Sua importância foi a de ser a via de trânsito mais densa entre os mercados da cidade
baixa, e os mercados de Ouro, e de Santa Bárbara. Seu intenso tráfego entre
mercados e áreas de moradia favoreceu suas atividades comerciais.
“À noite, o Taboão é soturno. Marujos, policiais, mendigos, capitães de areia,
prostitutas do Pilar e seus visitantes. É na madrugada que começa o trânsito
dos feirantes, passageiros de barco, trens e ônibus para o interior, carroças
de burro, mulas e caminhões de carga pesada. Às 07 da manhã, as portas do
Taboão se abrem, o caminhar cresce, o alarido chega, compra-se, vende-se,
cobra-se, encomenda-se, adia-se, reclama-se, procura-se, dá-se recado, dá-
se notícia e assim se faz o dia do Taboão. É a hora de cada artesão sentar-se
ao banco e tomar seu instrumento” (VALLADARES, 1963, p. 151).
Essa parte da narrativa de Valladares é, sobretudo, interessante neste trabalho, já que
as portas desse comércio variado continuam abertas até os dias atuais, e através
delas se vende tudo de necessário à população, destacando-se um comércio
especializado em apetrechos e equipamento artesanal.
“Sinal dos artesãos que viveram e trabalharam por ali, que fizeram e fazem o
Taboão distinguir-se das demais áreas: pelas atividades e notável centro
artesanal que levava o consumidor a procurá-lo. Um verdadeiro centro cultural e
espírito universitário formado por profissionais das mais diferentes atividades,
artesanais e artísticas – e, apenas um nome dá ao consumidor o endereço
bastante” (VALLADARES, 1963, p.152).
As reminiscências de Valladares tornam-se muito vivas, ainda mais, porque seus
estudos ocorreram na década de 1930, mas apenas foram registrados em 1963, em
Artigo da Revista Tempo Brasileiro: O Aperfeiçoamento dos Artesanatos (I) e, o
Aperfeiçoamento dos Artesanatos – A Universidade do Taboão.
Poucos foram os cronistas da Bahia que situaram o Taboão nos aspectos mais
íntimos; Odorico Tavares, Vasconcelos Maia, José Valladares. De modo geral, os
historiadores passaram como transeuntes pela ladeira. Coube ao ficcionista Jorge
Amado descobrir-lhe a alma. Em Suor, Jubiabá e em Capitães da Areia, o Taboão
aparece em território novelesco, mais solicitado como zona decadente, de prostituição,
um Taboão acima das lojas, das oficinas, noturno, de escadarias e quartos de
tabiques. Em Bahia de Todos os Santos é um capítulo do pitoresco baiano,
pecaminoso, lírico e miscigenado, de tráfico, de crimes, de costumes e poesia.
Jorge Amado foi quem primeiro viu a humanidade da ladeira e registrou-a, reteve-a
impressionado ante o quadro da decadência, das criaturas dos sobrados, misturadas