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Universidade Federal de Ouro Preto
Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas – NUPEB
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Avaliação do perfil de IgG e subclasses de IgG de pacientes portadores
de infecção chagásica do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
Minas Gerais
Autora: Lílian da Silva Santos
Orientadora: Profª. Drª Marta de Lana
Co-Orientador: Dr. Pedro Albajar Viñas
Ouro Preto, 31 de janeiro de 2008
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Universidade Federal de Ouro Preto
Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas – NUPEB
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Avaliação do perfil de IgG e subclasses de IgG de pacientes portadores
de infecção chagásica do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
Minas Gerais
Autora: Lílian da Silva Santos
Orientadora: Profª. Drª. Marta de Lana
Co-Orientador: Dr. Pedro Albajar Viñas
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas do Núcleo de Pesquisas em
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Ouro
Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção
do Título de Mestre em Ciências Biológicas, área de
concentração: Imunobiologia de Protozoários
Ouro Preto, 31 de janeiro de 2008
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Catalogação: [email protected]
S237a Santos, Lílian da Silva.
Avaliação do perfil de IgG e subclasses de IgG de pacientes portadores de
infecção chagásica do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, Minas
Gerais [manuscrito] / Lílian da Silva Santos. – 2008.
xix, 132 f.: graf., tabs., mapas.
Orientadora: Profa. Dra. Marta de Lana.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto
de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas.
Área de concentração: Imunobiologia de protozoários.
1. Imunoglobulinas - Teses. 2. Chagas, Doença de - Teses. 3. Berilo (MG) -
Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 616.937(815.1)
III
Aceita a própria vida
Buscando melhorá-la.
Abraça os que te cercam,
Doando-lhes auxílio.
Nada exijas. Trabalha.
Não condenes. Constrói.
Se a provação chegou,
Acata-lhe os ensinos.
Sê fiel a ti mesmo,
Serve, segue e não temas.
Se te aceitas como és
Deus te fará feliz
Emmanuel
IV
Aos meus amados pais, Maria e Wilson.
A todos os milhões de infectados pelo Trypanosoma cruzi
No estalla como las bombas,
ni suena como los tiros.
Como el hambre, mata callando.
Como el hambre, mata a los callados:
a los que viven condenados al silencio
y mueren condenados al olvido.
Tragedia que no suena,
enfermos que no pagan,
enfermedad que no vende.
El mal de Chagas no es negocio
que atraiga a la industria farmacéutica,
ni es tema que interese
a los políticos ni a los periodistas.
Elige a sus víctimas en el pobrerío.
Las muerde y lentamente,
poquito a poco,
va acabando con ellas.
Sus víctimas no tienen derechos,
ni dinero para comprar los derechos que no tienen.
Ni siquiera tienen el derecho de saber de qué mueren.
Eduardo Galeano
V
Agradeço a Deus por tudo que Ele proporciona em minha vida....
À Prof. Marta de Lana pela oportunidade de ingressar em um mundo até então
desconhecido por mim. Obrigada pela confiança e pelo empenho despendido para que
tudo desse certo.
Ao Dr. Pedro Albajar Viñas, agradeço pela sua colaboração em meu trabalho, por
sempre estar disponível a me ouvir, e me aconselhar com suas sábias palavras em
momentos decisivos e difíceis. Obrigada pelas longas conversas!
À Drª. Rosália agradeço não apenas pela colaboração em meu trabalho, mas pela
presença sempre alegre e amigável.
Ao Dr. Olindo, por ter cedido seus reagentes em um momento crucial do meu trabalho,
pelos soros disponibilizados e por toda a atenção dada a esse estudo.
A todos os professores do NUPEB.
À querida Cida, pessoa esplêndida, que com muito carinho, atenção e alegria sempre me
recebeu.
Aos meus colegas de Mestrado, em especial a turma da “Parasitologia”, Alexandra,
Alekson, Léo, Elisângela, Rafaela e Dani, que esteve unida em todos os momentos com
alegria e bom humor.
A todos do Laboratório de Doença de Chagas, em especial ao Auffy, Jaquelline, Lílian,
Arnaldo, Maykon, Rodrigo, Marcela, Érika, Rafaela, Gláucia, pela amizade, alegria e
por todos os favores pedidos, a Dani Sorriso, e ao Vítor pelo cuidado com as
hemoculturas.
Ao Léo e a Jamille, pela cumplicidade nas viagens, e por compartilharem comigo
grandes momentos, jamais esquecidos em Berilo.
VI
Ao Prof. André Talvani pela oportunidade de compartilhar de suas aulas, pelas idéias e
discussões, que muito acrescentaram no meu conhecimento.
À Helen, que me ajudou prontamente em tudo que precisei, demonstrando seriedade,
competência e discernimento, em momentos de importância na minha jornada.
A todos de Berilo que direta ou indiretamente participaram desse projeto, em especial
aos funcionários do Hospital Municipal, da Secretaria de Saúde e dos PSFs.
Ao Padre Nuno, que com toda sua força luta em benefício dos pacientes com doença de
Chagas de Berilo.
Á querida Beth, por nos acolher em Berilo com tanto carinho e alegria.
Ao Nem, Tuca e Dona Araci, por nos oferecerem um ambiente agradável e uma comida
deliciosa, nos momentos de muito trabalho.
A todos os pacientes que participaram desse trabalho, especialmente a três deles que
perderam a vida durante esse estudo. É para evitar que mortes tão precoces aconteçam
que nos empenhamos nessa batalha.
pessoas que em nossas vidas surgem como um bálsamo em momentos difíceis,
e que nos aconselham, nos ouvem, sofrem junto, e estão sempre lá, do nosso lado,
mesmo à distância...
Agradeço a minha querida amiga Dani, porque sem ela esses anos não teriam sido os
mesmos. Agradeço por sempre me ajudar em todos os momentos, e por fazer crescer
entre nós uma amizade que ultrapassa qualquer fronteira.
Aos meus excepcionais pais, por sempre me apoiarem e me ouvirem, nunca me
impedindo de tomar minhas atitudes, apenas questionando as conseqüências dos meus
atos. Muito obrigada!!
VII
As minhas queridas irmãs por terem paciência e entenderem o momento vivido por
mim, e ao meu querido Arthur que deixa nossos dias repletos de alegria.
Ao querido Vitório, companheiro em todos os momentos, por sempre me dar apoio, e
acreditar em mim, e a sua linda família que me recebeu de coração e portas abertas.
A cidade de Ouro Preto, por ter sido o cenário dos momentos iniciais da minha vida
adulta.
A Escola de Farmácia, pela oportunidade de fazer parte de sua história.
A todos que de qualquer maneira participaram desse trabalho, muito obrigada.
... E eu digo que a vida é mesmo escuridão exceto quando existe necessidade,
E toda a necessidade é cega exceto quando existe sabedoria.
E toda a sabedoria é vã exceto quando existe trabalho,
E todo o trabalho é vazio exceto se houver amor;
E quando trabalhais com amor vocês estão se ligando a vocês mesmos, e uns aos outros,
e a Deus.
Kahlil Gibran
VIII
A pesquisa de técnicas sorológicas de alta especificidade e sensibilidade que
sejam capazes de avaliar a morbidade da doença de Chagas é de grande interesse. O
maior objetivo desse trabalho foi realizar uma avaliação sorológica pesquisando IgG
total e suas subclasses IgG1, IgG2 e IgG3, em diluições sucessivas de soro, em
pacientes do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, infectados pelo
Trypanosoma cruzi com diagnóstico sorológico positivo e previamente avaliados do
ponto de vista epidemiológico, clínico e parasitológico. O diagnóstico sorológico foi
feito pelas técnicas de ELISA e HAI e a hemocultura empregada na avaliação
parasitológica. A seguir, todos os pacientes responderam um questionário clínico-
epidemiológico. Para a avaliação clínica os pacientes passaram por exame físico,
eletrocardiograma, ecocardiograma e Raios-X do tórax e do esôfago e cólon
contrastados. Após estes exames, foram selecionados para este estudo 15 pacientes em
cada uma das seguintes formas clínicas da doença de Chagas: forma Indeterminada
(IND), forma Cardíaca 1 (CARD 1), forma Cardíaca 2 (CARD 2), forma Digestiva e/ou
Mista (DIG/MIS), além de um grupo com 15 indivíduos o reativos (grupo controle)
da mesma localidade. Inicialmente a técnica de ELISA o comercial rotineiramente
usada para o diagnóstico da doença de Chagas foi empregada para a dosagem das
imunoglobulinas nos pacientes com infecção chagásica e posteriormente aplicada a
soros de indivíduos com algumas doenças infecciosas tais como HIV, HCV, sífilis
(SIF), leishmaniose visceral (LV) e leishmaniose tegumentar (LT) com objetivo de
verificar seu desempenho. A análise dos aspectos epidemiológicos demonstrou que os
pacientes com infecção chagásica apresentaram piores condições sócio-econômicas
quando comparados aos pacientes do grupo controle não infectado. O grupo controle
apresentou melhores condições de moradia atuais e anteriormente a este estudo, maior
grau de escolaridade, e conseqüentemente melhores condições de trabalho. A taxa geral
de hemocultura positiva foi de 25% (15/60), com 33,33% (5/15) de positividade no
grupo IND, 26,66% (4/15) no grupo CARD 1 e no CARD 2 e 13,33% (2/15) no
DIG/MIS. Não houve diferença significativa entre as porcentagens de hemoculturas
positivas dos grupos clínicos. A análise do desempenho da técnica de ELISA não
comercial, rotineiramente utilizada por nosso grupo no diagnóstico sorológico da
doença de Chagas, demonstrou que o diagnóstico sorológico desta infecção pode ser
realizado com melhores resultados pela pesquisa de IgG total nas diluições 1:10 a
1:320, IgG1 a 1:10, IgG2 a 1:10 e 1:20 e IgG3 de 1:10 a 1:320. A pesquisa das
imunoglobulinas revelou que IgG total e IgG3 apresentaram níveis mais elevados,
seguidos por IgG2 e IgG1. O emprego desta metodologia na análise dos soros de
pacientes com outras doenças infecto-contagiosas demonstrou que o diagnóstico pode
ser feito com segurança para IgG total na diluição 1:40, para IgG1 e IgG2 na diluição
1:10 e para IgG3 na diluição 1:20. Foi detectada reatividade cruzada em soros de
pacientes com LV e LT na pesquisa de IgG1, IgG2 e IgG3 nas diluições selecionadas.
Apenas a pesquisa de IgG total nas diluições 1:10 a 1:80 não revelou reatividade
cruzada com os soros das outras infecções (HIV, HCV, SIF, LV e LT). O emprego desta
mesma metodologia na avaliação da morbidade da doença de Chagas revelou que o
grupo DIG/MIS apresentou níveis significativamente mais elevados de IgG total em
todas as diluições testadas em relação aos outros grupos clínicos. A pesquisa de IgG3
também apresentou níveis significativamente mais elevados no grupo IND em todas as
diluições avaliadas. IgG1 e IgG2 apresentaram níveis semelhantes em todos os grupos
clínicos. Em síntese, este estudo não demonstrou uma associação muito clara entre as
manifestações clínicas da doença de Chagas e os níveis das imunoglobulinas
pesquisadas.
IX
The research of serological tests of high specificity and sensibility that could be
able to evaluate the morbidity of Chagas disease is of great interest. The major objective
of this work was to carry out a serological evaluation searching to total IgG and its
subclasses IgG1, IgG2 and IgG3 in successive dilutions of serum in patients from Berilo
municipality, Jequitinhonha Valley, Minas Gerais state, Brazil, infected by
Trypanosoma cruzi, with positive serological diagnosis and previously evaluated
epidemiological, clinical and parasitologically. The serological diagnosis was carried
out by ELISA and IHA tests and the hemoculture was employed in the parasitological
evaluation. Following, all patients were evaluated by a clinical-epidemiological
questionnaire. For clinical evaluation patients were submitted to physical examination,
electrocardiogram, ecocardiogram and X-rays of thorax, esophagus and colon
contrasted. After these examinations 15 patients in each of the following clinical forms
of Chagas disease were selected for this study: Indeterminated form (IND), Cardiac 1
form (CARD 1), Cardiac 2 form (CARD 2), Digestive and/or Mixed form (DIG/MIX)
and a group of 15 individuals not serologically reactive (control group) of the same
locality. Firstly the ELISA technique not commercial routinely used for the diagnosis
of Chagas disease was employed for dose the immunoglobulins mentioned in chagasic
patients and following applied to sera of individuals with other infectious diseases such
as HIV, HCV, syphilis (SYP), visceral leishmaniasis (VL) and tegumentary
leishmaniasis (TL). The analysis of the epidemiological aspects demonstrated that
patients with chagasic infection presented worse social-economical conditions when
compared with the control group. The control group presented nowadays and before this
study better home conditions, higher level of education and consequently better
conditions of work. The global rate of positive hemoculture was 25% (15/60), being
33.33% (5/15) of positivity in the IND group, 26.66% (4/15) in the CARD 1 and CARD
2 groups and 13.33% (2/15) in the DIG/MIX group. No significant differences were
observed between the rates of positivity of the clinical groups. The analysis of the not
commercial ELISA technique performance demonstrated that the serological diagnosis
of Chagas disease can be performed with better results by research of total IgG in 1:10
to 1:320 dilutions, of IgG1 in the 1:10 dilution, of IgG2 in 1:10 and 1:20 dilutions and
of IgG3 in the 1:10 to 1:320 dilutions. The research of the immunoglobulins revealed
that total IgG and IgG3 presented higher levels, followed by IgG2 and IgG1. The use of
this methodology in the analysis of sera of patients with other infect-contagious disease
demonstrated that the diagnosis can be better performed by the research of total IgG in
the 1:40 dilution, of IgG1 and IgG2 in the 1:10 dilution and of IgG3 in the 1:20 dilution.
Cross reactivity was detected in sera of patients with VL and TL for IgG1, IgG2 and
IgG3. Only the research of total IgG in the 1:10 to 1:80 dilutions do not presented cross
reactivity with sera of patients with other infections (HIV, HCV, SYP, VL and TL). The
use of this same methodology in the evaluation of the Chagas disease morbidity
revealed that the DIG/MIX group presented significant higher levels of total IgG in all
sera dilutions essayed in relation to the other clinical groups. The research of IgG3 also
presented higher significant levels in the IND group in all sera dilutions evaluated in
relation to CARD 2 and DIG/MIX groups. The IgG1 and IgG2 presented similar levels
in sera of all clinical groups. Thus, this study did not demonstrate a clear correlation
between the clinical manifestations of Chagas disease and the levels of the
immunoglobulins studied.
X
Figura 1 - Localização do município de Berilo no Estado de Minas Gerais.
..................................................................................................................................................... 26
Figura 2 - Padronização da técnica de ELISA não comercial para a pesquisa de IgG total, IgG1,
IgG2 e IgG3, utilizando antígeno alcalino de epimastigotas da cepa Y de T. cruzi
..................................................................................................................................................... 35
Figura 3 - Curva ROC das diluições de soro 1:40 e 1:160 para a pesquisa de IgG1
.................................................................................................................................................... 38
Figura 4 - Gráfico de dispersão para IgG1 na diluição de 1:10, construído a partir da técnica de
ELISA não comercial, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado
anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-estreptavidina a 1:1.000....................................................... 39
Figura 5 - Porcentagem de hemocultura positiva nos diferentes grupos clínicos de pacientes do
município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG, portadores de infecção por Trypanosoma
cruzi
..................................................................................................................................................... 47
Figura 6 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanososma cruzi, conjugado anti-IgG total diluído a 1:10.000, anti-
IgG1 diluído a 1:500, anti-IgG2 diluído a 1:2.500, anti-IgG3 diluído a 1:1.000 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000 ............................................................................................................. 49
Figura 7 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG total
construídas a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não
infectado) e CH (com infecção chagásica) nas diluições de soro de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80,
1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280...................................................................................................... 51
Figura 8 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG1, construídas
a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH
(com infecção chagásica) nas diluições de soro de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80 e 1:160
.................................................................................................................................................... 53
Figura 9 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG2 construídas
a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH
(com infecção chagásica) nas diluições de soros de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e
1:1.280 ....................................................................................................................................... 56
Figura 10 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG3 construídas
a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH
(com infecção chagásica) nas diluições de soros de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e
1:1.280 ........................................................................................................................................ 59
Figura 11 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320,
1:640 e 1:1.280, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-
IgG total diluído a 1:10.000 e HRP-estreptavidina a 1:1.000 .................................................. 61
Figura 12 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou o por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20 e 1:40, utilizando
antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000 .............................................................................................................. 62
XI
Figura 13 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10 , 1:20 e 1:40, utilizando
antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG2 diluído a 1:2.500 e
HRP-estreptavidina a 1:1.000 ................................................................................................... 63
Figura 14 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320,
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de T. cruzi, conjugado anti-IgG3 diluído a 1:1.000 e
HRP-estreptavidina a 1:1.000 .................................................................................................... 64
Figura 15 - Gráficos de dispersão e curvas ROC de IgG total para os soros de indivíduos do
grupo controle não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção
chagásica (CH) nas diluições de soro 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320, construídos a partir
da técnica de ELISA não comercial utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma
cruzi, IgG total diluído a 1:10.000 e HRP-estreptavidina a 1:1000 ......................................... 67
Figura 16 - Gráfico de dispersão e curva ROC de IgG1 para os soros de indivíduos do grupo
controle não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção
chagásica (CH) diluídos a 1:10, construídos a partir da técnica de ELISA não comercial
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG1 diluído a 1:500 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000 ............................................................................................................. 68
Figura 17 - Gráfico de dispersão e curva ROC de IgG2 para os soros de indivíduos do grupo
controle não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção
chagásica (CH) diluídos a 1:10 e 1:20, construídos a partir da técnica de ELISA não comercial
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG2 diluído a 1:2.500 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000 ............................................................................................................. 70
Figura 18 - Gráficos de dispersão e curvas ROC de IgG3 para os soros de indivíduos do grupo
controle não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção
chagásica (CH) diluídos a 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320, construídos a partir da técnica
de ELISA não comercial utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG3
diluído a 1:1.000 e HRP-estreptavidina a 1:1.000 .................................................................... 73
Figura 19 - Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da técnica de ELISA
não comercial para a pesquisa de IgG total na diluição 1:10.000, IgG1 1:500, IgG2 1:2.500,
IgG3 1:1.000, HRP-estreptavidina a 1:1.000, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de
Trypanosoma cruzi, em soros de pacientes não infectados (CONT), e com infecção chagásica
(CH) do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG, e outras doenças infecto-parasitárias:
HIV, hepatite C (HCV), sífilis (SIF), leishmaniose visceral (LV) e leishmaniose tegumentar
(LT) ............................................................................................................................................. 74
Figura 20 - ELISA não comercial para a pesquisa de IgG total na diluição 1:10.000, IgG1
1:500, IgG2 1:2.500, IgG3 1:1.000, e HRP-estreptavidina a 1:1.000, utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, em soros de pacientes com diferentes formas clínicas
da doença de Chagas do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG ............................ 76
Figura 21 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos grupos com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e
1:1.280), utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG
total diluído a 1:10.000 e HRP-estreptavidina 1:1.000 .............................................................. 77
XII
Figura 22 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos grupos com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10 e 1:20), utilizando antígeno alcalino de
cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-estreptavidina
1:1.000
......................................................................................................................................................78
Figura 23 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos grupos com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10, 1:20, 1:40 e 1:80), utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG3 diluído a 1:1.000 e HRP-
estreptavidina 1:1.000 ................................................................................................................. 79
Figura 24 Análise de correlação de IgG total e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2 e
DIG/MIS, nas diluições de soro 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280............. 80
Figura 25 - Análise de correlação de IgG2 e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2 e
DIG/MIS, na diluição de soro 1:160........................................................................................... 81
Figura 26 - Análise de correlação de IgG3 e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2 e
DIG/MIS, na diluições de soro de 1:10 a 1:320......................................................................... 81
XIII
Tabela I - Estadiamento do comprometimento miocárdico na cardiopatia chagásica
crônica.......................................................................................................................................... 9
Tabela II - Aspectos epidemiológicos avaliados dos pacientes com infecção chagásica (CH) e
grupo controle não infectado (CONT), do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, Minas
Gerais........................................................................................................................................... 44
Tabela III - Relação entre o número de homens e mulheres na população estudada no
município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG....................................................................... 46
Tabela IV - Relação entre número de tubos apresentando resultado positivo e o período de
positivação destes na hemocultura em pacientes do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
MG, portadores de infecção por Trypanosoma cruzi.................................................................. 48
Tabela V- Análise de correlação entre as formas clínicas da doença de Chagas e a reatividade
do soro dos pacientes para as imunoglobulinas IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3.......................... 82
XIV
AATV - Anticorpos anti-tripomastigotas vivos
ASC - Área sob a curva
BHC – Hexaclorociclobenzeno
CARD 1 - Forma Cardíaca Leve a Moderada
CARD 2 - Forma Cardíaca Avançada
CONT - Grupo controle não reativo
CRA - Antígenos citoplásmicos
Curva ROC - Receiver Operating Characteristic Curve
CH - Pacientes com infecção chagásica
DIG/MIS - Forma Digestiva e/ou Mista
DO - Densidade óptica
ECG - Eletrocardiograma
ELISA - Enzyme linked immunosorbent assay (Ensaio imunoenzimático)
Espec - Especificidade
FRA - Antígenos flagelares
HAI - Hemaglutinação Indireta
HBV - Hepatite B
HCV - Hepatite C
HIV - Vírus da Imunodeficiência humana
HRP-estreptavidina - Streptavidin and horseradish peroxidase
HTLV -Vírus Linfotrópico de células T Humanas
IFI - Imunofluorescência Indireta
IgG - Imunoglobulina G
IgG1 - Imunoglobulina G1
IgG2 - Imunoglobulina G2
IgG3 - Imunoglobulina G3
IgG total - Imunoglobulina G total
IgM - Imunoglobulina M
IND - Forma Indeterminada
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
LIT - Liver Infusion Tryptose
LT - Leishmaniose tegumentar
LV - Leishmaniose visceral
MG - Minas Gerais
XV
NCH – Grupo controle não infectado e portadores de outras infecções
NK - Natural Killer
OMS - Organização Mundial de Saúde
PC - Ponto de Corte
PCR - Reação em Cadeia da Polimerase
PSF - Programa de Saúde da Família
rpm - rotações por minuto
RV - Razão de Verossimilhança
RV+ - Razão de Verossimilhança Positiva
RV- - Razão de Verossimilhança Negativa
Sens - Sensibilidade
SFB - Soro Fetal Bovino
SIF - Sífilis
SNA - Sistema Nervoso Autônomo
SST-Tween - Solução Salina Tamponada com 0,5% de Tween 20
SST - Solução Salina Tamponada
SUCAM - Superintendência de Campanhas de Saúde Pública
SUS - Sistema único de Saúde
XVI
EPÍGRAFE .............................................................................................................. III
DEDICATÓRIA ...................................................................................................... IV
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ V
RESUMO ................................................................................................................. VIII
ABSTRACT ............................................................................................................. IX
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. X
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XIII
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. XIV
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1.1 Histórico e aspectos epidemiológicos da doença de Chagas................................ 2
1.2 Formas clínicas da doença de Chagas................................................................... 5
1.3 Diagnóstico da doença de Chagas......................................................................... 11
1.3.1 Fase aguda......................................................................................................... 11
1.3.2 Fase crônica....................................................................................................... 12
1.4 Resposta Imune humoral na doença de Chagas.................................................... 15
1.5 Doença de Chagas no município de Berilo.......................................................... 19
1.6 Justificativa........................................................................................................... 21
2. OBJETIVOS .................................................................................................... 22
2.1 Objetivo geral...................................................................................................... 23
2.2 Objetivos específicos........................................................................................... 23
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS........................................................................... 24
3.1 Área do estudo................................................................................................... 25
3.1.1 Berilo......................................................................................................
........ 25
3.2 Triagem da população estudada........................................................................ 26
3.2.1 Diagnóstico sorológico................................................................................... 27
3.2.1.1 Reação de Hemaglutinação indireta............................................................ 27
3.2.1.2 ELISA convencional.................................................................................... 27
3.3 Avaliação de aspectos epidemiológicos............................................................ 30
3.4 Avaliação clínica................................................................................................ 30
3.5 Avaliação ecocardiográfica................................................................................. 32
3.6 Avaliação parasitológica...................................................................................... 33
XVII
3.6.1 Hemocultura...................................................................................................... 33
3.7 Análise de IgG e subclasses de IgG por meio do ensaio imunoenzimático não
comercial .................................................................................................................. 34
3.7.1 Padronização do ensaio imunoenzimático o comercial para dosagem de IgG
total, IgG1, IgG2 e IgG3............................................................................................ 34
3.7.2 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de
Chagas ......................................................................................................................... 35
3.7.2.1 Seleção inicial das diluições de soro para IgG e subclasses de IgG capazes de
discriminar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados ........................... 35
3.7.2.2 Avaliação do desempenho da técnica de ELISA não comercial por meio da
construção das curvas ROC de IgG e subclasses de IgG nas diluições previamente
selecionadas ................................................................................................................. 36
3.7.2.3 Seleção das diluições mais aplicáveis a distinção entre indivíduos com infecção
chagásica e o infectados através do cálculo da diferença entre a mediana de DO do
grupo com infecção chagásica e a DO do grupo controle ........................................... 38
3.7.3 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de
Chagas numa população que inclui portadores de outras doenças infecto-parasitárias de
interesse médico ........................................................................................................... 39
3.8 Pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do ensaio
imunoenzimático não comercial aplicado a monitoração de morbidade da doença de
Chagas .......................................................................................................................... 40
3.8.1 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da mediana de DO de
cada grupo clínico nas diluições de soro avaliadas ..................................................... 40
3.8.2 Análise individual da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas ......................................................... 41
3.8.2.1 Análise de correlação entre o perfil de imunoglobulinas de pacientes e as
diferentes formas clínicas ........................................................................................... 41
3.9 Análise Estatística ................................................................................................ 42
4. RESULTADOS...................................................................................................... 43
4.1 Diagnóstico sorológico da população estudada.................................................... 44
4.2 Avaliação epidemiológica...................................................... ............................... 44
XVIII
4.3 Avaliação clínica.................................................................................................... 45
4.4 Avaliação parasitológica....................................................................................... 46
4.4.1 Hemocultura...................................................................................................... 46
4.5 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença
de Chagas .................................................................................................................... 48
4.5.1 Seleção inicial das diluições de soro para IgG e subclasses de IgG capazes de
discriminar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados ......................... 48
4.5.2 Avaliação do desempenho da cnica de ELISA não comercial por meio da
construção das curvas ROC de IgG e subclasses de IgG nas diluições previamente
selecionadas ................................................................................................................. 49
4.5.2.1 Curvas ROC de IgG total ................................................................................ 50
4.5.2.2 Curvas ROC de IgG1 ..................................................................................... 51
4.5.2.3 Curvas ROC de IgG2 ..................................................................................... 53
4.5.2.4 Curvas ROC de IgG3 ...................................................................................... 56
4.5.3 Seleção das diluições mais aplicáveis a distinção entre indivíduos com infecção
chagásica e o infectados através do cálculo da diferença entre a mediana de DO do
grupo com infecção chagásica e a DO do grupo controle ......................................... 60
4.5.3.1 Gráficos de dispersão de IgG total ................................................................ 60
4.5.3.2 Gráficos de dispersão de IgG1 ....................................................................... 61
4.5.3.3 Gráficos de dispersão de IgG2 ....................................................................... 62
4.5.3.4 Gráficos de dispersão de IgG3 ...................................................................... 63
4.6 Avaliação da aplicabilidade do ELISA não comercial na segregação sorológica de
indivíduos com infecção chagásica e portadores de outras doenças infecto-parasitárias
de interesse médico .................................................................................................... 64
4.6.1 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG total ................................ 65
4.6.2 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG1 ...................................... 67
4.6.3 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG2 ....................................... 68
4.6.4 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG3 ....................................... 70
4.7 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes portadores de
infecção chagásica com diferentes formas clínicas ................................................... 74
4.7.1 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da mediana de DO de
cada grupo clínico nas diluições de soro avaliadas ................................................... 74
XIX
4.7.2 Análise individual da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas ...................................................... 76
4.7.2.1 Pesquisa de IgG total .................................................................................... 76
4.7.2.2 Pesquisa de IgG1 .......................................................................................... 78
4.7.2.3 Pesquisa de IgG3 ......................................................................................... 78
4.7.2.4 Análise de correlação entre as formas clínicas classificadas e as imunoglobulinas
avaliadas ..................................................................................................................... 79
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 83
5.1 Avaliação de aspectos epidemiológicos ............................................................. 84
5.2 Avaliação parasitológica .................................................................................... 87
5.3 Avaliação do perfil sorológico ........................................................................... 90
5.3.1 Pesquisa da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de
Chagas ...................................................................................................................... 90
5.3.2 Pesquisa da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio do ensaio
imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de
Chagas em soro de pacientes portadores de outras doenças infecto-parasitárias ....... 94
5.3.3 Aplicabilidade da pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi detectada por
meio do ensaio imunoenzimático não comercial na monitoração de morbidade da
doença de Chagas ......................................................................................................... 97
6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 107
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 110
8. ANEXOS ............................................................................................................... 121
3
1. INTRODUÇÃO
2
1.1 Histórico e aspectos epidemiológicos da doença de Chagas
O Trypanosoma cruzi, parasita hemoflagelado da família Tripanosomatidae, foi
descoberto em 1909, pelo médico e cientista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das
Chagas, que o caracterizou como o causador de uma moléstia aentão desconhecida, a
doença de Chagas. Esse brilhante pesquisador não apenas identificou o agente
etiológico da infecção, como também seu vetor, os insetos da família Reduviidae e seus
reservatórios, descrevendo ainda os efeitos da infecção no organismo humano
(CHAGAS, 1909; 1911).
Àquela época, Carlos Chagas observara que o principal elo da cadeia
epidemiológica da doença seria o inseto vetor, e que sua eliminação poderia interromper
a transmissão da infecção. Em seu admirável trabalho (CHAGAS, 1909), Chagas
sugeriu que o controle da transmissão seria a melhor estratégia e também a mais difícil
de ser alcançada na luta contra a doença.
A infecção chagásica abrange desde os Estados Unidos até a Argentina, sendo
uma das doenças parasitárias com maior impacto social e econômico na América
Latina. Nos últimos anos, devido a intensificação das migrações internacionais, a
doença de Chagas pode ser encontrada com maior frequência em regiões não
endêmicas, como Europa, Japão e nos Estados Unidos, onde é estimado um contingente
de 500 a 650 mil imigrantes infectados pelo T. cruzi (XAVIER et al., 2006; SZTAJZEL
et al., 1996). A presença de imigrantes infectados em países não endêmicos gera dois
problemas potenciais: a dificuldade no diagnóstico e no manuseio terapêutico da doença
de Chagas, pelo desconhecimento da comunidade dica local dos aspectos peculiares
da doença, e a possibilidade de transmissão da infecção através da transfusão de sangue
ou do transplante de órgãos de um doador infectado (XAVIER et al., 2006).
Caracterizada como uma moléstia resultante da intervenção do homem no meio
ambiente, a doença de Chagas acomete principalmente indivíduos de classes
econômicas mais pobres, que possuem condições de habitação precárias, possibilitando
o abrigo e a colonização dos vetores.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente existem
13 milhões de indivíduos infectados pelo parasito nas Américas Central e do Sul, com
incidência anual de 200.000 novos casos e 14.000 mortes em decorrência de danos
irreversíveis ao coração e ao trato digestivo (WHO, 2005).
3
Os primeiros esforços sistemáticos no combate à infecção foram iniciados em
1943 com a criação do Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz em Bambuí, Minas
Gerais, onde dezenas de casos agudos foram diagnosticados. A criação desse centro de
estudos representou a primeira iniciativa institucional para promover o controle da
infecção (DIAS & SCHOFIELD, 1999).
Em 1950, o controle nacional da transmissão vetorial foi institucionalizado
pelo Serviço Nacional de Malária e posteriormente continuado pelo Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DNERu) (SILVEIRA & REZENDE, 1994). Entretanto,
programas de controle em larga escala não foram iniciados até o começo dos anos 60
devido à ausência de decisão política e de uma estrutura capaz de implementar tais
programas em nível nacional. Naquele momento, apenas o estado de São Paulo
desenvolveu ações contínuas. A partir de 1977-1978, foi estabelecida a sistematização
das ações de controle vetorial com alcance nacional (DIAS & SCHOFIELD, 1999).
Um inquérito sorológico nacional realizado entre 1975-1980, demonstrou uma
prevalência da infecção chagásica no Brasil de 4,22%. O estado de Minas Gerais
apresentou nesse inquérito, uma prevalência da infecção de 8,8%. Dentro deste estado, o
Vale do Jequitinhonha era uma das regiões mais afetadas, apresentando um índice de
infecção de 35,5% (CAMARGO et al., 1984).
A realização de um inquérito entomológico nacional nesse mesmo período
identificou 17 espécies de insetos vetores com variados graus de colonização e infecção
natural pelo T. cruzi. Destas, cinco espécies foram consideradas de grande importância
na transmissão da infecção ao homem: Triatoma infestans, T. brasiliensis, T.
pseudomaculata, T. sordida e Panstrongylus megistus (SILVEIRA et al., 1984).
Os dados obtidos através dos dois inquéritos demonstraram as áreas onde havia
maior risco de infecção, indicando os locais onde as medidas de controle deveriam ser
prioritárias.
Após os primeiros ciclos de borrifações de inseticida, houve uma redução das
taxas de infestação do T. infestans e, atualmente, este vetor está praticamente eliminado
do país, sendo encontrado apenas em focos residuais. Em 1993, verificou-se uma
redução nas taxas de infestação de 30,4% para 7,6%, significando uma drástica queda
do número de municípios com essa espécie de vetor (RAMOS-JÚNIOR &
CARVALHO, 2001).
Em 1991, países do chamado Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Paraguai e Uruguai) consensuaram interromper a transmissão do T. cruzi através da
4
eliminação de vetores domésticos (particularmente o T. infestans) em conjunto com
triagem de doadores em bancos de sangue para a redução da transmissão transfusional e
com o acompanhamento de gestantes chagásicas e recém-nascidos visando a redução da
infecção congênita. Esta iniciativa foi seguida por países do Pacto Andino (Colômbia,
Equador, Peru e Venezuela) e da América Central (El Salvador, Guatemala, Honduras e
Nicarágua), em 1997, e em 2004, foi lançada a iniciativa de vigilância nos nove países
da bacia Amazônica (SCHOFIELD et al., 2006). Para que houvesse sucesso, a expansão
dessa estratégia para diversas áreas foi acompanhada de adaptações em decorrência das
diferentes realidades locais encontradas (MONCAYO, 2003).
As medidas de controle vetorial e transfusional adotadas têm apresentado um
impacto na prevalência, morbidade e mortalidade da doença de Chagas no Brasil. Esse
controle certamente tem tido seu sucesso acompanhado pela redução nas taxas de
transmissão por outras vias de infecção como a congênita e a oral.
Segundo a extinta FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), para a avaliação
das medidas de controle é recomendada a realização de inquéritos sorológicos para a
infecção em todos os municípios que se encontram na fase de vigilância epidemiológica
visando a detecção de casos novos na população nascida após o combate vetorial. Esta
vigilância baseia-se na permanente atenção em busca de possíveis focos de vetores em
locais atendidos pelas medidas de ataque aos insetos, além de atenção aos casos
existentes.
Os benefícios médicos das iniciativas de controle têm sido, entre outros, a
diminuição de hospitalizações decorrentes da doença de Chagas, uma vez que tem
havido uma redução de casos agudos, e aparentemente um declínio na severidade de
casos crônicos decorrente da interrupção de re-infecções (SCHOFIELD et al., 2006).
Em junho de 2006, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) certificou
o Brasil como livre da transmissão da doença pelo vetor T. infestans. Além do Brasil, a
transmissão por esse vetor foi efetivamente eliminada no Uruguai (1997), Chile (1999)
e em áreas significativas da Argentina, Bolívia, Paraguai e partes da América Central
(SCHOFIELD et al., 2006).
Entretanto, o sucesso social, médico e financeiro alcançado com tais iniciativas
vai de encontro a algumas dificuldades, especialmente a redução do interesse político
para a continuidade dos programas. Embora seja estimado que na América Latina cerca
de 60 milhões de pessoas tenham saído do risco de serem infectadas, aproximadamente
40 milhões permanecem sob esta ameaça. Calcula-se que cinco milhões de infecções
5
foram prevenidas, mas a transmissão ainda ocorre em alguns países, e evidências de
sua elevação em partes da Argentina (GURTLER, 2005), Venezuela (FELICIANGELI
et al., 2003), México, Peru, Colômbia, Costa Rica e provavelmente na região
Amazônica (SCHOFIELD et al., 2006). Nesta última, há a possibilidade de dispersão da
doença em humanos, uma vez que existe ampla circulação do parasito em focos
silvestres compostos por várias espécies de vetores e reservatórios (COURA et al.,
2002).
1.2 Formas clínicas da doença de Chagas
A doença de Chagas é caracterizada por um curso clínico variado,
apresentando-se em duas fases: aguda e crônica, com várias formas clínicas.
Após um período de incubação de cerca de quatro a dez dias, inicia-se a fase
aguda da infecção caracterizada pela ausência de sintomatologia em cerca de 98,0% dos
casos e, ocasionalmente, pelos sinais de porta de entrada (sinal de Romaña e chagoma
de inoculação). Este período que dura em dia dois meses, apresenta parasitemia
patente, podendo ocorrer febre e inflamação ganglionar, entre outros (RASSI et al.,
2000; WHO, 2002). Esta fase pode ser mais grave em crianças abaixo de dois anos,
especialmente se interrompido o aleitamento materno, nas quais a mortalidade pode
chegar a 10,0% na ausência do tratamento etiológico (RIBEIRO et al., 1998).
A fase crônica inicia-se após cerca de oito semanas, caracterizando-se
tipicamente pela ausência de manifestações clínicas, eletrocardiográficas ou
radiológicas. Em 1985, na Primeira Reunião de Pesquisa Aplicada em doença de
Chagas, em Araxá, MG, foi estabelecido o conceito de forma indeterminada, que inclui
aqueles indivíduos com diagnóstico confirmado através de testes sorológicos positivos e
exames parasitológicos positivos ou negativos; ausência de sinais e sintomas da doença;
estudo eletrocardiográfico normal e estudo radiológico do coração, esôfago e cólon
normais (Consenso Brasileiro em doença de Chagas, 2005). Entretanto, quando exames
sensíveis como o ecocardiograma, Holter e teste ergométrico o realizados, é possível
verificar que alguns indivíduos na forma indeterminada apresentam alterações, não
significando que estes não estejam mais classificados na forma indeterminada. As
alterações detectadas podem não estar relacionadas à infecção, sendo de outra origem.
6
Por outro lado, certas alterações podem ter valor prognóstico para antecipar a detecção
de uma possível evolução para formas cardíacas, e nesses casos uma adequada
intervenção terapêutica e de adaptação de estilo de vida devem ser instituídas para tentar
impedir a progressão da doença.
Em áreas endêmicas, um diagnóstico sorológico positivo sem a adequada
avaliação clínica do paciente pode acarretar um sério problema social, uma vez que esse
indivíduo pode ser discriminado por empresas que contratam mão de obra operária,
alegando doença quando esta se apresenta numa porcentagem minoritária dos
pacientes. A uma pessoa com a forma indeterminada da doença não está contra-indicada
a prática de atividades físicas, sendo dessa forma o seu afastamento do trabalho não
justificado, além de ilegal.
Diversos são os fatores que possivelmente influenciam a evolução da doença
de Chagas, que uma porcentagem dos pacientes permanece assintomática durante
toda a vida, enquanto outros evoluem para formas graves após 10 a 30 anos de infecção.
Os possíveis fatores de risco associados à progressão da cardiopatia na doença de
Chagas são: o tempo de duração da doença, sexo masculino, atividade física intensa, a
cepa do parasito, exposição à re-infecções, fatores genéticos, etnia, idade, severidade da
infecção aguda, status nutricional, alcoolismo e outras doenças concomitantes (PRATA,
2001; RIBEIRO et al., 1998). Estima-se que cerca de 27,0% dos infectados, após vários
anos na forma indeterminada, desenvolverão manifestações cardíacas, 6,0% evoluirão
para forma digestiva e 3,0% apresentarão comprometimento nervoso periférico
(MONCAYO, 1999).
Eletrocardiogramas realizados em áreas endêmicas têm demonstrado que cerca
de 2,0% dos pacientes com a forma indeterminada progridem para a forma cardíaca a
cada ano (PRATA, 2001). Uma variável proporção de pacientes submetidos a exames
clínicos, incluindo radiografias e eletrocardiograma (ECG), apresenta anormalidades em
alguns deles, que podem também ser detectadas em indivíduos saudáveis. O valor de
tais achados o é completamente esclarecido. Alguns pesquisadores acreditam que
esses pacientes possam ser considerados como possíveis apresentadores de formas
iniciais de manifestações cardíacas ou digestivas, dependendo da alteração encontrada.
De fato, são necessárias avaliações regulares ao longo da vida de indivíduos com
infecção chagásica, para verificar se evolução da infecção, e que medidas podem ser
7
tomadas para retardar tal progressão, assim como para garantir qualidade de vida para
essas pessoas.
A forma cardíaca da doença de Chagas é responsável pela elevada morbi-
mortalidade ocorrida na infecção, gerando grande impacto social pela produção de
aposentadorias precoces e gastos onerosos em atendimento médico especializado, mas,
sobretudo, pela morte de pessoas, especialmente jovens adultos em idade produtiva.
A cardiopatia chagásica crônica é caracterizada, do ponto de vista
anatomopatológico, por áreas de fibrose substituindo a massa muscular cardíaca e
ocasionando a interrupção das fibras do coração, destruição do sistema nervoso
autônomo (SNA) simpático e parassimpático e pela presença de um exsudato
inflamatório ativo. A hipertrofia, dilatação e alteração da arquitetura do músculo
cardíaco induzem ao aumento do tamanho do coração caracterizado pela cardiomegalia.
Em casos avançados de cardiomegalia, fenômenos tromboembólicos e sinais de
congestão passiva são os principais achados patológicos. O aneurisma cardíaco apical é
um achado freqüente e é patognomônico da cardiopatia chagásica crônica (WHO,
2002). Em áreas endêmicas essa lesão ocorre em 19,0% dos pacientes com infecção
chagásica, estando sua freqüência diretamente relacionada à severidade da
cardiomiopatia (PRATA, 2001).
Clinicamente os indivíduos podem apresentar manifestações de diferentes
níveis de gravidade, variando de anormalidades assintomáticas identificadas através de
exames complementares mais sensíveis, a formas graves. A cardiomiopatia é a forma
mais comum da doença de Chagas na fase crônica, manifestando-se como
cardiomiopatia dilatada, insuficiência cardíaca congestiva, tromboembolismo, arritmias,
transtornos de condução intraventricular, síncope e morte súbita (CAROD-ARTAL,
2006).
O exame físico em fases mais precoces da cardiopatia pode revelar
irregularidade do ritmo cardíaco devido a extra-sístoles isoladas. Em fases mais
avançadas podem ser observados sinais de cardiomegalia com o desvio do ictus cordis.
Os sinais e sintomas mais frequentemente associados à cardiopatia chagásica
são os seguintes:
- Sintomas secundários a bradiarritmias ou taquiarritmias, como palpitações,
síncope, pré-síncope e morte súbita;
8
- Sintomas de insuficiência cardíaca como dispnéia de esforço, dor no
hipocôndrio direito, ortopnéia e dispnéia paroxística noturna;
- Sintomas secundários a fenômenos tromboembólicos venosos e sistêmicos
como trombose venosa profunda, embolias pulmonares sistêmicas e acidente vascular
cerebral;
- Alterações microvasculares como dor precordial ou retroesternal (GASCON
et al., 2006).
Nas fases iniciais da cardiopatia chagásica crônica, são detectadas alterações
discretas e inespecíficas no ECG. Algumas alterações eletrocardiográficas têm sido
associadas à cardiopatia chagásica, apesar de não haver um padrão eletrocardiográfico
patognomônico. A alteração mais frequentemente detectada na cardiopatia chagásica é o
bloqueio de ramo direito isolado ou associado ao hemibloqueio anterior esquerdo.
As alterações eletrocardiográficas na cardiopatia chagásica em ordem de maior
a menor freqüência são as seguintes:
- Extra-sístoles ventriculares isoladas ou repetitivas;
- Alteração primária da repolarização ventricular, que pode simular cardiopatia
isquêmica;
- Zonas eletricamente inativas; bloqueios aurículo-ventriculares; bloqueio de
ramo esquerdo por disfunção sinusal e taquiarritmia supraventricular (GASCON et al.,
2006; XAVIER et al., 2006).
Em casos mais avançados da cardiopatia, tais alterações, além de serem mais
graves podem se sobrepor, constituindo um conjunto de anormalidades.
Radiografias de tórax são relevantes no manejo dos pacientes nessa forma, pois
permitem uma categorização mais precisa através da análise do tamanho do coração e
da circulação pulmonar. Em fases mais avançadas da cardiopatia chagásica, observa-se
aumento acentuado da silhueta cardíaca, identificado através da observação do cálculo
do índice cardio-torácico. As radiografias que apresentam sinais de hipertensão
venocapilar, crescimento de cavidades ou um índice cardio-torácico superior a 0,60 o
consideradas alteradas.
Na cardiopatia chagásica crônica a disfunção sistólica global do ventrículo
esquerdo apresenta-se como um importante fator prognóstico. Uma classificação para
insuficiência cardíaca considerando a função sistólica do ventrículo esquerdo, obtida
através de ecocardiografia, foi adotada para identificação de subgrupos de cardiopatas
9
chagásicos crônicos. Essa normatização colabora para o manejo do paciente em nível
prognóstico e terapêutico (Consenso Brasileiro em doença de Chagas, 2005) (Tabela I).
Tabela I - Estadiamento do comprometimento miocárdico na cardiopatia chagásica
crônica
Estádios Eletrocardiograma Ecocardiograma Insuficiência Cardíaca
A Alterado Normal Ausente
B1 Alterado Alterado FEVE>45% Ausente
B2 Alterado Alterado FEVE<45% Ausente
C Alterado Alterado Compensável
D Alterado Alterado Refratária
*FEVE- Fração de Ejeção Ventricular Esquerda
A forma digestiva da doença de Chagas caracteriza-se por alterações de
motilidade do esôfago e do cólon, e pelo aumento do diâmetro resultando em
megaesôfago e megacólon. O megaesôfago é de evolução mais precoce ocorrendo entre
20 e 40 anos de idade, manifestando-se mais frequentemente na forma de disfagia,
especialmente com alimentos frios e secos, regurgitação, dores retroesternais
esofagianas, singulto, pirose, obstipação intestinal, desnutrição, hipertrofia das
glândulas salivares e manifestações pulmonares em fases avançadas (LANA &
TAFURI, 2000; VAZ et al., 1995).
Para a detecção de esofagopatia chagásica aconselha-se a realização de
radiografia de tórax em posição oblíqua anterior após 1 minuto da ingestão de 150 mL
de contraste de sulfato de rio. As seguintes observações são suficientes para o
diagnóstico de acometimento esofágico:
- Esvaziamento incompleto do esôfago, com permanência de contraste de
sulfato de bário com um nível horizontal
- Presença de coluna de ar acima do nível de contraste
- Diâmetro aumentado do esôfago com mais de cinco centímetros
10
Essa técnica pode não revelar todos os casos de esofagopatia, mas, sua
vantagem é a identificação de casos da ausência de dilatação, que podem ser
manifestações iniciais da forma esofágica.
A classificação radiográfica proposta por REZENDE em 1960 subdividiu as
manifestações esofágicas em quatro grupos:
Grupo I - Esôfago apresenta calibre aparentemente normal ao exame
radiológico, com trânsito lento e pequena retenção na radiografia tomada um minuto
após a ingestão de sulfato de bário.
Grupo II - Esôfago com pequeno a moderado aumento no calibre,
apreciável retenção de contraste e presença de ondas terciárias, associadas ou não a
hipertonia do esôfago.
Grupo III - Esôfago com grande aumento no diâmetro, atividade motora
reduzida, hipotonia do esôfago inferior e grande retenção de contraste.
Grupo IV - Dólicomegaesôfago, esôfago com grande capacidade de retenção,
atônico, alongado, dobrando-se sobre a cúpula diafragmática.
O megacólon é de evolução mais tardia do que o megaesôfago, sendo
observado em adultos entre 30 a 60 anos de idade, caracterizando-se por obstipação
intestinal, meteorismo e disquesia (LANA & TAFURI, 2000; REZENDE et al., 1976).
A detecção de pacientes com megacólon pode ser realizada através de um estudo de
triagem colônica que não requer preparo com dieta prévia, utilizando-se 300 mL de
contraste baritado diluídos em 900 mL de água colocados em recipiente situado um
metro acima da mesa radiológica, e deixado cair como enema, por gravidade. O
resultado é positivo no adulto se na radiografia abdominal se constata uma dilatação
superior a 6 cm.
Raramente, o diagnóstico radiológico da colonopatia chagásica é concluído
antes de um aumento característico do calibre do cólon. Em quase 100% dos casos,
dilatações e alongamentos colônicos predominam no sigmóide. O achado usual nessa
patologia é a retenção prolongada de contraste baritado em radiografias realizadas dias
após o estudo contrastado (FIGUEIRÊDO et al., 2002). Existem ainda megas de menor
freqüência que acometem outras vísceras ocas tais como bexiga, ureter, e outros.
11
A forma mista da infecção, compreendida por manifestações cardíacas e
digestivas simultaneamente acomete uma pequena proporção dos indivíduos infectados
crônicos, compreendendo cerca de 8,0% dos infectados na fase crônica.
1.3 Diagnóstico da doença de Chagas
1.3.1 Fase aguda
O diagnóstico laboratorial da doença de Chagas deve ser direcionado de acordo
com a fase da doença em que o paciente se encontra, baseando-se na busca direta ou
indireta do parasito e na detecção de anticorpos anti-T. cruzi.
A doença de Chagas aguda caracteriza-se pelo surgimento de imunoglobulinas
de classes específicas. Em geral ocorre uma produção inicial de IgM com pico perto do
17º dia após a infecção, seguido de queda dos níveis até o 66º dia, não retornando aos
níveis basais até o 93º dia após a infecção. Níveis específicos de IgG também se elevam
após uma ou duas semanas de infecção, alcançando pico de produção no 30º dia,
perdurando por toda fase crônica caso não haja tratamento e cura parasitológica
(GRAUERT et al., 1993).
Na infecção aguda são utilizados testes sorológicos para a pesquisa de IgM.
Atualmente dificuldades para o diagnóstico sorológico de fase aguda devido a
escassez de kits comercialmente disponíveis e carência de controles positivos para IgM.
Uma possibilidade de diagnóstico comercializada e que apresenta a vantagem de ser
rápida e de fácil execução, é o Simple CHAGASWB (Operon, S.A), que consiste em
um teste imunocromatográfico que utiliza antígenos recombinantes para a detecção de
anticorpos anti-T. cruzi.
Em laboratórios regionais de referência, recomenda-se a utilização de
metodologias de maior complexidade a partir de IFI-IgM (Imunofluorescência Indireta
com pesquisa de IgM), Western Blot e ELISA- IgM (Consenso Brasileiro em doença de
Chagas, 2005). A detecção de anticorpos IgM através de imunoblotting utilizando
antígenos de tripomastigotas secretados ou excretados (TESA blot) tem demonstrado
ser uma técnica de grande utilidade para o diagnóstico em casos de suspeita de fase
aguda ou infecção congênita. Além disso, a alta sensibilidade do TESA blot na detecção
de casos crônicos associada a ausência de reações cruzadas com outras infecções, indica
12
que esta técnica pode ser uma alternativa aos testes sorológicos convencionais
(UMEZAWA et al., 1996 a).
Em casos de suspeita de fase aguda, em decorrência da alta parasitemia, devem
ser priorizados os exames parasitológicos diretos, que são realizados rapidamente e
apresentam resultado imediato. O exame do sangue periférico a fresco devido a sua
simplicidade e elevado índice de resultados satisfatórios deve ser o método de escolha
nessa fase. Porém, para sua realização é necessário que haja treinamento específico
quanto à preparação da lâmina e identificação do parasito (LUQUETTI & RASSI,
2000). Em caso de negatividade do exame a fresco e forte suspeita de doença aguda,
como na presença de sintomas por mais de trinta dias, métodos de concentração como
micro-hematócrito, teste de Strout, Quantitative Buffy Coat (QBC), gota espessa, e
lâmina com esfregaço corado devem ser priorizados (Consenso Brasileiro em doença de
Chagas, 2005). Esses métodos apresentam sensibilidade entre 80 a 90%, entretanto
devido ao alto custo do QBC, atualmente recomenda-se o uso do micro-hematócrito ou
teste de Strout como método de concentração escolhido.
Se os exames parasitológicos diretos forem negativos, métodos parasitológicos
indiretos, como o xenodiagnóstico (BRUMPT, 1914) e a hemocultura (CHIARI et al.,
1989), devem ser utilizados. Apesar da possibilidade desses exames apresentarem 100%
de positividade na fase aguda, estas metodologias são indicadas para o diagnóstico da
fase crônica da infecção dada à complexidade para sua realização, que exige condições
de laboratório muito especializadas, como também pela demora de obtenção dos
resultados.
1.3.2 Fase crônica
Os baixos níveis de parasitemia nessa fase da infecção indicam a sorologia
como escolha para o diagnóstico confirmatório. Para tal, é essencial a aplicação de um
teste de elevada sensibilidade associado a outro com alta especificidade, como os testes
de Imunofluorescência Indireta (IFI), Imunoensaio Enzimático (ELISA), e
Hemaglutinação Indireta (HAI). Entretanto, apesar da alta sensibilidade e
especificidade, esses testes podem gerar resultados não conclusivos ou conflitantes,
devido aos diferentes procedimentos empregados nas suas preparações antigênicas.
O emprego de antígenos de T. cruzi secretados ou excretados em técnicas
imunodiagnósticas tem revelado altas especificidade e sensibilidade quando comparado
13
a técnicas de sorologia convencional. Em um trabalho recente realizado em uma área
endêmica da Bolívia, foi demonstrada a aplicabilidade dos testes baseados no TESA
(Antígenos de T. cruzi secretados ou excretados) em relação aos testes aplicados na
sorologia convencional. De 742 amostras de soro coletadas, 329 foram positivas pelo
TESA, que detectou 9 indivíduos infectados não diagnosticados pela sorologia
convencional (ZARATE-BLADES et al., 2006). Esse achado é um indicativo de que
testes baseados no TESA podem ser uma alternativa aos extratos antigênicos utilizados
na sorologia convencional.
Entretanto, a sorologia convencional realizada por ELISA, IFI e HAI, baseada
na pesquisa de anticorpos IgG anti-T.cruzi, permanece ainda como a escolha para a
rotina diagnóstica. A OMS recomenda para o diagnóstico da doença de Chagas a
utilização de duas técnicas sorológicas com princípios distintos, que, se discordantes,
devem ser repetidas. Se houver ainda discordância, é recomendada a realização de uma
terceira técnica sorológica, e caso esta persista uma quarta técnica deve ser aplicada ou
outro todo diagnóstico não sorológico deve ser realizado (WHO, 1991; 2002, MS,
2000).
Os anticorpos detectados na sorologia convencional são classificados como não
protetores, aqueles capazes de induzir lise de formas tripomastigotas na presença do
Complemento são classificados como protetores, sendo denominados como anticorpos
líticos (KRETTLI, 1982). Esses anticorpos reconhecem uma proteína de 160KD
localizada na superfície da membrana de tripomastigotas vivos.
Os anticorpos líticos são detectados através de duas técnicas, a lise mediada pelo
Complemento (KRETTLI & BRENER, 1982) e a citometria de fluxo (MARTINS-
FILHO et al., 1995). Essas técnicas têm ampla aplicabilidade para a realização de
controle de cura, considerando-se que os anticorpos da sorologia convencional podem
ser detectados por vários anos após o tratamento da infecção, não distinguindo os
curados dos não curados. Os anticorpos líticos reconhecerão formas vivas do
parasito, e sua detecção em soros de pacientes tratados é um indicativo da infecção
ativa, sendo por isto sua pesquisa empregada como critério de cura (KRETTLI, 1982;
GALVÃO et al., 1993).
Uma outra possibilidade mais sofisticada disponível com o uso de testes
sorológicos é a identificação de classes das imunoglobulinas e de suas subclasses
empregada no estudo do perfil da resposta imune humoral do paciente.
14
Na fase crônica da infecção, a parasitemia é em geral baixa e variável, o que
torna os métodos parasitológicos diretos não aplicáveis. Nessa fase, os métodos de
diagnóstico parasitológico indireto geralmente não ultrapassam 50,0% de positividade.
Desde a década de 50, a técnica de hemocultura vem sendo aplicada,
inicialmente com resultados inferiores aos obtidos com o xenodiagnóstico. Com o
objetivo de aumentar sua sensibilidade, algumas modificações foram introduzidas na
técnica tais como: a remoção do plasma contendo anticorpos (MOURÃO & MELLO,
1975), a coleta de um volume maior de sangue (30mL) (CHIARI et al., 1989) e maior
período de cultivo e observação (MINTER-GOELDBLOED, 1978).
CHIARI et al. (1989) obtiveram uma taxa de hemocultura positiva de 55,08%
com a aplicação de modificações como a lavagem das células com meio LIT ou PBS e
remoção imediata por centrifugação, incubação das culturas a 28ºC e exames no 15
o
,
30
o
, 45
o
e 60
o
dias de cultivo. Quando não era possível o imediato processamento, o
plasma era removido, ao sedimento era acrescentado meio LIT, e o material preservado
a 4ºC até processamento de toda técnica.
LUZ et al. (1994) demonstraram a importância do rápido processamento à baixa
temperatura na sensibilidade da técnica. Utilizando a metodologia proposta por CHIARI
et al. (1989), reduzindo o tempo de processamento da amostra e usando uma centrífuga
refrigerada foi possível alcançar 94,0% de positividade quando três hemoculturas foram
realizadas no mesmo paciente.
A PCR (GONZALEZ et al., 1984; ASHALL et al., 1988) apresenta resultados
promissores, indicando que no futuro esta técnica poderá ser utilizada como teste
confirmatório e de rotina, apesar de sua complexidade e necessidade de laboratórios
especializados com protocolos definidos e técnicas padronizadas para sua execução
(Consenso Brasileiro em doença de Chagas, 2005; WHO, 2002). O uso da técnica de
PCR está indicado em algumas situações como em indivíduos com testes sorológicos
não conclusivos, em controle de cura pós-tratamento, em estudos comparativos com
outras cnicas sorológicas ou parasitológicas, na detecção do nível de parasitemia em
imunossuprimidos e em transplantados (PORTELA-LINDOSO et al., 2003).
15
1.4 Resposta imune humoral na doença de Chagas
A resposta imune que se segue à infecção pelo T. cruzi é essencial para a
resistência do hospedeiro, mas também é responsável em parte pelas diversas
manifestações patológicas observadas na doença de Chagas. O parasito sensibiliza
diferentes setores do sistema imune, produzindo resposta celular e humoral específicas
(BRODSKYN & BARRAL-NETO, 2000). A identificação dos mecanismos
relacionados à indução da resposta imune durante a infecção é essencial para a
compreensão da história natural da doença de Chagas.
A ativação policlonal de linfócitos B no início da infecção induz a produção de
imunoglobulinas pertencentes a várias classes. Na fase aguda da doença em humanos,
grande parte da resposta humoral induzida está direcionada a glicosilfosfatidilinositol
ancorados em mucinas (GPI mucinas) localizadas na superfície de tripomastigotas.
Nessa fase, anticorpos IgM e IgG o amplamente detectados. A maior parte desses
anticorpos reconhece epitopos de galactosylα1-3galactose (Galα1,3Gal), que estão
presentes nas GPI mucinas.
ANTAS et al. (1999) classificaram a fase aguda da doença de Chagas como
inicial, intermediária e tardia em crianças de 2 a 15 anos de idade, verificando os veis
de anticorpos anti-Galα
1,3
Gal IgG (Gal), IgM e IgG específicos anti-T. cruzi por meio da
técnica de ELISA. A fase inicial da infecção aguda apresentou reatividade apenas para
IgM, enquanto na fase intermediária três possibilidades foram encontradas: (i) IgM e
Gal reativos e IgG não reativo; (ii) IgM e IgG reativos e Gal não reativo; e (iii) IgM,
IgG e Gal reativos. Na fase tardia IgG e Gal foram reativos e IgM o reativo. A
associação do anticorpo IgG anti-Gal com a sorologia específica possibilitou a detecção
mais precisa da fase aguda da doença de Chagas, sugerindo a possibilidade do uso desse
anticorpo na detecção de infecções recentes, pelo menos em áreas endêmicas.
UMEZAWA et al. (1996 a) utilizaram soros de pacientes com infecção
chagásica nas fases aguda e crônica testando quatro frações antigênicas de T. cruzi para
a detecção de anticorpos IgG, IgM e IgA. Análises feitas por ELISA e imunoblotting
demonstraram que a proporção de IgG reagente com antígenos de superfície de
tripomastigotas foi mais elevada em pacientes agudos, e o oposto foi verificado com os
antígenos internos. Os soros de fase aguda apresentaram maior porcentagem de IgG
reativa a epitopos de carboidratos Galα
1,3
Gal expressos na superfície de tripomastigotas
do que os soros de fase crônica. A IgA foi encontrada exclusivamente em soros agudos
16
assim como IgM, produzindo 100% de positividade quando antígenos de superfície,
íntegros e secretados foram utilizados.
Nos seres humanos, quatro subclasses de imunoglobulina G (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4)
são produzidas, e tal produção parece ser induzida por diferentes citocinas (KAWANO
et al., 1994). Alguns estudos indicam que a produção das subclasses IgG1 e IgG3 é
auxiliada pela indução de citocinas anti-inflamatórias (IL-4, IL-5, IL-10 e TGF-ß),
enquanto citocinas com perfil inflamatório (IL-12, INF-γ, TNF-α) induziriam a
produção de IgG2 (BRIERE et al., 1994; REED & SCOTT, 1993). Experimentos in
vitro demonstraram que IFN-γ inibe a produção de IgG1 e eleva a secreção de IgG2
por antagonizar a síntese de IgG1 mediada por IL-6 e auxiliar IL-6 na produção de
IgG2 (KAWANO et al., 1994). Estes dados corroboram o trabalho de FINKELMAN et
al. (1990), que descreveram que o IFN-γ pode suprimir IgG1 e estimular IgG2a, mas
IL-4 parece não ser requerida para a produção de IgG1 in vivo.
Quantitativamente, as concentrações relativas de tais imunogobulinas nos soro
são IgG1>IgG2>IgG3>IgG4. Essas quatro subclasses apresentam mais de 95,0% de
homologia nas suas seqüências de aminoácidos das cadeias pesadas, sendo encontradas
suas principais diferenças estruturais na região de dobradiça. A subclasse IgG2 pode
apresentar como função a opsonização de parasitos, levando a sua destruição seja pelo
mecanismo de lise mediada por Complemento ou pela fagocitose feita por macrófagos
tendo, portanto, uma participação importante nos mecanismos de proteção humoral ao
longo da infecção. As subclasses IgG1 e IgG3 parecem não ativar o Complemento, mas
podem se ligar a receptores de células fagocitárias, sendo envolvidas na defesa dos
hospedeiros mediada por célula.
A utilização de preparações antigênicas derivadas de formas epimastigotas de
T. cruzi para avaliar a reatividade de subclasses de IgG revelou títulos elevados de IgG1
e IgG3 em soros de pacientes na fase crônica de infecção classificados em diferentes
formas clínicas (CERBAN et al., 1993; MORGAN et al., 1996).
CERBAN et al. (1993) o observaram diferença nos níveis de IgG1, IgG2 e
IgG3 entre indivíduos portadores de diferentes formas clínicas da doença utilizando
duas fontes antigênicas distintas. Foi observada em todos os diferentes grupos de
pacientes, a predominância de níveis mais elevados de IgG1 e IgG3, seguidos de níveis
mais baixos de IgG2 e IgG4 quando epimastigotas foram usados como antígenos. Para a
fração antigênica citosólica de T. cruzi os níveis de IgG1 foram mais elevados em todos
os diferentes grupos de pacientes.
17
Entretanto, MORGAN et al. (1996) utilizando formas epimastigotas como
antígeno na técnica de ELISA, ao avaliarem 73 pacientes de uma área endêmica de
Minas Gerais, que apresentavam as formas clínicas indeterminada, cardíaca, digestiva e
mista, com idades variando entre 20 e 84 anos, obtiveram níveis mais elevados de
anticorpos IgG2 nos soros dos pacientes portadores de formas clínicas cardíaca e cardio-
digestiva quando comparados com indivíduos não infectados e com aqueles
apresentando forma indeterminada da doença.
Expandindo o estudo anterior, MORGAN et al. (1998) avaliaram os mesmos
pacientes infectados cronicamente com diferentes manifestações clínicas da doença de
Chagas através de uma análise feita por western blot. Foi observado que a ligação de
alguns antígenos particulares pelos isotipos de anticorpos era mais prevalente em alguns
grupos de formas clínicas, quando comparado com outros. Os perfis de antígenos
reconhecidos pelos anticorpos eram distintos, considerando IgG1, IgG2, IgG3, IgM e
IgA. Um grande número de bandas distintas foi encontrado para o isotipo IgG1 nos
grupos com diferentes manifestações clínicas. Entretanto poucas bandas foram
detectadas para os outros anticorpos. Foi ainda verificada uma predominância de IgG3
nas formas indeterminada e digestiva, IgG2 na forma cardíaca e IgM na forma
indeterminada.
A avaliação de pacientes na fase crônica da infecção por ZAUZA et al. (2001)
evidenciou uma associação direta entre os níveis de IgG e a progressão de cardiopatia
chagásica, indicando que a resposta imune humoral está diretamente relacionada à
evolução dessa forma clínica da doença.
A análise da reatividade de subtipos de IgG anti-T. cruzi em cardiopatas
chagásicos crônicos, indicou que os níveis de IgG1 e IgG2 foram consideravelmente
mais elevados, seguidos de IgG3 e de níveis ainda mais baixos de IgG4. No grupo de
pacientes avaliado foi possível verificar uma tendência de associação entre veis de
IgG2 mais elevados e presença de cardiomegalia severa (HERNANDEZ-BECERRIL et
al., 2001).
CORDEIRO et al. (2001) avaliaram o perfil de subclasses de IgG presente na
sorologia convencional (SC) e na pesquisa de anticorpos anti-tripomastigotas vivos
(AATV) detectados por imunofluorescência indireta e citometria de fluxo
respectivamente, em soros de pacientes com infecção chagásica crônica portadores das
formas indeterminada (IND), cardíaca (CARD) e digestiva (DIG) da doença. As
subclasses IgG1 e IgG2 foram os principais anticorpos encontrados na SC, enquanto
18
IgG1 e IgG3 foram predominantes na pesquisa de AATV. Os baixos níveis de IgG1 e
IgG3 na pesquisa de AATV estavam associados aos pacientes com a forma CARD e os
elevados níveis de IgG1 na pesquisa de AATV foram detectados principalmente, em
pacientes apresentando a forma IND da doença. A reatividade de IgG2 anti-
epimastigotas foi mais elevada em pacientes com a forma indeterminada e cardíaca.
MICHAILOWSKY et al. (2003) utilizaram antígenos de proteínas de flagelos
de T. cruzi para avaliar a resposta imune humoral e celular em pacientes com doença de
Chagas crônica apresentadores de diferentes formas clínicas, e verificaram que IgG1 e
IgG3 foram as principais imunoglobulinas detectadas. Em relação à resposta celular, os
resultados do estudo indicaram que os linfócitos T CD4
+
são as principais fontes de
IFN-γ quando estimulados por antígenos do parasito in vitro.
Em um trabalho recente realizado em nosso laboratório, foi verificado que
diferentes níveis de IgG, IgG1, IgG2a e IgG2b em camundongos infectados com
diferentes clones de T. cruzi, estavam associados ao genótipo do parasito presente e com
a fase da infecção. De forma geral, a infecção com T. cruzi I induziu altos níveis de
todas as subclasses em ambas as fases da infecção, em comparação a linhagem de T.
cruzi II (SANTOS, 2007).
O uso de antígenos flagelares (FRA) e citoplásmicos (CRA) de T. cruzi para a
análise do perfil de subclasses de IgG em pacientes apresentando diferentes formas
clínicas, indicou que IgG2 anti-FRA foi detectado em níveis mais elevados no grupo
cardíaco. Esse resultado sugere o uso potencial dessa subclasse para prognóstico,
monitoração da progressão da doença e avaliação do fator de risco de dano cardíaco
(VERÇOSA et al., 2007).
19
1.5 Doença de Chagas no município de Berilo
Entre o final dos anos 40 e início dos anos 50, foi realizado pelo Serviço
Nacional de Malária, o primeiro estudo entomológico no Vale do Jequitinhonha. Na
década de 60 foram iniciados os primeiros combates aos triatomíneos vetores da doença
de Chagas nessa região pelo DNERu. Entre 1970 e 1980, o combate aos vetores na
região esteve sob a direção da Coordenação do Desenvolvimento do Vale do
Jequitinhonha (CODEVALE) e do Centro Regional de Saúde de Diamantina.
Em um levantamento triatomínico realizado pela SUCAM em 1982, constatou-
se que 69,5% das espécies de vetores capturadas eram Panstrongylus megistus, e 15,8%
eram Triatoma infestans (MS, 1982).
No inquérito sorológico nacional realizado entre 1975 e 1980, o então
município de Berilo, hoje municípios de José Gonçalves de Minas e Berilo, localizado
no Vale do Jequitinhonha, apresentou 35,5% de prevalência para a infecção chagásica
(CAMARGO et al., 1984). Em 1982, esses dados foram confirmados com a obtenção de
35,1% de prevalência da infecção em uma amostra de 3.730 indivíduos (DIAS et al.,
1985).
Foram realizados entre 1985 e 1986, ataques aos insetos vetores utilizando BHC
(Hexaclorociclobenzeno), e em 1987, verificou-se o benefício destas ações com a
redução significativa do número de insetos capturados nos domicílios (MACHADO DE
ASSIS, 2006).
Em 1988, AGUILAR avaliou 1.150 indivíduos em Berilo, constatando que
12,69% dessa amostra apresentavam sorologia reativa para T. cruzi. Esse resultado
evidenciou um decréscimo em relação à prevalência obtida no inquérito de 1982.
Em 1997, MONTOYA realizou um inquérito sorológico em Berilo utilizando
uma amostra de 2.261 indivíduos para avaliar a prevalência da infecção chagásica.
Verificou-se uma prevalência da infecção na população geral de 18,7%. Em indivíduos
acima de 30 anos de idade essa taxa foi de 50,0%, e em menores de 10 anos, de 0,17%.
Nesse trabalho um grupo de 226 indivíduos sororeativos para a infecção pelo T. cruzi
foi pareado com número igual de pacientes não reativos para comparar os achados
clínicos e eletrocardiográficos. A prevalência de alterações eletrocardiográficas foi de
55,7% nos pacientes soro-reativos e 13,7% no grupo controle, sendo a cardiopatia
chagásica mais freqüente no sexo masculino. O mesmo pesquisador avaliou a evolução
de 177 indivíduos com infecção chagásica e sem infecção que fizeram parte de um
20
estudo realizado em 1987 por AGUILAR, (1988). MONTOYA verificou que a
mortalidade geral entre os pacientes com a infecção foi de 1,9% ao ano, sendo 5,6 vezes
maior do que no grupo soronegativo, com 21 mortes ocorridas nos 10 anos de intervalo
entre os estudos. Dos pacientes incluídos no estudo de 1987, 134 (67 com infecção
chagásica e 67 não infectados) foram reavaliados clínica e eletrocardiograficamente. A
doença de Chagas evoluiu progressivamente em 28,0% dos indivíduos com sorologia
reativa, sendo um fenômeno mais freqüente entre os pacientes que apresentavam
eletrocardiogramas alterados previamente (MONTOYA, 1998).
Mais recentemente o nosso grupo (BORGES et al., 2006) realizou um
inquérito sorológico em crianças de 7 a 14 anos nos municípios de Berilo e José
Gonçalves de Minas, que desde 1997 são administrativamente independentes. A
prevalência da infecção na faixa etária avaliada foi de 0,4% (6 crianças). A prevalência
por município foi de 0,35% (3 crianças) em Berilo, e 0,53% (3 crianças) em José
Gonçalves de Minas. Os resultados de prevalência da infecção na faixa etária de 0 a 7
anos de idade na pesquisa realizada por MONTOYA, (1998) e de sete a 14 anos por
BORGES et al. (2006), sugerem que houve interrupção da transmissão da infecção na
região.
Nossa equipe realizou no ano seguinte (MACHADO DE ASSIS, 2006), uma
pesquisa triatomínica integral no município de Berilo, vistoriando todos os domicílios
rurais e urbanos. A pesquisa resultou na captura de 391 insetos, os quais não
apresentavam infecção pelo T. cruzi, pertencentes às espécies P. megistus (72,0%) e T.
pseudomaculata (28,0%). O peridomicílio (galinheiro) foi o principal local das capturas.
Ressalta-se que pela primeira vez no estado de Minas Gerais foi encontrado um grande
foco intradomiciliar de T. pseudomaculata. Os moradores das residências onde os
vetores foram encontrados foram submetidos a testes sorológicos para o diagnóstico da
doença de Chagas. A infecção pelo T. cruzi foi detectada em 31 indivíduos (25,0%),
destes, 97,0% eram maiores de 30 anos indicando que estes tenham sido infectados
antes da instalação da vigilância epidemiológica, período no qual a transmissão vetorial
era presente.
Os dados obtidos através dos inquéritos sorológicos e vetoriais realizados no
município de Berilo ao longo de vários anos indicam que a transmissão vetorial da
infecção está praticamente interrompida. Isso não significa, entretanto, que estudos em
doença de Chagas não sejam relevantes nessa área.
21
Diante do numeroso contingente de indivíduos infectados e doentes no
município, estudos abordando diferentes aspectos da infecção chagásica não apenas
contribuirão para o aperfeiçoamento do conhecimento a respeito da doença, seu
diagnóstico e tratamento, como também para a melhoria da qualidade de vida da
população.
1.6 Justificativa
Diante da situação atual existente no Município de Berilo, que apresenta um
grande contingente de indivíduos com manifestações clínicas da doença de Chagas sem
atendimento dico adequado, considerando a relação ainda não definitivamente
esclarecida entre o perfil de subclasses de imunoglobulinas e as formas clínicas da
doença e a necessidade de um diagnóstico sorológico diferencial entre as infecções mais
comumente passíveis de apresentar reatividade cruzada, este trabalho propôs verificar a
existência desta correlação e testar uma metodologia de diagnóstico que permita
diferenciar a doença de Chagas de outras infecções, possibilitando após sua execução, o
acesso dos pacientes ao tratamento etiológico e à assistência clínica necessários para
melhoria de sua qualidade de vida.
2. OBJETIVOS
23
2.1 Objetivo geral
Avaliar o desempenho da pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-
Trypanosoma cruzi por meio de um ensaio imunoenzimático não comercial, aplicado ao
diagnóstico e monitoração de morbidade da doença de Chagas.
2.2 Objetivos específicos
Realizar o diagnóstico sorológico da infecção pelo Trypanosoma cruzi e após a
confirmação da infecção:
1- Avaliar alguns aspectos epidemiológicos dos pacientes, realizar o diagnóstico
parasitológico através da coleta de hemocultura, associando com as formas
clínicas dos mesmos;
2- Estabelecer critérios de interpretação para a reatividade de IgG e subclasses de
IgG anti-T. cruzi detectada por meio do ensaio imunoenzimático não comercial
aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de Chagas;
3- Estabelecer critérios de interpretação para a reatividade de IgG e subclasses de
IgG anti-T. cruzi detectada por meio do ensaio imunoenzimático não comercial
aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de Chagas em amostras de soro
de pacientes portadores de outras doenças infecto-parasitárias de interesse
médico, como HIV, hepatite C (HCV), sífilis, leishmaniose visceral e
leishmaniose tegumentar;
4- Avaliar a aplicabilidade da pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi
detectada por meio do ensaio imunoenzimático não comercial aplicado a
monitoração de morbidade da doença de Chagas.
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
25
3.1 Área do estudo
3.1.1 Berilo
O município de Berilo está situado no nordeste do estado de Minas Gerais, a
760 Km de Ouro Preto (Figura 1), na meso-região do Vale do Jequitinhonha. Seu
surgimento está associado à exploração de ouro ocorrida no início do século XVIII com
a ida de bandeirantes para a região. Por volta de 1727, foram descobertas minas de ouro
na área por dois bandeirantes, Sebastião Leme do Prado e Domingos de Abreu Vieira,
originando o primeiro núcleo populacional denominado Água Suja. Em 1877, a área
passou a se chamar Água Limpa e em 1923, Vila Berilo. Em 1962, o distrito se desligou
politicamente de Minas Novas, elevando-se á categoria de município, então denominado
Berilo. Em 1963, uma nova divisão ocorreu, levando a separação entre Berilo e José
Gonçalves de Minas, este último até então considerado distrito de Berilo e elevado à
categoria de município em 1997.
Berilo possui uma extensão territorial de 586 quilômetros quadrados limitando-
se com os municípios de José Gonçalves de Minas, Francisco Badaró, Virgem da Lapa,
Chapada do Norte, Cristália e Grão Mogol.
O município não apresenta qualquer atividade de processamento de matéria-
prima, necessitando ser abastecido por produtos industrializados. Sua economia está
baseada em atividades agropecuárias, como o cultivo de diversas lavouras e criação de
rebanho leiteiro.
Dados do censo populacional de 2006 revelam que Berilo apresenta uma
população de 17.549 habitantes (8.920 homens e 8.629 mulheres), com 23,0% vivendo
em área urbana e 77,0% na zona rural.
26
Figura 1 - Localização do município de Berilo no Estado de Minas Gerais
A cidade possui um hospital municipal com 40 leitos e cinco postos de saúde
distribuídos entre a zona urbana e rural. Esses postos foram integrados ao Programa de
Saúde da Família (PSF) destinado a prestar atendimento integral à população,
enfatizando a prevenção e promoção da saúde. Atualmente existem quatro unidades de
PSF atuantes no município de Berilo, sendo cada uma responsável por uma área
delimitada composta por comunidades (na zona rural) e/ou bairros (na cidade). Os PSFs
Saúde em Casa e Centro, atendem localidades dispersas entre a área rural e urbana, o
primeiro abrange 25 localidades e o segundo 16. Os demais postos atendem
exclusivamente áreas rurais do município. O PSF São Norberto atende 22 comunidades;
e o PSF Viva Berilo atende 13 comunidades da zona rural.
3.2 Triagem da população estudada
No período compreendido entre Março e Novembro de 2006, foi realizada uma
busca de indivíduos portadores da infecção chagásica no município de Berilo, através da
realização do diagnóstico sorológico para confirmação da infecção. Em um primeiro
momento, os moradores da cidade compareceram voluntariamente ao hospital
municipal, onde após leitura e assinatura do Termo de Consentimento, Processo
07/2002 (Anexo I) aprovado pelo Conselho de Ética de Pesquisa em Seres Humanos do
27
Instituto René Rachou (FIOCRUZ) de Belo Horizonte, Minas Gerais, foi feita a coleta
de sangue para a realização dos exames sorológicos após o recolhimento de informações
como o nome, idade e local de moradia de cada indivíduo.
3.2.1 Diagnóstico sorológico
O diagnóstico sorológico foi realizado no laboratório de Doença de Chagas da
Universidade Federal de Ouro Preto, através das técnicas de ELISA e HAI.
A coleta de sangue para a sorologia confirmatória foi realizada em tubos
Vacutainer® de 5mL, sem anticoagulante. O soro foi obtido por centrifugação por 10
minutos a 3000 rpm, aliquotado, acondicionado em tubos plásticos de 1,5mL, mantido a
–20
o
C, e transportado em isopor com gelo para ser examinado na Universidade Federal
de Ouro Preto.
3.2.1.1 Reação de Hemaglutinação Indireta
A reação de hemaglutinação indireta foi realizada utilizando as amostras de
soros e os controles positivo e negativo, diluídos a 1:20 e 1:40 no diluente especificado
no kit Hemacruzi da Biomérieux® (Brasil). A técnica foi processada segundo as
recomendações do fabricante.
3.2.1.2 ELISA convencional
O teste de ELISA convencional para a detecção de anticorpos IgG anti-T. cruzi
foi realizado segundo metodologia de VOLLER et al. (1976) modificada. Como
antígeno foram utilizadas as formas epimastigotas da cepa Y em meio LIT na fase
exponencial de crescimento, preparado segundo VITOR & CHIARI, 1987.
A reação foi efetuada em placas de poliestireno de 96 poços com fundo chato,
sensibilizadas com 100µL/poço de solução antigênica a uma concentração de 4,5 µg/mL
de solução tampão carbonato de sódio, pH 9,6, incubada a 4ºC por 12 horas.
Após o período de incubação, as placas foram lavadas quatro vezes com
solução salina contendo Tween-20 a 0,05% (solução de lavagem) para eliminação da
solução diluente do antígeno e de seu excesso. As placas foram bloqueadas com
28
100µL/poço de solução salina tamponada (SST) com soro fetal bovino (SFB) e
incubadas a 37ºC, por 45 minutos. Após esta etapa, elas foram lavadas três vezes com a
solução de lavagem.
As placas foram a seguir, incubadas por 45 minutos a 37ºC com 100µL/poço
das amostras de soros diluídas a 1:80. Após a incubação, as placas foram lavadas como
anteriormente e novamente incubadas por 45 minutos a 37ºC com 100µL/poço do
conjugado anti-IgG humano, marcado com peroxidase (SIGMA, St. Louis, EUA),
diluído a 1:10.000 em solução salina tamponada com 0,05% de Tween 20 (SST-
Tween). Após esta incubação, as placas foram novamente lavadas quatro vezes com
solução de lavagem.
A seguir a solução de substrato constituída por 1mg de Orto-fenileno-diamino
(OPD) + L de H
2
O
2
30 volumes + 15mL de tampão citrato-fosfato foi adicionada ás
placas que foram novamente incubadas a 37ºC, durante 5 minutos. A reação foi
interrompida com a adição de 32µL/poço de H
2
SO
4
2,5 M.
A leitura da reação foi realizada em um leitor de ELISA (SOFT-MAX® PRO
4.0-Life Sciences edition) com filtro a 490nm. As amostras contendo valores de
absorbância iguais ou superiores ao ponto de corte (média das absorbâncias de 10 soros
padrões não reativos + 3 desvios padrão) foram consideradas reativas, e as que
apresentaram valores de absorbância abaixo do ponto de corte foram consideradas não
reativas.
Aqueles indivíduos que apresentaram sorologia reativa para os dois testes e um
grupo de pacientes não reativos foram convocados para responder um questionário
clínico-epidemiológico (Anexo II), e avaliados segundo o Delineamento Experimental
abaixo.
29
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
Sorologia confirmatória
(ELISA e HAI)
Não Reativa
(n = 15)
Avaliação parasitológica
Hemocultura (CHIARI et al., 1989)
Avaliação Clí
nica
Seleção aleatória de
pareados por idade
e sexo
Reativa
Idade > 60 anos
Patologias associadas
Exclusão do estudo
Avaliação Sorológica
ELISA (IgG total, IgG1,IgG2, IgG3)
Forma
Digestiva/Mista
(n = 15)
Avaliação clínica
ECG
RX tórax, esôfago e cólon
Cardiopatia 1
(n = 15)
Cardiopatia 2
(n = 15)
Forma
Cardíaca
(n = 30)
Reativa
(n = 60)
Forma Indeterminada
(n = 15)
Soros de indivíduos com
outras infecções:
Leishmaniose Visceral (n=7)
Leishmaniose Tegumentar
(n=8)
Classificação das formas clínicas
Análise Estatística
Avaliação
epidemiológica
Avaliação
epidemiológica
Grupo controle
(n = 15)
Avaliação
Ecocardiográfica
30
A seguir foi feita coleta de sangue para hemocultura, anamnese, exame físico
do paciente, radiografia simples de tórax, radiografia contrastada de esôfago e cólon,
ECG e ecocardiograma. A avaliação ecocardiográfica foi realizada pela cardiologista
Dr.ª Rosália Morais Torres (UFMG), para discriminar casos de pacientes com
classificação clínica duvidosa, como aqueles apresentando áreas cardíacas limítrofes,
com presença de alterações de ECG não típicas de doença de Chagas ou sob tratamento
sem indicação conhecida. Dentre os indivíduos não reativos, 15 foram selecionados
para a formação de um grupo controle (CONT).
A realização de testes sorológicos manteve-se disponível para todos os
moradores do município interessados em fazer os exames para o diagnóstico da infecção
chagásica, sem distinção de idade, sexo ou local de moradia. Entretanto, para este
estudo, apenas os indivíduos com idade abaixo e/ou igual a 60 anos foram selecionados
para evitar a influência de alterações geriátricas relacionadas com a senilidade que
pudessem interferir na classificação das formas clínicas manifestadas pelos pacientes.
3.3 Avaliação de aspectos epidemiológicos
A avaliação de alguns dados de relevância epidemiológica dos pacientes com
infecção chagásica foi realizada através da aplicação de um questionário epidemiológico
(Anexo II).
3.4 Avaliação Clínica
A avaliação clínica dos pacientes consistiu na anamnese e exame físico, análise
do ECG, radiografia simples de tórax, e radiografia contrastada de esôfago e cólon, em
conjunto com o preenchimento da parte clínica do questionário clínico-epidemiológico
realizado pelo clínico Dr. Pedro Albajar Viñas (FIOCRUZ/RJ), no momento do exame
físico.
Alguns critérios foram adotados para a exclusão de pacientes que não
apresentavam as formas clínicas de interesse para o estudo. Sistematicamente foram
aplicados os seguintes critérios de exclusão:
31
A) Pacientes que apresentavam co-morbidades, com exceção de hipertensão arterial
leve a moderada.
B) Todos os pacientes que apresentavam formas cardíacas intermediárias, de difícil
classificação, entre Cardiopatia 1 e Cardiopatia 2, e que não se enquadravam
exatamente nos critérios de seleção mais abaixo explicados.
A classificação dos quatro grupos de formas clínicas foi baseada nos seguintes
critérios de inclusão:
Fase crônica e forma Indeterminada: IND - Pacientes com os resultados dos
dois testes sorológicos positivos, sem sintomatologia, sem alterações no exame físico e
com ECG, radiografia de tórax, radiografia e contrastada de esôfago e cólon dentro da
normalidade.
Fase crônica e forma Cardíaca Leve a Moderada: Cardiopatia 1 (CARD 1) -
Pacientes sem insuficiência cardíaca e/ou arritmias graves, sem sintomatologia e
alterações no exame físico específicos de cardiopatia chagásica de moderada a
avançada, com arritmias ventriculares com formas simples ou apresentando alterações
eletrocardiográficas, como:
- extra-sístoles isoladas ou monomorfas
- bradicardia sinusal com mais de 40 batimentos por minuto- bpm
- baixa voltagem, bloqueio de ramo direito-BRD
- bloqueio divisional ântero-superior - BDAS
- bloqueio auriculoventricular de primeiro grau - BAV
- alterações inespecíficas das ondas ST-T
Radiografia de tórax e radiografia contrastada de esôfago e cólon dentro da
normalidade.
Fase crônica e forma Cardíaca Avançada: Cardiopatia 2 (CARD 2) - Pacientes
com presença de insuficiência cardíaca e/ou arritmias graves, com sintomatologia
específica de cardiopatia chagásica avançada, com alterações no exame físico e/ou com
arritmias no ECG com formas complexas:
- arritmias polimorfas em pares e períodos de taquicardia ventricular não-
sustentada ou sustentada
Apresentando alterações eletrocardiográficas avançadas, como:
- distúrbios da condução do estímulo atrioventricular e intraventricular
- alteração primária da repolarização da onda T/ área eletricamente inativa
- disfunção do nó sinusal
32
- freqüência cardíaca < 40 bpm
Radiografia de tórax ou ecocardiografia evidenciando dilatação de câmaras cardíacas
(ou na ausência de dilatação apresentando arritmia grave concomitante) e radiografia
contrastada de esôfago e cólon dentro da normalidade.
Fase crônica e forma Digestiva ou mista: DIG/MIS - Pacientes com
sintomatologia digestiva, com ou sem sintomatologia cardíaca, com ou sem alterações
no exame físico cardiovascular e no ECG, radiografia de tórax e radiografia contrastada
de esôfago e/ou cólon alterada.
Um grupo com 15 indivíduos não reativos, com faixa etária entre 17 e 58 anos,
foi selecionado aleatoriamente para pareamento com os grupos de estudo de acordo com
a idade e sexo. Este grupo classificado como grupo controle (CONT) foi submetido à
avaliação clínica constituída pela anamnese, exame físico, radiografia de tórax e ECG, e
avaliação sorológica através da dosagem das imunoglobulinas pesquisadas.
3.5 Avaliação ecocardiográfica
A avaliação ecodopplercardiográfica foi realizada de forma sistematizada, por
um só examinador experiente, utilizando-se aparelhagem de ecocardiografia portátil
Cypress dotada dos modos Unidimensional, Bidimensional, Doppler pulsado, contínuo,
mapeamento de fluxo em cores e adaptado para obtenção do Doppler tecidual. Utilizou-
se transdutor multifreqüencial de 3,0-3,5 MHZ, com registro eletrocardiográfico
simultâneo.
Utilizou-se a técnica convencional de exame, empregando-se as diversas
modalidades do exame ecocardiográfico acima descritas. Os cortes ecocardiográficos
foram realizados com o paciente posicionado em decúbito lateral esquerdo, inicialmente
na posição paraesternal, onde foram obtidos os cortes longitudinais do ventrículo
esquerdo e cortes transversais ao nível da valva mitral e músculos papilares e, em
seqüência, na posição apical, onde foram obtidos os cortes de quatro, duas e cinco
câmaras.
Através da análise combinada das técnicas Unidimensional, Bidimensional e
Doppler foram avaliadas as dimensões cardíacas, as funções sistólica e diastólica
ventricular esquerda e a contratilidade global e segmentar do ventrículo esquerdo. Ao
33
longo da sistemática do exame, procurou-se identificar a presea de trombos,
aneurismas, regurgitações valvares, hipertensão pulmonar e alterações pericárdicas.
3.6 Avaliação parasitológica
3.6.1 Hemocultura
A avaliação parasitológica foi realizada através da técnica de hemocultura
segundo a metodologia de CHIARI et al. (1989) com modificações introduzidas por
LUZ et al. (1994).
Os pacientes foram inicialmente pesados antes da coleta de sangue, para seguir
a proporção estabelecida de 30mL de sangue por 60Kg de peso corporal. As coletas de
sangue foram feitas em tubos Vacutainer® de 10mL estéreis e heparinizados.
O sangue foi centrifugado logo após a coleta, por 10 minutos a 3.000 rpm,
realizando a seguir a retirada do plasma em câmara de fluxo laminar. Aos sedimentos
foi acrescentado um volume de cerca de 5,0 mL de meio LIT para lavagem das células
por homogeneização. Uma nova centrifugação foi realizada com a retirada dos
sobrenadantes. As camadas de leucócitos foram semeadas separadamente em um tubo
Falcon de 15,0 mL contendo 3,0 a 5,0 mL de meio LIT e as papas de hemácias
semeadas em dois tubos Falcon de 15,0 mL contendo o mesmo volume do meio de
cultura.
No laboratório do hospital de Berilo, os tubos foram mantidos á temperatura
ambiente, transportados em caixas de isopor para o Laboratório de doença de Chagas da
Universidade Federal de Ouro Preto, até serem acondicionados em estufa a 28ºC. Desde
o processamento até o último dia de cultivo, todos os tubos foram homogeneizados a
cada 48h. A leitura das hemoculturas foi realizada no 30º, 60º, 90º e 120º dia após a
coleta, com a observação ao microscópio óptico, de uma gota da camada superior de
células sanguíneas ou do sedimento de cada tubo entre lâmina e lamínula.
34
3.7 Análise de IgG e subclasses de IgG por meio do ensaio imunoenzimático não
comercial
Esta análise foi feita pela técnica de ELISA não comercial (ou convencional)
desenvolvida no Laboratório de doença de Chagas da Universidade Federal de Ouro
Preto, segundo a metodologia de VOLLER et al. (1976) descrita anteriormente para o
diagnóstico sorológico da doença de Chagas. A diferença entre essa técnica e a
anteriormente descrita está na utilização de conjugados biotinilados, o que exige uma
etapa suplementar para o acréscimo da estreptavidina antes da adição do substrato. Os
conjugados utilizados para a dosagem da quantidade total de IgG e de suas subclasses
IgG1, IgG2 e IgG3 foram anti-imunoglobulinas humanas, obtidas de camundongo e
marcadas com biotina (SIGMA, St. Louis, EUA).
3.7.1 Padronização do ensaio imunoenzimático não comercial para dosagem de
IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3
A padronização dos conjugados anti-IgG total, anti-IgG1, anti-IgG2, anti-IgG3
e da HRP-estreptavidina (Streptavidin and horseradish peroxidase) foi realizada
segundo as recomendações do fabricante (SIGMA, St. Louis, EUA).
Para anti-IgG total as diluições do conjugado testadas foram 1:2.500, 1:7.500,
1:10.000, 1:15.000 e 1:25.000.
Para anti-IgG1 as diluições do conjugado testadas foram 1:500 e 1:1.000.
Para anti-IgG2 as diluições do conjugado testadas foram 1:1.500, 1:2.500,
1:5.000 e 1:7.500.
Para anti-IgG3 as diluições do conjugado testadas foram 1:1.000 e 1:2.000.
Para a HRP-estreptavidina as diluições testadas foram 1:500, 1:1.000 e 1:2.500.
As diluições selecionadas na padronização de cada imunoglobulina e da HRP-
estreptavidina para a realização dos testes de ELISA não comercial estão na Figura 2.
A diluição utilizada de conjugado anti-IgG total foi de 1:10.000; anti-IgG1
1:500, anti-IgG2 1:2.500 e anti- IgG3 1:1.000.
Para a HRP-estreptavidina a diluição utilizada em todas as
imunoglobulinas foi de 1:1.000 (Figura 2).
35
Figura 2 - Padronização da técnica de ELISA não comercial para a pesquisa de IgG total, IgG1, IgG2 e
IgG3, utilizando antígeno alcalino de epimastigotas da cepa Y de T. cruzi, conjugado anti-IgG total nas
diluições de 1:2.500, 1:7.500, 1:10.000, 1:15.000 e 1:25.000, anti-IgG1 nas diluições de 1:500, 1:1.000,
1:2500, 1:5000 e 1:10.000, anti-IgG2 nas diluições de 1:1.500, 1:2.500, 1:5.000, 1:7.500, anti-IgG3 nas
diluições de 1:1.000, 1:2.000, HRP-estreptavidina diluída a 1:1.000 e leitura em filtro de 490nm de
absorbância. Foram testados três soros padrões reativos (1+, 2+ e 3+) e dois não reativos (4- e 5-) na
diluição de 1:80. A seta vermelha indica a diluição selecionada para o teste em cada imunoglobulina.
3.7.2 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da
doença de Chagas.
3.7.2.1 Seleção inicial das diluições de soro para IgG e subclasses de IgG capazes de
discriminar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados
A técnica de ELISA não comercial foi realizada nos soros de todos os
pacientes com infecção chagásica e no grupo controle nas diluições de soro de 1:10,
1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, de acordo com as condições obtidas na
padronização dos conjugados e da HRP-estreptavidina descrita anteriormente (item
3.7.1 Padronização do teste de ELISA para dosagem de IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3).
Média soro 3+
2.500
10.000
15.000
25.000
7.500
DO
Inverso da diluição do soro
Média soro 1+
Média soro 2+
Média soro 4-
Média soro 5-
1.500
2.500
5.000
7.500
1.000
2.000
0
1
2
Média soro 3+
IgG3
0
0,2
0,4
1.000
500
2.500
5.000
10.000
IgG1
0,5
0
1
IgGtotal
0
0,75
1,5
IgG2
Média soro 3+
2.500
10.000
15.000
25.000
7.500
DO
Inverso da diluição do soro
Média soro 1+
Média soro 2+
Média soro 4-
Média soro 5-
1.500
2.500
5.000
7.500
1.000
2.000
0
1
2
Média soro 3+
IgG3
0
0,2
0,4
0
0,2
0,4
1.000
500
2.500
5.000
10.000
IgG1
0,5
0
1
0
1
IgGtotal
0
0,75
1,5
IgG2
36
A análise estatística realizada por meio do teste de Mann-Whitney selecionou
as diluições de soro para cada imunoglobulina em que houve diferença significativa
entre as medianas de densidade óptica (DO) do grupo de indivíduos com infecção
chagásica e do grupo controle. As diluições selecionadas foram utilizadas na próxima
etapa do estudo para a construção das curvas ROC (Receiver Operating Characteristic
Curve).
3.7.2.2 Avaliação do desempenho da técnica de ELISA não comercial por meio da
construção das curvas ROC de IgG e subclasses de IgG nas diluições previamente
selecionadas
As curvas ROC das diluições selecionadas pela análise estatística no item
anterior (3.7.2.1 Seleção inicial das diluições de soro para IgG e subclasses de IgG
capazes de discriminar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados) foram
construídas e nelas estão apresentados para cada diluição de soro os valores dos pontos
de corte, de sensibilidade, especificidade, Razão de Verossimilhança (RV) positiva e
negativa e área sob a curva (ASC). Foi realizada uma nova seleção a partir dos valores
de sensibilidade, especificidade e ASC. O critério de seleção das diluições de soro mais
adequadas para segregar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados
considerou os valores de sensibilidade e especificidade acima de 90 e ASC (área sob a
curva) acima de 0,9
A curva ROC indica a diluição do soro que possui maior distanciamento entre
o ponto de corte indicado pela curva e seus valores superiores e inferiores, fornecendo
também a sensibilidade, especificidade, área sob a curva (ASC) e Razão de
Verossimilhança (RV), esta última, sugerindo quantas vezes é mais ou menos provável
encontrar um dado resultado na população doente em relação à não doente. A curva
ROC apresenta em seu eixo vertical a sensibilidade (verdadeiro-positivo) da técnica
utilizada e o complemento da especificidade (falso-positivo) no eixo horizontal. A
sensibilidade de um teste sorológico está relacionada à porcentagem de resultados
positivos dada pelo teste na população de doentes, indicando a proporção de resultados
verdadeiramente positivos. A especificidade de um teste sorológico é definida pela
porcentagem de resultados negativos na população não-doente, sendo a proporção de
verdadeiros negativos. Cada ponto no gráfico representa os valores dos referidos índices
em diferentes pontos de corte, determinando assim a área sob a curva (ASC). A ASC é
37
o indicador de acurácia global do teste, e quanto mais próximo de 1 for o seu valor,
melhor é o desempenho da técnica avaliada. Para ASC existe a seguinte classificação:
ASC=0,5 (sem valor), 0,5<ASC0,7 (baixa acurácia), 0,7< ASC0,9 (moderada
acurácia), 0,9<ASC<1,0 (elevada acurácia) e ASC=1 (teste perfeito). O valor
correspondente ao ponto situado mais próximo do ângulo superior esquerdo da curva
será o ponto de corte associado a um menor número de resultados falso-positivos e
falso-negativos.
A figura 3 mostra uma curva ROC esquemática, representando duas diluições
de soro analisadas para a pesquisa de IgG1. A avaliação da ASC permite concluir que a
ASC da diluição de soro 1:40 (ASC=0,975) é maior que a da diluição 1:160
(ASC=0,731), o que significa dizer que a diluição de soro 1:40 apresenta melhor
desempenho que a diluição 1:160, isto é, maior capacidade em discriminar duas
populações distintas (doente e não doente). As setas fora do gráfico demonstram de
forma esquemática o sentido que aumenta a sensibilidade e a especificidade. Cada ponto
do gráfico representa os índices sensibilidade e 100 - especificidade de um ponto de
corte estabelecido. O teste diagnóstico ideal seria aquele cujo ponto de corte estivesse o
mais próximo da intercessão sensibilidade/especificidade.
38
Figura 3 - Curva ROC das diluições de soro 1:40 (linha verde) e 1:160 (linha roxa) para a
pesquisa de IgG1, construídas a partir dos índices de desempenho, sensibilidade e 100-
especificidade, utilizando a técnica de ELISA não comercial. Os resultados estão expressos
pelos pontos dos gráficos que representam os valores dos respectivos índices determinando
assim a área sob a curva para a diluição 1:40 e para 1:160.
Razões de Verossimilhança superiores a 10 (ou tendendo ao infinito) ou
inferiores a 0,1 originam grandes mudanças e geralmente conclusivas de uma
probabilidade pré-teste a uma probabilidade pós-teste da doença. RVs de 5 a 10 e de 0,1
a 0,2 originam mudanças moderadas, mas às vezes significativas. RVs de 2 a 5 e de 0,2
a 0,5 geram mudanças pequenas, mas ás vezes significativas, e RVs de 1 a 2 e 0,5 a 1
geram mudanças muito pequenas e raramente significativas.
3.7.2.3 Seleção das diluições mais aplicáveis na distinção entre indivíduos com
infecção chagásica e não infectados através do cálculo da diferença entre a
mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a DO do grupo controle
Foram construídos os gráficos de dispersão das diluições de soro para cada
imunoglobulina que apresentou valores de sensibilidade e especificidade acima de 90, e
ASC acima de 0,9 na análise das curvas ROC.
Na análise dos gráficos de dispersão, apenas as diluições de soro em que
DO
mediana,
(diferença entre a mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a DO
do grupo controle) apresentaram valor igual ou superior a 0,2 foram selecionadas como
capazes de discriminar indivíduos com infecção chagásica dos indivíduos não
infectados. O valor de 0,2 foi sugerido, pois ele exibe uma margem de distância entre
100 – Especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
ASC: 0,975
ASC: 0,731
100 – Especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
ASC: 0,975
ASC: 0,731
39
infectados e não infectados que garante a segurança mínima na segregação destes
(Figura 4).
Figura 4 Gráfico de dispersão para IgG1 na diluição de 1:10, construído a partir da técnica de
ELISA não comercial, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado
anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. DO
mediana,
= diferença entre mediana
de DO do grupo com infecção chagásica e a DO do grupo controle, CONT (grupo não infectado),
CH (pacientes com infecção chagásica).
3.7.3 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da
doença de Chagas em uma população que inclui portadores de outras doenças
infecto-parasitárias de interesse médico
Para essa etapa do estudo foram utilizados soros de indivíduos de origem
desconhecida portadores de outras doenças infecto-parasitárias, cedidos pelo Dr. Olindo
Assis Martins Filho do Laboratório de Biomarcadores de Diagnóstico e de
Monitorização (LADOC) do Centro de Pesquisa René Rachou. A dosagem de IgG total,
IgG1, IgG2 e IgG3 foi realizada nos soros de oito indivíduos com HIV, oito com HCV,
oito com sífilis (SIF), sete com leishmaniose visceral (LV) e oito com leishmaniose
tegumentar (LT) nas diluições 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, nas
mesmas condições padronizadas anteriormente (item 3.7.1 Padronização do teste de
ELISA para dosagem de IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3). As diluições de soro
selecionadas para cada imunoglobulina descritas no item 3.7.2 Detecção da reatividade
de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do ensaio imunoenzimático não
comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da doença de Chagas, foram aplicadas na
amostragem de soros de indivíduos portadores de outras doenças infecto-parasitárias.
CONT CH
0.0
0.500
1.000
DO
mediana=0,293
*p<0,0001
0.103
DO
CONT CH
0.0
0.500
1.000
DO
mediana=0,293
*p<0,0001
0.103
DO
40
As curvas ROC para as diluições previamente selecionadas foram construídas
considerando todos os indivíduos com infecção chagásica (CH) e todos não infectados e
com outras infecções (NCH), ajustando os pontos de corte para cada diluição de soro.
Os valores dos pontos de corte, da sensibilidade, especificidade, RV positiva e negativa
e ASC foram apresentados para cada diluição de soro.
A partir da análise dos índices de desempenho (sensibilidade, especificidade e
ASC) e do índice de reatividade cruzada para cada imunoglobulina foram selecionadas
as diluições que apresentavam os melhores índices para segregar os indivíduos com
infecção chagásica dos demais.
3.8 Pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do ensaio
imunoenzimático não comercial aplicado a monitoração de morbidade da doença
de Chagas
3.8.1 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da mediana de
DO de cada grupo clínico nas diluições de soro avaliadas
A reatividade de IgG e subclasses de IgG foi analisada por meio da técnica de
ELISA não comercial em soros de pacientes com infecção chagásica separados em
quatro grupos de formas clínicas distintas (IND, CARD 1, CARD 2 e DIG/MIS), nas
diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, nas mesmas
condições obtidas na padronização descrita anteriormente (item 3.7.1 Padronização do
teste de ELISA para dosagem de IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3). As análises da
reatividade de IgG e subclasses de IgG permitiram selecionar as diluições nas quais foi
possível verificar diferença significativa entre os pacientes com diferentes formas
clínicas da doença de Chagas.
41
3.8.2 Análise individual da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes
com diferentes formas clínicas da doença de Chagas
Os gráficos de dispersão de cada imunoglobulina nas diluições que
apresentaram diferença significativa entre as medianas das DOs dos pacientes com
diferentes formas clínicas da doença de Chagas foram construídos, demonstrando quais
grupos apresentavam diferença significativa entre si.
3.8.2.1 Análise de correlação entre as formas clínicas da doença de Chagas e as
imunoglobulinas
Para verificar a existência de correlação entre o perfil sorológico de pacientes
com as quatro formas clínicas da doença de Chagas, os valores de densidade óptica
obtidos por meio da técnica de ELISA não convencional para IgG total, IgG1, IgG2 e
IgG3 dos sessenta pacientes com infecção chagásica, foram analisados no programa
PRISMA, pelo teste de Spearman. O coeficiente de Spearman varia entre -1 e 1, e
quanto mais próximo estiver destes extremos, maior será a associação entre as variáveis.
O sinal negativo da correlação significa que as variáveis variam em sentido contrário,
isto é, as categorias mais elevadas de uma variável estão associadas a categorias mais
baixas da outra variável. O sinal positivo por sua vez indica que as variáveis variam no
mesmo sentido. Valores de r de Spearman mais próximos de 1 apresentam uma
correlação positiva mais forte, assim como valores mais próximos de -1 apresentam
correlação negativa mais forte. Valores de r de Spearman iguais a zero indicam ausência
de correlação, e aqueles próximos de zero (sejam positivos ou negativos) indicam fraca
correlação positiva ou negativa.
Para a construção dos gráficos de correlação foi realizada a análise de
regressão linear, que ajusta graficamente as retas mais adequadas aos gráficos de
dispersão, apresentando correlação positiva ou negativa, a partir dos valores de r de
Spearman.
42
3.9 Análise Estatística
As taxas de hemoculturas positivas entre os diferentes grupos de pacientes
foram comparadas pelo teste de Qui-quadrado. Em todos os casos, as diferenças foram
consideradas significativas quando o valor de p < 0,05.
Os dados sorológicos foram avaliados por testes não paramétricos. As
diferenças entre as medianas das densidades ópticas das imunoglobulinas avaliadas em
cada diluição do soro entre o grupo de pacientes com infecção chagásica e o grupo
controle foram avaliadas pelo teste de Mann Whitney. Para comparar o grupo controle
com os grupos de pacientes com diferentes formas clínicas da doença de Chagas e com
outras doenças infecto-parasitárias foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis. Para a
verificação da existência de correlação estatística entre os grupos com diferentes formas
clínicas e o perfil das imunoglobulinas avaliadas foi utilizado o programa estatístico
PRISMA, aplicando-se o teste de SPEARMAN em um intervalo de 95% de confiança, e
análise de regressão linear para construção dos gráficos de dispersão.
Os pontos de corte para distinguir os soros dos pacientes com infecção
chagásica e dos pacientes com outras infecções, e o grupo controle foram obtidos
através da construção da ‘Receiver Operating Characteristic curve’ curva ROC,
utilizando o programa estatístico ‘Medcalc Statistical’.
Em nosso estudo a avaliação do desempenho da técnica em cada diluição de
soro avaliada foi realizada utilizando os índices de especificidade, sensibilidade e ASC.
As diluições de soro que apresentaram valores de especificidade e sensibilidade acima
de 90 e ASC superior a 0,9 foram as selecionadas como as mais indicadas para a
segregação entre indivíduos infectados e não infectados. Os valores de RV foram
incluídos no estudo como uma análise complementar, mas não fundamental para a
escolha da diluição selecionada.
4. RESULTADOS
44
4.1 Diagnóstico sorológico da população estudada
Ao longo do período deste estudo foram examinados 390 moradores do
Município de Berilo, dos quais 175 apresentaram sorologia reativa para antígeno de T.
cruzi nas duas técnicas utilizadas (ELISA e HAI) e 214 foram o reativos em ambas.
Dos indivíduos reativos, 59 são do sexo masculino e 116 são do sexo feminino, com
idades variando entre 13 a 83 anos.
4.2 Avaliação epidemiológica
Alguns aspectos epidemiológicos dos 60 pacientes com infecção chagásica e
15 do grupo controle selecionados para o estudo, foram avaliados através do
questionário aplicado (Anexo II). Foram considerados a qualidade da moradia,
antecedentes familiares de doença de Chagas, condição sócio-econômica, grau de
escolaridade, ocorrência ou o de aborto e o reconhecimento do triatomíneo (Tabela
II).
Tabela II - Aspectos epidemiológicos avaliados dos pacientes com infecção
chagásica (CH) e grupo controle o infectado (CONT) do município de Berilo,
Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.
Aspectos avaliados CH CONT
Reconhecem o triatomíneo 58/60 (96,7%) 13/15 (86,7%)
Viram rato em casa 54/60 (90%) 10/15 (66,7%)
Nasceram em casa de adobe 53/60 (88,3%) 12/15 (80%)
Galinheiro no peridomicílio 47/60 (78,3%) 9/15 (60%)
Familiares vivos com doença de Chagas 47/60 (78,3%) 8/15 (53,3%)
Morte súbita na família 46/60 (76,7%) 9/15 (60%)
Cão ou gato em casa* 42/60 (70%) 5/15 (33,3%)
Viram gambá em casa 42/60 (70%) 9/15 (60%)
Agricultores* 40/60 (66,7%) 4/15 (26,7%)
Moram em casa de adobe 40/60 (66,7%) 6/15 (40%)
1º grau incompleto 38/60 (63,3%) 5/15 (33,3%)
Analfabetos 14/60 (23,3%) 0/15
Mulheres que tiveram abortos 20/40 (50%) 1/8 (12,5%)
O * assinala os dados que apresentaram diferença significativa entre os dois grupos
avaliados.
A avaliação dos dados epidemiológicos possibilitou a verificação de alguns
dados discrepantes quando foram comparados os pacientes com infecção chagásica e os
45
não infectados. Ressalta-se, por exemplo, o grau de escolaridade. Nos indivíduos não
infectados não havia analfabetos, enquanto essa porcentagem nos infectados foi de
23,3%. Outro fator interessante foi o número de abortos encontrado nos dois grupos.
Nos indivíduos infectados ocorreram 20 abortos nas 40 mulheres avaliadas (50%),
enquanto no grupo não infectado ocorreu apenas um aborto nas oito mulheres (1/8),
correspondendo a 12,5% das mulheres, sendo essa diferença, entretanto, o
significativa.
As diferenças foram significativas apenas em relação a duas variáveis:
presença de cão ou gato em casa (70% e 33,3% das residências dos infectados e não
infectados respectivamente) e percentual de agricultores (66,7% dos infectados e 26,7%
dos não infectados).
Pode ser observado que os não infectados apresentavam e apresentam melhores
condições de moradia, escolaridade e trabalho. Entretanto, alguns fatores de grande
relevância como o reconhecimento do inseto e o tipo de moradia quando crianças,
pouco diferem entre os dois grupos.
Apesar de uma porcentagem ainda significativa de pessoas viverem em casas
com revestimento de adobe, atualmente essas habitações são rebocadas e pintadas, o que
no passado não era regularmente feito. Isso representou uma melhoria nas condições de
habitação de todos os indivíduos entrevistados.
4.3 Avaliação clínica
Para a obtenção dos quatro grupos (IND, CARD 1, CARD 2 e DIG/MIS)
foram avaliados clinicamente 134 indivíduos com sorologia reativa. Os quatro grupos
de estudo selecionados foram compostos por vinte homens e quarenta mulheres, com
idades variando entre 14 e 60 anos. O grupo IND foi composto por nove homens e seis
mulheres; o CARD 1 por dois homens e treze mulheres, o CARD 2 por três homens e
doze mulheres, e o DIG/MIS por seis homens e nove mulheres (Tabela III). O grupo
controle foi compreendido por sete homens e oito mulheres, com idades entre 17 e 58
anos.
A análise estatística revelou diferença significativa entre o número total de
homens e mulheres infectados, com p=0,0005. Quando os grupos foram avaliados
separadamente, houve diferença significativa entre o número de homens entre os grupos
46
IND e CARD 1, p=0,0229 e no número de mulheres entre os grupos IND e CARD 1, p=
0,0230.
Tabela III - Relação entre o número de homens e
mulheres na população estudada no município de Berilo,
Vale do Jequitinhonha, MG.
Por motivos de ausência do município no período das avaliações, não foi
possível realizar ecocardiografia em seis pacientes (pertencentes aos quatro grupos de
formas clínicas), e em um paciente do grupo IND não foram realizados os raio x
contrastado de cólon e esôfago. Entretanto, mesmo com a incompleta avaliação clínica
desse paciente, ele foi inserido no estudo devido a ausência de sintomatologia e sinais
que indicassem qualquer alteração cardíaca e/ou digestiva.
Durante esse estudo três pacientes faleceram no ano de 2007, dois deles foram
caracterizados como portadores de cardiopatia avançada, sendo classificados no grupo
CARD 2. Um deles completou todo o processo de avaliação clínica, entretanto no outro
paciente não foi possível realizar os raio x de esôfago e cólon contrastados. O terceiro
paciente falecido foi classificado no grupo DIG/MIS, e não foi submetido a realização
do raio x de cólon contrastado. Entretanto, esses pacientes apresentavam claras
manifestações cardíacas e/ou digestivas que possibilitaram sua inserção no estudo.
4.4 Avaliação parasitológica
4.4.1 Hemocultura
Nos 134 pacientes avaliados por hemocultura foi encontrada uma positividade
de 27,61% (37/134). Dentre os 60 indivíduos selecionados para o estudo clínico e
sorológico, 15 apresentaram hemocultura positiva, representando 25,0% de
Grupo clínico Nº de homens Nº de mulheres
CONT
7 8
IND
9 6
CARD 1
2 13
CARD 2
3 12
DIG/MIS
6 9
Total
27 48
47
positividade. Dos pacientes que tiveram hemoculturas positivas, cinco (33,33%)
estavam classificados no grupo IND, quatro (26,66%) no CARD 1, quatro (26,66%) no
CARD 2 e dois (13,33%) no DIG/MIS. A taxa de hemocultura positiva em cada grupo
avaliado está apresentada na Figura 5. Foi possível observar uma maior positividade de
hemocultura nos pacientes da forma clínica indeterminada em relação aos demais,
entretanto a análise estatística não verificou diferença significativa entre as taxas de
positividade nos diferentes grupos avaliados. Mesmo quando os pacientes cardíacos
foram avaliados como um único grupo, ou quando todos os sintomáticos foram
agrupados, a análise estatística não revelou diferença significativa entre a positividade
de hemocultura desses agrupamentos e dos pacientes da forma indeterminada.
O período de positivação das hemoculturas foi variado, com seis tubos
apresentando positividade ao 30º dia, oito ao 60º dia, quatro ao 90º e nenhum ao 120º
dia de exame (Tabela IV). Nos tubos com as camadas de leucócitos cinco pacientes
apresentaram positividade, sete foram positivos nos tubos contendo as papas de
hemácias e três em ambos os tubos. A análise estatística realizada o verificou
diferença significativa entre a positividade encontrada nos tubos contendo a papa de
hemácias e leucócitos.
0
50
100
Porcentagem de
hemocultura positiva
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
Figura 5 - Porcentagem de hemocultura positiva nos diferentes grupos clínicos
de pacientes do município de Berilo,Vale do Jequitinhonha, MG, portadores de
infecção por Trypanosoma cruzi.
48
Tabela IV - Relação entre número de tubos apresentando resultado positivo na hemocultura
e o período de positivação após cultivo em pacientes do município de Berilo, Vale do
Jequitinhonha, MG, portadores de infecção por Trypanosoma cruzi.
Período de leitura
(dias)
Número de tubos positivos Positividade (%) Número de
hemoculturas
positivas
30 6/180 3,33 4
60 8/180 4,44 7
90 4/180 2,22 4
120 0/180 0 0
4.5 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da
doença de Chagas
4.5.1 Seleção inicial das diluições de soro para IgG e subclasses de IgG capazes de
discriminar indivíduos com infecção chagásica dos não infectados
A análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG nos soros de pacientes com
infecção chagásica e nos soros do grupo controle diluídos a 1:10, 1:20, 1:40, 1:80,
1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280 permitiu verificar em quais diluições de soro houve
diferença significativa entre as medianas de densidade óptica (DO) detectadas nos
pacientes infectados com T. cruzi e no grupo controle, possibilitando assim a segura
segregação entre eles.
A avaliação dos dados de DO de IgG total, IgG2 e IgG3 demonstrou que
diferença significativa entre os valores das medianas de DO dos pacientes com infecção
chagásica em comparação ao grupo controle não infectado, em todas as diluições de
soro analisadas (1:10 a 1:1.280) (Figura 6). Os valores de p obtidos através da
aplicação do teste de Mann-Whitney são menores que 0,0001 em todas as diluições de
soro para IgG total e IgG3. A avaliação dos dados de DO de IgG1 demonstrou que
diferença significativa entre os valores das medianas de DO dos pacientes com infecção
chagásica em comparação ao grupo controle a a diluição 1:160. Os valores de p
obtidos para as diluições de 1:10, 1:20, 1:40 e 1:80 são menores que 0,0001, e para a
diluição 1:160, p=0,006.
49
Para anti-IgG2 houve diferença significativa entre as medianas de DO do
grupo controle e dos pacientes com infecção chagásica com p<0,0001 nas diluições de
1:10 até 1:80, nas demais diluições os valores de p foram: a 1:160, p=0,0004, a 1:320,
p=0,0232, a 1:640, p=0,0042 e a 1:1.280, p=0,0027 (Figura 6).
Figura 6 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG, nas
diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, utilizando antígeno alcalino de
cepa Y de Trypanososma cruzi, conjugado anti-IgG total diluído a 1:10.000, anti-IgG1 diluído a
1:500, anti-IgG2 diluído a 1:2.500, anti-IgG3 diluído a 1:1.000 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. A
linha pontilhada circunda as diluições de soro que apresentaram diferença significativa entre as
medianas das DOs do grupo controle não infectado (preto) e dos pacientes com infecção chagásica
(em vermelho).
4.5.2 Avaliação do desempenho da técnica de ELISA não comercial por meio da
construção das curvas ROC de IgG e subclasses de IgG nas diluições previamente
selecionadas
Para a determinação do desempenho da técnica de ELISA não comercial foram
construídas as curvas ROC de IgG e subclasses de IgG em todas as diluições de soro
analisadas que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO do grupo
de pacientes com infecção chagásica e grupo controle.
IgG total
10 20 40 80 160 320 640 1.280
0
0,150
0,300
0,450
0,600
0
0,100
0,200
0,300
0,400
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG1
0
0,125
0,250
0,375
0,500
IgG2
0
0,175
0,35
0,525
0,700
10 20 40 80 160 320 640 1.280
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG3
DO
Inverso da diluição do soro
IgG total
10 20 40 80 160 320 640 1.280
0
0,150
0,300
0,450
0,600
0
0,100
0,200
0,300
0,400
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG1
0
0,125
0,250
0,375
0,500
IgG2
0
0,175
0,35
0,525
0,700
10 20 40 80 160 320 640 1.280
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG3
DO
Inverso da diluição do soro
50
As diluições de soro cujos valores de especificidade e sensibilidade foram
acima de 90, e ASC superior a 0,9 foram selecionadas pela curva ROC como as mais
indicadas para a segregação dos pacientes com infecção chagásica do grupo controle.
Para cada diluição de soro foi estabelecido pela curva ROC o melhor ponto de
corte para distinguir os soros reativos dos não reativos, a sensibilidade, especificidade e
ASC alcançadas pela técnica que determinaram a escolha das diluições mais adequadas
e os valores de RV, que indicaram quantas vezes é mais provável um resultado positivo
ser encontrado em um indivíduo infectado e um resultado negativo ser detectado em um
indivíduo infectado.
4.5.2.1 Curvas ROC de IgG total
Para IgG total foram construídas as curvas ROC de todas as diluições
analisadas (1:10 a 1:1.280). Essa imunoglobulina apresentou valores ximos de
especificidade e sensibilidade (100,0%) e ASC (1,000) em todas as diluições de soro,
demonstrando excelente desempenho da técnica para discriminar soros de indivíduos
com infecção chagásica dos não infectados, em qualquer dessas diluições. A RV para os
resultados positivos em todas as diluições tendeu ao infinito, e para os resultados
negativos foi igual a zero. Isso indica que é infinitamente provável que um resultado
positivo seja detectado em um indivíduo com infecção chagásica, e que não chance
de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica. Sendo assim,
para IgG total, todas as diluições de soro testadas foram selecionadas (cercadas por
linha vermelha) como capazes de discriminar indivíduos com infecção chagásica de
indivíduos não infectados, sendo o teste de ELISA utilizado considerado perfeito em
decorrência dos índices de ASC obtidos (Figura 7).
51
Figura 7 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG total
construídas a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não
infectado) e CH (com infecção chagásica) nas diluições de soro de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160,
1:320, 1:640 e 1:1.280. Os resultados estão expressos pelos pontos dos gráficos que representam
os valores dos referidos índices avaliados, determinando assim, a área sob a curva (ASC). Os
círculos determinam os melhores pontos de corte sugeridos pela curva para a técnica utilizada em
cada diluição de soro. Sens: sensibilidade; Espec:especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão
de Verossimilhança. O retângulo vermelho indica as diluições de soro que apresentaram o
melhor desempenho na técnica.
4.5.2.2 Curvas ROC de IgG1
Para IgG1 foram construídas as curvas ROC das cinco diluições (1:10, 1:20,
1:40, 1:80 e 1:160) que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO
do grupo controle e do grupo com infecção chagásica. A análise da curva ROC
demonstrou excelente desempenho da diluição de soro 1:10 com sensibilidade e
especificidade de 100,0%, e ASC igual a 1,000, garantindo nessa diluição um teste
100 – Especificidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0- 100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,145
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,126
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,099PC=0,125
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,075PC=0,091
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,055
PC=0,062
IgG total diluição 1:10
IgG total diluição 1:20
IgG total diluição 1:40
IgG total diluição 1:80
IgG total diluição 1:160
IgG total diluição 1:320
IgG total diluição 1:640
IgG total diluição 1:1.280
Sensibilidade
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
100 – Especificidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0- 100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,145
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,126
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,099PC=0,125
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,075PC=0,091
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,055
PC=0,062
IgG total diluição 1:10
IgG total diluição 1:20
IgG total diluição 1:40
IgG total diluição 1:80
IgG total diluição 1:160
IgG total diluição 1:320
IgG total diluição 1:640
IgG total diluição 1:1.280
Sensibilidade
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,00
52
perfeito. Para essa diluição o valor de RV para o resultado positivo tendeu ao infinito, e
do resultado negativo foi igual a zero. Isso indica que é infinitamente provável que um
resultado positivo venha de um indivíduo com infecção chagásica, e que não chance
de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição de soro 1:20, os valores de sensibilidade de 98,3%, especificidade
de 100,0% e ASC igual a 0,997, demonstraram elevada acurácia do teste. O valor de RV
para o resultado positivo tendendo ao infinito indicou que é infinitamente provável que
um resultado positivo venha de um indivíduo com infecção chagásica. No entanto, o
valor de RV para o resultado negativo de 0,02 indica que uma chance mínima de
0,02 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição de soro 1:40, os valores de sensibilidade de 93,3%, especificidade
de 93,3% e ASC igual 0,975, garantiram elevada acurácia ao teste. O valor de RV para
o resultado positivo tendendo ao infinito indica que é infinitamente provável que um
resultado positivo venha de um indivíduo com infecção chagásica. No entanto, o valor
de RV para o resultado negativo indica que há uma chance mínima de 0,07 vezes de um
resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:80, a sensibilidade de 80,0%, especificidade de 86,7% e ASC
igual a 0,876 garantiram moderada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é seis vezes mais provável detectar um resultado positivo em um indivíduo
com infecção chagásica em relação a um indivíduo não infectado. A RV para o
resultado negativo indica que uma chance de 0,23 vezes de um resultado negativo
advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:160, a sensibilidade de 58,3%, especificidade de 80,0% e ASC
igual a 0,731, indicam que o teste apresenta moderada acurácia nessa diluição. A RV
para o resultado positivo indica que é 2,92 vezes mais provável detectar um resultado
positivo em um indivíduo com infecção chagásica em relação a um indivíduo o
infectado. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de 0,52 vezes de
um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Sendo assim, para IgG1, as diluições de soro que apresentaram os melhores
índices de desempenho e que foram selecionadas foram 1:10, 1:20 e 1:40 (Figura 8).
53
Figura 8 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG1, construídas a
partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH (com
infecção chagásica) nas diluições de soro de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80 e 1:160. Os resultados estão
expressos pelos pontos dos gráficos que representam os valores dos referidos índices avaliados,
determinando assim, a área sob a curva (ASC). Os círculos determinam os melhores pontos de
corte sugeridos pela curva para a técnica utilizada. Sens: sensibilidade; Espec:especificidade; PC:
ponto de corte; RV: Razão de Verossimilhança. A linha vermelha circunda as diluições de soro que
apresentaram o melhor desempenho na técnica.
4.5.2.3 Curvas ROC de IgG2
Para IgG2 foram construídas as curvas ROC das oito diluições analisadas (1:10
a 1:1.280) que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO do grupo
controle e do grupo com infecção chagásica. A análise da curva ROC demonstrou
excelente desempenho da diluição de soro 1:10 com especificidade de 100,0%,
sensibilidade de 100,0% e ASC igual a 1,000, garantindo nessa diluição um teste
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,103
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 (91,0 -99,7)
Espec: 100,0
ASC: 0,997
IgG1 diluição 1:20
PC=0,107
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 93,3 (83,8-98,1)
Espec: 93,3 (68,0- 98,9)
ASC: 0,975
PC=0,107
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 80,0 ( 67,7- 89,2)
Espec: 86,7( 59,5- 98,0)
ASC: 0,876
PC=0,095
IgG1 diluição 1:10
100 – Especificidade
Sensibilidade
IgG1 diluição 1:40
IgG1 diluição 1:80
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 58,3( 44,9- 70,9)
Espec: 80,0 ( 51,9- 95,4)
ASC: 0,731
PC=0,075
IgG1 diluição 1:160
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,07
RV+: 6,00
RV-: 0,23
RV+: 2,92
RV-: 0,52
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 (94,0-100,0)
Espec: 100,0 (78,0-100,0)
ASC: 1,000
PC=0,103
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 (91,0 -99,7)
Espec: 100,0
ASC: 0,997
IgG1 diluição 1:20
PC=0,107
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 93,3 (83,8-98,1)
Espec: 93,3 (68,0- 98,9)
ASC: 0,975
PC=0,107
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 80,0 ( 67,7- 89,2)
Espec: 86,7( 59,5- 98,0)
ASC: 0,876
PC=0,095
IgG1 diluição 1:10
100 – Especificidade
Sensibilidade
IgG1 diluição 1:40
IgG1 diluição 1:80
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 58,3( 44,9- 70,9)
Espec: 80,0 ( 51,9- 95,4)
ASC: 0,731
PC=0,075
IgG1 diluição 1:160
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,07
RV+: 6,00
RV-: 0,23
RV+: 2,92
RV-: 0,52
54
perfeito. A RV para o resultado positivo indica que é infinitamente provável que um
resultado positivo venha de um indivíduo com infecção chagásica. A RV para o
resultado negativo indica que não chance de um resultado negativo advir de um
indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:20, a especificidade de 100,0%, sensibilidade de 90,0% e ASC
igual a 0,988 garantiram a elevada acurácia da técnica. A RV para o resultado positivo
indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de
0,10 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:40, a especificidade de 93,3%, sensibilidade de 96,7% e ASC
igual a 0,988, garantiram a elevada acurácia da técnica. A RV para o resultado positivo
indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de
0,04 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:80, a especificidade de 80,0%, sensibilidade de 86,7% e ASC
igual a 0,901, garantem a elevada acurácia da técnica. A RV para o resultado positivo
indica que é 4,43 vezes mais provável detectar um resultado positivo em um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de
0,17 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:160, a especificidade de 66,7%, sensibilidade de 83,3% e ASC
igual a 0,797, garantiram moderada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é 2,5 vezes mais provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de
0,25 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:320, a especificidade de 100,0%, sensibilidade de 45,0% e ASC
igual a 0,691, demonstram que a cnica apresenta baixa acurácia. A RV para o
resultado positivo indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha
de um indivíduo com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que
uma chance de 0,55 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com
infecção chagásica.
Na diluição 1:640, a especificidade de 93,3%, a sensibilidade de 58,3% e ASC
igual a 0,741, garantem moderada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é 8,75 vezes mais provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
55
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance de
0,45 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:1.280, a especificidade de 100,0%, sensibilidade de 51,7% e
ASC igual a 0,752, garantem moderada acurácia ao teste. A RV para o resultado
positivo indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um
indivíduo com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma
chance de 0,48 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção
chagásica.
A análise dos índices de desempenho das curvas ROC para IgG2 indica que as
diluições selecionadas 1:10, 1:20 e 1:40 são as mais seguras para a discriminação entre
indivíduos com infecção chagásica do grupo controle (Figura 9).
56
Figura 9 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG2 construídas
a partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH
(com infecção chagásica) nas diluições de soros de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e
1:1.280. Os resultados estão expressos pelos pontos dos gráficos que representam os valores
dos referidos índices avaliados, determinando assim, a área sob a curva (ASC). Os círculos
determinam os melhores pontos de corte sugeridos pela curva para a técnica utilizada. Sens:
sensibilidade; Espec:especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão de Verossimilhança. A
linha vermelha indica as diluições de soro que apresentaram o melhor desempenho na técnica.
4.5.2.4 Curvas ROC de IgG3
Para IgG3 foram construídas as curvas ROC das oito diluições analisadas (1:10
a 1:1.280) que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO do grupo
controle e do grupo com infecção chagásica. A análise da curva ROC para a diluição de
soro 1:10, apresentou especificidade de 100,0%, sensibilidade de 98,3% e ASC igual a
0,993, garantindo elevada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo indica que é
100 – Especificidade
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0-100,0)
PC=0,155
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 90,0 ( 79,5-96,2)
Espec:100,0 ( 78,0-100,0)
ASC:0,988
PC=0,156
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4- 99,5)
Espec: 93,3 ( 68,0- 98,9)
ASC: 0,988
PC=0,104
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 86,7 ( 75,4- 94,0)
Espec: 80,0 ( 51,9- 95,4)
ASC: 0,901
PC=0,103
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 83,3 ( 71,5- 91,7)
Espec: 66,7 ( 38,4- 88,1)
ASC: 0,797
PC=0,072
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 45,0 ( 32,1- 58,4)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,691
PC=0,091
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 58,3 ( 44,9- 70,9)
Espec: 93,3 ( 68,0- 98,9)
ASC: 0,741
PC=0,079
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 51,7 ( 38,4- 64,8)
Espec:100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,752
PC=0,08
IgG2 diluição 1:10 IgG2 diluição 1:20
IgG2 diluição 1:40
IgG2 diluição 1:80
IgG2 diluição 1:160
IgG2 diluição 1:320
IgG2 diluição 1:640
IgG2 diluição 1:1.280
Sensibilidade
Espec:100,0 ( 94,0-100,0)
ASC:1,000
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,10
RV+:
RV-: 0,04
RV+: 4,43
RV-: 0,17
RV+: 2,50
RV-: 0,25
RV+:
RV-: 0,55
RV+: 8,75
RV-: 0,45
RV+:
RV-: 0,48
100 – Especificidade
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0-100,0)
PC=0,155
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 90,0 ( 79,5-96,2)
Espec:100,0 ( 78,0-100,0)
ASC:0,988
PC=0,156
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4- 99,5)
Espec: 93,3 ( 68,0- 98,9)
ASC: 0,988
PC=0,104
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 86,7 ( 75,4- 94,0)
Espec: 80,0 ( 51,9- 95,4)
ASC: 0,901
PC=0,103
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 83,3 ( 71,5- 91,7)
Espec: 66,7 ( 38,4- 88,1)
ASC: 0,797
PC=0,072
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 45,0 ( 32,1- 58,4)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,691
PC=0,091
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 58,3 ( 44,9- 70,9)
Espec: 93,3 ( 68,0- 98,9)
ASC: 0,741
PC=0,079
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 51,7 ( 38,4- 64,8)
Espec:100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,752
PC=0,08
IgG2 diluição 1:10 IgG2 diluição 1:20
IgG2 diluição 1:40
IgG2 diluição 1:80
IgG2 diluição 1:160
IgG2 diluição 1:320
IgG2 diluição 1:640
IgG2 diluição 1:1.280
Sensibilidade
Espec:100,0 ( 94,0-100,0)
ASC:1,000
RV+:
RV-: 0,00
RV+:
RV-: 0,10
RV+:
RV-: 0,04
RV+: 4,43
RV-: 0,17
RV+: 2,50
RV-: 0,25
RV+:
RV-: 0,55
RV+: 8,75
RV-: 0,45
RV+:
RV-: 0,48
57
infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo com infecção
chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance mínima de 0,02
vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:20, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 98,3% e a
ASC igual a 0,998, garantiram elevada acurácia ao teste. Os valores de RV para os
resultados positivo e negativo foram os mesmos detectados para a diluição 1:10.
Na diluição 1:40, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 98,3% e a
ASC igual a 0,996, garantiram elevada acurácia ao teste. Os valores de RV para os
resultados positivo e negativo foram os mesmos das diluições 1:10 e 1:20.
Na diluição 1:80, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 98,3% e ASC
igual a 0,999, garantiram a elevada acurácia da técnica. Os valores de RV para os
resultados positivo e negativo foram os mesmos das diluições anteriores.
Na diluição 1:160, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 96,7% e
ASC igual a 0,992, garantiram a elevada acurácia da técnica. O valor de RV para o
resultado positivo indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha
de um indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV para o resultado negativo
indica que uma chance mínima de 0,03 vezes de um resultado negativo advir de um
indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:320, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 91,7% e a
ASC igual a 0,971, garantiram elevada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance
mínima de 0,08 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção
chagásica.
Na diluição 1:640, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 86,7% e
ASC igual a 0,927, garantiram elevada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance
mínima de 0,13 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção
chagásica.
Na diluição 1:1.280, a especificidade de 100,0%, a sensibilidade de 88,3% e
ASC igual a 0,919, garantiram elevada acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo
indica que é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo
com infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que uma chance
58
mínima de 0,12 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com infecção
chagásica.
A análise dos dados obtidos das curvas ROC para IgG3 indicam que as
diluições 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320, por apresentarem os melhores índices
de desempenho foram selecionadas para discriminar indivíduos com infecção chagásica
dos não infectados (Figura 10).
59
Figura 10 - Curvas ROC da técnica de ELISA não comercial para dosagem de IgG3 construídas a
partir dos índices de sensibilidade e especificidade dos grupos CONT (não infectado) e CH (com
infecção chagásica) nas diluições de soros de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280.
Os resultados estão expressos pelos pontos dos gráficos que representam os valores dos referidos
índices avaliados, determinando assim, a área sob a curva (ASC). Os círculos determinam os
melhores pontos de corte sugeridos pela curva para a técnica utilizada. Sens: sensibilidade; Espec:
especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão de Verosimilhança. O retângulo vermelho indica as
diluições de soro que apresentaram o melhor desempenho na técnica.
100 – Especificidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,993
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,998
PC=0,239
PC=0,209
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,996
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,999
PC=0,145
PC=0,132
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4- 99,5)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,992
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 91,7 ( 81,6- 97,2)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,971
PC=0,117
PC=0,148
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 86,7 ( 75,4- 94,0)
ASC: 0,927
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 88,3 ( 77,4- 95,2)
ASC: 0,919
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
PC=0,116
PC=0,097
IgG3 diluição 1:10
Sensibilidade
IgG3 diluição 1:20
IgG3 diluição 1:1.280
IgG3 diluição 1:640
IgG3 diluição 1:320 IgG3 diluição 1:160
IgG3 diluição 1:80
IgG3 diluição 1:40
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,03
RV+:
RV-: 0,08
RV+:
RV-: 0,13
RV+:
RV-: 0,12
100 – Especificidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,993
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,998
PC=0,239
PC=0,209
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,996
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0- 99,7)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,999
PC=0,145
PC=0,132
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4- 99,5)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,992
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 91,7 ( 81,6- 97,2)
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
ASC: 0,971
PC=0,117
PC=0,148
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 86,7 ( 75,4- 94,0)
ASC: 0,927
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 88,3 ( 77,4- 95,2)
ASC: 0,919
Espec: 100,0 ( 78,0-100,0)
PC=0,116
PC=0,097
IgG3 diluição 1:10
Sensibilidade
IgG3 diluição 1:20
IgG3 diluição 1:1.280
IgG3 diluição 1:640
IgG3 diluição 1:320 IgG3 diluição 1:160
IgG3 diluição 1:80
IgG3 diluição 1:40
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,02
RV+:
RV-: 0,03
RV+:
RV-: 0,08
RV+:
RV-: 0,13
RV+:
RV-: 0,12
60
4.5.3 Seleção das diluições mais aplicáveis a distinção entre indivíduos com
infecção chagásica e não infectados através do cálculo da diferença entre a
mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a DO do grupo controle
As diluições de soro para IgG e subclasses de IgG que apresentaram valores de
sensibilidade e especificidade superiores a 90 e ASC superior a 0,9, como descrito no
item anterior 4.5.2 Avaliação do desempenho da técnica de ELISA não comercial por
meio da construção das curvas ROC de IgG e subclasses de IgG nas diluições
previamente selecionadas, foram submetidas a análise individual da mediana da DO. Os
gráficos de dispersão individual das DOs dos indivíduos com infecção chagásica e do
grupo controle possibilitaram a análise da diferença entre a mediana de DO
do grupo
infectado e do grupo controle, e a escolha das diluições de soro mais indicadas para
cada imunoglobulina. As diluições de soro que apresentaram DO
mediana
igual ou acima
de 0,2 foram as selecionadas pois consideramos esse valor como o mínimo seguro para
a segregação entre indivíduos infectados dos não infectados.
4.5.3.1 Gráficos de dispersão de IgG total
A análise de IgG total demonstrou que nas diluições de 1:10 até 1:320 os
valores de DO
mediana
foram superiores a 0,2, garantindo nessas diluições segurança
para a discriminação entre os soros dos indivíduos com infecção chagásica e o grupo
controle. Para as demais diluições (1:640 e 1:1.280), DO
mediana
apresentou-se abaixo de
0,2, não sendo segura sua utilização para segregação de indivíduos com infecção
chagásica dos não infectados (Figura 11).
61
Figura 11 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
MG, infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80,
1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma
cruzi, conjugado anti-IgG total diluído a 1:10.000 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. Seleção
das diluições que apresentaram DO
mediana
0,200. O retângulo vermelho assinala as
melhores diluições de soro para segregar indivíduos com infecção chagásica de não
infectados. DO
mediana,
= diferença entre mediana de DO do grupo com infecção chagásica e
a DO do grupo controle, CONT (grupo não infectado), CH (pacientes com infecção
chagásica).
4.5.3.2 Gráficos de dispersão de IgG1
Na análise de IgG1, apenas a diluição de soro 1:10 apresentou DO
mediana
superior a 0,2, indicando essa diluição como a escolhida para a segregação entre
indivíduos com infecção chagásica e o infectados pela dosagem dessa subclasse de
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.145
DO
mediana=0,387
IgG total 1:10
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.126
DO
mediana=0,346
IgG total 1:20
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.125
DO
mediana=0,338
IgG total 1:40
*p<0,0001
*p<0,0001
*p<0,0001
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.099
*p<0,0001
DO
mediana=0,333
IgG total 1:80
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.091
*p<0,0001
DO
mediana=0,308
IgG total 1:160
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.075
*p<0,0001
DO
mediana=0,209
IgG total 1:320
CONT CH
0.0
0.400
0.800
*p<0,0001
0.062
DO
mediana=0,156
IgG total 1:640
CONT
CH
0.0
0.400
0.800
0.055
*p<0,0001
DO
mediana=0,095
IgG total 1:1280
DO
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.145
DO
mediana=0,387
IgG total 1:10
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.126
DO
mediana=0,346
IgG total 1:20
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.125
DO
mediana=0,338
IgG total 1:40
*p<0,0001
*p<0,0001
*p<0,0001
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.099
*p<0,0001
DO
mediana=0,333
IgG total 1:80
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.091
*p<0,0001
DO
mediana=0,308
IgG total 1:160
CONT CH
0.0
0.400
0.800
0.075
*p<0,0001
DO
mediana=0,209
IgG total 1:320
CONT CH
0.0
0.400
0.800
*p<0,0001
0.062
DO
mediana=0,156
IgG total 1:640
CONT
CH
0.0
0.400
0.800
0.055
*p<0,0001
DO
mediana=0,095
IgG total 1:1280
DO
62
IgG. As diluições de soro 1:20 e 1:40 não permitiram esta segregação de maneira segura
(Figura 12).
Figura 12 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20 e 1:40, utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000. Seleção das diluições que apresentaram DO
mediana
0,200. O retângulo
vermelho assinala a melhor diluição de soro para segregar indivíduos com infecção chagásica de
não infectados. DO
mediana,
= diferença entre mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a
DO do grupo controle, CONT (grupo não infectado), CH (pacientes com infecção chagásica).
4.5.3.3 Gráficos de dispersão de IgG2
A análise de IgG2 demonstrou que as diluições de soro 1:10 e 1:20, cujos
valores de DO
mediana
foram superiores a 0,2, foram as selecionadas como as mais
seguras para segregar soros de indivíduos com infecção chagásica dos não infectados
para essa subclasse de IgG (Figura 13).
CONT CH
0.0
0.500
1.000
DO
mediana=0,293
*p<0,0001
0.103
IgG1 1:10
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,152
IgG1 1:20
0.107
IgG1 1:40
DO
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.107
*p<0,0001
DO
mediana=0,092
CONT CH
0.0
0.500
1.000
DO
mediana=0,293
*p<0,0001
0.103
IgG1 1:10
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,152
IgG1 1:20
0.107
IgG1 1:40
DO
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.107
*p<0,0001
DO
mediana=0,092
63
Figura 13 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20 e 1:40, utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG2 diluído a 1:2.500 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000. Seleção das diluições que apresentaram DO
mediana
0,200. O retângulo
vermelho assinala as melhores diluições de soro para segregar indivíduos infectados de não
infectados. DO
mediana,
= diferença entre mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a DO
do grupo controle, CONT (grupo não infectado), CH (pacientes com infecção chagásica).
4.5.3.4 Gráficos de dispersão de IgG3
A análise dos valores de DO
mediana
para IgG3 indica que as diluições de 1:10
até 1:320 são todas indicadas para a segregação entre indivíduos com infecção
chagásica e não infectados, por apresentarem valores de DO
mediana
superiores a 0,2
(Figura 14).
CONT
CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,274
IgG2 1:10
0.155
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.104
IgG2 1:40
*p<0,0001
DO
mediana=0,162
DO
0.156
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,228
IgG2 1:20
CONT
CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,274
IgG2 1:10
0.155
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.104
IgG2 1:40
*p<0,0001
DO
mediana=0,162
DO
0.156
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,228
IgG2 1:20
64
Figura 14 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG,
infectados ou não por Trypanosoma cruzi, nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320,
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de T. cruzi, conjugado anti-IgG3 diluído a 1:1.000 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000. Seleção das diluições que apresentaram DO
mediana
0,200. O retângulo
vermelho assinala as melhores diluições de soro para segregar indivíduos infectados de não
infectados. DO
mediana,
= diferença entre mediana de DO do grupo com infecção chagásica e a DO
do grupo controle, CONT (grupo não infectado), CH (pacientes com infecção chagásica).
4.6 Avaliação da aplicabilidade do ELISA não comercial na segregação sorológica
de indivíduos com infecção chagásica e portadores de outras doenças infecto-
parasitárias de interesse médico
A análise das melhores diluições de soro de IgG total e suas subclasses IgG1,
IgG2 e IgG3 para a segregação entre indivíduos com infecção chagásica (CH) e
indivíduos portadores de HIV, HCV, SIF, LV e LT em conjunto com o grupo controle
(NCH), foi realizada por meio da construção e análise das curvas ROC. As curvas ROC
para cada imunoglobulina foram construídas de acordo com as diluições mais indicadas
*p<0,0001
DO
mediana=0,445
IgG3 1:10
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.239
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.209
*p<0,0001
DO
mediana=0,420
IgG3 1:20
CONT CH
0.0
0.500
1.000
IgG3 1:40
0.145
*p<0,0001
DO
mediana=0,407
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.132
*p<0,0001
DO
mediana=0,329
IgG3 1:80
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,319
0.117
IgG3 1:160
CONT CH
0.0
0.500
1.000
IgG3 1:320
0.148
*p<0,0001
DO
mediana=0,248
DO
*p<0,0001
DO
mediana=0,445
IgG3 1:10
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.239
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.209
*p<0,0001
DO
mediana=0,420
IgG3 1:20
CONT CH
0.0
0.500
1.000
IgG3 1:40
0.145
*p<0,0001
DO
mediana=0,407
CONT CH
0.0
0.500
1.000
0.132
*p<0,0001
DO
mediana=0,329
IgG3 1:80
CONT CH
0.0
0.500
1.000
*p<0,0001
DO
mediana=0,319
0.117
IgG3 1:160
CONT CH
0.0
0.500
1.000
IgG3 1:320
0.148
*p<0,0001
DO
mediana=0,248
DO
65
para a segregação entre indivíduos com infecção chagásica e não infectados, como
descrito no item 4.5 Detecção da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi
por meio do ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico
da doença de Chagas. De acordo com essa seleção, para IgG total foram construídas as
curvas ROC nas diluições de 1:10 a 1:320, para IgG1 na diluição de 1:10, para IgG2
1:10 e 1:20 e para IgG3 1:10 a 1:320.
Foram feitos ajustes nos pontos de corte para cada diluição de soro, e a análise
de desempenho foi realizada de acordo com os valores de sensibilidade e especificidade
acima de 90, ASC superior a 0,9 e menor índice de reatividade cruzada.
4.6.1 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG total
A análise das curvas ROC e dos gráficos de dispersão de DO para IgG total nas
diluições de soro de 1:10 a 1:320 estabelecidas no item 4.5 como as mais indicadas para
a segregação de indivíduos com infecção chagásica dos não infectados, foi realizada
com os grupos NCH e CH. Quando os valores de DO desses dois grupos foram
avaliados, verificou-se um excelente desempenho da técnica nas diluições 1:10, 1:20 e
1:40, com sensibilidade e especificidade de 100,0%, ASC igual a 1,000, e valores de
RV que indicam certeza do método para segregar os indivíduos com infecção chagásica
dos demais. Nessas diluições não foi detectada reatividade cruzada dos soros dos
indivíduos com outras infecções, e todos aqueles com infecção chagásica foram
detectados como reativos.
Na diluição de soro 1:80, a especificidade manteve-se a 100,0%, garantindo a
ausência de reatividade cruzada, e a sensibilidade de 96,7% indicou que dois pacientes
com doença de Chagas apresentaram valores de DO abaixo do novo ponto de corte
estabelecido pela curva ROC. A ASC para essa diluição de 0,999 garantiu elevada
acurácia ao teste. A RV para o resultado positivo indicou que é infinitamente provável
que um resultado positivo seja detectado em um indivíduo com infecção chagásica.
Nessa diluição valores iguais ou inferiores ao ponto de corte estabelecido pela curva
ROC apresentam uma chance mínima de 0,03 vezes de advir de um indivíduo com
infecção chagásica.
Na diluição 1:160, um paciente com doença de Chagas apresentou DO abaixo
do ponto de corte (sensibilidade de 98,3%) e dois indivíduos, um com LV e outro com
LT, apresentaram reação cruzada (especificidade 96,3%), gerando um índice de
66
reatividade cruzada de 3,7%. A ASC para essa diluição de 0,995 garantiu ao teste
elevada acurácia. A RV para o resultado positivo indicou que é infinitamente provável
que um resultado positivo venha de um indiduo com doença de Chagas. Nessa
diluição, valores iguais ou inferiores ao ponto de corte apresentam uma chance de 0,02
vezes de advir de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:320, a sensibilidade alcançada pela técnica foi de 100,0%,
indicando que todos os indivíduos com infecção chagásica foram detectados como
infectados. A especificidade nessa diluição de 96,3% demonstrou que os mesmos dois
indivíduos com LT e LV detectados anteriormente apresentaram reação cruzada, com
índice de reatividade cruzada também de 3,7%. A ASC para essa diluição de 0,995
garantiu ao teste elevada acurácia. O valor de RV para o resultado positivo indicou que
é infinitamente provável que um resultado positivo venha de um indivíduo com
infecção chagásica. A RV para o resultado negativo indica que não chance de um
resultado negativo advir de um indivíduo com infecção chagásica.
A análise dos valores de especificidade, sensibilidade, ASC, índice de
reatividade cruzada e RV, indica que as diluições de soro 1:10, 1:20 e 1:40 apresentam
os melhores índices, considerados como índices de teste perfeito, para assegurar uma
discriminação entre os indivíduos com infecção chagásica e os portadores de outras
infecções juntamente com o grupo controle não infectado. A diluição do soro 1:40 foi
selecionada como a indicada para a análise de IgG total em virtude da necessidade de
menor volume do soro utilizado para a execução do teste nessa diluição, quando
comparada com as diluições 1:10 e 1:20 (Figura 15).
67
Figura 15 - Gráficos de dispersão e curvas ROC de IgG total para os soros de indivíduos do grupo controle
não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção chagásica (CH) nas diluições
de soro 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160 e 1:320, construídos a partir da técnica de ELISA não comercial
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG total diluído a 1:10.000 e HRP-
estreptavidina a 1:1.000. Sens: sensibilidade; Espec:especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão de
Verosimilhança. O resultado da reatividade de IgG total para cada amostra individual está expresso no gráfico
de dispersão, onde a linha pontilhada indica o ponto de corte para cada diluição. O retângulo vermelho indica
a diluição selecionada para essa imunoglobulina.
4.6.2 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG1
Para a discriminação entre soros de indivíduos com infecção chagásica e o
grupo controle a diluição de IgG1 selecionada foi 1:10. A análise da curva ROC e do
gráfico de dispersão de DO para essa diluição de IgG1 demonstrou valores de
sensibilidade de 100,0%, indicando que todos os indivíduos com infecção chagásica
foram detectados como reativos. A especificidade de 90,7% indica que cinco indivíduos
do grupo NCH apresentaram reação cruzada. Desses cinco, quatro são portadores de LV
e um de LT, gerando um índice de reatividade cruzada de 9,25%. O valor de ASC de
0,936 garante ao teste elevada acurácia. O valor de RV para o resultado positivo indica
Sensibilidade
IgG total diluição 1:20
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:10
DO
0.800
0.400
0.0
0.309
CH
n=60
NCH
n=54
100
0
20 40 60 80
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
IgG total diluição 1:10
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,309
100
0 20 40 60 80
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
RV+:
RV-: 0,00
IgG total diluição 1:20
80
60
40
PC= 0,296
100
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,272
IgG total diluição 1:40
0.800
0.400
0.0
0.296
DO
0.800
0.400
0.0
0.272
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:40
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0-100,0)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,995
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,082
IgG total diluição 1:320
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 0,999
RV+:
RV-: 0,03
PC= 0,232
IgG total diluição 1:80
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0-99,7)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,995
RV+:
RV-: 0,02
PC= 0,184
IgG total diluição 1:160
CH
n=60
0.800
0.400
0.0
NCH
n=54
0.234
IgG total diluição 1:80
DO
0.800
0.400
0.0
0.184
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:160
DO
0.800
0.400
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:320
0.082
DO
100 – Especificidade
Sensibilidade
IgG total diluição 1:20
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:10
DO
0.800
0.400
0.0
0.309
CH
n=60
NCH
n=54
100
0
20 40 60 80
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
IgG total diluição 1:10
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,309
100
0 20 40 60 80
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
RV+:
RV-: 0,00
IgG total diluição 1:20
80
60
40
PC= 0,296
100
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 1,000
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,272
IgG total diluição 1:40
0.800
0.400
0.0
0.296
DO
0.800
0.400
0.0
0.272
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:40
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0-100,0)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,995
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,082
IgG total diluição 1:320
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 0,999
RV+:
RV-: 0,03
PC= 0,232
IgG total diluição 1:80
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0-99,7)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,995
RV+:
RV-: 0,02
PC= 0,184
IgG total diluição 1:160
CH
n=60
0.800
0.400
0.0
NCH
n=54
0.234
IgG total diluição 1:80
DO
0.800
0.400
0.0
0.184
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:160
DO
0.800
0.400
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:320
0.082
DO
0.800
0.400
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
IgG total diluição 1:320
0.082
DO
100 – Especificidade
68
que é infinitamente provável que valores acima do ponto de corte sejam observados em
um indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV negativo igual a zero indica que
não chance de valores iguais ou inferiores ao ponto de corte advirem de indivíduos
com infecção chagásica (Figura 16).
Figura 16 - Gráfico de dispersão e curva ROC de IgG1 para os soros de indivíduos do grupo controle
não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção chagásica (CH)
diluídos a 1:10, construídos a partir da técnica de ELISA não comercial utilizando antígeno alcalino de
cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG1 diluído a 1:500 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. Sens:
sensibilidade; Espec:especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão de Verosimilhança. O resultado da
reatividade de IgG1 para cada amostra individual está expresso no gráfico de dispersão, onde a linha
pontilhada indica o ponto de corte para cada diluição.
4.6.3 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG2
O gráficos de dispersão de DO e as curvas ROC de IgG2 das diluições de soro
1:10 e 1:20 foram construídos, e sua análise permitiu verificar qual diluição de soro é
mais adequada para discriminar os grupos NCH e CH.
Na diluição de soro 1:10, a sensibilidade de 100,0% indicou que todos os
indivíduos com infecção chagásica foram detectados como reativos, e a especificidade
de 88,9% indicou que seis indivíduos, três com LV e três com LT apresentaram reação
cruzada, gerando um índice de reatividade cruzada de 11,1%. O valor de ASC de 0,976
garantiu ao teste elevada acurácia. O valor de RV do resultado positivo foi de 7,71,
demonstrando que valores acima do ponto de corte são cerca de 7,71 vezes mais
prováveis de serem observados em indivíduos com infecção chagásica. O valor de RV
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 90,7 ( 79,7-96,9)
ASC: 0,936
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,145
IgG1 diluição 1:10
1.400
0.700
0.0
0.145
NCH
n=54
CH
n=60
IgG1 diluição 1:10
DO
100- especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 90,7 ( 79,7-96,9)
ASC: 0,936
RV+:
RV-: 0,00
PC= 0,145
IgG1 diluição 1:10
1.400
0.700
0.0
0.145
NCH
n=54
CH
n=60
IgG1 diluição 1:10
DO
100- especificidade
Sensibilidade
69
para o resultado negativo igual a zero indica que não chance de valores iguais ou
inferiores ao ponto de corte advirem de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:20, a sensibilidade de 96,7% indicou que dois indivíduos com
infecção chagásica apresentaram valor de DO abaixo do ponto de corte, e a
especificidade de 88,9% indicou que seis indivíduos, três com LV e três com LT
apresentaram reação cruzada, com um índice de reatividade cruzada de 11,1%. O valor
de ASC igual a 0,982, garantiu elevada acurácia ao teste. O valor de RV para o
resultado positivo demonstra que é 8,7 vezes mais provável um resultado positivo vir de
um indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV para o resultado negativo indica
que uma chance de 0,04 vezes de um resultado negativo advir de um indivíduo com
infecção chagásica (Figura 17).
Para IgG2 a diluição selecionada foi a 1:10, embora os valores dos índices de
desempenho tenham sido próximos para as duas diluições. A escolha da diluição 1:10
foi principalmente em decorrência da maior sensibilidade alcançada. O índice de
reatividade cruzada para as duas diluições foi o mesmo, indicando que independente da
diluição usada três indivíduos com LV e três com LT apresentariam DO acima do ponto
de corte. A sensibilidade da diluição 1:10 demonstrou que todos os indivíduos com
infecção chagásica seriam detectados como reativos, o que não ocorreu para a diluição
1:20.
70
Figura 17 - Gráfico de dispersão e curva ROC de IgG2 para os soros de indivíduos do grupo
controle não infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção
chagásica (CH) diluídos a 1:10 e 1:20, construídos a partir da técnica de ELISA não
comercial utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG2 diluído a
1:2.500 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. Sens: sensibilidade; Espec:especificidade; PC: ponto
de corte; RV: Razão de Verosimilhança. O resultado da reatividade de IgG2 para cada
amostra individual está expresso no gráfico de dispersão, onde a linha pontilhada indica o
ponto de corte para cada diluição. O retângulo vermelho indica a diluição selecionada para
essa imunoglobulina.
4.6.4 Gráfico de dispersão de DO e curva ROC para IgG3
A análise das curvas ROC e dos gráficos de dispersão de DO das diluições
previamente selecionadas como as mais indicadas para a segregação entre indivíduos
com infecção chagásica e não infectados foi realizada para a determinação da diluição
mais adequada para discriminar os soros do grupo NCH e CH.
Na diluição 1:10, a sensibilidade alcançada pela técnica foi de 98,3%,
indicando que um indivíduo com infecção chagásica apresentou valor de DO abaixo do
novo ponto de corte determinado pela curva ROC. A especificidade de 96,3% indicou
que dois indivíduos com LV apresentaram reação cruzada, com um índice de
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 88,9 ( 77,4-95,8)
ASC: 0,976
RV+: 7,71
RV-: 0,00
PC= 0,155
IgG2 diluição 1:10
NCH
n=54
CH
n=60
IgG2 diluição 1:10
DO
1.000
0.500
0.0
0.155
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 88,9 ( 77,4-95,8)
ASC: 0,982
RV+: 8,7
RV-: 0,04
PC= 0,114
IgG2 diluição 1:20
1.000
0.500
0.0
0.114
NCH
n=54
CH
n=60
IgG2 diluição 1:20
DO
100- especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 100,0 ( 94,0- 100,0)
Espec: 88,9 ( 77,4-95,8)
ASC: 0,976
RV+: 7,71
RV-: 0,00
PC= 0,155
IgG2 diluição 1:10
NCH
n=54
CH
n=60
IgG2 diluição 1:10
DO
1.000
0.500
0.0
0.155
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 88,9 ( 77,4-95,8)
ASC: 0,982
RV+: 8,7
RV-: 0,04
PC= 0,114
IgG2 diluição 1:20
1.000
0.500
0.0
0.114
NCH
n=54
CH
n=60
IgG2 diluição 1:20
DO
100- especificidade
Sensibilidade
71
reatividade cruzada de 3,7%. A ASC de 0,991 garantiu ao teste elevada acurácia. O
valor de RV para o resultado positivo indica que é infinitamente provável que valores
acima do ponto de corte sejam observados em um indivíduo com infecção chagásica. O
valor de RV para o resultado negativo indica que valores iguais ou inferiores ao ponto
de corte apresentam uma chance de 0,02 vezes de advirem de um indivíduo com
infecção chagásica.
Na diluição 1:20, a sensibilidade alcançada pela técnica foi de 95,0%,
indicando que três indivíduos com infecção chagásica apresentaram DO abaixo do novo
ponto de corte determinado pela curva ROC. A especificidade de 98,1% indica que um
indivíduo com LV apresentou reação cruzada, gerando um índice de reatividade cruzada
de 1,85%. A ASC de 0,992 para essa diluição de soro garantiu elevada acurácia da
técnica. O valor de RV para o resultado positivo indica que é infinitamente provável que
valores acima do ponto de corte sejam observados em um indivíduo com infecção
chagásica. O valor de RV para o resultado negativo indica que valores iguais ou
inferiores ao ponto de corte apresentam uma chance de 0,05 vezes de advirem de um
indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:40, a sensibilidade de 93,3% indicou que quatro indivíduos com
infecção chagásica apresentaram DO abaixo do ponto de corte estabelecido pela curva
ROC. A especificidade de 98,1% indicou que um indivíduo com LV apresentou reação
cruzada, gerando um índice de reatividade cruzada de 1,85%. A ASC de 0,990 garantiu
elevada acurácia ao teste. O valor de RV para o resultado positivo indica que é
infinitamente provável que valores acima do ponto de corte sejam observados em um
indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV para o resultado negativo indica que
valores iguais ou inferiores ao ponto de corte apresentam uma chance de 0,07 vezes de
advirem de um indivíduo com infecção chagásica.
Na diluição 1:80, a sensibilidade alcançada pela técnica foi de 96,7% e indicou
que dois indivíduos com infecção chagásica apresentaram DO abaixo do ponto de corte
estabelecido pela curva ROC. A especificidade de 96,3% indicou que dois indivíduos
com LV apresentaram reação cruzada, com índice de reatividade cruzada de 3,7%. A
ASC de 0,982 garantiu elevada acurácia ao teste. O valor de RV para o resultado
positivo indica que é infinitamente provável que valores acima do ponto de corte sejam
observados em um indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV para o resultado
negativo indica que valores iguais ou inferiores ao ponto de corte apresentam uma
chance de 0,03 vezes de advirem de um indivíduo com infecção chagásica.
72
Na diluição 1:160, a sensibilidade de 96,7% indicou que dois indivíduos com
infecção chagásica apresentaram DO abaixo do ponto de corte. A especificidade de
94,4% indicou que três indivíduos com LV apresentaram reação cruzada, com índice de
reatividade cruzada de 5,6%. A ASC de 0,986 garantiu elevada acurácia ao teste. O
valor de RV para o resultado positivo indica que é infinitamente provável que valores
acima do ponto de corte sejam observados em um indivíduo com infecção chagásica. O
valor de RV para o resultado negativo indica que valores iguais ou inferiores ao ponto
de corte apresentam uma chance de 0,04 vezes de advirem de um indivíduo com
infecção chagásica.
Na diluição 1:320, a sensibilidade de 91,7% indicou que cinco indivíduos com
infecção chagásica apresentaram DO abaixo do ponto de corte. A especificidade de
100,0% indicou que todos os indivíduos do grupo NCH foram considerados como o
reativos, não havendo reações cruzadas nessa diluição de soro. O valor de RV para o
resultado positivo indica que é infinitamente provável que valores acima do ponto de
corte sejam observados em um indivíduo com infecção chagásica. O valor de RV para o
resultado negativo indica que valores iguais ou inferiores ao ponto de corte apresentam
uma chance de 0,04 vezes de advirem de um indivíduo com infecção chagásica.
Para IgG3 a diluição selecionada capaz de segregar com os melhores valores de
sensibilidade, especificidade, ASC e índice de reatividade cruzada em conjunto foi a
diluição 1:20 (Figura 18).
73
Figura 18 - Gráficos de dispersão e curvas ROC de IgG3 para os soros de indivíduos do grupo controle não
infectado e portadores de outras infecções (NCH) e indivíduos com infecção chagásica (CH) diluídos a 1:10, 1:20,
1:40, 1:80, 1:160 e 1:320, construídos a partir da técnica de ELISA não comercial utilizando antígeno alcalino de
cepa Y de Trypanosoma cruzi, IgG3 diluído a 1:1.000 e HRP-estreptavidina a 1:1.000. Sens: sensibilidade;
Espec:especificidade; PC: ponto de corte; RV: Razão de Verosimilhança. O resultado da reatividade de IgG3 para
cada amostra individual está expresso no gráfico de dispersão, onde a linha pontilhada indica o ponto de corte
para cada diluição. O retângulo vermelho indica a diluição selecionada para essa imunoglobulina.
Após análise das curvas ROC e dos gráficos de dispersão de IgG e subclasses
de IgG, foram estabelecidas as diluições de soro mais adequadas para discriminação
entre indivíduos com infecção chagásica, indivíduos não infectados e indivíduos com
outras doenças infecto-parasitárias (Figura 19).
Para IgG total a diluição de 1:40 selecionada como a mais adequada para a
segregação entre indivíduos com infecção chagásica, não infectados e portadores de
outras doenças infecto-parasitárias, não apresentou reatividade cruzada. Na pesquisa de
IgG1 verificou-se um índice de reatividade cruzada de 9,25%, sendo 7,4% de resultados
falso-positivos oriundos de indivíduos portadores de LV, e 1,85% de portadores de LT.
O índice de reatividade cruzada para IgG2 foi de 11,1%, com 5,55% de resultados falso-
positivos oriundos de LV e 5,55% de portadores de LT. A pesquisa de IgG3 apresentou
um índice de reatividade cruzada de 1,85% decorrente de um resultado falso-positivo de
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0-99,7)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,991
RV+:
RV-: 0,02
PC= 0,300
IgG3 diluição 1:10
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 95,0 ( 86,1-98,9)
Espec: 98,1 ( 90,1-99,7)
ASC: 0,992
RV+:
RV-: 0,05
PC= 0,322
IgG3 diluição 1:20
1.000
0.500
0.0
0.300
NCH
n=54
CH
n=60
DO
IgG3 diluição 1:10
1.000
0.500
0.0
0.322
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:20
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 93,3 ( 83,8-98,1)
Espec: 98,1 ( 90,1-99,7)
ASC: 0,990
RV+:
RV-: 0,07
PC= 0,306
IgG3 diluição 1:40
1.000
0.500
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
0.306
IgG3 diluição 1:40
DO
100-especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,982
RV+:
RV-: 0,03
PC= 0,171
IgG3 diluição 1:80
IgG3 diluição 1:80
1.000
0.500
0.0
0.171
NCH
n=54
CH
n=60
DO
IgG3 diluição 1:160
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 94,4 ( 84,6-98,8)
ASC: 0,986
RV+:
RV-: 0,04
PC= 0,124
1.000
0.500
0.0
0.500
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:160
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 91,7 ( 81,6-97,2)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 0,986
RV+:
RV-: 0,04
PC= 0,148
IgG3 diluição 1:320
1.000
0.500
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:320
0.148
DO
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 98,3 ( 91,0-99,7)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,991
RV+:
RV-: 0,02
PC= 0,300
IgG3 diluição 1:10
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 95,0 ( 86,1-98,9)
Espec: 98,1 ( 90,1-99,7)
ASC: 0,992
RV+:
RV-: 0,05
PC= 0,322
IgG3 diluição 1:20
1.000
0.500
0.0
0.300
NCH
n=54
CH
n=60
DO
IgG3 diluição 1:10
1.000
0.500
0.0
0.322
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:20
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 93,3 ( 83,8-98,1)
Espec: 98,1 ( 90,1-99,7)
ASC: 0,990
RV+:
RV-: 0,07
PC= 0,306
IgG3 diluição 1:40
1.000
0.500
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
0.306
IgG3 diluição 1:40
DO
100-especificidade
Sensibilidade
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 96,3 ( 87,2-99,4)
ASC: 0,982
RV+:
RV-: 0,03
PC= 0,171
IgG3 diluição 1:80
IgG3 diluição 1:80
1.000
0.500
0.0
0.171
NCH
n=54
CH
n=60
DO
IgG3 diluição 1:160
0 20 40 60 80
100
100
80
60
40
20
0
Sens: 96,7 ( 88,4-99,5)
Espec: 94,4 ( 84,6-98,8)
ASC: 0,986
RV+:
RV-: 0,04
PC= 0,124
1.000
0.500
0.0
0.500
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:160
DO
0 20 40 60 80 100
100
80
60
40
20
0
Sens: 91,7 ( 81,6-97,2)
Espec: 100,0 ( 93,3-100,0)
ASC: 0,986
RV+:
RV-: 0,04
PC= 0,148
IgG3 diluição 1:320
1.000
0.500
0.0
NCH
n=54
CH
n=60
IgG3 diluição 1:320
0.148
DO
74
um indivíduo portador de LV. Apenas para IgG3 foi observado um índice de resultados
falso-negativos de 5%, resultante de três indivíduos com infecção chagásica que
apresentaram DO abaixo do ponto de corte estabelecido.
Figura 19 - Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da técnica de ELISA não comercial para
a pesquisa de IgG total na diluição 1:10.000, IgG1 1:500, IgG2 1:2.500, IgG3 1:1.000, HRP-estreptavidina a
1:1.000, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, em soros de pacientes não infectados
(CONT), e com infecção chagásica (CH) do município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG, e outras doenças
infecto-parasitárias: HIV, hepatite C (HCV), sífilis (SIF), leishmaniose visceral (LV) e leishmaniose tegumentar
(LT).
4.7 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes portadores de
infecção chagásica com diferentes formas clínicas
4.7.1 Análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da mediana de
DO de cada grupo clínico nas diluições de soro avaliadas
A análise da reatividade de IgG e subclasses de IgG nos pacientes com doença
de Chagas agrupados em diferentes formas clínicas, possibilitou identificar em quais
diluições de soro é possível verificar diferença significativa entre as medianas de DO
dos pacientes com diferentes formas clínicas para cada imunoglobulina.
CONTCH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.750
IgG total 1:40
0% de reatividade cruzada
IgG1 1:10
9,25% de reatividade cruzada
1,85%
7,4%
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.750
1.500
0.145
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.155
5,55%5,55%
11,1% de reatividade cruzada
IgG2 1:10
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.322
1,85% de reatividade cruzada
1,85%
IgG3 1:20
DO
CONTCH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.750
IgG total 1:40
0% de reatividade cruzada
IgG1 1:10
9,25% de reatividade cruzada
1,85%
7,4%
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.750
1.500
0.145
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.155
5,55%5,55%
11,1% de reatividade cruzada
IgG2 1:10
CONT CH HIV HCV SIF LV LT
0.0
0.500
1.000
0.322
1,85% de reatividade cruzada
1,85%
IgG3 1:20
DO
75
Para IgG total as oito diluições de soro analisadas (1:10 a 1:1.280)
apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos pacientes nos quatro
grupos clínicos analisados (IND, CARD 1, CARD 2 e DIG/MIS).
A análise de IgG1 possibilitou verificar que apenas nas diluições de soro de
1:10 e 1:20 os pacientes com diferentes formas clínicas apresentaram diferença
significativa entre as medianas de DO.
Para IgG2, em nenhuma diluição de soro testada houve diferença significativa
entre as medianas de DO dos pacientes com diferentes formas clínicas da doença de
Chagas.
IgG3 apresentou diferença significativa entre as medianas de DO dos pacientes
com diferentes formas clínicas da doença de Chagas nas diluições de 1:10, 1:20, 1:40 e
1:80. As diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO
dos pacientes com diferentes formas clínicas, estão destacadas pela linha pontilhada na
Figura 20.
76
Figura 20 - ELISA não comercial para a pesquisa de IgG total na diluição 1:10.000, IgG1 1:500,
IgG2 1:2.500, IgG3 1:1.000, e HRP-estreptavidina a 1:1.000, utilizando antígeno alcalino de cepa Y de
Trypanosoma cruzi, em soros de pacientes com diferentes formas clínicas da doença de Chagas do
município de Berilo, Vale do Jequitinhonha, MG: IND (azul), CARD 1 (amarelo), CARD 2
(vermelho), DIG/MIS (verde). Os gráficos de dispersão apresentam as medianas de DO dos pacientes
em conjunto para cada diluição de soro avaliada (1:10 a 1:1.280). A linha pontilhada indica as
diluições de soro que apresentaram diferença significativa para cada imunoglobulina.
4.7.2 Análise individual da reatividade de IgG e subclasses de IgG em pacientes
com diferentes formas clínicas da doença de Chagas
Os gráficos de dispersão das diluições selecionadas no item 4.7.1 Análise da
reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da mediana de DO de cada grupo
clínico nas diluições de soro avaliadas, foram construídos para a verificação da
reatividade individual de cada paciente dos grupos de formas clínicas da doença de
Chagas.
4.7.2.1 Pesquisa de IgG total
A análise da reatividade de IgG total nos soros de pacientes com diferentes
formas clínicas da doença de Chagas demonstrou que o grupo de pacientes classificado
na forma DIG/MIS apresentou os valores de DO mais elevados em todas as diluições
IgG total
10 20 40 80 160 320 640 1.280
0
0,175
0,350
0,525
0,700
0
0,175
0,350
0,525
0,700
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG1
0
0,125
0,250
0,375
0,500
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG2
0
0,200
0,400
0,600
0,800
IgG3
10 20 40 80 160 320 640 1.280
DO
Inverso da diluição
IgG total
10 20 40 80 160 320 640 1.280
0
0,175
0,350
0,525
0,700
0
0,175
0,350
0,525
0,700
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG1
0
0,125
0,250
0,375
0,500
10 20 40 80 160 320 640 1.280
IgG2
0
0,200
0,400
0,600
0,800
IgG3
10 20 40 80 160 320 640 1.280
DO
Inverso da diluição
77
analisadas (1:10 a 1:1.280) em relação aos demais grupos clínicos. O grupo DIG/MIS
apresentou diferença significativa nos valores de DO em relação aos grupos IND,
CARD 1 e CARD 2 nas diluições de 1:10 a 1:320 e na diluição 1:1.280. Na diluição
1:640, o grupo DIG/MIS apresentou diferença significativa nos valores de DO em
relação aos grupos IND, CARD 1 e CARD 2, e o grupo IND apresentou diferença
significativa nos valores de DO em relação ao grupo CARD 1 (Figura 21).
Figura 21 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
MG, nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos
grupos com diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160,
1:320, 1:640 e 1:1.280), utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi,
conjugado anti-IgG total diluído a 1:10.000 e HRP-estreptavidina 1:1.000.
IgG total 1:10
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:20
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IgG total 1:40
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:80
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:160
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:320
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IgG total 1:640
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
p<0,05
p<0,05
IgG total 1:1.280
DO
IgG total 1:10
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:20
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IgG total 1:40
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:80
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:160
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG total 1:320
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IgG total 1:640
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
p<0,05
p<0,05
IgG total 1:1.280
DO
78
4.7.2.2 Pesquisa de IgG1
A análise da reatividade dos soros dos pacientes com diferentes formas clínicas
da doença de Chagas, demonstrou que na diluição de soro 1:10 os pacientes do grupo
IND apresentaram diferença significativa nos valores de DO em relação ao grupo
CARD 1. Na diluição de soro 1:20 os pacientes do grupo IND apresentaram diferença
significativa nos valores de DO em relação aos grupos CARD 1 e CARD 2 (Figura 22).
Figura 22 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
MG, nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos
grupos com diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10 e 1:20), utilizando antígeno
alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG1 diluído a 1:500 e HRP-
estreptavidina 1:1.000.
4.7.2.3 Pesquisa de IgG3
A análise de IgG3 nos soros dos pacientes com diferentes formas clínicas da
doença de Chagas demonstrou que nas diluições de soro 1:10, 1:20, 1:40 e 1:80 os
pacientes do grupo clínico IND apresentaram valores de DO com diferença significativa
em relação aos grupos CARD 2 e DIG/MIS (Figura 23).
p<0,05
IgG1 1:10
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG1 1:20
DO
p<0,05
IgG1 1:10
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG1 1:20
DO
79
Figura 23 - ELISA não comercial em soros de pacientes de Berilo, Vale do Jequitinhonha,
MG, nas diluições que apresentaram diferença significativa entre as medianas de DO dos
grupos com diferentes formas clínicas da doença de Chagas (1:10, 1:20, 1:40 e 1:80),
utilizando antígeno alcalino de cepa Y de Trypanosoma cruzi, conjugado anti-IgG3 diluído a
1:1.000 e HRP-estreptavidina 1:1.000.
4.7.2.4 Análise de correlação entre as formas clínicas da doença de Chagas e as
imunoglobulinas
A análise de correlação entre as formas clínicas da doença de Chagas e as
imunoglobulinas demonstrou a existência de uma correlação positiva entre as formas
clínicas da doença de Chagas e os níveis de IgG total em todas a diluições de soro
avaliadas (Figura 24).
p<0,05
IgG3 1:10
IgG3 1:20
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG3 1:40
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG3 1:80
DO
p<0,05
IgG3 1:10
IgG3 1:20
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG3 1:40
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
0.0
0.500
1.000
p<0,05
IgG3 1:80
DO
80
Figura 24 Análise de correlação de IgG total e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2 e
DIG/MIS, nas diluições de soro 1:10, 1:20, 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, 1:640 e 1:1.280.
Para IgG2 apenas na diluição do soro a 1:160 foi observada uma correlação
positiva com as formas clínicas da doença e a reatividade (Figura 25), enquanto para
IgG1 não foi detectada nenhuma correlação com as formas clínicas da doença.
IgG total 1:10
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:20
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:40
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:80
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:160
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:320
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:640
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:1280
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
IgG total
IgG total 1:10
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:10
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:20
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:40
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:80
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:160
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:320
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:640
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG total 1:1280
0.0
0.4
0.8
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
IgG total
81
Figura 25 - Análise de correlação de IgG2 e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2
e DIG/MIS, na diluição de soro 1:160.
A análise de IgG3 demonstrou uma correlação negativa entre as formas
clínicas e essa imunoglobulina nas diluições de soro de 1:10 a 1:320 (Figura 26 ).
Figura 26 - Análise de correlação de IgG3 e as formas clínicas IND, CARD1, CARD 2
e DIG/MIS, na diluições de soro de 1:10 a 1:320.
IgG2 1:160
0.00
0.25
0.50
IgG2
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
IgG2 1:160
0.00
0.25
0.50
IgG2
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
IgG3 1:10
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:20
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:40
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:80
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:160
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:320
0.0
0.5
1.0
IgG3
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
IgG3 1:10
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:20
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:40
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:80
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:160
0.0
0.5
1.0
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
IgG3 1:320
0.0
0.5
1.0
IgG3
IND CARD 1 CARD 2 DIG/MIS
DO
82
Na Tabela V estão apresentados os valores de r de Spearman obtidos através
da análise de correlação, que indicam a ocorrência de correlação positiva, negativa ou
ausência desta.
Tabela V- Análise de correlação entre as formas clínicas da doença de Chagas e a reatividade
do soro dos pacientes para as imunoglobulinas IgG total, IgG1, IgG2 e IgG3.
Nota: Valores de r positivos associados a um intervalo de confiança positivo e a p < 0,05 indicam correlação
positiva; r positivo com intervalo de confiança negativo e p > 0,05 indicam ausência de correlação; r negativo com
intervalo de confiança negativo e p < 0,05 indicam correlação negativa. Os valores destacados em azul apresentam
as diluições de soro em que houve correlação positiva e negativa.
Diluição
de soro
IgG total (r de
Spearman/Intervalo
de confiança/p)
IgG1(r de
Spearman/Intervalo
de confiança /p)
IgG2(r de
Spearman/Intervalo
de confiança/p)
IgG3(r de
Spearman/Intervalo
de confiança/p)
1:10 0,3529/ 0,1011-
0,5623/0,0057
0,09426/-0,1711-
0,3469/0,4738
0,1567/-0,1089-
0,4014/0,2319
-0,4063/-0,6034-
0,1624/0,0013
1:20 0,4679/0,2355-
0,6497/0,0002
0,1136/-0,1520-
0,3640/0,3873
0,1403/-0,1254-
0,3873/0,2849
-0,5044/-0,6765-
0,2802/P<0,0001
1:40 0,5647/0,3561-
0,7197/P<0,0001
0,1847/-0,08037-
0,4253/0,1578
0,1902/-0,07461-
0,4300/0,1454
-0,4412/-0,6298-
0,2035/0,0004
1:80 0,5832/0,3799-
0,7328/P<0,0001
0,1253/-0,1405-
0,3742/0,3402
0,1420/-0,1237-
0,3888/0,2790
-0,5285/-0,6939-
0,3102/P<0,0001
1:160 0,6663/0,4905-
0,7900/P<0,0001
-0,03831/-0,2965-
0,2251/0,7713
0,2725/0,01218-
0,4982/0,0352
-0,2780/-0,5027-
0,01822/0,0315
1:320 0,6766/0,5046-
0,7969/P<0,0001
-0,007752/-0,2684-
0,2539/0,9531
0,1395/-0,1263-
0,3866/0,2878
-0,3517/-0,5613-
0,09966/0,0059
1:640 0,6495/0,4677-
0,7786/P<0,0001
-0,04393/-0,3016-
0,2197/0,7389
0,1193/-0,1465-
0,3689/0,3641
-0,08049/-0,3346-
0,1845/0,5410
1:1280 0,6401/0,4549-
0,7721/P<0,0001
-0,07752/-0,3320-
0,1874/0,5560
0,04348/-0,2202-
0,3012/0,7415
-0,06542/-0,3211-
0,1991/0,6194
5. DISCUSSÃO
84
Neste trabalho foi analisado o perfil epidemiológico, parasitológico e
sorológico, envolvendo a pesquisa de IgG total e subclasses de IgG em um grupo de
pacientes avaliados e caracterizados como portadores de diferentes formas clínicas da
doença de Chagas, em paralelo a um grupo controle não infectado.
A motivação deste estudo se deve especialmente à divergência de resultados
encontrados na literatura em relação ao perfil sorológico de pacientes com
infecção/doença de Chagas e sua correlação com a morbidade.
Adicionalmente, a metodologia empregada na avaliação sorológica dos
pacientes foi também utilizada na análise de soros de indivíduos portadores de algumas
doenças infecto-contagiosas possíveis de serem transmitidas por transfusão sanguínea
ou cujos exames sorológicos apresentam reação cruzada com T. cruzi, tais como as
leishmanioses.
5.1 Avaliação de aspectos epidemiológicos
A avaliação de alguns aspectos epidemiológicos dos pacientes participantes
do estudo, realizada através da aplicação do questionário, revelou alguns fatores de
interesse do ponto de vista epidemiológico.
A maioria dos pacientes avaliados neste trabalho é do sexo feminino, a
presença das mulheres foi marcante nos grupos CARD1, CARD 2 e DIG/MIS. Isso
pode ser justificado pela ausência temporária de muitos homens do município de
Berilo que saem em busca de trabalho em usinas de cana de açúcar do estado de São
Paulo. O período que esta população permanece em São Paulo é em geral de Fevereiro
a Dezembro, o que coincide com a época em que este trabalho foi desenvolvido no
município. Em virtude dessa variável, não podemos considerar esse resultado como
um dado epidemiológico de relevância, mas uma constatação do movimento
migracional que ocorre no município.
A análise das condições de moradia atuais e do passado dos pacientes
possibilitou verificar que a porcentagem de pessoas que nasceram em casa de adobe
sem reboco foi semelhante entre os indivíduos infectados e o grupo controle. Este é um
fato interessante, que as paredes das casas sem reboco constituíam local de
esconderijo para os insetos triatomíneos, possibilitando sua colonização e
85
conseqüentemente a transmissão da infecção. No entanto, para que a infecção se
efetive é necessária a ocorrência simultânea de vários fatores. Em função disso a
literatura registra que é comum encontrarmos pessoas de uma mesma família, não
infectadas, morando juntas ao longo de toda vida com pessoas infectadas. Foi notável a
melhoria nas condições de moradia dos participantes do estudo. As casas atualmente
com paredes rebocadas e pintadas facilitam o encontro de insetos, e impedem sua
colonização. Carlos Chagas, na época dos primeiros combates à infecção, havia
reconhecido que a melhoria nas condições de habitação constitui um importante
elemento no controle da doença de Chagas, que os insetos podem se esconder em
rachaduras e irregularidades nas paredes das casas (DIAS et al., 2002). Essa melhoria
nas condições de moradia pode ser verificada também quando foram analisados a
presença de água encanada e o encontro de ratos e gambás nas residências. Esses
animais são utilizados pelos barbeiros como fonte alimentar, e sua instalação no
interior das casas propicia a migração dos insetos para o domicílio e posterior
colonização (DIAS, 2000). Nesse contexto, a vigilância epidemiológica deve ser
permanente, para que os insetos sejam detectados com precocidade e sejam
eliminados, impedindo a colonização das residências (MORENO & BARACHO,
2000).
A doença de Chagas ainda representa um importante problema médico e
social nos países afetados. Em alguns deles a doença segue desconhecida e sem
implantação de programas de controle (DIAS, 2000). No Brasil, mais especificamente
no município de Berilo, a infecção foi minimizada em decorrência do controle e das
mudanças sociais e econômicas, como a melhoria das habitações. Em casos como o de
Berilo, uma vigilância epidemiológica duradoura, eficiente e auto-sustentável, capaz
de controlar os triatomíneos em baixa densidade e agora presentes predominantemente
no espaço peridomiciliar tem sido fundamental para o controle da infecção.
Em relação ao reconhecimento do barbeiro no momento da entrevista, não
houve grande diferença nas porcentagens de indivíduos que reconheciam o inseto entre
o grupo controle e os infectados. Apesar de o município ter sido uma área de intensa
transmissão vetorial, sendo os barbeiros encontrados nas residências com facilidade
cerca de 20 anos, a vigilância epidemiológica implantada no município desde 1997,
reforça o conhecimento do vetor pela população, que relata em entrevista ser
profundamente marcada pela presença da doença de Chagas entre seus familiares.
Muitos pacientes, infectados ou não, relatavam suas experiências com os triatomíneos
86
vetores, tais como o fato de terem sido picados, o encontro de barbeiros em suas
camas, nas paredes internas das casas, etc.
Mais recentemente, alguns estudos realizados em Berilo pelo nosso grupo
demonstram que a vigilância epidemiológica implantada apesar de não estar
funcionando da maneira ideal, tem mantido bons índices entomológicos na região, com
redução da infecção aguda (MONTOYA, 1998; BORGES et al., 2006; MACHADO
DE ASSIS, 2006). Atualmente os pacientes relatam que raramente encontram esse tipo
de inseto, o que corrobora os resultados de MACHADO DE ASSIS, (2006) que ao
realizar uma pesquisa integral de triatomíneos em todas as casas do município, da zona
rural e urbana, capturou 391 insetos, dos quais felizmente nenhum estava infectado
pelo T. cruzi, revelando assim o baixo risco de transmissão vetorial da doença de
Chagas na região. Como demonstrado por DIAS, (2000), a redução da transmissão
vetorial resulta a médio prazo na redução das outras principais formas de transmissão,
a transfusional e a congênita, através da diminuição da infecção entre doadores de
sangue e gestantes. A ausência de casos agudos da doença e os baixos índices
entomológicos no município de Berilo indicam a necessidade da manutenção da
vigilância para assegurar o controle da infecção.
Dos pacientes infectados 81,7% moram na zona rural, o que durante o estudo,
dificultou o acesso dessas pessoas à avaliação laboratorial e clínica, realizada na área
urbana do município. Outro fator de grande importância foi o grau de escolaridade,
23,3% dos infectados o analfabetos, o que muitas vezes dificultava o entendimento
entre paciente e entrevistador, especialmente quando eram referenciados os
medicamentos utilizados pelo paciente. Quando comparados esses dados com o grupo
controle, verifica-se que 66,7% vivem na área urbana, e que entre estes, não há
nenhum analfabeto. Apesar do pouco conhecimento dessas pessoas, elas nos
procuravam em busca de esclarecimento sobre a doença que os afeta, especificamente
em busca de tratamento e melhor qualidade de vida. LUQUETTI & RASSI, (2002),
demonstraram que o nível de conhecimento dos pacientes facilita seu
acompanhamento médico, e que muitos migram para as cidades em busca de
esclarecimento e tratamento da doença. Em Berilo em decorrência das condições
econômicas a grande maioria dos pacientes conta apenas com o atendimento do SUS
no hospital da cidade, não havendo possibilidade de procurarem tratamento em locais
mais capacitados. Isso possivelmente explica a fácil adesão dos pacientes ao nosso
estudo.
87
Por se tratar de uma área de intensa transmissão da infecção no passado, era
esperado que os indivíduos entrevistados apresentassem relatos de familiares com
doença de Chagas. No grupo dos infectados 78,3% têm familiares vivos com doença
de Chagas, 71,7% têm falecidos na família por doença de Chagas, e 76,7% relataram a
ocorrência de morte súbita na família. CARNEIRO et al. (2001) demonstraram que
crianças que apresentam sorologia positiva para doença de Chagas em áreas sob
vigilância epidemiológica apresentam maior probabilidade de ter mãe ou familiares
infectados. Os nossos resultados corroboram os resultados de trabalhos anteriores
realizados no município, que detectaram altas taxas de infecção na população adulta, e
baixos índices na população mais jovem e em crianças (BORGES et al., 2006;
AGUILAR, 1988; MONTOYA, 1998).
O questionário epidemiológico propiciou traçar um perfil dos pacientes
atendidos nesse estudo, demonstrando que a maioria dos infectados vive na zona rural,
com condições de moradia e trabalho mais precárias, grau de escolaridade mínimo ou
inexistente e carência de atendimento médico básico. No entanto, foi possível perceber
que se tais condições hoje são ruins, no passado eram ainda piores, e que apesar de
todas as dificuldades encontradas por essas pessoas, de certa forma elas são
conscientes da gravidade da infecção que apresentam.
5.2 Avaliação parasitológica
A análise parasitológica realizada por meio da técnica de hemocultura
demonstrou a taxa de positividade detectada para a população em estudo de 25,0%.
Outros trabalhos avaliando pacientes em diferentes regiões, encontraram taxas de
positividade próximas as nossas (CHIARI & BRENER, 1966; MOURÃO & MELO,
1975; JUNQUEIRA et al., 1996). A cnica de hemocultura pode apresentar
positividade de 0 a 94,0%, dependendo da metodologia e das modificações aplicadas
(PORTELA-LINDOSO et al., 2003). Entretanto, uma vez que o nível de parasitemia
decresce com a progressão da infecção, esta técnica torna-se menos sensível na fase
crônica da doença de Chagas (CHIARI et al., 1989; MOURÃO & MELO, 1975), o que
vai de encontro aos resultados do nosso trabalho.
Outros fatores além da sensibilidade podem justificar os índices relativamente
baixos de positividade obtidos nesse estudo como a idade avançada dos pacientes
88
avaliados, que a média de idade foi de 45,5 anos. Durante o curso da infecção
chagásica, os níveis de parasitemia decrescem progressivamente, dificultando o
encontro de resultados positivos em pacientes com idade avançada e formas mais
evoluídas da doença (LUQUETTI & RASSI, 2000). Outro ponto a ser abordado refere-
se às condições locais de processamento das hemoculturas, que necessitam ser
melhoradas para a execução da técnica. A metodologia empregada foi a de CHIARI et
al. (1989), entretanto, em se tratando de um trabalho de campo, nem todas as
condições ideais foram aplicadas no processamento do sangue para hemocultura. Uma
delas foi o processamento da técnica em centrífuga não refrigerada, outra foi a
manutenção das hemoculturas à temperatura ambiente por uma semana ou mais, para
então serem transportadas para o laboratório de Doença de Chagas, e acondicionadas
em estufa na temperatura adequada. O número de coletas de sangue é outro fator que
pode influenciar diretamente na positividade da técnica. Em virtude do tempo
disponibilizado para o trabalho, e da viabilidade dos pacientes para migrarem das
comunidades rurais ao Hospital Municipal, apenas uma coleta de sangue para
hemocultura foi realizada. Possivelmente, a repetição do exame aumentaria a taxa de
positividade, que foi demonstrado que coletas sucessivas e repetidas de um mesmo
paciente aumentam a possibilidade de positivação (PORTELA-LINDOSO et al.,
2003). Entretanto, já foi verificado que alguns pacientes com infecção chagásica o
apresentam exames parasitológicos positivos mesmo quando realizados em série
(CASTRO et al., 1999; CASTRO et al., 2002; 2006), enquanto outros apresentam
testes repetidamente positivos (CASTRO et al., 1999). As características dos parasitos
da área de estudo também podem influenciar na positividade da técnica, que o T.
cruzi apresenta numerosas cepas de diferentes linhagens que possuem características
biológicas distintas, como por exemplo, o crescimento e diferenciação em meios de
cultura (DVORAK et al., 1980).
Nesse estudo os pacientes com a forma indeterminada da doea de Chagas
apresentaram maior taxa de positividade em relação aos grupos CARD 1, CARD 2 e
DIG/MIS respectivamente. A associação clara e linear entre morbidade e vel de
parasitemia ainda não ficou bem estabelecida, que existe contradição neste aspecto
na literatura. Resultados semelhantes aos aqui apresentados foram encontrados por
CASTRO et al. (1980) e SCHENONE et al. (1968). CASTRO et al. (1980) avaliaram
292 pacientes, concluindo que 74,0% dos que apresentavam alta parasitemia estavam
na forma indeterminada da doença. SCHENONE et al. (1968) detectaram maior
89
porcentagem de xenodiagnóstico positivo em pacientes assintomáticos, em
comparação àqueles com alterações cardíacas e digestivas. Em concordância com
nossos resultados, que não encontraram associação entre parasitemia e morbidade,
outros estudos indicando que a parasitemia detectada é independente da forma clínica
manifestada (CERISOLA et al., 1974; SILVA et al., 1995). Em um estudo clínico
avaliando 30 pacientes durante três anos, CERISOLA et al. (1974) constataram que
esses indivíduos apresentavam diversos níveis de parasitemia, porém sem relação com
as alterações clínicas encontradas. Assim SILVA et al. (1995), verificaram que a
positividade do xenodiagnóstico é também independente da forma clínica manifestada.
Entretanto, outros trabalhos revelaram uma tendência de maior positividade
de exames parasitológicos em pacientes com manifestações cardíacas e digestivas
(PEREIRA et al., 1992; COURA, 1975; PIFANO, 1977; ADAD, 1989). PEREIRA et
al. (1992) encontraram parasitemias mais elevadas em cardiopatas, embora não tenham
verificado associação entre positividade de teste parasitológico e progressão para
cardiopatia. COURA, (1975) detectou maior porcentagem de xenodiagnóstico positivo
em pacientes com cardiopatia e megaesôfago, em comparação aos que tinham apenas
sorologia reativa, assim como PIFANO, (1977) na Venezuela. ADAD, (1989),
encontrou o parasito em 50,0% dos pacientes com megaesôfago, e nenhum parasito foi
detectado em esôfagos normais de pacientes sororeativos.
A maioria das hemoculturas foi positiva entre 30 e 60 dias após a coleta, com
apenas quatro hemoculturas positivas no 90º dia. Esses dados corroboram aqueles
obtidos por outros autores (MORA, 1996; LUZ et al., 1994; CASTRO et al., 2002).
Em nosso trabalho nenhuma hemocultura apresentou positividade quando examinada
no 120ª após a coleta. Entretanto, em virtude da baixa sensibilidade da técnica de
hemocultura é importante que o exame seja realizado até o 120º dias após a coleta,
especialmente porque a demora na detecção do parasito pode estar relacionada com
diferentes características biológicas do T. cruzi como a taxa de crescimento em meios
artificiais (MINTER-GOELDBLOED et al., 1978).
A análise das hemoculturas possibilitou a observação de uma maior chance de
encontrar o parasito nos tubos que continham as hemácias, apesar da pequena
diferença entre o número de hemoculturas positivas nas camadas de hemácias e
leucócitos. Nossos dados foram discordantes dos demonstrados por Luz et al. (1994)
que observaram maior chance de encontrar o parasito em tubos que continham as
camadas de leucócitos.
90
5.3 Avaliação do perfil sorológico
5.3.1 Pesquisa da reatividade de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi por
meio do ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico
da doença de Chagas
A infecção pelo T. cruzi induz a ativação do sistema imune humoral para a
produção de anticorpos capazes de atuar na defesa do organismo contra o parasito. O
estabelecimento de métodos de diagnóstico para a pesquisa de anticorpos anti-T. cruzi,
de diferentes classes e subclasses, que apresentem altas especificidade e sensibilidade
tem sido alvo de muitos estudos.
Um dos objetivos do nosso trabalho foi verificar o desempenho da técnica de
ELISA, desenvolvida e utilizada rotineiramente em nosso laboratório para o
diagnóstico sorológico da doença de Chagas, realizando a pesquisa de IgG total e suas
subclasses IgG1, IgG2 e IgG3 em pacientes com diferentes manifestações clínicas da
doença. A escolha da pesquisa de apenas três das quatro subclasses de IgG produzidas
por seres humanos foi baseada nos níveis desses anticorpos detectados. Como já
demonstrado por outros trabalhos, as subclasses IgG1, IgG2 e IgG3 são as de maior
representatividade no soro humano (HERNANDEZ-BECERRIL et al., 2001;
CERBAN et al., 1993; KAWANO et al., 1994).
Para a análise desses resultados não podemos deixar de considerar que os
pacientes avaliados no estudo apresentam alta reatividade sorológica, pois fizeram
parte desse trabalho aqueles cuja sorologia foi positiva na técnica de ELISA (reação de
alta sensibilidade) simultaneamente a HAI, reação de baixa sensibilidade que em nossa
experiência pessoal é positiva em apenas 80,0% dos pacientes reativos na ELISA. A
alta reatividade dos soros dos pacientes selecionados foi posteriormente confirmada
pela realização da reação de Imunofluorescência Indireta no grupo de pacientes que
não fez parte do nosso estudo e que apresentou resultados discordantes entre estes dois
testes (ELISA positiva e HAI negativa). Nesses pacientes com sorologia discordante, a
taxa da positividade da terceira técnica foi de 85,0%.
A primeira etapa da avaliação sorológica consistiu no estabelecimento de
critérios de interpretação para a reatividade de IgG e subclasses de IgG utilizando a
91
técnica de ELISA não comercial aplicada ao diagnóstico da doença de Chagas. Os
anticorpos IgG total e IgG3 apresentaram os maiores índices de DO para todas as oito
diluições de soro testadas (1:10 a 1:1.280), seguidos por IgG2 e IgG1. Nossos
resultados, mesmo considerando a alta reatividade de todos os pacientes avaliados,
contradizem alguns estudos que detectaram níveis mais elevados de IgG1, em soros de
pacientes com infecção chagásica testados em apenas uma diluição de soro
(HERNANDEZ-BECERRIL et al., 2001; CERBAN et al., 1993; MICHAILOWSKY
et al., 2003; MORGAN et al., 1996; CORDEIRO et al., 2001). Alguns desses estudos
detectaram IgG2 em veis mais elevados (HERNANDEZ-BECERRIL et al., 2001;
CORDEIRO et al., 2001), seguido por IgG3. Em outros foram verificados níveis mais
elevados de IgG3 seguido por IgG2 (CERBAN et al., 1993; MICHAILOWSKY et al.,
2003; MORGAN et al., 1996). Provavelmente, as diferenças nos níveis de anticorpos
encontradas em outros trabalhos se devem a variáveis como a preparação antigênica
utilizada, a população estudada e os diferentes protocolos das técnicas sorológicas
aplicadas.
As faixas de diluição do soro capazes de discriminar as medianas de DO de
todos os pacientes com infecção chagásica e grupo controle para cada imunoglobulina
foram selecionadas por meio da análise estatística. Essas faixas de diluição foram
diferentes para cada imunoglobulina. Para IgG total e IgG3, variaram de 1:10 a
1:1.280, com uma ampla diferença nas DOs do grupo com infecção chagásica e do
grupo controle em todas as diluições testadas. A subclasse IgG2 também apresentou as
diluições de soro selecionadas de 1:10 a 1:1.280, entretanto os valores de DO do grupo
com infecção chagásica e do grupo controle foram mais próximos, especialmente nas
quatro últimas diluições de soro testadas. Para IgG1 as diluições de soro selecionadas
foram mais restritas (1:10 a 1:160), evidenciando a menor capacidade para essa
imunoglobulina em diferenciar infectados de não infectados em diluições mais altas do
soro. Esses resultados refletem os níveis de cada imunoglobulina detectada,
demonstrando que os anticorpos com mais ampla capacidade de discriminação entre
indivíduos com infecção chagásica e não infectados em nosso estudo o IgG total e
IgG3.
Para a avaliação do desempenho da técnica foram feitas as análises das curvas
ROC que possibilitaram a identificação das diluições de cada imunoglobulina que
apresentaram os maiores índices de sensibilidade, especificidade e ASC. Para IgG total
todas as diluições avaliadas pela curva ROC apresentaram excelente desempenho, com
92
sensibilidade e especificidade de 100,0%, e ASC igual a 1,000. Esse seria um teste
perfeito, capaz de detectar com 100,0% de certeza todos os indivíduos com infecção
chagásica como reativos, e os não infectados como não reativos. Para IgG1 e IgG2 foi
demonstrada uma limitação maior dessas imunoglobulinas para o desempenho da
técnica. As diluições 1:10 a 1:40 apresentaram os melhores valores de sensibilidade,
especificidade e ASC e apenas a diluição 1:10 apresentou valores de um teste perfeito
para ambas as subclasses de imunoglobulinas. Para a pesquisa de IgG3 os melhores
resultados foram com as diluições 1:10 a 1:320. No entanto, para IgG3, em nenhuma
dessas diluições os valores de sensibilidade, especificidade e ASC garantiram que o
teste fosse considerado perfeito, apesar do excelente desempenho da técnica.
A análise das curvas ROC verificou que na maioria das diluições utilizadas
para a pesquisa de IgG1, IgG2 e IgG3 a especificidade apresentava-se mais elevada em
relação a sensibilidade, indicando que o antígeno aplicado na técnica apresenta bom
desempenho. Até o momento, não existe um teste sorológico disponível para o
diagnóstico da doença de Chagas que apresente 100,0% de sensibilidade e
especificidade, e é exatamente em busca desse resultado que diversos estudos têm sido
realizados (MATSUMOTO et al., 1993; PRIMAVERA et al., 1990; UMEZAWA et
al., 2004; UMEZAWA et al., 2003). Os kits de diagnóstico imunoenzimáticos
disponíveis no mercado apresentam valores de especificidade de 93,3 a 100,0%, e
sensibilidade de 97,7 a 100,0%, sendo constante a elevada sensibilidade com
especificidade variável (OELEMANN et al., 1998). Em um estudo mais recente, cinco
kits de ELISA comercialmente disponíveis foram avaliados para a determinação da sua
acurácia no diagnóstico da doença de Chagas, demonstrando que os kits que usam
antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos são mais específicos do que aqueles
que usam antígenos íntegros, embora a sensibilidade seja variável (CABALLERO et
al., 2007).
Para a determinação final de quais diluições seriam as mais aplicáveis para o
diagnóstico sorológico da doença de Chagas utilizando a técnica de ELISA não
comercial, foi introduzida ainda a análise da variável DO
mediana
.
A escolha dessa
variável foi baseada no fato de todas as nossas análises entre grupos de pacientes terem
sido efetuadas com a observação das medianas das DOs. Foi estabelecido o valor de
DO
mediana
igual ou superior a 0,200 para a seleção das diluições mais seguras para o
diagnóstico da doença de Chagas. Para IgG total e IgG3 as diluições de soro de 1:10 a
1:320 apresentaram os maiores valores de DO
mediana
, possibilitando o diagnóstico
93
seguro da doença de Chagas. Para IgG1 apenas a diluição 1:10 apresentou segurança
para o diagnóstico, e para IgG2 foram selecionadas as diluições 1:10 e 1:20. Ressalta-
se que para IgG3 e IgG2 mesmo nas diluições selecionadas com rigor pelas análises,
houve pacientes com valores de DO abaixo do ponto de corte, o que seria um problema
para o uso dessas diluições de soro. Para essas duas imunoglobulinas poderíamos
pensar na aplicação do teste utilizando apenas a primeira diluição testada, entretanto,
foi observado que até mesmo na diluição de soro mais baixa um paciente apresentou
DO abaixo do PC para IgG3. Exatamente para uma análise mais refinada de qual seria
a diluição mais aplicável ao diagnóstico em meio a uma população que pode conter
indivíduos com diferentes características e passíveis de possuírem outras infecções, a
próxima etapa do nosso trabalho foi realizada.
A seleção de quais diluições seriam aplicadas ao diagnóstico da doença de
Chagas foi compatível com os níveis de IgG e subclasses de IgG detectados nos soros
dos pacientes com infecção chagásica. Estes apresentaram em geral altos valores de
DO para IgG total e IgG3 em toda a curva de titulação dos soros. IgG2 e IgG1
apresentaram valores mais baixos de DO os quais decresceram mais precocemente nas
curvas de titulação.
5.3.2 Pesquisa da reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio do
ensaio imunoenzimático não comercial aplicado ao diagnóstico sorológico da
doença de Chagas em soro de pacientes portadores de outras doenças infecto-
parasitárias
A fase seguinte de nosso estudo foi estabelecer critérios de interpretação para
a reatividade de IgG e subclasses de IgG por meio da técnica de ELISA não comercial
aplicada ao diagnóstico da doença de Chagas em amostras de soro que incluem
pacientes portadores de outras doenças infecto-parasitárias como HIV, HCV, sífilis,
leishmaniose visceral e leishmaniose tegumentar.
Para essa etapa foram considerados dois grupos de pacientes: o NCH (grupo
controle não infectado e portadores de outras infecções), e o CH (pacientes com
infecção chagásica). A análise das curvas ROC considerando apenas os dois grupos,
possibilitou a verificação dos índices de desempenho para cada diluição de soro
94
selecionada previamente para IgG e suas subclasses como as mais indicadas para o
diagnóstico. Para IgG total, a diluição de soro que apresentou melhor resultado para
discriminar os indivíduos com infecção chagásica dos demais, foi a 1:40. É possível
que a alta reatividade dos soros dos pacientes com infecção chagásica examinados
neste estudo explique este resultado uma vez que a ocorrência de reações cruzadas
entre soros de pacientes com doença de Chagas, leishmaniose visceral e leishmaniose
tegumentar é um fato bem conhecido como será comentado a seguir. Para IgG1 o
desempenho da técnica na diluição 1:10 alcançou elevada acurácia, apesar do índice de
reatividade cruzada de 9,25%, representado por quatro soros de indivíduos com LV e
um soro com LT. Para IgG2 a diluição 1:10 apresentou os melhores índices de
desempenho, com uma porcentagem de reatividade cruzada de 11,1%, demonstrando
que três indivíduos com LV e três com LT apresentaram reação cruzada. Para IgG3 foi
escolhida a diluição de 1:20 com um índice de reatividade cruzada de 3,7%,
representado por um soro com LT e um soro com LV reativos.
A análise desses resultados demonstra que apenas IgG total não apresentou
reatividade cruzada com os soros dos pacientes portadores de outras infecções na
diluição selecionada e que os soros com LV e LT foram os responsáveis pela
reatividade cruzada obtida nas pesquisas de IgG1, IgG2 e IgG3.
Corroborando nossos resultados, alguns trabalhos demonstraram reatividade
cruzada em soros de indivíduos com leishmaniose visceral e tegumentar quando testes
imunoenzimáticos empregando antígenos de T. cruzi foram realizados. VEXENAT et
al. (1996) avaliaram a reatividade de soros de pacientes com doença de Chagas,
leishmaniose visceral e leishmaniose mucocutânea, verificando reações cruzadas para
essas três infecções. Os soros dos pacientes com infecção chagásica apresentaram 98,0
a 100,0% de resultados positivos quando antígenos de L. braziliensis e L. chagasi
foram usados. Os soros dos pacientes com leishmaniose visceral foram 100,0%
reativos com antígenos de T. cruzi ou L. braziliensis. Da mesma maneira, 100,0% dos
pacientes com leishmaniose mucocutânea apresentaram reatividade com antígenos de
T. cruzi ou L. chagasi.
MATSUMOTO et al. (1993) avaliaram um teste de Imunofluorescência
Indireta, empregando formas amastigostas como antígeno, em soros de indivíduos com
infecção chagásica, com leishmaniose visceral e em indivíduos o infectados
verificando 63,0% de reatividade cruzada em soros de indivíduos com leishmaniose.
95
Em um trabalho realizado por GOMES et al. (2001), foi avaliada a reatividade
de soros de pacientes com infecção chagásica, leishmaniose visceral e leishmaniose
tegumentar, sífilis, HTLV, HCV e HBV pela técnica de ELISA utilizando antígenos
CRA+FRA, e outra técnica sorológica convencional. O ELISA com antígenos
recombinantes apresentou 100,0% de especificidade e sensibilidade, não havendo
reações cruzadas com as outras infecções. A técnica de ELISA convencional
apresentou reações cruzadas apenas com os soros de pacientes com leishmaniose
tegumentar e visceral, não havendo reatividade cruzada nos soros de indivíduos com
sífilis, HTLV, HCV e HBV, assim como encontrado nos nossos resultados.
A cnica de ELISA é um dos métodos mais utilizados no diagnóstico da
doença de Chagas por apresentar elevadas sensibilidade e especificidade. Entretanto,
reações cruzadas com outras infecções, principalmente leishmanioses ocorrem com
alguma freqüência (ZELEDON et al., 1975). Em geral as técnicas utilizadas no
diagnóstico de rotina para a doença de Chagas são muito efetivas para detectar
indivíduos que apresentam altos títulos de anticorpos, mas os resultados são
questionáveis nos que apresentam baixos níveis (ZARATE-BLADES et al., 2006). A
busca por técnicas que exibam excelente desempenho, com altas especificidade e
sensibilidade é uma constante, uma vez que isso possibilita a exclusão de resultados
falso-positivos e falso-negativos indesejáveis.
As reações cruzadas como as que ocorreram em nosso estudo são resultadas
da existência de fatores antigênicos comuns entre o T. cruzi e a Leishmania sp
(ARAÚJO, 1986; CHILLER, 1990). A alternativa para minimizar essas reações
cruzadas seria o uso de preparações antigênicas purificadas, que garantiriam maior
especificidade na reação. No entanto, em nosso estudo, nós optamos por utilizar uma
técnica de ELISA convencional, na qual a fonte antigênica é um extrato bruto de cepa
Y de T. cruzi, amplamente utilizado no diagnóstico sorológico da doença de Chagas.
Este antígeno, possivelmente pode gerar reações cruzadas que essa fonte é oriunda
de parasitos íntegros. Entendemos que a obtenção de preparações de antígeno
purificadas ainda é restrita à pesquisa, e para a rotina diagnóstica isso elevaria os
custos para a realização das metodologias.
A análise do perfil de produção de anticorpos em soros de pacientes com
leishmaniose tegumentar realizada por SOUZA et al. (2005), demonstrou através da
utilização de uma cnica de ELISA, usando antígeno solúvel de Leishmania
(Leishmania) amazonensis, a predominância de IgG1 seguido de IgG3, IgG2 e IgG4
96
respectivamente. A demonstração da presença dessas subclasses de IgG em soros de
indivíduos com leishmaniose corrobora o encontrado em nosso estudo. Em nosso
trabalho, mesmo com a utilização de antígenos de extrato bruto de T. cruzi, foi
detectada também a presença IgG1, IgG2 e IgG3, nos soros com leishmaniose, não
havendo porém, diferenças entre os níveis detectados dessas subclasses.
Provavelmente a detecção das subclasses de IgG nos soros com leishmaniose em nosso
trabalho se deve ao reconhecimento de epitopos de carboidratos compartilhados pelo
T. cruzi e Leishmania sp por essas subclasses de anticorpos, como demonstrado por
outros estudos (ROCHA et al., 2002; LEMOS et al., 2007).
Considerando as diluições de soro finais selecionadas para cada
imunglobulina, podemos inferir que os resultados falso-positivos para IgG1, IgG2 e
IgG3 detectados nos soros com LV e LT e os resultados falso-negativos detectados
para IgG3, não indicariam a pesquisa dessas subclasses por essa metodologia.
Entretanto, em nossas condições de trabalho e considerando a alta reatividade dos
pacientes triados para este estudo, a pesquisa de IgG total poderia ser utilizada com
segurança, pois a técnica de ELISA não comercial garantiu ausência de reatividade
cruzada e a identificação de todos os indivíduos com infecção chagásica na diluição de
soro selecionada.
5.3.3 Aplicabilidade da pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi
detectada por meio do ensaio imunoenzimático não comercial na monitoração de
morbidade da doença de Chagas
A tentativa de associação entre perfil imunológico e manifestações clínicas
em pacientes com doença de Chagas apresentando formas clínicas distintas, tem sido
objeto de estudo em diferentes grupos de pesquisa. A busca de um marcador que
possibilite a distinção entre indivíduos com diferentes manifestações clínicas, e até
mesmo que indique uma possível evolução para formas mais graves da doença é de
grande importância, considerando que intervenções podem ser feitas para retardar a
progressão da doença (CORDEIRO et al., 2001; SOLANA, et al., 1995).
Os fatores responsáveis pelos padrões distintos de imunoglobulinas
produzidos são importantes para o esclarecimento dos mecanismos humorais indutores
de proteção ou patogênese na doença de Chagas. Entretanto, estudos associando o
97
perfil de anticorpos produzidos e as manifestações clínicas desenvolvidas na doença de
Chagas ainda são restritos.
Feitas estas considerações a última etapa do nosso estudo foi avaliar a
aplicabilidade da pesquisa de IgG e subclasses de IgG anti-T. cruzi realizada pela
técnica de ELISA o comercial aplicada a monitoração de morbidade da doença de
Chagas.
A análise dos soros dos pacientes com diferentes formas clínicas em todas as
diluições testadas possibilitou verificar que os níveis de IgG total e IgG3 foram os
mais elevados e próximos entre si, seguidos por IgG2 e IgG1, respectivamente. A
análise das medianas de DO dos quatro grupos com diferentes formas clínicas (IND,
CARD 1, CARD 2 e DIG/MIS) possibilitou verificar que IgG total apresentou
diferença significativa entre os diversos grupos clínicos nas diluições de 1:10 a
1:1.280, IgG1 nas diluições 1:10 e 1:20, IgG3 nas diluições 1:10 a 1:80 e que IgG2
não apresentou diferença significativa entre os grupos clínicos em nenhuma diluição de
soro.
Para IgG total o grupo DIG/MIS apresentou valores de DO mais elevados,
sendo esse grupo diferente estatisticamente de IND, CARD 1 e CARD 2 em todas as
oito diluições testadas. Apenas na diluição 1:640 o grupo IND foi também diferente
estatisticamente de CARD 1. Sendo assim nossos resultados indicam uma relação entre
níveis mais elevados de IgG total em pacientes com manifestações digestivas puras ou
mistas. A análise estatística aplicando o teste de correlação demonstrou que a
correlação positiva encontrada entre as diferentes formas clínicas e IgG total em todas
as diluições de soro indica que os dois fenômenos variam no mesmo sentido sendo
possível associar níveis elevados dessa imunoglobulina em pacientes com diferentes
manifestações clínicas da doença de Chagas, independente da gravidade da forma
clínica, apesar dos valores de DO mais elevados no grupo DIG/MIS. Assim, foi
possível verificar que a correlação positiva encontrada em todas as diluições de soro
indica uma associação progressiva entre níveis mais elevados de IgG total e formas
mais graves da doença de Chagas, como evidenciado nos gráficos de dispersão, que
apresentam retas crescentes em direção ao grupo DIG/MIS. Entretanto, essa análise
não nos permite afirmar a existência de uma correlação entre níveis progressivamente
mais elevados de IgG total e evolução clínica da doença de Chagas, que para o
grupo CARD 2 os valores de DO foram em sua maioria inferiores aos valores de DO
do grupo CARD 1 em todas as diluições de soro.
98
Alguns estudos avaliaram níveis de IgG total e outros anticorpos, na tentativa
de associar elevação dessas imunoglobulinas e gravidade da forma clínica manifestada
pelos indivíduos com infecção chagásica, identificando associação entre IgG e
manifestações clínicas. Assim, GUSMÃO et al. (1982) avaliaram os níveis de IgG de
217 pacientes com diferentes formas clínicas da doença de Chagas de Goiás, divididos
em quatro grupos clínicos distintos. Os testes sorológicos utilizados foram a reação de
fixação do complemento, hemaglutinação indireta e ELISA. A média dos veis de
anticorpos na ELISA e na fixação do complemento entre os grupos distintos não
demonstrou diferença significativa. Entretanto, através da hemaglutinação indireta foi
possível verificar títulos ligeiramente mais elevados de anticorpos em pacientes
apresentando alterações digestivas e cardiomiopatia severa, quando comparados com
os pacientes nas formas indeterminada e cardíaca moderada. Em um estudo seccional
ZAUZA, (2000) avaliou 835 pacientes com infecção chagásica do município de
Virgem da Lapa, vizinho de Berilo, verificando níveis mais elevados de IgG por meio
das técnicas de Imunofluorescência Indireta e hemaglutinação indireta nos indivíduos
apresentando forma cardíaca da doença de Chagas. ZAUZA et al. (2001), avaliando
140 pacientes com infecção chagásica do mesmo município em um período de dez
anos, verificaram um aumento estatisticamente significativo dos níveis de IgG no
grupo de pacientes com evolução progressiva de cardiopatia. Esses resultados
indicaram uma associação direta entre os níveis séricos desses anticorpos e a evolução
da cardiopatia chagásica.
Em outro estudo a associação entre níveis de IgG e formas clínicas não foi
evidenciada. PRIMAVERA et al. (1990) avaliaram os níveis de IgG, IgM e IgA em
506 soros de pacientes apresentando infecção chagásica aguda e crônica com
diferentes manifestações clínicas (formas indeterminada, cardíaca e digestiva), soros
de pacientes com outras infecções não relacionadas e soros de indivíduos saudáveis.
Duas preparações antigênicas distintas (formas amastigotas e tripomastigotas) foram
testadas em comparação aos antígenos de epimastigotas de extrato bruto utilizados
convencionalmente na imunofluorescência indireta, demonstrando as formas
amastigotas serem as melhores fontes de antígenos para a detecção desses anticorpos.
Nesse estudo, anticorpos IgG anti-amastigota foram detectados em todos os indivíduos
com infecção chagásica sem diferença entre os pacientes apresentando diferentes
formas clínicas. Entretanto, IgA e IgM foram encontrados predominantemente em
pacientes com manifestações digestivas e na fase aguda.
99
Provavelmente, a discordância entre esses resultados possa ser atribuída em
parte aos diferentes intervalos de tempo estabelecidos para cada estudo, ao número de
pacientes avaliados e sua origem, às diferenças de população de T. cruzi neles
encontradas, e as variações das diferentes técnicas sorológicas empregadas.
A pesquisa das subclasses de IgG em nosso estudo revelou que para IgG1 na
diluição de soro 1:10 os pacientes do grupo IND apresentaram diferença significativa
na DO em relação ao grupo CARD 1, e na diluição 1:20 o grupo IND foi diferente
estatisticamente de CARD 1 e CARD 2. IgG3 foi a subclasse de anticorpo que
apresentou os maiores valores de DO para todos os pacientes avaliados. A análise de
IgG3 revelou ainda que pacientes do grupo IND apresentaram diferença significativa
em relação aos grupos CARD 2 e DIG/MIS nas diluições de soro 1:10 a 1:80. A
subclasse IgG2 não demonstrou diferença nos níveis de DO obtidos para os quatro
grupos de formas clínicas avaliados.
Alguns trabalhos também sugerem níveis mais elevados de IgG1 e IgG3, sem
associação direta com formas clínicas. CERBAN et al. (1993) avaliaram 28 pacientes
assintomáticos e com manifestações cardíacas provenientes de uma área endêmica na
Argentina, que apresentavam idades entre 20 a 40 anos. Nesse estudo foi testada a
reatividade de IgG1, IgG2 e IgG3, por ELISA e immunobloting, com a utilização de
dois tipos de antígenos, a fração acídica do citosol e formas epimastigotas. Foram
encontrados níveis mais elevados de todas as subclasses de IgG nos pacientes com
manifestações cardíacas mais graves. Nesse estudo foi detectada uma alta prevalência
de IgG1 e IgG3, com níveis mais baixos de IgG2 e IgG4, quando formas epimastigotas
foram usadas como antígeno. Quando a fração acídica do citosol foi empregada, IgG1
foi a principal subclasse detectada em todos os pacientes avaliados como
demonstrado por vários autores e diferentemente de nossos resultados. Apesar de os
pacientes cardíacos apresentarem níveis mais elevados de todos os anticorpos testados,
nesse trabalho não houve associação de nenhuma subclasse de IgG com o grupo de
pacientes cardíacos.
MICHAILOWISKY et al. (2003), e SOLANA et al. (1995) corroboraram os
resultados de CERBAN et al. (1993) ao detectarem níveis mais elevados de IgG1 e
IgG3 em todos os pacientes avaliados. No primeiro estudo, pacientes assintomáticos e
com manifestação cardíaca, oriundos de Minas Gerais, apresentaram níveis de IgG1 e
IgG3 mais elevados na técnica de ELISA, porém utilizando antígenos paraflagelares
derivados de T. cruzi. SOLANA et al. (1995) avaliaram a reatividade de 100 pacientes
100
com diferentes formas clínicas, provenientes da Argentina e do Brasil para essas
subclasses de imunoglobulinas, utilizando a técnica de ELISA com uma fração
ribossomal de epimastigotas como antígeno. A distribuição dos isotipos de anticorpos
revelou que 100,0% dos pacientes apresentavam IgG1, 85% IgG3 e 50% IgG2. Mais
uma vez, nenhuma associação entre as diferentes manifestações clínicas e o perfil de
subclasses foi encontrada.
A dosagem das subclasses de IgG de duas populações indígenas (Mataco e
Toba) portadoras de infecção chagásica da Argentina através da técnica de ELISA
demonstrou níveis similares de IgG1 para ambas, com diferença na produção de IgG2,
IgG3 e IgG4, sendo entretanto, mais elevados os níveis de IgG1 e IgG3 nas duas
populações (MOTRAN et al., 1994).
Em outros trabalhos, a associação entre a subclasse IgG2 e cardiopatia foi
observada. Assim como nos estudos anteriores, MORGAN et al. (1996), detectaram
níveis mais elevados de IgG1 e IgG3 em todos os pacientes avaliados. Entretanto, foi
observada uma associação entre níveis de IgG2 mais elevados e formas cardíaca e
cardio-digestiva não observada em nossos estudos e em vários outros citados
anteriormente. Nesse trabalho de MORGAN et al., foram utilizadas formas
epimastigotas como antígeno na técnica de ELISA, para avaliar 73 pacientes de uma
área endêmica de Minas Gerais, que apresentavam as formas clínicas indeterminada,
cardíaca, digestiva e mista, com idades variando entre 20 e 84 anos. Os níveis de IgG1
foram mais elevados em todos os pacientes, mas sem diferença entre os níveis de IgG1
e IgG3 nos diferentes grupos clínicos avaliados. Este mesmo grupo de pesquisa,
avaliou ainda a especificidade das diferentes subclasses de IgG por meio da técnica de
western blot em relação a diferentes antígenos em pacientes com formas clínicas
distintas da doença de Chagas. Foi observado que algumas subclasses de anticorpos
ligavam prevalentemente a alguns antígenos em determinados grupos de formas
clínicas quando comparados com outros. Isto é, independentemente do grupo clínico,
os perfis de antígenos reconhecidos por cada isotipo de anticorpo diferiam entre si.
Esse resultado indicou correlação entre níveis de subclasses de IgG e forma clínica,
que bandas de IgG3 foram encontradas predominantemente em pacientes na forma
indeterminada e digestiva, enquanto bandas de IgG2 foram predominantes em
pacientes na forma cardíaca (MORGAN et al., 1998).
VERÇOSA et al. (2007) utilizaram antígenos flagelares (FRA) e
citoplásmicos (CRA) para analisar o perfil de subclasses de IgG de pacientes
101
apresentando diferentes manifestações clínicas, através da técnica de ELISA,
verificando que IgG2 anti-FRA foi a subclasse detectada em níveis mais elevados nos
pacientes com acometimento cardíaco. As outras subclasses foram detectadas em
quase todos os pacientes avaliados, sendo que apenas IgG2 apresentou níveis
significativamente mais elevados no grupo cardíaco em relação às outras formas
clínicas. Foi sugerido pelo estudo que IgG2 poderia ser um bom marcador para
monitoração da progressão da doença, assim como fator preditivo para risco cardíaco.
Entretanto, outros grupos encontraram diferentes resultados quando avaliaram
a produção dessas subclasses de IgG. HERNANDEZ-BECERRIL et al. (2001)
avaliaram 12 pacientes com idades entre 34 e 67 anos, que apresentavam cardiopatia,
provenientes de áreas rurais do México, através da técnica de ELISA, empregando
antígenos íntegros de T. cruzi. Esses autores verificaram que os níveis de IgG1 e IgG2
foram mais elevados que IgG3 em todos os pacientes analisados. Nesse estudo,
constatou-se que os pacientes com cardiomegalia severa apresentavam veis mais
elevados de IgG2, produzindo uma associação direta entre essa forma clínica e a
subclasse IgG2, como já demonstrado por MORGAN et al. (1996), fato este não
verificado em nosso estudo.
CORDEIRO et al. (2001) descreveram o predomínio de IgG1 e IgG2 nos
anticorpos da sorologia convencional, enquanto IgG1 e IgG3 predominaram na
pesquisa de anticorpos líticos quando foi utilizada a técnica de citometria de fluxo e
epimastigotas fixados e tripomastigotas vivos como antígenos. Anticorpos IgG3 foram
também predominantes em nosso estudo embora a metodologia empregada por nós
tenha sido a técnica de ELISA. Os anticorpos líticos são considerados os responsáveis
pelo mecanismo de lise mediada pelo Complemento. A estes anticorpos é atribuído
importante papel no controle da parasitemia em pacientes com infecção chagásica
crônica (KRETLLI e BRENER, 1982) além de mediarem o fenômeno de ADCC
(antibody-dependent-citotoxic cell) que ocorre na infecção chagásica (LIMA-
MARTINS et al., 1985). Segundo estes autores os anticorpos líticos presentes no soro
humano seriam IgG1 e IgG2, entretanto ainda controvérsia sobre o papel de IgG1
na lise mediada pelo Complemento.
O mecanismo de lise mediada pelo Complemento pode ser observado por
experimentação in vitro” apenas quando tripomastigotas vivos são empregados como
antígenos, não sendo detectado quando são utilizados antígenos de formas
epimastigotas do parasito morto ou fixado, íntegro ou não, comumente empregadas no
102
diagnóstico sorológico da doença de Chagas (KRETLLI e BRENER, 1982). Desta
forma constatou-se que existe uma dissociação entre os anticorpos detectados no
diagnóstico da infecção chagásica e os anticorpos protetores e responsáveis pela
resistência ao parasito. Tais evidências levaram esses autores a sugerir o emprego de
metodologias que pesquisam os anticorpos líticos como um importante critério de cura,
sendo sua presença indicadora de infecção ativa, ou seja, presente em pacientes
tratados não curados. O trabalho de CORDEIRO et al. (2001), indicou o uso potencial
de IgG1 anti-epimastigotas para o diagnóstico da infecção e revelou uma maior
reatividade de IgG2 anti-epimastigotas nos pacientes com a forma indeterminada e
cardíaca.
Em um estudo realizado com camundongos imunizados com frações FRA e
CRA de antígenos de T.cruzi, foram testadas as reatividades das subclasses IgG1,
IgG2a, IgG2b e IgG3. Níveis mais elevados de IgG3 e IgG1 foram detectados na
imunização com antígenos CRA, em contraste, a imunização com FRA resultou em
mais altos níveis de IgG1, sem a detecção de IgG2 e IgG3 (PEREIRA et al., 2003).
A ausência de associação entre níveis das diferentes subclasses de IgG e as
distintas formas clínicas pode ter sido influenciada diretamente pela alta reatividade
sorológica apresentada pelos pacientes do nosso estudo. É provável que se os pacientes
avaliados no nosso trabalho apresentassem grandes diferenças de reatividade,
evidenciada pela necessidade de uma terceira ou quarta técnica sorológica de
diagnóstico, essas diferenças na produção de IgG1, IgG2 e IgG3 seriam detectadas
entre os grupos de pacientes com formas clínicas distintas.
Nossos dados demonstraram baixos níveis de IgG1 em todos os pacientes
avaliados, independente da forma clínica apresentada e da diluição do soro testada.
Uma vez que esses indivíduos apresentam alta reatividade, seria esperado que os níveis
de IgG1 fossem os mais elevados em todos os pacientes, independente de forma
clínica, pois a literatura indica essa subclasse como a mais predominante no soro
humano. Sendo assim, os baixos níveis de IgG1 detectados na população do nosso
estudo não seriam justificados pela triagem dos pacientes com elevada reatividade,
mas talvez devido a menor produção dessa subclasse por parte desses pacientes. Esses
resultados para a pesquisa de IgG1 encontrados em nosso trabalho contradizem todos
os estudos realizados e comentados anteriormente (CERBAN et al., 1993;
MICHAILOWISKY et al., 2003; SOLANA et al., 1995; MORGAN et al., 1996;
HERNANDEZ-BECERRIL et al., 2001; CORDEIRO et al., 200), que detectaram
103
IgG1 como a principal subclasse de IgG produzida por pacientes com diferentes
manifestações clínicas da doença de Chagas. Em todos esses trabalhos, a produção de
níveis elevados dessa subclasse apresentou-se como fator comum nos diferentes
grupos clínicos. IgG1 é uma imunoglobulina cuja produção é regulada por citocinas
caracterizadas como anti-inflamatórias, e que indica um balanço mais eficiente entre
citocinas inflamatórias e anti-inflamatórias. Essa subclasse poderia estar relacionada
com um melhor controle da resposta imune, daí sua associação com a forma
indeterminada da doença, indicando que indivíduos que o apresentem alterações
cardíacas ou digestivas teriam níveis mais elevados de IgG1, fato esse não observado
em nosso estudo. Pelo contrário, em nosso trabalho os pacientes do grupo CARD 1 e
CARD 2 apresentaram níveis ligeiramente mais elevados dessa imunoglobulina, não
estatisticamente significativos em relação aos outros grupos clínicos.
A produção mais elevada da subclasse IgG2 tem sido associada com
alterações cardíacas em humanos, essa subclasse tem sua produção regulada por
citocinas pro-inflamatórias, o que estaria relacionado com uma resposta imune mais
exacerbada e destruição tecidual. Baseado na regulação de citocinas para induzir a
produção de imunoglobulinas, IgG2 seria regulada por IL-12, INF-γ e TNF-α,
citocinas que caracterizam o perfil de resposta Th1, em geral predominante nos
indivíduos com as manifestações graves da doença. Em contrapartida, IgG1 e IgG3
seriam reguladas por citocinas anti-inflamatórias, como IL-4, IL-5, IL-10 e TGF-β, que
caracterizam o perfil de resposta Th2 (BRIERE et al., 1994) predominante em
pacientes assintomáticos. Isso explicaria em parte a associação encontrada entre IgG2
e cardiopatia chagásica observada em alguns trabalhos (VERÇOSA et al., 2007;
CORDEIRO et al., 2001; MORGAN, et al., 1996; HERNANDEZ-BECERRIL et al.,
2001). Consequentemente IgG1 e IgG3 que não se associam às formas graves da
doença de Chagas estariam presentes em todos os pacientes independentemente da
forma clínica.
Em nosso estudo os níveis de IgG2 não foram associados a manifestações
cardíacas, sejam leves ou graves. Foi possível verificar que em todas as diluições de
soros trabalhadas, a produção de IgG2 não apresentou diferença significativa entre os
diferentes grupos de formas clínicas, sendo possível observar essa diferença apenas
entre os infectados e o grupo controle. Verificamos apenas que os pacientes com as
formas CARD 1, CARD 2 e DIG/MIS apresentaram níveis ligeiramente mais elevados
em relação ao grupo IND. O teste de correlação demonstrou a ocorrência de correlação
104
positiva entre as diferentes formas clínicas e IgG2 apenas na diluição 1:160, indicando
que somente nessa diluição os dois fenômenos variam no mesmo sentido sendo
possível associar níveis elevados de IgG2 em pacientes com diferentes manifestações
clínicas da doença de Chagas, independente da gravidade da forma clínica.
A subclasse IgG3 apresentou os maiores níveis detectados para todos os
pacientes. Isso em parte estaria em concordância com trabalhos de CERBAN, et al.
(1993), SOLANA et al. (1995), MORGAN et al. (1996) e MICHAILOWISKY et al.
(2003), que detectaram níveis dessa subclasse mais elevados em todos os pacientes
avaliados, porém associado a IgG1. Foi também possível observar que os pacientes do
grupo IND produziram os mais altos níveis dessa subclasse em comparação aos outros
grupos clínicos. Sendo a produção dessa subclasse induzida por citocinas anti-
inflamatórias, esse resultado estaria de acordo com a associação entre ausência de
manifestações clínicas e níveis mais elevados de IgG3. A análise de correlação para a
subclasse IgG3 demonstrou uma correlação negativa com as formas clínicas da doença
de Chagas indicando que as duas variáveis variam em sentido inverso, ou seja, quanto
menos grave a manifestação da doença, maiores são os veis de IgG3. Este resultado
está de acordo com o demonstrado pela técnica sorológica empregada que verificou
valores mais elevados de DO em pacientes com a forma indeterminada da doença,
sugerindo que essa subclasse de imunoglobulina possa ser empregada como indicador
de prognóstico.
para IgG1 não foi encontrada correlação estatística significativa entre as
formas clínicas e essa subclasse de anticorpo, diferentemente do que foi citado na
literatura, quando foi sugerida a importância de IgG1 como marcador de prognóstico
da forma indeterminada da doença de Chagas (CORDEIRO et al., 2001).
A seleção dos pacientes de alta reatividade sorológica em nosso estudo pode
ser um dos principais fatores responsáveis pelos resultados obtidos. Outras
considerações podem ser feitas que os trabalhos citados anteriormente foram
realizados em diferentes países (Brasil, México e Argentina). A origem e genética da
população de pacientes estudada e o tipo de parasito predominante em cada área
poderiam interagir na dinâmica da complexa relação parasito-hospedeiro,
influenciando a resposta imune humoral da doença de Chagas. é bem estabelecido
que o T. cruzi apresenta uma grande variabilidade genética e essa pode estar
correlacionada a várias de suas propriedades (TOLEDO et al., 2002), inclusive na
indução de produção de anticorpos (SANTOS, 2007). Em um estudo recente, realizado
105
por SANTOS, (2007) níveis de IgG e suas subclasses IgG1, IgG2a e IgG2b foram
pesquisados em camundongos infectados com diferentes linhagens genéticas de T.
cruzi. Foi verificado que a variabilidade genética do parasito não apenas influencia as
manifestações patológicas, como o tropismo por órgãos e tecidos, nos hospedeiros
vertebrados, mas também interfere na produção de IgG e suas subclasses durante as
fases aguda e crônica da infecção. A infecção com T. cruzi I induziu altos níveis de
todas as subclasses de IgG em ambas as fases da doença quando comparado a T.cruzi
II e T.cruzi.
Um outro fator de extrema relevância é a utilização de diferentes composições
de antígenos nos trabalhos citados. Formas íntegras de tripomastigotas e epimastigotas,
fixados ou vivos, e frações antigênicas específícas foram usadas nos estudos, o que
influencia diretamente no aumento da especificidade da técnica aplicada, como
verificado por vários trabalhos (MALCHIODI et al., 1994; SOLANA et al., 1995;
UMEZAWA et al., 1996 b; NAKAZAWA et al., 2001; PEREIRA et al., 2003;
UMEZAWA et al., 2004).
6. CONCLUSÕES
107
1- A análise de alguns aspectos epidemiológicos permitiu verificar que os
pacientes com infecção chagásica apresentam piores condições sócio-econômicas,
comparados aos pacientes do grupo controle os quais apresentaram melhores condições
de moradia atual e anteriormente a este estudo, maior grau de escolaridade, e
conseqüentemente melhores condições de trabalho.
2- A positividade da hemocultura dos pacientes foi em geral baixa, mais
elevada no grupo de pacientes com a forma indeterminada em relação às demais formas
clínicas da doença, mas sem apresentar associação com a morbidade da doença de
Chagas.
3- Quando foi avaliado o desempenho da técnica de ELISA, desenvolvida e utilizada
rotineiramente em nosso laboratório para o diagnóstico sorológico da doença de Chagas
realizando a pesquisa de IgG total e suas subclasses em pacientes com diferentes
manifestações clínicas da doença, IgG total seguida por IgG3 apresentaram os melhores
desempenhos no diagnóstico da infecção possibilitando ainda melhor distinção entre os
pacientes com as diferentes formas clínicas e o grupo controle.
4- Quando a metodologia de ELISA anterior foi aplicada ao diagnóstico
sorológico da doença de Chagas em amostras de soro que incluíram portadores de
outras doenças infecto-parasitárias (HIV, HCV, SIF, LV e LT), foram encontradas na
diluição de soro selecionada como a indicada para o seguro diagnóstico, alta
sensibilidade e especificidade para IgG total e ausência de reação cruzada. Foi
demonstrada ainda a ocorrência de resultados falso-negativos e altos índices de
reatividade cruzada na pesquisa de IgG1, IgG2 e IgG3 em soros de indivíduos com
outras infecções, não sendo então recomendada a aplicação da pesquisa destas
subclasses de IgG em triagem de doadores em bancos de sangue.
5- A pesquisa de IgG e suas subclasses pela metodologia de ELISA não
comercial na avaliação da morbidade da doença de Chagas permitiu verificar que IgG
total apresentou níveis significativamente mais elevados no grupo DIG/MIS em relação
aos demais grupos clínicos (IND, CARD 1 e CARD 2) e que IgG3 apresentou uma
108
reatividade significativamente mais elevada nos pacientes do grupo IND em relação aos
grupos CARD 2 e DIG/MIS. Os valores de DO obtidos para subclasses IgG1 e IgG2
não apresentaram uma associação com as formas clínicas da doença de Chagas.
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8. ANEXOS
121
Anexo I
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu...............................................................ou meu responsável..............................................tem
conhecimento de minha participação como voluntário no projeto de pesquisa "Doença de Chagas nos
Municípios de Berilo e José Gonçalves de Minas, Vale do Jequitinhonha, MG: epidemiologia, terapêutica
e controle" desenvolvido sob a responsabilidade da Pesquisadora Dra. Marta de Lana da Universidade
Federal de Ouro Preto, do médico coordenador clínico do projeto e dos médicos atendentes no Serviço
único de Saúde (SUS) que tem como objetivo o diagnóstico e tratamento da doença de Chagas nestes
municípios e isolamento do parasita para estudos genéticos. A doença de Chagas é uma doença crônico
degenerativa que atinge especialmente o coração (aumento da área cardíaca, insuficiência cardíaca, risco
de morte súbita) e o trato gastro-intestinal (megaesôfago e megacólon) evolui lentamente, podendo
atingir, principalmente, o coração, o esôfago e intestino. O tratamento específico será feito com o
Rochagan (benznidazol), em esquema prolongado, 5 a 10mg/Kg/dia, via oral, durante 60 dias
consecutivos, sob supervisão médica e controle de leucometria.
A minha participação é voluntária e será restrita a doação de sangue e recebimento de tratamento com
benznidazol. O sangue será coletado por picada na polpa digital (inquérito sorológico em escolares), por
via endovenosa (confirmação do diagnóstico da doença de Chagas) ou para a realização da hemocultura
(diagnóstico parasitológico, isolamento do parasita antes do tratamento e controle do tratamento)
utilizando seringa e agulha estéreis e descartáveis, ou seja, de uso individual e seguro. O volume de
sangue a ser coletado poderá variar de 3mL e no caso da hemocultura, 30mL.
Fui informado que caso se confirme o meu diagnóstico para doença de Chagas me será oferecido
tratamento específico se houver indicação clínica, o qual acarretará ou não a cura da doença. Estou
também informado que o tratamento causa efeitos colaterais que devem ser comunicados ao meu médico
para o devido controle ou mesmo interrupção do tratamento, se necessário.
Tenho consciência que a minha participação como voluntário não me trará benefício financeiro. Os
exames de procedimentos aplicados serão gratuitos e receberei atenção médica adequada pelo serviço de
saúde local para o controle dos efeitos adversos do tratamento. Isto não implica na interrupção de meu
atendimento pelo SUS municipal no tocante à doença de Chagas. Tal procedimento também não
acarreta em prejuízos a outros pacientes ou membros de minha família que estejam participando do
projeto do projeto. Estou ciente que um eventual corte de recursos do projeto não acarretainterrupção
de meu tratamento e nem de meu atendimento pelo SUS no tocante à doença de Chagas.
Local e data:
Assinatura do voluntário:
Assinatura do pesquisador responsável:
Assinatura do médico responsável:
Assinatura do Secretário de Saúde municipal:
Assinatura do Coordenador Clínico do projeto:
Centro de Pesquisas René Rachou
122
Anexo II
Primeira parte
FICHA EPIDEMIOLÓGICA E CLÍNICA
Município de Berilo e José Gonçalves de Minas - MG
Nº de Registro no SUS: _______________________ Código projeto:
__________________________
Médico responsável: Dr/a. _____________________ Data: ___ / ___ / ___
DADOS PESSOAIS
Nome (completo): ____________________________________________ Apelido:
___________________
Idade: ________ Data de Nascimento: ___ / ___ / ___ Sexo: (1) Masculino
(2) Feminino
Nome do pai:
_________________________________________________________________________
Nome da mãe:
________________________________________________________________
________
Endereço/comunidade:
_________________________________________________________________
Alguma referência perto do endereço:
____________________________________________________
Profissão:
____________________________________________________________________________
Estudos: (1) analfabeto (2) 1º grau incompleto (3) 1º grau completo
(4) 2º grau incompleto (5) 2º grau completo (6) estudos superiores
Você fuma? (1) sim (2) não Quanto por semana?
__________________________________________
Você toma bebidas com álcool? (1) de alto teor (cachaça, conhaque...) (2) de baixo teor (cerveja,
vinho...) (3) nada
Quanto por semana?
__________________________________________
Você faz exercício físico? (1) Leve (andar a pé distâncias curtas sem carregar peso) (2) Moderado
(intermédio entre 1 e 3)
(3) Intenso (carregar pedras, trabalhar no machado...)
RESIDÊNCIAS ANTERIORES
Lugar de residência Anos de residência Piso Parede
Teto
Códigos da tabela: Piso: (1) alvenaria/cemento; (2) barro/adobe; (3) madeira. Parede: (1) alvenaria/cimento; (2)
barro/adobe; (3) madeira.
Teto: (4) laje; (5) telha; (6) sapé; (7) madeira/amianto/PVC
RESIDÊNCIA ATUAL
Anos de residência: ______ Casa própria: (1) sim (2) não (3) não
sei
Alugada: (1) sim (2) não (3) não sei Emprestada/cedida: (1) sim (2) não
(3) não sei
123
Piso: (1) alvenaria; (2) barro/adobe; (3) madeira Parede :(1) alvenaria; (2) barro/adobe;
(3) madeira
Teto: (4) laje; (5) telha; (6) sapé; (7) madeira/amianto/PVC
DIVERSOS
Água encanada (dentro ou fora de casa): (1) sim (2) não Água de poço: (1) sim (2) não
Água de córrego/rio: (1) sim (2) não Caminhão pipa: (1) sim (2) não
Dejetos (cocô...) vão para esgoto? (1) sim (2) não Dejetos (cocô...) vão para fossa? (1) sim
(2) não
Dejetos (cocô...) ficam ao ar livre? (1) sim (2) não
Eletricidade: (1) sim (2) não Geladeira: (1) sim (2) não
Rádio: (1) sim (2) não TV: (1) sim (2) não
Você tem horta no quintal? (1) sim (2) não Galinheiro: (1) sim (2) não
Você tem cão? (1) sim (2) não Você tem gato? (1)sim (2) não
Você viu gambá na sua casa? (1) sim (2) não Você viu sarué na sua casa? (1) sim
(2) não
Você viu ratos na sua casa? (1) sim (2) não
BARBEIRO (Realizar teste de reconhecimento com caixinha)
Reconheceu o barbeiro? (1) sim (2) não (3) não sei
Reconheceu a espécie? (1) P. megistus (2) P. geniculatus (3) T. sordida (4) T.
pseudomaculata
(5) R. neglectus (6) não sei
Onde o viu? (1) dentro de casa (2) peridomicílio (ao redor de casa) (3) longe de casa (roça, outros...)
Já foi picado por ele alguma vez? (1) sim (2) não (3) não sei
Como o viu? _______Quando o viu ?_______
HISTÓRIA CLÍNICA
ANTECEDENTES TRANSFUSIONAIS
Você já doou sangue? (1) sim (2) não
Você recebeu sangue? (1) sim (2) não (3) não sei Quantas vezes? ____ Quando (em que
ano)? _______
ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS
Nº de gravidezes: ____ Nº de abortos (perdas com menos de 20 semanas): ____ Nº de partos:
____
Nº cesárias: ____ Nº de filhos nascidos vivos: ____
Nº de prematuros (entre 20 e 38 semanas): ____ Nº de filhos com baixo peso (< 2.500g):
____
Problemas ou doenças durante a gestação (sangramento, pressão alta, açúcar alto, infecções...):
_________________
_____________________________________________________________________________
________
Observação: Perguntar quantas consultas pré-natal fez nas gestações ou partos complicados.
ANTECEDENTES PESSOAIS RELATIVOS À DOENÇA DE CHAGAS
Você tem doença de Chagas? (1) sim (2) não (3) não sei
Você tem algum problema no coração? (1) sim (2) não (3) não sei
Você tem algum problema no esôfago (entalo/engasgo) ou no intestino grosso? (1) sim (2) não
(3) não sei
124
Como você descobriu que tinha doença de Chagas?
(1) na consulta com o médico
(2) com exame que confirmou a doença (anexar resultados) Quais?________
(3) não sei
Há quanto tempo você sabe que tem doença de Chagas”? ____ anos
Você está em tratamento de doença de Chagas”? (1) sim (2) não (3) não sei
Quais os medicamentos que você usa no momento para doença de Chagas”?
(0) nenhum (1) Rochagan® (2) Lampit® (3) outro
(8) não sabe
Se outro, cite o medicamento:
___________________________________________________________
HISTÓRIA FAMILIAR DE DOENÇA DE CHAGAS
Atualmente há alguém com problema no coração na sua família? (1) sim (2) não (3) não
sei
Qual é o grau de parentesco? (1) pai (2) mãe (3) irmão (4) filho (5) tio (6) primo carnal
(7) sobrinho
(8) avô paterno (9) avó paterna (10) avô materno (11) avó materna (12) outros:
___________________
Há alguém com problema no esôfago (entalo) ou intestino grosso na família? (1) sim (2) não
(3) não sei
Qual é o grau de parentesco? (1) pai (2) mãe (3) irmão (4) filho (5) tio (6) primo carnal
(7) sobrinho
(8) avô paterno (9) avó paterna (10) avô materno (11) avó materna (12) outros:
___________________
Atualmente há alguém com outras doenças na sua família:
___________________________________
_____________________________________________________________________________
________
Atualmente você tem parentes com doença de Chagas? (1) sim (2) não (3) não sei
Qual é o grau de parentesco? (1) pai (2) mãe (3) irmão (4) filho (5) tio (6) primo carnal (7)
sobrinho
(8) avô paterno (9) avó paterna (10) avô materno (11) avó materna (12) outros:
___________________
Você tem parentes falecidos com doença de Chagas? (1) sim (2) não (3) não sei
Quantos? ______ Há quanto tempo faleceram? ____anos
Qual é o grau de parentesco? (1) pai (2) mãe (3) irmão (4) filho (5) tio (6) primo carnal (7)
sobrinho
(8) avô paterno (9) avó paterna (10) avô materno (11) avó materna (12) outros:
___________________
Você tem parentes que morreram de repente? (1) sim (2) não (8) não sei
Qual é o grau de parentesco? (1) pai (2) mãe (3) irmão (4) filho (5) tio (6) primo carnal (7)
sobrinho
(8) avô paterno (9) avó paterna (10) avô materno (11) avó materna (12) outros:
___________________
125
HISTÓRIA DE INTERNAÇÃO, TRATAMENTO E APOSENTADORIA
Você já foi internado por causa da doença de Chagas? (1) sim (2) não (8) não sei
Há quanto tempo? ____ Em que hospital ou cidade?
___________________________________
Você consultou com cardiologista devido à doença de Chagas? (1) sim (2) não (8) não sei
Em que hospital ou cidade?
_____________________________________________________________
Você já usou: (1) Rochagan® (2) Lampit® (3) nenhum (4) não sei Quantas vezes?______
Quando?_______
Você tem receitas do tratamento? (citar/anexar) (1) sim (2) não (3) não sei
Quantos comprimidos ao dia? ________ Quantos vidros? ______ Por quanto tempo?
__________
Em qual município você foi tratado?
_____________________________________________________
Você apresentou alguma reação de mal estar durante o tratamento? (1) sim (2) não (3)
não sei
Qual/quais?
Quando?
Foi preciso parar o tratamento? (1) sim (2) não (3) não sei Quando? _______________
Foi feita mudança na forma de tratamento? (1) sim (2) não (3) não sei Quando?
_______________
Você já é aposentado por Doença de Chagas? (1) sim (2) não Há quanto tempo?
______ anos
HISTÓRIA DOS EXAMES LABORATORIAIS
Quais os exames (com seus resultados) que você fez durante o tratamento?
__________________________
_____________________________________________________________________________
________
_____________________________________________________________________________
________
Você tem algum dos exames com você? (citar/anexar) (1) sim (2) não (3) não sei
DÚVIDAS SOBRE A DOENÇA E O TRATAMENTO
Você tem alguma dúvida sobre a Doença de Chagas?
_____________________________________________________________________________
________
Você tem alguma dúvida sobre o tratamento com Rochagan®?
_____________________________________________________________________________
________
Segunda parte
FICHA MÉDICA
126
Município de Berilo e José Gonçalves de Minas - MG
Nº de Registro no SUS: _______________________ Código projeto:
__________________________
Médico responsável: Dr/a. _____________________ Data: ___ / ___ / ___
ANAMNESE
Queixa principal:
______________________________________________________________________
Doenças atuais: (1) Diabete (2) Hipertensão Outras (citar):
______________________________________
_____________________________________________________________________________
________
Sintomatologia respiratória (dispnéia, quase sempre aos esforços, ortopnéia, etc.):
______________________________
_____________________________________________________________________________
________
Sintomatologia cardiovascular (fadiga aos esforços, astenia, palpitações, tonturas, vertígens, lipotimia, síncope,
escurecimento da vista, confusão mental, dor precordial de características anginóides ou não, edema de membros inferiores,
manifestações tromboembólicas pulmonares ou sistêmicas, etc.):
__________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________
_____________________________________________________________________________
________
Disfagia com comida fria? (1) sim (2) não Disfagia com comida seca? (1) sim
(2) não
Precisa água para engolir alimentos? (1) sim (2) não Regurgitação? (1) sim (2) não
Odinofagia (durante a ingestão de alimentos)? (1) sim (2) não Pirose (ardor, queimação...)? (1) sim (2) não
Dor esofagiana retroesternal (independente das refeições, espontânea, urente, constritiva...)? (1) sim (2) não
Singulto (soluço)? (1) sim (2) não Tosse? (1) sim (2) não
Náuseas? (1) sim (2) não Sialose (hipersalivação)? (1) sim (2) não
Obstipação intestinal? (1) sim (2) não Nº evacuações por mês: ___
Meteorismo? (1) sim (2) não Distensão abdominal? (1) sim (2) não
Disquezia (dificuldade para evacuar)? (1) sim (2) não
Sensação de peso no hipocôndrio direito ? (1) sim (2) não
Dores no hipocôndrio direito? (1) sim (2) não
Sensação de peso na região epigástrica? (1) sim (2) não
Dores epigástricas? (1) sim (2) não
Sintomatologia urinária (disúria, polaquiúria, tenesmo, hematúria, oligúria):
_________________________________
_____________________________________________________________________________
________
DUM: ___ / ___ / ___
EXAME FÍSICO
Peso: ____________ Altura: ____________ IMC [Kg/(altura em metros)
2
]:
______________
127
Temperatura axial: (1) <37º (2) 37-38º (3) >38º Pulso: ______ bpm (1) regular (2)
irregular
PA sistólica: ______ mm Hg PA diastólica: ______ mm Hg
Estado Geral (astenia, anorexia, desnutrição, obnubilação com sudorese e pele fria...):
______________________________
_____________________________________________________________________________
________
Coloração mucocutânea: (1) Normal (2) Palidez (3) Cianose (4) Outra:
__________________________
Hidratação mucocutânea: (1) Normal (2) Deshidratação
Sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral elástico, indolor, de coloração róseo-violácea, com adenopatias pré-
auriculares, parotídeas ou submaxilares...) ? (1) sim (2) não
Chagoma (lesão em partes descobertas, sobrelevada, eritematosa, dura, pouco dolorosa, com linfonodos satélites, etc.)? (1)
sim (2) não
Edema subcutâneo (localizado ou generalizado, com ou sem insuf. Cardíaca)? (1) sim (2) não
Características: ______
_____________________________________________________________________________
________
Adenopatias? (1) sim (2) não Características (hipertrofia leve ou moderada, não aderentes aos planos
contíguos, isoladas, indolores...):
_____________________________________________________________________________
Hipertrofia parótidas: (1) sim (2) não
Ictus cordis: (1) desviado (2) normal Características do desvio:
_______________________________
Ingurgitação jugular (a 45º...)? (1) sim (2) não
Bulhas: (1) normofonéticas (2) hipofonéticas Desdobramento B2 (foco pulmonar): (1)
sim (2) não
Nº de extrasístoles por minuto: ________________ Sopro: (1) sim (2) não
Características do sopro (proto, meso, tele ou pan-sistólico, diastólico, focalidade mitral, tricúspide, aórtica ou
pulmonar, etc.): ___ ______________________
_______________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________
Sinais respiratórios (estertores finos e crepitantes nas bases, ortopnéia, etc.):
__________________________________
_____________________________________________________________________________
________
Distensão abdominal (abdome globoso, assimétrico...)? (1)sim (2)não
Timpanismo na percussão abdominal (presença de gases na alça dilatada, no hipocôndrio esquerdo se houver
retenção de gases no ângulo esplênico do colo, etc.)? (1)sim (2)não
Palpação de fecaloma (tumor inelástico, que cede à compressão sem retornar à sua forma primitiva...)? (1)sim
(2)não
Hepatomegalia? (1) sim (2) não Quantos cm abaixo da reborda costal
direita? ___
Consistência alterada? (1) sim (2) não Supercie lisa? (1) sim (2) não
Esplenomegalia? (1) sim (2) não Quantos cm abaixo da reborda costal
esquerda? ___
Consistência alterada? (1) sim (2) não Supercie lisa? (1) sim (2) não
128
Alteração do SNC? (1) sim (2) não Qual/Quais (rigidez de nuca, convulsões generalizadas,
focalidade neurológica, etc.):
__________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________
_____________________________________________________________________________
________
Alteração dos reflexos osteotendinosos? (1) sim (2) não
Alteração da sensibilidade superficial? (1) sim (2) não
Alterações do sistema neurovegetativo (obnubilação com sudorese e pele fria...)? (1) sim (2) não
Outros:
_____________________________________________________________________________
_
_____________________________________________________________________________
________
_____________________________________________________________________________
________
Terceira parte
FICHA DE EXAMES COMPLEMENTARES
Município de Berilo e José Gonçalves de Minas - MG
Nº de Registro no SUS: _______________________ Código projeto:
__________________________
Médico responsável: Dr/a. _____________________
Exame Data Resultado Observações
1
RX tórax
(1) N (2) AN
2 ECG* (1) N (2) AN
3
Ecocardiograma
(1) N (2) AN
4
Prova de esforço
(1) N (2) AN
5
Esofagograma
(1) N (2) AN
6
Colonoscopia
(1) N (2) AN
7
Hemaglutinação
(1) N (2) AN
8
ELISA
(1) N (2) AN
9
Imunofluorescência (IFI)
(1) N (2) AN
10
AATV (citometria de fluxo)
(1) N (2) AN
11
Hemocultura
(1) N (2) AN
12
PCR
(1) N (2) AN
13
Xenodiagnóstico
(1) N (2) AN
14
Perfil de citocinas
(1) N (2) AN
15
EPF
(1) N (2) AN
16
Hemograma
(1) N (2) AN
17
Leucograma
(1) N (2) AN
18
GOT/GPT
(1) N (2) AN
19
Bilirrubina T/C
(1) N (2) AN
20
Uréia/Creatinina
(1) N (2) AN
21 (1) N (2) AN
22 (1) N (2) AN
23 (1) N (2) AN
129
24 (1) N (2) AN
25 (1) N (2) AN
26 (1) N (2) AN
27 (1) N (2) AN
28 (1) N (2) AN
29 (1) N (2) AN
30 (1) N (2) AN
31 (1) N (2) AN
32 (1) N (2) AN
33 (1) N (2) AN
34 (1) N (2) AN
Código da tabela: N = resultado normal; AN = resultado anormal
Cepa Isolada: (1) sim (2) não Data: ___ / ___ / ___
* Alterações eletrocardiográficas sugestivas de cardiopatia chagásica são: bloqueio de ramo direito, hemi-bloqueio anterior esquerdo
(ou bloqueio da divisão antero-superior do ramo esquerdo), bloqueio atrioventricular, bradicardia sinusal e batimentos ventriculares
prematuros superiores a três por minuto e quando acompanhados de bradicardia.
CONCLUSÕES
Infecção chagásica: (1) sim (2) não
Forma Indeterminada (I Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas - 1985): (1) sim (2) não
(1) Positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos; ausência de sintomas e/ou sinais de doença; eletrocardiograma
convencional normal; coração, esôfago e cólon radiologicamente normais.
Forma Cardíaca (Classificação da OMS 1971): (1) (2) (3) (4)
(1) infecção sem evidência clínica, radiológica ou eletrocardiográfica.
(2) sintomatologia ausente ou discreta, área cardíaca normal ou levemente aumentada no RX, alterações no ECG: bloqueio completo
de ramo direito, distúrbios da repolarização ventricular, extrasístoles ventriculares.
(3) sintomatologia evidente, cardiomegalia moderada e alterações no ECG: bloqueiro completo de ramo direito com desvio do eixo
elétrico para a esquerda, zonas eletricamente inativas.
(4) insuficiência cardíaca, cardiomegalia nítida no RX e severas e numerosas alterações no ECG: arritmias compleas e graves,
extensas zonas eletricamente inativas.
Forma Digestiva – Esofagopatia (Classificação de Rezende et al. 1960): (0) (1) (2) (3) (4)
(0) Normalidade.
(1) Grupo I há retardo no esvaziamento esofágico, sem dilatação
(2) Grupo II, se além do retardo no esvaziamento ha dilatação leve a moderada (até 5cm).
(3) Grupo III, se dilatação é grande (> 5cm), com hipotonia no esôfago inferior.
(4) Grupo IV ou dólico-megaesôfago, se além do mais o esôfago alongado, dobrado sobre si mesmo no terço inferior.
Colonopatia: (1) (2)
(1) Dentro da normalidade.
(2) Dilatação colonoscópica no adulto > a 7cm.
Comprometimento do SNC (meningoencefalite): (1) sim (2) não
Outra(s) doença(s) concomitantes: (1) sim (2) não Citar:
___________________________________
_____________________________________________________________________________
________
_____________________________________________________________________________
_________
130
_____________________________________________________________________________
_________
_____________________________________________________________________________
_________
ENCAMINHAMENTOS REALIZADOS
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
Data: ___ / ___ / ___ Obs:
_______________________________________________________________
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