Download PDF
ads:
0
Campus de São José do Rio Preto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS, LETRAS E CIÊNCIAS EXATAS
CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS DO EXOPOLISSACARÍDEO
BOTRIOSFERANA PRODUZIDO PELO Botryosphaeria rhodina
MAMB-05 EM TRÊS FONTES DE CARBONO: GLUCOSE, FRUTOSE
E SACAROSE
RAPHAEL ALVES MACEDO BONGIOVANI
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
RAPHAEL ALVES MACEDO BONGIOVANI
CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS DO EXOPOLISSACARÍDEO
BOTRIOSFERANA PRODUZIDO PELO Botryosphaeria rhodina
MAMB-
05 EM TRÊS FONTES DE CARBONO: GLUCOSE, FRUTOSE E
SACAROSE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia e Ciências de
Alimentos do Departamento de Engenharia e
Tecnologia de Alimentos, do Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP,
Campus de São José do Rio Preto, como
requisito à obtenção do título de Mestre.
Orientadora:
Profa. Dra. Maria de Lourdes Corradi Custódio da Silva
(UNESP/FCT - Presidente Prudente/SP)
Co-orientadora
Profa. Dra. Ana Lúcia Barretto Penna
(UNESP/IBILCE – São José do Rio Preto/SP)
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP
2008
ads:
2
RAPHAEL ALVES MACEDO BONGIOVANI
CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS DO EXOPOLISSACARÍDEO
BOTRIOSFERANA PRODUZIDO PELO Botryosphaeria rhodina MAMB-
05 EM TRÊS FONTES DE CARBONO: GLUCOSE, FRUTOSE E
SACAROSE
BANCA EXAMINADORA
Prof
a
Dr
a
- Ana Lucia Barretto Penna
Professora Livre-Docente
UNESP – São José do Rio Preto
Orientador
Prof
a
Dr
a
- Joana Lea Meira Silveira
Professora Associado I
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Prof. Dr.
- Roberto da Silva
Professor Livre-Docente
UNESP – São José do Rio Preto
São José do Rio Preto, 02 de junho de 2008
3
Este trabalho é fruto do incentivo e
amor que recebi principalmente de
minha mãe Sonia Macedo, meus
irmãos Brunno e Leonardo,
pessoas fundamentais em minha
vida
.
4
AGRADECIMENTOS
Deus, que sempre esteve ao meu lado, guiando, sustentando e iluminando
minha vida com tantas bênçãos, permitindo a concretização de mais uma etapa da minha vida.
À minha mãe, Sonia Alves Macedo pelo amor incondicional, apoio e
compreensão. Mulher batalhadora pelos seus ideais! Você é meu principal incentivo e maior
orgulho! Amo a Senhora!
Aos meus irmãos Brunno e Leonardo, pelo companheirismo e amor
incondicional.
À minha esposa (Letícia) pelo carinho e apoio sempre. Agradeço a Deus
pela sua presença na fase final deste trabalho. Pessoa muito especial na minha vida, e que hoje
carrega nossa valiosa semente em sua barriguinha (Manuela), fonte de sonhos e de inúmeras
felicidades.
Aos meus tios Neemias e Jane, que me receberam e me acolheram como um
filho em S.J Rio Preto no início do mestrado. O meu muito obrigado!
À minha orientadora Profa.
Dra.
Maria de Lourdes Corradi Custódio da
Silva, pela confiança e pela oportunidade de realizar este trabalho. Agradeço pela sua
orientação, supervisão, incentivo, ajuda e apoio demonstrados durante a realização deste
trabalho.
À Profa. Dra. Ana Lúcia Barretto Penna pela Co-orientação deste trabalho.
À CAPES pela bolsa de mestrado.
Ao programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Alimentos da
Unesp - São José do Rio Preto.
À Profa. Dra. Aneli de Melo Barbosa do Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia da Universidade Estadual de Londrina-PR, pela colaboração na produção dos
exopolissacarídeos.
À Profa. Dra. Joana Lea Meira Silveira, do Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná, pela colaboração na realização das
analises reológicas.
5
Aos colegas que fiz durante as etapas deste trabalho no Departamento de
Bioquímica e Biotecnologia da Universidade Estadual de Londrina-PR, e no
Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná
- UFPR, que sempre se mostraram dispostos a me ajudar durante os experimentos.
Aos colegas do Laboratório de Química de Carboidratos da UNESP de
Presidente Prudente, em especial Nilson, Junior, Andreza, Técnica “Marilsa” e Profa. Ms.
Ana Flora) pelo companheirismo, incentivo e ajuda indispensável para a realização deste
trabalho. Muito Obrigado!
Tatiana “TATI” por ter me ajudado nos estudos quando estava com dúvidas,
e por sempre ser uma grande e maravilhosa amiga.
À Regina, Pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz de Presidente Prudente,
grande incentivadora para minha entrada no Mestrado.
Ao meu amigo Paulo pelo incentivo e as inúmeras orações.
A todos aqueles que de forma direta ou indireta me ajudaram na realização
deste trabalho.
6
“Nunca diga a Deus o tamanho do seu
problema; diga ao seu problema o
tamanho do seu Deus”.
Autor desconhecido
Fonte: http://pensamentos.prati.com.br
7
RESUMO
Os exopolissacarídeos (EPS) são polímeros produzidos por uma grande variedade de
microrganismos e podem possuir propriedades físicas, estruturais e químicas diferentes.
Considerando o interesse crescente das indústrias na busca de polissacarídeos que apresentem
comportamento reológico compatível com sua aplicação, tanto nos setores de alimentos como
farmacêutico, cosmético e têxtil, pesquisas vêm sendo realizadas com a esperança da
descoberta de novas moléculas promissoras para tais aplicações. O objetivo deste trabalho foi
determinar as características reológicas do exopolissacarídeo (botriosferana) produzido pelo
Botryosphaeria rhodina MAMB-05 em três fontes de carbono: glucose (EPS
GLU)
, sacarose
(EPS
SAC
) e frutose (EPS
FRU)
. A análise da composição monossacarídica, após hidrólise ácida,
mostrou que todos os polímeros são constituídos exclusivamente por glucose e a
cromatografia de filtração em gel indicou baixo grau de polidispersividade. Experimentos
com o corante Congo Red evidenciaram a presença de tripla hélice nos três polímeros
produzidos pelo fungo B. rhodina MAMB-05. Os três polissacarídeos comportaram-se como
fluidos não-Newtoniano com características de soluções pseudoplásticas e tixotrópicas e com
diminuição da viscosidade quando em presença de NaCl. As soluções aquosas de EPS
GLU
,
EPS
SAC
e EPS
FRU
apresentaram comportamento viscoelástico, com características de gel forte
em 5 e 25°C, não sofrendo mudanças no comportamento, mesmo em presença de NaCl, a
25°C. As soluções polissacarídeos mantiveram as características de géis fortes, com
propriedades termoestáveis e termorresistentes, entre 5 a 95°C de temperatura. Esses
resultados permitiram concluir que os EPS produzidos pelo fungo B. rhodina MAMB-05
possuem propriedades químicas e físicas, passíveis de utilização nas indústrias de alimentos,
farmacêutica, cosmética e biomédica.
Palavras chaves: Exopolissacarídeos; Botryosphaeria rhodina MAMB-05; Botryospherana;
Análises reológicas.
8
ABSTRACT
Exopolysaccharides (EPS) are polymers produced by a great variety of microorganisms and
can possess different physical and chemical properties, and structural features. Considering
the growing interest in commercial applications of polysaccharides that show rheological
compatible behavior within the application, as in the food, pharmaceutical, cosmetic and
textile sectors, research have been developed in attempts to discover new promising
biomolecules for such applications. The objective of the work presented was to determine the
rheological characteristics of the exopolysaccharide botryosphaeran produced by
Botryosphaeria rhodina MAMB-05 on three different sole carbon sources: glucose (EPS
GLU
),
sucrose (EPS
SUC
) and fructose (EPS
FRU
). The analysis of monosaccharide composition, after
acid hydrolysis, showed glucose as the only component and the gel permeation
chromatography indicated that the EPSs have an excellent purity grade. All three biopolymers
produced by B. rhodina MAMB-05 were found to exist in the triple helix conformational
state. The three exopolysaccharides showed non-Newtonian behavior, with pseudoplastic and
thixotropic characteristics, and showed a slight decrease in viscosity in presence of NaCl. The
three biopolymer gels showed viscoelastic behavior, with characteristics of strong gelling at 5
ºC and 25 ºC, without suffering behavioral changes, even in the presence of NaCl at 25 ºC.
The polysaccharide solutions kept the strong gel characteristics possessing thermo-stable and
thermo-resistant properties when evaluating the influence of temperature (5 95 ºC) over the
viscoelastic behavior of solutions. The results concluded that the EPS’s produced by fungus
B. rhodina MAMB-05 have physical and chemical properties amenable for use in the food,
pharmaceutical, cosmetic and biomedical industries.
Key Words: Exopolysaccharides; Botryosphaeria rhodina MAMB-05; Botryosphaeran;
Rheological analyses.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Estrutura dos heteropolissacarídeos (A e B) e homopolissacarídeos (C, D, E,
F, G)...................................................................................................................
23
Figura 2 -
(A) Ilustração da conformação em hélice simples da β(13)-D-glucanas
,
(B) Simulação tridimensional em tripla hélice da β(13) (16) glucan
a
(escleroglucana).................................................................................................
28
Figura 3 -
Botriosferana: β(13) (16) -D-glucana......................................................
31
Figura 4 -
Fluxo entre duas placas paralelas........................................
.........
......................
33
Figura 5 -
Representação esquemática de quido em repouso (superior) e após a
aplicação de uma taxa de cisalhamento (inferior).............................................
34
Figura 6 -
Vários tipos de comportamento de fluxo..........................................................
36
Figura 7 -
Classificação do comportamento reológico de fluidos .....................................
37
Figura 8 -
Comportamento viscoso e viscoelástico............................................................
38
Figura 9 -
Representação gráfica genérica de sistemas polissacarídeos submetidos a
medidas reológicas dinâmicas. a) gel forte, b) solução concentrada ou gel
fraco, e c) solução diluída..................................................................................
40
Figura 10 -
Produção do botriosferana em três fontes de carbono. A)
Cultivo estoque do
Botryosphaeria rhodina; B) Pré-
inóculo em meio (VGA), depois de 5 dias
28 ± 2 ºC; C) Inter
rupção do cultivo para posterior centrifugação do material
“EPS mais micélio” ; D) Micélio sendo reservado após a centrifugação do
EPS; E) Sobrenadante após centrifugação, seguindo
para precipitação em
etanol; F) EPS precipitado após “overnight”em etanol;
G) EPS solubilizado
em água e resfriado; H) EPS liofilizado............................................................
46
10
Figura 11 -
A)Reômetro HAAKE RS75 Rheostress; B) Ilustração dos EPS
solubilizados; C) Amostra sendo colocada na placa estaci
onária do reômetro;
D) Exopolissacarídeo após varredura a 5°C......................................................
52
Figura 12 -
Ilustração do sensor cone-placa utilizado no reômetro.....................................
53
Figura 13 -
Cromatografia de filtração em gel de Sepharose CL
4B dos EPS
produzidos em glucose, frutose e sacarose. Total de EPS aplicado: 2,0 mg;
fluxo: 0,3 mL/min; eluente: H
2
O; volume da fração: 2,6 mL para EPS
GLU
e
EPS
SAC
e 2,9 mL para EPS
FRU
; volume da coluna: 30,0 mL............................
59
Figura 14 -
Análise dos monossacarídeos provenientes da hidrólise ácida dos EPS
GLU
,
EPS
SAC
, EPS
FRU
e EPS
XAN
por HPAEC/PAD. Padrões de açúcares neutros
(Pd), com tempos de retenção em min: fucose (6.13); arabinose (9.76);
rha
minose (10.48); galactose (12.83); glucose (14.08); manose (15.50).
Condições da corrida: isocrática (NaOH 14mM, 25 minutos). Coluna:
CarboPac PA1. Condições de hidrólise: TFA 5M, 16 horas, 100 ºC.
Quantidade de material: 50µg...........................................................................
62
Figura 15 -
Análise conformacional do EPS produzido em diferentes fontes de carbono
(glucose “EPS
GLU
”, sacarose “EPS
SAC
”, frutose “EPS
FRU
” e o padrão de
goma Xantana“EPS
XAN”
)..................................................................................
64
Figura 16 -
Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) x taxa de cisalhamento (
) do
EPS
GLU
, nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC................
66
Figura 17 -
Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) versus a taxa de cisalhamento (
)
do EPS
SAC
,
nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25º C...........
66
Figura 18 -
Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) x taxa de cisalhamento (
) do
EPS
FRU
, nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25º C...............
67
Figura 19 -
Viscosidade absoluta (η) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
GLU
,
nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25º C.............................
68
Figura 20 -
Viscosidade aparente (η) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
SAC
,
nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25º C.............................
69
11
Figura 21 -
Viscosidade aparente (
η
) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
FRU
,
nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25º C.............................
69
Figura 22 -
Soluções aquosas do EPS
GLU
á temperatura 25ºC. (a) 3g/L e (b) 6g/L...........
70
Figura 23 -
Viscosidade absoluta (η) em função da velocidade de cisalh
amento dos
(EPS
GLU
, EPS
SAC
e EPS
FRU
), 6g/L em solução aquosa de NaCl (1g/L) a
25ºC...................................................................................................................
73
Figura 24 -
Análise do comportamento viscoelástico do EPS
GLU
em 6g/L;
módulo elástico; módulo viscoso;
viscosidade
complexa. (A) em solução aquosa a 25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C)
em solução aquosa de NaCl (1g/L) a 25°C.......................................................
75
Figura 25 -
Análise do comportamento viscoelástico do EPS
SAC
em 6g/L;
módulo elástico; módulo viscoso;
viscosidade complexa.
(A) em solução aquosa a 25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C) em
solução aquosa de NaCl (1g/L) a 25°C.............................................................
76
Figura 26 -
Análise do comportamento viscoelástico do EPS
FRU
em 6g/L;
módulo elástico; módulo viscoso;
viscosidade complexa.
(A) em solução aquosa a 25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C) em
solução aquosa de NaCl (1g/L), a 25°C............................................................
77
Figura 27 -
Comportamento do módulo elástico (G’) dos três exopolissacarídeos
, e
estudados a 25°C (A) e 5°C
(B)......................................................................................................................
80
Figura 28 -
Rampa de temperatura. Curva
ascendente
(
5 a 95°C) e descendente (95 a 5°C
),
com aumento de 1,5°C/min. Em
solução aquosa
(6g/L)
.
....................................
81
Figura 29 -
Tensão de cisalhamento (τ) versus a taxa de cisalhamento (
) dos três
exopolissacarídeos produzidos pelo fungo B. rhodina
, nas concentrações de
6g/L a 25°C.......................................................................................................
83
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Fontes de origem dos “hidrocoló
ides ou gomas” com aplicações
industriais..........................................................................................................
24
Tabela 2 -
Ensaio analítico para a formação do complexo CR/EPS................................
51
Tabela 3 -
Produção final dos EPS (liofilizados) e as quantificações de açúcares totais,
açúcares redutores e proteínas dos polissacarídeos produzidos pelo
B.
rhodina, em três fontes de carbono.................................................................
58
Tabela 4 -
Viscosidade absoluta das soluções aquosas e das soluções aquosa
de NaCl
dos EPS
GLU
, EPS
SAC
e EPS
FRU
, 6g/L, nas taxas de cisalhamentos 1,02,
10,59
e 99,19(1/s), à temperatura de 25°C......................................................
71
Tabela 5 -
Valores obtidos de (G’) nas varreduras de freqüências dos EPS
GLU,
EPS
SAC
e
EPS
FRU
, na freqüência da 1 Hz.....................................................................
79
13
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
EPS - Exopolissacarídeos
EPS
FRU
- Exopolissacarídeos produzidos com frutose como forte de carbono
EPS
GLU,
- Exopolissacarídeos produzidos com glucose como forte de carbono
EPS
SAC
- Exopolissacarídeos produzidos com sacarose como forte de carbono
f - Freqüência
G* - Módulo de cisalhamento dinâmico complexo
G’ - Módulo de cisalhamento dinâmico elástico
G” - Módulo de cisalhamento dinâmico viscoso
Hz - Hertz
M - Molar
mg - Miligrama
mL - Mililitros
η - Viscosidade absoluta
η* - Viscosidade Complexa
τ - Tensão de Cisalhamento
- Taxa de Cisalhamento
kDa - Kilodaltons
m/v - Massa/volume
pH - Potencial hidrogeniônico
rpm - Rotações por minuto
TFA - Ácido trifluoracético
v/v - Volume/volume
α
- Alfa
β
- Beta
µL
- Microlitro
µm
- Micrômetro
σ
0
- Amplitude Máxima de Tensão
γ
0
- Amplitude Máxima de Deformação
δ - Ângulo de Mudança de Fase
14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................17
2. OBJETIVOS.......................................................................................................................19
2.1 Objetivos gerais ................................................................................................................19
2.2 Objetivos específicos.........................................................................................................19
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................20
3.1 Polissacarídeos..................................................................................................................20
3.2 Exopolissacarídeos............................................................................................................22
3.2.1 Exopolissacarídeos bacterianos....................................................................................24
3.2.2 Exopolissacarídeos fúngicos .........................................................................................27
3.2.3 Botriosferana, exopolissacarídeo produzido pelo fungo Botryosphaeria rhodina
MAMB-05................................................................................................................................30
3. 3 Reologia............................................................................................................................31
3.3.1 Reologia de fluidos.........................................................................................................32
3.3.1.1 Líquidos Newtonianos................................................................................................35
3.3.1.2 Líquidos não-Newtonianos ........................................................................................35
3.3.1.3 Comportamento viscoelástico....................................................................................38
4. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................42
4.1 Materiais............................................................................................................................42
4.1.1 Microrganismo...............................................................................................................42
4.1.2 Reagentes........................................................................................................................42
4.1.3 Equipamentos ................................................................................................................42
4.2 Métodos Gerais.................................................................................................................43
4.2.1 Manutenção do Microrganismo...................................................................................43
4.2.2 Produção do botriosferana ...........................................................................................43
15
4.2.3 Cultivo estoque do Botryosphaeria rhodina MAMB-05 .............................................44
4.2.4 Cultivo do Botryosphaeria rhodina MAMB-05 ...........................................................44
4.2.4.1 Pré-inóculo ..................................................................................................................44
4.2.4.2 Inóculo.........................................................................................................................44
4.2.4.3 Preparo dos meios e cultivo .......................................................................................44
4.2.4.4 Interrupção do cultivo................................................................................................45
4.2.4.5 Isolamento dos exopolissacarídeos............................................................................45
4.2.3 Análises quantitativas nos EPS
GLU
, EPS
SAC
, EPS
FRU
e padrão xantana EPS
XAN
....47
4.2.3.1 Determinação de açúcares totais - método do fenol - ácido sulfúrico....................47
4.2.3.2 Determinação dos açúcares redutores - método de Somogyi – Nelson..................47
4.2.3.3. Determinação de proteínas - método de Bradford.................................................48
4.2.4. Cromatografia de filtração em gel em coluna Sepharose CL-4B.............................48
4.2.5 Hidrólise Ácida Total ....................................................................................................49
4.2.6 Análise da composição de monossacarídeos por cromatografia líquida de alta
pressão e coluna de troca iônica (HPAEC) ..........................................................................49
4.2.4 Análise da estrutura dos EPS.......................................................................................50
4.2.5 Análises reológicas.........................................................................................................51
4.2.5.1 Métodos reológicos .....................................................................................................51
4.2.5.2 Preparo das soluções de β
ββ
β glucanas..........................................................................52
4.2.5.3 Determinação das viscosidades absolutas ................................................................53
4.2.5.4 Curvas de fluxo...........................................................................................................53
4.2.5.5 Análise oscilatória em sistema dinâmico - Varredura de tensão e Varredura de
Frequência...............................................................................................................................54
4.2.5.6 Rampa de temperatura..............................................................................................54
4.2.5.7 Tixotropia....................................................................................................................55
16
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................56
5.1 Produção e quantificação dos exopolissacarídeos produzidos pelo Botryosphaeria
rhodina em três diferentes fontes de carbono. .....................................................................56
5.2 Verificação da homogeneidade dos exopolissacarídeos por cromatografia de filtração
em gel.......................................................................................................................................58
5.3 Hidrólise ácida total e análise por HPAEC/PAD dos exopolissacarídeos produzidos
pelo B. rhodina nas diferentes fontes de carbono ................................................................60
5.4 Análise da conformação dos exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina, em
diferentes fontes de carbono..................................................................................................63
5.5 Análise Reológicas ............................................................................................................65
5.5.1 Curvas de fluxo..............................................................................................................65
5.5.2 Curvas de viscosidade ...................................................................................................67
5.5.3 Análise em sistema dinâmico........................................................................................74
5.5.4 Rampa de temperatura.................................................................................................80
5.5.5 Tixotropia.......................................................................................................................82
6. CONCLUSÃO.....................................................................................................................85
7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................86
ANEXO....................................................................................................................................97
17
1. INTRODUÇÃO
Os exopolissacarídeos (EPS) são polissacarídeos extracelulares produzidos
por uma variedade de bactérias e fungos e são secretados no meio de cultivo ou ligados à
superfície das células. Essas moléculas possuem a característica de formar soluções viscosas,
mesmo em baixas concentrações. Os EPS vêm substituindo progressivamente os
polissacarídeos obtidos de fontes convencionais, como plantas e animais. Devido às suas
propriedades de geleificantes, espessantes, estabilizantes, agentes modificadores de textura,
emulsificantes e formadores de filmes de revestimento ou embalagens, têm sido aplicados nas
indústrias de alimentos, farmacêutica, cosmética, têxtil e biomédica.
O uso potencial de biopolímeros nos diferentes ramos industriais é
consenso na literatura existente e, neste contexto, novas fontes microbianas têm sido
investigadas com o objetivo de se encontrar polissacarídeos com propriedades físicas e
químicas que permitam as suas aplicações. Essas pesquisas concentram-se nos polissacarídeos
extracelulares, pois são de fácil extração e purificação e apresentam, geralmente, um alto
rendimento na produção.
Os biopolímeros microbianos podem diferir quanto à composição
monossacarídica e, conseqüentemente, em suas propriedades físicas e químicas. Para o
polissacarídeo ser comercializado é importante que possua algumas características reológicas
interessantes, tais como: formar soluções viscosas em baixas concentrações, possuir alta
solubilidade, manter a viscosidade e estabilidade em ampla faixa de pH, temperatura e em
presença de sais.
Segundo alguns autores uma outra propriedade importante em biopolímeros
caracterizados como glucanas com ligação do tipo β, é a estrutura em tripla hélice,
fundamental tanto para a atividade biológica quanto para a manutenção da viscosidade das
soluções polissacarídicas.
O fungo ascomiceto Botryosphaeria rhodina MAMB-05 quando cultivado
em glucose como fonte de carbono produz um exopolissacarídeo denominado botriosferana,
cuja estrutura possui uma cadeia principal formada por unidades β-D-glucopiranosídicas 1,3
ligadas, com cerca de 20% de substituição em C-6, por unidades de glucose e gentiobiose.
O exopolissacarídeo botriosferana pode ser obtido, a partir do mesmo fungo,
cultivado em outras fontes de carbono tais como frutose, manose, sacarose, melaço de cana de
18
açúcar, entre outras. A diferença básica entre o botriosferana produzido nas diversas fontes de
carbono está no grau de ramificação.
Considerando-se a ausência de informações na literatura científica sobre
estudos reológicos dos EPS produzidos pelo Botryosphaeria rhodina MAMB-05, este
trabalho foi concebido com o objetivo de iniciar esse estudo no botriosferana produzido em
três diferentes fontes de carbono: glucose, frutose e sacarose, que possuem sua estrutura
química, anteriormente, determinada.
19
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos gerais
O presente estudo tem por objetivo geral avaliar a conformação e algumas
propriedades reológicas do botriosferana, exopolissacarídeo produzido pelo fungo ascomiceto
Botryosphaeria rhodina MAMB-05.
2.2 Objetivos específicos
a) Produzir os exopolissacarídeos do Botryosphaeria rhodina MAMB-05 em
meio de cultivo quimicamente definido com três diferentes fontes de carbono: glucose, frutose
e sacarose.
b) Verificar a homogeneidade dos polímeros por cromatografia de filtração
em gel de Sepharose CL-4B.
c) Estudar a conformação dos exopolissacarídeos
d) Analisar o comportamento reológico dos exopolissacarídeos produzidos
nas três diferentes fontes de carbono.
20
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Polissacarídeos
Polissacarídeos são biopolímeros versáteis que podem ser encontrados na
natureza sob as mais diversas formas, exercendo diferentes funções. Nos vegetais podem ser
extraídos de raízes, tubérculos, caules e sementes, nos quais atuam como reserva de energia,
como é o caso do amido e da inulina; outras vezes, podem ser encontrados na estrutura celular
de tecidos vegetais, onde contribuem para a integridade estrutural e para a força mecânica,
formando redes hidratadas tridimensionais, como é o caso das pectinas, em plantas terrestres,
e das carragenanas, ágar e alginato, em plantas marinhas (TONELI; MURR; PARK, 2005, p.
189).
Os polissacarídeos são polímeros com massa molecular relativamente alta,
com características específicas de identidade nas suas unidades monossacarídicas, nos tipos
de ligação que as unem, no comprimento das suas cadeias e no grau de ramificação destas.
Podem ser classificados como homopolímeros ou heteropolímeros (NELSON; COX, 2000, p.
247).
Segundo Gómes e colaboradores (2007) os polímeros de carboidrato
possuem grande aplicabilidade na indústria de alimentos. O uso mais freqüente está associado
à sua capacidade de espessar, estabilizar, emulsificar e geleificar soluções, sendo aplicados
para melhorar e padronizar a qualidade dos alimentos processados, bem como o uso como
filmes comestíveis (LOPES; ANDRADE; MANO, 1991; MAIA; PORTE; SOUZA, 2000;
ARAÚJO; ALVES, 2003).
O termo “hidrocolóide ou goma” compreende todos os polissacarídeos
hidrossolúveis, que podem ser obtidos de plantas, algas marinhas e fontes microbianas
(Tabela 1), bem como gomas derivadas de exsudatos de plantas e biopolímeros produzidos
por tratamento químico ou enzimático do amido ou celulose (DICKINSON, 2003).
O uso de polissacarídeos como espessante está associado à capacidade que
possuem de aumentar a viscosidade de um líquido, resultando em características
organolépticas e texturas desejáveis nos alimentos. São freqüentemente utilizados para
eliminar efeitos indesejáveis tais como: liberação de água em alguns alimentos processados
(CEREDA; VILPOUX; DEMIATE, 2003, p.357), substitutos de gordura e integrantes na
formulação de produtos de baixa caloria light (MONTEIRO et al., 2006), uma vez que
21
possuem menos “calorias” quando comparados com a gordura e, em alguns casos, não são
absorvidos pelo organismo humano, promovendo efeitos benéficos à saúde (SGARBIERI;
PACHECO, 1999; ALVAREZ; SÁNCHEZ, 2006).
As β-glucanas são uma classe de polissacarídeos constituídos por unidades
repetitivas (monômeros) de glucose, unidas por ligações do tipo β, presentes nos vegetais e
microrganismos. Constituem-se como o principal tipo de expolissacarídeos produzidos por
fungos (BARBOSA et al., 2004, p.30). Lazaridou e Biliaderis (2007) relatam que esses
polímeros, quando provenientes de cereais, combinam propriedades de hidrocolóides com
propriedades fisiológicas de fibras dietéticas. Piñero e colaboradores (2004) e Monteiro e
colaboradores (2006) propõem o uso das β-glucanas de cereais, de baixo conteúdo calórico
uma vez que não são absorvidas no intestino delgado, como substitutos de gorduras em
alimentos.
Segundo Saad (2006) as β-glucanas de cereais possuem, também, a
capacidade de retardar a absorção de glucose, modulando os níveis plasmáticos de insulina e
da glucose. Ressalta ainda que o consumo desses polissacarídeos pode resultar em diminuição
de lipídeos plasmáticos, diminuindo o risco de câncer de cólon, redução da fome e/ou
aumento da saciedade e possível diminuição de pressão sanguínea.
A maioria das pesquisas na área de alimentos concentra-se na busca de
novas moléculas com propriedades para melhorar a qualidade dos alimentos, causando ainda
efeitos benéficos ao consumidor. As linhas de produtos funcionais ou nutracêuticos são bons
exemplos do crescimento científico visto nos últimos anos. Os alimentos funcionais são
definidos como compostos que oferecem vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo
inerente à sua composição química, podem também desempenhar um papel potencialmente
benéfico na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, quando ingerido como
alimento. os produtos nutracêuticos são definidos como parte de um alimento, e
proporcionam benefícios médicos e de saúde, incluindo a prevenção e/ou tratamento da
doença, podendo estar na forma de suplementos dietéticos ou na constituição de outros
alimentos. Exemplificando essas definições a aveia pode ser considerada um alimento
funcional e as β-glucans, presentes em sua constituição, como alimento nutracêutico.
Do ponto de vista dos carboidratos as fibras apresentam grandes
propriedades funcionais, sendo os oligossacarídeos e as β-glucanas bons exemplos de
ingredientes nutracêuticos.
22
3.2 Exopolissacarídeos
Os exopolissacarídeos (EPS) são definidos como polissacarídeos
extracelulares, produzidos por alguns fungos e bactérias, os quais são encontrados ligados à
superfície das células ou são excretados para o meio de cultivo na forma de material viscoso
(CANILHA et al., 2006, p.32). Como resultado da produção do exopolissacarídeo, ocorre
mudança na viscosidade do meio de cultivo, começando como um fluido Newtoniano de
baixa viscosidade e finalizando como um fluido não-Newtoniano, de elevada viscosidade
(MOREIRA et al., 2005; CHO et al., 2006).
Os exopolissacarídeos de origem microbiana apresentam algumas vantagens
de obtenção em relação às outras gomas, tais como: não dependência das condições
climáticas, possibilidade de utilização de matérias primas regionais, maior rapidez na
obtenção do produto acabado e necessidade de menor espaço físico das instalações fabris.
Além disso, as gomas de origem microbiana apresentam maior uniformidade em suas
propriedades físico-químicas, devido à especificidade do microrganismo utilizado e à
possibilidade de um gido controle dos parâmetros de fermentação como pH, temperatura,
taxa de aeração, velocidade de agitação, tempo de fermentação e composição do meio de
cultivo (BARBOSA et al., 2004, p.30).
Os homopolissacarídeos (Figura 1, pg. 23) extracelulares tais como dextrana
(NAESSENS et al., 2005), curdlana (CUNHA; GÓMEZ; AMORIM, 2003), pululana (LIN;
ZHANG; THIBAULT, 2007) e levana (ERNANDES; GARCIA-CRUZ, 2005), são
constituídos por somente um tipo de monossacarídeo e, geralmente, produzidos por uma
enzima ou por um sistema simples de enzimas, diferente dos heteropolissacarídeos (Figura 1,
pg. 23), que contêm duas ou mais unidades monoméricas diferentes, e são sintetizados por
sistemas enzimáticos mais complexos, exemplo das gomas gelana (BANIK; KANARI;
UPADHYAY, 2000) e xantana (GARCÍA-OCHOA et al., 2000).
Os exopolissacarídeos produzidos por uma grande variedade de
microrganismos possuem propriedades físicas, estruturais e químicas diferentes possibilitando
suas aplicações em indústrias de alimentos, como anteriormente citado, mas também na
indústria farmacêutica, petrolífera, cosmética, têxtil e de tintas (COLTRO, 2003, p.32) e vêm
substituindo, progressivamente, os polissacarídeos obtidos de fontes convencionais, como
plantas e animais (LIN; CHANG, 2005, p.1419).
23
Figura 1 - Estrutura dos heteropolissacarídeos (A e B) e homopolissacarídeos (C, D, E, F, G).
24
Tabela 01 – Fontes de origem dos “hidrocolóides ou gomas” com aplicações industriais.
Tipo Origem Goma
Exsudatos vegetais (terrestres) Goma arábica
Goma karaia
Sementes Goma guar
Goma Locusta ou alfarroba
Extratos de plantas Pectina
Arabinogalactana
Extratos de algas marinhas
Ágar
Alginato
Carragena
Furcelana
Natural
Grãos (milho,trigo,arroz,)
Tubérculos (batata,mandioca)
Amidos
Bacterianos
Xantana
Gelana
Dextrana
Curdlana
Levana
Natural
(Produtos
microbianos)
Fúngicos Escleroglucana
Pululana
Celulose
Carboximetilcelulose
Metilcelulose
Hidroxipropilcelulose
Metiletilcelulose
Amido
Amidos modificados com variações
de estabilidades, viscosidade e de
doçura.
Modificadas
Extratos de algas marinhas
Alginato de propileno glicol
Fonte: (LOPES; ANDRADE; MANO, 1991, p.66; KIMURA et al., 2003, p.22; NAESSENS
et al., 2005, p.845; GARCIA-OCHOA et al., 2000, CRUZ PRADELLA, 2006;
YAMAMOTO et al., 1999; ERNANDES; GARCIA-CRUZ, 2005; CUNHA; GÓMEZ;
AMORIM, 2003; CORRADI da SILVA et al., 2006)
3.2.1 Exopolissacarídeos bacterianos
A xantana (Figura 1-A, pg. 23) é um polímero formado por uma cadeia
principal constituída de unidades β-D-glucopiranosídicas 4-O substituídas, assemelhando-se à
celulose. Unidades pentassacarídicas repetitivas se dispõem ao longo da cadeia principal; elas
se constituem por unidades de glucose alternadas com substituição em O-3 por uma
ramificação trissacarídica: manose: ácido glucurônico: manose (GARCIA-OCHOA et al.,
2000, p.550). A massa molecular da xantana pode variar de 2 a 12 x 10
6
Da, dependendo do
25
processo fermentativo e linhagem utilizada (ROTTAVA, 2005, p.14): ela é solúvel em água
fria, produz soluções de elevada viscosidade em baixas concentrações e seu gel apresenta
excelente estabilidade à variação de temperatura (0 a 100ºC), mantendo as características de
gel em ampla faixa de pH (1 a 13) (LÓPEZ et al., 2004, p.115).
A xantana é produzida pelo Xanthomonas campestris em meio contendo
glucose ou sacarose como fonte de carbono e recebeu permissão de uso em alimentos pelo
“Food and Drug Administration”- FDA, em 1969. Comercialmente, a goma xantana é um dos
mais importantes polissacarídeos microbianos com uma produção mundial anual de cerca de
30.000 toneladas, movimentando um mercado de aproximadamente 408 milhões de dólares.
As principais indústrias produtoras de goma xantana são Kelco (EUA), Rhône-Poulenc
(França), Pfizer (EUA) e Mero-Rousselot-Santia (França) (CRUZ PRADELLA, 2006, p.38).
Um outro polissacarídeo aplicado na indústria é a dextrana constituído por
unidades α-(16) D-glucopiranosídicas (Figura 1-C, pg. 23). A síntese de dextrana ocorre
extracelularmente, sendo o substrato transformado em polissacarídeo sem ser interiorizado na
célula. Isso é possível graças a uma enzima denominada dextrana-sacarase (HONORATO et
al., 2005, p.02), que é excretada pelo microrganismo no meio de cultura, na presença de
sacarose. A dextrana-sacarase atua na molécula de sacarose, liberando a frutose e transferindo
a glucose a uma molécula receptora, no caso moléculas de dextrana em expansão
(NAESSENS et al., 2005, p.845).
Vários microrganismos sintetizam dextrana a partir de sacarose, destacando-
se a bactéria Leuconostoc mesenteroides, cuja produção industrial é feita a partir de uma única
linhagem NRRL B-512(F), que sintetiza um polissacarídeo com 95% de ligações α (16) e
5% de α (13) (SANTOS; RODRIGUES; TEIXEIRA, 2005, p.01).
A dextrana possui aplicação na indústria farmacêutica atuando como matriz
para imobilização de drogas e enzimas, como modificador de viscosidade e material para
suportes em cromatografia hidrofóbica (NAESSENS et al., 2005; GIL et al., 2008). É
metabolizada naturalmente, não é tóxica e não provoca reações adversas no organismo
(CRUZ PRADELLA, 2006, p.39). É utilizada na indústria de alimentos como estabilizante e
agente de viscosidade (CANILHA et al., 2006, p.36).
Levana, um exopolissacarídeo constituído por unidades de frutose β (26)
ligadas (Figura 1-G, pg. 23) (ARVIDSON; RINEHART; GADALA-MARIA, 2006. p.144),
pode ser sintetizado por vários grupos de bactérias, entre elas a Zymomonas mobilis; é obtido
pela transfrutosilação em meio fermentativo à base de sacarose, extrato de levedura e sais
26
minerais. É utilizado nas indústrias de comésticos, alimentos e farmacêutica (ERNANDES;
GARCIA-CRUZ, 2005, p.72).
Segundo Yoo e colaboradores (2004) as levanas possuem propriedades
biológicas com capacidade de melhorar e ou reparar alguns processos no organismo humano,
despertando o interesse da área médica. Podem atuar como: agentes prolongadores da ação de
fármacos, prebióticos que são definidos como substâncias que promovem o crescimento de
bifidobactérias no intestino humano (KAUR; GUPTA, 2002), agente hipocolesterolêmico
(YAMAMOTO et al., 1999), imunomodulador e anticarcinogênico (CALAZANS et al., 2000;
YOON et al., 2004). Na indústria de alimentos a levana é usada como espessante, fixador de
cores e sabores e em produtos dietéticos. Além disso, sua hidrólise produz frutose que tem
poder adoçante superior à sacarose.
Gelana é um polissacarídeo complexo cuja estrutura molecular consiste de
unidades tetrassacarídicas repetitivas: glucose, ácido glucurônico e raminose (na proporção de
2:1:1), dispostas como β (13)-D-glucose, β (14)-D-glucuronato, β (13)-D-glucose e α
(14)-L-raminose (Figura 1-B, pg. 23). É produzido pela bactéria Sphingomonas
paucimobilis, anteriormente denominada de Pseudomonas elodea, gram-negativa, aeróbia e
de pigmentação amarela (BANIK; KANARI; UPADHYAY, 2000, p.408).
Segundo Yamamoto e Cunha (2007) o polissacarídeo gelana possui boa
estabilidade em ampla faixa de pH, produzindo um gel termorreversível que vem substituindo
o ágar (SUTHERLAND, 1998). Devido à estabilidade em pH ácido, a goma gelana vem
sendo utilizada pela indústria de alimentos principalmente em produtos a base de frutas
(CANILHA et al., 2006; FREITAS et al., 2006).
As propriedades físico-químicas encontradas na gelana proporcionam sua
utilização pelas indústrias alimentícia, farmacêutica e outras, pois pode ser usada como
texturizante, estabilizante, espessante, emulsificante e agente geleificante (BANIK; KANARI;
UPADHYAY, 2000; SOUZA; GARCIA-CRUZ, 2004).
Curdlana, um polissacarídeo produzido pelas bactérias Alcaligenes faecalis
variedade myxogenes e Agrobacterium radiobacter (CUNHA; GÓMEZ; AMORIM, 2003,
p.380), faz parte do grupo de moléculas conhecidas como β (13)-D-glucanas (Figura 1-E,
pg. 23).
Funami e colaboradores (1999) relataram que a curdlana, em suspensão
aquosa, é capaz de formar gel por aquecimento e, de acordo com a temperatura de
aquecimento, há formação de dois tipos de géis. O gel “low-set” se forma quando a suspensão
27
aquosa de curdlana é aquecida entre 50 ºC a 60 ºC e, então, resfriada a temperaturas inferiores
a 40 ºC; o gel é termorreversível, similar ao ágar e à gelatina. Quando a suspensão aquosa de
curdlana é aquecida em temperaturas superiores a 80 °C, forma-se o gel “high-set”, que se
caracteriza como um gel firme, resistente, não termorreversível e bastante estável a uma
ampla faixa de temperatura de congelamento.
Segundo Cunha e colaboradores (2004) a curdlana é um hidrocolóide
microbiano que apresenta propriedades físico-químicas interessantes do ponto de vista
industrial, tendo potencial para ser utilizada como aditivo alimentar, em pequenas
quantidades, contribuindo para a melhoria da estabilidade e da qualidade de inúmeros
produtos alimentícios, podendo ser utilizada no desenvolvimento de novos produtos.
3.2.2 Exopolissacarídeos fúngicos
Existe uma variedade de polissacarídeos produzidos por fungos, porém
poucos foram adequadamente explorados, e um número pequeno tem sido produzido em
escala industrial. Segundo Barbosa e colaboradores (2004) a maioria dos exopolissacarídeos
fúngicos são β-glucanas.
As β-glucanas de fungos são polissacarídeos com função estrutural. Podem
ser encontradas na parede celular do micélio, no corpo de frutificação ou ser excretadas como
exopolissacarídeos. São estruturas altamente ordenadas, formadas principalmente por
unidades de glucose, diferenciando-se pelo tipo de ligação glicosídica e massa molecular,
características estas que conferem ações biológicas e reológicas distintas a essa classe de
biomoléculas (CALAZANS et al., 2000; CORRADI da SILVA et al., 2006; MORADALI et
al., 2007).
Os polissacarídeos fúngicos têm despertado interesse na área médica, devido
a algumas atividades evidenciadas, tais como: uso como matriz hidrofílica para a liberação
controlada de drogas (MATRICARDI et al., 2006; PALLESCHI, et al., 2006), para o
desenvolvimento de vacinas bacterianas, como um agente anti-HIV (CHEN; SEVIOUR,
2007), modulador do sistema imunológico (ZHANG et al., 2007), agente cicatrizante
(COELHO et al., 2002) e no controle de tumores (ZHANG et al., 2005a; CHEN; SEVIOUR,
2007).
28
Acredita-se que a atividade anti-tumor apresentada pelas β (13)-D-
glucanas, tais como escleroglucana (Sclerotium glucanicum), esquizofilana (Schizophyllum
commune), cinereana (Botrytis cinerea) e pestalotana (Pestalotia sp), está relacionada à
organização da estrutura em tripla hélice (Figura 2), mantida pelas ligações de hidrogênio
(ZHANG et al., 2005b), bem como pela complexidade da ramificação lateral e da massa
molecular (CORRADI da SILVA et al., 2005; PALLESCHI et al., 2005).
Dentre os EPS produzidos por fungos, os que apresentam destaque do ponto
de vista comercial e industrial são a escleroglucana, produzido por fungos do gênero
Sclerotium e a pululana, produzida pelo Aureobasidium pullulans.
Figura 2 (A) Ilustração da conformação em hélice simples da β(13)-D-glucanas (TAVARES,
2006), (B) Simulação tridimensional em tripla hélice da β (13) (16) glucana
(escleroglucana) (PALLESCHI et al., 2005).
Escleroglucana é um polímero composto por unidades glucopiranosídicas
β(13)-substituídas com ramificações de glucose em C-6 (Figura 1-F, pg. 23), as quais
podem estar ligadas regular ou randomicamente, com freqüências diferentes. Variações no
grau de ramificação afetam a solubilidade da molécula. Possuem diversas aplicações, uma vez
que a viscosidade do EPS em solução se mantém em uma ampla faixa de temperatura e de pH
(FARIÑA et al., 2001, p.45; COLINET et al., 2007, p. 66).
29
Este polímero apresenta atividade antitumoral, antimicrobiana, antivirótica e
moduladora do sistema imune (ZHANG et al., 2007, p.5). Estudos mais recentes propõem a
aplicação do escleroglucana como carreadores de drogas (FRANÇOIS; ROJAS; DARAIO,
2005; MATRICARDI et al., 2006; COVIELLO et al., 2007).
Viñarta e colaboradores (2006) aplicaram o escleroglucana, produzido pelo
fungo Sclerotium rolfsii, para minimizar a sinérese (separação da fase aquosa) em soluções de
amido de milho. Após 20 dias de refrigeração, os autores observaram 91% de redução da
sinérese, ao mesmo tempo em que foram mantidas as características de gel, dureza e
coloração das misturas, indicando futuro uso do EPS para melhorar a qualidade dos alimentos,
passível de utilização pela indústria de alimentos.
Pululana é um exopolissacarídeo linear de glucose produzido pelo
Aureobasidium pullulans. É constituído por unidades de maltotriose, α (14), alternadas por
resíduos glucopiranosídicos α (16) ligados (Figura 1-D, pg. 23), cuja relação depende da
linhagem fúngica estudada (LIN; ZHANG; THIBAULT, 2007, p.820). Dependendo da
proporção dessas ligações na cadeia do polímero, as propriedades físicas da molécula variam,
tais como: flexibilidade da estrutura, aumento da solubilidade em água e capacidade de
formação de filme e fibra.
O pululana pode ser usado como aditivo em alimentos de baixa caloria. Tem
a capacidade de formar filmes solúveis em água, com baixa permeabilidade ao oxigênio,
atuando como revestimento de alimentos, apresentando capacidade de reter o sabor e
aparência. Também é utilizado como excelente adesivo, espessante e pode ser usado na
preparação de algumas fibras, sendo comestível e biodegradável (LAZARIDOU;
BILIADERIS; KONTOGIORGOS, 2003, p.152). Para o crescimento do Bifidobacterium spp,
um microrganismo benéfico da flora intestinal humana (SAAD, 2006), sugere-se a
incorporação do pululana como prebiótico, que é uma substância capaz de promover o
crescimento de bactérias desejáveis no cólon intestinal (SHIN et al., 2004).
Já é consenso entre os pesquisadores que os biopolímeros de origem fúngica
sejam alvo de investigação científica devido às suas características químicas e reológicas que
poderão possibilitar suas aplicações nas indústrias de alimentos, petrolífera, farmacêutica,
cosmética e médica, entre outras.
30
3.2.3 Botriosferana, exopolissacarídeo produzido pelo fungo Botryosphaeria rhodina
MAMB-05.
Fungos do gênero Botryosphaeria ssp. são ascomicetos que podem ser
encontrados em diferentes ambientes, causando doenças em várias espécies de plantas, como
eucalipto (SLIPPERS et al., 2004; BARBER et al., 2005) e, em algumas espécies de árvores
frutíferas como cacaueiro, coqueiro, mamoeiro, bananeira, abacateiro (VIANA et al., 2003),
macieiras (LUNARDI et al., 2002; VALDEBENITO-SANHUEZA et al., 2005) e videiras
(GARRIDO; SONEGO; GOMES, 2004; ÚRBEZ-TORRES, 2006).
O Botryosphaeria rhodina MAMB-05 tem sido investigado por um dos
grupos de Bioquímica Aplicada do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia da UEL,
desde 1996. Este microrganismo foi descrito como produtor de lacases por Dekker e Barbosa
(1996). Esses autores (2001) relataram que o microrganismo também secretava no meio de
cultivo um exopolissacarídeo (EPS) do tipo β-glucana. Posteriormente foi caracterizado como
uma β (13;16)-D-glucana (Figura 3), com cerca de 22% de ramificações no carbono 6
(BARBOSA et al., 2003) e denominado de botriosferana (Figura 3).
Em 2004, Steluti e colaboradores analisaram a influência de diferentes
fontes de carbono (glucose, frutose, galactose, manose, manitol, sorbitol, lactose, sacarose,
sacarose comercial e melaço de cana de açúcar) sobre a produção de botriosferana pelo B.
rhodina, e concluíram que a sacarose comercial favorecia a formação do exopolissacarídeo
em comparação a outras fontes de carbono estudadas.
Corradi da Silva e colaboradores (2005) caracterizaram os
exopolissacarídeos quando o microrganismo foi cultivado, separadamente, em sacarose e
frutose como fonte de carbono. Verificaram que o grau de ramificação era menor no EPS
produzido em sacarose (21%) do que em frutose (31%); esta característica química conferia
diferentes viscosidades às suas soluções.
Posteriormente, Miranda (2006) demonstrou que o botriosferana não é
mutagênico, apresentando atividade hipoglicemiante e hipocolesterolêmica.
O conhecimento das propriedades reológicas bem como do peso molecular
do botriosferana, produzido em diferentes fontes de carbono, são imprescindíveis para o
emprego do polímero pelos diferentes setores da indústria.
31
Figura 3 - Botriosferana: β-(13,16)-D-glucana
3. 3 Reologia
Segundo Schramm (2006), a reologia descreve a deformação de um corpo
sob a influência de tensões. Corpos, neste contexto, podem ser sólidos, líquidos ou gases.
Sólidos ideais deformam-se elasticamente e a energia requerida para a deformação é
completamente recuperada quando a tensão é removida. Fluidos ideais, como os líquidos e
gases deformam-se irreversivelmente, eles escoam e, neste caso, a energia requerida para a
deformação é dissipada dentro do fluido na forma de calor e não pode ser recuperada
simplesmente pela remoção das tensões.
Nas áreas da ciência dos alimentos a reologia possui grande importância.
Segundo Haminiuk (2007) muitas das propriedades texturais que os humanos percebem
quando consomem alimentos são basicamente reológicas, isto é, cremosidade, suculência,
maciez, suavidade e dureza. Segundo Campos e colaboradores (1989), os dados reológicos em
alimentos são essenciais para:
a) Cálculos em engenharia de processos, envolvendo grande variedade de
equipamentos, tais como bombas, tubulações, extrusores, misturadores, trocadores de calor,
dentre outros;
b) Determinação da funcionalidade de ingredientes no desenvolvimento de
produtos;
c) Controle intermediário ou final da qualidade de produtos;
d) Testes de tempo de prateleira;
e) Avaliação da textura de alimentos e correlação com testes sensoriais.
A indústria de alimentos vem inovando com inúmeros produtos para atender
as necessidades do consumidor. Umas dessas inovações foi o desenvolvimento de uma linha
32
de produtos light e diet. Alimentos pertencentes a esta classe possuem menor quantidade de
calorias (light), ou ausência de algumas substâncias, ex: lipídeos, açúcares e sódio (diet). Com
isso cresceu a utilização dos polissacarídeos microbianos, a fim de se tentar manter as
características reológicas como viscosidade, fluidez, textura e cremosidade encontradas nos
produtos originais, geralmente mantidas pelas gorduras (BARONI; FREITAS, 1999, p.22). O
alto índice de obesidade e os possíveis distúrbios metabólicos, decorrentes do aumento de
peso, fizeram com que a indústria disponibilizasse esses novos produtos.
A reologia considera dois materiais como ideais: o sólido elástico e o líquido
viscoso. No sólido elástico a propriedade de maior interesse é a elasticidade, ou seja, um
material com forma definida, quando deformado por uma força externa, sob determinadas
condições, retornará à sua forma e dimensões originais, após a remoção dessa força. Já, no
líquido viscoso a propriedade de maior interesse é a viscosidade, que tem como característica
não possuir forma definida, escoando irreversivelmente com a aplicação de uma força externa
(BRETAS; D’ÁVILA, 2005, p.69).
3.3.1 Reologia de fluidos
Isaac Newton foi o primeiro cientista a expressar a lei básica da
viscosimetria, descrevendo o comportamento de fluxo de um líquido ideal, equação [1], onde
τ é a tensão de cisalhamento, η é a viscosidade dinâmica ou aparente e é a taxa de
cisalhamento ou deformação.
τ = η . [1]
A deformação dos fluidos pode ser estudada como a realização de uma força
contínua a uma taxa constante. Essa condição pode ser idealizada com a utilização de duas
placas paralelas com o fluido colocado no espaço entre elas, como mostra a figura 4. A placa
inferior é fixa e a superior se move a uma velocidade constante.
Tensão de cisalhamento (τ) relaciona a força F aplicada sobre a área A,
sendo que a interface entre a camada superior e inferior do líquido, leva a um fluxo na camada
líquida. A velocidade de fluxo que pode ser mantida por uma dada força é controlada pela
resistência interna do líquido, ou seja, pela sua viscosidade (NAVARRO, 1997, p.74).
33
Figura 4 – Fluxo entre duas placas paralelas (SCHRAMM, 2006, p.29)
A tensão de cisalhamento faz com que o líquido flua num determinado
padrão. A velocidade máxima é observada nas camadas superiores do líquido (Figura 4). A
velocidade diminui das camadas superiores para as inferiores, apresentando uma velocidade
mínima na camada mais inferior que está em contato com a superfície estacionária. Esse
gradiente de velocidade é definido como taxa de cisalhamento ( ). A é um fator decisivo
que influencia na viscosidade de muitos líquidos. O aumento da taxa de cisalhamento pode
diminuir ou aumentar a viscosidade (NAVARRO, 1997, p.78).
A tensão de cisalhamento em sólidos causa deformação, mas em líquidos
ela causa uma taxa de deformação (quadrados superior e inferior da Figura 5). Isso significa,
simplesmente, que os sólidos são elasticamente deformados, enquanto os líquidos fluem.
Com o aumento da taxa de cisalhamento (Figura 5), partículas rígidas se
orientam em direção ao fluxo. Nas moléculas poliméricas, os entrelaçamentos entre elas
podem ser desfeitos e as moléculas se orientam em direção ao fluxo. Partículas esféricas
podem ser deformadas para uma forma mais alongada e com o cisalhamento, os agregados
podem ser quebrados (BRETAS; D’ÁVILA, 2005, p.36).
34
Figura 5 - Representação esquemática de líquido em repouso (superior) e após a aplicação de uma taxa
de cisalhamento (inferior) (SCHRAMM, 2006, p.30).
A viscosidade é a propriedade reológica definida como a medida da fricção
interna de um fluido, ou seja, sua resistência a fluir. Ela se torna aparente quando uma camada
de fluido move-se em relação à outra camada. Assim, à medida que aumenta a viscosidade do
fluido, aumentam as forças de atrito e é necessário mais energia para que haja escoamento.
Com isso, fluidos altamente viscosos requerem maior força para se mover do que materiais
menos viscosos (BRETAS; D’ÁVILA, 2005, p.55).
A viscosidade pode ser medida pela fórmula matemática apresentada na
equação [2] , onde η é a viscosidade dinâmica ou aparente, τ é a tensão de cisalhamento e é
a taxa de cisalhamento ou deformação.
η = τ / [ 2 ]
Entre os parâmetros que interferem na viscosidade dos polímeros, podemos
citar o tipo de estrutura molecular, a temperatura e a concentração da solução polimérica
analisada. A temperatura pode ocasionar uma diminuição da viscosidade, e soluções
poliméricas concentradas tendem a ter valores maiores de η (PINTO; MOREIRA;
VENDRUSCOLO, 2002; SILVA; GUIMARÃES; GASPARETTO, 2005; TORALLES;
VENDRUSCOLO; VENDRUSCOLO, 2006).
35
3.3.1.1 Líquidos Newtonianos
Newton assumiu que o gráfico equivalente à equação [1] para um líquido
ideal seria uma linha reta, com início na origem da curva de fluxo (τ x ), e que esta reta
subiria com uma inclinação de ângulo α (Figura 6). Qualquer ponto desta reta define pares de
valores para τ e . Dividindo um pelo outro se obtém o valor de η (equação [2]).
Como a curva de fluxo para um líquido ideal é uma reta, a razão de todos os
pares de valores de τ e pertencentes a essa reta é constante (Figura 6). Isso significa que a
viscosidade (η) não é afetada por mudanças na taxa de cisalhamento. Todos os quidos para
os quais essa afirmativa é verdadeira são chamados de líquidos Newtonianos, é o caso de
líquidos puros, soluções verdadeiras diluídas e poucos sistemas coloidais. Ex: água, óleo
mineral, melaço, etc.
3.3.1.2 Líquidos não-Newtonianos
Todos os outros líquidos que não exibem esse comportamento de fluxo
‘‘ideal’’ são chamados de não-Newtonianos (Figura 6). Os líquidos não-Newtonianos são, em
número, bem maiores que os Newtonianos.
Fluidos não-Newtonianos são definidos como aqueles onde a relação τ/
não é uma constante, ou seja, quando a taxa de cisalhamento varia, a tensão de cisalhamento
não varia na mesma proporção (ou necessariamente na mesma direção) (MANO; MENDES,
1999). Assim, a viscosidade destes fluidos mudará conforme a variação da taxa de
cisalhamento (Figura 6). Os fluidos não-Newtonianos são classificados como viscoelásticos
ou inelásticos.
36
Figura 6 –
Vários tipos de comportamento de fluxo (SCHRAMM, 2006).
Os fluidos não-newtonianos viscoelásticos apresentam, simultaneamente,
propriedades de fluidos (viscosas) e de sólidos (elásticas) (BARNES; HUTTON; WALTERS,
1989). Já os fluidos não-Newtonianos inelásticos são classificados em independente de tempo
e dependente de tempo, conforme figura 7. Os fluidos independentes do tempo, sob condições
de temperatura e composição constantes, apresentam viscosidade aparente dependente
somente da taxa de deformação ou da tensão de cisalhamento. Nos fluidos com
comportamento dependente do tempo a viscosidade aparente também depende da duração
dessa taxa de deformação.
Dentre os fluidos não-Newtonianos independentes do tempo, temos os
pseudoplásticos, os dilatantes e os plásticos. Para os pseudoplásticos, a viscosidade diminui
com o aumento da taxa de cisalhamento (SHAW, 1975), temos como exemplos as tintas,
emulsões e dispersões de muitos tipos. Nos dilatantes a viscosidade aumenta com o aumento
da taxa de cisalhamento, exemplos caramelos e amidos de milho em água. Os fluidos
plásticos comportam-se como sólidos sob condições estáticas, apresentando forças internas
que o impedem de fluir até certa tensão de cisalhamento, quando então, começam a fluir.
Exemplos desse tipo de fluidos incluem chocolate, catchup e maionese (FARIA-TISCHER,
2006, p.43).
Os fluidos não-Newtonianos dependentes do tempo são aqueles em que
ocorrem mudanças de viscosidade com o tempo, com a taxa de cisalhamento e com a
37
temperatura. Podem ser divididos em tixotrópicos e reopécticos. Nos fluidos tixotrópicos, a
viscosidade diminui com o tempo para uma taxa de cisalhamento constante (COSTA, 2006,
p.10) já para os reopécticos ocorre o contrário, ou seja, a viscosidade do fluido aumenta com o
tempo para uma taxa de cisalhamento constante.
Os polissacarídeos microbianos apresentam comportamento pseudoplástico
e viscoelástico característicos (COVIELO et al., 2007; TONELI; MURR; PARK, 2005;
SUTHERLAND, 2001). Algumas características dos EPS são esperadas para sua aplicação na
indústria, tais como: formar soluções viscosas em baixas concentrações, possuir alta
solubilidade, apresentar viscosidade e estabilidade em ampla faixa de pH e temperatura e na
presença de sais.
Figura 7 - Classificação do comportamento reológico de fluidos (TONELI; MURR; PARK, 2005,
p.184).
38
3.3.1.3 Comportamento viscoelástico
As curvas de fluxo em regime estacionário são utilizadas para caracterizar o
comportamento reológico de fluidos. A viscosidade é a propriedade de todos os fluidos,
independentemente se eles exibem ou não comportamento elástico; no entanto, muitos
fenômenos não podem ser descritos simplesmente em função da viscosidade e o seu
comportamento elástico deve ser levado em consideração. A figura 8 apresenta o
comportamento dos fluidos viscosos e fluidos viscoelásticos (viscoso e elástico) quando
submetidos ao cisalhamento. Durante a agitação ou mistura, os fluidos viscoelásticos podem
subir no rotor impulsor num fenômeno conhecido como efeito Weissenberg (BRETAS;
D’ÁVILA, 2005, p.70).
Figura 8 –
Comportamento viscoso e viscoelástico (SCHRAMM, 2006, p.41).
O comportamento viscoelástico de uma solução polimérica pode ser
conhecido a partir de estudos reológicos com análises dinâmicas ou oscilatórias e o grau de
caráter sólido e líquido pode ser quantificado. O módulo de cisalhamento elástico (G’), diz
respeito ao caráter sólido do material, enquanto o módulo de cisalhamento viscoso (G”)
refere-se ao caráter líquido.
A energia usada na deformação de um sólido elástico é recuperada quando a
amostra retorna ao seu estado original, enquanto que para um líquido ideal não há tal
recuperação, e a energia é perdida. Assim, os módulos G’ e G” são também denominados
módulos de estocagem e de perda, respectivamente (SCHRAMM, 2006, p.143). Para um
material perfeitamente elástico toda a energia é armazenada; a tensão e a deformação
encontram-se em fase e G” é igual a zero. Para um líquido que não possui nenhuma
propriedade elástica toda a energia é dissipada como calor, G’ é igual a zero, e a tensão e a
deformação estão fora de fase (IAGHER, 2000; DOUBLIER et al., 1993; SHAW, 1975).
39
Os módulos de cisalhamento elástico (G’) e viscoso (G”) são dados pelas
seguintes equações:
G’= (τ
0
/ γ
0
) . cos δ [ 3 ]
G”= (τ
0
/ γ
0
) . cos δ [ 4 ]
G”/ G’ = tg δ [ 5 ]
onde:
G’ = módulo de cisalhamento dinâmico elástico
G” = módulo de cisalhamento dinâmico viscoso
τ
0
= amplitude de tensão
γ
0
= amplitude de deformação
δ = ângulo de fase
A resposta de uma amostra à tensão de deformação oscilatória pode ser
caracterizada pelo módulo de cisalhamento dinâmico complexo G*, que é dado pela seguinte
equação:
G* = (G’
2
+ G”
2
)
1/2
[ 6 ]
onde:
G* = módulo de cisalhamento dinâmico complexo
G’ = módulo de cisalhamento dinâmico elástico
G”= módulo de cisalhamento dinâmico viscoso
O modulo dinâmico complexo G* pode definir uma viscosidade complexa
(η*), que descreve a resistência total para uma medida dinâmica, e é expressa pela equação:
η* = G*/ f
[ 7 ]
onde:
η* = viscosidade dinâmica complexa
G* = módulo de cisalhamento dinâmico complexo
f = freqüência
40
A análise dinâmica de um material, através dos módulos de cisalhamento
dinâmico G’ e G” e da viscosidade dinâmica complexa, permite caracterizá-lo como sendo
mais viscoso ou mais elástico, conforme mostra figura 9 (MORRIS, 1995, p.518).
Quando a amostra polissacarídica apresenta o módulo de cisalhamento
elástico (G’) muito maior do que o dulo de cisalhamento viscoso (G”) (Figura 9-a), ambos
independentes da freqüência na região de viscoelasticidade, tem-se um material de caráter
predominantemente sólido (ZHANG et al., 2008, p.3), tratando-se, portanto, de um gel forte.
Para as soluções poliméricas concentradas ou géis fracos o espectro revela,
principalmente em baixas freqüências, valores significativamente maiores de G”, em relação a
G’(Figura 9-b). Em freqüências mais altas, entretanto, o comportamento aproxima-se daquele
gel mostrado na figura 9-a, onde a resposta elástica (G’) predomina sobre o fluxo viscoso
(G”) e a η* declina (TORRES; BEPPU; SANTANA, 2006, p.104).
Figura 9 - Representação gráfica genérica de sistemas polissacarídicos submetidos a medidas
reológicas dinâmicas. a) gel forte, b) solução concentrada ou gel fraco, e c) solução
diluída (TABILO-MUNIZAGA; BARBOSA-CÁNOVAS, 2005, p.150).
41
Em amostras com comportamento típico de soluções diluídas (Figura 9-a), a
viscosidade dinâmica (η*) mostra pequena variação com a freqüência (demonstrando um
comportamento essencialmente Newtoniano através da faixa de freqüência alcançada) e o
modulo de perda G” é substancialmente maior do que o módulo de estocagem G’. Em baixas
freqüências G” é maior que G’, enquanto que em freqüências mais altas G’ aproxima-se de
G”(STEFFE, 1996).
As variações de G’, G” e η* dão importantes informações para a
caracterização da escala de tempo das interações moleculares em sistemas poliméricos, e estas
medidas reológicas podem ser aplicadas para ambos os sistemas sólidos ou líquidos,
monitorando processos tais como a formação de géis físicos constituídos por polissacarídeos.
42
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Materiais
4.1.1 Microrganismo
Foi utilizado o fungo ascomiceto Botryosphaeria rhodina isolado de câncro
de eucalipto por Barbosa, Dekker e Hardy (1996).
4.1.2 Reagentes
Os principais reagentes químicos utilizados para o preparo dos meios de
cultivo, das soluções e os experimentos foram de grau analítico, obtidos da Merck, Fluka ou
Sigma.
4.1.3 Equipamentos
Balanças Analíticas Mettler Toledo AB204, Micronal e em balanças semi-
analítica Gehaka BG-440; Gehaka BG-2000.
Autoclave vertical Fabbre, modelo 103.
Câmara de fluxo laminar Veco, modelo VLFS-09.
Estufa incubadora Nova Ética 411D e incubadora orbital Cientec CT-712.
Centrífuga refrigerada Boeco U-32R
Evaporador Rotativo Buchi, modelo R-114, e banho-maria Buchi, modelo
B-480.
Centrífuga Damon, modelo HT e microcentrífuga Beckman.
Espectrofotômetro Shimadzu modelo UV-1601.
Bloco de aquecimento Digi Block, Laboratory Devices INC.
43
Cromatógrafo Líquido de Troca Iônica (HPAEC) com detector
Eletroquímico Modelo ED 40, Bomba Gradiente Modelo GP 40 e Integrador modelo 4600; da
Dionex.
Gel de sepharose CL-4B, com auxílio de bomba peristáltica Pump P-1,
Amersham Pharmacia Biotech.
Coletor Frac-100, Amersham Pharmacia Biotech.
Liofilizador modelo E.C, da Edwards.
Agitador da Fisatom.
Destilador marca Quimis.
Deionizador Water Pro PS, Labconco.
Reômetro HAAKE RS75 Rheostress acoplado a um banho termostatizado
HAAKE K15 e termocirculador de água DC5B3
4.2 Métodos Gerais
4.2.1 Manutenção do Microrganismo
O ascomiceto Botryosphaeria rhodina foi mantido em BDA (batata-
dextrose-ágar) inclinado, a 4°C, feito repiques trimestrais.
4.2.2 Produção do botriosferana
A produção do botriosferana em glucose “EPS
GLU
”, sacarose “EPS
SAC
e
frutose “EPS
FRU
”, como fontes de carbono, foi realizada no Departamento de Bioquímica e
Biotecnologia da Universidade Estadual de Londrina com a colaboração da professora Dra.
Aneli de Melo Barbosa. Nessa etapa da pesquisa, objetivou-se somente a produção dos EPS
segundo metodologia otimizada por Barbosa e colaboradores (2003) e STELUTI e
colaboradores (2004), para ser alvo de futuras análises propostas nos objetivos dessa
dissertação.
44
4.2.3 Cultivo estoque do Botryosphaeria rhodina MAMB-05
O fungo foi mantido em meio sólido de ágar-batata dextrose (BDA) a 4 ±
2
o
C com repiques trimestrais, como mostra a figura 10-A.
4.2.4 Cultivo do Botryosphaeria rhodina MAMB-05
4.2.4.1 Pré-inóculo
Uma porção pequena das hifas do cultivo estoque de Botryosphaeria
rhodina MAMB-05 foi transferida para placas de Petri contendo meio mínimo de Vogel,
glucose 10g/L e ágar 20 g/L (VGA). As placas foram incubadas por 5 dias à temperatura de
28 ± 2 ºC, conforme figura 10-B. Pequenas porções de hifas foram transferidas para frascos
de Erlenmeyer (125 mL) modificados, com quatro inserções na parede, contendo meio
mínimo de Vogel e glucose 5g/L. O pré-inóculo foi mantido sob agitação constante de 180
rpm durante 48 horas à temperatura de 28 ± 2ºC.
4.2.4.2 Inóculo
O meio líquido contendo as células foi transferido para um blender
autoclavado, onde o micélio foi homogeneizado por 30 segundos a velocidade máxima. O
homogeinato foi transferido para tubos de centrífuga de fundo cônico, estéreis, e centrifugado
durante 10 minutos a 5500 x g. O precipitado foi ressuspenso em solução salina fisiológica
estéril de NaCl 0,9 % (p/v). A suspensão de células homogeneizadas foi diluída em salina
estéril até se obter densidade óptica entre 0,4 e 0,5 a 400nm, o que corresponde a
aproximadamente 200 a 260 µg de micélio/mL (BARBOSA et al., 2003, p.1695).
4.2.4.3 Preparo dos meios e cultivo
45
Os cultivos líquidos foram desenvolvidos em frascos de Erlenmeyer de
2000 mL contendo 400mL de meio de Vogel (1956) e 50 g/L de glucose ou sacarose ou
frutose (individualmente), guardando a proporção ar/meio de 5:1. Para cada 100 mL de meio
de cultivo foram utilizados 4 mL de inóculo, com densidade óptica padronizada. Os cultivos
foram mantidos sob agitação constante a 180 rpm, por 72 horas, à temperatura de 28 ± 2 ºC.
4.2.4.4 Interrupção do cultivo
Cada cultivo foi interrompido através de centrifugação por 25 minutos a
5500 x g, (Figura 10-C). O sobrenadante foi coletado sob banho de gelo para obtenção dos
exopolissacarídeos (botriosferana) e o micélio foi reservado (Figura 10-D).
4.2.4.5 Isolamento dos exopolissacarídeos
O sobrenadante de cada cultivo (glucose, sacarose e frutose), conforme
figura 10-E, contendo os exopolissacarídeos, foi precipitado em etanol (3 volumes), deixado
durante 12 horas à temperatura de 4
o
C (Figura 10-F), separado por centrifugação,
solubilizado em água e dialisado contra água deionizada por 48 h à temperatura de 4 ºC. Em
seguida os EPS foram congelados (Figura 10-G) e liofilizados (Figura 10-H). Os liofilizados
foram utilizados para estudos propostos neste trabalho.
Uma amostra de goma xantana, doada pela empresa “CPKelco”, foi
utilizada como comparação em algumas análises efetuadas neste trabalho.
46
Figura 10 Esquema de produção do botriosferana A) Cultivo estoque do B. rhodina; B) Pré-inóculo
em meio (VGA), depois de 5 dias a 28 ± 2 ºC; C) Interrupção do cultivo para posterior
centrifugação do material “EPS e micélio”; D) Micélio separado após centrifugação do EPS;
E) Sobrenadante após centrifugação, seguindo para precipitação em etanol; F) EPS
precipitado em etanol; G) EPS solubilizado em água e resfriado; H) EPS liofilizado.
47
4.2.3 Análises quantitativas nos EPS
GLU
, EPS
SAC
, EPS
FRU
e padrão xantana EPS
XAN
4.2.3.1 Determinação de açúcares totais - método do fenol - ácido sulfúrico
O método de fenol-ácido sulfúrico (DUBOIS; GILLES; HAMILTON, 1956)
foi utilizado para determinar a concentração de carboidrato total nos respectivos EPS (
GLU, SAC,
FRU, XAN
). O método consiste na formação do derivado furfural, na presença de H
2
SO
4
concentrado, que reage com o fenol formando um complexo de cor amarela. Foi seguido o
protocolo original do método, conforme descrito:
Reagentes: Solução de fenol 5% (m/v), H
2
SO
4
concentrado.
Procedimento: Foi adicionado 0,5 mL da solução de fenol em 0,5 mL da
amostra e, em um único jato, foram adicionados 2,5 mL de H
2
SO
4
concentrado. Após 10
minutos em repouso, foi feita a leitura espectrofotométrica a 480 nm.
Para calcular a concentração de carboidratos, foi realizada uma curva padrão
de glucose (0,1 %), com faixa de sensibilidade de 10 a 100 µg.
4.2.3.2 Determinação dos açúcares redutores - método de Somogyi – Nelson
A presença de açúcar redutor nas amostras foi determinada pelo método de
Somogyi (1945) e Nelson (1944). Neste método, os açúcares redutores reduzem o reativo
cupro-alcalino de Somogyi formando óxido cuproso, que na presença do reativo arseno-
molíbdico de Nelson forma um complexo de óxido de molibdênio de cor azul estável.
Reagentes: reativo arseno-molíbdico de Nelson (NELSON, 1944) e reativo
de Somogyi (SOMOGYI, 1945).
Procedimento: Em 0,5 mL da amostra contendo de 10 a 80 µg de açúcares
redutores foi acrescentado 0,5 mL do reativo de Somogyi. Os tubos foram cobertos com
pérolas de vidro, para evitar a evaporação do reativo, e levados a aquecimento em banho
fervente por 10 minutos. Após, foi resfriado e adicionado 0,5 mL do reagente de Nelson e
acrescentado 3,5 mL de água destilada. Os tubos foram agitados e lidos em espectrofotômetro
em 540 nm.
48
Para calcular a concentração de açúcares redutores nas amostras foi utilizada
uma curva padrão de glucose a 0,1%. A curva de calibração foi desenvolvida na faixa de
concentração de 10 a 100 µg, de acordo com a estimativa do teor de carboidratos da amostra.
4.2.3.3. Determinação de proteínas - método de Bradford
A determinação da concentração de proteínas nas amostras foi realizada
pelo método de Bradford (1976) que se baseia na ligação do corante (Coomassie Blue G-250)
com a proteína, formando um complexo de cor azul. O corante reage preferencialmente com
resíduos de arginina e, em menor extensão, com resíduos de histidina, lisina, tirosina,
triptofano e fenilalanina.
Solução estoque de corante: 40 mg de Coomassie Blue G-250 foram
dissolvidos em 20 mL de etanol absoluto. Foram adicionados 40 mL de ácido fosfórico 85% e
água destilada para completar 100 mL de solução.
Solução de uso: foi feita uma diluição (1:4, v/v) da solução estoque de
corante em água destilada e, em seguida, filtrada em papel de filtro.
Procedimento: foi adicionado 1 mL da solução com o corante em 100 µL da
amostra e em seguida foi feita a leitura em espectrofotômetro a 595 nm.
A concentração de proteína foi calculada através de uma curva de calibração
com albumina bovina (BSA), na faixa de concentração de 10 a 50 µg.
4.2.4. Cromatografia de filtração em gel em coluna Sepharose CL-4B
O gel Sepharose CL-4B é formado por agarose, numa concentração
aproximada de 4%, estabilizado por pontes de hidrogênio. Possui faixa de fracionamento de
6x10
4
– 2x10
7
para proteínas e 10
4
– 1x10
7
para polissacarídeos.
Condição da coluna: A coluna de vidro (1,5x30 cm), preenchida com gel
apresentou volume de 47 mL. Água destilada foi utilizada como eluente, sendo o fluxo de 0,5
mL/min e o volume coletado, por fração, de 1,5 mL.
49
Procedimento: 500 µg do material solubilizados em 1 mL de água destilada
foram aplicados à coluna. O volume morto da coluna foi determinado pela aplicação do Blue
dextran.
Para evitar contaminações entre os diferentes EPS analisados, foram
utilizadas colunas exclusivas para cada amostra, procurando reproduzir as mesmas condições.
O experimento ocorreu em ambiente climatizado (25±2°C) e as frações
coletadas foram transferidas à temperatura de 4°C. Logo após foi determinado a quantidade
de açúcar total de cada fração das amostras, assim montou-se o gráfico da corrida
cromatográfica onde identificou o perfil da amostra.
4.2.5 Hidrólise Ácida Total
Preparo da Amostra: Alíquotas das amostras, contendo 50µg de açúcares
totais, foram distribuídas em tubos próprios para hidrólise, congeladas e liofilizadas.
Hidrólise: A hidrólise ácida total foi efetuada pela adição de 300 µl de ácido
trifluoracético (TFA) 5M à amostra seca, a seguir cada amostra foi solubilizados e o tubo foi
selado e aquecido a 100°C por 16 horas (CORRADI da SILVA et al., 2005, p.12). O ácido foi
removido por evaporação em evaporador rotativo (BUTCHI – R 114), com consecutivas
trocas de H
2
O deionizada até a evaporação total do ácido, e então solubilizadas em 500µl de
H
2
O deionizada, sendo posteriormente analisadas por cromatografia líquida de alta pressão e
coluna de troca iônica (HPAEC).
4.2.6 Análise da composição de monossacarídeos por cromatografia líquida de alta pressão e
coluna de troca iônica (HPAEC)
Para análise de monossacarídeos foi utilizado um sistema Dionex DX500
(cromatografia líquida de íons) e um detector de amperometria integrada (IAD). Os
cromatogramas foram registrados em um integrador modelo 4600. Os açúcares neutros na
forma de íons poliálcoxis, gerados na presença de solução aquosa de NaOH, foram separados
isocraticamente, usando uma coluna analítica CarboPac PA1 (4x250 mm) equipada com
guarda coluna PA1, ao fluxo de 1 mL/min. As condições de eluição foram produzidas
50
utilizando H
2
O deionizada (eluente 1) e NaOH 200 mM (eluente 2) preparada a partir de uma
solução de NaOH 50%.
A coluna foi regenerada após 25 min de corrida com 100% do eluente 2, por
10 min, seguida pelo retorno às condições da corrida, por 15 minutos (para equilibrar a
coluna), antes da injeção da amostra.
Procedimento: 25 µL de solução contendo 1 µg do material foi injetado no
cromatógrafo, marca Dionex.
Padrões: Foi utilizado como padrão uma mistura de açúcares neutros
contendo 200 ng/25 µL de cada um dos seguintes monossacarídeos: L-fucose, L-ramnose, D-
galactose, D-glucose e D-manose totalizando 1µg/25µL de açúcares totais.
4.2.4 Análise da estrutura dos EPS
A verificação da conformação em tripla hélice nos EPS pode ser realizada
através da complexação com o corante Congo Red, conforme descrito por Ogawa e
colaboradores (1972).
Padrão utilizado: dextrana (65 a 74 kDa)
Procedimento: Preparou-se uma solução denominada CR/EPS misturando-
se a solução de Congo Red e a solução de EPS na proporção de 1:10. Dez alíquotas de 1mL
foram separadas e adicionou-se à solução CR/EPS, NaOH 5M e H
2
O deionizada a fim de
variar a concentração de NaOH de 0 a 0,4M em um volume final de 1,1 mL por tubo, como
observado na tabela 2. A solução final resultante permaneceu em repouso por 3 horas: após
esse tempo fez-se a varredura do espectro no intervalo de 470 a 540 nm.
51
Tabela 2 - Ensaio analítico para a formação do complexo CR/EPS.
4.2.5 Análises reológicas
As análises reológicas foram efetuadas em colaboração com a Profa. Dra.
Joana Léa Meira Silveira do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da
Universidade Federal do Paraná.
4.2.5.1 Métodos reológicos
Os testes foram conduzidos à temperatura de 25°C para as análises em
sistema estático e 5°C e 25°C para as análises em sistema dinâmico; o sensor utilizado foi o
cone-placa (C60/2Ti°) (Figura 11-A).
Antecedendo as análises reológicas, foi efetuada a determinação da inércia
do aparelho com o sensor em posição de análise, a fim de descontar os valores das forças
centrífuga e centrípeta, geradas durante os experimentos. Este procedimento se repetiu a cada
troca de amostra. Os testes foram executados em triplicata e durante as análises a temperatura
ambiente foi mantida a 22± 1°C.
TUBO EPS/Congo
Red
[NaOH]
M
V(µL) de
NaOH
5M
Água (µL)/
ensaio
1 1 mL 0 0 0
2 1 mL 0,05 10 90
3 1 mL 0,10 20 80
4 1 mL 0,15 30 70
5 1 mL 0,19 38 62
6 1 mL 0,21 42 58
7 1 mL 0,23 46 54
8 1 mL 0,25 50 50
9 1 mL 0,30 60 40
10 1 mL 0,40 80 20
52
4.2.5.2 Preparo das soluções de β glucanas
Para os experimentos de reologia, os biopolímeros (EPS
GLU
, EPS
SAC
e
EPS
FRU
) foram solubilizados (6g/L) em água deionizada aquecida (60°C) e mantidos nessa
temperatura por um período de 15 minutos. Em seguida as amostras foram levadas à
temperatura de 22°C, sob agitação mecânica constante, em velocidade média, por 18 horas.
Durante esse período foram realizados mais dois ciclos de aquecimentos a 60°C, por 15
minutos. Após solubilização completa dos EPS (Figura 11-B), foram realizadas diluições
para iniciar os experimentos.
Figura 11 – (A) Reômetro HAAKE RS75 Rheostress; (B) Ilustração dos EPS solubilizados;
(C) Amostra sobre a placa estacionária do reômetro (D) Exopolissacarídeos após
varredura, a 5°C.
53
4.2.5.3 Determinação das viscosidades absolutas
O sensor cone-placa (C60/2Ti°) foi utilizado para analisar as soluções
poliméricas em concentrações de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 g/L. Este instrumento consiste de uma placa
plana inferior estacionária e um cone rotatório superior com diâmetro de 60nm e ângulo de
(α), como mostra a figura 12. O fluido permanece entre a placa e o cone sem espalhar-se,
devido à tensão superficial, preenchendo inteiramente o espaço entre eles, de modo que as
medições não sejam alteradas.
O cone atua em velocidades de cisalhamento ( ) controladas, e o arraste
viscoso sob o cone rotativo exerce uma força de rotação que é proporcional à tensão de
cisalhamento (τ).
Figura 12 – Ilustração do sensor cone-placa utilizado no reômetro.
4.2.5.4 Curvas de fluxo
As curvas de fluxo (tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento) e de
viscosidade (viscosidade x taxa de cisalhamento) foram realizadas em modo CR (Controlled
Rate Rheometers) a 22 ± 1 ºC, com variação da taxa de cisalhamento ( ) entre 0,001 s
-1
até
500,0 s
-1
, no intervalo de tempo de 600 s, dessa forma foram medidas as mudanças na tensão
de cisalhamento ( ) e na viscosidade ( ) durante o fluxo. As análises foram realizadas em
triplicata onde os dados foram coletados e tratados pelo software RHEOWIN.
54
4.2.5.5 Análise oscilatória em sistema dinâmico - Varredura de tensão e Varredura de
Freqüência
Esta análise foi realizada com a solução polissacarídica na concentração de
6g/L, sensor do tipo cone-placa (C60/2Ti°) em modo CS (Controlled Stress Rheometers),
com variação da amplitude da tensão de 0,01 Pa até 10,0 Pa.
Devido à faixa de viscoelasticidade linear ser dependente da freqüência,
inicialmente o teste foi realizado três vezes com a freqüência fixada em 0,1 Hz, 1 Hz e 10 Hz
a fim de se determinar a região viscoelástica linear das amostras, isto é, a região em que os
módulos elástico (G’) e viscoso (G”) permanecem lineares e paralelos, sem variação com o
aumento da deformação ( ). Esta condição foi estabelecida para que não ocorram desvios dos
modelos que descrevem o comportamento dos materiais, e para que a deformação causada
não destrua as ligações internas temporárias de moléculas ou agregados, gerando perda de
viscosidade e perda irreversível de parte da energia em forma de calor (MALKIN, 1994;
SCHRAMM, 2006).
Após determinar a deformação dentro da região viscoelástica linear das
amostras, foram realizadas as análises oscilatórias dinâmicas, por varredura de freqüência,
numa amplitude de 10
2
a 10 Hz. Foram medidos os valores dos módulos elástico (G’) e
viscoso (G”) em função da freqüência. Todas as análises foram efetuadas em triplicatas, nas
temperaturas de 5°C e 25°C.
4.2.5.6 Rampa de temperatura
Para conhecer a influência da temperatura sobre o comportamento
reológico das amostras, foram realizadas medidas no sistema oscilatório, com variações de
temperatura entre 5 a 95°C (1,5 °C / min) por 60’e de 95°C para C, também por 60
minutos, na freqüência de 1 Hz e tensão de 1,0 Pa. Para essa análise utilizou-se o reômetro
citado no item (4.4.1), acoplado a um sistema controlador de temperatura, denominado
sistema Peltier (TC81). Todas as análises foram realizadas em triplicatas na concentração de
6 g/L, para cada EPS.
55
4.2.5.7 Tixotropia
A determinação da tixotropia foi efetuada em sensor cone-placa (C60/2Ti°)
na concentração de 6 g/L, para cada EPS. Foi realizada a curva de histerese (τ x ) com
variação da taxa de cisalhamento de 10
-1
a 10
2
s
-1
, no intervalo de tempo de 300 s, então a
taxa de cisalhamento foi mantida no limite superior durante 60s para quebra da estrutura
tixotrópica, seguido da variação da taxa de cisalhamento ( ) de 10
2
s
-1
a 10
-1
, em 300 s.
onde
se verificou a subida (ascendente) e a descida (descendente) da curva. As análises foram
realizadas em triplicata à temperatura de 25°C.
56
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Produção e quantificação dos exopolissacarídeos produzidos pelo Botryosphaeria
rhodina em três diferentes fontes de carbono.
A produção de polissacarídeos por microrganismos pode ser influenciada
por alguns parâmetros tais como: temperatura, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, aeração,
agitação e a presença de micro elementos. Esses parâmetros podem determinar diferenças no
rendimento da produção dos exopolissacarídeos (EPS) bem como nas características químicas
e reológicas dessas moléculas (BARBOSA et al., 2004).
No trabalho efetuado por Steluti e colaboradores (2004) o fungo ascomiceto
Botryosphaeria rhodina MAMB-05 foi cultivado para produção de um exopolissacarídeo
denominado botriosferana, em diferentes fontes de carbono. Dentre as fontes utilizadas
aqueles produzidos em glucose, frutose e sacarose, foram selecionados para a determinação
de suas estruturas químicas. A melhor produção de botriosferana foi utilizando a sacarose
comercial como fonte de carbono.
Corradi da Silva e colaboradores (2005) caracterizaram o botriosferana
produzido em sacarose e frutose como fonte de carbono e o compararam àquele anteriormente
estudado por Barbosa e colaboradores (2003). De acordo com esses autores,
independentemente da fonte de carbono utilizada, a cadeia principal do botriosferana é
constituída por unidades glucopiranosídicos β(13) ligados com substituição em C-6 por
unidades glucopiranosídicas e/ou gentiobiosídicas (glucose β16 glucose). A principal
diferença encontrada entre os três EPS está no grau de ramificação e/ou na proporção relativa
desses substituintes. O EPS produzido em glucose apresentou um percentual de ramificação
de 22%, o qual foi semelhante àquele produzido em sacarose (21%). A diferença básica
observada entre eles foi uma maior proporção de unidades gentiobiosídicas no EPS
GLU
. O
EPS produzido em frutose foi o mais ramificado (31%), apresentando uma ramificação a cada
três unidades de glucose da cadeia principal e uma proporção de unidades de gentiobiose
semelhante àquela encontrada no EPS
GLU
. Esses resultados demonstram que modificações no
meio de cultivo não alteram a cadeia principal do polímero, mas possibilitam mudar o grau de
substituição da unidade repetitiva e provavelmente, da massa molecular.
Considerando os resultados da caracterização química do botriosferana
nessas três fontes de carbono e a possibilidade de aplicação dessas moléculas nos diferentes
57
setores da indústria, esse trabalho tem como meta efetuar alguns estudos físico-químicos das
soluções polissacarídicas dos EPS produzidos em glucose, frutose e sacarose, como fontes de
carbono, denominados de EPS
GLU
, EPS
FRU
e EPS
SAC
.
As macromoléculas foram produzidas e separadas do meio de cultivo de
acordo com a metodologia estabelecida por Steluti e colaboradores (2004). Após diálise
exaustiva os EPS foram liofilizados e pesados (Tabela 3). Para confirmar a massa real em
carboidratos, alíquotas foram retiradas e quantificadas para açúcares totais pelo método de
Dubois (1956). A ausência do açúcar utilizado com fonte de carbono foi confirmada pelo
baixo teor de açúcar redutor, obtido pelo método de Somogy (1945) e Nelson (1944). Apesar
dos resultados dessa análise não contribuírem para o EPS produzido em sacarose, pois é um
açúcar não redutor, ela também foi efetuada (Tabela 3). A quantificação de proteínas pelo
método de Bradford (1976) foi realizada para determinar a presença de um provável
contaminante do exopolissacarídeo, de origem protéica, excretado pelo fungo no meio de
cultivo.
Os resultados para açúcares totais e proteínas encontrados no EPS cultivado
em glucose (95,5% e 4,5%) foram, respectivamente, superior e inferior àqueles (86% e 14%)
descritos por Barbosa e colaboradores (2003). Isto se deve, provavelmente, a concentração de
glucose utilizada (5%) neste trabalho que pode ter atuado como repressor catabólico da
enzima lacase, secretada no meio de cultivo (DEKKER et al., 2001). Esta hipótese pode ser
aceita desde que a redução de proteína acompanha o aumento da concentração de fonte de
carbono.
Para os EPS produzidos em frutose e sacarose os resultados de açúcares
totais e proteínas (Tabela 3) foram similares àqueles descritos por Corradi da Silva e
colaboradores (2005) e, neste caso, as condições de cultivo foram exatamente iguais.
58
Tabela 03 Produção final dos EPS (liofilizados) e as quantificações de açúcares totais,
açúcares redutores e proteínas dos polissacarídeos produzidos pelo B. rhodina, em três fontes
de carbono.
Açúcar
Total
(g)
Açúcar
Redutor
(g)
Proteínas
(g)
Açúcar
Total (%)
Proteínas
(%)
EPS
GLU
2,71 0,052 0,127 95,50 4,50
EPS
SAC
2,03 0,010 0,174 92,80 7,20
EPS
FRU
3,40 0,013 0,116 96,60 3,40
*EPS
XAN
0,75 0,010 0,045 94,25 5,75
*EPS
XAN
valores das quantificações de açúcares totais, proteína e açúcares redutores em 1g do
padrão de goma xantana.
Fariña e colaboradores (2001) quantificaram açúcares totais, açúcares
redutores e proteínas da escleroglucana, uma β(13; 16)-D-glucana excretada pelo fungo
Sclerotium rolfsii. Os resultados encontrados para essas análises foram 98% de açúcares totais
e 2% de proteínas. Esses valores estão muito próximos aos encontrados nos
exopolissacarídeos produzidos pelo Botryosphaeria rhodina MAMB-05.
5.2 Verificação da homogeneidade dos exopolissacarídeos por cromatografia de
filtração em gel
A análise da homogeneidade dos EPS foi realizada por cromatografia de gel
permeação. Os métodos cromatográficos são os mais utilizados para esse fim e, em particular,
a cromatografia de filtração em gel, que separa as moléculas de acordo com a sua massa
molecular aparente. Este processo baseia-se na ordem de eluição que é diretamente
proporcional ao tamanho das moléculas (BOYER, 1993).
O perfil de eluição da amostra na corrida cromatográfica nos informa a
pureza do material bem como peso molecular aparente. Isto porque, dependendo da forma do
polissacarídeo, se em hélice tripla, hélice simples ou conformação ao acaso (randômica), ele
59
pode ou não entrar nos poros do gel e retardar ou acelerar o seu percurso na fase móvel, dando
a impressão que a molécula tem determinado peso molecular.
Figura 13 - Cromatografia de filtração em gel de Sepharose CL 4B dos exopolissacarídeos
produzidos em glucose, frutose e sacarose. Total de EPS aplicado: 2,0 mg; fluxo: 0,3
mL/min; eluente: H
2
O; volume da fração: 2,6 mL para EPS
GLU
e EPS
SAC
e 2,9 mL para
EPS
FRU
; volume da coluna: 30,0 mL.
60
Portanto, nos métodos cromatográficos à pressão normal, para os
polissacarídeos, podemos apenas inferir sobre o grau de pureza da amostra (homogeneidade)
pelo número de picos e sobre a polidispersividade do material, através da forma do pico.
De acordo com essa informação os resultados encontrados na cromatografia
de filtração em gel de Sepharose CL-4B mostram que os EPS produzidos nas três fontes de
carbono estão aparentemente homoneos, embora polidispersos (Figura 13). A
polidispersividade é uma característica das macromoléculas cujo processo de síntese não
obedece a um molde genético, como é o caso dos polissacarídeos. Além disso, a possibilidade
de grandes e diferentes arranjos macromoleculares transforma esses biopolímeros em famílias
de elevadas massas moleculares e consequentemente, polidispersas.
Uma forma mais apropriada e, relativamente, atual para determinar o grau
de homogeneidade e polidispersividade é a utilização da cromatografia por exclusão estérica
de alta pressão (HPSEC) acoplada a detectores de índice de refração e espalhamento de luz
laser de multi-ângulos (MALLS). A utilização de colunas seqüenciadas com géis de diferentes
porosidades, pressão elevada e detectores sensíveis permitem, pela mudança da fase móvel
(H
2
O; solução de NaCl; solução diluída de NaOH e dimetil sulfóxido - DMSO), se chegar ao
peso molecular absoluto bem como a soluções poliméricas de menor grau de
polidispersividade (WYATT, 1993).
Após a obtenção e a determinação da homogeneidade, dos
exopolissacarídeos a próxima etapa é determinar a composição monossacarídica da
macromolécula, que tanto pode ser efetuada por hidrólise enzimática quanto por hidrólise
ácida (PAZUR, 1994).
5.3 Hidrólise ácida total e análise por HPAEC/PAD dos exopolissacarídeos produzidos
pelo B. rhodina nas diferentes fontes de carbono
A estrutura primária de um EPS é definida pela composição
monossacarídica, conformação, posição da ligação glicosídica, entre outras características
(RAO et al., 1998).
A determinação da estrutura primária consiste na despolimerização total ou
parcial, por hidrólise ácida ou enzimática, e estes tratamentos produzem, respectivamente,
monossacarídeos ou oligossacarídeos que são posteriormente analisados por cromatografia
líquida de íons em alta presssão (HPAEC high performance anionic exchange
61
chromatography) acoplada a um detector de óxido-redução (amperometria integrada ou
pulsada – PAD).
Para a determinação da composição monossacarídica, os EPS produzidos
pelo Botryosphaeria rhodina MAMB-05 e o padrão de xantana foram submetidos à hidrólise
ácida total (TFA 5M, 100ºC, 16 h) e analisados por HPAEC. Os hidrolisados dos três EPS
eluíram como um único pico com tempo de retenção (R
T
) de 14,08 minutos semelhante à
glucose contida numa mistura de monossacarídeos, denominada mistura padrão (Figura 14).
A goma xantana, que será utilizada como padrão, após hidrólise em condições semelhantes
aos EPS, apresentou dois picos com tempos de retenção de 14,08 e 15,50 minutos
equivalentes aos R
T
dos padrões de glucose e manose, respectivamente (Figura 14). Segundo
Garcia-Ochoa e colaboradores (2000) a goma xantana é um heteropolímero constituído por
glucose, manose e ácido glucurônico. O ácido glucurônico, presente no polissacarídeo
xantana, não foi detectado na análise porque para ser liberado do polímero necessidade de
condições mais severas de hidrólise, experimento não efetuada neste trabalho (PAZUR,
1994).
O polissacarídeo xantana passará a ser utilizado como padrão para
comparação de seus resultados àqueles encontrados para os exopolissacarídeos produzidos
pelo B. rhodina, nas diferentes fontes de carbono. A escolha do heteropolímero se deve,
principalmente, às inúmeras informações disponíveis na literatura científica tanto em relação
à reologia quanto à sua aplicação (DIAZ; VENDRUSCOLO; VENDRUSCOLO; 2004;
HIGIRO; HERALD; ALAVI, 2006).
62
Figura 14 - Análise dos monossacarídeos provenientes da hidrólise ácida dos EPS
GLU
, EPS
SAC
, EPS
FRU
e EPS
XAN
por HPAEC/PAD. Padrões de açúcares neutros (Pd), com tempos de retenção
em minutos: fucose (6,13); arabinose (9,76) rhaminose (10,48); galactose (12,83); glucose
(14,08); manose (15,50). Condições da corrida: isocrática (NaOH 14mM, 25 minutos).
Coluna: CarboPac PA1. Condições de hidrólise: TFA 5M, 16 horas, 100 ºC. Quantidade
de material: 50 µg.
63
5.4 Análise da conformação dos exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina, em
diferentes fontes de carbono
Algumas características físico-químicas das glucanas β-
D
-(13) e β-
D
-
(13:16) estão relacionadas com a estrutura em hélice tripla, importantes para a atividade
biológica (ZHANG et al., 2007) e para a viscosidade (DONG; JIA; FANG, 2006). A
manutenção dessa estrutura se deve às ligações de hidrogênio existentes inter e intra
molecularmente (PALLESCHI et al., 2005, p.2154). A hélice tripla pode variar pelo aumento
da força iônica, da alcalinidade do meio e da temperatura ou através do uso de um solvente
aprótico como o DMSO. Essas alterações enfraquecem as ligações de hidrogênio e
determinam uma mudança na conformação de tripla hélice para hélice simples ou ao acaso
(randômica) (FALCH et al., 2000, p.588).
Segundo Ogawa e colaboradores (1972) a mudança da conformação pode
ser acompanhada pela formação de um complexo entre o corante Congo Red e o
polissacarídeo, em diferentes concentrações de NaOH. A relação entre o complexo (CR/EPS),
a conformação e o pH pode ser acompanhada pela mudança do comprimento de onda máximo
(λ
MAX
) em cada uma das concentrações de NaOH. Para concentrações entre 0,1 e 0,19M de
NaOH ocorre a perda gradual da rigidez da estrutura, reduzindo a viscosidade e facilitando a
complexação com o Congo Red. Em concentrações superiores, entre 0,19 a 0,24M inicia-se a
quebra das ligações de hidrogênio dando início a transição da conformação helicoidal para
randômica, perdendo assim a capacidade de formar complexos com o corante. Em
concentrações acima de 0,24M há predominância da conformação randômica.
A complexação com o Congo Red, específica para glucanas β-D-(13) e β-
D-(13:16) pode ser visualizada para os EPS produzidos pelo B. rhodina nas três
diferentes fontes de carbono, indicando a presença de conformação em hélice tripla com os
maiores deslocamentos de λ
MAX
(Figura 15). A goma xantana que é uma β(14)-D-glucana
com ramificação em O-3 por resíduos de manose e ácido glucurônico e a dextrana, que é um
α(16)-D-glucana têm estruturas químicas incompatíveis com a formação da hélice tripla
(RINAUDO et al., 1999) e, portanto, não formação do complexo e, consequentemente, do
deslocamento do λ
MAX
(Figura 13).
Segundo alguns autores (GARCIA-OCHOA et al., 2000; DIAZ;
VENDRUSCOLO; VENDRUSCOLO, 2004) a goma xantana pode ser encontrada como
hélice simples, dupla ou tripla, entretanto em nossos experimentos não houve formação do
64
complexo Congo Red/Xantana indicando a inexistência de estrutura em tripla hélice para esse
polissacarídeo.
Para os exopolissacarídeos estudados, concentrações entre 0,1 e 0,19M de
NaOH mostraram que a quantidade de hélice é maior para o EPS
SAC
seguida do EPS
GLU
. Esses
resultados são coerentes quando comparados àqueles encontrados na caracterização química
dessas moléculas (BARBOSA et al., 2003, CORRADI da SILVA et al., 2005) que têm 21 e
22% de ramificação, respectivamente; além disso, o EPS obtido em glucose tem uma maior
quantidade de unidades gentiobiosídicos ligados à cadeia principal, os quais podem impedir
estericamente a proximidade das cadeias polissacarídicas para efetuarem as ligações de
hidrogênio e consequentemente formarem a hélice tripla (Figura 15 ).
Figura 15 - Análise conformacional do EPS produzidos em diferentes fontes de carbono (glucose
“EPS
GLU
”, sacarose “EPS
SAC
”, frutose “EPS
FRU
” e o padrão de goma Xantana “EPS
XAN
”)
Para a mesma faixa de concentração de NaOH, o EPS
FRU
, com maior grau
de ramificação (31%) formou um complexo de cor menos intensa indicando que,
provavelmente, a presença das ramificações impede a hélice tripla bem como a formação do
complexo CR/EPS. Esse argumento pode ser aceito uma vez que a transição da conformação
helicoidal para randômica ocorre em menores concentrações de NaOH, quanto maior o grau
de ramificação, menor a quantidade de hélice tripla.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
480
481
482
483
484
485
486
487
488
489
490
491
492
493
494
495
496
l
MAX
Concentração de NaOH (Mol/L)
EPS
FRU
- 31% de ramificação
EPS
SAC
- 21% de ramificação
EPS
GLU
- 22% de ramificação
EPS
XAN
Padrão de Dextrana
64-75 kDa
Controle
Congo red
65
Uma variedade de B. rhodina DABAC P82 produtora de β-glucana, foi
investigada por Moresi e colaboradores (2003). Nos experimentos efetuados com o complexo
Congo Red e o EPS foi confirmada a presença de tripla hélice pela formação do complexo
entre 0,05 0,20M de NaOH. A grifolana, uma β(13)-D-glucana produzida pelo fungo
Grifola frondosa apresentou tripla hélice, quando se avaliou a relação complexo Congo Red/
EPS (MAO; HSU; HWANG, 2007). Outros autores também confirmam a presença de tripla
hélice em β-D-glucanas pela formação do complexo com o corante Congo Red (RAMESH;
THARANATHA, 1998; CHENGHUA et al., 2000; DONG; JIA; FANG, 2006; ROUT et al.,
2008).
5.5 Análise Reológicas
Após caracterização química dos exopolissacarídeos produzidos pelo fungo
ascomiceto Botryosphaeria rhodina MAMB-05 (BARBOSA et al., 2003; CORRADI da
SILVA et al., 2005), foram efetuados estudos reológicos dos polissacarídeos considerando-se
a viscosidade relativamente elevada de suas soluções, mesmo em baixas concentrações. O
conhecimento das propriedades reológicas dos polissacarídeos é importante, uma vez que eles
se apresentam como fonte potencial para futuras aplicações em diferentes setores da indústria.
5.5.1 Curvas de fluxo
A curva de fluxo, definida a partir das medidas de tensão de cisalhamento
(τ) x taxa de cisalhamento ( ) permite verificar o comportamento de fluxo das soluções
polissacarídicas. A partir da construção do reograma é possível estabelecer se um líquido
apresenta um comportamento de fluxo Newtoniano ou não Newtoniano, em determinadas
condições de tensão ou taxa de cisalhamento. Um líquido Newtoniano é representado,
graficamente, por uma reta com início na origem da curva de fluxo. Os líquidos que não
exibem esse comportamento de fluxo são chamados de não Newtonianos. A análise de
reogramas com diferentes concentrações poliméricas permite evidenciar a transição de um
comportamento Newtoniano para não-Newtoniano.
66
10
0
10
1
10
2
10
-1
10
0
10
1
τ
[Pa]
γ
[1/s]
EPS
GLU
1g/L
EPS
GLU
2g/L
EPS
GLU
3g/L
EPS
GLU
4g/L
EPS
GLU
5g/L
EPS
GLU
6g/L
Figura 16 Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) x taxa de cisalhamento ( ) do EPS
GLU
, nas
concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
10
0
10
1
10
2
10
-1
10
0
10
1
τ [Pa]
γ [1/s]
EPS
SAC
1g/L
EPS
SAC
2g/L
EPS
SAC
3g/L
EPS
SAC
4g/L
EPS
SAC
5g/L
EPS
SAC
6g/L
Figura 17 Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) versus a taxa de cisalhamento ( ) do EPS
SAC
,
nas concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
67
10
0
10
1
10
2
10
-1
10
0
10
1
τ [Pa]
γ [1/s]
EPS
FRU
1g/L
EPS
FRU
2g/L
EPS
FRU
3g/L
EPS
FRU
4g/L
EPS
FRU
5g/L
EPS
FRU
6g/L
Figura 18 Curva de fluxo, tensão de cisalhamento (τ) x taxa de cisalhamento ( ) do EPS
FRU
, nas
concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
O perfil encontrado nas figuras 16, 17 e 18 permite estabelecer que as
soluções polissacarídicas têm comportamento de fluxo de líquidos não Newtonianos. Mais
ainda, o aumento da tensão de cisalhamento, a partir do aumento progressivo da taxa de
cisalhamento, caracteriza as soluções como fluidos pseudoplásticos (NAVARRO, 1997).
Rottava (2005) observou comportamento semelhante de pseudoplasticidade
para a goma xantana, produzida por diferentes espécies da bactéria Xanthomonas sp. Bae e
colaboradores (2008) estudaram o comportamento reológico das soluções do
exopolissacarídeo levana, produzido pela Microbacterium laevaniformans, e os resultados
encontrados permitiram concluir que essas soluções também apresentavam comportamento
pseudoplástico.
5.5.2 Curvas de viscosidade
A viscosidade, que descreve a propriedade física de um líquido em resistir
ao fluxo induzido pelo cisalhamento, pode depender de alguns parâmetros tais como
temperatura, a natureza física da substância, pressão, taxa de cisalhamento, entre outros. Os
diferentes tipos de curva de fluxo têm seus correspondentes tipos de curvas de viscosidade,
68
que no caso dos líquidos Newtonianos, são representadas por uma reta paralela à abscissa,
indicando que independente da taxa de cisalhamento, a viscosidade não se modifica. Fluídos
que sofrem diminuição da viscosidade, quando a taxa de cisalhamento aumenta, são
chamados pseudoplásticos (SCHRAMM, 2006).
As curvas de viscosidade para os EPS produzidos nas diferentes fontes de
carbono, estão apresentadas nas figuras 19, 20 e 21. As medidas da viscosidade absoluta (η) x
taxa de cisalhamento ( ) efetuadas em concentrações de 1 a 6 g/L foram reunidas em um
único gráfico, para cada um dos EPS estudados.
A partir das figuras 19, 20 e 21 é possível observar que a viscosidade
aumenta com o aumento da concentração dos polímeros, esse comportamento foi notado
visualmente nos três exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina, conforme figura 22.
Também, de acordo com as curvas de viscosidade, os três polissacarídeos estudados
apresentaram comportamento pseudoplástico, ou seja, as viscosidades das soluções
polissacarídicas em todas as concentrações analisadas decresceram de maneira substancial
com o aumento da taxa de deformação.
10
0
10
1
10
2
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
η
[mPas]
γ [1/s]
EPS
GLU
1g/L
EPS
GLU
2g/L
EPS
GLU
3g/L
EPS
GLU
4g/L
EPS
GLU
5g/L
EPS
GLU
6g/L
Figura 19 – Viscosidade absoluta (η) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
GLU
, nas
concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
69
10
0
10
1
10
2
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
η
[mPas]
γ
[1/s]
EPS
SAC
1g/L
EPS
SAC
2g/L
EPS
SAC
3g/L
EPS
SAC
4g/L
EPS
SAC
5g/L
EPS
SAC
6g/L
Figura 20
Viscosidade aparente (η) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
SAC
, nas
concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
10
0
10
1
10
2
10
-3
10
-2
10
-1
10
0
10
1
10
2
η
[mPas]
γ
[1/s]
EPS
FRU
1g/L
EPS
FRU
2g/L
EPS
FRU
3g/L
EPS
FRU
4g/L
EPS
FRU
5g/L
EPS
FRU
6g/L
Figura 21
– Viscosidade aparente (η) em função da taxa de cisalhamento ( ) do EPS
FRU
, nas
concentrações de 1 a 6g/L. Em sistema aquoso a 25ºC.
70
Figura 22 - Soluções aquosas do EPS
GLU
á temperatura de 25ºC. (a) 3g/L e (b) 6g/L.
De acordo com Schramm (2006) soluções poliméricas com longas cadeias
entrelaçadas e enoveladas quando em repouso, têm suas moléculas numa ordem interna
irregular que se caracteriza por uma considerável resistência interna ao fluxo, ou seja, uma
elevada viscosidade. Com o aumento das taxas de cisalhamento, uma ordenação ou
alinhamento das partículas, na direção do fluxo, provavelmente por ter as interações desfeitas.
Além disso, ainda segundo o mesmo autor, o cisalhamento também pode induzir a quebra de
agregados, auxiliando o material a escoar mais rapidamente.
O comportamento de pseudoplasticidade também foi encontrado em
soluções de outros polissacarídeos microbianos (COVIELO et al., 2007; TONELI; MURR;
PARK, 2005; SUTHERLAND, 2001).
A pseudoplasticidade dos polissacarídeos em estudo permite antever a
possibilidade de aplicação industrial à semelhança da goma xantana, que é o biopolímero
mais utilizado pela indústria, pois apresenta propriedades de espessante e estabilizante, com
comportamento pseudoplástico estável em uma larga faixa de pH, concentração iônica e
temperatura (GARCIA-OCHOA et al., 2000).
Marcotte e colaboradores (2001) realizaram estudos das propriedades
reológicas de alguns hidrocolóides (carragenana, pectina, gelatina, amido e xantana), sob
diferentes concentrações (1 a 6%, dependendo do tipo de hidrocolóide) e temperaturas (20,
71
40, 60 e 80ºC). Os autores verificaram a dependência das características reológicas com a
concentração e a temperatura, que se mostrou variável de um hidrocolóide para o outro.
Entretanto, para todos os hidrocolóides, a pseudoplasticidade aumentou com o aumento da
concentração. Resultados semelhantes foram encontrados para as soluções polissacarídicas do
B. rhodina.
Soluções de goma com valores elevados de η (TONELI; MURR; PARK,
2005), ou seja, com comportamento altamente pseudoplásticos, imprimem uma sensação de
viscosidade na boca. Desse modo, características de elevada viscosidade proporcionam uma
sensação de maciez e umidade ao paladar mouthfeel”, que podem ser desejáveis em algumas
formulações alimentícias. A escolha da goma para utilização industrial deve ser, portanto, de
um sistema que possua um comportamento altamente pseudoplástico (CORRÊA et al., 2005).
A presença de sais inorgânicos é um fator modificador da viscosidade nas
soluções polissacarídicas, ou seja, a adição de sais pode incrementar ou diminuir a
viscosidade da solução (DIAZ; VENDRUSCOLO; VENDRUSCOLO, 2004). Com intuito de
avaliar o comportamento reológico dos três exopolissacarídeos na presença de solução salina,
foi realizado uma curva de viscosidade dos EPS, solubilizados em solução de NaCl (1g/L). As
curvas de viscosidade foram realizadas com as soluções na concentração de 6g/L, à
temperatura de 25ºC (Tabela 4 e Figura 23).
Tabela 4 Viscosidade absoluta das soluções aquosa e salina dos EPS
GLU
, EPS
SAC
e EPS
FRU
,
6g/L, nas taxas de cisalhamentos ( ) 1,02; 10,59
e 99,19(1/s), à temperatura de
25°C.
Viscosidade (mPas)
1,02(1/s)* 10,59(1/s)* 99,59(1/s)*
EPS
GLU
H
2
O
NaCl (1g/L) em
H
2
O
6,70
1,40
0,74
0,11
0,11
0,04
EPS
SAC
H
2
O
NaCl (1g/L) em
H
2
O
3,56
2,35
0,44
0,29
0,07
0,04
EPS
FRU
H
2
O
NaCl (1g/L) em
H
2
O
3,64
1,54
0,43
0,22
0,07
0,04
* taxa de cisalhamento
72
Comparando-se os resultados da viscosidade dos biopolímeros em solução
aquosa (6g/L), é possível observar que os maiores valores encontrados são para o EPS
GLU
(Tabela 4),
independente da taxa de cisalhamento aplicada. O EPS
FRU
apresentou maiores
valores de viscosidade que o EPS
SAC
na taxa de cisalhamento 1,02 (1/s), observando uma
inversão em 10,59 (1/s).
É também possível observar, a partir da tabela 4, que os EPS solubilizados
em solução aquosa de NaCl (1g/L) apresentaram menor viscosidade quando comparados com
os respectivas polímeros dissolvidos apenas em água. Resultados semelhantes foram
encontrados por BERWANGER (2005), quando estudou a viscosidade do biopolímero
produzido pela bactéria Sphingomonas capsulata em solução salina. Apesar de ser o EPS
GLU
o
mais viscoso em meio aquoso, foi o menos viscoso em solução aquosa contendo NaCl,
provavelmente devido ao maior percentual de resíduos gentiobiosídicos (16%) em sua
estrutura, seguido dos EPS
FRU
(15%) e EPS
SAC
(9%) (Figura 23).
73
Figura 23 Viscosidade absoluta (η) em função da velocidade de cisalhamento ( ) dos (EPS
GLU
,
EPS
SAC
e EPS
FRU
), 6g/L em sistema aquoso e NaCl (1g/L) à temperatura de 25ºC.
Polissacarídeos com carácter de polieletrólitos são afetados pela adição de
sais, como é o caso da goma xantana. Soluções de baixas concentrações de goma xantana têm
a viscosidade diminuída pela adição de pequena quantidade de sais. Segundo García-Ochoa e
colaboradores (2000) esse efeito pode ser atribuído à redução nas dimensões moleculares,
74
proveniente da diminuição das forças eletrostáticas intermoleculares, evitando a formação de
grandes agregados. Entretanto, a viscosidade de suas soluções tende a aumentar em
concentrações mais elevadas ou quando uma grande quantidade de sais é adicionada. Segundo
Diaz e colaboradores (2004) esse efeito é devido, provavelmente, ao aumento da interação
entre as moléculas de polímeros.
PINTO e colaboradores (2002) também estudaram a viscosidade do
biopolímero acídico produzido pela bactéria Beijerinckia sp em solução de CaCO
3
e KCl
,
em
diferentes valores de pH. Na maior parte dos resultados houve uma diminuição da
viscosidade.
FARIÑA e colaboradores (2001) estudaram as propriedades reológicas da
escleroglucana, um polissacarídeo neutro que possui a estrutura semelhante as β-D-glucanas
produzidas pelo fungo B. rhodina. Os resultados indicaram uma diminuição da viscosidade
nas soluções de escleroglucana 2g/L, em presença de diferentes concentrações de NaCl. Os
autores não conseguiram encontrar uma explicação química para esse fenômeno, porém
acreditam que a qualidade do solvente poderia ser responsável pela diminuição da
viscosidade.
5.5.3 Análise em sistema dinâmico
As medidas reológicas dinâmica ou oscilatória apresentam a vantagem de
permitir a utilização de amplitudes de tensão muito pequenas, minimizando os efeitos de
ruptura sobre a estrutura do polímero. São realizadas em géis, que são definidos como
materiais com aspecto de sólido ou quase-sólido apresentando elevadas concentrações de
polímeros, de modo que os polímeros enovelem-se ao acaso e atuem como redes elásticas
quando submetidos à pressão, por um pequeno intervalo de tempo. Assim, quando as
medidas dinâmicas são realizadas em amplitudes de oscilação suficientemente pequenas,
encontram-se dentro do limite viscoelástico linear da amostra, onde não há perturbação
significativa do sistema durante a realização do experimento (SCHRAMM, 2006).
Considerando-se que os polissacarídeos atuam como materiais
viscoelásticos (apresentam características de sólidos e líquidos simultaneamente) e que os
módulos G’ e G” referem-se ao caráter elástico e viscoso, respectivamente, é possível
quantificar a predominância do caráter sólido ou líquido de uma amostra, através das medidas
dinâmicas.
75
Os valores de tensão para os testes de varreduras de freqüência para os
EPS
GLU
e EPS
FRU
foi de 1 Pa e para o EPS
SAC
foi de 0,7 Pa. Nesta condição, os polímeros
apresentaram comportamento viscoelásticos linear, ou seja, a tensão ou deformação aplicada
não alterou a estrutura física dos EPS.
Após determinar a deformação dentro da região viscoelástica linear das
amostras, foram realizadas as análises dinâmicas por varredura de freqüência numa amplitude
de 10
2
a 10 Hz. Foi observado também a influência da adição de NaCl (1g/L) sobre a força
do gel à temperatura de 25ºC (Figuras 24, 25 e 26).
Figura 24 - Análise do comportamento viscoelástico do EPS
GLU
em 6g/L; módulo elástico;
módulo viscoso; viscosidade complexa. (A) em solução aquosa a
25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C) em solução de NaCl (1g/L) a 25ºC.
76
Figura 25
- Análise do comportamento viscoelástico do EPS
SAC
em 6g/L; módulo elástico;
módulo viscoso; viscosidade complexa. (A) em solução aquosa a
25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C) em solução de NaCl (1g/L) a 25°C.
77
Figura 26
- Análise do comportamento viscoelástico do EPS
FRU
em 6g/L; módulo elástico;
módulo viscoso; viscosidade complexa. (A) em solução aquosa a
25°C; (B) em solução aquosa a 5°C; (C) em solução aquosa de NaCl (1g/L), a 25°C.
É possível observar (Figuras 24, 25 e 26) que todos os biopolímeros
estudados apresentaram valores de Gsuperiores aos de G” em todas a faixas de freqüência
analisadas. Os resultados dessas análises permitiram concluir que os polímeros EPS
GLU
,
EPS
SAC
e EPS
FRU
apresentam comportamento viscoelástico com caráter sólido ou seja, com
características de géis fortes.
78
Esse comportamento foi observado em outros polissacarídeos em solução
como a goma xantana, gelana, carragenana (RODRÍGUEZ–HERNANDEZ; TECANTE,
1999), curdlana (HIRASHIMA; TAKAYA; NISHINARI, 1997), scleroglucana (MORESI et
al., 2001), amido de milho e misturas de amido de milho com goma xantana e goma guar
(ACHAYUTHAKAN; SUPHANTHARIKA, 2008).
François e colaboradores (2003) estudaram as características reológicas
dinâmicas em matrizes de géis do exopolissacarídeo fúngico escleroglucana, para liberação da
droga teofilina. Os pesquisadores observaram que diferentes concentrações do EPS e da droga
influenciavam na liberação do fármaco, porém, independente da concentração utilizada para
os experimentos, todos os géis possuíram características de gel forte, indicando possíveis
aplicações na liberação controlada de fármaco. Mais recentemente, Viñarta e colaboradores
(2007) também confirmaram a liberação controlada de teofilina em matrizes de géis do
polissacarídeo escleroglucana, os mesmos mostraram caráter viscoelástico, com G’ superior a
G”.
Zang e colaboradores (2007) e Xu e colaboradores (2007) observaram o
comportamento de viscoelasticidade do exopolissacarídeo lentinana uma β-(13)-D-glucana
extraída do corpo de frutificação do Lentinus edodes. Os pesquisadores concluíram que o
comportamento viscoelástico dos géis de lentinana exibia forte dependência da concentração
do polímero. Em baixas concentrações os géis se comportaram como gel fraco, com módulo
G’inferior a Gem baixas freqüências, ocorrendo uma inversão em altas freqüências. Com o
aumento da concentração, o gel de lentinana se mostrou com caráter sólido, ou seja, G’
superior a G”. Esses resultados indicam que a concentração polissacarídica dos géis está
fortemente ligada ao comportamento viscoelástico.
A tabela 5 mostra os valores do modulo elástico (G’) obtidos na freqüência
de 1 Hz para os três exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina nas temperaturas de 25° e
5°C na presença ou ausência de NaCl.
79
Tabela 5. Valores obtidos de (G’) nas varreduras de freqüências dos EPS
GLU,
EPS
SAC
e
EPS
FRU
, na freqüência da 1 Hz.
A partir da análise do módulo G’ na freqüência de 1 Hz (Tabela 5), para os
três exopolissacarídeos produzidos pelo fungo B. rhodina, pode-se observar que o módulo
elástico apresentou um aumento dos valores quando a análise foi efetuada em temperatura
mais baixa, 9,9 Pa (25° C) para 12,8 Pa (5° C) para o EPS
GLU
;
11,7 Pa (25° C) para 16,8 Pa
(5° C) para o EPS
SAC
e 8,9 Pa (25° C) para 22,7 Pa (5° C) para o EPS
FRU
, sinalizando que a
força do gel é maior em temperaturas baixas do que em temperaturas mais altas. O EPS
SAC
apresentou-se como o gel mais forte a 25° C seguido do EPS
GLU
e EPS
FRU
(Figura 27-A). Esse
comportamento não se manteve a temperatura de C, pois de acordo com os experimentos
EPS
FRU
foi o gel mais forte (Figura 27-B).
Os três polímeros quando solubilizados em NaCl (1g/L) apresentaram uma
leve diminuição do módulo elástico (G’) (tabela 5), provavelmente pela diminuição das forças
eletrostáticas em meio salino.
Amostras
NaCl
(1g/L)
Temperatura
(ºC)
G'
[Pa]
0 5 12,8
EPS
GLU
0 25 9,9
1 25 7,7
0 5 16,8
EPS
SAC
0 25 11,7
1 25 8,2
0 5 22,7
EPS
FRU
0 25 8,9
1 25 5,9
80
Figura 27
Comportamento do módulo elástico (G’) dos três exopolissacarídeos produzidos pelo
fungo B. rhodina MAMB-05 em glucose
( ), sacarose ( ) e
frutose ( )
estudados a 25°C (A) e 5°C (B).
5.5.4 Rampa de temperatura
A rampa de temperatura é um experimento que tem como objetivo estudar o
comportamento viscoelástico do gel, utilizando um gradiente linear, crescente e decrescente,
de temperatura. Os três géis elaborados com os exopolissacarídeos produzidos pelo fungo B.
rhodina foram analisados em uma varredura de freqüência à temperatura de 5 a 95°C
(ascendente) e de 95 a 5°C (descendente), com um aumento de 1,5°C/min.
Os resultados encontrados (Figura 28) permitiram concluir que todos os três
polissacarídeos formam soluções de géis fortes, pois os valores de G’ se mostraram superiores
aos de G” em todas as faixas de temperatura, independente de ser a rampa ascendente ou
descendentes.
81
Figura 28
Rampa de temperatura. Curva
ascendente
(
5 a 95°C) e descendente (95 a 5°C), com
aumento de 1,5°C/min., em
solução aquosa
(6g/L)
.
82
Dentro da faixa de temperatura analisada (5 a 95°C) o EPS
FRU
mostrou
aumento significativo nos valores de G’ nas temperaturas inferiores a 20ºC (linha azul). Uma
dependência menos pronunciada foi observada para os EPS
SAC
e EPS
GLU
. Acima de 20°C
houve uma estabilização dos valores de G’ e G” para EPS
SAC
, podendo-se sugerir um
comportamento termo-estável na faixa de 20 a 95°C. No entanto para EPS
GLU
e EPS
FRU
vemos um pequeno decréscimo nos valores de G’ e G” faixa de 20 a 95°C. O mesmo
comportamento foi observado na rampa descendente (95 a 5°C), caracterizando-os como géis
termo resistentes. Este comportamento pode estar relacionado com as diferenças estruturais
das amostras de EPS e as conformações adotadas nas diferentes temperaturas.
5.5.5 Tixotropia
A tixotropia é um fenômeno reológico característico de substâncias cuja
viscosidade depende do tempo de cisalhamento. Ela descreve o comportamento de
substâncias que passam do estado gel de alta viscosidade para o estado de solução com
viscosidade muito baixa, como resultado de um alto cisalhamento por um período de tempo
relativamente longo (SCHRAMM, 2006, p.215). Um importante critério da tixotropia é o
processo reversível de reespessamento da substância, quando deixada em repouso.
Testes reológicos em que a amostra é submetida ao aumento da taxa de
cisalhamento seguido pela diminuição da taxa servem para observar a tixotropia do material,
cuja ocorrência é verificada quando a curva de aumento da taxa não coincide com a curva de
decréscimo da taxa no gráfico de τ x . O diagrama resultante é denominado de curva de
histerese (ARAÚJO, 2007).
A curva de histerese (tensão de cisalhamento x taxa de deformação) dos três
polissacarídeos estudados mostrou que todos apresentam comportamento tixotrópico (Figura
29).
Mao e colaboradores (2007) estudaram o comportamento tixotrópico do
grifolana, uma β-(1,3)-D-glucana, realizando análises reológicas em sistema estacionário e a
conformação em tripla hélice pela formação do complexo entre o polímero e o corante Congo
Red. Considerando esses dois resultados os pesquisadores inferiram que o comportamento
tixotrópico do gel de grifolana poderia se atribuído à ruptura de agregados da tripla hélice, sob
cisalhamento. Considerando-se que os EPS
GLU
, EPS
SAC
e EPS
FRU
também apresentaram
83
conformação em tripla hélice, nos experimentos com o Congo Red (Figura 15, pg. 64), a
desagregação de suas cadeias, sob alto cisalhamento, poderia ser a causa do comportamento
tixotrópico desses polissacarídeos.
Figura 29 Tensão de cisalhamento (τ) versus a taxa de cisalhamento ( ) dos três exopolissacarídeos
produzidos pelo fungo B. rhodina, nas concentrações de 6g/L a 25°C.
84
Grassi e colaboradores (1996) observaram o fenômeno da tixotropia no
escleroglucana, um polissacarídeo natural produzido extracelularmente pelos fungos do
gênero Sclerotium. Posteriormente, Fariña e colaboradores (2001) verificaram a conformação
do escleroglucana em tripla hélice utilizando experimento de complexação com o corante
Congo Red. Esta molécula é, hoje, o polímero de origem fúngica com maior aplicação e
comercialização industrial, principalmente nas áreas farmacêutica e alimentícia.
Os produtos tixotrópicos possuem algumas vantagens tecnológicas, pois
tendem a apresentar maior vida de prateleira (“shelf-life”) durante o armazenamento,
mantendo a viscosidade constante, o que dificulta a separação dos constituintes da formulação
(CORRÊA et al., 2005).
A obtenção de formulações de uso tópico com caráter tixotrópico é bastante
almejada, pois elas se deformam durante a aplicação tornando-se mais fluídas e,
consequentemente, facilitando o espalhamento e recuperam a viscosidade inicial no momento
que se encerra a aplicação, evitando que o produto escorra (GASPAR, MAIA CAMPOS,
2003).
Podemos observar que os materiais tixotrópicos possuem inúmeras
aplicações tecnológicas, portanto o comportamento tixotrópico apresentado pelos
exopolissacarídeos produzidos pelo fungo B. rhodina, nos faz inferir que esse material possui
características reológicas que permitem sua utilização em diversos setores industriais. O
emprego industrial destes exopolissacarídeos se torna apenas uma questão de tempo, uma vez
que inúmeras linhas de pesquisas vêm se abrindo, e atualmente os EPS vêm despertando o
interesse da indústria.
Segue em anexo o artigo submetido à revista Revista Brazilian Journal of Food
Technology.
85
6. CONCLUSÃO
De acordo com os dados relatados neste trabalho, observou-se que a
metodologia adotada para produção de β(13;16)D-glucanas pelo fungo B. rhodina
MAMB-05, em três diferentes fontes de carbono, foi eficiente para obtenção de
exopolissacarídeos, homogêneos, de acordo com a cromatografia de filtração em gel à pressão
normal.
A análise da conformação pela complexação dos EPS com o Congo Red
indicou a presença de tripla hélice nas β-glucanas produzida pelo fungo B. rhodina,
provavelmente, responsável pela viscosidade das soluções polissacarídicas.
Conforme as curvas de fluxo e de viscosidades os biopolímeros em solução
apresentaram comportamento não-Newtoniano, com características de soluções
pseudoplásticas e tixotrópicas.
Os resultados das análises dinâmicas confirmaram a formação de um gel
forte em 5 e 25°C, não sofrendo mudanças no comportamento, mesmo em presença de 0,1%
NaCl, à temperatura de 25°C. Ao analisar a influência de uma ampla faixa de temperatura (5 a
95°C) sobre o comportamento viscoelástico dos géis, observou-se que as soluções
apresentaram características de gel forte, com propriedades termo-estável e termo-reversível.
Os resultados encontrados neste trabalho nos permitem concluir que os EPS
produzidos pelo fungo B. rhodina possuem propriedades químicas e físicas, com potencial
para utilização nas indústrias de alimentos, farmacêutica, cosmética e biomédica.
Trata-se de um trabalho inédito, pois pela primeira vez estudos reológicos
foram realizados nos exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina MAMB-05.
86
7. REFERÊNCIAS
ACHAYUTHAKAN, P.; SUPHANTHARIKA, M. Pasting and rheological properties of
waxy corn starch as affected by guar gum and xanthan gum. Carbohydrate Polymers,
Barking, v. 71, p. 9–17, 2008.
ÁLVAREZ, E. E.; SÁNCHEZ, P. G. La fibra dietética. Nutrición Hospitalaria, Madrid, v.
21, p. 61-72, 2006.
ARAÚJO, D. G. NASCIMENTO, C. R Propriedades Reológicas da Polpa de Bauxita II.
Avaliação do rotor tipo vane. XV Jornada de Iniciação Científica CETEM, 2007,
Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/publicacao/serie_anais_XV_jic_2007/Diego.pdf.>
Acesso em: 18 Dez.2007.
ARAUJO, L.; ALVES, F.; Aditivos e ingredientes: ao gosto do consumidor. Brasil
Alimentos, São Paulo, nº 19, p. 18-24, 2003.
ARVIDSON, S. A.; RINEHART, B. T.; GADALA-MARIA, F. Concentration regimes of
solutions of levan polysaccharide from bacillus sp. Carbohydrate Polymers, Barking, v.65,
p.144–149, 2006.
BAE, I Y. IM-KYUNG, O.; LEE, S.; YOO S. H.; LEE, H. G. Rheological characterization of
levan polysaccharides from Microbacterium laevaniformans. International Journal of
Biological Macromolecules, Oxford, v. 42, p.10-13, 2008.
BANIK, R. M. , KANARI, B.; UPADHYAY, S. N. Review: Exopolysaccharide of the gellan
family: prospects and potential. World Journal of Microbiology Biotechnology,
Kanganam-Ku, v.16, p. 407-414, 2000.
BARBER, P. A.; BURGESS, T. J.; HARDY, G. E. S. J.; SLIPPERS, B., KEANE, P. J.;
WINGFIELD, M. J. Botryosphaeria species from Eucalyptus in Australia are
pleoanamorphic, producing Dichomera synanamorphs in culture. Mycological Research,
Oxford, v.109, p.1347–1363, 2005.
BARBOSA, A.M.; CUNHA, P.D.T.; PIGATTO, M.M.; CORRADI DA SILVA, M.L.
Produção e aplicação de exopolissacarídeos fúngicos. Semina: Ciências Exatas e Tecnologia,
Londrina, v.25, p.29-42, 2004.
BARBOSA, A.M. ; DEKKER, R.F.H. ; HARDY, G. E. S. Veratryl alcohol as an inducer of
laccase by an ascomycete Botryosphaeria sp, when screened on the polymeric dye poly R-
478. Letters in Applied Microbiology, Oxford, v.23, p.93-96, 1996.
BARBOSA, A.M.; STELUTI, R.M.; DEKKER, R.F.H.; CARDOSO, M.S.; DA SILVA,
M.L.C. Structural characterization of Botryosphaeran : a (13,16)-β-D-glucan produced
by the ascomyceteous fungus, Botryosphaeria sp. Carbohydrate Research, Amsterdam,
v.338, p.1691-1698, 2003.
BARBOSA, A.M.; DEKKER, R.F.H.; KURTBOKE, I.; ST. HARDY, G. E. In vivo
decolorization of poly R-478 as a method for screening ligninolytic microorganisms for use in
87
bioremediation. Proc. 4
th
Pacific Rim Biotechnology Conference, Melbourne, Austrália,
p.88-90, 1995.
BARNES, A., HUTTON, J.F., WALTERS, K., An introduction to Rheology. Netherlands,
Elsevier, p.199, 1989.
BARONI, A. F.; FREITAS. I. C. Caracterização reológica de requeijão cremoso tradicional e
com teor reduzido de gordura: viscosidade extensional e em cisalhamento. Brazilian Journal
of Food Technology, Campinas, v.2, p.21-29, 1999.
BERWANGER, A. L. S.; SCAMPARINI, A. R. P.; DOMINGUES, N. M.; VANZO, L. T.;
TREICHEL, H.; PADILHA, F. F. Produção de biopolímero sintetizado por Sphingomonas
capsulata a partir de meios industriais. Ciência Agrotecnica, v. 31, p. 177-183, 2007.
BERWANGER, A. L. S. Produção e caracterização de biopolímero sintetizado por
shingomonas capsulata. 2005. 94f. Dissertação (Mestrado) Engenharia de Alimentos, da
Universidade Regional intregrada do Alto Uruguai e das missões – URI, Campus de Erechim.
BOYER, R.F. Modern Experimental Biochemistry. 2º. Califórnia: Benjamin/Cummings
Publishing Company Inc., 1993, p. 59-114.
BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of micrograms
quantities of protein utilizing the principle or protein-dye binding. Analytical Biochermistry,
Amsterdam, v.72, p.248-254, 1976.
BRETAS, R. E. S.; D’ÁVILA, M. A. Reologia de polímeros fundidos. ed., EdUFSCar,
São Carlos, 2005.
CALAZANS, G. M. T.; LIMA, R.C.; FRANCA, F. P.; LOPES, C. E. Molecular weight and
antitumour activity of Zymomonas mobilis levans. International Journal of Biological
Macromolecules, Oxford, v.27, p.245–247, 2000.
CAMPOS, S. D. S; GONÇALVES, J. R.; MORI, E. E. M.; GASPARETTO, C. A. Curso:
Reologia e textura de alimentos. Apostila Instituto de Tecnologia de Alimentos ITAL, p. 1-
17, Campinas, 1989.
CANILHA, L.; SILVA, D. D. V.; CARVALHO, W.; MANCILHA, I. M. Aditivos
alimentares produzidos por via fermentativa parte 3: polissacarídeos e enzimas. Revista
Analytica, São Paulo, v. 20, p. 32-41, 2006.
CEREDA, M. P.; VILPOUX, O.; DEMIATE, I. M. Tecnologia, usos e potencialidades de
tuberosas amiláceas Latino Americanas. v. 3, Ed. Fundação Cargil, São Paulo, 2003.
CHEN, J.; SEVIOUR, R. Medicinal importance of fungal β-(13), (16)-glucans.
Mycological Research, Oxford, v.3, p.635 – 652, 2007.
CHENGHUA, D.; XIANGLIANG, Y.; XIAOMAN, G. YAN, W.; JINGYAN, Z.; HUIBI, X.
A
β-D-glucan from the sclerotia of Pleurotus tuber-regium (Fr.) Sing. Carbohydrate
Research, Amsterdam, v. 328, p. 629–633, 2000.
88
CHO, E. J.; OH, J. Y.; CHANG, H. Y.; YUN, J. W. Production of exopolysaccharides by
submerged mycelial culture of a mushroom Tremella fuciformis. Journal of Biotechnology,
Amsterdam, v.127, p. 129–140, 2006.
COELHO, M. C. O. C.; CARRAZONI, P. G.; MONTEIRO, V. L. C.; MELO, F. A. D.;
MOTA, R. A.; FILHO, F. T. Biopolímero produzido a partir da cana-de-açúcar para
cicatrização cutânea. Acta. Cirúrgica Brasileira, São Paulo, v.17, p. 11-13, 2002.
COLINET, I.; PICTON, L.; MULLER, G.; CERF, D. L. pH-dependent stability of
scleroglucan borate gels. Carbohydrate Polymers, Barking, v. 69, p. 65–71, 2007.
COLTRO, A.L. Produção e Determinação da Composição dos Exopolissacarídeos
Produzidos por Bactérias Isoladas da Rizosfera. 2003.118f. Dissertação (Mestrado) -
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Campus de São José do Rio Preto.
CORRADI DA SILVA, M. L.; MARTINEZ, P. F.; IZELI, N. L.; SILVA, I. R.;
VASCONCELOS, A. F. D.; CARDOSO, M. S.; STELUTTI, R. M.; GIESE, E. C.;
BARBOSA, A. M. Caracterização química de glucanas fúngicas e suas aplicações
biotecnológias. Nova Química, São Paulo, v.29, p. 85-92, 2006.
CORRADI DA SILVA, M. L; IZELI, N. L.; MARTINEZ, P. F.; SILVA, I. R.;
CONSTANTINO, C. J. L.; CARDOSO, M. S.; BARBOSA, A. M.; DEKKER, R. F. H.;
SILVA, G. V. J. Purification and structural characterization of (13;16)-β-glucan from
Botryosphaeria sp. produced in two different carbon sources: a comparative study.
Carbohydrate Polymers, Barking, v.61, p. 10-17, 2005.
CORRÊA, N. M.; CAMARGO, F. B.; IGNÁCIO, R. F.; LEONARDI, G. R. Avaliação do
comportamento reológico de diferentes géis hidrofílicos. Revista Brasileira de Ciências
Farmacêuticas, São Paulo, v. 41, p. 73-78, 2005.
COSTA, M. Entenda o que é tixotropia. Informativo CRQ-IV, nº. 81 p. 10-11, 2006.
COVIELLO, T.; ALHAIQUE, F.; DORIGO, A.; MATRICARDI, P.; GRASSI, M. Two
galactomannans and scleroglucan as matrices for drug delivery: Preparation and release
studies. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, Amsterdan, v. 66, p.
200–209, 2007.
CRUZ PRADELLA, J. G. Biopolímeros e Intermediários Químicos. Relatório Técnico 84
396-205, Centro de Tecnologia de Processos e Produtos - Laboratório de Biotecnologia
Industrial-LBI/CTPP, 2006. Disponível em
<http://www.anbio.org.br/pdf/2/tr06_biopolimeros.pdf>, acesso em 23/11/2007.
CUNHA, M. A. A.; GÓMEZ, R. J. H. C.; AMORIM, E. S. Goma curdlana: um importante
hidrocolóide microbiano. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 24, p. 379-384, 2003.
CUNHA, M. A. A.; SANTOS, J. C.; GÓMEZ, R. J. H. C.; SILVA, S. S. Goma curdlana:
Propriedades e aplicações. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, v. 33, p. 55-61. 2004.
DEKKER R. F. H.;VASCONCELOS A. F. D.;BARBOSA A. M.;GIESE E. C.; PACCOLA-
MEIRELLES L. A new role for veratryl alcohol: regulation of synthesis of lignocellulose-
89
degrading enzymes in the ligninolytic ascomyceteous fungus, Botryosphaeria sp.; influence
of carbon source. Biotechnology Letters, New York, v. 23, p.1987-1993, 2001.
DEKKER, R. F. H.; BARBOSA, A. M. Veratryl alcohol as inducer of laccase by ascomycete
Botryosphaeria sp., when screened on polymeric dye Poly R-478. Letters in Applied
Microbiology, Oxford, v. 23, p. 93-96, 1996.
DEKKER, R. F. H.; BARBOSA, A. M. The effects of aeration and veratryl alcohol on the
production of two laccases by the ascomycete Botryosphaeria sp. Enzyme and Microbial
Technology, New York, v. 28, p. 81-88, 2001.
DIAZ, P. S.; VENDRUSCOLO, C. T.; VENDRUSCOLO, J. L. S. Reologia de xantana: uma
revisão sobre a influência de eletrólitos na viscosidade de soluções aquosas de gomas xantana.
Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, p. 15-28, 2004.
DICKINSON, E. Hydrocolloids at interfaces and influence on the properties of dispersed
systems. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 17, p. 25-39, 2003.
DONG, Q.; JIA, L. M.; FANG, J. N. A. β-D-glucan isolated from the fruiting bodies of
hericium erinaceus and its aqueous conformation. Carbohydrate Research, Amsterdam, v.
341, p. 791-795, 2006.
DOUBLIER, J. L.; CASTELAIN, C.; LEFEBVRE,J. Viscoelastic properties of mixed
polysaccharides systems. In: MEUSER, F.; MANNERS, D.J.; SEIBEL, W. (Ed.) Plant
Polymeric Carbohydrates. Cambridge: the Royal Society of Chemistry, 1993. p. 76-85
DUBOIS, N.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A., SMITH, F. Colorimetric
method for determination of sugar and releted substances. Analytical Chermistry
Washington, v. 28, p. 350-356, 1956.
ERNANDES, F. M. P. G.; GARCIA-CRUZ, C. H. Levana bacteriana: aspectos tecnológicos,
características e produção. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, p. 71-82, 2005.
FALCH, B. H.; ESPEVIK, T.; RYAN, L.; STOKKE, B. T. The cytokine stimulating activity
of (13)-β-D-glucans is dependent of the triple helix conformation. Carbohydrate
Research, Amsterdam, v. 329, p. 587-596, 2000.
FARIA-TISCHER, P. C. S. Estrutura química, propriedades reológicas e atividade
antiviral das galactanas sulfatadas das algas vermelhas Meristiella gelidium e
Gymnogongrus griffithsiae (gigartinales). 2006, 197f. Dissertação (Doutorado), Pós-
Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular, Setor de Ciências Biológicas, Universidade
Federal do Paraná.
FARIÑA, J. I.; SIÑERIZ, F.; MOLINA, O. E.; PEROTTI, N. I. Isolation and
physicochemical characterization of soluble scleroglucan from Sclerotium rolfsii. Rheological
properties, molecular weightmand conformational characteristics. Carbohydrate Polymers,
Barking, v. 44, p. 41–50, 2001.
90
FRANÇOIS, N. J.; ROJAS, A. M.; DARAIO, M. E. Rheological and drug-release behaviour
of a scleroglucan gel matrix at different drug loadings. Polymer International, v. 54, p.
1613–1619, 2005.
FRANÇOIS, N. J.; ROJAS, A. M.; DARAIO, M. E.; BERNIK, D. L. Dynamic rheological
measurements and drug release kinetics in swollen scleroglucan matrices. Journal of
Controlled Release, Boston, v. 90, p. 355–362, 2003.
FREITAS, C. A. S.; MAIA, G. A.; COSTA, J. M. C.; FIGUEIREDO, R. W.; RODRIGUES,
M. C. P.; SOUSA, P. H. M. Estabilidade do suco tropical de acerola (Malpighia emarginata
d.c.) adoçado envasado pelos processos hot-fill e asséptico. Ciências e Tecnologia de
Alimentos, Campinas, v. 26, p. 544-549, 2006.
FUNAMI, T.; FUNAMI, M.; YADA, H.; NAKAO, Y. Rheological and thermal studies on
gelling characteristics of curdlan. Food Hydrocolloids, Oxford, v. 13, p. 317–324, 1999.
GARCÍA-OCHOA, F.; SANTOS, V. E.; CASAS, J. A.; GÓMEZ, E. Xanthan gum:
production, recovery, and properties, Biotechnology Advances, Oxford,
v. 18, p. 549-579,
2000.
GARRIDO, L. R.; SONEGO, O. R.; GOMES, V. N. Fungos associados com o declínio e
morte de videiras no Estado do Rio Grande do Sul. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 29,
p. 322-324, 2004.
GASPAR, L. R.; MAIA CAMPOS, P. M. B. G. Rheological behavior and the SPF of
sunscreens. International Journal of Pharmaceutics, Amsterdan, v. 250, p. 35-44, 2003.
GIL, E. C.; COLARTE, A. I.; GHZAOUI, A. E.; DURAND, D.; DELARBRE, J. L.;
BATAILLE, B. A sugar cane native dextran as an innovative functional excipient for the
development of pharmaceutical tablets. European Journal of Pharmaceutics and
Biopharmaceutics, Shannon, v. 68, p. 319-329, 2008.
GÓMEZ, M.; RONDA, F.; CABALLERO, P. A.; BLANCO, C. A.; ROSELL, C. M.
Functionality of different hydrocolloids on the quality and shelf-life of yellow layer cakes.
Food Hydrocolloids, Oxford, v. 21, p. 167–173, 2007.
GRASSI, M.; LAPASIN, R; PRIC, S. A study of the rheological behavior weak gel systems
of scleroglucan. Carbohydrate Polymers, Barking, v. 29; p.169-181; 1996.
HAMINIUK, C. W. I. Estudo do comportamento reológico e colorimétrico de misturas
ternárias e sistemas cticos de polpas de morango, amora-preta e framboesa. 2007.
124f. Dissertação (Doutorado). Programa de pós-graduação em tecnologia de alimentos, setor
de tecnologia da Universidade Federal do Paraná.
HIGIRO, J.; HERALD, T. J.; ALAVI, S. Rheological study of xanthan and locust bean gum
interaction in dilute solution. Food Research International, Toronto, v. 39, p.165–175,
2006.
HIRASHIMA, M.; TAKAYA, T.; NISHINARI, K. DSC and rheological studies on aqueous
dispersions of curdlan. Thermochimica Acta, Salamanca, v. 306, p. 109-114, 1997.
91
HONORATO, T. L.; RABELO, M. C.; GONÇALVES, L. R. B.; PINTO, G. A. S.;
RODRIGUES, S. Estudo da massa molar viscosimétrica de dextrana obtida via processo
fermentativo com dextrana-sacarase do leuconostoc mesenteroides B512F. VI Congresso
Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, Anais, p.1-6, 2005.
IAGHER, F. Análise estrutural e estudo das propriedades reológicas de polissacarídeos
extraídos de polpa de manga (Mangífera indica L.). 2000. Dissertação (mestrado), Pós
graduação em Bioquímica e Biologia Molecular, Setor de ciências Biológicas, Universidade
Federal do Paraná.
KAUR, N.; GUPTA, A. K. Applications of inulin and oligofructose in health and nutrition.
Journal Bioscience, Karnataka, v. 27, p.703-714, 2002.
KIMURA, I. A.; ALABURDA, J.; MARTINS, M. S.; DIAS, N. A.; MICHELATO, S. R.
Análise de gomas em aditivos alimentares. Boletim do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo,
n.1, p. 21-24, 2003.
LAZARIDOU, A.; BILIADERIS, C. G. B.; KONTOGIORGOS, V. Molecular weight effects
on solution rheology of pullulan and mechanical properties of its films. Carbohydrate
Polymers, Barking, v. 52, p. 151–166, 2003.
LAZARIDOU, A.; BILIADERIS, C.G. Molecular aspects of cereal β-glucan functionality:
Physical properties, technological applications and physiological effects, Journal of Cereal
Science (2007), doi:10.1016/j.jcs.2007.05.003.
LIN, T. Y.; CHANG, M. F. C. Expolysaccharides productin as affected by lactic acid bacteria
and fermentation time. Food Chemistry, Whiteknights, v. 100, p. 1419-1423, 2005.
LIN, Y.; ZHANG, Z.; THIBAULT, J. Aureobasidium pullulans batch cultivations based on a
factorial design for improving the production and molecular weight of exopolysaccharides.
Process Biochemistry, London, v. 42, p. 820-827, 2007.
LOPES, L.; ANDRADE, C. T.; MANO, E. B. O valor das gomas para as indústrias. Ciência
Hoje, São Paulo, v. 12, p. 65-6,1991.
LÓPEZ, M. J.; VARGAS-GARCÍA, M. C.; SUAREZ-ESTRELLA, F.; MORENO, J.
Properties of xanthan obtained from agricultural wastes acid hydrolysates. Journal of Food
Engineering, Davis, v. 63, p. 111–115, 2004.
LUNARDI, R.; SEIBERT, E.; PEZZI, E.; BENDER, R. J. Tratamento por água quente na
qualidade de maçãs ‘fuji’, inoculadas artificialmente com Botryosphaeria Dothidea, em
armazenamento refrigerado. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, p. 565-570, 2002.
MAIA, L. H.; PORTE, A.; SOUZA, V. F. Filmes comestíveis: aspectos gerais, propriedades
de barreira a umidade e oxigênio. Boletim CEPPA, Curitiba, v. 18, p. 105-128, 2000.
MANO, E. B.; MENDES, L. C. Introdução a polímeros. edição, Editora Edgard Blucher,
São Paulo, 1999.
92
MAO, C. F.; HSU, M.; HWANG, W. Physicochemical characterization of grifolan:
Thixotropic properties and complex formation with Congo Red. Carbohydrate Polymers,
Barking, v. 68, p. 502–510, 2007.
MARCOTTE, M.; HOSHAHILI, A. R. T.; RAMASWAMY, H. S. Rheological properties of
selected hydrocolloids as a function of concentration and temperature. Food Research
International, Toronto, v. 34, p. 695–703, 2001.
MALKIN, Y. A. Rheology Fundamentals. Toronto: ChemTec, 1994.
MATRICARDI, P.; ONORATI, I.; COVIELLO, T.; ALHAIQUE, F. Drug delivery matrices
based on scleroglucan/alginate/borax gels. International Journal of Pharmaceutics,
Amsterdan, v. 316, p. 21–28, 2006.
MIRANDA, C. C. B. O. Produção de Botriosferana e avaliação de suas atividades
mutagênicas, antimutagênica, hipoglicemiante e hipocolesterolêmica. 2006.185f.
Dissertação (Mestrado). Departamento de bioquímica e Biotecnologia Programa de
mestrado em Biotecnologia. Universidade Estadual de Londrina-PR.
MONTEIRO, C. S.; CARPES, S. T.; KALLUF, V. H.; DYMINSKI, D. S.; CÂNDIDO, L. M.
B. Evolução dos substitutos de gordura utilizados na tecnologia de alimentos. Boletim
CEPPA, Curitiba, v. 24, p. 347-362, 2006.
MORADALI, M. F.; MOSTAFAVI, H.; GHODS, S.; HEDJAROUDE, G. A.
Immunomodulating and anticancer agents in the realm of macromycetes fungi (macrofungi).
International Immunopharmacology, Omaha, v. 7, p. 701–724, 2007.
MOREIRA, A. N.; MOREIRA A. S.; DIA, S. P.; VENDRUSCOLO, C. T. Comportamento
reológico e composição química do biopolímero da bactéria Beijerinckia sp. 7070 produzido
por via enzimática. Brazil Journal Food Technology, Campinas, v.8, p. 135-142, 2005.
MORESI, M.; PRESTI, S. L.; MANCINI, M. Rheology of scleroglucan dispersions. Journal
of Food Engineering, Davis, v. 50, p. 235-245, 2001.
MORESI, M.; BRUNO, M.; CROGNALE, S.; PETRUCCIOLI, M. Rheological behaviour of
β-glucan from Botryosphaeria rhodina MAMB-05 in aqueous dispersions. 3rd International
Symposium on Food Rheology and Structure. p. 483-484, 2003.
MORRIS, E. R. Polysaccharide Rheology and In- mouth perception. In: STEPHEN, A. M.
Food polysaccharides and their applications. New York: Marcel Dekker, p.517-546, 1995.
NAESSENS, M.; CERDOBBEL, A.; SOETAERT, W.; VANDAMME, E. J. Review:
Leuconostoc dextransucrase and dextran: production, properties and applications. Journal of
Chemical Technology and Biotechnology, Hoboken, v. 80, p. 845–860, 2005.
NAVARRO, R. F. Fundamentos de reologia de polímeros. ed, Editora da Universidade
de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 1997.
NELSON, D.L.; COX, M.M. Lehninger: principles of biochemistry; 3 ed, Worth
Publishers, New York, 2000.
93
NELSON, N.A. Colorimetric adaptation of the Somogyi method for determination of glucose.
Journal of Biochemistry, Amsterdam, v. 153, p. 376-380, 1944.
OGAWA, K.; WATANABE, T.; TSURUGI, J.; ONO, S. Conformational behaviour of a gel-
forming (13)-β-D-Glucan in alkaline solutions. Carbohydrate Research, Amsterdam, v.
23, p. 399-405, 1972.
PALLESCHI, A.; BOCCHINFUSO, G.; COVIELLO, T.; ALHAIQUE, F. Molecular
dynamics investigations of the polysaccharide scleroglucan: first study on the triple helix
structure. Carbohydrate Research, Amsterdam, v. 340, p. 2154–2162, 2005.
PALLESCHI, A.; COVIELLO, T.; BOCCHINFUSO, G.; ALHAIQUE, F. Investigation on a
new scleroglucan/borax hydrogel: Structure and drug release. International Journal of
Pharmaceutics, Amsterdan, v. 322, p. 13–21, 2006.
PAZUR, J.H. Neutral Polysccharides. In: M.F. Chaplin and J.F. Kennedy (Eds)
Carbohydrate analysis: A practical approach. 2
.
ed. Oxford –U.K.: Oxford University
press, 1994, p. 181-229.
PIÑERO, M. P.; FERRER, M. A.; MORENO, L. A.; HUERTA- LEIDENZ, N.; KATYNNA
C. PARRA, K. C.; BARBOZA , Y. Evaluation of physical properties of “Low-Fat” meat for
hamburger beef formulated with β-Glucan. Revista Científica, Maracibo, v. 14, p. 500-505,
2004.
PINTO, E. P.; MOREIRA, A.; VENDRUSCOLO, C. T. Influência do pH, adição de sais e
temperatura na viscosidade dos biopolímeros produzidos por Beijerinckia sp. 7070 e UR4.
Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, v. 8, p. 247-251, 2002.
RAO, V. S. R.; QASBA, P. K. BALAJI, P.U.; CHANDRASEKARAN, R. Conformation of
Carbohydrates. 1º ed., Harwood Academic Publishers. 1998.
RAMESH, H. P.; THARANATHAN, R. N. Structural characteristics of a mixed linkage β-d-
glucan from sorghum (Sorghum bicolor). Carbohydrate Research, Amsterdam, v. 308, p.
239-243, 1998.
RINAUDO, M., MILAS, M., BRESOLIN, T. AND GANTER, J. Physical properties of
xanthan galactomannan and their mixtures in aqueous solutions. Macromolecular Chemistry
and Physics Macromolecules Symposia. v. 140, p. 115–124, 1999.
RODRÍGUEZ-HERNÁNDEZ, A. I.; TECANTE, A. Dynamic viscoelastic behavior of gellan-
carrageenan and gellan-xanthan gels. Food Hydrocolloid. Oxford, v. 13, p. 59-64, 1999.
ROTTAVA, I. Seleção de linhagens de Xanthomonas sp. Para produção de goma
xantana. 2005. 95f. Dissertação (Mestrado) Departamento de ciências agrárias – Programa de
mestrado em Engenharia de Alimentos. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguaia e
das Missões – URI, Campus de Erechim.
94
ROUT, D.; MONDAL, S.; CHAKRABORTY, I.; ISLAM, S. S. The structure and
conformation of a water insoluble (13)-,(16)-β-D-glucan from the fruiting bodies of
Pleurotus florida, Carbohydrate Research Amsterdam, (2008), doi:
10.1016/j.carres.2007.12.022
SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Brazilian Journal of
Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 42, p. 1-16, 2006.
SANTOS, M.; RODRIGUES, A.; TEIXEIRA, J. A. Production of dextran and fructose from
carob pod extract and cheese whey by Leuconostoc mesenteroides NRRL B512(f).
Biochemical Engineering Journal, Amsterdan, v.25, p.1–6, 2005.
SCHRAMM, G. Reologia e Reometria: Fundamentos Teóricos e Práticos. tradução e
adaptação: MOTHÉ, C. G.; CORREIA, D. Z.; PETRI, H. M.; GONÇALVES, M.;
CARESTIATO, T., Artliber, São Paulo 2006.
SGARBIERI, V. C.; PACHECO, M. T. B. Revisão: Alimentos Funcionais Fisiológicos.
Brazil Journal Food Technology, Campinas, v.2, p. 7-19, 1999.
SHAW, D.J. Introdução à quimica dos coloides e de superfícies. São Paulo. Ed. Edgard
Blucher Ltda. 1975, 184 p.
SHIN, H. T.; BAIG, S. Y.; LEE, S. W.; SUH, D. S.; KWON, S. T.; LIM, Y. B.; LEE, J. H.
Production of fructo-oligosaccharides from molasses by Aureobasidium pullulans cells.
Bioresource Technology, Amsterdan, v. 93, p. 59–62, 2004.
SILVA, F. C.; GUIMARÃES, D. H. P.; GASPARETTO, C. A. Reologia do suco de acerola:
efeitos da concentração e temperatura. Ciências Tecnologia Alimentos. Campinas, v. 25, p.
121-126, Campinas, 2005.
SLIPPERS, B.; FOURIE1, G.; CROUS, P. W.; COUTINHO, T. A.; WINGFIELD, B. D.;
CARNEGIE, A. J.; WINGFIELD, M. J. Speciation and distribution of Botryosphaeria spp. on
native and introduced Eucalyptus trees in Australia and South Africa. Studies in Mycology,
Utrecht,
v. 50, p. 343–358, 2004.
SOMOGYI, M. A new reagent for determination of sugars. Journal of Biological
Chermistry, v. 160, p. 61-68, 1945.
SOUZA, D. M.; GARCIA-CRUZ, C. H. Produção fermentativa de polissacarídeos
extracelulares por bactérias. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 25, p. 331-340, 2004.
STEFFE, J. F. Rheological methods in food process engineering. Freeman Press, Michigan:
1996. 2nd. ed.
STELUTI, R. M.; GIESE E. C.; PIGATO, M. M.; SUMIYA, A. F. G.; COVIZZI, L. G.; JOB,
A. E.; CARDOSO, M. S.; CORRADI DA SILVA, M. L.; DEKKER, R. F. H.; BARBOSA, A.
M. Comparasion of Botryosphaeran production by the ascomyceteous fungus Botryosphaeria
sp., grown on different carbohydrate carbon sources, and their partial structural features.
Journal of Basic Microbiology, Weinheim, v. 44, p. 480-486, 2004.
95
SUTHERLAND, I. W. Microbial polysaccharides from Gram-negative bacteria.
International Dairy Journal, Oxford, v. 11, p. 663-674, 2001.
SUTHERLAND, I. W. Novel and established applications of microbial polysaccharides.
Tibtech, v. 16, p. 41-46, 1998.
TABILO-MUNIZAGA, G; BARBOSA-CÁNOVAS, G. V. Rheology for the food industry.
Journal of Food Engineering, Davis, v. 67, p. 147-156, 2005.
TAVARES, A. P. M. Produção de lacase para potencial aplicação como oxidante na
indústria papeleira. 2006. Dissertação (doutorado). Departamento de Química - Programa de
doutorado em Engenharia Química. Universidade de Aveiro, Portugal. Disponível em:
<http://path.web.ua.pt/file/Ana%20tavares%20tese.pdf>, acesso em 24/07/2007.
TONELI, J. T. C. L.; MURR, F. E. X.; PARK, K. J. Estudo da Reologia de Polissacarídeos
Utilizados na Indústria de Alimentos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais,
Campina Grande, v. 7, p. 181-204, 2005.
TORALLES, R. P.; VENDRUSCOLO, J. L.; VENDRUSCOLO, C. T. Reologia de Purê
Homogeneizado de Pêssego: Efeito da Temperatura e concentração. Brazil Journal Food
Technology, Campinas, v.9, p. 1-8, 2006.
TORRES, M. A.; BEPPU, M. M.; SANTANA, C. C. Viscous and viscoelastic properties of
chitosan solutions and gels. Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, v.9, p. 101-
108, 2006.
ÚRBEZ-TORRES, J. R.; LEAVITT, G. M.; VOEGEL, T. M.; GUBLER, W. D. Identification
and Distribution of Botryosphaeria spp. Associated with grapevine cankers in california.
Plant Disease, v. 90, p. 1490-1503, 2006.
VALDEBENITO-SANHUEZA, R. M.; DUARTE, V.; AMORIM, L.; PORTO, M. D. M.
Detecção e epidemiologia da podridão branca da maçã. Fitopatologia Brasileira, Brasília v.
30, p. 217-223, 2005.
VIANA, F. M. P.; FREIRE, F. C. O.; CARDOSO, J. E.; VIDAL, J. C. Principais doenças do
maracujazeiro na região nordeste e seu controle. Comunicado técnico 86, EMBRAPA, p.1-
11, 2003, disponível em : <http://www.cnpat.embrapa.br/publica/pub/ComTec/cot_86.pdf>,
acesso em 20/07/2007.
VIÑARTA, S. C.; MOLINA, O. E.; FIGUEROA, L. I. C.; FARIÑA, J. I. A further insight
into the practical applications of exopolysaccharides from Sclerotium rolfsii. Food
Hydrocolloids, Oxford, v.20, p.619–629, 2006.
VIÑARTA, S. C.; FRANÇOIS, N. J.; DARAIO, M. E.; FIGUEROA, L. I. C.; JULIA I.
FARIÑA, J. I. Sclerotium rolfsii scleroglucan: The promising behavior of a natural
polysaccharide as a drug delivery vehicle, suspension stabilizer and emulsifier. International
Journal of Biological Macromolecules.Oxford, (2007), doi:10.1016/j.ijbiomac.2007.04.001.
VOGEL, H. J. A convenient growth medium for Neurospora crassa. Genetic Bulletin, v. 13,
p. 42-47, 1956.
96
WYATT, P. J. Light scattering and the absolute characterization of macromolecules.
Analytica Chimica Acta, Oxford, v. 272, p. 1-40, 1993.
XU, X.; XU, J.; ZHANG, Y.; ZHANG, L. Rheology of triple helical Lentinan in solution:
Steady shear viscosity and dynamic oscillatory behavior. Food Hydrocolloids. Oxford,
(2007), doi:10.1016/j.foodhyd.2007.02.010.
YAMAMOTO, F.; CUNHA, R. L. Acid gelation of gellan: Effect of final pH and heat
treatment conditions. Carbohydrate Polymers, Barking, v. 68, p. 517–527, 2007.
YAMAMOTO, Y.;TAKAHASHI, Y.; KAWANO, M.; IIZUKA, M.; MATSUMOTO, T.;
SAEKI, S.; YAMAGUCHI, H. In vitro digestibility and fermentability of levan and its
hypocholesterolemic effects in rats. Journal Nutritional Biochemistry, Lexington, v. 10, p.
13-18, 1999.
YOO, S.; YOON, E. J.; CHA, J.; LEE, H. G. Antitumor activity of levan polysaccharides
from selected microorganisms. International Journal of Biological Macromolecules,
Oxford, v. 34, p. 37–41, 2004.
YOON, E. J.; YOO, S.; CHA, J.; LEE, H. G. Effect of levan’s branching structure on
antitumor activity. International Journal of Biological Macromolecules, Oxford, v. 34, p.
191–194, 2004.
ZHANG, L.; LI, X.; XU, X.; ZENG, F. Correlation between antitumor activity, molecular
weight, and conformation of lentinan. Carbohydrate Research, Amsterdam, v. 340, p. 1515–
1521, 2005 B.
ZHANG, M.; CUI, S. W.; CHEUNG, P. C. K.; WANG, Q. Antitumor polysaccharides from
mushrooms: a review on their isolation process, structural characteristics and antitumor
activity. Trends in Food Science & Technology, Amsterdam,
v. 18, p. 4-19, 2007.
ZHANG, W.; YANG, J.; SHI, P.; CHEN, J.; HAN, X.; WANG,Y. Effects of
exopolysaccharide fraction (EPSF) from a cultivated Cordyceps sinensis fungus on c-Myc, c-
Fos, and VEGF expression in B16 melanoma-bearing mice. Pathology – Research and
Practe, Magdeburg, v. 201 p. 745–750, 2005 A.
ZHANG, Y; XU, X; ZHANG, L. Dynamic viscoelastic behavior of triple helical Lentinan in
water: Effect of temperature. Carbohydrate Polymers (2008),
doi:10.1016/j.carbpol.2007.10.020.
97
ANEXO
98
Artigo encaminhado a Revista Brazilian Journal of Food Technology.
C
ARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DOS BOTRIOSFERANAS PRODUZIDOS PELO
B
OTRYOSPHAERIA
RHODINA
MAMB-05
EM GLUCOSE
,
SACAROSE E FRUTOSE COMO FONTES DE CARBONO
.
RHEOLOGICAL CHARACTERIZATION OF BOTRYOSPHAERANS PRODUCED BY
B
OTRYOSPHAERIA
RHODINA
MAMB-05
IN GLUCOSE
,
SUCROSE AND FRUCTOSE AS CARBON SOURCE
Raphael Alves Macedo Bongiovani
a
, Joana Lea Meira Silveira
b
, Ana Lúcia
Barretto Penna
a
, Robert Frans Huibert Dekker
c
, Aneli de Melo Barbosa
d
, Maria
de Lourdes Corradi da Silva
e
.
a
Dept
o
de Engenharia e Tecnologia de Alimentos Programa de Pós-graduação em
Engenharia e Ciências de Alimentos
IBILCE -
Universidade Estadual Paulista, São
José do Rio Preto, São Paulo, Brasil.
b
Dept
o
de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, Paraná, Brasil.
c
Universidad de Castilla-La Mancha, Instituto de Regional Investigación Científica
Aplicada (IRICA), Ciudad Real, Spain.
d
Dept
o
de Bioquímica e Biotecnologia - CCE, Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, Paraná, Brasil.
e
Dept
o
de Física, Química e Biologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Estadual Paulista, Caixa Postal 467, CEP 19060-900, Presidente
Prudente, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]
99
RESUMO
O fungo ascomiceto Botryosphaeria rhodina MAMB-05 secreta no meio líquido de
cultivo um exopolissacarídeo (EPS), botriosferana, caracterizado como uma β(13;
16)-D-glucana, com aproximadamente 22% de ramificações em C-6, constituídas
por unidades glucosídicos e gentiobiosídicos β16 ligados à cadeia principal. A
comparação da produção do botriosferana em três diferentes fontes de carbono
mostrou maior rendimento em sacarose, seguido de glucose e frutose. A diferença
na estrutura química desses EPSs foi relacionada ao grau de ramificação. As
soluções aquosas dessa família de biopolímeros apresentaram diferentes
viscosidades e consequentemente algumas de suas características reológicas foram
examinadas. As análises reológicas dos polissacarídeos apresentaram
comportamento não-Newtoniano, com características de soluções pseudoplásticas.
O comportamento tixotrópico, confirmado pela curvas de histerese, foi apresentado
pelas soluções dos polissacarídeos obtidos nas três diferentes fontes de carbono.
Os resultados obtidos sugerem que esta família de botriosferanas, produzida pelo
fungo B. rhodina MAMB-05, tem propriedades físico-químicas adequadas para uso e
aplicações comerciais.
Palavras-chaves: Comportamento reológico; Botriosferana; Caráter Pseudoplástica;
Comportamento tixotrópico.
SUMMARY
The ascomyceteous fungus Botryosphaeria rhodina MAMB-05 secretes into
the liquid culture medium an exopolysaccharide (EPS), botryosphaeran,
characterized as a β(13; 16)-D-glucan with approximately 22 % side-branching
at C-6 constituted by glucose and gentiobiose units, which are β16-linked to the
backbone chain. The comparison of botryosphaeran produced by growing the fungal
100
isolate on three different carbon sources showed higher yields on sucrose followed
by glucose and fructose. The difference in chemical structure of these EPS’s was
related to the degree of branching. The aqueous solutions of this family of
biopolymers presented different viscosities, and consequently some rheological
properties were examined. The analyses rheological of polysaccharides presented a
Non-Newtonian behaviour with characteristics of the pseudoplastic solutions. The
thixotropic behaviour was confirmed by hysteresis curves of the polysaccharide
solutions obtained with the three different carbon sources. The findings give support
that this family of botryosphaerans produced by the fungus B. rhodina MAMB-05
have physicochemical properties suitable for use in commercial applications.
Key Words: Rheological behaviour; Botryosphaeran; Character Pseudoplastic;
Thixotropic behaviour.
1. INTRODUÇÃO
Os exopolissacarídeos (EPS) são polímeros extracelulares produzidos por
algumas bactérias e fungos e, alguns, são capazes de formar soluções viscosas,
mesmo em baixas concentrações. Esses biopolímeros vêm substituindo
progressivamente os polissacarídeos obtidos de fontes convencionais, como plantas
e animais, devido à facilidade de obtenção e possibilidade de aplicação nas
indústrias de alimentos, farmacêutica, cosmética e têxtil (METHACANON et al.,
2005; SUTHERLAND, 1998). Dentre os inúmeros biopolímeros, os de origem
bacteriana como a goma xantana e gelana são os que possuem as maiores
aplicações e já são produzidas em escala industrial (COVIELLO et al., 2007; ZHANG
et al., 2007).
101
Polissacarídeos de origem fúngica como lentinana, escleroglucana e
esquizofilana são aplicados como aditivos em diferentes indústrias, em particular
alimentícia e farmacêutica por, principalmente, não apresentarem toxicidade
(ZHANG et al., 2007).
O botriosferana, um exopolissacarídeo produzido pelo fungo ascomiceto
Botryospharia rhodina MAMB-05, quando cultivado em glucose como fonte de
carbono, é formado por uma cadeia principal de unidades glucosídicas em ligação
do tipo β-(1,3), com aproximadamente 22% de ramificação em C-6 por resíduos
glucosídicos e gentiobiosídicos (Figura 1) (BARBOSA et al., 2003). Forma soluções
aquosas viscosas, mesmo em baixas concentrações. Esta β-glucana pode ser
produzida em outras fontes de carbono (STELUTI et al., 2004) constituindo-se como
uma família de exopolissacarídeos e, embora a cadeia principal seja a mesma, o
grau de ramificação do EPS sofre variações (CORRADI DA SILVA et al., 2005). Em
estudos realizados com animal de experimentação in vivo, o botriosferana produzido
em glucose, apresentou atividade hipoglicemiante e hipocolesterolêmica não sendo
observada nenhuma ação mutagênica (MIRANDA et al., 2008).
Para aplicação industrial de um polissacarídeo o mesmo deve apresentar
características reológicas interessantes tais como formar soluções viscosas em
baixas concentrações, possuir alta solubilidade, manter a viscosidade e estabilidade
em ampla faixa de pH, temperatura e na presença de sais. Além disso, para
consumo humano como alimento, fármaco e/ou cosmético deve ser metabolizado
pelo organismo humano e ter aprovação prévia dos órgãos competentes (MOREIRA
et al, 2005).
Embora as análises reológicas sejam utilizadas para estudar o
comportamento reológico das soluções formadas pelos polissacarídeos de origem
102
bacteriana e fúngica, nenhum trabalho foi realizado com os géis formados pelos
exopolissacarídeos produzidos pelo fungo Botryosphaeria rhodina MAMB-05. Até o
momento, as investigações estão relacionadas com a produção, estrutura e
atividade biológica do botriosferana. Portanto, o objetivo deste trabalho foi realizar
análises reológicas com as soluções dos exopolissacarídeos produzidos pelo B.
rhodina MAMB-05, quando cultivado em três diferentes fontes de carbono: glucose,
sacarose e frutose. Espera-se que os resultados aqui obtidos possam contribuir
futuramente para o emprego destes exopolissacarídeos nas indústrias de alimentos,
cosmética e farmacêutica.
Figura 1. Botriosferana: β-(13,16)-D-glucana
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Preparo das soluções de exopolissacarídeos
Os exopolissacarídeos foram obtidos de acordo com a metodologia descrita
por Steluti e colaboradores (2004), a partir do cultivo do fungo Botryosphaeria
rhodina MAMB-05 nas fontes de carbono glucose (EPS
GLU
), sacarose (EPS
SUC
) e
frutose (EPS
FRU
). Os EPS foram solubilizados em água deionizada à temperatura de
± 6C, na concentração de 6g/L. As amostras foram mantidas sob agitação
mecânica constante, em velocidade média, à temperatura de 22°C por 18 horas.
Durante esse período foram realizados três ciclos de aquecimentos a 60° C, por 15
103
minutos. Após solubilização completa dos EPS, foram realizadas diluições para
condução dos experimentos.
2.2. Curvas de Fluxo
As propriedades reológicas das soluções polissacarídicas, em diferentes
concentrações, foram determinadas através de ensaios com cisalhamento
constante. Foi utilizado um reômetro HAAKE RS75 Rheostress acoplado a um
banho termostatizado HAAKE K15 e termocirculador de água DC5B3. Foi utilizado o
sensor cone-placa com diâmetro de 60nm e ângulo de (α). Foi aplicada uma taxa
de cisalhamento (γ) variando de 10
-1
a 10
2
s
-
1 com um tempo de 300s para
realização das curvas de fluxo. A amostragem foi realizada em triplicata à
temperatura 25°C.
2.3. Tixotropia
A determinação da tixotropia foi efetuada em sensor cone-placa (C60/2Ti°) na
concentração de 6 g/L, para cada EPS. Foi realizada a curva de histerese (tensão
de cisalhamento x taxa de cisalhamento) com taxa de cisalhamento de 10
-1
a 10
2
s
-
1
,
onde se verificou a subida (ascendente) e a descida (descendente) da curva. As
análises foram realizadas em triplicata à temperatura de 25°C.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Comportamento reológico das soluções formadas pelos
exopolissacarídeos produzidos pelo B. rhodina MAMB-05 nas três diferentes
fontes de carbono
A curva de fluxo, definida a partir das medidas de tensão de cisalhamento (τ)
x taxa de cisalhamento ( ), permite verificar o comportamento de fluxo das soluções
polissacarídicas. A partir da construção do reograma é possível estabelecer se um
104
líquido apresenta um comportamento de fluxo Newtoniano ou não Newtoniano, em
determinadas condões de tensão ou taxa de cisalhamento.
As soluções aquosas dos botriosferanas obtidos nas três diferentes fontes de
carbono apresentaram elevada viscosidade mesmo em baixas concentrações e
observou-se um aumento da viscosidade com o aumento da concentração de
polissacarídeos (Figura 2).
Figura 2. Soluções aquosas do EPS
GLU
á temperatura 25ºC. (a) 3g/L e (b) 6g/L.
De acordo com os reogramas apresentados na figura 3 as soluções
polissacarídicas têm comportamento de fluxo de líquidos não Newtonianos e o
aumento da tensão de cisalhamento, a partir do aumento progressivo da taxa de
cisalhamento, caracteriza as soluções como fluidos pseudoplásticos (NAVARRO,
1997).
105
Figura 3. Curvas de Fluxo (tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento) das
soluções polissacarídicas dos (a) EPS
GLU
, (b) EPS
SAC
e (c) EPS
FRU
, nas
concentrações de 1g/L a 6g/L, à temperatura de 25ºC.
Rottava (2005) observou comportamento semelhante de pseudoplasticidade
para a goma xantana, produzida por diferentes espécies da bactéria Xanthomonas
sp, que é, atualmente, o polímero mais utilizado pela indústria, apresentando
106
propriedades de espessante e estabilizante, com comportamento pseudoplástico
estável em uma larga faixa de pH, concentração iônica e temperatura (GARCIA-
OCHOA et al., 2000). Bae e colaboradores (2008) estudaram o comportamento
reológico das soluções do exopolissacarídeo levana, produzido pela Microbacterium
laevaniformans, e os resultados encontrados demonstraram que as soluções de
levana também apresentavam comportamento pseudoplástico.
A característica pseudoplástica vista nas glucanas produzidas pelo fungo
Botryosphaeria rhodina MAMB-05, também foi observada nos estudos reológicos da
escleroglucana, uma β-(13,16)-D-glucana, produzida por fungos do gênero
Sclerotium (GRASSI et al., 1996). se propõe a utilização de escleroglucana para
diminuir a sinerese (exsudação espontânea da água), melhorando a qualidade dos
alimentos (VIÑARTA et al., 2006).
3.2 Tixotropia
A tixotropia descreve o comportamento de substâncias que passam do estado
gel de alta viscosidade para o estado de solução com viscosidade muito baixa, como
resultado de um alto cisalhamento por um período de tempo relativamente longo.
Um importante critério da tixotropia é o processo reversível de reespessamento da
substância, quando deixada em repouso. Testes reológicos em que a amostra é
submetida ao aumento da taxa de cisalhamento, seguida pela diminuição da taxa,
servem para observar a tixotropia do material, cuja ocorrência é verificada quando a
curva de aumento não coincide com a curva de decréscimo da taxa e o diagrama
resultante é denominado de curva de histerese (BARNES, 1997).
As curvas de histerese dos exopolissacarídeos estudados neste trabalho
mostraram que todos apresentam comportamento tixotrópico (Figura 4). Amido de
107
milho e combinações de amido de milho com gomas xantana, arábica e guar
(KORUS et al., 2004) apresentam comportamento semelhante.
Figura 4. Curvas de Histerese (tensão de cisalhamento x taxa de deformação) das
soluções polissacarídicas dos (a) EPS
GLU
, (b) EPS
SAC
e (c) EPS
FRU
na concentração
de 6g/L, à temperatura de 25ºC. Curva ascendente (símbolos preenchidos), curva
descendente (símbolos abertos).
108
Mao e colaboradores (2007) estudaram o comportamento tixotpico e a
conformação em tripla lice do exopolissacarídeo grifolana, uma β-(1,3)-D-glucana,
produzida pelo fungo Grifola frondosa. Considerando os resultados encontrados os
pesquisadores inferiram que o comportamento tixotrópico do gel de grifolana poderia
ser atribuído à ruptura de agregados da tripla hélice, sob cisalhamento. EPS
GLU
,
EPS
SAC
e EPS
FRU
também apresentam conformação em tripla hélice, nos
experimentos com Congo Red (dados não apresentados), portanto, a desagregação
de suas cadeias, sob alto cisalhamento, poderia ser a causa do comportamento
tixotrópico dessa família de polissacarídeos. O mesmo fenômeno foi observado para
o escleroglucana (GRASSI et al., 1996), também um polímero que apresenta
conformação em tripla hélice (FARIÑA et al., 2001). O escleroglucana é, hoje, o
polímero de origem fúngica com maior aplicação industrial, principalmente nas áreas
farmacêutica e alimentícia (COVIELLO et al., 2007).
Os produtos tixotrópicos possuem algumas vantagens tecnológicas, pois
tendem a apresentar maior vida de prateleira (shelf-life) durante o armazenamento,
mantendo a viscosidade constante, o que dificulta a separação dos constituintes da
formulação (CORRÊA et al., 2005). A obtenção de formulações de uso pico com
caráter tixotrópico é bastante almejada, pois se deformam durante a aplicação
tornando-se mais fluídas e, consequentemente, facilitando o espalhamento e
recuperando a viscosidade inicial no momento em que se encerra a aplicação,
evitando que o produto escorra (GASPAR, MAIA CAMPOS, 2003).
Os materiais tixotrópicos possuem inúmeras aplicações tecnológicas,
portanto a manifestação desse comportamento nos exopolissacadeos produzidos
pelo B. rhodina nos permite acreditar que uma investigação mais minuciosa no
109
campo da reologia poderá prover informações valiosas para aplicação do
botriosferana nos diferentes setores industriais.
4. CONCLUSÕES
As soluções aquosas dos exopolissacarídeos produzidos pelo fungo Botryosphaeria
rhodina MAMB-05, nas três diferentes fontes de carbono, apresentaram
comportamento de fluxo de líquidos não Newtonianos, com características de fluidos
pseudoplásticos. O comportamento tixotrópico foi identificado nas três soluções.
Resultados semelhantes foram encontrados nos estudos de alguns polissacarídeos
microbianos, que hoje são amplamente utilizados pela indústria.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP processo
05/53879-3) e à Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior
(CAPES, bolsa de mestrado ao aluno RAMB), UFPR, Pronex-Carboidratos e Rede
Nanoglicobiotecnologia-CNPq, Fundação Araucária (Projeto 5777) e ao CNPq
(Projeto Nº 474340/2006-6).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAE, I. Y.; IM-KYUNG, O.; LEE, S.; YOO S. H.; LEE, H. G. Rheological
characterization of levan polysaccharides from Microbacterium laevaniformans.
International Journal of Biological Macromolecules, v. 42, p. 10-13, 2008.
BARBOSA, A. M.; STELUTI, R. M.; DEKKER, R. F. H.; CARDOSO, M. S.; CORRADI
DA SILVA, M. L. C. Structural characterization of botryosphaeran: (13,16)-β-D-
glucan produced by the ascomyceteous fungus, Botryosphaeria sp. Carbohydrate
Research, v. 338, p. 1691-1698, 2003.
BARNES, H. A. Thixotropy a review. Journal Non-Newtonian Fluid Mechanics, v.
70, p.1-33, 1997.
110
CORRADI DA SILVA, M.L; IZELI, N. L.; MARTINEZ, P .F.; SILVA, I. R.;
CONSTANTINO, C. J. L.; CARDOSO, M. S.; BARBOSA, A. M.; DEKKER, R. F. H.;
SILVA, G. V. J. Purification and structural characterization of (13;16)-β-glucan
from Botryosphaeria sp. produced in two different carbon sources: a comparative
study. Carbohydrate Polymers, v. 61, p. 10-17, 2005.
CORRÊA, N. M.; CAMARGO, F. B.; IGNÁCIO, R. F.; LEONARDI, G. R. Avaliação do
comportamento reológico de diferentes géis hidrofílicos. Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas, v. 41, p. 73-78, 2005.
COVIELLO, T.; ALHAIQUE, F.; DORIGO, A.; MATRICARDI, P.; GRASSI, M. Two
galactomannans and scleroglucan as matrices for drug delivery: preparation and
release studies. European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v.
66, p. 200–209, 2007.
FARIÑA, J. I.; SIÑERIZ, F.; MOLINA, O. E.; PEROTTI, N. I. Isolation and
physicochemical characterization of soluble scleroglucan from Sclerotium rolfsii.
Rheological properties, molecular weight and conformational characteristics.
Carbohydrate Polymers, v. 44, p. 41–50, 2001.
GARCÍA-OCHOA, F.; SANTOS, V. E.; CASAS, J. A.; GÓMEZ, E. Xanthan gum:
production, recovery, and properties. Biotechnology Advances, v. 18, p. 549-579,
2000.
GASPAR, L. R.; MAIA CAMPOS, P. M. B. G. Rheological behaviour and the SPF of
sunscreens. International Journal of Pharmaceutics, v. 250, p. 35-44, 2003.
GRASSI, M.; LAPASIN, R; PRIC, S. A study of the rheological behavior weak gel
systems of scleroglucan. Carbohydrate Polymers, v. 29; p. 169-181; 1996.
111
KORUS, J.; JUSZCZAK, L.; WITCZAK, M.; ACHREMOWICZ, B. Influence of
selected hydrocolloids on triticale starch rheological properties. International
Journal of Food Science and Technology, v. 39, p. 641–652, 2004.
MAO, C. F.; HSU, M.; HWANG, W. Physicochemical characterization of grifolan:
thixotropic properties and complex formation with Congo Red. Carbohydrate
Polymers, v. 68, p. 502–510, 2007.
METHACANON, P.; MADLA, S.; KIRTIKARA, K.;PRASITSIL, M. Structural
elucidation of bioactive fungi-derived polymers. Carbohydrate Polymers, v. 60, p.
199–203, 2005.
MIRANDA, C. C. B. O.; DEKKER, R. F. H.; SERPELONI, J. M.; FONSECA, E. A. I.;
CÓLUS, I. M. S.; BARBOSA, A. M. Anticlastogenic activity exhibited by
botryosphaeran, a new exopolysaccharide produced by Botryosphaeria rhodina
MAMB-05. International Journal of Biological Macromolecules, v. 42, p. 172-177,
2008.
MOREIRA, A. N.; MOREIRA, A. S.; DIA, P. S.; VENDRUSCOLO, C. T.; DEL PINO,
F. A. B. Comportamento reológico e composição química do biopolímero da bactéria
Beijerinckia sp 7070 produzido por via enzimática. Brazilian Journal of Foood
Technology, v. 8, p. 135-142, 2005.
NAVARRO, R. F. Fundamentos de reologia de polímeros. 1. ed. Caxias do Sul:
Editora da Universidade de Caxias do Sul, 1997. 264 p.
ROTTAVA, I. Seleção de linhagens de Xanthomonas sp. para produção de
goma xantana. 2005. 95f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos).
Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguaia
e das Missões, Campus de Erechim-RS.
112
STELUTI, R. M.; GIESE E. C.; PIGATO, M. M.; SUMIYA, A. F. G.; COVIZZI, L. G.;
JOB, A. E.; CARDOSO, M. S.; CORRADI DA SILVA, M. L.; DEKKER, R. F. H.;
BARBOSA, A. M. Comparasion of botryosphaeran production by the ascomyceteous
fungus Botryosphaeria sp., grown on different carbohydrate carbon sources, and
their partial structural features. Journal of Basic Microbiology, v. 44, p. 480-486,
2004.
SUTHERLAND, I. W. Novel and established applications of microbial
polysaccharides. Tibtech January, v. 16, p. 41-46, 1998.
VIÑARTA, S. C.; MOLINA, O. E.; FIGUEROA, L. I. C.; FARIÑA, J. I. A further insight
into the practical applications of exopolysaccharides from Sclerotium rolfsii. Food
Hydrocolloids, v. 20, p. 619–629, 2006.
ZHANG, M.; CUI, S. W.; CHEUNG, P. C. K.; WANG, Q. Antitumor polysaccharides
from mushrooms: a review on their isolation process, structural characteristics and
antitumor activity. Trends in Food Science & Technology, v. 18, p. 4-19, 2007.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo