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processo de grande evolução, pois é possível discutir idéias e criar senso crítico em
relação ao mundo. Bakhtin (1997) discorre sobre a transmutação dos gêneros e a
assimilação de um gênero por outro gerando novos.
De acordo com o exposto, as relações entre os parceiros da
interlocução são determinadas pelas esferas comunicativas, que são divididas em
dois grupos, de acordo com Bakhtin (1997), que distingue os gêneros primários
(cotidiano), aqueles que não precisam ser ensinados na escola, dos secundários
(comunicação produzida a partir de códigos culturais elaborados, como a escrita),
esses gêneros exigem maior planejamento para serem usados. Precisam, pois, ser
ensinados na escola para que os alunos possam dominá-los como instrumento de
comunicação, indispensável para o exercício da cidadania.
De acordo com Brait e Melo (2005, p. 89), em relação à esfera de
atividade humana, gênero e estilo:
[...] cada esfera conhece gêneros apropriados as suas especificidades. A
esses gêneros correspondem determinados estilos. Uma dada função, seja
ela científica, técnica, religiosa, oficial, cotidiana, somada às condições
específicas de cada uma das esferas da comunicação, geram um dado
gênero, ou seja, um dado tipo de enunciado, relativamente estável do ponto
de vista temático, composicional e estilístico. Aqui, sem dúvida, se
pensamos no estágio atual da construção do conhecimento, em nossa
cultura e nos círculos acadêmicos em geral, certamente saberemos apontar
alguns gêneros e as coerções que determinam sua temática,sua forma
composicional e seu estilo. Mas saberemos, também, em meio às
estabilidades, apontar o que há de marca autoral em artigos, monografias,
teses, aulas expositivas, seminários, conferências.
Nesse contexto, cada esfera conhece gêneros apropriados a suas
especificidades, no entanto, a esses gêneros correspondem determinados estilos.
Segundo os PCNs de Língua Portuguesa (BRASIL, 1998), o trabalho com textos, via
gêneros do discurso, é relevante, pois os textos se organizam sempre dentro de
certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que os
caracterizam como pertencentes a este ou aquele gênero (BRASIL, 1998, p. 23).
Pelo fato de os gêneros existirem em um número ilimitado, é necessário que a
escola os priorize, de acordo com a necessidade dos alunos.
O gênero é fundamental na escola, visto que, segundo Schneuwly e
Dolz (2004, p. 71), é utilizado como meio de articulação entre as práticas sociais e
os objetos escolares, mais particularmente, no domínio do ensino da produção de
textos orais e escritos. No afã de favorecer a aprendizagem da escrita de textos, a