Download PDF
ads:
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
MESTRADO EM MEDICINA TROPICAL
Peliganga Luis Baião.
PREVALÊNCIA DAS HEPATITES B E C EM
DOADORES DE SANGUE E DA HEPATITE B EM
GESTANTES NO KUITO, BIÊ, ANGOLA.
RIO DE JANEIRO 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PREVALÊNCIA DAS HEPATITES B E C EM
DOADORES DE SANGUE E DA HEPATITE B EM
GESTANTE NO KUITO, BIÊ, ANGOLA
PELIGANGA LUIS BAIÃO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz para
obtenção do grau de Mestre em Medicina Tropical.
Orientadores: Dra. Márcia Leite Baptista
Dra Clara Fumiko Tachibana Yoshida
Rio de Janeiro 2008.
ads:
PELIGANGA LUIS BAIÃO
PREVALÊNCIA DAS HEPATITES B E C EM
DOAORES DE SANGUE E DA HEPATITE B EM
GESTANTES NO KUITO, BIÊ, ANGOLA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz
para obtenção do grau de Mestre em Medicina
Tropical.
Orientadora: Dra. Márcia Leite Baptista
Dra Clara Fumiko Tachibana Yoshida
Aprovada em / /
BANCA EXAMINADORA
Profª Dra. Regina Maria Bringel Martins
Profª Alexsandra Rodrigues de Mendonça Favacho
Profª Livia Melo Villar
AGRADECIMENTOS.
Ao Prof. Dr. Marcio Neves Bóia, coordenador do Curso de Pós-graduação em
Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, pela disponibilidade, incentivo á
pesquisa e pelo apoio financeiro na aquisição de material para coleta de
sangue.
Dra. Clara Fumiko Tachibana Yoshida, pelo apoio financeiro para aquisição
dos testes rápidos e entusiasmo durante a correção do trabalho.
Dra. Márcia Leite Baptista, pela orientação e correção do trabalho.
Dra. Lia Laura Lewis, coorientadora, por ter aceitado o desafio de ir a África
coordenar o trabalho de campo, solidariedade e apoio incondicional durante a
elaboração do trabalho.
Aos colegas de Mestrado em Medicina Tropical, pelo apoio carinho e
fraternidade, durante o curso.
Ao Diretor Provincial de Saúde do Biê/Angola, o Sr. José Gonçalves Augusto,
pelo apoio financeiro, material e solidariedade, durante a realização do
trabalho de campo.
Diretora do Hospital Geral do Biê/Angola, Dra. Etelvina Monteiro, pela
disponibilidade da infra-estrutura para realização dos testes rápidos,
entrevistas e pelo apoio no alojamento da equipe.
Aos técnicos de enfermagem do serviço de hemoterapia e da assistência
materna do Hospital geral do Biê, pela cooperação nas entrevistas das fichas
epidemiológicas, na coleta e armazenamento das amostras.
A todos os colegas do Laboratório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo
Cruz, pelo apoio e encorajamento.
DEDICATÓRIA
minha família, pela compreensão e todo apoio.
Aos meus colegas, pelo incentivo.
Aos meus amigos, por aceitarem longos períodos de ausência.
memória do meu amigo David Taka.
Peliganga LB.Prevalência das hepatites B e C em doadores de sangue e da hepatite
B em gestantes, no Kuito, Biê, Angola; 2008.Tese [Mestrado em Medicina Tropical] –
Instituto Oswaldo Cruz.
RESUMO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 720 milhões
de indivíduos estejam infectados pelos vírus da hepatite B(HBV) ou C(HCV) com
índice de mortalidade cerca de 25%, constituindo importante problema de saúde
pública global, A escassez de dados sobre HBV e HCV em Angola e a identificação
de alguns fatores de risco incentivaram a realização deste trabalho com objetivo de
avaliar a freqüência de marcadores de HBV em gestantes e HBV e HCV em
doadores, e descrever os fatores de risco associados, visando adoção de estratégias
voltadas à aplicação de medidas preventivas.No presente estudo utilizou-se os
dados de registros dos doadores em banco de sangue para os anos 2005, 2006 e
2007 e investigou-se os possíveis fatores de risco através da aplicação do
questionário epidemiológico em 500 doadores e 1014 gestantes no ano 2007. Os
resultados dos marcadores de HBV e HCV nos doadores foram obtidos através dos
registros e nas gestantes através de testes rápidos. A freqüência de HBsAg em
doadores de sangue manteve-se em 11% durante os anos 2005, 2006 e 2007,
enquanto que nas gestantes foi de 9%. A prevalência de anti-HCV em doadores
aumentou progressivamente de 0,3% para 1% entre os anos 2005 e 2007. Os
fatores de risco que despertaram a atenção nos doadores foram à circuncisão, DTS,
e escarificação, ao passo que nas gestantes foram à aplicação de piercing, uso de
medicamento tradicionais na vagina, compartilha de instrumento de manicure.
Palavras-chaves: 1.hepatite B. 2. hepatite C. 3. gestantes. 4.doadores de sangue.
5.características de risco. 6.teste rápido. 7.Angola.
Peliganga LB. Prevalence of hepatitis B and C among blood donors and hepatitis B
among pregnant women, in Kuito, Biê, Angola. 2008. Dissertation [Masters Degree in
Tropical Medicine] – Instituto Oswaldo Cruz
ABSTRACT
The World Health Organization (WHO) has estimated that approximately 720 million
people are infected with hepatitis B (HBV) or hepatitis C virus (HCV) with a mortality
rate of 25%, thus representing a major global public health problem. The little data on
HBV and HCV in Angola together with lack of identification of risk factors encouraged
this study that proposed to evaluate the frequency of HBV among pregnant women
and HBV and HCV in blood donors, and to describe risk factors that may implement
guidelines for preventive measures. The study included data from blood bank records
for the years 2005, 2006 and 2007. Possible risk factors were investigated by means
of an epidemiologic questionnaire among 500 blood donors and 1014 pregnant
women in the year 2007 and testing was performed through rapid tests. The
prevalence of HBsAg among the blood donors was persistently 11% during the years
2005, 2006 and 2007 and 9% for pregnant women. An increase in anti-HCV
prevalence from 0.3% to 1.0% was observed from 2005 to 2007. Risk factors of
interest amongst the blood donors were circumcision, STD, and scarification, while
for pregnant women piercing, use of traditional vaginal agents, and sharing of
manicure devices.
Key words: 1.hepatitis B. 2.hepatitis C. 3.pregnant women. 4.blood donors. 5.risk
factors. 6.rapid tests. 7.Angola.
Í
NDICE
1 Introdução ................................................................................................................1
1.1 Biologia do HBV e HCV .....................................................................................1
1.1.1 Classificação e estrutura do HBV................................................................1
1.1.2 Classificação e estrutura do HCV................................................................2
1.2 Variabilidade Genética do HBV e HCV..............................................................4
1.3 Distribuição dos Genótipos................................................................................5
1.4 Patogenia das Infecções pelo HBV e HCV........................................................6
1.5 Historia Natural das Hepatites B e C .................................................................7
1.6 Diagnóstico das Infecções pelo HBV e HCV ....................................................8
1.6.1 Diagnóstico sorológico ................................................................................8
1.6.2 Diagnostico molecular...............................................................................10
1.7 Transmissão de HBV e HCV ...........................................................................11
1.7.1 Transmissão parenteral.............................................................................11
1.7.2 Transmissão nosocomial...........................................................................12
1.7.3 Transmissão intrafamiliar ..........................................................................13
1.7.4 Transmissão materno-infantil ....................................................................14
1.7.5 Transmissão sexual ..................................................................................14
1.8 Profilaxia das Hepatites B e C .........................................................................15
1.9. Epidemiologia das Infecções pelo HBV e HCV...............................................15
1.10 Angola............................................................................................................19
1.11 Justificativa ....................................................................................................20
2 Objetivos ................................................................................................................21
2.1 Objetivo geral...................................................................................................21
2.2 Objetivos específicos.......................................................................................21
3. Material e Métodos................................................................................................22
3.1 Tipo de estudo .................................................................................................22
3.2 Local de pesquisa............................................................................................22
3.3 População de estudo .......................................................................................22
3.4 Tamanho da amostra.......................................................................................23
3.5 Critério de inclusão ..........................................................................................23
3.6 Recrutamento, entrevista e coletas de sangue................................................23
3.7 Questionário Epidemiológico ...........................................................................24
3.8 Testes Rápidos................................................................................................30
3.8.1 Determinação do HBsAg. (Vikia®Biomerieux S/A) ...................................30
3.8.2 Determinação do HBsAg (Determine® Abbott).........................................31
3.8.3 Determinação do anti-HCV. (anti-HCV Spot®)..........................................32
3.9 Análise Estatístico............................................................................................33
4. Resultados ............................................................................................................34
4.1 Dados de Registros dos Doadores de Sangue...............................................34
4.2 Doadores Entrevistados...................................................................................37
4.3 Gestantes ........................................................................................................42
5 Discussão...............................................................................................................48
5.1 Prevalência e Características de Risco para o HBV........................................48
5.2 Prevalência e Características de Risco para o HCV........................................52
6. Conclusões............................................................................................................54
7 Referências ............................................................................................................55
Apêndices..................................................................................................................64
1
1
I
NTRODUÇÃO
Os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV) são agentes de doenças
infecciosas que atingem principalmente o fígado, produzindo quadros agudos ou
crônicos. Aproximadamente 10% da população mundial são portadores crônicos
dessas infecções, cujos elevados índices de morbidade e mortalidade classificam
ambos como doenças de importante impacto na saúde pública mundial. Medidas
preventivas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) têm sido
implantadas por todos os países industrializados no esforço de controlar essas
infecções. Em países menos privilegiados, onde muitas vezes encontram-se taxas
de prevalência elevadas, tais medidas nem sempre têm sido adotadas de forma
regular e, na maioria deles, negligenciadas. Assim, destacamos a África, onde
calcula-se que 80 milhões de indivíduos sejam portadores crônicos de hepatite, dos
quais aproximadamente 20 milhões morrerão devido ás seqüelas da doença
(GIANINI & BRÉCHOT, 2003; SIMPORE et al.2005; WHO 2000).
1.1
B
IOLOGIA DO
HBV
E
HCV
1.1.1 Classificação e estrutura do HBV
O HBV, pertencente a família Hepadnaviridae,gênero Orthohepadnavirus
(SUMMERS et al. 1978) possui um genoma constituído de DNA circular de fita
parcialmente dupla. Morfologicamente, a partícula viral completa ou virion do HBV é
formada, de 42 nm de diâmetro (DANE et al.,1970), possuindo um envoltório viral
que contém o antígeno de superfície do vírus (HBsAg) e, internamente um
nucleocapsídeo de 27 nm, contendo o antígeno do “”core”” (HBcAg). Além da
partícula viral completa, partículas esféricas de 22 nm de diâmetro e tubulares de
mesmo diâmetro e comprimento variado são encontradas na corrente sanguínea,
ambas desprovidas de ácido nucléico, porém imunogênicas (TAKAHASHI et al.
1976).
2
O genoma do HBV é o menor dentre os genomas virais que infectam o
homem, compreendendo uma molécula de aproximadamente 3200 pares de base
(pb), com quatro fases de leituras aberta; o gene S, responsável pela síntese do
HBsAg, o gene pré C/C responsável pela síntese do HBcAg e do antígeno e
(HBeAg), gene X que codifica a proteína (HBxAg) de regulação e o gene P
codificador da enzima DNA polimerase. As fases de leitura S, C e X são sobrepostas
ao gene P, o qual perfaz cerca de 75% do genoma (GANEM VARMUS,1987).
O gene S é subdividido em regiões pré-S1, pré-S2 e S, que dão origem a três
diferentes proteínas que irão compor o HBsAg. Essas proteínas são denominadas;
large S”, middle S” e small S” (MURRAY et al., 1995) . Postula-se que essas
proteínas estejam envolvidas na interação do vírus com os hepatócitos, bem como
no envelopamento do nucleocapsídeo e formação da partícula viral (BRUSS &
GANEM,1991).
O gene pré-C/C do genoma origina duas proteínas antigênicas: o HbcAg, que
é uma fosfoproteina e constitui o nucleocapsídeo agrupando-se para formar a
estrutura icosaédrica, e o HbeAg, que é uma proteína sintetizada durante a fase de
replicação viral e secretada na corrente sanguínea. Sua presença esta associada
com alto nível de viremia, replicação viral e consequentemente alta infecciosidade
(NASSAL & SCHALLER, 1996).
O gene P é o maior gene do HBV, sobrepondo a todos outros genes,
codificando uma proteína com alta atividade enzimática de DNA-polimerase DNA
dependente, DNA polimerase-RNA dependente (transcriptase reversa) e RNAse,
enzimas envolvidas na síntese de DNA e na encapsidação do RNA viral (CHANG et
al. 1990).
O gene X codifica uma proteína reguladora de transcrição, apesar de não ter
sua função bem conhecida, sugere-se que possa estar envolvida na patogênese do
hepatocarcinoma ( HENKLER & KOSHY,1997; OGRADY et al. 2000).
1.1.2 Classificação e estrutura do HCV
O HCV foi identificado e caracterizado por técnicas moleculares em 1989, a
partir de plasma de um chimpaninoculado experimentalmente com soro de um
3
paciente portador de hepatite não-A, não-B (CHOO et al. 1989). Esta classificado
como membro da família Flaviviridae do gênero Hepacivirus (FRANCKI et al. 1991)
O HCV é um vírus RNA, de fita simples, polaridade positiva, medindo cerca de
40 a 70 nanômetros (nm) de diâmetro (MORADPOUR et al. 2007), com
aproximadamente 9500 nucleotídeos e constituído por um envelope lipoprotéico que
envolve o núcleocapsídeo viral (HOUGHTON et al. 1991).
O genoma possui uma única fase de leitura aberta que, quando traduzida,
origina uma poliproteína constituída por cerca de 3000 aminoácidos (aa),
flanqueadas nas extremidades 5 e 3, por regiões não codificantes altamente
conservadas com aproximadamente 341 e 230 aminoácidos, respectivamente.
Ambas as regiões são essências para a tradução e replicação do genoma
(BARTENSCHALAGER & LOHMAN, 2000)
O processamento da poliproteína dá origem a três proteínas estruturais e sete
não estruturais. As proteínas estruturais codificadas na região amino-terminal são: a
do “”core’” e as glicosiladas do envelope viral E1 é E2. A extremidade carboxi-
terminal codifica as proteínas não estruturais, nomeadamente: NS2 (197 aa), NS3
(651 aa), NS4A (54 aa), NS4B (261 aa), NS5A (447-470 aa), e a NS5B (591 aa)
(GRAKOUI et al. 1993). As proteínas estruturais estão separadas das proteínas não
estruturais por um peptídeo de membrana, denominado de p7, que contém 67 aa,
cuja função é regular o processo de clivagem da poliproteína (LIN et al., 1994;
MIZUSHIMA et al., 1994).
A proteína “”core””, que forma o nucleocapsídeo viral, contém 191 aa.
Especula-se que sua associação com gotículas lipídicas contribui para o
desenvolvimento de esteatose hepática (GIANINI BRÉCHOT. 2003) As
glicoproteinas do envelope E1 (192 aa) e E2 (426 aa) são essenciais para a entrada
do vírus no hepatócito, por meio da ligação da ligação com os receptores da
membrana celular, induzindo a fusão com essa membrana, tendo também o papel
na montagem da partícula viral (BARTOSCH et al., 2003).
A E2 é uma glicoproteína que apresenta regiões hiperváriaveis na sua
seqüência. Uma dessas regiões é a HVR1, que parece ser alvo para anticorpo
neutralizante, e a e a HVR2, descrito somente no genótipo 1 (GIANNINI &
BRÉCHOT.,2003 ).
As regiões de NS2 a NS5B estão envolvidas no processamento da
poliproteína e na replicação viral. A região carboxi-terminal do gene NS3 possui
4
atividade de RNA helicase e NTPase, e junto com a NS4A participa na clivagem nas
junções de NS3/NS4A, NS4A/NS4B, NS5A/NS5B (GRAKOUI et al. 1993). A região
NS5A tem um papel importante na resposta terapêutica ao interferon, contendo uma
região denominado de região determinante de sensibilidade ao interferon (ISDR),
além de regular a proliferação e viabilidade celular (ENOMOTO et al. 1995; 1996). Já
a região NS5B codifica uma RNA polimerase, dependente de RNA, enzima
fundamental para síntese de uma fita negativa (replicativa intermediário), que servirá
de molde para produzir novas fitas positivas do genoma do HCV. (GRAKOUI et
al.1993).
1.2
V
ARIABILIDADE
G
ENÉTICA DO
HBV
E
HCV
Com base na divergência da seqüência genômica, o HBV é classificado em
oito genótipos, denominados de A a H, que estão relacionados com suas origens
geográficas. Os genótipos apresentam diferenças maiores que 8% quando as
seqüências nucleotídicas de genomas completos do HBV são comparadas
(OKAMOTO et al., 1988; SCHAEFER, 2007). Ainda as amostras do HBV são
classificadas em nove subtipos: ayw1, ayw2, ayw3, ayw4, ayr, dw2, adw4, adrq- e
adrq+, devido aos determinantes antigênicos encontrados na proteína small S do
HBsAg (COUROUC-PAUTY et al.1978).
Também com base nas variações nucleotídicas do genoma, o HCV pode ser
classificado em seis genótipos, denominados por algarismos arábicos (1 a 6). O
sistema de classificação adotado foi proposto por SIMMONDS e cols., em 1994, no
qual isolados do HCV são agrupados em um mesmo genótipo quando a homologia
entre as seqüências de nucleotídeos é de 72% na região NS5B, e classificados
como subtipos quando a homologia é de 86% ou mais. Existem mais de 100
subtipos, que são denominados por letras minúsculas, que vão sendo classificados
de acordo com a ordem de descoberta (SIMMONDS et al., 1994; 2004).
O HCV, como outros vírus de RNA, apresenta uma ampla variação genética,
encontrada não somente entre os diferentes isolados, mas também ao longo da
seqüência viral, estando o HCV presente no hospedeiro sob a forma de
quasiespécie, ou seja, num processo adaptativo-evolutivo, as quasiespécies
correspondem a uma população heterogênea do HCV no mesmo individuo
5
cronicamente infectado, com cerca de 1 a 2% de diferença na sua composição
genômica (MARTELL et al.1992).
1.3
D
ISTRIBUIÇÃO DOS
G
ENÓTIPOS
De maneira geral, o genótipo A é prevalente na Europa, África subsaariana,
Índia e Estados Unidos. os genótipos B e C são freqüentes no sudoeste asiático,
Japão e Oceania. O genótipo D é comum nos paises do Mediterrâneo, enquanto que
o genótipo E é restrito a África. O genótipo F é encontrado principalmente nas
Américas Central e Sul. O genótipo G circula na França, além dos Estados Unidos
da América (EUA) e México. E o genótipo H foi identificado na América Central,
sendo detectado também nos EUA (AKUTA & KUMADA, 2005; SCHAEFER et al.
2007).
No Brasil, o genótipo A é o mais prevalente, sendo que os genótipos B, C, D e
F já foram reportados, além do genótipo G mais recentemente (SITNIK et al. 2007).
Quanto à África, o genótipo A predomina no centro, este e sul da África, o
genótipo D na região norte e o genótipo E nas regiões leste da África (PAN &
ZHANG, 2005; SCHAEFER et al. 2005; 2007; KRAMVIS KEW 2007).
Estudos de epidemiologia molecular do HCV demonstraram que os genótipos
1, 2 e 3 apresentam distribuição mundial, enquanto que os demais estão restritos a
certas áreas geográficas. Os genótipos 1, 2 e 3 são os mais comuns na Europa
ocidental, EUA, Austrália e Japão. No Paquistão, norte da Índia e Nepal
predominância dos genótipos 1 e 3. No Brasil, os genótipos 1, 2 e 3 também são os
mais prevalentes, apesar de relatos isolados para os genótipos 4 e 5 ( CAMPIOTTO
et al. 2005).
No Oriente Médio, Egito e África Central predominância do genótipo 4,
na África do Sul o genótipo 5 é prevalente, e o genótipo 6 circula em algumas
regiões da Ásia, como Hong-Kong, Macau e Singapura (McOMISH et al. 1994;
SIMMONDS, 2004).
6
1.4
P
ATOGENIA DAS
I
NFECÇÕES PELO
HBV
E
HCV
Após a adsorção das proteínas do envelope viral ao receptor especifico na
membrana do hepatócito, o HBV penetra no citoplasma celular por endocitose.
Posteriormente, no núcleo do hepatócito, o genoma viral é liberado e se converte,
por ação da DNA polimerase, a uma forma circular covalentemente fechada, que
serve de molde para a síntese de RNA pré-genômico e subgenômicos, os quais o
traduzidos em proteínas do envelope viral core, polimerase e X. No citoplasma do
hepatócito, são sintetizadas as proteínas do core que vão encapsidar o RNA pré-
genômico e a DNA polimerase, e ocorre a transcrição reversa do pré-genoma com a
síntese da cadeia longa do DNA viral. Então a cadeia curta de DNA é sintetizada a
partir da cadeia longa por ação da enzima DNA polimerase. O capsídeo será
revestido pelo envelope viral, durante passagem pelo reticulo endoplasmático e
complexo de Golgi, e a partícula viral é então liberada da célula hospedeira (O’
GRADY et al. 2000; HOLLINGER & LIANG, 2001).
Paralelamente a replicação viral, ocorre também a síntese de proteínas virais
isoladas e de subunidades protéicas do HBsAg, além do HBeAg. Assim, durante a
evolução da hepatite B, esses antígenos poderão aparecer na circulação sanguínea
em concentrações elevadas (GANEM & VARMUS, 1987) .
A injúria hepatocelular é mediada pelos linfócitos T citotóxicos. Essas células
reconhecem o antígeno viral associado com o complexo de histocompatibilidade da
classe I, na membrana dos hepatócitos, causando apoptose dos hepatócitos
infectados. O recrutamento de células inflamatórias do hospedeiro, como
macrófagos, neutrófilos e outros linfócitos, leva a formação de um foco
necroinflamatório no fígado. Nesse estágio, evidências clínicas da hepatite tornam-
se aparentes com elevação das aminotransferases (O’GRADY et al. 2000;
HILLEMAN 2001; HOLLINGER & LIANG 2001).
Na hepatite aguda, a infecção geralmente é leve ou moderada, com controle
da replicação viral devido à resposta imune do hospedeiro com resolução da
inflamação hepática. A hepatite crônica desenvolve-se a partir de um clearance viral
ineficiente com dano hepático contínuo. Já os pacientes que evoluem para as formas
fulminantes, frequentemente não apresentam evidências de replicação viral, uma
vez que a resposta inflamatória não especifica ao vírus é marcadamente ampliada
7
por determinantes do hospedeiro ou por fatores virais desconhecidos, resultando em
dano maciço dos hepatócitos (O’GRADY et al., 2000; HOLLINGER LIANG 2001)
O HCV, também após a interação com os receptores de membrana do
hepatócito e penetração no citoplasma celular, o RNA viral desnudo passa a
funcionar tanto como uma molécula mensageira para a produção de proteínas virais,
como também de molde para sintetizar fitas de RNA de polaridade negativa (-), que
por sua vez servirão de molde para a síntese de novas fitas de RNA de polaridade
positiva (+), as quais serão encapsidadas completando a replicação viral. Os virions
são então exteriorizados a superfície celular por meio de vesículas. Uma vez
liberados, os vírus podem infectar os hepatócitos vizinhos ou serem lançados na
corrente sanguínea (GREMION & CERNY 2005; MORADPOUR et al. 2007).
A eliminação ou a persistência do HCV depende da eficácia, especificidade e
rapidez da resposta imune. A primeira linha de defesa em um indivíduo recém-
infectado com o HCV é a resposta inata, responsável pela ativação das citocinas,
como o interferon que ativa as proteínas antivirais, que levam a inibição da
replicação viral e destruição da célula infectada. Existem evidências que esse tipo de
resposta por si é capaz de eliminar o vírus. Porém, sabe-se que quando ocorre
eliminação viral existe uma ampla resposta celular adaptativa por meio das células
CD4+ e CD8+ (GREMION & CERNY 2005).
A produção de anticorpos anti-HCV não confere proteção, e a sua presença
geralmente sugere infecção crônica. Por outro lado, pode ocorrer o desaparecimento
desses anticorpos em indivíduos que se recuperam espontaneamente da infecção
pelo HCV, demonstrando que os mesmos não conferem proteção duradoura
(GREMION & CERNY 2005).
1.5
H
ISTORIA
N
ATURAL DAS
H
EPATITES
B
E
C
O HBV e HCV são agentes infecciosos com tropismo para o tecido hepático,
podendo ocasionar hepatite aguda, crônica e raramente quadros fulminantes, com
período de incubação de 40-180 dias para o HBV, e para o HCV de 15-150 dias.
Freqüentemente são doenças que cursam com ausência de sintomas, ou
quando esses surgem habitualmente são leves e inespecíficos, caracterizados por
prostração, anorexia, dores abdominais, náuseas, mitos, intolerância alimentar,
8
febre baixa, mialgia e artralgia. Alguns indivíduos com sintomas podem ainda evoluir
com quadros de icterícia e colúria de intensidade variada e, nessa fase, melhoria
das manifestações sistêmicas, mas podendo persistir a prostração (REZENDE
SCHMIDT. 2006).
Cerca de 80% dos indivíduos infectados pelo HBV se recuperam da infecção,
5 -10% evoluem para a forma crônica, ao passo que esse índice é de 90% nas
crianças infectadas no período perinatal (MARINHO & MILAN 2007).
Diferente da infecção pelo HBV, a cronicidade da infecção pelo HCV é mais
evidente nos indivíduos adultos, podendo chegar até 80%, enquanto que nas
crianças esse índice é inferior a 55% (SEEFF et al. 2002). Desses,
aproximadamente 10-20% desenvolvem cirrose hepática e/ou hepatocarcinoma, cuja
incidência é de 1-5% ao ano (EASL internacional consensus, 1999; WHO 2000;
MARINHO & MILAN, 2007).
1.6
D
IAGNÓSTICO DAS
I
NFECÇÕES PELO
HBV
E
HCV
1.6.1 Diagnóstico sorológico
O diagnostico sorológico da infecção pelo HBV baseia-se na detecção de
antígenos e / ou anticorpos (MENDES MELLO, 2006). O HBsAg é o primeiro
marcador sorológico detectável, aparecendo 2-12 semanas antes da icterícia e
prolonga-se em tempo variado. O HBeAg aparece concomitantemente ou
subseqüentemente ao HBsAg, indicando atividade replicativa do vírus e elevada
infecciosidade dada à alta concentração de virions no sangue.(YOSHIDA et al. 2006;
MARINHO & MILAN 2007)
Níveis elevados de anti-HBc IgM são detectados da a 10ª semana, e
aparecem simultaneamente com a elevação das transaminases em resposta a
síntese de proteínas do nucleocapsídeo. Assim, sua presença normalmente indica
infecção aguda, porém pode ser eventualmente detectado nas formas crônicas da
infecção, ocasionando interpretações errôneas. Os títulos de anti-HBc IgM declinam
independentemente da evolução para a cura ou cronicidade, ao passo que o anti-
HBc IgG, que pode ser um marcador de infecção recente ou tardia e, na ausência do
9
HBsAg, pode ser o único marcador de hepatite. A associação de anti-HBc ao anti-
HBs, em uma amostra HBsAg não reativa, representa um quadro de infecção
passada, com conseqüente imunidade ao HBV. O anti-HBc permanece detectável
por toda a vida, constituindo o marcador mais estável (YOSHIDA et al. 2006;
MARINHO & MILAN 2007).
O anti-HBs é um anticorpo neutralizante, que promove a proteção cruzada
contra os subtipos do HBsAg, devido ao fato que esse anticorpo é produzido contra
o subdeterminante “a”, comum a todos subtipos. Quando está presente
isoladamente indica imunidade vacinal, podendo ser encontrado anos após a cura
(MENDES & MELLO, 2006; MARINHO & MILAN, 2007).
Ainda durante a fase aguda da infecção e antes do desaparecimento do
HBsAg, observa-se, em cerca de 90% dos indivíduos, a soroconversão do HBeAg
para anti-HBe, que indica diminuição da replicação viral e posterior evolução para a
cura. Na fase crônica, o desaparecimento do HBeAg pode indicar remissão da
doença hepática ou ser conseqüência das mutações nas regiões pré-core ou
promotora do core do HBV que impedem a produção desse antígeno (HOLLINGER
& LIANG 2001; PAN & ZHANG, 2005; MARINHO & MILAN, 2007).
O diagnóstico da infecção pelo HCV é baseado na resposta imunológica
humoral contra o vírus e pela detecção da viremia no soro ou plasma por meio da
detecção do ácido nucléico do HCV (HCV-RNA). Assim, o diagnóstico do HCV é
feito pela detecção de anticorpos contra as proteínas virais (anti-HCV) no soro de
indivíduos infectados. Os métodos de diagnóstico sorológico disponíveis incluem: os
ensaios imunoenzimáticos (ELISA) e os testes confirmatório tipo immunoblot. O
primeiro é realizado em microplacas e apresenta como vantagens a elevada
sensibilidade, rapidez do processamento e custo relativamente baixo, por isso é
utilizado amplamente em bancos de sangue para triagem dos doadores. A técnica
utiliza proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos, correspondentes as regiões
do core, NS3, NS4 e NS5 do HCV para captura do anti-HCV (MENDES & MELLO,
2006).
os confirmatórios, tipo immunoblot, baseiam-se na reatividade dos
anticorpos aos antígenos do HCV imobilizados em fitas de nitrocelulose,
apresentando maior especificidade em relação ao ELISA. No entanto, ambos os
testes não diferem infecção ativa da passada, servindo apenas para indicar
exposição ao vírus e ainda podem produzir resultado indeterminado ou não reativo
10
no período de janela imunológica, ou em situação de imunossupressão (MENDES &
MELLO 2006).
Tem sido demonstrado que a detecção de diferentes antígenos do HCV (core,
NS3) pelo ELISA está relacionada com a presença do HCV RNA e, assim podem ser
utilizados no diagnostico do HCV na fase precoce de infecção quando anticorpos
ainda não são detectáveis (período de janela) (PAWLOTSKY 2002; XIE et al. 2007).
1.6.2 Diagnostico molecular
A detecção do HBV DNA por técnicas de biologia molecular é o padrão ouro
para determinar a replicação do vírus. O método empregado é a reação de cadeia
de polimerase (PCR), considerado sensível e detecta de 10-100 copias/mL. A PCR é
utilizada para a confirmação da viremia nos casos crônicos, determinação da carga
viral e da caracterização genética do vírus (MENDES & MELLO, 2006).
Os testes moleculares são também a importantes para detectar o HBV DNA
em indivíduos HBsAg negativos, perfil esse denominado de infecção oculta pelo
HBV. A quantificação do HBV DNA é uma ferramenta necessária no monitoramento
dos pacientes submetidos ao tratamento, fornecendo informações importantes da
quantidade de vírus circulantes, bem como provável evolução da infecção (MENDES
& MELLO, 2006).
A genotipagem é utilizada com a finalidade de caracterizar o vírus, sendo o
seqüenciamento o método padrão. A determinação da diversidade genômica tem
implicações na patogenicidade, reatividade sorológica, virulência e resposta ao
tratamento (AKUTA & KUMADA, 2005; TILLMANN, 2007)
Os testes para detecção do HCV RNA são baseados na amplificação de
regiões especificas do genoma do vírus. O RNA viral pode ser detectado no soro ou
plasma a partir da primeira semana após exposição do HCV, constituindo-se na
melhor ferramenta para o diagnóstico precoce da infecção aguda. A detecção do
HCV pela PCR também é importante na seleção de pacientes candidatos ao
tratamento antiviral e no monitoramento da resposta ao tratamento (BRANDÃO et
al.2001; PAWLOTSKY 2002).
Os testes quantitativos, embora não tenham relevância clínica, são
importantes no monitoramento da resposta ao tratamento antiviral, pois determinam
11
o numero de cópias virais, com limite de detecção mínimo entre aproximadamente
30UI/ mL e 615 UI/ mL, com especificidade de 98 a 99% (PAWLOTSKY, 2002).
1.7
T
RANSMISSÃO DO HBV E HCV
1.7.1 Transmissão parenteral
A transmissão parenteral ocorre durante a transfusão de sangue e
hemoderivados, compartilhamento de agulha e seringa, acidentes com material
perfuro-cortante e utilização de objetos indevidamente esterilizados (HOU et al.,
2005).
A transfusão de sangue e hemoderivados foi considerada uma via importante
de transmissão do HBV e HCV. Depois da identificação do HBsAg em 1963, por
Blumberg e cols, e do HCV em 1989, por Choo e cols, implementou-se a triagem
rotineira dos marcadores sorológicos em bancos de sangue (HLADIK et al., 2006).
No entanto, existe ainda risco de infecção, sendo para o HBV em torno de 1/63.000
unidades transfundidas (HOLLINGER & LIANG 2001; LAUER & WALKER, 2001), e
para o HCV de cerca de 1/500.000 a 1/2000.000 unidades transfundidas (CHEN &
MORGAN, 2006).
Entre os usuários de drogas injetáveis ilícitas, o compartilhamento de agulhas
e seringas é uma pratica comum observada em até 70-80% desses usuários e
identificada como um fator de risco importante para transmissão das hepatites
parenterais em países industrializados ( HOLLINGER & LIANG 2001). Nos Estados
Unidos da América e na Europa Ocidental, o uso de droga endovenosa é
responsável por 23% dos casos de HBV (HOLLINGER & LIANG 2001; MCMAHON
et al. 2004). as taxas de prevalência para anti-HCV nesses indivíduos são
elevadas, chegando a 90% em países industrializados (MURPHY et al. 2000).
Muitos estudos, ao avaliar a exposição parenteral em portadores do HCV,
evidenciaram que cerca de 15% dos indivíduos entrevistados não relataram uma via
de transmissão clara, o que sugere então que outras vias necessitam ser
investigadas. (MURPHY et al.2000; MCMAHON et al. 2004)
Outro grupo de interesse é constituído por indivíduos que fazem uso de
drogas não injetáveis, como as inalatórias. No intuito de justificar essa via de
transmissão, pesquisadores do Instituto Nacional de Desenvolvimento de Pesquisa
12
nos EUA demonstraram a presença do HCV em secreções nasais, sendo assim uma
via provável de transmissão viral ao compartilhar instrumentos no ato da inalação
(MCMAHON et al. 2004). Contudo, esses achados não foram confirmados por outros
autores (MURPHY et al. 2000).
O tratamento cosmético tem sido alvo freqüente de estudos quando se
procura determinar as causas de hepatites virais menos evidentes. Durante o
tratamento de beleza, os instrumentos cortantes podem ser contaminados com
sangue infectado e assim apresentarem potencial risco de transmissão para as
hepatites parenterais quando os mesmos não são devidamente esterilizados para
uso posterior. Procedimentos como tatuagem, piercing e compartilhamento de
instrumentos de manicure/pedicure e máquina ou lâmina de barbear têm sido
apontados como de risco, mas os resultados de tais associações são divergentes
(MARIANO et al. 2004; NGO et al. 2007).
Intervenções invasivas são comumente realizadas por profissionais de saúde
que podem eventualmente cursar com acidentes com material biológico
potencialmente infectado pelo HBV e HCV (HOLLINGER & LIANG, 2001; LAUER &
WALKER, 2001). Nos Estados Unidos da América, no ano 1993, estimou-se que
1450 profissionais de saúde tornaram-se infectados pelo HBV, e que
aproximadamente cerca de 100-200 profissionais morrem anualmente como
conseqüência das seqüelas da infecção crônica pelo HBV (HOLLINGER & LIANG,
2001). O risco de transmissão do HBV por acidente ocupacional é de 1-6% se o
paciente fonte for HBsAg positivo, aumentando para 22-40% quando reatividade
para o HBeAg, e para o HCV é de 3%, sendo influenciado pelo tamanho do inóculo,
tamanho da agulha e profundidade do inóculo (MARTINS et al. 1996; LAUER &
WALKER. 2001).
1.7.2 Transmissão nosocomial
É definida como a transmissão que ocorre no interior de uma unidade de
saúde. Nos ambientes hospitalares, o HBV e HCV se disseminam de indivíduo
infectado para suscetível, geralmente por meio de mãos contaminadas de
profissionais de saúde, ou devido ao compartilhamento de equipamentos e
medicamentos (HOLLINGER & LIANG, 2001).
13
As unidades de hemodiálise em particular apresentam risco elevado de
transmissão nosocomial devido à elevada prevalência de hepatites virais nos
pacientes. Com a adoção de medidas de controle de infecção em hemodiálise e a
vacinação contra o HBV nos últimos anos, muitos centros de hemodiálise
registraram diminuição da prevalência do HBV em hemodialisados (JADOUL, 2000).
No entanto, as taxas de prevalência do HCV em pacientes de centros de
hemodiálise de diferentes países variam de 1-95% (ALFURAYH et al. 2000).
1.7.3 Transmissão intrafamiliar
A transmissão intrafamiliar ocorre pelo contato entre familiares com portador
crônico, sendo freqüente nas regiões de alta endemicidade do HBV (HOLLINGER &
LIANG, 2001). A transmissão intrafamiliar pode ser causada pelo contato doméstico
de objetos que contêm secreções biológicas (saliva, sangue, etc) infectadas, ou por
meio de práticas tradicionais rotineiras em que se compartilham objetos perfuro-
cortantes (AKHTAR et al. 2002; MOHAMED et al. 2005).
O compartilhamento de escova de dente entre os membros da família parece
ser uma prática freqüente em famílias de baixo nível socioeconômico, e estudos têm
reportado quantidade significativa do HBV DNA (HOLLINGER & LIANG, 2001) e
HCV RNA na saliva de portadores crônicos (KIIRE 1996; ACKERMAN et al. 1998;
HOLLINGER & LIANG 2001; REY et al. 2001). A documentação da transmissão do
HBV após mordedura por indivíduo HBV positivo comprova que a saliva é uma
secreção biológica potencialmente infecciosa para esse vírus (HOLLINGER &
LIANG, 2001).
Embora alguns estudos tenham encontrado associação entre
compartilhamento de escova de dente e infecção pelo HCV (MURPHY et al. 2000;
AKHTAR et al. 2002), outros autores não verificaram tal achado (HOWE et al. 2005).
Foi observada ainda associação entre mordedura por portadores crônicos do HCV e
a transmissão viral entre familiares, confirmando a presumível presença do HCV na
saliva (AKHTAR et al. 2002).
14
1.7.4 Transmissão materno-infantil
A transmissão vertical é aquela que ocorre de mãe para filho, principalmente,
durante o período perinatal. É mais freqüente no HBV, sendo uma importante via de
transmissão nas regiões de alta endemicidade. Um fator importante na transmissão
vertical do HBV e HCV é a viremia da mãe durante a gestação. A incidência de
infecção perinatal é cerca de 70-90% quando as mães são HBsAg e HBeAg
positivas, sendo de 10-30% naquelas apenas HBsAg reagentes. Crianças e recém-
nascidos que adquirem a infecção tornam-se crônicos em 90% dos casos (HOU et
al., 2005). O período gestacional também tem a sua influência na transmissão do
HBV para o recém-nascido, sendo maior o risco se a mãe estiver no terceiro
trimestre de gestação. Nesses casos, 80-90% dos recém-nascidos poderão ser
HBsAg positivos, diminuindo para 10% se a infecção ocorrer no primeiro trimestre
(ARRAES et al. 2003). O estado de portador crônico associado à infecção perinatal
tem maior risco de desenvolver hepatocarcinoma (HOLLINGER & LIANG. 2001).
Na mãe positiva para o HCV, o risco de transmissão é de 5-6%. No entanto,
em mães cujas cargas virais são elevadas, o que é comumente observada naquelas
co-infectadas pelo HIV, o risco de transmissão do HCV pode chegar a 36%
(ROBERTS & YEUNG 2002; DAVISON et al. 2006).
1.7.5 Transmissão sexual
A transmissão sexual do HBV é mais efetiva que a do HCV, sendo a principal
via de transmissão nas regiões de baixa endemicidade, onde o risco entre
heterossexuais com relacionamento monogâmico é baixo, mas elevado em
indivíduos com comportamento sexual de risco (HOLLINGER et al. 2001; HOU et al.
2005).
a transmissão sexual do HCV é rara, com risco de 0-0,6% por ano nas
relações monogâmicas, entretanto em indivíduos poligâmicos o risco de transmissão
é de 0,4 a 1,8% por ano (TERRAULT, 2002). A duração da relação tem sido
associada com a taxa de infecção devido à exposição prolongada, e a transmissão
do homem para mulher parece ser mais comum (TAHAN et al. 2005).
15
1.8
P
ROFILAXIA DAS
H
EPATITES
B
E
C
Uma das medidas para a redução da incidência da infecção pelo HBV
consistiu na implantação da triagem sorológica do HBsAg nos bancos de sangue (e
do anti-HBc em alguns países, como o Brasil), ação essa adotada pelos paises
desenvolvidos a partir da década de 70, e desde as décadas de 80 e 90, nos paises
em desenvolvimento. A testagem em gestantes complementa essa medida, visto
que a vacinação precoce em recém-nascidos de mães HBsAg positivas previne a
transmissão vertical. Assim, a vacinação é uma recomendação global da OMS
desde 1991 e faz parte do programa de imunização de muitos países (RANGER-
ROGEZ et al., 2004; HOU et al., 2005).
Contudo, alguns países ainda não adotaram tais medidas devido à escassez
de recursos financeiros, em especial na África. A vacina em Angola, por exemplo, foi
introduzida no calendário de imunização apenas em 2006, sendo ainda limitado o
número de crianças imunizadas (WHO/UNICEF. 2007)
Outras ações como as medidas de biossegurança em unidades sanitárias,
campanhas de educação em saúde com vista à mudança de comportamento em
grupos de risco, bem como a imunização desses grupos têm tido um papel
importante na prevenção do HBV (HLADIK et al. 2006).
para a prevenção do HCV, não existe vacina disponível, sendo que a
determinação do anti-HCV em bancos de sangue consiste em uma medida
importante, implementada a partir de 1990-1992, assim como as campanhas de
educação em saúde em grupos considerados de risco e medidas de biossegurança
em unidades de saúde, dentre outras (LAUER & WALKER, 2001).
1.9.
E
PIDEMIOLOGIA DAS
I
NFECÇÕES PELO
HBV
E
HCV
A OMS estima que mais de dois bilhões de pessoas tiveram contato com o
HBV e, no ano 2000, revela ter ocorrido 5,7 milhões de casos agudos. O HBV tem
sido a causa de cerca de um milhão de óbitos por ano relacionados com as
complicações da hepatite crônica (WHO, 2004).
Cerca de 370 milhões de indivíduos são portadores crônicos, podendo então
transmitir a infecção por muitos anos. Aproximadamente 90% desses portadores
16
residem na Ásia, oeste do pacifico e África e estima-se que 74% da população
mundial vivem em áreas de elevada prevalência (KIIRE, 1996; HOU et al., 2005;
CDC, 2007).
Estima-se que uma incidência anual da infecção pelo HBV de cerca de 20
casos por 100.000 habitantes, o que corresponde à cerca de 950.000 indivíduos
infectados a cada ano, sendo que 90.000 se tornarão crônicos e cerca de 20.000
morrerão como conseqüência da cirrose e hepatocarcinoma (WGO, 2003).
As regiões de endemicidade alta são aquelas cuja prevalência do HBsAg é
acima de 8%, com evidências sorológicas de infecção pelo HBV em 70-90% da
população, onde a infecção ocorre habitualmente durante a infância. Em regiões de
endemicidade intermediária, a prevalência do HBsAg varia de 2-7%, sendo que
cerca de 10-60% têm evidência sorológica de exposição ao HBV, e a infecção ocorre
habitualmente em adolescentes e adultos jovens. Taxas de prevalência do HBsAg
inferior a 2% são observadas em regiões de endemicidade baixa com menos de
10% de indivíduos com evidência sorológica de infecção pelo HBV, ocorrendo
geralmente em grupos com comportamentos de risco (HOU et al. 2005).
A endemicidade do HBsAg em diferentes paises da Europa varia de baixa a
intermediária (SHERLOCK 1990). Nas Américas, a endemicidade pode ser baixa,
intermediária e alta, sendo a última verificada na Bacia Amazônica e em algumas
regiões isoladas no Brasil (SOUTO 1999; HOU et al. 2005).
A Ásia é um continente no qual foi observada uma das maiores prevalência e
estima-se que metade dos portadores crônicos mundiais reside na China e Índia
(ANDRÉ 2000).
Os paises Africanos são classificados como sendo de intermediária a alta
endemicidade (HOLLINGER & LIANG. 2001; HOU et al. 2005), com grande
variabilidade na prevalência entre os paises, conforme observado no Quadro 1.
O HCV constitui um importante problema de saúde pública infectando cerca
de 350 milhões de pessoas em todo planeta, o que representa aproximadamente 3%
da população mundial (WHO 2000; GIANNINI & BRÉCHOT,2003). A prevalência do
HCV em alguns países da África e sudoeste Asiático é alta quando comparada à
verificada em países da América do Norte e Europa, cujas taxas variam de 1,1 a
1,7%, sendo que índices de 4,6% foram observados no Mediterrâneo e de 2,5% no
17
Quadro 1.Distribuição da frequência de HBsAg nos paises Africanos
África do Norte
HBsAg (
População
Egipto
1
15,3 Gestantes
Argélia
2
3,6 Doadores
Tunísia
3
3,3 Crianças
Argélia
2
1,6 Gestantes
África Subsaariana
Gâmbia/Manduar
4
62,0 Crianças (2-4 anos)
Senegal
4
50,3 Crianças
Gâmbia /Kenaba
4
27,0 Crianças
Sudão
5
26,o População geral
Zimbabwe
6
25,0 Gestantes
Nigéria/Maiduguri
7
22,0 Doadores
Mauritânia
8
20,3 Doadores
Namíbia
4
17,0 População geral
África do sul/Soweto
9
15,0 Crianças de região rural
África do Sul/Kangwane
4
14,6 População masculina
Senegal/Dakar
10
13,8 Gestantes
Angola
11
13,0 População geral
R.D.Congo
12
13,0 Doadores
África do Sul/Kangwane
4
11,8 Crianças (3-5 anos)
Nigéria/Maiduguri
7
11,6 Gestantes
Namíbia
4
11,0 População geral
Etiópia
4
11,0 Doadores
Tanzânia
13
9,5 Doadores remunerados
Kênia
14
9,3 Gestantes
Nigéria /Será
15
9,1 Doadores
Costa do Marfim
16
8,0 Gestantes
Tanzânia
13
7,2 Doadores voluntários
C.Brazzavile
17
6,7 Gestantes
Ghana
18
6,4 Gestantes
África do Sul/Kangwane
4
4,6 População feminina
Nigéria/Enungu
19
4,6 Gestantes
África do sul/Soweto
4
0,9 Crianças de região
Fonte :
1
BADAWY et al.,2000;
2
AYED et al.,1995;
3
SAID et al.,1985;
4
KIIRE, 1996;
5
MCCARTHY et
al.,1994;
6
MADZIME et al.,1999;
7
HARRY et al.,1994;
8
LOBB et al., 1999;
9
DIBISCEGLIE et al.,1986;
10
ROINGEARD et al.,1993;
11
STEELE et al., 1996;
12
JAGER et al.,1990;
13
MATEE et al.,2006;
14
OKOTH et al., 2006;
15
OMAZIGO et al.,1990;
16
LOHOUES-KOUACOCOU et al. 1998;
17
ITOUA et
al.,1995;
18
ACQUAYE et al.,1994;
19
OBI et al.,2006.
18
sudoeste asiático (WHO, 2000). A OMS estima que a prevalência do HCV na África
é de aproximadamente 5,3%, e cerca de 30 milhões de indivíduos estão infectados
com o HCV, sendo que 6-12 milhões são portadores crônicos. (SIMPORE et al.,
2005). As taxas de prevalência do HCV em paises africanos estão apresentadas no
Quadro 2.
Quadro. 2: Distribuição do anti-HCV em paises Africanos.
África do Norte Anti-HCV (%) População
Egipto /Delta do Nilo
1
60,0 População > 30 anos
Egipto/Cairo
2
45,0 População masculino> 40 anos
Egipto/Cairo
2
30,0 População feminina > 50 anos
Egipto/Cairo
2
19,0 População geral
Egipto /Delta do Nilo
1
19,0 População 10-19 anos
África Subsaariana
Camarões/Mekas
3
16,7 População geral
Camarões /Ntem
3
14,4 População geral
Nigéria
4
8,1 Doadores remunerados
Camarões/Yaoundé
3
6,9 População geral
Camarões/Yokadouma
3
3,3 População geral
Suazilândia
5
3,2 Refugiados
Camarões/Nditam
3
2,9 População geral
Nigéria
4
2,9 Doadores voluntários
Namíbia
4
1,9 Doadores
Sudão
4
1,9 Doadores
Tanzânia
6
1,8 Doadores remunerados
Senegal
7
1,4 Doadores
Angola
8
1,0 População geral
Somália
4
0,9 Doadores
Tanzânia
6
0,8 Doadores voluntários
Uganda
9
0,6 Doadores
Kênia
4
0,5 Doadores
Fonte :
1
DARWISH et al.,2001;
2
MOHAMED et al.,2006 ;
3
NERRIENET et al., 2005 ;
4
KOATE et al., 2005 ;
5
VAN RENSBURG et al., 1995 ;
6
MATTE et al., 2006 ;
7
DIEYE et al., 2006 ;
8
STEELE et al., 1996 ;
9
HLADIK et al., 2006.
19
1.10
A
NGOLA
Angola, país localizado no Continente Africano, na região subsaariana,
limitado ao norte pela República Democrática do Congo, ao sul pela República de
Namíbia, ao leste pela República Zâmbia e ao oeste pelo oceano Atlântico, tem uma
extensão geográfica de 1.246.700 km
2
Fig. 1. Sua população é estimada em 16
milhões, sendo que um quarto dela reside na capital Luanda. A língua oficial é o
português e as principais religiões são católicas (38 %) e protestantes (15 %). A
espectativa média de vida é de 37 anos para os homens e 39 para as mulheres.
Figura 1: Angola, Província do Biê
Fonte: www.viajeros.com/mapas/mapa de África politic; webcarta.net/carta/geo.php
Os principais parques industriais são o petróleo e o diamante que participam
com 80 %do orçamento geral do estado. A agricultura esteve muito tempo
estagnado devido ao conflito armado, mas começa a emergir e os principais
produtos são a mandioca, banana, café, algodão e o tabaco
(pt.wikipedia.org/wiki/geografiadeAngola;www.angolapressangop.ao/angola.asp:proj
ectitcczu.cz/Angola; www.iaadh.de/pubdeutsch/befuerwort.html).
20
A província do Biê, onde foi desenvolvido o estudo, localiza-se no Centro-Sul
de Angola. Possui uma população estimada em 2.804.690 habitantes, e as principais
atividades são: agricultura, caça e pecuária. Kuito é o município sede, localizando-se
no centro da província. Apesar de a principal religião ser a católica, algumas práticas
culturais ainda permanecem muito fortes na população. Dentre elas, pode-se citar as
circuncisões coletivas, que ainda são realizadas em grupos de adolescentes com
instrumentos de esterilização duvidosa, como lâminas, tesouras e outros objetos
perfuro-cortantes. Outra prática também muito comum é a escarificação, onde se
utiliza lâminas e chifres de boi para a extração de hematomas.
.
1.11
J
USTIFICATIVA
Considerando a escassez de dados sobre a freqüência das hepatites B e C
em Angola (Kuito/ Biê), bem como de características de risco relacionadas em
populações locais, faz-se necessário estimar a prevalência de marcadores das
hepatites B e C utilizando-se ensaios de simples execução, como os testes rápidos,
visando fornecer informações que poderão subsidiar estratégias voltadas para
elaboração e aplicação de medidas de prevenção e controle destas doenças.
.
21
2
O
BJETIVOS
2.1
O
BJETIVO GERAL
Investigar o perfil das infecções pelos vírus das hepatites B e C em doadores
de sangue e, da hepatite B em gestantes, em Kuito, Biê, Angola.
2.2
O
BJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimar a prevalência do marcador HBsAg, utilizando-se testes rápidos, em
doadores de sangue e gestantes em Kuito /Biê /Angola.
Verificar as características de risco nos indivíduos HBsAg positivos.
Estimar a soroprevalência de anti-HCV nos doadores de sangue e identificar
possíveis características de risco.
22
3.
M
ATERIAL E
M
ÉTODOS
3.1
T
IPO DE ESTUDO
Estudo descritivo transversal, realizado no período de janeiro a setembro de
2007. O projeto foi aprovado pelo CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) da Fiocruz,
pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/Brasil sob 363-06) e pelo
Comitê de Ética de Angola.
3.2
L
OCAL DE PESQUISA
Este estudo foi realizado na província do Biê, que fica ao centro-sul de
Angola, cuja sede da província é o município de Kuito, onde se encontra localizado o
Hospital Geral do Biê, que é o hospital de referência nesta província recebendo
doentes dos nove municípios.
Este hospital possui os serviços de clínica médica, cirurgia, pediatria,
obstetrícia e ginecologia, e os ambulatórios de oftalmologia, otorrinolaringologia e
ortopedia, laboratório central, serviço de hemoterapia e um banco de urgência
central. O hospital conta com 540 leitos e 22 médicos.
3.3
P
OPULAÇÃO DE ESTUDO
Foi representada por dois grupos (i) doadores de sangue voluntários e de
reposição, isto é por aqueles indivíduos (familiares ou não) que doavam sangue para
reposição do estoque utilizado na transfusão do seu familiar, amigo ou vizinho; (ii)
gestantes utentes das consultas pré-natal, durante o período de junho a setembro de
2007, que consentiram a sua participação no referido estudo.
Foram também utilizadas informações obtidas dos registros de banco de sangue
referentes aos anos 2005, 2006 e primeiro semestre do ano 2007.
23
3.4
T
AMANHO DA AMOSTRA
Como não existem estudos recentes de soroprevalência para infecção pelo
HCV em Angola, considerou-se a prevalência mundial dessa infecção (3%) para o
cálculo do tamanho amostral dos doadores de sangue, e a metade (1,5%) para as
gestantes, com um valor de precisão correspondente a metade da prevalência. A
amostra mínima necessária para os doadores de sangue foi de 496 indivíduos, e
para as gestantes foi de 1009 mulheres.
3.5
C
RITÉRIO DE INCLUSÃO
Foram incluídos, no referido estudo, todos doadores independentemente do
sexo e idade, que compareceram ao banco de sangue, entre janeiro a junho de
2007, e gestantes utentes do serviço de assistência pré-natal, ou internadas no
serviço de obstetrícia e ginecologia do Hospital Geral do Biê/Kuito/Angola, no
período de junho a setembro de 2007.
3.6
R
ECRUTAMENTO
,
ENTREVISTA E COLETAS DE SANGUE
Os indivíduos foram convidados a participar do referido estudo pelos
pesquisadores responsáveis, e pelos membros da equipe, que foi constituída por
quatro técnicos do serviço de hemoterapia e três enfermeiras do serviço de
assistência pré-natal. Inicialmente, realizou-se uma abordagem sobre a importância
epidemiológica e para saúde pública das hepatites B e C, por meio de linguagem
simples, muitas vezes em língua nacional materna local (Umbundu). Para as
gestantes, foram feitas campanhas de educação em saúde em linguagem local
(Umbundu), que retratavam assuntos relacionados ao aleitamento, vacinação e
outras questões importantes para a saúde delas, bem como sobre a importância do
estudo para a saúde pública, e posteriormente foram convidadas a participar
Um total de 500 doadores e de 1014 gestantes consentiu em participar deste
estudo mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, e para
os indivíduos que não sabiam assinar, era colhida à impressão digital do dedo
indicador direito, acompanhada de assinatura de duas testemunhas. Em seguida,
coletava-se 5 ml de sangue por punção venosa em tubo de coleta a vácuo com gel
24
de separação. Nas gestantes, 75 µl (três gotas) do sangue eram utilizados para
realização do teste rápido para o marcador HBsAg, cuja leitura foi feita de 15 a 30
minutos, segundo instrução do fabricante . Quanto aos doadores, foram utilizados
os resultados dos registros do banco de sangue para HBsAg e anti-HCV.
Todo sangue coletado foi centrifugado, permitindo assim que o gel formasse
uma camada propiciando a separação do soro. As amostras dos doadores foram
imediatamente congeladas a -20
o
C, após centrifugação, nos próprios tubos de
coleta. Das amostras das gestantes, aliquotou-se o soro obtido, após a
centrifugação, em dois criotubos identificados, os quais foram imediatamente
congelados. Neste mesmo período, os tubos congelados no banco de sangue foram
descongelados, e o soro aliquotado em dois criotubos e novamente armazenado a
- 20
o
C. Todas as amostras deste estudo encontram-se armazenadas no Banco de
Sangue do Hospital Geral do Baguardando liberação das autoridades para o seu
envio ao Laboratório de Hepatites do Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, visando à
realização dos testes sorológicos e moleculares para hepatites B e C.
Depois destes procedimentos, os participantes foram entrevistados de forma
confidencial, sobre questões relacionadas à identificação, aspectos sócio-
demográficos e possíveis fatores de risco para as hepatites virais. O fluxo de
atendimento e a quantidade de indivíduos dependiam da demanda diária.
Neste estudo, foram utilizados também dados registrados de 1430, 1792 e
989 doadores, respectivamente, para os anos 2005, 2006 e 2007.
3.7
Q
UESTIONÁRIO
E
PIDEMIOLÓGICO
As variáveis que constavam no questionário epidemiológico, utilizado nas
entrevistas, são apresentadas de maneira detalhada a seguir:
Idade e Data de nascimento
Considerou-se, a idade completa, no momento da entrevista, e a data de
nascimento, não sendo necessário comprovante do registro civil.
Estado civil
Considerou-se o estado civil referido pelo entrevistado no momento sem a exibição
de nenhum comprovante, tendo os seguintes critérios:
25
Solteiro: quem nunca viveu ou não coabita com alguém.
Casado: coabita com um companheiro independentemente de cerimônia
jurídica ou religiosa
.
Viúvo: quem perdeu o seu companheiro e ainda não teve outra relação.
Separado: sem companheiro depois da ultima relação
.
Sexo
Refere-se ao gênero do indivíduo, podendo ser masculino ou feminino.
Residência
Questionamos o entrevistado onde residia, caso fosse no município sede da
província do Biê, interrogávamos o bairro que residia, caso não vivesse no
município sede interrogava-se em que localidade o indivíduo residia.
Transfusão de sangue
Considerou transfusão o procedimento terapêutico no qual o individuo recebeu
sangue ou hemoderivados. Em caso afirmativo, interrogava-se o número de
transfusão, a data da última transfusão, e se tinha feito esta hemotransfusão antes
de 2005, porque foi nesta época que se introduziu a testagem rotineira para o anti-
HCV em banco de sangue neste hospital.
Cirurgia
Foi considerado o antecedentes de grandes cirurgias sob anestesia geral ou
peridural eletivas ou de urgências.
Uso de bebidas alcoólicas
Esta variável foi classificada em:
Cerveja, vinho, caporroto, quissára, whisky e outras para as bebidas alcoólicas que
não foram descriminadas. O caporroto é uma aguardente caseiro feita de milho ou
cana de úcar. O quissára é uma bebida doméstica feita à base de milho, arroz, e
fermentos artificiais. Os que afirmavam o consumo de bebidas alcoólicas,
descriminavam-se as quantidades em gramas de álcool/dia,e assim classificamos:
Ingestão mínima- consumo de <10g/dia.
Ingestão leve-, consumo de 10-20g/dia.
26
Ingestão moderado-consumo de 20-40g/dia.
Ingestão pesada - consumo de >40g/dia.
Drogas injetáveis não prescritas
Foi considerado o uso de qualquer droga por via endovenosa ou intramuscular não
prescrita pelo médico e, em caso afirmativo, era questionado o tipo de droga tais
como vitaminas, tranqüilizantes, anfetamina, barbitúrico, esteróide, heroína ou
cocaína, e outras drogas,e a freqüência do uso que se classificou em:
1 a 3 vezes/dia.
4 ou mais vezes/dia.
1 a 2 vezes/semana.
3 a 5 vezes/mês.
menos de 1 vez por mês.
Uso de drogas com outras pessoas e compartilhamento de instrumentos como
canudo, cachimbo.
Considerado-se o uso de drogas não injetáveis como maconha, cocaína, e outras
em companhia de outros indivíduos. Caso afirmassem, questionava-se
compartilhamento de instrumentos durante o consumo.
Tatuagem
Foi considerado procedimento invasivo com agulha que visa à introdução de
corantes na epiderme deixando variados desenhos na pele.
Perfuração de orelha ou outro local
Definiu-se como perfuração do lóbulo da orelha ou outro local do corpo para o uso
de brinco.
Escarificação
Esta variável refere-se a múltiplos cortes com lâmina ou outro material cortante em
qualquer região do corpo.
Circuncisão
27
A circuncisão foi definida como procedimento cirúrgico que leva a extração do
prepúcio ou a extração da porção distal do clitóris.
Compartilhamento de instrumentos de manicure
Refere-se ao uso coletivo de material para aparar ou tratar as unhas tais como
alicate de unha, tesoura, lâmina, e outros instrumentos.
Antecedente de fazer barba no barbeiro
Considerou-se a retirada dos pelos da região inferior da face por meio de
instrumentos cortantes (lamina, tesoura, máquina de barbear) em barbeiro.
Compartilhamento de lamina
Definida como uso coletivo de lâmina no passado ou presente.
Compartilhamento de escova de dente
Esta variável faz referência a repartir escova de dente para a higiene bucal, podendo
ser a escova comum ou tradicional. A comum é aquela comercializada em
mercados, ao passo que a tradicional e de elaboração caseira com ramo de árvores
de aproximadamente 1 cm de diâmetro, e comprimento variável.
Profissionais de saúde
Nesta variável, os profissionais de saúde foram classificados em:
técnico de laboratório.
enfermeiro ou auxiliar de enfermagem.
clinico.
cirurgião.
dentista.
Outras, que não estejam referidas acima.
Nos casos em que os entrevistados foram identificados como profissionais de saúde,
eram questionados se em algum momento da atividade profissional tinham
histórico de acidente de trabalho por contato com material biológico.
28
Idade gestacional
Esta variável foi considerada apenas nas gestantes, sendo referida a idade
gestacional em semanas.
Antecedente de contacto sexual
Definiu-se como os indivíduos que já tiveram em algum momento da sua vida
contato sexual.
Antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis (DST)
Foram definidas como DST aquelas transmitidas pelo contacto sexual, considerando
a resposta do entrevistado sem necessidade de recurso aos exames laboratoriais.
Uso de preservativo
Preservativo foi definido como envoltório fino de borracha resistente, para, recobrir o
pênis por ocasião da relação sexual, protegendo o homem das doenças
sexualmente transmissíveis.
Esta variável foi classificada em:
nunca - o individuo nunca na sua vida fez o uso de preservativo.
raramente - quando o individuo faz uso de preservativo esporadicamente, ou
ocasionalmente, sendo na maior parte das vezes em menos de uma vez ao
ano.
às vezes - quando o indivíduo usa o preservativo 1-5 vezes por ano.
freqüente-quando o evento ocorre mais de cinco vezes ao ano.
Preferência sexual
Nesta variável, questionava-se qual era a preferência sexual do entrevistado e eram
classificados em:
Heterossexuais-pessoas que praticam ato sexual com parceiro do sexo
oposto.
Homossexual-pessoas que praticam ato sexual com parceiro do mesmo sexo.
Sexo oral
Atividade sexual envolvendo contato entre a boca e os órgãos sexuais dos parceiros.
29
Sexo anal
Foi definido como a introdução do órgão genital masculino na cavidade anal.
Uso de medicamento tradicional na vagina
Foi definido como o uso de qualquer medicamento caseiro, cujo efeito farmacológico
não apresenta bases cientificas sustentadas.
Número de parceiros sexuais
Os entrevistados foram questionados sobre o número de parceiros sexuais nos
últimos seis meses antes da entrevista, e foram estratificados de acordo com o
número de parceiros.
Número de parceiros do parceiro sexual
Os entrevistados foram também questionados sobre o número de parceiros sexuais
dos seus parceiros nos ultimo seis meses antes da entrevista, e eram classificados
em numerário de acordo com o número de parceiros.
História passada de hepatite e contacto com alguém supostamente com
hepatite
Interrogou-se o entrevistado se já teve hepatite, no caso afirmativo questionou-se se
houve um diagnostico médico laboratorial na época do evento. Também se inquiriu
contato prévio com indivíduos supostamente com quadro de hepatite e eram
classificados em:
mãe/pai.
irmão/irmã.
namorado/namorada.
cônjuge
amigo/amiga.
parente.
outro.
30
3.8
T
ESTES
R
ÁPIDOS
3.8.1 Determinação do HBsAg (Vikia®Biomerieux S/A)
O teste comercial denominado Vikia (Biomérieux S/A) foi utilizado para
detecção qualitativa do HBsAg no sangue das gestantes estudadas.
Procedimento
Na realização do teste, são colocadas três gotas (75ul) de amostra (sangue
total, soro, plasma) no poço da amostra que migra ao longo da membrana
imunocromatográfica. Na presença do HBsAg, forma-se um complexo antígeno-
anticorpo com os anticorpos presentes na microsfera de poliestireno de cor
vermelha, formando um complexo visível como uma linha vermelha na zona teste
(T). Simultaneamente, o complexo BSA-biotinilado une-se a microsfera de
poliestireno de cor azul na extensão da membrana e se junta ao anticorpo anti-
biotina. Se o teste for corretamente realizado a linha azul surge na zona C, que
representa o controle.
Interpretação dos resultados.
O teste deve ser lido em 15 minutos, e quando negativo deve-se esperar até
30 minutos antes de liberar o resultado.
Positivos: quando aparecia a linha vermelha e a azul, a linha vermelha mesmo
muito fina indicava resultado positivo.
Negativo: quando surgia somente uma linha azul na zona de controle(C), sem
nenhuma linha vermelha na zona teste (T).
Inválido: quando não surgia a linha azul na zona controle (C).
Os resultados foram interpretados conforme observado na Figura 2 a seguir.
31
Figura 2. HBsAg Vikia® interpretações dos resultados.
3.8.2 Determinação do HBsAg (Determine® Abbott)
Para os doadores de sangue, foram utilizados o teste rápido HBsAg
Determine que é um teste qualitativo utilizando a técnica imunoensaio, que consiste
na determinação do HBsAg em soro, plasma, e sangue total.
Procedimentos
A amostra adicionada no pad da amostra migra através do pad de conjugado
e associa-se com colóide de selênio-anticorpo. Esta mistura difunde-se através da
fase sólida para imobilizar os anticorpos na janela do teste. No caso de presença do
HBsAg associa-se ao anticorpo formando uma linha vermelha na janela do teste. Na
ausência do HBsAg, o conjugado flui através da janela do teste, e nenhuma linha
aparece. Para assegurar a validade do teste uma linha de controle é incorporada na
janela de controle.
Quando se utiliza soro ou plasma aplica-se 50 ul da amostra no pad da
amostra, esperam-se no mínimo 15 minutos (até 24 horas) para ler o resultado. Nas
amostras de sangue total, aplica-se 50ul da amostra no pad da amostra, aguarda-se
um minuto, em seguida, aplica-se uma gota de diluente no pad da amostra e
esperam-se 15 minutos (até 24 horas) para ler o resultado (Figura 3).
POSITIVO
NEGATIVO
INVALIDO
INVALIDO
32
Interpretação.
Positivo: quando aparecer uma linha vermelha tanto na janela do teste, como na
janela do controle. Qualquer linha vermelha visível na janela do teste deve ser
interpretada como positivo.
Negativo: quando uma linha vermelha aparecer na janela do controle do teste e
nenhuma linha aparece na janela do teste.
Inválido: quando não houve linha vermelha na janela de controle, mesmo que
apareça linha vermelha na janela do teste.
BANDA CONTROLE
BANDA PACIENTE
BANDA CONTROLE
BANDA PACIENTE
BANDA CONTROLE
BANDA PACIENTE
POSITIVO
NEGATIVO
INVÁLIDO
Figura 3: HBsAg Determine®, interpretações dos resultados.
3.8.3 Determinação do anti-HCV. (anti-HCV Spot®)
Procedimentos
A amostra era adicionada à placa do teste que possui uma membrana porosa
com proteínas virais imobilizadas, cuja conjugação com anti-HCV leva a formação de
um ponto vermelho na zona teste (T) da placa, e também um ponto vermelho na
zona de controle(C) caso a amostra seja reativa.
Dispersavam-se duas gotas de solução de lavagem (albumina bovina 1%,
cloreto de sódio 0,9%, fosfato de sódio 10mmol/L, azida sódica 0,1%) no dispositivo,
adicionam-se 50 ul de amostra (soro ou sangue), quatro gotas de solução de
lavagem, duas gotas de proteína A, e três gotas de solução de lavagem. O resultado
era interpretado em 10 minutos (Figura 4)
33
Interpretação dos resultados
Positivo-quando dois pontos vermelhos aparecem no círculo, adjacente à zona T e
C em qualquer intensidade de cor vermelha.
Negativo-quando somente um ponto vermelho surge na zona de controle.
Inválido - quando nenhum ponto vermelho aparece, ou apenas um ponto vermelho
surge na zona T.
Os testes rápidos HBsAg Determine e anti-HCV Spot foram utilizados nos
doadores, ao passo que nas gestantes foi utilizados o teste HBsAg Vikia. Neste
grupo, os resultados positivos foram confirmados pelo teste rápido para HBsAg
(Determine® Abbott) , havendo uma concordância de 100%.
Figura 4. Anti-HCV Spot®: interpretações dos resultados.
3.9
A
NÁLISE DOS DADOS
Foi estimada a prevalência para os marcadores HBsAg e anti-HCV, com os
seus respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%). Para análise das
características sócio-demográficas e de risco das populações estudadas, utilizou-se
a analise descritiva, por meio da distribuição de frequência e cálculos de medias,
obtidas com emprego do programa STATA 6.0 (College Station, Texas, EUA).
C T
POSITIVO
C T
NEGATIVO
C T
INVÁLIDO
C T
INVÁLIDO
34
4.
R
ESULTADOS
4.1
D
ADOS DE
R
EGISTROS DOS
D
OADORES DE
S
ANGUE
DOADORES 2005
Dos 1430 doadores registrados no banco de sangue no ano de 2005, apenas
23% (330/1430) tinham a idade descriminada, sendo a média de 29 anos e a faixa
etária dos 20-29 anos a mais representativa com 48% (160/330). Um total de 389
doadores tinha o sexo registrado, dos quais 79% eram do sexo masculino (Tabela
1). Todos os doadores foram testados para HBsAg, cuja prevalência foi de 11,1% (IC
95%: 3,6-12,9). Os registros demonstraram que 80% (1138/1430) dos doadores
foram testados para anti-HCV, verificando-se uma prevalência de 0,3% (IC 95%: 0,1-
1,0)
Tabela 1: Dados demográficos e resultados sorológicos dos doadores de sangue
registrados nos anos 2005, 2006 e 2007 Kuito/Angola.
Dados
2005
N=1430
2006
N=1792
2007
N=989
N (%) N (%) N (%)
Idade
sem dados
1110
(77)
33
(2)
37
(4)
com dados
330
(23)
1759
(98)
952
(96)
< 19
29
(9)
205
(12)
95
(10)
20
-
29
160
(48)
745
(42)
48
7
(51)
30
-
39
92
(28)
478
(27)
224
(24)
40
-
49
42
(13)
277
(16)
118
(12)
50
-
59
7
(2)
52
(3)
24
(3)
>60
0
(0)
2
(0)
4
(0)
Sexo
sem dados
1041
(73)
16
(1)
46
(5)
com dados
389
(27)
1776
(99)
943
(95)
Masculino
306
(79)
1417
(80)
837
(89)
Femi
nino
83
(21)
359
(20)
106
(11)
HBsAg
sem dados
0
(0)
12
(1)
5
(1)
testados
1430
(100)
1780
(99)
984
(99)
positivo
159
(11)
200
(11)
110
(11)
negativo
1271
(89)
1580
(89)
874
(89)
HCV
sem dados
292
(20)
238
(13)
207
(21)
testados
1138
(8
0)
1554
(87)
782
(79)
positivo
4
(0,3)
11
(0,7)
8
(1,0)
negativo
1134
(99,7)
1543
(99,3)
774
(99)
35
Dentre aqueles positivos para HBsAg (n=159), 21% (33/159) tinham a idade
descriminada, dos quais 39% (13/33) encontravam-se na faixa etária dos 20-29 anos
e cerca de 95% (36/38) eram do sexo masculino (Tabela 2). Não foi possível mostrar
as características demográficas dos doadores anti-HCV positivos, pois não havia
dados nos seus registros.
DOADORES 2006
Em 2006, identificou-se 1792 doadores registrados, dos quais 98%
(1759/1792) tinham a idade descriminada, sendo a média de 29 anos e a faixa etária
dos 20-29 anos a mais freqüente com 42% (745/1759). O sexo foi informado em
99% (1776/1792), dos quais 80% (1417/1776) eram do sexo masculino (Tabela 1).
Testes para HBsAg foram realizados em 99% (1780/1792) dos doadores, cuja
prevalência foi de 11,2% (IC 95%: 9,8-12,8). Observou-se que 87% (1554/1792) do
total de doadores tinham sido testados para anti-HCV, sendo 11 positivos e a
prevalência de 0,7% (IC 95%: 0,4-1,3%).
Tabela 2: Dados demográficos dos doadores de sangue HBsAg positivos, Kuito, Biê,
Angola
Características 2005 2006 2007
Demográficas HBsAg+
N=159
HBsAg+
N=200
HBsAg+
N=110
N % N % N
%
Idade (anos)
sem dados
126
(
79)
4
(2)
4
(4)
com dados
33
(21)
196
(98)
10
(96)
19
3
(9,1)
23
(12)
8
(7,6)
20
-
29
13
(39,4)
93
(47)
58
(54,7)
30
-
39
11
(33,3)
51
(26)
25
(23,6)
40
-
49
5
(15,2)
25
(13)
11
(10,4)
50
-
59
1
(3,0)
4
(2)
4
(3,7)
Sexo
sem dadois
121
(76)
1
(0,5)
7
(4)
com dados
38
(24)
199
(99)
10
(96)
Masculino
36
(95)
176
(88)
98
(95)
Feminino
2
(5)
23
(12)
5
(5)
Dentre os doadores HBsAg positivos, 98% (196/200) tinham a idade
descriminada, sendo a faixa etária de 20-29 anos a mais representativa com 47%
(93/200) ,e houve predominância no sexo masculino com 88% (176/199). Quanto
36
aos doadores anti-HCV positivos todos tinham a idade conhecida, sendo a faixa de
20-29 anos foi a mais representada (45%), e houve predomínio do sexo masculino
(73%) (Tabelas 3).
DOADORES 2007
Dos 989 doadores registrados no banco de sangue no primeiro semestre do
ano 2007, 96% (952/989) tinham a idade descriminada, sendo a média de 29 anos e
a faixa etária dos 20-29 anos a mais prevalente com 51% (487/952). Cerca de 95%
(943/989) tinham o sexo registrado, dos quais 89% (837/943) eram do sexo
masculino (Tabela 1). A grande maioria (99%) dos doadores foi testada para HBsAg,
cuja prevalência foi de 11,2% (IC 95%: 9,3-13,3), e dos 79% (782/989) testados
para anti-HCV, verificou-se uma prevalência de 1,0% (IC 95%: 0,5-2,1).
Dentre aqueles positivos para HBsAg (n=110), 96% (106/110) tinham a idade
conhecida, dos quais 54,7% (58/106) encontravam-se na faixa etária dos 20-29 anos
e 95% (98/106) eram do sexo masculino (Tabela 2). Dos oito doadores anti-HCV
positivos, 72% (5/8) encontravam-se na faixa etária dos 20-29 anos e todos eram do
sexo masculino (Tabela 3).
Tabela 3: Dados demográficos dos doadores de sangue testados para anti- HCV.
Características
2005
N=1138
2006
N=1554
2007
N=782
Demográficos HCV+
N=4
HCV-
N=1134
HCV+
N=11
HCV-
N=1543
HCV+
N=8
HCV-
N=774
N % N % N % N % N % N %
IDADE (Anos)
sem dados
4
(100)
873
(77)
0
(0)
23
(1,5)
1
(12)
19
(2)
com dados
0
(0)
261
(23)
11
(100)
1520
(98,5)
7
(88)
755
(98)
<19
SD
SD
27
(10)
4
(37)
177
(11)
0
(0)
74
(10)
20
-
29
SD
SD
123
(48)
5
(45)
644
(42)
5
(72)
387
(51)
30
-
39
SD
SD
69
(26)
2
(18)
413
(27)
1
(14)
175
(23)
40
-
49
SD
SD
36
(14)
0
(0)
238
(15)
0
(0)
96
(13)
50
-
59
SD
SD
4
(2)
0
(0)
46
(3)
1
(14)
20
(3)
>60
SD
SD
0
(0)
0
(0)
2
(0,1)
0
(0)
3
(0,4)
SEXO
sem dados
4
(100)
835
(74)
0
(0)
9
(1)
0
(0)
36
(5)
com dados
0
(0)
299
(26)
11
(100)
1534
(99)
8
(100)
738
(95)
masculino
SD
SD
238
(
80)
8
(73)
1217
(79)
8
(100)
647
(88)
feminino
SD
SD
61
(20)
3
(27)
317
(21)
0
(0)
91
(12)
37
4.2
D
OADORES
E
NTREVISTADOS
Dados demográficos
A idade dos doadores de sangue entrevistados variou de 14 a 64 anos (média
28 anos), com 52% (256/489) na faixa etária de 20-29 anos. A maioria era e do sexo
masculino (82%), solteira (59%), da raça negra (99,6%) e residia no município do
Kuito (91%) (Tabela 4).
Tabela 4: Aspectos demográficos dos 500 doadores de sangue entrevistados em
Kuito, Biê, Angola, 2007
Características demográficas N* %
Idade em anos (n= 489)
19
70
14,0
20
-
29
256
52,0
30
-
39
104
21,0
40
-
49
46
9,0
50
-
59
11
2,0
>60
2
0,4
Sexo (n=500)
Masculino
412
82,0
Feminino
88
18,0
Estado Civil (n= 488)
Solteiro
287
59,0
Casado
187
38,
0
Divorciado/Separado
13
3,0
Viúvo
1
0,2
Raça (n=500)
Negra
498
99,6
Não Negra
2
0,4
Residência (n= 499)
Kuito
452
91,0
Outra Cidade
47
9,0
* O N reflete o número de indivíduos que responderam à questão
Características de risco
A Tabela 5 apresenta as características de risco relatadas pelos doadores de
sangue. História de hemotransfusão foi relatada em 3% (14/490), dos quais 75%
(6/8) referiram ter recebido sangue antes de 2005. Três por cento dos doadores
relataram ter sido submetido a procedimento cirúrgico de grande porte. Apenas 1%
tinha antecedentes de uso de drogas injetáveis não prescritas pelo médico, e
38
somente 0,4% consumiam drogas não injetáveis. Cerca de 7% informaram ter feito
tatuagem e 21% usavam piercing em alguma parte do seu corpo. A escarificação foi
relatada por 11% dos doadores. Por outro lado, a grande maioria era circuncisada
(80%). O material de manicure/pedicure era compartilhado por 9% dos doadores,
enquanto que 12% compartilhavam material de barbear, e o compartilhamento de
escova de dente foi raro, ocorrendo em 1% dos entrevistados. Aproximadamente 7%
(33/480) dos participantes na pesquisa eram profissionais de saúde, sendo acidente
com material de risco reportado em 18% (5/28). Contato com alguém com quadro
sugestivo de hepatite foi observado em cerca de 7%, sendo que mais de 80%
(22/27) destes referiram contato com algum parente.
Antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis foram reportados por
8% dos doadores, 51% nunca usou preservativo, e 24% faziam uso raramente.
Prática de sexo oral foi referida em 9% dos entrevistados, ao passo que o sexo anal
foi informado em apenas 2%. O uso de medicamento tradicional na vagina foi
relatado em 2%. Quanto ao número de parceiros sexuais, 12% informaram mais de
um parceiro sexual nos últimos seis meses que antecedia a entrevista, e 11%
mencionaram que seus parceiros tinham mais de uma parceira (Tabela 6).
39
Tabela 5: Características de risco nos doadores de sangue de Kuito, Biê, Angola
Características de risco N (%)
Transfusão sanguínea (n=490)
S
im
14
(3)
N
ão
476
(97)
Procedimentos cirúrgicos de grande porte (n=500)
S
im
14
(3)
N
ão
476
(97)
Uso de drogas injetáveis não prescritas (n=486)
sim
7
(1)
N
ão
479
(99)
Uso de drogas
não injetáveis (n=443)
sim
2
(0,4)
N
ão
441
(99,5)
Tatuagem (n= 493)
S
im
36
(7)
N
ão
457
(93)
Piercing
de orelha ou outra parte do corpo (n=494)
S
im
104
(21)
N
ão
390
(79)
Escarificação (n=495)
S
im
55
(11)
N
ão
440
(89)
Ci
rcuncisão (n=479)
Sim
385
(80)
Não
94
(20)
Compartilhamento de material de manicure/pedicure
Sim
46
(9)
Não
443
(91)
Uso coletivo de material de barbear (n=481)
S
im
60
(12)
N
ão
421
(88)
Compartilhamento de escova de dente
(n=494)
S
im
6
(1)
não
488
(99)
Ser profissional de saúde (n=480)
Sim
33
(7)
N
ão
447
(93)
Contato com indivíduo com hepatite (n=481)
Sim
32
(7)
N
ão
449
(93)
40
Tabela 6: Características sexuais de risco dos doadores de sangue de Kuito, Biê,
Angola
Comportamento sexual de risco N (%)
Antecedentes de DST (n=498)
S
im
38
(8)
N
ão
451
(92)
Uso de preservativo (n=476)
N
unca
245
(51)
R
aramente
115
(24)
as vezes
98
(21)
F
reqüentemente
11
(2)
S
empre
7
(1)
Rela
to de sexo oral (n=495)
S
im
45
(9)
N
ão
450
(91)
Relato de sexo anal (n=495)
S
im
9
(2)
N
ão
486
(98)
Uso de medicamento tradicional na vagina (n=316)
S
im
5
(2)
N
ão
311
(98)
Número de parceiros < 6 meses (n=484)
0
24
(5)
1
403
(
83)
2
57
(12)
Número de parceiro do seu companheiro/a (n=319)
1
284
(89)
2
35
(11)
Prevalência do marcador HBsAg e características dos doadores positivos
Dos 500 doadores entrevistados, 395 (79%) foram testados para o HBsAg,
sendo 38 positivos, o que corresponde a uma prevalência de 9,6% (IC 95%: 7,0-
13,1) para este marcador. Dentre estes, a idade foi descriminada em 37, sendo a
faixa etária de 20-29 anos a mais representativa com 38% (14/37). Observou-se um
predomínio do sexo masculino (97%). Quanto ao estado civil, 55% eram solteiros.
Todos eram da raça negra e 90% residiam em Kuito (Tabela 7).
41
Tabela 7: Características demográficas dos 38 doadores HBsAg positivos, Kuito,
Biê, Angola
Características demográficas N (%)
Idade (ano
s)
19
5
(14)
20
-
29
14
(38)
30
-
39
11
(30)
40
-
49
7
(18)
Sem informação 1
Sexo
Masculino
37
(97)
Feminino
1
(3)
Estado Civil
Solteiro
21
(55)
Casado
17
(45)
Raça
Negra
38
(100)
Residência
Kuito
34
(90)
Outra Ci
dade
4
(10)
A Tabela 8 mostra as características de risco relatadas pelos doadores
HBsAg positivos. Antecedente de circuncisão (92%) e não uso de preservativo (60%)
foram as características de risco mais frequentemente relatadas por estes doadores,
seguidas por relações poligâmicas (20%), escarificação (16%), DST (16%) e piercing
(11%).
Características de risco menos freqüentes neste grupo foram: parceiros
poligâmicos (9%), compartilhamento de objetos de manicure/pedicure (8%), ser
profissional de saúde (8%), relato de sexo oral (8%), compartilhamento de escova de
dente (8%), cirurgia (5%), compartilhamento de lâmina (5%), hemotransfusão (3%),
tatuagem (3%) e contato com indivíduo com hepatite.
Outras características, como uso de medicamentos tradicionais, de drogas
injetáveis e não injetáveis, além de sexo anal, não foram relatadas pelos doadores
HBsAg positivos.
42
Tabela 8: Distribuição decrescente das características de risco dos 38 doadores
HBsAg positivos, Kuito, Biê, Angola
Características N (%)
Circuncisão 35/38 (92)
Não uso de preservative 22/37 (60)
Relações poligâmicas 7/35 (20)
Escarificação
6/38
(16)
DST 6/38 (16)
Piercing
4/38 (11)
Parceiros poligâmicos 2/22 (9)
Compartilha objetos de manicure/pedicure 3/37 (8)
Profissional de saúde 3/38 (8)
Relato de sexo oral 3/38 (8)
Compartilhamento escova de dente 3/38 (8)
Cirurgia 2/37 (5)
Compartilhamento de lamina 2/38 (5)
Hemotransfusão 1/38 (3)
Tatuagem 1/38 (3)
Contato com indivíduo com hepatite 1/38 (3)
Prevalência do marcador anti-HCV e características dos doadores positivos
Dos 500 doadores entrevistados, 362 (72%) foram submetidos a testes
rápidos para anti-HCV. Dos quais, cinco foram positivos, resultando em uma
prevalência de 1,4% (IC 95%: 0,5-3,4) para anti-HCV nesta população de doadores.
Quanto às características demográficas, a faixa etária de 20-29 anos foi a mais
freqüente (60%, 3/5), 60% (3/5) eram casados, todos os cinco eram da raça negra e
do sexo masculino, e 80% (4/5) residiam em Kuito.
Em relação às características de risco relatadas pelos doadores anti-HCV
positivos, todos os cinco tinham antecedentes de circuncisão e 40% (2/5) nunca
usaram preservativo. Verificou-se, ainda, que 20% (1/5) referiram compartilhar
objetos de manicure/pedicure, bem como sexo oral e anal.
4.3
G
ESTANTES
Dados demográficos
Um total de 1014 gestantes foi incluído nesta pesquisa. A idade variou de 13
a 46 anos (média 25 anos), sendo que a faixa etária de 20-29 anos foi a mais
43
prevalente (54%). A maioria destas gestantes era casada (74%), da raça negra
(99,9%) e residia no Kuito (98%). Os dados demográficos das gestantes estudadas
estão resumidos na Tabela 9.
Tabela 9: Características demográficas das gestantes estudadas em Kuito, Biê,
Angola
Características demográficas N %
Idade em anos (n=997)
19
194
(19,4)
20
-
29
542
(54,3)
30
-
39
250
(25,0)
40
-
49
11
(1,0)
Estado Civil (n=1000)
Solteira
247
(25,0)
Casada
738
(74,0)
Divorciada/Separada
13
(1,0)
Viúva
2
(0,2)
Raça (n=1014)
Negra
1013
(99,9)
Não Negra
1
(0,1)
Residênci
a (n=1003)
Kuito
985
(98,0)
Outra Cidade
18
(2,0)
Características de risco
A Tabela 10 apresenta as características de risco relatadas pela população
de gestantes estudada. Antecedente de transfusão sanguínea foi referido por 3%
(29/1002) das gestantes, sendo a maioria transfundida antes de 2005 (71%, 20/28).
Cinco por cento foram submetidas a procedimento cirúrgico de grande porte. Apenas
2% das participantes revelaram uso de drogas injetáveis não prescritas pelo médico,
porém não houve relato de uso drogas não injetáveis. A tatuagem foi identificada em
somente 3%, ao passo que piercing na orelha em 88%, escarificação em 18% e a
circuncisão foi um evento raro, identificado em somente 1%. Por outro lado,
compartilhamento de material de manicure/pedicure foi observado em 46%, de
lâmina em 7% e de escova de dente em 6% das gestantes estudadas Cinco por
cento (51/1003) das gestantes eram profissionais de saúde, e acidente com material
biológico foi relatado por 32% (16/50) destas profissionais. Vinte por cento (198/999)
das gestantes relataram contato com hepatite, das quais 42% (81/198) reportaram
44
que o contato foi com um parente, ao passo que 1% (2/197) das entrevistadas
referiu ter tido hepatite.
Tabela 10: Características de risco das gestantes de Kuito, Biê, Angola
Características de risco
N (%)
Transfusão sanguínea (n=1002)
S
im
29
(3)
N
ão
973
(97)
Procedimentos cirúrgicos de grande porte (n=1001)
S
im
55
(5)
N
ão
946
(95)
Uso de drogas injetáveis não prescrit
as (n=1003)
sim
21
(2)
N
ão
982
(98)
Tatuagem (n=1003)
S
im
30
(3)
N
ão
973
(97)
Piercing
de orelha ou outra parte do corpo (n=1003)
S
im
883
(88)
N
ão
120
(12)
Escarificação (n=1003)
S
im
183
(18)
N
ão
820
(82)
Circuncisão (n
=1003)
S
im
11
(1)
N
ão
992
(98)
Compartilhamento de material de manicure/pedicure (n=909)
S
im
458
(46)
N
ão
451
(54)
Uso coletivo de material de barbear (n=1003)
S
im
75
(7)
N
ão
928
(93)
Compartilhamento de escova de dente (n=1003)
S
im
62
(6)
N
ão
941
(94)
Ser profissional de saúde (n=1003)
Sim
51
(5)
Não
952
(95)
Contato com indivíduo com hepatite (n=999)
Sim
198
(20)
Não
801
(80)
45
Antecedente de doenças sexualmente transmissíveis foi relatado por 10% das
participantes do estudo, ao passo que a maioria (70%) desta população nunca havia
usado preservativo. Quanto ao comportamento sexual, 15% relatavam prática de
sexo oral e 19% de sexo anal. A aplicação de medicamento tradicional na vagina foi
relatada em 50% das gestantes. A quase totalidade (99%) afirmou ter apenas um
parceiro sexual, porém 54% relatavam que os parceiros tinham duas ou mais
companheiras (Tabela 11).
Tabela 11: Características sexuais de risco nas gestantes de Kuito, Biê, Angola
Características de risco sexual N (%)
Antecedentes de DST (n=999)
S
im
99
(10)
N
ão
900
(90)
Uso de preservativo (n=1000)
N
unca
701
(70)
R
aramente
198
(20)
as vezes
78
(8)
F
reqüentemente
23
(2)
Relato de sexo oral (n=1001)
S
im
147
(15)
N
ão
8
54
(85)
Relato de sexo anal (n=1001)
S
im
191
(19)
N
ão
810
(81)
Uso de medicamento tradicional na vagina (n=1000)
S
im
500
(50)
N
ão
500
(50)
Número de parceiros < 6 meses (n=1001)
0
1
0,1
1
986
(99)
2
13
(1)
3
1
(0,1)
Núme
ro de parceiras do seu companheiro (n=770)
1
357
(46)
2
307
(40)
3
74
(10)
4
15
(2)
5
8
(1)
6
9
(1)
46
Prevalência do marcador HBsAg e características das gestantes positivas
Das 1014 gestantes, todas realizaram os testes rápidos para HBsAg e 89
foram positivas, o que resultou em uma prevalência de 8,8% (IC 95%: 7,1- 10,7)
nesta população. A idade variou de 14 a 40 anos (média 23 anos), sendo que 49%
encontravam-se na faixa etária dos 20-29 anos, e 71% eram casadas. Todas eram
da raça negra e viviam no município do Kuito (Tabela 12).
Tabela 12: Características sócio-demográficas das gestantes HBsAg positivas,
Kuito, Biê, Angola
Características demográficas N (%)
Idade (anos)
19
26
(29)
20
-
29
43
(49)
30
-
39
17
(20)
40
-
49
1
(1)
Sem informação 2
Estado civil
S
olteiro
25
(29)
C
asado
62
(71)
Sem informação 1
Raça
N
egra
89
(100)
Residência
Kuito
88
(100)
Sem informação 1
A Tabela 13 mostra as características de risco relatadas pelas gestantes
HBsAg positivas. A aplicação de piercing (91%), não uso de preservativo (73%),
relações poligâmicas do parceiro (54%), uso de medicamento tradicional na vagina
(45%) e compartilhamento de objetos de manicure/pedicure (42%) foram as
características de risco mais frequentemente relatadas por estas gestantes,
seguidas por contato com hepatite (23%), escarificação (18%), sexo anal (16%),
sexo oral (14%) e DST (13%).
As características de risco menos freqüentes neste grupo foram:
compartilhamento de lâmina (8%) e de escova de dente (7%), tatuagem (6%)
hemotransfusão (5%), cirurgia (3%), ser profissional de saúde (2%), relações
poligâmicas (2%), circuncisão (1%) e uso de drogas injetáveis não prescritas (1%).
47
Outras características, como acidente com material de risco e uso de não
injetáveis, não foram relatadas pelas gestantes HBsAg positivas.
Tabela 13: Distribuição decrescente das características de risco das 89 gestantes
HBsAg positivas, Kuito, Biê, Angola
Características de risco N (%)
Piercing
81/89 (91)
Nunca usou preservative 65/89 (73)
Relações poligâmicas do parceiro 37/68 (54)
Medicamento tradicional na vagina 40/89 (45)
Compartilha de objeto manicure/pedicure 37/89 (42)
Contato com hepatite 20/89 (23)
Escarificação 16/89 (18)
Sexo anal 14/89 (16)
Sexo oral 12/89 (14)
DST 12/89 (13)
Compartilhamento de lâmina 7/89 (8)
Compartilhamento de escova de dente 6/89 (7)
Tatuagem 5/89 (6)
Hemotransfusão 4/88 (5)
Cirurgia 3/89 (3)
Profissional de saúde 2/89 (2)
Relações poligâmicas 2/89 (2)
Circuncisão 1/89 (1)
Drogas injetáveis não prescritas 1/89 (1)
48
5
D
ISCUSSÃO
A triagem dos doadores para as hepatites virais no serviço de hemoterapia do
Hospital Geral do Biê/Angola é realizada por meio de testes rápidos devido à falta de
infra-estrutura para a realização de ensaios convencionais de laboratório, como o
ensaio imunoenzimatico. Assim, os testes rápidos para o HBV se limitam à detecção
do HBsAg. Ressaltamos que os testes utilizados neste estudo para a determinação
do HBsAg (Determine, Vikia) têm uma sensibilidade acima de 99% e especificidade
acima de 95%, e para anti-HCV (spot), esses valores são de 99% e 100%,
respectivamente.
5.1
P
REVALÊNCIA E
C
ARACTERÍSTICAS DE
R
ISCO PARA O
HBV
A prevalência do HBsAg nos doadores manteve-se em torno de 11% nos
anos de 2005, 2006 e durante o primeiro semestre de 2007, conforme os dados
registrados. Índice similar foi observado nos doadores entrevistados (9,6%; IC 95%:
7,0- 13,1). Em outro estudo na região do Kuando-Kubango em Angola, verificou-se
uma prevalência de 13% (STEELE BOS 1996), e índices similares foram ainda
encontrados no Congo (JAGER et al.1990), na Etiópia (TSEGA et al.,1987) e na
região do Será, na Nigéria (AMAZIGO CHIME 1990), com 13%, 11% e 9%,
respectivamente.
Contudo, estudos evidenciaram taxas maiores de prevalência na Nigéria
(22%) (HARRY et al., 1994), Sudão (26%) (MCCARTTHY et al., 1994) e Mauritânia
(20%) (LO et al.,1999), e uma prevalência mais baixa foi encontrada na Argélia
(3,6%) (AYED et al., 1995).
A prevalência de 8,8% (IC 95%: 7,1- 10,7) para o HBsAg observada nas
gestantes no Kuito/Angola foi semelhante à encontrada em outros países da África,
como Kênia (9,3%) (OKOTH et al., 2006) e Nigéria (11,6%) (HARRY et al.,1994).
Contudo, índices mais baixos foram observados na Argélia (1,6%), Nigéria (4,6%)
(Enungu) e Ghana (6,4%) (AYED et al., 1995; OBI et al.,2006; ACQUAYE et
al.,1994). taxas elevadas foram reportadas em Zimbabwé (MADZIME et al.,1999)
(25%) e no Egito (15,3%) (BADAWY et al., 2000). Sabe-se que a prevalência do
HBsAg em gestantes está diretamente relacionada com a endemicidade do HBV nas
respectivas regiões, sendo uma forma de avaliar a soroprevalência na população
49
geral (ARRAES et al., 2003). Esses achados, assim como outros reportados na
África, indicam ser a região norte de endemicidade intermediária, e a região
subsaariana de alta endemicidade para o HBV (ANDRE et al. 2000).
Quanto às características de risco analisadas, hemotransfusão foi relatada
apenas por 3% destes doadores HBsAg positivos e, nas gestantes, por 5%. No
entanto, a maioria dos doadores e gestantes tinha antecedente de hemotransfusão e
foi submetidas a esta terapêutica antes de 2005, quando a triagem para hepatite B
era feita de forma irregular em banco de sangue do Kuito/ Biê/ Angola. Vale a pena
ressaltar que, antecedente de hemotransfusão pode ter associação com a infecção
pelo HBV, conforme identificado por Halim e cols. (2001), no Benin, e pelo fato da
triagem do HBV ser baixa em muitos paises da África subsaariana, aliada ao risco
residual de receber sangue infectado durante o período de janela, que é de 1/63.000
unidades transfundidas, podendo ainda elevar este risco (ALLAIN et al. 2002;
KLEINMAN & BUSCH 2006). Em contrapartida, em um estudo realizado na Nigéria,
hemotransfusão não foi fator de risco para esta infecção (AMAZIGO et al., 1990),
assim como em afro-descendentes em Mato Grosso do Sul, Brasil (MOTTA-
CASTRO et al. 2003).
A tatuagem foi também um evento pouco reportado pelos doadores (3%) e
gestantes (6%) HBsAg reagentes, possivelmente por ser uma prática mais freqüente
em países industrializados e de pouca aceitação em países da África subsaariana.
No entanto, sabe-se que a mesma é um mecanismo plausível de transmissão do
HBV. A associação entre tatuagem e infecção pelo HBV nem sempre é reportada,
sendo divergente entre alguns estudos (MELE et al. 1995; MARIANO et al. 2004).
A aplicação de piercing foi relatada por 11% dos doadores HBsAg positivos,
enquanto que nas gestantes foi de 91%, possivelmente por ser um procedimento
mais freqüente no sexo feminino. Em Angola, a aplicação de piercing é um
procedimento doméstico, feito habitualmente na infância com material muitas vezes
de esterilização duvidosa, estudo que relaciona esta prática com a aquisição de
hepatites parenterais (MELE et al. 1995).
Contrariamente, a circuncisão foi mais freqüente em doadores de sangue
(92%) em relação às gestantes (1%), o que é facilmente compreendido uma vez que
este procedimento é mais comum no sexo masculino. A circuncisão é um
procedimento de pequena cirurgia muito freqüente na África, efetuada coletivamente
em adolescentes, por líderes da comunidade, portanto fora das instituições de
50
saúde, cuja origem e a esterilização do material utilizado são duvidosas ou
desconhecida, portanto com risco de transmissão das hepatites parenterais.
A freqüência de escarificação reportada pelos doadores HBsAg positivos
(16%) foi similar à observada nas gestantes (18%). A escarificação é um ritual feito
por terapeuta tradicional com material perfuro-cortante, sendo que a transmissão do
HBV pode ocorrer por compartilhamento de objetos contaminados com secreções
biológicas durante essa prática. Estudos realizados no Sudão e Benin mostraram
associação entre infecção pelo HBV e escarificação (MCCARTHY et al.1994; HALIM
et.al. 2001).
Embora os profissionais de saúde tenham risco aumentado de contrair a
infecção pelo HBV e outras doenças de transmissão parenteral, devido aos
procedimentos, manuseio e contato com material biológico (HOLLINGER & LIANG
2001; MARTINS et al. 1996), apenas 2% das gestantes e 8% dos doadores HBsAg
positivos eram profissionais de saúde. Em alguns paises, o risco ocupacional da
infecção pelo HBV em profissionais de saúde tem sido reduzido com a adoção de
medidas de biossegurança e de vacinação, situação contrária tem sido observada na
África subsaariana, onde estas medidas ainda não são efetivas.
As vias de transmissão variam de acordo com a endemicidade de cada
região. A transmissão materno-infantil é predominante em paises de alta
endemicidade onde elevada replicação viral, que é demonstrada pela presença
de HBeAg. Todavia alguns autores demonstraram que a transmissão em diferentes
regiões da África ocorre de forma intradomiciliar, possivelmente porque as mães
cursam com baixa replicação viral (ANDRE 2000). O compartilhamento de objetos
em ambiente intrafamiliar é um dos principais mecanismos de transmissão viral na
África (HOLLINGER et al. 1996; KIIRE el al.,1996). Neste estudo, o
compartilhamento de objetos de manicure/pedicure e de escova de dente (8%), além
de lâmina (5%), também foi reportado por doadores, mas em uma freqüência mais
baixa do que nas gestantes (42% e 7%, respectivamente), uma prática comum em
famílias de baixo nível socioeconômico. O compartilhamento de escova de dente
tem sido relatado na literatura como uma forma inaparente de transmissão do HBV
em regiões de endemicidade alta, uma vez que uma quantidade significativa do HBV
DNA foi detectada na saliva de portadores crônicos (HOLLINGER & LIANG, 2001).
Além disso, 23% das gestantes HBsAg positivas referiram ter tido contato com
familiar com hepatite.
51
As DST cursam com a fragilidade da mucosa dos órgãos genitais, tornando os
indivíduos vulneráveis e suscetíveis a transmissão sexual do HBV. Em países com
prevalência elevada do HBsAg, a grande maioria dos indivíduos teve contato com o
HBV antes da fase adulta, sendo também relevante em jovens em fase de
puberdade, quando dão inicio as atividades sexuais (HOU et al., 2005). A
associação entre a infecção pelo HBV e outras DST foi observada na Nigéria (Obi et
al., 2006), e em Benin (HALIM et al., 2001). Neste estudo, antecedente de DST foi
relatado por 16% dos doadores. Índice ligeiramente maior do que nas gestantes
(13%), possivelmente porque o sexo masculino tenha maior mobilidade sexual, uma
vez que 54% dos parceiros das gestantes tinham mais de duas parceiras.
Neste grupo de gestantes estudadas, foram observados alguns casos de
hepatite aguda, possivelmente contraídos por via sexual, este fato é sustentado pelo
perfil deste grupo; além de apresentar parceiros poligâmicos, 73% nunca usou
preservativo, favorecendo a transmissão do HBV por esta via. O baixo nível de
instrução provavelmente contribua para os indivíduos ignorarem as medidas
preventivas, tal como o uso de preservativo, principalmente nas sociedades
poligâmicas como as africanas. De fato, além da maioria das gestantes nunca ter
feito uso de preservativo, 60% dos doadores HBsAg positivos também nunca o
fizeram. Resultado similar foi observado em afro-descedentes em Mato Grosso do
Sul (62%) (MOTTA-CASTRO et al., 2003).
Neste estudo, 45% das gestantes HBsAg positivas referiram a aplicação de
medicamento tradicional na vagina, que é uma prática comum na África, sendo
utilizada com freqüência durante a gestação, por razões higiênicas, nas DST e para
obtenção de coito seco e apertado com vista a aumentar o prazer sexual. As
preparações usadas variam de acordo com os hábitos culturais locais, podendo ser
utilizadas ervas amassadas, pós-anti-sépticos, pasta de dente e produtos a base de
iodo e fenol, que são introduzidas na vagina, tendo como conseqüência à
desidratação da mucosa tornando-a vulnerável ao trauma durante as relações
sexuais, o que propiciaria a transmissão do HBV por esta via em relações sexuais
desprotegidas com portadores do vírus (BROWN et al, 1993; ADALLABETTA et al.,
1995; HALPERIN, 1999; FONCK et al., 2001).
52
5.2
P
REVALÊNCIA E
C
ARACTERÍSTICAS DE
R
ISCO PARA O
HCV
A prevalência de anti-HCV em doadores teve ligeiro aumento, com índices de
0,3% (IC 95% : 0,1-1) em 2005, 0,7% (IC 95% : 0,4-1,3) em 2006 e de 1,0% (IC
(95% : 0,5-3,4)em 2007, conforme os dados registrados. Um índice semelhante foi
estimado neste estudo (1,4%; IC 95%: 0,5-3,4). É provável que os valores
encontrados sejam reflexos da província do Biê ter ficado isolada do país e do
mundo de 1992-2002 e, com a paz definitiva, houve desminagem e melhorias nas
vias terrestres, o que tornou mais fácil o acesso a esta província. O trajeto da capital
do país até o Kuito, que anteriormente fazia-se em três dias, atualmente faz-se em
12 horas. Com estas melhorias, intensificou o fluxo de indivíduos de todo país e
países vizinhos, o que provavelmente resultou no ligeiro aumento observado na
prevalência de anti-HCV no período analisado.
A prevalência da infecção pelo HCV em Kuito foi semelhante àquela
observada em outra localidade de Angola (STEELE et al.,1996), e similar às
verificadas em outros paises africanos, como Tanzânia (MATEE et al. 2006),
Senegal (DIEYE et al. 2006) e Uganda (HLADIK et al. 2006), que apresentaram
taxas de prevalência de 0,8%, 1,4% e 0,6%, respectivamente. Por outro lado, índices
elevados foram observados em paises localizados ao norte da África, como Egito
(14-18%) e nos Mekas/Camarões (16,7%), os quais foram associados à transmissão
nosocomial durante o tratamento parenteral em massa nas epidemias que
assolaram esses países (MOHAMED et al. 2005; NERRIENET et al. 2005).
A quase totalidade dos doadores foi do sexo masculino provavelmente por
serem os indivíduos inicialmente solicitados pela família/amigo/vizinho a doar
sangue para a reposição do estoque transfundido. A maioria dos doadores anti-HCV
positivos (60%) encontravam-se na faixa etária de 20-29 anos, e foram os que mais
representaram à população de doadores, provavelmente por ser a idade econômica
e socialmente ativa, visto que a expectativa média de vida nesta região é de apenas
37 anos para o sexo masculino.
Embora a determinação do marcador anti-HCV esteja sendo realizada nos
bancos de sangue em Kuito/Angola a partir de 2005 e, ainda de forma inconstante,
nenhum individuo anti-HCV positivo neste estudo tinha história de transfusão.
Resultado similar também foi observado na Nigéria e sugere que a circulação do
HCV é baixa nesta população (MCCARTHY et al.1994).
53
A totalidade dos indivíduos anti-HCV positivos foi circuncisada. Apesar da
associação entre práticas religiosas, cerimônias envolvendo sangue e material
perfuro-cortante, como agulha e faca, e a infecção pelo HCV, é difícil avaliar o
impacto da circuncisão na transmissão do HCV, pois é uma prática comum na
população geral (MURPHY et al. 2000).
Considerando ainda a importância da transmissão parenteral do HCV, o
compartilhamento de instrumento de manicure/pedicure pode também ter contribuído
para a transmissão do HCV, visto que estes podem se contaminar com sangue e no
uso subseqüente disseminar o vírus. Esta prática foi relatada por 20% (1/5) dos
doadores anti-HCV positivos. Resultados divergentes têm sido reportados a respeito,
enquanto alguns autores observaram que o compartilhamento destes objetos
mostrou-se associado à transmissão viral (MARIANO et al. 2004), outros o
evidenciaram tal associação (KARMOCHKINE et al. 2006).
Por outro lado, sabe-se que a transmissão sexual do HCV é rara nas relações
monogâmicas, embora o risco aumente nas relações poligâmicas (TERRAULT,
2002). Neste estudo, apesar de 40% (2/5) dos doadores anti-HCV positivos nunca
ter usado preservativo, a quase totalidade dos doadores entrevistados relatou
relações monogâmicas nos últimos seis meses.
Como limitação deste estudo, ressaltamos que, apesar dos questionários
utilizados terem sido padronizados e as entrevistas conduzidas por profissionais
treinados, algumas questões sigilosas consideradas de risco para hepatites B e C
não foram respondidas, possivelmente devido ao fato de haver pouca confiança dos
participantes quanto aos aspetos éticos, aliada ao fato do Kuito/Biê/Angola ser uma
cidade do interior onde as pessoas estão muito confinadas.
54
6.
C
ONCLUSÕES
Os resultados obtidos dos testes rápidos permitiram estimar a prevalência do
HBsAg em gestantes e doadores, sendo, respectivamente, de 8,8% e 9,6%,
classificando esta região como sendo de alta endemicidade para o HBV;
As características de risco mais freqüentemente relatadas pelas gestantes
HBsAg positivas foram aplicação de piercing, não uso de preservativo,
parceiros poligâmicos, utilização de medicamento tradicional na vagina e
compartilhamento de instrumentos de manicure/pedicure; nos doadores,
circuncisão e não de uso de preservativo. Estes relatos sugerem a
possibilidade de transmissão horizontal do HBV nos grupos estudados;
A soroprevalência de anti-HCV foi baixa em doadores de sangue de Kuito,
Biê, Angola, embora tenha se registrado um ligeiro aumento entre os anos
2005 e 2007, o que permite concluir que a circulação do HCV nesta região é
pouco freqüente. A circuncisão foi a característica de risco observada em
todos os doadores de sangue anti-HCV positivos e talvez tenha um papel
importante na transmissão deste vírus.
55
7
R
EFERÊNCIAS
Ackerman Z, Paltiel, O; Glçikberg, F; Ackerman E. Hepatitis C virus in various
human body fluids: a systematic review. Hepatology Research 1998;11:26-40
Acquaye JK, Mingle JA. Hepatitis B viral markers in Ghanaian pregnant women.
West Afr J Med 1994; 13(3):134-7.
Akhtar S, Moatter T, Azam SI, Rahbar MH, Adil S. Prevalence and risk factors for
intrafamilial transmission of hepatitis C virus in Karachi, Pakistan. J Viral Hepat 2002;
9(4):309-14.
Akuta N, Kumada H. Influence of hepatitis B virus genotypes on the response to
antiviral therapies. J Antimicrob Chemother 2005; 55(2):139-42.
Alfurayh O, Sabeel A, Al Ahdal MN, et al. Hand contamination with hepatitis C virus
in staff looking after hepatitis C-positive hemodialysis patients. Am J Nephrol
2000;20:103-6
Allain JP, Candotti D, Soldan K, Sarkodie F, Phelps B, Giachetti C, et al. The risk of
hepatitis B virus infection by transfusion in Kumasi, Ghana. Blood 2003; 101(6):2419-
25.
Amazigo UO, Chime AB. Hepatitis-B virus infection in rural and urban populations of
eastern Nigeria: prevalence of serological markers. East Afr Med J 1990; 67(8):539-
44.
Andre F. Hepatitis B epidemiology in Asia, the Middle East and Africa. Vaccine
2000;18 Suppl 1:S20-
Arraes LC, Sampaio SA, Guilherme SBMS, Lorenzato Felipe. Prevalência de
hepatite B em parturiente e perfil sorológico perinatal. RBGO 2003; 25(8): 571-76.
Attia MA. Prevalence of hepatitis B and C in Egypt and Africa. Antivir Ther 1998;
3(Suppl 3):1-9.
Ayed Z, Houinato D, Hocine M, Ranger-Rogez S, Denis F. [Prevalence of serum
markers of hepatitis B and C in blood donors and pregnant women in Algeria]. Bull
Soc Pathol Exot 1995; 88(5):225-8.
Badawy HA, El-Salahy E. Materno-foetal transmission of hepatitis B infection. J
Egypt Public Health Assoc 2000; 75(5-6):357-67.
Bartenschlager R ; Lohmann V. Replication of hepatitis C virus J Gen Virol
2000,81:1631-1648.
Bartosch B, Dubuisson J, Cosset FL. Infectious hepatitis C virus pseudo-particles
containing functional E1-E2 envelope protein complexes. J Exp Med 2003;
197(5):633-42.
56
Berger A, Braner J, Doerr HW, Weber B. Quantification of viral load: clinical
relevance for human immunodeficiency virus, hepatitis B virus and hepatitis C virus
infection. Intervirology 1998; 41(1):24-34.
Brandão ABM, Fuchs SC, Silva MAA, Emer F. Diagnóstico da hepatite C na prática
médica. Rev. Panam salud publica/Pan Am/ Public Health 2001; 9(3).
Brown JE, Ayowa OB and Brown RC. Dry and tight: sexual practices and potential
AIDS risk in Zaire. Soc Sci Med 1993; 37:989-94.
Bruss V, Ganem D. Mutational analysis of hepatitis B surface antigen particle
assembly and secretion J Virol 1991; 65(7):3813-20.
Campiotto S, Pinho JR, Carrilho FJ, Da Silva LC, Souto FJ, Spinelli V, et al.
Geographic distribution of hepatitis C virus genotypes in Brazil. Braz J Med Biol Res
2005;38(1):41-9.
CDC. Progress in hepatitis B prevention through universal infant vaccination--China,
1997-2006. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2007;56(18):441-5.
Chang LJ, Ganem D, Varmus HE. Mechanism of translation of the hepadnaviral
polymerase (P) gene. Proc Natl Acad Sci U S A 1990;87(13):5158-62.
Chen SL, Morgan TR. The natural history of hepatitis C virus (HCV) infection. Int J
Med Sci 2006;3(2):47-52.
Choo QL, Kuo G, Weiner AJ, Overby LR, Bradley DW and Houghton M. Isolation of a
cDNA clone derived from a blood-borne non-A, non-B viral hepatitis genome.
Science 1989;244:359-62
Coursaget P, Deciron F, Tortey E, Barin F, Chiron JP, Yvonnet B, et al. Immune
response to hepatitis B vaccine in infants and newborns: control trial in an endemic
area (Senegal). IARC Sci Publ 1984(63):319-35.
Courouce-Pauty AM, Lemaire JM, Roux JF. New hepatitis B surface antigen
subtypes inside the ad category. Vox Sang 1978;35(5):304-8.
Dane D.S, Cameron CH and Briggs M.Virus Like particles in serum of patients with
Australia-antigen associated hepatitis.Lancet 1970 (1): 695-98.
Dallabetta GA, Miotti PG, Chiphangwi JD, Liomba G, Canner JK and Saah AJ.
Traditional vaginal agents: use and association with HIV infection in Malawian
women. Aids 1995;9:293-7
Darwish MA,Farias R,Darwish N, Shouman A, Gadallah M, EL-Sharkawy MS, et al.
Hepatitis C and cirrose liver disease in the Nile delta Of Egypt: A community-based
study.Am J Trop Hyg.2001; 64(3-4):147-53.
Davison SM, Mieli-Vergani G, Sira J, Kelly DA. Perinatal hepatitis C virus infection:
diagnosis and management. Arch Dis Child 2006;91(9):781-5.
57
Dibisceglie AM, Kew MC, Dusheiko GM, Berger EL, Song E, Paterson AC, et al.
Prevalence of hepatitis B virus infection among black children in Soweto. Br Med J
(Clin Res Ed) 1986;292(6533):1440-2.
Dieye TN, Gadji M, Cisse Y, Diallo TA, Toure Falla O, Diop S, Diallo S, Tima D,
Diakhate L. Soroprevalence of hepatitis C virus (HCV) in Sengalease blood donors
Dakar Med.2006; 51(1): 47-51.French.
EASL International Consensus Conference On Hepatitis C. J. Hepatology, V.30, N.5,
P.956-61, 1999.
Enomoto N, Sakuma I, Asahina Y, Kurosaki M, Murakami T, Yamamoto C, et al.
Comparison of full-length sequences of interferon-sensitive and resistant hepatitis C
virus 1b. Sensitivity to interferon is conferred by amino acid substitutions in the NS5A
region. J Clin Invest 1995;96(1):224-30.
Enomoto N, Sakuma I, Asahina Y, Kurosaki M, Murakami T, Yamamoto C, et al.
Mutations in the nonstructural protein 5A gene and response to interferon in patients
with chronic hepatitis C virus 1b infection. N Engl J Med 1996;334(2):77-81.
Fonck K, Kaul R, Keli F, Bwayo JJ, Ngugi EN, Moses S, et al. Sexually transmitted
infections and vaginal douching in a population of female sex workers in Nairobi,
Kenya. Sex Transm Infect 2001;77(4):271-5.
Francki, R.I.B.; Fauquet, C.M.; Knudson, D.L.; Brown, F. Classification and
Nomenclature of Viruses. Fifth Report of the International Committee on Taxonomy
of Viruses. Arch Virol, V. 223, Suppl. 2, 1991.
Ganem D, Varmus HE. The molecular biology of the hepatitis B viruses Annu Rev
Biochem 1987;56:651-93.
Giannini C, Brechot C. Hepatitis C virus biology. Cell Death Differ 2003;10 Suppl
1:S27-38.
Grakoui A, Wychowski C, Lin C, Feinstone SM, Rice CM. Expression and
identification of hepatitis C virus polyprotein cleavage products. J Virol
1993;67(3):1385-95.
Gremion C, Cerny A. Hepatitis C virus and the immune system: a concise review.
Rev Med Virol 2005; 15(4):235-68.
Halim NK, Madukwe U, Saheeb BD, Airauhi LU. Hepatitis B surface antigen and
antibody to hepatitis C virus among accident and emergency patients. East Afr Med J
2001; 78(9):480-3.
Halperin DT. Dry sex practices and HIV infection in the Dominican Republic and
Haiti. Sex Transm Infect 1999;75:445-6
Harry TO, Bajani MD, Moses AE. Hepatitis B virus infection among blood donors and
pregnant women in Maiduguri, Nigeria. East Afr Med J 1994;71(9):596-7.
58
Henkler F; Koshy R. Hepatitis B virus transcriptional activators: Mechanism and
possible role in oncogenesis. J viral hepatitis 1997 3:109-121.
Hilleman MR. Overview of the pathogenesis, prophylaxis and therapeusis of viral
hepatitis B, With focus on reduction to practical application(Review).Vaccine
2001:19:1837-1848.
Hladik W, Kataaha P, Mermin J, Purdy M, Otekat G, Lackritz E, et al. Prevalence and
screening costs of hepatitis C virus among Ugandan blood donors. Trop Med Int
Health 2006;11(6):951-4.
Hollinger FB ; Liang TJ .Hepatitis B virus. In:Fields BN, Knife DM; Howley PN; Griffin
DE; Lamb RA; Martin MA,Raizman B, Strauss SE (eds).Virology. A ed. Philadelphia:
Lippincott-Raven Publishers-Raven: 2001 v2 cap 87.
Hou J, Liu Z, Gu F. Epidemiology and Prevention of Hepatitis B Virus Infection. Int J
Med Sci 2005;2(1):50-57.
Houghton M, Weiner A, Han J, Kuo G, Choo QL. Molecular biology of the hepatitis C
viruses: implications for diagnosis, development and control of viral disease.
Hepatology 1991;14(2):381-8.
Howe CJ, Fuller CM, Ompad DC, Galea S, Koblin B, Thomas D. Association of sex,
hygiene and drug equipment sharing with hepatitis C virus infection among non-
injecting drug users in New York City. Drug Alcohol Depend 2005;79(3):389-95.
Itoua NA, Sapoulo MU, Ibana JR, Iloki LH,Denis F. Prevalence of hepatitis B viral
markers in a populacion of pregnant women in Brazzavile. J.Gynecol Obstet Biol
Reprod (Paris) 1995; 24(5): 534-6.
Jadoul M. Epidemiology and mechanisms of transmission of the hepatitis C virus in
haemodialysis. Nephrol Dial Transplant 2000;15 Suppl 8:39-41
Jager H, Nseka K, Goussard B, Kabeya CM, Rauhaus G, Peyerl G. Voluntary blood
donor recruitment: a strategy to reduce transmission of HIV-1, hepatitis-B and
syphilis in Kinshasa, Zaire. Infusionstherapie 1990;17(4):224-6.
Karmochkine M, Carrat F, Dos Santos O, Cacoub P, Raguin G. A case-control study
of risk factors for hepatitis C infection in patients with unexplained routes of infection.
J Viral Hepat 2006;13(11):775-82.
Kiire CF. The epidemiology and prophylaxis of hepatitis B in sub-Saharan Africa: a
view from tropical and subtropical Africa. Gut 1996;38 Suppl 2:S5-12.
Kleinman & Busch. Assessing the impact of HBV NAT on window period reduction
and residual risk. J. Clin Virol 2006 (suppl1): S23-9.
Koate BB, Buseri FI, Jeremiah ZA. Seroprevalence of hepatitis C virus among blood
donors in Rivers State, Nigeria. Transfus Med 2005;15(5):449-51.
Kramvis A; Kew MC. Epidemiology of hepatitis B virus in Afica, its genotypes and
clinical associations of genotypes. Hepatol Res 2007 37(S1): S9-19.
59
Lauer GM, Walker BD. Hepatitis C virus infection. N Engl J Med 2001;345(1):41-52.
Lin C, Lindenbach BD, Pragai BM, McCourt DW, Rice CM. Processing in the
hepatitis C virus E2-NS2 region: identification of p7 and two distinct E2-specific
products with different C termini. J Virol 1994;68(8):5063-73.
Lo BB, Meymouna M, Boulahi MA, Tew M, Sow A, Ba A, et al. [Prevalence of serum
markers of hepatitis B and C virus in blood donors of Nouakchott, Mauritania]. Bull
Soc Pathol Exot 1999;92(2):83-4.
Lohoues-Kouacou MJ, Toure M, Hillah J, Camara BM, N'Dri N, Kouame KJ, et al.
Transmission in utero of the hepatitis B virus in ivory coast the case for mass
vaccination. Sante 1998;8(6):401-4.
Madzime S, Adem M, Mahomed K, Woelk GB, Mudzamiri S, Williams MA. Hepatitis
B virus infection among pregnant women delivering at Harare Maternity Hospital,
Harare Zimbabwe,1996 to 1997.Cent Afr J Med. 1999 Aug: 45(8):195-8.
Mariano A, Mele A, Tosti ME, Parlato A, Gallo G, Ragni P, et al. Role of beauty
treatment in the spread of parenterally transmitted hepatitis viruses in Italy. J Med
Virol 2004;74(2):216-20.
Marinho LAC; Milan EP.Hepatites virais A,B,C,D in:Tavares, W. Marinho, L.A.C.
Rotinas de diagnostico e tratamento das doenças infecciosas e parasitarias 2ªed.
Atheneu, São Paulo, 2007; 148: p.491-496
Martell M, Esteban JI, Quer J, Genesca J, Weiner A, Esteban R, et al. Hepatitis C
virus (HCV) circulates as a population of different but closely related genomes:
quasispecies nature of HCV genome distribution. J Virol 1992; 66(5):3225-9.
Martins RM, Almeida VC, Vanderborght BO, Brito JB, Cardoso DD, Pereira MS, et al.
Prevalence of hepatitis C antibodies among health care workers at high risk for blood
exposure. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 1996; 38(4):309-10.
Martins RM, Vanderborght B, Yoshida CF.. Hepatitis C virus genotypes among blood
donors from different regions of Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1998;93(3):299-300
Matee MI, Magesa PM, Lyamuya EF. Seroprevalence of human immunodeficiency
virus, hepatitis B and C viruses and syphilis infections among blood donors at the
Muhimbili National Hospital in Dar es Salaam, Tanzania. BMC Public Health 2006;
6:21.
McCarthy MC, el-Tigani A, Khalid IO, Hyams KC. Hepatitis B and C in Juba, southern
Sudan: results of a serosurvey. Trans R Soc Trop Med Hyg 1994; 88(5):534-6.
McMahon JM, Simm M, Milano D, Clatts M. Detection of hepatitis C virus in the nasal
secretions of an intranasal drug-user. Ann Clin Microbiol Antimicrob 2004;3:6.
McOmish F, Yap PL, Dow BC, Follett EA, Seed C, Keller AJ, Cobain TJ, Krusius T,
Kolho E, Naukkarinen R, et al. Geographical distribution of hepatitis C virus
genotypes in blood donors: an international collaborative survey J Clin Microbiol 1994
;32(4):884-92.
60
Mendes CGF: Mello CEB. Diagnostico imunossorológico das hepatittes virais in:
Coelho, HSM, Soares JAS, Brandão-Mello CE, Nabuco LC. Hepatites, Rio de
Janeiro: Editora Rubio , 2006.
Mele A , Corona R, Tosti ME, Palumbo F, Moiraghi A, Novaco F, et al.Beauty
treatments and risk of parenterally transmitted hepatitis:Results from the hepatiits
surveillance system in Italy.Scand J Infect Dis 1995; 27(5):441-4
Mizushima H, Hijikata M, Asabe S, Hirota M, Kimura K, Shimotohno K.Two hepatitis
C vírus glycoprotein E2 products with different C termini.J Virol 1994 68: 6215-6222.
Mohamed MK, Bakr I, EL-Hoseing M, Anafa N, Hassan A, Ismail S, Anwar M, Attala
M, Rekacewiczc, Zalata K, Abdel-Hamid M, Esmat G, Fontanet A.HCV-related
morbidity in d rural of community of Egypt.J.Med virol 2006 Sept 78(9): 1185-9.
Mohamed MK, Abdel-Hamid M, Mikhail NN, et al. Intrafamilial transmission of
hepatitis C in Egypt. Hepatology 2005;42:683-7.
Moradpour D, Penin F, Rice CM. Replication of hepatitis C virus. Nat Rev Microbiol
2007;5(6):453-63.
Motta-Castro AR, Yoshida CF, Lemos ER, Oliveira JM, Cunha RV, Lewis-Ximenez
LL, et al. Seroprevalence of Hepatitis B virus infection among an Afro-descendant
community in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 2003;98(1):13-7.
Murphy EL, Bryzman SM, Glynn SA, Ameti DI, Thomson RA, Williams AE, et al. Risk
factors for hepatitis C virus infection in United States blood donors. NHLBI Retrovirus
Epidemiology Donor Study (REDS). Hepatology 2000;31(3):756-62.
Murray PR, Baron EJ, Pfaler MA, Tnover FC, Yolken RH. Hepatitis B and D. Manual
of clinical microbiology. American Society for Microbiology. Washington D.C., 1995.
Sixth Edition, 91: 1033-1049.
Naing L, Win T; Rusli BN Practical issues in calculating the sample size for
prevalence studie. Arch Orofacial Sciences 2006 1: 9-14.
Nassal M, Schaller H. Hepatitis B virus replication--an update. J Viral Hepat
1996;3(5):217-26.
Nerrienet E, Pouillot R, Lachenal G, Njouom R, Mfoupouendoun J, Bilong C, et al.
Hepatitis C virus infection in cameroon: A cohort-effect. J Med Virol 2005;76(2):208-
14.
Ngo Y, Maugat S, Duong QT,Nguyen TN, Astaqneau P.Risk of hepatitis C related to
tradicional medicine:Case control study in Ho Chi Minh City,Vietnam.Rev Epidemiol
Sante Publique,2007;55(2):107-12.
Obi SN, Onah HE, Ezugwu FO. Risk factors for hepatitis B infection during
pregnancy in a Nigerian obstetric population. J Obstet Gynaecol 2006; 26(8):770-2.
61
Grady JG, Lake JR, Howdle PD, Comprehensive Clinical Hepatology Viral
Hepatitis B and D, Hepatitis C and G 3.12.1 3.13.19, Harcourt Publishers Limited
2000, London
Okamoto H, Tsuda F, Sakugawa H, Sastrosoewignjo RI, Imai M, Miyakawa Y, et al.
Typing hepatitis B virus by homology in nucleotide sequence: comparison of surface
antigen subtypes. J Gen Virol 1988; 69 (Pt 10):2575-83.
Okoth F, Mbuthia J, Gatheru Z, Murila F, Kanyingi F, Mugo F, et al. Seroprevalence
of hepatitis B markers in pregnant women in Kenya. East Afr Med J 2006;83(9):485-
93.
Pan CQ, Zhang JX. Natural History and Clinical Consequences of Hepatitis B Virus
Infection. Int J Med Sci 2005; 2(1):36-40.
Pawlotsky JM. Use and interpretation of virological tests for hepatitis C. Hepatology
2002; 36:S65-73.
pt.wikipedia.org/wiki/geografiadeAngola
Ranger-Rogez S, Denis F. Hepatitis B mother -to- child transmission. Expert Rev Anti
Infect Ther 2004;2(1):133-45.
Rey, D., Fritsch, S., Schmitt, C.,et al, Quantitation of Hepatitis C Vírus RNA in Saliva
and Serum of Patients Coinfecte With HCV and Human Immunodeficiency Firus
Journal of Medical Virology 2001; 63:117-119
Rezende GFM;Schmidt FMG.Manifestações Clinicas das hepatites in:Coelho, HSM,
Soares JAS, Brandão-Mello CE, Nabuco LC. Hepatites, Rio de Janeiro : Editora
Rubio , 2006.
Roberts EA, Yeung L. Maternal-infant transmission of hepatitis C virus infection.
Hepatology 2002;36:S106-13
Roingeard P, Diouf A, Sankale JL, Bove C, Mboup S, Diadhiou F, Essex M.Perinatal
transmission of hepatitis B virus in Senegal, West África. Viral immunol 1993 Spring;
6(1):65-73.
Said S, Larouze B, Biaud JM, Sabbagh K, Yang C, Gaumer B, et al.
Seroepidemiology of hepatitis B in a population of children in central Tunisia. Int J
Epidemiol 1985;14(2):313-7.
Schaefer S. Hepatitis B virus: significance of genotypes. J Viral Hepat
2005;12(2):111-24.
Schaefer S. Hepatitis B virus genotypes in Europe. Hepatol Res 2007;37(s1):S20-6.
Seeff LB. Natural history of chronic hepatitis C. Hepatology 2002;36(5 Suppl 1):S35-
46.
Sherlock S. Hepatitis B: the disease. Vaccine 1990;8 Suppl:S6-9; discussion S21-3
62
Simmonds P, Smith DB, McOmish F, Yap PL, Kolberg J, Urdea MS, et al.
Identification of genotypes of hepatitis C virus by sequence comparisons in the core,
E1 and NS-5 regions. J Gen Virol 1994; 75 (Pt 5):1053-61.
Simmonds P, Genetic diversity and evolution of hepatitis C virus 15 years on. J
Gen Virol 2004; 85: 3173-3188.
Simpore J, Ilboudo D, Samandoulougou A, Guardo P, Castronovo P, Musumeci S.
HCV and HIV co-infection in pregnant women attending St. Camille Medical Centre in
Ouagadougou (Burkina Faso). J Med Virol 2005;75(2):209-12.
Sitnik R, Santana RAF, Menezes LC, Graça CHN, Dastoli GTF, Silbert S, Pinho
JRR.Hepatitis B vírus genotype E detected in Brazil in an African patient who is a
frequent traveler.Brazilian journal of Medical and Biological Research 2007;40:1689-
1692.
Souto FJD. Distribuição da hepatite B no Brasil: atualização do mapa epidemiológico
e proposições para seu controle. GED 1999; 18 (4): 143-150.
Steele AD, Bos P. Hepatitis B and C virus infection in adult volunteers in Angola. S
Afr Med J 1996; 86(6):701-2.
Summers J; Smolec IM; Snyder R. A virus similar to human hepatitis B virus
associated with hepatitis and hepatoma in marmota.1978.Proc nat. Acad. Sci. USA
75:4533-4537.
Tahan V, Karaca C, Yildirim B, Bozbas A, Ozaras R, Demir K, et al.Sexual
transmission of HCV between spouses. Am J Gastroenterol 2005;100:1-4.
Takahashi T, Nakagawa S, Hashimoto T; Takahashi K; Imai M.Large-scale isolation
of Dane particles from pasma containing hepatitis B antigen and demonstration of
circular double-stranded DNA molecule extruding directly from their
cores.1976,J.Immunol 117:1392-1397..
Tanaka J. Hepatitis B epidemiology in Latin America. Vaccine 2000;18 Suppl 1:S17-
9.
Tengan FM, Eluf-Neto J, Cavalheiro NP, Barone AA. Sexual transmission of
hepatitis C virus. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 2001;43(3):133-7.
Terrault NA. Sexual activity as a risk factor for hepatitis C. Hepatology 2002;
36:S99-105.
Tillmann HL. Antiviral therapy and resistance with hepatitis B virus infection. World J
Gastroenterol 2007; 13(1):125-40.
Tsega E, Mengesha B, Nordenfelt E, Hansson BG, Lindberg J. Prevalence of
hepatitis B virus markers among Ethiopian blood donors: is HBsAg screening
necessary? Trop Geogr Med 1987;39(4):336-40.
Van Rensburg EJ, lemmer HR, Joubert JJ.Prevalence of viral infections in
Mozambican refugees in Swaziland. East Afr med J.1995 Sep; 72(9): 588-90.
63
WHO/UNICEF. Review of National Immunization Coverage 1980-2006 Angola,
www.who.immunization monitoring data.pdf. 2007p. 7-10.
World Gastroenterology Organization practice guidelines: Management of acute viral
hepatitis. December 2003 p.1-23.
World Health Organization.Hepatiits C.Revised October 2000; fact sheet 164.
World Health Organization position paper on Hepatitis B.Imunization vaccines and
biologicals.July 2004.
www.angolapressangop.ao/angola.asp:projectitcczu.cz/Angola.
www.iaadh.de/pubdeutsch/befuerwort.html.
www.viajeros.com/mapas/mapa de África politic.webcarta.net/carta/geo.php
Xie L, Wu X,Huang D, Chen H, HE L,Wang J,Han D. Clinical application and
analysis of hepatitis C virus NS3 antigen detection by Elisa in human serum.Chin
Med J 2007;120(4):294-299.
Yoshida CF; Oliveira JM, Lewis-Ximenez LL.Hepatitis de transmissão parenteral B,
D,e C.In: Coura, J, R.Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias
ed.Guanabara,Rio de Janeiro,2006;151:p.1553-1561
64
A
PÊNDICES
65
Laboratório de Referência Nacional para Hepatites Virais
Departamento de Virologia/ Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
Apêndice A
Questionário Epidemiológico
Provincia do Biê, Angola
Doadores de Sangue
2007
66
SeçãoA
I.
I
DENTIFICAÇÃO
Estas perguntas são relacionadas com a sua identidade e como entrar em contato com você
caso seja necessário.
1. Qual e a data do seu nascimento? (mes, data, ano) _______/_______/___________.
2. Quantos anos você tem neste momento? _________
3. Você é…
solteiro
Casado, morando com alguém como se estivesse casado.
Divorciado, separado, desquitado.
Viuvo?
Não sabe ou sem dados
4. Que cor você diria que melhor descreve a pessoa que você está entrevistando?
branco
pardo
negro
Amarelo (oriental)
Ou outro, especifique? ________________
Não sabe ou sem dados
5. Sexo:
M
F
Sem dados
6. Você mora no município do Kuito?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
7. Se a resposta foi SIM, que bairro você mora?
____________________________________________________________________
8. Se você não mora nesta cidade, em que cidade você reside? _____________________
II
F
ATORES DE
R
ISCO
P
ARENTERAL
Agora farei perguntas sobre seus hábitos e experiências mais recentes.
Estas perguntas são sobre a sua saúde e alguns dados pessoais
9. Alguma vez já recebeu ou apanho soro de sangue?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
10. Quantas vezes você recebeu sangue?_______
11. Qual foi a data da última transfusão? ________/_________/__________
12. Você recebeu sangue antes de 2005?
67
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
13. Você alguma vez foi operada?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
14. Qual é a bebida alcoolica que mais usa
cerveja
vinho
quissára
caporroto
whisky
outros_________________
15 Quanto bebes por dia?
__________________________________dia / semana / mês
16. Você já injetou algum tipo de droga que NÃO foi prescrito por seu médico?
SIM
NÃO, caso resposta NÃO segue para a pergunta 20.
Não sabe ou sem dados
17. Caso sim, a injeção era.
vitamina
tranqüilizante
anfetamina
barbitúrico
Esteroide (hormônio)
Heroína ou cocaína
Ou outra droga, especifique……………………..
NÃO sabe ou sem dados
18. Quantas vezes você usou ou usa a droga?
1 a 3 vezes por dia
4 ou mais vezes por dia
1 a 2 vezes por semana
3 a 5 vezes por semana
1 a 3 vezes por m1s
menos do que 1 vez por m1s
NÃO sabe ou sem dados
19. Você compartilhou agulhas ou seringas como outras pessoas?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
20. Você usou drogas não injetáveis (leamba, cocaina, etc)?
SIM, quais ______________________
NÃO
68
Não sabe ou sem dados
21. Você usa drogas com outras pessoas?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
22. Você compartilha instrumentos como canudo, cachimbo com outras pessoas?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
23. Você tem alguma tatuagem no corpo?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
24. Você furou a orelha ou outra parte do seu corpo para colocar brincos?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
25. Você já fez facadas no corpo (olohanjo ou escarificação).
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
26. Você já foi tratado para ohaele (circuncisão).
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
27. Você faz as unhas com material coletivo?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
28. Você faz a barba em barbeiro?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
29. Você compartilha gilete ou lâmina de barbear de outras pessoas?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
30. Você usa a escova de dente de outras pessoas?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
31. Você já fez acupuntura?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
32. Você costuma ter rachaduras dos lábios?
SIM
NÃO
69
Não sabe ou sem dados
33. Você é um profissional de saúde?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
34. Que tipo de profissional de saúde você é?
Técnico de laboratório
Auxiliar de enfermagem ou enfermeira
Clinico
Cirurgião
Dentista
Outro
NÃO sabe ou sem dados
35. Você já teve algum acidente de trabalho que envolveu contato com material de risco?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
III
F
ATORES DE
R
ISCO
S
EXUAL
As próximas perguntas irão abordar assuntos extremamente pessoais, pois são sobre sexo.
Estas perguntas são feitas à todas as pessoas e suas respostas não serão divulgadas para
ninguém.
36. Você alguma vez metestes (se envolveu) com alguem?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
37. Você já teve alguma doença de transmissão sexual?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
38. Em média quantas vezes você usa “camisinha”?
nunca
raramente
Às vezes
freqüentemente
Sempre
NÃO sabe ou sem dados
39. Você se envolve com...
Mulheres?
Homens?
NÃO sabe ou sem dados
40. O entrevistador classificaria este indivíduo como homossexual?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
41. Você faz sexo oral?
SIM
70
NÃO
Não sabe ou sem dados
42. Você faz sexo anal?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
Para os homens:
43. Voce ja se envolveu com mulheres que utiliza medicamentos tradicionais na vagina
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
Para as mulheres:
43. Voce utiliza medicamentos tradicionais na vagina
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
44. Quantos parceiras (os) sexuais você teve nestes últimos 6 meses? ___ ___
45. E seu parceiro? ___________
46. Você já teve contato com alguém com os olhos amarelos (hepatite)?
SIM
NÃO
Não sabe ou sem dados
47. Esta pessoa
Sua mãe/pai
Seu irmão ou irmã
Seu namorado ou namorada
Seu cônjuge Quanto tempo vocês estão morando juntos? ________
Um amigo/amiga
Um parente
Outro
Não sabe ou sem dados
71
Apêndice B
Ficha Epidemiológica- Provincia Biê- Doadores de Sangue
1. DN 1. _____/_____/_______ 41. oral 41. 
2. idade 2. _____ _____ 42. anal 42. 
3. est civil
3. 
43.medicam
vaginais
43. 
4. cor
4. 
44. n
o
parceiros 44. _____ _____
5. sexo
5. 
45. parceiros 45. _____ _____
6. Kuito
6. 
46. contato 46. 
7. bairro 7. AP_____ 47. quem 47. _____

8. outro muni 8. ___________________
____
9. transfusão
9. 
10. n
o
transf 10. _____ _____
11.
ultima transf 11. ______/______/______
__
12.
transf < 2005
12. 
13.
operação
13. 
14.
alcool
14. 
15.
quantidade 15. ________dia / semana /
mês
16.
drogas
16. 
17.
tipo droga
17. 
18.
freq droga
18. 
19.
seringa
19. 
20.
não injetavel 20. ____________
21.
em grupo
21. 
22.
instrum
22. 
23.
tatuagem
23. 
24.
broncos
24. 
72
25.
facadas
25. 
26.
ohaele
26. 
27.
unhas
27. 
28.
barbeiro
28. 
29.
gilete
29. 
30.
escova
dentes
30. 
31.
acupuntura
31. 
32.
rachaduras
32. 
33.
prof saúde
33. 
34.
tipo prof
34. 

35.
acid trab
35. 
36.
sexo
36. 
37.
STD
37. 
38.
camisinha
38. 

39.
relações
39. 
40.
homosexual
40. 
73
Centro de Referência Nacional para Hepatites Virais
Laboratóriode de Hepatites Virais / Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Apêndice C
Questionário Epidemiológico
Provincia do Biê, Angola
Gestantes
2007
74
Seção A
I.
I
DENTIFICAÇÃO
Estas perguntas são relacionadas com a sua identidade e como entrar em contato com você
caso seja necessário.
4. Qual e a data do seu nascimento? (mes, data, ano) _______/_______/___________.
5. Quantos anos você tem neste momento? _________
6. Você é…
solteiro
casado, morando com alguém como se estivesse casado.
divorciado, separado, desquitado.
viuvo?
não sabe ou sem dados
5. Que cor você diria que melhor descreve a pessoa que você está entrevistando?
branco
pardo
negro
amarelo (oriental)
ou outro, especifique? ________________
não sabe ou sem dados
6. Sexo:
M
F
sem dados
7. Você mora no município do Kuito
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
8. Se a resposta foi SIM, que bairro você mora?
____________________________________________________________________
8. Se você não mora nesta cidade, em que cidade você
reside?________________________________.
II
F
ATORES DE
R
ISCO
P
ARENTERAL
.
Agora farei perguntas sobre seus hábitos e experiências mais recentes.
Estas perguntas são sobre a sua saúde e alguns dados pessoais.
9. Alguma vez já recebeu ou apanho soro de sangue?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
10. Quantas vezes você recebeu sangue?_______
11. Qual foi a ultima data que recebeu sangue ________/_________/__________
75
13. Você recebeu sangue antes de 2005?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
14. Você alguma vez foi operada?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
15. Qual é a bebida alcoolica que mais usa
cerveja
vinho
quissára
caporroto
whisky
outros_________________
16 Quanto bebes por dia?
__________________________________dia / semana / mês
17. Você já injetou algum tipo de droga que NÃO foi prescrito por seu médico?
SIM
NÃO, caso resposta NÃO segue para a pergunta 20
não sabe ou sem dados
18. Caso sim, a injeção era.
vitamina
tranqüilizante
anfetamina
barbitúrico
esteroide (hormônio)
heroína ou cocaína
ou outra droga, especifique……………………..
NÃO sabe ou sem dados
19. Quantas vezes você usou ou usa a droga?
1 a 3 vezes por dia
4 ou mais vezes por dia
1 a 2 vezes por semana
3 a 5 vezes por semana
1 a 3 vezes por m1s
menos do que 1 vez por m1s
NÃO se aplica
NÃO sabe ou sem dados
20. Você compartilhou agulhas ou seringas com outras pessoas?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
21. Você usou drogas não injetáveis (leamba, cocaina, etc)?
76
SIM, quais ______________________
NÃO
não sabe ou sem dados
22. Você usa drogas com outras pessoas?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
23. Você compartilha instrumentos como canudo, cachimbo com outras pessoas?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
24. Você tem alguma tatuagem no corpo?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
25. Você furou a orelha ou outra parte do seu corpo para colocar brincos?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
26. Você já fez facadas no corpo (olohanjo ou escarificação).
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
27. Você já foi tratado para ohaele (circuncisão).
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
28. Você faz as unhas com material coletivo?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
29. Você faz a barba em barbeiro?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
30. Você compartilha gilete ou lâmina de barbear de outras pessoas?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
31. Você usa a escova de dente de outras pessoas?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
32. Você já fez acupuntura?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
33. Você costuma ter rachaduras dos lábios?
SIM
77
NÃO
não sabe ou sem dados
34. Você é um profissional de saúde?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
35. Que tipo de profissional de saúde você é?
técnico de laboratório
auxiliar de enfermagem ou enfermeira
clinico
cirurgião
dentista
outro
NÃO sabe ou sem dados
36. Você já teve algum acidente de trabalho que envolveu contato com material de risco?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
III
F
ATORES DE
R
ISCO
S
EXUAL
As próximas perguntas irão abordar assuntos extremamente pessoais, pois são sobre sexo.
Estas perguntas são feitas à todas as pessoas e suas respostas não serão divulgadas para
ninguém.
37.Você esta gràvida de quantas semanas?_____________________.
38. Você já teve alguma doença de transmissão sexual?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
39. Em média quantas vezes você usa “camisinha”?
nunca
raramente
às vezes
freqüentemente
sempre
NÃO sabe ou sem dados
40. Você faz sexo oral?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
41. Você faz sexo anal?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
42. Voce utiliza medicamentos tradicionais na vagina
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
43. Quantos parceiras (os) sexuais você teve nestes últimos 6 meses? ___ ___
78
44. E seu parceiro? ___________
45. Você já teve contato com alguém com os olhos amarelos (hepatite)?
SIM
NÃO
não sabe ou sem dados
46. Esta pessoa
sua mãe/pai
seu irmão ou irmã
seu namorado ou namorada
seu cônjuge Quanto tempo vocês estão morando juntos? ________
um amigo/amiga
um parente
outro
não sabe ou sem dados
79
Apêndice D
Ficha Epidemiológica- Provincia Biê- Gestantes
10. DN 41. _____/_____/_______
11. idade 42. _____ _____
12. est civil
43. 
13. cor
44. 
14. sexo
45. 
15. Kuito
46. 
16. bairro 47. AP_____
17. outro muni 48. ___________________
____
18. transfusão
49. 
11. n
o
transf 50. _____ _____
32.
ultima transf 51. ______/______/______
__
33.
transf < 2005
52. 
34.
operação
53. 
35.
alcool
54. 
36.
quantidade 55. ________dia / semana /
mês
37.
drogas
56. 
38.
tipo droga
57. 
39.
freq droga
58. 
40.
seringa
59. 
41.
não injetavel 60. ____________
42.
em grupo
61. 
43.
instrum
62. 
44.
tatuagem
63. 
45.
brincos
64. 
46.
facadas
65. 
80
47.
ohaele
66. 
48.
unhas
67. 
49.
barbeiro
68. 
50.
gilete
69. 
51.
escova dentes
70. 
52.
acupuntura
71. 
41.
rachaduras
72. 
42.
prof saúde
73. 
43.
tipo prof
74. 

44.
acid trab
75. 
45.
gestação 76. ______________seman
as
46.
STD
77. 
47.
camisinha
78. 

48.
oral
79. 
49.
anal
80. 
41. medicam
vaginais
41. 
42. n
o
parceiros 42. _____ _____
43. parceiros 43. _____ _____
44. contato 44. 
45. quem 45. _____

81
Apêndice E
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Instituição: Hospital Provincial do Kuito/Biê
Projeto de Pesquisa: Perfil da infecçâo pelo vírus da hepatite C e outras
doenças virais com importância para a saúde pública em doadores de sangue
e gestantes.
Pesquisadores: Peliganga Luis Baião, Márcia Leite Baptista, Lia Laura Lewis
Ximenez.
Eu_____________________________________________________ fui
convidado (a) a participar de um estudo de soroprevalência das hepatites virais, ou
seja, que verifica se a pessoa tem hepatite e outras doenças virais (HTLV, HIV).
Para isso eu preciso consentir em doar cerca de 5ml (1colheres de chá) do meu
sangue e será separado e armazenado neste laboratório e depois enviado ao
exterior, no laboratório de hepatites virais do Instituto Oswaldo Cruz / Brasil onde
será armazenado até a realização dos testes.
O meu sangue será coletado por punção venosa por um técnico especializado.
Estou sendo informado (a) que posso não ter beneficio imediato dos resultados
desta pesquisa, mas este trabalho auxiliará a identificação de casos de hepatites
virais (C, B, A) e outras doenças virais transmitidas pelo sangue. Os possíveis riscos
e desconfortos são aqueles relacionados com a retirada rotineira de sangue, dor ou
rouxidão no local. Estou livre para recusar esta solicitação. A minha participação é
voluntária. Caso eu tenha sorologia positiva para hepatites virais, ou outras doenças
virais tais como HTLV, HIV, um dos integrantes da equipe entrara em contato e serei
encaminhado a um ambulatório da rede publica para acompanhamento. Para
participar deste estudo, fornecerei também aos pesquisadores algumas informações
sobre minhas condições sócio-econômicas, fatores de risco associados à
transmissão dos vírus e sobre a minha saúde.
82
Declaro ter recebido informações a respeito deste estudo e autorizo o
Coordenador do projeto a utilizar as amostras do meu sangue para realização de
testes para deteção dos vírus das hepatites (C,B,A) e HTLV,HIV. Os resultados
laboratoriais referentes ao meu quadro clinico, serão fornecidas a mim de maneira
confidencial. As informações obtidas dos diferentes laboratórios desta pesquisa
serão para publicação científica com sigilo da minha identidade. Os resultados serão
a mim fornecidos de maneira confidencial. Qualquer individuio soropositivo para
hepatite B, C, HIV, HTLV serão encaminhado para o corpo clinico para posterior
avaliação e tratamento. Caso positivo para a hepatite A indicam infecção passada e
raramente evolui para a crónicidade, porém e um marcador da situação sanitária da
província.
Caso tenha alguma dúvida ou necessite de qualquer esclarecimento sobre o estudo
você pode entrar em contato com os pesquisadores relacionados acima: serviço de
hemoterapia, ambulatório pré-natal do hospital geral do Biê/Kuito, fone
923475186.
Assinatura ______________________________________________________
__________________________________________ Data: ___/___/___
Assinatura do pesquisador responsável Pré-natal.
Dr. Peliganga Luis Baião. Banco sangue
Assinatura do técnico.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo