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INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ)
Doutorado em Medicina Tropical
Papilomavirus humano (HPV) e co-fatores de risco em mulheres
submetidas a rastreamento para câncer de cérvice uterina
Unidade Materno-Infantil do Marco
Belém, Pará, Brasil
VÂNIA LÚCIA NORONHA-CAVALCANTE
RIO DE JANEIRO
2007
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ii
INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ)
Doutorado em Medicina Tropical
VÂNIA LÚCIA NORONHA-CAVALCANTE
Papilomavirus humano (HPV) e co-fatores de risco em mulheres
submetidas a rastreamento para câncer de cérvice uterina
Unidade Materno-Infantil do Marco
Belém, Pará, Brasil
Tese apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz
como parte dos requisitos para obtenção do
título de Doutor em Medicina, área de
concentração: Medicina Tropical.
Orientadores: Dr. Fábio Bastos Russomano
Dra. Luísa Lina Villa
RIO DE JANEIRO
2007
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iii
INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ)
Doutorado em Medicina Tropical
VÂNIA LÚCIA NORONHA-CAVALCANTE
Papilomavirus humano (HPV) e co-fatores de risco
em mulheres submetidas a rastreamento para câncer de cérvice
uterina
Unidade Materno-Infantil do Marco
Belém, Pará, Brasil
Orientadores: Prof. Dr. Fábio Bastos Russomano
Profª. Dra. Luísa Lina Villa
Aprovada em: 19/12/2007
EXAMINADORES:
Prof. Dr. José Rodrigues Coura (Presidente) - IOC/FIOCRUZ
Prof. Dr. Claudio Tadeu Daniel Ribeiro - IOC/FICORUZ
Prof. Dr. José Carlos Jesus Conceição - UFRJ
Prof. Dr. Wyller Alencar de Mello - Instituto Evandro Chagas
Prof. Dr. Gutemberg Leão de Almeida Filho - UFRJ
RIO DE JANEIRO
2007
iv
Aos meus pais, Dilermando (in memorian) e Emília, por
todas as demonstrações de amor e carinho, pelos valores
transmitidos e pelas oportunidades que me
proporcionaram.
Aos meus irmãos, Celso e Fernando, pela certeza de nossa
amizade, e à Sônia, minha irmãzinha (in memorian),
pelos oito anos de nossa infância e pela saudade doída
que deixou.
Aos meus filhos, Rafael, Rodolfo e Renan, com os quais
tenho a felicidade de exercer meu papel mais relevante:
ser mãe.
Ao meu marido, co-autor de minhas maiores realizações:
meus filhos.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus por haver me agraciado com a paciência e a perseverança,
imprescindíveis para atingir as metas às quais me proponho.
À minha família, de onde extraio forças para enfrentar os reveses da
vida. Em destaque, à minha mãe, por seu altruísmo e dedicação, por saber
escutar e compartilhar, por ter sempre uma palavra de incentivo e esperança.
Ao Prof. Dr. Fábio Bastos Russomano, não só por seus conhecimentos e
cuidadosa orientação, mas especialmente pela atenção, diálogo,
disponibilidade e pela figura humana que demonstrou ser.
À Drª
.
Luisa Lina Villa, por sua valiosa orientação e por haver “aberto as
portas” para a possibilidade de desenvolver este estudo em área da Amazônia
brasileira. Por sua atenção, pelo apoio e estímulo em todos os momentos e
pela pessoa que é.
À Profª
.
Drª
.
Ermelinda Moutinho da Cruz, por sua desprendida
colaboração e por sua compreensão, transmitindo-me a certeza de que torcia
por mim.
À Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, e em
particular aos Professores Cláudio Ribeiro, José Rodrigues Coura, Henrique
Lenz, Ana Maria Gaspar e Ricardo Lourenço, os quais iniciaram e
concretizaram a formação desta turma de doutorado.
À Universidade do Estado do Pará, que não mediu esforços para
capacitação de seus docentes.
Ao Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o câncer, na figura de sua
diretora, Drª
.
Luisa Villa e de seus assistentes, especialmente à Maria Cecília,
Rodrigo e Kathyana, pela realização dos testes moleculares para o diagnóstico
do Papilomavirus humano.
Ao Laboratório de Papilomavirus do Instituto Evandro Chagas, na figura
de seu responsável, Dr. Wyller Alencar Mello e à sua equipe, em especial ao
Rodrigo e à Mila, responsáveis pela extração do DNA das amostras.
Ao Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Pará,
representadas pelas Dr
as.
Ermelinda Moutinho da Cruz e Cecília Naum Pinho,
pela realização da colpocitologia oncótica.
vi
Ao Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal de São
Paulo, representado pelo Prof. Dr. Ismael Dale Cotrim Guerreiro da Silva, pela
realização do diagnóstico molecular para Chlamydia trachomatis.
Ao Núcleo de Medicina Tropical da UFPA que viabilizou a parceria do
Instituto Oswaldo Cruz com instituições públicas, de ensino e de pesquisa, do
Pará.
À Unidade de Saúde Materno-Infantil do Marco, e ao corpo de
funcionários, pelo apoio necessário à realização desta pesquisa em suas
dependências.
Aos funcionários do Setor de Virologia do Instituto Evandro Chagas e do
Projeto Rotavirus, especialmente à Toninha e Zelci, e à Joana e Naza, por se
mostrarem sempre dispostos a cooperar.
À Mariseth Andrade pelo auxílio nas análises estatísticas e também às
Dr
as.
Erly Moura e Rosana Libonati.
Às minhas alunas, em particular à Érika, Meliza, Aldine, Lecy, Camila,
Carol, Glenda e Karol, e também ao Thiago, pelo auxílio nas diversas etapas
do trabalho de campo.
Aos colegas da pós-graduação, em especial à Ana Maria Ventura e
Eliete Araújo, pela certeza de contarmos “uma com as outras”.
À minha tia e madrinha, Celina, e aos demais familiares e amigos, que
sempre torceram e acreditaram em mim.
Às mulheres que, aceitando participar desta pesquisa, contribuíram
anonimamente para o progresso do conhecimento científico.
A todas as pessoas que, de alguma maneira e em qualquer momento,
direta ou indiretamente, facilitaram o desenvolvimento deste estudo e, a
àquelas que não o fazendo, também não criaram obstáculos para que o
trabalho se concretizasse.
vii
“Aquele que tenta se apresentar como juiz, no campo da
verdade e do conhecimento, é afundado pela risada dos
deuses”.
Einstein
viii
SUMÁRIO
Página
LISTA DE ABREVIATURAS,
UNIDADES E
MBOLOS
LISTA DE QUADROS, FIGURAS E TABELAS
RESUMO
1
INTRODUÇÃO
.......................................................................
1
2
REVISÃO DE LITERATURA
.................................................
3
2.1 HPV........................................................................................
3
2.1.1
Histórico e Epidemiologia
...................................................
3
2.1.2
Organização genômica
........................................................
4
2.1.3
Tipos de HPV
........................................................................
5
2.1.4
Expressão g
ênica
................................................................
5
2.1.5
Ciclo patogênico
..................................................................
6
2.1.6
Resposta imune à infecção por HPV
..................................
7
2.1.7
Formas de apresentação da infecção po
r HPV
.................
8
2.1.7.1
Infecção latente......................................................................
8
2.1.7.2
Infecção produtiva..................................................................
9
a) Com manifestações clínicas..............................................
9
b) Com manifestações sub-clínicas.......................................
9
2.1.7.3
Associado a câncer e lesões precursoras.............................
9
2.2
PRINCIPAIS CO-FATORES DE RISCO PARA CÂNCER E
LESÕES PRECURSORAS EM CÉRVICE UTERINA.......... 11
2.2.1
Multiplicidade de parceiros sexuais
.................................. 12
2.2.2
Iniciação sexual precoce
..................................................... 12
2.2.3
Tabagismo
............................................................................ 13
2.2.4
Uso de contraceptivos hormonais
..................................... 14
ix
2.2.5
Número de gestações
......................................................... 15
2.2.6
Outra
s DST
........................................................................... 15
2.2.7
Outros co
-
fatores
................................................................. 16
2.3 ANORMALIDADES CITOLÓGICAS EM CÉRVICE
UTERINA............................................................................... 17
2.3.1
Atipias de significado indeterminado (AUS)
..................... 17
2.3.1.1 ASCUS................................................................................... 17
2.3.1.2 AGUS..................................................................................... 19
2.3.2
SIL
......................................................................................... 19
2.3.2.1 LSIL........................................................................................ 19
2.3.2.2 HSIL....................................................................................... 20
2.3.3
Câncer de cérvice uterina
................................................... 21
2.4 RASTREAMENTO DE CÂNCER DE CÉRVICE
UTERINA............................................................................... 22
2.4.1
Colpocitologia oncótica
...................................................... 22
2.4.2
Colposcopia
......................................................................... 24
2.4.3
Detecção de HPV
................................................................. 25
2.5 CONDUTAS MEDIANTE COLPOCITOLOGIA DE ASCUS
OU LSIL................................................................................. 26
3
JUSTIFICATIVA
.................................................................... 28
4
OBJETIVOS
........................................................................... 29
4.1 GERAL................................................................................... 29
4.2 ESPECÍFICOS....................................................................... 29
5
SUJEITOS E MÉTODOS
....................................................... 30
5.1 SUJEITOS............................................................................. 30
5.2 MÉTODOS............................................................................. 33
5.2.1
Colpocitologia oncótica
...................................................... 33
5.2.2
Extração do DNA
.................................................................. 34
x
5.2.3
Pesquisa de DNA de HPV por PCR
.................................... 35
5.2.4
Tipificação do HPV por
h
ibridização reversa
................... 36
5.2.5 Real Time
PCR para
C. trachomatis................................... 37
5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................ 37
6
RESULTADOS
...................................................................... 39
7
DISCUSSÃO
.......................................................................... 59
7.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA..................................... 59
7.2 RESULTADOS OBTIDOS...................................................... 62
7.2.1
Prevalência de anormali
dades colpocitológicas
............. 62
7.2.2
Prevalência de HPV e suas correlações
............................ 65
7.2.3
Co
-
fatores de risco para câncer e lesões precursoras
.... 72
8
CONCLUSÕES
..................................................................... 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
..................................... 80
ANEXOS
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
APÊNDICES
APÊNDICE
A
APÊNDICE
B
APÊNDICE
C
xi
LISTA DE ABREVIATU
RAS, UNIDADES E SÍMBOLOS
AGUS
Atypical glandular cells of undetermined significance
(Células glandulares atípicas de significado
indeterminado)
ASCUS
Atypical squamous cells of undetermined significance
(Células escamosas atípicas de significado
indeterminado)
ASC-H
Células escamosas atípicas - HSIL não pode ser
excluída
ASC-US
Células escamosas atípicas - de significado
indeterminado
ATP
Trifosfato de Adenosina
AUS
Atipias de significado indeterminado
CCBS
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
CDC
Centro de Controle de Doenças
CH
Captura Híbrida
C. trachomatis
Chlamydia trachomatis
DMF
Dimethylformamide
DNA
Ácido desoxirribonucléico
DIU
Dispositivo intra-uterino
dNTP
Desoxirribonucleotideos trifosfato
DP
Desvio padrão
DST
Doenças Sexualmente Transmissíveis
E
Early region [Região precoce (do genoma do HPV)]
EDTA
Ácido etileno-diamino-tetracético
HCl
Ácido clorídrico
HIV
Vírus da imunodeficiência Humana
HPV
Papilomavirus humano
xii
HSIL
High grade squamous intraepithelial lesion
(Lesão intra-epitelial escamosa de alto grau)
HLA
Antígeno de histocompatibilidade
IARC
International Agency for Research on Cancer
(Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer)
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC 95%
Intervalo de Confiança de 95%
IEC
Instituto Evandro Chagas
IFN
Interferon
Ig
Imunoglobulina
IL
Interleucina
INCA
Instituto Nacional do Câncer
JEC
Junção escamo-colunar
KCl
Cloreto de potássio
LACEN
Laboratório Central de Saúde Pública
LSIL
Low grade squamous intraepithelial lesion
(Lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau)
L
Late region [Região tardia (do genoma do HPV)]
MgCl
2
Cloreto de Magnésio
mL
Mililitro
mM
Milimolar
MS
Ministério da Saúde
NK
Natural killer
nM
Nanômetro
OMS
Organização Mundial de Saúde
ORF
Open Reading Frame (Fase de Leitura Aberta)
OR
Odds ratio (Razão de chances)
xiii
PADTC
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
PBS
Tampão fosfato salino
PCR
Reação em cadeia da Polimerase
PCCU
Programa de controle do câncer de colo uterino
pH
Concentração hidrogeniônica
PNA
Ácido nucleico peptídeo
PNADS
Pesquisas Nacionais de Amostras por Domicílios
p53
Gene humano protetor à indução do câncer
pRb
Proteína do retinoblastoma
rpm
Rotação por minuto
SDS
Dodecil sulfato de sódio
SIL
Squamous intraepithelial lesion (Lesão intraepitelial
escamosa)
TE
Tampão Tris-EDTA
UEPA
Universidade do Estado do Pará
UMI
Unidade Materno-Infantil
URR
upstream regulatory region (região regulatória superior)
µL
Microlitro
µM
Micromolar
ºC
Graus Celsius
xiv
LISTA DE QUADROS, FIGURAS E TABELAS
Título
Página
Quadro 2.1
Descrição de estudos de prevalência de HPV,
segundo anormalidades citológicas............................ 10
Quadro 2.2
Descrição de estudos de prevalência de HPV
oncogênico, segundo anormalidades citológicas....... 11
Quadro 2.3
Equivalência de nomenclatura cito-histológica para
laudos cervicais..........................................................
24
Figura 5.1
Fluxograma do estudo................................................ 33
Tabela 6.1
Características sócio - demográficas,
comportamentais, reprodutivas, semiológicas e
infecciosas das participantes do estudo. UMI-CCBS-
UEPA, Belém-PA, 2000-2003..................................... 40
Tabela 6.2
Distribuição dos resultados da colpocitologia
oncótica (negativa versus com anormalidades) das
participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-
PA, 2000-2003............................................................ 43
Tabela 6.3
Distribuição dos resultados da colpocitologia
oncótica com anormalidades, por categoria
diagnóstica, das participantes do estudo. UMI-
CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003......................... 43
Tabela 6.4
Prevalência de HPV, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), nas participantes do estudo. UMI-
CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003......................... 44
Tabela 6.5
Prevalência de HPV, segundo resultado da
colpocitologia oncótica, por categoria diagnóstica,
nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003................................................. 44
Tabela 6.6
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), nas participantes do estudo. UMI-
CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003............................................................................ 45
xv
Tabela 6.7
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica, por categoria diagnóstica,
nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003................................................. 46
Tabela 6.8
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (negativa versus
ASCUS/AGUS/LSIL), nas participantes do estudo.
UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.................. 46
Tabela 6.9
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (negativa versus
HSIL/carcinoma invasor/adenocarcinoma), nas
participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-
PA, 2000-2003............................................................ 47
Tabela 6.10
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (ASCUS/AGUS/LSIL
versus HSIL/carcinoma invasor/adenocarcinoma),
nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003................................................. 47
Tabela 6.11
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), em 116 participantes do estudo
infectadas por HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003................................................................... 48
Tabela 6.12
Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado
da colpocitologia oncótica, por categoria diagnóstica,
em 116 participantes do estudo infectadas por HPV.
UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.................. 49
Tabela 6.13
Prevalência dos tipos de HPV detectados em
cérvice uterina de 45 mulheres infectadas por HPV,
com resultado da colpocitologia oncótica positivo
para anormalidades citológicas. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003................................................. 50
Tabela 6.14
Prevalência dos tipos de HPV detectados em
cérvice uterina de 71 mulheres infectadas por HPV,
com resultado da colpocitologia oncótica negativo
para anormalidades citológicas. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003................................................. 51
Tabela 6.15
Prevalência de HPV de tipo 16, segundo resultado
da colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), em 116 nas participantes do estudo
infectadas por HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003................................................................... 52
xvi
Tabela 6.16
Prevalência de infecção por mais de um tipo de
HPV, segundo resultado da colpocitologia oncótica
(negativa versus com anormalidades), nas
participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-
PA, 2000-2003............................................................ 53
Tabela 6.17
Prevalência de infecção por dois tipos de HPV
oncogênicos, segundo resultado da colpocitologia
oncótica (negativa versus com anormalidades), em
16 participantes do estudo infectadas por mais de
um tipo de HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003................................................................... 53
Tabela 6.18
Prevalência de infecção por dois tipos de HPV,
sendo um dos tipos o HPV 16, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), em 16 participantes do estudo
infectadas por mais de um tipo de HPV. UMI-CCBS-
UEPA, Belém-PA, 2002-2003..................................... 54
Tabela 6.19
Comparação da distribuição de co-fatores de risco
para o desenvolvimento de câncer de cérvice
uterina, entre mulheres com colpocitologia oncótica
negativa e com colpocitologia oncótica com
anormalidades, participantes do estudo. UMI-CCBS-
UEPA, Belém-PA, 2000-2003..................................... 55
Tabela 6.20
Estimativas ajustadas do risco de anormalidades
citológicas, pelo método de regressão logística,
segundo infecção por HPV, idade do coito e
escolaridade. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003............................................................................ 57
Tabela 6.21
Estimativas ajustadas do risco de anormalidades
citológicas, pelo método de regressão logística,
segundo infecção por HPV de risco, idade do 1º
coito e escolaridade. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003................................................................... 57
Tabela 6.22
Prevalência de C.trachomatis, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), em 350 participantes do estudo.
UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003..................
58
Tabela 6.23
Prevalência de C.trachomatis, segundo resultado da
pesquisa de HPV, em 350 participantes do estudo.
UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003............................................................................ 58
xvii
RESUMO
O Papilomavirus humano (HPV) é reconhecido como o agente causal do
câncer de colo uterino, patologia que representa a segunda maior causa de óbito por
câncer em mulheres no mundo, ocupando o primeiro lugar entre aquelas de 35 a 45
anos em vários países em desenvolvimento. Acredita-se, entretanto, que outros
fatores contribuam para a evolução maligna em colo uterino, em mulheres infectadas
por HPV. Objetivou-se com este estudo, determinar as prevalências de infecção
genital por HPV e de fatores sócio-demográficos, comportamentais, reprodutivos,
semiológicos e infecciosos, e buscar correlações com os resultados da colpocitologia
oncótica. Trata-se de estudo transversal com 1021 mulheres de 30 a 45 anos,
submetidas a rastreamento para câncer cervical na Unidade Materno-Infantil do Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará (UMI-CCBS-
UEPA), no período de setembro de 2000 a janeiro de 2003. As participantes
responderam a questionário padrão e amostras de colo uterino foram encaminhadas
para análise citológica, para pesquisa de HPV (1009 amostras) e de Chlamydia
trachomatis (350 amostras). A prevalência de HPV foi de 12,4% (125/1009); sendo de
8,7% (79/903) nas com citologia negativa e 43,4% (46/106) nas com citologia alterada,
correspondendo a 28,9% (20/69) nas com ASCUS/AGUS, 60% (15/25) nas com LSIL,
90% (9/10) nas com lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) e 100% nas com
carcinoma invasor (1/1) e com adenocarcinoma in situ (1/1). A chance de se detectar
HSIL foi cerca de 94 vezes maior nas mulheres infectadas por HPV. A freqüência de
HPV oncogênico foi de 9,1%(92/1009) [5,7% (51/903) nas com citologia negativa e
38,7% (41/106) nas com citologia alterada], correspondendo 23,2% (16/69) nas com
ASCUS/AGUS, 56% (14/25) nas com LSIL, 90% (9/10) nas com HSIL e 100%
(carcinoma invasor e com adenocarcinoma in situ). A chance de se detectar HSIL foi
aproximadamente 150 vezes maior nas mulheres infectadas por HPV de alto risco. O
HPV de tipo 16 foi o tipo mais freqüente, detectado em 24,4% (11/45) das amostras de
mulheres com alterações citológicas e em 7,0% (5/71) das com citologia negativa.
Infecção por mais de um tipo de HPV foi detectada nas amostras de 5,7% (06/106)
das mulheres com anormalidades à colpocitologia e em 1,1% (10/903) das mulheres
com citologia negativa. Com relação aos co-fatores, observou-se associação entre
iniciação sexual e anormalidades à citologia [OR: 1,57 (IC95%: 1,05-2,37)], entretanto
esta não se manteve quando se utilizou análise multivariada. Neste grupo de
mulheres, infecção por HPV e anormalidades cervicais foram freqüentes e associadas;
as demais variáveis não se correlacionaram a alterações citológicas em cérvice
uterina.
xviii
ABSTRACT
Human Papilomavirus (HPV) has already been recognized as causal agent of
cervical uterine cancer. Others factors in association with HPV may contribute to
evolution of the lesion to malignancy in the uterine cervix. The aim of this study was to
determine the prevalence of genital infection due to HPV, the frequency of social
demographic factors, as well as the distribution of behavior, reproductive, semiological
and infection variables and their correlation with results in the oncotic cytology. This is
a cross-sectional study with 1021 women age 30 to 45 years were carried on from
September, 2000 to January, 2003. They were screened for cervical cancer at Unidade
Materno-Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do
Estado do Pará (UMI-CCBS-UEPA). All participants answered a standard
questionnaire. Samples from uterine cervix were collected to oncotic cytological
analysis to search for HPV and Chlamydia trachomatis. Overall prevalence of HPV
was 12.4% (125/1009); 8.7% (79/903) and 43.4% (46/106) respectively to negative and
abnormal cytology [28.9% (20/69) among women with ASCUS/AGUS; 60.0%(15/25)
among women with LSIL; 90.0% (9/10) among women with HSIL and 100.0 % both in
women with invasive carcinoma (1/1) and in situ adenocarcinoma (1/1)]. Women with
HPV in the uterine cervix had 94 times more chance to have HSIL. The overall
frequency of oncogenic HPV was 9.1% (92/1009) [8,7%(51/903) among women with
negative cytology and 38.7 % (41/106) in those with abnormal cytology]. Among
women with ASCUS/AGUS was 23.2% (16/69), 56.0% (14/25) with LSIL and 90.0%
(9/10) with HSIL and 100.0 % with invasive carcinoma (1/1) and in situ
adenocarcinoma (1/1). The chance of having HSIL was 150 times higher among
women that had oncogenic HPV. HPV 16 was the most frequent type observed, being
detected in 24.4% (11/45) of women with abnormal cytology and in 7,0% ( 5/71) of
those with negative cytology. Infection due to more than one type of HPV was detected
in 5.7% (06/106) of women with abnormal cytology and in 1.1% (10/903) with negative
cytology. Related to co-factors, there was an association between early onset of sexual
intercourse and abnormal cytology, what did not persist when it was applied
multivariante step wise analysis. In this study, HPV infection and abnormal cytological
findings in the uterine cervix were frequently observed and there was an association
between them. The other studied variables showed no correlation with cytological
abnormalities in the uterine cervix.
1
1 INTRODUÇÃO
Dentre os agentes virais transmitidos por via sexual, a infecção pelo
Papilomavirus humano (HPV) é a mais prevalente (KOUTSKY et al., 1988;
AULT et al., 2006; TROTTIER & FRANCO, 2006a), acometendo cerca de 10 a
20% (com variações de 2 a 80%) da população sexualmente ativa (BECKER et
al., 1987; SYRJANEN, 1989) e causando, aproximadamente, 30 milhões de
novas infecções a cada ano (KOUTSKY et al. 1988). Segundo estimativas,
cerca de 5,5 milhões de norte-americanos adquirem o HPV, anualmente, e
15% da população encontra-se infectada por esse vírus [CENTER FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC), 2004]. Estima-se, também,
que pelo menos metade dos indivíduos sexualmente ativos terá adquirido HPV
em algum momento de sua vida e, aproximadamente, 75-80% da população
feminina será infectada até completar a idade de 50 anos (SYRJANEN, 1989;
CDC, 2004). Na grande maioria das vezes, entretanto, ocorrerá regressão
espontanea da infecção; tornando-se persistente em cerca de 5 a 10% das
mulheres infectadas por tipos oncogênicos com, aproximadamente, 1%
resultando em câncer invasivo (JOSEFSSON et al., 2000; PUIG-TINTORÉ,
2002; GOODMAN, 2007).
O impacto das doenças sexualmente transmissíveis (DST) no
desenvolvimento de neoplasias cervicais tem sido reconhecido nas últimas
décadas (BOYLE & SMITH, 1999; BOSCH & DE SANJOSÉ). O intervalo entre
a infecção pelo HPV e o aparecimento de câncer invasor em rvice uterina é
de, aproximadamente, 15 anos (MEIJER et al., 2000). Entretanto, além do
HPV, estabelecido como o agente causal implicado na transformação
maligna em rvice uterina (BOSCH et al., 2002), acredita-se que haja
necessidade de outros fatores para influenciar a progressão de uma lula
normal para célula neoplásica (DERCHAIN et al., 1999; SYRJANEN et al.,
2005).
O câncer de cérvice uterino, por sua vez, contribui com 470.000 a
500.000 casos novos/ano, no mundo, e cerca de 200.000 óbitos/ano
(WAGGONER, 2000; BOSCH, 2003; DERCHAIN, 2005). A Organização
Mundial de Saúde (OMS) estima que a partir de 2020, aproximadamente, 15
milhões de casos novos de câncer cervical serão diagnosticados por ano
2
(NETTO, 2001). Para 2006, a estimativa para o Brasil era de 19.260 casos
novos, representando uma incidência de 20,31/100.000 habitantes, próxima à
esperada para Região Norte e para o estado do Pará, de respectivamente,
21,75/100.000 e 21,34/100.000 [Instituto Nacional do Câncer (INCA), 2005]. O
câncer de colo de útero configura-se na segunda maior causa de óbito por
câncer em mulheres, ocupando o primeiro lugar entre aquelas de 35 a 45 anos,
em vários países em desenvolvimento, responsáveis por cerca de 80% dos
casos novos no mundo (DERCHAIN et al., 2005; SASLOW et al., 2007).
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 HPV
2.1.1 Histórico e epidemiologia
Embora os achados cito-histológicos em cérvice uterina, denominados
coilocitose (alterações características da infecção por HPV), fossem
conhecidos desde meados da década de 1950, somente cerca de 20 anos
depois foram correlacionadas ao HPV (MEISELS & FORTIN, 1976; PUROLA &
SAVIA, 1977) e se cogitou a possibilidade desse vírus estar implicado na
gênese do câncer cérvico-uterino (ZUR HAUSEN, 1976). Posteriormente,
DURST et al. (1983) e BOSHART et al. (1984), procederam à identificação dos
HPV16 e HPV18, os primeiros tipos isolados. A partir daí, inúmeras pesquisas,
realizadas nas últimas décadas, confirmam a relação causal entre certos tipos
de HPV com câncer cervical e lesões precursoras (MUNOZ, 1992;
HILDESHEIM et al., 1994; IARC, 1995; FRANCO et al., 1999; BOSCH et al.,
2002; DE SANJOSÉ et al. 2007).
Estima-se que cerca de 75% da população feminina seja exposta, pelo
menos uma vez durante a vida, à infecção pelo HPV (BURCHELL et al., 2006)
e que 5 a 40% das mulheres assintomáticas estejam infectadas por HPV,
sendo os maiores percentuais assinalados naquelas pertencentes a faixas
etárias mais jovens (FRANCO et al., 1999; PUIG-TINTORÉ, 2002). Souza
(2004), empregando a metodologia de reação em cadeia mediada pela
polimerase (PCR) detectou prevalência de HPV em 38,5% das 1318 mulheres
de 15 a 25 anos incluídas em seu estudo. A maioria dessas infecções,
entretanto, é transiente, desaparecendo sem causar maiores conseqüências. O
tempo médio estimado para o clearence espontâneo varia de 8 a 17 meses
para os tipos oncogênicos e de 4 a 15 meses para os tipos não oncogênicos
(FRANCO et al., 1999; GIULIANO et al., 2002; TROTTIER & FRANCO, 2006a;
FRANCO & TROTTIER, 2007).
Moscicki et al. (1998), acompanhando por 24 meses, 618 mulheres de
13 a 22 anos, positivas para HPV, observaram que ao final desse tempo, em
4
aproximadamente 70% delas, o vírus deixou de ser detectado, especialmente
nas participantes infectadas por tipos de baixo risco.
A persistência da infecção por HPV ocorre em cerca de 5% das
mulheres após os 35-40 anos, constituindo-se esse o grupo de maior risco para
o desenvolvimento de lesões precursoras e câncer cervical (PUIG-TINTORÉ,
2002).
Hoje, além da persistência da infecção por HPV de tipos oncogênicos
(MUNOZ, 1992; HILDESHEIM et al., 1994; IARC, 1995; FRANCO et al., 1999),
a carga viral também é aceita como importante marcador para um maior risco
de progressão para câncer invasor (BAGARELLI & OLIANI, 2004). As variantes
não européias do HPV 16, e infecção por múltiplos tipos de HPV, ao que
parece, também contribuem para carcinogênese em cérvice uterina (VILLA et
al., 2000; TROTTIER et al., 2006). Tais conclusões permitem considerar o
câncer de cérvice uterina como uma enfermidade de transmissão sexual
(PUIG-TINTORÉ, 2002).
2.1.2 Organização genômica
Os HPV são vírus não envelopados, medem cerca de 55nm de diâmetro,
com nucleocapsídeos de simetria icosaédrica e 72 capsômeros. Têm seu
genoma constituído de DNA circular de dupla fita, com cerca de 6.800 a 8.400
pares de base e peso molecular de 5,2 daltons. A organização dos genomas
dos diferentes tipos de HPV é, relativamente, similar e este pode ser dividido,
com base nas suas funções, em: a) Região precoce [(early region (E)],
representando, aproximadamente, 50% do genoma viral; responsável pela
codificação das proteínas implicadas na replicação do DNA viral (E1), pelo
controle da transcrição e replicação (E2), pela maturação do vírus e alteração
da matriz intracelular (E4), pelo estímulo da proliferação e transformação
celular (E5, E6, E7); b) Região tardia
[late region (L)], que corresponde a cerca
de 40% do DNA viral e é responsável pela codificação das proteínas estruturais
do capsídeo viral, correspondendo aos genes L1 e L2; c) Região regulatória
(long region), localizada entre as regiões L1 e E6, onde existem as seqüências
estimuladoras e repressoras da transcrição viral, além da origem da replicação
viral (SHAH & HOWLEY, 1990; OLIVEIRA, 1994; PUIG-TINTORÉ, 2002;
SOUTO et al., 2005).
5
Os HPV pertencem à família Papillomaviridae. A classificação dos
diferentes tipos e subtipos se baseia na homologia de seus DNA. Quando a
seqüência de nucleotídeos dos genes L1, E6 e E7 (que representam cerca de
30% do genoma viral) difere em mais de 10% dos tipos conhecidos, permite
caracterizar como novo tipo; quando a diferença for entre 2 a 10%, de tipos
descritos, considera-se que são diferentes subtipos; se o percentual de
discordância for menor que 2%, representa uma variante do mesmo (DE
VILLIERS et al., 2004; SOUTO et al., 2005).
2.1.3 Tipos de HPV
Atualmente, são conhecidos mais de 100 tipos de HPV, dos quais cerca
de 40 podem infectar o trato genital. Esses são agrupados em tipos com baixo
potencial oncogênico (6, 11, 32, 34, 40, 42, 44, 54, 55, 57, 61, 62, 64, 67, 69,
70, 71, 72, 81, 83, 84), e com alto risco de indução oncogênica (16, 18, 26, 31,
33, 35, 39, 45, 51, 52, 53, 56, 58, 59, 66, 68, 73 e 82) em colo uterino
(TROTTIER et al. 2006).
É consenso que o HPV 16, dentre os classificados como de alto risco
para indução de processo neoplasico em cérvice uterina é, em quase todo
mundo, o mais prevalente, seguido pelos tipos 18 e 31 (BOSCH et al., 1995;
DE SANJOSÉ et al., 2007). foi demonstrado que lesões cervicais, onde se
detecta HPV de tipo 16 oferecem risco cinco a nove vezes maior de progredir,
quando comparadas com lesões onde outros tipos de HPV oncogênicos estão
presentes (BRISSON et al., 1994).
2.1.4 Expressão gênica
Dentre os HPV considerados de alto risco, os de tipo 16 e 18 são os
mais associados aos carcinomas ano-genitais. Estudos demonstram que as
oncoproteínas E6 e E7 desses tipos de HPV inibem a ação das proteínas
celulares [p53 e pRb (proteína do retinoblastoma), respectivamente],
responsáveis pelo controle do crescimento celular, cooperando desse modo
para imortalização da célula. A função da pRb é inibir, negativamente, o ciclo
celular, mas sob ação da oncoproteína E7, liberação do fator de transcrição
E2F que estimula a expressão de genes envolvidos na proliferação celular. A
6
proteína E6, ligando-se a p53 (gene supressor de tumores) provoca sua
degradação. Ressalta-se, entretanto, que somente a presença dessas
proteínas não é capaz de induzir um fenótipo celular maligno, havendo
necessidade de alterações adicionais, causadas pela expressão dos genes
celulares (como por exemplo, ras e fas) (MUNGER et al., 1989, ZUR
HAUSEN, 1991
; STÖPPLER et al., 1994; ZUR HAUSEN, 2000; HELT &
GALLOWAY, 2003).
2.1.5 Ciclo patogênico
O HPV é um organismo intracelular, com preferência pelas células da
junção escamo-colunar, pela facilidade em atingir as células da camada basal
(mitoticamente ativas). É introduzido no organismo, geralmente, por micro-
traumas durante o intercurso sexual. Nas células da camada basal, o vírus
perde seu capsídeo proteico externo, se replicando somente com a divisão
celular, semelhante a um plasmídeo extracromossômico auto-replicante. A
infecção viral, na maioria das pessoas expostas ao HPV, permanece sem
manifestação ativa. Nas demais, há multiplicação celular (da camada basal)
acelerada, fase que dura de três a seis meses. Essas células infectadas,
quando chegam à camada superficial do epitélio, deixam de se multiplicar,
sofrem maturação e queratinização, permitindo a replicação vegetativa do DNA
viral e ntese das proteínas tardias do vírus, o que ocorre em lulas mais
diferenciadas. síntese de capsídeos e formação de vírions completos,
determinando o efeito citopático clássico (coilocitose) da infecção por HPV.
Quando as células infectadas morrem, durante o processo normal de
diferenciação dos epitélios, liberação de partículas virais, infectando lulas
vizinhas e levando ao aparecimento de proliferações epiteliais.
A transformação neoplasica, diferente da infecção produtiva, ocorre
quando ao chegar à camada basal, o DNA viral (ao invés de manter-se livre,
em sua forma epissomal), sofre uma quebra, assume a forma linear e se
integra ao DNA da célula hospedeira. O local dessa integração pode variar,
entretanto, a região onde ocorre a separação do DNA viral é constante e se
situa entre os genes E1 e E2, levando ao comprometimento de E2 que perde
sua função repressora junto aos genes E6 e E7, os quais ligam-se e inibem as
proteinas celulares resultantes de genes supressores de tumor (p53 e pRb),
7
levando a sínteses protéicas anormais, perda da diferenciação celular e
proliferação celular descontrolada (DE BRUX et al., 1983; DURST et al.,1985;
LEHN et al.,1988; GARCIA-CARRANCÁ & GARIGLIO, 1993; ZIEGERT et al.,
2003; THORLAND et al., 2003).
No decorrer do curso natural da infecção, a atividade de transcrição do
HPV no epitélio parece estar, diretamente, relacionada aos estágios de
diferenciação dos queratinócitos. A transcrição precoce ocorre nas camadas
basais e suprabasais e os produtos genéticos precoces são detectados em
todas as camadas do epitélio infectado. A transcrição tardia, a síntese de
proteínas do capsídio L1 e L2 e a produção de vírus infectante se restringem
aos queratinócitos em fase final de diferenciação, que se encontram nas
camadas superiores, próximas à superfície epitelial (FLORES & LAMBERT,
1997, FRATTINI et al., 1997; MEYERS et al., 1997).
2.1.6 Resposta imune à infecção por HPV
As células de Langerhans, presentes no epitélio cervical, são
componentes importantes do sistema de imunovigilância dos epitélios, pois
fagocitam as partículas virais e migram para os linfonodos regionais,
desencadeando um processo de ativação, envolvendo moléculas do antígeno
de histocompatibilidade (HLA) classe II. Desse modo, os antígenos são
apresentados aos linfócitos TCD4+, os quais ativados evoluem para Linfócitos
T helper (Th). Quando há predomínio da Interleucina (IL) 12, ocorre a
diferenciação da via Th1, com ativação e proliferação dos linfócitos citotóxicos
(TCD8+) e produção, principalmente, de IL2 e Interferón-y. Ao contrário,
quando não predomina IL12, é promovida a via Th2, a qual promove a ativação
dos linfócitos B, que se diferenciam em células plasmáticas, produtoras de
anticorpos, havendo também indução da expressão de IL4, IL5, IL6, IL10.
Sabe-se que o interferon alfa (IFN-Y) modula, negativamente, a resposta Th2 e
que as IL4 e IL10 modulam, negativamente, a resposta Th1 (MOSMAN et al.,
1989; PUIG-TINTORÉ, 2002; ROMANI et al., 2003; MACHADO et al., 2004;
MILLS et al., 2004).
A resposta imune ao HPV ocorre, principalmente, às custas da
imunidade celular, muito embora haja participação da imunidade humoral, com
produção de Imunoglobulinas (Ig), tendo sido detectadas IgG e IgA no muco
8
cervical de mulheres com lesão intra epitelial (SIL). Em condilomas com
regressão espontânea, observa-se infiltrado inflamatório composto por
macrófagos e células TCD4+. Resposta linfoproliferativa de células TCD4+
específicas para o antígeno E2 mostrou-se associada à eliminação do HPV, e
células TCD8+ específicas para os antígenos E6 e E7 são encontradas em
mulheres com grandes lesões ou com tumor cervical (MACHADO et al., 2004;
LEE et al., 2004).
Vários autores sustentam a associação entre diminuição no número de
células de Langerhans e lesões induzidas pelo HPV, em cérvice uterina
(UCHIMURA, 2002; PALAORO et al., 2002). Em verrugas genitais se tem
observado uma diminuição no número de células de Langerhans e,
conseqüentemente, diminuição da capacidade de apresentação antigênica.
Também se tem detectado importante diminuição na atividade de células
natural killer (NK), com função de imunidade inespecífica, em lesões pré-
malignas e malignas (PUIG-TINTORÉ, 2002).
2.1.7 Formas de apresentação da infecção por HPV
A infecção pelo HPV pode se traduzir dos seguintes modos:
2.1.7.1 Infecção latente:
Apesar da ausência de evidências clínicas, colposcópicas, citológicas e
histológicas, os HPV podem ser detectados por meio de testes moleculares,
caracterizando a forma de latência clínica do vírus (IARC,1995). Nesse estado
foi detectado em percentuais variando de 5 a 40%, segundo diferentes
pesquisas com mulheres sexualmente ativas (KROBS, 1993; VILLA, 1995;
PINTO & CRUM, 2000).
Recente publicação em estudo de metanálise (englobando 78 trabalhos
realizados no período de janeiro de 1995 a janeiro de 2005, em diversas partes
do mundo), demonstrou que a prevalência de HPV em mulheres com citologia
normal foi 10,4%, variando de 22,1% no continente africano a 8,0% na Ásia; na
América do Sul a taxa de infecção por HPV foi de 12,3% (DE SANJOSÉ et al.,
2007). A maioria dessas infecções é transitória, ou seja, apenas em uma
pequena parcela de mulheres infectadas se detecta, em amostras seqüenciais,
9
o mesmo tipo de HPV (FRANCO et al., 1999; LIAW et al., 2001; YLITALO et al.,
2000; TROTTIER & FRANCO, 2006a).
2.1.7.2 Infecção produtiva:
a) Com manifestações clínicas
:
Representadas por lesões verrugosas (condilomas) em área genital,
uma das DST mais freqüentes (NAUD et al., 1996; MICHAEL et al., 2000),
relacionadas, principalmente, aos HPV 6 e 11, de baixo potencial oncogênico.
Esta forma de apresentação do HPV corresponde à cerca de 1% de todas as
infecções por HPV (PUIG-TINTORÉ et al., 2002). Os condilomas, raramente,
são observados em cérvice uterina (SHAH & HOWLEY, 1990; HELBERG et al.,
1995).
b) Com manifestações sub-clínicas:
Correspondem aos condilomas planos, em colo de útero, geralmente
visualizados por meio de colposcopia, após aplicação de ácido acético a 5%
(MEISELS et al., 1977; REID et al., 1980).
2.1.7.3 Associado a câncer e lesões precursoras:
A maior importância do estudo dos HPV se deve a sua associação a
processos malignos em cérvice uterina, conforme vem sendo demonstrado nas
últimas décadas, em todo mundo (LIAW, et al., 1995; VILLA, 1995; KÓNYA et
al., 1995; BOSCH et al, 2002; OLIVEIRA, L. H, S. et al., 2006).
Resultado baseado em onze estudos caso-controle (realizados em nove
países, envolvendo 1918 mulheres com diagnóstico histológico de carcinoma
escamoso invasor e 1928 controles), demonstrou chance 158,2 maior (IC95%:
113,4-220,6) de desenvolvimento de câncer de cérvice uterino nas
participantes infectadas por qualquer tipo de HPV, com prevalência de HPV em
96,6% das pacientes com câncer e em 15,6% das mulheres que participaram
como controle (MUÑOZ et al., 2003).
10
Por outro lado, Moscicki et al. (1998) observaram, em estudo de Coorte
com mulheres de 13 a 22 anos infectadas por HPV, que aproximadamente 70%
das participantes tornaram-se negativas para HPV no período de 24 meses de
seguimento, entretanto o risco das portadoras de HPV de alto risco
desenvolverem lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) foi de 14,1 (IC95%: 2,3-
84,5), para mulheres com pelo menos três testes positivos para HPV
precedendo o desenvolvimento de HSIL, quando comparadas às mulheres com
testes negativos para HPV.
Nos quadros a seguir descrevem-se alguns trabalhos com diferentes
populações do mundo, enfocando a associação de HPV (Quadro 2.1) e de
HPV oncogênico (Quadro 2.2) com as diversas anormalidades citológicas.
Quadro 2.1 Descrição de estudos de prevalência de HPV, segundo
anormalidades citológicas.
Referência
(Método)
Delineamento
do estudo
Método
Características
da amostra
Citologia ou histologia
Prevalência de HPV
OR (IC95%)
Tonon et al., 1999
(PCR)
Estudo caso-controle
Misiones/Argentina
n: 330 mulheres
Idade: 17 a 69 anos
Média de idade: 33
anos
Negativa 43,0% 1,0
LSIL 96,0% 35,54 (8,43-149,93)
HSIL 100,0% -
Ca inv. 100,0% -
Herrero et al., 2000
(PCR)
Estudo de base
populacional
Guanacaste/Costa
Rica.
n: 3024 mulheres
Idade: 18 a 94 anos
Média de idade: 37
anos
Negativa 11,0% 1,0
ASCUS 20,0% 2,03 (1,59-2,59)
LSIL 73,0% 21,81(15,17-31,36)
HSIL 89,0% 64,12 (36,03-114,35)
Ca inv. 88,0% 60,72 (21,14-174,37)
Molano et al., 2002
(PCR)
Estudo caso-
controle,
Bogotá/Colômbia
n: 1995 mulheres
Idade: 13 a 85 anos
Negativa 14,9% 1,0
ASCUS 9,1% 2,03 (0,3-2,1)
LSIL 55,7% 7,4 (4,5-12,3)
HSIL/Ca inv. 80,0% 31,2 (6,4-150,7)
Anschau et al., 2004
(PCR)
Estudo transversal
Rio Grande do Sul
n: 142 mulheres
Idade: 18 a 76 anos
Média de idade: 37
anos
Negativa 10,0% 1,0
LSIL 40,0% 7,43 (1,87-29,52)
HSIL 83,0% 42,25 (13,55-131,71)
Ca inv.. 82,0% 39,00 (9,87-154,10)
Sijvarner et al., 2006
(PCR)
Estudo caso-controle
Ushuaia/Argentina
n: 132 mulheres
Idade: 14 a 47 anos
Média de idade: 31
anos
Negativa 26,0% 1,0
LSIL 71,0% 6,68 (2,76-16,07)
HSIL 71,8% 6,96 (1,26-38,37)
Ca inv. 100,0% -
ASCUS/AGUS: células atípicas escamosas/glandulares de significado indeterminado; LSIL: lesão intra-epitelial debaixo
grau;/HSIL: lesão intra-epitelial de alto grau; Ca inv.: câncer invasor.
11
Quadro 2.2 Descrição de estudos de prevalência de HPV oncogênico,
segundo anormalidades citológicas.
Referência
(Método)
Delineamento
do estudo
Método
Características
da amostra
Citologia ou histologia
Prevalência de HPV
OR (IC95%)
Giuliano et al., 1999
(CH)
Estudo transversal
Arizona/EUA
n: 971 mulheres
Idade: 18-47 anos
Média de idade:
27,8 anos
Negativa 10,1% 1,0
ASCUS: 30,4% 3,89 (1,56-9,71)
LSIL 69,6% 20,35 (8,16-50,75)
HSIL 92,9% 115,73 (14,98-894,82)
Molano et al., 2002
(PCR)
Estudo caso-
controle
Bogotá/Colômbia
n: 1995 mulheres
Idade: 13 a 85 anos
Negativa 11,4% 1,0
ASCUS/AGUS 4,6% 0,37
LSIL 47,1% 6, 94 (4,25-11,34)
HSIL/Ca inv. 70,0% 8,17 (4,66-70,79)
Oh et al., 2001
(PCR)
Estudo transversal
Coréia
1305 mulheres
Idade: 23 a 72 anos.
Negativa 0,7% 1,0
ASCUS 10,5% 16,60 (6,23-44,22)
LSIL 25,0% 47,33 (15,72-142,54)
HSIL 78,8% 527,43 (178-1563)
Ca inv. 100,0% _
Sijvarner et al., 2006
(PCR)
Estudo caso-
controle
Ushuaia/Argentina
n: 132 mulheres
Idade: 14 a 47 anos
Média de idade: 31
anos
Negativa 16,0% 1,0
LSIL 59,0% 4,74 (2,06-10,90)
HSIL 57,0% 6,9524 (1,40-34,52)
Ca inv. 100,0% -
ASCUS/AGUS: células atípicas escamosas/glandulares de significado indeterminado; LSIL: lesão intra-epitelial debaixo
grau;/HSIL: lesão intra-epitelial de alto grau; Ca inv.: câncer.invasor.
2.2 PRINCIPAIS CO-FATORES DE RISCO PARA CÂNCER E
LESÕES PRECURSORAS EM CÉRVICE UTERINA
Apesar do consenso de que a infecção por tipos de HPV oncogênicos
seja necessária para o surgimento de câncer cervical uterino, acredita-se que
outros fatores (co-fatores), de natureza exógena ou endógena associados ao
HPV, contribuam para o desfecho maligno (SCHIFFMAN et al. 1993;
CATELLSAGUÉ & MUNOZ, 2003; WACHOLDER, 2003). Dentre esses, além
dos relacionados ao próprio vírus e ao hospedeiro, incluem-se aqueles
denominados ambientais, como tabagismo, uso de contraceptivos orais e
presença de outra DST.
Quanto às variáveis que refletem o comportamento sexual e inicialmente
foram relacionadas ao câncer de colo uterino, se esclareceu a relação dessa
enfermidade com o número de parceiros sexuais; a influência da idade do
primeiro intercurso sexual, entretanto, ainda necessita de melhor interpretação
(BOSCH, 2002).
12
Em seguida serão, brevemente, descritos os co-fatores com maior
freqüência associados ao câncer cervical, na literatura especializada.
2.2.1 Multiplicidade de parceiros sexuais
O maior número de parceiros sexuais está, diretamente, relacionado ao
risco de aquisição de HPV e, por conseguinte, ao de desenvolver câncer
cervical (SCHIFFMAN & BRINTON, 1995; SCHIFFMAN et al., 1996;
TORTOLERO-LUNA, 1999). DeVet e Sturmans, em 1994, em estudo caso-
controle, na Holanda, encontraram um aumento de 11,5 vezes (IC95%: 6,6-
20,2) no risco de desenvolvimento de câncer cervical (comprovado por
histologia) entre as mulheres que referiram contato sexual com mais de seis
parceiros até a data do exame.
Admite-se, entretanto, que o comportamento sexual dos parceiros,
também se reveste de singular relevância no desenvolvimento de câncer e
lesões precursoras, sendo o risco proporcional ao número de parceiras sexuais
do companheiro. Buckley et al. (1981) identificaram risco 7,8 vezes maior de
HSIL e carcinoma invasor nas mulheres cujos companheiros referiram contato
sexual com mais de 15 mulheres durante a vida. Para as participantes do
estudo de Bosch et al. (1996) a chance de SIL foi diretamente proporcional ao
número de parceiras sexuais, durante a vida, do companheiro, chegando a 8,3
para aquelas em que o parceiro referiu contato sexual com mais de vinte
mulheres.
2.2.2 Iníciação sexual precoce
A associação da precocidade na iniciação da atividade sexual com o
desenvolvimento de câncer rvico-uterino tem sido demonstrada em vários
trabalhos. Mulheres que se tornam sexualmente ativas antes dos 16 anos têm
um risco pelo menos duas vezes maior de desenvolver câncer cervical que
aquelas que se iniciam após os 20 anos (SCHIFFMAN et al., 1996). Estudo
caso-controle, realizado na Índia, com mulheres de 25 a 70 anos, em
tratamento radioterápico para câncer de cérvice uterina, evidenciou risco de
câncer cervical 3,5 (IC95%:1,5-19,5) vezes maior nas mulheres com primeira
13
relação sexual abaixo dos 12 anos, quando comparada ao grupo cuja idade no
primeiro coito era maior ou igual a 18 anos (BISWAS et al., 1997).
A explicação pode ser encontrada na oportunidade em se relacionar com
um maior número de parceiros e se expor a ltiplas infecções pelo HPV
(Hunter et al., 1995). Para alguns autores, a exposição do epitélio cervical,
ainda imaturo, a carcinógenos como o HPV, favoreceria a transformação desse
epitélio, com o aparecimento de metaplasia escamosa e elevada atividade
mitótica (SHEW et al., 1994; FOCCHI & DORES, 1999).
2.2.3 Tabagismo
Dentre os co-fatores que, associados ao HPV, são correlacionados à
carcinogênese de cérvice uterina, o tabagismo é, possivelmente, o de maior
relevância. Vários autores vêm demonstrando significativa associação entre o
câncer de colo uterino e o fumo (WINKELSTEIN JR., 1990, THUN et al., 2000,
HILDESHEIM et al., 2001; ACLADIOUS et al., 2002; WHO, 2006).
Pesquisadores analisando o muco cervical de fumantes com neoplasia
de cérvice uterina, detectaram nicotina e cotinina (o principal metabólito da
nicotina), substâncias que tanto poderiam influenciar diretamente na
carcinogênese como atuar sobre as células de Langerhans, comprometendo a
resposta imunitária local, facilitando a persistência da infecção por HPV e
evolução maligna (MAC ARDLE & MULLER, 1986; SCHIFFMAN et al., 1987;
BARTON et al., 1988; HELBERG et al., 1988; MONTES-VIZUET et al., 1998;
SZAREWSKI, 2001; GIULIANO et al., 2002).
Além da exposição às substâncias do fumo, a idade de início, o tempo
de uso e a quantidade de cigarros consumidos, parecem exercer influência na
incidência de câncer e lesões precursoras em cérvice uterina (GRAM,1992;
KJELBERG et al., 2000; HAVERKOS, 2000).
Os resultados de Kjelberg et al. (2000), em mulheres suecas, apontam o
tabagismo, atual ou pregresso, como o principal fator de risco ambiental para o
desenvolvimento de HSIL, demonstrando claramente um efeito dose-resposta,
ao estimarem que a chance de desenvolver HSIL aumenta 5,8 (IC95%: 1,7-
19,4) vezes para as mulheres que consomem 15 ou mais cigarros por dia,
controlado o efeito da infecção por HPV.
14
Análise multicêntrica, de 10 estudos caso-controle (oito com carcinoma
invasor e dois com carcinoma in situ), englobando quatro continentes, detectou
que mulheres tabagistas apresentaram chance 2,17 vezes (IC95%: 1,46-3,22)
maior de apresentar câncer cervical que as o fumantes (PLUMMER et al.,
2003).
2.2.4 Uso de contraceptivos hormonais
Os contraceptivos hormonais parecem exercer influência no
desenvolvimento de câncer em cérvice uterina, aumentando a atividade
transformadora dos oncogenes do HPV e interferindo na resolução de lesões
causadas por esses vírus. rios estudos vêm sugerindo diversos mecanismos
para explicar a interação entre hormônios esteróides e oncogênese pelo HPV,
dentre eles:
Trabalho realizado por Monsonego et al. (1991) detectou, nos núcleos
de fibroblastos do estroma, situados abaixo do epitélio displásico (em amostras
de cérvice uterina com diagnóstico histopatológico de SIL), altos níveis de
receptores hormonais, especialmente, receptores de progesterona, o que
sugere a possibilidade de que esse hormônio possa in vivo, atuar,
indiretamente, em células epiteliais infectadas pelo HPV.
Acredita-se que receptores de glicocorticóides sejam capazes de ligar-se
a upstream regulatory region [(URR) região regulatória superior] de vários HPV,
aumentando o nível de expressão dos genes virais E6 e E7, relacionados à
atividade oncogênica (CHAN et al., 1989; DUENSING et al., 2000).
Sugere-se que hormônios esteróides, particularmente a progesterona,
sejam capazes de inibir não só os genes de transativação da transcrição
mediados por p53, mecanismo envolvido na interrupção do ciclo celular e
apoptose, mas também a resposta imune inibindo a expressão de HLA das
classes I e II (BARTHOLOMEW et al., 1997; VON KNEBEL DOBERITZ et al.,
1997).
Os resultados de estudo multicêntrico, realizado por Moreno et al.
(2002), concluíram que houve aumento do risco de câncer cervical uterino nas
mulheres que consumiram contraceptivos orais, por cinco a nove anos
[OR:2,82 (IC95%:1,46-5,42)], e que esse risco se elevou quando o tempo de
utilização foi de 10 ou mais anos [OR:4,03 (IC95%:2,09-8,02), em comparação
15
com as mulheres que nunca haviam utilizado esse método de contracepção.
Por outro lado, Kjelberg et al. (2000) detectaram associação entre HSIL e
utilização de anticoncepcionais orais por período maior que cinco anos,
somente em análise univariada [OR:2,9 (IC95%:1,5-5,9)] com perda dessa
associação, após ajustamento para presença de HPV. Por fim, autores que
restringem a participação dos anticoncepcionais orais a uma maior
possibilidade de atividade sexual e, como conseqüência, um maior risco de
exposição ao HPV (HAWKINS, 1999; CANELLA & RODRIGUES, 2002).
2.2.5 Número de gestações
Acredita-se que o número de gestações influencie no desenvolvimento
de alterações neoplasicas em colo uterino em conseqüência da depleção da
imunidade celular (PURTILLO, 1972) ou pela manutenção, por maior tempo, da
zona de transformação na exocérvice ou ainda pela ação da progesterona
(PURTILLO, 1972; ZUR HAUSEN, 1991; MITTAL et al., 1993). Munoz et al.,
2002, em estudo multicêntrico, conduzido pelo IARC, incluindo 2055 mulheres,
todas infectadas por HPV, detectaram que mulheres com sete ou mais
gestações a termo apresentaram chance 3,8 vezes maior (IC95%:2,7-5,5) para
câncer cervical em comparação com as nulíparas, e que o risco para essas
mulheres persistia, embora diminuído [OR:2,3 (IC95%:1,6-3,2)], quando
comparadas àquelas com histórico de uma a duas gestações a termo. Alguns
autores, no entanto, justificam a razão direta entre multiparidade e câncer
cervical com base no risco de trauma cervical durante o parto transpélvico.
Temmerman et al. (1999) atribuíram maior risco de carcinoma invasor para
mulheres com histórico de sete ou mais partos por via vaginal.
2.2.6 Outras DST
Infecção do trato genital inferior é um fator de risco para anormalidades
citológicas em cérvice uterina (HAWKINS, 1999) e alguns autores vêm
reforçando a importância da Chlamydia trachomatis (C.trachomatis) como
coadjuvante ao HPV de alto risco, no desenvolvimento do câncer de colo do
útero (GONZÁLEZ-SÁNCHEZ et al., 1995; LEHMANN et al., 1999). Trata-se do
agente mais freqüente entre as DST não determinadas por vírus (CARVALHO
16
& SANTOS, 1996; PUOLAKKAINEN et al., 1998), estimando-se contribuir com
mais de 90 milhões de casos novos por ano, no mundo (SEADI et al., 2002).
Em mulheres, a infecção genital por C. trachomatis é assintomática em até
70% a 80% das vezes (SEADI et al., 2002; MOLANO et al., 2005), motivo pelo
qual o CDC recomenda triagem para esse agente em todas as mulheres
sexualmente ativas com evidência de cervicite mucopurulenta e em todas as de
idade inferior a 20 anos. O CDC também sugere que sejam rastreadas as
mulheres com idade entre 20 e 23 anos que não utilizam preservativos,
regularmente, assim como as que tenham, nos últimos 30 dias, se relacionado
com novo parceiro; e, como alternativa, rastreamento de todas as mulheres
com idade inferior a 30 anos, atendidas em clínica de planejamento familiar
(HOWELL et al., 1998). Estudo multicêntrico com participantes de sete países,
detectou maior risco [OR:1,8 (IC95%: 1,2-2,7)] de carcinoma invasor nas
mulheres soropositivas para C. trachomatis, com aumento do risco quanto mais
elevado o título de anticorpos (SMITH et al., 2004).
2.2.7 Outros co-fatores
Outras variáveis, dentre elas o comprometimento da imunidade celular,
vêm sendo documentadas como co-fatores no desenvolvimento de câncer de
cérvice uterino. Assim, estudos demonstram que não as infectadas pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV), mas também as imunodeprimidas por
outras causas, como as que receberam transplantes de órgãos, apresentam
mais chances de desenvolver câncer cervical e lesões precursoras (ALLOUB et
al., 1989; DUERR et al., 2001). Grinsztejn (2001) em estudo realizado no Rio
de Janeiro, com mulheres infectadas pelo HIV, detectou prevalência de HPV
em 51,2% e taxa de anormalidades citológicas em 17,8% das participantes.
Pinto et al. (2002) sugerem que o aumento da expressão de genes do HPV em
mulheres infectadas pelo HIV pode ser conseqüência de interações entre a
proteína transativadora do HIV-1 (tat 1) na região promotora de HPV 16 (p97),
revertendo a repressão de E2, além de que, tem sido demonstrado que a
proteína tat 1 do HIV é capaz de inibir a proliferação de células T in vivo.
Renda familiar, escolaridade e ocupação (variáveis que permitem
estimar a condição sócio-econômica da população) também vêm sendo
associadas ao aumento no risco de desenvolvimento de câncer de cérvice
17
uterina (RODRÍGUEZ-SALVÁ et al., 1999; HAVERKOS, 2000; INCA, 2002),
sendo fatores associados com a não realização de rastreio para câncer cervical
(OLIVEIRA, M. M. H. N et al. 2006). Em estudo de meta-análise, baseado em
57 trabalhos, Parikh et al. (2003) encontraram um aumento no risco de
aproximadamente 100% no desenvolvimento de câncer cervical nas mulheres
pertencentes às classes sócio-econômicas menos favorecidas quando
comparadas com as de classe social alta.
2.3 ANORMALIDADES CITOLÓGICAS EM CÉRVICE UTERINA
Segundo estatísticas norte-americanas, estima-se em 7% o percentual
de colpocitologias oncóticas alteradas, para as quais se faz necessária
avaliação adicional, por meio de nova colpocitologia ou de colposcopia (JONES
& DAVEY, 2000).
As principais anormalidades citológicas, serão abordadas, utilizando-se
a nomenclatura baseada na classificação que ficou conhecida com o nome de
Sistema de Bethesda,1988 (NATIONAL CANCER INSTITUTE, 1989).
2.3.1 Atipias de significado indeterminado (AUS)
Na classificação de Bethesda surgiu a categoria denominada AUS, que
inclui um grupo de anormalidades citológicas que abrangem o achado, à
citologia, de alterações indefinidas ou limítrofes entre o processo reacional e o
neoplásico, ou seja, não preenchendo os critérios para SIL, também não
podem ser descritas como alterações benignas (reativas e/ou reparativas).
Dependendo do epitélio acometido, a categoria AUS, recebeu a denominação
de alterações celulares escamosas de significado indeterminado (ASCUS) e de
alterações celulares glandulares de significado indeterminado (AGUS)
(NATIONAL CANCER INSTITUTE, 1989).
2.3.1.1 ASCUS
As características citopatológicas dessa categoria são: células
escamosas cujos núcleos estejam aumentados entre 2,5 e 3 vezes, em relação
ao de uma célula normal da camada intermediária, em presença de citoplasma
18
maduro; aumento discreto da relação núcleo-citoplasma; cromatina com padrão
de distribuição regular, sem granulosidades e ausência de hipercromasia
significativa; envelope nuclear regular e fino; também podem ser observadas
alterações na forma e no tamanho do núcleo com binucleação (KURMAN &
SOLOMON, 1994).
ASCUS é a mais freqüente anormalidade citológica epitelial detectada
pela colpocitologia oncótica, representando cerca de 5% dos laudos
citopatológicos em populações de baixo risco e 2/3 dos diagnósticos citológicos
alterados (KURMAN et al., 1994; GERBER et al., 2001). Em populações
consideradas de alto risco o percentual pode ser maior, mas não deve exceder,
em duas a três vezes, o diagnóstico de SIL. O termo deve ser reservado
somente para as alterações celulares que escapam de um diagnóstico
definitivo, entretanto, variados estudos demonstram que reproduzir o
diagnóstico de ASCUS, não é tarefa simples, pois uma considerável
porcentagem poderia ser re-classificada, por outros observadores (e apelos
mesmos microscopistas) como alterações celulares benignas (SHERMAN &
KURMAN 1997
; HENRY, 1997; PEDROSA et al., 2003) e que,
aproximadamente, 20 a 30% desses resultados, na verdade correspondem à
SIL, sendo que em torno de 5 a 10% das vezes, o diagnóstico é de HSIL (LIAW
et al., 1999; DAVEY et al., 2000).
Em 2001, em revisão da Classificação de Bethesda, foi recomendada a
qualificação de ASC-US (células escamosas atípicas de significado
indeterminado) e ASC-H (células escamosas atípicas de significado
indeterminado, não se podendo excluir HSIL) (NATIONAL CANCER
INSTITUTE, 2001).
Estima-se que dentre as mulheres com diagnóstico de ASC-US, cerca
de 5% a 17% apresentem, na verdade, HSIL e que em 0,1% a 0,2% o
diagnóstico seja de câncer invasor. nas mulheres com diagnóstico de ASC-
H, em 24 a 94% das vezes detecta-se HSIL (NOMENCLATURA..., 2006).
Quanto à evolução dessas anormalidades, Melnikow et al. (1998), em
meta-análise, envolvendo 15 estudos, detectaram que em 24 meses a
progressão para HSIL e câncer invasor foi de 7,13% (IC95%: 0,8-13,5) e
0,025% (IC95%: 0-2,25). A taxa de regressão de ASCUS para citologia
negativa foi de 68,19% (IC95%:57,51-78,86).
19
Trabalho publicado por Schlecht et al. (2004), envolvendo 2404
mulheres infectadas por HPV oncogênico, de 18 a 60 anos, em São Paulo,
demonstrou que o tempo médio de progressão de ASCUS para lesão intra-
epitelial de baixo grau (LSIL) ou para lesão de maior grau, foi de 67 meses.
2.3.1.2 AGUS
A freqüência de AGUS, bom parâmetro para aferir a qualidade dos
laudos de qualquer laboratório, é estimada entre 0,2% a 0,7%, não devendo
ultrapassar 1%, entretanto, em 9% a 54% das vezes esse achado pode
representar HSIL, em até 8% adenocarcinoma in situ, e de 1 a 9%
adenocarcinoma invasor, o que justifica o encaminhamento imediato para
colposcopia, de todos os casos com esse diagnóstico (KENNEDY et al., 1996;
BURJA et al., 1999; LEE et al., 1995; KIM et al., 1999; KAFERLE & MALOUIN,
2001; HECHT et al., 2002; BRASIL, 2006a).
2.3.2 SIL
2.3.2.1 LSIL
O termo foi introduzido em 1988, albergando, nessa categoria, as
neoplasias intra-epiteliais grau I (NIC I) e as alterações citológicas sugestivas
de infecção pelo HPV.
As LSIL caracterizam-se por alterações de diferenciação celular (mitoses
e células imaturas), limitadas ao terço inferior do epitélio de revestimento da
cérvice, e pelos critérios citológicos que possibilitam o diagnóstico de infecção
pelo HPV (coilocitose, disceratose e binucleação) (CASTRO, 2001;
GOODMANN, 2007).
As células coilocitóticas, características da infecção por HPV são células
superficiais ou intermediárias, aumentadas ou não de volume, com área de
clareamento citoplasmático perinuclear, irregular e de tamanho variável, sendo
o restante do citoplasma denso e bem delimitado, geralmente cianofílico; o
núcleo é grande e hipercromático, bi ou multinucleado (ALMEIDA FILHO et al.,
1995; SOUZA, 2001; GOODMANN, 2007).
Correspondem à cerca de 2 a 3% dos diagnósticos citopatológicos e sua
20
prevalência está relacionada com a idade e número de parceiros sexuais da
população em estudo (SCHIFFMAN & SOLOMON, 2003). Estima-se,
entretanto, que cerca de 15% a 30% das mulheres com resultado citológico de
LSIL, apresentem, na verdade, uma lesão de alto grau [DAVEY et al., 2000;
WRIGHT, 2003; AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND
GYNECOLOGISTS (ACOG), 2005] se submetidas à biopsia e histopatologia.
Percentual mais elevado foi encontrado por Lapin et al. (2000), em Campinas
(SP), que diagnosticaram HSIL em 46,7% das pacientes encaminhadas para
avaliação colposcópica e histológica por apresentarem colpocitologia com
resultado de LSIL.
Estudo de revisão, incluindo 4.504 mulheres, detectou regressão
espontânea das LSIL em 57% dos casos, e progressão para HSIL em 10 %
(ÖSTOR, 1993). O percentual de progressão, em 24 meses, em estudo de
metanálise, foi de 20,81% (IC95%:6,08-35,55) para HSIL e de 0,15% (IC95%:0-
0,71) para câncer invasor. Por outro lado, a regressão de LSIL para
colpocitologia negativa, no mesmo espaço de tempo, foi 47,39% (35,92-58,86)
(MELNIKOW et al. 1998).
Schlecht et al. (2004), em São Paulo, estudando 2404 mulheres
infectadas por HPV oncogênico, com idade de 18 a 60 anos, verificaram que a
progressão de LSIL para HSIL ou para lesão mais grave ocorreu no tempo
médio de 73,3 meses.
2.3.2.2 HSIL
Essa denominação abrange as neoplasias intra-epiteliais grau II (NIC II)
e grau III (NIC III), as verdadeiras lesões precursoras do câncer de cérvice
uterina (GERBER et al., 2001).
Esse diagnóstico compreende cerca de 0,6 a 2% dos resultados
citopatológicos (SCHIFFMAN & SOLOMON, 2003; GONTIJO, 2005;
SYRJANEM, 2005) sendo que em 70% a 75% das vezes, correspondência
histológica, e em 1% a 2% se detecta lesão mais avançada (ACOG, 2005).
Estima-se que cerca de 40% das HSIL não tratadas evoluirão para
câncer invasor em um período médio de 10 anos (SAWAYA et al., 2001). Para
o INCA (NCI, 2000) 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer
invasor no primeiro ano, após o diagnóstico, enquanto que 30 a 70% (se não
21
tratados) evoluirão após 10 a 12 anos. No estudo de Melnikow et al. (1998), o
percentual de progressão de HSIL para câncer invasor foi de 1,44% (IC95%:
0%-3,95%), em dois anos.
2.3.3 Câncer de cérvice uterina
A história natural do câncer cervical é lenta e precedida por lesões
precursoras, tornando-o passível de detecção e tratamento precoces. A origem
da maior parte dos cânceres ocorre em células escamosas (epidermóide),
representando cerca de 80% dos casos de câncer em cérvice uterina, e
somente 10 a 15% em células cilíndricas, constituindo os adenocarcinomas
que correspondem ao carcinoma do epitélio glandular e tem pior prognóstico
que o anterior, por apresentar maior tendência a metástases. Os outros 5%
são representados por uma miscelânea de tumores menos freqüentemente
diagnosticados (VALER et al., 2005; GODMAN, 2007).
O câncer de cérvice uterina se desenvolve, na grande maioria das
vezes, na chamada zona de transformação, área que se situa entre os epitélios
estratificado e glandular. O primeiro reveste, em condições ideais, a área do
colo uterino visível no fundo da vagina (portio), com função de proteção
mecânica (pela estratificação celular) e biológica (o glicogênio produzido por
essas células maduras, transforma-se em ácido láctico, sob ação dos bacilos
de Döderlain, mantendo a acidez do meio). O segundo reveste o canal cervical,
a partir do orifício externo, no limite com o epitélio escamoso, até o orifício
interno, na junção com o endométrio; esse epitélio forma criptas glandulares,
com secreção de mucina, que origina o muco, protetor da cavidade uterina
(KOSS, 1988; MARTINS et al., 1999). A localização da junção escamo-colunar
(JEC) pode se alterar, principalmente sob influência hormonal. A JEC, sob ação
de estrógenos e de progestágenos, como pode ser observado na gestação ou
com o uso de anticoncepcionais orais, pode se localizar fora do orifício externo
do colo, com exposição do epitélio cilíndrico às agressões do intercurso sexual,
às agressões químicas da acidez vaginal e às agressões por microorganismos.
A produção de um epitélio epidermóide metaplásico surge como resposta a
essas agressões. Essa metaplasia, de início típica, pode se tornar atípica, com
desenvolvimento das neoplasias (SILVEIRA & PESSINI, 1993; MARTINS et al,
1999, SILVA FILHO et al., 2001).
22
2.4 RASTREAMENTO DE CÂNCER DE CÉRVICE UTERINA
Os programas de controle do câncer de colo uterino, no mundo,
baseiam-se na citologia esfoliativa (SYRJANEN et al., 2005), que apesar de ser
uma das estratégias mais bem sucedidas na prevenção desse tipo de câncer,
apresenta limitações relacionadas, principalmente, a sua baixa sensibilidade.
Tal fato vem proporcionando discussões sobre a utilização de testes
moleculares para identificação do DNA de HPV, no rastreio de câncer cervical
e lesões precursoras (SOLOMON et al., 2001; PEREIRA et al., 2005).
2.4.1 Colpocitologia oncótica
O estudo citológico de amostras obtidas do colo do útero (Quadro 2.3).
foi proposto por Papanicolaou e Traut, em 1941, definindo-se a primeira
classificação com esse fim. Um dos problemas, entretanto, era a falta de
correspondência com os achados histológicos, cujas descrições iniciais eram
displasia leve, displasia moderada, displasia grave, carcinoma in situ e
carcinoma invasor (REAGAN et al., 1953). Nova classificação (RICHART,
1973) foi proposta: NIC I, correspondente à displasia leve; NIC II,
correspondente à displasia moderada; NIC III, correspondente à displasia grave
e ao carcinoma in situ. Em 1988 surgiu a classificação que ficou conhecida com
o nome de Sistema de Bethesda, fruto da necessidade, não de
padronização da nomenclatura das citologias rvico-vaginais, como também
de se praticar uma medicina defensiva, devido questões judiciais, por conta de
resultados falso-negativos à citologia (NATIONAL CANCER INSTITUTE, 1989).
A colpocitologia baseia-se na coleta de lulas esfoliadas da cérvice
uterina que, após coloração, são examinadas ao microscópio. Dessa forma, é
possível detectar células anormais e intervir precocemente (CRONJÉ, 2004).
Realizada uma única vez oferece sensibilidade de até 80%, entretanto, o risco
para alteração grave decresce para aproximadamente 1% quando inserido em
um contexto bem organizado de rastreamento utilizando-se controle de
qualidade (STOLER, 2000). Apesar da efetividade da colpocitologia oncótica,
para redução da morbi-mortalidade por câncer estar bem estabelecida, não
pela constatação, em países desenvolvidos, do declínio na incidência e
mortalidade por câncer, como também por meio de estudos caso-controle
23
mostrando o risco aumentado de neoplasia cervical, em mulheres que nunca
realizaram o teste de Papanicolaou (DAY, 1986
; HERRERO, 1992; ELUF-
NETO, 1994), poucas regiões tem conseguido reduzir, consideravelmente, as
taxas de prevalência e incidência de ncer cervical (CRONJÉ, 2004). Em
grande parte da América Latina e do Caribe, o rastreamento do câncer de colo
uterino tem cobertura abaixo de 60% (LEWIS, 2004).
No Brasil, assim como na grande maioria dos países em
desenvolvimento, não se observou queda significativa nas taxas de incidência
e mortalidade do câncer de colo uterino, o que foi atribuído ao fato do exame
não ter sido disponibilizado dentro do contexto de um programa estruturado
que estimulasse a procura e garantisse o tratamento regular, quando
necessário; além do que o se assegurou o acesso ao exame às mulheres
mais susceptíveis. No sistema público de saúde as estatísticas confirmam que
são as mulheres mais jovens as que se submetem ao exame, quando,
paradoxalmente, o câncer de colo uterino tem maior incidência a partir dos 35-
40 anos de idade, aumentando o risco até os 60 anos, quando passa a decair
(RODRIGUÉZ-SALVÁ, 1999; INCA, 2002).
Em 1988, seguindo as recomendações da OMS, o Ministério da Saúde
(MS) criou o Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo Uterino
(PCCU), indicando realização do exame, a cada três anos, para mulheres entre
25 e 60 anos, após dois exames anuais consecutivos negativos. Em 1996, fruto
da parceria entre MS e INCA surgiu o Programa Viva Mulher, intensificando a
coleta nas mulheres situadas na faixa de idade entre 35 e 49 anos, tendo em
vista a proporção de mulheres nunca contempladas pelos programas de
rastreamento (INCA, 2002; IARC, 2004; PINHO, 2002). Atualmente, no Brasil, a
colpocitologia é indicada para mulheres sexualmente ativas ou com idade igual
ou superior a 25 anos, com repetição em um ano no caso da primeira ter
resultado normal, e a partir daí trienal, caso esta também seja normal (IARC,
2004). Sawaya et al. (2000), sustentam a segurança da realização da
colpocitologia a cada três anos. No caso de mulheres imunocomprometidas,
recomenda-se repetição da colpocitologia a cada seis meses ou menos
(GOODMAN, 2007).
24
Quadro 2.3 Equivalência de nomenclatura cito-histológica para laudos
cervicais.
Classificação de
Papanicolaou
(1942)
Classificação de
Reagan
(1952-1973)
Classificação de
Richart
(1967)
Classificação de
Bethesda
(1989)
Classe I Normal Normal Dentro da normalidade
Classe I I
Atípicas Atípicas ASCUS/AGUS
Classe I I I
Displasia leve
Infecção pelo HPV
LSIL
NIC I
Displasia moderada NIC II
HSIL
Classe I V
Displasia acentuada
NIC III
Ca in situ
Classe V Ca invasor Ca invasor Ca invasor
Adaptado de Dewar et al., 1992
NIC: neoplasia intra eptelial cervical; ASCUS/AGUS: células atípicas escamosas/glandulares de significado
indeterminado; LSIL: lesão intra-epitelial debaixo grau;/HSIL: lesão intra-epitelial de alto grau; Ca: câncer.
2.4.2 Colposcopia
É realizada por meio de um instrumento (colposcópio) que consiste em
um conjunto óptico capaz de ampliar a visão do examinador em até 40 vezes,
mantendo a noção de profundidade (GOODMAN, 2007). O exame é
fundamental na identificação de regiões anormais no epitélio do trato genital
inferior, as quais devem ser biopsiadas e encaminhadas a exame
histopatológico. Para localizar essas regiões, utilizam-se substâncias como
ácido acético entre 2% a 5% e o Iodo. O primeiro imprime coloração aceto-
branca ao epitélio comprometido, enquanto que o segundo (teste de Schiller),
aplicado após o ácido acético, colore fracamente ou não colore, a região do
colo uterino que se encontra alterada (CASTRO, 2001).
O exame colposcópico está indicado a todas as mulheres com
colpocitologia de HSIL ou lesão mais grave e, quando evidências
colposcópicas de lesões significativas, deve-se realizar biopsia e histopatologia
de material da área suspeita (CASTRO, 2001). Não consenso, entretanto,
25
no seguimento da população feminina com diagnóstico colpocitológico de LSIL
e ASCUS
.
Gerber et al. (2001), examinando por colposcopia 186 mulheres com
dois resultados citológicos de ASCUS detectaram anormalidades na cérvice
uterina de 51% delas, nas quais o resultado da histopatologia de material
colhido por biopsia dirigida, revelou 21% de ASCUS, 21% de LSIL e 9% de
HSIL.
Veiga et al. (2006), no Rio de Janeiro, em publicação resultante de
estudo abrangendo 215 mulheres que apresentavam diagnóstico de ASCUS
em duas citologias realizadas em intervalo não inferior a seis meses,
verificaram que a probabilidade de se detectar HSIL/câncer foi 12%.
2.4.3 Detecção de HPV
Os métodos para detecção de material genético do HPV são,
essencialmente, de dois tipos: por hibridização direta do DNA viral presente
nos espécimes (Southem blot, hibridização in situ) ou por amplificação dos
genomas virais, que pode ser baseado na amplificação do sinal [Captura
Híbrida (CH)] ou na amplificação do de um segmento do DNA viral (PCR).
A CH consiste na hibridização do DNA viral presente na amostra, por
meio de sondas de RNA que agregam grupos de HPV de alto risco ou de baixo
risco. Após a captura dos híbridos de DNA-RNA por anticorpos monoclonais, a
visualização ocorre pelo método de quimioluminescência (VAN DOORN et al.
2001).
Na técnica de PCR ocorre amplificação de uma seqüência específica do
DNA viral, delimitada por um par de iniciadores (pequenos fragmentos de DNA
de fita simples conhecidos como primers), que podem ser específicos ou
genéricos. Os primeiros possibilitam amplificar só um determinado tipo de HPV,
o que limita sua utilização. Os iniciadores genéricos são os mais usados, por
permitirem a amplificação de uma região bem conservada do gene L1 dos
HPV, comum a muitos tipos de HPV. A tipificação do genótipo do HPV pode ser
pelo sequenciamento direto do produto da PCR, pela utilização de enzimas de
restrição, ou por hibridização do produto da PCR com sondas tipo-específicas,
utilizando métodos como a hibridização reversa (SAIKI et al., 1988; VAN
DOORN et al., 2001; CAVALCANTI & CARESTIATO, 2006).
26
Nomelini et al. (2007), comparando as duas técnicas (PCR e CH II), em
80 mulheres com diagnóstico de ASCUS ou de LSIL, concluíram que a
metodologia baseada em PCR é mais sensível (83,33% versus 66,67%) e tem
maior valor preditivo (100% versus 94,74%), entretanto, necessita de
laboratórios especializados, com espaço adequado e profissionais treinados,
pela possibilidade de contaminação das amostras e conseqüentes resultados
falso-positivos. Os resultados de Novaes et al. (2006) estudando 70 mulheres,
em Brasília, também detectaram maior sensibilidade da técnica de PCR. o
teste de CH II, embora possa, facilmente, ser introduzido em um laboratório,
apresenta a desvantagem de não permitir a identificação do tipo de HPV
presente (CLAVEL et al., 1998; CAÑADAS et al., 2006). Novaes et al. (2006)
estudando por PCR e CH, amostras de 70 mulheres, em Brasília, também
detectaram maior sensibilidade da primeira, entretanto, consideram que os
custos dessas técnicas moleculares ainda são fatores limitantes.
2.5 CONDUTAS MEDIANTE COLPOCITOLOGIA DE ASCUS OU
LSIL
A conduta frente ao diagnóstico de HSIL ou carcinoma invasor encontra-
se bem estabelecida, porém o seguimento de mulheres com ASCUS ou LSIL
ainda é motivo de controvérsia. A repetição da colpocitologia, após quatro a
seis meses, apresenta sensibilidade de 70%, uma vez que deixará de
identificar cerca de 30% de lesões de maior grau; a realização imediata de
colposcopia, representa um custo adicional. Desse modo, a pesquisa de HPV
nas mulheres com ASCUS ou LSIL, visando à identificação das infectadas com
HPV de alto risco, vem sendo levantada como alternativa ao seguimento
citológico e à colposcopia imediata, para caracterizar o grupo de mulheres com
maior risco de desenvolver HSIL ou câncer (COX et al., 1995; SOLOMON et
al., 2001; SCHIFFMAN & SOLOMON, 2003; SANTOS et al., 2004)
. A
associação da citologia à biologia molecular pode elevar a sensibilidade e o
valor preditivo negativo para cerca de 100% (SANTOS et al., 2003;
WACHOLER, 2003; ARBYN et al., 2004
; TROTTIER & FRANCO, 2006a).
A triagem baseada no teste de HPV resultaria em referenciar cerca de
30% das pacientes para colposcopia, e aparenta ser uma alternativa sensível e
custo-efetiva, conforme vem demonstrando vários autores:
27
Solomon et al. (2001), acompanhando mulheres com ASCUS ou com
LSIL, observaram que a utilização de um teste de CH para HPV seria uma
opção viável para o manejo de mulheres com ASCUS, aumentando a
sensibilidade para detectar HSIL ou lesão maior, e uma especificidade
comparável à utilização de um teste citológico único, indicando ASCUS ou
alteração maior.
Manos et al. (1999), identificaram em mulheres com citologia cervical de
ASCUS, encaminhadas à colposcopia e biopsia, por meio de CH para tipos de
HPV oncogênicos, que entre as que apresentaram diagnóstico histopatológico
de HSIL ou de câncer, 89,2% estavam infectadas por HPV. Esses
pesquisadores concluíram que a realização de pesquisa de HPV e
encaminhamento imediato das mulheres com resultado positivo para
colposcopia (e somente repetição do teste de Papanicolaou, para aquelas com
HPV negativo), forneceria uma sensibilidade de 96,9%.
Shlay et al. (2000), em pesquisa com mulheres referenciadas para
colposcopia por atipias (ASCUS ou AGUS) em esfregaços cervicais, utilizando
captura híbrida, observaram que HPV de alto risco estava presente em 93%
daquelas em que a histopatologia diagnosticou HSIL.
Pereira et al. (2005), em biopsias de 17 mulheres com citologia de
ASCUS, diagnosticaram HSIL em nove, das quais oito eram positivas para
HPV de risco, por CH II.
Sherman et al. (2003) acompanhando por 10 anos uma coorte de 20.810
mulheres concluíram que, colpocitologia oncótica e pesquisa de HPV negativas
são associadas a baixo risco de desenvolvimento de SIL nos 45 meses
subseqüentes, garantindo, desse modo um aumento no intervalo para outro
rastreamento, enquanto que os resultados positivos identificam um pequeno
subgrupo que necessitará de vigilância com maior freqüência.
28
3 JUSTIFICATIVA
Muito embora a relação causal entre o câncer de cérvice uterina e a
infecção por HPV esteja estabelecida, dúvidas ainda persistem quanto à
possibilidade de outros fatores influenciarem o desenvolvimento de câncer
cervical, assim como no manejo de mulheres com anormalidades cervicais
menores, tais como ASCUS e LSIL. Desse modo, são pertinentes estudos que
demonstrem não as taxas de infecção por HPV, os tipos prevalentes e a
presença de multi-infecção, mas também o percentual de anormalidades
citológicas em colo uterino e o perfil da população quanto à exposição à co-
fatores relacionados como de maior risco para evolução maligna em rvice
uterina. Não são freqüentes, na Região Norte do Brasil, estudos
epidemiológicos que enfoquem a associação entre HPV e neoplasia maligna.
Mais raras, ainda, são pesquisas utilizando técnicas modernas de biologia
molecular, capazes de identificar um amplo espectro de tipos do HPV em
mulheres submetidas a rastreamento para câncer cervical, possibilitando,
desse modo, a correlação da infecção por HPV e por tipos oncogênicos do
HPV, com as diversas categorias diagnosticadas na colpocitologia oncótica.
Em extensa revisão de literatura, não se encontrou trabalho similar na área
geográfica onde esta pesquisa se desenvolveu.
Considerando as altas taxas de câncer cervical uterino e a magnitude
desse agravo, especialmente em países em desenvolvimento, dentre os quais
o Brasil, a relevância do estudo em questão se baseia na contribuição para o
conhecimento do perfil da infecção por HPV em mulheres de 30 a 45 anos
(faixa etária de risco para o desenvolvimento de ncer e de lesões
precursoras), da Região Norte brasileira, assim como das características
epidemiológicas da população estudada. Acredita-se que os resultados aqui
apresentados possam vir a contribuir na implementação de condutas visando o
controle do câncer de colo uterino no território brasileiro.
29
4 OBJETIVOS
GERAL
Verificar a prevalência de HPV e de co-fatores (sócio-demográficos,
comportamentais, reprodutivos, semiológicos e infecciosos) e suas
correlações com o resultado da colpocitologia oncótica, em mulheres
de 30 a 45 anos, submetidas a rastreamento para câncer cervical, na
Unidade Materno-Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde da Universidade do Estado do Pará (UMI-CCBS-UEPA), em
Belém, Pará, Brasil.
ESPECÍFICOS
Determinar a freqüência de anormalidades citológicas (ASCUS,
AGUS, LSIL, HSIL, carcinoma invasor, e adenocarcinoma in situ),
em cérvice uterina.
Verificar a prevalência da infecção cervical por HPV e por HPV
oncogênico, correlacionando-a com o resultado da colpocitologia
oncótica.
Registar a prevalência de cada tipo de HPV detectado, de acordo
com o resultado da colpocitologia oncótica.
Detectar a prevalência de infecção simultânea por diferentes tipos
de HPV, de acordo com o resultado da colpocitologia oncótica.
Correlacionar a presença de HPV 16 e de infecção simultânea por
mais de um tipo de HPV, com o resultado da colpocitologia
oncótica.
Verificar a prevalência de fatores cio-demográficos,
comportamentais, reprodutivas, semiológicos e infecciosos, de
acordo com o resultado da colpocitologia oncótica.
Detectar a prevalência de C.trachomatis em um subgrupo de
mulheres, segundo resultado da colpocitologia oncótica e da
pesquisa de HPV.
30
5 SUJEITOS E MÉTODOS
5.1 SUJEITOS
Realizou-se um estudo transversal que teve como ponto de partida um
estudo prospectivo e longitudinal [“Diagnóstico Molecular do Papilomavirus
humano na Triagem do Câncer do Colo Uterino”, apoio PADCT (Programa de
Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), investigadora principal
Luisa Lina Villa], que visava avaliar a utilização de um teste molecular de
detecção e tipagem de HPV na triagem do câncer cervical, em mulheres com
ASCUS e LSIL, atendidas na UMI-CCBS-UEPA. Esta unidade é uma das
referências para prevenção de câncer uterino, atendendo a demanda dos
diversos bairros de Belém, e até de municípios vizinhos. Situa-se à Avenida
Almirante Barroso, no bairro do Marco, em Belém, Pará.
Participaram do estudo 1021 mulheres (Figura 5.1) que, no período de
11 de setembro de 2000 a 02 de janeiro de 2003, procuraram a UMI-CCBS
para realização do exame preventivo do câncer de colo uterino. Após
explicação sobre os objetivos do estudo, as que desejaram participar,
assinaram Termo de Consentimento s-Informado (ANEXO A), e
responderam ao questionário padrão (ANEXO B).
Como critérios para inclusão no estudo foram exigidos:
Idade: de 30 a 45 anos.
Procura espontânea pelo exame colpocitológico.
Não estar gestante.
Presença de colo uterino.
Uma vez que o projeto inicial visava rastrear alterações citológicas
categorizadas como ASCUS e LSIL, para identificar, por meio de biologia
molecular, as infectadas com HPV oncogênicos e direcioná-las para
colposcopia e biopsia, elegeu-se a faixa de idade de 30 a 45 anos, com base
em estudos que demonstram que o rastreamento de mulheres muito jovens
não provoca impacto na redução do câncer de colo uterino (PINHO & FRANÇA
JÚNIOR, 2003), pois as alterações precursoras não predominam nesse grupo.
Após anamnese, as pacientes foram submetidas, em posição
ginecológica, à inspeção dos órgãos genitais externos e ao exame especular.
31
Estas etapas foram precedidas de breve explicação sobre o procedimento. Em
seguida, por meio de escova apropriada (citobrush), foi coletado material da
cérvice uterina realizando-se esfregaço celular em lâmina única de vidro, o qual
foi fixado em álcool e encaminhado para o Laboratório Central de Saúde
Pública (LACEN) da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA), onde se
realizou o exame citológico cujo laudo foi emitido de acordo com a classificação
de Bethesda de 1988 (NCI, 1989) para esfregaços cervicais.
A colheita com essa “escova”, que lembra a forma de uma “árvore de
natal” em miniatura, permite que com movimentos rotatórios se obtenham
células tanto da endo como da ectocérvice. Após a realização do esfregaço
celular, a escova coletora foi mergulhada em solução salina tamponada (PBS),
e o material dela resultante foi conservado a -70
o
C para posterior pesquisa de
HPV.
A extração do DNA das amostras ocorreu no Laboratório de
Papilomavirus do Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém-PA; a pesquisa e
tipificação do HPV no Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o câncer (ILPC), em
São Paulo/SP, e a pesquisa de C. trachomatis no Laboratório de Ginecologia
Molecular da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Foram considerados HPV de risco para o desenvolvimento de câncer e
lesões precursoras em colo uterino, os de tipos: 16, 18, 26, 31, 33, 35, 39, 45,
51, 52, 53, 56, 58, 59, 66, 68, 73 e 82 (TROTTIER et al., 2006).
A designação citologia negativa foi utilizada para aquelas com padrão
citopatológico normal ou com alterações celulares benignas (reativas e/ou
reparativas). O termo citologia alterada foi empregado para indicar padrão
citopatológico com atipias celulares de significado indeterminado em epitélio
escamoso (ASCUS) ou em epitélio glandular (AGUS), lesão intraepitelial
escamosa de baixo grau (efeito citopatológico do HPV, displasia leve/NIC l),
lesão intraepitelial escamosa de alto grau (displasia moderada/NIC II; displasia
severa, carcinoma in situ/ NIC III), carcinoma invasor ou adenocarcinoma in
situ.
O estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do IEC (ANEXO C), com o título de “Diagnóstico Molecular do Papilomavirus
humano na Triagem do Câncer do Colo Uterino”.
As amostras de todas as 1021 participantes foram encaminhadas para o
LACEN e submetidas a exame pela técnica de Papanicolaou, determinando-se
32
a freqüência de anormalidades citológicas. Os espécimes clínicos de 1009
participantes foram também testados (e tipificados) para HPV, com a finalidade
de se determinar a prevalência de HPV, a freqüência de HPV de alto risco
(para o desenvolvimento de câncer cervical) e de infecção por múltiplos tipos
de HPV, correlacionando estes resultados ao resultado da colpocitologia.
Avaliou-se, também, a prevalência de co-fatores para o desenvolvimento de
câncer cervical, tais como idade do primeiro intercurso sexual, número de
parceiros aa data da entrevista, número de gestações, uso de contraceptivo
oral, tabagismo, realização prévia de rastreamento para câncer cervical uterino,
dentre outras.
As amostras de um subgrupo mulheres (350/1009) foram também
testadas para C.trachomatis. Esse grupamento foi composto por participantes
com alterações citológicas (90/350) - a grande maioria com diagnóstico
colpocitológico de ASCUS/AGUS ou LSIL (88/90), uma com HSIL e outra com
adenocarcinoma in situ - (das quais havia material suficiente para realizar a
nova pesquisa) e de 260 mulheres sem anormalidades que responderam à
convocação, por meio de carta, para retorno e acompanhamento, dentro do
estudo longitudinal. Frisa-se, entretanto, que as amostras testadas para este
trabalho foram as iniciais (as mesmas coletadas para colpocitologia e pesquisa
de HPV, que se encontravam estocadas no ILPC). Os espécimes clínicos
coletados no seguimento não fizeram parte deste trabalho. As amostras foram
testadas para C.trachomatis, para se verificar a prevalência, de acordo com o
resultado da citologia oncótica e da presença de HPV.
33
Figura 5.1 Fluxograma do estudo
5.2 MÉTODOS
5.2.1 Colpocitologia oncótica
Realizada no LACEN, laboratório de referência para o Estado do Pará,
onde a leitura das lâminas é efetuada por citotécnicos treinados e as que
apresentam resultado positivo (com anormalidades citológicas) ou suspeito são
34
submetidas à releitura pelo médico citolopatologista. O mesmo ocorre,
diariamente, com cerca de 10% dos laudos negativos, escolhidos de modo
aleatório. Nesse laboratório são realizados cerca de 5000 exames de
colpocitologia oncótica por mês.
As lâminas foram retiradas dos tubetes e acomodadas em cada uma
das ranhuras das cestas de coloração. A seguir foram submetidas à bateria de
coloração pela técnica de Papanicolaou (1941), de acordo com o Procedimento
Operacional Padrão (POP) do serviço (ANEXO D).
5.2.2 Extração do DNA
No IEC procedeu-se ao isolamento do DNA celular
Extração
Os espécimes clínicos foram rapidamente imersos em tubo de centrífuga
de vidro, tipo Corex ou em plástico resistente a solventes orgânicos, contendo
2 mL de tampão TE [Tris-EDTA: 10mM Tris HCI pH 7,4 1mM EDTA
(ácidoetilenodiaminotetracético)]. Em seguida foi adicionado 100µL de dodecil
sulfato de sódio (SDS) a 20% e 10 µL de proteinase K 20mg/mL. A
concentração final das duas substâncias foi de 1% e 100µg/mL,
respectivamente. O material, depois de misturado, foi submetido a Banho-Maria
a 50-55
o
C, por 2 a 3 horas. Após a digestão, acrescentaram-se 2 mL de fenol
saturado (uma parte do material e uma parte de fenol), homogeneizando por 5
minutos e centrifugando por 5 minutos a 10.000 rpm. A fase aquosa (superior)
foi removida para um novo tubo onde foram adicionados 2 mL de
clorofórmio/álcool isoamílico (diluição 25:1), agitando-se por 5 minutos e
centrifugando-se a 10.000 rpm por mais 5 minutos. Em seguida a fase superior
foi transferida para um novo tubo, desprezando-se, apropriadamente, os
resíduos orgânicos.
Precipitação
Adicionou-se 0,2 mL de acetato de sódio 3M e 5mL de etanol absoluto à
fase aquosa, misturando-a por inversão. O material foi submetido à
35
precipitação em -70
o
C, por 2 horas, e centrifugado por 20 minutos a 10.000
rpm a 4
o
C. A seguir desprezou-se o etanol, mantiveram-se os tubos invertidos
para secar o pellet de DNA e suspendeu-se novamente em 50 a 100µL de TE,
transferindo-se para o tubo de microcentrífuga de 1,5 mL, tipo Eppendorf.
5.2.3 Pesquisa de DNA de HPV por PCR
No Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, se realizou a pesquisa
de HPV, pela técnica de PCR, baseada na descrição de Manos et al. (1989).
Foram utilizados primers genéricos MY09 e MY11, os quais são capazes
de detectar um grande número dos diferentes tipos de HPV em uma área bem
delimitada de seus genomas (região do gene L1). Primers com propriedade de
amplificar um fragmento de gene de globina humana (G73, G74) foram usados
como controles de qualidade do DNA extraído de cada espécime. Foram
também utilizados controles positivos (células HeLa ou Caski) e negativos
(água).
A 1 µL de cada amostra testada, acrescentou-se os seguintes
componentes os seguintes componentes:
Água bidestilada 35,75µL
Sol. Tampão* 5,00µL
dNTPs 5,00µL
Primer MY9 1,00µL
Primer MY11 1,00µL
G73 (globina) 0,50µL
G74 (globina) 0,50µL
Taq DNA polimerase 0,25µL
*10xbuffer Taq (100mM Tris-HCl, 500mM KCl, 30mM MgCl
2
, pH: 8,3)
Sobre a mistura de cada espécime clínico (50µL), acondicionada em
tubo de 0,5 mL, adicionou-se uma gota de óleo mineral (Nujol) com a finalidade
de evitar que o material sofresse evaporação durante a reação. A seguir
submeteu-se o material a 33 ciclos de amplificação em aparelho ciclador de
temperatura (94
o
C por 1 minuto; 55
o
C por 1 minuto; 72
o
C por 3 minutos e 72
o
C
36
por 10 minutos).
Os produtos da PCR foram visualizados à luz ultravioleta após
eletroforese em gel de agarose.
5.2.4 Tipificação do HPV por hibridização reversa
O material foi submetido a genotipagem de HPV, por hibridização
reversa, utilizando kit comercial da Roche, conforme descrição de Gravitt et al.
(1998), para tipificação, de acordo com o protocolo:
40µl de produto de PCR+40µL de solução desnaturação.
Aquecer solução de lavagem e solução de hibridização a 53ºC.
Acondicionar as tiras nas bandejas.
Adicionar 3mL de solução de hibridização aquecida a 53ºC.
Aplicar 75 µL do produto (amostra).
Acondicionar a bandeja a 53ºC sob agitação durante 30 minutos.
Retirar por sucção a solução de hibridização e lavar com 3mL de
solução de lavagem, à temperatura ambiente.
Adicionar 3mL de solução de lavagem a 53ºC durante 15 min. sob
agitação.
Retirar por sucção e adicionar 3mL de conjugado. Deixar 30 min.
agitando à temperatura ambiente.
Lavar com 3mL (solução de lavagem), à temperatura ambiente.
Incubar 10 min. temperatura ambiente com 3 mL de sol. de
lavagem, à temperatura ambiente.
Repetir incubação 10 min. com 3mL de solução de lavagem, à
temperatura ambiente.
Lavar com 3mL 0,1M de Citrato de sódio, à temperatura
ambiente.
Retirar por sucção e adicionar 3mL de DEVELOP (revelador a
vácuo) por 10 min. Deixar à temperatura ambiente com pouca
luminosidade por 5 min.
Lavar com H
2
O e deixar em Citrato de sódio
Colocar as tiras em saco plástico e vedar.
37
5.2.5 Real Time PCR para C. trachomatis
Parte das amostras (350) foi testada para C.trachomatis, segundo
descrição de Fiandaca et al. (2006), segundo o protocolo:
As reações termocíclicas foram realizadas no ciclador térmico
ABIPRISM 7700 (PE Applied Biosystems) usando-se para análise o software
que acompanha o produto. TaqMan Universal PCR Master Mix foi usado para
formular as reações num volume total de 50 µL. Os primers (0,9 µM),
disponibilizados a parte do TaqMan Universal PCR Master MIX, continham as
seqüências nucleotídicas 5’-6-carboxifluoresceina-TCA TTC GCA ATC ACT
CTATTG TTG GAT CAT ATT-3’ (forward ) e 5’-ATG ACT GAATAT AAA CTT
GT-3’ (reversa). O Q-PNA (1,35 µM) constituído de N’-TGA TTG CGA ATG A-
(DABCYL)-C’ (Sondas Boston) foi estocado numa solução N,N’-
dimethylformamide (DMF)/águar (1/1,v/v), o que resultou numa concentração
final de DMF a 0,2% v/v nas reações de PCR. A solução de DNA de genoma
humano (Sigma) foi diluída em água e adicionada imediatamente ao tubo de
PCR, antes do procedimento de ciclagem térmica. O ciclo de PCR usado foi
50°C (120“), 95°C (600”), seguido por 60 ciclos de 95°C (30”), 56°C (30”),74°C
(30”).
5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os testes estatísticos foram realizados utilizando-se o aplicativo Bio
Estat 2,0 (AYRES et al., 2000). Aceitou-se um nível de confiança (alfa)
equivalente a 95% e um poder estatístico (1-beta) de 80 %.
Foram definidos como ponto de corte para “idade da participante”, a
média. Para variável “renda familiar” se levou em conta a mediana. Para
“idade do coito” utilizou-se o quartil. Para as variáveis “nº de parceiros”,
“tempo de atividade sexual” e “nº de gestações” os valores acima e abaixo da
mediana. Para o “estado civil” se optou por alocar as participantes com
relacionamento estável (casada e concubinato) em um grupo e as
solteiras/viúvas e separadas em outro. Para variável “escolaridade” o corte foi
determinado com base na conclusão ou não do ensino fundamental, que
corresponde a oito anos de estudo, critério adotado pelo IBGE nas Pesquisas
38
Nacionais de Amostra por Domicílio (PNADS). No fator “ocupação” pode-se
agrupar as que desempenham atividades domésticas, tanto as que são “donas-
de casa” como as “empregadas domésticas” (55%), ou as “donas de casa” e as
“estudantes” que somam 33,3%, caracterizando o grupo que não exerce
atividade remunerada.
As freqüências das variáveis categóricas foram descritas através de
seus valores absolutos e percentuais; os das variáveis contínuas por meio de
seus valores médios e desvios-padrões ou medianos e variância.
Utilizou-se Odds ratio (OR) ou Razão de chances para estimar a
associação entre anormalidades em cérvice uterina e infecção por HPV e com
HPV de risco. OR foi também utilizado para avaliar a associação das
alterações citológicas em colo uterino com variáveis que podem influenciar no
risco. Inicialmente, a avaliação foi bivariada e os resultados apresentados
através de seus odds ratio e intervalo de confiança de 95%. O nível de
significância estatística foi definido em p<0,05. A análise multivariada foi
através de regressão logística. A seleção das variáveis para o modelo
multivariado incluiu aquelas que apresentaram nível de significância menor que
20% na associação bivariada com o desfecho e o método utilizado foi o passo-
a-passo (step-wise).
39
6 RESULTADOS
Das mulheres que procuraram a UMI-CCBS, no bairro do Marco, no
período de setembro de 2000 a janeiro de 2003, 1021 preenchiam os critérios
de eligibilidade e aceitaram participar do estudo.
Em relação às características sócio-demográficas, comportamentais,
reprodutivas, semiológicas e infecciosas (Tabela 6.1) observou-se que não
houve diferença na distribuição por faixa etária, somente um discreto
predomínio das mulheres mais jovem (30-37 anos) dentro da faixa de idade
estudada. Quanto ao estado civil, a grande maioria (cerca de 3/4 das
participantes) vivia em união estável (casamento ou concubinato). Houve um
nítido predomínio de mulheres naturais dos Estados da Região Norte, estando
o Pará representado por 839 participantes. No tocante à escolaridade mais da
metade tinha, no mínimo, concluído o ensino fundamental. No que diz respeito
à ocupação, mais de 50% das participantes exercia atividades domésticas,
desenvolvidas em seu próprio lar ou como empregadas; observando-se
também que cerca de 1/3 do total (as “do lar” e as estudantes) não
desempenhava atividades remuneradas. Quando indagadas sobre a renda
familiar, a metade referiu ser de, no máximo, dois salários mínimos ao mês.
Cerca de 2/3 das participantes iniciou atividade sexual após os 16 anos
(64,6%) e admitiu até três parceiros (63,7%) na vida. O tempo de atividade
sexual referido foi, em média de 18,5 anos. A maioria (57,3%) informou de uma
a três gestações, e igual percentual de mulheres relatou que havia sido
esterilizada no momento da entrevista; uso de preservativo masculino pelo
parceiro foi referido por 12,9%. Realização prévia de exame colpocitológico,
pelo menos uma vez na vida foi informado por 944 (92,5%) participantes.
História de condiloma ou de úlcera genital foi relatada por 11,9% e,
aproximadamente, 20% das mulheres do estudo informou que havia
recebido tratamento (tópico e/ou cauterização) para alteração no colo do útero.
Quanto à microbiologia da flora vaginal ao exame colpocitológico observou-se
alterações sugestivas da presença de Gardnerella vaginalis em quase 30% das
mulheres examinadas, Candida sp em cerca de 14% e Trichomonas vaginalis
em, aproximadamente, 5%. A maioria das participantes negou tabagismo
(82,7%).
40
Tabela 6.1 Características sócio-demográficas, comportamentais, reprodutivas,
semiológicas e infecciosas das participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003.
Variáveis
N
%
Idade
30 – 37 588 57,6%
38 – 45 425 41,6%
Sem informação 8 0,8%
Média (DP*) 36,6 ( 4,39)
Mediana (Variância) 36,0 (19,20)
Estado civil
Casada/Concubinada 729 71,4%
Solteira/Separada/Viúva 290 28,4%
Sem informação 2 0,2%
Naturalidade
Norte 858 84,0%
Nordeste 150 14,7%
Outras regiões 11 1,1%
Sem informação 2 0,2%
Escolaridade
Menos de 08 430 42,1%
08 ou mais 555 54,4%
Sem informação 36 3,5%
Ocupação
Do Lar 320 31,3%
Doméstica 250 24,5%
Estudante 20 2,0%
Outras 431 42,2%
Renda ( SM )
Até 02 528 51,7%
2.1 a 04 300 29,4%
Mais de 04 182 17,8%
Sem informação 11 1,1%
Média (DP*) 2,9 (2,96)
Mediana (Variância) 2,0 (8,80)
41
Tabela 6.1 (continuação)
Variáveis
N
%
Idade do 1º coito
<=16 anos 357 35,0%
> 16 anos 660 64,6%
Sem informação 4 0,4%
Média (DP*) 18,1 ( 3,48)
Mediana (Variância) 18,0 (12,20)
Nº de parceiros sexuais
Até 03 650 63,7%
Mais de 03 365 35,7%
Sem informação 6 0,6%
Média (DP*) 4,2 ( 11,03)
Mediana (Variância) 3,0 (121,60)
Tempo de atividade sexual
Até 19 anos 554 54,3%
20 anos ou mais 455 44,6%
Sem informação 12 1,2%
Média (DP*) 18,5 ( 5,3)
Mediana (Variância) 19,0 (28,6)
Nº de gestações
Nenhuma 46 4,5%
01 a 03 585 57,3%
04 ou mais 387 37,9%
Sem informação 3 0,3%
Média (DP*) 3,3 (1,87)
Mediana (Variância) 3,0 (3,50)
Método contraceptivo
Laqueadura 585 57,3%
Condom 132 12,9%
Contraceptivo hormonal 85 8,3%
Tabela 25 2,4%
Coito interrompido 6 0,6%
Histerectomia 4 0,4%
Vasectomia do parceiro 3 0,3%
DIU 2 0,2%
Espermicida 1 0,1%
Nenhum 190 18,6%
42
Tabela 6.1
(continuação)
Variáveis
N
%
Realização prévia de Colpocitologia
SIM 944 92,5%
NÃO 75 7,3%
Sem informação 2 0,2%
História de Condilomas ou Úlceras geni
tais
SIM 122 11,9%
NÃO 894 87,6%
Sem informação 5 0,5%
História de tratamento de
alterações
em
cérvice uterina
SIM 196 19,2%
NÃO 815 79,8%
Sem informação 10 1,0%
Microbiologia a colpocitologia
Sugestivo de Gardnerella vaginalis
304 29,8%
Cândida sp
145 14,2%
Trichomonas vaginalis
47 4,6%
Tabagismo
SIM 171 16,7%
NÃO 844 82,7%
Sem informação 6 0,6%
DP* (Desvio-padrão)
A Tabela 6.2 mostra que algum tipo de anormalidade citológica foi
identificado em 10,4% (106/1021) das mulheres estudadas. Na Tabela 6.3
observam-se as alterações citológicas presentes (ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL,
câncer invasor, adenocarcinoma in situ). ASCUS foi diagnosticado em 6,6%
(67/1021) e AGUS em 0,6% (6/1021), uma vez que quatro participantes
apresentaram diagnóstico concomitante de ASCUS e AGUS.
43
Tabela 6.2 Distribuição dos resultados da colpocitologia oncótica (negativa
versus com anormalidades) das participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003.
Resultado da colpocitologia N %
Citologia negativa 915 89,6
Citologia com anormalidades 106 10,4
TOTAL 1021 100,0
Fonte: dados primários
Tabela 6.3 Distribuição dos resultados da colpocitologia oncótica, por categoria
diagnóstica, das participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003.
Resultado da colpocitologia N %
NEGATIVA 915 89,6
ASCUS/AGUS* 69 6,8
LSIL 25 2,4
HSIL 10 1,0
Câncer invasor 1 0,1
Adenocarcinoma in situ
1 0,1
TOTAL 1021 100,0
*ASCUS/AGUS: 63 com ASCUS, quatro com ASCUS e AGUS e duas com AGUS.
Fonte: dados primários
Todas as amostras, com exceção das pertencentes a doze participantes
(com citologia oncótica negativa para anormalidades citológicas), foram
testadas para HPV.
A prevalência de HPV (Tabela 6.4) foi de 12,4% (125/1009), sendo de
43,4% (46/106) nas pacientes com anormalidades citológicas em cérvice
uterina e de 8,7% (79/903) nas que não apresentavam tais alterações
citológicas. Observou-se que a chance de se detectar qualquer alteração
(ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL, carcinoma invasor, adenocarcinoma in situ), na
citologia oncótica foi cerca de oito vezes maior quando a mulher estava
44
infectada por qualquer tipo de HPV [OR:7,9997; (IC95%: 5,11-12,52);
p<0,00001]. Na Tabela 6.5 observa-se que a chance de se detectar
ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL foi cerca de quatro, 16 e 94 vezes maior, na
presença de infecção por HPV. Estas diferenças foram altamente significativas.
Tabela 6.4 Prevalência de HPV, segundo resultado da colpocitologia oncótica
(negativa versus com anormalidades), nas participantes do estudo. UMI-CCBS-
UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 79/903 8,7 1,00 _
Citologia com anormalidades 46/106 43,4 8,00 (6,50-17,7) <0,00001
TOTAL 125/1009 12,4 - -
Fonte: dados primários
Tabela 6.5 Prevalência de HPV, segundo resultado da colpocitologia oncótica,
por categoria diagnóstica, nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 79/903 8,7 1,00 _
Citologia com
anormalidades
ASCUS/AGUS 20/69 28,9 4,26 (2,41-7,52) <0,00001
LSIL 15/25 60,0 15,65 (6,80-35,98) <0,00001
HSIL 9/10 90,0 93,87(11,74-750,56) <0,00001
Carcinoma invasor 1/1 100,0 _ _
Adenocarcinoma in situ
1/1 100,0 _ _
TOTAL 125/1009 12,4 - -
Fonte: dados primários
45
A freqüência de HPV oncogênico (Tabela 6.6) foi de 9,1% (92/1009),
representando 38,7% (41/106) nas participantes com anormalidades em colo
uterino à citologia, e 5,65% nas com citologia negativa. Verificou-se que a
chance de anormalidades à colpocitologia (ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL,
carcinoma invasor, adenocarcinoma in situ) foi, aproximadamente, 11 vezes
maior em mulheres nas quais se detectou HPV de alto risco [OR:10,5376;
(IC95%:6,5053-17,0690); p<0,00001]. A chance de um resultado de
ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL, é cerca de cinco, 21 e 150 vezes maior nas
mulheres infectadas por HPV oncogênico (Tabela 6.7).
Ao comparar-se (Tabela 6.8) participantes com colpocitologia “negativa
versus ASCUS/AGUS ou LSIL”, detectou-se que a chance de colpocitologia
com resultado de ASCUS/AGUS ou LSIL foi 7,83 vezes maior quando a mulher
estava infectada por HPV de alto risco (IC95%:4,6668-13,1402) p<0,00001).
Tabela 6.6 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com anormalidades), nas participantes
do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/ 903 5,6 1,00 _
Citologia com anormalidades 41/106 38,7 10,54(6,51-17,7) <0,00001
TOTAL 92/1009 9,1 _ _
Fonte: dados primários
46
Tabela 6.7 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica, por categoria diagnóstica, nas participantes do estudo.
UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/903 5,6 1,00 _
Citologia com
anormalidades
ASCUS/AGUS 16/069 23,2 5,04(2,70-9,44) <0,00001
LSIL 14/025 56,0 21,26(9,19-49,19) <0,00001
HSIL 9/10 90,0 150(18,68-1209,83) <0,00001
Carcinoma invasor 1/1 100,0 _ _
Adenocarcinoma in situ
1/1 100,0 _ _
TOTAL 92/1009 9,1 _ _
Fonte: dados primários
Tabela 6.8 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus ASCUS/AGUS/LSIL), nas participantes
do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/903 5,6 1,00 _
ASCUS/AGUS/LSIL 30/94 31,9 7,83(4,67-13,14) <0,00001
TOTAL 81/997 8,1 _ _
Fonte: dados primários
Ao analisar-se (Tabela 6.9) mulheres com colpocitologia “negativa
versus HSIL, carcinoma invasor, adenocarcinoma”, detectou-se que a chance
de colpocitologia com resultado de HSIL, carcinoma invasor ou
adenocarcinoma in situ, foi 183,76 maior nas mulheres infectadas por HPV de
risco. Observou-se (Tabela 6.10) que a chance de colpocitologia com resultado
47
de HSIL, carcinoma invasor ou adenocarcinoma in situ, nas mulheres
infectadas por HPV de alto risco, foi 23,47 maior que nas infectadas por tipos
não oncogênicos, quando comparado ao diagnóstico de ASCUS/AGUS/LSIL.
Tabela 6.9 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus HSIL/carcinoma
invasor/adenocarcinoma), nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/903 5,6 1,00 _
HSIL/carcinoma
invasor/adenocarcinoma 11/12 91,7 183,76(23,27-1451,30) <0,00001
TOTAL 62/915 6,1 _ _
Fonte: dados primários
Tabela 6.10 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (ASCUS/AGUS/LSIL versus HSIL/carcinoma
invasor/adenocarcinoma), nas participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA,
Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Preença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
ASCUS/AGUS/LSIL 30/94 31,9 1,00 _
HSIL/carcinoma
invasor/adenocarcinoma 11/12 91,7 23,47 (2,90-190,22) <0,0002
TOTAL 41/106 38,7 _ _
Fonte: dados primários
Apesar da detecção de HPV nas amostras de 125 mulheres, a
identificação do tipo só foi possível em 116 (Tabela 6.11).
Verificou-se que a chance de se detectar, em mulheres infectadas por
qualquer tipo de HPV, anormalidades (ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL, carcinoma
48
invasor, adenocarcinoma in situ), na citologia oncótica foi cerca de quatro vezes
maior se o HPV for de alto risco (Tabela 6.11).
Tabela 6.11 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com anormalidades), em 116
participantes do estudo infectadas por HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/71 71,8 1,00 _
Citologia com anormalidades 41/45 91,1 4,02 (1,27-12,69) 0,0237
TOTAL 92/116 79,3
Fonte: dados primários
Observou-se presença de tipos considerados de alto risco em 79,3%
(92/116) das infectadas por HPV, sendo de 71,8% nas com citologia negativa e
91,1% nas com alterações citológicas, chegando a 100% nas com HSIL, câncer
invasor ou adenocarcinoma in situ (Tabela 6.12).
49
Tabela 6.12 Prevalência de HPV oncogênico, segundo resultado da
colpocitologia oncótica, por categoria diagnóstica, em 116 participantes do
estudo infectadas por HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de HPV oncogênico
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 51/71 71,8 1,00 _
Citologia com
anormalidades
ASCUS/AGUS 16/19 84,2 2,10 (0,55-7,96) 0,4221
LSIL 14/15 93,3 5,50 (0,68-44,55) 0,1525
HSIL 9/9 100,0 _ _
Carcinoma invasor 1/1 100,0 _ _
Adenocarcinoma in situ
1/1 100,0 _ _
TOTAL 92/116 79,3
Fonte: dados primários
Nas 46 participantes, infectadas por HPV, e com alterações citológicas,
somente em uma não foi possível identificar o tipo presente. Nas demais,
observou-se que o tipo mais prevalente foi o 16 (Tabela 6.13). Seis
participantes (13,3%) estavam infectadas por mais de um tipo de HPV, sendo
que em duas detectaram-se HPV 16 e 56 e nas outras quatro, as seguintes
associações: HPV 16 e 33; HPV 16 e 59; HPV 33 e 45; HPV 51 e 82, ou seja,
em quatro participantes com multi-infecção, um dos HPV presentes era o tipo
16.
Em 71 das 79 participantes infectadas pelo HPV, com citologia negativa
para alterações citológicas em colo uterino (Tabela 6.14), identificaram-se 23
tipos diferentes de HPV, sendo o tipo 18 o mais prevalente, seguido de perto
pelos tipos 52 e 53. Observou-se multi-infecção nas amostras de 14.1% (10/71)
delas. As associações encontradas foram: HPV 6 e 54; HPV 18 e 83; HPV 39 e
51; HPV 51 e 52; HPV 52 e 59; HPV 53 e 54; HPV 53 e 66; HPV 58 e 59; HPV
58 e 82; HPV 18, 52 e 54. Em oito amostras onde a pesquisa de HPV foi
positiva, não foi possível determinar o(s) tipo(s) de HPV presente(s).
50
Tabela 6.13 Prevalência dos tipos de HPV detectados em cérvice uterina de
45 mulheres infectadas por HPV, com resultado da colpocitologia oncótica
positivo para anormalidades citológicas. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003.
TIPOS DE HPV N % ( n = 45 )
6 1 2,2
11 1 2,2
*16 11 24,4
*31 2 4,4
*33 4 8,9
*35 1 2,2
*39 1 2,2
40 1 2,2
*45 2 4,4
*51 4 8,9
*52 3 6,7
*53 2 4,4
55 1 2,2
*56 5 11,1
*58 8 17,8
*59 2 4,4
*66 1 2,2
*82 1 2,2
* Tipos considerados de alto risco
Fonte: dados primários
51
Tabela 6.14 Prevalência dos tipos de HPV detectados em cérvice uterina de 71
mulheres infectadas por HPV, com resultado da colpocitologia oncótica
negativo para anormalidades citológicas. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003.
TIPO DE HPV N % ( n =71 )
6 4 5,6
*16 5 7,0
*18 9 12,7
*31 4 5,6
*35 1 1,4
*39 1 1,4
42 1 1,4
*45 3 4,2
*51 5 7,0
*52 7 9,9
*53 7 9,9
54 5 7,0
*56 1 1,4
*58 4 5,6
*59 5 7,0
61 5 7,0
62 2 2,8
*66 2 2,8
*68 3 4,2
*73 1 1,4
*82 1 1,4
83 4 5,6
84 2 2,8
* Tipos considerados de alto risco
Fonte: dados primários
52
Observou-se (Tabela 6.15) que a chance de anormalidades à
colpocitologia (ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL, carcinoma invasor, adenocarcinoma
in situ) entre as infectadas por HPV 16 foi cerca de quatro vezes superior a das
infectados por outros tipos de HPV.
Tabela 6.15 Prevalência de HPV de tipo 16, segundo resultado da
colpocitologia oncótica (negativa versus com anormalidades), em 116
participantes do estudo infectadas por HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA,
2000-2003.
Diagnóstico citológico
HPV 16
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 05/71 7,0 1,0
Citologia com anormalidades 11/45 24,4 4,27 (1,37-13,29)
p=0,0177
TOTAL 16/116 13,8 _ _
Fonte: dados primários
Nas participantes com alterações citológicas (Tabela 6.16), verificou-se
que 5,7% (05/106) estavam infectadas por mais de um tipo, sendo que em
duas detectaram-se HPV 16 e 56 e nas outras quatro, as seguintes
associações: HPV 16 e 33; HPV 16 e 59; HPV 33 e 45; HPV 51 e 82, ou seja,
em quatro participantes infectadas por mais de um tipo, um dos HPV presentes
era o tipo 16.
Observou-se infecção por mais de um tipo de HPV nas amostras de
1,1% (10/915) das mulheres com citologia negativa (Tabela 6.16). As
associações encontradas foram: HPV 6 e 54; HPV 18 e 83; HPV 39 e 51; HPV
51 e 52; HPV 52 e 59; HPV 53 e 54; HPV 53 e 66; HPV 58 e 59; HPV 58 e 82;
HPV 18, 52 e 54. Detectou-se associação entre infecção por mais de um tipo
de HPV e citologia alterada (Tabela 6.16).
53
Tabela 6.16 Prevalência de infecção por mais de um tipo de HPV, segundo
resultado da colpocitologia oncótica (negativa versus com anormalidades), nas
participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Infecção por mais de um tipo de HPV
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 10/903 1,1 1,0 _
Citologia com anormalidades 6/106 5,7 5,35 (1,91-15,05) 0,0017
TOTAL 16/1009 1,6 _ _
Fonte: dados primários
Quando se considerou presença de infecção por dois tipos de HPV
considerados de alto risco, somente nas 16 mulheres infectadas por dois ou
mais tipos de HPV, observou-se associação significativa (p=0,0262; Teste
Exato de Fisher) desses tipos de HPV com anormalidades citológicas (Tabela
6.17). Essa associação também foi detectada (Tabela 6.18), quando um dos
HPV presentes na infecção múltipla era o de tipo 16 (p= 0,0082; Teste Exato
de Fisher).
Tabela 6.17 Prevalência de infecção por dois tipos de HPV oncogênicos,
segundo resultado da colpocitologia oncótica (negativa versus com
anormalidades), em 16 participantes do estudo infectadas por mais de um tipo
de HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Infecção por dois tipos de HPV oncogênicos
N %
Citologia negativa 04/10 40%
Citologia com anormalidades 06/06 100%
TOTAL 10/16 62,5%
p*=0,0262; Teste Exato de Fisher)
Fonte: dados primários
54
Tabela 6.18 Prevalência de infecção por dois tipos de HPV, sendo um dos
tipos o HPV16, segundo resultado da colpocitologia oncótica (negativa versus
com anormalidades), em 16 participantes do estudo infectadas por mais de um
tipo de HPV. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Infecção por dois tipos de HPV oncogênicos
(um deles o tipo 16)
N %
Citologia negativa 00/10 -
Citologia com anormalidades 04/06 66,7%
TOTAL 04/16 25%
p*= 0,0082 (Teste Exato de Fisher)
Fonte: dados primários
Dentre os fatores sócio-demográficos, comportamentais, reprodutivos,
semiológicos e infeccciosos estudados (Tabela 6.19) observou-se maior
chance de apresentar alterações em cérvice uterina nas mulheres com início
precoce da atividade sexual (menos de 17 anos) quando comparadas as com
primeiro coito a partir de 17 anos. Não foram encontradas associações
estatisticamente significativas entre citologia alterada e as seguintes variáveis:
idade, estado civil, anos de escolaridade, renda familiar, número de parceiros
sexuais, mero de gestações, uso de contraceptivo hormonal, realização
prévia de colpocitologia oncótica, história de verrugas ou de úlceras genitais,
história de tratamento de alterações em colo uterino e tabagismo.
55
Tabela 6.19 Comparação da distribuição de co-fatores de risco para o
desenvolvimento de câncer de rvice uterina, entre mulheres com colpocitologia
oncótica negativa e com colpocitologia oncótica com anormalidades, nas
participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Variáveis
Citologia
negativa
Citologia com
anormalidades
OR 95% IC p-
valor
N % N %
Idade do 1º coito
>16 anos 602 66,0 58 54,2 1,0 - -
16 anos 310 34,0 47 44,8 1,57 1,05 - 2,37 0,037
Nº de parceiros
sexuais
Até 03 583 64,1 67 63,8 1,0 - -
Mais de 03 327 35,9 38 35,2 0,99 0,65 -1,51 0,956
Nº de gestações
Nenhuma 44 4,8 2 1,9 1,0 - -
01 a 03 525 57,5 60 57,1 2,51 0,59 - 10,63 0,299
04 ou mais 344 37,7 43 41,0 2,75 0,64 -11,74 0,244
Tabagismo
NÃO 758 82,3 86 81,9 1,0 - -
SIM 152 16,7 19 18,1 1,10 0,65 -1,87 0,823
Contraceptivo
hormonal
NÃO 824 91,8 92 89,3 1,0 - -
SIM 74 8,2 11 10,7 1,33 0,64 - 2,71 0,534
Realização prévia de
Colpocitologia
SIM 844 92,3 100 95,2 1,0 - -
NÃO 70 7,7 5 4,8 0,60 0,24 -1,53 0,379
56
Tabela 6.19 (continuação)
Variáveis
Citologia
negativa
Citologia com
anormalidades
OR 95% IC p-
valor
N % N %
Idade
30 – 37 523 57,7 65 61,3 1,0 - -
38 – 45 384 42,3 41 38,7 0,86 0,56 -1,30 0,537
Estado civil
Casada/Concubinada 658 72,1 71 67,0 1,0 - -
Solteira/Separada/Viúva 255 27,9 35 33,0 1,27 0,83 - 1,96 0,324
Anos de escolaridade
08 ou mais 503 57,2 52 49,5 1,0 - -
Menos de 08 377 42,8 53 50,5 1,36 0,91 - 2,04 0,165
Renda (SM)
Mais de 04 163 18,0 19 18,1 1,0 - -
2.1 a 04 271 30,0 29 27,6 1,09 0,60 - 2,01 0,906
Até 02 471 52,0 57 54,3 0,96 0,56 - 1,67 0,996
História de condilomas
ou úlceras genitais
NÃO 806 88,4 88 84,6 1,0 - -
SIM 106 11,6 16 15,4 1,38 0,78 - 2,44 0,338
História de tratamento
tópico em colo uterino
NÃO 727 80,2 88 84,6 1,0 - -
SIM 180 19,8 16 15,4 0,73 0.42 - 1,28 0,337
Fonte: dados primários
As possíveis associações entre as variáveis independentes e a variável-
resposta (anormalidades citológicas) foram analisadas através de regressão
logística. As variáveis foram mantidas no modelo se o nível de significância fosse
inferior a 0,2 após a sua inclusão. Nas Tabelas 6.20 e 6.21 se observam as
variáveis independentemente associadas, com os respectivos valores ajustados de
57
OR e intervalos de confiança de 95%.
Tabela 6.20 Estimativas ajustadas do risco de anormalidaddes citológicas, pelo
método de regressão logística, segundo infecção por HPV, idade do coito e
escolaridade. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Variáveis OR IC (95%) ORaj IC (95%) p-valor
Presença de HPV 8,0 5,11 - 12,52 8,19(5,20-12,93) <0,0001
Idade do 1º coito 1,42(0,89-2,25) 0,142
Escolaridade 1,20(0,76-189) 0,439
Fonte: dados primários
Tabela 6.21 Estimativas ajustadas do risco de anormalidaddes citológicas, pelo
método de regressão logística, segundo infecção por HPV de risco, idade do
coito e escolaridade. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Variáveis OR IC (95%) ORaj IC (95%)
Presença de HPV de risco 10.54 6.51 - 17.70 10,39 6,42 -16,81
Idade do 1º coito 1,37 0,86 - 2,20
Escolaridade 1,13 0,71 - 1,81
Fonte: dados primários
Um subgrupo das participantes teve seus espécimes clínicos também
testados para C.trachomatis (350/1009), encontrando-se prevalência de 5,1%
(18/350). Observou-se que no grupamento com anormalidades em cérvice uterina a
prevalência foi de 6,6% (6/90), sendo que quatro delas também estavam infectadas
por HPV (todos de alto risco); enquanto que nas com citologia negativa infecção por
C.trachomatis foi detectada em 4,6% (12/260) e somente uma participante também
se encontrava infectada por HPV (de baixo risco). A freqüência de C.trachomatis foi
de 9,8% (5/51) nas mulheres positivas para HPV (51/350) e de 4,3% (13/299) nas
negativas para HPV (299/350). Não houve associação significativa entre presença
de C.trachomatis e anormalidades citológicas (Tabela 6.22), nem entre presença de
C.trachomatis e presença de HPV (Tabela 6.23).
58
Tabela 6.22 Prevalência de C.trachomatis, segundo resultado da colpocitologia
oncótica (negativa versus com anormalidades), em 350 participantes do
estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-2003.
Diagnóstico citológico
Presença de C.trachomatis
N % OR (IC95%) p-valor
Citologia negativa 12/260 4,6 1,00 _
Citologia com anormalidades 6/90 6,7 1,472(0,54-4,06) 0,6294
TOTAL 18/350 5,1 _ _
Fonte: dados primários
Tabela 6.23 Prevalência de C.trachomatis, segundo resultado da pesquisa de
HPV, em 350 participantes do estudo. UMI-CCBS-UEPA, Belém-PA, 2000-
2003.
Presença de HPV
Presença
de
C.trachomatis
N % OR (IC95%) p-valor
Sim 5/51 9,8 1,00 _
Não 13/299 4,3 2,39(0,81-7,02) 0,1979
TOTAL 18/350 5,1 _ _
Fonte: dados primários
59
7 DISCUSSÃO
7.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
Foram estudadas 1.021 mulheres, usuárias de uma unidade do Sistema
Único de Saúde (SUS), do município de Belém/PA. As características sócio-
demográficas, comportamentais e reprodutivas, semiológicas e infecciosas
(Tabela 6.1) serão, rapidamente, descritas e, por vezes, comparadas a estudos
semelhantes.
Dentro da faixa etária elegível para o estudo (30-45 anos), houve
predominância no grupamento de 30-37 anos, onde se encontravam as
mulheres mais jovens
. Liaw et al. (1995), também limitou a faixa de idade das
participantes de seu trabalho, realizado na zona rural de Taiwan, incluindo,
somente, mulheres de 30 a 64 anos, com 70% delas em idades de 30 a 49
anos. Sabe-se que na rede pública de saúde, a maior parte dos exames
citopatológicos é realizada em mulheres com menos de 35 anos de idade
(INCA, 2002), muito embora o teste de Papanicolaou se mostre cerca de 30
vezes mais eficaz na detecção de lesões cervicais destinadas a se tornarem
invasivas, quando efetuado em mulheres de 35 a 60 anos do que se realizado
aos 20 anos (PINHO & FRANÇA-JÚNIOR, 2003)
A grande maioria era natural da Região Norte, especialmente do Estado
onde se efetuou a pesquisa, e referindo união estável
(casamento/concubinato), permitindo a presunção de maior freqüência de
parceria sexual fixa e exclusiva, a exemplo das participantes do estudo de
Medeiros et al. (2005), no Rio Grande do Norte; e de Silva, T. T. et al. (2006),
no Paraná, onde as casadas representavam o maior percentual, em análises
epidemiológicas segundo resultado de exames colpocitológicos. Também Lima
et al. (2006), em Sergipe, estudando fatores associados ao câncer de dolo
uterino, observaram predominância de mulheres casadas em sua casuística.
Renda familiar de, no máximo, quatro salários mínimos, foi referida por,
aproximadamente, 80% das participantes. Um percentual de 73,2 % das
famílias da zona urbana da região Norte brasileira perfazem, mensalmente, a
cinco salários mínimos (IBGE, 2002). Ainda em relação a essa variável,
encontrou-se mediana de dois salários mínimos, similar ao rendimento médio
60
mensal de um indivíduo da área urbana da Região Norte do Brasil (IBGE,
2001).
Cerca de 42% das participantes tinha escolaridade inferior a oito anos de
estudo. Na casuística de Silva, T. T. et al. (2006), este percentual foi de cerca
de 16,7%.
Os índices de escolaridade e renda familiar (parâmetros utilizados para
avaliar a condição cio-econômica de uma população), demonstram que a
amostra deste estudo é representativa da população que utiliza o SUS.
A terça parte (33,3%) das mulheres entrevistadas não exercia atividade
remunerada. Percentuais até mais elevados de mulheres com total
dependência econômica compuseram a casuística de Lima et al. (2006) e de
Silva, D. W. et al. (2006). Estes últimos, estudando a cobertura e fatores
associados com a realização do exame de Papanicolaou, em Unidades
Básicas de Saúde, de Londrina/PR, verificaram que 62% das usuárias desse
sistema, incluídas na pesquisa, não trabalhavam fora do domicílio.
Dentre as que contribuíam para renda familiar, a ocupação mais,
freqüentemente, informada foi a de empregada doméstica, representando um
quarto de toda casuística. Trata-se de mais uma variável que pode ser utilizada
como indicador sócio econômico e as respostas aqui detectadas reforçam o
que foi descrito a respeito da representatividade da amostra.
Iniciação sexual com idade igual ou menor que 16 anos foi encontrada
em 35% das mulheres pesquisadas, com média e mediana da idade de
iniciação sexual, igual a 18 anos, demonstrando que um contingente
expressivo das participantes incluem-se em um grupo considerado de maior
risco para infecção por HPV e desenvolvimento de câncer e lesões
precursoras. Taxas similares foram observadas em diferentes áreas
geográficas da América Latina, em pesquisa realizada no México por
Castañeda-Iñiguez et al. (1998), e na Colômbia por Molano et al. (2002), onde,
respectivamente, 31,7% e 33% das componentes, referiram iniciação sexual
com idade inferior a 17 anos.
Aproximadamente, dois terços das mulheres estudadas referiram ter
tido, no máximo, três parceiros sexuais e somente 12% admitiram sete ou
mais, até o momento da inclusão no estudo, com média de 4,2. Na casuística
de Hildesheim et al. (2001), em estudo na Costa Rica, 82,5% das participantes
informaram contato sexual com no máximo três parceiros até a data da
61
entrevista. Observe-se que esses autores visavam o estudo dos fatores
associados ao aparecimento de HSIL/câncer cervical, em mulheres positivas
para HPV. Um maior número de parceiros sexuais está, diretamente,
relacionado à maior possibilidade de aquisição de HPV e, conseqüentemente,
câncer cervical e lesões precursoras
.
No tocante ao número de gestações, a maior parte (61,8%) informou o
máximo de três, a exemplo do estudo de Molano et al. (2002), demonstrando
que, apesar da iniciação sexual precoce, medidas de controle da natalidade
parecem estar ao alcance da população estudada. no trabalho de
Castañeda-Iñiguez et al. (1998), 1/4 das participantes informaram ter tido
menos de quatro gestações.
Quanto ao tempo de vida sexual ativa, em cerca de 55% das
participantes encontrou-se mais de 19 anos. Presume-se que o tempo de
atividade sexual esteja, diretamente, relacionado a maior chance de aquisição
do HPV e, em conseqüência, de surgimento de anormalidades ao exame de
colpocitologia oncótica.
Dentre os métodos contraceptivos utilizados observou-se que a maioria
(57,3%) havia sido, cirurgicamente, esterilizada e que somente 13% admitiram
uso de preservativo pelo parceiro, denotando que a prevenção às doenças de
transmissão sexual, para as componentes deste estudo foi pouco considerada,
o que talvez possa ser justificado por tratar-se de mulheres que vivem dentro
de um contexto (casamento ou concubinato) onde se subtende exclusividade
sexual recíproca, o que dificulta a discussão sobre o uso de condom, entre os
parceiros.
Realização prévia de pelo menos uma colpocicitologia oncótica para
rastreio de câncer de cérvice uterina foi referida pela grande maioria (92,5%),
índice ainda mais elevado que o encontrado por Pinho et al. (2002), em estudo
populacional de base transversal abrangendo 1046 mulheres de 15 a 49 anos,
em São Paulo, sugerindo que as participantes, de um modo geral, eram
esclarecidas quanto à necessidade de prevenção de câncer em colo uterino,
apresentando um menor risco teórico de desenvolver essa enfermidade, uma
vez que a realização de uma única citologia cervical pode conferir sensibilidade
de a80% na detecção de anormalidades no colo do útero (STOLLER, 2000).
Oliveira, M. M. H. N. et al. (2006) estudando a cobertura do exame preventivo
para câncer cervical, em inquérito domiciliar realizado com mulheres de 25 a 49
62
anos, em São Luis/MA detectaram que 82,4% haviam sido rastreadas pelo
menos uma vez para esse tipo de câncer.
Relato de antecedentes de verrugas ou de úlceras em genitais esteve
presente em 12% das participantes, enquanto que história de tratamento para
alterações no colo do útero, em cerca de 20%. Considerando o baixo
percentual de mulheres que admitiram uso de preservativos pelos parceiros, a
possibilidade de adquirir qualquer DST mostrou-se presente na população
deste estudo.
Em relação à análise microbiológica dos exames citopatológicos,
verificou-se que, aproximadamente, 30% das mulheres estudadas
apresentavam alterações compatíveis com presença de Gardnerella vaginalis
e, que cerca de 14% e 5%, infecção por Candida sp ou Trichomonas vaginalis,
respectivamente. Percentuais mais elevados que os encontrados por Medeiros
et al. (2005) que detectaram prevalências de 12,8% para resultados sugestivos
de Gardnerella vaginalis, 5,2% para Candida sp e 4,5% para Trichomonas
vaginalis. Murta et al. (2000) em estudo similar, detectaram resultados
compatíveis com Gardnerella vaginalis em 20,5%; Candida sp em 19% e
Trichomonas vaginalis em 2,9%. Trata-se das três principais causas de
vulvovaginites infecciosas, muito embora nem sempre determinando sintomas
e/ou sinais clínicos, ressaltando-se que, especialmente, a tricomoníase, pode
alterar o resultado da citologia oncótica (BRASIL, 2006b).
Tabagismo foi pouco freqüente entre as mulheres que compuseram a
pesquisa, do mesmo modo que na casuística de Molano et al. (2002), o que
demonstra que a maioria das participantes não estava, diretamente, exposta a
esse importante co-fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cérvice
uterina.
7.2 RESULTADOS OBTIDOS
7.2.1 Prevalência de anormalidades colpocitológicas
No tocante ao resultado da colpocitologia (Tabela 6.2), observa-se que
anormalidades foram detectadas em 10,4 % das amostras, percentual próximo
ao encontrado por diversos autores, dentre os quais Roteli-Martins et al. (2003)
em estudo realizado com 3000 mulheres, em São Paulo, onde 92% dos
63
espécimes clínicos foram considerados negativos para alterações citológicas.
No estudo desses autores, 46% das amostras analisadas resultaram de coleta
tradicional, e 54% de coleta em base líquida, cnica que surgiu como
conseqüência das limitações da citologia convencional. Entretanto, o estudo de
Coste et al., (2005), comparando as duas metodologias, demonstrou
superioridade da técnica convencional.
O diagnóstico de ASCUS e/ou AGUS foi detectado em 6,8%, sendo que
somente ASCUS em 6,2%, somente AGUS em 0,2% e ASCUS e AGUS,
simultaneamente, em 0,4% (Tabela 6.3).
ASCUS é a mais freqüente anormalidade citopatológica e estima-se que
em população de baixo risco o percentual desse diagnóstico não deva
ultrapassar 5%, podendo ser maior, quando a casuística é considerada de alto
risco (Kurman e al., 1994; Henry, 1997; Gerber et al., 2001). Pesquisa realizada
pelo Colégio Americano de Patologistas, em 1993, comparando o programa de
citologia cérvico-vaginal, identificou que 90% dos laboratórios diagnosticaram
ASCUS em taxa inferior a 9% (INTERLABORATORY..., 1994).
A prevalência de ASCUS neste estudo foi próxima à encontrada por
outros autores, utilizando citologia convencional. Gerber et al. (2001)
detectaram ASCUS em 5% das 29.827 mulheres incluídas em seu trabalho,
enquanto Sebastião et al. (2004), identificaram ASCUS em percentuais de
5,7% e 4,9%, antes e após revisão de 65.753 diagnósticos, dentro do PCCU do
Paraná.
Roteli-Martins et al. (2003), em estudo envolvendo 3.000 mulheres da
zona leste de São Paulo, diagnosticaram ASCUS em 4,2% dos esfregaços
cervicais. Esses autores, entretanto, utilizaram citologia de base líquida em
parte (54%) das amostras estudadas. Outros, como Molano et al. (2002), na
Colômbia e Medeiros et al. (2005) no Rio Grande do Norte (Brasil), detectaram
prevalências bem inferiores, de 2,2% e 1,1%, respectivamente. Silveira et al.
(2007), em estudo retrospectivo de 60.023 resultados, no LACEN do Maranhão
(Brasil) identificaram ASCUS em 0,81%.
É sabido que o diagnóstico de ASCUS está sujeito a variações
relacionadas à população examinada, à experiência dos
citotécnicos/citopatologistas e que possui um grau significativo de
subjetividade, conforme foi demonstrado na literatura especializada (SOUZA
64
J. H. K. et al., 2004), o que justifica as diferenças no diagnóstico de ASCUS
observadas nos diversos estudos.
AGUS foi identificado em 0,6% das amostras, próximo ao percentual
detectado por Medeiros et al. (2005), que foi 0,4% e dentro dos parâmetros
estimados para esse diagnóstico (KAFERLE & MALOUIN, 2001). Kim et al.
(1999), em estudo realizado na Coréia, abrangendo 407.451 resultados de
colpocitologia oncótica, encontraram prevalência de AGUS em 0,08% das
amostras, reforçando a raridade dessa alteração citopatológica. Para Verdiani
et al. (2003), o encontro de AGUS, ao contrário do que ocorre com ASCUS,
relaciona-se com alterações neoplásicas e pré-neoplásicas em 62,2% das
vezes, daí a importância desse diagnóstico.
Ainda em relação às discrepâncias relacionadas a AUS, Sebastião et al.
(2004), observaram discordância no diagnóstico de ASCUS e/ou AGUS da
ordem de 19,65%, com prevalências de 6,19% e 5,45% no diagnóstico primário
e de revisão, respectivamente. Esses autores também detectaram, que a
maioria dos resultados discordantes permitiram a reclassificação das AUS
como negativas.
Diagnosticou-se SIL em 3,4% das amostras estudadas, percentual
situado entre os índices detectados por outros autores. Medeiros et al. (2005)
encontraram essa alteração em 4,8% das 760.501 mulheres que compuseram
sua casuística, Silveira et al. (2007) em 2,8% de 60.000 laudos citopatológicos
e Roteli-Martins et al. (2003) em 2% de 3.000 participantes. A proporção entre
o diagnóstico de ASCUS e SIL não deve exceder dois a três casos de ASCUS
para um caso de SIL (KURMAN et al., 1994; INTERLABORATORY..., 1994),
compatível com a encontrada neste estudo, que foi de 1,9 diagnósticos de
ASCUS para um de SIL.
Estratificando-se as SIL (Tabela 6.3), observou-se prevalência de LSIL
de 2,4% e de HSIL de 1%, de acordo com os parâmetros detectados por outros
autores e preconizados pela literatura (SCHIFFMAN & SOLOMON, 2003).
Comparando com os resultados de Medeiros et al. (2005), Silveira et al. (2007)
e Roteli-Martins et al. (2003) verificou-se que esses investigadores
diagnosticaram LSIL em 3%, 1,7% e 1,4%, respectivamente. Índices mais
elevados foram demonstrados por Molano et al. (2002) os quais detectaram
LSIL em 3,5% e, contrariando a literatura especializada, em percentual superior
ao diagnóstico de ASCUS. Considerando-se que o diagnóstico de LSIL inclui
65
as alterações HPV induzidas, e a infecção por HPV é mais prevalente em
mulheres jovens, esses dados podem estar refletindo as características
inerentes à casuística por eles estudada, com maior percentual de mulheres
com menor faixa de idade. Por outro não se pode deixar de considerar a
imprecisão do diagnóstico ASCUS, que com base na experiência de cada
observador pode ser categorizado como LSIL ou como negativo. Com relação
ao achado de HSIL, identificaram-se taxas de 1,4% no estudo de Medeiros et
al. (2005), de 1,6% no de Silveira et al. (2007), e de 0,57% no de Roteli-Martins
et al. (2003).
Detectou-se carcinoma invasor (0,1%) e adenocarcinoma (0,1%)
(Tabela 6.3) nas amostras estudadas e esses resultados estão dentro do
esperado. Corroborando esses achados, taxas similares de carcinoma invasor
foram encontradas por Silveira et al. (2007), enquanto adenocarcinoma foi
identificado em percentual de 0,04%. Medeiros et al. (2005), diagnosticaram
essas patologias em menor proporção, sendo de 0,02% (carcinoma invasor) e
0,01% (adenocarcinoma), assim como Roteli-Martins et al. (2003) que
evidenciaram lesões invasoras em 0,06%. Molano et al. (2002) agruparam
os diagnósticos de HSIL e lesões maiores, com presença dessas alterações
em 0,5% das amostras. Sendo o câncer cervical uma doença de evolução
lenta, o seu diagnóstico é mais freqüente em mulheres de maior faixa etária e
que o participam, efetivamente, de programas de rastreamento de câncer de
colo uterino, características inerentes à população de cada estudo e que
podem explicar as discretas diferenças nos percentuais encontrados.
7.2.2 Prevalência de HPV e suas correlações
HPV foi detectado em 12,4% (125/1009) das participantes (Tabela 6.4),
taxa dentro dos parâmetros estimados pela literatura especializada e muito
próxima à encontrada por Franco et al. (1999), de 13,8%, estudando uma
Coorte de 1425 mulheres da periferia de São Paulo, utilizando técnica
molecular semelhante.
A prevalência de HPV (Tabela 6.4) nas mulheres com anormalidades
citológicas (43,4%) foi, significativamente, mais elevada que naquelas com
citologia negativa (8,7%), tornando as chances das portadoras desses rus
apresentarem alterações colpocitológicas, cerca de oito vezes maior
66
(IC95%:5,11-12,52), quando comparadas às mulheres não infectadas por HPV.
Esses dados são consistentes com os de Molano et al. (2002), os quais
detectaram HPV, com metodologia baseada em PCR, no grupamento de
mulheres com ASCUS/AGUS, LSIL, HSIL/câncer invasor, em 41%. Nas
participantes com citologia negativa a prevalência foi de 14,9%, observando-se
chance cerca de quatro vezes maior (IC95%:2,73-5,83) de alterações
citológicas nas mulheres infectadas por HPV. Tonon et al. (1999), encontraram
chance de alterações citológicas nas mulheres de sua casuística cerca de 67
vezes maior, quando o HPV estava presente. Observe-se, entretanto, que
dentre as alterações citológicas, esses autores não incluíram as categorias
ASCUS/AGUS, onde a prevalência de HPV é geralmente inferior, aumentando,
desse modo, a força da associação entre HPV e anormalidades
colpocitológicas.
Estratificando-se a presença de HPV por diagnóstico citológico (Tabela
6.5), verificou-se que HPV foi detectado em 28,9% das pacientes com
ASCUS/AGUS, 60% das com LSIL, 90% das com HSIL e 100% das com
carcinoma invasor e adenocarcinoma, com crescimento da prevalência de HPV
proporcional ao aumento de gravidade das alterações citológicas, com chance
cerca de quatro, 16 e 94 vezes maior de diagnóstico de ASCUS/AGUS, LSIL e
HSIL, respectivamente, nas mulheres infectadas por HPV.
Comparando-se esses resultados com os de outros autores, realizados
em diferentes áreas geográficas, observam-se tendências semelhantes. Não
são muitos, no entanto, os estudos de prevalência na categoria ASCUS, a
grande maioria verifica a associação desses vírus com câncer e HSIL.
Trabalho realizado com 3024 mulheres da zona rural da Costa Rica, com
uma incidência anual de 33 casos de câncer por 100.000 mulheres (HERRERO
et al., 2000), possibilitou inferir taxas de HPV (utilizando-se metodologia
baseada em PCR) de 20% para participantes com ASCUS, 73% para as com
LSIL, 89% para as com HSIL, 88% para as com câncer invasor e 11% para as
mulheres com citologia negativa. O risco estimado de apresentarem ASCUS ou
LSIL ou HSIL ou carcinoma invasor foi de duas, 20, 64 e 61 vezes,
respectivamente.
Na pesquisa desenvolvida por Molano et al. (2002), HPV foi identificado
em 9,1% das pacientes com ASCUS/AGUS, 55,7% das com LSIL, 80% das
com HSIL/câncer e em 14,9% das mulheres sem tais anormalidades,
67
verificando-se que a associação de HPV ocorreu com LSIL e HSIL/câncer, mas
não com ASCUS/AGUS, uma vez que a prevalência de HPV nesse grupo
(ASCUS/AGUS) foi aquém à detectada em mulheres com citologia negativa.
Deve ser lembrado que no estudo desses autores foi incluido um expressivo
contingente de adolescentes, que pode ter contribuido para que a detecção de
HPV, em mulheres com exame citopatológico negativo, ultrapasse aquela
detectada nas mulheres com ASCUS. A chance das participantes infectadas
por HPV apresentarem LSIL foi, aproximadamente, sete vezes maior, em
comparação com as não infectadas por HPV. Em relação à lesão de maior
grau (HSIL/ca invasor), a chance foi cerca de 32 vezes maior.
Anschau et al. (2004), na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (Brasil), estudando 142 mulheres referenciadas para o serviço de
colposcopia e diagnosticadas por meio de histopatologia, detectaram HPV, por
PCR, em percentuais de 40%, 83%, 82% e 10%, respectivamente, conforme
se tratasse de LSIL, HSIL, câncer invasor e citologia negativa, com chance das
mulheres infectadas por HPV apresentarem LSIL, HSIL e câncer invasor de
cerca de sete, 42 e 39 vezes maior, respectivamente.
Prevalências mais elevadas foram encontradas em trabalho realizado na
Argentina, incluindo 301 participantes, onde Tonon et al. (1999), por meio de
PCR, identificaram HPV em 96,4% das citologias de LSIL, em 100% das com
HSIL e com carcinoma invasor e em 43% das com citologia negativa. Ressalte-
se que a incidência de câncer de colo uterino na região onde esse estudo foi
desenvolvido é de três a quatro casos por 1000 mulheres, o que pode contribuir
para o entendimento desses achados.
González-Losa et al. (2006), no México, em estudo envolvendo somente
mulheres com colpocitologia de LSIL, identificaram HPV em 29,1% (28/96),
percentual considerado baixo para essa categoria diagnóstica, levando os
autores a admitir a possibilidade de maior percentual de falso-positivos à
citologia, baseando-se em restrições quanto à eficiência dos programas de
rastreamento em países em desenvolvimento, em parte devido a não
reprodutibilidade da interpretação citológica.
Analisando-se somente a freqüência de HPV em mulheres com citologia
negativa para alterações citológicas (8,7%), verifica-se que esteve próxima aos
percentuais detectados por Liaw et al. (1995), em Taiwan, de 9%, também
utilizando técnica de PCR, em amostras colhidas por swab de cérvice uterina.
68
Kálmar et al. (2005), por captura híbrida, em mulheres do sul da Hungria,
encontraram menor prevalência (4%), enquanto que os trabalhos de
Nonnenmacher et al. (2002), com mulheres do sul do Brasil, e de Molano et al.
(2002), na Colômbia, ambos por PCR, identificaram prevalências de HPV de
16% e 14,9%, respectivamente. Por outro lado, em estudo realizado com
universitárias na Califórnia (média de idade de 22,9 anos), submetidas a exame
ginecológico de rotina, Bauer et al. (1991) encontraram DNA de HPV, por PCR,
em 31%, enquanto que no estudo de Tonon et al. (1999), a prevalência de HPV
foi de 42,7%, ambas visivelmente superiores aos resultados aqui detectados.
Pertinente destacar, embora com reservas devido ao tamanho da casuística,
que Young et al. (1989), detectaram por PCR, prevalência de HPV em 70% das
10 mulheres (faixa etária de 20 a 45 anos) com exame de Papanicolaou sem
alterações citológicas. Dentre os fatores que podem contribuir para achados
tão discrepantes, deve ser citada a idade das pacientes de cada estudo. Sabe-
se que a identificação do vírus na população feminina, sem anormalidades
citológicas de cérvice, não é ocorrência rara, especialmente em mulheres
jovens, e está diretamente relacionada com o comportamento sexual, inclusive
do parceiro, traduzido por uma maior chance de aquisição do HPV diante da
maior variabilidade de parceria sexual.
A prevalência de HPV de alto risco foi de 9,1%, sendo de 5,6% nas
mulheres com citologia negativa, e 38,7% nas com qualquer anormalidade
citológica (Tabela 6.6), com as infectadas por HPV oncogênico apresentando
chance, cerca de 11 vezes maior de alterações citológicas, em relação às não
infectadas. As taxas de HPV oncogênico (Tabela 6.7) foram de 23,2% nas com
ASCUS/AGUS, 56% nas com LSIL, 90% nas com HSIL e de 100% nas com
carcinoma invasor e adenocarcinoma in situ, demonstrando que o grau de
anormalidades citológicas foi, fortemente, associado a presença de HPV de
risco, aumentando de acordo com a gravidade da alteração. Corroborando com
os resultados ora apresentados, o percentual esperado de positividade para
DNA de HPV oncogênico está situado entre 25-50% para o diagnóstico de
ASCUS a80-85% para as lesões de maior grau, enquanto que na população
com citologia normal o percentual estimado cai para 5-10% (COX, 1997).
Comparando com os resultados de Molano et al. (2002), observa-se que esses
autores encontraram HPV de risco em 4,6% das pacientes com ASCUS/AGUS,
em 47,1% das com LSIL e em 70% das com HSIL/carcinoma
69
invasor/adenocarcinoma in situ e em 11,4% das com citologia negativa.
Novamente, destoa o percentual de HPV oncogênico nas participantes com
ASCUS, inferior ao detectado nas com citologia negativa.
Giuliano et al. (1999), em trabalho com 971 mulheres mexicanas-
americanas, utilizando CH, encontraram HPV oncogênico em 60% no grupo
com qualquer das alterações citológicas descritas como ASCUS, LSIL e HSIL e
em 10,1% nas com citologia negativa. A freqüência de HPV de alto-risco foi de
30,4% no grupo com ASCUS, 69,6% no com LSIL e 92,9% no com HSIL, com
chance progressivamente maior, de cerca de quatro, 20 e 115 vezes,
respectivamente, de anormalidades à citologia, nas infectadas por HPV de alto
risco.
Por outro lado, percentuais menores de HPV de alto risco foram
registrados por Oh et al. (2001), em 1305 mulheres, na Coréia, com taxas de
HPV de 10,5%, 25%, 78,8% e 100%, respectivamente, nas pacientes com
ASCUS, LSIL, HSIL e carcinoma invasor e somente 0,7% nas com citologia
negativa. Esses achados podem estar refletindo um viés de aferição, uma vez
que se utilizaram primers capazes de detectar apenas quatro tipos de HPV
oncogênicos (16, 18, 31 e 33). Outro ponto que precisa ser observado, no
estudo desses autores, é a possibilidade de viés de seleção, tendo em vista
que cerca de 3/4 da casuística correspondeu a mulheres com mais de 40 anos,
idade onde é menos freqüente o encontro de HPV. Convém registrar,
entretanto, que a exemplo dos demais estudos aqui reportados, houve
associação de infecção por HPV oncogênico com o grau da alteração citológica
(Tabela 6.8 e Tabela 6.9). Do mesmo modo, HPV de alto risco mostrou-se,
significativamente, mais prevalente no grupamento de mulheres com
HSIL/carcinoma invasivo/adenocarcinoma in situ, quando comparado ao com
ASCUS/AGUS/LSIL (Tabela 6.10). Tais achados fortalecem a relação entre
HPV de alto risco e qualquer anormalidade citológica, e não com as lesões
de maior grau, muito embora a associação seja mais intensa com essas
últimas, motivo da pesquisa da grande maioria dos trabalhos existentes sobre o
assunto.
Considerando-se a presença de HPV de alto risco somente dentre as
infectadas por HPV, com espécimes clínicos tipificados (116/125) (Tabela 6.11)
observou-se que os classificados como oncogênicos, foram os mais
detectados, especialmente nas mulheres que apresentavam anormalidades
70
citológicas em colo uterino, correspondendo a 91% (41/45). Nas pacientes com
ASCUS/AGUS em 84,2%; nas com LSIL em 93,3%, chegando a 100% nas
com HSIL, câncer invasor, e adenocarcinoma in situ (Tabela 6.12). Em relação
às mulheres com teste positivo para HPV e resultado citológico considerado
negativo, 71,8% (51/71) estavam infectadas com HPV de risco. Observa-se
que mesmo ocorrendo predomínio de tipos oncogênicos nos dois grupos,
houve significativa maior prevalência de HPV de alto risco nas mulheres com
anormalidades citológicas, com chance cerca de quatro vezes maior (IC95%:
1,27-12,69) em comparação às que não portavam tipos de HPV de alto risco.
Os resultados de Molano et al. (2002), considerando apenas as
mulheres infectadas por HPV, mostraram que nas classificadas com
diagnóstico citológico alterado (ASCUS/AGUS/LSIL/HSIL), os tipos
considerados de risco representavam 83% (50% nas com ASCUS, 85% nas
com LSIL e 88% nas com HSIL), percentuais próximos ao encontrado no grupo
de mulheres com citologia negativa, no qual os tipos oncogênicos detectados
infectavam 75% das amostras positivas para HPV. No trabalho desses autores,
dentro do grupo de participantes positivas para HPV, não houve associação
significativa de HPV de risco com anormalidades citológicas. O fato de terem
sido incluídas, em sua análise, mulheres de qualquer faixa etária, inclusive um
grupo específico composto por 200 adolescentes, pode ter contribuído para
esse resultado, uma vez que aumentou a chance de se encontrar HPV de risco
em indivíduos jovens, com infecção transiente, sem alterações à colpocitologia.
No tocante à distribuição dos diversos tipos de HPV (Tabela 6.13 e
Tabela 6.14) verificou-se que, nas mulheres infectadas e com alterações
citológicas, o tipo 16 foi o mais freqüente, seguido do tipo 58. Corroborando
com esses achados, Câmara et al. (2003), em Brasília, e De Luca et al. (2004),
na Argentina, ambos utilizando metodologia baseada em PCR, detectaram os
tipos 16 e 58, como os mais prevalentes, examinando amostras de mulheres
com anormalidades colpocitológicas. Os primeiros autores incluíram em sua
pesquisa 129 participantes com ASCUS ou AGUS ou LSIL ou HSIL ou
carcinoma de células escamosas ou adenocarcinoma, enquanto que De Luca
et al. (2004) estudaram 53 mulheres com ASCUS ou LSIL ou HSIL.
Detectou-se HPV 16 em 24,4% (11/45) das participantes com alterações
citológicas em cérvice uterina, e em 7% (5/71) das com colpocitologia negativa,
com chance cerca de quatro vezes maior (IC95%:1,3723-13,2896), de
71
alterações citológicas nas portadoras de HPV 16, em relação às infectadas por
outros tipos (Tabela 6.15).
Estudos realizados em diversas partes do mundo (Clifford et al., 2005)
apontam o HPV 16 como o mais freqüente, reforçando a sua associação com
anormalidades cervicais à citologia. Tonon et al. (1999) e Herrero et al. (2000)
detectaram associação entre HPV 16 e alterações citológicas (LSIL, HSIL,
carcinoma invasor), com chances cerca de três e de cinco vezes maior,
respectivamente, dessas anormalidades, nas participantes positivas para HPV
16. Rabelo-Santos et al. (2003), encontraram HPV 16 em 56% das mulheres
com HSIL ou lesão maior que fizeram parte de sua casuística. Maiores
percentuais de HPV 16 foram detectados por Liaw et al. (1995) e Noronha et al.
(1999) em mulheres infectadas por HPV. Os primeiros, em pesquisa realizada
em Taiwan com mulheres de 30 a 64 anos, identificaram HPV 16 em 48% das
com HSIL e carcinoma invasor
. Noronha et al. (1999) encontraram HPV de tipo
16 em 60,4% das mulheres com câncer cervical, em hospital de referência, em
Belém/PA, utilizando técnica de PCR em material colhido por biopsia dirigida
por colposcopia. Convém observar que esses autores estudaram a freqüência
de HPV 16 em grupos de mulheres com lesões mais graves, enquanto o
trabalho ora apresentado considera todas as anormalidades colpocitológicas,
na sua análise, das quais somente 12 com HSIL ou lesão maior.
A caracterização molecular do HPV vem sendo proposta como
alternativa ao seguimento citológico e à colposcopia imediata, para identificar o
grupo de mulheres com maior risco de desenvolver câncer cervical
.
Observou-se (Tabela 6.16) infecção por mais de um tipo de HPV nos
dois grupos: 5,7% em mulheres com alterações citológicas e 1,1% nas com
citologia negativa, com chance cerca de 5,35 (IC95%:1,91-15,05) vezes maior
de anormalidades à citologia nas mulheres com multi-infecção. Esses
resultados são concordantes com os de Molano et al. (2002), que também
encontraram maior chance (cerca de três vezes) de
ASCUS/AGUS/LSIL/HSIL/câncer invasor nas participantes multi-infectadas por
HPV. Recente publicação (Trottier et al., 2006), aponta a possibilidade de co-
infecção por HPV e qualquer grau de SIL, ressaltando que, particularmente, os
tipos 16 e 58 parecem reforçar o risco de associação. No estudo ora
apresentado
, todas as associações, nas mulheres com anormalidades
citológicas (Tabela 6.17), envolviam dois HPV de alto risco e em 66,6% (4/6)
72
dos casos havia presença do HPV 16 (Tabela 6.18), demonstrando associação
significativa de multi-infecção e presença de HPV 16, com citologia alterada.
Apesar do desempenho deste estudo não contemplar a temporalidade,
isto é, o que se instalou primeiro: a infecção pelo HPV ou a doença pré-
invasiva, o corpo de evidência de estudos de outros autores corroboram a ação
etiológica deste vírus. Ainda, a consistência e os achados desta pesquisa, em
relação aos demais estudos descritos permite inferir que a população estudada
pode se beneficiar de novas tecnologias que vêm sendo propostas, baseadas
no modelo etiológico do câncer cervical, seja para rastreio de seus precursores
através da detecção da presença dos tipos considerados oncogênicos, ou pela
prevenção primária, através da introdução de vacinas profiláticas,
recentemente disponíveis em nosso meio.
7.2. 3 Co-fatores de risco para câncer e lesões precursoras
Vários co-fatores (Tabela 6.19), associados em inúmeros trabalhos ao
câncer e às vezes às SIL, foram analisados em relação às mulheres com
qualquer anormalidade citológica (incluindo-se ASCUS e AGUS) e com
citologia negativa, o que pode explicar a ausência de associação entre a
maioria das variáveis aqui estudadas.
Diversos estudos associam iniciação sexual precoce com maior risco
para desenvolvimento de câncer e lesões precursoras em cérvice uterina (LEY
et al., 1991; PARAZZINI et al., 1992). Estudo caso-controle, no México,
realizado por Castañeda-Iniguez et al. (1998) estimou que o risco de
desenvolvimento de HSIL/câncer cervical seria duas vezes menor nas
mulheres com iniciação sexual após os 19 anos, se comparadas com aquelas
cujo início se deu antes dos 15 anos. Silva T. T., et al. (2006) identificaram
risco cerca de quatro vezes maior de NIC em mulheres com primeiro contato
sexual entre 10 a 19 anos, quando comparado com o grupo de 20 a 30 anos. A
justificativa para maior vulnerabilidade das mulheres que iniciam,
precocemente, a atividade sexual pode, em tese, estar fundamentada na maior
oportunidade em se relacionar com um maior número de parceiros e se expor a
múltiplas infecções pelo HPV (HUNTER et al., 1995). Outra hipótese baseia-se
na ectopia cervical, comum em mulheres na fase de adolescência que,
induzindo a metaplasia, torna o epitélio cervical uterino mais susceptível à
73
infecção por microorganismos, dentre eles o HPV (FREGA et al., 2003).
autores, entretanto, que não identificaram associação entre precocidade na
iniciação sexual e HSIL ou carcinoma/adenocarcinoma invasor (JONES et al.,
1990; LIMA et al., 2006).
No estudo de Jones et al. (1990) houve uma tendência a essa
associação, que não persistiu quando a análise foi ajustada para número de
parceiros sexuais. Do mesmo modo, no trabalho ora apresentado, a
associação entre iniciação precoce e anormalidades citológicas não se
manteve quando ajustada para HPV e para HPV de risco (Tabela 6.20 e
Tabela 6.21).
A pesquisa de Lima et al. (2006), contou com reduzida casuística que
pode ter influenciado o resultado. Convém não se afastar a possibilidade de
viés de aferição, uma vez que a abordagem dessa variável, exige um clima de
confiança e segurança entre entrevistador e entrevistado.
Estudos conduzidos em diversas regiões do mundo apontam a relação
direta entre câncer cervical e lesões precursoras com maior número de
parceiros (BRINTON et al., 1987; JONES et al., 1990; SCHIFFMAN et al.,
1996; PARAZZINI et al., 1998; TEMMERMAN et al., 1999). Contrariamente,
Silva T et al. (2006), não detectaram associação entre elevado número de
parceiros e SIL, as alterações citológicas objeto de seu trabalho. Do mesmo
modo, no trabalho ora apresentado, não houve associação entre essa variável
e anormalidades citológicas, entretando, deve-se ressaltar que, ao contrário da
maioria dos estudos, a tentativa de associação foi com qualquer alteração
citológica (onde houve predomínio de ASCUS), o que pode ter contribuído para
este resultado. Por outro lado, como o questionamento envolve assunto de foro
íntimo, admite-se a possibilidade de imprecisão nas respostas, especialmente
com sub estimativa dos dados (o que configuraria viés de aferição), visto tratar-
se de mulheres em idade madura e que alegam viver em união estável.
Merecem citação, os dados de Liaw et al. (1995). Esses autores
obtiveram relato de monogamia em 100% das participantes de sua pesquisa,
nas quais se detectou altas prevalências de HPV. Buckley et al. (1981)
detectaram risco, estatisticamente, maior de neoplasia cervical nas
participantes cujos parceiros admitiam contato sexual com seis ou mais
mulheres. Achados como esses permitem a suposição de que o
comportamento sexual dos parceiros pode, sobremaneira, contribuir para
74
infecção pelo HPV e, em conseqüência, para o surgimento de anormalidades
citológicas em suas companheiras.
Diversos investigadores relacionam o elevado número de gestações com
maior risco de aparecimento de câncer cervical (HSIEH et al., 1999;
CASTAÑEDA-INIGUEZ et al., 1998). Acredita-se que mulheres infectadas por
HPV, com antecedentes de sete ou mais gestações, teriam um risco cerca de
quatro vezes maior de desenvolver câncer quando comparadas com mulheres
nulíparas, também positivas para HPV (MONSONEGO et al., 2004). Outros,
entretanto, não encontraram associação entre essas variáveis (JONES et al.,
1990; PARAZZINI et al., 1992), Neste estudo, não houve associação entre
anormalidades citológicas e número de gestações. Presume-se a possibilidade
de erro tipo II ou beta, tendo em vista a homogeneidade da população em
relação a essa variável (com mediana igual a três).
Contraceptivos hormonais utilizados por tempo prolongado aparecem
como fator de risco para ncer de cérvice uterina em inúmeras pesquisas
desenvolvidas por diversos autores (AUBORN et al., 1991; CASTAÑEDA-
INIGUEZ et al., 1998), embora alguns não tenham encontrado associação
significativa (MOSCICKI et al., 1998; HILDESHEIM et al., 2001). Negrini et al.
(1990) detectaram associação de uso de contraceptivo oral com HSIL, mas não
com LSIL e ASCUS/AGUS, e sem evidências de que o uso de
anticoncepcionais orais aumente o risco de neoplasia, em mulheres infectadas
por HPV. No trabalho ora apresentado convém salientar que a maioria das
mulheres estudadas havia sido esterilizada, e que somente cerca de 10%
das participantes admitiram uso desse método de contracepção, além de que o
grupo com anormalidades citológicas foi representado, principalmente, por
mulheres com ASCUS, diferente da maioria dos outros estudos que buscam
associação com HSIL e/ou câncer invasor. Outro ponto que merece citação é
não haver sido analisado o tempo de uso de anticoncepcional oral, pelas
adeptas desse meio de contracepção. Moreno et al
. (2002), associaram
contraceptivos orais a maior risco de desenvolvimento de câncer cervical
somente em mulheres que admitiram ser usuárias pelo menos cinco anos,
aumentando o risco quando o uso era de 10 ou mais anos.
Com relação à história de tabagismo, os resultados de Silva, T. T. et al.
(2006) reforçam a associação de consumo de cigarro com SIL. Para alguns
estudiosos trata-se do mais importante fator de risco depois da infecção por
75
HPV (KJELBERG et al., 2000), entretanto, a maior parte dos estudos que
evidenciam associação dessa variável com câncer de colo do útero, leva em
conta o tempo de tabagismo e o número de cigarros consumidos por dia
(KJELBERG et al., 2000; HILDESHEIM et al., 2001), dados não registrados
neste estudo, no qual não se encontrou associação entre fumo e
anormalidades citológicas. Outra explicação, tendo em vista o baixo percentual
de fumantes na amostra (16,7%), poderia se fundamentar na negação deste
dado, pelo receio de discriminação, tendo em vista as políticas nacionais de
esclarecimento e combate ao fumo.
No que concerne à prévia realização de colpocitologia oncótica, está
bem estabelecida a importância do rastreamento de rotina por esse meio
diagnóstico (GONTIJO et al., 2005; LIMA et al., 2006), entretanto, não se
observou diferença significativa neste estudo, entre prevalência de
anormalidades citológicas e não realização de colpocitologia oncótica anterior,
o que talvez possa ser explicado, pelo diminuto número de mulheres (7,3%)
que admitiu estar sendo, pela primeira vez, submetida a rastreamento para
câncer do colo uterino. Também pode ser levado em conta que esse dado se
baseou somente na informação da participante, sem necessidade de
comprovação e, considerando tratar-se de mulheres com 30 ou mais anos de
idade, seria possível a presunção de que ficariam vulneráveis a críticas, ao
admitirem nunca haverem procurado, anteriormente, por um serviço de
prevenção do câncer de colo uterino, o que configuraria viés de aferição.
A incidência de câncer cervical é maior na faixa etária entre 40 e 50
anos, cerca de 10 a 15 anos após o aparecimento das lesões precursoras
(RUNOWICK et al., 1999). No estudo ora apresentado, como todas as
participantes se encontravam na faixa de idade de maior risco para câncer e
lesões precursoras, a tentativa de se estabelecer uma associação entre idade e
anormalidades citológicas ficou prejudicada.
No que diz respeito ao estado civil, também não se observou diferença
significativa entre as que viviam com um companheiro e as que não tinham
relacionamento estável, em relação ao encontro de anormalidades à citologia.
Os resultados de Gontijo et al. (2005) e Silva, T. T. et al. (2006),
consubstanciam essa observação. Se por um lado, pode-se supor que as
primeiras correriam menor risco devido a maior probabilidade em se
relacionarem com uma única pessoa, por outro lado, tendem a fazê-lo sem o
76
uso de proteção (preservativos) o que as coloca em situação de
vulnerabilidade, no caso do parceiro apresentar comportamento de risco para
aquisição de DST.
Alguns estudos sugerem que baixa escolaridade está, diretamente,
relacionada com câncer cervical e lesões precursoras, assim como renda
familiar e ocupação, que junto com escolaridade, são parâmetros utilizados
para medir o nível cio-econômico da população (RODRIGUÉZ-SALVÁ et al.,
1999; SILVA, D. W. et al., 2006; LIMA et al., 2006). Acredita-se que a classe
menos favorecida estaria mais susceptível de apresentar lesões cervicais e
evolução para câncer. O estudo de Jones et al. (1990) não detectou
associação entre níveis de escolaridade e renda com carcinoma cervical in situ.
Lima et. al. (2006), embora tenham encontrado prevalências mais elevadas de
mulheres com baixa escolaridade, em ocupações domésticas e com renda
familiar baixa, não observaram diferenças significativas entre as mulheres com
câncer e as do grupo controle. Na presente pesquisa, houve tendência à
associação entre baixa escolaridade e anormalidades citológicas, que o se
manteve quando ajustada para infecção por HPV e por HPV de risco (Tabela
6.20 e 6.21). Este resultado pode encontrar justificativa na homogeneidade da
população objeto da pesquisa, recrutada em unidade de serviço público.
Contrariamente ao que foi observado no trabalho de Silva, T. T. et al.
(2006) não se verificou associação positiva entre história de úlceras e/ou
condilomas genitais e anormalidades citológicas, nem entre história de
tratamento para alterações em cérvice uterina e anormalidades citológicas.
Como estas variáveis não foram estabelecidas pelo exame clínico atual,
baseando-se somente na informação das participantes, deve ser considerada a
possibilidade de viés de aferição, uma vez que a entrevistada pode o
recordar ou mesmo não querer admitir qualquer DST prévia
.
As amostras de um subgrupo de 350 mulheres foram testadas para C.
trachomatis, detectando-se sua presença em 5,1% das amostras (Figura 6.22),
sendo de 6,7% nas com citologia alterada (90/350) e 4,6% nas com citologia
negativa (260/350), não havendo associação significativa entre essas duas
variáveis. Resultados similares foram encontrados por Molano et al. (2005), em
estudo conduzido na Colômbia, onde esses autores encontraram taxa de
infecção em 5% das 1813 participantes, com prevalências de 5% e 5,2%, nas
77
com citologia negativa e alterada, respectivamente, sugerindo que C.
trachomatis não induz a anormalidades citológicas.
A prevalência de C. trachomatis, com base em diversos estudos
epidemiológicos, é de cerca de 5% da população, corroborando com os índices
detectados nesta pesquisa. A infecção prévia por C.trachomatis vem sendo
questionada como um co-fator para a persistência de HPV e desenvolvimento
de câncer cérvico-uterino (FINAN et al., 2002; SMITH et al., 2002; WALLIN et
al., 2002; SMITH et al., 2004; SILLINS et al., 2005), entretanto, divergências
a respeito do assunto. Para Class et al. (1992) tanto o HPV quanto a C.
trachomatis, podem causar lesão cervical, mas nenhuma relação direta entre
infecção por esses microorganismos foi observada.
Apesar da freqüência de C. trachomatis, em mulheres positivas para
HPV (9,8%), ter sido mais que o dobro da encontrada nas mulheres
negativas para esse vírus (4,3%) (Figura 6.23), não houve associação entre
essas duas variáveis. Tamin et al. (2002), no Líbano, encontraram maior
risco de infecção por C. trachomatis nas mulheres infectadas por HPV [OR:
10,2 (IC95%:4,2-24,3%)]. Molano et al. (2005) observaram que mulheres
infectadas por HPV, apresentavam, embora discreto, aumento no risco de
estarem, simultaneamente, infectadas por C. trachomatis.
Dúvidas existem a respeito da participação e do mecanismo pelo qual
a infecção por C. trachomatis colaboraria na progressão para lesões
malignas em rvice uterina. Se por atividade inflamatória, resultando em
danos oxidativos adicionais para lula infectada por HPV, ou se induzindo
inflamação cervical e facilitando a persistência viral, situação na qual seria
considerado um fator de risco para infecção por HPV. Se esse último
mecanismo ocorre (e se pode ser distinguido do processo inflamatório
básico), dificuldade na sua comprovação por meio de estudos
epidemiológicos, tendo em vista que ambos os agentes são fortemente
associados à atividade sexual (TROTTIER & FRANCO, 2006b).
78
8 CONCLUSÕES
A freqüência de alterações citológica (10,4%) esteve dentro das
estimativas preconizadas para populações de rastreamento, com
predomínio de ASCUS/AGUS, contribuindo com 6,8% dos
diagnósticos.
Foi possível comprovar alta prevalência de HPV e de seus tipos
oncogênicos em mulheres com anormalidades citológicas,
especialmente naquelas com alterações de maior gravidade,
corroborando evidências de causalidade na população estudada:
o Detectou-se prevalência de HPV de 12,4%, sendo cerca de oito
vezes maior nas mulheres com anormalidades citológicas,
quando comparadas às com citologia oncótica negativa,
apresentando associação direta com o grau da lesão,
demonstrando chance cerca de quatro vezes maior do
diagnóstico de ASCUS/AGUS e cerca de 94 vezes maior de
HSIL, nas mulheres infectadas por qualquer tipo de HPV.
o No tocante à presença de HPV de tipos considerados
oncogênicos (9,1%) foi ainda mais significativa a associação,
observando-se chance de se detectar colpocitologia alterada,
cerca de 11 vezes maior, nas mulheres infectadas por tipos de
alto risco. A taxa de HPV em cada categoria de diagnóstico
colpocitológico aumentou progressivamente, de acordo com a
gravidade da anormalidade, com chance cerca de cinco vezes
maior de se detectar ASCUS/AGUS e aproximadamente 150
vezes maior do diagnóstico de HSIL, nas mulheres infectadas
por HPV.
Dentre os tipos de HPV, observou-se que os mais freqüentes, tanto
nas mulheres com alterações citológicas como nas com citologia
negativa, foram os classificados como oncogênicos. Do total, o tipo
16 foi o mais prevalente, em concordância com o descrito por
diferentes autores, correspondendo a 24,4% nas mulheres com
citologia alterada e 7,0 nas com citologia negativa. No grupo de
participantes com anormalidades citológicas, depois do tipo 16, os
79
mais detectados foram os 58 e 56. Nas participantes com citologia
negativa predominaram os tipos 18, 52 e 53.
Verificou-se associação entre presença de HPV 16 e anormalidades
citológicas, nas 116 participantes infectadas por HPV.
Observou-se associação entre infecção por mais de um tipo de HPV
e anormalidades citológicas.
Dentre as variáveis epidemiológicas implicadas ao câncer de colo
uterino, observou-se associação entre idade do primeiro coito e
anormalidades citológicas, mas que não se manteve na análise
multivariada.
A prevalência de C. trachomatis foi de 5,1% (18/350) no sub-grupo
de mulheres estudadas, com maior prevalência nas com
anormalidades citológicas e nas infectadas por HPV, entretanto, não
houve correlação entre essas variáveis.
Em resumo, o estudo demonstra forte associação entre HPV,
especialmente dos tipos considerados oncogênicos, e anormalidades
citológicas; o grau de associação obedeceu a um gradiente dose-resposta, isto
é, observou-se maior risco à medida que se analisaram categorias de
anormalidades citológicas mais graves; não foi possível comprovar associação
de outros co-fatores com as anormalidades citológicas, apontando para a
possibilidade de serem apenas associados ao HPV.
80
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p. 3977-3984, Jun. 2003.
ZUR HAUSEN, H. Condiloma acuminata and human genital cancer. Cancer
Research, v. 36, n. 2, pt. 2, p. 794, 1976.
ZUR HAUSEN, H. Human Papillomaviruses in the Pathogenesis of Anogenital
Cancer. Virology, v. 184, n. 1, p. 9-13, 1991.
ZUR HAUSEN. Papillomaviruses Causing Cancer: Evasion From Host-Cell
Control in Early Events in Carcinogenesis. Journal of the National Cancer
Institute, v. 92, n. 9, May 2000.
113
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO
(Obrigatório para Pesquisas em Seres Humanos-Resolução N
o
196 de 10.10.1996-CNS)
I.DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL
NOME:______________________________________________________________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE N
O
:____________NASCIMENTO:_____________________
ENDEREÇO:_________________________________________________________________
CIDADE:__________________ESTADO:________________TEL:_______________________
II.DADOS SOBRE O ESTUDO
TÍTULO: Diagnóstico Molecular do Papilomavirus humano na triagem do câncer do colo
uterino.
PESQUISADOR PRINCIPAL: Dra. Luisa Lina Villa, Inst. Ludwig SP.
APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM __________________________
III.EXPLICAÇÃO DO PESQUISADOR `A PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL
a) A infecção pelo Papilomavirus humano (HPV) é o principal fator de risco para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero, que é uma doença muito freqüente entre as
mulheres brasileiras. Nosso estudo objetiva avaliar a utilidade de um teste de HPV no controle
desta doença.
b) Para prevenção deste câncer, toda mulher sexualmente ativa deve se submeter à coleta de
um esfregaço do colo do útero para exame (teste de Papanicolaou ou exame preventivo). A
coleta do material e sua análise não conferem risco algum às mulheres.
c) Quando o resultado do preventivo indicar alterações precursoras do câncer como ASCUS,
ASGUS ou lesão intra-epitelial de baixo grau (compatível com HPV, NIC 1), o mesmo material
do preventivo será submetido a um teste de detecção do DNA de HPV.
d) É assegurado o tratamento de todas as mulheres, independente de participar ou não do
estudo
e) É assegurado o sigilo de todas as informações coletadas.
IV.AFIRMAÇÕES DA PACIENTE
a)Fui esclarecida sobre os objetivos da pesquisa, os procedimentos, riscos, benefícios e outros
assuntos?
SIM NÃO
b)Fui esclarecida sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento, sem
que isso traga prejuízo quanto à continuidade do meu tratamento?
SIM NÃO
c)Fui esclarecida de que não haverá remuneração financeira além do previsto para as
despesas do estudo?
SIM NÃO
d)Fui esclarecida de que não haverá indenização além das previstas por lei, em reparação a
dano imediato ou tardio, causado pela pesquisa em questão?
SIM NÃO
e)Fui esclarecida sobre a segurança de que minha identidade será preservada, mantendo-se
todas as informões em caráter confidencial?
SIM NÃO
V.CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO
Declaro, que após ter sido convenientemente esclarecida dos riscos e benefícios deste estudo
definido nos itens III e IV, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto referido
no inciso II.
Belém,__________de_________________de____________
______________________________________ ___________________________
Assinatura da paciente ou Representante Legal Assinatura e carimbo da médica
114
ANEXO B
QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO
N
o
no estudo___________
DATA:_________________________
1. Nome: ____________________________________________________________________
2. Data doNascimento:_______________________________________Idade:____________
2. Local de nascimento (cidade e Estado): ____________________________________
3. Endereço:______________________________________________________________
Bairro:_______________________Cidade:_______________________UF:___________
Telefone:________________________________ (assinale aqui, se para recados_____)
5. Cor: [1]Branca [2]Mulata [3 Negra [4]Amarela [5]Índio ou descendente
6. Estado Civil:
[1]Solteira [2].Casada [3].Viúva [4].Separada [5]Vive maritalmente
7. Renda familiar (a sua mais a dos que vivem em sua
casa)____________________________________
8.Quais dos seguintes itens tem em casa?
1.( )Geladeira
2.( )TV a cores
3.( )Telefone
4.( )Videocassete
5.( )Carro
9. Escolaridade:
[1]Analfabeta [2]1
o
grau incompleto [3]1
o
grau completo
[4]2
o
grau incompleto [5] 2
o
grau completo [6]Técnico-profissionalizante
[7] Superior
10. Profissão (ocupação):______________________________________________________
11.Idade da primeira menstruação: ______________________________________________
12.Data da última menstruação:_________________________________________________
13.Idade da 1
a
relação sexual: __________________________________________________
14. Já fez teste de prevenção do câncer de colo uterino?
[1]Sim Quantas vezes?________ [2]Não
15. Número de parceiros(durante a vida):________________
16. Número de gestações:______________________ Número de filhos:_______________
17. Já teve alguma ferida, verruga, na vulva ou vagina?
[1]Sim
Onde?____________
[2]Não
18. Já foi submetida a tratamento de lesões no colo do útero?
[1]Sim
Onde?____________
[2]Não
115
19. Qual o método anticoncepcional que a Sra. (ou seu marido) usa? (anotar todos)
____________________________________________________________________________
20. Fuma? [1]Sim [2]Não
Já fumou?_____________
21.Consumo de bebida alcoólica: [1]Sim [2]Não
Belém,______________________ Entrevistadora:___________________________
Observações:________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
116
ANEXO C
117
ANEXO D
Coloração de Papanicolaou:
A coloração foi desenvolvida em várias fases, conforme a descrição a
seguir:
1ª fase: Hidratação
Álcool 90% -mínimo de 10 imersões
Álcool 80% -mínimo de 10 imersões
Álcool 70% -mínimo de 10 imersões
Álcool 50% -mínimo de 10 imersões
Água destilada -mínimo de 10 imersões
2ª fase: Coloração dos núcleos celulares
Hematoxilina -imersão de 2 a 3 minutos
Água corrente -mínimo de 10 imersões
Ácido clorídrico 0,5% -imersão por 2 vezes
Água corrente -por 5 minutos
3ª fase: Desidratação
Álcool 50% -mínimo de 10 imersões
Álcool 70% -mínimo de 10 imersões
Álcool 80% -mínimo de 10 imersões
Álcool 95% -mínimo de 10 imersões
4ª fase: Coloração do citoplasma das células
a) Ocorre coloração do citoplasmas das células com afinidade por
corantes ácidos
Orange G-6 -imersão por 30 segundos
Álcool 95% -mínimo de 10 imersões
Álcool 95% -mínimo de 10 imersões
b) Coloração dos citoplasmas das lulas com afinidade por corantes
básicos
118
EA-50 -imersão por 30 segundos
Álcool 95% -mínimo de 10 imersões
Álcool 95% -mínimo de 10 imersões
Álcool absoluto -mínimo de 10 imersões
Álcool absoluto -mínimo de 10 imersões
Deixar escorrer ou secar para passar para as cubas de xilol
5ª fase: Clarificação
Cuba 1) Xilol – mínimo de 10 imersões
Cuba 2) Xilol – mínimo de 10 imersões
Cuba 3) Xilol – mínimo de 10 imersões
Posteriormente, as lâminas foram montadas e analisadas por
microscopia óptica.
APÊNDICE A
Noronha VL, Noronha R, Bruno Carmona, Macedo LA, Cruz EM, Naum
C, Mello W, Villa L. Papilomavirus humano (HPV) em Mulheres com
Citologia Oncótica Dentro dos Limites da Normalidade. Jornal
Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, v.17, n.1, p. 49-
55, 2005.
INTRODUÇÃO
O HPV é considerado o agente viral mais freqüentemente
transmitido por via sexual
1,2
. Segundo estimativas do Centers for
Disease Control and Prevention (CDC) em 1996, cerca de 500
mil a 1 milo de casos novos de infecção por HPV ocorrem
anualmente
3
.
Dentre os cerca de 40 tipos que podem infectar o trato genital,
costuma-se agrupá-los em tipos de baixo risco (6, 11, 26, 42, 44,
54, 70, 73), e de alto risco (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 55, 56,
58, 59, 66, 68) para o desenvolvimento de câncer cervical uteri-
no. Outros tipos, menos encontrados em carcinomas, porém fre-
qüentes em lesão intra-epitelial de baixo grau, são incluídos ora
como de alto risco, ora como de risco intermediário
4
.
Clinicamente, os HPV podem expressar-se sob a forma de
verrugas genitais, os condilomas acuminados, incluídos entre as
DST mais freqüentes
5
, até mesmo em países desenvolvidos,
como Inglaterra e País de Gales, contribuindo com 97.240 casos
no ano de 1996
6
. Nessa forma estão, via de regra, associados aos
HPV 6 e 11
7
, e raramente encontrados em cérvice uterina
8
. Por
outro lado, os condilomas planos são mais freqüentes em colo
uterino
9,10
, recebendo a denominação de infecção subclínica pelo
HPV, uma vez que só podem ser visualizados através do col-
poscópio.
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) EM MULHERES COM CITOLOGIA
ONCÓTICA DENTRO DOS LIMITES DA NORMALIDADE
HUMAN PAPILOMAVIRUS OF WOMEN WITH ONCOTIC CYTOLOGIC NORMAL
Vânia Lúcia Noronha
1
, Rafael Noronha
2
, Bruno Carmona
3
, Luis Antônio Macedo
4
,
Ermelinda M Cruz
5
, Cecília Naum
6
, Wyller Mello
7
, Luisa Villa
8
RESUMO
Introdução: dentre os vírus de transmissão sexual, o HPV é o mais prevalente, podendo ser detectado em considerável número de mulheres sexual-
mente ativas, em estado de latência clínica. Objetivo: verificar a prevalência de HPV em mulheres com citologia oncótica dentro da normalidade
Métodos: em 433 mulheres de 30 a 45 anos submetidas a screening para câncer cérvico-uterino, nas quais o resultado citológico se mostrou dentro
da normalidade, realizou-se pesquisa de HPV por PCR em material endocervical. O restante do espécime clínico que permaneceu na escova foi mer-
gulhado em solução de PBS, encaminhado ao Instituto Evandro Chagas para extração do DNA e enviado ao Instituto Ludwig de Pesquisas Sobre o
Câncer para realização de teste molecular. Resultados: a prevalência de HPV foi 6,9%; 91,5% haviam sido submetidas a pelo menos um exame
colpocitológico; houve correlação positiva entre a prevalência do vírus e o número de parceiros, porém sem associação significativa; um grande
número das participantes (315/433, 73%) iniciou atividade sexual antes dos 20 anos, sendo encontrada a maior prevalência no grupo cuja coitarca se
deu com no máximo 14 anos. Outros possíveis co-fatores associados ao risco de HPV e câncer cervical foram analisados sem que se observasse cor-
relação significativa. Conclusão: a prevalência de HPV não foi muito elevada, talvez porque se tratasse de mulheres na faixa de maior risco, que são
as mulheres mais jovens. Dentre as variáveis epidemiológicas estudadas, observa-se que a iniciação sexual precoce foi uma constante.
Palavras-chave: Papilomavírus humano, HPV, citologia oncótica
ABSTRACT
Introduction: among vírus of sexual transmission, HPV is the most prevalent. It can be detected in a great number of sexual active women in a cli-
nical latent stage. Objetives: to verify “latent” infection of HPV in uterine cervix in women that had oncotic citology in range of “normalit”.
Methods: among 433 women, age 30 to 45 years old, submitted to screening of uterine cervical cancer with normal citologic result, it in endo-cervi-
cal samples. The rest of clinical specimen was dived in solution of PBS from cervicalextraction of DNA and molecular tests respectively Instituto
Ludwig de Pesquisas Sobre o Câncer. Results: prevalence of HPV was 6,9%; 91,5% of them had being submitted at least to one colpocitological
exam; there was a positive correlation between the prevalence of the virus and the number of sexual partnees, but without significant association. A
great number of women (315/433, 73%) started their sexual activities before 20 years old. More prevalence of HPV was observed in the group which
first sexual intercourse occurred up to 14 years old. Other possible co-factors associated witch the riskof HPV and uterine cancer were evoluated,
with no significant correlation. Conclusion: the prevalence of the HPV in the sample was not so hight as expected, probably because the sample did
not enrore women at age of greatest risk . It was observed that precious sexual activies played a great role.
Keywords: Human Papillomavirus, prevalence of the HPV, oncotic citology
ISSN: 0103-0465
DST J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
ARTIGO ARTICLE
1
Mestre em Medicina Tropical. Professora Auxiliar de Doenças Infecciosas e
Parasitárias da Universidade do Estado do Pará.
2, 3, 4
Ex-internos do Curso de Medicina da Universidade Federal do Pará.
5,6
Médicas do Serviço de Citopatologia do LACEN/PA.
7
Pesquisador do Serviço de Virologia Geral do Instituto Evandro Chagas.
8
Pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisas Sobre o Câncer.
A maior importância do estudo desses vírus, entretanto, deve-
se a sua indiscutível associação a processos malignos em cérvice
uterina
11-13
.
A detecção de HPV, por técnica de biologia molecular, em
mulheres com citologia oncótica dentro da normalidade, sugere
latência clínica. A evolução pode ser o clearance espontâneo ou,
dependendo de inúmeras variáveis, o desenvolvimento de lesões
neoplásicas em colo uterino. Estudos demonstram que os HPV
podem ser encontrados em parcela significativa de mulheres
sexualmente ativas, em estado de latência clínica. Para Villa
12
, o
percentual de mulheres nessa situação oscila entre 10% a 40%,
sendo os maiores índices encontrados nas mais jovens. Para out-
ros, a prevalência de HPV na ausência de expressão clínica situa-
se entre 40% e 60%
14
e de acordo com Perez et al
15
, 80% das
mulheres podem estar infectadas por esses vírus, em algum
período de sua vida sexual, embora somente uma parcela reduzi-
da daquelas infectadas por HPV de tipos considerados oncogêni-
cos desenvolva lesão maligna em cérvice uterina
16
.
OBJETIVOS
- Verificar a prevalência de HPV por PCR em mulheres com
citologia oncótica dentro dos limites de normalidade.
- Verificar a freqüência de exames preventivos prévios realiza-
dos por cada participante e caracterizar as variáveis epidemi-
ológicas.
- Caracterizar as variáveis epidemiológicas (reprodutivas e
comportamentais) que associadas a determinados tipos de
HPV representam maior risco para desenvolvimento de altera-
ções pré-malignas e malignas em cérvice uterina.
MÉTODOS
Estudo transversal e prospectivo realizado na Unidade
Materno-Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
(UMI/CCBS) da Universidade do Estado do Pará. As pacientes
que, no período de agosto de 2001 a agosto de 2002, procuraram
a UMI/CCBS para realização do exame preventivo do câncer de
colo uterino, foram esclarecidas sobre a finalidade do projeto e
convidadas a participar do mesmo. Aquelas que concordaram,
assinaram Termo de Consentimento Pós-Informado e responde-
ram a questionário padronizado, cujo conteúdo foi imprescindí-
vel para o cumprimento dos objetivos propostos. Como critérios
de inclusão, exigiu-se idade de 30 a 45 anos, procura espontânea
pelo exame de PCCU, não estar em período gestacional, não ser
histerectomizada nem ter sido submetida a cirurgia em colo
uterino.
Após anamnese, as pacientes foram submetidas, em posição
ginecológica, à inspeção dos órgãos genitais externos e ao exame
especular. Estas etapas foram precedidas de breve explicação
sobre o procedimento. Em seguida, por meio de escova apropria-
da (Citobrush), foi coletado material da cérvice uterina (junção
escamocolunar), realizando-se esfregaço celular em mina de
vidro, o qual foi fixado em álcool e encaminhado para o
Laboratório de Saúde Pública (LACEN) da Secretaria de Saúde
do Estado do Pará, onde se realizou o exame citológico. A escova
coletora foi mergulhada em solução de PBS, e o material dela
resultante foi conservado a – 70
o
C para pesquisa de HPV.
Nas pacientes com resultado citológico mostrando “alterações
celulares benignas reativas e/ou reparativas”, ou seja, dentro dos
limites da normalidade (433/500), verificou-se a prevalência de
HPV. A extração do DNA para pesquisa de HPV ocorreu no
Instituto Evandro Chagas (Belém, PA) e a realização da técnica
de PCR, no Instituto Ludwig de Pesquisas Sobre o Câncer (São
Paulo, SP).
Na alise estatística, foi utilizado o software EPI-INFO,
Centers for Diseases Control and Prevention, Atlanta, Geórgia,
EUA. Foram calculadas prevalências e/ou odds ratio das variá-
veis estudadas e definidos como significativos valores de p <
0,05.
RESULTADOS
No que diz respeito ao estado civil, verificou-se que mais de
2/3 eram casadas ou viviam em concubinato (Tabela 1), presu-
mindo-se parceria sexual fixa.
No tocante à escolaridade, mais da metade das pacientes con-
cluiu pelo menos o primeiro grau, sendo que um pequeno grupo
referiu escolaridade universitária (Tabela 2).
A Figura 1 mostra que o DNA de HPV foi detectado por
PCR em material de cérvice uterina de aproximadamente 7% das
participantes, com resultado citológico dentro da normalidade.
Conforme demonstra a Figura 2, a grande maioria das partici-
pantes já havia realizado, pelo menos uma vez, o exame PCCU.
Considerando-se o mero de parceiros sexuais, observa-se
que a grande maioria (320/433) admitiu no máximo quatro par-
ceiros sexuais. Houve tendência a maior chance na detecção de
HPV nas mulheres com maior número de parceiros sexuais
durante a vida (Tabela 3), embora não haja resultado significati-
vo na análise estatística.
Coitarca na adolescência ocorreu em 315/433 das mulheres
examinadas. A prevalência de HPV foi maior no grupo em que a
iniciação sexual ocorreu antes dos 15 anos de idade (Tabela 4).
Não houve associação estatística entre a presença de HPV e a
precocidade sexual.
Anticoncepcional oral por período igual ou superior a cinco
anos foi utilizado por um número reduzido de mulheres (28/433),
de acordo com Tabela 5. Não houve diferença estatística na pre-
valência de HPV entre os dois grupos (p > 0,05).
A prevalência de HPV (Tabela 6) distribuiu-se homogenea-
mente entre os vários grupos, tendo sido discretamente mais ele-
vada naquelas que negavam história de gestação (p > 0,05). O
maior contingente de mulheres situou-se no grupamento que
informou ter tido de duas a quatro gestações (292/433).
História de tabagismo (Tabela 7) por tempo igual ou superior
a um ano foi reportada por 113/433 das participantes. A preva-
lência de HPV nos grupos fumantes e não-fumantes não apresen-
tou diferença significativa (p > 0,05).
50 NORONHA VL et al
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
Papilomavírus Humano (HPV) em Mulheres com Citologia Oncótica Dentro dos Limites da Normalidade 51
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
Tabela 1 Distribuição das pacientes com Papanicolaou dentro dos limites da normalidade, segundo estado civil, UMI-CCBS, UEPA, Belém-
PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Estado civil %
Solteira 70 16,2
Casada 141 32,6
Viúva 12 2,8
Separada 49 11,3
Concubinato 161 37,2
Total 433 100,0
Fonte: UMI/CCBS-UEPA
Tabela 2 Distribuição das pacientes com Papanicolaou dentro dos limites da normalidade, segundo escolaridade, UMI-CCBS, UEPA, Belém-
PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Grau de escolaridade %
Analfabeto 2 0,5
1º grau incompleto 179 41,3
1º grau completo 132 30,5
2º grau completo 101 23,3
3º grau completo 19 4,4
Total 433 100,0
Fonte: UMI/CCBS-UEPA
Figura 1 Distribuição das pacientes com Papanicolaou dentro dos limites da normalidade, segundo resultado do teste de PCR, UMI-CCBS,
UEPA, Belém-PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Fonte: UMI/CCBS-UEPA.
52 NORONHA VL et al
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
PCCU prévio
8,5%
91,5%
Sim
Não
Figura 2 Distribuição das pacientes com Papanicolaou dentro dos limites da normalidade, segundo realização prévia de exame preventivo de
câncer do colo uterino, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Fonte: UMI/CCBS-UEPA.
Tabela 3 Prevalência de infecção por HPV, com odds ratio e 95% de intervalo de confiança, em pacientes com Papanicolaou dentro dos limi-
tes da normalidade, segundo número de parceiros, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Número de parceiros DNA-HPV (PCR) Positivo OD* (IC 95%)**
1 4/115 (3,5%) 0,4047 (0,1381 – 1,1860)
2-4 15/205 (7,3%) 1,1211 (0,5338 – 2,3542)
5-10 9/95 (9,5%) 1,5797 (0,6982 – 3,5740)
Mais de 10 2/18 (11,1%) 1,7277 (0,3782 – 7,8932)
Total 30/433 (6,9%)
Fonte: UMI/CCBS-UEPA.
*OD (odds ratio).
**IC 95% (95% de intervalo de confiança).
Tabela 4 Prevalência de infecção por HPV, com odds ratio e 95% de intervalo de confiança, em pacientes com Papanicolaou dentro dos limi-
tes da normalidade, segundo coitarca, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Coitarca DNA-HPV (PCR) Positivo OD* (IC 95%)**
7 a 14 anos 5/45 (11,1%) 1,82 (0,57 – 5,36)
15 a 19 anos 15/270 (5,6%) 0,58 (0,26 – 1,30)
20 ou mais 10/118 (8,5%) 1,37 (0,58 – 3,19)
Total 30/433 (6,9%)
Fonte: UMI/CCBS-UEPA.
*OD (odds ratio).
**IC 95% (95% de intervalo de confiança).
Tabela 5 – Prevalência de infecção por HPV, com Odds ratio e 95% de intervalo de confiança, em pacientes com Papanicolaou dentro dos limi-
tes da normalidade, segundo resultado, uso de anticoncepcional por período igual ou maior que cinco anos, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA,
agosto 2002 a agosto 2003.
Anticoncepcional oral DNA-HPV (PCR) Positivo OD*( IC95%)
Sim 2/26 (7,7%) 1,13 (0 – 5,31)
Não 28/407 (6,9%) 0,89 (0,19 – 5,72)
Total 30/433 (6,9%)
Fonte: Protocolo do trabalho.
*OD (odds ratio).
**IC 95% (95% de intervalo de confiança).
DISCUSSÃO
A detecção de HPV (Figura 1) encontrada, foi de 6,9%
(30/433). Embora trabalhos de prevalência tenham sido desenvol-
vidos por pesquisadores locais
17,18
, não se encontrou, na região,
estudo visando a detecção do vírus em amostras de mulheres cujo
laudo citológico demonstrasse resultado dentro da normalidade,
situação definida como latência clínica do HPV. Tal denomina-
ção, entretanto, está sujeita a restrições, principalmente quando se
utiliza como único critério de avaliação de normalidade a colpoci-
tologia, cuja sensibilidade oscila em torno de 60%
19
.
Corroborando com os resultados aqui encontrados, Liaw et
al.
11
, estudando, em Taiwan, mulheres de 30 a 64 anos (70%
delas com idade entre 30 a 49 anos), com citologia oncótica den-
tro dos parâmetros considerados normais, encontraram prevalên-
cia de HPV em cérvice uterina, por PCR, em 9,2% de sua casuís-
tica. Van den Brule et al.
20
, também utilizando técnica de PCR
em espécimes cnicos cuja citologia oncótica foi considerada
normal, obtiveram percentuais de 3,4% a 14%, conforme se tra-
tasse de clientela assintomática ou com queixas ginecológicas,
respectivamente.
Por outro lado, em estudo realizado na Califórnia, com uni-
versitárias (cuja média de idade situava-se em 22,9 anos) subme-
tidas a exame ginecológico de rotina, Bauer et al
21
., encontraram
DNA de HPV, por PCR, em 31% (130/421) daquelas com citolo-
gia dentro da normalidade. É sabido que, embora mulheres
jovens apresentem as mais altas prevalências de HPV, uma vez
que estão iniciando a atividade sexual, na grande maioria das
vezes haverá clearance viral espontâneo
22
. É pertinente destacar,
embora com reservas devido ao tamanho da casuística, que
Young et al.
23
, detectaram, por PCR, prevalência de HPV em
70% das 10 mulheres com Papanicolaou dentro da normalidade e
faixa etária de 20-45 anos (média de 27 anos), que compuseram
sua pesquisa.
Utilizando técnica de hibridização in situ, recurso molecular
diferente do utilizado neste estudo, de Villiers et al
24
, detectaram
HPV em 10% das amostras cervicais de mulheres na faixa etária
de 15 a 50 anos, com Papanicolaou dentro da normalidade. Do
mesmo modo, HPV “latente” em cérvice uterina foi identificado
em 17% de uma população ao acaso e em 29% das mulheres
recrutadas em um serviço de pré-natal
25
. Prevalência de 27% de
HPV (16 e 18) foi descrita, em 1994, por Venuti et al
26
, exami-
nando pela técnica de hibridização in situ material proveniente de
mulheres (idade média de 38 anos) com cérvice morfologicamen-
te normal.
A Organização Mundial de Saúde preconiza que, a cada ano,
pelo menos 10% da população sexualmente ativa seja submetida
ao exame citológico de material cervical uterino, entretanto, a
Papilomavírus Humano (HPV) em Mulheres com Citologia Oncótica Dentro dos Limites da Normalidade 53
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
Tabela 6 Prevalência de infecção por HPV, com odds ratio e 95% de intervalo de confiança, em pacientes com Papanicolaou dentro dos limi-
tes da normalidade, segundo número de gestações, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA, agosto 2002 – agosto 2003.
Número de gestações DNA-HPV (PCR) Positivo OD* (IC 95%)**
0 3/24(12,5%) 2,02 (0,45 – 7,79)
1 3/40 (7,5%) 1,10 (0,25 – 4,05)
2 a 4 18/292 (6,2%) 0,71 (0,31 – 1,61)
5 a 7 5/64 (7,8%) 1,17 (0,38 – 3,38)
8 a 10 1/13 (7,7%) 1,12 (inválido)
Total 30/433 (6,9%)
Fonte: Protocolo do trabalho.
*OD (odds ratio).
**IC 95% (95% de intervalo de confiança).
Tabela 7 Prevalência de infecção por HPV em pacientes com Papanicolaou, com odds ratio e 95% de intervalo de confiança, com
Papanicolaou dentro dos limites da normalidade, segundo história de tabagismo, UMI-CCBS, UEPA, Belém-PA, agosto 2002 a agosto 2003.
Tabagismo
DNA-HPV (PCR) Positivo OD* (IC 95%)**
Sim 9/113 (7,9%) 1,23 (0,50 – 2,94)
Não 21/320 (6,6%) 0,81 (0,34 – 1,98)
Total 30 (6,9%)
Fonte: Protocolo do trabalho.
*OD (odds ratio).
**IC 95% (95% de intervalo de confiança)
redução significativa do óbito por câncer de colo de útero só
ocorrerá se cada mulher tiver a oportunidade de realizar, a inter-
valo inferior a três anos, pelo menos dois exames
19
. A grande
maioria das pacientes deste estudo (Figura 2) já havia sofrido, no
mínimo, um exame preventivo do câncer de colo uterino antes de
participar desta pesquisa. Entretanto, não se pode deixar de regis-
trar que, mesmo se tratando de mulheres com idade mínima de
30 anos e com um significativo contingente (72%) admitindo
precocidade na iniciação sexual, pouco menos de 10% delas esta-
vam pela primeira vez sendo rastreadas para patologia em cérvice
uterina.
A população estudada não deve ser considerada sexualmente
promíscua, visto que cerca de um quarto das pacientes referiram
contato sexual com apenas um parceiro durante toda a vida, e
aproximadamente três quartos, do total admitiram o máximo de
quatro parceiros. Observa-se que a freqüência de HPV se mos-
trou diretamente relacionada com o aumento do número de par-
ceiros (Tabela 3). Corroborando com esses resultados, Ley et
al.
27
, estudando universitárias da Califórnia, encontraram uma
tida progreso da prevalência de HPV, naquelas que, até o
momento da entrevista, afirmavam haver se relacionado com
quatro ou mais pessoas. Reeves et al.
28
, em pesquisa realizada no
Panamá e em Herrera, com mulheres de 20 a 49 anos, e Burk et
al.
29
, com casuística composta por alunas de uma Universidade
Norte-Americana, também encontraram relação direta entre essas
duas variáveis.
Muito embora diversos estudos associem a idade precoce do
primeiro coito ao desenvolvimento de neoplasias em cérvice ute-
rina, a associação entre coitarca e presença de HPV é discutida.
Verificou-se, neste estudo, que um grande contingente (315/433)
se iniciou sexualmente ainda na adolescência, com maior preva-
lência de HPV no grupo em que a atividade sexual ocorreu entre
sete e 14 anos. Entretanto, não houve associação entre essa variá-
vel e a presença do HPV (Tabela 4). Estudo realizado no Brasil,
por Villa et al.
30
, com mulheres assintomáticas, também não evi-
denciou tal correlação. Por outro lado, Ley et al.
27
, encontraram
relação positiva entre coitarca precoce e infecção por HPV.
Estudos relacionando o uso de contraceptivos orais com o
risco de câncer cervical são complexos
32
. Pílula anticoncepcional
vem sendo inconsistentemente associada à infecção por
HPV
27,32
. Estudos recentes encontraram um elevado risco de
câncer cervical invasivo entre mulheres com HPV que faziam
uso de anticoncepcional oral. Assim, parece que contraceptivos
orais promovem a atividade do HPV, desde que a infecção tenha
ocorrido
33,34
. Nesta pesquisa observou-se que somente uma par-
cela reduzida das mulheres investigadas admitiu uso de anticon-
cepcionais orais, sendo a prevalência de HPV próxima à encon-
trada no grupo que negou a utilização desse meio de contracep-
ção por período igual ou maior que cinco anos (Tabela 5). O
seguimento dessas pacientes seria fundamental para comparar
com os achados dos autores supracitados.
A freqüência de HPV foi discretamente mais elevada nas
mulheres nuligestas (Tabela 6). Embora a detecção de HPV
possa ser ligeiramente mais freqüente durante o período gesta-
cional
33
, a prevalência de HPV não é maior em multíparas
32
.
A prevalência de HPV entre as fumantes esteve em torno de
8%, próxima à encontrada entre as que não possuem esse hábito
(Tabela 7). Vários trabalhos correlacionam o tabagismo com o
câncer cervical. A relação entre fumo e infecção por HPV, entre-
tanto, é controversa
31,32
, acreditam que o tabagismo é fortemen-
te associado ao risco de infecção por HPV, devido à correlação
entre hábito de fumar e comportamento sexual, ou seja, dentre as
fumantes se encontraria um maior contingente de mulheres com
maior liberalidade sexual.
CONCLUSÃO
Cerca de 7% (30/403) das participantes estavam infectadas
pelo HPV, mesmo com resultado de Papanicolaou dentro da nor-
malidade, caracterizando “latência clínica” do vírus.
Levando-se em conta a significativa possibilidade de resulta-
dos falso positivos à citologia, a idade das mulheres que com-
põem o estudo e a associação entre HPV e câncer cervical uteri-
no, presume-se que uma parte delas necessitará, no futuro, de
assistência especializada. Deve-se observar, no entanto, que a
tipificação do HPV (não realizada neste trabalho) seria funda-
mental para identificar aquelas sob maior risco. Por outro lado,
cumpre ressaltar que a presença de HPV em mulheres com resul-
tado citológico normal, na ausência de alterações citológicas,
permitiria uma investigação mais apurada, mas nunca interven-
ção terapêutica (reservada àquelas com alterações morfológicas).
o é demais observar sobre a possibilidade de clearance
espontâneo, mesmo em pacientes na faixa etária aqui estudada,
daí a necessidade de um maior esclarecimento a respeito de um
resultado de teste positivo para HPV, poupando-as de um maior
degaste emocional.
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Endereço para correspondência:
VÂNIA LÚCIA NORONHA
Av. Governador José Malcher, 1434/901.
Nazaré, Belém, PA. CEP: 66060-230.
Recebido em: 11/01/05
Aprovado em: 14/03/05
Papilomavírus Humano (HPV) em Mulheres com Citologia Oncótica Dentro dos Limites da Normalidade 55
DST – J bras Doenças Sex Transm 17(1): 49-55, 2005
APÊNDICE B
Noronha VL, Moutinho da Cruz E, Naum-Pinho C, Mello W, Noronha R,
Silveira I, Mendes S, Villa L. Papilomavirus humano em Mulheres
Submetidas à Colpocitologia Oncótica. Jornal Brasileiro de Doenças
Sexualmente Transmissíveis, v.18, n.2, p. 130-136, 2006.
130130
130130
130
1
Mestre em Medicina Tropical. Professora assistente de Doenças Infecciosas e
Parasitárias da Universidade do Estado do Pará.
2
Doutora em Patologia. Laboratório Central de Saúde Pública (Belém, PA).
3
Especialista em Ginecologia e Citopatologia. Laboratório Central de Saúde
Pública, pesquisador doutor do Serviço de Virologia Geral do Instituto Evandro
Chagas (Belém, PA)
4
Ex-internos da Universidade Federal do Pará.
5
Pesquisadora doutora do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer (São Paulo,
SP).
INTRODUÇÃO
Dentre os agentes virais transmitidos por via sexual, a in-
fecção pelo papilomavirus humano (HPV) é a mais freqüente.
1
O
Center for Disease Control and Prevention (CDC), em 1996,
estimou que a ocorrência anual de novos casos de infecção por
HPV
2
está entre 500mil e 1 milhão. O HPV compreende tam-
bém, quantitativamente, o grupo de vírus mais associado às
neoplasias.
3
Estudos realizados em diferentes áreas geográficas
demonstram que o HPV é o principal fator implicado na transfor-
mação maligna em cérvice uterina.
4
ISSN: 0103-0465
DST J bras Doenças Sex Transm 18(2): 130-136, 2006
PAPILOMAVIRUS HUMANO EM MULHERES SUBMETIDAS À
COLPOCITOLOGIA ONTICA
HH
HH
H
UMANUMAN
UMANUMAN
UMAN
P P
P P
P
APILLOMAAPILLOMA
APILLOMAAPILLOMA
APILLOMA
VIRUSVIRUS
VIRUSVIRUS
VIRUS
ININ
ININ
IN
WW
WW
W
OMENOMEN
OMENOMEN
OMEN
S S
S S
S
UBMITTEDUBMITTED
UBMITTEDUBMITTED
UBMITTED
TT
TT
T
OO
OO
O
O O
O O
O
NCOTICNCOTIC
NCOTICNCOTIC
NCOTIC
C C
C C
C
OLPOCYTOLPOCYT
OLPOCYTOLPOCYT
OLPOCYT
OLOGYOLOGY
OLOGYOLOGY
OLOGY
Vânia Noronha,
1
Ermelinda Moutinho da Cruz,
2
Cecília Naum-Pinho,
3
Wyller
Mello,
4
Rodolfo Noronha,
5
Ígor Silveira,
5
Sandro Mendes,
5
Luísa Villa
6
RESUMO
Introdução: o papilomavirus humano é considerado o principal fator de risco para o surgimento de lesões malignas em cérvice uterina. Objetivo: verificar
a prevalência de HPV e de outros co-fatores de risco para câncer e lesões precursoras, em colo uterino. Métodos: estudou-se 491 mulheres de 30 a 45 anos
que procuraram o exame preventivo dencer de colo uterino na Unidade Materno Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do
Estado do Pará, no período de setembro de 2001 a setembro de 2002. As pacientes foram submetidas à coleta de material de rvice uterina (com escova
citrobush) para análise citológica no Laboratório Central de Saúde Pública. O DNA das amostras foi extraído no Instituto Evandro Chagas e realização de
PCR e genotipagem por hibridização reversa no Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, em o Paulo - SP. As pacientes com diagnóstico citológico
de ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL foram incluídas no Grupo A, e as com citologia dentro dos limites da normalidade, no Grupo B. Resultados: a prevalência
total de HPV foi de 12,6%. De acordo com a estratificação, 44,1% (26/59) no Grupo A e 8,3% (36/432) no Grupo B. Tipos considerados de alto risco foram
detectados em 39% das mulheres do Grupo A (23/59), em 28% (13/46) das com ASCUS, 71% das com LSIL (5/7) e 83% das com HSIL (5/6), e em 4,4% (19/
432) das do Grupo B. Dentro do sub-grupo das infectadas dos Grupos A e B, HPV de risco esteve presente em 88,5% (23/26) e 52,8% (19/36), respectivamente.
O HPV 16 foi o mais freente, tendo sido detectado em 30,8% (8/26) das infectadas do Grupo A e em 8,3% (3/36) do Grupo B. Houve associação
estatisticamente significativa entre presença de HPV, presença de HPV de alto risco e de HPV 16 com mulheres do Grupo A. Dentre os co-fatores de risco,
coitarca precoce foi significativamente associada com as pacientes com diagnóstico citológico de ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL (as representantes do Grupo
A). Com as demais variáveis o se encontrou associação significativa. Conclusão: os achadoso coerentes com inúmeros trabalhos da literatura nacional
e mundial, tanto quanto à prevalência de HPV, quanto aos tipos presentes em esfregaços de material colhido de cérvice uterina de mulheres da região norte
do Brasil.
Palavras-chave: papilomavirus humano, colpocitologia oncótica, neoplasia intraepitelial cervical
ABSTRACT
Introduction: human papillomavirus is the main risk accepted for development of malignant lesions in the uterine cervix. Objective: verify the prevalence
of HPV and the purpose of having a better knowledge of the role of HPV and other co-risk factors for development of cancer and precursory lesions in the
uterine cervix. Methods: 491 women from 30 to 45 years old were studied that looked for screening of cervical cancer in the Maternal Children Outpatient
Unit of the University of Pará, from September, 2001 to September, 2002. Patients were submitted to collection of cervical material for cytological analysis
at Central Laboratory of Public Health. DNA was extracted from the samples at Evandro Chagas Institute. Polymerase Chain Reaction and genotypes
procedures by reverse hybridization were carried out at Ludwig Institute of Cancer Researcho Paulo – SP. Patients with cytological diagnosis of ASCUS/
AGUS, LSIL and HSIL were included in group A and patients with cytology results in the range of normality in group B. Results: total prevalence of HPV was
12,6%. According stratification, 44,1% (26/59) to group A and 8,3 % (36/432) to group B. HPV types considered of high risk were detected in 39% of women
in the group A (23/59), being 28% (13/46) with ASCUS, 71% with LSIL (5/7) and 83% with HSIL (5/6); and in 4,4% (19/432) in the group B. Among the sub-
group infected from the group A and from the group B, HPV of high risk was present respectively in 88,5% (23/26) and 52,8% (19/36). HPV 16 was the most
frequent, being detected in 30,8% (8/26) of the infected women of group A and in 8,3% (3/36) of infected women of group B. There were significant associations
of prevalence of HPV, HPV of high risk, and HPV type 16 in women from group A. Among co-risk factors, first intercourse at early age was significant associated
with patients with cytological diagnosis of ASCUS/AGUS, LSIl e HSIL (representative women from group A). Other variables had no significant association.
Conclusion: the discovered facts are coherent with several researches of world and national literature, as well as several researches the prevalence of HPV as
the present types smear of specimes from the uterine cervice of women from North region of Brazil.
Keywords: human papillomavirus, oncotic colpocytology, cervical intraepithelial neoplasia
ARTIGO ARTICLE
DST–J bras Doenças Sex Transm 18(2):130-136, 2006
ISSN: 0103-0465
131131
131131
131
Atualmente são conhecidos mais de 100 tipos de HPV, dos
quais cerca de 40 podem infectar o trato genital. Esses são agru-
pados em tipos com baixo potencial oncogênico (6,11,42,43,44),
e com alto risco de indução oncogênica (16, 18, 31, 33, 35, 39,
45, 51, 52, 56, 58, 59, 68) em colo uterino. Outros tipos, consi-
derados como de risco intermediário, são menos encontrados em
carcinomas, porém freqüentes em lesões intra-epiteliais de baixo
grau.
5
O câncer de colo uterino contribui com cerca de 465 mil ca-
sos novos/ano, no mundo.
6
Representa a segunda maior causa de
óbito por câncer em mulheres no mundo, ocupando o primeiro
lugar na faixa etária de 35 a 45 anos, em vários países em desen-
volvimento, onde ocorrem cerca de 80% dos casos novos.
7,8
No
Brasil, a estimativa é de que 23 mil casos sejam diagnosticados
anualmente, com 14 mil óbitos/ano.
7
Ainda são escassas, na região do estudo, pesquisas que utili-
zem técnicas de biologia molecular visando identificar os tipos
prevalentes de HPV, em amostras colhidas durante o exame roti-
neiro de prevenção do câncer de colo uterino (PCCU), buscando
o conhecimento do perfil da população estudada.
OBJETIVOS
z Verificar a prevalência de HPV em cérvice uterina, por
PCR, em dois grupamentos de mulheres: com colpocitologia
oncótica alterada (ASCUS e/ou AGUS ou LSIL ou HSIL) e com
colpocitologia oncótica dentro dos limites da normalidade.
z Identificar os tipos prevalentes de HPV, por meio de
genotipagem por hibridização reversa, em mulheres com
colpocitologia oncótica alterada e em mulheres com colpocitologia
dentro dos limites da normalidade.
z Determinar a prevalência de co-fatores (idade da inicia-
ção sexual, número de parceiros, número de gestações, tabagis-
mo, uso de contraceptivo oral) para o desenvolvimento de câncer
e lesões precursoras em colo uterino, em mulheres com
colpocitologia oncótica alterada e em mulheres com colpocitologia
dentro dos limites da normalidade.
MÉTODOS
Estudo transversal e prospectivo realizado na Unidade Ma-
terno-Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (UMI/
CCBS) da Universidade do Estado do Pará. Participaram do es-
tudo 491 mulheres que, no período de setembro de 2001 a setem-
bro de 2002, procuraram a UMI/CCBS para realização do exame
preventivo do câncer de colo uterino. Após explicação sobre os
objetivos do estudo, as que desejaram participar, assinaram ter-
mo de consentimento pós-informado, e responderam ao questio-
nário padrão. Como critérios para inclusão no estudo foram exi-
gidos: ter entre 30 e 45 anos, haver procurado espontaneamente
pelo exame de PCCU, não estar gestante e possuir presença de
colo uterino.
Após anamnese, procedeu-se, por meio de escova apropria-
da (citobrush), à coleta de material da cérvice uterina (junção
escamo-colunar), realizando-se esfregaço celular em lâmina de
vidro, o qual foi fixado em álcool e encaminhado para o Labora-
tório de Saúde Pública (LACEN) da Secretaria de Saúde do Es-
tado do Pará, onde se realizou o exame citológico pela técnica de
Papanicolaou (1941) modificada.
9
A escova coletora foi mergu-
lhada em solução de PBS, e o material dela resultante foi conser-
vado a -70
o
C para pesquisa de HPV. A extração do DNA para
pesquisa de HPV ocorreu no Instituto Evandro Chagas (IEC),
Belém/PA e a realização da técnica de PCR, baseada na descri-
ção de Manos et al.
10
Posteriormente, o material foi submetido à
genotipagem de HPV, por hibridização reversa, conforme descri-
ção de Gravitt et al,
11
para tipificação, conforme protocolo, no
Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer (ILPC), em São
Paulo - SP.
Para fins de análise estatística as participantes do estudo fo-
ram divididas em dois grupos, de acordo com resultado da
citologia oncótica, baseando-se na classificação de Bethesda:
12
Grupo A: presença de quaisquer das seguintes alterações (ASCUS
e/ou AGUS; LSIL; HSIL) e Grupo B: dentro dos limites da nor-
malidade.
O estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Instituto Evandro Chagas.
Na análise dos dados foi utilizado o “software” EPI-INFO
6.0, Center for Diseases Control and Prevention, Atlanta, Geórgia,
EUA. Os testes estatísticos utilizaram o Programa BioEstat 2,0
(Ayres et al).
13
Foram aplicadas Razão de Prevalências e Teste
Binomial, e considerados significativos valores de p<0,05.
RESULTADOS
A distribuição das participantes por faixa etária demonstrou
que 37,9% tinham de 30 a 34 anos, 34,4% entre 35 e 39 anos e
27,7% entre 40 e 45 anos. Quanto às características
sociodemográficas, 68,9% viviam em união estável (casamento
ou concubinato), 56,6% (278/491) afirmaram ter, no mínimo,
concluído o 1
o
grau, e a grande maioria desenvolvia atividades
domésticas (60,3%), em empregos remunerados (119/491) ou em
seu próprio lar (177/491).
Em relação ao resultado da colpocitologia oncótica, 12% (59/
491) apresentavam-se fora dos padrões de normalidade. Dos 46
diagnósticos agrupados como de ASCUS/AGUS, 41 eram
ASCUS, três eram ASCUS e AGUS e dois eram apenas AGUS.
A prevalência de HPV foi de 12,6% (62/491), sendo de 44,1%
(26/59) nas pacientes do Grupo A e 8,3% (36/432) nas do Grupo
B, evidenciando associação, estatisticamente, significativa entre
presença de HPV e resultado da colpocitologia oncótica com al-
terações (Grupo A): RP/RR:5,29 (IC95%: 3,46-8,09),
p*<0,00001*.
No Grupo A, estratificado por diagnóstico citológico, a fre-
qüência de mulheres infectadas por HPV foi de 34% (16/46) para
aquelas com ASCUS e/ou AGUS, 71,4% (5/7) para as com LSIL
e 83,3% (5/6) para as com HSIL (Tabela 1).
Tipos considerados de alto risco foram detectados em 39%
(23/59) das mulheres do Grupo A, sendo que HPV de risco esta-
vam presentes em 28% (13/46) das com diagnóstico de ASCUS,
71,% das com LSIL (5/7) e 83% das com HSIL (5/7). Nas do
Grupo B, 4,4% apresentavam infecção por tipos de alto risco
(Tabela 1). Aplicando-se teste estatístico, verifica-se associação
significativa entre HPV de risco e colpocitologia alterada (Gru-
po A). RP/RR: 10,67 (IC 95%: 6,28-18,15), p*<0,00001.
Nas 26 pacientes infectadas alocadas no Grupo A, detectou-se
infecção por 14 tipos de HPV, além da presença de um tipo ain-
da indeterminado. Observou-se também que quatro participan-
tes eram portadoras de dois diferentes tipos de HPV (Tabela 2),
DST–J bras Doenças Sex Transm 18(2): 130-136, 2006
Papilomavirus Humano em Mulheres Submetidas à Colpocitologia Oncótica
132132
132132
132
daí a detecção de HPV ter sido superior ao número de mulheres
infectadas.
Nas participantes do Grupo B, infectadas pelo HPV (36/432),
detectou-se presença de 20 tipos conhecidos, além de três catalo-
gados como indeterminados. Duas pacientes estavam infectadas
por dois tipos de HPV e uma por três tipos (Tabela 3). A mesma
explicação do Grupo A se aplica ao Grupo B para justificar nú-
mero superior de detecção de HPV em relação ao de mulheres
infectadas.
No sub-grupo das infectadas dos Grupos A e B, a freqüência
de, pelo menos, um tipo de HPV de alto risco foi, respectivamen-
te, de 88,5% (23/26) e de 52,8% (19/36). Aplicando-se o Teste
Binomial para duas proporções encontrou-se diferença significa-
tiva (p=0,0015).
O HPV 16 esteve presente em 17,7% (11/62) das pacientes
infectadas pelo HPV, sendo que a prevalência foi de 30,8% (8/
26) no Grupo A e 8,33% (3/36) no Grupo B. Aplicando-se o teste
Binomial para duas proporções, verifica-se resultado significati-
vo (p=0,0112).
No tocante às variáveis de risco implicadas como co-fatores
no desenvolvimento de câncer e lesões precursoras em cérvice
uterina observa-se na Tabela 4: iniciação sexual precoce, com 15
anos ou menos, se relacionou com maior risco de alterações
neoplásicas ou precursoras em cérvice uterina, em comparação
com mulheres com história de coitarca após os 15 anos, sendo
essa diferença, estatisticamente, significativa (p=0,0321
*
). Con-
tato sexual com 7 ou mais parceiros sexuais até a data da entre-
vista se relacionou positivamente com citologia cervical altera-
da, com resultado estatístico próximo ao considerado significati-
vo (p=0,0545). Número de gestações, tabagismo e uso de
contraceptivo oral não se relacionaram com resultado anormal
na citologia.
Tabela – 1 Distribuição dos resultados colpocitológicos das participantes do estudo “Papilomavírus humano em mulheres submetidas à
colpocitologia oncótica”, segundo presença de HPV e de HPV de risco, UMI-CCBS, UEPA, setembro 2001-setembro 2002.
Fonte: Protocolo do estudo.
DIAGNÓSTICO CITOLÓGICO HPV HPV DE RISCO
% %
ASCUS / AGUS
46 16 34,0 13 28,0
LSIL
7 5 71,4 5 71,0
HSIL
SUBTOTAL
Dentro da Normalidade
6
59
432
5
26
36
83,3
44,1
8,3
5
23
19
83,0
39,0
4,4
Total
491 62 12,6 42 8,6
Tabela 2 Tipos de HPV detectados em cérvice uterina das 26 participantes, infectadas por HPV, incluídas no Grupo A
Ï%
do estudo
“Papilomavírus humano em mulheres submetidas à colpocitologia oncótica”, UMI-CCBS, UEPA, setembro 2001-setembro 2002.
a
Tipos presentes em 2 pacientes infectadas com 2 tipos.
b
Tipos presentes em 1 paciente infectada com 2 tipos.
c
Tipos presentes em 1 paciente infectada com 2 tipos.
Ï%
Com resultado colpocitológico de ASCUS/ AGUS ou LSIL ou HSIL.
* Tipos considerados de alto risco.
Fonte: Protocolo do estudo.
Tipos de HPV %
11 1 3,3
*16
a,b
8 26,7
*31 1 3,3
*33 1 3,3
*35 1 3,3
*39 1 3,3
*45 1 3,3
*51
c
4 13,3
*52 2 6,7
55 1 3,3
*56
a
3 10,0
*58 3 10,0
*59
b
1 3,3
82
c
1 3,3
Indeterminado 1 3,3
Total
30 100,00
DST–J bras Doenças Sex Transm 18(2):130-136, 2006
NORONHA V et al
ISSN: 0103-0465
133133
133133
133
Tabela 3 Tipos de HPV detectados em cérvice uterina das 36 participantes, infectadas por HPV, incluídas do Grupo B
Ï%
do estudo
“Papilomavírus humano em mulheres submetidas à colpocitologia oncótica”, UMI-CCBS, UEPA, setembro 2001-setembro 2002.
a
Tipos presentes em 1 paciente infectada com 2 tipos.
b
Tipos presentes em 1 paciente infectada com 3 tipos.
Ï%
Com resultado colpo-citológico dentro da normalidade.
* Tipos considerados de alto risco.
Fonte: Protocolo do estudo.
Tabela – 4 Comparação da distribuição de co-fatores de risco para o desenvolvimento de câncer cervical, nas participantes dos Grupos
A
Ï%
e B
Ï%Ï%
, do estudo “Papilomavírus humano em mulheres submetidas à colpocitologia oncótica”, UMI-CCBS, UEPA, setembro 2001-
setembro 2002.
Ï%
Com resultado colpocitológico de ASCUS/ AGUS ou LSIL ou HSIL.
Ï%Ï%
Com resultado colpocitológico dentro da normalidade.
Fonte: Protocolo do estudo.
Tipos de HPV %
6 1 2,6
*16 3 7,7
*18
a ; b
4 10,3
*31 1 2,6
42 1 2,6
*45 2 5,2
*51 1 2,6
*52
b
2 5,1
53 4 10,3
54
b
1 2,6
*56 1 2,6
*58 1 2,6
*59 2 5,1
61 3 7,7
62 1 2,6
66 1 2,6
*68 3 7,7
73 1 2,6
83
a
2 5,1
84 1 2,6
Indeterminado 3 7,7
Total
39 100,00
Co-fatores GRUPO A GRUPO B RP Intervalo de Confiança p
N
o
% N
o
%
Idade de iniciação
Sexual
Menor ou igual a 15 19 32,2 89 20,6 1,68 1,02 2,78 0,0321
*
Maior que 15 40 67,8 343 79,4
N
o
de parceiros
Sexuais
Menor ou igual a 7 49 83,1 392 90,7 1,83 0,97 3,46 0,0545
Maior que 7 10 16,9 40 9,3
Gestações
Nenhuma 1 1,7 23 5,3 1,22 1,04-1,43 0,0983
Maior ou igual a 5 16 27,1 77 17,8
Tabagismo
Não 42 71,2 323 74,8 1,14 0,74 1,76 0,3329
Sim 17 28,8 109 25,2
Uso de
contraceptivo oral
Não 54 91,5 405 93,8 1,36 0,54 3,38 0,3564
Sim 5 8,5 27 6,3
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Papilomavirus Humano em Mulheres Submetidas à Colpocitologia Oncótica
134134
134134
134
DISCUSSÃO
O diagnóstico de ASCUS/AGUS representou quase o dobro
do percentual esperado nas populações de rastreamento geral,
que deve ser de 5% ou menos.
14
Segundo esses mesmos autores,
a proporção entre o diagnóstico de ASCUS e SIL esperada é de 2 a
3 para 1, inferior ao verificado neste estudo, que foi de 3,5 casos
de ASCUS para 1 de SIL. O resultado de SIL (2,6%), entretanto,
encontra-se dentro do previsto, uma vez que pesquisa
multinacional de grande porte detectou prevalência de SIL de
2,2%. No mesmo estudo verificou-se 2,9% de ASCUS, com pro-
porção de ASCUS para SIL, de 1,3.
15
A prevalência de HPV na população estudada foi significati-
vamente mais elevada entre as que apresentavam citologia alte-
rada (Grupo A), quando comparadas às com citologia dentro da
normalidade (Grupo B), com freqüências de HPV de 44,1% e
8,3%, respectivamente (Tabela 1). O percentual detectado no
Grupo A foi muito próximo do encontrado por Molano et al.,
16
na
Colômbia, onde a freqüência de HPV nas mulheres com citologia
alterada (ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL) foi de 41%. Giuliano et
al.
17
em trabalho com mulheres mexicanas-americanas, encontra-
ram prevalência de HPV de 23,2%, subindo para 60% no grupo
com qualquer das alterações citológicas descritas como ASCUS,
LSIL e HSIL.
Estratificando as componentes do grupo A, por diagnóstico
citológico (Tabela 1), observa-se que HPV foi detectado em 34%
das pacientes com ASCUS/AGUS, 71,4% nas com LSIL e 83,3%
nas com HSIL. Comparando com estudos realizados em diversas
partes do mundo verifica-se que prevalências ainda mais eleva-
das foram encontradas. Em trabalho realizado na Argentina,
em área considerada de alta incidência de câncer cervical uterino,
se identificou HPV em 96,4% das mulheres com citologia de
LSIL e em 100% das com HSIL.
18
Outro estudo, desenvolvido
na Universidade de Indiana, detectou prevalência de 70% e 94,4%
nas pacientes com diagnóstico citológico de ASCUS e SIL, res-
pectivamente.
19
Por outro lado, OH et al.,
20
encontraram
prevalências de HPV de 10,5%, 25% e 78,8% nas pacientes com
ASCUS, LSIL e HSIL, por eles estudadas. Em pesquisa desen-
volvida na Colômbia,
16
o HPV foi detectado em 9,1% das pa-
cientes com ASCUS/AGUS, 55,7% das com LSIL e 80% das
com HSIL. Os resultados de Giuliano et al.
17
são mais próximos
dos aqui verificados, pois encontraram prevalências de 30,4%,
69.6% e 92,9%, conforme se tratasse de ASCUS, LSIL e HSIL,
respectivamente. Noronha et al.
21
, em estudo realizado no Insti-
tuto Ofir Loiola, em Belém, Pará, identificaram HPV em 63%
das amostras obtidas por biopsia de cérvice uterina, de mulheres
com HSIL.
A freqüência de HPV em mulheres com citologia dentro dos
limites da normalidade (8,3%) (Tabela 1), esteve próxima aos
percentuais detectados por Liaw et al.
22
e Van den Brule et al.
23
e
de Giuliano et al.
17
Esses autores também utilizaram técnica de
PCR em amostras colhidas por swab de cérvice uterina. Molano
et al.,
16
encontraram percentuais mais elevados (14.9%). No es-
tudo de Tonom et al.,
18
entretanto, o índice de HPV em mulheres
com citologia considerada normal, de 42,7%, foi visivelmente
superior àqueles aqui mencionados. Dentre os fatores que po-
dem contribuir para achados tão discrepantes deve ser mencio-
nada a idade das pacientes de cada estudo. Sabe-se que a identi-
ficação do vírus em pacientes sem alterações de cérvice não é
ocorrência rara, especialmente em mulheres jovens, com idade
entre 20 e 25 anos. A queda na prevalência de HPV que ocorre a
partir dessa faixa etária parece estar relacionada à diminuição de
exposição a novos parceiros e à imunidade adquirida para certos
tipos de HPV.
24
A prevalência de HPV de risco na população dos Grupos A e
B foi de 39% (23/59) e 4,4% (19/432), respectivamente (Tabela 1).
Nas pacientes com ASCUS/AGUS, HPV com potencial
oncogênico foi detectado em 28% (13/46), enquanto nas com
LSIL em 71% (5/7), e nas com HSIL em 83% (5/6). Comparando
com resultados de Molano et al.,
16
observa-se que esses autores
verificaram que HPV de risco esteve presente em 4,6% das paci-
entes com ASCUS/AGUS, em 47,1% das com LSIL e em 70%
das com HSIL.
Corroborando com os resultados aqui apresentados, o
percentual esperado de positividade para DNA de HPV
oncogênico es situado entre 25-50% para o diagnóstico de
ASCUS e 80-85% para o de LSIL e HSIL. Na população com
citologia normal o percentual cai para 5-10%.
25
Dentre as pacientes infectadas (62/491), pode-se observar que
tipos considerados de risco para evolução maligna estavam pre-
sentes em percentual elevado, especialmente nas mulheres que
apresentavam alteração citológica em colo uterino. Das 26
infectadas, 23 (88,4%) portavam tipos de alto risco, sendo que
nas pacientes com ASCUS/AGUS em 81,3% das positivas se
detectava HPV de risco; nas pacientes com LSIL e HSIL, 100%
das infectadas albergavam HPV de risco. Das 36 mulheres com
teste positivo para HPV e resultado citológico dentro da norma-
lidade, 19 (52,7%) estavam infectadas com HPV de risco. Houve
significativa prevalência de HPV de alto risco nas mulheres
infectadas do Grupo A em comparação às do Grupo B. Os resul-
tados de Molano et al. (2002)
16
mostraram que nas mulheres
infectadas por HPV, classificadas com diagnóstico citológico al-
terado (ASCUS/AGUS/LSIL/HSIL), os tipos considerados de
risco representavam 80% (50% nas com ASCUS, 82% nas com
LSIL e 88% nas com HSIL); taxa muito próxima aos 75% detec-
tados no grupo de mulheres com citologia considerada normal,
no qual os tipos de risco detectados infectavam 75% das positi-
vas para HPV. Noronha et al.,
22
encontraram tipos de alto risco
como responsáveis por infecção em 79% das pacientes com HPV
e HSIL.
No tocante à prevalência do HPV 16, verifica-se que esse
tipo estava presente em 31% (8/26) das mulheres infectadas por
qualquer dos tipos de HPV e com alterações em cérvice uterina à
citologia (Tabela 2) e somente em 8% (3/36) das com
Papanicolaou dentro da normalidade (Tabela 3), reforçando a
associação do tipo 16 com alterações malignas e precursoras,
muito embora esse tipo venha se mostrando o mais prevalente,
mesmo nas mulheres sem alterações em colo de útero. Liaw et
al.,
22
em estudo realizado em Taiwan, com mulheres de 30 a 64
anos, detectaram HPV 16 em 48% das mulheres positivas para
HPV com LSIL e carcinoma invasor. Molano et al.,
16
comparan-
do prevalência de HPV 16 em mulheres com resultado citológico
de LSIL e dentro da normalidade, não observaram diferença sig-
nificativa. A infecção persistente por determinados tipos de HPV
é considerada pré-requisito para o desenvolvimento de neoplasia
cervical uterina. Estudo caso controle desenvolvido por Ylitalo
et al.
26
associou carcinoma cervical com persistência de HPV 16.
Esses autores estimam que mulheres com alta carga viral de HPV
DST–J bras Doenças Sex Transm 18(2):130-136, 2006
NORONHA V et al
ISSN: 0103-0465
135135
135135
135
16 uma década antes do diagnóstico de câncer de colo uterino,
apresentaram risco relativo, pelo menos 30 vezes maior que mu-
lheres HPV 16 negativas.
A exemplo de diversos estudos que associam iniciação sexual
precoce com maior risco para desenvolvimento de lesões em
cérvice uterina,
24
coitarca com idade igual ou inferior a 15 anos,
foi significativamente mais prevalente no Grupo A. Estudo caso-
controle, no México, realizado por Castañeda et al.
27
estimou que
o risco de desenvolvimento de câncer cervical seria duas vezes
menor nas mulheres com iniciação sexual após os 19 anos, se
comparadas com aquelas cujo início se deu antes dos 15 anos.
Observou-se estimativa de risco de 1,83 entre as participan-
tes que referiram contato sexual com 8 ou mais homens, em
comparação com as que admitiram haver se relacionado com 7
ou menos parceiros. Diversos autores defendem a relação direta
entre câncer cervical e maior número de parceiros.
4
Muito embora a prevalência de lesões em cérvice uterina te-
nha sido maior nas mulheres que referiram cinco ou mais gesta-
ções, se comparado com aquelas que nunca engravidaram, essa
diferença não foi significativa. Diversos investigadores relacio-
nam o elevado número de gestações com maior risco de apareci-
mento de câncer cervical.
27,28
Uso de anticoncepcional oral e tabagismo não se associaram
a um maior risco de desenvolvimento de lesões em cérvice uterina.
Contraceptivos orais utilizados por tempo prolongado apare-
cem como fator de risco para câncer de cérvice uterina em inú-
meras pesquisas desenvolvidas por diversos autores,
27,28
embora
alguns não tenham encontrado associação significativa.
29
Con-
vém salientar que a maioria das pacientes catalogadas no Grupo
A, no trabalho aqui apresentado, receberam diagnóstico de
ASCUS/AGUS, ao contrário dos estudos dos autores acima cita-
dos, cujo cerne da casuística foi mulheres com carcinoma inva-
sor ou HSIL. Outro ponto importante, que pode justificar a au-
sência de associação é o fato de não haver sido analisado o tempo
de uso de pílula anticoncepcional pelas adeptas desse meio de
contracepção.
Com relação à história de tabagismo, para alguns estudiosos
o mais importante fator de risco depois da infecção por HPV,
30
a
maior parte dos estudos que evidenciam a associação dessa va-
riável com câncer de colo do útero, leva em conta o tempo de
tabagismo e o número de cigarros consumidos por dia,
29
dados
não registrados nesta análise.
CONCLUSÃO
Os achados são coerentes com inúmeros trabalhos da litera-
tura nacional e mundial, tanto quanto à prevalência de HPV, quan-
to aos tipos presentes em esfregaços de material colhido de cérvice
uterina de mulheres da região norte do Brasil.
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development of cervical cancer: results from a population-based study
in Costa Rica. British Journal of Cancer 2001; 84: 1219-1226.
30. Kjelberg L, Halmans G, Ahren AM. Smoking, diet, pregnancy and
oral contraceptive use are risk factors for cervical intra-epitelial
neoplasia in relation to human papillomavirus infection. British
Journal of cancer 2000; 82: 1332-1338.
Endereço para correspondência:
VÂNIAVÂNIA
VÂNIAVÂNIA
VÂNIA
LÚCIA LÚCIA
LÚCIA LÚCIA
LÚCIA
NORONHA NORONHA
NORONHA NORONHA
NORONHA
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VV
VV
V
ALCANTEALCANTE
ALCANTEALCANTE
ALCANTE
Avenida Governador José Malcher, 1434/901,
Nazaré, Belém, PA. 66060-230.
Recebido em: 09/07/2006
Aprovado em: 29/09/2006
DST–J bras Doenças Sex Transm 18(2):130-136, 2006
NORONHA V et al
APÊNDICE C
ANAIS do VI Congresso da SBDST e II Congresso Brasileiro de AIDS
TL.033
Noronha VL, Cruz E M Naum-Pinho C, Mello W, Noronha R, Silveira I,
Mendes S, Villa L L. Papilomavirus humano (HPV) em Mulheres
Submetidas à Colpocitologia Oncótica. Jornal Brasileiro de Doenças
Sexualmente Transmissíveis, v.18 (Supl.), p.65-66, 2006.
preconceito da doença, além da inovação quanto à aceitação do direito reprodutivo, mesmo que não indicado de modo unânime. CONLUSÃO:
Ter filho em contexto que foge ao padrão convencional é motivo para rejeição por parte da sociedade. O preconceito permanece ditando as práti-
cas sociais acerca desse tema no cotidiano, o que se configura como flagrante desrespeito aos direitos humanos, em particular ao das mulheres, o
qual só será alterado pelo enfrentamento a partir da via educativa.
TL.031
USO DO PRESERVATIVO ENTRE JOVENS FREQUENTADORES DE CASAS NOTURNAS
Pinheiro, A. K. B.
1
; Carvalho, A. L. S.
1
; Leitao, N. M. A.
1
; Nobre, R. N. S
1
; Bezerra, S. J. S.
1
-
1
UFC - Enfermagem
INTRODUÇÃO: A partir da década de 80, com a proliferação do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o uso do preservativo foi inten-
sificado. Adolescentes e adultos jovens constituem grupo de risco crescente para as DST inclusive a Aids. Isso decorre de vários fatores como iní-
cio sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, relações sexuais desprotegidas, uso de álcool e drogas ilícitas. Apesar das campanhas educativas
sobre o preservativo, os jovens, em sua maioria, ainda não sabem a importância do uso adequado do condom, fato que, mostra a necessidade de
realizar-se o estudo. OBJETIVO: Verificar o uso do preservativo masculino entre jovens freqüentadores de casas noturnas. TODOS:
Pesquisa transversal do tipo exploratório-descritiva com abordagem quantitativa cuja amostra foi de 211 jovens maiores de 18 anos, de ambos os
sexos e freqüentadores de casas noturnas de Fortaleza. RESULTADOS: A maioria (59,7%) era jovem entre 18 e 23 anos, 55,9% do sexo masculi-
no, 87,7% solteiros e 52,6% universitários. 58,8% afirmaram usar o preservativo em todas as relações. Entre aqueles que o parceiro não aceitava o
uso do condom, o principal motivo para a não aceitação foi o uso do contraceptivo hormonal (43,2%). Observou-se que quanto maior a idade,
menor foi a freqüência do uso do preservativo. Associa-se esse achado ao fato da maioria dos jovens terem apenas parceiros eventuais. CON-
CLUSÃO: Os achados mostram que os pesquisados com menor idade têm adquirido maior preocupação para prevenir-se das DST, principalmen-
te ao ter relacionamentos eventuais.
TL.032
CONSEQÜÊNCIAS BIOPSICOSSOCIAIS DA AIDS NA QUALIDADE DE VIDA
Oliveira, J. S. C.
1
; Castanha, A. R.
2
; Coutinho, M. P. L.
1
; Saldanha, A. A. W.
3
-
1
UFPB - Psicologia;
2
USP - Psicologia;
3
UFPB - Pós-
Graduação em Psicologia
Introdução: O aumento da sobrevivência dos soropositivos para o HIV leva a novas fontes de incerteza provocadas pela renegociação que
estes necessitam fazer com relação aos seus sentimentos de esperança e orientação para o futuro, aos seus papéis sociais e identidades, às suas
relações interpessoais e à sua qualidade de vida (QV). Objetivo: Avaliar as conseqüências biopsicossociais da Aids na qualidade de vida de
soropositivos para o HIV. Método: Participaram deste estudo 26 sujeitos de ambos os sexos. Foi utilizada a técnica de entrevista semi-estrutura-
da. O material foi categorizado pela análise de conteúdo temática de Bardin (2002). Resultado: A partir de conteúdos emergentes de entrevistas
semi-estruturadas submetidos à análise de conteúdo temática de Bardin, surgiram duas classes temáticas. A primeira Aids, possui uma catego-
ria representações da Aids e quatro subcategorias (doença, morte, sofrimento e naturalização). A segunda classe temática – consequências biop-
sicossociais da Aids na QV, divide-se em três categorias. A primeira delas foi a físico-orgânicas, com três subcategorias (perturbações fisiológi-
cas, capacidade física e efeitos colaterais do medicamento). A segunda foi psicoafetivas, com quatro subcategorias (preconceito, depressão,
auto-estima e autopercepção). A última categoria foi a comportamental, com duas subcategorias (isolamento e sexualidade). Conclusão: As
consequências biopsicossociais, aqui encontradas, deixam evidentes a influência da Aids na QV de soropositivos para o HIV, especificando seus
principais determinantes, mostrando, dessa maneira, a importância da análise das mesmas ao se pensar em QV dentro desse contexto.
TL.033
PAPILOMAVIRUS HUMANO EM MULHERES SUBMETIDAS À COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA
Noronha, V. L.
1
; Cruz, E. M.
2
; Naum-Pinho, C.
3
; Mello, W.
4
; Noronha, R.
4
; Silveira, I.
4
; Mendes, S.
4
; Villa, L. L.
5
-
1
Universidade do
Estado do Pará - Saúde Comunitária;
2
Laboratório Central de Saúde Pública - Pará;
3
Instituto Evandro Chagas - Pará;
4
UFPA - -;
5
INS
-
TITUTO LUDWIG DE PESQUISA SOBRE O CANCER - Virologia
Introdução: O papilomavirus humano é considerado o principal fator de risco para o surgimento de lesões malignas em cérvice uterina.
Objetivo: Verificar a prevalência de HPV e de outros co-fatores de risco p/ câncer e lesões precursoras, em colo uterino. Método: Estudou-se 491
mulheres de 30 a 45 anos na Unidade Materno Infantil do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará. As
pacientes foram submetidas à coleta de material de cérvice uterina (citrobush) para análise citológica no Laboratório Central de Saúde Pública,
pesquisa do DNA no Instituto Evandro Chagas e realização de PCR e genotipagem no Instituto Ludwig. Pacientes com diagstico de
ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL foram incluídas no Grupo A, e as com citologia dentro dos limites da normalidade, no Grupo B. Resultados: A pre-
valência total de HPV foi de 12,6%. De acordo com a estratificação, 44,1% (26/59) no Grupo A e 8,3% (36/432) no Grupo B. Tipos considerados
de alto risco foram detectados em 39% das mulheres do Grupo A (23/59), em 28% (13/46) das com ASCUS, 71% das com LSIL (5/7) e 83% das
com HSIL (83%), e em 4,4% (19/432) das do Grupo B. Dentro do sub-grupo das infectadas dos Grupos A e B, HPV de risco esteve presente em
VI Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis e II Congresso Brasileiro de AIDS 65
DST – J bras Doenças Sex Transm 18(Supl.): 1-232, 2006
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88,5% (23/26) e 52,8% (19/36), respectivamente. O HPV 16 foi o mais freqüente. Houve associação estatisticamente significativa entre presença
de HPV, presença de HPV de alto risco e de HPV 16 com mulheres do Grupo A. Dentre os co-fatores de risco, coitarca precoce foi significativa-
mente associada com as pacientes com diagnóstico citológico de ASCUS/AGUS, LSIL e HSIL (as representantes do Grupo A). Com as demais
variáveis não se encontrou associação significativa. Conclusão: Os achados são coerentes com inúmeros trabalhos da literatura nacional e mun-
dial, tanto quanto à prevalência de HPV, quanto aos tipos presentes em esfregaços de material colhido de cérvice uterina de mulheres da região
norte do Brasil.
TL.034
ESTUDO DOS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER UTERINO EM UM GRUPO DE MULHERES SOROPOSITIVAS
Ferreira, H.
1
; Lala, E. R. P.
1
; Borba, K. P.
2
-
1
Universidade Estadual de Londrina - -;
2
Universidade Estadual de Guarapuava -
Introdução: Manifestações de doenças oportunistas como candidíase vulvovaginal, infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e as neopla-
sias intra-epiteliais cervicais (NIC) são catalogados como manifestações da AIDS na mulher soropositiva. Vários estudos têm evidenciado que
em mulheres portadoras de HIV, observa-se maior incidência de infecção do trato genital inferior pelo HPV. Isto é relevante, pois a infecção por
papilomavírus humano (HPV) é vinculada ao desenvolvimento de neoplasia cervical, associação claramente estabelecida há tempos. Encontra-se
na literatura vários relatos que apontam uma freqüência significativa de NIC entre as mulheres infectadas pelo HIV, especialmente entre aquelas
que apresentam algum grau de imunodepressão. Objetivo: Avaliar a presença de infecções genitais e NIC em mulheres portadoras de infecção
pelo HIV. Pacientes e métodos: Foram investigadas 30 mulheres HIV-soropositivas cadastradas no Centro de Orientação e Aconselhamento
Sorológico (COAS), do município de Guarapuava-PR, no período de julho a outubro de 2004. As pacientes foram submetidas ao protocolo de
atendimento ginecológico que incluiu anamnese e exame ginecológico. Resultados: Encontrou-se 03 casos (10%) de NIC no grupo investigado,
sendo duas (6,6%) diagnosticada NIC I e uma (3,3%) NIC II. Dentre estas mulheres com NIC, em 02 (66,6%) havia indicação de infecção pelo
papilomavírus humano. Conclusões: Concluindo, nossos dados sugerem que o HPV, assim como as NIC’s são complicações agravadas pelo
HIV.
TL.035
GRAVIDEZ E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISVEIS: PRÁTICAS PREVENTIVAS ENTRE UNIVERSITÁRIOS
Aquino, P. S.
1
; Rabelo, S. T. O.
1
; Lopes, E. M.
1
; Freitas, L. V.
1
; Falcao Jr., J. S. P.
1
; Pinheiro, A. K. B.
1
; Ximenes, L. B.
1
-
1
UFC - -
Introdução: Muitos jovens iniciam a vida sexual sem as informações necessárias quanto aos métodos de prevenção aos diversos riscos a que
eles estão expostos. Objetivo: Este estudo teve como finalidade investigar entre os universitários da área da saúde, condutas e práticas voltadas
para a contracepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST). Métodos: Os dados foram obtidos através da aplicação de um
questionário composto de 21 questões objetivas, abordando dados biográficos e relacionados à práticas preventivas e analisados estatisticamente
por meio do programa Epi Info versão 3.3, foi empregado o teste do qui-quadrado (χ2) para testar associações entre as variáveis, fixando para os
testes estatísticos o nível de significância de 95%. Resultados: Observou-se diferenças importantes entre o comportamento sexual feminino e
masculino, principalmente quanto à idade da primeira relação (18,3 e 15,9 anos); parceira na primeira relação sexual (52,2% dos homens referi-
ram tê-la realizado com parceiro casual), parceria atual ( 85,5% das mulheres afirmaram terem parceiro fixo contra 63% dos homens), número
de parceiros nos últimos três meses e uso de preservativo ( apresentando os homens 80% mais chance de usá-lo de forma consistente). O método
anticoncepcional mais relatado foi a camisinha, embora no contexto dos relacionamentos referidos como fixos seja preterido pelo uso dos con-
traceptivos hormonais. Verificou-se ainda a ocorrência significativa de gravidez e de aborto. Conclusão: Esse estudo revelou que mesmo lidan-
do com pessoas de um maior grau de instrução, ainda se faz necessária a implantação de políticas educacionais no âmbito da sexualidade.
TL.036
FATORES COMPORTAMENTAIS E CARACTERÍSTICAS DA FLORA VAGINAL ENVOLVIDOS NA GÊNESE DA
VAGINOSE BACTERIANA EM PROFISSIONAIS DO SEXO E NÃO PROFISSIONAIS DO SEXO
Simoes, J. A.
1
; Discacciati, M. G.
1
; Brolazo, E.
1
; Portugal, P. M.
1
; Pauperio, R. P. S.
2
; Aroutcheva, A.
3
; Tao, L.
4
-
1
UNICAMP -
CAISM;
2
Faculdade de Medicina de Jundiaí - SP;
3
Rush-Presbyterian-St. Luke’s Medical Center - Chicago (USA);
4
Universidade de
Illinois - Chicago (USA)
Introdução: Vaginose bacteriana é a mais freqüente causa de descarga vaginal em mulheres na idade reprodutiva. Entretanto, ainda não são
totalmente conhecidas as causas que levam a esta desordem da flora vaginal. Objetivo: Avaliar a prevalência de vaginose bacteriana em profissio-
nais do sexo e não profissionais do sexo e avaliar os fatores comportamentais e características da flora vaginal envolvidos na instalação da vaginose
bacteriana nesta população. Métodos: Estudo transversal envolvendo 68 mulheres, sendo 20 profissionais do sexo e 48 não profissionais do sexo
(grupo controle). Foram submetidas a exame ginecológico, no qual foram coletadas amostras cervico-vaginais para medição do pH, teste de whiff,
bacterioscopia corada pelo Gram e culturas para Gardnerella vaginalis, lactobacilos e bacteriófagos. As análises estatísticas foram expressas por
meio do valor p e Odds ratio com intervalo de confiança de 95%. Resultados: A prevalência de vaginose bacteriana foi 60% entre as profissionais
66 VI Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis e II Congresso Brasileiro de AIDS
DST – J bras Doenças Sex Transm 18(Supl.): 1-232, 2006
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