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CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE VIDEIRA EM CLIMA
TROPICAL: UMA ABORDAGEM FOTOSSINTÉTICA
JULIANA COSTA GUIMARÃES
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
AGOSTO - 2008
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CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE VIDEIRA EM CLIMA
TROPICAL: UMA ABORDAGEM FOTOSSINTÉTICA
JULIANA COSTA GUIMARÃES
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Genética e
Melhoramento de Plantas.
Orientador: Prof. Ricardo Enrique Bressan-Smith
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
AGOSTO - 2008
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CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE VIDEIRA EM CLIMA
TROPICAL: UMA ABORDAGEM FOTOSSINTÉTICA
JULIANA COSTA GUIMARÃES
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Genética e
Melhoramento de Plantas.
Aprovada em 05 de Agosto de 2008
Comissão Examinadora:
Prof. Alexandre Pio Viana (D.Sc. Melhoramento de Videiras) - UENF
Prof. Celso Valdevino Pommer (D.Sc. Viticultura) - UENF
Prof. Henrique Pessoa dos Santos (D.Sc. Fisiologia de Vegetal) - Embrapa Uva e Vinho
Prof. Ricardo Enrique Bressan-Smith (D.Sc. – Fisiologia Vegetal) – UENF
(Orientador)
ii
AGRADECIMENTO
A Deus.
Aos meus pais, Eduardo e Vitória, e ao meu irmão, Eduardo, pelo apoio
irrestrito e principalmente pelo incentivo.
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) pela
oportunidade.
Ao professor Ricardo Bressan-Smith,
pela confiança, apoio, oportunidade,
orientação e amizade.
Aos professores Eliemar Campostrini (Mazinho), Alexandre Pio Vianna,
Celso Valdevino Pommer e Henrique Pessoa dos Santos, pelos ensinamentos e
atenção.
À propriedade rural Tabuinha, pela concessão do vinhedo para a realização
deste trabalho.
Aos amigos Débora, Marcela, Dammiani, Cínthia, Leandro, Gleidson, Mirella,
Silvia, Renata e Gabriel, pelo convívio e amizade.
A todos os amigos que participaram direta ou indiretamente desta conquista,
pelo companheirismo, incentivo e amizade.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E NOMENCLATURAS ........................v
RESUMO ............................................................................................................. vi
ABSTRACT ....................................................................................................... viii
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................1
2. HIPÓTESE........................................................................................................3
3. OBJETIVO ........................................................................................................4
3.1. Objetivo geral.........................................................................................4
3.2. Objetivos específicos .............................................................................4
4. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................5
4.1. A cultura da videira ................................................................................5
4.2. Fotossíntese e fotoinibição em videira...................................................7
4.3. Sistemas fotoprotetores .......................................................................10
4.4. Variabilidade genética..........................................................................12
5. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................14
5.1. Material vegetal e localização ..............................................................14
5.1.1. As cultivares estudadas ............................................................15
5.1.1.1. Niagara Rosada ..........................................................15
5.1.1.2. Romana (A 1105) ........................................................15
5.1.2. Porta-enxerto IAC 572 'Jales' .........................................16
iv
5.2. Trocas gasosas em folhas de videiras.................................................17
5.3. Avaliação da eficiência fotoquímica da fotossíntese............................17
5.4. Análise estatística dos resultados........................................................18
6. RESULTADOS................................................................................................20
6.1. Identificação da folha fotossinteticamente madura ..............................20
6.2. Avaliação da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética, ao longo do
dia .......................................................................................................27
7. DISCUSSÃO...................................................................................................39
7.1. Identificação da folha fotossinteticamente madura ..............................39
7.2. Avaliação da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética, ao longo do
dia .......................................................................................................41
8. CONCLUSÕES...............................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................47
v
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E NOMENCLATURAS
-
O
2
: superóxido
1
O
2
: oxigênio singleto reativo
.
OH: radical hidroxila
3
Chl: moléculas de clorofila excitadas triplets
A
N
: taxa fotossintética
C
i
: concentração interna de CO
2
ERO’s: espécies reativas de oxigênio
ETR: taxa de transporte de elétrons
FFF: fluxo de fótons fotossintéticos
F
M
: fluorescência máxima
F
O
: fluorescência inicial
F
V
: fluorescência variável
F
V
/F
M
: rendimento quântico máximo
g
s
: condutância estomática
H
2
O
2
: peróxido de hidrogênio
LHC: complexo coletor de luz
NPQ: “quenching” não-fotoquímico
PS II: fotossistema II
qN: “quenching” não-fotoquímico
qP: “quenching” fotoquímico
Rubisco: ribulose 1,5-bisfosfato carboxilase/oxigenase
vi
RESUMO
GUIMARÃES, Juliana Costa; M.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro; agosto de 2008. Caracterização de cultivares de videira em clima
tropical: uma abordagem fotossintética; Orientador: Ricardo Enrique Bressan-
Smith.
A idade das folhas influencia diversos processos no metabolismo das
plantas. É na folha que ocorre a transformação da energia luminosa em energia
química, essencial às plantas, mas que pode ser prejudicial ao aparelho
fotossintético quando exposição a níveis de luz excedentes que superem a
saturação fotossintética. Assim, excesso de energia luminosa, em plantas, pode
levar à fotoinibição, uma condição que promove sobrexcitação e dano ao centro
de reação fotossintético. Para evitar tal circunstância, as plantas utilizam
mecanismos fotoprotetores que dissipam o excesso da energia de excitação
como energia térmica. Com base nestas informações, este trabalho teve como
objetivo caracterizar fotossinteticamente as diferentes idades das folhas de videira
nas condições climáticas da região Norte Fluminense e avaliar a atividade do PSII
e o sistema fotoprotetor em duas cultivares de videira (Niagara Rosada e
Romana), sob condições fotoinibitórias. O analisador de gás no infravermelho
(IRGA) e o fluorímetro de luz modulada modelo MINI-PAM (Walz, Germany) foram
utilizados para determinar as trocas gasosas e a fluorescência da clorofila a
respectivamente, ao longo do dia. As diferentes idades das folhas (posição 5, 6, 7,
8 e 9, do ápice para a base do ramo) das cultivares de videiras avaliadas não
mostraram diferenças no perfil fotossintético realizado a cada duas horas; sendo
vii
assim, a primeira folha totalmente expandida (posição 7) foi tomada como a folha
fotossinteticamente madura. Uma baixa eficiência fotossintética foi observada às
15h e curvas em resposta à luz foram determinadas. Foi verificado que a taxa
fotossintética, a condutância estomática, o rendimento quântico máximo e a
fluorescência máxima foram maiores em ambas as cultivares no período da
manhã, havendo redução destes às 12h, caracterizando a depressão da
fotossíntese ao meio-dia, com valores mais elevados para Niagara Rosada
quando comparados aos da Romana. Entretanto, a concentração interna de CO
2
e a fluorescência inicial foram menores no mesmo período do dia em ambas as
variedades. Nas curvas em resposta à luz, os altos valores dos “quenchings”
indicaram maior eficiência da Niagara em utilizar e dissipar o excesso da energia
absorvida. Isto sugere que Niagara Rosada possui um sistema fotoprotetor mais
eficiente que Romana.
viii
ABSTRACT
GUIMARÃES, Juliana Costa, M.Sc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro; August, 2008. Characterization of grapevine cultivars in a tropical
weather: a photosynthetic approach. Adviser: Ricardo Enrique Bressan-Smith.
The leaf age influences many processes of plant metabolism. It is in the leaf
that light is converted into chemical energy, which is essential to plants, but
potentially harmful to photosynthetic apparatus when excessive light levels of
exposition overcomes the photosynthetic saturation. Thus, the excess of light
energy in plants can result in photoinhibition, a situation that promotes over-
excitation and damage to the photosynthetic reaction center. To avoid this
circumstance, plants utilize photoprotector mechanisms to dissipate the excess of
excitation energy as thermal energy. Based on this information, the objective of
this work were to characterize different grapevine leaves’ ages, in terms of
photosynthesis, exposed to the weather conditions from North of Rio de Janeiro
state and to evaluate both PSII activity and photoprotector system of two
grapevine cultivars, Niagara Rosada and Romana, under photoinhibitory
conditions. Infrared gas analyzer (IRGA) and pulse-modulated fluorometer, (mini-
PAM model - Walz, Germany) were used to determine the gas exchanges and the
chlorophyll a fluorescence, respectively, along the day. Since the different leaf
ages (positions 5, 6, 7, 8 and 9, from the top to the bottom of the branch) of
grapevine cultivars did not show differences among their photosynthetic profiles
analyzed at each two hours, the first entirely expanded leaf (position 7) was
ix
assumed as the photosynthetically matured leaf. A low photosynthetic efficiency
was observed at 3 p.m. and light response curves were determined. In both
cultivars, it was observed that the photosynthetic rate, the stomatal conductance,
the maximum quantum efficiency and the maximum fluorescence values were
higher during the morning and decreased at 12 p.m., which characterizes the
photosynthesis depression by noon. The Niagara Rosada values were higher than
the Romana ones. On the other hand, the CO
2
internal concentration and the
initial fluorescence were lower in the same period of the day, in both varieties. In
light response curves, the high quenching values indicated that Niagara was more
efficient than Romana to use and dissipate the energy excess absorbed,
suggesting that Niagara Rosada has a more efficient photoprotector system than
Romana.
1
1. INTRODUÇÃO
A região Norte Fluminense vem se apresentando favorável à cultura da
videira devido às condições climáticas, que atendem aos requisitos para o seu
cultivo, como alta luminosidade e alta temperatura. Entretanto, estudos
relacionados à fisiologia desta planta, notadamente quanto a seu crescimento e
metabolismo nas condições climáticas supracitadas na região, são inexistentes.
O crescimento das plantas depende da conversão da energia luminosa em
energia química. Entretanto, a exposição a níveis de luz que excedam a
saturação fotossintética pode danificar o sistema fotossintético, resultando em
inativação do centro de reação do fotossistema II. Tal evento fisiológico,
denominado fotoinibição (Gilmore e Govindjee, 1999), reduz a capacidade
fotossintética da planta, podendo levar à clorose de folhas e até mesmo à morte
da planta.
A fotoinibição inevitavelmente resulta em estresse oxidativo, porque sua
ocorrência está atrelada à produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). As
concentrações elevadas das EROs são altamente prejudiciais à integridade e à
função das membranas celulares, causando a peroxidação de proteínas e lipídios
e, consequentemente, aumento da fluidez das membranas celulares (Wise e
Naylor, 1987a,b) e danos ao aparelho fotossintético.
Para se protegerem e evitarem os danos causados pela fotoinibição, as
plantas possuem mecanismos de fotoproteção que possibilitam seu
desenvolvimento e, com isso, sua adaptação em diversos locais. Em videira, a
2
proteção do aparelho fotossintético pode ser explicada, principalmente, pela
atividade do ciclo das xantofilas (Medrano et al., 2002; Hendrickson et al., 2004),
pela inativação do centro de reação do PSII (Bertamini e Nedunchezhian, 2003) e
pela ação das enzimas antioxidantes (Chen e Cheng, 2003). Tais mecanismos
levam à dissipação da energia de excitação no cloroplasto e expressam-se por
uma variável denominada “quenching” não-fotoquímico (qN e NQP; Maxwell
e
Johnson, 2000). Se os mecanismos supracitados não forem suficientes para
anular a fotoinibição, os efeitos serão observados, em primeira instância, na
proteína D1. Essa proteína é componente do PSII e é alvo de proteases, sendo,
portanto, degradada sob condições fotoinibitórias. Somente a “síntese de novo”
da D1 restabelece o funcionamento do PSII (Aro et al., 1993).
A saturação do aparelho fotossintético não é restrita aos locais onde a
incidência de radiação fotossinteticamente ativa é alta. Em plantas sujeitas a
estresses abióticos, como extremos de temperatura, salinidade e deficiência
hídrica, a capacidade de absorção dos centros de reação da fotossíntese é
facilmente superada por níveis moderados de radiação fotossinteticamente ativa.
O determinante na superação dos efeitos fotoinibitórios nessas condições é de
caráter genético. Evidências mostram que variedades de feijoeiros respondem
diferentemente às condições ambientais extremas (Carver e Nevo, 1990; Lynch et
al., 1992; Joshi, 1997), provavelmente devido a distintas capacidades de proteção
do aparelho fotossintético.
Em videira, respostas fotoprotetoras são estudadas quase exclusivamente
com apenas uma variedade, o que eleva a importância de estudos comparativos
entre variedades.
Devido às conseqüências ocasionadas pelo excesso de energia luminosa,
os mecanismos fotoprotetores apresentam papel crucial no desenvolvimento das
plantas, sendo o seu bom funcionamento fundamental para que a planta possa
expressar seu potencial máximo de crescimento e produtividade.
3
2. HIPÓTESE
O excesso de radiação luminosa, observado em folhas de videira na região
Norte Fluminense leva à fotoinibição, que, por sua vez, resulta na redução da
atividade fotossintética da planta e inativação parcial do centro de reação do
fotossistema II.
4
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
Observar a ocorrência de fotoinibição em folhas de cultivares de videira sob
alta radiação e verificar o dano ocasionado sobre a atividade do fotossistema II
por meio das variáveis da fluorescência da clorofila a, e assim avaliar o sistema
de dissipação de energia.
3.2. Objetivos específicos
Caracterizar fotossinteticamente as folhas de videira Niagara Rosada e
Romana (A1105) nas condições climáticas do Norte do Estado do Rio de Janeiro.
Observar a ocorrência de fotoinibição em folhas de videira sob alta
radiação luminosa e verificar o dano ocasionado sobre a atividade do
fotossistema II utilizando como indicadores as variáveis da fluorescência da
clorofila a.
5
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. A cultura da videira
A videira é uma das mais importantes espécies frutíferas cultivadas no
mundo. É planta sarmentosa da família Vitaceae, considerada planta nobre com
excelente produção e cultivada em quase todo o mundo. A cultura é considerada
de clima temperado, embora apresente adaptabilidade a variadas condições
climáticas. Todavia, apresenta uma série de exigências climáticas para expressar
seu máximo potencial em rendimento e qualidade dos frutos (Sentelhas, 1998).
De maneira geral, as exigências da cultura são atendidas com as seguintes
características climáticas: temperatura na faixa de 15-30 ºC, 1 200 a 1 400 horas
de insolação durante o ciclo (Sentelhas, 1998), e 400 a 1 000 mm de precipitação,
dependendo do clima e da duração do ciclo (Giovannini, 1999).
O provável centro de origem da videira foi a Groenlândia, onde 300 mil
anos, na Era Cenozóica, surgiu a primeira espécie (Giovannini, 1999). Dados
históricos sugerem que a introdução da videira no Brasil ocorreu em 1 532 por
Martim Afonso de Souza, que registrou o transporte das videiras portuguesas
para a então Capitania de São Vicente, hoje Estado de São Paulo. A partir deste
ponto e por introduções posteriores, a viticultura expandiu-se para outras regiões
do país (Protas et al., 2002).
A viticultura como atividade comercial relevante no Brasil teve início em
1875, com a colonização italiana no Estado do Rio Grande do Sul. No início, a
6
produção de uva e vinho era destinada ao consumo regional, e, posteriormente,
foi expandindo-se gradativamente até atingir o mercado nacional, obtendo o
grande impulso de produção na década de 70 com o cultivo da uva Itália (Silveira
e Simões, 2004). Desde então, a viticultura tem tido grande incremento na
produção, principalmente em regiões onde as condições climáticas são
favoráveis.
A viticultura no Brasil ocupa área de 75.385 hectares, com produção anual
de 1.257.064 toneladas, das quais 757.685 são de uva para mesa (IBGE, 2008).
No ano de 2005, a uva ocupou o 2
o
lugar entre as frutas brasileiras mais
exportadas, apresentando crescimento (102%) em relação ao ano de 2004. Esse
crescimento tem sido relacionado, principalmente, à expansão da área de cultivo
de uvas apirênicas (Mello, 2007).
Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco,
Bahia e Minas Gerais são os maiores produtores de uvas do Brasil. O Estado do
Rio Grande do Sul, com 44.298 hectares plantados, destaca-se como o grande
produtor, produzindo, em 2006, 623.874 toneladas, sendo a maioria para a
fabricação de vinho. A produção de uva para o consumo in natura em São Paulo
apresenta uma produção de 195.357 toneladas, ocupando uma área de 10.414
hectares. A região do Vale do São Francisco, que compreende os Estados de
Pernambuco e Bahia, tem uma produção de 272.892 toneladas e apresenta uma
área plantada de 9.049 hectares.
Os últimos anos se caracterizaram por grandes investimentos na viticultura,
notadamente em regiões não tradicionais do país, dada a característica da
cultura, em gerar de empregos e renda, especialmente para as pequenas
propriedades (Mello, 2005). Conforme documento publicado pelo Ministério da
Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 1997), a videira cultivada no Nordeste
aparece como aquela que proporciona a maior geração de empregos entre as
diversas culturas perenes e anuais, atingindo mais de cinco empregos/ha/ano.
De acordo com estimativas de Mello (2007), em 2005, 55,81% da uva
produzida no Brasil
foram destinados ao consumo in natura e 44,19%, à
elaboração de vinhos, sucos, destilados e outros derivados.
O cultivo de uvas para o consumo in natura adquiriu relevância econômica
no plano internacional quando o avanço nas tecnologias aplicadas à produção
tornou possível obter e ofertar um produto de melhor qualidade nos diversos
7
mercados consumidores, favorecendo o incremento constante do consumo
(Llorent, 1992). Além do mais, a maior qualidade do produto muitas vezes foi
resultado da implementação de novas cultivares mais adaptadas às regiões de
cultivo, logo, com maior produtividade. O desenvolvimento de tecnologias para a
produção de uvas sem sementes para regiões tropicais, nos últimos anos, vem
aumentando as exportações brasileiras (Mello, 2007). Portanto, a busca de novas
cultivares com características agronômicas que atendam às demandas da cadeia
produtiva da viticultura brasileira é um desafio constante, assim como a busca de
novas regiões propícias para a implantação de vinhedos.
O Norte do Estado do Rio de Janeiro vem se apresentando como potencial
para o cultivo da videira, por abundância de água para irrigação, altas
temperaturas e alta radiação solar. Além disso, está próxima aos grandes centros
consumidores, como Rio de Janeiro e Vitória. Estudos realizados no Norte do
Estado do Rio de Janeiro mostraram que a videira nesta região possui ciclo
fenológico e necessidade térmica próximos dos encontrados no Noroeste de São
Paulo (Murakami et al., 2002). Finalmente, pode-se afirmar que a qualidade das
uvas de mesa produzidas na região está de acordo com os níveis necessários
para comercialização (Guimarães et al., 2006).
4.2. Fotossíntese e fotoinibição em videira
A videira em clima tropical apresenta comportamento diferente daquele
verificado nas regiões temperadas e subtropicais (Albuquerque e Albuquerque,
1982), necessitando de técnicas de manejo adequadas a esse clima. É
necessário considerar as diferenças dos estágios fenológicos da planta, que
podem levar a dois ciclos de produção por ano, adotando procedimentos para
induzir a brotação de gemas axilares.
O crescimento das plantas depende da conversão da energia luminosa em
energia química, cuja intensidade é proporcional à interceptação da luz pelo
dossel da cultura. Assim, a energia solar é utilizada durante a fotossíntese para
oxidar a água, liberando oxigênio e reduzindo o gás carbônico para produção de
compostos carbonados, principalmente açúcares (energia química), para o
crescimento e desenvolvimento das plantas (Havaux e Niyogi, 1999).
8
As folhas das plantas funcionam como fonte dos fotoassimilados, os quais
serão distribuídos para toda a planta. Na ontogenia foliar, verificam-se três fases:
a primeira é o período de formação da folha e está relacionada com o aumento da
área foliar; a segunda é o período de maturidade fotossintética, em que ocorre a
máxima expansão foliar e fotossintética; a terceira é o período caracterizado pela
senescência foliar, com declínio gradual da capacidade fotossintética (Catský e
Sesták, 1997).
Em videiras, a fotossíntese máxima é alcançada quando as folhas atingem o
tamanho máximo, o que ocorre, de forma generalizada, 30 a 40 dias após o seu
desdobramento do ápice. Geralmente, a fotossíntese permanece máxima por
duas a três semanas, diminuindo até que a folha se torne senescente (Kliewer,
1990; Bertamini e Nedunchezhian, 2003; Murakami, 2002). Nas cultivares
Tempranillo e Manto Negro crescidas no campo, a taxa fotossintética do topo do
dossel mantém-se máxima (9-14 µmol m
-2
s
-1
) durante a maior parte do dia
(Escalona et al., 2003). De acordo com esses autores, outros estudos revelam
que a taxa fotossintética em videiras pode variar de 8 a 16 µmol m
-2
s
-1
dependendo da cultivar e da época em estudo (Schults et al., 1996; Petrie et al.,
2000; Patakas e Noitsakis, 2001) e do estresse submetido (Zufferey et al., 2000;
Pacheco et al., 2004).
A idade das folhas influencia diversos processos no metabolismo das
plantas, principalmente a fotossíntese, sendo necessário caracterizá-los para se
obter um perfil fisiológico condizente com as condições climáticas vigentes.
Estudos dessa natureza tornam possível identificar os graus de desenvolvimento,
a maturidade fisiológica e a capacidade fotossintética da planta.
Segundo Kliewer (1990), as folhas têm uma capacidade finita para a
assimilação do CO
2
, a qual é determinada pelo conteúdo genético e controlada
pela difusão de gases na folha, em combinação com a atividade enzimática, que
limitam a taxa fotossintética.
A energia luminosa é essencial às plantas, mas pode ser prejudicial ao
aparelho fotossintético quando há exposição a níveis de luz que excedam a
saturação fotossintética. Como conseqüência, ocorre o fenômeno de fotoinibição,
que reduz a capacidade fotossintética quando as folhas são expostas à alta
radiação luminosa por várias horas (Gilmore e Govindjee, 1999). Sabe-se que a
fotoinibição é um fenômeno comum em todos os organismos que realizam
9
fotossíntese a pleno sol, sendo o fotossistema II (PSII) o alvo principal,
conduzindo a sua inativação e dano.
A energia luminosa absorvida pelas folhas leva à excitação das moléculas
de clorofila. Nesta condição, a energia absorvida pode passar por quatro
processos:
1. Conversão da energia fotoquímica, a qual requer a transferência de energia
para o centro de reação do PSII e subseqüente transporte de elétrons seguido por
interação com o PSI, pelo processo fotoquímico;
2. A clorofila excitada pode reemitir um fóton e, assim, retornar ao seu estado
base, um processo conhecido como fluorescência.
3. Conversão direta da energia em calor.
4. Transferência de energia da molécula excitada de clorofila para outra.
A atividade do PSII pode ser estimada pela fluorescência da clorofila a, a
partir de suas variáveis: a fluorescência inicial (F
0
), a fluorescência máxima (F
M
), o
rendimento quântico (F
V
/F
M
), os “quenchings” fotoquímico (qP) e não-fotoquímico
(qN e NQP) e a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR). É um método não
destrutivo e muito sensível para estimar o funcionamento do fotossistema II (PSII),
possibilitando o monitoramento da utilização da radiação solar pela planta
(Krauser e Weiss, 1991). Esta medida pode mostrar a que ponto o PSII está
utilizando a energia luminosa absorvida pela clorofila e a extensão em que ela
está sendo danificada pelo excesso de luz, devido à idade foliar ou adversidades
do ambiente.
A fluorescência da clorofila a possibilita o entendimento da fotossíntese e
dos mecanismos que podem alterar a eficiência na utilização da energia quântica
(Costa, 2001). A emissão de fluorescência fornece informações dos processos
fotoquímicos do PSII, pois, quando os centros de reação estão abertos, isto é,
capazes de capturar eficientemente os elétrons e realizar a etapa fotoquímica, os
rendimentos de “quenching” via processos não-fotoquímicos serão baixos. Se, por
outro lado, os centros de reação estão fechados, isto é, incapazes de realizar a
fotoquímica, os rendimentos dos “quenching” via processos o-fotoquímicos (qN
e NPQ) serão altos e o “quenching” fotoquímico (qP) será muito baixo. Portanto, o
rendimento de fluorescência é proporcional ao rendimento da fase fotoquímica.
A dissipação térmica da luz absorvida, estimada pelo “quenching” não-
fotoquímico mediado pelas xantofilas, é o mecanismo fotoprotetor dominante na
10
videira em baixa temperatura. Na saturação de luz, a fração total da luz absorvida
dissipada através de pH e processos mediados pelas xantofilas chegaram até
75% da radiação absorvida total na videira (Hendrickson et al., 2004).
Conforme Bertamini e Nedunchezhian (2004), a fotoinibição em videira
parece ocorrer normalmente ao meio-dia, quando as folhas estão expostas a
quantidades máximas de luz, em que redução correspondente da fixação de
carbono. Isto está de acordo com estudos de Chaves et al. (1987), Correia et al.
(1990) e During (1991).
Esta inibição pelo excesso de radiação é reversível nos primeiros estádios.
Porém, em estádios posteriores, há danos para o sistema, de tal forma que o
centro de reação PSII precisa ser desmontado e consertado. O excesso de
excitação, além de causar danos ao PSII, gera espécies reativas de O
2
que são
altamente prejudiciais à integridade e à função das membranas celulares.
Com o aumento do tempo de exposição de folhas de videira à alta radiação
(1900 µmol m
-2
s
-1
), a atividade do PSII decresce tanto em folhas maduras como
em folhas jovens, indicando a ocorrência de fotoinibição. Isto se deve à formação
de centros inativos no PSII e à atividade do ciclo das xantofilas, respectivamente,
responsáveis pela proteção do sistema fotossintético (Bertamini e
Nedunchezhian, 2003).
Em adição, muitas condições de estresse biótico e abiótico, limitam a
habilidade da planta em utilizar a energia luminosa para a fotossíntese, de modo
que o excesso de excitação dos fotossistemas possa ocorrer em intensidades
moderadas de luz, como observado no estresse hídrico em videiras, que ocasiona
diminuição na taxa de assimilação de CO
2
e na fluorescência da clorofila a,
submetendo as folhas à fotoinibição (Bjorkman e Powles, 1984; Flexas et al.,
1999).
4.3. Sistemas fotoprotetores
Em alta radiação, ocorre a acumulação da energia da excitação no complexo
coletor de luz (LHC) dos fotossistemas, que favorece a produção de moléculas de
clorofila excitadas triplets (
3
Chl) que podem interagir com o O
2
para gerarem o
oxigênio singleto reativo (
1
O
2
). A redução da cadeia transportadora de elétrons da
fotossíntese favorece também a redução direta do O
2
pelo fotossistema I (PSI) e
11
subseqüente produção de espécie reativa de oxigênio, tal como o superóxido
(
-
O
2
), peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e o radical hidroxila (
.
OH) (Demmig-Adams e
Adams, 1992).
Em resumo, a fotoinibição é uma forma de estresse oxidativo, porque está
relacionada à produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). As
concentrações elevadas das EROs são altamente prejudiciais à integridade e à
função das membranas celulares, uma vez que podem reagir com ácidos graxos
insaturados das membranas causando a peroxidação dos lipídios e,
consequentemente, aumento da fluidez das membranas celulares. As EROs
podem, ainda, ocasionar a inativação de enzimas e degradação de proteínas
(Wise e Naylor, 1987) e, com isto, danificar o aparelho fotossintético.
Para se protegerem e evitarem o dano causado pela fotoinibição, as plantas
possuem mecanismos de fotoproteção que tornam possíveis sua adaptação e
desenvolvimento em locais de alta disponibilidade de luz. De acordo com Jiang et
al. (2005), os mecanismos fotoprotetores, tanto de folhas jovens quanto maduras
de soja, dependem do ciclo das xantofilas e das enzimas antioxidantes para se
desenvolverem em condições de alta radiação. Estudos realizados por Chen e
Cheng (2003) demonstraram que tanto o ciclo das xantofilas quanto as enzimas
antioxidantes estão envolvidos na proteção de danos fotoxidativos em videiras.
Estes mecanismos fotoprotetores são realçados em resposta à deficiência do Fe,
que causa excesso de absorção de luz (Smith e Cheng, 2005), e, sob
concentrações elevadas de boro, as enzimas antioxidantes são os principais
protetores das videiras contra o estresse oxidativo (Gunes et al., 2006).
Um importante mecanismo fotoprotetor é a dissipação do excesso de
energia de excitação como calor antes que este atinja o PSII, que depende do
ciclo das xantofilas (Müller et al., 2001). Sob alta radiação, a violaxantina é
convertida rapidamente, por meio do intermediário anteraxantina, a zeaxantina; e
esta reação é reversível sob baixos níveis de luz. Desta forma, este sistema
dissipa o excesso de energia que se forma com a clorofila triplet como calor, que
pode ser estimado pelo “quenching” não-fotoquímico (NPQ), minimizando a
formação de oxigênio singleto no complexo coletor de luz do PSII (Demmig-
Adams e Adams, 1996; Müller et al., 2001). Sem a proteção exercida pelas
xantofilas, a destruição rápida e completa dos fotossistemas ocorreria. O NPQ
tem um papel central neste contexto e é um componente dependente do
12
gradiente de pH, rapidamente induzível, constituído através da membrana
tilacoidal durante o transporte de elétrons fotossintéticos (Szabó et al., 2005).
Segundo Medrano et al. (2002), sob alta radiação, mais de 50% da absorção de
energia total na videira é dissipada por energia térmica pelo NPQ, mediado pelo
ciclo das xantofilas. E, quando submetida a estresse hídrico (Medrano et al.,
2002) e baixa temperatura (5-15 °C) (Hendrickson et al., 2004), essa dissipação
por energia térmica aumenta para 90% e 75% respectivamente.
O local principal de dano ao PSII é a proteína D1 que faz parte do seu centro
de reação. Essa proteína é facilmente danificada pelo excesso de energia
luminosa absorvida e deve ser removida da membrana. O seu “turnover” vai
promover o restabelecimento do PSII (Aro et al., 1993).
Com isso, os sistemas fotoprotetores regulam o fluxo de energia nos
fotossistemas, para evitar o excesso de excitação dos centros de reações e a
limitação da fotossíntese. Medrano et al. (2002) sugerem que, mesmo nas folhas
de videira severamente estressadas, a incidência da fotoinibição é muito baixa,
indicando que a dissipação segura da energia absorvida é muito eficaz nesta
espécie.
4.4. Variabilidade genética
Estresses ambientais desempenham papel importante na determinação de
como solo e clima limitam a distribuição das espécies vegetais. Deste modo, a
compreensão de processos fisiológicos que fundamentam os mecanismos de
adaptação e de aclimatação de plantas a estresses ambientais é de enorme
importância para a agricultura e o meio ambiente. A adaptação e aclimatação ao
ambiente resultam em eventos integrados ocorridos em todos os níveis da
organização, da anatomia e morfologia, ao nível celular, molecular e bioquímico
(Tallón e Quiles, 2007). Plantas adaptadas a ambientes com alta radiação
luminosa não apresentam o dano fotoinibitório porque o processo-chave da
dissipação empregado em seu ambiente natural é mediado por sistemas
bioquímicos e estruturais que suportam as altas radiações (Long et al., 1994). A
sensibilidade à fotoinibição depende de muitos fatores como temperatura, luz,
nutrientes e a variabilidade genética, para a aclimatação do aparelho
fotossintético (Kyle et al., 1987; Baker e Bowyer, 1994; Park et al., 1997; Marshall
13
et al., 2000). O uso da energia solar na fotossíntese vai depender da habilidade
da planta em dissipar com segurança o excesso de energia (Demmig-Adams e
Adams, 1996).
A saturação do aparelho fotossintético não é restrita a locais onde a
incidência de radiação fotossinteticamente ativa é alta. Em plantas sujeitas a
estresses abióticos, como extremos de temperatura, salinidade e deficiência
hídrica, a capacidade de absorção dos centros de reação da fotossíntese é
facilmente superada por níveis moderados de radiação fotossinteticamente ativa.
O determinante na superação dos efeitos fotoinibitórios nessas condições é de
caráter genético. Evidências mostram que variedades de feijoeiros respondem
diferentemente às condições ambientais extremas (Carver e Nevo, 1990; Lynch et
al., 1992; Joshi, 1997), provavelmente devido a distintas capacidades de proteção
do aparelho fotossintético. Na videira, perdas diferenciais da atividade
fotossintética e do rendimento quântico máximo foram observadas quando em
condições elevadas de luz (Bertamini e Nedunchezhian, 2003). E ainda, estudos
comparativos revelaram que espécies diferentes têm tendências distintas de se
tornarem fotoinibidas (Ögren e Rosenqvist, 1992).
Em videira, respostas fotoprotetoras são estudadas quase exclusivamente
com apenas uma variedade, o que eleva a importância de estudos comparativos
entre variedades.
A possibilidade de sucesso em um programa de melhoramento pode ser
aumentada quando se conhecem as respostas fisiológicas das plantas à variação
dos fatores ambientais (Gupta e O’Toole, 1986), pois os indivíduos de uma
população de plantas normalmente distinguem-se em diversos caracteres, cuja
variabilidade pode ser determinada por efeitos genéticos e ambientais (Bered et
al., 2000).
14
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1. Material vegetal e localização
Os experimentos foram realizados no vinhedo da propriedade rural
Tabuinha, situada no 3
o
distrito do município de São Fidélis, RJ. A área
experimental se encontra na latitude de 21º30’58”S e longitude de 41º42’49,6”W.
Os ensaios foram realizados com as variedades Niagara Rosada e
Romana (A1105), plantadas no em junho de 2006, por meio de mudas produzidas
por enxertia de mesa sobre o porta-enxerto IAC-572. As plantas foram conduzidas
15
no sistema latada, espaçadas a 2,5 m entre linhas e 2 m entre plantas; e a
irrigação foi realizada por meio de dois gotejadores por planta, espaçados a
0,50 m do caule. A irrigação foi realizada sempre que necessária, mas foi
obrigatoriamente feita no dia anterior às mensurações fotossintéticas.
Foi realizada uma poda curta de formação, em junho de 2007, mantendo-
se esporões com duas gemas. Essa poda tornou possível a colheita de uma
pequena safra no início de outubro.
5.1.1. As cultivares estudadas
5.1.1.1. Niagara Rosada
Essa cultivar é resultado de uma mutação somática natural da ‘Niagara
Branca’ (Vitis labrusca x Vitis vinifera), quesurgiu no município de Louveira, SP,
em 1933 (Sousa, 1996).
Uva rústica, de fácil cultivo, tolerante às doenças e pragas, muito produtiva e
apreciada pelos consumidores brasileiros. Os cachos apresentam baixa
resistência ao transporte e armazenamento, sendo compactos e variando de
pequenos a médios. As bagas possuem coloração rosada, com polpa que se
desprende facilmente da casca. Atualmente, é a cultivar mais plantada no Estado
de São Paulo.
5.1.1.2. Romana (A 1105)
A videira ‘Romana’ (A 1105) é um clone híbrido obtido no programa de
melhoramento da Universidade do Estado de Arkansas, nos Estados Unidos, mas
não é cultivada nesta região devido à suscetibilidade à podridão-negra (“black-
rot”). Teve origem no cruzamento Dunstan 200 x Lakemont (Sousa e Martins,
2002) e foi trazida para o Brasil em 1984, sendo registrada no Banco Ativo de
Germoplasma de Uva da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. Vem
sendo cultivada por viticultores paulistas, ainda que em escala reduzida.
A planta é vigorosa e produtiva. Os cachos o de tamanho médio a grande
(300 - 600 g), compactos e cônicos. As bagas são branco-esverdeadas, médias a
grandes, tendo textura crocante e sem sementes (Pommer et al., 2003).
16
5.1.2. Porta-enxerto IAC 572 'Jales'
Obtido do cruzamento entre V. caribaea e V. riparia x V. rupestris 101-14 por
Santos Neto, lançado em 1970. Vigoroso, apresenta bom desempenho tanto em
solos argilosos como em arenosos. Suas folhas são resistentes às principais
doenças. Seus ramos lignificam tardiamente e dificilmente perdem as folhas. As
estacas apresentam ótimo enraizamento e pegamento. Vem sendo usado em
todas as regiões do Estado de São Paulo e no Vale do Rio São Francisco, tendo
sido, juntamente com o IAC 313, praticamente os dois únicos porta-enxertos
usados nessa região para a viticultura de mesa. O seu enorme vigor tem sido o
responsável por sua substituição em vinhedos de diversas regiões, uma vez que
os viticultores o estão dispostos a testar práticas para controlá-lo (Pommer et
al., 2003).
O experimento foi dividido em duas etapas:
1
o
Identificação da folha fotossinteticamente madura:
Foram realizadas no dia 20/08/07 as análises de curvas da eficiência
fotoquímica da fotossíntese e das trocas gasosas, a cada duas horas, a partir de
9h da manhã, em cinco folhas de idades diferentes em um ramo completamente
exposto ao sol,
sendo as posições das folhas 5, 6, 7, 8 e 9, do ápice para base do
ramo.
Figura 1: Esquema do ramo da videira com a posição das folhas analisadas,
sendo: 5, 6, 7, 8 e 9, do ápice para base do ramo. Adaptado de Kliewer
(1990).
17
Deve-se ressaltar que as avaliações realizadas durante este experimento,
em Niagara Rosada e Romana, diferem em uma hora, devido ao tempo gasto
com as leituras de trocas gasosas.
2
o
Avaliação da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética:
A partir da determinação da posição da folha no experimento anterior, foi
realizada nova curva da eficiência fotoquímica da fotossíntese e das trocas
gasosas ao longo do dia, no dia 25/08/07, por meio das medições das trocas
gasosas e da fluorescência da clorofila a, sendo as medições realizadas a cada
hora do dia, sempre na mesma folha, começando às 7h e terminando às 17h com
o pôr-do-sol.
Depois da realização da curva da eficiência fotoquímica da fotossíntese e
das trocas gasosas ao longo do dia, foi determinado, a partir dos resultados, um
horário em que as plantas apresentavam uma menor eficiência fotoquímica e
fotossintética e, então, foram realizadas as curvas de resposta à luz.
5.2. Trocas gasosas em folhas de videiras
As medições de trocas gasosas foram realizadas com um analisador de
gás no infravermelho (IRGA), modelo LI-6200 (LICOR, USA), com área da câmara
de 6 cm
2
, volume de 250 mL e concentração de CO
2
do ar de 350 µmol m
-2
s
-1
.
Foram avaliadas as seguintes características: taxa fotossintética líquida (A
N
),
condutância estomática (g
s
), concentração de CO
2
intracelular (Ci) e fluxo de
fótons fotossinteticamente ativos (FFF).
5.3. Avaliação da eficiência fotoquímica da fotossíntese
As características da fluorescência da clorofila a foram obtidas por meio de
um fluorímetro de luz modulada, modelo MINI-PAM (Walz, Germany). As
medições foram efetuadas após 30min de adaptação ao escuro utilizando-se
pinças apropriadas (DLC-8) ao sensor do MINI-PAM (Walz, Germany). A
fluorescência inicial foi obtida com luz modulada de baixa intensidade (< 0,1 mol
m
-2
s
-1
), para não induzir efeito na fluorescência variável. A fluorescência máxima
foi determinada com um pulso de luz saturante (6 000 µmol m
-2
s
-1
) de 0,3s,
18
reproduzida na freqüência de 600 Hz, ocasionando o fechamento de todos os
centros de reação do PSII. Essa luz foi passada por um filtro ( < 600 nm), tendo
um fotodetector protegido por um outro filtro ( > 700), para que o calor fosse
refletido. A fluorescência variável (F
V
) foi determinada pela diferença entre F
0
e
F
M
. Com os valores de F
V
e F
M
foi obtida a eficiência fotoquímica máxima (F
V
/ F
M
).
Foi realizada ainda a curva de resposta à luz, a qual foi obtida com oito
períodos consecutivos de iluminação de intensidade crescente que não
excederam, no seu total, a dois minutos, evitando o excessivo aquecimento
interno do MINI-PAM, o que poderia interferir nos resultados. Um pulso de luz
saturante de 0,3s precedeu a curva de resposta à luz com a determinação de um
primeiro rendimento na ausência de luz actínica, denominado rendimento
quântico máximo (F
V
/F
M
). Após o primeiro pulso de luz saturante, a luz actínica foi
ativada, aumentando, automaticamente, durante a realização da curva de
resposta à luz, com as seguintes variações: 0, 114, 209, 324, 458, 698, 960, 1470
e 2152 µmol m
-2
s
-1
. Cada período de iluminação durava 9,71s, ao final do qual
era determinado o rendimento quântico efetivo do PS II [F/F
M’
=F
M
’-(F/F
M
’)]. Esse
procedimento resultou num total de nove medições, sendo a primeira o
rendimento quântico ximo (F
V
/ F
M
); e as demais, obtidas na presença de luz,
rendimentos quânticos efetivos do PSII [F/ F
M
’= F
M
(F/F
M
’)]. Foram obtidos
ainda a fluorescência inicial (F
0
), a fluorescência máxima (F
M
), o “quenching”
fotoquímico: qP = (F
M
’-F)/( F
M
’-F
0
)
e os “quenchings” não-fotoquímicos: (qN) = (F
M
-
F
M
’)/( F
M
-F
0
), NPQ e a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR), que é
calculada por meio do fluxo de fótons fotossintéticos (FFF) e do rendimento
quântico do PSII (ETR = F
V
/F
M
x FFF x 0,5 x 0,84). A ETR é uma estimativa da
taxa de transporte de elétrons não-cíclica da fotossíntese.
5.4. Análise estatística dos resultados
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com
cinco repetições, sendo cada planta uma repetição, em arranjo fatorial, composto
para cada experimento pelos fatores variedade, idade da folha e horário de
amostragem.
Para o 1
o
experimento foram considerados os fatores variedade (2), idade
da folha (5) e horários de amostragem (4). Para o 2
o
experimento foram
19
considerados os fatores variedade (2) e horários de amostragem (11) e, para as
curvas em resposta à luz foram considerados os fatores variedade (2) e fluxo de
fótons fotossintéticos (9).
Os graus de liberdade para os fatores isolados e suas interações foram
desdobrados via comparações pelo erro padrão da média, fixando-se o fator
variedade em relação aos demais fatores.
20
6. RESULTADOS
6.1. Identificação da folha fotossinteticamente madura
O estádio de desenvolvimento de uma planta, especialmente a idade das
folhas, influencia diversos processos metabólicos. É sabido que as diferentes
folhas de um ramo demonstram perfis distintos de fotossíntese. Diante disso, os
experimentos foram iniciados com a determinação da folha fotossinteticamente
madura, por meio das curvas da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética das
diferentes idades das folhas de Niagara Rosada e Romana. As análises foram
realizadas em cinco idades das folhas do ramo (posições das folhas 5, 6, 7, 8 e 9,
do ápice para base do ramo) (figura 1) para identificar a maturidade fotossintética
das folhas. As folhas de 1 a 4 não foram utilizadas, pois ainda não apresentavam
tamanho compatível com as medições de fotossíntese realizadas pelo IRGA
(Modelo LI-6200, LICOR, NE, USA).
Na análise de variância, para a variável taxa fotossintética, houve efeito
significativo para o fator variedade e para a interação variedade e idade da folha,
a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável condutância estomática,
houve efeito significativo para os fatores variedade, idade da folha e horário; e
houve significância para as interações variedade e idade da folha, variedade e
horário, idade e horário, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável
concentração interna de CO
2
, houve efeito significativo para o fator horário e para
a interação variedade e idade da folha, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a
21
variável rendimento quântico máximo, houve efeito significativo para os fatores
variedade, idade da folha e horário; e houve significância para a interação
variedade e idade da folha, a 5% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 1: Resumo da análise de variância para as variáveis taxa fotossintética
(A
N
), condutância estomática (g
s
), concentração interna de CO
2
(C
i
) e
rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
)
Quadrados Médios
Fontes de variação Gl A
N
g
s
C
i
F
V
/F
M
Repetição
4 2,257 0,007 845,937 0,001
Variedade (V)
1 526,695 0,641 1205,896 0,005
Idade (I)
4 9,225 0,005 694,111 0,010
Horário (H)
3 378,835 0.310 3783,313 0,014
VxI
4 26,792 0,013 1885,949 0,003
VxH
3 11,181 0,036 1012,832 0,001
IxH
12 4,145 0,004 182,889 0,001
VxIxH
12 4,755 0,003 289,352 0,001
Resíduo
156 4,658 0,002 512,791 0,001
CV %
34,727 23,568 8,277 3,426
Média
6,215 0,184 273.586 0,755
22
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
0
25
50
75
100
Temperatura
UR
0
10
20
30
40
Hora do dia
UR (%)
Temperatura (
o
C)
9 10 11 12 13 14 15 16 17
400
600
800
1000
1200
1400
1600
FFF (
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Figura 2: Temperatura e umidade relativa do ar e incidência de fluxo de fótons
fotossintéticos (FFF), nas variedades Niagara Rosada e Romana, ao
longo do dia.
Durante as mensurações de trocas gasosas e fluorescência da clorofila a,
as videiras usadas nos experimentos foram mantidas em solo plenamente
irrigado. Os valores de umidade relativa do ar, temperatura e fluxo de fótons
fotossintéticos referem-se a um dia típico de inverno na região Norte Fluminense.
Percebe-se grande variação na UR do ar (Fig. 2), que alcança redução de 70% no
período da tarde. A amplitude térmica foi de 21 ºC durante o dia,
independentemente da variedade estudada e das folhas ensaiadas. As maiores
23
temperaturas registradas à tarde superaram os 30 ºC. A radiação luminosa atingiu
cerca de 1500 µmol m
-2
s
-1
ao meio-dia, mas teve queda de 1200 µmol m
-2
s
-1
até
as 16h.
9 11 13 15
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Niagara
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
A
N
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
10 12 14 16
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Romana
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
A
N
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Figura 3, Cont.
24
9 11 13 15
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 Niagara
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
10 12 14 16
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Romana
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Figura 3: Taxa fotossintética (A
N
) e condutância estomática (g
s
) em diferentes
folhas das variedades Niagara Rosada e Romana, ao longo do dia.
Quanto menor o número da folha, mais próxima encontra-se do ápice
caulinar.
Como mostrada na Figura 3, a assimilação do carbono foi reduzida
significativamente com o passar do dia, concomitantemente com a redução da
condutância estomática. Ambas as variáveis de trocas gasosas obtidas pelo IRGA
não foram relacionadas com a curva de luz (FFF), obtida com o mesmo
equipamento (Fig. 2).
25
9 11 13 15
200
250
300
350
Niagara
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
C
i
de CO
2
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
10 12 14 16
200
250
300
350
Romana
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
C
i
de CO
2
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Figura 4: Concentração interna de CO
2
(C
i
) em diferentes folhas das variedades
Niagara Rosada e Romana, ao longo do dia. Quanto menor o número
da folha, mais próxima encontra-se do ápice caulinar.
Os valores da concentração interna de CO
2
foram estáveis ao longo do dia
para as diferentes idades das folhas das duas variedades, que obtiveram valores
entre 250 e 290 µmol m
-2
s
-1
(Fig. 4).
26
9 11 13 15
0,64
0,66
0,68
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
Niagara
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
F
V
/F
M
Hora do dia
10 12 14 16
0,64
0,66
0,68
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
Romana
Folha 5
Folha 6
Folha 7
Folha 8
Folha 9
F
V
/F
M
Hora do dia
Figura 5: Valores de rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
) em diferentes folhas
das variedades Niagara Rosada e Romana, ao longo do dia. Quanto
menor o número da folha, mais próxima encontra-se do ápice caulinar.
Independentemente das variedades, os valores de rendimento quântico
máximo foram crescentes ao longo das horas, sendo que as folhas da Niagara
Rosada foram mais semelhantes entre si e tiveram valores mais elevados quando
comparados aos da Romana (Fig. 5). O F
V
/F
M
ou rendimento quântico máximo do
PSII, em folhas saudáveis, não submetidas a estresses, pode variar de 0,75 a
0,85 (Bolhàr-Nordenkampf et al., 1989). Isto indica que, nas folhas mais jovens de
27
Romana, algum tipo de redução na eficiência de conversão da energia
luminosa em fotoquímica.
6.2. Avaliação da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética ao longo do dia
Após a realização do experimento anterior e da verificação do
comportamento das diferentes idades das folhas, optou-se pela folha 7 para à
realização das análises de curvas de rendimento quântico e taxa fotossintética ao
longo do dia, para caracterização das duas cultivares nas condições vigentes, na
região Norte do estado do Rio de Janeiro.
Na análise de variância, para a variável taxa fotossintética, houve efeito
significativo para os fatores variedade e horário como também para a interação
variedade e horário, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável
condutância estomática, houve efeito significativo para os fatores variedade e
horário, e para a interação variedade e horário, a 5% de probabilidade pelo teste
F. Para a variável concentração interna de CO
2
, houve efeito significativo para o
fator horário, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável rendimento
quântico máximo, houve efeito significativo para os fatores variedade e horário, e
houve significância para a interação variedade e horário, a 5% de probabilidade
pelo teste F. Para a variável fluorescência inicial, houve efeito significativo para os
fatores variedade e horário, e houve significância para a interação variedade e
horário, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável fluorescência máxima,
houve efeito significativo para os fatores variedade e horário, a 5% de
probabilidade pelo teste F.
Tabela 2: Resumo da análise de variância para as variáveis taxa fotossintética
(A
N
), condutância estomática (g
s
), concentração interna de CO
2
(C
i
),
rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
), fluorescência inicial (F
O
) e
fluorescência máxima (F
M
)
Quadrados Médios
Fontes de variação
Gl A
N
g
s
C
i
F
V
/F
M
F
O
F
M
Repetição
4 4,555 0,013 31,166 0,004 744,741 111890,486
Variedade (V)
1 15,566 0,492 0,176 0,012 38840,809 66666,036
Horário (H)
10 95,181 0,587 4494,554 0,004 1351,896 38971,682
VxH
10 13,195 0,237 1368,615 0,002 1807,049 13715,976
Resíduo
84 3,688 0,011 802,719 0,001 453,765 9934,091
CV %
38,146 39,645 9,052 3,497 6,987 7,889
Média
5,035 0,265 313,002 0,756 304,882 1263,327
28
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
0
25
50
75
100
UR
0
10
20
30
40
Temperatura
Hora do dia
UR (%)
Temperatura (
o
C)
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
FFF (
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Figura 6: Temperatura do ar, umidade relativa e fluxo de fótons fotossintéticos
(FFF) incidentes nas variedades Niagara Rosada e Romana, ao longo
do dia.
As condições ambientais de temperatura do ar e umidade relativa e FFF
obtidas durante a execução das medidas de trocas gasosas e fluorescência da
clorofila a (Fig. 6) foram semelhantes ao primeiro dia de experimento (Fig. 2). A
variação na UR do ar alcança redução de 70% no período da tarde, e a amplitude
térmica foi de 15 ºC durante o dia. O FFF alcançou variação de mais de 1200
µmol m
-2
s
-1
ao longo do dia, atingindo pico de aproximadamente 1600 µmol m
-2
s
-1
ao meio-dia.
29
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
A
N
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 7: Taxa fotossintética (A
N
) nas variedades Niagara Rosada e Romana, ao
longo do dia.
Independentemente da variedade, a assimilação do carbono foi mais
elevada durante a manhã (Fig. 7) e foi proporcional à condutância estomática
(Fig. 8). A assimilação do carbono foi cerca de 65% mais elevada para Niagara
Rosada durante o período da manhã em relação à da Romana. O ponto máximo
de A
N
para Romana ocorreu às 9h e, para a Niagara, às 10h, com valores em
torno de 8 e 11 µmol m
-2
s
-1
respectivamente.
30
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 8: Condutância estomática (g
s
) nas variedades Niagara Rosada e Romana,
ao longo do dia.
Os maiores valores de condutância estomática foram verificados durante o
período da manhã (8 às 11h), e estiveram mais elevados para a Niagara Rosada
(Fig. 8). A estimativa da abertura estomática (g
s
) teve picos nos valores de 0,38 e
0,28 para Niagara Rosada e Romana respectivamente, e seguiu até o fim do dia
com comportamento similar à A
N
(Fig. 7). O fechamento dos estômatos é
provavelmente um dos principais mecanismos que limitam a fotossíntese.
31
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
250
300
350
400
C
i
de CO
2
(
µ
mol m
-2
s
-1
)
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 9: Concentração interna de CO
2
(C
i
) nas variedades Niagara Rosada e
Romana, ao longo do dia.
A concentração interna de CO
2
foi menor entre 8 e 11horas (Fig. 9) e não
houve diferença entre as variedades.
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
0,66
0,68
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
F
V
/F
M
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 10: Rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
) nas variedades Niagara Rosada
e Romana, ao longo do dia.
O rendimento quântico máximo do PSII ao longo do dia foi mais estável
para Niagara Rosada (Fig. 10). A diminuição desta variável para Romana ocorreu
32
a partir das 11h, horários de maiores temperaturas e FFF. Essa redução foi
contornada ao final do dia com a diminuição da temperatura e do FFF. Esta queda
está de acordo com a depressão da fotossíntese e de g
s
para Romana.
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
250
275
300
325
350
375
400
F
O
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 11: Fluorescência inicial (F
O
) nas variedades Niagara Rosada e Romana,
ao longo do dia.
Os valores da fluorescência inicial foram crescentes ao longo do dia para
Romana, em que se observaram valores de 100 unidades a mais em relação à
Niagara Rosada (Fig. 11), que se manteve estável.
33
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
1000
1100
1200
1300
1400
1500
F
M
Hora do dia
Niagara
Romana
Figura 12: Fluorescência máxima (F
M
) nas variedades Niagara Rosada e
Romana, ao longo do dia.
Os valores da fluorescência máxima mantiveram uma mesma tendência ao
longo do dia em ambas as variedades (Fig. 12). A queda de F
M
no fim da manhã
foi concomitante com a redução da taxa fotossintética e a condutância estomática.
Porém, essa variável iniciou uma recuperação de sua eficiência no fim da tarde.
Após a realização das curvas de rendimento quântico e taxa fotossintética
ao longo do dia, observou-se que, no horário de 15h, as plantas apresentavam
um menor rendimento quântico e menor taxa fotossintética, indicando algum dano
ou fotoinibição neste período. Assim, determinou-se esse horário para realização
das curvas em resposta à luz.
Na análise de variância, para a variável rendimento quântico máximo,
houve efeito significativo para o fator FFF e houve significância para a interação
variedade e FFF, a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável
fluorescência inicial, houve efeito significativo para os fatores variedade e FFF, e
houve significância para a interação variedade e FFF, a 5% de probabilidade pelo
teste F. Para a variável fluorescência máxima, houve efeito significativo para os
fatores variedade e FFF, e houve significância para a interação variedade e FFF,
a 5% de probabilidade pelo teste F. Para a variável quenching” fotoquímico,
houve efeito significativo para os fatores variedade e FFF, a 5% de probabilidade
pelo teste F. Nas variáveis “quenching” não-fotoquímico, para o qN houve efeito
34
significativo para os fatores variedade e FFF, e para a interação variedade e FFF;
para o NPQ, houve efeito significativo para os fatores variedade e FFF, a 5% de
probabilidade pelo teste F. Para a variável taxa de transporte de elétrons, houve
efeito significativo para o fator FFF, a 5% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 3: Resumo da análise de variância para as variáveis rendimento quântico
máximo (F
V
/F
M
), fluorescência inicial (F
O
) e fluorescência xima (F
M
),
“quenchings” fotoquímico (qP), “quenchings” não fotoquímico (qN e
NPQ) e taxa de transporte de elétrons (ETR)
Quadrados Médios
Fontes de variação
Gl F
V
/F
M
F
O
F
M
qP qN NPQ ETR
Repetição
4 0,003 180778,76 272976,57 0,006 0,047 0,646 210,67
Variedade (V)
1 0,003 3921681,88
9214080,10
0,376 0,271 1,399 370,881
FFF
8 0,571 217476,55 1752388,95
0,606 1,049 6,694 3021,947
VxFFF
8 0,002 53933,25 133180,82 0,007 0,007 0,049 28,294
Resíduo
68 0,001 21224,04 24275,48 0,006 0,004 0,058 95,279
CV %
10,759
24,27 15,96 17,145
12,193
23,211
24,8
Média
0,302 600,34 976,26 0,473 0,518 1,041 39,359
A curva em resposta à luz foi realizada com o aparelho MINIPAM, com oito
intensidades crescentes de iluminação, por meio de um primeiro pulso de luz
saturante, seguido dos demais pulsos crescentes com luz actínica. Isso tornou
possível a obtenção de variáveis importantes para as duas variedades estudadas,
como:
F
O
e F
O
’, F
M
e F
M
’, F
V
/F
M
e F
V
/F
M
, qP, qN, NPQ e ETR.
35
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
F
V
/F
M
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
Figura 13: Rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
) e efetivo (F
V
/F
M
), durante a
curva em resposta à luz realizada com crescente fluxo de fótons
fotossintéticos (FFF).
O rendimento quântico máximo do PSII foi mais elevado para Romana,
mas os valores de ambas variedades ficaram acima de 0,75 (Fig. 13). Entretanto,
os valores de rendimento quântico efetivo (F
V
/F
M
) do PSII foram muito próximos
para as duas variedades, com uma mesma tendência de queda com o aumento
do FFF, pois os receptores de elétrons estavam todos ocupados.
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0
150
300
450
600
750
900
1050
1200
F
O
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0
500
1000
1500
2000
2500
F
M
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
Figura 14: Valores de fluorescência inicial (F
O
e F
O
’) e fluorescência máxima (F
M
e
F
M
’), durante a curva em resposta à luz realizada com crescente fluxo
de fótons fotossintéticos (FFF).
A fluorescência inicial e a fluorescência máxima decresceram com o
aumento do FFF, sendo que os valores foram duas vezes mais elevados para
36
Romana, comparada a Niagara Rosada (Fig. 14). Os valores de F
0
e F
M
em
Niagara Rosada decresceram mais discretamente do que os de Romana, e
estabilizaram a partir de 458 µmol m
-2
s
-1
.
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
qP
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
Figura 15: Valores do “quenching” fotoquímico (qP), durante a curva em resposta
à luz realizada com crescente fluxo de fótons fotossintéticos (FFF).
A utilização da energia foi mais eficiente para a Niagara Rosada, devido
aos valores do “quenching” fotoquímico superiores aos de Romana, durante a
curva em resposta à luz (Fig. 15), com valores médios de 0,67 para Niagara e
0,54 para Romana, no primeiro pulso de luz.
37
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
qN
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
NPQ
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
Figura 16: Valores dos “quenchings” não-fotoquímico (qN e NPQ), durante a curva
em resposta à luz realizada com crescente fluxo de fótons
fotossintéticos (FFF).
A dissipação do excesso de energia mensurado pelo “quenching” não-
fotoquímico foi crescente durante todo o FFF, sendo mais elevada para a
variedade Niagara Rosada em relação à Romana (Fig. 16).
A Niagara Rosada dissipou melhor a energia pela variável qN. No entanto,
os valores de NPQ nos pulsos de luz mais elevados foram muito próximos para as
duas variedades, mas nos pulsos mais baixos, a Niagara Rosada obteve os
maiores.
38
Figura 17: Taxa de transporte de elétrons (ETR), durante a curva em resposta à
luz realizada com crescente fluxo de fótons fotossintéticos (FFF).
Os valores da taxa de transporte de elétrons mantiveram-se estáveis a
partir de 209 µmol m
-2
s
-1
, e não foram observadas diferenças entre as duas
variedades (Fig. 17).
0 114 209 324 458 698 960 1470 2152
0
10
20
30
40
50
60
70
80
ETR
FFF (µmol m
-2
s
-1
)
Niagara
Romana
39
7. DISCUSSÃO
7.1. Identificação da folha fotossinteticamente madura
O estádio de desenvolvimento de uma planta, especialmente a idade das
folhas, influencia sobremaneira diversos processos metabólicos. É sabido que as
diferentes folhas de um ramo demonstram perfis distintos de fotossíntese,
normalmente obedecendo a um padrão em que as folhas medianas mostram as
maiores taxas fotossintéticas Bertamini e Nedunchezhian (2002). Em
contrapartida, folhas jovens não dispõem de um sistema fotossintético completo,
devido ao crescimento celular ainda efetivo e folhas velhas terem iniciado o
processo de senescência, com degradação de parte do seu sistema metabólico. A
identificação do perfil fotossintético em videira tem sido alvo de alguns estudos,
normalmente em condições de clima temperado, como os de Schults et al. (1996),
Bertamini e Nedunchezhian (2003) e Bertamini e Nedunchezhian (2004). Em
regiões tropicais, estas avaliações são praticamente ausentes. Contando com
isso, duas cultivares de videira, a Niagara Rosada e a Romana, foram testadas
sob condições de saturação lumínica e, praticamente, não mostraram diferenças
no perfil fotossintético. Diante disto, os experimentos foram iniciados com a
determinação da folha fotossinteticamente madura, por meio das curvas da
eficiência fotoquímica e taxa fotossintética das diferentes idades das folhas de
Niagara Rosada e Romana.
40
O incompleto aparelho fotossintético das folhas mais jovens (5 e 6) de
Niagara Rosada ocasionou a menor taxa fotossintética das folhas nos primeiros
horários, principalmente pela menor utilização da luz incidente para a fixação de
CO
2
, como descrito por Zufferey et al. (2000). Além do mais, folhas jovens
possuem quantidades substancialmente menores de clorofilas por unidade de
área em relação às folhas adultas (Bertamini e Nedunchezhian, 2003 e 2004). O
fato da luz absorvida pelas folhas jovens ser menor do que a de folhas maduras
pode influenciar também nas diferentes taxas fotossintéticas observadas para as
folhas de idades diferentes.
A taxa fotossintética mais elevada para Niagara Rosada foi similar aos
altos valores de condutância estomática, o que leva a uma maior entrada de CO
2
nas células do mesofilo, mesmo que a concentração interna de CO
2
o tenha
sofrido mudanças ao longo das horas. A concentração interna de CO
2
estável ao
longo das análises pode ser atribuída à elevação de g
s
e ao aumento de A
N
, que
ocasionaram maior entrada do CO
2
e utilização na assimilação do carbono. O
posterior decréscimo proporcional da condutância estomática e assimilação do
carbono resultaram na permanência deste gás a concentrações estáveis no
mesofilo da folha, pois a assimilação do carbono foi limitada pela queda no FFF e
aumento da temperatura. Além do mais, decréscimos significantes em C
i
podem
acarretar queda em A
N
causada pela redução na concentração de CO
2
para
atividade da ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase-oxigenase (rubisco), entretanto,
menores valores de C
i
estimulam a abertura dos estômatos, possibilitando maior
influxo de CO
2
para a cavidade subestomática (Raschke, 1979), o que tende a um
equilíbrio entre consumo e entrada de CO
2
, mantendo C
i
aproximadamente
constante.
A exposição de folhas jovens e maduras às altas radiações induz
diferentes alterações da atividade fotossintética, fato que está correlacionado ao
rendimento quântico máximo (F
V
/F
M
). Reduções na eficiência potencial do PSII
nas folhas de Romana em altas irradiações são, possivelmente, causadas por
perda da proteína D1 do centro de reação do PSII, para folhas maduras, e uma
proteína de 33 kDa do complexo de oxidação da molécula de água, para as folhas
jovens, como previamente descrito por Bertamini e Nedunchezhian (2003, 2004).
41
7.2. Avaliação da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética ao longo do dia
As cultivares de videiras Niagara Rosada e Romana, testadas sob
condições de saturação lumínica praticamente não mostraram diferenças no perfil
fotossintético. Sendo assim, a primeira folha totalmente expandida, a folha da
posição 7, de acordo com alguns autores (Constable e Rawson, 1980; Roper e
Kennedy, 1986; Kliewer, 1990; Pimentel e Rossielo, 1995; Bertamini e
Nedunchezhian, 2003), seria a folha que possui taxa fotossintética máxima,
sendo, então, a folha fotossinteticamente madura. Por isso, ela foi tomada para
realização das curvas da eficiência fotoquímica e taxa fotossintética em ambas as
variedades, ao longo de um dia, para observação do seu comportamento
fisiológico.
Durante o período da manhã, as temperaturas o mais amenas, a
umidade relativa é mais elevada e os FFF são mais reduzidos, comparados aos
horários a partir de 12h, nessas condições, a fotossíntese foi mais elevada para
as duas variedades. As altas temperaturas e a baixa umidade do ar ocorridas no
período do meio-dia (Fig. 6) foram cruciais para o decréscimo na condutância
estomática e intensificaram os efeitos das altas radiações luminosas, que
ocasionaram a queda na fotossíntese e, ainda, podendo ter ocasionado danos ao
PSII, caracterizando a ocorrência de fotoinibição, como sugerido por Nishiyama et
al. (2006). A depressão da taxa fotossintética e da condutância estomática ao
meio dia foi verificada em videiras, em condições naturais e bem irrigadas, por
Correia et al. (1990). A estabilidade dos valores de A
N
e g
s
observada até o fim do
dia ocorreu porque as plantas precisam de várias horas para recuperar
suficientemente o PSII da depressão do meio dia.
A relação inversa de C
i
com a g
s
sugere que a queda da C
i
, apesar da
maior taxa de abertura estomática no início da manhã, pode estar relacionada à
utilização do CO
2
na assimilação do carbono em relação ao influxo de CO
2
através do poro estomático, como descrito por Machado et al. (2005). A elevação
de C
i
à tarde sugere menor utilização deste gás pela Rubisco.
Todavia, outros fatores podem limitar bioquímica e fotoquimicamente o
processo de assimilação de carbono em plantas. As alterações no metabolismo
fotossintético provocam mudanças nas características dos sinais de fluorescência,
os quais podem ser quantificados nas folhas. A fluorescência da clorofila a estima
42
a atividade do PSII, principalmente com a relação F
V
/F
M
, a qual decresceu à tarde
para Romana, indicando inibição da atividade fotoquímica, o que leva à
fotoinibição, pela perda da atividade do PSII em folhas sob altas radiações
(Demmig-Adams e Adams, 1992; Iacono et al., 1995; Morales et al., 2000;
Bertamini e Nedunchezhian, 2004). Esta queda está de acordo com a depressão
da fotossíntese e de g
s
para Romana. O rendimento quântico máximo do PSII de
Niagara Rosada, ao longo do dia, foi mais estável e manteve os valores acima de
0,75 durante todo o dia, indicando que o seu sistema de dissipação foi mais
eficiente do que o da Romana, que sofreu maior decréscimo na fotossíntese e na
variável F
V
/F
M
. Isso sugere que a queda na fotossíntese da Niagara Rosada
deveu-se ao fechamento estomático e não ao decréscimo na eficiência do PSII.
O decréscimo de F
V
/F
M
observado para Romana está de acordo com o
aumento de F
0
, que
reflete a destruição do centro de reação do PSII ou o
impedimento na transferência de energia para o centro de reação do PSII, pela
dissociação do LHCII do centro de reação do PSII (Bolhàr-Noderkampf et al.,
1989; Bertamini e Nedunchezhian, 2003; Baker e Rosenqvst, 2004; Guidi et al.,
2006), sinalizando o início dos danos para o PSII. Este aumento é dependente
das condições estruturais que afetam a probabilidade da transferência de energia
entre os pigmentos da antena coletora de luz e o centro de reação do PSII
(Krause e Weis, 1984).
O decréscimo no rendimento quântico máximo da Romana está ainda de
acordo com o decréscimo na F
M
, estando relacionado à perda da atividade do
PSII causado pelas mudanças conformacionais nas proteínas D1 e D2 (De Las
Rivas e Barber, 1997), alterando as propriedades dos aceptores de elétrons do
PSII (Andréasson et al., 1995, Rova et al., 1998). Outros fatores associados ao
decréscimo da F
M
podem ser a migração dos centros de reação do PSII
destruídos para as regiões não-empilhadas do tilacóide, tornando-os menos
fluorescentes, e uma aceleração na transferência de energia para o PSI não-
fluorescente (Yamane et al., 1997). Outrossim, o decréscimo de F
M
pode estar
ligado a danos no complexo de liberação de oxigênio, no passo de oxidação da
molécula de água (Nash et al., 1985; Enami et al., 1994). Esta variável iniciou uma
recuperação de sua eficiência no fim da tarde, o que demonstra uma pronta
recuperação funcional do aparelho fotossintético em ambas as cultivares.
43
Na parte da tarde, observou-se a ocorrência de menores valores de
assimilação fotossintética e rendimento quântico para as variedades analisadas,
e, por isso, foi escolhido o horário de 15h para realização de análises mais
detalhadas para a observação do papel dos “quenchings”.
As curvas das características da fluorescência da clorofila a realizadas em
resposta ao fluxo de fótons fotossintéticos, nas variedades estudadas, segundo
Costa (2001), fornecem informações relevantes do padrão de resposta da
fotossíntese e do desempenho do PSII. Ela pode, não somente acessar a
capacidade fotossintética presente, mas a atividade potencial sob uma larga
escala de ambientes de intensidade de luz (Ralph e Gademann, 2005).
Com o aumento da intensidade de luz, o declínio no rendimento quântico
efetivo (F
V
/F
M
)
nas variedades indicou redução do potencial de eficiência do PSII,
quando os receptores de elétrons estavam todos reduzidos. O principal fator
determinante desta eficiência é a habilidade com que os elétrons são removidos
da quinona receptora do PSII, que é diretamente relacionado com a taxa de
consumo dos produtos do transporte fotossintético de elétrons (ATP e NADPH), e
a principal causa do declínio é o decréscimo da F
M
’ e aumento na F
0
’.
Na variedade Romana, o aumento do F
0
,
como foi dito, pode ser um
indicativo do impedimento na transferência de energia para o centro de reação do
PSII, pela dissociação do LHC II do centro de reação do PSII (Bolhàr-Noderkampf
et al., 1989; Bertamini e Nedunchezhian, 2003; Guidi et al., 2006l). A F
0
compreende a emissão de fluorescência quando todo o centro de reação está
aberto, no estado oxidado, e o qP é igual a 1. Com luz actínica suficientemente
forte, o F
M
é atingido e, se Q
A
tornar-se completamente reduzida, o qP é igual a
zero.
Após a aplicação de um pulso de luz saturante (6000 µmol m
-2
s
-1
), o valor
de F
M
não mais retorna ao valor máximo, mesmo com a aplicação de novos
pulsos, provocando, então, a redução seqüencial do qP e um aumento no qN e
NPQ, como podemos observar nas Fig. 15 e 16. Os “quenchings” fotoquímico
(qP) e os não-fotoquímicos (qN e NQP) descrevem a influência relativa na via de
dissipação de energia. Com o aumento da radiação, mais elétrons se acumulam
no lado aceptor do PSII e há um aumento relativo nos “quenchigs” não-
fotoquímicos (Ralph e Gademann, 2005).
44
A variável qP indica a porcentagem de energia dirigida para a fotossíntese,
demonstrando a habilidade do PSII na utilização da energia luminosa para a
redução do NADP
+
(Genty et al., 1989). No início da curva de luz, no primeiro
pulso de luz saturante, quinona A (Q
A
) está completamente oxidada e qP atinge o
seu valor máximo, para as duas variedades. A diminuição do qP, ao longo do
aumento do FFF para as duas variedades, parece indicar uma redução da
capacidade de reoxidar a Q
A
, fazendo com que menos energia chegue para a
fotossíntese e, assim, resultando em um aumento do qN (Havaux, 1993). Os
menores valores de qP observados para Romana podem estar associados ao alto
valor da fluorescência inicial, ou seja, a maior parte da energia foi dissipada no
LHCII, antes mesmo de atingir o centro de reação do PSII (Costa, 2001).
O aumento de qN pode indicar um baixo consumo de ATP e baixa
disponibilidade de NADPH para o ciclo de Calvin, resultando em um aumento na
energização da membrana tilacoidal (Krause e Weis, 1984; Bolhàr-Nordenkampf
et al., 1989), podendo levar à saturação dos carreadores de elétrons. Os baixos
valores de qN na Romana podem ser associados aos altos valores de F
0
e F
M
que, possivelmente, impediram a criação de um gradiente de prótons, necessários
para a dissipação não-fotoquímica da energia de excitação.
A variável NQP é um bom indicador do fluxo de energia como calor. Seu
aumento pode ocorrer como resultado do processo de proteção do dano foto-
induzido na folha (Maxwell e Johnson, 2000). Alguns pesquisadores
demonstraram que NPQ está intimamente associado com a determinação da
dissipação do calor através do ciclo das xantofilas (Flexas et al., 1999; Chen e
Cheng, 2003; Jiang et al., 2005), protegendo as folhas dos danos decorrentes do
excesso de excitação das clorofilas. De fato, os maiores valores dos “quenchigs”
indicaram uma maior eficiência da variedade Niagara Rosada em utilizar e
dissipar a energia que foi capturada pela molécula de clorofila a, mostrando assim
um sistema fotoprotetor mais eficiente, resultando em uma maior taxa
fotossintética e maior F
V
/F
M
nos experimentos anteriores (Fig. 10 e 12).
A ETR aumenta com o incremento da luz até o ponto em que o aumento na
luz não corresponde mais a acréscimos em ETR, como observamos na Fig. 17,
devido à saturação dos carreadores de elétrons, ocasionada pelos altos valores
de F
0
e F
M
na Romana e pelo alto qN em Niagara Rosada. Mohammed et al.
(1995) sugerem que a inclinação desta curva representa um rendimento quântico
45
ótimo e, em altos FFF, representa a limitação do fluxo de elétrons fotossintéticos
passando através do PSII. A tendência da curva de ETR sugere que as taxas
fotossintéticas tenham se reduzido concomitantemente com o transporte de
elétrons para as duas variedades.
46
8. CONCLUSÕES
As análises das diferentes idades das folhas o apresentaram diferenças,
sendo a primeira folha expandida a mais indicada à realização de análises
fotossintéticas.
Durante o decorrer do dia, no horário de 15h, ocorreram baixos valores de
taxa fotossintética e rendimento quântico para as variedades analisadas,
indicando a possibilidade de ocorrência de danos iniciais ao PSII nas folhas das
cultivares, no entanto, não se observou comprometimento das plantas ao final do
dia.
A variedade Niagara Rosada mostrou-se mais eficiente na utilização e na
dissipação da radiação luminosa comparada à variedade Romana, o que sugere
maior adaptação às condições climáticas da região, podendo manter taxas
fotossintéticas mais elevadas, com maior relação F
V
/F
M
.
47
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