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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Lúcia Pintor Santiso Villas Bôas
Brasil: idéia de diversidade e representações sociais
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
SÃO PAULO
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Lúcia Pintor Santiso Villas Bôas
Brasil: idéia de diversidade e representações sociais
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Tese apresentada à Banca Examinadora como
exigência parcial para obtenção do título de
Doutor em Educação: Psicologia da Educação
pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, sob a orientação da Professora Doutora
Clarilza Prado de Sousa.
SÃO PAULO
2008
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Banca Examinadora
_____________________________________
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_____________________________________
Ao pequeno Orlando, filho querido
e ao Orlando, meu marido
Aborrecer o passado ou idolatrá-lo vem a dar no
mesmo cio; vício de uns que não descobrem a
filiação dos tempos, e datam de si mesmos a aurora
humana, e de outros que imaginam que o espírito do
homem deixou as asas no caminho e entra a num
charco.
Machado de Assis, 1869.
O conhecimento toma necessariamente o caráter de
um processo infinito que não termina apenas em uma
simples adição dos conhecimentos, em mudanças
quantitativas do nosso saber, mas também em
transformações qualitativas da nossa visão de história.
Adam Schaff, 1995.
Agradecimentos
De todas as fases que envolvem a tessitura de uma tese, talvez esta
seja a mais difícil: a página que primeiro aparece é aquela que também se escreve por
último, anunciando, definitivamente, que é hora de pôr um ponto final a um trabalho, o
qual sempre parece estar se iniciando.
Nesse percurso, literalmente de gestação, muitos foram os que, de uma
forma ou de outra, contribuíram para sua realização. Ainda que a eles seja muito
grata, devo um agradecimento especial:
À Professora Doutora Clarilza Prado de Sousa, não apenas pela
orientação segura, mas, sobretudo, pelas oportunidades oferecidas e generosamente
partilhadas, agradecimento este que extrapola as formalidades da vida acadêmica;
Às Professoras Doutoras Angela Arruda, Bernardete Angelina Gatti,
Maria Ligia Coelho Prado e Mitsuko Aparecida Makino Antunes, pelas valiosas
observações quando do Exame de Qualificação, observações estas que procurei
incorporar à redação final deste trabalho;
Aos colegas professores do curso de Direito, nas figuras das
Professoras Doutoras Regina Toledo Damião e Karina Bonetti, pela compreensão das
vicissitudes inerentes à conciliação do trinômio “pesquisa, docência, prazos”.
À Fundação Carlos Chagas, nomeadamente ao Departamento de
Pesquisas Educacionais, pelo apoio estrutural na fase final de redação, e às
funcionárias da Biblioteca Ana Maria Poppovic, sobretudo Helena Maria de Oliveira e
Vivian Riquena, pelo auxílio constante nos burocráticos “empréstimos entre
bibliotecas”.
Aos amigos Márcio Alves da Fonseca, Euricílda S. P. Del Bel, Thiago P.
Del Bel Belluz, Marialva Rossi Tavares, Gláucia Torres Franco Novaes, Nelson
Antonio Simão Gimenes, Miriam Bizzocchi e Andréa Ponzetto, sempre tão dispostos a
ajudar.
Aos meus pais Concepción Pintor Sanches de Santiso e Jesus Santiso
Ares, que, para além do apoio incondicional, souberam tão bem suprir para meu filho
as inevitáveis ausências da mãe. Agradecimento este que estendo à minha sogra,
Marina Lopes de Lima Villas Bôas.
Ao meu pequeno Orlando, que, nem sempre pacientemente, soube
esperar que a mamãe terminasse sua lição.
Por fim, e o mais difícil, resta agradecer a Orlando, companheiro de
todas as horas, cujo amor e dedicação foram fundamentais para a realização deste
estudo, a tal ponto que ele mereceria, relevando-se os deméritos desta pesquisa, uma
espécie de co-autoria, mais do que a dedicatória que por ora lhe ofereço.
Resumo
Brasil: idéia de diversidade e representações sociais
Lúcia Pintor Santiso Villas Bôas
Este estudo é parte de um projeto mais amplo, Imaginário e representações sociais de
jovens universitários sobre o Brasil e a escola brasileira que, por sua vez, compôs o
Programa Internacional Imaginários Latino-Americanos, sediado no Laboratoire
Européen de Psychologie Sociale da Maison des Sciences de l’Homme (França). O
presente estudo abrangeu um grupo de universitários de instituições públicas e
privadas das cinco regiões brasileiras com o objetivo de compreender a historicidade
das representações sociais do país, associadas à “diversidade”, por meio da análise
dos aspectos convergentes entre seu conteúdo representacional atual e a produção
historiográfica do culo XIX, período este em que, ao se organizar o Estado nacional
e se sistematizar um conjunto de discursos sobre a singularidade do Brasil, torna-o
fundamental para a análise dos processos de generatividade de tais representações.
Para isso, foram propostos procedimentos teórico-metodológicos pautados tanto na
análise textual informatizada (Max Reinert) como em aspectos da história efeitual
(Hans-Georg Gadamer) e da história dos conceitos (Reinhart Koselleck), com o
propósito de considerar as delimitações conceituais da contemporaneidade e do
século XIX, em relação à diversidade. Os resultados encontrados evidenciaram a
presença de uma rede de significados sintetizados nos seguintes contextos temáticos:
coexistência de contrários; variedade cultural; espaço de experiência; horizonte de
expectativa; ficção orientadora. A análise dessa rede tornou visível a reapropriação da
configuração de significados construídos no século XIX que, não obstante receberem
outra extensão semântica, ainda hoje organizam as representações sociais sobre o
Brasil indicando a permanência de uma estrutura repetitiva, cuja estabilidade se
mantém mesmo diante da mudança nos contextos históricos.
Palavras-chave: representações sociais, diversidade, Brasil
Abstract
Brazil: the idea of diversity and social representations
Lúcia Pintor Santiso Villas Bôas
This paper is part of a wider project, Imaginary and Social Representations of
University Students about Brazil and Brazilian schools that, in turn, created the Latin-
American Imaginaries International Program, carried out at Laboratoire Europeen de
Psychologie Sociale of Maison des Sciences de l'Homme (France). This study included
the participation of a group of public and private university students from five Brazilian
regions with the purpose of compiling the history of social representations throughout
the country associated with “diversityby analyzing convergent aspects between their
current representational content and the historiographic production of the 19
th
century –
a period that saw organizing the national State and automating a collection of
speeches on the significance of Brazil while making it essential to analyze the
generative processes of such representations. To do so, theoretical-methodological
procedures were established based on computerized text analysis (Max Reinert), as
well as on aspects of historical effects (Hans-Georg Gadamer) and of the history of
concepts (Reinhart Koselleck), with the purpose of considering conceptual delimitations
of contemporaneity and of the 19
th
century in relation to diversity. The findings reveal
the presence of a network of meanings synthesized within the following theme
contexts: coexistence of contrary; cultural variety; space of experience; horizon of
expectation and guiding fiction. The analysis of this network makes the appropriation of
set meanings attributed to the 19
th
century visible; however receiving another semantic
extension, today still helps organize the social representations about Brazil in addition
to indicating the permanence of a repetitive structure, whose stability is kept even
before the change in historical contexts.
Key words: social representations, diversity, Brazil
SUMÁRIO
Introdução ........................................................................................
13
Capítulo 1 -
Uma abordagem da historicidade das representações sociais ..
24
1.1 - Situando o ponto de partida ...................................................... 24
1.2 - Objetivação e ancoragem como processos “psico-históricos”... 33
1.3 - Dimensão histórica e a estrutura das representações sociais .. 42
1.4 - Dimensão histórica e o conteúdo das representações sociais .
46
Capítulo 2 -
Metodologia ......................................................................................
51
2.1 - Diretrizes teórico-metodológicas: alguns esclarecimentos ........
51
2.2 - Procedimentos da pesquisa ...................................................... 55
2.2.1 - Estudo exploratório das respostas dos 976
universitários às questões “Por que você acha que isso tudo
é Brasil?” e “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros
países? Por quê?” obtidas no banco de dados da pesquisa
Imaginário e representações sociais de jovens universitários
sobre o Brasil e a escola brasileira (Sousa e Arruda, 2006) .. 55
2.2.2 - Montagem de um dicionário por meio de lista de
associações contendo sinônimos e atributos do elemento
selecionado ............................................................................ 59
2.2.3 - Referência histórica e construção de uma matriz de
análise .................................................................................... 63
2.2.3.1 - Seleção das fontes históricas – justificativa 63
2.2.3.2 - Procedimentos para leitura das fontes
históricas selecionadas .............................................. 73
2.2.4 - Preparação do corpus e descrição dos dados
técnicos: aportes da análise estatística textual ...................... 79
2.2.4.1 - Descrição sucinta dos resultados da
classificação hierárquica descendente gerados pelo
relatório do programa Alceste à questão “Por que
você acha que isso tudo é Brasil?”..............................
84
2.2.4.2 - Descrição sucinta dos dados técnicos
gerados pelo relatório do Alceste à questão “O que,
para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?” ..........................................................................
87
2.2.5 - Análise dos dados por meio da “fusão de horizontes
interpretativos” ....................................................................... 90
Capítulo 3 - Apresentação e análise dos dados: fusão de horizontes
interpretativos ..................................................................................
93
3.1 - Análise da questão “Por que você acha que isso tudo é
Brasil?” ...............................................................................................
93
3.1.1 - Contexto temático: Diversidade como coexistência
de contrários (classes 1 e 2) .................................................. 95
3.1.2 - Contexto temático: Diversidade como variedade
cultural (classe 3) ................................................................... 99
3.2 - Análise da questão: “O que, para você, diferencia o Brasil dos
outros países? Por quê?” .................................................................. 100
3.2.1 - Contexto temático: Diversidade como espaço de
experiência (classe 1) e horizonte de expectativa (classe 4) .
102
3.2.2 Contexto temático: Diversidade como ficção
orientadora aspecto racial (classe 2) e aspecto natural
(classe 3) ................................................................................
113
À guisa de síntese: diversidade e seus contextos temáticos . 129
Considerações finais .......................................................................
133
Fontes e bibliografias citadas .......................................................
141
Anexos .............................................................................................
168
SUMÁRIO DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
FIGURAS
FIGURA 1 -
Distribuição percentual de aproveitamento das UCEs gerada pelo
programa Alceste referente à questão “Por que você acha que isso
tudo é Brasil?” ....................................................................................
85
FIGURA 2 -
Dendrograma resultante da classificação hierárquica descendente
do material textual referente à questão “Por que você acha que isso
tudo é Brasil?”, gerado pelo programa Alceste .................................
86
FIGURA 3 -
Distribuição das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste
à questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?” .................... 87
FIGURA 4 -
Distribuição percentual de aproveitamento das UCEs gerada pelo
programa Alceste referente à questão “O que, para você, diferencia
o Brasil dos outros países? Por quê?” ...............................................
88
FIGURA 5 -
Dendrograma resultante da classificação hierárquica descendente
do material textual referente à questão O que, para você,
diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”, gerado pelo
programa Alceste ...............................................................................
88
FIGURA 6 -
Distribuição das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste
à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países?
Por quê?” ........................................................................................... 89
FIGURA 7 -
Perfil dos contextos temáticos e das classes lexicais geradas pelo
Alceste à questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?” ....... 94
FIGURA 8 -
Perfil dos contextos temáticos e das classes lexicais geradas pelo
Alceste à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros
países? Por quê?” .............................................................................
101
QUADROS
QUADRO 1 -
Síntese Esquemática da Trajetória Metodológica ............................. 54
QUADRO 2 -
Agrupamento das Palavras Associadas à Diversidade ..................... 61
QUADRO 3 -
Vocabulário Associado à Diversidade e Excertos de seu Contexto
de Uso no Século XIX ........................................................................
76
QUADRO 4 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 1 e seu Contexto de Uso
96
QUADRO 5 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 2 e seu Contexto de Uso 97
QUADRO 6 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 3 e seu Contexto de Uso 99
QUADRO 7 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 1 e seu Contexto de Uso 103
QUADRO 8 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 4 e seu Contexto de Uso 106
QUADRO 9 -
Diversidade como Espaço de Experiência e Horizonte de
Expectativa ........................................................................................ 109
QUADRO 10 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 2 e seu Contexto de Uso 116
QUADRO 11 -
Traços Lexicais Característicos da Classe 3 e seu Contexto de Uso 122
QUADRO 12 -
Diversidade como Ficção Orientadora: Raça e Natureza ................. 127
TABELA
TABELA 1 -
Distribuição do Número de Alunos .................................................... 56
Introdução
13
INTRODUÇÃO
[...] Qualquer indicação implica dualidade, nós o podemos
produzir alguma coisa sem co-produzir o que ela não é, e
toda dualidade implica triplicidade: o que a coisa é, o que ela
não é, e a fronteira entre elas. Brown, G.S. Laws of form.
New York: Julian Press, 1973. p. ix.
1
O objetivo principal do presente estudo consiste em investigar as
representações sociais de um grupo de universitários sobre Brasil associadas à
diversidade, analisando, ao mesmo tempo, sua historicidade.
2
Para tanto, pretende-se
discuti-las como estabelecidas, ainda que não exclusivamente, sob o influxo da
constituição de um discurso expresso na produção historiográfica do século XIX,
responsável por delinear uma “narrativa de nação” (Hall, 2005)
3
que, ainda hoje,
orienta o nosso senso comum.
Trata-se, por várias razões, de uma questão complexa. Primeiro, pela
longa tradição de pesquisas, nas mais distintas áreas, que se dedicaram e se
dedicam, a partir de perspectivas diversas, a interpretar nossa “comunidade
imaginada” (Anderson, 1991).
4
Segundo, porque a maioria das investigações na área
de representações sociais enfatiza o estado constituído destas de tal forma que, “[...]
de modo geral, a história das representações sociais, (ou, se preferir, de sua gênese),
raramente é estudada, apesar de numerosos trabalhos (notadamente o trabalho
1
Cf. original: “Any indication implies duality, we cannot produce a thing without coproducing what it is not,
and every duality implies triplicity: what the thing is, what it isn’t, and the boundary between them”.
2
Historicidade é utilizada aqui como condição daquilo que é histórico. A respeito, ver capítulo 1 do
presente trabalho.
3
De acordo com Hall, “as culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas
também de símbolos e representações. Uma cultura nacional é um discurso um modo de construir
sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos.
As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre ‘a nação’, sentidos com os quais podemos nos
identificar, constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas estórias que são contadas sobre a
nação, memórias que conectam seu presente com o seu passado e imagens que dela são construídas”
(2005: 50-51 – grifos do autor).
4
Comunidade aqui é entendida como uma construção simbólica, tal como é apresentada por Anderson:
“Ela é imaginada porque mesmo os membros da menor nação jamais conhecerão, encontrarão ou
ouvirão falar da maioria de seus compatriotas e, apesar disso, na mente de cada um vive a imagem de
sua comunidade” (1991: 6). Cf. original: “It is imagined because the members of even the mallest nation
will never know most of their fellow-members, meet them, or even hear of them, yet in the minds of each
lives the image of their communion”.
Introdução
14
seminal de Moscovici, 1976) terem sublinhado sua importância teórica”
5
(Guimelli e
Reynier, 1999: 171 – grifos dos autores).
6
Terceiro, pela própria questão teórico-
metodológica da viabilidade de investigar a historicidade dos conteúdos
representacionais, haja vista a exigência da elaboração de procedimentos que
considerem o problema do anacronismo a fim de sopesar o contexto conceitual de
épocas passadas.
O interesse em investigar esse tema tem sua origem em uma pesquisa
intitulada Imaginário e representação social de jovens universitários sobre o Brasil e a
escola brasileira,
7
da qual participei como assistente. Coordenada nacionalmente pela
Profa. Dra. Clarilza Prado de Sousa (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e
Fundação Carlos Chagas), integrava-se a um programa mais amplo, Imaginários
latino-americanos,
8
sediado no Laboratoire Européen de Psychologie Sociale da
Maison des Sciences de l’Homme de Paris (França), do qual colaboraram
pesquisadores de diferentes países e áreas de conhecimento,
9
cuja coordenação
internacional ficou sob responsabilidade da Profa. Dra. Angela Arruda (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Desenvolvida durante o período de 2003 a 2006 com 1.029
universitários do primeiro ano dos cursos de Enfermagem, Engenharia, Medicina,
Pedagogia e Serviço Social de instituições públicas e privadas, localizadas nos
Estados do Pará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande
do Sul, com o propósito de identificar como esses estudantes representavam diversos
5
Essa observação é encontrada de forma semelhante em Rouquette, para o qual, “apesar dos apelos
crescentemente insistentes [...] a análise reflexiva do papel da história continua a ser nódoa cega na
teoria das representações sociais” (1998: 41).
6
Cf. original: “Ainsi, d’une manière générale, l’histoire des représentations sociales (ou si l’on préfère, leur
genèse) n’est prise en considération que très rarement dans les études actuelles, bien que de nombreaux
travaux (notamment l’étude princeps de Moscovici, 1976) soulignent son importance théorique”.
7
Cabe ressaltar que essa pesquisa foi financiada diretamente pela Fundação Carlos Chagas (FCC/SP),
contando ainda com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
8
Os resultados do programa de pesquisa Imaginários latino-americanos encontram-se publicados em
Arruda e Alba (2007).
9
Integram o grupo de pesquisadores: Angela Arruda (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil),
Clarilza Prado de Sousa (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Fundação Carlos Chagas,
Brasil), Lilian Ulup (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil), Tunico Amancio (Universidade
Federal Fluminense, Brasil), Denise Jodelet (École des Hautes Études en Sciences Sociales, França),
Alfredo Guerrero Tapia (Universidad Nacional Autónoma de México, México), Martha de Alba (Universidad
Nacional Autónoma de México, México), Maria Auxiliadora Banchs (Universidad Central de Venezuela,
Introdução
15
aspectos do país,
10
os resultados encontrados por Sousa e Arruda (2006) indicaram
uma similaridade com outros trabalhos que também tinham o Brasil por objeto de
estudo, ainda que desenvolvidos em outras épocas, a partir de outros referenciais, e
com preocupações distintas, tais como o de Gurza Lavalle (2004), Toledo (2004),
Zarur (2003), Carvalho (2002), Chauí (2001), Jovchelovitch (2000), Ferreira (1993) e
Silem, Tricoire e Vergès (1991), para citar alguns.
11
Tal semelhança de resultados,
guardadas suas especificidades, sinalizou a existência de certa forma de representar o
Brasil, do que adveio a necessidade de investigar a historicidade das representações
sociais a fim de compreender se essa “regularidade de estilo”, para utilizar um termo
cunhado por Moscovici (2003), poderia ser considerada tributária de reatualizações de
significados historicamente consolidados ou, ao contrário, indicativos de uma
descontinuidade histórica, ainda que tenha se mantido o mesmo universo semântico.
12
Considerando-se que as representações sociais se estruturam em torno
de elementos que fazem referência a aspectos sensoriais, motrizes, cognitivos,
afetivos etc., a análise de sua historicidade requer, metodologicamente, a seleção
daquilo que Lahlou (2003), apoiado em Abric, denomina de “nódulo elementar de
sentido”,
13
uma vez que cada nódulo é composto por conteúdos preexistentes
constituídos, portanto, em outros períodos. Isso pressuposto, elegeu-se, para análise,
o nódulo elementar de sentido “diversidade”, haja vista que os resultados da pesquisa
desenvolvida por Sousa e Arruda (2006) apontavam-no como um dos eixos
organizadores das atuais representações sociais de Brasil. Tem-se, portanto, a
intenção de trabalhar com os dados coligidos na referida pesquisa selecionando
Venezuela), Mireya Lozada (Universidad Central de Venezuela, Venezuela), Álvaro Agudo (Universidad
Central de Venezuela, Venezuela).
10
A intenção do presente estudo é trabalhar apenas com uma parte dos dados coligidos sobre Brasil.
Nesse sentido, para informações acerca dos dados gerais da pesquisa, ver Sousa e Arruda (2006),
Novaes (2006) e Arruda e Ulup (2007). Especificamente para os dados de escola, ver Sousa (2007) e
Acosta (2005).
11
Dentre as similaridades encontradas estão a ênfase dada à diversidade, à exuberância da natureza, ao
personalismo, à idéia de país do futuro, à miscigenação, às características associadas à população como
qualidades ou defeitos etc.
12
A expressão “universo semântico” será utilizada de acordo com a acepção de Abric (1994d), sendo
entendida, portanto, tanto como sinônimo dos elementos constitutivos do conteúdo da representação
como de um conhecimento socialmente compartilhado.
13
O nódulo elementar de sentido “diversidade” configura-se apenas como uma das possibilidades de
análise das representações sociais de Brasil. Importa observar que, para os propósitos do presente
estudo, a associação da diversidade com os demais nódulos elementares de sentido não seobjeto de
investigação. Acerca desses demais “nódulos”, ainda que as autoras não utilizem esse termo, ver Sousa
e Arruda (2006). Para uma definição mais detalhada de nódulo elementar de sentido, ver capítulo 2 do
presente trabalho.
Introdução
16
aqueles que apresentem relação, direta ou indireta, com o nódulo “diversidade”. Nesse
sentido, eles serão analisados e discutidos em conformidade com os propósitos aqui
estabelecidos ainda que, evidentemente, filiado às preocupações teóricas postuladas
por Sousa e Arruda (2006).
O presente trabalho assenta-se, portanto, sob um cabedal teórico-
metodológico em que é fundamental a importância dada à teoria das representações
sociais. Igualmente fundamental é a tentativa de estabelecer um diálogo permanente
entre essa teoria e aspectos que envolvam sua historicidade, de modo a compreender
como as representações sociais contemporâneas são impactadas por conteúdos que
vêm se constituindo em outras épocas históricas, aspectos estes que, sem serem
novos, restam ainda pouco explorados, como evidenciam os estudos de Castorina
(2007), Jodelet (2003), Bertrand (2003/2 e 2002), Moliner (2001b) e Rouquette e
Guimelli (1994).
Foram essas as primeiras questões, subjacentes no texto, que
começaram a constituir a presente pesquisa. Não obstante, indubitavelmente, um dos
objetos de estudo do pensamento social brasileiro tenha sido o de compreender aquilo
que caracteriza o Brasil, questão esta amplamente debatida por intelectuais como
Gilberto Freyre, Dante Moreira Leite, Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Cândido,
Raymundo Faoro, Alfredo Bosi, Renato Ortiz, Carlos Guilherme Mota, Roberto
DaMatta, Marilena Chauí, José Murilo de Carvalho, entre tantos outros em distintas
áreas de conhecimento, o que levou Cardoso (1993) a considerar essa discussão um
traço da nossa cultura,
14
o objetivo aqui é modesto e distinto na medida em que se
pretende analisar o processo de generatividade
15
das atuais representações sociais de
14
Segundo Cardoso, “[...] é natural que os povos procurem indagar-se sobre si e sobre seus destinos,
mas eu não sei se há muitos exemplos de tanta paixão pela descoberta do ‘ser nacional’ ou da sociedade
nacional por intelectuais válidos. Porque esta obsessão pode gerar muitas simplificações, pode gerar a
busca de diferenças nacionais e culturais que dêem dimensão de ‘superioridade’ aos povos. Mas nós não
estamos falando disso; estamos falando de grandes autores, que são mestres, capazes de lidar com
fenômenos complexos, que não constroem visões simplistas de seu país. Esse é um traço curioso da
cultura brasileira, e que talvez tenha se esmaecido nos últimos tempos. Essa paixão por uma interrogação
contínua sobre nossas origens, sobre o que somos, o que poderemos ser, que ora sustenta a idéia de um
legado, ora a de um peso que tem que ser posto à margem, não deixa de ser curiosa e, mesmo,
produtiva” (1993: 34).
15
Generatividade aqui é compreendida como “[...] a construção social e progressiva de um estado estável
da representação” (Guimelli e Reynier, 1999: 172). Cf. original: [...] la construction sociale et progressive
d’un état stable de la representation”.
Introdução
17
Brasil associadas à diversidade, reputando os conteúdos que as organizam como
tributários de uma construção histórica.
De acordo com Zarur (2003) e Guimarães (2001), estudiosos da
identidade brasileira, ainda vivemos um momento de tensão em relação à nossa
identidade nacional, iniciado, sobretudo, após os anos 80 com a estagnação
econômica, a inexistência de uma orientação política clara e a crise financeira, tensão
essa que, ainda com nuances, se mantém na atualidade. Contudo, ainda que
chegando à mesma conclusão, esses autores identificam o contexto de crise em
princípios distintos. Para Guimarães (2001) estes remetem ao ressurgimento de
movimentos separatistas, principalmente no Sul do país, aos movimentos racistas
voltados contra nordestinos e negros, à emigração internacional, à busca por uma
dupla nacionalidade, aproveitando-se da mudança da legislação brasileira, à
“reafricanização” dos costumes negros oriundos e à “reetnização” dos povos indígenas
brasileiros, dados como já desaparecidos em Estados distintos da União.
16
Zarur, partindo de outra perspectiva, coloca a questão da crise no
centro da idéia do Brasil como uma civilização redentora que, segundo ele, seria o
principal marco da nossa identidade nacional:
o problema com um modelo de nação baseado em uma prometida
utopia é o de que a situação social tem que apresentar evidências
continuadas de que este futuro está inexoravelmente se
aproximando, mesmo que de fato nunca chegue. O desenvolvimento
econômico manteve, por um tempo, acesa a idéia de que as pessoas
se alimentariam melhor, teriam melhores casas, escolas e hospitais e
que no Brasil se iria fundar uma nova civilização onde “seriam
superadas as barreiras de classe, raça e credo”, conforme as
profecias dos místicos e o pensamento dos intelectuais. Este sonho,
entretanto, cada vez mais se distancia da vida das pessoas. Encerra-
se mais uma década amarga de empobrecimento e de
desorganização do organismo político e inicia-se outra, na mesma
direção. Pode ser a hora de aliar o conceito de cultura a aspectos
políticos e econômicos, de voltar a provar a viabilidade do Brasil. Não
16
Guimarães (2001) aponta ainda a existência de um processo de mudança nos três pólos defendidos
por DaMatta (1990) como fundadores da nacionalidade brasileira (o negro, o índio e o branco), que vai ao
encontro da idéia de interpretar o Brasil como uma nação multirracial em vez de mestiça. Segundo ele,
esses três pólos passam por um processo de recriação em que o branco procura sua segunda
nacionalidade na Europa e na Ásia ou constrói o que ele denomina de “xenofobia regional radicalizada”, o
negro traça uma África imaginária para mostrar sua ascendência e os índios reconstroem suas tribos de
origem.
Introdução
18
mais pelo desenho de uma identidade una, mas pela invenção de
uma sociedade que reconheça a multiplicidade de modos de vida dos
tempos atuais (2003: 40).
Em discussão recente, Maia destaca a necessidade de reequacionar a
discussão sobre a identidade nacional brasileira perante o atual processo de
globalização, de modo a refletir sobre as características de nossa identidade nacional
frente os impasses por ele gerado. De acordo com esse autor:
Hoje, tanto as iniciativas de mobilização popular e de resgate da auto-
estima, insufladas pelo governo federal, como a sensível mudança do
papel geopolítico do Brasil com a sua aproximação das nações
emergentes –, conduzida pelo Itamaraty na gestão de Celso Amorim,
ensejam um cenário propício à retomada da discussão acerca de um
projeto nacional de país, e, ipso facto, questões como identidade
nacional, patriotismo, nacionalismo, interesses republicanos, entre
outras (2005: 123).
Diante desse quadro, como se comportam as representações sociais de
Brasil organizadas em torno do nódulo elementar de sentido “diversidade”?
17
Em
outras palavras, se as representações sociais se constituem sobre uma base de
conhecimentos adquiridos anteriormente e que são “[...] tributários, por sua vez, de
sistemas de crenças ancorados nos valores, tradições e imagens do mundo e do ser”
(Moscovici e Vignaux, 1994: 26),
18
quais são as categorias de pensamento
preexistentes
19
que ancoram as atuais representações sociais de Brasil diante de um
contexto histórico atual identificado, por alguns intelectuais, como de ameaça à
identidade nacional, haja vista, por exemplo, os movimentos identitários minoritários
17
Acredita-se que essa pergunta tem razão de ser na medida em que, como já apontou Moliner (2001a e
2001b), o processo histórico de formação de uma representação passa por momentos distintos em que
diferentes mecanismos são acessados. Por exemplo, no início de uma representação, o processo
representacional se apoiaria em processos sociocognitivos e, no período de estabilidade ou de
transformação, seriam os mecanismos de defesa os mais mobilizados. Ainda segundo esse autor, as
representações sociais passam por três fases distintas: a fase de emergência, em que uma mediação
entre a existência de um objeto problemático e o surgimento de saberes estáveis e consensuais ligados a
ele; a fase de estabilidade, em que a representação torna-se um saber consensual (ao menos no núcleo)
sobre um determinado aspecto do meio social do grupo; e a fase de transformação, em que os saberes
mais antigos se relacionariam com os mais recentes.
18
Cf. original: “[...] tributaires à chaque fois, de systèmes de croyance ancrés dans des valeurs, des
traditions, des images du monde et de l’être”.
19
Vergès (1991) define pensamento preexistente como “matrizes culturais de interpretação” que
dependem das condições sócio-históricas atuais, não podendo ser associadas a princípios atemporais,
uma vez que, “se o mundo social se constrói por meio de pré-construções passadas, tais formas [matrizes
culturais de interpretação] não são estáticas, mas sim transformadas e reapropriadas em nossa
atualidade” (Bertrand, 2003/2: 134). Cf. original: “Si le monde social se construit à partir de
Introdução
19
(cf. Maia, 2005) e o próprio processo de globalização (cf. Hall, 2005)? Ou seja, se essa
constituição se pela continuidade, então poder-se-á observar a manutenção de
certos aspectos que atualizam a representação por meio dos elementos do passado.
Mas, se os atuais conteúdos que formam as representações sociais de Brasil se
caracterizam pela descontinuidade, qual o papel do passado nessas representações?
Essa questão de continuidade/descontinuidade, ao fazer referência ao
fenômeno temporal, conduz necessariamente à presença da dimensão histórica nas
representações sociais que se caracterizam pela articulação, sempre dinâmica, entre
passado e presente,
20
na medida em que as representações sociais são tanto
tributárias de conhecimentos preexistentes (Moscovici e Vignaux, 1994), originados,
portanto, em épocas cronológicas distintas, quanto impactadas pelos imperativos
pragmáticos da vida cotidiana, o que gera também a necessidade da desnaturalização
dessa dimensão, visto que
se as representações sociais servem para familiarizar o não-familiar,
então, a primeira tarefa dum estudo científico das representações é
tornar o familiar não-familiar, a fim de que elas possam ser
compreendidas como fenômeno e descritas através de toda técnica
metodológica que possa ser adequada nas circunstâncias específicas
(Duveen, 2003: 25).
Mas, em que sentido o Brasil pode ser considerado um objeto não-
familiar e, portanto, passível de ser estudado pela via das representações sociais?
Acredita-se que a resposta a essa questão se encontra no plano teórico, ou seja, se se
compreende que o que define o Brasil seja fixado exclusivamente por meio de um
patrimônio herdado, como uma espécie de substância que contém “[...] a manifestação
de um povo vagueando acima das vicissitudes históricas do seu ‘destino’” (Carrilho
apud Maia, 2005: 131), desse modo, realmente, não faz sentido pensar em não-
préconstructions passées, ces formes ne sont pas statiques, elles sont transformées et réappropriées
dans notre actualité”.
20
De acordo com Reis, “[...] A sensibilidade historiadora se ancora no tempo, na interpretação sempre
mutante entre passado, presente e futuro. As mudanças no processo histórico alteram as interpretações
da história. Toda interpretação, que é uma atribuição de sentido ao vivido, se assenta sobre um mirante
‘temporal’, um ponto de vista, em um presente – vê-se a partir de um lugar social e um tempo específicos.
O desdobramento do tempo pode mudar a qualidade da história, interpretações inovadoras emergem com
a sua passagem. Não um passado fixo, idêntico, a ser esgotado pela história. As esperas futuras e
vivências presentes alteram a compreensão do passado. Cada geração, em seu presente específico, une
passado e presente de maneira original, elaborando uma visão particular do processo histórico. O
presente exige a reinterpretação do passado para se representar, se localizar e projetar o seu futuro.
Cada presente seleciona um passado que deseja e lhe interessa conhecer [...]” (2003: 9).
Introdução
20
familiar. Agora, se se flexibilizar essa concepção, reputando-a a “(...) construção de
uma configuração sem forma rigidamente definida e sem sentido previamente
determinado [...] como algo que se inventa e constrói(Carrilho apud Maia, 2005: 131
grifos do autor), então é possível pensar na necessidade de familiarizar essa
construção, o que não significa que ela seja criada ex nihilo, na medida em que ela é
tanto fruto da reapropriação dos conteúdos advindos de outros períodos cronológicos
como daqueles gerados pelos novos contextos, o que faz com que as representações
sociais se constituam, concomitantemente, como produto e como processo (Jodelet,
1986), como pensamento constituído ao mesmo tempo constituinte (Suárez Molnar,
2003).
Nesse sentido, a compreensão da historicidade dessa mobilidade, que
é intrínseca às representações sociais, é possível por meio de uma análise que
envolva, obrigatoriamente, a consideração de seus processos de generatividade, ou
seja, a consideração da construção da estabilidade de seus conteúdos, dado que
[...] as representações sociais são complexas e se inscrevem,
necessariamente, nos quadros de pensamento preexistentes
tributários, por sua vez, de sistemas de crenças ancorados em
valores, tradições, imagens do mundo e do ser. Elas são, sobretudo,
objeto de um trabalho permanente do social, pelos discursos e nos
discursos, de modo que, a cada vez, reincorporam todo fenômeno
novo nos modelos explicativos ou legítimos, familiares, portanto,
aceitáveis. Enquanto processos de trocas e de composição de idéias,
é necessário que elas respondam a esta dupla exigência dos
indivíduos e das coletividades: de um lado, constituir-se como
sistemas de pensamento e de conhecimento e de outro, adotar visões
consensuais de ação, que lhe permitem manter um liame social, ou
seja, uma continuidade da comunicação da noção (Moscovici e
Vignaux, 1994: 26).
21
Levando-se em conta essa dupla exigência”, este estudo propõe
articular os conteúdos das atuais representações sociais de Brasil, associados à
diversidade, à produção historiográfica do século XIX por meio da seleção de obras de
Carl Friedrich Phillip von Martius, Francisco de Adolfo Varnhagen, Joaquim Manoel de
21
Cf. original: “[...] les répresentations sociales sont toujours complexes, et s´inscrevent nécessairement
dans des ‘cadres de pensée préexistants’, ceux-ci tributaires à chaque fois, de systémes de croyance
ancrés dans des valeurs, des traditions, des images du monde et de l´être. Elles sont surtout l´objet d´un
travail permanent du social, par les discours et dans les discours, afin à chaque fois, de réincorporer tout
phénonème nouveau dans des modes explicatifs ou légitimants, familiers donc acceptables. Processus
d´échange et de composition des idées, d´autant nécessaire qu´il répond à cette doublé exigence des
individus et des collectivités: d´une part se construire des systémes de pensée et de connaissance et
Introdução
21
Macedo e Affonso Celso, com o objetivo de identificar quais idéias historicamente
constituídas são acionadas na construção do senso comum sobre a diversidade e que
ainda hoje estruturam as representações sociais do país.
22
A escolha desses autores decorre, basicamente, de dois aspectos: o
primeiro deles deriva da própria análise das respostas dos universitários sobre as
representações sociais de Brasil organizadas em torno do nódulo elementar de sentido
“diversidade”, que remete a um discurso expressivamente produzido ao longo do
século XIX, caracterizado pela organização do Estado nacional e a sistematização de
um conjunto de discursos sobre a singularidade do país, que, na tentativa de explicá-lo
e entendê-lo, dará origem a uma história oficial que representará a diversidade como
unidade construindo as bases daquilo que hoje também nos constitui.
O segundo aspecto, intrinsecamente relacionado ao primeiro, decorre
da própria característica abrangente com que essas obras discutem o Brasil, embora
seja importante ressaltar que foge aos propósitos deste trabalho estudar as condições
de produção ou mesmo de recepção e difusão de tais obras. Assim, apesar de terem
sido elaboradas em um contexto histórico específico, acredita-se que, por meio delas,
seja possível investigar a historicidade das representações sociais de Brasil focando a
observação não nas práticas sociais, mas sim em seus “determinantes ideológicos”
23
(cf. Guimelli e Reynier, 1999) construídos historicamente.
Portanto, o estudo de tais obras não significa procurar uma espécie de
“paternidade” dos elementos que compõem o estado atual das representações sociais
d´autre part, adopter des visions consensuelles de l´agir, qui leur permettent de maintenir un lien social,
voire une continuité de la communication de la notion”.
22
Concorda-se aqui com Hall quando este afirma que “[...] as identidades nacionais não são coisas com
as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação. Nós só
sabemos o que significa ser ‘inglês’ devido ao modo como a ‘inglesidade’ (Englishness) veio a ser
representada como um conjunto de significados pela cultura nacional inglesa. Segue-se que a nação
não é apenas uma identidade política, mas algo que produz sentidos um sistema de representação
cultural. As pessoas não são apenas cidadãos/ãs legais de uma nação; elas participam da idéia da nação
tal como representada em sua cultura nacional [...]” (2005: 48-49, grifos do autor).
23
A justificativa de um estudo sobre representação social e não sobre ideologia baseia-se na afirmação
de Jodelet para a qual “[...] a noção de representação social é mais apropriada que a de ideologia, se
queremos tratar do aspecto cognoscitivo dos processos mentais coletivos e de sua articulação com as
práticas, em contextos sociais e históricos precisos, o que não quer dizer que a representação seja
exterior à ideologia, ao contrário” (2003: 102). Cf. original: “[...] la noción de representación social es más
apropriada que la de ideología se queremos tratar del aspecto cognoscitivo de los procesos mentales
colectivos y de su articulación con las prácticas, en contextos sociales e históricos precisos, lo que no
quiere de ninguna manera decir que la representación sea exterior a la ideología, al contrario”.
Introdução
22
de Brasil associadas ao nódulo elementar de sentido “diversidade”. Ao contrário, o que
se objetiva é, justamente, buscar aspectos de continuidade e de descontinuidade
nelas presentes, que possibilitem a compreensão de seus processos de
generatividade por meio da articulação entre seu conteúdo representacional e a
produção historiográfica do século XIX, a fim de discutir sua historicidade.
Com isso, pretende-se, mediante os resultados e os dados obtidos, e
considerando os limites deste trabalho, apresentar duas linhas de contribuição. A
primeira consiste em refletir sobre a análise da historicidade das representações
sociais, uma vez que a maioria dos trabalhos relacionados à essa teoria tanto no
contexto brasileiro (cf. Menin e Shimizu, 2005 e Sousa, 2002) como no internacional
(Roussiau e Bonardi, 2001 e Guimelli e Reynier, 1999) tende a privilegiar o papel
das práticas na constituição destas. Portanto, se, como afirma Marková (2006), o
escopo teórico das representações sociais pressupõe que seus conteúdos sejam
estruturados (e um dos objetivos da teoria é justamente identificá-los e analisá-los),
a consideração de sua historicidade permite, justamente, a compreensão de seus
processos de generatividade e de construção de sua estabilidade.
A segunda contribuição decorre da primeira, pois, ao tentar analisar
a historicidade da representação e seu processo de generatividade, tenciona-se
proporcionar um aprofundamento dessa questão, com o propósito de discutir as
representações sociais como fenômenos psico-históricos, dissipando a impressão
de que estas se apresentam ou como um corpus organizado”, esperando pelo uso
da ferramenta metodológica adequada para serem desveladas (cf. Di Giácomo,
1987), ou como produto de uma espécie de universal abstrato”, constituídas em
um contexto anistórico.
Para tanto, o presente trabalho encontra-se dividido em três capítulos,
além da introdução e das considerações finais, obedecendo à seguinte estruturação:
O primeiro capítulo, ao apresentar o enquadramento teórico da
pesquisa, destaca que a historicidade das representações sociais, não obstante sua
importância para a compreensão de seus processos formadores (ancoragem e de
objetivação), constitui-se em um aspecto pouco abordado pelos estudos da área.
Introdução
23
Nesse sentido, propõe-se examiná-la a partir de dois níveis que, apesar de
intrinsecamente relacionados, são dissociados para fins analíticos. Assim, o primeiro
nível refere-se à constituição das representações sociais, em que se analisará o papel
da dimensão histórica na estruturação da representação. O segundo nível,
correspondente à última parte do capítulo, aborda a questão da dimensão histórica do
conteúdo representacional, em que são discutidos aspectos ligados às diferentes
fases das representações sociais.
O segundo capítulo está organizado em duas partes, em que,
inicialmente, são apresentadas as diretrizes teórico-metodológicas subjacentes ao
estudo da teoria das representações sociais, da qual o presente estudo é tributário. A
seguir, descreve-se a elaboração de um procedimento metodológico que, ao
considerar a historicidade das representações sociais, observe e minimize a
problemática do anacronismo, a fim de permitir, primeiramente, identificar e
compreender o significado que os universitários têm da diversidade, dada a polissemia
desse termo; e, em um segundo momento, que possibilite a análise da historicidade
desse significado tomando em conta as possíveis alterações de vocabulário, visto que
não se pode analisar o passado por meio de um vocabulário contemporâneo. Para
tanto, serão reputados, ainda que de forma instrumental, aspectos da abordagem da
história dos conceitos, sistematizada pelo historiador Reinhart Koselleck (2006a e
1992), e da história efeitual, desenvolvida pelo filósofo Hans-Georg Gadamer (2002),
de modo a estabelecer indicadores que considerem as delimitações conceituais tanto
da contemporaneidade como de épocas passadas em relação à diversidade.
O terceiro capítulo, ao apresentar as análises realizadas, identifica o
universo semântico da diversidade presente na produção textual dos universitários
pesquisados, articulando-o com obras selecionadas de Carl Friedrich Phillip von
Martius, Francisco Adolfo de Varnhagen, Joaquim Manoel de Macedo e Affonso Celso,
produzidas no século XIX, para compreender o processo de generatividade das
representações sociais desses estudantes sobre o país.
Por fim, nas considerações finais, procura-se realizar uma síntese dos
elementos fundamentais que sustentam a presente pesquisa por meio da retomada
das questões apresentadas nos capítulos anteriores.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
24
1 - UMA ABORDAGEM DA HISTORICIDADE DAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
1.1 Situando o ponto de partida
Produto da interação e da comunicação, as representações sociais são
apresentadas por Moscovici como uma “[...] modalidade de conhecimento particular
que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre
indivíduos” (1978: 26).
24
Não se tem aqui a intenção de revisar seu processo de
constituição ou mesmo suas características mais centrais, haja vista a vasta literatura
disponível a esse respeito (Álvarez Bermúdez, 2004; Arruda, 2005, 2002 e 1999; Farr,
1995; Páez et al., 1987b; e Moscovici, 2003, 2001 e 1991). O fato é que, apesar do
inegável desenvolvimento da teoria, existe, nesta, aspectos em aberto que vão desde
a definição de “representações sociais”
25
até a questão da abordagem metodológica e
24
Para Herzlich, a proposta de Moscovici apresentada, em 1961, na obra La psychanalyse, son image et
son public, surge em contraposição à abordagem behaviorista que dominava a psicologia social no
momento. Segundo a autora, “é relativamente a esses modelos bastante redutores que Moscovici
desejava introduzir uma dimensão simultaneamente cognitiva, simbólica e cultural organizando as
condutas dos indivíduos e dos grupos; estas não seriam, pois, concebidas como simples respostas a
estímulos cuja significação não importa” (2001: 193). Cf. original: “C’est par rapport à ces modèles très
réducteurs, que Moscovici souhaitait introduire une dimension simultanément cognitive, symbolique et
culturelle organisant les conduites des individus et des groupes; celles-ci n’etant donc pas conçues
comme de simples réponses à des stimuli dont la signification n’import pas”.
25
Moscovici, ainda atualmente, evita elaborar uma definição formal do que venham a ser as
“representações sociais”. Contudo, após mais de quatro décadas da publicação de La psychanalyse, son
image et son public (Moscovici, 1978), vários são os pesquisadores que se preocuparam com essa
questão. Um deles é Jodelet, para quem a representação “[...] é uma forma de conhecimento, socialmente
elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade
comum a um conjunto social”
(2001: 22); Wagner define representações sociais como “[...] um conteúdo
mental estruturado isto é, cognitivo, avaliativo, afetivo e simbólico sobre um fenômeno social
relevante, que toma a forma de imagens ou metáforas, e que é conscientemente compartilhado com
outros membros do grupo social(1998: 3); Abric a considera como “[...] produto e processo de uma
atividade mental pela qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real ao qual ele é confrontado e lhe
atribui uma significação específica” (1994a: 188) (Cf. original: “[...] le produit et le processus d’une activité
mentale par laquelle un individu ou un groupe reconstitue le réel auquel il est confronté et lui attribue une
signification spécifique”); Para Roussiau e Bonardi a representação social é “[...] uma organização de
opiniões socialmente construídas relativas a um dado objeto resultante de um conjunto de comunicações
sociais... que permitem dominar o ambiente... e de apropriá-lo em função dos elementos simbólicos
próprios a seu ou seus grupos de pertença” (2001: 18-19) (Cf. original: “[...] une organisation d’opinions
socialement construites relativement à un objet donné resultant d’un ensemble de communications
sociales ... qui permettent de maîtriser l’environnement... et de se l’approprier en fonction d’éléments
symboliques propres à son ou ses groupes d’appartenances”); Uribe Patiño e Acosta Ávila intentam definir
as representações sociais pela sua negação, ou seja, exemplificando aquilo que elas não são. Assim,
segundo os autores, “[...] elas o são o mito enquanto o mito constitui para o homem chamado
‘primitivo’ uma ciência total, uma ‘filosofia única’ em que se reflete sua própria prática, sua percepção da
natureza das relações sociais, para o homem moderno a representação social não é mais do que uma
das vias de apreender o mundo concreto. Também o são uma visão de mundo nem uma ideologia
porque as representações sociais o têm essas dimensões universalizantes, totalizantes, unificadoras,
que caracterizam, em geral, estes fenômenos” (2004: 124) (Cf. original: “[...] éstas no son el mito
mientras que el mito constituye para el hombre llamado ‘primitivo’ una ciencia total, una ‘filosofía única’ en
donde se reflexiona su propia práctica, su percepción de la naturaleza de las relaciones sociales, para el
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
25
de sua estruturação, passando pela necessidade de delimitar, mais incisivamente, seu
objeto de estudo, na medida em que, de acordo com Guimelli, em citação escrita em
1994,
nós o dispomos ainda hoje, por exemplo, de uma definição
operacional do que se pode compreender por objeto de
representação social. Quais são os limites das representações
sociais? Como delimitar seus contornos ? [...] a partir de qual
momento pode-se afirmar que um objeto é objeto de representação
social?
26
(1994: 21-22).
Passados catorze anos, vários foram os estudos que abordaram estas
questões
27
na tentativa de iluminar esta “zone d’ombre”, conforme expressão de
Guimelli (1994). Não obstante tais esforços, existem aspectos que ainda precisam ser
mais bem delimitados no campo da teoria e, um deles, especificamente ligado ao tema
da presente pesquisa, refere-se à historicidade das representações sociais, cuja
consideração permite compreender seus processos de generatividade.
A articulação entre história e representações sociais vincula-se,
diretamente, a um dos principais objetivos destas últimas, que é transformar o
estranho em familiar (Moscovici, 2003), de modo a indicar não apenas a relação que
os grupos e indivíduos estabelecem com os demais e com o seu ambiente, mas,
também, orientar a ação deles por meio de um código que permita nomear e
classificar, de forma precisa, os diferentes aspectos da vida cotidiana.
28
hombre moderno la representación social no es más que una de las vias de asir el mundo concreto.
Tampoco son una visión del mundo ni una ideologia porque las representaciones sociales no tienen esas
dimensiones universalizantes, totalizantes, unificadoras, que caracterizan en lo general a estos dos
fenómenos”). De acordo com (1993), os diferentes entendimentos acerca das representações sociais
devem ser considerados como complementares às proposições iniciais de Moscovici, uma vez que “não
se trata, por certo, de abordagens incompatíveis entre si, na medida em que provêm todas de uma
mesma matriz sica e de modo algum a desautorizam” (Sá, 1998: 65). Para uma discussão mais
detalhada sobre a intersecção das diferentes definições de representações sociais, ver Doise (1986).
26
Cf. original: “Nous ne disposons toujours pas, par exemple, d’une définition opérationnelle de ce qu’on
peut entendre par ‘objet de représentation sociale’. sont les limites des représentations sociales?
Comment en délimiter ses contours? [...] a partir de quel moment peut-on dire qu’un objet est objet de
représentation sociale?”.
27
A respeito, ver Moliner (2001a), Roussiau e Bonardi (2001), Moliner, Rateau e Cohen-Scali (2002) e
Moscovici (2003).
28
Segundo Uribe Patiño e Acosta Ávila, a função das representações sociais é, essencialmente, a de
orientar as práticas e o discurso, uma vez que o exterior apresenta uma dimensão não-familiar. Nesse
sentido, o estranho é aquilo que não se conhece (ou que se conhece pouco) e pode ser tanto relacionado
a fenômenos biológicos, naturais ou físicos quanto a objetos da ciência e da tecnologia, bem como a
instituições, aparatos ideológicos e meios sociais ou profissionais. Assim, “reinserido nas relações sociais,
o objeto estranho é redefinido e reconstruído, integrado no discurso, tornando-se mais familiar e, de
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
26
Dado o caráter polissêmico do conceito de história, antes de prosseguir,
faz-se necessário delimitar o que se entende por ele. Assim, de uma maneira geral,
pode-se afirmar que
existem dois níveis ou instâncias bem definidos: História, ou realidade
histórica, e a história, ou conhecimento histórico. História é a matéria
ou referente do discurso que o historiador produz como história, ou
conhecimento histórico. Daí a conhecida frase de Vilar (1980- p.17-
47): “A história fala da História”, isto é, a história-disciplina fala da
História-matéria (Falcon, 2000: 58).
Tendo em vista essa distinção, o conceito de história será utilizado
como forma de conhecimento indireto do passado indicando “[...] tanto a narração dos
acontecimentos como os próprios acontecimentos” (Lalande, 1993: 471) estando
propenso, portanto, aos limites impostos por esse mesmo conhecimento, tais como
insuficiências características das próprias fontes, subjetividade do pesquisador, bem
como problemas relacionados à própria “[...] ‘operação historiográfica’ que determinam
a relação e produção dos ‘fatos’ e sua interpretação” (Falcon, 2000: 59).
29
Isso
pressuposto, tem-se que, a historicidade das representações sociais, entendida como
qualidade ou condição daquilo que é histórico, advém do fato de nelas se articularem,
em um processo dinâmico, tanto os conhecimentos inferidos de uma experiência direta
sobre determinada situação como aqueles pré-existentes, originados em épocas
cronológicas distintas. Nesse sentido, seu estudo torna-se um campo privilegiado para
análise de categorias temporais, tais como permanência e mudança, associadas ao
pensamento social visto que, de acordo com Silva, permite “[...] entender e apreender
a maneira como o tempo elabora processos de subjetivações, ou seja, de cristalização
do passado no presente” (2000: 94).
Ainda que diversos trabalhos destaquem a importância da consideração
da historicidade das representações sociais, tanto para tratar da questão da gênese
algum modo, é recuperado, retraduzido, retocado, em um duplo movimento de figuração e de
significação” (2004: 127). Cf. original: “Reinserto en las relaciones sociales, el objeto extraño es redefinido
y reconstruido, integrado en el discurso, se vuelve más familiar, y de alguna manera es recuperado,
retraducido, retocado, en un doble movimiento de figuración y de significación”.
29
Importa observar ainda a distinção feita entre memória e história, visto que, pelo fato de ambos os
conceitos se referirem ao passado, há uma tendência de estabelecer continuidade entre ambos. Assim,
“enquanto a primeira [memória] vincula-se com o experimentado pessoalmente (como acontecimentos
vividos ou relatos recebidos), a segunda [história] vai muito além do caráter individual ou plural da pessoa
que recorda [...]”, dado que “[...] a história não se preocupa apenas com o uso atual das lembranças
herdadas, mas tem entre seus imperativos ser verídica (apoiar-se sobre evidência empírica do passado) e
buscar ativamente as lembranças esquecidas, o dar conta de todo o sucedido, descrevê-lo e explicá-lo”
(Carretero, Rosa e Gonzáles, 2007: 28-29, respectivamente). Sobre a relação entre história e memória,
ver Le Goff (1988).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
27
quanto de seu estado atual (Moscovici, 1978; Rouquette e Guimelli, 1994; Bertrand,
2003/2 e 2002, e Viaud, 2003/2), esta continua pouco investigada.
Entre os estudos existentes que levam esse aspecto em consideração,
pode-se citar o de Jodelet (2005b), realizado na década de 70 com uma comunidade
rural francesa em que os doentes mentais viviam livremente. Em suas análises, a
autora coloca em cena a historicidade da loucura como objeto representacional, na
medida em que constata a existência de uma série de comportamentos da
comunidade investigada atrelada a uma determinada concepção acerca do modo de
transmissão da doença, indicativa de que os indivíduos pensavam aspectos de seu
cotidiano tendo por referência teorizações historicamente situadas.
30
Em trabalhos
mais recentes, pode-se fazer alusão ao de Herzlich (2001) acerca da representação
social da saúde, cujas considerações são próximas às desenvolvidas por Jodelet
(2005b) e ao de Bertrand (2003/2), sobre as representações sociais da vagabundagem
e da mendigagem, em que a autora discute sua historicidade por meio da análise do
discurso jurídico comparando documentos produzidos nos séculos XIX e XX.
Apesar da teoria das representações sociais, na produção do
conhecimento histórico, ser pouco referenciada, o mesmo não ocorre com o termo
“representação” que, a despeito da polissemia de entendimento acerca de sua
definição, tem-se caracterizado como central na atual produção das distintas correntes
historiográficas (cf. Cardoso e Malerba, 2000),
31
como atesta o estudo de Cardoso e
30
Consoante Jodelet, “[...] Nossa população se gaba de ser moderna, vive a algumas horas de capitais
regionais e de Paris, alimenta-se de televisão. Recebe do hospital todas as garantias possíveis. Por que
ainda vive com essas crenças, aliás tão pesadas de suportar, com sua carga de angústia?” (2005b: 376-
377).
31
Falcon (2000) chega mesmo a considerar que as relações entre história e representação devam ser
analisadas por meio das noções de diferença e de identidade. Segundo esse autor, “Assim como a
diferença, a representação é um conceito-chave do discurso histórico; como a identidade, é o conceito
que define a natureza mesma desse discurso. Em outras palavras, no primeiro caso, representação indica
uma característica do discurso histórico sua dimensão ou função cognitiva constituindo, assim, um
conceito teórico-metodológico, isto é epistemológico. No segundo caso, representação aponta para o
caráter textual e para a dimensão lingüística do discurso histórico, constituindo-se, então, num conceito ou
numa questão narrativista e/ou hermenêutica” (2000: 41 grifos do autor). Feitas estas considerações,
Falcon situará o debate “história e representação” no cruzamento de dois percursos historiográficos
distintos que ele denomina de moderno e pós-moderno. De acordo com o próprio autor, são as duas faces
de Janos: “[...] uma olha na direção da representação como categoria inerente ao conhecimento histórico;
a outra olha para o lado oposto, e a representação como negação da possibilidade mesma desse
‘conhecimento’” (2000: 42 – grifos do autor), em que o primeiro aspecto prefigura a historiografia moderna
representada por autores como Pierre Vilar e Roger Chartier e, o segundo, a pós-moderna, representada,
por exemplo, por K. Jenkis que, ao tomar a representação como oposição à objetividade, introduziria a
negação do real histórico tornando a narrativa histórica indiferenciada de outras narrativas, tais como a
ficcional, diluindo sua capacidade analítica.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
28
Gomes ao identificar que ele aparece como “[...] sinônimo de ‘interpretação’, de
‘concepção’ ou de ‘entendimento’ que vários espaços/tempos históricos produziram
[...]” (2000: 500).
32
Entre os trabalhos que articulam história e representação, e que
apresentam uma preocupação com os aspectos psicossociais, podem-se citar o
clássico de Marc Bloch (1993), Os reis taumaturgos, lançado em 1924, que analisa a
crença difundida na Europa de que os reis tinham o poder de curar, com seu toque,
doenças de pele e, O grande medo de 1789, de Georges Lefebvre (1979), que realiza
um mapeamento dos comportamentos psicológicos coletivos em relação à Revolução
Francesa. Em relação aos trabalhos brasileiros, têm-se os estudos de Carvalho (1990)
que, ao investigar a formação da república brasileira, aponta o fracasso da tentativa
desse novo sistema de se associar a uma imagem feminina, no caso, a Marianne
francesa. Motivo de chacota, os tablóides populares acabaram por ancorar a nova
república na única imagem de mulher pública da época: a prostituta. Ou seja, como
não havia representações sociais de mulheres com participações cívicas, a figura da
Marianne não encontrou um terreno propício para ser ancorada e acabou fracassando
como símbolo pátrio.
Evidentemente que, com tais exemplos, não se pretende desconsiderar
aqui as diferenças de abordagem entre as áreas de história e psicologia que têm
questões distintas, ainda que complementares, a responder. Segundo Moscovici, a
perspectiva dos historiadores difere da dos psicólogos sociais na medida em que eles
[...] destacam a produção das ideologias e se perguntam de onde provêem
as idéias que temos sobre a sociedade e a política. Essas idéias são
socialmente determinadas? Qual a validade que elas podem pretender?
Contudo, não são estas as questões que me apaixonam e as quais, como
psicólogo social, procurarei responder. Outras são as questões da minha
disciplina: Como as idéias são transmitidas de geração para geração e
comunicadas de um indivíduo a outro? Por que elas mudam o modo de
32
Para Cardoso e Gomes (2000), um dos motivos da ausência de uma definição clara do que venha a ser
representação na área de história decorre do fato de que sua utilização é relativamente recente,
remetendo-se, inicialmente, à chamada história das mentalidades, apesar de ser mais bem
instrumentalizada por Roger Chartier na abordagem da história cultural. Ainda segundo esses autores, as
categorias teóricas da história das idéias remetem a consciente/inconsciente, tempo/duração, o que deu
origem à introdução de conceitos como “representações coletivas”, “visões de mundo”, “espírito de época”
etc. Para uma diferenciação dos conceitos de representação, ideologia e imaginário, ver Falcon (2000).
Sobre as diferentes concepções do termo representação, bem como os problemas teórico-metodológicos
gerados por seu uso indiscriminado na produção do conhecimento histórico, ver Cardoso e Malerba
(2000). Acerca das relações entre história e representações sociais, ver Cardoso (2000).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
29
pensar e de agir das pessoas até tornar-se parte integrante de suas vidas?
(1991: 77).
33
Ainda que essas diferenças sejam sopesadas, é possível concluir que
trabalhos realizados tanto na área de história com ênfase nas representações, quanto
na de representações sociais com ênfase em história dão conta da existência de
zonas de fronteiras explicitadas em linhas gerais a seguir, que envolvem esses dois
campos de saber, zonas estas delineadas desde o trabalho inicial de Moscovici,
uma vez que, de acordo com esse autor, a noção de “representação coletiva”, da qual
ele derivou a de representações sociais, “[...] teria mesmo caído em desuso se não
fosse uma escola de historiadores que lhe conservou os traços, ao longo de pesquisas
sobre as mentalidades” (2001: 45). Evidentemente que, apesar da origem em comum,
esses termos não são inteiramente sinônimos
34
nem tiveram a mesma trajetória:
enquanto a história das mentalidades
35
teve, sobretudo no meio francês, um ápice na
década de 60, atualmente, essa noção tem se desgastado no meio acadêmico apesar
de, segundo Vainfas, haver recentemente um “[...] extraordinário vigor dos estudos
sobre o mental, ainda que sob novos rótulos e com outras roupagens” (1997a: 128).
36
a teoria das representações sociais sofreu o processo inverso: pouco usada no
início, observa-se, atualmente, uma grande utilização dessa abordagem em diversas
áreas do conhecimento (cf. Jodelet, 2003).
33
Cf.original: “[...] mettent l’accent sur la production des idéologies et se demandent d’où viennent nos
idées sur la société et la politique. Ces idées sont-elles socialement déterminées? Dans ce cas, à quel
genre de validité peuvent-elles prétendre? Cependant ce ne sont pas ces questions qui me passionnent et
auxquelles, en qualité de psychologue social, je chercherais à répondre. D’autres sont davantage dans le
cadre de ma discipline: comment les idées sont-elles transmises de genération en génération et
communiquées d’un individu à l’autre? Pourquoi changent-elles le mode de penser et d’agir des gens,
jusqu`à devenir partie integrante de leur vie?”
34
Cardoso e Gomes observam que o termo mais próximo de representação social é o conceito de
“utensilagem mental” (outillage mental) desenvolvido por Lucien Febvre na década de 20 e ainda pouco
estudado em história e que faz referência ao “[...] conjunto de categorias de percepção, concepção,
expressão e ação que estruturam a experiência tanto individual como coletiva” (2000: 502).
35
De acordo com Castorina, “a palavra mentalidade provém da filosofia inglesa e refere-se à forma de
pensar de um povo [...] ou seja, designa os sistemas de valores e crenças próprias de uma época ou de
um grupo, o que compartilham Colombo e os marinheiros de suas caravelas ou César e seus soldados”
(2007: 77). Segundo Vovelle (1991), o conceito de mentalidade não abarca apenas o “espírito de uma
época”, na medida em que pode incluir conflitos e tensões entre diferentes classes sociais. Nesse sentido,
esse autor considera que a história das mentalidades pode ser compreendida como uma história das
massas anônimas cujo enfoque recai sobre os “intermediários” e não mais sobre a elite. Cardoso e
Gomes (2000) pontuam que as diversas vertentes da história das mentalidades utilizaram a noção de
representação como constituinte das relações sociais, orientando não apenas os comportamentos
coletivos, mas também as transformações do mundo social haja vista os estudos desenvolvidos por
Georges Duby acerca do imaginário do feudalismo em que a representação aparece como “membrura”,
“estrutura latente”, “imagem simples” que assegura a passagem dos diferentes esquemas simbólicos.
Para mais informações sobre o conceito de mentalidades, ver Burke (1980 e 1991) e Ariès (1993).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
30
Para Jodelet (2003), a reciprocidade entre a teoria das representações
sociais e a “história das mentalidades” pode ser observada no que tange à definição
dos objetos, ao caráter coletivo dos fenômenos estudados e à tomada de consciência
da dimensão afetiva, sendo possível ainda acrescentar a preocupação com os tempos
históricos (longa, média e curta duração).
37
Também Emilani e Palmonari (2001) apontam que a abordagem da
história do cotidiano,
38
filiada à das mentalidades (cf. Vainfas, 1997a), aproxima-se do
conceito de representações sociais não apenas pelo fato de terem seu objeto de
estudo focado no âmbito das idéias, mas por se preocuparem com uma espécie de
edificação espontânea dos conhecimentos. Assim, Moscovici (1978) apresenta a idéia
da existência de duas formas de racionalidade
39
ou duas formas de pensar: o
pensamento gico-científico e o pensamento social que permite que o mundo social
se torne um lugar familiar e previsível. Nesse sentido, Moscovici trouxe para a
Psicologia Social a preocupação com a vida cotidiana como “[...] lugar particular e
específico de nossa experiência e do conhecimento, lugar por vezes público, por
vezes privado, baseado em sentidos comuns e procedimentos partilhados de
interpretação e de negociação” (Emilani e Palmonari, 2001: 143).
40
36
Para mais informações sobre o processo que levou algumas produções historiográficas a substituir a
noção de mentalidades pela de representação, ver Silva (2000).
37
Seguindo essa mesma linha de interpretação, Castorina aponta as seguintes convergências entre as
representações sociais e as mentalidades: “Ambas desempenharam papel crítico notavelmente similar na
história recente de cada disciplina; as notas que caracterizam as respectivas definições dessas categorias
são igualmente nebulosas; por isso, suas relações com a ideologia são discutíveis, mas ilustrativas de
seus traços mais relevantes; ambas são o resultado de processos do imaginário das produções
intelectuais; além disso cada uma influi decisivamente sobre a vida prática dos indivíduos; finalmente, a
compreensão de cada uma envolve a articulação entre sociedade e indivíduo” (2007: 76).
38
Segundo Lefebvre, definir o que venha a ser “cotidiano” não é uma tarefa fácil, uma vez que este se
apresenta sem contornos muito definidos justamente porque ele resiste a qualquer tentativa de
descoberta. Assim, “quaisquer que sejam seus aspectos, o cotidiano tem uma característica essencial: ele
não se deixa aprisionar. Ele escapa” (Lefebvre apud Emilani e Palmonari, 2001: 141). Cf. original: “Quels
que soient ses aspects, le quotidien a une caractère essentiel: il ne se laisse pas prendre. Il fuit”. Para
mais informações sobre a história do cotidiano, ver Del Priore (1997).
39
O fato de Moscovici propor a existência de diferentes racionalidades não constitui, de acordo com
Emilani e Palmonari, nenhuma novidade, uma vez que diversos autores como Freud (processo primário e
secundário), Piaget (pensamento pré-lógico e pensamento lógico), Bruner (pensamento narrativo e
pensamento lógico-científico), entre outros, haviam apontado tal variedade. Contudo, segundo os
autores, a novidade trazida por Moscovici decorre do fato de ele associar esse pensamento social à idéia
de consenso ao definir as representações sociais como teorias do senso comum, ou seja como “[...] parte
do conhecimento prático que se ocupa principalmente da vida cotidiana” (2001: 141). Cf. original: “[...]
partie de la connaissance pratique qui s’occupe principalement de la vie quotidienne”.
40
Cf. original: “[...] lieu particulier et spécifique de notre expérience et de la connaissance, lieu à la fois
public et prive, base sur des sens publics et des procédures partagées d’interprétation et de négociation”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
31
Mais do que conceitos que guardam certa similaridade, pode-se afirmar
que a própria questão da generatividade e funcionamento das representações sociais
é, de certo modo, tributária dos processos ligados às mentalidades, pois
[...] em sua qualidade de saber socialmente construído e
compartilhado, oferecendo-se como uma versão da realidade sobre e
com a qual atuar, a representação é um pensamento prático e socio-
cêntrico (Piaget, 1976), posta ao serviço da satisfação e justificação
de necessidades, interesses e valores do grupo que a produzem. O
que, por um lado, a aproxima da ideologia e, por outro, compromete o
conjunto dos códigos, modelos e prescrições que, orientando a ação,
participam da cultura e das mentalidades (Jodelet, 2003: 102-103).
41
Um outro aspecto que também pode ser apontado como continuidade
tanto no plano da história quanto no da teoria das representações sociais refere-se a
uma crítica ao uso analítico da noção de “representação”, que teria ainda um aspecto
mais descritivo do que explicativo em ambas as áreas:
42
[...] Muitas vezes desprovida dos instrumentos teóricos necessários à
elaboração de um quadro formal e/ou conceitual de análise, a maior
parte dos historiadores que trabalham nessa perspectiva faz uso
limitado e quase sempre factual dessas duas noções [representação
e cultura política]. Empregado de maneira isolada, sem referência ao
sistema de relações teóricas das quais ele depende, o conceito de
representação parece, em determinados casos, servir unicamente de
figura retórica e de justificativa a um certo modismo intelectual (Silva,
2000: 96 – grifos do autor).
Em termos de descontinuidade,
43
a relação entre representações
sociais e mentalidades se desenvolve mais em torno das pequenas diferenças do que
de grandes divergências. Como exemplo de uma delas pode-se citar o uso
indiscriminado do termo “inconsciente” que, por vezes, reduz o papel do social na ação
dos indivíduos (cf. Jodelet, 2003).
41
Cf. original: “[...] en su calidad de saber socialmente construido y compartido, ofreciéndose como una
‘versión’ de la realidad sobre y con la cual actuar, la representación es un pensamiento práctico y socio-
céntrico (Piaget, 1976), puesto al servicio de la satisfación y de la justificación de las necesidades,
intereses y valores del grupo que lo produce. Lo que, por una parte lo aparenta con la ideología y por otra
parte compromete el conjunto de los códigos, modelos y prescripciones que, orientando la acción,
participan de la cultura y de las mentalidades”.
42
Sobre a crítica do uso descritivo da noção de representação em um plano analítico, ver, em relação à
história, Silva (2000), Malerba (2000) e Capelato e Dutra (2000) e, no tocante à teoria das representações
sociais, ver Menin e Shimizu (2004 e 2005) e Arruda (2005).
43
Para outras informações sobre as continuidades e descontinuidades envolvendo as noções de
mentalidades e de representações sociais, ver Castorina (2007).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
32
Outra diferença refere-se à questão da inércia ou do apego a mudanças
praticamente imperceptíveis, o que provocou diversas críticas à história das
mentalidades relacionadas, sobretudo, à idéia da temporalidade herdada da linha
braudeliana (cf. Braudel, 1988). Contudo, essa diferença em relação à teoria das
representações sociais tem se diluído, sobretudo após a abordagem realizada por
Vovelle (1991) que insiste na efetividade analítica dos conceitos de “longa duração” e
de “olhar antropológico”, bem como da necessidade de relacionar as mentalidades
com totalidades históricas explicativas, pois, segundo esse autor, a idéia de inércia e
imutabilidade são noções incompatíveis com o próprio ofício do historiador, traduzido,
em linhas gerais, como o de explicar as transformações sociais no tempo.
De acordo com Jodelet (2003), a ótica da psicologia social difere da
ótica da história em sua escala temporal, na medida em que “as mentalidades
comprometem o passado e o tempo longo, as representações o término curto e um
tempo acelerado, incluindo precipitações conjunturais em razão dos meios de
comunicação contemporâneos” (Jodelet, 2003: 108).
44
Apesar das representações serem comumente associadas ao tempo
curto, é possível que, em algumas situações, elas apresentem uma duração temporal
maior como indicam, por exemplo, os estudos de Banchs (1999) sobre gênero.
Acredita-se que essa situação também seja particularmente observável naquilo que
Moscovici (2003 e 1988) denomina de representações hegemônicas
45
caracterizadas
por transpassarem os grupos e por apresentarem estabilidade estrutural e temporal,
ainda que passíveis de mudança, uma vez que se ancoram nas crenças e valores
culturalmente difundidos, como é o caso, por exemplo, das representações sociais de
país. Isso, de certa forma, justificaria a existência de uma “regularidade de estilo”
46
(Moscovici, 2003), uma espécie de continuidade nas categorias de pensamento
44
Cf. original: “Las mentalidades comprometen el pasado y el tiempo largo, las representaciones el
término corto y un tiempo acelerado, incluso precipitaciones coyunturales en razón de los medios de
comunicación contemporáneos”.
45
De acordo com a tipologia proposta por Moscovici (1988), ainda as representações polêmicas que,
mutuamente exclusivas, seriam determinadas pelas relações antagônicas entre os membros dos
diferentes grupos e as representações emancipadas, criadas em um determinado grupo e partilhadas por
outros.
46
Para Moscovici (2003), a regularidade de estilo refere-se a um sentido que ultrapassa indivíduos e
instituições permitindo, portanto, uma articulação com a idéia de longa duração (cf. Braudel, 1988).
Contudo, isso não significa que elas obedeçam a uma espécie de inércia, mas sim de que não houve
macromudanças em seus elementos.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
33
relacionadas às “comunidades imaginadas”, para utilizar a expressão cunhada por
Anderson (1991). Segundo Roussiau e Bonardi,
a inteligibilidade do processo de construção de uma representação
reclama que se faça um apelo ao passado, à história, à memória,
tanto para enfatizar o que do passado se insere nas novas
representações (a marca do passado e, por conseqüência, as
especificidades do presente) como para compreender como a
memória e o conhecimento se articulam, como o pré-construído age
sobre a aquisição de informações e saberes novos (2002: 41).
47
Ou seja, ainda que a gênese de determinadas representações sociais
possa estar no tempo histórico definido como de longa duração, elas são articuladas
ao tempo da curta duração, haja vista sua dependência ao contexto ideológico do
momento, ao grau de implicação do(s) grupo(s) que a elabora(m) e à ligação e estilo
das comunicações partilhadas por ele(s),
48
dado que é no epicentro das
representações sociais que se encontra, justamente, o sistema de valores
compartilhados a priori por um determinado grupo, e “[...] é no interior desse mesmo
sistema de valores que se ancoram o estrangeiro e a novidade [...]” (Gigling e Rateau,
1999: 64).
49
É por isso que se acredita que o estudo da historicidade das
representações sociais seja um campo privilegiado de análise dos conceitos temporais
de continuidade e mudança, conceitos estes fundamentais também para a
compreensão do processo histórico.
1.2 Objetivação e ancoragem como processos “psico-históricos”
Para a consideração da historicidade das representações sociais
importa observar a ação combinada de dois processos,
50
objetivação e ancoragem,
47
Cf. original: “L’intelligibilité des processus de construction d’une representation réclame que l’on fasse
appel au passé, a l’histoire, à la memóire tant pour repérer ce qui du passe s’insére dans les nouvelles
représentations la marque du passe et par conséquent aussi les spécificités du présent que pour
comprendre comment memóire et connaissance s’articulent, comment le pré-construit ou le déjà-là agit
sur l’acquisition d’informations et de savoirs nouveaux”.
48
De acordo com Jodelet, “é necessário um olhar histórico para apontar os lugares de onde se operam as
transformações de categorias e de estruturas do pensamento social, localizar estabilidades manifestas ou
latentes [...]” (2003: 108). Cf. original: “Si necesitan una mirada histórica para apuntar los lugares donde
se operan las transformaciones de categorías y estructuras del pensamiento social, localizar estabilidades
manifiestas o latentes [...]”.
49
Cf. original: “[...] c’est à l’interieur de ce même système de valeurs que s’ancrent alors l’étrange et la
nouveauté”.
50
Consoante Moliner, “[...] as representações sociais vão se construir a partir de processos de
categorização de objetos e de pessoas, de assinalação, de inferência e de atribuição causal etc. Trata-se
de processos sociocognitivos [...] suas características residem no fato de operarem sobre materiais
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
34
que estão na base da origem e do funcionamento das representações sociais
51
e que
concorrem para a determinação de seu conteúdo e de sua estrutura.
52
De acordo com
Jesuíno, o processo de objetivação e ancoragem
[...] são antes sucessivos, ou melhor, justapostos ou ainda paralelos,
não sendo possível bem discernir qual deles está em funcionamento,
dado que jamais o começo de um segue a finalização do outro.
Haveria como que uma espécie de gestalt switch na passagem de um
ao outro. Por conseguinte, a teoria parece dar as costas à integração,
ela permanece aberta, sem fechamento, o que talvez não seja uma
fragilidade, mas, ao contrário, a tradução da natureza dos fenômenos
sobre os quais ela é erigida (2001: 288 – grifos do autor).
53
Moscovici (1978) concebe, inicialmente, a objetivação como um
processo que se desenvolve em três etapas sucessivas:
54
1.ª) seleção construtiva ou
socialmente investidos (aquilo que nos concerne e que concerne aos outros) e que são, eles próprios,
socialmente determinados. O que significa que os processos sociocognitivos permitirão aos indivíduos
tratar informações comuns à maior parte dos membros do grupo social, uma vez que decorrentes das
mesmas experiências. Além do que, seu funcionamento, seu desdobramento serão determinados por
fatores sociais comuns, também eles, aos membros de um mesmo grupo. [...] Naturalmente, os processos
sociocognitivos redundam na construção de conhecimentos amplamente compartilhados. No que
concerne à elaboração de representações sociais, este fator de convergência encontra-se reforçado pelos
processos de ancoragem e de objetivação” (2001a: 17-18). Cf. original: “[...] les représentations sociales
vont se construire à partir de processus de catégorisation d’objets et de personnes, d’assignation,
d’inférencce et d’attribution causale, etc. Il s’agit de processus socio-cognitifs [...] leurs característiques
résident dans le fait qu’ils opèrent sur de matériaux socialment investis (ce qui nous concerne et ce qui
concerne autrui) et qu’ils sont eux-mêmes socialement déterminés. Ce qui signifie que les processus
socio-cognitifs vont permettre aux individus de traiter des informations communes à la plupart des
membres du groupe social, puisqu’issues des mêmes expériences. Par ailleurs, leur mise en œuvre, leur
déroulement seront déterminés par des facteurs sociaux communs, eux aussi, aux membres d’un même
groupe.[...] Par nature, les processus socio-cognitifs aboutissent donc à la construction de connaissances
largement partagées. Dans le cas d’élaboration des représentations sociales, ce facteur de convergence
se trouve renforcé par les processus d’ancrage et d’objetivación”.
51
O surgimento de uma representação social está atrelado, em linhas gerais, à existência de pelo menos
três fatores relacionados ao posicionamento de um grupo perante um objeto socialmente significativo para
ele, quais sejam: dispersão da informação, focalização e pressão à inferência. O primeiro deles decorre
do fato de os indivíduos estarem expostos, em seu entorno social, a uma grande quantidade de
informações dispersas e difusas que necessitam ser integradas e processadas de forma seletiva.
Contudo, por razões inerentes à própria complexidade do objeto da representação, há uma dificuldade de
acessar as informações efetivamente úteis ao conhecimento desse objeto, o que favorece, segundo
Moliner, “[...] a transmissão indireta dos saberes e portanto a aparição de numerosas distorções” (2001a:
34). Já a focalização diz respeito à posição do grupo social em relação ao objeto da representação em
que um de interesse por alguns aspectos desse objeto em detrimento de outros. Por último, a pressão
à inferência ocorre quando os indivíduos aderem às opiniões dominantes do grupo.
52
Para uma exemplificação de como a objetivação e a ancoragem atuam na dinâmica da representação
social, ver Páez (1987a) e Itza, Pinilla e Páez (1987). Sobre os procedimentos de coleta de dados
utilizados para a investigação desses dois processos, ver Roussiau e Bonardi (2001) e Doise, Clémence e
Lorenzi-Cioldi (1992).
53
Cf. original: “Ils sont plutôt successifs, ou mieux, juxtaposés ou peut-être parallèles, sans que l’on
discerne bien lequel des deux est à l’oeuvre, si jamais le commencement de l’un suit l’achèvement de
l’autre. Il y aurait comme une sorte de gestalt switch dans le passage de l’un à l’autre. En conséquence la
théorie semble tourner le dos à l’integration, elle reste ouverte, sans clôture, ce qui n’est peut-être pas une
faiblesse, mais, au contraire, la traduction de la nature des phénomènes sur lesquels elle est bâtie”.
54
Atualmente o processo de objetivação é estudado investigando-se os elementos que concentram a
significação do objeto representado, bem como sua articulação com a prática cotidiana no interior dos
grupos sociais (cf. Casado e Calonge, 2001).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
35
descontextualização da informação; 2.ª) criação do núcleo ou esquema figurativo; e
3.ª) naturalização.
55
Na primeira etapa, algumas informações privilegiadas são selecionadas
e destacadas de seu contexto original de criação, sendo reorganizadas em um
conjunto teórico e novamente integradas ao sistema de pensamento do grupo em
questão (Di Giacomo, 1987). Segundo Páez,
[...] isto se junto a um processo de descontextualização do
discurso, ou seja, este se abstrai de suas condições de produção, do
aparato ideológico e do suposto emissor, das características do
objeto-conteúdo da informação e das características do receptor
“vítima” do discurso (1987a: 307).
56
A segunda etapa consiste na composição de um esquema ou núcleo
figurativo em que determinados elementos passam a apresentar um papel mais
importante do que outros, por meio da construção de uma “[...] estrutura imaginária
tributária de uma estrutura conceitual, a qual vai conformar o núcleo central da
representação” (Casado e Calonge, 2001: 77),
57
ou seja, o conceito converte-se aqui
em imagem vinculada a idéias ou a palavras. Ayestaran, De Rosa e Páez (1987)
acrescentam ainda que, apesar de o conhecimento prévio ativado ser conceitual, ele
também possui aspectos figurativos que se associam com uma dimensão afetiva de
modo a construir uma determinada estruturação.
A terceira e última etapa é a da naturalização, em que os elementos do
esquema figurativo são percebidos pelos indivíduos como uma expressão direta
daquilo que está sendo representado, ou seja, a imagem se naturaliza e é tratada
55
De acordo com Casado e Calonge, “é por meio do processo de objetivação que o abstrato se
transforma em concreto, os conceitos ou idéias se transformam em algo ‘real’, a imagem se materializa,
se acoplam palavras às coisas, o convencional passa a ser considerado indicador de fenômenos
comprovados, o símbolo passa a ser signo, a palavra torna-se uma extensão do real, a idéia passa a ser
não um produto intelectual, mas sim um reflexo do real, o invisível se faz visível, perceptível” (2001: 76).
Cf. original: “Por meio del proceso de objetivación se tranforma en concreto lo que es abstracto, los
conceptos o ideas se transforman en algo ‘real’, la imagen se materializa, se acoplan palabras a las
cosas, lo convencional pasa a ser considerado indicador de fenómenos comprobados, el símbolo pasa a
ser signo, la palabra es ostensible de lo real, la idea no se ve como un producto intelectual sino como
reflejo de lo real, lo invisible se hace visible, perceptible”.
56
Cf. original: “[...] Esto se da junto a un proceso de descontextualización del discurso, vale decir, este se
abstrae de sus condiciones de producción, del aparato ideológico y del supuesto emisor, de las
características del objeto-contenido de la información y de las características del receptor ‘víctima’ del
discurso”.
57
Cf. original: “[...] estructura imaginaria que deviene de una estructura conceptual, lo cual va a conformar
el núcleo central de la representación”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
36
como real:
58
“[...] o esquema figurativo vai ‘ser’ o fenômeno apresentado. Os conceitos
se transformam em categorias sociais de linguagem que expressam diretamente a
realidade. Os conceitos se ontologizam e tomam vida automaticamente” (Páez, 1987a:
309).
59
É justamente isso que exprime Abric (1994b) ao afirmar que toda realidade é
representada, não existindo realidade objetiva a priori. Nesse sentido, após essas três
etapas, a objetivação “[…] fornece aos indivíduos o sentimento de que seu discurso
sobre o mundo não é uma construção intelectual, uma visão teórica do real, mas o
simples reflexo da realidade circundante” (Moliner, 2001a: 20).
60
Contudo, a naturalização da novidade, em que o abstrato se transforma
em concreto, somente se completa quando esta se inscreve não apenas nas relações
intergrupais, mas também nos sistemas de pensamento preexistentes por meio da
ancoragem,
61
processo pelo qual [...] o sistema de conhecimentos da representação
se ancora na realidade social, atribuindo-lhe uma funcionalidade e um papel regulador
da interação grupal” (Páez, 1987a: 299).
62
É por isso que, quando se identificam os
pontos em que uma representação está ancorada, reconhecem-se também os
domínios de conhecimento que engendram suas significações mais gerais (Moliner,
2001a).
58
Casado e Calonge observam que o produto final do processo de objetivação pode referir-se “[...] à
personificação, ao uso de metáforas, a imagens físicas e analogias. Tudo isto, finalmente, vai se
configurar no que Moscovici (1981) denomina de universo consensual, uma realidade, subjetiva e
cambiante, construída por meio da comunicação e interação entre indivíduos, em contraste com o
universo reificado, sólido e imutável próprio das ciências” (2001: 77). Cf. original: “[...] la personificación, al
uso de metáforas, a imágenes sicas, analogias. Todo esto finalmente va a conformar lo que Moscovici
(1981) llama el universo consensual, una realidad, subjetiva y cambiante, construida por comunicación e
interacción entre individus; en contraste con el universo reificado, sólido e inmutable, propio de las
ciências”.
59
Cf. original: “[...] el esquema figurativo va a ‘ser’ el fenómeno presentado. Los conceptos se transforman
en categorias sociales de lenguaje que expresan directamente la realidad. Los conceptos se ontologizan y
toman vida automaticamente”.
60
Cf. original: “[...] Le processus d’ objectivación le permet car il donne aux individus le sentiment que leur
discours sur le monde n’est pas une construction intellectuelle, une vue de l’esprit, mais le simple reflet de
la realité environnante”.
61
Páez, citando Codol, afirma que o termo ancoragem “[...] se origina na Psicologia da percepção e tem
que ver com o fato de que ao inserir e assinalar um sentido a uma representação se altera o sentido e a
posição dos outros objetos e situações” (1987a: 310) (Cf. original: “[...] se origina en la Psicología de la
percepción y tiene que ver con el hecho de que al insertar y asignar un sentido a una représentación, se
altera el sentido y la posición de los otros objetos y situaciones”). Palmonari e Doise apontam que “[...]
o termo ancoragem possui uma origem gestaltista; nesse sentido, ele poderia ser equivalente a inserir um
objeto novo em um quadro de referência bem conhecido para poder interpretá-lo” (1986: 22) (Cf. original:
“[...] Le mot ancrage a une origine gestaltiste: en tel sens il pourrait être l’équivalent de ’mettre un objet
nouveau dans un cadre de référence bien connu pour pouvoir l’interpréter”).
62
Cf. original: “[...] el sistema de conocimientos de la Representación se ancla en la realidad social,
atribuyéndosele una funcionalidad y un rol regulador de la interacción grupal”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
37
Moliner (2001a) identifica duas formas complementares de
ancoragem:
63
uma delas corresponde ao fato de as informações acerca de um dado
objeto serem interpretadas segundo os sistemas sociocognitivos existentes, de forma
que os conhecimentos produzidos em um domínio possam guiar o trabalho cognitivo
elaborado em outro; a segunda refere-se à idéia de que os saberes produzidos e
interpretados a partir desse sistema preexistente serão instrumentalizados pelos
grupos sociais de modo a legitimar suas posições, ou seja, tais saberes serão,
necessariamente, classificados e etiquetados por meio de categorias e significações
consideradas positivas ou negativas (cf. Palmonari e Doise, 1986). Nesse sentido, é
duplo o objetivo do processo de ancoragem, dado que ele permite a construção de
sistemas de pensamento e de compreensão, ao mesmo tempo em que engendra
visões consensuais e aceitáveis de ação (Moscovici, 2003).
É, portanto, por meio do processo de ancoragem que a representação
se enraíza nas relações sociais a partir dos quadros de pensamento preexistentes
acessados com o objetivo de familiarizar as experiências novas e estranhas (cf.
Moscovici e Vignaux, 1994)
64
e que permitem
[...] integrar o objeto da representação no sistema de valores do
sujeito. Mas é igualmente ele [quadro de pensamento preexistente]
que traduz a inserção social e a apropriação pelos grupos sociais de
uma representação emergente em um ambiente social com todos os
conflitos sociais e culturais que dse seguem (Roussiau e Bonardi,
2001: 20).
65
63
Casado e Calonge (2001) apontam que Doise, ao contrário de Moliner, apresenta três diferentes “tipos”
de ancoragem, quais sejam: a ancoragem psicológica (integração do conhecimento a crenças ou valores),
a ancoragem psicossociológica (como os indivíduos se situam simbolicamente em função das relações
sociais) e a ancoragem sociológica (vínculo entre a representação social e o sentimento de pertença a um
determinado grupo).
64
Um exemplo do uso desses quadros de pensamento preexistente configura-se na passagem em que
Pero Magalhães Gandavo, em seu livro História da província de Santa Cruz (1576), descreve o tatu por
meio de referências conhecidas: “O mais fora do comum dos outros animais [...] chama-lhe tatus e são
quase como leitões: têm um casco como de cágado, o qual é repartido em muitas juntas como lâminas e
proporcionadas de maneira que parece totalmente um cavalo armado. Têm um rabo comprido todo
coberto do mesmo casco. O focinho é como de leitão, ainda que mais delgado e só botam fora do casco a
cabeça. Têm as pernas baixas e criam-se em covas como coelhos. A carne destes animais é a melhor e
mais estimada que nesta terra e tem o sabor quase como de galinha [...]” (Gandavo apud Zamboni,
1998).
65
Cf. original: C’est lui qui permet d’intégrer l’objet de la représentation dans le système de valeurs du
sujet. Mais c’est également lui qui traduit l’insertion sociale et l’appropriation par les groupes sociaux d’une
représentation émergeant dans un environnement social avec tous les conflits sociaux et culturels qui s’en
suivent”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
38
Ao final, portanto, desses processos, a representação vai se “saturando
de realidade” (cf. expressão de Casado e Calonge, 2001) até que, num certo
momento, o estranho é convertido em familiar e passa a ser percebido como uma
realidade objetiva, sendo, então, incorporado à linguagem e à memória coletiva. A
função social desses processos consiste, justamente, em facilitar a comunicação a
partir da transformação de teorias e conceitos complexos em um instrumento para
categorizar comportamentos a fim de servir de guia para a ação.
66
Para concluir e retomando a idéia dos processos formadores das
representações sociais, vale lembrar que, ao mesmo tempo em que a objetivação e a
ancoragem operam, acessam-se, segundo Moliner (2001a), os processos de
comunicação coletiva (as comunicações interpessoais, os debates públicos, a mídia,
as comunicações culturais etc.) que contribuem para que os indivíduos partilhem do
saber por eles elaborado. Assim, se a objetivação permite a naturalização de uma
construção intelectual e a ancoragem possibilita a integração de um dado objeto no
sistema de valores do indivíduo e do grupo, surge, “[...] ao mesmo tempo, um
processo de comunicação coletiva, podendo revestir-se de diversas formas, que
acompanham e modulam os processos de produção de saber” (Moliner, 2001a: 26).
67
E é justamente nessa transformação do estranho em familiar que a
ancoragem pode ser vista como um processo privilegiado para investigar a
historicidade das representações sociais. Nesse sentido, acredita-se que uma
passagem de Péquignot, citando Passeron, relacionada à sociologia como ciência
histórica, pode ser estendida à teoria das representações sociais de modo que esta
também seja considerada uma “disciplina histórica”
68
na medida em que os processos
66
Consoante Casado e Calonge, “[...] esta transferência ou integração do velho e conhecido ao novo e
desconhecido tem implicações no funcionamento do conhecimento consensual. Com efeito, este
conhecimento tende a reconfirmar os supostos aceitados, a verificar, mais do que contradizer;
compreendemo-nos, compreendemos a outros e aos eventos em um marco de referência preexistente, a
memória tende a predominar sobre a lógica, o veredicto sobre a sanção, o passado sobre o presente, a
resposta sobre o estímulo e a imagem sobre a realidade’” (2001: 78). Cf. original: “[...] Esta transferencia
o integración de lo viejo y conocido a lo nuevo y desconocido tiene implicaciones en el funcionamiento del
conocimiento consensuado. En efecto, este conocimiento tiende a reconfirmar los supuestos aceptados, a
verificar mas que a contradecir; nos comprendemos, comprendemos a otros y a los eventos en un marco
de referencia preexistente; la memoria tiende a predominar sobre la lógica, el veredicto sobre la sanción,
el pasado sobre el presente, la resposta sobre el estímulo y la imagen sobre la ‘realidad’”.
67
Cf. original: “[...] dans le même temps, un processus de communication collective, pouvant revêtir
diverses formes accompagne, tout en les modulant, les processus de production de savoir”.
68
Jodelet, criticando a idéia de que as relações entre história e psicologia baseiam-se na posição de que
a história é que deve se beneficiar dos préstimos da psicologia, aponta que “esta posição esquece o fato
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
39
que lhes dão origem (objetivação e ancoragem) se inscrevem nos quadros de
pensamento preexistentes “[...] tributários, a cada vez, de sistemas de crença
ancorados em valores, tradições, imagens do mundo e do ser” (Mocovici e Vignaux,
1994: 26):
69
[...] A sociologia, como todas as outras ciências sociais (mesmo as
mais especializadas, que se omitem ainda mais facilmente do que ela
em benefício de um saber autonomizado de todo contexto ou de
modelos que muito facilmente acreditam ser transistóricos) é uma
disciplina histórica. Uma disciplina é histórica desde que os seus
enunciados não possam, quando se trata de afirmar-lhes verdadeiros
ou falsos, ser desindexados dos contextos dos quais decorrem os
dados que possuem um sentido para as suas asserções (Passeron
apud Péquignot, 1996: 8 – grifos do autor).
70
Ainda que pareça ser difícil pensar em algo que não seja “histórico”,
existiram pensadores como Antoine Augustin Cournot que, no século XIX, utilizavam o
termo “história” com uma significação restrita na medida em que consideravam que
“[...] todo conhecimento humano não é histórico pelo simples fato de se ter passado,
de ter ocorrido no tempo. Fatos desconexos não constituem uma história, nem fatos
inteiramente solitários: a história é uma mistura de encadeamentos e de fatos fortuitos”
(Lalande, 1993: 471).
Essas “misturas de encadeamentos” encontram-se presentes nas pré-
construções do passado, denominadas por Vergès (1991) de “matrizes culturais de
interpretação”,
71
que ao servirem de base para o desenvolvimento de representações,
são dependentes das condições sócio-históricas não podendo, portanto, ser
de que a psicologia deve integrar a historicidade em seus modelos para ser aplicável à história e,
sobretudo, corre o risco de deixar de lados aportes da história que ultrapassam uma sensível relativização
dos fenômenos que a psicologia estuda” (2003: 100) (Cf. original: “Esta posición olvida el hecho de que la
psicología debe de integrar la historicidad en sus modelos para ser aplicable a la historia y sobretodo,
corre el riesgo de pasar al lado de los aportes de la historia que rebasan una sencilla relativización de los
fenómenos que la psicología estudia”). Como exemplo de trabalhos, na área de psicologia, que integram
a historicidade em suas análises, ainda que não focalizados no referencial das representações sociais,
podem-se citar os estudos de Mitsuko Aparecida Makino Antunes, Marini Massimi, Artur Arruda Leal
Ferreira, Francisco Teixeira Portugal, Ana Maria Jacó-Vilela, entre outros.
69
Cf. original: “[...] tributaires à chaque fois, de systèmes de croyance ancrés dans des valeurs, des
traditions, des images du monde et de l’être”.
70
Cf. original: “La sociologie est comme touts les autres sciences sociales (même les plus spécialisées,
qui oublient encore plus facilement qu’elle au bénéfice d’un savoir autonomisé de toute contexte ou de
modèles qu’elles croient trop facilement transhistoriques) une discipline historique. Une discipline est
historique dès que ses énoncés ne peuvent, lorsqu’il s’agit de les dire vrais ou faux, être désindexés des
contextes dans lesquels sont prélevées les données ayant un sens pour ses assertions”.
71
Vergès (1991) aproxima ainda a expressão “matrizes culturais de interpretação” da noção de
“mentalidades”, justificando que a sua opção pela primeira decorre justamente da tentativa de privilegiar a
relação entre longa e curta duração que, segundo ele, não é levada em conta pela abordagem da história
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
40
associadas a princípios atemporais, imutáveis e anistóricos, uma vez que, “[...] se o
mundo social se constrói a partir de pré-construções passadas, essas formas não são
estáticas, elas são transformadas e reapropriadas em nossa atualidade” (Bertrand,
2003/2: 134).
72
Uma das conseqüências teóricas dessa afirmação é o fato da
impossibilidade de desconsiderar o aspecto histórico de um dado objeto
representacional,
73
visto que este se ancora em um universo constituído que
apresenta, portanto, uma historicidade.
Ou seja, como as representações são sempre de alguém e de alguma
coisa, necessariamente seus processos de formação são, além de psicossociais,
“psico-históricos” na medida em que estes se constituem sob uma base de
conhecimento que possui, ela própria, uma historicidade.
74
Assim, enquanto Guareschi
e Jovchelovitch afirmam que “a dimensão cognitiva, afetiva e social estão presentes na
própria noção de representações sociais” (1995: 20),
75
é a dimensão histórica que
fundamenta estas demais dimensões, de modo que a constituição mesma das
das mentalidades. Tais matrizes culturais de interpretação, de acordo com esse autor, teriam a função de
atualizar, no presente, a profundidade histórica de nossa sociedade.
72
Cf. original: “[...] Si le monde social se construit à partir de préconstructions passées, ces formes ne
sont pas statiques, elles sont transformées et réappropriées dans notre actualité”.
73
Consoante Roussiau e Renard (2003/2), Moscovici, em La psychanalyse, son image et son public,
elabora as primeiras referências acerca da influência do passado no pensamento por meio do
desenvolvimento do processo de ancoragem. Contudo, segundo esses autores, é a partir do estudo
conduzido por Jodelet (2005b) nos anos 70 sobre as representações sociais da doença mental que a
relação entre práticas e representações sociais, enfocadas a partir dos aspectos históricos, se explicita.
74
Além da historicidade do próprio conhecimento que constitui as representações sociais, ainda a
influência da história do grupo que as compartilha na medida em que a forma, o conteúdo e o sentido das
representações variam conforme os grupos sociais existentes. De acordo com Álvarez Bermúdez (2004)
e Uribe Patiño e Acosta Ávila (2004), essas variações podem ser investigadas a partir de três dimensões
basilares: primeira, denominada dimensão informativa, refere-se à quantidade, tipo, organização e
comunicação das informações que o sujeito social possui acerca de um dado objeto; a segunda,
denominada campo da representação, diz respeito à estrutura, organização e hierarquia das proposições
relativas a esse objeto; e a terceira corresponde à dimensão atitudinal, ou seja, a atitude favorável ou
desfavorável perante o objeto incluindo as implicações emocionais que ele desperta. São essas três
dimensões articuladas que se transformam em instrumento de interpretação da realidade atrelado,
segundo Casado e Calonge (2001), a uma necessidade de adaptação e de manutenção do equilíbrio
sociocognitivo que configura, ao sujeito coletivo, uma identidade social e é justamente por causa dessa
necessidade que as representações apresentam funções sociais ligadas tanto à relação sujeito–objeto
quanto à interação social a partir da descrição, classificação e explicação da realidade.
75
Guareschi e Jovchelovitch explicam da seguinte forma a existência dessas três dimensões presentes
nas representações sociais: “O fenômeno das representações sociais, e a teoria que se ergue para
explicá-lo, diz respeito à construção de saberes sociais e, nessa medida, ele envolve a cognição. O
caráter simbólico e imaginativo desses saberes traz à tona a dimensão dos afetos, porque, quando
sujeitos sociais empenham-se em entender e dar sentido ao mundo, eles também o fazem com emoção,
com sentimento e com paixão. A construção da significação simbólica é, simultaneamente, um ato de
conhecimento e um ato afetivo. Tanto a cognição como os afetos que estão presentes nas
representações sociais encontram a sua base na realidade social” (1995: 20).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
41
representações seja dependente das variáveis históricas. Rouquette e Guimelli, a esse
respeito, são taxativos:
as representações sociais, com efeito, se constituem e se elaboram
em função de determinantes históricos. Ou, para dizê-lo de outro
modo, as representações sociais têm uma história. Apesar desta
evidência, admitida por todo mundo, a historicidade das
representações geralmente não é levada em conta nos trabalhos
empíricos, em que se trata, na maior parte do tempo, de proceder a
uma análise do seu estado atual, já constituído e do qual não se
pesquisa a gênese. Por outro lado, uma vez que se interesse pela
sua dinâmica própria e pela identificação dos mecanismos que a
determinam, a consideração dos fatores históricos torna-se inevitável
(1994: 260 – grifos apostos).
76
Não há dúvida – e autores como Roussiau e Bonardi (2001) e Guimelli e
Reynier (1999) também fazem referência a isso de que poucos são os estudos que
tratam da historicidade das representações sociais.
77
Contudo, acredita-se que a
citação acima de Rouquette e Guimelli (1994) deva ser desmembrada em duas, haja
vista que “não é uma coisa dita de outra forma”, como querem os autores; ao
contrário, trata-se antes de dois aspectos diferentes e com implicações teóricas
também distintas, uma vez que fazem referência aos dois elementos que formam uma
representação: seu conteúdo e sua estrutura.
78
Nesse sentido, a abordagem da historicidade das representações
sociais contempla dois níveis de análise intrinsecamente relacionados, ainda que
distintos.
79
Assim, uma coisa é a história da representação, ligada à idéia de
76
Cf. original: “Les représentations sociales, en effect, se constituent et s’élaborent en fonction de
déterminants historiques. Ou, pour le dire autrement, les représentations sociales ont une histoire. Malgré
cette évidence, admise par tout le monde, l’historicité des représentations n’est généralement pas prise en
considération dans les travaux empiriques, il s’agit la plupart du temps de procéder à une analyse de
leur état actuel, déjà constitué et dont on ne recherche pas la genèse. Par contre, dès que l’on s’intéresse
à leur dynamique propre et à l’identification des mécanismes qui la déterminent, la prise en compte des
facteurs historiques devient inévitable”.
77
Importa observar que não se tem a intenção aqui de afirmar que todas as pesquisas em representações
sociais devam considerar a historicidade como objeto de estudo. Evidentemente que esta é uma
exigência que está intimamente ligada à pergunta do pesquisador. Assim, se a intenção é investigar, por
exemplo, processos de generatividade e de construção de estabilidade de conteúdos representacionais, o
estudo dessa dimensão não pode ser negligenciado.
78
Segundo Abric, “‘conjunto organizado’, toda representação, possui dois componentes: um conteúdo e
uma estrutura” (2003: 59). Cf. original: “‘Ensemble organisé’, toute représentation a donc deux
composantes: un contenu et une structure”.
79
Apesar de Abric (2003) afirmar que as representações sociais possuem um conteúdo e uma estrutura,
isso não significa que estes elementos possam ser analisados separadamente, haja vista que um implica
o outro. Assim, a divisão desses elementos em subitens separados ocorre, exclusivamente, para fins
analíticos.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
42
conteúdo,
80
dado que se pode pensar na história do próprio objeto que está sendo
representado; outra, é a dimensão histórica na representação, voltada para a forma,
ou seja, para os aspectos estruturantes e que pode ser observada, por exemplo, na
estabilidade dos elementos que a compõem, estabilidade essa que se constitui como
central nas proposições conceituais da teoria das representações sociais
desenvolvidas tanto em uma vertente processual, como é o caso, por exemplo, do
conceito de thêmata, como na abordagem estrutural, por meio da noção de núcleo
central. São esses, portanto, os aspectos que passam a ser apresentados a seguir.
1.3 Dimensão histórica e a estrutura das representações sociais
Acredita-se que, pelos motivos expostos anteriormente, pode-se
considerar o processo de ancoragem uma espécie de primeiro vel de historicidade
das representações sociais. Um segundo nível, tributário justamente do fato destas se
inscreverem em um referencial de pensamento preexistente, pode ser analisado por
meio do conceito de thêmata
81
proposto por Moscovici a partir das considerações de
Holton na área da filosofia da ciência (cf. Mazzotti, 2002)
82
e que tem a ver com o
questionamento sobre a origem das idéias que geram as representações sociais.
Assim,
[...] do ponto de vista epistemológico, o que está em questão aqui é a
análise de todos aqueles modos de pensamento que a vida cotidiana
sustenta e que são historicamente mantidos por mais ou menos
longos períodos (longues durées); modos de pensamento aplicados a
80
Utiliza-se aqui a definição de conteúdo elaborada por Roussiau e Bonardi em que este é visto como um
“[...] conjunto de normas, valores, crenças ou ainda imagens, opiniões e atitudes [...] Em uma primeira
abordagem, todos esses elementos se manifestam em referência ao passado(2002: 34). Cf. original:
“[...] ensemble de normes, valeurs, croyances, ou encore images, opinions et attitudes [...] En première
approche, tous ces éléments se conçoivent forcément, et se ploient manifestement, en référence à du
passé, du déjà-là”.
81
Segundo Marková, “os thêmata são concepções, imagens e categorias primitivas partilhadas
culturalmente. Eles se transmitem por meio da memória coletiva de geração em geração nos contextos
sociais e históricos, freqüentemente em um longo período. Eles são taxionomias comuns como
moralidade/imoralidade, liberdade/opressão ou simetria/assimetria. O que importa nesses exemplos de
taxionomias é que elas são de natureza oposicional. Ou seja, é impossível qualificar qualquer coisa de
moral sem implicar, ao mesmo tempo, a existência de fenômenos que não são morais, como é impossível
fazer referência a uma coisa simétrica sem pressupor a existência de fenômenos que não o são etc.”
(2000: 55). Cf. original: “Les thêmata sont des conceptions, des images et des catégories primitives
partagées culturellement. Ils se transmettent à travers la memóire collective de génération en génération
dans des contextes sociaux et historiques, souvent sur une longue période. Ce sont des taxionomies
communes comme, par exemple, moralité/imoralité, liberte/oppression ou symétrie/asymétrie. Ce qui
importe dans ces exemples des taxionomies est qu’elles sont de nature oppositionnelle. En d’autres
termes, il est impossible de qualifier quelque chose de moral sans impliquer, en même temps, l’existence
de phénomènes, quin ne sont pas moraux, tout comme il est impossible de faire référence à une chose
symétrique sans présupposer l’existence de phénomènes qui ne le sont pas, etc.”.
82
De acordo com Mazzotti, Holton propõe que “[...] os thêmata são os organizadores das argumentações
científicas, uma vez que operam por meio de pares antitéticos como, por exemplo, contínuo e discreto,
evolução e degeneração, hierarquia e unidade [...]” (2002: 105).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
43
“objetos” diretamente socializados, mas que, de maneira cognitiva e
discursiva, as coletividades são continuamente orientadas a
reconstruir nas relações de sentido aplicadas à realidade e a si
mesmas (Moscovici, 2003: 218 – grifos do autor).
A proposição do conceito de thêmata introduz a questão do referencial
temporal no estudo das representações sociais na medida em que estas são
apresentadas com uma espécie de sentido geral, mas não teleológico, localizáveis
histórica e socialmente. As referências ao historiador Fernand Braudel, sobretudo em
relação ao conceito de longa duração,
83
permitem situar as representações em um
passado que, mesmo distante, é constitutivo de sua dinâmica, tornando possível uma
pesquisa do tipo genealógico, embora não se possa esquecer o fato de que toda
representação social é constituída como um processo em que se pode localizar uma
origem, mas uma origem que é sempre inacabada, a tal ponto que outros fatos e
discursos virão nutri-la ou corrompê-la” (Moscovici, 2003: 218).
84
De acordo com Moscovici, os thêmata expressam uma “regularidade de
estilo”, ou seja, se apresentam como uma espécie de permanência de certas
temáticas no cotidiano da vida social por meio de uma ”[...] repetição seletiva de
conteúdos que foram criados pela sociedade e permanecem preservados pela
sociedade. Eles se referem a possibilidades de ação e experiência em comum que
podem se tornar conscientes e integradas em ações e experiências passadas” (2003:
224).
Marková (2000) apresenta esses “temas” como taxionomias comuns de
natureza oposicional, tais como moralidade/imoralidade, liberdade/opressão,
83
Apesar de a noção de temporalidade ser mais bem discutida adiante, é necessário enfatizar que se
utiliza aqui a periodização desenvolvida por Braudel (1988) em seu estudo sobre o Mediterrâneo em que
ele se preocupa em mostrar que o tempo avança em diferentes velocidades. Assim, o tempo longo refere-
se às estruturas, a uma “[...] história quase sem tempo” (Vainfas, 1997a: 134), o tempo médio, à história
das conjunturas econômicas, sociais e políticas e o tempo curto ligado à história dos acontecimentos.
Contudo, que ressaltar que a idéia de longa duração proposta por Braudel apresenta-se, em linhas
gerais, “[...] como um domínio temporal basicamente ligado às relações entre o homem, a geografia e as
condições da vida material” (Vainfas, 1997a: 134), sendo avessa à investigação acerca das mentalidades,
cuja relação com a idéia de longa duração será estabelecida pelos historiadores da chamada “nova
história”. Para mais informações sobre a problematização dos tempos históricos, ver Braudel (1969) e
Vainfas (1997a).
84
Ainda segundo Moscovici, “temas nunca se revelam com clareza; nem mesmo parte deles é
definitivamente atingível, tanto porque eles estão completamente interligados com certa memória coletiva
inscrita na linguagem como também porque são combinações, iguais às representações que eles
sustentam, ao mesmo tempo cognitivas (invariantes ancorados em nosso aparato neurossensor e em
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
44
simetria/assimetria, que se tornam thêmatas e começam a gerar representações
sociais a partir do momento em que as oposições são explicitamente formuladas no
pensamento social. De acordo com a autora:
[...] Certos thêmata aparecem como essenciais ao desenvolvimento e
ao progresso humano, por exemplo, liberdade/opressão,
justiça/injustiça, moralidade/imoralidade etc. Pode-se referir a tais
taxionomias oposicionais como thêmata de base. Os thêmata de base
são os mais profundamente ancorados nos indivíduos e no
pensamento social. Os mais implícitos culturalmente, eles formam a
ontologia do senso comum (Marková, 2000: 61-62 – grifos do autor).
85
Os thêmata transmitiriam uma espécie de sentido geral que ultrapassa
indivíduos e instituições e que pretende, de certa forma, dar conta da generatividade
das representações sociais conferindo um peso ainda maior aos seus processos de
formação, sobretudo o de ancoragem.
Ainda que a relação com a média e longa duração não esteja tão
evidente, a preocupação com a “permanência” de determinadas temáticas na
composição das representações sociais pode ser observada também nos trabalhos
desenvolvidos por Abric (2003, 1996, 1994a e 1994b) e Flament (1994a e 1994b), no
âmbito da vertente estrutural da teoria, em que a estabilidade dos elementos que
formam uma representação é analisada. De acordo com seus estudos, pode-se
afirmar, em linhas gerais, que as representações sociais são orientadas por um duplo
sistema (central e periférico)
86
em que o sistema central, ligado às condições
históricas, sociológicas e ideológicas, desempenharia um papel mais estável e
duradouro nas representações sociais e o sistema periférico, por ser mais flexível,
nossos esquemas de ação), como culturais (universais consensuais de temas objetivados pelas
temporalidades e histórias do longo espaço de tempo [longue durée]” (2003: 248-249).
85
Cf. original: “Certaines thêmata apparaissent comme essentiels au développement et au progrès de
l’homme, par exemple, liberté/oppression, justice/injustice, moralité/imoralité, etc. On peut se référer à de
telles taxionomies oppositionnelles comme à des thêmata de base. Les thêmata de base sont les plus
profondément ancrées dans les individus e dans la pensée sociale. Les plus implicites culturellement
forment l’ontologie du sens commun”.
86
Para Abric, as representações sociais o orientadas por um duplo sistema (central e periférico) que
permite “compreender uma das características básicas das representações, que pode parecer
contraditória: elas são, simultaneamente, estáveis e móveis, rígidas e flexíveis. Estáveis e rígidas, posto
que determinadas por um núcleo central profundamente ancorado no sistema de valores partilhado pelos
membros do grupo; móveis e flexíveis, posto que alimentando-se (sic) das experiências individuais, elas
integram os dados do vivido e da situação específica, integram a evolução das relações e das práticas
sociais nas quais se inserem os indivíduos ou os grupos” (1998: 34). O sistema central é composto por
um núcleo determinado “[...] de um lado pela natureza do objeto representado, de outro, pelo tipo de
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
45
possuiria a propriedade de modificar-se mais facilmente, assumindo uma função de
“proteção” do sistema, na medida em que permite a adaptação a uma dada situação,
sem que isso implique a modificação do núcleo central.
87
Desse modo, sua
determinação está mais ligada ao contexto imediato e às características individuais (cf.
Abric, 1998 e 1994b).
Seguindo essa linha de argumentação, o “núcleo central”, componente
mais estável das representações sociais, é utilizado pelos indivíduos como referência
para orientar suas apreensões e percepções sobre a vida social. Nesse sentido, para
pôr termo a uma determinada representação, faz-se necessário promover uma ação
direta em seu núcleo, uma vez que ele corresponde à parte mais permanente do
sistema que não tende a se modificar, mesmo que a informação recebida o contradiga,
haja vista que esta termina por ser interpretada de acordo com esse núcleo central
(Villas Bôas, 2003 e 2004).
O núcleo central tem duas funções basilares: a “geradora”, necessária
para que os elementos adquiram um sentido na representação, e a “unificadora”, que
integra e estabiliza a representação. Apresenta também duas dimensões definidas: a
“funcional” e a normativa”, que variam de acordo com a posição que nele ocupam os
elementos (Abric, 1998). Assim, a dimensão funcional envolve uma situação operatória
em que os elementos basilares para a elaboração de uma determinada tarefa passam
a constituí-lo. as situações que demandam reações socioafetivas, ideológicas etc.
terão, como núcleo central, elementos ligados a estereótipos ou a atitudes (Sá, 1996).
A existência, portanto, de um sistema resistente à mudança na base
das representações sociais aponta uma historicidade estrutural, na medida em que
“[...] os traços históricos transportados pela nossa memória social se inscrevem no
coração do núcleo central” (Bertrand, 2002: 498),
88
de modo a interagir com as
condições históricas, sociológicas e normativas de uma dada sociedade servindo
como “guia para ação” (Moscovici, 1978). Tais traços históricos, relacionados tanto
com a história do objeto como com a história do grupo e transmitidos por meio da
relações que o grupo mantém com esse objeto e, enfim, pelo sistema de valores e normas sociais que
constituem o meio ambiente ideológico do momento e do grupo” (Abric, 1998: 31).
87
Sobre os aspectos periféricos presente nas representações sociais, ver Flament (1994b).
88
Cf. original: “[...] les traces historiques transportées par notre mémoire sociale s’inscrivent au coeur du
noyau central”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
46
memória, se entremeiam com o presente forjando os quadros estruturantes das
representações sociais.
89
1.4 Dimensão histórica e o conteúdo das representações sociais
Diante do exposto, a afirmação de que toda representação social possui
uma história é algo trivial e não gera controvérsias,
90
apesar de Rouquette e Guimelli
apontarem que “[...] a historicidade das representações geralmente o é levada em
consideração nos trabalhos empíricos, em que se trata, na maior parte do tempo, da
realização de uma análise do estado atual da representação e, portanto, não se
pesquisa sua origem” (1994: 260).
91
Por outro lado, a análise da dinâmica representacional, bem como dos
mecanismos que a determinam, faz com que o estudo dos fatores históricos seja,
segundo esses mesmos autores, inevitável. Assim, o estudo da historicidade da
representação possibilita não apenas a compreensão de sua estruturação, como
desenvolvido no tópico anterior, mas também a identificação das diferentes fases e
mecanismos acessados nesse processo (Moliner, 2001a), além de permitir investigar
quais elementos do passado se integram às novas práticas sociais (Roussiau e
Bonardi, 2002).
Nesse sentido, a relação entre a dimensão histórica e o conteúdo das
representações é fundamental, uma vez que os elementos que o constituem referem-
se, ainda que não exclusivamente, ao passado, ficando estocados na memória para
serem acessados quando as representações sociais são mobilizadas.
92
É nesse
89
Segundo Bertrand (2002), Robert e Faugeron, ao analisarem as representações sociais de justiça e
delinqüência, intitulam esses traços históricos de “conservas culturais” (conserves culturelles).
90
A afirmação do caráter histórico da representação apresenta, segundo Moliner (2001a), três
conseqüências teóricas: a primeira é de que é possível que uma determinada representação perdure por
um tempo no ambiente social, apesar de o objeto que lhe deu origem, ou seu valor social, já ter
desaparecido; a segunda, é que as representações sociais, tomadas em uma perspectiva histórica, se
apresentam como memórias coletivas; a terceira conseqüência é que, às vezes, as representações
sociais podem prefigurar os contornos futuros de um objeto, ou seja, a representação pode tornar-se
expressão de uma aspiração social desejosa de novas configurações acerca de um determinado objeto.
91
Cf. original: “[...] l’historicité des représentations n’est généralement pas prise en considération dans les
travaux empiriques, il s’agit la plupart du temps de procéder à une analyse de leur état actuel, déjà
constitué et dont on ne recherche pas la genèse”.
92
Para mais informações acerca da relação entre memória social e representações sociais, ver Roussiau
e Bonardi (2002) e Sá e Castro (2005).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
47
sentido que Rouquette pensa a dimensão histórica das representações sociais
relacionando-a ao seu conteúdo, ou seja, é a partir do jogo entre a manutenção de
determinados elementos e a mudança de outros que ocorre a evolução de um estado
anterior para um novo estado das representações sociais, e essa seleção de
elementos pode ser motivada tanto pelas transformações sociais quanto pelas grupais
(apud Roussiau e Bonardi, 2002).
É por isso que se pode afirmar que as fases das representações
sociais, em que se tem a atuação de diferentes mecanismos, são dadas tanto pela
história particular do próprio objeto representacional como pela história do grupo que o
constitui enquanto objeto de representação social. De acordo com Moliner (2001a), as
representações sociais tendem a passar, em sua história, por três fases distintas:
93
a
fase de emergência, em que uma mediação entre a existência de determinado
objeto e o surgimento de saberes estáveis e consensuais ligados a ele, sendo que,
nesta etapa, os indivíduos buscariam informações sobre esse objeto na tentativa de
reduzir sua complexidade em face do estranhamento por ele causado;
94
a fase de
estabilidade, em que a representação torna-se um saber consensual (ao menos no
núcleo) e operacional sobre um determinado aspecto do meio social do grupo; e, por
fim, a fase de transformação em que os saberes mais antigos se relacionam com os
mais novos. Essas fases articulam-se diretamente com a história do grupo na medida
em que esta sempre é convocada para apoiar a compreensão dos objetos estranhos
que têm que ser naturalizados. Assim, no início de uma representação, o processo
representacional se apoiaria em processos sociocognitivos e, no período de
estabilidade ou de transformação, seriam os mecanismos de defesa os mais
mobilizados.
Em relação ao grupo, tem-se que, se um dado objeto está inscrito em
sua história, suas representações sociais poderão ser mantidas, ainda que o objeto
tenha perdido todo seu valor social (cf. Roussiau e Bonardi, 2002). Contudo, não é
93
Sobre as estratégias específicas de pesquisa para identificar as diferentes fases das representações
sociais, ver Moliner (2001a).
94
É nessa fase que ocorrem os processos de ancoragem e de objetivação que integram um objeto dado
em domínios de conhecimento existentes, tanto em relação aos discursos espontâneos como também
nas produções escritas. Durante o período de emergência de uma representação cada indivíduo cria suas
hipóteses e elabora sua própria teoria, nesse sentido, a variedade de elementos presentes na
representação pode ser indicador dessa fase. Contudo, não se pode esquecer que o fato de os discursos
serem muito divergentes pode assinalar também uma falta de processo representacional (cf. Moliner,
2001b).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
48
porque um determinado objeto representacional seja “antigo” que ele conserva uma
espécie de cota ligada à história do grupo. Assim,
O passado recente dos objetos novos deveria, teoricamente, permitir
determinar o ponto zero da memória individual ou coletiva relacionada
a esses objetos. Ora, se se olhar mais detidamente, é possível
observar, de um lado, a presença, nas representações recentemente
formadas, de alguns referenciais tornados históricos pelos novos
usuários (motores de pesquisa, sites, Web, fóruns...) [...] e, de outro
lado, de referenciais mais antigos associando o objeto novo aos
objetos existentes ou em vias de desaparecimento, tais como a
máquina de escrever, o telefone ou o correio. Aqui, é por intermédio
de um tipo de capilaridade que os objetos novos adquirem uma
memória social que é a dos objetos antigos. Ora, mais
precisamente, essa “memória” foi transferida, adaptada e estendida
dos objetos antigos em direção aos novos, não se trata ainda de uma
memória social estruturada, mas, sobretudo, de empréstimos colhidos
uns dos outros, que não adquirem um sentido verdadeiro senão após
uma inscrição temporal mais longa (Roussiau e Bonardi, 2002: 44-
45).
95
Nesse sentido, as fases são mais observáveis em relação aos
conteúdos da representação, haja vista que “a representação é, ao mesmo tempo, um
produto do devenir e um produto em devenir cuja mudança não é acidental, mas
constitutiva de sua própria essência” (Rouquette apud Moliner, 2001a: 248)
96
o que
dificultaria, portanto, indicar um momento específico da história de uma determinada
representação, uma vez que ela estaria em constante movimento. O mesmo não
ocorreria em relação ao conteúdo da representação social que, conforme citado
anteriormente, mobilizaria processos diferentes dependendo da fase em que a
representação se encontra.
No tocante à fase de emergência de uma representação, pode-se
afirmar que a representação se desenvolve quando grupos são confrontados com
objetos sobre os quais ainda não dispõem de informação. Assim, o estudo de sua
95
Cf. original: “Leur faible ancienneté devrait théoriquement permettre de déterminer le point zéro de la
memóire individuelle ou collective les concernant. Or, à y regarder de près, on remarque la présence,
dans les représentations nouvellement formées, d’une part, de férents devenues historiques pour les
jeunes utilisateurs (moteurs de recherche, sites, Web, forums...), et, d’autre part, de référents plus anciens
rattachant l’objet nouveau à des objets existants ou en voie de disparition tels que la machine à écrire, le
téléphone ou le courrier. Ici, c’est en quelque sorte par capillarité que des objets nouveaux ont ‘acquis’
une memóire sociale, celle d’autres objets. Or, plus précisément, cette ‘memóire’ a été transférée,
adaptée, étendue d’objets anciens vers les nouveaux, même s’il est possible de penser qu’il ne s’agit pas
encore d’une memóire sociale structurée mais plutôt d’emprunts accolés les uns aux autres, qui me
prendront un sens véritable qu’après une inscription temporelle plus longue”.
96
Cf. original: “La représentation est ainsi à la fois un produit du devenir et un produit en devenir; le
changement n’est pas pour elle une accident, il appartient à son essence”.
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
49
gênese, entendida aqui como “[...] a construção social e progressiva de um estado
estável da representação” (Guimelli e Reynier, 1999: 172),
97
apresenta, segundo
Rouquette e Garnier, duas abordagens possíveis, quais sejam: “[...] trata-se de saber
como uma representação social é apropriada quando ela já existe, ou de saber como
ela pode ser construída, elaborada, a propósito de um objeto novo (considerando que
todo objeto possível é apenas relativamente novo)” (1999: 10).
98
Autores como Guimelli e Reynier (1999) advertem que a análise da
gênese de uma representação deverá, de um lado, considerar os determinantes do
estado atual dessa representação e, de outro, mostrar o papel desses mesmos
determinantes na construção desse estado. Esses autores classificam tais
determinantes em duas categorias, quais sejam: os determinantes de ordem
ideológica e as práticas sociais. Assim, os determinantes de ordem ideológica seriam
aqueles relacionados aos valores e às normas específicas existentes em um
determinado grupo que irão compor e estruturar uma determinada representação,
dando-lhe um sentido em função da rede de significações constituída pela hierarquia
de tais valores ou normas.
99
O outro determinante apontado pelos autores consiste
nas práticas sociais
100
que teriam um papel fundamental na construção progressiva do
estado atual de uma representação, sobretudo pela intervenção em seu processo de
transformação.
Enquanto o estudo de Guimelli e Reynier (1999) enfatiza o papel das
práticas sociais na gênese de uma representação, o objetivo deste trabalho é,
justamente, estudar os conteúdos historicamente constituídos que contribuem, ainda
97
Cf. original: “[…] la construction sociale et progressive d’un état stable de la representation”.
98
Cf. original: “[...] il s’agit de savoir comment on s’approprie une représentation sociale lorsqu’elle existe
déjà, ou de savoir comment elle peut être construite, élaborée, à propos d’un objet nouveau (tout objet
possible n’étant, bien entendu, que relativement nouveau)”.
99
Também para Gigling e Rateau (1999) é o sistema de valores compartilhados que está no epicentro da
gênese da representação, uma vez que “[...] é o sistema de valores a priori partilhado em um determinado
grupo que determina a gênese de uma representação, é no interior desse mesmo sistema de valores que
se ancoram o estrangeiro e a novidade; são enfim os valores que se cristalizam ao seio do sistema central
da representação constituída, e que assumem um papel preponderante [...]” (Gigling e Rateau: 1999:
64). Cf. original: “[...] c’est à l’interieur de ce même système de valeurs que s’ancrent alors l’étrange et la
nouveauté ; ce sont enfin ses valeurs qui se cristallisent au sein du système central de la représentations
constituée, et qui y asument un rôle prépondérant [...]”.
100
Para uma análise das práticas sociais, ver Abric (1994c) e Guimelli e Reynier (1999).
Uma abordagem da historicidade das
representações sociais
50
hoje, para a organização das representações sociais de Brasil associadas ao nódulo
elementar de sentido “diversidade”,
101
levando-se em conta que,
faltando-nos a capacidade de dominar completamente a origem das
concepções no longo espaço de tempo (longue durée), a análise das
representações sociais não pode fazer mais que tentar, por um lado,
identificar o que, em determinado nível axiomático” em textos e
opiniões, chega a operar como “primeiros princípios”, “idéias
propulsoras” ou “imagens” e, por outro lado, esforçar-se para mostrar
a “consistência” empírica e metodológica desses “conceitos” ou
“noções primárias”, na sua aplicação regular ao nível de
argumentação cotidiana ou acadêmica (Moscovici, 2003: 242).
101
Como citado anteriormente, isso não significa buscar uma espécie de paternidade de tais
determinantes, mesmo porque “[...] toda representação social é constituída como um processo em que se
pode localizar uma origem, mas uma origem que é sempre inacabada, a tal ponto que outros fatos e
discursos virão nutri-la ou corrompê-la... [assim]... esses processos são a ação de sujeitos que agem por
meio de suas representações da realidade e que constantemente reformulam suas próprias
representações. Estamos sempre em uma situação de analisar representações de representações”
(Moscovici, 2003: 218).
Metodologia
51
2 - METODOLOGIA
2.1 Diretrizes teórico-metodológicas: alguns esclarecimentos
Desde a publicação de Psychanalyse, son image et son public por
Moscovici, no início da década de 60, um número cada vez maior de trabalhos sobre
representações sociais passou a apresentar uma variedade de abordagens
metodológicas
102
a ponto de Martínez Garcia e García Ramírez afirmarem que tanto o
procedimento científico como os instrumentos de coleta deveriam ser caracterizados
pela plurimetodologia, uma vez que, de acordo com esses autores, “[...] ainda não nos
encontramos diante de um corpo teórico capaz de gerar uma metodologia de estudo
própria e específica adaptada ao seu objeto de estudo” (1992: 400),
103
observação
essa ainda hoje atual.
Essa característica plural se estende também para as próprias linhas de
pesquisa em representações sociais que podem ser divididas em quatro grandes
vertentes: a primeira, pautada pelos estudos de Denise Jodelet, encaminha-se para
uma orientação processual, em que se examina o papel regulador das representações
sobre as interações sociais; a segunda, que tem em Jean-Claude Abric um de seus
expoentes, preocupa-se em analisar a dinâmica representacional por meio de suas
características estruturais relacionadas, sobretudo às práticas sociais; a terceira delas,
de cunho mais sociológico, é representada por Willem Doise e tem como foco
investigar a atuação da estrutura social na elaboração das representações; e, por fim,
a quarta, atualmente desenvolvida por Ivana Marková, preocupa-se com o processo
de comunicação, explorando o conceito de dialogicidade.
Ainda que estas linhas sejam complementares, tende-se aqui a utilizar a
perspectiva processual como referência de investigação por três razões principais: A
primeira delas é porque ela parte de uma “[...] abordagem hermenêutica, entendendo o
ser humano como produtor de sentidos e focalizando-se na análise das produções
simbólicas, dos significados, da linguagem, por meio dos quais os seres humanos
102
A respeito, ver Abric (2003) e Martínez Garcia e García Ramírez (1992).
103
Cf. original: “[...] Nos encontramos ante un cuerpo teórico que no ha sido aún capaz de generar una
metodología de estudio propia y específica adaptada a su objeto de estudio”.
Metodologia
52
constroem o mundo em que vivem” (Banchs, 2000: 3.6-3.7),
104
o que permite a análise
tanto dos aspectos constituídos quanto dos aspectos constituintes das
representações. A segunda, é porque o estudo Imaginário e representações sociais de
jovens universitários sobre o Brasil e a escola brasileira (Sousa e Arruda, 2006), do
qual a presente pesquisa é derivada, foi concebido e desenvolvido nessa perspectiva.
A terceira razão decorre do fato de que é nela que se concentram os trabalhos que
têm a preocupação de analisar a historicidade das representações sociais,
105
haja
vista que, para tanto,
[...] é preciso recorrer tanto à base que as condições de produção
da representação quanto ao estudo dos mecanismos que vão
desenhá-la, e mais ainda: o desenho que deles resulta. Trata-se de
um movimento para trás, para os lados e para a frente. Para trás, na
busca do passado que o chão deste pensar. Para os lados, no
sentido de situá-lo em sua inserção social, sua inscrição cultural,
institucional etc. e no momento de produção daquela representação.
E para a frente, ao vislumbrar, a partir da atribuição de sentido e do
esquema que desenha a representação, a nova grade de leitura do
mundo que ela levanta (Arruda, 1999: 9).
Evidentemente que não se trata de afirmar que as vertentes sociológica
e estrutural consideram a teoria das representações sociais como um fenômeno
anistórico. O próprio Abric, representante da linha estrutural, alega que “[...] as
representações sociais são fortemente marcadas por sua inscrição em um processo
temporal e histórico” (1994c: 220)
106
motivo pelo qual a teoria do núcleo central,
tributária dessa linha, propõe variados mecanismos de coleta e análise dos dados para
a identificação dos elementos que compõem seu núcleo e seu sistema periférico
(Abric, 2003 e 1994d).
Nesse sentido, trabalhos fundamentados em uma abordagem estrutural,
se apresentam uma preocupação com a dimensão histórica de uma determinada
representação, não podem basear-se apenas na técnica de associação livre,
107
uma
104
Cf. original: “[...] abordaje hermenéutico, entendiendo al ser humano como productor de sentidos, y
focalizándose en el análisis de las producciones simbólicas, de los significados, del lenguaje, a través de
los cuales los seres humanos construimos el mundo en que vivimos”.
105
Dentre eles, podem-se citar os de Jodelet (2005b), os de Bertrand (2002 e 2003/2) e os de Herzlich
(2001).
106
Cf. original: “[...] les représentations sociales sont fortement marquées par leur inscription dans un
processus temporel et historique”.
107
Em linhas gerais, essa técnica, determinada pela combinação proposta por Grize, Vergès e Silem
(1987) entre três indicadores, quais sejam a freqüência de um dado elemento, seu ranking de aparição na
evocação do sujeito e a importância que este atribui ao item evocado, consiste em solicitar que o
respondente diga quatro ou cinco palavras que lhe vêm à cabeça diante de um termo indutor específico
(Abric, 2003 e 1994d).
Metodologia
53
vez que considerar apenas os indicadores de freqüência e de posição de evocação é
enfatizar o conhecimento inferido de uma experiência direta dos sujeitos em relação às
informações disponíveis na atualidade, o que pode fazer com que se considerem
permanentes e, portanto, estáveis ou centrais, elementos advindos o
necessariamente da vida social dos pesquisados.
Portanto, a observação da historicidade das representações sociais
gera parâmetros que permitem interpretar como permanentes apenas aqueles
elementos que efetivamente emergem da vida social, o que leva à conclusão de que
mesmo uma abordagem estrutural ou ainda sociológica que trabalha em torno da
idéia dos princípios organizadores das representações (Doise, 1986) não prescinde
de um exame histórico desses elementos, ainda que, evidentemente, este esteja
atrelado também à pergunta elaborada pelo pesquisador. Assim, se a intenção é
investigar processos de generatividade, bem como a construção da estabilidade ou
mesmo dos princípios organizadores das representações sociais, então, não como
desconsiderar a dimensão histórica.
Contudo, essa dimensão apresenta também problemas intrínsecos de
análise que podem ser exemplificados por meio da seguinte afirmação de Bertrand:
“se o mundo social se constrói por meio de pré-construções passadas, essas formas
não são estáticas, elas são transformadas e reapropriadas em nossa atualidade”
(2003/2: 134).
108
Ora, se essas formas não são estáticas, como compreendê-las em
sua historicidade? Como analisá-las levando-se em conta esse movimento de
transformação e reapropriação?
Foi, portanto, a partir dessas questões que a trajetória metodológica da
presente pesquisa, sintetizada no quadro a seguir, foi sendo construída com a
intenção de analisar a historicidade das representações sociais de Brasil associadas
ao nódulo elementar de sentido “diversidade”.
108
Cf. original: ”Si le monde social se construit à partir de préconstructions passées, ces formes ne sont
pas statiques, elles sont transformées et réappropriées dans notre actualité”.
Metodologia
54
QUADRO 1 - Síntese Esquemática da Trajetória Metodológica
Procedimentos
metodológicos
Objetivos
Referencial teórico-
metodológico
1. Estudo exploratório
das respostas dos
976
109
estudantes às
questões “Por que
você acha que isso
tudo é Brasil?” e “O
que, para você,
diferencia o Brasil dos
outros países? Por
quê?” obtidas no
banco de dados da
pesquisa Imaginário e
representações
sociais de jovens
universitários sobre o
Brasil e a escola
brasileira (Sousa e
Arruda, 2006)
- selecionar um nódulo
elementar de sentido
expressivo na organização
das representações sociais
de Brasil analisadas na
pesquisa coordenada por
Sousa e Arruda (2006)
- abordagem processual
da teoria das repre-
sentações sociais
(Moscovici, 1978 e
Jodelet, 2005b e 2001)
2. Montagem de um
dicionário por meio de
lista de associações
contendo os atuais
sinônimos e atributos
do nódulo
selecionado
- identificar o universo
semântico do nódulo
selecionado na produção
textual dos universitários
tendo, como apoio,
dicionários contemporâneos
considerados de uso corrente
- identificar critérios para
seleção e análise das fontes
históricas
- dicionários contempo-
râneos da língua
portuguesa (séculos XX e
XXI)
- exploração das repre-
sentações sociais por
meio dos dicionários
(Lahlou, 2003 e 1995)
- abordagem da história
dos conceitos (Koselleck,
2006a e 1992)
- abordagem da história
efeitual (Gadamer, 2002)
3. Construção de um
quadro de análise
que oriente a
investigação da
historicidade do
nódulo elementar de
sentido visando sua
identificação nas
fontes históricas
selecionadas
- fichamento das fontes
históricas selecionadas
- construção de uma matriz de
análise para compreender o
nódulo selecionado no
contexto de uso das fontes
históricas atentando para a
transferência descuidada
para o passado de
expressões contemporâneas
- dicionários da língua
portuguesa (século XIX)
- fontes históricas: Carl
Friedrich Phillip von
Martius, Francisco Adolfo
de Varnhagen, Joaquim
Manoel de Macedo e
Affonso Celso
- abordagem da história
dos conceitos (Koselleck,
2006a e 1992)
- abordagem da história
efeitual (Gadamer, 2002)
109
O número total de respondentes era 1.029. A diferença em relação ao número de respostas
efetivamente obtidas (976) deve-se ao fato de que nem todos os universitários responderam as questões
selecionadas. Lembrando ainda que se trata de alunos do 1.º ano dos cursos de Enfermagem,
Engenharia, Medicina, Pedagogia e Serviço Social de instituições públicas e privadas dos seguintes
Estados brasileiros: Pará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Metodologia
55
continuação
Procedimentos
metodológicos
Objetivos
Referencial teórico-
metodológico
4. Preparação do
material de análise
- compreender o nódulo
selecionado no contexto de
uso, no caso, a produção
textual dos universitários
- compreender a estrutura
dessa produção com o auxílio
de uma análise informatizada
- programa informatizado
Alceste para análise
estatística textual
5. Análise dos dados por
meio da “fusão de
horizontes interpre-
tativos”
- compreender o nódulo
selecionado como efeito de
uma idéia construída no
passado
- abordagem processual
da teoria das
representações sociais
(Moscovici, 1978 e
Jodelet, 2005b e 2001)
- abordagem da história
dos conceitos (Koselleck,
2006a e 1992)
- abordagem da história
efeitual (Gadamer, 2002)
Acredita-se que essa trajetória metodológica, detalhada a seguir,
favoreça a investigação de como o passado se integra às formas atuais de pensar
nossa “comunidade imaginada”, segundo expressão de Anderson (1991), chamando a
atenção para aquilo que Moscovici (2003) denominou de “regularidade de estilo”, ou
seja, a permanência de determinadas categorias de pensamento nas representações
sociais e que fazem referência a períodos anteriores de sua produção, de modo a
permitir a discussão de sua historicidade.
2.2 Procedimentos da pesquisa
2.2.1 Estudo exploratório das respostas dos 976 universitários às
questões “Por que você acha que isso tudo é Brasil?” e “O
que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?” obtidas no banco de dados da pesquisa Imaginário e
representações sociais de jovens universitários sobre o
Brasil e a escola brasileira (Sousa e Arruda, 2006).
Inicialmente, retomou-se o banco de dados organizado quando da
pesquisa Imaginário e representações sociais de jovens universitários sobre o Brasil e
a escola brasileira, desenvolvida entre 2003 a 2006 sob a coordenação das
Professoras Doutoras Clarilza Prado de Sousa e Angela Arruda, com a intenção de
Metodologia
56
selecionar um elemento que fosse expressivo na organização das representações
sociais de Brasil.
110
Foram pesquisados 1.029 universitários do primeiro ano dos cursos de
Enfermagem, Engenharia, Medicina, Pedagogia e Serviço Social de 23 instituições,
sendo 9 públicas e 14 privadas, dos Estados do Pará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, distribuídos da seguinte forma:
TABELA 1 - Distribuição do Número de Alunos
Curso Participantes %
Enfermagem 236 22,9%
Engenharia 192 18,7%
Medicina 154 15,0%
Pedagogia 267 25,9%
Serviço Social 180 17,5%
Total 1.029 100,0%
Fonte: Sousa e Arruda (2006).
Os instrumentos de coleta do estudo eram compostos por três blocos: o
primeiro, denominado “QP”, referia-se à identificação do perfil do participante; o
segundo, “Q1”, solicitava realização de desenho, de associações livres e de questões
abertas e, por fim, o “Q2”, apresentava tabelas, questões e mapas com a intenção de
detalhar aspectos apontados nos blocos anteriores. A seguir, descreve-se
sucintamente o instrumento “Q1” (Anexo 1), uma vez que a presente pesquisa fará uso
apenas do banco de dados dele derivado, circunscrito ainda a duas questões a serem
apresentadas adiante.
O “Q1” foi composto por um caderno de questões em que, inicialmente,
foi feita a seguinte solicitação: “Na folha em branco ao lado, desenhe o mapa do Brasil
sem se preocupar com a exatidão. Faça somente o contorno do mapa, sem dividir por
110
Em suas etapas de coleta, processamento e análise dos dados, a referida pesquisa contou com a
colaboração das seguintes pessoas: Adelina de Oliveira Novaes, Aline dos Santos Brito, Amanda
Cerdeira Pilão, Ana Carolina Dias Cruz, Angela Maria Martins, Carolina Fernandes Pombo de Barros,
Cristal Oliveira Moniz de Aragão, Euricilda de S. P. Del Bel, Glaucia T. Franco Novaes, Joana Coelho
Barbosa, Juliana Maria Santos Rodrigues, Leon Bizzocchi, Luana Pedrosa Vital Gonçalves, Lúcia Pintor
Santiso Villas Bôas, Marcia Inês da Silva Ribeiro, Marialva Rossi Tavares, Miriam Bizzocchi, Patrícia
Simon Lorenzutti, Paula Brito Cordeiro, Paulo Cardoso Ferreira Pontes, Renilma Coelho, Sara Costa
Cabral Mululo, Tamara Galieta Nascimento, Thiago Francisco Abraira Crespi, Thiago P. D. B. Belluz e
Verônica Braga dos Santos.
Metodologia
57
Estados” (questão 1).
111
Após essa primeira atividade, pediu-se que o respondente
desenhasse, nesse mesmo mapa, o que ele achava que existia espalhado pelo Brasil,
numerando os desenhos na seqüência de sua realização (questão 2). A intenção com
tais enunciados, de acordo com os objetivos da pesquisa proposta por Sousa e Arruda
(2006), era acessar o mapa imaginário
112
construído sobre o Brasil, percepção esta
que talvez não se expressasse com a utilização de um questionário que privilegiasse
somente a via escrita, ainda que os problemas teórico-metodológicos colocados pelo
uso do desenho na pesquisa sejam similares àqueles apontados para a utilização do
material discursivo (cf. Ibáñez Gracia, 1988).
111
Houve a preocupação de que o desenho do mapa do Brasil fosse a primeira atividade a ser realizada
pelos respondentes para que o mapa produzido não tivesse nenhuma referência visual que pudesse
interferir nesta atividade. A utilização, portanto, do mapa visava responder, em linhas gerais, às seguintes
questões: Quais são as imagens que os participantes da pesquisa produzem sobre o Brasil? Quais são os
elementos acionados por eles para compor essa imagem, haja vista as dimensões do país? Como eles
desenham o que no Brasil e como isso organiza o campo imagético dessas representações? A
respeito, ver Sousa e Arruda (2006).
112
A noção de “mapa imaginário”, similar ao que acontece com as representações sociais, apresenta-se
como um conceito polissêmico, a ponto de Guerrero Tapia considerá-lo sinônimo de mapa mental, como
pode ser observado no trecho a seguir: “Contudo, é necessário reconhecer que o ‘mapa imaginário’ (ou
também ‘mapa mental’) é um construto teórico formulado para referir-se a um fenômeno complexo
psicológico e psicossocial. Como disse Aragonés (1986), ninguém nunca viu um mapa mental, e
agregamos, nem um mapa imaginário. Do mesmo modo que muitos outros conceitos e categorias teóricas
dentro da disciplina psicológica, os mapas mentais são úteis para explicar como se constroem as
estruturas (cognitivas, sociocognitivas, mentais, imaginárias, representacionais) nos indivíduos, nos
grupos e nas sociedades, sobre o espaço, o lugar, o território, o ambiente, o planeta, o mundo, e tudo o
que ele contém. Em outras palavras, estes construtos servem para compreender a forma como os sujeitos
(indivíduos, grupos, sociedades) internalizam as formas objetivadas da cultura e as formas físicas do meio
ambiente, e constroem suas imagens mentais. Desse modo, se conhecem mais dos processos
psicossociais que intervêm na construção do pensamento social. Mas também os mapas mentais são
úteis para conhecer a elaboração imaginária do objeto mesmo, ou seja, o que existe apenas como
construção imaginária (Durand, 1964; Lizarazo, 2004). Assim, o mapa imaginário encerra em seu
conteúdo não apenas informação sobre o espaço territorial e o meio ambiente, mas também aspectos
histórico-culturais (alegóricos, míticos, emblemáticos, estéticos etc.) porque não apenas é produto do
conhecimento e informação que os sujeitos possuem sobre esse objeto, mas também produto da
imaginação, é criação humana (Castoriadis, 2002)” (2005: s.p.).
Cf. original: “Sin embargo, es necesario
reconocer que el ‘mapa imaginario’ (o también ‘mapa mental’) es un constructo teórico que se han
formulado para referir un fenómeno complejo psicológico y psicosocial. Como dice Aragonés (1986) nadie
ha visto nunca un mapa mental, y agregamos, ni un mapa imaginario. Al igual que muchos otros
conceptos y categorías teóricas dentro de la disciplina psicológica, los mapas mentales han sido útiles
para explicar la forma como se construyen estructuras (cognitivas, sociocognitivas, mentales, imaginarias,
representacionales) en los individuos, los grupos y las sociedades, sobre el espacio, el lugar, el territorio,
el ambiente, el planeta, el mundo, y todo lo que en ello se contiene. En otras palabras, estos constructos
sirven para comprender la forma como los sujetos (individuos, grupos, sociedades) internalizan las formas
objetivadas de la cultura y las formas físicas del medioambiente, y construyen sus imágenes mentales. De
ese modo, se conoce más de los procesos psicosociales que intervienen en la construcción del
pensamiento social. Pero también los mapas mentales son útiles para conocer la elaboración imaginaria
del objeto mismo, es decir, lo que no existe mas que como construcción imaginaria (Durand, 1964;
Lizarazo, 2004). Así, el mapa imaginario encierra en su contenido no sólo información sobre el espacio
territorial y el medioambiente, sino también aspectos histórico-culturales (alegóricos, míticos,
emblemáticos, estéticos, etc.) porque no sólo es producto del conocimiento e información que los sujetos
poseen sobre ese objeto, sino es también producto de la imaginación, es creación humana (Castoriadis,
2002)”.
Metodologia
58
Após essa atividade, era solicitado ao respondente que desse um título
ao mapa por ele elaborado (questão 3) e que indicasse e justificasse a seleção dos
dez primeiros elementos desenhados como fazendo parte do Brasil escolhendo,
dentre estes, os quatro mais importantes segundo sua opinião (questões 4 e 5). A
seguir, ele deveria responder ainda a duas questões abertas, quais sejam: “Por que
você acha que isso tudo é Brasil?” (questão 6.1) e “O que, para você, diferencia o
Brasil dos outros países? Por quê?” (questão 6.2).
O modo como a seqüência foi encadeada, ainda que não
intencionalmente, fez com que estas duas últimas questões funcionassem como uma
espécie de síntese das anteriores, permitindo, com isso, a identificação dos elementos
organizadores das representações sociais de Brasil denominados, por Lahlou (2003),
de “nódulos elementares de sentido” (nodules élémentaires de sens), identificação
esta fundamental para a análise de sua historicidade.
Isso porque, como as representações sociais possuem um caráter
modal, uma vez que elas são constituídas por aspectos sensoriais, motrizes,
emocionais, cognitivos, lingüísticos etc. (cf. Lahlou, 2003), sua análise requer que elas
sejam decompostas de modo a selecionar um dos nódulos que a integram com o
objetivo de compreender como ele se constitui historicamente, uma vez que cada
nódulo tem a sua própria historicidade.
113
Isso pressuposto, é preciso concordar com
Lahlou quando ele afirma que
precisamos, entretanto, abandonar a esperança de determinar os
elementos atômicos em virtude mesmo da natureza fractal do sentido:
todo elemento, visto de perto, cinde-se, por sua vez, em outros
elementos. Toda descrição de uma representação social é
forçosamente aproximativa justamente por esta razão; ela o é a
fortiori pois, por sua natureza e razões relacionadas à sua própria
função a capacidade de se adaptar a toda uma categoria de
ocorrências reais do fenômeno a representação social é um objeto
de contornos fluídos (2003: 38 – grifos do autor).
114
113
Algo, aliás, passível de ser estendido ao conhecimento histórico na medida em que, de acordo com
Schaff, “[...] o conhecimento histórico têm sempre como objeto um processo histórico na sua totalidade se
bem que nos apercebamos desse objeto através do estudo de fragmentos dessa totalidade” (1995: 308).
114
Cf. original: “Il nous faut cependant abandonner l´espoir de déterminer des éléments ‘atomiques’, en
raison même de la nature fractale du sens: tout élément, vu de près, se scindera à son tour en éléments.
Toute description une représentation sociale est forcémment aproximative pour cette raison; elle l´est a
fortiori car, par nature et pour des raisons qui tiennent à sa fonction même la capacité à s´adapter à
toute une catégorie d´ocurrences réelles du phénomène la représentation sociale est un objet aux
contours flous”.
Metodologia
59
Para a seleção, portanto, de um dos nódulos das representações
sociais de Brasil, identificados a partir da pesquisa elaborada por Sousa e Arruda
(2006), optou-se pelo uso do banco das questões “Por que você acha que isso tudo é
Brasil?” e “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”, dada a
possibilidade de analisar seus aspectos constituídos.
Assim, a leitura do banco de dados dessas duas questões, em conjunto
com a análise da matriz de interpretação do desenho realizado pelos respondentes no
“Q1”, matriz essa elaborada por Arruda et al. (2004 Anexo 2), orientaram a escolha
do nódulo elementar de sentido “diversidade” como um dos eixos organizadores das
representações sociais de Brasil.
115
Contudo, a multiplicidade de sentidos conferida à
palavra “diversidade” faz com que o “estado de coisas”
116
que ela expressa não esteja
claramente explicitado, gerando a necessidade de investigar como ela é apresentada
nas respostas dos universitários. Para tanto, construiu-se uma lista de associações por
meio de consultas a dicionários de uso corrente, visto que estes, ao se configurarem
como uma construção coletiva por excelência, terminam por fixar formas
compreensíveis por todos em uma referência social comum, permitindo, com isso,
compreender como essa palavra foi utilizada (cf. Lahlou, 2003), procedimento este que
passa a ser descrito a seguir.
2.2.2 Montagem de um dicionário por meio de lista de associações
contendo sinônimos e atributos do elemento selecionado
Com o propósito, portanto, de abarcar o termo “diversidade” em seu
contexto atual de uso, bem como entender seu significado para a “comunidade
contemporânea de intérpretes” (Jasmin, 2005), no caso, os universitários pesquisados,
optou-se pela utilização de dicionários da língua portuguesa de uso corrente, visto que
eles organizam o conhecimento socialmente sedimentado expressando-o,
intencionalmente, de forma explícita. Isso porque, de acordo com Lahlou, é na língua
que procuramos os objetos do mundo, uma vez que a língua é uma memória social
que, por meio de sua rede semântica, sedimenta as visões do mundo produzidas pela
115
Como citado anteriormente, o nódulo elementar de sentido identificado pelo termo “diversidade”
configura-se apenas como uma das possibilidades de análise das representações sociais de Brasil.
Importa observar que, para os propósitos do presente estudo, a associação da diversidade com os
demais nódulos elementares de sentido não será objeto de investigação. Acerca desses demais
“nódulos”, ainda que as autoras não utilizem esse termo, ver Sousa e Arruda (2006).
116
Faz-se aqui uma apropriação livre dessa expressão utilizada por Wittgenstein no Tractatus Logico-
Philosophicus (1921) e que serve para indicar, semanticamente, eventos no mundo
Metodologia
60
cultura. As ligações entre as palavras representam as conexões entre as idéias” (2003:
41 – grifos do autor).
117
Para esse autor, a existência mesma de uma palavra assinalando a
entrada de um objeto em um catálogo lingüístico dos objetos comuns, como o
dicionário, seria uma condição necessária para a existência de uma representação
social, e a vantagem de seu uso decorreria ainda do fato de ele ser um sistema
fechado e autodefinido apresentando um universo discursivo coerente, na medida em
que as palavras utilizadas como traço descritivo aparecem como entradas de
definição, de modo que todas apresentam o mesmo status, diferentemente, por
exemplo, de uma enciclopédia.
Assim, partindo do verbete diversidade,
118
com o auxílio das obras
Dicionário Houaiss da língua portuguesa (Houaiss e Villar, 2001), Novo dicionário
Aurélio da língua portuguesa (Ferreira, 1986) e Dicionário contemporâneo da língua
portuguesa (Aulete, 1987), iniciou-se uma primeira lista de associação, e cada uma
das palavras agregadas forneceu outras associações, incluindo gênero e grau do
substantivo, que foram sendo incorporadas à lista inicial em um total de 64 termos,
119
quais sejam: abundantemente, adverso, apartado, assimetria, biodiversidade,
complexidade, contradição, contradita, contraditório, contraposição, contrariedade,
contraste, desacordo, desconformidade, desencontro, desequilíbrio, desigualdade,
desproporção, dessemelhança, dessemelhante, desuniformidade, diferença,
diferenciar, diferente, discordância, discordante, discrepância, discrepante,
disparidade, dissemelhança, distinguir, distinto, divergência, divergente, diversas,
117
Cf. original: “c´est dans la langue que nous allons chercher les objets du monde, en considérant que la
langue est une mémoire sociale, et que dans son réseau sémantique elle a sédimenté les visions du
monde produites par la culture. Les lieux entre mots y représentent les connexions entre idées”.
118
No Dicionário Houaiss da língua portuguesa, “diversidade” é definida como 1 qualidade daquilo que é
diverso, diferente, variado; variedade. 2 conjunto variado; multiplicidade 3 desacordo, contradição,
oposição 4 ECO índice que leva em conta a abundância e a equitabilidade de uma comunidade; 5 ECO
m.q. biodiversidade. Etim lat.: diversitas ‘diversidade, variedade, diferença’; ver ver (t/s)-;f.hist.s.XIV
diuersidade, s. XV diversidade, sXV deversydade. sin/var ver sinonímia de contraposição e variante. Ant,
ver antonímia de contraposição. (Houaiss e Villar, 2001: 1064 grifos do autor). no Novo dicionário
Aurélio da língua portuguesa consta: “[Do lat. Diversitate.] S.f. 1, Diferença, dessemelhança, dissimilitude.
2. Divergência; contradição; oposição” (Ferreira, 1986: 602- grifos do autor). E, ainda, no Dicionário
contemporâneo da língua portuguesa, diversidade aparece como “S.f. diferença, dessemelhança,
variedade: diversidade de objetos; essa esplêndida diversidade de raças, de instituições, de mitologias
(Eça, Notas Contemp., p. 261, ed. 1913). Divergência, oposição, contradição. F. lat. Diversitas(Aulete,
1958: 1553 – grifos do autor).
119
Por exemplo, o termo “diverso”, presente no verbete “diversidade”, forneceu as seguintes associações:
que não é igual, dessemelhante, diferente, distinto, variedade, diversificado, diferente, variado, com
alterações, mudanças, que diverge, discordante, que mostra várias facetas ou características, vário,
diversos, alguns, vários, muitos, oposto, adverso.
Metodologia
61
diversidade, diversificado, diverso, fragmentação, incoerência, incompatibilidade,
incompossibilidade, inconformidade, incongruência, inconstante, modificado, mudado,
muitos, multiplicidade, múltiplo, mutável, oblóquio, oposição, plural, pluralidade,
polarização, sortimento, transformado, variado, variante, variável, variedade, vário,
vários.
Para operacionalizar essa lista, criou-se o seguinte agrupamento por
meio das remissivas de uma dada palavra:
QUADRO 2 - Agrupamento das Palavras Associadas à Diversidade
PALAVRA REMISSIVA
apartado
complexidade
contradição oblóquio, contradita, contraditório, contraposição, contrariedade,
contraste, adverso, polarização, incompossibilidade
desigualdade disparidade, diferença, desequilíbrio, assimetria, desproporção,
desconformidade, desuniformidade
diferente mudado, modificado, transformado
diferenciar distinguir
discrepante desacordo, discordância, discordante, discrepância, incompatibilidade,
fragmentação
divergência desencontro, divergente, inconformidade
diversidade biodiversidade
diversificado dessemelhança, dessemelhante, dissemelhança, distinto diversas,
diverso, sortimento, variado, variante, variável, variedade, vário
incoerência incongruência
muitos abundantemente, vários
múltiplo multiplicidade
mutável inconstante
oposição
plural pluralidade
A construção dessa lista permitiu, inicialmente, a sistematização das
denominações usadas para “estados de coisas” distintos e que são englobados pelo
termo “diversidade”. Tal sistematização, além de permitir uma aproximação do
contexto atual de uso desse termo, indicou sua polissemia, fornecendo indícios de que
“diversidade”, mais do que uma palavra, poderia ser considerada um conceito, motivo
pelo qual passa a ser denominado dessa forma, conforme a concepção elaborada pelo
historiador Reinhart Koselleck (2006a) que, juntamente de Otto Brunner e Werner
Conze, organizou a coleção alemã Conceitos históricos fundamentais: xico histórico
Metodologia
62
da língua política e social na Alemanha,
120
editada a partir de 1972. Segundo esse
autor, apesar de o conceito estar aderido a uma palavra, a diferença em relação a esta
reside no fato de que ele é sempre polissêmico, não sendo assim determinado pelo
seu uso na medida em que as circunstâncias nas quais e para as quais ele é utilizado
se agregam a ele, ou seja,
[...] no conceito, significado e significante coincidem na mesma
medida em que a multiplicidade da realidade e da experiência
histórica se agrega à capacidade de plurissignificação de uma
palavra, de forma que seu significado possa ser conservado e
compreendido por meio dessa mesma palavra [...] O conceito reúne
em si a diversidade da experiência histórica, assim como a soma das
características objetivas teóricas e práticas em uma única
circunstância, a qual pode ser dada como tal e realmente
experimentada por meio desse mesmo conceito (2006a: 109).
Contudo, apenas a identificação das denominações que o conceito
diversidade engloba em seu contexto de uso atual não permite nem o entendimento de
seu processo de generatividade, enquanto elemento organizador das atuais
representações sociais de Brasil, nem a verificação de como determinadas palavras
foram sendo incluídas, ou excluídas, em relação a esse conceito. Ou seja, se a
construção do dicionário possibilita a compreensão do que se conota hoje como
diversidade, essa compreensão não pode ser simplesmente trasladada para outra
época sob o risco de incorrer em anacronismos, em uma espécie de transferência
descuidada para o passado de uma expressão contemporânea (cf. Koselleck, 2006a).
Segundo Jasmin, citando Gadamer,
[...] cada época entende um texto transmitido de uma maneira
peculiar, pois o texto constitui parte do conjunto de uma tradição pela
qual cada época tem um interesse objetivo e na qual tenta
compreender a si mesma. O verdadeiro sentido de um texto, tal como
120
As idéias desenvolvidas por Koselleck no âmbito da história dos conceitos, cuja preocupação básica é
medir e estudar a diferença (ou convergência) entre os conceitos antigos e as atuais categorias do
conhecimento usando a semântica como uma ferramenta para investigar como eles são criados, seu
processo de manutenção ou substituição etc., foram aqui utilizadas de forma intencionalmente
instrumental, ou seja, como ponto de partida para pensar uma matriz de análise que permitisse a
investigação histórica de um dos nódulos elementares de sentido das atuais representações sociais de
Brasil de modo a evitar uma transferência descuidada para o passado de expressões contemporâneas.
Nesse sentido, e perante os objetivos do presente trabalho, não se procederá a uma discussão mais
detalhada de suas idéias. As fontes principais para o esforço de compreensão proposto aqui com intuito
de elaborar princípios teórico-metodológicos mínimos para o estudo da historicidade das representações
sociais foram o livro Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos (2006a) e o artigo
Uma história dos conceitos (1992), cujas referências completas encontram-se na bibliografia. Vale
destacar ainda que, destas obras, serão utilizadas, sobretudo, as idéias de conceito” e de “espaço de
experiência” e “horizonte de expectativa” como chaves interpretativas para entender a historicidade das
representações sociais de Brasil, ficando desde esclarecido que mesmo estas apropriações serão
realizadas com parcimônia, sem explorar todo o potencial heurístico da interpretação desenvolvida por
Koselleck.
Metodologia
63
este se apresenta a seu intérprete, não depende do aspecto
puramente ocasional que representam seu autor e seu público
originário. Ou, pelo menos, não se esgota nisso. Pois este sentido
está sempre determinado também pela situação histórica do
intérprete e, por conseqüência, pela totalidade do processo histórico
(apud Jasmin, 2005: 30).
Isso pressuposto, importa observar que, primeiramente, não se
pretende realizar um estudo sobre a “diversidade” na perspectiva da história dos
conceitos. Sendo assim, o uso meramente instrumental que aqui se propõe das
teorizações de Koselleck
121
(1992 e 2006a) tem sentido na medida em que estas
proporcionam indicadores que devem ser levados em conta acerca de uma exigência
metodológica mínima no estudo da historicidade das representações sociais
122
e que
podem, neste momento, ser sintetizados da seguinte forma: não se pode investigar a
historicidade das representações sociais por meio de sua expressão semântica atual
sob o risco de incorrer em anacronismos, ainda que o levantamento desta semântica
ofereça indicadores para uma análise histórica na medida em que o passado pode
ser investigado levando-se em conta a limitação conceitual de sua época.
123
2.2.3 Referência histórica e construção de uma matriz de análise
2.2.3.1 Seleção das fontes históricas – justificativa
124
Tomando por princípio que o conceito atual de diversidade, nódulo
elementar de sentido das atuais representações sociais de Brasil, apresenta a
121
Acerca da origem da história dos conceitos, ver Jasmin e Feres Júnior (2006) e Feres Júnior e Jasmin
(2007). Para um exemplo prático da aplicação metodológica da história dos conceitos, ver Neves (2007).
Sobre a semântica histórico-política dos conceitos antitéticos assimétricos, conforme proposta por
Koselleck (2006a), ver Feres Jr. (2005).
122
Koselleck afirma que essa exigência metodológica mínima passa pela “[...] obrigação de compreender
os conflitos políticos e sociais do passado por meio das delimitações conceituais e da interpretação dos
usos da linguagem feitos pelos contemporâneos de então” (2006a: 103).
123
De acordo com Schaff, um dos problemas do século XX, que fascinou os teóricos da história, refere-se
ao fato de que cada geração possui a sua própria visão do processo histórico. As explicações para isso
foram, segundo ele, formuladas nos seguintes termos intercambiáveis entre si: a reinterpretação da
história ocorre tanto devido as variadas necessidades do presente como aos efeitos dos acontecimentos
do passado que emergem no presente. Contudo, essa variabilidade não afeta a objetividade do
conhecimento histórico visto que “(...) desde o momento em que se toma o conhecimento histórico como
processo e superação das verdades históricas – como verdades aditivas, cumulativas – compreende-se o
porquê da constante reinterpretação da história, da variabilidade da imagem histórica; variabilidade que,
longe de negar a objetividade da verdade histórica, pelo contrário a confirma” (1995: 277).
124
Adota-se aqui a noção de fonte de acordo com o significado dado pela historiografia, ou seja, trata-se
de registros selecionados pelo pesquisador que neles se apóia para construir o conhecimento acerca da
história. Para uma discussão concernente à relação entre fontes e educação, ver Saviani (2004). Importa
observar também que, na transcrição dos trechos originais selecionados de tais fontes, procedeu-se a
uma atualização da grafia. O nome do autor e o título das obras permanecem no original da edição
consultada.
Metodologia
64
sedimentação de um conhecimento que contém uma construção histórica, procurar-
se-á indicar as convergências entre algumas das fontes históricas, produzidas no
século XIX, com as respostas dos universitários, analisando como as primeiras
contribuem para o estabelecimento de um esquema de interpretação sobre o Brasil
que alimenta as segundas, com o objetivo de verificar a historicidade dessa forma de
pensar nossa “comunidade imaginada” (Anderson, 1991).
Nesse sentido, a escolha do século XIX não foi aleatória: em primeiro
lugar, ela foi pautada pela própria análise da produção textual dos estudantes,
125
cujas
categorias encontradas remeteram a um discurso expressivamente elaborado nesse
período em que, em vários âmbitos (pintura, música, literatura, política etc.), discutiam-
se o Brasil e os brasileiros. Em segundo lugar, porque autores como Carvalho (2005,
2002, 1998 e 1990), Chauí (2001), Naxara (2004 e 1998), Ortiz (2006), Prado (2001),
Reis (2003), Schwarcz (1995 e 1993) e Zarur (2003) já apontaram que é justamente
nessa fase de constituição do Estado Nacional
126
que estas questões, ao serem
agudizadas, acabaram por gestar representações que darão origem não apenas a
uma historiografia nacional, mas também às grandes interpretações do Brasil, e que
servirão de base para a construção da nossa própria identidade.
127
125
A expressão “produção textual” é aqui identificada como “[...] material propduzido originalmente na
forma escrita e selecionado para ser analisado pelo pesquisador” (Nascimento-Schulze e Camargo, 2000:
293).
126
Os estudos de Thiesse relativos aos processos de formação das identidades nacionais na Europa
indicam que foi também no século XIX que, nesse continente, “[...] se elaborou, em sua essência, o
modelo transnacional de construção de identidades nacionais, a partir da recomposição e reorganização
dos elementos culturais preexistentes e de seu enriquecimento através de novas criações. E,
efetivamente, foi em uma escala transnacional que este trabalho gigantesco se realizou, por uma série de
intercâmbios, observações cruzadas, transferências de idéias e de conhecimentos entre os vários
‘edificadores’ de cultura nacional” (s.d.: s.p.).
127
Dentre as grandes interpretações do país, podem-se citar os estudos de Sérgio Buarque de Holanda,
Raymundo Faoro e Roberto DaMatta que, segundo Souza têm em comum a tendência de interpretar o
Brasil tendo como foco a herança ibérica. Esse autor caracteriza essas “interpretações” como
representativas daquilo que ele denomina de sociologia da inautenticidade (2000b e 2000c). Para ele, “o
culturalismo atávico da tese iberista e personalista imagina que o português dono de sua pequena quinta
de oliveiras ou o cortesão lisboeta se transpõe ao Brasil tal qual era, como se, independentemente de
condições objetivas, os atores impusessem ao meio circundante seus desejos, hábitos e preferências a
bel-prazer... [ressaltando que] ...a sociologia da inautenticidade do processo de modernização brasileiro
articula soluções e problemas que formam um sistema. Iberismo, personalismo e patrimonialismo são
termos intimamente interligados como uma explicação tanto para o nosso atraso social como para nosso
(sub)desenvolvimento. A influência dessas idéias sobre a vida cotidiana de cada brasileiro é gigantesca.
Ela constitui nossa auto-imagem dominante, seja na dimensão das idéias, seja na dimensão da prática
social e política” (2000b: 206-207).
Metodologia
65
É nesse contexto que se pode compreender, por exemplo, a criação,
em 1838, do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro,
128
que, vinculado à elite política
do Império, tinha por objetivo a composição de uma história nacional, estabelecendo
“[...] toda uma pauta de fatos, nomes e datas que foram paulatinamente configurando
uma leitura, ou história oficial do país, calcada em interpretações enaltecedoras de
fenômenos sempre lidos sob a clave da gênese de uma tradição nacional” (Fico, 1997:
29) cuja intenção era homogeneizar uma visão de Brasil.
Ainda que não tenha sido esse o critério de seleção, todos os autores
analisados foram membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. São autores
que ora se aproximam, ora se distanciam, mas que tinham, na discussão sobre a
história nacional, um objeto em comum. São eles: Carl Friedrich Phillip von Martius,
Francisco Adolfo de Varnhagen, Joaquim Manoel de Macedo e Affonso Celso cujos
itens a seguir m a intenção de, além de contextualizá-los, apresentar a justificativa
de sua escolha.
Carl Friedrich Phillip von Martius (Erlangen Bavária, Alemanhã,
1794 – Munique, Alemanhã, 1868)
129
Em 1844, o viajante e naturalista bávaro Martius teve seu trabalho,
Como se deve escrever a história do Brasil,
130
premiado pelo Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro que, às voltas com a tarefa de dotar uma história para o país
128
De acordo com Callari, os institutos históricos “[...] foram responsáveis, portanto, pela produção de um
saber na própria época em que a separação entre campos diversos do conhecimento estava se
delineando e que a história reivindicava para si um estatuto científico, alicerçado em sólida pesquisa
documental. Todo esse esforço foi canalizado para a construção da idéia de nação, buscando no passado
exemplos e argumentos que apontassem o caminho glorioso destinado ao Brasil. Entretanto, esses
‘obreiros da história’ não possuíam, obviamente, nenhuma formação específica para o historiador nos
termos atuais. Eram basicamente membros da elite que ocupavam altos postos na burocracia estatal e
políticos de renome. Literatos, advogados, médicos, engenheiros, militares carreiras de praxe a serem
seguidas pelos filhos da elite eram as principais ocupações daqueles que se dedicavam com afinco aos
projetos de seus institutos” (2001: s.p.). Cabe ainda ressaltar que o Instituto, a a década de 30 do
século XX, foi o único centro de estudos históricos do país (cf. Reis, 2003). A importância, portanto, dada
à história no oitocentos decorre da necessidade de dotar o Brasil de um passado agregador, de modo a
criar uma identidade homogênea para o país recém-independente de Portugal.
129
Segundo Guimarães, “ao nos debruçarmos sobre a construção da história nacional brasileira realizada
no século XIX, inevitavelmente teremos de reservar um papel significativo para o viajante-naturalista
bávaro Friedrich von Martius, que entre 1817 e 1820 percorreu o território brasileiro acompanhado por
Von Spix, resultando deste empreendimento científico a obra Reise in Brasilien, cuja primeira tradução
integral teve de aguardar um século para vir à luz, patrocinada pelo IHGB [sigla do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro] no âmbito das comemorações do seu centenário de fundação em 1938”
(2000:
s.p.). Para uma biografia de Martius, ver Guimarães (2000) e Fleiuss (1982).
130
Utiliza-se aqui a publicação desse texto no livro, também de Martius, intitulado “O estado de direito
entre os autóctones do Brasil”, cujas indicações completas encontram-se nas referências bibliográficas e
que foi transcrito da Revista Trimestral de História e Geografia, ou Jornal do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, n. 24, da edição de janeiro de 1845.
Metodologia
66
recentemente independente de Portugal, lança um concurso em que a melhor
monografia seria laureada. Nele, o autor, que também era sócio correspondente do
Instituto, apresentava um programa de escrita da história do Brasil que se tornou, ao
longo do século XIX, referência tanto para as produções da historiografia didática
como para a acadêmica.
De acordo com esse autor, a escrita da história do Brasil demandava
um método organizado em torno de três procedimentos complementares em que,
inicialmente, se deveria “[...] recolher, analisar e arquivar uma documentação. Em
segundo lugar, devia ser revelado o sentido geral da formação e evolução de um povo
ou nação. E, por fim, devia-se traduzir esse sentido geral de modo a fazer da história a
pedagogia da formação do povo” (Mattos, 1993: 80).
Dessa forma, a seleção de Como se deve escrever a história do Brasil,
para análise no presente estudo, deve-se ao fato de que, nesse texto, Martius aponta
o sentido que a escrita da história do Brasil deveria apresentar, organizando a
sucessão de eventos ocorridos em um conjunto integrado e homogêneo, visto que
[...] seu texto parece fornecer as pistas que permitirão a elaboração
de uma narrativa dotada de um enredo, delineando com isso uma
fisionomia própria para a nação em processo de construção e
inaugurando assim um olhar distinto sobre as realizações do
passado. Este torna-se (sic) definitivamente história, podendo ser
integrado à experiência do presente assim como pode sinalizar um
caminho para o futuro (Guimarães, 2000: s.p.).
Portanto, o historiador dedicado à tarefa de escrever a história do Brasil
deveria atentar para uma história com perspectiva centralizadora que, ao criar
elementos nacionais e comuns motivadores do surgimento de um “amor à pátria”,
garantisse uma identidade ao Brasil, haja vista que a unificação do país se dava em
torno da monarquia e do catolicismo (cf. Reis, 2003). De acordo com Martius:
A História é uma mestra, não somente do futuro, como também do
presente.
131
Ela pode difundir entre os contemporâneos sentimentos e
pensamentos do mais nobre patriotismo. Uma obra histórica sobre o
Brasil deve, segundo a minha opinião, ter igualmente a tendência de
despertar e reanimar em seus leitores brasileiros amor da pátria,
coragem, constância, indústria, fidelidade, prudência, em uma
palavra, todas as virtudes cívicas (1982: 106).
132
131
Sobre uma discussão da história como mestra da vida (Historia Magistra Vitae) desenvolvida desde
Cícero na Antigüidade Clássica, ver Koselleck (2006a).
132
De acordo com Reis, Martius pensa, portanto, em “uma história que não falasse de tensões,
separações, contradições, exclusões, conflitos, rebeliões, insatisfações, pois uma história assim levaria o
Metodologia
67
Nesse sentido, a identidade brasileira deveria ser buscada naquilo que
o Brasil tinha de singular identificado por Martius como a “mescla de raças”. Assim, de
acordo com esse autor, ao historiador caberia “[...] mostrar como no desenvolvimento
sucessivo do Brasil se acham estabelecidas as condições para o aperfeiçoamento das
três raças humanas, que nesse país são colocadas uma ao lado da outra, de uma
maneira desconhecida na História Antiga” (1982: 89), motivo pelo qual Reis (2003),
Guimarães (2000) e Odália (1979) afirmam que ele teria lançado os alicerces do que
viria a ser denominado posteriormente de “mito da democracia racial”
e que geraria
enraizamentos político-ideológicos ainda presentes na história nacional.
133
Francisco Adolfo de Varnhagen (Sorocaba, 1816 Viena, Áustria,
1878)
134
Considerado um dos fundadores da historiografia brasileira, de onde lhe
advém a alcunha de Heródoto brasileiro”,
135
Varnhagen, baseando-se no programa
premiado de Martius,
136
lança em Madri, em 1854, o primeiro volume de sua História
geral do Brasil antes da sua separação e independência de Portugal, mais conhecida
como História geral do Brasil, como será doravante denominada, apoiado em sólida
pesquisa documental.
137
Brasil à guerra civil e à fragmentação; isto é, abortaria o Brasil que lutava para se constituir como
poderosa nação [...] Apesar da variedade de usos e costumes, dos climas, das atividades econômicas,
das raças e da extensão territorial, o historiador deverá enfatizar a unidade. À diferença, ele deverá dar
um tratamento comum” (2003: 28 e 27, respectivamente).
133
Para uma problematização do “mito da democracia racial”, ver Ortiz (2006), Souza (2001) e Guimarães
(2001).
134
Para uma biografia de Varnhagen e discussão de sua obra, ver Odália (1997 e 1979) e Guimarães
(2002).
135
Segundo Reis, Varnhagen pode mesmo ser considerado o “Heródoto do Brasil”, uma vez que ele “[...]
foi o iniciador da pesquisa metódica nos arquivos estrangeiros, onde encontrou e elaborou inúmeros
documentos relativos ao Brasil” (2003: 24), ainda que ele fosse, em história, autodidata.
136
Ainda que o trabalho de Martius tenha influenciado Varnhagen, traduzido na importância por ele dada
à filologia para um maior conhecimento dos indígenas, a idéia da origem desses povos como
provenientes do Caribe e a contribuição das três raças na formação do povo brasileiro, ele próprio afirma
que “[...] a um homem que meditou sua obra é injusto dizer-lhe que achou para ela o programa feito por
Martius [...]” (Canabrava apud Oliveira, 2000). Sobre demais autores que influenciaram Varnhagen, ver
Wehling (1999).
137
De acordo com Guimarães (2002), a 2.ª edição de História geral do Brasil, revista e ampliada por
Varnhagen, perfazia cerca de 1.200 páginas e foi lançada em 1871. A 3.ª edição, de 1906, contou com a
revisão de Capistrano de Abreu, mas, em virtude de um incêndio ocorrido na oficina de impressão,
corresponde apenas a uma terça parte da obra original. As edições subseqüentes foram anotadas e
revistas por Rodolfo Garcia, que incorporou notas do próprio Varnhagen e de Capistrano. No presente
trabalho, faz-se uso da 8edição integral de História geral do Brasil, com revisão e notas de Rodolfo
Garcia, cujas informações adicionais encontram-se nas referências bibliográficas.
Metodologia
68
A escolha dessa obra deve-se ao fato de ela ser emblemática do
processo de construção simbólica da nação. Representante da monarquia brasileira,
Varnhagen prioriza nela os aspectos político-administrativos da corte de maneira a
sustentar a construção de uma narrativa enaltecedora dos interesses e feitos da
monarquia para a glorificação do país, defendendo que a independência política da
nação brasileira deveria aprofundar os vínculos do Brasil com Portugal, de modo que
seu futuro revela-se um passado aprimorado. Segundo Oliveira,
na construção de uma representação de Nação que se propôs a
edificar, a história tinha um papel chave a desempenhar: a ela caberia
mostrar as raízes e as origens grandiosas dessa representação,
fazendo com que esse ideal de Nação se nos apresentasse como
uma realidade concreta. A história deveria ser a grande mestra
138
capaz de demonstrar a coerência e a legitimidade de uma
nacionalidade, filha de uma longa evolução dos tempos. A história da
Nação seria a de sua civilização. Esse era o fio condutor que guiara a
construção da nacionalidade desde os seus primórdios e que deveria
prosseguir conduzindo-a. Imbuído do ideal de construir nos trópicos
uma Nação civilizada, que pudesse apresentar-se dignamente no
concerto das ditas nações civilizadas, era preciso mostrar e
comprovar a justeza do desejo “brasileiro” de ser reconhecido como
um par desse mundo branco. Projeto perverso de negar a diversidade
cultural do gigantesco território brasileiro e de fazer representar-se
através de uma idealizada homogeneidade (2000: 30 – grifos do
autor).
Nesse processo de construção, portanto, de uma história para o Brasil,
Varnhagen terminou por defender a superação da diversidade racial e cultural que,
segundo ele, levaria o País à desagregação, de modo que, aos índios e negros,
considerados por ele inferiores aos brancos, restaria apenas a miscigenação. Com
isso, a história geral do Brasil seria a história de seu processo civilizatório, de sua
constituição enquanto nação branca e européia.
139
Nesse sentido,
138
Observa-se aqui a mesma interpretação acerca da história como mestra da vida presente em
Martius (cf. nota 131 deste capítulo).
139
Para Odália, “um herói das guerras holandesas não é apenas um herói, ele é o elemento constituinte
de uma nacionalidade nascente; o repúdio por um movimento como o de Minas pela libertação do país
não é simplesmente uma nota falsa no patriotismo do historiador, mas significa basicamente uma rejeição
a todo movimento que se opõe e contraria o papel que o Estado deve assumir no próprio processo de
libertação do país e da nação. O enaltecimento de um episódio como a chamada Revolução de Bequimão
não é um arranhão na acuidade crítica do historiador, da mesma maneira que sua insistência em atribuir
ao indígena brasileiro uma ascendência mediterrânea não é simplesmente desvario científico. Essas
interpretações dos acontecimentos históricos se entrelaçam e se explicam quando percebemos que a
intenção do autor é a de através delas realçar, quase didaticamente, o papel do Estado na formação da
nação e do homem branco brasileiro este último, produto híbrido da confluência de três raças distintas.
São momentos necessários de um projeto político de Nação, que se deseja ver implantado no presente e
no futuro, e solidamente alicerçado e alimentado na seiva que o pode legitimar: o passado colonial. Seu
mergulho em nossa história colonial é um gesto de criação e proteção, visando fazer dela surgir uma
Metodologia
69
Varnhagen representa o pensamento brasileiro dominante durante o
século XIX, e ele o expõe com rara clareza, com fartura de dados e
datas, nomes e fatos. Deve ser lido como um grande depósito de
informações sobre o Brasil, um arquivo portátil, e como a
interpretação do Brasil mais elaborada e historicamente eficaz do
século XIX (Reis, 2003: 33).
Joaquim Manoel de Macedo (São João do Itaboraí, Rio de Janeiro,
1820 – Rio de Janeiro, 1882)
140
Enquanto Varnhagen se apóia na idéia de compilação e organização
documental defendida por Martius para escrever sua História geral do Brasil, Macedo
irá se preocupar em difundi-la para o ensino,
141
necessidade esta já apontada também
pelo referido viajante e naturalista bávaro em Como se deve escrever a história do
Brasil.
142
Publicada em 1864, como compêndio didático, a obra selecionada aqui
para análise, Lições de historia do Brasil: para uso nas escolas de instrucção
primaria,
143
originou-se das aulas organizadas por Macedo para os alunos do Imperial
Colégio Pedro II, onde ele era professor de História do Brasil desde 1849, tendo
nação branca e européia coerente com a paisagem tropical civilizada pelo homem branco europeu”
(1979: 14-15).
140
Formado em Medicina, Macedo irá se popularizar como romancista, sobretudo após a publicação de A
moreninha (1844). Contudo, é na qualidade de professor de História do Brasil do Imperial Colégio Pedro
II, secretário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1852-1856), orador efetivo do mesmo Instituto
(1857-1881), além de autor de compêndios didáticos, que ele foi selecionado para análise. Para uma
biografia de Macedo, ver Mattos (1993).
141
Abud afirma que “a trajetória da História como disciplina escolar, no Brasil, não foi tranqüila, tanto em
relação à sua introdução na grade curricular da escola secundária quanto à elaboração de seus
programas. A História como disciplina escolar da escola secundária se efetivou com a criação do Colégio
D. Pedro II, no final da regência de Araújo Lima, em 1837” (1998: 29). Ao que Bittencourt completa
sustentando que “[...] a História foi introduzida, de forma obrigatória, nos currículos das escolas com o
objetivo político explícito de contribuir para a construção da idéia do Brasil [...]” (2007: 193). Para uma
análise da trajetória do ensino de história nas escolas secundárias da época, ver Bittencourt (2007) e para
um exame do desenvolvimento dos livros didáticos de História, ver Bittencourt (1993 e 2004).
142
A distinção entre pesquisa e ensino, no período em questão, também está presente no lócus
institucional, uma vez que a pesquisa aparece alocada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o
ensino, no Imperial Colégio Pedro II, distinção esta que, de acordo com Mattos, “[...] não eliminava o papel
de ambas as atividades na fixação de uma memória” (1993: 98).
143
Macedo publicou primeiro Lições de historia do Brasil para uso dos alunos do Imperial Colégio Pedro II
(1860). A diferença entre os dois livros é, sobretudo, de método pensado para o público leitor da obra: o
primeiro voltado para os “estudantes”, ficava entre um meio-termo da narração de dados e fatos e de uma
apreciação filosófica; o segundo, focando os “meninos”, era organizado em torno de textos, explicações,
quadros sinóticos e perguntas (cf. Mattos, 1993). No presente trabalho, faz-se uso da edição de 1905 da
obra Lições de história do Brasil: para uso nas escolas de instrução primária, ampliada e revista por Olavo
Bilac, que acrescentou algumas “lições” relacionadas ao fim do Império e ao início da República, cujas
informações adicionais encontram-se nas referências bibliográficas.
Metodologia
70
gozado de grande repercussão,
144
uma vez que foi revista e ampliada até a década de
20 do período republicano (cf. Mattos, 1993).
A obra em questão traduzia, de acordo com Mattos (1993), duas das
várias atividades de Macedo: a de sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e
a de professor do Imperial Colégio Pedro II,
145
além de fixar os conteúdos básicos
desenvolvidos por Varnhagen,
146
adaptando-os para o ensino, na medida em que,
segundo o próprio Macedo:
Uma história escrita para servir ao estudo de meninos não deve ser
longa e o nosso compêndio à primeira vista desagradará pela sua
aparente extensão, afigura-nos, porém que um rápido exame do livro
demonstrará que este se avulta pelas explicações, pelos quadros
sinóticos e pelas perguntas que seguem às lições com o fim de
facilitá-las e de gravá-las na memória dos discípulos (Macedo, 1905:
s.p. – prefácio da 1. ed. – grifos do autor).
Affonso Celso
147
(Ouro Preto/MG, 1860 – Rio de Janeiro, 1938)
148
144
Macedo teria sido o historiador mais lido do século XIX, ainda que sua produção no Instituto Histórico
Geográfico Brasileiro tenha sido pequena, uma vez que seu Lições de historia do Brasil teve 11 edições,
publicando-se, em cada uma delas, cerca de seis mil exemplares, o que evidenciaria o destaque da
produção didática na divulgação de uma história oficial do país (cf. Bittencourt, 1993).
145
Segundo Bittencourt, “os primeiros escritores de textos didáticos tiveram estreitas ligações com o
saber oficial não apenas porque eram obrigados a seguir os programas estabelecidos, mas,, porque
estavam ‘no lugar’ onde este mesmo saber era produzido. A primeira interlocução que eles estabeleciam
era exatamente com o poder educacional institucionalmente organizado. O ‘lugar’ de sua produção
situava-se junto ao poder e era para o poder, nos colégios destinados à formação das elites, dialogando
com intelectuais e políticos assentados no governo e participantes do IHGB” (1993: 205).
146
De acordo com o próprio Macedo, “[...] a tarefa de que nos encarregamos difícil e espinhosa em muitos
sentidos mostrou-se-nos entretanto menos rude; porque não hesitamos em pôr em abundante tributo a
nosso favor algumas obras antigas e modernas sobre a História da Pátria, e mais que muito a História
Geral do Brasil do senhor Varnhagen, que especialmente em verificação de fatos e datas é a melhor de
quantas até hoje temos estudado. Assim, não nos apavora a pretensão de ter escrito coisas novas;
adaptamos apenas ao método que empregamos, o que os outros escreveram antes e melhor do que nós
o poderíamos fazer: sabemos disso, e dizemo-lo primeiro antes de todos” (apud Mattos, 1993: 96-97). A
relação entre Varnhagen e Macedo é reconhecida também por intérpretes posteriores como Capistrano
de Abreu que, com um projeto de escrever a história do Brasil, afirma, em carta ao barão do Rio Branco:
“Dou-lhe uma grande notícia (para mim): estou resolvido a escrever a História do Brasil, não a que sonhei
muitos anos no Ceará, depois de ter lido Buckle, e no entusiasmo daquela leitura que fez época em
minha vida – uma História modesta, a grandes traços e largas malhas, até 1807. Escrevo-a porque posso
reunir muita cousa que está esparsa, e espero encadear melhor certos fatos, e chamar a atenção para
certos aspectos até agora menosprezados. Parece-me que poderei dizer algumas coisas novas e pelo
menos quebrar os quadros de ferro de Varnhagen que, introduzidos por Macedo no Colégio Pedro II,
ainda hoje são a base de nosso ensino. As bandeiras, as minas, as estradas, a criação de gado pode
dizer-se que ainda são desconhecidas, como, aliás, quase todo o século XVII, tirando-se as guerras
espanholas e holandesas” (Rodrigues, 2000: 3 grifos do autor). Sobre as diferenças existentes entre a
produção de Varnhagen e a de Macedo, ver Mattos (1993).
147
Ainda que na literatura ele seja mais conhecido por Affonso Celso, por uma questão de padronização
bibliográfica, ir-se-á identificá-lo aqui como Celso, como ocorre com os demais autores estudados.
148
Para uma biografia de Celso, ver Ramos (1969).
Metodologia
71
Affonso Celso de Assis Figueiredo Filho, conde romano, filho do
visconde de Ouro Preto, escreve, no final do século XIX, o livro intitulado Porque me
ufano de meu paiz, publicado apenas em 1901, com o sugestivo subtítulo right or
wrong, my country.
149
Escrito para celebrar o quarto centenário da viagem de Cabral e
contando com ampla divulgação, o livro arrola didaticamente uma série de motivos
pelos quais os brasileiros deveriam se orgulhar do Brasil e que aparecem
sistematizados, basicamente, em torno de três grandes eixos: a natureza, a formação
do povo e a história do país.
Segundo Carvalho (2006 e 1998), é provável que ele tenha sido
adotado pelas escolas primárias da época, ainda que não haja estudos sobre isso,
visto que a obra era coerente com as tentativas institucionais realizadas após a
Proclamação da República de promoção da educação cívica das crianças por meio
de textos escolares.
A escolha dessa obra deve-se a três motivos principais: primeiro,
porque ela organiza de forma didática as “grandezas” do Brasil; segundo, porque ela
acaba por cunhar a palavra “ufanismo” como sinônimo de um nacionalismo acrítico; e,
terceiro, porque esse termina por popularizar e retomar as idéias desenvolvidas pelos
cronistas coloniais como Simão de Vasconcelos e Rocha Pita,
150
e este último teria,
séculos depois, trechos de seu livro transplantado, via Gonçalves Dias, para o Hino
Nacional,
151
o que é indicador de que a elite letrada do início do século XX abastecia-
se de uma tradição que remontava ao período colonial, tradição essa que Carvalho
(2006 e 1998) denominará de motivo edênico e que corresponde à cristalização de
uma visão do Brasil pautada pela natureza paradisíaca.
149
No presente trabalho, faz-se uso da 1.ª edição, cujas informações adicionais encontram-se nas
referências bibliográficas.
150
Refere-se aqui às obras Crônica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, escrita, no século XVII,
pelo padre Simão Vasconcelos, e História da América portuguesa, escrita por Rocha Pita, no século XVIII.
151
O seguinte trecho de Rocha Pita, “Em nenhuma outra região se mostra o céu mais sereno, nem
madruga mais bela a aurora; o sol em nenhum outro hemisfério tem raios tão dourados, nem os reflexos
noturnos tão brilhantes; as estrelas são mais benignas e se mostram sempre alegres; os horizontes, ou
nasça o sol, ou se sepulte, estão sempre claros; as águas, ou se tomem nas fontes pelos campos, ou
dentro das povoações nos aquedutos, são as mais puras; é enfim o Brasil Terreal Paraíso descoberto,
onde têm nascimento e curso os maiores rios; domina salutífero clima; influem benignos astros e respiram
auras suavíssimas, que o fazem fértil e povoado de inumeráveis habitadores” (Rocha Pita apud Carvalho,
1998, s.p.), teria sido inspirador dos versos de Gonçalves Dias, “Nosso céu tem mais estrelas/ Nossas
várzeas têm mais flores/ Nossos bosques têm mais vida/ Nossa vida, mais amores” (Canção do Exílio).
Metodologia
72
Foram, portanto, estes aspectos que levaram à escolha de Martius,
Varnhagen, Macedo e Celso, teóricos considerados não apenas fundadores da
historiografia brasileira, mas produtores de um discurso por meio do qual, ao
discorrerem sobre o Brasil, acabaram também por constituí-lo. Assim, ainda que a
escolha desses autores não tenha sido arbitrária, na medida em que eles são
considerados expressivos na constituição da narrativa histórica brasileira, de onde veio
a seleção do século XIX, século este em que se a formação do Estado Nacional
com a conseqüente institucionalização não apenas de uma história nacional, mas
também de uma forma de contar essa história,
152
é preciso concordar com Reis
quando, ao elencar algumas das interpretações sobre o Brasil que forjaram “as
identidades brasileiras”, ele afirma que toda seleção é uma
[...] solução artificial e discutível, sem dúvida, porque elimina muitas
outras obras e autores que poderiam também representar aqueles
momentos históricos. Mas, como é consabido, toda e qualquer
periodização e seleção artificial é contestável, pois é uma entre
muitas estratégias de abordagem e de atribuição de sentido. Essa é
uma limitação, no entanto, intrínseca à reflexão teórico-historiográfica,
mas que não invalida o esforço intelectual e cognitivo que representa
(2003: 18).
153
Também Le Goff (1988) observa que a escolha de determinadas fontes,
em detrimento de outras, do ponto de vista teórico-metodológico, sempre gera
problemas, na medida em que se fabrica um objeto artificialmente. Evidentemente que
outros critérios poderiam ser adotados na presente pesquisa, tanto na seleção do
nódulo elementar de sentido organizador das representações sociais de Brasil quanto
nas fontes históricas utilizadas.
152
Segundo Abud, após a independência de 1822, a História acadêmica e a História disciplina têm seus
objetivos confundidos, uma vez que a nacionalidade era a grande questão do período. Nesse sentido,
afirma a autora: “a História disciplina o nasceu sozinha. Foi sua irmã gêmea a História acadêmica. No
mesmo ano em que foi criado o Colégio D. Pedro II foi criado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
(IHGB). Enquanto aquela escola fora criada para formar os filhos da nobreza da Corte do Rio de Janeiro e
prepará-los para o exercício do poder, cabia ao IHGB construir a genealogia nacional, no sentido de dar
uma identidade à nação brasileira e ‘formar, através do ensino de História, uma ciência social geral que
(ensinasse) aos alunos, ao mesmo tempo, a diversidade das sociedades do passado e o sentido de sua
evolução’ (Furet)” (1998: 29-30). Sobre os diferentes nacionalismos presentes no ensino da história do
Brasil, ver Bittencourt (2007).
153
De certa forma, esta discussão da seleção de análise articula-se com aquilo que Koselleck denominou
de dilema epistemológico, ou seja, “todo conhecimento histórico é condicionado pelo ponto de vista e, por
isso, relativo. Mas, a partir dessa constatação, a história se deixa apropriar de maneira crítica por meio de
um ato de compreensão, o que conduz à formulação de declarações verdadeiras sobre ela. Formulando
de modo mais agudo: parcialidade e objetividade excluem-se mutuamente, mas remetem uma a outra ao
longo do desenvolvimento da tarefa histórica” (2006a: 163). Sobre a problemática do “ponto de vista” no
contexto da produção historiográfica, ver Koselleck (2006a).
Metodologia
73
Dessa forma, a seleção realizada configura-se naquilo que Schaff
(1995) denomina de um trabalho de síntese e hipótese: síntese, porque tende a
reconstituir uma determinada situação, no caso, aqui, a da convergência de uma forma
de pensar o Brasil; e hipótese, porque as relações estabelecidas não são nunca
absolutamente evidentes nem totalmente verificáveis. Assim, ainda segundo esse
autor, o historiador deve fazer uma escolha: Na infinita variedade de referências que
descobrem os acontecimentos passados, deve escolher aquelas que o importantes
ou fundamentais para a sua história particular” (1995: 301). Foi justamente essa
“história particular” que levou à seleção dessas fontes históricas.
Importa ainda observar que as especificidades de interpretação de cada
um dos autores selecionados não serão discutidas,
154
uma vez que tais diferenças
acabam por diluir-se em uma preocupação comum que diz respeito à problemática da
questão nacional, problemática esta majoritária entre os intelectuais da época.
155
Não
que essas especificidades não sejam importantes, mas para o objetivo da presente
pesquisa importa identificar aquilo que restou dessas obras por meio da análise de sua
convergência com a produção textual dos universitários. Assim, a intenção não é
examinar a produção isolada desses autores, mas aspectos que permitam
compreender os seus efeitos na organização atual do campo representacional de
Brasil expresso nas respostas dos estudantes e analisado por meio da seleção do
nódulo elementar de sentido “diversidade”.
2.2.3.2 Procedimentos para leitura das fontes históricas
selecionadas
Uma vez selecionadas as fontes, foi necessário elaborar uma matriz de
interpretação delas e, para tanto, fez-se uso do dicionário montado por meio das
palavras associadas à diversidade,
156
objetivando identificar o contexto atual de
utilização do conceito diversidade que permitisse a elaboração de um eixo de análise
das fontes históricas selecionadas, levando em conta o contexto conceitual do
oitocentos. Isso porque, de acordo com Koselleck,
154
Também não serão cotejadas as diferentes edições dos livros analisados, por pressupor que qualquer
uma delas permitiria compreender as circunstâncias históricas de sua elaboração, na medida em que
representam a síntese da obra dos autores selecionados.
155
A esse respeito, ver os trabalhos de Schwarcz (1993), Naxara (1998) e Carvalho (2005).
156
Sobre a montagem do dicionário, ver item 2.2.2 do presente capítulo.
Metodologia
74
quando o historiador mergulha no passado, ultrapassando suas
próprias vivências e recordações, conduzido por perguntas, mas
também por desejos, esperanças e inquietudes, ele se confronta
primeiramente com vestígios, que se conservaram até hoje, e que em
maior ou menor número chegaram até nós. Ao transformar esses
vestígios em fontes que dão testemunho da história que deseja
apreender, o historiador sempre se movimenta em dois planos. Ou
ele analisa fatos que foram anteriormente articulados na linguagem
ou então, com ajuda de hipóteses e métodos, constrói fatos que ainda
não chegaram a ser articulados, mas que ele revela a partir desses
vestígios. No primeiro caso, os conceitos tradicionais da linguagem
das fontes servem-lhe de acesso heurístico para compreender a
realidade passada. No segundo, o historiador serve-se de conceitos
formados e definidos posteriormente, isto é, de categorias científicas
que são empregadas sem que sua existência nas fontes possa ser
provada (2006a: 305).
Ou seja, não se irá procurar nas obras do século XIX a palavra
“diversidade”, visto que esta faz parte da contemporaneidade, ainda que ela também
possa aparecer em outros contextos históricos. O que se pretende fazer é levantar o
contexto de uso do século XIX que conote como esse estado de coisas”, que hoje
denominamos de diversidade, era designado no passado, ainda que, para isso, se
utilizem categorias orientadoras derivadas do dicionário montado na etapa anterior e,
cuja presença, nem sempre pode ser identificada nas fontes históricas selecionadas
(cf. Koselleck, 2006a).
157
Para tanto, procedeu-se da seguinte forma: com o apoio do dicionário
montado no procedimento anterior, foi realizada uma consulta ao verbete “diversidade”
presente em dois dos dicionários considerados, no século XIX,
158
como de uso
157
Em relação a esse aspecto, observa-se aqui uma aproximação entre Reinhart Koselleck e o filósofo
alemão Hans-George Gadamer (2002), cujas idéias também serão utilizadas no presente trabalho,
conforme se observará adiante, na medida em que, para este último, “é regra geral que o historiador eleja
os conceitos com os quais descreve a peculiaridade histórica de seus objetos, sem reflexão expressa
sobre a sua origem e justificação. Segue nisso unicamente o seu interesse pela coisa, e não se conta
do fato de que a apropriação descritiva que ele encontra nos conceitos que elege pode ser altamente
desastrosa para a sua própria intenção, na medida em que equipara a estranheza histórica ao que é
familiar e, assim, já submeteu a alteridade do objeto aos próprios conceitos prévios, por mais
imparcialmente que pretenda compreendê-lo. Apesar de toda a sua metodologia científica, comporta-se
da mesma maneira que todo aquele que, como filho do seu tempo, está dominado acriticamente pelos
conceitos prévios e pelos preconceitos do seu próprio tempo [...] O requisito de r de lado os conceitos
do presente não postula um deslocamento ingênuo ao passado. [...] Pensar historicamente quer dizer, na
realidade, realizar a conversão que acontece aos conceitos do passado, quando nele procuramos
pensar. Pensar historicamente implica sempre uma mediação entre aqueles conceitos e o próprio pensar.
Querer evitar os próprios conceitos na interpretação não somente é impossível, mas é também um
absurdo evidente. Interpretar significa justamente colocar em jogo os próprios conceitos prévios, com a
finalidade de que a intenção do texto seja realmente trazida à fala para nós” (2002: 577-578 grifos do
autor).
158
Vale ressaltar que, a exemplo do que ocorria no âmbito da história do Brasil, também em relação à
língua portuguesa tem-se que “[...] o século XIX é o momento em que uma reivindicação por uma
língua nacional e sua escrita, por uma literatura e sua escrita, por instituições capazes de assegurar a
Metodologia
75
corrente, quais sejam o Diccionario da lingua portugueza,
159
organizado por Antonio de
Moraes Silva (1859) e o Diccionario da lingua brasileira (1832),
160
elaborado por Luis
Maria da Silva Pinto, que, via de regra, se manteve semelhante às definições
hodiernas,
161
indicando a permanência do conjunto semântico sem representar uma
quebra radical com o conjunto da língua (cf. Koselleck, 1992: s.p.), ainda que,
atualmente, existam novos sentidos para diversidade, como se observará no decorrer
das análises.
Embora os dicionários consultados do século XIX tenham apontado a
existência do termo “diversidade”, importa ressaltar que seria necessário recorrer a
uma história conceitual, nos parâmetros propostos por Koselleck (2006a e 1992), para
verificar as diferenças ou convergências entre os contextos de uso desses termos,
uma vez que apenas a consulta aos dicionários não é suficiente para realizar essa
análise. Contudo, esse procedimento não será adotado no presente trabalho, dado
que o objetivo é investigar a historicidade das representações sociais de Brasil
organizadas em torno do nódulo elementar de sentido diversidade”, e não a história
deste conceito em si.
Diante disso, realizou-se uma leitura atenta de cada uma das obras
selecionadas fichando-se os trechos que indicassem “estados de coisas” associados à
“diversidade”, de onde derivou o quadro abaixo que se configura como um pequeno
excerto desse fichamento.
162
legitimidade e a unidade desses objetos simbólicos sócio-históricos que constituem a materialidade de
uma prática que significa a cidadania” (Garcia, 2007: 205-206).
159
O Diccionario da lingua portugueza é considerado o primeiro dicionário monolíngüe do português e o
mais utilizado durante o século XIX. Elaborado com base no Vocabulário portuguez-latino, de Rafael
Bluteau, o dicionário, elaborado por Antonio de Moraes Silva, apresenta definições mais concisas, tendo
sua primeira edição em 1789 e oito posteriores reedições (1813, 1823, 1831, 1844, 1858, 1877, 1889, [19
--]) (cf. Garcia, 2007). Faz-se uso aqui da 6ª edição publicada em 1858.
160
O Diccionario da lingua brasileira se configuraria como uma tentativa do autor de fundar uma nova
discursividade na história do Brasil, aproveitando-se do discurso da independência para anunciar e tentar
estabelecer a língua brasileira. A esse respeito, ver Garcia (2007).
161
“Diversidade” aparece descrita no Diccionario da lingua brasileira como: “s.f.: dissimilhança. Variedade,
Lista de associações: variar, fazer diverso, que não he o mesmo. Differente vario, diversamente”. Em
relação ao Diccionario da lingua portugueza, a edição de 1813, existente na Sessão de Obras Raras da
Biblioteca Central da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
por questões relacionadas à conservação, não apresenta os verbetes iniciados com a letra D. Assim, foi
consultado na mesma obra, mas em uma edição de 1858, o primeiro termo remissivo, no caso “variedade”
que aparece descrito como “S.f. (do Lat. Varietas) A qualidade de ser vario. Diversidade. Multiplicidade de
cousas diversas. Inconstância: v.g. – dos homens, fortunas, estações ou tempos. V. Variação, syn.
162
A íntegra do quadro é apresentada no Anexo 3.
Metodologia
76
QUADRO 3 - Vocabulário Associado à Diversidade e Excertos de seu Contexto
de Uso no Século XIX
Vocabulário associado
à diversidade
Palavra que aparece
agregada a esse
vocabulário
Excertos do contexto de uso no
século XIX
Fusão
Mescla
Natureza diversa
Raça
“No Brasil, não antagonismos entre
as partes que o compõem. Cimenta-as,
ao contrário, forte solidariedade. O
Brasil é perfeitamente homogêneo,
material e moralmente, pelo lado social
e pelo lado étnico, pois nele se cruzam
e se fundem todas as raças.
Lucraremos, sem exceção, em
permanecer um vasto conjunto
intimamente ligado e compacto” (Celso,
1901: 250).
“[...] Do encontro, da mescla das
relações mútuas e mudanças dessas
três raças, formou-se a atual população,
cuja história, por isso mesmo tem um
cunho muito particular” (Martius, 1982:
87).
“São porém estes elementos de
natureza muito diversa, tendo para a
formação do homem convergida de um
modo particular três raças, a saber: a de
cor de cobre, ou americana, a branca ou
caucasiana, e, enfim, a preta ou
etiópica” (Martius, 1982: 87).
Variedade
Variegado
Clima, produção,
natureza
“O reino mineral disputa em opulência
com o vegetal e animal; a uberdade das
terras não pode ser excedida pelas mais
fecundas de outras regiões, e a
extensão do país oferece uma
variedade de climas, a que corresponde
uma infinita variedade de produções
(Macedo, 1905: 41).
“Por toda a extensão que abraçam
esses dois grandes rios (Amazonas e
Prata) se erguem serranias, que
produzem variegados vales, por cujos
leitos correm outros tantos rios caudais“
(Varnhagen, 1975: 13 – t. 1).
Acredita-se que esse quadro de análise, do qual os trechos acima são
apenas um exemplo, ao ser cotejado com a produção dos universitários, possibilite
compreender os aspectos pelos quais as gerações de intérpretes posteriores leram as
Metodologia
77
proposições do passado. Nesse sentido, a análise da historicidade do nódulo
elementar de sentido “diversidade” como organizador das atuais representações
sociais de Brasil não se realizará por meio de um estudo histórico acerca desse
conceito, mas, sim, pelo estudo do efeito dele na produção textual atual representada
pelas respostas dos universitários.
Faz-se uso, portanto, da perspectiva da história efeitual, teorizada em
Verdade e método, pelo filósofo Hans-Georg Gadamer (2002),
163
e que pode ser
caracterizada por aquilo que a recepção contemporânea, expressa na produção
textual dos universitários, consegue determinar “[...] a partir de seu horizonte de
expectativas, das diversas mutações sofridas pelos conceitos ou idéias no tempo”
(Jasmin, 2005: 30).
164
Assim, levantar o vocabulário presente nas fontes do século
XIX, bem como seu contexto de uso, que conotam o que hoje denominamos por
diversidade, permite identificar e compreender os aspectos pelos quais as gerações de
intérpretes posteriores leram as proposições do passado (cf. Jasmin, 2005).
Partindo da filosofia de Heidegger,
165
que concebe a hermenêutica
como a marca característica de nossa experiência do mundo, Gadamer (2002) critica o
psicologismo e ressalta a dimensão histórica, o que implica, em primeiro lugar,
reconhecer que a constituição do sentido transcende a subjetividade individual e, em
segundo lugar, que ela é inseparável da historicidade inerente a uma determinada
163
As observações realizadas acerca do uso de determinadas idéias elaboradas por Koselleck podem ser
repetidas no caso de Gadamer, ou seja, a abordagem da história efeitual foi usada aqui de maneira
intencionalmente instrumental de modo a construir princípios metodológicos que favoreçam a análise,
motivo pelo qual, no presente trabalho, não se estenderá sobre sua teorização.
164
Gadamer discute a história efeitual identificando-a como parte do que ele denominou de traços
fundamentais de uma experiência hermenêutica concebida enquanto experiência do mundo, enraizando a
linguagem no centro do ser humano, uma vez que a concebe como o horizonte intranscendível no qual se
expressa a experiência do mundo, de modo que “em nossos pensamentos e conhecimentos sempre já
fomos precedidos pela interpretação do mundo feita na linguagem [...]” (2002: 178 t. 2). Nesse sentido,
a linguagem passa a ser concebida como constitutiva do mundo, pois parte-se da idéia de que todo ser
humano se encontra num mundo lingüisticamente articulado, o que implica afirmar que, para se estar
no mundo, é preciso que se esteja previamente inserido na linguagem. Isso pressuposto, tem-se que a
hermenêutica aparece, então, como a forma pela qual a experiência do mundo se torna possível.
165
Apesar da importância de Dilthey e Schleiermacher em seu pensamento, Gadamer ressalta que, “se
quisermos caracterizar o lugar de meu trabalho dentro da filosofia de nosso século, devemos partir
diretamente do fato de que tentei oferecer uma contribuição mediadora entre a filosofia e as ciências, e
sobretudo desenvolver de maneira produtiva as questões radicais de Martin Heidegger [...] dentro do
amplo campo da experiência científica” (2002: 509 – t. 2).
Metodologia
78
tradição. Assim, é o caráter finito e histórico do ser que qualifica como hermenêutica a
experiência que o homem tem do mundo.
166
Esse mundo, lingüisticamente estruturado, a partir do qual é possível a
experiência hermenêutica, constitui o horizonte no qual o conteúdo é passível de ser
captado com sentido.
167
Contudo, a dimensão lingüística, que compõe o horizonte da
experiência hermenêutica, vincula-se a uma tradição que, para Gadamer, aponta para
algo que nos é transmitido.
168
É por isso que, para esse autor, “toda linguagem é uma
visão do mundo”, pois cada linguagem estabelece uma determinada relação e um
determinado comportamento em relação ao mundo, os quais variam historicamente.
169
Assim, conforme ressalta Oliveira, “toda compreensão se faz no seio da linguagem, e
isso nada mais é do que a concretização da consciência da influência da história”
(1996: 233) de onde advém a idéia de que toda situação hermenêutica é
historicamente determinada na medida em que,
[...] quando procuramos compreender um fenômeno histórico a partir
da distância histórica que determina nossa situação hermenêutica
como um todo, encontramo-nos sempre sob os efeitos dessa história
efeitual. Ela determina de antemão o que se mostra a nós de
questionável e como objeto de investigação, e nós esquecemos logo
a metade do que realmente é, mais ainda, esquecemos toda a
verdade deste fenômeno, a cada vez que tomamos o fenômeno
imediato como toda a verdade (Gadamer, 2002: 449
– t. 1
).
166
De acordo com Gadamer, a situação hermenêutica é historicamente determinada por “preconceitos”
(Vorurteil), entendidos não em sentido negativo, mas como um juízo que se forma antes da prova
definitiva de todos os momentos que lhe são determinantes e que, nesse sentido, longe de impedir a
compreensão, constituem seu primeiro ponto de partida. Desse modo, os preconceitos não são meras
valorações subjetivas de um determinado sujeito que age e pensa isoladamente. Trata-se antes da
realidade histórica que subjaz aos sujeitos e que, por essa razão, constitui a própria condição da
compreensão. Partindo dessa noção de “preconceito”, enfatiza Gadamer, “[...] uma situação hermenêutica
está determinada pelos preconceitos que trazemos conosco. Estes formam assim o horizonte de um
presente, pois representam aquilo mais além do qual não se consegue ver” (2002: 457 t. 1). Entretanto,
ao referir-se à predeterminação da situação hermenêutica por um determinado horizonte, fundado em
preconceitos, Gadamer ressalta que “[...] o horizonte do presente está num processo de constante
formação, na medida em que estamos obrigados a pôr à prova constantemente todos os nossos
preconceitos. Parte dessa prova é o encontro com o passado e a compreensão da tradição da qual nós
mesmos procedemos. O horizonte do presente não se forma, pois, à margem do passado. Nem mesmo
existe um horizonte do presente por si mesmo, assim como não existem horizontes históricos a serem
ganhos. Antes, compreender é sempre o processo de fusão desses horizontes presumivelmente dados
por si mesmos” (2002: 457 – t. 1).
167
Para Gadamer, “a linguagem emerge como o horizonte intranscendível da ontologia hermenêutica”
(Oliveira, 1996: 232).
168
Segundo Oliveira, a filosofia gadameriana não entende a tradição como algo que restou do passado,
mas sim como entrega e transmissão (1996: 233).
169
Consoante Gadamer, “[...] o sentido da pertença, isto é, o momento da tradição no comportamento
histórico-hermenêutico, realiza-se através da comunidade de preconceitos fundamentais e sustentadores”
(2002: 442 – t. 1).
Metodologia
79
Isso não significa que Gadamer proponha que a história efeitual seja
uma disciplina auxiliar do que ele denomina de ciências do espírito, e, sim, que se
reconheça que seus efeitos operam em qualquer compreensão, independentemente
da consciência disso, advertindo que:
[...] quando se nega a história efeitual na ingenuidade da
metodológica, a conseqüência pode ser até uma real deformação do
conhecimento. Isso nos é conhecido através da história da ciência,
como a execução de uma prova irrefutável de coisas evidentemente
falsas. Mas, em seu conjunto, o poder da história efeitual não
depende de seu reconhecimento. Tal é precisamente o poder da
história sobre a consciência humana limitada: o poder de impor-se
inclusive aí, onde a no método quer negar a própria historicidade.
Daí a urgência com que se impõe a necessidade de tornar consciente
a história efeitual: trata-se de uma exigência necessária à consciência
científica (Gadamer, 2002: 450
– t. 1
).
2.2.4 Preparação do corpus
170
e descrição dos dados técnicos:
aportes da análise estatística textual
Paralelamente à elaboração do quadro de análise das fontes históricas
do século XIX, procedeu-se à montagem do corpus de análise da produção textual dos
universitários para cada uma das questões (Por que você acha que isso tudo é
Brasil?” e “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”) por
meio do seguinte processo: primeiramente, realizou-se uma seleção de todas as
respostas que apresentavam literalmente o termo “diversidade”, no singular ou no
plural. Contudo, como apontado anteriormente, a polissemia dessa palavra engendrou
a necessidade de compreender o conteúdo nela expresso, um dos motivos pelos quais
se optou pela construção do dicionário com o intuito de elaborar uma lista de
associações que identificasse o contexto atual de uso desse conceito.
171
Assim, com o auxílio do dicionário construído realizou-se uma segunda
seleção do banco original, sistematizado pelo estudo intitulado Imaginário e
representações sociais de jovens universitários sobre o Brasil e a escola brasileira
(Sousa e Arruda, 2006), identificando as respostas dos universitários que continham,
inicialmente, uma ou mais palavras da lista de associações (cf. Quadro 2).
170
Segundo Soares, “um corpus refere-se a um conjunto de enunciados naturais dum (sic) texto,
estruturado em diferentes níveis; constitui a totalidade dos dados textuais, i.e., constitui a estrutura ‘bruta’
que é submetida à análise” (2005: 549).
171
Sobre a montagem desse dicionário, ver item 2.2.2 do presente capítulo.
Metodologia
80
Com os questionários que não foram selecionados, ou porque não
apresentavam o termo “diversidade” ou porque não continham uma ou mais palavras
da lista de associações, procedeu-se a uma nova leitura das respostas com o objetivo
de escolher aquelas que, não preenchendo os requisitos acima, indicavam, apesar
disso, uma conotação passível de ser interpretada como diversidade.
172
Após essa seleção, obteve-se, para a questão “Por que você acha que
isso tudo é Brasil?” um corpus de 498 respostas e, para “O que, para você, diferencia
o Brasil dos outros países? Por quê?” obtiveram-se 499 respostas, lembrando que o
banco original armazenava 976 respostas para cada uma das questões especificadas.
Dado o volume do material a ser analisado e seguindo a tendência
apontada por Kalampalikis, que observa que um número cada vez maior de pesquisas,
sobretudo na área de representações sociais, faz uso de instrumentos variados de
estatística textual para o estudo do material discursivo,
173
optou-se aqui pela aplicação
de uma análise informatizada de estatística textual de modo a se ter não apenas “[...]
uma visão mais global e homogênea de nosso material (lingüístico, gramático,
semântico, temático), mas também uma sutileza e fineza do detalhe que nem sempre
são visíveis a ‘olho nu’” (2003: 149).
174
O programa escolhido foi Alceste© (Análise Lexical por Contexto de um
Conjunto de Segmentos de Texto),
175
na medida em que sua concepção permite uma
“[...] análise da linguagem das representações que organizam e dão forma ao
pensamento e ao conhecimento social” (Soares, 2005: 549).
172
Por exemplo, uma das palavras associadas à diversidade é oposição. Assim, respostas que faziam
referência à oposição, ainda que essa palavra não estivesse explicitada, compuseram também o corpus
de análise. É o caso das seguintes frases: “Apesar de tudo, é um país bom para viver. Como desenhei, é
muito raro acontecerem desastres no Brasil. Além disso, ele possui muitas riquezas, praias e belezas
naturais, que não se podem encontrar em outro país” e “O Brasil se diferencia por ser rico em flora, porém
com desigualdade social muito gritante”.
173
Para mais informações sobre tais estudos, bem como sobre os diferentes programas de informática,
ver Oliveira, Gomes e Marques (2005), Soares (2005), Camargo (2005), Alba (2004) e Kalampalikis
(2003).
174
Cf. original: “[...] afin d’avoir une vision plus globale et plus homogène de notre matériel (linguistique,
grammaticale, sémantique, thématique), mais tout aussi bien une subtilité et une finesse du détail qui ne
sont pas forcément visibles ‘à l’oeil nu’”.
© Todos os direitos reservados à Société IMAGE (1986-2000). Autor: Max Reinert (Licença CNRS/UTM).
175
Várias são as definições utilizadas para a sigla Alceste. Reinert (1990), responsável por desenvolver,
na França, o programa em questão, o define como “Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de
Segments de Texte”. Já Kalampalikis (2003) e Soares (2005) indicam que o termo Alceste significa
“Analyse des Lexèmes Cooccurrents dans les Énoncés Simplifiés d’un Texte”. No presente trabalho,
utiliza-se a tradução usada por Oliveira, Gomes e Marques (2005).
Metodologia
81
Em um trabalho recente, Alba (2004) apresentou os motivos pelos quais
este programa pode ser utilizado como um instrumento adequado para o estudo das
representações sociais,
176
na medida em que permite não apenas a exploração da
estrutura e organização de um determinado discurso, mas também uma melhor
visualização das relações entre os mundos lexicais
177
que, segundo a autora, seriam
difíceis de observar por meio de métodos de análises de conteúdo tradicionais.
178
Assim, de acordo com Alba, a originalidade do Alceste
[...] deriva de seu princípio teórico, o qual guia o desenvolvimento do
tratamento estatístico dos dados: é a idéia de localização dos mundos
lexicais que compõem o discurso, por meio da análise das
associações das palavras principais co-ocorrentes nas frases. Estas
sucessões repetitivas das palavras associadas nos diferentes
fragmentos de textos ajudam a descobrir laços ou associações
“temáticas” dificilmente acessíveis por meio de uma análise categorial
tradicional (Berelson, 1952; Bardin, 1977), centrada principalmente
nas freqüências de categorias e subcategorias elaboradas pelo
investigador. A análise de conteúdo temática e a análise dos mundos
lexicais proposta por Alceste podem ser complementares na medida
em que a primeira pode ser uma etapa inicial de análise do texto que
ajudará a uma melhor interpretação dos resultados encontrados pelo
programa (2004: 1.18).
179
176
Sobre os pontos de convergência teórico-metodológica existentes entre o programa Alceste e a teoria
das representações sociais, ver Kalampalikis (2003), Alba (2004), Oliveira, Gomes e Marques (2005),
Camargo (2005) e Soares (2005). Esses autores descrevem ainda diferentes pesquisas que aplicaram de
forma bem-sucedida o programa Alceste para realização do processamento estatístico dos dados
levantados.
177
Segundo Soares, “as palavras, pela sua natureza lexical, e independentemente da significação das
frases onde estão incluídas, têm o poder de convocar determinados espaços no pensamento, a partir dos
quais se torna possível proceder à construção de sentido (Reinert, 1997a, p. 271) [...] A evocação de uma
lista de palavras é suficiente para fazer uma aproximação à localização destes lugares onde as
enunciações o ancoradas. Na análise Alceste, esta aproximação é feita a partir da identificação dos
traços lexicais (as palavras-plenas) das enunciações, uma vez que são eles que se associam a noções e
conceitos, permitindo a veiculação de significados [...] O modelo apresentado por Max Reinert pretende
cartografar os principais fundamentos tópicos que orientam o processo enunciativo dos indivíduos, e a
indexação destes lugares habituais do discurso é feita através dos mundos lexicais (2005: 553-254
grifos do autor). Para mais informações sobre a noção de mundo lexical, ver Reinert (1993), Soares
(2005), Camargo (2005) e Kalampalikis (2003).
178
Também Oliveira, Gomes e Marques compartilham dessa idéia ao enfatizarem que “essa técnica
estatística possibilita identificar o que de comum nas diferentes visões do objeto estudado, visões
essas que estão presentes ao longo do texto, permitindo a identificação dos cleos de sentido cuja
combinação forma a representação veiculada pelo texto” (2005: 161).
179
Cf. original: “[...] radica en su principio teórico, el cual guia el desarollo del tratamiento estadístico de
los datos: es la idea de localización de los mundos lexicais que componen el discurso, a través del
análisis de las asociaciones de las palabras principales co-ocurrentes en las frases. Estas sucesiones
repetitivas de palabras asociadas en los distintos fragmentos del texto ayudan a descubrir lazos o
asociaciones ‘temáticas’ dificilmente accesibles por médio de un análisis categorial tradicional (Berelson,
1952; Bardin, 1977), centrado principalmente en las frecuencias de categorias y subcategorias elaboradas
por el investigador. El análisis de contenido temático y el análisis de mundo lexicales propuesto por
Alceste pueden ser complementarios en la medida en que el primero puede ser una primera etapa del
análisis del texto que ayudará a una mejor interpretácion de los resultados arrojados por el programa”.
Metodologia
82
Consoante Oliveira, Gomes e Marques, duas condições devem ser
observadas para que haja um bom aproveitamento da análise realizada pelo Alceste:
“a primeira é que o corpus apresente, no seu conjunto, uma (sic) certa coerência
temática ou dinâmica [...]” e, a segunda condição, “[..] é que o documento seja
bastante volumoso para que o elemento estatístico seja considerado” (2005: 159,
respectivamente – grifos do autor).
Julgou-se, assim, que o material usado na montagem do corpus
apresentou essas duas condições, na medida em que se configurou como um
conjunto coeso em que o elemento estatístico estava presente, visto que foi
selecionada uma média de 500 respostas para cada uma das questões a serem
processadas.
Dada a complexidade do funcionamento geral do programa, não serão
apresentados os detalhes estatísticos, muito menos os fundamentos teóricos de sua
operacionalização.
180
Tão-somente a título de exemplo, o conjunto de seus cálculos
pode ser sintetizado, em linhas gerais, nos seguintes aspectos: “leitura” do texto,
classificação das unidades de contexto elementar (UCE) e descrição dessa
classificação a partir de três níveis: análise de classificação hierárquica descendente,
análise lexical do corpus textual e elaboração de contextos lexicais a partir do
vocabulário do corpus analisado. Ao final, é gerado um “dendrograma”
181
que
possibilita não apenas a observação da fragmentação promovida no texto, mas
também as relações existentes entre as classes lexicais por ele encontradas.
O corpus montado no procedimento anterior foi, então, transposto para
um banco informatizado de acordo com as regras estipuladas pelo Alceste.
182
Cada
pergunta foi considerada um conjunto isolado, e para cada uma delas foi realizada
uma análise padrão dos dados, ou seja, seguiram-se os parâmetros definidos
previamente pelo próprio programa sem que houvesse uma interferência em cada
etapa ou subetapa da análise, haja vista que, como os dados eram monotemáticos e
180
A esse respeito, ver Oliveira, Gomes e Marques (2005), Camargo (2005), Soares (2005), Alba (2004),
Kalampalikis (2003) e Tavares (2002).
181
Dendrograma é um gráfico que indica o número de classes, sua estrutura e forma de relação entre
elas (Alba, 2004: 1.8).
182
Apesar de o Alceste ter sido pensado, originalmente, para análise de textos em francês,
posteriormente ele foi adaptado para utilização em outros idiomas, tais como o português, o espanhol, o
inglês e o italiano (cf. Alba, 2004). Para mais informações sobre as regras de preparação do material
textual para processamento do Alceste, ver Camargo (2005).
Metodologia
83
se apresentavam em um volume adequado ao tratamento estatístico, reputou-se
desnecessária sua parametrização.
Importa observar que, ainda que os relatórios gerados pelo referido
programa (Anexos 4 e 5) permitam visualizar a estrutura existente nas respostas dos
universitários de modo a favorecer a análise de como estes organizam o discurso
sobre seu país, pautado na diversidade, essa estrutura será, evidentemente,
interpretada de acordo com “[...] o quadro de referência do pesquisador. Este é um
aspecto importante, porque, apesar do material discursivo se tornar diretamente
observável, a sua organização latente é sempre objeto de uma reconstrução por parte
do investigador” (Soares, 2005: 550).
183
A seguir, para cada uma das questões analisadas são apresentados
apenas os resultados descritivos gerados pelo relatório Alceste no que tange as suas
três primeiras etapas:
184
(1.ª) leitura do corpus e cálculo dos dicionários; 2.ª) cálculo
das matrizes de dados e classificação das unidades de contexto elementar; e 3.ª)
cálculo dos dados e descrição das classes por meio da classificação hierárquica
descendente,
185
visto que, dada a complexidade do programa, “[...] os diferentes
arquivos de resultados permitem explorar diferentes análises e combinações de
maneira praticamente inesgotável” (Alba, 2004: 1.18).
186
183
Cf. original: “[...] o quadro de referência do investigador. Este é um aspecto importante, porque apesar
do material discursivo se tornar directamente observável, a sua organização latente é sempre objecto
duma reconstrução por parte do investigador”. A respeito disso, também e Oliveira concordam com
Soares (2005) ao afirmarem que a interpretação das classes geradas pelo relatório do Alceste “[...] resulta
em temas que devem ser submetidos a uma leitura teórica em função do interesse do pesquisador e das
relações evidenciadas” (2001: 247).
184
Cada etapa em questão apresenta uma série de subetapas, em um total de quatro fases. Para mais
informações sobre seu desenvolvimento, ver Camargo (2005) e Tavares (2002).
185
A classificação hierárquica descendente utilizada pelo programa Alceste é realizada por meio de uma
fragmentação sucessiva do corpus de modo a localizar as oposições mais significativas do texto extraindo
daí as classes de enunciados representativos. Segundo Reinert, “este todo permite tratar tabelas
lógicas (usando a codificação 0 ou 1) de grandes dimensões (máximo de 4.000 linhas por 1,400 colunas),
mas com um efetivo baixo (máximo de 60.000 ‘1’). Esquematicamente, trata-se de um procedimento
interativo: a primeira classe analisada inclui todas as unidades selecionadas. Então, em cada etapa,
procura-se dividir em duas a maior das classes restantes, observando o critério do qui-quadrado. O
procedimento termina quando o número de interações procuradas se esgota” (1993: 18). Cf. original:
“Cette méthode permet de traiter des tableaux logiques (codage ‘0’ ou 1’) de grandes dimensions (4.000
lignes par 1.400 colones maximum) mais de faible effectif (60.000 ‘1’ maximum). Schématiquement, il
s´agit d´une procédure itérative: La première classe analysée comprend toutes les unités retenues.
Ensuite, à chaque pas, on cherche la partition en deux de la plus grand des classes restantes,
maximusant un certain critère (le chi2). La procédure s´arrête lorsque le nombre d´itérations demandé est
épuisé”.
186
Cf. original: “[...] los diferentes archivos de resultados permiten explotar diferentes análisis, y
combinaciones de éstos, de manera prácticamente inagotable”.
Metodologia
84
2.2.4.1 Descrição sucinta dos resultados da classificação
hierárquica descendente gerados pelo relatório do
programa Alceste à questão “Por que você acha que isso
tudo é Brasil?”
O corpus dos dados textuais dessa questão foi organizado em torno das
498 respostas transpostas para um banco informatizado, de acordo com as regras do
programa.
A seguir, o Alceste realizou a leitura do corpus a partir das unidades de
contexto inicial (UCIs), ou seja, das respostas dos universitários.
187
Em uma segunda
etapa, o programa procedeu ao cálculo das matrizes e a classificação das unidades de
contexto elementar (doravante denominadas UCEs) definidas como segmentos de
texto compostos por sucessões de palavras principais, cujo tamanho geralmente é de
três linhas e dimensionado pelo próprio programa, respeitando a pontuação existente,
apesar de o pesquisador poder parametrizar essa seleção (cf. Reinert, 1990,
Camargo, 2005 e Alba, 2004). Essa divisão é executada, portanto, em função da
semelhança de conteúdo dos enunciados por meio de uma análise hierárquica
descendente que permite visualizar as relações existentes entre as classes resultantes
desse procedimento.
O material analisado foi dividido, então, em 648 UCEs, dos quais o
programa aproveitou 474 delas, o que corresponde a 73,15% do total do corpus que,
observando-se os parâmetros estatísticos do Alceste, indica um bom aproveitamento
do material a ser analisado.
188
Esse resultado pode ser visualizado na figura a seguir:
187
De acordo com Tavares, “a definição dessas unidades depende do pesquisador e da natureza da
pesquisa. Isso é, se o pesquisador vai trabalhar com segmentos de texto, com entrevistas ou com
respostas a uma questão aberta, cada unidade dessa modalidade de texto é uma ‘UCI’” (2002: 55). Na
presente pesquisa, cada resposta do sujeito foi considerada uma UCI.
188
Apesar de Reinert não estabelecer uma porcentagem passível de ser considerada válida para a
análise, tem-se como regra que, quanto maior a porcentagem do texto examinado, melhor será a análise
(ver Alba, 2004: 1.7). Como do corpus inicial foram eliminados apenas 26,95% das UCEs, isso é
indicativo de uma classificação confiável do material e, conseqüentemente, do processamento realizado
pelo programa.
Metodologia
85
FIGURA 1 - Distribuição percentual de aproveitamento das UCEs gerada pelo
programa Alceste referente à questão “Por que você acha que isso tudo é
Brasil?”
Em relação à etapa do cálculo do dicionário, o programa apontou ainda
a existência de 2.508 palavras diferentes (chamadas também de formas distintas) em
16.022 ocorrências, com uma freqüência média de 6 palavras diferentes, em que
1.479 palavras apresentaram freqüência igual a 1, o que indica, segundo Camargo, “a
heterogeneidade do vocabulário empregado pelos que produziram os textos que
compõem o corpus” (2005: 519).
Na fase de seleção das UCEs e cálculo dos dados, após essas palavras
serem reduzidas as suas raízes, obtiveram-se 377 palavras analisáveis com
freqüência igual ou superior a 4; 151 palavras instrumento
189
e 10 palavras
variáveis.
190
As 377 palavras analisáveis ocorreram 6.544 vezes.
Por meio de uma classificação hierárquica descendente do material
textual em questão, em que se consideram as palavras com freqüência igual ou
superior à média, o programa produziu um dendrograma que permite a visualização do
material analisado em classes:
189
A “palavra instrumento” corresponde aos conectores presentes no texto.
190
As “palavras variáveis” são aquelas que representam variáveis. No caso específico, são as palavras
relacionadas aos cursos (Enfermagem, Engenharia, Medicina, Pedagogia e Serviço Social) e às regiões
em que estes se localizam (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).
26,85%
Eliminadas
(174 UCEs)
73,15%
Classificadas
(474 UCEs)
Metodologia
86
FIGURA 2 - Dendrograma resultante da classificação hierárquica descendente do
material textual referente à questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”,
gerado pelo programa Alceste
191
Observa-se que, inicialmente, o corpus de dados textual foi dividido
em duas ramificações, I e II. Em uma segunda etapa, a ramificação II, foi novamente
dividida em duas partes, formando as classes 1 e 2. a ramificação I deu origem à
classe 3. A classificação hierárquica descendente parou nesse momento, pois, as três
classes encontradas mostraram-se estáveis, ou seja, “[...] compostas de unidades de
contexto elementares (UCEs) com vocabulário semelhante” (Camargo, 2005: 520).
As ramificações e classes geradas pelo programa foram tematizadas de
modo a interpretar não apenas a estrutura presente na produção textual dos
universitários, mas também a rede de significados (cf. Kalampalikis, 2003) encontrada
nas representações sociais de Brasil associadas ao nódulo elementar de sentido
“diversidade”. Assim, após a análise do material, as ramificações que deram origem às
classes receberam as seguintes tematizações, a serem explicitadas no capítulo a
seguir: diversidade como variedade cultural (1.ª ramificação) e diversidade como
coexistência de contrários (2.ª ramificação).
192
A figura a seguir, indicativa da distribuição das UCEs no corpus
analisado, apresenta a classe 3 como aquela que mais responde pela organização do
material processado, dado esse que será analisado no próximo capítulo:
191
Produto da classificação hierárquica descendente, esse dendrograma indica as relações entre as
classes e sua leitura é realizada da direita para a esquerda. O número entre parênteses indica a
distribuição percentual das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste.
192
As classes não foram aqui categorizadas porque, durante a análise, observou-se que elas se
apresentam aprofundadas na questão 2, “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?”, motivo pelo qual se optou aqui apenas por tematizar as ramificações.
Cl. 1 ( 58 UCEs) |--------------------------
+ II
|---------------------+
Cl. 2 (162 UCEs) |--------------------------+ |
I +
Cl. 3 (254 UCEs) |------------------------------------------------+
Metodologia
87
FIGURA 3 - Distribuição das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste à
questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”
2.2.4.2 Descrição sucinta dos dados técnicos gerados pelo
relatório do Alceste à questão “O que, para você,
diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”
O exame da questão 2, intitulada “O que, para você, diferencia o Brasil
dos outros países? Por quê?”, seguiu os mesmos padrões de análise da questão
anterior. O corpus de dados textuais verificado foi composto por 499 respostas dadas
a essa pergunta.
Durante a etapa de leitura do texto, o corpus foi dividido em 658
unidades de contexto elementar (UCEs), tendo sido consideradas 548 delas
perfazendo, portanto, 83,28% do total, o que indica um bom aproveitamento do
material a ser analisado pelo programa, conforme observação realizada no item
anterior. Esse resultado pode ser visualizado na figura a seguir:
12,24%
53,58%
34,18%
Classe 1: 58 UCEs
Classe 2: 162 UCEs
Classe 3: 254 UCEs
Metodologia
88
FIGURA 4 - Distribuição percentual de aproveitamento das UCEs gerada pelo
programa Alceste referente à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos
outros países? Por quê?”
Em relação ao cálculo do dicionário, o corpus apresentou um total de
16.129 ocorrências e 2.320 palavras diferentes, perfazendo uma média de sete
ocorrências por palavra. Após as palavras terem sido reduzidas as suas raízes, na
fase de seleção das UCEs e cálculo dos dados, o programa apresentou 367 palavras
analisáveis com freqüência igual ou superior a 4 e que apareceram 6.906 vezes, 154
palavras instrumento (conectores) e 16 palavras variáveis.
A figura a seguir representa o dendrograma resultante da classificação
hierárquica descendente do material textual em questão.
FIGURA 5 - Dendrograma resultante da classificação hierárquica descendente
do material textual referente à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos
outros países? Por quê?”, gerado pelo programa Alceste
193
193
Produto da classificação hierárquica descendente, esse dendrograma indica as relações entre as
classes e sua leitura é realizada da direita para a esquerda. O número entre parênteses indica a
distribuição percentual das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste.
Cl. 1 ( 99 UCEs) |-----------------------+
|------------------------+
Cl. 4 (157 UCEs) |-----------------------+ I |
+
Cl. 2 (148 UCEs) |-----------------------+ |
|------------------------+
Cl. 3 (144 UCEs) |-----------------------+ II
16,72%
Eliminadas
(110 UCEs)
83,28%
Classificadas
(548 UCEs
)
Metodologia
89
Observa-se que a estrutura hierárquica das classes se divide em duas
ramificações iniciais (I e II). Em um segundo nível de separação, a ramificação I foi
novamente dividida em duas partes, formando as classes 1 e 4. Já a ramificação II deu
origem às classes 2 e 3, perfazendo, portanto, um total de quatro classes lexicais. O
processo de classificação hierárquica descendente parou com a obtenção das quatro
classes em razão de elas se mostrarem estáveis, ou seja, como citado anteriormente,
“[...] compostas de unidades de contexto elementar (UCEs) com vocabulário
semelhante” (Camargo, 2005: 520).
Após a análise de cada uma das ramificações e das respectivas classes
lexicais, estas foram tematizadas da seguinte forma: a primeira ramificação (I),
denominada “diversidade como espaço de experiência e horizonte de expectativa”,
abrange as classes 1 e 4, em que a classe 1 refere-se à “variedade de problemas” e a
classe 4, à “diversidade enquanto expectativa mediada pela oposição”. A segunda
ramificação (II), intitulada diversidade como ficção orientadora”, compreende a classe
2, “diversidade pautada no aspecto racial” e a classe 3, denominada “diversidade
pautada no aspecto natural”, as quais serão interpretadas no capítulo a seguir.
No tocante à presença das UCEs nas classes, a figura abaixo indica
que, ao contrário do que ocorreu com o relatório anterior, estas aparecem distribuídas
de forma mais ou menos equilibrada, sendo as classes 2, 3 e 4 as que mais
concorrem para a organização do material processado:
FIGURA 6 - Distribuição das UCEs nas classes geradas pelo programa Alceste à
questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”
18,07%
28,65%
26,28%
27,01%
Classe 1: 99 UCEs
Classe 2: 148 UCEs
Classe 3: 114 UCEs
Classe 4: 157 UCEs
Metodologia
90
As palavras geradas pelo Alceste como significativas de cada classe
lexical foram analisadas no contexto em que elas foram produzidas, de modo a
delimitar seu conteúdo, bem como sua inserção nas respostas elaboradas pelos
respondentes da pesquisa, observando-se ainda um conjunto de indicadores
fornecidos pelo próprio programa, tais como: valor de qui-quadrado, freqüência na
classe e freqüência no corpus como um todo.
2.2.5 Análise dos dados por meio da “fusão de horizontes
interpretativos”
Neste último procedimento, pretende-se analisar as convergências
passíveis de serem estabelecidas entre a produção textual dos universitários e as
fontes históricas elencadas. Assim, enquanto as análises subsidiadas pelo programa
Alceste privilegiaram o conteúdo das representações sociais de Brasil, permitindo
investigar a estrutura das respostas dos estudantes, o diálogo com as fontes do século
XIX visa identificar como idéias e conceitos construídos nessa época foram
apreendidos por esses mesmos universitários, mediante a análise das convergências
entre as repostas deles e as fontes selecionadas, de modo a compreender a
historicidade do nódulo elementar de sentido “diversidade”, apontado como um dos
eixos organizadores dessas representações.
Evidentemente que não se trata de afirmar que as respostas dos
universitários sejam um mero reflexo, ou mesmo uma transposição, da produção
historiográfica brasileira do século XIX para o momento atual, mas antes indicar a
existência de estruturas de pensamento que orientam uma forma de caracterizar o
Brasil, que se mantém ainda hoje, apesar de ser outro o contexto histórico de sua
produção. Daí a opção em utilizar, ainda que de forma adaptativa e instrumental, a
expressão de Gadamer (2002), “fusão de horizontes interpretativos”, partindo do
princípio de que não é possível compreender o significado original do vocabulário
utilizado no século XIX, na medida em que cada período entende o texto de uma
determinada maneira, não se tratando de transladar-se a uma espécie de “espírito da
época”.
Nesse sentido, não uma interpretação que possa pretender ser a
única correta, pois sua vinculação a contextos hermenêuticos historicamente
predeterminados por preconceitos que formam seus horizontes impede que se possa
imaginar uma interpretação “autêntica” que se pretenda alheia a tais
Metodologia
91
predeterminações. As apropriações feitas de um texto por cada época histórica são
diferentes, pois se orientam por horizontes distintos, tornando-se indispensável
considerar a situação hermenêutica tanto de quem interpreta quanto do texto que é
interpretado. Conforme Gadamer,
não pode haver uma interpretação correta “em si”, porque em cada
caso se trata do próprio texto. A vida histórica da tradição consiste na
sua dependência a apropriações e interpretações sempre novas.
Uma interpretação correta em si seria um ideal sem pensamentos
incapaz de conhecer a essência da tradição. Toda interpretação está
obrigada a entrar nos eixos da situação hermenêutica a que pertence”
(2002: 578
– t. 1
).
Não há, portanto, um sentido “em si mesmo” passível de ser apreendido
por uma subjetividade isolada e anistórica. A constituição do sentido ocorre de forma
partilhada e é predeterminada pela tradição à qual pertence o intérprete. Conforme
ressalta Oliveira,
é no horizonte da tradição de um todo de sentido que
compreendemos qualquer coisa, o que manifesta que não somos
simplesmente donos do sentido. A hermenêutica de Gadamer é
conscientemente uma hermenêutica da finitude”, o que significa para
ele a demonstração de que nossa consciência é determinada pela
história (1996: 227).
Aliás, é nisso que consiste o essencial da tentativa de Gadamer de
superar uma “hermenêutica psicologizante”, que trata a questão da constituição do
sentido como obra de um sujeito isolado e alheio às determinações históricas, em
direção a uma “hermenêutica histórica”, que leva em consideração tais determinações
da consciência dos sujeitos que, pertencentes a uma dada tradição, nela encontram o
horizonte de sua interpretação. Portanto,
se quisermos pois atualizar uma frase enquanto tal, devemos
atualizar também o seu horizonte histórico. [...] O conhecimento
histórico jamais é mera atualização. Mas também a compreensão não
é mera reconstrução de uma configuração de sentido, interpretação
consciente de uma produção inconsciente. [...] Correspondentemente,
compreender o passado significa ouvi-lo no que ele tem a nos dizer
como válido (2002: 70
– t. 2
).
Ainda que, conforme ressalta Oliveira, “[...] compreender um texto
significa sempre: aplicá-lo a nós e saber que um texto, mesmo que deva ser
compreendido de maneira diferente, é contudo o mesmo texto que se nos apresenta
sempre de outro modo” (1996: 235-236), a simples enunciação da história efeitual não
significa que a sua observação seja um processo simples. Ao contrário, é o próprio
Gadamer quem indica que
Metodologia
92
A afirmação de que a história efeitual pode chegar a tornar-se
completamente consciente é tão híbrida como a pretensão hegeliana
de um saber absoluto, em que a história chegaria à completa
autotransparência e se elevaria até o patamar do conceito. Pelo
contrário, a consciência histórico-efeitual é um momento da
realização da própria compreensão... [na medida em que]... essa
impossibilidade não é defeito da reflexão, mas encontra-se na
essência mesma do ser histórico que somos. Ser histórico quer dizer
não se esgotar nunca no saber-se (2002: 450-451 grifos do autor
t. 1
).
Desse modo, apesar de não existirem horizontes destacados um do
outro, Gadamer usa o termo fusão por compreender que “[...] todo encontro com a
tradição realizado com consciência histórica experimenta por si mesmo a relação de
tensão entre texto e presente” (2002: 458
t. 1
), e à hermenêutica caberia não ocultá-
la, motivo pelo qual o comportamento hermenêutico obriga a que se projete um
horizonte que possa ser distinguido do presente.
Nesse sentido, a análise dos contextos de uso de um vocabulário
específico tanto da produção textual dos universitários quanto nas fontes históricas
tem o objetivo de atentar para o fato de que “[...] as palavras que permaneceram as
mesmas não são, por si sós, um indício suficiente da permanência do mesmo
conteúdo ou significado por elas designado” (Koselleck, 2006a: 105), isso porque
[...] o horizonte do presente está num processo de constante
formação, na medida em que estamos obrigados a pôr à prova
constantemente todos os nossos preconceitos. Parte dessa prova é o
encontro com o passado e a compreensão da tradição da qual nós
mesmos procedemos. O horizonte do presente não se forma, pois, à
margem do passado. Nem mesmo existe um horizonte do presente
por si mesmo, assim como não existem horizontes históricos a serem
ganhos. Antes, compreender é sempre o processo de fusão desses
horizontes presumivelmente dados por si mesmos (Gadamer, 2002:
457
– t. 1
– grifos do autor).
A construção dessa trajetória metodológica não tem, portanto, a
intenção de ser uma fórmula para compreender a historicidade das representações
sociais, mas, sim, de sistematizar algumas reivindicações metodológicas mínimas que
devem ser levadas em conta nessa empreitada, investigando como os conhecimentos
construídos no passado afetam os atuais.
194
194
Ainda que haja muitos pontos em comum entre a abordagem de Koselleck e de Gadamer (este último
foi professor do primeiro), as principais diferenças encontram-se na relação estabelecida por eles entre
disciplina histórica e hermenêutica filosófica. A esse respeito, ver Pereira (2004) e Jasmin (2005).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
93
3 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS:
FUSÃO DE HORIZONTES INTERPRETATIVOS
Tomando-se a diversidade como um dos eixos organizadores das atuais
representações sociais de Brasil, conforme exposto anteriormente, tem-se que a
análise dos dados se aqui realizada por meio da “fusão dos horizontes
interpretativos” (Gadamer, 2002), na medida em que se procurará identificar as
convergências entre algumas das produções historiográficas constituídas no século
XIX com as respostas fornecidas pelos universitários às questões “Por que voacha
que isso tudo é Brasil?” e “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?”, discutindo como as primeiras constroem e organizam uma forma de representar
o Brasil que ainda hoje produz efeitos sobre as segundas.
3.1 Análise da questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”
As respostas dadas à questão “Por que você acha que isso tudo é
Brasil?”, proposta aos universitários dos cursos de Enfermagem, Engenharia,
Medicina, Pedagogia e Serviço Social de instituições públicas e privadas de sete
Estados brasileiros,
195
durante pesquisa desenvolvida por Sousa e Arruda (2006),
serão aqui utilizadas para analisar o nódulo elementar de sentido “diversidade”. Para
tanto, como descrito no capítulo anterior, das 976 respostas dadas a essa questão
foram selecionadas 498, que apresentavam relação, direta ou indireta, com tal nódulo.
Feito este recorte, foi realizado um processamento informatizado, com o
auxílio do programa Alceste, em que se observou a separação das respostas dos
universitários em duas ramificações iniciais: a primeira delas, que reúne uma produção
textual que entende a diversidade como variedade cultural, originou a classe 3 e, a
segunda, que associa diversidade à coexistência de contrários, deu origem às classes
1 e 2 (cf. figura 7).
A seguir, são apresentados o dendrograma de distribuição das três
classes, bem como os traços lexicais e variáveis (curso e região) associados a cada
195
São eles: Pará, Pernambuco, Bahia,
Goiás
, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
94
uma delas, os respectivos indicadores quantitativos do qui-quadrado e o contexto
temático atribuído a cada ramificação:
196
FIGURA 7 - Perfil dos contextos temáticos e das classes lexicais geradas pelo
Alceste à questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”
Ainda que as classes, com suas respectivas ramificações, passem a ser
explicitadas a seguir, importa observar que, no processo de análise, verificou-se que
os dados apresentados foram retomados e aprofundados pelos universitários quando
eles responderam à questão “O que para você, diferencia o Brasil dos outros países?
Por quê?”.
197
Constatada essa aproximação, conforme se mostrará no decorrer do
capítulo, optou-se por descrever, genericamente, no próximo item, os dados
196
Faz-se uso aqui da nomenclatura utilizada por Soares (2005), em que “contexto temático” refere-se à
categorização construída pelo pesquisador quando da interpretação dos dados gerados pelo relatório
Alceste (Anexo 4), haja vista que este programa apenas separa o discurso, cabendo ao pesquisador
interpretá-lo. Já os “traços lexicais” correspondem ao vocabulário específico de cada classe.
197
Um dos indícios de que a produção textual da questão “Por que tudo isso é Brasil”, apresenta-se
menos coesa é dado pelo índice de aproveitamento do corpus de análise que foi de 73,15% contra os
83,28% da questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”. Em que pese a
observação feita no capítulo anterior de que Reinert (1990 e 1993), idealizador do programa Alceste, não
estabelece uma porcentagem passível de ser considerada legítima para a análise, tem-se que, quanto
maior a porcentagem do texto analisado, mais válido será o exame.
(12,2%) Classe 1
(34,2%) Classe 2
(53,6%) Classe 3
Por que você acha que isso
tudo é Brasil?
2ª Ramificação
Diversidade como coexistência
de contrários
1ª Ramificação
Diversidade como variedade
cultural
Diversidade
238,26
173,27
141,07
50,77
43,59
42,92
36,24
28,51
21,61
15,31
14,8
14,8
14,8
14,8
coisa
boas
ruins
ruim
orgulho
mudar
carnaval
lindo
continuar
bom
festa
dois
atenção
rua
*Variáveis
Pedagogia
Região Sul
cultura
diversidade
rego
diferença
diferente
uma
mistura
raça
rica
diversa
forma
característica
*Variáveis
Medicina
60,32
36,71
32,15
24,19
22,34
20,35
20,03
18,93
18,22
18,14
15,87
14,4
46,74
37,84
36,03
34,34
31,01
30,72
28,48
22,08
20,73
20,26
20,1
18,09
15,67
15,47
riquezas
desigualdade
fome
educão
social
violência
falta
melhoria
problemas
população
corrupção
desemprego
governantes
política
*Variáveis
Enfermagem
Região
Centro_Oeste
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
95
relacionados à primeira questão, deixando sua problematização quando da análise da
segunda questão.
A seguir, apresenta-se cada um dos contextos temáticos, constituídos a
partir da análise do relatório Alceste gerado para a questão 1 (Anexo 4),
categorizados, em relação ao nódulo elementar de sentido “diversidade”, como
“coexistência de contrários” (classes 1 e 2) e “variedade cultural” (classe 3).
3.1.1 Contexto temático: Diversidade como coexistência de
contrários (classes 1 e 2)
198
Dividida em duas classes (1 e 2) e respondendo por 46,40% de todo o
material examinado, esta ramificação permite interpretar a diversidade como
“coexistência de contrários”, conforme será exposto a seguir.
A classe 1, englobando 12,2% das UCEs analisadas, foi associada aos
estudantes dos cursos de Pedagogia da região Sul que, lacunarmente, apresentam a
“diversidade” relacionada tanto a aspectos positivos como negativos, como pode ser
observado nas seguintes respostas dos universitários:
suas coisas ruins, mas muito mais coisas boas e lindas
(Medicina, região Sul).
E
Porque o Brasil é um país lindo, que todos unidos e com boa vontade
podem mudar algumas coisas que estão erradas (Pedagogia, região
Nordeste).
A produção textual dessa classe enfatiza, sobretudo, a característica
oposicional da diversidade, conforme indicam tanto a observação da seleção de seus
traços lexicais mais significativos,
199
organizados em ordem decrescente de qui-
198
Ainda que a primeira classe originada no relatório Alceste tenha sido a classe 3, por questões
analíticas, o exame dessa questão será iniciado pela segunda ramificação que origem às classes 1 e
2.
199
Para a seleção da lista de palavras que compõem o vocabulário específico de cada uma das três
classes geradas pelo programa Alceste, utilizaram-se três critérios simultâneos: 1) seleção das palavras
não-instrumentais com média maior que 6 (critério lexicográfico dado pelo próprio programa quando no
passo A2 cálculo do dicionário, em que este indica a freqüência dia por palavra); seleção do qui-
quadrado (coeficiente de associação da palavra à classe em questão) com valor maior que 3,84, pois, de
acordo com Camargo, “[...] o cálculo deste teste estatístico é feito com base em uma tabela com grau de
liberdade igual a 1” (2005: 520); e freqüência da palavra na classe e no corpus em geral. Nesse sentido,
são apresentados aqui apenas os traços lexicais mais significativos de cada classe de acordo com a
análise que será realizada. Para os demais traços, ver Figura 7 – classe1.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
96
quadrado, como os extratos das respostas dos universitários visualizados no quadro a
seguir:
QUADRO 4 - Traços Lexicais Característicos da Classe 1 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como coexistência de contrários
Classe 1
Traços
lexicais
f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
200
Coisas
42
55
238,26
“Porque existem coisas boas e ruins e isso é o Brasil”
(Engenharia, região Sul).
Boas
31
40
173,27
“Porque nós encontramos todas essas coisas boas e ruins
no Brasil” (Pedagogia, região Nordeste).
Ruins
22
25
141,07
“Porque o Brasil é um país repleto de coisas belas apesar
de haver nele coisas ruins que devem ser superadas”
(Pedagogia, região Nordeste).
Ruim
9
11
50,77
“É o meu modo bom e ruim de ver o nosso país, e é assim
que eu o vejo“ (Pedagogia, região Sul).
Ainda que esta classe seja a que menos caracterize o corpus analisado,
uma vez que ela representa apenas 12,2% de todo o material, é sintomático que nela
se concentre a produção dos estudantes de Pedagogia caracterizada por um discurso
lacunar em que não explicitação daquilo que eles nomeiam como “coisas boas e
ruins”. Ao contrário, por exemplo, do excerto abaixo escrito por um universitário do
curso de Enfermagem da região Nordeste, em que esses aspectos são listados:
Caracterizei as coisas que mais chamam a atenção para mim no meu
país: sejam elas boas como praia, carnaval, Amazônia, forró, ou
ruins, como violência, dificuldades etc. (Enfermagem, região
Nordeste).
200
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 4.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
97
A classe 2, originária também desta ramificação, responde por 34,2%
de todo o material analisado e é associada aos estudantes dos cursos de Enfermagem
da região Centro-Oeste.
A seleção do vocabulário mais característico dessa classe, por ordem
decrescente de qui-quadrado, de acordo com o relatório gerado pelo programa Alceste
(Anexo 4), bem como seu respectivo contexto de uso, desvela o discurso lacunar
apontado na classe anterior, na medida em que nomeia explicitamente no que
consistem essas “coisas boas e ruins” apresentando a diversidade associada aos
contrastes, como pode-se observar no quadro a seguir.
QUADRO 5 - Traços Lexicais Característicos da Classe 2 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como coexistência de contrários
Classe 2
Traços
lexicais
f./ classe f./ texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
201
Riquezas
46
64
46,74
“Por ser um dos países mais ricos do mundo, este
deveria se tornar mais independente, preocupado em
resolver com suas riquezas seus problemas sociais:
fome, desemprego, saúde pública, educação de
qualidade etc.” (Enfermagem, região Centro-Oeste).
Desigualdade
34
45
37,84
“Porque no Brasil muita desigualdade social, muita
concentração de poder e dinheiro nas mãos de poucos, e
a grande maioria da população miserável, lutando para
viver” (Enfermagem, região Sudeste).
Fome
23
26
36,03
“Não temos independência econômica e somos
devedores desde a época colonial. A população pobre é
a que paga esse custo, com fome e falta de educação,
saneamento básico e condições de subsistência”
(Medicina, região Sul).
Educação
19
20
34,34
“Somos povos de paz, não fazemos guerra, não temos
catástrofes, temos problemas graves a ser corrigidos
como a fome, a educação, a violência, a corrupção mas
somos um país esperançoso, temos muitos recursos
minerais, hídricos, nossas terras são férteis” (Serviço
Social, região Centro-Oeste).
201
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 4.
Para os demais traços também associados a esta classe, ver Figura 7 – classe 2.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
98
continuação
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como coexistência de contrários
Classe 2
Traços
lexicais
f./ classe f./ texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
202
Social
27
35
31,01
“O Brasil é um belo país, mas, infelizmente, a riqueza
está concentrada na mão de poucos, o que gera
grandes desigualdades sociais, ocasionando fome,
violência e todos os problemas do país” (Enfermagem,
região Nordeste).
Violência
28
37
30,72
“A educação também é escassa e, assim, o despreparo
de tantos cidadãos sem condições de se tornarem
críticos, éticos e ativos, faz com que eles partam para o
mundo da marginalização, do crime e da violência
(Pedagogia, região Centro-Oeste).
Dentre as “coisas boas”, são citadas as terras produtivas, a
biodiversidade, as riquezas naturais, turísticas e minerais e, dentre as “ruins”,
presentes em maior número, observa-se uma polarização, haja vista que as respostas
tendem a enfatizar ora a idéia de “falta” associada, sobretudo, a áreas como
educação, saúde, segurança, emprego etc., ora à desigualdade social, citada como
um dos maiores problemas brasileiros da atualidade.
Tanto a “falta” como a desigualdade” são tratadas sob o ponto de vista
dos problemas sociais, em que, muitas vezes, se infere uma crítica ao governo,
embora esta apareça muito mais pautada por um aspecto de resignação do que de
potencial conflito, como pode ser observado no seguinte excerto:
Apesar da miséria, da fome, do desemprego, da falta de infra-
estrutura, o povo brasileiro tenta lutar por um país melhor. Entra
governo, sai governo, a esperança sempre existirá, por mais que seja
pequena (Enfermagem, região Norte).
A relação dos universitários com a ação política, inferida pelas suas
respostas, aparecerá novamente quando da análise da questão 2, “O que, para você,
diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”, motivo pelo qual não será discutida
neste momento.
202
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 4.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
99
Cabe ressaltar, à guisa de síntese desta ramificação, que as classes 1 e
2 revelam que a singularidade do país está na “coexistência de contrários”, uma vez
que ele é caracterizado tanto pelos aspectos positivos como pelos negativos,
permitindo concluir que a produção textual dos universitários, reunida nesta
ramificação, associa diversidade à oposição.
3.1.2 Contexto temático: Diversidade como variedade cultural
(classe 3)
Concentrando 53,6% de todo o material analisado, esta classe
apresenta uma forma particular de encadeamento da questão “Por que você acha que
isso tudo é Brasil?” que se distingue das classes 1 e 2, apresentadas anteriormente.
Representando, majoritariamente, a produção textual dos estudantes de
Medicina, a classe 3 apresenta a diversidade, palavra literalmente citada aqui, como
síntese de culturas que congrega a variedade na unidade, conforme pode ser
observado no quadro a seguir, que expõe uma seleção dos traços lexicais mais
característicos dessa classe, organizados por ordem decrescente de qui-quadrado,
bem como seu respectivo contexto de uso:
203
QUADRO 6 - Traços Lexicais Característicos da Classe 3 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como variedade cultural
Classe 3
Traços
lexicais
Freq/
classe
Freq/
texto
x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
Cultura
86
97
60,32
“A população é miscigenada, a cultura foi construída
com base em diversas culturas. Portanto, tudo isso é
Brasil porque o nosso país é diversificado, vasto e rico
em diferenças e variedades” (Medicina, região Sudeste).
Diversidade
47
50
36,71
“O Brasil é rico nas diversidades, uma mistura de cor,
de raça” (Serviço Social, região Norte).
Região
45
49
32,15
“Porque o Brasil é um país enorme, com marcas
características em cada região. E dessa mistura de
climas e culturas que nasceu o nosso país” (Medicina,
região Sudeste).
203
Para outras respostas selecionadas pelo ALCESTE como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços também associados a esta classe, ver Figura 7 – classe 3.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
100
Enquanto as classes 1 e 2 associam a diversidade a uma idéia de
oposição, a classe 3 a apresenta como reunião de características culturais, na medida
em que as respostas dos universitários parecem indicar que foi a “mistura de cor, de
raça, de climas” que originou essas “diversas culturas”.
Ainda que o “povo”, enquanto sujeito histórico, não apareça
explicitamente mencionado e ainda que o recorte da produção dos universitários tenha
sido pautado pela diversidade, tem-se que a cultura, nesta classe, surge como um
elemento relevante, não obstante, aparentemente, parecer ir na direção oposta das
análises realizadas por Carvalho (2006 e 1998) e Chauí (2001), que apontam a
natureza como fator primordial da representação dos brasileiros sobre sua
“comunidade imaginada” (Anderson, 1991), mesmo que este fator seja evocado
quando os respondentes são solicitados a comparar o Brasil aos demais países, como
se observará no decorrer do capítulo. Contudo, acredita-se que essa oposição é
meramente aparente e não um sinal de que as representações sociais do país
estariam se deslocando para o plano cultural, pois o destaque feito pelos estudantes
baseia-se, como se mostrará nas análises posteriores, na miscigenação racial, o que,
em última instância, fundamenta-se em uma explicação de origem natural, posto que
biológica.
Considerando que os aspectos apontados aqui serão aprofundados no
item a seguir, importa ressaltar que cada uma das ramificações estudadas faz
referência a um universo semântico distinto. Assim, a primeira ramificação analisada
apresenta um discurso em que a diversidade se exprime na coexistência de contrários
exemplificada na expressão “coisas boas e ruins”; a segunda ramificação apresenta
a diversidade caracterizada sobretudo pela síntese cultural, o que indica que, neste
caso, as evocações acerca da natureza não são preponderantes para estes
universitários, embora o mesmo não ocorra quando se solicita que eles indiquem as
diferenças entre o Brasil e os demais países, como se apresentará no item a seguir.
3.2 Análise da questão: “O que, para você, diferencia o Brasil dos
outros países? Por quê?”
A análise informatizada realizada pelo programa Alceste para a questão
“O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?” separou as
respostas dos universitários em duas ramificações (cf. Anexo 5). A primeira delas, que
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
101
deu origem às classes 1 e 4, reúne uma produção textual que permite compreender a
diversidade como “espaço de experiência e horizonte de expectativa” enquanto a
segunda ramificação, da qual resultam as classes 2 e 3, apresenta a “diversidade
como ficção orientadora” (cf. figura 8), uma vez que a ênfase recai nos aspectos racial
e natural, como se discutirá no decorrer da análise.
A seguir, são apresentados o dendrograma de distribuição das quatro
classes, bem como os traços lexicais e variáveis (curso e região) associados a cada
uma delas, os respectivos indicadores quantitativos do qui-quadrado e o contexto
temático atribuído a cada ramificação e a cada classe:
FIGURA 8 - Perfil dos contextos temáticos e das classes lexicais geradas pelo
Alceste à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?”
Na seqüência, passa-se a apresentar cada um dos contextos temáticos
associados à diversidade, bem como suas respectivas classes.
desigualdade
violência
falta
educação
fome
corrupção
social
política
renda
gente
lado
trabalho
miséria
desemprego
*Variáveis
Regiões Norte e
Nordeste
povo
dificuldade
esperança
alegria
apesar de
solidariedade
problema
enfrentar
feliz
humano
tempo
mesmo
sofrido
*Variáveis
Região Centro-
Oeste
raça
mistura
religião
cultura
diferente
região
torna
cada
pacífico
costume
racial
conflito
heterogeneidade
tradição
*Variáveis
Medicina
Região Sul
natureza
grande
recursos
diversidade
economia
fauna
flora
riqueza
apresentar
diferencial
gritante
contraste
diverso
como
*Variáveis
Região Nordeste
108,13
86,55
49,58
49,03
49,03
46,2
38,03
29,7
26,87
26,4
22,04
21,92
20,74
18,27
75,89
56,37
40,83
39,73
37,93
34,17
31,13
30,55
26,78
24,36
21,82
21,37
20,22
71,25
51,26
40,39
39,58
39,1
31,91
29,95
29,39
19,16
16,79
15,07
14,51
13,64
13,64
65,76
41,1
25,53
23,11
22,82
21,35
21,35
21,12
20,62
20,04
17,02
15,67
15,18
14,32
(18,1%) Classe 1
(28,6%) Classe 4
(26,3%) Classe 3
(27,0%) Classe 2
1ª Ramificação
Diversidade como
espaço de experiência e horizonte
de expectativa
O que, para você, diferencia o Brasil
dos outros países? Por quê?
2ª Ramificação
Diversidade como ficção
orientadora
Diversidade
Variedade de problemas
Expectativa mediada
pela oposição
Aspecto racial
Aspecto natural
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
102
3.2.1 Contexto temático: Diversidade como espaço de experiência
(classe 1) e horizonte de expectativa (classe 4)
Dividida em duas classes e contemplando 46,7% de todo o material
analisado, esta ramificação permite interpretar a diversidade como espaço de
experiência e horizonte de expectativa, na medida em que a singularidade do país ora
se concentra na variedade dos problemas cotidianos (classe 1), ora se mostra
relacionada a uma expectativa de que, no futuro, esses problemas serão resolvidos
(classe 4).
Categorizada como “variedade de problemas” e respondendo por 18,1%
de todas as UCEs identificadas, a classe 1 foi associada, independentemente do
curso, aos universitários das regiões Norte e Nordeste do país, o que supõe que, ou
nessas localidades os problemas apontados são mais agudizados, ou que os
estudantes são mais críticos em relação a eles.
Trata-se de um discurso que faz referência direta ao cotidiano,
conforme pode ser observado na seleção dos traços lexicais mais característicos da
classe,
204
organizados por ordem decrescente de qui-quadrado, bem como nos
extratos das respostas dos universitários visualizados no quadro a seguir:
204
Para a seleção da lista de palavras que compõem o vocabulário específico de cada uma das quatro
classes geradas pelo programa Alceste, foram utilizados três critérios simultâneos: 1) seleção das
palavras não-instrumentais com média maior que 7 (critério lexicográfico dado pelo próprio programa
quando no passo A2 – cálculo do dicionário, em que este indica a freqüência média por palavra); seleção
do qui-quadrado (coeficiente de associação da palavra à classe em questão) com valor maior que 3,84,
pois, de acordo com Camargo, “[...] o cálculo deste teste estatístico é feito com base em uma tabela com
grau de liberdade igual a 1” (2005: 520); e freqüência da palavra na classe e no corpus em geral. Nesse
sentido, são apresentadas aqui apenas as palavras mais significativas da classe. Para visualizar todas as
palavras, ver Anexo 5.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
103
QUADRO 7 - Traços Lexicais Característicos da Classe 1 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como espaço de experiência e horizonte de expectativa
Contexto temático da classe: Variedade de problemas
Traços lexicais f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
205
Desigualdade
36
50
108,13
A desigualdade social, miséria, desemprego, violência,
tráfico de drogas etc. Porque em países desenvolvidos até
problemas mas não como no Brasil” (Serviço Social,
região Sul).
Violência
22
25
86,55
“Apesar de que ainda falta o mais importante,
reconhecerem que só Jesus pode tirar tudo de ruim, como:
violência, desigualdade e outros. A partir do momento
que todos reconhecerem que Ele é digno de toda
confiança e de toda adoração, pois por mais que o nosso
presidente queira mudar, ele não vai conseguir pois ele é
falho” (Enfermagem, região Nordeste).
Falta
12
13
49,58
“Além da biodiversidade, é a falta de uma política que
fosse comprometida com sua população, para melhorar
essa situação que o Brasil passa como o analfabetismo, a
fome, a violência e a forte concentração de renda”
(Serviço Social, região Norte).
Educação
13
15
49,03
“Desigualdade e estratificação social porque a
desigualdade é a marca forte e a estratificação social é
devido ao fato de pobres não terem boa educação, sendo
impossibilitados de subirem seu padrão de vida”
(Engenharia, região Sudeste).
Fome
13
15
49,03
“Além da biodiversidade e da falta de uma política séria
comprometida com sua população para melhorar essa
situação que o Brasil passa como o analfabetismo, a
fome, a violência e a forte concentração de renda”
(Serviço Social, região Norte).
Corrupção
10
10
46,2
“O calor tropical do Brasil, a alegria de viver das pessoas,
a injustiça e a grande desigualdade social, a corrupção e
o carnaval” (Pedagogia, região Centro-Oeste).
Os traços lexicais característicos desta classe indicam que a
diferenciação do Brasil em relação aos demais países pauta-se por aspectos
caracterizados como “problemas” pelos universitários e que podem ser agrupados da
seguinte forma: sociais (desigualdade, educação, fome e distribuição de renda),
205
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços também associados a esta classe, ver Figura 8 – classe 1.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
104
políticos (corrupção e falta de compromisso) e violência, incluída aqui como categoria
única pelo destaque que apresenta no contexto da classe.
Estes resultados assemelham-se àqueles encontrados quando da
análise da questão Por que tudo isso é Brasil?”, em que também são citados
problemas diversos como definidores do país.
206
Outro aspecto comum às duas
questões analisadas refere-se ao modo como os universitários abordam a ação do
governo, verbalizado em frases como:
[...] falta uma política comprometida com a sua população para
melhorar essa situação que o Brasil passa com o analfabetismo, a
fome, a violência e a forte concentração de renda (Serviço Social,
região Norte).
[...] pessoas que são reprimidas pela inteligência de nossos políticos
que conseguem monopolizar parte da mídia para impor à população
que ela é burra (Engenharia, região Centro-Oeste).
A exclusão social, os governantes ladrões, tem o lado bom, de ser um
povo abençoado por Deus... (Serviço Social, região Norte).
Portanto, embora a existência de uma classe nas duas questões
analisadas que reúne um discurso que associa diversidade à variedade de problemas
possa indicar, em um primeiro momento, um posicionamento político crítico por parte
dos universitários, respostas como as transcritas acima deixam subentendido que a
responsabilidade desses problemas é do governo, cuja ação é caracterizada pela
“falta” (de comprometimento, de responsabilidade, de políticas públicas etc.) e pela
corrupção em geral.
207
De fato, essa idéia de responsabilizar o governo pelos problemas do
país aparece em uma das fontes históricas analisadas. Em Porque me ufano do
meu paiz, Celso (1901), após descrever os motivos geradores de orgulho para os
brasileiros sinteticamente resumidos em natureza, povo e história –, alerta para os
dois únicos perigos que, segundo ele, espreitam o Brasil em sua jornada rumo ao
sucesso: “maus governos e instituições incompatíveis com sua índole” (1901: 249),
208
206
A respeito, ver item 3.1.1 do presente capítulo.
207
A esse respeito, Carvalho (2002) comenta que dados de 1959 acerca dos Estados Unidos e da
Inglaterra apontam que 85% dos americanos e 46% dos britânicos tinham as instituições políticas como
fonte de orgulho, enquanto no Brasil uma pesquisa de opinião pública realizada por empresa
especializada em 1995, em âmbito nacional, indica que somente 10% dos brasileiros mencionam tais
instituições como motivo de orgulho.
208
Ainda que, para Celso (1901), os problemas eminentes do país sejam distintos daqueles apontados
pelos universitários, uma vez que se relacionam com a desintegração do território nacional em diversos
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
105
como se o governo fosse uma entidade própria, ontologizada que, por isso mesmo,
não comungaria dos “nobres predicados do caráter nacional”:
209
[...] ponderai tudo isso e reconhecereis que o Brasil oferece imensas
vantagens à economia geral do nero humano, e repetireis, com
Robert Southey,
210
que a mais extrema e obstinada prevaricação
da parte do governo, ou a mais cega e culpável impaciência da (sic)
do povo poderão subverter a influência e a prosperidade do Brasil
(Celso, 1901: 64 – grifos apostos).
É possível entrever, na responsabilização do governo pela existência da
variedade de problemas que identificam e diferenciam o Brasil dos demais países,
uma omissão por parte dos universitários em relação ao cenário político,
caracterizando aquilo que Carvalho (1998) diagnosticou como “condescendência com
os problemas do Estado”, uma vez que os estudantes não se colocam como sujeitos
da ação política.
Disso resulta que a diversidade de problemas é compreendida como
externa ao brasileiro, considerado como povo pacífico, bom, ordeiro
211
e que, “apesar
de tudo”, tem esperança em um futuro melhor, característica esta identificada,
sobretudo, à classe 4, também originária desta primeira ramificação e que passa a ser
analisada a seguir.
Respondendo por 28,6% de todo o material examinado, a produção
textual da classe 4 é associada, majoritariamente, à região Centro-Oeste do país e se
destaca pela presença dos termos “povo”, “dificuldades” e “esperança”, e o que
promove a conexão entre as características psicossociais do primeiro (povo alegre,
esperançoso, pacífico) e a natureza variada do segundo (dificuldades das mais
diversas ordens) é a expressão “apesar de”. Ou seja, a diversidade se caracteriza
pela presença de um povo que, “apesar de” todos os problemas e dificuldades, é feliz
e tem esperança de que a situação melhore, como pode ser observado nos seguintes
excertos da produção dos universitários quando solicitados a indicar o que diferencia o
Brasil dos demais países:
Estados e com a eventual intervenção de alguma potência estrangeira, o fato é que também ele tende a
responsabilizar o governo pela existência dessas questões.
209
Título dado ao capítulo XXII do livro Porque me ufano de meu paíz, de Celso (1901), que discorre
sobre o sétimo motivo da superioridade do Brasil perante os demais povos.
210
Referência à obra do poeta inglês, History of Brazil, impressa em três volumes entre 1810 e 1819.
211
Reporta-se aqui à descrição de Celso (1901) sobre o caráter nacional do brasileiro, destacado por
esse autor, como um dos motivos de orgulho do país.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
106
Seu povo. Porque é um povo sofrido mas feliz e, ao mesmo tempo,
fiel ao próximo e é muito acolhedor com o visitante, seja ele qual for
(Engenharia, região Centro-Oeste).
As pessoas, pois é um povo que tem força de vontade, que luta, que
enfrenta. Um país de gente feliz e ao mesmo tempo que sofre com
todos os problemas e, principalmente com a violência, mas mesmo
assim persistem e tentam ser felizes (Enfermagem, região Centro-
Oeste).
A diversidade aqui é associada não à variedade, como na classe
anterior, mas sim à contradição, como pode-se observar nos traços lexicais
prototípicos desta classe, organizados em ordem decrescente de qui-quadrado, bem
como nos excertos das respostas dos estudantes visualizados no quadro a seguir:
QUADRO 8 - Traços Lexicais Característicos da Classe 4 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como espaço de experiência e horizonte de expectativa
Contexto temático da classe: Expectativa mediada pela oposição
Traços
lexicais
f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
212
Povo
91
169
75,89
“O povo. É um povo receptivo, caloroso e que,
apesar das mazelas do país, ainda consegue sorrir
e viver alegre. Infelizmente somos pessoas
acomodadas” (Medicina, região Nordeste).
Dificuldades
30
36
56,37
“A sua alegria e capacidade para superar
dificuldades, não existe outro país tão alegre e
festivo e que apesar dos problemas tenta contornar
esta situação sorrindo e trabalhando” (Medicina,
região Nordeste).
Esperança
19
21
40,83
“O povo brasileiro, pois, apesar de todas as
dificuldades continuam lutando sem perder a alegria
a esperança de um dia ver nosso país aonde
realmente merece” (Engenharia, região Centro-
Oeste).
Alegria
44
74
39,73
“A sua alegria e capacidade para superar
dificuldades. Não existe outro país tão alegre e
festivo e que apesar dos problemas tenta contornar
esta situação sorrindo e trabalhando” (Medicina,
região Nordeste).
Apesar de
34
52
37,93
“O povo. Porque apesar de todas as dificuldades
ainda luta por um futuro mais digno e acredita que
um dia tudo vai mudar” (Enfermagem, região
Nordeste).
212
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços também associados a esta classe, ver Figura 8 – classe 4.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
107
Apesar de a palavra “povo” ser a mais representativa desta classe, a
observação do contexto em que ela é utilizada, como sinalizam os excertos da
produção textual dos universitários indicados no quadro acima, mostra uma auto-
imagem dos brasileiros como acomodados, ainda que festeiros:
“É um povo receptivo, caloroso e que, apesar das mazelas do país,
ainda consegue sorrir e viver alegre. Infelizmente somos pessoas
acomodadas (Medicina, região Nordeste).
Ou seja, a diversidade se expressa aqui por meio do comportamento do
povo que sofre, mas que, ao mesmo tempo, é feliz. Essa relação entre sofrimento e
alegria foi analisada por Carvalho da seguinte forma:
Pode-se perguntar se não contradição das pessoas que anotaram
ao mesmo tempo sofrimento e alegria. Parece-me que não. Sofredor
pode indicar a idéia de vítima do governo, das circunstâncias, do
destino. A alegria seria a maneira de enfrentar a desgraça. O
brasileiro seria um sofredor conformado e alegre. Descrição perfeita
desta autopercepção é o nome de um bloco carnavalesco do Recife:
“Nóis sofre mas nóis goza”. Isto, do ponto de vista moral e
psicológico, o compromete, a não ser que se queira ver traços
de masoquismo. Mas, do ponto de vista político e cívico, é a própria
definição do não-cidadão, do súdito que sofre, conformado e alegre,
as decisões do soberano. O povo se vê como vítima, como paciente e
não como agente da história (1998: s.p.).
Não obstante os universitários terem sido críticos no diagnóstico dos
problemas brasileiros, suas respostas indicam que eles não se representam nem
como agentes diretos nem como indiretos da ação política, algo observado
anteriormente em relação à classe 1 associada a esta mesma ramificação. De acordo
com um estudante:
O povo é alegre, solidário e unido. Por mais difícil que seja a
situação, há sempre um sorriso e uma esperança! Parece meio
utópico, mas é o que eu vejo (Medicina, região Sul).
Acredita-se que essa posição, que pode ser caracterizada como de
“não-cidadão” (cf. Carvalho, 1998), guarde relações com a representação, difundida
desde o século XIX, da inevitabilidade do sucesso brasileiro.
213
De acordo com Celso,
os problemas do país poderiam retardar, “[...] mas nunca impedir a predestinação do
país a grandes coisas” (1901: 65). Isto é particularmente observável nesta ramificação
que apresenta elementos que permitem indicar uma dissociação entre povo e governo,
213
De fato, essa idéia de predestinação do país ao sucesso não é recente. Assentada no denominado
mito sebastiânico, ela aparece reatualizada em vários momentos da história do Brasil. A respeito, ver Fico
(1997) e Carvalho (2002).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
108
que pode ser equacionada da seguinte forma: como o povo não se como
responsável pelo cenário político causador dos problemas do país, a ele cabe
aguardar por um futuro melhor advindo não da ação política, mas da fé ou da epifania.
Aliás, a associação entre esperança e Brasil aparece de forma taxativa em Celso
que chega mesmo a afirmar que
[...] Não temos o direito de desanimar nunca. Assiste-nos o dever de
confiar sempre. Desanimar no Brasil equivale a uma injustiça, a uma
ingratidão; é um crime. Cumpre que a esperança se torne entre nós,
não uma virtude, mas estrita obrigação cívica [...]. Confiemos. Há
uma lógica imanente: de tantas premissas de grandeza sairá
grandiosa conclusão (1901: 256-257 – grifos apostos).
Ou seja, a expectativa de um futuro melhor não se ancora em uma ação
efetiva, realizada por agentes históricos. Ao contrário, ela opera por milagre. Nesse
sentido, é sintomático que uma pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi há mais de
uma década
214
indique que, em relação ao espaço público, os brasileiros confiam mais
nos líderes religiosos do que nos líderes políticos ou sindicais (cf. Carvalho, 1998).
Mesmo que esta questão não apareça na produção textual analisada, a evocação da
e da credulidade aparece associada, nas respostas dos universitários, à
possibilidade de um futuro melhor, como pode ser observado nos seguintes trechos:
Há, como falei, o fato de sermos um país onde vários povos podem
morar, não temos problemas de catástrofes, guerras, somos pessoas
de por dias melhores, mais humanos e aconchegantes que outros
países (Serviço Social, região Centro-Oeste).
Além disso, a alegria e credulidade do nosso povo, que sempre
acredita que as coisas tendem a melhorar (Medicina, região Sudeste).
O fato de termos grande potencial em recursos humanos, ótimos
profissionais, de sermos um povo alegre que acredita sempre que as
coisas vão melhorar, mesmo que pareça difícil (Engenharia, região
Sudeste).
As análises realizadas até o momento permitem indicar que a
diversidade, enquanto nódulo elementar de sentido das atuais representações sociais
de Brasil, ora é expressa por meio da natureza variada dos problemas que distinguem
o país dos demais, ora exprime uma oposição, na medida em que identifica um
cotidiano problemático, ao mesmo tempo alegre, porque ancorado na fé e na
214
Em 1995, a revista Veja encomendou uma pesquisa de opinião pública junto ao Instituto Vox Populi, a
qual foi publicada em 1996, com o objetivo de identificar o que os brasileiros pensavam de si mesmos e
do Brasil. Para discussão dos dados dessa pesquisa, ver Carvalho (1998).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
109
esperança de um futuro melhor, cuja síntese é a expressão “feliz, apesar de”, o que
permite interpretá-la como “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”,
conforme será apresentado a seguir.
QUADRO 9 - Diversidade como Espaço de Experiência e Horizonte de
Expectativa
Fusão de horizontes interpretativos
Contexto
temático
Traços lexicais
característicos das
classes
Contexto de uso –
excertos da produção
textual dos universitários
Contexto de uso – excertos das
fontes históricas do século XIX
Variedade
de
problemas
(classe 1)
Desigualdade
Violência
Falta
Educação
Fome
Corrupção
“A desigualdade social, a
miséria, desemprego,
violência, tráfico de drogas
etc. Porque em países
desenvolvidos até
problemas, mas não como
no Brasil” (Serviço Social,
região Sul).
“Nenhum problema insolúvel,
nenhum perigo inevitável ameaça
o desenvolvimento do Brasil. Não
vive ele, como os países de
Europa, sob a pressão de
questões irritantes e conflitos
iminentes com os vizinhos.
Apenas duas apreensões
assaltam o espírito de quem
medita sobre os seus destinos, se
continuar a ter maus governos e
instituições incompatíveis com a
sua índole. São essas
apreensões: separação do
território nacional em vários
Estados; intervenção nos seus
negócios de alguma potência
estrangeira” (Celso, 1901: 249).
Expectativa
mediada
pela
oposição
(classe 4)
Povo
Dificuldades
Esperança
Alegria
Apesar de
“O povo brasileiro, pois,
apesar de todas as
dificuldades continua
lutando sem perder a
alegria, a esperança de um
dia ver nosso país onde ele
merece” (Engenharia,
região Centro-Oeste).
“[...] Não temos o direito de
desanimar nunca. Assiste-nos o
dever de confiar sempre.
Desanimar no Brasil equivale a
uma injustiça, a uma ingratidão; é
um crime. Cumpre que a
esperança se torne entre nós, não
uma virtude, mas estrita obrigação
cívica” (Celso, 1901: 256-257).
Retiradas da obra Futuro passado: contribuição à semântica dos
tempos históricos, do historiador alemão Reinhart Koselleck (2006a), “espaço de
experiência e “horizonte de expectativa” são categorias históricas pelas quais
organizamos nosso mundo em um processo temporal em que a experiência refere-se
à tradição recebida ou vivenciada que informam o presente e, a expectativa, à
projeção futura (cf. Pereira, 2004).
O uso, portanto, dessas categorias para nomear a ramificação
apresentada pelo Alceste obriga a que se realize uma breve discussão sobre esses
dois conceitos, de modo a compreender seu uso na análise do nódulo elementar de
sentido “diversidade” que organiza as atuais representações sociais de universitários
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
110
dos cursos de Enfermagem, Engenharia, Medicina, Pedagogia e Serviço Social sobre
Brasil.
Ainda que preocupado com a semântica dos tempos históricos,
Koselleck (2006a), taxativamente, opta por não realizar, nessas categorias, uma
análise pautada naquilo que ele faz com as demais, contrariando, com isso, a própria
exigência metodológica deduzida de sua história dos conceitos.
215
Isso porque, de
acordo com o autor, “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa” são
categorias formais de conhecimento que fundamentam a possibilidade de uma
história, sem contar que, ao contrário de expressões como “economia escravista
antiga”, reforma” etc., elas não transmitem uma realidade histórica a priori, pois “[...]
todas as histórias foram constituídas pelas experiências vividas e pelas expectativas
das pessoas que atuam ou que sofrem. Com isto, porém, ainda nada dissemos sobre
uma história concreta passada, presente ou futura” (2006: 306).
216
Como define o
próprio Koselleck,
a experiência é o passado atual, aquele no qual acontecimentos
foram incorporados e podem ser lembrados. Na experiência se
fundem tanto a elaboração racional quanto as formas inconscientes
de comportamento, que não estão mais, ou que não precisam mais
estar presentes no conhecimento. Além disso, na experiência de cada
um, transmitida por gerações e instituições, sempre está contida e é
conservada uma experiência alheia. Nesse sentido, também a história
é desde sempre concebida como conhecimento de experiências
alheias (2006a: 309-310).
217
215
Sobre as exigências metodológicas da história dos conceitos, ver Koselleck (2006a e 1992), Feres
Júnior (2005), Jasmin e Feres Júnior (2006) e Feres Júnior e Jasmin (2007).
216
De acordo com Koselleck, as categorias experiência e expectativa contêm um alto grau de
generalidade, equivalendo-se às categorias de espaço e de tempo na medida em que se pode afirmar
que “(...) todas as categorias que falam de condições de possibilidade histórica podem ser utilizadas
individualmente, mas nenhuma delas é concebível sem que esteja constituída também por experiência e
expectativa. Assim, nossas duas categorias indicam a condição humana universal; ou, se assim o
quisermos, remetem a um dado antropológico prévio, sem o qual a história não seria possível, ou não
poderia sequer ser imaginada” (2006a: 307-308). Vale lembrar que, ainda que uma categoria
pressuponha a outra, uma vez que não se pode ter expectativa sem experiência, nem experiência sem
expectativa, isso não significa que elas sejam simétricas. Ao contrário, não obstante relacionadas, elas
possuem modos de ser diferenciados na medida em que, segundo o autor, da mesma forma que passado
e futuro não são coincidentes, também “[...] uma expectativa jamais pode ser deduzida totalmente da
experiência. Uma experiência, uma vez feita, está completa na medida em que suas causas são
passadas, ao passo que a experiência futura, antecipada como expectativa, se decompõe em uma
infinidade de momentos temporais”, de onde se conclui que “[...] a presença do passado é diferente da
presença do futuro” (2006a: 310-311, respectivamente).
217
Gadamer também trabalha com o par experiência e horizonte, ainda que com outra preocupação. Para
esse autor, experiência “[...] não se refere somente à experiência no sentido do que este ensina sobre tal
ou qual coisa. Refere-se à experiência em seu todo. Esta é a experiência que cada um constantemente
tem de adquirir e a que ninguém pode se poupar. A experiência é aqui algo que faz parte da essência
histórica do homem. Ainda que se trate de um objetivo limitado, da preocupação educacional, como a que
os pais têm pelos seus filhos, preocupação de poupar alguém de determinadas experiências, o que é a
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
111
É desse espaço de experiência, construído por meio conhecimento
histórico produzido, ou vivenciado,
218
que se irá projetar um futuro em que se
estabelece um horizonte de expectativa, horizonte,
219
este que
[...] se realiza no hoje, é futuro presente, voltado para o ainda-não,
para o não-experimentado, para o que apenas pode ser previsto.
Esperança e medo, desejo e vontade, a inquietude, mas também a
análise racional, a visão receptiva ou a curiosidade fazem parte da
expectativa e a constituem (Koselleck, 2006: 310).
Da tensão, portanto, entre experiência e expectativa é que se constrói o
tempo histórico, constituído no entrelaçamento entre aquilo que se entende por
passado e o que se vislumbra como futuro. Contudo, essa tensão também tem uma
natureza histórica, não sendo imutável ao longo do tempo. Assim, por exemplo, para
Koselleck, a modernidade alterou a relação entre experiência e expectativa, na medida
em que construiu um horizonte de surpresa constante, rompendo, dessa forma, com a
possibilidade de uma Historia Magistra Vitae, na medida em que a história passa a ser
articulada, não mais em torno da sua exemplaridade ou de seu caráter pedagógico,
mas, sim, de sua processualidade e, conseqüentemente, de sua imprevisibilidade.
Transportando as categorias desenvolvidas por Koselleck, ainda que
fazendo delas um uso puramente instrumental, para a análise dos dados da primeira
ramificação gerada pelo Alceste à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos
demais países? Por quê?”, tem-se que a produção textual dos universitários,
organizada em torno do nódulo elementar de sentido “diversidade”, ora privilegia o
experiência, em seu conjunto, não é algo que possa ser poupado a alguém. Nesse sentido, a experiência
pressupõe necessariamente que se desapontem muitas expectativas, pois somente é adquirida através
disso” (2002: 525).
218
Procurando articular experiência e representações sociais, Jodelet, ao discorrer sobre as diferentes
concepções atreladas a essa noção, reconhece, do mesmo modo que Koselleck (2006), a existência de
duas dimensões a ela associadas: uma cognitiva, da ordem do conhecimento na medida em que favorece
a elaboração da realidade de acordo com formas estabelecidas socialmente, e outra relacionada ao
experimentado, ao vivenciado propriamente dito. A autora, ao discutir como as representações sociais
imprimem um sentido à experiência ao mesmo tempo em que esta atua na construção dos conteúdos
representacionais, afirma que, “em seu movimento dialético, a relação representação social/experiência
põe em jogo diferentes instâncias de cada uma. De um lado, sobre o plano cognitivo, o sistema global de
representações fornece os recursos e os instrumentos para interpretar aquilo que é experimentado [...]
Essa experiência sentido ao vivido que estrutura, em termos de pertinência, os elementos constituindo
o estado do mundo enfocado no espaço e no tempo particular da vida cotidiana. A noção de experiência e
de vivido nos permite passar do coletivo ao singular, do social ao individual, sem perder de vista o lugar
que cabe às representações sociais nem as diferentes formas de seu funcionamento” (2005a: 48).
219
Consoante Koselleck, “[...] horizonte quer dizer aquela linha por trás da qual se abre no futuro um novo
espaço de experiência, mas um espaço que ainda não pode ser contemplado. A possibilidade de se
descobrir o futuro, apesar de os prognósticos serem possíveis, se depara com um limite absoluto, pois ela
não pode ser experimentada” (2006a: 311).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
112
espaço de experiência (enfatizando aquilo que o Brasil é, com sua diversidade de
problemas, conforme observado na classe 1),
220
ora o horizonte de expectativas
(correspondente àquilo que os estudantes querem que o Brasil seja, mas ainda não o
é, conforme indicado pela classe 4), em que a articulação entre experiência e
expectativa é feita por meio da idéia de “predestinação do país ao sucesso”,
reveladora de uma tensão entre a vivência de problemas e um futuro que, apesar de
visto como promissor, nunca chega.
Importa ressaltar que, a despeito das mudanças estruturais ocorridas na
sociedade brasileira, sobretudo após a Revolução de 1930, as expectativas que os
universitários apresentam em relação ao país têm suas origens na produção do
oitocentos, em que a idéia de futuro promissor também estava presente, como
indicado anteriormente, permitindo, com isso, observar estruturas de permanência que
comportam a manutenção de uma espécie de expectativa retroativa, visto que essa
condição ainda não foi experimentada, a não ser, ela própria, como expectativa se se
pensar no caso do século XIX. Contudo, ainda que ela possa ser interpretada como
retroativa, não se trata da mesma expectativa,
221
e sim de uma reapropriação,
222
dado
que a experiência que entrelaça passado e futuro e, conseqüentemente, as conexões
que daí resultam não são as mesmas no século XIX e no XXI, na medida em que
as expectativas podem ser revistas, as experiências feitas são
recolhidas. Das experiências se pode esperar hoje que elas se
repitam e sejam confirmadas no futuro. Mas uma expectativa não
pode ser experimentada de igual forma. É claro que nossa
expectativa de futuro, quer seja portadora de esperança ou de
angústia, quer preveja ou planeje, pode refletir-se na consciência.
Nesse sentido, a expectativa também pode ser objeto de experiência.
Mas nem as situações nem os encadeamentos de ações visadas pela
220
Observação esta que pode ser estendida às classes 1 e 2 derivadas na 1.ª ramificação gerada pelo
programa Alceste, quando da análise da questão “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”.
221
É por isso que, de acordo com Koselleck, a relação entre espaço de experiência e horizonte de
expectativa é dinâmica: “Quem acredita poder deduzir suas expectativas apenas da experiência está
errado. Quando as coisas acontecem diferentemente do que se espera, recebe-se uma lição. Mas quem
não baseia suas expectativas na experiência também se equivoca. Poderia ter-se informado melhor.
Estamos diante de uma aporia que só pode ser resolvida com o passar do tempo. Assim, a diferença
entre as duas categorias nos remete a uma característica estrutural da história [...] Sempre as coisas
podem acontecer diferentemente do que se espera: esta é apenas uma formulação subjetiva daquele
resultado objetivo, de que o futuro histórico nunca é o resultado puro e simples do passado histórico”
(2006a: 312).
222
Utiliza-se o termo “reapropriação” conforme este é entendido por Gurza Lavalle, para o qual “[...] o
esforço analítico em busca das origens leva consigo - de antemão uma resposta feita de puro presente,
se ‘deparando’ sempre com resultados que obedecem a uma espécie de ‘arqueologia’ dos elementos
contínuos na tradição do pensamento sobre a identidade nacional. Na realidade, a permanência de um
elenco de temas por exemplo, miscigenação, lascívia ou plasticidade não implica continuidade no
terreno dos problemas, quer dizer, das formas específicas de abordagem a partir das quais está sendo
reconstruído e compreendido o tema” (2004: 69 – grifos do autor).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
113
expectativa podem também ser desde já objeto da experiência. O que
distingue a experiência é o haver elaborado acontecimentos
passados, é o poder torná-los presentes, o estar saturada de
realidade, o incluir em seu próprio comportamento as possibilidades
realizadas ou falhas (Koselleck, 2006a: 311-312).
Uma das conseqüências da manutenção dessas estruturas ligando as
expectativas do século XIX com as do XXI é que o espaço de experiência o vivido
permanece conectado ao horizonte de expectativas caracterizado, então, não como
processo, como surpresa, mas como uma certeza geradora de uma “disciplinarização
do futuro, haja vista que seu caráter de imprevisibilidade é negado, o que pode,
acredita-se, contribuir para a permanência da passividade observada nas respostas
dos universitários. Assim, uma vez que o futuro promissor está garantido pela
predestinação, o que resta à população são fé e esperança, caracterizadas como
obrigações cívicas segundo Celso (1901), para que este chegue o mais rápido
possível.
3.2.2 Contexto temático: Diversidade como ficção orientadora –
aspecto racial (classe 2) e aspecto natural (classe 3)
Como observado anteriormente, a análise informatizada realizada pelo
programa Alceste à questão “O que, para você, diferencia o Brasil dos demais países?
Por quê?” organizou a produção textual dos universitários em duas ramificações. A
primeira delas, analisada no item anterior, foi categorizada como “espaço de
experiência e horizonte de expectativa” porque apontava tanto os diversos problemas
cotidianos como a projeção de que no futuro esses problemas seriam resolvidos.
A segunda ramificação, que responde por 53,3% de todo o material
examinado, apresentando o nódulo elementar de sentido “diversidade” associado a
dois elementos considerados por Ortiz (2006) como fundacionais da história do Brasil,
quais sejam: raça (característico da classe 2) e natureza (característico da classe 3).
Relacionada com a produção dos estudantes de Medicina da região Sul,
a classe 2, responsável por 27,0% de todas as UCEs identificadas, apresenta a
diversidade ligada, sobretudo, à “mistura racial” fundamentada na integração das
diferenças, conforme indicam as seguintes respostas dos universitários:
A mistura de raças, credos e culturas, pois aqui convivem
pacificamente pessoas que em seu país de origem viveriam em
eterno conflito (Serviço Social, região Sudeste).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
114
A miscigenação de culturas, raças, falares. É o que nos faz ser
diferentes, mas que, em nossas diferenças nos tornamos iguais
(Enfermagem, região Centro-Oeste).
A quantidade de raças e culturas diferentes e a aceitação delas
(Serviço Social, região Sudeste).
É diferente também por ter tantas diferenças entre as diferentes
regiões e nem por isso causa conflitos internos ou externos
(Medicina, região Sul).
Para mim, a beleza e a riqueza cultural que nós temos, vivemos com
povos de raças e crenças distintas, porém não fazemos guerras e
nem conflitos por causa desse fato (Engenharia, região Centro-
Oeste).
A preocupação em enfatizar a existência de uma “unidade na
diversidade
223
é construída, sobretudo, a partir do século XIX, encontrando-se
presente na maioria das obras históricas analisadas, com o objetivo de afirmar a
possibilidade de o país se constituir como uma nação que, contrariamente ao ocorrido
nas ex-colônias espanholas, após o processo de independência, evitasse a
fragmentação territorial e se consolidasse com dimensões continentais.
224
De acordo
com Costa,
deve-se lembrar que até as primeiras décadas do século XX uma
questão polarizava o debate político brasileiro, a saber, até que ponto
seria possível constituir uma nação unitária e progressista nos
trópicos, partindo-se de grupos populacionais tão heterogêneos
quanto ex-escravos e seus descendentes, os diversos povos
indígenas, imigrantes de diferentes origens e “mestiços” de todos os
tons (2001: 144).
Tomando por base a questão da unidade, Martius em Como se deve
escrever a história do Brasil, faz o seguinte alerta: “Nunca esqueça, pois, o historiador
do Brasil, que para prestar um verdadeiro serviço a sua pátria deverá escrever como
autor monárquico-constitucional, como unitário no mais puro sentido da palavra”
223
Celso, ao referir-se à natureza, usa a expressão “variedade na unidade”. Segundo esse autor, “não é
monótona a selva brasileira. Cada árvore exibe fisionomia própria, extrema-se das vizinhas: circunspetas
ou graciosas, leves ou maciças, frágeis ou atléticas. Conforme reflexão de ilustre viajante, as matas
brasileiras, únicas tão compactas que se lhes poderia caminhar por cima, representam a democracia livre
das plantas, democracia cuja existência consiste na luta incessante pela liberdade, pelo ar, pela luz.
Preside a essa democracia perfeita igualdade. Não família que monopolize uma zona, com exclusão
de outras famílias ou grupos. Espécies as mais diversas medram conjuntamente, fraternizam, enleiam-se.
Daí a variedade na unidade, múltiplas e diversas manifestações do belo” (1901: 40 – grifos apostos).
224
A respeito, ver Prado (2001). Segundo Costa (2001), pode-se observar um movimento semelhante no
processo de formação nacional em outros contextos latino-americanos. Acerca desse processo na
Argentina, ver Shumway (2000), sobretudo o capítulo 5.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
115
(1982: 105-106).
225
Preocupação essa que se prolonga mesmo após a proclamação
da
República, indicando que o “fantasma” da fragmentação das ex-colônias
espanholas ainda pairava no ar, como pode ser observado no trecho a seguir, escrito
por Celso quase oitenta anos após a proclamação da independência brasileira:
E a essa vastidão territorial se aliam a identidade de língua, de
costumes, de região, de interesses. Nenhum antagonismo separa os
grupos componentes da população. Não nutrem eles aspirações
antinômicas, nem conhecem tradições hostis. Nada justifica o receio
de que apareçam motivos sérios de dissensão, de modo que o
imenso todo se fragmente (1901:13).
Observa-se, nas fontes históricas analisadas, uma tendência em
ressaltar a necessidade de buscar pontos comuns relacionados a vários aspectos da
vida nacional, tais como composição populacional, hábitos e costumes, geografia e
história regional, de modo a construir a idéia de “unidade na variedade” que
minimizasse as diferenças regionais. Nesse sentido, Celso é, dentre os autores
analisados, o mais enfático:
[...] No Brasil, não antagonismos entre as partes que o compõem.
Cimenta-as, ao contrário, forte solidariedade. O Brasil é perfeitamente
homogêneo, material e moralmente, pelo lado social e pelo lado
étnico, pois nele se cruzam e se fundem todas as raças. Lucraremos,
sem exceção, em permanecer um vasto conjunto intimamente ligado
e compacto (1901: 250).
Essa idéia de inexistência de antagonismos representada por meio da
fusão harmoniosa dos diferentes grupos que entraram na composição da população
brasileira ainda está presente na produção textual dos universitários, como pode ser
observado no quadro a seguir que apresenta os traços lexicais mais destacados da
classe 2, organizados por ordem decrescente de qui-quadrado, bem como excertos
das respostas dos estudantes pesquisados:
225
Em outro trecho: “[...] Enquanto não poucas vezes acontecerá que os estrangeiros tentem semear a
cizânia entre os interesses das diversas partes do país, para assim, conforme ao divide et impera, obter
maior influência nos negócios do Estado; deve o historiador patriótico aproveitar toda e qualquer ocasião
a fim de mostrar que todas as Províncias do Império por lei orgânica se pertencem mutuamente, que seu
próprio adiantamento se pode ser mais garantido pela mais íntima união entre elas” (Martius, 1982: 106 –
grifos do autor).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
116
QUADRO 10 - Traços Lexicais Característicos da Classe 2 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como ficção orientadora
Contexto temático: Aspecto racial
Traços
lexicais
f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
226
Raça
45
63
71,25
“Além de inúmeras culturas espalhadas em um único
país, a fusão de todas as raças e o
estabelecimento de uma identidade, a identidade
brasileira, que é singular e torna o Brasil um pais
único“ (Medicina, região Sul).
Mistura
34
48
51,26
“O Brasil possui uma mistura de culturas, raça,
língua, demonstrando assim em cada região do país
as diferentes características” (Pedagogia, região
Norte).
Religião
20
24
40,39
“A influência de várias culturas, várias religiões,
vários povos, o que faz de nós uma mescla de tudo
que há no mundo“ (Enfermagem, região Sudeste).
Cultura
67
142
39,58
“A sua diversidade de raças e culturas, porque isto
nos a possibilidade de ter um grande intercâmbio
ou uma grande troca de culturas diferentes dentro do
mesmo país” (Engenharia, região Nordeste).
Diferente
41
71
39,1
“A possibilidade de convivência entre os diferentes,
com paz!” (Medicina, região Nordeste).
Dentre os traços lexicais característicos da classe, observa-se a ênfase
atribuída ao binômio “raça”
227
e “mistura”, indicando a cristalização do discurso
histórico, construído no século XIX,
228
na medida em que ele ainda organiza, na
226
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços também associados a esta classe, ver Figura 8 – classe 2.
227
Discutir o significado do termo “raça”, na produção textual dos estudantes, está para além dos
objetivos deste estudo. Assim, não foi possível observar se ele é utilizado para indicar a variabilidade
biológica humana, se como população ou se como “força”, como “garra”. Contudo, cabe ressaltar que a
palavra étnico”, que de acordo com Martínez-Echazábal (1996) e Santos (1996) teria seu uso mais
generalizado, sobretudo após a década de 50 do século XX, de modo a evitar o uso de “raça”, não foi
citada pelos respondentes.
228
De acordo com Ortiz, os intelectuais desse período tinham uma questão fundamental a responder: “[...]
como tratar a identidade nacional diante da disparidade racial. Do equacionamento deste problema
decorre a necessidade de se sublinhar o elemento mestiço [...] O mestiço é para os pensadores do século
XIX mais do que uma realidade concreta, ele representa uma categoria através da qual se exprime uma
necessidade social – a elaboração de uma identidade nacional” (2006: 20-21).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
117
atualidade, uma forma de se referir ao Brasil, como mostra a produção textual dos
universitários.
De fato, a idéia de “mistura das raças” como eixo formador de uma
interpretação para a história do Brasil
229
foi proposta, formalmente, no projeto Como se
deve escrever a história do Brasil, escrito por Martius e premiado pelo Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
230
em 1844, como o melhor trabalho do
concurso de mesmo nome. Em sua obra, esse autor advertia que
Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que
tanto promete, jamais deverá perder de vista quais os elementos que
aí concorrerão para o desenvolvimento do homem.
São porém estes elementos de natureza muito diversa, tendo para a
formação do homem convergida de um modo particular três raças, a
saber: a de cor de cobre, ou americana, a branca ou caucasiana, e,
enfim, a preta ou etiópica. Do encontro, da mescla das relações
mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a atual população,
cuja história, por isso mesmo, tem um cunho muito particular” (1982:
87).
Para esse autor, o que caracterizava o Brasil não era sua natureza,
mas, justamente, sua composição racial, considerada por ele como peculiar,
231
apesar
de reconhecer que essa “mistura” ocorreu também com outros povos, porque
tanto a história dos povos quanto a dos indivíduos nos mostram que o
gênio da História (do mundo), que conduz o gênero humano por
caminhos, cuja sabedoria sempre devemos reconhecer, não poucas
vezes lança mão de cruzar as raças para alcançar os mais sublimes
fins na ordem do mundo. Quem poderá negar que a nação inglesa
deve sua energia, sua firmeza e perseverança a essa mescla dos
povos céltico, dinamarquês, romano, anglo-saxão e normando!
(Martius, 1982: 88).
229
Munanga considera que, “nesse debate de idéias, a miscigenação, um simples fenômeno biológico,
recebeu uma missão política da maior importância, pois dela dependeria o processo de homogeneização
biológica da qual dependeria a construção da identidade nacional brasileira” (2002: 10). Sobre esse
processo e sobre as concepções de raça e mestiçagem presentes no pensamento social brasileiro, ver
DaMatta (1990), Schwarcz (1993 e 1995), Maggie (1996) e Seyferth (1996). Para uma análise dessas
mesmas concepções, a partir de uma perspectiva psicossocial, ver Carone e Bento (2002).
230
Criado em 1838, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi “[...] a instituição que mais se
empenhou em difundir o conhecimento do país, ao mesmo tempo em que buscava transmitir uma
identidade particular [...] Entre suas atribuições estavam a coleta de documentos históricos e o ensino de
história pátria, para o que contava com filiais nas províncias” (Carvalho, 2005: 241). Para informações
sobre a formação e perfil dos institutos históricos, ver Schwarcz (1993).
231
De acordo com Martius: “Jamais nos será permitido duvidar que a vontade da providência predestinou
ao Brasil esta mescla. O sangue português, em um poderoso rio, deverá absorver os pequenos
confluentes das raças índia e etiópica. Na classe baixa tem lugar esta mescla, e como em todos os países
se formam as classes superiores dos elementos das inferiores, e por meio delas se vivificam e fortalecem,
assim se prepara atualmente na última classe da população brasileira essa mescla de raças, que daí a
séculos influirá poderosamente sobre as classes elevadas, e lhes comunicará aquela atividade histórica
para a qual o Império do Brasil é chamado” (1982: 88).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
118
Segundo Abud, foi por meio do trabalho de Martius que se organizou
“[...] uma forma de se (sic) construir a História nacional através da hierarquização de
alguns fatos que deviam ser centros explicadores, em torno dos quais todo um
conjunto de acontecimentos passava a ser referido” (1998: 31). Nesse sentido, ainda
que Martius não tivesse apenas enfatizado a necessidade de abordar a formação
étnica no Brasil,
232
apesar de esta aparecer como central na sua argumentação, é
inegável que essa idéia influenciou não só os intelectuais do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, mas também os lentes do Colégio Imperial D. Pedro II, quase
todos membros do próprio Instituto, que passam a utilizar seu trabalho como modelo
para a composição dos manuais didáticos e para a elaboração dos programas de
História que serviam não apenas às aulas do próprio Colégio, mas, também, às
escolas primárias de todo o país (cf. Mattos, 1993), o que, de certo modo, colocava
em circulação a produção do Instituto em uma época em que a escola era percebida
“[...] canal de formação dos filhos da elite por conseguinte, de reforço do cimento
ideológico – e, conseqüentemente, de difusão dos valores dominantes pela sociedade”
(Callari, 2001: s.p.).
É nesse contexto que se inserem tanto a produção de Varnhagen,
voltada para a escrita da história, como a de Macedo, focada na difusão e ensino
dessa disciplina, e o tema da miscigenação não deve ter passado despercebido por
este último, ainda que, na obra analisada, não haja referência explícita a essa questão
(cf. Anexo 3).
233
Para Varnhagen, o principal vetor da fusão foi a mulher indígena que,
ao preferir o hábito dos civilizados, fez com que o seu grupo original desaparecesse,
não por extermínio ou violência, mas pelos sucessivos cruzamentos: “[...] a gente de
origem européia posta em contato com a da terra não a exterminou, absorveu-a:
232
Abud ressalta que Martius destacou também “[...] o papel dos portugueses no descobrimento e
colonização, compreendido somente em conexão com suas façanhas marítimas, comerciais e guerreiras.
Foi von Martius também quem lembrou que não se poderia perder de vista o desenvolvimento civil e
legislativo e os movimentos do comércio internacional. Apontou para a importância da transferência para
o Brasil das instituições municipais portuguesas e o desenvolvimento que tais instituições tiveram.
Destacou o papel dos jesuítas na catequese e na colonização e a importância de se estudar as relações
entre a Igreja Católica e a Monarquia. Mostrou ainda o interesse que havia em se conhecer o
desenvolvimento das ciências e das artes e os aspectos da vida dos colonos. Para evitar uma possível
regionalização, sugeriu que se agrupassem regiões com características semelhantes e histórias
convergentes (Rodrigues)” (1998: 30-31).
233
Apesar de não ser objetivo deste trabalho investigar as peculiaridades da obra de Macedo, ela é
destoante das demais fontes analisadas visto que a questão da diversidade, independentemente do
conteúdo que lhe é associado, o aparece nela descrita a o ser uma única vez referida à natureza,
conforme pode ser observado no Anexo 3.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
119
amalgamou-se com ela. Tal é a verdadeira razão por que de nossas províncias
desapareceu quase absolutamente o tipo índio” (1975: 246 – t. 1).
Entretanto, se Martius tende a ver com certa indulgência a mestiçagem,
Varnhagen é taxativo:
Com a colonização africana, distinta principalmente pela sua cor, veio
para o diante a ter tão grande entrada no Brasil, que se pode
considerar hoje como um dos três elementos de sua população,
julgamos do nosso dever consagrar algumas linhas neste lugar a
tratar da origem desta gente, a cujo vigoroso braço deve o Brasil
principalmente os trabalhos do fabrico do açúcar, e modernamente os
da cultura do café; mas fazemos votos para que chegue um dia em
que as cores de tal modo se combinem que venham a desaparecer
totalmente no nosso povo os característicos da origem africana, e por
conseguinte a acusação da procedência de uma geração, cujos
troncos no Brasil vieram conduzidos em ferros do continente fronteiro,
e sofreram os grilhões de escravidão, embora talvez com mais
suavidade do que em nenhum outro país da América, começando
pelos Estados Unidos do Norte, onde o anátema acompanha não
a condição e a cor como a todas as suas gradações (1975: 223 t.
1).
Respondendo, de certa forma, àqueles que partilhavam da tese das
teorias raciais européias que viam, na miscigenação, a causa de todos os males do
país (tais como Raimundo Nina Rodrigues, Silvio Romero, bem como o próprio
Varnhagen),
234
Celso (1901) a coloca como um dos motivos de orgulho,
fundamentando-a, sobretudo, em dois aspectos que podem ser aqui descritos como
síntese e harmonia. O primeiro deles refere-se à idéia de que o mestiço, produto
dessa fusão, conteria a síntese das características positivas presentes em cada uma
das raças que lhe deram origem, o que vai na direção oposta de duas idéias presentes
na época em questão: a de que ele seria incapaz ou fraco por ser híbrido e a
tendência de hierarquizar a contribuição de cada uma das “raças”, como fizeram, por
exemplo, Martius
235
e Varnhagen:
234
Em vários momentos do seu texto, Martius recomenda ao historiador do Brasil que saliente a mistura
de raças como uma das originalidades do país, chegando mesmo a afirmar que “Pode-se dizer que cada
uma das raças compete, segundo sua índole inata, segundo as circunstâncias debaixo das quais ela vive
e se desenvolve, um movimento histórico característico e particular. Portanto, vendo nós um povo novo
nascer e desenvolver-se da reunião e contato de tão diferentes raças humanas, podemos avançar que a
sua história se deverá desenvolver segundo uma lei particular das forças diagonais” (1982: 87). Conforme
observa Carvalho, “[...] embora as teorias racistas ainda não se tivessem difundido no país, também não
se assumia inequivocamente a contribuição positiva da população negra, a não ser para a economia do
país” (2005: 245).
235
Ainda que Martius colocasse a idéia de “miscigenação” como central na história do Brasil, pois, de
acordo com ele, “jamais nos sepermitido duvidar que a vontade da providência predestinou ao Brasil
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
120
É hoje verdade geralmente aceita que, para a formação do povo
brasileiro, concorreram três elementos: o selvagem americano, o
negro africano e o português. Do cruzamento das três raças resultou
o mestiço que constitui mais da metade da nossa população.
Qualquer daqueles elementos, bem como o resultante deles, possui
qualidades de que nos devemos ensoberbecer. Nenhum deles fez
mal à humanidade ou a deprecia (Celso, 1901: 77).
O segundo aspecto, que trata a mestiçagem como fator de harmonia,
deve-se ao fato de sua ocorrência indicar uma capacidade, própria dos brasileiros de
harmonizar as diferenças: “Homens de não importa que procedência encontram
também no Brasil, escolhendo zona, meio adequado para prosperar. Negros, brancos,
peles-vermelhas, mestiços vivem aqui em abundância e paz” (Celso, 1901: 10). Em
outro trecho já citado:
No Brasil, não há antagonismos entre as partes que o compõem.
Cimenta-as, ao contrário, forte solidariedade. O Brasil é perfeitamente
homogêneo, material e moralmente, pelo lado social e pelo lado
étnico, pois nele se cruzam e se fundem todas as raças. Lucraremos,
sem exceção, em permanecer um vasto conjunto intimamente ligado
e compacto (1901: 250).
Capacidade essa que parece habitar ainda hoje o senso comum dos
universitários pesquisados, na medida em que são várias as respostas que expressam
essa harmonização, por exemplo, as transcritas abaixo:
A mistura de raças, credos e culturas, pois aqui convivem
pacificamente pessoas que em seu país de origem viveriam em
eterno conflito (Serviço Social, região Sudeste).
E
A miscigenação de culturas, raças, falares. É o que nos faz ser
diferentes, mas que em nossas diferenças, nos tornamos iguais
(Enfermagem, região Sudeste).
Ainda que os universitários indiquem a manutenção da mistura racial
como distintiva do Brasil perante os demais países, mantendo de certa forma a
interpretação construída no século XIX, as respostas não dão conta de indicar como
os estudantes interpretam o termo raça”: se pautado na diferenciação cultural ou se
como categoria biológica. O que é possível constatar é que raça refere-se à idéia de
um Brasil diverso populacionalmente, na medida em que, de acordo com Hall,
naturalmente, o caráter não científico do termo raça” não afeta o
modo “como a lógica racial e os quadros de referência raciais são
esta mescla” (1982: 88), ele não atribuía a cada uma das “raças” (a branca, a negra e a índia) nem as
mesmas características nem o mesmo papel na constituição da população brasileira.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
121
articulados e acionados, assim como o anula suas conseqüências
(Donald e Rattansi, 1992, p. 1). Nos últimos anos, as noções
biológicas sobre raça, entendida como constituída de espécies
distintas (noções que subjaziam a formas extremas da ideologia e do
discurso nacionalista em períodos anteriores: o eugenismo vitoriano,
as teorias européias sobre raça, o fascismo) têm sido substituídas por
definições culturais, as quais possibilitam que a raça desempenhe um
papel importante nos discursos sobre a nação e identidade nacional
(2005: 63 – grifos do autor).
Não obstante a idéia de “raça” ter passado por diversas
reelaborações
236
que impedem analisá-la como um mero reflexo das teses raciais do
século XIX, as respostas dos universitários indicam que a questão racial, sobretudo a
de sua fusão, associada, atualmente, à diversidade, ainda é um elemento significativo
na organização das representações sociais de Brasil. Contudo, a problemática racial,
como conflito, não está presente, passando a compor o que Ortiz (2006) denomina de
“ideologia da harmonia” (que, segundo ele, caracteriza o modelo freyriano de
análise),
237
e que se justificaria pelo fato de que o “(...) problema já havia sido
ideologicamente equacionado nos anos 30, o povo brasileiro sendo de uma vez por
todas definido pelo cruzamento das raças” (Ortiz, 2006: 92).
A título de hipótese interpretativa, parece sintomático o fato de que esta
classe, que apresenta o termo “raça” como o mais significativo dentre seus traços
lexicais (cf. Quadro 10), esteja associada, majoritariamente, aos estudantes de
Medicina, curso esse que, no século XIX, teve um papel fundamental na divulgação da
miscigenação como o “veneno do país”, uma vez que era a partir dela que “[...] se
previa a loucura, se entendia a criminalidade, ou, nos anos 20, se promoviam
programas ‘eugênicos de depuração’” (Schwarcz, 1993: 190). Seria isso indicativo de
que as explicações organizadas em torno da idéia de hierarquia entre as raças, tão
difundidas no século XIX e praticamente impossíveis de serem sustentadas no meio
acadêmico atual, poderiam estar presentes ainda hoje no senso comum desses
universitários?
Associem-se a isso os resultados das análises desenvolvidas por
Arruda e Ulup, em que as autoras, ao examinarem as representações sociais de
universitários sobre o Brasil, apontam o Rio Grande do Sul como uma categoria
236
De acordo com Schwarcz (1993), o conceito de raça passa por elaboração no próprio século XIX, na
medida em que ora ele aparece como um dado científico, no âmbito dos museus, ora como elemento
oficial da formação do país, nos Institutos Históricos e Geográficos, ora como sinal de doença no contexto
da Medicina.
237
Ainda que a representação de um Brasil mestiço tenha começado a se forjar no século XIX, a ideologia
da miscigenação democrática é mais recente, conforme confirmam os estudos de Ortiz (2006).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
122
separada, classificada como “o Brasil europeu”, visto que tais representações reforçam
a idéia de que “[...] as naturalidades qualificadas como mais pobres, mais feias e
mestiças se reúnem, majoritariamente no Norte, enquanto que, no Sul, se assinala a
existência de gente branca, bonita e rica” (2007: 184).
238
Diante de tais resultados,
qual o sentido de o termo raça ser associado justamente a essa região?
239
Infelizmente, os dados analisados não permitem responder a essas questões.
Enquanto a classe 2 enfatiza a diversidade associada à raça” como
singularidade do país perante os demais, a classe 3, derivada também dessa segunda
ramificação, responsável por 26,3% de todas as UCEs identificadas e associadas à
região Nordeste, destaca a natureza”, incluindo-se todas as respostas que se
referem às riquezas e belezas naturais, conforme pode ser observado no quadro a
seguir que apresenta os traços lexicais característicos da classe, organizados por
ordem decrescente de qui-quadrado, bem como excertos das respostas dos
universitários:
QUADRO 11 - Traços Lexicais Característicos da Classe 3 e seu Contexto de Uso
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como ficção orientadora
Contexto temático: Aspecto natural
Traços
lexicais
f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
240
Natureza
48
74
65,76
“O que diferencia e muito o Brasil são os contrastes, pois
belezas naturais, cidades desenvolvidas e outros, quase
todas as nações apresentam, mas o Brasil tem um pouco de
tudo distribuído em todo o seu espaço” (Enfermagem, região
Norte).
Grande
47
87
41,1
“A grande concentração de reservas florestais. A
biodiversidade devido à localização geográfica e o clima dos
trópicos” (Serviço Social, região Sudeste).
238
Cf. original: “[...] las naturalidades a las cuales se cualificado como más pobres, feas y mestizas se
ubican mayoritariamente en el norte, mientras en el sur se señalado la mayor existencia de gente
blanca, bonita y rica”.
239
Lembrando que o relatório Alceste associou, à classe em questão, as variáveis curso (Medicina) e
região (Sul).
240
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços lexicais, ver Figura 8 – classe 3.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
123
continuação
Contexto temático da ramificação: Diversidade
como ficção orientadora
Contexto temático: Aspecto natural
Traços
lexicais
f/classe f/texto x
2
Contexto de uso – excertos da produção textual dos
universitários
241
Recursos
16
22
25,53
“O que diferencia é a riqueza natural que ainda possuímos
na totalidade de nosso território. Além dos recursos naturais
como o petróleo, os rios com queda de água, a diversidade
da fauna e da flora etc.” (Serviço Social, região Nordeste).
Diversidade
42
90
23,11
“O clima em primeiro lugar, pois temos um país no qual não
existem furacões e maremotos. Outro aspecto é a
diversidade do solo no qual podemos plantar quase tudo”
(Serviço Social, região Sudeste).
Economia
13
17
22,82
“O Brasil se diferencia dos outros países basicamente na
questão territorial, apesar de não ter grande destaque por
motivo de concentração de terra e de uma reforma agrária
que não condiz com o país, isto na questão econômica
(Pedagogia, região Nordeste).
Fauna
9
10
21,35
“Diversidade. Digo, diversidade de culturas, de fauna, de
flora e dos aspectos físicos devido à imensidão de nossas
terras. O que gera um país que tem um pouco de tudo”
(Serviço Social, região Sudeste).
Flora
9
10
21,35
“A diversidade da flora, fauna e riquezas naturais presentes
no país. Pena que sua população não saiba valorizar o que
possui” Pedagogia, região Sudeste).
Riqueza
26
48
21,12
“Possui uma diversidade de povos, animais e riquezas muito
grande. Porque com a vinda dos imigrantes de todos os
continentes essa diversidade e foi abençoado por Deus
com toda a beleza que tem” (Serviço Social, região
Sudeste).
A produção textual desta classe coincide com as características daquilo
que Carvalho (2006 e 1998) denominou de tradição edênica, ou seja, a cristalização
de uma visão de Brasil fundamentada na idéia de natureza paradisíaca e que se
espelha em elementos como: riquezas naturais, diversidade da fauna e flora, clima
agradável, reservas florestais, ausência de furacões e maremotos etc., presentes
nas fontes históricas estudadas, como se pode observar em cada um dos trechos a
seguir:
Aqui se apresenta uma grande dificuldade em conseqüência da
grande extensão do território brasileiro, da imensa variedade no que
241
Para outras respostas selecionadas pelo Alceste como correspondentes desta classe, ver Anexo 5.
Para os demais traços lexicais, ver Figura 8 – classe 3.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
124
diz respeito à natureza que nos rodeia, aos costumes e usos e à
composição da população de o disparatados elementos. Assim
como a província do Pará tem clima inteiramente diferente, outro solo,
outros produtos naturais, outra agricultura, indústria, outros costumes,
usos e precisões, do que a província do Rio Grande do Sul; assim
acontece igualmente com as províncias da Bahia, Pernambuco e
Minas (Martius: 1982: 104-105).
Por toda a extensão do Brasil continental o se encontra um
vulcão, nem têm aparecido formações vulcânicas; donde procede o
ver-se quase todo este grande império isento do flagelo dos
terremotos, que tanto afligem aos povos de várias nações limítrofes
[...] É tanta a força vegetativa nos distritos quentes que, ao derrubar-
se e queimar-se qualquer mato-virgem, se o deixais em abandono,
dentre em poucos anos vereis já uma nova mata intransitável; e
não produzida, como era de crer, pelos rebentões das antigas raízes
mas, sim, resultante de espécies novas, cujos germes ou sementes
não se encontram nas extremas da anterior derrubada, e se ignora
donde vieram” (Varnhagen, 1975: 14 e 16, respectivamente – t. 1).
O reino mineral disputa em opulência com o vegetal e animal; a
uberdade das terras não pode ser excedida pelas mais fecundas de
outras regiões, e a extensão do país oferece uma variedade de
climas, a que corresponde uma infinita variedade de produções
(Macedo, 1905: 41).
Não é monótona a selva brasileira. Cada árvore exibe fisionomia
própria, extrema-se das vizinhas: circunspetas ou graciosas, leves ou
maciças, frágeis ou atléticas. Conforme reflexão de ilustre viajante, as
matas brasileiras, únicas tão compactas que se lhes poderia
caminhar por cima, representam a democracia livre das plantas,
democracia cuja existência consiste na luta incessante pela liberdade,
pelo ar, pela luz. Preside a essa democracia perfeita igualdade. Não
família que monopolize uma zona, com exclusão de outras
famílias ou grupos. Espécies as mais diversas medram
conjuntamente, fraternizam, enleiam-se. Daí a variedade na unidade,
múltiplas e diversas manifestações do belo [...] Um país assim está
em condições de se tornar o celeiro do mundo. nele, em climas
diversos, vastas pastagens, fartamente regadas, às quais se adaptam
todas as raças de animais úteis. importante, a indústria pastoril
destina-se a abastecer a Europa, pois é susceptível de
desenvolvimento extraordinário (Celso, 1901: 40 e 59-60,
respectivamente).
Indubitavelmente, a ênfase nos aspectos naturais encontra-se bastante
presente na história do país, sendo registrada desde a chegada dos primeiros
europeus, como atestam, por exemplo, os registros de Pero Vaz de Caminha, Américo
Vespúcio e de cronistas quinhentistas, como Pero de Magalhães Gandavo, Gabriel
Soares de Souza, Ambrósio Fernandes Brandão, Sebastião da Rocha Pita, Padre
Simão de Vasconcelos, entre outros.
242
Os próprios títulos da literatura quinhentista
exemplificam essa ênfase na grandiosidade brasileira, como é o caso de Diálogo das
242
Para uma análise do aspecto edênico presente nas interpretações do país, ver, sobretudo, Holanda
(1994 e 1995), Leite (1992), Machado (2005), Carvalho (2006, 2002 e 1998) e Chauí (2001).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
125
grandezas do Brasil (atribuído a Ambrósio Fernandes Brandão, 1618) e Cultura e
opulência do Brasil por suas drogas e minas (André João Andreoni, Antonil, 1711).
O fato é que, mais de 500 anos após a escrita da carta de Caminha, e
depois de uma grande devastação ambiental do “paraíso”,
243
essa visão ainda se
encontra presente na produção textual dos universitários, mostrando a vitalidade
dessa temática que foi, veementemente, criticada por Machado de Assis em uma
crônica publicada em 20 de agosto de 1893 na revista A semana, cuja eloqüência
merece a transcrição do trecho na íntegra:
[...] O meu sentimento nativista, ou como quer que lhe chamem
patriotismo é mais vasto –, sempre se doeu desta adoração da
natureza. Raro falam de nós mesmos: alguns mal, poucos bem. No
que todos estão de acordo, é no pays erique.
244
Pareceu-me
sempre um modo de pisar o homem e as suas obras. Quando me
louvam a casaca, louvam-me antes a mim que ao alfaiate. Ao menos,
é o sentimento com que fico: a casaca é minha; se não a fiz, mandei
fazê-la. Mas eu não fiz, nem mandei fazer o céu e as montanhas, as
matas e os rios. os achei prontos, e o nego que sejam
admiráveis; mas há outras coisas que ver.
anos chegou aqui um viajante, que se relacionou comigo. Uma
noite falamos da cidade e sua história; ele mostrou desejo de
conhecer alguma velha construção. Citei-lhe várias; entre elas a
Igreja do Castelo e seus altares. Ajustamos que no dia seguinte iria
buscá-lo para subir o morro do castelo. Era uma bela manhã, não sei
se de inverno ou primavera. Subimos; eu, para dispor-lhe o espírito,
ia-lhe pintando o tempo em que por aquela mesma ladeira passavam
os padres jesuítas, a cidade pequena, os costumes toscos, a devoção
grande e sincera. Chegamos ao alto, a igreja estava aberta e
entramos. Sei que não o ruínas de Atenas; mas cada um mostra o
que possui. O viajante entrou, deu uma volta, saiu e foi postar-se
junto à muralha, fitando o mar, o céu, as montanhas, e, ao cabo de
cinco minutos: “Que natureza que vocês têm!”.
Certo, a nossa baía é esplêndida [mas]... a admiração do nosso
hóspede excluía qualquer idéia de ação humana. Não me perguntou
pela fundação das fortalezas, nem pelos nomes dos navios que
estavam ancorados. Foi só natureza (1996: 286).
Ou seja, evidentemente que não se pode negar a extensão territorial do
país ou a existência de riquezas e belezas naturais. O problema é que essa
representação acaba sendo imobilizadora, posto que contemplativa, como se a
exaltação da natureza paralisasse a realização da ação humana, da cultura, algo que
não passou desapercebido por Varnhagen ao observar que: “Apesar de tanta vida e
243
Sobre a história da devastação ambiental da mata atlântica brasileira, ver Dean (1996).
244
De acordo com Machado de Assis, essa expressão foi utilizada por Sarah Bernhardt em relação ao
Brasil (1996: 285).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
126
variedade das matas-virgens, apresentam elas um aspecto sombrio, ante o qual o
homem se contrista, sentindo que o coração se lhe aperta, como no meio dos mares,
ante a imensidão do oceano” (1975: 16, t. 1).
245
Carvalho defende que o predomínio dessa exaltação da natureza se
deva a ausência de outros motivos para se orgulhar. Segundo ele: “A ausência mais
óbvia, porque também parte de nosso imaginário, seria a da inadequação do elemento
humano que habita o país. A esta inadequação poderíamos chamar, por oposição à
razão edênica, e com algum exagero, de razão satânica” (1998: s.p.).
Como síntese desta segunda ramificação, pode-se afirmar que, dentre
os elementos que distinguem o Brasil dos demais países, evidenciados nas respostas
dos universitários durante a análise do nódulo elementar de sentido “diversidade”,
destacam-se os componentes “raça” e “natureza” que, de acordo com Ortiz,
246
constituem os alicerces de nossa cultura na medida em que “[...] fundamentam o solo
epistemológico dos intelectuais brasileiros de fins do século XIX e início do século XX”
(2006: 15-16), configurando-se como conceitos-chave não apenas para a
compreensão da história escrita nesse período, uma vez que ainda hoje organizam as
atuais representações sociais de Brasil.
Nesse sentido, acredita-se que esta segunda ramificação possa ser
exemplificativa daquilo que Shumway denomina de ficções orientadoras”, conceito
desenvolvido em La invención de la Argentina: historia de una idea, em que ele discute
como, nesse país, essas ficções estruturaram a criação de um “espírito nacional”
fundamentado nas discussões travadas entre os intelectuais do século XIX.
247
De
acordo com esse autor, “as ficções orientadoras das nações não podem ser provadas
e, em realidade, são criações tão artificiais como ficções literárias. Mas são
necessárias para dar aos indivíduos um sentimento de nação, comunidade, identidade
coletiva e um destino comum nacional” (2005: 14-15).
248
245
Essa contraposição entre natureza e cultura também é indicada por Martius que chega a justificar o
atraso das artes no Brasil pela exuberância natural (cf. Guimarães, 2000).
246
No lugar de “natureza”, Ortiz (2006) utiliza o termo “meio”.
247
Devo a sugestão de leitura desse livro à Profa. Dra. Maria Ligia Coelho Prado.
248
Cf. original: “Las ficciones orientadoras de las naciones no pueden ser probadas, y en realidad suelen
ser creaciones tan artificiales como ficciones literarias. Pero son necesarias para darle a los individuos un
sentimiento de nación, comunidad, identidad colectiva y un destino común nacional”.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
127
Para discutir essa categorização, são retomados, no quadro a seguir,
aspectos abordados no decorrer da análise, de modo a contextualizar a
interpretação que será desenvolvida adiante.
QUADRO 12 - Diversidade como Ficção Orientadora: Raça e Natureza
Fusão de horizontes interpretativos
Contexto
temático
Traço lexical
característico das
classes
Contexto de uso – excertos
da produção textual dos
universitários
Contexto de uso – excertos das
fontes históricas do século XIX
Aspecto
racial
(classe 2)
Raça
Mistura
Religião
Cultura
“Além de inúmeras culturas
espalhadas em um único
país, a fusão de todas as
raças e o estabelecimento de
uma identidade, a identidade
brasileira, que é singular e
torna o Brasil um país único”
(Medicina, região Sul).
“[...] Do encontro, da mescla das
relações mútuas e mudanças
dessas três raças, formou-se a
atual população, cuja história, por
isso mesmo, tem um cunho muito
particular” (Martius, 1982: 87).
Aspecto
natural
(classe 3)
Natureza
Grande
Recursos
Diversidade
“O que diferencia e muito o
Brasil são os contrastes, pois
belezas naturais, cidades
desenvolvidas e outros, quase
todas as nações apresentam,
mas o Brasil tem um pouco de
tudo distribuído em todo o seu
espaço” (Enfermagem, região
Norte).
“O reino mineral disputa em
opulência com o vegetal e animal;
a uberdade das terras não pode
ser excedida pelas mais fecundas
de outras regiões, e a extensão do
país oferece uma variedade de
climas, a que corresponde uma
infinita variedade de produções”
(Macedo: 1905: 41).
“O Brasil sobreleva em tamanho
quase todos os países do globo.
Quando lhe falecessem outros
títulos à procedência (e esses
títulos abundam) bastava-lhe a
grandeza física” (Celso, 1901: 14).
Diante do exposto, interpretar o componente “fusão racial” como ficção
orientadora
249
implica atribuir-lhe também uma função social, haja vista que a idéia de
mistura e, conseqüentemente de tolerância racial que lhe é correlata, acaba por
encobrir os conflitos e por ressaltar a unidade nacional por meio da mitigação das
diferenças sociais fornecendo
249
Vários são os autores que têm analisado o uso social da fusão racial. DaMatta (1990), por exemplo,
faz menção à “fábula das 3 raças”. Ortiz, contrapondo-se a esse autor, afirma que não é fábula, mas sim
mito, uma vez que ”[...] o conceito de mito sugere um ponto de origem, um centro a partir do qual se
irradia a história mítica. A ideologia do Brasil-cadinho relata a epopéia das três raças que se fundem nos
laboratórios das selvas tropicais. Como nas sociedades primitivas, ela é um mito cosmológico, e conta a
origem do moderno Estado brasileiro, ponto de partida de toda uma cosmogonia que antecede a própria
realidade” (2006: 38). Não obstante as diferenças de interpretação, o que de comum em abordar a
fusão racial como “fábula”, como “mito” ou como “ficção orientadora” é o fato de entender esse fenômeno
como uma categoria discursiva que ao orientar ações tende a omitir, na maioria das vezes, os conflitos
sociais existentes.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
128
[...] sustentação a uma etiqueta e regra implícita de convívio social,
pela qual se deve evitar falar em racismo, que essa fala se
contrapõe a uma imagem enraizada do Brasil como nação.
Transgredir essa regra cultural o explicitada significa cancelar ou
suspender, mesmo que temporariamente, um dos pressupostos
básicos que regulam a interação social no cotidiano, que é a crença
na convivência não conflituosa dos grupos raciais (Hasenbalg, 1996:
244).
Por outro lado, a presença da natureza como fator de singularidade do
país encontrou sua versão política na crença de um destino grandioso (cf. Carvalho,
2006), em que a presença dos elementos naturais seria suficiente para o êxito dessa
empreitada sem que houvesse a necessidade de intervenção humana
250
constituindo
aquilo que Fico denominou de tese da inevitabilidade do sucesso do país em função
da sua conformação física(1997: 30), que irá sustentar as representações do Brasil
como “grande império”, no período nomeado (não por acaso) de imperial, como “país
do futuro”,
251
na década de 30 e como “grande potênciana ditadura militar, ainda que
estes dois últimos períodos tenham se utilizado de uma derivação dessa crença
construída no século XIX.
252
Ou seja, a natureza como ficção orientadora é
imobilizadora da ação social, uma vez que,
[...] se conferimos tal importância à natureza, talvez tenhamos
dificuldade em lidar como tempo que é o da história, e maior
facilidade em utilizar o tempo da natureza, que é cíclico, repetitivo,
não-inaugural. E a inauguração, por isso não tendo modelo para si
na natureza, e nem sempre sendo proporcionada pelo histórico, no
qual as ocorrências são mais demoradas –, funciona como raio em
céu azul, como milagre (Ribeiro, 2000: 80).
Ainda que os elementos raça” e “meio” tenham sido reapropriados e
reelaborados ao longo do tempo, tem-se que, sob novos contextos, essas ficções
continuam sendo mantidas de modo a servir àquilo que Souza (2000a) denomina de
250
De acordo com Carvalho, “O barão de Eschwege, engenheiro alemão que viveu no Brasil nas
primeiras décadas do século XIX, observou que os brasileiros falavam em hipérboles: tudo no Brasil deve
ser grande, a natureza deve ser diferente, mais gigantesca e mais maravilhosa do que em outros países”
(2006: s.p.).
251
Na década de 40, Stefan Zweig, escritor austríaco, escreveu um livro intitulado Brasil, país do futuro,
que contribuiu para reforçar a crença de poderoso império.
252
Segundo Fico (1997) e Carvalho (1998), o período militar faz uso de uma derivação política do
edenismo por meio da expressão “Brasil, grande potência”, na medida em que os temas centrais da
propaganda do governo enfatizavam a ação humana na construção e transformação do país. É por isso
que a estrofe do Hino Nacional, “deitado eternamente em berço esplêndido”, incomodava pela idéia de
imobilismo nela contida, considerando que, na década de 70, várias propostas surgiram para sua
alteração, como a do Senador Catete Pinheiro que, alternativamente, propôs “atento aos desafios que
enfrenta e vence” ou a do Deputado Federal Amaral de Souza, que registrou o verso “altivo eternamente,
em gesto esplêndido” (cf. Fico: 1997).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
129
“produção de solidariedade social e viabilização de projetos coletivos”,
253
fragilizando,
nesse processo, a ação individual na medida em que “[...] quem não se como um
ser civil e cívico não se pode ver como agente, individual ou coletivo, de mudanças
sociais e políticas de que se possa orgulhar e deve buscar alhures razões para a
construção de uma identidade nacional” (Carvalho, 1998: s.p.).
À guisa de síntese: diversidade e seus contextos temáticos
As análises das questões “Por que você acha que isso tudo é Brasil?” e
“O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?” desvelaram uma
rede de significados (cf. Kalampalikis, 2003) associada ao nódulo elementar de sentido
“diversidade” e que pode ser sintetizada nos seguintes contextos temáticos:
Coexistência de contrários;
Variedade cultural;
“Espaço de experiência” e “horizonte de expectativa” (englobando
variedade de problemas e expectativa mediada pela oposição);
“Ficção orientadora” (enfocando aspecto racial e aspecto natural).
O delineamento dessa rede só foi possível por meio da análise da
“fusão de horizontes interpretativos”, pensada a partir da perspectiva da história
efeitual (Gadamer, 2002), que se anuncia naquilo que a recepção contemporânea
expressa nas respostas dadas pelos universitários consegue determinar por meio não
apenas de seu horizonte de expectativa, mas também das releituras de conceitos ou
idéias advindos de outros contextos históricos (cf. Jasmin, 2005), como é o caso das
fontes históricas do século XIX representadas, no presente estudo, pelas obras de
Carl Friedrich Phillip von Martius, Francisco Adolfo de Varnhagen, Joaquim Manoel de
Macedo e Affonso Celso.
Essa “fusão de horizontes interpretativos”, tendo por fio condutor o
nódulo elementar de sentido “diversidade”, explicitou que a composição das
representações sociais de Brasil baseia-se em um sistema que visa orientar
comportamentos e interpretar a realidade (cf. Jodelet, 1986), mas que, ao mesmo
253
Especificamente em relação à raça e natureza, Schwarcz esclarece que, “no caso brasileiro, a
contradição entre o enraizamento do modelo liberal jurídico do Estado e a ausência da noção de direitos
do cidadão criou um ‘lugar’ próprio para as teorias raciais, na medida em que o problema da
nacionalidade escapava do plano da cultura para se transformar em uma questão de natureza” (1995:
29).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
130
tempo, se constrói sobre os efeitos de um conteúdo “já pensado” (cf. Alves-Mazzotti,
1994). Nesse sentido, não se trata de postular que as respostas dos universitários se
configuram meramente como uma transposição para o presente das idéias
constituídas ao longo do século XIX. Ao contrário, trata-se antes de indicar a
existência de estruturas de pensamento que orientam uma forma de representar o
Brasil que tem efeitos na atualidade, apesar de ser outro o contexto histórico de sua
produção, o que faz com que, evidentemente, essas idéias sejam reapropriadas e
reinterpretadas ao longo do tempo, o que fica ilustrado no jogo entre a manutenção de
determinadas formas de representar o Brasil que, desde o oitocentos, são associadas
à diversidade (tais como as categorias “raça” e “natureza”) e a inclusão de outras,
mais vinculadas ao cotidiano dos respondentes o caso, por exemplo, da variedade
de problemas evocada como singularidade do país).
Assim, alguns dos conteúdos temáticos associados à diversidade como
“raça” e “natureza” favorecem o cotejamento com as fontes históricas examinadas,
enquanto outros, como a associação da singularidade brasileira à variedade de
problemas, ou mesmo à variedade cultural, não tenham sido localizados nessas
fontes, o que indica que tais conteúdos, provavelmente, foram agregados à
diversidade em uma época posterior ao século XIX.
254
Tomando-se por base o estudo desenvolvido por Pittolo (1996) acerca
das representações sociais urbanas da cidade de Nice, na França,
255
pode-se indicar
também que, de modo geral, os contextos temáticos associados à diversidade se
caracterizam pelo aspecto compensatório, haja vista a existência de uma espécie de
oposição entre a produção textual dos universitários e o cotidiano do país em que o
conflito social ou não aparece, ou é minimizado. É o que ocorre, por exemplo, na
crença da fusão harmoniosa das três raças que elidiria o conflito étnico, malgrado as
constatações reiteradas de atitudes discriminatórias; da esperança e da em um
futuro melhor, independentemente da ação humana; da visão de natureza venturosa
que desconsidera a devastação etc.
254
Nesse sentido, seria possível afirmar, como hipótese interpretativa, que o destaque dado à cultura
deve ter se constituído após a ênfase que estudos como o de Gilberto Freyre deram a essa dimensão a
partir, sobretudo, da década de 30.
255
De acordo com Pittolo, as representações dos habitantes de Nice sobre a sua cidade podem ser
classificadas como compensatórias, avaliativas e reducionistas em que o aspecto compensatório
corresponde a uma incoerência entre as respostas dos sujeitos que tendem a minimizar os conflitos
existentes no entorno social (político, histórico etc.); o avaliativo presente quando os participantes
“avaliam”, por meio de qualificações, comparações etc., sua cidade; e, o reducionista, atrelado a uma
idéia de simplificação histórica de um determinado acontecimento.
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
131
Este aspecto compensatório contribui para harmonizar a sociedade
porque ameniza os conflitos sociais, ao mesmo tempo em que parece imobilizar a
ação humana, visto que uma decorrência direta dessa percepção consiste no fato de o
povo não se ver como agente da história, pois a melhoria do país, colocada no tempo
futuro, é concebida como fruto não da interferência humana, mas da predestinação e
da fé que alimenta, em um processo circular, a condescendência com os problemas
do Estado” (cf. Carvalho, 1998). Portanto, de um lado, tem-se a especificidade do
presente, expressa na variedade dos problemas cotidianos percebidos, sobretudo
como de responsabilidade do governo e articulada às expectativas de um futuro
melhor derivado da crença na predestinação do país ao sucesso, e, de outro, a
herança do passado, pautada na mistura racial e na exuberância de uma natureza
dadivosa que, por isso mesmo, prescinde da interferência humana.
Esta situação remete a um fenômeno aparentemente paradoxal na
medida em que, ainda que a diversidade seja entendida, ao mesmo tempo, como
contraposição e consensualidade, tem-se que, independentemente do aspecto que a
ela é associado (racial, cultural, natural, social), esta se encontra sempre
harmoniosamente unida pelo discurso que a constitui, uma vez que os conflitos
cotidianos não encontram nela ressonância. Ou seja, as respostas dos estudantes
indicam a diversidade associada, ao mesmo tempo, à diferença e à harmonia, e a
compreensão dessa tessitura foi possível por meio da análise das fontes históricas
que permitiu verificar que, no Brasil, a diversidade não se desenvolveu em oposição a
uma
reunião nacional. Ao contrário, foi justamente ela que possibilitou a construção da
identidade do país como uma forma consensual que se expressa em frases como
“somos diferentes, mas iguais” (DaMatta, 1979),
256
“contemos a variedade na unidade”
(Celso, 1901), ou, ainda, que, apesar de “[...] nossas diferenças, nos tornamos iguais”
(Enfermagem, região Sudeste), o que corrobora a observação feita por Thiesse (1995,
s.d.) quando do estudo da formação da identidade nacional francesa, no século XIX,
em que a autora conclui que não são as identidades comuns que fundam as nações,
mas justamente as nações que essencialmente criam ou formam as identidades
necessárias à sua perenidade.
É nesse sentido que a “fusão de horizontes interpretativos”, realizada
por meio do cotejamento entre a produção textual dos universitários e a análise de
256
Comparando o Brasil aos Estados Unidos, DaMatta observa que, ao contrário destes últimos, “[...]
nunca dizemos ‘iguais, mas separados’, porém ‘diferentes, mas juntos’, regra de ouro de um universo
hierarquizante como o nosso” (1979: 16).
Apresentação e análise dos dados:
fusão de horizontes interpretativos
132
algumas das fontes históricas do século XIX, permitiu observar a continuidade de uma
forma de interpretar o Brasil associada ao nódulo elementar de sentido “diversidade”
que, ainda hoje, organiza as atuais representações sociais do país e que se vincula a
um período em que a necessidade de constituir um projeto de Estado e de nação era
peremptória, indicando que a rede de significados associada a tal nódulo é parte de
uma construção histórica.
Considerações finais
133
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identificação da diversidade como um dos eixos organizadores das
atuais representações sociais de Brasil não permite, por si só, compreender os
conteúdos a ela associados no âmbito do senso comum, haja vista o caráter
polissêmico desse conceito. Nesse sentido, o aporte analítico do programa Alceste foi
fundamental para o desvelamento dos contextos temáticos associados ao nódulo
elementar de sentido “diversidade” na medida em que possibilitou indicar seu universo
semântico
257
cuja “linguagem contém e combina palavras e idéias, imagens e
conceitos, percepções e cognições, observações e interpretações exercendo, por sua
vez, uma função de conhecimento e de comunicação” (Kalampalikis, 2003: 163)
258
o
que não implica afirmar que essas palavras e idéias sejam compartilhadas na íntegra,
ou mesmo de uma maneira idêntica, na produção textual dos universitários aqui
examinada (cf. Marková, 2006).
As análises realizadas indicam que as representações sociais de Brasil,
reguladas pela “diversidade”, ancoram-se, de um lado, em uma interpretação do país
pautada nos aspectos raciais e naturais e moldada, sobretudo, ao longo do século
XIX, período este em que se constrói uma “narrativa de nação”, para citar uma
expressão de Hall (2005), narrativa essa que foi parcialmente examinada neste
trabalho por meio das fontes históricas representadas pelas obras de Carl Friedrich
Phillip von Martius, Francisco Adolfo de Varnhagen, Joaquim Manoel de Macedo e
Affonso Celso; e, de outro, naquilo que se pode denominar de “imperativos
pragmáticos da vida cotidiana” que se fundamentam na experiência diária, ainda que,
em última instância, sejam frutos de um contexto histórico geral, caracterizado, na
produção discursiva dos estudantes, pela variedade de problemas, pela coexistência
de elementos contrários (coisas boas e ruins, por exemplo) e por uma expectativa de
que estes serão resolvidos de forma milagrosa,
Dessas considerações, três aspectos se destacam para a compreensão
da historicidade das representações sociais. O primeiro deles, apontado por Jodelet
257
Como citado anteriormente, o universo semântico de uma representação é compreendido tanto como
sinônimo dos elementos constitutivos do conteúdo de uma determinada representação como de um
conhecimento socialmente compartilhado (cf. Abric, 1994d).
258
Cf. original: “Ce language contient et combine mots et idées, images et concepts, perceptions et
cognitions, observations et interpretations, remplissant à la fois une function de conaissance et de
communication (…).”
Considerações finais
134
(2003), Rouquette (2003) e Rouquette e Guimelli (1994), refere-se ao fato das
representações sociais serem fenômenos historicamente situados que se estruturam
em torno, ainda que não exclusivamente, de conteúdos cristalizados por aquilo que
Hobsbawm (1997) denomina de “tradição inventada”.
259
É essa característica o que
explica, por exemplo, a manutenção, nas atuais representações sociais de Brasil, de
contextos temáticos que apresentam a diversidade associada a elementos raciais e
naturais, a unidade na variedade, a crença na predestinação do país ao sucesso,
elementos estes que se constituíram, formalmente, nos quadros de pensamento do
século XIX.
O segundo aspecto decorre da própria característica normativa e
prescritiva das representações sociais
260
que, ao servirem como guias para ação e
para interpretação da realidade, necessitam ser alimentadas pela experiência
cotidiana dependente das circunstâncias contemporâneas.
261
Disso deriva a
existência, nos resultados encontrados, de conteúdos representacionais como, por
exemplo, a evocação dos problemas cotidianos que ao serem decorrentes das
vivências pessoais atrelam-se, por isso mesmo, ao presente imediato, ainda que, em
última instância, este seja também dependente do contexto histórico geral.
262
Por fim, o terceiro aspecto estrutura-se em uma espécie de síntese dos
anteriores, ou seja, ainda que as representações sociais se constituam com base em
259
De acordo com Hobsbawm, “por ‘tradição inventada’ entende-se um conjunto de práticas,
normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou
simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através de repetição, o que implica
automaticamente, uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se
estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado (1997: 9).
260
Segundo Moliner (2000), as representações sociais, enquanto sistemas de interpretação, dão um
sentido aos objetos do mundo social de modo a fornecer aos indivíduos não apenas critérios de avaliação
de seu ambiente mas também argumentos que permitem tomadas de posição e que, portanto, orientam
condutas em relação aos demais grupos sociais. Assim, na medida em que as pessoas devem julgar ou
tomar uma posição frente a um determinado objeto social, as representações sociais relacionadas a esse
objeto entram em ação. É nesse sentido que Wagner afirma que as representações sociais “(...) cumprem
funções declarativas, instrumental e explanatória. O aspecto declarativo descreve e demonstra o
fenômeno social para o qual a ciência popular parece ser relevante, e o aspecto explanatório fornece uma
compreensão diária para suas razões subjacentes” (1998: 6). Sobre as características e funções das
representações, ver Abric (1998 e 1994b).
261
De acordo com Abric, “a representação não é um simples reflexo da realidade, ela é uma organização
significante. E esta significação depende, ao mesmo tempo, de fatores contingentes (as ‘circunstâncias’,
como diz Flament) natureza e limites da situação, contexto imediato, finalidade da situação e de
fatores mais globais que ultrapassam a situação em si mesma: contexto social e ideológico, lugar do
indivíduo na organização social, história do indivíduo e do grupo, determinantes sociais, sistemas de
valores“ (1998: 28).
262
Utilizando uma terminologia braudeliana, tem-se que as representações sociais, enquanto fenômenos
sociais, têm seus conteúdos determinados tanto pelo contexto estrutural como pelo conjuntural e pelos
acontecimentos. Para uma discussão sobre estrutura, conjuntura e acontecimento, ver Pomian (1993) e
Lacouture (1993).
Considerações finais
135
um conhecimento pré-existente que permite indicar permanências estruturais nos
conteúdos representacionais originados em outras épocas históricas, esse
conhecimento é possível de ser apreendido por meio de seu efeito no presente, na
medida em que se parte aqui do princípio de que o acesso ao passado é mediado pela
sua vinculação com o contemporâneo (cf. Gadamer, 2002).
263
Diante do exposto é possível afirmar que a historicidade das
representações sociais se constitui em uma zona de convergência entre conteúdos
com características mais estáveis, porque oriundos de épocas históricas anteriores e
que são reapropriados no senso comum, uma vez que sua compreensão é limitada
pela própria situação hermenêutica do passado, e conteúdos flexíveis, dependentes
do contexto imediato, e que são caracterizados pela mobilidade de seus elementos.
Em outras palavras, a articulação entre estabilidade e variação, são
aspectos intrínsecos à historicidade das representações sociais
264
e não uma “(...)
medida externa em que a duração depende da distância cronológica que separa a dois
estados distintos de um fenômeno” (Suárez Molnar, 2003: 98). Assim, apesar de a
representação se ancorar em conhecimentos pré-existentes, apreendidos por meio do
efeito que provocam no presente, esta não perde de vista seu aspecto pragmático de
ser guia para ação e tradutora da realidade social, motivo pelo qual ela se define,
concomitantemente, como produto e como processo (Jodelet, 1986); produto porque
se constitui por meio de conteúdos oriundos de outras épocas históricas e, processo,
263
De certa forma essa passagem é ilustrada pela seguinte frase do medievalista Ovídio Capitani citada
por Le Goff: “A atualidade da Idade Média consiste no seguinte: [...] A Idade Média é ‘atual’ precisamente
porque ela é passado, mas passado como elemento que está anexado à nossa história de maneira
definitiva e para sempre, obrigando-nos a levá-la em consideração uma vez que ela reafirma um
formidável conjunto de respostas que o homem deu e não pode esquecê-las mesmo verificando sua
inadequação. O contrário seria abolir a história...” (1988: 193). Cf. original: “L´actualidu Moyen Age est
celli-ci: […] Le Moyen Age est ‘actuel’ précisément parce qu’il est passé, mais passé comme un élément
qui s´est attaché à notre histoire de manière définitive pour toujours et nos oblige à en tenir compte, car il
renferme un formidable ensemble de réponses que l´homme a données et ne peut oublier, même s´il en a
vérifié l´inadequation. L´unique serai abolir l´histoire...”.
264
Característica esta que pode ser estendida para as relações entre história e psicologia de um modo
geral, pois, de acordo com Antunes, “(...) a compreensão histórica da psicologia implica o conhecimento
das relações sociais nas quais ela se produz e que lhe dão as bases de sustentação e possibilidades de
desenvolvimento. Faz-se necessário considerar as necessidades existentes na realidade em que se
insere, nos fatores conjunturais e estruturais presentes, nas relações de força que se plasmam naquele
momento histórico e naquela situação específica, nas ideologias que transitam na formação social em
questão, nos valores, representações e idéias que nela veiculam. Sendo a psicologia ou, melhor dizendo,
as psicologias, constituídas por conhecimentos elaborados sobre o fenômeno psicológico e propositivas
de um conjunto de práticas que visa atuar sobre ele, necessário se torna identificar e situar o ponto de
vista dos sujeitos que a constroem, sua inserção social, as concepções e os interesses de que se tornam
porta-vozes. Não se encontram as psicologias, seus produtores e reprodutores isolados temporal ou
espacialmente, e longe estão de qualquer neutralidade ou acima das idéias e práticas que permeiam a
sociedade da qual fazem parte” (1998: 366).
Considerações finais
136
porque ainda que se possa localizar sua origem, esta é sempre incompleta visto que
outros conteúdos a alimentam levando Moscovici a afirmar que “(...) estamos sempre
em uma situação de analisar representações de representações” (2003: 218).
A articulação proposta aqui entre estabilidade e variação,
correspondente, em última análise, à dimensão estável e à dimensão dinâmica do
senso comum, difere, em linhas gerais, da teorização do núcleo central e do sistema
periférico (Abric, 2003 e Flament, 1994a e 1994b) na medida em que apenas a
consideração da historicidade das representações sociais é que permite verificar, em
primeiro lugar, a permanência ou mudança de um determinado conceito em momentos
históricos distintos de modo a indicar a estabilidade estrutural dos conteúdos
representacionais, uma vez que a referência cronológica se torna obrigatória para
identificar o que há de comum ou de diferente em uma perspectiva temporal.
Em segundo lugar, porque somente o estudo das representações
sociais, aliado a uma análise histórica de seu conteúdo, é que permite verificar não
apenas se a permanência (ou mudança) de um conceito corresponde à respectiva
permanência (ou mudança) de seu significado, tomando-se por base épocas
cronológicas distintas, mas também a manutenção de uma “estrutura de repetição” (cf.
Koselleck, 2006b) usada pelos universitários ao se referirem ao país.
Por exemplo, o conceito “diversidade” aqui investigado não foi
localizado nas fontes históricas examinadas - ainda que constasse nos dicionários da
época (cf. Silva, 1858 e Pinto, 1832) -, que utilizavam sobretudo as expressões
variedade, variegado, entre outras, para designar um estado de coisas” que hoje
conotamos por diversidade. Ou seja, houve uma mudança no traço lexical, contudo, o
significado permaneceu o mesmo, na medida em que ele se associa, tanto no século
XIX como na atualidade, a aspectos raciais e naturais, ainda que se possa observar,
hodiernamente, a inclusão de elementos culturais e da variedade de problemas a esse
conceito, indicando que essa agregação, provavelmente, ocorreu em uma época
posterior a analisada.
Essa situação exemplifica como as representações sociais articulam,
em suas estruturas, a relação entre conhecimento historicamente consolidado, com
outros, inferidos de um contexto mais imediato e, portanto, relacionados à experiência
individual e coletiva, como é o caso, por exemplo, da identificação da singularidade
brasileira àquilo que é considerado pelos universitários como problemas atuais
Considerações finais
137
(desigualdade social, violência etc.). Contudo, apenas uma análise que considera a
historicidade da representação é que permite compreender que o nódulo elementar de
sentido “diversidade” está atrelado a uma época em que se constituiu uma
determinada narrativa da nação, ou seja, ao século XIX.
Assim, o que designamos hoje por diversidade é reapropriação,
265
ainda
que não exclusivamente, da configuração de significados que, no século XIX,
recebiam uma outra extensão semântica (variedade, variegado etc.),
o que só foi
possível observar ao se considerar a historicidade das representações sociais a partir
da perspectiva da história dos conceitos (Koselleck, 2006a e 1992) que, ainda que
com uma utilização bastante pontual, permitiu identificar, em relação aos conteúdos
representacionais, não apenas os significados que correspondem a determinados
traços lexicais, mas também os traços lexicais cujo “estado de coisas” por eles
referidos se alteraram (cf. Pereira, 2004),
266
indicando ainda que, não obstante os
problemas formulados pelos universitários sejam diferentes daqueles elaborados pelos
autores aqui examinados, existe uma “estrutura de repetição” (cf. Koselleck, 2006b)
que se mantém estável ainda que seja outro o contexto histórico.
A contribuição de uma análise que considere a historicidade das
representações sociais oferece, portanto, a possibilidade de, ao sopesar tanto sua
dimensão estável como dinâmica, estabelecer um referencial analítico e interpretativo
acerca do conteúdo representacional no sentido de investigar os processos que o
constitui contribuindo, com isso, para sua desnaturalização, ou seja, para a
compreensão de que ele é parte de uma construção histórica e não uma espécie de
“universal abstrato”, na medida em que permite tornar visível a “experiência histórica
de nossa sociedade” (Wagner, 2003)
267
que se expressa na atualização de elementos
do passado presentificados nas representações sociais contemporâneas.
265
Lembrando que se faz uso aqui desse termo conforme entendimento, citado anteriormente, de Gurza
Lavalle, para o qual “[...] o esforço analítico em busca das origens leva consigo - de antemão uma
resposta feita de puro presente, se ‘deparando’ sempre com resultados que obedecem a uma espécie de
‘arqueologia’ dos elementos contínuos na tradição do pensamento sobre a identidade nacional. Na
realidade, a permanência de um elenco de temas – por exemplo, miscigenação, lascívia ou plasticidade
não implica continuidade no terreno dos problemas, quer dizer, das formas específicas de abordagem a
partir das quais está sendo reconstruído e compreendido o tema” (2004: 69 – grifos do autor).
266
Importa observar que o mapeamento de quando a diversidade passa a designar esse estado de coisas
que denominamos hoje por esse conceito não foi objeto de investigação da presente pesquisa.
267
Wagner, muito provavelmente inspirado em Walter Benjamin, apresenta uma imagem para essa
situação. De acordo com ele, “o senso comum é como uma boneca turca na velha história do autômato
jogo de xadrez. A boneca foi feita tal como se ela estivesse sentada numa mesa, em frente a um tabuleiro
de xadrez, fumando cachimbo. Um inteligente arranjo de espelhos faz a mesa parecer real de modo que
Considerações finais
138
Nesse processo, importa considerar não apenas o retorno às fontes do
passado que, em última instância, permitem a construção da interpretação histórica,
mas sobretudo, as formas pelas quais essa reconstrução se opera (cf. Suárez Molnar,
2003), motivo pelo qual a utilização, ainda que instrumental, da perspectiva da história
efeitual, como teorizada por Gadamer (2002), e da história dos conceitos, como
elaborada por Koselleck (2006 e 1992), possibilita investigar quais elementos do
passado se integram, pela via dos efeitos, ao conteúdo representacional de uma dada
representação visto que permite construir uma grade de leitura que leve em conta
tanto o fato do passado só poder ser investigado considerando-se sua limitação
conceitual, como a permanência, no presente, de temporalidades advindas de outras
épocas históricas.
Isso pressuposto tem-se que, do ponto de vista dos quadros
estruturantes da representação social, a presença de elementos oriundos de uma
base de conhecimento constituída em uma outra época histórica, no caso, a do
processo de formação do Estado nacional, é um fato inerente à própria natureza da
representação que se caracteriza por ser tributária de aspectos constituídos e que,
segundo Koselleck “[...] nos prova que ainda conexões profundas entre problemas
que se formulam e são vividos de maneira diferente [...]” (Fernández Sebastián e
Fuentes, 2006: 138) devido ao fato de ser outro o contexto histórico.
Agora, do ponto de vista educacional, quais as conseqüências das
representações sociais de Brasil, organizadas em torno do nódulo elementar de
sentido “diversidade”, apresentarem-se fundamentadas naquilo que as análises
realizadas indicaram ser o “espaço de experiência” e o “horizonte de expectativa”
articulados às “ficções orientadoras” e que cuja origem remonta ao século XIX?
268
Essas duas categorias parecem engendrar uma espécie de círculo
vicioso que tende a fragilizar a ação individual na medida em que a análise da
produção textual dos universitários mostrou que, em relação ao contexto temático
alguém pode olhar por baixo. Na verdade, entretanto, um homem anão estava sentado embaixo de quem
parecia o mestre de xadrez. Ele dirigia os movimentos da boneca jogando xadrez assim como a
experiência histórica de nosso sociedade dirige nossos movimentos, na prática diária. Assim como o anão
era invisível ao observador, assim como a experiência histórica de nossa sociedade é invisível para nós,
os atores” (2003: 18-19).
268
Lembrando que o contexto temático “espaço de experiência e horizonte de expectativa” engloba a
produção discursiva dos universitários que tendem a identificar a singularidade do país à variedade de
problemas cotidianos e à uma esperança de que, no futuro, esses problemas serão solucionados;
enquanto que, o contexto temático “ficções orientadoras” enfoca o aspecto racial e natural como
distintivos do país frente aos demais países em uma organização discursiva em que os conflitos não
estão presentes. A respeito, ver capítulo 3 do presente trabalho.
Considerações finais
139
“espaço de experiência e horizonte de expectativa”, os estudantes não se vêem como
agentes da ação política e responsabilizam sobretudo o governo pela existência da
variedade de problemas que identificam e diferenciam o Brasil dos demais países,
percepção esta que parece ser alimentada pela crença na inevitabilidade do sucesso
brasileiro que alimenta a esperança de que os problemas evocados sejam
solucionados por meio do milagre e da fé.
Do mesmo modo, o contexto temático “ficções orientadoras”, ao fazer
referência aos aspectos raciais, enfatiza a harmonia social fundamentada no discurso
da fusão das três raças enquanto que, ao citar os naturais, realimenta a idéia de que,
“no Brasil, tudo dá”, independentemente da ação humana, o que sugere que, de certa
forma, guardadas as devidas proporções, ainda nos vemos com o olhar do
estrangeiro: a terra parece o paraíso, mas as gentes que nela habitam precisam ser
salvas.
269
O aspecto problemático de perceber nossa “comunidade imaginada”
(Anderson, 1991) associada a tais contextos temáticos decorre do fato de que essas
representações sociais contribuem para alimentar a identidade nacional que define o
que é ser brasileiro. Evidentemente, que essa definição não é um dado biológico,
contudo, conforme observou Hall (2005), uma tendência de considerar tais
representações como se fossem parte da natureza essencial da população que habita
este país o que, neste caso, contribui para a manutenção do jargão “o problema do
Brasil é o brasileiro”.
Considerando-se que a representação tem uma função normativa,
sendo prescritora de comportamentos, e dado o fato de imaginarmos nossa
comunidade como uma nação baseada em uma idéia utópica de “país do futuro” cuja
efetivação se opera por meio do milagre e não da ação de seus cidadãos e cuja
origem remonta ao discurso produzido no século XIX, pode-se considerar, ainda que
hipoteticamente, que as mudanças sociais que ocorreram desde os oitocentos até a
atualidade foram interpretadas como passageiras, ilustrando aquilo que Flament
(1994a) denominou de economia cognitiva. Ou seja, as mudanças ocorridas na
sociedade brasileira não foram percebidas como definitivas fazendo com que os
indivíduos, provavelmente, se mostrassem reticentes em realizar um trabalho cognitivo
significativo que permitisse reorganizar o campo da representação visto que, de
269
Esta idéia se encontra esboçada na Carta do escrivão Pero Vaz de Caminha endereçada ao rei D.
Manoel quando da chegada dos portugueses. Escrita em 1500, este documento só foi publicado em 1817.
A respeito, ver Chauí (2001).
Considerações finais
140
acordo com Flament, “(...) do ponto de vista da economia cognitiva, é preferível
suportar durante algum tempo eventuais inconvenientes derivados das circunstâncias”
(1994a: 52),
270
o que talvez possa explicar a característica compensatória presente
nos contextos temáticos associados à diversidade e ilustrados, por exemplo, na crença
da fusão harmônica das três raças, apesar das atitudes discriminatórias diariamente
noticiadas, na visão de uma natureza venturosa que desconsidera a devastação
ambiental etc.
Nesse sentido, é provável que a modificação das representações
sociais de Brasil que valorizem a diversidade do país sem, contudo, desmerecer ou
mesmo intimidar a ação humana, passe por uma desnaturalização dessas idéias isso
porque o que se denomina por nação “(...) não é apenas uma entidade política mas
algo que produz sentidos – um sistema de representação cultural. As pessoas não são
apenas cidadãos/ãs legais de uma nação; elas participam da idéia da nação tal como
representada em sua cultura nacional (...)” (Hall, 2005: 48 e 49 - grifos do autor).
271
E apenas, uma análise histórica, articulada a uma perspectiva
psicossocial, permite discutir o contexto que possibilitou o estabelecimento de certos
conteúdos representacionais, em detrimento de outros.
272
Nesse sentido, e para
finalizar, cabe reconhecer que acertava Castorina ao postular que “[...] os saberes dos
alunos sobre a sociedade dependem, em boa medida, de representações sociais que
têm uma natureza histórica” (2007: 75), mas também não se equivocava Paz ao
afirmar que “[...] a história poderá esclarecer a origem de muitos de nossos fantasmas,
porém não os dissipará“ (2004: 81).
273
Talvez um dos objetivos primordiais da
educação seja a tarefa de enfrentá-los.
270
Cf. original: “(…) du point de vue de l’economie cognitive, il est alors avantageux de supporter pendant
quelque temps les éventuels inconvénients dus aux circonstances”.
271
Apoiado nos estudos de Flament (1994a e 1994b), Abric (1998) identifica a existência de três tipos de
transformação das representações sociais: a transformação resistente, a transformação progressiva e a
transformação brutal. De acordo com esse autor, a primeira se caracteriza pelo aparecimento de
“esquemas estranhos” no sistema periférico das representações que provocam uma mudança em seus
elementos evitando o questionamento do núcleo central; a segunda, caracteriza-se por uma alteração
paulatina, mas progressiva, nos elementos que compõem o núcleo central; e, a última, refere-se a
mudanças diretas e totais do núcleo central.
272
Lembrando que, como afirma Moscovici, os estudos articulando história e representações sociais
devem tentar, por um lado, indicar aquilo que “(...) em determinado nível ‘axiomático’ em textos e
opiniões, chega a operar como ‘primeiros princípios’, idéias propulsoras’ ou ‘imagens’ e, por outro lado,
esforçar-se para mostrar a ‘consistência’ empírica e metodológica desses ‘conceitos’ ou ‘noções
primárias’, na sua aplicação regular ao nível de argumentação cotidiana ou acadêmica” (2003: 242).
273
Cf. original: “[…] la historia podrá esclarecer el origin de muchos de nuestros fantasmas, pero no los
disipará”.
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ANEXOS
ANEXO 1 - Q1 Questionário aplicado na pesquisa desenvolvida por
Sousa e Arruda (2006) ............................................................................
170
ANEXO 2 - Matriz de codificação - Q1 elaborada por Arruda et al
(2004) ......................................................................................................
175
ANEXO 3 - Vocabulário associado à diversidade e excertos de seu
contexto de uso no século XIX a partir das fontes históricas analisadas.
184
ANEXO 4 - Relatório do Alceste gerado a partir do processamento da
questão 1: “Por que você acha que isso tudo é Brasil?”..........................
197
ANEXO 5 - Relatório do Alceste gerado a partir do processamento da
questão 2: O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países?
Por quê?”..................................................................................................
228
170
ANEXO 1
Q1 – Questionário aplicado na pesquisa desenvolvida por Sousa e
Arruda (2006)
Q1 - Projeto: Imaginário do Brasil e da Escola 2003
171
Nome do Aluno: ______________________________________________________
Instituição em que estuda: _____________________________________________
Curso: ______________________________________________________________
Município: ____________________________________Estado: ________________
Esta é uma pesquisa sobre o imaginário do Brasil. Queremos
observar as formas que o Brasil ganha na imaginação das pessoas.
Solicitamos que responda às questões com espontaneidade e
respeitando aquilo que vem de sua imaginação e da sua memória,
sem se preocupar com acertos ou erros.
Q1 - Projeto: Imaginário do Brasil e da Escola 2003
172
Q1 - Projeto: Imaginário do Brasil e da Escola 2003
173
1. Na folha em branco ao lado, desenhe o mapa do Brasil sem se preocupar com a
exatidão. Faça somente o contorno do mapa, sem dividir por estados.
2. Desenhe nesse mesmo mapa o que você acha que existe espalhado pelo Brasil. Se
quiser pode usar lápis de cor. numerando os desenhos à medida em que os for fazendo
(nº 1 o primeiro, nº 2 o segundo e assim por diante).
Você tem cerca de 15 minutos para fazer seus desenhos.
3. Dê um título ao seu desenho:
_____________________________________________________________
4. Conte-nos o que você desenhou e por que escolheu esses desenhos em seu mapa
preenchendo o quadro a seguir, de acordo com a seqüência que utilizou para identificar os
seus desenhos. Não preencha, por enquanto, a coluna D.
A- nº B- O QUÊ? C- POR QUÊ? D
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
OBS: Descreva, até no máximo, 10 desenhos
Q1 - Projeto: Imaginário do Brasil e da Escola 2003
174
5. De tudo que você desenhou, escolha somente os 4 mais importantes para você.
Numere esses 4 em ordem crescente de importância (1= o mais importante).
UTILIZE A COLUNA D do quadro da questão anterior.
6. Responda:
6.1) Por que você acha que isso tudo é Brasil?
6.2) O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?
Esta etapa terminou. Entregue o seu questionário ao aplicador
.
175
ANEXO 2
Matriz de codificação - Q1 elaborada por Arruda et al (2004)
176
Matriz de codificação - Q1 elaborada por Arruda et al (2004)
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
1
1. ELEMENTOS DA DESCRIÇÃO DO DESENHO
1a.
Utiliza elementos
1a1. naturais / da natureza lua; ouro; floresta;
1a2. humanizados/humanos/figura humana cara; coração; pessoas, família; crianças; jovens; idosos;
1a3. resultantes da ação do homem casa; edifício; casebre; cidade; corrupção;
1a4. simbólicos
1a5. afetivos amor; esperança; sonhos;
1a6. de localização Rio; São Paulo; Amazônia; Bahia
1b.
Faz referência aos elementos do desenho q. 6.1 porque esses são os símbolos das regiões que compõem o
nosso país; nesta região muitos rios e muitas chuvas; (petróleo)
onde
se extrai...; (armas) essa região é onde está o maior índice ...; (a
moeda brasileira) é onde
se concentra a economia do Brasil;
(mordomia) onde
se ganham os maiores salários sem fazer nada;
(educação) – sem dúvida, as melhores instituições escolares estão aí;
1c.
Relata que os desenhos foram construídos
segundo seus conhecimentos e/ou vivências
o maior do mundo e lindo!!! (Rio Amazonas); um dos lugares mais
bonitos que fui (Serra Gaúcha); q. 6.1 pois está de acordo com meus
conhecimentos de leitura e vivência do Brasil; q. 6.1 porque é assim
que o vejo.;
q. 6.1 porque são coisas típicas que mais chamam atenção tanto para a
população nacional como internacional; q 6.1 porque esses são os
símbolos das regiões que compõem o nosso país. É assim que nos
vemos e é assim que nos vêem;
1d.
Refere-se a aspectos operacionais do desenho
linha imaginária de divisão de estado; contorno do Brasil – porque
estava nas instruções; eu pintei de marrom; setas;
1e.
Identifica que o Brasil é mais do que desenhou
ou comentou
q. 6.1 acho que o Brasil é muito mais do que retratei no mapa; o Brasil
não mostra tudo o que eu acho ser o Brasil (não deu espaço);
O que está entre parêntesis não foi considerado como pertencente à categoria em questão; consta no exemplo apenas para facilitar a compreensão do leitor.
177
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
2. DIMENSÕES REPRESENTADAS
2
2a.
Diversidade inclui: muitas influências; variedade; mistura;
diferenças entre regiões;
q 6.1 A variedade porque ele tem de tudo um pouco; possui tantas
diferenças;
(Sol e) diversidade de climas; heterogeneidade natural; diversidade
biológica;
(“fazendas” )– mostrar nossa diversidade (cultural e econômica); país é
uma mistura de traços culturais; o Brasil é resultado de várias culturas;
q 6.1 é uma mistura de pessoas; q 6.1 marcado por sua
heterogeneidade populacional;eu admiro o Brasil por suas etnias; cada
região parece estar separada da outra por suas características
socioeconômicas; heterogeneidade econômica;
2b.
Riqueza / Abundância inclui: grande quantidade; patrimônio; tesouro;
atenção: ver se não é “qualidades superlativas”
(item 1g1);
considerar apenas aspectos positivos.
(Amazônia com)sua bacia hidrográfica) representa a riqueza natural
do Brasil; riqueza florestal; tem em abundância (floresta amazônica);
(floresta e) grande produtividade; (existe uma) grande produção de
alimentos;
2c.
Beleza inclui: encanto, paraíso, (algo) exuberante,
maravilhoso, extraordinário;
atenção: quando se tratar do povo belo,
bonito, classificar em povo item 3.
pela sua beleza (floresta); lindas praias; tornam a região marajoara mais
exótica (os lagos de Marajó);representam uma bela paisagem no nosso
país;
2d.
Potencialidade / Oportunidades uso genérico, sem especificação; alternativas
de mudança;
quando a pessoa responder “esperança”, não
inclua aqui; nesse caso veja a categoria 4a8 –
povo esperançoso.
potencial biogenético; um grande potencial natural; o Brasil pode ser
muito mais do que isso, basta o povo querer e fazer o necessário para
que isso aconteça; as universidades são onde o nosso povo pode
evoluir cada vez mais; (rios e lagoas) futuramente vão fazer parte da
nossa “riqueza”;
2d1.
potencialidade e oportunidade
não aproveitada
o Brasil é muito pouco explorado ainda;
2e.
Juventude refere-se a país jovem.
2f.
Problemas em geral críticas em geral, dificuldades; quando a
pessoa não especifica quais são.
o Brasil tem muitos defeitos;
2f1.
Apesar dos prob
lemas, tem
qualidades...
faz críticas, mas ressalta as qualidades do
Brasil.
apesar de subdesenvolvido, o Brasil possui poder econômico
(indústrias);
2
O que está entre parêntesis não foi considerado como pertencente à categoria em questão; consta no exemplo apenas para facilitar a compreensão do leitor.
178
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
2f2.
Defeitos/problemas superlativos “the worst” como em nenhum outro lugar: (a presença dos terríveis contrastes)
2g.
Qualidades em geral quando a pessoa não especifica quais são Brasil é um país maravilhoso [não sabemos a que se refere]
2g1.
dimensão superlativa “the best” no sentido positivo ou negativo a maior floresta urbana; a maior bacia hidrográfica do mundo; o Brasil
possui o que há de melhor; (beleza) inigualável; o pulmão do mundo;
2g2.
Apesar das qualidades, tem
problemas...
aponta as qualidades, mas ressalta os
problemas do Brasil
por encontrar em nosso país uma diversidade de realidades enormes
sem, contudo, termos aprendido a valorizar este fato e respeitá-lo.
2h.
Dimensão / extensão relativo à dimensão espacial (existe grande produção de alimentos ajudada pelo clima e pela) grande
área brasileira; a extensão territorial; grandes rios;
2i.
Contraste / contradição / desigualdade inclui: diferenças (sociais) um país amplo, mas mais amplo do que eles são as diferenças que ele
tem; q. 6.1. o Brasil é uma mistura do belo com o feio, do pobre com o
rico, da abundância e da escassez;
2j.
Singularidade / peculiaridade considere apenas o que for: único, singular o que torna o Brasil um país único; q. 6.2. - porque tanta mistura de
culturas acaba levando a uma cultura própria e única;
2k.
Unidade (acho que o Brasil é um local de múltiplas dimensões,) mas que não
deixa de ser um só;
2l.
Freqüência / disseminação é uma coisa comum / freqüente em vários lugares do Brasil; (casa de
prostituição) existe muito aqui no país;
2m.
Afetividade são as coisas que mais ou menos me afetam; infelizmente; que pena!;
3.
ASPECTOS ESPECÍFICOS
REPRESENTADOS
3a.
Cultura uso genérico, sem especificação e inclui: teatro,
cultura regional, tradição (considerada
positivamente); televisão, livros, jornais;
gaúcho – simbolizando a cultura local do Sul; nordestino – simbolizando
seu tipo de vida; teatro; (índios) de onde vem parte de nossa cultura;
casa (estilo européia) – arquitetura; monumento; Cristo Redentor;
3a1.
Cultura – ressalta aspectos
negativos
perda de sua cultura (índios)
3a2.
Música / dança inclui: festas populares (exceto festas
religiosas); Carnaval; maracatu; bumba-meu-
boi; folia de Reis;
capoeira (pessoas dançando / jogando capoeira); uma multidão atrás
de um carro de som; carnaval da Bahia uma das maiores festas do
mundo; elementos relacionados a festas: serpentinas, fantasias; porque
no Brasil tem muita festa;
3a3.
Esportes / futebol estádio de futebol; futebol – símbolo nacional;
3a4.
Costumes alimentares / culinária inclui bebidas pratos de comida mostra a variada culinária brasileira; cerveja um
momento com os amigos;
3a5.
Folclore / lendas / crenças
populares
179
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
3a6.
Símbolo: nacional, regional etc. inclui: símbolos compartilhados; pomba da paz;
cruz (significando religião, morte);
bandeira do Brasil; estrela do PT; R$; cifrão; coração; cruz; notas
musicais;
3b.
Religião / religiosidade inclui: festas religiosas Credos
3c.
Povo / pessoas
inclui: população, crianças, mulheres, família,
casal, trabalhador, baiano, professor, sertanejo,
q 6.2 Na minha opinião, enfim, o povo brasileiro é o que diferencia o
Brasil dos outros países; q 6.2 o povo é o principal aspecto
diferenciador do Brasil;
3d.
Etnia / raça uso genérico, sem especificação (a diversidade de) raças;
3d1.
Brancos
3d2.
Negros (capoeira - pessoas dançando / jogando capoeira) representa a
cultura negra;
3d3.
Índios índios – (de onde vem parte de nossa cultura);
3d4.
Mestiços inclui caboclos
3d5.
Imigrantes o asiático (representa grande parte da população, sobretudo no SE)
3d6.
Miscigenação mistura étnica [sujeito escreveu “várias pessoas”] porque o Brasil é uma mistura de
raças (que o torna único); em nenhum outro lugar a mistura das raças
(pôde resultar em belezas tão exóticas);
3e.
Educação uso genérico, sem especificação as universidades do Centro-Oeste;
3e1.
Educação -
ressalta aspectos
positivos
as universidades – são onde o nosso povo pode evoluir cada vez mais
3e2.
Educação - ressalta aspectos
negativos
(livro) – deveria ser mais difundido; falha na educação;
3f.
Saúde uso genérico, sem especificação
3f1.
Saúde - ressalta aspectos
positivos
3f2.
Saúde- ressalta aspectos
negativos
3g.
Ciência inclui pesquisa Centros de pesquisa; potencial científico;
3h.
História uso genérico, sem especificação apenas sua cultura peculiar e sua própria história de formação; pecuária
– atividade histórica na região;
3h1.
História – ressalta aspectos
positivos
história da imigração, processo histórico
harmônico
somos uma só nação;
180
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
3h2.
História – ressalta aspectos
negativos
exploração, colonização porque o Brasil desde a época da colonização, infelizmente, foi colônia
de exploração; (as tocas dos índios) apesar de se poucas ainda existe
tribos de indígenas
3i.
Economia uso genérico, sem especificação ou incluindo:
petróleo, fábricas, pesca, produção
agropecuária, mineração; criação de vacas;
criação de búfalos; turismo, tecnologia,
industrialização, produtos; dinheiro;
pólo industrial brasileiro – as principais indústrias estão
nessa região; parque industrial; indústrias; (animais aquáticos) pesca;
búfalo base da economia marajoara; (São Paulo) centro financeiro
do país; (avião) presença da tecnologia; centro comercial; (praia) -
importância que acarreta ao turismo; (clima favorável às) plantações /
(floresta e) grande produtividade (existe uma) grande produção de
alimentos (ajudada pelo clima e pela grande área brasileira); vinicultura
a grande plantação de uva da região sul; relógios falsificados;
bondinho do Pão de Açúcar;
3i1.
Economia ressalta aspectos
positivos
progresso, desenvolvimento econômico; no
mais, classificar neste item apenas quando
houver menção explícita a aspectos positivos
no texto do sujeito
vem crescendo o número de indústrias filiais no Brasil;
3j.
Aspectos sociais uso genérico, sem especificação
3j1.
Aspectos socioeconômicos
ressalta os aspectos positivos
(grandes cidades) o desenvolvimento de algumas cidades foi
conseqüência do êxodo rural; ONG representa o trabalho voluntário
do Brasil; casas – temos moradias;
3j2.
Aspectos socioeconômicos -
ressalta aspectos negativos
inclui: dependência externa, consumo; fome,
miséria, desigualdade, riqueza x pobreza,
violência, país doente, exclusão;
subdesenvolvimento; natalidade;
pode incluir: globalização, conflito, êxodo,
migração quando a conotação for negativa;
casas – moradias (quando no sentido de
carência);
(Zona Franca de Manaus) (a contradição entre a alta tecnologia e) a
miséria da maioria do povo; (desemprego) problema oriundo da
“comentada” globalização e que persiste em todos os locais; (dinheiro)
mostra a grande soma de dinheiro que o país possui e sua
distribuição desigual; presença de grandes latifúndios; drogas/ fronteira
(o conflito das FARCs); ouro+ terra =conflitos (mortes no sul do Pará);
morte (com que o carioca convive); prostituição; desigualdade social;
fome um mal a ser superado; revólver (arma) / facas com gotas de
sangue – tal desenho mostra a violência espalhada pelo Brasil; (cultura
da cana) ainda hoje oligarquias dividindo o poder; medo de sair;
turismo sexual; violência provoca medo;
3j2a.
Seca mandacaru- por ser o símbolo da seca; caatinga – mata típica do sertão
e representa a seca local; seca do Nordeste; cactos no Nordeste / (copo
d’água cortado) região muito seca, ausência ou não acesso à água
potável; família na seca;
181
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
3k.
Política / Justiça / direitos (civis,
políticos, humanos)
uso genérico, sem especificação q. 6.1. se a vida e as leis são igualitárias; (educação) forma cidadãos;
3k1.
Política ressalta aspectos
positivos
as pessoas estão descobrindo seus direitos; liberdade não é toda
nação que todos são “livres” para fazer o que quer;
3k2.
Política
ressalta aspectos
negativos
inclui: responsabilidade pelos problemas,
corrupção; não respeito aos direitos;
políticos ladrões; (seca) porque todos sabem que existe, mas
medidas eficazes são procrastinadas; tem um retrospecto político
aviltante, com “políticos” vergonhosos; impunidade; um governante
pisando em dinheiro com a bandeira na mão; um preso conversando
livremente em seu celular desonestidade, suborno; impunidade; no
Brasil existe muitas leis, porém poucas são cumpridas;
3l.
Natureza / recursos naturais inclui: ouro, diamantes; lua; sol representando
algo que não o clima;
a natureza que o Brasil desfruta; solo fértil; banco biogenético;
biodiversidade;
3l1.
Flora / vegetação
pinheiros; caatinga; araucárias e eucaliptos- típicos do Sul; campos/
cerrado; açaí - fruta símbolo do Pará; árvores;
3l1a.
Floresta inclui: matas árvores; mata Atlântica;
3l2.
Fauna animais como espécies; não confundir com
criação (de vacas, de búfalos etc.) que são
atividades econômicas (item 2i)
pássaros (diversidade na) fauna brasileira; capivara; onçasimboliza
a fauna amazônica; vários animais (mostra a biodiversidade do)
mundo animal brasileiro; animais aquáticos;
3l3.
Praias / litoral aspecto da natureza; inclui mar, oceano
praias, (sol); litoral brasileiro - o imenso litoral com praias belíssimas;
(sol) praia; ilha as belíssimas praias que o Brasil possui; lindas
praias; praias do litoral;litoral;
3l4.
Sertão sertão (nordestino);
3l5.
Água / recursos hídricos relativo a água dos rios cachoeira; água; (grandes) rios; (a maior) bacia hidrográfica do mundo;
3m.
Geografia / relevo uso genérico, sem especificação 6.1. o fato de estarmos situados no meio das placas tectônicas;
(Planalto Central) – região de alto relevo do Centro-Oeste; serra –
região montanhosa; Pão de Açúcar; Corcovado;
3m1.
Clima neve- representando o clima em algumas cidades do Sul; chuvas – alto
índice pluviométrico na Região Amazônica; sol (praia) calor; sol e
diversidade de climas; clima ideal;
3m2.
Urbanização inclui: construção, cidades, densidade
populacional, concentração populacional;
superpopulação, conurbação; ônibus; carros;
(São Paulo) alta concentração humana;Sul região urbanizada;
(carro) – por um grande número de pessoas vivendo em pequenos
espaços; engarrafamento é reflexo do crescimento desordenado das
cidades brasileiras; vias expressas de transporte; rede urbana.
3m3.
Interior / campo inclui: baixa densidade demográfica campo um modo mais simples de vida; região pouco habitada; fogão
a lenha;
182
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
3n.
Meio ambiente e ecologia uso genérico, sem especificação (bacias hidrográficas) – ecologia e meio ambiente; porque tem ar puro
3n1.
Meio ambiente - preservação inclui: necessidade de preservação
3n2.
Meio ambiente – não-preservação
inclui: poluição, extinção, desmatamento;
exploração internacional das potencialidades
naturais
desmatamento; poluição dos rios e do mar; (fábricas) – pela baixa
qualidade do ar nas grandes cidades; gua) no futuro será alvo de
enorme disputa no mundo; devastação da floresta;
4.
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO
POVO
3
4a.
Maneira de ser e de viver ressalta
aspectos positivos
q 6.2 o que diferencia é o seu grande valor humano;
4a1.
Criativo / inteligente / capaz inclui: tem capacidades trata-se de um povo inteligente; o brilho do povo [no sentido de
inteligência];
4a2.
Desejoso de mudanças /
progresso / otimista /
esperançoso / desejoso de viver
inclui preocupação com o futuro; vontade de
crescer; fé (na mudança);
q. 6.1 ...preocupação com o amanhã, com o que herdaremos para os
nossos filhos, netos; povo com vontade de viver e de progredir; povo
com vontade de vencer; povo com vontade de crescer; vontade de
viver; temos que sonhar e lutar por eles [os sonhos]; a responsabilidade
de todos nós de transformar as crianças de hoje em adultos com
consciência política e social;
4a3.
Flexível, adaptável o “jeitinho” brasileiro; o ser “virador”;
capacidade de adaptar
somos muito mais tolerantes, mais abertos a novas experiências; tem
um jeitinho específico de lidar com as suas dificuldades;
4a4.
Festeiro, animado, espontâneo,
musical
4a5.
Hospitaleiro, receptivo,
acolhedor,
afetivo, carismático, unido,
caloroso, cativante, amigo,
solidário, simpático, bondoso,
bom, companheiro; simples,
despretensioso
inclui “calor humano”; benevolente; caridoso;
generoso;
união de pessoas felizes - no Brasil existem problemas mas a união, a
afetividade e o carisma dos brasileiros trazem a felicidade; fraterno e
humanista; a união das famílias como ponto de apoio; pessoas dos
outros países são frias;
4a6.
Alegre, feliz, contente, bem
humorado
alegria; alegria do povo; pessoas felizes; cara sorrindo felicidade do
povo brasileiro;
4a7.
Trabalhador gente que estuda e trabalha;
4a8.
Patriota orgulhoso de ser brasileiro (coração) o amor que todo cidadão tem pelo país e seus
compatriotas; ama seu país;
4a9.
Harmonioso, pacífico inclui: sem preconceito q. 6.1 paz onde não temos guerra por enquanto; consegue viver
pacificamente com todas as culturas, etnias...;
4a10
.
Bonito, belo beleza da população; país das mulheres bonitas;
3
Quando o sujeito, ao procurar diferenciar o Brasil dos outros países, mencionar características de outros povos em oposição às do povo brasileiro, classifique sua
resposta na categoria correspondente a esse oposto. Ex.: "as pessoas dos outros países são frias”- classifique como 4a6.
183
CATEGORIAS
OBSERVAÇÕES / EXPLICAÇÕES
EXEMPLOS
4a11.
Forte, lutador, resistente,
persistente, corajoso, força de
vontade, batalhador
(nordestino) símbolo da persistência e coragem; vitalidade e força de
vontade do brasileiro;
4a12.
[Aspecto positivo] apesar de... considerar atributos positivos seguidos de
“apesar de...”; inclui “feliz apesar de”;
apesar de todos os problemas somos um povo feliz!; no Brasil existem
problemas mas a união, a afetividade e o carisma dos brasileiros trazem
a felicidade; apesar de toda a falta de estrutura que o país oferece
somos considerados um dos povos mais felizes do mundo;
4b.
Maneira de ser e de viver ressalta os
aspectos negativos
inclui: hipócrita
4b1.
Acomodado, alienado, submisso inclui: ingênuo; passivo; não defendem seus direitos; falta de conscientização; não defendem
sua pátria; não luta pelo seus direitos;
4b2.
Preconceituoso / racista inclui: tem discriminação; discrimina;
4b3.
Sofredor, triste, choroso q. 6.1 ... o Brasil e o brasileiro também sofre, também chora, também
morre; porque existem tantas tristezas;
4b4.
Não valoriza o país deseja o que é do outro / copia /imita; inclui:
não é patriota, não tem orgulho do país, tem
vergonha do país; invejoso;
q. 6.2 Somos um povo que adora desejar o do outro como melhor;
4b5.
Egoísta, indiferente individualismos;
5. LOCALIZAÇÃO: REGIÃO / ESTADO /
MUNICÍPIO / CIDADE
4
5a.
N.
5a1.
Amazônia lembre-se de que a região Amazônica
ultrapassa o estado do Amazonas
Floresta Amazônica; o rio Amazonas; floresta ; (chuvas alto índice
pluviométrico) na Região Amazônica; (árvores) representam a região
amazônica; (onça )– simboliza a fauna amazônica; Zona Franca de
Manaus;
5a2.
Pará (açaí )- fruta símbolo do Pará;
5a3.
Ilha de Marajó (búfalo) – base da economia marajoara; os lagos de Marajó;
5a4.
Roraima
5b.
NE
nordestino símbolo da persistência e coragem; cactos no Nordeste;
seca do Nordeste;
5b1.
Bahia Carnaval da Bahia;
5b2.
Pernambuco
5b3.
Ceará
4
Só classifique a localização caso conste explicitamente a menção da região/estado/município/cidade no texto do sujeito.
184
ANEXO 3
Vocabulário associado à diversidade e excertos de seu contexto de uso
no século XIX a partir das fontes históricas analisadas Quadro dos
autores
185
CELSO, Affonso (Conde de Ouro Preto). Porque me ufano do meu paiz: right or
wrong, my country. Rio de Janeiro: Laemmert & C. – Editores, 1901.
Vocabulário do
estado de coisas
que hoje conota-
mos por diversi-
dade
Tema em que esse
vocabulário aparece
associado
Contexto de uso das fontes históricas
Cruzamento - Raça “É hoje verdade geralmente aceita que, para a formação do
povo brasileiro, concorreram três elementos: o selvagem
americano, o negro africano e o português. Do cruzamento
das três raças resultou o mestiço que constitui mais de
metade da nossa população” (Celso, 1901: 77).
“[...] No Brasil, o antagonismos entre as partes que o
compõem. Cimenta-as, ao contrário, forte solidariedade. O
Brasil é perfeitamente homogêneo, material e moralmente,
pelo lado social e pelo lado étnico, pois nele se cruzam e se
fundem todas as raças. Lucraremos, sem exceção, em
permanecer um vasto conjunto intimamente ligado e
compacto” (Celso, 1901: 250).
Diferente - Clima
“Na primeira, cujas regiões mais quentes são Pa e
Amazonas, não reina o calor que se imagina, em razão de se
acharem junto ao equador. Na mesma latitude encontram-se
lugares de clima diferente. Pará e Amazonas excedem em
tudo as outras regiões tropicais do mundo, quais a Índia, a
Polinésia, parte da África” (Celso, 1901: 70).
Diversas - Natureza
- Manifestações do belo
(natureza)
“Não é monótona a selva brasileira. Cada árvore exibe
fisionomia própria, extrema-se das vizinhas: circunspetas ou
graciosas, leves ou maciças, frágeis ou atléticas. Conforme
reflexão de ilustre viajante, as matas brasileiras, únicas tão
compactas que se lhes poderia caminhar por cima,
representam a democracia livre das plantas, democracia cuja
existência consiste na luta incessante pela liberdade, pelo ar,
pela luz. Preside a essa democracia perfeita igualdade. Não
família que monopolize uma zona, com exclusão de outras
famílias ou grupos. Espécies as mais diversas medram
conjuntamente, fraternizam, enleiam-se. Daí a variedade na
unidade, múltiplas e diversas manifestações do belo” (Celso,
1901: 40).
Diversidade - Frutas
- Panoramas (natureza)
“Em 1624, relata Simão Estácio da Silveira que a excelência
do Brasil consiste em muitas cousas notórias. A primeira no
ameníssimo céu e salubérrimo ar, de que goza, aonde
sempre é verão e sempre está o campo e arvoredo verde,
cargado de infinita diversidade de frutas, cujos nomes,
sabores, feições, excedem a toda declaração humana”
(Celso, 1901: 18).
“Nas matas virgens do Brasil que ocupam espaço igual ao
de vastos Estados –, reside um dos espetáculos mais
augustos da criação. Sobrelevam o oceano em mistério, em
diversidade de panoramas, em excesso de vida, em
magnificência que, ao mesmo tempo, acabrunham a
inteligência humana e a arrebatam, acentuando-lhe a idéia
das forças superiores regedoras do planeta” (Celso, 1901:
35).
“A essa grande vantagem da baía fluminense, acrescem a
sua vastidão, segurança, profundidade de ancoradouro,
movimento de embarcações, inesgotável abundância de
preciosas espécies de peixes, e, principalmente, a
diversidade e formosura dos panoramas apresentados por
suas ilhas, enseadas, promontórios, montanhas e várzeas
marginais, vestidas de riquíssima vegetação” (Celso, 1901:
44).
186
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Contexto de uso das fontes históricas
Diverso - Clima
“Um país assim está em condições de se tornar o celeiro do
mundo. nele, em climas diversos, vastas pastagens,
fartamente regadas, às quais se adaptam todas as raças de
animais úteis. Já importante, a indústria pastoril destina-se a
abastecer a Europa, pois é susceptível de desenvolvimento
extraordinário” (Celso, 1901: 59-60).
Fusão - Raça
“– Resulta a sua população da fusão de três dignas e
valorosas raças” (Celso, 1901: 244).
“[...] No Brasil, não antagonismos entre as partes que o
compõem. Cimenta-as, ao contrário, forte solidariedade. O
Brasil é perfeitamente homogêneo, material e moralmente,
pelo lado social e pelo lado étnico, pois nele se cruzam e se
fundem todas as raças. Lucraremos, sem exceção, em
permanecer um vasto conjunto intimamente ligado e
compacto” (Celso, 1901: 250).
Variado - Natureza “Dentro do enorme perímetro brasileiro, encontra-se tudo o
que de pitoresco e grandioso oferece a terra. Ainda mais:
encontra-se, em matéria de panorama, tudo o que ardente
imaginação possa fantasiar. E os espetáculos são o
variados quanto magníficos” (Celso, 1901: 15).
Variedade
- Impressões
- Na unidade
- De aspectos (natureza)
- Animais
- Natureza
“Alexandre de Humboldt coloca a majestade e a calma das
nossas noites tropicais entre os maiores gozos
proporcionados pelas cenas da natureza; exalta a indizível
lindeza das nossas palmeiras, cujos penachos formam às
vezes uma floresta sobre outra floresta; assegura que a
zona vizinha ao equador é a parte da superfície do planeta,
onde, em menor extensão, se despertam mais numerosas
variedades de impressões, ostentando quer a terra quer o
céu todos os seus multíplices esplendores” (Celso, 1901:
19).
“Não é monótona a selva brasileira. Cada árvore exibe
fisionomia própria, extrema-se das vizinhas: circunspetas ou
graciosas, leves ou maciças, frágeis ou atléticas. Conforme
reflexão de ilustre viajante, as matas brasileiras, únicas o
compactas que se lhes poderia caminhar por cima,
representam a democracia livre das plantas, democracia
cuja existência consiste na luta incessante pela liberdade,
pelo ar, pela luz. Preside a essa democracia perfeita
igualdade. o família que monopolize uma zona, com
exclusão de outras famílias ou grupos. Espécies as mais
diversas medram conjuntamente, fraternizam, enleiam-se.
Daí a variedade na unidade, múltiplas e diversas
manifestações do belo” (Celso, 1901: 40).
“Fértil em incalculáveis riquezas, oferece o Amazonas
indizível variedade de aspectos, revelando constantemente
amplitude, força e majestade infinitas” (Celso, 1901: 25).
“No seu percurso de milhares de quilômetros, nunca deixa o
Amazonas de ser prodigiosamente opulento em peixes –
duas vezes mais que o Mediterrâneo. Contam-se milhares
de espécies peculiares a ele, muitas descobertas por
Agassiz, as quais mudam de aspecto conforme as paragens.
A par do peixe-boi e do peixe elétrico, miríades de camarões
microscópicos, tão saborosos como os comuns. Pulula a
vida ali. Habitam as florestas das ilhas e margens, florestas
formadas de preciosíssimas madeiras, populações
inumeráveis de insetos, répteis, mamíferos, maravilhosos
pela variedade, originalidade e beleza das formas, brilho e
cor. Centenas de famílias de pássaros alegram a solidão.
Enumeram-se duas vezes mais classes de borboletas do
que em toda a Europa” (Celso, 1901: 28).
187
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Contexto de uso das fontes históricas
Variedade
- Impressões
- Na unidade
- De aspectos (natureza)
- Animais
- Natureza
“Porém Paulo Afonso oferece mais selvagem poesia e maior
variedade de aspectos do que o Niagara” (Celso, 1901: 32).
“A princípio, o olhar não distingue formas precisas na selva
ingente, porém massas espessas, esboços de torres,
muralhas, trincheiras, abóbadas, pirâmides, colunas de
verdura, formadas de árvores enormes, troncos
aglomerados, lianas entrelaçadas plantas em baixo, em
cima, dos lados, florestas sobre florestas, sucessão
interminável de folhagens. Depois, pouco a pouco, de
surpresa em surpresa, vislumbra a portentosa variedade de
contornos, dimensões, cores –; configurações brutais ou
mimosas, fantásticas ou grotescas, risonhas ou
ameaçadoras” (Celso, 1901: 36).
Variegado - Matizes (cor das águas)
- Colorido (orquídeas)
“Tortuosos estes; retilíneos aqueles; série de lagos,
terceiros; correndo uns sem obstáculos; constituindo-se
outros de sucessivas escadas de cachoeiras; ora de marcha
vertiginosa, ora lentos, ora de correnteza apenas
perceptível; revelando-se aqui apáticos e indolentes; além,
impetuosos e tumultuários; desenvolvendo-se de meandro
em meandro; formando remoinhos espumejantes, remansos,
torrentes; ostentando águas de variegados matizes: brancas,
amareladas, cerúleas, negras, transparentes. A uns o
Amazonas acolhe-os propício, absorvendo-os, misturando-
se logo com eles” (Celso, 1901: 26-27).
“Reparai agora nas orquídeas, de brilhantes e variegados
coloridos, com desenhos simétricos que parecem traçados
por artista caprichoso em veludo, seda, metais foscos ou
polidos” (Celso, 1901: 38).
188
MACEDO, Joaquim Manoel de. Lições de historia do Brasil: para uso nas escolas de
instrucção primaria. Edição revista e actualizada por Olavo Bilac. Rio de Janeiro:
Garnier, 1905. (Primeira edição de 1864).
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Contexto de uso das fontes históricas
Variedade - Clima
- Produções
“O reino mineral disputa em opulência com o vegetal e
animal; a uberdade das terras não pode ser excedida pelas
mais fecundas de outras regiões, e a extensão do país
oferece uma variedade de climas, a que corresponde uma
infinita variedade de produções” (Macedo, 1905: 41).
189
MARTIUS, Carl Friedrich Phillip von. Como se deve escrever a história do Brasil. In: ––
––––. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Tradução de Alberto Löfgren.
Revisão de A. C. Miranda Azevedo. Belo Horizonte: Itatiaia. São Paulo: Edusp, 1982.
(Transcrito da Revista Trimestral de História e Geografia ou Jornal do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, n. 24, jan. 1845.)
Vocabulário do
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Contexto de uso das fontes históricas
Fusão - Língua “Como documento mais geral e mais significativo deve ser
considerada a língua dos índios. Pesquisas nesta
atualmente tão pouco cultivada esfera não podem jamais ser
suficientemente recomendadas, e tanto mais que as línguas
americanas não cessam de achar-se continuamente em uma
certa fusão, de sorte que algumas delas em breve estarão
inteiramente extintas. Muito que dizer sobre este objeto:
mas como devo supor que poucos historiógrafos brasileiros
se ocuparão com estudos lingüísticos, deixo à parte este
assunto; aproveito porém esta ocasião de exprimir o meu
desejo que o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
designasse alguns lingüistas para a redação de dicionários e
observações gramaticais sobre estas línguas, determinando
que estes Srs. fossem ter com os mesmos índios. Neste
respeito seria muito para desejar que se investigassem
especialmente as radicais da língua tupi e dos seus
dialéticos, desde o guarani, nas margens do rio da Prata, até
o arino e guez sobre o Amazonas: que para tal dicionário
brasileiro servisse de modelo o vocabulário que a Imperatriz
Catarina mandou esboçar para as línguas asiáticas, e que
afinal e principalmente se coligissem em primeiro lugar todos
os vocábulos que referem a objetos naturais, determinações
legais, (de direito) ou vestígios de relações sociais” (Martius,
1982: 92 – grifos do autor).
Cruzar - Raça “Tanto a história dos povos quanto a dos indivíduos nos
mostram que o gênio da História (do mundo), que conduz o
gênero humano por caminhos, cuja sabedoria sempre
devemos reconhecer, não poucas vezes lança mão de
cruzar as raças para alcançar os mais sublimes fins na
ordem do mundo. Quem poderá negar que a nação inglesa
deve sua energia, sua firmeza e perseverança a essa
mescla dos povos céltico, dinamarquês, romano, anglo-
saxão e normando!” (Martius, 1982: 88).
190
Vocabulário do
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Diferente
Diferenças
- Clima
- Solo
- Produtos naturais
- Agricultura
- Indústria
- Costumes
- Usos e precisões
- Partes do país
- Raça
“Aqui se apresenta uma grande dificuldade em
conseqüência da grande extensão do território brasileiro, da
imensa variedade no que diz respeito à natureza que nos
rodeia, aos costumes e usos e à composição da população
de tão disparatados elementos. Assim como a província do
Pará tem clima inteiramente diferente, outro solo, outros
produtos naturais, outra agricultura, indústria, outros
costumes, usos e precisões, do que a província do Rio
Grande do Sul; assim acontece igualmente com as
províncias da Bahia, Pernambuco e Minas. Em uma
predomina quase exclusivamente a raça branca,
descendente dos portugueses; na outra tem maior mistura
com os índios; em uma terceira manifesta-se a importância
da raça africana; em quanto influía de um modo especial
sobre os costumes e o estado da civilização em geral. O
autor, que dirigisse com preferência as suas vistas sobre
uma destas circunstâncias, corria perigo de não escrever
uma história do Brasil, mas sim uma série de histórias
especiais de cada uma das províncias. Um outro porém, que
não desse a necessária atenção a estas particularidades,
corria o risco de não acertar com este tom local que é
indispensável onde se trata de despertar no leitor um vivo
interesse, e dar às suas descrições aquela energia plástica,
imprimir-lhe aquele fogo, que tanto admiramos nos grandes
historiadores” (Martius: 1982: 104-105).
“Para evitar este conflito, parece necessário que em primeiro
lugar seja em épocas, judiciosamente determinadas,
representando o estado do país em geral, conforme o que
tenha de particular em suas relações com a mãe pátria e as
mais partes do mundo; e que, passando logo para aquelas
partes do país que essencialmente diferem, seja realçado
em cada uma delas o que houver de verdadeiramente
importante e significativo para a história. Procedendo assim,
não se devia certamente principiar de novo em cada
província; mas omitir, pelo contrário, tudo aquilo que em
todas, mais ou menos, se repetiu. Portanto, deviam ser
tratadas conjuntamente aquelas porções do país que, por
analogia da sua natureza sica, pertencem uma às outras.
Assim, por exemplo, converge a história das províncias de S.
Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso; a do Maranhão se liga à
do Pará, e à roda dos acontecimentos de Pernambuco
formam um grupo natural os do Ceará, Rio Grande do Norte
e Paraíba. Enfim, a história de Sergipe, Alagoas e Porto
Seguro, não será senão a da Bahia” (Martius, 1982: 105).
“No que diz respeito aos leitores em geral, deverá lembrar-
se em primeiro lugar que não excitará nenhum interesse
vivo, nem lhes poderá desenvolver as relações mais íntimas
do país, sem serem precedidos os fatos históricos por
descrição das particularidades locais da natureza. Tratando
o seu assunto, segundo este sistema, o que já admiramos
no pai da história, Heródoto, encontrará muitas ocasiões
para pinturas encantadoras da natureza. Elas imprimirão a
sua obra um atrativo particular para os habitantes das
diferentes partes do país, porque nestas diversas descrições
locais reconhecerão a sua própria habitação, e se
encontrarão, por assim dizer, a si mesmos. Desta sorte
ganhará o livro em variedades e riqueza de fatos e muito
especialmente em interesse para o leitor europeu” (Martius,
1982: 106).
191
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Contexto de uso das fontes históricas
Diferente
Diferenças
- Clima
- Solo
- Produtos naturais
- Agricultura
- Indústria
- Costumes
- Usos e precisões
- Partes do país
- Raça
“[...] Quão diferente é o Pará de Minas! Uma outra natureza,
outros homens, outras precisões e paixões, e por
conseguinte outras conjecturas históricas” (Martius, 1982:
105).
“Pode-se dizer que cada uma das raças compete, segundo
sua índole inata, segundo as circunstâncias debaixo das
quais ela vive e se desenvolve, um movimento histórico
característico e particular. Portanto, vendo nós um povo
novo nascer e desenvolver-se da reunião e contato de tão
diferentes raças humanas, podemos avançar que a sua
história se deverá desenvolver segundo uma lei particular
das forças diagonais” (Martius, 1982: 87).
Disparatados
elementos
- Composição da população
“Aqui se apresenta uma grande dificuldade em
conseqüência da grande extensão do território brasileiro, da
imensa variedade no que diz respeito à natureza que nos
rodeia, aos costumes e usos e à composição da população
de tão disparatados elementos. Assim como a província do
Pará tem clima inteiramente diferente, outro solo, outros
produtos naturais, outra agricultura, indústria, outros
costumes, usos e precisões, do que a província do Rio
Grande do Sul; assim acontece igualmente com as
províncias da Bahia, Pernambuco e Minas. Em uma
predomina quase exclusivamente a raça branca,
descendente dos portugueses; na outra tem maior mistura
com os índios; em uma terceira manifesta-se a importância
da raça africana; em quanto influía de um modo especial
sobre os costumes e o estado da civilização em geral. O
autor, que dirigisse com preferência as suas vistas sobre
uma destas circunstâncias, corria perigo de não escrever
uma história do Brasil, mas sim uma série de histórias
especiais de cada uma das províncias. Um outro porém, que
não desse a necessária atenção a estas particularidades,
corria o risco de não acertar com este tom local que é
indispensável onde se trata de despertar no leitor um vivo
interesse, e dar às suas descrições aquela energia plástica,
imprimir-lhe aquele fogo, que tanto admiramos nos grandes
historiadores” (Martius: 1982: 104-105).
Diversidade - Fontes
- País
“Esta diversidade não é suficientemente reconhecida no
Brasil, porque há poucos brasileiros que tenham visitado
todo o país; por isso formam idéias muito errôneas sobre
circunstâncias locais, fato este que sem dúvida alguma
muito concorre para que as perturbações políticas em
algumas províncias se podiam apagar depois de longo
tempo” (Martius, 1982: 105-106).
192
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Elementos de
natureza diversa
- Partes do país
- Descrições locais
- Raça
“[...] Enquanto não poucas vezes acontecerá que os
estrangeiros tentem semear a cizânia entre os interesses
das diversas partes do país, para assim, conforme ao divide
et impera, obter maior influência nos negócios do estado;
deve o historiador patriótico aproveitar toda e qualquer
ocasião a fim de mostrar que todas as Províncias do Império
por lei orgânica se pertencem mutuamente, que seu próprio
adiantamento se pode ser mais garantido pela mais íntima
união entre elas” (Martius, 1982: 106 – grifos do autor).
“No que diz respeito aos leitores em geral, deverá lembrar-
se em primeiro lugar que não excitará nenhum interesse
vivo, nem lhes poderá desenvolver as relações mais íntimas
do país, sem serem precedidos os fatos históricos por
descrição das particularidades locais da natureza. Tratando
o seu assunto, segundo este sistema, o que já admiramos
no pai da história, Heródoto, encontrará muitas ocasiões
para pinturas encantadoras da natureza. Elas imprimirão a
sua obra um atrativo particular para os habitantes das
diferentes partes do país, porque nestas diversas descrições
locais reconhecerão a sua própria habitação, e se
encontrarão, por assim dizer, a si mesmos. Desta sorte
ganhará o livro em variedades e riqueza de fatos e muito
espec
ialmente em interesse para o leitor europeu”
(Martius, 1982: 106).
“São porém estes elementos de natureza muito diversa,
tendo para a formação do homem convergida de um modo
particular três raças, a saber: a de cor de cobre, ou
americana, a branca ou caucasiana, e, enfim, a preta ou
etiópica” (Martius, 1982: 87).
Mescla - Raça
- Nação
“[...] Do encontro, da mescla das relações mútuas e
mudanças dessas três raças, formou-se a atual população,
cuja história, por isso mesmo, tem um cunho muito
particular” (Martius, 1982: 87).
“Jamais nos se permitido duvidar que a vontade da
providência predestinou ao Brasil esta mescla. O sangue
português, em um poderoso rio, deverá absorver os
pequenos confluentes das raças índia e etiópica. Na classe
baixa tem lugar esta mescla, e como em todos os países se
formam as classes superiores dos elementos das inferiores,
e por meio delas se vivificam e fortalecem, assim se prepara
atualmente na última classe da população brasileira essa
mescla de raças, que daí a séculos influirá poderosamente
sobre as classes elevadas, e lhes comunicará aquela
atividade histórica para a qual o Império do Brasil é
chamado” (Martius, 1982: 88).
“Nunca portanto o historiador da Terra de Santa Cruz de
perder de vista que sua tarefa abrange os mais grandiosos
elementos; que não lhe compete tão somente descrever o
desenvolvimento de um povo, circunscrito em estreitos
limites, mas sim de uma nação cuja crise e mescla atuais
pertencem à história universal, que ainda se acha no meio
do seu desenvolvimento superior. Possa ele não reconhecer
em o singular conjunção de diferentes elementos algum
acontecimento desfavorável, mas sim a conjuntura mais feliz
e mais importante no sentido da mais pura filantropia. Nos
pontos principais a história do Brasil será sempre a história
de um ramo de portugueses; mas se ela aspirar a ser
completa e merecer o nome de uma história pragmática,
jamais poderão ser excluídas as suas relações para com as
raças etiópica e índia” (Martius, 1982: 104).
193
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Mistura - Raça “Aqui se apresenta uma grande dificuldade em
conseqüência da grande extensão do território brasileiro, da
imensa variedade no que diz respeito à natureza que nos
rodeia, aos costumes e usos e à composição da população
de tão disparatados elementos. Assim como a província do
Pará tem clima inteiramente diferente, outro solo, outros
produtos naturais, outra agricultura, indústria, outros
costumes, usos e precisões, do que a província do Rio
Grande do Sul; assim acontece igualmente com as
províncias da Bahia, Pernambuco e Minas. Em uma
predomina quase exclusivamente a raça branca,
descendente dos portugueses; na outra tem maior mistura
com os índios; em uma terceira manifesta-se a importância
da raça africana; em quanto influía de um modo especial
sobre os costumes e o estado da civilização em geral. O
autor, que dirigisse com preferência as suas vistas sobre
uma destas circunstâncias, corria perigo de não escrever
uma história do Brasil, mas sim uma série de histórias
especiais de cada uma das províncias. Um outro porém, que
não desse a necessária atenção a estas particularidades,
corria o risco de não acertar com este tom local que é
indispensável onde se trata de despertar no leitor um vivo
interesse, e dar às suas descrições aquela energia plástica,
imprimir-lhe aquele fogo, que tanto admiramos nos grandes
historiadores” (Martius: 1982: 104-105).
Uma ao lado da
outra
- Raças “Portanto devia ser um ponto capital para o historiador
reflexivo mostrar como no desenvolvimento sucessivo do
Brasil se acham estabelecidas as condições para o
aperfeiçoamento de três raças humanas, que nesse país são
colocadas uma ao lado da outra, de uma maneira
desconhecida na História Antiga, e que devem servir-se
mutuamente de meio e de fim” (Martius, 1982: 89).
Variedade - Natureza
- Usos
- Costumes
- Composição da população
- Produtos
“Aqui se apresenta uma grande dificuldade em
conseqüência da grande extensão do território brasileiro, da
imensa variedade no que diz respeito à natureza que nos
rodeia, aos costumes e usos e à composição da população
de tão disparatados elementos. Assim como a província do
Pará tem clima inteiramente diferente, outro solo, outros
produtos naturais, outra agricultura, indústria, outros
costumes, usos e precisões, do que a província do Rio
Grande do Sul; assim acontece igualmente com as
províncias da Bahia, Pernambuco e Minas. Em uma
predomina quase exclusivamente a raça branca,
descendente dos portugueses; na outra tem maior mistura
com os índios; em uma terceira manifesta-se a importância
da raça africana; em quanto influía de um modo especial
sobre os costumes e o estado da civilização em geral. O
autor, que dirigisse com preferência as suas vistas sobre
uma destas circunstâncias, corria perigo de não escrever
uma história do Brasil, mas sim uma série de histórias
especiais de cada uma das províncias. Um outro porém, que
não desse a necessária atenção a estas particularidades,
corria o risco de não acertar com este tom local que é
indispensável onde se trata de despertar no leitor um vivo
interesse, e dar às suas descrições aquela energia plástica,
imprimir-lhe aquele fogo, que tanto admiramos nos grandes
historiadores” (Martius: 1982: 104-105).
194
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Contexto de uso das fontes históricas
Variedade - Natureza
- Usos
- Costumes
- Composição da população
- Produtos
“[...] Justamente na vasta extensão do país, na variedade de
seus produtos, ao mesmo tempo que os seus habitantes têm
a mesma origem, o mesmo fundo histórico, e as mesmas
esperanças para um futuro lisonjeiro, acha-se fundado o
poder e grandeza do país. Nunca esqueça, pois, o
historiador do Brasil, que para prestar um verdadeiro serviço
a sua pátria deverá escrever como autor monárquico-
constitucional, como unitário no mais puro sentido da
palavra” (Martius: 1982: 105-106).
Variedade - Fatos
- Fontes
“No que diz respeito aos leitores em geral, deverá lembrar-
se em primeiro lugar que não excitará nenhum interesse
vivo, nem lhes poderá desenvolver as relações mais íntimas
do país, sem serem precedidos os fatos históricos por
descrição das particularidades locais da natureza. Tratando
o seu assunto, segundo este sistema, o que já admiramos
no pai da história, Heródoto, encontrará muitas ocasiões
para pinturas encantadoras da natureza. Elas imprimirão a
sua obra um atrativo particular para os habitantes das
diferentes partes do país, porque nestas diversas descrições
locais reconhecerão a sua própria habitação, e se
encontrarão, por assim dizer, a si mesmos. Desta sorte
ganhará o livro em variedades e riqueza de fatos e muito
especialmente em interesse para o leitor europeu” (Martius,
1982: 106).
“[...] deve procurar-se provar que o Brasil, país tão vasto e
rico em fontes variadíssimas de ventura e prosperidade civil,
alcançará o seu mais favorável desenvolvimento, se chegar,
firmes os seus habitantes na sustentação da Monarquia, a
estabelecer, por uma sábia organização entre todas as
províncias, relações recíprocas” (Martius, 1982: 106).
195
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil: antes de sua separação e
independência de Portugal. Revisão e notas de Rodolfo Garcia. 8. ed. integral. São
Paulo: Melhoramentos/Ministério da Educação e Cultura, 1975. 5 tomos. (Memória
Brasileira) (Primeira edição de 1854).
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Amálgama
- Raça
“[...] a gente de origem européia posta em contacto com a da
terra não a exterminou, absorveu-a: amalgamou-se com
ela. Tal é a verdadeira razão por que de nossas províncias
desapareceu quase absolutamente o tipo índio” (Varnhagen,
1975: 246 – t. 1).
Cruzamento
Cruzadas
- Raça “[...] A abundância que havia de mestiços e mamelucos, que,
segundo os jesuítas, eram os autores de tantas invasões de
índios indômitos no sertão, vem em auxílio do que cremos
que o tipo índio desapareceu, mais em virtude de
cruzamentos sucessivos que de verdadeiro e cruel
extermínio” (Varnhagen, 1975: 215 – t. 1).
“[...] Todos os documentos dos tempos antigos e modernos
nos descobrem, tanto aqui como nas colônias dos
Castelhanos, as tendências dos europeus a este cruzamento
sucessivo de raça, que fez com que a americana não se
exterminasse em parte alguma, mas antes de cruzasse e
refundisse” (Varnhagen, 1975: 215 – t. 1).
“[...] Os nascidos das raças cruzadas diziam-se, em frase
tupi, curibocas, porém, o uso fez preferir o nome de
mamelucos, que se dava em algumas terras da Península
aos filhos de cristão e moura” (Varnhagen, 1975: 215 t. 1–
grifos do autor).
Fusão
- Nacionalidades “Um dos elementos que mais concorreu para a fusão das
nacionalidades tupi e portuguesa foi a mulher” (Varnhagen,
1975: 214 – t. 1).
“[...] e os resultados, apesar de serem irreligiosos os meios,
não podiam deixar de ser em favor da fusão das duas
nacionalidades” (Varnhagen, 1975: 215 – t. 1).
Natureza diversa - População “Com doações pequenas, a colonização se teria feito com
mais gente, e naturalmente o Brasil estaria hoje mais
povoado – talvez – do que os Estados Unidos: sua povoação
seria porventura homogênea e teriam entre si as províncias
menos rivalidades que, se ainda existem, procedem, em
parte, das tais capitanias” (Varnhagen, 1975: 146 – t. 1).
Refundisse - Raça
“[...] Todos os documentos dos tempos antigos e modernos
nos descobrem, tanto aqui como nas colônias dos
Castelhanos, as tendências dos europeus a este cruzamento
sucessivo de raça, que fez com que a americana não se
exterminasse em parte alguma, mas antes de cruzasse e
refundisse” (Varnhagen, 1975: 215 – t. 1).
196
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Variedade
Vários
Vária
Variegado
- Clima
- Estações do ano
- Frutas
- Contrastes
- Natureza
“Apesar de tanta vida e variedade das matas-virgens,
apresentam elas um aspecto sombrio, ante o qual o homem
se contrista, sentindo que o coração se lhe aperta, como no
meio dos mares, ante a imensidade do oceano” (Varnhagen,
1975: 16 – t. 1).
“Numa extensão tão vasta e com tão diferentes elevações
sobre o mar, como tem o Brasil, claro está que vários são os
climas e vária a ordem das estações, se estas com os seus
nomes inventados para as zonas temperadas, os podem ter
correspondentes nas zonas tórridas” (Varnhagen, 1975: 14 –
t. 1).
“Aí se dão alguns frutos regalados, tais como o ananás, rei
deles, o caju, fruta duas vezes, o dulcíssimo saputi, com
razão denominado pêra dos trópicos, os belos maracujás, as
coradas mangabas, e as rescendentes amonas de várias
espécies, conhecidas com os nomes de araticuns, atas,
frutas-do-conde; e infinidade de outros pomos que a
horticultura fará melhores, e de muitos que a química
aplicada ainda tem de aproveitar e vulgarizar” (Varnhagen,
1975: 17 – t. 1– grifos do autor).
“Para ser mais original, oferece o país vários contrastes
originais” (Varnhagen, 1975: 19 – t. 1).
“Por toda a extensão que abraçam esses dois grandes rios
[Amazonas e Prata] se erguem serranias, que produzem
variegados vales, por cujos leitos correm outros tantos rios
caudais” (Varnhagen, 1975: 13 – t. 1).
197
ANEXO 4
Relatório do Alceste gerado a partir do processamento da questão 1:
“Por que você acha que isso tudo é Brasil?”
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
198
-------------------------------------
* Logiciel ALCESTE (4.7 - 01/12/02) *
-------------------------------------
Plan de l'analyse :61.pl ; Date : 13/ 7/**; Heure : 14:00:20
C:\Arquivos de programas\ADT-Image\Lucia\ref61\&&_0\
61.txt
ET 1 1 1 1
A 1 1 1
B 1 1 1
C 1 1 1
D 1 1 1 0 0
A1 1 0 0
A2 3 0
A3 1 1 0
B1 0 4 0 1 1 0 1 1 0
B2 2 2 0 0 0 0 0 0
B3 10 4 1 1 0 0 0 0 0 0
C1 0 121
C2 0 2
C3 0 0 1 1 1 2
D1 0 2 2
D2 0
D3 5 a 2
D4 1 -2 1
D5 0 0
---------------------
A1: Lecture du corpus
---------------------
A12 : Traitement des fins de ligne du corpus :
N° marque de la fin de ligne :
Nombre de lignes étoilées : 498
--------------------------
A2: Calcul du dictionnaire
--------------------------
Nombre de formes distinctes : 2508
Nombre d'occurrences : 16022
Fréquence moyenne par forme : 6
Nombre de hapax : 1479
Fréquence maximum d'une forme : 1091
72.73% des formes de fréq. < 2 recouvrent 13.54% des occur.;
85.65% des formes de fréq. < 5 recouvrent 21.07% des occur.;
92.66% des formes de fréq. < 12 recouvrent 30.11% des occur.;
96.13% des formes de fréq. < 26 recouvrent 40.17% des occur.;
98.09% des formes de fréq. < 47 recouvrent 51.36% des occur.;
98.96% des formes de fréq. < 87 recouvrent 60.29% des occur.;
99.52% des formes de fréq. < 134 recouvrent 70.04% des occur.;
99.80% des formes de fréq. < 370 recouvrent 81.97% des occur.;
99.92% des formes de fréq. < 466 recouvrent 90.14% des occur.;
100.00% des formes de fréq. < 1091 recouvrent100.00% des occur.;
----------------------------------------------------
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
199
A3 : Liste des clés et valeurs d'analyse (ALC_CLE) :
----------------------------------------------------
K 0 Nombres en chiffre
M 2 Mots en majuscules
U 0 Mots non trouvés dans DICIN (si existe)
X 1 formes non reconnues et fréquentes
0 2 Auxiliaire ESTAR
1 2 Auxiliaire TER
2 2 Auxiliaire HAVER
3 2 Auxiliaire SER
4 2 Prépositions simples et locutions prépositives
5 2 Conjonctions et locutions conjonctives
6 2 Interjections
7 2 Pronoms
8 2 Numéraux
9 2 Adverbes
1 Formes non reconnues
A34 : Fréquence maximale d'un mot analysé : 3000
Nombre de mots analysés : 1500
Nombre de mots supplémentaires de type "r" : 275
Nombre de mots supplémentaires de type "s" : 10
Nombre d'occurrences retenues : 16002
Moyenne par mot : 8.123381
Nombre d'occurrences analysables (fréq.> 3) : 6544 soit
45.384560%
Nombre d'occurrences supplémentaires : 7875
Nombre d'occurrences hors fenêtre fréquence : 1583
-------------------------------------------
B1: Sélection des uce et calcul des données
-------------------------------------------
B11: Le nom du dossier des résultats est &&_0
B12: Fréquence minimum d'un "mot" analysé : 4
B13: Fréquence maximum d'un "mot" retenu : 9999
B14: Fréquence minimum d'un "mot étoilé" : 1
B15: Code de fin d'U.C.E. : 1
B16: Nombre d'occurrences par U.C.E. : 22
B17: Elimination des U.C.E. de longueur < 0
Fréquence minimum finale d'un "mot" analysé : 4
Fréquence minimum finale d'un "mot étoilé" : 1
Nombre de mots analysés : 377
Nombre de mots supplémentaires de type "r" : 151
Nombre total de mots : 528
Nombre de mots supplémentaires de type "s" : 10
Nombre de lignes de B1_DICB : 538
Nombre d'occurrences analysées : 6544
Nombre d'u.c.i. : 498
Nombre moyen de "mots" analysés / u.c.e. : 10.098770
Nombre d'u.c.e. : 648
Nombre d'u.c.e. sélectionnées : 648
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
200
100.00% des u.c.e. sont sélectionnées
Nombre de couples : 11887
--------------------
B2: Calcul de DONN.1
--------------------
Nombre de mots par unité de contexte : 10
Nombre d'unités de contexte : 606
--------------------
B2: Calcul de DONN.2
--------------------
Nombre de mots par unité de contexte : 12
Nombre d'unités de contexte : 584
-----------------------------------------------------
B3: Classification descendante hiérarchique de DONN.1
-----------------------------------------------------
Elimination des mots de fréquence > 3000 et < 4
0 mots éliminés au hasard soit .00 % de la fenêtre
Nombre d'items analysables : 288
Nombre d'unités de contexte : 606
Nombre de "1" : 6011
-----------------------------------------------------
B3: Classification descendante hiérarchique de DONN.2
-----------------------------------------------------
Elimination des mots de fréquence > 3000 et < 4
0 mots éliminés au hasard soit .00 % de la fenêtre
Nombre d'items analysables : 287
Nombre d'unités de contexte : 584
Nombre de "1" : 5982
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
201
----------------------------
C1: intersection des classes
----------------------------
Nom du dossier trai C:\Arquivos de programas\ADT-
Image\Lucia\ref6
1\&&_0\
Suffixe de l'analyse :121
Date de l'analyse :13/ 7/**
Intersection des classes RCDH1 et RCDH2
Nombre minimum d'uce par classe : 33
DONN.1 Nombre de mots par uc : 10
Nombre d'uc : 606
DONN.2 Nombre de mots par uc : 12
Nombre d'uc : 584
474 u.c.e classées sur 648 soit 73.15 %
Nombre d'u.c.e. distribuées: 521
Tableau croisant les deux partitions :
RCDH1 * RCDH2
classe * 1 2 3
poids * 89 171 261
1 60 * 58 1 1
2 189 * 21 162 6
3 272 * 10 8 254
Tableau des chi2 (signés) :
RCDH1 * RCDH2
classe * 1 2 3
poids * 89 171 261
1 60 * 303 -29 -63
2 189 * -7 376 -261
3 272 * -72 -230 426
Classification Descendante Hiérarchique...
Dendrogramme des classes stables (à partir de B3_rcdh1) :
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
Cl. 1 ( 58uce) |---------------------+
18 |-------------------------+
Cl. 2 ( 162uce) |---------------------+ |
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
202
19 |+
Cl. 3 ( 254uce) |-----------------------------------------------+
Classification Descendante Hiérarchique...
Dendrogramme des classes stables (à partir de B3_rcdh2) :
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
Cl. 1 ( 58uce) |--------------------------+
18 |---------------------+
Cl. 2 ( 162uce) |--------------------------+ |
19 +
Cl. 3 ( 254uce) |------------------------------------------------+
----------------------
C2: profil des classes
----------------------
Chi2 minimum pour la sélection d'un mot : 2.00
Nombre de mots (formes réduites) : 528
Nombre de mots analysés : 377
Nombre de mots "hors-corpus" : 10
Nombre de classes : 3
474 u.c.e. classées soit 73.148150%
Nombre de "1" analysés : 4501
Nombre de "1" suppl. ("r") : 4401
Distribution des u.c.e. par classe...
1eme classe : 58. u.c.e. 492. "1" analysés ; 545. "1" suppl..
2eme classe : 162. u.c.e. 1627. "1" analysés ; 1626. "1" suppl..
3eme classe : 254. u.c.e. 2382. "1" analysés ; 2230. "1" suppl..
--------------------------
Classe n° 1 => Contexte A
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 58. soit : 12.24 %
Nombre de "uns" (a+r) : 1037. soit : 11.65 %
Nombre de mots analysés par uce : 8.48
num effectifs pourc. chi2 identification
25 3. 4. 75.00 14.80 atencao
31 31. 40. 77.50 173.27 boa+
42 5. 5. 100.00 36.24 carnaval
45 6. 17. 35.29 8.73 che+
50 42. 55. 76.36 238.26 coisa+
63 4. 5. 80.00 21.61 continu+
80 5. 23. 21.74 2.03 das
96 2. 6. 33.33 2.52 dev+
97 3. 8. 37.50 4.84 dia+
133 5. 17. 29.41 4.84 etc
152 3. 4. 75.00 14.80 festa+
157 2. 4. 50.00 5.36 forca+
187 7. 22. 31.82 8.24 lado+
190 11. 23. 47.83 28.51 lind+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
203
208 2. 4. 50.00 5.36 mod+
213 7. 8. 87.50 42.92 mud+
223 2. 4. 50.00 5.36 nele
225 4. 8. 50.00 10.81 nest+
232 6. 6. 100.00 43.59 orgulh+
254 4. 17. 23.53 2.09 pod+
266 5. 17. 29.41 4.84 pra+
267 4. 10. 40.00 7.33 precis+
279 2. 4. 50.00 5.36 quadro+
286 6. 13. 46.15 14.32 realidade+
295 2. 3. 66.67 8.33 repleto+
306 3. 4. 75.00 14.80 rua+
307 9. 11. 81.82 50.77 ruim
308 22. 25. 88.00 141.07 ruins
334 4. 10. 40.00 7.33 tent+
364 3. 7. 42.86 6.20 vemos
377 2. 4. 50.00 5.36 vontade+
413 * 5. 20. 25.00 3.17 * 5 assim
414 * 12. 58. 20.69 4.40 * 5 como
417 * 17. 79. 21.52 7.61 * 5 mas
422 * 4. 16. 25.00 2.51 * 5 pois
429 * 11. 49. 22.45 5.31 * 5 se
432 * 7. 16. 43.75 15.31 * 6 bom
443 * 4. 16. 25.00 2.51 * 7 ele
447 * 5. 15. 33.33 6.42 * 7 essas
449 * 2. 6. 33.33 2.52 * 7 esses
453 * 2. 6. 33.33 2.52 * 7 estes
454 * 5. 22. 22.73 2.36 * 7 eu
458 * 4. 9. 44.44 8.86 * 7 me
468 * 8. 34. 23.53 4.35 * 7 nos
491 * 2. 4. 50.00 5.36 * 7 tanta
497 * 6. 26. 23.08 3.01 * 7 todos
502 * 3. 4. 75.00 14.80 * 8 dois
504 * 5. 23. 21.74 2.03 * 9 ainda
505 * 3. 11. 27.27 2.37 * 9 aqui
513 * 10. 52. 19.23 2.66 * 9 mais
532 * 22. 118. 18.64 6.01 * *cur_4
538 * 14. 79. 17.72 2.66 * *reg_5
Nombre de mots sélectionnés : 52
--------------------------
Classe n° 2 => Contexte B
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 162. soit : 34.18 %
Nombre de "uns" (a+r) : 3253. soit : 36.54 %
Nombre de mots analysés par uce : 10.04
num effectifs pourc. chi2 identification
2 5. 5. 100.00 9.73 acab+
12 3. 4. 75.00 2.99 ambient+
29 23. 51. 45.10 3.03 bel+
30 4. 6. 66.67 2.85 biodiversidade+
32 5. 7. 71.43 4.38 bonito+
39 6. 7. 85.71 8.39 capital+
44 6. 10. 60.00 3.03 centro+
46 6. 11. 54.55 2.08 cidad+
53 11. 13. 84.62 15.12 concentr+
54 7. 11. 63.64 4.34 condic+
60 3. 4. 75.00 2.99 consequencia+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
204
67 15. 18. 83.33 20.10 corrupcao
73 4. 5. 80.00 4.72 crianca+
78 30. 54. 55.56 12.38 da
81 8. 10. 80.00 9.53 defeitos
82 6. 7. 85.71 8.39 deix+
85 11. 12. 91.67 18.09 desempreg+
88 3. 4. 75.00 2.99 desenvolvido+
90 34. 45. 75.56 37.84 desigual+
94 4. 6. 66.67 2.85 dever+
102 3. 4. 75.00 2.99 dinheiro
114 41. 78. 52.56 14.03 do
115 15. 25. 60.00 7.82 dos
118 19. 20. 95.00 34.34 educ+
121 3. 4. 75.00 2.99 emprego+
123 4. 6. 66.67 2.85 enfim
128 4. 4. 100.00 7.77 esperanc+
136 6. 8. 75.00 6.03 exemplo+
142 5. 8. 62.50 2.90 fac+
143 22. 27. 81.48 28.48 falt+
156 23. 26. 88.46 36.03 fome
161 4. 5. 80.00 4.72 futuro
166 8. 8. 100.00 15.67 governantes
167 6. 7. 85.71 8.39 governo+
168 34. 83. 40.96 2.06 grande+
172 5. 6. 83.33 6.53 human+
182 4. 6. 66.67 2.85 injust+
187 14. 22. 63.64 8.90 lado+
194 4. 5. 80.00 4.72 lut+
195 13. 18. 72.22 12.04 maior+
197 7. 8. 87.50 10.28 mao+
202 13. 14. 92.86 22.08 melhor+
205 12. 16. 75.00 12.27 miser+
214 13. 24. 54.17 4.49 muita
216 11. 13. 84.62 15.12 mundo
221 3. 4. 75.00 2.99 negativo+
236 4. 4. 100.00 7.77 o-que-se
242 14. 24. 58.33 6.56 part+
243 3. 4. 75.00 2.99 pass+
245 4. 4. 100.00 7.77 paz
248 10. 19. 52.63 3.00 pel+
251 17. 28. 60.71 9.32 pessoa+
252 22. 38. 57.89 10.33 pobr+
253 8. 14. 57.14 3.38 poder+
255 15. 20. 75.00 15.47 polit+
259 20. 27. 74.07 20.26 popul+
265 28. 53. 52.83 9.23 povo+
270 3. 3. 100.00 5.81 preocup+
273 3. 3. 100.00 5.81 prim+
275 32. 51. 62.75 20.73 problem+
278 4. 4. 100.00 7.77 publ+
280 11. 15. 73.33 10.56 qualidade+
294 9. 10. 90.00 14.15 renda
298 4. 5. 80.00 4.72 resolv+
305 46. 64. 71.88 46.74 riqu+
310 5. 7. 71.43 4.38 saude
319 20. 42. 47.62 3.70 sociais
320 27. 35. 77.14 31.01 social+
336 8. 10. 80.00 9.53 terra+
360 4. 4. 100.00 7.77 ve
362 5. 7. 71.43 4.38 vejo
365 3. 3. 100.00 5.81 vencer
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
205
371 28. 37. 75.68 30.72 violencia
375 11. 20. 55.00 4.02 viv+
376 3. 4. 75.00 2.99 volt+
378 * 80. 183. 43.72 12.06 * a
386 * 32. 72. 44.44 3.98 * 1 tem
390 * 18. 37. 48.65 3.74 * 2 ha
396 * 7. 10. 70.00 5.83 * 3 somos
399 * 3. 4. 75.00 2.99 * 4 alem-de
400 * 12. 23. 52.17 3.48 * 4 apesar-de
407 * 30. 67. 44.78 3.90 * 4 para
410 * 8. 11. 72.73 7.44 * 4 sem
418 * 3. 4. 75.00 2.99 * 5 nem
422 * 9. 16. 56.25 3.59 * 5 pois
423 * 13. 24. 54.17 4.49 * 5 porem
428 * 77. 195. 39.49 4.15 * 5 que
432 * 9. 16. 56.25 3.59 * 6 bom
450 * 13. 21. 61.90 7.51 * 7 esta
464 * 11. 21. 52.38 3.24 * 7 muitos
470 * 7. 10. 70.00 5.83 * 7 nossas
471 * 20. 36. 55.56 7.91 * 7 nosso
478 * 14. 30. 46.67 2.22 * 7 o-que
481 * 6. 11. 54.55 2.08 * 7 poucos
485 * 6. 8. 75.00 6.03 * 7 que-se
487 * 9. 17. 52.94 2.76 * 7 seus
493 * 3. 4. 75.00 2.99 * 7 tantos
504 * 11. 23. 47.83 2.00 * 9 ainda
511 * 9. 12. 75.00 9.12 * 9 infelizmente
515 * 7. 13. 53.85 2.30 * 9 melhor
517 * 38. 80. 47.50 7.59 * 9 nao
520 * 5. 8. 62.50 2.90 * 9 sempre
526 * 11. 19. 57.89 4.95 * M A
528 * 37. 89. 41.57 2.66 * M O
529 * 51. 125. 40.80 3.31 * *cur_1
534 * 36. 72. 50.00 9.45 * *reg_1
Nombre de mots sélectionnés : 106
--------------------------
Classe n° 3 => Contexte C
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 254. soit : 53.59 %
Nombre de "uns" (a+r) : 4612. soit : 51.81 %
Nombre de mots analysés par uce : 9.38
num effectifs pourc. chi2 identification
1 5. 5. 100.00 4.38 abundancia
11 9. 11. 81.82 3.61 amazon+
17 13. 18. 72.22 2.61 ao
28 3. 3. 100.00 2.61 base+
33 5. 5. 100.00 4.38 branco+
34 173. 300. 57.67 5.47 brasil+
40 19. 20. 95.00 14.40 caracteristica+
49 13. 13. 100.00 11.58 clima+
51 4. 4. 100.00 3.49 colonizacao
64 6. 6. 100.00 5.26 contradic+
69 14. 14. 100.00 12.50 costumes
70 11. 11. 100.00 9.75 crenca+
74 5. 5. 100.00 4.38 cri+
76 4. 4. 100.00 3.49 culturalmente
77 86. 97. 88.66 60.32 cultur+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
206
87 13. 16. 81.25 5.10 desenh+
95 13. 14. 92.86 8.95 devid+
98 32. 34. 94.12 24.19 diferenc+
99 35. 39. 89.74 22.34 diferente+
105 5. 5. 100.00 4.38 distint+
107 47. 50. 94.00 36.71 diversidade+
108 9. 10. 90.00 5.45 diversificad+
109 4. 4. 100.00 3.49 diversos
110 23. 24. 95.83 18.14 divers+
117 21. 29. 72.41 4.40 econom+
119 5. 6. 83.33 2.16 elemento+
125 10. 13. 76.92 2.93 enorme+
127 4. 4. 100.00 3.49 espaco
129 9. 10. 90.00 5.45 estados
134 8. 8. 100.00 7.05 etn+
139 12. 12. 100.00 10.66 extens+
148 9. 9. 100.00 7.95 fauna
154 11. 11. 100.00 9.75 flora
155 13. 18. 72.22 2.61 floresta+
158 28. 32. 87.50 15.87 form+
160 3. 3. 100.00 2.61 frio+
162 4. 4. 100.00 3.49 gente
163 12. 13. 92.31 8.06 geograf+
171 6. 7. 85.71 2.95 homem
178 5. 5. 100.00 4.38 incrivel
179 7. 9. 77.78 2.16 industri+
180 4. 4. 100.00 3.49 ind+
181 6. 6. 100.00 5.26 influenci+
183 7. 7. 100.00 6.15 interess+
191 5. 5. 100.00 4.38 loc+
198 4. 4. 100.00 3.49 mapa
200 8. 9. 88.89 4.60 marc+
203 5. 6. 83.33 2.16 mesma+
204 9. 9. 100.00 7.95 miscigen+
207 37. 43. 86.05 20.03 mistur+
217 7. 8. 87.50 3.76 nac+
222 5. 6. 83.33 2.16 negro+
224 4. 4. 100.00 3.49 ness+
233 3. 3. 100.00 2.61 origin+
241 5. 5. 100.00 4.38 particularidades
246 3. 3. 100.00 2.61 peculiaridades
254 13. 17. 76.47 3.71 pod+
269 3. 3. 100.00 2.61 predomin+
277 9. 11. 81.82 3.61 propria+
285 29. 32. 90.63 18.93 rac+
287 5. 6. 83.33 2.16 receb+
289 4. 4. 100.00 3.49 reflet+
290 8. 9. 88.89 4.60 regionais
291 45. 49. 91.84 32.15 regi+
293 5. 6. 83.33 2.16 religi+
299 5. 6. 83.33 2.16 respeit+
303 35. 41. 85.37 18.22 ric+
304 5. 5. 100.00 4.38 rio+
314 6. 6. 100.00 5.26 sentido+
322 5. 5. 100.00 4.38 socioeconomic+
323 7. 8. 87.50 3.76 sofr+
328 6. 6. 100.00 5.26 sul
332 8. 9. 88.89 4.60 tempo+
337 6. 6. 100.00 5.26 territorial+
338 6. 7. 85.71 2.95 territorio
339 5. 5. 100.00 4.38 tipo+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
207
350 76. 104. 73.08 20.35 uma+
352 13. 14. 92.86 8.95 unic+
355 8. 9. 88.89 4.60 valor+
358 14. 14. 100.00 12.50 variedade+
361 6. 6. 100.00 5.26 veget+
367 3. 3. 100.00 2.61 verdadeira+
374 4. 4. 100.00 3.49 vista+
379 * 226. 403. 56.08 6.72 * e
394 * 10. 12. 83.33 4.38 * 3 sendo
405 * 73. 115. 63.48 5.97 * 4 em
406 * 9. 12. 75.00 2.27 * 4 entre
424 * 144. 243. 59.26 6.45 * 5 porque
425 * 11. 14. 78.57 3.62 * 5 por-isso
437 * 26. 37. 70.27 4.49 * 7 cada
474 * 7. 9. 77.78 2.16 * 7 outra
489 * 29. 36. 80.56 11.39 * 7 sua
490 * 23. 33. 69.70 3.70 * 7 suas
494 * 8. 9. 88.89 4.60 * 7 toda
499 * 17. 23. 73.91 4.02 * 7 varias
500 * 13. 18. 72.22 2.61 * 7 varios
531 * 67. 95. 70.53 13.71 * *cur_3
Nombre de mots sélectionnés : 97
Nombre de mots marqués : 431 sur 528 soit 81.63%
Liste des valeurs de clé :
0 si chi2 < 2.71
1 si chi2 < 3.84
2 si chi2 < 5.02
3 si chi2 < 6.63
4 si chi2 < 10.80
5 si chi2 < 20.00
6 si chi2 < 30.00
7 si chi2 < 40.00
8 si chi2 < 50.00
Tableau croisant classes et clés :
* Classes * 1 2 3
Clés * Poids * 456 1330 1770
M * 158 * 16 63 79
0 * 23 * 5 10 8
1 * 113 * 18 49 46
2 * 39 * 6 18 15
3 * 116 * 13 44 59
4 * 700 * 71 258 371
5 * 773 * 118 273 382
6 * 16 * 7 9 0
7 * 1024 * 132 372 520
8 * 215 * 20 79 116
9 * 379 * 50 155 174
Tableau des chi2 (signés) :
* Classes * 1 2 3
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
208
Clés * Poids * 456 1330 1770
M * 158 * -1 0 0
0 * 23 * 1 0 -2
1 * 113 * 1 1 -3
2 * 39 * 0 1 -2
3 * 116 * 0 0 0
4 * 700 * -5 0 3
5 * 773 * 5 -1 0
6 * 16 * 13 2 -15
7 * 1024 * 0 0 0
8 * 215 * -2 0 1
9 * 379 * 0 2 -2
Chi2 du tableau : 47.082000
Nombre de "1" distribués : 3556 soit 40 %
-------------------------------
C2: Reclassement des uce et uci
-------------------------------
Type de reclassement choisi pour les uce :
Classement d'origine
Tableaux des clés (TUCE et TUCI) :
Nombre d'uce enregistrées : 648
Nombre d'uce classées : 474 soit : 73.15%
Nombre d'uci enregistrées : 498
Nombre d'uci classées : 211 soit : 42.37%
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
209
---------------------------------
C3: A.F.C. du tableau C2_DICB.121
---------------------------------
A.F.C. de C:\Arquivos de programas\ADT-Image\Lucia\ref61\&&_0\C2_DICB.121
Effectif minimum d'un mot : 8
Nombre d'uce minimum par classe : 15
Nombre de lignes analysées : 182
Nombre total de lignes : 304
Nombre de colonnes analysées : 3
***********************************************
* Num.* Valeur Propre * Pourcentage * Cumul *
***********************************************
* 1 * .29542770 * 53.96370 * 53.964 *
* 2 * .25202860 * 46.03631 * 100.000 *
***********************************************
Seuls les mots à valeur de clé >= 0 sont représentés
Nombre total de mots retenus : 288
Nombre de mots pleins retenus : 166
Nombre total de points : 291
Représentation séparée car plus de 60 points
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
210
Projection des colonnes et mots "*" sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2954 ( 53.96 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.2520 ( 46.04 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
19 | | *reg_1 |
18 | | #02 |
17 |
| *reg_2 |
16 | | *cur_1 |
15 | | |
14 | | |
13 | | |
12 |
| |
11 | *cur_2 | |
10 | | |
9 | | |
8 | | |
7 | |
|
6 | | |
5 | | |
4 | |
*cur_5
3 | | |
2 | |
|
1 | *reg_4 | |
0 +-----------------------------------+-----------------------------------
+
1 |
| |
2 | | |
3 | | |
4 | | |
5 | | |
6 | |
|
7 | | *cur_4
8 | *cur_3 | |
9 |
#03 | |
10 | | |
11 | |
|
12 | | |
13 | | #01 |
14 |
| |
15 | | |
16 | | |
17 | | |
18 | | |
19 | |
*reg_5 |
20 | *reg_3 |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 0 dont 0 superposés
x y nom
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
211
Projection des mots analyses sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2954 ( 53.96 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.2520 ( 46.04 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
21 | dos saude injust+exemplo+ |
20 | cidad+pel+ .condic+.do .. ...centro+povo+riq
u+ |
19 | recurso+ pass+bel+ ... ..bonito+polit+governo+
18 | sociaisvida+ |mao+terra+ da...defeitosconcentr+ |
17 | relac+
| esperanc+ faz+falt+fome |
16 | | desempreg+ .melhor+renda|
15 | grande+possui+ | corrupcao |
14 | | part+maior+ |
13 | | fac+ |
12 | natur+ |
violenciapoder+ |
11 | | miser+ |
10 | | exist+lut+ |
9
| | |
8 | | |
7 | |
fatoviv+
6 | | vejo
5 | |
muitaprincipal+
4 | |
caus+
3 | nordest+ |
acontec+
2 | fal+ |
lado+
1 | seca+ach+ |
nasvez+
0 +--econom+dess+---------------------+----------------------------------
acredit+
1 | meio+explor+ |
cresc+maravilh+
2 | enorme+ | dev+
3 | industri+ | |
4 | propria+religi+ | sab+ser+
5 uma+ sofr+respeit+ | otim+
6 ric+ .homemdiversificad |
che+
7 | nac+marc+devid+divers+ | |
8 | . geograf+cultur+crenca+ |
realidade+
9 sej+ .cos
tumesdiferenc+ | |
10 clima+ .variedade+diferente+ | dasdiz+ |
11 | aos encontr+desenh+ | continu+lin
d+ |
12 | rac+alegr+caracteristi | tent+mud+ boa+ |
13 | unic+mistur+ | pra+ruim |
14 | amazon+ imens+form+
| dia+coisa+ |
15 | tempo+estados | ruins |
16 | valor+ | vemos |
17 | brasil+ | |
18 | territorio | nest+ |
19 | ao | dif
iculdade+precis+ |
20 | floresta+lugar+pod+ etc represent+histor+ |
21 | mostr+num+ |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 31 dont 11 superposés
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
212
x y nom
-31 -9 etn+
-31 -9 extens+
-31 -9 fauna
-31 -9 flora
-31 -9 miscigen+
-31 -9 contradic+
-31 -9 interess+
-31 -9 sentido+
-31 -9 rio+
-31 -9 gente
-31 -9 trist+
-4 20 apesar
4 20 pobr+
8 20 qualidade+
9 20 popul+
11 20 deix+
12 20 mundo
13 20 human+
10 19 social+
11 19 capital+
12 19 desigual+
14 19 educ+
15 19 pessoa+
15 18 governantes
16 18 contrast+
17 18 problem+
23 16 sociedade
-31 -6 regionais
-31 -8 diversidade+
-30 -9 regi+
-29 -10 aspecto+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
213
Projection des mots de type "r" sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2954 ( 53.96 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.2520 ( 46.04 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
21 | |aenquanto |
20 |
seuspoucos muitos Asempresem |
19 | sao tudosobre | esta todasmelhor |
18 | tantas | mal
|
17 | | O .o-
que |
16 | portao | somos |
15 | so
| nossas |
14 | onde | bemque-
se |
13 | um | nossonossos |
12 | | naestado |
11 | | haembora|
10 | desde
| nao |
9 | | |
8 | | nada|
7 | |
apesar-de
6 | | mapara
5 | em-que |
peloeste que
4 combastante | porempouco pois
3 | essa | temde-
que no
2 | | temosisso
tambem
1 | |
aindamuitas
0 +-----------------------------------+--------------------------------
euestao
1 | | nossabom
2 | em |
essesassim
3 | outra
| esseser
4 | |
outro
5 | | tanta
6 | varias | |
7 | suas | mas |
8 | toda |
mais |
9 | | |
10 | sua | seou |
11 |
cadatodo | nos |
12 | por-
isso | |
13 | sendoentre | el
eoutras |
14 | | meessas |
15 | | jaaqui |
16 | mime
| outros |
17 | varioster minha | todos |
18 | foi seuatemuito | decomo |
19 | tantoE algunsporque algumas |
20 | o mesmo | meuestes |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 1 dont 0 superposés
x y nom
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
214
20 17 infelizmente
-----------------------------------------
D1: Sélection de quelques mots par classe
-----------------------------------------
Valeur de clé minimum pour la sélection : 0
Vocabulaire spécifique de la classe 1 :
boa+(31), coisa+(42), ruim(9), ruins(22), mud+(7), orgulh+(6), carnaval(5),
continu+(4), lind+(11), atencao(3), festa+(3), mudanca+(2), nest+(4),
realidade+(6), rua+(3), ver(2), che+(6), felicidade+(1), olhos(1),
precis+(4), repleto+(2), tent+(4), forca+(2), mod+(2), nele(2), quadro+(2),
vemos(3), vontade+(2), dia+(3), etc(5), pra+(5), acredit+(1), aproveit+(1),
atraves(1), conjunto(1), consegu+(1), cresci+(1), cresc+(2), cuid+(1),
das(5), dev+(2), dificuldade+(2), diz+(1), estud+(1), histor+(2), ide+(1),
lugar+(4), maravilh+(3), mostr+(3), necessit+(1), num+(2), opiniao(1),
otim+(1), padr+(1), patria(1), pens+(1), resolvidos(1), result+(1), sab+(1),
ser+(2), trabalh+(1), turist+(1), vez+(1);
Vocabulaire spécifique de la classe 2 :
riqu+(46), desigual+(34), educ+(19), fome(23), social+(27), violencia(28),
corrupcao(15), falt+(22), melhor+(13), popul+(20), problem+(32),
concentr+(11), da(30), desempreg+(11), do(41), governantes(8), maior+(13),
miser+(12), mundo(11), polit+(15), renda(9), acab+(5), capital+(6),
defeitos(8), deix+(6), dos(15), esperanc+(4), governo+(6), lado+(14),
mao+(7), o-que-se(4), paz(4), pessoa+(17), pobr+(22), povo+(28), publ+(4),
qualidade+(11), terra+(8), ve(4), exemplo+(6), human+(5), part+(14),
preocup+(3), prim+(3), vencer(3), bonito+(5), cab+(2), condic+(7),
consciencia(2), crianca+(4), elite+(2), futuro(4), guerr+(2), lutar+(2),
lut+(4), morad+(2), muita(13), oportunidade+(2), resolv+(4), saude(5),
sermos(2), vejo(5), viv+(11), ambient+(3), bel+(23), biodiversidade+(4),
centro+(6), consequencia+(3), desenvolvido+(3), dever+(4), dinheiro(3),
emprego+(3), enfim(4), fac+(5), injust+(4), negativo+(3), pass+(3), pel+(10),
poder+(8), sociais(20), volt+(3), acontec+(2);
Vocabulaire spécifique de la classe 3 :
cultur+(86), diversidade+(47), regi+(45), diferenc+(32), diferente+(35),
mistur+(37), uma+(76), caracteristica+(19), clima+(13), costumes(14),
divers+(23), form+(28), rac+(29), ric+(35), variedade+(14), crenca+(11),
devid+(13), etn+(8), extens+(12), fauna(9), flora(11), geograf+(12),
miscigen+(9), unic+(13), brasil+(173), contradic+(6), desenh+(13),
diversificad+(9), estados(9), influenci+(6), interess+(7), sentido+(6),
sul(6), territorial+(6), veget+(6), abundancia(5), branco+(5), cri+(5),
distint+(5), econom+(21), incrivel(5), loc+(5), marc+(8),
particularidades(5), regionais(8), rio+(5), socioeconomic+(5), tempo+(8),
tipo+(5), valor+(8), amazon+(9), colonizacao(4), culturalmente(4),
diversos(4), enorme+(10), espaco(4), gente(4), homem(6), ind+(4), mapa(4),
nac+(7), ness+(4), pod+(13), propria+(9), reflet+(4), sofr+(7),
territorio(6), vista+(4), ach+(10), ajudar(1), alegr+(8), ampl+(3), ano+(1),
ao(13), aos(9), aspecto+(8), base+(3), caracteriz+(3), classe+(5);
Mots outils spécifiques de la classe 1 :
estao(2), estar(1), haver(1), ser(6), assim(5), como(12), mas(17), se(11),
bom(7), algum(1), elas(1), ele(4), essas(5), esses(2), estes(2), eu(5),
me(4), meu(2), nos(8), outras(3), outro(3), outros(3), qual(1), qualquer(1),
tanta(2), todos(6), voce(1), dois(3), ainda(5), aqui(3), hoje(1), mais(10),
somente(1);
Mots outils spécifiques de la classe 2 :
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
215
estado(4), tem(32), temos(13), ha(18), sao(18), somos(7), sou(1), alem-
de(3), apesar-de(12), para(30), pelo(6), por(25), sem(8), embora(4),
enquanto(3), nem(3), no-entanto(2), para-que(2), pois(9), porem(13), que(77),
com-que(3), de-que(2), ela(2), esta(13), isso(18), isto(2), ma(3),
muitas(14), muitos(11), na(14), nada(3), no(29), nossas(7), nosso(20),
nossos(4), o-que(14), poucos(6), que-se(6), seus(9), tantos(3), todas(5),
tudo(23), um(79), infelizmente(9), mal(2), melhor(7), nao(38), nunca(1),
sempre(5), so(8), tambem(17), A(11), O(37), a(80);
Mots outils spécifiques de la classe 3 :
foi(11), sendo(10), com(64), em(73), entre(9), porque(144), por-isso(11),
algo(2), alguns(9), cada(26), eles(2), essa(11), mim(6), minha(5), outra(7),
quem(1), seu(15), sua(29), suas(23), toda(8), varias(17), varios(13),
demais(3), dentro(2), muito(39), realmente(2), sim(2), e(226), o(143);
Mots étoilés spécifiques de la classe 1 :
*cur_4(22), *reg_5(14);
Mots étoilés spécifiques de la classe 2 :
*cur_1(51), *reg_1(36);
Mots étoilés spécifiques de la classe 3 :
*cur_2(38), *cur_3(67), *reg_3(36), *reg_4(71);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
216
--------------------------------------------
D1: Sélection des mots et des uce par classe
--------------------------------------------
D1 : Distribution des formes d'origine par racine
------------------------------
Formes associées au contexte A
------------------------------
A9 boa+ : boa(5), boas(27);
A9 coisa+ : coisa(4), coisas(57);
A9 ruim : ruim(9);
A9 ruins : ruins(22);
A8 mud+ : mudar(6), mudassem(1);
A8 orgulh+ : orgulham(2), orgulhar(2), orgulho(2);
A7 carnaval : carnaval(5);
A6 continu+ : continua(2), continuando(1), continuassem(1);
A6 lind+ : linda(1), lindas(3), lindo(7);
A5 atencao : atencao(3);
A5 festa+ : festas(3);
A5 mudanca+ : mudancas(2);
A5 nest+ : nesta(2), neste(2);
A5 realidade+ : realidade(6);
A5 rua+ : ruas(3);
A5 ver : ver(2);
A4 che+ : cheio(4), cheios(2);
A4 felicidade+ : felicidades(1);
A4 olhos : olhos(1);
A4 precis+ : precisa(2), precisam(2);
A4 repleto+ : repleto(1), repletos(1);
A4 tent+ : tentando(1), tentar(1), tentei(1), tento(1);
A3 forca+ : forca(1), forcas(1);
A3 mod+ : modo(2);
A3 nele : nele(2);
A3 quadro+ : quadro(2);
A3 vemos : vemos(3);
A3 vontade+ : vontade(1), vontades(1);
A2 dia+ : dia(2), dias(1);
A2 etc : etc(5);
A2 pra+ : praia(1), praias(4);
------------------------------
Formes associées au contexte B
------------------------------
B8 riqu+ : riqueza(16), riquezas(32), riquissimos(1);
B7 desigual+ : desigual(1), desigualdade(27), desigualdades(7);
B7 educ+ : educacao(18), educado(1);
B7 fome : fome(23);
B7 social+ : social(27);
B7 violencia : violencia(28);
B6 corrupcao : corrupcao(15);
B6 falt+ : falta(23);
B6 melhor+ : melhorado(1), melhorar(4), melhoras(1), melhorem(1),
melhores(3), melhoria(3);
B6 popul+ : populacao(20);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
217
B6 problem+ : problema(4), problemas(29);
B5 concentr+ : concentracao(8), concentrada(1), concentrado(1),
concentram(1);
B5 da : da(37);
B5 desempreg+ : desempregada(1), desempregado(1), desemprego(9);
B5 do : do(46);
B5 governantes : governantes(8);
B5 maior+ : maior(6), maiores(2), maioria(7);
B5 miser+ : miseraveis(1), miseria(10), miserias(1);
B5 mundo : mundo(11);
B5 polit+ : politica(6), politicas(2), politico(2), politicos(6);
B5 renda : renda(9);
B4 acab+ : acaba(2), acabando(1), acabar(2);
B4 capital+ : capital(5), capitalismo(1), capitalista(1);
B4 defeitos : defeitos(10);
B4 deix+ : deixa(2), deixado(1), deixamos(1), deixando(1), deixar(1);
B4 dos : dos(15);
B4 esperanc+ : esperanca(3), esperancoso(1);
B4 governo+ : governo(6), governos(1);
B4 lado+ : lado(18), lados(1);
B4 mao+ : mao(2), maos(5);
B4 o-que-se : o-que-se(4);
B4 paz : paz(4);
B4 pessoa+ : pessoas(18);
B4 pobr+ : pobre(5), pobres(6), pobreza(12);
B4 povo+ : povo(27), povos(2);
B4 publ+ : publica(1), publicas(1), publico(1), publicos(1);
B4 qualidade+ : qualidade(4), qualidades(7);
B4 terra+ : terra(5), terras(3);
B4 ve : ve(5);
B3 exemplo+ : exemplo(5), exemplos(1);
B3 human+ : humanas(1), humano(4);
B3 part+ : parte(12), partem(1), partes(1);
B3 preocup+ : preocupacao(1), preocupado(1), preocupando(1);
B3 prim+ : primeira(2), primeiros(1);
B3 vencer : vencer(3);
B2 bonito+ : bonito(4), bonitos(1);
B2 cab+ : cabe(1), cabeca(1);
B2 condic+ : condicao(1), condicoes(6);
B2 consciencia : consciencia(2);
B2 crianca+ : crianca(1), criancas(3);
B2 elite+ : elite(1), elites(1);
B2 futuro : futuro(4);
B2 guerr+ : guerras(2);
B2 lutar+ : lutar(2);
B2 lut+ : luta(3), lutando(1);
B2 morad+ : moradia(2);
B2 muita : muita(17);
B2 oportunidade+ : oportunidades(2);
B2 resolv+ : resolva(1), resolver(3);
B2 saude : saude(5);
B2 sermos : sermos(2);
B2 vejo : vejo(5);
B2 viv+ : vive(2), vivem(3), vivemos(2), viver(3), vivo(3);
------------------------------
Formes associées au contexte C
------------------------------
C9 cultur+ : cultura(30), culturais(11), cultural(12), culturas(42);
C7 diversidade+ : diversidade(39), diversidades(10);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
218
C7 regi+ : regiao(33), regioes(23);
C6 diferenc+ : diferenca(3), diferencas(29);
C6 diferente+ : diferente(15), diferentes(27);
C6 mistur+ : mistura(35), misturando(1), misturas(3);
C6 uma+ : uma(91);
C5 caracteristica+ : caracteristica(3), caracteristicas(17);
C5 clima+ : clima(8), climas(5);
C5 costumes : costumes(14);
C5 divers+ : diversa(1), diversas(20), diverso(3);
C5 form+ : forma(12), formacao(4), formado(8), formando(1), formar(1),
formas(2);
C5 rac+ : raca(7), racas(21), racismo(1);
C5 ric+ : rica(5), rico(31);
C5 variedade+ : variedade(13), variedades(1);
C4 crenca+ : crenca(1), crencas(10);
C4 devid+ : devida(1), devido(13);
C4 etn+ : etnias(3), etnica(3), etnicas(2);
C4 extens+ : extensao(4), extenso(8);
C4 fauna : fauna(9);
C4 flora : flora(11);
C4 geograf+ : geografia(3), geografica(2), geograficas(3), geografico(5),
geograficos(1);
C4 miscigen+ : miscigenacao(6), miscigenada(2), miscigenado(1);
C4 unic+ : unica(5), unico(10);
C3 brasil+ : brasil(183), brasileira(6), brasileiras(2), brasileiro(4),
brasileiros(1);
C3 contradic+ : contradicao(2), contradicoes(4);
C3 desenh+ : desenhado(2), desenhar(1), desenhei(4), desenho(7);
C3 diversificad+ : diversificadas(1), diversificado(8);
C3 estados : estados(9);
C3 influenci+ : influencia(4), influenciam(1), influencias(1);
C3 interess+ : interessa(1), interessam(1), interessante(2), interesse(1),
interesses(3);
C3 sentido+ : sentido(1), sentidos(5);
C3 sul : sul(6);
C3 territorial+ : territorial(4), territorialmente(2);
C3 veget+ : vegetacao(4), vegetal(2);
C2 abundancia : abundancia(5);
C2 branco+ : branco(2), brancos(3);
C2 cri+ : criacao(1), criam(2), criando(1), criar(1);
C2 distint+ : distintas(4), distinto(1);
C2 econom+ : economia(2), economias(1), economica(5), economicas(6),
economico(3), economicos(4);
C2 incrivel : incrivel(5);
C2 loc+ : locais(1), local(4);
C2 marc+ : marca(1), marcado(1), marcam(1), marcante(1), marcantes(3),
marcas(1);
C2 particularidades : particularidades(5);
C2 regionais : regionais(8);
C2 rio+ : rio(3), rios(3);
C2 socioeconomic+ : socioeconomicas(3), socioeconomico(2);
C2 tempo+ : tempo(7), tempos(1);
C2 tipo+ : tipo(1), tipos(4);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
219
--------------------------
D1: Tri des uce par classe
--------------------------
Clé sélectionnée : A
49 50 ha suas #coisas #ruins, mas ha muito mais #coisas #boas e #lindas.
534 50 somos diversificados, #cheios de sonhos, #vontades. O brasil e
#lindo, #precisa de mais #atencao.
568 50 ha suas #coisas #ruins, mas ha muito mais #coisas #boas e #lindas.
97 37 O brasil e uma mistura de tradicoes e racas #tento olhar o brasil
de forma positiva, com #otimismo de-que temos #boas #coisas aqui para nos
#orgulhar e assim #forcas para #mudar o-que ainda esta #ruim.
381 37 caracterizei as #coisas que mais chamam #atencao, para mim, no meu
pais; sejam elas #boas, #praia, #carnaval, amazonia, forro, ou #ruins,
violencia, #dificuldades #etc.
535 35 porque o brasil e um pais #lindo, que todos unidos e com #boa
#vontade pode #mudar algumas #coisas que estao erradas.
324 30 na #realidade essas sao as #coisas que eu gostaria que #mudassem no
brasil, ou #continuassem como estao.
440 30 pois ele apresenta #coisas #boas e #coisas #ruins para a sociedade,
mas tem que-se #mudar muito.
130 25 porque e isso que #vemos todos os #dias ao sairmos nas #ruas.
logicamente existem mais #coisas #boas em nossos pais mas antes-de olharmos o
lado bom #devemos resolver o lado #ruim.
149 25 porque o nosso pais e muito grande e estamos #repletos de #coisas
#boas e #coisas mas e temos que nos juntar para tornar essas #coisas mas em
#felicidades.
407 25 porque e como ele me foi apresentado. eu nasci #num pais assim,
#cheio de contrastes, com #coisas #boas e #ruins e com um povo que #acredita
nas #mudancas e nao #sabe a #forca que tem.
78 21 porque o brasil e feito de #coisas #boas e #ruins, e e bom
demonstrar estes dois lados porque apesar-de problemas como fome, miseria,
desemprego, violencia, #etc, o brasil e um pais #maravilhoso, com belas
#praias, um #carnaval #maravilhoso,
277 21 porque a cada #dia me surpreende mais com a violencia #neste pais.
aqui tem #coisas #boas, mas se voce nao tiver dinheiro, dificilmente podera
aproveita_las.
526 21 porque o brasil e o pais #repleto de #coisas belas apesar-de haver
#nele #coisas #ruins e que #devem ser superadas.
576 21 porque o brasil e formado justamente com estes contrarios, pois
mesmo com tanta #dificuldade o povo #continua sonhando e #tentando #mudar
este #quadro.
600 21 porque ele e juncao de muitas #coisas #boas, que nos #orgulham, que
e representada principalmente por seu povo; mas tambem, de #coisas #ruins que
causam vergonha e repulsa.
510 20 porque nos encontramos todas essas #coisas #boas e #ruins no
brasil.
569 20 E o meu #modo bom e #ruim de #ver o nosso pais, e e assim-que eu o
vejo!
617 20 porque existem #coisas #boas e #ruins e isso e o brasil.
Clé sélectionnée : B
128 26 por ser um #dos paises mais ricos #do #mundo, este #deveria se
tornar mais independente, #preocupando em #resolver com suas #riquezas seus
#problemas #sociais, #fome, #desemprego, #saude #publica, #educacao de
#qualidade e etc,
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
220
30 22 porque no brasil ha #muita #desigualdade #social, #muita
#concentracao de #poder e #dinheiro #nas #maos de poucos, e a #grande
#maioria #da #populacao miseravel, #lutando para #viver.
371 18 mas um #lado #bonito, saudavel para compensar nossa situacao de
#fome e #miseria que #vive #parte #da nossa #populacao.
419 15 cada estado #possui a sua #beleza. so um #dos #problemas que
incomodam bastante e a #desigualdade #social, o acumulo de #riquezas de
poucos e #pobreza de muitos.
518 15 A #educacao tambem e escassa e assim, no despreparo de tantos
#cidadaos sem #condicoes de se tornarem criticos, eticos e ativos, #partem
para o #mundo #da marginalizacao, #do crime, #da #violencia.
11 14 E impossivel definir o brasil em um so desenho exatamente porque
ele tem muitas #faces e eu nao conheco todas. mas infelizmente o-que
sobressai e o #lado #negativo: a #corrupcao de brasilia, o abandono #dos
menores por #parte #do estado, a #concentracao de #renda.
90 14 isto ocorre pois o #poder #do #capital esta #concentrado #nas #maos
#da minoria, enquanto #falta para o resto #da #populacao.
153 14 isso tudo e brasil porque #vivemos, apesar-de conflitos por #terra
e ausencia de reformas que #melhorem a #vida brasileira, temos e somos a
#maior #biodiversidade #do #mundo, um #povo que #vive em #paz e longe das
#guerras e por uma #populacao maravilhosa.
161 14 A #questao #da #biodiversidade esta tambem ligada a isso, mas e
incentivada #pela #falta de #consciencia #ambiental. A seca e uma
#consequencia #social #dos maus projetos #sociais #desenvolvidos na regiao.
188 14 porque o brasil e um #dos paises mais #bonitos #do #mundo, o-que
tem mais #riquezas, com as #melhores #terras para o plantio, porem nao e bem
aproveitado, e alem-de tudo ha #muita #desigualdade #social.
290 14 somos polos de #paz, nao #fazemos #guerras, nao temos catastrofes,
temos #problemas graves a ser corrigidos como a #fome, a #educacao, a
#violencia, a #corrupcao mas somos um pais #esperancoso, temos muitos
#recursos minerais, hidricos, nossas #terras sao ferteis,
296 12 porque o brasil e a prova concreta de-que #apesar #da #fome, #da
#corrupcao, #enfim, de tudo que ha de ruim o #povo sorri, comemora levanta a
#cabeca, #luta, #da a #volta por cima.
342 12 nao temos independencia economica e somos devedores desde a epoca
colonial. A #populacao #pobre e a-que paga esse custo, com #fome e #falta de
#educacao, saneamento basico e #condicoes de subsistencia.
433 12 porque o brasil e um pais que tem muitas coisas boas, o #problema e
que ha #muita #desigualdade #social, #politicos corruptos, #falta #educacao e
#empregos dignos para a #populacao.
530 12 #pela #falta de #emprego, isso desestrutura todo um pais, fazendo
com-que haja mais e mais #violencia, trafico, prostituicao, e os demais itens
citados, esquecendo que temos a #maior #riqueza em nossas #maos que e a
#terra produtiva.
374 11 de-acordo-com o titulo #do meu desenho #da para #perceber. O brasil
e um #belo pais, mas infelizmente a #riqueza esta #concentrada na #mao de
poucos, o-que gera #grandes #desigualdades #sociais, ocasionando #fome,
#violencia e todos os #problemas #do pais.
17 10 porque como descrevi no titulo, o brasil e um pais de #contrastes.
de um #lado voce #ve a #beleza natural #do pais, as #condicoes climaticas e
seu #povo bom, e de outro se #ve a destruicao #do mesmo, atraves-de
#problemas #sociais, #ambientais e #politicos.
126 10 #apesar #da #miseria, #da #fome, #do #desemprego, #da #falta de
infra_estrutura, o #povo brasileiro tenta #lutar por um pais melhor. entra
#governo, sai #governo, a #esperanca sempre #existira por-mais-que seja
pequena.
191 10 porque o brasil e um pais dividido em #duas #partes desiguais, ou
seja, em cada estado ha a #desigualdade, #pessoas #miseraveis, #pobres, sem
#educacao, #fome, #violencia, roubo, assassinatos, acidentes de transito de
um #lado,
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
221
Clé sélectionnée : C
474 17 porque o #brasil tem um #territorio #amplo com #regioes muito
#diferentes e #uma #cultura #rica #devido a sua historia e localizacao
#geografica.
200 15 porque o #brasil e um pais #enorme, com #marcas #caracteristicas em
cada #regiao. E #dessa #mistura de #climas e #culturas que nasceu o nosso
pais.
159 13 O #brasil e #rico nas #diversidades, #uma #mistura de-cor, de
#raca.
42 12 na verdade e impossivel #representar tao simples e rapidamente o
#brasil em #uma folha de papel. O #brasil e um pais muito #extenso,
#territorialmente, com #diversas #diferencas #etnicas.
214 12 O #brasil e um recorte de #diversos #interesses de apropriacao do
#espaco #geografico bem-como e #uma sobreposicao de epocas historicas. O
gigantismo de suas proporcoes favorece a dispersao e nao homogeneizacao do
seu #territorio. E a favorece apenas as dinamicas #economicas que acredito
modelam de #forma concreta o #espaco #geografico.
259 12 O #brasil e #uma #mistura de #racas, entretanto a #forma de
#colonizacao, que foi a causadora da tal #mistura, tambem prejudicou o
crescimento da #nacao.
325 12 E dificil #caracterizar o #brasil como um todo porque ele consiste
em #uma #variedade #enorme de pessoas, #costumes e localidades com suas
#caracteristicas #proprias.
337 12 porque o #brasil, mesmo sendo considerado um pais #rico, #uma
#unica #nacao, apresenta #uma #enorme quantidade de #diferencas #regionais,
#sejam #culturais, #sejam #geograficas que o fragmenta, em varios pequenos
paises, apesar-de termos o centro, este,
480 12 porque o #brasil e #uma #mistura de #valores. industrializado em
grandes cidades, carente em outras, #rico em #fauna e #flora, #ao mesmo
#tempo que e puro asfalto em outra.
525 12 porque e um pais que #recebe varios #tipos de #influencias. cada
#regiao tem seus #costumes, #culturas e #crencas #diferentes, e que ainda nao
foi ensinada, ou melhor, nao foi aprendida a se #respeitar essas #diferencas.
646 12 porque o #brasil e #extenso demais e abriga #uma grande demanda de
#diferentes #culturas. ele e #rico, desde a #vegetacao as fabricas.
398 11 seria impossivel #refletir o #brasil nos seus #diversos em #uma
folha de papel.
637 11 porque o #brasil e a #mistura de varias #caracteristicas
#distintas.
44 10 para mim este #desenho #representa somente algum rabisco que tentam
expressar algumas #particularidades de cada #regiao, sendo que essas
#caracteristicas surgiram em minha mente em um curto #espaco de #tempo, nao
#representando assim o #brasil fielmente.
45 10 porque o #brasil e #diferente, #distinto em virtude do seu #enorme
tamanho. E dificil exemplifica_lo em um #unico #desenho.
63 10 porque ele e um pais com #culturas #diferentes e por sua
#miscigenacao como foi #formado, pelo seu #clima e sua localizacao favorece.
187 10 porque o #brasil e #formado por varias pessoas de #etnias
#diferentes, com #culturas #diferentes que vieram para ca #originar nossa
#cultura #miscigenada.
205 10 A populacao e #miscigenada, a #cultura foi construida com #base em
#diversas #culturas. portanto, tudo isso e #brasil porque o nosso pais e
#diversificado, e vasto, e #rico em #diferencas e #variedades.
315 10 porque o #brasil e #uma grande #mistura de #culturas e #valores.
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
222
---------------------------------
D2: Calcul des "segments répétés"
---------------------------------
Seuls les 20 SR les plus fréquents sont retenus ici :
2 25 do brasil+
2 23 o brasil+
2 19 e a
6 18 porque o brasil+ e um pais+
3 18 porque o brasil+
2 15 O brasil+
2 15 do pais+
2 14 todos os
4 14 porque o brasil+ e
2 13 tudo isso
2 13 no brasil+
2 13 e que
3 11 O brasil+ e
2 11 bel+ natur+
2 10 para mim
2 10 do mundo
2 10 desigual+ social+
2 10 cultur+ e
2 10 che+ de
2 9 cada regi+
--------------------------------------------
D2: Calcul des "segments répétés" par classe
--------------------------------------------
*** classe n° 1 (20 SR maximum) ***
2 1 6 coisa+ ruins
4 1 5 coisa+ boa+ e ruins
2 1 4 no brasil+
2 1 4 coisa+ boa+
2 1 3 que nos
3 1 3 as coisa+ que
2 1 2 O brasil+
3 1 2 muitas coisa+ boa+
2 1 2 se pod+
2 1 2 porque apesar-de
3 1 2 porque o brasil+
2 1 2 mas tambem
4 1 2 mas ha muito mais
2 1 2 de ser
2 1 2 o brasil+
2 1 2 e que
2 1 2 e e
3 1 2 do nosso pais+
2 1 2 coisa+ que
4 1 2 coisa+ boa+ e lind+
*** classe n° 2 (20 SR maximum) ***
2 2 8 desigual+ social+
2 2 7 bel+ natur+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
223
2 2 6 e a
2 2 6 a violencia
2 2 6 falt+ de
2 2 6 do pais+
2 2 6 do mundo
3 2 6 concentr+ de renda
2 2 5 O brasil+
2 2 5 a corrupcao
2 2 5 qualidade+ e
2 2 5 che+ de
2 2 4 um povo+
2 2 4 nossas riqu+
2 2 4 muitos problem+
6 2 4 porque o brasil+ e um pais+
3 2 4 somos um pais+
4 2 4 ha muita desigual+ social+
2 2 4 o brasil+
2 2 4 a maior+
*** classe n° 3 (20 SR maximum) ***
6 3 13 porque o brasil+ e um pais+
2 3 11 o brasil+
2 3 10 e a
2 3 9 cada regi+
2 3 8 cultur+ e
3 3 7 porque o brasil+
3 3 7 de cada regi+
2 3 7 e o
2 3 6 todos os
2 3 6 do brasil+
2 3 6 divers+ cultur+
3 3 5 O brasil+ e
2 3 5 no nordest+
4 3 5 porque o brasil+ e
2 3 5 para mim
2 3 5 com muitas
2 3 5 com a
2 3 5 e que
2 3 5 e flora
2 3 5 ric+ em
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
224
------------------------------
D3: C.A.H. des mots par classe
------------------------------
C.A.H. du contexte lexical A
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 12
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 58
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 12
Poids total du tableau : 155
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
A4 che+ |---------------------+---------------------+-----+
A6 lind+ |----------+----------+ | |
A5 realidade+ |----------+ | |
A8 mud+ |-----------------+-----------------+-------+ |
A8 orgulh+ |-----------------+ | |
A9 ruim |-----------------+-----------------+ |
A7 carnaval |----------+------+ |
A2 etc |----+-----+ |
A2 pra+ |----+ |
A9 ruins |------------------------------+------------------+
A9 boa+ |-----+------------------------+
A9 coisa+ |-----+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
225
C.A.H. du contexte lexical B
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 43
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 162
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 43
Poids total du tableau : 664
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
B6 falt+ |-----------------+----------------+------+----+--+
B4 governo+ |-----------------+ | | | |
B5 do |-------------------+--------------+ | | |
B4 povo+ |-------------------+ | | |
B8 riqu+ |--------------------------+---------+----+ | |
B7 fome |---------------+----------+ | | |
B7 violencia |---------------+ | | |
B5 mundo |--------------------+-----------+---+ | |
B6 problem+ |---------+----------+ | | |
B2 vejo |---------+ | | |
B2 condic+ |------------------------+-------+ | |
B7 educ+ |------------+-----------+ | |
B2 saude |------------+ | |
B5 miser+ |----------------------+------------+------+---+ |
B3 part+ |----------------------+ | | |
B3 exemplo+ |------------------------------+----+ | |
B2 bonito+ |--------------------+---------+ | |
B6 corrupcao |-------------+------+ | |
B4 lado+ |-------------+ | |
B4 defeitos |--------+--------------+-------------+----+ |
B4 qualidade+ |--------+ | | |
B4 deix+ |--------------+--------+ | |
B3 human+ |--------------+ | |
B6 melhor+ |---------------+-----------+---------+ |
B4 dos |---------------+ | |
B5 governantes |------------------+--------+ |
B4 acab+ |------------------+ |
B4 pessoa+ |----------------+---------------+--------+-------+
B4 pobr+ |----------------+ | |
B2 muita |--------------------+-----------+ |
B4 terra+ |-----------+--------+ |
B7 desigual+ |---+-------+ |
B7 social+ |---+ |
B5 desempreg+ |-------------------------+---------+-----+
B4 capital+ |----------------+--------+ |
B4 mao+ |-------+--------+ |
B5 concentr+ |--+----+ |
B5 renda |--+ |
B5 maior+ |------------+---------------+------+
B2 viv+ |------------+ |
B5 polit+ |--------------------+-------+
B6 popul+ |--------+-----------+
B5 da |--------+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
226
C.A.H. du contexte lexical C
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 50
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 254
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 50
Poids total du tableau : 981
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
C3 contradic+ |----------------+-----------------+-------+----+-+
C2 abundancia |----------------+ | | | |
C2 branco+ |-------------------------+--------+ | | |
C2 incrivel |---------------+---------+ | | |
C2 loc+ |---------------+ | | |
C5 ric+ |---------+---------------+----------+-----+ | |
C2 socioeconomic+ |---------+ | | | |
C5 clima+ |---------+---------------+ | | |
C3 veget+ |---------+ | | |
C4 devid+ |--------------+---------------+-----+ | |
C4 geograf+ |--------------+ | | |
C2 distint+ |--------------------+---------+ | |
C2 valor+ |---------+----------+ | |
C4 fauna |+--------+ | |
C4 flora |+ | |
C4 etn+ |---------------+-------------+-------------+---+ |
C4 extens+ |-+-------------+ | | |
C3 territorial+ |-+ | | |
C5 divers+ |------------------+----------+ | |
C3 diversificad+ |------------------+ | |
C3 sentido+ |-------------+---------------+----------+--+ |
C7 diversidade+ |------+------+ | | |
C2 rio+ |------+ | | |
C3 estados |----------------+------------+ | |
C2 econom+ |----------------+ | |
C9 cultur+ |--------------+----------------+--------+ |
C5 variedade+ |--------------+ | |
C6 diferente+ |----------------------+--------+ |
C5 form+ |-------------+--------+ |
C4 miscigen+ |-------------+ |
C6 uma+ |-----------------------+----------------+-----+--+
C3 brasil+ |-----------------------+ | |
C4 unic+ |--------------+--------------+----------+ |
C6 mistur+ |-------+------+ | |
C5 rac+ |-------+ | |
C4 crenca+ |------------------+----------+ |
C3 influenci+ |--------+---------+ |
C2 tipo+ |--------+ |
C3 interess+ |------------------+--------------+-------+----+
C2 cri+ |------------------+ | |
C5 caracteristica+ |-------+----------------+--------+ |
C2 marc+ |-------+ | |
C6 diferenc+ |----------+-------------+ |
C2 regionais |----------+ |
C5 costumes |----------------------+------------+-----+
C7 regi+ |------------+---------+ |
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. QUESTÃO 1 – por que você acha que isso trudo é Brasil?
227
C3 sul |------------+ |
C3 desenh+ |------------------------+----------+
C2 particularidades |-------------+----------+
C2 tempo+ |-------------+
228
ANEXO 5
Relatório do Alceste gerado a partir do processamento da questão 2:
O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por quê?”
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
229
-------------------------------------
* Logiciel ALCESTE (4.7 - 01/12/02) *
-------------------------------------
Plan de l'analyse :62.pl ; Date : 13/ 7/**; Heure : 14:15:52
C:\Arquivos de programas\ADT-Image\Lucia\ref62\&&_0\
62.txt
ET 1 1 1 1
A 1 1 1
B 1 1 1
C 1 1 1
D 1 1 1 0 0
A1 1 0 0
A2 3 0
A3 1 1 0
B1 0 4 0 1 1 0 1 1 0
B2 2 2 0 0 0 0 0 0
B3 10 4 1 1 0 0 0 0 0 0
C1 0 121
C2 0 2
C3 0 0 1 1 1 2
D1 0 2 2
D2 0
D3 5 a 2
D4 1 -2 1
D5 0 0
---------------------
A1: Lecture du corpus
---------------------
A12 : Traitement des fins de ligne du corpus :
N° marque de la fin de ligne :
Nombre de lignes étoilées : 499
--------------------------
A2: Calcul du dictionnaire
--------------------------
Nombre de formes distinctes : 2320
Nombre d'occurrences : 16129
Fréquence moyenne par forme : 7
Nombre de hapax : 1269
Fréquence maximum d'une forme : 965
69.57% des formes de fréq. < 2 recouvrent 12.15% des occur.;
84.61% des formes de fréq. < 5 recouvrent 20.12% des occur.;
93.10% des formes de fréq. < 14 recouvrent 30.94% des occur.;
96.16% des formes de fréq. < 29 recouvrent 40.14% des occur.;
97.89% des formes de fréq. < 56 recouvrent 50.66% des occur.;
98.79% des formes de fréq. < 90 recouvrent 60.26% des occur.;
99.35% des formes de fréq. < 160 recouvrent 70.05% des occur.;
99.74% des formes de fréq. < 280 recouvrent 81.44% des occur.;
99.91% des formes de fréq. < 420 recouvrent 90.72% des occur.;
100.00% des formes de fréq. < 965 recouvrent100.00% des occur.;
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
230
----------------------------------------------------
A3 : Liste des clés et valeurs d'analyse (ALC_CLE) :
----------------------------------------------------
K 0 Nombres en chiffre
M 2 Mots en majuscules
U 0 Mots non trouvés dans DICIN (si existe)
X 1 formes non reconnues et fréquentes
0 2 Auxiliaire ESTAR
1 2 Auxiliaire TER
2 2 Auxiliaire HAVER
3 2 Auxiliaire SER
4 2 Prépositions simples et locutions prépositives
5 2 Conjonctions et locutions conjonctives
6 2 Interjections
7 2 Pronoms
8 2 Numéraux
9 2 Adverbes
1 Formes non reconnues
A34 : Fréquence maximale d'un mot analysé : 3000
Nombre de mots analysés : 1384
Nombre de mots supplémentaires de type "r" : 281
Nombre de mots supplémentaires de type "s" : 16
Nombre d'occurrences retenues : 16118
Moyenne par mot : 8.822823
Nombre d'occurrences analysables (fréq.> 3) : 6906 soit
47.011570%
Nombre d'occurrences supplémentaires : 7784
Nombre d'occurrences hors fenêtre fréquence : 1428
-------------------------------------------
B1: Sélection des uce et calcul des données
-------------------------------------------
B11: Le nom du dossier des résultats est &&_0
B12: Fréquence minimum d'un "mot" analysé : 4
B13: Fréquence maximum d'un "mot" retenu : 9999
B14: Fréquence minimum d'un "mot étoilé" : 1
B15: Code de fin d'U.C.E. : 1
B16: Nombre d'occurrences par U.C.E. : 22
B17: Elimination des U.C.E. de longueur < 0
Fréquence minimum finale d'un "mot" analysé : 4
Fréquence minimum finale d'un "mot étoilé" : 1
Nombre de mots analysés : 367
Nombre de mots supplémentaires de type "r" : 154
Nombre total de mots : 521
Nombre de mots supplémentaires de type "s" : 16
Nombre de lignes de B1_DICB : 537
Nombre d'occurrences analysées : 6906
Nombre d'u.c.i. : 499
Nombre moyen de "mots" analysés / u.c.e. : 10.495440
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
231
Nombre d'u.c.e. : 658
Nombre d'u.c.e. sélectionnées : 658
100.00% des u.c.e. sont sélectionnées
Nombre de couples : 12134
--------------------
B2: Calcul de DONN.1
--------------------
Nombre de mots par unité de contexte : 10
Nombre d'unités de contexte : 624
--------------------
B2: Calcul de DONN.2
--------------------
Nombre de mots par unité de contexte : 12
Nombre d'unités de contexte : 595
-----------------------------------------------------
B3: Classification descendante hiérarchique de DONN.1
-----------------------------------------------------
Elimination des mots de fréquence > 3000 et < 4
0 mots éliminés au hasard soit .00 % de la fenêtre
Nombre d'items analysables : 299
Nombre d'unités de contexte : 624
Nombre de "1" : 6331
-----------------------------------------------------
B3: Classification descendante hiérarchique de DONN.2
-----------------------------------------------------
Elimination des mots de fréquence > 3000 et < 4
0 mots éliminés au hasard soit .00 % de la fenêtre
Nombre d'items analysables : 298
Nombre d'unités de contexte : 595
Nombre de "1" : 6294
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
232
----------------------------
C1: intersection des classes
----------------------------
Nom du dossier trai C:\Arquivos de programas\ADT-
Image\Lucia\ref6
2\&&_0\
Suffixe de l'analyse :121
Date de l'analyse :13/ 7/**
Intersection des classes RCDH1 et RCDH2
Nombre minimum d'uce par classe : 33
DONN.1 Nombre de mots par uc : 10
Nombre d'uc : 624
DONN.2 Nombre de mots par uc : 12
Nombre d'uc : 595
548 u.c.e classées sur 658 soit 83.28 %
Nombre d'u.c.e. distribuées: 622
Tableau croisant les deux partitions :
RCDH1 * RCDH2
classe * 1 2 3 4
poids * 107 157 185 173
1 120 * 99 4 5 12
2 186 * 3 148 33 2
3 151 * 1 4 144 2
4 165 * 4 1 3 157
Tableau des chi2 (signés) :
RCDH1 * RCDH2
classe * 1 2 3 4
poids * 107 157 185 173
1 120 * 445 -37 -46 -23
2 186 * -45 415 -18 -94
3 151 * -38 -53 410 -69
4 165 * -34 -72 -83 507
Classification Descendante Hiérarchique...
Dendrogramme des classes stables (à partir de B3_rcdh1) :
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
233
Cl. 1 ( 99uce) |---------------------+
16 |-------------------------+
Cl. 4 ( 157uce) |---------------------+ |
19 |+
Cl. 2 ( 148uce) |-------------------------+ |
17 |---------------------+
Cl. 3 ( 144uce) |-------------------------+
Classification Descendante Hiérarchique...
Dendrogramme des classes stables (à partir de B3_rcdh2) :
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
Cl. 1 ( 99uce) |-----------------------+
16 |------------------------+
Cl. 4 ( 157uce) |-----------------------+ |
19 +
Cl. 2 ( 148uce) |-----------------------+ |
17 |------------------------+
Cl. 3 ( 144uce) |-----------------------+
----------------------
C2: profil des classes
----------------------
Chi2 minimum pour la sélection d'un mot : 2.00
Nombre de mots (formes réduites) : 521
Nombre de mots analysés : 367
Nombre de mots "hors-corpus" : 16
Nombre de classes : 4
548 u.c.e. classées soit 83.282680%
Nombre de "1" analysés : 5428
Nombre de "1" suppl. ("r") : 5255
Distribution des u.c.e. par classe...
1eme classe : 99. u.c.e. 1097. "1" analysés ; 1031. "1" suppl..
2eme classe : 148. u.c.e. 1396. "1" analysés ; 1351. "1" suppl..
3eme classe : 144. u.c.e. 1404. "1" analysés ; 1295. "1" suppl..
4eme classe : 157. u.c.e. 1531. "1" analysés ; 1578. "1" suppl..
--------------------------
Classe n° 1 => Contexte A
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 99. soit : 18.07 %
Nombre de "uns" (a+r) : 2128. soit : 19.92 %
Nombre de mots analysés par uce : 11.08
num effectifs pourc. chi2 identification
1 3. 4. 75.00 8.82 abencoado
9 4. 5. 80.00 13.08 acontec+
12 3. 5. 60.00 5.99 administr+
34 3. 4. 75.00 8.82 baix+
38 5. 9. 55.56 8.69 boa+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
234
39 6. 11. 54.55 10.09 bonit+
46 7. 11. 63.64 15.75 carnaval
58 5. 13. 38.46 3.74 condic+
72 10. 10. 100.00 46.20 corrupc+
78 2. 3. 66.67 4.81 cresc+
83 16. 65. 24.62 2.14 da
85 4. 7. 57.14 7.31 deix+
86 4. 4. 100.00 18.27 desemprego
87 2. 4. 50.00 2.78 desenvolvidos
91 36. 50. 72.00 108.13 desigual+
95 4. 7. 57.14 7.31 deu+
98 2. 3. 66.67 4.81 dev+
106 3. 4. 75.00 8.82 direito+
108 6. 8. 75.00 17.78 distribuicao
118 13. 15. 86.67 49.03 educ+
129 7. 17. 41.18 6.33 etc
138 12. 13. 92.31 49.58 falta
145 4. 6. 66.67 9.68 felicidade
149 2. 4. 50.00 2.78 financeir+
152 13. 15. 86.67 49.03 fome
161 5. 6. 83.33 17.46 futebol
164 8. 10. 80.00 26.40 gente
167 6. 12. 50.00 8.45 govern+
175 3. 4. 75.00 8.82 hospitaleir+
185 5. 6. 83.33 17.46 injust+
186 3. 5. 60.00 5.99 intelig+
189 2. 3. 66.67 4.81 invest+
193 4. 5. 80.00 13.08 just+
194 7. 9. 77.78 22.04 lado
204 4. 11. 36.36 2.54 maravilh+
211 9. 14. 64.29 20.74 miser+
218 5. 13. 38.46 3.74 mud+
219 7. 11. 63.64 15.75 muita
225 4. 5. 80.00 13.08 negativo+
227 2. 4. 50.00 2.78 nest+
228 4. 4. 100.00 18.27 nivel
230 3. 8. 37.50 2.07 num+
232 2. 3. 66.67 4.81 oportunidade+
241 12. 24. 50.00 17.29 part+
242 10. 21. 47.62 12.88 pass+
244 3. 6. 50.00 4.18 patriot+
247 9. 29. 31.03 3.48 pela+
258 10. 25. 40.00 8.51 pobr+
261 12. 18. 66.67 29.70 polit+
263 13. 30. 43.33 13.69 popul+
275 2. 4. 50.00 2.78 preocup+
284 3. 5. 60.00 5.99 qualidade+
299 9. 12. 75.00 26.87 renda
304 12. 41. 29.27 3.76 ric+
306 4. 6. 66.67 9.68 ruim
309 4. 5. 80.00 13.08 saude
310 2. 4. 50.00 2.78 seca+
319 4. 6. 66.67 9.68 sobreviv+
321 30. 66. 45.45 38.03 soci+
336 4. 8. 50.00 5.59 termo+
338 4. 5. 80.00 13.08 terremoto+
341 2. 4. 50.00 2.78 tir+
344 2. 4. 50.00 2.78 trabalhador
345 6. 7. 85.71 21.92 trabalh+
348 4. 6. 66.67 9.68 tropic+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
235
363 9. 17. 52.94 14.42 vida+
364 22. 25. 88.00 86.55 violencia+
365 15. 51. 29.41 4.89 viv+
368 * 53. 238. 22.27 5.02 * a
373 * 3. 6. 50.00 4.18 * 0 estao
378 * 15. 44. 34.09 8.30 * 2 ha
380 * 16. 53. 30.19 5.83 * 3 sao
384 * 3. 8. 37.50 2.07 * 3 seria
390 * 30. 114. 26.32 6.62 * 4 com
391 * 65. 304. 21.38 5.07 * 4 de
395 * 31. 136. 22.79 2.73 * 4 em
406 * 13. 49. 26.53 2.60 * 5 como
410 * 21. 67. 31.34 9.09 * 5 mas
415 * 7. 16. 43.75 7.35 * 5 porem
425 * 8. 14. 57.14 14.82 * 6 bom
431 * 4. 11. 36.36 2.54 * 7 com-que
443 * 9. 32. 28.13 2.32 * 7 isso
446 * 4. 5. 80.00 13.08 * 7 ma
453 * 6. 14. 42.86 5.97 * 7 muitos
462 * 4. 8. 50.00 5.59 * 7 nossos
465 * 5. 12. 41.67 4.62 * 7 outras
470 * 3. 4. 75.00 8.82 * 7 pouca
476 * 3. 5. 60.00 5.99 * 7 quem
479 * 9. 30. 30.00 3.05 * 7 seus
483 * 5. 8. 62.50 10.83 * 7 tanta
502 * 2. 3. 66.67 4.81 * 9 com-certeza
506 * 4. 8. 50.00 5.59 * 9 infelizmente
509 * 3. 6. 50.00 4.18 * 9 mal
512 * 35. 112. 31.25 16.53 * 9 nao
533 * 18. 68. 26.47 3.71 * *reg_1
534 * 37. 171. 21.64 2.14 * *reg_2
Nombre de mots sélectionnés : 96
--------------------------
Classe n° 2 => Contexte B
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 148. soit : 27.01 %
Nombre de "uns" (a+r) : 2747. soit : 25.71 %
Nombre de mots analysés par uce : 9.43
num effectifs pourc. chi2 identification
7 6. 8. 75.00 9.49 acolh+
23 5. 7. 71.43 7.10 amo+
31 3. 5. 60.00 2.79 area+
43 8. 14. 57.14 6.62 caracteristica+
47 6. 9. 66.67 7.30 caus+
55 6. 9. 66.67 7.30 coloniz+
59 8. 10. 80.00 14.51 conflito+
71 8. 11. 72.73 11.90 conviv+
75 11. 15. 73.33 16.79 costum+
77 5. 8. 62.50 5.19 crenca+
82 67. 142. 47.18 39.58 cultur+
92 6. 13. 46.15 2.48 dess+
102 24. 49. 48.98 13.18 diferenc+
103 41. 71. 57.75 39.10 difer+
109 8. 12. 66.67 9.79 diversas
110 38. 90. 42.22 12.65 diversidade+
114 41. 124. 33.06 2.98 do
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
236
127 3. 5. 60.00 2.79 estados
128 5. 6. 83.33 9.76 estrangeiro+
130 10. 19. 52.63 6.56 etn+
133 14. 37. 37.84 2.36 exist+
136 9. 13. 69.23 12.04 extens+
140 3. 5. 60.00 2.79 fator+
141 9. 18. 50.00 4.99 fato+
143 14. 31. 45.16 5.49 faz+
155 14. 24. 58.33 12.49 form+
173 5. 5. 100.00 13.64 heterogeneidade
178 3. 5. 60.00 2.79 identidade+
179 2. 3. 66.67 2.41 ide+
183 3. 4. 75.00 4.71 independ+
184 2. 3. 66.67 2.41 influenci+
187 3. 4. 75.00 4.71 interess+
188 4. 6. 66.67 4.84 interna+
191 2. 3. 66.67 2.41 jovem
192 5. 8. 62.50 5.19 justamente
197 4. 5. 80.00 7.19 lingua+
202 5. 8. 62.50 5.19 maneira
210 14. 29. 48.28 7.03 miscigen+
212 34. 48. 70.83 51.26 mistura+
214 2. 3. 66.67 2.41 modo
220 16. 31. 51.61 10.09 mundo
237 7. 7. 100.00 19.16 pacifica+
245 4. 6. 66.67 4.84 paz
257 5. 7. 71.43 7.10 pluralidade+
265 4. 5. 80.00 7.19 possibilidade+
266 3. 4. 75.00 4.71 possibilita
269 4. 7. 57.14 3.27 poss+
281 8. 13. 61.54 8.05 propria+
285 3. 5. 60.00 2.79 quantidade
289 7. 8. 87.50 15.07 raci+
290 45. 63. 71.43 71.25 rac+
296 20. 27. 74.07 31.91 regi+
298 20. 24. 83.33 40.39 religi+
300 2. 3. 66.67 2.41 represent+
302 4. 8. 50.00 2.18 respeit+
317 4. 5. 80.00 7.19 singular
342 15. 18. 83.33 29.95 torn+
346 5. 5. 100.00 13.64 tradic+
350 39. 105. 37.14 6.77 uma+
355 4. 7. 57.14 3.27 valor+
371 * 3. 4. 75.00 4.71 * 0 estado
379 * 4. 8. 50.00 2.18 * 3 foi
391 * 98. 304. 32.24 9.47 * 4 de
412 * 10. 25. 40.00 2.24 * 5 ou
422 * 4. 8. 50.00 2.18 * 5 tamanho
429 * 19. 26. 73.08 29.39 * 7 cada
434 * 4. 8. 50.00 2.18 * 7 elas
436 * 13. 28. 46.43 5.65 * 7 essa
442 * 8. 18. 44.44 2.87 * 7 eu
443 * 13. 32. 40.63 3.20 * 7 isso
449 * 3. 4. 75.00 4.71 * 7 meu
463 * 11. 21. 52.38 7.13 * 7 onde
487 * 10. 23. 43.48 3.30 * 7 todas
491 * 10. 15. 66.67 12.30 * 7 varias
492 * 9. 17. 52.94 5.99 * 7 varios
519 * 56. 165. 33.94 5.75 * M A
524 * 39. 110. 35.45 4.98 * *cur_3
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
237
537 * 29. 79. 36.71 4.41 * *reg_5
Nombre de mots sélectionnés : 78
--------------------------
Classe n° 3 => Contexte C
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 144. soit : 26.28 %
Nombre de "uns" (a+r) : 2699. soit : 25.26 %
Nombre de mots analysés par uce : 9.75
num effectifs pourc. chi2 identification
3 4. 5. 80.00 7.52 acab+
17 2. 3. 66.67 2.54 ali+
18 3. 4. 75.00 4.94 amazon+
24 6. 13. 46.15 2.72 anim+
27 4. 6. 66.67 5.11 aos
29 10. 12. 83.33 20.62 apresent+
33 7. 15. 46.67 3.31 aspecto+
36 18. 38. 47.37 9.38 bel+
37 7. 10. 70.00 10.05 biodiversidade
51 3. 4. 75.00 4.94 claro
52 3. 5. 60.00 2.96 classe+
53 12. 22. 54.55 9.45 clima+
57 4. 5. 80.00 7.52 concentra+
58 7. 13. 53.85 5.22 condic+
66 4. 5. 80.00 7.52 continent+
68 12. 18. 66.67 15.67 contrast+
82 49. 142. 34.51 6.70 cultur+
90 4. 6. 66.67 5.11 desenvolv+
93 4. 5. 80.00 7.52 destac+
97 13. 22. 59.09 12.74 devid+
101 38. 82. 46.34 20.04 diferenci+
110 42. 90. 46.67 23.11 diversidade+
111 6. 9. 66.67 7.71 diversificad+
112 8. 10. 80.00 15.18 diverso+
115 34. 95. 35.79 5.37 dos
117 13. 17. 76.47 22.82 econom+
119 8. 17. 47.06 3.91 encontr+
124 4. 4. 100.00 11.30 especial+
130 8. 19. 42.11 2.55 etn+
142 9. 10. 90.00 21.35 fauna
150 9. 10. 90.00 21.35 flora
151 8. 11. 72.73 12.50 floresta+
160 4. 4. 100.00 11.30 frut+
165 5. 7. 71.43 7.46 geograf+
168 47. 87. 54.02 41.10 grande+
169 6. 6. 100.00 17.02 gritante+
174 4. 8. 50.00 2.36 histor+
182 2. 3. 66.67 2.54 impunidade
205 4. 4. 100.00 11.30 mat+
210 11. 29. 37.93 2.15 miscigen+
221 3. 5. 60.00 2.96 nac+
223 48. 74. 64.86 65.76 natur+
230 5. 8. 62.50 5.50 num+
238 5. 7. 71.43 7.46 paisagens
256 4. 4. 100.00 11.30 plant+
262 4. 6. 66.67 5.11 populacion+
264 4. 6. 66.67 5.11 positiva+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
238
267 10. 23. 43.48 3.67 possui
270 9. 14. 64.29 10.71 potenci+
272 6. 13. 46.15 2.72 pra+
279 6. 7. 85.71 12.93 privilegi+
286 3. 5. 60.00 2.96 quase
288 4. 5. 80.00 7.52 quest+
291 4. 5. 80.00 7.52 realidade+
294 16. 22. 72.73 25.53 recursos
297 4. 8. 50.00 2.36 relacao
303 4. 6. 66.67 5.11 ricos
304 21. 41. 51.22 14.23 ric+
305 26. 48. 54.17 21.12 riqueza+
307 2. 3. 66.67 2.54 rumo+
321 28. 66. 42.42 10.10 soci+
327 5. 5. 100.00 14.16 solo+
332 2. 3. 66.67 2.54 tecnolog+
337 10. 15. 66.67 12.99 terra+
339 14. 26. 53.85 10.71 territori+
350 36. 105. 34.29 4.30 uma+
351 5. 6. 83.33 10.19 unica
357 10. 15. 66.67 12.99 variedade+
369 * 122. 442. 27.60 2.07 * e
406 * 24. 49. 48.98 14.32 * 5 como
409 * 3. 4. 75.00 4.94 * 5 ja-que
419 * 5. 5. 100.00 14.16 * 5 quanto
421 * 31. 87. 35.63 4.67 * 5 se
422 * 4. 8. 50.00 2.36 * 5 tamanho
423 * 4. 7. 57.14 3.49 * 5 tanto
427 * 4. 7. 57.14 3.49 * 7 alem-disso
428 * 3. 5. 60.00 2.96 * 7 alguns
437 * 3. 5. 60.00 2.96 * 7 essas
441 * 4. 7. 57.14 3.49 * 7 este
450 * 6. 13. 46.15 2.72 * 7 mim
460 * 5. 11. 45.45 2.13 * 7 nossas
467 * 40. 116. 34.48 5.11 * 7 outros
472 * 4. 5. 80.00 7.52 * 7 poucos
481 * 21. 62. 33.87 2.08 * 7 sua
503 * 4. 6. 66.67 5.11 * 9 demais
511 * 26. 78. 33.33 2.34 * 9 muito
534 * 52. 171. 30.41 2.19 * *reg_2
Nombre de mots sélectionnés : 87
--------------------------
Classe n° 4 => Contexte D
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 157. soit : 28.65 %
Nombre de "uns" (a+r) : 3109. soit : 29.10 %
Nombre de mots analysés par uce : 9.75
num effectifs pourc. chi2 identification
4 4. 5. 80.00 6.51 aceit+
6 10. 18. 55.56 6.59 acolhedor+
10 10. 12. 83.33 17.95 acredit+
13 6. 6. 100.00 15.11 adversidade+
15 6. 7. 85.71 11.30 ajud+
16 44. 74. 59.46 39.73 alegr+
21 4. 4. 100.00 10.04 amigo+
22 6. 6. 100.00 15.11 amor
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
239
26 15. 32. 46.88 5.52 ao
28 11. 23. 47.83 4.32 apesar
32 46. 109. 42.20 12.22 as
35 2. 3. 66.67 2.13 batalhador+
41 18. 27. 66.67 20.08 calor+
42 8. 10. 80.00 13.14 capacidade
44 6. 8. 75.00 8.53 carinh+
45 4. 4. 100.00 10.04 carisma
49 3. 3. 100.00 7.51 chor+
54 8. 16. 50.00 3.68 coisa+
62 2. 3. 66.67 2.13 conquist+
63 13. 25. 52.00 6.99 consegu+
67 6. 8. 75.00 8.53 continu+
73 3. 4. 75.00 4.23 corrupto+
79 5. 5. 100.00 12.57 crise+
94 3. 5. 60.00 2.43 dest+
100 10. 14. 71.43 12.86 dia+
104 4. 6. 66.67 4.29 dificil+
105 30. 36. 83.33 56.37 dificuldade+
121 12. 12. 100.00 30.55 enfrent+
125 19. 21. 90.48 40.83 esperanc+
126 4. 4. 100.00 10.04 esquec+
135 3. 4. 75.00 4.23 express+
139 4. 7. 57.14 2.82 fal+
144 5. 7. 71.43 6.35 fe
146 16. 20. 80.00 26.78 feliz+
147 5. 5. 100.00 12.57 fic+
154 4. 5. 80.00 6.51 forca
163 2. 3. 66.67 2.13 garra
176 4. 5. 80.00 6.51 humanos
177 15. 19. 78.95 24.36 human+
190 4. 7. 57.14 2.82 jeit+
195 4. 5. 80.00 6.51 liberdade
196 6. 10. 60.00 4.90 lindo+
198 4. 5. 80.00 6.51 livr+
200 9. 12. 75.00 12.89 lut+
203 2. 3. 66.67 2.13 maos
207 9. 13. 69.23 10.73 melhor+
209 2. 3. 66.67 2.13 mesma+
216 2. 3. 66.67 2.13 mostr+
217 4. 5. 80.00 6.51 motivo+
234 39. 96. 40.63 8.17 os
235 3. 5. 60.00 2.43 otimo+
236 3. 4. 75.00 4.23 otim+
240 6. 7. 85.71 11.30 parec+
251 2. 3. 66.67 2.13 perceb+
252 6. 6. 100.00 15.11 perd+
254 32. 69. 46.38 12.14 pessoa+
271 91. 169. 53.85 75.89 povo+
273 4. 6. 66.67 4.29 precis+
280 30. 47. 63.83 31.13 problema+
282 3. 4. 75.00 4.23 proprios
283 4. 4. 100.00 10.04 proximo
287 6. 7. 85.71 11.30 quer+
293 7. 10. 70.00 8.52 receptivo+
301 3. 4. 75.00 4.23 resolver
308 7. 14. 50.00 3.20 sab+
311 9. 17. 52.94 5.06 sej+
313 3. 3. 100.00 7.51 sent+
314 6. 7. 85.71 11.30 sermos
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
240
318 8. 12. 66.67 8.67 situac+
322 8. 8. 100.00 20.22 sofrido
323 3. 4. 75.00 4.23 sofrimento
324 5. 8. 62.50 4.55 sofr+
325 8. 8. 100.00 20.22 solidariedade
326 15. 16. 93.75 34.17 solidar+
328 7. 7. 100.00 17.66 sorrir
331 3. 3. 100.00 7.51 super+
333 15. 20. 75.00 21.82 tempo+
335 10. 13. 76.92 15.18 tent+
347 3. 4. 75.00 4.23 tristeza+
359 3. 5. 60.00 2.43 vejo
361 3. 4. 75.00 4.23 vencer
365 19. 51. 37.25 2.04 viv+
366 5. 9. 55.56 3.24 vontade+
372 * 3. 5. 60.00 2.43 * 0 estamos
386 * 14. 22. 63.64 13.72 * 3 somos
387 * 5. 9. 55.56 3.24 * 4 alem-de
388 * 34. 52. 65.38 37.93 * 4 apesar-de
394 * 3. 5. 60.00 2.43 * 4 diante-de
398 * 28. 73. 38.36 3.88 * 4 para
410 * 26. 67. 38.81 3.85 * 5 mas
414 * 18. 48. 37.50 2.02 * 5 pois
420 * 80. 248. 32.26 2.89 * 5 que
448 * 36. 69. 52.17 21.37 * 7 mesmo
455 * 3. 5. 60.00 2.43 * 7 nada
478 * 20. 49. 40.82 3.90 * 7 seu
487 * 10. 23. 43.48 2.58 * 7 todas
490 * 18. 46. 39.13 2.70 * 7 tudo
497 * 19. 32. 59.38 15.69 * 9 ainda
499 * 14. 35. 40.00 2.36 * 9 aqui
500 * 3. 5. 60.00 2.43 * 9 a-vontade
508 * 24. 58. 41.38 5.14 * 9 mais
510 * 9. 21. 42.86 2.16 * 9 melhor
512 * 40. 112. 35.71 3.44 * 9 nao
513 * 3. 4. 75.00 4.23 * 9 nunca
515 * 13. 17. 76.47 19.63 * 9 sempre
520 * 21. 55. 38.18 2.72 * M E
521 * 60. 155. 38.71 10.70 * M O
533 * 29. 68. 42.65 7.44 * *reg_1
Nombre de mots sélectionnés : 108
Nombre de mots marqués : 476 sur 521 soit 91.36%
Liste des valeurs de clé :
0 si chi2 < 2.71
1 si chi2 < 3.84
2 si chi2 < 5.02
3 si chi2 < 6.63
4 si chi2 < 10.80
5 si chi2 < 20.00
6 si chi2 < 30.00
7 si chi2 < 40.00
8 si chi2 < 50.00
Tableau croisant classes et clés :
* Classes * 1 2 3 4
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
241
Clés * Poids * 854 1122 1056 1316
M * 375 * 61 100 93 121
0 * 20 * 5 6 3 6
1 * 134 * 26 36 32 40
2 * 44 * 15 12 6 11
3 * 172 * 39 43 39 51
4 * 871 * 186 230 195 260
5 * 752 * 146 168 212 226
6 * 18 * 8 3 2 5
7 * 1241 * 214 364 307 356
8 * 225 * 45 58 55 67
9 * 496 * 109 102 112 173
Tableau des chi2 (signés) :
* Classes * 1 2 3 4
Clés * Poids * 854 1122 1056 1316
M * 375 * -2 0 0 0
0 * 20 * 0 0 0 0
1 * 134 * 0 0 0 0
2 * 44 * 5 0 -2 0
3 * 172 * 1 0 0 0
4 * 871 * 2 0 -2 0
5 * 752 * 0 -5 7 0
6 * 18 * 7 0 -1 0
7 * 1241 * -6 11 0 -2
8 * 225 * 0 0 0 0
9 * 496 * 1 -8 0 5
Chi2 du tableau : 52.332820
Nombre de "1" distribués : 4348 soit 41 %
-------------------------------
C2: Reclassement des uce et uci
-------------------------------
Type de reclassement choisi pour les uce :
Classement d'origine
Tableaux des clés (TUCE et TUCI) :
Nombre d'uce enregistrées : 658
Nombre d'uce classées : 548 soit : 83.28%
Nombre d'uci enregistrées : 499
Nombre d'uci classées : 296 soit : 59.32%
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
242
---------------------------------
C3: A.F.C. du tableau C2_DICB.121
---------------------------------
A.F.C. de C:\Arquivos de programas\ADT-Image\Lucia\ref62\&&_0\C2_DICB.121
Effectif minimum d'un mot : 8
Nombre d'uce minimum par classe : 18
Nombre de lignes analysées : 182
Nombre total de lignes : 302
Nombre de colonnes analysées : 4
***********************************************
* Num.* Valeur Propre * Pourcentage * Cumul *
***********************************************
* 1 * .24667140 * 41.55082 * 41.551 *
* 2 * .19817750 * 33.38222 * 74.933 *
* 3 * .14881300 * 25.06697 * 100.000 *
***********************************************
Seuls les mots à valeur de clé >= 2 sont représentés
Nombre total de mots retenus : 251
Nombre de mots pleins retenus : 173
Nombre total de points : 255
Représentation séparée car plus de 60 points
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
243
Projection des colonnes et mots "*" sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2467 ( 41.55 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.1982 ( 33.38 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
15 | *reg_5
| |
14 | | |
13 | *cur_3 | |
12 | #02 | |
11 | *reg_4 | |
10 | |
|
9 | *reg_3 #04 |
8 | | |
7 |
| |
6 | | |
5 | |
|
4 | | |
3 | | |
2 |
| |
1 | | |
0 +-----------------------------------+------------------------*cur_1--
*reg_1
1 | *cur_2 | |
2 | | |
3 | |
|
4 | | |
5 | | |
6 |
| *cur_4 |
7 | #03 | |
8 | |
|
9 | | |
10 | | |
11 |
| |
12 | | *cur_5 |
13 | | |
14 | | |
15 | | |
16 | |
|
17 | | #01 |
18 | | |
19 | | |
20 | *reg_2 |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 0 dont 0 superposés
x y nom
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
244
Projection des mots analyses sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2467 ( 41.55 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.1982 ( 33.38 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
18 | coloniz+ |
17 |
diversas | |
16 | caracteristiacolh+ | aoacolhedor+ |
15 | religi+ | continu+ |
14 | costum+ maneira tent+receptivo+ |
13 | regi+ amo+difer+ | asconsegu+ |
12 | torn+ |
ajud+ |
11 | conviv+ .rac+ faz+conflito+ human+acredit+|
10 | mistura+ form+caus+ | fato+ dificuldade+tempo+ |
9
|extens+diferenc+ raci+ | solidariedad. carinh+
8 | miscigen+ | sofridoquer+ .povo+ |
7 | etn+propria+ mundocrenca+ |
esperanc+lut+|
6 | justamente |
capacidade
5 | cultur+ | alegr+feliz+
lindo+
4 | | problema+dia+
.pessoa+
3 | diversidade+ | melhor+livr+
2 | encontr+ | os situac+
1 | | fe|
0 +--territori+-----------------------+-----------------------------
sej+apesar
1 |
| sofr+
2 | paisagensaosvariedade+ | |
3 | uma+ | viv+|
4 | diverso+ diferenci+econom+ |
5 | riqueza+ privilegi+ apresent+potenci+ |
6 | grande+ fauna |
|
7 | devid+ flora |govern+ |
8 | clima+ diversificadrecursos |
9 |
terra+ | |
10 | natur+ | part+ boa+ pass+ |
11 | dos | deix+
|
12 | bel+ acab+biodiversida | carnaval |
13 | | hospitaleir+ popul+ |
14 |
| lado bonit+ vida+ |
15 | contrast+floresta+ | muita .. .gentetrabalh+ |
16 | | educ+ .falta corrupc+deu+ |
17 | ric+ | fome |
18 | num+condic+ | just+polit+ desigual+pobr+ |
19 | | ren
da |
20 | soci+ distribuicao |
21 | | etc |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 8 dont 0 superposés
x y nom
-11 11 pluralidade+
28 9 enfrent+
29 8 solidar+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
245
33 4 calor+
17 -15 terremoto+
18 -15 termo+
20 -15 miser+
14 -16 violencia+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
246
Projection des mots de type "r" sur le plan 1 2 (corrélations)
Axe horizontal : 1e facteur : V.P. =.2467 ( 41.55 % de l'inertie)
Axe vertical : 2e facteur : V.P. =.1982 ( 33.38 % de l'inertie)
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
20 | no outro
|
19 | elequalquer pouco |
18 | eu | todas porqueaqui |
17 | nenhum
| tantaspois |
16 | meu alem| |
15 | | |
14 | | mesmo |
13 | A varios oucada | somos |
12 | esse | alem-
de |
11 | variaspelo | melhor oum |
10 | onde | todosem que |
9 |
| janos |
8 | foi | o-
que por E |
7 | mim nossa ela
tem |
6 | e apesar-
desempre assim
5 | outros | menos O nemainda |
4 | tamanhoter
| seuesta |
3 | taoenquanto deelas | minha |
2 | essa | tantos tudo mais
1 | so que-
se |
0 +-------------essasentre----temos---este---------------------
nossotodaser
1 |demaissuas muita
s para
2 | isso | embora |
3 | com-
que| todos |
4 | | |
5 | sua | |
6 | muito |
|
7 | quanto | |
8 | sendo se ha com nao |
9 |
ate | nossosmas |
10 | nossas | |
11 | algunsna seria |
|
12 | | |
13 | | |
14 |
| muitos |
15 | | |
16 | como tanto | bom |
17 | tambem porem| |
18 | | infelizmente |
19 | em primeirobem sa
oseus |
20 | outrastanta a |
+-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|-----+
Nombre de points recouverts 0 dont 0 superposés
x y nom
-----------------------------------------
D1: Sélection de quelques mots par classe
-----------------------------------------
Valeur de clé minimum pour la sélection : 0
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
247
Vocabulaire spécifique de la classe 1 :
desigual+(36), violencia+(22), corrupc+(10), educ+(13), falta(12), fome(13),
soci+(30), gente(8), lado(7), miser+(9), polit+(12), renda(9), trabalh+(6),
acontec+(4), carnaval(7), desemprego(4), distribuicao(6), futebol(5),
injust+(5), just+(4), muita(7), negativo+(4), nivel(4), part+(12), pass+(10),
popul+(13), saude(4), terremoto+(4), vida+(9), abencoado(3), anos(2),
baix+(3), boa+(5), bonit+(6), deix+(4), deu+(4), direito+(3), felicidade(4),
govern+(6), hospitaleir+(3), pobr+(10), ruim(4), sobreviv+(4), tropic+(4),
vulcoes(2), administr+(3), etc(7), intelig+(3), qualidade+(3), termo+(4),
cresc+(2), dev+(2), invest+(2), oportunidade+(2), patriot+(3), viv+(15),
desenvolvidos(2), financeir+(2), mud+(5), nest+(2), pela+(9), preocup+(2),
seca+(2), tir+(2), trabalhador(2), chei+(2), consider+(2), da(16), diss+(2),
enfim(2), explor+(3), extremamente(1), forte+(2), futuro(1), imens+(2),
maior+(7), maravilh+(4), orgulho(1), receb+(2), sentido+(2);
Vocabulaire spécifique de la classe 2 :
mistura+(34), rac+(45), religi+(20), cultur+(67), difer+(41), regi+(20),
torn+(15), conflito+(8), conviv+(8), costum+(11), diferenc+(24), extens+(9),
form+(14), heterogeneidade(5), pacifica+(7), raci+(7), tradic+(5), acolh+(6),
amo+(5), caus+(6), coloniz+(6), diversas(8), estrangeiro+(5), lingua+(4),
miscigen+(14), mundo(16), pluralidade+(5), possibilidade+(4), propria+(8),
singular(4), uma+(39), caracteristica+(8), convivendo(2), credo+(2),
crenca+(5), etn+(10), faz+(14), justamente(5), maneira(5), fato+(9),
independ+(3), interess+(3), interna+(4), paz(4), possibilita(3), area+(3),
do(41), estados(3), fator+(3), identidade+(3), poss+(4), quantidade(3),
valor+(4), aproveitar(2), conjunto(1), cont+(2), dess+(6), exist+(14),
guerr+(9), haja(2), ide+(2), influenci+(2), jovem(2), mist+(2), modo(2),
ocorr+(2), preconceito+(5), represent+(2), respeit+(4), tenh+(5), unido+(3),
variad+(2);
Vocabulaire spécifique de la classe 3 :
natur+(48), grande+(47), apresent+(10), diferenci+(38), diversidade+(42),
econom+(13), fauna(9), flora(9), recursos(16), riqueza+(26), contrast+(12),
devid+(13), diverso+(8), especial+(4), floresta+(8), frut+(4), gritante+(6),
mat+(4), plant+(4), privilegi+(6), ric+(21), solo+(5), terra+(10),
variedade+(10), acab+(4), bel+(18), biodiversidade(7), clima+(12),
concentra+(4), continent+(4), destac+(4), diversificad+(6), geograf+(5),
paisagens(5), potenci+(9), quest+(4), realidade+(4), territori+(14),
unica(5), aos(4), condic+(7), desenvolv+(4), dos(34), num+(5),
populacion+(4), positiva+(4), ricos(4), amazon+(3), claro(3), encontr+(8),
anim+(6), aspecto+(7), classe+(3), nac+(3), possui(10), pra+(6), quase(3),
abrig+(1), agua+(1), ali+(2), cidad+(1), cor+(2), cri+(3), desenvolvid+(3),
deveri+(3), economicamente(2), filhos(2), fratern+(2), ger+(2), habit+(4),
histor+(4), impunidade(2), lugar+(8), nas(4), nele(2), numer+(2), pais+(76),
peculiaridade+(3), pen+(2);
Vocabulaire spécifique de la classe 4 :
dificuldade+(30), povo+(91), esperanc+(19), alegr+(44), enfrent+(12),
problema+(30), solidar+(15), calor+(18), feliz+(16), human+(15), sofrido(8),
solidariedade(8), tempo+(15), acredit+(10), adversidade+(6), ajud+(6),
amor(6), as(46), capacidade(8), crise+(5), dia+(10), fic+(5), lut+(9),
parec+(6), perd+(6), pessoa+(32), quer+(6), sermos(6), sorrir(7), tent+(10),
amigo+(4), carinh+(6), carisma(4), chor+(3), consegu+(13), continu+(6),
esquec+(4), melhor+(9), os(39), proximo(4), receptivo+(7), sent+(3),
situac+(8), super+(3), aceit+(4), acolhedor+(10), ao(15), fe(5), forca(4),
humanos(4), liberdade(4), livr+(4), motivo+(4), sej+(9), apesar(11),
corrupto+(3), dificil+(4), express+(3), for(2), lindo+(6), otim+(3),
precis+(4), proprios(3), resolver(3), sofrimento(3), sofr+(5), tristeza+(3),
vencer(3), coisa+(8), fal+(4), jeit+(4), sab+(7), vontade+(5), ach+(6),
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
248
acomod+(2), batalhador+(2), conquist+(2), das(13), dest+(3), diante(2),
diz+(3), espaco(2), exemplo+(2);
Mots outils spécifiques de la classe 1 :
estao(3), estar(2), ha(15), sao(16), sendo(4), seria(3), com(30), em(31),
apenas(2), mas(21), porem(7), quando(2), bom(8), com-que(4), de-que(2),
esses(1), ma(4), muitos(6), na(10), nossos(4), outras(5), pouca(3), quem(3),
seus(9), tanta(5), bem(4), com-certeza(2), infelizmente(4), mal(3), nao(35),
tambem(10), a(53);
Mots outils spécifiques de la classe 2 :
estado(3), ter(6), foi(4), de(98), entre(8), menos(3), pelo(6), sem(10),
sobre(1), ou(10), vamos(2), cada(19), elas(4), essa(13), esse(6), eu(8),
isso(13), isto(2), isto-e(2), meu(3), nenhum(6), nos(15), onde(11), outro(8),
o-que(12), o-que-e(2), todas(10), varias(10), varios(9), voce(2), alem(3),
A(56);
Mots outils spécifiques de la classe 3 :
temos(13), sera(1), ate(4), desde(2), assim-como(2), como(24), ja-que(3),
quanto(5), se(31), tamanho(4), tanto(4), tao(11), alem-disso(4), alguns(3),
certa(3), essas(3), este(4), me(1), mim(6), muitas(7), nossa(7), nossas(5),
outros(40), poucos(4), que-se(5), si(2), sua(21), primeiro(4), demais(4),
dentro(1), muito(26), so(10), e(122);
Mots outils spécifiques de la classe 4 :
estamos(3), tem(25), somos(14), alem-de(5), apesar-de(34), diante-de(3),
para(28), por(28), assim(7), embora(3), nem(3), pois(18), porque(32), por-
isso(2), que(80), esta(7), mesmo(36), minha(3), nada(3), nosso(14), pouco(5),
seu(20), tantas(8), tantos(5), todo(5), todos(14), tudo(18), um(64),
ainda(19), aqui(14), a-vontade(3), ja(4), mais(24), melhor(9), nunca(3),
sempre(13), talvez(3), E(21), O(60), o(70);
Mots étoilés spécifiques de la classe 1 :
*cur_1(25);
Mots étoilés spécifiques de la classe 2 :
*cur_2(30), *cur_3(39), *idt_1122140644(1), *reg_4(50), *reg_5(29);
Mots étoilés spécifiques de la classe 3 :
*idt_0321020914(1), *idt_0641190753(2), *idt_1041190753(2),
*idt_1341190753(2), *reg_2(52), *reg_3(20);
Mots étoilés spécifiques de la classe 4 :
*cur_5(32), *idt_1222110914(1), *reg_1(29);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
249
--------------------------------------------
D1: Sélection des mots et des uce par classe
--------------------------------------------
D1 : Distribution des formes d'origine par racine
------------------------------
Formes associées au contexte A
------------------------------
A9 desigual+ : desigual(1), desigualdade(27), desigualdades(9);
A9 violencia+ : violencia(21), violencias(1);
A8 corrupc+ : corrupcao(9), corrupcoes(1);
A8 educ+ : educacao(14), educado(1);
A8 falta : falta(12);
A8 fome : fome(13);
A7 soci+ : sociais(7), social(25);
A6 gente : gente(10);
A6 lado : lado(9);
A6 miser+ : miseraveis(1), miseria(8);
A6 polit+ : politica(6), politico(1), politicos(6);
A6 renda : renda(9);
A6 trabalh+ : trabalha(1), trabalhar(1), trabalho(4);
A5 acontec+ : aconteca(1), acontece(1), acontecerem(1), aconteceu(1);
A5 carnaval : carnaval(7);
A5 desemprego : desemprego(4);
A5 distribuicao : distribuicao(6);
A5 futebol : futebol(5);
A5 injust+ : injustica(5);
A5 just+ : justa(2), justica(1), justo(1);
A5 muita : muita(10);
A5 negativo+ : negativo(4);
A5 nivel : nivel(4);
A5 part+ : parte(11), partes(1), partir(1);
A5 pass+ : passa(2), passam(3), passando(5);
A5 popul+ : populacao(14);
A5 saude : saude(4);
A5 terremoto+ : terremotos(4);
A5 vida+ : vida(9), vidas(1);
A4 abencoado : abencoado(3);
A4 anos : anos(2);
A4 baix+ : baixa(3);
A4 boa+ : boa(4), boas(1);
A4 bonit+ : bonita(3), bonito(3);
A4 deix+ : deixa(1), deixam(1), deixando(1), deixar(1);
A4 deu+ : deus(4);
A4 direito+ : direito(1), direitos(2);
A4 felicidade : felicidade(4);
A4 govern+ : governantes(4), governo(2);
A4 hospitaleir+ : hospitaleiras(1), hospitaleiro(2);
A4 pobr+ : pobre(2), pobres(4), pobreza(5);
A4 ruim : ruim(4);
A4 sobreviv+ : sobrevivencia(2), sobreviver(2);
A4 tropic+ : tropicais(1), tropical(3);
A4 vulcoes : vulcoes(2);
A3 administr+ : administracao(1), administrado(2);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
250
A3 etc : etc(7);
A3 intelig+ : inteligencia(2), inteligentes(1);
A3 qualidade+ : qualidade(2), qualidades(1);
A3 termo+ : termos(4);
A2 cresc+ : cresce(1), crescer(1);
A2 dev+ : deve(2);
A2 invest+ : investe(1), investir(2);
A2 oportunidade+ : oportunidade(1), oportunidades(1);
A2 patriot+ : patriota(1), patriotas(1), patriotismo(2);
A2 viv+ : vive(2), vivem(1), vivemos(1), viver(8), viverem(1), vivo(2);
------------------------------
Formes associées au contexte B
------------------------------
B9 mistura+ : mistura(36), misturas(1);
B9 rac+ : raca(3), racas(43);
B8 religi+ : religiao(4), religioes(12), religiosa(4), religiosas(1),
religiosos(1);
B7 cultur+ : cultura(25), cultural(26), culturas(30);
B7 difer+ : difere(1), diferente(21), diferentes(28);
B7 regi+ : regiao(17), regioes(8);
B6 torn+ : torna(10), tornam(1), tornamos(1), tornando(1), torne(2),
tornem(1);
B5 conflito+ : conflito(2), conflitos(6);
B5 conviv+ : convivem(4), convivencia(2), conviver(2);
B5 costum+ : costumes(11);
B5 diferenc+ : diferenca(12), diferencas(13);
B5 extens+ : extensa(2), extensao(6), extenso(2);
B5 form+ : forma(10), formacao(2), formado(1), formar(1), formas(1);
B5 heterogeneidade : heterogeneidade(5);
B5 pacifica+ : pacifica(1), pacificamente(6);
B5 raci+ : raciais(2), racial(5);
B5 tradic+ : tradicao(1), tradicoes(4);
B4 acolh+ : acolhe(1), acolhemos(1), acolher(4);
B4 amo+ : amo(4), amos(1);
B4 caus+ : causa(6);
B4 coloniz+ : colonizacao(4), colonizado(2);
B4 diversas : diversas(8);
B4 estrangeiro+ : estrangeiro(1), estrangeiros(4);
B4 lingua+ : lingua(3), linguas(1);
B4 miscigen+ : miscigenacao(12), miscigenado(2);
B4 mundo : mundo(17);
B4 pluralidade+ : pluralidade(4), pluralidades(1);
B4 possibilidade+ : possibilidade(2), possibilidades(2);
B4 propria+ : propria(6), propriamente(1), proprias(3);
B4 singular : singular(4);
B4 uma+ : uma(44), umas(1);
B3 caracteristica+ : caracteristica(3), caracteristicas(5);
B3 convivendo : convivendo(2);
B3 credo+ : credo(1), credos(1);
B3 crenca+ : crencas(5);
B3 etn+ : etnia(1), etnias(3), etnica(3), etnicas(2), etnicos(1);
B3 faz+ : faz(13), fazemos(2);
B3 justamente : justamente(5);
B3 maneira : maneira(5);
B2 fato+ : fato(10);
B2 independ+ : independencia(1), independente(2);
B2 interess+ : interessante(2), interessantes(2);
B2 interna+ : interna(2), internas(2);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
251
B2 paz : paz(5);
B2 possibilita : possibilita(3);
------------------------------
Formes associées au contexte C
------------------------------
C9 natur+ : naturais(35), natural(14), natureza(5);
C8 grande+ : grande(43), grandes(7);
C6 apresent+ : apresenta(2), apresentam(2), apresentar(5), apresente(1);
C6 diferenci+ : diferencia(27), diferenciada(1), diferenciado(4),
diferencial(5), diferenciam(1), diferencie(1);
C6 diversidade+ : diversidade(46);
C6 econom+ : economia(1), economica(5), economicas(4), economico(2),
economicos(1);
C6 fauna : fauna(10);
C6 flora : flora(9);
C6 recursos : recursos(18);
C6 riqueza+ : riqueza(11), riquezas(15);
C5 contrast+ : contrastantes(2), contraste(2), contrastes(8);
C5 devid+ : devido(13);
C5 diverso+ : diverso(2), diversos(6);
C5 especial+ : especial(3), especialmente(1);
C5 floresta+ : floresta(3), florestais(1), florestas(4);
C5 frut+ : frutas(2), fruto(2);
C5 gritante+ : gritante(4), gritantes(2);
C5 mat+ : mata(2), matas(2);
C5 plant+ : plantando(1), plantar(1), plantas(2);
C5 privilegi+ : privilegiada(1), privilegiado(4), privilegio(1);
C5 ric+ : rica(7), ricas(1), rico(14);
C5 solo+ : solo(3), solos(2);
C5 terra+ : terra(7), terras(4);
C5 variedade+ : variedade(7), variedades(3);
C4 acab+ : acaba(2), acabam(1), acabando(1);
C4 bel+ : belas(2), beleza(8), belezas(10), belo(1);
C4 biodiversidade : biodiversidade(7);
C4 clima+ : clima(8), climas(4);
C4 concentra+ : concentra(1), concentracao(3);
C4 continent+ : continentais(2), continental(1), continentes(1);
C4 destac+ : destaca(2), destacam(1), destacar(1);
C4 diversificad+ : diversificada(4), diversificadas(1), diversificado(1);
C4 geograf+ : geografia(2), geografica(3);
C4 paisagens : paisagens(5);
C4 potenci+ : potencia(1), potenciais(1), potencial(5), potencias(2);
C4 quest+ : questao(2), questoes(3);
C4 realidade+ : realidade(3), realidades(1);
C4 territori+ : territorial(3), territorio(12);
C4 unica : unica(5);
C3 aos : aos(4);
C3 condic+ : condicao(1), condicoes(6);
C3 desenvolv+ : desenvolva(1), desenvolver(3);
C3 dos : dos(34);
C3 num+ : num(4), numa(1);
C3 populacion+ : populacionais(1), populacional(3);
C3 positiva+ : positiva(3), positivamente(1);
C3 ricos : ricos(4);
C2 amazon+ : amazonia(3), amazonica(1);
C2 claro : claro(3);
C2 encontr+ : encontra(4), encontrada(2), encontrar(2);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
252
------------------------------
Formes associées au contexte D
------------------------------
D9 dificuldade+ : dificuldade(4), dificuldades(26);
D9 povo+ : povo(114), povos(8);
D8 esperanc+ : esperanca(16), esperancas(1), esperancoso(1), esperancosos(1);
D7 alegr+ : alegra(3), alegrar(1), alegre(14), alegres(4), alegria(24),
alegrias(2);
D7 enfrent+ : enfrenta(4), enfrentam(1), enfrentamos(3), enfrentando(1),
enfrentar(3);
D7 problema+ : problema(1), problemas(31);
D7 solidar+ : solidarias(3), solidario(8), solidarios(4);
D6 calor+ : calor(13), calorosas(3), caloroso(3);
D6 feliz+ : feliz(16), felizes(1);
D6 human+ : humanas(1), humanista(1), humano(14);
D6 sofrido : sofrido(8);
D6 solidariedade : solidariedade(8);
D6 tempo+ : tempo(13), tempos(2);
D5 acredit+ : acredita(3), acreditam(1), acreditamos(2), acreditar(2),
acredito(2);
D5 adversidade+ : adversidades(6);
D5 ajud+ : ajuda(2), ajudar(4);
D5 amor : amor(6);
D5 as : as(47);
D5 capacidade : capacidade(8);
D5 crise+ : crise(2), crises(3);
D5 dia+ : dia(7), dias(3);
D5 fic+ : fica(3), ficam(1), ficar(1);
D5 lut+ : luta(5), lutamos(1), lutando(2), lutar(1);
D5 parec+ : pareca(2), parece(4);
D5 perd+ : perde(3), perder(3);
D5 pessoa+ : pessoas(33);
D5 quer+ : quer(1), querem(2), queremos(2), quero(2);
D5 sermos : sermos(6);
D5 sorrir : sorrir(7);
D5 tent+ : tenta(5), tentam(2), tentamos(1), tentando(1), tentou(1);
D4 amigo+ : amigo(2), amigos(2);
D4 carinh+ : carinho(5), carinhosas(1);
D4 carisma : carisma(4);
D4 chor+ : chora(1), chorando(1), chorar(1);
D4 consegu+ : consegue(9), conseguimos(1), conseguir(4);
D4 continu+ : continua(3), continuam(2), continuar(1);
D4 esquec+ : esquecem(1), esquecer(3);
D4 melhor+ : melhora(1), melhorar(4), melhores(3), melhorias(1);
D4 os : os(46);
D4 proximo : proximo(4);
D4 receptivo+ : receptivo(5), receptivos(2);
D4 sent+ : sentem(2), sentir(1);
D4 situac+ : situacao(6), situacoes(2);
D4 super+ : superacao(1), superar(2);
D3 aceit+ : aceitamos(2), aceitar(2);
D3 acolhedor+ : acolhedor(10);
D3 ao : ao(16);
D3 fe : fe(5);
D3 forca : forca(4);
D3 humanos : humanos(4);
D3 liberdade : liberdade(4);
D3 livr+ : livrar(1), livre(3), livres(1);
D3 motivo+ : motivo(2), motivos(2);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
253
D3 sej+ : seja(9);
D2 apesar : apesar(11);
D2 corrupto+ : corrupto(1), corruptos(2);
D2 dificil+ : dificil(3), dificilmente(1);
D2 express+ : expressao(2), expressar(1);
D2 for : for(2);
D2 lindo+ : lindo(7);
D2 otim+ : otimismo(1), otimista(2);
D2 precis+ : precisa(1), precisam(1), precisamos(1), preciso(1);
D2 proprios : proprios(3);
D2 resolver : resolver(3);
D2 sofrimento : sofrimento(3);
D2 sofr+ : sofra(1), sofre(4);
D2 tristeza+ : tristeza(2), tristezas(2);
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
254
--------------------------
D1: Tri des uce par classe
--------------------------
Clé sélectionnée : A
216 39 A #desigualdade #social, pois nos outros paises todos #vivem
melhor. nao ha #desemprego, assim tendo uma #vida instavel. dificuldade de
#crescer na #vida, #pela #falta de #oportunidades.
258 32 fama, brasil e famoso pelo #futebol, pelo samba, essa e a #parte
#boa; a #parte #ruim e que tambem e conhecido #pela #violencia, #pela divida
externa.
339 28 A #desigualdade #social, #miseria, #desemprego, #violencia, trafico
de drogas #etc. porque em paises #desenvolvidos ate ha problemas mas nao como
o brasil.
494 23 por um #lado #negativo, vejo um pais com varios tipos de
preconceito, #corrupcoes, que nao oferece uma #vida #justa para os menos
favorecidos, que nao tem #direito a #educacao, #saude, moradia.
315 22 A exclusao #social, os #governantes ladroes, tem o #lado bom, d ser
um povo #abencoado por #deus, um povo #bonito e agradavel isso tambem nos
diferencia.
294 21 apesar que ainda #falta o-mais importante, reconhecerem que so
jesus pode #tirar tudo de #ruim, como: #violencia, #desigualdade e outros. AA
#partir do momento que todos reconhecerem que so ele e digno de toda
confianca e de toda adoracao. pois por-mais-que o nosso presidente queira
#mudar, ele nao vai conseguir pois ele e falho.
322 21 pessoas que sao reprimidas #pela #inteligencia de nossos #politicos
que conseguem monopolizar #parte #da midia para impor a #populacao que ela e
burra, e com isso #deixam de #investir dinheiro nas pessoas geniais para-que
elas desenvolvem pesquisas brilhantes.
469 21 com #gente #bonita; sua beleza natural. mas tenho que expressar
aqui que em #parte o brasil esta muito atras em #termos de #educacao e
#qualidade de #vida.
75 19 #desigualdade e estratificacao #social. porque a #desigualdade e a
marca #forte e a estratificacao #social e devido ao fato de #pobres nao terem
#boa #educacao, sendo impossibilitados de subirem seu padrao de #vida.
203 19 A #desigualdade #social devido a ma #distribuicao de #renda.
534 19 apesar-de #termos #muita #violencia, #desigualdades, nao temos
#vulcoes e nem furacoes para nos atormentar. eu #considero o brasil um pais
bom pra se #viver.
152 16 O #desemprego tem aumentado e com isso a #violencia o-que mais
#preocupa a #populacao atualmente, #aconteceu esses dias a caminhada #pela
paz em sao paulo, liderada pelos pais dos jovens assassinados por champinha,
pernambucano, verdadeiros bandidos, crueis,
262 16 em alguns estados pessoas #passam #fome por #falta de #trabalho e
com isso #cresce as #violencias e os descontentamentos sao gerais.
366 16 certamente, o-que diferencia o pais sao os contrastes. enquanto
#parte das pessoas tem uma condicao de #vida excelente, acesso a #saude, #boa
escolaridade, bom #nivel #financeiro, a #imensa #maioria #vive numa eterna
luta #pela #sobrevivencia.
447 16 E um pais de grandes #desigualdades #sociais, omisso com seu povo,
onde grande #parte #da #populacao nao tem acesso a servicos basicos de
saneamento, #saude e #educacao.
459 16 O calor #tropical do brasil, a alegria de #viver das pessoas, a
#injustica e a grande #desigualdade #social, a #corrupcao e o #carnaval.
544 16 porque o brasil e #tropical, #pelas suas riquezas, incompetencia
dos #governantes e #da #injustica, a impunidade, #desigualdade #social.
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
255
183 14 alem #da biodiversidade e a #falta de uma #politica seria
comprometida com sua #populacao para melhorar essa situacao que o brasil
#passa como o analfabetismo, a #fome, a #violencia e a #forte concentracao de
#renda.
261 14 no #lado #negativo se diferencia pois em outros paises ha uma
#preocupacao #maior com a #qualidade de #vida dos seus habitantes, o-que nao
ocorre no brasil, pois ha ma #distribuicao de #renda,
Clé sélectionnée : B
141 28 A #miscigenacao de #culturas, #racas, falares. E o-que nos #faz ser
#diferentes, mas que em nossas #diferencas nos #tornamos iguais.
568 20 O brasil possui #uma #mistura de #culturas, #raca, #lingua,
demonstrando assim em cada #regiao #do pais as #diferentes #caracteristicas.
105 19 A #mistura de #racas, #credos e #culturas. pois aqui #convivem
#pacificamente pessoas que em seu pais de origem viveriam em eterno
#conflito.
455 16 para mim a #mistura de #racas, #crencas, #religiao, #costumes,
#tradicoes, habitos e a alegria de viver, mesmo com toda a dificuldade
financeira, e o-que #faz a nossa #diferenca!
444 15 O brasil e #diferente pois seu povo e muito alegre e receptivo. tem
#uma #cultura muito #extensa devido a #mistura de #racas de povos de
#diversas partes #do #mundo.
48 12 OS #costumes, a #cultura #propriamente dita a #etnia de cada povo.
porque todo pais tem que ter sem proprios #valores, suas #proprias
#caracteristicas.
79 12 #tradicoes e #identidades que varia de #regiao para #regiao.
615 12 A #mistura #do povo, #costumes e #religiao vive em #paz.
8 11 A #possibilidade de #convivencia entre os #diferentes, com #paz!
115 11 A #quantidade de #racas e #culturas #diferentes e a aceitacao
delas.
173 11 A #pluralidade #etnica e #cultural. em poucos outros paises em
poucos outros paises pode_se perceber tamanha #heterogeneidade #do povo. sao
tantas coisas, tantas #formas e #costumes que, se nao fosse pela #lingua e
pelo mapa, seria #possivel pensar que passamos de um pais para outro ao mudar
de #regiao.
28 10 A sua diversidade de #racas e #culturas. porque isto nos da a
#possibilidade de ter um grande intercambio ou #uma grande troca de #culturas
#diferentes dentro #do mesmo pais.
351 10 se #torna fraco diante dos outros enquanto na verdade e muito
melhor que a maioria. E #diferente tambem por ter tantas #diferencas entre as
#diferentes #regioes e nem-por-isso #causa #conflitos internos ou externos.
35 9 O brasil foi #colonizado de #uma #forma diferenciada dos paises, o-
que ja seria #uma grande #diferenca no comportamento dos habitantes. ele e um
pais que traz #uma #cultura #propria muito viva; e democratico no sentido
#cultural e #racial o-que o diferencia #do oriente por exemplo.
38 9 na verdade e impossivel #representar tao simples e rapidamente o
brasil em #uma folha de papel. O brasil e um pais muito #extenso,
territorialmente, com #diversas #diferencas #etnicas.
159 9 A #diferenca #existe entre cada #regiao, porque cada #regiao possui
a sua #caracteristica #propria e distinta #uma da outra.
202 9 A #influencia de varias #culturas, varias #religioes, varios povos,
o-que #faz de nos #uma mescla de tudo que ha no #mundo.
336 9 para mim, a beleza e a riqueza #cultural que nos temos, vivemos com
povos de #racas e #crencas distintas, porem nao #fazemos #guerras e nem
#conflitos por #causa #desse #fato.
362 9 alem-de inumeras #culturas espalhadas em um unico pais, ha a fusao
de todas as racas e o estabelecimento de #uma #identidade, a #identidade
brasileira, que e #singular e #torna o brasil um pais unico.
Clé sélectionnée : C
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
256
104 34 A #grande #concentracao de reservas #florestais. A #biodiversidade.
#devido a localizacao #geografica e o #clima #dos tropicos.
593 18 O tamanho, pois poucos #paises no mundo tem um #territorio tao
extenso como o brasileiro. as #belezas #naturais, justamente por ser muito
#grande o brasil consegue ter em seu #territorio #belezas #naturais, #climas,
#solos, #fauna e #flora bem #diversificada e #especialmente encantadora.
16 17 O que #diferencia e a #riqueza #natural que ainda possuimos na
totalidade do nosso #territorio. amem #dos #recursos #naturais, como o
petroleo, os rios com queda de #agua a #diversidade da #fauna e #flora e etc.
470 17 O brasil se #diferencia #dos outros #paises basicamente na #questao
#territorial, apesar-de nao ter #grande destaque por motivo da #concentracao
de #terra e de uma reforma agraria que nao condiz com a #realidade do #pais,
isto na #questao #economica.
650 17 pode se dizer tambem que aqui se #encontra desde #diversidade na
#fauna, quanto na #flora, na vegetacao e ate mesmo no #clima, o-que o
#diferencia principalmente #dos outros.
392 14 #diversidade. digo #diversidade de culturas, de #fauna, #flora e
#dos #aspectos fisicos #devido a imensidao de nossas #terras; o-que #gera um
#pais que tem um pouco de tudo.
181 13 A #mata #amazonia, porque e a maior #floresta #amazonica com uma
#grande #diversidade de #plantas que so existem aqui.
398 13 A nossa #terra fertil para mim e um #grande #diferencial.
87 12 O brasil se #diferencia #dos outros #paises #devido as suas
#belezas #naturais e por #apresentar na mistura etnica muito #grande.
110 12 #possui uma #diversidade de povos, #animais e #riquezas muito
#grandes. porque com a vinda de imigrantes de todos os #continentes ha essa
#diversidade e foi abencoado por deus com toda #beleza que tem.
514 12 A nossa #grande #diversidade cultural. assim-como nossas #riquezas
#naturais.
578 12 O brasil se #diferencia #dos outros #paises #devido suas #belezas
#naturais e por #apresentar uma mistura etnica muito #grande.
3 11 tudo. O brasil e um #pais #rico, #diferenciado #dos outros #paises
que sao dificeis de se #encontrar tanta #beleza junta, formando tantas
#belezas, so aqui mesmo para se ter #variedades turisticas.
441 11 A #diversidade da #flora, #fauna e #riquezas #naturais presentes no
#pais, #pena que sua populacao nao saiba valorizar o-que #possui.
176 10 #amazonia, por-que e um do poucos #paises que #possui uma #floresta
tao intensa e com uma #grande #biodiversidade.
192 10 O que #diferencia e muito o brasil, sao os #contrastes. pois
#belezas #naturais, #cidades #desenvolvidas, e outros, #quase todas as
#nacoes #apresentam, mas o brasil tem um pouco de tudo distribuido por todo
seu espaco,
102 9 O #clima em primeiro #lugar, pois, temos um #pais no qual nao
existem furacoes e maremotos. outro #aspecto e a #diversidade do #solo no
qual podemos #plantar #quase tudo.
206 9 apesar-de tudo e um #pais bom para se viver. como desenhei, e muito
raro acontecerem desastres no brasil, alem-disso #possui muitas #riquezas,
#praias e #belezas #naturais, que nao se podem #encontrar em um outro #pais.
286 9 #diferencia por ser #rico em #flora, porem com desigualdade social
muito #gritante.
Clé sélectionnée : D
129 39 seu #povo. porque e um #povo #sofrido mas #feliz e #ao mesmo #tempo
fiel #ao #proximo e e muito #acolhedor com #os visitantes, #seja qual #for.
158 33 #as #pessoas, pois e um #povo que tem #forca de #vontade, que
#luta, que #enfrenta. um pais de gente #feliz e #ao mesmo #tempo que #sofre
com todos #os #problemas e, #principalmente com a violencia, mas mesmo assim
persistem e #tentam ser #felizes.
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
257
497 24 O #povo. porque, apesar-de tudo, temos #carinho, #amor,
#solidariedade, compaixao. #calor #humano, #coisa que nenhum outro #povo, por
mais rico e auto_suficiente que #seja tem.
335 23 O #povo brasileiro, pois apesar-de todas #as #dificuldades
#continuam #lutando sem #perder a #alegria a #esperanca de um #dia ver nosso
pais aonde realmente merece.
232 17 alem-disso a #alegria e credulidade do nosso #povo, que sempre
#acredita que #as #coisas tendem a #melhorar.
234 17 A #capacidade que #as #pessoas tem de se #ajudar e de #vencer #as
#adversidades. no-entanto, somos um #povo #acomodado e nao #lutamos pelos
nossos direitos.
643 17 O #povo mais #solidario e festivo, pois o brasileiro mesmo estando
em muitas #crises, ele dribla #os #problemas com muito jogo de cintura e
#alegria.
92 16 O fato de termos grande potencial em recursos #humanos, #otimos
profissionais, de #sermos um #povo #alegre que #acredita sempre-que #as
#coisas vao #melhorar, mesmo-que #pareca #dificil.
325 16 A grande diferenca do brasil para #os outros paises esta no #povo
que #mora aqui: apesar-de todos #os #problemas que #enfrentamos, #as #pessoas
#continuam #lutando sem #perder o bom humor, de ser pacifista, a #esperanca.
311 15 ha como #falei o fato de #sermos um pais onde varios #povos pode
#morar, nao temos #problemas de catastrofes, guerras, somos #pessoas de #fe
por #dias #melhores, mais #humanos e aconchegantes que outros paises.
190 14 A exotismo de seu #povo, o seu #carisma e a sua positividade
apesar-de todos #os #problemas.
297 14 seu #povo. #povo que apesar-de suas #dificuldades e #feliz,
carismatico e acima-de tudo #solidario.
306 14 O brasil e diferente pois #as #pessoas sao mais #calorosas,
caridosas e #carinhosas. O pobre mesmo pobre #continua #feliz e temos o
adjetivo de #sermos companheiros e #amigos dos outros.
359 14 o #povo. O #povo e #alegre, #solidario e unido. por mais #dificil
que #seja a #situacao, ha sempre um sorriso e uma #esperanca! #parece meio
utopico, mas e o-que eu #vejo.
420 14 E que, por incrivel que #pareca, em partes, o pais, mesmo com
tantas #adversidades, #alegrias e #tristezas, ainda #consegue manter o
#carisma e a disposicao para seguir adiante, ha #esperanca e #simpatia,
559 14 A sua #alegria e #capacidade para #superar #dificuldades, nao
existe outro pais tao #alegre e festivo e que #apesar dos #problemas #tenta
contornar esta #situacao sorrindo e trabalhando.
565 14 O #povo. E um #povo #receptivo, #caloroso e que, #apesar #das
mazelas do pais, ainda #consegue #sorrir e viver #alegre. infelizmente somos
#pessoas acomodadas.
393 13 O #povo. porque apesar-de todas #as #dificuldades ainda #luta por
um futuro mais digno e #acredita que um #dia tudo vai mudar.
456 13 A #alegria, #vontade de viver e a-vontade de #vencer e tudo! E
nossa #fe e #esperanca que nos sustenta.
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
258
---------------------------------
D2: Calcul des "segments répétés"
---------------------------------
Seuls les 20 SR les plus fréquents sont retenus ici :
2 29 o brasil+
2 20 no brasil+
2 19 O brasil+
2 19 e a
2 18 desigual+ soci+
2 17 riqueza+ natur+
2 17 as pessoa+
2 15 seu povo+
2 15 outros pais+
2 15 em um
2 15 e o
2 15 bel+ natur+
2 13 um pais+
2 13 do mundo
2 13 do brasil+
2 12 para mim
2 12 apesar da
3 11 O brasil+ e
3 11 E um pais+
2 11 A cultur+
--------------------------------------------
D2: Calcul des "segments répétés" par classe
--------------------------------------------
*** classe n° 1 (20 SR maximum) ***
2 1 9 desigual+ soci+
2 1 8 e a
2 1 7 pass+ fome
2 1 6 a popul+
3 1 6 distribuicao de renda
5 1 5 O brasil+ e um pais+
3 1 5 A desigual+ soci+
2 1 5 no brasil+
2 1 5 de vida+
3 1 4 em outros pais+
2 1 4 a violencia+
2 1 4 a fome
2 1 4 falta de
3 1 3 E um pais+
2 1 3 A alegr+
2 1 3 nao ha
2 1 3 um povo+
2 1 3 outros pais+
2 1 3 nosso povo+
2 1 3 que nos
*** classe n° 2 (20 SR maximum) ***
2 2 10 cada regi+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
259
2 2 8 de cultur+
2 2 8 do mundo
2 2 6 A cultur+
2 2 6 no brasil+
2 2 5 em um
2 2 5 o brasil+
2 2 5 do pais+
2 2 5 as pessoa+
2 2 4 O brasil+
2 2 4 nao ha
2 2 4 outros pais+
2 2 4 essa mistura+
2 2 4 de viv+
2 2 4 e o
2 2 4 faz+ com-que
2 2 4 do povo+
2 2 4 diversidade+ cultur+
2 2 4 as diferenc+
4 2 3 O brasil+ e difer+
*** classe n° 3 (20 SR maximum) ***
2 3 12 o brasil+
2 3 11 riqueza+ natur+
2 3 10 bel+ natur+
2 3 7 A diversidade+
2 3 7 desigual+ soci+
2 3 6 O brasil+
2 3 6 muito grande+
2 3 6 devid+ a
7 3 5 O brasil+ se diferenci+ dos outros pais+
2 3 5 A grande+
2 3 5 para mim
2 3 5 e o
2 3 4 A cultur+
2 3 4 variedade+ de
3 3 4 fauna e flora
2 3 4 coisa+ que
2 3 4 as diferenc+
2 3 4 apresent+ uma+
3 3 3 O brasil+ e
3 3 3 E um pais+
*** classe n° 4 (20 SR maximum) ***
2 4 7 O povo+
2 4 7 seu povo+
2 4 7 que enfrent+
2 4 7 o povo+
2 4 7 as pessoa+
2 4 6 um dia+
2 4 6 o brasil+
2 4 6 pass+ por
2 4 6 calor+ human+
3 4 6 ao mesmo tempo+
3 4 5 O calor+ human+
2 4 5 O brasil+
2 4 5 um povo+
2 4 5 no brasil+
2 4 5 mesmo com
ALCESTE – Relatório Detalhado
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quê?
260
2 4 5 de viv+
2 4 5 apesar-de tudo
4 4 5 apesar-de todas as dificuldade+
3 4 5 somos um povo+
2 4 5 o pais+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
261
------------------------------
D3: C.A.H. des mots par classe
------------------------------
C.A.H. du contexte lexical A
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 28
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 99
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 28
Poids total du tableau : 310
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
A5 muita |-------------------+-------------+----------+----+
A8 corrupc+ |------------+------+ | | |
A6 lado |------------+ | | |
A8 educ+ |---------+-------------+---------+ | |
A5 vida+ |---------+ | | |
A4 boa+ |-----------+-----------+ | |
A6 renda |--+--------+ | |
A5 distribuicao |--+ | |
A6 gente |------+-------------+-----------------+-----+ |
A4 bonit+ |------+ | | |
A5 carnaval |--------------+-----+ | |
A5 futebol |--------------+ | |
A5 part+ |-----------+-----------+--------------+ |
A5 popul+ |-----------+ | |
A8 falta |------------+----------+ |
A6 polit+ |------------+ |
A5 injust+ |-------------------+---------+------------+------+
A3 etc |-------------------+ | |
A4 govern+ |-----------------------+-----+ |
A2 viv+ |------------+----------+ |
A9 desigual+ |----+-------+ |
A7 soci+ |----+ |
A9 violencia+ |------------------+--------------+--------+
A4 pobr+ |------------------+ |
A6 miser+ |-----------------------+---------+
A6 trabalh+ |---------------+-------+
A8 fome |-+-------------+
A5 pass+ |-+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
262
C.A.H. du contexte lexical B
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 35
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 148
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 35
Poids total du tableau : 514
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
B7 cultur+ |---------------------+-----------------+-------++
B4 uma+ |---------------------+ | ||
B7 regi+ |--------------+---------------+--------+ ||
B5 diferenc+ |--------------+ | ||
B4 propria+ |----------+-------------+-----+ ||
B3 caracteristica+ |----------+ | ||
B5 raci+ |----------+-------------+ ||
B4 coloniz+ |----------+ ||
B4 amo+ |------------------+---------------+--------+---+|
B3 justamente |------------------+ | | |
B4 acolh+ |-------------------+--------------+ | |
B5 conviv+ |------+------------+ | |
B5 pacifica+ |------+ | |
B4 miscigen+ |----------------+------------------+-------+ |
B3 maneira |----------------+ | |
B9 mistura+ |------------+----------------+-----+ |
B9 rac+ |------------+ | |
B4 mundo |--------------------+--------+ |
B2 fato+ |--------------------+ |
B5 conflito+ |----------+----------------+---------+------+---+
B4 caus+ |----------+ | | |
B8 religi+ |------------+--------------+ | |
B3 faz+ |------------+ | |
B7 difer+ |----------+----------------+---------+ |
B6 torn+ |----------+ | |
B5 extens+ |----------+----------------+ |
B4 diversas |----------+ |
B4 estrangeiro+ |---------------------------+----------+-----+
B5 heterogeneidade |-----------------+---------+ |
B4 pluralidade+ |-----------------+ |
B3 crenca+ |---------------+--------------+-------+
B5 costum+ |---+-----------+ |
B5 tradic+ |---+ |
B5 form+ |----------------+-------------+
B3 etn+ |----------------+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
263
C.A.H. du contexte lexical C
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 33
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 144
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 33
Poids total du tableau : 492
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
C8 grande+ |--------------------------+-------------+-----+--+
C6 econom+ |---------+----------------+ | | |
C4 potenci+ |---------+ | | |
C6 recursos |----------------+------------+----------+ | |
C9 natur+ |----------+-----+ | | |
C6 riqueza+ |----------+ | | |
C5 ric+ |---------------------+-------+ | |
C4 bel+ |---------------------+ | |
C5 gritante+ |---------------+---------------+---------+----+ |
C3 condic+ |---------------+ | | |
C4 diversificad+ |-----------------+-------------+ | |
C5 privilegi+ |----------+------+ | |
C5 solo+ |----+-----+ | |
C4 clima+ |----+ | |
C6 diversidade+ |-------------+------------------+--------+ |
C4 territori+ |-------------+ | |
C2 encontr+ |-----------------+--------------+ |
C6 fauna |+----------------+ |
C6 flora |+ |
C5 contrast+ |------------------+--------------+----------+----+
C3 num+ |------------------+ | |
C3 dos |------------+------------+-------+ |
C6 diferenci+ |------+-----+ | |
C5 terra+ |------+ | |
C6 apresent+ |-----------------+-------+ |
C5 devid+ |-----------------+ |
C4 biodiversidade |-----+----------------+-------------+-------+
C4 unica |-----+ | |
C5 floresta+ |------------+---------+ |
C4 geograf+ |------------+ |
C5 diverso+ |----------------------+-------------+
C5 variedade+ |-------------+--------+
C4 paisagens |-------------+
ALCESTE – Relatório Detalhado
DIVERSIDADE – ref. 6.2 ref. QUESTÃO 2 – O que, para você, diferencia o Brasil dos outros países? Por
quê?
264
C.A.H. du contexte lexical D
Fréquence minimum d'un mot : 5
Nombre de mots sélectionnés : 44
Valeur de clé minimum après calcul : 2
Nombre d'uce analysées : 157
Seuil du chi2 pour les uce : 0
Nombre de mots retenus : 44
Poids total du tableau : 654
|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
D5 amor |------------+-----------+---------+-----------+--+
D6 solidariedade |------+-----+ | | | |
D4 carinh+ |------+ | | | |
D3 sej+ |-----------------+------+ | | |
D5 quer+ |-----+-----------+ | | |
D6 calor+ |--+--+ | | |
D6 human+ |--+ | | |
D5 adversidade+ |-------------------------+--------+ | |
D5 ajud+ |---------------+---------+ | |
D5 capacidade |---------------+ | |
D3 acolhedor+ |------------------------+-----------+-------+-+ |
D5 tent+ |--------------+---------+ | | |
D6 tempo+ |----+---------+ | | |
D3 ao |----+ | | |
D5 crise+ |-----------------------------+------+ | |
D7 enfrent+ |-----------------+-----------+ | |
D7 problema+ |--------+--------+ | |
D4 os |--------+ | |
D5 as |------------+-------------------------+-----+ |
D5 pessoa+ |------------+ | |
D9 povo+ |--------------------------------+-----+ |
D9 dificuldade+ |------------------+-------------+ |
D6 feliz+ |------------------+ |
D7 alegr+ |----------+------------+-------------+------+----+
D6 sofrido |----------+ | | |
D8 esperanc+ |-----------------+-----+ | |
D7 solidar+ |-----------------+ | |
D5 acredit+ |-------+---------+----------+--------+ |
D4 melhor+ |-------+ | | |
D5 parec+ |------------+----+ | |
D4 situac+ |------------+ | |
D3 fe |----------------------+-----+ |
D5 dia+ |----------+-----------+ |
D5 sermos |----------+ |
D4 continu+ |-------------+-------------+------------+---+
D2 lindo+ |-------------+ | |
D5 lut+ |--------------+------------+ |
D5 perd+ |-------+------+ |
D2 sofr+ |-------+ |
D4 receptivo+ |--------------+-------------+-----------+
D2 apesar |--------------+ |
D5 fic+ |------------------+---------+
D5 sorrir |-----+------------+
D4 consegu+ |-----+
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