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um destino indesejado e cruel” (BAUMAN, 1998/1999, p. 8). Disso, compreendemos que o
aprendizado da língua inglesa, muitas vezes, se faz por imposições externas à vontade do
sujeito-aprendiz, pois, “não se pode “ficar parado” em areia movediça” (ibidem, p. 86), visto
que seu não aprendizado, no mundo globalizado, pode significar distanciamento das
conquistas almejadas ou das realizações planejadas. Com isso, a redução do tempo, a
mobilidade constante, a flexibilidade imposta pela globalização, leva o sujeito à emergência
de inserir-se no aprendizado da língua inglesa, talvez, com o objetivo de esquivar-se da
progressiva “segregação social” advinda da globalização e seus efeitos sobre as sociedades, e,
a partir disso inserir-se por meio da relação de “poder-saber” (talvez imaginária) que emerge
da representação que se tem desse idioma.
Essa sensação de termos o chão saindo sob nossos pés, de termos perdido o controle
das nossas próprias decisões, de estarmos à mercê dos efeitos globais, incomoda e perturba a
imaginária estabilidade identitária do sujeito que, no receio de ser deslocado para fora de um
espaço, por exemplo, o emprego, se vê na emergência de inserir-se, por meio do aprendizado
da língua inglesa, no novo espaço demarcado pela globalização. Assim sendo, o desafio da
comunicação, por meio da língua inglesa, faz parte de um empenho constantemente renovado,
por permitir ao sujeito a mobilidade em direção ao global. Nesse sentido, os limites traçados
pelo global e pelo local fazem, também, com que o sujeito se reconheça no outro, por meio da
diferença, daquilo que lhe falta, e, portanto, o que desperta desejo e provoca novos desafios.
Isso nos leva a investigar, neste trabalho, por meio do discurso do sujeito-aprendiz, os
conflitos identitários que emergem da imposição da língua inglesa – língua do poder –, objeto
de desejo, mas de exclusão também.
Nessa nova era de liberdade sem precedentes, de deslocamentos e mudanças, que
surgem a partir do fenômeno da globalização, temos, na ilusão da igualdade, as fronteiras
geográficas sendo desafiadas, superadas, eliminadas, mas, presenciamos, também, a
construção de novos muros virtuais mais altos, sólidos. Esses muros separam um mundo do
outro, o “globalizante” que se abre para o progresso, para a evolução, para a conquista e, o
“localizante”, que esbarra, isola, confina, sendo ainda, um espaço de exclusão a ser
conquistado, visto que “as pessoas vivem no mesmo espaço, mas são colocadas em situações
diametralmente opostas” (BAUMAN, 1998/1999, p. 41).
Uma outra questão relacionada ao processo da globalização de acordo com o autor,
encontra-se na produção do efêmero, do passageiro, do volátil, da condição descartável dos
produtos e serviços, que caracterizam a instabilidade deste século. Isso gera na sociedade
insegurança, incerteza, dúvidas, necessidades despertadas e substituídas na mesma velocidade