51
Segundo Melo (1987)
71
, as duas publicações do Sr. Aluízio Macedônio Lemos
tratavam de literatura, filosofia, aspectos regionais, cultura local e formação da
sociedade natalense e brasileira e se referia, entre outros assuntos, à guerra, às
transformações urbanas ocorridas e ao desenvolvimento da cidade.
Por último, ainda circulava na cidade o jornal Diário. Este foi fundado logo
no início da Segunda Guerra Mundial, por um grupo de jornalistas da classe média
natalense que, para Melo (1987, p.119)
72
, estavam motivados por seus próprios
interesses de participar ativamente dos acontecimentos “ao lado das nações
democráticas, contra o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. [...]. Eram civis e trabalhavam no
órgão oficial do Estado – A República”.
Os seus fundadores foram Valdemar Araújo, Djalma Maranhão e Rivaldo
Pinheiro, jovens jornalistas e com posições ideológicas diversas que, no entanto,
pareciam não ameaçar às elites políticas locais. Entre estes, Djalma Maranhão
73
e
Rivaldo Pinheiro
74
defendiam posições políticas divergentes das elites locais, porém
conviviam socialmente entre estas, eram jornalistas contratados do jornal A
República e produziam o próprio jornal dentro de suas dependências
75
. O jornal
Diário circulou pela primeira vez em 18 de setembro de 1939 e difundia diariamente
suas intenções de “combater o nazi-fascismo de Hitler e Mussolini e ser, ao mesmo
tempo, um porta-voz dos problemas e das angústias do povo norte-rio-grandense”
76
.
71
MELO, Manoel Rodrigues de. Op. Cit.
72
Idem.
73
Djalma Maranhão militou no Partido Comunista até o início dos anos quarenta e esteve à frente da
organização do Partido Trabalhista Nacional (PTN). Posteriormente, com a fundação do Partido
Socialista Brasileiro (PSB), tornou-se sua liderança, foi eleito Deputado Estadual (1954) e assumiu a
Câmara Federal (1959-1960) como primeiro suplente. Exerceu o cargo de Prefeito de Natal na
segunda metade dos anos 50 e em 1960, na primeira eleição direta, elegeu-se prefeito e integrou
uma frente política de centro-esquerda chamada Cruzada da Esperança, cujo candidato a governador
foi Aluízio Alves. Foi deposto da prefeitura em abril de 1964, depois cassado e preso. Libertado em
dezembro de 1964, asilou-se na Embaixada do Uruguai, país em que morreu em 30 de julho de 1971,
aos 56 anos. In: GÓES, Moacyr de. Djalma Maranhão. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/
memoria/djalma/textos/apresent.htm> Acesso em 16 abr. 2008.
74
Rivaldo Pinheiro era socialista e justificava a necessidade de fundar o jornal porque o jornal A
República seguia a linha editorial ditada pelo governo Vargas, que apoiava as forças do Eixo. Apesar
do Diário defender as Forças Aliadas, sua circulação foi permitida porque seu conteúdo desviava-se
de tratar das circunstâncias políticas local e nacional – (Informação verbal) Entrevista concedida por
Rivaldo Pinheiro à Prof. Dra. Brasília Carlos Ferreira, em dezembro de 1997, coordenadora do
Projeto Sociedade e Política no Rio Grande do Norte: fontes para a história.
75
Segundo Melo (1987, p.119-122), os proprietários do Jornal Diário, para viabilizar sua circulação
acordaram a utilização da estrutura física e gráfica oficial em troca do ressarcimento posterior ao
DEIP de todos os custos com pessoal e material.
76
JORNAL DIÁRIO DE NATAL. Histórico. Disponível: <http://diariodenatal.dnonline.com.br/
site/historico.php> Acesso em 24 jun. 2003.