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Essas mutações têm aparecido na forma de uma nova e desafiante
realidade que, entretanto, foi sendo gerada por uma interação
dinâmica de decisões micro e macroeconômicas e políticas tomadas,
em nível das empresas e governos, quase sempre sob a forma de
resposta aos grandes “choques” que se condensaram no início dos
anos 70, 80 e 90, e suas múltiplas e derivadas conseqüências. A
essas reações, extremamente diferentes entre si (dependendo do
poder econômico e político de cada país), é que se tem chamado
genericamente de “ajustes estruturais”, e o produto desses ajustes,
que nasce à custa dos produtores e das decisões políticas, tem sido
chamado de "globalização". (FIORI, 1995a, p. 28).
De maneira complementar, Ianni (1999), seguindo os passos de Marx em O
Manifesto Comunista entende que o sistema capitalista não sobreviveria se a
burguesia não revolucionasse constantemente os instrumentos de produção.
Conforme nos mostra Marx
A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os
instrumentos de produção – por conseguinte, as relações de
produção e, com isso, todas as relações sociais. A conservação
inalterada do antigo modo de produção era, pelo contrário, a
condição primeira de existência de todas as anteriores classes
industriais. A contínua subversão da produção, o ininterrupto abalo
de todas as condições sociais, a permanente incerteza e a constante
agitação distinguem a época da burguesia de todas as épocas
precedentes. Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e
cristalizadas, com o seu cortejo de representações e concepções
secularmente veneradas; todas as relações que as substituem
envelhecem antes de se consolidarem. Tudo o que é sólido e estável
se dissolve no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens
são obrigados a encarar, sem ilusões, a sua posição social a as suas
relações recíprocas. A necessidade de um mercado em constante
expansão compele a burguesia a avançar por todo o globo terrestre.
Ela precisa fixar-se em toda a parte, estabelecer-se em toda a parte,
criar vínculos em toda parte. (MARX; ENGELS, 1998, p.08 -09).
Neste sentido podemos concluir junto com esse conjunto de autores, que
todas as rápidas transformações ocorridas no pós década de 70 se articulam ao
progresso das ciências e ao incremento das técnicas de produção engendrados pelo
próprio sistema de produção capitalista. Associado ao advento dessas novas
técnicas, um ritmo diverso começa a ser imposto às variadas formas de
relacionamento. Além disso, difundem-se concomitantemente a esse processo,
ideologias que tentam naturalizar essas mudanças, desconectando-as da sua base
material, no caso, a expansão das grandes empresas globais.