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Universidade Federal do Cear´a
Ricardo Oliveira Gon¸calves
Espalhamento Raman em cristais de
L-alanina deuterados sob press˜ao
Fortaleza CE
Julho / 2008
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Copyright 2008 Ricardo Oliveira Gon¸calves.
Este documento ´e distribu´ıdo nos termos da licen¸ca descrita no arquivo LICENCA que o
acompanha.
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Ricardo Oliveira Gon¸calves
Espalhamento Raman em cristais de
L-alanina deuterados sob press˜ao
Disserta¸ao submetida `a Coordena¸ao do
Curso de os-Gradua¸ao em F´ısica, da Uni-
versidade Federal do Cear´a, como requisito
parcial para a obten¸ao do grau de Mestre
em F´ısica.
Orientador:
Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire
Co-orientador:
Prof. Dr. Josu´e Mendes Filho
Fortaleza CE
Julho / 2008
Disserta¸ao de Mestrado sob o t´ıtulo “Espalhamento Raman em cristais de L-alanina
deuterados sob press˜ao”, defendida por Ricardo Oliveira Gon¸calves e aprovada em 11 de
julho de 2008, em Fortaleza, Cear´a, pela banca examinadora constitu´ıda pelos doutores:
Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire
Departamento de F´ısica - UFC
Orientador
Prof. Dr. Josu´e Mendes Filho
Departamento de F´ısica - UFC
Prof. Dr. Cla´udio arcio Rocha Rem´edios
Departamento de F´ısica - UFPA
Dedico esta disserta¸ao a meus pais, minhas irm˜as e meus sobrinhos.
Agradecimentos
Dedico meus sinceros agradecimentos para:
O meu criador, e criador do universo, nosso eterno Deus, por ter me dado sa´ude,
for¸ca e vigor para concluir este trabalho.
Ao professor doutor Paulo de Tarso Cavalcante Freire, por ter me orientado e ter me
ajudado na realiza¸ao deste trabalho. Tamb´em fico agradecido por ter sido meu professor
em algumas disciplinas, e tamb´em por ser uma excelente p essoa, ele ao foi somente
professor e orientador, mas sim um grande amigo. Que Deus lhe e em dobro tudo o que
fez por mim.
Ao professor doutor Josu´e Mendes Filho, por ter me apoiado neste trabalho e sua
co-orienta¸ao, tamb´em por ter sido um pai para mim neste departamento, por ter sido
meu amigo, e por ter me ajudado sempre que prescisei. Jamais irem esquecer tudo o que
ele fez por mim. Que Deus lhe e em dobro tudo o que desejar de bom o seu cora¸ao.
Ao profess or doutor Antˆonio Gomes Souza Filho, que foi o primeiro a me aceitar no
grupo, eu creio do fundo do meu cora¸ao que ele tem uma parcela de participa¸ao neste
trabalho, pois o seu ato de me aceitar no grupo de espalhamento Raman implicou na
realiza¸ao deste trabalho. Realmente se trata de um grande f´ısico em uma terra de cao
batido como o nosso cear´a. ao jovem e ao brilhante. Tamb´em fica o meu agradecimento,
o meu respeito e a minha admira¸ao.
`
A professora doutora Maria Marl´ucia Freitas Santiago, por ser uma execelente pro-
fessora e pesquisadora. Tamb´em por ser uma pessoa de excelente cora¸ao, seu sorriso
sempre radiante me inspira alegria e calma.
`
A ela Deus lhe dˆe muitos anos de vida.
Ao Jos´e Alves, por ter me ajudado com as medidas e a plotagem dos gr´aficos dos
resultados das medidas Raman.
Quero agradecer ao pessoal da secretaria de gradua¸ao e os-gradua¸ao, especial-
mente `as seguintes funcion´arias: Creusa, Vera, Rejane Ramos Coelho, Ana Cleide, dona
Luiza, Armando, Elias.
Quero agradecer ao pessoal da Biblioteca de F´ısica, pelos seus trabalho prestados `a
este Departamento.
Quero lembrar tamem dos seguintes amigos: Adelmo Santiago Sabino e Juscilene
Stˆenio dos Santos, Arian Paulo, Herminio, Bartolomeu, Daniel Matos, Francisco, Eder,
Reginaldo, Tib´erio, Cleˆanio da Luz Lima, Saulo Davi Soares e Reis, Danila Tavares,
C´esar Rodrigues, Gardˆenia Souza Pinheiro, Jo˜ao Damasceno, Nizomar, Clenilton, Michel,
Gilberto Dantas Saraiva, Pascoal, Roberto Vinhaes, Roberto Lima, Ana Tereza, S´ergio,
George Frederick, Roger, Handrey, prof Rog´erio (in memorian), Andrey e muitos outros
o qual sempre ter˜ao um lugar especial em minhas lembran¸cas.
Quero tamb´em agradecer `a todos os professores o Departamento que participaram
da minha forma¸ao acadˆemica.
Tamb´em os meus since ros agradecimento ao prof. doutor Cl´audio arcio Rocha
Rem´edios pela participa¸ao em minha banca.
Quero agradecer tamb´em `a prof
a
. Heloisa Nunes Bordallo do Hahn - Meitner -
Institut de Berlim pelas amostras de L-alanina deuterada.
Quero tamb´em agradecer ao CNPq, por ter financiado este projeto.
“O saber ao basta, temos de o aplicar. A vontade ao basta, temos de atuar”
Goethe
Resumo
Nesta Disserta¸ao ao apresentados os resultados oriundos do estudo do efeito da
aplica¸ao de press˜ao hidrost´atica sobre cristais de L-alanina deuterada. A L-alanina
´e um dos vinte amino´acidos formadores das prote´ınas, sendo entre os quirais o mais
simples deles. A L-alanina cristaliza-se numa estrutura ortorrˆombica (D
4
2
) com quatro
mol´eculas por elula unit´aria formando uma complexa rede de sete diferentes liga¸oes
de hidrogˆenio. Quando press˜ao ´e aplicada a um cristal de amino´acidos ocorre a aprox-
ima¸ao das mol´eculas com a consequente varia¸ao nas distˆancias e ˆangulos das liga¸oes
de hidrogˆenio, eventualmente obrigando a estrutura a ir para uma nova simetria.
Investigou-se nesta Disserta¸ao o c omportamento dos espectros Raman da L-alanina
deuterada na regi˜ao espectral entre 50 e 2500 cm
1
para press˜oes variando entre 0 e 6
GPa. Al´em do usual comportamento do desvio da freq¨uˆencia de quase todos os modos para
altos valores, observou-se tamb´em descontinuidades nas freq¨uˆencias de modos internos e
modos externos para valores de press˜ao em 1,5 e 4,5 GPa. Estas descontinuidades foram
interpretadas como sendo consequˆencias de transi¸oes de fase estruturais de uma estrutura
ortorrˆombica para uma estrutura tetragonal e, a seguir, para uma estrutura monocl´ınica
em analogia ao que ocorre com a L-alanina ao deuterada. O comportamento do modo
de tor¸ao da estrutura ND
3
tamb´em foi estudado e uma analogia do seu comportamento
com aqueles observados na L-alanina, na L-treonina e na taurina em termos das dimens ˜oes
das liga¸oes de hidrogˆenio tamb´em ´e fornecida.
Abstract
In this dissertation we present of Raman spectroscopy on deuterated L-alanine crystals
under hydrostatic pressure. L-alanine is one of twenty proteic amino acids, and among
them it is the simplest chiral one. L-alanine crystallizes in an orthorhombic (D
4
2
) structure
with four molecules per unit cell, forming a complex network of seven hydrogen bonds.
When one applies pressure on an amino acid crystal the distances between molecules are
changed and, eventually, the crystal goes to a new structure with different symmetry.
In this work we present the Raman spectra of deuterated L-alanine in the 50 - 2500
cm
1
spectral region with pressures changing from 0 to 6 GPa. Beyond the conven-
tional frequency blue shift of almost all modes, we observed frequency discontinuities of
both internal and external modes at 1,5 and 4,5 GPa. These discontinuities were inter-
preted as structural phase transitions undergone by deuterated L-alanine crystal from
the orthorhombic to the tetragonal, and from the tetragonal to a monoclinic symmetry,
respectively. This suggestion is based on previous results on non - deuterated L-alanine.
The behavion of torcional vibration of ND
3
was also studied and a comparison with
studies on L-alanine, L-threonine and taurine crystals (related with dimensions of hydro-
gen bonds) is also given.
Sum´ario
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Introdu¸ao p. 15
1 Aspectos Toricos p. 18
1.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
1.2 Amino´acidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
1.3 Espectroscopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
1.4 Hist´orico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
1.5 Espectroscopia Raman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
1.6 Teoria do espalhamento Raman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21
2 A L-alanina p. 27
2.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27
2.2 L-alanina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
3 Procedimento Experimental p. 32
3.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32
3.2 Medidas de Espectroscopia Raman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32
3.3 Espectrˆometro de Espalhamento Raman . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32
3.4 Fontes de Radia¸ao Monocrom´atica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
3.5 Ilumina¸ao da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
3.6 Sistema Dispersante ou Monocromador . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
3.7 Dispositivos de Detec¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
3.8 Medidas de altas press˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica . p. 36
4 Estudo do Espalhamento Raman em policristais de L-alanina total-
mente deuterados em fun¸ao da press˜ao p. 43
4.1 Introdu¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44
5 Conclus˜oes p. 75
6 Referˆencias p. 76
Lista de Figuras
1 Esquema geral de um amino´acido de radical R qualquer. . . . . . . . . p. 19
2 Forma zwitterion de um amino´acido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
3 Esquema mostrando as formas catiˆonica, zwitterion e aniˆonica dos aminoˆacidos
quando expostos a solu¸oes de PH ´acido, neutro e alcalino, respectivamente. p. 24
4 Os vinte amino´acidos que participam da s´ıntese de prote´ınas classifica-
dos segundo a polaridade de seus radicais: a)Amino´acidos hidrof´obicos
b)Amino´acidos hidrofilicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
5 Continua¸ao. c)Amino´acidos ´acidos d)Amino´acidos asicos. . . . . . . . p. 26
6 Detalhe da liga¸ao da ponte de hidrogˆenio O-H- N[12]. . . . . . . . . . . p. 30
7 Nomenclatura para os ´atomos da mol´ecula da alanina[12]. . . . . . . . p. 30
8 Carta de correla¸ao para os cristais de L-alanina. . . . . . . . . . . . . p. 31
9 Diagrama em blocos para a realiza¸ao dos experimentos de espalhamento
Raman. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
10 Espectrˆometro usado nas medidas de espalhamento Raman `a temper-
atura ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
11 Esquema do cilindro focal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
12 Arranjo de focaliza¸ao do laser na amostra. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
13 Sistema dispersante t´ıpico para medida Raman em alta resolu¸ao. . . . p. 40
14 Monocromador t´ıpico com sistemas de grades de difra¸ao para o estudo
dos espectros Raman. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
15 Representa¸ao esquem´atica de uma c´elula de press˜ao a extremos de dia-
mante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
16 Representa¸ao esquem´atica do interior de uma elula de press˜ao a ex-
tremos de diamantes e um corte lateral da gaxeta onde fica localizada
durante os experimentos. Sobre e sob a gaxeta encontram-se os dia-
mantes e dentro do orif´ıcio ao colocados a amostra, o rubi e o meio
compressor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
17 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada na press˜ao ambiente
para o intervalo de 0 a 650 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45
18 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente
para o intervalo de 650 a 1250 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
19 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente
na regi˜ao espectral entre 1250 e 1750 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
20 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente
no intervalo espectral entre 2000 a 2500 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . p. 49
21 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de compress˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm
1
. entre as press˜oes
de 0,3 e 5,5 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
22 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de abaixamento de press˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm
1
. entre
as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 54
23 Gr´afico de evolu¸ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de aumento de press˜ao para o intervalo de
2050 a 2400 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55
24 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm
1
entre as press˜oes de
0,3 e 5,5 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 57
25 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de descompress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm
1
entre as press˜oes
de 4,57 e 0,13 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58
26 Gr´afico de evolu¸ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a
1700 cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 59
27 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de compress˜ao para o intervalo de 650 a 1250 cm
1
. entre as press˜oes de
0,3 e 5,5 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 61
28 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento
de descompress˜ao para o intervalo de 650 a 1200 cm
1
. entre as press˜oes
de 4,57 e 0,13 GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 62
29 Gr´afico de evolu¸ao a freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 700 a 1250
cm
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 63
30 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 200 e 650 cm
1
para os valores de press˜ao entre 0,3 e 5,5 num
experimento de aumento de press˜ao GPa. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 66
31 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 200 e 650 cm
1
para os valores de press˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa
num experimento baixando-se a press˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 67
32 Gr´afico de evolu¸ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada na regi˜ao espec tral entre 200 e 700 cm
1
num experimento
aumentando-se a press˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 68
33 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 75 e 200 cm
1
para os valores press˜ao entre 0,3 e 5,5 GPa num
experimento aumentando-se a press˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 69
34 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 75 e 200 cm
1
para os valores descompress˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa
num experimento aumentando-se a press˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . p. 70
35 Gr´afico de evolu¸ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada na regi˜ao espec tral entre 100 e 200 cm
1
num experimento
aumentando-se a press˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 71
Lista de Tabelas
1 s´ımbolo dos amino´acidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
2 Tabela de caracteres para o grupo D
2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29
3 Freq¨encia dos modos da L-alanina-d7 `a press˜ao ambiente . . . . . . . p. 50
4 Valores de ω
0
e α para os ajustes lineares do tipo ω = ω
0
+αP dos modos
Raman na regi˜ao espectral entre 100 e 2400 cm
1
. . . . . . . . . . . . p. 74
15
Introdu¸ao
O estudo de materiais diversos sob condi¸oes de altas press˜oes tem atra´ıdo a aten¸ao
de arios pesquisadores nos ´ultimos anos. Isto se deve principalmente `as arias possibili-
dades de se entender sistemas e mecanismos que ao inacess´ıveis sem a introdu¸ao deste
parˆametro termodinˆamico. Por exemplo, efeitos quˆanticos no gelo sob altas press˜oes [1] ou
solubilidade de gases nobres em silicatos do manto terrestre [2] o foram entendidos ap´os
a cria¸ao de ecnic as experimentais e te´oricas que permitiram abordar estes problemas
mais complexos.
Nos ´ultimos quinze anos, entretanto, os temas abordados por investiga¸ao de altas
press˜oes superou em muito os assuntos relacionados aos elementos e substˆancias de inter-
esse mineral´ogico. Atualmente, praticamente todos os tipos de materiais em sido investi-
gados sob condi¸oes extremas de press˜ao. Entre esses materiais as substˆancias orgˆanicas
(alimentos, corantes, bact´erias, prote´ınas, amino´acidos) tˆem recebido um destaque espe-
cial.
Os amino´acidos ao os constitu´ıntes asicos das prote´ınas de todos os seres vivos.
Estes amino´acidos se dividem em essenciais e ao essenciais.
No que diz respeito mais especificamente aos amino´acidos, um dos quais ´e assunto
desta disserta¸ao, o primeiro trabalho realizado sob alta press˜ao foi no cristal de L-
asparagina monohidratada, onde as propriedades vibracionais foram investigadas por meio
de espalhamento Raman [3]. O segundo cristal de amino´acido a ser estudado sob altas
press˜oes foi exatamente o cristal de L-alanina (n˜ao-deuterado) num estudo publicado no
ano de 2000 [4]. Neste estudo, realizado atrav´es de medidas de espectroscopia Raman,
descobriu-se que o cristal sofre uma transi¸ao de fase estrutural em cerca de 2,1 GPa;
mais detalhes sobre esta transi¸ao de fase ser˜ao fornecidos adiante.
Na virada do milˆenio iniciou-se um estudo sistem´atico dos cristais de amino´acidos
submetidos `a altas press˜oes em diversos laborat´orios em torno do mundo. Fora os estudos
realizados no Departamento de F´ısica da UFC, a literatura mostra que investiga¸oes
variadas foram efetuadas em laborat´orios da R´ussia,
`
India e Esc´ocia. Assim, descobriu-
se, por exemplo, que o cristal de amino´acido prot´eico mais simples, a α-glicina, ´e est´avel
Introdu¸ao 16
at´e press˜oes ao altas quanto 23 GPa [5]. Este fato contrasta fortemente com o observado
na L-asparagina monohidratada, onde no intervalo de 0 a 2 GPa foi poss´ıvel a constata¸ao
da existˆencia de trˆes diferentes transi¸oes de fase.
O quadro apresentado mostra a diversidade de aspectos que podem ser encontrada
quando investiga¸oes nestes materiais ao efetuados. De fato, para uma mesma substˆancia
complexos diagramas de fases p odem ser esperados. Para os mais simples dos amino´acidos,
a glicina, que na sua forma α ´e e st´avel at´e 23 GPa como a comentado, observa-se que
a forma β apresenta uma transi¸ao de fase e m 0,76 GPa [6,7], a forma γ transforma-se
acima de 1,9 GPa [7,8] e a forma ζ pode ser obtida pela decompress˜ao de fase δ [9-11].
Ou seja, por si o a investiga¸ao dos cristais de amino´acidos sob press˜oes pode justificar
o estudo de outros cristais de amino´acidos.
Nesta diserta¸ao estudou-se policristais de L-alanina completamente deuterada sob
press˜ao. Al´em do interesse intr´ınseco de se estudar esta forma sob condi¸oes extremas
ainda a um fato que ´e um incentivo adicional `a investiga¸ao deste material. Recente-
mente descobriu-se que a L-alanina completamente deuterada apresenta uma transi¸ao
de fase a baixas temperaturas, enquanto que a L-alanina ao deuterada ao mostra esta
mudan¸ca de uma forma clara [12]. Justifica-se a diferen¸ca de comportamento atraes do
efeito Ubbel¨ohde, segundo o qual substˆancias deuteradas apresentam liga¸oes de hidrogˆenio
mais longas. A quest˜ao que foi colocada na presente disserta¸ao ´e: uma vez que foram
descobertas mudan¸cas estruturais sob press˜ao na L-alanina ao deuterada, seria poss´ıvel
o efeito Ubbel¨ohde produzir modifica¸oes nestas transi¸oes de fase?
Em suma, nosso trabalho consiste em exercemos sobre a amostra uma press˜ao hidrost´atica
onde nosso meio compressor utilizado ser´a o nujol. Existe a hip´otese de haver alguma
transi¸ao, pois sabe-se que em um cristal deuterado as liga¸oes de hidrogˆenio deuterados
ao mais longas que as liga¸oes de hidrogˆenio normal [13,14]. Este ´e o conhecido efeito
Ubbelohde, e tem sido muito investigado na f´ısica do estado olido. Tamb´em sabe-se que
a press˜ao hidrost´atica diminui a distˆancia intermolecular e interatˆomica entre os ´ıons e
mol´eculas da amostra, o qual eventualmente for¸ca uma mudan¸ca na estrutura do cristal.
Nosso trabalho consiste na verifica¸ao da ocorrˆencia de transi¸oes de fase na estrutura.
Esta diserta¸ao est´a dividida da seguinte forma. No cap´ıtulo 1 fazemos uma abor-
dagem dos amino´acidos descrevendo suas formas e suas propriedades f´ısicas. No cap´ıtulo
2 nos concentramos na L-alanina, onde discutimos todas as suas propriedades bem como
fazemos a sua teoria de grupo. No cap´ıtulo 3 falaremos sob o aparato experimental uti-
lizado nos experimentos, onde nos concentramos no aparelho para a obten¸ao do espectro
Introdu¸ao 17
Raman e a gaxeta onde foi colocada a nossa amostra.
No cap´ıtulo 4 ao fornecidos os resultados, bem como uma discuss˜ao cr´ıtica sobre os
mesmos. No cap´ıtulo 5, encerrando o trabalho, apresentaremos as conclus˜oes e pespectivas
de trabalhos futuros.
18
1 Aspectos Toricos
1.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo faremos uma abordagem, sobre os amino´acidos, descrevendo suas for-
mas e tamb´em suas propriedades f´ısicas. Tamem falaremos um pouco sobre a t´ecnica do
espalhamento Raman, que foi o etodo experimental utilizado para se analizar os modos
vibracionais do material sob estudo.
1.2 Amino´acidos
A Figura 1 mostra a ormula estrutural geral dos vinte amino´acidos comumente e ncon-
trados nas prote´ınas, tamem chamados de amino´acidos prot´eicos. Todos, com exce¸ao da
prolina, tˆem como fator comum um grupamento carbox´ılico livre (COOH) e um amino-
grupo livre ao substitu´ıdo, no ´atomo de carbono α. Eles diferem uns os outros na
estrutura de suas cadeias laterais distintas, denominadas grupamentos R (radical).
O radical ´e o principal respons´avel pelas diferen¸cas existentes entre os amino´acidos,
entre as quais podemos destacar: varia¸ao da estrutura, tamanho da mol´ecula, carga
el´etrica e influˆencia na solubilidade em ´agua.
Pelo fato de conter na mesma mol´ecula tanto um ´acido como uma base e sabendo que
entre essas fun¸oes ocorre uma rea¸ao qu´ımica, os amino´acidos em geral se apresentam em
uma forma de ´ıon dipolar conhecido comumente como zwitterion, onde o grupo carbox´ılico
perde um hidrogˆenio para o grupo amina que se torna amˆonia [13] (ver figura 2).
Os amino´acidos ao usualmente designados por s´ımbolos de trˆes letras, por´em um
conjunto de s´ımbolos de uma letra tamb´em foi adotado para facilitar a apresenta¸ao
comparativa das seq¨encias de amino´acidos (ver tabela 1).
Na verdade, a forma predominante dos amino´acidos est´a relacionado com o pH da
solu¸ao em que ele estiver contido. Em solu¸oes muito ´acidas, os amino´acidos se apresen-
1.2 Amino´acidos 19
Tabela 1: s´ımbolo dos amino´acidos
Amino´acido S´ımbolo de trˆes letras s´ımbolo de uma letra
Alanina Ala A
Arginina Arg R
Asparagina Asn N
´
Acido asp´artico Asp D
Ciste´ına Cys C
Glutamina Gln Q
´
Acido Glutˆamico Glu E
Glicina Gly G
Histidina His H
Isoleucina Ile I
Leucina Leu L
Lisina Lys K
Metionina Met M
Fenilalanina Phe F
Prolina Pro P
Serina Ser S
Treonina Thr T
Triptofano Trp W
Tirosina Tyr Y
Valina Val V
tam principalmente na forma de ations o qual ´e representado pelo grupo amˆonia (NH
3
).
Em solu¸oes com alta alcalinidade se apresentam como ˆanions, sendo representados pelo
grupo carbox´ılico (COO
1
). Em valores de pH intermedi´arios os ´ıons dipolares possuem
concentra¸ao axima e as concentra¸oes dos ˆanions e ations ao iguais.
Finalmente, as figuras 3, 4 e 5 apresentam, respectivamente, as diferentes formas
onicas apresentadas pelos amino´acidos e as formas moleculares das 20 mol´eculas de
amino´acidos prot´eicos.
Figura 1: Esquema geral de um amino´acido de radical R qualquer.
1.3 Espectroscopia 20
Figura 2: Forma zwitterion de um amino´acido.
1.3 Espectroscopia
A espectroscopia diz respeito `a intera¸ao da radia¸ao com a mat´eria, sendo o prin-
cipal objetivo a determina¸ao dos n´ıveis de energia de ´atomos, mol´eculas ou cristais. O
espalhamento Raman consiste do espalhamento inel´astico de radia¸ao de origem eletro-
magn´etica monoc rom´atica que interage com as mol´eculas. No espalhamento Raman uma
radia¸ao de origem geralmente na regi˜ao do vis´ıvel, interage com a mol´ecula e sofre um es-
palhamento sendo que a freq¨encia de espalhamento ´e ligeiramente diferente da radia¸ao
incidente. Esta radia¸ao espalhada traz consigo informa¸oes preciosas sobre os n´ıveis
energ´eticos do sistema em estudo.
1.4 Hist´orico
O efeito Raman foi previsto teoricamente por Smekal em (1923). No entanto, a
observao e interpreta¸ao correta foi feita pela primeira vez por C. V. Raman e K.S.
Krishnan tamb´em em 1923, na
´
India. Independente e simultaneamente na R´ussia, Grigory
Landsberg e Leonid Mandelstam deram contribui¸oes semelhantes, por´em trabalhando
com quartzo. A t´ecnica ficou internacionalmente conhecida como Raman.
1.5 Espectroscopia Raman
Quando radia¸ao eletromagn´etica incide sobre uma amostra ela poder´a ser absorvida
se a energia da radia¸ao incidente corresponder `a separa¸ao de dois n´ıveis de energia do
´atomo ou mol´ecula em quest˜ao. A origem de uma freq¨encia modificada encontrada no
espalhamento Raman pode ser explicada em termos da energia transferida entre o sistema
espalhado e a radia¸ao incidente. Quando um sistema interage com radia¸ao de freq¨encia
ν
0
ele poder´a fazer uma transi¸ao de um n´ıvel de energia mais baixo E
1
para um mais
alto E
2
.
1.6 Teoria do espalhamento Raman 21
Esta energia requerida poder´a ser considerada como sendo provida p ela aniquila¸ao
de um oton da radia¸ao incidente de energia hν
0
e a simultˆanea cria¸ao de um oton de
menor energia E
f
> E
0
, tal que um espalhamento de baixa freq¨encia ´e observado.
Alternativamente, a intera¸ao da radia¸ao com o sistema poder´a c ausar uma transi¸ao
de um n´ıvel de energia mais alto para outro n´ıvel mais baixo (E
2
E
1
). Novamente,
como no processo anterior, um oton da radia¸ao incidente de energia hν
0
´e aniquilado,
mas neste instante existe a cria¸ao simultanˆea de um oton de maior energia (
0
+ ),
tal que o espalhamento de radia¸ao de n´umero de onda mais alto ocorre [16].
1.6 Teoria do espalhamento Raman
Quando radia¸ao de freq¨uˆencia ν
0
incide sobre um sistema (que no caso pode ser
qualquer tipo de mat´eria, ou um as ) parte desta radia¸ao poder´a ser absorvida pelos
´atomos ou mol´eculas do sistema o qual passam a vibrar com a mesma freq¨uˆencia ν
0
da
radia¸ao incidente ou com outra freq¨uˆencia caracter´ıstica do sistema. Da´ı podemos dar o
nome de espalhamento ao processo de colis˜ao de otons de energia h ν
0
, com as mol´eculas
do sistema.
Existem dois tip os de espalhamentos : o el´astico e o inel´astico. No espalhamento
el´astico, a mol´ecula atingida pelo oton da radia¸ao incidente ao vibra e o oton espal-
hado conserva toda a sua energia. No inel´astico, parte da energia do oton incidente ´e
absorvida pela mol´ecula o qual passa a vibrar. Neste caso, a energia do f ´oton diminui. O
espalhamento Raman ´e um tipo de espalhamento inel´astico e o espalhamento el´astico ´e
chamado de espalhamento Rayleigh.
O parˆametro que determina o grau de espalhamento quando radia¸ao incide sobre a
mat´eria ´e a polarizabilidade α. A polarizabilidade ´e uma medida do grau de afastamento
do centro da nuvem e letrˆonica negativa em rela¸ao ao n´ucleo. Em geral, a polarizabilidade
´e uma propriedade anisotr´opica, o que significa que, a iguais distˆancias do centro da
mol´ecula α poder´a ter diferentes magnitudes quando medidas em diferentes dire¸oes.
No espalhamento Raman a radia¸ao incidente induz um momento de dipolo
P ao
qual est´a relacionado ao c ampo el´etrico pela equa¸ao:
P = α
E , (1.1)
onde nesta caso α que ´e a polarizabilidade da mol´ecula, ´e um tensor de segunda ordem
1.6 Teoria do espalhamento Raman 22
cujas componentes tˆem unidade de CV
1
m
2
e
E ´e o vetor do campo el´etrico da radi¸ao
incidente.
Vamos agora considerar o significado do tensor de polarizabilidade o qual relaciona
os vetores
P e
E . A equa¸ao a seguir implica que as magnitudes das componentes de
P
est˜ao relacionadas com as componentes de
E da seguinte maneira:
P
x
= α
xx
E
x
+ α
xy
E
y
+ α
xz
E
z
(1.2)
P
y
= α
yx
E
x
+ α
yy
E
y
+ α
yz
E
z
(1.3)
P
z
= α
zx
E
x
+ α
zy
E
y
+ α
zz
E
z
, (1.4)
os novos coeficientes α
ij
ao chamados as componentes do tensor de polarizabilidade α.
Este tensor ´e sim´etrico ou seja:
α
xy
= α
yx
; α
xz
= α
zx
; α
yz
= α
zy
(1.5)
Vamos agora desenvolvermos α em uma erie em torno da coordenada q que ´e a
coordenada normal do sistema:
α = α
0
+ (
dq
)q + ..., (1.6)
onde fizemos a aproxima¸ao at´e a primeira ordem. Vamos agora supor que uma radia¸ao
monocrom´atica dada por
E =
E
0
cos(2πν
0
t) e tamb´em a coordenada q seja dada por um
termo oscilat´orio do tipo q = q
0
cos(2πν
v
t) onde neste caso ν
v
e tamb´em ν
0
ao, respe cti-
vamente, a freq¨encia vibracional e a da radia¸ao incidente. Agora vamos substituir estas
duas express˜oes dentro de (1.2) e (1.3) ent˜ao teremos:
P = α
0
E
0
cos(2πν
0
t) + (
dq
)q
0
E
0
cos(2πν
o
t)cos(2πν
v
t) (1.7)
onde usando uma indentidade trigonom´etrica conhecida teremos:
P = α
0
E
0
cos(2πν
0
t) + (
dq
)q
0
E
0
[cos[2π(ν
o
+ ν
v
)t] + cos[2π(ν
0
ν
v
)t]] (1.8)
Observemos agora que obtivemos trˆes freq¨encias diferentes. O primeiro termo cont´em
a freq¨enc ia da radia¸ao incidente, o qual ´e conhecido como espalhamento Rayleigh,
1.6 Teoria do espalhamento Raman 23
que ´e justamente a parte que corresponde ao espalhamento el´astico. As outras duas
correspondem respectivamente, ao espalhamento Raman anti-Stokes e ao espalhamento
Raman Stokes.
1.6 Teoria do espalhamento Raman 24
Figura 3: Esquema mostrando as formas catiˆonica, zwitterion e aniˆonica dos
aminoˆacidos quando expostos a solu¸oes de PH ´acido, neutro e alcalino, respectivamente.
1.6 Teoria do espalhamento Raman 25
Figura 4: Os vinte amino´acidos que participam da s´ıntese de prote´ınas classificados
segundo a polaridade de seus radicais: a)Amino´acidos hidrof´obicos b)Amino´acidos
hidrofilicos.
1.6 Teoria do espalhamento Raman 26
Figura 5: Continua¸ao. c)Amino´acidos ´acidos d)Amino´acidos asicos.
27
2 A L-alanina
2.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo iremos discutir alguns aspectos relacionados ao amino´acido L-alanina
destacando aqueles relacionados com as propriedades vibracionais do material.
2.2 L-alanina
Muitos estudos em sido realizados em cristais de L-alanina nos ´ultimos anos. Isto
decorre do fato deste amino´acido (entre os vinte amino´acidos existentes) ser o mais simples
quiral. Total aten¸ao ´e dada `as liga¸oes de hidrogˆenio, pois nas mol´eculas de prote´ınas
essas liga¸oes desempenham um grande papel nas suas conforma¸oes.
Diversos estudos em sido realizados acerca dos cristais de L-alanina. Tais cristais a
foram submetidos `a diversas ecnicas experimentais, como estudo de espalhamento Raman
`a altas temperaturas, estudo de espalhamento Raman `a altas press˜oes, difra¸ao de raios
X, difra¸ao de eutrons e muitos outros.
A L-alanina tem uma simetria ortorrˆombica com quatro mol´eculas por c´elula unit´aria
com um grup o espacial P 2
1
2
1
2
1
(D
2
4
) e paramˆetros de c´elula unit´aria a = 6.023, b =
12.343 e c = 5.784
˚
A, Z=4.
A mol´ecula ´e encontrada no cristal na forma zwitterion CH
3
CH(NH
+
3
)COO
e todos
os trˆes ´atomos de hidrogˆenio do grupo amino formam liga¸oes de hidrogˆenio com os trˆes
vizinhos mais pr´oximos. Pois ao justamente estas liga¸oes que ao importantes para a
estrutura cristalina dos amino´acidos.
Modos com freq¨encias acima de 200 cm
1
em cristais mol´eculares ao classificados de
uma forma geral como modos internos, o que implica que est˜ao associados a vibra¸oes de
partes da mol´ecula. Modos de baixa freq¨encia (o qual ao os modos de freq¨encia abaixo
de 200 cm
1
) ao denominados de modos externos, podendo ser associados, embora ao
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 28
necessariamente, a vibra¸oes da rede[14].
Na figura 6 vemos a mol´ecula de L-alanina junto com as suas liga¸oes de hidrogˆenio,
os quais ao substituidas por at´omos de deut´erio no processo de deutera¸ao. Este processo
torna mais fracas aindas as liga¸oes. Na figura 7 vemos a mol´ecula de L-alanina na sua
forma tridimensional, sendo observado o carbono α no centro da mol´ecula.
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina
Existem arias formas de estudar a distribui¸ao das vibra¸oes de um cristal quanto a
sua simetria. Uma delas consiste na utiliza¸ao de tabelas que facilitam a determina¸ao
das regras de sele¸ao para as transi¸oes vibracionais. A aten¸ao ´e dada ao grupo local,
com cada simetria sendo obtida sem a an´alise detalhada do elemento de simetria na c´elula
unit´aria cristalogr´afica ou da tabela de correla¸ao do Porto [15].
A L-alanina cristaliza-se no grupo D
2
4
, dando origem a 156 modos normais de vi-
bra¸ao. Para o alculo destes modos devemos lembrar que a mol´ecula de L-alanina ´e
composta de 13 ´atomos, e que cada ´atomo tendo trˆes graus de liberdade enao teremos
um total de 39 modos vibracionais para a mol´ecula. Como temos quatro mol´eculas por
c´elula unit´aria ent˜ao teremos um total de 156 modos normais de vibra¸ao. Da tabela 6A
da ref. [15] vemos que na c´elula unit´aria existem apenas s´ıtios de simetria C
1
ocupados
por 4 ´atomos C
1
(4). Da tabela 6B [15] vemos que os ´atomos nos s´ıtios C
1
ao origem
a modos translacionais em todos as quatro represe nta¸oes irredut´ıveis do grupo D
2
. A
distribui¸ao dos modos em termos de representa¸oes irredut´ıveis do grupo fator D
2
´e dada
por:
Γ = 39A + 39B
1
+ 39B
2
+ 39B
3
,
onde neste caso estamos considerando tanto os modos ´opticos como ac´usticos. Olhando
para a tabela de caracteres do grupo D
2
(Tabela 2), teremos que os modos ac´usticos ser˜ao
dados por:
Γ
acustico
= B
1
+ B
2
+ B
3
descontando estes modos ac´usticos da distribui¸ao total dos modos da L-alanina ent˜ao a
distribui¸ao dos modos ´oticos ´e como segue:
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 29
Γ
Opticos
= 39A + 38B
1
+ 38B
2
+ 38B
3
,
onde 132 destes modos ao associados com as vibra¸oes internas e os 21 modos restantes
ao modos externos (translacionais mais libracionais):
Γ = 6A + 5B
1
+ 5B
2
+ 5B
3
.
Tabela 2: Tabela de caracteres para o grupo D
2
D
2
E C
z
2
C
y
2
C
x
2
atividade no IR atividade no Raman
A 1 1 1 1 α
xx
, α
yy
, α
zz
B
1
1 1 -1 -1 T
z
;R
z
α
z
xy
B
2
1 -1 1 -1 T
y
;R
y
α
y
xz
B
3
1 -1 -1 1 T
x
;R
x
α
x
yz
Da tabela de caracteres para o grupo D
2
(tabela 2) vemos que onons com simetria A
ao ativos no Raman, mas inativos no infravermaelho e onons com simetria B ao ativos
no Raman e no infravermelho. Os elementos de tensor para a simetria A ao xx, yy, zz;
xy para B
1
; xz para B
2
e yz para B
3
.
A Figura 8 mostra a carta de correla¸ao completa para o cristal de L-alanina[12].
Nela est´a impl´ıcito que as vibra¸oes internas das unidades NH
3
ou CO
2
, por exemplo,
aparecer˜ao isoladamente numa de terminada representa¸ao. Sabe-se que isto ao ´e com-
pletamente correto [12]. Uma vibra¸ao que ´e classificada como tor¸ao do NH
3
, para citar
apenas um exemplo, na verdade corresponde `a tor¸ao desta unidade mais outras vibra¸oes
secund´arias, como deforma¸ao do esqueleto C - C - N, etc. De qualquer forma a carta de
correla¸ao mostra claramente que devido ao fato da mol´ecula estar em s´ıtio de simetria
C
1
, todas as vibra¸oes aparecem nas 4 diferentes representa¸oes irredut´ıveis[12].
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 30
Figura 6: Detalhe da liga¸ao da ponte de hidrogˆenio O-H-N[12].
Figura 7: Nomenclatura para os ´atomos da mol´ecula da alanina[12].
2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 31
Figura 8: Carta de correla¸ao para os cristais de L-alanina.
32
3 Procedimento Experimental
3.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo descreveremos a parte experimental, onde falaremos sobre os equipa-
mentos usados nas medidas de espalhamento Raman, al´em da c´elula de press˜ao onde a
amostra foi colocada, bem como a forma de obten¸ao da amostra.
3.2 Medidas de Espectroscopia Raman
O diagrama em blocos da Figura 8 mostra os componentes de um equipamento
necess´ario para a observao de um espectro Raman. O sistema ´e constitu´ıdo de uma
fonte de radia¸ao monocrom´atica, um dispositivo apropriado para suportar a amostra,
um espectrˆometro para dispers˜ao da radia¸ao espalhada, e um dispositivo de detec¸ao
da luz que pode ser de natureza fotogr´afica, de natureza fotoel´etrica ou de natureza de
cargas acopladas (CC D).
Na figura 9 temos o espectrˆometro usado na obten¸ao dos espectros Raman da L-
alanina totalmente deuterada ´e apresentado.
3.3 Espectrˆometro de Espalhamento Raman
As medidas de espalhamento Raman apresentadas nesta diserta¸ao foram realizadas
utilizando-se um sistema micro - Raman preparado para a geometria de retroespalhamento
num espectrˆometro triplo da Jobin - Yvon T64000 equipado com uma CCD (coupled
charge device), o qual ´e resfriado `a nitrogˆenio l´ıquido.
Para excita¸ao do espalhamento Raman usamos um laser de argˆonio operando na
linha 514,5 nm. A figura 9 mostra o espectrˆometro usado nas medidas de espalhamento
Raman. A potˆencia do feixe na sa´ıda do laser foi de 300 mW. O feixe do laser foi focalizado
3.4 Fontes de Radia¸ao Monocrom´atica 33
utilizando-se um microsc´opio OLYMPUS B H-2 equipado com uma lente de distˆancia
focal f=20,5 mm e abertura num´erica de 0,35. Consegue-se com esta configura¸ao um
”spot”com diˆametro da ordem de 1 µm. Este diˆametro pode ser calculado utilizando-se
a seguinte ormula:
D =
1, 22λ
NA
(3.1)
onde λ ´e o comprimento de onda da luz usada no experimento. Entre as medidas da
luminescˆencia do rubi e a obten¸ao dos espectros Raman da amostra, ao realizarmos uma
press˜ao sobre a amostra, tinhamos que esperar um tempo para que houvesse um per´ıodo
de relaxamento da gaxeta met´alica.
Os dados obtidos foram arquivados em um computador que se encontra conectado ao
espectrˆometro, de onde pudemos observar o primeiros gr´aficos utilizando as plataformas
ORIGIN e Peakfit.
3.4 Fontes de Radia¸ao Monocrom´atica
Os requerimentos essenciais de uma fonte para a excita¸ao do espectro Raman ao
aqueles que sejam altamente monocrom´atico (isto ´e, tenham uma estreita largura de linha)
e seja de alta potˆencia. Os lasers em geral possuem estes requisitos, e adicionalmente
provˆeem, uma radia¸ao que ´e auto-colimada e plano polarizada. Muitos lasers de as
podem prover um n´umero discreto de n´umeros de onda vari´aveis, enquanto que os lasers
de corante podem prover uma excita¸ao com comprimento de onda sintoniz´avel em um
intervalo limitado. Com o aux´ılio de uma lente convergente, um feixe laser pode ser
focalizado para produzir na amostra um feixe de diˆametro muito pequeno. O feixe de
pequeno diˆametro estende-se sobre um comprimento curto antes de come¸car a divergir
outra vez. Essa regi˜ao na qual o feixe ´e concentrado ´e chamado de cilindro focal (ver
Figura 10). As considera¸oes de difra¸ao impedem o volume deste cilindro tender a zero.
O diˆametro D e o comprimento L do cilindro focal ao dados por:
D =
4λf
πd
(3.2)
D =
16λf
2
πd
2
(3.3)
3.5 Ilumina¸ao da amostra 34
onde λ ´e o comprimento de onda da radia¸ao do laser, d o diˆametro do feixe do laser ao
focalizado e f a distˆancia focal das lentes.
3.5 Ilumina¸ao da amostra
Existem arias maneiras de iluminar a amostra e coletar a radia¸ao espalhada para
an´alise no espectrˆometro. Na maioria dos casos a amostra ´e colocada no lado de fora da
cavidade do laser. Dois arranjos t´ıpicos ao mostrados na figura 11. No primeiro arranjo
o laser ´e focalizado na amostra por uma lente L1. A luz espalhada a 90
0
´e focalizada no
espectrˆometro usando uma lente L2. No segundo aparato a lente L1 focaliza o feixe de
laser na amostra, e a lente L2 a radia¸ao espalhada ´e focalizada no sistema dispersante.
O espelho oncavo M2 virtualmente dobra o ˆangulo olido da radia¸ao espalhada para o
sistema dispersante.
O espelho oncavo M1 retransmite o feixe de laser atrav´es do foco na amostra, au-
mentando a intensidade efetiva de ilumina¸ao por cerca de dez vezes o volume do cilindro
focal no qual existe alta irradiˆancia do feixe de laser focado ´e somente da ordem de 10-5
cm
3
. Em princ´ıpio somente amostras suficientes para preencher este c´ılindro focal ao
necess´arios, e para espalhamentos fortes sempre volumes pequenos poderiam ser sufi-
cientes. Esse principio ´e usado nos equipamentos de microscopia Raman. Apenas uma
pequena fra¸ao da potˆencia de dentro da cavidade do laser ´e emitida atrav´es do ´ultimo
espelho.
3.6 Sistema Dispersante ou Monocromador
As caracter´ısticas dos sistemas dispersantes dependem se este ser´a usado para res-
olu¸ao de linhas individuais nas bandas Raman de rota¸ao e rota¸ao-vibra¸ao, ou para
o estudo de bandas vibracionais sob condi¸oes de resolu¸ao moderada. Em ambos os
tipos de investiga¸ao, o sistema dispersante ´e invariavelmente baseado em uma grade de
difra¸ao.
Um sistema t´ıpico ´e mostrado na Figura 12. Os espelhos oncavos ao usados para
colimar a radia¸ao antes da dispers˜ao na grade (ver figura 13) e refocaliz´a-la ap´os a
dispers˜ao no detector que pode ser uma fotomultiplicadora ou uma CCD. Para uma
posi¸ao fixa da grade de difra¸ao, apenas um intervalo de comprimentos de onda atinge
o detector. Dessa forma o espectro ´e obtido girando a grade de difra¸ao.
3.7 Dispositivos de Deteao 35
3.7 Dispositivos de Detec¸ao
Em um espect´ografo o detector ´e uma placa fotogr´afica. Em um espectrˆometro o
detector ´e uma fotomultiplicadora ou uma CCD. Este processo de multiplica¸ao de el´etrons
faz com que a fotomultiplicadora e o CCD sejam muito adequada para a detec¸ao de sinais
de luz de baixa intensidade.
3.8 Medidas de altas press˜oes
A press˜ao ´e uma vari´avel termodinˆamica, que como a temperatura, pode ser usada
como um parˆametro para a observao da ocorrˆencia de mudan¸cas na energia de um
sistema que seja submetido `a altas compress˜oes.
Existem dois tipos de m´etodos de aplica¸ao de press˜ao, sendo uma uniaxial, e outra
hidrost´atica. Na press˜ao uniaxial existe a possibilidade de se atingir press˜oes que ultra-
passem a rigidez mecˆanica do material levando `a destrui¸ao da amostra em estudo. Na
press˜ao hidrost´atica usamos um l´ıquido compressor o qual exerce uma press˜ao igual em to-
dos os pontos da amostra. Neste etodo existe uma redu¸ao das distˆancias interatˆomicas
e a conseq¨uente redu¸ao do volume. Esta redu¸ao do volume implica em um trabalho
realizado sobre a amostra o que leva a um aumento na energia interna do sistema.
Em amostras cristalinas, o efeito do aumento de energia do sistema leva os ´atomos do
cristal `a uma configura¸ao em que miniminize a energia do cristal para aquela dada c on-
figura¸ao, preservando (nem sempre) a simetria que o cristal possu´ıa antes da aplica¸ao
da press˜ao. Existe por´em uma situa¸ao limite onde a simetria da estrutura ao ´e con-
servada, ou seja, a energia ao consegue mais ser minimizada ao serem atigindos altos
valores de press˜ao. Neste caso os ´atomos da estrutura da amostra eem-se obrigados a
se organizar em uma configura¸ao que possibilite a minimiza¸ao da energia do sistema.
Assim, podemos esperar que a amostra sofra uma transi¸ao de fase estrutural.
Durante o aumento de press˜ao observa-se no espectro Raman uma diminui¸ao da
intensidade do espectro. Este ´e o comportamento geral da maioria dos materiais. Geral-
mente, esta perda de intensidade est´a relacionada `a perda de luz espalhada devido `as
heterogeneidades induzidas pelo gradiente de press˜ao[16].
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 36
3.9 Procedimentos expe rimentais para as medidas de
press˜ao hidrost´atica
Para as medidas de altas press˜oes hidrost´aticas foi utilizada uma cela de press˜ao do
tipo bigorna com diamantes (DAC). Esta cela de press˜ao foi confeccionada pela prof
a
olia Lemos, sendo que o intervalo de press˜oes suportada por esta cela varia de 0 a
9 GPa. As figuras 14 e 15 mostram o esquema deste tipo de cela de press˜ao onde os
n´umeros indicam os componentes asicos para que se possa entender os procedimentos
experimentais. Este equipamento ´e constitu´ıdo dos seguintes elementos:
1. Um parafuso principal;
2. Algumas arruelas e uma alavanca;
3. Um diamante inferior;
4. Um diamante superior;
5. Uma gaxeta met´alica;
6. Uma cavidade (no interior da gaxeta).
O parafuso principal ´e o respons´avel direto pelo controle da press˜ao durante a execu¸ao
do exp erimento. Ao aumentarmos a press˜ao devemos ter muito cuidado, pois a press˜ao
ao aumenta linearmente com o n´umero de voltas do parafuso. Devemos ap´os cada aperto
angulo de giro) sobre o parafuso, esperarmos pela acomoda¸ao das arruelas, que faz com
que resultem em incrementos na press˜ao bastante diferentes.
As arruelas, a alavanca e mais alguns perif´ericos, ao os respons´aveis pela transmiss˜ao
de press˜ao aos diamantes. Estes por sua vez ao os componentes de maior valor do
equipamento, pois como sabemos, apesar da sua alta dureza, os diamantes podem sofrer
danos irreparav´eis no caso de exercemos uma press˜ao excessiva sobre a cela de press˜ao
resultando no trincamento e quebra do diamante. Os diamantes ao os respons´aveis diretos
(via fluido transmissor de press˜ao) pela aplica¸ao da press˜ao sobre a amostra. Eles ao
desenhados de modo que a ´area de contato com a gaxeta seja a menor poss´ıvel. Quanto
menor for a ´area de contato, maior a press˜ao efetiva sobre a gaxeta e, por conseguinte,
sobre a amostra[16].
A gaxeta ´e uma pca met´alica feita de co inoxid´avel, no interior da qual colocamos
a amostra junto com o l´ıquido transmissor que exercer´a a press˜ao sobre a amostra. Esta
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 37
pca ´e confeccionada de modo a ficar com dimens˜oes e 1,0 cm X 1,0 cm X 1,0 cm. Em
seguida ´e aberta uma cavidade de 200 µm de diˆametro onde ficar´a a amostra, utilizando-se
de uma broca apropriada. Existe tamem um outro processo para a abertura da cavidade
que ´e a fus˜ao `a laser. Por´em, o proceso de fus˜ao `a laser gera detritos originados da
carboniza¸ao do material, o qual devem ser removidos por meio da aplica¸ao de ultra-
som. A gaxeta ´e posta entre os diamantes durante a montagem do experimento e sofre
deforma¸oes consider´aveis no decorer do mesmo. Esta pca ao pode ser reaproveitada
para outro experimento, devendo ser substitu´ıda. A press˜ao entre a gaxeta e os diamantes
impede a sa´ıda do flu´ıdo transmissor de press˜ao.
O flu´ıdo transmissor de press˜ao hidrost´atica mais usado ´e composto de uma mistura
de metanol e etanol na propor¸ao de quatro por¸oes de metanol para um de etanol. Para
realizarmos a press˜ao hidrost´atica utilizamos como meio compressor ´oleo mineral nujol,
de modo a evitarmos problemas com a ´agua sobre a amostra deuterada.
Durante o processo de montagem dos experimentos os diamantes devem ser cuida-
dosamente alinhados e limpos utilizando-se para isto uma agulha, papel e acetona, para
evitarmos que a luz do laser seja obstru´ıda por part´ıculas microsc´opicas resultantes de su-
jeira ou corpos estranhos na superf´ıcie da amostra. Ap´os o processo de limpeza, a gaxeta
´e colocada sobre o diamante inferior; a amostra ´e colocada cuidadosamente no interior da
cavidade e o l´ıquido transmissor de press˜ao ´e colocado na cavidade com a ajuda de uma
seringa. Este trabalho deve ser feito com muito cuidado e destreza, pois o escoamento
do l´ıquido transmissor de press˜ao ocorre muito rapidamente, e a imprecis˜ao dos passos
anteriores pode ocasionar o surgimento de bolhas de ar no interior da cavidade que, por
sua vez, ir˜ao interferir no experimento [16].
Como o diamante e o l´ıquido compressor ao transparente, o feixe de laser passa por
uma abertura e atinge o l´ıquido compressor bem como o diamante, atingindo a amostra
[16].
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 38
Figura 9: Diagrama em blocos para a realiza¸ao dos experimentos de espalhamento
Raman.
Figura 10: Espectrˆometro usado nas medidas de espalhamento Raman `a temperatura
ambiente.
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 39
Figura 11: Esquema do cilindro focal.
Figura 12: Arranjo de focaliza¸ao do laser na amostra.
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 40
Figura 13: Sistema dispersante t´ıpico para medida Raman em alta resolu¸ao.
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 41
Figura 14: Mono cromador t´ıpico com sistemas de grades de difra¸ao para o estudo dos
espectros Raman.
Figura 15: Representa¸ao esquem´atica de uma elula de press˜ao a extremos de diamante.
3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´a tica 42
Figura 16: Representa¸ao esquem´atica do interior de uma elula de press˜ao a extremos
de diamantes e um corte lateral da gaxeta onde fica localizada durante os experimentos.
Sobre e sob a gaxeta encontram-se os diamantes e dentro do orif´ıcio ao colocados a
amostra, o rubi e o meio compressor.
43
4 Estudo do Espalhamento
Raman em policristais de
L-alanina totalmente
deuterados em fun¸ao da
press˜ao
4.1 Introdu¸ao
Neste cap´ıtulo iremos abordar o estudo que fizemos sobre policristais de L-alanina
totalmente deuterados em fun¸ao da press˜ao no Departamento de F´ısica da Universidade
Federal do Cear´a.
A L-alanina deuterada possui como principal caracter´ıstica o fato de que todos os
sete hidrogˆenios da mol´ecula serem trocados por deut´erios. Ent˜ao, a mol´ecula que orig-
inalmente apresentava a forma CH
3
CH(NH
+
3
)COO
passa a se apresentar na forma
CD
3
CD(ND
+
3
)COO
. Uma das principais caracter´ısticas da deutera¸ao est´a relacionada
com as liga¸oes de hidrogˆenio, pois sabe-se que em um cristal deuterado, ou parcialmente
deuterado, ocorre uma modifica¸ao nas liga¸oes de hidrogˆenio deuterados, os quais ao
maiores que as liga¸oes de hidrogˆenio normal[18]. Este ´e o famoso efeito Ubbelohde, e
tem sido exaustivamente estudado na f´ısica do estado olido pelo fato de introduzir novas
caracter´ıticas vibracionais em cristais ao deuterados[14].
O efeito de deutera¸ao da mol´ecula de L-alanina pode produzir, portanto, modi-
fica¸oes na estrutura pois, como sabemos, as liga¸oes de hidrogˆenio ao liga¸oes que
mantˆem o eq¨uil´ıbrio das mol´eculas na elula unit´aria[12]. Enao, ao exercermos uma
press˜ao hidrost´atica sobre a amostra, haver´a uma diminui¸ao das distˆancias interatˆomicas
e intramoleculares dos ´ıons e mol´eculas da estrutura do cristal. Eventualmente se essa
estrutura ´e fortemente modificada por esse agente externo, as mol´eculas ser˜ao ajustadas
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
44
para uma nova configura¸ao. Ent˜ao neste caso teremos uma mudan¸ca de estrutura[4].
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
Antes de iniciarmos a discuss˜ao do efeito da aplica¸ao da press˜ao sobre os espectros
Raman da L al anin a d
7
vamos f azer uma discuss˜ao do espectro Raman do material
`a press˜ao atmosf´erica. A Figura 16 apresenta o espectro Raman da L alanina d
7
na
regi˜ao espectral entre 50 e 650 cm
1
. As bandas observadas com n´umero de onda at´e cerca
de 150 cm
1
ao associados aos modos externos. A banda em 355cm
1
est´a associada a
uma vibra¸ao de deforma¸ao do tipo δ(NCC)[12] e a banda em 342cm
1
est´a associada
a uma tor¸ao do ND
+
3
, τ(ND
3
)[12]. Na referˆencia [12] estas duas bandas aparecem em
337cm
1
e 360cm
1
.
A banda em 502cm
1
foi associada a um rocking do COO
, r(CO
2
) bem como a
banda em 598cm
1
. Na referˆencia [12] estas bandas aparecem em 489cm
1
e 597cm
1
.
Vamos agora analisar o intervalo entre 200cm
1
e 300cm
1
. Segundo a referˆencia [12]
a banda em 271cm
1
´e indentificada como δ(CCC) e a banda em 231cm
1
foi indentificada
como δ(NCC). Segundo a mesma referˆencia a deutera¸ao adicional das unidades C
2
H
4
´e a respons´avel pelo aparecimento das bandas observadas. Nesta referˆencia estas bandas
aparecem em 279cm
1
e 255cm
1
.
A Figura 17 apresenta o espectro Raman da L alanina d
7
na regi˜ao espectral entre
650 e 1250 cm
1
registrado `a press˜ao ambiente. A banda em 733 cm
1
est´a associada a
uma vibra¸ao do tipo rocking da unidade CD
3
, r(CD
3
). No trabalho da referˆencia [12]
esta banda aparece em 732 cm
1
.
A banda observada em 793 cm
1
est´a associada a uma vibra¸ao do tipo rocking do
ND
3
, r(ND
3
). Esta banda na referˆencia [12] foi observada em 792 cm
1
. A banda em
870 cm
1
est´a associada ao estiramento sim´etrico e anti-sim´etrico da sub-unidade CCN,
ou seja, a classifica¸ao destas duas bandas ´e: δ
s
(CCN) e δ
A
(CCN)[12]. No trabalho da
referˆencia [12] esta banda est´a em aproximadamente em 868 cm
1
.
As bandas observadas em 902 e 939 cm
1
est˜ao associadas a vibra¸oes de deforma¸ao
do CD, ou seja, δ(CD) e δ
(CD), ou mais precisamente, a pares perpendiculares de de-
forma¸oes do tipo CD[12]. Na referˆencia [12] estes pares aparecem em 902 e 937 cm
1
.
As bandas em 1028 e 1068 cm
1
est˜ao associadas a vibra¸oes do tipo deforma¸ao
anti-sim´etrica e deforma¸ao sim´etrica do CD
3
, δ
A
(CD
3
) e δ
S
(CD
3
), respectivamente[12].
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
45
Figura 17: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada na press˜ao ambiente
para o intervalo de 0 a 650 cm
1
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
46
Figura 18: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente para
o intervalo de 650 a 1250 cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
47
No trabalho da referˆencia [12] estas bandas aparecem em 1026 e 1065 cm
1
. A banda em
1138 cm
1
est´a associada `a vibra¸ao δ
S
(ND
3
), enquanto que a banda em 1191 cm
1
est´a
associada `a vibra¸ao δ
A
(ND
+
3
).
Na Figura 18 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada
tomado `a press˜ao ambiente no intervalo entre 1250 e 1700 cm
1
. Observamos pelo espe ctro
tomado `a press˜ao ambiente que existem somente duas bandas. O primeiro modo foi
observado em 1398 cm
1
e ´e identificado como uma vibra¸ao de estiramento sim´etrico
da unidade COO
, ν
S
(CO
2
)[12]. O segundo foi observado em 1590 cm
1
, tendo sido
identificada como uma vibra¸ao do tipo estiramento anti-sim´etrico da unidade COO
,
ν
A
(CO
2
)[12].
Na Figura 19 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada
tomado `a press˜ao ambiente varrendo o intervalo de 2000 a 2500 cm
1
. Vemos nesta figura
claramente sete modos normais de vibra¸ao. De acordo com a Ref.[12] existe um modo de
estiramento sim´etrico da unidade CD
3
, ν
S
(CD
3
), em 2081 cm
1
, sendo que na referˆencia
citada esta banda aparece em 2082 cm
1
. A banda observada em 2152 cm
1
corresponde
a um estiramento sim´etrico da unidade ND
+
3
, ν
S
(ND
3
)[12]. Na mesma referˆencia esta
banda est´a localizada em 2149 cm
1
. A banda observada em 2192 cm
1
est´a associada
a uma vibra¸ao de estiramento CD, ν(CD)[12]; na referˆencia citada esta banda aparece
em 2190 cm
1
. A banda em 2247 cm
1
corresponde a uma vibra¸ao de estiramento
anti-sim´etrico da unidade CD
3
, ν
A
(CD
3
)[12]. No trabalho da referˆencia [12] esta banda
aparece em 2246 cm
1
.
A banda que aparece no espectro da press˜ao atmosf´erica em 2316 cm
1
corresponde
talvez a uma vibra¸ao do tipo estiramento anti-sim´etrico do ND
+
3
, ν
A
(ND
3
)[12]. Segundo
a mesma referˆencia [12] esta banda est´a em 2311 cm
1
.
Um resumo desta se¸ao ´e f ornecido na tabela 3, onde est˜ao listadas todas as ban-
das que aparecem no espectro Raman da L-alanina-d7 na press˜ao atmosf´erica com as
correspondentes identifica¸oes.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
48
Figura 19: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente na
regi˜ao espectral entre 1250 e 1750 cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
49
Figura 20: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente no
intervalo espectral entre 2000 a 2500 cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
50
Tabela 3: Freq¨encia dos modos da L-alanina-d7 `a press˜ao ambiente
Freq¨encia (cm
1
) Identifica¸ao
112
187
264
357 δ(NCC)
502 r(CO
2
)
598 r(COO
) + vibra¸ao (COO
)
733 r(CD
3
)
796 r(ND
3
)
870 δ
S
(CCN) + δ
A
(CCN)
904 δ(CD)
1028 δ
A
(CD
3
)
1068 δ
S
(CD
3
)
1139 δ
S
(ND
3
)
1194 δ
A
(ND
3
)
1399 ν
S
(CO
2
)
1466
1593 ν
A
(CO
2
)
2080 ν
S
(CD
3
)
2105
2152 ν
S
(ND
3
)
2194 ν(CD)
2247 ν
A
(CD
3
)
2316 ν
A
(CD
3
)
2382
Antes de abordarmos os resultados da L-alanina deuterada faremos um apido re-
sumo do conhecimento a existente `a respeito do comportamento dos cristais de L-alanina
ao-deuterados com press˜ao. Para isto iremos nos basear nos trabalhos das Refs.[4,19].
Incialmente o estudo da Ref.[4] mostrou que sob condi¸oes de altas press˜oes os cristais de
L-alanina apresentam uma transi¸ao de fase em 2,3 GPa. Esta descorberta foi calcada em
medidas de espalhamento Raman realizadas sobre amostras de L-alanina dentro de uma
c´elula de press˜ao a extremos de diamantes, semelhante aquela utilizada neste trabalho.
Este estudo mostrou que modifica¸ao no n´umero de modos associados `a vibra¸oes da
rede (modos externos) estava relacionado com uma modifica¸ao estrutural naquele valor
de press˜ao. Al´em disto, foi poss´ıvel observar-se que mudan¸cas nas intensidades tanto de
modos internos quanto de modos externos acontecendo exatamente em P = 2,3 GPa,
estavam associados `a esta transi¸ao de fase. Apesar deste conhecimento, ao foi poss´ıvel
inferir-se pelas me didas de espalhamento Raman qual seria a nova fase apresentada pelo
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
51
cristal.
Num estudo posterior, publicado recentemente [19] investigou-se a estrutura de um
cristal de L-alanina submetido a altas press ˜oes utilizando-se difra¸ao de raios-X com ra-
dia¸ao s´ıncronton. Este estudo pode ser considerado como complementar aquele discutido
no ´ultimo par´agrafo. O estudo de difra¸ao de raios-X confirmou a transi¸ao de fase es-
trutural observada em 2,3 GPa por espalhamento Raman e identificou a nova fase. Em
press˜oes superiores ao valor cr´ıtico observou-se o colapso dos picos dubletos 110/011 e
120/021 em picos simples. Estes colapsos foram interpretados como uma mudan¸ca estru-
tural da fase ortorrˆombica para uma fase tetragonal. A transi¸ao de fase ´e ainda mais
claramente entendida quando se faz um gr´afico da evolu¸ao do espa¸camento dos planos
da rede em fun¸ao da press˜ao. Na nova fase tetragonal verificou-se, tamb´em, que a raz˜ao
dos parˆametros da elula unit´aria c/a = 2,11 ´e praticamente independente da press˜ao.
O trabalho da Ref.[19] foi ainda al´em. Aumentando-se ainda mais a press˜ao observou-
se o aparecimento de novos picos de difra¸ao em aproximadamente 9 GPa, indicando uma
nova mudan¸ca estrutural, desta feita para uma simetria mais baixa. Fazendo-se uma
an´alise criteriosa, foi poss´ıvel identificar a nova fase como pertencente a uma estrutura
monocl´ınica. Na press˜ao de 10,4 GPa determinou-se os parˆametros da rede como sendo
a = 10,159, b = 4,757, c = 7,282
˚
A e β = 100, 67
o
.
´
E interessante destacar que atrav´es
dos exp erimentos de difra¸ao de raios-X tamb´e m foi poss´ıvel determinar o odulo de
bulk como sendo B
0
= 31,5 GPa, `a press˜ao ambiente. Em resumo, medidas diversas
de espalhamento Raman e difra¸ao de raios-X mostram que cristais de L-alanina ao
deuterada sofrem as seguintes modifica¸oes de simetria nas press˜oes (em GPa) indicadas
sobre as setas.
ortorrˆombica
2.3
tetragonal
9
monocl´ınica
Ap´os este breve resumo dos resultados de experimentos de press˜oes sobre um cristal de
L-alanina ao deuterada vamos discutir o efeito da press˜ao sobre um cristal de L-alanina
completamente deuterada.
Incialmente discutimos o comportamento dos modos vibracionais de L-alanina deuter-
ada na regi˜ao espectral entre 2000 e 2500 cm
1
num experimento no qual a press˜ao era
aumentada (Figura 20). Nesta regi˜ao, como relatado anteriormente, ao esperados serem
observados os modos de estiramento C-D. A banda marcada por uma seta no espectro de
0,3 GPa corresponde a um estiramento sim´etrico da unidade CD
3
, ν
s
(CD
3
)[18]. Observa-
se um aumento da freq¨encia desta banda com o aumento da press˜ao, como ocorre com
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
52
a maioria das bandas. No espectro da Fig. 20 ainda ao vis´ıveis bandas associadas ao
estiramento sim´etrico do ND
+
3
, marcado com N, ao estiramento do CD, ν(CD), marcado
por uma letra C, al´em da banda marcada com uma letra A que est´a associada ao esti-
ramento anti-sim´etrico do CD
3
, ν
A
(CD
3
). Na verdade esta ´ultima banda ´e um dubleto
nas condi¸oes normais de temperatura e press˜ao. Observa-se que o aumento da press˜ao
produz uma maior separa¸ao desta banda, principalmente acima de 2,3 GPa, embora o
alargamento a seja vis´ıvel a partir de 1,6 GPa.
A Fig. 21 apresenta os espectros Raman da L-alanina-d7 na regi˜ao de alta freq¨encia
num experimento de press˜ao onde ocorreu descompress˜ao. Observa-se que os espectros a
baixas press˜oes ao bastante similares aos de mais baixa press˜ao no in´ıcio do experimento
(Fig 20). Em outras palavras, o efeito da aplica¸ao de press˜ao no cristal de L-alanina
deuterada ´e revers´ıvel, pelo menos tal como ´e verificado pelos espe ctros Raman na regi˜ao
espectral na Fig. 21.
A Fig. 22 apresenta a evolu¸ao das freq¨encias dos modos Raman da L-alanina
deuterada em fun¸ao da press˜ao para o intervalo de freq¨encia apresentado na Fig. 20.
Destaca-se o deslocamento da banda A acima de 2 G Pa e uma pequena varia¸ao de
freq¨uˆencia de algumas bandas acima de 4 GPa. Outro fato de bastante relevˆancia ap-
resentado ´e uma ligeira descontinuidade nas curvas de /dP para duas bandas nesta
regi˜ao espectral. Este resultado, juntamente com outros ind´ıcios, ser´a importante para se
entender a mudan¸ca que ocorre na estrutura da L-alanina deuterada sob press ˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
53
Figura 21: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
compress˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm
1
. entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
54
Figura 22: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
abaixamento de press˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm
1
. entre as press˜oes de 0,3 e
5,5 GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
55
Figura 23: Gr´afico de evolu¸ao da freq¨encia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de aumento de press˜ao para o intervalo de 2050 a 2400
cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
56
A Figura 23 apresenta a evolu¸ao dos espectros Raman da L alanina d
7
na regi˜ao
espectral entre 1400 e 1700 cm
1
num experimento de aumento de pres s˜ao. A banda larga
entre 1425 e 1485 cm
1
´e devida ao ´oleo mineral (nujol) utilizado como l´ıquido compressor.
Entretanto, `a press˜ao ambiente, espera-se observar uma banda em 1395 cm
1
associada
ao estiramento sim´etrico do CO
2
, ν
S
(CO
2
). Portanto, as bandas marcadas com setas
nos espectros de 0,8 a 3,3 GPa foram identificadas como estiramento sim´etrico do CO
2
.
ao ´e poss´ıvel acompanhar-se o comportamento desta banda at´e mais altas press˜oes em
virtude dela, a partir de 4,4 GPa, ficar misturada com a banda associada a um modo
vibracional do nujol. A banda marcada por um asterico no espectro registrado a 0,3 GPa
est´a associada a um estiramento anti-sim´etrico do CO
1
2
, ν
A
(CO
2
); devido `a sua baixa
intensidade ao ´e poss´ıvel acompanhar o seu comportamento at´e os mais altos valores de
press˜ao atingidos nos experimentos.
Durante a descompress˜ao ´e poss´ıvel observa-se mais claramente a separa¸ao espacial
entre a banda associada ao ν
S
(CO
2
) da L alanina d
7
e a banda larga pertencente
ao nujol (Figura 24). A seta indica a banda associada ao estiramento sim´etrico do CO
2
.
Observe-se que nesta figura tamb´em fica claro que a pr´opria banda larga associada ao
nujol em press˜oes baixas sofre uma separa¸ao em altas press˜oes. De uma forma geral
observa-se que nesta regi˜ao espectral os efeitos da press˜ao hidrost´atica ao revers´ıveis.
A Figura 25 apresenta a evolu¸ao das freq¨uˆencias dos modos Raman da L-alanina
deuterada que aparecem nos espectros da Figura 23. Observa-se, al´em de uma mudan¸ca
leve nas freq¨uˆencias de dois modos a baixas press˜oes, uma forte mudan¸ca de freq¨encia
em press˜oes superiores a 4 GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
57
Figura 24: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm
1
entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
58
Figura 25: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
descompress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm
1
entre as press˜oes de 4,57 e 0,13
GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
59
Figura 26: Gr´afico de evolu¸ao da freq¨encia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
60
A Figura 26 apresenta a evolu¸ao dos espectros Raman de L alanina d
7
com a
press˜ao na regi˜ao espectral entre 700 - 1250 cm
1
num experimento de aumento de press˜ao.
Nesta regi˜ao as bandas aparecem muito mais nitidamente do que na regi˜ao anteriormente
analisada. A banda assinalada por um asterisco no espectro 0,3 GPa est´a associada a uma
vibra¸ao do tipo deforma¸ao sim´etrica do CD
3
, δ
S
(CD
3
), que num espectro registrado
com a amostra fora da c´elula de press ˜ao, apresenta-se como um pico duplo (dubleto).
a as duas bandas marcadas por duas setas no espectro de 0,3 GPa est˜ao associadas `a
deforma¸ao assim´etrica do ND
+
3
, δ
A
(ND
3
); com o aumento de press˜ao observa-se que a
separa¸ao aumenta ainda mais.
A banda em 1137 cm
1
est´a associada a uma vibra¸ao do tipo deforma¸ao sim´etrica
do ND
+
3
, δ
S
(ND
3
). Com exce¸ao desta banda pode-se afirmar que praticamante todas as
bandas na Figura 26 sofrem um aumento do n´umero de onda com o aumento da press˜ao.
De fato, ela sofre um red-shift”, o que parece indicar um enfraquecimento das liga¸oes
N-D.
A figura 27 apresenta a evolu¸ao dos esp ectros da L-alanina-d7 com a diminui¸ao
de press˜ao para a regi˜ao espectral entre 700 e 1250 cm
1
. Observa-se a reversibilidade
de todos os efeitos da press˜ao produzidos originalmentecom o aumento do valor deste
perˆametro termodinˆamico.
´
E interessante, em particular, observar-se o efeito inverso no
n´umero de onda da banda δ
S
(ND
3
): com a diminui¸ao da press˜ao a banda sofre um

blue-shift

, ou seja, um desvio para mais alta energia, al´em de diminuir bastante a sua
largura de linha.
Os efeitos da press˜ao na freq¨uˆencia dos modos da L-alanina deuterada ativas no Raman
na regi˜ao espectral 650 - 1250 cm
1
´e apresentado na Figura 28. Destaca-se, em particular,
o red-shift da banda δ
S
(ND
3
) com o aumento da press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
61
Figura 27: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
compress˜ao para o intervalo de 650 a 1250 cm
1
. entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
62
Figura 28: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num e xperimento de
descompress˜ao para o intervalo de 650 a 1200 cm
1
. entre as press˜oes de 4,57 e 0,13
GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
63
Figura 29: Gr´afico de evolu¸ao a freq¨encia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 700 a 1250 cm
1
.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
64
A figura 29 apresenta a evolu¸ao dos espectros Raman da Lal anin ad
7
em fun¸ao da
press˜ao na regi˜ao espectral entre 200 e 650 cm
1
num expe rimento de aumento de press˜ao.
As bandas mais proeminentes est˜ao associadas `a deforma¸ao do CO
2
, em aproximada-
mente 600cm
1
; ao rocking”do CO
1
2
em aproximadamante 500 cm
1
; `a deforma¸ao do
tipo NCC, em aproximadamente 360 cm
1
. Todos elas evoluem linearmente com a press˜ao
e ne nhuma separa¸ao de bandas ´e observada nesta regi˜ao do espectro. Observa-se adi-
cionalmente, uma banda de baixa intensidade, marcada com uma seta, que est´a associada
ao modo de tor¸ao do ND
3
, τ(ND
3
), que discutiremos em mais detalhes num par´agrafo
a frente.
A figura 30 apresenta, para um experimento de descompress˜ao, a evolu¸ao dos e spec-
tros Raman da L-alanina-d7 no intervalo entre 200 e 650 cm
1
. Observe-se novamente
a recupera¸ao da forma dos espectros quando a press˜ao retorna para baixos valores. A
evolu¸ao da freq¨uˆencia dos modos Raman nesta regi˜ao espectral ´e apresentada na Figura
31.
Resta agora discutir o que ocorre na regi˜ao de baixa freq¨encia. Lembramos que em
algumas situa¸oes, quando se trata de cristais de amino´acidos, uma transi¸ao de fase est´a
associada a mudan¸cas na regi˜ao de baixa freq¨encia dos espectros Raman sem ocorrer
nenhuma modifica¸ao em modos de altas freq¨uˆencias ou modos internos.
´
E por esta raz˜ao
que embora tenham sido observadas algumas mudan¸cas nos espectros mostrados at´e aqui
ser´a fundamental analisar-se cuidadosamente a regi˜ao dos modos externos.
A Figura 32 apresenta a evolu¸ao dos espectros Raman da L alanina d
7
com
a press˜ao no intervalo de freq¨uˆencia entre 50 e 200 cm
1
. Como a comentado, esta ´e
a regi˜ao dos modos externos. Os modos que aparecem nesta figura apresentaram um
comportamento altamente sugestivo de que o cristal de L-alanina-d7 sofre uma transi¸ao
de fase a altas press˜oes. Para entendermos de uma forma mais clara a ocorrˆencia de uma
poss´ıvel transi¸ao de fase, consideremos tamb´em o gr´afico da freq¨encia dos modos de
baixa energia em fun¸ao da press˜ao, Figura 34. Observa-se uma leve descontinuidade na
freq¨uˆencia da banda de maior freq¨encia em 1,5 GPa e descontinuidades nas f req¨uˆencias
das duas bandas para press˜oes superiores 4,4 GPa. Em conjunto com as modifica¸oes que
ocorrem em outras regi˜oes espectrais somos levados a deduzir que acima de 1,5 GPa e
acima de 4,4 GPa o cristal de L-alanina deuterada sofra transi¸oes de fase estruturais.
´
E interessante, antes de aprofundar um pouco a discuss˜ao da transi¸ao com a press˜ao,
recordar a transi¸ao de fase com a temperatura sofrida pelo cristal de L alanina d
7
. Os
estudos ocorridos nas condi¸oes de baixas temperaturas mostraram dois claros splittings
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
65
de bandas localizadas entre 100 e 150 cm
1
, cuja ´unica justificativa foi a mudan¸ca de
simetria do cristal devido `a modifica¸ao no tamanho das pontes de hidrogˆenio quando
se deutera um cristal. Claro es t´a que os dois mecanismos de transi¸ao de fase na L-
alanina deuterada, com a temperatura e press˜ao, devem ser diferentes uma vez que ao
foi observada nenhuma separa¸ao de bandas na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia.
Como interpretar os nossos resultados `a luz do que se conhece sobre a L alanina
d
0
? A L alanina d
0
possui uma distˆancia N- O edia bastante pequena, 2,83
˚
A, o
que significa que as mol´eculas na c´e lula unit´aria encontram-se bastante juntas. Como a
estabilidade destas mol´eculas se a exatamente por interm´edio das liga¸oes de hidrogˆenio `a
princ´ıpio seria mais acil desestabilizar uma estrutura com liga¸oes mais longas. Ou seja,
liga¸oes de hidrogˆenio mais longas implicariam numa menor estabilidade da estrutura.
Isto ´e o que a foi observado, por exemplo, quando se estudou a L alanina d
0
e a
L alanina d
7
a baixas temperaturas. Verifcou-se que enquanto o cristal ao deuterado
´e est´avel no intervalo de temperatura entre 10 e 300 K, o cristal deuterado apresenta uma
transi¸ao de fase em torno de 200 K. Em outras palavras, este ´ultimo resultado aponta
para uma maior estabilidade da estrutura com liga¸oes mais curtas.
Por ´ultimo, ´e interessante comparar este resultado com outros a existentes na liter-
atura. Em primeiro lugar, ´e conhecido que a press˜ao hidrost´atica modifica a estrutura da
maioria dos cristais de amino´acidos investigados. Assim, como a comentado, a L-alanina
sofre uma transi¸ao de fase em 2,2 GPa, enquanto que a L-treonina sofre a 2,1 GPa e a
taurina (uma aminosulfona) apenas a 0,7 G Pa.
Sabe-se tamem que um dos respons´aveis pela estabilidade da estrutura cristalina dos
amino´acidos ao as liga¸oes de hidrogˆenio N-H···O. A distˆancia entre os ´atomos N e O pode
ser um importante parˆametro para se entender a estabilidade estrutural. Entretanto, o
n´umero de liga¸oes de hidrogˆenio na elula unit´aria dos arios amino´acidos varia bastante.
Por causa desta divergˆencia, para tentarmos correlacionar distˆancias e valores de press˜ao
onde ocorrem transi¸oes de fase, vamos tomar os valores m´edios das distˆancias N-O em
alguns dos cristais de amino´acidos. Assim, temos qua a distˆancia edia N-O ´e de 2,83
˚
A
na L-alanina [20], 2,86
˚
A na L-treonina [21] e 2,90
˚
A na taurina [22].
Para os trˆes materiais, os quais a foi poss´ıvel se encontrar uma correla¸ao entre as
distˆancias m´edias das liga¸oes de hidrogˆenio e o comportamento das vibra¸oes de tor¸ao
do NH
3
[23], parece existir tamb´em uma correla¸ao entre as distˆancias edias N-O e os
valores nos quais ocorrem as transi¸oes de fase. De fato, as distˆancias edias N-O crescem
com a seguinte dire¸ao:
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
66
Figura 30: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 200 e 650 cm
1
para os valores de press˜ao entre 0,3 e 5,5 num experimento de
aumento de press˜ao GPa.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
67
Figura 31: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 200 e 650 cm
1
para os valores de press˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa num experimento
baixando-se a press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
68
Figura 32: Gr´afico de evolu¸ao da freq¨encia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada na regi˜ao espectral entre 200 e 700 cm
1
num experimento aumentando-se a
press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
69
Figura 33: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 75 e 200 cm
1
para os valores press˜ao entre 0,3 e 5,5 GPa num experimento
aumentando-se a press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
70
Figura 34: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral
entre 75 e 200 cm
1
para os valores descompress˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa num
experimento aumentando-se a press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
71
Figura 35: Gr´afico de evolu¸ao da freq¨encia versus press˜ao da L-alanina totalmente
deuterada na regi˜ao espectral entre 100 e 200 cm
1
num experimento aumentando-se a
press˜ao.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
72
L-alaninaL-treoninataurina,
enquanto que os valores de press˜ao nos quais ocorrem as mudan¸cas estruturais ao, na
ordem crescente:
taurinaL-treoninaL-alanina.
Ou seja, pelo menos para este conjunto de trˆes amino´acidos aparentemente uma maior
distˆancia N-O implica uma menor estabilidade da estrutura.
No caso da L-alanina deuterada, certamente, as distˆancias m´edias N-O ao aumen-
tadas por causa do efeito Ubbelohde. Neste sentido, seria esperado que o cristal de
L alanina d
7
sofresse uma transi¸ao de fase para menores valores de press˜ao. De
fato, isto ´e o que foi observado no nosso trabalho. Uma vez que a L-alanina deuterada
sofre uma transi¸ao de fase 1,5 GPa, enquanto que a taurina sofre em 0,7 GPa (com
uma distˆancia m´edia N-O de 2,90
˚
A) e a L-treonina sofre uma transi¸ao em 2,1 GPa (com
uma distˆancia edia N-O de 2,8
˚
A) fazemos a hip´otese, a ser confirmada por medidas de
difra¸ao de raios-X, de que a distˆancia edia N-O na L alanina d
7
encontra-se entre
2,86 e 2,90
˚
A.
Um aspecto final que discutiremos nesta disserta¸ao diz respeito `a banda associada `a
tor¸ao do ND
3
, que `a press˜ao atmosf´erica e temperatura ambiente est´a localizada em 335
cm
1
. Esta banda ´e bem vis´ıvel quando observada a baixas temperaturas; no espectro em
T = 300K, P = 1 atm ela a ´e bastante fraca. De qualquer forma ela pode ser vista nos
espectros de baixa press˜ao como um ombro da banda associada ao bending do NCC,
δ(NCC), que aparece em 374 cm
1
. No espectro da Figura 29 `a banda associada a
tor¸ao do N D
3
, τ(ND
3
), est´a marcada por uma seta.
Para entender o comportamento com a press˜ao da freq¨encia do modo τ(ND
3
) dis-
cutamos rapidamente o comportamento da τ(NH
3
) com a press˜ao no cristal de L-alanina
ao deuterado. No trabalho da Ref.[23] mostrou-se que enquanto a freq¨encia dos modos
τ(NH
3
) aumentam com a press˜ao no caso da L-treonina e da taurina, a freq¨encia do
mesmo modo da L-alanina (n˜ao deuterada) diminui. Isto foi interpretado da seguinte
forma: `a press˜ao ambiente as liga¸oes de hidrogˆenio na L-alanina a ao bastante cur-
tas. O efeito da press˜ao ´e ao encurtar ainda mais estas liga¸oes, como acontece com
a L-treonina e a taurina, mas sim deformar a liga¸ao N-H· · ·O. Assim, ao aumentar-se
a press˜ao, o encurtamento das pontes de hidrogˆenio na taurina e na L-treonina aumen-
tam a freq¨encia de tor¸ao do N H
3
, enquanto que a impossibilidade do encurtamento na
L-alanina, produz a redu¸ao na sua freq¨uˆencia.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
73
Seguindo este racioc´ınio seria esperado que para a L alanina d
7
fosse observado
um aumento de f req¨uˆencia do modo τ(NH
3
) a que a liga¸ao de hidrogˆenio ´e maior para
a amostra deuterada do que para o cristal ao-deuterado. De fato, isto ´e o que ocorre.
Aumentando-se a press˜ao, embora ao se possa acompanhar a banda τ(ND
3
) at´e os mais
altos valores de press˜ao, percebe -se que a freq¨uˆencia desta banda assume valores mais
altos concordando com a id´eia geral de que existe um limite, em torno e 2,83
˚
A como
distˆancia m´edia para a liga¸ao de hidrogˆenio acima do qual /dP ´e positivo. Na tabela
4 temos os parˆametros ω
0
e α = (/dP ) como tamb´em a identifica¸ao destes modos,
onde o asterisco (*) significa que tomamos o valor de ω
0
e α para a regi˜ao da primeira
fase, que ´e a ortorrˆombica.
4.2 Espectros Raman da L alanina d
7
74
Tabela 4: Valores de ω
0
e α para os ajustes lineares do tipo ω = ω
0
+ αP dos modos
Raman na regi˜ao espectral entre 100 e 2400 cm
1
ω
0
(cm
1
) α(cm
1
/GP a) Identifica¸ao
110* 8,41*
131,24* 15,39*
203,25 13,66
264,16 7,5
355,60* 0,56* δ(CCN)
448,68 0,72
502,40* 5,57* r(CO
2
)
599,22 1,41 r(COO
) + vibra¸ao (COO
731,91 2,92 r(CD
3
)
793,86 0,29 r(ND
3
)
871,17 2,18 δ
S
(CCN) δ
A
(CCN)
903,67 1,92 δ(CD)
940,69 2,13 δ
S
(CD)
1027,48 0,25 δ
A
(CD
3
)
1067,91 2,93 δ
S
(CD
3
)
1141,60 -2,27 δ
S
(ND
3
)
1190,89* 2,91* δ
A
(ND
+
3
1202,07 3,52
1395,64* 11,34* ν
S
(CO
2
)
1441,59* 2,07*
1461* -0,02*
1590,9 -0,73 ν
A
(CO
2
)
1615,90 0,11
2079 2,91 ν
S
(CD
3
)
2104,67 1,87
2151,40 3,80 ν
S
(ND
3
)
2192* 5,42* ν(CD)
2245,95* 1,01* ν
A
(CD
3
)
2253,52 5,11
2335,27 -0,042 ν
A
(CD
3
)
75
5 Conclus˜oes
Nesta diserta¸ao estudamos o efeito da aplica¸ao de press˜ao hidrost´atica num cristal
de L-alanina deuterada para press˜oes e at´e 6 GPa. Como t´ecnica experimental para se
observar este efeito utilizou-se a espectroscopia Raman que ´e conhecida por ser sens´ıvel a
pequenas modifica¸oes de simetria na elula unit´aria.
Analisando-se cuidadosamante os espectros observam-se varia¸oes nas freq¨uˆencias de
modos internos e de modos externos em dois diferentes valores de press˜ao. Estas varia¸oes
nas freq¨encias foram interpretadas como sendo devidos a mudan¸cas de simetria na elula
unit´aria do cristal. Isto significa que a L-alanina deuterada sofre transi¸oes de fase em 1,5
e em 4,4 GPa. Como anteriormente havia sido observado que a L-alanina ao deuterada
sofre transi¸oes de fase em 2,2 e 9,0 GPa da estrutura ortorrˆombica para as estrutura
tetragonal e monocl´ınica, respectivamente, fazemos a suposi¸ao de que as novas fases na
L-alanina deuterada ao exatamente a tetragonal (entre 1,5 e 4,4 GPa) e monocl´ınica
(acima de 4,4 GPa).
Como pespectiva e trabalho futuro fica a expectativa de se estuar a L-alanina deu-
tarada no intervalo de press˜ao entre 0 e 6 GPa com ecnicas de difra¸ao de raios-X ou de
nˆeutrons com o objetivo de se confirmar as novas estruturas de altas press˜oes do material.
76
6 Referˆencias
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[9] Goryianov S.V, Boldyreva E.V, Kolesnik E.N. Chemycal Physics Letters. 2006;
429: 496.
[10] Boldyreva E.V. Cryst. Engineering. 2004; 6: 235.
[11] Boldyreva E.V, Ivashevskaya S.N, Sowa H, Ahsbhs H, Weber H.P. Z. Kristallogr.
2005; 220: 50.
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peratura. Tese (Doutorado)-Universidade Federal do Cear´a, Novembro de 2005.
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6 Referˆencias 77
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[15] Long, A.D. The Raman Effect: A Unified Treatment of the Theory of Raman Scattering by Molecules.
John Wiley: New York, 2002.
[16] W.P.Feio. Estudo das propriedades estruturais e vibracionais de molibidatos e
tungstatos em fun¸ao da press˜ao hidrost´atica. Tese (Doutorado)-Universidade Federal do
Cear´a, 2004.
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15, 1982.
[18] Susi, H.; Byler, D. M. J. Mol. Stuct., v. 63, p.1, 1980.
[19] J. Staun Olsen, L. Gerward, P.T.C. Freire, J. Mendes Filho, F.E.A. Melo, A.G.
Souza Filho. Journal of Physics and Chemistry of Solids 69 (2008), 1641-1645.
[20] M.S. Lehmann, T.F. Koetzle, W.C. Hamilton, J.Am.Chem.Soc 94(1972) 2657.
[21] D.P. Shoemakar, J. Donojye, V. Schomaker, R.B. Corey, J. Am. Chem. Soc. 72
(1950) 2328.
[22] Y. Okaya, Acta Crystallogr. 21 (1966) 726.
[23] P.T.C. Freire, J. Mendes Filho, F.E.A. Melo, R. J.C. Lima, A. M. R. Teixeira.
Vib. Spect. 45, 99 - 102 (2007).
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