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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
ESTUDO COMPARATIVO DA CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA DE CRIANÇAS COM AQUISIÇÃO
BILÍNGÜE E MONOLÍNGÜE DA LINGUAGEM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Sabrina Schützenhofer Lasch
Santa Maria
2008
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ESTUDO COMPARATIVO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
DE CRIAAS COM AQUISIÇÃO BILÍNGÜE E
MONOLÍNGÜE DA LINGUAGEM
por
Sabrina Schützenhofer Lasch
Dissertação (Modelo Alternativo) apresentada ao Curso de Mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana,
na área de Concentração em Audição e Linguagem, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM-RS), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Distúrbios da Comunicação
Humana.
Orientadora: Profa. Dra. Helena Bolli Mota
Co-orientadora: Profa. Dra. Carla Aparecida Cielo
SANTA MARIA, RS, BRASIL
2008
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Lasch, Sabrina Schützenhofer, 1978-
L341e
Estudo co
mparativo da consciência fonológica
de crianças com aquisição bilíngüe e monolíngüe
da linguagem / por Sabrina Schützenhofer Lasch ;
orientador Helena Bolli Mota, co-
=orientador Carla
Aparecida Cielo. – Santa Maria, 2008.
96 f. ; il.
Dissertação (mestrado) – Universidade
Federal
de Santa Maria, Centro de Ciências da Saúde
,
Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da
Comunicação Humana, RS, 2008.
1. Fonoaudiologia 2. Consciência fonológica
3.
Bilíngüe 4. Linguagem 5. Alemão 6. Português 7.
Relações entre sexos I. Mota, Helena Bolli, ori
II. Cielo, Carla Aparecida, co-orient III. Título
CDU: 616.89-008.434
Ficha catalográfica elaborada por
Luiz Marchiotti Fernandes – CRB 10/1160
_____________________________________________________________
©2008
Todos os direitos autorais reservados a Sabrina Schützenhofer Lasch. A
reprodução de partes ou do todo deste trabalho poderá ser feita com
autorização por escrito do autor.
Endereço: Rua Germano Henstschke, 676, Agudo, RS, 96540-000
Fone (0XX) 55 32652094; End. Eletr: sabrinafono@bol.com.br
_____________________________________________________________
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
ESTUDO COMPARATIVO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA DE
CRIANÇAS COM AQUISIÇÃO BILÍNGÜE E MONOLÍNGÜE DA
LINGUAGEM
elaborada por
Sabrina Schützenhofer Lasch
Como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Comissão Examinadora:
Helena Bolli Mota
(Presidente/Orientadora)
Ana Luiza Gomes Pinto Navas, Dra. (FCMSCSP)
Carolina Lisbôa Mezzomo, Dra. (UFSM)
Santa Maria, 25 de Junho de 2008.
Aos meus pais, Venido e Soleni, exemplos de dignidade,
por me ensinarem o valor do estudo e
por dedicarem a vida à felicidade das suas filhas.
À minha irmã, Chanandu, pelo afeto incondicional.
Ao meu esposo, Fabricio, pelo amor e incentivo constantes.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade à vida e pelo amparo seguro.
À Dra. Helena Bolli Mota, cuja orientação, dedicação, profissionalismo,
demonstração de confiança e amizade estão fortemente refletidos nesse trabalho.
Obrigada, de coração.
À Dra. Carla Aparecida Cielo, por me mostrar o caminho, desde a graduação, da
ética, do amor à profissão, da busca constante pela perfeição. Carinhosamente,
obrigada pela amizade e co-orientação.
Aos membros da banca examinadora, Dra. Carolina Lisbôa Mezzomo, pelo
incentivo, amizade e por enriquecer esse estudo com importantes considerações e
Dra. Ana Luiza Gomes Pinto Navas, pelo profissionalismo, sabedoria e suas
relevantes colaborações ao trabalho.
Ao Dr. Luis Felipe Lopes, pelo profissionalismo e dedicação no tratamento estatístico
dos achados do estudo.
À querida Tais Macagnan Tatim, amiga e colega de profissão, pelo apoio, incentivo e
paciência nas traduções. Obrigada sempre.
À querida amiga Sandra Gobbi, pela revisão de português deste estudo.
Às escolas, pela calorosa acolhida e por acreditarem nesse estudo e, da mesma
forma, aos pequenos sujeitos da pesquisa e aos seus familiares, pela confiança e
respeito. Meu reconhecimento e gratidão.
A coordenação e professores do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana pela oportunidade da troca de ensinamentos e valores.
A sempre solícita Adri, secretária do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana.
Às queridas colegas do curso de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana, pela amizade, em especial à Amanda S. Pereira, Ângela R. Busanello,
Cristiane Padilha, Maria das Graças de C. M. Filha, Patrícia Zart e Simone R. S.
Moura, pelos momentos de descontração, trocas e apoio constantes.
Aos familiares e amigos, por estarem presentes de alguma forma, acolhendo – primo
Guto, incentivando e compreendendo os momentos de afastamento. Obrigada pelo
carinho.
“Duvida sempre de ti mesmo,
até que os dados não deixem lugar para as dúvidas.”
(Louis Pasteur)
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 Resultados obtidos entre as crianças bilíngües e monolíngües, no
desempenho das habilidades em consciência fonológica........................................ 37
TABELA 3.2 Resultados obtidos entre os meninos bilíngües e monolíngües, no
desempenho das habilidades em consciência fonológica........................................ 38
TABELA 3.3 Resultados obtidos entre as meninas bilíngües e monolíngües, no
desempenho das habilidades em consciência fonológica........................................ 39
TABELA 4.1 Resultados obtidos entre as meninas e os meninos bilíngües no
desempenho das habilidades em consciência fonológica........................................ 70
TABELA 4.2 – Resultados obtidos entre as meninas e os meninos monolíngües no
desempenho das habilidades em consciência fonológica........................................ 71
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 13
2.1 Aquisição da linguagem .................................................................................. 13
2.2 Aquisição bilíngüe da linguagem .................................................................. 15
2.3 A consciência fonológica ............................................................................... 19
2.4 Consciência fonológica e bilingüismo .......................................................... 23
2.5 Considerações sobre a variável sexo ............................................................ 26
2.6 Considerações finais ....................................................................................... 28
3 ARTIGO DE PESQUISA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM CRIANÇAS
BILÍNGÜES E MONOLÍNGÜES ............................................................................. 30
Resumo ................................................................................................................... 30
Abstract .................................................................................................................... 31
Introdução ............................................................................................................... 32
Método .................................................................................................................... 33
Resultados .............................................................................................................. 36
Discussão................................................................................................................. 39
Conclusões .............................................................................................................. 44
Referências ............................................................................................................. 46
4 ARTIGO DE PESQUISA RELAÇÃO ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E
BILINGÜISMO EM MENINOS E MENINAS ............................................................ 50
Resumo ................................................................................................................... 50
Abstract ................................................................................................................... 51
Introdução ............................................................................................................... 52
Métodos ................................................................................................................... 53
Resultados .............................................................................................................. 57
Discussão ................................................................................................................ 57
Conclusão ............................................................................................................... 61
Referências Bibliográficas ....................................................................................... 63
Tabelas ................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 72
ANEXOS ................................................................................................................. 87
Anexo 1 ................................................................................................................... 88
Anexo 2 .................................................................................................................... 91
Anexo 3 ................................................................................................................... 94
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais, lingüistas, psicólogos e fonoaudiólogos têm focado sua
atenção sobre as habilidades em Consciência Fonológica (CF) (CIELO, 1996, 1998,
2001, 2002, 2003; CAPELLINI;CIASCA, 2000a, 2000b; GILLON, 2000; ZORZI, 2000;
GUIMARÃES, 2003; MOOJEN et al., 2003; SANTAMARÍA;LEITÃO;ASSENCIO-
FERREIRA, 2004; PAULA;MOTA;KESKE-SOARES, 2005; CÁRNIO;SANTOS, 2005;
PESTUN, 2005; HULME et al., 2005; BERNARDINO JÚNIOR et al., 2006;
JARDINI;SOUZA, 2006; ANDREAZZA-BALESTRIN, 2007; MOTA;MELO
FILHA;LASCH, 2007; MELO FILHA;MOTA;LASCH, 2007; LASCH et al., 2007a,
2007b, 2007c, MOURA, 2008). De acordo com Maluf;Zanella;Pagnez (2006) os
estudos brasileiros e internacionais vêm expandindo seus conhecimentos,
principalmente no que diz respeito às relações entre habilidades metalingüísticas e
desenvolvimento da linguagem escrita.
Além disso, estudos que investigam o universo da aquisição bilíngüe da
linguagem e suas características também têm despertado o interesse dos
pesquisadores (EVIATAR;IBRAHIM, 2000; GOETZ, 2003; ROCCA, 2003;
CHARKOVA, 2004; CHEN, 2004; GENESEE, 2004; MOURA;CIELO;NOGARO,
2005; GOSWAMI;ZIEGLER;RICHARDSON, 2005; MEGALE, 2005;
MENDONÇA;FLEITH, 2005; BIALYSTOK, 2001, 2007; LASCH et al., 2007c;
PARLATO-OLIVEIRA, 2007; PEREIRA;COSTA, 2007; TEIS, 2007; VERHOEVEN,
2007; ATHANASOPOULOS;KASAI, 2008; GUTIÉRREZ-CLELLEN;SIMON-
CEREIJIDO;WAGNER, 2008) e merecido destaque em áreas como a
neuropsicologia, a neurolingüística, a psicolingüística, a sociolingüística, e a
fonoaudiologia.
Investigar o desenvolvimento da linguagem bilíngüe de crianças pequenas
tem motivado os pesquisadores por dois fatores principais: primeiro, a
conscientização da importância do bi e do multilingüismo no mundo atual que
possui orientação internacional, e segundo, o aumento dos estudos interlingüísticos
da aquisição da linguagem (HOUVER, 1997). No mundo globalizado, o bilingüismo
deve ser promovido e defendido (FLORES, 2004) pois funciona como uma espécie
11
de ferramenta que expande as capacidades cognitivas, permitindo a expressão em
códigos distintos, (GUTIÉRREZ, 2006; MARTINS, 2007), a tolerância entre as
pessoas e o conhecimento do mundo (GUTIÉRREZ, op. cit.).
Discute-se também sobre as possíveis vantagens ou danos que uma
aquisição bilíngüe traria ao desenvolvimento da linguagem da criança e se essa
aquisição ajudaria no desenvolvimento precoce da linguagem.
Durante décadas, as pesquisas envolvendo bilingüismo foram escassas, e
acreditava-se que este era responsável pelo fracasso ou pelo atraso no
desenvolvimento escolar (PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA, 2002;
CAPOVILLA;MACHALOUS;CAPOVILLA, 2003; MARTINS, op. cit.), principalmente
de crianças imigrantes (CAPOVILLA;MACHALOUS;CAPOVILLA, op. cit., MARTINS,
op. cit.), mas se trata de um preconceito comum da sociedade monolíngüe
(PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA, op. cit.). Anos de estudos sérios e criteriosos
mostraram que o bilingüismo interfere de maneira positiva no desenvolvimento de
habilidades intelectuais (PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA, op. cit.; VIGOTSKI, 2005;
MARTINS, op. cit.) como a inteligência (CUMMINS, 1976; DIAZ, 1983, 1985;
HAKUTA, 1986; MENDONÇA;FLEITH, 2005), a CF (CUMMINS, op. cit.; DIAZ, 1985;
HAKUTA, op. cit.), a criatividade verbal e figurativa, a análise de padrões visuais
abstratos (MENDONÇA;FLEITH, op. cit.), com vantagens sobre os sujeitos
monolíngües (CUMMINS, op. cit.; DIAZ, op. cit.; HAKUTA, op. cit.;
MENDONÇA;FLEITH, op. cit.).
Certamente, crianças expostas a ambientes bilíngües possuem impactos
diferentes no desenvolvimento em geral, se comparadas com seus pares
monolíngües
(PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA, op. cit.; VIGOTSKI, op. cit.;
BIALYSTOK, 2007).
Estudos sugerem que o bilingüismo e o multilingüismo promovem o
desenvolvimento de determinados aspectos das habilidades metalingüísticas nas
crianças (CUMMINS, op. cit.; DIAZ, 1985; HAKUTA, op. cit.; CARLISLE et al., 1999;
EVIATAR;IBRAHIM, 2000; BIALYSTOK, 2001; GOETZ, 2003; BIALYSTOK et al.,
2004; CHARKOVA, 2004), mas se faz necessário aprofundar os estudos
(RUSCHEL, 2003; VIGOTSKI, op. cit.) em relação ao tipo de atividade na qual esse
rendimento é maior (RUSCHEL, op. cit.).
Estudos envolvendo CF e bilingüismo (RUBIN;TURNER, 1989;
BRUCK;GENESEE, 1995; LOIZOU;STUART, 2003; CHEN et al, 2004) mostram que
12
existem vantagens nessa relação quando apuraram melhor desempenho dos
bilíngües em relação aos seus pares monolíngües no desempenho de tarefas em
CF.
Quando investigada a interferência da variável sexo sobre o desempenho das
habilidades em CF, estudos mostraram não haver diferenças estatisticamente
significativas (BURT;HOLM;DODD, 1999; SALLES et al., 1999; BARRERA;MALUF,
2003; MOOJEN et al., 2003, ARAÚJO et al., 2006; GINDRI;KESKE-SOARES;MOTA,
2007), e outros indicaram o sexo feminino como superior ao masculino na análise
qualitativa dos dados (ANDREAZZA-BALESTRIN, 2007; MOURA, 2008).
Explorando a interface CF, bilingüismo e sexo, este trabalho justifica-se pela
importância de se investigar um tema até hoje pouco explorado na literatura
nacional, permitindo maior conhecimento sobre o assunto e alicerçando novos
conceitos a respeito do bilingüismo e seu impacto sobre o desenvolvimento da
linguagem.
Assim, o estudo teve como objetivo verificar as habilidades em CF de
meninos e meninas bilíngües - alemão e português e monolíngües - português, a fim
de comparar os resultados no desempenho dessas tarefas. Constituem o trabalho
quatro capítulos, sendo o primeiro a presente introdução.
Num segundo momento, apresenta-se um artigo de revisão de literatura,
tendo como parte introdutória, a aquisição da linguagem acompanhada da aquisição
bilíngüe da linguagem. Em seguida, considerações relevantes sobre CF, incluindo o
desenvolvimento da CF, conceitos e a interface CF e alfabetização, com breve
descrição das principais pesquisas realizadas. Logo, considerações importantes
sobre CF e bilingüismo, descrição de algumas pesquisas que envolveram a variável
sexo e, as considerações finais.
O terceiro capítulo consta de um artigo de pesquisa que aborda o tema
bilingüismo e CF e buscou verificar as habilidades em CF de crianças monolíngües -
português e bilíngües - alemão e português, comparando os resultados no
desempenho dessas tarefas.
O capítulo final apresenta um artigo de pesquisa que considerou as variáveis
bilingüismo e sexo e pretendeu investigar a interferência desses fatores no
desempenho das tarefas em CF.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aquisição da linguagem
Desde antes dos dois anos de idade, os adultos interpretam a intensa
atividade motora e o balbucio como solicitações comunicativas (SCHEUER;BEFI-
LOPES;WERTZNER, 2003; CRUSE, 2007). A criança sabe pedir, faz referência a
objetos e pessoas (SCHEUER;BEFI-LOPES;WERTZNER, op. cit.), observa
(FENNER, 2006) e ouve com bastante atenção tudo que a cerca (FENNER, op. cit.;
LE NORMAND, 2005). As capacidades internas de cada indivíduo e um ambiente
rico em estímulos e experiências também devem ser avaliadas como importantes ao
considerar o desenvolvimento da velocidade e da qualidade da linguagem
(CASTAÑO, 2003; SCHEUER;BEFI-LOPES;WERTZNER, op. cit.).
Segundo Pereira (2004), a integridade e a neuromaturação das várias
estruturas do sistema nervoso envolvidas com a audição permitem o bom
funcionamento do córtex auditivo que está relacionado a atividades como: analisar
sons complexos, inibir respostas inapropriadas, identificar (discriminar) sons
detectados, ter atenção interaural, ajustar o estímulo auditivo no contexto, prolongar
estímulos curtos, localizar o espaço auditivo, compreender conceitos auditivos em
geral. Os mecanismos perceptivos e cognitivos possibilitam ao recém-nascido a sua
entrada no mundo da linguagem (AGUADO, 2005; CAMACHO, 2006). Sem a
adequada percepção, todo o processo comunicativo fica prejudicado (PARLATO-
OLIVEIRA, 2007).
Por volta dos dois anos de idade, os circuitos cerebrais amadurecem (DEL
NERO, 1997) e a linguagem evolui bruscamente (DEL NERO, 1997;
SCHEUER;BEFI-LOPES;WERTZNER, op. cit.; LE NORMAND, op. cit.). Após o
segundo ano, a linguagem torna-se cada vez mais eficiente. O léxico aumenta, as
memórias de longo e de curto prazo se desenvolvem, a fala se expande, as relações
sociais proporcionam um leque de conhecimentos (SCHEUER;BEFI-
LOPES;WERTZNER, op. cit.).
14
Em torno dos três anos e meio de idade, o processo de aprendizagem da
língua materna está praticamente dominado. A criança consegue se comunicar de
forma inteligível, apresentando poucos erros em nível sintático e morfológico. O
aprimoramento da linguagem parece prosseguir a vida inteira (LE NORMAND,
2005). Cruse (2007) acredita que até o final do quarto ano de idade, o sistema
fonológico da criança aproxima-se do modelo recebido.
A linguagem é um exemplo de função cortical superior, e seu
desenvolvimento se sustenta, por um lado, em uma estrutura anátomo-funcional
geneticamente determinada e, por outro, em um estímulo verbal que depende do
ambiente (DEL NERO, 1997; CASTAÑO, 2003; SCHEUER;BEFI-
LOPES;WERTZNER, 2003; VITTO;FÉRES, 2005).
A linguagem é a ferramenta para o processo de socialização e adaptação ao
ambiente no qual a criança está inserida. A criança não aprende as nuances da
linguagem isolada do mundo, de forma objetiva, apenas ouvindo gravações da
língua praticada pelos seus pares e muito menos inventa sua própria língua. A
interação com o ambiente e relações sociais que ele proporciona são fatores cruciais
para o desenvolvimento da linguagem e aprendizagem da língua local
(SCHEUER;BEFI-LOPES;WERTZNER, op. cit.; FENNER, 2006;
MALUF;ZANELLA;PAGNEZ, 2006; BIALYSTOK, 2007; CRUSE, op. cit.).
Quatro sistemas interdependentes estão envolvidos no processo de aquisição
da linguagem: o pragmático, que se refere ao uso da linguagem num contexto social,
comunicativo, enfatizando significados e emoções; o fonológico, relacionado à
percepção e à produção de sons para a formação das palavras; o semântico,
referente ao significado das palavras e o gramatical, abrangendo as regras sintáticas
e morfológicas para combinar palavras em frases acessíveis. Os sistemas fonológico
e gramatical conferem à linguagem a sua forma (CERVERA-MÉRIDA;YGUAL-
FERNÁNDEZ, 2003).
semelhança nos subsistemas citados por Mota (2004): pragmática,
semântica, fonologia, sintaxe e morfologia - onde os dois últimos podem ser
entendidos como sistema gramatical. Vitto;Féres (op. cit.) acreditam que a
linguagem possa ser analisada pela semântica, sintaxe, fonologia e morfologia.
Os falantes possuem um conjunto de habilidades fonológicas que permitem a
decodificação das palavras que escutam para entender o seu significado, bem como
15
a capacidade de recodificá-las para emitir palavras (CERVERA-MÉRIDA;YGUAL-
FERNÁNDEZ, 2003; CAMACHO, 2006).
Parece claro, apesar de ainda existirem inúmeras dúvidas a respeito da
aquisição da linguagem, que crianças de diferentes culturas seguem o mesmo
percurso de desenvolvimento (NOGUEIRA et al., 2000; CERVERA-
MÉRIDA;YGUAL-FERNÁNDEZ, op. cit.).
2.2 Aquisição bilíngüe da linguagem
Se a aquisição da linguagem é considerada normal nos primeiros anos de
vida da criança e praticamente não desperta preocupação (GENESEE, 2004), a
aquisição de duas línguas geralmente é vista como atividade complexa (GENESEE,
op. cit.; VIGOTSKI, 2005) e motivo de alerta em relação ao seu desempenho. Isso
se deve ao preconceito da sociedade monolíngüe (PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA,
2002; GUTIÉRREZ, 2006) e à falta de informação sobre o desenvolvimento bilíngüe
da linguagem por parte dos pais, educadores e a de especialistas da primeira
infância, que pecam ao esperar do bilingüismo conseqüências negativas, como por
exemplo, a atuação escolar inferior aos monolíngües (GENESEE, op. cit.).
Normalmente, enquanto crianças expostas a apenas uma língua desenvolvem
a linguagem, seus pares bilíngües estão adquirindo proficiência nas duas línguas
praticamente no mesmo período, estando aptos a usá-las nos mais variados
contextos comunicativos (GENESEE, op. cit.; BONNOT, 2005).
Ainda, adquirem de maneira progressiva, igualmente aos monolíngües, novas
aptidões que permitem administrar a organização espacial e temporal de seu
ambiente, resolvendo tarefas com nível complexo de exigência cognitiva, também
ampliando suas experiências, partindo do ambiente familiar para zonas mais
externas de comunicação (GENESEE, op. cit.; BONNOT, op. cit.).
Santos;Mozzillo (2006, p.142) dizem que “a criança bilíngüe, ao se comunicar
em mais de uma língua, transita entre duas culturas, dois sistemas de organização
da realidade, de visão de mundo, de valores e atitudes”.
Como a aquisição da linguagem também sofre influências de fatores
individuais, atrasos na aquisição de uma ou duas línguas não necessariamente
indicam que algo saiu fora do previsto, mas podem apenas estar refletindo uma
16
demanda maior no período da aquisição de tais progressos (GENESEE, 2004;
BONNOT, 2005).
O ideal para o desenvolvimento sem danos de ambas as línguas é uma
exposição sistemática, evitando mudanças radicais no ambiente de aprendizagem.
Na esfera bilíngüe de aquisição, ao contrário da monolíngüe, que sofre influências
principalmente dos pais, o convívio com avós, cuidadores na escola, vizinhos e
demais familiares também é importante para o desenvolvimento das duas línguas
(GENESEE, op. cit.).
Acredita-se que um ambiente bilíngüe de aquisição da linguagem favoreça o
desenvolvimento de habilidades perceptuais que habilitarão a criança para a
distinção entre as suas duas línguas. Essa atmosfera bilíngüe não garante a
separação das duas línguas durante a produção, e ainda é controverso o momento
em que a criança usa separadamente os dois digos que domina. Além disso, um
ambiente de input lingüístico rico teria como conseqüência a habilidade em
discriminar fonemas (ROCCA, 2003).
Definir bilingüismo sempre levanta controvérsias. A prática de usar
alternadamente duas línguas é uma acepção global e vaga, pois não se aprofunda
no quanto as línguas são conhecidas ou dominadas pelo falante nas diferentes
atividades como a fala, leitura, escrita e audição (ROCCA, op. cit.).
Megale (2005) percebeu que, a partir do século XX, a noção de bilingüismo
tornou-se cada vez mais complexa de conceituar.
Wei (2000) afirma que bilíngües são indivíduos que possuem duas línguas e,
por vezes, até três, quatro ou mais, com diferentes graus de proficiência nas línguas
em questão. E Gutiérrez (2006) lembra que é um mito afirmar que uma pessoa
bilíngüe domina com igual competência lingüística e comunicativa suas línguas.
Mackey (2000) levanta a necessidade de se refletir sobre quatro questões:
levar em conta que não é necessário um conhecimento equivalente em todos os
níveis lingüísticos das línguas em questão grau de proficiência; observar em que
situações o indivíduo faz uso das duas línguas – função e uso das línguas; notar em
que condições e com que freqüência o indivíduo alterna o uso das línguas
alternância de digo e, por fim, como uma língua influencia a outra fenômeno
chamado de interferência.
Hamers;Blanc (2000) priorizam seis dimensões na definição de
bilingüismo:
17
- a competência relativa, da qual derivam duas definições: o bilingüismo
balanceado, quando o indivíduo tem igual competência lingüística nas duas línguas,
não importando o grau de competência nas línguas em questão e, bilingüismo
dominante, quando o indivíduo apresenta, em uma das línguas, competência
lingüística maior.
- a organização cognitiva, onde surgem os conceitos de bilingüismo
composto, quando o indivíduo apresenta apenas uma representação cognitiva para
duas traduções iguais e de bilingüismo coordenado, quando apresenta duas
representações mentais para duas traduções iguais, ressaltando-se que o indivíduo
pode ter o composto e o coordenado simultaneamente.
- a idade de aquisição das línguas, de onde vertem os seguintes estágios:
bilingüismo infantil, dividido em bilingüismo simultâneo aquisição das duas línguas
ao mesmo tempo e, bilingüismo consecutivo com a aquisição da segunda língua
(L2) ainda na infância, mas após adquirir alicerces da língua materna (L1);
bilingüismo adolescente, com L2 sendo adquirida na adolescência e bilingüismo
adulto, quando L2 ocorre nesse período.
- presença ou não de indivíduos falantes da L2, pode ser classificado como
bilingüismo endógeno, no qual as duas línguas são usadas pela comunidade como
sendo nativas, com ou sem propósitos institucionais e bilingüismo exógeno, onde as
línguas são oficiais, mas sem propósitos institucionais.
- considerando-se o status atribuído a essas línguas, derivando o bilingüismo
aditivo e o bilingüismo subtrativo. No aditivo, a aquisição da L2 ocorre sem perda ou
prejuízo da L1. Pelo contrário, no bilingüismo subtrativo, durante a aquisição de L2 a
primeira língua é desvalorizada no ambiente infantil, ocorrendo danos à L1.
- a identidade cultural pode diferenciar indivíduos bilíngües, resultando nas
seguintes classes: bilingüismo bicultural, quando o indivíduo se identifica com os
dois grupos e é também reconhecido por eles; bilingüismo monocultural, quando
a identificação e o reconhecimento por apenas um grupo cultural; bilingüismo
acultural, quando a adoção da identidade dos falantes de L2 e renúncia de L1 e,
finalmente, bilingüismo descultural, quando acontece a renúncia da identidade de L1
e ainda há falha na tentativa de adoção de L2.
Levando-se em conta a dimensão da identidade cultural (HAMERS;BLANC,
2000), Teis (2007) adverte que indivíduos que convivem em situações de línguas em
contato, podem, de certa forma, o ter o domínio lingüístico igual aos falantes
18
nativos de cada língua. Esse fato geralmente leva a pensamentos equivocados
sobre o bilingüismo, como por exemplo: crianças monolíngües são cognitivamente
superiores às bilíngües e que a língua majoritária ensinada pela escola possa ser
um problema para a aprendizagem do aluno bilíngüe.
Já Lima (2000) e Vigotski (2005) concordam que ambas as línguas adquiridas
na infância são ferramentas de comunicação e não interferem no desenvolvimento
do primeiro idioma, pois uma língua não toma o lugar e não substitui a outra.
Exemplo disso é que em um de seus experimentos com pré-escolares bilíngües
(chinês/inglês), Chen (2004) verificou que para essas crianças, as duas línguas
estão representadas como sistemas gramaticais distintos. Bonnot (2005) também
defende a idéia de que as características da língua materna não atrasam ou facilitam
a aquisição de uma segunda língua, embora o parentesco genético entre as línguas
possa influenciar de maneira expressiva a sua aprendizagem.
Um estudo mais antigo defende que, se as estruturas das línguas forem
similares, a possibilidade de usá-las de maneira eficaz e mais próxima do modelo
adulto é maior (FAINGOLD, 1996). Segundo Bosch;Sebastián-Gallés (1997), a
precocidade de exposição a duas línguas diferentes é diretamente proporcional às
facilidades de estabilização do sistema fonológico de cada uma. E ainda, como
salientado anteriormente, a exposição sistemática às duas línguas também reduziria
as chances de danos ao desenvolvimento bilíngüe da linguagem (GENESEE, 2004).
Resgatando as dimensões da organização cognitiva e do status atribuído a
essas línguas - de Hamers;Blanc (2000), o bilingüismo coordenado e o aditivo
proporcionariam menos chances de interferência de uma língua na outra e, conforme
Gutiérrez (2006), essas seriam as formas ideais para o desenvolvimento das
habilidades lingüísticas e cognitivas. No entanto, ressalta-se que nem todos os
bilíngües possuem rendimentos e habilidades iguais, uma vez que existem
diferentes formas de bilingüismo (GUTIÉRREZ, op. cit.).
Todavia parece que o bilingüismo é um aspecto positivo que reforça e
influencia o curso do desenvolvimento de habilidades lingüísticas, bem como das
habilidades cognitivas o verbais (BIALYSTOK, 2006). Entretanto, Bialystok (2007)
recomenda estudos em diferentes ambientes de aprendizagem, a fim de
compreender melhor o impacto do bilingüismo sobre o âmbito social, cognitivo,
lingüístico e do desenvolvimento de crianças bilíngües.
19
A desmistificação da educação bilíngüe e suas prováveis conseqüências
ocorrerão somente por meio de uma compreensão mais abrangente sobre o
desenvolvimento do bilingüismo, de suas relações com o desenvolvimento cognitivo,
bem como das condições sociais, econômicas, históricas e psicológicas envolvidas
nesse tema (MEGALE, 2005).
Após leitura de Moura;Cielo;Nogaro (2005) verifica-se que trabalhos
envolvendo o tema bilingüismo e fonoaudiologia podem acabar com o estigma de
que as crianças bilíngües são mais acometidas pelos distúrbios de aprendizagem,
mas justificar essa marca devido à influência sociolingüística de uma segunda
língua.
Ainda, estudos que investigaram a relação entre o bilingüismo e habilidades
metalingüísticas, dentre elas a consciência fonológica (CF), mostraram haver
correlações positivas no desempenho de bilíngües nessas tarefas (RUBIN;TURNER,
1989; BRUCK;GENESEE, 1995; LOIZOU;STUART, 2003; CHEN et al, 2004).
2.3 A consciência fonológica
Como visto anteriormente, a explosão da linguagem deve-se em grande parte
ao desenvolvimento cognitivo (SCHEUER;BEFI-LOPES;WERTZNER, 2003). a
CF é alcançada por dois fatores: desenvolvimento cognitivo com suas possibilidades
de metacognição e desenvolvimento lingüístico, sendo consolidados quando a
linguagem escrita é aprendida (ÁVILA, 2004).
Portanto, a CF é o resultado do desenvolvimento e amadurecimento biológico
em trocas constantes com o ambiente e não surge de uma hora para a outra
(FLÔRES, 1995; CAPELLINI;CIASCA, 2000a; CIELO, 2001, 2002, 2003),
desenvolvendo-se de forma gradual durante a infância
(GOSWAMI;BRYANT, 1990;
CAPELLINI;CIASCA, 1999; CIELO, 2001, 2002; FREITAS, 2004; CAMACHO, 2006).
Quanto mais as habilidades em linguagem são aprimoradas, mais eficazes
tornam-se as capacidades perceptivo-auditivas, visuais e cinestésicas (ÁVILA, op.
cit.). As aptidões metalingüísticas estão sendo adquiridas quando se percebe na
criança a capacidade de pensar sobre a natureza da linguagem
(ROAZZI;CARVALHO, 1995), distinguir as ambigüidades, diferenciar as frases
gramaticais e o-gramaticais, dominar e brincar com a sua língua, criando poesias,
rimas, e jogos de palavras (LE NORMAND, 2005).
20
As habilidades metalingüísticas estão sob o controle consciente (GOMBERT,
2003; MALUF;ZANELLA;PAGNEZ, 2006), exigem domínio e reflexão e podem ser
beneficiadas com a influência escolar (MALUF;ZANELLA;PAGNEZ, op. cit.).
Spinillo;Simões (2003) lembram que, de acordo com a perspectiva psicolingüística, a
metalinguagem é uma habilidade que permite o distanciamento intencional e
deliberado do indivíduo em relação ao significado, ao conteúdo da linguagem, para
aproximar-se da sua forma.
Gombert (op. cit.) denomina de epilingüísticas as habilidades precursoras que
surgem por volta dos dois anos de idade e não são controladas intencionalmente.
Exemplo disso ocorre quando a criança autocorrige sua emissão para se fazer
entender (CIELO, 2001; ÁVILA, 2004).
A CF pode ser considerada um conhecimento metafonológico que está
inserido nas habilidades metalingüísticas (CAPELLINI;CIASCA, 1999; ZORZI, 2000;
CIELO, op. cit., 2002, 2003; ÁVILA, op. cit.).
Define-se CF como a habilidade que permite focalizar a atenção sobre os
sons da fala, identificá-los e ou manipulá-los (MORAIS, 1991; SCLIAR-CABRAL,
1998; ZORZI, op. cit.; CIELO, op. cit.; ÁVILA, op. cit.), pensando e operando sobre a
linguagem como se essa fosse um objeto (BLACHMAN, 1991; CAPELLINI;CIASCA,
op. cit.; ETCHEPAREBORDA;HABIB, 2001; CIELO, op. cit.; CAMACHO, 2006),
refletindo na habilidade em operar com fonemas, sílabas, rimas e aliterações
(MORAIS, op. cit.; SCLIAR-CABRAL, op. cit.; ZORZI, op. cit.; CIELO, op. cit.;
PAES;PESSOA, 2005; SOUZA, 2005).
O conceito de CF é genérico, pois engloba a capacidade que vai desde a
simples percepção completa do tamanho das palavras e/ou de semelhanças
fonológicas entre elas, até a habilidade em segmentar e manipular sílabas e
fonemas (BARRERA;MALUF, 2003, CIELO, op. cit.; MOOJEN et al., 2003).
Em uma classificação proposta, são considerados quatro níveis de
habilidades em CF: consciência sobre palavras; consciência sobre rimas;
consciência silábica e consciência fonêmica. O desenvolvimento destes níveis pode
ser favorecido tanto por instrução explícita, como de maneira espontânea (ZORZI,
op. cit.; CIELO, op. cit.).
A existência dos diversos níveis de habilidades em CF com variados graus de
complexidade, sugere que uma evolução psicogenética em termos de
desenvolvimento da CF quando comparadas respostas predominantes nas distintas
21
faixas etárias (MALUF;BARRERA, 1997; CIELO, 2001; ÁVILA, 2004; PESTUN,
2005).
Então, alguns níveis estão presentes antes da conquista da escrita e é
possível que os outros sejam conseqüência dessa aquisição (MALUF;BARRERA,
op. cit.; CIELO, op. cit.), como por exemplo a consciência fonêmica, que se
desenvolve juntamente com a linguagem oral e escrita (NAVAS, 1998; SALLES et al,
1999; CAPOVILLA;CAPOVILLA, 2000; CIELO, op. cit.; NAVAS;SANTOS, 2002;
MOOJEN et al., 2003). Ainda, além da idade, o desenvolvimento da CF depende da
forma de ensino (REGO;BUARQUE, 1997; PESTUN, op. cit.), nível escolar e
complexidade que a tarefa demanda para que a criança acesse seu sistema
fonológico (ÁVILA, op. cit.).
A soma de fatores internos que incluem a maturação, aspectos neurológicos e
cognitivos é condição necessária para o advento da alfabetização. Junto ao fator
cognitivo, consideram-se as funções cognitivas superiores e o processamento
fonológico como facilitadores para a aquisição e manutenção dos conhecimentos
(ZORZI, 2003).
Apesar de vários estudos acreditarem na correlação entre CF e alfabetização
(CARRAHER;REGO, 1981, 1984; BRADLEY;BRYANT, 1983; CIELO, 1996;
MALUF;BARRERA, op. cit.; FRANCIS, 1999; BRYANT;NUNES;BINDMAN, 2000;
CAPOVILLA;CAPOVILLA, 2002; GODOY, 2003; SAVAGE;CARLESS;STUART,
2003; ÁVILA, op. cit.; SAVAGE;CARLESS, 2004, CÁRNIO;SANTOS, 2005;
PESTUN, op. cit.; DEUSCHLE et al., 2006; FREITAS, 2006; VASCONCELOS, 2006)
e averiguarem que o desempenho das crianças em CF é favorecido com o aumento
da escolaridade (CIELO, 2001; SALLES;PARENTE, 2002; ANTHONY;FRANCIS,
2005), a CF não pode ser considerada fator decisivo na descoberta do código
alfabético, pois parece não ser suficiente para a aquisição da linguagem escrita
(CAPELLINI;CIASCA, 2000b;CAPOVILLA,2002; SANTAMARÍA;LEITÃO;ASSENCIO-
FERREIRA, 2004). Outras habilidades cognitivas resultarão em um processo de
alfabetização com êxito e repleto de influências ambientais e individuais
(SANTAMARÍA;LEITÃO;ASSENCIO-FERREIRA, op. cit.).
Ao verificar se a presença da CF beneficiaria a aquisição da leitura e da
escrita, estudos averiguaram que, assim como as habilidades metalingüísticas são
relevantes para o desenvolvimento da linguagem escrita (NAVAS, 1997), o ensino
formal da leitura e da escrita também favorece o desenvolvimento da CF,
22
estabelecendo desta forma uma relação de reciprocidade (ROAZZI;CARVALHO,
1995; CIELO, 1996, 1998; NAVAS;SANTOS, 2002; GUIMARÃES, 2003;
VALENTE;MARTINS, 2004; PESTUN, 2005; HULME et al., 2005).
Num estudo pioneiro, Cielo (1996) aplicou um programa de estimulação em
CF em alfabetizandos, incluindo a instrução explícita de correspondências entre
letras e sons e comprovou a sua eficácia sobre o desempenho em linguagem
escrita. Mais tarde, Capovilla;Capovilla (2000) ratificaram esses achados. O estudo
de Valdivieso (2002) defende que a estimulação da CF deveria ser desenvolvida
com os alunos pré-escolares, para que ingressassem no primeiro ano com
desempenho fonológico satisfatório à aprendizagem e decodificação.
Com o objetivo de analisar aspectos relevantes do desenvolvimento da CF
em escolares, Cárnio;Santos (2005) verificaram o efeito positivo de um programa
fonoaudiológico de caráter preventivo em linguagem oral e escrita no
desenvolvimento da CF e sugeriram haver relação entre aquisição da leitura e
escrita e a evolução da CF.
Outros estudos fazem referência aos programas de intervenção para o
tratamento dos distúrbios de leitura e escrita e consideram que a estimulação das
habilidades em CF reforça o processo de alfabetização (GUIMARÃES, 2003;
PAULA;MOTA;KESKE-SOARES, 2005; BARRERA;MALUF, 2003; BERNARDINO
JÚNIOR et al., 2006).
Jardini;Souza (2006) contabilizam resultados satisfatórios e estatisticamente
significativos na habilitação e reabilitação de crianças em fase de alfabetização com
o todo das boquinhas, que possui bases teóricas advindas da estimulação em
CF.
A CF pode ser treinada em favor do processo de alfabetização
(LAZZAROTTO;CIELO, 2002; COSTA, 2003). Ainda, Pestun (op. cit.) ressalta que:
freqüentar a Educação Infantil seria uma oportunidade para desenvolver as
habilidades metafonológicas e, posteriormente, obter êxito no desenvolvimento da
leitura e escrita; é necessário instruir os professores sobre conceitos de
metalinguagem e habilidades metafonológicas, bem como a sua aplicação prática e
os resultados no teste de CF podem alertar para sinais de riscos de distúrbios de
leitura e escrita. Segundo Andreazza-Balestrin;Cielo (2003), a pouca informação do
professor sobre CF gera uma lacuna na área da educação que se conecta com a
fonoaudiologia escolar.
23
Ao investigar CF e desvios fonológicos, estudos analisaram os efeitos das
intervenções em CF em crianças com desvios fonológicos, encontrando resultados
positivos na estimulação (GILLON, 2000; ARDENGHI, 2004;
ARDENGHI;MOTA;KESKE-SOARES, 2006; SPÍNDOLA;PAYÃO;BANDINI, 2007).
Cruzando achados de desempenho em CF, em memória de trabalho e
hipótese de escrita de crianças de pré-escola e primeira série do ensino
fundamental, concluiu-se: que os três aspectos se inter-relacionam, pois quanto
melhor o desempenho em CF, melhor o desempenho em escrita; que as habilidades
em memória de trabalho e CF favorecem a alfabetização e que estão ligados aos
fatores idade, maturidade e escolaridade (GINDRI;KESKE-SOARES;MOTA, 2007).
Como visto, a aquisição da CF engloba diferentes níveis e, os estudos acima
citados, ratificam a relação de reciprocidade entre CF e alfabetização.
2.4 Consciência fonológica e bilingüismo
Estudos atribuíram uma vantagem dos bilíngües sobre os monolíngües com
respeito aos aspectos particulares do uso da língua, como a sensibilidade
comunicativa (OSKAAR, 1990 apud JORDÀ, 2003), a metalinguagem
(CENOZ;VALENCIA, 1994, JESSNER, 1999 e LASAGABASTER, 1998 apud
JORDÀ, 2003; RUBIN;TURNER, 1989), a competência interacional (JESSNER,
1997 apud JORDÀ, 2003), e o desenvolvimento da alfabetização (RUBIN;TURNER,
1989).
A metalinguagem de crianças bilíngües é, pelo menos, tão boa
(BIALYSTOK;MAJUMDER;MARTIN, 2003) e freqüentemente melhor (BIALYSTOK,
1988) do que à comparável com os pares monolíngües.
Loizou;Stuart (2003) analisaram e compararam os níveis de CF em 68
crianças monolíngües e bilíngües de cinco anos de idade. A amostra foi dividida em
quatro grupos: dois bilíngües (Inglês-Grego/Grego-Inglês) e dois monolíngües
(Inglês, Grego). Foi comparado o desempenho dos quatro grupos em um conjunto
de seis tarefas. Às crianças bilíngües, as tarefas foram ministradas em inglês e
grego; às monolíngües, as tarefas foram dadas apenas em sua língua materna. A
hipótese dos autores era de que o desempenho em CF dos bilíngües seria melhor
do que o dos monolíngües. O grupo dos bilíngües (Inglês/Grego) superou
significativamente o grupo monolíngüe (Inglês), mas este padrão não foi reproduzido
24
na comparação dos bilíngües (Grego/Inglês) com os monolíngües (Grego). Parece
que a superação dos bilíngües ocorre apenas quando eles estão expostos a uma L2
fonologicamente mais simples do que a sua língua materna. Em outra comparação,
os resultados mostraram que as crianças bilíngües (Inglês/Grego) superaram as
bilíngües (Grego/Inglês) nas tarefas que exigiram consciência fonêmica. Esse fato
vem ao encontro aos estudos que sugerem que aprender a ler em uma língua
alfabética promove este nível de CF.
Outro estudo pretendeu verificar o efeito do bilingüismo sobre o
desenvolvimento da CF de crianças chinesas. Foram comparados bilíngües
(Cantonês/Mandarim) com monolíngües (Mandarim). Os bilíngües aprenderam
mandarim na escola e, por volta do segundo ano, o bilingüismo parecia acelerar o
desenvolvimento da CF. Por volta do quarto ano escolar, o estudo mostrou que essa
vantagem parecia ter desaparecido, resultado que pode ser explicado pelo fato do
cantonês ter um sistema fonológico mais complexo do que o mandarim (CHEN et al,
2004).
Com o objetivo de verificar as conseqüências da aquisição simultânea de
duas línguas sobre a CF do português brasileiro, um estudo avaliou 40 alunos com
idade média de cinco anos que eram expostos exclusivamente ao inglês britânico na
escola e, em casa, eram expostos preferencialmente ao português brasileiro. Das
crianças submetidas ao teste de CF, 22 (55%) estavam dentro do esperado para
faixa etária; 18 (45%) estavam acima do esperado, e nenhuma foi classificada sob
atenção, pois não apresentaram escores abaixo do esperado para a idade. As
crianças bilíngües apresentaram bom rendimento no teste de CF, demonstrando o
efeito positivo do bilingüismo, sendo que o mesmo não interferiu no desempenho
dessas tarefas (ARAÚJO et al., 2006).
Segundo Ruschel (2003), as pesquisas deveriam investigar o tipo de
habilidade em CF na qual o rendimento dos sujeitos bilíngües é maior, ou se difere
dos monolíngües.
Bruck;Genesee (1995) aplicaram uma bateria de testes de CF a fim de
comparar crianças bilíngües (Inglês/Francês) e monolíngües (Inglês) com idade
média de cinco anos e nove meses. As crianças bilíngües do jardim de infância
mostraram maior nível em CF na detecção de sílabas iniciais e consciência de rimas.
Os dois grupos obtiveram desempenho similar na tarefa de segmentação de onset e
25
rime
1
. Os monolíngües desempenharam melhor a tarefa de consciência fonêmica,
os bilíngües obtiveram escores mais elevados na segmentação silábica.
Outro estudo analisou as diferenças em termos de desenvolvimento
metalingüístico em crianças monolíngües e bilíngües, considerando três
subcategorias: consciência de palavras, consciência sintática e consciência
fonêmica. Em nenhumas das três subcategorias de habilidades metalingüísticas os
bilíngües apresentaram vantagem uniforme e consistente sobre os monolíngües.
Uma concepção alternativa de capacidades metalingüísticas é proposta na qual
estão envolvidos dois processos cognitivos: análise e controle, e são diretamente
responsáveis pelo desempenho da tarefa. Esses processos estão envolvidos em
todas as tarefas metalingüísticas, mas em diferentes graus. Reavaliando os
resultados desta forma, a pesquisa revela que a vantagem bilíngüe ocorre
confiantemente em tarefas que fazem altas exigências relativas ao controle, mas não
são evidentes em tarefas que fazem alta demanda da análise (BIALYSTOK, 2001).
Verifica-se nas pesquisas de Bruck;Genesee (1995) e Bialystok (op. cit.) que
o bilingüismo não favoreceu o desempenho da consciência fonêmica.
Ao avaliar as três condições indispensáveis à alfabetização: a competência
com a linguagem oral, a compreensão dos conceitos simbólicos de impressão e
estabelecimento de sensibilidade metalingüística, um estudo concluiu que a relação
entre bilingüismo e o desenvolvimento de cada uma das três habilidades são
diferentes, por vezes indicando vantagem (conceitos de impressão), às vezes
desvantagem (competência lingüística oral), ou ainda pouca diferença (conceitos
metalingüísticos) para crianças bilíngües (BIALYSTOK, 2007).
De um modo geral, parece que o bilingüismo e o multilingüismo promovem o
desenvolvimento de determinados aspectos das habilidades metalingüísticas das
crianças (CUMMINS, 1976; DIAZ, 1985; HAKUTA, 1986; CARLISLE et al., 1999;
EVIATAR;IBRAHIM, 2000; BIALYSTOK, 2001; GOETZ, 2003; BIALYSTOK et al.,
2004; CHARKOVA, 2004), demonstrando uma tendência à superioridade dos
bilíngües em relação aos seus pares monolíngües.
1
Nesse estudo, entenda-se onset como ataque, ou seja, como a consoante ou grupo inicial da sílaba
e rime, como o restante da sílaba.
26
2.5 Considerações sobre a variável sexo
na literatura várias correlações envolvendo a variável sexo
2
com
diferenças anatômicas e funcionais do cérebro, desvios fonológicos,
desenvolvimento da linguagem oral, discriminação auditiva, dificuldades de
aprendizagem, encontrando diferenças importantes.
Num estudo que pretendeu avaliar o repertório de habilidades sociais,
problemas de comportamento e competência acadêmica, evidenciou-se que, de 257
crianças com faixa etária média de 8,62 anos, sendo 146 do sexo masculino e 111
do sexo feminino, os meninos apresentaram maior freqüência de ocorrência de
comportamentos problemáticos do que as meninas, tanto na avaliação dos pais,
quanto dos professores. Quanto maior o grau de dificuldades de aprendizagem,
maior a ocorrência de comportamentos problemáticos, havendo correlação positiva e
significante estatisticamente nos resultados (BANDEIRA et al., 2006).
Com o objetivo de estabelecer eventuais diferenças segundo as variáveis
idade, sexo e natureza jurídica da escola, Suehiro (2006) avaliou 287 crianças,
sendo que 153 (53,3%) crianças eram do sexo masculino e 134 (46,7%) do feminino,
com faixa etária entre sete e dez anos das segundas e terceiras séries do ensino
fundamental. A autora verificou que os meninos tendem a ter mais dificuldades na
aprendizagem da escrita que as meninas, havendo diferença significativa entre os
sexos.
Na fonoaudiologia, Wertzner;Oliveira (2002) quiseram caracterizar o distúrbio
fonológico e obtiveram o seguinte perfil: o distúrbio fonológico acomete sujeitos
predominantemente do sexo masculino, com histórias de otites e/ou alterações
respiratórias e com um mínimo de três processos fonológicos por sujeito.
Numa amostra de 91 indivíduos, subdividida em quatro grupos: crianças com
diagnóstico de desvio fonológico, crianças com desvio fonético, crianças com desvio
fonológico-fonético e crianças com aquisição de fala normalizada, foram encontrados
64 sujeitos com desvios, observando-se que 60,4% do sexo masculino
2
Optou-se por usar a palavra sexo por acreditar-se que gênero não exprima o sexo no contexto
desse estudo. Segundo Araújo (2005, p. 42): “O termo “gênero” na sua acepção gramatical, designa
indivíduos de sexos diferentes (masculino/feminino) ou coisas sexuadas, mas, na forma como vem
sendo usado, nas últimas décadas, pela literatura feminista, adquiriu outras características: enfatiza a
noção de cultura, situa-se na esfera social, diferentemente do conceito de “sexo”, que se situa no
plano biológico, e assume um caráter intrinsecamente relacional do feminino e do masculino.”
27
apresentaram desvio fonológico e 42,1% do sexo feminino apresentaram “aquisição
de fala normalizada”. Esse estudo verificou associação estatisticamente significativa
entre o sexo masculino e o grupo com desvio de fala e entre o sexo feminino e o
grupo sem desvio (CASARIN, 2006).
O estudo de Silva;Lima;Silveira (2003), que também analisou a ocorrência de
desvios fonológicos em 120 crianças na faixa etária de 4:4 a 6:3, evidenciou que
34,16% das crianças apresentaram desvio fonológico. Na análise qualitativa quanto
à ocorrência relacionada ao sexo, foi revelada maior incidência no sexo masculino:
das 57 crianças do sexo masculino, 25 (43,85%) apresentaram desvio fonológico;
enquanto que, das 63 crianças do sexo feminino, 16 apresentaram desvio,
representando 25,39%.
Numa pesquisa
que estudou a relação entre fala, tônus e praxia do sistema
estomatognático em pré-escolares, foi encontrada fala alterada (grupo omissão,
substituição e distorção) em 53,3% dos meninos e fala alterada (grupo omissão e
substituição) em 66,7% das meninas, sendo que, na relação entre fala e sexo, os
resultados não evidenciaram significância estatística (FARIAS;ÁVILA;VIEIRA, 2006).
Ao verificar a influência da leitura nos erros da escrita entre meninos e
meninas de quarta série do ensino fundamental, realizou-se um cruzamento do perfil
ortográfico entre meninos e meninas e foi observado que as meninas apresentaram
um número maior de erros, mostrando uma diferença pequena de apenas quatro
pontos percentuais em relação aos meninos. Mesmo que as meninas tivessem sido
consideradas leitoras mais ativas, os meninos obtiveram menos erros na escrita. Os
resultados mostraram que não houve diferença significativa entre meninos e
meninas, tanto na ocorrência de erros ortográficos, quanto no hábito da leitura
(VIEIRA et al., 2006).
Andreazza-Balestrin (2007) salienta a importância de pesquisas envolvendo
CF e a variável sexo, destacando que investigar como o desenvolvimento das
habilidades em CF acontece em cada sexo possibilitaria a abordagem com
orientações específicas a cada caso. Em uma primeira análise de seu estudo,
incluindo todos os sujeitos da pesquisa, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas quanto ao desempenho em CF por sexo. Num
segundo momento, os resultados foram analisados a partir da formação de dois
grupos: sujeitos com nível de escrita pré-silábico e silábico – Grupo 1 (G1) e sujeitos
com nível de escrita silábico-alfabético Grupo 2 (G2). Essa análise evidenciou
28
diferença estatisticamente significativa considerando-se a variável sexo apenas no
G2 onde o desempenho foi favorável aos meninos na tarefa de segmentação de
frases com três palavras (T1_3 palavras) e às meninas na tarefa de segmentação
silábica de trissílabos (T5_trissílabos). Dessa análise, pareceu evidente que os
meninos possuem melhor consciência de palavras e as meninas tendem a lidar
melhor com unidades menores como as sílabas.
O estudo recente de Moura (2008) avaliou o desempenho em tarefas de
consciência fonêmica de 36 estudantes da segunda série do Ensino Fundamental e
verificou que as meninas apresentaram melhor desempenho em relação aos
meninos nas habilidades em consciência fonêmica, porém sem significância
estatística na análise dos resultados. Esses achados concordam com o estudo de
Andreazza-Balestrin (2007), quando mostram que as meninas possuem maior
facilidade em lidar com segmentos menores.
2.6 Considerações finais
O bilingüismo, ferramenta do mundo globalizado, com seus mitos e novas
descobertas, instiga pesquisadores e traz à tona revelações significantes. Parece
que o sujeito bilíngüe tem o desenvolvimento favorecido em variados aspectos
(CUMMINS, 1976; DIAZ, 1983, 1985; HAKUTA, 1986;
PÉRISSÉ;GARBOGGINI;VIEIRA, 2002; VIGOTSKI, 2005; MENDONÇA;FLEITH,
2005; MARTINS, 2007) como por exemplo o fator cultural, social e cognitivo.
Dentro do universo de estudos que investigam como essas diferenças se dão
em nível lingüístico e em relação às particularidades dos aspectos da linguagem,
surgem achados de que também uma tendência à vantagem dos sujeitos
bilíngües (CARLISLE, et al., 1999; EVIATAR;IBRAHIM, 2000; BIALYSTOK, 2001;
GOETZ, 2003; CHARKOVA, 2004).
Quando analisada a CF, subproduto do desenvolvimento cognitivo e
lingüístico, percebe-se que a superioridade bilíngüe prevalece (BIALYSTOK, 1988;
RUBIN;TURNER, 1989; BRUCK;GENESEE, 1995;
BIALYSTOK;MAJUMDER;MARTIN, 2003; LOIZOU;STUART, 2003; CHEN et al.,
2004).
Além disso, questões envolvendo a variável sexo também permeiam estudos
mostrando diferenças relevantes. De um modo geral, as pesquisas
29
(WERTZNER;OLIVEIRA, 2002; SILVA;LIMA;SILVEIRA, 2003; BANDEIRA et al.,
2006; CASARIN, 2006) apontam que o sexo masculino é mais acometido em
patologias, como por exemplo, os desvios fonológicos e que uma tendência à
superioridade feminina no desempenho de tarefas em CF, principalmente naquelas
que lidam com menores unidades lingüísticas (ANDREAZZA-BALESTRIN, 2007;
MOURA, 2008).
Parece ser pertinente investigar as variáveis bilingüismo, CF e sexo, a fim de
verificar se essa correlação se confirma e se os achados ratificam os demais
estudos. Ainda mais, são escassos os recursos bibliográficos brasileiros envolvendo
a aquisição bilíngüe da linguagem e seus aspectos.
Os estudos descritos anteriormente servem de alicerce para o atual estudo e
permitem expor algumas considerações importantes:
- o bilingüismo favorece determinados aspectos do desenvolvimento em geral,
especialmente no que concerne ao desenvolvimento da linguagem;
- os estudos que investigam o desempenho em CF também mostram
diferenças entre meninos e meninas, favorecendo as meninas quando se referem às
menores unidades de fala.
3 ARTIGO DE PESQUISA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM
CRIANÇAS BILÍNGÜES E MONOLÍNGÜES
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM CRIANÇAS BILÍNGÜES E MONOLÍNGÜES
PHONOLOGICAL AWARENESS IN BILINGUAL AND MONOLINGUAL
CHILDRENS
RESUMO
Tema: consciência fonológica e bilingüismo. Objetivo: verificar as habilidades em
consciência fonológica de crianças monolíngües (Português) e bilíngües (Alemão e
Português), a fim de elucidar prováveis diferenças no desempenho dessas tarefas. Método:
análise de um questionário enviado aos responsáveis por alunos da rede municipal, estadual e
particular de ensino e triagem audiológica, para a seleção da amostra; avaliação das
habilidades em Consciência Fonológica, para a coleta de dados. A amostra selecionada
totalizou 89 sujeitos e derivou dois grupos: Grupo Monolíngüe, com 42 sujeitos com faixa
etária entre 4:1 e 8:11 anos, do sexo feminino e masculino e o Grupo Bilíngüe, com 47
sujeitos com faixa etária entre 4:4 e 8:9 anos, do sexo feminino e masculino. Para análise dos
dados, realizou-se Kruskal-Wallis com p=0,05. Resultados: a tendência de superioridade no
desempenho das habilidades em consciência fonológica foi praticamente total para o Grupo
Bilíngüe. Conclusão: a variável bilingüismo influiu significativamente no desempenho em
consciência fonológica, evidenciando que crianças bilíngües desempenham melhor essas
tarefas do que seus pares monolíngües, principalmente no nível fonêmico.
PALAVRAS-CHAVE: consciência fonológica, bilingüismo, alemão, português
31
ABSTRACT
Background: phonological awareness and bilingualism. Aim: To verify the skills in
phonological awareness of monolingual children (Portuguese) and bilingual (German and
Portuguese), in order to elucidate possible differences in the performance of these tasks.
Method: analysis of a questionnaire sent to students parents, of private and public schools,
audiological screening for the selection of the sample; assessment of skills in phonological
awareness for data collection. The sample selected totaled 89 subjects and derived two
groups: Monolingual Group with 42 subjects with age range between 4:1 and 8:11 years,
female and male and Bilingual Group with 47 subjects with age range between 4:4 and 8:9
years old, female and male. For the data analysis, we used the statistical test Kruskal-Wallis
with p < 0.05. Results: there was a tendency of superiority in the performance of skills in
phonological awareness for the Bilingual Group. Conclusion: the variable Bilingualism
significantly influenced the performance in phonological awareness tasks, showing that
bilingual children perform these tasks better than their monolingual peers, mainly at the
phonemic level.
KEY WORDS: phonological awareness, bilingualism, German, Portuguese
32
INTRODUÇÃO
Desde cedo a criança observa e ouve com atenção o mundo ao seu redor
1
. Os
balbucios são interpretados pelo adulto como intenções comunicativas
2
e essa relação social e
interativa com o ambiente favorece fatores cruciais para o desenvolvimento da linguagem e
aprendizagem da língua local
1,2
.
Aliado a um input lingüístico
1,2
, os falantes possuem um conjunto de habilidades
fonológicas que permitem a decodificação das palavras que escutam para entender o seu
significado bem como a capacidade de recodificá-las para emitir palavras
3
. Além do
mecanismo perceptivo, o aparato cognitivo permite ao recém-nascido a entrada no mundo da
linguagem
3
.
A partir do desenvolvimento da linguagem oral e do desenvolvimento cognitivo com
suas possibilidades de metacognição, alcança-se a consciência fonológica (CF). Quanto mais
as habilidades em linguagem são aprimoradas, mais eficazes tornam-se as capacidades
perceptivas – auditivas, visuais e cinestésicas
4
. Além disso, as trocas constantes com o
ambiente também favorecem o desenvolvimento da CF
5
. A CF está inserida nas habilidades
metalingüísticas e pode ser considerada um conhecimento metafonológico que permite
focalizar a atenção sobre os sons da fala, identificá-los e ou manipulá-los
5,4
.
Se o curso da aquisição da linguagem é considerado normal e praticamente não
desperta preocupação
6
, certamente um ambiente bilíngüe provoca impactos diferentes no
desenvolvimento em geral
7
. Considera-se bilíngüe o sujeito exposto a duas línguas ou mais,
sem haver a necessidade do mesmo grau de proficiência nas línguas em questão
8
.
Sugere-se que o bilingüismo promove o desenvolvimento de determinados aspectos
das habilidades metalingüísticas das crianças
9,10,11
e ainda, que elas poderiam ter um nível
33
mais elevado de consciência lingüística
12
. Porém, é necessário aprofundar os estudos para
apurar em qual tipo de atividade esse rendimento é maior
12
.
Para compreender melhor a interface CF e bilingüismo, este estudo teve como objetivo
verificar as habilidades em CF de crianças bilíngües alemão e português e monolíngües -
português, a fim de comparar os resultados no desempenho dessas tarefas.
MÉTODO
Este estudo foi desenvolvido após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da instituição de origem (0050.0.243.000-06), autorização institucional das escolas
(ANEXO 1) e autorização dos responsáveis pelos sujeitos da pesquisa, mediante assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (CONEP 196/96) – ANEXO 2.
Para a seleção da amostra, foram contatadas 21 escolas do município de Agudo,
interior do RS, sendo 16 municipais, três estaduais e duas particulares, por meio do termo de
autorização institucional das escolas (TAI), sendo expostos os objetivos bem como a
importância do trabalho no contexto educacional.
A 1200 responsáveis por alunos de quatro a oito anos de idade, foram encaminhados o
TCLE e questionários com perguntas objetivas e de fácil entendimento sobre o
desenvolvimento geral da criança (pré, peri e s-natal) até o período escolar, constelação
familiar e idioma(s) que costumam usar e questões acerca da(s) língua(s) a que foi exposta,
desde que idade foi exposta, bem como a(s) que ela domina.
Retornaram 632 questionários de 16 escolas (11 municipais, três estaduais e duas
particulares) - para as quais foi enviado um total de 850 questionários.
34
Com a análise dos questionários devolvidos e triagem auditiva baseada em resolução
do Conselho Federal de Fonoaudiologia
13
foi possível realizar a seleção da amostra.
Foram incluídas as crianças: autorizadas pelos responsáveis a participarem do estudo;
sem história significativa de deficiência auditiva, visual, neurológica e emocional; sem
história de doença congênita; sem história de atraso no desenvolvimento geral e sem queixas
de dificuldades ou transtornos de aprendizagem, linguagem expressiva e compreensiva.
Portanto, foram excluídas as crianças que apresentaram problemas pré, peri e pós-natais que
pudessem ter provocado condições incompatíveis com o adequado desenvolvimento
neuropsicomotor de visão, de fala e da audição. Nesse momento, também se pode realizar o
levantamento dos sujeitos bilíngües – alemão e português, e monolíngües - português.
Na triagem auditiva, os alunos foram submetidos à inspeção do meato acústico externo
de cada orelha, por meio de um otoscópio, a fim de verificar a presença, ou não, de corpos
estranhos, de tampão ou excesso de cerúmen, os quais poderiam estar obstruindo a via aérea.
Aqueles que apresentaram algum tipo de alteração foram encaminhados ao médico
otorrinolaringologista e excluídos da pesquisa. Foi utilizado um Audiômetro (marca Danplex,
modelo DA 65), devidamente calibrado, tendo como local a própria escola, em sala silenciosa,
quando foram testadas as freqüências de 1000 a 4000 Hz, em 20dBNA por via aérea. Foram
eliminadas do estudo e encaminhadas a atendimento específico todas as crianças que
apresentaram desempenho negativo na triagem auditiva após duas testagens na mesma sessão
e retestagem em nova oportunidade.
A amostra perfez 89 sujeitos, com faixa etária entre 4:1 e 8:11 anos, sendo 42 do sexo
masculino e 47 do sexo feminino e derivou dois grandes grupos: o Grupo Monolíngüe (GM)
com faixa etária entre 4:1 e 8:11 anos, sendo 19 do sexo masculino e 23 do sexo feminino,
expostos regularmente à fala do português desde o nascimento até os estágios finais da coleta
de dados do estudo, e o Grupo Bilíngüe (GB) com faixa etária entre 4:4 e 8:9 anos, sendo 23
35
do sexo masculino e 24 do sexo feminino, expostos regularmente à fala do alemão e do
português desde o nascimento, até os estágios finais da coleta de dados do estudo. Houve
ainda a preocupação em analisar a média de idade dos sujeitos em cada sexo com o objetivo
de obter a uniformidade dos grupos.
Salienta-se que a rede de ensino de Agudo/RS não pratica a educação bilíngüe e que os
sujeitos bilíngües selecionados foram expostos oral e regularmente aos dois sistemas
lingüísticos (alemão e português) no contexto familiar.
Depois das análises para a composição da amostra, iniciaram-se as avaliações das
habilidades em CF para a coleta de dados com a aplicação do Protocolo de Tarefas de CF
5
(ANEXO 3).
O protocolo
5
inclui a realização de 12 tipos de tarefas: segmentação de frases em
palavras; realismo nominal; detecção de rimas; síntese silábica; segmentação silábica;
detecção de sílabas; reversão silábica; exclusão fonêmica; detecção de fonemas; síntese
fonêmica; segmentação fonêmica e reversão fonêmica com diferentes níveis de
complexidade quanto à natureza das tarefas e também diferentes graus de complexidade
dentro de cada tarefa, como o número e o tipo de palavras, o número de sílabas e o de
fonemas.
Em sala silenciosa, o protocolo
5
foi aplicado a cada aluno de forma oral e
individualmente. A criança foi conduzida ao teste de forma com que pensasse que participaria
de um “jogo”. A palavra “teste” não foi usada, pois se acredita que possa gerar certo grau de
ansiedade e, dessa forma, interferir nas respostas dos sujeitos.
O protocolo
5
previa um treino anterior a cada tarefa com o objetivo de esclarecer a
atividade, bem como de eliminar questões de semântica e memória que pudessem interferir na
realização da atividade. Foram permitidas duas tentativas para a realização de cada item da
tarefa, sendo que o acerto na primeira tentativa computaria dois pontos e o acerto na segunda,
36
um ponto. O escore seria zero se não houvesse acertos nas duas tentativas. Também se adotou
o critério de suspensão da tarefa após a terceira tentativa frustrada.
Dentro da tarefa, cada item representa certo grau de complexidade, então os pontos
foram computados sem somatório dos escores dos subtipos de tarefas, mas conforme as
subdivisões de cada tarefa, com um máximo de dez pontos para cada subtipo.
Foi permitida contagem nos dedos, bater palmas ou na mesa para as crianças que ainda
não sabiam contar. Cada tarefa foi aplicada conforme o esperado para a idade do sujeito
participante, desconsiderando-se critérios de aprovação ou desaprovação, mas com todos os
escores incluídos e computados na pesquisa.
Para análise dos dados, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis com p=0,05 quando se
comparou o desempenho entre os grupos por tarefa realizada, a fim de verificar a interferência
da variável bilingüismo no desempenho das tarefas em CF.
RESULTADOS
A análise mostrou que houve diferença estatisticamente significativa entre bilíngües e
monolíngües no que se refere ao desempenho da maior parte das habilidades em CF.
A tabela 3.1 apresenta os resultados obtidos, incluindo todos os sujeitos da pesquisa e
mostra que os sujeitos bilíngües foram superiores aos monolíngües no desempenho da maioria
das habilidades em CF.
37
Tabela 3.1: Resultados obtidos entre as crianças bilíngües e monolíngües, no desempenho das habilidades em consciência
fonológica
BILÍNGÜES MONOLÍNGÜES
TAREFA DE CF
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
p
T1_2 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,659 2,179 8,238 2,081 0,1335
T1_3 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,657 2,496 8,000 1,945
0,0199*
T1_4 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,314 2,506 7,736 1,995 0,0603
T1_5 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,448 2,543 7,714 2,685 0,0813
T1_6 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,551 2,229 6,971 2,640
0,0086*
T1_7 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,000 2.521 6,371 3,456
0,0499*
T2 (realismo nominal) 9,148 1,233 9,095 1,225 0,7659
T3_dissílabos (detecção de rima) 8,369 1,691 7,536 2,122 0,0574
T3_trissílabos (detecção de rima) 8,282 1,759 7,682 1,929 0,1244
T4_dissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_trissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_quadrissílabos (síntese silábica) 9,978 0,145 9,952 0,215 0,4943
T5_dissílabos (segmentação silábica) 9,851 0,465 9,880 0,395 0,8442
T5_trissílabos (segmentação silábica) 9,574 0,800 9,619 1,034 0,3673
T5_quadrissílabos (segmentação silábica) 9,234 1,402 9,238 1,589 0,8537
T6_inicial (detecção de sílabas) 8,891 1,676 8,170 1,998
0,0395*
T6_final (detecção de sílabas) 8,195 1,995 7,341 2,276 0,0601
T6_medial (detecção de sílabas) 8,150 2,225 6,707 2,390
0,0032*
T7_dissílabos (reversão silábica) 7,655 2,304 7,210 3,222 0,1814
T7_trissílabos (reversão silábica) 5,655 2,453 5,428 3,500
0,0083*
T7_quadrissílabos (reversão silábica) 9,103 2,287 3,942 2,817
0,0225*
T8_inicial (exclusão de fonemas) 9,103 1,759 7 3,725
0,0137*
T8_final (exclusão de fonemas) 9,310 1,038 7,885 3,103 0,1950
T8_medial (exclusão de fonemas) 9,103 1,543 7,657 3,386
0,0321*
T9_inicial (detecção de fonemas) 8,478 1,985 7,682 2,443 0,0924
T9_final (detecção de fonemas) 7,900 2,157 6,763 2,572
0,0369*
T9_medial (detecção de fonemas) 7,421 2,618 5,942 3,076
0,0353*
T10_3 fonemas (síntese fonêmica) 9,379 0,978 7,828 2,502
0,0057*
T10_4 fonemas (síntese fonêmica) 9,137 1,355 7,857 2,402
0,0065*
T10_5 fonemas (síntese fonêmica) 7,172 1,946 5,228 2,690
0,0043*
T10_6 fonemas (síntese fonêmica) 6,758 1,844 4,542 3,109
0,0067*
T11_3 fonemas (segmentação fonêmica) 9,172 1,364 7,428 3,336
0,0177*
T11_4 fonemas (segmentação fonêmica) 9,551 1,088 7,428 3,380
0,0017*
T11_5 fonemas (segmentação fonêmica) 8,965 1,898 6,457 3,744
0,0009*
T11_6 fonemas (segmentação fonêmica) 8,857 1,458 6,478 3,314
0,0093*
T11_7 fonemas (segmentação fonêmica) 8,952 1,596 6,347 3,498
0,0062*
T12_2 e 3 fonemas (reversão fonêmica) 7,137 2,371 4,914 3,311
0,0066*
* Valor estatisticamente significativo (Kruskal-Wallis com p=0,05)
Com o intuito de explanar diferenças entre GB e GM, levando-se em consideração a
variável sexo, a tabela 3.2 apresenta os resultados obtidos incluindo os sujeitos do sexo
masculino. Nessa análise, os meninos bilíngües obtiveram médias superiores aos meninos
monolíngües em grande parte das tarefas de CF.
38
Tabela 3.2: Resultados obtidos entre os meninos bilíngües e monolíngües, no desempenho das habilidades em consciência
fonológica
TAREFA DE CF
MENINOS
BILÍNGÜES
MENINOS
MONOLÍNGÜES
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
p
T1_2 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,608 2,444 8,052 2,344 0,3098
T1_3 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,133 3,335 7,882 1,763 0,1225
T1_4 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,200 3,189 7,529 1,841 0,0614
T1_5 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,333 3,025 7,588 2,670 0,1964
T1_6 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,083 2,968 7,117 2,869 0,3490
T1_7 palavras (segmentação de frases em palavras) 7,583 3,028 6,764 3,382 0,5880
T2 (realismo nominal) 8,956 1,223 9,210 1,272 0,3671
T3_dissílabos (dectecção de rima) 8,272 1,695 7,722 2,023 0,4038
T3_trissílabos (detecção de rima) 7,636 1,677 7,444 1,854 0,7723
T4_dissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,000
T4_trissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,000
T4_quadrissílabos (síntese silábica) 9,956 0,208 10 0 0,3634
T5_dissílabos (segmentação silábica) 9,869 0,457 9,789 0,535 0,5001
T5_trissílabos (segmentação silábica) 9,608 0,782 9,684 0,749 0,6700
T5_quadrissílabos (segmentação silábica) 9,347 1,112 9,526 1,218 0,4511
T6_inicial (detecção de sílabas) 8,590 1,893 8,444 1,976 0,7644
T6_final (detecção de sílabas) 7,954 2,214 7,722 2,270 0,7601
T6_medial (detecção de sílabas) 7,772 2,617 6,722 2,562 0,0922
T7_dissílabos (reversão silábica) 8,157 2,477 7,333 2,930 0,2264
T7_trissílabos (reversão silábica) 7,833 2,081 5,411 3,606 0,0702
T7_quadrissílabos (reversão silábica) 4,916 1,729 3,941 2,771 0,3473
T8_inicial (exclusão de fonemas) 9 1,758 6,882 3,497 0,0737
T8_final (exclusão de fonemas) 9,083 1,240 8,058 3,268 0,8853
T8_medial (exclusão de fonemas) 8,750 1,544 7,764 2,795 0,2976
T9_inicial (detecção de fonemas) 8,090 2,180 8,055 2,484 0,9552
T9_final (detecção de fonemas) 7,526 2,412 6,444 2,914 0,2014
T9_medial (detecção de fonemas) 6,766 3,121 6,117 2,869 0,3391
T10_3 fonemas (síntese fonêmica) 9,083 1,311 7,588 2,739 0,1008
T10_4 fonemas (síntese fonêmica) 8,500 1,678 7,941 2,304 0,3708
T10_5 fonemas (síntese fonêmica) 6,416 1,621 5,117 2,619 0,1366
T10_6 fonemas (síntese fonêmica) 6,166 1,114 4,588 2,980 0,1614
T11_3 fonemas (segmentação fonêmica) 9,333 0,984 7,470 2,874
0,0324*
T11_4 fonemas (segmentação fonêmica) 9,750 0,866 7,176 2,899
0,0010*
T11_5 fonemas (segmentação fonêmica) 9,583 1,164 6,058 3,268
0,0003*
T11_6 fonemas (segmentação fonêmica) 8,666 1,118 6 3,126
0,0466*
T11_7 fonemas (segmentação fonêmica) 8,888 1,833 5,600 2,458
0,0043*
T12_2 e 3 fonemas (reversão fonêmica) 6,416 2,353 4,823 3,0462 0,1594
* Valor estatisticamente significativo (Kruskal-Wallis com p=0,05)
A tabela 3.3 apresenta os resultados obtidos com os sujeitos do sexo feminino, e
mostra a superioridade das meninas bilíngües em praticamente todas as tarefas de CF quando
comparadas com seus pares monolíngües.
39
Tabela 3.3: Resultados obtidos entre as meninas bilíngües e monolíngües no desempenho das habilidades em consciência
fonológica.
TAREFA DE CF
MENINAS
BILÍNGÜES
MENINAS
MONOLÍNGÜES
Média
Desvio-
padrão
Média
Desvio-
padrão
p
T1_2 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,708 1,944 8,391 1,876 0,2915
T1_3 palavras (segmentação de frases em palavras) 9,050 1,605 8,095 2,119 0,1055
T1_4 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,400 1,930 7,904 2,142 0,4335
T1_5 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,529 2,239 7,833 2,770 0,2541
T1_6 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,882 1,536 6,833 2,479
0,0075*
T1_7 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,294 2,143 6 3,580
0,0323*
T2 (realismo nominal) 9,333 1,239 9 1,206 0,1992
T3_dissílabos (dectecção de rima) 8,458 1,718 7,391 2,230 0,0790
T3_trissílabos (detecção de rima) 8,875 1,650 7,869 2,006
0,0363*
T4_dissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1.000
T4_trissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1.000
T4_quadrissílabos (síntese silábica) 10 0 9,913 0,228 0,1441
T5_dissílabos (segmentação silábica) 9,833 0,481 9,956 0,208 0,3116
T5_trissílabos (segmentação silábica) 9,541 0,832 9,565 1,236 0,4105
T5_quadrissílabos (segmentação silábica) 9,125 1,650 9 1,834 0,7475
T6_inicial (detecção de sílabas) 9,166 1,434 7,956 2,033
0,0151*
T6_final (detecção de sílabas) 8,416 1,791 7,043 2,285
0,0280*
T6_medial (detecção de sílabas) 8,333 1,809 6,695 2,304
0,0143*
T7_dissílabos (reversão silábica) 8,142 2,197 7,100 3,537 0,5100
T7_trissílabos (reversão silábica) 7,529 2,741 5,444 3,501 0,0569
T7_quadrissílabos (reversão silábica) 6,176 2,530 3,944 2,940
0,0342*
T8_inicial (exclusão de fonemas) 9,176 1,810 7,111 4,027 0,1211
T8_final (exclusão de fonemas) 9,470 0,874 7,722 3,025 0,1235
T8_medial (exclusão de fonemas) 9,352 1,538 7,555 3,944 0,0582
T9_inicial (detecção de fonemas) 8,833 1,761 7,391 2,425
0,0301*
T9_final (detecção de fonemas) 8,230 1,894 7,050 2,258 0,0687
T9_medial (detecção de fonemas) 8 2 5,777 3,335
0,0471*
T10_3 fonemas (síntese fonêmica) 9,588 0,618 8,055 2,312
0,0359*
T10_4 fonemas (síntese fonêmica) 9,588 0,870 7,777 2,556
0,0126*
T10_5 fonemas (síntese fonêmica) 7,705 2,023 5,333 2,828
0,0140*
T10_6 fonemas (síntese fonêmica) 7,1764 2,157 4,500 3,312
0,0298*
T11_3 fonemas (segmentação fonêmica) 9,058 1,599 7,388 3,806 0,2560
T11_4 fonemas (segmentação fonêmica) 9,411 1,227 7,666 3,850 0,3306
T11_5 fonemas (segmentação fonêmica) 8,529 2,211 6,833 4,204 0,2718
T11_6 fonemas (segmentação fonêmica) 9 1,705 6,846 3,531 0,0540
T11_7 fonemas (segmentação fonêmica) 9 1,477 6,923 4,132 0,3241
T12_2 e 3 fonemas (reversão fonêmica) 7,647 2,316 5 3,629
0,0235*
* Valor estatisticamente significativo (Kruskal-Wallis com p=0,05)
DISCUSSÃO
Apesar das investigações brasileiras sobre bilingüismo serem escassas, a literatura
internacional aponta achados interessantes quando contempla a CF e o bilingüismo. Optou-se
40
por discutir os resultados com base em pesquisas encontradas sobre o assunto, mesmo que
tenham utilizado instrumentos de avaliação diferentes deste estudo. Ainda, pesquisas
relacionadas à cognição, metacognição, habilidades metalingüísticas, aprendizagem e
habilidades comunicativas, foram úteis para entender o universo bilíngüe de aquisição e
desenvolvimento da linguagem.
O GB obteve (Tabela 3.1) desempenho superior ao GM nas tarefas de segmentação de
frases em palavras (T1); realismo nominal (T2); detecção de rimas (T3); síntese silábica de
quadrissílabos (T4_quadrissílabos); detecção de labas (T6); reversão silábica (T7); exclusão
de fonemas (T8); detecção de fonemas (T9); ntese fonêmica (T10); segmentação fonêmica
(T11) e reversão fonêmica (T12). Os resultados foram estatisticamente significativos nas
tarefas de segmentação de frases com três, seis e sete palavras (T1_3, 6 e 7 palavras);
detecção de sílabas inicial e medial (T6_inicial e medial); reversão silábica de trissílabos e
quadrissílabos (T7_trissílabos e quadrissílabos); exclusão de fonemas inicial e medial
(T8_inicial e medial); detecção de fonemas final e medial (T9_final e medial); síntese (T10);
segmentação (T11) e reversão (T12) fonêmica.
Observou-se (Tabela 3.2) que o GB de meninos obteve médias superiores de
desempenho em relação ao GM de meninos nas tarefas de segmentação de frases em palavras
(T1); detecção de rimas (T3); segmentação silábica de dissílabos (T5_dissílabos); detecção de
sílabas (T6); reversão silábica (T7); exclusão (T8) e detecção (T9) de fonemas; síntese (T10)
e reversão (T12) fonêmica. Na tarefa de segmentação fonêmica (T11), o desempenho também
foi superior e estatisticamente significativo.
O GB de meninas (Tabela 3.3) obteve melhor desempenho em relação ao GM de
meninas nas tarefas de segmentação de frases em palavras (T1); realismo nominal (T2);
detecção de rimas (T3); síntese silábica de quadrissílabos (T4_quadrissílabos) - com 100% de
acertos; segmentação silábica de quadrissílabos (T5_quadrissílabos); detecção de sílabas (T6);
41
reversão silábica (T7); exclusão (T8) e detecção (T9) de fonemas; síntese (T10), segmentação
(T11) e reversão (T12) fonêmica. Houve significância estatística com vantagem para o GB de
meninas nas tarefas de segmentação de frases com seis e sete palavras (T1_6 e 7 palavras);
detecção de rimas de trissílabos (T3_trissílabos); detecção de sílabas (T6); reversão silábica
de quadrissílabos (T7_quadrissílabos); detecção de fonemas inicial e medial (T9_inicial e
medial); síntese (T10) e reversão (T12) fonêmica.
Quando comparadas
14
com seus pares monolíngües, as crianças bilíngües
(inglês/francês) apresentaram vantagens no desempenho das habilidades em CF, concordando
com os resultados da presente pesquisa. O estudo ainda afirma que a aprendizagem de uma
segunda língua reforça a metalinguagem
14
.
Com o objetivo de verificar o efeito do bilingüismo sobre o desenvolvimento da CF de
crianças chinesas, um estudo
15
comparou bilíngües (cantonês/mandarim) com monolíngües
(mandarim). O mandarim foi ensinado aos bilíngües na escola e percebeu-se que, por volta do
segundo ano, o bilingüismo parecia acelerar o desenvolvimento da CF. Já no quarto ano
escolar parece que a vantagem havia desaparecido, resultado provavelmente justificado pelo
fato do cantonês ter um sistema fonológico mais complexo do que o mandarim. Pode-se
ponderar ainda que as duas línguas estão representadas como sistemas gramaticais distintos
16
,
mas o parentesco genético entre elas pode influenciar de maneira expressiva na aquisição das
línguas em questão
17
.
Salienta-se que o presente estudo investigou dois sistemas lingüísticos com o mesmo
sistema de escrita alfabética e que, o alemão, por ser mais complexo, pode ter favorecido o
desempenho na testagem em português.
As tarefas de detecção de rimas (T3) e de sílabas em posição inicial (T6_inicial) foram
realizadas com vantagem pelo GB (Tabela 3.1), sendo que a última com valor estatisticamente
significativo. Um estudo
18
que aplicou uma bateria de testes em CF para confrontar crianças
42
bilíngües e monolíngües do jardim de infância com idade média de 5:9 anos também mostrou
que as crianças bilíngües apresentaram um nível maior de CF na detecção de sílabas iniciais e
na consciência de rimas.
Ainda, o mesmo estudo anterior
18
apontou que os monolíngües desempenharam
melhor a tarefa de consciência fonêmica, enquanto que os bilíngües obtiveram escores mais
elevados na segmentação silábica. Discordando desse
18
e de outro
11
estudo que indicou
vantagem bilíngüe nas tarefas que fazem altas exigências relativas ao controle, o presente
estudo mostrou que, em todas as tarefas de consciência fonêmica, os bilíngües superaram os
monolíngües e, na maioria, com escores estatisticamente significativos.
Quando analisadas as tarefas, considerando-se as variáveis bilingüismo e sexo, os
resultados mostraram que os meninos bilíngües (tabela 3.2) e as meninas bilíngües (tabela
3.3) também obtiveram vantagem em todas as tarefas de consciência fonêmica, sendo que os
meninos bilíngües obtiveram vantagem estatisticamente significativa na tarefa de
segmentação fonêmica (T11) e as meninas bilíngües nas tarefas de detecção de fonemas em
posição inicial e medial (T9_inicial e medial), síntese fonêmica de três, quatro e cinco
fonemas (T10_3, 4 e 5 fonemas) e reversão fonêmica (T12).
As tarefas de análise são influenciadas pelo domínio do código escrito e envolvem a
habilidade em manipulação consciente e eficaz das unidades menores da língua. Habilidades
como exclusão de fonemas (T8), ntese (T10), segmentação (T11) e reversão (T12)
fonêmica, absolutamente melhor desempenhadas pelos bilíngües do presente estudo, exigem
alto nível de atenção e consciência fonêmica
5
.
Esses resultados concordam com o fato de que o bilingüismo expande as capacidades
cognitivas
19,20
e interfere de maneira positiva no desenvolvimento de habilidades
intelectuais
20
como a inteligência
21,22
, a CF
21
, a criatividade verbal e figurativa, e a análise de
padrões visuais abstratos
22
.
43
Analisando-se as três tabelas, os sujeitos monolíngües mantiveram discreta vantagem
sobre os bilíngües apenas na tarefa de segmentação silábica de trissílabos (T5_trissílabos). O
desempenho levemente superior foi observado em todas as tarefas de segmentação silábica
(T5) (Tabela 3.1); realismo nominal (T2); síntese silábica de quadrissílabos
(T4_quadrissílabos) - com 100% de acertos e segmentação silábica de trissílabos e
quadrissílabos (T5_trissílabos e quadrissílabos) (Tabela 3.2) e segmentação silábica de
dissílabos e de trissílabos (T5_dissílabos e trissílabos) (Tabela 3.3).
Os resultados acima denotam a facilidade dos monolíngües em relação às unidades
maiores, ou seja, nas tarefas de consciência silábica. São habilidades mais simples que
podem ser encontradas em pré-escolares e precedem as habilidades de consciência fonêmica.
Supondo que o desempenho em CF dos bilíngües seria melhor do que o dos
monolíngües, uma pesquisa
23
analisou e comparou um conjunto de seis tarefas em CF em 68
crianças monolíngües e bilíngües de cinco anos de idade. A amostra foi dividida em quatro
grupos: dois bilíngües (inglês/grego grego/inglês) e dois monolíngües (inglês e grego). Às
crianças bilíngües, as tarefas foram ministradas em inglês e grego e, às monolíngües, as
tarefas foram dadas apenas em sua língua materna. O grupo dos bilíngües (inglês/grego)
superou significativamente o grupo monolíngüe (inglês), mas este padrão não foi reproduzido
na comparação dos bilíngües (grego/inglês) com os monolíngües (grego). Parece que a
superação dos bilíngües ocorre apenas quando eles estão expostos a uma segunda língua
fonologicamente mais simples do que a sua língua materna. Em outro confronto, os achados
mostraram que as crianças bilíngües (inglês/grego) superaram as bilíngües (grego/inglês) nas
tarefas que exigiram consciência fonêmica. Parece que aprender em uma ngua alfabética
promove este nível de CF, justificando esse fato.
Um estudo brasileiro
24
verificou que a aquisição simultânea de duas línguas não
trouxe conseqüências negativas em relação ao desempenho em habilidades em CF. Foram
44
avaliados 40 alunos com idade média de cinco anos que eram expostos exclusivamente ao
inglês britânico na escola e, em casa, preferencialmente ao português brasileiro. Das crianças
avaliadas, 22 (55%) estavam dentro do esperado para faixa etária; 18 (45%) estavam acima do
esperado, e nenhuma foi classificada com escores abaixo do esperado.
A CF de crianças bilíngües é pelo menos tão boa
25
e frequentemente melhor
26
do que a
comparável com os pares monolíngües, como se verificou pelos resultados deste estudo.
Observou-se ainda, que todos os sujeitos da pesquisa alcançaram o índice de 100% de
acertos nas tarefas de ntese silábica de dissílabos e trissílabos (T4_dissílabos e trissílabos),
assemelhando-se aos resultados de estudos em que se utilizou o mesmo instrumento da atual
pesquisa
5,27,28
. Salienta-se que estas pesquisas não investigaram a variável bilingüismo.
Parece claro que estudos que levantam questões envolvendo bilingüismo e CF, bem
como habilidades cognitivas em geral, convergem para os mesmos resultados: a vantagem da
aquisição bilíngüe da linguagem como fator interferente no desempenho das atividades
propostas pelas pesquisas.
A partir dos resultados deste trabalho, pôde-se confirmar a relação positiva entre
bilingüismo e CF. Estes achados são importantes para acrescentar conhecimentos sobre o
tema, bem como servir de estímulo a novos estudos - envolvendo amostras maiores e com
diferentes idiomas, que poderão corroborar ou não as tendências apontadas aqui.
CONCLUSÕES
A análise dos resultados que comparou o GM e GB nas habilidades em CF de crianças
pré-escolares e escolares, permite concluir que:
45
- o bilingüismo foi um fator que interferiu positivamente no desempenho das
habilidades em CF e, em muitas tarefas, com relação estatisticamente significativa;
- a habilidade em consciência fonêmica foi favorecida pelo bilingüismo;
- incluindo todos os sujeitos, o GM obteve vantagem levemente superior ao GB
apenas na tarefa de segmentação silábica (T_5);
- quando se analisou o GB e o GM, levando-se em consideração a variável sexo
masculino, os meninos bilíngües obtiveram vantagem no desempenho da maioria das tarefas
em CF, com significância estatística na habilidade de segmentação fonêmica (T_11);
- quando se analisou o GB e o GM, levando-se em consideração a variável sexo
feminino, as meninas bilíngües foram superiores em todas as tarefas, exceto na segmentação
silábica de dissílabos e trissílabos (T5_dissílabos e trissílabos), com resultados
estatisticamente significativos em muitas tarefas;
- todos os resultados com significância estatística foram a favor do GB;
- a tendência de superioridade no desempenho das habilidades em CF é praticamente
total para o GB.
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4 ARTIGO DE PESQUISA – RELAÇÃO ENTRE CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA E BILINGÜISMO EM MENINOS E MENINAS
RELAÇÃO ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E BILINGÜISMO EM MENINOS
E MENINAS
RELATIONSHIP BETWEEN PHONOLOGICAL AWARENESS AND
BILINGUALISM IN BOYS AND GIRLS
RESUMO
Objetivo: Investigar a relação entre o desempenho de meninas e meninos, mono e
bilíngües, em tarefas de consciência fonológica. Métodos: Análise de um
questionário enviado aos responsáveis por alunos da rede municipal, estadual e
particular de ensino e triagem auditiva para a seleção da amostra; avaliação das
habilidades em consciência fonológica para a coleta de dados. A amostra totalizou
89 estudantes com faixa etária de 4:1 a 8:11 anos de idade, sendo 47 meninas e 42
meninos. Da amostra, 47 sujeitos eram bilíngües (Português e Alemão) e 42
monolíngües (Português). Resultados: quando confrontados sujeitos bilíngües,
houve significância estatística na detecção de rima com trissílabos e na síntese de
quatro fonemas, com vantagem das meninas; quando comparados os sujeitos
monolíngües, os resultados foram mais equilibrados. Conclusões: apesar de
praticamente não existirem resultados estatisticamente significativos na comparação
entre meninos e meninas, observou-se superioridade feminina na maioria das
tarefas de consciência fonológica.
DESCRITORES: Linguagem, consciência fonológica, bilingüismo, relações entre
sexos
51
ABSTRACT
Purpose: To investigate the relationship between the performance of girls and boys,
mono and bilingual, in tasks of phonological awareness. Methods: Analysis of a
questionnaire sent to student parents, of private and public schools, a hearing
screening for selection of the sample; assessment of skills in phonological awareness
for data collection. The sample totalized 89 students in the age group of 4:1 to 8:11
years of age, 47 girls and 42 boys. From the sample, 47 subjects were bilingual
(German and Portuguese) and 42 monolingual (Portuguese). Results: The
comparison between boys and girls performances, showed statistically significant
better performance for girls for the exclusion of inicial phonemes and synthesis of
four phonemes; when confronted to bilingual subject, there was statistical
significance for the detection of rhymes with trisyllable words and in the synthesis of
four phonemes, also showing an advantage for the girls. Conclusions: even though
there are almost no statistically significant results in the comparison between boys
and girls, there was a female superiority in the majority of the tasks of phonological
awareness.
KEYWORDS: Language, phonological awareness, bilingualism, relationship between
sexes.
52
INTRODUÇÃO
O estudo das habilidades em consciência fonológica (CF) vem sendo alvo de
muitas pesquisas
1,2,3,4,5,6,7,8
e tem despertado o interesse de lingüistas, psicólogos e
fonoaudiólogos para os aspectos relacionados ao seu desenvolvimento,
características e influências na aquisição da linguagem oral e escrita.
A CF não surge de uma hora para outra
9,1,10,11,2
mas desenvolve-se
gradualmente durante a infância
12,13,10,11
como parte da consciência lingüística
13
exigindo atenção especial durante a comunicação
11
. Define-se CF como a habilidade
em segmentar a fala, pensar e operar sobre a linguagem como se essa fosse um
objeto
13,14
.
Além disso, estudos abordando o bilingüismo
15,16,17,18,19,20,21
têm merecido
destaque nos últimos anos. São considerados bilíngües os indivíduos que possuem
duas ou mais línguas, com diferentes níveis de proficiência nas línguas em
questão
22
.
Parece que o desenvolvimento de determinados aspectos da consciência
lingüística das crianças poderiam ser promovidos pelo bilingüismo e o
multilingüismo
15,16,17,19,23,20
.
Ainda, comparações entre meninos e meninas apontam diferenças quando
analisado o desempenho em CF. Na análise qualitativa de estudos recentes
7,8
,
verificou-se que meninas possuem maior habilidade do que meninos ao analisarem
pequenos segmentos. O sexo masculino, por sua vez, desempenhou melhor as
53
tarefas de análise com palavras, no nível de consciência de palavras como itens
lexicais.
Justifica-se este estudo, pois na literatura várias correlações envolvendo a
variável sexo com diferenças anatômicas e funcionais do cérebro
24,25,26
; desvios
fonológicos
27,28,29,30
; desenvolvimento da linguagem
31
; aprendizagem
26
e dificuldades
de aprendizagem
32,33,34,35
encontrando diferenças importantes. Ainda, pesquisar
como o desenvolvimento das habilidades em CF acontece em cada sexo
possibilitaria a abordagem com orientações específicas a cada caso
7
.
Abordando o tema CF, sexo e bilingüismo, esse estudo pretendeu investigar a
relação entre o desempenho de meninas e meninos, mono (português) e bilíngües
(alemão/português), em tarefas de CF.
MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido após a aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da instituição de origem (0050.0.243.000-06), autorização
institucional das escolas (ANEXO 1) e autorização dos responsáveis pelos sujeitos
da pesquisa mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
(CONEP 196/96) – ANEXO 2.
Para a seleção da amostra, foram contatadas 21 escolas do município de
Agudo, interior do RS, sendo 16 municipais, três estaduais e duas particulares, por
meio do termo de autorização institucional das escolas (TAI), sendo expostos os
objetivos bem como a importância do trabalho no contexto educacional.
54
Junto ao termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram
encaminhados 1200 questionários aos responsáveis por alunos de quatro a oito
anos de idade. O questionário abordou perguntas objetivas e de fácil entendimento
sobre o desenvolvimento geral da criança (pré, peri e pós-natal) até o período
escolar; constelação familiar e idioma(s) que costumam usar e questões acerca
da(s) língua(s) a que foi exposta, desde que idade foi exposta, bem como a(s) que
ela domina.
Retornaram 632 questionários de 16 escolas (11 municipais, três estaduais e
duas particulares) - para as quais foi enviado um total de 850 questionários.
Para a seleção da amostra, foi realizada a análise dos questionários
devolvidos e triagem auditiva baseada em resolução do Conselho Federal de
Fonoaudiologia
36
.
Da análise dos questionários foram incluídas as crianças: que estavam
autorizadas pelos responsáveis a participarem da pesquisa; sem história significativa
de deficiência auditiva, visual, neurológica e emocional; sem história de doença
congênita; sem história de atraso no desenvolvimento geral e sem queixas de
dificuldades ou transtornos de aprendizagem, linguagem expressiva e compreensiva.
Assim, foram excluídas as crianças que apresentaram problemas pré, peri e pós-
natais que pudessem ter provocado condições incompatíveis com o adequado
desenvolvimento neuropsicomotor, de visão, de fala e da audição. Nessa análise,
também foi realizado o levantamento dos alunos monolíngües português, e
bilíngües – alemão e português.
Na triagem auditiva, as crianças pré-selecionadas a partir dos questionários,
foram submetidas à inspeção do meato acústico externo de cada orelha, por meio de
um otoscópio, para verificar a presença, ou não, de corpos estranhos, de tampão ou
55
excesso de cerúmen, os quais poderiam estar obstruindo a via aérea. Aquelas que
apresentaram algum tipo de alteração foram encaminhadas ao médico
otorrinolaringologista e excluídas da pesquisa. Foi realizada triagem auditiva por via
aérea com um Audiômetro (marca Danplex, modelo DA 65), devidamente calibrado,
tendo como local a própria escola, em sala silenciosa, quando foram testadas as
freqüências de 1000 a 4000 Hz, em 20dB NA. As crianças que apresentaram
desempenho negativo na triagem auditiva após duas testagens na mesma sessão e
retestagem em nova oportunidade foram eliminadas do estudo e devidamente
encaminhadas a atendimento específico.
A amostra selecionada totalizou 89 sujeitos, com faixa etária entre 4:1 e 8:11
anos, sendo 42 do sexo masculino e 47 do sexo feminino. A fim de obter
homogeneidade dos grupos, houve preocupação em analisar a média de idade dos
sujeitos em cada sexo. Ainda, dividiu-se a amostra em Grupo Monolíngüe (GM)
com sujeitos expostos regularmente à fala do português desde o nascimento até os
estágios finais da coleta de dados do estudo e faixa etária entre 4:1 e 8:11 anos,
sendo 19 do sexo masculino e 23 do sexo feminino e Grupo Bilíngüe (GB) com
sujeitos expostos regularmente à fala do alemão e do português desde o nascimento
até os estágios finais da coleta de dados do estudo e faixa etária entre 4:4 e 8:9
anos, sendo 23 do sexo masculino e 24 do sexo feminino.
Salienta-se que os sujeitos bilíngües selecionados foram expostos oral e
regularmente aos dois sistemas lingüísticos (alemão e português) no contexto
familiar e que a rede de ensino de Agudo/RS não pratica a educação bilíngüe.
Para a coleta de dados, foram realizadas as avaliações das habilidades em
CF com a aplicação do Protocolo de Tarefas de CF
10,11
(ANEXO 3).
56
De acordo com as instruções da autora
10,11
, foram propostos doze tipos de
tarefas, abordando várias habilidades em CF, utilizados diferentes graus de
complexidade quanto à natureza das tarefas e também diferentes graus de
complexidade dentro de cada tarefa como o número e tipo de palavras, o número de
sílabas e fonemas. As tarefas de CF incluíram segmentação de frases em palavras;
realismo nominal; detecção de rimas; síntese silábica; segmentação silábica;
detecção de sílabas; reversão silábica; exclusão fonêmica; detecção de fonemas;
síntese fonêmica; segmentação fonêmica e reversão fonêmica.
O teste foi aplicado oral e individualmente a cada sujeito. Foi utilizada
linguagem simples e, para descartar a hipótese da criança poder se sentir testada - o
que poderia gerar certo nível de ansiedade frente às atividades, foi dito que se
tratava de um “jogo”, e não de um “teste” e que não seria necessário acertar tudo.
Cada tarefa foi precedida por um treino e cada item da tarefa pôde ser
realizado com duas tentativas. O treino teve como finalidade a compreensão da
tarefa, evitando que questões de semântica ou memória interferissem na realização
da tarefa propriamente dita. Caso o acerto ocorresse na primeira tentativa de
resposta, seriam computados dois pontos; se ocorresse na segunda, um ponto; e
zero, se a criança errasse em ambas as tentativas. A tarefa era suspensa quando
ocorressem três falhas sucessivas.
Pelo de fato de haver tarefas específicas indicadas por idade, considerou-se
também a idade do sujeito para a aplicação do teste. Foram consentidos recursos
como contar nos dedos, bater na mesa ou bater palmas para as crianças que ainda
não sabiam contar.
57
Cada item dentro de cada tarefa representa certo grau de complexidade,
então os pontos foram computados conforme as subdivisões de cada tarefa, com um
máximo de dez pontos para cada subtipo.
Não existindo critérios de aprovação e desaprovação na presente pesquisa,
todos os escores das crianças participantes da amostra foram considerados.
Para verificar se as variáveis sexo e bilingüismo foram fatores que interferiram
juntos ou isoladamente no desempenho das habilidades em CF realizou-se o teste
de Kruskal-Wallis com p=0,05, quando se comparou o desempenho entre os grupos
por tarefa realizada.
RESULTADOS
Na tabela 4.1, apresenta-se os resultados obtidos relacionando-se as
variáveis sexo e CF, no grupo de sujeitos bilíngües. Nessa análise, percebe-se a
superioridade das meninas bilíngües em relação aos seus pares monolíngües, na
maioria das habilidades em CF, com resultados significativos em duas tarefas.
A tabela 4.2 apresenta os resultados obtidos relacionando-se as variáveis
sexo e CF, no grupo de sujeitos monolíngües e mostra resultados equilibrados entre
meninos e meninas.
DISCUSSÃO
58
As duas tabelas do presente estudo, mostram que a tarefa de síntese silábica
com dissílabos e trissílabos (T4_dissílabos e trissílabos) foi realizada com 100% de
êxito por meninas e meninos encontrando resultados a dois estudos
37,5
que
utilizaram o mesmo instrumento de avaliação da CF que a presente pesquisa e
corroborando os resultados de um estudo
38
que utilizou outro instrumento de
avaliação da CF.
Correlacionando os resultados das habilidades em CF com a variável sexo,
um dos estudos citados acima
37
mostrou que ambos os sexos obtiveram 100% dos
acertos nas provas de síntese e segmentação silábica. Em outro estudo
5
, todos os
sujeitos obtiveram êxito na tarefa de síntese silábica com duas sílabas. Duas
pesquisas
39,37
observaram que ambos os sexos obtiveram 100% dos acertos nas
provas de síntese e segmentação silábica. Em outro estudo
10
, essas tarefas também
apresentaram uma média elevada de acertos. Verificando as tabelas deste estudo,
nota-se que meninos e meninas obtiveram escores altos, com 100% de acertos nas
tarefas síntese silábica com dissílabos e trissílabos (T4_dissílabos e trissílabos) e
nas tarefas de síntese silábica com quadrissílabos (T4_quadrissílabos) e
segmentação silábica (T5) aproximaram-se da totalidade de acertos.
A consciência silábica, que envolve habilidades como síntese e segmentação
silábica, é uma manipulação consciente e aparece antes da alfabetização e das
habilidades em consciência fonêmica
40
.
Observou-se (tabela 4.1) que as meninas bilíngües obtiveram desempenho
superior aos meninos bilíngües nas tarefas de segmentação de frases em palavras
(T1); realismo nominal (T2); detecção de rimas de dissílabos e trissílabos
(T3_dissílabos e trissílabos); síntese silábica de quadrissílabos (T4_quadrissílabos);
59
detecção de sílabas (T6); reversão silábica de quadrissílabos (T7_quadrissílabos);
exclusão de fonemas (T8); detecção de fonemas (T9); síntese fonêmica (T10);
segmentação fonêmica com seis e sete (T11_6 e 7 fonemas) e reversão fonêmica
(T12).
Houve significância estatística com vantagem para as meninas bilíngües nas
tarefas de detecção de rimas com trissílabos (T3_trissílabos) e ntese fonêmica
com quatro fonemas (T10_4 fonemas) - Tabela 4.1.
Esses resultados (Tabela 4.1) apontam a tendência feminina de lidar melhor
com a consciência fonêmica, ou seja, com as unidades menores, corroborando os
resultados de estudos recentes
7,8
, que também verificaram tal tendência nas
meninas.
A exclusão de fonemas (T8) e a reversão fonêmica (T12) são tarefas
complexas que exigem alto nível de consciência fonêmica
10
. Nota-se que as
meninas bilíngües (Tabela 4.1) foram soberanas no desempenho de todas as tarefas
de exclusão de fonemas (T8), sendo que o bilingüismo parece ter sido o fator que
reforçou os achados da variável sexo feminino.
Na análise da Tabela 4.2, não houve significância estatística no confronto
entre meninas e meninos monolíngües em nenhuma das tarefas de CF, os
resultados encontram-se mais equilibrados, mas ainda com tendência à
superioridade feminina, confirmando os achados da literatura
7,8
.
Os meninos monolíngües (Tabela 4.2) desempenharam melhor as tarefas de
segmentação de frases em seis e sete palavras (T1_6 e 7 palavras); realismo
nominal (T2); detecção de rima com dissílabos (T3_dissílabos); síntese silábica de
quadrissílabos (T4_quadrissílabos); segmentação silábica de trissílabos e
quadrissílabos (T5_trissílabos e quadrissílabos); detecção de sílabas inicial e final
60
(T6_inicial e final); reversão silábica de dissílabos e trissílabos (T7_dissílabos e
trissílabos); exclusão de fonemas final e medial (T8_final e medial); detecção de
fonemas inicial (T9_inicial); síntese quatro e seis fonemas (T10_4 e 6 fonemas) e
segmentação de três fonemas (T11_3 fonemas).
Outros estudos
41,42,43,44,45,4,46
que utilizaram um instrumento de avaliação da
CF diferente da presente pesquisa também mostraram não haver diferenças
significativas no desempenho de meninas e meninas nas habilidades em CF.
Quando comparadas, as tabelas 4.1 e 4.2 mostram que os meninos
mantiveram a vantagem apenas nas tarefas de segmentação silábica de trissílabos e
quadrissílabos (T5_trissílabos e quadrissílabos); reversão silábica de dissílabos
(T7_dissílabos); e segmentação fonêmica de três fonemas (T11_3 fonemas),
evidenciando maior facilidade com unidades maiores do que os fonemas.
A análise das duas tabelas corrobora os achados de uma recente pesquisa
8
quando indica a superioridade feminina nas tarefas de consciência fonêmica. Nas
duas tabelas houve um destaque constante das meninas nas seguintes tarefas:
segmentação de frases em duas, três, quatro e cinco palavras (T1_2, 3, 4 e 5
palavras), detecção de rima com trissílabos (T3_trissílabos), detecção de sílabas
medial (T6_medial), reversão silábica de quadrissílabos (T7_quadrissílabos),
exclusão de fonemas inicial (T8_inicial), detecção de fonemas final e medial
(T9_final e medial), síntese de três e cinco fonemas (T10_3 e 5 fonemas),
segmentação com seis e sete fonemas (T11_6 e 7 fonemas) e na reversão fonêmica
(T12).
Observa-se que a maior parte das tarefas citadas exigiu análise e requereu
graus de complexidade mais elevados, e o desempenho superior das meninas se
poderia tentar justificar com o argumento de que as habilidades em consciência
61
fonêmica são diretamente dependentes do domínio do código alfabético
10
e, parece
que o sexo feminino apresenta desenvolvimento mais rápido do código alfabético
7
,
que é melhor a habilidade feminina no aprendizado da linguagem escrita ou porque
a linguagem é processada de formas distintas no cérebro de masculino e feminino
43
.
Parece que o sexo masculino faria uso de um hemisfério de cada vez, enquanto que
o feminino usaria ambos simultaneamente
26
.
Desta forma, verificam-se semelhanças deste com a maioria dos estudos
quando aponta não haver muitas diferenças estatisticamente significativas quanto ao
desempenho de meninos e meninas nas tarefas de CF, mas indica o sexo feminino
como superior na análise qualitativa dos achados.
Ainda, o bilingüismo foi um fator que manteve os resultados destacados
anteriormente, evidenciando também a superioridade feminina no desempenho das
tarefas em CF. Salienta-se que o bilingüismo favoreceu a presença de resultados
estatisticamente significativos (tabela 4.1) não encontrados quando analisados
somente sujeitos monolíngües.
O estudo buscou colaborar com a literatura nacional ao incluir a variável
bilingüismo como tema de investigação e pretendeu instigar a necessidade da
continuidade de pesquisas futuras com amostras maiores e diferentes sistemas
lingüísticos.
CONCLUSÃO
Este estudo permitiu concluir que:
62
- uma tendência à superioridade feminina no desempenho das habilidades
em CF;
- as meninas bilíngües foram superiores aos meninos bilíngües na maioria
das tarefas de CF, com significância estatística na detecção de rima com dissílabos
(T3_dissílabos) e síntese fonêmica com quatro fonemas (T10_4 fonemas);
- houve equilíbrio estatístico nos resultados das habilidades em CF entre
meninas e meninos monolíngües.
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70
TABELAS
Tabela 4.1: Resultados obtidos entre as meninas e os meninos bilíngües no
desempenho das habilidades em consciência fonológica
TAREFA DE CF
MENINAS
BILÍNGÜES
MENINOS
BILÍNGÜES
média
Desvio-
padrão
média
Desvio-
padrão
p
T1_2 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,7083 1,9444 8,6086 2,4446 0,8855
T1_3 palavras (segmentação de frases em palavras) 9,0500 1,6050 8,1333 3,3352 0,9539
T1_4 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,4000 1,9303 8,2000 3,1892 0,5896
T1_5 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,5294 2,2393 8,3333 3,0251 0,8386
T1_6 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,8823 1,5363 8,0833 2,9682 0,5388
T1_7 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,2941 2,1437 7,5833 3,0289 0,4686
T2 (realismo nominal) 9,3333 1,2394 8,9565 1,223 0,1382
T3_dissílabos (dectecção de rima) 8,4583 1,7189 8,2727 1,6954 0,6411
T3_trissílabos (detecção de rima) 8,8750 1,6550 7,6363 1,6774
0,0087*
T4_dissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_trissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_quadrissílabos (síntese silábica) 10 0 9,9565 0,2085 0,3070
T5_dissílabos (segmentação silábica) 9,8333 0,4815 9,8695 0,4576 0,6908
T5_trissílabos (segmentação silábica) 9,5416 0,8329 9,6086 0,7827 0,7840
T5_quadrissílabos (segmentação silábica) 9,1250 1,6500 9,3478 1,1122 0,9370
T6_inicial (detecção de sílabas) 9,1666 1,4345 8,5909 1,8938 0,1634
T6_final (detecção de sílabas) 8,4166 1,7916 7,9545 2,2141 0,4476
T6_medial (detecção de sílabas) 8,3333 1,8097 7,7727 2,6173 0,5880
T7_dissílabos (reversão silábica) 8,1428 2,1974 8,1578 2,4779 0,7105
T7_trissílabos (reversão silábica) 7,5294 2,7412 7,8333 2,0816 0,9278
T7_quadrissílabos (reversão silábica) 6,1764 2,5306 4,9166 1,7298 0,1207
T8_inicial (exclusão de fonemas) 9,1764 1,8109 9 1,7580 0,7867
T8_final (exclusão de fonemas) 9,4705 0,8744 9,0833 1,2401 0,3681
T8_medial (exclusão de fonemas) 9,3529 1,5387 8,7500 1,5447 0,0670
T9_inicial (detecção de fonemas) 8,8333 1,7610 8,0909 2,1801 0,2245
T9_final (detecção de fonemas) 8,2380 1,8948 7,5263 2,4122 0,3262
T9_medial (detecção de fonemas) 8 2 6,7666 3,1217 0,2742
T10_3 fonemas (síntese fonêmica) 9,5882 0,6183 9,0833 1,3113 0,3989
T10_4 fonemas (síntese fonêmica) 9,5882 0,8702 8,5000 1,6787
0,0219*
T10_5 fonemas (síntese fonêmica) 7,7058 2,0237 6,4166 1,6213 0,0767
T10_6 fonemas (síntese fonêmica) 7,1764 2,1574 6,1666 1,1146 0,2237
T11_3 fonemas (segmentação fonêmica) 9,0588 1,5996 9,3333 0,9847 0,8340
T11_4 fonemas (segmentação fonêmica) 9,4117 1,2277 9,7500 0,8660 0,3129
T11_5 fonemas (segmentação fonêmica) 8,5294 2,2112 9,5833 1,1645 0,0891
T11_6 fonemas (segmentação fonêmica) 9 1,7056 8,6666 1,1180 0,2558
T11_7 fonemas (segmentação fonêmica) 9 1,4770 8,8888 1,8333 0,7821
T12_2 e 3 fonemas (reversão fonêmica) 7,6470 2,3168 6,4166 2,3532 0,1379
* Valor estatisticamente significante (Kruskal-Wallis com p=0,05)
71
Tabela 4.2: Resultados obtidos entre as meninas e os meninos monolíngües no
desempenho das habilidades em consciência fonológica
TAREFA DE CF
MENINAS
MONOLÍNGÜES
MENINOS
MONOLÍNGÜES
média
Desvio-
padrão
média
Desvio-
padrão
p
T1_2 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,3913 1,8766 8,0526 2,3445 0,8334
T1_3 palavras (segmentação de frases em palavras) 8,0952 2,1190 7,8823 1,7636 0,5370
T1_4 palavras (segmentação de frases em palavras) 7,9047 2,1425 7,5294 1,8411 0,4376
T1_5 palavras (segmentação de frases em palavras) 7,8333 2,7706 7,5882 2,6706 0,6597
T1_6 palavras (segmentação de frases em palavras) 6,8333 2,4793 7,1176 2,8697 0,6277
T1_7 palavras (segmentação de frases em palavras) 6 3,5809 6,7647 3,3824 0,5700
T2 (realismo nominal) 9 1,2060 9,2105 1,2727 0,4572
T3_dissílabos (dectecção de rima) 7,3913 2,2307 7,7222 2,0235 0,7987
T3_trissílabos (detecção de rima) 7,8695 2,0069 7,4444 1,8541 0,4156
T4_dissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_trissílabos (síntese silábica) 10 0 10 0 1,0000
T4_quadrissílabos (síntese silábica) 9,9130 0,2881 10 0 0,1931
T5_dissílabos (segmentação silábica) 9,9565 0,2085 9,7894 0,5353 0,2056
T5_trissílabos (segmentação silábica) 9,5652 1,2367 9,6842 0,7492 0,9008
T5_quadrissílabos (segmentação silábica) 9 1,8340 9,5263 1,2187 0,3023
T6_inicial (detecção de sílabas) 7,9565 2,0333 8,4444 1,9769 0,3500
T6_final (detecção de sílabas) 7,0434 2,2858 7,7222 2,2701 0,2874
T6_medial (detecção de sílabas) 6,6956 2,3048 6,7222 2,5622 0,8008
T7_dissílabos (reversão silábica) 7,1000 3,5377 7,3333 2,9305 0,8464
T7_trissílabos (reversão silábica) 5,4444 3,5016 5,4117 3,6065 0,9735
T7_quadrissílabos (reversão silábica) 3,9444 2,9400 3,9411 2,7719 0,9200
T8_inicial (exclusão de fonemas) 7,1111 4,0276 6,8823 3,4978 0,6293
T8_final (exclusão de fonemas) 7,7222 3,0254 8,0588 3,2686 0,6954
T8_medial (exclusão de fonemas) 7,5555 3,9440 7,7647 2,7957 0,3344
T9_inicial (detecção de fonemas) 7,3913 2,4259 8,0555 2,4845 0,3336
T9_final (detecção de fonemas) 7,0500 2,2589 6,4444 2,9149 0,6773
T9_medial (detecção de fonemas) 5,7777 3,3352 6,1176 2,8697 0,8810
T10_3 fonemas (síntese fonêmica) 8,0555 2,3129 7,5882 2,7399 0,5186
T10_4 fonemas (síntese fonêmica) 7,7777 2,5565 7,9411 2,3040 0,7229
T10_5 fonemas (síntese fonêmica) 5,3333 2,8284 5,1176 2,6192 0,6850
T10_6 fonemas (síntese fonêmica) 4,5000 3,3121 4,5882 2,9803 0,8277
T11_3 fonemas (segmentação fonêmica) 7,3888 3,8061 7,4705 2,8748 0,4043
T11_4 fonemas (segmentação fonêmica) 7,6666 3,8501 7,1764 2,8990 0,1135
T11_5 fonemas (segmentação fonêmica) 6,8333 4,2043 6,0588 3,2686 0,1643
T11_6 fonemas (segmentação fonêmica) 6,8461 3,5319 6 3,1269 0,3974
T11_7 fonemas (segmentação fonêmica) 6,9230 4,1324 5,6000 2,4585 0,1159
T12_2 e 3 fonemas (reversão fonêmica) 5 3,6299 4,8235 3,0462 0,8548
Kruskal-Wallis com p=0,05
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86
______. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: questões clínicas e
educacionais. Porto Alegre: Artmed; 2003. 173 p.
ANEXOS
88
Anexo 1
Autorização Institucional
(Res. MS nº 196/96)
As informações dispostas neste documento foram ministradas pelas
Fonoaudiólogas Helena Bolli Mota, Carla Aparecida Cielo e Sabrina Schützenhofer
Lasch, com a finalidade de explicar de forma concisa a natureza de sua pesquisa,
seus objetivos, todos, benefícios previstos, potenciais de riscos e possíveis
incômodos que esta possa vir a acarretar para os sujeitos participantes. Assim, fui
informado pelas referidas pesquisadoras sobre sua pesquisa, que tem como:
Título: ESTUDO COMPARATIVO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA DE
CRIANÇAS COM AQUISIÇÃO BILÍNGUE E MONOLÍNGUE DA LINGUAGEM
Objetivo: Comparar a consciência fonológica de crianças com aquisição bilíngüe
(português/alemão) da linguagem para crianças com aquisição monolíngüe da
linguagem em crianças entre 4 e 8 anos, do sexo feminino e masculino, estudantes
da rede pública e privada de Agudo/RS.
Benefícios:
Às escolas: A possibilidade de oferecer, sem custos, aos seus alunos os
serviços especializados de fonoaudiologia, na avaliação da consciência fonológica.
Aos sujeitos: Os resultados obtidos através deste estudo beneficiarão os
pacientes submetidos às avaliações com o retorno oferecido aos seus responsáveis
sobre suas condições de consciência fonológica e audição.
À fonoaudiologia: Através deste estudo, a pesquisa com crianças que
possuem aquisição bilíngüe e monolíngüe da linguagem será beneficiada pelo
aperfeiçoamento científico quanto à análise de resultados na avaliação das
habilidades de consciência fonológica. Contribuindo também para evolução da
pesquisa na área de saúde como um todo (Justificativa).
Procedimentos:
Primeiramente, será feito o contato com as escolas para verificar o interesse
das mesmas em participar da pesquisa. Nas escolas interessadas, será marcada
uma visita com o/a diretor (a), para explanação dos objetivos, justificativas,
89
benefícios, e procedimentos da pesquisa. Após o/a diretor (a) da escola estar ciente
das condições da pesquisa e assinar o presente termo de autorização institucional, o
passo seguinte será organizar, com a escola, a forma mais adequada de fazer
contato com os pais ou responsáveis por seus alunos. Nesse contato com os pais ou
responsáveis, serão esclarecidos os mesmos aspectos que foram colocados ao/a
diretor (a) da escola. Somente após os pais ou responsáveis que concordarem em
participar da pesquisa e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido,
terão seus filhos conduzidos a participar da pesquisa.
O passo seguinte será o encaminhamento de um questionário aos pais sobre
as condições gerais de desenvolvimento da linguagem de seus filhos. Depois de
retornado o questionário por parte dos pais e conforme os resultados, as crianças
que se enquadrarem dentro dos critérios de inclusão serão encaminhadas a uma
avaliação com a fonoaudióloga responsável pela pesquisa, realizada dentro da
própria escola. Essa avaliação constará da aplicação de uma triagem auditiva e de
um teste de tarefas de consciência fonológica e das noções de escrita construídas
pela criança.
No dia da aplicação do teste, as crianças serão retiradas, individualmente, da
sala de aula pela fonoaudióloga responsável por alguns minutos e dirigidas a uma
sala reservada para a avaliação. Na sala de exame, cada criança será instruída
sobre a atividade que será desenvolvida. Com uma linguagem simples, será
explicado que ela participará de um jogo, no qual não a necessidade de acertar
todas as respostas, que terá chances para treinar previamente a tarefa solicitada e
que terá a possibilidade de refazer a tarefa.
Todas as crianças que forem submetidas à testagem acima citada terão seus
laudos retornados aos seus pais sem que sejam revelados seus resultados à escola,
pelas pesquisadoras responsáveis, preservando assim o direito à privacidade de
informações das crianças e seus responsáveis.
Potenciais de riscos e possíveis desconfortos: Nesta pesquisa não estão
previstos riscos. Porém, como trata da aplicação de testes de longa duração, o aluno
poderá causar, sendo que a atividade seinterrompida para não prejudicar o grau
de concentração e desempenho.
Possibilidade de Desistência: A qualquer momento, qualquer das crianças, seus
pais ou responsáveis que estiverem participando da pesquisa podem desistir de
90
participar da mesma sem sofrer qualquer tipo de imposição, constrangimento ou
represália por parte das pesquisadoras.
Mediante os esclarecimentos recebidos das Fonoaudiólogas Helena Bolli
Mota, Carla Aparecida Cielo e Sabrina Schützenhofer Lasch,
eu______________________________________ autorizo a realização do presente
estudo com os alunos da escola _______________________________________,
da qual sou diretor (a), bem como a utilização por parte das pesquisadoras
responsáveis das dependências da escola, conforme minha orientação, para
realização dos procedimentos acima descritos. Afirmo que estou ciente de que os
dados deste estudo serão divulgados em meio científico, sem identificação dos
participantes.
Agudo, _____ de _______________________de 2006.
________________________________
Assinatura do diretor(a)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária a Autorização Institucional desta
escola.
Agudo, _____de _______________________de 2006.
________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa - CEP-UFSM
Av. Roraima, 1000 - Prédio da Reitoria andar Campus Universitário 97105-900 Santa
Maria-RS - tel.: (55) 32209362 - e-mail: comiteeticapesquisa@mail.ufsm.br
Com o pesquisador: Fonoaudióloga Sabrina Schützenhofer Lasch – CRFa/RS 8468
Rua Germano Hentschke, 676 - 96540-000 - Agudo/RS tel.: (55) 9952 0444 (55) 3265 2094 e-
mail: sabrinafon[email protected].
91
Anexo 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos
profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas)
Eu ............................................................................................................, na
qualidade de representante legal de
........................................................................................., autorizo-o a participar da
pesquisa realizada na Escola ..................................................., pela Fonoaudióloga
Sabrina Schützenhofer Lasch, visando comparar a consciência fonológica
(consciência sobre os sons da fala) de crianças com aquisição bilíngüe
(português/alemão) da linguagem com as crianças com aquisição monolíngüe da
linguagem (português).
Serão realizadas: exame da audição, exame da consciência que a criança
tem sobre os sons da fala (consciência fonológica) e das noções da escrita
construídas pela criança. Fica esclarecido, através deste, que todas as avaliações
citadas não acarretam ônus aos pais e que todas as crianças que forem submetidas
à testagem acima citada terão seus laudos retornados aos seus pais sem que sejam
revelados seus resultados à escola, pelas pesquisadoras responsáveis, preservando
assim o direito à privacidade de informações das crianças e seus responsáveis.
Autorizo também as Fonoaudiólogas Sabrina Schützenhofer Lasch, Helena Bolli
Mota e Carla Aparecida Cielo a utilizarem os dados da triagem de meu filho (a) para
pesquisas na área da fonoaudiologia. Declaro que fui informado de que será mantida
sob sigilo a identidade pessoal da criança e de sua família, e que o quaisquer
riscos para meu filho (a), a testagem podecansá-lo mas seinterrompida assim
que meu filho (a) manifestar o desejo de parar. Abaixo estão relatadas as seguintes
orientações que recebi por escrito através deste documento:
1) Assinarei este documento somente se autorizar a participação de meu filho
(a) neste estudo.
92
2) Terei garantidos a confidencialidade e o sigilo referentes à minha pessoa e
ao meu filho (a).
3) As avaliações serão realizadas na escola, no período escolar, não havendo
necessidade de deslocamento para outro local. As mesmas não causarão dor, mas
poderão cansar, então serão interrompidas assim que meu filho manifestar o desejo
de parar para que o grau de concentração apresentado não prejudique o seu
desempenho na testagem. Sendo assim, as atividades terão continuidade em outra
sessão.
5) A minha participação na pesquisa não é obrigatória. Concordando ou
recusando-me a participar, não serei prejudicado, nem mesmo meu filho (a). Posso
cancelar a participação na pesquisa a qualquer momento, se desejar. Nenhuma das
partes, ou seja, nem a pesquisadora e nem eu, deverá pagar qualquer quantia em
dinheiro um ao outro.
6) Os benefícios que meu filho (a) terá ao participar deste estudo serão
receber três avaliações (da audição, fonoaudiológica e de escrita) sem custo algum,
além de receber orientação de acordo com os resultados. O meu filho precisará
somente ausentar-se da aula pelo tempo necessário à testagem, voltando para
imediatamente após o término da mesma ou quando meu filho desejar.
Autorizo a divulgação da pesquisa em eventos científicos, desde que
respeitando o sigilo pessoal, e declaro que me sinto absolutamente livre e
esclarecido ao assinar este consentimento.
Santa Maria, _____de _______________________de 2006.
___________________________________________ _____________
Assinatura do sujeito de pesquisa/representante legal N. identidade
93
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação
neste estudo.
Santa Maria, _____de _______________________de 2006.
________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa - CEP-UFSM
Av. Roraima, 1000 - Prédio da Reitoria andar Campus Universitário 97105-900 Santa
Maria-RS - tel.: (55) 32209362 - e-mail: comiteeticapesquisa@mail.ufsm.br
Com o pesquisador: Fonoaudióloga Sabrina Schützenhofer Lasch – CRFa/RS 8468
Rua Germano Hentschke, 676 - 96540-000 - Agudo/RS tel.: (55) 9952 0444 (55) 3265 2094 e-
mail: sabrinafon[email protected].
94
Anexo 3
PROTOCOLO DE TAREFAS DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
NOME: ___________________________________________________________________________
ESCOLA:_________________________________________________________________________
DATA DE NASCIMENTO: ____/____/____ DATA DA APLICAÇÃO:____/____/____IDADE:________
1) DIVIDIR AS FRASES EM PALAVRAS: TREINO: -PEDRO CAIU. - O LEÃO MORDE.
DUAS PALAVRAS
1ªT
2ªT
TRÊS PALAVRAS
1ªT
2ªT
QUATRO
PALAVRAS
1ªT
2ªT
OI MAMÃE! O COPO QUEBROU.
O SUCO ESTÁ
DOCE.
BRUNA GRITOU.
ESTAMOS TE
ESPERANDO.
O RECREIO FOI
ÓTIMO.
ALÔ GAROTINHO! O GATO ARRANHA.
A PROFESSORA
ESTÁ ZANGADA.
BEM FEITO! COMO SE FAZ?
PAPAI COMPROU
UM CARRO.
JÁ AGRADECI! PERTO DO MURO.
EU E MAMÃE
SAÍMOS.
CINCO PALAVRAS
1ªT
2ªT
SEIS PALAVRAS
1ªT
2ªT
SETE PALAVRAS
1ªT
2ªT
A CHAVE TRANCOU
A PORTA.
O VOVÔ MORA NO
PRÉDIO AZUL.
OS GATOS MIAM E
OS CACHORROS
LATEM.
A CALÇA RASGOU
NO JOELHO.
ESTAMOS
PENSANDO EM
TOMAR
CHOCOLATE
QUENTE.
A GELADEIRA
ESTRAGOU E O
GELO DERRETEU.
EU FUI AO CINEMA
ONTEM.
MEU PRIMO TEM
UM CAVALO
PRETO.
O VASO QUEBROU
E A PLANTA
MURCHOU.
A MOCHILA ESTÁ
MUITO CHEIA.
MEUS LÁPIS DE
COR SÃO LINDOS.
A GAIOLA ABRIU E
O PASSARINHO
VOOU.
PENSEI QUE VOCÊ
NÃO VINHA.
O FILME DO REI
LEÃO ACABOU.
NÃO PUDE
BRINCAR COM A
BICICLETA ONTEM.
2) EU VOU DIZER DUAS PALAVRAS. QUAL É A MAIOR? PENSE NO TAMANHO DA PALAVRA E
NÃO NO TAMANHO DA COISA. TREINO: - trem / mosquito - martelo / lápis
PALAVRAS
1ªT 2ªT
ELEFANTE / PINTO
PIA / SABONETE
CAVALO / MÃO
TARTARUGA / ÔNIBUS
UNHA / PANELA
95
3) DETECÇÃO DE RIMAS: EU VOU DIZER TRÊS PALAVRAS. DUAS RIMAM E UMA NÃO. QUAL
PALAVRA NÃO RIMA? TREINO:- LATA, MEDO, DEDO - CHUPETA, BIGODE, ROLETA
DISSÍLABOS
1ªT 2ªT
TRISSÍLABOS
1ªT 2ªT
PENTE, SUCO, DENTE PERUCA, BIGODE, MUTUCA
MOLA , GOLA, POTE BANQUETA, CHUPETA, REPÓRTER
PAPEL, BACIA, MACIA ÁRVORE, BERINGELA, PANELA
PLANTA, MATO, JANTA CENOURA, CABELO, VASSOURA
PEITO, JEITO, GOLA ARMÁRIO, ROSÁRIO, GALINHA
4) EU VOU FALAR COMO UM ROBÔ. ADIVINHE A PALAVRA QUE O ROBÔ DIZ.
TREINO: CO-PO -SA-PA-TO
DISSÍLABOS
1ªT 2ªT
TRISSÍLABOS
1ªT 2ªT
QUADRISSÍL.
1ªT 2ªT
PA-TO CA-BE-ÇA BI-CI-CLE-TA
SO-PA SOL-DA-DO CHO-CO-LA-TE
LEI-TE PA-LI-TO ES-PE-TI-NHO
LA-GO SOR-VE-TE CA-PA-CE-TE
GE-LO LE-GU-ME E-LE-VA-DOR
5) AGORA VOCÊ VAI FALAR COMO UM ROBÔ. TREINO: - TAPA - COLEGA
DISSÍLABOS
1ªT 2ªT
TRISSÍLABOS
1ªT 2ªT
QUADRISSÍL.
1ªT 2ªT
SUCO CALADO OMELETE
COLHER CABELO ELEFANTE
PREGO SACADA BORBOLETA
OVO MACACO TARTARUGA
FACA COBERTOR MACACADA
6) EU VOU DIZER TRÊS PALAVRAS. DUAS COMEÇAM OU TERMINAM COM O MESMO
PEDACINHO OU TÊM O MESMO PEDACINHO DO MEIO E UMA NÃO. QUAIS PALAVRAS
COMEÇAM OU TERMINAM COM O MESMO PEDACINHO OU TÊM O MESMO PEDACINHO DO
MEIO? TREINO: - MOLA, BOCA, BOBO - PALA, BELA, MOTO - MULATO, BONITA,
COLADA
INICIAL
1ªT 2ªT
FINAL
1ªT 2ªT
MEDIAL
1ªT 2ªT
CAMA, LATA,
LÁPIS
CO, SOCO,
LATA
MALUCO, PELUDO,
SACADA
BOLA, SINO,
BOTE
POTE, SACI,
BATE
MENSAGEM, CANETA,
PASSADO
VACA, VASO,
LUPA
PATO, SALA,
MOLA
BARRIGA, PALITO,
TERRÍVEL
MESA, COPO,
COLA
CAÇA, MASSA,
CÔCO
CEREJA, MORENA,
SAPATO
SUCO, PELE,
SUJO
LADO, SACI,
DEDO
CINEMA, MOLEQUE,
SONETO
7) EU VOU DIZER OS PEDACINHOS DAS PALAVRAS DE TRÁS PARA FRENTE. TENTE
COLOCAR NA ORDEM PARA ADIVINHAR A PALAVRA. TREINO: - LA-SA - CO-SA-CA
DISSÍLABOS
1ªT 2ªT
TRISSÍLABOS
1ªT 2ªT
QUADRISSÍL.
1ªT 2ªT
PO-CO ÇA-BE-CA TA-CLE-CI-BI
TO-PRA DO-DA-SOL TE-LA-CO-CHO
CHO-GAN TE-VE-SOR NHO-TI-PE-ES
LO-GE ME-GU-LE TE-CE-PA-CA
TE-LEI RA-DU-VER RA-SSO-FE-PRO
96
8) SE EU TIRAR O ... DE ... SOBRA...? TREINO: - TIRAR O /Z/ DE GELA - TIRAR O /K/ DE
CANA
INICIAL
1ªT 2ªT
FINAL
1ªT 2ªT
MEDIAL
1ªT 2ªT
/Z/ DE GEMA /R/ DE SAIR /S/ DE RESTO
/P/ DE POMAR /W/ DE SOL /S/ DE PASTA
/L/ DE LATA /R/ DE CAÇAR /R/ DE PARTE
/K/ DE CAMA /S/ DE PÉS /R/ DE CORTA
/R/ DE REI /A/ DE COMERÁ /N/ DE MANTA
9) EU VOU DIZER TRÊS PALAVRAS. DUAS COMEÇAM OU TERMINAM COM A MESMA
LETRINHA OU TÊM A MESMA LETRINHA DO MEIO E UMA NÃO. QUAIS PALAVRAS COMEÇAM
OU TERMINAM COM A MESMA LETRINHA OU TÊM A MESMA LETRINHA DO MEIO?
TREINO: -MATO, GELO, MICO - MAR, LUA, VER
INICIAL
1ªT
2ªT
FINAL
1ªT 2ªT
MEDIAL
1ªT 2ªT
FACA, TIRO,FOGO TIRO, VACA, FOGO
LAR, SIM, TAL
VASO,GELO,JOGO VASO,GEMA,CALA COR, MEL, PÉS
VACA, VILA, PATO XALE,BOTE,GOMA CARTA,PORCO,COSME
TAPA, BOLA, TUDO
CANA, SACO,VACA
ISCA, ARMA, ESTE
SACI, BOCA, BEBÊ GARI, PATO, SOCO
CÉU, GOL, POR
10) AGORA EU VOU FALAR COMO UM ROBÔ, TENTE ADIVINHAR A PALAVRINHA.
TREINO: - L-U-A -K-A-Z-A
3 FON.
T
T
4 FON.
T
T
5 FON.
T
T
6 FON.
T
T
7 FON.
T
T
S-Ó-W M-A-T-O
T-Ã-M-P-A S-A-P-A-T-O A-R-M-A-R-I-O
M-A-W J-E-L-O L-E-I-T-E S-E-R-E-J-A E-S-T-Ã-N-T-E
É-L-A S-A-P-O M-A-R-I-A T-O-M-A-T-E S-E-N-O-U-R-A
Ã-N-A L-I-X-O L-A-R-G-O D-O-E-N-T-E E-S-T-R-A-D-A
R-U-A F-A-C-A K-A-R-T-A M-A-C-A-C-O M-A-S-K-A-R-A
11) AGORA EU VOU DIZER A PALAVRINHA E VOCÊ VAI DIZÊ-LA COMO O ROBÔ. TREINO: -
LUA -CASA
3 FON.
T
T
4 FON.
T
T
5 FON.
T
T
6 FON.
T
T
7 FON.
T
T
PAW BÓLA RÉSTO MOLÉKE LAGARTA
MÉW TACO PÓRTA CABELO KADEIRA
KAY VACA SÉRTO BARRIGA LOTERIA
VIW DADO BRASO ÓKULOS ABÓBORA
SÉW GATO LIVRO PLÃNTA FORMIGA
12) VAMOS DIZER AS PALAVRAS DE TRÁS PARA FRENTE PARA VER NO QUÊ DÁ?
2 E 3 FONEMAS
1ª T
2ª T
4 A 5 FONEMAS
1ª T
2ª T
RÊS (SER) ROMA (AMOR)
MISS (SIM) ASSIM (MISSA)
OVA (AVÓ/Ô) RIAS (SAIR)
AI (IA) ROTA (ATOR)
ALHO (OLHA) OMAR (RAMO)
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