4.2 Espectros Raman da L − alanina − d
7
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de bandas localizadas entre 100 e 150 cm
−1
, cuja ´unica justificativa foi a mudan¸ca de
simetria do cristal devido `a modifica¸c˜ao no tamanho das pontes de hidrogˆenio quando
se deutera um cristal. Claro es t´a que os dois mecanismos de transi¸c˜ao de fase na L-
alanina deuterada, com a temperatura e press˜ao, devem ser diferentes uma vez que n˜ao
foi observada nenhuma separa¸c˜ao de bandas na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia.
Como interpretar os nossos resultados `a luz do que se conhece sobre a L − alanina −
d
0
? A L − alanina − d
0
possui uma distˆancia N- O m´edia bastante pequena, 2,83
˚
A, o
que significa que as mol´eculas na c´e lula unit´aria encontram-se bastante juntas. Como a
estabilidade destas mol´eculas se d´a exatamente por interm´edio das liga¸c˜oes de hidrogˆenio `a
princ´ıpio seria mais f´acil desestabilizar uma estrutura com liga¸c˜oes mais longas. Ou seja,
liga¸c˜oes de hidrogˆenio mais longas implicariam numa menor estabilidade da estrutura.
Isto ´e o que j´a foi observado, por exemplo, quando se estudou a L − alanina − d
0
e a
L− alanina − d
7
a baixas temperaturas. Verifcou-se que enquanto o cristal n˜ao deuterado
´e est´avel no intervalo de temperatura entre 10 e 300 K, o cristal deuterado apresenta uma
transi¸c˜ao de fase em torno de 200 K. Em outras palavras, este ´ultimo resultado aponta
para uma maior estabilidade da estrutura com liga¸c˜oes mais curtas.
Por ´ultimo, ´e interessante comparar este resultado com outros j´a existentes na liter-
atura. Em primeiro lugar, ´e conhecido que a press˜ao hidrost´atica modifica a estrutura da
maioria dos cristais de amino´acidos investigados. Assim, como j´a comentado, a L-alanina
sofre uma transi¸c˜ao de fase em 2,2 GPa, enquanto que a L-treonina sofre a 2,1 GPa e a
taurina (uma aminosulfona) apenas a 0,7 G Pa.
Sabe-se tamb´em que um dos respons´aveis pela estabilidade da estrutura cristalina dos
amino´acidos s˜ao as liga¸c˜oes de hidrogˆenio N-H···O. A distˆancia entre os ´atomos N e O pode
ser um importante parˆametro para se entender a estabilidade estrutural. Entretanto, o
n´umero de liga¸c˜oes de hidrogˆenio na c´elula unit´aria dos v´arios amino´acidos varia bastante.
Por causa desta divergˆencia, para tentarmos correlacionar distˆancias e valores de press˜ao
onde ocorrem transi¸c˜oes de fase, vamos tomar os valores m´edios das distˆancias N-O em
alguns dos cristais de amino´acidos. Assim, temos qua a distˆancia m´edia N-O ´e de 2,83
˚
A
na L-alanina [20], 2,86
˚
A na L-treonina [21] e 2,90
˚
A na taurina [22].
Para os trˆes materiais, os quais j´a foi poss´ıvel se encontrar uma correla¸c˜ao entre as
distˆancias m´edias das liga¸c˜oes de hidrogˆenio e o comportamento das vibra¸c˜oes de tor¸c˜ao
do NH
3
[23], parece existir tamb´em uma correla¸c˜ao entre as distˆancias m´edias N-O e os
valores nos quais ocorrem as transi¸c˜oes de fase. De fato, as distˆancias m´edias N-O crescem
com a seguinte dire¸c˜ao: