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T4 M: aqui no Recife’’
T5 S: sim/ aqui
T6 M: na semana passada
...
A pergunta foi de fato colocada em T3, sendo que T1 não havia sido entendida por
M., de modo que T2 funcionou muito mais como um pedido de repetição [...] T3
será respondida em T6, ou seja, após a seqüência inserida T4-T5.
2
Os conceitos básicos da estruturação local da conversação natural já foram
apresentados, mas a AC ainda apresenta discussões sobre a organização conversacional
global. Em geral, a conversação é estruturada em três seções: abertura, desenvolvimento e
fechamento.
A seção de abertura apresenta normalmente o contato inicial, com os cumprimentos
ou algo semelhante, vindo então a seção com o desenvolvimento do tópico ou dos
tópicos e, finalmente, as despedidas ou saídas do tema geral, perfazendo a seção de
fechamento. Obviamente, também aqui se verificam subdivisões, como pré-
aberturas, seções tópicas distintas e pré-fechamentos (MARCUSCHI, 2003, p. 53).
Finalmente, há ainda ponderações importantes sobre os tipos de marcadores da
conversação. É interessante salientar que a conversação se organiza em turnos tanto
estruturalmente quanto lingüisticamente, portanto, seus marcadores se diferenciam dos do
texto escrito, pois não têm apenas uma função sintática, mas também têm uma função
comunicativa, conversacional.
Marcuschi (2003, p. 61) apresenta três tipos de marcadores conversacionais
(MC): verbais, não verbais e supra-segmentais. Dionísio (2006, p. 89) já os classifica em
marcadores conversacionais lingüísticos (verbais e prosódicos) e paralingüísticos (não-
verbais). A classificação de Dionísio é mais adequada, uma vez que os MC supra-segmentais
são também lingüísticos, o que torna a de Marcuschi contraditória. Apesar de nomenclatura
diferente, os autores citados classificam os mesmos recursos conversacionais.
Os MCs verbais, conjunto de partículas, palavras, sintagmas, expressões
estereotipadas e orações ou ainda expressões não-lexicalizadas (‘ahã’, ‘uhrum’, ‘ué’)
‘não contribuem propriamente com informações novas para o desenvolvimento do
tópico, mas situam-no no contexto geral, particular ou pessoal da conversação’
(MARCUSCHI, 2003, p. 62). Os MCs prosódicos (chamados também de supra-
segmentais), apesar de sua natureza lingüística, são de caráter não-verbal (os
contornos entonacionais, as pausas, o tom de voz, o ritmo, a velocidade, os
alongamentos de vogais etc.). Dentre eles se destacam as pausas e o tom de voz
como sendo os mais importantes para as análises das conversações. Já os MCs
paralingüísticos ou não-verbais estabelecem, mantêm e regulam a interação, por
meio de risos, olhares, gestos, meneios de cabeça (DIONISIO, 2006, p. 89).
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T significa turno e as duas aspas finais indicam um sinal de entoação interrogativa. Maiores detalhes sobre a
transcrição podem ser encontrados em Marcuschi (2003, p. 10-13).