sementes entre
meses e quadrantes.
Fontes de Variação SQ GL QM P
Meses 1159337 10 115934 0,0000001
Quadrante 12563 1 12563 0,033718*
s*Quadrante 71056 10 7106 0,005875**
Resíduo 499436 182 2744
Ocorre variação significativa na fixão de sementes entre os meses e entre os
quadrantes, existindo ainda uma interação significativa do nível de fixão em cada
quadrante em função do mês de coleta, destacando-se o aumento da taxa de fixação de
sementes nos meses de setembro, outubro e novembro. Notou-se também uma maior
tendência de fixação das sementes nos quadrantes inferiores, especialmente no período de
maior fixação, como pode ser observado na Figura 3. Sugere-se que o efeito de
sombreamento causado pelo quadrante superior pode estar relacionado ao maior nível de
fixação nas placas localizadas no quadrante inferior do sistema utilizado.
0
500
1000
1500
2000
2500
ago
/
06
s
et
/
0
6
out
/
0
6
n
ov/
06
d
ez/
0
6
j
an
/
07
f
ev
/07
m
ar/
07
abr/
0
7
mai/07
j
u
n/
0
7
Meses
Número de sementes
Quadrante Superior Quadrante Inferior
Figura 3. mero de sementes de ostras fixadas nos quadrantes superiores e inferiores do
coletor experimental ao longo dos meses de acompanhamento (ano 2006/2007).
3.1.1 Classe de comprimento das sementes de ostra de mangue do gênero
Crassostrea fixadas nas unidades de coleta nos meses de (Nov/2006, Dez/2006,
Jan/2007 e Mar/2007).
De um modo geral a fixação de sementes nas placas de PET ocorre de maneira
aleatória em cada quadrante, de acordo com a capacidade de suporte de cada placa. Os
espaços vazios da placa são pontos potenciais de fixação para as larvas de ostras. No
entanto, as fixões de outros organismos podem agir como competidores espaciais nesse
caso. Não havendo organismos competidores tais como cracas, equinoderma ou parasitas
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41
como anelídeos poliquetas do gênero Polydora, a ostra pode ocupar uma grande área,
aumentando a quantidade de sementes.
A Figura 4 ilustra as classes de crescimento das sementes fixadas durante quatro
meses de avalião desse parâmetro (Nov/06, Dez/06, Jan/07 e Mar/07), totalizando 10169
indivíduos que foram subamostrados em 4393 indivíduos. Os comprimentos o dados em
milímetros e foram separados em 4 classes de comprimento, variando de <2cm à >5cm,
sendo a maior parte dos indiduos (cerca de 60%) com comprimento total < 2cm Apenas
0,1% das sementes analisadas alcançaram comprimento >5cm. PEREIRA et al. (2001),
defende que a maturidade sexual do gênero Crassostrea inicia-se com 5cm em indivíduos
ainda prematuros, e a atividade gonodal atinge vários níveis de comprimento, o primeiro
grupo de 5 a 15cm, o segundo de 16 a 30cm e o terceiro e último grupo de 30cm em diante.
POLI e LITLLEPAGE (1993) admitem que um dos problemas mais citados pelos
compradores é de que o produto não tem qualidade, no tamanho. Ele é muito variado o que
faz com que seu o preço caia muito no mercado. Os produtores fazem uma primeira escolha
levando em consideração se eles estão ovados ( 90 % ) associando ao tamanho. Mas não é
isto exatamente o que se vê, quando se analisam dados de compra de uma firma. Os
valores mostram variões bastante grandes no produto vendido.
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42
0
100
200
300
400
500
600
700
< 2,0
2,1 - 3,0
3,1 - 5,0
5,1 - 6,0
6,1 - 9,0
>9,1
Classe de comprimento (Nov/2006)
Número de sementes
Quadrante Superior
Quadrante Inferior
0
100
200
300
400
500
600
700
< 2,0
2,1 - 3,0
3,1 - 5,0
5,1 - 6,0
Classe de comprimento (Dez/2006)
Número de sementes
Quadrante Superior
Quadrante Inferior
0
100
200
300
400
500
600
700
< 2,0
2,1 - 3,0
3,1 - 5,0
5,1 - 6,0
6,1 - 9,0
>9,1
Classe de comprimento (Jan/2007)
Número de sementes
Quadrante Superior
Quadrante Inferior
0
100
200
300
400
500
600
700
< 2,0
2,1 - 3,0
3,1 - 5,0
5,1 - 6,0
6,1 - 9,0
Classe de comprimento (Mar/2007)
Número de sementes
Quadrante Superior
Quadrante Inferior
Figura 4. Crescimento de sementes de ostra de mangue do gênero Crassostrea, no povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE),
no período de Nov/06, Dez/06, Jan/07 e Mar/07.
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43
3.2. Relação dos parâmetros turbidez, salinidade, temperatura, pluviosidade, OD e
pH, o número de sementes e o crescimento de ostra de mangue do gênero
Crassostrea fixadas nas unidades de coleta.
O monitoramento dos fatores abióticos é fundamental, uma vez que podem
influenciar no processo produtivo e potencializar os esforços dos produtores a procurar
locais mais adequados para cada etapa do processo de cultivo de ostras nativas. É na
água, com suas propriedades físicas e químicas, onde estão contidos macro e
micronutrientes, gases dissolvidos, sais, etc, que se faz necessária, sua caracterização
bem como o monitoramento de suas variáveis ambientais a fim de justificar o
desenvolvimento dos organismos cultivados ou alterações no seu ciclo biológico, que
reflete diretamente o meio em que vivem. Dessa forma, faz-se necessário o
monitoramento ambiental como um critério decisivo para o sucesso da maricultura local
(RAMOS e CASTRO, 2004).
3.2.1 Turbidez
A turbidez foi o único parâmetro abiótico que mostrou correlação positiva com o
número de sementes fixadas (p < 0,05) com R² = 0,372, ou seja, 37% do padrão de
fixação de sementes pode ser explicado pela variação de turbidez (Fig.5 A).
De acordo com PEREIRA et al. (2001), a turbidez, entendida como o material em
suspensão como silte e alta concentração de algas, pode fazer decrescer ou inibir o
estimulo à filtração. O aumento da turbidez está relacionado ao aumento do número de
partículas em suspensão e os resultados aqui obtidos corroboram a hipótese de que o
aumento da quantidade de material em suspensão pode favorecer a formação de filme
para a fixação de sementes nos coletores PET.
Na Baía de Guaratuba (PR), os resultados de turbidez não demonstraram um
padrão muito evidente, apesar de parecerem variar juntamente com as velocidades de
corrente. Em geral, com o aumento das velocidades das correntes, foram registrados
picos de turbidez provavelmente devido a ressuspensão das partículas mais finas do
sedimento (HOSTIN e ABSHER, 2003).
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44
3.2.2 Salinidade
PEREIRA et. al., (2001) determinou teor de 15‰ de sal como recomendada para o
gênero Crassostrea sp, podendo sobreviver numa amplitude de 8‰ a 32‰, sendo que
em salinidades baixas faz cessar a alimentação. PEREIRA et al, (2003) ratificam o ideal
de salinidade entre 15‰ a 25‰ podendo tolerar de 8‰ a 34‰, essa tolerância a variação
caracteriza a espécie como eurialina.
ALVARENGA e NALESSO (2006) relacionam a alta salinidade do rio Piraquê - Açu
(ES) como possível responsável pelo baixo crescimento das ostras. Ratificando a relação
salinidade e crescimento de sementes, VILANOVA (1989) afirmaram que as ostras do
estuário do rio Ceará (CE) são menores que outras áreas com baixa salinidade e,
atribuíram a salinidade como causa primária da redução de crescimento. PEREIRA et al.
(1988) reporta que as melhores taxas de crescimento e sobrevivência para C. rizhophorae
são encontradas em salinidades baixas.
Os resultados obtidos entre 5 e 35 do presente trabalho corroboram a hipótese
de que a salinidade atua como fator de restrição a variação das classes de comprimento
das sementes, uma vez que a maior parte dos indivíduos analisados cresceu menos que
2 cm no período de setembro de 2006 a março de 2007, meses de alta salinidade (15 a
30 ‰) na região de cultivo. Apesar do comprimento mensal das sementes de ostra não ter
apresentado correlação significativa com a salinidade, vale ressaltar que o período
analisado para a avaliação desse parâmetro compreendeu o final da primavera e todo o
período de verão, e biometria era mensurada mensal com a retirada dos exemplares do
ambiente de coleta para tabulação (Fig. 5 B).
3.2.3 Pluviosidade e Temperatura
A pluviosidade e temperatura se correlacionam com o número de sementes (Fig. 5C
e 5D). É esperado que nessa região a desova seja regular ao longo do ano, fato que pode
favorecer a produção de sementes no estuário do rio Vaza Barris. Segundo VINATEIA
(1999) a temperatura é um dos principais fatores limitantes numa grande variedade de
processos biológicos, desde a velocidade de simples reações químicas até a distribuição
ecológica de uma espécie animal. Esta variável desempenha um importante papel sobre
os organismos aquáticos, afetando principalmente o crescimento, a taxa de alimentação,
o metabolismo, a sobrevivência e a reprodução (CHAPARRO, 1998).
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45
Diferente do presente trabalho, em climas temperados como no Japão, por exemplo,
a espécie Crassostrea gigas desova durante os meses de verão, principalmente em julho
e agosto, quando a temperatura supera 23ºC, na costa oriental dos Estados Unidos, o
mesmo comportamento foi observado para Crassostrea virginica (AKABOSHI e
PEREIRA, 1981).
Em clima tropical e subtropical brasileiro a desova de larvas de Crassostrea
rhizophorae ocorre durante todo o ano. No canal de Itaparica (BA) a menor faixa de
temperatura foi de 22ºC e houve fixação de sementes de ostra do gênero Crassostrea. Na
região litorânea de São Paulo (Cananéia) a máxima de temperatura registrada foi de
24ºC, em temperaturas mais amenas, o limitaram à fixação de sementes de ostra
Crassostrea brasiliana (AKABOSHI e PEREIRA, 1981). No presente trabalho o local de
cultivo é propício ao desenvolvimento da atividade, porém nos meses de abril, maio e
junho/2007 a temperatura variou de 20 a 30 ºC e o número de sementes foi < 500, a
temperatura não influenciou a fixação, mas a quantidade de sementes foi a menor do
período amostral.
PEREIRA et al. (2003), estudaram a espécie C. brasiliana, na região de Cananéia
(SP), e a amplitude térmica foi muito elevada (13ºC), sendo a mínima de 14ºC, nos meses
de julho e agosto, e a xima de 27ºC, nos meses de janeiro e fevereiro. No rio Vaza-
Barris a mínima temperatura foi de 22ºC (dez/06) e a máxima 30ºC (mar/07), o que
favoreceu a fixação de sementes nos coletores PET.
3.3.4. OD e pH
Concentrões muito baixas de Oxigênio Dissolvido OD podem levar os
organismos cultivados a estresse e até mesmo à morte quando expostos por longo
período, bem como à redução no consumo de alimento, tornando-os suscetíveis às
enfermidades e a ataques de predadores. (RAMOS e CASTRO, 2004).
No rio Vaza-Barris, o OD variou de 5,3 (set/06) a 8,1 (abr/07) (Fig. 5F). Conforme
NIKOLIC (1970), NIKOLIC e AFONSO (1971) e REYES (1995), para seleção de área
adequada para o cultivo de ostra do mangue, a concentração de oxigênio dissolvido deve
estar entre 2 e 5 mg/L. Baixos níveis de oxigênio dissolvido com concentração crítica de
de 1,5 mg/l, pode acarretar uma redução drástica no crescimento dos organismos e os
maiores limitantes em aquicultura (FERREIRA 2001).
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46
No rio Vaza-Barris, o pH variou de 7,86(abr/07) a 9,32(set/06), portanto um nível
bom para o cultivo no povoado Pedreiras, São Cristóvão (Fig. 5E). O OD variou de 5,3
(set/06) a 8,1 (abr/07) (Fig. 5F).
PEREIRA et. al. (2001), afirma que o pH abaixo de 6,72 reduz a taxa de filtração de
C. virginica conseqüentemente diminuão da captação de alimento. A medição dos
parâmetros físico- químicos na coluna de água mostrou que o pH se situou sempre
próximo de 8, característico de uma água marinha (PESSOA e OLIVEIRA, 2008).
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47
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
MAR
ABR
MAI
JUN
Turbidez
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
No. de sementes de os tras
Turbidez
Número de sementes
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
MAR
ABR
MAI
JUN
Salinidade
0
5
10
15
20
25
30
35
40
No. de sementes de ostras
Salinidade(‰)
Númerode sementes
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
No. de sementes de ostras
Temperatura(0C)
Número de sementes
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
MAR
ABR
MAI
JUN
Pluviosidade
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
No. de sem entes de os tras
Pluviosid ade
Número de sementes
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
MAR
ABR
MAI
JUN
pH
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
No. desementes de ostras
pH
Número de sementes
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
AGO
SET
No.desementesdeostras
OD(mg/l)
Número de sementes
Figura 5. Parâmetros de turbidez, salinidade, temperatura, pluviosidade, pH e OD relacionados a produção de sementes de ostra do gênero
Crassostrea, no rio Vaza-Barris (Ago/06 a Jul/07).
F
A B C
D E F
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48
4. CONCLUSÃO
O local de cultivo é favorável à fixão de sementes de ostras nativas do
gênero Crassostrea, destacam-se os meses de out/06 a jan/07.
Notou-se também uma maior tendência de fixão das sementes nos
quadrantes inferiores do coletor, especialmente no período de maior fixão, fator que
pode ser atribuído ao efeito de sombreamento. Em termos técnicos é possível sugerir
aos ostreicultores que desenvolvam coletores ou utilizem pontos de coleta que
favoreçam o sombreamento.
As ostras foram separados em 4 classes de comprimento, variando de <2cm à
>5cm, sendo a maior parte dos indivíduos (cerca de 60%) com comprimento total <
2cm, Apenas 0,1% das sementes analisadas alcançaram comprimento >5cm.
A turbidez foi o único parâmetro abiótico que mostrou correlação positiva com o
número de sementes fixadas (p < 0,05) com R² = 0,372, ou seja, 37% do padrão de
fixação de sementes pode ser explicado pela variação de turbidez.
A salinidade atua como fator de restrição ao crescimento das sementes, que
cresceram menos que 2cm no período de setembro de 2006 a março de 2007, meses
de alta salinidade na região de cultivo.
Apesar do crescimento das sementes de ostra não ter apresentado correlação
significativa com a salinidade, vale ressaltar que o período analisado para a avaliação
desse parâmetro compreendeu o final da primavera e todo o período de verão, época
em que a salinidade é alta variando de 33 a 35‰.
Devido a amplitude térmica em Sergipe ser pequena (22ºC a 30ºC), com
temperatura média ao longo do ano em torno de 27 ºC, não deve existir grandes
restrições térmicas para a desova das ostras do gênero Crassostrea o que pode
favorecer a produção de sementes ao longo do ano.
No rio Vaza-Barris, o pH variou de 7,86(abr/07) a 9,32(set/06), portanto um
nível bom para o cultivo no povoado Pedreiras, São Cristóvão.
Sugere-se aos criadores potencializar a introdução dos coletores nos meses de
julho ou agosto para aproveitar o período de estiagem.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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- CAPÍTULO 3 -
ASPECTOS SANITÁRIOS DA ÁGUA E DAS OSTRAS NATIVAS DO GÊNERO
CRASSOSTREA CULTIVADAS NO RIO VAZA BARRIS (SE)
SANITARY ASPECTS OF THE WATER AND THE NATIVE OYSTERS OF SORT
CRASSOSTREA CULTIVATED IN THE VAZA BARRIS RIVER (SE)
Karynne Lemos Farias Siqueira
1
. Edilson Divino de Araújo
2
. Jaltaira Montalvão Etinger
de Araújo
3
Francine Ferreira Padilha
2
Correspondência para o autor: karynnelemos@infonet.com.br
1. Mestranda em Saúde e Ambiente (UNIT/SE)
2. Prof. Titular III, Dr., UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT/SE)
3. Graduanda em Ciências Biológicas (UNIT/SE).
RESUMO
A qualidade do pescado está diretamente ligada à área de cultivo. Para o grupo de
alimentos: pescados e produtos de pesca, o valor máximo permitido para coliformes
termotolerantes (NMP) é de 1000NMP/g, no âmbito da aqüicultura, a procedência e
certificação da qualidade do produto agrega valor a produção da ostra de cultivo.
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo estudar os aspectos sanitários da
água e das ostras nativas do gênero Crassostrea cultivadas no rio Vaza Barris (SE),
em dois períodos do ano, período chuvoso (julho/2007) e de estiagem
(dezembro/2007) por meio da cnica de tubos múltiplos para a avaliação do número
mais provável de coliformes totais e termotolerantes (NMP). Os resultados mostram
que a densidade de Escherichia coli foi maior nas sementes (0,7NMP/g), no período
chuvoso e água (23NMP/100mL), no período de estiagem. Os coliformes totais e
termotolerantes variaram respectivamente, para água de 2 a 23NMP/100mL e de 0 a
23NMP/100mL, e para as sementes de 1,4 a 16,1NMP/g e 0,7 a 16,1NMP/g, o que
qualifica o local de criação, extração e manutenção de moluscos bivalves como livre
de poluição (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1988).
Palavras-chave: coliformes totais, termotolerantes, sementes de ostra, água, rio vaza-
barris.
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55
ABSTRACT
The quality of the fish is directly linked to the cultivation area. For the group of victuals:
fish and fishing products, the maximum value allowed for thermo tolerates coliforms
(NMP) it is of 1000/g, in the ambit of the aquaculture, the origin and certification of the
product quality joins value the production of the cultivation oyster. This way, the
present work had as objective to study the sanitary aspects of the water and of the
native oysters of the gender Crassostrea cultivated in the Vaza Barris river (SE), in two
periods of the year, rainy period (july/2007) and dry weather (december/2007) by
means of the technique of multiple tubes for the evaluation of the most probable
number of coliforms (NMP). The bacteria density was larger in the seeds (0,7NMP/g),
in the rainy period and water (23NMP/100ml), in the dry weather period. The total and
thermo tolerates coliforms varied respectively, for water from 2 to 23NMP/100ml and
from 0 to 23NMP/100ml, and for the seeds of 1,4 at 16,1NMP/g and 0,7 to 16,1NMP/g,
what qualifies the creation place, extraction and maintenance of bivalve mollusks as
free from pollution (MINISTRY OF THE AGRICULTURE, 1988).
Key-words: coliforms; thermo tolerates coliforms; oyster seeds; water; Vaza Barris
river.
1. INTRODUÇÃO
A qualidade do pescado está diretamente ligada à área de cultivo, existindo
diversas normas que regem o controle de águas para cultivo de moluscos e para o
pescado em geral. A portaria 451, de 19 de setembro de 1997, da Secretaria
Nacional de Vigilância Sanitária/MS, estabelece os princípios gerais para o
estabelecimento de critérios e padrões microbiológicos para alimentos (ANVISA,
2006).
Em Sergipe, a ADEMA (Administrão Estadual do Meio Ambiente) é
responsável pelo monitoramento das águas e pescado dentro do território estadual
(SANTOS et al..,1989). O estuário do rio Vaza-Barris nasce no sertão baiano e
deságua no Oceano Atlântico no Estado de Sergipe (ALCÂNTARA, 1999). A área
estuarina insere-se nos municípios de São Cristóvão e Itaporanga ajuda. Os pólos
urbanos mais influentes são a cidade de São Cristóvão e o Povoado Mosqueiro. Este,
próximo à foz, representa o limite sul da área de expansão urbana de Aracaju,
município a que pertence, e tem passado de um povoado de pescadores a local de
residência de parte da população de classe média alta da capital, que usa o estuário
para lazer. Vários povoados e pequenos aglomerados populacionais são distribuídos
em ambas margens estuarinas.
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Os estudos nas áreas de recreação, lazer e cultivo têm sido úteis para medir a
ocorrência e grau de poluição fecal em águas há, aproximadamente, 70 anos. Durante
este tempo, acumulou-se grande número de dados que permitem avaliar a
sensibilidade e especificidade de tal indicador bacteriano da presença de poluão de
origem fecal (PEREIRA et al. 1999)
Por outro lado, um sub-grupo dos coliformes, os coliformes termotolerantes, dão
uma correlação direta da poluão por fezes de animais de sangue quente. São
detectados nas amostras pela sua capacidade de fermentar a lactose, com produção
de gás, na temperatura de 44,C (SOUZA et al., 1983). A presença do grupo coli nos
alimentos e/ou na água do ambiente marinho ou estuarino é indicativa de
contaminação de origem fecal (PEREIRA et. al. 1999)
Na categoria dos pescados e produtos de pesca, o parâmetro legal permite um
valor máximo para coliformes termotolerantes de 1000 NMP/g. No âmbito, da
ostreicultura, este instrumento legal, funciona como fator de proteção à saúde da
população que adquire as ostras comercializadas numa região onde os aspectos
sanitários são favoráveis ao cultivo (ANVISA, 2006).
Os microrganismos flutuam na água obedecendo a uma dinâmica de despejo de
efluentes domésticos nas águas estuarinas próximas às cidades, geralmente se
acumulam nos tecidos dos organismos bentônicos como as ostras. Na realidade a
incidência e os níveis na coluna ou superfície d´água tem a finalidade de identificar os
melhores indicadores de locais de extração, manejo e cultivo de moluscos bivalves e
pode variar ao longo das estações do ano (MACHADO et. al, 2001; AN
a
et al., 2002).
A investigação da provável contaminação orgânica no Bentos, em organismos
sésseis como a ostra Crassostrea sp é importante para monitorar a situação das
águas de cultivo ao longo do tempo. A qualidade da água dá uma previsão da provável
poluição no momento da coleta e o molusco da bioacumulação de bactérias nos
tecidos (ZANETTE, 2006).
A avaliação das condições sanitárias da água e ostra de cultivo pode evitar surto
de doenças de transmissão alimentar e favorecer a produção de sementes de ostras
num ambiente livre de bactérias patogênicas, já que as ostras possuem grande
capacidade filtrante, cerca de cinco litros de água/hora, chegando a reter no tecido
cerca de 75% das espécies bacterianas presentes no seu ambiente (BARROS et al..,
1995).
Os microrganismos sobrevivem no estômago dos moluscos por certo período de
tempo, mantendo seu poder infectivo, antes de serem atacados e digeridos por
fagocitose, a resistência a degradação enzimática, deve-se a utilização do conteúdo
estomacal da ostra como fonte de nutrientes para a bactéria. Este comportamento
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fisiológico causa uma concentração de microrganismos patogênicos na parte
comestível do bivalve, tornando-o assim um bioindicador de poluição marinha
(CARROZZO, 1994; SILVA et. al., 2003)
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo estudar os aspectos
sanitários da água e das ostras nativas do nero Crassostrea cultivadas no rio Vaza
Barris (SE), em dois períodos do ano, período chuvoso (julho/2007) e de estiagem
(dezembro/2007) com relação a presença de coliformes totais e termotolerantes.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As coletas foram realizadas no estuário do rio Vaza-Barris, que nasce no sertão
baiano e deságua no Oceano Atntico no Estado de Sergipe. Segundo ALCÂNTARA
(1999) a planície costeira es constituída por terraços marinhos e o estuário. A área
estuarina insere-se nos municípios de São Cristóvão e Itaporanga D´ajuda. Os pólos
urbanos mais influentes são a cidade de São Cristóvão e o Povoado Mosqueiro. Este,
próximo à foz, representa o limite sul da área de expansão urbana de Aracaju,
município a que pertence, e tem passado de um povoado de pescadores a local de
residência de parte da população de classe média alta da capital, que usa o estuário
para lazer. Vários povoados e pequenos aglomerados populacionais são distribuídos
em ambas margens estuarinas.
A base de estudo estava localizada no riacho dos porcos (11º04’40.09’’S e
37º11’54.1’’W), povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE) (Figura 1).
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Figura 1. Local da coleta. Rio Vaza-Barris, Povoado Pedreiras (São Cristóvão/SE).
Fonte: GOOGLE earths www.google.com.br
2.1 Preparo das amostras
Ao chegar na base flutuante com barco de motor de popa, as unidades de coleta
foram retiradas do riacho dos porcos, as placas PET foram retiradas e as sementes
coletadas com faca ou pinça e armazenadas em frasco de vidro estéril mantidas em
isopor com gelo a -20ºC até o processamento no LPA/ITP. O método de análise do
tecido da ostra foi por diluições sucessivas. As sementes foram abertas com bisturi,
foram utilizados 25 g e adicionado 225mL de solução salina e em seguida,
homogeneizadas, em mixer, por 1 minuto (Diluição 10
-1
) em becker. As diluições
seguintes (Diluição 10
-2
e 10
-3
) foram retirados 1 mL da solução anterior acrescidos de
9 mL de solão salina em tubos de ensaio.
O método de análise da água foram alíquotas diretamente da amostra coletada
sem diluições sucessivas.
2.1.1 Determinação do número de coliformes totais e termotolerantes
Tanto para as amostras de água, quanto para as amostras das ostras, a
quantificação foi realizada segundo a técnica dos Tubos Múltiplos com 3 séries de 5
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tubos para as amostras de ostras e 3 séries de 5 tubos para as amostras de água
(ICMSF, 1978; APHA,1995; SIQUEIRA, 1995), constando de um teste presuntivo e
três testes confirmativos (para coliformes totais e para termotolerantes).
2.2 Teste Presuntivo
A solução composta por tecidos das sementes de ostra e solução salina foram
inoculados 1mL nas 3 séries de 5 tubos de caldo lactosado duplo (5 tubos de ensaio
com 9 mL), e caldo lactosado simples (10 tubos de ensaio com 9mL). Os tubos foram
incubados em estufa a 35 ± 0,5ºC, durante 24 - 48 horas. Após este período, os tubos
invertidos de Durham que apresentarem formação de gás e turvação foram
considerados positivos.
Foram retiradas amostras de (1,0mL:0,1mL:0,01mL) da amostra de água para as
3 séries de 5 tubos de Caldo lactosado duplo (5 tubos de ensaio com 9 mL), e caldo
lactosado simples (10 tubos de ensaio com 9mL). Os tubos positivos foram
transferidos para o caldo VBBL com auxílio de alça de inoculação foram incubados em
estufa a 35 ± 0,5ºC, durante 24 horas. Após este período, os tubos invertidos de
Durham que apresentarem formação de gás e turvão foram considerados positivos.
2.3. Testes Confirmativos
Foram utilizados os tubos positivos da etapa anterior para a confirmação, em
que, com o auxílio de uma alça de inoculação, foram transferidas duas alçadas para
os tubos contendo o Caldo E.C. Os tubos foram incubados em banho-maria a 44,5 ±
0,2ºC, por 24 horas. A produção de gás nos tubos de Durham confirma o resultado
positivo para bactérias termotolerantes.
A combinação dos resultados positivos das três ries de cinco tubos foi
determinada através da tabela de Hoskins, utilizada na Determinação do Número Mais
Provável (NMP) de coliformes totais e termotolerantes, com limite de confiança de
95%.
2.4. Escherichia coli
Os tubos positivos em Caldo E.C. foram transferidos através de alça de
inoculação à placa com Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) por esgotamento e
incubadas a 35ºC por 24h para verificar o crescimento das colônias.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No peodo chuvoso (julho/2007) e estiagem (dezembro/07) os resultados para
coliformes totais na água foram de 23 a 2 NMP/100mL e termotolerantes, de 23 a 0
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NMP/100mL (Tabela 3). Segundo o Ministério da Agricultura as áreas de criação,
extração e manutenção de moluscos bivalves é livre quando a água estiver no nível
abaixo de 70 NMP/100mL (MINISTERIO DA AGRICULTURA, 1988).
Tabela 3. Qualidade da água de cultivo e tecido de sementes de ostras em dois
períodos: chuvoso(julho/06) e estiagem(dezembro/06)
Período chuvoso (Julho/07) Período de estiagem (Dezembro/07)Amostra
NMP (CT) NMP (termotolerantes) NMP (CT) NMP (termotolerantes)
Água 23 23 2 0
Semente 1,4 0,7 16,1 16,1
PEREIRA, et. al.. (2003) estudaram a qualidade da ostra Crassostrea gigas
cultivada e comercializada na região de Florianópolis (SC). Das 90 amostras, foram
analisadas: 45 de estabelecimentos comerciais e 45 de áreas de cultivo. A presença
de E. coli a 35 e 45ºC foi detectada em 4 amostras (9%) da área de cultivo e 16
(35,5%) dos obtidos comercialmente. No estuário do rio Vaza-Barris, em sistema de
cultivo, os valores variaram na água de 2 a 23NMP/100mL para coliformes totais e de
0 a 23NMP/100mL para termotolerantes, o que qualifica, assim como o estuário do rio
Vaza-Barris o local de cultivo como livre de poluição.
Em Cananéia (SP), região muito urbanizada, 60% das amostras de água
continham coliformes termotolerantes variando de <1 a >200 UFC/100 mL (PEREIRA
et. al., 2003). Contrapondo o presente estudo cujas amostras de água coletadas em
julho/07 e dezembro/07 variaram de 23 a 0NMP/100mL coliformes totais e
termotolerantes.
A variação do nível de coliformes ocorre na água e nas sementes de ostras
produzidas no cultivo. A investigação da provável contaminão orgânica no Bentos,
em organismos sésseis como a ostra Crassostrea sp é importante para monitorar a
situação das águas de cultivo ao longo do tempo. A qualidade da água uma
previsão da provável poluição no momento da coleta e o molusco da bioacumulação
de bactérias nos tecidos (ZANETTE, 2006). No período chuvoso (julho/2007) e
estiagem (dezembro/07), respectivamente, os resultados para coliformes totais oscilou
de 1,4 a 16,1 NMP/g, para coliformes termotolerantes na semente os valores variaram
de 0,7 NMP/g a 16,1 NMP/g (Tabela 3).
CHRISTO e ABSHER (2003) ao analisarem ostras Crassostrea rhizophorae do
estuário do rio Cocó (CE) encontraram valores estimados para de coliformes totais
<1,8 NMP/g a >1600 NMP/g e termotolerantes <1,8 NMP/g a 920 NMP/g. No rio Vaza-
Barris, os resultados para coliformes totais oscilaram de 1,4 a 16,1 NMP/g e para
coliformes termotolerantes na semente os valores variaram de 0,7 NMP/g a 16,1
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NMP/g (Tabela 3). Em ambos trabalhos o parâmetro legal tolera um valor ximo de
coliformes termotolerantes de 1000 NMP/g portanto níveis aceiveis para a proteção
da saúde da população e para o emprego de boas práticas na produção de alimentos
(ANVISA, 2006)
No local de cultivo implantado no rio Vaza-Barris, os períodos do ano
influenciaram o grau de depuração das bacrias no ambiente. Os coliformes
termotolerantes variaram de 0,7 NMP/g em julho/2007 (período chuvoso) a 16,1
NMP/g, em dezembro/2007 (período de estiagem) nas sementes de ostra do mangue,
ou seja maior concentração de bactérias no período de verão. Ratificando os
resultados encontrados, MACHADO et al (2001) na região de Cananéia (SP)
verificaram que 36,8% das amostras analisadas no verão e primavera, continham E.
coli, 10,5% no outono e 15,8% no inverno, ou seja o período de estiagem favorecer
uma maior depuração de bactérias termotolerantes.
Vários relatos na literatura foram feitos a ADEMA em relatório cnico
apresentado por SANTOS et. al.. (1989), para o molusco Anomalocardia brasiliana no
estuário do rio Vaza-Barris os coliformes variaram a 56 UFC/100mL. No mesmo
estuário, no presente estudo os coliformes termotolerantes variaram de 0,7 a 16,1
NMP/g o que classifica a área de cultivo livre de contaminação.
4. CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, foi observado que o local de cultivo possui
fatores microbiológicos favoráveis ao desenvolvimento do cultivo de sementes de
ostra.
No período chuvoso (jul/2007) e estiagem (dez/07) os resultados para
coliformes totais na água foram de 23 a 2 NMP/100mL e termotolerantes, de 23 a 0
NMP/100mL.
A variação do nível de coliformes ocorre na água e nas sementes de ostras
produzidas no cultivo. No período chuvoso (julho/2007) e estiagem (dezembro/07),
respectivamente, os resultados para coliformes totais oscilou de 1,4 a 16,1 NMP/g,
para coliformes termotolerantes na semente variaram de 0,7 NMP/g a 16,1 NMP/g.
A densidade de bactérias foi maior nas sementes, no período chuvoso (16,1
NMP/g).
Os coliformes termotolerantes variaram de 0,7 NMP/g, em julho/20007 (período
chuvoso) a 16,1 NMP/g, em dezembro/2007 (período de estiagem) nas sementes de
ostra do mangue, ou seja maior concentração de bactérias no período de verão.
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64
- CAPÍTULO 4 –
METAIS PESADOS (Zn, Pb, Cu e Cd) EM OSTRAS NATIVAS DO GÊNERO
CRASSOSTREA CULTIVADAS NO RIO VAZA BARRIS (SE)
HEAVY METALS (Zn, Pb, Cu and Cd) IN NATIVE OYSTERS OF SORT
CRASSOSTREA CULTIVATED IN THE VAZA BARRIS RIVER (SE)
Karynne Lemos Farias Siqueira
1
. Edilson Divino de Araújo
2
Correspondência para o autor: karynnelemos@infonet.com.br
1. Mestranda em Saúde e Ambiente (UNIT/SE)
2. Prof. Titular III, Dr., UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT/SE)
RESUMO
No Brasil existem vários relatos de contaminação da água e organismos aquáticos por
metais. Tendo sido evidenciada a ocorrência de bioacumulação de metais pesados em
moluscos provocada pelo despejo de esgoto urbano e rejeitos industriais. Os
contaminantes metálicos contidos em certos alimentos, como as ostras nativas, estão
geralmente relacionados à descarga de efluentes industriais dentro dos corpos d´água.
O objetivo desse trabalho foi avaliar a variação temporal do nível de metais (Cu, Pb,
Zn e Cd) no cultivo de ostras do rio Vaza-Barris em período chuvoso (jul/07) e de
estiagem (dez/07), relacionando os dados obtidos com a literatura e a legislação
vigente. Os resultados para cobre, micronutriente essencial requerido para o
crescimento dos organismos aquáticos, no período chuvoso foi de 4,27 ppm e
estiagem, 10,94 ppm, ambos abaixo do estabelecido pela legislação brasileira, de 30
ppm. O cádmio, encontrado nos ambientes naturais em concentrações bastante
baixas, é um metal de elevado potencial tóxico e foi registrado no presente estudo em
0,60 ppm sendo que variação temporal foi pequena, abaixo do valor limite
estabelecido de 1,0 ppm. O chumbo, relacionado a problemas de saúde pública
quanto à exposição a tintas e cerâmicas, no presente trabalho o foi registrado nos
períodos estudados. O zinco tem um importante papel no crescimento,
desenvolvimento e função de todas as células, sendo um micronutriente essencial
encontrado em abundância nas ostras. Entretanto os índices, desse metal, encontrado
apresentaram valores muito altos e grande diferença sazonal, de 276,92 ppm no
período chuvoso e 49,03 ppm, no período de estiagem. A legislão brasileira
estabelece um máximo de 5,0 ppm desse metal em pescado in natura”. Portanto,
para os metais: Cu, Cd e Pb o local de cultivo no rio Vaza Barris apresenta valores
favoráveis. No entanto, os altos índices de Zn encontrados são de natureza
desconhecida, sendo recomendados estudos adicionais e monitoramento desse metal
na região estuarina do rio Vaza Barris (SE).
Palavras-chave: Zinco, Crassostrea sp, rio Vaza-Barris, bioacumulação.
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65
ABSTRACT
In Brazil several reports of contamination of the water and aquatic organisms exist for
metals. Having been evidenced the bioaccumulation occurrence in mollusks provoked
by the pouring out of urban sewer and industrial rejects. The contained metallic
contaminates in certain foods, as the native oysters, generally are related to the
discharge of effluent industrials inside of the bodies from the water. The objective of
this work was to evaluate the secular variation of the metal level (Cu, Pb, Zn and Cd) in
the oysters cultivation of the Vaza-Barris river in rainy period (july/07) and of dry
weather (december/07), relating the data gotten with literature and the current law. The
results for Copper, required essential micronutrient for the growth of the aquatic
organisms, in the rainy period was of 4,27 ppm and dry weather, 10,94 ppm, both
below of the established one for the Brazilian legislation, of 30ppm. The Cadmium,
found in natural environments in sufficiently low concentrations, is a metal of raised
potential toxic and it was registered in the present study in 0,60 ppm being that secular
variation was small, below of the boundary-value established of 1,0ppm.The Lead,
related the problems of public health as the exhibition the inks and ceramic, in the
present work it was not registered in the studied periods. The zinc has an important
paper in the growth, development and function of all the cells, being an essential
micronutrient found in abundance in the oysters. However, the indexes of that found
metal presented very high values and great seasonal difference, of 276,92 ppm in the
rainy period and 49,03 ppm, in the dry weather period. The Brazilian legislation
establishes a maximum of 5,0ppm of that metal in fish "in nature ". Therefore, for the
metals: Cu, Cd and Pb the cultivation place in the Vaza Barris river it presents
favorable values. However, the high indexes of Zn found they are of unknown nature,
being recommended additional studies and monitoring of that metal in the area
estuarine of the Vaza Barris river (SE).
Key-words: Zinc; Crassostrea sp; Vaza-Barris river; bioaccumulation.
1. INTRODUÇÃO
A avaliação da contaminação ambiental através dos níveis de metais pesados
em alimentos é o primeiro passo para a avaliação de riscos à população humana
(CAVALCANTI, 2003). MANTOVANI (1988) afirmou que os contaminantes metálicos
contidos em certos alimentos, principalmente em pescados, estão geralmente
relacionados à descarga de efluentes industriais dentro dos corpos d´água. BENDATI,
(1997) relatou que os contaminantes são metais, de origem antropogênica
provenientes de atividades industriais e agrícolas e ao processo de urbanização na
área das bacias hidrográficas. De certo modo, as indústrias lançam resíduos químicos
sem pvio tratamento da água contaminando os organismos marinhos. O mercúrio,
cádmio e o chumbo são considerados não-essenciais devido à sua elevada toxicidade
e efeitos cumulativos (PEREIRA et al., 2003).
O cobre é um micronutriente essencial, benéfico e essencial ao metabolismo
humano, requerido para o crescimento dos organismos aquáticos, mas em
concentrações elevadas são danosos ao ambiente e ao homem. Geralmente a
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66
presença nas águas se deve a despejos industriais e a sua utilização como algicida
(BENDATI, 1997).
O zinco tem um importante papel no crescimento, desenvolvimento e função de
todas as células vivas, sendo um micronutriente essencial encontrado em abundância
nas ostras. Atua como co-fator em várias metaloenzimas e proteínas reguladoras,
incluindo a biossíntese e reparo do DNA e RNA (BRZÓSKA e JAKONIUK, 2001;
CAVALCANTI, 2003).
O cádmio é encontrado nas águas naturais em concentrações bastante baixas, é
um metal de elevado potencial tóxico. O registro na água e nos organismos aquáticos
deve-se aos despejos de galvanoplastias podendo sofrer bioacumulação nos
organismos aquáticos, e entrar na cadeia alimentar (BENDATI, 1997).
O chumbo continua a ser um importante problema de saúde pública, com rias
formas de exposição. Na América Latina, a exposição é pequena através de tintas,
mas é grande através de cemicas (BENDATI, 1997).
No Brasil existem rios relatos de contaminação da água, sedimento e tecidos
dos moluscos por metais (Cd, Pb, Zn e Cu). De uma maneira geral, todos os metais
exercem efeitos tóxicos em alguma concentração (BENDATI, 1997). Em alguns deles
foi evidenciada a ocorrência de bioacumulação em moluscos em geral e para o gênero
Crassostrea (MACHADO et. al., 2002; RAUPP et. al, 2006, TURECK, et. al, 2006; LIU
e DENG, 2007).
O objetivo desse trabalho foi avaliar a variação temporal do nível de metais (Cu,
Pb, Zn e Cd) no cultivo de ostras do gênero Crassostrea no rio Vaza-Barris em período
chuvoso (jul/07) e de estiagem (dez/07) e relacionar os dados obtidos com a legislação
vigente e a literatura sobre o assunto.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Coletou-se um total de 10 exemplares de ostras, 5 em Jul/07(período chuvoso) e
5 em dez/07(período de estiagem), foram acondicionadas em plásticos lacrados e
trazidos ao laboratório a -20ºC, conservadas em freezer a o momento da análise da
concentração de metais (Pb, Zn, Cu e Cd).
A carne foi extraída dos exemplares. As amostras foram maceradas em mixer e
enviadas em recipiente plástico lacrado e identificado para o LEA/ITP (Laboratório de
Estudos Ambientais) para as análises. Os exemplares foram pesados individualmente
(1± 0,1g) e digeridos com 5 mL do ácido HNO
3
; 1:1(Merck - mercury-free) em
recipiente de teflon fechado a cuo de 30 a 60 minutos, onde permaneceram por 12
horas em temperatura baixa.
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67
O método adotado foi o da AOAC Official Method Mercury in fish 9.2.24. O
conteúdo digerido foi transferido para um recipiente contendo 95 mL da solução
diluente (H
2
O
2
) e a determinação de metais foi lida em espectrofotômetro de absorção
atômica com gerador de vapor frio, utilizando sistema de injeção em fluxo, nas
amostras previamente digeridas (Analist A300), com detecção nominal limite de 1ng,
usando SnCl
2
, como um agente redutor (AOAC, 1995).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Análise dos níveis de Cobre (Cu)
O Cobre é um micronutriente essencial requerido para o crescimento dos
organismos aquáticos (BENDATI, 1997). Os resultados para a análise do cobre foram
de 4,27 ppm no período chuvoso e de 10,94 ppm no período de estiagem, ambos
abaixo do estabelecido pela legislação brasileira, 30 ppm (Tabela 4).
Foi observada uma diferença temporal, maior no verão (10,94 ppm) e abaixo do
permitido pela norma vigente no Brasil (30 ppm). TURECK et al. (2006) encontraram
valores acima do permitido, para a espécie Crassostrea gigas no Estado de Santa
Catarina, no período de verão, tendo concluído que ostras apresentaram assimilação
de contaminantes, indicando a biodisponibilidade no ambiente (Tabela 4).
Entre as localidades estudadas no estuário do rio Pearl, Sul da China, a espécie
Crassostrea gigas teve as concentrações de cobre variando de 389 a 1411 ppm (LIU e
DENG, 2007). No Brasil, BENDATI, (1997) utilizou a espécie Crassostrea brasiliana e
os níveis foram NR (Não Registrado) - 22,74 ppm, para a Ba de Sepetiba (RJ) e
Angra dos Reis (RJ), respectivamente (Tabela 4).
SOARES e SILVA, (2003) encontraram níveis mais elevados e danosos ao
ambiente (127 ppm), em Natal (RN). MACHADO et al., 2002; CAVALCANTI, 2003
encontraram níveis baixos 0,376; ppm, em Cananéia (SP) e 2,89 ppm em Recife (PE)
não indicando fontes significativas de contaminação (Tabela 4).
Tabela 4. Níveis de Cobre (Cu) encontrados em ostras do gênero Crassostrea na
literatura comparados aos níveis recomendados pela legislação brasileira e aos
valores obtidos no presente estudo.
ESPÉCIE Cobre (Cu) LOCALIDADE REF.
Legislação:
Alimentos
30,0ppm Decreto nº 55871 BRASIL, 1965
C. brasiliana NR Baía de Sepetiba, RJ BENDATI, 1997
22,74 ppm Angra dos Reis, RJ BENDATI, 1997
C. brasiliana 0,376 ppm Cananéia, SP MACHADO, et al., 2002
C. rizhophorae ND -127ppm Rio Grande do Norte, RN SOARES e SILVA, 2003
Ostras 2,89 ppm Recife CAVALCANTI, 2003
C. gigas 389 -1411ppm Rio Pearly, China LIU e DENG, 2007
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C. rizhophorae Jul/07: 4,27 ppm
Dez/07: 10,94
ppm
Rio Vaza Barris (SE) Presente estudo
3.2. Análise dos níveis de Cádmio (Cd)
O cádmio é encontrado nas águas naturais em concentrações < 1,0 ppm, é um
metal de elevado potencial tóxico. O registro na água e nos organismos aquáticos
deve-se aos despejos de galvanoplastias podendo sofrer bioacumulação nos
organismos aquáticos, e entrar na cadeia alimentar (BENDATI, 1997).
O cádmio foi registrado no presente estudo em 0,60 ppm e a variação temporal
foi pequena igual a 0,07ppm na ostra do gênero Crassostrea do rio Vaza-Barris,
abaixo do preconizado pelo Decreto 55871 que é de 1,0 ppm (BRASIL, 1966) (Tabela
5).
Os níveis de dmio no Brasil e no mundo variam >1,0 ppm (BRASIL, 1965). Na
China, os valores foram de 11 a 25 ppm para a espécie Crassostrea gigas (LIU e
DENG, 2007), e no Brasil, para escie Crassostrea brasiliana, variaram de 1,6-28
ppm; 1,7 ppm, na Baía de Sepetiba (RJ) e Angra dos Reis (RJ), respectivamente
(BENDATI, 1997) (Tabela 5).
Valores abaixo do permitido em lei < 1,0 ppm, também foram encontrados em
outros estudos como os encontrados nas ostras do rio Vaza-Barris, como os casos de
Santa Catarina (SC) e Cananéia (SP) (0,67 ppm; 0,094 ppm; 0,146 ppm) (BRASIL,
1965; MACHADO et al., 2002; RAUPP et al., 2006) (Tabela 5).
Tabela 5. Níveis de Cadmio (Cd) encontrados em ostras do gênero Crassostrea na
literatura comparados aos níveis recomendados pela legislação brasileira e aos
valores obtidos no presente estudo.
ESPÉCIE Cd LOCALIDADE REF.
Legislação:
Alimentos
1,0ppm Decreto nº 55871 BRASIL, 1965
C. brasiliana 1,6 -2,8 ppm Baía de Sepetiba, RJ BENDATI, 1997
1,7 ppm Angra dos Reis, RJ BENDATI, 1997
C. brasiliana 0,11± 0,036 ppm Cananéia, SP MACHADO, et al., 2002
C. gigas 0,094 ppm Palhoça, SC RAUPP, 2006
Crassostrea gigas 11 – 25 ppm Rio Pearly, China LIU e DENG, 2007
C. rizhophorae Jul/07: 0,60 ppm
Dez/07: 0,67 ppm
Rio Vaza Barris (SE) Presente estudo
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3.3. Análise dos níveis de Zinco (Zn)
O zinco tem um importante papel no crescimento, desenvolvimento e função de
todas as células vivas, sendo um micronutriente essencial encontrado em abundância
nas ostras. Atua como co-fator em várias metaloenzimas e proteínas reguladoras,
incluindo a biossíntese e reparo do DNA e RNA (BRZÓSKA e JAKONIUK, 2001;
CAVALCANTI, 2003).
No Brasil e os valores para o zinco em pescado permitido em lei é de 5,0 ppm
(BRASIL, 1965). No presente estudo, a variação temporal foi extrema: 276,92 ppm no
mês de julho e de 49,03 ppm no mês de dezembro de 2007. No sul da China foram
encontrados valores ainda mais altos, variando de 1272 a 3627 ppm (LIU e DENG,
2007). No Brasil, para os estados de Santa Catarina (SC), Rio de Janeiro (RJ),
Cananéia (SP), Recife (PE) e Natal (RN) os níveis obtidos foram, respectivamente
12,16 ppm; 249,3 ppm - 16130 ppm; 59 ppm; 302,3 ppm; 200 ppm-2800 ppm,
observa-se que no Brasil e no mundo o referido metal acumula-se nos tecidos da ostra
(BENDATI, 1997; MACHADO et al., 2002; CAVALCANTI, 2003; SOARES e SILVA,
2003; RAUPP et al., 2006) (Tabela 6).
Tabela 6. veis de Zinco (Zn) encontrados em ostras do gênero Crassostrea na
literatura comparados aos níveis recomendados pela legislação brasileira e aos
valores obtidos no presente estudo.
ESPÉCIE Zn LOCALIDADE REF.
Pescado “in
natura”
50,0ppm Decreto nº 55871 BRASIL, 1965
C. virginica 2150ppm Golfo do México PRESLEY, 1990
C. brasiliana 249,3 -16130 ppm Rio de Janeiro, RJ BENDATI, 1997
C. brasiliana 402± 188 ppm Cananéia, SP MACHADO, et al., 2002
Ostra 196,20 ±106,10 ppm Recife CAVALCANTI, 2003
C. rizhophorae 200-2800 ppm R. G. do Norte, RN SOARES E SILVA, 2003
C. gigas 12,160 ppm Palhoça, SC RAUPP, 2006
C. gigas 1272-3627 ppm Rio Pearly, China LIU e DENG, 2007
C. rizhophorae Jul/07:276,92 ppm;
dez/07:49,03 ppm
Rio Vaza Barris
(SE)
Presente estudo
3.4. Análise dos níveis de Chumbo (Pb)
O chumbo continua a ser um importante problema de saúde pública, com rias
formas de exposição. Na América Latina, a exposição é pequena através de tintas e
cerâmicas (BENDATI, 1997).
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O chumbo não foi registrado nos períodos estudados, portanto para este metal o
local é aprovado para o cultivo. Segundo a literatura consultada no Sul da China, os
níveis de Pb foram de 3 a 37ppm (LIU e DENG, 2007). RAUPP et al. (2006),
afirmaram que os veis em Santa Catarina (SC) foram de 0,042-0,121 ppm.
MACHADO, et al. (2002) detectaram níveis de 0,08 ppm.BENDATI, (1997), nada
registraram para a Baía de Sepetiba, RJ.
No Brasil o único relato elevado 227,43 ppm de chumbo foi dado Angra dos Reis
(BENDATI, 1997) (Tabela 7).
Tabela 7. Níveis de chumbo (Pb) encontrados em ostras do gênero Crassostrea na
literatura comparados aos níveis recomendados pela legislação brasileira e aos
valores obtidos no presente estudo.
ESPÉCIE Chumbo (Pb) LOCALIDADE REF.
Crassostrea gigas 3 – 37 ppm Rio Pearly, China LIU e DENG, 2007
C. brasiliana 0,008 ppm Cananéia, SP MACHADO, et. Al, 2002
C. brasiliana NR Baía de Sepetiba, RJ BENDATI, 1997
227,43 ppm Angra dos Reis, RJ BENDATI, 1997
C. gigas 0,042-0,121 ppm Palhoça, SC RAUPP, 2006
Legislação:
Alimentos
2,0 ppm Decreto nº 55871 (BRASIL, 1965)
C. rizhophorae Jul/07:NR;
dez/07:NR
Rio Vaza Barris (SE) Presente estudo
4. CONCLUSÃO
O nível dos metais cobre, chumbo e cádmio nas amostras de julho e dezembro
de 2007 foram satisfatórios de acordo com a legislação brasileira. O que indica que a
região estuarina estudada no rio Vaza Barris é um bom local para o cultivo de ostras
nativas.
Os veis de zinco foram muito elevados, porém a causa do excesso de zinco
nessa localidade é ainda desconhecida.
Sugere-se o desenvolvimento de um programa de monitoramento para que
possa ser verificada a provável bioacumulão de zinco nas ostras do rio Vaza Barris
(SE) e que sejam investigados os fatores causais dessa alteração.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
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73
- CAPÍTULO 5 –
UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE PCR-RFLP NA AVALIAÇÃO DA CO-OCORRÊNCIA
DE ESPÉCIES DE OSTRAS NATIVAS NO RIO VAZA-BARRIS (SE)
USE OF THE TECHNIQUE OF PCR-RFLP IN THE EVALUATION OF THE CO-
OCCURRENCE OF SPECIES OF NATIVE OYSTERS IN THE VAZA BARRIS RIVER
(SE)
Karynne Lemos Farias Siqueira
1
. Edilson Divino de Araújo
2
. Sara Cuadros Orellana
2
.
Anna Carolina Mota Lopes
1
Correspondência para o autor: karynnelemos@infonet.com.br
1. Mestranda em Saúde e Ambiente (UNIT/SE)
2. Prof. Titular III, Dr., UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT/SE)
RESUMO
As ostras são espécies típicas de zonas tropicais e ocorrem comumente em raízes
aéreas de mangue vermelho (Rhizophora mangle) ou em rochas intertidais. Embora
existam algumas controvérsias acerca das espécies do gênero Crassostrea, que
ocorrem no Brasil. Estudos indicam que C. brasiliana seja distinta de C. rhizophorae,
porque a primeira tem uma forma mais larga e é sempre encontrada em várias partes
do manguezal, enquanto a segunda é menor e ocorre em zonas intertidais. Como
alternativa para resolução deste problema foram desenvolvidos marcadores
moleculares que permitiram avançar no estudo da sistemática e da taxonomia das
ostras, além de investigar a distribuição das espécies no ambiente. O presente estudo
teve como objetivo verificar a co-ocorrência das espécies C. brasiliana e C.
rhizophorae em três pontos distintos do rio Vaza-Barris, povoado Pedreiras (São
Cristóvão-SE) e avaliar a correspondência entre a identificação morfológica e a
identificação molecular de sementes. No total foram coletadas 100 espécies, 57 foram
distintas morfologicamente por aquicultores e técnicos. Os mesmos exemplares foram
também submetidos à identificação genética pela cnica de RFLP/PCR. Os
resultados obtidos sustentam a hipótese que a identificação morfológica de sementes
de ostras não é um método seguro. Os resultados indicaram apenas 21% de acerto na
identificação morfológica quando comparada ao método molecular. Esse trabalho
comprova a co-ocorncia e não indicam a existência de nichos espaciais
independentes para as duas espécies. C. rhizophorae e C. brasiliana no estuário do rio
Vaza-Barris. Dos 57 espécimes analisados, 23 (40,4%) são C. brasiliana e 19 (33,3%)
C. rhizophorae. 15 (26,3%) indivíduos apresentaram resultados duvidosos e não
puderam ser identificados segundo o padrão de bandas apresentados em gel de
agarose. Os resultados desse estudo sugerem que todos moleculares sejam
utilizados para a avaliação dos bancos de ostras e identificação das espécies em
programas de cultivo de ostras nativas nessa rego, como subsídio ao
desenvolvimento da ostreicultura.
Palavras-chave: ostras; Crassostrea rhizophora; Crassostrea brasiliana; RFLP/PCR;
rio Vaza-Barris.
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ABSTRACT
The oysters are typical species of tropical zones and they happen commonly in aerial
rootses of red swamp (Rhizophora mangle) or in intertidals rocks. Although some
controversies exist concerning the species of the gender Crassostrea, that happen in
Brazil. Studies indicate that C. brasiliana is different from C. rhizophorae, because the
first one has a wider form and it is always found in several parts of the mangroves,
while the second one is smaller and it happens in intertidals zones. As alternative for
resolution of this problem were developed molecular markers that allowed to move
forward in the study of the systematic and of the taxonomy of the oysters, besides
investigating the distribution of the species in the atmosphere. The present study had
as objective to verify the co-occurrence of the species C. brasiliana and C.
rhizophorae in three different points from the Vaza Barris river, Pedreiras village (São
Cristóvão - SE) and to evaluate the correspondence between the morphologic
identification and the molecular identification of seeds. In the total 100 species were
collected, of which 57 were submitted to the morphologic analysis by aquacultures
and technicians. The same copies were also submitted to the genetic identification by
the technique of RFLP/PCR. The obtained results sustain the hypothesis that the
morphologic identification of oysters seeds is not a safe method. The results just
indicated 21% of success in the morphologic identification when compared to the
molecular method. That work checks the co-occurrence and they don't indicate the
existence of independent space niches for the two species. C. rhizophorae and C.
brasiliana in the estuary of the Vaza barris river. From 57 analyzed specimens, 23
(40,4%) they are C. brasiliana and 19 (33,3%) C. rhizophorae. 15 (26,3%) individuals
presented doubtful results and they could not be identified according to the bands
pattern presented in agarose gel. The results of that study suggest that molecular
methods are used for the evaluation of the oysters banks and identification of the
species in programs of cultivation of native oysters in that area, as subsidy to the
development of the oysterculture.
Key-words: oysters; Crassostrea rhizophorae; Crassostrea brasiliana; PCR-RFLP;
Vaza-Barris river.
1. INTRODUÇÃO
As ostras são típicas de zonas tropicais e ocorrem comumente fixadas em raízes
aéreas de mangue vermelho Rhizophora mangle, ou em rochas intertidais
(NASCIMENTO, 1983). PEREIRA et. al., (1988) e NASCIMENTO, (1991) diante de
algumas controvérsias acerca do gênero Crassostrea no Brasil, acreditam que C.
brasiliana seja distinta de C. rhizophorae. ABSHER (1989) observou diferenças entre
as espécies quanto as taxas de crescimento e morfologia larval, e sugere a ocorrência
de duas espécies biologicamente distintas: C. rhizophorae e C. brasiliana, linhagens
simpátricas de Crassostrea do sul do Brasil.
Ocorreu sensível avanço na sistemática de ostras com o advento dos
marcadores moleculares, que são utilizados para investigar a distribuição das espécies
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no ambiente e permitir novos estudos em sistemática e taxonomia das ostras
(MACCACCHERO et. al., 2007).
Diversas técnicas de biologia molecular estão hoje disponíveis para a detecção
de polimorfismos genéticos. Estas técnicas permitem a obtenção de um número
virtualmente ilimitado de marcadores moleculares cobrindo todo o genoma do
organismo (ANTONINI et. al., 2004).
Em Pelotas (RS) CARVALHO et al. (2004), utilizaram amostras do DNA nuclear
e mitocondrial (ITS, ITS2, 16S) através da técnica RFLP/PCR de três diferentes
espécies de moluscos Lymnaeidae, comparando a identificação morfológica com a
molecular, especialmente na América do Sul.
Em particular, o método RFLP/PCR tem sido usado com sucesso para
discriminar ostras do Pacífico C. gigas das ostras portuguesas, C. angulata (BOUDRY
et. al., 1998). PIE et al. (2006) utilizaram a metodologia PCR/RFLP para discriminar as
três espécies de ostras cultivadas na costa brasileira: C. brasiliana, C. rhizophorae e
C. gigas, sugerindo que a identificação das sementes de ostra usando o método
molecular pode garantir uma certificação genética da identificação das sementes
comercializadas.
As relações filogenéticas acerca de algumas espécies de Crassostrea são
inferidas com base na região de parsimônia da seqüência do RNAr 28S e pelo método
da máxima verossimilhança (LITTLEWOOD, 1994). O mesmo observado por
LAPÉGUE et al. (2002), BOUDRY, HEURTEBISE e LAPÉGUE (2003) e LAM e
MORTON (2003) para a região do RNAr 16S que indica uma clara divisão entre as
espécies do Atlântico (C. gasar, C. rhizophorae e C. virginica) e as Indo-pacíficas.
Para o gênero Crassostrea ainda existe muito debate a respeito do mero atual
de espécies nativas que ocorre na costa sul da América do Sul (IGNACIO et al. 2000).
De acordo com RIOS (1994), C. rhizhophorae ocorre do sul do Caribe até o Uruguai,
o estudo de VALERA et. al. (2007) mostra que C. rhizophorae ocorre na Guiana
Francesa e ao longo de grande parte da costa Brasileira, de Florianópolis (SC) ao
Fortim (CE). C. gasar é uma espécie trans-Atlântica (América do Sul e África) e
encontrada em Parnaíba (PI), São João de Pirabas (PA), na Baía de Paranag (PR)
e Baía Cananéia (SP).
No estado do Paraná, PIE et al., (2000) utilizaram a técnica de RFLP/PCR para a
identificação de 12 indiduos C. brasiliana, 12 de C. rhizophorae e 26 de C. gigas da
Illha das Peças (PR) e Baía de Guaratuba (PR), como parte de programas de
monitoramento do habitat natural para entender a distribuição espaço-temporal das
ostras do Pacífico e as naturais da costa brasileira. LAPÉGUE et. al. (2002), utilizaram
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a região RNAr 16S, e identificaram C. rhizophorae, do Caribe (Ilhas Martinica) até o
Brasil (Salvador ao Baixo Paranaguá).
A análise molecular (RFLP/PCR e seqüência do RNAr 16S) aliado com o
cariograma (LAPÉGUE et al., 2002) revelou a ocorrência da ostra de mangue C. gasar
ao longo do oeste Africano e a costa Atlântica da América do Sul. A seqüência de
RNAr 16S de C. brasiliana depositada no GenBank (DQ839413) de PIE et al. (2006)
foi identificada como C. gasar (AJ312937) estudado por LAPÉGUE et al. (2002).
Diante do exposto, as ostras brasileiras se distribuem ao longo dos manguezais,
mas o número de espécies e sua distribuição ainda não o claros. As ostras de
mangue nativas do Brasil são geralmente referidas como C. rhizophorae. No Norte e
Nordeste do Brasil, particularmente, essas ostras o cultivadas ou extraídas pelas
comunidades pesqueiras e a correta identificação dessas espécies e sua distribuição é
necessária para o manejo efetivo dessas atividades (NASCIMENTO, 1991).
Assim, as comunidades de pescadores às margens de rios e oceanos de todo
Brasil trabalham no cultivo de espécies tais como peixes e moluscos. No rio Vaza-
Barris (SE) há oito anos se desenvolve uma atividade de cultivo em balsas flutuantes,
sendo monitoradas as sementes quanto ao crescimento e variações de salinidade,
porém no riacho das Pedreiras em São Cristóvão (SE), os produtores observaram
variações de crescimento e nos padrões morfológicos. Desse modo, observou-se a
necessidade de estudar a co-ocorrência de espécies de Crassostrea nas localidades,
para que se possa distinguir qual espécie é mais interessante para o cultivo nessa
localidade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Amostragem
Foram coletados 100 exemplares do banco de ostras da AQUISC (Associação
de Aqüicultores de São Cristóvão, SE) em três pontos distintos, em Janeiro de 2007:
1) povoado Pedreiras (11º04’40.09’’S e 37º11’54.1’’W), denominado ponto A; 2)
Buraco de (11º4´32,3´´S; 37º11´54,2´´W), denominado ponto B; e 3) Ponte da
Pedreira (11º4´004´´S; 37º11´47,8´´W), denominado ponto C. As sementes foram
retiradas e armazenadas em recipientes de vidro estéreis, acondicionadas em isopor e
encaminhadas ao laboratório.
2.2. Identificação morfológica das sementes
Nos 3 pontos de coleta, os 100 exemplares foram numerados nas valvas com
tinta nanquim. A triagem das sementes coletadas foi realizada por dois associados da
AQUISC e dois engenheiros de pesca experientes na área de ostreicultura, que as
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