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DENSIDADES POPULACIONAIS PARA
CULTIVARES ALTERNATIVAS DE FEIJOEIRO
EM MINAS GERAIS
ANATÉRCIA FERREIRA ALVES
2008
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ANATÉRCIA FERREIRA ALVES
DENSIDADES POPULACIONAIS PARA CULTIVARES
ALTERNATIVAS DE FEIJOEIRO EM MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração em Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Messias José Bastos de Andrade
LAVRAS
MINAS GERAIS- BRASIL
2008
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
ANATÉRCIA FERREIRA ALVES
Alves, Anatércia Ferreira.
Densidades populacionais para cultivares alternativas de feijoeiro em
Minas Gerais / -- Lavras : UFLA, 2008.
50 p. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador:
Messias José Bastos de Andrade
Bibliografia.
1.Phaseolus vulgaris L. 2. Populações de plantas. 3. Feijoeiro-comum. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD- 635.652
ANATÉRCIA FERREIRA ALVES
DENSIDADES POPULACIONAIS PARA CULTIVARES
ALTERNATIVAS DE FEIJOEIRO EM MINAS GERAIS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração em Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 21 de julho de 2008
Pesq. Dr. Telde Natel Custódio UFLA
Prof. Dr. Carlos Alberto de Bastos Andrade UEM
Prof. Dr. Élberis Pereira Botrel UFLA
Prof. Dr. Messias José Bastos de Andrade
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS- BRASIL
2008
A Deus e aos meus pais, Maria do Socorro Ferreira Alves e Adailson Alves
Vieira, pela vida, proteção, saúde, amor e por estarem sempre presentes.
OFEREÇO
Ao meu orientador, Professor Messias José Bastos de Andrade;
Às minhas irmãs, Adriana Márcia Alves Ferreira Barbosa e Andrea Ferreira
Alves; Ao meu noivo, Dannilo César Bonfim Martins.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida, minha família e pela fé em todos os
momentos.
Aos meus pais, Socorro e Adailson, pelo incentivo, apoio e
principalmente pelo amor incondicional durante toda a minha vida.
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), pela oportunidade de
realização do curso de mestrado e ao CNPq e CAPES, pela concessão da bolsa
durante a realização do curso.
Ao professor e orientador, Messias José Bastos de Andrade, pela
oportunidade, paciência, confiança e por todos os ensinamentos transmitidos
durante o curso.
Às minhas irmãs, Adriana e Andrea, pelo carinho e apoio.
Ao meu noivo Dannilo, pelo companheirismo, carinho e apoio.
À Neiva, grande amiga, que sempre esteve presente durante os
experimentos e sempre disponível para ajudar.
Ao pesquisador Telde Natel Custódio, pela ajuda nas análises
estatísticas.
Aos professores Carlos Alberto de Bastos Andrade e Élberis Pereira
Botrel, pela disponibilidade em participarem da banca.
Ao professor Vladimir Modesto Teodoro e seus alunos do Cefet-
Bambuí, pelo apoio na condução do experimento.
A equipe da Epamig do Centro Tecnológico do Norte de Minas, pela
disponibilidade do local para condução do experimento e apoio logístico. Em
especial, ao gerente do Centro Tecnológico e gestor do consórcio de pesquisa do
Projeto Jaíba, Dr. Marco Antônio Viana Leite.
Ao gerente, Osvaldo José da Silva, em Jaíba, e aos técnicos da fazenda
experimental de Mocambinho, Zilton Camilo do Carmo e João Felizardo Soares,
pela grande ajuda na condução dos experimentos.
Aos funcionários técnico-administrativos do Setor de Grandes Culturas:
João Pila, Alessandro, Agnaldo, Júlio e Manguinha, pelo apoio e
disponibilidade.
Ao Armando e Jairo, pela ajuda no decorrer dos experimentos.
Ao professor Moacir Pasqual, pela atenção prestada.
Às secretárias da Pós-Graduação do Departamento de Agricultura, Marli
e Nelsy, pelas informações.
Ao Professor João Bosco Pitombeira e à Pesquisadora Elizita Maria
Teófilo pela ajuda quando necessário.
Às amizades conquistadas durante o período de mestrado, em especial à
Karina, Izamara, Elisângela, Maria do Céu, Anicete, Nílba, Lígia, Virna,
Lucrécio, Eliane, Oscar, Valéria, Câmara, Eudes, Verônica, Simone, Júlia, José
Luiz, Jessé Valentim, Vanderley, Damiany, Fabíola, Márcia Dias, Márcia
Ribeiro, Dione, Izabel, e ao pessoal da MDA, Marcelo, Gilney, Agostinho,
Júnior, Karina e Juliana.
E a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a conclusão de
mais esta etapa de minha vida.
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................... i
ABSTRACT..................................................................................... ii
ARTIGO I: Densidades populacionais para cultivares
alternativas de feijoeiro no Sul e Centro-Oeste de Minas
Gerais...............................................................................................
01
Resumo............................................................................................. 01
Abstract............................................................................................. 02
Introdução......................................................................................... 03
Material e métodos............................................................................ 05
Resultados e discussão...................................................................... 11
Conclusões........................................................................................ 21
Referências bibliográficas................................................................. 21
ARTIGO II: Densidades populacionais para cultivares
alternativas de feijoeiro no Norte de Minas
Gerais...............................................................................................
27
Resumo............................................................................................. 27
Abstract............................................................................................. 28
Introdução......................................................................................... 29
Material e métodos............................................................................ 30
Resultados e discussão...................................................................... 36
Conclusões........................................................................................ 45
Referências bibliográficas................................................................. 46
i
RESUMO
ALVES, Anatércia Ferreira. Densidades populacionais para
cultivares alternativas de feijoeiro em Minas Gerais. 2008. 50 p.
Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia)-Universidade
Federal de Lavras, Lavras, MG.*
Com o objetivo de avaliar o comportamento agronômico de cultivares
alternativas de feijoeiro para as Regiões Sul, Centro-Oeste e Norte de
Minas Gerais, ajustando as melhores populações de plantas para o seu
cultivo, foram conduzidos quatro ensaios de campo. Nas duas
primeiras regiões os ensaios foram instalados na safra das águas
2006/07 em Lavras e Bambuí, respectivamente, nos campos
experimentais do Departamento de Agricultura da Universidade
Federal de Lavras e do Centro Federal Tecnológico de Bambuí. Na
região Norte, os experimentos foram conduzidos no inverno-
primavera nas Fazendas Experimentais de Mocambinho e Jaíba, da
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, ambas no
município de Jaíba. Empregou-se o delineamento em blocos
casualizados com três repetições, em esquema fatorial 4x5,
envolvendo quatro cultivares (Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha e
Novo Jalo) e cinco densidades populacionais (100, 200, 300, 400 e
500 mil plantas ha
-1
). Por ocasião da colheita, foram avaliados o
estande final e o rendimento de grãos, com seus componentes
primários: número de vagens por planta, número de grãos por vagem e
peso médio de cem grãos. Nas Regiões Sul e Centro-Oeste de Minas,
as cultivares Radiante, Novo Jalo, Bolinha e Ouro Vermelho não
apresentaram bom desempenho na safra das águas. No intervalo de
100 a 500 mil plantas por hectare, o aumento da população de plantas
reduz o número de vagens por planta e o peso de cem grãos do
feijoeiro, mas o rendimento de grãos não é influenciado. No norte de
Minas, o aumento da população de plantas reduz o número de vagens
por planta e o número de grãos por vagem, mas não influencia o
rendimento de grãos. As cultivares Radiante, Novo Jalo, Bolinha e
Ouro Vermelho têm bom desempenho na safra do inverno irrigado e
representam novas alternativas para cultivo na Região Norte de Minas
Gerais.
______________________________
* Comitê Orientador: Messias José Bastos de Andrade – UFLA
(Orientador), Telde Natel Custódio –UFLA (Co- orientador).
ii
ABSTRACT
ALVES, Anatércia Ferreira. Population densities for alternative
cultivars of bean plant in Minas Gerais. 2008. 50 p. Dissertation
(Master in Agronomy/Crop Science)-Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG.*
With the objective of evaluating the agronomic behavior of alternative
cultivars of bean plant for the Southern, center-western and northern
regions of Minas Gerais, fitting the best populations of plants to its
cultivation, four field trials were conducted. In the two former regions,
the trials were established in the rainy season crop 2006/07 in Lavras
and Bambuí, respectively, in the experimental fields of the Agriculture
Department at the Federal University of Lavras and at the Bambuí
Federal Technological Center. In the North region, the experiments
were conducted in the winter-spring on the Experimental Farms of
Mocambinho and Jaíba of the Minas Gerais Agricultural Research
Institution, both in the town of Jaíba. The randomized block design
with three replicates in factorial scheme 4x5, involving four cultivars
(Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha and Novo Jalo) and five
population densities (100, 200, 300, 400 and 500 thousand plants ha
-1
)
was utilized. On the occasion of harvest were evaluated final stand
and grain yield with their primary components: number of pods per
plant, number of grains per pod and average weight of one hundred
grains were evaluated. In the southern and center-western regions of
Minas Gerais, cultivars Radiante, Novo Jalo, Bolinha and Ouro
Vermelho did not present good performance in the rainy season crop.
In the range of 100 to 500 thousand plants ha
-1
, the increase of the
plant population reduces the number of pods per plant and the weight
of one hundred grains of the bean plant, but grain yield is not
influenced. In northern Minas, the increase of the plant population
reduces the number of pods per plant and the number of grains per
pod, but it does not influence grain yield. Cultivars Radiante, Novo
Jalo, Bolinha and Ouro Vermelho have good performance at irrigated
winter crop and stands for new alternative to cultivation in the
northern region of Minas Gerais.
______________________________
* Guidance Committee: Messias José Bastos de Andrade – UFLA
(Adviser), Telde Natel Custódio –UFLA (Co- adviser).
1
ARTIGO I
DENSIDADES POPULACIONAIS PARA CULTIVARES
ALTERNATIVAS DE FEIJOEIRO NO SUL E CENTRO-
OESTE DE MINAS GERAIS
1
Anatércia Ferreira Alves
2
, Messias José Bastos de Andrade
3
,
Neiva
Maria Batista Vieira
4
, Jairo Boaventura de Oliveira Júnior
5
“Preparado de acordo com as normas da Revista Ciência
Agronômica”
Resumo- Com o objetivo de avaliar o desempenho agronômico de
cultivares alternativas de feijoeiro nas Regiões Sul e Centro-Oeste de
Minas Gerais, ajustando as melhores populações de plantas, foram
conduzidos dois experimentos na safra das águas 2006/07, em áreas
experimentais do Departamento de Agricultura da UFLA e do CEFET
- Bambuí. Empregou-se o delineamento em blocos casualizados com
três repetições, em esquema fatorial 4x5, envolvendo quatro cultivares
(Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha e Novo Jalo) e cinco densidades
populacionais (100, 200, 300, 400 e 500 mil plantas ha
-1
). Por ocasião
da colheita, foram avaliados o estande final e o rendimento de grãos,
com seus componentes primários: número de vagens por planta,
número de grãos por vagem e massa de cem sementes. As cultivares
Radiante, Novo Jalo, Bolinha e Ouro Vermelho não apresentaram
bom desempenho nas condições da safra das águas. No intervalo de
100 a 500 mil plantas por hectare, o aumento da população de plantas
reduz o número de vagens por planta e o peso de cem grãos do
feijoeiro, mas o rendimento de grãos não é influenciado.
Termos para indexação: Phaseolus vulgaris L., populações de
plantas, feijoeiro-comum.
1
Parte de Dissertação de Mestrado da primeira autora apresentada ao Depto. de Agricultura/ Fitotecnia,
DAG/UFLA, Lavras, MG;
2
Eng. Agrônoma, Mestranda (Agronomia/Fitotecnia), DAG/UFLA, Lavras-MG. E-mail:
3
Eng. Agr. DSc., Bolsista CNPq, Professor DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail: [email protected]
4
Eng. Agrônoma, MSc., Doutoranda DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail: [email protected]m
5
Eng. Agrônomo, Mestrando DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail: [email protected]
2
POPULATIONAL DENSITIES FOR ALTERNATIVE
CULTIVARS OF BEAN PLANT IN SOUTHERN AND
CENTER-WESTERN MINAS GERAIS, BRASIL.
Abstract- With the purpose of evaluating the agronomic performance
of alternative cultivars of bean plant in the southern and center-
western regions of Minas Gerais, fitting the best plant populations,
two experiments were conducted in the rainy season crop 2006/07, in
experimental areas of the Agriculture Department at the UFLA and t
the CEFET - Bambuí. The randomized block design in factorial
scheme 4x5, encompassing four cultivars (Radiante, Ouro Vermelho,
Bolinha and Novo Jalo) and population densities (100, 200, 300, 400
and 500 thousand plants per ha
-1
) was employed. On the occasion of
harvest, the final stand and grain yield with its primary components:
number of pods per plant, number of grains per pod and weight of one
hundred seeds mass were evaluated. Cultivars Radiante, Novo Jalo,
Bolinha and Ouro Vermelho did not present good performance in the
conditions of rainy season crop. In the range of 100 to 500 thousand
plants per hectare, the increase of the plant population reduces the
number of pods per plant and the weight of one hundred seeds of the
bean plant, but grain yield is not influenced.
Index Terms: Phaseolus vulgaris L., plant populations, common bean
plant.
3
INTRODUÇÃO
Atualmente o mercado de feijão Phaseolus no Brasil
caracteriza-se pela grande preferência pelo tipo comercial carioca, em
muitas regiões, esse tipo representa mais de 90% do volume
comercializado. Essa concentração da produção resulta em menores
preços no atacado e em grande exigência de qualidade, nem sempre
conseguida pelo produtor, que acaba comercializando o seu produto
com deságio.
Em Minas Gerais, o segundo tipo mais comercializado é
representado pelos feijões preto ou jalo, conforme a região.
Entretanto, alguns novos tipos vêm se tornando importantes em
determinadas regiões do Estado, como o feijão vermelho, na Zona da
Mata de Minas Gerais, onde sua cotação de preços chega a ser 25 a
30% superior à do feijão carioca (Companhia Nacional de
Abastecimento-Conab, 2008). No Sul de Minas, o mesmo vem
acontecendo com o feijão amarelo, conhecido por “Bolinha”. Tem
havido também grande demanda por sementes de feijão rajado, do
grupo manteigão, em face do interesse de algumas empacotadoras e
pelo fato de se tratar de tipo com boas chances de aceitação no
mercado internacional.
Esses tipos alternativos de feijão podem representar, portanto,
para o produtor, uma forma de agregar valor ao produto final,
comercializar um produto diferenciado e explorar novos nichos de
mercado, apenas com a escolha de nova cultivar para plantio. Essa
nova demanda levou alguns programas de melhoramento do feijoeiro
a se dedicarem também a esses novos tipos, e já estão disponíveis no
mercado, à disposição dos produtores, algumas cultivares melhoradas.
4
Entretanto, para viabilizar o efetivo emprego dessas cultivares
pelo produtor, há necessidade de testá-las em diferentes regiões
edafoclimáticas, além de adequarem-se os atuais sistemas de produção
do feijoeiro, principalmente com relação às populações de plantas, já
que, nas últimas décadas, eles foram aprimorados para o feijão
carioca, geralmente com porte prostrado (tipo III) ou semiprostrado
(tipo II/III). O hábito de crescimento é apontado como característica
importante na escolha dos métodos mais adequados para cultivo nas
mais variadas condições (Santos & Gavilanes, 2006) e na
determinação do comportamento varietal (Centro Internacional de
Agricultura Tropical - CIAT, 1975).
Nas Regiões Sul e Centro-Oeste de Minas, o feijão é produzido
em lavouras de sequeiro, nas safras das águas e da seca, quando
geralmente as condições adversas na implantação da cultura
determinam grande redução na germinação e emergência, reduzindo
as populações efetivamente alcançadas no campo (Dutra et al., 2001).
Em geral, nos trabalhos já conduzidos com o feijoeiro,
evidenciam-se maiores produtividades, com emprego de populações
de plantas acima de 200 mil plantas ha
-1
(Jauer et al., 2006; Shimada
et al., 2000), evidenciando, dentro de certos limites, produtividades
proporcionais ao aumento de suas densidades populacionais, embora
sempre se manifeste a conhecida plasticidade da cultura, ou
capacidade de compensação entre os componentes do rendimento
(Silva et al., 2007; Teixeira et al., 2000).
Objetivou-se com este trabalho estudar o desempenho
agronômico de cultivares alternativas de feijoeiro nas regiões Sul e
5
Oeste de Minas Gerais, mediante ajuste das melhores populações de
plantas para o seu cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos nos municípios mineiros de
Lavras e Bambuí, na safra das águas 2006/2007. Em Lavras, utilizou-
se o campo experimental do Departamento de Agricultura da
Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras está situada na
Região Sul de Minas Gerais, a 918 m de altitude, nas coordenadas
21º14’ de latitude S e 45º00’ de longitude W. O clima de Lavras,
segundo a classificação climática de Köppen, é Cwa, temperado
chuvoso (mesotérmico), com inverno seco e verão chuvoso,
subtropical (Dantas, et al., 2007). Em Bambuí, foi empregada a área
experimental do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET).
O município situa-se na Região Oeste de Minas, a 706 m de altitude,
nas coordenadas 46º 00’ de longitude W e 20º 02’ de latitude S.
As variações diárias de condições climáticas de cada local,
durante o período de condução dos experimentos, são apresentadas
nas Figuras 1 e 2.
6
FIGURA 1. Variação diária das temperaturas máxima, média e
mínima, umidade relativa do ar e precipitação pluvial
em Lavras, de novembro de 2006 a fevereiro de 2007.
Fonte: Estação Climatológica de Lavras, situada no
campus da UFLA.
NOV DEZ JAN FEV
0
5
10
15
20
25
30
35
T.MA
X
T.MED. T.MI
N
0
20
40
60
80
100
120
0
10
20
30
40
50
60
Umidade Relativa
%
Precipitação (mm)
Temperatura (ºC)
7
FIGURA 2. Variação diária da temperatura máxima, média e mínima,
umidade relativa do ar e precipitação pluvial em Bambuí,
no período de novembro de 2006 a fevereiro de 2007.
Fonte: Estação Climatológica de Bambuí, situada no
campus do CEFET- Bambuí.
NOV DEZ JAN FEV
0
10
20
30
40
T.MAX T.MED T.MIN
0
20
40
60
80
100
120
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Temperatura (ºC)
Umidade relativa (%)
Precipitação (mm)
8
Os resultados de análise química de amostras de material dos
solos de cada local, coletadas à profundidade de 0 a 20 cm, antes de
cada semeadura do feijão, são apresentados na Tabela 1.
TABELA 1. Resultados da análise química de amostras de material
dos solos empregados (0 – 20 cm de profundidade).
Águas 2006/2007.
Características Lavras
(1)
Bambui
(2)
pH (em H
2
O) 5,30 6,20
P (mg dm
-3
) 8,90 88,80
P rem (mg L
-1
) 11,50 18,50
K (mg dm
-3
) 62,00 225,00
Ca (cmol
c
dm
-3
) 1,60 7,06
Mg (cmol
c
dm
-3
) 0,40 1,27
Al (cmol
c
dm
-3
) 0,30 0,00
H + Al (cmol
c
dm
-3
) 5,00 2,74
SB (cmol
c
dm
-3
) 2,20 8,91
t (cmol
c
dm
-3
) 2,50 8,91
T (cmol
c
dm
-3
) 7,20 11,65
m (%) 12,00 0,00
V (%) 30,20 76,48
M. O. (dag kg
-1
) 3,40 3,08
S (cmol
c
dm
-3
) 31,70 24,83
Classificação LVE LVE
(1)
Análise química realizada no Laboratório de Análise de Solos, Depto. Ciência do
Solo da UFLA.
(2)
Análise química realizada no Laboratório de Análise de Solos do CEFET-
Bambuí.
(3)
LVE- Latossolo Vermelho Escuro (Embrapa, 1999).
9
O delineamento estatístico utilizado foi em blocos
casualizados, com três repetições em esquema fatorial 4 x 5,
envolvendo quatro cultivares (Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha e
Novo Jalo) e cinco densidades populacionais (100, 200, 300, 400 e
500 mil plantas ha
-1
).
A cv. BRS Radiante, desenvolvida pela Embrapa Arroz e
Feijão, apresenta grão rajado, massa média de cem sementes de 44-45
g, hábito de crescimento determinado tipo I, porte ereto, ciclo precoce,
resistência à ferrugem, ao mosaico-comum e a algumas raças de
antracnose e reação intermediária à mancha angular. A cv. Ouro
Vermelho, desenvolvida por convênio entre UFV, UFLA, Epamig e
Embrapa, apresenta grão vermelho, massa de cem sementes de 25 g,
hábito de crescimento indeterminado tipo II/III, porte ereto, ciclo de
80 a 90 dias e resistência intermediária à mancha angular e ferrugem.
A cv. Novo Jalo foi lançada pela Embrapa Arroz e Feijão, possui
grãos tipo jalo, hábito I, porte ereto, ciclo médio, resistência a algumas
raças de antracnose e tolerância à mancha-angular (Ramalho & Abreu,
2006). A cv. Bolinha, material de uso generalizado entre agricultores
do sul de Minas, foi coletada em uma propriedade da região; possui
grãos amarelos e arredondados e hábito de crescimento do tipo II.
Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de
comprimento, com espaçamento de 0,5 m entre linhas. A área da
parcela útil correspondeu às duas linhas centrais (5 m²).
A semeadura, manual, foi realizada em novembro de 2006. As
densidades de semeadura foram suficientes para, após o desbaste,
realizado aos 7 DAE (dias após a emergência), obterem- se as
populações desejadas.
10
Todas as parcelas receberam idêntica adubação (Chagas et al.,
1999), determinada por meio da interpretação do resultado de análise
de solo, de acordo com Ribeiro et al. (1999). A adubação de base
constou de 400 kg ha
-1
de fertilizante formulado NPK 8-28-16. A
adubação de cobertura foi realizada aos 21 dias após emergência
(DAE), entre os estádios V
3
e V
4
do ciclo cultural do feijoeiro
(Fernandez et al., 1985), utilizando-se 30 kg ha
-1
de N, fonte uréia.
As plantas daninhas foram controladas pela aplicação do
herbicida pós-emergente Robust
®
(fomesafen + fluazifop–butil), na
dosagem de 1,0 L ha
-1
do produto comercial. Não foram necessárias
quaisquer outras aplicações para o tratamento fitossanitário do
experimento.
Por ocasião da colheita, realizada em fevereiro de 2007, foram
avaliados o estande final, o rendimento de grãos e seus componentes
primários (número de vagens por planta, número de grãos por vagem e
peso de cem grãos). A população final foi obtida pela contagem do
número de plantas na área útil, no momento da colheita, expressando-
se o resultado em mil plantas ha
-1
. Os componentes do rendimento
foram determinados na área útil de cada parcela, com base na amostra
aleatória de 10 plantas. O rendimento de grãos foi determinado pela
pesagem do total dos grãos obtidos na parcela útil após a trilha de
todas as plantas, inclusive a citada amostra de 10 plantas, sendo o
resultado expresso em kg ha
-1
.
Os dados foram submetidos à análise de variância individual,
para cada local, e à análise conjunta, após comparação do quadrado
médio do erro, de acordo com Banzato & Kronka (2006). Foi utilizado
o software de análise estatística Sisvar
®
(Ferreira, 2000). As médias
11
das cultivares foram agrupadas por meio do teste de Scott-Knott,
(1974), enquanto os efeitos das populações foram avaliados por meio
de análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância conjunta dos ensaios de
Lavras e Bambuí pode ser visto na Tabela 2. Observa-se que houve
efeito significativo da fonte de variação cultivares (C) sobre todas as
características avaliadas, das populações (P) sobre estande final,
vagens por planta e peso de cem grãos, e de locais (L) sobre estande
final, grãos por vagem e peso de cem grãos. A interação tripla C*P*L
e a interação dupla C*P não foram significativas em nenhuma
situação. A interação C*L foi sempre significativa e a interação P*L
somente influenciou o estande final.
Com relação à precisão experimental, apenas o número de
vagens por planta e o rendimento de grãos apresentaram coeficiente de
variação (CV%) superiores ao limite máximo aceitável como de
média precisão na cultura do feijoeiro (Oliveira, 2007). As demais
características foram estimadas com boa precisão (Tabela 2), com
valores do CV% compatíveis com os encontrados em Minas Gerais
em estudos com a cultura do feijoeiro (Abreu et al., 1994).
12
TABELA 2. Resumo da análise de variância conjunta dos dados de
estande final, número de vagens por planta, número de
grãos por vagem, peso de cem grãos e rendimento de
grãos do feijoeiro, Lavras e Bambuí- MG, águas
2006/07.
Quadrados Médios
Fonte de
Variação
GL Estande
final
Vagens
planta
-1
Grãos
vagem
-1
Peso cem
grãos
Rendimento
grãos
Bloco (Local) 4 24003,33 5,54 0,69 2,73 129862,01
Cultivar (C) 3 4291,29 ** 41,44** 13,58** 1058,89** 449853,01**
População (P) 4 275079,80
** 94,39** 0,62
NS
19,29** 40328,14
NS
Local (L) 1 15142,53** 0,15
NS
1,78* 624,99** 48367,90
NS
C*P 12 1055,84
NS
4,42
NS
0,30
NS
5,29
NS
65195,43
NS
C*L 3 5656,22** 27,57** 3,04** 108,10** 1436060,96**
P*L 4 5243,87** 1,87
NS
0,25
NS
3,71
NS
55041,67
NS
C*P*L 12 1119,78
NS
6,07
NS
0,29
NS
3,27
NS
36758,43
NS
Erro 76 842,20 3,96 0,30 5,00 35632,39
CV % 13,34 31,86 16,91 9,07 27,80
**, * significativo a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste
F
.
NS
não significativo pelo teste F.
Na Tabela 3, verifica-se que, em geral, o estande final foi
inferior às populações desejadas. Esse fato é similar à situação que
normalmente ocorre na safra das águas, quando é freqüente a
ocorrência de chuvas em excesso (Figuras 1 e 2), favorecendo a
ocorrência de patógenos, principalmente fungos de solo, que podem
causar significativa morte de plântulas (Andrade et al., 1992; Andrade
et al., 2006).
13
TABELA 3. Valores médios do estande final, número de vagens por
planta, número de grãos por vagem, peso médio de cem
grãos e rendimento de grãos do feijoeiro em função das
populações desejadas, Lavras e Bambuí- MG, águas
2006/07.
Populações
desejadas
Estande final
(mil plantas ha
-1
)
Vagens
planta
-1
Grãos
vagem
-1
(n°)
Peso
cem
grãos (g)
Rendimento
grãos (Kg ha
-1
)
100 mil 84 9,0 3,3 25,3 623
200 mil 144 7,0 3,3 25,6 682
300 mil 223 5,0 3,4 24,9 722
400 mil 287 5,0 3,0 23,9 652
500 mil 350 5,0 3,2 23,6 712
Em Lavras, o estande final da cv. Radiante superou as demais;
no entanto, enquanto em Bambuí, além dessa cultivar, sobressaíram
também as cvs. Novo Jalo e Bolinha, e todas superaram a cv. Ouro
Vermelho (Tabela 4). Dentro de cada localidade essas diferenças entre
cultivares, entretanto, apesar de significativas, foram de pequena
magnitude.
O desdobramento do efeito das populações de plantas sobre o
estande final do feijoeiro em cada localidade pode ser observado na
Figura 3. Verifica-se que o estande final cresceu linearmente com as
populações desejadas, mas observa-se que os valores de Bambuí
foram inferiores aos de Lavras (Figura 3), provavelmente em razão
das chuvas que foram mais intensas e contínuas em novembro e
dezembro (Figuras 1 e 2).
14
TABELA 4. Valores médios do estande final, número de vagens por
planta, número de grãos por vagem, peso médio de cem
grãos e rendimento de grãos do feijoeiro. Lavras e
Bambuí- MG, águas 2006/07.
Tratamento Estande final (mil
plantas ha
-1
)
Vagens
planta
-1
Grãos
vagem
-1
(n°)
Peso
cem
grãos (g)
Rendiment
o grãos
(Kg ha
-1
)
Lavras
Radiante 256a 7,0a 2,6c 29,13b 639b
Novo Jalo 226b 5,0b 3,0b 30,76a 694b
Bolinha 210b 5,0b 3,1b 27,96b 548b
Ouro Vermelho 222b 7,0a 4,7a 19,92c 914a
Bambuí
Radiante 204a 9,0a 2,8b 30,17a 991a
Novo Jalo 222a 6,0b 3,4a 25,23b 804b
Bolinha 215a 7,0b 2,6b 21,42c 591c
Ouro Vermelho 184b 4,0c 3,7a 12,69d 248d
Locais
Lavras 229a 6,0a 3,4a 26,9a 699a
Bambuí 206b 6,0a 3,1b 22,4b 659a
Médias
218 6,2 3,2 24,7 678
Dentro de cada fator, médias seguidas por letras diferentes nas colunas
pertencem a grupos distintos, pelo teste de Scott-Knott.
15
FIGURA 3. Estande final do feijoeiro (média de quatro cultivares) em
função das densidades populacionais em Lavras-MG e
Bambuí-MG, safra das águas 2006/2007.
Em razão da significância da interação C*L, o comportamento
das cultivares quanto ao número de vagens por planta foi diferenciado
em cada localidade (Tabela 4). Em Lavras, as cultivares Radiante e
Ouro Vermelho apresentaram maior número médio de vagens por
planta (7 vagens por planta), superando as demais. Já em Bambuí,
destacou-se apenas a cv. Radiante, com 9 vagens por planta, seguida
pelas cultivares Bolinha e Novo Jalo, com 7 e 6 vagens por planta,
respectivamente, todas elas superando a cv. Ouro Vermelho (Tabela
4). O pior comportamento da cv. Ouro Vermelho em Bambuí,
localidade de condições climáticas mais limitantes, pode significar
que o ambiente favoreceu as cultivares de ciclo mais curto, que
alcançaram maior índice de pegamento de vagens, através de escape,
ou seja, definindo o número de vagens mais cedo, antes que o clima
fosse responsável por maior taxa de aborto floral. Resultados
Ŷ(Lavras)= 8,5167+0,0007x (R
2
= 98,97%)
Ŷ(Bambuí)= 20,6500+0,0006x (R
2
= 98,25%)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
100000 200000 300000 400000 500000
Lavras Bambuí
Estande Final
(p
lantas. ha
-1
)
População de plantas esperadas ha
-1
16
semelhantes a esses também foram observados por Andrade et al.,
2006.
Dentro do intervalo estudado, o número de vagens por planta
decresceu com o incremento da população de plantas, dentro do
intervalo estudado de populações desejadas, conforme se observa na
Figura 4. O mesmo resultado já havia sido observado por Souza
(2000), quando estudou populações de 120 a 300 mil plantas ha
-1
com
as cvs. Carioca e Pérola, e por Valério et al. (1999). Esses últimos
autores constataram, em três safras, redução linear no número de
vagens das cvs. Carioca, Aporé e Pérola, com o aumento da população
de plantas no intervalo de 180 e 300 mil plantas ha
-1
. No presente
estudo, a redução foi menos drástica, e tal diferença pode ser devido à
inclusão de cultivares de diferentes hábitos de crescimento.
FIGURA 4. Número de vagens por planta do feijoeiro (média de
quatro cultivares em duas localidades) em função das
populações de plantas, safra das águas 2006/2007.
Ŷ(Médias)= 12,5300-0,00004x+0,0000001x
2
(R
2
= 97,06%)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
100000 200000 300000 400000 500000
População de plantas esperadas ha
-1
Vagens planta
-1
17
Esse comportamento do número de vagens por planta tem sido
observado em diversas oportunidades, principalmente com cultivares
de crescimento indeterminado (Mascarenhas et al., 1966), como a cv.
Pérola. Essas cultivares possuem menor capacidade de adaptação em
maiores populações (Cárdenas, 1961 e Mascarenhas et al., 1966),
provavelmente em razão de maior competição intra-específica por luz
(Bennett el al., 1977) e água, além de nutrientes (Cárdenas, 1961).
O comportamento das cultivares quanto ao número de grão por
vagem também diferiu nas duas localidades (Tabela 4), em virtude da
significância da interação C*L (Tabela 2). Em Lavras, a cv. Ouro
Vermelho destacou-se, apresentando maior valor (4,7 grãos por
vagem), enquanto a cv. Radiante teve o menor número de grãos por
vagem da localidade (média de 2,6 grãos). Em Bambuí, o maior valor
(3,7 grãos por vagem) também foi o da cv. Ouro Vermelho (Tabela 4),
mas ressalta-se que ainda no caso dessa característica, o ambiente
Bambuí parece ter influenciado negativamente a cultivar de ciclo mais
longo, a Ouro Vermelho, que apresentou 4,7 grãos por vagem em
Lavras e 3,7 grãos por vagem em Bambuí.
O aumento da densidade populacional não influenciou o
número de grãos por vagem (Tabelas 2 e 3), confirmando resultados
anteriores a respeito da menor resposta desse componente do
rendimento (Diniz, 1995). As duas localidades, entretanto, diferiram
quanto a essa característica (Tabelas 2 e 4), com Bambuí novamente
apresentando valores menores.
Os pesos de cem grãos das quatro cultivares em Lavras e
Bambuí podem ser observados na Tabela 4. Em Lavras, o maior peso
do grão foi apresentado pela cv. Novo Jalo (30,76 g por cem grãos),
18
seguido das cultivares Radiante (29,13 g) e Bolinha (27,96 g) e,
finalmente, Ouro Vermelho (19,92 g). Em Bambuí, destacou-se a cv.
Radiante (30,17 g), seguido pelas cvs. Novo Jalo (25,23 g), Bolinha
(21,42 g) e Ouro Vermelho (12,79 g). De modo geral, nas duas
localidades, o peso médio do grão situou-se abaixo dos descritos para
todas as quatro cultivares, o que permite deduzir que um ou mais
fatores atuaram desfavoravelmente nessa safra das águas, reduzindo
provavelmente o período de enchimento do grão. A cv. Radiante, de
ciclo mais curto e hábito de crescimento do tipo I, foi a que apresentou
maior redução no tamanho do grão, pois normalmente ele atinge mais
de 45 g por cem grãos (Ramalho & Abreu, 2006).
Essa característica mostrou-se afetada significativamente pelas
populações de plantas, verificando-se decréscimo no peso de cem
grãos com o aumento da população (Tabela 3 e Figura 5), certamente
em razão da maior competição intra-específica estabelecida nas
maiores populações.
FIGURA 5. Peso médio de cem grãos do feijoeiro (média de quatro
cultivares em duas localidades) em função das
populações de plantas, safra das águas 2006/07.
Ŷ(Médias) = 26,2204-0,000005x (R
2
= 84,00%)
23
24
25
26
100000 200000 300000 400000 500000
População de plantas esperadas ha
-1
Peso cem grãos (g)
19
As produtividades médias alcançadas pelas cultivares foram
muito próximas nas duas localidades, ou seja, 699 kg ha
-1
e 659 kg ha
-
1
, respectivamente, em Lavras e Bambuí (Tabela 4). O rendimento de
grãos situou-se, portanto, aquém do esperado com a tecnologia
empregada, que foi próxima à do nível tecnológico NT
3
da 5ª
aproximação das “Recomendações para o uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais” (Chagas et al., 1999), e que prevê
produtividade da ordem de 1800 a 2500 kg ha
-1
. Por se tratar de
semeadura das águas, certamente as condições climáticas exerceram
forte influência, pressionando a produtividade para baixo. Há vários
relatos dessa influência do clima (Andrade et al., 2006; Vieira, 2004),
freqüente na região sul de Minas Gerais, e que pode, inclusive,
resultar em perda total da safra. Os dados de precipitação pluvial e
temperatura de ambos os locais no período (Figuras 1 e 2) podem
comprovar essa hipótese.
O rendimento de grãos das cultivares variou com o local. Em
Lavras, a cv. Ouro Vermelho apresentou maior rendimento de grãos,
cerca de 920 kg ha
-1
, seguida pelas cvs. Radiante, Novo Jalo e
Bolinha, as quais não diferiram entre si. No ensaio realizado em
Bambuí, a cv. Radiante foi a de maior rendimento (991 kg ha
-1
),
seguida pelas cvs. Novo Jalo (804 kg ha
-1
) e Bolinha (591 kg ha
-1
) e,
finalmente, pela cv. Ouro Vermelho (248 kg ha
-1
), a de menor
rendimento (Tabela 4). É importante observar que, o já mencionado
efeito do ambiente Bambuí sobre o número de vagens, aqui se
manifesta sobre o rendimento de grãos. Em geral, esse componente do
rendimento é o que mais se correlaciona com o rendimento de grãos e
esse fato parece ter se confirmado principalmente em Bambuí, onde a
20
cv. Radiante apresentou maior número de vagens e foi também a mais
produtiva. Do mesmo modo, a cv. Ouro Vermelho, a mais produtiva
em Lavras, foi uma das cultivares que apresentou maior número de
vagens por planta (Tabela 4).
O rendimento de grãos não foi afetado pelas populações de
plantas, o que pode ser confirmado observando-se as médias
apresentadas na Tabela 3. No intervalo de 100 a 500 mil plantas ha
-1
,
o aumento de população reduziu o número de vagens por planta
(Figura 4), mas não foi suficiente para reduzir o rendimento de grãos,
em razão do crescente estande. Esse resultado confirma outros
anteriores, como os discutidos por Fernandes (1987), os quais
evidenciam a existência de grande plasticidade entre os componentes
primários do rendimento do feijoeiro, resultando em razoável
capacidade de compensação, que se traduz, na prática, na obtenção de
produtividades equivalentes com diferentes populações.
Considerando que no intervalo de 100 a 500 mil plantas ha
-1
, o
rendimento de grãos das quatro cultivares não foi afetado. Pode-se
inferir que a recomendação geral de 240 mil plantas ha
-1
pode
igualmente ser recomendada para as cultivares em questão. O
emprego de populações maiores que 240 mil plantas por hectare, além
de não aumentar o rendimento de grãos, pode ainda significar
aumento do custo de produção via aumento do consumo de sementes.
21
CONCLUSÕES
As cultivares Radiante, Novo Jalo, Bolinha e Ouro Vermelho
não apresentam bom desempenho nas condições limitantes de safra
das águas.
O aumento da população de plantas no intervalo estudado
reduz o número de vagens por planta e o peso de cem grãos do
feijoeiro, mas o rendimento de grãos não é influenciado.
As populações usuais, em torno de 240 mil plantas ha
-1
, podem
ser utilizadas também para as cultivares alternativas, sem prejuízo de
produtividade.
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27
ARTIGO II
DENSIDADES POPULACIONAIS PARA CULTIVARES
ALTERNATIVAS DE FEIJOEIRO NO NORTE DE MINAS
GERAIS
ANATÉRCIA FERREIRA ALVES
1
6
MESSIAS JOSÉ BASTOS DE ANDRADE
2
7
JOÃO ROBERTO DE MELLO RODRIGUES
38
NEIVA MARIA BATISTA VIEIRA
49
“Preparado de acordo com as normas da Revista Ciência e
Agrotecnologia”
RESUMO. Com o objetivo de avaliar o comportamento agronômico
de cultivares alternativas de feijoeiro na Região Norte de Minas
Gerais, ajustando as melhores populações de plantas para o seu cultivo
irrigado, foram conduzidos dois experimentos de campo na safra do
inverno-primavera de 2007 nas estações experimentais da EPAMIG
em Jaíba e Mocambinho. Empregou-se o delineamento em blocos
casualizados com três repetições, em esquema fatorial 4x5,
envolvendo quatro cultivares (Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha e
Novo Jalo) e cinco densidades populacionais (100, 200, 300, 400 e
500 mil plantas ha
-1
). Por ocasião da colheita, foram avaliados o
estande final e o rendimento de grãos com seus componentes
primários: número de vagens por planta, número de grãos por vagem e
peso médio de cem grãos. O aumento da população de plantas reduz o
número de vagens por planta e o número de grãos por vagem, mas não
influencia o rendimento de grãos. As cultivares Radiante, Novo Jalo,
Bolinha e Ouro Vermelho têm bom desempenho na safra do inverno
irrigado e representam novas alternativas para cultivo na Região Norte
de Minas Gerais.
Termos para indexação: Phaseolus vulgaris L, populações de
plantas, feijoeiro-comum.
1
Eng. Agr., Mestranda (Agronomia/Fitotecnia), DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail:
2
Eng. Agr., DSc. Bolsista CNPq, Professor, DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail: [email protected]
3
Eng. Agr., DSc., CTSM/EPAMIG. Jaíba, MG. E-mail: jrmello@epamig.br
4
Eng. Agr., MSc., Doutoranda, DAG/UFLA, Lavras, MG. E-mail: [email protected]
28
POPULATIONAL DENSITIES FOR ALTERNATIVE
CULTIVARS OF BEAN PLANT IN NORTHERN MINAS
GERAIS
Abstract- With the objective of evaluating the agronomical behavior
of alternative cultivars of bean plant in the northern region of Minas
Gerais, fitting the best plant populations to their irrigated cultivation,
two field experiments were conducted in the winter-spring crop of
2007 in the experiment stations of Minas Gerais Agricultural Research
Institution at Jaíba and Mocambinho. The randomized block design
with three replicates in factorial scheme 4x5, involving four cultivars
(Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha and Novo Jalo) and five
population densities (100, 200, 300, 400 and 500 thousand plants ha
-
1
). On the occasion of harvest, the final stand and grain yield with
their primary components: number of pods per plant, number of grains
per pod and average weight of one hundred grains were evaluated.
Increased plant population reduces the number of pods per plant and
the number of grains per plant, but does not influence grain yield.
Cultivars Radiante, Novo Jalo, Bolinha and Ouro Vermelho have
good performance in the irrigated winter crop and stand for new
alternative to cultivation in the northern region of Minas Gerais.
Index Terms: Phaseolus vulgaris L, plant populations, common bean
plant.
29
INTRODUÇÃO
O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), por se adaptar bem às mais
variadas condições edafoclimáticas do Brasil e pela alta tradição de
consumo, desempenha papel fundamental na alimentação da
população brasileira e na demanda por mão-de-obra, fazendo parte da
maioria dos sistemas produtivos dos pequenos, médios e grandes
produtores.
No mercado brasileiro de feijão, atualmente, o tipo carioca é o
mais comercializado. Entretanto, pesquisas têm mostrado que há
interesse também por outros tipos de grãos, como Jalo e Rosinha
(Ferreira & Yokoyama, 1999), vermelho e amarelo.
Cultivares de feijão desses tipos alternativas de grãos poderão
representar novas opções de renda para os agricultores, com a
possibilidade de comercializar um produto diferenciado, de forma a
explorar novos nichos de mercado, com maior remuneração do seu
produto.
Dentre essas alternativas, existem cultivares com diferenciados
tipos de hábito de crescimento, característica fortemente
correlacionada com a população de plantas por unidade de área
(Alcântara et al., 1991).
Plantas com crescimento indeterminado e guias abertas tendem
a ser mais efetivas na concorrência com plantas daninhas, que plantas
de crescimento determinado (Urchei et al., 2000).
O rendimento de grãos de cultivares do tipo II correlaciona-se
positivamente com a densidade populacional (Thomaz, 2001).
Cultivares do tipo III, com o aumento da população para 300
mil plantas ha
-1
, apresentaram redução no rendimento de grãos
30
(Guidolin et al., 1998) e em algumas características morfológicas,
como número de ramificações planta
-1
, número de nós ramificação
-1
e
número de nós m
-2
(Nienhuis & Singh, 1985). O correto manejo da
densidade e espaçamento entre linhas pode auxiliar na obtenção de
maior altura de plantas e de inserção das vagens, favorecendo a
colheita mecanizada (Alonço & Antunes, 1997).
Para viabilizar o efetivo emprego de cultivares alternativas
pelo produtor, há necessidade de testá-las em diferentes regiões
edafoclimáticas, além de se adequar os atuais sistemas de produção,
normalmente desenvolvidos para cultivares de feijoeiro de grãos
carioca, predominantemente de hábitos II/III ou III.
Por outro lado, lavouras irrigadas e de sequeiro também
requerem populações diferenciadas, pois a deficiência hídrica poderá
paralisar o crescimento foliar, tendo efeito indireto no rendimento de
grãos, pela redução da área foliar fotossintética (Dourado Neto e
Fancelli, 2000; Guimarães, 1996), alterando a marcha normal de
expansão da atividade fotossintética (Bascur et al., 1985).
Assim, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar
o comportamento agronômico de cultivares alternativas de feijoeiro
para a Região Norte de Minas Gerais, ajustando as melhores
populações de plantas para o seu cultivo irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo constou de dois experimentos de campo, conduzidos
nas Estações Experimentais da Empresa de Pesquisa Agropecuária de
31
Minas Gerais (EPAMIG), em duas localidades de Minas Gerais, Jaíba
e Mocambinho, na safra de inverno-primavera de 2007.
Jaíba está situada na Região Norte de Minas, a 500 m de
altitude, nas coordenadas 15º 23’ S de latitude e 43º 46’ W de
longitude. As condições climáticas da região estão representadas por
temperaturas médias que variam de 21 a 25
o
C, com uma temperatura
média mínima que oscila de 14 a 19
o
C e máximas de 26 a 31
o
C, e a
umidade relativa média diária varia de 60 a 70%. A precipitação
média anual é de cerca de 900 mm, e o solo foi classificado como
Latossolo Vermelho Amarelo. Mocambinho, distrito de Jaíba, está a
436 m de altitude, nas coordenadas 15º 03’ S de latitude e 44º 56’ W
de longitude. A tempeatura média anual é de 24,2º C, com médias das
mínimas de 14,8º C e médias das máximas de 34,0º C. A umidade
relativa do ar varia entre 58 e 79 % e a precipitação média anual é de
cerca de 750 mm (Companhia de Desenvolvimento do Vale de São
Francisco - Codevasf, 2008). Segundo a classificação climática de
Köppen, o tipo de clima predominante na região estudada é o Aw, e
na classificação bioclimática de Gaussen e Bagnouls, pertence ao tipo
4 bTh (Antunes, 1994).
As variações diárias das condições climáticas de Mocambinho
(temperatura média, precipitação pluvial e umidade relativa do ar),
durante o período de condução do experimento, são apresentadas na
Figura 1. Na estação Experimental de Jaíba, o posto meteorológico
encontra-se desativado e não foi possível obter as variações diárias,
mas não houve ocorrência de chuvas no período experimental.
32
FIGURA 1. Variação diária da temperatura e umidade relativa do ar
em Mocambinho, no período de julho a outubro de
2007. Fonte: Estação Climatológica da Epamig/
Mocambinho.
Nas duas localidades, o preparo do solo constou de uma aração
e duas gradagens. Em Mocambinho, o arado foi substituído por grade
aradora, fazendo-se duas operações com grade niveladora antes da
semeadura.
Os resultados da análise química de amostras de material dos
solos de cada local, coletadas à profundidade de 0 a 20 cm, antes de
cada semeadura do feijão, são apresentados na Tabela 1.
JUL. AGO. SET. OUT.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
T MÁX T MÉD T MIN
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Umidade Relativa (%)
Temperatura (º C)
33
TABELA 1. Análise química
(1)
de amostras dos solos utilizados (0 a
20 cm). Mocambinho e Jaíba - MG, 2007.
Características Mocambinho
Jaíba
pH (em H
2
O) 6,40 7,10
P (mg dm
-3
) 9,00 4,20
P rem (mg L
-1
) 41,90 26,50
K (mg dm
-3
) 132,00 152,00
Ca (cmol
c
dm
-3
) 2,50 13,90
Mg (cmol
c
dm
-3
) 0,50 1,60
Al (cmol
c
dm
-3
) 0,10 0,00
H + Al (cmol
c
dm
-3
) 0,70 1,10
SB (cmol
c
dm
-3
) 3,40 16,00
t (cmol
c
dm
-3
) 3,50 16,00
T (cmol
c
dm
-3
) 4,10 17,10
m (%) 3,00 0,00
V (%) 83,00 93,00
M. O. (dag kg
-1
) 0,50 1,80
Zn (cmol
c
dm
-3
) 7,50 2,20
Fe (cmol
c
dm
-3
) 9,70 15,00
Mn (cmol
c
dm
-3
) 43,10 128,40
Cu (cmol
c
dm
-3
) 0,50 2,00
B (cmol
c
dm
-3
) 0,50 0,70
CE (dS/m) 0,80 0,60
Classificação
(2)
NQA LVA
(1)
Análise química realizada no Laboratório de Análise de Solos, Epamig, CTNM.
(2)
NQA- Neossolo Quartzo arênico e LVA- Latossolo Vermelho Amarelo (Embrapa, 1999).
O delineamento estatístico utilizado foi em blocos
casualizados, com três repetições e esquema fatorial 4 x 5, envolvendo
34
quatro cultivares (Radiante, Ouro Vermelho, Bolinha e Novo Jalo) e
cinco densidades populacionais (100, 200, 300, 400 e 500 mil plantas
ha
-1
).
A cv. BRS Radiante, desenvolvida pela Embrapa Arroz e
Feijão, apresenta grão rajado, peso médio de 100 sementes de 44-45 g,
hábito de crescimento determinado tipo I, porte ereto, ciclo precoce,
resistência à ferrugem, ao mosaico-comum e a algumas raças de
antracnose, e reação intermediária à mancha angular. A cv. Ouro
Vermelho, desenvolvida por convênio entre UFV, UFLA, Epamig e
Embrapa, apresenta grão vermelho, peso médio de 100 sementes de 25
g, hábito de crescimento indeterminado tipo II/III, porte ereto, ciclo de
80 a 90 dias e resistência intermediária à mancha angular e ferrugem.
A cv. Novo Jalo foi lançada pela Embrapa Arroz e Feijão, possui
grãos tipo Jalo, hábito I, porte ereto, ciclo médio, resistência a
algumas raças de antracnose e tolerância à mancha-angular (Ramalho
& Abreu, 2006). A cv. Bolinha, material de uso generalizado entre
agricultores do sul de Minas, foi coletada em uma propriedade da
mesma região; possui grãos amarelos e arredondados e hábito de
crescimento do tipo II.
Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de
comprimento, com espaçamento de 0,5 m entre linhas. A parcela útil
correspondeu às duas linhas centrais (5 m²).
A semeadura, manual, foi realizada em julho de 2007, e a
colheita, em outubro e novembro de 2007. As densidades de
semeadura foram suficientes para, após o desbaste, realizado aos 7
DAE (dias após a emergência), obterem- se as populações desejadas.
35
Todas as parcelas receberam idêntica adubação (Chagas et al.,
1999), determinada por meio da interpretação do resultado de análise
de solo, de acordo com Ribeiro et al., (1999). A adubação de base
constou de 30 kg N (fonte uréia), 110 kg P
2
O
5
(fonte superfosfato
triplo) e 60 kg K
2
O (fonte cloreto de potássio- KCl). A adubação de
cobertura foi realizada aos 21 dias após emergência (DAE), entre os
estádios V
3
e V
4
do ciclo cultural do feijoeiro (Fernandez et al., 1985),
utilizando-se 30 kg ha
-1
de N, fonte uréia.
O ensaio foi conduzido sob irrigação por aspersão
convencional em Mocambinho, e por microaspersão, em Jaíba. Em
Mocambinho, foram aplicados 12 mm dia
-1
(1h dia
-1
) até à emergência
do feijão e 6 mm dia
-1
(1/2h dia
-1
até 20 DAE e 1h dia
-1
, em dias
alternados, após os 20 DAE). Em Jaíba, foram empregados
microtubos, no espaçamento de 4x4 m, com vazão de 70 L h
-1
. Nos
três primeiros dias, irrigou-se durante 6h dia
-1
e, a partir daí, durante 4
horas, em dias alternados.
Em Mocambinho, as plantas daninhas foram controladas
apenas por meio de uma capina manual. Em Jaíba, houve aplicação de
1L ha
-1
do herbicida pós-emergente Robust® na base de 1L ha
-1
do
produto comercial, aos 20 DAE; posteriormente, realizou-se uma
capina manual para eliminar o cipó-de-catitu (Pyrostegia venusta
Baill), não controlado pelo herbicida.
Por ocasião da colheita (outubro- novembro de 2007), foram
avaliados o estande final, o rendimento de grãos e seus componentes
primários (número de vagens por planta, número de grãos por vagem e
peso de cem grãos). A população final foi obtida pela contagem do
número de plantas na área útil, no momento da colheita, expressando-
36
se o resultado em mil plantas ha
-1
. Os componentes do rendimento
foram determinados na área útil de cada parcela, tendo por base a
amostra aleatória de 10 plantas. O rendimento de grãos foi
determinado pela pesagem do total dos grãos obtidos na parcela útil
após a trilha de todas as plantas, inclusive a citada amostra de 10
plantas, sendo o resultado expresso em kg ha
-1
.
Os dados foram submetidos à análise de variância individual,
para cada local, e à análise conjunta, após comparação do quadrado
médio do erro, de acordo com Banzato & Kronka (2006). Foi utilizado
o software de análise estatística Sisvar
®
(Ferreira, 2000). As médias
das cultivares foram agrupadas por meio do teste de Scott-Knott,
(1974), enquanto os efeitos das populações foram avaliados por meio
de análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância conjunta dos ensaios de Jaíba
e Mocambinho pode ser visto na Tabela 2. Observa-se que houve
efeito significativo da fonte de variação de cultivares (C) sobre todas
as características avaliadas, das populações (P) sobre estande final,
vagens por planta e número de grãos por vagem, e os locais (L)
somente não influenciaram o número de grãos por vagem. A interação
tripla C*P*L foi significativa apenas em relação ao estande final,
enquanto as interações duplas C*P e P*L foram significativas em
relação ao estande final e vagens por planta. A interação C*L foi
significativa nos casos do estande final, peso de cem grãos e
rendimento de grãos.
37
TABELA 2. Resumo da análise de variância conjunta dos dados de
estande final, número de vagens por planta, número de
grãos por vagem, peso de cem grãos e rendimento de
grãos do feijoeiro obtidos no inverno-primavera de
2007, Jaíba e Mocambinho, Minas Gerais.
Quadrados Médios
Fonte de
Variação
GL Estande
final
Vagens
planta
-1
Grãos
vagem
-1
Peso cem
grãos
Rendimento
de grãos
Bloco(Local) 4 2097,73 10,82 0,58 12,77 352960,15
Cultivar(C) 3 23171,50** 379,46** 16,23**
2248,27** 5056873,11**
População(P) 4 304263,05
** 736,11** 2,76** 3,29
NS
523550,69
NS
Local(L) 1 175261,63
** 715,41** 0,03
NS
77,75* 390231,20*
C*P 12 3570,47*
22,86** 0,28
NS
14,67
NS
434952,19
NS
C*L 3 10125,01
** 11,89
NS
0,56
NS
32,72*
1297562,82*
P*L 4 10542,88
** 31,62** 0,63
NS
12,61
NS
769806,72
NS
C*P*L 12 5284,48**
7,43
NS
0,43
NS
12,03
NS
248679,18
NS
Erro 76 1524,42 7,18 0,27 11,39 480606,86
CV % 15,48 19,83 12,85 10,35 27,63
**, * significativo a 1% e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
NS
não-significativo pelo teste F.
Com relação à precisão experimental, apenas o rendimento de
grãos apresentou coeficiente de variação (CV%) superior ao limite
máximo aceitável como de média precisão (Oliveira, 2007). As
demais características foram estimadas com boa precisão (Tabela 2),
com valores do CV% compatíveis com os encontrados em Minas
Gerais com a cultura do feijoeiro (Abreu et al., 1994).
Os valores médios das características avaliadas no feijoeiro são
apresentados na Tabela 3.
A significância da interação tripla no caso do estande final
(Tabela 2) indica que o efeito das populações sobre essa característica
38
do feijoeiro variou com o local e com as cultivares. Para visualizar
melhor esse resultado, realizou-se o desdobramento do efeito das
populações de plantas sobre cada cultivar em Mocambinho (Figura 2)
e em Jaíba (Figura 3).
TABELA 3. Valores médios do estande final, número de vagens por
planta, número de grãos por vagem, peso médio de cem
grãos (g) e rendimento de grãos (kg ha
-1
) em função de
cultivares de feijoeiro e localidades. Inverno-primavera
2007.
*Dentro de cada fator, médias seguidas por diferentes letras nas colunas situam-se em diferentes
grupos, de acordo com o teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Como era esperado, o estande final do feijoeiro cresceu
linearmente com o incremento da população inicial utilizada, exceto
no caso da cv. Novo Jalo, que em Jaíba ajustou-se a um modelo
quadrático (Figura 3).
Estande final
(mil plantas
ha
-1
)
Vagens
planta
-1
Grãos*
vagem
-1
Peso cem
grãos
(g)
Rendimento
grãos
(kg ha
-1
)
Cultivares
BRS Radiante 261 15 3,4 c 37,5 3075
Novo Jalo 283 9 3,7 b 39,3 2402
Bolinha 248 12 3,9b 33,3 2465
Ouro Vermelho 217 17 5,1a 20,2 2094
Locais
Jaíba 214 16 4,0 33,4 2566
Mocambinho 290 11 4,0 31,8 2452
Médias
252 13 4,0 32,6 2509
39
FIGURA 2. Estande final de quatro cultivares de feijoeiro em função
de populações de plantas em Mocambinho, MG. Inverno
2007.
FIGURA 3. Estande final de quatro cultivares de feijoeiro em função
de populações de plantas em Jaíba, MG. Inverno 2007.
Observando-se as Figuras 2 e 3, pode-se deduzir ainda que, em
Mocambinho (Figura 2), os valores do estande final foram maiores
Estande Final (plantas ha
-1
)
População de plantas esperadas ha
-1
Ŷ (N. Jalo)= 22,4000+ 0,0011x (R
2
= 99,59%)
Ŷ (Radiante)= 29,7333+0,0009x (R
2
= 99,86%)
Ŷ (O. Vermelho)= 71,3333+0,0006x (R
2
= 94,46%)
Ŷ(Bolinha) = 33,5333+0,0008x (R
2
= 99,86%)
0
100
200
300
400
500
600
700
100000 200000 300000 400000 500000
Radiante N. Jalo Bolinha O. Vermelho
Ŷ (Radiante)= -5,7333+0,0008x (R
2
= 94,55%)
Ŷ(O. Vermelho) = 26,0667+0,0006x (R
2
= 97,18%)
Ŷ(Bolinha) = 18,7667+0,0006x (R
2
= 92,94%)
Ŷ (N. Jalo)= - 21,6000+ 0,0014x -0,0000001x
2
(R
2
= 88,12%)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
100000 200000 300000 400000 500000
Radiante Novo Jalo Bolinha O. Vermelho
População de plantas esperadas ha
-1
Estande Final (plantas ha
-1
)
40
aproximaram-se mais das populações teóricas desejadas. Esse fato
pode significar que em Mocambinho (Figura 1) as condições
edafoclimáticas podem ter sido mais apropriadas, principalmente na
fase de estabelecimento da cultura.
De acordo com a Tabela 2, o efeito das populações sobre o
número de vagens por planta variou com a cultivar e com o local. O
desdobramento da interação P*L (Figura 4) revelou que, em ambas as
localidades, o número de vagens por planta decresceu com o
incremento da população de plantas. Em Mocambinho, onde o
ambiente menos limitante permitiu maior desenvolvimento do
feijoeiro, observou-se maior decréscimo do número de vagens à
medida que se aumentou a população.
Do mesmo modo, o desdobramento da interação C*P
demonstrou que o mesmo efeito manifestou-se nas quatro cultivares
estudadas, pois todas elas manifestaram redução no número de vagens
à medida que a população foi aumentada. Esse efeito, entretanto, foi
mais ou menos intenso de acordo com a cultivar (Figura 5). Esses
resultados são coerentes e coincidentes com os de vários estudos com
o feijoeiro, como os de Valério et al. (1999) e de Souza (2000).
41
Figura 4. Número de vagens por planta do feijoeiro (médias de
quatro cultivares) em função das densidades
populacionais em Jaíba e Mocambinho, MG. Inverno
2007.
Figura 5. Número de vagens por planta do feijoeiro (médias de duas
localidades) em função das densidades populacionais de
quatro cultivares em Jaíba e Mocambinho, MG. Inverno
2007.
Ŷ(O. Vermelho) = 31,3367- 0,000078x + 0,0000001x
2
(R
2
= 98,74%)
Ŷ(Bolinha)= 30,1233- 0,0002x + 0,0000001x
2
(R
2
= 92,61%)
Ŷ(N. Jalo) = 21,5800- 0,0001x+0,0000001x
2
(R
2
= 99,06%)
Ŷ(Radiante) = 38,8600- 0,000129x + 0,0000001x
2
(R
2
=99,94%)
0
5
10
15
20
25
30
100000 200000 300000 400000 500000
Bolinha N. Jalo Radiante O. Vermelho
População de plantas esperadas ha
-1
Va
g
ens
p
lanta
-1
Ŷ(Mocambinho) = 31,6167-0,0002x +0,0000001x
2
(R
2
=96,41%)
Ŷ (Jaíba)= 29,3333 - 0,0001x+0,0000001x
2
(R
2
= 99,75%)
0
5
10
15
20
25
100000 200000 300000 400000 500000
Jaíba Mocambinho
Po
p
ula
ç
ão de
p
lantas es
p
eradas ha
-1
Vagens planta
-1
42
As quatro cultivares estudadas diferiram com relação ao
número de grãos por vagem (Tabela 3). Os maiores números de grãos
por vagens foram apresentados pela cultivar Ouro Vermelho, que
apresentou, em média, 5,1 grãos por vagem. As cultivares Bolinha e
Novo Jalo apresentaram valores intermediários, com 3,9 e 3,7 grãos
por vagem, respectivamente. Os menores números de grãos por
vagem, com 3,4 grãos, foi apresentado pela cv. Radiante (Tabela 3).
Com o aumento da densidade populacional, houve diminuição
do número de grãos por vagem (Figura 6) e esse efeito foi
independente da cultivar e do local. Redução do número de grãos por
vagem em decorrência do aumento da população é sistematicamente
encontrada por diversos autores no feijoeiro (Shimada et al., 2000;
Távora et al., 2000).
Figura 6. Número de grãos por vagem do feijoeiro (médias de quatro
cultivares e dois locais) em função de densidades
populacionais. Jaíba e Mocambinho,MG. Inverno 2007.
População de plantas esperadas ha
-1
Grãos vagem
-1
Ŷ(Médias) = 4,5858 -0,00002x (R
2
= 78,50%)
3
3,5
4
4,5
5
100000 200000 300000 400000 500000
43
O peso médio de cem grãos não foi influenciado
significativamente pelas populações de plantas (Tabelas 2 e 3). O
relacionamento entre essas duas variáveis não tem sido consistente,
mostrando-se significativo em algumas safras e não-significativo em
outras, conforme encontrado por Souza (2000).
Como já era esperado, as cultivares do grupo manteigão,
Radiante e Novo Jalo foram as que apresentaram maior tamanho e
peso de grão, diferindo significativamente em Mocambinho e não
diferindo em Jaíba. Na seqüência decrescente do peso médio de cem
grãos, seguiram-se as cultivares Bolinha e Ouro Vermelho. Em linhas
gerais, essa seqüência mostra coerência com a descrição das cultivares
(Ramalho & Abreu, 2006), mas os valores alcançados no presente
trabalho por cada cultivar foram inferiores aos descritos (Tabela 4).
TABELA 4. Valores médios do peso de cem grãos (g) e rendimento
de grãos (kg ha
-1
) de quatro cultivares de feijoeiro em
Jaíba e Mocambinho, Minas Gerais.
Tratamento Peso cem grãos Rendimento
Jaíba
Radiante 38,6a 3410a
Novo Jalo 38,7a 2492b
Bolinha 35,1b 2399b
Ouro Vermelho 21,3c 1962b
Mocambinho
Radiante 36,6b 2739a
Novo Jalo 40,0a 2311b
Bolinha 31,5c 2530a
Ouro Vermelho 19,1d 2227b
Dentro de cada fator, médias seguidas por diferentes letras nas colunas situam-se em
diferentes grupos, de acordo com o teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.
44
Observando-se os dados da Tabela 3, verifica-se que o
rendimento médio de grãos obtido nessa safra foi equivalente a 2566
kg ha
-1
em Jaíba e a 2452 kg ha
-1
em Mocambinho, com média de
2509 kg ha
-1
.
Esses rendimentos médios são muito superiores à média
brasileira na safra inverno 2007, que foi de 1011 kg ha
-1
. Mesmo
quando se considera a produtividade nessa safra no centro-sul
brasileiro, da ordem de 2174 kg ha
-1
(Conab, 2008), os rendimentos
médios dos experimentos foram superiores. Esses rendimentos já eram
esperados, tendo em vista que foi utilizado, na condução dos ensaios,
nível de tecnologia compatível com o NT
4
previsto pela 5ª
aproximação das “Recomendações para o uso de corretivos e
fertilizantes para o estado de Minas Gerais” (Chagas et al., 1999), no
qual a produtividade esperada é superior a 2500 kg ha
-1
.
O rendimento de grãos não foi influenciado significativamente
pelas populações de plantas. No intervalo de populações estudado,
entre 100 e 500 mil plantas, embora tenha ocorrido número crescente
de plantas, essas produziram número decrescente de vagens (Figuras 4
e 5), resultando em produtividades equivalentes (Tabela 3).
O rendimento de grãos das cultivares estudadas variou com o
local, em função da significância da interação C*L (Tabela 2). De
fato, verifica-se na Tabela 4 que o teste de Scott-Knott agrupou as
médias de forma diferente em cada localidade. Em Jaíba, destacou-se
a cv. Radiante, com 3410 kg ha
-1
, seguida das demais, cujo
rendimento médio variou de 1962 a 2492 kg ha
-1
. Em Mocambinho, a
cv. Radiante também foi a mais produtiva (2739 kg ha
-1
), embora
45
tenha se situado no mesmo grupo da cv. Bolinha (2530 kg ha
-1
),
superando as cvs. Novo Jalo e Ouro Vermelho.
Deve ser mencionado, entretanto, que apesar das citadas
diferenças, todos esses rendimentos médios credenciam as quatro
cultivares como novas opções para cultivo na Região Norte do Estado
de Minas Gerais. Aliada a estas excelentes produtividades, a boa
cotação de preços desses tipos de feijão no mercado pode representar
para o produtor uma forma de agregar valor ao seu produto e atender a
nichos específicos de mercado.
Considerando que no intervalo de 100 a 500 mil plantas por
hectare, o rendimento de grãos das quatro cultivares não foi afetado,
pode-se inferir que a recomendação geral de 240 mil plantas por
hectare pode igualmente ser recomendada para as cultivares em
questão. O emprego de populações maiores que 240 mil plantas por
hectare, além de não aumentar o rendimento de grãos, pode ainda
significar aumento do custo de produção, via aumento do consumo de
sementes.
CONCLUSÕES
As cultivares Radiante, Novo Jalo, Bolinha e Ouro Vermelho
têm bom desempenho na safra do inverno irrigado e representam
novas alternativas para cultivo na Região Norte de Minas Gerais.
O aumento da população de plantas reduz o número de vagens
por planta e o número de grãos por vagem, mas não influencia o
rendimento de grãos.
46
As populações usuais, em torno de 240 mil plantas por hectare,
podem ser utilizadas também para as cultivares alternativas, sem
prejuízo de produtividade.
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