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Universidade Estadual Paulista
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
D
EPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
P
ROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ABORDAGEM MATEMÁTICA DE ROLL WAVES EM
ESCOAMENTOS HIPERCONCENTRADOS COM
SUPERFICIE LIVRE
Fabiana de Oliveira Ferreira
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia de
Ilha Solteira da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, como parte dos requisitos exigidos para a
obtenção do título de
M
M
e
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s
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t
t
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m
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E
n
n
g
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n
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M
M
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n
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c
a
a.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo de Freitas Maciel
Ilha Solteira, novembro de 2007.
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u
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Dedico este trabalho aos meus pais Silvio e Maria
Luzia e ao meu irmão Silvio Cesar, estímulos que
me impulsionaram a buscar meus ideais.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter me concedido força e perseverança para concluir este
trabalho.
Aos meus pais e meu irmão, pelos ensinamentos, pelo carinho e confiança.
Ao meu orientador professor Geraldo de Freitas Maciel, pelo aprendizado, pela
confiança, paciência e apoio constante no decorrer do trabalho, mostrando-me caminhos ao
invés de meras soluções.
À professora Mônica Pinto Barbosa, pela confiança e pela oportunidade de fazer o
mestrado, me fazendo acreditar que poderia ser uma mestre.
Ao meu namorado Marcel, pela compreensão nos momentos de ausência e pelo
carinho e incentivo nos momentos de dificuldades.
À amiga Adriana, pelo companheirismo nos momentos felizes e também nos
momentos mais difíceis.
A todos os amigos por grandes momentos juntos, que de forma direta ou indireta
contribuíram muito para a conclusão deste trabalho.
À banca examinadora, por aceitar contribuir na discussão e certamente no
enriquecimento deste trabalho.
Ao programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, professores e funcionários.
Sempre me pareceu estranho que todos aqueles que
estudam seriamente esta ciência acabam tomados de uma
espécie de paixão pela mesma. Em verdade o que
proporciona o máximo de prazer não é o conhecimento e
sim a aprendizagem, não é a posse mas a aquisição, não é
a presença mas o ato de atingir a meta.
Carl Friedrich Gauss
RESUMO
Os escoamentos em superfície livre que ocorrem em canais inclinados, tanto em fluido
Newtoniano quanto em fluido não-Newtoniano (hiperconcentrado), podem desenvolver
instabilidades, tais como ondas em forma de ressalto hidráulico, com comprimentos bem
definidos. Tais perturbações são denominadas Roll Waves. Essas ondas são comuns em canais
artificiais, em lavas torrenciais e deslizamento de avalanchas. Neste trabalho, no plano
teórico, é determinado um modelo matemático geral, com base nas equações de Navier-
Stokes integradas na vertical, em cujo tensor de tensões é introduzido a reologia de Herschel-
Bulkley. A velocidade média do escoamento é determinada levando-se em consideração que o
escoamento apresenta um perfil de velocidade parabólico na região cisalhada (próximo ao
fundo do canal) acoplado a um perfil linear na região não cisalhada (condição de plug),
característico dos escoamentos de lamas e detritos. A partir do sistema de equações
(conservação da massa e equação da quantidade de movimento) em variáveis adimensionais,
uma análise de estabilidade linear é realizada, colocando em evidência as condições de
formação dessas instabilidades, tanto em fluido hiperconcentrado como em fluido
Newtoniano. Com as condições de formação de instabilidades estabelecidas, uma teoria
analítica de Roll Waves permanente é imposta e um modelo matemático para geração de tais
instabilidades é determinado. No plano numérico, utilizando a linguagem de programação
Python, a validade do modelo é verificada, considerando que essas ondas são ajustadas por
choques devido às singularidades existentes no modelo. Com a determinação das condições
de choque e da velocidade de propagação da onda em um ponto crítico; pode-se observar a
formação de Roll Waves em fluidos não Newtonianos com reologia de Herschel-Bulkley,
Bingham, Power Law, como também em fluido Newtoniano.
Palavras-chave: Roll Waves, Herschel-Bulkley, fluido hiperconcentrado, ondas de choque.
ABSTRACT
The flows in free surface that occur in sloping canals, such as Newtonian fluid as in non-
Newtonian fluid (hyperconcentrated), they can develop instabilities, such as long waves in
form of hydraulical jumps, with well defined lengths; these instabilities are called Roll Waves,
more common in artificial canals, torrential spillways of dams, lava and avalanche landslide.
This work, in the theoretical plan, a general mathematical model is determined, on the basis of
the integrated Navier-Stokes equation in the vertical, of tensor tensions the rheology of
Herschel-Bulkley is introduced. The average velocity of the flows is determined taking itself
in consideration that the flows presents a parabolic profile of speed in the shear region (near
of the floor of canal) connected to a linear profile in the region not shear (condition of plug),
categorized as flows of mudflows and debris flows. From the system of equations
(conservation of the mass and equation of the momentum) in adimensional variables, an
analysis of linear stability is carried through, placing the conditions of formation of these
instabilities, as much in hyperconcentrated fluid as in Newtonian fluid. With the conditions of
formation of instabilities established, a analytical theory of permanent Roll Waves is imployed
and a mathematical model for geration of such stabilities it’s determined. In the numerical
plan, using the computational consol Python, the validity of model is checked, considering of
this waves are adjusted by shocks devided by the singularities existents in the model. With the
determination of conditions of shock and the velocity of propagation of wave in a critical
point; we can observe the formation of Roll Waves such in fluids non-Newtonians (Herschel-
Bulkley, Bingham, Power law) as Newtonian fluids.
Keywords: Roll Waves, Herschel-Bulkley, hyperconcentrated fluid, shock waves.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1: VISUALIZAÇÃO DE ROLL WAVES............................................................................16
FIGURA 1.2: VISUALIZAÇÃO DO FENÔMENO ROLL WAVES NA RAMPA DE LAVAS TORRENCIAIS DA
UNESP-ILHA SOLTEIRA....................................................................................................16
F
IGURA 2.1: EXEMPLOS DE FLUIDO NEWTONIANO E FLUIDO NÃO NEWTONIANO.......................25
F
IGURA 2.2: REOGRAMA REPRESENTANDO DIFERENTES TIPOS DE MODELOS REOLÓGICOS. .......28
FIGURA 2.3: GEOMETRIA DO PROBLEMA....................................................................................29
FIGURA 3.1 REPRESENTAÇÃO DO PERFIL DE VELOCIDADE PARA UM FLUIDO DE HERSCHEL-
BULKLEY...........................................................................................................................44
FIGURA 3.2: PERFIL DE VELOCIDADES PARA UM FLUIDO TIPO HERSCHEL-BULKLEY .................45
FIGURA 4.1: TAXA DE CRESCIMENTO DAS PERTURBAÇÕES PARA UM FLUIDO DO TIPO HERSCHEL-
BULKLEY............................................................................................................................63
F
IGURA 4.2:TAXA DE CRESCIMENTO DAS PERTURBAÇÕES PARA UM FLUIDO DO TIPO POWER LAW
..........................................................................................................................................64
F
IGURA 4.3:TAXA DE CRESCIMENTO DAS PERTURBAÇÕES PARA UM FLUIDO BINGHAMIANO E
NEWTONIANO....................................................................................................................65
FIGURA 4.4 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS PERTURBAÇÕES PARA FLUIDO DE HERSCHEL-
BULKLEY...........................................................................................................................67
F
IGURA 4.5: VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS PERTURBAÇÕES PARA UM FLUIDO DO TIPO
POWER LAW. ......................................................................................................................67
FIGURA 4.6: VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS PERTURBAÇÕES PARA FLUIDO BINGHAMIANO E
NEWTONIANO....................................................................................................................68
FIGURA 5.1 PERFIL DE UMA ROLL WAVE....................................................................................74
FIGURA 6.1: PERFIL DAS ROLL WAVES EM FLUIDO DE HERSCHEL-BULKLEY E SEUS RESPECTIVOS
PLANOS DE FASES
, VARIANDO O VALOR DE
β
. ..................................................................80
FIGURA 6.2 PERFIL DAS ROLL WAVES EM FLUIDO DE HERSCHEL-BULKLEY, VARIANDO O VALOR
DE
β
.................................................................................................................................81
FIGURA 6.3 PERFIL DAS ROLL WAVES PARA FLUIDO DE HERSCHEL-BULKLEY, VARIANDO O
VALOR DE
*
C
....................................................................................................................82
F
IGURA 6.4 PERFIL DAS ROLL WAVES EM FLUIDO DE HERSCHEL-BULKLEY VARIANDO O VALOR
DE
n PARA
0
β
...............................................................................................................83
FIGURA 6.5: PERFIL DAS ROLL WAVES VARIANDO O VALOR DE n PARA
1
β
=
...........................84
LISTA DE SÍMBOLOS
SÍMBOLOS GREGOS
α
coeficiente de distribuição de velocidade
β
constante em função do número de Froude
n
β
constante em função do número de Froude em um ponto critico
ς
comprimento de onda no sistema móvel de coordenadas
θ
ângulo de inclinação do canal
λ
comprimento da Roll Wave
µ
viscosidade dinâmica ou absoluta de fluido newtoniano
n
µ
índice de escoamento para fluido do tipo Power Law
B
µ
viscosidade plástica (fluido de Bingham)
ρ
massa especifica
τ
tensão de cisalhamento
*
τ
tensão de cisalhamento adimensional
c
τ
tensão critica ou rigidez inicial
p
τ
tensão na parede
x
x
τ
tensão normal atuante na direção
x
yy
τ
tensão normal atuante na direção y
zz
τ
tensão normal atuante na direção z
x
y
τ
tensão cisalhante atuante no eixo
x
na direção y
yx
τ
tensão cisalhante atuante no eixo y na direção
x
x
z
τ
tensão cisalhante atuante no eixo
x
na direção z
zx
τ
tensão cisalhante atuante no eixo z na direção
x
φ
ângulo de atrito interno
ω
freqüência das perturbações
SÍMBOLOS ARÁBICOS
C coeficiente de Chézy
g aceleração da gravidade
n índice de escoamento do fluido
U velocidade de propagação da Roll Wave
Fr
número de Froude
*
C coesão do fluido (em função da tensão crítica)
i
U componente de velocidade em notação indicial
i
X
eixos do sistema de coordenadas em notação indicial
i
F forças de corpo
ij
Τ tensor de tensões
t escala de tempo
u componente de velocidade na direção
x
v componente de velocidade na direção y
w componente de velocidade na direção z
x
abcissa no sistema de coordenadas cartesianas
y ordenada no sistema de coordenadas cartesianas
z cota no sistema de coordenadas cartesianas
n
K índice de consistência do fluido de Herschel-Bulkley
o
h cota no fundo do canal
f
h cota na superfície livre do escoamento
Ox escala de comprimento na direção
x
Oy escala de comprimento na direção y
Oz escala de comprimento na direção
z
L
comprimento característico
*
x
abcissa adimensional no sistema de coordenadas cartesianas
*
y ordenada adimensional no sistema de coordenadas cartesianas
*
z cota adimensional no sistema de coordenadas cartesianas
*
u componente de velocidade adimensional na direção
x
*
v componente de velocidade adimensional na direção
y
*
w componente de velocidade adimensional na direção z
P pressão
*
P pressão na forma adimensional
u
velocidade média do escoamento
h profundidade total do escoamento
0
z profundidade do escoamento na região cisalhada
0
l comprimento da onda em regime uniforme
0
h profundidade do escoamento em regime uniforme
0
u componente da velocidade na direção para escoamento em regime uniforme
0
u velocidade média do escoamento em regime uniforme
H valor infinitesimal para altura quando o escoamento é perturbado
V
valor infinitesimal para a velocidade do escoamento quando perturbado
()
I
ω
taxa média de crescimento das instabilidades
()
k
ω
velocidade de propagação da onda
'
x
abcissa no sistema móvel de coordenadas
c constante em função da velocidade de propagação da Roll Wave
1
h
profundidade do escoamento antes do choque
2
h profundidade de escoamento depois do choque
c
h profundidade critica do escoamento
SUMÁRIO
PREÂMBULO........................................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................15
1.1 R
EVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................17
1.2 O
BJETIVOS.................................................................................................................22
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.....................................................................................23
2.1 DEFINIÇÕES DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS ............................................23
2.2 MODELOS REOLÓGICOS.............................................................................................25
2.3 ANÁLISE FÍSICA DO PROBLEMA.................................................................................29
2.4 ESCOAMENTO SUPERCRÍTICO, CRÍTICO E SUBCRÍTICO ..............................................30
3. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA...............................................................................32
3.1 T
RATAMENTO MATEMÁTICO DAS EQUAÇÕES GOVERNANTES...................................33
3.2 T
RATAMENTO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO .........................................................35
3.3 DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA...........................................................37
3.4 MODELO MATEMÁTICO.............................................................................................41
3.5 PERFIL DE VELOCIDADES...........................................................................................43
3.5.1 Velocidade Média em Relação à Profundidade do Escoamento. ......................46
3.6 D
ETERMINAÇÃO DA TENSÃO DE CISALHAMENTO (LEI DE ATRITO)...........................46
3.7 C
OEFICIENTE DE DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADE......................................................49
3.8 ADIMENSIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS....................................................................51
4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE LINEAR..................................................................57
4.1 LINEARIZAÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES...............................................................57
4.2 CONDIÇÕES PARA FORMAÇÃO DE INSTABILIDADES...................................................61
4.3 TAXA DE CRESCIMENTO DAS INSTABILIDADES..........................................................63
4.4 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS INSTABILIDADES ...............................................66
5. EQUAÇÃO DAS ROLL WAVES ..................................................................................70
5.1 ONDAS DE CHOQUE E DESCONTINUIDADES ...............................................................73
5.2 P
ERFIL DE UMA ROLL WAVE.......................................................................................73
5.2.1 Condições de Choque
..........................................................................................75
5.3 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DA ROLL WAVE.........................................................76
6. RESULTADOS NUMÉRICOS.....................................................................................78
6.1 A LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO PYTHON ..............................................................78
6.2 ROLL WAVES PARA A PROPOSTA REOLÓGICA DE HERSCHEL-BULKLEY......................79
7. DISCUSSÕES E PERSPECTIVAS..............................................................................86
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................89
APÊNDICE A .........................................................................................................................95
APÊNDICE B........................................................................................................................100
APÊNDICE C .......................................................................................................................104
APÊNDICE D .......................................................................................................................106
APÊNDICE E........................................................................................................................109
APÊNDICE F........................................................................................................................114
PREÂMBULO
Este trabalho é composto de sete capítulos. O capítulo 1 apresenta uma motivação abordando
os principais aspectos pelo qual a pesquisa foi desenvolvida, apresentando algumas
referências bibliográficas marcantes no contexto de Roll Waves e as metas principais dessa
pesquisa. O capítulo 2 inicia-se com alguns conceitos sobre as propriedades físicas dos fluidos
e apresenta uma breve revisão dos modelos reológicos que serão citados no decorrer do
trabalho, além disso, mostra uma visão geral dos principais aspectos físicos pertinentes ao
problema, considerando um escoamento de águas rasas de um fluido hiperconcentrado, em
um canal inclinado. O capítulo 3 apresenta a formulação matemática do problema estudado,
para o qual, são apresentadas as equações governantes, a definição do modelo reológico a ser
utilizado, as considerações iniciais empregadas na solução do problema e o desenvolvimento
matemático para a obtenção do sistema que rege o escoamento tratado. No capítulo 4 é feita
uma análise de estabilidade linear para o escoamento uniforme, mostrando a taxa de
crescimento das instabilidades e a velocidade de propagação em função do número de ondas,
evidenciando as condições necessárias para a formação de instabilidades no escoamento. O
capítulo 5 determina o modelo matemático para geração de Roll Waves e as relações
constitutivas do modelo. No capítulo 6, encontram-se os resultados numéricos que
demonstram a potencialidade e a aplicabilidade do modelo matemático apresentado. E no
capítulo 7 são apresentadas as discussões, com embasamento teórico, dos resultados
encontrados e sugestões para trabalhos futuros.
15
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
Os escoamentos em superfícies livres, também referenciados como escoamentos em
canais, têm um grande número de aplicações práticas na engenharia. No entanto, os
escoamentos que se processam em canais com declividades podem desenvolver instabilidades
em forma de ressalto hidráulico ou bore waves. Essas instabilidades podem aparecer tanto em
fluidos Newtonianos (água limpa), quanto em fluidos não Newtonianos (fluidos
hiperconcentrados). Tais perturbações com comprimento de onda definido são denominadas
Roll Waves.
Não é raro encontrá-las em rios íngremes, em canais artificiais, vertedouros de
barragens, deslizamentos de avalanchas ou em corridas de lamas (mudflows) (Engelund e
Wan, 1984) e detritos (debris flows) (Forterre e Pouliquen, 2003). O fenômeno pode ser visto
em oceanos (Swaters, 2003) e lagos (Fer
et al., 2003), além disso, essas ondas são ocorrências
comuns em águas rasas e películas de fluido laminar que escoam sobre calhas e ruas em dias
chuvosos.
Essas perturbações aparecem também em várias outras situações físicas, tais como em
corrente de gravidade em laboratórios (Alavian, 1986 e Cenedese
et al., 2004), em
escoamentos multifásicos (Woods et al., 2000), em escoamentos de tubos dobráveis e canais
elásticos, com aplicações ao ar e fluxos de sangue em fisiologia (Pedley, 1980 e Brook, 1999)
e em modelo de tremor vulcânico (Julian, 1994).
Através de estudos realizados em laboratório pelo grupo de pesquisa da Unesp-Ilha
Solteira, observou-se a formação de tais instabilidades em fluido hiperconcentrado
(água+argila, água+argila+areia fina) escoando em um canal inclinado.
A formação dessas ondas pode acarretar em variações significativas na profundidade
do escoamento, vencendo algumas vezes, a borda livre de canais e provocando
16
“transbordamentos”. Dessa forma, visando a aplicação deste estudo em problemas de
engenharia, um modelo matemático capaz de reproduzir Roll Waves contribuiria para um
maior controle do fenômeno em questão, por exemplo, um eventual redimensionamento de
bordas livres de um canal. A Figura 1.1 mostra o fenômeno das Roll Waves na natureza no
escoamento de fluido hiperconcentrado e de um fluido Newtoniano. A Figura 1.2 mostra o
desenvolvimento das Roll Waves, geradas em lama na rampa de lavas torrenciais da UNESP -
Ilha Solteira.
a) Escoamento de fluido hiperconcentrado. b) Escoamento de fluido Newtoniano
Figura 1.1: Visualização de Roll Waves
Figura 1.2: Visualização do fenômeno Roll Waves na rampa de lavas torrenciais da UNESP-
Ilha Solteira
17
1.1 Revisão Bibliográfica
Quanto à geração de Roll Waves em escoamentos de fluido Newtoniano e não
Newtoniano, estudos anteriores foram realizados na busca de explicar a ocorrência do
fenômeno. Podendo aparecer tanto em escoamentos laminares quanto em escoamentos
turbulentos.
Nos escoamentos laminares, onde são preponderantes a ação das forças viscosas do
fluido, em relação à inércia, amortecendo a tendência à turbulência, as Roll Waves são
formadas com baixos números de Reynolds, o que geralmente ocorre em escoamentos de
fluidos hiperconcentrados, apresentam amplitude mais elevada e baixa velocidade de
propagação, conforme mostrado por (Benjamin, 1957), (Chen, 1992), (Ng e Mei, 1994), (Liu
e Mei, 1994), (Maciel, 2001) entre outros.
Já para os escoamentos turbulentos conforme estudado por (Jeffreys, 1925), (Dressler,
1949), (Brock, 1969), (Kranenburg, 1992), (Zanuttigh e Lamberti, 2002) e outros; o fenômeno
ocorre para números de Reynolds elevados e as ondas apresentam uma velocidade de
propagação maior quando comparadas com as que aparecem nos escoamentos laminares.
As observações do fenômeno Roll Waves, de forma detalhada foram apresentadas
primeiramente por (Cornish, 1910), embora existam relatos de que essas ondas possam ter
sido vistas mais cedo, pois aparecem em desenhos artísticos antigos (Montes, 1998). A partir
daí, cientistas investem no estudo do fenômeno e resultados importantes são determinados
para a geração de
Roll Waves.
Jeffreys (1925) foi o primeiro a estabelecer um critério sobre a formação de
Roll
Waves
em escoamentos turbulentos e deduziu a partir de uma análise de estabilidade linear,
que o escoamento uniforme tornava-se instável, se o número de Froude fosse superior a 2.
Thomas (1939) tenta descrever analiticamente
Roll Waves de grande amplitude e
considera um trem de ondas com velocidade constante compondo a superfície da água.
Dressler (1949) tentou delinear o perfil da superfície livre e verificou a formação de
Roll Waves, descrevendo o fenômeno como sendo uma série de ondas de comprimentos bem
definidos, separadas por descontinuidades da superfície livre. A análise realizada por Dressler
(1949) é baseada na formulação de águas rasas sem os termos de difusão, combinada à
equação do ressalto hidráulico. O 2º membro da equação da quantidade de movimento
18
compreende o efeito da gravidade adicionado ao termo que modela a turbulência (C :
coeficiente de Chézy).
Através da técnica da adimensionalização das variáveis, Dressler (1949) mostra que,
soluções regulares, periódicas e separadas por descontinuidades com picos na superfície livre
aparecem, quando
()
2
tan 4gC
θ
> , (
θ
: declividade do canal, C: coeficiente de Chézy). Essa
análise não permite, entretanto, determinar o comprimento dessas ondas.
Ishihara et al. (1954) estudaram Roll Waves em uma lâmina de fluido Newtoniano,
teórica e experimentalmente. Em suas análises, a profundidade média do escoamento é
calculada a partir das equações de águas rasas, assumindo um perfil parabólico para a
velocidade longitudinal. Também mediram as propriedades das ondas e verificaram que as
cristas eram bastante íngremes, mas não verticais.
Benjamin (1957) e Yih (1963), usando as equações de Navier-Stokes, para
escoamentos laminares e assumindo perturbações senoidais na superfície livre, determinam
que o número de Froude é maior que 0,5 para a formação dessas perturbações.
Montuori (1963) propondo uma relação do número de Froude com o comprimento do
canal (L), verifica que em canais com comprimento pequeno, não ocorre o aparecimento de
Roll Waves.
Brock (1969) observa Roll Waves em laboratório para um número de Reynolds de
aproximadamente
4
10 e número de Froude de 3.2.
Brock (1970), com base no trabalho de Dressler (1949), desenvolveu uma teoria para
roll waves permanente periódica, usando as equações de águas rasas e comparou com os
resultados experimentais obtidos em 1969.
Tamada e Tougou (1979) fizeram o estudo de Roll Waves para fluido newtoniano,
baseados nas equações de Navier-Stokes, os resultados mostram um trem de ondas se o
comprimento for menor do que um valor crítico, além disso, o perfil das ondas mostram-se
compatíveis com as observações experimentais.
Needham e Merkin (1983), introduzindo os efeitos viscosos, estenderam o estudo de
Dressler (1949) e verificaram que a inclusão deste termo não alterava a condição de
estabilidade do escoamento uniforme; e mais, quando o escoamento tornava-se instável, uma
família de soluções quase periódicas apareceriam, tendo como parâmetro de controle a
velocidade de perturbação.
Bakhvalov (1983) e Eglit (1984) verificaram a formação de Roll Waves em reologia
não newtoniana. Estudando avalanchas densas, efetuaram análise análoga à de Dressler
19
(1949), quando introduziram um termo dissipativo suplementar modelado por um atrito
sólido. A partir dessa análise chegaram a
(
)
2
4tantan Cg>
φθ
, ( :
φ
ângulo de atrito
interno), relação semelhante à de Dressler (1949), com uma mera modificação da declividade.
Needham (1984) e Merkin (1986) obtiveram informações sobre o comprimento das
perturbações, incluindo no equacionamento os termos da difusão, ainda que o termo difusivo
no equacionamento não estivesse corretamente adaptado ao grupo shallow water, isto sem
levar em conta a complexidade de aplicação direta de seus resultados a um problema de
engenharia.
Julien e Hartley (1986) obtiveram soluções similares a de Montuori (1963) ao
estudarem o processo de formação de roll waves em escoamentos de lama altamente viscosos
em canais íngremes.
Hwang e Chang (1987) usando a teoria da bifurcação verificaram a formação de Roll
Waves numericamente.
Hutter e Savage (1988) também investiram no estudo dos critérios de formação de
Roll Waves. A contribuição de Hutter e Savage (1988) reside no fato de tentar substituir o
atrito sólido pela coesão do fluido.
Kranenburg (1992), no plano numérico, utilizando-se do grupo shallow water
comprova a condição de existência já estabelecida por Dressler (1949); observando o fato que
para perturbações de diversos comprimentos de onda, a de maior comprimento prevaleceria
sobre a Roll Wave gerada.
Chen (1992) utilizando as equações de águas rasas e considerando um perfil de
velocidade do modelo reológico do tipo Power Law, obtém resultado similar ao encontrado
por Benjamin (1957) e Yih (1963).
Liu e Mei (1994) baseados nas equações de águas rasas estudaram analiticamente a
instabilidade linear de um escoamento uniforme para um fluido de Bingham e analisaram
numericamente a evolução de Roll Waves. Observaram que para um fluido quase Newtoniano
ocorre o aparecimento de perturbações periódicas com pequenas amplitudes, enquanto que,
para um fluido fortemente não Newtoniano aparecem ondas de grandes amplitudes.
Ng e Mei (1994) estudaram a formação de Roll Waves, a partir de uma proposta
reológica de fluido com comportamento pseudoplástico (Power Law) e sua análise de
estabilidade converge para o surgimento de ondas longas com grande amplitude quando
21<n ( n: índice de comportamento do escoamento).
20
Maciel et al. (1997) a partir do sistema shallow water invíscido, retomando o trabalho
clássico de Dressler, rededuz as condições de existência de Roll Waves e verifica o
surgimento de tais instabilidades quando o número de Froude é maior do que 2. Estendendo o
estudo, fez uma análise de estabilidade linear do sistema shallow water viscoso, apresentando
no segundo membro da equação de quantidade de movimento, os termos da gravidade, efeito
de parede tipo Chézy e os efeitos difusivos devido a viscosidade do fluido e verificou
soluções periódicas quando
2/31
<
< U (U : velocidade de propagação da Roll Wave).
Maciel (2001) estudando escoamentos de fluidos não Newtonianos, usando a proposta
reológica de Bingham, estabeleceu as condições de existência e estabilidade, apontando os
seguintes resultados:
i)
*
2
22
2
*
2
22 2
1
1
1
1
1
1
1
1
11
C
Fr
Fr U
Fr
C
Fr
Fr Fr U
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
−+
⎜⎟
<
⎜⎟
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
−+ +
⎜⎟
⎝⎠
(1.1)
ii)
()
*
*
32C
1U
21 C
<<
(1.2)
Sendo:
Fr : número de Froude
α
: coeficiente de distribuição da velocidade na vertical
*
C : coesão do fluido (parâmetro de Bingham)
U : velocidade de propagação da Roll Wave
No plano numérico, (Maciel, 2001) analisou a influência dos parâmetros determinados
para a geração de Roll Waves e observou que, aumentando o número de Froude, ocorre um
aumento na amplitude e uma diminuição no comprimento da Roll Wave; aumentando a
velocidade de propagação da Roll Wave, ocorre uma diminuição da amplitude. E quanto a
influência da coesão do fluido (
*
C ), foi observado que com o aumento da coesão, ocorre um
aumento na amplitude da onda, acarretando uma antecipação na formação das ondas geradas.
21
Madre (2001) utilizando as equações de águas rasas considera que o efeito topográfico
varia periodicamente e observa que o escoamento torna-se instável mesmo para um número
de Froude menor que 2.
Zanuttigh e Lamberti (2002) fizeram uma análise numérica baseados nas equações de
águas rasas, na qual o código numérico é aplicado para reproduzir experiências de Brock’s
sobre Roll Waves geradas em um canal retangular em laboratório e a solução numérica mostra
a evolução de Roll Waves, devido à instabilidade do escoamento uniforme.
Balmforth e Madre (2004) estudaram a dinâmica das Roll Waves em escoamentos
turbulentos e laminares, utilizando as equações de águas rasas com arrasto e viscosidade,
explorando o efeito do fundo topográfico, considerando que os cursos reais da água não são
completamente lisos e observou que para ambos os tipos de escoamentos a formação de
ressaltos hidráulicos podem desestabilizar o escoamento, quando se atinge o valor critico do
número de Froude.
Di Cristo e Vacca (2005) investigaram o processo de geração de Roll Waves para um
escoamento unidimensional do ponto de vista teórico a partir das equações das equações de
águas rasas. Considerando a velocidade média e a profundidade do escoamento, fizeram uma
análise de estabilidade linear e interpretaram a formação de Roll Waves em termos de
instabilidades do modelo unidimensional linearizado do escoamento. Observaram a evolução
de tais perturbações somente com o número de Froude e o comprimento adimensional do
canal, supostos geralmente em critérios hidráulicos de engenharia.
Pascal (2006) estudou as instabilidades de um escoamento para um fluido do tipo
Power Law sobre um plano inclinado, incluindo o efeito da permeabilidade. Através de uma
análise de estabilidade, observou numericamente a formação de Roll Waves, tanto para fluido
newtoniano quanto para fluido não newtoniano, determinando as principais características do
fenômeno, tais como: a altura, o comprimento e a velocidade de propagação da onda.
Estes estudos nos fornecem informações para acreditar que as Roll Waves podem se
desenvolver em fluidos newtonianos e também em fluidos não-newtonianos. Dentro do
contexto do estudo de Roll Waves em escoamentos de fluidos hiperconcentrados, o que mais
figura na literatura é o estudo de tais instabilidades para o fluido de Bingham e Power Law.
Portanto, a modelagem matemática a fim de predizer propriedades permitindo descrever a
dinâmica dos escoamentos que aparecem as Roll Waves, ainda é limitada. Assim, a proposta
deste trabalho, é conceber um modelo matemático que represente o fenômeno em questão.
22
1.2 Objetivos
Os objetivos do presente trabalho podem ser enumerados da seguinte maneira:
- analisar de forma teórica a dinâmica de escoamentos de fluidos hiperconcentrados escoando
em canal inclinado;
- determinar um modelo matemático capaz de reproduzir Roll Waves baseado na proposta
reológica de Herschel-Bulkley;
- colocar em evidência as condições de instabilidade do escoamento uniforme através de
análise de estabilidade linear;
- certificar a validade do modelo matemático desenvolvido para geração de Roll Waves
através de resolução numérica da equação determinada;
- verificar se o modelo é válido para as propostas reológicas mais simplificadas (Bingham,
Power Law, Newton).
23
CAPÍTULO 2
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A obtenção de soluções para as equações governantes da mecânica dos fluídos em
situações realistas representa um dos maiores desafios.
Os escoamentos podem ser representados do ponto de vista físico e matemático pelas
equações da conservação da massa, quantidade de movimento e energia. Um escoamento em
que a massa específica do fluido varia significativamente é um escoamento compressível, se a
massa específica não varia significativamente então o escoamento é incompressível. Neste
trabalho o escoamento a ser tratado é incompressível.
Este capítulo tem como objetivo mostrar alguns conceitos sobre as propriedades
físicas dos fluidos e suas implicações, fazer uma breve revisão dos modelos reológicos que
serão citados no decorrer do trabalho, fazer uma análise física do problema a ser estudado e
mostrar quais são as condições para que um escoamento seja: supercrítico, crítico ou
subcrítico.
2.1 Definições das Propriedades Físicas dos Fluidos
Fluido é toda matéria que se deforma quando submetida a uma mínima tensão de
cisalhamento.
Os fluidos diferem dos sólidos pelas características das forças de coesão entre suas
moléculas. A principal diferença prática que se pode observar entre sólidos e fluidos é que nos
sólidos uma força atuante determina a intensidade da deformação e, nos fluidos, determina a
24
velocidade da deformação. Tanto os gases como os líquidos são classificados como fluidos.
As características mais notáveis dos gases são a compressibilidade e a fluidez. Os líquidos são
incompressíveis e suas propriedades são determinadas pela intensidade das forças
intermoleculares.
As propriedades dos fluidos relevantes para o estudo de escoamentos são: a massa
específica, a tensão superficial, a viscosidade e as propriedades reológicas.
Massa especifica
A massa especifica de uma substância defini-se como a propriedade da matéria
correspondente à razão entre massa de uma quantidade de substância e o volume
correspondente.
Tensão superficial
Tensão superficial é um efeito que ocorre na camada superficial de um líquido que
leva a sua superfície a se comportar como uma membrana elástica. Esta tensão superficial
ocorre devido às fortes ligações intermoleculares, as quais dependem das diferenças elétricas
entre as moléculas e pode ser definida como força por unidade de comprimento que duas
camadas superficiais exercem uma sobre a outra.
Viscosidade
Viscosidade é a medida da resistência de um fluido à deformação causada por uma
tensão, ou seja, quando um fluido sofre deformação, ocorre uma interação interna entre as
partículas, com comportamentos diferentes para cada tipo de fluido, isso ocorre devido à
resistência interna (viscosidade) da interação das partículas. Uma definição clássica para a
viscosidade, é dizer que a mesma é a variação da tensão de cisalhamento pela variação da taxa
de deformação, mantendo-se constante em um fluido Newtoniano.
Uma maior ou menor viscosidade de um fluido implica na velocidade de deformação
do mesmo, quando submetido a uma tensão de cisalhamento, ou seja, quanto maior a
viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta. No entanto, os fluidos podem
ser classificados de acordo com a relação entre a tensão de cisalhamento aplicada e a taxa de
25
deformação, podendo ser denominados como fluidos Newtonianos e não Newtonianos,
conforme mostra a Figura 2.1.
(a) Fluido Newtoniano (b) Fluido não Newtoniano
(c) Escoamento de fluido hiperconcentrado e Newtoniano, respectivamente.
Figura 2.1: Exemplos de fluido Newtoniano e fluido não Newtoniano.
2.2 Modelos Reológicos
A reologia é a ciência que estuda a taxa de deformação da matéria, tendo importância
em diversas áreas, tais como a ciência dos materiais, a física e as engenharias.
Neste item são apresentados alguns modelos matemáticos que representam diferentes
tipos de comportamentos reológicos, considerando a condição de cisalhamento simples e
regime permanente, ou seja, as propriedades reológicas independem do tempo de aplicação da
26
tensão de cisalhamento, podendo ser divididos em fluidos sem tensão inicial de escoamento e
com tensão inicial de escoamento.
O modelo mais simples que se tem é o do fluido Newtoniano em que a tensão de
cisalhamento é diretamente proporcional à taxa de deformação. A constante de
proporcionalidade é a viscosidade do fluido, então:
u
y
τµ
=
(2.1)
Sendo:
τ
: tensão de cisalhamento (Pa )
µ
: viscosidade dinâmica ou absoluta (
.Pa s
)
u
y
: gradiente de velocidade (
1
s
)
A concentração de sedimentos determina se um fluido é Newtoniano ou não, portanto,
um fluido com uma pequena concentração de sedimentos permanece com propriedades
newtonianas, podendo apresentar, variação na sua viscosidade se a concentração de
sedimentos aumentar.
Quanto aos fluidos não newtonianos, diversos modelos foram desenvolvidos.
Numerosas equações empíricas têm sido propostas para elaborarem o modelo matemático das
relações observadas entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação.
Para muitas aplicações práticas de engenharia, as relações entre a tensão de
cisalhamento e a taxa de deformação podem ser adequadamente representadas pelo modelo
exponencial, conhecido como lei das potências, determinado por (Ostwald, 1925), na qual,
tensão de cisalhamento é dada por:
n
n
u
y
τµ
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
(2.2)
27
Sendo que
n representa o índice de escoamento do fluido, para 1n < tem-se um fluido
pseudoplástico e para
1n > tem-se um fluido dilatante.
Os fluidos pseudoplásticos são substâncias que, em repouso, apresentam suas
moléculas em um estado desordenado, e quando submetidas a uma tensão de cisalhamento,
suas moléculas tendem a se orientar na direção da força aplicada. E quanto maior esta força,
maior será a ordenação e, conseqüentemente, menor será a viscosidade.
O dilatantes são fluidos que apresentam um aumento de viscosidade com a tensão de
cisalhamento. No caso de suspensões, a medida que se aumenta a tensão de cisalhamento, o
líquido intersticial que lubrifica a fricção entre as partículas, não preenche os espaços, devido
a um aumento de volume que acompanha o fenômeno. Ocorre então, o contato direto entre as
partículas sólidas e, conseqüentemente, um aumento da viscosidade.
Existem fluidos que se comportam como um sólido até que uma tensão de
cisalhamento mínima seja excedida, ou seja, têm tendências a suportar pequenas tensões de
cisalhamento aplicadas, sem apresentar deformação. Esta tensão, a qual o fluido pode resistir
sem se deformar, é chamada tensão crítica de cisalhamento ou tensão inicial de escoamento,
ou de corte.
Um fluido que apresenta tais características é o fluido plástico de Bingham, ou
simplesmente fluido de Bingham, na qual a relação tensão de cisalhamento e taxa de
deformação é linear, e o modelo apropriado é dado por (Bingham e Green, (1920), é
representado da seguinte forma:
,
0,
cB c
c
u
y
u
y
τ
τµ ττ
ττ
=+ >
=<
(2.3)
Sendo:
c
τ
: tensão crítica ou rigidez inicial
B
µ
: viscosidade plástica
Uma proposta reológica considerada mais generalizada é determinada por (Herschel e
Bulkley, 1926). Esse tipo de fluido também necessita de uma tensão inicial para começar a
28
escoar. Entretanto, a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação não é
linear. Esta relação depende do expoente adimensional
n, característico para cada fluido, dada
por:
,
0,
n
cn c
c
u
y
u
y
τ
τµ ττ
ττ
⎛⎞
=+ >
⎜⎟
⎝⎠
=<
(2.4)
A modelagem de um escoamento necessita da escolha de um modelo reológico
apropriado ao tipo fluido que será estudado. A Figura 2.2 mostra as curvas típicas da tensão
de cisalhamento em função da taxa de deformação para os diferentes tipos de modelos
reológicos apontados neste trabalho.
Figura 2.2: Reograma representando diferentes tipos de modelos reológicos.
Deve-se analisar os modelos reológicos com bastante cautela, observando as hipóteses
restritivas na aplicação de problemas. No que diz respeito às misturas (água+argila,
água+areia fina+argila), foram feitas investigações de reometria, o que permitiu, a partir dos
estudos de Coussot (1994), Piau (1996), Huang e Garcia (1998), Lledo (2003), comprovar que
a reologia desses fluidos (sem sedimentação), pode ser descrita pelo modelo reológico não-
29
linear tipo Herschel-Bulkley, com condições de cisalhamento simples e em regime
permanente.
Com o propósito de se fazer uma análise global do fenômeno
Roll Waves, neste
trabalho será utilizado o modelo reológico de Herschel-Bulkley, por ser um modelo
representativo e “mais generalizado” de fluido hiperconcentrado, permitindo tomar como
particularidades outras propostas reológicas, tais como, a lei das potências (
Power Law), os
modelos Binghamiano e Newtoniano.
2.3 Análise Física do Problema
Muitos problemas aplicados normalmente podem ser resolvidos a partir da construção
de um modelo matemático que descreve o fenômeno físico.
Esta seção apresenta uma visão geral dos principais aspectos físicos pertinentes ao
problema a ser modelado. Sabendo-se que a formação de
Roll Waves geralmente ocorre em
escoamentos de águas rasas e em canais inclinados; além do tipo de fluido, deve-se levar em
consideração a geometria do canal e as forças que regem o escoamento. A Figura (2.3) mostra
a geometria do problema em questão:
Figura 2.3: Geometria do problema.
30
Em escoamentos de águas rasas (quase horizontal), o comprimento característico (
L)
deve ser maior do que a profundidade do escoamento (h). Conforme Ribeiro et al.(2001), para
que um escoamento seja considerado quase horizontal, a seguinte relação deve ser satisfeita:
20
1
<
L
h
(2.5)
Esta hipótese mostra que somente ondas longas, isto é, ondas onde o comprimento é
maior que a altura, são levadas em consideração. Nesta situação, uma característica
interessante que merece ser ressaltada, no que diz respeito ao balanço de forças na direção
perpendicular ao escoamento, é que as acelerações e tensões verticais podem ser desprezadas,
resultando num campo de pressão hidrostático.
O escoamento se dá primordialmente pela ação direta da gravidade através da
componente do peso do fluido na direção do declive, ou seja, nesse tipo de canal o fluido está
literalmente, “descendo uma ladeira”, caracterizando-se por um único sentido de movimento.
Outro ponto importante refere-se à possibilidade dos escoamentos se processarem em
regime permanente. De fato, admitindo que o declive do fundo não mude, a componente do
peso acima referida só variará se houver alteração da quantidade de fluido a ser transportado.
Portanto, as propriedades físicas do escoamento se mantém constante no tempo, ou seja, tem-
se um escoamento em regime permanente.
Sabendo que a largura do canal é muito maior do que a altura da coluna do fluido
pode-se simplificar o cálculo das forças de resistência, desprezando a contribuição de paredes
laterais, considerando apenas a tensão do fluido com o fundo do canal.
Nesses escoamentos as forças provenientes de gradientes de pressão na direção do
fluxo, que nesse caso surgem quando a superfície do fluido se inclina em relação ao fundo do
canal, tem uma participação muito pequena quando comparadas à força gravitacional. Esta
característica dá origem a um tipo de escoamento no qual a componente peso é
contrabalançada pela força de resistência que o fundo do canal exerce sobre o fluido na seção
considerada.
2.4 Escoamento Supercrítico, Crítico e Subcrítico
Em estudos de canais, pode-se classificar os escoamentos em supercrítico, crítico ou
subcrítico. Um adimensional muito utilizado é o número de Froude, definido como a raiz
31
quadrada da relação entre a força de inércia e a força de gravidade, ou a razão entre a
velocidade média do escoamento e a velocidade de pequenas instabilidades, que aparecem no
escoamento, é expresso por:
2
3
c
uL u
Fr
gL
Lg
ρ
ρ
== (2.6)
em que
u é a velocidade média do escoamento, g é a aceleração da gravidade e
c
L é uma
dimensão característica do escoamento. Nos canais, é comum definir como dimensão
característica a profundidade do escoamento, e o número de Froude é apresentado como:
u
Fr
gh
=
(2.7)
Esse adimensional é utilizado para classificar os escoamentos livres que ocorrem nas
aplicações práticas, como se segue:
- Escoamento supercrítico ou torrencial, (
1Fr > ).
- Escoamento subcrítico ou fluvial, (
1Fr
<
) .
- Escoamento crítico (
1Fr = ).
Onde o escoamento supercrítico é chamado de escoamento rápido, enquanto que o
subcrítico é chamado de escoamento lento. Sintetizando-tem-se:
a)
Se
cc
hh uu>→< (escoamento subcrítico)
b)
Se
cc
hh uu<→>
c)
Se
cc
hh uu=→=
Sendo que:
c
h é a altura crítica e
c
u é a velocidade crítica.
Neste capítulo, foram apresentados conceitos que serão utilizados no decorrer do
trabalho.
32
CAPÍTULO 3
3. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA
A modelagem matemática dos mais variados problemas em física e em engenharia é
uma atividade que tem auxiliado de maneira decisiva para a compreensão dos fenômenos
naturais, permitindo a representação dos conceitos e processos envolvidos, propiciando o
entendimento de aspectos de problemas que não se revelam facilmente. Por tanto, esta seção
visa apresentar as equações que serão utilizadas no desenvolvimento de um modelo
matemático que represente o fenômeno em questão.
O escoamento de um fluido hiperconcentrado pode ser descrito a partir de três
variáveis. Entretanto, são necessárias três equações para descrever o escoamento: a lei da
conservação da massa, a equação da quantidade de movimento e da energia.
Neste caso, o binômio massa-quantidade de movimento responde à necessidade. Essas
equações a derivadas parciais permitem determinar o campo de velocidade e de pressão,
quando submetidas a condições de contorno apropriadas, representam matematicamente um
problema particular.
Conservação da Massa:
Sabe-se que em um fluido real a massa deve ser conservada, e a equação da
conservação da massa, em formulação diferencial, é dada por:
0
i
i
U
D
Dt X
ρ
ρ
+=
(3.1)
33
Sendo:
D
Dt
ρ
: variação total da massa específica
:
i
i
U
X
divergência da velocidade
Equação da Quantidade de Movimento:
Se há variação da quantidade de movimento, há forças, seja de superfície (tensões), de
corpo (forças de inércia, gravidade e eletromagnetismo) ou ambas. Então, quando uma força é
aplicada a uma partícula, uma aceleração proporcional é induzida. Para um fluido, o balanço
entre a aceleração e as forças atuantes, é dado por:
1
ij
i
ij
DU
FU
Dt Xj
ρ
∂Τ
=+
(3.2)
Sendo:
i
DU
dt
: aceleração total
i
F : forças de corpo
ij
ij
X
∂Τ
: gradiente do tensor de tensões
3.1 Tratamento Matemático das Equações Governantes
Como em qualquer problema de mecânica, as equações governantes devem ser
referidas a um sistema de coordenadas convenientemente escolhido em função das
características específicas de cada caso. Neste trabalho, será utilizado o sistema cartesiano,
por representar bem as características do problema a ser estudado.
34
Portanto a determinação do modelo matemático que rege o escoamento segue a
seguinte linha:
1. Utilização das equações da conservação da massa e da quantidade de movimento.
- Equação da conservação da massa:
0
uvw
xyz
∂∂
++ =
∂∂
(3.3)
- Equações da quantidade de movimento:
Na direção
x
2
1
xy
x
xxz
u u uv uw
txy z x y z
τ
ττ
ρ
⎛⎞
∂∂
∂∂
+++ = + +
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.4 a)
Na direção
y:
2
1
x
yyyyz
vuvv vw
txy z x y z
τττ
ρ
∂∂
⎛⎞
∂∂
+++ = + +
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.4 b)
Na direção
z:
2
1
yz
xz
zz
wuwvww
g
txyz x y z
τ
τ
τ
ρ
⎛⎞
∂∂
+++= ++
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.4 c)
Sendo que as tensões são dadas por:
2
xx x
u
PK
x
τ
⎛⎞
=− +
⎜⎟
⎝⎠
(3.5 a)
35
2
yy y
v
PK
y
τ
⎛⎞
=− +
⎜⎟
⎝⎠
(3.5 b)
2
zz z
w
PK
z
τ
⎛⎞
=− +
⎜⎟
⎝⎠
(3.5 c)
n
xy yx c n
uv
K
yx
τττ
⎛⎞
∂∂
==+ +
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.5 d)
n
yz zy c n
vw
K
zy
τττ
⎛⎞
∂∂
==+ +
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.5 e)
n
xz zx c n
wu
K
x
z
τττ
∂∂
⎛⎞
==+ +
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.5 f)
2. Aplicação das condições de contorno.
3. Utilização do modelo reológico de Herschel-Bulkley no tensor de tensões.
n
cn
u
K
z
ττ
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
(3.6)
4. Determinação do perfil de velocidades.
5. Adimensionalização das variáveis em escalas convenientes.
3.2 Tratamento das Condições de Contorno
Deve-se considerar as condições de impermeabilidade no fundo do canal e na
superfície livre, além disso, considera-se as tensões no fundo do canal.
F
t
Un
F
=

i
(3.7)
36
Sendo:
F
n
F
=
(vetor unitário normal) (3.8)
Condições de impermeabilidade no fundo:
Considerando as coordenadas
(
)
zx, e
(
)
,,
i
hxzt a cota no fundo do canal, pode-se
definir uma função da seguinte forma:
() ()
,, ,, 0
i
Fxzt z h xzt=− = (3.9)
()
,,
i
zhxzt= (3.10)
,1
i
h
F
x
⎛⎞
∇=
⎜⎟
⎝⎠
(3.11)
2
1
i
h
F
x
⎛⎞
∇= +
⎜⎟
⎝⎠
(3.12)
Seja:
()
2
,1
,
1
i
i
h
x
Un uw
h
x
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
=
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠

i
(3.13)
Note que:
1F
Un
tF
=−
∂∇

i
(3.14)
37
()
,,1
i
h
F
uw
tx
⎛⎞
−=
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.15)
ii
hh
uw
tx
∂∂
⎛⎞
−=
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.16)
ii
hh
uw
tx
∂∂
=− +
∂∂
(3.17)
() ()
i
i
ii
h
h
wh uh
tx
=+
∂∂
(3.18)
Analogamente, na superfície livre:
()
()
f
f
ff
hh
wh uh
tx
∂∂
=+
∂∂
(3.19)
3.3 Determinação da Pressão Hidrostática
Deve-se partir de grandezas apropriadas para justificar as hipóteses adotadas,
aplicando o modelo reológico de Herschel-Bulkley. Além disso, é importante justificar o fato
da adoção de uma pressão hidrostática, condição na qual é obtida a partir da equação da
quantidade de movimento.
Pode-se definir as seguintes grandezas adimensionais, onde os termos sobrescritos
com (*) são adimensionais:
escala de comprimento:
()
(
)
***
,, , ,Ox Oy Oz L x y h z
λ
=
escala de velocidades:
()
()
** *
,, , ,
h
uvw gL u gL v gL w
LL
λ
⎛⎞⎛⎞
=
⎜⎟⎜⎟
⎝⎠⎝⎠
escala de tempo:
*
L
tt
g
=
38
A adimensionalização da tensão de cisalhamento e da pressão é feita a partir do peso
da coluna líquida.
Pressão:
()
*
cosPgh P
ρθ
=
Tensão de cisalhamento:
()
*
cos
c
gh
τ
ρθτ
=
Sendo:
θ
: declividade média
Para a determinação da pressão hidrostática, serão introduzidas as variáveis
adimensionais na equação da quantidade de movimento, na direção Oz.
1º) Introduzindo as variáveis adimensionais no primeiro membro da equação (3.4 c), tem-se:
2
wuwvww
txyz
∂∂
+++=
∂∂
*** **2*2
*2* *2
gL
hgw h uw hvwhLw
gL gL gL gL g
LL LL hz
tLx yL
λ
λ
⎛⎞
∂∂
=+ + +=
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
***** *2
** **
hgwhguwhgvwhgw
LL L L
tx yz
∂∂
=+ + + =
∂∂
***** *2
** **
hg w u w v w w
L
tx yz
⎛⎞
∂∂
=+++
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.20)
2º) Será trabalhado o segundo membro da equação (3.4c), dado por:
111
yz
xz
zz
g
x
yz
τ
τ
τ
ρρρ
=− + + +
∂∂∂
(3.21)
39
Introduzindo os tensores em (3.21), tem-se:
11
1
2
n
n
cn cn
n
wu vw
gK K
xxzyzy
w
K
zz
ττ
ρρ
ρ
ρ
⎡⎤
⎛⎞
⎡⎤
⎛⎞
⎛⎞
∂∂ ∂∂
⎛⎞
⎢⎥
⎜⎟
⎢⎥
=− + + + + + + +
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎢⎥
⎝⎠
⎢⎥
⎝⎠
⎝⎠
⎣⎦
⎝⎠
⎣⎦
⎛∂
⎛⎞
+−+
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
⎝⎠
(3.22)
Admitindo que
n
K e
τ
são independentes de
x
, y e z , a relação (3.22) fica da
seguinte forma:
2
2
2
11
n
n
ncn n
KKK
wu vw P w
g
xxz y yzdy z
z
τ
ρρρρρ
⎡⎤
⎡⎤
⎛⎞
∂∂
⎛⎞
⎢⎥
=− + + + + + +
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
⎣⎦
(3.23)
Introduzindo as variáveis adimensionais em (3.23), tem-se:
1
2**2*2*
*
**2*2**
n
gL gL gL gL
hhwuhwu
ggLvn
LLLhL Lh
xzLx xz
⎛⎞
⎛⎞
∂∂
−+ + + +
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
⎝⎠
1
2***2*
*
** **2*2
n
gL gL gL h gL
hvhwvw
gL v n
LLhL Lh
zy yzLy
λλ
λλ
λ
⎛⎞
⎛⎞
∂∂
++ +
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
⎝⎠
()
2
2*
*
*2*2
cos
1
2
gh
hgLhgL
Pw
v
hL
zLhz
ρθ
ρ
∂∂
−+
∂∂
(3.24)
Considerando:
1
**
**
n
gL gL
hw u
an
LL h
xz
⎛⎞
∂∂
=+
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.25)
40
1
**
**
n
gL gL
vh w
bn
Lh L
zy
λ
λ
⎛⎞
∂∂
=+
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.26)
A relação (3.24), fica:
22*2*
*
3*2 **
hgL gL
hwu
ga gL
LLh
Lx xz
ν
⎛⎞
∂∂
−+ + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
()
2*2**2*
* *
** 2 *2 * *2
cos 2
gL gL
hvhwphgw
bgL g
LLh L L
yz y z z
νθν
λ
⎛⎞
∂∂
+++
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
32
2* 2* * 2*
*
*2 * * * * *2
*
hwhgu hgvhghw
gav g bv
LL LL
xxz yz y
λ
⎡⎤
∂∂
⎛⎞ ⎛⎞
−+ + + +
⎢⎥
⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
*2*
*
**2
2
Phg w
gv
L
zz
∂∂
−+
∂∂
(3.27)
Toma-se como hipótese que o escoamento é de águas rasas, então: 1
h
L
<< e que
1
h
λ
⎛⎞
<<
⎜⎟
⎝⎠
.
Estabelecendo a igualdade entre as relações (3.20) e (3.27); e dividindo todos os
termos da igualdade por g, tem-se a seguinte equação:
()
*
*
01cos
P
z
θ
=−
(3.28)
Retornando as seguintes variáveis dimensionais:
()
*
cos
P
P
gh
ρ
θ
=
,
*
z
z
h
= (3.29)
41
Pode-se determinar uma equação para a pressão dada por:
()
1
1cos
cos
PP
Hg
gH z z
ρ
θ
ρθ
∂∂
=− =−
∂∂
(3.30)
Integrando, a equação (3.30), tem-se:
() ()
()
cos cos
ff
ii
hh
f
i
hh
Pg zg hh
ρθ ρθ
∂= =
∫∫
(3.31)
()
(
)
cos
f
i
Pz g h h
ρθ
=− (3.32)
Sendo:
f
h : profundidade do escoamento
i
h : cota no fundo do canal
Assim, pode-se concluir que a distribuição de pressão é hidrostática.
3.4 Modelo Matemático
O modelo matemático que represente esse fenômeno é obtido através da integração na
vertical das equações de Navier-Stokes, incluindo o modelo reológico de Herschel-Bulkley no
tensor de tensões, utilizando a regra de Leibniz, dada por:
()
()
(
)
()
()
(
)
()
()
()
()
()
()
,,, ,
xx
xx
x
x
Qxydy Qxydy Qx x Qx x
x
xxx
ββ
αα
βα
βα
∂∂
∂∂
=+
∂∂
∫∫
(3.33)
Integrando as equações da conservação da massa e da quantidade de movimento,
aplicando as condições de contorno (3.18), (3.19) e o conceito de pressão hidrostática, o
sistema que rege o escoamento é demonstrado no apêndice A.
42
Conservação da massa:
0
uh h
xt
∂∂
+=
∂∂
(3.34)
Conservação da quantidade de movimento:
() ()
22
1
cos
2
f
i
h
xz
h
uh u h h
gghsen Tdz
ttx z
θθ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.35)
Sabendo que
f
i
hh h=−
, sendo
0
i
h
=
(fundo do canal), tem–se:
() ()
() ()
22
1
cos
2
xz f xz i
uh u h h
gghsenThTh
ttx
θθ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.36)
Considerando que a tensão cisalhante é nula na superfície livre (
0
xz
T = ), a equação
(3.36) fica da seguinte forma:
() ()
()
22
1
cos
2
xz i
uh u h h
gghsenTh
ttx
θθ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.37)
Sabendo que
1
()
xz
Th representa as tensões (efeito de atrito de parede no fundo
do canal). Esse termo é composto pela tensão de cisalhamento à qual é adicionada a proposta
reológica de Herschel-Bulkley.
() ()
22
1
cos
2
p
uh u h h
gghsen
ttx
θθτ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
(3.38)
Sendo:
h : profundidade do escoamento;
43
u : velocidade média na vertical;
:
θ
declividade do canal;
ρ
: massa específica do fluido;
:
p
τ
tensão cisalhamento.
A partir daí, é necessário calcular o perfil de velocidades com base no modelo
reológico de Herschel-Bulkley.
3.5 Perfil de Velocidades
Os fluidos hiperconcentrados podem apresentar uma resistência à deformação, ou seja,
resiste a pequenas tensões (tensão crítica) antes de escoar. Sendo assim, apresenta um perfil
de velocidades parabólico na região em que ocorre a tensão de cisalhamento (próximo ao
fundo do canal) e um perfil de velocidade linear na região não cisalhada (Plug), o que
geralmente ocorre em escoamentos de lamas e detritos, concreto fresco e géis.
Nesse item será determinado o perfil de velocidade de um escoamento
hiperconcentrado, a partir da proposta reológica de Herschel-Bulkley, tomando-se como
hipóteses, que o escoamento seja permanente, uniforme e laminar, de um fluido
incompressível escoando em um canal inclinado. Considerando que o atrito no fundo do canal
é dado por:
()
gsen h z
τρ θ
=− (3.39)
E baseado na proposta reológica de Herschel-Bulkley, tem-se:
()( )
n
cn
du
gsen h z K
dz
ρθ τ
⎛⎞
−=+
⎜⎟
⎝⎠
(3.40)
()( )
sen
n
c
n
ghz
du
dz K
ρ
θτ
−−
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
(3.41)
Resolvendo a equação diferencial (3.41), após alguns desenvolvimentos matemáticos
(Apêndice B), pode-se obter o perfil de velocidade u(z) para o fluido em questão.
44
Região cisalhada:
()
()
1
1
1
0
0
sen
11
1
n
n
n
n
n
gz
nz
uz
nK z
ρθ
+
+
⎛⎞
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
para
0
0 zz
(3.42)
Região não cisalhada (plug):
()
()
()
1
00
1
nn
n
gsen
n
uz uz z
nK
ρθ
+
⎛⎞
==
⎜⎟
+
⎝⎠
para
0
zzh
(3.43)
()
0
c
zh
gsen
τ
ρ
θ
=− (3.44)
Sendo
n o índice de escoamento do fluido e
n
K o índice de consistência do fluido
A Figura (3.1) ilustra o perfil de velocidade para o fluido de Herschel-Bulkley, na qual
o perfil de velocidade é parabólico na região cisalhada e constante na região não cisalhada
(plug).
Figura 3.1 Representação do perfil de velocidade para um fluido de Herschel-Bulkley.
Com o objetivo de verificar numericamente o perfil de velocidade determinado, são
considerados os seguintes grupos adimensionais:
45
0
z
Z
z
= ,
()
()
0
uz
U
uz
=
(3.45)
Substituindo as variáveis adimensionais dadas pelas relações (3.45), na equação
(3.43), tem-se a seguinte equação para o perfil de velocidade na região cisalhada:
() ( )
1
11
nn
UZ Z
+
=− , para 1
Z
(3.46)
Substituindo as relações (3.45) na equação (3.43), tem-se o perfil de velocidade na
região não cisalhada (superfície livre) do escoamento, dada por:
()
1=ZU , para
1
1
G
Z
G
≤≤
(3.47)
Sendo:
c
ghsen
G
ρ
θ
τ
= (3.48)
Assim, pode-se analisar a distribuição do perfil de velocidades na Figura (3.2), através
de resolução numérica, para diferentes valores de
n (índice de escoamento do fluido).
Figura 3.2: Perfil de velocidades para um fluido tipo Herschel-Bulkley
46
Pode-se observar que na região cisalhada (próxima ao fundo do canal), o perfil de
velocidade é parabólico e na zona de
plug, ou seja, na região não cisalhada, o perfil de
velocidade é constante, conforme mostrado por (Huang e Garcia, 1998).
3.5.1 Velocidade Média em Relação à Profundidade do Escoamento.
Esse item tem como objetivo determinar a velocidade média em relação à
profundidade do escoamento, ou seja, no intervalo
hz
0 , para adequar ao modelo
matemático.
Sabendo que:
0
1
h
u udz
h
=
, então no intervalo hz
0 , tem-se que:
0
0
0
1
zh
z
uudzudz
h
⎡⎤
=+
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
∫∫
(3.49)
Após alguns desenvolvimentos matemáticos (apêndice C), determina-se a velocidade
média do escoamento:
() ()
()
()
()
1
1
1
121
n
n
n
cc
n
g sen h g sen h g sen
nn
u
n K gsen n h gsen
ρθ ρθτ ρθτ
ρθ ρθ
+
⎛⎞⎛⎞
−−⎛⎞
=−
⎜⎟⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠⎝⎠
(3.50)
3.6 Determinação da Tensão de Cisalhamento (Lei de Atrito)
Note que, para determinar a tensão de cisalhamento, é necessário calcular a derivada
da velocidade em relação à z, como a velocidade na zona de
plug é constante, basta calcular
na região cisalhada.
()
1
1
1
0
00
sen
11
1
1
n
n
n
n
gz
du n z n
dz n z z n K
ρθ
+
⎛⎞
⎛⎞
+
⎛⎞ ⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟ ⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠ ⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
(3.51)
47
()
1
1
1
0
00
sen
1
1
n
n
n
n
gz
du z
dz z z K
ρθ
+
⎛⎞
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
(3.52)
Note que, para
0
zz = , a taxa de deformação do fluido é nula, o que geralmente ocorre
na superfície livre (região não cisalhada) de escoamentos de lamas e detritos, concreto fresco
e géis, que são fluidos que só se deformam com aplicação de uma tensão mínima de
cisalhamento, sendo assim, tem-se:
0=
dz
du
(3.53)
Para
0=z (fundo do canal), a taxa de deformação do fluido é determinada da seguinte
maneira:
()
1
1
0
0
sen
1
n
n
n
gz
du
dz z K
ρθ
+
⎛⎞
=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
(3.54)
Para determinar a derivada da velocidade em função de
u (velocidade média), basta
fazer a seguinte ponderação:
du
ur
dz
=
(3.55)
() ()
11
11
00
0
0
sen sen
1
1
121
nn
nn
nn
gz gz
z
nn
r
zK n K nh
ρθ ρθ
++
⎛⎞
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠
(3.56)
()( )
()
2
00
12 1
(2 1)
nnh
r
nn hnz z
++
=
+−
(3.57)
Portanto a tensão de cisalhamento pode ser expressa da seguinte forma:
48
()( )
()
2
00
12 1
(2 1)
n
pc n
nnuh
K
nn hnz z
ττ
⎡⎤
++
⎢⎥
=+
⎢⎥
+−
⎣⎦
(3.58)
Sabendo que
0
sen
c
zh
g
τ
ρ
θ
=− , tem-se:
()()()
()
()
()
2
2
12 1
1
n
pc n
cc
ugsen n n h
K
hgsen nn hgsen n
ρθ
ττ
ρθτ ρθτ
⎡⎤
++
⎢⎥
=+
⎢⎥
−+ +
⎣⎦
(3.59)
Deve-se ressaltar que a tensão de cisalhamento encontrada neste trabalho é a mesma
encontrada por (Huang e Garcia, 1998) ao estudarem escoamentos de lama, aplicando o
modelo reológico de Herschel-Bulkley.
Conforme demonstrado, se tratando de fluidos não newtonianos, aplicando a proposta
reológica de Herschel-Bulkley, o sistema de equações para escoamentos de águas rasas
(
shallow water equations) é determinado e representado pelas equações da conservação da
massa e da quantidade de movimento.
Equação da conservação da massa:
0
uh h
xt
∂∂
+=
∂∂
(3.60)
Equação da quantidade de movimento:
22
1
cos
2
c
uh u h h
gghsen
tx x
τ
α
θθ
ρ
∂∂
++ =
∂∂
()()()
()
()
()
2
2
12 1
1
n
n
cc
ugsen n n h
K
hgsen nn gsen n
ρθ
ρ
ρθτ ρθτ
⎡⎤
++
⎢⎥
⎢⎥
−+ +
⎣⎦
(3.61)
Sendo:
49
h : profundidade do escoamento
u : velocidade média na vertical
:
θ
declividade do canal
ρ
: massa específica do fluido
µ
: viscosidade do fluido
:
c
τ
tensão crítica (rigidez inicial)
2
2
u
u
=
α
(coeficiente de distribuição de velocidade)
Considerando a tensão crítica nula
(
)
0
=
c
τ
, ou seja, para uma proposta reológica de
fluido com comportamento pseudoplástico (
Power Law), o sistema de equações concebido
neste trabalho, reproduz o sistema produzido por Ng e Mei (1994).
3.7 Coeficiente de Distribuição de Velocidade
É possível determinar a expressão analítica que representa o coeficiente de
distribuição de velocidade na vertical, para um escoamento laminar, permanente e uniforme
de um fluido do tipo Herschel-Bulkley sobre um plano infinito.
A relação que permite efetuar esse cálculo é dada por:
()
2
2
22
0
11
h
u
udz
h
u
u
=
(3.62)
Após alguns desenvolvimentos matemáticos, conforme mostra o apêndice D, tem-se a
seguinte expressão para o coeficiente de distribuição de velocidade:
() ( )
() ()
2
22
2
21 43
21
32
121
c
c
c
nhgsen nn
n
n
n
nhgsen nn
h g sen
ρθτ
α
τ
ρθ τ
ρ
θ
⎡⎤
+++
+
⎛⎞
⎣⎦
=
⎜⎟
+
⎡⎤
⎝⎠
++++
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
(3.63)
50
Note que, se a tensão crítica for nula ( 0
=
c
τ
), tem-se um fluido com comportamento
reológico do tipo
Power Law, e o coeficiente de distribuição de velocidade é o mesmo
determinado por (Ng e Mei, 1994), conforme mostra a expressão a seguir:
()
()
22 1
32
n
n
α
+
=
+
(3.64)
Se a tensão crítica for nula
(
)
0
=
c
τ
e o índice de comportamento do fluido for igual a
1
()
1=n
, tem-se um fluido newtoniano e o coeficiente de distribuição de velocidade confere
com a literatura.
6
5
α
=
(3.65)
Para tensão crítica não nula e índice de comportamento do fluido igual a 1
()
1
=
n
, tem-
se o fluido de Bingham e o coeficiente de distribuição de velocidade confere com a literatura,
conforme mostrado por (Maciel, 2001).
()
2
2
87
3
5
44
c
cc
h
gsen
h
gsen
hgsen
τ
ρθ
α
ττ
ρθ
ρθ
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
=
⎛⎞
⎜⎟
++
⎜⎟
⎝⎠
(3.66)
Sendo:
c
gsen
τ
ρ
θ
: profundidade do fluido na região não cisalhada (plug)
Note que, para um perfil de velocidades uniforme, ou seja, quando:
c
h
gsen
τ
ρ
θ
= , o
coeficiente de distribuição de velocidades é igual a 1
(
)
1
α
=
, conforme mostrado por (Maciel,
2001)
51
3.8 Adimensionalização das Variáveis
O objetivo desse item é determinar os parâmetros que evidenciam o desenvolvimento
de instabilidades, por isso torna-se necessário fazer uma adimensionalização das variáveis em
escalas convenientes, nas equações (3.60 e 3.61). A adimensionalização permite encontrar
termos representativos para o problema estudado e viabiliza a interpretação. As escalas
adotadas para a adimensionalização das variáveis são dadas por:
- escala de comprimento:
*
0
x
lx= e
()
(
)
**
0
,,hz h h z=
- escala de velocidades:
*
0
uuu=
- escala de tempo:
*
0
0
l
tt
u
=
- número de Froude:
()
2
0
0
u
Fr
gh
=
Sendo:
2
0
0
sen
u
l
g
θ
= (comprimento de onda)
1
1
00
0
0
sen sen
sen
1
1 sen 2 1 sen
n
n
n
cc
n
hg hg
ng n
u
nK g nhg
ρθτ ρθτ
ρθ
ρθ ρθ
+
⎛⎞
⎛⎞
−−
=−
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠
(velocidade)
O sub-índice (
0
) indica condições de escoamentos em regime uniforme e o asterisco
(*) as variáveis adimensionais.
Considerando que o escoamento seja uniforme e introduzindo as variáveis
adimensionais na equação da conservação da massa, tem-se a seguinte equação:
52
***
0
000
**
00
1
0
u
huh
huh
ll
tx
∂∂
+=
∂∂
(3.67)
***
**
0
huh
tx
∂∂
+=
∂∂
(3.68)
As variáveis adimensionais são introduzidas na equação da quantidade de movimento,
conforme segue.
1
o
) Introduzindo as variáveis adimensionais no primeiro membro da equação (3.61), tem-se:
2
** * * *2
22
0
00 0 0 0
** *
00 0
111
cos
2
u
uh u h h
uh u h gh
ll l
tx x
α
θ
∂∂
++
∂∂
(3.69)
Dividindo os termos de (3.69) por
2
0
u e considerando
0
2
0
cosgh
u
θ
β
=
, tem-se os
seguintes termos para o primeiro membro da equação de quantidade de movimento:
2
** *2
** *
1
2
uh u h h
tx x
αβ
∂∂
++
∂∂
(3.70)
Inserindo a variáveis adimensionais no 2
o
membro da equação (3.61) tem-se o
seguinte resultado:
()()
()
()
()
2
*
00
*
0
**2
00
sen 1 (2 1) ]
sen
sen 1 sen
n
cn
cc
uu g n n h h
K
gh h
hh g nn hh g n
ρθ
τ
θ
ρρ
ρθτ ρθτ
⎡⎤
++
⎢⎥
−−
⎢⎥
−+ +
⎣⎦
(3.71)
Dividindo o resultado obtido em (3.71) pelo termo (
0
gh sen
θ
) e inserindo a
velocidade
0
u (em condição de regime uniforme), tem-se:
53
()
()
1
1
2
*
*
0
*
00
0
n
n
n
cn c
n
c
ugsen
Khgsen
gsen
h
g h sen g h sen K gsen
hh gsen
ρθ
τρθτ
ρθ
ρθρθ ρθ
ρθτ
+
⎛⎞
⎛⎞
−− ×
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
()( )
()
*
0
0
*2
0
0
12 1
1
121
1
n
c
c
nnhh
h g sen
nn
n n h g sen
nn hh gsen n
ρθτ
ρθ
ρθτ
⎛⎞
⎛⎞
++
⎛⎞
⎛⎞
×−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠ + +
⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
(3.72)
Note que, através de procedimentos matemáticos, o índice de consistência do fluido
(
n
K ) é eliminado, e a equação (3.72), torna-se:
(
)
()
()
()
*
1
0
*
*
00
0
sen
sen
1
sen sen
sen
n
n
n
c
c
n
c
ug
hg
h
gh h g
hh g
ρθ
ρθτ
τ
ρθ ρθ
ρθτ
+
⎡⎤
⎢⎥
−− ×
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
()
()
()
()
*
00 0
*
0
0
21 sen sen 21
21 sen
1sen
n
n
c
c
nhg nhg n nhh
nhg
nhhg n
ρθ ρθτ
ρθ
ρθτ
⎡⎤
⎛⎞
⎛⎞
+−+ +
⎢⎥
×
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
+
++
⎝⎠
⎝⎠
⎣⎦
(3.73)
Rearranjando os termos da equação (3.73), tem-se:
(
)
()
*
1
*
0
*
00
0
(sen )
sen sen
sen
n
n
cc
n
c
u
hg
h
gh h g
hh g
τρθτ
ρθ ρθ
ρθτ
+
⎡⎤
⎢⎥
−− ×
⎢⎥
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
()
()
()
*
0
*
0
1sen
1sen
n
c
c
h
nhg n
nhhg n
ρθτ
ρθτ
⎛⎞
×+ +
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
(3.74)
Fazendo os cálculos necessários para simplificar a equação (3.74), tem-se a seguinte a
equação:
54
*
00
1
sen sen
cc
h
gh h g
ττ
ρθ ρθ
⎛⎞
−− ×
⎜⎟
⎝⎠
()
()
()
()
*
*
0
0
**
00
1sen
sen
sen 1 sen
n
c
c
cc
nhg nh
uh g
hh g n hh g n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
×
⎨⎬
⎢⎥
−+ +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.75)
Portanto, através das equações (3.70) e (3.71), tem-se a equação da quantidade de
movimento em variáveis adimensionais:
2
** *2
*
** *
00
1
1
2sensen
cc
uh u h h
h
hg hg
tx x
ττ
αβ
ρ
θρθ
⎛⎞
∂∂
++ = ×
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
()
()
()
()
*
*
0
0
**
00
1sen
sen
sen 1 sen
n
c
c
cc
nhg nh
uh g
hh g n hh g n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
×
⎨⎬
⎢⎥
−+ +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.76)
Aplicando a regra da cadeia no primeiro membro da equação (3.76), tem-se:
(
)
**
* *** * *
*******
** ** * * *
hu
hhhuuh
uuuhhuh
tx t t t x x
αα αβ
⎛⎞
⎜⎟
∂∂
+−+++ +=
⎜⎟
∂∂
⎜⎟
⎝⎠
*
00
1
sen sen
cc
h
hg hg
ττ
ρθ ρθ
⎛⎞
=− ×
⎜⎟
⎝⎠
()
()
()
()
*
*
0
0
**
00
1sen
sen
sen 1 sen
n
c
c
cc
nhg nh
uh g
hh g n hh g n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
×
⎨⎬
⎢⎥
−+ +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.77)
Usando a equação da conservação da massa, a equação da quantidade de movimento
em (3.77), torna-se:
55
()
** ***
**
** ***
00
11
sen sen
cc
uu uhh
uh
hg hg
tx htx
ττ
αα β
ρ
θρθ
⎛⎞
∂∂
+− += ×
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
()
()
()
()
*
*
0
0
**
00
1sen
sen
sen 1 sen
n
c
c
cc
nhg nh
uh g
hh g n hh g n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
×
⎨⎬
⎢⎥
−+ +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.78)
Omitindo os asteriscos (*) e as barras () após a adimensionalização, conforme
demonstrado, tem-se o sistema de equações para o escoamento de fluido hiperconcentrado,
em canal inclinado, a partir da proposta reológica de Herschel-Bulkley em variáveis
adimensionais. Esse sistema é dado pela equação da conservação da massa e da quantidade de
movimento.
Equação da conservação da massa:
()
0
hu
h
tx
+=
∂∂
(3.79)
Equação da quantidade de movimento:
()
1
uu uhh
u
tx htx
αα β
∂∂
+− +=
∂∂
()
()
()
()
()
**
**
**
11
11
1
n
uC n nCh
CC
hC n hnC
⎧⎫
⎤⎡
−++
⎪⎪
⎥⎢
=−
⎨⎬
⎥⎢
−++
⎪⎪
⎦⎣
⎩⎭
(3.80)
Sendo:
*
0
c
C
h g sen
τ
ρ
θ
= (3.81)
Introduzindo as variáveis adimensionais no coeficiente de distribuição de velocidade
()
α
, tem-se:
56
()
()
() ( )
() ()
2
*
0
22
2
*
0
*
0
21 43
21
32
121
c
c
c
n h h gsen n n
n
n
n
n h h g sen n n
hh gsen
ρθτ
α
τ
ρθ τ
ρ
θ
⎡⎤
+++
+
⎣⎦
=
+
⎡⎤
++++
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
(3.82)
Assim, neste capítulo foi estabelecido o sistema de equações que rege o escoamento
laminar de um fluido hiperconcentrado, escoando em um canal inclinado, em variáveis
adimensionais, a partir de uma “proposta reológica mais generalizada”, conforme mostra as
equações (3.79) e (3.80).
A partir do modelo matemático concebido em variáveis adimensionais, tem-se o
objetivo de determinar condições para a formação de instabilidades. Essas condições podem
ser estabelecidas, a partir de uma análise de estabilidade linear.
57
CAPÍTULO 4
4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE LINEAR
A teoria da estabilidade linear é uma ferramenta que tem permitido obter informações
importantes, tais como a taxa de crescimento das instabilidades e a velocidade de propagação,
em função do número de ondas.
Esse capítulo tem como objetivo colocar em evidência as condições necessárias para
que ocorra a formação de instabilidades no escoamento laminar e uniforme de um fluido
hiperconcentrado, em um canal inclinado.
Para estabelecer a análise de estabilidade linear, uma perturbação infinitesimal será
adicionada às equações (3.79) e (3.80).
Sendo:
()
1,hHxt=+ (4.1)
()
1,uVxt=+ (4.2)
Considerando
1, <<VH
, as equações (3.79) e (3.80) serão linearizadas para a
obtenção de uma equação em
H .
4.1 Linearização do Sistema de Equações
Substituindo as relações (4.1) e (4.2) no modelo matemático determinado em variáveis
adimensionais, dado pelas equações (3.79) e (3.80), tem-se um novo sistema de equações em
função das variáveis
V
e H .
58
Equação da Conservação da Massa:
()
()
()
()
(
)
111
110
HVH
HV
txx
∂+ ∂+ ∂+
++ ++ =
∂∂
(4.3)
VHH
x
xt
∂∂
=−
∂∂
(4.4)
Equação da Quantidade de Movimento:
() () ()() () ()
2
11211 1 1
VH V H H
HV HV V H
tt x x x
ααβ
∂∂
++++++++ ++ =
∂∂
()
()
()
()
()
()
*
*
**
**
11
(1 )
11
11(1)
n
nnCH
uC
HC C
HC n H nC
++ +
⎡⎤
=+
⎢⎥
+− + + +
⎢⎥
⎣⎦
⎩⎭
(4.5)
O conceito de onda envolve as noções de espaço e tempo e deve satisfazer uma
equação, “a equação de onda”, na qual o atributo essencial é exibir o movimento de
propagação. Para a determinação dessa equação, segue-se os seguintes passos:
1º) Deriva-se a equação (4.4), em relação a
x
, obtendo a seguinte relação:
2
2
2
2
x
H
tx
H
x
V
=
(4.6)
2º) Deriva-se a equação (4.4), em relação a
t e obtém-se a seguinte igualdade:
tx
H
t
H
tx
V
=
2
2
(4.7)
3º) Deriva-se a equação (4.5) em relação a
x
e obtém-se a seguinte relação:
59
22 2
22 2
2
VH V H H
xt xt
x
xx
αα β
∂∂
++ + + =
∂∂ ∂∂
∂∂
()
()
()
()
()
()
1
**
*
**
11 1 1
1
1((1)(1))
n
VC n nC H
H
Cn
x
HC n H nC
⎧⎫
⎡⎤
+− ++ +
⎪⎪
⎢⎥
=− ×
⎨⎬
⎢⎥
−− + + +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
()
()
()
()
**
11 11
VH
VHC VC
xx
⎡∂
⎛⎞
×+++×
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
()
()
()
()( )
()
*
2
*
*
11
1
11
1
nnC H
nHnC
HC
⎛⎞
++ +
⎜⎟
×+
⎜⎟
+++
+−
⎝⎠
()
()
()
()( )
()
*
**
*
11
111
1
VC
H
nnCn HnC
x
HC
⎛⎞
+−
⎜⎟
++++++
⎜⎟
+−
⎝⎠
()
()( )
()
()( )
**
*
1
111
11
H
nnCn HnC
x
nHnC
∂⎤
−++ +++
⎦+++
(4.8)
4º) Substituindo as equações (4.4), (4.6) e (4.7) em (4.8), tem-se uma equação diferencial
parcial de segunda ordem, dada por:
() ()
22
22
221 0
HHHHH
nn
xt x t
tx
αβ α
∂∂
+− + + + + =
∂∂
∂∂
(4.9)
Considera-se como solução da equação (4.9), a seguinte relação:
(
)
ˆ
ikx t
HHe
ω
= (4.10)
Sendo:
60
:k número de ondas;
ri
i
ω
ωω
=+ (freqüência)
Substituindo a relação (4.10) na equação (4.9), pode-se determinar a equação da
dispersão, na qual relaciona o número de ondas com a taxa de crescimento e a velocidade de
propagação dessas ondas. Essa equação é dada por:
()()()
22
2210kni k n ki
ωα ωαβ
−−++= (4.11)
Resolvendo a equação (4.11), tem-se:
1
2
2
kni abi
ωα
⎡⎤
=−±+
⎣⎦
(4.12)
Sendo:
()
222
4aakn
αβ
=−+ (4.13)
()
42 1bn nki
α
=+ (4.14)
Por definição uma onda ao se propagar percorrerá a distância de um comprimento de
onda (
λ
) em um período T . Lembrando que
2
T
π
ω
= é a freqüência, e
2
k
π
λ
= é o número de
ondas, a velocidade de propagação da onda ou velocidade de fase é dada por:
UU
Tk
λ
ω
=⇒= (4.15)
Portanto, separando a parte real da parte imaginária em (4.12), pode-se determinar
analiticamente as expressões que definem a taxa de crescimento das perturbações e a
velocidade de propagação, em função do número de ondas, tais relações são dadas por:
61
()
(
)
22
11
22
I
naba
ω
⎡⎤
=−± +
⎢⎥
⎣⎦
(4.16)
()
()
22
11
2
22
kaba
ωα
⎡⎤
ℜ= ± ++
⎢⎥
⎣⎦
(4.17)
Sendo:
()
I
ω
: taxa média de crescimento das instabilidades;
()
k
ω
: velocidade de fase ou velocidade de propagação da onda.
4.2 Condições para Formação de Instabilidades
Sabendo que
01n<≤
,
01.2
α
<
, tem-se
0b >
, para
0k
. Para ( ) 0I
ω
< ,
()
I
ω
tende a se estabilizar.
Para determinar uma condição de formação de instabilidade para o escoamento
uniforme, deve-se considerar que
(
)
0I
ω
> .
Contudo,
(
)
0I
ω
>
, se e somente se:
()
22
11
22
naba−< + (4.18)
Substituindo as relações (4.13) e (4.14) na equação (4.18), tem-se a seguinte relação:
()
2
2
2
21nn
n
α
ααβ
+−
−+<
(4.19)
Substituindo a relação (4.1) na equação (3.82), tem-se o seguinte resultado para o
coeficiente de distribuição de velocidade (
α
):
62
()
()
() ( )
() ()
2
*
2
*2*2
21 43
21
32
12 1
nCnn
n
n
nnCnnC
α
⎡⎤
++ +
+
⎣⎦
=
+
⎡⎤
++ ++
⎣⎦
(4.20)
Substituindo a equação (4.20) na relação (4.19), tem-se que o escoamento torna-se
instável se:
()
()( )
() ()
2
*
2
2
*2*2
21 43
21
21
12 1
n
nnnCn
n
n
n
nnnCnC
β
β
⎧⎫
⎡⎤
++ +
+
⎪⎪
⎣⎦
<+ =
⎨⎬
⎡⎤
++ + +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(4.21)
Para um fluido com comportamento reológico do tipo Power Law 0
*
=C , tem-se o
seguinte critério de instabilidade:
2
21
n
n
n
β
β
+
<=
(4.22)
Essa relação de instabilidade está em consonância com a literatura, conforme mostrado
por (Ng e Mei, 1994).
Para um fluido Binghamiano, a relação de instabilidade é dada por:
()
*
2
*
87
33
2
n
C
C
β
β
⎡⎤
⎛⎞
⎢⎥
+
⎜⎟
<− =
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
+
⎝⎠
⎣⎦
(4.23)
Para a reologia Newtoniana, tem-se:
3
n
β
β
<= (4.24)
Conforme mostrado por (Prokopiou et al., 1991) quando fez análise uma análise de
estabilidade linear para escoamento de fluido Newtoniano (
1n
=
), considerando que o perfil
de velocidade do escoamento era parabólico.
63
4.3 Taxa de Crescimento das Instabilidades
O objetivo desse item é mostrar numericamente a taxa de crescimento das
instabilidades em função do número de ondas para escoamentos de fluidos hiperconcentrados
(Herschel-Bulkey, Bingham e Power Law) e também Newtoniano.
- Taxa de crescimento da perturbação para fluido de Herschell-Bulkley
A Figura (4.1) mostra numericamente a taxa de crescimento das perturbações
(
)
(
)
+
ω
I
em função do número de ondas (
k ), para vários valores
β
. Fixando o valor do parâmetro
*
0.1C = , pode-se verificar a influência o índice de escoamento do fluido (
n
).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.1: Taxa de crescimento das perturbações para um fluido do tipo Herschel-Bulkley.
64
- Taxa de crescimento das perturbações para o modelo reológico do tipo Power Law.
A Figura (4.2) mostra numericamente a taxa de crescimento das perturbações
(
)
(
)
+
ω
I
em função do número de ondas (
k ), para vários valores
β
. Verifica-se a influência o índice
de escoamento do fluido (
n
).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.2:Taxa de crescimento das perturbações para um fluido do tipo Power Law
- Taxa de crescimento das perturbações para fluido Binghamiano e Newtoniano.
As Figuras 4.3a e 4.3b mostram a taxa de crescimento das perturbações para
escoamentos de fluido Binghamiano e fluido Newtoniano, respectivamente.
65
(a) (b)
Figura 4.3:Taxa de crescimento das perturbações para um fluido Binghamiano e Newtoniano.
Comentários:
Através das Figuras (4.1), (4.2) e (4.3) observa-se que as curvas neutras da
estabilidade ocorrem quando
0=k e
n
β
β
=
e que para todos os valores de k o ponto inicial
da instabilidade depende n e
*
C . Se
n
β
β
> , todas as perturbações com 0k são menores
do que zero.
É importante ressaltar que para
10
<
n
, quanto maior for o valor de n, menor será o
valor de
n
β
.
Comparando as Figuras (4.1) e (4.2), observa-se que para um fluido de Herschel-
Bulkley, com 1.0
*
=C e 4.0=n , o valor de
n
β
e o comportamento da função são
semelhantes ao que foi encontrado por (Ng e Mei 1994), quando utilizou o modelo reológico
do tipo Power Law.
Observando as Figuras (4.3a) e (4.3b), nota-se a semelhança no critério de estabilidade
entre um fluido de Bingham e um fluido Newtoniano, no qual 3
=
n
β
, conforme mostra a
literatura.
A análise de estabilidade linear do escoamento uniforme mostra que a taxa de
crescimento das instabilidades aumenta com o número fixo de ondas, e conseqüentemente é
insuficiente para sugerir um comprimento de onda para a Roll Wave, dessa forma, conclui-se
não existir uma seleção do comprimento de ondas.
66
4.4 Velocidade de Propagação das Instabilidades
Através da equação (4.17) pode-se determinar a velocidade de propagação das
perturbações, para vários valores de
β
, considerando o modelo de Herschel-Bulkley. De
acordo com os valores utilizados para os parâmetros (
n e
*
C ), determina-se também a
velocidade de propagação em outros modelos reológicos (Power Law, Binghamiano e
Newtoniano).
- Velocidade de propagação das perturbações para um fluido do tipo Herschel-Bulkley
A Figura 4.4, mostra a velocidade de propagação em função de
k
(nº de ondas), para
diferentes valores de
β
. Fixando o valor do parâmetro (
*
C ), verifica-se a influência do índice
de escoamento do fluido (
n
).
(a) (b)
(c) (d)
67
Figura 4.4 Velocidade de propagação das perturbações para fluido de Herschel-Bulkley
- Velocidade de propagação das perturbações para um fluido do tipo Power law.
A Figura (4.5) mostra numericamente a velocidade de propagação em função do
número de ondas (
k ), para vários valores
β
. Verifica-se a influência o índice de escoamento
do fluido (
n ).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.5: Velocidade de propagação das perturbações para um fluido do tipo Power Law.
68
- Velocidade de propagação dos distúrbios para fluido Binghamiano e Newtoniano.
As Figuras 4.6a e 4.6b mostra a taxa de crescimento das perturbações para
escoamentos de fluido Binghamiano e fluido Newtoniano, respectivamente.
(a) (b)
Figura 4.6: Velocidade de propagação das perturbações para fluido Binghamiano e
Newtoniano.
Comentários:
Comparando os resultados através das Figuras (4.4), (4.5) e (4.6), pode-se observar
que para os diferentes tipos de modelos reológicos, ao aumentar o valor de
β
, ou seja,
diminuído o número de Froude (
Fr ), ocorre um aumento significativo na velocidade de
propagação das instabilidades. Nota-se, que esse resultado está em concordância com a
definição do número de Froude.
Observando a Figura (4.5) nota-se que o comportamento da função que define a
velocidade de propagação das perturbações está em consonância com os resultados
encontrados por (Ng e Mei, 1994), quando utilizou o modelo reológico do tipo Power Law
(
*
0C = ).
Pode-se observar também que os resultados obtidos com análise feita neste capítulo
estão em concordância com os resultados apontados na literatura.
69
Neste capítulo, através de uma análise de estabilidade linear, foram determinadas as
condições para formação de instabilidades no escoamento estudado, tanto para fluido
hiperconcentrado quanto para fluido Newtoniano.
No entanto, a análise feita, garante a formação de instabilidades a partir das condições
verificadas e determina a velocidade de propagação das perturbações, mas não é o suficiente
para garantir o aparecimento de Roll Waves.
No capítulo 5, será determinada uma equação geral para geração de tais
instabilidades, impondo uma teoria analítica de Roll Wave permanente, na qual, serão
utilizadas as condições de formação de instabilidades, obtidas nesse capítulo, para verificar se
ocorre a geração do fenômeno estudado.
70
CAPÍTULO 5
5. EQUAÇÃO DAS ROLL WAVES
Para a determinação de um modelo global de geração de Roll Waves, o sistema de
equações para escoamento de águas rasas (shallow water equations), em variáveis
adimensionais, determinado no capítulo 3, pelas equações (3.79) e (3.80), deverá ser reescrito
em um sistema móvel de coordenadas, na qual, o método utilizado descreve o movimento de
uma única onda no sistema de coordenadas.
Por hipótese, tem-se:
'
x
UT
ς
=− , sendo que U representa uma velocidade constante de propagação (celeridade).
A partir dessa hipótese, pode-se estabelecer as seguintes relações:
'
''
uux u
U
txt x
∂∂
==
∂∂
(5.1)
'
1
''
uux u
x
xx
ς
∂∂
==
∂∂
(5.2)
'
''
hhx h
U
txt x
∂∂
==
∂∂
(5.3)
'
1
''
hhx h
x
xx
ς
∂∂
==
∂∂
(5.4)
Assim, a equação da conservação da massa, torna-se:
71
()
''
0
''
hu
hx x
xt x
ς
∂∂
+=
∂∂
(5.5)
Derivando o sistema móvel de coordenadas e aplicando na equação (5.5), tem-se a
seguinte equação para a conservação da massa:
()
()
0
''
hu
h
U
xx
−+ =
∂∂
(5.6)
()
0
'
Uh hu
x
−+ =
(5.7)
()
hu U c−= (constante) (5.8)
Note que, em regime permanente, pode-se considerar que: ( , ) (1,1)hu
= é solução da
equação, portanto a equação da conservação da massa fica da seguinte forma:
()
1hu U U−= (5.9)
A equação da quantidade de movimento torna-se:
()
0
1
111
'' '' sen sen
cc
uh uhh
Uu U
xx hxxhghhg
ττ
αα β
ρθ ρθ
⎛⎞
∂∂
−+ + + = ×
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
()
()
()
()
0
0
00
1sen
sen
sen 1 sen
n
c
c
cc
nhg nh
uh g
hg n hhg n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
++
⎡⎤
⎪⎪
×
⎨⎬
⎢⎥
−+ +
⎣⎦
⎪⎪
⎩⎭
(5.10)
Substituindo a equação da conservação da massa na equação de quantidade de
movimento e omitindo o sobrescrito (') do sistema de equações, a variável u é eliminada,
assim, tem-se a seguinte equação:
72
()
()
2
2
2
00
1
11
cc
U
h
Uhh
zhgsen hgsen
h
α
ττ
αβ
ρ
θρθ
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
−− + = ×
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
()
()
()
()
()
0
0
00
11
1
1
n
c
c
cc
Uh h gsen
nhgsenn
hh gsen n h h gsen n
ρθτ
ρθτ
ρθτ ρθτ
⎧⎫
⎡⎤
+−
++
⎪⎪
×
⎢⎥
⎨⎬
−++
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(5.11)
Portanto, rearranjando os termos da equação (5.11), tem-se uma equação diferencial
para a geração de Roll Waves, dada por:
()
()
()
()
()
()
()
()
()
*
*
**
*
*
2
2
2
111
1
1
1
1
1
n
Uh C
nnC
hC C
nhnC
hC
h
x
U
Uh
h
α
αβ
⎧⎫
⎡⎤
+−
++
⎪⎪
⎢⎥
−−
⎨⎬
⎢⎥
++
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
=
⎛⎞
⎜⎟
−− +
⎜⎟
⎝⎠
(5.12)
Sendo:
0
22
0
cos
1
gh
uFr
θ
β
==
(5.13)
*
0
sen
c
C
hg
τ
ρ
θ
= (5.14)
()
()
() ( )
()
()
2
*
2
2
*2*
21 43
21
32
12(1)
nhCnn
n
n
nhnnCnCh
α
⎡⎤
++ +
+
⎣⎦
=
+
⎡⎤
+++ +
⎢⎥
⎣⎦
(5.15)
O modelo matemático determinado para a geração de Roll Waves é uma equação
diferencial ordinária de primeira ordem, não linear, que apresenta singularidades. Portanto,
tais ondas serão tratadas como ondas de choque, conforme os apontamentos da literatura,
Dressler (1949), Ng e Nei (1994), Noble (2001), entre outros.
73
É importante ressaltar que o modelo proposto neste trabalho verifica o resultado obtido
por Ng e Mei (1994), utilizando o modelo reológico do tipo Power Law (
*
0C = ).
5.1 Ondas de Choque e Descontinuidades
O termo onda de choque é reservado na literatura aos casos de descontinuidades
evolutivas, podendo ser caracterizada por perturbações em propagação, onde as propriedades
como a velocidade, variam de maneira abrupta e quase descontinua, apresentando um perfil
de onda bem demarcado com um “pico para baixo”. Estas ondas podem ocorrer tanto em
meios físicos, propagando de maneira mecânica, quanto em campos elétricos e magnéticos.
Essas ondas são bastante comuns na natureza. Para ilustrar este fato, tem-se como
exemplo, a figura 1.1 do capítulo 1.
5.2 Perfil de uma Roll Wave
Matematicamente, a Roll Wave é definida como onda cinemática, periódica e com
velocidade constante, na qual a velocidade da onda deve ser maior do que a velocidade do
fluido.
No comprimento de cada onda, existe uma transição de escoamento supercrítico
(
1Fr >
) para escoamento subcrítico (
1Fr
<
). Dressler (1949), mostrou que existe uma seção
crítica, no sistema móvel de coordenadas, desde que:
()
2
2
() 1
uU
Fr
gh
==
(5.16)
Sendo que:
u é a velocidade do escoamento e U é a velocidade de propagação da onda.
Devido a essa transição de escoamento, a formação de Roll Waves consiste de um
perfil contínuo entre choques sucessivos aumentando no sentido do declive do canal, assim,
através da equação (5.12), procura-se solução do tipo:
()
0
()
hFh
xGh
=>
(5.17)
74
A Figura (5.1) mostra o perfil de uma Roll Wave e as regiões de transições do
escoamento
Figura 5.1 Perfil de uma Roll Wave.
Observando a Figura (5.1), pode-se definir
λ
como sendo o comprimento da Roll
Wave,
1
h a altura antes do choque,
c
h a altura crítica do escoamento e
2
h a altura depois do
choque.
A partir da equação (5.12), tem-se:
()
()
()
()
()
()
()
() ()
*
*
**
*
*
2
22
111
1
1
1
()
()
11
n
Uh C
nnC
hC C
nhnC
hC
hFh
x
Gh
UUhh
αα β
⎧⎫
⎡⎤
+−
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
−−
⎢⎥
⎨⎬
⎢⎥
++
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎣⎦
⎩⎭
=≡
⎡⎤
−− +
⎣⎦
(5.18)
Em conseqüência, tem-se:
()
()
()
Fh
hx dx
Gh
=
(5.19)
A integração numérica da equação (5.18) determina
(
)
hx, mostrando o perfil das
Roll Waves, além disso, pode-se definir o comprimento da onda, da seguinte forma:
75
()
()
2
1
h
h
Gh
dh
Fh
λ
=
(5.20)
É necessário verificar as condições de choque, para determinar os limites de
integração (
1
h e
2
h ).
5.2.1 Condições de Choque
Esse item tem como objetivo determinar a profundidade do escoamento depois do
choque; para isso é necessário estabelecer algumas condições.
Sabe-se que as equações para a onda de choque admitindo um salto nos parâmetros do
escoamento foram estabelecidas em 1870 por Rankine. Destas equações pode-se determinar
as relações entre os parâmetros imediatamente antes e após o choque, as chamadas condições
de Rankine-Hugoniot (SHAPIRO, 1953). Essas condições são derivadas da equação da
conservação da massa e da equação da quantidade de movimento. Para o problema em
questão, as condições são dadas por:
[] []
22
11
Uh uh=
(5.21)
[]
2
2
22
1
1
1
2
Uuh uh h
αβ
⎡⎤
=+
⎢⎥
⎣⎦
(5.22)
Sendo que:
[]
2
21
1
hhh=− é o salto da propriedade.
Usando a relação (5.9) e eliminando
u da equação (5.21), determina-se a relação entre
as duas alturas
1
h e
2
h .
()
22 2 2
12 1 2 12
11
(1 ) 1 0
22
UhhU hh hh
ααββ
−− = (5.23)
Resolvendo para
2
h com 0
β
> , segue:
76
()
()
()
1
2
2
2
22
11
2
1
21
11
22
hh
U
UU
h
h
α
αα
β
ββ
⎧⎫
⎡⎤
⎪⎪
=+ +
⎢⎥
⎨⎬
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(5.24)
Para 0
β
= (parede vertical), tem-se:
()
()
2
2
2
1
1
1
U
h
Uh
α
α
=
(5.25)
5.3 Velocidade de Propagação da Roll Wave
Ng e Mei (1994), fazendo o estudo de Roll Waves, para a reologia do tipo Power Law,
mostram que na seção crítica, o denominador e o numerador da equação da Roll Wave são
nulos.
Dessa forma, considerando a equação (5.12), pode-se determinar analiticamente a
velocidade de propagação da Roll Wave em um ponto crítico, sendo que
c
h deve pertencer ao
intervalo
(
)
12
,hh , ou seja,
12c
hhh<<.
Através das equações (5.8) e (5.9), tem-se o valor da constante c:
1cU=− (5.26)
Assim
()
c
Fh e
(
)
c
Gh podem ser expressas da seguinte maneira, respectivamente:
()
()
()
()
()
()
*
*
**
*
*
1
1
() 1 0
1
n
c
cc
c
c
cUh C
nnC
Fh h C C
nhnC
hC
⎧⎫
⎡⎤
+−
⎡⎤
++
⎪⎪
⎢⎥
=− =
⎢⎥
⎨⎬
⎢⎥
++
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎣⎦
⎩⎭
(5.27)
()
2
2
2
() 1 0
cc
c
c
Gh U h
h
α
αβ
⎛⎞
⎜⎟
=− + =
⎜⎟
⎝⎠
(5.28)
Considerando
(
)
0
c
Fh = , pode-se determinar a velocidade de propagação em função
de
c
h :
77
()
1
**
**
1
1
1(1)
n
n
cc
cc
hC n hnC
c
U
hh
CnnC
+
⎛⎞
−++
⎜⎟
⎢⎥
=−
⎜⎟
−++
⎢⎥
⎝⎠
(5.29)
Substituindo a equação (5.29) em (5.28) e considerando que a velocidade de
propagação da Roll Wave deve maior que zero (
0U >
) determina-se valor da constante c, da
seguinte forma:
()
()
()
1
*
*
**
1
1
11
n
n
c
c
nhnC
hC
c
CnnC
α
+
⎡⎤
⎛⎞
++
=− − +
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
−++
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
()
()
()
1
21
2
**
3
**
(1)
1
11
n
n
cc
c
hC n hnC
h
CnnC
αα β
+
⎧⎫
⎡⎤
⎛⎞
⎪⎪
−++
⎪⎪
−− +
⎢⎥
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
−++
⎢⎥
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
⎪⎪
⎩⎭
(5.30)
Com a determinação das condições de choque e da velocidade de propagação em um
ponto critico o modelo matemático desenvolvido neste trabalho para geração de Roll Waves é,
na seqüência, avaliado numericamente.
78
CAPÍTULO 6
6. RESULTADOS NUMÉRICOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados numéricos da equação (5.12), através
de uma rotina de cálculo desenvolvida utilizando-se a linguagem de programação Python,
mostrando o comportamento da função
(
)
hx, verificando a formação e a evolução das
instabilidades estudadas.
6.1 A Linguagem de Programação Python
O Python é uma linguagem de programação clara e expressiva, permitindo uma maior
concentração do programador sobre o algoritmo e não sobre o código. É dinamicamente
interpretada e orientada a objetos. Sendo de alto nível, sua utilização não é condicionada por
detalhes, tais como gerenciamento de memória, tipos de dados ou outras limitações.
A estrutura orientada a objetos permite a construção de algoritmos complexos e com
alta legibilidade, contribuindo para um melhor reaproveitamento do código, assim como para
sua extensão e otimização.
O interpretador mais comum de Python, (Cpython), é escrito em C, o que permite que
códigos também escritos nessa linguagem sejam compilados em módulos e carregados na
forma de uma biblioteca dentro de um script, com perda de desempenho computacional
próximo de zero.
No presente trabalho, para realizar a resolução numérica do modelo matemático de
geração de Roll Waves, primeiramente determina-se o comprimento da onda através da
79
equação (5.19), utilizando a função “quad” do módulo Scipy.integrate, essa função utiliza
como método de integração a Quadratura de Gauss. Em seguida, é utilizada a função “odeint”
da biblioteca de Fortran compilada em Python, para a resolução da equação (5.12) e
determinação da função ( )hx, mostrando o perfil das Roll Waves.
A função odeint no pacote Scipy.integrate, utiliza o método Isoda para a resolução de
equações diferenciais ordinárias, desenvolvido por Hindmarsh (1980) e Petzold (1983) no
laboratório Lawrence Livermore, como parte do pacote odepack.
Para maior comodidade do leitor, o algoritmo desenvolvido neste trabalho, utilizando
as funções citadas (quad e odeint) está no apêndice (E).
Procedimentos numéricos:
i) É necessário especificar os parâmetros constantes
n
,
β
,
*
C e
c
h , sendo que os
valores utilizados para
β
, são obtidos através da análise de estabilidade linear.
ii)
Entrar com
1
h (altura antes do choque), para determinar o valor de
2
h , obtido
através das condições de choque.
iii)
Determinar
λ
(comprimento de onda), integrando numericamente a equação
(5.19).
iv)
Integrar a equação (5.12) para determinar o perfil da Roll Wave.
6.2 Roll Waves para a Proposta Reológica de Herschel-Bulkley
a) Influência do parâmetro
β
Através do resultado de análise de estabilidade linear, para 4.0
=
n e 1.0
*
=C , tem-se
a seguinte condição para que ocorra a formação de instabilidade:
3437.11
1
2
<=
F
r
β
.
A Figura 6.1, mostra o perfil das Roll Waves através de resultados numéricos da
equação (5.12) e seus respectivos planos de fases, para 0
β
e 1
β
=
, variando a velocidade
de propagação U, que é obtida numericamente através da equações (5.28) e (5.29).
80
(a) Perfil das Roll Waves para 0
=
β
(b) Perfil das Roll Waves para 1
β
=
(d) Plano de fases para
0
=
β
(b) Plano de fases para 1
β
=
Figura 6.1: Perfil das Roll Waves em fluido de Herschel-Bulkley e seus respectivos planos de
fases, variando o valor de
β
.
Ao analisar os resultados numéricos mostrados na fig. (6.1), fixando
4.0
=
n e
1.0
*
=C , nota-se que:
- ocorre a presença de Roll Waves estabilizadas;
- aumentando o valor do parâmetro
β
, ocorre um aumento na velocidade de propagação da
onda, ou seja, quanto menor o número de Froude, maior será a velocidade da Roll Wave, o
que está de acordo com a definição do número de Froude;
- aumentando o valor de
β
ocorre um aumento significativo no comprimento da Roll Wave e
uma diminuição na amplitude da mesma.
81
A figura 6.2 mostra o perfil das Roll Waves através de resultados numéricos da
equação (5.12), para 5
β
= e 11
β
= , fixando 4.0
=
n e
1.0
*
=C
.
(c) 5
β
= (C) 8
β
=
(d)
11
β
=
Figura 6.2 Perfil das Roll Waves em fluido de Herschel-Bulkley, variando o valor de
β
.
Ao analisar os resultados numéricos mostrados na fig. (6.2), fixando
4.0
=
n e
1.0
*
=C
, nota-se que:
- quanto mais próximo da curva neutra de estabilidade, onde
n
β
β
=
, menores serão as
amplitudes das instabilidades e maiores serão os comprimentos;
- na tentativa de utilizar
11
β
> , não houve geração de instabilidades.
82
b) Influência do parâmetro
*
C (coesão do fluido)
Fixando os valores de 1
β
= e 0.4n
=
, a Figura (6.3) mostra numericamente o perfil
das Roll Waves para fluido de Herschel-Bulkley variando a coesão do fluido
*
()C
(b)
*
0.2C =
(b)
*
0.3C =
(c)
*
0.5C =
(d)
*
0.6C =
Figura 6.3 Perfil das Roll Waves para fluido de Herschel-Bulkley, variando o valor de
*
C
Ao analisar a Figura 6.3, observa-se que:
- um aumento no parâmetro
*
C (coesão do fluido), causa uma pequena diminuição no
comprimento das Roll Waves geradas, além disso a velocidade de propagação também
diminui;
83
- na tentativa de utilizar
*
0.6C > , não houve geração de instabilidades.
c) Influência do índice de escoamento do fluido (n)
Para 0
β
= e
*
0.1C = , a Figura (6.4) mostra o perfil das Roll Waves através de
resultados numéricos, variando o valor do índice de escoamento (n).
(a)
0.2n =
(b)
0.6n =
(c) 0.8n = (d) 0.9n =
Figura 6.4 Perfil das Roll Waves em fluido de Herschel-Bulkley variando o valor de
n
para
0
β
.
84
Analisando a Figura (6.4), observa-se que:
- o aumento do índice de escoamento (n) causa um pequeno aumento no comprimento das
ondas geradas;
- ocorre também um aumento na velocidade de propagação.
Considerando 1
β
= e
*
0.1C =
, a Figura (6.5) também mostra o a formação de Roll
Waves, variando o índice de escoamento (n).
(a) 0.2n = (b) 0.6n =
(c) 0.8n = (d) 0.9n =
Figura 6.5:
Perfil das Roll Waves variando o valor de n para 1
β
= .
Observando a Figura (6.5), verifica-se que:
85
- aumentando o valor de n ocorre um aumento significativo no comprimento das ondas
geradas;
- o aumento ocorrido no comprimento dessas ondas é maior do que o aumento que ocorreu
para 0
β
= , observado na Figura (6.4).
Nota: Uma vez analisados os resultados para a reologia de Herschel-Bulkley, teve-se o
interesse de checar a evolução das Roll Waves para outras reologias, cumprindo com os
objetivos desta dissertação. De plano, os resultados aparecem no apêndice F, apresentando
comportamentos semelhantes com o que foi apresentado neste capítulo.
86
CAPÍTULO 7
7. DISCUSSÕES E PERSPECTIVAS
Discussões
Este trabalho apresentou um modelo matemático para geração de Roll Waves em
fluidos hiperconcentrados, escoando em um canal inclinado, utilizando o modelo reológico de
Herschel-Bulkley, apontando os seguintes resultados:
- através de uma análise de estabilidade linear verifica-se o aparecimento de Roll Waves
quando :
n
n
Fr
β
β
> , sendo:
()
()( )
() ()
2
*
2
2
*2*2
21 43
21
21
12 1
n
nnnCn
n
n
n
nnnCnC
β
⎧⎫
⎡⎤
++ +
+
⎪⎪
⎣⎦
=+
⎨⎬
⎡⎤
++ + +
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
, onde: Fr é o número de Froude, n
o índice de escoamento do fluido e
*
C a coesão do fluido.
- o modelo também gera Roll Waves para propostas reológicas mais simplificados (Bingham,
power law e fluido newtoniano);
Quanto aos resultados numéricos mostrando a evolução das instabilidades, a partir das
condições de existência, observa-se que:
- quanto menor o número de Froude, maior será a velocidade de propagação da Roll Wave;
- quanto maior o número de Froude (
Fr ), maior será o comprimento da onda gerada e menor
a amplitude;
- quanto maior a tensão crítica (
c
τ
), menor será o comprimento da onda;
87
- com o aumento do índice de escoamento (n) do fluido, ocorre um aumento do comprimento
da Roll Wave, ou seja, quanto mais próximo de ser Newtoniano, ondas mais longas aparecem;
- para fluidos do tipo Power Law e Binghamiano, os resultados estão em consonância com o
que foi predito por (Ng e Mei, 1994) e (Maciel, 2001).
Comentários Finais
Este trabalho de pesquisa foi desenvolvido com base em referências do contexto de
Roll Waves, tanto em fluido hiperconcentrado quanto em fluido Newtoniano. De uma maneira
geral, pode-se tratar de aspectos importantes na geração e propagação do fenômeno Roll
Waves.
No plano teórico, foi adquirido conhecimentos na formulação do sistema de equações
para águas rasas (shallow water equations), suas propriedades e aplicações. Ainda nesse
contexto, pôde-se avançar para determinar as condições de existência de instabilidades através
de uma análise de estabilidade linear. A partir dessa base foi determinada a velocidade de
propagação dessas instabilidades e a taxa de crescimento das mesmas.
Um modelo matemático para geração de Roll Waves em escoamentos
hiperconcentrados e laminares foi determinado, a partir de uma teoria analítica de Roll Wave
permanente. As condições de choques foram estudadas e determinadas para o modelo em
questão.
No plano numérico, utilizando-se da linguagem de programação Phyton, pode-se
verificar a funcionabilidade do modelo matemático desenvolvido neste trabalho, tanto para
fluido hiperconcentrado quanto para fluido Newtoniano.
Sugestões
Além dos desenvolvimentos matemáticos e resultados numéricos apresentados ao
longo deste trabalho, ainda que de forma global, acredita-se que este estudo deva ser
continuado e sistematizado das formas que se seguem:
- fazer uma análise dimensional do modelo matemático determinado neste trabalho;
- dar seqüência a abordagem matemática de Roll Waves em canais sobre forte declividade,
considerando uma condição de permeabilidade no fundo do canal, ou seja, considerando a
porosidade, levando-se em consideração que os canais não são totalmente lisos e que a
88
porosidade pode influenciar na formação de instabilidades, conforme mostrado por Pascal
(2006). Neste caso, utilizar a Lei de Darcy como condição de contorno, adaptada ao modelo
reológico de Herschel-Bulkley;
- realizar uma análise comparativa entre resultados obtidos com a condição de
impermeabilidade e de permeabilidade do fundo do canal.
89
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APÊNDICE A
Demonstração do sistema de equações que rege o escoamento
Considerando um escoamento bidimensional de um fluido hiperconcentrado em um
canal inclinado, o sistema de coordenadas
(
)
,
x
z é definido com o eixo
x
ao longo do canal e
z o eixo normal ao plano inclinado. As componentes de velocidades longitudinal e vertical
são dadas por
()
,uw e a pressão por
P
, sendo a altura total do escoamento dada por h .
Condições de contorno
() ()
ii
ii
hh
wh uh
tx
∂∂
=+
∂∂
A1
()
()
f
f
ff
hh
wh uh
tx
∂∂
=+
∂∂
A2
Integrando a equação da conservação da massa de
1
h
à
2
h
.
Integral de
x
u
:
() ()
ff
ii
hh
i
f
fi
hh
h
h
u
dz udz u h u h
x
xxx
∂∂
=−
∂∂
∫∫
A3
Seja:
1
f
i
h
fi
h
u udz
hh
=
e
fi
hhh−= A4
f
i
h
h
uh
udz
x
x
∂∂
=
∂∂
A5
Portanto:
()
()
i
f
fi
h
h
uh
uh uh
x
xx
−+
∂∂
A6
Integral de
z
w
:
() ()
f
i
h
f
i
h
w
dz w h w h
z
=−
A7
Somando as equações A4 e A5, temos:
() () () ()
i
f
f
ifi
h
h
uh
uh uh wh wh
xxx
−++
∂∂
A8
Aplicando as condições de contorno:
()
() () ()
f
if fi i
fi f i
hhh hhh
uh
uh uh uh uh
x
xxt xtx
∂∂
−+++
∂∂
A9
Logo, a equação da conservação da massa fica:
0
uh h
xt
∂∂
+=
∂∂
A10
O procedimento será o mesmo para a equação da quantidade de movimento, na
direção OX.
Integral de
t
u
:
() ()
ff
ii
hh
i
f
fi
hh
h
h
u
dz udz u h u h
tt t t
∂∂
=−+
∂∂
∫∫
A11
Seja:
1
f
i
h
fi
h
u udz
hh
=
A12
f
i
h
h
uh
udz
tt
∂∂
=
∂∂
A13
Portanto:
()
()
f
i
h
i
f
fi
h
h
h
uuh
dz uh uh
tt t t
∂∂
=− +
∂∂
A14
Integral de
2
u
x
:
() ()
2
22 2
ff
ii
hh
f
i
fi
hh
hh
u
dz u dz u h u h
x
xxx
∂∂
=−+
∂∂
∫∫
A15
Seja:
22
1
f
i
h
fi
h
uudz
hh
=
A16
2
2
f
i
h
h
uh
udz
xx
∂∂
=
∂∂
A17
Portanto:
() ()
22
22
f
i
h
i
f
fi
h
h
h
uuh
dz uh uh
x
xxx
∂∂
=− +
∂∂
A18
Integral de
uw
z
:
()()
()()
f
i
h
f
fii
h
uw
dz uh wh uh wh
z
=−
A19
Somando os resultados das integrais 15, 16 e 17, temos:
() () () ()
2
22
f
ifi
fi f i
hh h h
uh u h
uh uh u h u h
tttx xx
∂∂
∂∂
−++ ++
∂∂
(
)
(
)
(
)
(
)
f
fii
uh wh uh wh+− A20
Aplicando as condições de contorno:
()
() () ()
2
22
f
ifi
fi f i
hh h h
uh u h
uh uh u h u h
tttx xx
∂∂
∂∂
−++ ++
∂∂
() () () ()
f
ii
f
ffii
hhh
h
uh uh uh uh
tx tx
∂∂
⎛⎞
+++
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
A21
Portanto o lado esquerdo da equação da quantidade de movimento na direção OX fica
da seguinte forma:
22
f
i
h
h
u u uw uh u h
dz
tx z t x
⎛⎞
∂∂ ∂ ∂
++ =+
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
A22
O lado direito da equação da quantidade de movimento fica:
11
ff
ii
hh
xx xz
hh
dz dz
xz
ττ
ρρ
∂∂
+
∂∂
∫∫
A23
()
2
11
cos
2
f
i
h
zx
h
h
gdz
xz
ρθ τ
ρρ
⎛⎞
∂∂
−+
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
A24
Assim, a partir das equações 23 e 24, tem-se a equação da quantidade de movimento:
() ()
22
1
cos
2
f
i
h
xz
h
uh u h h
gghsen dz
ttx z
θθτ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= + +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
A25
Sabendo que, 0
xz
τ
= na superfície livre, tem–se:
() ()
()
22
1
cos
2
x
zi
uh u h h
gghsenh
ttx
θθτ
ρ
⎛⎞
∂∂
+= +
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎝⎠
A26
APÊNDICE B
Cálculo do Perfil de Velocidade
O equacionamento abaixo tem como hipóteses um escoamento uniforme, laminar, de
um fluido incompressível, em canal inclinado, baseado na lei de Herschel-Bulkley.
()( )
n
cn
du
gsen h z K
dz
ρθ τ
⎛⎞
−=+
⎜⎟
⎝⎠
B1
()( )
sen
n
c
n
ghz
du
dz K
ρ
θτ
−−
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
B2
Resolvendo a equação diferencial (B2), pode-se obter, após alguns desenvolvimentos
matemáticos, o perfil de velocidade u(z) para o fluido em questão:
Seja:
n
r
1
= , então:
()
sen
r
nr
c
n
ghz
du
dz
ρθ τ
µ
−−
⎛⎞
⎛⎞
=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
B3
()
sen
r
c
n
ghz
du
dz
ρθ τ
µ
−−
⎛⎞
⎛⎞
=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
B4
Integrando de 0 à z:
()
()
0
sen
z
c
nn
ghz
uz dz
ρθ
τ
µµ
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎝⎠
B5
Note que:
() ()
sen sen
0
c
nnn
ghg z
ρθρθ
τ
µµµ
⎡⎤
−−
⎢⎥
⎣⎦
B6
0
c
hz
gsen
τ
ρθ
−− B7
c
hz
gsen
τ
ρθ
−≥ B8
Seja:
0
c
zh
gsen
τ
ρ
θ
=− ,
0
0 zz≤≤ B9
Sendo:
0
z : profundidade do fluido na região cisalhada
Multiplicando a equação (B9) por
sen
n
g
ρ
θ
µ
e subtraindo
()
sen
n
gz
ρ
θ
µ
, tem-se:
()
()
0
sen
sen
c
nnn
gzz
ghz
ρθ
ρθ
τ
µ
µµ
=− B10
Logo,
()
()
0
0
sen
r
z
n
gzz
uz dz
ρθ
µ
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
B11
()
()
0
0
sen
r
z
r
n
g
uz z z dz
ρθ
µ
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎝⎠
B12
Considerando
sen
r
n
g
ρ
θ
β
µ
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
, tem-se:
()
()
0
0
z
r
uz z z dz
β
=−
B13
Integrando por substituição:
dzds
dz
ds
zzs === 1
0
B14
Logo:
()
1
0
0
1
z
z
r
r
s
uz sds
r
β
+
⎡⎤
==
⎢⎥
+
⎢⎥
⎣⎦
B15
()
()
()
(
)
1
0
0
1
z
r
uz z z
r
β
+
=−
+
B16
Portanto, tem-se o perfil de velocidade na região não cisalhada (“parte em plug”):
()
()
1
00
1
r
uz uz z
r
β
+
==
+
para
0
zzh
B17
Perfil de velocidade na região cisalhada:
()
()
1
1
00
1
r
r
uz z z z
r
β
+
+
⎡⎤
=−
⎢⎥
⎣⎦
+
para
0
0 zz
B18
Sabendo que:
sen
r
n
g
ρ
θ
β
µ
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
e
1
r
n
=
, o perfil de velocidades na região cisalhada
pode ser representado pela seguinte expressão:
()
()
1
1
1
0
0
sen
11
1
n
n
n
n
n
gz
nz
uz
nz
ρθ
µ
+
+
⎡⎤
⎛⎞
⎛⎞
⎢⎥
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
B19
APÊNDICE C
Velocidade Média em Relação à Profundidade do Escoamento
Esse item tem como objetivo determinar a velocidade média em relação à
profundidade do escoamento, ou seja, no intervalo
hz
0 , para adequar ao modelo
matemático.
Sabendo que:
0
1
h
u udz
h
=
, então no intervalo hz
0 , tem-se que:
0
0
0
1
zh
z
uudzudz
h
⎡⎤
=+
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
∫∫
C1
()
()
()
0
1
1
1
0
1
0
0
00
sen
1
sen 1 1
11
n
zh
n
n
n
n
n
gz
nzn
ugz dz dz
hn z n
ρθ
ρθ
µ
+
+
+
⎛⎞
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
=−+
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
∫∫
()
00
1
1
1
0
0
00 0
sen
1
1
1
n
zz h
n
n
n
n
gz
nz
udzdzdz
nhz
ρθ
µ
+
+
⎡⎤
⎛⎞
⎛⎞
⎢⎥
=−+
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
∫∫
C2
Integrando por substituição:
00
1
1
z
vdvdz
zz
=− =
, então:
121
121
00 0
00
11
21 21
nn
nn
nn
nn
znzn
dz z v dv z v z
znzn
++
++
⎛⎞ ⎛⎞
−= = =
⎜⎟ ⎜⎟
+
+
⎝⎠ ⎝⎠
∫∫
C3
Então:
()
[]
0
0
1
21
1
0
0
0
0
sen
1
1
121
z
n
n
n
n
h
z
n
gz
nzn
uzzz
nhzn
ρθ
µ
+
+
⎧⎫
⎡⎤
⎪⎪
⎛⎞
⎛⎞
⎪⎢
=++
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
++
⎝⎠
⎪⎪
⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
⎪⎪
⎩⎭
C4
()
1
1
0
00 0
sen
1
121
n
n
n
gz
nn
uzzhz
nhn
ρθ
µ
+
⎛⎞
⎡⎤
=−+
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
++
⎣⎦
⎝⎠
C5
()
1
1
0
0
sen
1
121
n
n
n
gz
z
nn
u
nnh
ρθ
µ
+
⎛⎞
⎡⎤
=−
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
++
⎣⎦
⎝⎠
C6
Sabendo que:
0
sen
c
zh
g
τ
ρ
θ
=− , tem-se:
1
1
1
121
n
n
n
cc
n
hgsen hgsen
ngsen n
u
n g sen n h g sen
ρθτ ρθτ
ρθ
µρθ ρθ
+
⎛⎞
⎛⎞
−−
=−
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠
C7
APÊNDICE D
Cálculo do Coeficiente de Distribuição de Velocidade
Para efetuar o cálculo do coeficiente de distribuição de velocidade, tem-se a seguinte
relação:
()
2
2
22
0
11
h
u
udz
h
u
u
=
D1
()
()
0
0
2
2
1
2
1
0
2
0
0
sen
11
11
1
n
zh
n
n
n
n
z
gz
nz
dz dz
hn z
u
ρθ
α
µ
+
+
⎛⎞
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎛⎞
=−+
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
D2
()
()
2
2
1
0
2
sen
11
1
n
n
n
gz
n
hn
u
ρθ
α
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
0
0
122
00
0
121 1
nn
zh
nn
z
zz
dz dz
zz
++
⎡⎤
⎛⎞
⎛⎞⎛⎞
⎢⎥
⎜⎟
×−−+ +
⎜⎟⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟
⎝⎠⎝⎠
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
∫∫
D3
()
()
2
2
1
0
2
sen
11
1
n
n
n
gz
n
hn
u
ρθ
α
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
0
122
0
00
0
21 1
21 32
z
nn
nn
zn z n
zz
zn z n
++
⎡⎤
⎛⎞ ⎛⎞
⎢⎥
×+ + +
⎜⎟ ⎜⎟
⎢⎥
++
⎝⎠ ⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
()
()
[]
0
2
2
1
0
2
sen
11
1
n
n
h
z
n
gz
n
z
hn
u
ρθ
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
+
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
D4
()
()
2
2
1
0
00 0 0
2
sen
11
2
12132
n
n
n
gz
nnn
zz z hz
hn n n
u
ρθ
α
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
=−+
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+++
⎝⎠
⎝⎠
D5
()
() ()()
()()
2
2
1
000
2
sen 2 3 2 2 1
11
12132
n
n
n
gz znnznn
n
h
hn n n
u
ρθ
α
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
+− +
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+++
⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
D6
()
() ()
()()
2
2
1
0
0
2
sen 4 3
11
12132
n
n
n
gz nn
z
n
h
hn h n n
u
ρθ
α
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
+
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+++
⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
D7
Sabendo que:
()
()
2
2
2
1
2
0
0
sen
1
121
n
n
n
gz
z
nn
u
nnh
ρθ
µ
+
⎛⎞
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
++
⎝⎠
⎝⎠
D8
Substituindo a equação (8) em (7), tem-se:
()
()()
()
()
0
2
0
43
1
2132
21.
21
nn
z
hn n
nhnz
nh
α
⎡⎤
⎛⎞
+
⎢⎥
⎜⎟
++
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
=
⎡⎤
+−
⎢⎥
+
⎣⎦
D9
()() ()
(
)
() ()
0
2
0
2132 4321
21 32
nnhznn nh
nhnz n
α
++ + +⎡⎤
⎣⎦
=
+− +⎡⎤
⎣⎦
D10
Substituindo:
0
sen
c
zh
g
τ
ρ
θ
=− , tem-se a seguinte expressão para o coeficiente de
distribuição de velocidade:
() ( )
() ()
2
22
2
21 43
21
32
121
c
c
c
nhgsen nn
n
n
n
nhgsen nn
hgsen
ρθτ
α
τ
ρθ τ
ρ
θ
⎡⎤
+++
+
⎛⎞
⎣⎦
=
⎜⎟
+
⎡⎤
⎝⎠
++++
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
D11
APÊNDICE E
Código para resolução numérica do modelo para geração de Roll Waves
# -*- coding: latin-1 -*-
from scipy import *
from scipy.integrate import odeint, quad
from pylab import figure, close, axes, subplot, show
from pylab import *
from matplotlib.numerix import arange, sin, pi
def F(H, alf, U, n, q):
""" Comprimento da onda"""
#Valor necessário
Ah=H-C-(1.0-C)*pow(((((1-U)+U*H)*(1.0-C)/(H-C))*(((n+1.0)+n*C)/((n+1.0)*H+n*C))),n)
Bh = ((alf-1)*pow(U,2)-alf*pow(q,2)/pow(H,2)+B*H)
h_ = Bh/Ah
return h_
def f(H, z, alf, U, n, q):
""" Perfil da Roll Wave"""
Ah=H-C-(1.0-C)*pow(((((1-U)+U*H)*(1.0-C)/(H-C))*(((n+1.0)+n*C)/((n+1.0)*H+n*C))),n)
Bh = ((alf-1)*pow(U,2)-alf*pow(q,2)/pow(H,2)+B*H)
h_ = Ah/Bh
return h_
"""Plano de Fases"""
def dhdz(H, z, alf, U, n, q):
""" Faz o cálculo da derivada!"""
Ah=H-C-(1.0-C)*pow(((((1-U)+U*H)*(1.0-C)/(H-C))*(((n+1.0)+n*C)/((n+1.0)*H+n*C))),n)
Bh = ((alf-1)*pow(U,2)-alf*pow(q,2)/pow(H,2)+B*H)
return Ah/Bh
def alfa_(n, C):
return((2.0*pow(n+1.0,2.0)+C*n*((4.0*n)+3.0))*((2.0*n)+1.0))/((pow(n+1.0,2.0)+(2.0*n*C*
(n+1.0))+pow(n,2.0)*pow(C,2.0))*((3.0*n)+2.0))
def q_(n, C, hc, alf):
return- pow((hc-C)/(1.0-C),(1.0+n)/n)*(((n+1.0)*hc+n*C)/((n+1.0)+n*C))*(alf-1) - pow((alf*
(alf-1)*pow((hc-C)/(1.0-C),2*(1.0+n)/n)*pow(((n+1.0)+n*C)/((n+1.0)+n*C),2)+B*pow(hc,3)
),0.5)
def U_(n, C, hc, q):
return pow((hc-C)/(1.0-C),(1.0+n)/n)*(((n+1.0)*hc+n*C)/(n+1.0+n*C))*(1/hc)-(q/hc)
def h2_(alf, U, q, B, h1):
if B == 0 :
h2 = alf*pow(q,2)/((alf-1)*pow(U,2)*h1)
else:
h2 = -((h1/2.0)+(alf-1.0)*(pow(U,2.0))/B)+pow((pow(((h1/2.0)+(alf-1.0)*(pow(U,2.0)))
/B),2.0)+(2.0*alf*pow(q,2.0))/(B*h1)),0.5
return h2
def lanbda_(F, alf, U, n, q, h1, h2):
# Integrando para calcular o comprimento do intervalo
return quad(lambda h: F(h, alf, U, n, q), h1, h2)[0]
def h_(f,alf, U, n, q, y0):
#Integrando a ODE
return odeint(lambda H, z: f(H, z, alf, U, n, q), y0, z)[:, 0]
def plota(x,y):
fig = plot(x, y, '-', linewidth=1.0)
show()
if __name__ == "__main__":
# Constantes
B=1.0
n = 0.2
C=0.1
hc = 1.0
h1 = 0.65
y0 = 0.65 #Valor inicial
tam = 1000 # Numero de dados para cada intervalo
alf = alfa_(n, C)
q = q_(n, C, hc, alf)
U = U_(n, C, hc, q)
h2 = h2_(alf, U, q, B, h1)
lanbda = lanbda_(F, alf, U, n, q, h1, h2)
num = 20
repeticoes = int(num/lanbda)
## print repeticoes
z = r_[0:lanbda:1000j]
h = h_(f, alf, U, n, q, y0)
## print z
h_ = zeros((repeticoes, len(h))).tolist()
z_ = zeros((repeticoes, len(h))).tolist()
for i in range(repeticoes):
z_[i][:] = r_[lanbda*i:lanbda*(i+1):1000j][:]
h_[i][:] = h[:]
h_ = reshape(h_, (1, repeticoes*len(h)))[0]
z_ = reshape(z_, (1, repeticoes*len(h)))[0]
print len(h_)
print len(z_)
## h.reshape
hm = (1-q)/U
## print h
plota(z_, h_)
print 'valores dados:'
print ' n = ', n
print ' beta = ', B
print ' C = ', C
print ' h1 = ', h1,'\n'
print 'valores calculados:'
print " U = ", U
print " h2 = ", h2
print " hm = ", hm
print " alf = ", alf
print " lambda = ", lanbda
APÊNDICE F
ESTUDO DE CASOS
Este capítulo tem como objetivo mostrar a validade do modelo matemático para
geração de Roll Waves, considerando as propostas reológicas mais simplificadas, tais como o
modelo reológico do tipo Power Law, Binghamiano e Newtoniano.
Geração de Roll Waves para um fluido do tipo Power Law
Considerando que a tensão crítica de escoamento seja nula ( 0
c
τ
= ), tem-se um
modelo reológico do tipo Power Law e a equação para geração de Roll Waves, fica da
seguinte forma:
()
()
() ()
21
2
22
1
11
n
hUhhU
h
x
UUhh
αα β
−−
−− +
=
⎡⎤
−− +
⎣⎦
(F1)
Sendo o coeficiente de distribuição de velocidade, dado por:
()
()
22 1
32
n
n
α
+
=
+
(F2)
Comparando o modelo determinado neste trabalho com o que foi obtido por (Ng e
Mei, 1994), quando utilizou como proposta reológica a lei das potências (Power Law),
observar-se que os modelos estão em consonância.
Através de uma resolução numérica da equação (7.1) verifica-se a formação de Roll
Waves e a influência do parâmetro
β
, na geração e no comportamento de tais instabilidades.
a) Influência do parâmetro
β
Fixando
0.4n
=
, a Figura (1) mostra o perfil das Roll Waves através de resultados
numéricos da equação (F1), variando o valor do parâmetro
β
e conseqüentemente o número
de Froude.
(a) 0
β
= (b) 1
β
=
(d) 5
β
= (d) 10
β
=
Figura1: Perfil das Roll Waves para um fluido do tipo Power Law, variando o valor de
β
.
Através da figura (1), observa-se:
- a formação de Roll Waves para
2
21
n
n
n
β
β
+
<
=
, ou seja, para
n
n
Fr
β
β
>
, conforme predito
na análise de estabilidade linear;
- a geração de instabilidades com pequenas amplitudes, porém muito longas, quando
n
β
β
,
conforme mostrado na análise de estabilidade linear;
- um aumento significativo no comprimento das ondas e uma diminuição na amplitude, com o
aumento do parâmetro
β
, conforme mostrado por (Ng e Mei, 1994).
Geração de Roll Waves em fluido de Bingham
Para uma tensão crítica não nula e o índice de comportamento do fluido igual a 1
(n=1), tem-se o fluido de Bingham e a equação de geração de Roll Waves torna-se:
()
()
()
(
)
()
() ()
*
*
**
*
*
2
22
111
2
1
2
11
Uh C
nC
hC C
hnC
hC
h
x
UUhh
αα β
⎧⎫
⎡⎤
+−
⎛⎞
+
⎪⎪
⎢⎥
−−
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎢⎥
+
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
⎩⎭
=
⎡⎤
−− +
⎣⎦
(F3)
Sendo o coeficiente de distribuição de velocidade, dado por:
()
()
(
)
*
2
**
87
3
5
44 /
hC
hC C h
α
+
=
++
(F4)
A resolução numérica do modelo mostra o perfil das
Roll Waves e a influência dos
parâmetros
β
e
*
C (coesão do fluido) na dinâmica do escoamento.
a) Influência do parâmetro
β
A Figura (2) mostra o perfil das roll waves para um fluido de Bingham, através de
resultados numéricos da equação (F3), para
*
0.1C = , variando o valor de
β
.
(a)
0
β
=
. (b)
1
β
=
.
(c) 1.5
β
= (d) 3.0
β
=
Figura 2:
Perfil das Roll Waves para fluido de Bingham variando o valor do parâmetro
β
.
Através da Figura (2) observa-se que:
- o aparecimento de pequenas instabilidades quando
n
β
β
, conforme observado nos
resultados obtidos na análise de estabilidade linear;
- aumentando o valor do adimensional
β
, ou seja, diminuindo o número de Froude, ocorre
um aumento no comprimento da onda gerada e uma diminuição na amplitude da mesma,
conforme mostrado por (Maciel, 2001).
(b) Influência do parâmetro
*
C
As Figuras (3) mostra o perfil das Roll Waves em fluido de Binghamiano, para 0
β
e 1
β
= respectivamente, variando a coesão do fluido
*
C .
- Para 0
β
= :
(a)
*
0.2C =
(b)
*
0.4C =
Figura 3: Perfil das Roll Waves em fluido de Bingham, para 0
β
= variando
*
C
- Para 1
β
=
(a)
*
0.2C = (b)
*
0.4C =
Figura 4
: Perfil das Roll Waves em fluido de Bingham, para 1
β
= variando
*
C
Pode-se observar através das Figuras (3) e (4) que:
- ocorre uma antecipação na formação das ondas com o aumento do parâmetro
*
C ;
- o aumento do parâmetro
*
C , provoca uma diminuição no comprimento da Roll Wave,
conforme mostrado por (Maciel, 2001) em uma análise numérica de roll waves para fluido de
Bingham.
Geração de Roll Waves em Fluido Newtoniano
Sabe-se que para uma tensão crítica nula (
*
0C
) e o índice de escoamento do fluido
igual a 1 (
1n = ), tem-se um fluido Newtoniano e o modelo para a Geração de Roll Waves,
fica da seguinte forma:
()
() ()
21
2
22
1
11
hUhhU
h
x
UUhh
αα β
−−
⎡⎤
−− +
⎣⎦
=
⎡⎤
−− +
⎣⎦
(F5)
Sendo o coeficiente de distribuição de velocidade dado por:
1.2
α
=
A Figura (5) mostra o perfil das
Roll Waves, através de resultados numéricos para um
fluido Newtoniano obtidos a partir da equação (F5), variando o valor de
β
.
(a) 0
β
= (b) 1
β
=
(c) 2
β
=
(d) 2.5
β
=
Figura
5: Perfil das Roll Waves para fluido newtoniano, variando
β
.
Com base na figura (5), observa-se que:
- aumentando valor de
β
, ocorre o um aumento no comprimento das instabilidades e um
diminuição na amplitude das mesmas;
- para um fluido de reologia newtoniana as
Roll Waves aparecem quando 3
β
< , conforme
mostrado por (Ng e Mei, 1994) , ou seja, para
3
3
Fr > .
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