[...] embora as propagandas possam não nomear explicitamente
seus co-enunciadores, provavelmente indicarão um “tipo de pessoa”,
um perfil que presumivelmente exista. Este tipo de pessoa pode não
combinar com os reais leitores dos textos; mas ele ou ela poderia ser
alguém que os leitores reais gostariam de ser, gostariam de aspirar a
ser. Identificando-se com este perfil, os leitores “tornam-se” os co-
enunciadores do texto. (Goddard, 1998, p.32, tradução nossa)
6
.
O intuito dos criadores das peças publicitárias é tornar o público alvo
receptivo ao produto ou serviço anunciado, isto é, influenciá-lo para que consuma.
Ao ler uma propaganda, o leitor não separa as imagens dos textos verbais que a
acompanham. Muitas vezes, a imagem isoladamente pode conduzir a uma idéia que
é totalmente diferente daquela que o texto escrito sugere e, portanto, escrever é
uma forma de fazer-imagem também:
[...] as imagens trabalham juntamente com o texto verbal para criar
uma leitura total e nós devemos prestar bastante atenção em quem
está no quadro (e quem está fora dele) As imagens, como o texto
verbal, não chegam às páginas por acidente. Os redatores de
propaganda consideram cuidadosamente o tipo de pessoa que
querem representar – ou seria mais preciso dizer, re-apresentar, pois
cada imagem é uma re-apresentação de algo; nunca é um fenômeno
“natural”. Assim que as pessoas são fotografadas, tornam-se
representativas de grupos sociais que parecem representar – grupos
como sexo, sexualidade, idade, etnia, classe social, ocupação e
região. Mas as pessoas não são também simplesmente quadros
estáticos. Eles fazem parte do modo com que o texto interage
conosco, os leitores (Goddard, 1998, p.114, tradução nossa)
7
.
As publicidades, também, utilizam símbolos que são convenções culturais
úteis para os publicitários, pois ajudam na fluidez do anúncio e, por terem
6
“[…]: even though advertisements might not explicitly name their narratees, they are likely to indicate
a ‘kind of person’, a profile that is presumed to exist. This kind of person may not match the real
readers of the texts; but he or she might be someone that the real readers of the texts would like to be,
would like to aspire to. In identifying themselves with this profile, readers ‘become’ the narratees of the
text”.
7
“[...] images work alongside the verbal text to create a whole reading, and that we should pay close
attention to who is in the picture (and who is out of it). Images, like verbal text, do not arrive on the
page by accident. Copywriters give careful consideration to the type of people they want to represent
– or, it would be more accurate to say, to re-present, as every image is a re-presentation of
something; it is never a ‘natural phenomenon. As soon as people are pictured, they become
representative of the social groups they are seen to represent – groups such as gender, sexuality,
age, ethnicity, social class, occupation and region. But the people are also not simply static pictures.
They are part of the way the text interacts with us, the readers”.