você gostou e o que você não gostou, a criança também. E ele tem essa
facilidade de falar, de se expressar.
Profa. do Projeto: A maioria das crianças tem medo de escrever e
de errar. Por exemplo, Vanessa, ela dizia assim: “Tia, eu gosto mais de fazer
atividades de escrita do que de ensaiar”. E a maioria deles adorava a hora do
ensaio, é a hora que você pula, você dança, você ri, você corre, que você tem
mais facilidade de botar pra fora, de você se expressar, na escrita não, você
tem de se concentrar, de caprichar. Eu acho que na maioria das crianças eu
senti... Com o Alexsandro eu acho que falta um pouco de estímulo, de um
incentivo.
Diretora: Eu acho que essa questão do pós-ópera ele está mais
dizendo assim para escrever, eu acho assim, que era pra eternizar aquele
momento, aquele momento vivido ele só poderia eternizar se fosse assim, na
escrita. Eu acho que talvez por isso ele estava mais animado para escrever,
porque ele viveu o momento, até então tudo era teoria.
Auxiliar de Pesquisa: Bem, a Flor falou que a escrita foi uma forma
de eternizar o momento que ele viveu, um momento muito bom, muito bonito.
Eu me lembro que quando Juliana esteve conversando com eles para que eles
contassem como foi a ópera vivenciada, depois, como é que eles ficaram, qual
foi a emoção que eles sentiram, para eles contarem como a ópera aconteceu e
essa felicidade dele tava tão latente, tão perceptível, que ele quase não deixa
ninguém falar, entendeu? Aí Juliana dizia: “Mas isso assim, assim...” E
ele:”Tia!...” Aí ele vinha bem pra frente e falava um pedaço da ópera - o que foi
que Calaf disse, e porque Calaf disse isso. Tudo o que todo mundo dizia, ele
sabia. Na hora que alguém queria falar, ele dizia: “Ah! não é assim”. Aí ele
falava todas as palavras direitinho. Eu acho isso muito interessante, muito
importante, por isso que Flor falou essa questão de eternizar, porque, gente, é
uma coisa tão bonita, tão interessante para a vida dessas crianças e a gente vê
não só nos depoimentos delas, das famílias delas, que vai ser uma coisa que
marcou, eles não vão esquecer nunca, jamais eles vão esquecer disso, não é
só o livro, é o pensamento, porque já são crianças de sete anos, algumas oito,
né? Se fossem crianças do Maternal, Jardim I, esquece, mas essa faixa etária
não esquece, eles não vão esquecer. E ele tem tudo assim muito presente.
Alguns deles, eu conversando logo depois da apresentação, nessa semana
passada que eu vim, disseram assim: “Oh! Tia, eu queria fazer tudo de novo”.
E quando disse “Tia eu queria fazer tudo de novo”, eu me lembrei lá do Dom
Bosco, quando a criança que fez Turandot disse assim: “Tia, já está perto, tá
perto da hora de entrar. Oh! Tia, tá perto de acabar.” Temia que acabasse,
quer dizer, o mesmo sentimento deles, não queria que acabasse, viver aquele
momento foi tão prazeroso, tão bom e bonito pra eles que eles queriam que se
estendesse por mais vezes.
Profa. do Projeto: A verdade é que foi importante que uma criança
na condição dele, na condição social... Eu acho que isso marca, mais do que
uma criança de classe média alta, tanto que eu acho que esse Projeto foi tão
importante para eles que eles passam isso com uma facilidade. E eles ficam o
tempo todo sorrindo, dizem que querem fazer tudo de novo, quando que vai ter
de novo, se eu vou vir amanhã, se tia Concita ainda vai vir, porque que não
veio, o que está faltando, o que a gente ainda vai fazer, então eles não querem
que acabe, não querem. Se eu digo assim: “Vamos fazer um desenho”, eles
não estão cansados de fazer desenhos, eles querem desenhar, então foi bem
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